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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
SÉRGIO SCHWARZ DE ASSIS FARIAS
A UTILIZAÇÃO DO AHP PARA A SELEÇÃO DA METODOLOGIA MAIS EFICAZ
PARA A MENSURAÇÃO DE RETRABALHO NO SETOR DE MONTAGEM
INDUSTRIAL
ORIENTADOR:
LUIZ CARLOS BRASIL DE BRITO MELLO.
Niterói - RJ
2016
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PROJETO FINAL
ORIENTADOR: LUIZ CARLOS BRASIL DE BRITO MELLO
ORIENTADO: SÉRGIO SCHWARZ DE ASSIS FARIAS
A UTILIZAÇÃO DO AHP PARA A SELEÇÃO DA METODOLOGIA MAIS EFICAZ
PARA A MENSURAÇÃO DE RETRABALHO NO SETOR DE MONTAGEM
INDUSTRIAL
Projeto Final apresentado ao curso de
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para obtenção do Grau de
Engenheiro de Produção.
Orientador:
Prof. Dr. Luiz Carlos Brasil de Brito Mello
Niterói - RJ
2016
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SÉRGIO SCHWARZ DE ASSIS FARIAS
A UTILIZAÇÃO DO AHP PARA A SELEÇÃO DA METODOLOGIA MAIS EFICAZ
PARA A MENSURAÇÃO DE RETRABALHO NO SETOR DE MONTAGEM
INDUSTRIAL
Projeto Final apresentado ao curso de
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para obtenção do Grau de
Engenheiro de Produção.
Aprovada em 25 de Julho de 2016.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________________
Prof. LUIZ CARLOS BRASIL DE BRITO MELLO - UFF
___________________________________________________________________________
Profa. MARA TELLES SALLES - UFF
___________________________________________________________________________
Prof. RICARDO BORDEAUX REGO - UFF
Niterói – RJ
2016
5
AGRADECIMENTOS
A elaboração do projeto final é um ato simbólico que representa a consolidação de
todo conhecimento e experiência adquiridos ao longo da faculdade. Portanto, gostaria de
agradecer à todas as pessoas que impactaram e contribuíram para a minha formação, tanto
como cidadão quanto profissional.
Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus familiares: pais, irmã, tias, tios e avó.
Todos me suportaram de diferentes formas e em momentos distintos desta jornada.
Também gostaria de agradecer ao apoio e à orientação do professor Luiz Carlos Brasil
de Brito Mello ao longo da elaboração deste projeto, estando sempre disponível e disposto em
tirar dúvidas e me auxiliar no processo.
Agradeço, especialmente, à professora Nissia Bergiante, que, por meio de suas
atitudes, dedicação, disponibilidade e paixão pela docência, se tornou um grande exemplo de
profissional e cidadão.
Por fim, mas não menos importante, gostaria de agradecer aos amigos Camilla
Mamedio, Diogo Aguiar e Thammy Martins que contribuíram diretamente para a minha
formação ao longo dos últimos anos.
Além disso, agradeço à Deus por ter proporcionado saúde, sabedoria e muita paciência
para concluir o curso.
Sérgio Schwarz de Assis Farias
6
RESUMO
A construção civil é um setor de grande importância para o desenvolvimento de uma
nação. Desse modo, a identificação dos fatores que comprometem o orçamento e elevam os
riscos de projetos do setor, tal qual o retrabalho, é um assunto altamente relevante a ser
discutido. Diversos autores e entidades têm analisado o assunto a fim de definir soluções para
reduzir os índices de retrabalho. Ao longo das últimas décadas, diversas metodologias de
mensuração foram desenvolvidas, com destaque para: Measuring and Classifying
Construction Field Rework (Fayek et al, 2003), metodologia do COAA (2006), Reduction
Rework Program do CII (2011) e Best Productivity Practices Implementation Index do CII
(2013). O objetivo deste estudo é selecionar a metodologia de mensuração de retrabalho mais
eficiente no setor de montagem industrial, por meio do método de escolha multicritério
Analytic Hierarchy Process, conforme a bibliografia de Saaty (1991) e do software
Superdecisions. A aplicação do método contou com o apoio de entrevistas realizadas com
especialistas no assunto. Por fim, a metodologia Rework Reduction Program foi definida
como a melhor alternativa, conforme os critérios de seleção previamente estabelecidos.
Palavras-chave: Retrabalho, Construção Civil, Montagem Industrial, Analytic Hierarchy
Process.
7
ABSTRACT
The construction industry is an important economic sector for the development of a
nation. Thereby, the identification of the factors that affect the budget and raise the project’s
risks in this sector, such as rework, is an extremely relevant topic to be discussed. Several
authors and entities have been analyzed this topic in order to find solutions to reduce rework
indexes. Over the last decades, many mensuration methodologies have been developed, in
particular: Measuring and Classifying Construction Field Rework (Fayek et al, 2003), COAA
methodology (2006), Reduction Rework Program from CII (2011) and Best Productivity
Practices Implementation Index from CII (2013). The purpose of this study is to select the
most efficient rework mensuration methodology for the industrial assembly sector, by means
of the multicriteria choice method Analytic Hierarchy Process, according to the bibliography
of Saaty (1991), the software Superdecisions, and the support of interviews with experts in the
study field. Lastly, the methodology Rework Reduction Program was defined as the best
option, according to the selection criteria previously defined.
Keywords: Rework, Construction, Industrial Assembly, Analytic Hierarchy Process
8
SUMÁRIO
LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS ..................................................................................... 10
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. 12
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13
1.1.APRESENTAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA............................................13
1.2. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA ........................................................... 15
1.3. OBJETIVOS, DELIMITAÇÃO E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ............................... 16
1.3.1. Objetivo Geral ............................................................................................................... 16
1.3.2. Objetivos Secundários ................................................................................................... 16
1.3.3. Importância do Estudo ................................................................................................... 17
1.4. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 19
2.1. INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ...................................................................... 19
2.1.1. Panorama Geral ............................................................................................................. 19
2.1.2. Montagem Industrial ..................................................................................................... 24
2.2. RETRABALHO ............................................................................................................... 25
2.3. METODOLOGIAS PARA A MEDIÇÃO, PREVENÇÃO, CORREÇÃO E
MITIGAÇÃO DOS RETRABALHOS .................................................................................... 27
2.3.1. Reduction Rework Program do Construction Industry Institute (2011)......................... 27
2.3.1.1. Etapas do RRP ............................................................................................................ 28
2.3.2. Best Productivity Practices Implementation Index do Construction Industry Institute
(2013) ....................................................................................................................................... 30
2.3.3. Metodologia do Construction Owners Association of Alberta (2006) ........................... 34
2.3.3.1. O Software .................................................................................................................. 36
9
2.3.4. Measuring and Classifying Construction Field Rework (Fayek et al., 2004) ................ 42
2.3.4.1. Premissas .................................................................................................................... 42
2.3.4.2. Metodologia ................................................................................................................ 42
2.4. MÉTODOS MULTICRITÉRIOS DE TOMADA DE DECISÕES ................................. 45
2.4.1. Método AHP .................................................................................................................. 46
3. METODOLOGIA ................................................................................................................. 52
3.1. A PESQUISA ................................................................................................................... 52
3.2. ETAPAS DA PESQUISA ................................................................................................ 53
3.3. POPULAÇÃO E AMOSTRA .......................................................................................... 54
3.4. COLETA DE AMOSTRAS ............................................................................................. 54
3.5. DESCRIÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ................................... 54
4. ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 56
5. CONCLUSÃO E SUGESTÃO PARA ESTUDOS FUTUROS .......................................... 60
5.1. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 60
5.2. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .................................................................. 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 62
ANEXOS .................................................................................................................................. 67
10
LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS
Gráfico 1: PIB Brasil x PIB Construção Civil ....................................................................... 20
Gráfico 2: Crescimento do PIB da Construção Civil x PIB de Todos os Setores ................. 21
Gráfico 3: % da Mão-de-Obra Nacional Empregada no Setor de Construção Civil ............. 22
Gráfico 4: Custo do Retrabalho ............................................................................................. 25
Tabela 1: Composição da Cadeira Produtiva da Construção ................................................. 12
Tabela 2: Custo de Retrabalho em Relação aos Custos Totais dos Empreendimentos ......... 13
Tabela 3: Resultados Financeiros das 19 Maiores Construtoras do Brasil em 2015 ............. 19
Tabela 4: Exemplo da Pontuação dos Elementos de “Métodos de Construção” ................... 32
Tabela 5: Exemplo da Pontuação dos Elementos de “Meio Ambiente, Segurança e Saúde” 33
Tabela 6: Matriz de Decisão .................................................................................................. 46
Tabela 7: Escala Fundamental de Saaty ................................................................................. 47
Tabela 8: Importância Relativa de Cada Alternativa ............................................................. 47
Tabela 9: Índice de Inconsistência para os Critérios ............................................................. 57
Tabela 10: Ordem Decrescente de Importância dos Métodos em Relação a Cada Critério .. 57
Tabela 11: Prioridade dos Resultados em Relação aos Métodos em Análise ........................ 58
Tabela 12: Prioridade dos Resultados em Relação aos Critérios ........................................... 58
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Classificação das Causas de Retrabalho Segundo o COAA .................................. 34
Figura 2: Seleção da Fase do Projeto ..................................................................................... 34
Figura 3: Panorama Geral do Funcionamento do Software ................................................... 36
Figura 4: Seleção das Causas de Retrabalho Identificadas .................................................... 37
Figura 5: Detalhamento de Cada Ramo da Árvore de Causas Apresentada na Figura 4 ...... 37
Figura 6: Pontuação do Projeto .............................................................................................. 38
Figura 7: Dashboard dos Resultados Obtidos – Parte 1 ........................................................ 39
Figura 8: Dashboard dos Resultados Obtidos – Parte 2 ........................................................ 39
Figura 9: Scorecard ............................................................................................................... 40
Figura 10: Gráfico da Evolução do Retrabalho ao Longo do Projeto ................................... 40
Figura 11: Fluxograma do Rastreamento de Retrabalho ....................................................... 42
Figura 12: Menu Principal do FRDCS .................................................................................. 43
Figura 13: Estruturação Hierárquica do Método AHP .......................................................... 46
Figura 14: Árvore de Decisões .............................................................................................. 48
Figura 15: Critérios de Comparação ...................................................................................... 49
Figura 16: Verificação dos Resultados .................................................................................. 49
Figura 17: Diagrama da Inconsistência dos Resultados ........................................................ 50
Figura 18: Estrutura Hierárquica da Seleção de Método de Retrabalho ................................ 56
Figura 19: Grau de Importância dos Métodos em Relação ao Critério Resultados ............... 57
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEMI: Associação Brasileira de Engenharia Industrial
ABRAMAT: Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção
AHP: Analytic Hierarchy Process
ANP: Analytic Network Process
BPII: Best Productivity Practices Implementation Index
CBIC: Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CII: Construction Industry Institute
COAA: Construction Owners Association of Alberta
CUB: Custo Unitário Básico de Construção
FRDCS: Field Rework Data Collection System
PIB: Produto Interno Bruto
PMI: Project Management Institute
PRRI: Project Rework Reduction Index
RRP: Reduction Rework Program
SINICON: Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada
13
1. INTRODUÇÃO
1.1. APRESENTAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
A indústria de construção civil apresenta alta relevância para qualquer nação que
esteja interessada no seu desenvolvimento. O setor provê uma base sólida e confiável tanto
para um crescimento estruturado da população quanto para uma expansão do setor comercial
e industrial.
Segundo a ABRAMAT (2009), a Indústria da Construção Civil divide-se em três
principais setores: edificações, materiais de construção e construção pesada. Este último setor
ainda pode ser desmembrado em infraestrutura urbana, de transportes e montagem industrial.
No cenário brasileiro, a construção civil representou aproximadamente 10% do PIB do
país e empregou mais de 3 milhões de trabalhadores (CBIC, 2015). Segundo dados
publicados pela ABRAMAT (2015), a cadeia produtiva da construção nacional organizou-se
em 2015 conforme a informação apresentada na tabela 1.
Tabela 1: Composição da Cadeia Produtiva da Construção (por participação % no PIB total
da cadeia)
Cadeia Produtiva Participação
Construção 65,2%
Indústria de materiais 12,2%
Comércio de materiais 9,5%
Serviços 4,8%
Máquinas e equipamentos 1,7%
Outros fornecedores 6,6%
Fonte: ABRAMAT (2016)
A partir da análise das informações apresentadas na tabela 1, pode-se observar que as
atividades de construção são responsáveis pela movimentação de grande parte do PIB da
construção civil.
Tendo em vista o contexto socioeconômico de crise no qual o Brasil está inserido,
torna-se uma questão imprescindível a redução de custos no setor de construção. O CUB
14
médio de 2015, principal indicador do setor da construção, determinando o custo global da
obra, alcançou o valor de R$ 1.217,98/ m2 construído e estava em um ritmo acelerado de
crescimento. Além disso, em 2014 havia 35.000 empresas de construção pesada no mercado
nacional. Contudo, em 2015 esse número caiu vertiginosamente em 14%, superando a
redução média da construção civil, segundo dados da SINICON (2015).
Portanto, é essencial a identificação dos fatores que geram custos adicionais em
projetos de construção civil e, por conseguinte, elevam o valor do CUB médio. Tais fatores
podem ser atraso de entrega ou custos excedentes de materiais, originários de um
gerenciamento ineficiente de materiais, alto tempo de inatividade ou até mesmo um alto
índice de retrabalho.
Conforme o estudo realizado por Mastenbroek (2010), o custo de retrabalho em
relação ao custo total do empreendimento apresenta um valor relevante em diversos países.
Um dos resultados desse estudo está representado na tabela 2.
Tabela 2: Custo de Retrabalho em Relação aos Custos Totais dos Empreendimentos
Autor País Custo
Cusack (1992) Austrália 10%*
Borroughs (1993) Austrália 5%*
CIDA (1995) Austrália 6,5%*
Lomas (1996) Austrália >1%*
Love et. al (1999) Austrália 2,4 e 3,15%*
Love (2002) Austrália 6,4%*
CIDB (1989) Cingapura 5-10%**
Burati et al. (1992) Estados Unidos 12,4%**
Abdul-Rahaman (1993) Inglaterra 2,5-5%*
Hammarlund et al. (1990) Suécia 6%**
Josephson & Hammarlund (1990, 1996) Suécia 2,3-9,4%*
Josephson et al. (2002) Suécia 4,4%*
Fonte: Mastenbroek (2010) - * % do valor do contrato ** % do custo do projeto
Segundo os dados apresentados na tabela 2, é possível observar que os custos de
retrabalho variam entre 1% e 10% do custo total do empreendimento. Tendo em vista que o
15
Brasil é um país em desenvolvimento, com níveis de produtividade menores, diferenças na
qualificação profissional e produtos de menor qualidade, tal índice poderia ser ainda maior.
Este estudo está focado em retrabalho. Segundo Fayec et al. (2003), o retrabalho pode
ser conceituado como qualquer atividade que remove os efeitos de um processo previamente
realizado, sem ter ocorrido mudanças no escopo do projeto e sem solicitações de mudança no
produto final. Portanto, o retrabalho representa uma perda do processo produtivo,
apresentando reflexos no uso da matéria-prima, da mão-de-obra, dos equipamentos, no
cronograma do projeto, nos prazos de entrega, na confiabilidade do processo e nos custos.
1.2. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA
Conforme os dados levantados previamente, o setor de construção civil apresenta
grande relevância para a economia de um país. Tendo em vista o contexto socioeconômico de
crise no qual o Brasil está inserido, a redução de custos no setor analisado torna-se uma
questão de grande importância tanto para as empresas de construção civil quanto para as
entidades interessadas no desenvolvimento da nação. Desta forma, a redução dos índices de
retrabalho se torna uma importante meta a ser alcançada para que melhores resultados sejam
alcançados.
Essa meta pode ser alcançada por meio do levantamento dos métodos de mensuração
de retrabalho considerados como mais eficazes pela bibliografia disponível. Diversos autores
e entidades realizaram extensas pesquisas sobre o tema: ABEMI, CII, COAA, Fayek et al
(2003,2004), Love et al (1999,2002,2003), Hegazy et al (2011), Simpeh (2012), Hossain &
Chua (2013), Fé Castro et al (2014), Nandhakumar & Ranjit (2015); cujos estudos podem ser
destacados: Measuring and Classifying Construction Field Rework (Fayek et al, 2003),
metodologia do COAA (2006), Reduction Rework Program do CII (2011) e Best Productivity
Practices Implementation Index do CII (2013). Esses estudos serão apresentados
detalhadamente nas seções seguintes.
Após uma triagem inicial dos melhores métodos, será realizada uma análise utilizando
o método AHP, conforme a metodologia desenvolvida por Saaty (1991), a fim de definir o
método de mensuração de retrabalho considerado como o mais eficaz.
Na seção 1.3 são apresentados o objetivo geral e secundários do estudo, e a relevância
do tema, tanto no ambiente acadêmico quanto no ambiente empresarial.
16
1.3. OBJETIVOS, DELIMITAÇÃO E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
Os objetivos do estudo são os seguintes:
1.3.1. Objetivo Geral
O objetivo geral do estudo é a identificação da metodologia de mensuração de
retrabalho mais adequada ao processo de montagem industrial. Para isso, será realizado um
levantamento das metodologias existentes através de uma revisão bibliográfica e, pela
utilização de método multicritério, no caso o AHP, levando em consideração os fatores mais
relevantes do processo produtivo em questão, pretende-se escolher aquela que apresentar a
maior eficácia na medição, prevenção, correção e mitigação de retrabalho.
1.3.2. Objetivos Secundários
Realizar um estudo da bibliografia existente sobre as metodologias de
mensuração de retrabalho no setor de montagem industrial, considerando
fontes de pesquisa, tanto nacionais quanto internacionais;
Selecionar os métodos de mensuração de retrabalho que são considerados mais
eficazes, segundo o levantamento bibliográfico realizado;
Determinar os critérios a serem utilizados para a determinação da metodologia
considerada como a mais eficaz;
Utilizar um método multicritério, no caso AHP, para determinar o método de
mensuração de retrabalho mais eficaz e, dessa forma, classificar os mesmos
conforme a performance analisada.
17
1.3.3. Importância do Estudo
O estudo é de grande relevância para o setor de construção civil, tanto em termos
teóricos quanto em termos práticos.
No ambiente acadêmico, o estudo em questão poderá servir de base para o
desenvolvimento de pesquisas de aprofundamento de conhecimento sobre as metodologias de
mensuração de retrabalho. Além disso, o mesmo atua como um fomentador da discussão
sobre o conceito de retrabalho, cuja definição é obtusa e carece de um consenso geral por
parte dos especialistas no assunto. Por outro lado, no ambiente empresarial, o estudo poderá
atuar como um referencial para as empresas de montagem industrial definirem o método de
mensuração de retrabalho a ser adotado, tendo em vista que o presente trabalho busca
apresentar dados que evidenciem os pontos fortes e os fracos de cada metodologia.
1.4. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
O estudo foi dividido em cinco capítulos, conforme as descrições apresentadas a
seguir.
O primeiro capítulo é responsável por introduzir e contextualizar o assunto que será
abordado ao longo de todo o estudo, ou seja, o retrabalho no setor de montagem industrial.
Nesta seção, são apresentadas informações que comprovam a relevância do estudo e
identificam uma situação problema a ser analisada. A partir disso, é possível definir os
objetivos do estudo e a sua importância, tanto no ambiente acadêmico quanto no ambiente
empresarial.
O segundo capítulo apresenta uma abordagem teórica e detalhada dos assuntos que
estão envolvidos no estudo, tal qual o setor de construção civil, o setor de montagem
industrial, o retrabalho, os métodos de mensuração de retrabalho e os métodos multicritérios,
em especial o AHP. As informações deste capítulo estão amplamente baseadas em estudos
realizados por acadêmicos e autoridades no assunto, selecionados após uma extensa revisão
bibliográfica.
O terceiro capítulo aborda a metodologia a ser utilizada para se realizar a análise da
situação problema, previamente definida, ou seja, a forma na qual o método multicritério
AHP será aplicado a fim de definir o método de mensuração de retrabalho mais eficaz no
setor de montagem industrial.
18
O quarto capítulo apresenta informações detalhadas dos resultados obtidos a partir da
aplicação da metodologia previamente definida. Tendo essas informações, é possível
desenvolver o capítulo 5, responsável por apresentar as conclusões obtidas a partir do estudo
realizado. Além disso, são oferecidas sugestões e propostas para a realização de trabalhos
sobre o tema, a fim de aprofundar os conhecimentos disponíveis.
19
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
2.1.1. Panorama Geral
Conforme a Comissão de Economia e Estatística da Câmara Nacional da Construção
Civil (1998), a construção civil é a indústria da qualidade de vida. O setor é capaz de produzir
bens como soluções de urbanismo e edificações imprescindíveis ao bem-estar e ao
desenvolvimento da sociedade. Além disso, esta indústria é responsável pelo planejamento e
execução de soluções de infraestrutura essenciais à sobrevivência da população.
A construção civil engloba a realização de obras como fundações, edifícios, pontes,
estradas, barragens, aeroportos, dentre outras infraestruturas de alta complexidade. Para que
essas obras possam ser executadas, é necessária a participação de profissionais diversificados,
tais quais arquitetos, engenheiros civis, engenheiros de produção e geólogos. Desse modo,
esta indústria está indiretamente relacionada com os mais diversos setores da economia. Isso
lhe confere um grande poder de influência no desenvolvimento econômico do país, gerando
efeitos multiplicadores sobre o processo produtivo, atraindo investimentos e gerando
empregos.
A construção civil possui os seus interesses bem representados por diversas entidades
no cenário nacional, destacando-se a Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Fundada
em 1957, no estado do Rio de Janeiro, a mesma é responsável por lidar com questões da
indústria de construção e do mercado imobiliário, e representar o setor dentro e fora do país.
A Câmara está sediada em Brasília e reúne 81 sindicatos e associações patronais.
Mesmo em um momento de crise econômica, o setor de construção civil apresenta
números expressivos no cenário nacional. Em 2015, a Exame listou os lucros e prejuízos das
19 maiores construtoras do país no primeiro trimestre do ano, em ordem decrescente de
resultado financeiro.
20
Tabela 3: Resultados Financeiros das 19 Maiores Construtoras do Brasil em 2015
Construtora Lucro/ Prejuízo Líquido (milhões)
MRV R$ 265,48
Eztec R$ 235,18
Cyrela Brazil Realty R$ 218,55
Even Construtora R$ 79,09
Direcional Engenharia R$ 64,02
Tecnisa R$ 61,37
Gafisa R$ 60,14
Helbor R$ 35,55
JHSF R$ 17,31
Construtora Adolpho Lindemberg R$ 6,68
Trisul R$ 5,97
Rodobens Negócios Imobiliários R$ 2,39
Azevedo Imobiliária R$ 0,99
Lix da Cunha (R$ 4,92)
CR2 (R$ 5,04)
Viver (R$ 111,49)
João Fortes (R$ 143,04)
Rossi (R$ 206,48)
PDG (R$ 392,72)
Fonte: Exame (2016)
Conforme pode ser observado na tabela 3, dentre as 19 maiores empresas, 14
registraram em 2015 um lucro líquido da importância de milhões de reais, destacando a
relevância da participação do setor de construção civil na economia brasileira.
Segundo dados apresentados pelo IBGE (2015), detalhados no gráfico 1, o PIB do
setor seguia, no geral, uma trajetória crescente até o ano de 2013, com uma participação
altamente relevante na economia nacional. Em 2014, com a eclosão da crise econômica, os
resultados do setor foram fortemente abalados.
21
Gráfico 1: PIB Brasil x PIB Construção Civil (Variação %) – 2004/2014
Fonte: IBGE (2015)
22
O ritmo de crescimento do setor sofreu uma brusca queda com a crise de 2014,
conforme os dados apresentados no gráfico 2. Contudo, é possível observar a irregularidade
existente no crescimento do mesmo, refletindo o contexto de incerteza e mudanças no qual o
Brasil está inserido.
Gráfico 2: Crescimento do PIB da Construção Civil x PIB de Todos os Setores – 2004/2015
Fonte: IBGE (2015)
23
A construção civil também apresenta grande influência nos níveis de empregabilidade
do país. Segundo dados do IBGE (2016), a construção civil é responsável por cerca de 7% da
mão-de-obra incluída no mercado de trabalho no último ano. O gráfico 3 indica a taxa de
mão-de-obra absorvida pelo setor de construção civil no Brasil.
Gráfico 3: % da Mão-de-Obra Empregada no Setor de Construção Civil – 2004/2015
Fonte: IBGE (2016)
O setor de construção civil atua em um ambiente complexo, pois envolve outros
setores ao longo da sua cadeia produtiva, fazendo com que erros, omissões e mal-entendidos
sejam cometidos, resultando em outputs indesejáveis que exigem retrabalho (Hegazy et al.,
2011).
24
2.1.2. Montagem Industrial
Segundo Nunes (2001), a montagem industrial é um subsetor da construção civil que
abrange obras de montagem de estruturas de instalações, tais quais as hidrelétricas,
termelétricas, refinarias e siderúrgicas. Essas obras apresentam um alto nível de complexidade
de execução e gerenciamento. Por conseguinte, é uma prática corriqueira a subcontratação de
atividades específicas.
Muitas vezes, as organizações responsáveis pela execução da obra não detêm os
conhecimentos necessários para a realização de todas as atividades necessárias, mas detêm o
conhecimento administrativo exigível para se lidar com todas as empresas subcontratadas.
Conforme a classificação adotada pelo Slack (2009), é possível qualificar as empresas de
montagem industrial como orientadas por projetos, em decorrência do volume mínimo de
produção e da alta variabilidade entre diferentes projetos. Cada planta industrial apresenta
especificações e objetivos particulares.
Segundo as informações fornecidas pelo ranking das 20 maiores empresas de
montagem industrial no Brasil, levantado pela revista O Empreiteiro (2015), as principais
organizações do setor no país são a Alusa Engenharia, UTC Engenharia, Niplan Engenharia,
MPE Montagens e Montcalm Montagens Industriais. A seguir, há um breve resumo do perfil
de cada empresa apresentada, conforme os dados fornecidos pelo site oficial de cada
organização:
Alusa Engenharia: atua no mercado nacional há mais de 50 anos, realizando projetos,
obras e serviços do setor elétrico, de telecomunicações, óleo e gás;
UTC Engenharia: atua no mercado nacional há mais de 40 anos, realizando projetos de
produção e processamento de petróleo e gás, petroquímica, geração de energia,
siderurgia, papel e celulose, metalurgia, construção e manutenção industrial. A UTC é
uma das pioneiras na área de offshore e desenvolveu dezenas de plataformas
marítimas;
Niplan Engenharia: atua no mercado nacional há mais de 20 anos, realizando projetos
de engenharia, construção, montagem e manutenção eletromecânica nos mais diversos
setores, tais quais petroquímico, farmacêutico, alimentício, automobilístico, vidros e
borracha;
25
MPE Montagens: atua no mercado nacional há mais de 20 anos, surgindo a partir de
uma divisão de serviços de montagem e manutenção industrial da General Electric do
Brasil;
Montcalm Montagens Industriais: atua no mercado nacional há mais de 50 anos,
realizando projetos de engenharia, construção e montagem eletromecânica para
implantação, modernização e manutenção de indústrias de processo nos mais diversos
setores, tais quais cimento, mineração, papel e celulose, têxtil, química e petroquímica,
geração de energia, metalurgia e alimentício.
Segundo o estudo realizado por Young (2015), as 20 maiores empresas nacionais de
montagem industrial apresentaram uma taxa de crescimento anual composta de 9,33% entre
os anos de 1993 e 2013. Contudo, caso seja considerado um intervalo de tempo menor, no
qual a estabilidade financeira tanto no cenário nacional quanto no internacional está abalada, a
receita dessas mesmas empresas cresceu somente 7,45% entre 2010 e 2013. Portanto, as
perspectivas futuras de crescimento do setor são pouco otimistas, evidenciando a necessidade
de estudos e práticas para a otimização do processo produtivo da montagem industrial.
2.2. RETRABALHO
Não existe uma definição universal e amplamente aceita de retrabalho. Desse modo,
torna-se uma missão árdua o levantamento de uma base sólida de dados estatísticos, pois não
há um alinhamento pleno em relação ao conceito (Love et al., 2005).
O CII (2003) define retrabalho como as atividades que devem ser realizadas mais de
uma vez ou atividades que devem ser realizadas para remover um trabalho previamente
realizado como parte integrante do projeto. Love et al. (2000) definem o mesmo conceito
como o esforço desnecessário de refazer um processo ou atividade que foi incorretamente
implementado em um momento prévio.
Em resposta à grande variabilidade de definições de retrabalho, Love et al. (2004)
definiram os seus atributos, identificando conceitos que estão relacionados ao tema na maioria
da produção acadêmica: variação, mudança, erro, omissão, defeito, falha, dano, reparo e não
conformidade. Alguns desses conceitos, assim como erro, defeito e falha, podem levar a
interpretações errôneas de retrabalho caso este não esteja bem definido.
26
Segundo McDonald (2013), retrabalho é o esforço realizado para fazer com que um
produto fique em conformidade com os requerimentos originalmente estabelecidos. Este
trabalho é realizado tanto para finalizar uma atividade quanto para corrigir um produto já
terminado que, em ambos os casos, está em não conformidade.
É importante ressaltar a relevância de se diferenciar não conformidade de outros
problemas que podem surgir ao longo do processo produtivo, tal qual escopo mal definido,
mudanças na organização do trabalho ou mudança nas especificações do cliente (McDonald,
2013). De acordo com o Project Management Institute - PMI (2000), escopo é o trabalho que
deve ser realizado com a finalidade de se obter um produto com características e funções
específicas.
Segundo Hegazy et al. (2011), muitos estudos apontam que o retrabalho apresenta um
papel importante no aumento de custos e atraso no cronograma de projetos. Os mesmos
autores identificou as seguintes causas de retrabalho: erro, omissão, falha, dano, liderança
fraca, comunicação deficitária e sistema de decisão ineficiente. Love et al. (2003)
identificaram a equipe responsável pelo projeto, o cliente, o gerenciamento da obra e as
subcontratações como atores responsáveis pelo retrabalho.
Em 2009, Hwang et al. realizaram uma análise baseada em diversos estudos sobre o
tema retrabalho, apresentada no gráfico 4.
Gráfico 4: Custo do Retrabalho (em % do custo total do projeto)
Fonte: Hwang et al., 2009
27
Conforme os dados apresentados no gráfico 4, os projetos de engenharia pesada/
industrial são os que apresentam os maiores custos de retrabalho em relação ao custo total do
projeto. Portanto, esses projetos estão propícios a sofrerem melhorias maiores caso a taxa de
retrabalho seja reduzida.
2.3. METODOLOGIAS PARA A MEDIÇÃO, PREVENÇÃO, CORREÇÃO E
MITIGAÇÃO DOS RETRABALHOS
Neste item são apresentadas as principais metodologias para a mensuração de
retrabalho, conforme a revisão bibliográfica realizada no estudo. Essas metodologias abordam
medidas para medição, prevenção, correção e mitigação do retrabalho em sites de montagem
industrial.
2.3.1. Reduction Rework Program do Construction Industry Institute (2011)
Em 2003, o CII definiu uma equipe de pesquisa focada exclusivamente na redução do
retrabalho em sites de construção. Ao longo dos anos, o time identificou e descreveu os
principais fatores relacionados ao potencial de retrabalho nas obras. Por fim, foi formulado
um checklist para que as construtoras pudessem realizar uma auto avaliação de seus processos
ao longo do ciclo de vida do empreendimento, a fim de reforçarem a qualidade e reduzirem as
taxas de retrabalho (CII, 2011).
O resultado dos estudos descritos acima foi chamado de Rework Reduction Program
(RRP), que consiste em um sistema de mensuração e monitoramento do nível de retrabalho
somente nos sites dos empreendimentos. O retrabalho na fase de projeto, suprimentos,
fabricação e transporte para o site não é contemplado neste estudo. De acordo com o
documento “A Guide to Construction Rework Reduction” (CII, 2011), a finalidade principal
do PRR é a otimização da produtividade das construções.
O sistema parte do pressuposto de que somente quando o trabalho é medido, é possível
conhecer a sua extensão e impacto no projeto como um todo (CII, 2011).
O RRP consiste em quatro etapas: mensuração do retrabalho e classificação das
causas, análise dos retrabalhos e causas, planejamento das ações corretivas, e integração das
ações corretivas dentro do sistema geral de gerenciamento do empreendimento. De acordo
com o CII (2011), os objetivos desta metodologia são: aprimorar a qualidade do trabalho
através da descoberta e eliminação da causa raiz do retrabalho, comunicar as lições
28
aprendidas para outros empreendimentos da organização, diminuir a pressão no local de
trabalho fazendo com que o trabalho seja realizado da forma correta da primeira vez, e
permitir que seja feita a comparação do desempenho da empresa em relação às métricas do
segmento por meio de índices.
Para que os objetivos acima possam ser atendidos, são requisitados os seguintes
inputs: processos organizacionais, definição do escopo, plano de gerenciamento do projeto,
custo unitário dos recursos e cronograma do empreendimento. A partir dessas informações
são extraídos os seguintes outputs: lista de classificação dos retrabalhos, análise de ocorrência
do retrabalho, análise do impacto do retrabalho nos custos e no cronograma, e ações
corretivas atualizadas.
O RRP possui um teor educativo, tendo em vista que a compilação dos dados permite
uma verificação eficaz dos efeitos negativos do retrabalho nos objetivos financeiros e no
cronograma da obra (CII, 2011).
2.3.1.1. Etapas do RRP
O RRP considera que cada uma de suas etapas atua como um pré-requisito para a
etapa sucessora. Além disso, cada plano de ação corretiva é responsável por aprimorar o
sistema como um todo (CII, 2011).
A seguir, há uma descrição mais detalhada de cada etapa do RRP:
i. Mensuração do retrabalho e classificação das causas
Nesta etapa, são utilizadas as seguintes ferramentas: ativos organizacionais (lições
aprendidas, dados de retrabalho em outros empreendimentos, etc.), estrutura analítica de
projeto, estrutura de classificações de retrabalho, acompanhamento e arquivamento dos dados
obtidos sobre retrabalho, revisão da documentação, determinação da lista de causas (por meio
de brainstorming e entrevistas), e julgamento.
Os outputs produzidos são: lista atualizada das categorias de retrabalho e dados
pertinentes, tais quais custos, atrasos e frequências de retrabalho (CII, 2011).
29
ii. Análise dos retrabalhos e causas
A partir do escopo do projeto, plano de gerenciamento do cronograma e dos custos,
lista de classificações de retrabalho e preços unitários dos recursos, é possível iniciar esta
etapa. As técnicas aplicadas são: revisão de documentos, coleta de dados, e análises
quantitativas e monetárias.
Os outputs produzidos são: tendências do retrabalho e impactos nos prazos, custos e
qualidade (CII, 2011).
iii. Planejamento das ações corretivas
Os inputs desta etapa são: lista de classificações de retrabalho, tendências do
retrabalho e seus impactos nos prazos, custos e qualidade, gerenciamento das limitações de
recursos, técnicas como definições de estratégias para redução de retrabalho, definição de
procedimentos para a gestão de mudanças, e treinamento dos recursos humanos para a
melhoria da eficácia produtiva.
O output produzido é o próprio plano de ações corretivas, cuja finalidade é a
eliminação das causas de retrabalho (CII, 2011).
iv. Integração das ações corretivas dentro do sistema geral de gerenciamento do
empreendimento
Esta etapa apresenta uma importância vital para o sucesso do RRP. O plano de ações
corretivas, apresentado na etapa anterior, deve estar integrado com o sistema geral de
gerenciamento do empreendimento para que o mesmo apresente resultados satisfatórios. É
importante enfatizar a relevância da criação de um sistema de levantamento, tratamento,
catalogação, análise e divulgação das causas de retrabalho, apresentado no guia “A Guide to
Construction Rework Reduction (CII, 2011).
Para que o retrabalho possa ser bem avaliado, o CII recomenda a mensuração de três
aspectos da produtividade do projeto: produtividade laboral (horas/ unidade), taxa de trabalho
direto e taxa de retrabalho. Essa mensuração se dá por meio de indicadores.
30
A partir dos indicadores é possível realizar um acompanhamento do desempenho do
projeto e até mesmo realizar um benchmarking do setor. Além disso, os indicadores facilitam
a mensuração do impacto provocado pelo retrabalho nos prazos, custos e qualidade do
empreendimento.
2.3.2. Best Productivity Practices Implementation Index do Construction Industry
Institute (2013)
O Best Productivity Practices Implementation Index (BPPII) é uma ferramenta de
auxílio no planejamento do aumento da produtividade em atividades no site de construções. O
BPPII parte do pressuposto no qual é possível otimizar somente aquilo que é mensurado (CII,
2013).
Portanto, a ferramenta mensura o planejamento e os níveis de implantação de práticas
que apresentam potencial para a melhoria da produtividade da construção, focando na
otimização. Desse modo, é possível que os gerentes de projetos possam identificar as
atividades que devem ser reproduzidas em projetos similares e as atividades que devem ser
eliminadas ou modificadas (CII, 2013).
A aplicação do BPPII se dá, preferencialmente, no início da fase de execução do
projeto, a fim de nortear os gerentes de projeto na seleção e aplicação de práticas de melhoria
de produtividade no site da construção. Contudo, também é possível aplicar a ferramenta na
fase de detalhamento do escopo, a fim de auxiliar na preparação do plano de execução do
projeto (CII, 2013).
É importante ressaltar que a ferramenta se restringe a tipos específicos de
empreendimentos, tais quais indústrias e edificações (CII, 2013).
Conforme o “Best Productivity Practices Implementation Index” (CII, 2013), a
ferramenta consiste em uma folha de dados do Microsoft Excel 2010, com cinco componentes
principais: introdução, guia do usuário, descrição do BPPII, input (classificação do BPPII) e
output (relatório de pontuação dos elementos).
Ao longo do desenvolvimento do BPPII, pesquisadores realizam uma extensa pesquisa
sobre a produtividade em construções e práticas de melhoria, identificando as 61 melhores
práticas a serem adotadas. Essas práticas foram organizadas em seis categorias, divididas em
seções e elementos apresentados na página seguinte:
31
Gerenciamento de materiais: 3 seções e 9 elementos
o Estratégia de compras;
o Sistema de gerenciamento de materiais;
o Listagem e inspeção de materiais;
Equipamentos de construção e logística: 2 seções e 7 elementos
o Maquinário de construção e disponibilidade dos equipamentos;
o Ferramentas e equipamentos de melhores práticas de gerenciamento.
Abordagem de execução: 4 seções e 14 elementos
o Planejamento;
o Revisão da capacidade de construção;
o Estratégia de aquisição;
o Requerimentos regulatórios.
Gerenciamento dos recursos humanos: 5 seções e 11 elementos
o Planejamento;
o Treinamento e desenvolvimento;
o Comportamento;
o Estrutura organizacional;
o Empregabilidade.
Métodos de construção: 3 seções e 12 elementos
o Controle do cronograma do projeto
o Planejamento do layout do site
o Planejamento do design/ construção
o Abordagem adotada
Meio Ambiente, Saúde e Segurança: 3 seções e 8 elementos
o Segurança do site;
o Programa de abuso de substancias;
o Treinamento de saúde e segurança, e orientação.
A cada elemento foi atribuído um peso próprio, baseado na sua importância relativa
em influenciar a produtividade da construção, na categoria na qual está inserido e no próprio
peso dos outros elementos. Os pesos foram avaliados por especialistas no assunto e validados
por meio do índice de fator de produtividade (CII, 2013):
32
Fator de produtividade=produtividade estimada (horas trabalhadas/ quantidade) /
produtividade observada (horas trabalhadas/ quantidade).
Além disso, foi realizada uma coleta de dados de diversos empreendimentos de
infraestrutura, com tratamento de dados a partir de um teste ANOVA com nível de confiança
de 95%, a fim de comprovar a significância estatística da pontuação gerada a partir dos
elementos. Esta validação comprovou a relação entre altas pontuações e melhores níveis de
produtividade (CII, 2013).
Os elementos podem receber valores que variam de 0 a 5, com 0 correspondendo a um
elemento não aplicável, e 5 correspondendo a uma prática totalmente planejada e
implementada, conforme as tabelas 4 e 5. A partir desses valores, é calculada uma pontuação
total para o projeto, correspondente à soma do valor de cada elemento.
33
Tabela 4: Exemplo da Pontuação dos Elementos de “Métodos de Construção”
Section
Element 0 1 2 3 4 5
A. Project Schedule Control
1. Integrated Schedule 0 1 9 17 25 35
2. Work Schedule Strategies 0 1 3 5 7 10
3. Schedule Execution and Management 0 1 2 3 4 6
B. Site Layout Plan
1. Dynamic Site Layout Plan 0 1 14 27 40 53
2. Traffic Control Plan 0 1 8 15 22 28
3. Site Security Plan 0 1 3 5 7 8
4. Machinery and Equipment Positioning Strategy 0 1 5 9 13 19
C. Design/ Construction Plan and Approach
1. Communications, Coordination, and Agreements 0 1 13 25 37 50
2. Project Start-Up Plan 0 1 5 9 13 18
3. Project Completion Plan 0 1 8 15 22 30
4. Innovations and New Technology 0 1 16 31 46 60
5. Housekeeping 0 1 11 21 31 42
Fonte: CII, 2013
34
Tabela 5: Exemplo da Pontuação dos Elementos de “Meio Ambiente, Segurança e Saúde”
Section
Element 0 1 2 3 4 5
A. Job Safety
1. Formal Health and Safety Policy 0 1 17 33 49 64
2. Health and Safety Plans 0 1 17 33 49 64
3. Task Safety Analysis 0 1 15 29 43 56
4. Hazards Analysis 0 1 15 29 43 57
5. Hazards Planning 0 1 16 31 46 60
B. Substance Abuse Programs
1. Drugs and Alcohol Testing Program 0 1 4 7 10 13
C. Environment, Health, and Safety Training and Orientation
1. Health and Safety Training Programs 0 1 16 31 46 60
2. Toolbox Safety Meetings 0 1 12 23 34 45
Fonte: CII, 2013
Caso a pontuação final do projeto seja igual ou superior a 50%, pode-se considerar que
o mesmo aplica práticas satisfatórias de planejamento e implantação das melhores práticas,
devendo obter melhores resultados e reduzir os níveis de retrabalho (CII, 2013).
2.3.3. Metodologia do Construction Owners Association of Alberta (2006)
O COAA desenvolveu uma metodologia própria para a mensuração de retrabalho,
denominada Project Rework Reduction Index (PRRI), em decorrência da grande quantidade
de recursos desperdiçados com isso. Essa metodologia foi criada a partir da união do
conhecimento de especialistas das áreas envolvidas no setor de construção civil e de tópicos
discutidos em workshops promovidos pela COAA.
O PRII mede o desempenho de um projeto tendo como foco a taxa de retrabalho
realizada, identificando as suas causas e a sua evolução ao longo do ciclo de vida do
empreendimento (COAA, 2006). É importante ressaltar que o PRII pode ser aplicado em
qualquer ponto do ciclo de vida do projeto, independentemente de um acompanhamento
prévio do retrabalho.
35
O PRII atua como uma ferramenta de gerentes de projetos, equipes e stakeholders
interessados em realizarem um acompanhamento do retrabalho em projetos, que excede a
tradicional análise de custos e cronograma. A metodologia se baseia em um diagrama de
espinha de peixe sobre retrabalho apresentada na figura 5, que identifica cinco áreas chaves
nas quais pode ocorrer retrabalho: engenharia e avaliações, capacidade do recursos humanos,
liderança e comunicação, planejamento e programação da construção, e fornecimento de
material e equipamento. A árvore de causas foi desenvolvida a partir da coleta de dados de
102 indústrias por meio de workshops promovidos pela COAA (COAA, 2003).
Figura 1: Classificação das Causas de Retrabalho Segundo o COAA
Fonte: COAA, 2003
As cinco áreas chaves apresentadas previamente são analisadas por meio de um
questionário de múltipla escolha, contendo entre 29 e 90 questões. A quantidade de questões
varia conforme a fase na qual o projeto está inserido: final do design basis memorandum,
emissão das especificações de engenharia, 20% completado da fase de engenharia de
detalhamento, 20% concluído da fase de construção, e 50% completado da fase de construção.
Após a realização do questionário, o PRII gera uma pontuação geral para o
empreendimento. Quanto maior o valor, menor a probabilidade de ocorrência de retrabalho ao
longo do projeto. Essa pontuação permite uma comparação da evolução do projeto ao longo
das suas fases de desenvolvimento, e até mesmo um benchmarking do setor (COAA, 2006).
Vale a pena ressaltar que essa pontuação é apenas um indicativo da tendência do nível
de retrabalho, podendo ocorrer alterações ao longo do tempo.
36
O COAA, preocupado com questões relacionadas ao retrabalho, realiza
constantemente comitês que discutem e apresentam boas práticas para a redução do retrabalho
no setor de construção civil, com participação de autoridades norte-americanas em projeto e
gerenciamento de construção.
2.3.3.1. O Software
O COAA desenvolveu um software gratuito que permite a aplicação direta da sua
metodologia. O mesmo é recomendado para a maioria dos projetos de construção industrial,
sem restrições em relação ao tamanho do mesmo. Além disso, o software é uma ferramenta
útil para a realização de auditorias dos empreendimentos.
A figura 6 apresenta o estágio inicial do software, no qual o usuário deve informar a
fase na qual o projeto está inserido.
Figura 2: Seleção da Fase do Projeto – Tela do Software
Fonte: COAA, 2003
Em seguida, é apresentado um breve sumário do caminho lógico percorrido pelo
software. Primeiramente, o mesmo requer inputs com informações sobre o projeto, a fim de
37
apresentar, em um segundo momento, outputs com análises do mesmo em relação ao
retrabalho.
Figura 3: Panorama Geral do Funcionamento do Software – Tela do Software
Fonte: COAA, 2003
O usuário deve preencher os campos solicitados na árvore de causas de retrabalho
apresentada pelo software, respondendo diferentes questionários de múltipla escolha,
conforme a causa analisada. O questionário está representado na figura 9.
38
Figura 4: Seleção das Causas de Retrabalho Identificadas – Tela do Software
Fonte: COAA, 2003
Figura 5: Detalhamento de Cada Ramo da Árvore de Causas Apresentada na Figura 4 – Tela
do Software
Fonte: COAA, 2003
39
Após o preenchimento de todas as causas disponíveis na árvore da figura 8, o software
realiza cálculos de ponderação matemática baseados nas respostas dos questionários,
fornecendo uma pontuação para o projeto analisado. Quanto maior a pontuação, menor a
probabilidade de ocorrência de retrabalho. Na figura 10, a pontuação do projeto é 56%, um
valor que pode ser considerado baixo. Além disso, também é apresentada uma estimativa de
ocorrência de retrabalho em diversas áreas do projeto, por meio das cores cinza, vermelho,
laranja, amarelo e verde.
Figura 6: Pontuação do Projeto – Tela do Software
Fonte: COAA, 2003
O software também disponibiliza um dashboard1 com gráficos do tipo radar, que
apresentam a tendência de retrabalho nas diversas áreas do projeto, e scorecards2 das mesmas
áreas.
1 Apresentação gráfica de informações consideradas como relevantes para se alcançar um ou mais objetivos da
organização 2 Indicadores relacionados com a medição e a gestão do desempenho da organização
40
Figura 7: Dashboard dos Resultados Obtidos – Parte 1 – Tela do Software
Fonte: COAA, 2003
Figura 8: Dashboard dos Resultados Obtidos – Parte 2 – Tela do Software
Fonte: COAA, 2003
41
Figura 9: Scorecard – Tela do Software
Fonte: COAA, 2003
O software também permite um acompanhamento da evolução do projeto, conforme a
taxa de retrabalho de cada área analisada.
Figura 10: Gráfico da Evolução do Retrabalho ao Longo do Projeto – Tela do Software
Fonte: COAA, 2003
42
2.3.4. Measuring and Classifying Construction Field Rework (Fayek et al., 2004)
Fayek et al. (2004) desenvolveram um estudo piloto a fim de estabelecer uma
metodologia para a mensuração e a classificação do retrabalho nos sites de construção. O
mesmo foi motivado pelo excesso de retrabalho nos sites de empreendimentos localizados no
Canadá. O estudo foi baseado em três objetivos principais:
A definição de uma abordagem para se lidar com retrabalho;
A criação de índices de mensuração de retrabalho;
A criação de um sistema de classificação de causas de retrabalho.
O estudo também contemplou a abordagem que deve ser realizada para a coleta de
dados necessários para o cumprimento dos três objetivos listados acima (Fayek et al., 2004).
2.3.4.1. Premissas
Algumas premissas foram adotadas para a utilização correta da metodologia
implementada, tal qual a consideração de que os custos de retrabalho se iniciam no momento
no qual o mesmo foi identificado e terminam quando o mesmo é totalmente finalizado (Fayek
et al., 2004).
Os pesquisadores realizaram um extenso levantamento de informações sobre a
mensuração de retrabalho, analisando os estudos de Ashford (1992), Burati et al. (1992),
Gibson e Dumont (1996), CII (1997), Love et al. (2000), Rogge et al. (2001), e COAA (2001,
2002). Fayek et al. (2004) perceberam que, apesar de haver diversos estudos sobre o
retrabalho, existe uma carência de padrões para a sua mensuração e classificações, aceitos
pelas organizações de construção e montagem industrial.
2.3.4.2. Metodologia
Os autores conduziram um estudo piloto em um empreendimento de grande porte,
localizado na Província de Alberta no Canadá, a fim de obter dados que permitissem o
desenvolvimento da metodologia e comprovação da aplicabilidade da mesma.
43
Fayek et al. (2004), em parceria com o COAA, definiram o índice Construction Field
Rework Index (CFRI) para a mensuração dos dados de retrabalho:
CFRI= [ (total de custos diretos + custos indiretos) de retrabalho no site]/ custo total
da etapa de construção no site do empreendimento.
Esse índice reflete o custo de retrabalho a partir da perspectiva dos responsáveis pela
execução do projeto, focando nos gastos com contratos de engenharia, compras e construção.
É importante ressaltar que o denominador da fórmula do CFRI inclui tanto os custos
associados ao escopo original do empreendimento, quanto os custos associados com
mudanças no escopo e retrabalho (Fayek et al., 2004).
Em relação à classificação de retrabalho, a mesma é baseada na espinha de peixe
apresentada previamente na figura 8 (COAA, 2001). Em relação à coleta de dados, esta é
realizada conforme o fluxograma da figura 11, ao longo da fase construtiva do
empreendimento.
Figura 11: Fluxograma do Rastreamento de Retrabalho
Fonte: Fayek et al., 2004
44
O rastreamento do retrabalho se inicia quando um incidente é identificado no site, por
meio da força de trabalho, supervisores de equipe, técnicos, engenheiros civis ou pela própria
equipe de controle da qualidade. Conforme o incidente ocorrido, a autoridade responsável
instrui os trabalhadores a prosseguirem com o processo produtivo ou realizarem o retrabalho.
Caso seja realizado retrabalho, a sua mensuração se dá por meio da observação do evento
(custos de materiais, funcionários envolvidos, dentre outas informações), planilhas de controle
de horário e entrevistas com as equipes relacionadas. Além disso, o incidente deve ser
classificado na espinha de peixe apresentada na figura 1 (Fayek et al., 2004).
Tendo em vista a complexidade envolvida na coleta de dados, Fayek et al. (2004)
desenvolveram um sistema de coleta de dados, denominado Field Rework Data Collection
System (FRDCS). Este sistema consiste em uma base de dados no Microsoft Access 2000
com interface no Visual Basic 6.0, cujo menu está apresentado na figura 12.
Figura 12: Menu Principal do FRDCS – Tela do Software
Fonte: Fayek et al., 2004
45
O FRDCS é composto por três módulos principais: entrada de dados (data entry),
definição de taxas (define rates) e recuperação de dados (data retrieval) (Fayek et al., 2004).
Inicialmente, o usuário deve inserir dados do projeto a ser analisado, tais quais os
custos diretos do site da obra, custos indiretos do site da obra, despesas gerais e taxa de lucro
esperada. Posteriormente, devem ser definidas as taxas e as unidades a serem aplicadas no
projeto. Desse modo, é possível que o usuário grave informações relativas às atividades de
trabalho em três subseções: informações de atividades gerais, informações de custo (como
custos de trabalho, equipamento, materiais e subcontratações) e informações de classificação
das causas (Fayek et al., 2004).
No módulo de recuperação de dados, o FRDCS permite que o usuário consulte
relatórios sobre os eventos de retrabalho registrados no sistema, oferecendo um histórico
sobre a evolução da organização ao longo do tempo e as fontes de retrabalho detectadas.
Na seção seguinte será abordada a utilização de método multicritério de tomada de
decisões, a fim de auxiliar o estudo na definição da metodologia de mensuração do retrabalho
considerada mais eficiente no setor de montagem industrial.
2.4. MÉTODOS MULTICRITÉRIOS DE TOMADA DE DECISÕES
Segundo Saaty (2008), desenvolvedor do renomado método Analytic Hierarchy
Process (AHP), o processo decisório envolve diversos fatores. Grande parte desses fatores é
intangível e inter-relacionado. Portanto, torna-se essencial a identificação dessas relações e,
além disso, a mensuração de fatores tangíveis que viabilizem tal análise.
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, seria incorreto afirmar que quanto mais
informação disponível, melhor a decisão a ser tomada. Saaty (2008) alerta que é importante
priorizar o levantamento de informações realmente úteis em detrimento de um levantamento
excessivo de dados. As informações que devem ser reunidas são: o conhecimento profundo do
problema a ser analisado; a necessidade, o propósito, os critérios e os subcritérios da decisão;
as partes interessadas; os grupos afetados pela decisão; e o leque de possibilidades de ações a
serem executadas (Saaty, 2008).
Tendo conhecimento dos fatores que estão relacionados com o processo decisório, é
possível abordar as metodologias relacionadas com o assunto. Segundo Brans et al. (2005), os
métodos multicritérios de tomada de decisão são ferramentas matemáticas com alta
aplicabilidade na resolução de problemas que envolvem critérios conflitantes. Por serem
ferramentas matemáticas, esses métodos oferecem mecanismos de priorização de alternativas
46
em relação à critérios pré-determinados e a um objetivo específico. É importante ressaltar que
podem haver critérios intangíveis e não mensuráveis, que atuam como norteadores do
processo decisório. Por fim, esses métodos oferecem ao usuário um ranking dos itens
analisados e comparados (Saaty, 2008).
Os métodos multicritérios são aplicáveis a diversas situações, tal qual o contexto
industrial do setor de montagem, que é o tópico discutido no estudo. Dentre as diversas
utilidades apresentadas por tais métodos, está a minimização de falhas no processo decisório
(Saaty, 1980).
Foi observado que pesquisadores como Fayek et al. (2004), Rezai et al. (2012) e
Entani et al. (2012) recomendam a aplicação do método AHP para a análise multicritério.
Portanto, o estudo utilizará este método para a definição da metodologia de mensuração do
retrabalho considerada mais eficiente no setor de montagem industrial.
2.4.1. Método AHP
O método AHP consiste na formalização das preferências dos tomadores de decisão a
partir da análise de critérios pré-determinados como relevantes para o processo decisório.
Segundo Saaty (2008), por meio desse método é possível identificar a importância relativa
dos critérios entre si, realizando comparações par a par desses atributos.
O método AHP pode ser utilizado a partir de informações provenientes de experiência
pessoal, intuição e fatores físicos, ou seja, dados qualitativos e quantitativos (Saaty, 2008).
Portanto, este método apresenta alta aplicabilidade para se comparar as diferentes
metodologias de mensuração de retrabalho apresentadas previamente.
Segundo Saaty (1987 e 2008), o método AHP consiste na decomposição do processo
decisório nos seguintes passos:
1. Definição do problema a ser analisado e do conhecimento que se espera obter;
2. Estruturação do problema em níveis hierárquicos (figura 13):
a. Objetivo principal da decisão;
b. Critérios da decisão;
c. Subcritérios da decisão;
d. Alternativas possíveis à decisão;
3. Construção de matrizes de comparação dos critérios, subcritérios e alternativas
previamente determinados, denominadas matrizes de decisão:
47
a. Cada alternativa deve ser comparada, par a par, segundo cada subcritério
(tabela 6);
b. Cada subcritério deve ser comparado, par a par, segundo cada critério;
c. Cada critério deve ser comparado, par a par, segundo o objetivo principal;
4. A comparação realizada no passo 3 é realizada por meio da atribuição de valores que
variam de 1 a 9 (tabela 6), conforme a escala fundamental de Saaty (tabela 7), que
estabelece quantas vezes mais importante ou dominante é um elemento da matriz em
relação a outro. Vale a pena ressaltar que, por exemplo, caso a alternativa 1 apresente
o valor 5 em relação à alternativa 2, a alternativa 2 deverá apresentar o valor 1/5 em
relação à alternativa 1;
5. Os valores de cada linha de cada matriz são somados e divididos pela soma de todas as
linhas, obtendo a prioridade de cada alternativa (tabela 8). As matrizes são avaliadas a
partir do seu autovalor, a fim de verificar a coerência dos julgamentos.
Figura 13: Estruturação Hierárquica do Método AHP
Fonte: Saaty (1987)
Tabela 6: Matriz de Decisão – Comparação Par a Par de 4 Alternativas sob o Subcritério 1.1
A1 A2 A3 A4
A1 1 3 1/9 4
A2 1/3 1 7 1/3
A3 9 1/7 1 1/5
A4 1/4 3 5 1
Fonte: Saaty (2008)
48
Tabela 7: Escala Fundamental de Saaty
Intensidade da
Importância Definição Explicação
1 Igualmente
importante Duas atividades contribuem igualmente para o objetivo
3 Importância
moderada
A experiência ou julgamento apresenta uma leve preferência a
certa atividade em relação à outra
5 Importância
grande
A experiência ou julgamento apresenta uma forte preferência a
certa atividade em relação à outra
7 Importância
muito grande
A experiência ou julgamento apresenta uma preferência muito
forte a certa atividade em relação à outra (a dominância da
atividade é perceptível em situações práticas)
9 Extremamente
importante
As evidências favorecem uma atividade em relação à outra no
nível máximo de afirmação
2,4,6,8 - Valores intermediários
Fonte: Saaty (2008)
Tabela 8: Importância Relativa de Cada Alternativa – Última Coluna (∑/36,37)
A1 A2 A3 A4 ∑ ∑/36,37
A1 1 3 1/9 4 8,11 0,22
A2 1/3 1 7 1/3 8,67 0,24
A3 9 1/7 1 1/5 10,34 0,28
A4 1/4 3 5 1 9,25 0,26
∑ - - - - 36,37 1,00
Fonte: Saaty (2008)
Segundo Saaty (1987), as matrizes de decisão são matrizes quadradas, de forma que:
O elemento aij = 1/aij;
Todos os elementos aij = 1 (toda alternativa, critério ou subcritério apresenta igual
importância em relação a si mesmo);
É importante ressaltar que as diversas comparações realizadas dos atributos podem
gerar inconsistência entre as informações. Portanto, quanto maior o número de combinações,
maiores as chances de haver incoerência. Desse modo, o resultado do método AHP apresenta
uma incerteza relacionada à inconsistência das comparações.
49
2.4.1.1. Software Superdecisions
Saaty desenvolveu em 2013 o software Superdecisions para auxiliar processos
decisórios, com base nos métodos AHP e ANP. No modo do método AHP, os elementos são
organizados em uma estrutura de hierarquia de decisões do objetivo até os critérios e as
alternativas de escolha. Além disso, o software permite verificar inconsistências e sugere
valores ótimos de níveis de inconsistência.
O software apresenta o objetivo, os critérios e as alternativas analisados na forma de
uma árvore de decisões, conforme a figura 14.
Figura 14: Árvore de Decisões – Tela do Software
Fonte: < www.superdecisions.com/tutorials-in-word/ >. Acesso em: 12 abr. 2016
50
O software também permite a elaboração de forma fácil e simples da matriz de
decisões, com a possibilidade de escolha do modo de comparação a ser realizado, conforme a
figura 15.
Figura 15: Critérios de Comparação – Tela do Software
Fonte: < www.superdecisions.com/tutorials-in-word/ >. Acesso em: 12 abr. 2016
Além disso, é possível verificar a ocorrência de incoerências nas pontuações, e a
dominância de cada elemento, conforme as figuras 16 e 17. Na matriz apresentada, a cor azul
indica que o elemento à esquerda é dominante em relação ao elemento no topo da coluna. A
cor vermelha, por outro lado, indica que o elemento à esquerda é dominado pelo elemento no
topo da coluna.
Figura 16: Verificação dos Resultados – Tela do Software
Fonte: < www.superdecisions.com/tutorials-in-word/ >. Acesso em: 12 abr. 2016
51
Figura 17: Diagrama da Inconsistência dos Resultados – Tela do Software
Fonte: < www.superdecisions.com/tutorials-in-word/ >. Acesso em: 12 abr. 2016
52
3. METODOLOGIA
3.1. A PESQUISA
De acordo com Silva e Menezes (2005), a pesquisa pode ser definida como o conjunto
de ações e propostas cuja finalidade é solucionar um problema, com bases racionais e
sistemáticas. A motivação é a ausência das informações para se solucionar tal problema.
A pesquisa pode ser classificada a partir de diversos referenciais: natureza, abordagem
do problema, objetivos e procedimentos técnicos (Silva, Menezes, 2005).
Tendo como ponto de referência a natureza, a pesquisa pode ser básica ou aplicada. A
pesquisa básica busca a geração de novos conhecimentos úteis ao progresso da ciência, sem
um compromisso com a aplicação prática. Por outro lado, a pesquisa aplicada busca a geração
de conhecimentos com aplicação prática e direcionados a problemas específicos (Silva,
Menezes, 2005).
Tendo como ponto de referência a abordagem do problema, a pesquisa pode ser
quantitativa ou qualitativa. A pesquisa quantitativa parte do pressuposto que tudo é
quantificável, permitindo a conversão de opiniões e informações em números, viabilizando
análises com o uso de técnicas estatísticas (percentagem, média, desvio padrão, regressão e
correlação). Em contrapartida, a pesquisa qualitativa parte do pressuposto no qual há uma
relação dinâmica entre o mundo objetivo e a subjetividade do pesquisador, impossibilitando
uma conversão de informação em números. Por isso, não são necessários métodos e técnicas
estatísticas, mas a interpretação dos fenômenos observados e a atribuição de significados aos
mesmos. A pesquisa é descritiva, envolvendo coleta de dados a partir do ambiente natural,
indução e observação de processos e seus significados (Silva, Menezes, 2005).
Tendo como ponto de referência o objetivo, a pesquisa pode ser exploratória,
descritiva ou explicativa. A pesquisa exploratória busca construir familiaridade com o
problema a fim de torná-lo explícito ou construir hipóteses, por meio de levantamento
bibliográfico, entrevistas e estudos de caso. Em alternativa, a pesquisa descritiva busca
descrever características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de
relações entre variáveis, por meio da aplicação de técnicas padronizadas de coleta de dados.
Geralmente, assume a forma de levantamento. Outra alternativa, a pesquisa explicativa, busca
identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos,
explicando a razão e consequentemente aprofundando o conhecimento da realidade. Nas
53
ciências naturais é utilizado o método experimental, e nas ciências sociais é utilizado o
método observacional (Silva, Menezes, 2005).
Tendo como ponto de referência o procedimento técnico, a pesquisa pode ser
bibliográfica, documental, experimental, de levantamento, estudo de caso, expost-facto,
pesquisa-ação e/ou participante. A pesquisa bibliográfica é baseada em materiais previamente
publicados, tais quais livros, artigos de periódicos e internet. A pesquisa documental é
baseada em materiais sem tratamento analítico. A pesquisa experimental é baseada na
determinação de um objeto de estudo, com seleção de variáveis capazes de influenciá-lo,
definição de formas de controle e observação dos efeitos produzidas pelas variáveis sobre o
objeto. O levantamento é baseado na interrogação direta das pessoas cujo comportamento se
deseja conhecer. O estudo de caso é baseado no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos a fim de se obter um conhecimento amplo e detalhado. A pesquisa expost-facto é
realizada após a observação dos fatos. A pesquisa-ação é baseada na associação de uma ação
à resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes são envolvidos de
modo cooperativo ou participativo. Por fim, a pesquisa participante é baseada na interação
entre pesquisadores e membros das situações analisadas (Silva, Menezes, 2005).
Portanto, a pesquisa a ser realizada neste trabalho pode ser caracterizada conforme a
natureza como pesquisa aplicada, conforme a abordagem como pesquisa quantitativa e
qualitativa, conforme o objetivo como pesquisa descritiva, e conforme os procedimentos
técnicos como pesquisa bibliográfica e estudo de caso.
3.2. ETAPAS DA PESQUISA
Segundo Silva e Menezes (2005), o planejamento e a execução de uma pesquisa
constituem um processo sistematizado, que pode ser descrito conforme as seguintes etapas:
1. Definição do tema;
2. Revisão da literatura;
3. Justificativa do estudo;
4. Formulação do problema;
5. Determinação de objetivos;
6. Metodologia;
7. Coleta e tabulação de dados;
8. Análise e discussão dos resultados;
54
9. Conclusão da análise dos resultados;
10. Redação e apresentação da dissertação.
3.3. POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população considerada no estudo foi especialistas do setor de montagem industrial
da construção civil que atuam em território nacional. O estudo classifica como especialista
todo indivíduo que apresenta formação de nível superior em Engenharia Civil e formação
complementar, tal qual pós-graduação, em áreas relacionadas.
3.4. COLETA DE AMOSTRAS
A coleta de amostras se deu por meio da disponibilidade de contato com os
profissionais da área analisada no município de Niterói e Rio de Janeiro. Segundo Silva e
Menezes (2005), a amostra coletada seria classificada como não-probabilística, do tipo
intencional, no qual as amostras são selecionadas a partir do “bom julgamento” dos membros
que constituem a população.
A amostra considerada é formada por oito especialistas, sendo:
Três pesquisadores acadêmicos que estudam o setor analisado;
Cinco especialistas que atuam há mais de 10 anos no setor analisado.
3.5. DESCRIÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Segundo Silva e Menezes (2005), o instrumento de coleta de dados a ser utilizado
depende dos objetivos que se pretende alcançar com a pesquisa e a população a ser
investigada.
O estudo optou pela utilização do instrumento de entrevista, cujo objetivo é a obtenção
de informações de um entrevistado sobre determinado assunto. A entrevista realizada é do
tipo estruturada, sendo baseada em um roteiro previamente estabelecido (Silva e Menezes,
2005). O roteiro apresenta as seguintes perguntas:
1. Comente a sua experiência com o setor de montagem industrial;
2. Comente a sua experiência profissional no setor de montagem industrial;
55
3. Você conhece metodologias de mensuração de retrabalho?
4. Caso afirmativo, você possui alguma experiência com essa (s) metodologia (s)?
5. Quais seriam os critérios a serem adotados para se selecionar a melhor metodologia de
mensuração?
O objetivo das entrevistas foi permitir que o informante identifique as principais
metodologias para a medição de retrabalho e quais os critérios para validar qual a melhor.
56
4. ESTUDO DE CASO
Na seção 2 foram analisadas as principais metodologias de mensuração de retrabalho,
de acordo com uma extensa revisão da bibliografia disponível: Reduction Rework Program
(CII, 2011), Best Productivity Practices Implementation Index (CII, 2013), metodologia do
COAA (COAA, 2006) e Measuring and Classifying Construction Field Rework (Fayek et. al,
2004). Nessa mesma seção, métodos de decisão multicritério distintos foram avaliados, com
destaque para o método AHP.
Diversos pesquisadores, tais quais Fayek et al. (2004), Rezaei et al. (2013) e Entani et
al. (2012), recomendam a utilização do método AHP para a realização de análises
multicritério. Portanto, optou-se pela aplicação desse método para a seleção da melhor
metodologia de mensuração de retrabalho a ser aplicada no setor de montagem industrial.
As metodologias representam as alternativas a serem comparadas pelo método AHP.
Os critérios de seleção para realizar a comparação foram obtidos a partir do questionário
apresentado na seção 3, aplicado em cinco especialistas no setor de montagem industrial e em
três pesquisadores acadêmicos do assunto. A partir das informações fornecidas pelos
questionários, foi possível definir seis critérios de comparação para serem utilizados no
método AHP:
1. Abrangência: limitação da metodologia em relação à extensão do ciclo de vida do
empreendimento, considerando a sua aplicação em todas as etapas do ciclo;
2. Implantação: facilidade de implementação da metodologia em empreendimentos,
considerando a rapidez, quantidade de pessoas envolvidas, facilidade de treinamento,
necessidade de mudanças em processos existentes e disponibilidade de ferramentas de
gestão e de sistemas;
3. Custos: todos os custos envolvidos na aplicação da metodologia, englobando custos de
aquisição, implantação, treinamento e operação;
4. Entrada de Dados: facilidade de obtenção e inserção de dados no sistema utilizado por
cada metodologia;
5. Operação do Sistema: considera confiabilidade, disponibilidade e manutenção dos
sistemas operacionais de cada metodologia;
6. Resultados: níveis de acuracidade, e facilidade de obtenção e interpretação dos
indicadores fornecidos por cada metodologia.
57
Desse modo, com o levantamento de todas as alternativas e os critérios a serem
analisados, foi possível montar uma árvore de decisão do assunto analisado, conforme a
metodologia de Saaty (2008).
Figura 18: Estrutura Hierárquica da Seleção de Método de Retrabalho
Fonte: Autor (2016)
A análise das alternativas e dos critérios se deu por meio de uma análise par a par,
conforme a escala de Saaty (1991), composta por números absolutos que variam de 1 a 9.
Cada especialista entrevistado ponderou os pares disponíveis e, por fim, foi possível obter
uma matriz pareada dos elementos da hierarquia.
O software Superdecisions auxiliou na análise da integridade dos dados obtidos. Caso
o valor do índice de inconsistência seja superior a 10%, os julgamentos são considerados
inconsistentes e o trabalho exige revisão (Hsiao, 2002). No estudo realizado, o índice de
inconsistência geral foi de 9,621%, sendo inferior a 10%. Portanto, os dados foram
considerados consistentes. Os índices individuais de cada critério analisado estão
apresentados na tabela 9.
58
Tabela 9: Índice de Inconsistência para os Critérios
Critério Índice de Inconsistência (%)
Abrangência 7,017
Custos 6,948
Entrada de Dados 0,772
Implantação 8,062
Operação do Sistema 9,363
Resultados 3,120
Fonte: Autor (2016)
A tabela 10 apresenta a ordem decrescente de importância dos métodos em relação a
cada um dos critérios.
Tabela 10: Ordem Decrescente de Importância dos Métodos em Relação a Cada Critério
Critério Importância dos Métodos
Abrangência RRP > PRRI > BPII > FRDCS
Custos PRRI > BPII > RRP > FRDCS
Entrada de Dados PRRI > BPII > RRP > FRDCS
Implantação RRP > BPII > PRRI > FRDCS
Operação do Sistema BPII > RRP = PRRI > FRDCS
Resultados RRP > PRRI > BPII = FRDCS
Fonte: Autor (2016)
A figura 19 apresenta os resultados das análises par-a-par do método AHP
apresentados pelo software Superdecisions.
Figura 19: Grau de Importância dos Métodos em Relação ao Critério Resultados
Fonte: Autor (2016)
59
Após a realização dessas análises, foi possível obter uma tabela com as relações de
prioridade dos métodos em análise e dos critérios adotados. Conforme a tabela 11, a
metodologia mais indicada pelo método AHP é a RRP, com uma hierarquia de 45,044%. Em
segundo lugar, o melhor método é o PRRI, com 24,596%. Em terceiro lugar, o método mais
indicado é o BPII, com 18,429%. Por fim, o método menos indicado é o FRDCS, com
11,931%. Portanto, a priorização dos métodos conforme a AHP é: RRP > PRRI > BPII >
FRDCS.
Tabela 11: Prioridade dos Resultados em Relação aos Métodos em Análise
Metodologia Prioridade (%)
RRP 45,044
PRRI 24,596
BPPI 18,429
FRDCS 11,931
Fonte: Autores (2016)
Por fim, foi realizada uma análise global dos pesos relativos dos critérios em relação
ao objetivo. Para os critérios de seleção da metodologia de medição de retrabalho, o critério
resultado foi considerado o mais importante, com 43,462%. Os demais critérios foram
priorizados da seguinte forma, em ordem decrescente: abrangência com 22,880%, operação
do sistema com 11,653%, implantação com 10,249%, custos com 7,072%, e entrada de dados
com 4,685%. Portanto, a priorização dos critérios conforme a AHP é: Resultados >
Abrangência > Operação do Sistema > Implantação > Custos > Entrada de Dados.
Tabela 12: Prioridade dos Resultados em Relação aos Critérios
Critério Prioridade (%)
Resultados 43,462
Abrangência 22,880
Operação do Sistema 11,653
Implantação 10,249
Custos 7,072
Entrada de Dados 4,685
Fonte: Autor (2016)
60
5. CONCLUSÃO E SUGESTÃO PARA ESTUDOS FUTUROS
5.1. CONCLUSÕES
A aplicação da metodologia multicritério AHP proporcionou uma análise detalhada
dos métodos de mensuração de retrabalho levantados na revisão bibliográfica. Esta análise
identificou o método Rework Reduction Program como o mais eficiente para o setor de
montagem industrial.
Em um momento inicial, foi realizada uma triagem das principais metodologias de
mensuração de retrabalho aplicadas no setor. Este assunto é amplamente estudado por
diversos especialistas de diferentes países, refletindo a importância do assunto e a
complexidade presente na mensuração do retrabalho.
Após a realização da triagem, as seguintes metodologias foram selecionadas:
Measuring and Classifying Construction Field Rework (Fayek et al, 2003), metodologia do
COAA (2006), Reduction Rework Program do CII (2011) e Best Productivity Practices
Implementation Index do CII (2013). Para tornar possível uma comparação das diferentes
metodologias, foi necessário estabelecer critérios de análise e consultar especialistas no
assunto para a obtenção de opiniões acerca desses critérios.
A comparação foi realizada por meio do método multicritério AHP, considerado como
o mais indicado pela bibliografia levantada pelo estudo. Este método permitiu que fosse
realizada uma análise confiável das metodologias previamente apresentadas, com a
possibilidade de identificar eventuais incoerências nos critérios e nos julgamentos dos
especialistas.
É importante ressaltar a importância dos especialistas para a realização deste estudo.
Os mesmos contribuíram diretamente para a definição dos critérios de comparação e para a
coleta dos dados necessários para a utilização do método AHP.
Outro fator de grande relevância para o estudo é o software Superdecision. Esta
ferramenta apresenta um alto grau de confiança e eficiência na realização de análises
envolvendo o método AHP, permitindo a verificação de inconsistências tanto nas informações
fornecidas quanto nos resultados obtidos.
Por fim, a metodologia Reduction Rework Program (CII) foi indicada como a melhor
alternativa. Segundo análises individuais de cada critério realizadas pelo software
Superdecision, esta metodologia é a mais indicada em relação a abrangência, implantação e
61
resultados; sendo que os atributos abrangência e resultados são considerados os mais
importantes, dentre os demais atributos utilizados. Finalmente, pode ser afirmado que o
objetivo principal e secundários que nortearam este trabalho foram alcançados.
5.2. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Como sugestão para a realização de estudos futuros sobre o tema analisado,
recomenda-se a realização de uma coleta de dados utilizando uma amostra maior. Neste
trabalho, foram entrevistados cinco especialistas no setor de montagem industrial e três
pesquisadores acadêmicos. No entanto, o tamanho amostral utilizado não é grande o
suficiente para permitir conclusões decisivas sobre o assunto.
Outra sugestão seria a realização de testes práticos utilizando a metodologia escolhida
em setores de montagem industrial de diferentes empresas. Estes testes permitiriam uma
conferência da veracidade dos resultados obtidos, proporcionando maior confiança aos
resultados obtidos. Desta forma, seria possível identificar eventuais falhas no estudo e
consequentemente as reformulações necessárias para se realizar uma análise mais confiável
das metodologias disponíveis.
Além disso, seria interessante realizar um levantamento das variações do método AHP
que estão sendo discutidas no meio acadêmico, a fim de identificar possíveis oportunidades de
melhoria na acurácia deste método de análise multicritério.
62
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67
ANEXOS
ANEXO I – Questionário
A) DADOS REFERENTE AO PESQUISADO
Nome: _______________________________________________________________
Idade (anos): __________________________________________________________
Profissão:_____________________________________________________________
Gênero: ______________________________________________________________
B) ESCALA DE JULGAMENTO:
Tabela 1: Escala Fundamental de Saaty
1 Igual importância As duas atividades contribuem
igualmente para o objetivo.
3 Importância pequena de uma
sobre a outra
A experiência ou juízo favorece
levemente uma atividade em relação à
outra.
5 Importância grande ou
essencial
A experiência ou juízo favorece
fortemente uma atividade em relação à
outra.
7 Importância muito grande ou
demonstrada
Uma atividade é muito fortemente
favorecida em relação à outra. Pode
ser demonstrada na prática.
9 Importância absoluta
A evidência favorece uma atividade
em relação à outra, com o mais alto
grau de segurança.
2,4,6,8 Valores Intermediários Quando se procura uma condição de
compromisso entre duas definições.
Fonte: Adaptado de SAATY, Thomas (1986, p. 843).
68
C) MARQUE COM “X” AS COMPARAÇÕES CONFORME A ESCALA ANTERIOR.
Parte 1: Julgamento (comparação “par a par” ) entre os Critérios/ Fatores em relação ao
Método.
Método 1: Rework Reduction Program RRP 1 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Custos
2 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Entrada de Dados
3 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Implantação
4 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Operação do
Sistema
5 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
6 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Entrada de Dados
7 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Implantação
8 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Operação do
Sistema
9 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
10 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Implantação
11 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Operação do
Sistema
12 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Resultados
13 Implantação 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Operação do
Sistema
14 Implantação 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Resultados
15 Operação do
Sistema
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
Método 2: Best Productivity Practices Implementation Index BPPII 1 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Custos
2 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Entrada de Dados
3 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Implantação
4 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Operação do
Sistema
5 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
6 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Entrada de Dados
7 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Implantação
8 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Operação do
Sistema
9 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Resultados
10 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Implantação
11 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Operação do Sistema
12 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
13 Implantação 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Operação do Sistema
14 Implantação 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
15 Operação do Sistema
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Resultados
69
Método 3: Project Rework Reduction Index PRRI 1 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Custos
2 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Entrada de Dados
3 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Implantação
4 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Operação do
Sistema
5 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
6 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Entrada de Dados
7 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Implantação
8 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Operação do
Sistema
9 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Resultados
10 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Implantação
11 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Operação do Sistema
12 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
13 Implantação 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Operação do Sistema
14 Implantação 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
15 Operação do Sistema
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Resultados
Método 4: Field Rework Data Collection System FRDCS 1 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Custos
2 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Entrada de Dados
3 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Implantação
4 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Operação do Sistema
5 Abrangência 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
6 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Entrada de Dados
7 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Implantação
8 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Operação do Sistema
9 Custos 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
10 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Implantação
11 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Operação do
Sistema
12 Entrada de Dados 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Resultados
13 Implantação 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Operação do
Sistema
14 Implantação 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Resultados
15 Operação do
Sistema
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não
compara
Resultados
70
Parte 2: Julgamento (comparação “par a par” ) entre os Métodos em relação aos Critérios ou
Fatores:
1) Implantação: 1 Best Productivity
Practices Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Field Rework
Data Collection System
2 Best Productivity Practices
Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não compara
Project Rework Reduction Index
3 Best Productivity
Practices
Implementation Index BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction
Program
4 Field Rework Data
Collection System 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Project Rework
Reduction Index
5 Field Rework Data Collection System 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não compara
Rework Reduction
Program
6 Project Rework
Reduction Index 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction Program
2) Entrada de Dados: 1 Best Productivity
Practices
Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Field Rework
Data Collection
System
2 Best Productivity
Practices Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Project Rework
Reduction Index
3 Best Productivity Practices
Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não compara
Rework Reduction
Program
4 Field Rework Data Collection System
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Project Rework Reduction Index
5 Field Rework Data
Collection System 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction Program
6 Project Rework
Reduction Index 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction
Program
3) Operação dos Sistemas: 1 Best Productivity
Practices
Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não compara
Field Rework Data Collection
System
2 Best Productivity
Practices
Implementation Index BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Project Rework
Reduction Index
3 Best Productivity
Practices Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction Program
4 Field Rework Data 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não Project Rework
71
Collection System compara Reduction Index
5 Field Rework Data Collection System 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não compara
Rework Reduction
Program
6 Project Rework
Reduction Index 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction Program
4) Abrangência: 1 Best Productivity
Practices Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Field Rework
Data Collection System
2 Best Productivity
Practices
Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Project Rework
Reduction Index
3 Best Productivity Practices
Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não compara
Rework Reduction
Program
4 Field Rework Data Collection System
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Project Rework Reduction Index
5 Field Rework Data
Collection System 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction Program
6 Project Rework
Reduction Index 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction
Program
5) Custos: 1 Best Productivity
Practices
Implementation Index BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Field Rework
Data Collection
System
2 Best Productivity
Practices
Implementation Index BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Project Rework
Reduction Index
3 Best Productivity
Practices Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction Program
4 Field Rework Data
Collection System 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Project Rework
Reduction Index
5 Field Rework Data
Collection System 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction
Program
6 Project Rework
Reduction Index 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction
Program
72
6) Resultados: 1 Best Productivity
Practices Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Field Rework
Data Collection System
2 Best Productivity Practices
Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não compara
Project Rework Reduction Index
3 Best Productivity Practices
Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não compara
Rework Reduction
Program
4 Field Rework Data
Collection System 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Project Rework
Reduction Index
5 Field Rework Data Collection System 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não compara
Rework Reduction
Program
6 Project Rework
Reduction Index 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction Program
Parte 3: Julgamento (comparação “par a par”) entre os Métodos:
1 Best Productivity
Practices
Implementation Index BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Field Rework
Data Collection
System
2 Best Productivity
Practices Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Project Rework
Reduction Index
3 Best Productivity
Practices Implementation Index
BPPII
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction Program
4 Field Rework Data Collection System
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Não compara
Project Rework Reduction Index
5 Field Rework Data
Collection System 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction Program
6 Project Rework
Reduction Index 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não
compara
Rework
Reduction
Program
Observações do Pesquisado:
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