universidade para o desenvolvimento do estado e … · prof. dr. francisco de assis rolim pereira....
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃODO PANTANAL – UNIDERP
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM PRODUÇÃO EGESTÃO AGROINDUSTRIAL
INTERFERÊNCIA DA VELOCIDADE DO PULVERIZADOR NA APLICAÇÃO DEPRODUTOS FITOSSANITÁRIOS NA CULTURA DA SOJA
CAMPO GRANDE – MS
2007
MARCELO WILSON RODRIGUES DE SOUZA
INTERFERÊNCIA DA VELOCIDADE DO PULVERIZADOR NA APLICAÇÃO DEPRODUTOS FITOSSANITÁRIOS NA CULTURA DA SOJA
Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em nível de MestradoProfissionalizante em Produção e GestãoAgroindustrial da Universidade para oDesenvolvimento do Estado e da Região doPantanal – UNIDERP como parte dos requisitosregulamentares do curso.
Comitê de orientação: Prof. Dr. Fernando César BauerProf. Dr. Bruno Ricardo ScheerenProf. Dr. Francisco de Assis Rolim Pereira.
CAMPO GRANDE – MS
2007
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UNIDERP
Souza, Marcelo Wilson Rodrigues de.Interferência da velocidade do pulverizador na aplicação de
produtos fitossanitários na cultura da soja / Marcelo WilsonRodrigues de Souza. -- Campo Grande, 2007.
46f. : il.
Dissertação (mestrado)- Universidade para oDesenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, 2007.
“Orientação: Prof. Dr. Fernando César Bauer.”
1. Tecnologia de aplicação 2. Agrotóxicos 3. Pesticidas 4.Pontas I. Título.
CDD 21.ed. 632.95631.3
S729i
FOLHA DE APROVAÇÃO
Candidato: Marcelo Wilson Rodrigues de Souza
Dissertação defendida e aprovada em 16 de novembro de 2007 pela BancaExaminadora:
__________________________________________________________Prof. Doutor Fernando César Bauer (Orientador)
__________________________________________________________Prof. Doutor Cristiano Marcio Alves de Souza (UFGD)
__________________________________________________________Prof. Doutor Francisco de Assis Rolim Pereira (UNIDERP)
_________________________________________________Prof. Doutor Francisco de Assis Rolim Pereira
Coordenador do Programa de Pós-Graduaçãoem Produção e Gestão Agroindustrial
________________________________________________Prof. Doutor Raimundo Martins Filho
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UNIDERP
ii
À pequena mas, valiosa Família queenriqueceu minha vida:
Minha esposa Shirley e Meu filhoDiego.
A vocês, dedico este estudo com muitoamor e carinho.
iii
AGRADECIMENTOS
A DEUS por esta conquista, acreditando que possa retribuir através de
competência, generosidade e contribuição à comunidade.
Quero de agradecer particularmente ao Prof. Dr. Fernando César Bauer,
pois seu apoio incondicional como orientador proporcionou-me a oportunidade de
criar e testar as idéias estabelecidas no decorrer da elaboração desta dissertação.
Aos meus co-orientadores, Doutores Francisco de Assis Rolim Pereira e
Bruno Ricardo Scheeren pela atenção, dedicação e carinho com que sempre me
atenderam.
À contribuição de todos os professores do curso que me beneficiaram com
uma ampla variedade de informações. Minha dívida intelectual para com todos e
muitos outros é substancial.
Aos colegas de curso que me acolheram e ajudaram no dia-a-dia com
apoio em diversas situações, aos colegas José Carlos, Marnilce, Kennedy e
Coronel Ivan, por dividirmos nossas dificuldades e alegrias das longas viagens de
Primavera do Leste a Campo Grande.
O apoio e a colaboração do produtor rural Ivanio Sartoreto e irmãos que
indiscutivelmente se propuseram a fornecer o local, o equipamento e todas as
condições que levaram a concluir este trabalho. A todos o meu mais sincero
agradecimento.
A todos, sem exceção, obrigado.
iv
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. VI
LISTA DE TABELAS ............................................................................................ VII
RESUMO .............................................................................................................. IX
ABSTRACT............................................................................................................ X
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 11
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................... 14
2.1 Cultura da Soja...........................................................................................14
2.2 Aplicação de Produtos Fitossanitários........................................................15
2.3 Fatores inerentes a Aplicação de Produtos Fitossanitários........................17
2.4 Avaliação da Pulverização ........................................................................21
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................ 24
3.1 Traçador e Alvos Coletores ........................................................................24
3.2 Aplicação do Traçador................................................................................25
3.3 Coleta, Preparo e Acondicionamento das Amostras ..................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 44
ANEXOS .............................................................................................................. 48
ANEXO 1 – Folder do fabricante com informações sobre vazão, velocidade de
deslocamento, pressão e volume de aplicação para pontas com
injeção de ar modelo AVI, utilizadas como parâmetro nas
aplicações dos tratamentos.............................................................. 49
v
ANEXO 2 – Folder do fabricante com informações sobre vazão, velocidade de
deslocamento, pressão e volume de aplicação para pontas de jato
tipo cone vazio modelo JA, utilizadas como parâmetro nas
aplicações dos tratamentos.............................................................. 50
ANEXO 3 – Folder do fabricante com informações sobre vazão, velocidade de
deslocamento, pressão e volume de aplicação para pontas do tipo
jato plano simples modelo AXI, utilizadas como parâmetro nas
aplicações dos tratamentos.............................................................. 51
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Representação da área do estudo mostrando velocidades a serem
utilizadas e área de estabilizações para cada ponta. ..........................26
Figura 2 – Conjunto de pontas instaladas em suporte quadrijet do
pulverizador automotriz utilizado nas pulverizações. Primavera do
Leste, 2005. ........................................................................................26
Figura 3 – Regulagem do equipamento de acordo com recomendação do
fabricante antes do início das aplicações. Primavera do Leste-MT,
2005. ...................................................................................................29
Figura 4 – Aplicação da solução traçadora aos 45 (a) e 85 (b) DAS na cultura
da soja. Primavera do Leste-MT, 2005. ..............................................30
Figura 5 – Coleta dos folíolos ao longo da barra de pulverização. Primavera
do Leste-MT, 2005. .............................................................................31
Figura 6 – Acondicionamento dos folíolos em sacos plásticos e em envelopes
de papel numerados e separados. Primavera do Leste-MT, 2005......31
Figura 7 – Extração do depósito na folha através de pipetagem (B),
Colocação da água destilada no saquinho junto com a folha (C),
Processo de agitação (D) e depósito no vidro (A e E). Primavera
do Leste-MT, 2005. .............................................................................33
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Velocidade do vento (km. h-1), umidade relativa do ar (%) e
temperatura (ºC), no momento das aplicações. Primavera do
Leste-MT, 2005. ..................................................................................27
Tabela 2 – Valores das pressões (bar) para cada uma das velocidades
utilizadas, no momento das aplicações, Primavera do Leste-MT,
2005. ...................................................................................................36
Tabela 3 – Análise de variância da deposição entre as pontas AXI 11003, AVI
11002, JA2, às velocidades de 13, 15 e 18 km h-1, aos 45 dias
após a semeadura, Primavera do Leste-MT, 2005. ............................36
Tabela 4 – Resultados das médias de deposição total (µL. cm-2 ) entre pontas
e velocidade nas aplicações realizadas aos 45 e 85 dias após a
semeadura (médias gerais) , Primavera do Leste-MT, 2005. .............37
Tabela 5 – Médias de deposição (µL cm-2) do corante aos 45 e 85 dias após a
semeadura, para as pontas AXI 11003, 11002 e JA2, Primavera
do Leste-MT, 2005. .............................................................................38
Tabela 6 – Médias de deposição (µL cm-2) do corante aos 45 e 85 DAS para
as pontas JA-2, nas velocidades de 13, 15 e 18 km h-1, Primavera
do Leste-MT, 2005. .............................................................................40
Tabela 7 – Interação entre as médias de deposição (µL cm-2) das pontas AXI
11003, AVI 11002 e JA-2 e as velocidades 13, 15 e 18 km h-1, em
aplicação realizada aos 45 dias após o plantio, Primavera do
Leste-MT, 2005. ..................................................................................41
Tabela 8 – Análise de variância das médias de deposição entre as pontas AXI
11003, AVI 11002 e JA-2, as velocidades 13, 15 e 18 km h-1, aos
85 dias após a semeadura, Primavera do Leste-MT, 2005.................41
viii
Tabela 9 – Médias de deposição (µL cm-2 ) das pontas AXI 11003, AVI 11002
e JA-2, as velocidades de 13, 15 e 18 km. h-1, nas aplicações
realizadas aos 85 dias após a semeadura, Primavera do Leste -
MT, 2005. ............................................................................................42
ix
RESUMO
A expansão das áreas agrícolas e a monocultura extensiva têm provocado osurgimento de novas pragas e doenças na cultura da soja aumentando o custo deprodução. Os produtos fitossanitários atuam como importante componente nomanejo de culturas dependente de proteção química. A cultura da soja devido àocorrência crescente de agentes etiológicos, à necessidade de maiorprodutividade, interferência das condições ambientais, modernização dosequipamentos de pulverização, tem utilizado um número maior de aplicações deprodutos fitossanitários, levando os produtores a executar essas aplicações avelocidades cada vez maiores, sem levar em conta a qualidade das mesmas e apoluição ambiental. O presente estudo teve por objetivo avaliar a interferência davelocidade do pulverizador na aplicação de produtos fitossanitários na cultura dasoja. O trabalho foi realizado no município de Primavera do Leste-MT, na fazendaSão Luiz em área de pivô central de 110 hectares, cuja semeadura ocorreu no dia30 de novembro de 2005, com a cultivar Coodetec 219, espaçamento 0,45 metroscom uma população final de 227.000 plantas por hectare. Para o experimento foiconsiderado como área útil a largura da barra de pulverização, pela áreapercorrida 30,0 m para cada uma das velocidades e pontas. As aplicações foramefetuadas com pulverizador automotriz da marca Jacto Modelo Uniport 3000,equipado com barra de 24,0 m e 69 bicos em suporte quadrijet espaçados em0,35 m, equipados com as pontas AXI 11003; JA-2 e AVI 11002 da marca Jacto.As velocidades utilizadas foram de 13, 15 e 18 km. h-1 . Nas condições em que oestudo foi realizado concluiu-se que: quando se aumenta a velocidade ocontrolador de pulverização eleva a pressão a valores acima da recomendação dofabricante; a velocidade de 18 km h-1 interferiu na aplicação; a ponta com induçãode ar foi a mais adequada para utilização a velocidades maiores e a ponta JA-2foi a mais afetada pelo aumento da velocidade.
Palavras-chave: tecnologia de aplicação, agrotóxicos, pesticidas, pontas.
x
INTERFERENCE OF SPEED ON PESTICIDE APPLICATION INSOYBEAN CROPS
ABSTRACT
The expansion of the agricultural frontier and the extensive monoculture has beenprovoking the appearance of new pests and diseases in soybean crop, increasingthe production costs. The pesticides are important component in the productionsystems of cultures that needs chemical protection. The soybean crop due to thegrowing incident of ethiological agents, the necessity of bigger productivity,interference of the environmental conditions, modernization of the sprayers, hasbeen using a increased number of pesticide applications, taking the producers toexecute these applications to speeds every time larger, without taking into accountthe quality and the environmental pollution. This research aimed the interferenceof the speed in pesticide application. It was carried in São Luiz farm, in thePrimavera do Leste (MT) county, in 110 ha are irrigated by center-pivot systems,which seeding occurred on November 30, 2005 , variety Coodetec 219, the plantarrangement of 0,45 m row spacing with the population of 227.000 plants/ha. Itwas considered as useful area of the sleeve boom with 24 m by the passed areaof 30 m for each one of the speeds and nozzles. The aplications were made witha JACTO UNIPORT speed-sprayer equipped with sleeve boom of 24 m, 69nozzles AXI 11003; JA-2 e AVI 11002 support quadrijet spaced out in 0,35 m.According to our, when the speed is increased the checker of pulverizationelevates the pressure above to values of the manufacturer's; that the speed of 18km h-1 interfered negatively in the application; among the valued ones. The nozzlewith air induction is more suitable for larger speeds and that the tip JA-2 was mostaffected by the increase of the speed.Key-words: application technology, pesticide, nozzles.
1. INTRODUÇÃO
A expansão das áreas agrícolas e a monocultura extensiva têm provocado
o surgimento de novas pragas e doenças na cultura da soja aumentando o custo
de produção.
Por isso, o modelo de agricultura adotado nos diversos sistemas de
produção notadamente para as culturas que ocupam extensas áreas, como
algodão, soja, milho, entre outras - é dependente do uso de produtos
fitossanitários, que atuam como importante componente no manejo de culturas.
O cultivo da soja está presente em 19 Unidades da Federação, sendo que
na safra 2004, os estados de Roraima e Alagoas registraram produções da
oleaginosa pela primeira vez. O Mato Grosso consolidou sua posição de principal
produtor nacional ao responder por 33% da produção (CONAB, 2006).
A agricultura empresarial atual é altamente dependente de proteção
química pelo uso de herbicidas, fungicidas, inseticidas e nutrientes. Altos
investimentos têm ocorrido na área de equipamentos para proteção de plantas
com aumento na largura dos pulverizadores e distribuidoras de fertilizantes, bem
como, o uso substancial da eletrônica nas máquinas para registrar a área
completada, velocidade de deslocamento, níveis de dosagem e outros parâmetros
(SALDANHA JR, 2001).
12
Barcellos (1998) cita que os agrotóxicos, embora desempenhem papel de
fundamental importância no sistema de produção agrícola vigente, têm sido alvo
de crescente preocupação, em virtude de seu potencial de risco ambiental.
Segundo Kissman (2001), o Brasil é atualmente o terceiro maior mercado
do mundo para produtos fitossanitários, superado apenas pelos Estados Unidos e
Japão. Considerando a saturação do mercado japonês e o crescimento do
brasileiro, em breve o Brasil ocupará o segundo lugar, visto que praticamente toda
a sua agricultura econômica significativa é dependente do uso intensivo de
agrotóxicos. A chamada agricultura orgânica ainda é pouco expressiva.
A cultura da soja devido à ocorrência crescente de agentes etiológicos, à
necessidade de maior produtividade, interferência das condições ambientais,
modernização dos equipamentos de pulverização e dos equipamentos, tem
utilizado um número maior de aplicações de produtos fitossanitários, levando os
produtores a executar estas aplicações a velocidades maiores, sem levar em
conta a qualidade das mesmas e a poluição ambiental.
Diante disso, o presente estudo se justifica por constatar que os principais
fabricantes de pulverizadores automotrizes e pontas de pulverização recomendam
que haja uma variação entre 4 e 20 km h-1 das mais diversas pressões e vazões
na aplicação de produtos fitossanitários.
Constatou-se ainda, que a literatura existente sobre o assunto não conta
com estudos que visem avaliar a interferência da velocidade de deslocamento na
aplicação de produtos fitossanitários em cultura de soja, em duas épocas
diferentes do desenvolvimento da cultura no intuito de avaliar também as
possíveis causas da baixa eficácia de alguns produtos aplicados a altas
velocidades. Nesse aspecto destaca-se a ferrugem da soja, tida como uma
doença altamente problemática na cultura, provocada pelo fungo Phakopsora
pachyrhizi, causa intensas perdas na cultura, podendo, segundo Yorinori e Paiva
(2002) chegar a 70%. Observada na safra 2000/2001 no Mato Grosso do Sul,
Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso provocou intenso prejuízo,
tanto em produtividade quanto em elevação de custos de produção.
13
Nas regiões em que se cultiva a soja na entressafra sob pivô central, como
Chapadão do Sul/MS e Primavera do Leste/MT, as perdas podem ser maiores
devido a presença da cultura praticamente o ano todo, podendo chegar a perdas
de até 100%.
A dificuldade de controle se dá em função de que, além de infecção e
colonização da planta ocorrer rapidamente, o início da infecção se dá a partir do
terço inferior da planta, local difícil de ser atingido pela pulverização. Nesse
sentido, a tecnologia de aplicação assume papel de destaque pois, o correto
manejo do equipamento de aplicação aumenta os níveis de depósitos por toda a
planta e, principalmente, nas partes mais baixas da planta.
Por fim, constata-se o pequeno número de pesquisadores na área de
tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários no Brasil. Assim, com a
adequada aplicação de produtos fitossanitários será possível melhorar as técnicas
e equipamentos de aplicação visando o uso seguro desses produtos, maior
segurança ao aplicador e ambiente, bem como a melhoria da produção agrícola
através da melhoria dos métodos de controle de pragas, patógenos e plantas
invasoras na agricultura. O objetivo deste trabalho foi avaliar a interferência da
velocidade de deslocamento de um pulverizador autopropelido na aplicação de
produtos fitossanitários.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Cultura da Soja
A soja (Glycine max (L.) Merrill) que hoje é cultivada em todo o mundo, é
muito diferente dos ancestrais que lhe deram origem: espécies de plantas
rasteiras que se desenvolviam na costa leste da Ásia, principalmente ao longo do
Rio Amarelo, na China. Sua evolução começou com o aparecimento de plantas
oriundas de cruzamentos naturais, entre duas espécies de soja selvagem, que
foram domesticadas e melhoradas por cientistas da antiga China (EMBRAPA,
2006).
Em 2007, o Brasil figurou como o segundo produtor mundial, responsável
por 58,4 das 236,1 milhões de toneladas produzidas em nível global ou 24,7% da
produção mundial (EMBRAPA, 2007).
Dall’Agnol (2006), afirmou que a soja agrega, anualmente, mais de 10
bilhões de dólares à balança comercial do Brasil, além de outros 50 bilhões de
dólares que são gerados em benefícios indiretos representados, principalmente,
por 4,5 milhões de empregos derivados de sua extensa cadeia produtiva que
inclui, antes da porteira, a indústria de defensivos, fertilizantes, máquinas e
implementos e, depois da porteira, as empresas de transporte, armazenagem,
processamento e de exportação. A soja se apresenta soberana no contexto do
complexo agroindustrial brasileiro e tudo indica que sua hegemonia não será
ameaçada em curto prazo, visto que o mercado está francamente comprador e o
Brasil é o único país, entre os grandes produtores mundiais, capaz de aumentar
substancialmente sua área de cultivo, podendo mais do que dobrar sua atual
oferta do grão no mercado mundial.
15
Somente com a comercialização de produtos fitossanitários, na safra
2004/2005 a soja foi responsável por 40% dos três bilhões de dólares
comercializados no Brasil (ANTUNIASSI, 2005).
Entretanto, a elevação do custo de produção e a necessidade de maior
volume de recursos aplicados ao processo produtivo, faz com que o uso racional
da tecnologia de aplicação e a otimização do tempo destas aplicações se tornem
fatores imprescindíveis para a obtenção de melhores índices de controle e
diminuição do custo de produção, aliado a menores índices de contaminação
ambiental.
No momento em que as plantas atingem o grau máximo de
desenvolvimento vegetativo, com total fechamento entre as linhas de plantio e
grande área foliar, as aplicações necessitam da máxima capacidade de
penetração na massa de folhas e cobertura das mesmas, mesmo para a
aplicação de fungicidas de ação sistêmica (ANTUNIASSI et al., 2004).
Segundo a EMBRAPA (2006), a importância econômica de cada doença
varia de ano para ano e de região para região, dependendo das condições
climáticas de cada safra. As perdas anuais de produção causadas por doenças
são estimadas em 15% a 20%, entretanto, algumas doenças podem ocasionar
perdas de quase 100% deixando bem clara a importância do controle e,
conseqüentemente, da tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários.
2.2 Aplicação de Produtos Fitossanitários
Conforme Dornelles et. al. (2006) nas atividades agrícolas, o assunto sobre
segurança ainda é incipiente. Verifica-se que a aplicação de defensivos, como
qualquer outra atividade rural, deve ser realizada segundo um conjunto de regras
e procedimentos que levem à redução dos problemas para o homem e o
16
ambiente. Ao deixar de observar alguns procedimentos básicos, o aplicador pode
comprometer sua saúde e, ainda, desequilibrar a natureza.
Esta falta de cuidados básicos por parte dos usuários demonstra a
necessidade de treiná-los, para que respeitem as normas e procedimentos de
manuseio e aplicação dos diferentes produtos.
Conforme relatam Bauer e Raetano (2001), a necessidade de melhoria na
eficiência das aplicações de produtos fitossanitários tem sido destacada por
pesquisadores como Adam (1977), Matuo (1998), entre outros.
Assim, o estudo e o desenvolvimento de novas tecnologias de aplicação
tornam-se indispensável para a obtenção de melhores índices de eficiência de
controle, que estão diretamente relacionados com a qualidade da aplicação
(BAUER e RAETANO, 2001).
No mesmo sentido, Matthews (1992) afirmou que os produtos
fitossanitários devem ser aplicados com o máximo de eficiência e para isso torna-
se necessário o estudo da deposição, cobertura e deriva, sendo esta última
responsável por perdas, além de constituir num fator de contaminação ambiental.
Berni et al. (1999), relatam que os bicos de pulverização, devido às
diferentes maneiras de fragmentar o líquido, produzem um amplo espectro
dimensional de gotas. Geralmente provocam perdas, tanto pelo arraste das gotas
pequenas provocado pelo vento quanto pelo escorrimento das gotas dos alvos de
tratamento até o solo. Essas condições conduzem ao depósito inadequado de
gotas na área de tratamento, diminuindo desta forma a eficiência no controle de
pragas e doenças, além de provocar perda de produto, aumento dos custos e
contaminação do ambiente.
A eficiência da pulverização é afetada pela forma, tamanho e posição do
alvo, densidade, diâmetro e velocidade de gota e pela velocidade e direção do
fluxo. (ABI SAAB, 1996).
Matuo (1998) e Matthews (1992) afirmam que a melhoria na aplicação de
produtos fitossanitários deverá ser alcançada com a evolução no processo de
17
aplicação em todos os seus aspectos, através do desenvolvimento de novos
equipamentos capazes de cumprir essa tarefa com maior eficiência.
Gandolfo (2001) estudando o desempenho de pulverizadores terrestres nas
condições brasileiras, encontrou variações significativas que comprometem a
qualidade das aplicações, com erros médios de dosagem de 86,8 % entre os
equipamentos analisados, o que confirma a necessidade de controle apurado dos
fluxos nos equipamentos
Portanto, o uso de técnicas adequadas e o conhecimento do equipamento
a ser utilizado – fatores referentes ao alvo –, o estágio de desenvolvimento da
cultura e as condições ambientais são importantes, para a precisão e
uniformidade da aplicação.
2.3 Fatores inerentes a Aplicação de Produtos Fitossanitários
A utilização dos produtos fitossanitários implica, obrigatoriamente, sua
colocação no ambiente de forma e em quantidade corretas. Por isso, o domínio
da tecnologia de aplicação mostra-se fundamental para o aumento da eficiência
do produto e a diminuição da contaminação do aplicador e do ambiente, bem
como para a redução dos custos nas aplicações (BAUER et.al., 2006).
Muitos são os aspectos que interferem negativamente na qualidade da
pulverização, destacando-se, entre eles, aspectos relacionados às pontas de
pulverização. Essas peças são consideradas as mais importantes do pulverizador,
por serem as responsáveis por diversos aspectos relacionados à qualidade da
aplicação, como tamanho das gotas, distribuição do líquido pulverizado,
uniformidade de distribuição e volume de calda (BAUER e RAETANO, 2004a).
Perecin et al. (1994), destacam que a uniformidade na distribuição da calda
aplicada, em pulverizações de produtos fitossanitários, é dada pelas condições de
montagem e de operação do equipamento, como espaçamento entre bicos, altura
18
da barra, ângulo de abertura dos bicos e pressão de trabalho. A ponta,
responsável pela emissão das gotas e, por isso, considerada o componente mais
importante do equipamento pulverizador, é que determina diversos fatores
relacionados à qualidade da aplicação, entre eles a vazão e a uniformidade de
distribuição do líquido, os quais devem apresentar a menor variação possível ao
longo da barra.
Assim, variações na velocidade de avanço dos pulverizadores podem
causar deposição irregular e perdas da mesma maneira que a variação de altura
da barra de pulverização. Desta forma, é consenso que se a velocidade muda e o
volume de aplicação permanece constante para o valor ótimo, as perdas serão
visíveis (SALDANHA JR, 2001).
Para que se consiga aplicar os produtos fitossanitários necessários para o
desenvolvimento da cultura em tempo hábil, tem-se procurado ferramentas para
otimizar estas aplicações. Em Primavera do Leste-MT o aumento da velocidade
de deslocamento, o uso de máquinas modernas e a topografia favorável permitem
que as aplicações dos produtos fitossanitários sejam realizadas em velocidades
acima de 20 km h-1, aumentando o risco de deriva.
Segundo Womac (2001), que avaliou a interferência das velocidades de
6,4; 12,9; 19,3 e 26 km h-1 em pulverização em campo, utilizando pontas com
indução de ar tipo ULTRA-PLUS LOW DRIFT (UPLD), da marca SPRAY
MASTER, Deere & Co., com ângulo de 110º, concluiu que apenas na velocidade
de 6,4 km h-1 foram mantidas as características de produção de gotas para tal
ponta, interferindo na aplicação devido ao aumento de pressão e conseqüente
quebra maior das gotas diminuindo o tamanho das mesmas.
Segundo Satow et al.(1993) são fatores importantes na qualidade da
aplicação além do tamanho das gotas, velocidade, turbulência e direção do vento.
O volume de aplicação, distância do alvo, pressão, velocidade e a energia cinética
das partículas pulverizadas também influenciam diretamente a deriva
Fatores como o tamanho da gota e sua velocidade descendente,
turbulência de ar e altura da barra, afetam a distância que uma gota percorre
19
antes de se depositar no alvo. Porém, a velocidade de vento é, normalmente, o
fator mais crítico entre as condições ambientais que afetam a deriva. Quanto
maior a velocidade de vento, maior distância que uma gota de um determinado
tamanho será levada. Quanto maior a gota, menos afetada pelo vento será e mais
rápido cairá. Porém, ventos altos podem desviar gotas maiores para fora do alvo
(OZKAN, 2005).
Segundo Kissmann (2001), um dos maiores problemas na aplicação de
produtos fitossanitários é a deriva do produto pulverizado. A deriva é resultante de
muitos fatores ligados ao ambiente e a calibração do equipamento, como
tamanho e peso das gotículas, altura da barra, condições de vento, topografia,
volume aplicado, entre outros.
Tecnologia de aplicação de agrotóxicos é o emprego de todos os
conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto
biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica,
com mínimo de contaminação de outras áreas (MATUO, 1998).
Neste sentido, pesquisas têm sido realizadas no sentido de melhorar a
cobertura do alvo. Segundo Bauer e Raetano (2001), o uso da assistência de ar
na barra de pulverização, aumentou significativamente a deposição na superfície
abaxial dos folíolos de feijoeiro mais próximos ao solo somente com o uso das
pontas JA-2 e AXI 11003, evidenciando maior penetração da pulverização.
Em relação à pulverização, Tewari et al. (1998), relataram a existência de
vários tipos de pulverizadores hidráulicos, que vão desde os mais simples, do tipo
costal, utilizado em pequenas áreas, até os equipamentos mais sofisticados,
como os pulverizadores automotrizes. Nesses equipamentos, os bicos de
pulverização representam, sem dúvida, um dos principais componentes, pois
garantem a qualidade e a segurança da aplicação (TEWARI et al., 1998).
Atualmente, existem no mercado pontas de pulverização hidráulicas de
vários tipos e usos definidos para diferentes e específicas condições técnicas
operacionais. Diversos trabalhos têm sido feitos para avaliar as características
técnicas destas pontas (CUNHA E TEIXEIRA 2001, BAUER E RAETANO 2004b,
20
VOLL et al. 2004), no entanto, alguns tipos ainda carecem de informações que
auxiliem em sua seleção, como as pontas de jato plano duplo com indução de ar.
Seu potencial de uso é grande, contudo, seu desempenho operacional ainda é
desconhecido
O que se chama genericamente de bico é o conjunto de peças colocado no
final do circuito hidráulico, através do qual a calda é emitida para fora da máquina.
Esse conjunto é composto de várias partes, das quais a ponta de pulverização é a
mais importante, regulando a vazão, o tamanho das gotas e a forma do jato
emitido (CHRISTOFOLETTI, 1999).
Matthews (2002) afirma que cada ponta possui uma característica própria
de distribuição volumétrica, sendo esta, específica para cada condição de altura
do bico em relação ao alvo e de espaçamento entre bicos na barra. Portanto, é
preciso estudar o comportamento das pontas em diferentes condições de
trabalho.
A determinação do tamanho adequado de gotas em função do alvo,
elevando a cobertura, deposição e eficácia dos agrotóxicos, é um fator
fundamental na redução da contaminação ambiental, do aplicador e do custo do
tratamento (RAMOS et al., 2004).
As pontas são os componentes mais significativos dos pulverizadores e
apresentam como funções básicas: fragmentar o líquido em pequenas gotas,
distribuir as gotas e controlar a saída do líquido por unidade de área (SIDAHMED,
1998).
Por isso, as pontas de pulverização devem ser escolhidas de acordo com a
forma de emissão que podem ser jato cônico e plano. Além do produto a ser
aplicado, como, quanto e quando aplicar, devem ser obedecidos.
Segundo o fabricante as pontas JA-2 do tipo cone vazio trabalham com
pressões que variam de 4,2 a 14,8 bar. A identificação de vazão se dá através da
cor e o código da ponta.
21
Ainda segundo o fabricante, este tipo de ponta produz gotas que variam de
101 – 200 micrometros, sendo classificadas como finas. A ponta AXI 11003 de
jato plano, possui um ângulo de pulverização de 110º à pressão de 1,48 bar e
produz gotas médias a grossas. As pontas AVI – 11002 são pontas do tipo leque
com injeção de ar (sistema venturi), que geram gotas grandes com bolhas de ar
em seu interior.
Em se tratando de agricultura, a deriva é considerada um dos maiores
problemas do segmento (SUMNER e SUMNER, 1999). O desvio da trajetória que
impede que as gotas produzidas atinjam o alvo está relacionado, principalmente,
ao tamanho de gotas e à velocidade do vento (SILVA, 1999).
Segundo Cunha et. al. (2007) as pontas de jato cônico vazio foram
relativamente mais sujeitas à deriva que as pontas de jato plano,
independentemente da pressão. Portanto, seu uso deve ser feito com critério,
evitando-se situações climáticas adversas. Mesmo com a redução da pressão de
operação, existe risco de perda de agrotóxico para o ambiente. Já as pontas de
jato plano têm menor risco potencial de deriva, principalmente em baixas
pressões.
De qualquer forma, empregando-se pontas standard é preciso atentar
muito para as condições de velocidade de vento, principalmente acima de 3 m s-1,
pois em pressões acima de 3 bar, mais de 15% do volume pulverizado está
sujeito ao arrastamento provocado pelo vento.
As pontas antideriva contribuíram para o aumento do tamanho das gotas,
diminuindo o risco potencial de deriva. O pré-orifício produz perda de carga na
pressurização, com efeito inverso no diâmetro das gotas (CUNHA et. al., 2007).
2.4 Avaliação da Pulverização
22
O estudo de técnicas para avaliação da deposição e perdas nas aplicações
de produtos fitossanitários tem levado vários autores a desenvolver metodologias
cada vez mais eficientes. Palladini et al. (2005), avaliaram uma mistura de
corantes Azul Brilhante mais Saturn Yellow a 0,15%. Esta mistura não apresentou
degradação em todas as condições de avaliação, não foi absorvida pelas folhas e
manteve a solução na mesma tensão superficial da água, possibilitando ajustá-la
aos mesmos níveis das concentrações dos produtos fitossanitários. Isto
proporcionou o estabelecimento de um método qualitativo pela avaliação visual
sob luz ultravioleta da distribuição do pigmento e quantitativo com a determinação
da quantidade depositada do corante numa mesma solução, em diferentes
tensões superficiais na calda de pulverização.
As várias concentrações das soluções de ambos os corantes não sofreram
degradação pela luz solar quando submetidas aos vários períodos de incidência
luminosa nos tubos de quartzo (ambiente fechado), visto que as curvas de
recuperação apresentaram equações semelhantes àquelas concentrações que
foram mantidas no escuro (MARCHI et al., 2005).
Assim, o uso de traçadores é muito atrativo, em virtude da facilidade de sua
visualização ou remoção das folhas ou alvos coletores diretamente pela utilização
de água (MARCHI et al., 2005).
Por sua vez, as soluções traçadoras devem ser sensíveis à detecção;
possibilitar o uso em análise quantitativa com rapidez; ser solúveis quando
misturadas à calda, com efeitos físicos mínimos na pulverização e menor
evaporação das gotas; ter propriedades distintas para se diferenciar de outras
substâncias; e ser estáveis, atóxicas e de baixo custo. O corante alimentício Azul
Brilhante e Amarelo Tartrasina catalogados internacionalmente pela “Food, Drug
& Cosmetic” (FD&C) como FD&C Blue n. 1 e FD&C Yellow n.5, respectivamente,
atendem a todas as exigências requeridas de um traçador citadas anteriormente
(MARCHI et al., 2005).
Portanto, a avaliação de uma pulverização pode ser feita por meio de um
estudo da deposição de gotas sobre superfícies-alvo, que podem ser naturais ou
artificiais. Existem vantagens e desvantagens quanto ao tipo de alvo a ser
23
utilizado, no entanto, as superfícies naturais são mais utilizadas, por
representarem melhor, as condições reais de uma aplicação (MILLER, 1993).
3. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no município de Primavera do Leste-MT, na fazenda
São Luiz, com coordenadas geográficas: 15º07’20” S e 54º06’09” W, altitude 600
metros, com área total de 3.000 hectares com cultivos de soja e milho. Provida de
alta tecnologia de máquinas e implementos, a semeadura foi feita em sistema de
cultivo mínimo, onde se revolvia o solo apenas para incorporação do milheto.
A semeadura ocorreu, em área irrigada sob pivô central, no dia 30 de
novembro de 2005, com a cultivar Coodetec 219, espaçamento 0,45 metros e
população final de 227.000 plantas por hectare .
As pontas ultilizadas foram AXI 11003, JA2 e AVI 11002 e as velocidades
V1 = 13 km. h-1; V2 = 15 km. h-1; e V3 = 18 km. h-1 . Assim, os tratamentos se
configuram com a utilização de cada ponta aplicando a calda traçadora às três
velocidades, todas operadas à pressão tal que resultasse em taxa de aplicação
de 100 L ha-1.
3.1 Traçador e Alvos Coletores
Para a avaliação da deposição, lançou-se mão de um traçador composto
do corante alimentício Azul Brilhante (Corante Azul FCF, Duas Rodas Industrial),
catalogado internacionalmente pela “Food, Drug & Cosmetic” como FD&C Blue
n.1. O corante foi utilizado na concentração de 2.000 e 4.000 mg L-1 para volumes
de aplicação de 100 L ha-1. Este produto em pó acondicionado em embalagem
de 100 g foi diluído e homogeneizado em balde plástico com água e colocado
diretamente no tanque de pulverização, previamente completado com água
25
suficiente para as aplicações do estudo. As concentrações do corante foram
modificadas da primeira aplicação para a segunda, para facilitar a leitura pelo
espectrofotômetro.
As amostras foram constituídas de folíolos do ponteiro das plantas, sendo
coletadas sempre o folíolo mais aberto e superficial possível, retirados
aleatoriamente dentro da área experimental. As parcelas foram demarcadas com
30,0 m de comprimento, no sentido do deslocamento do pulverizador e largura
igual ao tamanho da barra pulverizadora, 24,0 m separadas por 50,0 m de área
para estabilização da velocidade e calibração (Figura 2).
Foram coletados 40 folíolos, sendo 20 de cada lado da barra de
pulverização, para cada ponta e velocidade testada.
3.2 Aplicação do Traçador
Para as aplicações foi utilizado um pulverizador automotriz da marca Jacto
Modelo Uniport 3000, equipado com barra de 24,0 m e 69 bicos em suporte
quadrijet, espaçados em 0,35 m, equipados com as pontas AXI 11003; JA2 e AVI
11002 da marca Jacto S.A. (Figura 3). Esse pulverizador foi escolhido por se
tratar de equipamento novo adquirido na atual safra em perfeito estado de
conservação.
26
Figura 1 – Representação da área do estudo mostrando velocidades a seremutilizadas e área de estabilizações para cada ponta.
Figura 2 – Conjunto de pontas instaladas em suporte quadrijet do pulverizadorautomotriz utilizado nas pulverizações. Primavera do Leste, 2005.
27
Para a escolha das pontas levou-se em consideração as mais utilizadas na
região, pois segundo a recomendação do fabricante estas pontas conseguem
realizar as aplicações satisfatoriamente nas velocidades e vazões propostas.
Todas as pontas usadas nas aplicações foram adquiridas no comércio local.
Foi utilizado o volume de calda de 100 L ha-1 para todas as pontas em
todos os tratamentos. Optou-se por esse volume por ser o mais usual na região
para a maioria das aplicações durante o desenvolvimento da cultura.
A determinação das velocidades a serem avaliadas levou em consideração
aquelas normalmente utilizadas pelos produtores da região e as recomendações
do fabricante do pulverizador, sendo V1 = 13; V2 = 15; e V3 = 18 km. h-1 (Figura
2). Cada tipo de ponta foi avaliada nas três velocidades.
Foram feitas duas aplicações para cada tratamento, sendo a primeira aos
45 dias após a semeadura (DAS) em 16/01/2005, estando a cultura no estádio de
R1 e a segunda aos 85 DAS, em 26/02/2005, em estádio R8 .
A primeira aplicação teve início às 16:00 horas, com temperatura variando
entre 37,0ºC e 29,8ºC às 18:00 h após a finalização da aplicação, e a velocidade
do vento variou entre 2,1 e 5,1 km h-1, com umidade relativa do ar entre 29 a 47%
(Tabela 1).
Na primeira aplicação devido à instabilidade do vento foram feitas quatro
leituras e na segunda apenas duas, pois o vento encontrava-se estável.
Tabela 1 – Velocidade do vento (km. h-1), umidade relativa do ar (%) etemperatura (ºC), no momento das aplicações. Primavera do Leste-MT, 2005.
Aplicação Horário(h)
Umidaderelativa (%)
Velocidade do vento(km. h-1)
Temperatura (ºC)
1ª Aplicação 16:02 29 2,5 37,0(16/01/05) 16:10 29 2,1 36,1
18:00 47 5,1 29,818:10 47 4,7 29,8
2ª Aplicação 14:57 86 6,1 21,0(12/03/05) 15:10 86 6,3 21,0
28
Para fazer a alteração da velocidade com o menor tempo possível, foram
colocadas estacas de marcação em campo, mantendo os espaçamentos
utilizados no estudo, para que o operador treinasse a passagem e a alteração das
velocidades com perfeição no espaço destinado a mudança e estabilização.
As aplicações foram realizadas com cada ponta individualmente, onde o
equipamento mantinha a velocidade dentro da parcela e a alterava em local
destinado a manobras, iniciando imediatamente nova aplicação sem parada do
pulverizador. O mesmo procedimento foi utilizado para todas as pontas. Desse
modo as condições ambientais foram similares em todos os tratamentos.
O equipamento de pulverização foi calibrado segundo recomendação do
fabricante (Figura 4), dentro das características de cada tratamento, para as
pontas e respectivas velocidades, sendo que para manter o volume de calda
estável em 100 L ha-1, o controlador de fluxo realizava automaticamente a
adequação da pressão após a alteração da velocidade. Desse modo, quando a
velocidade era aumentada, o equipamento aumentava a pressão nas pontas para
compensar a velocidade e manter o volume de aplicação e, do mesmo modo,
quando a velocidade era diminuída o equipamento diminuía a pressão.
Quanto à indicação da velocidade, o equipamento possui dois sensores
para correção, sendo um sensor na roda e outro no GPS. Ambos foram aferidos
através do método de espaço percorrido X tempo gasto, com a demarcação de
50,0 metros, colocando a velocidade apropriada e marcando o tempo gasto para
percorrer a distância. A diferença entre as velocidades indicada no painel e a
calculada esteve sempre na casa decimal sendo, por isso, para fins desse estudo,
considerada como padrão a velocidade indicada no painel.
Com a variação da velocidade o equipamento modifica automaticamente a
pressão de trabalho forçando a passagem do líquido quebrando as gotas em
partículas menores e mais suscetíveis a perdas por evaporação e deriva para
manter a mesma vazão nos bicos, com isso.
29
Figura 3 – Regulagem do equipamento de acordo com recomendação dofabricante antes do início das aplicações. Primavera do Leste-MT,2005.
No momento da aplicação posicionou-se a ponta a ser avaliada, colocando
a máquina em movimento antes do início da área útil, à velocidade de 13 km h-1.
Após o término da parcela, na área de estabilização sem parada do pulverizador,
foi feita a alteração da velocidade e, após sua estabilização adentrava-se em
outra parcela. Esse procedimento foi adotado em todas as aplicações.
Após a passagem pela última parcela, na velocidade de 18 km h-1, o
equipamento parava e as pontas eram trocadas, de modo a entrar na área
seguinte com o mesmo procedimento.
Como a área experimental constituiu-se de parte da área comercial da
propriedade, onde outras pulverizações já haviam sido realizadas, o equipamento
sempre seguiu o rastro deixado por aplicações anteriores, demarcando-se apenas
os limites de mudança de velocidade. Estes limites eram demarcados por estacas
pintadas de branco, permitindo que o operador, de dentro da cabine, pudesse vê-
las e, então, executar a mudança de velocidade no momento oportuno. Esta
operação foi repetida três vezes dentro da área, para que o operador não tivesse
dúvida no momento da aplicação.
30
3.3 Coleta, Preparo e Acondicionamento das Amostras
A solução traçadora dentro do tanque do pulverizador, constituída por água
+ corante azul brilhante nas concentrações de 0,2% v/v para a primeira aplicação
e 0,4% v/v para a segunda, foi coletada antes e após todas as aplicações,
diretamente nas pontas de pulverização, para que fossem utilizadas como
referência de leitura. Após a coleta foi aplicada sobre a cultura da soja aos 45 e
85 DAS (Figura 5), sendo que em ambas as aplicações o método utilizado na
coleta foi o mesmo.
Figura 4 – Aplicação da solução traçadora aos 45 (a) e 85 (b) DAS na cultura dasoja. Primavera do Leste-MT, 2005.
Foram coletados 40 folíolos ao longo da barra de pulverização em
plantas diferentes com caminhamento aleatório , dentro da parcela experimental.
Os 40 folíolos coletados, destinados á análise quantitativa, foram acondicionados
um a um, em sacos plásticos e estes em envelopes de papel, identificados e
armazenados em caixa térmica. Ao final das pulverizações daquele dia, todos os
folíolos foram levados ao laboratório para proceder a lavagem e a medição da
área foliar (Figuras 6 e 7).
(a) (b)
31
Figura 5 – Coleta dos folíolos ao longo da barra de pulverização. Primavera doLeste-MT, 2005.
Figura 6 – Acondicionamento dos folíolos em sacos plásticos e em envelopes depapel numerados e separados. Primavera do Leste-MT, 2005.
32
Sempre no inicio e no fim de cada aplicação foram anotados os valores de
umidade relativa, temperatura e velocidade do vento, obtidos por anemômetro e
termihigrômetro digitais.
A lavagem dos folíolos para extração da solução traçadora (Figura 8) foi
feita com auxílio de um dispensador volumétrico, adicionando-se 10 mL de água
destilada diretamente no saco plástico onde se encontra o folíolo. Posteriormente,
esse recipiente foi agitado vigorosamente por 10 segundos e, a solução
resultante, colocada em vidros com capacidade de 20 mL para posterior
quantificação do traçador. Os vidros contendo a solução de lavagem, foram
mantidos a baixa temperatura em refrigerador e protegidos da incidência de luz.
A solução resultante da lavagem das plantas foi submetida à análise em
espectrofotômetro UV-VIS, possibilitando a quantificação dos depósitos do
corante através da leitura de densidade óptica (absorbância), no comprimento de
onda de 630 nanômetros (nm). Os valores de absorbância, quando relacionados a
diferentes concentrações do corante Azul Brilhante, permitem estabelecer uma
equação de reta linear, indicando a concentração do corante (mg L-1) capturado
pelo alvo durante a aplicação, conforme metodologia estudada por Palladini et al.
(2005) . Ao correlacionar a concentração do corante na solução de lavagem das
amostras com a obtida na calda de pulverização foi possível estabelecer o volume
capturado pelo alvo através da seguinte Equação 1:
Equação 1:
Ci x Vi = Cf. x Vf,
em que: Ci= concentração do corante na calda aplicada (2.000 mg. L-1 para a
primeira aplicação e 4.000 para a segunda); Vi = volume capturado pelo alvo
(mL); Cf = concentração do corante na amostra detectada pelo espectrofotômetro
e transformada para mg. L-1; Vf = volume de diluição da amostra (10 mL).
33
Figura 7 – Extração do depósito na folha através de pipetagem (B), Colocação daágua destilada no saquinho junto com a folha (C), Processo deagitação (D) e depósito no vidro (A e E). Primavera do Leste-MT,2005.
Após a lavagem os folíolos tiveram seu comprimento e largura medidos
com régua. O produto da multiplicação do comprimento pela largura foi então
multiplicado por fator de correção, obtendo-se a área de cada folíolo em cm2. O
fator de correção foi calculado através de equação de regressão (Equação 2)
estimada em função de folhas de papel pesadas em balança de precisão.
Equação 2:
A= (c x L) x 0,6207
Em que: A = área cm2
C = Comprimento da folha (cm)
L = Largura da folha (cm)
34
Os valores de absorbância transformados em concentração (mg L-1) e
aplicados à Equação 2 resultam na deposição total por amostra (folíolo). Esse
valor dividido pela área foliar e efetuados os ajustes de transformação de
unidades, resulta na deposição por unidade de área, ou seja, µL cm-2. Todas as
avaliações e análises foram efetuadas segundo valores em µL cm-2.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em
esquema fatorial 3 X 3 sendo três pontas consideradas como parcelas e três
velocidades como sub parcelas, tendo 40 repetições dentro de cada tratamento,
onde cada folíolo foi considerado uma repetição.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade, sendo analisado as médias
gerais e as duas aplicações em separado.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A falta de estudos na avaliação da interferência da velocidade na aplicação
dos produtos fitossanitários, dificultou a elaboração da metodologia aplicada, mas
os resultados mostraram-se favoráveis em relação à metodologia.
Embora algumas aplicações tenham sido executadas em condições
ambientais inadequadas optou-se por sua consideração pelo fato de que, em
Primavera do Leste, as aplicações são realizadas durante todo o dia, mesmo em
condições ambientais adversas, por isso optou-se por avaliar o comportamento da
pulverização nas condições reais em que elas ocorrem.
Na avaliação realizada verificou-se que a alteração da velocidade provocou
variação da pressão para valores acima do limite recomendado para algumas
pontas (Tabela 2).
Com a ponta AXI 11003, à velocidade de 18 km h-1, a pressão variou entre
3,2 e 4,8 bar, ficando acima do limite de 4,2 bar, recomendado pelo fabricante
(anexo 3). Com a ponta AVI 11002 a pressão variou de 6,0 a 6,9 bar, ficando
dentro da recomendação do fabricante. Para a ponta JA-2 a pressão variou entre
13,4 e 17,2 bar, ultrapassando o limite máximo de 14,8 bar recomendado (anexo
2), quando operadas às velocidades de 15 e 18 km h-1 (Tabela 2).
Essas diferenças ocorreram devido ao dispositivo de controle de vazão,
presente no equipamento utilizado, que aumenta a pressão para compensar o
aumento de velocidade e manter a taxa de aplicação. Esse dispositivo automático
deveria produzir um sinal sonoro quando a pressão excedesse o limite máximo de
36
cada ponta, o que não ocorreu em nenhum dos casos. Mostrando a necessidade
de aprimoramento desse acessório. Além disso, a elevação da pressão tem
efeito direto sobre o tamanho das gotas, sendo que isso se torna mais
preocupante nas condições climáticas do centro-oeste.
Tabela 2 – Valores das pressões (bar) para cada uma das velocidades utilizadas,no momento das aplicações, Primavera do Leste-MT, 2005.
Ponta Velocidade de deslocamento (km.h-1) PressãoRecomendada
(bar)
PressãoVerificada
(bar)Ponta (1)AXI 11003
V1 13 3,2 a 4,2 3,2V2 15 3,2 a 4,2 3,7V3 18 3,2 a 4,2 4,8
Ponta (2)AVI 11002
V1 13 2,1 a 7,4 6,0V2 15 2,1 a 7,4 6,3V3 18 2,1 a 7,4 6,9
Ponta (3) JA2V1 13 4,2 a 14,8 13,4V2 15 4,2 a 14,8 15,5V3 18 4,2 a 14,8 17,2
A análise de variância mostrou haver diferenças significativas entre os
tratamentos (Tabela 3).
Tabela 3 – Análise de variância da deposição entre as pontas AXI 11003, AVI11002, JA2, às velocidades de 13, 15 e 18 km h-1, aos 45 dias apósa semeadura, Primavera do Leste-MT, 2005.
Análise de VariânciaFontes deVariação
GL Soma deQuad.
QuadradoMédio
F Signif.
Total Corrigido 350 32,81477Total de redução 8 4,822757 0,6028447 7,365 0,0000Velocidade (V) 2 0,7767625 0,3883812 4,745 0,0093Ponta (P) 2 1,675856 0,8379278 10,238 0,0001P x *V 4 2,370139 0,5925348 7,239 0,0000Resíduo 342 27,99201 0,081848Coef. De Det. 0,1470Coef. De Var. 34,32 %Média estimada 0,8337
37
A análise apresentada na Tabela 4, indica que as pontas AVI 11002 e AXI 11003
apresentaram deposição estatisticamente igual, enquanto a ponta JA2 depositou
menor quantidade de produto em relação às demais, indicando que as pontas de
jato tipo plano comum e com injeção de ar sofreram menor interferência negativa
das condições ambientais, enquanto a cônica vazia, que produz gotas menores,
se mostrou mais susceptível.
As médias de deposição de todas as pontas mostram diferenças também
entre as velocidades utilizadas, sendo que a velocidade de 15 km h-1 foi a que
obteve os melhores depósitos, embora tenha sido estatisticamente igual a 13 km
h-1 (Tabela 4). A maior velocidade foi a que apresentou menores índices de
depósitos, indicando efeito negativo na pulverização, apesar do manual do
pulverizador indicar possibilidade de aplicações de até 22 km h-1.
Tabela 4 – Resultados das médias de deposição total (µL. cm-2 ) entre pontas evelocidade nas aplicações realizadas aos 45 e 85 dias após asemeadura (médias gerais) , Primavera do Leste-MT, 2005.
Pontas Dados MédiasAVI 11002 237 0,7669 AAXI 11003 237 0,7559 A
JA2 237 0,6058 BQ(.50,697)= 3.310 dms = 0,0622
Velocidade Dados Médias15 km h-1 237 0,7541 A13 km h-1 237 0,7098AB18 km h-1 237 0,6647B
Q(.50,697)= 3.310 dms = 0,0622
*letras maiúsculas iguais na coluna não diferem entre si pelo Teste Tukey, ao nível de 5%.
A Tabela 5 mostra que, quando se analisa as médias das aplicações
individualmente, as pontas AVI 11002 e JA-2 não se diferenciaram
estatisticamente e a ponta AXI 11003 teve menor deposição na aplicação
realizada aos 45 DAS. Entretanto, aos 85 DAS a maior deposição foi obtida com a
ponta AXI 11003, seguida da AVI 11002, com a ponta JA-2 obtendo os menores
38
níveis de depósitos, lembrando que as condições climáticas da primeira aplicação
foram altamente desfavoráveis à aplicação.
Tabela 5 – Médias de deposição (µL cm-2) do corante aos 45 e 85 dias após asemeadura, para as pontas AXI 11003, 11002 e JA2, Primavera doLeste-MT, 2005.
ÉpocaPontas
45 DAS 85 DAS
AXI 11003 0,742 B 0,753 AAVI 11002 0,841 A 0,694 B
JA2 0,909 A 0,301CDms 0,088 0,063
Q(50,342) 3,310 3,310C.V.(%) 34,31 36,65
*Letras maiúsculas iguais na coluna não diferem entre si pelo Teste Tukey, ao nível de5% de probabilidade.
Comparando as médias de deposição com relação às velocidades (Tabela
6), maiores níveis de depósitos ocorreram aos 15 e 13 km h-1, sendo que aos 18
km h-1 obteve-se a menor deposição, tanto para as aplicações aos 45 quanto para
aos 85 DAS.
Em velocidades ainda maiores a interferência poderá ser ainda maior,
indicando não ser recomendável trabalhar com velocidades mais elevadas,
principalmente quando se utilizar pontas de jato cônico vazio que produzem gotas
menores e, portanto, mais susceptíveis às condições do ambiente. Embora as
aplicações aos 45 DAS tenham ocorrido em condições ambientais mais severas
(Tabela 1), a deposição das pontas JA-2 foi maior que as demais, ocorrendo o
inverso aos 85 DAS. Isso pode ter sido causado pela velocidade do vento, em
média maior na primeira aplicação que a verificada na segunda aplicação, o que
provocou maior deriva da pulverização da ponta JA-2 por produzir gotas menores.
Na interação entre as médias de deposição das pontas AXI 11003, AVI
11002, JA-2 e as velocidades 13, 15 e 18 km h-1, aos 45 dias após a semeadura
(Tabela 7), percebe-se não haver diferenças estatísticas, nas três velocidades
para as pontas AXI e JA-2.
39
40
Tabela 6 – Médias de deposição (µL cm-2) do corante aos 45 e 85 DAS para aspontas JA-2, nas velocidades de 13, 15 e 18 km h-1, Primavera doLeste-MT, 2005.
ÉpocaVelocidades (km h-1)
45 DAS 85 DAS
13 0,85 AB 0,56 AB15 0,87 A 0,63 A18 0,76 B 0,56 B
Dms 0,088 0,065Q(.50,342) 3,310 3,310
C.V.(%) 34,31 36,65*Letras maiúsculas iguais, na coluna, não diferem entre si pelo TesteTukey, ao nível de 5% de probabilidade.
As pontas AVI tiveram um aumento no volume depositado ao se aumentar
a velocidade, mostrando ser a injeção de ar um diferencial no que se refere a
interferência da alteração da velocidade. Nessas pontas, melhores níveis de
depósitos ocorreram aos 18 km h-1 seguida das velocidades de 15 e 13 km h-1.
Isso pode ter ocorrido devido ao maior deslocamento de ar, nas aplicações a
velocidades maiores, favorecendo a deposição de gotas maiores produzidas por
esse tipo de ponta.
Ao se avaliar a interação entre as pontas e as velocidades percebe-se não
ter ocorrido diferenças entre as pontas às velocidades de 13 e 15 km h-1.
Contudo, aos 18 km h-1 as pontas AVI depositaram maiores volumes, seguida das
AXI, com as pontas JA-2 depositando os menores volumes. Isso indica a
possibilidade de interação entre a velocidade de 18 km h-1 e as pontas de jato
plano.
A análise de variância dos dados de deposição entre as pontas AXI 11003,
AVI 11002 e JA-2, às velocidades 13, 15 e 18 km h-1, aos 85 dias após a
semeadura, mostrou haver diferença significativa entre os tratamentos e interação
entre as pontas e a velocidade (Tabela 8).
41
Tabela 7 – Interação entre as médias de deposição (µL cm-2) das pontas AXI11003, AVI 11002 e JA-2 e as velocidades 13, 15 e 18 km h-1, emaplicação realizada aos 45 dias após o plantio, Primavera do Leste-MT, 2005.
Velocidade (km h-1)Pontas
13 15 18
AXI 11003 0,78 Aa 0,88 Aa 0,90 AbAVI 11002 0,67 Ca 0,87 Ba 1,10 Aa
JA2 0,79 Aa 0,78 Aa 0,74 AcDms 0,0875
Q(.50,697) 3,310C.V.(%) 34,31
* Letras maiúsculas iguais, na linha, não diferem entre si pelo Teste Tukey, ao nível de 5% deprobabilidade. Letras minúsculas iguais na coluna não diferem entre si pelo Teste Tukey, ao nívelde 5%.
Tabela 8 – Análise de variância das médias de deposição entre as pontas AXI11003, AVI 11002 e JA-2, as velocidades 13, 15 e 18 km h-1, aos 85dias após a semeadura, Primavera do Leste-MT, 2005.
Análise de VariânciaFontes de Variação GL Soma de Quad. Quadrado Médio F Signif.Total Corrigido 359 31,81477Total de redução 8 15,61884 1,952356 41,967 0,0000Velocidade (V) 2 0,3671735 0,1835867 3,946 0,0202Ponta (P) 2 14,65792 7,328959 157,540 0,0000P x V 4 0,5937527 0,1484382 3,191 0,0135*Resíduo 351 16,32892 0,04652115Coef. De Det. 0,4889Coef. De Var. 36,65%Média estimada 0,5884
Na Tabela 9 pode-se observar haver interação entre as médias de
deposição das pontas AXI 11003, AVI 11002 e JA-2 e as velocidades 13, 15 e 18
km h-1, da aplicação realizada aos 85 dias após a semeadura. Para as pontas AVI
11002 e JA-2, menores valores foram observados à velocidade de 18 km h-1. Na
ponta AXI, o aumento da velocidade resultou em menores depósitos de calda.
42
Tabela 9 – Médias de deposição (µL cm-2 ) das pontas AXI 11003, AVI 11002 eJA-2, as velocidades de 13, 15 e 18 km. h-1, nas aplicaçõesrealizadas aos 85 dias após a semeadura, Primavera do Leste - MT,2005.
Velocidade Pontas
13 km h-1 15 km h-1 18 km h-1
AXI 11003 0,77 Aab 0,60 Bb 0,34 CaAVI 11002 0,83 Aa 0,76 Aa 0,32 Bab
JA2 0,71 Ab 0,72 Aab 0,26 BbDms 0,0652
Q(,50,697) 3,310C.V.(%) 36,65
* Letras maiúsculas iguais, na linha, não diferem entre si pelo Teste Tukey, ao nível de 5% deprobabilidade. Letras minúsculas iguais na coluna não diferem entre si pelo Teste Tukey, ao nívelde 5%.
Da mesma forma que aos 45, também aos 85 DAS as pontas AVI foram as
que menor interferência sofreram com a elevação da velocidade de deslocamento
e as pontas JA-2 com maior interferência negativa.
As diferenças dos resultados entre as aplicações aos 45 e 85 DAS
ocorreram devido às diferenças entre as condições climáticas observadas no
momento de cada uma das aplicações, evidenciando que a interferência da
velocidade comporta-se diferente com condições adversas de temperatura,
umidade relativa e velocidade do vento. Contudo, pode-se também atribuir essas
diferenças de comportamento ao maior nível de enfolhamento das plantas no
momento de cada aplicação.
5. CONCLUSÕES
Nas condições em que o estudo foi realizado pode-se concluir:
• O aumento da velocidade de deslocamento induz o controlador de
fluxo a elevar a pressão a valores que podem ultrapassar a
recomendação do fabricante.
• O aumento da velocidade interferiu nas aplicações, sendo que à
velocidade de 18 km h-1 essa interferência se torna mais perceptível e
negativa.
• As pontas com injeção de ar se mostraram as mais adequadas para
utilização a velocidades maiores.
• A ponta JA-2 foi a mais afetada pelo aumento da velocidade.
• A melhor velocidade para aplicações em cultura de soja foi a de 15 km
h-1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABI SAAB, O.J.G. Avaliação de um sistema de aplicação de defensivosutilizado em videiras no Município de Londrina/PR. 1996. 65f. Dissertação(Mestrado em Agronomia/ Energia na Agricultura) - Faculdade de CiênciasAgronômicas, Universidade Estadual Paulista.
ANTUNIASSI, U.R. Tecnologia de aplicação de defensivos na cultura da soja.Boletim de pesquisa de soja 2005, 1, Rondonópolis, Fundação Mato Grosso, p.8, Impresso. 2005.
ANTUNIASSI, U. R. ; CAMARGO, TIAGO VIEIRA ; BONELLI, MARIAAPARECIDA PERES DE OLIVEIRA.Avaliação da cobertura de folhas de sojaem aplicações terrestres com diferentes tipos de pontas. In: III SIMPÓSIOINTERNACIONAL DE TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS,2004. Botucatu-SP. Anais... FEPAF, 2004. p.48-51.
ADAM, A.V. Importance of pesticide application equipment and related fieldpractices in developing countries. In: WATSON, D.L.; BROWN, A.W. (Ed.)Pesticide management and insect resistance. New York: Academic Press,1977. p.217-225.
BARCELLOS, L.C. Estudo sobre a penetração de gotas de pulverização nodossel da cultura da soja [Glycine max (L.) Merrill]. Engenharia na Agricultura,v.6, p.81-94, 1998.
BAUER, F.C.; RAETANO.C.G.; PEREIRA, F.A.R. Padrões de distribuiçãovolumétrica de pontas de pulverização de jato plano 11002, com e sem induçãode ar, sob diferentes espaçamentos e alturas. Eng. Agríc., Jaboticabal, v.26, n.2,p.546-551, 2006.
BAUER, F. C.; RAETANO, C. G. Influência da assistência de ar na barra depulverização na deposição e penetração da calda em folíolos de feijoeiro. IISintag, Jundiaí, 2001. Disponível em: <www.iac.sp.gov.br>. Acesso em: 15 nov.2005.
BAUER, F. C.; RAETANO, C. G. Distribuição volumétrica da calda produzidapelas pontas de pulverização XR, TP e TJ sob diferentes condições operacionais.Planta daninha, Viçosa, v. 22, n. 2, 2004a. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em: 27 mar. 2007.
BAUER, F. C.; RAETANO, C. G . Perfis de distribuição volumétrica de pontasXR11003 e TXVK-4 em diferentes condições de Pulverização. Eng. Agric.,24 (2): 364-373. 2004b.
45
BERNI, R.F; MACHADO, V.O.F. ; COSTA, G.R. ; BARATA, G. ; PAULA, R.S.Avaliação da cobertura de gotas provocada por diferentes bicos de pulverizaçãona cultura do milho e do feijão. Pesquisa Agropecuária Tropical. Goiânia, GO,v. 29, n. 1, p. 85-91 jun.1999.
CHRISTOFOLETTI, J. C. Considerações sobre a deriva nas pulverizaçõesagrícolas e seu controle. São Paulo: Teejet South América, 1999.
CONAB – COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Disponível em:<http://www.conab.gov.br/>. Acesso em: fev. 2006.
CUNHA, J.P.A.R. Deposição de calda pulverizada na cultura da soja utilizandopontas de pulverização de jato cônico vazio com e sem indução de ar. In:Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 2007, Bonito. XXXVI CongressoBrasileiro de Engenharia Agrícola – Anais... Jaboticabal : SBEA, 2007. v. XXXVI.p. 1-4.
CUNHA, J.P.A.R.; TEIXEIRA, M.M.; FERNANDES, H.C. Avaliação doespectro de gotas de pontas de pulverização hidráulicas utilizando a técnicada difração do raio laser. Eng. Agríc., Jan. 2007, vol.27, Ed.Especial, p.10-15.
CUNHA, J.P.A.R.; TEIXEIRA, M.M. Características técnicas de bicos depulverização hidráulicos de jato plano. Rev. Bras. Eng. Agríc. Ambiental,5 (2): 344-348. 2001
DALL’AGNOL, A. Soja: um negócio da China para o Brasil. Disponível em:<http://www.agrolink.com.br/colunistas/pg_detalhe_coluna.asp?Cod=1631>.Acesso em: fev. de 2006.
DORNELLES, S.H.B. ; GUEDES, J.V.C. ; ALEGRE, S.N.A.D.A.P. Tecnologia eSegurança na Aplicação de Defensivos Agrícolas. Revista A Granja, PortoAlegre/RS, v. 600, p. 32 - 36. 2006
EMBRAPA - REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃO SUL. Indicaçõestécnicas para a cultura da soja no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina2006/2007. Pelotas: Embrapa/Clima Temperado, 2006. 237 p. Disponível em:<www.cpact.embrapa.br>. Acesso em: 11 maio 2007.
EMBRAPA – CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DA SOJA. Soja – dadoseconômicos. Disponível em < www.cnpso.embrapa.br>. Acesso em:10.outubro.2007.
GANDOLFO, M. A. Inspeção periódica de pulverizadores agrícolas.Botucatu, 2001. 92p. Tese (Doutorado em Energia na Agricultura) –Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.
KISSMAN, K. Rumos e tendências da pesquisa em tecnologia de aplicaçãode agrotóxicos: a visão da indústria química. II Sintag, Jundiaí, 2001. Disponível
46
em: <www.iac.sp.gov.br/Centros/centro%20de%20engenharia%20e%>. Acessoem: 15 nov. 2005.
MATTHEWS, G. A.. The application of chemicals for plant disease control. p.345-353. In WALLE, J.M.R.; LENNÉ, J.M. e WALLER, S.J. (Eds.). Plantpathologist's pocketbook. CAB, London. 516 p. 2002
MATTHEWS, G. A. Pesticide application methods. 2. ed. London: Longman,1992.MARCHI, S.R.; MARTINS, D., COSTA, N.V. ; TERRA, M.A. e NEGRISOLI, E..Degradação luminosa e retenção foliar dos corantes azul brilhante fdc-1 eamarelo tartrasina fdc-5 utilizados como traçadores em pulverizações, PlantaDaninha, Viçosa-MG, v. 23, n. 2, p. 287-294, 2005.MATUO, T. Fundamentos da tecnologia de aplicação de agrotóxicos. In:GUEDES, J. V. C.; DORNELLES, S. H. B (Eds.) Tecnologia e segurança naaplicação de agrotóxicos: novas tecnologias. Santa Maria: Sociedade deAgronomia de Santa Maria, 1998. p. 95-103.
MILLER, P. C. H. Spray drift and its measurement. In: MATTHEWS, G. A.;HISLOP, E. C. Application technology for crop protection. Trowbridge: CABInternational, 1993. p. 101-122.
OZKAN, H. E. Reduzindo a deriva nas pulverizações. Boletim 816-00.Departamento de Alimentação, Agricultura e Engenharia Biológica. Universidadede Ohio - USA. Disponível em: <http://www.esprinkle.com.br>. Acesso em: 25 out.2005.
PALLADINI, L.A.; RAETANO, C.G.; VELINI, E.D. Choice of tracers for theevaluation of spray deposits In: Scientia Agricola. (Piracicaba-SP/Brasil), v.62,n.5, p.440-445, 2005.
PERECIN, D.; PERESSIN, V.A.; MATUO, T.; BARBOSA, J.C.; PIO, L.C.; BRAZ,B.A. Padrões de distribuição obtidos com bicos TwinJet, em função da altura e doespaçamento entre bicos. Engenharia Agrícola, Campinas, v.14, p.19-30, 1994
RAMOS, H. H. GARCIA, L. C. ; JUSTINO, A. Acurácia de um programa decomputador na determinação de parâmetros da pulverização sobre papéishidrosensíveis. In: Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação deAgrotóxicos, Botucatu-SP, 2004, p.01- 04.
SALDANHA, JR. O desenvolvimento de produtos, equipamentos ecomponentes na aplicação de agrotóxicos, tendências e realidade: evoluçãodos equipamentos de aplicação. In: Simpósio Internacional de Tecnologia deAplicação de Agrotóxicos: eficiência, economia e preservação da saúde humana edo ambiente. II Sintag, Jundiaí, 2001. Disponível em: <www.iac.sp.gov.br>.Acesso em: 15 nov. 2005.
SATOW, T.; MIYAMOTO, K.; MATSUDA, K.; RAMBANDA, M.. Influence ofdroplet size of spray on drift characteristics. Res Bull Obihiro Univ, v.18,p.97-104,1993.
47
SIDAHMED, M. M. Analytical comparison of force and energy balance methods forcharacterizing sprays from hydraulic nozzles. Transactions of the ASAE, St.Joseph, v.41, n.3, p.531-536, 1998.
SILVA, O. C. Tecnologia de aplicação de fungicidas. In: CANTERI, M.G.; PRIA,M. D.; SILVA, O.C. (Eds.). Principais doenças fúngicas do feijoeiro. Ponta Grossa:UEPG, 1999. p. 127-137. ,
SUMNER, P. E.; SUMNER, S. A. Comparison of new drift reduction nozzles. St.Joseph: ASAE, 1999. 17 p. ASAE Paper n.99-1156.
TEWARI, V.K.; MURALIKRISHNA, R.V.S.; PANDYA, A.C. Performanceevaluation and computer aided design of valve type hollow cone nozzles. St.Joseph: ASAE, 1998. 15 p. ASAE Paper n.98-1025.
WOMAC, A. et al. Sprayer speed and venturi – nozzle effects on broadcastapplication uniformity. Transactions of the ASAE v.44, n.3 , p.1437 – 1444.2001.
VOLL, C.E., CASTRO, J.A.V.; GADANHA JR, C.D. Uniformidade de distribuiçãovolumétrica do bico de pulverização hidráulico de jato plano XR11003 sobdiferentes condições operacionais. p. 256-259. In Simpósio Internacional deTecnologia de Aplicação de Agrotóxicos, 3. 2004. Botucatu, São Paulo. 267 p.Resumos.
YORINORI, J.T.; PAIVA, W.M. Ferrugem da soja: Phakopsora pachrhyziSydow. Londrina: EMBRAPA –soja, 2002. Folder
ANEXOS
ANEXO 1 – Folder do fabricante com informações sobre vazão,velocidade de deslocamento, pressão e volume deaplicação para pontas com injeção de ar modelo AVI,utilizadas como parâmetro nas aplicações dostratamentos.
ANEXO 2 – Folder do fabricante com informações sobre vazão,velocidade de deslocamento, pressão e volume deaplicação para pontas de jato tipo cone vazio modeloJA, utilizadas como parâmetro nas aplicações dostratamentos.
ANEXO 3 – Folder do fabricante com informações sobre vazão,velocidade de deslocamento, pressão e volume deaplicação para pontas do tipo jato plano simples modeloAXI, utilizadas como parâmetro nas aplicações dostratamentos.