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UNIVERSIDADE PAULISTA INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS: Cenário prospectivo de uma PME em fase de expansão de seus negócios internacionais Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da Universidade Paulista UNIP para a obtenção do título de mestre em Administração. RAFAEL DE FREITAS VICENTE SÃO PAULO 2014

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Page 1: UNIVERSIDADE PAULISTA INTERNACIONALIZAÇÃO DE … · Graduação em Administração da Universidade Paulista, São Paulo, 2014. Área de Concentração: Estratégia e seus Formatos

UNIVERSIDADE PAULISTA

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS: Cenário

prospectivo de uma PME em fase de expansão

de seus negócios internacionais

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de mestre em Administração.

RAFAEL DE FREITAS VICENTE

SÃO PAULO

2014

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RAFAEL DE FREITAS VICENTE

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS: Cenário

prospectivo de uma PME em fase de expansão

de seus negócios internacionais

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de mestre em Administração. Orientador: Prof. Dr. Ademir Antonio Ferreira Área de Concentração: Estratégia e seus Formatos Organizacionais

RAFAEL DE FREITAS VICENTE

SÃO PAULO

2014

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Vicente, Rafael de Freitas.

Internacionalização de empresas: cenário prospectivo de uma PME em fase de expansão de seus negócios internacionais / Rafael de Freitas Vicente. - 2014.

116 f.: il. + CD-ROM.

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista, São Paulo, 2014.

Área de Concentração: Estratégia e seus Formatos Organizacionais.

Orientador: Prof. Dr. Ademir Antonio Ferreira.

1. Internacionalização. 2. Estratégia. 3. Mercados. 4. Pequena e média empresa (PME) I. Título. II. Ferreira, Ademir Antonio (orientador).

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RAFAEL DE FREITAS VICENTE

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS: Cenário

prospectivo de uma PME em fase de expansão

de seus negócios internacionais

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de mestre em Administração.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

__________________________________/___/___

Professor Dr. Ademir Antonio Ferreira

Universidade Paulista – UNIP

__________________________________/___/___

Professor Dr. Flávio Romero Macau

Universidade Paulista - UNIP

__________________________________/___/___

Professor Dr. Fábio Lotti Oliva

Universidade de São Paulo

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DEDICATÓRIA

Aos meus amigos de turma que juntos compartilhamos diversos momentos de

alegria e dificuldades.

A minha família e amigos por compreenderem as minhas muitas ausências.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me dar forças em momentos de

dificuldade surgidos durante o caminho.

Aos meus professores por todos os conhecimentos transmitidos e pela

dedicação em nos dar o melhor de si.

Aos funcionários da secretaria por sempre nos auxiliarem durante esta

jornada.

Especialmente ao meu professor orientador, Ademir Antonio Ferreira, por

acreditar e me dar à oportunidade de realizar este trabalho e por todo apoio prestado

para a elaboração deste.

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RESUMO

O atual cenário competitivo entre as empresas se apresenta diferente do ambiente verificado anos atrás. Com o impulso da globalização, as fronteiras geográficas se tornaram praticamente inexistentes e a concorrência entre as empresas passou a acontecer de maneira global. As empresas se deparam com concorrentes que não surgem apenas dentro do seu mercado doméstico, mas também do exterior. Aliando este fator a outros, como a saturação do mercado doméstico, oportunidades de crescimento econômico sustentável, ganho de escala e incentivos governamentais, as organizações perceberam que a estratégia de internacionalização dos negócios da firma é uma ação cada vez mais necessária e interessante. Esta pesquisa visa verificar, por meio de uma revisão bibliográfica dos principais modelos teóricos de internacionalização de empresas presentes atualmente na literatura, como uma empresa de pequeno porte (PME) pode vir a adotar uma das teorias por trás desses modelos para melhorar os seus negócios internacionais. Os resultados demonstram que as teorias comportamentais se demonstram mais adequadas para as empresas PMEs, onde o modelo de Uppsala se apresenta como o mais adequado neste processo de suporte às decisões desta empresa alvo da pesquisa, visto que a mesma seguiu, até o momento, os pressupostos deste modelo. Na contramão, as teorias econômicas pouco contribuem visto que são mais direcionadas às grandes companhias.

Palavras-Chaves: Internacionalização. Estratégia. Mercados. Pequena e Média Empresa (PME).

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ABSTRACT

The current competitive scenario among companies presents different environment from the ones seen years ago. With the burst of globalization, geographic boundaries have become almost non-existent and the competition between the companies began to take a global aspect. Companies are faced with competitors that do not arise only in its home market, but also abroad. Combining this with other issues, such as the saturation of the domestic market, opportunities for sustainable economic growth, economies of scale and government incentives, organizations have realized that the internationalization strategy of the firm's business is an increasingly interesting and necessary action. This research aims to verify through a literature review of the main theoretical models of internationalization of companies currently present in the literature, how a small business company (SME) can adopt one of the theories behind these models to improve their international business. The results demonstrate that behavioral theories are most appropriate to SME businesses where the Uppsala model is presented as the most appropriate in this case to support the decisions of this kind of company, since that company went so far as to assumptions this model. In opposition, the economic theories contribute little since they are more appropriated to large companies.

Keywords: Internationalization, Strategy, Markets, Small and medium business organizations.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Critérios e Conceituação ........................................................................ 19

Quadro 2 – Resumo do Modelo de Uppsala ............................................................. 38

Quadro 3 – Os 8 Is que devem ser analisados para uma aliança de sucesso .......... 46

Quadro 4 – Resumo da teoria de Networks (Redes) ................................................. 53

Quadro 5 – Facetas do Risco .................................................................................... 59

Quadro 6 – Resumo da teoria do Empreendedorismo Internacional (EI) .................. 65

Quadro 7 – Modelo de escolha do modo de penetração de Dunning ....................... 71

Quadro 8 – Evolução do Paradigma OLI ................................................................... 75

Quadro 9 – Resumo da Teoria do OLI ...................................................................... 77

Quadro 10 – Analise comparativa entre as teorias de internacionalização ............... 79

Quadro 11 – Relação entre as proposições teóricas e as atividades da empresa

Feitiços Aromáticos ................................................................................................... 89

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Questões do processo de internacionalização de uma empresa ............. 30

Figura 2 – Etapas de inserção das empresas em mercados externos segundo

Uppsala ..................................................................................................................... 33

Figura 3 – Rede Topdown ......................................................................................... 50

Figura 4 – Rede Flexível ........................................................................................... 51

Figura 5 – Etapas da Análise dos modelos ............................................................... 81

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABDI: Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.

ABIHPEC: Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e

Cosméticos.

BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

EI: Empreendedorismo Internacional

IDE: Investimento Direto no Exterior

MNCs: Multinacionais.

OLI: Ownership, Location, Internalization

P&D: Pesquisa e Desenvolvimento

PMEs: Pequenas e Médias Empresas.

SEBRAE: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.

UNCTAD: Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11

2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 16

3 PROBLEMA DA PESQUISA .............................................................................. 21

4 OBJETIVOS ....................................................................................................... 22

4.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 22

4.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 22

5 METODOLOGIA ................................................................................................. 23

5.1 Pesquisa Bibliográfica .................................................................................. 23

5.2 Estudo de Caso ............................................................................................ 24

5.3 O caso da empresa Feitiços Aromáticos ...................................................... 26

5.4 Imagem da marca e ações socioambientais ................................................. 28

6 TEORIAS E MODELOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ........ 30

6.1 Principais teorias do Processo de Internacionalização ................................. 30

6.2 Modelo de Uppsala ....................................................................................... 32

6.3 Teoria do Networks (Redes) – Uma evolução do modelo nórdico de

Uppsala.................................................................................................................. 38

6.4 Teoria do Empreendedorismo Internacional ................................................. 54

6.5 Teoria do Paradigma Eclético ....................................................................... 66

7 ANÁLISE DOS MODELOS ................................................................................ 80

8 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 92

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 95

APÊNDICE A .......................................................................................................... 110

APENDICE B .......................................................................................................... 112

APÊNDICE C .......................................................................................................... 115

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o ambiente dos negócios enfrentou mudanças

significativas, exigindo das organizações, uma readequação do seu modo de ser e

agir. O principal fator que contribuiu para essa transformação foi a globalização.

Os efeitos da globalização, inserindo todas as nações em uma única

economia global, alteraram de maneira perceptível, a concorrência nos mercados

mundiais nos últimos anos. Podemos afirmar que “as trocas de tecnologia, cultura,

informação e mensagem na forma de uma unificação universal no capitalismo pós-

moderno compõem o conceito de globalização” (GARCIA, LIMA e CARVALHO,

2010).

As barreiras comerciais ainda existem, porém, as economias mundiais

passaram a atuar de uma forma mais integrada, exigindo das empresas, ações rumo

à internacionalização (FLORIANI e FLEURY, 2012).

O conceito de Internacionalização pode ser considerado como o envolvimento

das empresas com os mercados de outros países que não aquele de origem da

própria empresa (VIANNA e ALMEIDA, 2011).

Oviatt e McDougall (1999) corroboram este pensamento ao afirmarem que a

internacionalização é um processo gradual ao longo de um determinado período,

onde a empresa desenvolve uma relação crescente com mercados externos, no qual

este envolvimento pode incluir matérias primas, produtos acabados e estágios de

sua cadeia de valor.

A internacionalização não pode ser considerada um fenômeno dos nossos dias, se tivermos em atenção que as trocas entre nações se perdem no tempo. Contudo, a dimensão, crescimento e características que a internacionalização atingiu nas últimas décadas é que tornam este fenômeno relevante, dando-lhe um novo fôlego e justificando um interesse renovado no seu conhecimento (DIAS, 2007).

As principais barreiras encontradas pelas organizações no processo de

internacionalização estão relacionadas à escassez de recursos e conhecimentos,

visto que realizar investimentos em mercados externos demanda uma quantidade

considerável de informações e recursos financeiros (BUCKLEY, 1994).

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Para uma compreensão mais aprofundada do processo de

internacionalização de empresas, constata-se com base em diversas pesquisas a

necessidade de compreender quais são as principais motivações que levam as

organizações a optarem por uma estratégia de crescimento para além de suas

fronteiras geográficas.

Autores diversos enfatizam que as motivações estão interligadas a decisão

das empresas em identificarem e explorarem as oportunidades oriundas dos

mercados externos.

Leonidou (1995) define estes estímulos como fatores responsáveis por

influenciar uma empresa a iniciar, desenvolver e manter, operações em mercados

externos.

Czinkota, Ronkainen e Moffett (1999) lideram uma corrente de pensamento

onde identificam a existência de onze motivações que levam as firmas a adotarem a

estratégia de internacionalização, classificando-as em internas a empresa

(proativas) e externas as ações da empresa (reativas).

As principais motivações proativas relacionam-se a oportunidade de obtenção

de maiores lucros. Os gestores enxergam nos negócios internacionais, uma chance

única de alcançar uma margem de lucro sólida e acima daquela no qual a empresa

esta acostumada (CZINKOTA et al., 1999).

Particularidades podem surgir quando se tratar de empresas iniciantes e com

pouca experiência. Um choque de realidade entre aquilo que a empresa almeja e a

realidade pode vir a ocorrer, pois acontecimentos não previstos podem impactar de

maneira significativa a previsão de lucro (CZINKOTA, 2012).

Dentre outras motivações proativas integrantes do quadro proposto pelos

autores, destacam-se a possibilidade de ofertar produtos únicos, procurar por

tecnologias mais sofisticadas, isenções fiscais e economia de escala (CZINKOTA et

al., 1999).

Do lado contrário, as motivações reativas se referem aos acontecimentos

ocorridos no ambiente externo da empresa, ou seja, as incertezas criadas pelo

próprio mercado, onde se destacam a pressão exercida pela concorrência e a

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saturação do mercado doméstico, que exigem das organizações, a opção em

investir no estrangeiro por uma questão de sobrevivência (CZINKOTA, 2012).

Uma análise comparativa entre empresas demonstra que aquelas que usam

como base as motivações proativas (internas), são mais bem sucedidas do que

aquelas que sustentam suas decisões sobre motivações reativas (externas). A maior

parte das empresas proativas atua de uma forma mais acentuada no setor de

serviços enquanto a criação de um produto tangível é característica de empresas

mais reativas (CZINKOTA, 2012).

Autores como Honório (2008) alertam que os motivos que impulsionam os

negócios internacionais mais complexos onde se exige um maior comprometimento,

como por exemplo, o investimento direto no estrangeiro (IDE) não deve ser

semelhante à aqueles ligados a modalidades onde se exige um menor

comprometimento. Como exemplo, o autor cita a exportação.

No caso das empresas brasileiras que optam pelo investimento direto no

estrangeiro (IDE) os principais motivos encontrados para definir a adoção desta

estratégia é a possibilidade de possuir um maior controle sobre os canais de

distribuição e a chance de ter um contato mais próximo aos clientes, respondendo

assim mais rapidamente às demandas (CYRINO e BARCELLOS, 2006).

Neste cenário de expansão das firmas para além de suas fronteiras, o

processo de internacionalização, até então estratégia típica de empresas localizadas

em países desenvolvidos, inicia uma nova trajetória, passando a incluir novos

players na competição mundial. Os considerados países emergentes, principalmente

Brasil e Índia (late movers) passam a ganhar notoriedade, apesar de até o momento,

terem produzido poucos casos de sucesso sustentável (BARLETT e GHOSHAL,

2000).

No Brasil, a globalização e consequentemente o processo de

internacionalização de empresas, passou a ocorrer de forma mais concreta a partir

de 1990, com a abertura da economia brasileira no governo do presidente Fernando

Collor de Mello, onde a redução de tarifas e a eliminação de barreiras contribuíram

para o avanço do crescimento da economia.

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Na década de 1990, a partir do governo Collor, inicia-se o processo de redução das alíquotas de importação. Com isso, elevam-se as importações de bens de consumo duráveis e não duráveis, provocando o primeiro choque da concorrência internacional nas indústrias nacionais. No entanto, a alta sucessiva da inflação ainda mantém a capacidade das empresas de gerar lucro por meio de aplicações financeiras, amortecendo principalmente o impacto provocado pela abertura ao comércio internacional. (LUDOVICO, 2009, p.6)

O processo de internacionalização das empresas brasileiras ainda é

considerado tímido quando comparado com o panorama das empresas localizadas

em países desenvolvidos, porém, com o passar dos anos, este retrospecto vem se

alterando gradativamente. Os exemplos de empresas nacionais bem sucedidas no

exterior servem de aprendizado para organizações que pretendem adotar esta

estratégia de expansão dos negócios (PEREIRA; PIMENTAL e KATO, 2005).

Dentre os principais motivos constatados para a pequena participação de

empresas nacionais no exterior, destaca-se a defasagem tecnológica e o

desconhecimento dos gestores sobre o mercado externo (PAIVA e HEXSEL, 2005).

A abertura tardia do mercado nacional, que criou um novo horizonte favorável

à expansão das empresas brasileiras, explica, em parte, o porquê de ainda serem

incipientes as pesquisas voltadas à internacionalização das empresas nacionais

(COELHO, 2011). Este autor ressalta que o processo de internacionalização não é

mais um fenômeno característico apenas de empresas localizadas no Norte, para as

quais as teorias atuais são direcionadas. O motivo para tal está na atual ascensão

notada nos países emergentes, principalmente os integrantes do denominado

BRICS ( Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Os atuais modelos teóricos, voltados para explicar a situação de empresas

norte-americanas, excluem de suas análises os países em desenvolvimento. Isto

acaba por criar uma lacuna nos estudos ligados aos negócios internacionais, por

negligenciarem a atuação dos países emergentes, tornando tais modelos

insuficientes para uma explicação completa do fenômeno (GUEDES. 2010).

Assim, a crescente atuação de empresas brasileiras no exterior e as lacunas

não explicadas pelas atuais teorias demonstram existir um vasto campo fértil a ser

estudado pelas pesquisas cientificas voltada às estratégias internacionais

(COELHO, 2011).

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Reforçando estas limitações, e somando fatores como a pouca orientação das

PMEs e o fato das teorias atuais serem direcionadas a grandes empresas, levam

esta pesquisa a buscar expandir a compreensão, de uma maneira mais

aprofundada, a utilidade dos atuais modelos teóricos quando aplicados às

características das empresas brasileiras.

Sendo assim, este trabalho pode contribuir também na investigação da

abrangência explicativa dos atuais modelos teóricos sobre internacionalização de

empresas, aplicados à realidade de empresas brasileiras, além de verificar o grau de

compreensão das mesmas por parte dos gestores no momento de definirem o

melhor modo de entrada no mercado externo.

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2 JUSTIFICATIVA

As teorias criadas a respeito do processo de internacionalização de

empresas, até os dias atuais, tentaram, de alguma maneira, elucidar os motivos que

levam as empresas a se expandir para outros países e de qual maneira essas

organizações colocam tal estratégia em prática.

O referencial teórico desta pesquisa demonstra as principais teorias

referentes ao processo de internacionalização de empresas. Durante a revisão

verificou-se que diversos autores, apesar de apoiarem as principais teorias da

Escola Nórdica e as teorias americanas, reconhecem que elas possuem limitações

que não explicam por completo as questões acerca do processo de

internacionalização.

Se, por um lado, estes modelos teóricos conseguem explicar as ações

empresariais no mercado estrangeiro, por outro lado, eles não são capazes de

detalhar todos os fatores envolvidos na internacionalização de todos os tipos de

empresa (SACRAMENTO, ALMEIDA e SILVA, 2002).

As limitações acerca destas teorias não são ressaltadas apenas em trabalhos

de autores cujo principal objetivo foi analisar o raio de influência destes modelos.

Johanson e Vahlne, criadores da teoria de Uppsala também reconheceram que o

modelo por eles criado explica de maneira mais simétrica apenas os estágios iniciais

do processo de internacionalização da firma, e que, por dar ênfase a atitudes

comportamentais da organização, o modelo é mais direcionado a empresas que

tenham pouco conhecimento de mercado (DAL-SOTO, PAIVA e SOUZA, 2007).

Constata-se, através de uma análise detalhada, algumas limitações

semelhantes nas demais teorias. Essas foram desenvolvidas levando em

consideração um cenário diferente do verificado atualmente, no qual os países

emergentes passaram a ganhar uma maior notoriedade, além de pouco destacar o

apoio governamental no processo de internacionalização das empresas.

Fatores institucionais como a participação do Estado deveriam, no entanto,

ser mais enfatizados pelas teorias. Além disso, essas abordagens têm que ser

analisadas dentro de um contexto histórico, que nos últimos anos tem revelado, por

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um lado, um maior acirramento na competição internacional, por outro, um maior

protagonismo de países emergentes, incluindo seu sistema empresarial e a

capacidade de articulação de políticas de seus Estados Nacionais (HAMATSU,

2013, p. 22).

A questão histórica se torna, diante do exposto, um fator preponderante ao

analisar tais teorias, partindo do pressuposto que à época em que foram criadas, o

cenário econômico apresentava uma configuração diferente da competição atual.

Diante disso, se constata a necessidade de revisar tais teorias a fim de

entender seus pontos falhos e limitações frente à atual conjuntura macroeconômica,

possibilitando assim, adaptá-las a realidade da nova faceta da concorrência

internacional e moldá-las de tal maneira que possam generalizar ao máximo todos

os tipos de empresas, incluindo a sua aplicabilidade e poder explicativo, onde se

inclui o caso das empresas brasileiras, tornando-as um guia seguro para os gestores

no processo de tomada de decisão.

Kraus (2000) defende a idéia de que as teorias importadas não são capazes

de explicar, de uma forma ampla, a realidade das empresas brasileiras,

principalmente quando se referem às empresas denominadas como exportadoras.

Dentre os principais motivos ressaltados por Kraus (2000, pg. 51), menciona-

se o fato de que o início do desenvolvimento econômico dos países não é similar,

assim como a preparação destas empresas. Enquanto as empresas suecas atuam

fora de suas fronteiras desde o século XIX, as empresas brasileiras passaram a

adotar tal estratégia, de forma mais efetiva, apenas a partir da década de 1990.

Dias (2007) corrobora tal pensamento referente às limitações encontradas

nos modelos teóricos existentes. Segundo ela, outros pontos fracos podem ser

mencionados nestes modelos, o que reforça a ideia a respeito da necessidade de

revisá-los.

As teorias comportamentais possuem como principais limitações, o fato de

considerarem apenas o processo de internacionalização perante as decisões

tomadas com base na visão da alta gestão, e o fato de defenderem que a

internacionalização ocorre de forma gradual, ou seja, não consideram que algumas

empresas conseguem pular etapas entre as fases existentes (DIAS, 2007).

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As teorias econômicas, por outro lado, se caracterizam por estarem mais

direcionadas a empresas multinacionais e ao investimento no exterior (IDE),

renegando de suas análises, as empresas de menor porte. (DIAS, 2007).

Baseado nestas limitações constata-se que as teorias atuais não são um guia

que possa auxiliar totalmente as empresas durante a estratégia de expansão dos

seus negócios internacionais, o que gera dificuldades em compreendê-las por

completo, logo, não contribuem de maneira efetiva para que as empresas definam o

melhor modo de entrada em outros mercados.

As limitações existentes nos modelos teóricos sobre o processo de

internacionalização, o reduzido número de pesquisas que busca compreender a

aplicabilidade destas teorias à realidade das empresas brasileiras, somadas à

questão da pequena participação das empresas brasileiras no cenário internacional,

principalmente no caso das PMEs conforme constatado justifica o propósito deste

trabalho, onde se pretende criar um cenário, tendo como base uma empresa

exportadora brasileira de pequeno porte do setor de cosméticos.

Pretende-se, assim, criar um melhor entendimento destes modelos frente a

sua aplicabilidade, contribuindo para que se tornem modelos atuais e

compreensíveis para os gestores durante o processo de tomada de decisão.

Como mencionado anteriormente, as teorias pouco versam a respeito da atual

emergência que se verifica na expansão das PMEs. Somando a isso a importância

que as PMEs exercem sobre a economia, verifica-se a importância em elaborar este

cenário baseado em uma empresa de pequeno porte.

A importância das pequenas e médias empresas na economia é evidente.

Segundo dados do governo, as PMEs representam 20% do Produto Interno Bruto

(PIB) e respondem por 60% do total de 94 milhões de empregos gerados no país.

(PORTAL BRASIL, 2013).

Deve-se observar que, em muitas nações desenvolvidas, as pequenas e

médias empresas (PMEs), contribuem de maneira significativa com a entrada de

divisas no país, através dos fluxos de exportação (LADEIRA, VIANA, 2008).

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Sobre as PMEs, são apontadas diversas contribuições para o impulso das economias nacionais. A principal delas é a capacidade de geração de renda e de novos postos de trabalho, ao contrário das organizações de grande porte que exportam altos volumes, mas não contribuem proporcionalmente na geração de empregos (CACERES, 2001).

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE), os pequenos negócios podem ter diferentes definições e critérios,

podendo ser classificados como se pode observar no quadro 1, a seguir.

Quadro 1 – Critérios e Conceituação

DEFINIÇÕES E CRITÉRIOS

FATURAMENTO GRUPO

Até R$ 60 mil Microempreendedor individual

Até R$ 360 mil Microempresa

Entre R$ 360 mil e 3,6 milhões Empresa de Pequeno Porte

Propriedade com até 4 módulos e até R$ 3,6 milhões.

Pequeno Produtor Rural

Fonte: SEBRAE, 2013.

É notório que as PMEs, por diversos motivos, tais como “desconhecimento do

desconhecido”, recursos escassos, baixa competência gerencial, e dificuldade em

obter informações sobre mercados, quando comparadas a empresas globais, têm

sua inserção em outros mercados dificultada (YIP, 2000; KARAGOZOGLU e

LINDELL, 1998).

A importância da empresa alvo do estudo vai além do fato de ser uma PME,

principalmente quando se analisa o seu setor de atuação. A empresa Feitiços

Aromáticos atua no segmento de Cosméticos, um setor fundamental para a

economia e que se encontra em franca expansão.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal Perfumaria

e Cosmética (ABIHPEC), o Brasil possui o terceiro maior mercado mundial em

cosméticos, o primeiro no mercado de desodorantes, o segundo em produtos

infantis, produtos masculinos, higiene oral, produtos para cabelos, proteção solar,

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perfumaria e banho. O faturamento anual líquido, no ano de 2008, foi de R$ 21,7

bilhões, representando um crescimento de 11% sobre 2007 (ABIHPEC, 2013).

Segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em um

estudo realizado no ano de 2009, existia no Brasil naquele momento, um total de

1.541 empresas atuando no mercado de produtos voltados para cosméticos, e desta

totalidade, 1.400 eram empresas de pequeno e médio porte, sendo que destas

1.003 estavam localizadas na região sudeste do país (ABDI, 2009).

Todo este cenário exposto motivou o desenvolvimento desta pesquisa,

abordando a relevância do tema internacionalização de empresas através de uma

análise das principais teorias acerca do tema.

Reconhecendo a necessidade de entender melhor os atuais modelos teóricos

existentes, o trabalho busca entender as limitações desta teoria e o auxilio que o

poder explicativo que tais modelos podem oferecer aos gestores durante a definição

da estratégia de internacionalização dos negócios.

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3 PROBLEMA DA PESQUISA

A inserção de uma pequena empresa no mercado internacional tem sido

objeto de interesse, não só de pesquisadores, mas também, e principalmente, de

órgãos de fomento ao desenvolvimento dos negócios da indústria nacional, que

pode ocorrer na busca de mercados em outros países com interesse e potencial

para absorver seus produtos. A internacionalização de grandes empresas industriais

brasileiras já ocorre há algumas décadas e se constitui num fator significativo e

positivo para a balança comercial do nosso país. Em 2013 as exportações de

produtos manufaturados do Brasil representaram 38,4% do total das exportações

brasileiras gerando uma receita de US$ 93 bilhões (apenas 9,8% desta receita total

geradas pelas PMEs). A participação de pequenas e médias empresas no valor total

das exportações nacionais corresponde a apenas 0,92%. Com relação ao total das

exportações nacionais as médias empresas responderam em 2010 por apenas 9,4%

e as micro e pequenas empresas por apenas 6,6% do total. Considerando-se que

existem pequenas empresas com potencial para exportar, conforme identificado pelo

SEBRAE, que indicou uma dessas organizações como referência para essa

pesquisa, pretende-se estudar e apresentar possíveis alternativas para o problema,

mediante a análise teórica e comparativa entre os modelos de internacionalização

de empresas sugeridos pela literatura acadêmica e praticada no meio empresarial

globalizado. Desta maneira, esta pesquisa busca responder ao seguinte problema

de pesquisa: Como uma PME pode adotar uma das teorias por trás dos modelos

para melhorar os negócios?

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4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Elaborar uma revisão e análise crítica dos modelos teóricos criados para

internacionaliza de empresas e desenvolver alternativas para uma PME em fase de

expansão dos seus negócios internacionais.

4.2 Objetivos Específicos

Analisar o processo atual de ingresso de uma PME no mercado

internacional;

Elaborar um quadro comparativo das características de cada modelo de

internacionalização;

Analisar as características de uma PME que podem ser exploradas em

cada um dos modelos teóricos analisados.

Realizar uma comparação entre o que propõem os modelos, e o que

acontece na empresa.

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5 METODOLOGIA

A metodologia é o guia de toda pesquisa. Ela ressalta o caminho que deve

ser seguido para que se encontrem as respostas propostas em qualquer estudo.

Neste trabalho, a metodologia está fundamentada em dois pontos principais: o

primeiro se refere à pesquisa bibliográfica, caracterizada como a base do trabalho, e

o segundo ponto refere-se ao estudo de caso de uma empresa PME em fase inicial

de expansão de seus negócios internacionais.

5.1 Pesquisa Bibliográfica

Apesar de ser um fenômeno recente, a internacionalização de empresas é um

tema que, nos últimos anos, gerou diversos trabalhos científicos e outras

publicações a seu respeito, porém, ainda considerados insuficientes, para que se

entenda o fenômeno da internacionalização por completo.

Baseado nisso, adotou-se, no presente trabalho, a opção pela pesquisa

bibliográfica que tem como característica, se sustentar sobre trabalhos que já foram

publicados e objetiva analisar pontos de vistas distintos sobre determinado tema

(GIL, 2010).

As atuais teorias sobre internacionalização de empresas demonstram ser

limitadas para explicar a expansão internacional das organizações. Com este

pensamento, realizou-se uma revisão das principais teorias e modelos sobre

internacionalização de empresas.

A revisão bibliográfica que integra todo o referencial teórico do trabalho foi

realizada principalmente sobre periódicos ligados à área de Administração que

abordassem assuntos relativos à internacionalização de empresas e seus principais

modelos teóricos. Nesta etapa foram pesquisados e utilizados, quase em sua

totalidade, artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais cuja

classificação da QUALIS/CAPES fosse A1, A2, B1 e B2.

A revisão bibliográfica realizada consistiu em analisar as principais teorias e

modelos de internacionalização atualmente expostos na literatura referente ao tema

e efetuar uma análise detalhada e mais profunda possível de cada um desses

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modelos. Ao fim desta etapa, efetuou-se um trabalho estratégico de comparação

entre as características de cada um dos modelos.

Esta analise foi possível graças à estratégia de buscar autores chaves no

desenvolvimento de cada modelo teórico, autores de destaque que buscaram

aperfeiçoar cada modelo ao longo dos anos e autores que buscam ainda

compreender o poder explicativo de cada um deles nos dias atuais, tanto autores

nacionais quanto internacionais, com uma quantidade considerável de trabalhos

publicados.

Estas ações permitiram compreender a proposta inicial de cada um dos

autores responsáveis pelo desenvolvimento das principais teorias e as adaptações e

evolução de cada modelo ao longo do tempo.

5.2 Estudo de Caso

A estratégia de pesquisa se baseou em um estudo de caso da empresa

Feitiços Aromáticos. Segundo Yin (2010, p. 39): “O estudo de caso é uma

investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade

e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e

o contexto não são claramente evidentes”.

Em resumo, o método do estudo de caso permite que os investigadores retenham as características holísticas e significativas dos eventos da vida real, como os ciclos individuais da vida, o comportamento dos pequenos grupos, os processos organizacionais e administrativos, a mudança de vizinhança, o desempenho escolar, as relações internacionais e a maturação das indústrias. (YIN, 2010, p. 24).

A utilização da empresa nesta pesquisa teve um caráter apenas ilustrativo

pelo motivo de ter sido utilizada apenas para demonstrar a aplicabilidade das teorias

abordadas na revisão. A empresa Feitiços Aromáticos foi selecionada por se

enquadrar na proposta de uma empresa que se encontra em fase inicial do seu

processo de expansão internacional.

Outro ponto que contribuiu para abordar a empresa como alvo deste estudo

de caso foi o fato de encontrar maior facilidade em obter informações e dados, como

orientado por Malhotra (2006).

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O instrumento de coleta de dados se baseou na aplicação de questionários

enviados via e-mail e respondidos diretamente pela gestora da empresa (Raquel

Cruz) e, também, questões respondidas por telefone por ela, em dias e horários

previamente agendados, sendo que não houve qualquer contato pessoal junto à

entrevistada.

Algumas das principais vantagens de um questionário é que nem sempre é necessária a presença do pesquisador para que o informante responda as questões. Além disso, o questionário consegue atingir várias pessoas ao mesmo tempo obtendo um grande número de dados, podendo abranger uma área geográfica mais ampla se o for este objetivo da pesquisa. Ele garante também uma maior liberdade das respostas em razão do anonimato, evitando vieses potenciais do entrevistador. Geralmente, através do questionário, obtêm-se respostas rápidas e precisas. (BONI e QUARESMA, 2005).

Os dados secundários foram obtidos através da home Page da empresa

Feitiços Aromáticos e sites privados que divulgaram informações referentes à

atuação da empresa, bem como, sobre a indústria de cosméticos.

As questões formuladas para criar o histórico da empresa, se basearam em

questões abertas, onde foi dada à gestora, a oportunidade de responder livremente

as perguntas, com informações que ela própria considerou importantes de ressaltar.

Para atingir os objetivos propostos no trabalho, foram encaminhados, por via

eletrônica, dois questionários à gestora e proprietária da empresa Raquel Cruz, e um

último questionário respondido pelo telefone.

Para o entendimento do processo de internacionalização da empresa, e

consequentemente para o processo de análise dos dados, foram utilizadas

perguntas abertas e fechadas, onde as mesmas foram definidas de forma prévia e

numa sequência lógica, porém, oferecendo ao entrevistado, a possibilidade de

respondê-las de maneira informal.

Quando se utilizam questões semi-estruturadas (abertas e fechadas),

sabemos que suas análises merecem ser feitas com cautela, de tal forma que este

processo não apague vestígios importantes relatados pelo entrevistador, porém,

esta é uma limitação que de fato existe neste tipo de perguntas. Logo, as

objetivações criadas devem espelhar ao máximo o que foi relatado pelo

entrevistado.

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A objetivação torna-se possível porque a linguagem é um fenômeno social (fatos, atos de fala, algo identificável e ocorrente entre pessoas), e seu significado só surge dessa relação. Assim, para produzir entendimento autêntico, ou seja, pertinente e sustentável em relação ao que enuncia, o pesquisador tem que jogar como os fatos da relação linguística. A compreensão exige a prática da objetivação. (MATTOS, 2005).

Ao todo, os três questionários contribuíram para compor o histórico da

empresa, entender os estágios atuais dos negócios internacionais da organização e

as projeções futuras, além de comparar as atividades da Feitiços Aromáticos com as

teorias utilizadas no referencia teórico, objetivando, assim, atingir o problema de

pesquisa e os objetivos propostos.

Todas as informações obtidas foram transcritas e analisadas através de uma

perspectiva qualitativa, de tal modo que, foram comparadas ao referencial teórico

para que se realizasse a analise dos dados obtidos.

Na etapa de elaboração e aplicação das pesquisas, algumas dificuldades

foram encontradas. Neste presente trabalho, o maior desafio foi encontrar tempo

disponível junto à gestora da empresa Feitiços Aromáticos (Raquel Cruz), para

entrevistas pessoais na própria sede. Por uma questão de facilidade sugerida por

ela própria, todas as questões foram encaminhadas e respondidas via e-mail e por

contato telefônico, nos períodos em que a mesma se encontrava na empresa.

Outra limitação a ser destacada, se refere ao fato de apenas uma pessoa ter

respondido a todas as questões formuladas, em todas as etapas do trabalho. Não

sabemos ao certo se apenas uma pessoa responde pelas decisões tomadas na

organização, porém, nesta pesquisa, apenas a proprietária e gestora Raquel

respondeu aos questionamentos, por uma questão de facilidade de contato e tempo.

Todas as análises e comparações aqui realizadas, também podem ser

aplicadas a um grupo maior de empresas, contribuindo assim para expandir as

proposições do trabalho.

5.3 O caso da empresa Feitiços Aromáticos

A Feitiços Aromáticos foi fundada em 2001, pela empresária Raquel Cruz. Ela

decidiu abandonar uma carreira de executiva de 15 anos em multinacionais para

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investir no próprio negócio, onde investiu R$ 40 mil para iniciar as atividades da

empresa.

A história que motiva a criação da empresa está ligada ao gosto da própria

fundadora, que sempre se interessou por assuntos místicos, aroma terapia e

essências. Ao decidir investir em um negócio próprio, a empresária optou por criar

produtos que estivessem ligados a estes assuntos.

A primeira linha de produtos desenvolvidos pela Feitiços Aromáticos passou a

ser divulgada e oferecida para lojas de artigos místicos, perfumarias e outras lojas

do ramo. Esta foi à primeira estratégia de captação de clientes realizada pela

empresa.

Atualmente, a Feitiços Aromáticos tem a sua estrutura localizada na zona

leste de São Paulo, no bairro de Itaquera, em um prédio próprio onde centraliza

todas as suas atividades.

Treze anos após a sua fundação, a Feitiços Aromáticos passou a atuar no

mercado internacional, ou seja, há exatos dez anos, através da modalidade de

exportação. Por questões de comodidade, a empresa exportou por algum tempo

através de uma parceria com uma trading com o intuito de evitar as burocracias

existentes nas negociações internacionais. Atualmente, a empresa adota o modelo

de exportação direta.

Como estratégia para se consolidar no mercado internacional, a Feitiços

Aromáticos criou uma linha de produtos exclusivos para os mercados externos.

Segundo Raquel, a empresa se utiliza da estratégia de cobrar 30% mais caro para

as vendas realizadas no exterior. Ela afirma que estes valores praticados contribuem

para cobrir gastos com transportes internos até o porto ou aeroporto, e despesas

com despachantes. Declara ainda que esta porcentagem pode ser alterada de

acordo com o tipo de produto.

Em 2013, as exportações representaram 3% do faturamento total da

empresa, que obteve nesse mesmo ano, um faturamento de R$ 3 milhões e meio

(FENACOM, 2013).

Atualmente, a Feitiços Aromáticos possui um quadro composto por 20

funcionários e tem clientes espalhados por aproximadamente 3000 pontos de

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vendas no país. Os principais destinos das exportações são Portugal, Espanha e

Chile.

5.4 Imagem da marca e ações socioambientais

As instalações da unidade produtiva da empresa são todas adaptadas para

favorecer ao máximo o reaproveitamento de energia solar, água e produtos

utilizados em sua produção.

Esta preocupação socioambiental está enraizada na cultura da empresa

desde sua criação. Ações sustentáveis como economia de energia e água,

aproveitamento de luz solar, redução de consumo de papel e processos de

reciclagem são ações constantemente praticadas pela empresa. Além disso, existe

também o interesse de interferir de forma positiva na comunidade onde atua,

oferecendo a oportunidade do primeiro emprego, capacitação e desenvolvimento

aos colaboradores. Por esses e outros esforços, a Feitiços Aromáticos recebeu o

Prêmio de Sustentabilidade por um importante Instituto Brasileiro, o Chico Mendes.

Por estes motivos, a Feitiços Aromáticos vem sendo premiada, o que coloca a

empresa e sua marca em destaque, ao lado de outras grandes empresas do mesmo

setor.

Um destaque ressaltado pela gestora foi a posição alcançada pela empresa,

no ranking das 100 empresas mais sustentáveis segunda a mídia, onde a Feitiços

Aromáticos atingiu a segunda colocação. Neste ranking ela ficou atrás apenas da

Natura, sendo a Feitiços Aromáticos a única empresa de pequeno porte entre as

primeiras colocadas (BLOG INDUSTRIAL, 2013).

Este ranking qualifica as empresas com base em uma analise realizada pela

PR Newswire, levando em consideração matérias publicadas tanto por revistas

quanto por jornais, num período de um ano.

As empresas são classificadas em função de estarem mais presentes nos

noticiários de uma forma positiva em se tratando de ações e práticas sustentáveis. O

levantamento ocorreu durante o ano de 2011, realizando uma análise de matérias

publicadas em todas as edições das revistas Época Negócios, Isto É, Época, Isto é

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Dinheiro, Exame, Veja, Carta Capital, Amanhã e América Economia, bem como, dos

jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo. (Feitiços Aromáticos,

2013).

A pesquisa realizada verificou todos os conteúdos extraídos destas edições

que se referiam ao tema Sustentabilidade, sendo todas as matérias classificadas em

temas como: Meio Ambiente, Transparência, Recursos Humanos e Comunidade.

Outra premiação a ser destacada refere-se ao prêmio sócio ambiental Chico

Mendes, recebido pela organização no ano de 2011. A certificação Chico Mendes é

um prêmio de reconhecimento e mérito que promove o vislumbramento do mercado

consumidor com relação a produtos e serviços que sejam comprometidos com a

qualidade, e neste caso, com o compromisso socioambiental. A divulgação deste

prêmio está diretamente relacionada a um importante mecanismo de interferência

positiva na qualidade ambiental, no respeito à vida e na justiça social. (FEITIÇOS

AROMÁTICOS, 2013).

A empresa Feitiços Aromáticos será usada como referência em cada um dos

modelos revisados nesta pesquisa, objetivando responder ao problema de pesquisa

a através do alcance dos objetivos propostos.

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6 TEORIAS E MODELOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

6.1 Principais teorias do Processo de Internacionalização

As áreas da ciência sustentam seus estudos e afirmações sobre teorias que

buscam explicar aquilo que está sendo estudado. Através desse pensamento

racional e lógico, admite-se que o processo de internacionalização de empresas

também venha a se apoiar sobre teorias, que tentem explicar o que leva uma

organização a procurar mercados fora de suas origens.

As teorias de internacionalização de empresas têm o intuito de desvendar

questões essenciais que contribuam para o entendimento de pesquisadores e

empresas a respeito deste processo.

Carneiro e Dib (2007) mencionam que para um entendimento completo da

internacionalização de empresas, cinco questões fundamentais devem ser

respondidas pelas teorias existentes: por quê, o quê, quando, onde e como as

empresas se internacionalizam.

Figura 1 – Questões do processo de internacionalização de uma empresa

Fonte: Dib e Carneiro (2007).

Entender cada uma das teorias se faz necessário para que se encontrem

respostas para o entendimento da internacionalização de empresas, e

consequentemente responderem questões básicas, como as mencionadas por Dib e

Carneiro.

Os autores ressaltam ainda, que estas teorias por outro lado, encontram

muitas dificuldades quanto tentam explicar a internacionalização de empresas

classificadas como “Born Globals”, afirmando que novas teorias devem ser criadas

para que se entendam casos semelhantes e estes.

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Diversas teorias foram criadas a respeito da internacionalização de empresas.

De uma maneira geral, estudos recentes as classificam sob dois enfoques: o

econômico e o organizacional ou comportamental.

Para Hemais (2004, p.17), ambas podem ser caracterizadas da seguinte

maneira.

1: Enfoque econômico: Enquadra as teorias que dão mais notoriedade aos

aspectos econômicos, analisando tendências macroeconômicas tanto nacionais

quanto internacionais baseando suas análises em teorias sobre comércio,

localização, balanço de pagamentos e efeitos da taxa de cambio. Também

considera a relação entre organizações em nível industrial, e também aspectos

microeconômicos, que dão ênfase ao crescimento internacional das empresas de

forma individual. Analisa a quantidade de informações disponíveis para auxiliar o

gestor na tomada de decisões.

Os trabalhos de Adam Smith (1776) e a sua teoria da Vantagem Absoluta

(onde menciona que as nações devem dar prioridade para produzir aquilo que em

que possuem maior eficiência) e de David Ricardo (1817), quando criou a Teoria da

Vantagem Comparativa (defende um comércio livre, onde cada nação deve produzir

apenas o que terá menor custo com relação às demais nações), são os trabalhos

pioneiros que deram origem às teorias de internacionalização baseadas em fatores

econômicos (COSTA, 2013).

2: Enfoque organizacional ou comportamental: Sustenta-se sobre teorias que

colocam em primeiro plano o homem comportamental, responsável pelas tomadas

de decisões, no lugar do homem econômico. Neste modelo, o comprometimento dos

recursos é feito através de estágios graduais, e os mercados alvos para essa

entrada são aqueles mais próximos culturalmente.

Dentre as teorias e modelos a serem analisados neste trabalho três se

enquadram no enfoque comportamental: Modelo de Uppsala, Teoria de Networks

(Redes) e Teoria do Empreendedorismo Internacional, além de uma outra teoria que

se enquadra no enfoque econômico: Paradigma Eclético. Nesta etapa o propósito é

identificar cada um deles.

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6.2 Modelo de Uppsala

Originário de estudos desenvolvidos por pesquisadores da Universidade de

Uppsala na Suécia, pioneiramente baseado no estudo realizado por Johanson e

Wiedersheim Paul (1975), este modelo surgiu para explicar o processo de

internacionalização de empresas suecas em expansão naquele momento

(JOHANSON e WIEDERSHEIM, 1975).

Este estudo objetivou investigar a internacionalização de quatro empresas

suecas: Sandvik, Atlas Copco, Facit e Volvo. Comparando os casos, Johanson e

Wiedersheim notaram semelhanças no processo de expansão destas firmas, no qual

denominaram de cadeia de estabelecimento e distancia psíquica (REZENDE, 2002).

O resultado deste estudo, apoiado nas similaridades encontradas,

contribuíram para o desenvolvimento do modelo no qual afirmavam a existência do

gradualismo no processo de internacionalização das empresas (REZENDE, 2002;

JOHANSON e VAHLNE, 1977).

Dentre todas as teorias com enfoque comportamental, o modelo de Uppsala é

comprovadamente o mais utilizado para as pesquisas ligadas à internacionalização

de empresas, o mais citado na literatura (OVIATT, MCDOUGAAL, 1999;

CARNEIRO, DIB, 2007) e o mais testado de maneira empírica (CARNEIRO, DIB,

2007).

O detalhamento desta teoria nos permite constatar que a internacionalização

dos negócios da empresa, seja através da exportação, alianças estratégicas ou IDE

(investimento direto no estrangeiro) para outros países, depende exclusivamente da

natural evolução dos negócios.

A expansão da firma para além de suas fronteiras de uma maneira mais

frequente acontece de forma gradual e evolutiva, onde a organização passa por

etapas. Em cada uma das etapas, a empresa acumula conhecimentos

determinantes para confrontar as barreiras oriundas de mercados externos,

contribuindo, assim, para a diminuição dos riscos (TEIXEIRA e COSTA, 2012).

Os primeiros estágios do processo de internacionalização demonstram que a

empresa, ao direcionar investimentos e definir quais operações serão desenvolvidas

no estrangeiro, busca fazê-los em mercado similar ao de sua origem. A esta escolha

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dá-se o nome de “distância psicológica”, ou seja, escolher mercados estrangeiros

cuja língua, cultura, política, distância geográfica, entre outros fatores, sejam os mais

semelhantes possíveis ao seu mercado de origem (ROSA e RHODEN, 2007).

A internacionalização direcionada para países com características mais

similares, influencia na tomada de decisão, fazendo com que os riscos existentes

sejam mais facilmente assimilados pelos gestores. Comprometer recursos para

fronteiras mais longínquas contribui para a elevação dos riscos, caminhando assim

contra a lógica, onde a verdadeira intenção é minimizar os riscos existentes e se

adaptar o mais rápido possível ao país receptor do investimento (VIANA et al.,

2007).

Dal-Soto, Paiva e Souza (2007, p.41) também demonstram em sua obra, que

esta evolução gradual acontece devido às incertezas existentes no ambiente onde a

empresa se encontra, sendo apoiado pelas informações muitas vezes imprecisas a

cerca do novo mercado a ser penetrado.

O modelo de Uppsala sustenta que o conhecimento adquirido durante as

operações internacionais ocorre de maneira inconsciente, sendo assim internalizada

pelos tomadores de decisão da firma durante o processo, contribuindo para apurar a

percepção destes, frente aos riscos oriundos das operações internacionais,

contribuindo para o avanço gradual nos estágios da internacionalização (DALMORO,

2012).

Figura 2 – Etapas de inserção das empresas em mercados externos segundo Uppsala

Fonte: Elaborado pelo autor.

Investimento Direto

no Estrangeiro (IDE)

Exportação

Licenciamentos e

suas formas.

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Teoria amplamente utilizada para explicar o processe de internacionalização

de empresas desde sua criação, foi durante anos criticada por estudiosos por conter

muitas limitações em sua estrutura analítica.

Tais objeções feitas por estudiosos se sustentam principalmente sobre o fato

do Modelo de Uppsala ter uma característica determinista, ao afirmar que a evolução

das empresas no mercado exterior ocorre apenas de forma gradual (PAIVA e

HEXSEL, 2005).

Dentre os trabalhos contrários ao modelo, destacam-se a obra de Forsgren

(2000) e Pedersen e Shaver (2000). Ambos concordam que a relação conhecimento

de mercado e comportamento incremental pode ser negativa, diferente do que

propõe o modelo Nórdico. Segundo eles quanto mais se aprende sobre um

mercado, mais se reduz a incerteza e consequentemente diminui a necessidade de

avançar de maneira gradual. Assim a empresa poderá avançar de forma mais

ousada avançando fases.

Na contramão daquilo que propõe o modelo de Uppsala, estudos também

demonstram empresas cujas operações se desenvolveram de maneira diferente do

proposto na teoria, ressaltando também que outras firmas podem desinvestir no

exterior, ou seja, um percurso inverso (FLETCHER, 2001).

Outro fator que corrobora as críticas feitas ao modelo, se refere ao advento

das empresas denominadas “Born Globals”, empresas que já surgem atuando de

maneira internacional, pulando etapas do processo determinado pelo modelo de

Uppsala (MACHADO, 2009; HEMAIS e HILAL, 2002).

Apesar das diversas objeções feitas pelos críticos do modelo, Paiva e Hexsel

(2005) reconhecem que as limitações vigentes na teoria não podem invalidar a

proposta do mesmo, pelo fato deste contribuir para o entendimento dos primeiros

estágios do processo de internacionalização que antecede modos de entrada mais

complexos como o Investimento Direto no Exterior (IDE).

O modelo de Uppsala foi revisado em 2009 pelos seus criadores Johanson e

Vahlne. A alteração do ambiente competitivo ocorrido desde 1970 criou novas

complexidades no mercado, criando novas dificuldades a serem entendidas no que

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tange ao processo de internacionalização. Isto motivou a revisão desta teoria

(JOHANSON; VAHLNE, 2009).

Nesta revisão, a empresa continua sendo a principal unidade de análise. A

distinção se da pelo fato de agora a organização não mais ser analisada pela ótica

de uma simples unidade de produção, e sim um agente integrante de uma ampla

rede de relacionamentos. (THOMÉ et al., 2013).

Para Thomé et al. (2013), tal reconfiguração proposta por Johanson e Vahlne

no atual modelo, visa justamente preencher as lacunas existentes na teoria e torná-

la condizente para explicar os hiatos ainda encontrados no campo de estudo ligado

aos negócios internacionais.

O direcionamento do investimento da empresa no mercado externo não é

mais o único ponto central da teoria. A rede de relacionamentos no qual a

organização está inserida ocupa, na revisão desta obra, o papel de fator principal a

ser considerado quando se fala a respeito da entrada em outros mercados.

(CHIAVEGATTI; TUROLLA, 2011).

Se no primeiro modelo de Uppsala era evidenciado que a expansão da

empresa no estrangeiro era resultado do acúmulo de competências que permite

avançar estágios sequenciais, a revisão demonstra que este avanço não pode ser

generalizado, podendo a empresa acelerar o processo e entrar em mercados

teoricamente mais distantes (JOHANSON; VAHLNE, 2009).

Para Johanson e Vahlne (2009), o atual formato da teoria revisada demonstra

que a rede de relacionamentos da empresa influência de forma significativa na

escolha de novos mercados e qual será o modo de entrada a ser adotado.

Além disso, na visão de Chiavegatti e Turolla (2011) o antigo modelo também

abordava a questão das redes, porém, não se aprofundava para entender como

ocorria a formação destas redes e qual era a estrutura destas no país onde a

empresava procurava investir.

A versão revisada vai um pouco além, e propõe que o desenvolvimento do

relacionamento é um processo bilateral, ou seja, envolve duas partes que aprendem

de forma interativa e que assumem um compromisso mútuo para o relacionamento,

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para a internacionalização e para o sucesso desta, tanto para a firma quanto para

seus parceiros. (CHIAVEGATTI e TUROLLA, 2011, p.135).

A criação de oportunidades, negligenciada até então no antigo modelo, passa

a ser abordada. A atuação em redes permite que a troca de informações entre os

envolvidos crie conhecimentos privilegiados, vital para a exploração de novas

oportunidades (JOHANSO e VAHLNE, 2009).

O ambiente competitivo atual se alterou se comparado à época em que se

analisou o processo de internacionalização na criação do primeiro modelo. Os

eventos atuais caminham com mais rapidez, porém, um fator se mantém inalterado:

de que as empresas necessitam aprender a todo o momento para criar e fortalecer

suas relações, essenciais na procura de novas oportunidades (JOHANSON e

VAHLNE, 2009).

Dois fatores principais passam ser considerados: as oportunidades,

decorrentes do conhecimento gerado internamente na rede, e a posição da rede, ou

seja, o objetivo de internacionalização dos negócios passa a ser alcançado dentro

de uma rede aonde esta venha a se inserir (JOHANSON e VAHLNE, 2009).

Na atual visão Johanson e Vahlne (2009), passa-se a analisar a empresa

inserida dentro de uma determinada rede, onde os atores possuem relações

interdependentes. Logo, a internacionalização passa a ser perseguida conforme esta

rede toma ações a fim de proteger ou alcançar uma posição no mercado escolhido.

Como constatado no modelo revisado, atuar em redes oferece novas

oportunidades reais às empresas, porém, isso não diminui a necessidade de desviar

a atenção quanto ao gerenciamento dos riscos.

A busca de novas oportunidades, e as ações voltadas para aumentar ou

manter uma posição já existente no mercado, decorrem de decisões cuja base é o

conhecimento dos tomadores de decisão. Isso automaticamente faz surgir um novo

risco, gerado pela falta de conhecimento, de compromisso ou de confiança na

relação existente na rede (JOHANSON e VAHLNE, 2009).

Johanson e Vahlne (2009) deixam claro que é impossível evitar os riscos,

principalmente quando se parte em busca por algo novo. Mas isso não implica em

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evitar os riscos existentes, ou seja, a necessidade passa a ser a de melhor gerenciá-

lo.

Lemos, Johanson e Vahlne (2010) corroboram que a falta de conhecimento

sobre um determinado mercado corresponde a pior restrição referente às

dificuldades existentes no processo de internacionalização, o que explica em partes

o motivo do processo de internacionalização acontecer em níveis sequenciais de

acordo com o acúmulo de conhecimento.

Esta revisão do modelo de Uppsala em paralelo às críticas sempre

direcionadas à teoria propõem, portanto, a possibilidade de análise do processo de

internacionalização de empresas sob uma nova perspectiva a partir de agora,

focando nas relações intra e interorganizacionais (REZENDE, 2002; JOHANSON e

VAHLNE, 2009).

A criação do modelo de Uppsala ofereceu aos estudiosos a oportunidade de

analisar o processo de internacionalização de empresas sob duas novas óticas até

então não verificada pelas teorias econômicas.

Primeiramente, contribuiu para entender a internacionalização como um

processo em que as ações seguintes dos modos de operação se caracterizam como

acontecimentos tão críticos para a trajetória da organização em mercados

internacionais, quanto à escolha do modo de entrada em um mercado num momento

inicial das atividades internacionais (REZENDE e VERSIANI, 2007).

A segunda contribuição foi reforçar, de maneira positiva, a importância do

conhecimento do mercado como uma ferramenta que contribui para entender a

forma com as empresas evoluem internacionalmente (REZENDE e VERSIANI,

2007).

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Quadro 2 – Resumo do Modelo de Uppsala

Fonte: Elaborado pelo autor

6.3 Teoria do Networks (Redes) – Uma evolução do modelo nórdico de

Uppsala

A teoria de Networks se caracteriza como um modelo evolutivo da teoria de

Uppsala. Enquanto a primeira leva em consideração a criação de relacionamentos

Características Tem a empresa como principal unidade de análise.

Busca identificar o direcionamento do investimento da empresa no mercado externo.

Proposições

Sugere uma evolução gradual nos negócios internacionais das empresas.

O acúmulo de conhecimentos contribui para adquirir experiência e capacidades para enfrentar os riscos, o que contribui para o avanço de estágios no processo de internacionalização.

Quanto mais capacidade e experiência adquiridas, maior a possibilidade de realização de investimentos que requerem maior comprometimento de recursos como parcerias e Investimento Direto no Estrangeiro (IDE).

Propõem que as firmas buscam inicialmente uma expansão para mercados semelhantes ao seu mercado de origem: em termos de cultura, idioma, distância geográfica, política, nível de desenvolvimento, educação, etc.

Limitações

Considera apenas os primeiros estágios do processo de internacionalização de empresas que antecedem modos de entrada mais complexos.

Não considera possíveis saltos que as empresas podem realizar entre uma fase e outra.

Modelo Revisado

Teoria revisada pelos seus criadores Johanson e Vahlne em 2009.

A partir desta revisão, propõe uma análise do processo de internacionalização através da perspectiva de redes.

Analisa a empresa como um agente integrante de uma ampla rede de relacionamentos, e que a estratégia de internacionalização está intimamente ligada às ações colocadas em práticas pela rede no qual integra.

Esta revisão pretende expandir o poder explicativo do Modelo de Uppsala tornando-o condizente com as características atuais do mercado competitivo.

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dando ênfase ao fator comprometimento, a segunda teoria (Uppsala) analisa a

empresa através de sua atuação de maneira individual (FUTURO, 2013).

O comprometimento de mercado é à ideia central do modelo de Uppsala.

Analisando por uma nova perspectiva, na teoria de networks, o foco é direcionado

para o comprometimento de relações a serem desenvolvidas pela organização

(JOHANSON e VAHLNE, 2006).

A criação de uma rede, oriunda do estabelecimento de novos contatos e

parcerias, se caracteriza como um processo evolutivo ao longo do tempo. Assim a

construção de novas parcerias se torna um processo demorado, ocasiona custos e

está cercado por diversas incertezas durante este período. Logo, isso demonstra

que se internacionalizar demanda tempo, principalmente quando se busca um

desempenho sustentável em longo prazo (JOHANSON e VAHLNE, 2006).

De uma forma mais objetiva, Rocha e Almeida (2006) esclarecem que a

organização procura se internacionalizar pelo único motivo de acompanhar os

demais atores da rede no qual a empresa está inserida, e como consequência desta

decisão ela passa a obter vantagens ao ingressar em novos mercados.

Por esta visão, as empresas iriam para o exterior não como um movimento explícito de busca de mercado, mas sim para acompanhar suas conexões, sejam elas clientes, parceiros de negócios ou mesmo competidores; para responder a algumas pressões da rede como, por exemplo, instituições de financiamento ou agências governamentais; ou ainda para criar novas conexões no estrangeiro (CARNEIRO e DIB, 2007).

A mudança do ambiente competitivo ao longo das últimas décadas aliada ao

avanço dos modelos teóricos desde a década de 1970, motivaram Johanson e

Vahlne a analisarem a empresa não mais como uma unidade produtiva isolada, e

sim entrelaçada em um ambiente de parcerias, ou seja, uma rede de relações

(JOHANSON e VAHLNE, 2009).

A empresa necessita de recursos que, em diversos momentos, ela não

dispõe. Este fato contribui para a inserção desta em uma determinada rede, logo, ela

ganha a oportunidade de acessar tais recursos considerados únicos no qual ela não

tem acesso, a não ser que realize parcerias de longo prazo com os detentores

desses recursos (ROCHA e ALMEIDA, 2006).

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Gadde e Jonsson (2007) corroboram tal pensamento afirmando que as firmas

possuem acesso limitado a recursos, além de precisarem de atividades realizadas

por outras empresas, logo a atuação de forma conjunta entre as organizações

possibilita o acesso a esses recursos e atividades.

Por outro lado, conforme a assertiva de Martins et al.(2012), integrar uma

determinada rede contribui para que a autonomia das empresas seja reduzida

consideravelmente se comparado a uma atuação de maneira independente. As suas

decisões e ações passam a serem diretamente influenciados pelos demais atores

inseridos na sua rede.

Björkman e Forgsgren (2000) ressaltam a necessidade das empresas

participarem de redes globais como uma alternativa segura pra poderem aumentar o

seu conhecimento e expandir os negócios em nível internacional.

O acirramento da competição verificado dos anos 1980 até hoje, é o principal

fator motivador para a criação de redes empresariais como uma nova maneira de

competir. Alinhando isso ao atual foco direcionado para o cliente, este tipo de

atuação conjunta exige uma gestão capaz de coordenar e gerenciar todas as

relações existentes entre os integrantes de uma determinada rede, objetivando que

esta possa desde sua criação entregar valor superior ao de seus concorrentes ao

seu cliente final (VAN DER VAART e VAN DONK, 2006).

A atual visão de analisar a internacionalização através da perspectiva de uma

atuação em redes não invalida o antigo modelo de Uppsala, uma vez que reforça o

pensamento de reforçar o conhecimento para se expandir. A teoria de redes

demonstra que a partir do momento que os atores interagem, novos conhecimentos

são gerados, adaptados e selecionados.

A internacionalização resultante de ações multilaterais também depende do

desenvolvimento de novos conhecimentos, e que o tratamento destes

conhecimentos ao longo do tempo são determinantes para modificar, aprofundar ou

interromper os relacionamentos entre os atores (REZENDE e VERSIANI, 2007).

O fator relacional ampliou a explicação sobre a internacionalização de

empresas, mas ainda possui uma limitação por ainda considerar a empresa como

um ator singular, não levando em consideração a diferenciação intra-firma que

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acontece na medida em que a empresa evolui em seu processo de

internacionalização (REZENDE e VERSIANI, 2007).

Este novo formato de arranjo organizacional verificado pode ser conceituado

de diversas maneiras, onde cada uma apresta características distintas quanto à sua

configuração.

Wegner e Padula (2010) conceituam as redes ou sistema de cooperação

horizontal como uma forma de cooperação entre firmas independentes e de um

mesmo setor, atuais ou potenciais concorrentes, que se unem para atuar

coletivamente com o intuito de manter uma posição competitiva frente aos seus

concorrentes ou com relação a elos anteriores ou posteriores da cadeia.

As redes horizontais de cooperação são implantadas, na maioria das vezes, quando as empresas, isoladamente, apresentam dificuldades em adquirir e partilhar recursos escassos de produção, em atender interna ou externamente o mercado em que atuam e em promover seus produtos de forma conjunta no exterior. É o caso dos consórcios de exportação (GARCIA, LIMA e CARVALHO, 2010).

Neste sentido, o primeiro aspecto distintivo desse formato de rede horizontal

surge da inexistência de uma hierarquia imposta sobre os seus integrantes. Conclui-

se que esse formato de rede surge e opera justamente através de decisões tomadas

em conjunto por todos os integrantes, apesar de notar que em determinadas

situações alguns atores conseguem se posicionar de uma forma mais centralizada

(SOARES et al., 2011).

Quanto às redes verticais, elas costumam ser encontradas em situações que

ocorrem à cooperação entre uma empresa e os demais componentes que integram

os diferentes elos de sua própria cadeia produtiva, ou seja, seus parceiros

comerciais: produtores, fornecedores, distribuidores e prestadores de serviço. Uma

característica desse modelo de redes ocorre quando determinado produto final é

composto por uma variada gama de peças passando por diversos estágios durante

a sua produção (GARCIA, LIMA e CARVALHO, 2010).

No caso específico das redes brasileiras, elas se comparam em

características a outras redes horizontais de países desenvolvidos, como a

Alemanha, por exemplo, onde praticamente inexiste uma empresa focal que

coordena as demais firmas integrantes (WEGNER e PADULA, 2010).

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Mesmo cooperando, as firmas que costumam integrar uma determinada rede

não perdem a sua individualidade e nem a sua independência, e de uma forma

conjunta, realizam atividades pré-estabelecidas que tenha como meta atingir

objetivos em comum (VERSCHOORE, 2006).

Em seu trabalho, onde analisaram redes empresariais alemãs, Wegner e

Padula (2010) encontraram características de gestão que, segundo eles, podem

servir de exemplo para redes em processo de crescimento e desenvolvimento.

Segundo eles, o exemplo principal seria a idéia de se criar um sistema de

governança que venha a contribuir para a garantia dos interesses estipulados pelas

empresas integrantes da rede.

A discussão de redes, por sinal, desperta três pontos importantes a serem

levados em consideração quando se analisa a literatura pertinente a este tema: (1)a

estratégia de cooperar; (2) a governança de rede, e (3) a gestão das relações

interorganizacionais (WEGNER e PADULA, 2010).

O primeiro foco se prende à ação de cooperar, fato este que pode vir a ser

estratégico para a empresa, tendo em vista que a organização possui outras

possibilidades a serem escolhidas além da cooperação, como por exemplo, investir

em tecnologia e recursos, ou simplesmente continuar a atuar de forma isolada, logo,

cooperar não é e não deve ser a única saída para a empresa em todos os casos.

Estratégias distintas em momento e situações diferentes oferecem a possibilidade

de se obter resultados superiores. (WEGNER e PADULA, 2010).

Verschoore e Balestrin (2008), Balestrin, Verschoore e Reyes (2010) e

Wegner e Padula (2010), e outros diversos trabalhos realizados no país demonstram

os benefícios oriundos da cooperação, porém, eles não podem criar a falsa

impressão que colaborar com outras organizações sempre é à melhor estratégia.

Os resultados de muitos estudos, embora demonstrem os pontos positivos das estratégias colaborativas, encobrem o fato de que o sucesso da cooperação resulta de significativos esforços de constituição, coordenação e manutenção. Apesar disso, ainda é pequeno o número de estudos que se preocupam com aspectos críticos da cooperação interorganizacional, como a governança e a gestão (WEGNER e PADULA, 2010).

O segundo foco se refere à existência de uma governança na rede. Ressalta-

se que neste sentido, a governança de redes não se assemelha a governança

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corporativa, no sentido que os atores passivos de serem governados são as

organizações e não os indivíduos. Assim, entende-se que a governança corporativa

resulta de processos onde prevalece o poder de barganha entre as firmas que

compõe a rede ou entre os administradores destas empresas, de tal modo que cada

um analise os benefícios que serão gerados por fazerem parte dessa cooperação,

alcançando assim seus objetivos (WEGNER e PADULA, 2010).

Deste modo, as empresas aceitam abrir mão de parte de sua liberdade

individual, de tal forma que permite a rede realizar a gestão de determinadas partes

dos seus negócios sob as condições impostas pelas regras criadas pelo grupo

(ALBERS, 2005). Tais regras devem ter a capacidade de garantir a viabilidade da

rede em longo prazo coordenando de maneira eficiente os interesses conflitantes

que virão a surgir entre os integrantes do arranjo cooperativo, visto que há atores

com interesses diferentes ou potencialmente diferentes (THEURL, 2005).

Neste sentido, Wegner e Padula (2010) definem que a governança da rede se

refere à forma como este arranjo cooperativo ira se estruturar e se organizar, quais

os seus sistemas regulatórios e de decisão, avisando assegurar os interesses de

todos os integrantes, além de garantir que as regras impostas venham a ser

cumpridas. Estas regras incluem os procedimentos formais para coordenar a

cooperação, os mecanismo decisórios, maneiras para apaziguar possíveis conflitos,

e formas de adaptação da cooperação, inclusive as normas de entrada e saída e

sistemas de comunicação (THEURL, 2005).

Ainda segundo Theurl (2005), a governança imposta necessita da aprovação

de todos os integrantes, à medida que estes se sintam satisfeitos quanto a limitação

do seu poder de decisão além de ser capaz de garantir a rede agilidade e

flexibilidade fundamentais no processo de tomada de decisão em um ambiente cada

vez acirrado.

Por fim, o terceiro e ultimo foco referente à gestão das relações implica em

entender a empresa como uma nova organização recém criada que necessita de

gerenciamento. O objetivo delimitador da gestão e eternizar ao máximo a existência

da rede à medida que os gestores entendam que atuar neste arranjo é uma atitude

positiva e necessária. Ao entender que os gestores possuem motivações diferentes,

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a gestão deve ser capaz de corresponder ao máximo a esses anseios (WEGNER e

PADULA, 2010).

A gestão da rede interorganizacional pode ser compreendida como a

existência de variados processos e práticas organizacionais colocadas em prática

por um grupo de indivíduos, cujos objetivos são guiar o processo a ser percorrido

pelo arranjo cooperativo, e manter o foco na alocação e implementação de recursos

(HIBBERT et al., 2008, apud WEGNER e PADULA, 2010). O problema é que os

indivíduos que compõem a rede não percebem, em muitos casos, a necessidade de

criação de uma estrutura de gestão para a entidade cooperativa, criando assim

mecanismos para atingir aos objetivos.

Neste sentido, Verschoore (2006) menciona que o formato de redes em

diversas situações, é visualizado como uma “tábua de salvação” para superar

obstáculos de empresas individualistas e soluções para as crises, sem que exista

por parte da gerencia os esforços esperados para o alcance de resultados

estipulados.

O aumento da competitividade em nível global se caracteriza como um dos

principais motivos que levam as empresas a optarem por alianças estratégicas,

principalmente quando esta concorrência impulsiona as empresas a atuarem no

mercado internacional (KRAKAWER, JUSSANI e VASCONCELLOS, 2013).

Segundo eles, a atuação conjunta com outras empresas oferece a firma maior

facilidade no acesso a novos mercados alvos ao mesmo tempo em que garante as

empresas inseridas na rede maior competitividade.

Este pensamento é corroborado por Armando e Fischmann (2004), ao

compartilharem a ideia que o atual acirramento da competição mundial é um dos

principais fatores que motivam as empresas a se aventurarem além de suas

fronteiras e consequentemente isso favorece o estabelecimento de alianças

estratégicas.

O aumento da competição decorrente da globalização exige das empresas,

uma busca constante pela sua competência ideal, logo, o estabelecimento de

parcerias influencia nessa busca, pelo fato de complementar as competências

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empresarias até então existentes, e isso se reflete na geração e oferta de maior

valor para o cliente (KRAKAWER, JUSSANI e VASCONCELLOS, 2013).

Se internacionalizar caracteriza-se como uma estratégia que oferece riscos às

empresas pelo simples motivo que os novos mercados possuem características

distintas do mercado de origem da empresa, dificultando o ingresso a esses

mercados, oferecendo maior risco ao negócio. Estas dificuldades exigem, cada vez

mais, que as empresas pensem em segurança quando optarem pela

internacionalização de suas atividades (FREEMAN, EDWARDS e SCHRODER

(2006).

Esta segurança pode ser alcançada através deste trabalho conjunto proposto

pela teoria de redes. Como afirmam Silva e Pereira (2008), as alianças estratégicas

favorecem para o exercício da cooperação entre os atores da rede, eleva o nível de

conhecimento técnico e contribui para a superação das fronteiras organizacionais.

Tudo isso garante maior seguranças as empresas em um ambiente cada vez mais

instável.

Na visão de Krakawer, Jussani e Vasconcellos (2013), estes motivos

demonstram de forma evidente que a formação de alianças estratégicas beneficia as

empresas que buscam algum tipo de diferenciação através da estratégia de

internacionalização.

Para Gulati (1998), que define aliança estratégica como arranjos empresariais

que objetivam o desenvolvimento e compartilhamento de tecnologias, produtos e

serviços, formar uma rede e escolher os parceiros ideais não é tarefa simples.

O processo de escolha de parceiros estratégicos requer uma análise da

dependência de cada empresa da rede inserida em um mesmo ambiente, visto que

uma empresa precisa complementar as competências existentes na outra (GULATI,

1998).

Esta visão é corroborada por Krakawer, Jussani e Vasconcellos (2013) que

ressaltam a importância da seleção de parceiros tendo em vista a necessidade de

habilidades especificas de cada parceiro durante a formalização da aliança, visto

que esta se torna uma ferramenta competitiva importante.

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A criação de uma rede e a escolha de parceiros deve ser feitas de forma

criteriosa, de tal modo que a formalização da aliança se depare com a menor

quantidade de riscos possíveis, minimizando ao máximo as possibilidades de

insucesso da parceria desenvolvida.

Kanter (1994) elegeu alguns critérios que, segundo ele, são essenciais para

que se minimize essa possibilidade de insucesso. A autora classifica alguns

requisitos que devem ser considerados de forma previa a decisão de criar uma

parceria, no qual denominou de 8 Is, conforme o quadro 3.

Quadro 3 – Os 8 Is que devem ser analisados para uma aliança de sucesso

Fonte: Krakawer, Jussani e Vasconcellos, 2013.

Com relação aos benefícios gerados pela criação de uma aliança estratégica,

destaca-se o compartilhamento que envolve capacidades, recursos e competências,

acesso mais facilitado a novos mercados além da possibilidade de conhecer de

maneira mais detalhada a demanda, assim como a capacidade gerir e controlar os

negócios (FERREIRA e BARCELLOS, 2006). Com relação às desvantagens

resultantes da formalização de alianças, eles destacam a alocação específica de

alguns recursos da organização e a diminuição do poder gerencial.

Neste mesmo caminho que aponta as limitações e desvantagens oriundas da

criação de parcerias, Armando e Fischmann (2004) destacam que o relacionamento

criado pode vir a criar uma dependência que faz com que as empresas diminuam os

seus esforços organizacionais no que se refere ao aprimoramento.

Critérios Descrição Excelência Individual

Ambos os parceiros devem ter algo de valor a contribuir na parceria.

Importância A parceria deve almejar objetivos mútuos maiores do que os individuais.

Interdependência Os parceiros possuem atributos complementares, necessitam um do outro.

Investimento Os parceiros devem compartilhar determinados custos e riscos.

Informação Parceiros devem compartilhar com facilidade as informações estratégicas.

Integração A forma de operar deve estar sincronizada.

Institucionalização Formalização da aliança com responsabilidades claras e processos decisórios.

Integridade Os parceiros devem confiar um no outro.

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Para Krakawer, Jussani e Vasconcellos (2013), algumas dessas

características mencionadas refletem principalmente o caso de empresas que

buscam a internacionalização dos negócios e têm como objetivo, acessar novos

mercados, elevar o seu grau de competitividade e conhecer melhor a sua demanda.

Definir alianças de forma estratégicas significa, para empresas que partem

em busca da internacionalização dos negócios, que estas possuem uma base

sustentável no momento de colocar as estratégias em prática, principalmente para

organizações que buscam parceiros locais para facilitar a sua entrada em novos

mercados (FREEMAN, EDWARDS e SCHRODER, 2006).

O processo de internacionalização, assim como o processo de criação de

uma rede, revela características distintas quando se considera o porte da empresa.

No entanto, de uma maneira geral, o processo de internacionalização e mercados

globais são temas geralmente direcionados a grandes empresas, o que demonstra o

fato das pesquisas voltadas para se entender a internacionalização das pequenas e

médias empresas (PMEs) serem consideradas desafiadoras (FREEMAN,

EDWARDS e SCHRODER, 2006).

Participar de alianças estratégicas pode facilitar a internacionalização das

PMEs, se tornando uma base para operações com um baixo custo e estruturas

reduzidas, porém, trabalhos empíricos que buscam compreender a forma como a

atuação em redes pode contribuir para a internacionalização dessas empresas

precisam ser mais explorados (KRAKAWER, JUSSANI e VASCONCELLOS, 2013).

Em seu trabalho onde analisou a inserção de PMEs em mercados externos,

Hynes (2010) revelou que diversas são as motivações que levam as empresas a se

internacionalizarem. Segundo ele, um dos principais fatores motivadores no caso

das pequenas e médias empresas se refere ao espírito empreendedor do gestor da

organização na busca por novas oportunidades.

Contudo, a inserção das PMEs em mercados externos continua a ser um

tema pouco abordado necessitando de novas pesquisas que permitam compreender

as dificuldades enfrentadas por essas empresas durante o seu processo de

expansão internacional (FREEMAN, EDWARDS e SCHRODER, 2006). Para eles, as

PMEs encaram como maiores obstáculos no processo de internacionalização à falta

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de conhecimento do mercado externo, falta de recursos e de disposição para

arriscar, onde a última se caracteriza como um pré-requisito para uma expansão a

nível global.

Essas mesmas dificuldades são reforçadas pela opinião de Hynes (2010), que

sugere como alternativa para enfrentá-las, uma atuação com o apoio de redes e

alianças estratégicas como meio de viabilizar o processo de expansão das PMEs.

Dessa maneira, as alianças estratégicas desenvolvidas pela firma passam a

ser consideradas uma maneira rápida de acessar novos mercados tornando mais

fácil esse processo para as PMEs (FREEMAN, EDWARDS e SCHRODER, 2006).

Diante do exposto, se constata que a adoção de parcerias estratégicas, deve

ser uma estratégia essencial para viabilizar a internacionalização das PMEs, pois

oferece as mesmas a oportunidade de economizar tempo no processo de

aprendizado, e uma economia de recursos, além da oportunidade de obter maior

conhecimento da cultura e do mercado externo (KRAKAWER, JUSSANI e

VASCONCELLOS, 2013).

Como constatado, o sucesso de uma parceria estratégica depende da

seleção de bons parceiros, objetivando que a aliança possa adquirir uma

característica colaborativa. As empresas precisam considerar durante o processo de

formalização da rede a compatibilidade e os benefícios mútuos que serão gerados

pela mesma a todos os envolvidos (KANTER, 1994).

Ressalta-se que a base para o estabelecimento de uma de uma rede deva ser

a colaboração mútua de todos os atores envolvidos onde cada um possua algo de

valor para agregar ao sistema (KRAKAWER, JUSSANI e VASCONCELLOS, 2013).

É evidente que economia atual adota como característica principal essa troca

da eficiência individual para a eficiência coletiva, onde a competitividade se

compromete mais com as redes interorganizacionais do que a empresas que atuam

isoladamente (GARCIA, LIMA e CARVALHO, 2010).

No caso específico das PMEs, uma forma viável de atuar em redes seria

através da criação de consórcios de exportação, sendo esta, inclusive, uma

alternativa que supri as limitações da exportação, seja ela direta ou indireta

(PALIWODA e THOMAS, 2001).

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Uma das formas de organização coletiva de pequenas empresas é o consórcio de exportação, que possibilita a reunião de empresas por segmentos produtivos e/ou segmentos complementares com o objetivo de exportar seus produtos para diferentes mercados, mantendo sua própria individualidade no mercado doméstico, concorrendo com grandes fornecedores e beneficiando-se de sua eficiência operacional e de baixos custos de produção (GARCIA, LIMA e CARVALHO, 2010).

Ainda segundo Garcia, Lima e Carvalho (2010) e Tomelin (2000), estudos

sobre marketing cooperativo para exportação, em diversos países, demonstram que

a criação de consórcios é um conceito promissor para engajar as PMEs na

exportação.

Na visão de Tomelin (2000), no caso do Brasil especificamente, a adoção do

modelo de consórcio de exportação por parte das empresas de pequeno e médio

porte se torna vital devido ao fato do país ter o comércio exterior como um degrau

importante para alavancar a economia.

Ainda no que tange a criação de uma rede estratégica, os relacionamentos

desenvolvidos pela empresa pode incluir relações que venham a se estender entre

indústrias e outros países, atravessando fronteiras, onde os laços desenvolvidos

adquirem uma característica duradoura e com caráter estratégico para os atores

envolvidos na relação (GULATI; NOHRIA; ZAHEER, 2000).

A importância em se analisar as redes empresariais é tanta, que estudos

ligados ao tema tem se expandido para diversas áreas do conhecimento, entre elas

a Sociologia, Administração, Economia e Ciências Políticas As pesquisas

demonstram que a criação de uma rede contribuir para a transmissão de

informações, conhecimentos, habilidades especificas e recursos considerados

essenciais para atividades ligadas a inovação (BALESTRIN e VARGAS, 2004).

As redes acabam por formar um arranjo organizacional capaz de ser

reconhecida de varias maneiras. Elas surgem de um processo sistemático entre

firmas e assumem formas variadas tais como alianças estratégicas, aquisição de

capital, terceirização e outras formas (SEBRAE, 2012; GARCIA, LIMA e

CARVALHO, 2010)

Na visão de Tomelin (2000), as redes influenciam principalmente nas

atividades das PMEs. O autor menciona ainda, que para estas empresas, atuar de

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maneira associativa oferece maiores e melhores oportunidades contribuindo para a

chance de sucesso. Ele destaca que as informações compartilhadas, os custos

reduzidos e o conhecimento adquirido sobre os novos mercados através da

exportação são características de algumas das oportunidades criadas.

As PMEs que agem de forma isolada não podem mais ser consideradas como

um exemplo de modelo organizacional do futuro. As pequenas e médias empresas

precisam se associar em redes para manter e potencializar a sua competitividade

(TOMELIN, 2000; GARCIA, LIMA e CARVALHO, 2010).

Quando se analisa as tipologias de rede existentes, encontram-se formas

variadas propostas por vários autores. Para Casarotto e Pires (2001) elas se

enquadram de duas maneiras: rede topdown e rede flexível.

A rede topdown se caracteriza quando uma PME se torna fornecedora de

uma empresa maior, considerada, neste caso, a empresa mãe. Neste modelo, a

firma fornecedora passa a ser totalmente dependente das ações da empresa mãe e

possui pouco poder de decisão e influencia nas decisões da rede (CASAROTTO e

PIRES, 2001; GARCIA, LIMA e CARVALHO, 2010).

Para Casarotto e Pires (2001), nesse formato de rede, uma característica

predominante é o fato de todas as empresas agirem em torno de uma liderança,

trabalho sincronizado, e redução de conflitos entre os integrantes da rede. Como

exemplo destaca a indústria automobilística.

Figura 3 – Rede Topdown

Fonte: Casarotto e Pires, 2001.

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O segundo formato demonstra uma rede mais flexível quanto à atuação das

PMEs. Pelo formato de consórcio, as firmas realizam um trabalho conjunto, onde

possuem um objetivo mais amplo ou restrito de cooperação. Como exemplo, cita-se

o caso dos consórcios italianos, que incluem entre suas atividades, a produção de

um determinado produto, valorização de uma determinada marca, desenvolvimento

de novos produtos, todo tipo de comercialização, definição de padrões de qualidade,

exportações, entre outras (CASAROTTO e PIRES, 2001).

Figura 4 – Rede Flexível

Fonte: Garcia, Lima e Carvalho, 2010.

Outros autores como Grandori e Soda (1995), contribuem com outro tipo de

classificação de redes, onde utilizam como critério de definição:

a) Os mecanismos de gestão implantados na rede;

b) O grau de centralização existente na rede e;

c) Nível de formalização da rede.

Baseado nestas definições, os autores definem três tipos de rede:

a) Redes burocráticas, onde se destaca a existência de um contrato formal

objetivando regular todo tipo de especificações necessárias além da

organização da rede;

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b) Redes proprietárias, onde se destaca a formalização dos acordos

referentes ao direito dos acionistas; e

c) Redes sociais, onde predomina a informalidade nos relacionamentos

entre as firmas, não existindo qualquer tipo de contrato formal

(GRANDORI e SODA, 1995).

O campo de estudos voltados para a temática de rede se caracteriza como

amplo e complexo devido aos diversos níveis de análise possíveis de serem

estudados. Autores diversos estipulam diversos estágios para se estudar uma rede

de cooperação interorganizacional (BALESTRIN, VERSCHOORE e JÚNIOR, 2010).

Entre as possibilidades de análise que demonstram tamanha complexidade,

Balestrin, Verschoore e Júnior (2010) destacam: os indivíduos que integram os

grupos presentes em uma rede, os grupos que pertencem a uma determinada

organização e as organizações que integram uma rede, o ator, a relação entre os

atores (elo) e a rede propriamente dita, os antecedentes que motivaram a criação da

rede, o processo de gestão e coordenação da rede e os seus resultados.

No caso do Brasil especificamente, o fortalecimento e o crescimento das

PMEs contribui para o atual cenário verificado, onde se constata um crescimento do

número de estudos sobre cooperação interorganizacional. Tudo isso motivado pelo

fato de haver, atualmente, uma sintonia entre a comunidade acadêmica brasileira

com as atuais teorias sobre estudos organizacionais e a crescente dimensão

econômica e social que a criação de redes demonstra atualmente no país

(BALESTRIN, VERSCHOORE e JÚNIOR, 2010).

Por fim, compreende-se que o principal propósito das redes

interorganizacionais é realizar a junção de atributos que permitam as firmas se

adequarem ao ambiente competitivo como se fossem uma única organização,

alicerçadas sobre ações padronizadas e ao mesmo tempo descentralizadas,

objetivando ganhar escala sem reduzir a flexibilidade das empresas integrantes

(VERSCHOORE e BALESTRIN, 2008).

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53

Quadro 4 – Resumo da teoria de Networks (Redes)

Fonte: Elaborado pelo autor

Características

Analisa a atuação conjunta das empresas, tendo em vista a

cooperação existente entre elas e os benefícios gerados deste trabalho

em grupo.

A criação de redes é uma estratégia cada vez mais utilizada pelas

empresas, que passam a verificar nesse modelo de atuação a

oportunidade de manter ou elevar a sua competitividade.

Caracteriza-se como um modelo evolutivo do modelo de Uppsala.

Foca no comprometimento das relações a serem desenvolvidas pela

organização.

Proposições

Sugere uma atuação em parceria entre as empresas para obterem

ganhos;

A criação de uma rede é um processo evolutivo ao longo do tempo.

Construir parcerias é um processo demorado e custoso.

As empresas se internacionalizam pelo motivo de seguir os demais

integrantes de sua rede e como consequência obtém vantagens ao

entrar em novos mercados.

A alteração do atual ambiente competitivo motiva uma atuação em

parceria com outras organizações. Agir isoladamente torna-se um risco

cada vez maior.

As empresas optam por atuar em redes porque necessitam de recursos

e atividades que não dispõem, logo, o acesso a eles só é possível caso

realizem parcerias.

Atuar em redes significa perder autonomia em determinados

momentos.

A estratégia de cooperar, a governança de rede e a gestão das

relações interorganizacionais são pontos praticamente obrigatórios de

serem analisados durante o processo de formalização e consolidação

de uma rede.

Uma parceria entre firmas independentes, atuantes em um mesmo

setor, atuais ou potenciais concorrentes visando manter uma posição

competitiva frente aos seus concorrentes ou aos elos anteriores de sua

cadeia.

A realização de atividades pré-estabelecidas com o intuito de atingir

objetivos em comum.

A definição de parceiros de maneira estratégica e criteriosa. Escolher

parceiros que possuam habilidades específicas para poder

complementar as competências existentes na empresa.

Como vantagens desse modelo de atuação ressaltam-se: compartilhar

capacidades e recursos, acesso facilitado a novos mercados e maior

conhecimento sobre as demandas.

No caso especifico das PMEs, uma atuação em redes significa ter

acesso a novos mercados e reduzir custos. A forma mais viável seria

através da participação em consórcios de exportação.

A junção de atributos que permitem as empresas competirem e se

adequarem ao ambiente competitivo.

Limitações

A criação de uma rede e de novos relacionamentos pode criar nas

empresas uma dependência, contribuindo para que elas diminuam os

seus esforços organizacionais no que se refere ao aprimoramento e

inovação.

Não considera a diferenciação intra-firma à medida que a empresa

evolui em seu processo de internacionalização.

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54

6.4 Teoria do Empreendedorismo Internacional

Nesta teoria, ganha destaque o papel do “homem empreendedor” e suas

características comportamentais. As decisões de como, quando e onde

internacionalizar os negócios passam a depender exclusivamente do perfil do

empreendedor, que pode se configurar de diferentes maneiras.

Um “empreendedor de mercado” busca novos mercados. Um “empreendedor técnico” busca atender demandas não solicitadas, geradas devido a sua posse de processos, produtos ou tecnologias inovadoras, e um “empreendedor estrutural” busca a reestruturação da indústria. A partir dessa delimitação, as decisões de quando, onde e como internacionalizar vão depender do perfil desse empreendedor”. (PORTAL ADMINISTRADORES, 2013).

Quando se fala em fatores que impulsionam a internacionalização das

empresas, constata-se que vários trabalhos afirmam que tal processo pode ser

abordado sob dois enfoques, onde o primeiro trata sob estímulos a

internacionalização (ligado a exportação e IDE), e o segundo aborda justamente a

questão do empreendedorismo, no qual as pesquisas, ainda são limitadas.

Para Honório (2011), o enfoque ligado ao empreendedorismo segue na contra

mão da primeira abordagem, onde as pesquisas voltadas para si ainda são

consideradas insatisfatórias, e a maior parte delas mencionam justamente o papel

do homem empreendedor nos processos de internacionalização da organização.

Leite e Moraes (2012) explicitam em seu trabalho que o EI

(empreendedorismos internacional), se diferencia do modelo de empreendedorismo

tradicional, onde a questão central do EI se baseia na maneira como ocorre à

internacionalização, cujas ações acontecem por atitudes empreendedoras que

podem ou não vir a ser implementadas pelo gestor, enquanto que no modo

tradicional, a questão central analisa apenas a criação de um novo negócio.

O empreendedorismo é um tema relativamente novo e que apresenta

diversos conceitos por parte de autores diversos. Considerado um campo de estudo

novo e fértil para novas pesquisas, trabalhos ligados ao tema têm crescido em rítmo

acelerado nos últimos anos (SHORT, et al., 2010).

Dornelas (2001, p.21) define o momento atual como “a era do

empreendedorismo”, onde segundo ele, os empreendedores atuais são os principais

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responsáveis pela eliminação das barreiras comerciais, diminuindo as distancias

geográficas e contribuindo para novas relações de trabalho gerando riquezas para

toda a sociedade.

No caso do Brasil especificamente, se nota este crescimento graças a

trabalhos ligados ao tema, onde se verifica a presença desta temática em

congressos ligados a área da Administração e também no aumento de publicações

relacionadas ao assunto em diversos periódicos nacionais (FREITA, et al., 2012).

Empreendedorismo internacional (international entrepreneurship) é um termo

cuja primeira utilização foi feita em um artigo escrito por J. F. Morrow no ano de 1988

e depois por P. P. Mcdougall em 1989. Estes artigos abriram caminho para estudos

ligados ao empreendedorismo internacional (MCDOUGALL, 2003). Num primeiro

momento, o termo se referia apenas a empreendimentos considerados novos e a

nível internacional.

Constata-se que a criação de novos conceitos para o termo

empreendedorismo internacional passou a ocorrer de maneira mais frequente após

se verificar a importância do papel realizado pelo homem empreendedor no

processo de internacionalização dos negócios da empresa (LEITE e MORAES,

2012).

Os conceitos desenvolvidos do termo empreendedor desempenham a função

de unir conceitos macroestruturais e a empresa com conceitos de estratégia e

internacionalização da empresa, logo, a internacionalização da firma ocorre graças à

ação empreendedora por parte do gestor (ANDERSSON, 2000).

Quanto à gestão das atividades organizacionais, o competitivo ambiente de

negócios exige cada vez mais dos gestores, atitudes proativas para identificar novas

tendências de oportunidades e de riscos, de tal modo que possam obter o máximo

de informações para tomar decisões e implementar estratégias. (FREITA,

MARTENS, BOISSIN e BEHR, 2012).

O empreendedorismo internacional se encontra presente nas decisões das

empresas quando estas se encontram em processo de decisão sobre qual a melhor

forma de entrada em mercados externos, a partir do momento que direciona ao

gestor empreendedor o papel de encontrar e explorar oportunidades em um novo

mercado. (HONÓRIO, 2008; DIMITRATOS e PLAKOYIANNAKI, 2003).

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O conhecimento, as crenças, a visão estratégica e as ações que estão em

poder do homem empreendedor, responsável pela tomada de decisões, são fatores

decisivos para impulsionar e desenvolver os negócios de uma empresa no

estrangeiro (ZAHRA; KORRI; YU, 2004)

O Capital Humano empreendedor pode assim ser considerado a principal

vantagem em poder da empresa para adquirir vantagens oriundas dos mercados

internacionais (HONÓRIO, 2008; DIMITRATOS e PLAKOYIANNAKI, 2003).

Desta forma, o papel desempenhado pelo empreendedor e sua percepção na

hora de explorar oportunidades no mercado internacional, tanto pelo modo de

exportação, quanto na definição de parceiras internacionais se torna um fator

individual que motiva a empresa a se internacionalizar (OVIATT; MCDOUGALL,

2005).

Quando se trata de motivação, fica evidenciado que diversos estímulos

podem influenciar uma empresa a tomar a decisão de se internacionalizar

(HONÓRIO, 2008 e LEONIDOU, 1995). Quando se analisa estas motivações de

uma maneira mais detalhada, fica evidente que a função desempenhada pelo

homem empreendedor se torna um fator decisivo na definição das operações

internacionais. (DIMITRATOS; PLAKOYIANNAKI, 2003).

O nível educacional do empreendedor, sua vivência internacional, o fato dele

ter uma origem estrangeira e o seu entusiasmo quanto à expansão internacional dos

negócios, também são definidos como fatores individuais que causam grande

impacto na motivação para uma empresa se internacionalizar (HONÓRIO, 2008;

KATSIKEAS, 1996).

O empreendedorismo internacional desponta como um novo modelo de

orientação de base teórica que procura abordar em sua estrutura analítica, questões

e pontos centrais até então esquecidos nas teorias clássicas de internacionalização

de empresas e empreendedorismo (LEITE e MORAES, 2014).

Segundo Leite e Moraes (2014), a temática do empreendedorismo

internacional completou no ano de 2009, duas décadas, motivando a realização de

pesquisas bibliográficas que tinham como objetivo avaliar o seu estado da arte.

Quando se analisa foco central dos teóricos a respeito do tema, percebe-se

que o assunto principal que emerge refere-se ao fato que a internacionalização de

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empresas é considerada uma condição necessária para que o empreendedorismo

sobreviva, e a comercialização com mercados estrangeiros se posiciona no centro

de todas as discussões e oferecem vantagens as empresas, como por exemplo, a

oportunidade de aumentar a margem de lucros (COOMBS, 2009; LEITE e MORAES,

2012, 2014).

McDougall (1989) destaca em seu trabalho pioneiro, que o

empreendedorismo internacional, por um lado também oferece riscos, que emergem

no investimento realizado para atender uma demanda internacional que muitas

vezes não oferece ao vendedor garantias de pagamento. O risco, fator

predominantemente encontrado na literatura e abordado em todas as teorias

clássicas de empreendedorismo, ganha uma conotação cada vez maior nas

pesquisas direcionadas a internacionalização (LEITE e MORAES, 2014).

Estudos como o de Dimitratos e Plakoyiannaki (2003), Oviatt e Mcdougall

(1994) e Leite e Moraes (2012) mencionam de maneira semelhante, a dimensão do

risco como um elemento fundamental para o empreendedorismo internacional.

Neste modelo teórico, a predisposição ao risco se torna indeclinável. Para os

autores de empreendedorismo internacional, os empreendedores não agem de

maneira irresponsável, porém, a disposição para enfrentar as adversidades do

mercado externo no processo de internacionalização, os diferencia das demais

pessoas, colocando-os em contato frequente com os riscos oriundos da

internacionalização dos negócios.

O empreendedor tomador de decisão cria uma relação com os riscos a partir

do momento que passa a explorar oportunidades em transações oriundas de

mercados externos. Considera-se uma qualidade do empreendedor, neste caso,

identificar e confrontar os riscos existentes (DIMITRATOS e PLAKOYIANNAKI,

2003).

Na visão de Leite e Moraes (2014), isso se explica pelo simples motivo do

empreendedor ter o costume de criar expectativas a respeito de maiores ganhos

quando se refere à realização de novas e singulares atitudes, como por exemplo, a

decisão de internacionalizar os negócios da organização. Segundo eles, os traços

impregnados na personalidade do empreendedor e sua percepção se apresentam

como os principais impulsionadores da tomada de risco.

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Além dos riscos, com que se deparam os empreendedores durante a decisão

de internacionalizar, destaca-se o comprometimento de recursos (LEITE e

MORAES, 2014), outros riscos podem ser mencionados quando se analisa o

processo de internacionalização de empresas. Destaca-se, neste caso, os riscos

relacionados à definição do modo de entrada (JOHANSON e VAHLNE, 2009).

Segundo eles, estes modos não apenas são considerados como fonte de vantagens

competitivas, como também um campo fértil para se deparar com novos riscos.

Mas, para se comportar de maneira correta ao tentar reduzir e enfrentar os

riscos, Merlin (1992) sugere um processo de internacionalização gradual por parte

das empresas, como sugerido pelo Modelo de Uppsala, visto que esta atitude

oferece a chance de ampliar conhecimentos, adquirir experiência e atenuar os riscos

existentes.

A opção de realizar um investimento direto no estrangeiro (IDE) como a

aquisição de novos negócios no exterior se demonstra, para a empresa, também

uma forma de investimento adequada para amortecer os riscos, visto que passa a

administrar uma firma já em funcionamento (SCHWEIZER et al., 2010).

No que se refere aos riscos existentes em negociações, Leite e Moraes

(2014) argumentam que os empreendedores podem se defender através da

formalização de contratos com o intuito de reduzir custos de transação durante as

etapas de negociação.

Um caso particular referente aos riscos emerge quando se analisa a questão

das empresas exportadoras. Para este tipo de organização, os riscos se originam

não apenas no ambiente externo, mas também em seu mercado doméstico. Tais

riscos podem ser minimizados a partir do momento que as políticas de incentivo as

exportações forem favoráveis ao investidor. O próprio governo do país de origem da

empresa tem o poder de regulamentar políticas que venham a proteger e incentivar

a atividade exportadora (WELCH e WELCH, 2004).

Portanto, a percepção dos riscos possui ligação direta tanto com os traços de

personalidade do empreendedor, quanto ao conjunto de valores e crenças que são

compartilhados pelo individuo, principalmente no que se refere ao tamanho e ao

tempo de vida da empresa (LEITE e MORAES, 2014).

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Quadro 5 – Facetas do Risco

Facetas do risco Características das

facetas Origens do risco Base teórica

Processo de

Internacionalização

Necessidade de

aprimorar os processos e

produtos para atuar em

mercados externos

Internacionalização Mcdougall

(1989)

Negociação com os

compradores

Ausência de garantia de

pagamentos Internacionalização

Mcdougall

(1989)

Modo de entrada no

mercado exterior

Cada tipo de empresa

possui diferentes graus

de comprometimento de

recursos

Internacionalização

Welch e Welch

(2004);

Sharma e

Erramili

(2004).

Exploração de

oportunidades

internacionais

Comprometimento de

recursos e da

sobrevivência

organizacional

Internacionalização

Dimitratos e

Plakoyiannaki

(2003);

Johanson e

Vahlne (2009).

Porte

Quanto menor estiver a

empresa, existe mais

flexibilidade e propensão

ao enfrentamento de

riscos internacionais

Internacionalização/

Organização

(empresa).

Dib (2008).

Tempo de Atuação

As empresas mais novas

tendem a se arriscarem

mais no ambiente

internacional

Internacionalização/

Organização

(empresa).

Mello, Rocha e

Maculan

(2009).

Negociação

Relacionado as condições

econômicas, preços e

cambio.

Internacionalização

Ramos (2007),

Welch e Welch

(2004).

Fonte: Leite e Moraes, 2014.

Para Mcdougall e Oviatt, dois dos principais autores sobre empreendedorismo

internacional, as pesquisas direcionadas ao tema teve como prioridade inicial um

interesse ligado a novos riscos, porém, com a realização e publicação de novos

trabalhos, o interesse por esta temática evoluiu, passando a incluir em suas

pesquisas novos temas. Dentre eles destacam: estudos ligados a culturas

empreendedoras, internacionalização de PMEs, o perfil de países,

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empreendedorismo corporativo, aprendizagem tecnológica entre outros. Toda essa

gama de estudos mobilizou a o campo de empreendedorismo internacional

contribuindo para a difusão do tema (MCDOUGALL e OVIATT, 2005).

Em estudos comparativos entre empresas, Mcdougall et al. (2003)

procuraram investigar as características do empreendedorismo internacional (EI).

Segundo eles, o EI demonstrou possuir uma variedade de dimensões, dentre as

quais ressaltam a estrutura da firma, as suas estratégias e a capacidade e

experiência da sua equipe.

O EI revela ser um processo organizacional amplo, que inclui toda a

hierarquia da empresa e os limites geográficos da organização, apesar de

ressaltarem que a capacidade advinda da alta gerencia no momento de estabelecer

novos relacionamentos com outras empresas ainda se caracteriza como a principal

fonte empreendedora da organização. O EI esta imerso na cultura organizacional e

através da procura por novas oportunidades surgidas no mercado externo, procura

gerar valor para a empresa (DIMITRATOS e PLAKOYIANNAKI , 2003).

Ainda na visão de Dimitratos e Plakoyiannaki (2003), cinco itens constituem o

empreendedorismo internacional: é um processo que inclui toda a organização,

processo que determina um desenvolvimento evolutivo e dinâmico, os resultados

devem ser avaliados a médio e longo prazo, está imerso na cultura da empresa e

está diretamente interligado ao papel do empreendedor no momento de encontrar e

explorar novas oportunidades que venham a agregar valor à organização.

Assim, de acordo e com relação aos itens citados, Dimitratos e Plakoyiannaki

(2003) argumentam que o capital humano empreendedor é considerada a principal

força que a empresa possui para adquirir vantagens com as oportunidades geradas

pelo mercado.

Neste sentido, torna-se evidente o fato de que o fator individual associado ao

empreendedor, influência diretamente na decisão a respeito das operações

internacionais. A orientação internacional deste gestor passa a ser considerado

também como um fator de motivação a internacionalização (KATSIKEAS, 1996;

HONÓRIO, 2008).

Ainda na visão de Rossi e Honório (2008), essa orientação está ligada às

características pessoais do empreendedor, onde se cita o desejo e o entusiasmo

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rumo a mercados externos como o motivo que geralmente resulta em um

envolvimento internacional mais elevado. O nível mais elevado de educação do

empreendedor e uma possível origem estrangeira deste, além de sua experiência

internacional pregressa, também, podem ser considerados como fatores

motivacionais do individuo que pode contribuir para a exploração de oportunidades

no estrangeiro.

Como já ressaltado por Dimitratos e Plakoyiannaki (2003) o

empreendedorismo, portanto, não se restringe apenas a alta gestão da empresa,

sendo assim difundido entre todas as etapas hierárquicas da firma, porém,

reconhecem que a capacidade dos gestores de alto escalão se caracteriza como a

principal fonte empreendedora.

Esses gestores top que atuam em áreas internacionais, denominados

“executivos globais” necessitam, no entanto, possuir habilidades específicas para

essa função, entre elas habilidade técnica (conhecimento específicos da área), boa

comunicação (a capacidade de transmitir suas ideias e facilidade em se relacionar

com pessoas), habilidade de diagnosticar oportunidades e riscos (visão ampla do

cenário mundial) e habilidade para tomar decisões, algo frequente no processo de

internacionalização (ROSSI e HONÓRIO, 2008).

Por outro lado, analisando o EI como um processo, verifica-se que ele implica

na existência de um desenvolvimento evolutivo onde existe toda uma dinâmica, no

qual os produtos finais demandam de um tempo necessário para materializarem. O

sucesso deste processo depende do envolvimento de decisões inter-relacionadas e

incorporadas, exigindo um comprometimento considerado de recursos e de

conhecimento sobre outros mercados. Existe a possibilidade de alcançar resultados

neste processo em longo prazo, visto que todo investimento realizado na área

empreendedora devem ser analisados como qualquer outro investimento

(JOHANSON e VAHLNE, 1977, DIMITRATOS e PLAKOYIANNAKI, 2003;

HONÓRIO, 2008).

A orientação para investimentos no exterior, por sinal, se torna cada vez mais,

uma tendência que toda empresa deve obter, bem como sua utilização de maneira

sábia e com conhecimento sobre o mercado externo. O aprendizado organizacional,

para ocorrer, demanda tempo e investimento em todos os aspectos imagináveis:

para os profissionais que atuam com negócios internacionais, nas relações com

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fornecedores, clientes e em outros bens mais tangíveis (JOHANSON e VAHLNE,

1977).

Ainda no sentido de analisar o EI como um processo, verifica-se que tudo isso

demanda tempo, e os resultados gerados passam a ser mensurados em médio e

longo prazo. Para se inserir em mercados externos, a firma percorre um trajeto inicial

de sucesso em seu próprio mercado de origem e após isso passa a tentar

desenvolver relacionamentos geograficamente mais próximos, e com o tempo

procura expandi-lo (OVIATT, MCDOUGALL, 1995; HONÓRIO, 2008).

Na visão de Oviatt e McDougall (1995), porém, muitas empresas já em seu

surgimento possuem ambições internacionais, visualizando os negócios de dentro

da empresa para fora. Para que esta ambição venha a se tornar realidade à

organização necessita desde cedo, desenvolver contato com fornecedores, clientes

e parceiros em mercados externos.

Essa ambição de tornar a empresa internacional reforça a ideia no qual o

empreendedorismo internacional esta enraizado na cultura organizacional da firma.

Para obter uma compreensão mais profunda sobre as manifestações do EI, torna-se

necessário compreender o contexto organizacional externo, onde ele se insere.

A cultura da organização é um fator que pode afetar as atitudes

empreendedoras internacionais da empresa. As empresas precisam desenvolver

uma cultura organizacional que fortaleça a mentalidade de possuir uma postura

empreendedora. As ações empreendedoras, entendidas como uma espécie de

comportamento organizacional podem, portanto, serem influenciadas pela cultura da

firma (DIMITRATOS e PLAKOYIANNAKI, 2003).

Assim, a cultura de uma empresa se torna uma cultura empreendedora

quando esta possui algum tipo de orientação para o mercado externo e para o

aprendizado internacional, adquirindo tendências para a inovação de produtos e

processos, reconhecendo riscos e desenvolvendo relacionamentos a nível

internacional (HARRIS e WHEELER, 2004).

Na visão de Rossi e Honório (2008) e Schein (1993), a cultura da organização

é um bem abstrato, porém, tem a capacidade de gerar força sem determinadas

situações sociais e organizacionais, e que se originam da cultura, que são

consideradas poderosas.

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A cultura não é estática, ela pode ser desenvolvida, pelo motivo de ser

derivada de um ambiente social em que se vive, e não de genes que são

carregados. Ela inclui em seu conteúdo, as regras não escritas do jogo social, se

caracterizando como a programação coletiva da mente, que diferencia membros de

um determinado grupo ou a categoria desses membros (SCHEIN, 1993).

Para Dimitratos e Plakoyiannaki (2003) o empreendedorismo internacional

pode evoluir ao longo do tempo em torno da identificação e exploração de

oportunidades no estrangeiro. Para eles, perseguir essas oportunidades se torna

viável através da fundação de novas empresas, ação esta que esta diretamente

ligada à firma e a recombinação dos recursos existentes e com a penetração em

novos mercados ou segmentos específicos.

Este pensamento é reforçado por Dornelas (2001) ao mencionar que

empreendedores de verdade criam e partem em busca de oportunidades novas de

tal forma que esta ação independe da posse de recursos. As firmas que vasculham

por oportunidades em mercados externos, possuem uma orientação representada

pelos empreendedores que, de que alguma forma, está intimamente ligada com

negócios internacionais, direcionada para identificar e explorar novas oportunidades

geradas pelo mercado estrangeiro.

Baseado em todo o exposto, constata-se que o EI se revela como um campo

de estudo novo e carente de mais pesquisas que procurem entender o

empreendedorismo como um processo de interesse social que se expande, de tal

forma que desperta o interesse de outras áreas da ciência, seja ela humana ou

gerencial.

Como ressaltado por Rossi e Honório (2008) et al., determinadas empresas

nascem com uma visão e ambição global, onde as oportunidades encontradas

ultrapassam as fronteiras de seu mercado de origem. Segundo eles, para tornar este

negócio viável, as empresas precisam desde cedo desenvolver relacionamentos

com clientes, fornecedores e parceiros no estrangeiro, como ressaltado

anteriormente. Harris e Wheeler (2004) complementam que essas relações

desenvolvidas têm origem em “casa” e não no exterior.

Assim, verifica-se que a rede de relações sociais (network) da empresa é o

pilar principal onde as estratégias de globalização devem se apoiar. Para Rossi e

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Honório (2008) ela contribui para a geração de conhecimentos, entendimento,

ambições e estratégias de globalização.

As redes sociais (networks) estão interligadas ao empreendedorismo

internacional em todas as suas dimensões, visto que o gestor empreendedor, na

ação de identificar e explorar oportunidades, no qual essas oportunidades se tornam

negócios reais a partir do momento que o empreendedor passa a participar de

eventos, feiras e outras atividades que propiciam a chance de desenvolver novos

contatos e ampliar a sua rede social (DIMITRATOS e PLAKOYIANNAKI, 2003).

Outra característica importante do empreendedorismo internacional é que ele

pode ser considerado um processo que gera valor, pois exige a produção de um

desempenho superior para a empresa e retorno para os acionistas. Aqui, entende-se

valor agregado como a diferenciação do produto/serviço de uma empresa em

comparação aos produtos/serviços do concorrente. Assim, aumentar a qualidade de

um produto/serviço, requer identificar de maneira precisa os desejos dos clientes em

relação a este produto/serviço (DIMITRATOS e PLAKOYIANNAKI, 2003).

Assim, para atingir novos mercados no estrangeiro, o empreendedor deve

possuir a capacidade de definir estratégias que possam vir a agregar valor à

empresa, onde a mensuração destas ocorrerá pelo aumento das vendas e pelo

volume de negócios realizado (ROSSI e HONÓRIO, 2008).

Deve ser esclarecido que o empreendedorismo não está imerso apenas em

novas empresas, visto que empresas já estabelecidas e consolidadas também se

deparam com a necessidade de se tornarem empreendedoras para atuarem de

maneira competitiva (CARNEIRO, DIB, 2007).

Quanto ao empreendedor, conclui-se que o seu perfil determinará quais dos

diversos modos de entrada será adotado pela organização no processo de

internacionalização.

Os empreendedores técnicos costumam aceitar pedidos vindos de outros

mercados e que consequentemente levariam a empresa à exportação ou ao

licenciamento. Os empreendedores estruturais costumam adotar a estratégia de

fusões e aquisições (para agir em indústrias mais maduras) e os empreendedores

ligados ao marketing procuram criar novos mercados para encontrar novos

consumidores (CARNEIRO, DIB, 2007).

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65

Por fim, consta-se com base na revisão das obras analisadas, que o processo

de internacionalização e o empreendedorismo estão interligados, visto que entrar e

desenvolver atividades em mercados externos são consideradas atividades

resultantes de atitudes empreendedoras. Trata-se, portanto, de um novo campo de

pesquisa que atrai cada vez mais o interesse de pesquisadores acadêmicos,

oferecendo oportunidades para estudos voltados a diversas temáticas relacionadas

ao tema.

Quadro 6 – Resumo da teoria do Empreendedorismo Internacional (EI)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Características

Valoriza a importância do perfil e do papel desempenhado pelo

homem empreendedor no processo de internacionalização da

empresa.

Direciona o foco para as motivações e conhecimentos do

empreendedor que podem influenciar suas atitudes na tomada de

decisão.

Proposições

A escolha dos mercados e o modo de entrada a ser adotado pela

empresa dependem do perfil do empreendedor.

Os empreendedores podem se enquadrar de diversas formas: técnico,

estrutural e voltado para o marketing (empreendedor de mercado),

cada um tomando decisões com base no seu perfil

As movimentações internacionais da empresa dependem do estado

mental do tomador de decisão.

Explicar o crescimento internacional da empresa com base na analise

de como o empreendedor identifica e explora as oportunidades em

mercados externos.

Estudar as motivações que levam o empreendedor a buscar a

internacionalização dos negócios empresariais.

Não se limita apenas as novas empresas.

Empresas estabelecidas precisam se tornar empreendedoras para

competirem de maneira eficiente.

Oportunidade de realização de novas pesquisas por ser um campo de

estudo novo e fértil.

O capital humano empreendedor se torna a principal vantagem da

empresa para explorar oportunidades em mercados externos.

O empreendedorismo internacional está enraizado na cultura

organizacional das empresas que devem reforçar a mentalidade para

a aquisição de uma postura empreendedora por parte de todos.

O EI evolui ao longo do tempo, baseado na identificação e exploração

de oportunidades em mercados externos.

É um processo que agrega valor aos negócios da empresa.

Limitações

Por se tratar de um tema recente, ainda carece de mais estudos

empíricos que comprovem as suas afirmações.

Poucas pesquisas voltadas ao tema forma desenvolvidas até o

presente momento.

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66

6.5 Teoria do Paradigma Eclético

A origem desta teoria está ligada às pesquisas desenvolvidas por Dunning

(1977, 1980 e 1988) onde menciona que a internacionalização das empresas

multinacionais (MNCs) se apóia nas vantagens competitivas ou de propriedades

que estas detêmvis-à-vis aos seus principais concorrentes.

A primeira vez que ele realizou a apresentação do conceito foi no ano de

1976 em Estocolmo, durante sua participação em um simpósio. Apesar disso, ele

ressalta que as primeiras ideias são originárias da década de 1950, ano em que

realizou a sua tese de doutorado, analisando o IDE de empresas americanas na

Inglaterra (DUNNING, 2001).

No artigo denominado The Eclectic Paradigm of International Production - a

Restatement and Some Possible Extensions, publicado em 1988, no

periódicoJournal of International Business Studies, Dunning realizou a defesa do

modelo por ele desenvolvido, sendo este considerado um dos 20 artigos mais

citados deste periódico, considerado um dos mais influentes em assuntos ligados

aos negócios internacionais (VIEIRA, 2009).

Ao desenvolver o Paradigma Eclético, Dunning conseguiu de maneira

objetiva, reunir e resumir em um único modelo as principais ideias e conceitos das

teorias econômicas existentes a época (ABRAMCZUKetal., 2009). O modelo se

descreve, portanto como a junção das teorias da produção internacional com as

teorias do comércio internacional (DUNNING, 1988).

Essa junção de conceitos e ideias extraídas de outras teorias econômicas

demonstra que o Paradigma Eclético não se difere das demais em um determinado

ponto, visto que todas procuram explicar o comportamento de internacionalização de

empresas de grande porte e em estágios avançados dos seus processos de

internacionalização, cujo objetivo se direciona para a geração de vantagens

competitivas através da instalação de filias produtivas em diversos mercados

(ABRAMCZUK, et al., 2009).

A questão que intrigou Dunning, e o levou a realizar este trabalho, foi o fato

de alguns trabalhos demonstrarem que a produtividades da indústria manufatureira

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67

americana era de duas a cinco vezes maior do que a indústria britânica. Ele

investigou se tal diferença ocorria por características endógenas (e imóveis) da

economia americana ou fruto da eficiência no qual os gestores das organizações

americanas administravam o uso dos recursos (competência essa passível de ser

transferida de um país a outro). Através dessa análise ele identificou as três

variáveis “OLI” (Ownership, Location, Internalization).

Este modelo teórico discute principalmente as decisões tomadas pelas

empresas multinacionais dando ênfase aos efeitos que são gerados pelos

investimentos realizados por estas empresas em mercados externo (PAIVA e

HEXSEL, 2005).

Em comparação aos demais modelos teóricos ligados à internacionalização

de empresas, o Paradigma Eclético é considerado uma das teorias mais completas

no que tange a explicar as principais motivações que levam as empresas a se

internacionalizar através do investimento direto (DUNNING, 1980, 1988).

Dentre estas motivações o Paradigma Eclético cita como exemplo, as

oportunidades identificadas como vantajosas para produzir, as chances de explorar

vantagens em marketing, a coordenação de atividades, oportunidades de reduzir

custos com mão de obra, energia entre outros fatores (DUNNING, 1980).

Carneiro e Dib (2007) corroboram tal afirmação ao ressaltarem que o

Paradigma Eclético cita como razão para as empresas iniciarem operações em

mercados externos, a busca de novos mercados e consequentemente o aumento de

suas receitas (através das vantagens competitivas – propriedade e controle de

ativos e capacidades), a procura por fatores ligados a eficiência (redução de custos),

a procura por novos ativos estratégicos e o alcance de novas capacitações em

mercados estrangeiros.

O Paradigma Eclético difere das teorias derivadas da Economia Internacional,

tendo como base a teoria da firma e da organização industrial, direcionando as suas

análises para a empresa em si, ou para o grupo de empresas, diferente das demais

que direcionam o foco para as nações (VIEIRA, 2009).

Vieira (2009) ressalta que o modelo do Paradigma Eclético é utilizado com

frequência para pesquisas desenvolvidas tanto por pesquisadores ligados à temática

de gestão estratégica quanto por economistas.

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Dunning (1980) estrutura o modelo estipulando a existência de três premissas

capazes de explicar certas vantagens competitivas, consideradas como os três

principais fatores decisivos na atuação das firmas internacionalmente. Estes fatores

não são estáticos, e podem sofrer alterações de acordo com o país, a indústria e as

características da firma. Denominadas de “OLI” (Ownership, Location,

Internalization) são elas:

a) Ownership (“O”) ou vantagens de propriedade específica: Significa explorar

determinadas vantagens especificas que são de propriedade e controle da empresa.

Para o autor, as vantagens do tipo “ownership” explicam como a posse de

determinados ativos (tangíveis e intangíveis) oferece a empresa vantagens

competitivas que podem conduzi-las para atuar em mercados externos. Como

exemplos citam-se as patentes e a tecnologia, as economias de escala e a sua

marca-reputação.

b) Location (“L”) ou vantagens de localização: São as vantagens ímpares que uma

determinada localização oferece. Fatores estes que não podem ser encontrados ou

transferidos para outras localidades comercialmente como, por exemplo, abundancia

de recursos naturais e humanos qualificado a um custo relativamente baixo,

infraestrutura, know-how tecnológico, estabilidade política entre outros.

Dunning percebeu que as teorias precedentes ao Paradigma Eclético não

tinham a capacidade de explicar porque algumas organizações decidem atuar em

um determinado mercado externo através de investimento direto (IDE) e em outro

país através do modelo franquia, logo, ele adicionou o fator localização como um

tipo de vantagem competitiva.

Em relação a esta vantagem específica “L”, caso ela venha a se caracterizar

como insuficiente, a atuação via exportação e licenciamento são opções que

passam a ser consideradas (DIAS, 2007).

Assim, ele define que a empresa opta por atuar em um determinado mercado

devido às vantagens daquela localização específica. Como exemplo desse tipo de

vantagem competitiva destaca-se a oportunidade de introduzir inovação neste

mercado, ter acesso a novos canais de distribuição, incentivos do governo, etc.

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c) Internalization ou vantagem de internalização: A empresa se benéfica por manter

internamente as suas vantagens competitivas. Ela também pode optar por gerar ou

explorar tais vantagens internamente, ou inclusive, comercializar essas vantagens

no mercado através da venda para outras organizações. Assim a empresa pode vir a

se internacionalizar sem realizar investimentos diretos, apenas administrando os

seus contratos através da adoção do modelo de franquias ou concessão e licenças.

Os motivos que levam a empresa a internalizar-se em um determinado mercado são:

a) proteger as suas patentes ou direitos de propriedade; b) garantir a qualidade

daquilo que produz; c) garantir o abastecimento de recursos considerados especiais;

d) monitorar e controlar preços; e) dissolver custos fixos.

A internalização não só oferece à empresa, a chance de crescimento e a

abertura de novos mercados, como também contribui para atrair vantagens

competitivas devido à atuação em mercados externo (GRINGS e RHODEN, 2005).

Os conceitos de Buckley e Casson (1976), autores da Teoria da

Internalização somados aos conceitos da Teoria da Firma de Coase (1937 apud

DIAS, 2007) exerceram forte influência sobre Dunning para a identificação do

variável “I”, porém, estes mesmos autores direcionaram críticas a este componente,

que não foram bem recebidas por Dunning. Para eles, as falhas de mercado

encontradas nos mercados externos, por si só eram suficientes para explicar a

existência das MNCs, que poderia ser mais bem explicada pela teoria da

internalização (STAL e CAMPANÁRIO, 2011).

As vantagens de internalização referem-se a como será feita a atividade. Tais vantagens indicam que, se os custos de instalação e organização produtiva são menores que os custos de transação associados à transferência dessas capacidades a um produtor local, a firma investirá na produção naquele mercado (STAL, 2008).

As três vantagens que compõem o “OLI” são, portanto, fatores

complementares, visto que na ausência de algum deles, o processo de

internacionalização torna-se inviável. Por outro lado, estes elementos analisados de

maneira isolada oferecem suporte teórico na compreensão de outras formas de

internacionalização que não seja através do IDE (PRATES, BALBINOT, 2010).

Ainda segundo os autores, dentre esses três fatores, apenas a vantagem de

“localização (L)” se caracteriza com imprescindível para o processo de

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internacionalização, pois sem ela não existem razões para viabilizar operações em

mercados externos.

O Paradigma Eclético ou “OLI” define, portanto, o que é mais vantajoso para a

empresa, se instalar em um país para explorar uma vantagem específica própria ou

comercializar esses ativos para organizações locais, através de licenças ou pelo

próprio mercado através da exportação de produtos (STAL e CAMPANÁRIO, 2011).

Essa facilidade em reter controle sobre os seus ativos (financeiros,

produtivos, etc.) é por sinal uma característica de empresas multinacionais. A origem

atribuída a tais vantagens é a capacidade que as multinacionais possuem de se

apropriar de forma integral de tudo o que é gerado pelas tecnologias que esta tem

em seu poder (DUNNING, 1988).

Na visão de Dunning (1988), as multinacionais se utilizam dessas todas essas

vantagens para estabelecer a sua produção em locais considerados atrativos graças

a sua vantagem de localização.

Baseado no trabalho desenvolvido por Dunning (1988) constata-se, portanto

que a posse de uma determinada vantagem competitiva se torna um fator

necessário para que ocorra a existência das empresas multinacionais. Assim

entende-se que as empresas tendem a se internacionalizar a partir do momento que

surgem oportunidades favoráveis a geração de vantagem competitiva sustentável ou

aos volumes de receita que podem ser gerados no exterior (SILVA, 2013).

As vantagens competitivas que podem existir em posse da empresa, ainda

segundo o modelo,podem também ser caracterizadas de duas maneiras onde: a

primeira se origina da posse particular de um determinado ativo intangível e

considerado singular que a empresa detenha (uma determinada tecnologia, por

exemplo) ou alguma vantagem oriunda da posse de algum ativo considerado como

complementar (recursos que permitam o desenvolvimento de novas tecnologias) são

exemplos desse tipo de vantagens competitivas (DUNNING, 1988).

Pode-se inferir, portanto, que as três vantagens específicas da empresa (OLI)

enfatizada no Paradigma Eclético, no que se refere à internacionalização das

operações da firma, apresentam questões pontuais, visto que as vantagens básicas

englobam as três esferas: processos, produtos e serviços (SILVA, 2013).

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Quadro 7 – Modelo de escolha do modo de penetração de Dunning

Modo de Penetração

Vantagens

O

L

I

IDE + + +

Exportação + - +

Licenciamento + - -

Fonte: JP Le Maire (1999, pg. 130, apud Dias, 2007).

Outra discussão central destacada na estrutura do Paradigma Eclético está

direcionada aos problemas enfrentados pelas multinacionais no processo de

instalação de unidades produtivas em outros países. O modelo compõe o grupo de

teorias econômicas que considera as decisões de realizar IDE em mercados

externos, como uma atitude racional ( DUNNING, 1988; PAIVA e HEXSEL, 2005).

A entrada das MNCs em outros países, destacada no modelo, também

debate a questão a respeito do conhecimento, considerado a base para a geração

de competências e recursos, procurando entender como ele pode vir a explicar a

existência da empresa multinacional. Nesta etapa, o artigo ressalta que a

capacidade de transferir conhecimento entre a matriz e a subsidiária passa a ser

relevante visto que quanto maior a dispersão geográfica da produção, pesquisa e

desenvolvimento, maior será a necessidade de coordenação dessas atividades

(DUNNING, 1988; VIERIA, 2009).

Essa relação matriz-subsidiária merece atenção especial no que tange tanto

ao investimento direto quanto a transferência conhecimento entre os mercados,

carecendo de estudos empíricos que analisem estes fatores. Tal contribuição seria

importante para a atuação das multinacionais no estrangeiro, principalmente ao

perceber que as subsidiárias tendem a apresentar resultados piores do que as

matrizes, e que ocorre maior probabilidade das MNCs fecharem suas subsidiárias no

exterior, do que no mercado de origem, devido principalmente a questões litigiosas

no estrangeiro (CUERVO-CAZURRA, 2008).

Assim, o Paradigma Eclético passou a ser utilizado como uma ferramenta

organizacional para facilitar e ampliar o entendimento das empresas quanto à

transferência de recursos de um país para outro (VIEIRA, 2009).

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Constata-se também, com base nas obras utilizadas, que dentre as atividades

realizadas pelas subsidiarias anteriormente citadas que estão aptas a passarem pelo

processo de transferência de conhecimento por parte da matriz, destacam-se

principalmente as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Os principais recursos oferecidos pelo país anfitrião interferem no nível de

P&D realizado pelas empresas investidoras. A existência de pessoal de P&D em

quantidade abundante e a um custo baixo, a existência de uma grande demanda

doméstica, a infraestrutura de tecnologia e comunicação, as políticas de proteção da

propriedade intelectual entre outros define qual o tipo de escopo de pesquisa e

desenvolvimento que as empresas multinacionais realizarão em determinado país

(KUMAR, 2001).

No caso dos países em desenvolvimento, os investimentos nas atividades de

P&D realizados pelas multinacionais, relacionadas a variável “localização” proposta

pelo paradigma eclético vem a ser uma das atividades mais importantes para o

crescimento do mercado destes países, visto que o investimento das multinacionais

neste tipo de pesquisa contribui para o desenvolvimento de seu mercado doméstico

(KUMAR, 2001; e STAL E CAMPANÁRIO, 2011).

Países de baixo desenvolvimento econômico tendem a receber pouco investimento estrangeiro, como resultado de fracas vantagens específicas de localização. À medida que o país se desenvolve, suas vantagens de localização aumentam, atraindo mais IDE, o que, por sua vez, contribui para a acumulação de vantagens específicas de propriedade das empresas domésticas (STAL e CAMPANÁRIO, 2011).

Ao localizar suas sucursais e instalações de pesquisa por todo o mundo, as

empresas multinacionais contribuem para o desenvolvimento da capacidade

inovadora dos países onde atuam apesar de a atividade de P&D executada por elas

fora de seus países de origem representar um pequeno percentual do que realizam

internamente (DUNNING, 1994; STAL e CAMPANÁRIO, 2011).

Neste sentido, os governos exercem papel fundamental a respeito da

capitação de investimentos de P&D realizados pelas multinacionais. Como exemplo

destaca-se o caso dos países asiáticos, que realizam um trabalho conjunto para

qualificar a mão de obra, a educação técnica e superior, suporte a pesquisa,

financiamento e incentivos a pesquisa e desenvolvimento graças à implantação de

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políticas tecnológicas. Alinhadas a outras políticas de investimento, tem como

principal objetivo elevar o conteúdo tecnológico das operações realizadas pela

subsidiarias das MNCs e o grau de complementaridade com as suas firmas locais

(HIRATUKA, 2005).

Portanto, os governos de países emergentes devem entender até que pontos

as regulamentações impostas influenciam na captação de investimentos

estrangeiros. A dispersão de atividades inovadoras por parte das MNCs ainda se

direcionam de maneira preferencial entre países desenvolvidos, o que exige dos

países emergentes ações que os qualifiquem a desenvolver oportunidades de

localização para disputar e atrair estas atividades (STAL e CAMPANÁRIO, 2011).

Neste caso, constata-se que estas ações realizadas por estes governos

contribuem para aumentar o valor da variável “L” que compõem o “OLI” no modelo

do paradigma eclético.

Como todo modelo teórico, o Paradigma Eclético, além de ter sido estudado e

analisado,foi também criticado por diversos outros pesquisadores, que procuravam

demonstrar que um determinado fator se sobressaia sobre o outro (STAL e

CAMPANÁRIO, 2011)

Sobre isso Dunning argumenta que um fator pode, de fato, se sobressair

sobre outro em condições específicas, mas no que se refere ao processo de decisão

da empresa, as três variáveis são necessárias (DUNNING, 1988; STAL e

CAMPANÁRIO, 2011).

Não imune às críticas, Dunning também realizou uma autocrítica ao seu

próprio modelo ao reconhecer que o Paradigma Eclético era um modelo específico

para um caso particular, pois considerava apenas os fatores que motivam a empresa

a realizar investimentos diretos no exterior (IDE) (PRATES, BALBINOT, 2010).

Tais críticas realizadas por outros autores em face das novas exigências da

globalização e dos novos formatos organizacionais que emergem como as redes,

demonstram que surgem novos desafios para a aplicação desta teoria, onde se

destaca principalmente a dispersão geografia produtiva das empresas e a dispersão

das atividades ligadas a inovação das MNCs (STAL e CAMPANÁRIO, 2011).

Ainda referente às críticas, Stal e Campanário (2011) destacam que Dunning

produziu mais de 30 artigos e livros a respeito do Paradigma Eclético onde procurou

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atualizá-lo, incorporando contribuições para se defender das críticas direcionadas ao

modelo.

Neste sentido, Dias (2007) ressalta como outra limitação latente do

Paradigma Eclético, o fato dele abordar em sua estrutura analítica apenas ações

desenvolvidas por empresas multinacionais, renegando de suas análises empresas

de menor porte (PMEs), enquanto para Andersern (1997) os diversos critérios de

decisão existentes no modelo (controle, recursos, riscos e retorno) tornam o

Paradigma Eclético complexo no que se refere à escolha do modo de entrada.

Por fim, Malhorta et al. (2003) consideram que os fatores explicativos das

vantagens especificas que compõem o grupo “OLI” são de alguma forma

redundantes.

Como mencionado por Carneiro e Dib (2007), Dunning defendeu a ideia que

Paradigma Eclético não deve ser considerado como mais um modelo teórico com o

objetivo de entender a internacionalização de empresas, e sim como um arcabouço

para o estudo desse fenômeno.

Em paralelo a tal afirmação, Vieira, (2009) afirma que o Paradigma Eclético é,

portanto, uma estrutura conceitual capaz de explicar de maneira ampla os

investimentos realizados pelas multinacionais via investimento externo direto.

As inúmeras críticas contribuíram para que Dunning propusesse uma total

reconfiguração do modelo à luz das constantes alterações no cenário competitivo a

partir dos anos 1990. Na vantagem denominada propriedade ele incluiu também os

custos e benefícios que são gerados pelas relações e transações

interorganizacionais (redes); expandiu as variáveis de localização; alargou a

vantagem ligada a internalização. Assim, Dunning chegou à conclusão de haver

correlação entre o nível de desenvolvimento de um país com a posição deste

referente a investimentos internacionais “Investment Development Path” (DIAS,

2007).

Esta reconfiguração foi desenvolvida ao longo das décadas, baseado em

diversos trabalhos desenvolvidos por Dunning que por anos, trabalhou em cima da

teoria por ele desenvolvida, de tal modo que ao longo de três décadas, o Paradigma

Eclético foi desenvolvido recebendo novas extensões em sua estrutura analítica,

como demonstra o quadro 8 a seguir.

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Quadro 8 – Evolução do Paradigma OLI

Ano Artigo/livro titulo Contribuição

1958

DUNNING, J. (1958) American Investment in

British Manufacturing Industry.

Componentes O e L são identificados em investimentos diretos norte-americanos na indústria Britânica.

1972 e 1973

DUNNING, J. (1972) The Location of

International Firms in an Enlarged EEC. An

Exploratory Paper.

DUNNING, J. (1973) The Determinants of

International Production

Componentes O e L são utilizados para explicar as prováveis consequências que resultam da Inglaterra aderir ao Mercado Comum Europeu.

1977

DUNNING, J. (1977) Trade, Location of

Economic Activity and the MNE: A Search for

an Eclectic Approach.

Apresenta a produção da teoria e as razões para esta designação eclética internacional. Componente “I” é adicionado.

1981

DUNNING, J. (1981a) Explaining the

International Direct Investment Position of

Countries: Towards a Dynamic or Developmental

Approach

Aplica-se a teoria eclética para explicar mudanças na postura dos países quanto IED ao longo de quatro fases de desenvolvimento econômico.

1981

DUNNING, J. (1981b) International

Production and the Multinational Enterprise.

Muda terminologia. Teoria Eclética se torna Paradigma eclético. Explica a mudança.

1988

DUNNING, J. (1988) The Eclectic Paradigm

of International Production: A Restatement and

Some Possible Extensions

Divide vantagens de propriedade em dois tipos: baseados em ativos (OA) e baseados em transação (OT). Dá várias sugestões para as pesquisas de aplicadas ao paradigma eclético - por exemplo: desinvestimento estrangeiro, efeitos de IDE, a dinâmica envolvendo IDE, a formalização do paradigma, etc.

1993 DUNNING, J. (1993a) Multinational

Enterprises and the Global Economy

Apresenta uma nova versão do paradigma eclético, que agora engloba IDE para melhorar os recursos (paralela à IDE focado em explorar os recursos que já estão disponíveis).

1993

DUNNING, J. (1993b) The Globalization of

Business.

Reconhece a importância da estratégia como variável dinâmica e específica de uma empresa, capaz de influenciar a configuração OLI enfrentado pelas empresas, também analisando suas reações diante da nova configuração.

1995

DUNNING, J. (1995) Reappraising the Eclectic

Paradigm in the Age of Alliance Capitalism

O paradigma agora inclui vantagens que surgem a partir de operações de valor acrescentando as relações com instituições e / ou recursos em países estrangeiros. Isto é, ele engloba os fenômenos que são característicos do tempo de parcerias entre empresas.

1996

DUNNING, J. & NARULA. R. (Orgs.) (1996)

Foreign Direct Investment and Governments.

Considera a teoria sobre a internacionalização como um processo gradual (caminho para desenvolver investimentos) e adiciona uma quinta fase de desenvolvimento para abranger IDE buscando recursos (ativos).

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1998/9

DUNNING, J. (1998) Location and the

Multinational Enterprise: A Neglected Factor.

DUNNING, J. (1999a) Globalization and

theTtheory of MNE Activity.

Analisa como o desenvolvimento tecnológico e da globalização determinam o conteúdo e a configuração das vantagens OLI. Explica os tipos de investimento entre as três vantagens e investimentos na busca de recursos.

1999

DUNNING, J. & DILYARD, J. (1999)

Towards a General Paradigm of Foreign Direct

and Foreign Portfolio Investment.

Expansão do Paradigma OLI, incluindo agora componentes estrangeiros de investimento em carteira (como por exemplo, investimento em curto prazo).

2000/1

DUNNING, J. (2000) The Eclectic Paradigm as

an Envelope for Economic and Business Theories

of MNE Activity.

O Paradigma Eclético é apresentado como uma teoria envelope onde aborda teorias e conceitos complementares de outras teorias econômicas, organizacionais e de gestão. Apresenta os novos desafios do Paradigma Eclético.

Fonte: Adaptado de Dunning (1999b) apud Ferreira et al. (2013).

Criador do modelo, Dunning fomentou os estudos sobre o Paradigma Eclético

até os anos 2000, sempre debatendo a produção internacional das multinacionais e

relacionando as variáveis do modelo que predominam nessas organizações, como a

vantagem de propriedade, as atratividades geográficas ou de localização e análise

do desenvolvimento das relações entre as MNCs e os governos locais (SILVA,

2013).

E é justamente para este direcionamento que trabalhos voltados para a área

de negócios internacionais, nos últimos anos caminham, no sentido de buscar uma

explicação sistemática dessas vantagens competitivas especificas que também são

sustentadas por outras teorias com a teoria da visão baseada em recursos (VIERIA,

2009).

Por fim, verifica-se que o Paradigma Eclético se apresenta desde a década de

1980 como a melhor explicação para entender a expansão das atividades das

MNCs. Por ser um modelo simples e abrangente foi utilizado em diversos setores da

economia (CANTWELL; NARULA, 2001).

O trabalho de Dunning estruturou três variáveis que presidem o processo de

internacionalização de empresas, motivo este que o conceitua como uma importante

referencia para as atividades empresariais, acadêmicas e pesquisas (FERREIRA, et

al., 2013).

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Quadro 9 – Resumo da Teoria do OLI

Fonte: Elaborado pelo autor

A teoria econômica do Paradigma Eclético referenciada no trabalho foi

selecionada por estar entre as teorias mais citadas e influentes da literatura

(CARNEIRO e DIB, 2007) e por ser considerada a maior representante das teorias

econômicas (PRATES e BALBINOT, 2010).

A maior ênfase dada às teorias comportamentais se explica pelo motivo

destas apresentarem novos horizontes para a internacionalização das PMEs, visto

que esta escola aborda a escassez dos recursos e os riscos identificados por estas

empresas ao atuarem em mercados externos. Assim, como o cenário a ser criado se

Características

Analisa os principais fatores e motivações que levam as empresas

multinacionais (MNCs) a se internacionalizarem atreves do

investimento direto no exterior (IDE). Criado a partir da junção de

conceitos e teorias de modelos econômicos anteriores.

Proposições

.As MNCs implantam plantas produtivas em outros países para gerar

novas vantagens competitivas

Três premissas explicam a geração da vantagem competitiva da

empresa, consideradas como fatores que motivam a empresa a se

internacionalizar: A)Ownership; B) Internalização como em Buckley e

Casson; C) Localização: a empresa internacionaliza-se de maneira a

angariar vantagens de fatores locais.

Os motivos que levam as multinacionais a se internacionalizarem

via IDE são oportunidades vantajosas para produzir, explorar

vantagens de marketing, redução de custos, busca de novos

mercados, aumento de receitas entre outros fatores.

Analisar o que e mais vantajoso par a firma: explorar suas

vantagens competitivas ou comercializar os seus ativos no mercado

externo através de licenciamento e exportação.

A posse de determinada vantagem competitiva passa a ser um

fator fundamental para que exista a empresa multinacional.

A capacidade de transferir conhecimentos entre matriz e

subsidiária é uma questão fundamental para a existência da empresa

multinacional.

O investimento em P&D por parte das multinacionais confere ao

pais receptor a oportunidade de aperfeiçoar o seu mercado doméstico

e sua capacidade inovadora.

Os países receptores de investimento devem adequar seu

mercado a fim de se tornarem um fator de localização atrativo para

atrair investimentos externos.

Limitações

Direcionado apenas para investimentos de empresas

multinacionais através de IDE.

Nas variáveis “OLI”, não demonstra o quanto uma variável se

sobressai sobre a outra.

Renega de suas análises empresas de menor porte.

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baseará em uma empresa de pequeno porte, as teorias comportamentais se

apresentam como um referencia teórico mais adequado (ABRAMCZUK, BALBINOT,

MACADAR e GRAEML, 2009).

O propósito aqui foi identificar cada um desses modelos desenvolvidos. Por

fim, apresenta-se no quadro 10 a seguir, uma comparação entre as teorias de

internacionalização abordadas nesta pesquisa, cujo objetivo é demonstrar as

principais propostas de cada teoria, o enquadramento destas face à atuação da

empresa Feitiços Aromáticos, e suas limitações.

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Quadro 10 – Analise comparativa entre as teorias de internacionalização

Fonte: Elaborado pelo autor

Teoria Autores Proposições Abordagem Limitações

Paradigma Eclético

J. Dunning (1980).

A internacionalização de empresas multinacionais via IDE pode ser explicada pela posse de três fatores conjugados: A Ownership, Location e Internalization.

Econômica Direcionado apenas para

investimentos de empresas multinacionais através de IDE.

Modelo de Uppsala

J. Johanson & J.E Vahlne (1977).

As empresas se internacionalizam de maneira gradual seguindo uma sequência de estágios: exportações (indireta e direta), licenciamentos e joint-ventures e instalação de subsidiarias de vendas e produção em mercados estrangeiros. Ao acumular conhecimentos e gerar competências em cada fase, a empresa se credencia a avançar de um estágio a outro. A distância psíquica é o principal fator de decisão na escolha do mercado receptor do investimento

Comportamental

Estudos demonstram que em determinados casos a evolução gradual não se aplica, como por exemplo, de novos entrantes em indústrias internacionalizadas, logo, não demonstra os possíveis saltos que as empresas podem realizar entre um estagio e outro.

Considera apenas os estágios iniciais do processo de internacionalização que antecedem os modos mais complexos.

Teoria de Networks (Redes)

Vahlne & Forsgreen (1990).

Caracteriza-se por ser uma evolução do modelo de Uppsala, que a partir da década de 1990 incluiu em sua estrutura analítica a teoria de networks. O foco no comprometimento de mercado cede lugar ao comprometimento de relação. Desenvolver novos relacionamentos e um processo caro e demanda tempo, o que demonstra que o processo de internacionalização precisa de tempo. Atuar em redes passa a ser uma estratégia fundamental para as empresas manterem ou elevarem a sua competitividade. Propõe que as firmas se internacionalizam principalmente para acompanhar os demais agentes integrantes da sua rede

Comportamental

Não considera a diferenciação intra-firma na mesma medida em que a empresa evolui em seu processo de internacionalização.

Teoria do Empreendedorismo Internacional

McDougall & Oviatt. (1989).

Propõe que a estratégia de internacionalização dos negócios depende principalmente das intenções, motivações e conhecimentos do homem empreendedor, responsável pela tomada de decisões da empresa, onde este passa a atuar ativamente na identificação e exploração de oportunidade. Valoriza, portanto o papel desempenhado pelo empreendedor.

Comportamental

Por se tratar de um tema recente, ainda carece de mais estudos empíricos que comprovem as suas afirmações. Poucas pesquisas voltadas ao tema forma desenvolvidas até o presente momento.

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7 ANÁLISE DOS MODELOS

O levantamento das informações a respeito dos dados extraídos das diversas

fontes consultadas demonstra-se muitas vezes disperso. Isto apresenta a

necessidade de sistematizar e classificar tais informações de maneira organizada

para que se possa realizar à sua análise e assim atingir aos objetivos do trabalho.

A análise de conteúdo se apresenta como a reunião de diversas técnicas de

análise das comunicações, que se apóiam em procedimentos definidos de maneira

sistemática e objetiva de descrever o conteúdo das mensagens (BARDIN, 2003).

Bardin (2003) também ressalta que os objetivos principais da análise dos

dados são: verificar se aquilo que o pesquisador procura encontrar realmente esteja

contido, se a análise realizada pelo pesquisador pode ser validada e generalizada,

além de descobrir, através do conteúdo, as chances de confirmar aquilo que o

pesquisador procura, ou seja, evidenciar uma descrição no qual o pesquisador não

teria compreendido.

Partindo da revisão teórica das principais teorias de internacionalização de

empresas, e das informações coletadas nessa revisão, assim como os dados

coletados da empresa a partir dos instrumentos de coleta de dados utilizados,

caminharemos no sentido dos objetivos propostos neste trabalho. Na imagem 5

abaixo, verifica-se o caminho trilhado na pesquisa.

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Figura 5 – Etapas da Análise dos modelos

Fonte: Elaborado pelo autor

A internacionalização dos negócios é um assunto cada vez mais recorrente

no dia a dia das organizações. Mais do que uma oportunidade de ampliação das

atividades empresariais, expandir os negócios para além de outras fronteiras é uma

estratégia que se faz necessária inclusive para a sobrevivência das empresas em

seu próprio mercado doméstico, pelo motivo que novos concorrentes surgem a todo

o momento.

Estes concorrentes surgem de todos os lugares do mundo, logo, uma

concorrência local passa automaticamente a ser considerada uma disputa em

âmbito global, o que exige das organizações, estratégias que possam tornar os seus

negócios uma atividade competitiva e sustentável em longo prazo.

Quando decide se aventurar em outros mercados, a empresa pode realizar tal

ação de diversas formas. Neste momento, ela deve analisar os riscos e vantagens

de cada opção, e optar por aquela que melhor se adéqua as suas necessidades e

ao seu planejamento prévio.

Objetivos

Metodologia e Estudo de Caso Feitiços Aromáticos

Revisão Teórica dos Modelos e Teorias de Internacionalização

Análise dos Modelos

(Cenário)

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O que se percebe no caso da empresa Feitiços Aromáticos, é que ela

simplesmente não realizou um planejamento prévio estruturado para o processo de

que estava utilizando, no caso a exportação.

Como mencionado pela própria gestora, Raquel Cruz, a empresa

simplesmente passou a atender uma demanda que surgiu inesperadamente, sem

analisar os prós e os contras, ou possuir qualquer conhecimento sobre atividades de

exportação.

Analisaremos a seguir, cada uma das formas de entrada em novos mercados,

que até aqui foram expostas, a fim de verificar qual modelo seria o mais adequado a

ser adotado pela empresa com base nas proposições de cada teoria até aqui

abordada.

Baseado nas preposições teóricas de cada modelo analisado no referencial

teórico deste trabalho, foi possível criar um cenário correlacionando tais proposições

as atividades da empresa Feitiços Aromáticos. O objetivo é compreender qual o

melhor modo de entrada a ser adota pela empresa, contribuindo para o

entendimento do poder explicativo desses modelos, sua adequação a realidade de

uma empresa nacional de pequeno porte, destacando suas limitações.

Cenário 1: Exportação

A exportação é considerada o primeiro estágio de inserção de uma empresa

em novos mercados e o modo mais simples, oferecendo diversas oportunidades

para a empresa que adota este modelo de entrada, tais como oportunidade de

adquirir conhecimento sobre atividades internacionais com um menor

comprometimento dos recursos.

Como ressaltado por Kotler (1998), a exportação é considerada o modo mais

normal para uma empresa envolver-se com o mercado internacional. A empresa

inicia através da exportação indireta onde conta com o apoio de uma empresa

intermediaria, responsável por todo o tramite burocrático da exportação (tradings).

Esta forma de importação indireta se assemelha à estratégia utilizada pela

empresa Feitiços Aromáticos, que, ao atender uma demanda que surgiu de forma

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inesperada, utilizou no início do seu processo de exportação os serviços de uma

trading.

Além de poder definir pela exportação direta ou indireta, onde decidirá qual

nível de controle terá sobre as operações, a exportação é aquela que oferece

menores riscos para a empresa, e menor aporte de capital.

Pelo fato de não possuir inicialmente um planejamento prévio para atender a

mercados externos, a empresa Feitiços Aromáticos utilizou os serviços de uma

trading parceira por não ter condições de administrar os tramites burocráticos das

primeiras exportações e não pelo fato de comprometer o mínimo de recursos

possíveis como estipula a teoria de Uppsala, o que demonstra mais uma limitação

da teoria, que pouco descreve o atendimento a demandas inesperadas, se referindo

apenas aos fatores que implicam em um maior ou menor comprometimento dos

recursos.

Por sinal, com base nos trabalhos utilizados nesta pesquisa, constata-se ser

frequente no caso das PMEs a inexistência de uma visão exportadora e

consequentemente um planejamento prévio para tais atividades. Para empresas

desse porte, também é normal o surgimento de demandas inesperadas. Logo se

percebe que elas recorrem às tradings apenas por ver nesses parceiros a

oportunidade de obter um auxílio para realizar o atendimento a uma demanda que

de forma isolada a empresa não seria possível atender naquele momento, por falta

de conhecimento.

A exportação é o modelo mais recomendado aqui para a empresa Feitiços

Aromáticos, principalmente a exportação direta. Assim, a empresa terá a opção de

entrar em novos mercados de forma gradativa, controlando as operações e os

canais de distribuição, além de adquirindo novos conhecimentos a respeito da

competição internacional, sobre os mercados alvos e potenciais, podendo assim

representar a sua maneira a construção de uma marca sólida perante os novos

consumidores (JOHANSON e VAHLNE, 1977).

Isto automaticamente dará à empresa, o poder de moldar o nível de relação a

ser criado junto aos seus novos consumidores. Recomenda-se que a empresa, crie

um departamento próprio de exportação, com recursos humanos qualificados para

todas as etapas deste processo, contribuindo para que as atividades sejam feitas de

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forma controlada por pessoas capacitadas e aptas a captar as melhores

oportunidades durante o processo.

Surge aqui, também, a importância em se pensar na criação de

representantes de vendas e escritórios de representação da empresa nos mercado

alvos, com a oferta de serviços básicos como de pós venda, por exemplo, para

estreitar a relação com estes mercados.

A exportação feita de forma planejada pode contribuir para que futuramente, a

empresa venha a criar lojas próprias nos mercados externos, passando a atuar no

estrangeiro de outra forma que não seja a exportação. Isso exigira da empresa um

maior comprometimento de seus recursos, porém, por possui um maior

conhecimento sobre os mercados externos, a chance de elevar os retornos

financeiros também será maior, logo o crescimento da empresa acontecerá de forma

natural.

Como observado nos diversos trabalhos utilizados na composição do

referencial teórico desta pesquisa, constata-se também que os consórcios de

exportação se caracterizam como a principal forma para uma empresa

internacionalizar suas atividades, identificar e explorar oportunidades e manter sua

competitividade, principalmente no caso das PMEs, como propõe a teoria de

Networks, que sugere uma atuação conjunta com outras organizações.

Na proposta desse cenário, a empresa atuaria neste modelo de exportação

direta até obter um crescimento em termos de estrutura, financeiro, consolidação da

marca e aquisição de conhecimento alcançando um nível que lhe permita optar por

outra forma de investimento, que exigiria um maior comprometimento de recursos,

aumentando os riscos, porém, oferecendo maios oportunidades de ampliar o retorno

financeiro.

Verifica-se que o modelo de Uppsala é o que mais se assemelha e explica as

ações realizadas pela empresa até o presente momento. Atualmente a Feitiços

Aromáticos atua no atendimento a demanda externa através da exportação direta,

tendo assim evoluído de maneira gradual ao longo do tempo como sugere o modelo

de Uppsala, visto que no início de suas atividades de exportação, a empresa

realizou exportações de forma indireta tendo a parceria de uma trading.

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Algumas proposições da teoria do Empreendedorismo Internacional que foca

na atuação e na importância do homem empreendedor, também se fazem presentes

nas decisões da empresa Feitiços Aromáticos. As afirmações sugeridas pela teoria a

respeito da importância do papel do empreendedor nos sucessos das atividades

internacionais podem ser comprovadas pela atuação da gestora da empresa Raquel

Cruz, baseado em números que comprovam o crescimento da empresa, que tem em

sua gestora, a principal responsável por todas as decisões da firma. Ela atua de

forma ativa na busca de oportunidades e melhorias nos processos diários da

empresa, como constatado.

As decisões a respeito da escolha do mercado alvo, que dependem das

motivações e conhecimentos do empreendedor, se confirma nas atividades da

empresa, visto que a Feitiços Aromáticos no presente momento possui estudos em

andamento a respeito de novos mercados para realizar investimentos, onde a

própria gestora Raquel afirmou escolher estes mercados por possuir algum

conhecimentos sobre eles e devido às proximidades geográficas, culturais e sociais.

A proposição desta teoria onde se ressalta que o capital humano

empreendedor é a principal vantagem da empresa no que tange à identificação e

exploração de oportunidades em mercados estrangeiros, também se verifica na

empresa, onde a gestora afirmou estar em busca de um crescimento da empresa,

demonstrando serela a principal responsável pela tomada de decisões e participante

ativa nos processos de identificação de novas oportunidades.

As proposições da Teoria de Network que sugere uma integração da empresa

a alguma rede para obter vantagens em outros mercados, não se verifica na

empresa Feitiços Aromáticos, visto que ela não possui qualquer tipo de parceria

formal para produzir, comercializar seus produtos e identificar e explorar

oportunidades em novos mercados, atuando, portanto, de forma isolada.

Cenário 2: Franchising

A franchising, como toda forma de investimento, possui suas vantagens e

desvantagens. Aqui, neste modelo, a empresa oferecerá aos futuros investidores, a

oportunidade de comercializarem seus produtos e a utilização de sua marca.

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Se comparado às demais estratégias de inserção em mercados

internacionais, possui a vantagem de deixar sob a responsabilidade do franqueado,

o estudo e escolha do mercado, além do investimento inicial. Isto possibilitaria um

crescimento mais acelerado da empresa como um todo.

Quanto às desvantagens, ressalta-se que a empresa máster (detentora da

marca) perde parte do controle da exposição de sua marca, se um determinado

integrante da rede agir de forma inconsistente, logo, isto pode atrapalhar todo o

grupo, o que representa um risco para a exposição da marca da empresa. No caso

da empresa Feitiços Aromáticos, por se tratar de um novo negócio,

consequentemente a margem de lucro tende a ser menor se comparado aos demais

modelos existentes.

Neste cenário a Feitiços Aromáticos realizaria a cessão da sua marca, dos

seus conhecimentos (know-how), dos seus processos para os investidores que

viessem a ter o interesse em se tornar um franqueado. Isto ocorreria através de um

processo de licenciamento, no qual a Feitiços assumiria as responsabilidades de

investir em publicidade, recebendo em troca os royalties.

Este modelo de investimento passa a ser interessante e sugerido para a

empresa Feitiços Aromáticos num período de médio prazo, já que a mesma

possuirá um determinado nível de conhecimento do mercado, uma consolidação da

marca e um maior know-how quanto do processo como um todo, adquirido na fase

de exportação .É uma opção viável caso a empresa opte por pulverizar a sua

atuação em outros mercados através de franquias.

A adoção deste modelo pode vir a contribuir, para que em longo prazo, a

empresa venha a adotar o modelo de investimento direto (IDE).

Cenário 3: Joint Ventures

A Joint Ventures se baseia num modelo de parceria onde empresas com

interesses em comum, se unem para atuar em um determinado mercado, visando

alcançar conjuntamente os objetivos semelhantes. Neste modelo, geralmente, um

dos parceiros já se encontra inserido no mercado de destino (mercado alvo) a ser

explorado.

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Entre as vantagens está o fato de ambas poderem diminuir os valores

investidos, já que tal ação acontecerá por ambos os lados, e para a empresa

estrangeira, menciona-se ainda o fato de encontrar um parceiro que já conhece o

mercado, e que pode contribuir para questões relacionadas tanto às restrições

quanto a política governamental do país alvo.

Para a empresa estrangeira, o risco é considerado maior, porque ela está se

inserindo em um novo mercado, porém, as oportunidades de ganho também são

mais elevadas. Faz-se necessário também, que o fator distancia psíquica entre os

países seja analisado antes das organizações firmarem a parceria.

Nesse cenário, a Feitiços Aromáticos realizaria uma parceira com alguma

empresa localizada no país alvo e que tenha um interesse em comum. Assim, a

Feitiços encontraria um parceiro que contribuiria para sua inserção nesse novo

mercado, auxiliando para que ela venha a reagir contra as restrições deste mercado,

tornando mais fácil a sua adaptação.

Por ser criadora dos seus próprios produtos, e responsável pelas inovações a

eles direcionadas, não se observa até o momento, outra empresa que tenha um

objetivo em comum com a empresa Feitiços Aromáticos, e o contrário também se

aplica. Até este momento, todos os objetivos da empresa, podem vir a serem

alcançados por ela própria, sem a participação de um parceiro.

Este modelo, não se faz necessário para ser adotado pela empresa neste

estágio atual em que se encontram os negócios visto que a Feitiços Aromáticos não

possui necessidades e objetivos em comum que não possa vir a ser alcançado

através de uma atuação individual. Pode vir a ser uma opção em longo prazo,

principalmente se a empresa optar por penetrar em algum mercado onde existam

muitas restrições para novos entrantes. Neste cenário, este é o modelo menos

adequado a ser adotado pela empresa.

Caso não encontre um parceiro em longo prazo com objetivos em comum, a

empresa pode optar por atuar internacionalmente através de investimento direto no

estrangeiro (IDE), realizando assim um salto entre os estágios propostos pelo

modelo de Uppsala, o que reforçaria a opinião de autores que criticam o modelo por

não abordar possíveis saltos entre as fases.

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Cenário 4: Investimento Direto (IDE)

Considerado o último estágio de internacionalização de empresas, neste

modelo a organização decide por realizar um investimento direto no mercado alvo

através da criação de filiais no novo mercado ou através de aquisições e fusões,

onde realizaria a compra ou fusão de alguma firma já estabelecida nesse mercado.

Uma atitude comum dos governos locais é o fato de concederem isenções

fiscais para empresas estrangeiras que pretendem criar filiais em seu país. Em se

tratando de fusão ou aquisição, o novo negócio pode depender da aprovação das

entidades competentes dos países receptores do investimento.

A adoção do modelo de investimento direto se caracteriza como a estratégia

que oferece a maior perspectiva de se obter maiores lucros, porém, se configura

simultaneamente, como o modelo que oferece os maiores riscos, tanto no que se

refere ao capital investido quanto a questões sociais, culturais, governamentais e

redução da produtividade e eficiência de produção, entre outros fatores diversos.

Neste cenário, a Feitiços Aromáticos realizaria, portanto a criação de uma filial

em algum mercado estrangeiro que pretende investir ou realizaria a aquisição ou

fusão com uma empresa local deste mercado externo, visando uma vantagem

competitiva sustentável e o crescimento da firma.

Pesquisas revelam que os principais motivos que levam as empresas a

realizarem fusões e aquisições é o fato dessas poderem se apoderar de ativos

intangíveis da empresa alvo, visto que estes ativos se tornam para a empresa uma

importante fonte de vantagem competitiva solida e oportunidades de crescimento

(PATROCÍNIO, KAYO e KIMURA, 2007).

Para isso, a Feitiços Aromáticos realizaria primeiramente um planejamento

prévio, incluindo nessa análise fatores internos, externos e estratégicos antes da

concretização de qualquer investimento.

No caso da empresa Feitiços Aromáticos, o ideal é que a empresa continue

com as atividades por meio da exportação direta, porém, de tal modo que esta já

inicie um planejamento analisando a possibilidade de um investimento direto em

algum mercado alvo.

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O investimento por meio do IDE possibilitaria a Feitiços Aromáticos um

crescimento sólido e sustentável dos seus negócios internacionais, aumentando a

maximização dos seus lucros e ganhos de escala.

Esta viria a ser, portanto, uma sugestão de investimento em longo prazo para

ser adotado pela organização.

Quadro 11 – Relação entre as proposições teóricas e as atividades da empresa Feitiços Aromáticos

TEORIAS FEITIÇOS AROMÁTICOS

- ATIVIDADES ADEQUAÇÃO AS

TEORIAS

NÍVEL DE ENQUADRAMENTO AS ATIVIDADES DA

EMPRESA

MODELO DE UPPSALA

Atividades atuais correspondem plenamente às proposições do modelo. Crescimento gradual até o momento

Passível de explicar as operações internacionais da empresa no presente momento.

1ª Posição

TEORIA DO EMPREENDEDORISMO INTERNACIONAL

Vestígios das proposições deste modelo (atitudes do homem empreendedor atuante) estão contidos na administração da gestora da empresa.

Passível de explicar em partes as operações internacionais atuais e resultados da empresa até o presente momento.

2ª Posição

TEORIA DE NETWORK (REDES)

A empresa não possui nenhum tipo de parceria com outras empresas, porém, constata-se ser o passo seguinte mais viável neste momento para a empresa. realizar alianças.

Passível de explicar as operações internacionais da empresa em curto/médio prazo caso esta venha a firmar parcerias futuramente

3ª Posição

PARADIGMA ECLETICO

Teoria destinada ao processo de internacionalização de empresas multinacionais (MNCs). Não se aplica a realidade da empresa neste momento.

Passível de análise das operações internacionais da empresa em longo prazo

5ª Posição

Fonte: Elaborado pelo autor

No quadro 11 demonstra-se a relação das principais proposição dos modelos

teóricos analisados nesta pesquisa com as atividades internacionais da empresa

Feitiços Aromáticos.

Na segunda coluna, denominada “Feitiços Aromáticos – Atividades”, o

objetivo foi descrever o quanto as atuais atividades internacionais da empresa se

enquadram as proposições contidas na estrutura analítica de cada modelo.

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A terceira coluna, denominada “Adequação as Teorias”, demonstra-se a

capacidade de cada teoria em explicar os atuais negócios desenvolvidos pela

Feitiços Aromáticos em mercados externos.

A quarta e última coluna definida como “Nível de Enquadramento as

Atividades da Empresa” elencou em posições as teorias que oferecem maior

poder explicativo para as ações e atividades internacionais da firma desenvolvidas

até aqui. Quanto maior a relação entre as atividades da empresa com as

proposições de cada modelo, melhor a posição desta teoria em comparação com as

demais.

Neste caso, verifica-se que o Modelo de Uppsala foi aquele que melhor

contribuiu para explicar o atual processo de internacionalização da empresa Feitiços

Aromáticos, enquanto a Teoria do Paradigma Eclético foi a que menos

contribuições ofereceu.

Menciona-se que nenhum tipo de escala quantitativa foi utilizado para definir

as posições destacadas no quadro. O ranking foi definido com base na comparação

descritiva entre as atividades da empresa e a estrutura analítica de cada modelo, se

caracterizando, portanto como uma analise qualitativa.

As análises e considerações a respeito de cada uma das estratégias de

investimento até aqui descritas nos cenários criados, se baseiam nos autores e seus

trabalhos utilizados na composição desta pesquisa.

A criação do cenário se faz necessária para tentar entender o poder

explicativo das teorias de internacionalização como uma ferramenta que auxilie na

tomada de decisão por parte dos gestores, partindo do pressuposto que esses

modelos possuem limitações que contribuem para que os gestores tenham

dificuldades em compreendê-los e em utilizá-los como referência, principalmente

para as pequenas e médias empresas, visto que o processo de globalização dos

negócios dessas empresas são relativamente novos e o conhecimento dos gestores

dessas empresas são limitados, objetivando assim a visualização de um novo

panorama para a estrutura organizacional desse tipo de empresa, que segundo o

SEBRAE (2013) possuem uma vida útil que geralmente não ultrapassa os 4 anos.

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Ainda segundo o SEBRAE (2013), este cenário precisa ser mudado o mais

rápido possível, principalmente pelo fato da grande importância exercida pelas

PMEs na economia nacional, visto que elas representam mais de 98% do total de

empresas formais existentes no país, sendo as PMEs fundamentais para o

crescimento da economia, geração de emprego, geração de renda, redução da

miséria entre outros fatores de importância nacional.

Independente de ser a empresa Feitiços Aromáticos, estes cenários

demonstram, com base em tudo que foi revisto até aqui, as reais possibilidades e

modos de entrada em mercados internacionais,

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8 CONCLUSÃO

As informações conduzidas nesta pesquisa indicam que as teorias

comportamentais se provaram como mais adequadas do que as teorias econômicas

para explicar a internacionalização da empresa Feitiços Aromáticos, assim como no

caso da maior parte das PMEs, visto que as abordagens econômicas direcionam

sua preocupação no sentido de entender e explicar as motivações e comportamento

das organizações de grande porte quanto a decisão de optar pelo investimento

direto no exterior (IDE), que não é o caso da Feitiços Aromáticos ou exportação.

Entre as teorias comportamentais, o Modelo de Uppsala é aquele que mais se

enquadra aos negócios da empresa Feitiços Aromáticos e seu processo de

internacionalização via exportação. Isso demonstra que a empresa segue o caminho

da maior parte das empresas nacionais que partem em busca da internacionalização

de suas atividades, adotando como modelo de entrada a exportação (CYRINO e

OLIVEIRA JR, 2003), primeiramente de forma indireta contando com a parceria de

uma trading e posteriormente via exportação direta (modelo atual), demonstrando

assim, uma avanço gradual em suas operações internacionais conforme proposto

pelo modelo de Uppsala ((JOHANSON e VAHLNE, 1977; REZENDE, 2002).

Esta estratégia de investimento de forma cautelosa demonstra que a Feitiços

Aromáticos segue o mesmo caminho da maior parte das empresas nacionais,

conforme relatório divulgado pela United Nations Conference on Trade and

Development (UNCTAD, 2004), primeiramente para atender a uma demanda que

emergiu de forma inesperada e posteriormente para aumentar a sua competitividade

e ganhos financeiros.

Apesar das atividades de internacionalização (exportações) das empresas,

neste momento, se alinharem mais ao modelo de Uppsala do que a qualquer outro,

verifica-se vestígios das proposições sugeridas pela teoria do empreendedorismo

internacional (EI) imersos em atividades realizadas pela empresa quando se analisa

a suas atividades o e a gestão participativa da empresária Raquel Cruz, principal

responsável pelas tomadas de decisões, porém, em menor grau se comparado às

proposições do modelo nórdico.

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A importância do papel e perfil empreendedor na administração dos negócios

e exploração de oportunidades internacionais se confirma pelo sucesso dos

resultados obtidos pela empresa até o momento, fruto de atuação gerencial da

gestora e empreendedora Raquel Cruz, constatando que a todo o momento, ela

busca sua própria capacitação pessoal e profissional para obter novos

conhecimentos e aperfeiçoar a sua gestão de forma continua (HONÓRIO, 2008).

A gestora atua ativamente no processo de internacionalização da empresa,

sendo a principal responsável pela tomada de decisão, porém, adota como

característica de sua gestão espírito de equipe atuando de forma transitória junto a

todos os níveis hierárquicos da empresa e colaborando para resolver problemas que

surgem durante o processo. Além disso, participa ativamente de feiras, eventos,

cursos, mantém contato com entidades da classe e governamentais quando

necessário. Ou seja, está, a todo o momento, em busca de novas competências

gerenciais visando entre outras coisas, identificar e explorar oportunidades em

mercados internacionais (PONTES, 2001).

A Teoria de Redes pouco contribuiu pelo fato da empresa não integrar no

momento uma rede de maneira formal.

O Paradigma Eclético contribui de maneira pouso significativa, de tal modo

que influenciou no entendimento do porque as pequenas empresas não realizam

investimentos diretos através da produção em mercados externos. Baseado no

entendimento da teoria onde se verifica que a vantagem de propriedade, é

considerada fundamental no modelo e com base nas pesquisas realizadas junto à

empresa, constata-se que esta não possui capacidade suficiente para atuar de

maneira influente em outros mercados neste momento, sendo, portanto a

exportação o modelo mais recomendado para o atual cenário verificado.

Como ressaltado por autores como Kraus (2000) et al., as teorias não se

enquadram na realidade das empresas brasileiras pelos fato de terem sido

desenvolvidas em um cenário onde a competição se apresentava diferente dos dias

atuais e por não darem ênfase a situação de países em desenvolvimento e

renegarem de uma forma quase generalista as PMEs de sua estrutura analítica.

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Os principais fatores que fazem com que as teorias não se caracterizem como

um referencial seguro para os gestores no momento de definir estratégias de

internacionalização são referentes às limitações contidas no seu corpo estrutural e

sua inadequação para explicar os processos das PMEs e de países em

desenvolvimento.

Conclui-se, portanto, que as teorias de internacionalização demonstram ser

uma importante referencial para se entender o fenômeno da internacionalização de

empresas, porém o poder explicativo dessas teorias contribui apenas em partes para

a decisão dos gestores no processo de tomada de decisões devido as suas

limitações, gerando duvidas aos gestores quanto ao seu entendimento.

Eles necessitam de novos aperfeiçoamentos para se enquadrarem à nova

realidade da concorrência nos dias atuais, que se caracteriza diferente do cenário

apresentado na época em que tais modelos foram desenvolvidos, incluindo em sua

estrutura analítica pontos até então renegados, como o caso das PMEs, as

economias em desenvolvimento, o apoio de entidades governamentais entre outros

fatores.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A

PROTOCOLODE PESQUISA

Parte A:

A) Procedimentos Iniciais

1º Contato via e-mail com a gestora da empresa Raquel Cruz: dia 29/05/2013.

Objetivo: Apresentar o projeto de pesquisa, sua finalidade e objetivos a serem

alcançados. Recolher informações a respeito do histórico da empresa, bem como

para um entendimento inicial do processo de internacionalização da empresa até

aquele momento (exportações), objetivando compreender o processo em

andamento na empresa (objetivos, motivos) naquele momento e iniciar o estudo de

caso.

Informações: (1) Obter informações sobre a trajetória da empresa, (2) Entender

como se iniciou o processo de exportação; (3) Entender os motivos que levaram a

organização a procurar novos mercados fora do país, (4) Saber para quais países

eram destinadas as exportações em seu estágio inicial, (5) Compreender quais

motivos levaram a empresa a exportar justamente para estes destinos, (6) Saber se

os objetivos iniciais foram alcançados, (7) Identificar os planos futuros da

exportação: Quais destinos e por que estes, (8) Entender todo o passo a passo do

processo executado pela empresa.

Procedimentos para coleta de dados: (1) Acesso às informações através de e-mails

respondidos pela gestora da empresa, (2) Quais funcionários deveriam ser

entrevistados para a obtenção dos dados da empresa? (3) Quais funcionários

deveriam ser entrevistados para a obtenção de informações sobre as exportações?

Contrapartida da pesquisa: (1) Possibilidade de divulgação do trabalho em revistas e

congressos da área de administração. Disponibilidade de recursos: (1) Avaliar os

recursos necessários para a obtenção das informações: Computadores, veículo para

locomoção até a empresa, Xerox.

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Parte B:

ANEXO 1 – QUESTIONÁRIOS DA ENTREVISTA COM A FEITIÇOS

AROMÁTICOS PARA CRIAÇÃO DO HISTÓRICO DA EMPRESA.

1 – Como foi o início da trajetória da empresa?

2 – Qual foi o modo de operação inicial adotado pela empresa para iniciar o

atendimento de uma demanda vinda do estrangeiro? Exportações, licenciamentos

ou outras formas de parceria para comercialização e produção?

3 - Quais foram os principais motivos, que levaram a empresa a procurar mercados

fora do Brasil para atuar?

4 - Para quais países exporta atualmente?

5 - Quais os motivos que levaram a escolher justamente estes países para exportar?

(cultura, distância, conhecimento do mercado, o conhecimento dos gestores sobre

estes países, etc.)

6 - Os objetivos de atendimento a uma nova demanda, exploração de oportunidades

em um novo mercado e maximização dos retornos foram alcançados? Como foram

os resultados até aqui?

7 - Tem planos de entrar em outros mercados? Quais e por que estes?

8 – A empresa produz tudo no Brasil e exporta? Tem representantes comerciais ou

fabricantes fora do Brasil (seja do produto final, embalagens, etc.)?

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APENDICE B

Parte A:

A) Procedimentos iniciais - Questões para o Estudo de Caso

Internacionalização de Empresas

2º Contato com a gestora Raquel Cruz: dia 10/11/2013 via e-mail.

Objetivo: Aplicar o questionário criado, objetivando uma compreensão mais ampla a

respeito da atuação da empresa, da gestão da proprietária Raquel, seu perfil,

objetivos de investimentos futuros, a visão sobre o atua processo de exportação,

como age para identificar e explorar oportunidades, identificar riscos e sobre a

existência de um processo de inovação para seus produtos e processos.

Informações: (1 e 2) Analisar o perfil empreendedor da gestora da empresa;

Analisar as intenções da empresa quanto aos investimentos futuros; (3) Entender se

a estratégia atual da empresa está de acordo com as suas necessidades e planos

futuros; (4) Compreender o planejamento realizado pela empresa para conhecer os

seus mercados alvos; (5) Saber qual o entendimento da empresa quanto aos riscos

e oportunidades dos mercados afora; (6) Verificar os principais desafios

compreendidos do ponto de vista da organização no atendimento a demanda

externa; (7) Saber a compreensão da empresa quanto a sua capacidade interna

como um todo; (8) Entender a capacidade de inovação da empresa; (9) Verificar

qual vantagem competitiva se encontra em poder da empresa; (10) Análise dos seus

pontos forte e fracos.

Procedimentos para coleta de dados: (1) Novamente o acesso às informações

ocorreu através de um questionário encaminhado via e-mail para a empresária

Raquel Cruz.

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Parte B:

ANEXO 2 - QUESTIONÁRIOS DA ENTREVISTA COM A FEITIÇOS AROMÁTICOS

1 – Como você define o seu perfil empreendedor?

2 – Em seu ponto de vista, você administra a empresa partindo em busca de novos

mercados, apenas atende as demandas que surgem de maneira inesperada ou

procura de alguma maneira, mudar a indústria no qual a sua empresa está inserida?

3 – O processo de exportação é interessante para a empresa neste momento?

Pretende adotar outro modelo de internacionalização dos negócios que não seja

pelo modelo de exportação?

4 – A empresa realiza algum tipo de estudo, para conhecer o cenário para onde

exporta e para onde tem um projeto futuro de exportação?

5- Como avalia os riscos e oportunidades dos mercados externos?

6 – Quais os principais desafios encontrados no atendimento aos novos mercados

externos até o momento?

7 – Como a Feitiços Aromáticos analisa a sua capacidade interna (recursos

humanos, financeiros e de produção), visando atender um possível aumento da

demanda externa?

8 – A Feitiços Aromáticos possui algum poder de inovação, que possa vir a contribuir

para sustentar os seus negócios em outros mercados? Caso a resposta seja não, o

que pretende fazer para competir com empresas locais?

9 – Considera que seu produto possua algum diferencial que lhes de alguma

vantagem competitiva?

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10 – Quais são os pontos fortes existentes internamente na empresa, e quais os

pontos fracos que precisam ser aprimorados, visando uma consolidação dos

negócios internacionais da empresa?

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APÊNDICE C

Parte A:

A) Questões aplicadas para a obtenção de respostas capazes de esclarecer o

problema desta pesquisa, assim como seus objetivos estipulados.

3º Contato com a empresa: 20/05/2014. Respondido pela proprietária Raquel Cruz

via telefone.

Objetivo: Aplicar um questionário com perguntas relacionadas ao problema de

pesquisa e aos objetivos gerais e específicos da pesquisa.

Informações: (1) Analisar se a empresa entende as ações de negócios em mercados

estrangeiros como resultado do perfil de gestão empreendedor que parte em busca

de oportunidades ou de vantagens oferecidas pelo mercado; (2) Compreender se a

empresa integra alguma rede de cooperação ou possui a intenção; (3) Verificar a

percepção da empresa quanto às diferenças verificadas ao exportar de maneira

direta e indireta, vantagens observadas e adquiridas; (4) Verificar a intenção da

empresa em atuar no estrangeiro por outro meio que não seja a exportação.

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Parte B:

ANEXO 3 – QUESTIONÁRIOS DA ENTREVISTA COM A FEITIÇOS

AROMÁTICOS PARA OBTER AS ULTIMAS INFORMAÇOES RELEVANTES

PARA RESPONDER AO PROBLEMA DE PESQUISA E ATINGIR AOS

OBJEITOVS PROPOSTOS.

1 ) Considera as ações visando a expansão da empresa para o exterior como fruto

de vantagens oferecidas pelo mercado ou pelo formato de gestão empreendedora

realizada por você?

2) A Feitiços Aromáticos integra alguma rede de empresas, seja de produção ou

comercialização de seus produtos para atingir objetivos que considera impossíveis

ou difícil de alcançar de atuando de maneira isolada? Caso não pretende participar

de alguma futuramente?

3) Notou diferença em exportar diretamente para o exterior em comparação a época

que exportava através de uma trading?

4) Pretende atuar em mercados externos de outras formas que não seja pelo modelo

de exportação, como por exemplo uma unidade produtiva própria, franquia entre

outra?