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UNIVERSIDADE PARANAENSE- UNIPAR
Umuarama – Toledo – Guaíra – Paranavaí – Cianorte – Cascavel – Francisco Beltrão
TRABALHO DE FINALIZAÇÃO DE CURSO EM ENGENHARIA CIVIL 2018
ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO E ABSORÇÃO DE ÁGUA DO PISO DE
CONCRETO INTERTRAVADO COM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AGREGADO MIÚDO POR
RESÍDUOS DE PNEUS
Renan Aparecido Ramos Ruas1
Jaqueline Mantovani Vicentini2
RESUMO: Com o crescimento populacional e aumento do espaço urbano, a construção civil teve o seu
ritmo acelerado e, com isso, tem gerado grande quantidade de resíduos no meio urbano. Visando combater
essa grande quantidade de resíduos e prejuízos ao meio ambiente, o tema sustentabilidade tem estado em
alta. Em vista disso, grandes estudos voltados ao reaproveitamento de resíduos da construção e de outros
setores para uso na própria construção civil são realizados e, sendo o tema sustentabilidade abrangente neste
trabalho, busca-se destinar, de maneira mais correta, o resíduo da borracha na substituição parcial do
agregado miúdo pela borracha britada. O objetivo foi analisar o desempenho do concreto com a adição do
resíduo da borracha, principalmente no que diz respeito à sua resistência mecânica. Seu teor de substituição
da areia por resíduos de pneus foi de 6%, 11% e 16%. No entanto, com os resultados obtidos, nota-se que o
concreto tem melhoria em alguns aspectos, mas sua resistência mecânica acaba sendo prejudicada.
PALAVRAS-CHAVE: Paver. Sustentabilidade. Pneus inservíveis.
ABSTRACT: With the population growth and increase of the urban space, the civil construction has
accelerated pace and, with this, has generated large amount of waste in the urban environment. Aiming to
combat this large amount of waste and damages to the environment, the sustainability theme has been on the
rise. In view of this, large studies aimed at the reuse of construction waste and other sectors for use in the
construction industry itself are carried out and, since the sustainability theme is comprehensive in this work,
the aim is to better target rubber residue in partial replacement of the aggregate by the crushed rubber. The
objective was to analyze the concrete performance with the addition of the rubber residue, mainly with
respect to its mechanical resistance. Its sand substitution content for waste tires was 6%, 11% and 16%.
However, with the results obtained, it is noticed that the concrete has improvement in some aspects, but its
mechanical resistance ends up being impaired.
1 Acadêmico do curso de Engenharia Civil pela Universidade Paranaense - Campus Paranavaí, e-mail: [email protected]
2 Professora do curso de Engenharia Civil pela Universidade Paranaense – Campus Paranavaí, e-mail:
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TRABALHO DE FINALIZAÇÃO DE CURSO EM ENGENHARIA CIVIL 2018
KEYWORDS: Paver. Sustainability. Unusable tires.
RESUMEN: Con el crecimiento poblacional y el aumento del espacio urbano, la construcción civil tuvo su
ritmo acelerado y, con ello, ha generado gran cantidad de residuos en el medio urbano. Con el objetivo de
combatir esta gran cantidad de residuos y perjuicios al medio ambiente, el tema de la sostenibilidad ha
estado en alza. En vista de ello, grandes estudios orientados al reaprovechamiento de residuos de la
construcción y de otros sectores para uso en la propia construcción civil son realizados y, siendo el tema
sustentabilidad integral en este trabajo, se busca destinar, de manera más correcta, el residuo del caucho en
sustitución parcial del agregado por el caucho triturado. El objetivo fue analizar el desempeño del concreto
con la adición del residuo del caucho, principalmente en lo que se refiere a su resistencia mecánica. Su
contenido de sustitución de la arena por residuos de neumáticos fue del 6%, 11% y 16%. Sin embargo, con
los resultados obtenidos, se nota que el concreto tiene mejoría en algunos aspectos, pero su resistencia
mecánica acaba siendo perjudicada.
PALABRAS CLAVE: Pavimentadora. Sostenibilidad. Neumáticos inservibles.
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1 INTRODUÇÃO
Os pisos de concreto intertravados vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado brasileiro. O que
era usado apenas para proporcionar melhores efeitos arquitetônicos e paisagísticos, vem sendo aplicado
como um material versátil, que possibilita harmonização em qualquer ambiente, inclusive nos rodoviários e
industriais.
De acordo com Fioriti, Ino e Akasaki (2007) esse sistema surgiu na Europa pós-guerra, e foi
introduzido no Brasil por volta da década de 1960, como uma alternativa para o pavimento asfáltico,
destacando-se pela plasticidade, economia, boa drenagem, fácil manutenção e reparos, principalmente
quando faz-se necessário averiguar as redes de esgoto e drenagem pluvial, pois não necessita de
equipamentos especiais e pesados para a retirada dos blocos.
De maneira análoga ao crescimento do pavimento de piso de concreto intertravado, o setor
automobilístico tem crescido muito, o que gera a utilização de subprodutos dos veículos, como, por exemplo,
a recauchutagem. Esse processo tem o intuito de dar uma “nova vida” ao pneu, visto que consiste na
raspagem da carcaça do mesmo para a colocação de uma nova camada.
A partir do processo de raspagem, surge, então, o resíduo do pneu, o qual é a razão para o estudo do
projeto, posto que a destinação desse produto, na maioria das vezes, é incorreta.
Levando-se em conta o que foi apresentado, o projeto analisará o desempenho do concreto para pisos
intertravados com a adição do resíduo de pneu em substituição parcial do agregado miúdo em porcentagem
pré-definida.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Fundamentação Teórica
Com a alta do crescimento urbano e do consumo de produtos, consequentemente há o aumento da
geração de resíduos que, de acordo com Silva (2013), são subprodutos gerados por processos de atividades
econômicas, incluindo atividades extrativistas, produção industrial e de serviços. Por esse motivo, acaba-se
discutindo sobre a destinação correta desses subprodutos, para que não haja danos ao meio ambiente.
A seguir, será relatado um pouco sobre as histórias do pneu e do concreto, os quais são os dois
principais produtos deste trabalho, e têm grande impacto no meio ambiente.
2.1.1. PNEU
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O pneu é um dos principais itens dos veículos, pois atua na transmissão de cargas provenientes do
veículo para o asfalto, além de proporcionar mais conforto ao usuário. No Brasil, de acordo com a
Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP, 2017), foram produzidos cerca de 67,9 milhões de
unidades de pneus, para todos os tipos de veículos, em 2016.
Com esse alto nível de produção, técnicas para renovação da vida útil do pneu foram sendo criadas, o
que deu origem à técnica da recapagem, que, segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA,
Resolução Nº 416/2009), consiste em raspar a banda de rodagem do pneu para que seja colocada uma nova
camada no mesmo. É desse processo que surge a raspa de pneu, a qual será utilizada para substituição ao
agregado miúdo.
2.1.2. CONCRETO
O concreto fresco é constituído por agregados miúdos e graúdos envolvidos por pasta de cimento e
espaços cheios de ar. A pasta, por sua vez, é composta essencialmente de uma solução aquosa e grãos
de cimento. O conjunto pasta e espaços cheios de ar é modernamente chamado matriz [...] O ar pode
encontrar-se envolvido pela pasta, sob a forma de bolhas, ou em espaços interligados, determinado,
através da predominância de uma dessas formas de apresentação, respectivamente, a plasticidade ou a
não plasticidade da mistura (BAUER, 2015, p. 267).
O agregado miúdo – material que será substituído neste trabalho – nada mais é do que areia, material
que tem sua graduação de 0,15 a 4,75 mm. De acordo com Bauer (2015) a areia pode ser de origem de rio,
cava, de britagem, de escória e de praias e dunas.
O Brasil tem problemas com a extração exacerbada de recursos naturais, visto que é um dos
principais produtores de cimento no mundo. Com o crescimento rápido do meio urbano, a areia não
consegue se renovar, gerando, assim, grande impacto ambiental (PASCHOALETO, et al., 2014). Devido ao
grande consumo do agregado, surgiu a ideia de fazer a substituição parcial por borracha raspada, já que a
mesma é um material de grande produção – devido ao processo da recapagem – e que também gera um
impacto negativo ao meio ambiente, se descartado de maneira incorreta.
2.1.2. PAVER
Originado dos pavimentos revestidos com pedra, executados na Mesopotâmia há cerca de 5.000 anos
a.C. (Associação Brasileira de Cimento Portland, 2010), o paver ganhou espaço devido ao seu desempenho
na sustentabilidade das obras. O paver, ou pavimento de concreto intertravado, tem suas vantagens, pois
produz uma obra mais limpa e com menos geração de resíduo da mesma. Devido à sua praticidade de
execução e também de uma futura manutenção na rede de água e esgoto, por exemplo, suas peças são apenas
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encaixadas umas nas outras, gerando, assim, um pavimento ou uma calçada travada e limpa. Outra vantagem
é que, como os pavers são travados uns nos outros, eles possibilitam a drenagem da água da chuva pelos
entremeios, o que, além de contribuir com o lençol freático, dificilmente permitirá que ocorra o fenômeno da
aquaplanagem.
Figura 1 - Calçada de paver
Fonte: Google Imagens (2018)
2.2 Metodologia
Para o desenvolvimento experimental, foram realizados alguns procedimentos no Laboratório de
Materiais de Construção da Universidade Paranaense – Campus Paranavaí. Primeiramente, foram
selecionados os tamanhos das borrachas que seriam utilizadas no trabalho. Foi utilizada a peneira de abertura
de 4,75 mm para o peneiramento das borrachas – visto que a mesma é o limite para a graduação de
agregados miúdos – e foi feito o uso do material passante. A peneira dessa abertura foi selecionada para que
houvesse melhor aproveitamento da borracha, visto que, do processo de recapagem, a borracha sai em
granulometrias um pouco grandes, como é apresentado na Figura 2.
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Figura 2 - Dimensão usada da borracha
Fonte: O autor (2018)
Foram desenvolvidos testes de granulometria de acordo com a ABNT NBR 7211/2009; massa
unitária de acordo com a ABNT NBR NM 45/2006 para a areia, brita e borracha; massa específica do
agregado miúdo de acordo com a ABNT NBR NM 52/2009 e massa específica do agregado graúdo de
acordo com a ABNT NBR NM 53/2009. A Tabela 1 e Tabela 2 mostra os resultados obtidos.
Tabela 1 - Distribuição granulométrica dos materiais
PENEIRAS % RETIDA AREIA % RETIDA BRITA % RETIDA BORRACHA
37,5 mm - - -
19 mm - 0,02 -
9,5 mm - 81,63 0,13
6,3 mm - 15,82 1,00
4,75 mm 0,13 2,06 11,02
2,36 mm 0,40 0,35 23,78
1,18 mm 2,89 - 38,72
600 μm 13,14 - 14,73
300 μm 46,82 - 7,78
150 μm 34,96 - 2,45
FUNDO 1,66 0,13 0,39
Fonte: O autor (2018)
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Tabela 2 – Resultados dos testes nos materiais
AREIA BRITA BORRACHA
M.F 1,82 - 4,1
M. ESP. (Kg/m³) 2593,3 2802,4 -
M. UNI. (Kg/m³) 1817,3 1804 573
D. MÁXIMO 1,18 19 6,3
Fonte: O autor (2018)
A Figura 3, apresentada a seguir, demonstra as curvas granulométricas com os dados retirados da
Tabela 1.
Figura 3 - Curva granulométrica
Fonte: O autor (2018)
Em seguida, foi calculado o traço do concreto de acordo com o método ABCP (Associação Brasileira
de Cimento Portland) para moldagem dos corpos de prova, para uma resistência à compressão característica
de 25 Mpa (Mega Pascal), sendo escolhido como padrão o seguinte traço:
1 : 1,745 : 1,672 : 0,449
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
0,1 1 10 100
PO
RC
ENTA
GEM
PA
SSA
NTE
PENEIRAS (mm)
Curva Granulométrica
AREIA
BORRACHA
BRITA
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Na Tabela 3, é apontado o traço em massa para moldagem de um corpo de prova “padrão”, com 6%,
11% e 16% de substituição de areia por borracha, com 1,57 dm³. Visto que o teor de substituição foi
determinado com base nas substituições feitas por Fioriti, Ino e Akasaki (2007).
Tabela 3 - Composição dos materiais para o traço de um corpo de prova
TRAÇO
MATERIAL
PADRÃO 6% 11% 16%
Cimento (Kg) 0,77 0,77 0,77 0,77
Areia (Kg) 1,34 1,26 1,19 1,13
Brita (Kg) 1,28 1,28 1,28 1,28
Borracha (Kg) - 0,08 0,15 0,21
Água (l) 0,345 0,345 0,345 0,345
Fonte: O autor (2018)
Posteriormente, foram moldados 32 corpos de prova, sendo 6 por traço e 2 por idade, e seu processo
de cura foi realizado em um tanque com água, de acordo com a ABNT NBR 5738/2015, e rompidos nas
idades de 7, 14 e 28 dias, de acordo com a ABNT NBR 5739/2007.
Foram efetuados testes de índice de vazios e absorção de água do concreto em 8 corpos de prova,
sendo 2 por traço na idade de 28 dias, de acordo com a ABNT NBR 9778/2005.
2.3 Resultado e Discussão
Os resultados acerca da resistência à compressão do concreto são expostos na Tabela 4, com seus
respectivos resultados, retirados de uma média aritmética dos dois corpos de prova rompidos para cada idade
e traço.
Tabela 4 - Resistência dos corpos de prova
7 DIAS 14 DIAS 28 DIAS
Padrão 17,65 19,60 22,25
6% 10,80 14,50 16,45
11% 11,05 12,85 14,40
16% 8,00 9,65 10,70
RESISTÊNCIA EM MPaTRAÇO
Fonte: O autor (2018)
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A figura 4 ilustra o comportamento do concreto de acordo com a idade.
Figura 4 - Curva do comportamento do concreto
Fonte: O autor (2018)
O resultado do teste de absorção de água e índice de vazios determinado é apresentado na Tabela 5 e
na Tabela 6, respectivamente.
Tabela 5 - Índice de absorção de água
TRAÇO (%)
Padrão 7,66
6% 6,35
11% 7,39
16% 7,03
Fonte: O autor (2018)
Tabela 6 - Índice de vazios
TRAÇO (%)
Padrão 17,85
6% 13,14
11% 14,61
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
0 7 14 21 28 35
Res
istê
nci
a em
MP
a
Dias
Comportamento do Concreto
Padrão 6% 11% 16%
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16% 14,01
Fonte: O autor (2018)
Com os resultados apontados, nota-se que houve uma baixa na resistência do concreto ao que era
estipulado de 25 MPa. Uma das justificativas, se não a principal, foi a dosagem que poderia ter sido
calculada com um teor maior de argamassa, visto que, nos corpos de prova com adição de borracha, é
possível observar nichos de concretagem, também conhecidos como “bicheiras”, o que prejudicou a
resistência dos mesmos.
Devido a esse tipo de patologia nos corpos de prova, uma amostra com 11% de adição de borracha
foi desprezada no rompimento aos 28 dias, pois o mesmo apresentava muitos vazios. Outra solução para as
bicheiras era o aumento da relação água/cimento, o que não seria viável, pois o corpo de prova “padrão” não
apresentou problemas. Logo, a relação água/cimento ajudaria apenas no adensamento do mesmo, fazendo
com que a solução mais viável para o problema apresentado – baixa na resistência e bicheira – foi o aumento
do teor de argamassa e o ajuste na relação água/cimento.
Figura 5 - Corpo de prova com bicheira
Fonte: O autor (2018)
Por outro lado, os corpos de prova com adição de 16% de borracha apresentaram um bom
desempenho referente a fissuração. As fissuras evidenciadas durante os testes foram menores e mais
controladas, em comparação ao demais corpos de prova com traços diferentes. Quando fissurado por
completo, o corpo de prova ainda permanecia unido, por conta do trabalho das borrachas, como mostra a
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Figura 6, ao passo que o corpo de prova “padrão”, quando fissurado por completo, se partia em dois
pedaços.
Figura 6 - Corpo de prova rompido
Fonte: O autor (2018)
Acrescentando à discussão anterior acerca dos resultados a respeito da resistência à compressão,
pode-se analisar, também, que a perda de resistência pode ser causada pelo alto volume de borracha
adicionada em relação à areia, dado que a substituição foi feita por massa, e não por volume. A Tabela 7
revela a porcentagem que os corpos de prova perderam em relação ao seu traço padrão.
Tabela 7 - Perda de resistência
PERDA DE RESISTÊNCIA EM %
TRAÇO 7 DIAS 14 DIAS 28 DIAS
6% 38,81 26,02 26,07
11% 37,39 34,44 35,28
16% 54,67 50,77 51,91
Fonte: O autor (2018)
Pode se perceber que houve uma perda bem significativa em comparação aos resultados apresentados
por Fioriti, Ino e Akasaki (2007), visto que aos 28 dias a perca de resistência com substituição de 8% teve
uma perca de 18,13%, a substituição de 10% teve uma perca de 22,46% e a de 12% uma perca de 32,57% de
resistência, visto que a substituição dos agregados por resíduos de pneus foram feitas por volume.
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Os resultados apresentados na Tabela 5 e 6 ilustram que os resultados com adição de borracha foram,
por assim dizer, um pouco aleatórios, pois os mesmos não tiveram comportamento linear. Isso pode ocorrer
pela granulometria variada que se utilizou no concreto. Não foram manipulados apenas os finos da borracha,
mas também as partículas com dimensões “médias”, como pode-se observar na Figura 2. As partículas
maiores não absorvem água como as menores, fator este que foi notado por meio de um teste realizado em
um recipiente de vidro com capacidade de 500 ml, onde os finos da borracha encheram-se de água e ficaram
no fundo do vidro, enquanto os maiores boiaram. A Tabela 8 indica, em porcentagem, a diferença em
relação ao traço padrão, a absorção de água e os índices de vazios.
Tabela 8 - Relação dos resultados de absorção de água e índice de vazios
DIFERENÇA EM %
TRAÇO ABSORÇÃO DE ÁGUA ÍNDICE DE VAZIOS
6% 17,15 26,39
11% 3,59 18,16
16% 8,23 21,53
Fonte: O autor (2018)
Como é possível perceber nos resultados apresentados acima, é necessário que haja maior atenção
para propriedades da borracha, visto que é um material que pode trazer benefícios quanto ao uso do
concreto. É fundamental, no entanto, que sejam realizadas mais pesquisas acerca do assunto, para que se
tenha um conhecimento mais aprofundado do seu comportamento no concreto no diz respeito à resistência à
compressão.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A areia e a borracha, como dito, são dois materiais problemáticos para a natureza, e merecem um
estudo mais aprofundado para sua economia (areia) e sua melhor utilização (borracha). Em vista disso,
diante dos resultados exibidos no tópico anterior, a proposta para uma nova pesquisa é fazer apenas a adição
da borracha no concreto e que se realizem testes com granulometrias diferentes da borracha, utilizando
apenas os finos e as partículas maiores para análise e comparação entre os resultados, aumentando também o
seu teor de argamassa para ter um adensamento mais efetivo do concreto.
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REFERÊNCIAS
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para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro, p. 9. 2015.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto – Ensaio de
compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, p. 9. 2018.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: Agregados para concretos
– Especificação. Rio de Janeiro, p. 9. 2009.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9778: Argamassa e concreto
endurecidos – Determinação da absorção de água, índice de vazios e massa específica. Rio de Janeiro, p. 4.
2005.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 45: Agregados –
Determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de Janeiro, p. 8. 2006.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 52: Agregado miúdo –
Determinação da massa específica e massa específica aparente. Rio de Janeiro, p. 6. 2009.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 53: Agregado graúdo –
Determinação de massa específica, massa específica aparente e absorção de água. Rio de Janeiro, p. 8. 2009.
ANIP. Dados Gerais. Disponível em: <http://www.anip.org.br/anip-em-numeros/dados-gerais/>. Acesso
em: 21 set. 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Manual de Pavimento Intertravado. Campo
Bom: 2010.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. v.1. 488p.
CONAMA - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA Nº 416/2009.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=616>. Acesso em: 11 abr.
2018.
FIOIRITI, Cesár F.; INO, Akemi; AKASAKI, Jorge L. Avaliação de blocos de concreto para
pavimentação intertravada com adição de resíduos de borracha provenientes da recauchutagem de
pneus. Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Constuído, Porto Alegre, vol. 7, pp. 43-54, dez.
2007.
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Paschoaleto, A.R., et al. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA): Guia de
estudos. 2014. Disponível em: <http://sinus.org.br/2014/wp-content/uploads/2013/11/PNUMA-Guia-
Online.pdf>. Acesso em: 01 out. 2018.
SILVA, Stéfano C. M. Concreto produzido com brita calcária e resíduo de borracha de pneu em
substituição parcial do agregado miúdo. 2013, 68p. Monografia de graduação – Universidade Federal
Rural do Semi-Árido, Mossoró, 2013.