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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: EDIFÍCIOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO ANÁLISE DA ACESSIBILIDADE E CONFORMIDADE COM O PLANO DIRETOR DE JUAZEIRO DO NORTE NO LOTEAMENTO OÁSIS DO CARIRI BRUNO DE BRITO GERMANO JUAZEIRO DO NORTE, CE 2017

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT

DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL: EDIFÍCIOS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

ANÁLISE DA ACESSIBILIDADE E CONFORMIDADE COM O PLANO DIRETOR

DE JUAZEIRO DO NORTE NO LOTEAMENTO OÁSIS DO CARIRI

BRUNO DE BRITO GERMANO

JUAZEIRO DO NORTE, CE 2017

BRUNO DE BRITO GERMANO

ANÁLISE DA ACESSIBILIDADE E CONFORMIDADE COM O PLANO DIRETOR

DE JUAZEIRO DO NORTE NO LOTEAMENTO OÁSIS DO CARIRI

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Tecnologia da Construção Civil com habilitação em Edifícios, da Universidade Regional do Cariri como requisito para obtenção do grau de Tecnólogo em Construção Civil – habilitação em Edifícios.

Orientadora: Prof.ª Monalisa Vanderley Gonçalves

JUAZEIRO DO NORTE, CE 2017

BRUNO DE BRITO GERMANO

ANÁLISE DA ACESSIBILIDADE E CONFORMIDADE COM O PLANO DIRETOR DE JUAZEIRO DO NORTE NO LOTEAMENTO OÁSIS DO

CARIRI

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª. Monalisa Vanderley Gonçalves (Orientadora)

Universidade Regional do Cariri (Urca)

Prof. MSc. Miguel Adriano Gonçalves Cirino (Avaliador)

Universidade Regional do Cariri (Urca)

Prof. Bruno Barbosa de Oliveira (Avaliador)

Universidade Regional do Cariri (Urca)

DATA DE APROVAÇAO: DE DE 2017

RESUMO

A necessidade de haver acessibilidade em equipamentos urbanos é uma questão

muito importante e atualmente ainda mais posta em pauta. As exigências, as normas

para que seja promovida uma melhor qualidade de vida para todos faz com que os

proprietários em seus projetos tenham um cuidado específico quanto a isso. No meio

urbano a acessibilidade é refletida na estrutura das calçadas que devem estar

devidamente adaptadas, porém, será que novos empreendimentos na cidade estão

realmente seguindo o que manda a norma? Será que o plano diretor do município

está sendo levado em consideração juntamente com a promoção da acessibilidade?

Com o presente trabalho será possível conhecer parâmetros sobre acessibilidade,

como também algumas informações sobre o plano diretor e planejamento urbano, e

para descobrir se em lugares com empreendimentos mais novos a acessibilidade, o

Código de Obras e Posturas e os requisitos urbanísticos para loteamentos foram

levados em consideração, foi feito um relatório fotográfico da estrutura das calçadas

para o estudo do caso em um loteamento em bairro novo onde foi constatado que

nem tudo é seguido como deveria pois foram encontradas algumas falhas no

cumprimento das normas e legislações.

Palavras chave: Acessibilidade; Plano diretor; Relatório fotográfico; Loteamento.

ABSTRACT

The need of accessibility in urban equipments is a very important question and

nowadays it is being discussed even more. The requirements and the norms for

promoting the best life quality for all, leads the proprietaries, in their projects, to have

a special care about it. In the urban space, the accessibility is reflected in the

sidewalk structures that shall be properly adapted, however, are the new city

developments really following the regulation requirements? Is the land-use planning

of the city really being taken in consideration together with the promotion of

accessibility? In the present work, it will be possible to know accessibility parameters,

as well as some information about land-use planning and urban planning. And in

order to figure out whether accessibility, building codes, municipal ordinance and

land division requirements were taken into consideration in places with newer

developments, a photographic report of the side walk structure was made for case

study in a land division located on a new district where it was verified that not

everything is followed as it should be, because some failures were found in the

compliance of the norms and legislations.

Keywords: Accessibility; Land-use planning; Photographic report; Land division.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Dimensões do módulo de referência (M.R.) ............................................. 12

Figura 2 - Um pedestre e uma pessoa em cadeira de rodas – Vistas frontal e

superior ..................................................................................................................... 13

Figura 3 - Duas pessoas em cadeira de rodas – Vistas frontal e superior ............... 13

Figura 4 - Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento ................... 14

Figura 5 - Área para manobra de cadeiras de rodas com deslocamento ................. 15

Figura 6 - Rebaixamentos de calçada – Vista superior ............................................ 15

Figura 7 - Tratamento de desníveis .......................................................................... 16

Figura 8 - Dimensões referenciais para deslocamento de pessoa em pé ................ 16

Figura 9 - Dimensões referenciais para deslocamento de pessoa em pé ................ 17

Figura 10 - Sinalização tátil de alerta e relevos táteis de alerta instalados no piso .. 17

Figura 11 - Sinalização tátil direcional e relevos táteis direcionais instalados no piso

.................................................................................................................................. 18

Figura 12 - Mudança de direção 150° < X ≤ 180° ..................................................... 18

Figura 13 - Mudança de direção – 90° ≤ X ≤ 150° .................................................... 19

Figura 14 - Distância mínima entre a sinalização tátil direcional e obstáculos ......... 19

Figura 15 - Contrastes recomendados ..................................................................... 20

Figura 16 - Faixas de uso da calçada – Corte .......................................................... 22

Figura 17 - Localização da cidade de Juazeiro do Norte .......................................... 24

Figura 18 – (a) Etapas 1 do loteamento Oásis do cariri (b) Etapa 2 do loteamento . 25

Figura 19 - Arborização ocupando área maior que a recomendada ......................... 29

Figura 20 - Rampa com dimensões maiores que o recomendado ........................... 30

Figura 21 - Rampa de acesso ocupa toda a calçada ............................................... 30

Figura 22 - Revestimento cerâmico .......................................................................... 31

Figura 23 - Revestimento com pedra São Tomé ...................................................... 31

Figura 24 - Degraus de acesso ao imóvel ................................................................ 32

Figura 25 - Rampas de acesso à garagem............................................................... 33

Figura 26 - Rebaixamento mal executado ................................................................ 33

Figura 27 - Mudança de direção no piso tátil ............................................................ 34

Figura 28 - Distância do piso tátil para objetos ......................................................... 34

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8

2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 9

2.1. Objetivo Geral ................................................................................................ 9

2.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... 9

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 10

3.1. Planejamento Urbano ................................................................................... 10

3.2. A importância do planejamento urbano ........................................................ 11

3.3. A acessibilidade no espaço urbano .............................................................. 11

3.3.1. Acessibilidade para cadeirantes ............................................................ 12

3.3.2. Acessibilidade para deficiente visual ..................................................... 16

3.4. As calçadas e seu papel na acessibilidade para todos ................................ 20

3.4.1. Parâmetros para calçadas ..................................................................... 21

3.5. O Plano diretor para desenvolvimento das cidades ..................................... 22

4. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO ............................................... 24

4.1. Localização do campo de estudo ................................................................. 24

4.2. Informações sobre a cidade ......................................................................... 25

4.3. Sobre o loteamento Oásis do Cariri ............................................................. 25

4.4. Topografia no local do loteamento Oásis do Cariri ...................................... 25

4.5. O Plano diretor no município ........................................................................ 26

5. METODOLOGIA ................................................................................................. 27

5.1. Análise do loteamento quanto aos requisitos urbanísticos do plano diretor . 27

5.2. Acessibilidade e conformidade com Código de Obras e Posturas ............... 28

5.2.1. Declividade ............................................................................................ 28

5.2.2. Uniformidade da largura da calçada ...................................................... 29

5.2.3. Equipamentos urbanos sobre calçadas ................................................. 29

5.2.4. Continuidade da calçada ....................................................................... 29

5.2.5. Revestimento das calçadas ................................................................... 31

5.2.6. Acessibilidade das calçadas do loteamento .......................................... 32

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 35

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37

8

1. INTRODUÇÃO

A urbanização está se desenvolvendo em uma velocidade maior nos

últimos anos. Aos poucos os sítios e as pequenas cidades vão sendo substituídas

por construções modernas e empreendimentos de grande porte. As glebas de

terrenos estão sendo loteadas e urbanizadas. Porém o crescimento da área urbana

pode ocorrer não respeitando completamente os requisitos apresentados pelo plano

urbanístico diretor da cidade e os parâmetros de acessibilidade não são executados

de maneira correta.

Dentro do contexto de funcionamento da cidade destaca-se também o

planejamento urbano que tem papel fundamental na organização do espaço urbano,

pois este é o responsável pela organização do desenvolvimento de uma cidade,

prevendo o crescimento através do índice apontado na localidade. De igual modo, o

plano diretor tem grande relevância pois este rege a cidade em todo seu território.

Para que o crescimento constante e as demandas de expansão urbana ocorram de

maneira adequada o planejamento urbano e o plano diretor devem ser levados

concordemente em consideração e devem garantir a acessibilidade.

A acessibilidade dentro do município é um fator que além de

indispensável na vida da população vem recebendo atualmente maior importância.

Para garantir que as pessoas que necessitam de cuidados especiais tenham onde

circular com segurança é necessário atentar-se aos parâmetros visando satisfação

da população, e evitando assim que estes fiquem tão dependentes quando

necessitarem circular ao longo do trecho onde residem.

Sendo assim, em algumas localidades, proprietários estão adaptando

seus empreendimentos outrora mal executados e a infraestrutura das cidades está

aos poucos tornando os pontos públicos mais acessíveis, porém, é preciso observar

se a acessibilidade está realmente sendo implementada em todos os lugares de

maneira adequada e analisar se estão sendo corretamente executadas à luz da NBR

9050.

Diante disso, neste trabalho propõe-se analisar um loteamento em bairro

novo, o Monsenhor Murilo, afim de apontar se há falha na execução com relação à

acessibilidade em novos empreendimentos e verificar se tal loteamento, mesmo

dispondo de um plano diretor e com as normas de acessibilidade apresenta

desconformidade com a legislação da cidade de Juazeiro do Norte.

9

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Apresentar uma análise de trechos em loteamento de bairro novo

verificando onde existe ou não o cumprimento das normas de acessibilidade e

requisitos urbanísticos apresentados no plano diretor de Juazeiro do Norte.

2.2. Objetivos Específicos

Identificar no plano diretor da cidade os requisitos que os loteamentos

devem seguir dentro do município;

Apontar alguns parâmetros de acessibilidade da norma NBR 9050 de 2015

e 16537 de 2016 que devem ser seguidos no espaço urbano;

Verificar a conformidade de um loteamento em relação ao plano diretor e

às normas de acessibilidade.

10

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Planejamento Urbano

A definição de planejamento urbano pode ser encontrada por diversos

autores de maneiras diferentes, segundo o Estatuto das Cidades o plano diretor é

um conjunto de princípios e regras que vão orientar todos os agentes envolvidos na

constituição do espaço urbano como também na utilização do mesmo. Para o

Estatuto o plano não serve para resolver todos os problemas dentro da cidade, mas

para estratégias de intervenções imediatas.(BRASIL, 2002, p. 40)

Segundo DUARTE (2007) o urbanismo e o planejamento urbano apesar

de facilmente serem confundidos, diferem entre si. O urbanismo trata das

características do espaço urbano da maneira como elas são e valorizando seus

traços históricos e culturais, logo está mais voltado à área arquitetônica, enquanto o

planejamento urbano está inserido num contexto que envolve outras áreas do

conhecimento, tanto da engenharia como da parte social, levando alguns autores a

definir o planejamento urbano como ferramenta para garantir o cumprimento do

princípio de que a função social da cidade constitui um importante princípio para

alcançar a qualidade de vida (OLIVEIRA; PEREIRA, 2015).

Para JORDÃO FILHO e OLIVEIRA (2013) a ocupação desordenada

dentro do espaço urbano está crescendo a cada dia trazendo consequências

negativas como acúmulo de resíduos, fome, poluição, falta de saneamento,

problemas econômicos, aumento da densidade populacional e crescimento urbano

desordenado onde o planejamento urbano entraria como um processo de criação de

programas que visam buscar a qualidade de vida para a população que sofre com

tais problemas citados, além de produção, estruturação e apropriação do espaço

urbano.

A autora RIBEIRO (2013) afirma que o planejamento urbano é

responsável por organizar e coordenar as cidades, permitindo com que hajam

melhores condições de habitualidade da população e acredita que deve seguir o

princípio da diferença por John Rawls1 segundo o qual, tal organização do espaço

urbano só deverá ser considerado adequado quando as expectativas de todas as

1 RAWLS, Jonh. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

11

classes forem elevadas ao máximo.

Sendo assim o planejamento urbano não possui uma definição única

podendo ser conceituada por várias áreas de diferentes maneiras, mas basicamente

é a área de estudo que localiza e define os espaços onde deverá ocorrer o

desenvolvimento, e como o mesmo deverá ocorrer de maneira organizada e

sustentável.

3.2. A importância do planejamento urbano

Para que seja promovido o desenvolvimento é necessário que haja

planejamento urbano. Sabe-se que em 2014 cerca de 50% da população mundial já

vivia em centros urbanos e há uma previsão de que neste mesmo século, até 2050

este número de moradores vivendo em áreas urbanizadas poderá chegar a 66%, ou

seja, dois terços da população .(UNITED NATIONS, 2015)

Existe uma necessidade em se planejar o espaço urbano. À medida que a

população cresce, a cidade precisa preparar-se para receber a demanda de

ocupação territorial. Nas áreas rurais e terrenos ainda não loteados, a organização

do espaço se torna mais fácil e eficiente, porém, é mais difícil corrigir os erros de

execução em uma cidade quando a mesma já foi executada em desconformidade

com o plano diretor do município. Nesse sentido percebe-se a importância de intervir

urgentemente no planejamento da cidade.

3.3. A acessibilidade no espaço urbano

A acessibilidade é essencial para todos os cidadãos, pois se refere à

capacidade de exercer atividades ou se locomover de maneira segura, independente

e autônoma, não só para deficientes físicos, mas para todas as pessoas. (ABNT

NBR 9050, 2015)

É comum pensar em acessibilidade voltado para deficientes físicos, mas

também se inserem nesse grupo os idosos, pessoas com obesidade e as demais

pessoas em condições normais, pois todos precisam de acessibilidade para usufruir

dos serviços de maneira produtiva e segura.

Também pode a acessibilidade ser definida como a interação existente

entre o uso do solo com os transportes, e uma vez relacionado aos transportes se

12

relaciona também ao funcionamento da cidade, à dinâmica do trânsito, se tornando

um importante elemento contribuinte para que a vida urbana possa ter qualidade,

pois através da acessibilidade, a população poderá ter melhor acesso aos serviços,

equipamentos urbanos e também trazê-los mais próximo do contato com as

atividades econômicas podendo assim contribuir com o desenvolvimento urbano.

(CARDOSO, 2007)

3.3.1. Acessibilidade para cadeirantes

Para que seja possível haver acessibilidade para pessoas que se

locomovem com cadeira de rodas é preciso se atentar às medidas da própria

cadeira, como também todos os espaços ao redor para que a mesma possa fazer

todas as manobras necessárias sem limitações devido à falta de espaço.

Para a norma NBR-9050 de 2015, o espaço mínimo para manobras é de

1,20m de largura, a largura máxima que um pedestre pode ocupar que no caso seria

portando uma órtese em cada braço, o comprimento máximo ocuparia um espaço de

1,50 metros de comprimento.

Módulo de referência

A Figura 1 representa as dimensões do módulo de referência (M.R.)

usado para indicar a projeção no piso de uma pessoa em cadeira de rodas

motorizada ou não, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - (ABNT

NBR 9050, 2015).

Figura 1 - Dimensões do módulo de referência (M.R.)

Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

13

Larguras de deslocamento em linha reta

É importante saber qual é a largura ideal mínima em uma calçada para

que na mesma possam circular pessoas em pé ou em cadeiras de rodas com

espaço nos dois sentidos, a norma recomenda medidas mínimas para tal.

Figura 2 - Um pedestre e uma pessoa em cadeira de rodas – Vistas frontal e

superior Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

Figura 3 - Duas pessoas em cadeira de rodas – Vistas frontal e superior

Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

Manobra de cadeira de rodas sem deslocamento

14

Figura 4 - Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

Manobra de cadeira de rodas com deslocamento

15

Figura 5 - Área para manobra de cadeiras de rodas com deslocamento Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

Rebaixamento de calçadas e desníveis

A norma traz as dimensões com as inclinações mínimas adequadas para

que seja construído o rebaixamento na calçada, tais dimensões são ilustradas pela

NBR 9050 indicando também como deve estar disposto o piso tátil na rampa

formada por tal rebaixamento, podemos ver na Figura 6 como deve ser essa rampa

de acesso.

Figura 6 - Rebaixamentos de calçada – Vista superior Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

Esta norma também traz parâmetros para desnível. Quando uma

16

superfície apresenta até 5mm, esta não necessita de cuidado especial, porém ao

possuir entre 5mm e 20mm ela deve ter uma inclinação de proporção 1:2, ou seja,

no máximo 50% conforme mostra a Figura 7 (onde as dimensões estão em

milímetros), desníveis superiores a 20mm deverão ser considerados como degraus

quando não puderem ser evitados.

Figura 7 - Tratamento de desníveis Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

3.3.2. Acessibilidade para deficiente visual

Pessoas com deficiência visual também precisam de uma atenção

especial quanto aos parâmetros que devem ser criados. Na NBR 9050, estão

descritas as dimensões para pessoas em pé com ou sem órteses que são apoios

externos (como bengalas ou muletas). As dimensões para pessoas com deficiência

visual consideram a distância lateral em uma vista superior da projeção formada pelo

movimento realizado por uma pessoa que dispõe de uma bengala longa que é

especialmente usada pelos deficientes visuais, tal dimensão está ilustrada na Figura

8 mostrando vistas lateral, frontal e superior. (ABNT NBR 9050, 2015)

Figura 8 - Dimensões referenciais para deslocamento de pessoa em pé Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

A NBR 9050 também possui medidas usadas para considerar uma

pessoa deficiente visual acompanhada de um cão-guia, as medidas estão sendo

17

mostradas na Figura 9.

Figura 9 - Dimensões referenciais para deslocamento de pessoa em pé Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

Piso tátil

Na mesma norma, existem parâmetros criados para que através do piso

tátil, no qual o deficiente visual possa estar sendo advertido ao passar por

determinados locais ou que o mesmo seja direcionado para lugares onde esteja

mais seguro. Os pisos de advertência e os pisos de direcionamento possuem

aderências desenhadas de formas diferentes, enquanto o piso de advertência possui

formas esféricas, o piso de direcionamento por sua vez apresenta formas compridas

e paralelas. A diferença pode ser notada observando as Figuras 10 e 11.

Figura 10 - Sinalização tátil de alerta e relevos táteis de alerta instalados no piso Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

18

Figura 11 - Sinalização tátil direcional e relevos táteis direcionais instalados no piso

Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

Para o piso tátil existem outras informações contidas em uma outra

norma, esta norma é a NBR 16537 de 2016 que trata especificamente da sinalização

tátil no piso. Com esta norma é possível saber como deve ser disposto na calçada o

piso tátil direcional corretamente. A Figura 12 mostra como deve ser o piso quando a

mudança de direção apresenta um ângulo entre 150 e 180 graus.

Figura 12 - Mudança de direção 150° < X ≤ 180°

Fonte: ABNT NBR 16537, 2016.

Quando a mudança de direção apresentar um ângulo menor que 150

graus é necessário utilizar o piso de advertência no ponto vértice da viragem, a

situação em questão está ilustrada na figura 13.

19

Figura 13 - Mudança de direção – 90° ≤ X ≤ 150° Fonte: ABNT NBR 16537, 2016.

Existem nessa mesma norma, informações sobre as distâncias que o piso

de direcionamento deve ter dos objetos e também dos locais de permanência de

pessoas. A distância mínima deve ser de 1,00m contado a partir da borda da

sinalização tátil até a borda do possível obstáculo como ilustrado na Figura 14.

Figura 14 - Distância mínima entre a sinalização tátil direcional e obstáculos

Fonte: ABNT NBR 16537, 2016.

Ainda para os pisos, segundo a NBR 16537, é necessário que os mesmos

apresentem contraste de cores em relação ao piso de entorno. Algumas cores de

contraste são aceitáveis por tal norma, outras combinações de cores devem ser

evitadas. Estas combinações estão exemplificadas na figura 15.

20

Figura 15 - Contrastes recomendados Fonte: ABNT NBR 16537, 2016.

3.4. As calçadas e seu papel na acessibilidade para todos

As calçadas são muito importantes para uma cidade e na vida dos

cidadãos, as mesmas foram criadas devido ao crescente desenvolvimento da área

urbana somada à impossibilidade de pedestres e veículos dividirem o mesmo

espaço, ou seja, a incompatibilidade entre ambos fez surgir a necessidade de

separar um local específico para que os transeuntes pudessem circular entre a pista

e as edificações com uma pequena elevação acima do nível da pista.(GOLD, 2003)

É importante saber sobre a definição de calçada para que possamos partir

deste conceito e então definir como determinar a acessibilidade, para tanto, o

Código de Trânsito Brasileiro define que calçadas são:

Parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins. (CTB, 2010)

Com tal definição, é possível entender que as calçadas possuem a

finalidade de ajudar na locomoção dos pedestres, porém a falta de cuidado desde a

execução da construção até à conservação da calçada permite com que ocorram

acidentes envolvendo pedestres sem sequer o envolvimento de veículos, o que faz

as pessoas evitarem andar pelas calçadas preferindo andar pelas ruas e os idosos

21

saírem bem menos. (GOLD, 2003)

Podemos observar também a respeito do nível em que as calçadas são

projetadas e como são preservadas, pois a qualidade delas serve como indicador da

de desenvolvimento de cada localidade. Uma vez que a população necessita de

calçadas para andar com segurança, esta deve ser planejada de maneira que os

pavimentos estejam adequadamente nivelados sem apresentar desníveis entre si,

paralelos ao nível da rua com alguns centímetros de altura, mas com rebaixamentos

bem executados para que os cadeirantes possam ter acesso. (LAMOUNIER, 2015)

As calçadas são de responsabilidade do proprietário do imóvel tanto para

construir quanto para preservar, porém isso não significa que a mesma não seja

pública, ao construir uma calçada existem parâmetros já normatizados que devem

ser observados.

3.4.1. Parâmetros para calçadas

Existem algumas regras que devem ser levadas em conta na construção

de calçadas, como o revestimento de calçadas que deve permanecer regular, firme e

antiderrapante independente das condições em que se encontra. Se estiver seco ou

molhado deve manter sua funcionalidade sem apresentar insegurança aos usuários.

Um estudo desenvolvido por CAMPANTE e SABBATINI (1996) da Escola

Politécnica da USP avalia a qualidade de diferentes pisos quanto à sua aderência

com testes a seco e testes molhados. Onde se observou nos resultados uma

qualidade que passou pelos mais rigorosos testes e recebem a classificação máxima

de qualidade nos materiais esmaltados antiderrapantes e nos materiais não

esmaltados antiderrapantes com relevo superficial.

É ideal dividir a calçada em três partes. São chamadas de faixa de

serviço, faixa livre e faixa de acesso. A faixa de serviço deve ser usada para receber

canteiros, árvores, postes de iluminação ou sinalização, entre outros mobiliários de

uso público. Esta faixa deve ter uma largura recomendada mínima de 0,70 m. A faixa

livre é onde os pedestres irão circular e segundo a norma deve ter o valor mínimo

livre de 1,20 m com a inclinação para ambiente externo de 3%, uma inclinação de

8,33% para rebaixamentos e uma altura livre de pelo menos 2,10 m. A faixa de

acesso só é possível quando a calçada possui mais de 2,00 m de largura e serve

para criação de rampa de acesso aos lotes lindeiros para aqueles que possuem

22

autorização do município para isto. Esta divisão está ilustrada na Figura 16.(ABNT

NBR 9050, 2015)

Figura 16 - Faixas de uso da calçada – Corte Fonte: ABNT NBR 9050, 2015.

3.5. O Plano diretor para desenvolvimento das cidades

A Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 12267 de 1992 traz a

seguinte definição para o plano diretor: “Instrumento básico de um processo de

planejamento municipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano,

norteando a ação dos agentes públicos e privados”. (ABNT, 1992, p. 1)

Ao falar sobre planejamento urbano não podemos abordá-lo deixando de

lado a Figura do plano diretor que possui por sua vez algumas características e

dilemas que são importantes de serem seguidos, o Estatuto das Cidades determina

que todas as cidades que possuem mais de vinte mil habitantes têm a

obrigatoriedade de elaborar seu próprio plano diretor,(BRASIL, 2002) o que faz com

que o processo de desenvolvimento urbano seja único em cada município.

23

O plano diretor deve passar por alguns processos para ser elaborado,

iniciando-se pela fase preparatória que é onde a equipe vai ser formada, organizada

e capacitada. Após essa etapa deve ser feita a elaboração do plano propriamente

dito, onde deve ser feita a leitura da cidade, que é a análise da realidade do local e

estudo da dinâmica do município em seu funcionamento, após isso são formuladas

as propostas e detalhadas as estratégias e instrumentos necessários para

transformar a realidade de um município, então após construir o projeto de lei, a

proposta será discutida na Câmara para que haja aprovação e implementação, após

isso deve haver a gestão do plano, ou seja, o funcionamento do plano deve ser

monitorado para garantir uma cidade melhor. (PINHEIRO, 2010)

O plano diretor apesar de diferir de um município para o outro, possui

algumas informações que são comuns, é ele que vai determinar as devidas políticas

de desenvolvimento de maneira a promover o bem-estar dos moradores e o bom

funcionamento dentro do município. (BRAGA, 1995)

O mesmo pode apresentar várias falhas, não exatamente no seu

conteúdo, porém o seu funcionamento não ocorre de maneira proveitosa e termina

sendo considerada uma ilusão por alguns motivos. O plano diretor pode apresentar

soluções com implementação de recursos cujos investimentos estão fora da

realidade do município. O que também pode ocorrer é o governo dentro de suas

atribuições, ignorar completamente o que consta no plano diretor e as suas ações

estratégicas não serem levadas em conta. (VILLAÇA, 2005)

Em contrapartida, existem municípios onde o plano diretor é levado em

consideração, estes poderão ter uma melhor garantia de desenvolvimento urbano.

24

4. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO

4.1. Localização do campo de estudo

O campo de estudo do trabalho, loteamento Oásis do Cariri, está situado

no bairro Monsenhor Murilo de Sá Barreto, criado com a Lei nº 4099, de 24 de

outubro de 2012, a partir do desmembramento do bairro Brejo Seco, este loteamento

é delimitado pelas coordenadas geográficas: 39° 15 '44" de longitude (WGr) e 7° 14'

44" de latitude (S) e está localizado no município de Juazeiro do Norte ao sul do

estado do Ceará cuja localização observa-se na Figura 17.

Figura 17 - Localização da cidade de Juazeiro do Norte

Fonte: IPECE

25

4.2. Informações sobre a cidade

O município possui uma área de 248,6 km² cuja população segundo

dados do censo do IBGE (2010) é de 249.939 pessoas com densidade demográfica

de 1.004,45 hab/km². De acordo com a secretaria do município, Juazeiro do Norte é

uma cidade localizada no interior do estado do Ceará, está situado na região

metropolitana do Cariri e é a maior cidade do interior do estado em população e uma

das mais populosas do Nordeste. A cidade está situada numa posição

estrategicamente privilegiada levando em consideração o raio geográfico que está

no centro da região Nordeste do país. Seu aeroporto é o sexto mais movimentado

no interior do Brasil. (Portal da secretaria de Juazeiro do Norte)

4.3. Sobre o loteamento Oásis do Cariri

O loteamento se divide em etapas, onde alguns trechos da 1ª e 2ª etapas

foram observados e fotografados, o mapa localizado no estande do loteamento pode

ser observado na Figura 18.

Figura 18 – (a) Etapas 1 do loteamento Oásis do cariri (b) Etapa 2 do loteamento Fonte: Adaptado pelo autor

4.4. Topografia no local do loteamento Oásis do Cariri

O terreno não possui uma topografia plana, no entanto a mesma

apresenta harmonia com a topografia dos empreendimentos vizinhos, apresentando

26

uma área com pouco mais de 500.000 m², onde a parte central do terreno é a mais

baixa, porém, não apresentando inclinação de 30% o que caracterizaria o terreno

como não permitido para parcelamento do solo ou para fins urbanos, entre outras,

pelo plano diretor do município.

4.5. O Plano diretor no município

O plano diretor de Juazeiro do Norte foi criado com a formulação da Lei n.

9.785, de 29 de janeiro de 1999 uma vez que a cidade possui mais de vinte mil

habitantes, a quantidade mínima necessária para se ter um plano diretor elaborado

com obrigatoriedade, o município de Juazeiro possui três documentos legislativos de

plano diretor.

No plano diretor da Lei n. 2572/2000 que trata do Desenvolvimento

Urbano, é possível encontrar em quais leis devem se basear alguns procedimentos e

quais não são de responsabilidade da prefeitura. Já a Lei n. 2570/2000 aborda o

parcelamento uso e ocupação do solo onde podemos ver os requisitos urbanísticos

que os loteamentos devem atender, requisitos que serão utilizados para realização

do estudo de caso.

27

5. METODOLOGIA

Para o estudo de caso foi escolhido o loteamento Oásis do cariri

localizado no bairro Monsenhor Murilo de Sá Barreto, criado a partir do

desmembramento do bairro Brejo Seco, sendo assim considerado um bairro novo.

A escolha de um bairro novo se deve ao fato do trabalho analisar se há

conformidade da execução do loteamento com os requisitos urbanísticos

relacionados a divisão de glebas em lotes apontados pelo plano diretor do município

de Juazeiro do Norte como também analisar se o loteamento segue as normas de

acessibilidade dispostas na NBR 9050 de 2015, NBR 16537 de 2016 e também com

o Código de Obras e Posturas do município em questão.

Para tanto, será feita a análise de um relatório fotográfico de trechos do

loteamento onde será possível observar suas características e através do

levantamento feito das dimensões nestes locais, será possível analisar se

apresentam conformidade com as normas de acessibilidade.

5.1. Análise do loteamento quanto aos requisitos urbanísticos do plano

diretor

A Lei n. 2570 de 2000 sobre parcelamento, uso e ocupação do solo

apresenta traz no Art. 86 os requisitos urbanísticos que o loteamento deve atender,

onde analisa-se seus parágrafos.

I - as áreas destinadas a sistema de circulação, implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais ao tamanho da gleba a ser loteada, conforme artigo subsequente; II - os lotes terão área mínima de 125,00m2 (centro e vinte e cinco metros quadrados) e frente mínima de 5,00m (cinco metros), salvo quando a legislação estadual ou municipal determinar maiores exigências, ou quando o loteamento se destinar à urbanização específica ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes; III - a dimensão mínima da quadra será de 40,00m (quarenta metros), enquanto que a máxima será de 250,00m (duzentos e cinquenta metros); IV - ao longo das águas correntes e dormentes, a partir do perímetro molhado no nível pluviométrico mais elevado, e das faixas de domínio público das rodovias, ferrovias, dutos e linhas de transmissão de alta tensão, será obrigatória a reserva de uma faixa non aedificandi de 15,00m (quinze metros) de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica; V - as vias de loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes oficiais, existentes ou projetadas, harmonizar-se com a topografia local e estar de acordo com a Lei do Sistema Viário Básico de Juazeiro do Norte.

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Nos parágrafos I e II estão dispostos os requisitos sobre porcentagem do

ambiente público em relação à gleba inteira, recomendando as dimensões mínimas

que o lote deve possuir tanto de área como de frente. No loteamento analisado,

apresentado na Figura 18 os lotes possuem medida média de 8m de largura e 23m

de comprimento, sendo que alguns lotes possuem dimensões ajustadas para

esquinas podendo ter suas medidas variantes para mais ou para menos, porém

ainda atendendo aos requisitos.

Sobre o comprimento da quadra, no parágrafo III tem-se as medidas

mínimas e máximas recomendadas, onde o loteamento não apresenta medidas que

ultrapassam os 250m, porém existem locais onde a medida mínima apresenta

medidas de 38m e de 39m.

O parágrafo IV fala sobre as águas correntes ou dormentes, porém, no

loteamento não existe nenhum local por onde passam águas correntes nem mesmo

locais com a presença de águas dormentes.

O Oásis do cariri foi projetado entre o prolongamento da Rua José

Antônio Severino com Rua projetada 44 (Taxista Pedro Sérgio de Araújo) ao Norte e

a Avenida Aureliano Pereira da Silva ao Sul com as devidas adaptações para

permanecer justaposto entre ambas e à Leste da rua Antônio Amorim da Silva. A

topografia do loteamento apresenta harmonia com a topografia dos locais vizinhos,

sendo assim, a mesma está em conformidade com o parágrafo V.

5.2. Acessibilidade e conformidade com Código de Obras e Posturas

O Código de Obras e Posturas do município de Juazeiro do Norte traz no

seu Artigo 92 algumas diretrizes sobre calçadas que são obrigatórias para o

loteamento. Elas estão citadas nos seguintes tópicos onde serão indicados os locais

encontrados no loteamento estudado que apresentaram desconformidade.

5.2.1. Declividade

Para a declividade a porcentagem máxima de inclinação apontada pelo

código é a mesma apontada pela NBR 9050, deve ser 3% do alinhamento ao meio-

fio. Em todos os trechos analisados não foram encontradas calçadas que

ultrapassam o máximo estabelecido.

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5.2.2. Uniformidade da largura da calçada

Toda a extensão da calçada deverá possuir a uniformidade da largura

mantida, porém, no início da quadra 01 da primeira etapa do loteamento, foi

encontrada uma calçada com largura que aumenta de 1,80m para 1,87m em sua

extensão. Nas calçadas seguintes as larguras aumentavam em alguns milímetros.

5.2.3. Equipamentos urbanos sobre calçadas

A superfície da calçada, próximo ao meio fio, só poderá ser ocupada por:

postes de iluminação, placa de sinalização, arborização e outros equipamentos de

utilidade pública de pequeno porte como coleta de lixo e correio, desde que não

ocupem mais do que um terço da largura da calçada.

Apesar do código exigir isso, na quadra 01 da primeira etapa foi

encontrada uma calçada (Figura 19) cuja arborização ocupa 0,85m da calçada

deixando uma área livre de apenas 1,00m que é inferior à recomendada pela norma.

Figura 19 - Arborização ocupando área maior que a recomendada Fonte: Elaborado pelo autor

5.2.4. Continuidade da calçada

A calçada deverá ter sua continuidade sendo permitida a sua interrupção

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apenas por lugares de acesso a estacionamento ou garagem. Vale ressaltar que o

Art 96 do Código de Obras e Posturas assegura que esse acesso deve ser uma

rampa de no máximo 0,60m de comprimento. Na Figura 20 pode-se ver uma calçada

localizada na quadra 17 da primeira etapa que apresenta um desnível na calçada e

cuja rampa de acesso é de 0,90m de comprimento.

Figura 20 - Rampa com dimensões maiores que o recomendado Fonte: Elaborado pelo autor

Neste outro trecho da Figura 21 localizado na quadra 7 não há um

desnível no comprimento da calçada, porém a rampa de acesso à garagem é de

1,90m ocupando toda a largura da calçada.

Figura 21 - Rampa de acesso ocupa toda a calçada Fonte: Elaborado pelo autor

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5.2.5. Revestimento das calçadas

O revestimento deve ser um material firme, antiderrapante onde é proibido

o uso de materiais que sejam de cerâmica polida, granito ou mármore ou qualquer

outro material que tenha a superfície lisa. Também deve ser uma superfície que não

tenha rebaixamentos ou saliência que atrapalhem a circulação

A maioria das casas dentro do loteamento possuem a calçada com a

superfície no nível osso, porém algumas possuem o revestimento cerâmico, como

na Figura 22 e de placas de pedra do tipo São Tomé, como na Figura 23.

Figura 22 - Revestimento cerâmico Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 23 - Revestimento com pedra São Tomé

Fonte: Elaborado pelo autor

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Em todas as calçadas com piso de pedra, não existe problema pois sua

superfície é antiderrapante. Nas calçadas com revestimento cerâmico o mesmo não

é polido, sendo assim, também não apresenta desconformidade.

5.2.6. Acessibilidade das calçadas do loteamento

Ao longo de toda a quadra 01 da primeira etapa do loteamento foram

encontradas portas apenas com degraus como mostra a Figura 24, sendo assim, as

pessoas que possuem deficiência terão que entrar em quaisquer dessas casas pela

rampa da garagem.

Figura 24 - Degraus de acesso ao imóvel

Fonte: Elaborado pelo autor

Nas casas analisadas desta mesma quadra existem rampas de garagem

e as mesmas possuem uma inclinação de 12% (Figura 25) adequadas para veículos,

mas inadequada para acessibilidade dos cadeirantes uma vez que não condições

para os mesmos utilizarem a entrada pela porta.

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Figura 25 - Rampas de acesso à garagem

Fonte: Elaborado pelo autor

Dentre as casas analisadas, foi encontrada uma residência (Figura 26)

localizada na quadra 4 que apresentou rebaixamento de calçada com o mesmo

aspecto da ilustrada pela NBR 9050, porém suas medidas não estão de acordo pois

sua inclinação é de 22,2%, ou seja, fora do padrão de acessibilidade. Na quadra 46

da segunda etapa, o que é possível encontrar são rampas na faixa de serviço em

todas as calçadas, porém também não estão de acordo com a norma de

acessibilidade possuindo 28,5% de inclinação.

Figura 26 - Rebaixamento mal executado

Fonte: Elaborado pelo autor

Esta residência também foi a única de todos os trechos analisados onde

encontrou-se sinalização tátil nas calçadas, todavia, conforme NBR 16537 a mesma

apresenta falhas de execução. Em relação à disposição do piso de tátil de

advertência na rampa de rebaixamento, é possível ver na Figura 26 que a mesma

34

não foi usada, porém era preciso que houvesse uma faixa de piso de advertência no

meio da rampa ou pelo menos próximo à mesma com direcionamento para o lado da

rua conforme mostra a Figura 6.

No tocante às mudanças de direção, necessárias ao virar à esquina,

podemos ver que o piso de advertência foi colocado em ambos os ângulos conforme

mostra a Figura 27, no entanto, não é necessário piso de advertência para o ângulo

formado na mudança de direção vista no lado esquerdo da figura, em contrapartida,

do lado direito vemos o piso de advertência em um ângulo onde o mesmo é

realmente necessário, mas a execução ideal deveria ter sido conforme mostra a

Figura 14.

Figura 27 - Mudança de direção no piso tátil Fonte: Elaborado pelo autor.

Com relação às distâncias do piso tátil para os obstáculos e objetos, é

possível observar na Figura 28 que as distâncias para o piso tátil estão

inadequadas, os buracos estão a apenas 0,15m a as paredes estão a 0,80m, todas

estas distâncias deveriam ser de no mínimo 1,00m.

Figura 28 - Distância do piso tátil para objetos

Fonte: Elaborado pelo autor

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da pesquisa de campo notou-se que a mesma segue alguns

aspectos do plano diretor com integridade, onde os requisitos urbanísticos

apresentados pela Lei de Uso e Ocupação do Solo foram seguidos com pequenos

detalhes de dimensão de lote divergentes, sendo assim o loteamento no que diz

respeito ao uso do plano diretor, fez bom uso da Lei n° 2570 do município (nos

lugares onde foi feito o relatório fotográfico).

Em contrapartida, analisando os empreendimentos do loteamento

juntamente com o Código de Obras e Posturas, é possível ver que foram

encontradas algumas irregularidades nas construções das calçadas onde a maioria

dos tópicos do Artigo 92 não foram corretamente executados mostrando assim que o

uso do plano diretor da Lei nº 2571 não foi tão levado em consideração quanto o

primeiro na execução da obra.

Não foram encontradas informações no plano diretor que vão de encontro

com o que trazem as normas de acessibilidade, sendo assim, as calçadas do

relatório fotográfico que foi feito no loteamento foram analisadas também no que diz

respeito à promoção da acessibilidade dos passeios, tanto para deficiente visual

quanto para pessoas e cadeiras de rodas.

As normas de acessibilidade da NBR 9050 de 2015 não foram

implementadas adequadamente, considerando que a faixa livre deve ter o mínimo

de 1,20m de largura foram encontradas calçadas que possuem essa faixa reduzida

e algumas onde essa faixa é completamente interrompida. Em relação aos

rebaixamentos em apenas um trecho houve a preocupação de executar o

rebaixamento da maneira que a NBR 9050 determina, porém erroneamente em

relação à inclinação. Em quase todas as calçadas há rampas na faixa de acesso,

porém nenhuma delas possuía uma inclinação adequada para cadeirante.

Para os possíveis transeuntes que possuem deficiência visual, o piso tátil

só está presente em uma dentre todas as calçadas analisadas, os postes não

possuem sinalização tátil, e as distâncias onde os mesmos foram implementados

dos obstáculos está em desacordo com a NBR 16537 de 2016.

Para os deficientes visuais e cadeirantes da cidade, que já podem até

estar acostumados em enfrentar os problemas da falta de acessibilidade

encontrados pode não ser um problema, mas a acessibilidade em momento nenhum

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deve ser ignorada pois a qualidade de vida para quem possui algum tipo de

deficiência precisa ser melhorada.

É importante notar que mesmo dispondo de normas atualizadas e

legislações complementares uma à outra, os empreendimentos dentro dos

loteamentos mais novos ainda deixam a desejar em vários aspectos. Cabe ao

proprietário ou à construtora observar também o Código de Obras e Posturas do

município e assegurar que durante a obra as normas de acessibilidade estão sendo

seguidas para promover uma boa qualidade de vida dentro da cidade.

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REFERÊNCIAS

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elaboração de Plano Diretor, Rio de Janeiro, , 1992.

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Município, Juazeiro do Norte,CE, 08 set 2000.

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Desenvolvimento Urbano, Juazeiro do Norte,CE, 08 set 2000.

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