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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: TOPOGRAFIA E ESTRADAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO INGRIDE MACEDO ALVES CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS AGREGADOS MIÚDOS DA REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO JUAZEIRO DO NORTE - CE 2017

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT

DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: TOPOGRAFIA E ESTRADAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

INGRIDE MACEDO ALVES

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS AGREGADOS MIÚDOS DA REGIÃO

METROPOLITANA DO CARIRI

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

JUAZEIRO DO NORTE - CE

2017

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INGRIDE MACEDO ALVES

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS AGREGADOS MIÚDOS DA REGIÃO

METROPOLITANA DO CARIRI

Trabalho de conclusão de curso apresentada ao

Curso de Tecnologia da Construção Civil com

habilitação em Topografia e Estradas, da

Universidade Regional do Cariri, como requisito

para obtenção do Grau de Tecnólogo em

Construção Civil - habilitação em Topografia e

Estradas sob orientação do Prof. Me. Antônio

Nobre Rabelo.

Orientador: Me. Antonio Nobre Rabelo

Coorientadora: Me. Juliana Gomes Rabelo (Geóloga)

JUAZEIRO DO NORTE-CE

2017

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PAGINA ONDE SERÁ COLOCADO A FOLHA DA

APROVAÇÃO ORIGINAL

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela saúde, pelo dom da vida e da capacidade de lutar pelos meus objetivos e

sonhos.

À minha mãe Rita Maria e ao meu pai Francisco Francimar pelo apoio e incentivo de

todos esses anos de graduação. E por serem meus maiores exemplos, enquanto seres

humanos.

Ao meu noivo Eduardo Cruz que sem ele eu não estaria nem sequer matriculada no

curso que estou concluindo, uma das pessoas que mais me ajudou em todas as etapas deste

trabalho, principalmente nos últimos detalhes, incentivando-me todos os dias.

A minha madrinha Cícera Juliana Macedo, por ter sido minha procuradora e ter feito

minha matricula.

A todos os professores e funcionários da Urca que fizeram parte da minha história

quanto graduanda e dividiram seus conhecimentos e vivências. Em especial ao Professor

Mestre Antonio Nobre Rabelo, pela paciência, apoio e dedicação nas aulas ministras e

principalmente na orientação deste trabalho de conclusão de curso. Agradeço também ao Prof.

Dr. Eliakim Araújo pelas contribuições nos processamentos dos dados para obtenção dos

mapas inseridos neste trabalho.

Aos monitores do laboratório de materiais de construção e ao Regis, coordenador do

curso de Edificações do IFCE por todo apoio e respeito que tiveram comigo e com minha

pesquisa, em especial aos monitores Jaílson e Leandro. Ao Elvis, monitor do laboratório de

química, que não mediu esforços para me ajudar com o que fosse preciso para a conclusão

desse trabalho.

A todos que, direta ou indiretamente, ajudaram na conclusão deste trabalho, em

especial ao depósito de construção Terra Nossa Cariri, que cedeu uma das amostras de areia

estudadas.

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A maravilhosa disposição e harmonia do universo

só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo

sabe e tudo pode. Isso fica sendo a minha última e mais elevada descoberta.

(Issac Newton)

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RESUMO

O concreto é o segundo material mais consumido no mundo, sendo utilizado praticamente em

qualquer tipo de construção, seja nas edificações e nas obras de infraestrutura em geral. O

crescimento da construção civil no Brasil, nos últimos anos, tem contribuído para o aumento

do consumo desse material e dos seus materiais constituintes, tal como o agregado miúdo,

mais conhecido como areia. Enquanto a demanda por esse agregado aumenta, sua

disponibilidade e qualidade, têm se tornado cada vez mais escassa, devido à dificuldade de se

encontrar depósitos de areias, principalmente, nas proximidades dos grandes centros urbanos.

Nesse contexto, insere-se a Região Metropolitana do Cariri, no sul do estado do Ceará, aonde

a obtenção de areia vem se tornando cada vez mais difícil. A má qualidade das areias

disponíveis nas três principais cidades da RMC (Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha) é

notável, principalmente, no tocante ao seu aparente excesso de finos. Diante dessa realidade,

despertou-se para o estudo dos três principais agregados miúdos (areias) utilizados na região,

com vistas à verificação do seu enquadramento nas especificações técnicas vigentes

(ABNT NBR 7211, 2005), dado o efeito direto das suas características na qualidade e no

custo final do concreto. Para caracterizar os agregados miúdos da região foram feitos ensaios

de massa especifica, massa unitária, inchamento, umidade superficial, granulometria, material

pulverulento, matéria orgânica e argila em torrões. Os estudos atestaram, principalmente, que

as areias estudadas contêm algum teor de matéria orgânica, além de apresentarem excesso de

material pulverulento, os quais são prejudiciais à qualidade e à durabilidade dos concretos

produzidos na região.

Palavras-chave: areia, concreto, material pulverulento.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Agregado miúdo quanto às dimensões dos fragmentos......................................... 20

Figura 2 - Classificação do solo segundo o diâmetro das partículas....................................... 25

Figura 3 - Armações expostas e enferrujadas por causa dos cloretos ..................................... 30

Figura 4 - Fissuras causadas por reatividade álcali-agregado ................................................. 30

Figura 5 - Extração manual de agregado miúdo ..................................................................... 32

Figura 6 - Extração em fossa seca ........................................................................................... 32

Figura 7 - Extração em área de várzea .................................................................................... 33

Figura 8 - Extração em leito de cursos d’água, com dragas de sucção ................................... 33

Figura 9 - Extração de agregado miúdo através do desmonte hidráulico ............................... 34

Figura 10 - Impactos ambientais causados pela extração de areia .......................................... 35

Figura 11 - Localização da RMC no estado do Ceará e Brasil ............................................... 39

Figura 12 - Tipos climáticos da RMC ..................................................................................... 41

Figura 13 - Distribuição da geologia na RMC ........................................................................ 43

Figura 14 - Ocorrência do relevo na RMC ............................................................................. 44

Figura 15 - Distribuição da vegetação na RMC ...................................................................... 46

Figura 16 - Hidrografia da RMC ............................................................................................. 48

Figura 17 - Ocorrência da Pedologia na RMC ........................................................................ 49

Figura 18 - Localização espacial das fontes dos agregados estudados ................................... 53

Figura 19 - Ponto de coleta da amostra A, no rio Salamanca (Barbalha) ............................... 54

Figura 20 - Vista panorâmica do local da coleta da amostra A .............................................. 54

Figura 21 - Coleta da amostra do rio Sovado (Crato) ............................................................. 55

Figura 22 - Vista panorâmica do local da coleta da amostra B ............................................... 55

Figura 23 - Registro da coleta da amostra C (Riacho Sêco) ................................................... 56

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Figura 24 – Separador mecânico, usado no quarteamento das amostras .................................57

Figura 25 - Esquema traçado para realização dos ensaios ...................................................... 57

Figura 26 - Frasco de Chapman com as amostras ................................................................... 58

Figura 27 - Execução do ensaio de umidade superficial ......................................................... 59

Figura 28 - Peneiras organizadas no peneirador mecânico ..................................................... 60

Figura 29 - Distribuição granulométrica da amostra B ........................................................... 60

Figura 30 - Realização do ensaio de inchamento .................................................................... 61

Figura 31 - Ensaio teor de material pulverulento .................................................................... 61

Figura 32 – Águas coletadas das amostras no ensaio de material pulverulento ..................... 62

Figura 33 - Gráfico com as massas especificas das jazidas estudadas .................................... 63

Figura 34 - Gráfico com as umidades superficiais das amostras ............................................ 64

Figura 35 - Gráfico com as massas unitárias das amostras ..................................................... 65

Figura 36 - Gráfico com granulometria da amostra A ............................................................ 66

Figura 37 - Gráfico com granulometria da amostra B ............................................................ 67

Figura 38 - Gráfico com granulometria da amostra C ............................................................ 68

Figura 39 - Gráfico com o módulo de finura das amostras estudadas .................................... 70

Figura 40 - Gráfico representando o inchamento da amostra A ............................................. 71

Figura 41 - Gráfico representando inchamento da amostra B ................................................ 71

Figura 42 - Gráfico representando inchamento da amostra C ................................................ 72

Figura 43 - Porcentagem da quantidade de material pulverulento.......................................... 73

Figura 44 – Soluções padrão e amostras ensaiadas................................................................. 74

Figura 45 - Resultados em porcentagem do teor de argila em torrões.................................... 75

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação do agregado miúdo quanto à dimensão dos seus grãos ................... 19

Tabela 2 - Propriedades dos agregados miúdos ...................................................................... 22

Tabela 3 - Propriedades físicas e ensaios especiais dos agregados miúdos ............................ 23

Tabela 4 - Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo ................................. 26

Tabela 5 – Classificação do módulo de finura......................................................................... 26

Tabela 6 - Faixa dos valores do Módulo de Finura ................................................................. 27

Tabela 7 - Limites máximos aceitáveis de substâncias nocivas no agregado ......................... 29

Tabela 8 - Limites máximos para expansão devida à relação álcali-agregado e teores de

cloretos e sulfatos presentes nos agregados ............................................................................ 31

Tabela 9 - Informações sobre os municípios da RMC ............................................................ 40

Tabela 10 - Pluviosidade média dos municípios da RMC ...................................................... 42

Tabela 11 - Distribuição espacial dos locais de coletas das amostras......................................52

Tabela 12 - Tabela com valores do ensaio de granulometria da amostra A............................ 67

Tabela 13 - Tabela com valores do ensaio de granulometria da amostra B............................. 68

Tabela 14 - Tabela com valores do ensaio de granulometria da amostra C ............................ 69

Tabela 15 - Resumo dos resultados dos ensaios...................................................................... 75

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LISTA DE SIGLAS

ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMB – Agregado Miúdo Britado

AMN – Agregado Miúdo Natural

ASTM - American Society for Testing and Materials

CEASA – Central Estadual de Abastecimento

COEMA – Conselho Estadual de Meio Ambiente

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

EMPRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FUNCEME – Fundação Cearense de Meteorologia e Re cursos Hídricos

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará

ISO – International Organization for Standardization

LI – Licença de Instalação

LO – Licença de Operação

LP – Licença Prévia

MF – Módulo de Finura

RCD – Resíduos de Construção e Demolição

RMF – Região Metropolitana de Fortaleza

RMC – Região Metropolitana do Cariri

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora

NM – Norma Mercosul

NUGA – Núcleo Gerencial de Atendimento

PIB – Produto Interno Bruto

SEMACE – Superintendência Estadual do Meio Ambiente

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13

1.1 . JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 14

1.2 . OBJETIVOS ................................................................................................................ 14

1.2.1. Geral ............................................................................................................................... 14

1.2.2. Específicos ...................................................................................................................... 14

2. AGREGADOS MIÚDOS ................................................................................................. 15

2.1. CONCEITUAÇÃO ........................................................................................................ 15

2.2. INFLUÊNCIA DOS AGREGADOS MIÚDOS PARA O CONCRETO ...................... 15

2.3. IMPORTÂNCIA DOS AGREGADOS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL ................. 16

2.4. OS AGREGADOS COMO FONTE DE GERAÇÃO DE RENDA .............................. 17

2.5. CLASSIFICAÇÃO DOS AGREGADOS ..................................................................... 17

2.5.1. Origem ....................................................................................................................... 17

2.5.2. Dimensões das partículas ........................................................................................... 18

2.5.3. Massa Unitária ........................................................................................................... 20

2.5.4. Composição mineralógica .......................................................................................... 21

2.6. PROPRIEDADES FÍSICAS DOS AGREGADOS MIÚDOS ...................................... 22

2.6.1. Massa Específica real ................................................................................................. 23

2.6.2. Massa Unitária ........................................................................................................... 24

2.6.3. Absorção de água ....................................................................................................... 24

2.6.4. Inchamento ................................................................................................................. 24

2.6.5. Umidade Superficial .................................................................................................. 24

2.6.6. Granulometria ............................................................................................................ 25

2.7. SUBSTÂNCIAS NOCIVAS PRESENTES NOS AGREGADOS MIÚDOS ............... 27

2.7.1. Argila em torrões e materiais friáveis ........................................................................ 27

2.7.2. Materiais pulverulentos .............................................................................................. 28

2.7.3. Matéria orgânica ........................................................................................................ 28

2.7.4. Material carbonoso .................................................................................................... 29

2.7.5. Óleos .......................................................................................................................... 29

2.7.6. Cloreto ....................................................................................................................... 29

2.7.7. Reatividade álcali-agregado ....................................................................................... 30

2.8. MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DOS AGREGADOS MIÚDOS (AREIAS) ................. 31

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2.9. IMPACTOS AMBIENTAIS ORIUNDOS DA EXTRAÇÃO DE AREIAS ................ 34

2.9.1. Alternativas de substituição dos agregados miúdos naturais ..................................... 36

2.10. LICENCIAMENTO MINERAL PARA EXPLORAÇÃO DE AREIAS .................. 37

3. CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DA RMC ..................................................... 39

3.1. ASPECTOS ECONÔMICOS ........................................................................................ 40

3.2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS .................................................................................... 41

3.2.1. Clima .......................................................................................................................... 41

3.2.2. Geologia e Relevo ...................................................................................................... 42

3.2.3. Vegetação ................................................................................................................... 45

3.2.4. Hidrologia .................................................................................................................. 47

3.2.5. Pedologia ................................................................................................................... 48

4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 51

4.1. ESCOLHA DAS OCORRÊNCIAS DOS AGREGADOS ............................................ 51

4.2. COLETA DAS AMOSTRAS ........................................................................................ 53

4.3. REDUÇÃO DAS AMOSTRAS PARA ENSAIO EM LABORATÓRIO .................... 56

4.4. REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS ................................................................................... 57

4.4.1. Massa especifica ........................................................................................................ 58

4.4.2. Umidade Superficial .................................................................................................. 59

4.4.3. Massa Unitária ........................................................................................................... 59

4.4.4. Composição granulométrica ...................................................................................... 59

4.4.5. Inchamento ................................................................................................................. 60

4.4.6. Material Pulverulento ................................................................................................ 61

4.4.7. Matéria orgânica ........................................................................................................ 62

4.4.8. Argila em torrões e materiais friáveis ........................................................................ 62

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 63

5.1. MASSA ESPECIFICA REAL ...................................................................................... 63

5.2. UMIDADE SUPERFICIAL .......................................................................................... 64

5.3. MASSA UNITÁRIA ..................................................................................................... 64

5.4. COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA ...................................................................... 65

5.5. INCHAMENTO ............................................................................................................ 70

5.6. MATERIAL PULVERULENTO .................................................................................. 72

5.7. MATÉRIA ORGÂNICA ............................................................................................... 73

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5.8. ARGILA EM TORRÕES E MATERIAIS FRIÁVEIS ................................................. 74

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 76

6.1. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ........................................................... 77

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1. INTRODUÇÃO

A população do Ceará dobrou nos últimos 40 anos, saltando de cerca de 4.361.603

habitantes, em 1970, para 8.842.791, em 2014, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE, 2010). Uma das regiões que acompanharam esse crescimento

populacional foi Região Metropolitana do Cariri (RMC), no sul do estado, que concentra

6,67% da população estadual (IBGE, 2010), segunda mais populosa do estado, e que se

compõe dos municípios de Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Jardim, Juazeiro do

Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri. Essa Região concentra uma população

de 598.107 habitantes, dos quais cerca de 76,45% residem no CRAJUBAR, nome dado ao

conjunto das suas três principais cidades, que são Barbalha, Juazeiro do Norte e Crato (IBGE,

2016). Juazeiro do Norte, em particular, possui um importante pólo educacional, um dos

maiores destinos turísticos religiosos do Brasil, um diversificado parque industrial, com

destaque para os ramos de calçados, medicamentos, artesanato e alumínio, sendo responsável

por aproximadamente 50% de tudo que é gerado na região (MASCARENHAS, 2016).

O notório desenvolvimento da RMC, seu potencial de crescimento e sua importância

no cenário socioeconômico do estado do Ceará, são evidências da crescente demanda de

materiais de construção, em especial, o concreto, que é o segundo material de construção mais

consumido no mundo e que atinge o consumo de 2.700 kg/habitante, sendo o segundo, a água,

que atinge 11.000 kg/habitante (ABCP, 2005). Os agregados, em geral, constituem cerca de

três quartos do volume dos concretos, sendo o agregado miúdo (areia), cerca de 40% do seu

volume (PETRUCCI, 1980).

Nesse contexto, salienta-se que, enquanto aumenta a demanda por obras na região, a

disponibilidade de materiais como o agregado miúdo caminha no sentido inverso, dada a

quase exaustão dos areais atualmente explorados, e cuja extração constitui um verdadeiro

processo de “garimpagem”, que contribui para a heterogeneidade do material e

consequentemente, para o prejuízo na qualidade final dos concretos, de modo geral.

Essa realidade, aliada à observância do mau aspecto visual da qualidade das areias nas

cidades do CRAJUBAR, despertou para a necessidade da realização desse trabalho, o qual

teve como objetivo a caracterização física das principais areias disponíveis para uso corrente

em concretos, na RMC, visando o seu enquadramento nas especificações técnicas vigentes.

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1.1 . JUSTIFICATIVA

Os agregados, em geral, constituem cerca de três quartos do volume dos concretos,

sendo o agregado miúdo, cerca de 40% do seu volume (PETRUCCI, 1980). Dado o

significante efeito da qualidade das areias na qualidade final do concreto e no seu custo de

produção, considera-se de vital importância a investigação das suas propriedades, para

verificação do seu enquadramento nas normas técnicas vigentes, com vistas à estabilidade e

durabilidade das obras executadas na região. Vale salientar que, enquanto aumenta a demanda

por obras na região, a disponibilidade de materiais como o agregado miúdo caminha no

sentido inverso, dada a quase exaustão das jazidas atualmente exploradas, cuja extração

constitui um verdadeiro processo de “garimpagem”, que contribui para a heterogeneidade do

material e consequentemente, para o prejuízo na qualidade final dos concretos, de modo geral,

produzidos na RMC.

1.2 . OBJETIVOS

1.2.1. Geral

Realizar a caracterização física das areias das principais fontes de extração, atualmente

utilizadas na RMC, com vistas à sua utilização em concreto.

1.2.2. Específicos

Verificar os teores de material pulverulento nas areias estudadas;

Apontar a eventual existência de substâncias nocivas nas areias estudadas;

Descrever os requisitos mínimos de qualidade dos agregados miúdos (areias)

para uso em concretos.

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2. AGREGADOS MIÚDOS

Este capítulo tem como objetivo reunir informações bibliográficas sobre os agregados

miúdos, apresentando-se inicialmente a sua definição e importância para a qualidade dos

concretos. Em seguida apresenta-se a classificação, a importância para a sociedade, bem como

as formas de extração e seus impactos ambientais, e também um breve relato sobre o

necessário processo do seu licenciamento ambiental.

2.1. CONCEITUAÇÃO

Segundo Senço (1997), agregados são materiais inertes, granulares, sem forma e

dimensões definidas, com propriedades adequadas para compor camadas ou misturas para

utilização em obras.

A norma NBR 7211 (ABNT, 2005), que fixa as características exigíveis na recepção e

produção de agregados, define areia ou agregado miúdo como areia de origem natural ou

resultante da britagem de rochas estáveis, ou a mistura de ambas, cujos grãos passam pela

peneira ABNT de 4,8 mm e ficam retidos na peneira ABNT de 0,150 mm.

Os agregados miúdos compreendem as areias, que são classificadas conforme a

dimensão dos seus grãos, em muito fina, fina, média e grossa (NBR 7225, ABNT, 1993).

Os agregados correspondem a três quartos do volume do concreto e são utilizados

devido as suas propriedades físicas e/ou químicas e também por conta do seu baixo valor.

Para seu uso ser viável, é necessário, portanto, o conhecimento das suas propriedades, pois o

uso inadequado dos agregados tem causado rápida deterioração no concreto de cimento

Portland, sob severas condições de temperatura (PETRUCCI, 1980)

Bauer (2000) reitera que os agregados são os materiais menos homogêneo com que se

lida na fabricação do concreto e das argamassas. Esse autor reitera que a principal aplicação

dos agregados na fabricação do concreto é de natureza econômica, tendo em vista tratar-se de

materiais de baixo custo unitário bem inferior ao do cimento.

2.2. INFLUÊNCIA DOS AGREGADOS MIÚDOS PARA O CONCRETO

Os agregados têm como objetivo contribuir com grãos capazes de resistir aos esforços

solicitantes, ao desgaste e à ação das intempéries, reduzir os custos e as variações de volume,

provenientes de várias outras causas (PETRUCCI, 1980).

Os agregados miúdos podem exercer uma considerável influência na resistência,

estabilidade dimensional e durabilidade do concreto, uma vez que na sua composição é o

aglomerante misturado com um ou mais materiais inertes (agregados miúdos e graúdos) e

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água. Além destas propriedades importantes do concreto endurecido, os agregados também

têm um papel fundamental na determinação do custo e da trabalhabilidade das suas misturas,

não devendo, portanto, serem tratados com menor atenção do que os cimentos

(BAUER, 2000).

Segundo Petrucci (1980), os agregados miúdos exercem uma importante função nas

argamassas e concretos. Esse autor destaca que os agregados miúdos desempenham influência

benéfica sobre algumas características do concreto, como a retração, o aumento da resistência

ao desgaste, entre outros, sem acometer a resistência aos esforços mecânicos. Essa influência,

frisa o autor, se dá pelas características físico-mecânicas que os agregados miúdos

apresentam, destacando-se entre elas a composição granulométrica, o índice de material

pulverulento, a forma e a textura superficial.

As principais vantagens dos agregados para a construção civil é o seu menor preço

unitário dentre todos os minerais industriais, seu grande número de ocorrências, sua ampla

gama de tipos diferentes, coincidência ou grande proximidade da jazida do mercado

consumidor entre outros (ALMEIDA E LUZ, 2009).

A principal função dos agregados no concreto, segundo Morais e Oliveira (2015) é a

incorporação de volume à mistura, para minimizar o consumo de pasta de cimento, o que

denota a importância das dosagens dos materiais para a correta proporção da mistura de

concreto e o consequente alcance das suas desejadas propriedades.

2.3. IMPORTÂNCIA DOS AGREGADOS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL

Os agregados são de extrema relevância para a sociedade, pois estão diretamente

ligados à qualidade de vida da população, tendo em vista a sua ampla utilização em obras de

pavimentação, saneamento básico, moradia, aeroportos, pontes, viadutos, educação etc.

(FERREIRA e SILVA, 2004).

Os agregados miúdos destacam-se, em especial, como um dos principais componentes

das argamassas e dos concretos, inclusive o estrutural, na confecção de lajes, vigas, pilares,

sapatas, elementos especiais de concreto (VALVERDE, 2001)

Almeida e Luz (2009) destacam a afirmação de United States Geological Survey

(USGS) de que os agregados são os recursos minerais mais acessíveis à humanidade, sendo as

matérias-primas mais usadas na indústria da construção civil, uma vez que o concreto é, em

volume, o segundo material mais consumido pela humanidade, depois da água.

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2.4. OS AGREGADOS COMO FONTE DE GERAÇÃO DE RENDA

Segundo Serna e Rezende (2009) a mineração de agregados para a construção civil é o

segmento da indústria mineral que comporta o maior número de empresas e trabalhadores e o

único a existir em todos os estados brasileiros.

Nesse contexto Almeida e Luz (2009) detalham que, no Brasil, há cerca de

2.000 empresas registradas que se dedicam à extração de areia, na grande maioria, pequenas

empresas familiares, as quais geram próximo de 45.000 empregos diretos (60% destas

produzem menos de 100.000 toneladas/ano, 35% produzem entre 100.000 e 300.000

toneladas/ano e 5% produzem mais de 300.000 toneladas/ano).

Comparando-se com a produção de brita, aqueles autores afirmam que esta atividade

envolve, oficialmente, cerca de 500 empresas (das quais 60% destas produzem menos de

200.000 toneladas/ano) e geram cerca de 20.000 empregos diretos. Assim, pode-se concordar

com Valverde (2001) quando este afirma que o consumo de agregados pode ser usado como

um bom indicador do nível de desenvolvimento econômico e social de um povo.

Dessa forma, pode-se concordar com Valverde (2001), quando este afirma que

agregados para a construção civil é um termo usado para identificar um segmento do setor

mineral que produz matéria-prima mineral bruta ou beneficiada de emprego imediato na

construção civil.

2.5. CLASSIFICAÇÃO DOS AGREGADOS

Os agregados para uso em argamassas e concretos classificam-se quanto à origem, à

massa específica, à composição mineralógica e quanto à dimensão dos grãos.

2.5.1. Origem

De acordo com a origem, os agregados são classificados em naturais, artificiais,

reciclados e especiais.

a) Naturais: são encontrados em forma particulada na natureza, provenientes da erosão

ou do transporte de detritos das rochas, como a areia e o cascalho, encontrados

próximo à rocha matriz (SENÇO, 1997). Inserem-se entre esses os seguintes

agregados, a areia lavada, o seixo rolado (pedregulho), a areia de mina (cava), a areia

de duna, a areia de barranco, a escória vulcânica, a pedra pome, etc. As areias naturais

quartzosas estão entre os agregados mais usados para confecção de concretos e

argamassa, principalmente a areia lavada proveniente de portos de areia (areais).

Segundo Almeida e Luz (2009), no Brasil, atualmente 90% da produção nacional de

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areia natural têm sido obtida a partir da extração em leito de rios e os 10% restante, de

outras fontes.

b) Artificiais ou industrializados: são aqueles que precisam de um trabalho prévio,

antes do seu uso (britagem, classificação, etc.), para assumirem a qualidade, a forma e

as dimensões adequadas, tais como a pedra britada, o pó de pedra, a escória de aço, a

argila expandida, etc. (SENÇO, 1997).

A utilização dos finos de britagem no concreto estrutural é cada vez mais crescente,

face ao aumento do consumo de areia natural, às restrições, ambientais, à exaustão de

reservas próximas aos grandes centros consumidores e ao incremento dos custos de

transportes.

c) Reciclados: são obtidos de rejeitos, subprodutos da produção industrial, mineração,

processo de construção ou demolição da construção civil (SILVA, 2012).

d) Especiais: agregados cujas propriedades podem conferir ao concreto ou argamassa

um desempenho que permita ou auxilie no atendimento de solicitações específicas em

estruturas não usuais (SILVA, 2012).

2.5.2. Dimensões das partículas

Os agregados, quanto às dimensões das suas partículas, podem ser classificados como

graúdos, miúdos e filler (PETRUCCI, 1980)

a) Graúdos: materiais granulares provenientes de rochas, cujos grãos passam pela

peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de

malha de 4,75 mm (ABNT NBR 7211, 2005). As pedras britadas são classificadas,

comercialmente, como britas 0, 1, 2, 3, 4 e 5, de acordo com a faixa de tamanho dos

seus grãos (máximo e mínimo), sendo a pedra britada de tamanho superior a 76 mm,

denominada de pedra de mão.

b) Miúdos: grãos de origem natural ou derivados de britagem que passam pela peneira

com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha

de 0,15 mm (ABNT NBR 7211, 2005). Aqui, enquadram-se as areias, as quais são

usadas como agregado miúdo para emprego em argamassas e concretos.

Diferentemente da NBR 7211 (ABNT, 2005), Bauer (2000) define, geologicamente, a

areia como um sedimento clástico inconsolado de grãos, em geral, quartzosos, de diâmetro

entre 0,06 e 2,0 mm, reforçando que para ser utilizada como material de construção a areia

precisa ter grãos formados de material consistente.

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Já Frazão (2002) define areia como material granular de dimensões entre

4,8 e 0,075 mm. São denominadas de naturais quando provém da degradação natural, ou

artificial, quando se origina da fragmentação mecânica de rochas.

Diante da distinta classificação da areia, quanto ao tamanho dos seus grãos, prefere-se,

para efeito desse trabalho, adotar a classificação feita pela NBR 7225 (ABNT, 1993), a qual

enquadra as areias em quatro classes: muito fina, fina, média a grossa, conforme descrição na

tabela 1.

Tabela 1 – Classificação do agregado miúdo quanto à dimensão dos grãos.

Tipo de Areia

Tamanho Nominal (mm) Módulo de Finura (MF)

Mínima Máxima

Muito fina 0,15 0,6 MF < 2,0

Fina 0,6 1,2 2,0 < MF < 2,4

Média 1,2 2,4 2,40 < MF < 3,2

Grossa 2,4 4,8 MF > 3,2

Fonte: NBR 7225, 1993.

Conforme Silva (2012), as areias finas, geralmente, são utilizadas em serviço de

acabamento de obras, normalmente para reboco, sendo ideal para assentamento de cerâmica e

acabamentos interno e externo, enquanto as areias médias são utilizadas para concreto em

geral, e estão presentes em praticamente todas as fases da obra, tornando-se, dessa forma, a

mais usada. As areias grossas são geralmente utilizadas em trabalhos que exigem uma maior

resistência ou que dispensam um grau de refinação, como confecção de lajes de armaduras

densas e camadas de pavimentos asfálticos.

Na figura 1 é mostrado o aspecto visual das areias fina, média e grossa, para que se

faça uma leve distinção entre o tamanho dos seus grãos.

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Figura 1 – Agregado miúdo (areia) quanto à dimensão dos seus grãos.

Fonte: portodeareia.com

c) Filler: É constituído por partículas minerais de dimensões inferiores a 0,075 mm. Suas

partículas estão entre 0,005 mm e 0,075 mm. Este, geralmente é estudado por

sedimentação, pois por peneiramento não é possível analisar o material abaixo de 40 µm

(SILVA, 2012). Como exemplos de filler podem ser citados a cal hidratada e o cimento

Portland.

2.5.3. Massa Unitária

Segundo Bauer (2000) para classificar o agregado conforme a massa unitária leva-se

em consideração a relação entre a massa de um determinado agregado e o volume ocupado

pelos seus grãos, incluindo-se os vazios. Nesse sentido, os agregados podem ser:

a) Leves: quando sua massa unitária é menor que 1.000 kg/m³. Podem ser citados

como agregados leves: pedra-pomes, argila expandida, escória siderúrgica, ardósia, lixo

sintetizado, folhelhos, etc.;

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b) Normais: quando à massa unitária fica entre 1.000 kg/m³ e 2.000 kg/m³. Citam-se

como agregados normais: as areias e cascalhos, seixos rolados, rocha britada de gnaisse, de

granito e de calcários, etc.; e

c) Densos ou pesados: quando a massa unitária é maior que 2000 kg/m³, por exemplo:

brita de barita, magnetita, hematita, limonita, agregados de aço, etc.

2.5.4. Composição mineralógica

De acordo com Frazão (2002) o conhecimento da natureza dos agregados é de

fundamental importância para a produção de concretos e argamassas, apesar deles serem, com

frequência, considerados inertes. O autor explica que em alguns casos os agregados possuem

características físico-químicas (modificação de volume por variação de umidade) e químicas

(reação com os álcalis do cimento) que influem diretamente na qualidade final dos concretos e

das argamassas.

Frazão (2002) ainda afirma que as areias, usadas como agregado miúdo, geralmente,

contêm impurezas, em maior ou menor grau, por serem originadas de diferentes fontes, e que

essas impurezas podem interferir, química ou fisicamente, nas propriedades do concreto.

Senço (1997) classifica os agregados quanto à composição mineralógica das rochas

que lhe deram origem, conforme descrição abaixo.

a) Ígneas: São as rochas que se formaram pelo resfriamento da massa fundida de rocha

(lava). Podem apresentar estrutura cristalina ou ser amorfas, conforme a velocidade de

resfriamento;

b) Sedimentares: São as rochas transportadas que sofreram, posteriormente, a ação de

agentes do intemperismo e grandes pressões. São estratificadas em camadas que se

originaram da fragmentação de outras rochas e são consolidadas por pressão de

sobrecarga das camadas superiores; e

c) Metamórficas: São aquelas que, transportadas ou não, sofreram modificações em

sua textura estrutural e até em sua composição mineral, devido aos agentes do

intemperismo. São, portanto, resultantes da metamorfose de rochas ígneas ou de

rochas sedimentares.

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2.6. PROPRIEDADES FÍSICAS DOS AGREGADOS MIÚDOS

A qualidade de um agregado também pode ser avaliada a partir de informações sobre

seu desempenho apresentado em obras e em condições de serviços semelhantes ao pretendido,

além das informações fornecidas pelos ensaios tecnológicos.

De acordo com Frazão (2002) as propriedades dos agregados miúdos utilizados na

construção civil podem ser classificadas em geológicas, físicas e mecânicas, a tabela 2 mostra

o resumo das principais propriedades.

Já a NBR 7211 (ABNT, 2005) descreve as seguintes propriedades físicas dos

agregados miudos: massa específica, massa unitária, absorção de água, inchamento, teor de

particulas leves e umidade superficial.

Para efeito desse trabalho, prefere-se adotar a NBR 7211 (ABNT, 2005), quanto ao

enquadramento das propriedades dos agregados miúdos, em conformidade com o descrito nas

tabelas 2 e 3, a seguir.

Tabela 2 – Propriedades dos agregados miúdos.

PROPRIEDADES

DOS AGREGADOS

MIÚDOS

GEOLÓGICAS

Químicas

Mineralógicas

Petrográficas

FÍSICAS E

MECÂNICAS

Densidade

Massa Específica

Porosidade

Permeabilidade

Absorção d'água

Dureza

Calor específico

Condutibilidade Térmica

Dilatação Térmica

Expansibilidade

Fonte: FRAZÃO, 2002.

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Tabela 3 – Propriedades físicas e ensaios especiais dos agregados miúdos.

PROPRIEDADES FÍSICAS MÉTODO

Massa especifica NBR NM 52

Massa unitária NBR 7251

Absorção de água NBR NM 30

Inchamento NBR 6467

Teor de partículas Leves NBR 9936

Umidade superficial NBR 9775

Fonte: ABNT, NBR 7211 (2005)

Os ensaios descritos na tabela 3 são geralmente solicitados para concretos com

requisitos específicos, sendo essenciais para a dosagem e correção do concreto.

Segundo Frazão & Paraguassu (1998 apud FRAZÃO, 2002) para exercer

adequadamente sua funções no concreto os agregados devem apresentar os seguintes

requisitos:

a) Distribuição granulométrica tal que que permita uma boa compacidade do

concreto, pela obtenção de uma massa com melhor índice de vazios possvel,

propriciando economia do cimento e água, sem prejudicar uma eficiente ligação

entre as particulas;

b) Forma das partículas a mais equidimensional possível, para permitir boa

trabalhabilidade, boa compacidade e alta resistência do concreto a esforços

solicitantes;

c) Adequada resistência mecânica, para suportar as solicitações físicas durante a

preparação do concreto e aos esforços solicitantes sobre o concreto endurecido,

quando aplicado na obra;

d) Adequada composição mineralógica, para satisfazer as condições químicas

reinantes durante a cura do concreto e suportar as ações químicas externas;

e) Ausência de impurezas que possam empobrecer a qualiadade do concreto e

interferir no seu desempenho posterior; e

f) Propriedades térmicas dentro de limites que não afetem o concreto durante seu

endurecimento e não lhe causem anisotropias físicas nocivas.

2.6.1. Massa Específica real

A massa específica real, segundo Petrucci (1980) é a massa da unidade de volume,

excluindo deste os vazios permeáveis e os vazios entre os grãos. Sua determinação é feita

através do picnômetro da balança hidrostática ou pelo frasco de Chapman. A NBR 9776

(ABNT, 1987) determina que a massa específica é a relação entre a massa do agregado seco

em estufa (100º C a 110º C), até constância de massa, e o volume igual do sólido.

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2.6.2. Massa Unitária

Massa unitária ou massa especifica aparente é a relação entre a massa do agregado

seco e seu volume, incluindo os poros permeáveis. A massa unitária tem grande importância

na tecnologia, pois é por meio dele, que se podem converter as composições das argamassas e

concretos dadas em peso para o volume e vice-versa, segundo Petrucci (1980). A

determinação dessa massa é de grande importância, uma vez que é a partir dela que se faz a

transformação dos traços em peso para volume e vice-versa.

2.6.3. Absorção de água

Absorção é o processo pelo qual um líquido é conduzido e tende a ocupar os poros

permeáveis de um corpo sólido poroso.

Segundo Petrucci (1980) o teor de umidade, pode ser considerado com os seguintes

estados:

seco em estufa, onde a umidade externa e interna foi eliminada por uma

aquecimento de 100ºC;

seco ao ar, quando não apresenta umidade superficial, tendo, porém, umidade

interna, não estando saturada;

saturado superfície seca, quando a superfície não apresenta água livre, estando,

porém, os vazios permeáveis cheios dela; e

saturado, quando apresenta água livre na superfície.

2.6.4. Inchamento

Dá-se o nome de inchamento ao aumento de volume que sofre a areia seca ao absorver

a água (BAUER, 2000). Petrucci (1980) complementa que a água livre nos grãos provoca

afastamento entre eles, resultando assim o inchamento do conjunto.

O inchamento é de extrema importância para a dosagem do concreto, quando esta é

feita por volumes de agregados, uma vez que o seu coeficiente médio de inchamento é

necessário para a correção do volume de agregado miúdo.

2.6.5. Umidade Superficial

É a água absorvida pelos grãos dos agregados miúdos. Conforme a NBR 9775

(ABNT, 1987) umidade superficial é a água aderente à superfície dos grãos e é expressa em

porcentagem da massa do agregado úmido em relação à massa do agregado seco.

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2.6.6. Granulometria

Denomina-se composição granulométrica de um agregado miúdo a proporção relativa,

expressa em porcentagem, dos diferentes tamanhos de grãos que se encontra constituindo o

todo. Pode ser expressa pelo material que passa ou pelo material retido nas peneiras

(PETRUCCI, 1980).

A granulometria tem por objetivo conhecer a distribuição granulométrica e representá-

la através de uma curva, possibilitando a determinação de suas características físicas

(VARELA, 2017). A análise da curva demonstra se o solo estudado é contínuo, uniforme ou

aberto, conforme se demonstra na figura 2.

Figura 2 - Classificação do solo segundo o diâmetro das partículas.

Fonte: CAPUTO, 1977.

A NBR 7211 (ABNT, 2005) apresenta a tabela 4 para determinar a distribuição

granulométrica do agregado miúdo. Essa tabela expressa o tamanho mínimo e máximo que os

grãos devem ter para serem classificados como agregado miúdo. Essa classificação se dá

através do peneiramento do solo, com peneiras de diferentes aberturas.

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Tabela 4 - Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo.

ABERTURA

DAS

PENEIRAS

(ABNT)

Porcentagem, em massa, retida acumulada

ZONA UTILIZÁVEL ZONA ÓTIMA

MÍNIMO MÁXIMO MÍNIMO MÁXIMO

9,5 mm 0 0 0 0

6,3 mm 0 7 0 0

4,8 mm 0 10 0 5

2,4 mm 0 25 10 20

1,2 mm 5 50 20 30

0,6 mm 15 70 35 55

0,3 mm 50 95 65 85

0,15 mm 85 100 90 95

Fonte: ABNT 7211, 2005.

Conforme Frazão (2002), além da distribuição do tamanho dos grãos, a análise

granulométrica permite obter dois parâmetros de interesse: a dimensão máxima e o módulo de

finura.

O módulo de finura (MF) serve para se obter uma apreciação global sobre a

composição granulométrica é encontrado pela soma das frequências relativas acumuladas,

obtidas no ensaio de peneiramento normal, isto é, pela soma das porcentagens acumuladas

dividida por 100 (NBR 7211, 2005).

A NBR 7225 (ABNT, 1993), classifica os módulos de finura dos agregados miúdos

conforme descrito na tabela 5.

Tabela 5 – Classe dos agregados miúdos quanto ao módulo de finura.

AGREGADO MIÚDO MÓDULO DE FINURA

Fino MF < 2,0

Médio 2,4 < MF < 3,2

Grosso MF > 3,2

Fonte: NBR 7225 (ABNT, 1993)

A NBR 7211 (ABNT, 2005) traz valores do módulo de finura para se enquadrar dentro

da zona utilizável inferior, zona utilizável superior e zona ótima conforme visto na tabela 6, a

seguir.

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Tabela 6 – Faixa dos valores do Módulo de Finura.

AGREGADO MIÚDO MÓDULO DE FINURA

Zona utilizável inferior 1,55 ≤ MF < 2,20

Zona ótima 2,20 ≤ MF < 2,90

Zona utilizável superior 2,90 ≤ MF < 3,50

Fonte: NBR 7211 (ABNT, 2005)

Segundo a NBR 7211, dimensão máxima característica é:

grandeza associada à distribuição granulométrica do agregado, correspondente à

abertura nominal, em milímetros, da malha da peneira da série normal ou

intermediária, na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada

igual ou imediatamente inferior a 5% em massa.

Esses dois parâmetros, dimensão máxima característica (DMC) e módulo de finura

(MF) são essenciais para a análise da granulometria e para dosagem do concreto.

2.7. SUBSTÂNCIAS NOCIVAS PRESENTES NOS AGREGADOS MIÚDOS

Devido a grande influência na trabalhabilidade, durabilidade e resistência do concreto,

o agregado miúdo deve ser isento e livre de impurezas, dada a possibilidade de causarem

patologias no concreto, tais como, desagregação e corrosão da armadura, quando na presença

de umidade (MEIER, 2011).

Segundo Bauer (2000) as impurezas das areias podem ser classificadas em coloidais e

não coloidais. As não coloidais têm grãos de dimensões da ordem do micrômetro (µm) e

podem ser retiradas por lavagem, já as coloidais não são elimináveis. As impurezas não

coloidais que mais ocorrem são: argila em torrões e materiais friáveis, materiais pulverulentos

e matérias orgânicas.

2.7.1. Argila em torrões e materiais friáveis

Conforme a NBR 7218 (ABNT, 1987) argila em torrões e materiais friáveis são

partículas presentes nos agregados, suscetíveis de serem desfeitas pela pressão entre os dedos

polegar e indicador.

O excesso de torrões de argila, principalmente os de grandes dimensões, quando não

dissolvidos durante a mistura do concreto, ocasionam pontos fracos em seu interior e quando

dissolvidos envolvem os grãos resistentes dos agregados reduzindo a aderência e,

consequentemente, a resistência do concreto (RESENDE, 2009).

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2.7.2. Materiais pulverulentos

A NBR 7219 (ABNT, 1987) define material pulverulento como partículas minerais

com dimensão inferior a 0,075 mm, inclusive os materiais solúveis em água, presentes nos

agregados.

Já Petrucci (1980) diz que o material pulverulento é constituído de partículas de argila

e silte. A argila, encontrada geralmente em maior quantidade e reduzida a pó muito fino,

contribui para preencher os vazios da areia e influi para que o cimento envolva melhor os

grãos de areia, no entanto, se a argila formar uma película envolvendo cada grão e não se

separar durante a mistura, sua ação é altamente prejudicial. Frazão (2002) complementa que

quando as partículas se encontram na dimensão de silte, é menos prejudicial, pois não

interferem na cristalização do produto do cimento, não afeta a aderência e, às vezes, tem

função benéfica ao corrigir a granulometria do agregado miúdo ou do cimento.

Effting (2014) completa que quando presente em grande quantidade no concreto, o

material pulverulento reduz a sua resistência e aumenta a exigência de água para obtenção da

mesma consistência, propiciando maiores alterações de volume, intensificando a retração.

2.7.3. Matéria orgânica

De acordo com Petrucci (1980) as impurezas orgânicas da areia, normalmente

formadas por partículas de húmus, exercem uma ação prejudicial sobre a pega e o

endurecimento das argamassas e concretos. Uma parte de húmus, que é ácida, neutraliza a

água alcalina da argamassa e a parte restante envolve os grãos de areia, formando uma

película sobre eles, impedindo, desta forma, uma perfeita aderência entre o cimento e as

partículas de agregado. Frazão (2002) acrescenta que matéria orgânica são impurezas que

interferem quimicamente as propriedades do concreto e são passiveis de ocorrer

principalmente em agregados miúdos naturais.

A NBR 7211 (ABNT, 2005) determina a quantidade máxima de substancias nocivas

aceita nos agregados empregados na preparação de argamassas e concretos, com relação à

massa do material, conforme se apresenta na tabela 7.

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Tabela 7 - Limites máximos aceitáveis de substâncias nocivas no agregado.

DETERMINAÇÃO MÉTODO DE ENSAIO

QUANTIDADE MÁXIMA

RELATIVA À MASSA DO

AGREGADO MIÚDO %

Torrões de argila e

materiais friáveis ABNT NBR 7218 3,0

Materiais

carbonosos ASTM C 123

Concreto aparente 0,5

Concreto não aparente 1,0

Material fino que

passa na peneira

0,075 mm por

lavagem (material

pulverulento)

ABNT NBR

NM 46

Concreto submetido a

desgaste superficial 3,0

Concretos protegidos do

desgaste superficial 5,0

Impurezas orgânicas

ABNT NBR NM 49

A solução obtida no ensaio

deve ser mais clara do que a

solução-padrão

ABNT NBR

7221

Diferença máxima

aceitável entre os

resultados de resistência

à compressão

comparativos

10

Fonte: ABNT 7211/2005

2.7.4. Material carbonoso

São substancias nocivas, sob forma de carvão e madeira, encontradas nos agregados e

que devem ter o seu teor limitado em 0,5% para concretos em que sua aparência seja

importante e, no máximo 1,0 % para os demais concretos. Como os torrões de argila, podem

se desfazer com os dedos (EFFITING, 2014).

2.7.5. Óleos

Segundo Effting (2014) a presença de óleos no agregado pode atacar quimicamente o

concreto, pois estes têm a capacidade de penetrar nos poros do concreto seco e, por sua ação

lubrificante, reduzirem sua resistência. Esse autor ainda afirma que o óleo pode até mesmo

destruir a aderência entre a argamassa, os grãos e a armação, resultando na desagregação do

concreto.

2.7.6. Cloreto

O cloreto tem efeitos deletérios em concretos destinados a estruturas armadas

(geralmente ocorrem na areia de dunas e praias). Devido a uma provável corrosão, as areias

com excesso de cloretos tonam-se de difícil uso na confecção de concretos estruturais. O

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cloreto ataca o aço das armações (Figura 3), lascando o concreto e expondo a armação,

reduzindo a capacidade de trabalho das peças estruturais (EFFTING, 2014).

Figura 3 – Armações expostas e enferrujadas por causa dos cloretos.

Fonte: EFFTING, 2014

2.7.7. Reatividade álcali-agregado

Consiste no processo em que alguns minerais reativos dos agregados reagem com

hidróxidos alcalinos normalmente provenientes do cimento, resultando na formação de gel

que em presença de água se expande, podendo desenvolver fissuras (Figura 4) e vazios de

argamassas, promovendo a abertura do concreto, aumentando a permeabilidade e diminuindo

a sua resistência química a agentes externos (EFFTING, 2014).

Figura 4 – Fissuras causadas por reatividade álcali-agregado.

Fonte: Andrade, 2006 apud SILVA 2012.

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A NBR 7211 (ABNT, 2005) determina o teor máximo para a expansão devida à

reação álcali-agregado e teores de cloretos e sulfatos presentes nos agregados (Tabela 8).

Tabela 8 – Limites máximos para expansão devida à relação álcali-agregado e teores

de cloretos e sulfatos presentes nos agregados.

DETERMINAÇÃO LIMITES MÉTODO DE

ENSAIO

Reatividade álcali-

agregado

Exp. máxima de 0,005% aos 3 meses ABNT NBR 9917

Exp. máxima de 0,10% aos 6 meses

Teor de cloretos

< 0,2% concretos simples ABNT NBR 9917

ABNT NBR 14832 < 0,1% concreto armado

< 0,01% concreto protendido

Teor de Sulfatos < 0,1% ABNT NBR 9917

Fonte : ABNT NBR 7211 (2005)

2.8. MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DOS AGREGADOS MIÚDOS (AREIAS)

O agregado miúdo natural (AMN) é geralmente extraído para suprir a necessidade da

construção civil, porém, pode ser utilizada para outros fins como fabricação de vidros,

tratamento de água, agricultura, entre outros.

De acordo com Sumário Mineral Brasileiro do DNPM (2010), os principais locais de

produção de areia no Brasil são leitos de rios, várzeas, depósitos lacustres e mantos de

decomposição de rochas. Almeida e Silva (2005) reitera que, no Brasil, atualmente, 90% da

produção nacional de agregado miúdo são obtidos a partir da extração em leito de rios, sendo

os 10% restantes, de outras fontes (várzeas, depósitos lacustres, mantos de decomposição de

rochas, pegmatitos e arenitos decompostos.

Santos (2015) afirma que, geralmente, o agregado miúdo natural é comercializado da

forma que é extraído, passando, às vezes, por lavagem, para retirada de argila, e por grelhas

fixas que separam as frações mais grossas e eventuais contaminantes por material orgânica e

vegetação.

Há várias formas de extrair agregado miúdo natural das jazidas, como manualmente,

extração em fossa seca, leito de cursos d’água, área de várzea e por desmonte hidráulico.

a) Extração Manual: método rudimentar, realizado através de pás (Figura 5). A

degradação causada por esse tipo de extração é muito significativa, pois degrada as

margens dos cursos d’água e destrói as matas ciliares (SILVA, 2012)

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Figura 5 – Extração manual de agregado miúdo.

Fonte: MEIER, 2011

b) Extração em fossa seca: ocorre quando o depósito se situa acima do lençol freático,

em cava ou a céu aberto (Figura 6). Caso a extração atinja o nível d’água, são

introduzidas dragas para continuar a retirada do material (CAMPOS e

FERNANDES, 2005 apud MEIER, 2011);

Figura 6 – Extração de agregado miúdo em fossa seca.

Fonte: Freitas Junior, 2013.

c) Extração em área de várzea: é o tipo de cava submersa devido o nível do lençol

freático ser muito raso (Figura 7). Utilizam-se dragas de sucção, que conduzem o

material até o local, onde a secagem ocorre por escoamento gravitacional e

evaporação (MEIER, 2011).

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Figura 7 - Extração de agregado miúdo em área de várzea.

Fonte: Freitas Junior, 2013.

d) Extração em leito de cursos d’água: é feita através de dragas de sucção, em

profundidades não muito grandes, onde o material é conduzido por tubulações até

o depósito de estocagem. Caso o local de extração se afaste do depósito de

estocagem, torna-se inviável o uso de tubulações, e nesse caso, são usadas barcas

ou flutuadores, com bombas de sucção instaladas (figura 8). Devido ao elevado

assoreamento e poluição dos rios, que também oneram a limpeza e seleção do

material lavrado, esse processo está gradativamente sendo abandonado nas

principais regiões do país (LODI, 2006).

Figura 8 – Extração em leito de cursos d’água, com dragas de sucção.

Fonte: Freitas Junior, 2013.

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e) Extração por desmonte hidráulico: consiste na degradação da jazida através de

jatos de d’água com alta pressão, esse processo proporciona desmoronamento na

base dos taludes da cava, conforme pode ser visto na figura 9. Após a separação do

material a mistura de água e areia segue para as bacias de acumulação para

posteriormente ser beneficiada e classificada” (CHUCHIERATO, 2000 apud,

MEIER 2011).

Figura 9 – Extração de agregado miúdo através do desmonte hidráulico.

Fonte: Freitas Junior, 2013.

2.9. IMPACTOS AMBIENTAIS ORIUNDOS DA EXTRAÇÃO DE AREIAS

As atividades de extração de areia são muito importantes para o desenvolvimento

socioeconômico de uma região, mas, por outro lado, geram grandes problemas ambientais.

Essas atividades inserem-se entre as de exploração mineral, não são sustentáveis, ou seja, o

que é extraído não mais será reposto, o que justifica a afirmação de Oliveira (2014), quanto à

necessidade de uma avaliação prévia da compatibilidade do seu desenvolvimento com a

preservação ambiental.

Ainda nesse contexto, Santos (2015), afirma que essas atividades geram impactos

ambientais, tanto ao homem quanto aos ecossistemas e completa que esses impactos podem

ser percebidos ao observar-se no solo a perda da cobertura vegetal, que intensifica os

processos erosivos e de lixiviação, e a sua compactação por maquinário pesado utilizado no

transporte do material, o que o impermeabiliza, impedindo a recarga dos lençóis freáticos.

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Lodi (2006) acrescenta que a extração de agregados miúdos agride a natureza,

principalmente no que se refere aos rios, modificando, muitas vezes, sua calha natural,

acelerando a erosão das margens ou provocando um aumento da vazão da água.

Annibelli (2012) afirma que a extração do agregado se faz necessária, uma vez que

este tem grande importância na construção civil, embora reconheça a geração de alguns

impactos ambientais como:

a destruição da mata ciliar, o afugento de animais, a poluição das águas e dos solos

devido ao uso inadequado de combustíveis fósseis, a prática de queimadas que

visam acabar com a cobertura vegetal, a alteração dos cursos dos rios, bem como de

sua profundidade, alterando a velocidade de escoamento dessas águas etc.

Em resumo, os principais impactos ambientais causados pela extração mineral de

agregados são: a) Supressão da vegetação, principalmente da mata ciliar; b) Alteração da

paisagem; c) Instabilidade de margens e taludes; d) Turbidez da água; e) Alteração na calha

dos cursos d’água. Esses impactos são ilustrados na figura 10, a seguir.

Figura 10 – Impactos ambientais causados pela extração de areia.

Fonte: NOGUEIRA, 2016.

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2.9.1. Alternativas de substituição dos agregados miúdos naturais

No Brasil e no mundo, segundo Viacelli (2012), é cada vez mais frequente a

inviabilidade do uso de agregado miúdo natural. Isso se deve à escassez das jazidas ou as

longas distâncias destas dos pontos de consumo. Esse autor completa que em algumas

cidades, a jazida mais próxima chega a ficar a 200 km, o que inviabiliza o uso devido aos

altos custos de transporte.

Nesse âmbito, Silva (2012) afirma que o custo de produção de areia, no Brasil, é de

aproximadamente 2/3 do preço final do produto e que uma das características da sua produção

é a extração de grandes volumes para um baixo valor agregado.

Também é possível a partir de depósitos de areia e cascalhos marinhos recentes, mas,

no Brasil, essa modalidade ainda é pouco explorada, diferentemente de alguns países da

Europa e Ásia.

As areias das praias não são muito usadas, em geral, para o consumo de concreto por

causa de uma grande finura e teor de cloreto de sódio, o mesmo ocorrendo com as areias de

dunas, próximas ao litoral.

Silva (2012) destaca alguns produtos substitutos aos agregados minerais, como os

reciclados de entulho de demolição, as argilas expandidas (resultantes do cozimento do lodo

oriundo do tratamento de esgotos, ou de material argiloso, preparado especialmente para esse

fim), os rejeitos de produtos siderúrgicos (escórias de alto-forno ou aciaria), os quais são de

limitadas quantidades. Esse autor complementa que nenhuma fonte alternativa é tão

abundante quanto os próprios agregados minerais e destaca os resíduos da indústria de

plásticos para a fabricação de pré-fabricados leves, os resíduos de pneus triturados para a

utilização no concreto e pavimentação, a areia de brita e a areia marinha.

Devido as dificuldades que o mercado vem enfrentando nesses últimos anos, o setor da

construção civil tenta se renovar e aprimorar suas técnicas, com investimentos em pesquisas

voltadas para o uso de materiais alternativos, para proporcionar sustentabilidade e economia

nas construções em geral (LIMA et al, 2016)

Nesse sentido vale ressaltar a pesquisa realizada por Viacelli (2012), que obteve bons

resultados na substituição de agregado miúdo natural (AMN) por agregado miúdo britado

(AMB), provando a viabilidade econômica da permuta. Esse autor completa que o agregado

miúdo britado tem a vantagem de ser encontrado praticamente isento de impurezas de

natureza orgânica e argilosa, bem como dos possíveis problemas originados pelas mesmas,

uma vez que se trata de um produto obtido de forma industrial, sendo, portanto, considerado

homogêneo.

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Lodi (2006), também mostrou conclusões relevantes em relação a substituição parcial

de AMN por AMB. Em seu estudo o melhor desempenho em relação a compressão axial foi a

mistura de 35% de AMN e 65% de AMB. Outra consideração importante de Lodi (2006) é

que “a utilização de areias de britagem de origem basáltica, em substituição parcial à areia

natural, permite a elaboração de concretos convencionais mais resistentes e mais

econômicos”.

Também há estudos voltados para a reutilização do resíduo da construção e demolição

(RCD). Lima (2016), fez um estudo substituindo 20% e 50% do agregado miúdo natural pelo

agregado miúdo gerado através de RCD. Com dosagem controlada e substituindo apenas 20%

de agregado reciclado, os resultados foram satisfatórios, pois o agregado se distribuiu

uniformemente na massa, preenchendo os vazios e teve uma melhor aderência à pasta de

cimento. Ainda segundo esse autor, é possível reincorporar o resíduo da construção civil na

própria obra em que foi gerado para fins não estruturais, como meios-fios, pré-moldados ou

produção de bloquete.

Com o passar do tempo a extração de AMN se tornará insustentável, fazendo com que

novas formas para obtenção de agregados sejam estudadas e utilizadas. Estudos e pesquisas

com esse viés de sustentabilidade estarão a cada dia que passa sendo mais solicitados, pois

além dos recursos naturais serem finitos, faz-se necessária a correta destinação desses

resíduos.

2.10. LICENCIAMENTO MINERAL PARA EXPLORAÇÃO DE AREIAS

De acordo com a legislação o aproveitamento dos bens minerais agregados para a

Construção civil é disciplinado pela Lei n° 6.567, de 24 de setembro de 1978, alterada pela

Lei n° 8.982, de 25 de janeiro de 1995, e regulamentado pela Portaria DNPM n° 266, de 10 de

julho de 2008.

As etapas para o licenciamento de uma jazida de agregado miúdo, no estado do Ceará,

em particular, são descritas abaixo, conforme consta no checklist disponível no site da

SEMACE:

a) Identificação da atividade mineradora, conforme resolução da COEMA 08/04

(Conselho Estadual de Meio Ambiente);

b) Anuência do município quanto à instalação do empreendimento na cidade;

c) Obtenção de mais informações sobre o processo de licenciamento no Núcleo

Gerenciador de Atendimento (NUGA), da SEMACE (Superintendência Estadual

do Meio Ambiente);

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d) Preenchimento do requerimento em um formulário padrão da SEMACE;

e) Solicitação do checklist da documentação necessária para emissão da Licença

Prévia (LP);

f) Vistoria do local do empreendimento, para conferir as informações fornecidas ao

NUGA;

g) Emissão da LP, após aprovação da vistoria do local;

h) Requerimento da Licença de Instalação, com a entrega de todos os documentos do

checklist;

i) Requerimento da Licença de Operação (OP), após a análise documental e emissão

de Parecer Técnico, pela SEMACE, o qual permite o início da extração e

comercialização do material.

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3. CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DA RMC

A Região Metropolitana do Cariri (RMC), segunda maior região do estado, está

localizada no nordeste do país, especificamente no sul do Ceará (Figura 11).

A RMC é formada por nove municípios (Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Santana

do Cariri, Nova Olinda, Farias Brito, Jardim, Missão Velha e Caririaçu) e abrange uma

superfície de 5.460,07 km², que corresponde a 3,66% do território cearense (IBGE, 2010).

Para a elaboração dos mapas temáticos referente às propriedades geoambientais da

RMC foram utilizados dados obtidos nos órgãos competentes, detentores das informações

necessárias: MMA (Ministério do Meio Ambiente), CPRM (Serviço Geológico do Brasil),

ANA (Agência Nacional de Águas), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e

IPECE (Instituto de Pesquisa Econômicas do Ceará).

Figura 11 – Localização da RMC no estado do Ceará e Brasil.

Fonte: o autor

De acordo com dados do IBGE (2016), com base no censo de 2010, esses nove

municípios possuem uma população estimada de 598.107 habitantes, dos quais 76,45% destes

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residem no triângulo CRAJUBAR (Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha), resultando numa

densidade demográfica de 172,32 hab/km². A tabela 9 mostra a população estimada, a área e a

densidade demográfica de cada um dos municípios da RMC.

Tabela 9 – Informações sobre os municípios da RMC.

Municípios População

Estimada (2016)

Área da unidade

territorial 2016 (km²)

Densidade demográfica

2016 (hab/km²)

Barbalha 59.343 569,51 104,20

Caririaçu 26.876 623,56 43,10

Crato 129.662 1.176,47 110,21

Farias Brito 18.789 503,62 37,31

Jardim 27.074 552,42 49,01

Juazeiro do Norte 268.248 248,83 1078,04

Missão Velha 35.326 645,7 54,71

Nova Olinda 15.310 284,4 53,83

Santana do Cariri 17.479 855,56 20,43

Total 598.107 5.460 172,32

Ceará 8.963.663 - -

Fonte : IBGE (2016)

3.1. ASPECTOS ECONÔMICOS

Cada um dos nove municípios constituintes da RMC tem seu grau de importância

econômica e social para a região, porém, dentre estes, destacam-se os municípios do

CRAJUBAR: Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, cujas sedes municipais detêm 76,45% da

população da RMC. O PIB da RMC equivale a 5,77% do total do estado do Ceará (IBGE,

2014), sendo a cidade de Juazeiro do Norte a que mais contribui para este valor.

Juazeiro do Norte, a mais populosa cidade da região, com 268.248 habitantes (IBGE,

2016), possui um importante pólo educacional, um dos maiores destinos turísticos religiosos

do Brasil, um diversificado parque industrial, com destaque para os ramos de calçados,

cerâmica, medicamentos, artesanato e alumínio, sendo por tudo isso, responsável por

aproximadamente 50% de tudo que é gerado na região (MASCARENHAS, 2016).

A cidade do Crato, com 129.662 habitantes (IBGE, 2016), também se destaca no

cenário regional pela produção agrícola, propiciada pela irrigação dos seus vales no sopé da

serra do Araripe, pela sua feira agropecuária, pelos seus diversos balneários, favorecidos pelas

baixas temperaturas no inverno, e pela detenção, segundo IBGE (2010), da terceira melhor

posição do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), no estado do Ceará, que é de 0,713.

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A cidade de Barbalha, com uma população de 59.343 habitantes (IBGE, 2016),

desponta na região como referência estadual em saúde, e por atrair empresas de grande porte,

como o CEASA (Central Estadual de Abastecimento) e a Fábrica de cimento Nassau

(MASCARENHAS, 2016).

3.2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

3.2.1. Clima

São predominantes na região três climas: tropical quente subúmido, tropical semiárido

brando e semiárido (MASCARENHAS, 2016). A figura 12 mostra o mapa temático

exemplificando os tipos climáticos de cada município da RMC.

Figura 12 – Tipos climáticos da RMC.

Fonte: o autor

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Segundo a FUNCEME (2017) o índice de pluviosidade média anual da região é de

8.751,8 mm, segundo as médias calculadas com base nos dados dos anos de 1974 a 2012. O

período chuvoso fica entre os meses de janeiro a maio.

Na tabela 10 são mostrados os índices de pluviosidade média anual dos municípios da

RMC.

Tabela 10 - Pluviosidade média dos municípios da RMC.

MUNICÍPIO PRECIPITAÇÃO MÉDIA

ANUAL (EM mm)

Barbalha 1054,1

Caririaçu 1058,9

Crato 1129,1

Farias Brito 990,1

Jardim 720,5

Juazeiro do Norte 964,3

Missão Velha 1030,7

Nova Olinda 896,5

Santana do Cariri 907,6

TOTAL 8751,8

Fonte: FUNCEME, 2017

3.2.2. Geologia e Relevo

Os principais de tipos de geologia da RMC são: rochas sedimentares, rochas

metamórficas, rochas ígneas e coberturas sedimentares recente. Em boa parte dos municípios

da RMC ocorre a geologia de rochas sedimentares, que cobre cerca de 3.094,82 Km²

(MASCARENHAS, 2016).

Na figura 13 é mostrada a distribuição da geologia da região.

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Figura 13 – Distribuição das características geológicas da RMC.

Fonte: o autor

As unidades de relevo existentes na RMC são : chapada do Araripe , depressões

sertanejas e maciços residuais.

Na figura 14 são mostradas as ocorrências do relevo na RMC.

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Figura 14 – Ocorrência do relevo na RMC.

Fonte: o autor.

A chapada do Araripe alcança cotas em torno de 800 e 1000 m, cobrindo uma

superfície aproximada de 180 km (leste-oeste) e largura variável entre 30 e 50 km,

compreendendo o extremo sul do estado do Ceará, noroeste do estado do Pernambuco e leste

do estado do Piauí (LIMA, et al. 2010).

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Ainda segundo Lima et al. (2016) a limitação de escoamento superficial da chapada do

Araripe ocorre devido as características dos arenitos, pois possuem índices altíssimos de

porosidade e permeabilidade.

As depressões sertanejas, segundo Brandão (2014), apresentam um nível mais elevado

e dissecado, inserem-se no contexto das grandes depressões interplanálticas semiáridas do

Nordeste Brasileiro, posicionando-se em cotas que variam de 300 a 500 metros. Este domínio

é constituído por uma rede de drenagem de baixa a média densidade delimitada e embutida, a

oeste, pela serra Grande; a sul, pela chapada do Araripe e a leste pelo maciço montanhoso do

Pereiro. Nesse tipo de relevo ocorrem exposições de rochas das demais formações da bacia do

Araripe: Rio da Batateira, Abaiara, Missão Velha, Brejo Santo e Mauriti. A vegetação nativa,

onde preservada, é tipicamente de caatinga (MASCARENHAS, 2016).

Os maciços residuais representam um conjunto de maciços montanhosos sobrelevados

em meio ao piso regional de cotas entre 400 m a 700 m, determinado pela superfícies de

aplainamento que compõem a depressão sertaneja. Encontram-se no sopé da chapada do

Araripe, incluído geologicamente as unidades litológicas das formações Arajara e Santana. O

solo derivado dessa associação litológica, é espesso, pouco permeável e bastante fértil, com

baixa aridez (MASCARENHAS, 2016).

3.2.3. Vegetação

As principais vegetações que compõem a Região Metropolitana do Cariri, são Mata

Úmida (Floresta Subcaducifólia Tropical Pluvio-Nebular), Floresta Cadúcifólia Espinhosa

(Caatinga Arbórea), Mata Seca (Floresta Subcaducifolia Tropical Pluvial) e Floresta Tropical

Xeromorfa (Cerrado) (LIMA, et al 2010). A figura 15 mostra a ocorrência da vegetação na

RMC.

As florestas Subperenifólias Tropicais Pluvio-Nebular ou mata úmida localizam-se nas

vertentes da Chapada do Araripe e são representadas pelo liquens, orquídeas e samambaias.

(MASCARENHAS, 2016).

As florestas Caducifólias Espinhosas ou Caatinga Arbórea é uma vegetação que ocorre

no clima semiárido, é constituída essencialmente pelas jurema, catingueira e aroeira (CRUZ;

BORBA; ABREU, 2005). Cobrem cerca de 80% do estado do Ceará e ocupam as áreas

abaixo das matas secas.

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Figura 15 - Distribuição da vegetação na RMC.

Fonte: o autor

As florestas subcaducifólias tropicais xemorfa ou mata seca são representadas por

árvores que atingem 40 a 60 m de altura, como o Jequitibá e a Timbaúba. Ocorrem nas zonas

mais abaixo das vertentes da chapada. (MASCARENHAS,2016).

As florestas tropicais xeromorfa (Cerrado) são representadas pelo Piqui (Caryocar

coriaceum) e Murici (Byrsonima sericea), que ocorre sobre a chapada do Araripe no nível

entre 800 e 1.000 metros (LIMA et al, 2010)

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3.2.4. Hidrologia

O Ceará tem 12 bacias em seu território e duas delas passam nos municípios da Região

Metropolitana do Cariri, Sub-bacia do Alto Jaguaribe e a Sub-bacia do Salgado

(VERISSIMO, 1999).

Na figura 16 é mostrada a hidrografia da RMC.

Em relação ao acúmulo de água da Bacia do Alto Jaguaribe é deficitária, pois são

poucos os rios perenes, por outro lado a oferta hídrica subterrânea é gerada pelo sistema de

aquífero subterrâneos da Bacia do Alto Jaguaribe representados pela Bacia Sedimentar do

Araripe, Bacia Sedimentar do Iguatu, Aluviões e Cristalino (MASCARENHAS, 2016).

A Sub-bacia do Salgado drena uma área de 12.865 Km², isso corresponde a 8,25% do

território cearense, o principal rio é o Rio Salgado e abrange boa parte dos municípios do sul

do estado. Os melhores aquíferos da bacia do Jaguaribe estão localizados nessa região. As

cidades da RMC que pertencem a sub-bacia do Salgado são Barbalha, Caririaçu, Crato,

Jardim, Juazeiro do Norte e Missão Velha (CBHS, 2017)

A cidade de Juazeiro do Norte e Crato é banhada pelos rios Batateiras, Granjeiro,

Salgadinho e Carás. A de Barbalha, pelos rios Salamanca e Santana. O rio seco em Missão

Velha e Jardim é drenado pelo riacho dos Porcos (MASCARENHAS,2016).

Segundo Verissímo (1999) a região do Cariri possui os melhores sistemas aquíferos do

estado do Ceará, e com isso a maioria dos municípios da região é abastecida através de poços

tubulares e/ou fontes naturais. Os poços possuem, em média, 300 m de profundidade e

250 m³/h de vazão.

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Figura 16 - Hidrografia da RMC.

Fonte: o autor.

3.2.5. Pedologia

Segundo a Embrapa, a Região Metropolitana do Cariri tem três principais solos:

Neossolos, Argissolos e Latossolos.

Na figura 17 é mostra-se a ocorrência desses solos na região do Cariri.

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Figura 17 – Pedologia da RMC.

Fonte :o autor.

Os argissolos (Podozólicos) compreendem solos constituídos por material mineral, que

tem como características diferenciais a presença do horizonte B textural de argila de atividade

baixa, ou alta conjugada com saturação por bases baixa ou caráter lateríticos. São de

profundidade variável, desde forte a imperfeitamente drenados, de cores avermelhadas ou

amareladas, a textura varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa

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50

no horizonte B (EMBRAPA, 2006). Mascarenhas (2016) acrescenta que esse tipo de solo

apresenta potencial elevado para agricultura, porém, possui alta suscetibilidade à erosão e

deficiência hídrica, necessitando de adubação complementar.

Conforme EMBRAPA (2006) os latossolos são solos avançados estágio de

intemperização, muito evoluídos, como resultado de enérgicas transformações no material

constitutivo, variam de fortemente a bem drenados, embora ocorram solos que têm cores

pálidas, de drenagem moderada ou até mesmo imperfeitamente drenados. São geralmente

encontrados em profundidades consideráveis e com espessuras superiores a um metro. A

RMC possui solos desenvolvidos em arenitos da formação Exu (Chapada do Araripe), com

altos valores de saturação em alumínio trocável, portanto, para a utilização desse solo na

agricultura é necessária a adição de calcário, para reduzir o efeito do alumínio nas culturas

(MASCARENHAS, 2016)

Os solos aluviais ou neossolos são solos construídos por material mineral, ou por

material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em relação ao

material originário (EMBRAPA, 2006). São formados a partir da deposição de sedimentos

fluviais não consolidados, com natureza e granulometria bastante variadas. Na RMC ocorrem

nos rios Batateiras e Salamanca, deixando o local com alta fertilidade natural. Esse tipo de

solo é mais utilizado para o cultivo de cana-de-açúcar, algodão, milho e horticultura.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo apresenta-se o programa experimental aplicado aos estudos realizados,

constando da descrição dos materiais e dos métodos empregados para a realização dos ensaios

de laboratório.

A RMC foi a área escolhida como área objeto da pesquisa, em função do seu destaque

no contexto socioeconômico do estado do Ceará. Os agregados miúdos estudados foram as

“areias de rio”. Dessa forma, daqui em diante, ao longo desse trabalho, qualquer referência

feita à amostras de agregados miúdos estudadas, equivalerá referir-se à areias de rio.

Para a caracterização das areias foram desenvolvidas as seguintes ações:

a) pesquisa informal, junto a vários proprietários de depósitos de materiais de

construção, para identificação dos agregados mais utilizados nas três

principais cidades da RMC;

b) coleta de amostras das areias de rio;

c) execução dos ensaios de caracterização das amostras;

d) tabulação e tratamento dos dados obtidos dos ensaios;

e) análise e discussão dos resultados dos ensaios; e

f) redação de relatórios, com as conclusões dos experimentos realizados.

4.1. ESCOLHA DAS OCORRÊNCIAS DOS AGREGADOS

A princípio, pretendia-se estudar as areias de rio dos municípios de Barbalha, Crato e

Juazeiro do Norte, os quais, supostamente juntos, são os que mais demandam material de

construção civil na RMC. Ao se constatar, porém, após pesquisa informal feita junto a vários

comerciantes de materiais de construção daquelas três cidades, que Juazeiro do Norte não

dispunha de boas fontes desse material para utilização em concretos, optou-se por estudar a

areia do riacho Sêco, no sítio Coité, no município de Missão Velha, de onde provém a maior

parte do agregado miúdo utilizado em Juazeiro do Norte.

Dessa forma foram estudadas as areias das cidades de Barbalha, Crato e Missão Velha.

Alguns critérios mais específicos foram utilizados para escolha desses agregados, entre os

quais:

a) fossem procedentes das fontes mais utilizadas para serviços de concretos, nas

cidades de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte;

b) suas extrações fosses devidamente licenciadas pelo órgão ambiental competente

(SEMACE);

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c) abastecessem, preferencialmente, os depósitos de materiais de construção locais,

os quais tivessem como principais clientes o mercado varejista das três principais

cidades da RMC; e

d) suas fontes não distanciassem mais de 30 km do centro geométrico do polígono

formado pelas cidades de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte, em função da não

inviabilidade econômica da sua utilização pela elevação custo de transporte.

Os locais de coleta das amostras das areias e seus respectivos municípios são

apresentados na tabela 11, a seguir. Para localização dos pontos de coleta foi utilizado um

GPS de navegação da marca Garmin, Etrex 12, Channel, com precisão de 7,0 m.

Tabela 11 - Distribuição espacial dos locais de coletas das amostras.

AMOSTRA LOCAL MUNICÍPIO COORDENADAS

Latitude Longitude

Amostra A Rio Salamanca

(Sitio Cabeceiras) Barbalha 9191238 0461192

Amostra B Riacho Sovado

(Vila São Francisco) Crato 9208502 0453348

Amostra C Riacho Sêco

(Sitio Coité) Missão Velha 9188154 0483314

Fonte: o autor

Todas as amostras foram coletadas conforme a NBR NM 26.

Complementarmente, apresenta-se, na figura 18, a distribuição espacial dos locais de

coleta de cada uma das amostras estudadas.

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Figura 18 – Localização espacial das fontes dos agregados estudados.

Fonte: Autor1

4.2. COLETA DAS AMOSTRAS

A amostra A foi coletada do leito do rio Salamanca, conforme se apresentam nas

figuras 19 e 20. Na data da coleta o leito do rio encontrava-se seco. A areia desse rio é uma

das mais utilizadas nos municípios de Barbalha e Juazeiro do Norte, em virtude da sua

proximidade das sedes desses municípios.

1 Os dados para elaboração do mapa da figura 18 foram extraídos do órgão ANA (Agência Nacional de Águas).

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Figura 19 – Ponto de coleta da amostra A, no rio Salamanca (Barbalha).

Fonte: Autor

Figura 20 – Vista panorâmica do local da coleta da amostra A.

Fonte: Autor

Conforme pode ser visto, o agregado é extraído do leito do rio, com o auxílio de uma

peneira, constituída por vergalhões de aço, colocada em posição inclinada, para remoção do

seixo rolado presente no material. Esse processo caracteriza a atual escassez do agregado

nessa ocorrência, o que se reitera pela reclamação dos caminhoneiros que o transportam, em

decorrência da demora para a extração e peneiramento do material.

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A amostra B foi coletada próximo do leito do leito do rio Sovado, conforme se

apresenta na figura 21. A areia desse rio é uma das mais utilizadas na RMC, principalmente

no município do Crato, em virtude da sua proximidade do centro urbano dessa cidade.

Figura 21 – Coleta da amostra B, do rio Sovado (Crato).

Fonte: Autor

Conforme se observa na figura 22, o material da amostra B também é bastante

heterogêneo, sendo obtido manualmente (à pá), das margens do rio, e posteriormente

empilhado, para carregamento.

Figura 22 – Vista panorâmica do local da coleta da amostra B.

Fonte: Autor

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A amostra C, vista na figura 23, foi cedida pelo depósito Terra Nossa Cariri, na cidade

de Barbalha, onde foi colhida de uma pilha existente no estoque do estabelecimento. Essa

coleta também observou as recomendações da NBR NM 26. Segundo o proprietário do

mesmo, o agregado proveio do riacho Seco, do Sítio Coité, em Missão Velha, cujo local foi

posteriormente indicado e georreferenciado, conforme descrição na tabela 6.

Figura 23 – Registro da coleta da amostra C (Riacho Sêco).

Fonte: Autor

Todas as amostras foram acondicionadas em baldes plásticos previamente vedados,

secos e limpos, para evitar sua contaminação. Em seguida foram conduzidas ao laboratório de

materiais de construção do IFCE, em Juazeiro do Norte, onde foram caracterizadas.

4.3. REDUÇÃO DAS AMOSTRAS PARA ENSAIO EM LABORATÓRIO

As amostras foram homogeneizadas em uma betoneira, para representar fielmente as

características do agregado de cada jazida. A seguir as amostras foram quarteadas em um

separador mecânico, observando-se a NBR NM 27 (ABNT, 2001), Método A. Esta

providência foi tomada, em virtude das amostras se acharem mais secas que a condição

saturada superfície seca (ver figura 24).

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Figura 24 – Separador mecânico, usado no quarteamento das amostras.

Fonte: Autor

Após o quarteamento as amostras foram submetidas à secagem em estufa, à

temperatura de 105º ± 5ºC, pelo período de 24 horas.

4.4. REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS

Para melhor condução dos ensaios foi elaborada uma programação, a qual foi

esquematizada no diagrama mostrado na figura 25, a seguir.

Figura 25 – Esquema traçado para realização dos ensaios.

Fonte: Autor

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Como visto não foram realizados os ensaios de absorção d’água e o de partículas

leves. O ensaio de absorção de água não foi realizado por falta de equipamentos que atendesse

ao que requer a norma NBR 7122, enquanto o de partículas leves, foi substituído pelo de

material pulverulento, dado que este é um dos objetivos do trabalho.

Foram realizados dois ensaios para determinação de cada uma das características das

amostras estudadas, tomando-se, ao final, o valor médio obtido dos dois experimentos.

A realização dos ensaios para caracterização dos agregados teve como referência as

normas técnicas da ABNT.

A seguir, descreve-se o processo desenvolvido para cada um dos ensaios realizados,

com vistas a oferecer maior clareza e transparência das atividades realizadas ao longo do

trabalho.

4.4.1. Massa especifica

Esse ensaio foi realizado para se conhecer o volume ocupado pelas partículas do

agregado, incluindo os poros existentes dentro das partículas, uma vez que o conhecimento

dessa propriedade é de grande utilidade no estudo de dosagem do concreto para que possa ser

feito o cálculo do consumo de cimento por metro cúbico, em função do traço de concreto.

Sua determinação foi feita através do frasco de Chapman – NBR 9776 (ABNT, 1987).

Na figura 26 são vistas as amostras no momento da realização do ensaio.

Figura 26 – Frasco de Chapman com as amostras.

Fonte: Autor

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4.4.2. Umidade Superficial

Esse ensaio foi feito para se conhecer o teor de umidade da areia no seu estado natural,

pois a quantidade de água que os seus grãos transportam para o concreto altera

substancialmente o fator água/cimento, diminuindo a sua resistência mecânica. A umidade da

areia provoca o seu inchamento e deve ser considerada na conversão dos traços de peso para

volume. Esse ensaio seguiu a NBR 9775 (1987). Na figura 27 mostra-se a realização do

ensaio para determinação da umidade superficial.

Figura 27 – Execução do ensaio de umidade superficial.

Fonte: o autor.

4.4.3. Massa Unitária

Sua determinação é de grande importância, pois é a partir dela que se faz a

transformação dos traços em peso, para volume, e vice-versa. Para a determinação da massa

unitária seguiram-se os procedimentos da NBR NM 45 (ABNT, 2006).

4.4.4. Composição granulométrica

O ensaio para composição granulométrica dos agregados foi feito pelo fato dela

influenciar na trabalhabilidade e no custo de produção do concreto, visto que areias muito

grossas produzem misturas de concreto ásperas e não trabalháveis, enquanto as muito finas

aumentam o consumo de água, e consequentemente o consumo de cimento, tornando o

concreto antieconômico.

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O ensaio de composição granulométrica das amostras foi executado pelo método de

ensaio “Agregados - Determinação da composição granulométrica”, descrito na

NBR 248 (ABNT, 2003).

A figura 28 mostra as peneiras do ensaio, sobre o peneirador mecânico, enquanto na

figura 29, vê-se como exemplo, a distribuição da quantidade e porcentagem dos grãos que

constituem a amostra B.

Figura 28 - Peneiras organizadas no

peneirador mecânico.

Fonte: Autor

Figura 29 - Distribuição granulométrica da amostra B.

Fonte: Autor

4.4.5. Inchamento

O ensaio de inchamento foi feito por ser fundamental para determinação dos traços de

concreto (em volume), para se conhecer o aumento do volume do agregado quando úmido. O

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ensaio de inchamento foi feito através do Método de Ensaio “Determinação do inchamento de

agregado miúdo” – NBR 6467 (ABNT, 1987).

Na figura 30 pode-se ver a execução desse ensaio.

Figura 30 - Realização do ensaio de inchamento.

Fonte: Autor

4.4.6. Material Pulverulento

O ensaio de material pulverulento foi feito por se necessitar conhecer a proporção de

finos presente no agregado miúdo, uma vez que a sua presença além do tolerável, aumenta a

exigência de água para obtenção da mesma consistência, podendo causar retração e perda de

resistência do concreto.

Esse ensaio foi feito através do ME “Agregados: Determinação do teor de materiais

pulverulentos”, descrito na NBR 7219 (ABNT, 1987) (ver figuras 31 e 32).

Figura 31 - Ensaio teor de material pulverulento.

Fonte: Autor

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Figura 32 - Águas coletadas das amostras no ensaio de material pulverulento.

Fonte: Autor

4.4.7. Matéria orgânica

O ensaio para determinação do teor de matéria orgânica nas amostras de areias foi

realizado pelo fato da sua presença, mesmo como constituintes minoritários serem capazes de

prejudicar certas características do concreto, tais como, trabalhabilidade, pega e

endurecimento e durabilidade.

Para a determinação da quantidade de material de ensaio foram seguidos os

procedimentos descritos na NBR NM 49 (ABNT, 2001).

4.4.8. Argila em torrões e materiais friáveis

O ensaio para determinação do teor de torrões de argila foi feito pelo fato da sua

presença nos agregados miúdos afetar diretamente a trabalhabilidade e a resistência à abrasão

do concreto.

O ensaio para determinação do teor de torrões de argila nas amostras de areia foi feito

seguindo as orientações da norma NBR 7218 (ABNT, 1987).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados dos ensaios de caracterização das

amostras dos agregados, sendo estes: massa específica, umidade superficial, massa unitária,

composição granulométrica, inchamento, material pulverulento, matéria orgânica e argila em

torrões.

5.1. MASSA ESPECIFICA REAL

Os valores habituais da massa especifica ficam entre 2,600 g/cm³ e 2,700 g/cm³,

conforme mostra a figura 33 apenas a amostra “B” tem o valor abaixo do valor habitual.

Figura 33 – Gráfico com as massas especificas das jazidas estudadas.

Fonte: o autor

Esse baixo valor da massa específica da amostra B pode ser justificado pela

predominância de minerais secundários na sua composição, resultantes da fragmentação de

rochas por agentes químicos, natural dos siltes finos e das argilas, ou pela pequena incidência

de ferro e/ou alumínio. Salienta-se que durante o manuseio dessa amostra foi observada a

fragilidade dos seus grãos e o seu aspecto brilhoso. Em decorrência desse fato, atribuiu-se,

supostamente, à amostra, a presença de mica na sua composição.

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5.2. UMIDADE SUPERFICIAL

O valor da umidade superficial é importantíssimo para a correção das proporções de

água, no momento da dosagem do concreto, tendo em vista a sua influência no seu fator

água/cimento. Vários fatores interferem para a umidade superficial do agregado, como

constituição química, granulometria, presença de argila. O gráfico da figura 34, mostra os

resultados da umidade superficial de cada amostra.

Figura 34 – Gráfico com as umidades superficiais das amostras.

Fonte: o autor

O que contribuiu para os 3,60 % obtidos para a amostra A, que continha bem mais

umidade na sua superfície, em relação às demais amostras, foi o fato desta ser extraída

mecanicamente, em espessas camadas, através de retroescavadeira, contrariamente à amostra

B, que foi extraída manualmente, e a amostra C, a qual foi coletada de uma pilha do material,

existente no estoque do depósito cedente da mesma.

5.3. MASSA UNITÁRIA

Conforme pode ser visto no gráfico da figura 35, os valores da massa unitária ficaram

entre os valores 1.000 kg/m³ e 2.000 kg/m³, cujo intervalo, segundo Bauer (2000), é o

recomendado para agregados miúdos para uso em concretos. Apesar disso, percebe-se que as

amostras A e B, cujos valores da massa unitária se aproximam de 1.400 kg/m3, o que,

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segundo Petrucci (1980), as caracterizam como finas, uma vez que estas possuem massas

unitárias daquela ordem de grandeza.

Figura 35 – Gráfico com as massas unitárias das amostras.

Fonte: o autor

5.4. COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA

Os resultados dos ensaios de granulometria das amostras A, B e C, são apresentados,

individualmente, nos gráficos das figuras 36, 37 e 38, a seguir.

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Figura 36 – Gráfico com granulometria da amostra A.

Fonte: o autor

Conforme pode ser observado na figura 36, a curva granulométrica da amostra A

tangencia, internamente, esta zona em quase toda a sua extensão, apresentando um leve

excesso de finos, fugindo da zona ótima, na base da curva, não se apresentando

granulometricamente ótima para emprego em concretos.

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Tabela 12 – Tabela com valores do ensaio de granulometria da amostra A.

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA - AMOSTRA A

ABERTURA

(mm)

Nº DA

PENEIRA

MÉDIA DAS

AMOSTRAS (g) % RETIDA

% RETIDA

ACUMULADA

%

PASSANTE

6,3 1/4” 0 0 0 100

4,75 4 10,50 2,10 2,10 97,90

2,36 8 46,90 9,39 11,50 88,50

1,18 16 56,85 11,39 22,88 77,12

0,6 30 136,35 27,31 50,19 49,81

0,3 50 179,40 35,93 86,12 13,88

0,15 100 59,00 11,82 97,94 2,06

0,075 200 8,15 1,63 99,57 0,43

Fundo - 2,15 0,43 100,00 0,00

∑ - 499,30 100,00

Amostra 1 (g) 500 g

Fonte: o autor.

Figura 37 - Gráfico com granulometria da amostra B

Fonte: o autor.

A amostra B, contrariamente à amostra A, foge totalmente da zona ótima, porém,

ficando no limite da zona utilizável estabelecida pela NBR 7211 (2005). Sua dimensão

máxima característica de 6,3 mm, o que a descaracteriza como agregado miúdo, pois

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conforme a NBR 7211 (ABNT, 2005) para ser agregado miúdo seus grãos devem estar entre

4,75 a 0,015 mm.

Tabela 13 – Tabela com valores do ensaio de granulometria da amostra B.

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA - AMOSTRA B

ABERTURA

(mm)

Nº DA

PENEIRA

MÉDIA DAS

AMOSTRAS (g) % RETIDA

% RETIDA

ACUMULADA

%

PASSANTE

6,30 1/4” 25,70 5,15 5,15 94,85

4,75 4 21,00 4,21 9,37 90,63

2,36 8 74,10 14,86 24,23 75,77

1,18 16 109,15 21,89 46,11 53,89

0,60 30 119,80 24,02 70,14 29,86

0,30 50 106,65 21,39 91,53 8,47

0,15 100 29,45 5,91 97,43 2,57

0,075 200 10,45 2,10 99,53 0,47

Fundo - 2,35 0,47 100,00 0,00

∑ - 498,65 100,00

Amostra 1 (g) 500 g

Fonte: o autor.

Figura 38 - Gráfico com granulometria da amostra C.

Fonte: o autor.

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Como visto na figura 38 a amostra C é a que mais se aproxima da zona ótima, apesar

dos seus grãos maiores fugirem, parcialmente do limite superior, e os menores, fugirem do

limite inferior. Possui MF igual a 2,3, apresentando-se no intervalo 2,2 a 2,9, tem dimensão

máxima característica igual a 4,75, o que ajudam a justificar a sua boa granulometria.

Tabela 14 – Tabela com valores do ensaio de granulometria da amostra C.

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA - AMOSTRA C

ABERTURA

(mm)

Nº DA

PENEIRA

MÉDIA DAS

AMOSTRAS (g)

%

RETIDA

% RETIDA

ACUMULADA

%

PASSANTE

6,30 1/4” 0,00 0,00 0,00 100,00

4,75 4 4,81 0,96 0,96 99,04

2,36 8 32,53 6,51 7,48 92,52

1,18 16 46,53 9,31 16,79 83,21

0,60 30 99,84 19,99 36,78 63,22

0,30 50 175,65 35,17 71,94 28,06

0,15 100 116,20 23,26 95,21 4,79

0,075 200 21,99 4,40 99,61 0,39

Fundo - 1,95 0,39 100,00 0,00

∑ - 499,49 100,00

Amostra 1 (g) 500 g

Fonte: o autor.

Na figura 39, apresentam-se os módulos de finura das amostras A, B e C.

Figura 39 – Gráfico com o módulo de finura das amostras estudadas.

Fonte: o autor.

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Vale ressaltar que a amostra B, além de ficar na zona utilizável percebeu-se sua

fragilidade, por ocasião da lavagem dos grãos para realização do ensaio para determinação do

teor de materiais pulverulentos. Também foi percebida a presença de leves grãos, de aspecto

brilhoso, o que foi supostamente entendido, como “mica”. Essa constatação tornou a amostra

desaconselhada para uso em concreto, uma vez que a NBR 7211 (ABNT, 2005), estabelece

que os agregados devem ser compostos por grãos de minerais duros, compactos, estáveis,

duráveis e limpos. Desse modo, o uso dessa amostra não deve ser recomendado para

confecção de concretos, especialmente, de estruturas. Isso também desperta para a

necessidade de cuidados com a qualidade dos agregados, os quais não devem receber menor

atenção do que os cimentos, uma vez que suas características podem comprometer a

resistência e a durabilidade dos concretos. Essa constatação também descredencia o uso da

amostra para concretos que fiquem sujeitos a desgaste superficiais, tais como pisos e

revestimento de superfícies hidráulicas ou a fluxo contínuo de água corrente, etc.

De acordo com os valores dos módulos de finura as amostras A e C podem ser

classificadas como areia média, enquanto a amostra B é uma areia grossa.

5.5. INCHAMENTO

Os resultados obtidos para os coeficientes médios de inchamento e umidade crítica em

nada revelam a inutilização das amostras estudadas, uma vez que a NBR 7211 (ABNT,

2005) não estabelece limites para tal. Os valores obtidos para o inchamento médio das três

amostras são relativamente baixos, uma vez que, normalmente, o inchamento médio das

areias, segundo Petrucci (1980), ocorre para teores de umidade de 4 a 6%, sendo este

decrescente (depois desses valores), para praticamente anular-se com a areia saturada. Os

resultados do inchamento das amostras A, B e C encontram-se nas figuras 40, 41 e 42, a

seguir.

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Figura 40 – Gráfico representando o inchamento da amostra A.

Fonte: o autor.

Coeficiente médio de Inchamento = 1,42

Umidade Crítica = 4,55%

Figura 41 – Gráfico representando inchamento da amostra B.

Fonte: o autor.

Coeficiente médio de Inchamento = 1,37

Umidade Crítica = 6,10 %

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Figura 42 – Gráfico representando inchamento da amostra C.

F

Fonte: o autor.

Coeficiente médio de Inchamento = 1,29

Umidade Crítica = 3,80 %

Esse inchamento, ainda segundo Petrucci (1980), depende da composição

granulométrica e do grau de umidade, sendo maior para as areias finas que apresentam maior

superfície específica.

Nesse sentido, recomenda-se que não se deva deixar de determinar o coeficiente

médio de inchamento, em virtude do seu conhecimento ser fundamental para determinação

dos traços de concreto (em volume), para se saber o aumento do volume do agregado quando

úmido.

5.6. MATERIAL PULVERULENTO

A NBR 7211 (ABNT, 2005) permite apenas 3% de material pulverulento para

concretos submetidos a desgaste superficial e 5% para concretos protegidos de desgastes

superficiais. Dessa forma, conforme pode ser observado na figura 43, nenhuma das amostras

serviria para ser utilizada em concretos que ficam expostos a desgaste, uma vez que todas elas

apresentam material pulverulento em teores superiores a 3%. Sobretudo a amostra C é a que

apresenta menos material pulverulento.

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Figura 43 – Porcentagem da quantidade de material pulverulento.

Fonte: o autor.

Diante disso, destaca-se a afirmação de Effting (2014) que o material pulverulento,

quando presente em grande quantidade no concreto, reduz a sua resistência e aumenta a

exigência de água para obtenção da mesma consistência, propiciando maiores alterações de

volume, intensificando a retração.

5.7. MATÉRIA ORGÂNICA

Todas as amostras apresentaram baixos teores de matéria orgânica. Ensaios mais

precisos e com maior quantidade de amostras fazem-se necessários para estabelecer, em

definitivo a qualidade final dessas areias, nesse quesito. A figura 44 mostra as soluções

padrão e ao lado a coloração das amostras ensaiadas.

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Figura 44 – Soluções padrão e amostras ensaiadas.

Fonte: MEIER (2011). Adaptado pelo autor.

A norma permite que as amostras fiquem no máximo da cor que corresponde a 300

ppm. Conforme claramente exposto na figura 44 as amostras tiveram uma coloração abaixo

de 50 ppm, ou seja, todas possuem matéria orgânica, entretanto estes teores estão dentro do

limite tolerado pela norma 7211 (ABNT, 2005).

Os resultados obtidos reforçam Frazão (2002), o qual afirma que os agregados miúdos,

normalmente contêm impurezas, em maior ou menor grau, em virtude das suas diferentes

fontes.

5.8. ARGILA EM TORRÕES E MATERIAIS FRIÁVEIS

Conforme o gráfico da figura 45, todas as amostras apresentaram torrões de argila em

torrões friáveis na sua composição, porém, apenas a amostra A, apresentou teor superior a

8%. Como a NBR 7211 limita esse teor ao máximo de 3%, recomenda-se que seja evitada a

utilização dessa amostra A em concretos, uma vez que esse excesso de argila quando não

dissolvido durante a mistura do concreto, ocasiona pontos fracos em seu interior e quando

dissolvidos envolvem os grãos resistentes dos agregados, reduzindo a aderência e,

consequentemente a resistência do concreto.

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Figura 45 – Resultados em porcentagem do teor de argila em torrões.

Fonte: o autor.

A tabela 15 apresenta o resumo dos resultados dos ensaios realizados para facilitar a

compreensão dos parâmetros estudados.

Tabela 15 – Resumo dos resultados dos ensaios.

ENSAIOS AMOSTRAS

A B C

Massa Específica (g/cm³) 2,621 2,551 2,635

Massa Unitária (Kg/m³) 1373,08 1451,63 1486,19

Material Pulverulento (%) 3,71 4,26 3,095

Argila em torrões e Materiais friáveis (%) 8,00 1,75 1,95

Matéria Orgânica (ppm) 30 75 25

Granulometria Zona Utilizável Zona Utilizável Zona Ótima

Umidade Superficial 3,60 2,44 1,39

Inchamento (Coeficiente Médio) 1,42 1,37 1,29

Módulo de Finura 2,75 3,40 2,40

Tipo de areia Média Grossa Média

Fonte: o autor.

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6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões, sugestões e recomendações

para estudos futuros obtidos a partir da realização do presente trabalho.

Os estudos realizados demonstraram que as areias estudadas, apesar de largamente

utilizadas para concretos na RMC, não constituem boas alternativas para utilização em

concretos, uma vez que não atendem, simultaneamente, a todos os requisitos recomendados

pela NBR 7211 (ABNT, 2005). Apesar das curvas granulométricas das areias terem se

aproximado da zona ótima ou da zona utilizável, para uso em concretos, foi detectado em

todas elas, o excesso de material pulverulento, o que as tornam impróprias, por exemplo, para

concretos que fiquem sujeitos a desgaste superficial, como também contribui para a perda de

resistência do concreto, para intensificação da retração e para o acréscimo no custo de sua

produção, em virtude da necessidade do aumento do teor de cimento, o qual é o componente

mais caro do concreto.

À luz da norma ABNT NBR 7211 (2005), a amostra B, em particular, se

descaracterizou como agregado miúdo, por apresentar grãos com diâmetro superior a 4,75

mm, além da fragilidade dos seus grãos, relatada anteriormente, o que denota a falta de rigor

técnico no emprego das areias em questão, podendo-se intuir que podem estar sendo

produzidos concretos de qualidade duvidosa na RMC.

As areias estudadas, invariavelmente, também apresentaram matéria orgânica na sua

composição, a qual também é maléfica para os concretos, porém, os teores encontrados estão

dentro do limite tolerado pela norma ABNT NBR 7211 (2005).

A presença de torrões de argila nas areias constitui-se em mais um elemento

desclassificatório da sua qualidade, uma vez que a indesejada presença dos mesmos pode

interferir na hidratação do cimento e concorrer para a decomposição da pasta, para o

surgimento de eflorescências e manchas na superfície dos concretos. , tonando-as, inclusive,

desaconselhadas para emprego em concretos aparentes. Esses torrões de argila, quando não

dissolvidos durante a mistura do concreto, ocasionam pontos fracos no interior do concreto e

quando dissolvidos envolvem os grãos resistentes dos agregados, reduzindo a aderência e,

consequentemente a resistência do concreto. Nesse contexto, a amostra A, em particular, a

qual apresentou um teor de 8% de torrões de argila, bem superior, portanto, aos 3% tolerados

pela norma, tornam-na não recomendada para utilização em concretos, pela motivação

anteriormente já exposta.

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Em resumo, conclui-se que a amostra C, procedente de Missão Velha, é a amostra que

apresenta melhor qualidade para produção de concretos, sendo a de pior qualidade a amostra

B, a qual não deve ser indicada para concretos que exijam altas resistências ou que fiquem

sujeitos a desgaste superficiais, como, tais pisos, revestimento de superfícies hidráulicas

sujeitas a fluxo contínuo de água corrente, etc.

Finalmente, recomenda-se que sejam realizados novos ensaios de caracterização da

areias, com uma maior quantidade de amostras, para que se possam inferir com maior

segurança os seus parâmetros físicos, tendo em vista as dificuldades observadas para sua

extração, dificuldades estas proporcionadas pela notável escassez desses materiais na RMC.

6.1. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Para dar prosseguimento aos estudos apresentados neste trabalho, sugere-se:

a) Realizar os mesmos ensaios abrangendo uma maior quantidade de amostras e

uma quantidade maior jazidas;

b) Realizar os ensaios de outras propriedades das areias da região, tais como

forma, dureza, resistência, constituição química, etc.;

c) Realizar levantamentos para descoberta de novas jazidas na região, tendo em

vista a escassez das fontes existentes;

d) Realizar ensaios de dosagem de concreto utilizando os agregados miúdos

estudados, para verificar a sua real influência das suas propriedades físicas na qualidade do

concreto.

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