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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS BEATRIZ MARIA SANTOS MACEDO SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE CITOLOGIA A PARTIR DA BIOLOGIA DO CONHECER SÃO PAULO 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

BEATRIZ MARIA SANTOS MACEDO

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE CITOLOGIA A PARTIR DA BIOLOGIA DO CONHECER

SÃO PAULO

2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

BEATRIZ MARIA SANTOS MACEDO

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE CITOLOGIA A PARTIR DA BIOLOGIA DO CONHECER

Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Biológicas

apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito

parcial à obtenção do grau de Licenciado em Ciências

Biológicas.

ORIENTADORA: Prof.ª Dr. ª Magda Medhat Pechliye

SÃO PAULO

2017

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“Não vos preocupeis com a realização dos

vossos desejos.” Pe. JK

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AGRADECIMENTOS

Agradecimento e gratidão primeiramente à Deus, em quem sempre encontrei

repouso e apoio nas horas mais difíceis, de onde vem a força que me move e faz

caminhar, e impulsiona meus sonhos. Gratidão a Mãe Rainha Três Vezes Admirável

de Schoenstatt, quem confio minha autoeducação e meu coração. A esta fé que me

move, agradeço aos meus pais Luciene e Antônio Macedo, que me educaram,

confiaram, hoje me apoiam em todas as situações, principalmente na realização

deste trabalho e na minha formação, e agora me veem voar. Sou grata de coração

ao meu irmão Guilherme José, com quem compartilho meus sonhos, em quem eu

me espelho desde criança, e me dá segurança para seguir. Eles são o meu alicerce

em todas as situações.

Gratidão à Lucas Kzeiha, por ser meu melhor amigo ao longo de toda essa

caminhada, por me incentivar e ouvir, por entender os momentos difíceis que

enfrentei e estar ao meu lado em toda e qualquer situação, e toda sua Família. Aos

amigos que conheci dentro desses três anos de formação, que caminharam junto

comigo lado a lado, enfrentando e criando desafios, amigos que vou levar para vida

inteira e que são tão especiais. A vocês todo meu carinho Lívia Coelho, Marisa

Ortenblad, Lucas Munhoz e Allison Vargas, com quem compartilho o desejo de

ensinar. Aos demais colegas com quem tenho grande alegria de partilhar minha

formação e momentos especiais Adrielli, Joel, Pedro, Lucas Nobrega e Ana Carolina

agradeço pelas inquietações e pela trajetória.

À Universidade Presbiteriana Mackenzie e Centro de Ciências Biológicas e da

Saúde, ao coordenador do Curso de Ciências Biológicas professor Adriano Monteiro

e a todo corpo docente que contribuiu para a minha formação nestes três anos, e me

proporcionou diversas experiências agregando a minha formação, meus

agradecimentos. Dentre este corpo docente, presente principalmente na formação

de licenciandos, agradeço a professora Rosana Jordão, por acrescentar a minha

formação e permitir que eu percebesse o quão importante é a nossa construção ao

longo destes três anos.

Parte deste corpo docente espetacular de licenciatura, gratidão especialmente

a minha orientadora professora Magda Medhat Pechliye, que me proporciono

diverso

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questionamentos, e reflexões, além de oferecer diferentes meios de se acreditar na

educação, e que me fazem desejar ser professora assim como ela é. Agradeço a

todos os puxões de orelha, todos os conselhos, todos os abraços e todas as

oportunidades que por ela foram realizadas e me fizeram crescer como pessoa, e

chegar até aqui. A ela cordialmente agradeço a confiança de realizar este trabalho,

por estar ao meu lado e me guiar quando não víamos solução, por enfrentar todos

os desafios que foram produzir esta sequência didática, e sei que hoje estamos aqui

pois não desistimos de continuar, obrigada por me abraçar como uma mãe e me

fazer sentir segura.

Sendo assim, tenho que agradecer ao trabalho conjunto destas duas

professoras que buscam a partir da formação de professores melhorar o ensino

básico, que muitas vezes é sucateado. E hoje me fazem questionar a professora que

pretendo ser, e fazem parte de toda essa reconstrução que passei para

compreender o quão suave e violento é escolher educar.

Ao tema deste projeto quero agradecer ao Grupo de estudos e pesquisa

sobre a perspectiva biológico-cultural no ensino de Ciências e de Biologia, liderados

pela prof.ª Magda, prof.ª Rosana e prof.ª Paola Dall'Occo, e composto por alunos e

ex-alunos, dentre eles na época; Allison Vargas, Beatriz Portella, Bruno Pereira,

Fernanda Lorena, Jennifer Souza, e Fábio Dimov, que me acolheram no início da

minha formação e proporcionaram questionamentos pautados nas discussões de

melhoria do ensino básico a partir do viés da Biologia do Conhecer proposta por

Maturana e Varela. E esses questionamentos me fizeram enxergar que as

explicações destes autores poderiam agregar a aprendizagem dos alunos. Aos

integrantes que neste final auxiliaram na concretização da sequência didática

agradeço especialmente a Beatriz Portella, Giovanna Massoca e Mariana Brito.

Existem muitos outros nomes que poderiam aqui ser citados, aos amigos de

longa data, aos amigos que me apoiaram sempre, aos amigos que me

acompanharam em todas as situações. A todos que estiverem e se fazem presentes

neste momento importante.

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RESUMO

Vemos ainda hoje que o ensino de célula continua priorizando a memorização, a

fragmentação e a descontextualização deste conteúdo, distanciando os termos e as

representações utilizadas da realidade dos alunos dificultando a aprendizagem

destes. Logo, uma alternativa para modificar o currículo atual da escola seria a

utilização de novas perspectivas para explicar os conteúdos que são de difícil

compreensão dos alunos, e ao utilizarmos sequências didáticas e projetos,

priorizamos a participação dos alunos proporcionando-lhes protagonismo. Partindo

destes aspectos, o objetivo deste trabalho foi elaborar e analisar uma sequência

didática na perspectiva da Biologia do Conhecer, tendo como tema estruturador a

citologia. Esta sequência foi enviada para duas professoras do ensino básico, com o

intuito de analisar a produção proposta, junto com um roteiro avaliativo composto por

cinco questões para nrtear a análise e possibilitar um padrão entre as respostas

facilitando uma posterior análise. A análise neste trabalho apresentado busca

relacionar a literatura com as respostas apontadas pelas avaliadoras, além de

discutir alguns pontos da sequência produzida. Tendo em vista o parecer das

avaliadoras, esta sequência apresenta atividades aplicáveis que podem contribuir

para a área de ensino e de aprendizagem de citologia, principalmente por apresentar

um referencial diferenciado. Elas também apontam que esta sequência apresenta

uma perspectiva diferente da que é utilizada no ensino de citologia, proporcionando

aos alunos um novo olhar. Por fim, levantam questionamentos sobre o tempo de

aplicação da sequência didática como um todo e o tempo de aprendizagem dos

alunos, nos direcionando as preocupações que devemos levantar quanto a proposta.

Desta forma, podemos concluir que a sequência didática aqui proposta cumpre com

o objetivo de propor uma nova possibilidade ao ensino de citologia, mostrando que

novas perspectivas podem ser uma das saídas para uma aprendizagem significativa

dos alunos.

Palavras-chave: citologia – fragmentação – sequência didática – biologia do

conhecer – Maturana e Varela

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ABSTRAC

We still see cell teaching continuing to memorize, fragment and decontextualize this

content, distancing the terms and as representatives of the reality of students making

it difficult to learn from them. Therefore, an alternative to modify the current

curriculum of the school and a use of new perspectives to explain the contents that

are difficult to understand the students, and when using didactic sequences and

projects, we prioritize the participation of the students giving them protagonism.

Starting from these, the objective of this work is to elaborate and analyze a didactic

sequence from the perspective of the Biology of Knowing, with the cytology as its

theme. This analysis was evaluated by an analysis, such as a later analysis and a

later analysis. An analysis in this work seeks to relate the literature as answers

pointed out by evaluators, in addition to discuss some points of the failure produced.

In view of the opinion of the evaluators, this is a presentation of teaching and learning

activities, mainly for presenting a differentiated reference. They are also a different

application than it is used without teaching cytology, providing a new look. Finally,

they raise questions about the time of application of the didactic sequence as a

whole and the students' learning time, directing us as concerns that we should raise

regarding the proposal. In this way, we can conclude that the didactic sequence

proposed here fulfills the objective of proposing a new offer to the teaching of

cytology, showing that new perspectives can be one of the outputs for meaningful

student learning.

Keywords: cytology - fragmentation - didactic sequence - biology of knowing –

Maturana e Varela

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

II. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 11

1. Mecanicismo e Pensamento sistêmico ............................................................. 11

2. Autopoiese ........................................................................................................ 13

3. A célula e autotpoiese....................................................................................... 16

4. Descontextualização e Transmissão do Conhecimento no Ensino de

Citologia............ .................................................................................................... 19

5. Sequências Didáticas e Projetos ...................................................................... 23

III. MÉTODO ............................................................................................................. 26

IV. RESULTADOS .................................................................................................... 29

V. ANÁLISE .............................................................................................................. 35

VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 46

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 48

ANEXO 1 .................................................................................................................. 51

ANEXO 2 .................................................................................................................. 77

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I. INTRODUÇÃO

O ensino atual é pautado na memorização e fragmentação dos conteúdos

visando transmitir o conhecimento sobre os temas abordados para os alunos.

Entretanto, a alta fragmentação, ao invés de permitir a compreensão destes

conteúdos, proporcionou uma maior descontextualização e aprendizagem sem

sentido. Isto ocorre com o ensino de Biologia, e o que seria para o aluno refletir e

questionar sobre a integração entre os conteúdos, passa a ser apenas devolução de

respostas prontas. Desta forma, o ensino de citologia, que faz parte dos conteúdos

da disciplina de biologia, e deveria possibilitar o entendimento do funcionamento da

unidade celular e é importante para a percepção dos alunos sobre si mesmos e

sobre os seres vivos de maneira geral, ocorre de maneira a priorizar a memorização

e o armazenamento sem entendimento da sua importância a partir da compreensão

de conhecimento por acumulação de informações.

Para fugir desta descontextualização e fragmentação dos conteúdos o

professor deve buscar meios que possibilitem um processo de ensino e de

aprendizagem por construção. Assim, a teoria da Biologia do Conhecer proposta por

Maturana e Varela seria uma forma interessante de promover aos alunos um ensino

diferenciado, que proporciona discussões e reflexões sobre o conteúdo e a biologia

em si, pois destaca uma nova visão sobre a fenomenologia dos sistemas vivos e

viabiliza uma interpretação diferente da que é utilizada hoje nas escolas para o

ensino desta disciplina. Mas, para que a relação entre o ensino de citologia e a

Biologia do Conhecer seja possível, seria interessante o uso de sequência didática,

uma vez que estas proporcionam relações intencionais.

Pensando em explicitar a relação entre a Biologia do Conhecer e a Citologia o

referencial teórico, apresentado neste trabalho, faz primeiramente um panorama das

teorias que influenciaram a teoria da autopoiese proposta por Maturana e Varela, e

explica como esta teoria está fundamentada, buscando mostrar suas peculiaridades.

Devido aos autores, Maturana e Varela, explicarem sua teoria a partir da unidade

celular, temos uma pequena discussão sobre a célula na ciência tentando

apresentar as diferenças entre a teoria proposta e o que é estudado desde então.

E assim, fazemos uma relação entre a maneira como a ciência tem buscado

compreender a célula e como a escola vem tentando ensinar seus alunos, de forma

fragmentada. Partindo de tal problematização é interessante ressaltar as

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possibilidades que o viés da Biologia do Conhecer poderia propor ao ensino de

citologia, e a partir destas possibilidades destacar a importância de uma sequência

didática e ou projeto para proporcionar relações entre os temas que se deseja

trabalhar. Logo, este trabalho pretende apresentar uma sequência didática que

busca nesta fundamentação teórica o norte para promover um ensino de citologia

diferenciado. Visando a necessidade de levantar questionamentos sobre a produção

da mesma, faz-se necessário a análise de avaliadores, que são apresentados neste

trabalho como resultados para uma posterior análise.

A escolha desta teoria surgiu no Grupo de estudos e pesquisa sobre a

perspectiva biológico-cultural no ensino de Ciências e de Biologia, a partir de

discussões sobre a linha de pesquisa: ensino e aprendizagem de Ciências e de

Biologia à luz da teoria da Biologia do Conhecer. Este grupo de pesquisa produziu

um curso de extensão para professores de Ciências e de Biologia com o intuito de

introduzir o viés da Biologia do Conhecer na sala de aula. Dentro deste curso foi

levantado pelos professores participantes a dificuldade de se utilizar o viés da

Biologia do Conhecer em sala de aula. Assim sendo, a produção de aulas feitas por

um integrante do grupo de pesquisa poderia facilitar a utilização do viés de Maturana

e Varela na sala de aula.

Portanto, este projeto tem por objetivo geral propor e analisar uma sequência

didática na perspectiva da Biologia do Conhecer, tendo como tema estruturador a

citologia.

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II. REFERENCIAL TEÓRICO

1. Mecanicismo e Pensamento Sistêmico

Por quase dois mil anos Aristóteles dominou o pensamento ocidental ao

proporcionar a visão de um universo orgânico em que a forma não existe sem a

matéria, e a matéria não existe sem a forma, produzindo um processo de

autorrealização que foi por ele chamado de enteléquia (auto-completude). Contudo,

nos séculos XVI e XVII a visão a partir do universo orgânico mudou radicalmente

pela noção de vivo como máquina, emergindo assim o mecanicismo cartesiano

(CAPRA, 2010). Segundo Lewontin (2002), o mecanicismo cartesiano foi ainda mais

acentuado com o desenvolvimento do pensamento analítico feito por Descartes, que

consistia no isolamento das partes para a compreensão do todo. Sendo assim, se

vemos um animal como uma máquina suas partes podem ser claramente

diferenciadas e terão uma relação com as demais. Desta maneira passou-se a

acreditar que apenas as partes poderiam explicar inteiramente as propriedades do

todo.

Entretanto, por mais que o universo orgânico tenha sido substituído pelo

mecanicismo, este não desapareceu por completo permanecendo na literatura, na

arte e na filosofia, e assim, ambos foram se complexificando e aprimorando as

compreensões de vida. Já durante os séculos XVIII e XIX iniciou-se uma retomada

do pensar na natureza de forma orgânica, retornando aos pensamentos de

Aristóteles, evidenciando um movimento contra a visão mecanicista. Porém, com a

vinda do microscópio e as teorias de Rudolf Virchow sobre as células no final do séc.

XIX o mecanicismo não perdeu a força (CAPRA, 2010).

Contudo, entre os séculos XIX e XX surgiram movimentos que buscavam

compreender a vida a partir da organização, indo além da redução da Biologia à

Física e à Química, se opondo ao mecanicismo: o vitalismo e a biologia orgânísmica.

O vitalismo afirma que existe uma entidade extrafísica e química que permite

compreender a vida, porém, não se desliga do pensamento cartesiano, enquanto

que a biologia orgânísmica acredita que a organização ou as relações organizadoras

são os pontos chaves para compreender a vida, desafiando a analogia cartesiana,

em busca de um pensamento mais amplo (CAPRA, 2010). Desta forma, ambas

proporcionaram um novo modo de pensar que levou ao pensamento sistêmico

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O pensamento sistêmico enxerga o ser vivo como uma rede, e enfatiza a

importância da interação e as relações entre as partes, que são propriedades do

todo inserido em um contexto, levando-nos à complexidade. Assim, segundo Capra

(2010), ao separarmos ou dissecarmos um sistema vivo (como é proposto pelo

mecanicismo cartesiano para compreender seu funcionamento) suas propriedades

são perdidas. Isto ocorre quando isolamos um sistema vivo de modo físico,

separando efetivamente suas partes, ou teórico, explicando separadamente cada

parte, pois os elementos isolados perdem suas relações. Contrário ao que a visão

sistêmica propõe, e é o que devemos destacar, ela traz a compreensão do

funcionamento apenas a partir da organização do todo (CAPRA, 2010).

Segundo Capra (2010), esta visão de organização está presente na

Cibernética, que se preocupa com um novo nível de descrição concentrando-se em

padrões de comunicação, principalmente em redes, levando às concepções de

retroalimentação, autorregulação e mais tarde de auto-organização. A cibernética

surge no contexto da II Guerra Mundial com o intuito de criar máquinas que

destruíssem outras máquinas. Seus estudiosos eram matemáticos, neurocientistas,

cientistas sociais e engenheiros e estes buscavam romper a separação e os limites

da especificidade que cada disciplina apresenta para a explicação de um fenômeno

(MAGRO, 2002). Justamente por possuir pensadores de diversas áreas as

reformulações conceituais foram construídas ao longo de seu amadurecimento, e a

cibernética acabou se dividindo em cibernética de 1º ordem, que se refere à tentativa

de construir máquinas que criassem e transformassem informação, e de 2º ordem,

que estudava a possibilidade de construir máquinas que simulassem a

complexidade humana (OLIVEIRA, 2010).

A cibernética de 2º ordem inicia um processo de discussão sobre as visões do

observador, e explicações que se aproximam da compreensão da complexidade dos

seres vivos (MAGRO, 2002). E, foi dentro deste contexto que Humberto Maturana

levantou o questionamento de “Qual é a organização da vida?”, começando o trajeto

para a construção de uma nova teoria para redefinir o conceito de vivo (MAGRO,

2002; CAPRA, 2010). Sendo assim, a cibernética de 2º ordem é o berço da teoria da

autopoiese proposta por Humberto Maturana e Francisco Varela (MAGRO, 2002).

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2. Autopoiese

A partir de questionamentos sobre os seres vivos, Humberto Maturana e

Francisco Varela (2011) propuseram um novo critério para estabelecer o que é ou

não vivo. Segundo Capra (2010), os autores apropriaram-se da visão de máquina,

mas não de forma analítica (compreender as partes separadamente), para definir e

compreender o ser vivo a partir de processos e relações entre os componentes.

Utilizando a organização como critério para compreensão dos sistemas vivos, e

como base da teoria da autopoiese.

Outros critérios para definição de vida já são utilizados, para Tavares (2000)

um dos mais usados dentre os estudiosos de Biologia é a lista de características.

Ainda segundo esta autora, a lista ganhou forças após Ernest Mayr passar a agrupar

o que era comum aos processos vivos com a finalidade de diferenciá-los dos seres

inanimados e buscar uma “definição” para a vida, criando assim uma lista com

características como: organização complexa e adaptativa, singularidade química,

qualidade, individualidade e variabilidade, presença de material genético, natureza

histórica, seleção natural e indeterminação.

A lista de Mayr não foi a única, diversas outras listas foram criadas dentre

elas a de Crick, que apresenta autorreprodução, evolução e metabolismo. Porém,

esta organização por listas é cercada de problemas, um deles é que sempre existem

exceções que hora excluem ou incluem seres, dependendo do olhar do pesquisador.

Outra é em relação ao número e tipos de propriedades que são incluídas, e assim,

quais delas seriam a correta. Contudo, não podemos chegar a uma conclusão pois

não sabemos a essência da vida (TAVARES, 2000).

Maturana e Varela (2011), explicitam que o critério que permite fugir de tais

incompatibilidades é uma organização comum a todos os seres vivos. Segundo os

autores, se os seres vivos são agrupados, existe uma organização que permite tal

orientação. Nesta organização existem relações que são estabelecidas e nos

permitem reconhecer algo como pertencente de uma classe, ou seja, existem

relações que devem ser satisfeitas para que uma organização específica seja

reconhecida, e isso ocorre com os seres vivos.

Esta especificidade comum a todos os seres vivos é chamada por Maturana e

Varela (2002) de organização autopoiética, e consiste em produzir a si mesmo de

modo contínuo, isto é, uma máquina vivente capaz de produzir os componentes que

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a constitui, possuindo relações que permitam a sua manutenção e sua especificação

como unidade, caracterizando a sua organização. A palavra autopoiese foi criada

por Maturana e Varela e significa criação de si mesmo, em que “auto” significa si

mesmo, e “poise” vem do grego e significa criação, sendo assim, esta máquina

“produz sua própria organização através da produção de seus componentes”

(MATURANA; VARELA, 2002, p.71).

Os componentes, citados pelos autores, são as partes que compõem uma

unidade, e as relações que eles detêm caracterizam a sua estrutura. Assim, as

relações específicas entre os componentes e a estrutura nos permitem reconhecer

algo como pertencente a uma classe, e o que utilizamos para caracterizá-lo como tal

é a sua organização. Vamos a um exemplo: se olharmos para uma cadeira, ela

possui relações entre seus componentes, que seriam o assento, o parafuso, as

pernas, o encosto e etc. que se dispõem em uma estrutura. Porém, esta estrutura

pode ser diferente dentro da organização cadeiras, isto é, existem cadeiras de três

pernas ou quatro pernas, com o encosto unido ao assento ou com um espaço, mas

mesmo assim reconhecemos como estando na organização das cadeiras

(MATURANA, 1990).

Desta forma, mesmo que os componentes possuam natureza diferente, a

organização mantém-se a mesma (PELLANDA, 2009; CAPRA, 2010). Portanto, os

componentes participam da produção e ou transformação de outros componentes

formando uma rede de processos de produção e interações, que desencadeiam em

uma produção contínua de si mesmos, logo a organização é o produto de sua

operação (CAPRA, 2010).

Como podemos perceber para que esta organização autopoiética ocorra são

necessários conjuntos de relações que determinam uns aos outros, mas que não

são processos sequenciais. Com isso a produção e relação entre os componentes é

essencial para a formação de uma fronteira e a fronteira para a regulação da rede

que compõe a unidade. Desta maneira, a fronteira não é apenas uma distinção entre

o ser e o meio, mas pertence a ele, isto é, ela se caracteriza por ser ao mesmo

tempo a abertura, que permite a comunicação (fluxo de matéria e energia), e o

fechamento, que limita e impede a homogeneização do ser com o meio (MORIN,

1977). Mostrando que:

A característica mais peculiar de um sistema autopoiético é que ele se levanta por seus próprios cordões, e se constitui como

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diferente do meio por sua própria dinâmica, de tal maneira que ambas as coisas são inseparáveis. (MATURANA; VARELA, 2011, p.55).

As interações, que os autores mencionam ao enfatizar a manutenção e

funcionamento da organização autopoiética a partir das relações entre os

componentes e a estrutura, quando desencadeiam mudanças de estado, se

remetem ao termo cunhado por eles como perturbação. Sendo assim, as

perturbações são todas as mudanças de estado e ou mudanças estruturais que uma

unidade autopoiética pode sofrer, mas se essa interação não desencadear

mudanças não podemos chamá-la de perturbação. Este conceito é importante na

organização autopoiética, pois está relacionada a todas as mudanças de estado que

esta unidade pode experimentar sem perder a sua organização, isto é, sem perder

sua autopoiese (MATURANA; VARELA, 2002).

Para Maturana e Varela (2011), o meio é uma fonte de perturbações para os

seres vivos, enquanto que estes as desencadeiam no meio, contudo, os seres vivos

são agentes perturbadores uns dos outros, além de também serem um meio. Estas

perturbações não são instrutivas, pois não determinam as mudanças que resultam

desta interação, na realidade são determinadas pela estrutura do agente perturbado,

que os autores dão o nome de determinismo estrutural. Segundo os autores, as

unidades autopoiéticas compensam as perturbações se estas ocorrem conforme sua

estrutura, porém, se as perturbações ocorrem além desta estrutura o ser perde sua

organização autopoiética, e esta perturbação é considerada destrutiva. Logo, tanto o

meio como o ser vivo podem sofrer mudanças estruturais compatíveis com a

conservação da sua autopoiese, e este fenômeno é chamado de acoplamento

estrutural (MATURANA; VARELA, 2011).

A este conjunto de mudanças, que ocorrem ao longo da vida de um ser vivo,

é dado o nome de ontogenia. Segundo Maturana e Varela (2011), a ontogenia é a

história de mudanças estruturais de um ser vivo, que podem ser sucessivas e são

causadas por perturbações sem a perda da organização, já que cada unidade está

em constante modificação até que a organização acabe e o ser ou o meio se

desintegre. Ainda podemos enfatizar que a ontogenia é a conservação da identidade

do sistema vivo a partir de sua autopoiese, pois esta possui todas as histórias de

mudanças que este indivíduo sofreu (MATURANA; VARELA, 2002). Logo, quando

falamos da história de interações, devemos evidenciar que a interpretação para tal

fato depende do observador, sendo que ao longo da teoria Maturana e Varela (2011)

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deixam claro que tudo, dentre toda e qualquer situação, depende do olhar dos

observadores. E como observadores devemos saber distinguir o que faz parte do

próprio sistema e o que pertence a nossa descrição, e as interações que nós

sofremos, e isso depende exclusivamente do nosso olhar (MATURANA; VARELA,

2002).

Portanto, a autopoiese traz para a Biologia uma nova visão sobre os sistemas

vivos, possibilitando o entendimento de forma ampla e relacionada, não apenas

como fenômeno, mas como relações possíveis que podem ser geradas a partir de

uma unidade autopoiética. E para uma melhor compreensão da teoria proposta,

Maturana e Varela (2002) fundamentam sua explicação baseados em um exemplo

biológico, a célula.

3. A célula e autopoiese

A primeira referência à célula na história da ciência ocorreu com Robert

Hooke em 1663 que, ao observar uma fatia de cortiça, em um microscópio produzido

por ele mesmo, identificou pequenas cavidades que foram denominadas por ele de

“cellula” (vem do latim e significa cubículo). Entretanto não se pode considerar que

ele precisamente viu células como as que reconhecemos hoje, mas deve-se atribuir

que tal observação contribuiu de forma importantíssima para os estudos seguintes

em microscopia (CAPRA, 2012a; SILVA; AIRES, 2016).

Contudo, Hooke não foi o único a atribuir tais características a uma

observação de espécimes vegetais: Leeuwenhoek, Grew e Malpighi observaram

“bolhas”, “poros” em diferentes tecidos vegetais no mesmo período do séc. XVII

(TAVARES; PRESTES, 2012). Enquanto que durante o séc. XVII diferentes células

vegetais eram identificadas, apenas uma célula animal era observada, o glóbulo

vermelho, por conta da sua característica ovalada e côncava, levantando diversos

questionamentos sobre qual seria a unidade do mundo orgânico, já no séc. XVIII, as

investigações foram deslocadas do nível macroscópico dos tecidos para a

microestrutura (SILVA; AIRES, 2016).

Uma das primeiras estruturas da célula a ser identificada e descrita por

diversos pesquisadores foi o núcleo. Os questionamentos sobre seu funcionamento

os levaram a uma primeira versão do que conhecemos hoje como Teoria Celular. O

nome núcleo foi atribuído por Robert Brown em 1833, ao estudar células de

orquídeas, em seguida Schleiden em 1838 passou a estudar sobre o funcionamento

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desta estrutura e propôs a teoria de origem de novas células, que consistia na

formação de um novo núcleo, depois do citoplasma e, por fim, da membrana e da

parede celular (SILVA; AIRES, 2016).

Segundo Silva e Aires (2016), Schwann limita a visão de organismo para a

célula, influenciado pela teoria de Schleiden da origem de novas células e por

estudos embriológicos em célula-ovo, vendo nesta à base de funções vitais,

sugerindo que a célula é indispensável na origem de organização do corpo em 1939.

Sendo assim, a Teoria Celular é fundamentada principalmente em Schwann e

Schleiden, e enfatiza a importância do núcleo para a célula. Porém, quando se

intensificaram os estudos sobre a unidade celular e seus componentes, as

explicações desta teoria foram se modificando e passaram a considerar a célula a

partir do seu funcionamento fisiológico (SILVA; AIRES, 2016).

Ao longo do tempo foi-se construindo a visão de que os seres vivos são

compostos por unidades microscópicas. A partir das afirmações de Virchow no séc.

XIX, as unidades microscópicas ficaram ainda mais evidenciadas, explicitando que

os organismos são compostos de associações celulares (CAPRA, 2012a). Com isso,

segundo Capra (2012a), pode-se perceber que as funções biológicas passaram a

ser vistas a partir das interações dos componentes celulares básicos, ao invés de

compreender o organismo como um todo. Assim, a célula passou a ser comparada

com o funcionamento de uma fábrica: em que diferentes peças são produzidas e

armazenadas, para então serem transportadas para outros lugares. Isso leva a

compreensão de diversas estruturas, mas leva a perda da compreensão das

relações de funcionamento (CAPRA, 2012a). Esta visão de fábrica e de

funcionamento da unidade celular como uma máquina é desvinculada da visão

analítica, que fragmenta os componentes celulares para entender os fenômenos,

quando Maturana e Varela (2011) passam a compreender e ampliar as relações que

a célula desenvolve para se autoproduzir e manter, a partir da teoria da autopoiese.

Segundo Maturana e Varela (2002, p.84), “a célula é uma materialização

molecular da autopoiese”, isto é, ao olhar atentamente para suas relações podemos

perceber a concretização da autoprodução, e automanutenção que caracterizam

esta organização. Na opinião dos autores, para existência da célula que

conhecemos hoje foram necessários que componentes moleculares interagissem

em uma rede dinâmica de transformações (que conhecemos como metabolismo) e

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permitissem que a integração da produção de tais componentes formassem uma

fronteira, que se pode considerar como a membrana.

No entanto, esta fronteira não é apenas produto das interações deste

metabolismo celular, mas participa ativamente dessas relações para a construção da

organização da unidade. Segundo Morin (1977), ela permite a comunicação e o

limite entre o ser vivo e o meio, sendo a abertura e o fecho. Logo, as relações

estabelecidas para a produção e manutenção dos componentes são relações

constitutivas, isto é, que precisam existir para caracterizar a unidade celular. Esses

componentes, nas células são os que conhecemos como: proteínas, lipídeos,

carboidratos, e assim são geradas relações de especificidade que permitem a

organização autopoiética, e estas são definitórias para o sistema (MATURANA;

VARELA, 2002).

Entretanto, devemos deixar claro que os processos e as relações não são

determinados por um local específico, como poderíamos pensar no núcleo, mas são

as relações que ocorrem entre todos os seus componentes e constituem juntos a

estrutura e a organização, permitindo a autopoiese. Sendo assim, este sistema

possui uma identidade e individualidade que o descrevem como sistema

homeostático (necessidade de possuir uma estabilidade para realização das funções

de forma que permita o equilíbrio do corpo), porém, não no sentido de equilíbrio

total, mas de um equilíbrio dinâmico com constantes transformações, que causam

desordens e são reorganizados, sem causar a perda da organização (MATURANA;

VARELA, 2002).

Este sistema é dito como organizacionalmente fechado para troca de

informação, mas aberto para o fluxo de matéria e energia, pois “o ser vivo alimenta-

se de matéria/energia, não só para trabalhar, mas também para existir” (MORIN,

1977 p. 188). Assim, são definidos pelo seu próprio sistema, por sua organização,

não pelas interações que ocorrem com o meio, e a partir disto consideramos os

sistemas vivos como autônomos (CAPRA, 2010). Está autonomia se dá, pois, os

seres vivos são capazes de se especificar, gerar algo próprio, delimitando o que

ocorre com sua estrutura e estabelecendo relações específicas que o caracterizam

como tal. Assim, possuem uma organização autônoma, porém, não autossuficiente,

pois depende de um fluxo de matéria e energia para se manter como viva, como

levantamos anteriormente (MATURANA; VARELA, 2011). Desta maneira, podemos

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perceber que a célula é responsável como um todo por seu funcionamento e pela

produção de componentes que mantenham essa organização.

Logo, é possível perceber que as explicações dadas por Maturana e Varela

(2002) sobre a célula em relação a seu funcionamento, evidenciando como a

organização autopoiética acontece, são contrárias a visão fragmentada que passou

a ser construída desde a primeira observação da célula por Hooke em 1863, e

depois por Schwann e Schleiden na Teoria Celular em 1839 que mostrava que as

células eram os componentes elementares dos organismos distanciando a

compreensão sistêmica do funcionamento do ser vivo (SILVA; AIRES, 2016).

4. Descontextualização e Transmissão de Conhecimento no ensino de

citologia

É importante ressaltar que não são apenas as explicações na Ciência, que se

encontram pautadas na fragmentação, mas o ensino também. Entretanto, esta

fragmentação na educação não é algo recente, vindo da transposição dos processos

industriais entre as décadas de 60 e 70 baseados na filosofia taylorista e fordista,

que impedia os trabalhadores de compreender, pensar e decidir sobre os processos

de trabalho reforçando um sistema piramidal hierárquico de autoridade (SANTOMÉ,

1999). Pode-se perceber que a transposição de tal método restringiu ao aluno a

atuação de expectador, tendo assim a obrigação de aceitar as decisões tomadas por

pessoas acima de sua posição na escola, dentre elas o professor.

Segundo Santomé (1999), este sistema prioriza não apenas o aprendizado

de habilidades como a obediência, mas a de submissão à autoridade que

despersonaliza a juventude. Este processo impede a liberdade dos alunos de opinar

sobre assuntos que lhes dizem respeito, como a ocupação do espaço escolar, a

aprendizagem, a definição de regras e etc. uma vez que a participação do aluno é

importante por favorecer o sentimento de pertencimento criando um senso de

responsabilidade comum e uma motivação (GARCIA, 1999).

O ensino tem evidenciado a memorização de conceitos e regras, que

favorecem ainda mais a descontextualização dos conteúdos, levando o aluno ao

aprendizado de conceitos sem sentido e significado (RUPPENTHAL, 2013). Tal

forma de ensino nos remete ao enaltecimento da transmissão de conhecimento feita

pelo professor, que propicia a descontextualização, e está se dá pois, segundo

Zabala (2010), ensinamos de forma fragmentada para facilitar a compreensão de

algo que nunca esteve fragmentado.

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Vemos claramente esta fragmentação e transmissão de conhecimento

quando voltamos nosso olhar para as disciplinas apresentadas na escola, dentre

elas a de Biologia, que vem impedindo a compreensão e assimilação dos

abrangentes conteúdos pertencentes a essa área, como a citologia (JUNIOR;

BARBOSA, 2009). Consequentemente as aulas são apresentadas de forma

descontextualizada e desvinculada das aplicações destas áreas, dificultando a

compreensão da ampla relação existente entre o que se estuda em sala de aula e os

fatos que ocorrem no dia a dia (MELO; CARMO, 2009; RUPPENTHAL, 2013).

Sendo justamente as questões presentes no cotidiano e as vivências fora do

ambiente escolar o que, de acordo com Fogaça (2011), os alunos questionam em

sala de aula, por influência de informações e imagens da mídia. Segundo a mesma

autora, no ensino de biologia tende-se a partir de sistemas como a célula para se

explicar os seres vivos, sendo que os alunos são mais familiarizados aos seres

pluricelulares do que as unidades celulares. Estas são muito abstratas, contendo

conceitos que abordam conteúdos microscópicos, submicroscópicos, moléculares e

de energia tornando-se de difícil compreensão e visualização, priorizando a

memorização e acumulação dos termos (RANDI, 2011).

A discussão artificial de tais conceitos dificulta aos alunos perceber que as

células estão presentes em todos os seres vivos, principalmente em plantas. Além

de não compreenderem a relação da alimentação com as células, a presença de

crescimento e hereditariedade aos processos celulares, sendo estes

incompreendidos pela falta de integração com as compreensões físicas e químicas

das unidades celulares (FOGAÇA, 2011). Podemos evidenciar também que os

termos utilizados no ensino de citologia e os processos apresentados e

representados em livros e materiais didáticos, ao invés de facilitar, distanciam a

visualização do que é o conceito, tornando-o caricato (JÚNIOR; GOBARA, 2016).

E assim podemos dizer que é impossível apresentar a imagem de uma célula

por meio de desenhos estáticos que a descrevam. Por mais que a descrição

reducionista possa ser útil em alguns casos, passa a ser perigosa ao interpretarmos

como uma explicação completa. Desta forma, a compreensão sistêmica é destruída

quando focada apenas nas partes, perdendo a possibilidade de ver o mundo por

relações e integração excluindo a complexa rede que os unem (CAPRA, 2010;

2012b).

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Desta maneira, é perceptível que ensinar a partir da fragmentação e

descontextualização não proporciona a compreensão dos alunos entre conteúdo e

realidade, prejudicando a aprendizagem. Portanto, devemos considerar que “ensinar

envolve estabelecer uma série de relações que devem conduzir a elaboração, por

parte do aprendiz, de representações pessoais sobre o conteúdo objeto de

aprendizagem” (ZABALA, 1999, p.90), e assim cogitar novas formas de explicações

para conceitos que conhecemos.

Então, não apenas o ensino deve ser pensado de forma diferente, mas

devemos mudar nossa percepção da atuação do aluno no ambiente escolar. Se

considerarmos que os alunos são produtores ativos e podem elaborar construções

pessoais relacionando-as com o que já possuíam anteriormente, chamados de

conhecimentos prévios, estaremos reconhecendo que o processo de ensino e de

aprendizagem ocorre a partir da construção do conhecimento (MAURI, 2006). E esta

se dá por meio de discussões, diversas atividades que permitam o compartilhamento

de conhecimento, em que os alunos constroem, modificam, integram ideias a partir

da interação e do envolvimento com outras pessoas (SÃO PAULO, 2007).

Desse modo, ressaltamos que possuímos uma rede complexa de esquemas,

compostas por conhecimentos prévios que podem ser modificados, e revisados

tornando-se ainda mais complexos e ricos em relações, por meio de formulação de

problemas que nos incentivem a aprender e a assegurar uma aprendizagem

significativa (ZABALA, 2010; SÃO PAULO, 2007). Além de que devemos reconhecer

que assimilamos os conceitos de forma individual e particular, construindo noções

sobre a realidade e, ao organizar tais conceitos, são estabelecidos sentidos que

compreendem melhor a vida (FOGAÇA, 2011).

Levando em consideração estas redes complexas de relações que os alunos

podem estabelecer entre conhecimentos prévios e novos conhecimentos, ensinar

citologia a partir da teoria da autopoiese, proposta pela Biologia do Conhecer, pode

proporcionar e compor mais conexões e significados para estas redes. Esta teoria é

contrária a simplificação da realidade por parte da fragmentação e

descontextualização, nos direcionando a consciência de que temos a capacidade de

relacionar o universo como um todo (PELLANDA, 2009).

Estas possibilidades são evidenciadas quando passamos a compreender as

relações e a integração presente nos sistemas vivos, a partir da complexidade de

sua organização. Trazendo esta visão, assumimos que existem propriedades que

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emergem das relações geradas pela vida em contato com o meio (MAYR, 2005),

promovendo a “visão de um universo dinâmico e em evolução constante, o que é

muito diferente do universo estático” (PELLANDA, 2009, p.96), que vemos ao

apresentarmos as células e suas organelas destrinchando o seu funcionamento na

sala de aula.

Isto é, percebemos a autopoiese destes sistemas, levando em consideração

sua autoprodução e manutenção que caracterizam os seres vivos como tal

(MATURANA; VARELA, 2002). Segundo Maturana e Varela (2011), a organização

autopoiética está presente nas células, e consequentemente compreende o ser vivo

como um todo, sendo ela a unidade utilizada para compreendermos melhor o

funcionamento desta organização peculiar. Logo, podemos estabelecer que a

importância desta teoria está na organização e não nos componentes (PELLANDA,

2009), o que nos distancia do ensino de citologia de forma fragmentada que

estamos acostumados a ver na escola.

E assim o ensino de citologia aproxima-se de uma visão mais complexa que

leva em conta o fenômeno inteiro, não apenas seus componentes (CAPRA, 2006).

Segundo Fogaça (2011), o entendimento sobre a unidade celular está diretamente

relacionado à compreensão dos sistemas vivos e, a valorização destes no cotidiano

dos alunos. Este conhecimento é propício para a criticidade e percepção da

realidade, destacando diversas possibilidades de discussão com os alunos em sala

de aula. De acordo com Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL,

2002), seria desta forma que o ensino de Biologia deveria ser garantindo,

proporcionando a abordagem de fenômenos relacionados aos sistemas vivos

permitindo a conexão dos temas abordados na escola com o cotidiano do aluno.

Entretanto, não significa que tudo que ensinamos na escola deva estar

exclusivamente relacionado a vivencia do aluno fora do ambiente escolar. Desta

maneira, trabalharíamos com os conceitos de forma muito simplista. Os conteúdos

devem ser trabalhados de modo a desenvolver diferentes formas de compreensão e

interpretação da realidade, em que o aluno propõe soluções, discorda, questiona o

mundo que o rodeia (SÃO PAULO, 2007).

Portanto, o que Maturana e Varela (2011) propõem na teoria da autopoiese,

reabre as portas da compreensão do organismo como um todo problematizando a

divisão em partes. Esta nova construção permite a Biologia um novo olhar sobre os

fenômenos vivos, e a relação com os componentes que os integram, a partir da

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explicação da organização autopoiética nas células, fugindo das explicações

tradicionais e proporcionando a reflexão e discussão de assuntos muitas vezes

desconexos, além de proporcionar uma nova construção sobre a unidade celular.

5. Sequências didáticas e Projetos

Pensando nas contribuições que a Biologia do Conhecer, a partir da teoria da

autopoiese, pode proporcionar ao ensino de citologia, quebrando os paradigmas da

descontextualização e fragmentação, as sequências didáticas e os projetos são

possibilidades para a modificação do panorama fragmentado do ensino. Sendo que,

as sequências didáticas e os projetos proporcionam a liberdade de relações com os

temas que serão abordados em sala, além de intermediar uma relação diferenciada

entre alunos e professores. Tais estratégias são práticas desafiadoras na medida em

que exigem uma articulação e um diálogo entre os conhecimentos, rompendo com a

forma fragmentada como o currículo tem se organizado (BRASIL, 1998).

Sendo assim, as sequências didáticas são uma das formas de auxiliar no

processo de construção do conhecimento por pautar-se em um conjunto de

atividades ordenadas, estruturadas e articuladas que podem alcançar objetivos

conhecidos por professor e aluno (ZABALA, 2010). Segundo Araújo (2013), as

sequências didáticas apresentam levantamento de conhecimentos prévios, módulos

que discutam o tema que será abordado, e a presença de um projeto final que os

alunos colocam em prática o que foi trabalhado ao longo da sequência. Para Zabala

(2010), a organização dos conteúdos de aprendizagem permite uma participação

tanto do professor quanto do aluno, sendo que estes conteúdos vão além dos

referentes à matéria, e podem ser capacidades motoras, afetivas, de relações

interpessoais e inserção social.

Segundo o mesmo autor, a utilização deste instrumento permite uma

abrangência da aprendizagem, proporcionando ao professor direcionar os assuntos

que serão trabalhos ao longo do ano em um caminho de articulações desejáveis e

pensadas para possibilitar um aprendizado significativo dos alunos. Desta forma,

possibilita que o professor reconheça que cada aluno possui o seu tempo,

capacidade, motivação e interesse direcionando-o a uma atenção a diversidade, que

é essencial no ensino hoje, pois, a forma como a sequência é conduzida permite um

acompanhamento individual dos alunos (ZABALA, 2010).

Este acompanhamento individual se dá, visto que, ocorrem produções

elaboradas processualmente que permitem o diálogo entre a compreensão do aluno

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e o professor (ARAÚJO, 2013). Contudo, para alcançar os alunos são necessárias

diferentes atividades que proporcionem a aprendizagem (ZABALA, 2010). Além do

mais as produções apresentam uma conversa com todo o trabalho produzido ao

longo da sequência, o que segundo Zabala (2010), viabiliza uma análise do que

fazemos em nossa prática. E a participação nestas atividades direcionadas

permitem aos estudantes o aprofundamento e a ampliação dos significados

mediante o processo de ensino e de aprendizagem (SÃO PAULO, 2007).

Outro instrumento que possibilita estabelecer mais relações que propiciem a

aprendizagem, é o ensino por projetos. Segundo Machado (2004), a palavra projeto

deriva do latim projectus, e significa algo que é lançado para frente. Partindo de tal

significado, pode-se dizer que as pessoas se caracterizam a partir da realização de

projetos, e estes presumem propostas e o que será feito para se atingir a meta

(MACHADO, 2004). Relacionando tal significado com o ensino, podemos dizer que

os alunos são guiados a partir de projetos, portanto, necessitam de propostas e

direcionamentos que os conduzam a atingir tal feito. Desta forma, os interesses

pessoais e os impulsos para a ação devem estar centrados na experiência do aluno

(ZABALA, 2010). Entretanto, os projetos individuais dos alunos devem estar

articulados com os projetos coletivos, pois, a educação só acontece quando existe

uma relação estabelecida entre eles (MACHADO, 2004).

Primeiramente uma característica fundamental de um projeto, é a referência

direta ao futuro, sendo que está referência não pode ser entendida como previsão,

deve ser uma ação efetiva, pois, não existe projeto sem um futuro, sem algo a

querer concretizar, porém, o sucesso de um projeto se sustenta também na

incerteza. Pode aparentar contraditório, mas a referência ao futuro não é válida se

este já está determinando, pois, não há o que projetar. Projetar então consiste, na

definição de metas que podem ser atingidas a partir de estratégias, e nesse sentido,

passa a ser fundamental a abertura para o novo para o sucesso de um projeto

(MACHADO, 2004).

Os projetos tem por característica apresentar atividades que extrapolem o

espaço da sala de aula, promovendo uma expansão cultural, favorecimento da

socialização, exercício da cidadania entre outros. Segundo São Paulo (2007), é

extremamente importe que se estabeleçam rumos a seguir, que levem em

consideração os compromissos com a formação dos estudantes, devendo ser algo

dinâmico e contínuo. Este instrumento permite a articulação entre conteúdos de

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diferentes áreas, incentiva a resolução de problemas, o uso da investigação e

exploração de gêneros discursivos e de linguagem. Sendo as decisões que se toma

para construí-lo o que estabelece as possíveis relações que os alunos vão

estabelecer para sua aprendizagem.

Logo, segundo São Paulo (2007), as sequências didáticas e os projetos visam

planejar trajetórias, a partir da articulação de temas e conteúdos, para proporcionar

uma aprendizagem significativa aos alunos. Estes devem privilegiar “formas de

relacionar informações, de construir conceitos e de desenvolver concomitantemente

procedimentos de estudo e de investigação, atitudes e valores” (SÃO PAULO, 2007

p.29). Deste modo, destaca-se a importância de favorecer que os conteúdos façam

sentido, envolvendo os alunos na construção de conceitos de maneira efetiva.

Assim, estes instrumentos precisam apresentar um significado e uma meta clara,

que não ocorra de forma automática, como regras e receitas, ou uso acrítico de

conhecimentos.

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III. MÉTODO

O objetivo deste trabalho é propor e analisar uma sequência didática na

perspectiva da Biologia do Conhecer, tendo como tema estruturador a citologia. A

escolha de tal perspectiva se deu pela participação no Grupo de estudos e pesquisa

sobre a perspectiva biológico-cultural no ensino de Ciências e de Biologia que pauta

suas discussões na melhoria do ensino básico a partir do viés da Biologia do

Conhecer proposta por Maturana e Varela.

A sequência aqui proposta (ANEXO 1) foi desenvolvida para alunos do ensino

médio, uma vez que as relações aos temas que serão abordados possuem grau de

complexidade maior que o normalmente trabalhado no ensino fundamental II. Isto se

dá, pois, a Biologia do Conhecer é pautada na complexidade e busca discutir e

propor novas denominações aos sistemas vivos. Desta forma, a proposta deste

trabalho é apresentar a Biologia do Conhecer como uma das explicações possíveis

ao ensino de célula. A apresentação de uma explicação diferenciada, para alunos do

ensino médio seria interessante, visto que, nesta etapa os alunos podem ser

direcionados a uma reflexão maior sobre o ensino de Biologia e a relação deste com

a realidade, contrapondo as explicações comumente apresentadas. Além de permitir

que eles possam com liberdade lidar com a relação de diferentes assuntos a serem

abordados, propondo e resolvendo desafios.

Logo, para propiciar a relação entre a Biologia do Conhecer e a citologia esta

sequência terá como tema central a unidade celular, que é abordado em ambos. A

sequência proposta possui 15 aulas, e apresenta uma articulação entre os temas por

meio da sensibilização, problematização, levantamento de conhecimentos prévios,

organização do conhecimento, síntese e finalização. A sensibilização e

problematização se inicia com a discussão sobre o conceito de ser vivo, que é

ensinado a partir da lista de características e, segundo Tavares (2000), são

utilizadas para diferenciar os seres vivos de seres inanimados criando uma

“definição” para vida. Em seguida são proporcionadas aulas que introduzam aos

alunos os conceitos de organização, estrutura e componente presentes na Biologia

do Conhecer e utilizados para compreender a organização autopoiética.

Após este primeiro contato os alunos são apresentados à teoria da

autopoiese com discussões, atividades em grupo, e produções com o objetivo de

proporcionar uma nova visão sobre os seres vivos e a organização da célula.

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Partindo desta introdução sobre a organização autopoiética, os alunos apresentam

seus conhecimentos prévios sobre célula em um questionário, que direcionará as

próximas discussões. Estas discussões buscam a reflexão dos alunos de como a

unidade celular é vista a partir da autopoiese, evidenciando a autoprodução e

manutenção do sistema, além de provocar a percepção de que a membrana

plasmática não é apenas uma barreira entre o ambiente externo e interno da célula,

mas parte integrante desta autopoiese. As aulas com relação a membrana

incentivam a reflexão sobre a participação e a presença de relações que permitem

que esta organização autopoiética ocorra.

Contudo, para a síntese é apresentada uma situação problema e

desenvolvida uma teia que visam discutir os conceitos trabalhados ao longo da

sequência. Como conclusão o projeto final propõe a produção, por parte dos alunos,

de cenas de teatro que apresentem as discussões realizadas em sala de aula e

possam causar ao público questionamentos sobre os temas trabalhados. Desta

forma, as aulas finais são destinadas a confecção de roteiros e discussões em

grupo, com a participação integral da sala em toda a produção, além da confecção

de figurino, palco, e das organizações para a apresentação. Sendo que esta

apresentação pode ocorrer em um evento cultural que a escola já possui, ou um dia

escolhido especialmente para a apresentação convidando outras salas a

participarem do evento com produções de teatro.

Em relação a avaliação de aprendizagem, ao longo da sequência são

proporcionados aos alunos diversos recursos, desde produções textuais individuais

a produção artística em grupo, e estas possibilitam ao aluno a organização do

conhecimento de forma individual ao permearem por diferentes meios de discussão.

É importante ressaltar, que algumas dessas produções possuem um direcionamento

de feedback o que permite aos alunos refazerem, a partir dos comentários do

professor, as atividades propostas.

A sequência foi submetida à análise de duas professoras, que não possuem

afinidade com o viés da Biologia do Conhecer, e estas foram escolhidas por

possibilitarem o apontamento sobre as dificuldades que se pode encontrar na

discussão dos conceitos pertencentes a esta vertente. A indicação foi baseada no

contato desses sujeitos com a orientadora. Ambas as avaliadoras foram contatadas

via e-mail e junto com o pedido de colaboração para com este trabalho, receberam

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um questionário as direcionando, para que as análises possuíssem os mesmos

critérios e facilitassem uma posterior análise. Este questionário contém:

A) Os conceitos de organização, estrutura, componentes, organização

autopoiética, autoprodução, manutenção, e autonomia são suficientemente

definidos ao longo da sequência? Explique.

B) As atividades permitem que os alunos se apropriem dos conceitos propostos?

Se for o caso separe as aulas consideradas apropriadas e aquelas que não

explicando o motivo.

C) É possível entender que a membrana faz parte da célula e não é um

envoltório apenas? Comente sua opinião.

D) Quais aspectos positivos você destacaria nessa sequência?

E) E os negativos?

As considerações feitas por elas serão utilizadas para percepção da

qualidade da sequência proposta e se está cumpre com seus objetivos. Desta forma,

o parecer destas irá compor os resultados do projeto, sendo apresentados em forma

de dois quadros. O QUADRO 1 mostra as respostas do questionário na integra e a

inclusão de alguns comentários gerais, enquanto que o QUADRO 2 mostra os

comentários referentes diretamente as aulas. Os pareceres estão na íntegra

compilados em anexo como avaliadora A e avaliadora B (ANEXO 2). Para a análise

será realizado o contraponto entre o referencial teórico e o resultado apresentado a

partir da análise das avaliadoras, trazendo reflexões sobre a construção e a

proposta das atividades. Esta análise irá priorizar as respostas referentes ao

direcionamento enviado as mesmas.

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IV. RESULTADOS

Os resultados deste projeto foram as análises das avaliadoras a partir do

questionário sobre a sequência didática e comentários gerais (QUADRO 1), e alguns

comentários sobre as aulas (QUADRO 2). E serão aqui dispostos, como apresentam

os quadros abaixo:

QUADRO 1. Respostas do questionário

Perguntas Avaliadora A Avaliador B

Os conceitos de organização, estrutura, componentes, organização autopoiética, autoprodução, manutenção, e autonomia são suficientemente definidos ao longo da sequência? Explique.

Considero que organização, estrutura e componentes sim, principalmente pela atividade da mesa. Mas avalio que os outros conceitos deveriam ser abordados em mais situações e exemplificados para melhorar o entendimento

Para alguém que tem familiaridade com esses conceitos, sim. Mas tive algumas dificuldades em compreender alguns termos, talvez a linguagem ainda esteja um pouco complexa (isso porque fiz parte do grupo de pesquisa durante um tempinho rsrs)

As atividades permitem que os alunos se apropriem dos conceitos propostos? Se for o caso separe as aulas consideradas apropriadas e aquelas que não explicando o motivo.

Organização, estrutura e componentes considero que sim por conta da atividade prática. Os outros conceitos, na minha opinião, ainda precisam ser exemplificados e melhores discutidos com atividades práticas e em outras situações

Eu realmente não acredito que uma sequência didática seja suficiente para que os alunos se apropriem de todos esses conceitos. Seria interessante que essa perspectiva seja abordada em outros conteúdos também... Mas dentro desse tema, conforme os seus objetivos, acredito que é possível aproximá-los dessa perspectiva, fazendo-os conhecer uma outra abordagem, outras explicações. Entendo que o conjunto de aulas da sequência e a forma como foram estruturadas estão apropriadas para atingir seus objetivos

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É possível entender que a membrana faz parte da célula e não é um envoltório apenas? Comente sua opinião.

Sim, principalmente com o vídeo.

Acredito que isso dependerá da maneira que o professor explicará tal fato e a forma com que mediará a discussão. Pela descrição da aula, não há como prever, mas relacionando com os conceitos abordados nas outras aulas eu consigo compreender onde você quer chegar. Entretanto, de todas as aulas da sequência, acredito que essa aula precisaria ser melhor elaborada, já que parece ser um componente muito importante da sua sequência

Continuação QUADRO 1:

Quais aspectos positivos você destacaria nessa sequência?

Referência utilizada, levantamento de conhecimentos prévios, e atividades práticas

As aulas são muito interessantes, em especial as que grifei em amarelo apresentam atividades legais que eu acredito que motivariam os alunos e os engajariam nas atividades. Acho que o seu trabalho será de grande contribuição para a área de ensino e aprendizagem de citologia, pois apresenta uma perspectiva pouco trabalhada pelos professores (para não dizer que NÃO é trabalhada rs)

E os negativos?

Não iniciar com uma situação problema, muitas aulas expositivas, pouco tempo para a proposta

É uma sequência longa, portanto, reconhecendo a nossa realidade, a aplicabilidade da SD não é muito boa. Entretanto, compreendo a necessidade desse número de aulas

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Comentários Gerais

Primeiramente parabéns, pois a sua principal referência (Maturana e Varela) não é nada simples de se entender e transpor essas questões para o ensino básico realmente é um grande desafio. Nesse sentido, considero que a sua sequência didática é muito interessante, mas para se tornar mais significativa sugiro iniciá-la com a situação problema indicada na sua própria sequência. Penso que iniciar por esse caminho vai envolver mais os alunos e fazê-los refletir sobre os diferentes pontos de vista sobre um ser vivo. Pois é isso que me parece de mais importante na sua proposta e os conceitos, baseados na Biologia do Conhecer, são apenas subsídios para desenvolver um olhar mais complexo acerca do assunto. Portanto, daria mais ênfase nas questões que fomentem a reflexão do que os próprios conceitos, já que apenas estes não garantem um

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Continuação QUADRO 1:

conhecimento menos fragmentado e simplista. Penso também que o tempo proposto é bastante curto para discussões, interações, registros e ainda uma peça de teatro. E que, para o professor que colocará a SD em prática, é necessário estudar as referências que você indicou.

QUADRO 2. Comentários feitos em algumas aulas da sequência didática

Aulas Avaliadora A Avaliadora B

Aula 1 – Discussão sobre a lista de características e seres vivos Problematização das definições comumente apresentadas para definição dos seres vivos, com apresentação de uma nova perspectiva

Animais híbridos - Vale a pena registrar outros exemplos. O professor vai apresentar essa referência? (Biologia do Conhecer)

O professor deve conduzir os alunos a perceber que podem existir outras visões para compreender os seres vivos, sendo uma delas a Biologia do Conhecer. Mas como o professor fará isso? Ele vai apenas citar a Biologia do conhecer como outra perspectiva? Isso fará sentido para os alunos?

Aula 2 - Atividade da Mesa e discussão sobre organização, estrutura e componente Os alunos confeccionam nesta aula uma mesa, e discutem o que é organização, estrutura e componente relacionados a confecção que fizeram

Importante nessa aula ter uma forma de registro para pode retornar nas ideias posteriormente

Aula 3 - Discussão sobre organização, estrutura e componente – Organização Autopoiética Os termos discutidos na aula anterior, são nesta aula retomados para apresentar e discutir a organização autopoiética, que utiliza esses conceitos como base.

Não compreendi que na aula anterior se tinha chegado em definições O registro é muito importante para a lembrança. O aluno não precisa utilizar sua memória, mas sim seu material de estudo Pouco tempo, até mesmo por ser uma nova visão e ser a primeira abordagem deste viés Talvez aqui eles pudessem trazer exemplos de situações

Para ficar mais claro, seria interessante usar o exemplo da mesa nessas definições ou pedir para os alunos relacionarem em algum momento, esses conceitos com a mesa que confeccionaram

Por ser um conceito complexo, acredito que precisa ser explicado melhor

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Continuação QUADRO 2:

que apresentam uma organização autopoiética, pois imagino que dificilmente eles conseguirão definir o conceito com suas próprias palavras, já que é o primeiro contato com essa nova ideia.

Aula 4 - Discussão da produção dos textos sobre a compreensão da Organização Autopoiética, componente e estrutura Na aula anterior os alunos produzem um texto compilando as informações que foram discutidas até então para definir a organização autopoiética, componente e estrutura.

Se olhamos para a diversidade de seres vivos o que dizemos que eles têm em comum? A organização autopoiética, mas de que forma? Não entendi a frase

Aula 5 - Produção artística sobre organização, estrutura e componente – Organização Autopoiética Nesta aula os alunos em grupo com o auxílio das produções textuais que fizeram na aula 3, produzem desenhos que permitam explicar os conceitos discutidos

Achei bem complicada essa atividade, acredito que ela requer um nível de abstração muito grande. Eu mesma, não saberia como representar em forma de desenho as compreensões de um grupo sobre conceitos tão complexos (levando em consideração que provavelmente são conceitos novos para os alunos, representar isso pode ser difícil, mas o que vocês esperam?)

Aula 6 - Discussão das produções artísticas As produções artísticas realizadas na aula anterior, são nesta apresentadas e discutidas com o auxílio do professor

Imagino duas aulas para a atividade por ser um momento de apresentação, discussão e interação

Esses objetivos não fazem parte dessa aula

Aula 8 - Discussão da atividade de levantamento de conhecimentos prévios Na aula anterior os alunos responderam a um questionário de levantamento de conhecimento prévio sobre as células, e nesta aula discutem sobre as questões e as dúvidas que tiveram

Não compreendi como esses temas complexos (autoprodução, manutenção, perda de autopoiese e autonomia) podem ser abordados em 20 minutos

Esse conceito não foi introduzido anteriormente

A frase ficou ambígua: “...que a célula pode ser um ser vivo”

Em 20 minutos o objetivo é que eles conheçam esses conceitos? Acho que não vai dar tempo...

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Continuação QUADRO 2:

Aula 9 - Vídeo de Fagocitose Os alunos nesta aula devem assistir a um vídeo de fagocitose e descrever o que veem. Após a descrição será realizada uma discussão que levanta a participação da membrana ao funcionamento da célula, e não apenas a sua delimitação

Eles conhecem esse conceito?

Como assim “tudo”? Não é melhor direcionar a observação? Descrever o processo, as cenas, o que mais chamou atenção... Os alunos já estudaram fagocitose? Eles vão relacionar o processo com a membrana plasmática? Não será discutido o processo em si, mas não surgirão muitas dúvidas sobre?

Aula 10 - Célula e a membrana plasmática A discussão sobre a membrana levantada na aula anterior é nesta aula ressaltada, deixando em evidência a participação ativa da membrana com o funcionamento da célula

Você espera conhecimentos prévios ou pressupões que eles já estudaram isso em algum momento?

Aula 11 - Organização autopoiética e os seres vivos Nesta aula os alunos recebem uma situação problema, que um ser foi identificado em marte e a partir do direcionamento específico para o grupo devem argumentar o porquê dele ser ou não vivo

Penso que pode ser mais significativo começar a sequência com a situação problema para depois apresentar e refletir sobre os conceitos

Se for um problema, acredito que “justificar” não seja a palavra adequada para o que você pretende que eles façam. “Justificar”’ está mais relacionado à fundamentação de respostas, explicações. Talvez seria um passo posterior ao fornecimento de hipóteses que respondam o problema Acredito que essas sejam situações hipotéticas, não “problemas”, pelo menos da maneira como está escrito, não tem um problema claro apresentado nos textos Neste caso, “justificar’ está adequado

Aula 12 – Fechamento Para o fechamento das discussões até então realizadas, os alunos fazem relações entre os conceitos trabalhados a partir de uma teia, sendo que as palavras que estabelecidas por relações não podem ser utilizadas para outras relações

Pode-se fazer a atividade novamente para depois colocar essa ideia.

Se não é permitido repetir, formará uma teia?

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V. ANÁLISE

Para a análise vamos nos voltar aos cinco questionamentos pré-determinados

que guiaram as avaliadoras quanto a qualidade da sequência didática proposta por

este projeto. Entretanto, os comentários (gerais e referentes as aulas), que forem

pertinentes as essas respostas, serão simultaneamente introduzidos e

possivelmente analisados.

A primeira pergunta busca perceber se os conceitos apresentados, referentes

a teoria escolhida, eram suficientemente desenvolvidos permitindo a compreensão

dos alunos. De acordo com a resposta da avaliadora B, isto não ocorreu, porque as

explicações para as definições apresentadas ainda são realizadas de forma

complexa, o que “pessoas com familiaridade com o tema” poderiam superar.

Segundo Magro (2002), estes conceitos são de difícil compreensão justamente por

serem embasados na complexidade, que parte do entendimento das relações e,

portanto, do todo. Entretanto, segundo Randi (2011), o ensino de citologia veem

prejudicando a compreensão exatamente por apresentar-se aos alunos de forma

complicada, com conceitos microscópicos, moleculares, tornando-se um assunto

distante da familiarização dos mesmo.

Sendo justamente a dificuldade em compreender, o que a avaliadora destaca

em relação a teoria da autopoiese. No entanto, devemos ressaltar que não temos o

costume de apresentar e discutir conceitos como um todo, o que caracteriza o

ensino como fragmentado. E isto ocorre, de acordo com Zabala (2010), pois

buscamos facilitar a compreensão a partir da fragmentação de algo que nunca

esteve fragmentado, e assim temos dificuldade em compreender as relações que

constituem os sistemas vivos. Portanto, os termos destacados nesta sequência

(componente, estrutura, organização, organização autopoiética, autoprodução,

manutenção e autonomia) não são difíceis apenas pela complexidade, mas,

segundo Pellanda (2009), por termos perdido a consciência da conexão do universo

como um todo.

Já para a avaliadora A os conceitos “organização, estrutura e componente”

são suficientemente definidos “principalmente pela atividade da mesa”. Esta aula

propõe uma discussão desses conceitos de forma lúdica, a partir da confecção de

uma mesa. É perceptível que a atividade prática, presente nesta aula, permite uma

melhor aproximação dos conceitos, pois, segundo Fogaça (2009), os alunos

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aprendem de maneira significativa quando ficam próximos de discussões do seu

cotidiano, permitindo-os apresentar e expressar opiniões. E é exatamente esta

proximidade, e a possibilidade de apropriação dos alunos, o que permite os

conceitos organização, estrutura e componente serem bem trabalhados.

Relacionado aos outros conceitos esta avaliadora adverte que “deveriam ser

abordados em mais situações e exemplificados para melhorar o entendimento”. A

partir desta colocação podemos perceber que as aulas não são o suficiente para

propiciar o entendimento. Segundo Zabala (2010), precisamos estabelecer diversas

relações que permitam a construção por parte do aluno, e as relações e definições

aqui propostas ainda não são satisfatórias.

Olhando para as aulas propostas vemos que foram proporcionadas diversas

discussões sobre os conceitos, entretanto, é explicito que os exemplos ainda não

são o bastante. E isto é visível baseado nos comentários das avaliadoras sobre as

aulas. Na aula 3 - Discussão sobre organização, estrutura e componente,

organização autopoiética, avaliadora A: “Talvez aqui eles pudessem trazer exemplos

de situações que apresentam uma organização autopoiética, pois imagino que

dificilmente eles conseguirão definir o conceito com suas próprias palavras, já que é

o primeiro contato com essa nova ideia”, avaliadora B: “Para ficar mais claro, seria

interessante usar o exemplo da mesa nessas definições ou pedir para os alunos

relacionarem em algum momento, esses conceitos com a mesa que

confeccionaram”.

Não atendendo a estas considerações provemos aos alunos o aprendizado

de conceitos sem sentindo e significado, levando-os a memorização, como

Ruppenthal (2013) deixa claro, que acontece com o ensino atualmente. Desta forma,

vemos que é necessária uma preocupação com os exemplos e a disponibilidade de

discussões, pensando em proporcionar ao aluno um entendimento claro dos

conceitos que se está trabalhando, permitindo assim uma definição suficiente ao

longo da sequência, como aborda São Paulo (2007).

Nos comentários gerais a avaliadora A acrescenta “os conceitos, baseados

na Biologia do Conhecer, são apenas subsídios para desenvolver um olhar mais

complexo acerca do assunto”. A respeito desta colocação é necessário discordar,

pois, segundo Maturana e Varela (2011), estes conceitos são essenciais para a

compreensão da autopoiese, e esta é o que nos permite compreender a célula por

um outro olhar. Assim, estes conceitos não são subsídios para um olhar complexo

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sobre o assunto, mas integrantes da organização que fazem da célula um ser

complexo.

Portanto, o trecho em que ela destaca que “daria mais ênfase nas questões

que fomentem a reflexão do que os próprios conceitos”, não faz sentido

principalmente pela importância dos conceitos, e por conta do objetivo apresentado

pela sequência de permitir a compreensão da unidade celular a partir da Biologia do

Conhecer. Contudo, a apresentação destes conceitos já impulsionam a reflexão que

a avaliadora se remete. No final de seu parecer ela conclui que apenas os conceitos

“apresentados não garantem um conhecimento menos fragmentado e simplista”,

temos que concordar, pois apenas expor os conceitos não é suficiente para opor-se

a forma como o currículo é apresentado. Para tal, segundo Zabala (2010), são

necessárias diversas relações entre o conteúdo e a prática utilizada, isto é, a forma

como o conceito é trabalhado com o aluno.

Seguindo esta linha de raciocínio, a segunda pergunta nos leva a questionar

se a sequência didática permite aos alunos a apropriação dos conceitos, pedindo a

indicação das aulas apropriadas e das não apropriadas. Levando em consideração a

necessidade de apropriação, para a avaliadora B, “uma sequência didática não é o

suficiente para que os alunos se apropriem de todos esses conceitos”. Entretanto,

segundo Zabala (2010), uma sequência didática pode adquirir as características que

o professor achar necessário, pois ela permite articulações e relações desejadas.

Podemos assim destacar que uma sequência pode se adequar a necessidade de

apropriação dos conceitos de forma suficiente, como a avaliadora acha necessário.

Contudo, a sequência aqui apresentada não possui todas as características

necessárias para apropriação satisfatória dos conceitos.

Esta mesma avaliadora aponta que “seria interessante que essa perspectiva

seja abordada em outros conteúdos também”, tal observação é interessante pois

ressalta a necessidade de abordar esta teoria em outros conteúdos para que os

conceitos sejam melhores trabalhados. De acordo com Mauri (2006), esta percepção

é de extrema importância para um ensino que busca permitir diferentes construções.

No entanto, ela destaca que “dentro desse tema, conforme os seus objetivos,

acredito que é possível aproximá-los dessa perspectiva, fazendo-os conhecer uma

outra abordagem, outras explicações”. Neste trecho vemos que a avaliadora

reconhece que as atividades propostas aproximam os alunos de uma nova

discussão, que segundo Zabala (2010), fornece modificações nos conhecimentos

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prévios dos alunos complexificando suas relações. Porém, temos de evidenciar que

a partir desta fala esta aproximação ainda não é o ideal para que o aluno construa

um sentido pessoal para o conceito, que de acordo com Fogaça (2011) é o que

permite compreender melhor a vida.

Na conclusão do raciocínio a avaliadora B diz que entende que “o conjunto de

aulas da sequência e a forma como foram estruturadas estão apropriadas para

atingir seus objetivos”. A partir desta frase devemos perceber que a estruturação do

conjunto de aulas para atingir os objetivos se dão, pois, buscam olhar para a

organização, assim como a teoria da autopoiese. O que proporciona, de acordo com

Capra (2006), o favorecimento das relações e o fenômeno inteiro, se afastando da

visão de ensino fragmentado e compartimentalizado. E tal estruturação é intencional,

porquê pretende possibilitar a compreensão da autopoiese.

Já para a avaliadora A, a atividade prática proposta para discussão de

organização, estrutura e componente é suficiente para a definição dos mesmos.

Contudo, “os outros conceitos, (...), ainda precisam ser exemplificados e melhores

discutidos com atividades práticas e em outras situações”. Esta avaliadora ressalta a

importância das atividades práticas, quando se refere aos conceitos que foram bem

definidos e quando se refere aos conceitos que não foram. Mas, segundo Zabala

(2010), devemos apresentar diferentes atividades para que se propicie a

aprendizagem.

Desta forma, devemos destacar que a sequência didática aqui proposta

apresenta atividades diversificadas, dentre elas atividades que desenvolvem a

escrita, a criatividade, a criticidade, a argumentação, sempre considerando a

potencialidade das discussões. Segundo Araújo (2013), são necessárias produções

processuais que propiciem a compreensão, e permeiem o diálogo entre professor e

aluno para que ocorra a aprendizagem. Com isso, não vejo poucas atividades

práticas, mas a necessidade de melhorar as definições apresentadas para que as

atividades sejam trabalhadas da melhor forma.

Dentre todas as discussões proporcionadas pelas aulas da sequência

didática, a compreensão de que a membrana participa ativamente do funcionamento

da célula é extremamente importante para abranger o conhecimento sobre a

membrana e o entendimento da organização autopoiética. Sendo assim, a terceira

pergunta que direcionou a análise das avaliadoras, é se ficou claro o entendimento

de que a membrana faz parte da célula e não é apenas um envoltório.

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Para a avaliadora A, é possível entender que a membrana faz parte da célula

e não é apenas um envoltório, “principalmente com o vídeo”, esta afirmação

evidência que o instrumento escolhido tem potencial para proporcionar tal discussão.

Entretanto, esta resposta sucinta não nos traz muitas referências quanto a utilização

do material escolhido e da discussão da aula, impossibilitando a visibilidade de

melhorias para discutir algo que é pouco trabalhado em sala de aula.

Apesar disso, a partir das colocações da avaliadora B, a compreensão de que

a membrana é parte da célula, “dependerá da maneira que o professor explicará tal

fato e a forma com que mediará a discussão. Pela descrição da aula, não há como

prever, mas relacionando com os conceitos abordados nas outras aulas eu consigo

compreender onde você quer chegar”. É nítido que a forma como a aula está

descrita não garante a percepção de que a membrana não é só uma barreira. Sendo

importante destacar que isso é uma falha, pois continuar a explicar e relacionar a

membrana e a célula como já são ensinadas não diferencia esta aula de uma aula

tradicional.

Voltando para os comentários da aula 9 – Vídeo de fagocitose e 10 – Célula e

membrana plasmática, foram destacados: avaliadora A: aula 9. “Eles conhecem

esse conceito?” (Fagocitose), avaliadora B: aula 9. “Como assim “tudo”? Não é

melhor direcionar a observação? Descrever o processo, as cenas, o que mais

chamou atenção...”, “Os alunos já estudaram fagocitose? Eles vão relacionar o

processo com a membrana plasmática? Não será discutido o processo em si, mas

não surgirão muitas dúvidas sobre?”, aula 10. “Você espera conhecimentos prévios

ou pressupões que eles já estudaram isso em algum momento?”. A partir destes

questionamentos percebemos o quanto as aulas referentes a membrana precisam

de alterações para alcançar o objetivo efetivamente. E em relação, ao professor por

não deixar a explicação sobre a teoria clara, e aos alunos por possibilitar nós soltos

que dificultariam o entendimento sobre o que é proposto.

A explicação pressente na aula deveria permitir ao professor perceber que,

segundo Maturana e Varela (2011), a membrana é participante da célula tanto

quanto outros componentes, desta maneira não apenas o delimita, mas é essencial

para as relações que especificam sua organização. Esta compreensão talvez seja

difícil, pois estamos acostumados a ensinar que a membrana delimita e restringe o

meio interno do meio externo. Portanto, esta explicação deveria ter sido realizada de

uma forma mais clara, permitindo ao professor uma acessibilidade a compreensão

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deste fenômeno diminuindo a possibilidade de manter a explicação comumente

utilizada na sala de aula.

A avaliadora B ainda enfatiza na conclusão de sua análise, “de todas as aulas

da sequência, acredito que essa aula precisaria ser melhor elaborada, já que parece

ser um componente muito importante da sua sequência”, e realmente o é.

Entretanto, evidenciar e propiciar esta discussão é um começo para quebrar a visão

estática da membrana como barreira, ainda que a discussão não proporcione o

entendimento de forma completa. E ao trazer tal discussão podemos proporcionar,

segundo Pellanda (2009), um universo dinâmico em evolução constante

contrapondo o universo estático que ensinamos diversas vezes em sala de aula, e

principalmente com a membrana. Consequentemente, esta aula precisa ser melhor

trabalhada para que seja efetiva, e para possibilitar aos alunos novas conexões e

relações dentro do que já possuem. E a partir deste mecanismo de feedback,

segundo Zabala (2010), podemos aprimorar a sequência didática e fazer uma

análise dos nossos objetivos e da nossa prática melhorando a aula proposta.

Buscando analisar a sequência didática de uma forma geral, a quarta questão

direcionava as avaliadoras a destacar os aspectos positivos da proposta. Um

primeiro ponto mostrado pela avaliadora A, é a principal referência utilizada. Isto se

dá, possivelmente por apresentar conceitos e uma teoria diferente das

convencionalmente utilizadas no ensino básico que, segundo Pellanda (2009), é

uma potencialidade da Biologia do Conhecer. Principalmente se pensarmos que a

proposta de Maturana e Varela voltam nossos olhares para a compreensão dos

sistemas vivos, e de acordo com Capra (2006), para uma visão complexa que

considera o fenômeno como um todo, que é uma maneira completamente diferente

da que estamos acostumados.

Outras considerações feitas pela avaliadora A nos remetem à presença de

“levantamento de conhecimentos prévios e atividades práticas”, o que de acordo

com Araújo (2013) fazem parte de uma sequência didática. E assim, para Zabala

(2010), esta proporciona a compreensão e aprendizagem dos alunos, e isto ocorre a

partir da diversidade de atividades que são propostas. Vemos aqui que a avaliadora

retoma as atividades práticas, evidenciando a importância que ela têm por esse tipo

de atividade, mas apenas a atividade prática pode proporcionar a compreensão que

ela ressalta? Como discutido em alguns parágrafos anteriores, é importante que

diferentes atividades sejam proporcionadas aos alunos, para que estes se apropriem

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de uma forma mais significativa dos conceitos trabalhados, assim como destaca

Zabala (2010).

Já a avaliadora B manifesta, “existem aulas em especial que grifei em

amarelo e apresentam atividades legais que eu acredito que motivariam os alunos e

os engajariam nas atividades”. Desta fala podemos destacar de interessante a visão

de que as atividades permitem a motivação e o engajamento dos alunos, para

Garcia (1999), esta participação ativa do aluno é extremamente importante por

favorecer o sentimento de pertencimento ao ambiente escolar. E assim priorizamos

os alunos e os consideramos como produtores ativos, que segundo Mauri (2006),

são e devem ser os protagonistas do processo de ensino e de aprendizagem.

Revisitando a análise dela, as aulas grifadas foram: aula 2 – atividade da

mesa e discussão sobre, organização, componente, estrutura, aula 7- atividade de

levantamento de conhecimentos prévios, aula 11 – organização autopoiética e seres

vivos e aula 12 – fechamento. A aula 2 com a atividade da mesa foi um meio de

introdução dos conceitos que são utilizados por Maturana e Varela e estão no nosso

cotidiano, possibilitando aos alunos fazer relações entre as definições, e a aula 7 de

levantamento de conhecimentos prévios quer saber quais são os conhecimentos do

aluno sobre as células.

A partir destas atividades buscamos valorizar o que os alunos conhecem e

desenvolver, com as discussões, novas construções. Para Fogaça (2009) e Zabala

(2010), isso é o que permite que os alunos complexifiquem o seu conhecimento.

Para a avaliadora A, na aula 2 é “Importante (...) ter uma forma de registro para

pode retornar nas ideias posteriormente”, pensando no potencial de discussão desta

aula e nas possibilidades que ela traz para introduzir a organização autopoiética,

este registro se torna extremamente necessário. Segundo São Paulo (2007), são a

partir dos registros que os alunos conseguem reorganizar e relacionar os

conhecimentos que possuem com os novos. E considerando a produção processual

do aluno, como Araújo (2013), vemos nestas a capacidade de acompanhá-los

individualmente. Já as aulas 11 e 12 fazem o fechamento da sequência com a

intenção de permitir aos alunos reorganizar os conceitos que foram trabalhados ao

longo da sequência. Este fechamento de discussão dos conceitos é importante por

permitir aos alunos retomar e reorganizar os conceitos, a partir da colocação dos

colegas, o que propicia a criticidade e a percepção, segundo os PCNs (BRASIL,

2002).

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Ainda sob a análise da avaliadora B este trabalho “será de grande

contribuição para a área de ensino e aprendizagem de citologia, pois apresenta uma

perspectiva pouco trabalhada pelos professores”. Esta afirmação evidencia a

utilização nesta sequência didática de um novo olhar para o ensino de citologia, esta

pode se referir ao foco no todo, evidenciando as relações que especificam a célula.

Segundo Maturana e Varela (2011) é olhando atentamente as relações que

conseguimos perceber sua autopoiese, isto é, a autoprodução e automanutenção.

Sendo justamente esse olhar o que diferencia a proposta de aula apresentada nesta

sequência e as aulas já trabalhadas na escola, que buscam a memorização dos

termos sem entendimento das relações que estabelecem, assim como aborda Randi

(2011).

E a prioridade dada as relações se dá justamente por conta da teoria da

autopoiese, permitindo que as aulas sejam apresentadas de uma maneira diferente,

ou pretendam assumir uma nova forma de discussão sobre os seres vivos, assim

como a proposta por Maturana e Varela (2011). De acordo com Pellanda (2010), são

estas as contribuições de Maturana e Varela para o ensino. Entretanto, devemos

ressaltar que outras teorias ou temas deveriam ser utilizados para proporcionar a

aproximação dos alunos com os conceitos de citologia, o que segundo Zabala

(2010), permitiria novas construções.

Para finalizar a análise guiada, ambas são questionadas sobre os pontos

negativos desta sequência. A avaliadora A aponta que “não iniciar com uma situação

problema” é algo negativo. Nos comentários gerais ela explicita que a “sequência

didática é muito interessante, mas para se tornar mais significativa sugiro iniciá-la

com a situação problema indicada na sua própria sequência. Penso que iniciar por

esse caminho vai envolver mais os alunos e fazê-los refletir sobre os diferentes

pontos de vista sobre um ser vivo”. A situação problema que ela se refere é a aula

11, em que os alunos precisam discutir se um ser encontrado em Marte é

considerado vivo ou não argumentando.

Partindo desta crítica percebemos que a avaliadora valoriza a

problematização, e expõe que a aula 11 tem um grande potencial para motivar e

permitir a discussão sobre os seres vivos. De fato a motivação, como discutimos

sobre a colocação da avaliadora B, é de extrema importância para permitir que os

alunos sejam os protagonistas do processo de ensino e de aprendizagem. No

entanto, precisamos destacar que a aula 1 (que inicia a sequência) e a aula 11 (que

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participa da finalização) tem propósitos diferentes. A aula 1 tem como objetivo

discutir a definição dos seres vivos e apresentar que existem outras maneiras de

fazê-lo, já a aula 11 tem por objetivo permitir aos alunos aplicar conceitos e

argumentá-los.

A ordenação destas aulas foram pensadas para propiciar a aprendizagem da

forma mais significativa, que é justamente o que Zabala (2011) acentua ao dizer que

as sequências didáticas permitem ao professor, articulações desejáveis. Por mais

que a aula 11 seja interessante, para iniciar a sequência no lugar da aula 1, esta

não permitiria uma argumentação baseada na apropriação e reorganização do

conhecimento dos alunos na apresentação da sequência, e assim funcionaria como

um levantamento de conhecimentos prévios para saber quais as definições eles

utilizariam e problematizá-la. Sendo que esta problematização é contemplada a

partir da discussão na aula 1, enquanto que a produção com embasamento na

reorganização do conhecimento dos alunos seria perdida, necessitando pensar em

outra atividade. Por mais que este apontamento da avaliadora A seja pertinente, é

preciso que seja bem pensado para que a sequência não perca a construção que é

pretendida com a escolha das aulas.

Outro ponto que é abordado pela avaliadora A é o fato de existirem “muitas

aulas expositivas”. Revisitando a sequência identificamos que à cada aula com

atividade, ou produção de algum material é seguida de uma aula para discussão de

forma expositiva dialogada, apresentando e definindo os conceitos. A partir deste

levantamento vemos que não existem tantas aulas expositivas, mas sim uma

valorização das produções realizadas pelos alunos conectada a definição de

conceitos que são importantes para a compreensão das relações que são

estabelecidas para ocorrer a autopoiese. Assim, segundo Mauri (2006),

reconhecemos que o conhecimento acontece pela construção. A valorização das

produções, para Zabala (2010) e Araújo (2013), são extremamente importantes para

o diálogo com o professor, e se estas não são discutidas ou devolvidas, para ocorrer

um feedback, este diálogo e a avaliação processual não existem.

Um aspecto interessante nas críticas negativas é que as avaliadoras

assumem posicionamentos aproximados em relação ao tempo, enquanto a

avaliadora A acredita que o tempo é curto para a proposta, a avaliadora B acredita

que o tempo é inviável dentro das características que o ensino atual está

fundamentado. Esta proximidade é de extrema importância, pois mostra a

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dificuldade de se aplicar esta sequência nos moldes atuais do ensino voltando nos

para o tempo escolar, e para o tempo de aprendizagem.

Começando pela crítica da avaliadora A, nos comentários gerais ela

acrescenta quanto ao tempo “penso também que o tempo proposto é bastante curto

para discussões, interações, registros e ainda uma peça de teatro. E que para o

professor que colocará a SD em prática, é necessário estudar as referências que

você indicou”, devemos concordar que diversas atividades são proposta, seguidas

por discussões, e que pode ocorrer de não ter tempo suficiente para que os

conceitos sejam contemplados de forma satisfatória. Isto é justamente o que ela

comenta na aula 6 – Discussão das produções artísticas: “imagino duas aulas para

a atividade, por ser um momento de apresentação, discussão e interação”, e na aula

8 – Discussão da atividade de levantamento de conhecimentos prévios: “não

compreendi como esses temas complexos (autoprodução, manutenção, perda de

autopoiese e autonomia) podem ser abordados em 20 minutos”.

Olhando para esta crítica talvez fosse necessário duplicar algumas aulas para

respeitar o tempo de compreensão dos alunos. Principalmente levando em

consideração a aprendizagem destes, que para Fogaça (2011) é prejudicada a partir

da discussão artificial dos conceitos. Referente a necessidade do professor de

estudar o referencial destacado por ela, evidência o que é de extrema importância

para a concretização de aplicação da sequência. Contudo sabemos que os

conceitos são difíceis e a compreensão levaria tempo, por este motivo a sequência

busca apresentá-los com explicações mais simples do que as de Maturana e Varela

(2011). Mas, esta explicações precisam ser melhores elaboradas para que o

professor possa se sentir seguro a explicá-las.

E então entramos na importância desta aulas serem apresentadas em uma

sequência didática, pois, segundo Zabala (2010), estas tem flexibilidade para se

ajustar as necessidades do professor e dos alunos. Sendo assim, as propostas de

discussão apresentadas na sequência ainda podem estar distantes da compreensão

necessária para os conceitos da teoria da autopoiese, que são de difícil

entendimento, contudo, podem ser reorganizadas. Entretanto, talvez seja necessário

uma aplicação desta sequência para sentir as necessidades de aprimoramento,

além das ressaltadas pela avaliadora.

E assim relacionamos com a crítica da avaliadora B, que “uma sequência

muito longa não é facilmente aplicável no sistema de ensino que temos hoje, mas

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este número é compreensível por conta da complexidade”. Esta dificuldade se dá

principalmente pois nas escolas seguimos diretrizes como as PCNs, sendo estas,

segundo Brasil (2002), o que norteiam os conteúdos e forma como podem ser

trabalhados ao longo do ano. Entretanto, ainda existe uma maleabilidade quanto a

estruturação de alguns temas, principalmente se estes, como ressalta a avaliadora,

são de difícil compreensão.

Podemos ainda recordar que as PCNs, segundo Brasil (2002), incentivam a

discussão de temas que abordem o funcionamento dos sistemas vivos,

possibilitando a proximidade com o cotidiano dos alunos. Desta forma, a sequência

proposta encontra grandes possibilidades de ser aplicada no ensino básico.

Devemos acreditar, de acordo com Brasil (1998), que as sequências são

ferramentas utilizadas por professores que permitem a melhoria do ensino, portanto,

esta sequência deve permitir que o professor possa adequá-la a sua sala de aula, e

ao tempo disponível que possui. E assim entramos em um empasse, torna-se mais

compreensível e ou aplicável, quando relacionamos ao tempo.

Assim, nesta análise levantamos diversos pontos que enaltecem o trabalho

realizado e criticam com a intenção de proporcionar melhorias. É preciso destacar

que as possibilidades que esta sequência oferece estão relacionadas: a discussão

de um novo olhar dentro do ensino de citologia, buscando destacar as relações e a

organização da unidade celular, a fundamentação a partir da Biologia do Conhecer,

as atividades propostas nas aulas, e as reflexões que proporcionam. E este conjunto

é o que possibilita a motivação e a compreensão do que se é proposto.

Quanto aos limites, é necessário apontar que os conceitos são de difícil

compreensão, principalmente por conta da teoria, e ainda precisam ser melhores

definidos e abordados nas aulas para que permitam a apropriação dos alunos ao

longo da sequência. Outro limite é referente ao tempo: de aprendizagem, por conta

dos conceitos difíceis pode estar curta demais, e em relação a aplicação, justamente

por conta da dificuldade de explicar os conceitos, estar longa. Deste modo, esta

sequência pode contribuir com o ensino de citologia, desde que sejam realizadas

melhorias que permitam uma aplicação significativa da sequência.

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VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vimos até aqui, segundo Ruppenthal (2013) e Zabala (2010), o ensino

de Biologia ainda se encontrada fundamentado na memorização, no enaltecimento

da transmissão do conhecimento, de forma fragmentada e descontextualizada.

Sendo assim uma das disciplinas que não permitem a compreensão das relações

por apresentar termos que devem ser memorizados e acumulados, anulando a

participação do aluno, é a citologia.

Contudo, percebemos que existem perspectivas dentro da ciência que podem

quebrar com esta organização escolar, mais precisamente a teoria da autopoiese

propostas por Maturana e Varela (2011), visando perceber o mundo a partir das

relações e da complexidade dos sistemas vivos. E que não apenas abrem as portas

para compreendermos que somos seres complexos, mas que viabilizam novos

questionamentos sobre a ciência. De acordo com Capra (2006) e Pellanda (2009), é

partir desta teoria que passamos a perceber as relações e o fenômeno inteiro,

principalmente que podemos relacionar o universo como um todo.

E é partir deste embasamento teórico que a sequência didática proposta

neste trabalho busca direcionamento para proporcionar uma nova percepção para o

ensino de citologia na educação básica. Entretanto, a transposição desta teoria da

complexidade para a sala de aula é difícil pois a apresentação e explicação dos

conceitos demandam muitas discussões e leituras dos autores que propõem este

viés. Mas, de acordo com as avaliadoras, esta proposta é contemplada pela

peculiaridade que vem do viés da Biologia do Conhecer, e proporciona o interesse

por esta sequência. Elas também destacam que por mais que os conceitos sejam

complexos, e de difícil compreensão possuem um potencial vindo das atividades,

que segundo Zabala (2010), é o que norteia uma boa sequência didática.

Ainda podemos ressaltar que a partir da avaliação delas não chegamos a um

consenso sobre o tamanho desta sequência, mas que precisamos tomar um certo

cuidado para não impossibilitar a aplicação, e muito menos impedir a compreensão

dos conceitos. Conceitos estes, que segundo uma das avaliadoras deveriam ser

utilizados mais para discussões e reflexões sobre os seres vivos, do que para

compreendê-los de maneira integra. Descordamos deste apontamento, pois estes

conceitos são extremamente importantes e o que permitem os alunos compreender

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a autopoiese, abordagem diferenciada que a sequência busca trazer para propiciar

um ensino de citologia diferenciado.

Portanto, a partir do objetivo deste trabalho de propor e analisar uma

sequência didática na perspectiva da Biologia do Conhecer, tendo como tema

estruturador a citologia, podemos perceber que as análises feitas pelas avaliadoras

foram de grande apontamento para a melhoria e o engrandecimento deste trabalho.

Isto se dá, pois, a partir das respostas podemos perceber que a sequência precisa

ser melhor discutida e pensanda quanto aos conceitos trabalhados, quanto ao tempo

de aplicação e de aprendizagem dos alunos, e para o engrandecimento por apontar

a peculiaridade deste trabalho por abordar a citologia de forma diferenciada, com

referencial importante que embasa os conceitos trabalhados, além de apontarem

que as atividades propostas permitem aos alunos se engajarem nas discussões.

Logo, esta sequência didática cumpri com o objetivo de propor uma nova

possibilidade ao ensino de citologia, mostrando que a utilização de outras

perspectivas pode auxiliar nas modificações necessárias para uma aprendizagem

significativa dos alunos. Entretanto, os limites presentes nesta sequência referentes

as definições dos conceitos apresentados pela teoria da autopoiese, que são de alta

complexidade e difícil transposição para a sala aula, dificultam sua aplicação. Mas,

mesmo assim, esta sequência didática abre as portas para discussões sobre novas

perspectivas que agregariam no ensino de Biologia.

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VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1

PROJETO: SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE CITOLOGIA A PARTIR DA BIOLOGIA DO

CONHECER

PERGUNTA

Quais as possibilidades e os limites da Biologia do Conhecer como viés para o

ensino da unidade celular no ensino médio?

JUSTIFICATIVA

O ensino de Biologia tem apresentado um desafio aos educadores, pois seus

conteúdos e metodologias no ensino médio tem sido quase que exclusivamente

voltados para exames de vestibulares (BRASIL, 2006). Desta forma, a discussão

sobre os assuntos pertencentes a esta disciplina que são abordados, quase que

diariamente, por meios de comunicação como, jornais, revistas, televisão e internet

encontra-se distanciado da sala de aula, o que impossibilita aos alunos a conexão

do que é visto na escola com a realidade do dia-a-dia (BRASIL, 2006). Este

distanciamento se dá, pois, o ensino de Biologia tem sido pautado na fragmentação

e transmissão de conhecimentos, o que impede a compreensão ampla dos

conteúdos pertencentes a essa área (JUNIOR; BARBOSA, 2009).

Um dos conteúdos prejudicados pela fragmentação e descontextualização é o

ensino de biologia celular, impedindo a compreensão de célula como unidade

(JUNIOR; BARBOSA, 2009). De acordo com Randi (2011), as explicações para

compreender a unidade celular possuem conceitos abstratos, microscópios que

dificultam o entendimento, sendo que estes conceitos muitas vezes são

apresentados e exemplificados por meio de desenhos estáticos, que segundo Capra

(2012), se distanciam da célula que observamos ao microscópio, mostrando assim

que o estudo de forma reducionista impossibilita a compreensão da complexidade

celular. De acordo com Fogaça (2011), o ensino de Biologia parte do entendimento

da célula, para os seres vivos, entretanto, tal organização está distante da

familiarização dos alunos o que impossibilita a relação da unidade celular com os

seres vivos.

A relação entre estes conceitos, de acordo com Os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs) (BRASIL, 2002), deveria ser garantido, pois a disciplina de

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Biologia deve abordar os fenômenos relacionados aos sistemas vivos, estes ainda

argumentam que todos os seres vivos são resultado da interação entre os elementos

que os constituem e da interação entre este e o meio externo. Tal visão vai ao

encontro da Biologia do Conhecer, abordagem de Maturana e Varela, que defendem

o ato de viver como intrínseco ao ato de conhecer, sendo que este conhecimento

resulta da interação entre a estrutura do vivo e do meio, gerando um fenômeno

denominado de acoplamento estrutural (MATURANA; VARELA, 2002). Deste modo,

segundo Maturana e Varela (2011), a vida só existe a partir da organização

autopoiética, que tem como propriedades a autoprodução, a auto-organização, e a

automanutenção, se esta se mantiver em um meio de interações. Sendo assim, esta

organização é autônoma por delimitar o que ocorre com sua estrutura, e por possuir

relações especificas que a caracterizam como tal, mas não é autossuficiente, pois

depende de um fluxo de matéria e energia para se manter como viva (MATURANA;

VARELA, 2011). Como podemos perceber, as explicações utilizadas pelos autores

divergem das explicações simplistas e fragmentadas apresentas no ensino.

Partindo deste pressuposto, de que o ensino de forma reducionista não

proporciona o entendimento e a conexão dos assuntos biológicos com a realidade,

dentre eles a compreensão da célula, deveríamos buscar novas formas de discutir

tal conteúdo de maneira a possibilitar o conhecimento. Assim, a Biologia do

Conhecer proposta por Maturana e Varela (2002), poderia proporcionar uma

discussão diferenciada da que é hoje apresentada nas escolas com o ensino de

biologia celular. E ao aplicar tal viés ao que propõem os PCNs, permite-se ao ensino

de Biologia uma nova visão acerca da fenomenologia do ser vivo, esta que

atualmente embasa-se no mecanicismo, que tem como ferramenta epistemológica a

observação e análise das menores partes constituintes de um fenômeno (CAPRA,

2006). Ao trazermos esta nova visão assumimos que a soma dessas partes é maior

que o todo, ou seja, que existem propriedades que emergem das relações geradas

pela vida em contato com o meio (MAYR, 2005), tal como o é o conhecimento e

consequentemente o viver (MATURANA; VARELA, 2002), e assim o ensino

aproxima-se de uma visão mais complexa que leva em conta as relações e o

fenômeno inteiro, não apenas seus componentes (CAPRA, 2006), permitindo aos

alunos perceber que existem outras visões sobre as explicações de vivo, e

consequentemente sobre a célula.

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OBJETIVOS GERAIS

o Proporcionar a reflexão sobre diferentes maneiras de se compreender a

unidade celular;

o Compreender a unidade celular pelo viés da Biologia do Conhecer.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

o Questionar a explicação dos seres vivos pela lista de características;

o Reconhecer que existem diferentes visões sobre a compreensão dos seres

vivos dentre elas a Biologia do Conhecer;

o Conhecer o conceito de organização autopoiética presente na Biologia do

Conhecer;

o Reconhecer que a unidade celular possui uma organização autopoiética.

CONTEÚDOS A SEREM TRABALHADOS

O conteúdo principal desta sequência é a unidade celular, buscando discutir

principalmente a sua complexidade a partir da organização autopoiética,

apresentada pela Biologia do Conhecer. Esta unidade celular deve ser

compreendida como um todo, percebendo principalmente que a membrana

plasmática é parte componente da célula e não apenas a limita observando o

fenômeno da fagocitose, e trazendo o conhecimento e a discussão de outros

componentes celulares.

DESCRIÇÃO DAS AULAS

1. Aula 1: Discussão sobre a lista de características e seres vivos

Objetivos:

o Levantar os conceitos que permitem organizar os seres vivos

o Problematizar a lista de características, que propõem conceitos para

identificar a presença ou ausência de vida

o Refletir sobre os conceitos propostos para a identificação da vida

o Instigar sobre a existência de explicações diferentes para a identificação dos

seres vivos

Método:

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o Aula expositiva dialogada em roda, para permitir uma integração entre os

alunos

o Instigar os alunos a produzir uma lista que contenha as características que

definem os seres vivos

o Discutir as características apresentadas e seus limites para a definição dos

seres vivos

o Abordar a existências de outras explicações para a definição dos seres vivos,

dentre elas a Biologia do Conhecer

Materiais:

o Lousa e giz, ou canetão

Aula:

O professor deve dispor a sala em roda, para que os alunos possam interagir

entre si de uma forma mais pessoal. A partir desta disposição o professor pode

iniciar a discussão com os alunos levantando primeiramente a seguinte questão:

Quais características nos permitem definir que um ser é vivo? E de acordo com as

colocações dos alunos, o professor deve fazer anotações na lousa para possibilitar a

visualização de todos. Dentre as definições podem estar presentes: nasce, cresce,

reproduz e morre, respiração, reprodução e etc., se os alunos não apresentarem

limitações a essas definições, o professor deverá instigá-los a perceber que utilizar

apenas estes conceitos não são suficientes, pois, existem algumas exceções, como

por exemplo os animais híbridos que não podem se reproduzir. Ao longo desta

discussão, o professor deve conduzir os alunos a perceber que podem existir outras

visões para compreender os seres vivos, sendo uma delas a Biologia do Conhecer.

2. Aula 2: Atividade da Mesa e discussão sobre organização, estrutura e

componente

Objetivos:

o Produzir uma mesa com materiais diversificados

o Discutir os conceitos de organização, componente e estrutura

Método:

o Trabalho em grupo

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o Discussão em roda, permitindo a socialização das mesas confeccionadas

pelos grupos

Materiais:

o Caixa de sabonete, pasta de dente, cereais etc.

o Rolo de papel higiênico

o Tampinha de refrigerante

o Cola

o Durex

o Confecção dos kits: Para proporcionar a discussão os kits devem ser

montados com matérias diversificados, porém, com a mesma quantidade de

objetos. A cola e o durex devem estar presentes em todos os kits. Já para os

outros materiais pode-se utilizar a seguinte divisão:

(a) Kit 1: 1 caixa de sabonete, 2 rolos de papel higiênico, 4 tampinhas de

refrigerante.

(b) Kit 2: 3 caixas de pasta de dente, 1 rolo de papel higiênico, 3

tampinhas de refrigerante.

(c) Kit 3: 1 caixa de cereais, 4 rolos de papel higiênico, 2 tampinhas de

refrigerante.

(d) Kit 4: 2 caixas de sabonete, 1 caixa de cereal, 3 rolos de papel

higiênico,1 tampinha de refrigerante.

(e) Kit 5: 1 caixa de pasta de dente, 1 caixa de sabonete, 1 rolo de papel

higiênico, 5 tampinhas de refrigerante.

Aula:

O professor deve dividir a sala em grupos de até cinco alunos. Para cada

grupo deve-se entregar um dos kits contendo os materiais para montagem de uma

mesa. Para esta atividade a comanda será: Vocês irão receber um kit contendo

diversos materiais, que não são idênticos, e confeccionar uma mesa. Vocês devem

confeccionar apenas a mesa, não são necessários outros acessórios como cadeira,

pratos etc. Para essa atividade vocês terão 10 min., e depois vamos abrir uma roda

e iniciar uma discussão, então vocês devem se dividir em grupos de até cinco

alunos, começando agora. É importante que durante a confecção do material, o

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professor circule entre os grupos para reforçar a comanda e orientar os alunos de

acordo com as necessidades.

Após 10 minutos da confecção da mesa, o professor pede que os alunos se

organizem em uma grande roda para iniciar a discussão. Cada grupo deverá colocar

a sua mesa no centro da roda e apresentá-la aos colegas contando um pouco sobre

a confecção, tendo cada grupo um minuto para esta socialização. Ao término das

apresentações o professor deve direcionar os alunos aos questionamentos da

atividade (O que eles acharam da atividade?) e levantar as discussões sobre a

organização da mesa (Qual a organização? Tampo, quadrado, redondo, retangular,

com pernas, 3 ou 4), e quais são os seus componentes e a sua estrutura (Uma

mesa pode ser de ferro, de madeira, de plástico, com parafuso, soldada, etc.) e

como estes estão relacionados (Qual a relação entre o tampo e as pernas? Entre o

parafuso ou a solda, presentes entre o tampo e as pernas? O que isso lhes

confere?).

3. Aula 3: Discussão sobre organização, estrutura e componente – Organização

Autopoiética

Objetivos

o Apresentar a organização autopoiética

o Discutir sobre organização, componente e estrutura dentro da perspectiva da

Biologia do Conhecer

Método:

o Aula expositiva dialogada em roda, os alunos podem se olhar durante a

discussão permitindo uma relação pessoal

o Produzir um texto que contenha uma breve explicação pessoal sobre a

organização autopoiética

Aula:

O professor deve pedir que os alunos se disponham em uma grande roda.

Deve retomar a atividade da mesa e os conceitos abordados na aula anterior,

organização, componente e estrutura, pedindo que os alunos verbalizem a definição

discutida na aula anterior. Enfatizar que eles devem dizer com as próprias palavras o

que se lembram do que foi discutido. Assim, após relembrar os conceitos

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previamente discutidos o professor deve colocar em pauta a explicação a partir da

Biologia do Conhecer sobre tais conceitos, desta forma poderá apresentar a

organização autopoiética. É importante discutir sobre tais aspectos referentes aos

conceitos:

Organização: relação específica entre os componentes, sendo que esta nos

permite dizer que “algo” pertence exclusivamente a uma classe, isto é, nos faz

diferenciá-la das demais coisas.

Componente: são as partes que compõe uma unidade, podendo ser

compostos de diferentes “materiais”.

Estrutura: organização de diferentes partes, dar corpo a algo.

Organização autopoiética: relações específicas da produção dos

componentes que constituem o sistema, especificando-o como unidade.

O tempo para discussão e apresentação desta nova visão sobre estes

conceitos que temos no dia a dia deve durar por volta de uns 20 minutos. Ao término

desta discussão o professor pede aos alunos que escrevam individualmente,

explicando com as próprias palavras o que compreenderam da organização

autopoiética e entregar (Atividade A).

Para possibilitar o diálogo entre professor e aluno, é de extrema importância

que o professor faça uma devolutiva escrita individual em cada uma das

explicações, ressaltando os pontos interessantes que levantaram para a explicação,

o modo como o fizeram e em que poderiam ter explorado mais, direcionando-os a

refletir sobre o que produziram na devolutiva da atividade. Para a próxima aula é

interessante que o professor prepare um levantamento das dificuldades que os

alunos tiveram ao explicarem os termos discutidos nesta aula, e também evidenciar

a maneira como os alunos explicaram se possível mostrando a diversidade de

explicações que podem se suceder.

4. Aula 4: Discussão da produção dos textos sobre a compreensão da

Organização Autopoiética, componente e estrutura

Objetivos:

o Intensificar a explicação da organização autopoiética

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o Compreender que a organização autopoiética é uma explicação para o ser

vivo

Método:

o Aula expositiva dialogada em roda, os alunos podem se olhar durante a

discussão permitindo uma relação pessoal

Materiais:

o Lousa, giz e/ou canetão

Aula:

O professor deve pedir que os alunos se disponham em uma grande roda.

Nesta aula deve-se retomar os conceitos apresentados anteriormente sobre

organização autopoiética, componente e estrutura, utilizando como direcionamento o

levantamento realizado pelo professor a partir das explicações dos alunos como

orientado no final da aula anterior. Desta forma o professor precisa perceber, a partir

das atividades, quais foram as dificuldades em compreender a explicação destes

conceitos (ao tentar explicá-las) buscando nesta discussão diminuir as dificuldades

apresentadas pelos alunos.

É possível que os alunos tenham dificuldade de expressar na forma escrita o

que compreenderam, sendo assim seria interessante que com a ajuda dos alunos o

professor construísse uma explicação a partir das falas destes, utilizando como

material a lousa para escrever as definições que como grupo conseguiram construir.

Após esta discussão de aprofundamento dos conceitos o professor deve direcionar

os alunos a perceber que a organização autopoiética é uma explicação para os

fenômenos vivos.

E para tal explicação pode levantar questionamentos como: Se olhamos para

a diversidade de seres vivos o que dizemos que eles têm em comum? (Ao dizer da

diversidade de seres vivos é interessante falar de organismos vegetais, pois muitas

vezes ao dizermos seres vivos apenas os animais são lembrados) A organização

autopoiética, mas de que forma? Quais são os componentes dos seres vivos, qual a

estrutura?

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5. Aula 5: Produção artística sobre organização, estrutura e componente –

Organização Autopoiética

Objetivos:

o Intensificar a explicação da organização autopoiética

o Trocar as explicações pessoais sobre os conceitos: organização, estrutura e

componente – Organização autopoiética

Método:

o Trabalho em grupo com os textos produzidos individualmente na aula 3

o Produção de desenhos (Atividade B)

Materiais:

o 5 folhas de papel pardo

o Canetinhas e lápis preto

Aula:

O professor deve iniciar a aula retomando as atividades que foram realizadas

anteriormente. Após esta breve socialização deve orientá-los que iram discutir entre

si os conceitos relacionados às aulas anteriores. Sendo assim, o professor deve

dividir a sala em grupos de até cinco alunos e devolver os textos que foram

produzidos na aula 3. A comanda será: Hoje nós iremos fazer uma atividade para

discutir mais sobre organização autopoiética, componente e estrutura, vocês irão

formar grupos de até cinco alunos e receber os textos que produziram sobre estes

conceitos, vocês devem discutir sobre o que cada um escreveu e produzir um

desenho que explique estes conceitos, não pode conter coisas escritas.

Os grupos terão todo o tempo da aula para discutir e produzir o desenho.

Durante esta produção o professor deve passar em cada um dos grupos e colocar-

se a disposição para discutir possíveis questionamentos sobre as produções

textuais, e ainda reforçar a comanda e orientá-los em relação aos conceitos

discutidos e as dúvidas que possivelmente surgirão. No final da aula, pedir que os

alunos coloquem os nomes do grupo nas folhas para recolhe-las, pois, a discussão

será feita na próxima aula. Antes de finalizar o professor pode conversar sobre as

produções e orientar os alunos a refazer a atividade, a partir dos questionamentos

levantados.

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6. Aula 6: Discussão das produções artísticas

Objetivos:

o Intensificar a explicação da organização autopoiética

o Discutir a relação da organização autopoiética com a unidade celular

o Opinar sobre a produção dos colegas

Método:

o Discussão em roda, os alunos podem se olhar durante a discussão permitindo

uma relação pessoal

Materiais:

o Produções da aula anterior

Aula:

No início desta aula o professor deve pedir que os alunos se disponham em

uma grande roda, posicionar as produções no centro da mesma e relembrar a

comanda de que a partir das explicações individuais que fizeram, eles deveriam

produzir um desenho em grupo, sem escrita, que explicasse os conceitos:

organização, estrutura, componente e organização autopoiética. Após a

contextualização, será selecionado aleatoriamente um primeiro grupo para iniciar a

discussão, este grupo deverá se manter em silêncio, enquanto os colegas explicam

o seu desenho, após isso o grupo que produziu o desenho pode se pronunciar e

dizer qual foi a proposta e se os colegas se aproximaram da explicação do desenho

que eles fizeram, e como foi produzir este desenho. Isto deverá se repetir com todos

os outros grupos.

O professor deve estar atento a discussão levantando sempre os pontos

importantes de cada desenho. O tempo para essa discussão e socialização deve

durar por volta de 25 minutos.

7. Aula 7: Atividade de levantamento de conhecimentos prévios

Objetivos:

o Levantar os conhecimentos prévios dos alunos de qual a compreensão e

visão destes sobre a célula e seu funcionamento

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Método:

o Aplicar um questionário individual que permita levantar os conhecimentos dos

alunos quanto a unidade celular

Materiais:

o Questionário com perguntas sobre as células (ANEXO 1)

Aula:

O professor deve entregar para os seus alunos individualmente um

questionário sobre células e pedir que eles respondam atentamente e

individualmente, que não existem respostas erradas ou corretas que eles devem

responder de acordo com o que sabem. Após a resposta os questionários serão

recolhidos, e serão utilizados para uma discussão na próxima aula.

8. Aula 8: Discussão da atividade de levantamento de conhecimentos prévios

Objetivos:

o Compreender a unidade celular

o Compreender que a unidade celular é uma organização autopoiética

o Perceber que a célula compõe um organismo de diferentes formas (unicelular

e pluricelular)

Método:

o Aula expositiva dialogada em roda

Aula:

O professor deve organizar a sala em uma grande roda. Para iniciar a

discussão o professor pode perguntar se os alunos tiveram dificuldades em realizar

a atividade e se tiveram questões que lhes fizeram ficar em dúvida e porquê? A

partir destes levantamentos o professor pode perguntar: o que é uma célula?

Direcionando a colocações importantes de cada fala explicitando o que os alunos

precisam perceber. Com isso levantar questões como: Quais os diferentes tipos de

células que existem? O que elas possuem de diferente? A partir destas perguntas

recordar a 1º, 2º e 4º pergunta do questionário, permitindo que os alunos verbalizem.

O que nos permite dizer que elas são células? O que elas têm em comum? Provável

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que os alunos exemplifiquem organelas como: núcleo, membrana plasmática, sendo

assim deve-se retomar a discussão da lista de características e relembrar que

existem outras formas de se compreender e uma delas é a organização

autopoiética. O que podemos relacionar do que vimos sobre organização

autopoiética com os diferentes tipos celulares? Pedir que os alunos verbalizem,

neste momento eles devem lembrar de componente e estrutura.

A partir das questões 3º e 4º do questionário é possível levantar

questionamentos sobre o funcionamento da organização autopoiética, colocando em

pauta autoprodução, manutenção e até a perda da autopoiese, sendo assim

poderiam ser feitas perguntas para discussão como: quando falamos em

autoprodução e manutenção o que vocês compreendem? Do que é preciso para se

auto manter? A célula vive sozinha? (Vive sem um meio), como isso ocorre? O que

significa autonomia? A discussão deve durar por volta de 20 min, e é importante

durante a discussão que o professor deixe claro que as células estão presentes nos

mais diversos seres vivos, e que os compõem permitindo que nós os identifiquemos

como tais, e também deve ser discutido que as células podem ser um ser vivo.

Temas que devem ser abordados na discussão:

Autoprodução: produzir os componentes que integram/compõe a sua unidade

Manutenção: dar continuidade a organização autopoiética a partir da

reposição dos componentes e regulação das interações que ocorrem para que a

autopoiese ocorra

Perda da autopoiese: A unidade autopoiética possui continuas interações com

o meio e com outras unidades segundo sua estrutura, isto é, a estrutura da unidade

autopoiética delimita as interações que ocorrem, a este fenômeno damos o nome de

determinismo estrutural. Sendo assim, a estrutura da unidade autopoiética, a partir

do determinismo estrutural, delimita se a interação é destrutiva (modificação

estrutural que resulta na perda da organização autopoiética) ou apenas uma

mudança (modificações estruturais que não mudam a organização autopoiética). “A

perda de sua autopoiese é sua desintegração como unidade, e a perda de sua

identidade, vale dizer, morte” (MATURANA; VARELA, 2002, p.108).

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Autonomia: liberdade, especificidade. A autonomia da organização

autopoiética se dá pois está produz e mantém os seus componentes e a sua

estrutura, lhe conferindo peculiaridade em relação a outros sistemas como a

máquina (que produz algo diferente de si, e não se mantém), e é autônomo por

possuir esta organização. Logo ela não é autossuficiente, pois, está inserida em um

meio e necessita das relações com este para se autoproduzir.

Para finalizar a aula o professor deve pedir que os alunos respondam

individualmente em uma folha de caderno uma questão utilizando tudo que já foi

discutido até agora nas aulas, sendo a pergunta: Hoje nós discutimos sobre a célula

relacionando com a organização autopoiética, gostaria que vocês escrevessem o

que sabem sobre a célula a partir da definição de organização autopoiética que

discutimos nas aulas anteriores (Atividade C). Os alunos devem entregar no final da

aula.

É de extrema importância que o professor leia cada uma das produções

realizadas nesta aula, fazendo considerações sobre a construção de cada aluno, e

que tais comentários sejam devolvidos para eles, permitindo que eles refaçam.

Assim as produções auxiliarão na construção dos conceitos discutidos em sala,

entretanto o professor deve estar aberto a discutir sobre as considerações que fez,

permitindo no final da aula, em que realizar a devolução, conversar com os alunos

que assim desejarem.

9. Aula 9: Vídeo de Fagocitose

Objetivos:

o Compreender que a membrana é parte integrante da célula

Método:

o Descrição individual de um vídeo de fagocitose

o Discussão em roda

Materiais:

o Vídeo sobre Fagocitose: https://www.youtube.com/watch?v=E0IlJ6QbifM

o Folhas de papel sulfite

Aula:

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Nesta aula o professor irá entregar folhas em branco para cada aluno, e

passar um vídeo de fagocitose. Para tal, o professor deve instruir os alunos: Vocês

irão assistir a um vídeo e deverão descrever tudo o que virem e entregar a folha com

a descrição que fizerem (Atividade D). Após o término do vídeo nós vamos discutir

as descrições e impressões de vocês. Depois do vídeo de fagocitose, em uma roda

de conversa os alunos se pronunciarão quanto à descrição que fizeram, e deve-se

discutir a membrana e a sua relação com o funcionamento da célula em si. Pode-se

levantar questionamentos como: a membrana é uma organela? (É possível que os

alunos não tenham pensado sobre, e que acreditem que apenas o que está dentro

da célula é chamado de organela). Se a membrana não existisse, o que

aconteceria? Aconteceria alguma coisa, como?

10. Aula 10: Célula e a membrana plasmática

Objetivos:

o Discutir sobre a composição da membrana plasmática

o Problematizar a manutenção da membrana

Método:

o Aula expositiva dialogada em roda

Materiais:

o Lousa e giz, ou canetão

Aula:

O professor deve organizar a sala em uma grande roda. Nesta aula o

professor deve retomar o que foi discutido na aula anterior, e escrever na lousa a

pergunta: como a célula mantém a membrana plasmática? Esta pergunta deve

levantar questionamentos que retomem as discussões de organização autopoiética,

e tragam a discussão de autoprodução e manutenção da célula. Outra pergunta que

pode direcionar tal discussão é: quais são os componentes da célula? Quais são os

componentes da membrana plasmática? Ao fazer esta pergunta o professor deve

instigar os alunos a expressarem suas ideias, e ir colocando-as na lousa para que

possam ter um panorama das ideias.

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A partir das ideias que os alunos explicitarem o professor deve questioná-los:

E qual seria a relação destes componentes, e desta membrana com o

funcionamento da célula? Como esses componentes mantém a membrana e a

organização autopoiética dela? Após levantar tais questionamentos, e discutir com

os alunos sobre os componentes da membrana e a manutenção dela, é importante

então discutir que a membrana não apenas delimita a célula, mas participa da

autoprodução e manutenção da célula como um componente dela.

Após esse início de discussão o professor deve devolver as produções feitas

na aula 8, em que os alunos discutiram exatamente sobre estes assuntos. Os alunos

devem possuir o tempo final da aula para reler e responder as considerações que o

professor fez, na própria folha, relacionando o que escreveram antes com o que foi

discutido na aula e entregar.

11. Aula 11: Organização autopoiética e os seres vivos

Objetivos:

o Organizar os conceitos discutidos de organização autopoiética

o Desenvolver uma justificativa

o Interpretar uma situação problema

Método:

o Trabalho em grupo

Aula:

O professor deve dividir a sala em grupos de até cinco alunos e entregar uma

situação problema que eles devem discutir e desenvolver justificativas de acordo

com as discussões feitas nas aulas anteriores. Comanda: Hoje nós vamos fazer uma

atividade diferente, vocês vão formar grupos de até cinco alunos para discutir e

desenvolver justificativas para o problema que irei propor. No final vamos abrir uma

grande roda e apresentar para os colegas nossas justificativas e conversar sobre a

atividade. O professor deve entregar para alguns grupos o texto 1, e para outros o

texto 2:

Texto 1: Foi encontrado um ser em Marte e este foi considerado um ser vivo.

Vocês devem levantar características, e descrever do que este ser é constituído

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(podem inventar e utilizar qualquer componente) e como é seu funcionamento, para

justificar e defender que este ser é reconhecido como ser vivo.

Texto 2: Foi encontrado um ser em Marte e este não foi considerado vivo.

Vocês devem levantar características, e descrever do que este ser é constituído

(podem inventar e utilizar qualquer componente) e como é seu funcionamento, para

justificar e defender que este ser não é reconhecido como ser vivo.

Os alunos devem produzir as justificativas por 15min, enquanto o professor

passa nos grupos problematizando as produções e as discussões, levantando os

pontos interessantes de cada grupo. Ao término desta primeira parte os alunos

devem sentar em uma grande roda e apresentar para os colegas as justificativas

que encontraram para ser ou não um ser vivo. O professor deve estar atento as

produções e levantar questionamentos sobre as justificativas encontradas pelos

alunos. É interessante que o professor relembre a problematização que foi feita no

início da sequência sobre a organização dos seres vivos, e prestar atenção se os

alunos vão utilizar a organização autopoiética ou outras justificativas e problematizá-

las no sentido de relembrar a existência de diferentes visões para organização dos

seres vivos. Sobre a escolha dos alunos, quanto a diversidade de componentes, é

interessante que o professor deixe claro que a organização autopoiética não se

restringe apenas a moléculas orgânicas que são as que nos compõe, mas se um ser

aparecesse com a mesma organização que possuímos só que com outros

componentes sendo eles diversificados (lítio, cobre, etc.) este seria considerado um

ser vivo.

12. Aula 12: Fechamento

Objetivos:

o Discutir sobre os temas abordados

o Possibilitar a síntese dos alunos

Método:

o Teia

o Discussão em roda

Materiais:

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o Barbante

o Folhas sulfite

o Escrever cada uma das palavras em uma folha sulfite: organização

autopoiética, componente, estrutura, autoprodução, manutenção, autonomia,

perda da autopoiese, célula, membrana plasmática

Aula:

Nesta aula o professor deve fechar as definições dos conceitos trabalhados

ao longo da sequência, e para tal a utilização de uma teia proporcionará a relação e

reflexão entre os conceitos trabalhados. Sendo assim o professor deve pedir que os

alunos se organizem em uma grande roda, e entregar a cada grupo de três alunos

uma das palavras selecionadas previamente e escritas em folha sulfite. Após

entregar as palavras aos alunos deve ser dada a comanda: Hoje para finalizarmos

nossas aulas e podermos discutir os conceitos que aprendemos ao longo das aulas

vamos realizar uma atividade diferente, e como funciona? Como estão vendo,

entreguei para cada grupo de três alunos uma palavra, e aqui na minha mão tenho

um barbante, irei escolher um grupo para começar. Este grupo escolhido deve

escolher uma palavra dentre todas as que estão presentes na roda e justificar a

escolha relacionando as palavras, segurando a ponta do barbante devem entregar o

restante do barbante para o grupo com a palavra escolhida, a palavra escolhida dá

direito ao grupo que corresponde a ela escolher outra palavra, segurar o barbante e

passar o restante. E assim sucessivamente, mas não é permitido repetir palavras

para fazer relações, por mais difícil que ela seja. Ok? Então vamos começar.

É importante que ao final da teia o professor permita que os alunos digam

como foi atividade, e como se sentiram em relação as escolhas e as relações que

propuseram para a atividade. Perguntar aos alunos o que eles vêm na formação do

barbante, problematizar a teia, perguntar qual o sentindo da teia (as relações entre

as palavras). É necessário que o professor levante o questionamento, se outra

palavra fosse escolhida para começar teríamos as mesmas relações? Porque?

Deixando claro que as relações e reflexões são próprias de cada indivíduo e que,

portanto, se começassem com outra palavra a teia seria completamente diferente. E

assim no final o professor pode deixar que os alunos exponham sua opinião sobre

as discussões, sobre as produções, que falem do que gostaram ou não, e o que

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fariam para melhorar. Nesta aula aluno e professor devem conversar sobre toda a

construção.

13. Aula 13 e 14: Proposta e confecção de um projeto

Objetivos:

o Produzir um roteiro de teatro que problematize as questões discutidas em

sala

o Selecionar os pontos importantes da aula para compor o roteiro

o Interessar-se pela produção do teatro

o Organizar a sala de acordo com as necessidades, atores, contrarregras,

figurinistas e etc.

Método:

o Discussão em roda

o Divisão em dois grupos

o Divisão de tarefas

Aula:

O professor deve apresentar para a sala a proposta de produzir uma peça de

teatro que aborde e apresente as discussões que compuseram as aulas do

bimestre, isto é, a peça deve apresentar questionamentos sobre a visão e

compreensão dos seres vivos, além de mostrar que existem outras visões, discutir a

organização celular a partir da organização autopoiética evidenciando a participação

da membrana plasmática como integrante dos processos da autopoiese. Este

projeto será composto por três etapas: produção dos roteiros (ANEXO 2), confecção

do teatro, atuação.

Primeiro Momento: O professor deve propor o projeto, e assim levantar com a

sala quais pontos importantes devem ser evidenciados na peça como um todo, e

escolher dois grandes temas que irão compor duas cenas da peça.

Segundo Momento: Após essa primeira escolha os alunos devem se dividir

em dois grandes grupos, e escolher um tema para a cena que pretendem montar.

Com o tema da cena definido o grupo deve produzir o roteiro, e neste deve conter:

objetivo da cena, proposta de cena, texto que problematize a cena, nome e número

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de personagens, descrição e características destes personagens, quais as falas,

objetos que serão utilizados e figurino. O professor deve circular entre os grupos

para auxiliar nesta produção. É importante ressaltar que as cenas não podem passar

de dez minutos, pois a apresentação se tornaria muito grande e cansativa. Assim os

alunos deverão produzir este arquivo em Word e entregar para o professor, pois esta

atividade comporá uma parte da avaliação.

14. Aula 15: Confecção de um projeto

Objetivos:

o Socializar as produções das cenas

o Opinar na produção dos colegas

o Planejar a organização do dia do evento

Método:

o Discussão em roda

o Discussão em grupos

Aula:

O professor deve dispor da sala em roda e pedir que os grupos socializem os

roteiros produzidos nas aulas anteriores, sendo os alunos instigados a opinar sobre

a produção dos colegas dando sugestões. É importante que o professor faça a

devolutiva do trabalho para que os alunos possam efetuar as devidas correções

antes da ocorrência do evento. Toda essa discussão deve durar por volta de 15 min,

sendo o restante da aula reservado para o planejamento do evento, e a divisão de

tarefas no dia.

PRODUÇÃO FINAL

O projeto final será a produção de uma peça de teatro com duas cenas,

divididas entre os alunos. Nestes roteiros devem ser abordados os temas e as

discussões realizadas ao longo das aulas no bimestre, isto é, a peça deve

apresentar questionamentos sobre a visão e compreensão dos seres vivos, além de

mostrar que existem outras visões, discutir a organização celular a partir da

organização autopoiética evidenciando a participação da membrana plasmática

como integrante dos processos da autopoiese.

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Tal produção foi assim separada para proporcionar a participação de todos os

alunos na confecção dos roteiros e permitir ao professor avaliar a compreensão dos

alunos sobre os temas abordados, deve-se então tomar cuidado com o tempo das

apresentações para não se tornarem cansativas. Não sendo apenas a parte escrita

importante, a divisão de tarefas e as atividades realizadas no dia além da atuação

na peça serão incluídas para a confecção da avaliação deste projeto, levando assim

em consideração toda a construção até a apresentação do trabalho para o público.

Por ser uma produção dos alunos, seria interessante que tal apresentação

fosse realizada dentro da escola e aberta a comunidade, aos familiares e amigos

das crianças para que os prestigiassem. Podendo esta ser apresentada em uma

amostra cultural, festa do colégio ou apenas uma apresentação de teatro que motive

outras séries a produzirem peças para serem apresentadas no dia.

AVALIAÇÃO

A avaliação ocorrerá de forma processual, no decorrer das aulas e será

composta por atividades de escrita individual (Atividade A, C e D), representação

artística em grupo (Atividade B), e a produção de um teatro com a problematização

do que foi discutido ao longo das aulas categorizando o Projeto Final (PF). A nota

referente a cada uma dessas atividades deve ser somada e dividida por 10 para

compor a nota do bimestre. Segue uma breve orientação para o critério de avaliação

em cada uma das atividades:

o Atividade A: avaliar a compreensão da discussão, conexão entre as

palavras, clareza na explicação e na escrita

o Atividade B: apropriou-se dos termos utilizados em sala, explicação do

grupo, proporcionou discussão

o Atividade C: organizou os conceitos de organização autopoiética ao

funcionamento da célula, escrita clara e conexa, apresentou reflexões

sobre a construção

o Atividade D: como foi realizada a descrição, escrita clara e conexa,

expôs o funcionamento da membrana, destacando pontos sobre ela

o Projeto Final: deve-se levar em conta a produção escrita (objetivo da

cena, proposta de cena, texto que problematize a cena, nome e

número de personagens, descrição e características destes

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personagens, quais as falas, objetos que serão utilizados e figurino), a

confecção do teatro, e a atuação dos alunos (considerando a peça em

si, e o comprometimento com o evento).

Cálculo: (Ax2) + (Bx2) + (Cx1) + (Dx2) + (PFx3)

10

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEF, 2002. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf>. Acesso em: 17 out. 2017.

BRASIL. Ministério da educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares Para o Ensino Médio: Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 135 p. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_02_internet.pdf>. Acesso em:17 out. 2017

CAPRA, F. A influência do pensamento cartesiano-newtoniano: a concepção

mecanicista da vida. In: CAPRA, F. O ponto de mutação. 30. ed. São Paulo: Cultrix,

2012, p. 95-115.

FOGAÇA, M. Papel da interferência na relação entre modelos mentais e modelos científicos de célula. Mestrado (Mestre em Educação) – Universidade de São Paulo. São Paulo. 2006. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-16072007-143217/pt-br.php. Acesso em: 01 out. 2017.

JUNIOR, A.N. S; BARBOSA, J.R.A. Repensando o Ensino de Ciências e de Biologia

na Educação Básica: o Caminho para a Construção do Conhecimento Científico e

Biotecnológico. Instituto Superior de Educação da Zona Oeste/ Faetec/Sect. Rio de

Janeiro: Democratizar, v. 3, n.1, 2009.

MATURANA, H.; VARELA, F. De Máquinas e seres vivos: autopoiese – a organização do vivo. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.

MATURANA, H.; VARELA, F.A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana.9. ed. São Paulo: Palas Athenas, 2011.

MAYR, E. A autonomia da Biologia. In: MAYR, E. Biologia, Ciência Única: reflexões sobre a autonomia de uma disciplina científica. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 36-55.

RANDI, M. A. F. Criação, aplicação e avaliação de aulas com jogos cooperativos do tipo RPG para o ensino de biologia celular. 2011. Tese (Doutorado em Biologia Celular e Estrutural) – Universidade Estadual de Campinas Instituto de Biologia. Campinas, SP, 2011.

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ANEXO 1

ATIVIDADE DIAGNÓSTICA

Nome: ____________________________ Nº: _______ Turma: ______ Data:

Cara (o) aluna (o), esta atividade tem como objetivo o levantamento dos seus conhecimentos prévios, logo, preocupe-se em responder as questões, não em verificar se a resposta está certa ou errada. Lembre-se de utilizar caneta azul ou preta e de não consultar nenhum outro aluno enquanto estiver respondendo. 1. Nas imagens abaixo vemos diferentes seres. Pinte as imagens que você supõe serem formadas por células, indicando também o local em que elas se encontram:

2. Após analisar as imagens a seguir, assinale quais delas você considera que são células.

( )

( )

( )

( )

( )

Maçã Árvore Humano

Vírus

Bactéria

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3. Analise se as afirmações abaixo são verdadeiras ou falsas e justifique o porquê de sua opinião: a) uma célula pode ser um indivíduo.

( ) VERDADEIRA ( ) FALSA ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

b) um indivíduo pode ser uma célula. ( ) VERDADEIRA ( ) FALSA

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4. Em uma aula de Biologia, o professor mostrou aos alunos um esquema do tecido nervoso, este formado por diversas células e também neurônios. Assim, a partir da observação do tecido como um todo, surgiu um questionamento entre dois alunos:

ESTUDANTE A: Acho que se retirarmos um desses neurônios do tecido e o colocarmos sozinho em outro espaço ele não consegue mais viver.

ESTUDANTE B: Claro que consegue! Não importa o local – as células vivem sozinhas. Basta observar as bactérias ou as amebas.

Com qual aluno você concorda? Por quê? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

ANEXO 2

Possível roteiro

Tema: Discussão sobre a lista de características e novas visões

Objetivo da cena: proporcionar ao público a compreensão de que existem

diferentes maneiras de se explicar os seres vivos

Proposta de cena: professora conversando com dois alunos

Texto de problematização:

A lista de características é a maneira mais utilizada em sala de aula para

proporcionar o aprendizado dos componentes celulares e suas funções, entretanto,

tal método não viabiliza a compreensão destes componentes impedindo que possa

ser discutido o tema abertamente. É importante dizer que existem outras formas de

se olhar para o ser vivo, e para a célula e que a lista de características não é única.

A organização autopoiética, que vê o ser vivo como aquele que se autoproduz e

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mantém, e, portanto, possui uma organização específica e nos permite identificar um

ser como pertencente de uma classe. Desta forma, esta visão pode nos permitir

questionar o funcionamento celular e não apenas olhar para cada uma de suas

partes individualmente.

Personagens:

Luana; professora de biologia, leciona na escola a muitos anos, gosta de discutir

com os alunos sobre diferentes temas, mas nem sempre permite a participação dos

alunos nas aulas.

João; aluno, gosta de discutir sobre diversos temas, aluno participativo, sempre

coloca suas opiniões na aula

Ligia; aluno, não fala muito nas aulas

Falas:

Luana: Bom dia classe, hoje vamos conversar um pouco sobre as células, o que

vocês sabem sobre as células?

João: que elas possuem membrana plasmática, núcleo, citoplasmas e um monte de

organelas

Ligia: mas professora todas as células tem núcleo?

Luana: se não me engano todas tem sim, porquê?

João: lógico que tem Lígia, como não teriam

Ligia: pois eu li uma vez em uma revista que os glóbulos vermelhos não têm, então

essas definições não estariam certas

Luana: sério, não me lembro disso

No dia seguinte:

Luana: oi Ligia você tinha razão quanto aos glóbulos vermelhos, e enquanto eu

pesquisava vi que essa forma como exemplificamos as células ontem não é a única

forma de se compreender as células e os seres vivos

João: nossa professora como isso?

Luana: existem outras visões sobre a compreensão da vida, sendo assim a lista que

a gente fez ontem é apenas uma das formas de se explicar os conteúdos. Existe

uma visão diferenciada que vê a célula por sua organização, e assim leva em

consideração a célula em todo o seu funcionamento e achei muito interessante

Ligia: então seria errado utilizar a lista de características professora?

Luana: não Ligia, errado seria acreditar que existe apenas uma visão sobre a

compreensão de célula, e achar que é a única correta

Objetos que serão utilizados: carteiras e cadeiras, cadernos, lápis, lousa e

canetão

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Figurino: roupa da escola, e roupa do dia a dia para a professora

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ANEXO 2

Avaliadora A e Avaliador B:

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE CITOLOGIA COM O VIÉS DA BIOLOGIA DO

CONHECER (Avaliadora B: Para qual série? Ensino médio? Fund. II?)

PERGUNTA

Quais as possibilidades e os limites da Biologia do Conhecer como viés para o

ensino da unidade celular no ensino médio? (Avaliadora A: Considero que você

não respondeu à pergunta. No trabalho há propostas de caminhos para utilizar

Biologia do Conhecer na escola, porém você não indicou quais são os limites)

JUSTIFICATIVA

O ensino de Biologia tem apresentado um desafio aos educadores, pois seus

conteúdos e metodologias no ensino médio tem sido quase que exclusivamente

voltados para exames de vestibulares (BRASIL, 2006). Desta forma, a discussão

sobre os assuntos pertencentes a esta disciplina que são abordados, quase que

diariamente, por meios de comunicação como, jornais, revistas, televisão e internet

encontra-se distanciado da sala de aula, o que impossibilita aos alunos a conexão

do que é visto na escola com a realidade do dia-a-dia (BRASIL, 2006). Este

distanciamento se dá, pois, o ensino de Biologia tem sido pautado na fragmentação

e transmissão de conhecimentos, o que impede a compreensão ampla dos

conteúdos pertencentes a essa área (JUNIOR; BARBOSA, 2009).

Um dos conteúdos prejudicados pela fragmentação e descontextualização é o

ensino de biologia celular impedindo a compreensão de célula como unidade

(JUNIOR; BARBOSA, 2009). De acordo com Randi (2011), as explicações para

compreender a unidade celular possuem conceitos abstratos, microscópios que

dificultam o entendimento, sendo que estes conceitos muitas vezes são

apresentados e exemplificados por meio de desenhos estáticos, que segundo Capra

(2012), se distanciam da célula que observamos ao microscópio, mostrando assim

que o estudo de forma reducionista impossibilita a compreensão da complexidade

celular. De acordo com Fogaça (2011), o ensino de Biologia parte do entendimento

da célula, para os seres vivos, entretanto, tal organização está distante da

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familiarização dos alunos o que impossibilita a relação da unidade celular com os

seres vivos.

A relação entre estes conceitos, de acordo com Os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs) (BRASIL, 2002), deveria ser garantido, pois a disciplina de

Biologia deve abordar os fenômenos relacionados aos sistemas vivos, estes ainda

argumentam que todos os seres vivos são resultado da interação entre os elementos

que os constituem e da interação entre este e o meio externo. Tal visão vai ao

encontro da Biologia do Conhecer, abordagem de Maturana e Varela, que defendem

o ato de viver como intrínseco ao ato de conhecer, sendo que este conhecimento

resulta da interação entre a estrutura do vivo e do meio, gerando um fenômeno

denominado de acoplamento estrutural (MATURANA; VARELA, 2002). Deste modo,

segundo Maturana e Varela (2011), a vida só existe a partir da organização

autopoiética, que tem como propriedades a autoprodução, a auto-organização, e a

automanutenção, se esta se mantiver em um meio de interações. Sendo assim, esta

organização é autônoma por delimitar o que ocorre com sua estrutura, e por possuir

relações especificas que a caracterizam como tal, mas não é autossuficiente, pois

depende de um fluxo de matéria e energia para se manter como viva (MATURANA;

VARELA, 2011). Como podemos perceber, as explicações utilizadas pelos autores

divergem das explicações simplistas e fragmentadas apresentas no ensino

(Avaliadora A: Talvez aqui, para uma clareza melhor, você poderia explicitar as

relações que os autores constroem e que se distanciam de explicações

simplistas).

Partindo deste pressuposto, de que o ensino de forma reducionista não proporciona

o entendimento e a conexão dos assuntos biológicos com a realidade, dentre eles a

compreensão da célula, deveríamos buscar novas formas de discutir tal conteúdo de

maneira a possibilitar o conhecimento (Avaliadora A: Que tipo de conhecimento

você defende? Porque até mesmo um ensino reducionista proporciona

conhecimentos). Assim, a Biologia do Conhecer proposta por Maturana e Varela

(2002), poderia proporcionar uma discussão diferenciada da que é hoje apresentada

nas escolas com o ensino de biologia celular. E ao aplicar tal viés ao que propõem

os PCNs, permite-se ao ensino de Biologia uma nova visão acerca da

fenomenologia do ser vivo, esta que atualmente embasa-se no mecanicismo, que

tem como ferramenta epistemológica a observação e análise das menores partes

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constituintes de um fenômeno (CAPRA, 2006). Ao trazermos esta nova visão

assumimos que a soma dessas partes é maior que o todo, ou seja, que existem

propriedades que emergem das relações geradas pela vida em contato com o meio

(MAYR, 2005), tal como o é o conhecimento e consequentemente o viver

(MATURANA; VARELA, 2002), e assim o ensino aproxima-se de uma visão mais

complexa que leva em conta as relações e o fenômeno inteiro, não apenas seus

componentes (CAPRA, 2006), permitindo aos alunos perceber que existem outras

visões sobre as explicações de vivo, e consequentemente sobre a célula.

OBJETIVOS GERAIS

o Proporcionar a reflexão sobre diferentes maneiras (Avaliadora B: Mas você

só apresenta uma alternativa) de se compreender a unidade celular;

o Compreender a unidade celular pelo viés da Biologia do Conhecer

(Avaliadora B: Acredito que seja possível cumprir esse objetivo a partir

das suas aulas).

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

o Questionar a explicação dos seres vivos pela lista de características;

o Reconhecer que existem diferentes visões sobre a compreensão dos seres

vivos dentre elas a Biologia do Conhecer;

o Conhecer o conceito de organização autopoiética presente na Biologia do

Conhecer;

o Reconhecer que a unidade celular possui uma organização autopoiética.

CONTEÚDOS A SEREM TRABALHADOS

O conteúdo principal desta sequência (Avaliadora A: Considero importante

explicar o que é uma sequência didática) é a unidade celular, buscando discutir

principalmente a sua complexidade a partir da organização autopoiética (Avaliadora

A: Até o momento, não compreendi o que é a organização autopoiética),

apresentada pela Biologia do Conhecer. Esta unidade celular deve ser

compreendida como um todo, percebendo principalmente que a membrana

plasmática é parte componente da célula e não apenas a limita (Avaliadora B: essa

frase não ficou clara) observando o fenômeno da fagocitose, e trazendo o

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conhecimento e a discussão de outros componentes celulares (Avaliadora B: Não

entendi muito bem).

DESCRIÇÃO DAS AULAS

1. Aula 1: Discussão sobre a lista de características e seres vivos

Objetivos:

o Levantar os conceitos que permitem organizar os seres vivos

o Problematizar a lista de características, que propõem conceitos para

identificar a presença ou ausência de vida

o Refletir sobre os conceitos propostos para a identificação da vida

o Instigar sobre a existência de explicações diferentes para a identificação dos

seres vivos

Método:

o Aula expositiva dialogada em roda, para permitir uma integração entre os

alunos

o Instigar os alunos a produzir uma lista que contenha as características que

definem os seres vivos

o Discutir as características apresentadas e seus limites para a definição dos

seres vivos

o Abordar a existências de outras explicações para a definição dos seres vivos,

dentre elas a Biologia do Conhecer

Materiais:

o Lousa e giz, ou canetão

Aula:

O professor deve dispor a sala em roda, para que os alunos possam interagir

entre si de uma forma mais pessoal. A partir desta disposição o professor pode

iniciar a discussão com os alunos levantando primeiramente a seguinte questão:

Quais características nos permitem definir que um ser é vivo? E de acordo com as

colocações dos alunos, o professor deve fazer anotações na lousa para possibilitar a

visualização de todos. Dentre as definições podem estar presentes: nasce, cresce,

reproduz e morre, respiração, reprodução e etc., se os alunos não apresentarem

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limitações a essas definições, o professor deverá instigá-los a perceber que utilizar

apenas estes conceitos não são suficientes, pois, existem algumas exceções, como

por exemplo (Avaliadora A: Vale a pena registrar outros exemplos) os animais

híbridos que não podem se reproduzir. Ao longo desta discussão, o professor deve

conduzir os alunos a perceber que podem existir outras visões para compreender os

seres vivos, sendo uma delas a Biologia do Conhecer. (Avaliadora A: O professor

vai apresentar essa referência?), (Avaliadora B: Mas como o professor fará

isso? Ele vai apenas citar a Biologia do conhecer como outra perspectiva?

Isso fará sentido para os alunos?).

2. Aula 2: Atividade da Mesa e discussão sobre organização, estrutura e

componente

Objetivos:

o Produzir uma mesa com materiais diversificados

o Discutir os conceitos de organização, componente e estrutura

Método:

o Trabalho em grupo

o Discussão em roda, permitindo a socialização das mesas confeccionadas

pelos grupos

Materiais:

o Caixa de sabonete, pasta de dente, cereais etc.

o Rolo de papel higiênico

o Tampinha de refrigerante

o Cola

o Durex

o Confecção dos kits: Para proporcionar a discussão os kits devem ser

montados com matérias diversificados, porém, com a mesma quantidade de

objetos. A cola e o durex devem estar presentes em todos os kits. Já para os

outros materiais pode-se utilizar a seguinte divisão:

(f) Kit 1: 1 caixa de sabonete, 2 rolos de papel higiênico, 4 tampinhas de

refrigerante.

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(g) Kit 2: 3 caixas de pasta de dente, 1 rolo de papel higiênico, 3

tampinhas de refrigerante.

(h) Kit 3: 1 caixa de cereais, 4 rolos de papel higiênico, 2 tampinhas de

refrigerante.

(i) Kit 4: 2 caixas de sabonete, 1 caixa de cereal, 3 rolos de papel

higiênico,1 tampinha de refrigerante.

(j) Kit 5: 1 caixa de pasta de dente, 1 caixa de sabonete, 1 rolo de papel

higiênico, 5 tampinhas de refrigerante.

Aula:

O professor deve dividir a sala em grupos de até cinco alunos. Para cada

grupo deve-se entregar um dos kits contendo os materiais para montagem de uma

mesa. Para esta atividade a comanda será: Vocês irão receber um kit contendo

diversos materiais, que não são idênticos, e confeccionar uma mesa. Vocês devem

confeccionar apenas a mesa, não são necessários outros acessórios como cadeira,

pratos etc. Para essa atividade vocês terão 10 min., e depois vamos abrir uma roda

e iniciar uma discussão, então vocês devem se dividir em grupos de até cinco

alunos, começando agora. É importante que durante a confecção do material, o

professor circule entre os grupos para reforçar a comanda e orientar os alunos de

acordo com as necessidades.

Após 10 minutos da confecção da mesa, o professor pede que os alunos se

organizem em uma grande roda para iniciar a discussão. Cada grupo deverá colocar

a sua mesa no centro da roda e apresentá-la aos colegas contando um pouco sobre

a confecção, tendo cada grupo um minuto para esta socialização. Ao término das

apresentações o professor deve direcionar os alunos aos questionamentos da

atividade (O que eles acharam da atividade?) e levantar as discussões sobre a

organização da mesa (Qual a organização? Tampo, quadrado, redondo, retangular,

com pernas, 3 ou 4), e quais são os seus componentes e a sua estrutura (Uma

mesa pode ser de ferro, de madeira, de plástico, com parafuso, soldada, etc.) e

como estes estão relacionados (Qual a relação entre o tampo e as pernas? Entre o

parafuso ou a solda, presentes entre o tampo e as pernas? O que isso lhes

confere?). (Avaliadora A: Importante nessa aula ter uma forma de registro para

pode retornar nas ideias posteriormente).

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3. Aula 3: Discussão sobre organização, estrutura e componente – Organização

Autopoiética

Objetivos

o Apresentar a organização autopoiética

o Discutir sobre organização, componente e estrutura dentro da perspectiva da

Biologia do Conhecer

Método:

o Aula expositiva dialogada em roda, os alunos podem se olhar durante a

discussão permitindo uma relação pessoal

o Produzir um texto que contenha uma breve explicação pessoal sobre a

organização autopoiética

Aula:

O professor deve pedir que os alunos se disponham em uma grande roda.

Deve retomar a atividade da mesa e os conceitos abordados na aula anterior,

organização, componente e estrutura, pedindo que os alunos verbalizem a definição

(Avaliadora A: Não compreendi que na aula anterior se tinha chegado em

definições) discutida na aula anterior. Enfatizar que eles devem dizer com as

próprias palavras o que se lembram do que foi discutido. (Avaliadora A: O registro

é muito importante para a lembrança. O aluno não precisa utilizar sua

memória, mas sim seu material de estudo). Assim, após relembrar os conceitos

previamente discutidos o professor deve colocar em pauta a explicação a partir da

Biologia do Conhecer sobre tais conceitos, desta forma poderá apresentar a

organização autopoiética. É importante discutir sobre tais aspectos referentes aos

conceitos:

Organização: relação específica entre os componentes, sendo que esta nos

permite dizer que “algo” pertence exclusivamente a uma classe, isto é, nos faz

diferenciá-la das demais coisas.

Componente: são as partes que compõe uma unidade, podendo ser

compostos de diferentes “materiais”.

Estrutura: organização de diferentes partes, dar corpo a algo.

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Organização autopoiética (Avaliadora B: Por ser um conceito complexo,

acredito que precisa ser explicado melhor): relações específicas da produção dos

componentes que constituem o sistema, especificando-o como unidade. (Avaliadora

B: Para ficar mais claro, seria interessante usar o exemplo da mesa nessas

definições ou pedir para os alunos relacionarem em algum momento, esses

conceitos com a mesa que confeccionaram).

O tempo para discussão e apresentação desta nova visão sobre estes

conceitos que temos no dia a dia deve durar por volta de uns 20 minutos

(Avaliadora A: Pouco tempo, até mesmo por ser uma nova visão e ser a

primeira abordagem deste viés). Ao término desta discussão o professor pede aos

alunos que escrevam individualmente, explicando com as próprias palavras o que

compreenderam da organização autopoiética (Avaliadora A: Talvez aqui eles

pudessem trazer exemplos de situações que apresentam uma organização

autopoiética, pois imagino que dificilmente eles conseguirão definir o conceito

com suas próprias palavras, já que é o primeiro contato com essa nova ideia) e

entregar (Atividade A).

Para possibilitar o diálogo entre professor e aluno, é de extrema importância

que o professor faça uma devolutiva escrita individual em cada uma das

explicações, ressaltando os pontos interessantes que levantaram para a explicação,

o modo como o fizeram e em que poderiam ter explorado mais, direcionando-os a

refletir sobre o que produziram na devolutiva da atividade. Para a próxima aula é

interessante que o professor prepare um levantamento das dificuldades que os

alunos tiveram ao explicarem os termos discutidos nesta aula, e também evidenciar

a maneira como os alunos explicaram se possível mostrando a diversidade de

explicações que podem se suceder.

4. Aula 4: Discussão da produção dos textos sobre a compreensão da

Organização Autopoiética, componente e estrutura

Objetivos:

o Intensificar a explicação da organização autopoiética

o Compreender que a organização autopoiética é uma explicação para o ser

vivo

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Método:

o Aula expositiva dialogada em roda, os alunos podem se olhar durante a

discussão permitindo uma relação pessoal

Materiais:

o Lousa, giz e/ou canetão

Aula:

O professor deve pedir que os alunos se disponham em uma grande roda.

Nesta aula deve-se retomar os conceitos apresentados anteriormente sobre

organização autopoiética, componente e estrutura, utilizando como direcionamento o

levantamento realizado pelo professor a partir das explicações dos alunos como

orientado no final da aula anterior. Desta forma o professor precisa perceber, a partir

das atividades, quais foram as dificuldades em compreender a explicação destes

conceitos (ao tentar explicá-las) buscando nesta discussão diminuir as dificuldades

apresentadas pelos alunos.

É possível que os alunos tenham dificuldade de expressar na forma escrita o

que compreenderam, sendo assim seria interessante que com a ajuda dos alunos o

professor construísse uma explicação a partir das falas destes, utilizando como

material a lousa para escrever as definições que como grupo conseguiram construir.

Após esta discussão de aprofundamento dos conceitos o professor deve direcionar

os alunos a perceber que a organização autopoiética é uma explicação para os

fenômenos vivos.

E para tal explicação pode levantar questionamentos como: Se olhamos para

a diversidade de seres vivos o que dizemos que eles têm em comum? (Ao dizer da

diversidade de seres vivos é interessante falar de organismos vegetais, pois muitas

vezes ao dizermos seres vivos apenas os animais são lembrados) A organização

autopoiética, mas de que forma? (Avaliadora B: Não entendi a frase) Quais são os

componentes dos seres vivos, qual a estrutura?

5. Aula 5: Produção artística sobre organização, estrutura e componente –

Organização Autopoiética

Objetivos:

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o Intensificar a explicação da organização autopoiética

o Trocar as explicações pessoais sobre os conceitos: organização, estrutura e

componente – Organização autopoiética

Método:

o Trabalho em grupo com os textos produzidos individualmente na aula 3

o Produção de desenhos (Atividade B)

Materiais:

o 5 folhas de papel pardo

o Canetinhas e lápis preto

Aula:

O professor deve iniciar a aula retomando as atividades que foram realizadas

anteriormente. Após esta breve socialização deve orientá-los que iram discutir entre

si os conceitos relacionados às aulas anteriores. Sendo assim, o professor deve

dividir a sala em grupos de até cinco alunos e devolver os textos que foram

produzidos na aula 3. A comanda será: Hoje nós iremos fazer uma atividade para

discutir mais sobre organização autopoiética, componente e estrutura, vocês irão

formar grupos de até cinco alunos e receber os textos que produziram sobre estes

conceitos, vocês devem discutir sobre o que cada um escreveu e produzir um

desenho que explique estes conceitos, não pode conter coisas escritas.

Os grupos terão todo o tempo da aula para discutir e produzir o desenho

(Avaliadora B: Achei bem complicada essa atividade, acredito que ela requer

um nível de abstração muito grande. Eu mesma, não saberia como representar

em forma de desenho as compreensões de um grupo sobre conceitos tão

complexos [levando em consideração que provavelmente são conceitos novos

para os alunos, representar isso pode ser difícil, mas o que vocês esperam?]).

Durante esta produção o professor deve passar em cada um dos grupos e colocar-

se a disposição para discutir possíveis questionamentos sobre as produções

textuais, e ainda reforçar a comanda e orientá-los em relação aos conceitos

discutidos e as dúvidas que possivelmente surgirão. No final da aula, pedir que os

alunos coloquem os nomes do grupo nas folhas para recolhe-las, pois, a discussão

será feita na próxima aula. Antes de finalizar o professor pode conversar sobre as

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produções e orientar os alunos a refazer a atividade, a partir dos questionamentos

levantados.

6. Aula 6: Discussão das produções artísticas (Avaliadora A: Imagino duas

aulas para a atividade por ser um momento de apresentação, discussão

e interação)

Objetivos:

o Intensificar a explicação da organização autopoiética

o Discutir a relação da organização autopoiética com a unidade celular

(Avaliadora B: Esses objetivos não fazem parte dessa aula)

o Opinar sobre a produção dos colegas

Método:

o Discussão em roda, os alunos podem se olhar durante a discussão permitindo

uma relação pessoal

Materiais:

o Produções da aula anterior

Aula:

No início desta aula o professor deve pedir que os alunos se disponham em

uma grande roda, posicionar as produções no centro da mesma e relembrar a

comanda de que a partir das explicações individuais que fizeram, eles deveriam

produzir um desenho em grupo, sem escrita, que explicasse os conceitos:

organização, estrutura, componente e organização autopoiética. Após a

contextualização, será selecionado aleatoriamente um primeiro grupo para iniciar a

discussão, este grupo deverá se manter em silêncio, enquanto os colegas explicam

o seu desenho, após isso o grupo que produziu o desenho pode se pronunciar e

dizer qual foi a proposta e se os colegas se aproximaram da explicação do desenho

que eles fizeram, e como foi produzir este desenho. Isto deverá se repetir com todos

os outros grupos.

O professor deve estar atento a discussão levantando sempre os pontos

importantes de cada desenho. O tempo para essa discussão e socialização deve

durar por volta de 25 minutos.

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7. Aula 7: Atividade de levantamento de conhecimentos prévios

Objetivos:

o Levantar os conhecimentos prévios dos alunos de qual a compreensão e

visão destes sobre a célula e seu funcionamento

Método:

o Aplicar um questionário individual que permita levantar os conhecimentos dos

alunos quanto a unidade celular

Materiais:

o Questionário com perguntas sobre as células (ANEXO 1)

Aula:

O professor deve entregar para os seus alunos individualmente um

questionário sobre células e pedir que eles respondam atentamente e

individualmente, que não existem respostas erradas ou corretas que eles devem

responder de acordo com o que sabem. Após a resposta os questionários serão

recolhidos, e serão utilizados para uma discussão na próxima aula.

8. Aula 8: Discussão da atividade de levantamento de conhecimentos prévios

Objetivos:

o Compreender a unidade celular

o Compreender que a unidade celular é uma organização autopoiética

o Perceber que a célula compõe um organismo de diferentes formas (unicelular

e pluricelular)

Método:

o Aula expositiva dialogada em roda

Aula:

O professor deve organizar a sala em uma grande roda. Para iniciar a

discussão o professor pode perguntar se os alunos tiveram dificuldades em realizar

a atividade e se tiveram questões que lhes fizeram ficar em dúvida e porquê? A

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partir destes levantamentos o professor pode perguntar: o que é uma célula?

Direcionando a colocações importantes de cada fala explicitando o que os alunos

precisam perceber. Com isso levantar questões como: Quais os diferentes tipos de

células que existem? O que elas possuem de diferente? A partir destas perguntas

recordar a 1º, 2º e 4º pergunta do questionário, permitindo que os alunos verbalizem.

O que nos permite dizer que elas são células? O que elas têm em comum? Provável

que os alunos exemplifiquem organelas como: núcleo, membrana plasmática, sendo

assim deve-se retomar a discussão da lista de características e relembrar que

existem outras formas de se compreender e uma delas é a organização

autopoiética. O que podemos relacionar do que vimos sobre organização

autopoiética com os diferentes tipos celulares? Pedir que os alunos verbalizem,

neste momento eles devem lembrar de componente e estrutura.

A partir das questões 3º e 4º do questionário é possível levantar

questionamentos sobre o funcionamento da organização autopoiética, colocando em

pauta autoprodução, manutenção e até a perda da autopoiese, sendo assim

poderiam ser feitas perguntas para discussão como: quando falamos em

autoprodução e manutenção o que vocês compreendem? Do que é preciso para se

auto manter? A célula vive sozinha? (Vive sem um meio), como isso ocorre? O que

significa autonomia? (Avaliadora B: Esse conceito não foi introduzido

anteriormente). A discussão deve durar por volta de 20 min, e é importante durante

a discussão que o professor deixe claro que as células estão presentes nos mais

diversos seres vivos, e que os compõem permitindo que nós os identifiquemos como

tais, e também deve ser discutido que as células podem ser um ser vivo (Avaliadora

B: A frase ficou ambígua: “ ...que a célula pode ser um ser vivo”).

Temas que devem ser abordados na discussão: (Avaliadora A: Não

compreendi como esses temas complexos podem ser abordados em 20

minutos), (Avaliadora B: Em 20 minutos o objetivo é que eles conheçam esses

conceitos? Acho que não vai dar tempo...)

Autoprodução: produzir os componentes que integram/compõe a sua unidade

Manutenção: dar continuidade a organização autopoiética a partir da

reposição dos componentes e regulação das interações que ocorrem para que a

autopoiese ocorra

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Perda da autopoiese: A unidade autopoiética possui continuas interações com

o meio e com outras unidades segundo sua estrutura, isto é, a estrutura da unidade

autopoiética delimita as interações que ocorrem, a este fenômeno damos o nome de

determinismo estrutural. Sendo assim, a estrutura da unidade autopoiética, a partir

do determinismo estrutural, delimita se a interação é destrutiva (modificação

estrutural que resulta na perda da organização autopoiética) ou apenas uma

mudança (modificações estruturais que não mudam a organização autopoiética). “A

perda de sua autopoiese é sua desintegração como unidade, e a perda de sua

identidade, vale dizer, morte” (MATURANA; VARELA, 2002, p.108).

Autonomia: liberdade, especificidade. A autonomia da organização

autopoiética se dá pois está produz e mantém os seus componentes e a sua

estrutura, lhe conferindo peculiaridade em relação a outros sistemas como a

máquina (que produz algo diferente de si, e não se mantém), e é autônomo por

possuir esta organização. Logo ela não é autossuficiente, pois, está inserida em um

meio e necessita das relações com este para se autoproduzir.

Para finalizar a aula o professor deve pedir que os alunos respondam

individualmente em uma folha de caderno uma questão utilizando tudo que já foi

discutido até agora nas aulas, sendo a pergunta: Hoje nós discutimos sobre a célula

relacionando com a organização autopoiética, gostaria que vocês escrevessem o

que sabem sobre a célula a partir da definição de organização autopoiética que

discutimos nas aulas anteriores (Atividade C). Os alunos devem entregar no final da

aula.

É de extrema importância que o professor leia cada uma das produções

realizadas nesta aula, fazendo considerações sobre a construção de cada aluno, e

que tais comentários sejam devolvidos para eles, permitindo que eles refaçam.

Assim as produções auxiliarão na construção dos conceitos discutidos em sala,

entretanto o professor deve estar aberto a discutir sobre as considerações que fez,

permitindo no final da aula, em que realizar a devolução, conversar com os alunos

que assim desejarem.

9. Aula 9: Vídeo de Fagocitose

Objetivos:

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o Compreender que a membrana é parte integrante da célula

Método:

o Descrição individual de um vídeo de fagocitose

o Discussão em roda

Materiais:

o Vídeo sobre Fagocitose: https://www.youtube.com/watch?v=E0IlJ6QbifM

o Folhas de papel sulfite

Aula:

Nesta aula o professor irá entregar folhas em branco para cada aluno, e

passar um vídeo de fagocitose. Para tal, o professor deve instruir os alunos: Vocês

irão assistir a um vídeo e deverão descrever tudo o que virem (Avaliadora B: Como

assim “tudo”? Não é melhor direcionar a observação? Descrever o processo,

as cenas, o que mais chamou atenção...) e entregar a folha com a descrição que

fizerem (Atividade D). Após o término do vídeo nós vamos discutir as descrições e

impressões de vocês. Depois do vídeo de fagocitose, em uma roda de conversa os

alunos se pronunciarão quanto à descrição que fizeram, e deve-se discutir a

membrana e a sua relação com o funcionamento da célula em si. Pode-se levantar

questionamentos como: a membrana é uma organela? (Avaliadora A: Eles

conhecem esse conceito?) (É possível que os alunos não tenham pensado

sobre, e que acreditem que apenas o que está dentro da célula é chamado de

organela). Se a membrana não existisse, o que aconteceria? Aconteceria alguma

coisa, como? (Avaliadora B: Os alunos já estudaram fagocitose? Eles vão

relacionar o processo com a membrana plasmática? Não será discutido o

processo em si, mas não surgirão muitas dúvidas sobre?).

10. Aula 10: Célula e a membrana plasmática

Objetivos:

o Discutir sobre a composição da membrana plasmática

o Problematizar a manutenção da membrana

Método:

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o Aula expositiva dialogada em roda

Materiais:

o Lousa e giz, ou canetão

Aula:

O professor deve organizar a sala em uma grande roda. Nesta aula o

professor deve retomar o que foi discutido na aula anterior, e escrever na lousa a

pergunta: como a célula mantém a membrana plasmática? Esta pergunta deve

levantar questionamentos que retomem as discussões de organização autopoiética,

e tragam a discussão de autoprodução e manutenção da célula. Outra pergunta que

pode direcionar tal discussão é: quais são os componentes da célula? Quais são os

componentes da membrana plasmática? (Avaliadora B: Você espera

conhecimentos prévios ou pressupões que eles já estudaram isso em algum

momento?). Ao fazer esta pergunta o professor deve instigar os alunos a

expressarem suas ideias, e ir colocando-as na lousa para que possam ter um

panorama das ideias.

A partir das ideias que os alunos explicitarem o professor deve questioná-los:

E qual seria a relação destes componentes, e desta membrana com o

funcionamento da célula? Como esses componentes mantém a membrana e a

organização autopoiética dela? Após levantar tais questionamentos, e discutir com

os alunos sobre os componentes da membrana e a manutenção dela, é importante

então discutir que a membrana não apenas delimita a célula, mas participa da

autoprodução e manutenção da célula como um componente dela.

Após esse início de discussão o professor deve devolver as produções feitas

na aula 8, em que os alunos discutiram exatamente sobre estes assuntos. Os alunos

devem possuir o tempo final da aula para reler e responder as considerações que o

professor fez, na própria folha, relacionando o que escreveram antes com o que foi

discutido na aula e entregar.

11. Aula 11: Organização autopoiética e os seres vivos

Objetivos:

o Organizar os conceitos discutidos de organização autopoiética

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o Desenvolver uma justificativa

o Interpretar uma situação problema (Avaliadora A: Penso que pode ser mais

significativo começar a sequência com a situação problema para depois

apresentar e refletir sobre os conceitos).

Método:

o Trabalho em grupo

Aula:

O professor deve dividir a sala em grupos de até cinco alunos e entregar uma

situação problema que eles devem discutir e desenvolver justificativas de acordo

com as discussões feitas nas aulas anteriores. Comanda: Hoje nós vamos fazer uma

atividade diferente, vocês vão formar grupos de até cinco alunos para discutir e

desenvolver justificativas para o problema (Avaliadora B: Se for um problema,

acredito que “justificar” não seja a palavra adequada para o que você pretende

que eles façam. “Justificar”’ está mais relacionado à fundamentação de

respostas, explicações. Talvez seria um passo posterior ao fornecimento de

hipóteses que respondam o problema) que irei propor. No final vamos abrir uma

grande roda e apresentar para os colegas nossas justificativas e conversar sobre a

atividade. O professor deve entregar para alguns grupos o texto 1, e para outros o

texto 2:

Texto 1: Foi encontrado um ser em Marte e este foi considerado um ser vivo.

Vocês devem levantar características, e descrever do que este ser é constituído

(podem inventar e utilizar qualquer componente) e como é seu funcionamento, para

justificar (Avaliadora B: Neste caso, “justificar’ está adequado) e defender que

este ser é reconhecido como ser vivo (Avaliadora B: Acredito que essas sejam

situações hipotéticas, não “problemas”, pelo menos da maneira como está

escrito, não tem um problema claro apresentado nos textos).

Texto 2: Foi encontrado um ser em Marte e este não foi considerado vivo.

Vocês devem levantar características, e descrever do que este ser é constituído

(podem inventar e utilizar qualquer componente) e como é seu funcionamento, para

justificar e defender que este ser não é reconhecido como ser vivo.

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Os alunos devem produzir as justificativas por 15min, enquanto o professor

passa nos grupos problematizando as produções e as discussões, levantando os

pontos interessantes de cada grupo. Ao término desta primeira parte os alunos

devem sentar em uma grande roda e apresentar para os colegas as justificativas

que encontraram para ser ou não um ser vivo. O professor deve estar atento as

produções e levantar questionamentos sobre as justificativas encontradas pelos

alunos. É interessante que o professor relembre a problematização que foi feita no

início da sequência sobre a organização dos seres vivos, e prestar atenção se os

alunos vão utilizar a organização autopoiética ou outras justificativas e problematizá-

las no sentido de relembrar a existência de diferentes visões para organização dos

seres vivos. Sobre a escolha dos alunos, quanto a diversidade de componentes, é

interessante que o professor deixe claro que a organização autopoiética não se

restringe apenas a moléculas orgânicas que são as que nos compõe, mas se um ser

aparecesse com a mesma organização que possuímos só que com outros

componentes sendo eles diversificados (lítio, cobre, etc.) este seria considerado um

ser vivo.

12. Aula 12: Fechamento

Objetivos:

o Discutir sobre os temas abordados

o Possibilitar a síntese dos alunos

Método:

o Teia

o Discussão em roda

Materiais:

o Barbante

o Folhas sulfite

o Escrever cada uma das palavras em uma folha sulfite: organização

autopoiética, componente, estrutura, autoprodução, manutenção, autonomia,

perda da autopoiese, célula, membrana plasmática

Aula:

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Nesta aula o professor deve fechar as definições dos conceitos trabalhados

ao longo da sequência, e para tal a utilização de uma teia proporcionará a relação e

reflexão entre os conceitos trabalhados. Sendo assim o professor deve pedir que os

alunos se organizem em uma grande roda, e entregar a cada grupo de três alunos

uma das palavras selecionadas previamente e escritas em folha sulfite. Após

entregar as palavras aos alunos deve ser dada a comanda: Hoje para finalizarmos

nossas aulas e podermos discutir os conceitos que aprendemos ao longo das aulas

vamos realizar uma atividade diferente, e como funciona? Como estão vendo,

entreguei para cada grupo de três alunos uma palavra, e aqui na minha mão tenho

um barbante, irei escolher um grupo para começar. Este grupo escolhido deve

escolher uma palavra dentre todas as que estão presentes na roda e justificar a

escolha relacionando as palavras, segurando a ponta do barbante devem entregar o

restante do barbante para o grupo com a palavra escolhida, a palavra escolhida dá

direito ao grupo que corresponde a ela escolher outra palavra, segurar o barbante e

passar o restante. E assim sucessivamente, mas não é permitido repetir palavras

para fazer relações (Avaliadora B: Se não é permitido repetir, formará uma

teia?), por mais difícil que ela seja. Ok? Então vamos começar.

É importante que ao final da teia o professor permita que os alunos digam como foi

atividade, e como se sentiram em relação as escolhas e as relações que

propuseram para a atividade. Perguntar aos alunos o que eles vem na formação do

barbante, problematizar a teia, perguntar qual o sentindo da teia (as relações entre

as palavras). É necessário que o professor levante o questionamento, se outra

palavra fosse escolhida para começar teríamos as mesmas relações? Porque?

Deixando claro que as relações e reflexões são próprias de cada indivíduo e que,

portanto, se começassem com outra palavra a teia seria completamente diferente

(Avaliadora A: Pode-se fazer a atividade novamente para depois colocar essa

ideia). E assim no final o professor pode deixar que os alunos exponham sua

opinião sobre as discussões, sobre as produções, que falem do que gostaram ou

não, e o que fariam para melhorar. Nesta aula aluno e professor devem conversar

sobre toda a construção.

13. Aula 13 e 14: Proposta e confecção de um projeto

Objetivos:

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o Produzir um roteiro de teatro que problematize as questões discutidas em

sala

o Selecionar os pontos importantes da aula para compor o roteiro

o Interessar-se pela produção do teatro

o Organizar a sala de acordo com as necessidades, atores, contrarregras,

figurinistas e etc.

Método:

o Discussão em roda

o Divisão em dois grupos

o Divisão de tarefas

Aula:

O professor deve apresentar para a sala a proposta de produzir uma peça de

teatro que aborde e apresente as discussões que compuseram as aulas do

bimestre, isto é, a peça deve apresentar questionamentos sobre a visão e

compreensão dos seres vivos, além de mostrar que existem outras visões, discutir a

organização celular a partir da organização autopoiética evidenciando a participação

da membrana plasmática como integrante dos processos da autopoiese. Este

projeto será composto por três etapas: produção dos roteiros (ANEXO 2), confecção

do teatro, atuação.

Primeiro Momento: O professor deve propor o projeto, e assim levantar com a

sala quais pontos importantes devem ser evidenciados na peça como um todo, e

escolher dois grandes temas que irão compor duas cenas da peça.

Segundo Momento: Após essa primeira escolha os alunos devem se dividir

em dois grandes grupos, e escolher um tema para a cena que pretendem montar.

Com o tema da cena definido o grupo deve produzir o roteiro, e neste deve conter:

objetivo da cena, proposta de cena, texto que problematize a cena, nome e número

de personagens, descrição e características destes personagens, quais as falas,

objetos que serão utilizados e figurino. O professor deve circular entre os grupos

para auxiliar nesta produção. É importante ressaltar que as cenas não podem passar

de dez minutos, pois a apresentação se tornaria muito grande e cansativa. Assim os

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alunos deverão produzir este arquivo em Word e entregar para o professor, pois esta

atividade comporá uma parte da avaliação.

14. Aula 15: Confecção de um projeto

Objetivos:

o Socializar as produções das cenas

o Opinar na produção dos colegas

o Planejar a organização do dia do evento

Método:

o Discussão em roda

o Discussão em grupos

Aula:

O professor deve dispor da sala em roda e pedir que os grupos socializem os

roteiros produzidos nas aulas anteriores, sendo os alunos instigados a opinar sobre

a produção dos colegas dando sugestões. É importante que o professor faça a

devolutiva do trabalho para que os alunos possam efetuar as devidas correções

antes da ocorrência do evento. Toda essa discussão deve durar por volta de 15 min,

sendo o restante da aula reservado para o planejamento do evento, e a divisão de

tarefas no dia.

PRODUÇÃO FINAL

O projeto final será a produção de uma peça de teatro com duas cenas,

divididas entre os alunos. Nestes roteiros devem ser abordados os temas e as

discussões realizadas ao longo das aulas no bimestre, isto é, a peça deve

apresentar questionamentos sobre a visão e compreensão dos seres vivos, além de

mostrar que existem outras visões, discutir a organização celular a partir da

organização autopoiética evidenciando a participação da membrana plasmática

como integrante dos processos da autopoiese (Avaliadora B: Tenho muita

dificuldade em visualizar isso sendo feito em uma peça de teatro...).

Tal produção foi assim separada para proporcionar a participação de todos os

alunos na confecção dos roteiros e permitir ao professor avaliar a compreensão dos

alunos sobre os temas abordados, deve-se então tomar cuidado com o tempo das

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apresentações para não se tornarem cansativas. Não sendo apenas a parte escrita

importante, a divisão de tarefas e as atividades realizadas no dia além da atuação

na peça serão incluídas para a confecção da avaliação deste projeto, levando assim

em consideração toda a construção até a apresentação do trabalho para o público.

Por ser uma produção dos alunos, seria interessante que tal apresentação

fosse realizada dentro da escola e aberta a comunidade, aos familiares e amigos

das crianças para que os prestigiassem. Podendo esta ser apresentada em uma

amostra cultural, festa do colégio ou apenas uma apresentação de teatro que motive

outras séries a produzirem peças para serem apresentadas no dia.

AVALIAÇÃO

A avaliação ocorrerá de forma processual, no decorrer das aulas e será

composta por atividades de escrita individual (Atividade A, C e D), representação

artística em grupo (Atividade B), e a produção de um teatro com a problematização

do que foi discutido ao longo das aulas categorizando o Projeto Final (PF). A nota

referente a cada uma dessas atividades deve ser somada e dividida por 10 para

compor a nota do bimestre. Segue uma breve orientação para o critério de avaliação

em cada uma das atividades:

o Atividade A: avaliar a compreensão da discussão, conexão entre as

palavras, clareza na explicação e na escrita

o Atividade B: apropriou-se dos termos utilizados em sala, explicação do

grupo, proporcionou discussão

o Atividade C: organizou os conceitos de organização autopoiética ao

funcionamento da célula, escrita clara e conexa, apresentou reflexões

sobre a construção

o Atividade D: como foi realizada a descrição, escrita clara e conexa,

expôs o funcionamento da membrana, destacando pontos sobre ela

o Projeto Final: deve-se levar em conta a produção escrita (objetivo da

cena, proposta de cena, texto que problematize a cena, nome e

número de personagens, descrição e características destes

personagens, quais as falas, objetos que serão utilizados e figurino), a

confecção do teatro, e a atuação dos alunos (considerando a peça em

si, e o comprometimento com o evento).

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Cálculo: (Ax2) + (Bx2) + (Cx1) + (Dx2) + (PFx3)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEF, 2002. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf>. Acesso em: 17 out. 2017.

BRASIL. Ministério da educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares Para o Ensino Médio: Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 135 p. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_02_internet.pdf>. Acesso em:17 out. 2017

CAPRA, F. A influência do pensamento cartesiano-newtoniano: a concepção

mecanicista da vida. In: CAPRA, F. O ponto de mutação. 30. ed. São Paulo: Cultrix,

2012, p. 95-115.

FOGAÇA, M. Papel da interferência na relação entre modelos mentais e modelos científicos de célula. Mestrado (Mestre em Educação) – Universidade de São Paulo. São Paulo. 2006. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-16072007-143217/pt-br.php. Acesso em: 01 out. 2017.

JUNIOR, A.N. S; BARBOSA, J.R.A. Repensando o Ensino de Ciências e de Biologia

na Educação Básica: o Caminho para a Construção do Conhecimento Científico e

Biotecnológico. Instituto Superior de Educação da Zona Oeste/ Faetec/Sect. Rio de

Janeiro: Democratizar, v. 3, n.1, 2009.

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MATURANA, H.; VARELA, F. De Máquinas e seres vivos: autopoiese – a organização do vivo. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.

MATURANA, H.; VARELA, F.A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana.9. ed. São Paulo: Palas Athenas, 2011.

MAYR, E. A autonomia da Biologia. In: MAYR, E. Biologia, Ciência Única: reflexões sobre a autonomia de uma disciplina científica. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 36-55.

RANDI, M. A. F. Criação, aplicação e avaliação de aulas com jogos cooperativos do tipo RPG para o ensino de biologia celular. 2011. Tese (Doutorado em Biologia Celular e Estrutural) – Universidade Estadual de Campinas Instituto de Biologia. Campinas, SP, 2011.

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ANEXO 1

ATIVIDADE DIAGNÓSTICA (Avaliadora B: Gostei muito dessa atividade!)

Nome: ____________________________ Nº: _______ Turma: ______ Data:

Cara (o) aluna (o), esta atividade tem como objetivo o levantamento dos seus conhecimentos prévios, logo, preocupe-se em responder as questões, não em verificar se a resposta está certa ou errada. Lembre-se de utilizar caneta azul ou preta e de não consultar nenhum outro aluno enquanto estiver respondendo. 5. Nas imagens abaixo vemos diferentes seres. Pinte as imagens que você supõe serem formadas por células, indicando também o local em que elas se encontram:

6. Após analisar as imagens a seguir, assinale quais delas você considera que são células.

( )

( )

( )

( )

( )

Maçã Árvore

Humano

Vírus

Bactéria

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7. Analise se as afirmações abaixo são verdadeiras ou falsas e justifique o porquê de sua opinião: a) uma célula pode ser um indivíduo.

( ) VERDADEIRA ( ) FALSA ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_______________________________________________________

b) um indivíduo pode ser uma célula. ( ) VERDADEIRA ( ) FALSA

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_______________________________________________________

8. Em uma aula de Biologia, o professor mostrou aos alunos um esquema do tecido nervoso, este formado por diversas células e também neurônios (Avaliadora B: Isso não induz o aluno a pensar que neurônio não é célula?). Assim, a partir da observação do tecido como um todo, surgiu um questionamento entre dois alunos:

ESTUDANTE A: Acho que se retirarmos um desses neurônios do tecido e o colocarmos sozinho em outro espaço ele não consegue mais viver.

ESTUDANTE B: Claro que consegue! Não importa o local – as células vivem sozinhas. Basta observar as bactérias ou as amebas.

Com qual aluno você concorda? Por quê? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_______________________________________________________

ANEXO 2

Possível roteiro (Avaliadora B: Me pergunto se seria possível fazer uma peça

que discutisse isso sem “reproduzir” uma sala de aula, modificado talvez o

contexto, relacionando com alguma coisa do cotidiano, não sei...)

Tema: Discussão sobre a lista de características e novas visões

Objetivo da cena: proporcionar ao público a compreensão de que existem

diferentes maneiras de se explicar os seres vivos

Proposta de cena: professora conversando com dois alunos

Texto de problematização:

A lista de características é a maneira mais utilizada em sala de aula para

proporcionar o aprendizado dos componentes celulares e suas funções, entretanto,

tal método não viabiliza a compreensão destes componentes impedindo que possa

ser discutido o tema abertamente. É importante dizer que existem outras formas de

se olhar para o ser vivo, e para a célula e que a lista de características não é única.

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A organização autopoiética, que vê o ser vivo como aquele que se autoproduz e

mantém, e, portanto, possui uma organização específica e nos permite identificar um

ser como pertencente de uma classe. Desta forma, esta visão pode nos permitir

questionar o funcionamento celular e não apenas olhar para cada uma de suas

partes individualmente.

Personagens:

Luana; professora de biologia, leciona na escola a muitos anos, gosta de discutir

com os alunos sobre diferentes temas, mas nem sempre permite a participação dos

alunos nas aulas.

João; aluno, gosta de discutir sobre diversos temas, aluno participativo, sempre

coloca suas opiniões na aula

Ligia; aluno, não fala muito nas aulas

Falas:

Luana: Bom dia classe, hoje vamos conversar um pouco sobre as células, o que

vocês sabem sobre as células?

João: que elas possuem membrana plasmática, núcleo, citoplasmas e um monte de

organelas

Ligia: mas professora todas as células tem núcleo?

Luana: se não me engano todas tem sim, porquê?

João: lógico que tem Lígia, como não teriam

Ligia: pois eu li uma vez em uma revista que os glóbulos vermelhos (Avaliadora B:

E as procariontes?) não têm, então essas definições não estariam certas

Luana: sério, não me lembro disso

No dia seguinte:

Luana: oi Ligia você tinha razão quanto aos glóbulos vermelhos, e enquanto eu

pesquisava vi que essa forma como exemplificamos as células ontem não é a única

forma de se compreender as células e os seres vivos

João: nossa professora como isso?

Luana: existem outras visões sobre a compreensão da vida, sendo assim a lista que

a gente fez ontem é apenas uma das formas de se explicar os conteúdos. Existe

uma visão diferenciada que vê a célula por sua organização, e assim leva em

consideração a célula em todo o seu funcionamento e achei muito interessante

Ligia: então seria errado utilizar a lista de características professora?

Luana: não Ligia, errado seria acreditar que existe apenas uma visão sobre a

compreensão de célula, e achar que é a única correta

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Objetos que serão utilizados: carteiras e cadeiras, cadernos, lápis, lousa e

canetão

Figurino: roupa da escola, e roupa do dia a dia para a professora

Avaliadora A - QUESTÕES

Primeiramente parabéns, pois a sua principal referência (Maturana e Varela)

não é nada simples de se entender e transpor essas questões para o ensino básico

realmente é um grande desafio.

Nesse sentido, considero que a sua sequência didática é muito interessante,

mas para se tornar mais significativa sugiro iniciá-la com a situação problema

indicada na sua própria sequência. Penso que iniciar por esse caminho vai envolver

mais os alunos e fazê-los refletir sobre os diferentes pontos de vista sobre um ser

vivo. Pois é isso que me parece de mais importante na sua proposta e os conceitos,

baseados na Biologia do Conhecer, são apenas subsídios para desenvolver um

olhar mais complexo acerca do assunto. Portanto, daria mais ênfase nas questões

que fomentem a reflexão do que os próprios conceitos, já que apenas estes não

garante um conhecimento menos fragmentado e simplista.

Penso também que o tempo proposto é bastante curto para discussões,

interações, registros e ainda uma peça de teatro. E que, para o professor que

colocará a SD em prática, é necessário estudar as referências que você indicou.

1) Os conceitos de organização, estrutura, componentes, organização autopoiética,

autoprodução, manutenção, e autonomia são suficientemente definidos ao longo da

sequência? Explique.

R: Considero que organização, estrutura e componentes sim, principalmente pela

atividade da mesa. Mas avalio que os outros conceitos deveriam ser abordados em

mais situações e exemplificados para melhorar o entendimento.

2) As atividades permitem que os alunos se apropriem dos conceitos propostos? Se

for o caso separe as aulas consideradas apropriadas e aquelas que não explicando

o motivo.

R: Organização, estrutura e componentes considero que sim por conta da atividade

prática. Os outros conceitos, na minha opinião, ainda precisam ser exemplificados e

melhores discutidos com atividades práticas e em outras situações

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3) É possível entender que a membrana faz parte da célula e não é um envoltório

apenas? Comente sua opinião.

R: Sim, principalmente com o vídeo.

4) Quais aspectos positivos você destacaria nessa sequência?

R: Referência utilizada, levantamento de conhecimentos prévios, e atividades

práticas

5) E os negativos?

R: Não iniciar com uma situação problema, muitas aulas expositivas, pouco tempo

para a proposta

Avaliadora B - QUESTÕES

1) Os conceitos de organização, estrutura, componentes, organização autopoiética,

autoprodução, manutenção, e autonomia são suficientemente definidos ao longo da

sequência? Explique.

R: Para alguém que tem familiaridade com esses conceitos, sim. Mas tive algumas

dificuldades em compreender alguns termos, talvez a linguagem ainda esteja um

pouco complexa (isso porque fiz parte do grupo de pesquisa durante um tempinho

rsrs)

2) As atividades permitem que os alunos se apropriem dos conceitos propostos? Se

for o caso separe as aulas consideradas apropriadas e aquelas que não explicando

o motivo.

R: Eu realmente não acredito que uma sequência didática seja suficiente para que

os alunos se apropriem de todos esses conceitos. Seria interessante que essa

perspectiva seja abordada em outros conteúdos também... Mas dentro desse tema,

conforme os seus objetivos, acredito que é possível aproximá-los dessa perspectiva,

fazendo-os conhecer uma outra abordagem, outras explicações. Entendo que o

conjunto de aulas da sequência e a forma como foram estruturadas estão

apropriadas para atingir seus objetivos.

3) É possível entender que a membrana faz parte da célula e não é um envoltório

apenas? Comente sua opinião.

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R: Acredito que isso dependerá da maneira que o professor explicará tal fato e a

forma com que mediará a discussão. Pela descrição da aula, não há como prever,

mas relacionando com os conceitos abordados nas outras aulas eu consigo

compreender onde você quer chegar. Entretanto, de todas as aulas da sequência,

acredito que essa aula precisaria ser melhor elaborada, já que parece ser um

componente muito importante da sua sequência.

4) Quais aspectos positivos você destacaria nessa sequência?

R: As aulas são muito interessantes, em especial as que grifei em amarelo

apresentam atividades legais que eu acredito que motivariam os alunos e os

engajariam nas atividades. Acho que o seu trabalho será de grande contribuição

para a área de ensino e aprendizagem de citologia, pois apresenta uma perspectiva

pouco trabalhada pelos professores (para não dizer que NÃO é trabalhada rs)

5) e os negativos?

R: É uma sequência longa, portanto, reconhecendo a nossa realidade, a

aplicabilidade da SD não é muito boa. Entretanto, compreendo a necessidade desse

número de aulas. Veja os comentários e as questões que coloquei durante o texto,

espero ter ajudado!