universidade federal rural do semi-Árido ......francisco das chagas da costa filho deposiÇÃo...

80
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLOGICAS CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO DEPOSIÇÃO IRREGULAR DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA CIDADE DE MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE MOSSORÓ-RN 2011

Upload: others

Post on 21-Jan-2020

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLOGICAS

CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO

DEPOSIÇÃO IRREGULAR DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA

CIDADE DE MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE

MOSSORÓ-RN

2011

FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO

DEPOSIÇÃO IRREGULAR DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA

CIDADE DE MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE

Monografia apresentada a Universidade

Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,

Departamento de Ciências Ambientais e

Tecnológicas para a obtenção do título de

Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Orientadora: Profª. Dra. Solange Aparecida

Goularte Dombroski– UFERSA.

MOSSORÓ-RN

2011

Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação

da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA

C837d Costa Filho, Francisco das Chagas da.

Deposição irregular de resíduos da construção e demolição na

cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte. / Francisco das

Chagas da Costa Filho. – Mossoró-RN, 2011.

78f. il.

Monografia (Graduação em Bacharelado em Ciência e

Tecnologia) – Universidade Federal Rural do Semi-

Árido.

Orientadora: Profº. Dra. Sc. Solange Aparecida Goularte

Dombroski.

1.Resíduos da construção civil. 2.Gerenciamento de

resíduos. 3.Deposição irregular. I.Título.

CDD: 624 Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo

CRB5 1013

FRANCISCO DAS CHAGAS DA COSTA FILHO

DEPOSIÇÃO IRREGULAR DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA

CIDADE DE MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE

PARECER__________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

DATA DA DEFESA:_____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Profª. Dra. Solange Aparecida Goularte Dombroski– UFERSA

Presidente

_________________________________________________

Profª. Dra. Maria Aridenise Macena Fontenele UFERSA

Primeiro Membro

_________________________________________________

Prof. MSc. Blake Charles Diniz Marques - UFERSA

Segundo Membro

DEDICATÓRIA

A Renata Oliveira, em agradecimento

pela sua total doação de vida na

evangelização dos jovens aos moldes da

vocação Shalom.

Renata, intercedei por nós junto ao pai

(In memorian).

Aos meus pais que sempre me apoiaram

e me deram forças para nunca desistir de

buscar os meus objetivos.

As minhas irmãs e sobrinhos, por

estarem sempre próximos nos momentos

em que eu mais precisei.

AGRADECIMENTOS

A Deus primeiramente, que me deu força e coragem para ir em busca dos meus sonhos;

Aos meus pais e minha família, que me apoiaram sempre nas escolhas da minha vida e me

aconselharam a buscar o melhor caminho;

Aos amigos, que sempre estiveram presentes nas diversas situações;

Aos Mestres que tive ao longo do Bacharelado em Ciência e Tecnologia, em especial a Sergio

Sombra e Elmer Rolando Llanos Villarreal, que buscaram ao máximo transmitir

conhecimentos e me encorajaram a ir em frente, me apoiando sempre no que era possível;

A minha orientadora, Dra. Solange Dombroski, por colaborar nesse projeto, pela paciência,

amizade e companheirismo que me dedicou na realização deste trabalho;

Aos membros da banca, pela colaboração para melhorar minha monografia;

A todos, que de alguma forma contribuíram para a concretização deste sonho.

“Não me dêem fórmulas certas, porque eu não

espero acertar sempre.

Não me mostre o que esperam de mim, porque

vou seguir meu coração!

Não me façam ser o que não sou, não me

convidem a ser igual, porque sinceramente sou

diferente!

Não sei amar pela metade, não sei viver de

mentiras, não sei voar com os pés no chão.

Sou sempre eu mesmo, mas com certeza não

serei o mesmo pra sempre!”

(Clarice Lispector).

RESUMO

A construção civil é o setor de produção responsável pela transformação do ambiente natural

em meio construído, adequado ao desenvolvimento das mais diversas atividades da sociedade.

O setor está relacionado às atividades de construção, conservação, reforma, demolição e da

preparação e escavação de terrenos. Estas atividades tem se mostrado fontes geradoras de

resíduos sólidos representativas, no contexto de resíduos sólidos urbanos (RSU). Pesquisas

estimam valores entre 10 e 50% de resíduos da construção e demolição (RCD) em relação aos

RSU, em diferentes países, incluindo o Brasil. Os RCD incluem diversos materiais como

tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, telhas, pavimento asfáltico, vidros,

plásticos, tubulações, fiação elétrica e outros. Com a aprovação da Resolução do CONAMA

nº307/2002, ficaram estabelecidos critérios e procedimentos para a gestão de RCD no Brasil.

Nos termos desta resolução, os geradores devem objetivar prioritariamente a não geração de

resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.

Ainda, a resolução estabelece que os RCD não devem ser dispostos em aterros de resíduos

domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas

protegidas por Lei. Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo geral,identificar

áreas, na região urbana de Mossoró, Rio Grande do Norte, utilizadas para deposição irregular

de RDC, visando contribuir para a tomada de decisões em relação à gestão destes resíduos no

município. Para a realização desta pesquisa, foram desenvolvidas atividades em duas etapas

principais. Na primeira parte desta obra, fez-se um levantamento de informações em órgãos

governamentais e na literatura sobre a evolução da construção civil e a geração estimada de

RCD no município de Mossoró. Na segunda etapa, pesquisaram-se áreas utilizadas para

deposição irregular de RCD na região urbana de Mossoró através de verificação in loco e

registro fotográfico e georreferenciando. Quanto à construção civil em Mossoró relacionada,

especificamente, a obras públicas cadastradas na Secretaria Municipal do Desenvolvimento

Territorial e Ambiental, verificou-se que houve um aumento de obras cadastradas em 2009

(82 obras) para 2010 (125 obras). Com relação a todas as obras realizadas no município de

Mossoró entre 1973 e 2010, cadastradas na Gerência Executiva do Desenvolvimento

Urbanístico do Município, observou-se: maior número de construções em 1981 com 321

obras, 1983 com 239 e 2010 com 222 obras cadastradas. A partir de 1987 até 1997, houve

uma tendência de diminuição do número de obras, tendo sido cadastradas 23 obras em 1997.

A partir de 2001, observou-se uma tendência geral de crescimento. Considerando o período

em que o estudo foi realizado e sua abrangência, foram identificadas 57 áreas utilizadas para

deposição irregular de resíduos da construção e demolição, na região urbana de Mossoró-RN,

em 11 bairros dos 15 visitados. Quanto à geração destes resíduos, as informações obtidas

foram limitadas ao material removido pela prefeitura e, além disso, foram diferentes entre si,

pois mencionaram a produção de entulho junto com resíduos de poda em torno de 300 e 144

t/dia.

Palavras - Chave: Resíduos da construção civil. Gerenciamento de resíduos. Deposição

irregular.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Impactos ambientais potenciais e medidas atenuantes, do setor da construção civil

.................................................................................................................................................. 18

Tabela 2 - Responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos ................................... 21

Tabela 3- Quantidade coletada de resíduos sólidos urbanos e índice per capita, por regiões e

no Brasil .................................................................................................................................... 23

Tabela 4 - Municípios com serviço de coleta de resíduos sólidos domiciliares e/ou públicos,

por quantidade diária coletada, segundo as Grandes Regiões e o estado do Rio Grande do

Norte - 2008 .............................................................................................................................. 24

Tabela 5 - Coleta e geração de RSU no estado do Rio Grande do Norte em 2009 e 2010 ...... 25

Tabela 6- Coleta e geração de RSU em Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte em 2010

.................................................................................................................................................. 26

Tabela 7 - Estimativa de geração de resíduos da construção e demolição, no mundo ............. 29

Tabela 8 - Quantidade total coletada de RCD por região e no Brasil, em 2009 e 2010 ........... 31

Tabela 9 – Municípios, total e com serviço de manejo de resíduos de construção e demolição

por existência e tipo de processamento dos resíduos, segundo as Grandes Regiões e as

Unidades de Federação - 2008.................................................................................................. 32

Tabela 10 – Municípios, total e com serviço de manejo de resíduos de construção e

demolição, por forma de disposição dos resíduos no solo, segundo as Grandes Regiões e as

Unidades da Federação - 2008.................................................................................................. 34

Tabela 11- Tipos de resíduos, formas de coleta e remoção do canteiro de obra para resíduos

oriundos da atividade construtiva ............................................................................................. 37

Tabela 12 - Tipos de resíduos, formas de coleta e remoção do canteiro de obra para resíduos

não oriundos da atividade construtiva ...................................................................................... 38

Tabela 13 - Alguns materiais ou resíduos da construção e demolição com possibilidade de

reutilização e seus respectivos cuidados exigidos .................................................................... 41

Tabela 14 – Usinas de reciclagem de RCD instaladas em alguns municípios do Brasil .......... 43

Tabela 15 – Áreas, na região urbana de Mossoró, visitadas para levantamento de ocorrência

de deposição irregular de resíduos da construção e demolição ................................................ 52

Tabela 16 – Resumo de obras cadastradas na Secretaria Municipal do Desenvolvimento

Territorial e Ambiental da prefeitura municipal de Mossoró em 2009, 2010 e 2011¹ ............. 54

Tabela 17 – Números de obras cadastradas na Gerencia Executiva do Desenvolvimento

Urbanístico do Município de Mossoró nos anos de 1973 a 2010 ............................................. 55

Tabela 18 – Levantamento de algumas áreas utilizadas para deposição de resíduos da

construção e demolição, na região urbana de Mossoró-RN: material identificado, localização

da área, identificação de registro fotográfico e data da verificação. ........................................ 66

Tabela 19 – Materiais identificados nos registros de deposição irregular na área urbana de

Mossoró .................................................................................................................................... 71

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010. ............................ 22

Figura 2 - Coleta de resíduos sólidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010. ............................... 22

Figura 3 - Destinação final de RSU no estado do Rio Grande do Norte (t/dia). ...................... 25

Figura 4 – Vista de caçambas metálicas de chapas de aço em formato de tronco de pirâmide

invertido para resíduos da construção e demolição. ................................................................. 36

Figura 5 - Sistema de produção convencional – produção linear ............................................. 46

Figura 6 – Sistema de produção cíclica. ................................................................................... 46

Figura 7 – Localização do município de Mossoró no Nordeste brasileiro. .............................. 48

Figura 8 – Mapa geológico de Mossoró. .................................................................................. 49

Figura 9 – Bairros da cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte. ............................................ 50

Figura 10 – Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) Brita granítica e

calcária, agregado miúdo (areia); (B) Brita granítica. Rua Rui Carneiro, Bairro Redenção.

Mossoró, RN, 16/09/11. Coordenadas geográficas: 5°8’27’’S 37°21’1’’W. ........................... 57

Figura 11 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) Detrito de

Alvenaria e madeira; (B) Detrito de Alvenaria, gesso e madeira; (C) Detrito de Alvenaria,

gesso, tijolo de oito furos e madeira; (D) Detrito de Alvenaria, gesso e madeira. Complexo

Vight Rosado Neto, Bairro Alto da Conceição/Alto do São Manoel. Mossoró, RN, 19/08/11.

Coordenadas geográficas: 5°12’28’’S 37°20’26’’W. ............................................................... 58

Figura 12 - Vista de deposição de resíduos da construção e demolição: Ferro, tijolos de oito

furos, detritos de alvenaria e madeira. Rua Dom Helder Câmera, Bairro Belo Horizonte.

Mossoró, RN, 07/10/11. Coordenadas geográficas: 5°12’16’’S 37°21’23’’W. ....................... 59

Figura 13 - Vista de deposição de resíduos da construção e demolição: detritos alvenaria. Rua

Padre João Urbano, Bairro Alto da Conceição. Mossoró, RN, 29/08/11. Coordenadas

geográficas 5°12’13’’S 37°20’56’’W. ...................................................................................... 59

Figura 14 - Vista de deposição de resíduos da construção e demolição: telha, madeira e tijolo

de oito furos. Rua Padre Freire, Bairro Belo Horizonte. Mossoró, RN, 07/10/11. Coordenadas

geográficas 5°12’18’’S 37°21’19’’W. ...................................................................................... 60

Figura 15 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) gesso e tijolos de

oito furos; (B) madeira, tijolo comum e gesso. Cruzamento das ruas Manuel Antônio e Maria

Neura de Melo Freitas, Bairro Alto do São Manoel. Mossoró, RN, 21/08/11. Coordenadas

geográficas 5°12’20’’S 37°20’22’’W. ...................................................................................... 60

Figura 16 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) agregado miúdo

(areia), madeira, detritos de alvenaria com tijolos com 8 furos e gesso; (B) agregado miúdo

(areia), madeira, detritos de alvenaria, gesso e telha. Avenida Centenária, Bairro Aeroporto.

Mossoró, RN, 07/10/11. Coordenadas geográficas: 5°11’34’’S e 37°22’13’’W. .................... 61

Figura 17 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) detrito de tijolos

de oito furos, tijolos comuns e telha; (B) detritos de tijolos e gesso. Cruzamento da Rua

Manuel Antônio com Aristides Rebouças. Bairro Alto do São Manoel. Mossoró, RN,

25/08/11. Coordenadas geográficas: 5°12’28’’S 37°20’26’’W. .............................................. 61

Figura 18 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: detritos de

demolição e movimento de terra. Rua Salvador. Bairro Alto do Sumaré. Mossoró, RN,

06/11/11. Coordenadas geográficas: 5°13’41”S 37°20’02”W. ................................................ 62

Figura 19 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) tijolos de oito

furos; (B) tijolos de oito furos e telhas; (C) brita calcária; (D) tijolos de oito furos e vidro.

Avenida Francisco Mota, Bairro Presidente Dutra. Mossoró, RN, 14/08/11. Coordenadas

geográficas: 5°12’14”S 37°19’24”W. ...................................................................................... 62

Figura 20 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) detrito de

alvenaria; (B) detrito de alvenaria. Rua André P. Fernandes, Bairro Vight Rosado Neto, RN,

06/11/11. Coordenadas geográficas: 5°12’01”S 37°18’38”W. ................................................ 63

LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas;

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais;

BNB – Banco do Nordeste do Brasil;

CBIC – Câmera Brasileira da Indústria da Construção Civil;

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente;

GPS - Global Positioning System (Sistema global de posicionamento);

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora;

PIB – Produto interno bruto;

PL – Produção limpa;

PNAD - Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílios;

PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico;

RCD - Resíduos de construção e demolição;

RSS - Resíduos de serviços de saúde;

RSU – Resíduos sólidos urbanos;

SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção;

UFERSA – Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14

2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 16

2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 16

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 16

3 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 17

3.1 O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL ....................................................................... 17

3.2 POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS DO SETOR DA CONSTRUÇÃO

CIVIL........................................................................................................................................18

3.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS ................................. 19

3.3.1 Definição .................................................................................................................. 19

3.3.2 Classificação ............................................................................................................ 20

3.3.3 Responsabilidade pelo gerenciamento .................................................................. 20

3.3.4 Geração e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (RSU) no brasil ........... 22

3.3.5 Dispositivos legais ................................................................................................... 26

3.4 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RCD) ........................................ 28

3.4.1 Definição .................................................................................................................. 28

3.4.2 Classificação ............................................................................................................ 28

3.4.3 Geração de resíduos da construção e demolição.................................................. 29

3.4.4 Gerenciamento de resíduos da construção e demolição ...................................... 30

3.4.5 Dispositivos legais e normas referentes a resíduos da construção e demolição 39

3.4.6 Impactos ambientais relacionados a deposições irregulares de resíduos da

construção e demolição .......................................................................................................... 39

3.5 ALTERNATIVAS PARA MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

NEGATIVOS RELACIONADOS A DEPOSIÇÕES IRREGULARES DE RESÍDUOS DA

CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO ........................................................................................... 41

3.5.1 Reutilização ............................................................................................................. 41

3.5.2 Reciclagem ............................................................................................................... 42

3.5.3 Produção limpa ....................................................................................................... 44

4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 47

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................................ 47

4.2 ETAPAS DA PESQUISA ............................................................................................ 51

4.2.1 Levantamento de informações relacionadas à evolução da construção civil e

geração de resíduos da construção e demolição ................................................................... 51

4.2.2 Verificação de áreas utilizadas para deposição irregular de resíduos da

construção e demolição .......................................................................................................... 51

4.3 PERÍODO DE ESTUDO .............................................................................................. 53

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 54

5.1 RESULTADOS SOBRE A CONSTRUÇÃO CIVIL EM MOSSORÓ ....................... 54

5.2 RESULTADOS SOBRE O LEVANTAMENTO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS DA

CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO, NA ÁREA URBANA DE MOSSORÓ .......................... 56

5.3 RESULTADOS RELACIONADOS À IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS UTILIZADAS

PARA DEPOSIÇÃO IRREGULAR DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO,

NA REGIÃO URBANA DE MOSSORÓ ................................................................................ 57

6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 72

7 RECOMENDAÇÕES ..................................................................................................... 74

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 78

14

1 INTRODUÇÃO

A ciência nos mostra que o planeta desde sua formação sempre sofreu modificações,

mas a partir do surgimento da humanidade, essas modificações foram acentuadas devido à

prática que o ser humano tem de transformar as paisagens e extrair matérias-primas para

satisfazer suas necessidades.

Essas transformações feitas ao longo da história da humanidade ocorreram de uma

maneira desordenada, gerando resíduos e, às vezes, sem nenhum gerenciamento dos mesmos,

acarretando diversas consequências negativas para o próprio ser humano.

Hoje, percebe-se que a urbanização acelerada e o crescimento populacional têm

piorado a situação de geração de resíduos. Por outro lado, a população e as empresas da

construção vêm, aos poucos, se conscientizando sobre a necessidade de desenvolver uma

produção mais sustentável, tentando assim minimizar o desperdício tanto de matéria-prima e

energia, quanto de dinheiro, além de buscar uma gestão adequada dos resíduos advindos desta

produção.

A preocupação com os resíduos da construção e demolição de uma maneira geral,

ainda é relativamente recente no Brasil. Segundo Lopes (2003 apud ROTH, 2008, p.23), em

alguns países como a Holanda e Bélgica, a reciclagem de entulhos já é largamente utilizada,

consequência da pouca quantidade de matéria-prima existente nesses países. No Brasil, esta

preocupação com os entulhos só foi intensificada com a publicação da Resolução do Conselho

Nacional do Meio Ambiente – CONAMA nº307/2002, quando iniciou a criação de políticas

publicas, focando a coleta, transporte e disposição (SCHNEIDER, 2003, p. 13).

Em alguns países já foram tomadas várias medidas para minimizar as consequências

negativas causadas pelo desperdício e o mau uso das matérias primas a partir de métodos

simples como é o caso da reutilização e da produção limpa. Sem dúvida, a construção civil é

um dos principais geradores de resíduos urbanos, pois segundo Corrêa (2009, p. 37), a

indústria da construção civil produz rejeitos em todas as suas atividades, sendo estimada, no

Brasil, uma produção de 850.000 t/mês de entulho e em outras potencias mundiais como

Reino Unido e o Japão, são gerados, respectivamente, 53.000 e 6.000 t/mês. Isto enfatiza a

necessidade que as construtoras e o Estado têm de tornar as suas produções mais sustentáveis,

implantando atividades que auxiliem na redução e na reutilização de resíduos.

15

Estima-se que em 2010 foram coletadas cerca de 99.354 t/dia de rejeitos da

construção civil, segundo o panorama dos resíduos sólidos no Brasil (ABRELPE, 2010, p.

102), e que em 2008 foram coletados cerca de 259.547 t/dia de resíduos sólidos segundo a

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB 2008 (IBGE, 2010 a, p.163). Com esses

dados, percebe-se que a indústria da construção civil possui uma parcela significativa na

produção de resíduos sólidos. Apesar de vários estudos feitos na área da construção para

minimizar a geração de rejeitos, a construção civil ainda acarreta diversos impactos no

ambiente, pois nem sempre os resíduos produzidos são coletados, tendo um destino

inadequado, por exemplo, a utilização de áreas para a deposição desses rejeitos de maneira

indiscriminada, sem que haja um estudo prévio para os possíveis reaproveitamentos que esses

materiais poderiam oferecer.

Para minimizar problemas causados pelo descarte dos rejeitos da construção, surge à

implantação de atividades sustentáveis, a produção limpa. Segundo Thorpe (1999 apud

SPERANDIO E DONAIRE, 2005, p.5), o método da produção limpa (PL) tem como função

investigar o fluxo dos materiais em meio à sociedade, levando em consideração os processos

sofridos em seu período de utilização, ou seja, sua produção, como foram processados, e quais

os desperdícios gerados ao longo da cadeia produtiva, seus derivados e o que acontece com

esses produtos durante e ao término de sua vida útil.

Considerando que a resolução de problemas requer um diagnóstico destes, o presente

trabalho visa contribuir com informações a cerca de deposições irregulares de resíduos da

construção e demolição na área urbana de Mossoró, Rio Grande do Norte, além de pesquisar

na literatura técnica, alternativas para minimização de impactos negativos relacionados a tais

resíduos.

16

2 OBJETIVOS

No contexto de deposição irregular de resíduos da construção e demolição, os

objetivos deste trabalho são apresentados a seguir.

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar áreas, na região urbana de Mossoró, Rio Grande do Norte, utilizadas para

deposição irregular de resíduos da construção e demolição, visando contribuir para a tomada

de decisões em relação à gestão destes resíduos no município.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Considerando a região urbana de Mossoró, Rio Grande do Norte, os objetivos

específicos deste trabalho foram:

(i) Pesquisar, junto a órgãos governamentais, sobre a evolução da construção civil;

(ii) Estudar, na literatura técnica ou junto a órgãos governamentais, a geração estimada

de resíduos da construção civil;

(iii) Realizar registros fotográficos e georreferenciar as áreas utilizadas para deposição

irregular de resíduos da construção e demolição.

17

3 REVISÃO DA LITERATURA

Neste item, o assunto está dividido em quatro partes principais, o setor da construção

civil, considerações gerais sobre resíduos sólidos, resíduos de construção e demolição com

algumas de suas especificidades e alternativas para minimização de impactos ambientais

negativos relacionados a deposições irregulares de resíduos da construção e demolição.

3.1 O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A construção civil é o setor de produção responsável pela transformação do ambiente

natural em meio construído, adequado ao desenvolvimento das mais diversas atividades. Essa

cadeia produtiva é uma das maiores da economia e, consequentemente, possui enorme

impacto ambiental (JOHN, 2000 apud FREITAS, 2009, p.16).

O setor da construção civil está diretamente ligado a atividades de infra-estrutura

como saneamento; técnicas de construtivas; abastecimento de materiais de construção;

conservação e produção de espaços habitacionais, entre outras atividades que tem

fundamental importância para o crescimento do país e o bem-estar do ser humano.

Segundo Gaede (2008, p.17), cerca de 70% de todos os investimentos feitos no país

passa pela cadeia da indústria da construção civil e, desde 1995, vem aumentando a sua

participação na formação do Produto Interno Bruto (PIB), valorizando mais ainda o setor que

nos anos de 1995, 1996 e 1997 teve, respectivamente, registro de 14,2, 14,3 e 14,8% de

participação e, em 2001, chegou a 15,6%.

De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), a

construção civil espera crescer cerca de 6% em 2011, sendo este valor, acima do esperado

para o PIB. O crescimento do setor se dará pelo avanço do programa de aceleração ao

crescimento (PAC) e os eventos esportivos que acontecerão no Brasil, a Copa do Mundo em

2014 e as Olimpíadas em 2016, dando ao setor um impulso maior na cadeia produtiva

(AGÊNCIA BRASIL, 2011).

Segundo o Estudo Setorial da Construção, entre janeiro e dezembro de 2010 foram

gerados 254.178 novos empregos formais no setor, o melhor saldo da série histórica,

iniciada em 1996. Em 2009, tinham sido criados 177.185 empregos e, em 2008,

197.868. O ramo da construção representou quase 12% da geração total de postos de

trabalho no Brasil em 2010, que chegou a 2,137 milhões no ano.

O setor de construção civil como um todo cresceu 11,6% em 2010, o melhor

desempenho dos últimos 24 anos, segundo dados do IBGE (G1 ECONOMIA, 2011).

18

3.2 POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Segundo o Manual de Impactos Ambientais do Banco do Nordeste do Brasil, os

potenciais impactos ambientais negativos da construção civil podem ser divididos nas fases de

planejamento da urbanização e da construção propriamente dita (BNB, 2006, p. 149). Na

Tabela 1 apresenta-se um resumo de impactos ambientais relacionados à construção civil.

Tabela 1 – Impactos ambientais potenciais e medidas atenuantes, do setor da construção civil

IMPACTOS AMBIENTAIS

POTENCIAIS MEDIDAS ATENUANTES

Alteração no fluxo das águas provocada

pelos serviços de drenagem do terreno.

Manejar as águas superficiais (pluviais) considerando:

minimização das áreas impermeáveis; implantar áreas

de infiltração, manter espaços livres com vegetação;

utilizar vegetação para estabilizar taludes e facilitar a

infiltração de água; implantar retentor de água para

retardar o lançamento nas galerias de águas pluviais.

Degradação da flora e da fauna em função

da remoção da vegetação natural do local

de implantação da obra.

Promover a reposição da vegetação, mediante o plantio

de árvores no terreno ou na região.

Degradação dos horizontes do solo,

geração de poeira, erosão e sedimentação.

Implantar medidas de controle durante os serviços de

terraplenagem, com proteção às águas superficiais,

umedecimento das vias de circulação interna e, se for

necessário, implantar lagoa para sedimentação e

remoção de sólidos suspensos antes do lançamento nas

águas pluviais.

Danos à população pela geração de ruídos

provocados por máquinas e equipamentos.

Implementar medidas de controle – horário específicos

para funcionamento de equipamentos e máquinas

ruidosas (bate-estaca, retroescavadeira, caminhões etc.)

e medidas de isolamento de equipamentos

(compressores, geradores de energia etc.).

Degradação da qualidade ambiental pelo

aumento da geração de resíduos sólidos e

de esgoto.

Estabelecer medidas de acondicionamento adequado

dos resíduos sólidos para a coleta e tratamento em

unidade do município (aterro, unidade de

processamento) e adequar-se às exigências do sistema

de coleta e tratamento de esgoto disponível ou

implantar unidade de tratamento local.

Fonte: BNB (2006, p. 152), adaptada pelo autor.

19

3.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS

A seguir são apresentadas as definições, classificação, responsabilidade pelo

gerenciamento, geração de resíduos sólidos urbanos e aspectos legais relacionados a resíduos

sólidos.

3.3.1 Definição

A NBR 10004/2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define os

resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. De

acordo com a referida norma, resíduos sólidos são:

Resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades de origem

industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.

Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de

água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem

como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviáveis o seu

lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso

soluções técnica e economicamente viáveis em face á melhor tecnologia disponível

(ABNT, 2004, p.1).

No contexto da lei federal nº 12.305/2010, a qual instituiu a política nacional dos

resíduos sólidos, estes são entendidos como

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em

sociedade, cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a

proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em

recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na

rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica

ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL,

2010).

Tanto a ABNT quanto a lei federal nº 12.305/2010 consideram que resíduo sólido

engloba não só resíduos no estado sólido, mas também semissólidos e determinados líquidos

que não podem ser descartados no sistema da rede pública de esgoto e segundo a lei, em

corpos d´água. Nesta condição de inviabilidade de lançamento na rede pública de esgotos ou

em corpos d’água, a referida lei inclui ainda gases contidos em recipientes.

20

3.3.2 Classificação

Os resíduos sólidos podem ser classificados, entre outros, quanto aos riscos e quanto

à natureza ou origem dos mesmos. A NBR 10004/2004, classifica os resíduos sólidos de

quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde pública. A periculosidade é a

característica apresentada por um resíduo que, em função das suas propriedades físicas,

químicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar (ABNT, 10004, p.2):

a) Risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus

índices.

b) Risco ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado deforma inadequada.

Em relação à origem, Monteiro et al. (2001, p.26) consideram esta a característica

fundamental para a classificação dos resíduos sólidos,agrupando-os em cinco classes:

a) Lixo doméstico ou residencial: produzido a partir de atividades gerais de residências.

b) Lixo comercial: resíduos produzidos por atividades comerciais, que junto com o lixo

doméstico, forma um grande grupo chamado de lixo domiciliar.

c) Lixo público: são os resíduos encontrados em locais públicos, desde folhas a bens

considerados inservíveis.

d) Lixo domiciliar especial: este grupo engloba vários tipos de resíduos, como entulhos de

obra, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus.

e) Lixo de fontes especiais: resíduos que merecem destaque por conter características que

enfatiza o seu gerenciamento, como é o caso do lixo industrial, radioativo, de portos,

aeroportos, terminais rodoferroviários, lixo agrícola e resíduos de serviços de saúde.

3.3.3 Responsabilidade pelo gerenciamento

O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (RSU) tem como finalidade a limpeza

urbana, envolvendo tanto a administração pública quanto a sociedade civil.

De acordo com a lei federal nº 12.305/2010,

Gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações exercidas, direta ou

indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação

final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final

ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão

integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos,

exigidos na forma desta Lei (BRASIL, 2010).

21

Para que ocorra esse gerenciamento de forma correta e segura, todos os agentes

envolvidos devem agir de forma integrada, ou seja, se cada um (fabricantes, importadores,

distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza

urbana e de manejo dos resíduos sólidos) realizar as suas obrigações, o lixo chegará ao seu

destino final como planejado.

Para isso, a população deverá realizar a separação dos resíduos, diferenciando

aqueles que podem ser encaminhados para a reciclagem e reutilização, dos que são

considerados inutilizáveis. Os grandes geradores de resíduos, como as indústrias, também

devem se comprometer para que os seus rejeitos sejam direcionados para o fim apropriado.

A prefeitura tem um papel fundamental nesse gerenciamento, agindo ativamente para

que as instituições e empresas contratadas para a limpeza da cidade exerçam suas atribuições

de forma correta, coletando e destinando esses resíduos para seus devidos fins, exercendo

assim um papel de sustentabilidade em meio à sociedade.

A responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos é da

administração pública municipal, porém os outros tipos de resíduos sólidos são de

responsabilidade do seu gerador (OLIVEIRA, 1997, p.15) conforme mostrado na Tabela 2.

Tabela 2 - Responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos

Tipo de resíduos sólidos Responsabilidade

Doméstico Prefeitura

Comercial Prefeitura

Especiais Prefeitura*

Feiras, varrição e outros Prefeitura

De serviços de saúde Gerador

Industrial Gerador

De aeroportos, portos e terminais ferroviários e rodoviários Gerador

Agrícola Gerador

Outros (tóxicos e/ou perigosos) Gerador

* Entulhos: a prefeitura é co-responsável por pequena quantidade de acordo com legislação

municipal vigente (coleta especial). Fonte: Jardim et al.(1995 apud OLIVEIRA, 1997, p.15).

22

3.3.4 Geração e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil

Segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2010 da Associação

Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2010, p.30),

entre 2009 e 2010 houve um crescimento significativo na geração de resíduos urbanos (RSU)

conforme os dados apresentados na Figura 1, superando o crescimento populacional do

mesmo período que foi de cerca de 1%.

A comparação da quantidade total gerada em 2010 com o total de resíduos sólidos

urbanos coletados, indicado na Figura 2, mostra que 6,7 milhões de toneladas de RSU

deixaram de ser coletados no ano de 2010 e, por consequência, tiveram outro destino

(ABRELPE, 2010, p.30).

Figura 1 - Geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010.

Fonte: ABRELPE (2010, p.30).

Figura 2 - Coleta de resíduos sólidos urbanos no Brasil em 2009 e 2010.

Fonte: ABRELPE (2010, p.31).

23

Cabe ressaltar a metodologia utilizada pela ABRELPE (2010) quanto ao

levantamento de dados e tratamento das informações:

Os dados relativos às populações urbana e total dos municípios e estados brasileiros

e os índices de urbanização da Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílios

(PNAD) foram obtidos por meio de consulta à base de dados do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento de dados sobre os resíduos sólidos urbanos (RSU), resíduos de

construção e demolição (RCD), coleta seletiva e resíduos de serviços de saúde

(RSS) origina-se exclusivamente de pesquisas diretas realizadas pela ABRELPE

junto aos municípios com a aplicação de um questionário.

Os dados que compõem o capítulo sobre reciclagem foram obtidos junto às

associações representativas dos setores de alumínio, papel, plástico e vidro, os quais

abrigam as principais atividades de reciclagem no país.

A pesquisa das informações junto aos municípios brasileiros, relativas aos resíduos

sólidos urbanos (RSU) coletados pelos municípios e demais itens pertinentes à

limpeza urbana, atingiu um universo de 350 municípios entrevistados.

Nas pesquisas realizadas pela ABRELPE, as informações coletadas foram tabuladas

em planilhas que relacionam os municípios que as disponibilizaram juntamente com

as respectivas variáveis consideradas relevantes para representar a situação atual dos

resíduos sólidos no país. Após tabuladas, as informações foram submetidas a um

processo de análise de consistência, o que resultou na exclusão daquelas que

apresentaram desvios considerados fora do intervalo adotado como padrão para cada

variável (ABRELPE, 2010, p.22).

Considerando os dados entre 2009 e 2010, a Tabela 3 apresenta um aumento de 5,3%

no índice per capita de geração de RSU do Brasil como um todo e um acréscimo de 6,8% na

quantidade total gerada.

Tabela 3- Quantidade coletada de resíduos sólidos urbanos e índice per capita, por regiões e

no Brasil

Região

2009 2010

RSU coletado

(t/dia)/índice

(kg/hab/dia)

População

urbana (hab)

RSU coletado

(t/dia)

Índice

(kg/hab/dia)

Norte 12.072/1,051 11.663.184 12.920 1,108

Nordeste 47.665/1,254 38.816.895 50.045 1,289

Centro-oeste 13.907/1,161 12.479.872 15.539 1,245

Sudeste 89.460/1,204 74.661.877 96.134 1,288

Sul 19.624/0,859 23.257.880 20.452 0,879

Brasil 182.728/1,152 160.879.708 195.090 1,213

Fonte: ABRELPE (2010, p.45).

24

Quanto à Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) de 2008, o objetivo foi

investigar as condições de saneamento básico de todos os municípios brasileiros, através das

atuações dos órgãos públicos e empresas privadas, permitindo uma avaliação sobre a oferta e

a qualidade dos serviços prestados, além de possibilitar análises das condições ambientais e

suas implicações diretas com a saúde e qualidade de vida da população (IBGE, 2010 a, p.20).

Com relação ao manejo de resíduos sólidos, a PNSB 2008, considerou que o

município tinha serviço de manejo de resíduos sólidos quando este existisse em pelo menos

um distrito, ou parte dele, independentemente da cobertura e frequência (IBGE, 2010 a, p.25).

Segundo este autor (p.59), os serviços de manejo dos resíduos sólidos compreendem a coleta,

a limpeza pública bem como a destinação final desses resíduos, e exercem um forte impacto

no orçamento das administrações municipais, podendo atingir 20,0% dos gastos da

municipalidade.

A Tabela 4 apresenta o número de municípios com serviço de coleta de resíduos

sólidos domiciliares e/ou públicos e as respectivas quantidades diárias coletadas, de acordo

com a PNSB 2008.

Tabela 4 - Municípios com serviço de coleta de resíduos sólidos domiciliares e/ou públicos,

por quantidade diária coletada, segundo as Grandes Regiões e o estado do Rio Grande do

Norte - 2008

Grandes Regiões e Rio

Grande do Norte

Municípios com serviço de coleta

de resíduos sólidos domiciliares

e/ou públicos

Quantidade diária coletada de

resíduos sólidos domiciliares

e/ou públicos (t/dia)

Brasil 5.553 (municípios brasileiros

existentes em 2008: 5.564) 183.488

Norte 449 14.639

Nordeste 1.788 47.206

Centro-Oeste 466 16.120

Sudeste 1.665 68.181

Sul 1.185 37.342

Rio Grande do Norte 167 4.849

Fonte: Adaptado de IBGE (2010 a, p.33, 158).

A ABRELPE ainda relata que os 1.794 municípios do Nordeste produziram juntos

50.045 toneladas de RSU por dia em 2010, das quais 38.118 tonelada/dia foram coletadas. Em

relação à geração de resíduos no período entre 2009 e 2010, observou-se um aumento de 2.8%

no índice per capita de geração de RSU, que atingiu a marca de 1,289 kg por habitante por

dia.

25

No ano de 2010, os municípios da região nordeste aplicaram por mês R$ 3,19 por

habitante para realizar os serviços de coleta de RSU e R$ 6,22 por habitante por mês

nos demais serviços de limpeza e manutenção de parques e jardins, limpeza de

córregos, etc., que somados perfazem um total de R$ 9,41 por habitante por mês

para desempenho de todos os serviços relacionados com a limpeza urbana das

cidades (ABRELPE, 2010, p.63).

De fato, percebe-se uma preocupação com a limpeza da cidade em todos os

municípios do Brasil, mas apesar dos esforços, pesquisas afirmam que ainda 61% dos

municípios brasileiros fazem uso dos famosos lixões e aterros controlados.

Em relação ao estado do Rio Grande do Norte, a geração de RSU/dia em 2010 foi de

2.644 toneladas, sendo de 2.313 ton/dia em 2009. A Tabela 5 apresenta dados referentes à

população urbana, RSU coletados por habitantes, RSU coletado por dia e o total gerado por

dia referente a 2009 e 2010.

Tabela 5 - Coleta e geração de RSU no estado do Rio Grande do Norte em 2009 e 2010

Ano População Urbana

(hab)

RSU coletado por

habitante (kg/hab/dia)

RSU coletado

(t/dia)

RSU gerado

(t/dia)

2009 2.262.739 0,866 1.960 2.313

2010 2.465.439 0,929 2.290 2.644

Fonte: ABRELPE (2010, p.74-75).

Apesar de todas as pesquisas e iniciativas feitas para o tratamento correto de RSU, é

evidente que ainda não acontece à destinação correta. Na Figura 3, a seguir, é possível

perceber um pequeno aumento de 1,2% no número de toneladas/dia de RSU que teve a

destinação correta.

Figura 3 - Destinação final de RSU no estado do Rio Grande do Norte (t/dia).

Fonte: ABRELPE (2010, p. 75).

26

De acordo com a PNSB de 2008, 50,8% dos municípios brasileiros depositaram os

resíduos sólidos em vazadouros a céu aberto, famosos lixões, embora, essa disposição seja

considerada inadequada. Verificou-se que os municípios das regiões Nordeste e Norte tiveram

as maiores proporções de disposição de resíduos sólidos em lixões, respectivamente de 89,3%

e 85,5%, enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentaram, respectivamente, 15,8% e 18,7%

(IBGE, 2010 a, p.60).

Na Tabela 6 são apresentados dados da produção e coleta de RSU para Mossoró, no

estado do Rio Grande do Norte.

Tabela 6 - Coleta e geração de RSU em Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte em 2010

População Urbana 2010

(hab)

Quantidade de RSU

Coletada (t/dia)

Quantidade de

RSU Coletada

(kg/hab/dia)

PIB per capita

(R$/hab)

237.300 216,3 0,91 12.522

Fonte: ABRELPE (2010, p.154).

A gestão de resíduos sólidos no Brasil ainda encontra diversos obstáculos,

principalmente nos grandes centros urbanos. Conforme os dados apresentados no

Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2010, os índices de geração e coleta de

RSU por habitante superaram mais de seis vezes o índice de crescimento

populacional do país registrado pelo censo do IBGE 2010 no mesmo período, a

demonstrar a necessidade de adoção imediata de um sistema integrado e sustentável

de gestão de resíduos (ABRELPE, 2010, p. 138).

3.3.5 Dispositivos legais

Publicada em 22 de fevereiro de 2007, a lei federal n° 11.445 (BRASIL, 2007), veio

alterar as leis n° 8.666/93 e 8.987/95, estabelecendo as diretrizes nacionais para o Saneamento

Básico entre outras providências.

A respeito das alterações ocorridas na Lei nº 8.666 /93, refere-se basicamente ao Art.

24, que atualmente prevê a dispensa de licitação para a contratação da coleta, processamento e

comercialização dos RSU recicláveis ou reutilizáveis, onde existam sistemas de coleta

seletiva, gerenciadas por associações ou cooperativas que possua sua formação

exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda.

Já a alteração feita na lei nº 8.987/95 refere-se ao seu Art. 42, que trata de

disposições transitórias para as concessões de serviços públicos, outorgadas anteriormente à

vigência desta lei.

27

A lei n° 11.445 (BRASIL, 2007) estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento

básico e para a política federal de saneamento básico, nos seus quatro componentes:

abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e manejo de águas

pluviais.

Depois de alguns anos tramitando no Congresso Nacional, em agosto de 2010, a

Justiça Federal publicou a Lei Federal nº 12.305 que institui a política nacional de resíduos

sólidos, que foi sancionada pelo Presidente da República 02 de agosto de 2010. A lei

estabelece princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes relativas à gestão integrada e ao

gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os perigosos. Esta lei se aplica a todos que de

certa forma desenvolvem alguma atividade que gera resíduo, seja direta ou indiretamente, se

aplicando tanto ao gerador quanto ao poder público.

Ressalte-se que a política nacional de resíduos sólidos, lei no

12.305/2010 (BRASIL,

2010), trata na seção II do capítulo III, da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida

dos produtos. Segundo esta lei, responsabilidade compartilhada, refere-se ao

Conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes,

importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos

serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para

minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir

os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo

de vida dos produtos, nos termos desta Lei (BRASIL, 2010).

Segundo o Art. 30da Lei no 12.305 (BRASIL, 2010):

É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser

implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes,

importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos

serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, consoante as

atribuições e procedimentos previstos nesta Seção.

Parágrafo único. A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos

tem por objetivo:

I - compatibilizar interesses entre os agentes econômicos e sociais e os processos de

gestão empresarial e mercadológica com os de gestão ambiental, desenvolvendo

estratégias sustentáveis;

II - promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para a sua

cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas;

III - reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a poluição e

os danos ambientais;

IV - incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio ambiente e

de maior sustentabilidade;

V - estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e o consumo de produtos

derivados de materiais reciclados e recicláveis;

VI - propiciar que as atividades produtivas alcancem eficiência e sustentabilidade;

VII - incentivar as boas práticas de responsabilidade socioambiental.

28

3.4 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RCD)

Para os resíduos de construção e demolição, a seguir, apresentam-se: definição,

classificação, geração, gerenciamento, armazenamento, coleta e transporte, disposição final,

dispositivos legais e normalizações, e impactos ambientais relacionados a deposições

irregulares.

3.4.1 Definição

De acordo com a Resolução nº307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA), resíduos sólidos da construção civil são provenientes de construções, reformas,

reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da

escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, telhas,

pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica e outros, comumente

chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha (BRASIL, 2002).

3.4.2 Classificação

Os resíduos da construção civil são classificados segundo a Resolução do CONAMA

nº 307/2002 (BRASIL, 2002), sendo esta alterada pela Resolução nº 348/2004 (BRASIL,

2004), como se apresenta a seguir:

- Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como os

oriundos de:

a) construção, demolição reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-

estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) construção, demolição, reformas e reparos de edificações: materiais cerâmicos (tijolos,

blocos, telhas, placas de revestimento... etc.), argamassa e concreto;

c) processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos,

tubos, meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras.

- Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,

papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.

- Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações

economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os

produtos fabricados com gesso.

29

- Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas,

solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de

demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros,

bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos

nocivos à saúde.

3.4.3 Geração de resíduos da construção e demolição

É perceptível que todas as ações humanas geram resíduos e na construção civil não é

diferente. Desde a elaboração do projeto a sua execução, materiais vão sendo desperdiçados,

seja no transporte, na construção e principalmente no acabamento, que é um exemplo

clássico, que depois de construídas as estruturas, elas são perfuradas para fazer as instalações

elétricas e hidráulicas. Segundo Freitas (1995 apud FRAGA, 2006, p.3) o desperdício é uma

característica marcante na construção civil brasileira, sendo caracterizado, principalmente, por

desperdícios de materiais, de tempo, os relativos à mão-de-obra e o de recursos financeiros.

No Brasil, a geração per capita varia entre 230 a 760 kg/hab.ano considerando as

médias realizadas em algumas cidades brasileiras (PINTO, 1999; CARNEIRO et al, 2001 e

PINTO; GONZALEZ, 2005, apud CÓRDOBA, 2010, p. 23).

Com isso, pode-se observar que atualmente um dos grandes problemas enfrentados

pelas prefeituras municipais é à disposição dos resíduos em seus locais adequados, pois como

a geração está acontecendo em grande escala, não é mais só um problema administrativo,

passa então a ter caráter social à medida que a população se sente prejudicada. Sendo assim,

as autoridades têm que tomar uma posição para que não ocorram problemas sanitários,

econômicos e sociais ocasionando transtorno a população.

Estimativas internacionais apontam que em diversos países essa geração varia de 130

a 3.000 kg/hab.ano conforme a Tabela 7. Os autores ainda enfatizaram que essa variação, às

vezes, é grande para um mesmo país, devido à inexistência de metodologias unificadas para a

estimativa desta geração (CÓRDOBA, 2010, p.24).

Tabela 7 - Estimativa de geração de resíduos da construção e demolição, no mundo Cont.

País Quantidade Anual

Milhões t/ano kg/hab.ano Fonte

Suécia 1,2 – 6 136 – 680 Tolstoy; Börklund; Carlson (1998), Córdoba

(1999).

Holanda 12,8 – 20,2 820 – 1.300 Lauritzen (1998), Brossink; Brouwers; Van

Kessel (1996), Córdoba (1999).

EUA 136 - 171 463 – 584 EPA (1998), Peng,;Grosskopf; Kibert (1994).

30

Reino Unido 50 – 70 880 – 1.120

Detr (1998), Lauritzen (1998).

Belgica 7,5 – 34,7 735 – 3.359

Dinamarca 2,3 – 10,7 440 – 2.010

Itália 35 – 40 600 – 690

Alemanha 79 – 300 963 – 3.658

Japão 99 785 Kasai (1998).

Portugal 3,2 – 4,4 325 – 447 Córdoba (1999), Ruivo; Veiga apud Marques

Neto (2009, p.67).

Brasil - 230 – 760 Pinto (1999), Carneiro et al. (2001), Pinto e

Gonzalez (2005).

Fontes: John; Agopyan (2000), Pinto (1999), Carneiro et al. (2001), Pinto; Gonzalez (2005), Marques Neto

(2009) apud Córdoba (2010, p.25).

Existem fatores que possuem um grande impacto na geração do RCD, como países

que sofrem com guerras, ou com catástrofes naturais, que é o caso do Japão, gerando RCD em

um ritmo muito alto e sem possibilidades de controle, acarretando várias conseqüências

significativas para os cidadãos.

3.4.4 Gerenciamento de resíduos da construção e demolição

Para efeito da Resolução nº 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002),

gerenciamento de resíduos é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar

resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para

desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em

programas e planos.

De acordo com a referida Resolução, os projetos de gerenciamento de resíduos da

construção civil deverão contemplar as seguintes etapas (BRASIL, 2002):

I- Caracterização: identificar e quantificar os resíduos gerados;

II- Triagem: deverá ser realizada a triagem dos rejeitos de acordo com as classes

de resíduos estabelecida na Resolução;

III- Acondicionamento: o gerador deverá realizar o confinamento dos resíduos

gerados até que seja feito o transporte adequado daqueles que não poderão ser

reutilizados ou reciclados;

IV- Transporte: realização do transporte após as outras etapas descritas acima, de

acordo com a norma vigente;

V- Destinação:deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta

Resolução.

31

Segundo as pesquisas da ABRELPE (2010, p. 102), os municípios coletam tão

somente os resíduos de construção civil e demolição (RCD) lançados em logradouros

públicos. Levando em consideração os anos de 2009 e 2010, observou-se um aumento

significativo na coleta dos RCD nos municípios do Brasil, cerca de 8,7%, enfatizando ainda

mais o crescimento urbano brasileiro, conforme apresentado na Tabela 8.

Tabela 8 - Quantidade total coletada de RCD por região e no Brasil, em 2009 e 2010

Região

2009 2010

RCD coletados (t/dia)/

índice (kg/hab/dia)

População

urbana (hab)

RCD coletado

(t/dia)

Índice

(kg/hab/dia)

Norte 3.405/0,297 11.663.184 3.514 0,301

Nordeste 15.663/0,412 38.816.895 17.995 0,464

Centro – Oeste 10.997/0,918 12.479.872 11.525 0,923

Sudeste 46.990/0,632 74.661.877 51.582 0.691

Sul 14.389/0,630 23.257.880 14.738 0,634

Brasil 91.444/0,576 160.879.708 99.354 0,618

Fonte: ABRELPE (2010, p. 102).

A Tabela 9, de acordo com a PNSB 2008, apresenta os municípios brasileiros que

possuem serviço de manejo de resíduos de construção e demolição.

Na Tabela 10 apresenta-se o número de municípios brasileiros que possuem serviço

de manejo de resíduos de construção e demolição, por forma de disposição dos resíduos no

solo, segundo a PNSB 2008.

32

Tabela 9 – Municípios, total e com serviço de manejo de resíduos de construção e demolição por existência e tipo de processamento dos resíduos,

segundo as Grandes Regiões e as Unidades de Federação – 2008 Cont.

Grandes

regiões e

Unidade de

Federação

Municípios

Total

Com serviço de manejo dos resíduos de construção e demolição

Total

Existência e tipo de processamento de resíduos

Total

Triagem simples dos

resíduos de

construção e

demolição

reaproveitáveis

(classes A e B)

Triagem e

trituração simples

dos resíduos classe

A

Triagem e trituração dos

resíduos classe A, com

classificação

granulométrica dos

agregados reciclados

Reaproveitamento dos

agregados produzidos

na fabricação de

componentes

construtivos

Outros

Brasil 5.564 4.031 392 124 14 20 79 204

Norte 449 293 28 5 - - 6 18

Rondônia 52 28 9 - - - 3 6

Acre 22 6 - - - - 3 6

Amazonas 62 39 6 3 - - 2 1

Roraima 15 1 1 - - - 1 -

Pará 143 117 12 2 - - - 10

Amapá 16 4 - - - - - -

Tocantins 139 98 1 - - - - 1

Nordeste 1.793 1.454 178 38 4 6 32 118

Maranhão 217 139 6 3 2 1 - 3

Piauí 223 121 1 - - - - 1

Ceará 184 167 31 2 - 1 2 28

Rio Grande

do Norte 167 141 42 4 - - 3 38

Paraíba 223 189 6 4 1 1 1 3

Pernambuco 185 157 23 5 - 1 5 12

Alagoas 102 87 22 9 1 2 10 6

Sergipe 75 69 5 - - - - 5

Bahia 417 384 42 11 - - 11 22

Sudeste 1.668 1.272 109 50 7 12 25 38

Minas

Gerais 853 682 45 15 2 2 11 19

33

Espírito

Santo 78 60 3 2 - - - 1

Rio de

janeiro 92 64 9 6 1 - 1 1

São Paulo 645 466 52 27 4 10 13 17

Sul 1.188 639 54 24 3 2 14 16

Paraná 399 272 22 10 - 1 6 6

Santa

Catarina 293 111 11 4 3 1 2 4

Rio Grande

do Sul 496 252 21 10 - - 6 6

Centro-

Oeste 466 373 22 7 - - 2 14

Mato Grosso

do Sul 78 60 10 1 - - - 10

Mato Grosso 141 80 5 1 - - 2 2

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (2008, p. 169)

Nota: O município pode apresentar mais de um tipo de processamento dos resíduos de construção e demolição.

34

Tabela 10 – Municípios, total e com serviço de manejo de resíduos de construção e demolição, por forma de disposição dos resíduos no solo,

segundo as Grandes Regiões e as Unidades da Federação – 2008 Cont.

Grandes

Regiões e

Unidades da

Federação

Municípios

Total

Com serviço de manejo dos resíduos de construção e demolição

Total

Forma de disposição no solo

Disposição

em

vazadouro

s, em

conjunto

com os

demais

resíduos

Disposição/uti

lização sob

controle em

aterro

convencional,

em conjunto

com os

demais

resíduos

Disposição

sob controle,

em pátio ou

galpão de

estocagem

da

prefeitura,

específico

para

resíduos

especiais

Disposição

transitória

sob controle,

aterro da

prefeitura

específico

para resíduos

especiais

Disposição

transitória

sob controle

em aterro de

terceiros

específico

para

resíduos

especiais

Utilização

definitiva e sob

controle dos

resíduos como

material de

aterro, pela

prefeitura,

após triagem e

remoção dos

resíduos classes

B, C e D

Utilização

definitiva e

sob controle

dos resíduos

como

material de

aterro, por

terceiros,

após triagem

e remoção dos

resíduos

classes B, C e

D

Outras

Brasil 5.564 4.031 1.330 442 176 267 181 503 292 1.235

Norte 449 293 148 27 5 13 11 16 12 71

Rondônia 52 28 7 5 3 - - - - 7

Acre 22 6 5 - - - - - - 1

Amazonas 62 39 11 3 - 2 3 6 4 12

Roraima 15 1 - - - - - - - 1

Pará 143 117 61 5 2 5 4 9 8 36

Amapá 16 4 4 - - - - - - -

Tocantins 139 98 60 14 - 6 4 1 - 14

Nordeste 1.793 1.454 744 92 21 46 56 143 114 391

Maranhão 217 139 114 3 2 1 2 2 4 22

Piauí 223 121 99 2 - 2 - - 2 21

Ceará 184 167 50 8 - 8 15 24 27 43

Rio Grande

do Norte 167 141 65 6 3 4 5 36 6 31

Paraíba 223 189 77 4 1 2 2 7 1 108

35

Pernambuco 185 157 52 14 1 5 4 22 19 52

Alagoas 102 87 46 10 6 4 7 10 6 13

Sergipe 75 69 34 3 - 2 4 10 10 12

Bahia 417 384 207 42 8 18 17 32 39 89

Sudeste 1.668 1.272 207 202 105 126 65 220 97 391

Minas

Gerais 853 682 153 127 32 49 22 130 64 172

Espírito

Santo 78 60 6 8 1 - 5 19 7 22

Rio de

Janeiro 92 64 16 9 3 8 4 11 3 19

São Paulo 645 466 32 58 69 69 34 60 23 178

Sul 1.188 639 77 74 33 37 37 73 51 284

Paraná 399 272 46 29 25 19 19 19 9 114

Santa

Catarina 293 111 8 10 4 4 8 6 12 65

Rio Grande

do Sul 496 256 23 35 4 14 10 48 30 105

Centro-

Oeste 466 373 154 47 12 45 12 51 18 98

Mato Grosso

do Sul 78 60 11 3 5 25 1 14 - 10

Mato Grosso 141 80 41 16 5 11 3 4 4 2

Goiás 246 232 101 27 2 8 8 33 14 85

Distrito

Federal 1 1 1 1 - 1 - - - 1

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (2008, p. 170)

Nota: O município pode apresentar mais de uma forma de disposição no solo dos resíduos de construção e demolição.

36

3.4.4.1 Armazenamento

Segundo a Resolução nº 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), os geradores

deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a

redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. Em muitos locais as empresas

terceirizadas assumem a responsabilidade do armazenamento, deixando nas obras de

construção ou demolição, caçambas que auxiliam na estocagem e no transporte dos rejeitos

para o seu devido fim.

Essas caçambas metálicas são construídas com chapas de aço soldadas em formato

de tronco de pirâmide invertido, as quais possuem capacidade útil de 3, 4 ou 5m³

(PARELLADA, 2001 apud CÓRDOBA, 2010, p.34).

Figura 4 – Vista de caçambas metálicas de chapas de aço em formato de tronco de pirâmide

invertido para resíduos da construção e demolição.

Fonte: Autoria própria (2011).

Este tipo de armazenamento é muito comum, mas devem existir precauções na sua

utilização, pois geralmente eles ficam abertos e sujeitos a contaminação de outro tipo de

rejeito, como por exemplo, pode-se tornar um local propício ao desenvolvimento de larvas de

Aedes aegypti. Outro tipo de contaminação é a disposição de animais mortos junto com os

RCD ou outros resíduos sólidos. Para isso ser evitado, pode se realizar uma medida simples,

como cobrir o reservatório com algum tipo de material que impeça a contaminação.

37

3.4.4.2 Coleta e transporte

Para coletar os resíduos armazenados, comumente contratam-se carros que possuem

carroceria para fazer o transporte desses reservatórios. Já, para os rejeitos dispostos em locais

clandestinos, a coleta, geralmente, é feita pela prefeitura do município. Dependendo da

quantidade de rejeitos a prefeitura passa a ser parcialmente responsável, já que a mesma

exerce papel fundamental na limpeza da cidade.

A Tabela 11 e a 12 apresentam, respectivamente, tipos de resíduos e formas de coleta

e remoção do canteiro de obra, para resíduos oriundos e não oriundos da atividade

construtiva, respectivamente.

Tabela 11- Tipos de resíduos, formas de coleta e remoção do canteiro de obra para resíduos

oriundos da atividade construtiva Cont.

TIPOS DE RESÍDUOS REMOÇÃO DOS RESÍDUOS

Bloco de concreto, blocos cerâmicos, outros

componentes cerâmicos, argamassas,

concreto, tijolos e assemelhados

Caminhão com equipamento poliguindaste ou

caminhão com caçamba basculante, sempre coberto

com lona.

Madeira

Caminhão com equipamento poliguindaste, caminha

com caçamba basculante ou caminhão com

carroceria de madeira, respeitando as condições de

segurança para a acomodação da carga na carroceria

do veículo, sempre coberto com lona.

Plásticos (sacaria de embalagens, aparas de

tubulações etc.)

Caminhão ou outro veículo de carga, desde que os

bags sejam retirados fechados para impedir mistura

com outros resíduos na carroceria e dispersão

durante o transporte.

Papelão (sacos e caixas de embalagens dos

insumos utilizados durante a obra) e papéis

(escritório)

Caminhão ou outro veículo de carga, desde que os

bags sejam retirados fechados para impedir mistura

com outros resíduos na carroceria e dispersão

durante o transporte.

Metal (ferro, aço, fiação revestida, arames

etc.)

Caminhão preferencialmente equipado com

guindaste para elevação de cargas pesadas ou outro

veículo de carga.

Serragem e EPS (poliestireno expandido,

exemplo: isopor)

Caminhão ou outro veículo de carga, desde que os

sacos ou bags sejam retirados fechados para impedir

mistura com outros resíduos na carroceria e

dispersão durante o transporte.

Gesso de revestimento, placas acartonadas e

artefatos

Caminhão com equipamento poliguindaste ou

caminhão com caçamba basculante, sempre coberto

com lona.

Solo

Caminhão com equipamento poliguindaste ou

caminhão com caçamba basculante, sempre coberto

com lona.

Telas de fachada e de proteção Caminhão ou outro veículo de carga, com cuidado

para contenção de carga durante o transporte.

Materiais, instrumentos e embalagens

contaminadas por resíduos perigosos

(exemplos: embalagens plásticas e de metal,

Caminhão ou outro veículo de carga, sempre

coberto.

38

instrumentos de aplicação com broxas,

pincéis, trinchas e outros materiais auxiliares

como panos, trapos, estopas etc.)

Fonte: SINDUSCON/SP (2005, p.27).

Tabela 12 - Tipos de resíduos, formas de coleta e remoção do canteiro de obra para resíduos

não oriundos da atividade construtiva

TIPOS DE RESÍDUO REMOÇÃO DOS RESÍDUOS

Restos de alimentos e suas embalagens, copos

plásticos usados e papéis sujos (refeitório,

sanitários e áreas de vivência)

Veículos utilizados na coleta pública dos resíduos

domiciliares, obedecendo aos limites estabelecidos

pela legislação municipal competente.

Resíduos de ambulatório Veículos definidos pela legislação municipal

competente.

Fonte: SINDUSCON/SP (2005, p.27).

3.4.4.3 Disposição final

De acordo com Resolução nº 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), os resíduos

da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de

bota fora, em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei.

O Art. 10 da Resolução nº 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002) menciona que

os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas:

I- Classe A: deverão ser utilizados ou reciclados na forma de agregados, ou

encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de

modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

II- Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de

armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou

reciclagem futura;

III- Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com as normas técnicas específicas;

IV- Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em

conformidade com as normas técnicas específicas.

Segundo Pinto e Gonzalez (2005 apud CÓRDOBA, 2010, p.53), existem duas

formas de disposição final irregular, a primeira seria o descarte em bota-foras clandestinos e

outra consiste em áreas de deposição irregular.

Esses bota-foras são locais nos quais as empresas que coletam os rejeitos da

construção, despejam grandes volumes de RCD em áreas que não estão licenciadas. As áreas

de deposição irregular são locais utilizados por pequenos geradores de resíduos para o

descarte, não só do RCD, como também os RSU, geralmente são terrenos baldios, vias

urbanas, margens de rios. Um exemplo são os RSU e os RCD que ficam a margem do rio

Mossoró - Apodi.

39

Em muitos municípios, o que se vê também é a disposição em lixões,

comprometendo ainda mais esses locais e também desperdiçando muito material que poderia

ser reaproveitado e reciclado.

As deposições ilegais oneram os cofres das prefeituras, como exemplo deste prejuízo

pode-se citar o setor de limpeza pública paulistana que consome de 4% a 7%, cerca de

quatrocentos milhões de reais por ano (CABRAL, 2007 apud CÓRDOBA, 2010, p.55).

3.4.5 Dispositivos legais e normas referentes a resíduos da construção e demolição

Algumas normas brasileiras relacionadas aos resíduos da construção e demolição são

citadas a seguir:

- ABNT NBR 15112 - Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - áreas de

transbordo e triagem - diretrizes para projeto, implantação e operação;

- ABNT NBR 15113 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes - aterros -

diretrizes para projeto, implantação e operação;

- ABNT NBR 15114 - Resíduos sólidos da construção civil - áreas de reciclagem – diretrizes

para projeto, implantação e operação;

- ABNT NBR 15115 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –

execução de camadas de pavimentação – procedimentos;

- ABNT NBR 15116 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil -

utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – requisitos.

- CONAMA Nº 307 - Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos

resíduos da construção civil;

- Código de obras, posturas e edificações do Município de Mossoró.

- Lei nº 9.605 – Crimes Ambientais: Dispõe sobre as sanções penais e administrativas

derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e da outras providencias.

3.4.6 Impactos ambientais relacionados a deposições irregulares de resíduos da

construção e demolição

Toda ação humana utilizando a extração de recursos naturais ou não, gera impactos.

Hoje, uma das principais discussões mundiais é a preocupação com o meio ambiente, com os

impactos negativos que ocasionamos e consequências geradas pelo uso irresponsável de

recursos naturais.

40

Segundo Gaede (2008, p. 22), todas as etapas do processo construtivo, tais como:

extração de matérias-primas, produção de materiais, construção, utilização e demolição,

causam impactos ambientais que afetam direta ou indiretamente os seguintes aspectos:

- A saúde, a segurança e o bem-estar da população;

- As atividades sociais e econômicas;

- A biota;

- As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

- A qualidade dos recursos ambientais.

A Resolução nº 1/1986 do CONAMA define impacto ambiental da seguinte forma:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das

atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o

bem estar da população, as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições

estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais

(BRASIL, 1986).

A construção civil é uma das práticas que mais gera resíduos entre todas as

atividades humanas e a disposição irregular desses resíduos pode ocasionar consequências

graves para a natureza e para o próprio ser homem. É grande o número de áreas degradadas

por bota-foras clandestinos ou por deposição irregular, sendo mais expressivo nas periferias

das cidades, onde se encontra a população mais carente, que acaba sofrendo as consequências

pelo mau gerenciamento dos RCD.

Entre os diversos impactos ambientais negativos ocasionados pela deposição

irregular dos RCD pode-se citar:

- Assoreamento de rios;

- Obstrução de vias, impedindo a passagem de pedestres e de veículos, degradando a

paisagem urbana;

- Contaminação do RCD por RSU, provocando a proliferação de possíveis transmissores de

doenças;

- Obstrução de sistema de drenagem, aumentando as possibilidades de enchentes;

- Queimadas ocasionadas por resíduos de alta combustão que podem ser depositadas junto

aos entulhos.

41

3.5 ALTERNATIVAS PARA MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

NEGATIVOS RELACIONADOS A DEPOSIÇÕES IRREGULARES DE RESÍDUOS

DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

É inquestionável que o avanço da construção no país é de alta importância para a

economia e para a qualidade de vida da população. Entretanto, toda ação gera uma

consequência. Nesse sentido, é fundamental que o desperdício e a geração de resíduos sejam

minimizados, tanto quanto possível.

Entre as alternativas existentes para a minimização dos impactos ambientais

negativos relacionados a deposições irregulares, pode-se citar, por exemplo, a reutilização, a

reciclagem e o modo de produção limpa.

3.5.1 Reutilização

Nos termos da Resolução nº 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), a reutilização

pode ser definida como o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do

mesmo.

A reutilização de resíduos da construção e demolição, como também mudanças

desde a concepção do projeto podem ajudar a diminuição da geração de resíduos da

construção. O cálculo correto de tamanhos e quantidades de materiais necessários pode

diminuir significativamente o desperdício com quebras de materiais no acabamento e,

consequentemente, contribui na redução dos custos, tanto na compra de novos materiais,

como também na contratação de transporte para proporcionar uma disposição final a esse

rejeito. Além disso, a menor geração de rejeitos diminui a possibilidade de disposição

irregular.

A Tabela 13 apresenta alguns materiais ou resíduos da construção e demolição com

potencial para reutilização.

Tabela 13 - Alguns materiais ou resíduos da construção e demolição com possibilidade de

reutilização e seus respectivos cuidados exigidos

TIPOS DE MATERIAL

OU RESÍDUO

CUIDADOS

REQUERIDOS PROCEDIMENTO

Painéis de madeira

provenientes da desforma

de lajes, pontalentes,

sarrafos etc.

Retirada das peças,

mantendo-as separadas

dos resíduos

inaproveitáveis.

Manter as peças empilhadas, organizadas e

disponíveis o mais próximo possível dos

locais de reaproveitamento.

Se o aproveitamento das peças não for

próximo do local de geração, essas devem

formar estoque sinalizado nos pavimentos

42

inferiores (térreo em ou subsolos).

Blocos de concreto e

cerâmicos parcialmente

danificados.

Segregação

imediatamente após a sua

geração, para evitar

descarte.

Formar pilhas que podem ser deslocadas para

utilização em outras frentes de trabalho.

Solo

Identificar eventual

necessidade do

aproveitamento na própria

obra para reaterros.

Planejar execução da obra compatibilizando

fluxo de geração e possibilidades de

estocagem e reutilização.

Fonte: SINDUSCON/SP (2005, p.25).

3.5.2 Reciclagem

Segundo a Resolução nº 307/2002 do CONAMA (BRASIL, 2002), reciclagem é o

processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação.

Segundo Schulz e Hendricks (1992 apud PINTO, 1999, p. 87) o uso dos RCD

recicláveis só veio ter relevância após a Segunda Guerra Mundial, para satisfazer a

necessidade de remover os escombros das cidades européias e ao mesmo tempo aumentar a

produção de materiais de construção, já que a demanda nesta época era muito alta.

A então República Federal da Alemanha herdou da guerra um volume entre 400 e

600 milhões de metros cúbicos de escombros, dos quais foram reciclados cerca de 11,5

milhões de metros cúbicos, que possibilitaram a produção de 175.000 unidades habitacionais

até o ano de 1955 (SCHULZ; HENDRICKS, 1992 apud PINTO, 1999, p. 87).

A reciclagem no Brasil ainda está em crescimento, mas já é uma atividade praticada

por empresas que prezam pelo meio ambiente e pela redução dos custos e também é de suma

importância para a destinação correta de resíduos da construção e demolição.

Segundo Pinto (1999, p. 93), os primeiros trabalhos de reciclagem eram feitos no

próprio canteiro de obra, no inicio da década de 80. Eram utilizadas masseiras-moinho, um

tipo de equipamento de pequeno porte que propiciava a moagem intensa de resíduos menos

resistentes, como alvenaria e argamassas, e o produto dessa moagem era utilizada para o

revestimento da edificação a qual se extraiu os rejeitos.

Córdoba (2010, p.43) mencionou que a reciclagem deve ser a terceira medida

adotada para o fim dos rejeitos, pois a primeira e a segunda deverá ser respectivamente a não

geração de resíduos e a reutilização.

Segundo Santos (2007 apud CÓRDOBA, 2010, p. 44), a aplicação de resíduos

reciclados na indústria da construção civil pode ser feito tanto com material produzido de

atividades da própria construção civil, como também de outras atividades.

43

Ainda de acordo com Córdoba (2010, p. 44), as principais aplicações de RCD

recicláveis são:

- Base para pavimentações;

- Agregados para concreto que não possua função estrutural;

- Fabricação de objetos derivados do cimento, como é o caso de blocos e bancos;

- Argamassas para tijolos ou revestimento.

Tendo em vista a regulamentação para utilização de RCD reciclados, foram

elaboradas duas normas da ABNT para utilização no Brasil, são elas:

- NBR 15.115/2004: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – execução

de camadas de pavimentação - procedimentos;

- NBR 15.116/2004: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – utilização

em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural - requisitos.

Segundo Hamassaki (2000, p.183), existem diferenças significativas nos reciclados

de RCD do canteiro de obra e da usina. Isto se dá pelo fato que os reciclados produzidos em

usinas podem ser contaminados por solos, matérias orgânicas, plásticos e outros rejeitos, pois

muitas vezes apresenta uma composição bastante heterogênea. Já, os reciclados no canteiro de

obra tornam-se mais puros, pois não tem muito contato com outros materiais.

A Tabela 14 apresenta algumas usinas de reciclagem que estão em atividade no

Brasil, como também as suas localizações, propriedades, inícios de suas atividades e suas

respectivas capacidades.

Tabela 14 – Usinas de reciclagem de RCD instaladas em alguns municípios do Brasil Cont.

MUNICÍPIOS PROPRIEDADE INICIO DA

ATIVIDADE

CAPACIDADE

(T/H)

São Paulo – SP Prefeitura 1991 100

Londrina – PR Prefeitura 1993 20

Belo Horizonte – MG (Estoril) Prefeitura 1994 30

Belo Horizonte – MG (Pampulha) Prefeitura 1996 20

Ribeirão Preto – SP Prefeitura 1996 30

Piracicaba - SP Autarquia/Emdhap 1996 15

São José dos Campos – SP Prefeitura 1997 30

Muriaé – MG Prefeitura 1997 8

São Paulo - SP ATT Base 1998 15

Macaé – RJ Prefeitura 1998 8

São Sebastião – SP Adm. Regional 1999 5

Socorro – SP Irmãos Preto 2000 3

Guarulhos – SP Prefeitura/ Proguaru 2000 15

Vinhedo – SP Prefeitura 2000 15

Brasília – DF Caenee 2001 30

Fortaleza – CE Usifort 2002 60

Ribeirão Pires – SP Prefeitura 2003 15

44

Ciríaco – SP Prefeitura 2003 15

São Gonçalo - RJ Prefeitura 2004 35

Jundiaí – SP SMR 2004 20

Campinas – SP Prefeitura 2004 70

São Bernardo do Campo - SP Urbem 2005 50

São Bernardo do Campo - SP Ecoforte 2005 70

São José do Rio Preto - SP Prefeitura 2005 30

São Carlos - SP Autarquia/PROHAB 2005 20

Belo Horizonte – MG (BR – 040) Prefeitura 2006 40

Ponta Grossa - SP P. Grossa Amb. 2006 20

Taboão da Serra – SP Estação Ecologia 2006 20

João Pessoa – PB Prefeitura/ Emlur 2007 25

Caraguatatuba – PB JC 2007 15

Colombo – PR Soliforte 2007 40

Limeira – SP RL Reciclagem 2007 35

Americana – SP Cemara 2007 25

Piracicaba – SP Autarquia/Sema e 2007 20

Santa Maria – RS GR2 2007 15

Osasco – SP Inst. Nova Anera 2007 25

Rio das Ostras – RJ Prefeitura 2007 20

Brasília - DF CAENGE 2008 30

Londrina - PR Kurica Ambiental 2008 40

São Luís – MA Limpel 2008 40

São José dos Campos - SP RCC Ambiental 2008 70

Paulínia – SP Estre Ambiental 2008 100

Guarulhos - SP Henfer 2008 30

Barretos – SP Prefeitura 2008 25

São José dos Campos – SP Julix – Entema 2008 25

Petrolina – PE Prefeitura 2008 25

Itaquaquecetuba - SP Entrec Ambiental 2008 40

¹ Há também usinas em Canoas, Caxias do Sul, Charquedas e São Leopoldo no Estado do RS, porém estas não

foram contabilizadas pelos autores em função da falta de informações mais detalhadas

Fontes: Miranda; Ângulo; Careli (2008 apud PINTO, 2010, p.49).

3.5.3 Produção Limpa

O objetivo da produção limpa está basicamente relacionado com o do

desenvolvimento sustentável, onde o foco é a produção que minimiza os danos à natureza e

não gera a escassez das fontes naturais de produção.

De acordo com o relatório Nosso Futuro Comum (Our Commom Future), também

conhecido como Relatório Brundtland, desenvolvimento sustentável é o modelo de

desenvolvimento que atenda as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de

as gerações futuras atenderem também as suas (CMMAD, 1988, p.9).

Segundo Furtado (2000 apud SPERANDIO E DONAIRE, 2005, p. 6), há quatro

elementos fundamentais que compõem o conceito de Produção Limpa:

- Princípio da precaução: obriga o poluidor potencial a arcar com o ônus da prova de

que uma substância ou atividade causará dano ao ambiente;

45

- Princípio da prevenção: consiste em substituir o controle de poluição pela

prevenção da geração de resíduos na fonte, evitando a geração e emissões perigosas

para o ambiente. Preferência pelo aspecto preventivo em relação ao curativo ao

avaliar o efeito das emissões;

- Principio de controle democrático: acesso à informação sobre questões que dizem

respeito a segurança e uso de processos e produtos, por todos os interessados,

inclusive as emissões e registros de poluentes, planos de redução de uso de produtos

tóxicos e dados sobre a utilização de componentes perigosos nos produtos;

- Principio da integração: visão holística do sistema de produção de bens e serviços,

com o uso de ferramentas específicas como a utilização da Avaliação do Ciclo de

Vida (ACV).

De acordo com Kruzewska e Thorpe (1995 apud SPERANDIO E DONAIRE, 2005,

p. 6) a aplicação da PL envolve oito etapas, a saber:

- Identificar as substâncias perigosas a serem gradualmente eliminadas com base no

princípio da precaução;

-Realização de análises químicas e de fluxo de materiais;

-Estabelecimento e implantação de um cronograma para a eliminação gradual das

substâncias perigosas do processo de produção, assim como o acompanhamento das

tecnologias de gerenciamento de resíduos;

-Implementação de produção limpa em processos e produtos existentes e em

pesquisa e desenvolvimento de novos;

-Prover treinamento e dar suporte técnico e financeiro;

-Propiciar ativa divulgação de informação para o público e garantia de sua

participação na tomada de decisões;

- Viabilização da eliminação gradativa de substâncias por meio de incentivos

normativos e econômicos

-Viabilização da transição para a produção limpa com planejamento social,

envolvendo trabalhadores e comunidades afetadas.

Segundo o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (2008, apud ROTH, p. 91), a

produção limpa pode ser representada por uma estratégia econômica, ambiental e tecnologia

aos processos e produtos (materiais), a fim de maximizar eficiência do uso de matérias, água e

energia e minimizar a geração dos resíduos ou encaminhá-los para a reciclagem.

A produção limpa é contrária às técnicas convencionais, pois nela o foco

fundamental é evitar a geração de resíduos ainda no processo produtivo, ou seja, o uso da

prevenção, já as convencionais utilizam as técnicas chamadas de fim-de-tubo, aplicando

técnica no final do processo produtivo, ou seja, depois que os resíduos já estão formados.

Pode-se afirmar que a produção convencional é linear e a produção limpa é cíclica

conforme mostram a Figura 5 e 6, respectivamente.

46

Figura 5 - Sistema de produção convencional – produção linear

Fonte: Roth (2008, p. 92)

Figura 6 – Sistema de produção cíclica.

Fonte: Roth (2008, p. 92).

A produção limpa pode ser aplicada na indústria da construção civil em diversas

formas, desde a produção industrializada dos materiais de construção, como também na obra

propriamente dita, no planejamento e na orientação do setor produtivo. Com isso haverá uma

minimização dos custos, como também no uso de energia, de água e assim, menos resíduo

será gerado. Também diminuirá o consumo de materiais não renováveis aumentando o ciclo

de vida desses materiais. Além disso, a produção limpa também facilitará a organização da

obra, dando uma melhor condição de trabalho, redução da degradação do ambiente e

minimizando os riscos de acidentes.

Materia Prima

Processo Produtivo

Produto Final

Resíduos

Matéria Prima Processo

Produtivo

Produto Final

Meio Ambiente

Resíduos

47

4 MATERIAL E MÉTODOS

A seguir são apresentadas a caracterização da área, etapas e período do estudo.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Conhecida como a terra do sal e do petróleo, Mossoró é um município do Rio

Grande do Norte, que está localizado no semiárido brasileiro, entre duas capitais, Fortaleza e

Natal.

O município de Mossoró possui como limites geográficos os seguintes pontos

(MASCARENHAS et al. 2005, p.2):

- Ao Norte com o Estado do Ceará e o Município de Grossos;

- Ao Sul com os Municípios de Governador Dix-Sept Rosado e Upanema;

- Ao Leste com os Municípios de Areia Branca e Serra do Mel e

- Ao Oeste com o Município de Baraúnas.

A sede do município tem uma altitude média de 16 m e apresenta coordenadas

05°11’16,8” de latitude sul e 37°20’38,4” de longitude oeste, distando da capital cerca de 277

km, sendo seu acesso, a partir de Natal, efetuado através da rodovia pavimentada BR-304

(MASCARENHAS et al., 2005, p.2).

A Figura 7 apresenta a localização do município no nordeste brasileiro. O município

de Mossoró encontra-se inserido, geologicamente, na Província Borborema, sendo constituído

pelos sedimentos da Formação Jandaíra (K2j), do Grupo Barreiras (ENb), depósitos Colúvios-

eluviais (NQc), Flúvio-lagunares (Qfl) e depósitos Aluvionares (Q2a), como pode ser

observado na Figura 8 (MASCARENHAS et al., 2005, p.4).

Ainda de acordo com Mascarenhas (2005, p.4), Mossoró possui um clima do tipo

muito quente e semiárido, com estação chuvosa de fevereiro a abril, tendo como vegetação a

Caatinga Hiperxerófila (vegetação seca).

Segundo o site Infográficos Cidades@ (IBGE, 2010 b), Mossoró inicialmente teve

sua formação administrativa pelas seguintes resoluções:

- Distrito criado com a denominação de Mossoró, pela resolução provincial nº 87, de

27/10/1842;

- Elevado à categoria de vila com a denominação Mossoró pela lei provincial nº 246, de

15/03/1852, desmembrado de Princesa (mais tarde Assu). Sede na povoação de Mossoró;

48

- Elevado à condição de cidade com a denominação de Mossoró, pela lei provincial nº 620,

de 09/11/1870.

Figura 7 – Localização do município de Mossoró no Nordeste brasileiro.

Fonte: IBGE (2010 b)

Mossoró possui uma área de 2.099 km², e uma população 259.815 habitantes. Tem

uma receita de R$ 313.676.856,00 e despesas orçamentária de R$ 263.068.214,00, sendo a

indústria responsável por R$ 1.189.480,00 do seu produto interno bruto-PIB (IBGE, 2010 b).

Recentemente foi uma das cidades médias destacadas na revista Veja, por ser umas

das que mais prosperam em todo o Brasil, segundo esta revista.

De acordo com Coutinho (2010, p.110), Mossoró é uma terra de cultura e de muitos

fatos históricos, como a famosa batalha contra o Cangaço. Até os anos 80, a economia de

Mossoró era baseada na Indústria Salineira, este setor que gera muitos empregos e que ainda

hoje é responsável por 60% do produto consumido no país. Mossoró também possui outras

riquezas, com é o caso do petróleo e da fruticultura, além do crescimento significativo no

setor da Construção Civil, prova disso é a verticalização dos imóveis da cidade.

Nos últimos anos, 23 fábricas se instalaram no seu distrito industrial, atraídas pela

oferta de gás natural. A maior delas é a Porcelanatti, do grupo Catarinense Itagres,

que investiu110 milhões de reais na construção da maior fábrica de porcelanato da

América Latina. Escolheu Mossoró por causa da abundância de minerais usados na

produção da cerâmica, da enorme oferta de energia à base de gás e da sua

localização, próximo a dois portos exportadores: o pernambucano Suape e o

cearense Pecém (COUTINHO, 2010, p.110).

49

Isto, só ressalta o grande crescimento da cidade, oferecendo assim muitas

oportunidades para a população.

A Figura 8 e 9 apresentam respectivamente o mapa geológico do Município de

Mossoró e o mapa dos bairros do município.

Figura 8 – Mapa geológico de Mossoró.

Fonte: Mascarenhaset al. (2005, p.4).

50

Figura 9 – Bairros da cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte.

Fonte: Adaptado do Plano Diretor do Município de Mossoró (2005)

51

4.2 ETAPAS DA PESQUISA

A realização desta pesquisa ocorreu em duas etapas principais, mencionadas a seguir:

levantamento de informações em órgãos governamentais e na literatura sobre a evolução da

construção civil e a geração estimada de resíduos da construção e demolição no município de

Mossoró, RN, e verificação de locais utilizados para deposição irregular de resíduos da

construção e demolição na área urbana deste.

4.2.1 Levantamento de informações relacionadas à evolução da construção civil e

geração de resíduos da construção e demolição

Nesta etapa, visando a obtenção de dados sobre o crescimento da construção civil,

geração de resíduos de construção e demolição (em termos quantitativos), geração e

deposições irregulares destes, fez-se contato com os seguintes órgãos municipais:

- Gerência Executiva do Desenvolvimento Urbanístico;

- Gerência Executiva da Gestão Ambiental;

- Secretaria Municipal dos Serviços Urbanos, Trânsito e Transportes Públicos;

- Secretaria Municipal do Desenvolvimento Territorial e Ambiental.

4.2.2 Verificação de áreas utilizadas para deposição irregular de resíduos da

construção e demolição

Nesta etapa, fez-se a identificação das áreas utilizadas para deposição irregular de

resíduos da construção e demolição na região urbana de Mossoró através de verificação in

loco e registro fotográfico e georreferenciando.

Para o georreferenciamento foi utilizado um aparelho de Global Positioning System

(GPS), em português, Sistema de Posicionamento Global da marca Tomtom do modelo One.

Para a definição das áreas visitadas para verificação de ocorrência de deposição

irregular de resíduos da construção e demolição foram considerados os seguintes critérios: (i)

uma a três ruas de um mesmo bairro; (ii) no mínimo quinze bairros da cidade e (iii) segurança

pública, segundo depoimento de moradores do local.

Desta forma, os locais, da região urbana de Mossoró, percorridos para levantamento

de ocorrência de deposição irregular de resíduos da construção e demolição, são apresentados

na Tabela 15.

52

Tabela 15 – Áreas, na região urbana de Mossoró, visitadas para levantamento de ocorrência

de deposição irregular de resíduos da construção e demolição

Área Rua/Avenida Bairro

1 Lauro Monte Abolição

2 José Damião Abolição

3 Nidinha de Paula Abolição

4 Centenária Aeroporto

5 Manoel Pessoa Neto Aeroporto

6 Farmacêutico Edgar Julião Aeroporto

7 Padre João Urbano Alto da Conceição

8 Coelho Neto Alto da Conceição

9 Alberto Maranhão Alto da Conceição

10 Manuel Antônio Alto do São Manoel

11 Maria Neura de Melo Freitas Alto do São Manoel

12 Complexo Vight Rosado Neto Alto do São Manoel

13 Aristides Rebouças Alto do São Manoel

14 Salvador Alto do Sumaré

15 Lourival C. Pereira Alto do Sumaré

16 Damião R. de Souza Alto do Sumaré

17 Antonio Delmiro Belo Horizonte

18 Aroldo Gurgel Belo Horizonte

19 Dom Helder Câmera Belo Horizonte

20 Padre Freire Belo Horizonte

21 João Victor de Oliveira Belo Horizonte

22 Felipe Camarão Boa Vista

23 Rua Delfino Freire Boa Vista

24 Manuel Freire Boa Vista

25 Manoel B. da Costa Bom Jesus

26 Manoel L. Mendes Bom Jesus

27 Neuza Pires de Almeida Bom Jesus

28 Coronel Gurgel Centro

29 Avenida Cunha da Mota Centro

30 Tiradentes Centro

31 Felipe Camarão Doze anos

32 Lopes Trovão Doze Anos

33 Frei Miguelino Doze Anos

34 Idalino P. da Costa Liberdade I

35 Chico Lino Liberdade I

36 Pedro Paraguai Liberdade I

37 Rua dos Cajueiros Presidente Costa e Silva

38 Aroeira Presidente Costa e Silva

39 Rua dos Angicos Presidente Costa e Silva

40 Avenida Francisco Mota Presidente Costa e Silva

41 General de Gaule Redenção

42 Dr. Servente Redenção

43 Rui Carneiro Redenção

44 Nossa Senhora de Guadalupe Santa Delmira

45 São Paulo Santa Delmira

46 Nossa Senhora de Lurdes Santa Delmira

47 André P. Fernandes Vight Rosado Neto

48 Cenira Targino Vight Rosado Neto

49 Joaquim da Silveira Borges Vight Rosado Neto

Fonte: Autoria própria (2011).

53

4.3 PERÍODO DE ESTUDO

O presente estudo foi executado no período de agosto a novembro de 2011, incluindo

todas as atividades, desde a obtenção de dados na literatura como também as pesquisas de

campo.

54

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir, os resultados são apresentados em três partes. Inicialmente apresentam-se

levantamentos de informações sobre a construção civil e sobre a geração de resíduos da

construção e demolição e, em seguida, apresentam-se áreas, na região urbana de Mossoró,

utilizadas para deposição irregular de resíduos da construção e demolição.

5.1 RESULTADOS SOBRE A CONSTRUÇÃO CIVIL EM MOSSORÓ

A Tabela 16 apresenta um resumo das obras cadastradas na Secretaria Municipal do

Desenvolvimento Territorial e Ambiental nos anos de 2009, 2010 e 2011, relacionadas,

especificamente a obras públicas, como construção, recuperação, reforma, ampliação,

manutenção e conservação de escolas, hospitais e infra-estrutura como iluminação,

pavimentação e outros.

Tabela 16 – Resumo de obras cadastradas na Secretaria Municipal do Desenvolvimento

Territorial e Ambiental da prefeitura municipal de Mossoró em 2009, 2010 e 2011¹ Cont.

Tipo da obra Quantidade de obras registradas

2009 2010 2011¹

Construção de edificação 6 6 -

Construção de pavimentação 21 25 2

Construção de drenagem 1 12 1

Construção de saneamento 1 1 -

Construção de urbanização - 4 4

Construção de Outros - - 4

Total – construção 29 48 11

Recuperação de edificação 3 8 3

Recuperação de pavimentação 24 11 9

Recuperação de drenagem 6 5 3

Recuperação de urbanização 1 20 -

Recuperação de iluminação - - 1

Recuperação de outros 1 2 -

Total – recuperação 35 46 16

Reforma/adaptação de edificação 3 3 4

Reforma/adaptação de urbanização 2 4 -

Total – reforma 5 7 4

Ampliação de iluminação 1 1 1

Ampliação de edificação 1 1 1

Ampliação de drenagem 1 - -

Ampliação de outros 2 1 -

Total – ampliação 5 3 2

Manutenção de iluminação 2 1 -

Manutenção de edificação 4 2 3

Manutenção de pavimentação 1 9 2

Manutenção de urbanização 1 2 -

55

Manutenção de outros - 4 1

Total – manutenção 8 18 6

Conservação de urbanização - 3 -

Conservação de pavimentação - - 2

Total – conservação - 3 2

TOTAL GERAL 82 125 41

¹Cadastro realizado até 21/10/2011.

Fonte: Adaptado de PMM (2011a).

Através destes dados pode-se perceber que o ano no qual acorreu maior investimento

dos órgãos públicos foi o de 2010, visto que houve 125 obras cadastradas, envolvendo tanto

construção como também reforma, ampliação, conservação entre outras. Percebeu-se que a

construção de novas obras foi o setor que houve mais investimento, predominando a

pavimentação, sendo cadastradas 25 obras em 2010, de 48 no total.

A Tabela 17 apresenta todas as obras realizadas no município de Mossoró de 1973 a

2010 que foram cadastradas na Gerência Executiva do Desenvolvimento Urbanístico do

Município. Nesta tabela pode-se perceber que houve uma variação do número de construções

e que os anos de maior crescimento se deram em 1981 com 321 obras, 1983 com 239 e 2010

com 222 obras cadastradas. Estes dados mostram que a construção civil de Mossoró está se

reerguendo, pois a partir dos anos 90, ocorreu queda no número de construções cadastradas,

mas, a partir de 2001, apresentou tendência geral de crescimento.

Tabela 17 – Números de Obras cadastradas na Gerencia Executiva do Desenvolvimento

Urbanístico do Município de Mossoró nos anos de 1973 a 2010 Cont.

Ano Numero de construções

1973 173

1974 221

1975 193

1976 153

1977 169

1978 139

1979 170

1980 215

1981 321

1982 206

1983 239

1984 125

1985 121

1986 134

1987 185

1988 184

1989 155

1990 94

1991 92

1992 65

1993 104

56

1994 78

1995 50

1996 35

1997 23

1998 96

1999 110

2000 100

2001 82

2002 84

2003 98

2004 111

2005 166

2006 133

2007 106

2008 153

2009 191

2010 222

Total 5296

Fonte: Adaptado de PMM (2011b).

5.2 RESULTADOS SOBRE O LEVANTAMENTO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS DA

CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO, NA ÁREA URBANA DE MOSSORÓ

Em 30 de janeiro de 2011, o jornal local Jornal de Fato apresentou uma matéria sobre

a questão do lixo em Mossoró, não só referente a resíduos domiciliares, mas também sobre

entulhos da construção civil e outro detritos.

A matéria recebeu o titulo de Uma guerra contra 450 toneladas de lixo, guerra esta

que o Secretário dos Serviços Urbanos, Trânsito e Transporte de Mossoró (SESUTRA),

Senhor Alex Moacir, relatou sobre a questão da limpeza urbana de Mossoró.

Segundo o redator Lima (2011), a "guerra" contra o lixo é cercada de números

alarmantes.

Diariamente um mutirão de homens se distribui pela cidade para recolher

aproximadamente 150 toneladas de lixo domiciliar. Já de entulhos, que envolve

poda de árvores, detritos de construção e afins, esse número sobe para 300 toneladas

por dia. Ou seja, um mutirão para recolher, em média, 450 toneladas de detritos

todos os dias.

"Este ano, em específico, esse número está mais alto devido ao surto da mosca

branca, que levou muitos a podarem árvores e até mesmo retirá-las, o que,

conseqüentemente, aumenta a necessidade de recolhimento", explica Alex Moacir.

Para dar vencimento, o município conta hoje com cerca de 370 funcionários

envolvidos diretamente na limpeza pública (LIMA, 2011).

Essa matéria relatou a produção diária, no inicio do ano de 2011, cerca de 300 t/dia,

envolvendo tanto entulho quanto podas de árvores e outros rejeitos sólidos.

57

Segundo Edne Soares1, Diretora Administrativa da SESUTRA, são produzidas cerca

de 144 t/dia de entulhos e podas de árvores de pequenos geradores da cidade.

Pode-se observar a diferença em torno de 50% das informações apresentadas pelo

Jornal de Fato e da Diretora Administrativa da SESUTRA, o que pode ser explicado pela

variação ao longo do ano, pois como foi afirmado pelo referido Jornal, esses valores tendem

aumentar no inicio do ano devido ao período de chuva, onde os moradores cortam as copas

das arvores ou retiram a planta por completo para evitar a queda delas com as fortes chuvas.

5.3 RESULTADOS RELACIONADOS À IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS UTILIZADAS

PARA DEPOSIÇÃO IRREGULAR DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E

DEMOLIÇÃO, NA REGIÃO URBANA DE MOSSORÓ

Os resultados obtidos sobre deposições irregulares relacionadas à indústria da

construção civil, incluindo o pequeno produtor, levantadas entre os meses de agosto e

novembro do corrente ano na região urbana de Mossoró-RN, são apresentados a seguir.

Na Figura 10 observa-se o desperdício de materiais de construção, sendo visualmente

identificado agregado miúdo – areia, e agregado graúdo - brita calcária e granítica. Este

material foi encontrado em ambiente aberto, exposto a contaminação por resíduos urbanos ou

outro rejeito qualquer, além de deteriorar a paisagem urbana da cidade.

Figura 10 – Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) Brita granítica e

calcária, agregado miúdo (areia); (B) Brita granítica. Rua Rui Carneiro, Bairro Redenção.

Mossoró, RN, 16/09/11. Coordenadas geográficas: 5°8’27’’S 37°21’1’’W.

Fonte: Autoria própria (2011).

1 Comunicação pessoal em 07/novembro/2011.

(B) (A)

58

A Figura 11 apresenta imagens de deposição irregular de resíduos da construção e

demolição, em local próximo ao rio Mossoró, o que pode contribuir para a destruição da flora

existente na área, e consequente diminuição das áreas verdes da cidade e áreas de infiltração

de águas superficiais. Além disso, a deposição irregular pode estimular o uso do local como

bota fora de resíduos, tanto urbanos como também da construção e demolição.

Figura 11 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) Detrito de

Alvenaria e madeira; (B) Detrito de Alvenaria, gesso e madeira; (C) Detrito de Alvenaria,

gesso, tijolo de oito furos e madeira; (D) Detrito de Alvenaria, gesso e madeira. Complexo

Vight Rosado Neto, Bairro Alto da Conceição/Alto do São Manoel. Mossoró, RN, 19/08/11.

Coordenadas geográficas: 5°12’28’’S 37°20’26’’W.

Fonte: Autoria própria (2011).

Na Figura 12 percebe-se a deposição de rejeitos de um pequeno gerador em meio

urbano, ocasionando a deterioração da paisagem como também a obstrução parcial da via.

Esta deposição foi misturada com outros resíduos sólidos urbanos, o que, entre outras

conseqüências, oportuniza a proliferação de vetores de doenças, como o mosquito Aedes

aegypti, ratos e baratas.

(A) (B)

(C) (D)

59

Figura 12 - Vista de deposição de resíduos da construção e demolição: Ferro, tijolos de oito

furos, detritos de alvenaria e madeira. Rua Dom Helder Câmera, Bairro Belo Horizonte.

Mossoró, RN, 07/10/11. Coordenadas geográficas: 5°12’16’’S 37°21’23’’W.

Fonte: Autoria própria (2011).

A Figura 13 mostra uma deposição irregular de um pequeno gerador em meio

urbano, ocasionando, principalmente, a obstrução da via, dificultando a mobilidade tanto de

pedestre como de automóveis. Esta deposição pode induzir o uso da área como um futuro bota

fora de resíduos sólidos além de poder causar acidentes de trânsito, pois o seu volume

restringe o espaço utilizado para a mobilidade entre as vias.

Figura 13 - Vista de deposição de resíduos da construção e demolição: detritos alvenaria. Rua

Padre João Urbano, Bairro Alto da Conceição. Mossoró, RN, 29/08/11. Coordenadas

geográficas 5°12’13’’S 37°20’56’’W.

Fonte: Autoria própria (2011).

60

Na Figura 14 observa-se o contato direto de resíduos da construção e demolição com

esgoto escoando a céu aberto e a mistura dos RCD com outros resíduos sólidos urbanos.

Figura 14 - Vista de deposição de resíduos da construção e demolição: telha, madeira e tijolo

de oito furos. Rua Padre Freire, Bairro Belo Horizonte. Mossoró, RN, 07/10/11. Coordenadas

geográficas 5°12’18’’S 37°21’19’’W.

Fonte: Autoria própria (2011).

A Figura 15, 16 e 17 apresentam outras três áreas utilizadas para deposição irregular

de resíduos da construção e demolição, cujas consequências negativas incluem: uso indevido

de terrenos baldios como bota foras, degradação de áreas verdes, contaminação dos resíduos,

desperdício de material, possibilidade de contaminação do solo, entre outras.

Figura 15 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) gesso e tijolos de

oito furos; (B) madeira, tijolo comum e gesso. Cruzamento das ruas Manuel Antônio e Maria

Neura de Melo Freitas, Bairro Alto do São Manoel. Mossoró, RN, 21/08/11. Coordenadas

geográficas 5°12’20’’S 37°20’22’’W.

Fonte: Autoria própria (2011).

(A) (B)

61

Figura 16 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) agregado miúdo

(areia), madeira, detritos de alvenaria com tijolos com 8 furos e gesso; (B) agregado miúdo

(areia), madeira, detritos de alvenaria, gesso e telha. Avenida Centenária, Bairro Aeroporto.

Mossoró, RN, 07/10/11. Coordenadas geográficas: 5°11’34’’S e 37°22’13’’W.

Fonte: Autoria própria (2011).

Figura 17 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) detrito de tijolos

de oito furos, tijolos comuns e telha; (B) detritos de tijolos e gesso. Cruzamento da Rua

Manuel Antônio com Aristides Rebouças. Bairro Alto do São Manoel. Mossoró, RN,

25/08/11. Coordenadas geográficas: 5°12’28’’S 37°20’26’’W.

Fonte: Autoria própria (2011).

Levando em consideração o aumento da cota dos terrenos baldios, a Figura 18

apresenta esta situação, onde por causa das deposições irregulares de resíduos ocasionou o

aumento da cota do terreno, observe na referida figura.

(A) (B)

(A) (B)

62

Figura 18 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: detritos de

demolição e movimento de terra. Rua Salvador. Bairro Alto do Sumaré. Mossoró, RN,

06/11/11. Coordenadas geográficas: 5°13’41”S 37°20’02”W.

Fonte: Autoria própria (2011).

Tendo como referência o desperdício de materiais de construção, pode-se observar

na Figura 19, detritos de obras públicas, onde se observa tijolos de oito furos, vidro e brita

calcária que ainda podem ser utilizados em outras construções, pois ainda estão em bom

estado para uso.

Figura 19 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) tijolos de oito

furos; (B) tijolos de oito furos e telhas; (C) brita calcária; (D) tijolos de oito furos e vidro.

Avenida Francisco Mota, Bairro Presidente Dutra. Mossoró, RN, 14/08/11. Coordenadas

geográficas: 5°12’14”S 37°19’24”W. Cont.

(A) (B)

63

Fonte: Autoria própria (2011).

Foi observada em alguns pontos do meio urbano do município de Mossoró, a

ocupação de calçadas e de vias públicas impedindo a passagem de pedestre e de meios de

transportes como pode ser observada na Figura 20.

.

Figura 20 - Vistas de deposições de resíduos da construção e demolição: (A) detrito de

alvenaria; (B) detrito de alvenaria. Rua André P. Fernandes, Bairro Vight Rosado Neto, RN,

06/11/11. Coordenadas geográficas: 5°12’01” S 37°18’38”W.

Fonte: Autoria própria (2011).

Com relação à limpeza urbana e a não destruição da paisagem, foi possível

identificar a prefeitura do município como co-responsável pela deposição irregular feita por

pequenos geradores de resíduos, já que a mesma retira das ruas estes rejeitos e os encaminha

para um local previamente definido.

De acordo com o representante da Gerência Executiva de Gestão Ambiental da

prefeitura municipal2, esta utiliza uma área como bota fora para resíduos da construção e

2 Comunicação pessoal em 07/outubro/2011.

(C) (D)

(A) (B)

64

demolição. Neste relato, foi enfatizado que a solução adequada seria o envio destes resíduos

para a reutilização e reciclagem, mas foi necessário adotar tal solução como ação imediata em

função do crescimento acelerado da construção, considerando que a cidade ainda não estava

estruturalmente preparada para a geração de tanto resíduo. Ainda, segundo o representante da

Gerência Executiva de Gestão Ambiental, a prefeitura só está fazendo a referida coleta e

disposição em área previamente definida dos resíduos em questão, para cumprir com a

responsabilidade ambiental e proporcionar um bem estar para os cidadãos, pois o verdadeiro

responsável pelos resíduos da construção e demolição é aquele que o produz, tendo como

dever fundamental dar um destino adequado para os mesmos.

Segundo o representante da Secretaria Municipal dos Serviços Urbanos, Transito e

Transportes Públicos3, o terreno utilizado para essa disposição de resíduos é o Sítio Cajazeiras

na Zona Rural de Mossoró, que é locado a prefeitura do Município, onde são encaminhados

somente a os entulhos e podas de árvores.

Segundo a Lei Federal 12.305/2010 (BRASIL, 2010), a construção civil está sujeita a

elaboração do plano de gerenciamento (Art.20, inciso III) e a responsabilidade da definição

dos procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento de resíduos sólidos é do

gerador (Art.21, inciso IIIb). Já, o Art. 27, § 2º, especifica que nos casos abrangidos pelo Art.

20, que inclui a construção civil, as etapas sob responsabilidade do gerador que forem

realizadas pelo poder público serão devidamente remuneradas pelas pessoas físicas ou

jurídicas responsáveis. No Art.36 consta sobre a responsabilidade compartilhada, onde o

poder público responsável pela limpeza urbana local, entrará como co-responsável pelo

gerenciamento dos resíduos para que esses rejeitos sejam encaminhados para o seu devido

fim, isto quando é associado à reciclagem e reutilização do rejeito ainda dentro do seu ciclo

produtivo.

Relatando esta questão das obrigações, pode-se citar o exemplo dos ecopontos

apresentados por Córdoba (2010, p. 3), onde o Município de São Carlos, SP, implantou um

plano de gerenciamento para resíduos de pequenos produtores da construção civil, com a Lei

n° 13.867 de 12/09/2006, deixando assim assegurado o cumprimento da Resolução

CONAMA 307/202 pela adoção de diretrizes de gestão. Foram criados pontos de recebimento

e triagem de pequenos volumes gerados.

Segundo Pinto e Gonzalez (2005 apud CÓRDOBA, 2010, p, 40), para a definição de

uma rede de pontos de entrega em um município, inicialmente deve-se possuir um

diagnóstico sobre a situação dos RCD, o qual deverá contemplar diversos fatores

3 Comunicação pessoal em 07/novembro/2011.

65

como, por exemplo, perfil atual dos geradores e coletores de pequenos volumes e

localização dos depósitos clandestinos. [...] Para que os ecopontos alcancem a

eficiência devida são necessárias estruturas físicas que favorecem o descarte,

segregação, remoção dos materiais segregados e ainda propiciem o bem estar dos

funcionários do local.

A Tabela 18 apresenta o levantamento realizado de algumas áreas utilizadas para

deposição de resíduos da construção e demolição, na região urbana de Mossoró-RN, nos

meses de agosto a novembro de 2011. Na referida tabela, apresentam-se o tipo de material

predominante, a localização da área, a identificação da ocorrência de registro fotográfico e

data da verificação. As áreas nas quais foram verificadas deposições de resíduos da

construção e demolição localizavam-se nas ruas e bairros citados na Tabela 15.

Considerando o período de estudo, a realização do presente trabalho permitiu

levantar 57 áreas utilizadas para deposição irregular de resíduos da construção e demolição,

na região urbana de Mossoró-RN, em 11 bairros dos 15 visitados.

Com relação à composição dos resíduos da construção e demolição, objeto da

pesquisa de deposições irregulares, observou-se a presença dos materiais descritos na Tabela

19.

66

Tabela 18 – Levantamento de algumas áreas utilizadas para deposição de resíduos da construção e demolição, na região urbana de Mossoró-RN:

material identificado, localização da área, identificação de registro fotográfico e data da verificação. Cont.

Área Material identificado

Localização Registro fotográfico Data de

verificação Rua ou Avenida Bairro Coordenadas

geográficas Realizado Apresentação

1 Argamassa e brita granítica Rua Lauro Monte Abolição

5°10’14”S

37°20’54” W X 16/09/11

2 Argamassa, brita granítica e

tijolo de oito furos. Rua Lauro Monte Abolição

5°10’14”S

37°20’54”W X 16/09/11

3 Agregado miúdo (areia) e

pedras

Centenária Aeroporto 5°11’34”S37°22

’13”W X 07/10/11

4 Agregado miúdo (areia), brita

calcária e pedras.

Centenária Aeroporto 5°11’34”S

37°22’13”W X 07/10/11

5 Agregado miúdo (areia),

madeira, detritos de alvenaria

com tijolos com 8 furos e gesso.

Centenária Aeroporto 5°11’34”S

37°22’13”W X Figura 16 A 07/10/11

6 Agregado miúdo (areia),

Madeira, Detritos de Alvenaria,

Gesso e Argamassa.

Centenária Aeroporto 5°11’34”S

37°22’13”W X 07/10/11

7 Agregado fino (areia), madeira,

detritos de alvenaria, gesso e

telha.

Centenária Aeroporto 5°11’34”S

37°22’13”W X Figura 16 B 07/10/11

8 Detritos alvenaria Rua Padre João Urbano Alto da

Conceição

5°12’13”S

37°20’56”W X

Figura 13 29/08/11

9 Detrito de Alvenaria, gesso e

madeira.

Complexo Vight Rosado

Neto.

Alto da

Conceição /

Alto do São

Manoel

5°12’28”S

37°20’26”W X Figura 11 D 19/08/11

10 Detrito de Alvenaria, gesso,

tijolo de oito furos e madeira.

Complexo Vight Rosado

Neto.

Alto da

Conceição /

Alto do São

Manoel

5°12’28”S

37°20’26”W X Figura 11 C 19/08/11

11 Detrito de Alvenaria e madeira. Complexo Vight Rosado Alto da 5°12’28”S X Figura 11 A 19/08/11

67

Neto. Conceição /

Alto do São

Manoel

37°20’26”W

12 Detrito de Alvenaria, gesso e

madeira.

Complexo Vight Rosado

Neto.

Alto da

Conceição /

Alto do São

Manoel

5°12’28”S

37°20’26”W X Figura 11 B 19/08/11

13 Madeira, tijolo comum e Gesso. Cruzamento da Manuel

Antônio com a Maria

Neura de Melo Freitas.

Alto do São

Manoel

5°12’20”S

37°20’22”W X Figura 15 B 21/08/11

14 Gesso Cruzamento da Manuel

Antônio com a Maria

Neura de Melo Freitas.

Alto do São

Manoel

5°12’20”S

37°20’22”W X 21/08/11

15 Gesso e tijolos de oito furos. Cruzamento da Manuel

Antônio com a Maria

Neura de Melo Freitas.

Alto do São

Manoel

5°12’20”S

37°20’22”W X Figura 15 A 21/08/11

16 Detritos de tijolos de oito furos

e Gesso.

Cruzamento da Rua Manuel

Antonio com o Complexo

Vight Rosado Neto.

Alto do São

Manoel

5°12’31”S

37°20’25”W X 03/09/11

17 Detritos de tijolos de oito furos. Cruzamento da Rua Manuel

Antonio com o Complexo

Vight Rosado Neto.

Alto do São

Manoel

5°12’31”S

37°20’25”W X 03/09/11

18 Detritos de tijolos e gesso. Cruzamento da Rua Manuel

Antonio com Aristides

Rebouças.

Alto do São

Manoel

5°12’28”S

37°20’26”W X Figura 17 B 25/08/11

19 Detrito de tijolos de oito furos,

tijolos comuns e telha.

Cruzamento da Rua Manuel

Antonio com Aristides

Rebouças.

Alto do São

Manoel

5°12’28”S

37°20’26”W X Figura 17 A 25/08/11

20 Detrito de tijolos de oito furos,

telha e madeira.

Cruzamento da Rua Manuel

Antonio com Aristides

Rebouças.

Alto do São

Manoel

5°12’28”S

37°20’26”W X 25/08/11

21 Pedra. Rua Salvador Alto do

Sumaré

5°13’41”S

37°20’02”W X 06/11/11

22 Detritos de demolição e

Movimento de Terra

Rua Salvador Alto do

Sumaré

5°13’41”S

37°20’02”W X Figura 18 06/11/11

68

23 Agregado miúdo (areia), Gesso

e madeira

Rua Salvador Alto do

Sumaré

5°13’41”S

37°20’02”W X 06/11/11

24 Detrito de Alvenaria, tijolos de

oito furos e madeira

Rua Lourival C. Pereira Alto do

Sumaré

5°13’49”S

37°19’47”W X 06/11/11

25 Detritos de Alvenaria com

tijolos comuns.

Cruzamento da Rua

Antonio Delmiro com a

Aroldo Gurgel

Belo

Horizonte

5°12’09”S

37°21’13”W X 21/08/11

26 Detritos de Alvenaria com

tijolos comuns, tijolos com 8

furos, madeira, paralelepípedos

(pedra) e Agregado miúdo

(areia).

Cruzamento da Rua

Antonio Delmiro com a

Aroldo Gurgel

Belo

Horizonte

5°12’09”S

37°21’13”W

X 21/08/11

27 Pedra. Rua Dom Helder Câmera Belo

Horizonte

5°12’20”S

37°21’25”W X 07/10/11

28 Ferro, tijolos de oito furos,

detritos de alvenaria e madeira.

Rua Dom Helder Câmera Belo

Horizonte

5°12’16”S

37°21’23”W X Figura 12 07/10/11

29 Telha, madeira e tijolo de oito

furos.

Rua Padre Freire Belo

Horizonte

5°12’18”S

37°21’19”W X

Figura 14 07/10/11

30 Madeira Rua João Victor de Oliveira Belo

Horizonte

5°12’24”S

37°21’25”W X 07/10/11

31 Madeira e detritos de alvenaria Rua João Victor de Oliveira Belo

Horizonte

5°12’24”S

37°21’25”W X 07/10/11

32 Detrito de estrada. Rua Felipe Camarão, Boa Vista 5°11’37”S

37°20’53”W X 16/09/11

33 Detrito de estrada, ferro e

movimento de terra.

Rua Felipe Camarão, Boa Vista 5°11’37”S

37°20’53”W X 16/09/11

34 Detrito de alvenaria, telha,

tijolo de oito furo e madeira

Rua Delfino Freire Boa Vista 5°11’54”S

37°21’19”W X 01/10/11

35 Pedra, detrito de tijolo de oito

furos, gesso e agregado fino

(areia).

Chico Lino Liberdade I 5°13’27”S

37°19’37”W X 06/11/11

36 Detrito de demolição. Rua dos Cajueiros Presidente

Costa e Silva

5°12’51”S

37°18’58”W X 06/11/11

37 Detritos de demolição. Rua dos Cajueiros Presidente

Costa e Silva

5°12’51”S

37°18’58”W X 06/11/11

69

38 Brita Calcária, detrito de

demolição e agregado miúdo

(areia).

Rua dos Cajueiros Presidente

Costa e Silva

5°12’51”S

37°18’58”W X 06/11/11

39 Detrito de telha, tijolos de oito

furos, gesso e agregado miúdo

(areia).

Rua Aroeiras Presidente

Costa e Silva

5°12’49”S

37°19’02”W X 06/11/11

40 Detrito de alvenaria, telha,

tijolo de oito furos, madeira e

agregado miúdo (areia).

Rua Aroeiras Presidente

Costa e Silva

5°12’49”S

37°19’02”W X 06/11/11

41 Tijolos de oito furos e telhas. Avenida Francisco Mota Presidente

Costa e Silva

5°12’14”S

37°19’24”W X

Figura 19 B 14/08/11

42 Brita Calcária e detritos de

demolição.

Avenida Francisco Mota. Presidente

Costa e Silva

5°12’14”S

37°19’24”W X 14/08/11

43 Brita Calcária. Avenida Francisco Mota Presidente

Costa e Silva

5°12’14”S

37°19’24”W X

Figura 19 C 14/08/11

44 Tijolos de oito furos. Avenida Francisco Mota Presidente

Costa e Silva

5°12’14”S

37°19’24”W X

Figura 19 A 14/08/11

45 Tijolos de oito furos e vidro Avenida Francisco Mota Presidente

Costa e Silva

5°12’14”S

37°19’24”W X

Figura 19 D 14/08/11

46 Detritos de tijolos com oito

furos.

Cruzamento da Rua

General de Gaule com a

Rua Dr. Servente

Redenção 5°8’27”S

37°21’1”W X 16/09/11

47 Detritos de tijolos com oito

furos e de Alvenaria.

Cruzamento da Rua

General de Gaule com a

Rua Dr. Servente

Redenção 5°8’27”S

37°21’1”W X 16/09/11

48 Brita granítica e calcária,

agregado miúdo (areia).

Cruzamento da Rua

General de Gaule com a

Rua Dr. Servente

Redenção 5°8’27”S

37°21’1”W X Figura 10 A 16/09/11

49 Brita Granítica. Cruzamento da Rua

General de Gaule com a

Rua Dr. Servente

Redenção 5°8’27”S

37°21’1”W X Figura 10 B 16/09/11

50 Pedra e brita calcária. Rua Rui Carneiro Redenção 5°8’27”S

37°20’59”W X 16/09/11

51 Pedra, brita calcária e agregado

miúdo (areia).

Rua Rui Carneiro Redenção 5°8’27”S

37°20’59”W X 16/09/11

70

52 Pedra. Cenira Targino Vight

Rosado Neto

5°12’10”S

37°18’35”W X 06/11/11

53 Brita calcária e granítica, pedra

e agregado miúdo (areia)

Cenira Targino Vight

Rosado Neto

5°12’10”S

37°18’35”W X 06/11/11

54 Brita (calcária e granítica) e

agregado miúdo (areia).

Cenira Targino Vight

Rosado Neto

5°12’10”S

37°18’35”W X 06/11/11

55 Detrito de Alvenaria e tijolo de

oito furos.

Rua André P. Fernandes Vight

Rosado Neto

5°12’01”S

37°18’38”W X

Figura 20 B 06/11/11

56 Pedra e Agregado miúdo (areia) Rua André P. Fernandes Vight

Rosado Neto

5°12’01”S

37°18’38”W X 06/11/11

57 Detrito de Alvenaria Rua André P. Fernandes Vight

Rosado Neto

5°12’01”S

37°18’38”W X

Figura 20 A 06/11/11

Fonte:Autoria própria (2011).

71

Tabela 19 – Materiais identificados nos registros de deposição irregular na área urbana de

Mossoró

Material

Número de identificações

realizadas através de registros

fotográficos e

georreferenciamento

Porcentagem

Agregado miúdo (areia) 16 11,3

Brita calcária 9 6,4

Brita granítica 6 4,3

Argamassa 3 2,1

Detrito de Alvenaria 18 12,8

Detrito de demolição 5 3,5

Detrito de estrada 2 1,4

Detrito de telha 8 5,7

Detrito de Tijolo comum 4 2,8

Detrito de Tijolo de oito furos 23 16,3

Ferro 2 1,4

Gesso 14 9,9

Madeira 18 12,8

Movimento de terra 2 1,4

Paralelepípedo 1 0,7

Pedra 9 6,4

Vidro 1 0,7

Total 141 100,0

Fonte:Autoria própria (2011).

Com este levantamento é possível verificar a predominância de detrito de tijolo de

oito furos, os quais foram identificados em 16,3 % dos materiais, logo após temos o detrito de

alvenaria e a madeira cada um com 12,8% do total.

72

6 CONCLUSÕESE CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do desenvolvimento deste trabalho, foi possível concluir que:

- Quanto a construção civil em Mossoró relacionada, especificamente, a obras públicas

cadastradas na Secretaria Municipal do Desenvolvimento Territorial e Ambiental, como

construção, recuperação, reforma, ampliação, manutenção e conservação de escolas,

hospitais e infra-estrutura como iluminação, pavimentação e outros: houve um aumento de

obras cadastradas em 2009 (82 obras) para 2010 (125 obras). Em 2011 o registro de

cadastros (41 obras) foi incompleto;

- Com relação a todas as obras realizadas no município de Mossoró entre 1973 e 2010,

cadastradas na Gerência Executiva do Desenvolvimento Urbanístico do Município,

observou-se: maior número de construções em 1981 com 321 obras, 1983 com 239 e 2010

com 222 obras cadastradas. A partir de 1987 até 1997, houve uma tendência de diminuição

do número de obras, tendo sido cadastradas 23 obras em 1997. A partir de 2001, observa-

se uma tendência geral de crescimento;

- Quanto à geração de resíduos da construção civil, as informações obtidas foram limitadas

ao material removido pela prefeitura e, além disso, foram diferentes entre si pois

mencionaram a produção de entulho junto com resíduos de poda em torno de: 300 t/dia

(LIMA, 2011) e 144 t/dia (Diretora Administrativa da SESUTRA4);

- Considerando o período de estudo, foram identificadas 57 áreas utilizadas para deposição

irregular de resíduos da construção e demolição, na região urbana de Mossoró-RN, em 11

bairros dos 15 visitados.

Neste contexto, entende-se como de fundamental importância, a existência de um

plano de gerenciamento dos resíduos da construção e demolição, sob responsabilidade de

órgãos governamentais e empresas de produção local, considerando a não geração, a

reutilização, e a reciclagem de rejeitos, nesta ordem. Para a última, uma alternativa é uma

usina de reciclagem.

É importante ressaltar que existe a necessidade de requerer a licença ambiental para

os empreendimentos que queiram se estalar na cidade, bem como a adequação ao plano

4Edne Soares: comunicação pessoal em 07/novembro/2011.

73

diretor, pois a liberação da licença ambiental está condicionada ao estudo de impactos e

consequentemente a ações que minimizem os impactos.

A realização do trabalho possibilitou a verificação de desperdício de materiais em

bom estado de uso sendo depositados em meio a outros rejeitos, o que leva a um gasto

desnecessário de recursos financeiros e recursos naturais, além de agravar os problemas de

poluição.

Diante do crescimento do setor da construção na cidade, é preciso que as autoridades

e os produtores desta área tenham em mente principalmente a questão da sustentabilidade,

promovendo sempre ações de educação ambiental, pois o desenvolvimento é muito

importante, mas se este desenvolvimento não for realizado de forma sustentável irá ocasionar

conseqüências ao meio ambiente e a qualidade de vida dos moradores destes locais.

Também é de suma importância a preparação dos trabalhadores desta área, para ser

criado um pensamento crítico sobre a sustentabilidade evitando assim o desperdício por parte

destes trabalhadores, visto que a iniciativa para evitar a geração dos rejeitos começa a partir

da classe trabalhadora por estar diretamente ligado a produção.

74

7 RECOMENDAÇÕES

Considerando os resíduos da construção e demolição em Mossoró, recomenda-se

para os futuros trabalhos:

- Realização de um estudo aplicando o processo produtivo linear e cíclico,

enfatizando as responsabilidades de cada operador no processo e quantificando os prováveis

resíduos da obra;

- Desenvolver estudo sobre os impactos potenciais ocasionados pela deposição

direta sobre o solo, levando em consideração a geologia;

- Estudar as possíveis inovações tecnológicas que são mais viáveis para minimizar a

produção dos rejeitos;

- Identificar os benefícios que as usinas de reciclagem trazem para os municípios

que as instalam, como também, quantificar os gastos que são minimizados com as atividades

que estas usinas praticam.

75

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA BRASIL. Construção civil prevê crescimento acima do PIB brasileiro em

2011, 2011.

Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/02/11/construcao-civil-

espera-crescer-mais-que-o-pib-brasileiro-este-ano-diz-cbic>. Acesso em: 11 nov. 2011

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10.004: resíduos

sólidos - classificação. Rio de Janeiro, 2004.71p.

______.NBR 16.001: responsabilidade social - sistema social - requisitos. Rio de Janeiro,

2004. 17 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS

ESPECIAIS (ABRELPE). Panorama dos resíduos sólidos no Brasil - 2010. São Paulo:

Grappa Editora e Comunicação, 2010.

Disponível em:<http://www.abrelpe.org.br/downloads/panorama2010.pdf>.Acesso em: 23

ago. 2011.

ANDERE, Pedro Augusto Ramos; SANTOS, Harlen Inácio dos. Disposição final de

resíduos da construção civil: estudo de caso. Goiânia/GO. Disponível em:

<http://www.ucg.br/ucg/prope/cpgss/arquivosupload/36/file/disposi%c3%87%c3%83o%20fin

al%20de%20res%c3%8dduos%20da%20constru%c3%87%c3%83o%20civil%20-

%20estudo%20de%20caso.pdf>. Acesso: 8 nov. 2011.

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL – BNB. Manual de Impactos Ambientais:

Orientações básicas sobre aspectos ambientais de atividades produtivas. S.l: s.n.2006

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA). Resolução n° 001, de 23 de janeiro de 1986. Estabelece as definições, as

responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da

Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio

Ambiente.

______. Resolução n° 307, de 05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e

procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. In: BRASIL. MMA.

CONAMA. Resoluções do CONAMA. Brasília: MMA - Secretaria Executiva - CONAMA,

2006. p.571. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=307>. Acesso em: 21ago. 2011.

______. Resolução n° 348, de 16 de agosto de 2004. Altera a Resolução CONAMA nº307, de

5 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos.In: BRASIL. MMA.

CONAMA. Resoluções do CONAMA. Brasília: MMA - Secretaria Executiva - CONAMA,

2006. p.613. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/61aa3835/livroconama.pdf>. Acesso em:

21ago. 2011.

76

BRASIL. Presidência da República. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei no. 12.305, de 2

de agosto de 2010. Institui apolítica nacional dos resíduos sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12

de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 22

jun. 2011.

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

(CMMAD). Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988.

CÓRDOBA, Rodrigo Eduardo. Estudo do sistema de gerenciamento integrado de resíduos

de construção e demolição do município de São Carlos - SP. 2010. 406f. Dissertação

(Mestrado em Hidráulica e Saneamento) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade

de São Paulo, São Paulo-SP, 2010.

Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18138/tde-28062010-

212204/pt-br.php>. Acesso em: 22 ago. 2011

CORRÊA, Lásaro Roberto. Sustentabilidade na construção civil. 2009. 70f. Monografia

(Especialização em Construção Civil) – Departamento de Engenharia de Materiais e

Construção, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG, 2009. Disponível

em:<http://www.cecc.eng.ufmg.br/trabalhos/pg1/sustentabilidade%20na%20constru%e7%e3

o%20civill.pdf>. Acesso em: 8 nov. 2011

COUTINHO, Leonardo. As 20 metrópoles brasileiras do futuro. Veja São Paulo, ano 43, n.

35, p. 110, 1Set. 2010. Disponível

FRAGA, Marcel Faria. Panorama da geração de resíduos da construção civil em Belo

Horizonte: medidas de minimização com base em projeto e planejamento de obras.2006. 89f.

Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) - Escola de

Engenharia da UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte - MG, 2006.

Disponível em: <http://www.lumeambiental.com.br/pos_marcel.pdf>. Acesso em:5set. 2011.

FREITAS, Isabela Mauricio. Os resíduos de construção civil no município de

Araraquara/SP.2009. 86f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio

Ambiente) - Centro Universitário de Araraquara - UNIARA, Araraquara/SP,

2009.Disponívelem:<http://www.uniara.com.br/mestrado_drma/arquivos/dissertacao/isabela_

mauricio_freitias.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2011.

G1 ECONOMIA. Geração de empregos na construção civil cresce 43% em 2010, diz

Dieese, 2011. Disponível em: < http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/05/geracao-de-

empregos-na-construcao-civil-cresce-43-em-2010-diz-dieese.html>. Acesso em: 11 nov. 2011

GAEDE, Lia Pompéia Faria. Gestão dos resíduos da construção civil no município de

Vitória-ES e normas existentes. 2008. 74f. Monografia (Especialização em Construção

Civil) – Departamento de Engenharia de Materiais e Construção, Universidade Federal de

Minas Gerais, Belo Horizonte/MG, 2008.

Disponível em: <http://www.cecc.eng.ufmg.br/trabalhos/pg1/Monografia%20Lia.pdf>

Acesso em 8 nov. 2011

77

HAMASSAKI, Luiz Tsuguio. Processamento de lixo: reciclagem de entulhos. In: D’

ALMEIDA, Maria Luiza Otero; VILHENA, André. Lixo Municipal: Manual de

Gerenciamento Integrado. 2.ed. São Paulo: IPT/CEMPRE, 2000, p. 179-189.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa nacional

de saneamento básico 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

Disponívelem:<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008

/pnsb_2008.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2011(IBGE, 2010a).

______. Infográficos cidades@. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

Disponívelem:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=240800>.

Acesso em: 22 ago. 2011 (IBGE, 2010b).

JÚNIOR, Nelson Boechat Cunha (coord). Cartilha de gerenciamento de resíduos sólidos

para a construção civil. Belo Horizonte: SINDUSCON-MG, 2005. Disponível

em:<http://www.cacambasolympia.com.br/sinduscon%20mg.pdf>.Acesso em: 22 ago. 2011.

LIMA, Higo. Uma guerra contra 450 toneladas de lixo. Jornal de Fato, Mossoró, 30 jan.

2011. Disponível em: <http://www.defato.com/30_01_2011/mossoro.php#mat5>. Acesso em:

12 nov. 2011.

MASCARENHAS, João de Castro et al. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por

água subterrânea, Estado do Rio Grande do Norte: diagnóstico do município de

Mossoró.Recife: CPRM/PRODEEM, 2005. Disponível em: <

http://www.cprm.gov.br/rehi/atlas/rgnorte/relatorios/MOSS089.PDF>. Acesso em 12 nov.

2011

MONTEIRO, José Henrique Penido et al. Manual de gerenciamento integrado de resíduos

sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001.

OLIVEIRA, Selene de. Gestão dos resíduos sólidos urbanos na microrregião homogênea

Serra de Botucatu: caracterização física dos resíduos sólidos domésticos na cidade de

Botucatu/SP. 1997. 138f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Faculdade de Ciências

Agronômicas da UNESP, Universidade Estadual Paulista, Botucatu/SP, 1997. Disponível em:

<http://www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/bla/33004064021p7/1997/oliveira_s_me_

botfca.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2011.

PINTO, Tarcísio de Paula (coord). Gestão ambiental de resíduos da construção civil: a

experiência do SindusCon - SP. São Paulo: SINDUSCON-SP, 2005. Disponível

em:<http://www.gerenciamento.ufba.br/downloads/manual_residuos_solidos.pdf>. Acesso

em: 01 set. 2011.

______.Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção

urbana.1999. 218f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Departamento de Engenharia de

Construção Civil, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo/SP, 1999.

Disponível em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/ftp/tese_tarcisio.pdf>. Acesso: 8 nov.

2011.

78

PREFEITURA MUNICIPAL DE MOSSORÓ (PMM). Secretaria do Desenvolvimento

Territorial e Ambiental. Obras PMM 2011. Arquivo eletrônico do programa de planilha

eletrônica do “Microsoft Office Excel”. Fornecido em 21/10/2011. (PMM, 2011a).

PREFEITURA MUNICIPAL DE MOSSORÓ (PMM). Secretaria do Desenvolvimento

Territorial e Ambiental. Gerência Executiva do Desenvolvimento Urbanístico. Departamento

de Documentação e Arquivo. Setor de Protocolo.

ConstruçãoMossoro_ANOS_2010_a_1973. Arquivo eletrônico do programa de planilha

eletrônica do “Microsoft Office Excel”. Fornecido em 21/10/2011. (PMM, 2011b).

ROTH, Caroline das Graças. Resíduos sólidos da construção de edificações: a solução pela

gestão urbana. 2008. 128f. Dissertação (Mestrado em gestão Urbana) –Pontifícia

Universidade Católica do Paraná, Curituba/PR, 2008.

Disponível em: <http://www.biblioteca.pucpr.br/tede/tde_arquivos/15/tde-2008-12-

04t152831z-991/publico/caroline%20roth.pdf>. Acesso em 8 nov. 2011.

SPERANDIO, Sergio Antonio; DONAIRE, Denis. Produção limpa: da concepção à realidade.

In: SIMPEP, XII, 2005, Bauru. Anais... Disponível em:

<http://www.fesppr.br/~bastosjr/qualidade%20e%20produtividade/1%basem2008_semin%e1

rios/sala%20203/eq6_sperandio_sa_producaolimpa.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2011.