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1 UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: TOPOGRAFIA E ESTRADAS PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CARACTERIZÇÃO AMBIENTAL DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO PARA CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS ARTHUR FERREIRA SAMPAIO JUAZEIRO DO NORTE, CE 2017

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT

DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: TOPOGRAFIA E ESTRADAS

PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

CARACTERIZÇÃO AMBIENTAL DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO PARA

CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS

ARTHUR FERREIRA SAMPAIO

JUAZEIRO DO NORTE, CE 2017

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CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO PARA

CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS

ARTHUR FERREIRA SAMPAIO

Projeto apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, como requisito básico para a Conclusão do Curso de Tecnologia de Construção Civil com habilitação em topografia e estradas, na Universidade Regional do Cariri.

Orientador: Dr. Renato de Oliveira Fernandes

JUAZEIRO DO NORTE, CE

2017

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Sampaio, Arthur Ferreira. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO PARA CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS/ Arthur Ferreira Sampaio – Juazeiro do Norte: URCA/ Centro de Ciências e Tecnologia, 2017. 66 p. Orientador: Dr. Renato de Oliveira Fernandes Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Tecnologia da Construção Civil - habilitação em Topografia e Estradas) – Universidade Regional do Cariri/ Centro de Ciências e Tecnologia.

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ARTHUR FERREIRA SAMPAIO

Acadêmico do curso de Tecnologia da Construção Civil

CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO PARA CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________ PROF. Dr. RENATO DE OLIVEIRA FERNANDES,

URCA AVALIADOR

______________________________________________ PROF. ANTÔNIO COSTA SAMPAIO NETO,

URCA AVALIADOR

______________________________________________ PROF. JANEIDE FERREIRA ALENCAR DE OLIVEIRA,

URCA AVALIADOR

Aprovação em ______ /_______ /_________, Com nota _________

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Dedico a meus pais Carlos Antônio Sampaio e Maria

Luciene Ferreira Sampaio, aos meus avós Expedito Pacifer

Sampaio, Maria Bernadete Miranda Sampaio e Francisca

Gomes de Alencar; minhas irmãs Deborah Ferreira Sampaio

e Bianca Ferreira Sampaio; minha namorada Zilda Macêdo

e a todos meus familiares.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por todas as conquistas alcançadas e sempre permitindo que tudo

acontecesse da melhor forma possível;

A meus pais Carlos Antônio Sampaio e Maria Luciene Ferreira Sampaio pelo

o apoio e a ajuda para a realização de um sonho e pela motivação de sempre buscar

horizontes maiores;

Aos meus avós Expedito Pacifer Sampaio, Maria Bernadete Miranda Sampaio

e Francisca Gomes de Alencar por todo o apoio nos momentos difíceis;

A minhas irmãs Deborah Ferreira Sampaio e Bianca Ferreira Sampaio por me

apoiarem e me motivarem.

A minha namorada Zilda Macêdo por todo o apoio e pela motivação de sempre

buscar o melhor a meu cunhado Hudson Gonçalves pelo apoio e a Wagner Telles por

ter me proporcionado um estágio no qual apurou meus conhecimentos na área.

Ao meu orientador Dr. Renato de Oliveira Fernandes pela disponibilidade

paciência e dedicação durante toda realização do trabalho; A todos os meus

professores em especial Paulo Ricardo, Nobre Rabelo, Ishimaro, Eliakin e Vangivaldo

e Nobre, por compartilharem sua sabedoria de forma tão espontânea e objetiva.

Aos meus colegas por compartilharem todos os momentos que estive presente na

faculdade.

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“ É impossível avaliar a força que possuímos

sem medir o tamanho do obstáculo que

podemos vencer, nem o valor de uma ação sem

sabermos o sacrifício que ela comporta. ”

(H.W. Beecher)

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Precipitação anual no semiárido...............................................................18

Figura 2: Localização dos reservatórios no semiárido e seus respectivos volumes.21

Figura 3: Colocação da lona......................................................................................23

Figura 4: Poço aluvião...............................................................................................24

Figura 5: Sangradouro da barragem subterrânea ....................................................25

Figura 6: Barragem superficial de terra.....................................................................29

Figura 7: Barragem superficial de concreto................................................................30

Figura 8: Barragem superficial de enrocamento.......................................................30

Figura 9: Mapa de delimitação do semiárido brasileiro.............................................42 Figura 10: Mapa de solos do semiárido...................................................................44

Figura 11: Mapa Hidroquímico dos Mananciais Subterrâneos da Região Nordeste do Brasil...........................................................................................................................47

Figura 12: Mapa Hidroquímico dos Mananciais Superficiais da Região Nordeste do Brasil.................................................................................................................. .........47

Figura 13: Mapa topográfico do semiárido................................................................48

Figura 14: Mapa dos solos do semiárido com regiões de estudo.............................50

Figura 15: Mapa hidroquímico das regiões onde o solo é propicio para a construção

de uma barragem subterrânea ..................................................................................51

Figura 16: Topografia das regiões de estudo das barragens subterrâneas.............52

Figura 17: Barragem superficial construída com o solo Neossolo Litólico (RL) ........54

Figura 18: Mapa de solos com as regiões de estudo para barragens superficiais.55

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Figura 19: Mapa hidroquímico das regiões onde o solo é propicio para a construção

de uma barragem superficial.....................................................................................56

Figura 20: Topografia das regiões de estudo das barragens superficiais...............57 ...

Figura 21: Seleção de um local no semiárido mostrando as características de solo, hidroquimico e topografia para fins de construção de uma barragem subterrânea...59

Figura 22: Seleção de um local no semiárido mostrando as características de solo, hidroquimico e topografia para fins de construção de uma barragem superficial......60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Barragens subterrâneas de maior porte construída..................................20

Tabela 2: Volume de água armazenado na barragem subterrânea em várias situações

de largura da barragem.............................................................................................27

Tabela 3: Dimensionamento dos serviços e materiais a empregar...........................28

Tabela 4: Custo para cada tipo de situação..............................................................28

Tabela 5: Custo relativo de alguns tipos de barragens superficiais, levando em conta só os materiais e seus volumes ................................................................................32

Tabela 6: Vantagens e desvantagens das barragens subterrâneas ........................38

Tabela 7: Vantagens e desvantagens das barragens superficiais............................39

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RESUMO

Este trabalho apresenta as principais características ambientais do semiárido

brasileiro para a construção de barragens superficiais e subterrâneas no semiárido

brasileiro, no qual sofre com constantes secas, e compara os benefícios gerados no

uso de cada obra de infraestrutura. O estudo apresenta os investimentos necessários,

a qualidade hidroquímica no local onde está construída, a topografia do terreno, as

perdas por evaporação, disponibilidade hídrica e outras características ambientais e

hidrológica. Além disso, é feito um resumo sobre o método de construção de ambos

reservatórios, e a comparação dos seus pontos positivos e negativos. Ao final da

análise é mostrado vantagens de cada tipo de barramento. Os resultados mostraram

a partir da comparação dos mapas de solo, qualidade hidroquímica da água e a

topografia da região semiárida que o melhor local para a construção de uma barragem

superficial ou subterrânea dependem de vários fatores que precisam ser analisados

com muita cautela para evitar baixa eficiência hídrica dessas obras de infraestrutura.

Palavra-chave: Barragens; Subterrânea; Superficial.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14

2. OBJETIVO ........................................................................................................... 16

3. REFERENCIAL TEORICO .................................................................................. 17

3.1. O PROBLEMA DA ÁGUA NO SEMIÁRIDO ................................................... 17

3.2. OS PRINCIPAIS RESERVATÓRIOS SUBTERRÂNEOS DO SEMIÁRIDO .... 19

3.3. OS PRINCIPAIS RESERVATÓRIOS SUPERFICIAIS DO SEMIÁRIDO ......... 21

3.4. PROCESSO CONSTRUTIVOS DAS BARRAGENS SUBTERRÂNEAS ......... 22

3.5. SOLO ADEQUADO PARA AS BARRAGENS SUBTERRÂNEAS .................. 25

3.6. CUSTO FINANCEIRO DA BARRAGEM SUBTERRÂNEA ............................ 26

3.7. PROCESSO CONSTRUTIVOS DAS BARRAGENS SUPERFICIAIS ............. 29

3.8. SOLO ADEQUADO PARA AS BARRAGENS SUPERFICIAIS ....................... 31 3.9. CUSTO FINANCEIRO DA BARRAGEM SUPERFICIAL ............................... 32

3.10. EFICIÊNCIA HÍDRICA ................................................................................. 33

3.11. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DE RESERVATORIOS NO SEMIÁRIDO 33

3.11.1. Sensoriamento remoto ......................................................................... 34

3.11.2. Georreferenciamento ......................................................................... 36

3.12. VANTAGEM E DESVANTAGENS DAS BARRAGENS SUBTERRÂNEAS .. 38

3.13. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS BARRAGENS SUPERFICIAIS..... 39

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4. MATERIAIS E METODOS ................................................................................... 41

4.1. ÁREA DA PESQUISA .................................................................................... 41

4.1. CARACTERIZAÇÃO DO SEMIARIDO ........................................................... 41

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 49

5.1. BARRAGENS SUBTERRÂNEAS................................................................... 49

5.2. BARRAGENS SUPERFICIAIS ....................................................................... 53

7. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 61

8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 62

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1. INTRODUÇÃO

O semiárido brasileiro é caracterizado como umas das regiões de baixa

precipitação pluviométrica com cerca de 800 mm por ano e com distribuição bastante

irregular. Essa região corresponde a, aproximadamente, 60% da região Nordeste e

ocupa uma área de 969.589,4 km², inserido em quase todos os estados da região

(exceção do Maranhão) e parte do Norte de Minas Gerais (BRASIL, 2005).

A população da região mais seca do pais sofrem constantemente com a falta

de água por causa de chuvas irregulares durante o ano e necessita de barragens para

garantir água em períodos sem chuva. Um dos registros mais antigos sobre uma

barragem de 12 m de altura é a construída no Egito, há mais de 6,8 mil anos. Surgiram

com a função de utilização dos recursos hídricos para consumo humano e combate

as secas, no entanto, hoje têm as mais diversas finalidades e tipologias (MELLO.F,

2011).

As barragens, sejam superficiais ou subterrâneas têm grande importância

para o abastecimento de água em regiões com grande variabilidade das chuvas. Cada

tipo de barragem apresenta características diferentes e apresentam importâncias para

a região, como para a agricultura familiar e para a criação de animais que dependem

desses reservatórios para manutenção da vida.

A hipóteses do estudo é que o uso dos dois tipos de barragens está associado

a diversos fatores, como o tipo de solo, quantidades de chuva, topografia do terreno

e a finalidade, necessitando dessa forma de investigação para o correto

dimensionamento e indicação do local.

As barragens superficiais são aquelas em que devem conter a bacia da

represa, os terrenos de fundações, as estruturas anexas e auxiliares (vertedouro). Na

qual são representadas por vários tipos de barragens que são: as barragens de terra,

barragens de concreto, e barragens de enrocamento.

As barragens subterrâneas, por exemplo, são por definição, estruturas que

objetiva impedir o fluxo subterrâneo de um aquífero pré-existente ou criado

concomitantemente à construção da barreira impermeável (SANTOS & FRANGIPANI,

1978). Onde a água fica retida no subsolo de onde pode ser melhor aproveitada.

O trabalho aqui apresentado propõe mostrar as vantagens e desvantagens

das barragens superficiais e subterrâneas no semiárido brasileiro, destacar a

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importância dessas obras de infraestrutura para a região e definir qual a melhor

alternativa hídrica de acordo com as características do solo, da análise da água e o

local de implementação.

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2. OBJETIVOS

O objetivo é analisar as vantagens e desvantagens das barragens superficiais

e barragens subterrâneas para regiões com clima e solo como o semiárido brasileiro

e identificação de locais apropriados para a construção desses reservatórios usando

métodos de comparações de mapas de solos, qualidade hidroquímica da água e

técnicas adequadas de geoprocessamento para a obtenção da topografia.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

As barragens são estruturas construídas transversalmente a um rio ou

talvegue com a finalidade de se obter a elevação do seu nível d’água, gerando assim

um reservatório. No caso da barragem superficial, pode ser destinada: a geração de

energia, a irrigação, a navegação, ao abastecimento urbano e industrial, a piscicultura,

a recreação, ao controle de cheias, a regularização de vazão, dentre outros objetivos

(Souza, 2013).

As barragens desde o início da história da humanidade, foram fundamentais

ao desenvolvimento. A sua construção devia-se, sobretudo, à escassez de água no

período seco e à consequente necessidade de armazenamento de água, mas com o

passar dos anos as barragens obtiveram finalidades múltiplas como a produção de

energia e a irrigação (MELLO, 2011). No Brasil, as primeiras barragens foram

construídas na região Nordeste, no início do século XX, com a função de combater a

seca através da regularização das vazões dos rios.

A barragem subterrânea tem escoamento sub-superficial que ocorre no

depósito aluvial quando o rio deixa de “escoar” na superfície, faz com que esse

depósito também conhecido como aquífero aluvial vá perdendo gradativamente as

suas reservas hídricas acumuladas, podendo vir mesmo a secar totalmente no final

do período de estiagem (COSTA, APROPRIADA, MATIAS, AFONSO,2001).

3.1. O problema da água no semiárido

Um dos maiores problemas encontrados no semiárido Brasileiro é a falta de

água, principalmente na área conhecida como Polígono das Secas. Esta área envolve

parte de oito estados do Nordeste, (Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais,

Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) e parte do norte de

Minas Gerais.

A região está localizada numa área em que as chuvas ocorrem poucas vezes

durante o ano. Esta área recebe pouca influência de massas de ar úmidas e frias

vindas do sul. Logo, permanece durante muito tempo, no sertão nordestino, uma

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massa de ar quente e seca, não gerando precipitações pluviométricas (chuvas)

demostrado na (figura 1).

Figura 1: Precipitação anual no semiárido.

Fonte: Base cartográfica: CPRM 2011 e IBGE 2013.

A baixa pluviosidade e irregularidade das chuvas da região semiárida e sua

estrutura geológica (escudo cristalino) não permite acumulações satisfatórias de água

no subsolo. Estima-se um volume de apenas 80 Km³ de água no cristalino nordestino

interferindo, inclusive, no caráter de temporariedade dos rios.

No que diz respeito aos rios, dadas as suas características de temporariedade

no Semiárido, o uso de suas águas fica restrito às escavações de cacimbas em seus

leitos, nos períodos de seca, com limitações tanto nos aspectos da concentração de

sais e exaustão do lençol freático, como da contaminação por microrganismos. No

tocante à perenizarão dos rios, através da construção de represas sucessivas em

seus leitos como as barragens subterrâneas, um aspecto a ser considerado diz

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respeito ao tipo de solo existente na bacia da represa, que poderá vir a ser um

elemento carreador de sais para o interior da mesma e, a partir daí, a água utilizada

refletir aquela que foi represada.

Nos casos específicos dos barreiros e pequenos açudes, existem algumas

preocupações no sentido de se resolver o problema da turbidez das águas que é muito

comum nesses tipos de fontes hídricas. A turbidez é uma característica resultante da

suspensão de partículas microscópicas de argila nas águas. Normalmente, utiliza-se

a filtragem para minimizar esse problema, sem que se consiga, no entanto, a eficiência

desejada.

O uso das águas dos grandes açudes é utilizado para fins de

abastecimento das populações, normalmente um grande açude, por apresentar

grande inércia (parâmetro que condiciona a sua resposta aos fatores de variação de

salinidade de origem climática, ou seja, o efeito de diluição das chuvas e o efeito de

concentração da evaporação), possui águas adequadas para fins de abastecimento.

As 28 maiores represas do Nordeste têm capacidade para acumular 12 bilhões e 750

milhões de m³ de água, mas apenas 30% desse volume são utilizados em sistemas

de abastecimento ou em irrigação.

3.2. Os principais reservatórios subterrâneos do semiárido

O monitoramento das barragens subterrâneas no semiárido é muito escasso,

porém, segundo estimativas da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) existem mais

de 1.500 barragens subterrâneas no Semiárido. O estado do Pernambuco foi a

primeira unidade federativa brasileira localizada no semiárido nordestino a adotar a

barragem subterrânea como um programa de governo para minimizar o angustiante

problema das secas e fixar o homem na terra.

Com a decretação do “estado de emergência” em 120 municípios do interior

do estado no ano de 2002, por falta absoluta de condições de suprimento de água, o

governo intensificou a construção das barragens subterrâneas. A propósito, Cirilo et

al. (2003) registram os resultados de uma pesquisa sobre a utilização de 151

barragens subterrâneas localizadas em Pernambuco (PE), identificando “94

barragens ativas: aquelas que já foram utilizadas pela comunidade ao menos uma vez

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após a sua construção; e 57 barragens inativas: nunca foram utilizadas pela

comunidade”.

Tabela 1 - Barragens Subterrâneas de Maior Porte Construídas.

Fonte:

Barragens subterrâneas: experiência em Pernambuco (CIRILO.J, COSTA.W, 1999)

Muitas das barragens subterrâneas, ao serem construídas, já apresentaram

um bom rendimento mesmo durante o período de estiagem, pois as reduzidas lâminas

d’água do fundo do depósito aluvial ao terem seu fluxo barrado, passaram a se

acumular a montante das barragens, fazendo elevar-se o nível d’água dentro dos

poços amazonas.

As melhores áreas encontradas para construção de barramentos, localizam-

se nos municípios de Belo Jardim e Jataúba, onde algumas dessas barragens

subterrâneas no leito de riachos alcançaram profundidades de até 10m. Na tabela 1,

Município Local Nome da Dimensões (m) Número

barragem Profundidade Comprimento Extensão

(alcance a

montante)

Famílias

do eixo beneficiadas

Belo Jardim Fundão Fundão I 5,4 50 1.000 21

e Jatauba Fundão II 4,4 50 600 15

Cafundó Cafundó I 4,3 36 1.000 24

Cafundó III 5,5 42 1.000 18

Cafundó IV 6 65 1.000 18

Cafundó V 6 64 1.000 14

Mimoso Mimoso I 8 63 1.000

Mimoso II 10 55 1.000

Mimoso III 8,5 76 1.000

Mimoso IV 8,5 76 1.000

Mimoso V 7,5 52 1.000 13

Travessão Travessão I 6 110 1.000 18

Travessão II 4 30 1.500 12

Belo Jardim Mimoso Rch.Salgado 10 56 1.600

Imbé Imbé 6,5 53 1.500

Conceição Quandus 4 30 800

Minador Minador 6 42 1.500

Jataúba J.Vermelho J.Vermelho 6 47 2.000

Jundiá Jundiá 3,8 53 1.500

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pode-se ver, como exemplo as principais características de barragens construídas nos

municípios de Belo Jardim e Jataúba.

3.3. Os principais reservatórios superficiais do semiárido

Os principais reservatórios do semiárido são compostos por barragens

superficiais, pois suas bacias hidrográficas tendem a acumular mais água do que as

barragens subterrâneas. A figura 2 MOSTRA os principais reservatórios monitorados

do semiárido.

Figura 2: localização dos reservatórios no semiárido e seus respectivos volumes.

Fonte: ANA- AGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS (2014).

A seguir serão apresentados as características dos principais reservatórios do

semiárido:

Açude do Castanhão, localizado na cidade de Jaguaribara – Ceará, tem uma

capacidade de 6.700,00 hm³, sua finalidade é a irrigação e o abastecimento.

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Armando Ribeiro Gonçalves, localizado na cidade de Açu - Rio Grande do

Norte, tem uma capacidade de 2.400,00 hm³, sua finalidade é irrigação e

abastecimento.

Orós, localizada na cidade de Orós – Ceará, tem uma capacidade de 1.940,00

hm³, sua finalidade irrigação e abastecimento.

Banabuiú, localizado na cidade de Banabuiú – Ceará, tem capacidade de

1.601,00 hm³, tem como finalidade o abastecimento e a irrigação.

PHC Açude araras (Paulo Sarasate), localizado na cidade de Varjota – Ceará,

tem capacidade de 891,00 hm³, tem como finalidade a irrigação e o

abastecimento.

Açude Coremas, localizado na cidade de Coremas – Paraíba, tem uma

capacidade de 591,65 hm³, tem como finalidade a irrigação e o

abastecimento.

Açude Santa Cruz do Apodi, localizado na cidade de Apodi – Rio Grande do

Norte, tem capacidade de 599,61 hm³, tem como finalidade a irrigação e o

abastecimento.

Açude Engenheiro Francisco Saboya (ex poço da cruz), localizado na cidade

de Ibimirim – Pernambuco, tem capacidade de 504,00 hm³, tem como

finalidade a irrigação e o abastecimento.

3.4. Processo construtivo da barragem subterrânea

O processo inicial é procurar um local onde tenha uma área relativamente

plana que possa acumular água para a construção da barragem, procede-se a

escavação de uma vala ou trincheira, disposta segundo a direção perpendicular em

relação ao curso do rio (COSTA.W, CIRILI.J, et al 1999).

Essa vala pode ser escavada manualmente ou mecanizada, através de um

trator de esteira ou uma retroescavadeira. Sua largura deve ser de no mínimo um

metro. A profundidade deve ser no mínimo 1,5 m, para permitir uma acumulação de

água suficiente para o atendimento de pelo menos a unidade familiar. A profundidade

máxima tem por limite o leito rochoso sobre o qual se depositou a aluvião

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Uma vez concluída a escavação da vala, procede-se a colocação do septo

impermeável que pode ser de várias origens: lona plástica, argila compactada,

argamassa de tijolo e cimento, argamassa de pedra, concreto ou ainda de pranchas

de madeira justapostas. O procedimento mais comum, levando em conta os custos

financeiros, a rapidez de construção e a facilidade de disposição do material, é o septo

de lona plástica.

A colocação da lona é procedida da seguinte maneira: desdobra-se o rolo

sobre a superfície do terreno na borda da vala contrária ao fluxo das águas superficiais

e a faz descer sobre a parede até que a mesma fique totalmente revestida com a lona,

passando ainda cerca de 0,5m para o fundo da vala. Na parte superior, prende-se

com algumas pedras, ou montículos de areia, a borda superior da lona na superfície

do terreno figura 3 (COSTA.W, CIRILI.J, et al 1999).

Figura 3: colocação da lona.

Fonte: google image (08/09/2017).

Antes de proceder ao enchimento da vala, deve-se construir o poço

amazonas, na parte mais profunda da escavação. Esse poço terá várias funções,

como será visto adiante.

A construção desse poço amazonas também pode ser feita de várias

maneiras, porém a mais empregada por sua rapidez de construção é de anéis de

concreto semiporosos, justapostos. Esse anel tem um diâmetro em torno de 1,0m e a

altura de 0,5m para facilitar o transporte e a colocação dentro da vala. Antes de colocar

o primeiro anel, deve-se construir uma base de brita solta, com cerca de 0,2m de altura

e diâmetro em torno de 1,5m para proporcionar maior permeabilidade na entrada da

água pelo fundo do poço. Após nivelar devidamente o primeiro anel, os outros irão lhe

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suceder até atingir cerca de 0,8m acima do nível superficial. Para aumentar o fluxo da

água para o poço, pode-se também construir drenos ou galerias convergindo para o

mesmo figura 4.

Figura 4: poço aluvião.

Fonte: google image (08/09/2017)

Concluído o poço, pode-se completar o enchimento da vala, com o mesmo

material dela retirado, até nivelar com a superfície do terreno. Antes de chegar à

superfície, dobrasse para o interior da vala o excedente da lona na superfície (em

torno de 0,3m) e depois recobre-se de maneira a não aparecer a lona na superfície

do terreno (COSTA.W, CIRILI.J, et al 1999).

Nos riachos tributários dos rios de maior porte, em que o escoamento

superficial não se verifique com muita velocidade e poder erosivo, a barragem

subterrânea poderá ainda ser complementada com um enrocamento de pedras

arrumadas, sem cimentação de qualquer espécie, com altura em torno de 0,5m, que

irá reter a água superficial por alguns dias, favorecendo a infiltração para alimentar a

barragem subterrânea, ou a construção de um sangradouros de concreto, é uma

construção simples, mais que requer cuidados em seu dimensionamento como

podemos observar na figura 5. Outra observação importante é que após a construção

do sangradouro, deve-se construir também à sua jusante um dissipador de energia o

que evita possíveis erosões.

Concluída a barragem subterrânea, convêm construir um ou mais

piezômetros, que são poços de pequeno diâmetro, revestidos em canos de plástico

(de 2”) e que terão a finalidade de acompanhar a extensão da superfície de saturação

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do depósito aluvial a montante da barragem, permitindo um bom monitoramento dos

rebaixamentos de níveis d’água com o tempo.

Figura 5: sangradouro da barragem subterrânea.

.

Fonte: google image (11/09/2017)

3.5. Solo adequado para barragem subterrânea

O solo mais adequado para uma barragem subterrânea é o solo arenoso, com

espessura de pelo menos 2m. A predominância de material síltico-argiloso implica em

elevada retenção de água e baixa condutividade hidráulica, com reduzida vazão nos

poços que irão captar a água e riscos de salinização com o tempo (COSTA.C,

PEURARI.E, et al, 2004).

De acordo com Nascimento, et al. (2008), o solo deve ter áreas aluviais dos

riachos com condições em que propicie a exploração agrícola, com profundidade da

camada impermeável de no mínimo 1,5 m e no máximo 4 m, textura média a grossa

e declividade de até 4%, de modo a proporcionar maior extensão no armazenamento

da água.

Precisa existir uma considerável extensão de depósito aluvial a montante da

seção a ser barrada, pois um barramento efetuado nas cabeceiras de um riacho, por

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exemplo, não terá como ser alimentado por deficiência de drenagem superficial.

Guardar relações de largura e desnível para com a calha maior ou terraço aluvial que

viabilize a construção. Uma calha ativa profunda e estreita é desaconselhável, pois os

volumes a serem armazenados serão muito reduzidos.

3.6. Custo financeiro de construção da barragem subterrânea

Segundo Costa e Costa Filho, (2015) O volume que pode ser acumulado e

disponibilizado numa barragem subterrânea vai variar com as dimensões do depósito

aluvial, sobretudo a largura do vale e a espessura dos sedimentos, assim como a

extensão para montante, a declividade do leito e a relação entre a calha viva e os

terraços aluviais, conforme foi analisado nos itens. Para calcular o volume de água de

uma barragem subterrânea usamos a formula:

Considerando o volume de água disponível (V) será dado por: V = L x C x E x ©

a) Onde V é o volume total de água disponível;

b) L é o comprimento da parede da barragem;

c) Comprimento da área de barramento da barragem;

d) E espessura saturada media do deposito do aluvial;

e) © é o coeficiente de porosidade eficaz médio do sedimento aluvial.

Considerando um consumo médio de água na base de 60 l/hab/dia na zona

rural, esse volume daria para abastecer 100 famílias durante um ano, e ainda, irrigar

2 há durante 8 meses (considerando 4 meses chuvosos). De um modo geral, se forem

consideradas as mesmas condições de baixa declividade, uma extensão de influência

da barragem de 1 km e uma porosidade eficaz de 15%, pode-se estabelecer algumas

situações para avaliação do volume de água armazenado, como será visto na tabela

1. Na simulação de distintas situações foram consideradas cinco dimensões para a

largura do vale: 20, 50, 80, 120 e 150 metros e, para cada uma dessas dimensões

foram levadas em conta três situações de espessura média do depósito aluvial.

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Tabela 2: volume de água armazenado na barragem subterrânea em várias situações de largura da

barragem.

Situação diversa

Largura do vale (m)

Espessura média do

aluvião (m)

Volume total de água armazenados

(m³)

1

20,00

2,00 6.000,00

2 3,00 9.000,00

3 5,00 15.000,00

4

50,00

2,00 15.000,00

5 3,00 22.500,00

6 5,00 37.500,00

7

80,00

2,00 24.000,00

8 3,00 36.000,00

9 5,00 60.000,00

10

120,00

3,00 54.000,00

11 5,00 90.000,00

12 7,00 126.000,00

13

150,00

3,00 67.500,00

14 5,00 112.500,00

15 7,00 157.500,00

Fonte: Costa e Costa Filho (2015).

As situações mais comuns de ocorrência são a 4 e a 8, com variação entre

15.000m³ e 36.000m³. Deve-se levar em consideração ainda que, na medida em que

a água vai sendo extraída de uma barragem subterrânea o aquífero aluvial vai sendo

recarregado pela água que escoa além do limite previsto de 1km. Há ainda a

considerar a possibilidade que oferecem alguns rios secos com grande extensão de

cobertura de aluviões, de serem construídas “barragens sucessivas” desde que se

preserve uma distância mínima de 1 km entre uma e outra. Quando do período

chuvoso a água que escoa na superfície vai se infiltrar em todas as barragens

sucessivas, deixando-as saturadas para uso durante o período de estiagem.

O custo para um barramento é variável em função da largura do vale no local

barrável e da espessura do depósito, além do tipo de septo a empregar. Considerando

a elaboração de uma barragem nas condições seguintes: construção mecanizada,

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septo de lona, poço amazonas e de recarga em tubos de concreto, serão levantadas

9 (nove) situações distintas em função da extensão do vale no local barrável, a

profundidade do embasamento (espessura do depósito aluvial) e largura da vala a ser

escavada que será mostrada na tabela 2 e tabela 3.

Tabela 3: Dimensionamento dos serviços e materiais a empregar.

Situações distintas

Extensão média

(m)

Profundidade média (m)

Largura média

(m)

Volume total (m³)

Horas de trator

(escavação)

Horas de trator

(reposição)

Lona plástica

(m)

Poço amazonas

(anéis)

Poço de recarga (anéis)

1

50

2 2 200 10 5 25 5 4

2 3 2 300 20 6 40 7 6

3 4 2 400 35 8 60 9 8

4

80

3 2 480 48 9 40 7 6

5 4 2,5 800 90 12 80 9 8

6 6 2,5 1200 120 15 100 13 12

7

120

3 2,5 750 72 12 120 7 6

8 5 3 1800 150 18 160 11 10

9 8 3 2680 180 24 200 17 16

Fonte: Costa e Costa Filho (2015)

Tabela 4: Custo para cada tipo de situação.

Situações distintas

Extenção média

(m)

Profundidade média (m)

Largura média

(m)

Volume total (m³)

Custo de trator(x) R$ 120,00 p/h

Valor da lona(x) R$ 10,00 p/m

Valor das peças R$ 150,00p/(anél)

1

50

2 2 200 1800 250 1350

2 3 2 300 3120 400 1950

3 4 2 400 5160 600 2550

4

80

3 2 480 6840 400 1950

5 4 2,5 800 12240 800 2550

6 6 2,5 1200 16200 1000 3750

7

120

3 2,5 750 10080 1200 1950

8 5 3 1800 20160 1600 3150

9 8 3 2680 24480 2000 4950

Fonte: Costa e Costa Filho (2015)

Verifica-se na (tabela 3) que o custo de uma barragem subterrânea com

valores atualizados para dezembro de 2014, irá variar entre o mínimo de R$ 3.900,00,

ao máximo de R$ 32.330,00, considerando que uma profundidade média superior a

8m dificilmente será encontrada nos aluviões da região semiárida nordestina.

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3.7. Processo construtivo da barragem superficial

As barragens superficias são compostas por diferentes metodos construtivos,

pois podem ser de terra (figura 6), de concreto (figura 7) e de enrocamento (figura 8).

A forma mais apropriada para escolher qual do tipo de barragem que sera construida

é pela topografia do terreno. Durante a construção de uma obra desse tipo, e dado

que a componente geotécnica é bastante importante, o acompanhamento laboratorial

de alguns trabalhos é efetuado de forma continua. O núcleo é a estrutura do corpo da

barragem mais importante devendo, por esse motivo, o solo deve ser melhor

compactado para que o maciço fique melhor estabilizado (MASSADE.F, 2010).

Os teores de humidade de aplicação dos materiais no aterro devem ser

controlados de forma a garantir melhorias nas condições de flexibilidade do material

o que reduz, siginificamente, os riscos de fendilhação do material do núcleo. As

manchas de emprestimos devem ser minuciosamente caracterizadas e

acompanhadas ao longo da execução dos aterros de forma a que os materiais

aplicados sejam sempre os mais indicados.

Figura 6: barragem superficial de terra.

Fonte: google image (08/09/2017).

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Figura 7: barragem superficial de concreto.

Fonte: google image (08/09/2017).

Figura 8: barragem superficial de enrocamento.

Fonte: google image (08/09/2017).

O processo de caracterização do solo e o posterior controle na execução dos

aterros, é um dos pontos chaves que permite garantir o sucessodo funcionamento da

estrutura. O projeto de barragem superficial integram obrigatoriamente um plano de

observação, elaborado com base nas normas tecnicas que permite o

acompanhamento das principais grandezas consideradass relevantes durante as

diferentes fases da obra como a construção, primeiro enchimento e exploração.

Os assentamentos do corpo da barragem devem ser acompanhados nessa

fase, de forma a detectar a evolução dos mesmos. Para esse efeito recorre-se a

marcas topograficas estrategicamente colocadas. A ensecadeira de montante, dado

ser o primeiro elemento do corpo da barragem a ser construido, serve como o primeiro

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ensaio a escala real do comportamento dos aterros da barragem, permitindo otimizar

as condições de colocação dos materiais a aferir os modelos de comportamento

assumidos no projeto.

A medição dos deslocamentos verticais internos do corpo da barragem

durante a construção é efetuada recorrendo a células de medidas dos assentamentos,

o que permite aferiri os valores das deformações resultantes da construção do aterro

estimado na fase do projeto, assim como sua evolução ao longo do perfil de aterro.

Estas medições são efetuadas na fundação do corpo da barragem.

A evolução das pressões neutras durante a fase de construção do aterro é

controlada através da célula de pressão neutra e permite estabelecer correlaçã ocom

o teor em água de colação dos materiais. Logo após é construido o vertedouro em

solo natural dentro de suas expecificações.

3.8. Solo adequado para as barragens superficiais

Sabe-se que as barragens de terra, usualmente utilizadas desde as

civilizações antigas, eram inicialmente homogêneas, por conta da simplicidade de

transporte e compactação do material de empréstimo, sendo que essas ações eram

feitas por animais ou homens. Foi em meados do século XIX que novos métodos

construtivos foram desenvolvidos, através da utilização de enrocamento nas

barragens, ou seja, núcleos constituídos por um segundo tipo de material,

normalmente argila, a fim de se obter maior estanqueidade na estrutura (MASSAD,

2010, p. 173).

Segundo Massad, (2010) as barragens, sejam elas de terra ou de concreto,

são construções artificiais; no caso da barragem de concreto, se o terreno de fundação

for o maciço rochoso de baixa capacidade de suporte, ou seja, de baixa resistência.

Nesse caso devemos por procurar outro local com rochas mais resistentes. Outro

exemplo refere-se a construção de barragens de terra em locais onde ocorrem solos

porosos, lateriticos, e este é o caso em grandes áreas do território natural; ou argilas

moles, frequentes nas várzeas dos rios. Neste caso, pode-se escavar o solo

compressível, total ou parcial, e construir a barragem a partir de uma cota mais

profunda.

As fundações dos solos impermeáveis normalmente possuem

características granulométricas que dispensam tratamento para percolação ou erosão

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regressiva. Os principais problemas das fundações em solos sitosos ou argilosos se

relacionam com a estabilidade. A capacidade de suporte da fundação deve ser

determinada através de ensaios de resistências a penetração. Dado o fato importante

que, quando o solo não está saturado, sua reação face a esforços é inteiramente

diferente daquela que ocorre quando o mesmo está saturado.

3.9. Custo financeiro de construção da barragem superficiais

Antes de tecer considerações quanto a escolha de uma barragem mais

adequada para aquele local, convém destacar a importância dos aspectos geológico-

geotécnico no projeto, na construção e na segurança das barragens. Para se ter noção

quanto o custo relativo das barragens de vários tipos, apenas do ponto de vista dos

materiais e seus volumes. Atente-se para o fato de que a estrutura de preços e sempre

dinâmica, variável no tempo e no espaço, dependendo de fatores como custos de

combustíveis, da energia, dos insumos básicos, etc. como citado na tabela 4.

Tabela 5: Custo relativo de alguns tipos de barragens, levando em conta só os materiais e seus

volumes.

TIPO DE BARRAGEM BASE VOLUME

(M³/M) CUSTO

RELATIVO

Terra homogênea 5,5H 2,75H² 1

Enrocamento 3,7H 1,8H² 1,5

Concreto massa 0,8H 0,4H² 5

Fonte: (MASSAD, FAIÇAL.2010).

Esse dado, a despeito de sua precariedade de termos absolutos, confirma que

as barragens de terra são as de menor custo, apesar do maior volume.

Os custos operacionais das barragens de terra estão ligados a vários fatores,

desde o tamanho do comprimento de maciço de terra a variação de acumulo de agua,

em que esse reservatório é capaz de suportar. O custo de projeto, construção e

drenagem variam de uma para outra barragem, assim o custo das barragens

superficiais não tem um parâmetro bem defino, no qual pode ser calculado com o

projeto para melhor especificação do valor dessa barragem.

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3.10. Eficiência hídrica das barragens subterrâneas e superficiais

Percebe-se que a barragem subterrânea armazena água para o ano todo

havendo chuva ou não, ressaltando que no período sem precipitação pluviométrica a

quantidade de água presente na mesma é pouca em relação aos meses que

apresentam precipitações.

Já a barragem superficial para ter água é preciso que ocorra precipitações,

se não a mesma não terá água armazenada para todo o ano, exceto se houver uma

serie de dias chuvosos que possibilitem encher todo o reservatório.

A construção de uma barragem subterrânea provoca impactos ambientais

como, por exemplo o aumento de argila e a diminuição de areia presente no solo, os

quais são quase nada. Existindo outro fator que é a morte de animais como a

minhoca, o que não é tão bom, pois esse tipo de anelídeo tem a capacidade de tornar

a terra fértil para o plantio, um problema que pode ser facilmente solucionado com a

adubação do solo (SOBRAL.P, SILVA.W et all, 2009).

Os impactos ambientais causados pela construção de uma barragem

superficial são dentre eles a imigração de animais que utilizavam a área como habitat

podendo alguns não se adaptar, e morrerem, salinização do solo, diminuição da área

do plantio e uma tendência do aumento de doenças provocadas pela água parada, o

que pode ser facilmente solucionado com a criação de peixes no reservatório, porem

a barragem tem que permanecer o ano todo com água para que os peixes não

morram.

3.11. Caracterização de reservatórios no semiárido

O manejo adequado da caracterização de reservatórios requer um conjunto

de informações em um contexto dinâmico sobre o funcionamento destes sistemas nas

bacias hidrográficas do semiárido. Assim, é imprescindível um manejo integrado dos

reservatórios. O manejo adequado dos recursos hídricos requer um conjunto de

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informações em um contexto dinâmico sobre o funcionamento destes sistemas no

interior da bacia hidrográfica.

Assim, é imprescindível um manejo integrado dos reservatórios para o

monitoramento da qualidade da água, pois, o mesmo permite identificar, além das

variações espaço-temporais, a relação entre os diversos mecanismos dos sistemas

hídricos e a totalidade de sua bacia de drenagem (Jong et al., 1995; Silva et al., 2009).

O monitoramento da qualidade da água nos dias atuais é essencial, e os dados de

sensoriamento remoto podem torná-lo mais bem-sucedido.

O uso de dados de sensoriamento remoto apresenta grande potencialidade

para a identificação da qualidade da água, permitindo o monitoramento em diferentes

escalas espacial e temporal. Com o sensoriamento remoto é possível avaliar as

respostas decorrentes de perturbações introduzidas pela atividade humana, de modo

a prever o impacto dessas ações sobre suas condições de sustentabilidade em médio

e longo prazo (Novo, 2005). Essas técnicas podem ser usadas de modo eficiente para

prevenir, constatar e monitorar mudanças ocorridas no sistema aquático (Dekker et

al., 1992; Novo, 2005).

A utilização de técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento em

análises ambientais têm se tornado uma prática cada vez mais frequente. Há na

literatura um vasto número de trabalhos que utilizam à aplicação de dados orbitais na

caracterização do uso da técnica de geoprocessamento e sensoriamento remoto.

3.11.1. Sensoriamento remoto

O desenvolvimento inicial do sensoriamento remoto é cientificamente ligado

ao desenvolvimento da fotografia e à pesquisa espacial. As fotografias aéreas foram

o primeiro produto de sensoriamento remoto a ser utilizado, tanto é assim, que a

fotogrametria e a fotointerpretação são termos muito anteriores ao termo

sensoriamento remoto.

O Brasil iniciou os investimentos na capacitação de profissionais e no

desenvolvimento de infraestrutura que viabilizasse a aplicação das técnicas de

sensoriamento remoto ao final da década de 1960, com a implantação do Projeto

Sensoriamento Remoto no Instituto de Pesquisas Espaciais. No início dos anos 70,

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todas as atividades concentraram-se na recepção e na utilização de imagens orbitais

dos satélites da série Landsat. Contudo, o conhecimento disponível naquela época

restringia-se à viabilização da identificação de feições específicas existentes na

superfície terrestre que, por sua vez, possibilitou a elaboração de mapas temáticos

variados (OLIVEIRA. E, 2001).

O termo sensoriamento remoto apareceu pela primeira vez na literatura

científica em 1960 e significava simplesmente a aquisição de informações sem contato

físico com os objetos. Desde então, esse termo tem abrigado tecnologia e

conhecimentos extremamente complexos derivados de diferentes campos que vão

desde a física, botânica passando pela engenharia eletrônica até a cartografia

(OLIVEIRA. E, 2001).

O campo de sensoriamento remoto representa a convergência de

conhecimento derivado de duas grandes linhas de pesquisa. De um lado, como já foi

dito, o sensoriamento remoto é tributário da aerofotogrametria e da fotointerpretação,

de outro lado, seu progresso se deve muito à pesquisa espacial e aos avanços

tecnológicos por ela induzidos, resultando em sensores mais sensíveis, regiões

espectrais ampliadas, métodos radiométricos, etc.

O termo sensoriamento remoto refere-se ao conjunto de atividades

relacionadas com a aquisição, o processamento e a análise de dados coletados por

sensores acoplados em plataformas como aeronaves (aviões) e espaçonaves

(satélites), com o objetivo de estudar o ambiente terrestre, considerando o fluxo de

energia radiante emitido e/ou refletido pelos alvos que compõem a sua superfície

(OLIVEIRA. E, 2001). Em outras palavras, o termo sensoriamento remoto está ligado

ao método que utiliza a REM modificada ou produzida pelas propriedades físicas e

químicas de alvos relacionados com recursos naturais e ambientais da Terra, como

meio para obter informações destes alvos remotamente, isto é, sem a necessidade de

entrar em contato físico com os mesmos. Dentre os produtos gerados por sensores

remotos destacam-se as fotografias aéreas e as imagens de satélite, os quais podem

ser obtidos em várias escalas e faixas de radiação.

Considerando a paisagem como uma formação antropo-natural, os alvos mais

marcantes correspondem à vegetação e ao solo, os quais alternam-se em graus de

importância no ambiente. A cobertura vegetal dentro desse contexto é representada

pelas formações antrópicas, as quais envolvem os alvos cultura agrícola, pastagem e

vegetação secundária e pelas formações naturais que compreendem vários tipos fito

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fisionômicos distintos (OLIVEIRA. E, 2001).. Os solos, particularmente importantes

nas suas feições superficiais, são considerados em relação à influência de seus

atributos intrínsecos e no nível do ambiente, na medida em que é um dos fatores

condicionantes da vegetação. Outros alvos importantes observados em nível de

paisagem correspondem a corpos d'água e rochas.

O comportamento espectral do solo é afetado por diversos fatores dentre os

quais se destacam: a cor do solo, o tipo do solo (latossolo, litossolo, podzólico), o teor

de matéria orgânica nele presente, o teor de ferro, a composição mineralógica do solo

(presença ou ausência de minerais escuros), o teor de umidade, e a sua textura

(distribuição de tamanho das partículas presentes no solo, ou proporção de argila,

silte e areia). O aspecto mais complexo no estudo e compreensão do comportamento

espectral do solo, é que em laboratório nós podemos isolar esses componentes, e

estudar seu efeito sobre a resposta espectral do solo. Mas na natureza, esses

componentes encontram-se inexoravelmente relacionados, às vezes, reforçando o

efeito sobre o outro, outras vezes, anulando (OLIVEIRA. E, 2001).

Em linhas gerais um sistema sensor é constituído pelo coletor móvel, sistema

de dispersão, sistema de detecção (detetores) e processador de sinal (unidade

eletrônica). A energia, na forma de REM emitida ou refletida por um alvo, é

inicialmente recebida pelo coletor, passa para o detetor após ser filtrada pelo sistema

de dispersão e finalmente é encaminhada para a unidade eletrônica, que a transforma

num sinal eletrônico de modo que possa ser lido e registrado através de um medidor.

Os dados multiespectrais coletados por sensores remotos imageadores

apresentam características que os diferenciam de outras imagens digitais, tais como

a resolução ou capacidade dos sistemas sensores em detalhar informações. A

resolução relaciona-se aos parâmetros espectrais, espaciais, radiométricos e

temporais do sistema sensor.

3.11.2. Geoprocessamento

Geoprocessamento representa um conjunto de tecnologias capazes de

coletar e tratar informações georreferenciadas, que permitam o desenvolvimento

constante de novas aplicações. Neste sentido, as tecnologias que são englobadas

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nesta concepção, e que a cada momento fazem cada vez mais parte do nosso dia-a-

dia, são o Sensoriamento Remoto (SR), o Sistema de Informação Geográfica (SIG) e

o Sistema de Posicionamento Global (GPS) (CANDIDO. ANA KELLY, 2012).

O geoprocessamento se iniciou com os EUA e a Inglaterra na década de 50

com o intuito de otimizar a produção e manutenção de mapas. Entretanto, devido ao

)fato da informática estar ainda pouco desenvolvida, a atividade era muito cara e

restrita e ainda nem existia o conceito de GIS (Geographic Information System,

ou Sistemas de Informações Geográficas, em português) que só viria a ser

empregado na década de 70. Contudo, a partir da década de 80, concomitantemente

ao desenvolvimento da tecnologia dos computadores e softwares, o

geoprocessamento deu um salto, principalmente após a fundação da NCGIA (National

Centre for Geographical Information and Analysis), em 1989, quando o

geoprocessamento passou a ser reconhecido oficialmente como uma disciplina

científica (GOMES.M, 2015).

Nos últimos anos temos presenciado a massificação do geoprocessamento.

Com o lançamento de ferramentas como o Google Earth, qualquer pessoa mesmo

que não entenda nada de geoprocessamento pode ter acesso a mapas de qualquer

região do mundo que aliam imagens de satélite, GPS e modelos em 3D. Atualmente,

o geoprocessamento consiste nas seguintes etapas: coleta, armazenamento,

tratamento e análise de dados e uso integrado das informações.

O geoprocessamento é um procedimento integrante dos SIGs (Sistema de

Informações Geográficas) e baseia-se em selecionar e trabalhar em torno de imagens

de satélite e fotografias aéreas para a produção de mapas e representações

cartográficas em geral. É fruto das inovações tecnológicas, que permitiram a

manipulação de informações, podendo identificar determinadas características da

superfície terrestre e ordená-las em cores, formas e legendas variadas (GOMES.M,

2015).

Através do geoprocessamento, a produção de mapas deixou de ser realizada

necessariamente a partir de medições técnicas e observações superficiais, o que

colaborou para o aumento da precisão das representações gráficas e na melhoria das

qualidades das informações obtidas.

O uso e estudo de imagens de satélites, permite também acompanhar e

analisar eventos passados sobre a superfície ou a evolução de determinados

fenômenos geográficos. Isso porque os satélites armazenam todas as imagens

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obtidas ao longo do tempo em que esteve em órbita. É possível, por exemplo, observar

o grau de crescimento horizontal de uma cidade ou as transformações no relevo

durante um determinado período de tempo.

3.12. Vantagens e desvantagens da barragem subterrânea

A tabela 6 mostra as vantagens e desvantagens das barragens subterrâneas:

Tabela 6: vantagens e desvantagens das barragens subterrâneas.

Vantagens das barragens subterrâneas

Desvantagens das barragens subterrâneas

Não há perdas de áreas agricultáveis para o armazenamento de água como ocorre nas barragens de superfície, já que a área de captação de água também se constitui área de plantio;

Não adequada para todo o ambiente;

Menor índice de poluição bacteriana superficial, pois a água fica armazenada dentro do solo;

Falta de conhecimento básico pela maioria dos agricultores sobre a barragem subterrânea;

Diminuição da evaporação da água, pois não há formação de espelho d’água, já que a água é armazenada dentro do solo;

Locação fora dos padrões técnicos estabelecidos para construção da barragem subterrânea tem ocasionado salinização das áreas de plantio;

Baixo custo de construção quando comparada às estruturas hidráulicas convencionais de barramento superficial, e facilidade de construção;

Construção de barragem próxima à cabeceira do riacho e ausência do enrocamento de pedras, diminui o tempo de permanência da água para infiltração;

Geração de emprego, pois pode ser construída inteiramente com mão-de-obra da comunidade local, numa espécie de mutirão;

Construção de poço amazonas com tubos de concreto pré-moldado com baixa porosidade, permite praticamente apenas a entrada de água pelo fundo do poço (Costa et al. 2005);

Utilização do poço para irrigação: é opção do produtor instalar sistema de bombeamento para irrigação e/ ou subirrigação. A instalação do poço facilita a retirada de água para subirrigação e/ou cultivo de hortaliças.

Riscos de salinização do solo da região da bacia hidráulica da barragem, pelos efeitos da super exploração do aquífero barrado e da ação da elevada evapotranspiração, associada a períodos de seca prolongada;

Permite maior infiltração no solo, reduzindo, ao mesmo tempo, o escoamento superficial e, consequentemente, a erosão.

Devido à presença de coliformes fecais, decorrentes da concentração de animais na área a montante do barramento e na área da bacia hidrográfica, bem como falta de saneamento básico adequado, a utilização da água para consumo humano é imprópria;

Fonte: Elaboração própria.

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3.13. Vantagem e desvantagens das barragens superficiais

A tabela 7 mostra as vantagens e desvantagens das barragens superficiais:

sobre os aspectos favoráveis as barragens superficiais, Molle (1994) e Barros (2010).

Tabela 7: vantagens e desvantagens das barragens subterrâneas.

Vantagens das barragens superficiais

Desvantagens das barragens superficiais

O cultivo de vazante, realizado pelo sertanejo nas margens de açudes e rios, à medida que o nível d’água vai baixando, onde se aproveita não só a umidade profunda, mas o limo fertilizante depositado; se constitui um meio de produção no contra estação, planta-se cultivos de ciclo curto e de bom crescimento radicular (feijão, batata-doce, maxixe, jerimum, etc.). É de grande valor também o capim de vazante, para suporte forrageiro.

Sangradouros, que constituem o ponto mais delicado da edificação do açude; A solução ideal consiste em ter um sangradouro natural, pelo qual a água excedentária é levada para outra bacia. Muitas vezes é preciso fazer serviços nos sangradouros para elevar seu nível, devido a consequências da sedimentação e do assoreamento. O trabalho mais cômodo a fazer é uma parede de alvenaria a altura desejada;

A irrigação visa diminuir os problemas decorrentes da incerteza das chuvas e extensão do cultivo no período seco. Assim os açudes permitem o cultivo perene, possibilitando um cultivo suplementar (geralmente de renda), além do cultivo de sequeiro (geralmente de subsistência). Há uma limitação dessa atividade em pequenos açudes, decorrente do rápido consumo da água.

Qualidade da água e salinização, o fato de, não raro, servirem os açudes tanto para o abastecimento animal quanto para uso doméstico, implica em problemas sanitários óbvios. Com relação ao processo de salinização deve ser considerado as características dos solos das bacias hidrográficas, além do dimensionamento do açude, que determina a capacidade concentradora da represa. Quando o volume diminui os sais concentram-se, por outro lado, a sangria “lava” o açude;

Geração de eletricidade. A destruição de ecossistema; Recreação náutica. A degradação das áreas a montante,

devido à inundação da área do reservatório;

A piscicultura consiste no peixamento de açudes bem como a instalação de estações de piscicultura e produção de alevinos de maneira sistematizada, ou

Perdas por evaporação e infiltração: a evaporação é bastante variável, e acarreta a perda anual de uma lâmina de 2,10 e 2,70 metros, em função,

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seja, uma piscicultura semi-intensiva, que consiste na engorda de peixes.

principalmente das condições climáticas locais (insolação, vento, etc.); da natureza da área circunvizinha (solo exposto, vegetação etc.) e do tamanho da superfície líquida da represa. A essa evaporação acrescentam-se perdas por infiltração, que embora desprezíveis para os grandes açudes, mas que para os pequenos açudes pode ser igualmente prejudicial aos efeitos da evaporação segundo, Molle (1994);

Fornecimento de água potável. A degradação das áreas a montante, devido à inundação da área do reservatório;

Algum controle de inundação. A destruição de florestas e habitats selvagens que levam ao desaparecimento de espécies.

Fonte: Elaboração própria.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Área da pesquisa

O semiárido brasileiro possui uma extensão total de 982.563,3 km². Dessa

área, a Região Nordeste concentra em torno de 89,5%, abrangendo a maioria dos

estados nordestinos, com a exceção do Maranhão, e o Estado de Minas Gerais,

situado na Região Sudeste, possui os 10,5% restantes (103.589,96 km²) como

mostrado na (figura 9). A Região Semiárida foi delimitada com base na isoieta de 800

mm, no Índice de Aridez de Thorntwaite de 1941 (municípios com índice de até 0,50)

e no Risco de Seca (superior a 60%) conforme senso do IBGE (2014).

O Semiárido brasileiro é a região semiárida mais populosa do mundo, com

uma população de mais de 22 milhões de pessoas, correspondendo a 11,8% da

população brasileira (IBGE, 2007). O clima é uma das características mais

preponderantes do semiárido, principalmente devido à ocorrência de secas

estacionais e periódicas (Mendes, 1997). Pelas características climáticas e

econômicas, como a pecuária e o turismo, se faz necessário o desenvolvimento de

metodologias específicas de utilização e conservação dos recursos hídricos no

semiárido brasileiro (Cirilo et al., 2010). A baixa precipitação e a elevada evaporação

intensificam a eutrofização de ecossistemas aquáticos no semiárido, devido à

remobilização de nutrientes do sedimento e aumento de concentrações na água,

resultando em perda de qualidade ecológica e reduzindo seus múltiplos usos (Freitas

et al., 2011).

Como reflexo das condições climáticas dominantes de semiaridez, a

hidrografia é pobre, em seus amplos aspectos. As condições hídricas são insuficientes

para sustentar rios caudalosos que se mantenham perenes nos longos períodos de

ausência de precipitações. Constitui-se exceção o rio São Francisco. Devido às

características hidrológicas que possui, as quais permitem a sua sustentação durante

o ano todo, o rio São Francisco adquire uma significação especial para as populações

ribeirinhas e da zona do Sertão.

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Figura 9: Mapa de delimitação do semiárido brasileiro.

Fonte: IBGE(2005).

4.2. Caracterização do semiárido

A representatividade das barragens superficiais e subterrâneas no semiárido,

analisa o comportamento do mapa topográfico, mapa de solos, mapa hidroquímico

dos mananciais superficiais e o mapa hidroquímico dos mananciais subterrâneos

localizados no semiárido brasileiro.

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A metodologia propõe a classificação das barragens no semiárido brasileiro a

partir de uma ponderação de critérios que levaram em conta os mapas de solos do

semiárido os mapas hidroquímicos superficiais e subterrâneos e o mapa topográfico

do semiárido a seguir buscando um lugar apropriado no semiárido para a construção

de uma barragem superficial e subterrânea que estejam dentro dos padrões

estabelecidos anteriormente sobre a questão do solo da topografia e qualidade da

água.

O solo do sertão é, em geral, de origem arqueana. A decomposição do granito

e do gnaisse resultou a argila vermelha ou amarela com sílica, piçarra e seixos

rolados. Não é profundo. Apresenta sinais de erosão, pH acima de 7, pobre de humos

mesmo nos aluviões; o azoto é o primeiro fertilizante que se esgota com as lavouras;

conserva pouca umidade devido ao calor e ao verão seco; tem a topografia acidentada

ou ondulada com pequenas manchas planas nas margens dos rios; a altitude não

ultrapassa os 300 m. Limita-se com a caatinga ou com o Seridó, não tendo contato

com a mata ou com o agreste (ROBERTO.P, FRANCISCO.M, 2012).

O Mapa de água Hidroquímica dos Mananciais Subterrâneos da Região

Nordeste do Brasil IBGE(2013) reúne um acervo de 10.478 análises físico-químicas -

todas procedentes de poços tubulares - e delimita domínios quimicamente

homogêneos com relação à potabilidade, aos fácies químicos e à adequabilidade das

águas para uso na irrigação. Os laudos químicos foram incorporados a um banco de

dados (elaborado em Access), onde - utilizando aplicativos - foram classificados,

segundo os critérios acima citados. Essas determinações foram migradas e

georreferenciadas no GeoMedia, onde foi desenvolvido um minucioso trabalho de

individualização de zonas quimicamente homogêneas, utilizando critérios geológicos,

fisiográficos e hidrogeológicos, que permitiram a demarcação de unidades que

guardam características mais ou menos similares no âmbito de seus limites. A

conjugação dos temas numa única carta só foi possível com a utilização de cores

(tipos químicos), hachuras (classes de potabilidade) e símbolos (classes de irrigação)

- artifícios visuais que permitem ao usuário uma visão global das características

químicas das águas subterrâneas desta região.

A figura 10 mostra o mapa de solos que ilustra esquematicamente os tipos de

solo do semiárido brasileiro. Assim ajudando na metodologia para a classificação de

barragens no semiárido brasileiro, para fins de priorização de um solo que seja mais

adequado para a construção de uma barragem.

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Figura 10: mapa de solos do semiárido.

Fonte: IBGE (2011).

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O solo cambissolo háplico (CX) São solos fortemente, até imperfeitamente,

drenados, rasos a profundos, de cor bruna ou bruno-amarelada, e de alta a baixa

saturação por bases e atividade química da fração coloidal. O horizonte B incipiente

(Bi) tem textura franco-arenosa ou mais argilosa, e o solo, geralmente, apresenta

teores uniformes de argila (EMBRAPA, 2017).

Os Cambissolos que apresentam espessura no mínimo mediana (50-100 cm

de profundidade) e sem restrição de drenagem, em relevo pouco movimentado,

eutróficos ou distróficos, apresentam bom potencial agrícola. Quando situados em

planícies aluviais estão sujeitos a inundações, que se frequentes e de média a longa

duração são fatores limitantes ao pleno uso agrícola desses solos (EMBRAPA,

2017).

O solo latossolo amarelo distrófico (LA) são Solos desenvolvidos de materiais

argilosos ou areno-argilosos sedimentares da formação Barreiras na região litorânea

do Brasil ou nos baixos platôs da região amazônica relacionados à Formação Alter-

do-Chão, podendo também ocorrer fora destes ambientes quando atenderem aos

requisitos de cor definidos pelo SiBCS (EMBRAPA, 2017).

Os latossolos vermelho-amarelos (LVA) são identificados em extensas áreas

dispersas em todo o território nacional associados aos relevos, plano, suave ondulado

ou ondulado. Ocorrem em ambientes bem drenados, sendo muito profundos e

uniformes em características de cor, textura e estrutura em profundidade (EMBRAPA,

2017).

O podzólico vermelho (LV) são solos minerais, não-hidromórficos, com

horizonte A ou E (horizonte de perda de argila, ferro ou matéria orgânica, de coloração

clara) seguido de horizonte B textural, com nítida diferença entre os horizontes.

Apresentam horizonte B de cor avermelhada até amarelada e teores de óxidos de

ferro inferiores a 15%. Podem ser eutróficos, distróficos ou álicos. Têm profundidade

variadas e ampla variabilidade de classes texturais (EMBRAPA, 2017).

O neossolo litólico (RL) apresentam poucas alternativas de uso por se tratar

de solos rasos ou muito rasos e usualmente rochosos e pedregosos. Situa-se em

áreas acidentadas de serras e encostas íngremes, normalmente com problemas de

erosão laminar e em sulcos severa ou muito severa (EMBRAPA, 2017).

A pequena espessura do solo, com frequente ocorrência de cascalhos e

fragmentos de rocha no seu perfil, grande susceptibilidade à erosão, mormente nas

áreas de relevo acidentado, onde estes solos ocorrem com maior frequência, são as

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limitações mais comuns para este tipo de solo. Nos solos distrófícos e álicos, há o

problema da baixa fertilidade natural.

Distribui-se por toda a zona semiárida, usualmente em áreas mais

acidentadas, em maiores extensões contendo afloramentos de rocha. As áreas onde

predominam estes solos perfazem um total de 143.374 Km2e constituem 19,2% da

região semiárida.

O solo neossolo quartzarênico (RQ) esta classe de solo ocorre em relevo

plano ou suave ondulado, apresenta textura arenosa ao longo do perfil e cor

amarelada uniforme abaixo do horizonte A, que é ligeiramente escuro. Considerando-

se o relevo de ocorrência, o processo erosivo não é alto, porém, deve-se precaver

com a erosão devido à textura ser essencialmente arenosa (EMBRAPA, 2017).

Por serem profundos, não existe limitação física para o desenvolvimento

radicular em profundidade, mas a presença de caráter álico ou do caráter distrófico

limita o desenvolvimento radicular em profundidade, agravado devido a reduzida

quantidade de água disponível (textura essencialmente arenosa).

O solo planossolo nátrico ótico típico (SX) são solos minerais que apresentam

desargilização (perda de argila) vigorosa da parte superficial e acumulação ou

concentração intensa de argila no horizonte subsuperficial, conferindo como

características distintivas marcantes, uma mudança textural normalmente abrupta ou

transição abrupta conjugada com acentuada diferença de textura do A para o

horizonte B. Essa desargilização é responsável pela textura arenosa dos horizontes

superficiais (A ou E) (EMBRAPA, 2017).

O solo luvissolo crômico órtico abrúptico (TC) são Solos de cores bastante

fortes, vermelhas ou amarelas. Apresenta o caráter eutrófico (alta saturação por bases

nos horizontes subsuperficiais que favorece o enraizamento em profundidade. Outro

aspecto refere-se à presença de minerais primários facilmente intemperáveis (reserva

nutricional) (EMBRAPA, 2017).

Ocorrem em regiões de elevada restrição hídrica, restringindo-se ao Nordeste

do Brasil, onde se distribuem principalmente na zona semiárida, geralmente em áreas

de relevo suave ondulado. São solos rasos, ou seja, raramente ultrapassam 1 m de

profundidade e apresentam usualmente mudança textural abrupta.

Na figura 11 ilustra esquematicamente a classificação do tipo de água e a

classificação de potabilidade das águas subterrâneas do semiárido brasileiro. O

mapa hidroquímico dos mananciais subterrâneos mostra detalhadamente.

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Figura 11: Mapa Hidroquímico dos Mananciais Subterrâneos da Região Nordeste do Brasil.

Fonte: IBGE (2013).

Na figura 12 ilustra esquematicamente a classificação do tipo de água e a

classificação de potabilidade das águas superficiais do semiárido brasileiro.

Figura 12: Mapa Hidroquímico dos Mananciais Superficiais da Região Nordeste do Brasil.

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Fonte: IBGE (2013).

A potabilidade das águas subterrâneas foi avaliada em termos de suas

características físico-químicas e balizada a partirda utilização dos parâmetros

estabelecidos por Schoeller (Cálcio, Sódio, Magnésio, Cloreto, Sulfatos e Resíduo

Seco), os quaisdefinem seis classes de potabilidade: boa, passável, medíocre, má,

momentânea e não-potável.

Na figura 13 temos o mapa topográfico do semiárido Brasileiro onde mostra o

relevo topográfico da região.

Figura 13: Mapa topográfico do semiárido.

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Fonte: Topographic-map, google map.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Barragens subterrâneas

Considerando os mapas apesentados na classificação do semiárido

brasileiro, no qual foram analisados os tipos de solo, onde foi analisado o melhor solo

para as barragens subterrâneas são os Neossolo Quartzarênico (RQ) onde ocupam

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cerca 74.936,54 km² do semiárido, são solos originados de depósitos arenosos,

apresentando textura areia ou areia franca ao longo de pelo menos 2 m de

profundidade. Esses solos são constituídos essencialmente de grãos de quartzo,

sendo, por conseguinte, praticamente destituídos de minerais primários pouco

resistentes ao intemperismo.

Essa classe de solos abrange as Areias Quartzosas não-hidromórficas

descoloridas, apresentando também coloração amarela ou vermelha. A granulometria

da fração areia é variável e, em algumas situações, predominam diâmetros maiores

e, em outras, menores. O teor máximo de argila chega a 15%, quando o silte está

ausente. Na figura 14 é apresentado os locais do semiárido que apresentam o solo

arenoso propicio a construção das barragens subterrâneas.

A figura 14 mostra que os solos Neossolo Quartzarênico (RQ) estão

distribuídos em cantos distintos do semiárido, ele se localiza na região central do

estado do Piauí, no Ceará está localizado a nordeste, no Rio Grande do Norte está

localizado a noroeste do estado, no Pernambuco está localizado na região central do

estado, e na Bahia pode se encontrar ao norte e a noroeste. A pesquisa analisara as

regiões que foram sublinhadas no mapa para um estudo mais profundo e mostrar se

essas regiões estão propicias para a construção de uma barragem subterrânea.

Figura 14: mapa dos solos do semiárido com regiões de estudo.

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Fonte: O autor (2017), adaptado do IBGE.

O mapa hidriquímico dos mananciais subterrâneos analisará a qualidade da

água subterrânea nos locais que o solo for apropriado para a construção das

barragens subterrâneas com mostrado na figura 15. ,

Figura 15: mapa hidroquímico das regiões onde o solo é propicio para a construção de uma

barragem subterrânea.

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Fonte: Elaboração própria.

A figura 15 mostra o mapa hidroquímico das regiões onde o solo é apropriado

para a construção da barragem subterrânea, onde a imagem 1 que está localizada na

divisa do Ceará com o Rio Grande do Norte. A água está classificada como cloretada-

mista, com sua potabilidade medíocre.

Na imagem 2 temos duas regiões com solos apropriados para a construção

da barragem, onde estão localizadas na divisa do estado do Pernambuco e a Bahia.

As regiões que estão marcadas na imagem mostram que classificação da água são

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bicabornatada-mista e a cloretada-mista, a potabilidade da água nessas regiões

variam bastante, onde estão classificadas como boa, medíocre, má e momentânea.

A imagem 3 está localizada na divisa da Bahia com o Piauí. A água está

classificada como bicabornata-sódica e cloretada-mista, porém a cloretada-mista

abrange quase toda área da região selecionada. A potabilidade da água varia entre

boa e passável.

O mapa topográfico da figura 16 mostrará as condições topográficas para uma

possível construção de uma barragem subterrânea, onde os locais escolhidos foram

determinados através do mapa tipo de solo e do mapa hidroquímico dos mananciais

subterrâneos.

Figura 16: Topografia das regiões de estudo das barragens subterrâneas.

Fonte: Elaboração própria.

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Para efetuar a análise da topografia das regiões de estudo, foi necessário

entender o comportamento das imagens que foram estabelecidas pelo sensoriamento

remoto, na qual o relevo topográfico é denominado por cores mostrando a altitude de

cada área selecionada.

Na figura 16 mostra as três regiões de estudos. Na imagem 1 onde fica

localiza na divisa do Ceará com o Rio Grande do Norte o relevo topográfico mostra

uma superfície relativamente plana e com áreas alagadas por rios que vão de encontro

com o mar, levando a esse local ser inapropriado para a construção de uma barragem

subterrânea.

Na imagem 2 que está localizada na divisa entre os estados de Pernambuco

e Bahia é representada por um relevo topográfico bastante irregular. Onde é cortada

pelo Rio São Francisco, a cima do rio onde o solo é apropriado para a construção da

barragem subterrânea as condições topográficas são propicias para a construção da

barragem. Abaixo do rio na área em que o solo é apropriado para a construção da

barragem subterrânea é constituída por uma chapada e áreas de vales, onde se

localiza a estação ecológica raso da Catarina. Nas regiões de vales onde o relevo

topográfico for relativamente plano com extensões até 1 km são apropriados para a

construção dessas barragens.

Na imagem 3 que está localiza na divisa dos estados da Bahia com o Piauí

mostra um relevo topográfico levemente irregular. Onde a áreas em que possa

acumular água, o local é apropriado para a construção de uma barragem subterrânea

como no leito de rios e riachos onde esse acumulo de água pode ser maior.

5.2. Barragens superficiais

Considerando os mapas apesentados na classificação do semiárido

brasileiro, no qual foram analisados os tipos de solo, onde foi analisado o melhor solo

para as barragens superficial é o Neossolo Litólico (RL) no qual são pouco

desenvolvidos, rasos, não hidromórficos (sem a presença de água), apresentando

horizonte A diretamente sobre a rocha ou horizonte C de pequena espessura.

São normalmente pedregosos e/ou rochosos, moderadamente a

excessivamente drenados com horizonte A pouco espesso, cascalhento, de textura

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predominantemente média, podendo também ocorrer solos de textura arenosa, siltosa

ou argilosa. Podem ser distróficos ou eutróficos, ocorrendo geralmente em áreas de

relevo suave ondulado a montanhoso na figura 17 podemos observar uma barragem

superficial construída com o solo Neossolo Litólico (RL).

Figura 17: Barragem superficial construída com o solo Neossolo Litólico (RL).

Fonte: O autor (2017).

As fundações dos solos impermeáveis normalmente possuem características

granulométricas que dispensam tratamento para percolação ou erosão regressiva. Os

principais problemas das fundações em solos sitosos ou argilosos se relacionam com

a estabilidade.

As condições das fundações dependem da espessura e características

físicas, químicas e mineralógicas da rocha, que suportará o peso da barragem.

Aquelas características incluem a permeabilidade, a presença ou não de

determinadas estruturas, como acamamento, xistosidade, dobras, fraturas, etc.

As condições estão diretamente ligadas com a altura da barragem, isto é, as

considerações diferem para uma barragem baixa e uma alta. Normalmente, são

encontradas as seguintes condições de fundações: Rocha Sã e Sólida - normalmente

aceita qualquer tipo de barragem. Inclui, via de regra, a escavação da camada

superficial quando alterada (mesmo sendo rocha) e tratamento eventual por injeção,

para consolidação. Sedimentos (Aluviões) - incluem os cascalhos, areias, siltes e

argilas.

Os cascalhos estão sujeitos à intensa percolação, os siltes e as areias

ocasionam recalques e percolação, e as argilas sofrem recalques, principalmente

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quando saturadas de água. Dependendo do tipo de barragem, da sua altura e com

aplicação de tratamentos adequados, qualquer desses materiais poderá ser utilizado.

Na figura 18 foram escolhidas três regiões distintas do semiárido brasileiro do

mapa de solos para a comparação dessas regiões e mencionar se essas regiões são

apropriadas para a construção de uma barragem superficial.

Distribui-se por toda a zona semiárida, usualmente em áreas mais

acidentadas, em maiores extensões contendo afloramentos de rocha. As áreas onde

predominam estes solos perfazem um total de 143.374 Km2 e constituem 19,2% da

região semiárida.

Figura 18: mapa de solos com as regiões de estudo para barragens superficiais.

Fonte: O autor (2017) adaptada do IBGE.

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A figura 18 mostra as regiões de estudo. O solo Neossolo Litólico (RL) estão

distribuídos em todas as partes do semiárido, as regiões de estudo se localizam no

sudoeste do Ceará com a divisa do Piauí, na divisa do Rio Grande do Norte com a

Paraíba e na divisa da Paraíba com o Pernambuco. A pesquisa analisara as regiões

que foram sublinhadas no mapa para um estudo mais profundo e mostrar se essas

regiões estão propicias para a construção de uma barragem subterrânea.

O mapa hidriquímico dos mananciais superficiais analisará a qualidade das

águas superficiais na região de estudo em que o solo for apropriado para a construção

das barragens superficiais com mostrado na figura 19.

Figura 19: mapa hidroquímico das regiões onde o solo é propicio para a construção de uma

barragem superficial.

.

Fonte: Elaboração própria

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A figura 19 mostra o mapa hidroquímico das regiões onde o solo é apropriado

para a construção de barragens superficiais, onde a imagem 1 está localizada no

sudoeste do Ceará. A água está classificada como bicabornata-mista, com sua

classificação de potabilidade boa.

A imagem 2 está localizada no sul do Rio Grande do Norte. A água dessa

região é classificada como cloretada-cálcica-magnesiana e cloretada-mista, com sua

classificação de potabilidade passável e medíocre. A imagem 3 está localizada entre

os estados da Paraíba e Pernambuco, a água é classificada como cloretada-cálcica-

magnesiana, bicabornata-mista e bicabornata-cálcica-magnesiana. A classificação de

potabilidade da água nessa região varia bastante, onde estão classificadas como

passável, medíocre e má.

O mapa topográfico da figura 20 mostrará as condições topográficas para uma

possível construção de uma barragem superficial, onde os locais escolhidos foram

determinados através do mapa tipo de solo e do mapa hidroquímico dos mananciais

subterrâneos.

Figura 20: Topografia das regiões de estudo das barragens superficiais.

Fonte: Elaboração própria.

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Para efetuar a análise da topografia das regiões de estudo, foi necessário

entender o comportamento das imagens que foram estabelecidas pelo sensoriamento

remoto, na qual o relevo topográfico é denominado por cores mostrando a altitude de

cada área selecionada.

Na figura 20 é apresentada as três regiões de estudos. Na imagem 1 onde se

localiza no sudoeste do Ceará, o relevo topográfico mostra uma superfície ondulada

com chapadas, vales e uma área relativamente plana. A região é composta por áreas

de vales que são propicias para a construção de uma barragem superficial.

Na imagem 2 que está localizada no sul do Rio Grande do Norte é

representada por um relevo topográfico irregular. Onde é encontrado uma grande área

de chapada, planícies e vales. Onde são apropriados para a construção de barragens

superficiais. Na imagem 3 que está localiza entre os estados da Paraíba com o

Pernambuco mostra um relevo topográfico irregular. Onde é constituído por áreas de

chapada, planícies e vales. O local é apropriado para a construção de barragens

superficiais nos vales onde sua bacia pode acumular mais água.

A região semiárida, caracterizada por amplitudes sazonais menores quando

comparada aquelas normalmente registradas em regiões de clima tropical e

subtropical, apresenta forte dependência da ocorrência de uma estação chuvosa

representativa para o acumulo de água para os diversos tipos de reservatórios.

Para a construção da barragem subterrânea, devemos identificar um local no

terreno por onde, no período de chuva, corre um riacho, um córrego ou onde existe

uma passagem de água, com características geológicas e potencialidades de solos

que influenciam na escolha do local apropriado para a sua construção. O que é

importante observar para escolher o melhor local: Terreno de pouca queda, não muito

inclinado; se existem árvores verdes, mesmo na estiagem, é sinal de que é um local

bom; não histórico ou tendência à salinização do solo; encontrar as ombreiras na parte

mais alta do terreno também indica que é um local bom para a construção.

Procurar ao longo do percurso da água o local onde a rocha ou solo

impermeável seja mais estreito (a garganta). Além disso, é importante ter uma área,

na parte de dentro da barragem, com solo bom para produção, ou seja, composto por

areia e barro.

Aplicando as técnicas de comparação de mapas de solos, hidroquímicos

subterrâneos e topográficos. Os resultados mostram na figura 21 o melhor local para

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a construção de uma barragem subterrânea no semiárido onde se localizada na divisa

do Pernambuco com a Bahia. No qual estão dentro de todos os parâmetros

apresentados para a construção de uma barragem subterrânea.

Figura 21: Seleção de um local no semiárido mostrando as características de solo, hidroquimico e

topografia para fins de construção de uma barragem subterrânea.

Fonte: Elaboração própria.

A escolha do tipo mais adequado para a construção de uma barragem

superficial, para um determinado local de um curso d’água, depende dos seguintes

aspectos: Segurança da Obra, ligada às características inerentes do próprio local:

condições geológicas, configuração do vale e dimensões da obra. Custo da obra, em

função do preço e disponibilidade do material.

A ausência, por exemplo, de rocha resistente do tipo granito, gnaisse, basalto

ou diabásio, para ser usada como agregado para concreto, ou enrocamento, ou de

cascalho, para os mesmos fins, pode causar alterações profundas no custo da obra.

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Além desses critérios, deve ser considerada uma série de fatores físicos que

governam a seleção do tipo de barragem.

À primeira vista, a topografia determina as primeiras alternativas para o tipo

de barragem. É claro que, se o local estudado estiver localizado num vale estreito com

paredes rochosas, a sugestão será de uma barragem de concreto. Porém, em áreas

de topografia aplainada e vales bastante abertos, indica-se normalmente a barragem

de terra. Existem, é claro, os casos intermediários.

Aplicando as técnicas de comparação de mapas de solos, hidroquímicos

subterrâneos e topográficos. Os resultados mostram na figura 22 o melhor local para

a construção de uma barragem superficial no semiárido onde se localizada no

sudoeste do estado do Ceará. No qual estão dentro de todos os parâmetros

apresentados para a construção de uma barragem superficial.

Figura 22: seleção de um local no semiárido mostrando as características de solo, hidroquimico e

topografia a fins de construção de uma barragem superficial.

Fonte: Elaboração própria.

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6. CONCLUSÃO

Os fatos e considerações abordados no presente trabalho refletem a

necessidade de integrar o conhecimento sobre as barragens superficiais e

subterrâneas no semiárido brasileiro, buscando extrair dados de solos, da qualidade

de água e do relevo para a determinação de locais apropriados para a construção das

respectivas barragens.

Cabe ressaltar que os reservatórios superficiais e subterrâneos são de suma

importância para o abastecimento hídrico da região semiárida, dessa forma sua

construção e operação devem priorizar as condições que minimizem os efeitos da

evaporação, já que este é um custo inevitável de tal aproveitamento hidráulico

indispensável para a sobrevivência no semiárido.

Diante do cenário presente no semiárido e da quantidade de técnicas e

informações disponíveis para embasar as ações de busca para a construção de

barragens subterrâneas e superficiais os dados analisados e comparados mostraram

que o semiárido tem locais apropriados para a sua construção, no entanto é

necessário considerar aspectos ambientais como mapas de solo, aspectos

hidroquímico da água e o relevo da região.

Recomenda-se, no entanto, para uma avaliação mais criteriosa do local

apropriado para a construção de um reservatório superficial e/ou subterrâneo, uma

visita ao local com levantamento da área, avaliação do solo e sua topografia e as

demandas de água associado a qualidade da água exigido para o seu uso. Destaca-

se que dados médios e de regiões próximas podem ser ineficientes para o adequado

dimensionamento e funcionamento do sistema de reservatórios de abastecimento de

água.

Sabe-se ainda que uma barragem deve ser sempre monitorada, desde a sua

construção e também durante a sua vida útil. Portanto, propõe-se que os locais aqui

analisados sejam visitados e analisados com o objetivo de comparar o tipo de solo, a

qualidade da água e a topografia se são compatíveis com o apresentado no presente

trabalho. Além disso, apesar da barragem subterrânea apresentar vantagens quanto

e redução das perdas por evaporação os mapas de solos mostraram que o semiárido

apresenta muitas áreas de solo inadequado para a construção desse tipo de obra uma

vez que a capacidade de armazenamento de água é reduzida e os solos podem ser

salinizados caso o barramento for dimensionado errado.

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