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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Engenharia Civil MARCELO FREIRE GONÇALVES TALITA REGINA LEDIER ANÁLISE DE DESAPRUMO DE UM RESERVATÓRIO APOIADO EM SOLO TROPICAL NÃO SATURADO Itatiba 2011

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Engenharia Civil

MARCELO FREIRE GONÇALVES

TALITA REGINA LEDIER

ANÁLISE DE DESAPRUMO DE UM RESERVATÓRIO APOIADO EM

SOLO TROPICAL NÃO SATURADO

Itatiba

2011

1

MARCELO FREIRE GONÇALVES - 002.2007.00498

TALITA REGINA LEDIER – 002.2007.00441

ANÁLISE DE DESAPRUMO DE UM RESERVATÓRIO APOIADO EM

SOLO TROPICAL NÃO SATURADO

Monografia apresentada ao Curso de

Engenharia Civil da Universidade São

Francisco, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em Engenharia

Civil.

Orientador: Prof. MSc. Ribamar de Jesus

Gomes

Itatiba

2011

2

MARCELO FREIRE GONÇALVES - 002.2007.00498

TALITA REGINA LEDIER – 002.2007.00441

ANÁLISE DE DESAPRUMO DE UM RESERVATÓRIO APOIADO EM

SOLO TROPICAL NÃO SATURADO

Monografia apresentada ao Curso de

Engenharia Civil da Universidade São Francisco,

como requisito parcial para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia Civil.

Área de concentração: Engenharia Civil

Data de aprovação: 07/12/2011

Banca Examinadora:

Profº MSc. Ribamar de Jesus Gomes (Orientador)

Universidade São Francisco

Profº MSc. Nelson Rossi

Universidade São Francisco

Engenheira Civil Ana Paula de Souza Gomes

Convidada pela Universidade São Francisco

3

A minha esposa Maria José, e

aos meus filhos Kaique e

Amanda.

4

Aos meus pais João e Terezinha.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, que me ensinou que com esforço ele nos ajuda a conquistar

nossos objetivos. Pela força, fé, e ajuda na realização deste trabalho e na conquista deste

almejado título de bacharel.

A Maria José Pereira Freire, minha esposa, que soube se dedicar e me motivar para

a conclusão deste objetivo, muitas vezes abrindo mão de minha companhia.

Aos meus filhos, Kaique e Amanda, por muitas vezes não poder dar atenção a eles.

Aos meus Pais e Irmãos, pela força e motivação.

A minha amiga Talita Ledier, que foi companheira neste trabalho. Sem a sua ajuda,

paciência e dedicação não alcançariam os resultados almejados.

A Universidade São Francisco, que me garantiu o aprendizado expresso neste

trabalho.

Ao PROUNI que garantiu os recursos financeiros para os meus estudos.

Ao Prof. MSc. Ribamar de Jesus Gomes, meu orientador, pelo empenho, paciência e

dedicação e ensinamentos para comigo. Pelo exemplo de profissionalismo e amor a

Engenharia Civil.

Aos docentes do curso de Engenharia Civil da Universidade São Francisco.

Aos meus colegas da turma de Engenharia Civil de 2011/2012 da Universidade São

Francisco, que colaboraram para a realização deste trabalho.

6

AGRADECIMENTOS

Primeiramente meu agradecimento a Deus, ao universo, pelas oportunidades que a

vida me dá.

Sou extremamente agradecida pelas companhias que foram surgindo ao longo do

curso, pelos colegas, amigos que eu vou levar pro resto da vida, professores que eu tenho

extrema admiração em especial Ribamar, pelo profissional dedicado não só a universidade,

mas na sua vida profissional, por transmitir seu conhecimento com vontade e atenção.

Agradeço ao Marcelo Freire que no início desse trabalho era apenas meu colega de

turma e que agora com certeza se tornou meu amigo que de forma direta ou indireta me fez

aprender e refletir questões não só do curso, mas da vida.

Por último o agradecimento principal, é a minha família que sempre esteve e sempre

vai estar ao meu lado, independente da circunstância. Obrigada João e Terezinha por me

fazerem quem eu sou.

Obrigada a todos que agregaram algo sábio na minha caminhada!

7

“Esforça-te que eu te ajudarei”

(Josué 1:6-9)

“Cada pessoa que passa na nossa vida, passa

sozinha, é porque cada pessoa é única e

nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que

passa na nossa vida passa sozinha e não nos

deixa só, porque deixa um pouco de si e leva

um pouquinho de nós. Essa é a mais bela

responsabilidade da vida e a prova de que as

pessoas não se encontram por acaso”

(Charlie Chaplin)

8

RESUMO

Trata-se de um reservatório cilíndrico de 300m³, com aproximadamente 30 m de

altura, sendo 2 m abaixo do nível do solo, e com aproximadamente 8m de diâmetro,

construído na década de 70. O objetivo do trabalho é analisar o desaprumo no reservatório,

que no início do ano, concomitantemente a uma ruptura da adutora de abastecimento, onde

constatou a presença de 8,00 m de solo colapsível. Nesse tipo de solo o aumento do teor de

umidade faz com que seu volume diminua consideravelmente e essa instabilidade está

relacionada com a quebra de ligações entre partículas, em virtude do aumento do grau de

saturação, independente se há acréscimo de tensão total ou não. Uma característica desse

solo é que quando saturado, apresenta uma perda brusca e repentina de resistência ao

cisalhamento. Pelos resultados obtidos com a sondagem e com a simulação de

comportamento das estacas, verificou-se a perda de 33% da capacidade de resistência ao

cisalhamento do solo.

Palavras-chave: Fundação, Solos colapsíveis, Estacas, Geotecnia.

9

ABSTRACT

It is a cylindrical tank of 300m ³, with approximately 30 m high, 2 m below ground

level, with approximately 8m in diameter, built in the 70s. The objective of this study is to

analyze the plumb in the reservoir, which earlier this year, along with a rupture of a pipeline

supply, which found the presence of 8.00 m of soil colapsível.Nesse type of soil the increase

in moisture content is that its volume decreases considerably and this instability is related to

the breaking of bonds between particles, due to the increase of the degree of saturation,

regardless of whether there is an increase of total voltage or not. A characteristic of this soil

is saturated when it presents a sudden and abrupt loss of shear strength. The results

obtained from the survey and the simulation of behavior of the piles, there was a loss of 33%

capacity of the soil shear strength.

Key words : Foundation, collapsible soils, Piles, Geotechnical.

10

LISTA DE EQUAÇÕES

PAG.

(1) CNU= D60/D10 23

(2) CC= (D30)2/D10 . D60 23

(3) IP = 0,73.(LL-20) 24

(4) 34

(5) Qadm=Qrup/FS 36

(6) 37

11

LISTA DE FIGURAS

PAG.

FIGURA 3.1: Perfil esquemático dos tipos solos 26

FIGURA 5.1: Reservatório em análise 42

FIGURA 5.2: Localização do reservatório 43

FIGURA 5.3a.: Fenda de tração detectada na guia do passeio que circunda o

reservatório 43

FIGURA 5.3b: Abertura entre a parede do reservatório e o solo 44

FIGURA 5.3c.: Destacamento da guia do passeio 44

FIGURA 5.4: Dados obtidos no monitoramento do desaprumo 45

FIGURA 6.1: Provável causa do desaprumo do reservatório 56

Figura 8.1: Desenho esquemático da solução adotado pela proprietária do Reservatório

59

12

LISTA DE GRÁFICOS

PAG.

GRÁFICO 1 - Carta de plasticidade 24

13

LISTA DE TABELAS

PAG.

TABELA 1. Limites das frações de solo pelo tamanho dos grãos. 20

TABELA 2. Tipos compostos de solos grossos. 20

TABELA 3. Tipos compostos dos solos grossos. 21

TABELA 4. Terminologia do Sistema Unificado. 22

TABELA 5. Esquema para classificação pelo Sistema Unificado. 25

TABELA 6. Valores típicos de limites de Atterberg de alguns solos brasileiros. 25

TABELA 7. Valores dos coeficientes de K e α proposto por Aoki e Velloso: 35

TABELA 8. Valores de F1 e F2: 36

TABELA 9. Fatores de segurança globais mínimos. 36

TABELA 10. Valores de α para Decourt e Quaresma: 37

TABELA 11. Valores de β para Decourt e Quaresma: 38

TABELA 12. Valores de K para Decourt e Quaresma: 38

TABELA 13. Pressões básicas para utilização nos métodos empíricos. 38

14

LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BS British Standards (Investigação de siltes para fins de avaliação)

CC Coeficiente de Curvatura

CNU Coeficiente de não uniformidade

CPT Cone Penetration Test (Ensaio de Cone)

IP Índice de Plasticidade

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

LL Limite de Liquidez

MCT Miniatura, Compactado e Tropical

mini-CBR Ensaio de Capacidade de Suporte

mini-MCV Ensaios de Compactação de Solos com equipamento Miniatura

NA Nível d’água

NBR Norma Brasileira Registrada

SPT Standard Penetration Test (sondagem à percussão)

SPT-T Standard Penetration Test with Torque Measurement (medidas de torque)

15

SUMÁRIO

PAG.

1. INTRODUÇÃO 17

2. OBJETIVO 18

2.1. Objetivo Geral 18

2.2. Objetivo Específico 18

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19

3.1. Descrição e classificação dos solos 19

3.1.1. Descrição dos solos 20

3.1.2. Classificação dos solos 22

3.2. Solos tropicais 26

3.2.1. Solos colapsíveis 27

3.2.1.1. Mecanismos de colapso 28

3.2.2. Solos expansíveis 28

3.3. Fundações 29

3.3.1. Tipos 29

3.3.2. Fundações rasas 29

3.3.3. Fundações Profundas 30

3.3.4. Estacas 30

3.3.4.1. Tipos de estacas 31

3.4. Investigação de solo 31

3.4.1. Investigação de campo – Tipos de ensaios 31

3.5. Normas para investigação de campo 32

3.6. Investigação de laboratório; 33

3.7. Critérios de dimensionamento 33

3.7.1. Prova de carga 34

3.7.2. Métodos semi-empíricos 34

3.7.2.1. Aoki e Velloso (SCHNAID, 2000) 34

3.7.2.2. Decourt e Quaresma (SCHNAID, 2000) 37

3.8. Métodos empíricos 38

4. METODOLOGIA 40

4.1. Levantamento de Dados 40

4.1.1. Caracterização do local 40

4.1.2. Informações sobre acidente 40

16

4.2. Investigação do solo 41

4.3. Análise da fundação existente 41

4.4. Análise da causa do acidente 41

4.5. Simulação Matemática 41

5. RESULTADOS 42

5.1. Dados obtidos na fase de levantamento de dados 42

5.2. Dados obtidos na investigação do subsolo 45

5.3. Dados sobre a fundação existente 47

5.4. Resultados da Simulação Numérica 47

5.4.1. Carga total do reservatório 48

5.4.2. Provável quantidade de estacas existentes 49

5.4.3. Cálculo considerando a camada de argila siltosa como colapsível. 53

6. ANÁLISE DOS RESULTADOS 56

7. CONCLUSÃO 58

8. SOLUÇÃO APRESENTADA PELA EMPRESA PROPRIETÁRIA 59

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA 69

17

1. INTRODUÇÃO

Foi no século XVII, na França que as escolas de engenharia começaram a se formar.

No Brasil, a engenharia deu seus primeiros passos, de forma sistemática, ainda no período

colonial, com a construção de fortificações e igrejas. Organizadas em instituições por volta

de 1842, a Engenharia Civil ganhou estudos mais sistematizados e as cidades passaram a

crescer vertiginosamente, numa velocidade nunca antes registrada. Vieram altos edifícios,

pontes, o sistema de saneamento básico, as estradas pavimentadas e o metrô. Para

construir obras tão distintas, o engenheiro precisou adquirir conhecimento profundo em pelo

menos cinco grandes áreas: estruturais, estradas e transportes, hidráulica e saneamento,

geotecnia, materiais e construção civil.

Entretanto, ao longo de sua história, a Engenharia, foi amealhando quase só

sucesso. Vez por outra, até suas eventuais falhas se tornaram célebres como o caso da

Torre de Pisa na Itália, em solo incapaz de sustentá-la, hoje, ela apresenta uma inclinação

de cinco metros em relação ao solo e, não fossem os inúmeros recursos da mais moderna

tecnologia ali empregados, já teria tombado.

Este trabalho trata de um desaprumo de um reservatório de água elevado de 300m³,

com 30,00m de altura e diâmetro aproximado de 8,00m, construído há aproximadamente 30

anos sobre solo colapsível de baixa resistência. Porém, não existem estudos de origem

documentados. Tais como: Projeto do reservatório, fundações e solo local. No local

observou-se um desaprumo, onde a região em torno do reservatório estava comprometida

com água oriunda do rompimento da adutora de Φ 150mm. Como o solo local é de baixa

resistência, e com a saturação, provocado pelo rompimento da adutora, houve um recalque

no reservatório.

18

2. OBJETIVO

2.1. Objetivo Geral

Apresentar um estudo de caso de patologia motivada por colapso do solo de apoio,

visando contribuir com o estudo sobre este tema.

2.2. Objetivo Específico

Calcular a perda de resistência das fundações de um reservatório de água com

capacidade de 300m³, construído há aproximadamente 30 anos, que recalcou

repentinamente devido ao colapso do solo de apoio.

19

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A NBR 6502 define solo como material proveniente da decomposição das rochas

pela ação de agentes físicos ou químicos, podendo ou não conter matéria orgânica.

Segundo (Craig 2007), solo se caracteriza pela composição de diversas partículas

minerais soltas, algumas levemente cimentadas, ou unidas por carbonatos, óxidos ou

matéria orgânica. São formados pela decomposição de rocha, que no início recobria a

crosta terrestre. Quando o solo permanece no mesmo local da rocha-mãe chamamos de

solo residual. Quando transportado pela ação do vento, água, chuva, etc., chamamos de

solo transportado.

O processo de transformação da rocha em solo se da pelo intemperismo, causado

por agentes físicos ou químicos. A erosão através dos ventos, águas, geleiras,

congelamento e descongelamento, dando origem a fendas e trinca se caracteriza como

agente físico. São originadas partículas graúdas e formas e tamanhos diversos. O agente

químico ocorre com ataques químicos na rocha-mãe, através da hidrolise, oxidação,

lixiviação, carbonatação, etc. Suas partículas são cristalinas, pequenas, com tamanho

inferior a 0,002mm, resultando em um material argiloso.

3.1. Descrição e classificação dos solos

A descrição e classificação do solo devem ser feitas de forma criteriosa e

padronizada, através de amostras deformadas do solo local. As características principais

são a graduação e plasticidade do solo. A cor, formato, textura e composição das partículas

deste solo, também são meios de caracterizá-los.

Deve-se incluir na caracterização do solo, o estado de compactação, rigidez,

detalhes da estratificação, intemperismo e descontinuidade do solo in situ.

A descrição e a classificação são feitas separadamente. A descrição deve fornecer

as características da massa do solo, sendo improváveis dois solos com descrições

idênticas. A classificação do solo é enquadrada em um grupo limitado baseados apenas em

características do material.

Em (Pinto 2006), são denominados os solos de acordo com o tamanho de grãos.

Onde os valores mais comuns são especificados na tabela 1.

20

TABELA 1. Limites das frações de solo pelo tamanho dos grãos:

Pedregulhos: de 2,0mm (ou 4,8mm) a 15cm

Areias: de 0,075mm (ou 0,06mm) a 2,0mm (ou 4,8mm)

Silte: de 0,002mm (ou 0,005mm) a 0,075mm (ou 0,06mm)

Argila: inferior a 0,002mm (ou 0,005mm) a 2,0mm (ou 4,8mm)

Fonte (HACHICH; FALCONI; SAEZ 1999)

3.1.1. Descrição dos solos

Craig descreve os solos baseados na norma BS 5930, onde os tipos básicos de solo,

definidos de acordo com os tamanhos das partículas predominantes, são: Matacões,

Pedras, Pedregulhos, Areia, Silte, e, Argila. Temos também as argilas ou siltes orgânicos e

as turfas.

Na tabela 2. são descritos os solos grossos.

TABELA 2. Tipos compostos de solos grossos.

PEDREGULHO levemente arenoso Até 5% de areia

PEDREGULHO arenoso 5-20% de areia

PEDREGULHO muito arenoso Mais de 20% de areia

PEDREGULHO e AREIA Proporções aproximadamente iguais

AREIA muito pedregulhosa Mais de 20% de pedregulho

AREIA pedregulhosa 5-20% de pedregulho

AREIA levemente pedregulhosa Até 5% de pedregulho

AREIA (e/ou PEDREGULHO) levemente siltosa Até 5% de silte

AREIA (e/ou PEDREGULHO) siltosa 5-20% de silte

AREIA (e/ou PEDREGULHO) muito siltosa Mais de 20% de silte

AREIA (e/ou PEDREGULHO) levemente argilosa Até 5% de argila

AREIA (e/ou PEDREGULHO) argilosa 5-20% de argila

AREIA (e/ou PEDREGULHO) muito argilosa Mais de 20% de argila

Fonte (Craig 2007).

Os solos finos que contem 35-65% de material grosso são descritos como siltes ou

argilas com areia ou pedregulhos.

21

O estado de compactação ou rigidez do solo pode ser avaliado em teste de campo,

ou conforme indicado na tabela 3.

A descrição dos tipos de solos no Brasil é feita através da norma ABNT NBR 6502,

em seu item 2.2.192 a 2.2.212.

TABELA 3. Tipos compostos dos solos grossos.

Grupo do solo Termo Teste de campo ou indicação

Solos grossos

Muito solto Avaliado com base no valor N determinado por

intermédio do ensaio padrão de penetração

Medianamente denso

Denso

Muito denso

Levemente cimentado Exame visual: ferramenta remove solo em torrões que

podem ser raspados

Solos finos

Não-compacto Facilmente moldados ou esmagados pelos dedos

Compacto Podem ser moldados ou esmagados por uma pressão

forte dos dedos

Muito mole O dedo pode ser enterrado facilmente até 25mm

Mole O dedo pode ser enterrado até 10mm

Firme O polegar pode ser impresso facilmente

Rígido O polegar pode causar uma leve depressão

Muito rígido A unha do polegar pode fazer um sulco

Duro A unha do polegar pode arranhar a superfície

Solos orgânicos

Firme As fibras já estão comprimidas

Esponjoso Muito compressíveis e estrutura aberta

Plástico Podem ser moldados na Mao e mancham os dedos

Fonte (Craig 2007).

A plasticidade dos solos brasileiros, através dos limites de Atterberg, que define o

limite de umidade característico do solo e alterando o estado físico do solo. Estes teores

foram definidos como limite de liquidez, limite de plasticidade e limite de contração (Pinto

2006).

O limite de liquidez é definido, quando são necessários 25 golpes para fechar uma

ranhura feita em uma concha.

O limite de plasticidade ou menor teor de umidade é definido quando se consegue

moldar um cilindro de 3mm de diâmetro, manualmente.

O limite de contração é indicado quando o teor de umidade corresponde ao volume

de água necessário para preencher os vazios do solo quando seco ao ar.

22

A diferença entre o limite de liquidez e o limite de plasticidade é denominado índice

de plasticidade - IP, que é corresponde a faixa onde o solo se comporta de forma plástica.

3.1.2. Classificação dos solos

São classificados em grupos conforme a sua graduação e plasticidade. Cada grupo é

indicado por letras que representam os termos e qualificações principais.

(Pinto 2006) cita o Sistema Unificado elaborado pelo Profº Casagrande. Onde se

adota a tabela 4, que consiste da seguinte forma a sua elaboração.

TABELA 4. Terminologia do Sistema Unificado.

G Pedregulho

S Areia

M Site

C Argila

O Solo orgânico

W Bem graduado

P Mal graduado

H Alta compressibilidade

L Baixa compressibilidade

Pt Turfas

Fonte (Pinto 2006).

Ao passar o solo pela peneira nº200 (0,075mm). Se mais de 50% do solo passar pela

peneira, o solo é considerado Silte (M), Argila (C) ou orgânico (O). Se mais de 50% ficar

retida na peneira denomina-se o solo como Pedregulho (G) ou Areia (S).

Os solos de granulação grossa são os denominados pedregulhos ou areia,

dependendo do que predomina em sua formação. Se, por exemplo, 40% pedregulho, 30%

areia e 30% de finos, diz que o solo é pedregulho. Então se procuram outras características

secundárias. Se o material tiver menos de 5% de finos passando pela peneira nº200,

verifica-se a sua composição granulométrica.

23

Os solos granulares podem ser divididos em “bem graduados”, que são os de melhor

comportamento no ponto de vista da engenharia civil, pois contem diversos diâmetros de

grãos, resultando numa melhor acomodação deste solo, diminuindo os espaços vazios e

aumentando a resistência. Já os “mal graduados”, há a predominância de certo diâmetro de

grãos, possibilitando um maior número de índices de vazios, acarretando em solo com

resistência menor.

Estas características dos solos granulares são expressas pelo coeficiente de não

uniformidade (CNU), que indica o tamanho dos grãos, definido pela relação:

CNU= D60/D10 (1)

Onde D60 é o diâmetro abaixo do qual se situam 60% dos pesos das partículas e

D10 é o diâmetro que na curva granulométrica corresponde a 10%.

Quanto maior o CNU, mais bem graduada é a areia. Areias com CNU > 2 são

chamadas de areias uniformes.

Outro coeficiente empregado é o coeficiente de curvatura (CC), definido como:

CC= (D30)2/D10 . D60 (2)

Este coeficiente detecta o melhor formato da curva granulométrica e permite

identificar descontinuidade ou concentração de grãos muitos grossos no conjunto. Quando o

1 < CC < 3, trata-se de um material bem graduado.

Os solos de graduação fina são os Siltes, argilas e os orgânicos. Não são

classificados pela porcentagem de frações granulométricas, mas sim pelo comportamento

argiloso.

Para os solos granulados finos, (Pinto 2006), recorre novamente ao Profº

Casagrande. Ele relaciona o Índice de Plasticidade (IP) com o Limite de Liquidez (LL) do

solo. Esta relação esta explicitada no gráfico 1 (Carta de plasticidade). Os pontos acima da

linha A são os solos característicos de comportamento argiloso. Os pontos abaixo da linha A

são os solos característicos de comportamento siltosos. A linha A tem como equação da

reta:

24

GRÁFICO 1 - Carta de plasticidade

IP = 0,73.(LL-20) (3)

que em seu início é substituída por uma faixa horizontal corresponde a IP de 4 a 7.

A compressibilidade complementa a caracterização dos solos finos. Sabemos que

quanto maior o LL do solo,maior a sua compressibilidade. Portanto quando o ponto na Carta

de plasticidade estiver abaixo da linha B, LL < 50%, diz-se que o solo é de baixa

compressibilidade (L), e quando ultrapassar a linha B, LL> 50%, o solo é de alta

compressibilidade (H). este critério aplica-se somente nos solos M, C ou O.

Os solos orgânicos se distinguem dos demais pela coloração escura.

O sistema ainda classifica a turfa, que é um tipo de solo orgânico, com grande

presença de fibras vegetais em decomposição.

Na tabela 5 verifica-se o esquema para classificação pelo Sistema Único.

Na tabela 6 temos alguns valores típicos de Limites de plasticidade e limite de

liquidez para alguns solos brasileiros.

25

TABELA 5. Esquema para classificação pelo Sistema Unificado.

% P#200 < 50

G > S : G

% P#200 < 5

GW CNU > 4 e 1 < CC < 3

GP CNU < 4 ou 1 > CC > 3

% P#200 > 12

GC

GM

5 P#200 < 12 GW-GC, GP-GM, etc.

S > G : S

% P#200 < 5

SW CNU > 6 e 1 < CC > 3

SP CNU < 6 ou 1 > CC > 3

% P#200 > 12

SC

SM

5 P#200 < 12 SW-SC, SP-SC, etc.

% P#200 > 50

C

CL

CH

M

ML

MH

O

OL

OH

Fonte (Pinto 2006).

TABELA 6. Valores típicos de limites de Atterberg de alguns solos brasileiros.

Solos LL LP

Arenoso fino, laterítico (a) 29 11

Arenoso fino, laterítico (b) 44 13

Solos de basalto, laterítico 43 16

Solo saprolitico de gnaisse 48

Solo saprolítico de granito 48 16

Argila orgânica de várzeas quaternárias 70 30

Argilas orgânicas de baixadas litorâneas 120 60

Fonte (Pinto 2006).

26

3.2. Solos tropicais

Os solos das regiões tropicais apresentam uma série de peculiaridades decorrentes

das condições ambientais. Os seguintes solos são encontrados em regiões tropicais:

lateríticos, saprolíticos e transportados. A figura 1 mostra um perfil esquemático destes tipos

de solos.

FIGURA 3.1: Perfil esquemático dos tipos solos. Fonte GOMES, Ribamar de Jesus

Dentro da classificação dos solos, aqueles que apresentam propriedades peculiares

e de comportamento, são denominados solos tropicais em decorrência da atuação de

processo geológico típicos das regiões tropicais úmidas. Dentre os solos tropicais destacam-

se duas grandes classes: solos lateríticos e os saprolíticos.

Os solos lateríticos são solos superficiais, típicos das partes bem drenadas das

regiões tropicais úmidas, resultante de uma transformação da parte superior do subsolo pela

atuação do intemperismo, por processo denominado laterização. Várias pecularidades

associam-se ao processo de laterização sendo, as mais importantes do ponto de vista

tecnológico, o enriquecimento no solo de óxidos hidratados de ferro e ou alumínio e a

permanência da caulinita como argilo-mineral predominante e quase sempre exclusivo.

Estes minerais conferem aos solos de comportamento laterítico coloração típica: vermelho,

amarelo, marrom e alaranjado.

Os solos saprolíticos constituem, portanto, a parte subjacente à camada de solo

superficial laterítico (camadas mais profundas). Estes solos são minerais mais heterogêneos

27

e constituídos por uma mineralogia complexa contendo materiais ainda em fase de

decomposição. São designados também como solos residuais jovens, em contraste com os

solos superficiais lateríticos, maduros.

Em virtude do comportamento dos solos tropicais serem fortemente influênciados

pela estrutura, cimentação e feições herdadas da rocha de origem e todas essas

características serem afetadas pelo intemperismo gerando materiais de comportamento

bastante diferenciados. No Brasil, existem algumas propostas para a classificação dos solos

tropicais, dividindo-os de acordo com a área de aplicação.

3.2.1. Solos colapsíveis

Os solos colapsíveis constituem uma classe especial de formações típicas de regiões

tropicais. Quando solicitados em seu estado natural (com baixo grau de saturação), o

comportamento relativo à tensão e deformação não sofre alterações súbitas; entretanto,

sofre recalques abruptos quando ocorre aumento do grau de saturação.

Esta instabilidade é provocada pela quebra das ligações entre as partículas do solo

com o aumento do grau de saturação, gerando o colapso da sua estrutura, daí a

nomenclatura solo colapsível. Do ponto de vista da engenharia geotécnica o colapso pode

ser encarado como a perda de resistência ao cisalhamento do solo, em virtude da sua

inundação que provoca o desmoronamento da sua estrutura. Segundo BENVENUTO (1982,

apud GOMES, 2006), Este fenômeno é característico em solos não saturados com grande

porosidade e arranjo estrutural entre as partículas que pode ser considerado estável, se não

se alterarem os estados de tensões e os teores de umidade naturais.

Esse fenômeno, na sua maioria só ocorre, quando depois de muito tempo do termino

da obra, pois o solo em seu estado natural, ou seja, não saturado, não apresenta

características aparentes em que se possa verificar o fenômeno. Somente o correto

conhecimento e interpretação dos dados obtidos em ensaios, é que se pode caracterizado

na fase de projeto. Uma de suas características é a velocidade de ocorrência.

O fenômeno da colapsibilidade é geralmente estudado em ensaios compressão

edométrica, por representarem adequadamente a situação do terreno abaixo de elementos

de fundação superficial. Em função da magnitude desses recalques, os riscos que os solos

colapsíveis apresentam para as construções são os mesmos que os dos solos comuns, ou

seja, desenvolvimento de fissuras, trincas e até ruína. Para evitar tais riscos, pode-se tratar

28

previamente a região do subsolo abrangida pelo bulbo das tensões induzidas pela

edificação, ou projetar a construção com estrutura adequada aos recalques previstos.

3.2.1.1. Mecanismos do colapso

De acordo com DUDLEY (1970, apud GOMES, 2006), os solos colapsíveis se

caracterizam por uma estrutura altamente porosa em que as partículas sólidas se mantêm

interligadas por meio de vínculos que possuem uma resistência temporária proveniente de

forças 24 capilares ou de adsorção (sucção), ou pela presença de algum agente cimentante,

como os óxidos de ferro e os carbonatos (como é o caso dos solos lateríticos) ou ainda por

“pontes” de materiais finos como silte e argila, ocorrendo na maioria das vezes de forma

combinada, prevalecendo um ou outro.

O colapso ocorre quando algum agente externo causa o enfraquecimento destes

vínculos provocando o deslizamento das partículas, gerando um rearranjo da estrutura do

solo e a conseqüente redução de volume.

BASMA & TUNCER (1992, apud GOMES, 2006), consideram três condições

fundamentais para que um solo apresente colapso:

� Uma estrutura porosa parcialmente saturada e potencialmente estável;

� Uma componente de tensão existente ou aplicada;

� Uma forte vinculação ou agente cimentante forte o suficiente para estabilizar os

contatos e que sob umedecimento são reduzidas provocando o colapso.

3.2.2. Solos expansíveis

Solos expansivos são aqueles que apresentam expansão quando colocados em

condições de absorver água. Ocorrem principalmente em regiões tropicais, tendo sido

detectados em diversos locais no Brasil, principalmente no semi-árido nordestino no

Sudeste do país.

A expansibilidade dos solos está intimamente ligada às características no mineral

argila presente, e à sua esmectitas os minerais com capacidade de absorver água entre as

camadas estruturais. Diversos procedimentos são sugeridos para a identificação da

expansibilidade dos solos, geralmente baseados na porcentagem da fração da argila, no

29

índice de plasticidade, na atividade ou na capacidade de troca de cátions, que são índices

que indicam a avidez do solo pela água.

3.3. Fundações

Fundação é um conjunto de apoio, que transmite as cargas da edificação para o

solo, que deverá baseado nas suas características atender aos requisitos de resistência e

deformação necessários para garantir a estabilidade da estrutura.

3.3.1. Tipos

A NBR 6122 estabelece dois tipos de fundação rasa e profunda.

3.3.2. Fundações rasas

Conforme a NBR 6122, são elementos de fundação em que a carga é transmitida ao

terreno, predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, e em que

a profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas vezes a

menor dimensão da fundação.

(Pinto 2006) et al. Classifica elementos de fundação superficial:

� Bloco – elemento simples, dimensionado só com atuação do concreto, sem

necessidade de armação;

� Sapata – elemento menor que o bloco em sua altura, e dimensionado com

armação;

� Viga de fundação – elemento que recebe pilares alinhados, e podem ser

dimensionado sem armação, os chamados baldrames, e com armação tipo

sapata;

� Grelha – elemento constituído por um conjunto de vigas que se cruzam nos

pilares;

30

� Sapata associada – elemento que recebe parte dos pilares da obra, sendo

diferente do radier e da viga de fundação, e;

� Radier – elemento que recebe todos os pilares da obra.

3.3.3. Fundações Profundas

Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno pela base (resistência de

ponta), ou pela superfície lateral (resistência de fuste) ou pela combinação das duas, e que

está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no

mínimo 3m, salvo justificativa.

(Pinto 2006) et al. Classifica elementos de fundação profunda:

� Estaca – elementos executados com auxílio de ferramentas e/ou equipamentos,

são cravados;

� Tubulão – elementos cilíndricos que envolvem a descida de um operário a sua

base. Não difere da estaca pelas dimensões e sim pelo uso do operário na sua

execução, e;

� Caixão – elemento prismático concretado na superfície e instalado por

escavação.

Há casos em que pode ser associados às fundações superficiais com as fundações

profundas, onde se denomina fundações mistas.

3.3.4. Estacas

No mercado há uma grande variedade de estacas. A execução de estacas é uma

das especialidades da engenharia. O projetista de levar em conta os seguintes aspectos

para escolher um tipo de estaca.

� Esforço na fundação;

� Característica do subsolo;

� Característica do local da obra;

� Característica das construções vizinhas.

As estacas podem ser de madeiras, aço ou metálicas e concreto.

31

3.3.4.1. Tipos de estacas

� Pré-moldadas de concreto – estaca com carga de 200 a 1500kN,não

recomendada para terrenos com matacões, regiões muito adensadas e com

forte influência das vibrações causadas pela cravação.

� Franki – estacas aceitáveis de 550 a 1700 kN, podendo ser utilizada em

terreno com matacões e pedregulhos.

� Metálicas – são constituídas de perfis metálicos e cravados no solo. A

capacidade de carga é de 400 a 3000kN.

� Escavadas – são executadas com lama bentonitica, com capacidade de carga

acima de 1500kN.

� Estaca Raiz – estaca moldada in-loco, utilizando pressão para a injeção do

concreto.

� Alluvial Anker – estaca moldada in-loco, de pequeno diâmetro. É instalado um

tubo sem costura no solo e injetado concreto por pressão no furo. Pode ser

utilizada em solos moles. Não apresenta perturbações por vibração na sua

execução.

3.4. Investigação de solo

Métodos de investigação de solo. Nesta fase procura se analisar as características

físico-químicas do solo e da água do subsolo. Assim como as propriedades mecânicas do

solo.

3.4.1. Investigação de campo – Tipos de ensaios

A elaboração de projetos geotécnicos em geral, exige conhecimento adequado dos

solos. É necessário ter a identificação e à classificação das diversas camadas componentes

no substrato a ser analisado.

32

O processo de identificação do solo exige a execução de ensaios “in situ”. A

determinação das propriedades de engenharia, em princípio, tanto poderia ser feita através

de ensaios de laboratório quanto de ensaios de campo.

Todos possuem a função de medir a resistência do solo ao longo da profundidade

perfurada. Entre os ensaios de campo, alguns se destacam:

� SPT (Standard Penetration Test), reconhecidamente a mais popular, rotineira e

econômica ferramenta de investigação em praticamente todo o mundo.

� SPT-T (Standard Penetration Test- complementando com medidas de torque), o

estabelecimento de correlações estatísticas entre o valor do Torque e o valor da

resistência a penetração permite enquadrar os solos em um novo tipo de

classificação, onde sua estrutura desempenha papel fundamental. A tendência é

que venha a substituir o SPT convencional, pois além de fazer uma análise mais

completa e praticamente com o mesmo custo.

� CPT (Ensaio de penetração de cone)- Utilizado quando necessário julgar

definições mais detalhadas do terreno.

� Rotativa- Obtenção de amostras da rocha, para a identificação das

descontinuidades do maciço rochoso e a realização no interior da perfuração de

ensaios “in situ”, como ensaio de perda d’água, quando há a necessidade de

saber a permeabilidade da rocha ou a localização das fendas e falhas.

3.5. Normas para investigação de campo

Para investigação de solo devem ser utilizadas as seguintes normas, em conjunto ou

separadamente. Lembrando que a utilização dos ensaios varia de acordo com a edificação a

ser projetada e o tipo de solo que se encontra no lugar.

� NBR 6484 – Execução de sondagens de simples reconhecimento de solos –

Método de ensaio;

� NBR 6489 – Prova de carga direta sobre terreno de fundação – Procedimento;

� NBR 9603 – Sondagem a trado – Procedimento;

� NBR 9604 – Abertura de poço e trincheira de inspeção em solo com retirada de

amostra deformada e indeformada – Procedimento;

� NBR 9820 – Coleta de amostras indeformadas de solos em furos de sondagens

– Procedimento;

� NBR 10905 – Solo – Ensaios de palheta in situ – Método de ensaio;

33

� NBR 12069 – Ensaio de penetração de cone in situ (CPT) – Método de ensaio.

Recomendam-se também os seguintes ensaios complementares;

� Ensaios in situ de permeabilidade ou determinação da perda d’água;

� Medições de nível d’água e de pressões neutras;

� Medições dos movimentos das águas subterrâneas;

� Processos geofísicos de reconhecimento;

Nesta fase é de suma importância o Engenheiro Civil visitar o local e acompanhar se

a execução dos ensaios esta consonante com os procedimentos prescritos por estas

normas.

3.6. Investigação de laboratório;

As amostras deformadas e indeformadas retiradas na investigação de campo devem

ser analisadas em laboratório, procurando;

� Caracterização – granulometria por peneiramento com ou sem sedimentação,

limites de liquidez e plasticidade;

� Resistência – ensaios de compressão simples, cisalhamento direto e

compressão triaxial;

� Deformabilidade – ensaio oedométrico, compressão triaxial e compressão em

concolidômetros especiais;

� Permeabilidade – ensaios de permeabilidade em permeâmetros de carga

constante ou variável, ensaio de adensamento;

� Colapsibilidade e expansibilidade – ensaios de oedometros com

encharcamento da amostra.

3.7. Critérios de dimensionamento

A NBR 6122/2010, que normaliza o projeto e execução de fundações, adota os

seguintes critérios de dimensionamento para fundações.

34

3.7.1. Prova de carga

Ensaio normalizado pela NBR 6489, a fim de obter estimativas de capacidade de

carga. Este ensaio devera fornecer uma curva pressão-recalque, com as observações de

início e fim de cada estagio de carga. Realizado em campo.

3.7.2. Métodos semi-empíricos

São aqueles que as propriedades dos materiais são estimadas em correlações e

aplicadas as teorias de Mecânica dos Solos. Ao adotar este método, deve-se justificar,

inclusive com as referencias bibliográficas.

Segundo SCHNAID, verificamos dois métodos, de Aoki e Velloso (1975) e de

Decourt e Quaresma (1978), dentre outros.

3.7.2.1. Aoki e Velloso (SCHNAID, 2000)

O método é concebido a partir de correlações entre os resultados dos ensaios de

penetrações estáticos (cone) e dinâmicos (SPT). A teoria para a estimativa da capacidade

de carga de estacas é fundamentada no ensaio de penetração estática, porem, através da

utilização do coeficiente K, torna-se possível utilizar os ensaios de SPT. O coeficiente α

expressa a relação entre as resistências de ponta e lateral local do ensaio de penetração

estática, segundo Vargas em SCHNAID.

A seguinte expressão avalia a capacidade de carga ultima, ou de ruptura, da estaca;

(4)

Sendo: ap = área de ponta da estaca.

P = perímetro da estaca.

∆L = espessura de camada de solo (m).

35

Np = NSPT próximo a ponta da estaca.

Nm = NSPT médio para cada ∆L.

Os coeficientes K e α são variáveis dependentes do tipo de solo, os valores são

apresentados na tabela 7.

TABELA 7. Valores dos coeficientes de K e α propostos por Aoki e Velloso:

TIPO DE TERRENO K (MPa) α (%)

Areia 1,00 1,4

Areia siltosa 0,80 2,0

Areia silto-argilosa 0,70 2,4

Areia argilosa 0,60 3,0

Areia argilo-siltosa 0,50 2,8

Silte 0,40 3,0

Silte arenoso 0,55 2,2

Silte areno-argiloso 0,45 2,8

Silte argiloso 0,23 3,4

Silte argilo-arenoso 0,25 3,0

Argila 0,20 6,0

Argila arenosa 0,35 2,4

Argila areno-siltosa 0,30 2,8

Argila siltosa 0,22 4,0

Argila silto-arenosa 0,33 3,0

Fonte (SCHNAID, 2000)

F1 e F2 são coeficientes de correção das resistências de ponta e lateral, levando em

conta os diferentes tipos de comportamento de estacas, cujos valores estão apresentados

na tabela 8.

36

TABELA 8. Valores de F1 e F2:

TIPOS DE ESTACAS F1 F2

Franki 2,5 5,0

Metálica 1,75 3,5

Pré-moldada concreto 1,75 3,5

Escavada* 3,5 7,0

Fonte (SCHNAID, 2000)

*F1 E F2 segundo Velloso, Aoki e Salamoni (1978)

Para determinar a carga admissível faz-se uso de um fator de segurança global,

sobre a carga de ruptura calculada como:

Qadm=Qrup/FS (5)

Seguindo-se recomendação da Norma Brasileira NBR6.122/1996.

Valores de FS conforme tabela 9.

TABELA 9. Fatores de segurança globais mínimos.

Condição Fator de

segurança

Capacidade de carga de fundações superficiais 3,0

Capacidade de carga de estacas ou tubulões sem prova de carga 2,0

Capacidade de carga de estacas ou tubulões com prova de carga 1,6

Nota: No caso de fundações profundas, só é permitido reduzir o fator de segurança quando se

dispõe do resultado de um número adequado de provas de carga e quando os

elementos ensaiados representativos do conjunto de fundação, ou a critério do

projetista. Esta redução só é possível quando as provas de carga são realizadas a priori

na obra, e não a posteriori, como instrumento de dirimir dúvida quanto à qualidade do

estaqueamento.

Fonte NBR 6.122/1996

37

3.7.2.2. Decourt e Quaresma (SCHNAID, 2000)

O método é baseado exclusivamente em resultados de ensaios SPT. Desenvolvido

inicialmente para estacas pré-moldadas de concreto, e depois estendido para outros tipos

de estacas. A expressão proposta é a seguinte.

(6)

Sendo: K é o coeficiente que relaciona a resistência de ponta com o valor Np

em função do tipo de solo.

ap = área de ponta da estaca.

P = perímetro da estaca.

∆L = espessura de camada de solo (m).

Np = NSPT próximo a ponta da estaca.

Nm = NSPT médio para cada ∆L.

Os valores de α estão expressos na tabela 10, e os valores de β estão expressos na

tabela 11.

TABELA 10. Valores de α para Decourt e Quaresma:

TIPO DE

SOLO/ESTACA Cravada

Escavada

em geral

Escavada

(com

betonita)

Hélice

continua Raiz

Injetadas

(alta

pressão)

Argilas 1,0 0,85 0,85 0,30 0,85 1,0

Solos

intermediários 1,0 0,60 0,60 0,30 0,60 1,0

Areias 1,0 0,50 0,50 0,30 0,50 1,0

Fonte (SCHNAID, 2000)

38

TABELA 11. Valores de β para Decourt e Quaresma:

TIPO DE

SOLO/ESTACA Cravada

Escavada

em geral

Escavada

(com

betonita)

Hélice

continua Raiz

Injetadas

(alta

pressão)

Argilas 1,0 0,85 0,9 1,0 1,5 3,0

Solos

intermediários 1,0 0,65 0,75 1,0 1,5 3,0

Areias 1,0 0,50 0,60 1,0 1,5 3,0

Fonte (SCHNAID, 2000)

Os valores o para K são expressos na tabela 12.

TABELA 12. Valores de K para Decourt e Quaresma:

TIPO DE SOLOS K (Kn/M²)

Argilas 120

Siltes argilosos (solos residuais) 200

Siltes arenosos (solos residuais) 250

Areias 400

Fonte (SCHNAID, 2000)

3.7.3. Métodos empíricos

São métodos pelos quais se chega a uma pressão admissível, baseando-se nos

resultados obtidos pelas investigações de campo e laboratórios. Este método se apresenta

pela forma de tabela de pressões básicas conforme tabela 13.

TABELA 13. Pressões básicas para utilização nos métodos empíricos. Continua

CLASSE DESCRIÇÃO VALORES

(MPa)

1 Rocha sã, maciça, sem laminação ou sinal de decomposição 3,0

2 Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas 1,5

3 Rochas alteradas ou em decomposição Ver nota c)

4 Solos granulares concrecionados - conglomerados 1,0

5 Solos pedregulhosos compactos a muito compactos 0,6

39

TABELA 13. Pressões básicas para utilização nos métodos empíricos. Conclusão.

6 Solos pedregulhosos fofos 0,3

7 Areias muito compacta 0,5

8 Areias compactas 0,4

9 Areias medianamente compactas 0,2

10 Argilas duras 0,3

11 Argilas rijas 0,2

12 Argilas média 0,1

13 Siltes duros (muito compactos) 0,3

14 Siltes rijos (compactos) 0,2

15 Siltes médios (medianamente compactos) 0,1

Fonte NBR6122/1996

Nota:

a) Para a descrição dos diferentes tipos de solo, seguir as definições da NBR

6502.

b) No caso de calcário ou qualquer outra rocha cárstica, devem ser feitos

estudos especiais.

c) Para rochas alteradas ou em decomposição, tem que ser levados em conta a

natureza da rocha matriz e o grau de decomposição ou alteração.

d) Os valores da tabela 4, validos para largura de 2m, devem ser modificados

em função das dimensões e da profundidade das fundações conforme prescrito nos

itens 6.2.2.5 a 6.2.2.7 da NBR 6122.

40

4. METODOLOGIA

Para a realização deste estudo realizaram-se as seguintes etapas:

4.1. Levantamento de Dados

Nesta etapa procurou-se obter a maior quantidade de subsídios que pudessem

auxiliar na compreensão da ocorrência do sinistro, esta etapa subdividiu-se em:

4.1.1. Caracterização do local

Inicialmente procurou-se definir as principais características do reservatório como

altura, dimensões, espessura das paredes, solução construtiva empregada.

Também procurou-se levantar a existência dos projetos realizados na época.

4.1.2. Informações sobre acidente

Nesta etapa foram levantadas informações com os responsáveis sobre o acidente e

se havia indícios anteriores de que o reservatório estaria instável.

Nesta etapa também realizou - se uma inspeção visual das condições da estrutura

do reservatório, bem como do solo de apoio das adjacências.

Também optou-se pelo monitoramento com pinos de recalque para verificar em qual

sentido o reservatório havia adernado e também para verificar se não haveria risco de

desabamento já que era possível observar sem auxílio de qualquer instrumento que o

mesmo apresentava uma inclinação bastante acentuada em relação ao seu centro de

gravidade.

41

4.2. Investigação do solo

Para efetuar as análises foram realizados dois furos de prospecção do tipo

Sondagem Mista (SPT e Sondagem Rotativa), totalizando-se 39,5m.

4.3. Análise da fundação existente

Com os laudos de sondagem, procurou-se definir qual seria a possível fundação

existente, com base nas técnicas de execução disponíveis na época da construção deste

reservatório e também baseando-se em projetos existentes em reservatórios semelhantes

construídos em outras localidades e que são de propriedade da empresa responsável pela

sua operação.

4.4. Análise da causa do acidente

Com os dados obtidos nos itens acima, realizou-se o concatenamento destas

informações para concluir quais seriam as causas que geraram o acidente.

4.5. Simulação Matemática

Também com os dados descritos nos itens anteriores, utilizou-se o Método de

Décourt & Quaresma, para simular as condições do subsolo na ocasião do acidente e

também para a obtenção de parâmetros numéricos que permitissem mensurar a extensão

do problema.

42

5. RESULTADOS

5.1. Dados obtidos na fase de levantamento de dados

Trata-se de um reservatório cilíndrico de 300m³, com aproximadamente 30 m de

altura, sendo 2,00 m abaixo do nível do solo, e com aproximadamente 8,00 m de diâmetro,

construído na década de 70, conforme a figura 5.1:

FIGURA 5.1.: Reservatório em análise

Esta construção está localizada no interior de uma Estação de Tratamento de Água,

ficando próximo aos tanques de tratamento e ao abrigo de produtos químicos conforme a

figura 5.2. Nesta figura também é possível observar as fendas de tração que haviam de

manifestado na superfície das suas imediações.

43

FIGURA 5.2.: Localização do reservatório

As figuras 5.3a, 5.3b e 5.3c apresentam a magnitude das fendas de tração que foram

detectadas.

FIGURA 5.3a.: Fenda de tração detectada na guia do passeio

que circunda o reservatório: Fonte Engº Ribamar

44

FIGURA 5.3b.: Abertura entre a parede do reservatório e o

solo: Fonte Engº Ribamar

FIGURA 5.3c.: Destacamento da guia do passeio: Fonte Engº

Ribamar

No monitoramento topográfico constatou -se que o reservatório apresentava um

desaprumo de cerca de 38cm no sentido do abrigo de produtos químicos de 16cm em

direção a E.T.A., conforme a figura 5.4:

45

FIGURA 5.4.: Dados obtidos no monitoramento do desaprumo

Também no interior do reservatório constatou-se um grande volume de água

acumulada (uma lâmina de aproximadamente 2,00m de altura). e que a adutora com

diâmetro de 150 mm, responsável pelo seu abastecimento, estava rompida.

Outra informação bastante importante obtida durante esta fase foi que, segundo os

responsáveis pela operação deste reservatório, as manifestações patológicas apresentadas

ocorreram de maneira repentina, ou seja, num período de aproximadamente 48h, e

imediatamente a um longo período de chuvas intensas.

5.2. Dados obtidos na investigação do subsolo

As sondagens foram realizadas nas proximidades do reservatório, sendo o furo SP01

entre o abrigo de produtos químicos e o reservatório e o furo SP02 na direção

diametralmente oposta.

O trabalho de prospecção contou com acompanhamento constante e os laudos da

sondagem apresentaram os seguintes resultados:

46

� No SP01:

� Camada de argila siltosa, muito mole a mole, com 8,00m de

espessura, situada entre a cota 0,00m e -9,00m. Com Nspt maximo

de 4.

� Camada de silte argiloso, rijo a duro, com 3,00m de espessura,

situada entre a cota -8,00m e -11,00m. Com SPT maximo de 24.

� Camada de argila siltosa, media, com 2,00m de espessura,

situada entre a cota -11,00m e -13,00m. Com Nspt maximo de 19.

� Camada de argila siltosa, rija a dura, com 3,00m de espessura,

situada entre a cota -13,00m e -16,00m. Com Nspt maximo de 16.

� No SP02:

� Camada de argila siltosa, pouco arenosa, mole a media, com

4,00m de espessura, situada entre a cota 0,00m e -5,00m. Com Nspt

maximo de 3.

� Camada de argila siltosa, pouco arenosa, muito mole, com

3,00m de espessura, situada entre a cota -5,00m e -8,00m. Com

Nspt maximo de 7.

� Camada de silte argiloso, mole a medio, com 2,00m de

espessura, situada entre a cota -8,00m e -10,00m. Com SPT

maximo de 6.

� Camada de silte argiloso, muito mole, com 1,00m de

espessura, situada entre a cota -10,00m e -11,00m. Com SPT

maximo de 1.

� Camada de silte argiloso duro, com 3,00m de espessura,

situada entre a cota -11,00m e -14,00m. Com SPT maximo de 15.

� Camada de silte argiloso duro, com 4,00m de espessura,

situada entre a cota -14,00m e -16,00m. Com SPT maximo de 30.

É importante frisar que em ambas as sondagens não se detectou a presença de nível

d’água.

Perfil Esquemático SPT-01

Perfil Esquemático SPT-01

47

5.3. Dados sobre a fundação existente

Não foram também encontrados quaisquer registros as fundações que teriam sido

executadas para este reservatório e tampouco os projetos que foram utilizados na época.

Como o tempo era escasso e havia o risco iminente de queda do reservatório,

também não havia condições adequadas de segurança para se realizar uma exumação das

fundações existentes.

Assim utilizou - se os dados obtidos no ensaio SPT que conforme descrito no item

anterior apresentava uma camada de baixa resistência nos seus primeiros 4,00 m,

chegando-se a conclusão que o reservatório muito provavelmente não construído em cima

de uma fundação do tipo rasa, já que o solo possui baixa resistência (com média de NSPT

igual a 1).

A hipótese mais provável seria que o reservatório foi executado com fundação

profunda, que baseando-se no tipo de tecnologia existente na época da construção do

reservatório (década de 70), as prováveis estacas utilizadas seriam do tipo Strauss e a do

tipo pré-moldada. Esta hipótese também coincidia com projetos de reservatórios

semelhantes de propriedade da mesma empresa e que foram construídos em outras

localidades.

Sendo assim, partiu-se para definição do comprimento que essas estacas poderiam

possuir e para isto levou-se em conta as limitações executivas destes tipos de fundações e

com base nas resistências obtidas nos laudos de sondagem, o comprimento médio ficaria

em torno de 15,00 m.

5.4. Resultados da Simulação Matemática

Com os possíveis tipos de fundação definidos e seu comprimento realizou-se uma

simulação numérica através do Método de Decourt & Quaresma, chegando-se ao resultados

abaixo. As memórias de cálculo são apresentadas nos anexos A e B.

48

5.4.1. Carga total do reservatório

Considerando as dimensões do reservatório, sua espessura e de que ele foi

construído em concreto armado, obteve-se:

RESERVATÓRIO ELEVADO

Dimensões*:

Altura

30,00 m

Diâmetro externo

8,00 m

Diâmetro interno

7,60 m

Espessura da Parede 0,20 m

Espessura da laje

0,20 m

Espessura do

piso 0,20 m

Dados:

ρa Massa especifico da Àgua

1.000,00 kg/m³

ρc Massa especifica do Concreto NBR6118

2.400,00 kg/m³

ρca Massa especifica do Concreto Armado

NBR6118 2.500,00 kg/m³

Massa do reservatório vazio

Área do laje 1

A=[(π/4).(D²)]

50,27 m²

Volume da laje 1

V=Área* Espessura da laje 10,05 m³

Área do laje 2

A=[(π/4).(D²)]

50,27 m²

Volume da laje 2

V=Área* Espessura da laje 10,05 m³

49

Área do piso

A=[(π/4).(D²)]

50,27 m²

Volume do piso

V=Área* Espessura do piso 10,05 m³

Área da Parede

A=[(π/4).(D²-d²)]

4,90 m²

Volume da Parede

V=Área* Espessura da

Parede

135,03

Volume total do

reservatório

Vol. da laje 1 + Vol. da laje 2 + Vol. do

piso + Vol. da parede 165,19 m³

Massa do reservatório

vazio Vol. Tot. do reservatório * ρca

412.964,56

kg 412,96 t

Massa do reservatório em carga

Volume da Água

Vol. Tot. do reservatório

300,00 m³

Massa da Água

Vol. Tot. do reservatório * ρa

300.000,00

kg 300,00 t

Massa do reservatório em

carga = Massa reserv. Vazio + Massa da água

712.964,56

kg

712,96

tf

Peso do Reservatório = 7.129,65 kN

� Carga do reservatório = 7.129,65 kN = 712 tf

5.4.2. Provável quantidade de estacas existentes

Como na época eram desconhecido os efeitos da colapsibilidade do solo, calculou-se

a capacidade de carga das suas estacas e consequentemente o provável números de

estacas que garantiriam a estabilidade do reservatório.

Dados do SPT fornecido pelo Engº. Ribamar de Jesus Gomes

50

MÉTODO - DECOURT & QUARESMA (1978)

ESTACA

STRAUSS Ø

32 cm

ESTACA PRÉ-

MOLDADA DE

CONCRETO Ø 30

cm

Qrup = Rt = (Rl/F1) +

(Rp/F2)

Perimetro da

estaca - P = 1,01 m 0,94 m Rl=P.β.Σ10.[(Nm/3)+1]∆L

Área de Ponta -

ap = 0,08 m² 0,07 m² Rp=α.K.Np.ap

F1 = 1,3 F2 = 4,0

ARGILA k = 120

SILTES ARGILOSOS k = 200

PARA ESTACA STRAUSS α = 0,85

PARA ESTACA PRÉ

MOLDADA α = β = 1,00

SPT - 01 DESCRIÇÃO DO MATERIAL

STRAUSS PRÉ-

MOLDADA

COTA (m) DESCRIÇÃO DO

MATERIAL NSPT β Rl Rl

1

ARGILA SILTOSA,

MUITO MOLE A

MOLE.

3 0,80 16,08 kN 18,85 kN

2 3 0,80 16,08 kN 18,85 kN

3 3 0,80 16,08 kN 18,85 kN

4 3 0,80 16,08 kN 18,85 kN

5 1 0,80 10,72 kN 12,57 kN

6 2 0,80 13,40 kN 15,71 kN

51

7 4 0,80 18,77 kN 21,99 kN

8

SILTE ARGILOSO,

RIJO A DURO

7 0,65 21,78 kN 31,42 kN

9 15 0,65 39,21 kN 56,55 kN

10 24 0,65 58,81 kN 84,82 kN

11 ARGILA SILTOSA,

MÉDIA

9 0,80 32,17 kN 37,70 kN

12 19 0,80 58,98 kN 69,12 kN

13

ARGILA SILTOSA,

RIJA A DURA

15 0,80 48,25 kN 56,55 kN

14 16 0,80 50,94 kN 59,69 kN

15 15 0,80 48,25 kN 56,55 kN

16 SILTE ARGILOSO,

RIJO A DURO 13

SPT - 02 DESCRIÇÃO DO MATERIAL STRAUSS PRÉ-

MOLDADA

COTA (m) DESCRIÇÃO DO

MATERIAL NSPT β Rl Rl

1

ARGILA SILTOSA,

POUCO

ARENOSA, MOLE

A MÉDIA

3 0,80 16,08 kN 18,85 kN

2 3 0,80 16,08 kN 18,85 kN

3 3 0,80 16,08 kN 18,85 kN

4 3 0,80 16,08 kN 18,85 kN

5

ARGILA SILTOSA,

POUCO

ARENOSA,MUITO

MOLE

7 0,80 26,81 kN 31,42 kN

6 7 0,80 26,81 kN 31,42 kN

7 2 0,80 13,40 kN 15,71 kN

8 SILTE ARGILOSO 4 0,65 15,25 kN 21,99 kN

52

9 MOLE A MÉDIO 6 0,65 19,60 kN 28,27 kN

10 SILTE ARGILOSO

MUITO MOLE 1 0,65 8,71 kN 12,57 kN

11

SILTE ARGILOSO

DURO

2 0,65 13,40 kN 15,71 kN

12 9 0,65 30,83 kN 36,13 kN

13 15 0,65 48,25 kN 56,55 kN

14

SILTE ARGILOSO,

RIJO A DURO

11 0,65 37,53 kN 43,98 kN

15 28 0,65 83,11 kN 97,39 kN

16 24 0,65

SPT1 SPT2

STRAUSS PRÉ-MOLDADA STRAUSS PRÉ-MOLDADA

Rp = 200,53 kN 207,35 kN 287,12 kN 296,88 kN

ΣRl = 465,63 kN 578,05 kN 388,05 kN 466,53 kN

Rt = 408,31 kN 496,49 kN 370,28 kN 433,09 kN

MÉDIA DOS Rt 389,29 kN 464,79 kN

QUANTIDADE DE ESTACAS = Qres. / Qadm = 18 15

� Quantidades de estacas necessárias do tipo Strauss = 18;

� Quantidades de estacas necessárias do tipo Pré-mold ada = 15.

53

5.4.3. Cálculo considerando a camada de argila silt osa como colapsível.

Nesta etapa adotou-se a hipótese do efeito da colapsibilidade atuando na camada de

argila siltosa existentes no local, em decorrência da sua saturação, chegando-se aos

seguintes valores:

SPT - 01 DESCRIÇÃO DO MATERIAL STRAUS

S

PRÉ-

MOLDAD

A

COTA (m)

DESCRIÇÃ

O DO

MATERIAL

NSPT β Rl Rl

1

ARGILA

SILTOSA,

MUITO

MOLE A

MOLE.

3

0,80 0,00 kN 0,00 kN

2

3

0,80 0,00 kN 0,00 kN

3

3

0,80 0,00 kN 0,00 kN

4

3

0,80 0,00 kN 0,00 kN

5

1

0,80 0,00 kN 0,00 kN

6

2

0,80 0,00 kN 0,00 kN

7

4

0,80 0,00 kN 0,00 kN

8 SILTE

ARGILOSO,

RIJO A

DURO

7

0,65 21,78 kN 31,42 kN

9

15

0,65 39,21 kN 56,55 kN

10

24

0,65 58,81 kN 84,82 kN

11

ARGILA

SILTOSA,

9

0,80 32,17 kN 37,70 kN

54

12

MÉDIA

19

0,80 58,98 kN 69,12 kN

13 ARGILA

SILTOSA,

RIJA A

DURA

15

0,80 48,25 kN 56,55 kN

14

16

0,80 50,94 kN 59,69 kN

15

15

0,80 48,25 kN 56,55 kN

16

SILTE

ARGILOSO,

RIJO A

DURO

13

SPT - 02 DESCRIÇÃO DO MATERIAL STRAUSS PRÉ-

MOLDADA

COTA (m) DESCRIÇÃO DO

MATERIAL NSPT Rl Rl

1

ARGILA SILTOSA,

POUCO

ARENOSA, MOLE

A MÉDIA

3 0,00 kN 0,00 kN

2 3 0,00 kN 0,00 kN

3 3 0,00 kN 0,00 kN

4 3 0,00 kN 0,00 kN

5 ARGILA SILTOSA,

POUCO

ARENOSA,MUITO

MOLE

7 0,00 kN 0,00 kN

6 7 0,00 kN 0,00 kN

7 2 0,00 kN 0,00 kN

8 SILTE ARGILOSO

MOLE A MÉDIO

4 0,00 kN 0,00 kN

9 6 19,60 kN 28,27 kN

10 SILTE ARGILOSO

MUITO MOLE 1 8,71 kN 12,57 kN

55

11

SILTE ARGILOSO

DURO

2 13,40 kN 15,71 kN

12 9 30,83 kN 36,13 kN

13 15 48,25 kN 56,55 kN

14

SILTE ARGILOSO,

RIJO A DURO

11 37,53 kN 43,98 kN

15 28 83,11 kN 97,39 kN

16 24

SPT1 SPT2

STRAUSS PRÉ-MOLDADA STRAUSS PRÉ-MOLDADA

Rp = 200,53 kN 207,35 kN 287,12 kN 296,88 kN

ΣRl = 358,39 kN 452,39 kN 241,44 kN 290,60 kN

Rt = 325,82 kN 399,83 kN 257,50 kN 297,76 kN

MÉDIA DOS Rt 291,66 kN 348,79 kN

QUANTIDADE DE ESTACAS = Qres. / Qadm = 24 20

DIFERENÇAS DE QUANTIDADE DE ESTACAS

NECESSÁRIAS 6 5

% De perda de capacidade resistência do solo 33,47% 33,26%

� Média do Rt para estaca do tipo Strauss = 291,66 kN;

� Média do Rt para estaca do tipo Pré-moldada = 348,79 kN;

� Quantidades de estacas necessárias do tipo Strauss = 24;

� Quantidades de estacas necessárias do tipo Pré-mold ada = 20.

56

6. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com os dados obtidos no processo de investigação pode - se destacar os seguintes

pontos:

As fendas de tração na superfície ao redor do reservatório e o desaprumo

apresentado apontam para um recalque por ruptura da fundação do reservatório, conforme

a figura 6.1.

FIGURA 6.1.: Provável causa do desaprumo do reservatório

Os resultados da sondagem apontam para uma espessa camada de argila siltosa

porosa, que de acordo com os conhecimentos geotécnicos atuais, trata-se de material

colapsível.

Também ficou evidente que o solo do local sofreu uma repentina elevação do seu

grau de saturação, já que não se detectou o nível d’água nas sondagens no período de

estiagem. Sabe-se também que a principal causa que desencadeia o processo de colapso

desse tipo de material, é uma repentina elevação do teor de umidade do solo.

O reservatório possuía mais de 30 anos de utilização e segundo os responsáveis

pela sua operação, não apresentavam indícios de fadigas estruturais ou de suas fundações,

e que todas essas patologias ocorreram de maneira abrupta e repentina.

Nas simulações matemáticas pelo Método de Decourt-Quaresma, aonde se

comparou o possível número de estacas necessárias para garantir a estabilidade do

reservatório levando-se em conta o efeito de colapso, verifica-se que o número de estacas

57

seria insuficiente, pois constatou-se que seriam necessárias 6 estacas a mais, ou seja uma

perda de 33,47% da capacidade de suporte, o que seria suficiente para ocasionar o

desaprumo constatado.

58

7. CONCLUSÃO

Diante dos dados e das análises realizadas pode-se concluir que:

O desaprumo do reservatório foi causado pelo comportamento colapsível do solo em

contato com as fundações existentes, que perdeu sua resistência quando ocorreu a

elevação do seu teor de umidade.

Não se pode afirmar que houve erro no projeto, pois o reservatório possuía idade

superior a trinta anos, e não havia apresentado nenhuma patologia até essa ocasião, e

também porque na época em que ele foi construído não se havia o conhecimento do

comportamento de colapsibilidade de solos como o existente na região.

Deste estudo de caso pode-se concluir também que se tratando de fundações, o

conhecimento, as análises e ensaios com os solos que compõem as camadas do subsolo

aonde se pretendem construir, são fatores importantes para se prevenir com especificidades

como a que ocorreu, já que os solos, sendo provenientes da natureza, apresentam

geralmente variações na suas propriedades.

59

8. SOLUÇÃO APRESENTADA PELA EMPRESA PROPRIETÁRIA

A empresa proprietária do reservatório optou por mantê-lo em desaprumo,

construindo dois anéis circundando o reservatório. O primeiro anel esta localizado na parte

interna e é interligado com um anel externo, sendo este apoiado em um novo conjunto de

estacas de fundação. Conforme Figura 8.1.

Figura 8.1 - Desenho esquemático da solução adotado pela proprietária do Reservatório

60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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