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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA NO TRÂNSITO CARLIANE LOPES DE OLIVEIRA A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DO TRÂNSITO MACEIÓ - AL 2014

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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA NO TRÂNSITO

CARLIANE LOPES DE OLIVEIRA

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DO TRÂNSITO

MACEIÓ - AL

2014

CARLIANE LOPES DE OLIVEIRA

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DO TRÂNSITO

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” Em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva

MACEIÓ - AL

2014

CARLIANE LOPES DE OLIVEIRA

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DO TRÂNSITO

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” Em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

________________________________________________________

PROF MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA

ORIENTADOR

_______________________________________________________

PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

DEDICAÇÃO

Dedico este trabalho a Deus e aos amigos que fazem parte do Sistema de

Trânsito Brasileiro.

AGRADECIMENTOS

A Deus por mais esta oportunidade de instrumentalização para a contribuição de um

mundo melhor.

“A Avaliação psicológica é exclusividade do

psicólogo”.

(Lei 4.119, agosto 62).

RESUMO

Este estudo objetiva identificar a importância da avaliação psicológica para o psicólogo clínico no contexto do trânsito na identificação da solicitação da CNH. Para que esse objetivo seja atendido foi realizada uma pesquisa bibliográfica visando literatura nacional e pesquisa em meio eletrônico, onde foram colhidos dados a esse respeito, e também pesquisa de campo em uma clínica credenciada ao DETRAN na cidade do Cabo de Santo Agostinho-PE. O tema é controverso e tem despertado discussões ao longo dos anos por diversos autores acerca do conceito da avaliação psicológica, seus métodos e técnicas. O interesse pelo tema surgiu da própria ação enquanto psicóloga nos vários modos de intervenções clínicas onde pude observar a necessidade, em alguns casos específicos, de um diagnóstico diferencial através da utilização de técnicas de instrumentos da avaliação psicológica, dando um suporte técnico mais preciso ao trabalho do psicólogo principalmente no que diz respeito à habilitação de motoristas. Também é motivado por esse novo direcionamento em relação à aplicação da avaliação psicológica, já há alguns anos reconhecido como instrumento científico capaz de auxiliar no diagnóstico, intervenção, encaminhamento (para um profissional adequado), orientação, prevenção e pesquisa. Inicialmente partimos de um breve percurso histórico de visão de mundo para uma compreensão do surgimento da Psicologia, sobre quem é o psicólogo clínico e suas interfaces nos diversos modos de ação. Analisamos a avaliação psicológica em seus métodos, técnicas e instrumentos de diagnóstico. Refletimos acerca de uma formação diferenciada a respeito da ação do profissional de psicologia no que se refere ao psicodiagnóstico. E em seguida apresentamos a análise de demanda de solicitação de uma clínica credenciada pelo DETRAN-PE. Por fim, são tecidas algumas considerações como proposta de finalização do trabalho. O tema é relevante, inclusive por interessar a diversos profissionais de saúde, os quais terão a oportunidade de ver informações valiosas sobre o assunto. Palavras-chave: Psicodiagnóstico. Psicologia Clínica. Avaliação Psicológica.

ABSTRACT

This study aims to identify the importance of psychological evaluation for the clinical psychologist in the context of transit in identifying the request of CNH. For this objective to be met was performed a literature search and seeking national literature in electronic media, where data were collected in this regard, and also field research in a clinic accredited to the DMV in the city of Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. The subject is controversial and has sparked discussions over the years by various authors about the concept of psychological assessment, methods and techniques. Interest in the subject of the action itself arose as a psychologist in various modes of clinical interventions where I could see the need in some specific cases, a differential diagnosis through the use of techniques of psychological assessment instruments, giving a more accurate technical support to the work Psychologist primarily with respect to the qualification of drivers. It is also motivated by this new direction for the application of psychological assessment, for some years now recognized as a scientific instrument capable of aiding in diagnosis, intervention, referral (to an appropriate professional), guidance, research and prevention. The first chapter is part of a brief history of worldview to understanding the emergence of psychology. In the second chapter, it is about who is a clinical psychologist and their interfaces in different modes of action. The third chapter studies the psychological evaluation in their methods, techniques and diagnostic tools. The fourth chapter presents a reflection about a differentiated training regarding the action of professional psychology with regard to psycho. And the fifth and final chapter presents the analysis of demand request a clinic accredited by DETRAN-PE. Finally, some light is shed as a proposal for completion of work. The theme is relevant, including the interest by many health professionals, who will have the opportunity to see valuable information on the subject Keywords: Psychodiagnosis. Clinical Psychology. Psychological Assessment.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 01 – Distribuição mensal da retirada da Primeira Habilitação, em 2010. .... 32

Gráfico 02 – Distribuição mensal da renovação da CNH, em 2010. ....................... 32

Gráfico 03 – Distribuição mensal da mudança de categoria de CNH, em 2010. ..... 33

Gráfico 04 – Distribuição mensal da alteração de dados , em 2010 ....................... 33

Gráfico 05 – Distribuição mensal da reabilitação para permissionários , em 2010 . 34

Gráfico 06 – Distribuição mensal do total da demanda de CNH , em 2010 ............ 34

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Avaliação Psicológica ............................................................................... 22

Quadro 2: Etapas do processo de avaliação ............................................................. 24

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Demanda de solicitação da CNH em 2010. .............................................. 31

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 15

2.1 Conceituação e Importância do Surgimento da Psicologia ......................... 15

2.2 Conceito e Classificação de Psicólogo Clínico .............................................. 18

2.3 Aspectos a Considerar na Avaliação Psicológica .......................................... 20

2.4 Objetivos da Avaliação Psicológica ................................................................ 22

2.5 Formação Especializada ................................................................................... 25

2.6 A Psicologia Social nos Meios de Transportes .............................................. 27

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 29

3.1 Ética .................................................................................................................... 29

3.2 Tipos de pesquisa ............................................................................................. 29

3.3 Universo ............................................................................................................. 29

3.4 Sujeito da Amostra ............................................................................................ 29

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados ............................................................. 30

3.7 Plano para Análise dos Dados ......................................................................... 30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 31

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 36

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39

13

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo está centrado em uma reflexão teórica de referencial

psicanalítico sobre a importância da avaliação psicológica, uma das dimensões do

trabalho do psicólogo clínico, visando analisar conceitos, instrumentos e técnicas

utilizados na avaliação do sujeito pelo psicólogo. Não nos ateremos no sujeito da

avaliação psicológica limitado ao contexto do trânsito, antes, pensaremos na

abrangência da avaliação psicológica. Dito de outro modo, este trabalho busca

contribuir para o diagnóstico diferencial do cliente.

Nessa perspectiva, foram lançadas as hipóteses que mencionamos abaixo,

todas buscando enfatizar o modo como a avaliação psicológica é constituída de

importantes técnicas com instrumentos e métodos para a avaliação diagnostica do

sujeito em questão:

a) o psicólogo clínico é um profissional que apresenta uma escuta diferenciada

frente ao discurso manifesto e ao latente;

b) a avaliação psicológica é uma técnica utilizada pelo psicólogo clínico para o

diagnóstico diferencial;

c) para a elaboração de um psicodiagnóstico, é necessário a utilização de

determinados instrumentos psicológicos (testes) que requerem do técnico uma

formação diferenciada.

A opção por este tema é decorrente da prática psicológica e da participação

do III Congresso Norte-Nordeste de Psicologia: "Construindo a Psicologia Brasileira:

Desafios e Prática Psicológica", realizado na Fundação Espaço Cultural, em João

Pessoa/PB, de 27 a 31 de maio de 2003, na qualidade de Autora da pesquisa. Neste

Congresso, apresentei um painel intitulado: "Normatização do teste R2 para

população infantil em Recife/PE, sobe a orientação do pesquisador e professor

Flávio Rodrigues Costa e mais seis (6) autores pesquisadores, todos da Faculdade

de Ciências Humanas - ESUDA.

Para dar seguimento ao desenvolvimento de nosso tema, pesquisamos

autores diversos, com consultas a bases primárias e secundárias, revistas

especializadas e pesquisa através da Internet, principalmente aqueles que mais se

distinguem nessa área de avaliação psicológica, psicologia clínica e

psicodiagnóstico. Neste sentido, a pesquisa estará norteada por autores como

14

ROLNIK, S.; FREUD, S; ARZENO, M. E. G; ALCHIERI, J. C; CRUZ, R. M;

FIGUEIRÊDO, L. C., entre outros, que são alguns dos estudiosos de nossa temática.

Não será desprezado o auxílio de artigos disponibilizados nos meios virtuais.

Apresentamos um breve e conciso percurso histórico sobre o surgimento da

Psicologia fazendo referências aos modelos de visão de mundo, de homem e de

subjetividade ao longo dos anos. Em consequência tratamos sobre quem é o

psicólogo clínico e suas interfaces nos diversos modos de ação. Dando seguimento,

discorremos sobre a avaliação psicológica em seus métodos, técnicas e

instrumentos de diagnóstico com uma reflexão acerca de uma formação diferenciada

a respeito da ação do profissional de psicologia no que se refere ao

psicodiagnóstico. E por último apresentaremos uma pesquisa realizada a partir do

arquivo de uma clínica no Cabo de Santo Agostinho – PE, sobre a demanda de

solicitação da CNH. Por fim, são tecidas algumas considerações como proposta de

finalização do trabalho.

A importância desse estudo residiu na oportunidade de aprofundar melhor o

tema, pensando uma prática clínica fundamentada nos saberes da avaliação

psicológica que poderá ser útil a outros profissionais, tais como: psiquiatras,

orientadores educacionais, psicanalistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais,

assistentes sociais, psicólogos e educadores em geral.

Dois grandes desafios nos apresentam: o primeiro é que o tema da

Avaliação Psicológica é controverso e tem passado por diversas críticas ao longo

dos anos; e em segundo está a dificuldade em um embasamento teórico no que se

refere ao trânsito.

15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Conceituação e Importância do Surgimento da Psicologia

A Psicologia Clínica estuda maneiras de lidar com o humano em suas

interfaces, ou seja, aquelas originadas do indivíduo enquanto ser que está inserido

em uma sociedade. Trata-se de uma ciência nova, desenvolvida no final do século

XIX, que se baseia na observação e análise do homem na relação consigo e com o

outro, estando inserido em sociedade.

Podemos dizer que a Psicologia é nova enquanto ciência, já sendo pensada

por alguns filósofos como Descartes quando em sua máxima "Cogito Ergo Sum" que

diz de um sujeito que existe porque pensa. Deste modo, Descartes faz uma

mensuração do sujeito enquanto ser pensante.

Para a compreensão do espaço psicológico o estudo da História nos fornece

uma visão ampla e interdisciplinar explicando a relação dos seres humanos e a

sociedade em uma dimensão temporal. O sujeito por sua vez fundamenta-se em

uma construção atemporal.

Para que entendamos o surgimento da Psicologia, faz-se necessário

refletirmos um pouco acerca da evolução da concepção de mundo, de homem, de

saúde e doença, e de subjetividade. Tendo em vista estes modelos de mundo, não

podemos falar de uma única subjetividade, e sim, de modelos de subjetividade na

psicologia como nas diversas ciências e suas relações com os aspectos culturais,

sociais e históricos.

Na psicologia podemos pensar esses diversos modos de subjetivação tendo

por parâmetros as diversas correntes como, por exemplo, o Behaviorismo, a

Psicanálise, e o Humanismo, entre outras.

No Behaviorismo que se centra no comportamento humano como objeto de

estudo, tendo por influências filosóficas o mecanicismo, o empirismo, a psicologia

animal e a psicologia funcional. Aqui o indivíduo é considerado um ser controlável e

previsível, tal quais os experimentos que se realizavam com os animais (ratos e os

pombos).

16

A psicologia, tal como o behaviorista a vê, é um ramo puramente objetivo e experimental da ciência natural. A sua finalidade teórica é a previsão e o controle do comportamento. A introspecção não constitui parte essencial de seus métodos e o valor científico dos seus dados não dependem do fato de se prestarem a uma fácil interpretação em termos de consciência [...] a psicologia terá que descartar qualquer referência a consciência [...] ela já não precisa iludir-se crendo que seu objeto de observação são estados mentais. (WATSON, 1913, p. 158).

Em decorrência, Freud fundou a Psicanálise no final do século XIX, tendo por

influências o Positivismo e a Física Mecânica. Sua teoria psicanalítica do

inconsciente e do desenvolvimento psicossexual nos diz de uma noção de sujeito de

constituição psíquica interna conflituosa e determinista. Evoluiu da técnica da

hipnose (método catártico) trabalhada conjuntamente com Breuer e modificada

posteriormente por Freud que introduziu a "associação livre", que terminou por

caracterizar o processo analítico. Logo, o mesmo tem por fundamento a regra de

que o cliente diga tudo o que vier à cabeça, sem censura.

Descartes, século XVII, através da sua célebre frase: "Cogito Ergo Sum"

(Penso, logo existo), destacou que o pensamento era um lugar da verdade e da

certeza. Onde o sujeito (enquanto dotado de subjetividade) era um ser de

consciência, de razão.

Em contrapartida, Freud vem dizer de um sujeito do inconsciente, aquele

que tudo pode, que tudo deseja. Visto que seus representantes são pulsionais,

encontram-se no psiquismo, e que sua finalidade se dá pela liberação da libido que

busca a satisfação. Efetuando-se, todavia, a existência do sujeito onde não se

pensa. Desdobra-se então a teoria psicanalítica. "Penso onde não sou e sou onde

não penso" (LACAN 1964/1995)

Segundo Rolnik (1992), é importante buscar na Física pelas diferentes

concepções de mundo e conseguentemente pelas diferentes concepções de sujeito

e de objeto os modelos mecanicista, termodinâmico e quântico no passar dos

tempos para que se possa compreender o movimento histórico.

No modelo mecanicista ou também modelo clássico por volta do séc. XIX, o

que governava o mundo era a ordem e o equilíbrio como sinônimos, deste modo,

não havendo lugar para a instabilidade. Aqui o sujeito moderno aparece como

aquele que é portador de uma essência identitária.

Não é por acaso que nesta mesma época surge o cronômetro como mais

um instrumento de precisão. Na verdade, ele vem atender aos princípios vigentes

17

neste tempo histórico a partir dos quais as avaliações e obtenção de dados

necessitavam corresponder o mais fielmente à sua realidade para assim confirmar a

relevância do seu nível de cientificidade.

O homem é visto portador de uma essência identitária, estável e neutra, não

sendo atingido pelo outro identitário que também é neutro. Vale lembrar o ditado

popular que diz: pau que nasce torto nunca se indireita. Neste modelo o diagnóstico

é conclusivo, estático, e não, dinâmico.

Quanto ao modelo termodinâmico no séc. XIX, a instabilidade é reconhecida

e levada em consideração, não há a neutralidade dos corpos, e sim, a compreensão

da co-existência dos mesmos. Neste sentido, o caos é entendido como o negativo

da ordem. O reconhecimento da co-existência dos corpos afeta à ordem de uma

identidade fixa e imutável da visão de homem do modelo mecânico, acreditando que

o profissional deveria ter uma postura de neutralidade.

No modelo quântico a co-existência dos corpos não é neutra, e as

transformações causadas por estes imprimem mudanças irreversíveis portadoras da

complexidade de mundo. Há uma maior ênfase na não neutralidade da co-existência

dos corpos que estão sempre em confronto uns com os outros, desistabilizando as

estruturas tidas como identitárias e imutáveis. Podemos pensar este modelo de

subjetividade da Física no mesmo sentido do modelo de subjetividade do homem na

contemporaneidade.

Com o surgimento do Humanismo na Idade Moderna e com a ocorrência da

Segunda Guerra Mundial, há uma crescente preocupação com o individual e a

busca pelo resgate de valores. Seu surgimento se dá na década de 1940 e 1950,

tendo por teóricos Carl Rogers e Abraham Maslow. Neste período o gênero humano

é considerado como um Ser uno, responsável e livre, numa ênfase à consciência e a

racionalidade.

Deste modo, o conceito de saúde e de doença merecem uma atenção frente

à subjetividade. A saúde é entendida como a capacidade que o homem tem frente

ao desequilíbrio na sua relação com o meio de modo flexível. "[...] A normalidade

deverá ser descrita, antes, como a capacidade adaptativa do indivíduo, frente às

diversas situações de sua vida. Isto supõe um posicionamento filosófico, que

estabeleça as dimensões do viver, e leve em conta o jogo dialético da

vida."(AUGRAS, 1986, p.11). E segundo o mesmo autor, a doença é tida como uma

18

conduta cristalizada e acomodada ao desequilíbrio da relação do homem com o

meio.

Neste percurso histórico pode-se observar que a constituição da Psicologia

enquanto disciplina se constituiu também ao longo destes tempos.

Primeiro na Idade Média a lei que regia o ser humano era o teocentrismo,

onde Deus era o centro de tudo, era quem dava a resposta. Nesta época existia uma

verdade, a divina, que era ditada pela igreja. Os valores e as crenças eram fixas e

estáveis.

Com o advento do antropocentrismo a razão era tida como o centro, era o

que prevalecia. E na época do Renascimento como a razão era quem governava, o

homem acaba por perder o seu referencial de crenças e valores. O que antes era

tido como verdade já não é mais.

Com o surgimento do Projeto Epistemológico da Modernidade que veio se

apoiar na racionalidade do método, do sujeito epistêmico, e na dicotomia mente e

corpo, percebeu-se que não dava mais para sustentar o modo dicotomizado de

perceber o homem. Pois o homem era visto como o conhecedor de si, do outro e do

mundo, sendo totalmente racional, negando e excluindo o afeto, ocorrendo uma

fissura por conta da subjetivação do sujeito. É neste momento que a Psicologia

surge na tentativa de dar suporte a este ser não dicotômico e construtor de

subjetividade.

2.2 Conceito e Classificação de Psicólogo Clínico

Com o objetivo de sublinhar as diretrizes que estão refletindo na vida do

indivíduo causando-lhe sofrimento, o psicólogo clínico realiza uma avaliação

psicológica ou um diagnóstico psicológico, que o situará no levantamento das

hipóteses junto ao seu cliente.

Portanto, a avaliação psicológica visa entender a dinâmica destes fatores que

por sua causa não determinada emergiu como sintoma. Usa recursos terapêuticos

como instrumentos (testes, escalas, questionários, inventários, aparelhos),

entrevistas (estruturadas e não-estruturadas), dinâmicas e outros, que ajudam a se

situar no curso do tratamento.

Para que entendamos o lugar que ocupa o psicólogo clínico faz-se

necessário pensarmos o termo clínica que deriva do grego klínõ que por sua vez

19

significa 'inclinar-se'. Nesta perspectiva, o psicólogo clínico é todo aquele profissional

de psicologia que se inclina ao outro apoiado em uma ação de escuta e com a

utilização dos instrumentos.

A principal idéia que pretendo expor hoje aqui é a de que está em jogo em nosso trabalho uma responsabilidade ética e também política. O que quero dizer com isso é que qualquer mudança efetiva do campo social hoje, depende de uma mutação da subjetividade na base da qual funciona a sociedade em que vivemos. E isso tem relação direta com a clínica, na medida em que nossa prática e os instrumentos de que dispomos, constituem, a meu ver, um dos dispositivos possíveis de viabilização desta mutação.(ROLNIK, 1992)

O psicólogo clínico, visando a compreensão do sujeito, se utiliza de diversas

técnicas e métodos. Uma delas é a entrevista, a outra, a observação, onde se

investiga a conduta e a personalidade dos seres humanos. Tendo por meta o estudo

e a utilização do comportamento total do indivíduo durante a relação com o mesmo

no momento da avaliação.

Figueiredo, em seu artigo: Quem é o psicólogo Clínico? (2004, p.63, grifo do

autor), discorre sobre o domínio da clínica tendo por parâmetro as representações

sociais do psicólogo, afirmando veementemente que: "A clínica defini-se, portanto,

por um dado ethos: em outras palavras o que define a clínica psicológica como

clínica é a sua ética: ela está comprometida com a escuta do interdito e com as

sustentações das tensões e dos conflitos."

Nesta mesma direção, o autor convida a que pensemos algumas confusões

entre o ser psicólogo clínico e a clínica psicológica.

Dando seguimento ao raciocínio exposto por Figueiredo (2004, p.39), ele

nos traz uma outra perspectiva para a compreensão desta questão que é os lugares

ocupados pela clínica psicológica. Demonstra-nos que é preciso que se faça um

percurso histórico para uma possível compreensão dos modos de subjetivação,

como vimos anteriormente nesta obra.

O autor nos apresenta estes modos de subjetivação pontuando três polos: o

pólo disciplinar (trata da redução do excluído, ou a `a cura dos sintomas`); pólo do

romantismo (tem por meta dar vias de expressão ao excluído|), e finalmente a ótica

liberal (representação e integração do excluído para aumentar seu campo de

autonomia).

20

Considerando estas questões, Figueiredo (2004, p.40, grifo do autor) tece

algumas críticas quanto ao fazer psicológico e ao ser psicólogo, apontando

contradições que dão como resultado uma pratica sem o reconhecimento da

alteridade e da diferença entre os sujeitos. Nesta direção, o psicólogo clínico

precisa estar apoiado em um fazer ético e político de visão de homem e de mundo

no desenvolvimento da psicologia.

2.3 Aspectos a Considerar na Avaliação Psicológica

Com a entrada do pensamento humanista e o questionamento das idéias

tecnicistas, as avaliações psicológicas, notadamente os testes, sofreram uma queda

forte de prestígio nos anos 70 e 80. Esta queda se dá pela crise que as ciências de

uma forma geral apresentaram neste período, inclusive a que a Psicologia vem

enfrentando até os tempos atuais.

A Avaliação Psicológica é uma atividade científica que está direcionada por

uma perspectiva teórica ligada ao seu objeto, que por sua vez sustentará um

método.

A avaliação psicológica refere-se à busca sistemática de conhecimento a respeito do funcionamento psicológico em situações específicas envolvendo questões/problemas também específicos) que possa ser útil para orientar ações e decisões futures. (FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA, 2004).

Segundo Alchieri e Cruz (apud SILVA, 2003) refletindo acerca do conceito

de avaliação psicológica como um conceito amplo, o mesmo faz referências ao

modo de conhecer fenômenos e processos psicológicos por meio de procedimentos

de diagnóstico e prognóstico. Configura-se deste modo uma situação com papéis

bem definidos, numa relação bi-pessoal, onde uma pessoa (o paciente) solicita

ajuda, e o outro (o psicólogo) aceita o pedido, se comprometendo em atendê-lo

conforme suas funções técnicas. Investiga alguns aspectos em particular, de acordo

com a sintomatologia e informações trazidas pelo paciente ou solicitante. Não tem

por objetivo somente identificar os aspectos deficitários ou patológicos do paciente,

mas, em reconhecer os seus recursos potenciais e suas possibilidades, procurando

valorizar o que ele tem de melhor. E sua fala é a manifestação de sua realidade, é o

que será investigado em sua totalidade.

21

No campo do diagnóstico, objeto presente da nossa preocupação, a fala do cliente, nas entrevistas e nas provas, é a manifestação da sua realidade, e como tal será investigada. Através dela é que serão trazidos a lume as suas vivências: a sua história(o tempo), o seu corpo(o espaço), a sua estranheza(o outro) e o seu fazer-se(a obra). (AUGRAS, 2002, p.25).

Segundo Pasquali (2001), a avaliação tem por objetivo classificar e

descrever o comportamento do sujeito em questão por meio dos diversos métodos e

técnicas, objetivando enquadra-lo dentro de uma tipologia, permitindo o avaliador

obter conceitos sobre o outro. A avaliação tem cunho científico, baseada em

métodos de observações confiáveis e válidas, como também em inferências obtidas

a partir delas, seguindo os procedimentos legítimos de teste de hipótese e de

inferência.

O psicólogo tem um papel importante neste processo de avaliação pelas

suas diferentes capacitações necessárias na apreensão das características do

sujeito em seu todo.

Segundo Auguras (2002), a apreensão da realidade se dá pela manifestação

da relação do psicólogo e suas capacidades de observar, deduzir, apreender, para

com o sujeito observado.

O quadro 01 ilustra a avaliação psicológica em algumas áreas e técnicas

utilizadas que nos facilitam compreender também o objeto de estudo. Na avaliação

psicológica as áreas dizem de uma teoria que está ligada ao método com o seu

objeto de estudo. Para a avaliação psicológica se tem várias técnicas disponíveis

que serão utilizadas em conformidade com a teoria, o método e o seu objeto.

Vejamos a ilustração acerca da Avaliação Psicológica no que faz referências às

áreas de ação do profissional, seu método e as técnicas da avaliação. Neste

sentido, os testes psicológicos se constituem em instrumentos para a avaliação do

sujeito em questão.

22

Quadro 1: Avaliação Psicológica

ÁREAS TÉCNICAS

A

V

TEORIA A

Instrumentos L

↓ I

A Entrevistas

MÉTODO: Ψ Social Ç

Ψ Hospitalar Observação Ã

Ψ Clínica O

↓ Ψ Esportes Dinâmicas

Ψ Organizacional P

Ψ Jurídica Questionários S

Outras I

Escalas C

OBJETO O

L Dramatizações

Ó

G outras

I

C

A

Fonte: Auguras (2002)

2.4 Objetivos da Avaliação Psicológica

Na avaliação psicológica as áreas dizem de uma teoria que está ligada ao

método com o seu objeto de estudo. Para a avaliação psicológica se tem várias

técnicas disponíveis que serão utilizadas em conformidade com a teoria, o método e

o seu objeto.

Neste sentido, os testes psicológicos se constituem em instrumentos para a

avaliação do sujeito em questão.

Testes psicológicos são instrumentos de avaliação ou mensuração de características psicológicas, constituindo-se um método ou técnica de uso privado do psicólogo...os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de observação e registro de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos, com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos. (RESOLUÇÃO CFP Nº 002/2003, grifo do autor).

23

Segundo Cunha (2000), atualmente já se sabe que o psicólogo dispõe de

instrumentos que podem ser cientificamente qualificados para a realização da

avaliação psicológica. Esta, juntamente com o uso dos testes psicológicos, é atributo

específico do psicólogo.

Outros profissionais de saúde fazem diagnóstico, desde que seja utilizado o

modelo médico, apenas, no exame das funções, identificação de patologias, sem

uso de testes e técnicas privativas do psicólogo clínico.

Ou seja, no psicodiagnóstico há a utilização de testes que não é uma

medida absoluta e autônoma, sendo um dos instrumentos da avaliação psicológica,

podendo ser influenciado por variáveis como ansiedade, nervosismo, desmotivação,

indisposição, falta de alimentação adequada, cansaço, alteração do humor,

ambiente inadequado, interferências atuais e momentâneas, entre outros,

principalmente, por ser o ser humano subjetivo e não absoluto. E de outras

estratégicas visando à avaliação do sujeito de forma sistemática, científica e

orientada para a resolução do problema.

Arzeno (1995) diz que o psicodiagnóstico está recuperando-se de uma

época de crise durante a qual caiu em descrédito para a maioria dos profissionais da

área de saúde mental. Segundo ela, é imprescindível revalorizar a etapa diagnóstica

do trabalho clínico, fundamental em áreas como a orientação profissional e prática

forense, entre outras.

O psicodiagnóstico ocupa lugar de destaque entre as opções nos serviços

de psicologia, independente da motivação que leva o paciente a solicitar ajuda

especializada. Deve ser utilizado como dispositivo para planejar, guiar, avaliar,

analisar e orientar a escolha e indicação terapêutica fundamentada em princípios

teóricos científicos.

No processo de psicodiagnóstico a complexidade da utilização de

instrumentos pressupõe necessariamente uma diversidade de saberes pouco

comum. "Os instrumentos de avaliação propõem tarefas específicas às pessoas

como meio para observar a manifestação de características psicológicas."

(FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA, 2004).

Algumas críticas são tecidas aos testes por se dizer que suas teorias são

ultrapassadas, pelos mesmos precisarem ser validados de acordo com a cultura de

cada lugar e por alguns existirem a algum tempo sem reformulações. Outra questão

24

que é objeto de crítica, é quanto ao enviezamento das respostas provocado pela

diferença de cultura entre sua concepção teórica e aplicação.

Segundo Pasquali (2001), Veremos no quadro abaixo as etapas do processo

da avaliação psicológica:

Quadro 2: Etapas do processo de avaliação

Etapa

Objeto

Técnica

Produto

Identificar

Necessidades

Comportamentos

Processos psicológicos

Entrevista

Observação

Testes Psicométricos

Técnicas intuitivas

Descrições

Escores

Integrar

Descrições

Escores

Classificação

Tipologia

Perfil

Inferir

hipóteses

Tipos

Interpretação

Formulação de perfis

Dinâmica psicológica

envolvida

Previsão de

comportamento.

Intervir

Hipóteses formuladas

Orientação psicológica

Terapia

Programas de intervenção

Cura

Prevenção

Autodesenvolvimento

Monitorar

Todos os processos

anteriores

Observação

Entrevista

Redirecionamento de

ações erradas ou

ineficazes

Fonte: Pasquali (2001),

25

A avaliação psicológica é um procedimento de avaliar os processos

psicológicos de um indivíduo ou grupo com objetivo específico e técnica adequada

para seus respectivos produtos.

Segundo Alchieri e Cruz (2003), a avaliação psicológica é o resultado de três

critérios interdependentes como: a medida, o instrumento e o processo de avaliação.

Estes três critérios possuem uma representação teórica e metodológica específica.

A medida é o critério pelo qual cabe a observação e avaliação, com ação

empírica da realidade, fazendo uso da matemática para descrever os fenômenos e

representando axiomas. Os instrumentos que são os testes psicológicos, a

observação, entrevistas, questionários, psicodiagnóstico, e outros instrumentos de

coleta de dados e informações. E por último a avaliação psicológica que representa

a expressão de resultados, indicadores, sintomas e idéias quanto ao entendimento

destes dentro de um plano teórico.

2.5 Formação Especializada

Depois de percorrido o breve contexto histórico acerca do surgimento da

Psicologia, de pensarmos a posição do psicólogo clínico e a caracterização da

avaliação psicológica faz-se necessário refletirmos um pouco sobre a formação

especializada deste profissional de psicologia que trabalha com a avaliação

psicológica.

Podemos pensar em algumas das necessidades dos psicólogos em

dominarem os procedimentos e as regras para elaborarem documentos psicológicos

pelo fato de que os documentos psicológicos têm um embasamento científico,

fazendo parte do Código de Ética do Psicólogo.

Esses documentos seguem os procedimentos éticos, técnicos e

metodológicos em sua realização. Ético por estarem fundamentados no Código de

Ética Profissional do Psicólogo; técnico pelos princípios da linguagem escrita, pois

deve-se ter clareza, concisão e harmonia em redações bem estruturadas para se

expressar o que se quer comunicar e estando baseado exclusivamente nos

instrumentos da avaliação; metodológico pelo referencial teórico.

É preciso que ao fazê-los sejam bem estruturados e elaborados, pois antes

o que acontecia é que não se tomava o maior cuidado em sua elaboração.

26

Os documentos psicológicos ainda são vistos com certa discriminação,

descrédito, sendo algumas críticas tecidas: a Avaliação Psicológica que era

realizada não apresentava uma coesão textual frente aos dados obtidos; sua escrita

não era clara de forma a ser compreendida por todos; por vezes não se mantinha o

sigilo; também nesses documentos não continha os dados de identificação do

avaliado e nem do psicólogo avaliador; faltava também o objetivo da avaliação e

finalidade da avaliação, desta forma não sabendo o psicólogo que instrumentos usar

em sua avaliação psicológica; outras vezes o psicólogo avaliador não fazia a

devolução ao avaliado, onde os mesmos têm pleno direito.

É assegurado a todos os cidadãos brasileiros o acesso à informação, conforme preconiza a Constituição de 1988 e o Código de Defesa do Consumidor, ao prever que o consumidor terá acesso às informações existentes sobre ele em cadastros, fichas, registros e dados pessoais. A comunicação da avaliação psicológica, em termos das informações documentais dela decorrentes, é, pois, além um preceito técnico e de uma resolução ética prevista no Código de ética dos psicólogos, um direito de todo cidadão. (MENDES, 2002, p.14)

Fundamentados nestas questões os Conselhos de Psicologia resolveram

revisar e estabelecer normas para a formulação de novos documentos e para os

documentos já existentes. E por falta dessas normas a Psicologia enquanto

Avaliação Psicológica começou a perder seu espaço. Com isso, atentou-se para um

esquema de estruturação para cada documento, fazendo com que se seguisse os

procedimentos éticos, técnicos e metodológicos. Passou a observar a escrita clara; o

formulário padrão da elaboração dos documentos; a coesão textual; o embasamento

teórico do profissional, o qual é de suma importância; ter cuidado em não rotular, em

formulações preconceituosa, formulações taxativas e determinantes, entre outras

questões.

Todavia, uma questão que não podemos deixar de mencionar é que o

cliente(avaliado) tem o direito de receber o retorno da avaliação psicológica à qual

fora submetido independente de seu solicitante. E também, é de total

responsabilidade do psicólogo a guarda e o conteúdo desses documentos por cinco

anos.

No Dicionário de Filosofia(1999): verdade deriva do Latim veritas que

significa:

27

Verdade ou eficácia dos procedimentos cognoscitivos. Em geral, entende-se por V. a qualidade em virtude da qual um procedimento cognoscitivo qualquer torna-se eficaz ou obtêm êxito. Essa caracterização pode ser tanto as concepções segundo as quais os conhecimento é um processo mental quanto às que o consideram um processo[...].

Frente à avaliação psicológica não podemos deixar de pensar o conceito de

realidade e de verdade, não existindo uma única e absoluta, e estando-as em

relação direta a filosofia de vida a qual o sujeito está inserido. A realidade e a

verdade estão inseridas em um contexto social, cultural, histórico, e não podem ser

vistas separadas destes contextos. Estando-as submissa ao olhar do sujeito que as

olha e de seu embasamento teórico. Dependendo deste modo da história de vida, do

meio, dos conhecimentos que possuímos, da experiência e do que o sujeito

consegue abstrair do mundo. São conceitos que estão sempre em construção,

mutáveis.

Como nos diz Garcia Roza (1991, p.9): "A verdade é um enigma a ser

decifrado". E no mesmo caminho temos Santo Agostinho: "Aquilo que é como

aparece." Se a verdade é este enigma e ao mesmo tempo aquilo que é como

aparece, então ela só pode ser para o sujeito que a olha, para o sujeito o qual

aparece. Pois em si o que seria esta verdade?

Segundo Hoffmann, Cruz & Alchieri (2003), o psicólogo deve desenvolver

competências no manejo das regras técnicas e das incertezas teóricas. Sendo um

agente reflexivo no meio social.

2.6 A Psicologia Social nos Meios de Transportes

Segundo Hoffmann (1995), o surgimento da psicologia do trânsito no Brasil,

partiu das primeiras experiências das aplicações de técnicos de exames

psicológicos. Até o momento em que a psicologia foi regulamentada como uma

profissão, depois veio tomando nome, como disciplina científica. A psicologia do

trânsito, veio por meio dos políticos públicos de saúde, da educação e das

preocupações relacionadas à humanidade, como uma forma de discussão, para

uma melhoria da população, veio tomando força.

Nesse sentido, a Psicologia de Trânsito, que teve início em meados do

século XX, aproximadamente em 1920, alcançando maior desenvolvimento no final

da década de 1950 e no começo dos anos 1960, passou a ser definida como uma

28

área da Psicologia que investiga os comportamentos humanos no trânsito, os fatores

e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam ou

os alteram (HOFFMANN et. al, 2003).

A Avaliação Psicológica, busca investigar as características psicológicas dos

candidatos à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou da mudança da

categoria da CNH, sendo denominado Exame Psicotécnico, termo este substituído

em 1998, com a publicação do Novo Código de Trânsito Brasileiro, pela Avaliação

Psicológica Pericial.

Em pleno século 21, nesta época de pós-modernidade o trânsito tem sido

foco de preocupação social. Uma vez que no nosso dia a dia temos que fazer “tudo

para ontem”, é tudo muito rápido. As pessoas acabam não tendo tempo para nada, o

convívio familiar é pouco. Tudo gira em torno de tempo, pressa, urgências.

Há alguns anos atrás as pessoas estavam acostumadas a um trânsito

caótico nos famosos “horários de pico”. Hoje já não existe um horário específico, é

possível se deparar com um trânsito congestionado em qualquer horário. E é na rua

que vemos um fenômeno cada vez mais alarmante: O estresse causado pelo

trânsito. Esse estresse ocorre quando tentamos chegar aos locais no horário

marcado e ficamos impossibilitados por conta do congestionamento.

Engarrafamento, buzinas e lentidão no fluxo de veículos motivos suficientes

para fazer os motoristas se estressar na hora do motorista pegar o carro para sair ou

chegar em casa. A falta de estrutura nas ruas são fatores importantes nessas

problemáticas. O estresse ao volante pode provocar sérios transtornos à saúde dos

motoristas. O bom mesmo era manter a calma, pois em alguns casos só um

tratamento médico pode resolver o problema causado pela raiva ao dirigir.

Pelo cansaço, o motorista pode se estressar ao estar preso no trânsito por

horas. Ele se sente impedido de chegar ao seu objetivo e pode por um momento se

estressar e agredir verbalmente as pessoas. Fora isso a pessoa pode sentir uma

síndrome de pânico momentânea, que seria um sentimento de ansiedade de

momentânea por estar sufocado e preso ao trânsito.

Essa sobrecarga emocional poderia ser um pouco evitada se as pessoas se

programassem para sair mais cedo de casa ou pegar vias alternativas ou uma

interferência fervorosa da psicologia social articulada a psicologia do transito. A

poluição e o trânsito afetam a saúde mental.

29

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

Na presente pesquisa tratamos de dados secundários não havendo

necessidade do projeto de pesquisa ser submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa

com Seres Humanos, para atender à Resolução 196/96 do CNS-MS, assim como

não foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) por ter

as informações obtidas através de documentos públicos dos diversos órgãos.

3.2 Tipos de pesquisa

O presente estudo está centrada em uma reflexão teórica de referencial

psicanalítico sobre a importância da avaliação psicológica, uma das dimensões do

trabalho do psicólogo clínico, visando analisar conceitos, instrumentos e técnicas

utilizados na avaliação do sujeito pelo psicólogo.

3.3 Universo

A pesquisa abrange o Cabo de Santo Agostinho que á um município brasileiro

do estado de Pernambuco pertencente à Região Metropolitana do Recife. Localiza-

se à latitude 08º17'12" sul e à longitude 35º02'06" oeste, estando à altitude de 29

metros. Sua população estimada em 2004 era de 166 286 habitantes, distribuídos

em 448,49 Km² de área.

3.4 Sujeito da Amostra

A amostra deu-se por análise em arquivo de prontuários no período de Junho

à Dezembro de 2010, que recorreram a clínica com demanda de solicitação da CNH

2010 encaminhados pelo DETRAN-PE.

30

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados

Construiu-se um instrumento estruturado com perguntas objetivas que

abrange a caracterização dos sujeitos, cujas variáveis incorporadas tais como idade,

tempo de profissão e tempo atuação como profissional do trânsito, cidade e estado

de atuação profissional.

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados

Na oportunidade, o questionário foi entregue pessoalmente aos candidatos a

CNH 2010, num total de 442 participantes, que concordaram em responder e

participar da pesquisa. Foram respondidos 442 formulários.

3.7 Plano para Análise dos Dados

Os dados foram tratados e analisados em tabelas e gráficos com auxílio de

um software (EXCEL) para o tratamento estatístico (Média, Mediana e Moda).

Quanto a parte qualitativa recorreu se a análise de conteúdo enquanto técnica para

dar sentido as falas dos sujeitos entrevistados.

31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pode-se observar nos dados da Tabela 01, que o índice de solicitações é

mais elevado para o sexo masculino comparado ao sexo feminino para as

categorias: primeira habilitação, renovação, mudança de categoria, alteração de

dados e reabilitação para permissionário. Tendo um aumento significativo no mês de

Dezembro.

Tabela 1: Demanda de solicitação da CNH em 2010.

DEMANDA DE SOLICITAÇÃO DA CNH 2010

DADOS

JUN JUL AGOST SET OUT NOV DEZ

M F M F M F M F M F M F M F

Primeira Habilitação 30 4 33 13 28 4 26 8 17 8 30 11 50 20

Renovação 13 1 8 0 16 0 16 2 7 0 12 0 11 0

Mudança de Categoria 5 0 10 0 12 0 9 1 7 0 10 1 10 0

Alteração de Dados 2 0 1 0 1 0 2 0 0 0 0 0 2 0

Reabilitação para permissionário

0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0

Total 50 5 52 13 57 4 54 11 31 8 52 12 73 20

Fonte: DETRAN-PE . 2013

Nesta questão foi percebido que na primeira habilitação o número de

envolvidos, tanto do sexo feminino ou masculino tende a ter grandes variações,

32

percebeu-se um grande aumento entre os meses do segundo semestre do ano de

2010, corresponde de junho a dezembro. Uma outra análise é o alto índice de

pessoas do sexo masculino. Conforme demonstra o gráfico 01.

Gráfico 01 – Distribuição mensal da retirada da Primeira Habilitação, em 2010.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

M F M F M F M F M F M F M F

JUN JUL AGOST SET OUT NOV DEZ

Primeira Habilitação

Fonte: DETRAN-PE . 2013

No gráfico 02, apresenta a distribuição mensal de renovação. Verifica-se

que o número de envolvidos do sexo feminino chega a ser em alguns meses

inexistente, enquanto comparado com o masculino que apresenta alto índice de

procura, isso deixa claro o porque de tantas variações, percebeu-se um grande

aumento apenas entre agosto e setembro do ano de 2010, o que não deixa de ser

relevante para analise total dos meses do segundo semestre do ano de 2010

Gráfico 02 – Distribuição mensal da renovação da CNH, em 2010.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

M F M F M F M F M F M F M F

JUN JUL AGOST SET OUT NOV DEZ

Renovação

Fonte: DETRAN-PE . 2013

33

Na questão de mudança de categoria, gráfico 03, foi percebido um número

de envolvidos do sexo masculino, mais uma vez tende a ultrapassar o número de

envolvidas do sexo feminino que não apresentou índice em alguns períodos. Mais,

uma vez percebeu-se um grande aumento entre os meses do segundo semestre do

ano de 2010, que corresponde de junho a dezembro.

Gráfico 03 – Distribuição mensal da mudança de categoria de CNH, em 2010.

0

2

4

6

8

10

12

M F M F M F M F M F M F M F

JUN JUL AGOST SET OUT NOV DEZ

Mudança de Categoria

Fonte: DETRAN-PE . 2013

No gráfico 04, apresenta os resultados referentes a alteração de

dados. Verifica-se que o número de envolvidos do sexo masculino, mais uma vez

tende a ultrapassar o número de envolvidas do sexo feminino que em alguns meses

não consta registro. Sendo que, dessa vez percebeu-se um grande aumento apenas

entre os meses de junho, setembro e dezembro.

Gráfico 04 – Distribuição mensal da alteração de dados , em 2010

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

M F M F M F M F M F M F M F

JUN JUL AGOST SET OUT NOV DEZ

Alteração de Dados

Fonte: DETRAN-PE . 2013

34

Com relação a reabilitação permissionário, gráfico 05, verifica-se que

apenas um mês do segundo semestre de 2010 teve um número significativo, sem

contar que mais uma vez o sexo masculino supera o feminino, o qual não

apresentou demanda, se tratando de tudo o que envolve habilitação.

Gráfico 05 – Distribuição mensal da reabilitação para permissionários , em 2010

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

M F M F M F M F M F M F M F

JUN JUL AGOST SET OUT NOV DEZ

Reabilitação para permissionário

Fonte: DETRAN-PE . 2013

Quanto ao resultado final da solicitação de CNH, gráfico 06, verifica-se que

fica ainda mais claro que o aumento em todas as questões pesquisadas e

trabalhadas, envolve o sexo masculino, deixando assim, claramente exemplificado

que o sexo feminino não apresentou grande demanda em CNH.

Gráfico 06 – Distribuição mensal do total da demanda de CNH , em 2010

0

10

20

30

40

50

60

70

80

M F M F M F M F M F M F M F

JUN JUL AGOST SET OUT NOV DEZ

Total

Fonte: DETRAN-PE . 2013

35

Para Primeira Habilitação percebe-se que há uma demanda elevada em

candidatos do sexo masculino em relação ao sexo feminino. Isto também ocorre na

Renovação de Exames, onde a demanda feminina é ainda mais baixa. Como

também, na Alteração de dados e reabilitação para Permissionário. Também fora

observado uma crescente da demanda no mês de Dezembro.

Para a Mudança de Categoria, apresenta-se um alto índice da demanda

masculina em todos os meses, onde no mês de Agosto obtivemos o maior índice e o

menos no mês de Junho. Os meses de Julho, Novembro e Dezembro tiveram uma

demanda equivalente. Entretanto, não foi apresentada solicitação da demanda

feminina em nenhum dos meses. Todos os candidatos foram do sexo masculino,

apresentando uma equivalência alta nos meses de Junho, Setembro e Dezembro.

Média equivalência os meses de Julho e Agosto e nenhuma demanda nos meses de

Outubro e Novembro. Entretanto, na Reabilitação para permissionário percebe-se

que a demanda só ocorreu no mês de Setembro, sendo ela masculina.

36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do estudo que fizemos ao longo desta obra, procuramos pensar sobre a

avaliação psicológica e suas interfaces no que faz referência à posição e função do

psicólogo clínico, a formação diferenciada e a demanda de solicitação de uma

clínica no Cabo de Santo Agostinho-PE.

Vimos que, do ponto de vista histórico, a avaliação psicológica evolui de uma

visão de sujeito da forma, do raciocínio, do positivo, do certo e do errado, para um

sujeito do todo, multifacetado porque está inserido em uma cultura e numa

sociedade que contribuem para que sua subjetivação seja singular e ao mesmo

tempo engajada no mundo.

Vimos ainda que qualquer processo de avaliação psicológica a que se submeta, o

sujeito irá responder de modo singular, porém configurado cultural e socialmente.

Neste sentido, compete ao psicólogo praticar esta habilidade especifica do seu

exercício profissional estando voltado para este sujeito de possibilidades e nesta

relação de intersubjetividade.

Como posto, a avaliação psicológica é uma atividade científica que se utiliza

de instrumento para a coleta de dados, e que requer uma leitura por vezes

quantitativa, mas, sobretudo qualitativa da realidade do sujeito em questão. Nesta

direção, pensamos a respeito do psicólogo clínico e da clínica psicológica como uma

posição ética e política cabível a todo o profissional da área independentemente de

seu espaço físico de atuação e referencial teórico. É preciso estar atento não só a

uma leitura quantitativa da avaliação, mas, sobretudo a uma leitura qualitativa da

dinâmica de cada indivíduo inserido em seu meio no que se refere ao seu modo de

subjetivação.

Os instrumentos psicológicos servem para auxiliar a prática, possibilitando

subsídios que favoreçam uma análise do caso em questão de modo não

determinista e taxativo, frente ao ser humano que é um ser singular, atemporal e

imensurável.

No segundo momento, discorremos sobre a avaliação psicológica ou a

avaliação diagnóstica como uma técnica utilizada pelo psicólogo clínico para o

diagnóstico diferencial. Em seguida, apresentamos os índices da demanda de

solicitação da clínica.

37

Consideramos que o estudo deste trabalho mostrou-se importante por levar-

nos a estar pensando a avaliação psicológica em uma formação específica e

diferenciada, tendo em vista o psicodiagnóstico, pois para a elaboração de um

psicodiagnóstico, é necessário a utilização de determinados instrumentos

psicológicos (testes) que requerem do técnico uma formação diferenciada. Como

também, a importância de se fazer pesquisa de campo para compreendermos

melhor o funcionamento do sistema e de modo mais abrangente o de nossa cidade,

para em um segundo momento pensarmos possibilidades de expansão e melhorias.

Dentro do processo do psicodiagnóstico, a utilização de testes constitui uma

ferramenta fundamental, auxiliando no processo, principalmente no diagnóstico

diferencial. Por ter finalidade científica, o diagnóstico não é exclusividade do

psicólogo, sendo utilizado por outros profissionais, desde que dentro do modelo

próprio. Segundo Arzeno (1995), fazer um diagnóstico psicológico não significa o

mesmo que fazer um psicodiagnóstico, pois este termo implica automaticamente a

administração de testes, o que implica um conhecimento específico, os quais nem

sempre são necessários e/ou convenientes.

Diante disto, pude constatar, muitas vezes, a necessidade de complementar a

avaliação psicológica do cliente mediante a utilização de instrumentos como os

testes, questionários, entrevistas, entre outros, dada a peculiaridade de alguns

clientes. "Uma coisa é certa, os testes não podem ser acusados do seu uso menos

eficiente. O psicólogo deverá ser melhor do que os testes que utiliza". (ALMEIDA,

1999, p.42).

Visto deste modo, é preciso que o psicólogo ao utilizar um teste, deverá saber

conhecê-lo muito bem, sabendo para que serve, como utilizá-lo, quando utilizá-lo,

suas características, a maneira adequada de correção, etc. Pois quando um teste

não é bem conhecido pelo profissional de psicologia que irá utilizá-lo, por vezes o

acusam de não serem eficientes e claros quanto a utilização. Quando o que falta é

um conhecimento específico para e na utilização do instrumento psicológico. Aqui

também é interessante pensarmos na descaracterização de alguns instrumentos

utilizados em uma avaliação psicológica para o DETRAN, de modo a facilitar a

aplicação ou correção, e também facilitar von entendimento do avaliado sobre as

instruções que muitas vezes são rebuscadas. Bem, mas esta é uma questão que

ficará para um outro momento, ou um segundo trabalho.

38

Constatamos que a avaliação psicológica é de suma importância aos

condutores de veículos através da avaliação psicológica do DETRAN. Podemos

concluir que a Psicologia do Trânsito, em sua competência ética e técnica, visa

avaliar os condutores de veículos na relação com seus afetos, o transito e o social.

39

REFERÊNCIAS

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