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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO MODULAÇÃO AUTONÔMICA E CARACTERÍSTICAS MORFOFUNCIONAIS CARDÍACAS DE ATLETAS FISICULTURISTAS EM USO DE ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS. Octávio Barbosa Neto Uberaba – MG Setembro 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

MODULAÇÃO AUTONÔMICA E CARACTERÍSTICAS MORFOFUNCION AIS

CARDÍACAS DE ATLETAS FISICULTURISTAS EM USO DE ESTE RÓIDES

ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS.

Octávio Barbosa Neto

Uberaba – MG Setembro 2010

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OCTÁVIO BARBOSA NETO

MODULAÇÃO AUTONÔMICA E CARACTERÍSTICAS MORFOFUNCION AIS

CARDÍACAS DE ATLETAS FISICULTURISTAS EM USO DE ESTE RÓIDES

ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS.

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Patologia, área de concentração “Patologia Geral”, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para obtenção do Título de Doutor em Patologia.

Orientador: Prof. Dr. Valdo José Dias da Silva.

Uberaba, MG Setembro, 2010

OCTÁVIO BARBOSA NETO

MODULAÇÃO AUTONÔMICA E CARACTERÍSTICAS

MORFOFUNCIONAIS CARDÍACAS DE ATLETAS

FISICULTURISTAS EM USO DE ESTERÓIDES

ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS.

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Patologia da Universidade Federal

do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para obtenção do Título de Doutor.

Área de concentração: Patologia Geral.

Uberaba, 17 de Setembro de 2010

Banca Examinadora

Nome: Valdo José Dias da Silva.

Titulação: Doutorado.

Assinatura:

Instituição: Departamento de Ciências Biológicas – UFTM – Uberaba/MG.

Nome: Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz.

Titulação: Doutorado.

Assinatura:

Instituição: Escola de Educação Física e Esporte – USP – São Paulo/SP.

Nome: José Hamilton Matheus Nascimento.

Titulação: Doutorado.

Assinatura:

Instituição: Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho – UFRJ – Rio de Janeiro/RJ.

Nome: Nádia Carla Cheik

Titulação: Doutorado.

Assinatura:

Instituição: Faculdade de Educação Física – UFU – Uberlândia/MG.

Nome: Fábio Lera Orsatti.

Titulação: Doutorado.

Assinatura:

Instituição: Curso de Educação Física – UFTM – Uberaba/MG.

Catalogação na fonte: Biblioteca da Universidade Federal do Triângulo Mineiro

B21m Barbosa Neto, Octávio Modulação autonômica e características morfofuncionais cardíacas de atletas fisiculturistas em uso d esteróides anabólicos androgênicos / Octávio Barbosa Neto. - - 2010. 154f. : tab. : graf. : fig. Tese (Doutorado em Patologia Geral) – Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, 2010. Orientador: Prof. Dr. Valdo José Dias da Silva. 1. Cardiopatias. 2. Esteróides Anabólicos. 3. Frequência Cardíaca. 4. Treinamento de resistência. I. Título. II. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. III. Silva, Valdo José Dias da. CDU 616.12

DEDICATÓRIA

Dedicatória

Doutorado Octávio Barbosa Neto

Dedico este trabalho...

Primeiramente ao Deus Pai todo poderoso. Por me permitir acordar a cada novo dia de

muitas bênçãos; pelo pleno funcionamento do meu corpo físico, mental, espiritual e

emocional. Pelo dom da vida e por me abrir os caminhos até o presente momento.

Aos meus queridos pais Silvio e Maria Guaraciaba, pelo amor, dedicação e incentivo,

por não medirem esforços para a minha educação pessoal e formação profissional. Amo

vocês.

Aos meus irmãos Marco e Silvia, pelo companheirismo, ternura e pelo simples fato de

serem o que são.

A minha eterna amada Sueli, pois diante do amor e carinho de sua existência,

convívio, não me permito omiti-la, mas sim lhe dedicar meu afeto e protestos de

reconhecimento e amor.

Ao meu cunhado Beto, pela alegria que compartilhamos a vida.

A minha sobrinha Lahanne, por ser sempre amável e meiga, pela paciência de me

escutar e conversar.

Ao meu incansável afilhado Luquinhas, por sua graça, ingenuidade e por conseguir me

tirar sorrisos em momentos que jamais pensaria em fazê-lo.

A todos meus familiares e amigos, que compartilham todas as minhas conquistas e

desilusões.

Aos sempre queridos amigos que me ajudaram e aos infortúnios que me desafiaram.

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos

Doutorado Octávio Barbosa Neto

Todo trabalho de doutorado para ser realizado envolve um grande número de pessoas,

a execução deste não ocorreu de forma diferente. Portanto, só tenho que agradecer a todos que

me querem bem. Especialmente, àqueles que me apoiaram, me ajudando, na concretização

desse sonho.

Ao Prof. Dr. Valdo José Dias da Silva, meu orientador, pela pessoa humana que é.

Pela capacidade de nos conduzir e despertar à vontade de novas descobertas científicas. Por

ter a serenidade e disponibilidade de me orientar neste trabalho e também por acreditar na

minha capacidade e dedicação.

Aos professores Luiz Carlos, Edson, Aldo e Simone, pelo convívio e pelo apoio, que

resultaram em valiosos ensinamentos.

Aos professores Vicente e Marlene, pelos conselhos e respeito para com seus alunos.

Ao amigo Monó, pela ajuda, amizade e apoio em todos os momentos de minha

trajetória acadêmica.

Ao amigo Ricardo Alexandre, companheiro de profissão, pela paciência de escutar os

desabafos nos momentos críticos dessa jornada e por ter me auxiliado nesta tese.

Aos grandes amigos Marcus Paulo, Igor e Lucas, companheiros desta incansável

jornada que é a ciência. Em especial ao Lucas, que me auxiliou nas coletas de dados deste

trabalho.

A minha grande amiga Elisabete Nogueira, por compartilhar minhas angústias e

insatisfações.

Aos Cardiologistas, Dr. Luiz Pertili, Dr. Marco Antônio e Dr. Oswaldo, pelo auxílio

nas análises e realização dos exames cardiológicos.

À endocrinologista, Dra. Elisabete Mantovani, pelo auxílio nos exames hormonais.

Agradecimentos

Doutorado Octávio Barbosa Neto

Ao Marquinhos, técnico de laboratório que me ajudou nas coletas de sangue deste

estudo.

Aos amigos de laboratório Margareth, Ana Maria, Donizete, Glauco, Isabel e Fausto,

pela presteza, amizade e auxílio no convívio diário.

A companheira e bibliotecária Bete Perez, apesar do pouco tempo de convívio, me

transmitiu muita paz e sabedoria.

A todos os companheiros do laboratório de Fisiologia, por estarem sempre dispostos a

ajudar.

EPÍGRAFE

"Deus nos concede, a cada dia, uma página de

vida nova no livro do tempo. Aquilo que

colocarmos nela, corre por nossa conta."

Chico Xavier.

RESUMO

RESUMO

Doutorado Octávio Barbosa Neto

A administração crônica de esteróides anabólicos androgênicos (EAA) tem sido

utilizada de forma indiscriminada para melhorar a performance atlética. No entanto, existem indícios de que tal prática pode trazer malefícios ao sistema cardiovascular, favorecendo o acometimento de ocorrências fatais. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo investigar as alterações autonômicas e morfofuncionais cardíacas em atletas fisiculturistas usuários EAA. Quarenta e cinco homens com 29,8 ± 0,5 anos de idade participaram voluntariamente deste estudo e foram separados em três grupos: sedentários controles (SED, n=15), fisiculturistas usuários (FUE, n=15) e não usuários de EAA (FNE, n=15). Foram avaliadas características antropométricas, composição corporal e perfil hormonal, além dos parâmetros de frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA) sistólica (PAS) e diastólica (PAD), duplo produto (DP), variabilidade da FC (VFC) no domínio do tempo (DT) e da frequência (DF), cálculo de entropias e dinâmica não linear simbólica em repouso e durante a manobra postural ativa, bem como análises eletrocardiográficas (ECG) e ecocardiográficas em repouso. Para todas as análises estatísticas utilizou-se a significância α = 0,05. Verificamos maior peso corporal e índice de massa corpórea (IMC) em fisiculturistas usuários de EAA quando comparados aos demais grupos. Indivíduos que não realizam atividades físicas, entretanto, possuem maiores percentuais de gordura, menores índices de massa muscular e diâmetros antropométricos em comparação a ambos os grupos de atletas. Os hormônios luteinizante (LH), folículo estimulante (FSH) e sulfato de desidroepiandosterona (DHEA-S) se encontram reduzidos em usuários de anabolizantes. Por outro lado, as concentrações plasmáticas de testosterona e estradiol (E2) foram superiores no grupo FUE em relação aos FNE e SED. Atletas que fazem uso abusivo de esteróides possuem elevados níveis basais de PAS, PAD e DP quando confrontados aos não usuários e sedentários. Os resultados da VFC, tanto no DF como na análise simbólica, demonstraram que o grupo usuário apresenta uma maior modulação simpática e uma menor modulação parassimpática em repouso em comparação aos demais grupos. Após o teste ortostático, todavia, constatamos uma menor amplitude de resposta da FC, PAS, PAD e DP no grupo FUE em relação aos FNE e SED. Esta atenuação de resposta ao teste tilt também foi evidenciada na modulação simpática através da análise espectral e dinâmica não linear simbólica nesses indivíduos. A massa ventricular esquerda (MVE), bem como seu índice (iMVE) e o volume diastólico final (VDF), foram maiores nos grupos de esportistas do que nos sedentários. Contudo, a MVE, o iMVE, as espessuras da parede posterior (EPPd), do septo interventricular (ESd) e a espessura relativa do VE no final da diástole foram significativamente maiores no grupo FUE em relação aos não usuários e sedentários. Os valores corrigidos do intervalo QT (iQTc) e da dispersão do iQT (DQTc) se encontram superiores no grupo FUE em comparação aos SED. Atletas usuários de anabolizantes apresentaram um desvio do eixo elétrico frontal do QRS para a esquerda em comparação aos demais voluntários. Nossos resultados sugerem que atletas usuários de EAA possuem uma disautonomia cardiovascular, o que pode constituir um importante mecanismo através do qual o abuso de EAA seja associado ao aumento no risco cardiovascular, com maior suscetibilidade à ocorrência de morte súbita. Em adição, as alterações estruturais e funcionais da musculatura cardíaca decorrentes do uso de anabolizantes, por efeitos diretos e/ou indiretos constatadas neste estudo, podem provocar e perpetuar doenças cardiovasculares. Portanto, o uso indiscriminado destas drogas pode aumentar o risco de morte entre seus usuários. Palavras-chave: Análise não linear simbólica, esteróides anabólicos androgênicos, modulação autonômica cardiovascular, treinamento resistido e variabilidade da frequência cardíaca.

ABSTRACT

ABSTRACT

Doutorado Octávio Barbosa Neto

The chronic administration of anabolic androgenic steroids (AAS) has been used

indiscriminately in order to improve athletic performance. However, there are indications that this practice may cause damage to the cardiovascular system, increasing the risk of fatal events. Thus, the aim of the present study was to investigate the autonomic and morphofunctional cardiac alterations on bodybuilders AAS users. Forty-five male with 29.8 ± 0.5 years-old participated voluntarily of this study and were separated in three groups: sedentary subjects controls (SE, n=15), bodybuilders AAS users (SU, n=15) and AAS nonusers (SN, n=15). We evaluated anthropometric characteristics, physical composition, hormonal profile, heart rate (HR), systolic (SAP) and diastolic (DAP) arterial pressure, rate pressure product (RRP), as well as time (TD) and frequency (FD) domain parameters and Shannon’s entropy and symbolic nonlinear dynamic parameters of HR variability (HRV) in resting and during the active postural maneuver and electrocardiographic (ECG) and echocardiographic data at rest. For all statistical analysis we used the significance α = 0.05. We found higher body weight and body mass index (BMI) in bodybuilders AAS users when compared to the others groups. Subjects that do not practice physical activities, however, have a bigger percentage of fat, less muscular mass index and anthropometric diameters in comparison to both groups of athletes. The Luteinizing hormone (LH), follicle stimulating hormone (FSH) and dehidroepiandrosterona sulfate (DHEA-S) are reduced in AAS users. On the other hand, the plasma concentration of testosterone and estradiol (E2) were higher in the SU group in relation to SN and SE groups. Athletes making abusive use of steroids presented elevated baseline levels of SAP, DAP and RRP when confronted to AAS nonusers and sedentary. The HRV parameters for both FD and symbolic analysis demonstrated that the users group showed a higher sympathetic modulation and a lower parasympathetic modulation is resting in comparison of the others groups. After the orthostatic test, however, we noted a lesser response of HR, SAP, DAP and RRP as well as the sympathetic modulation measured by means of spectral analysis and symbolic nonlinear dynamic in SU groups in relation to SN and SE groups. The left ventricular mass (LVM), as well as the LVM index and LV end-diastolic volume was higher in trained groups than sedentary group. Furthermore, the LVM, LVM index, the LV posterior wall thickness, the interventricular septal thickness and the thickness relative of LV in end-diastolic were significantly higher in the user group in relation to nonusers and sedentary. The corrected values of QT interval (cQT) and QT interval dispersion (cQTD) were higher in SU group in comparison to the sedentary. AAS users presented a shift of QRS electrical axis towards to the left in comparison to the non users and sedentary volunteers. Our results suggested that AAS users had a marked autonomic dysfunction, which may constitute an important mechanism linking AAS abuse to increased cardiovascular risk. In addition, the structural and functional alterations of the cardiac musculature resulting from the use of anabolic steroids, by direct and/or indirect effects, could provoke and perpetuate cardiovascular diseases. Therefore, the increased cardiovascular risk associated to indiscriminated use of AAS could be ascribed at least partially to the cardiac autonomic dysfunction.

Keywords: Nonlinear symbolic analysis, anabolic androgenic steroids, cardiovascular autonomic modulation, resistance training and heart rate variability.

SUMÁRIO

SUMÁRIO

Doutorado Octávio Barbosa Neto

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................27

1.1 Histórico dos esteróides anabólicos e sua incidência .........................................................29

1.2 Hormônios esteróides e EAA .............................................................................................34

1.3 Efeitos adversos dos EAA ..................................................................................................43

1.4 Efeitos dos EAA no sistema nervoso autônomo ................................................................50

1.5 Análises da modulação autonômica cardíaca .....................................................................52

2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................59

3 HIPÓTESE ............................................................................................................................61

4 OBJETIVOS..........................................................................................................................63

4.1 Geral ...................................................................................................................................63

4.2 Específicos..........................................................................................................................63

5 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................65

5.1 Sujeitos ...............................................................................................................................65

5.2 Anamnese ...........................................................................................................................66

5.3 Procedimentos experimentais .............................................................................................67

5.4 Exames físicos e parâmetros hemodinâmicos ....................................................................67

5.5 Antropometria e composição corporal ...............................................................................68

5.6 Variabilidade da frequência cardíaca .................................................................................68

5.7 Análise simbólica ...............................................................................................................70

5.8 Manobra postural ativa .......................................................................................................75

5.9 Estudos Eletrocardiográficos e Ecocardiográficos.............................................................75

5.10 Avaliação hormonal..........................................................................................................77

5.11 Análise estatística .............................................................................................................77

6 RESULTADOS .....................................................................................................................80

6.1 Composição corporal e características antropométricas.....................................................80

6.2 Histórico esportivo e padrões de uso dos EAA ..................................................................82

6.3 Avaliação hormonal............................................................................................................84

6.4 Parâmetros hemodinâmicos em repouso e após manobra postural ativa............................87

6.5 VFC da cardíaca em repouso e após manobra postural ativa .............................................92

6.6 Análise simbólica ...............................................................................................................94

6.7 Estudo ecocardiográfico .....................................................................................................96

6.8 Parâmetros eletrocardiográficos .........................................................................................98

7 DISCUSSÃO.......................................................................................................................103

8 CONCLUSÕES...................................................................................................................125

9 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................127

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

Doutorado Octávio Barbosa Neto

∆% Delta da porcentagem de diferença após o teste tilt

0V Padrão sem variação da análise simbólica

1V Padrão com uma variação da análise simbólica

2VD Padrão com duas variações diferentes da análise simbólica

2VS Padrão com duas variações similares da análise simbólica

5α-DHT Hormônio 5α dihidrotestosterona

5β-DHT Hormônio 5β dihidrotestosterona

Ach Neurotransmissor Acetilcolina

ACTH Hormônio Adrenocorticotrópico

AG Ácido Graxo

AMPc Adenosina Monofosfato Cíclico

BHE Barreira Hemato-Encefálica

bpm Batimentos Por Minuto

CEBRID Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas

CRH Hormônio Liberador da Corticotropina

CT Cipionato de Testosterona

DC Débito Cardíaco

DdVE Diâmetro Diastólico do Ventrículo Esquerdo

DECA Decadurabolin

DF Domínio da Frequência

DHEA Desidroepiandosterona

DHEA-S Sulfato de Desidroepiandosterona

DHT Dihidrotestosterona

DM-2 Diabetes Mellitus do Tipo 2

DN Decanoato de Nandrolona

DNA Ácido Desoxirribonucleico

DQT Dispersão do intervalo QT

DQTc Dispersão do intervalo QT corrigido

DsVE Diâmetro Sistólico do Ventrículo Esquerdo

DT Domínio do Tempo

Lista de Siglas e Abreviaturas

Doutorado Octávio Barbosa Neto

E2 Hormônio Estradiol

EAA Esteróides Anabólicos Androgênicos

ECG Eletrocardiograma

EPPd Espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo

ES Entropia de Shannon

ESd Espessura do Septo Interventricular

FC Frequência cardíaca

FE Fração de Ejeção

FFT Transformação Rápida de Fourier

FNE Grupo de Fisiculturistas não usuários de esteróides

FSH Hormônio Folículo Estimulante

FUE Grupo de Fisiculturistas usuários de esteróides

GC Enzima Guanilato Ciclase

GMPc Guanosina Monofosfato Cíclica

GnRH Hormônio Liberador de Gonadotrofina

HC Hipertrofia Cardíaca

HDL Lipoproteína de Alta Densidade

HF Componente de alta Frequência

HFnu Componente de alta Frequência Normalizado

HTGL Enzima Lípase Triglicerídica Hepática

HVE Hipertrofia Ventricular Esquerda

Hz Hertz

IAM Infarto Agudo do Miocárdio

IC Insuficiência Cardíaca

IGF-I Insulin-Like Growth Factor-I

IMC Índice de Massa Corpórea

iMVE Índice de Massa Ventricular Esquerda

iQT Intervalo QT

iQTc Intervalo QT corrigido

iRR Intervalo das ondas R

ISL Índice de Sokolow-Lyon

LDL Lipoproteína de Baixa Densidade

LF Componente de baixa Frequência

Lista de Siglas e Abreviaturas

Doutorado Octávio Barbosa Neto

LF/HF Relação LF/HF

LFnu Componente de baixa Frequência normalizado

LH Hormônio Luteinizante

mmHg Milímetros de Mercúrio

NEP Hormônio Norepinefrina

NIDA National Institute on Drug Abuse

NO Óxido Nítrico

NOe Óxido Nítrico Endotelial

NOS Óxido Nítrico Sintase

NPS Nitroprussiato de Sódio

OXL Oximetolona

PA Pressão Arterial

PAD Pressão Arterial Diastólica

PAS Pressão Arterial Sistólica

PT Propionato de Testosterona

PVN Núcleo Paraventricular

RNAm Ácido Ribonucléico Mensageiro

RPT Resistência Periférica Total

RVP Resistência Vascular Periférica

SED Grupo Sedentário

SNA Sistema Nervoso Autônomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpático

SNS Sistema Nervoso Simpático

SRA Sistema Renina Angiotensina

STZ Estanazolol

VDF Volume Diastólico Final

VE Ventrículo Esquerdo

VFC Variabilidade de Frequência Cardíaca

VLDL Lipoproteína de Muito Baixa Densidade

VLF Componente de Muito Baixa Frequência

VS Volume Sistólico

VSF Volume Sistólico Final

LISTA DE FIGURAS

Lista de Figuras

Figura 1: Biossíntese e metabolismo dos esteróides endógenos.. ...........................................35

Figura 2: Perfil espectral de uma série temporal de intervalos RR de um ser humano

saudável.. ..................................................................................................................................56

Figura 3: Ilustração sintética do método da análise simbólica................................................71

Figura 4: Exemplos de padrões para categoria 0V, 1V, 2VS e 2VD.. ....................................72

Figura 5: Descrição dos processos para detecção dos padrões determinísticos frequentes

(FPDs).......................................................................................................................................74

Figura 6: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio luteinizante (LH) entre

sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ..84

Figura 7: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio folículo estimulante

(FSH) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de

EAA (FUE)...............................................................................................................................85

Figura 8: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio sulfato de

desidroepiandosterona (DHEA-S) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não

usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ..............................................................................85

Figura 9: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos de testosterona total entre os

sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ..86

Figura 10: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio Estradiol (E2) entre

os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).

..................................................................................................................................................86

Figura 11: Valores médios (±epm) dos níveis basais da pressão arterial sistólica (PAS) entre

sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ..87

Figura 12: Valores médios (±epm) dos níveis basais da pressão arterial diastólica (PAD)

entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA

(FUE). .......................................................................................................................................88

Figura 13: Valores médios (±epm) da frequência cardíaca (FC) de repouso entre os

sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ..88

Figura 14: Valores médios (±epm) do duplo produto (DP) entre os sedentários controles

(SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)......................................89

Figura 15: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) na pressão

arterial sistólica (PAS) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários

(FNE) e usuários de EAA (FUE)..............................................................................................90

Lista de Figuras

Figura 16: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) na pressão

arterial diastólica (PAD) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários

(FNE) e usuários de EAA (FUE)..............................................................................................90

Figura 17: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) na

frequência cardíaca (FC) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários

(FNE) e usuários de EAA (FUE)..............................................................................................91

Figura 18: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) no duplo

produto (DP) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e

usuários de EAA (FUE)............................................................................................................91

Figura 19: Valores médios (±epm) do índice de massa ventricular esquerda (iMVE) obtido

pela divisão da MVE pela área da superfície corporal entre os sedentários controles (SED),

fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). .................................................97

Figura 20: Valores médios (±epm) da espessura relativa do VE definida pela soma das EPPd

e ESd do VE em relação à DdVE entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não

usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ..............................................................................98

Figura 21: Valores médios (±epm) da dispersão QT entre os sedentários controles (SED),

fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ...............................................100

Figura 22: Valores médios (±epm) da dispersão do QT corrigido (DQTc) entre os sedentários

controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ...................100

Figura 23: Valores médios (±epm) do índice de Sokolow-Lyon (ISL) entre os sedentários

controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ...................101

LISTA DE TABELAS

LISTA DE TABELAS

Doutorado Octávio Barbosa Neto

Tabela 1: Lista dos EAA mais consumidos nos EUA (National Institute on Drug Abuse-

NIDA), 2001.............................................................................................................................33

Tabela 2: Valores médios da idade e da composição corporal dos grupos sedentários

controles (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA

(FUE). .......................................................................................................................................81

Tabela 3: Valores médios das características antropométricas dos grupos sedentários

controles (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA

(FUE). .......................................................................................................................................81

Tabela 4: Valores referentes aos dados do histórico esportivo obtidos na anamnese dos

grupos fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). .....................................82

Tabela 5: Tipo e período de uso dos Esteróides Anabólicos Androgênicos (EAA) por

fisiculturistas.............................................................................................................................83

Tabela 6: Valores médios associados à VFC no domínio do tempo (DT) e da frequência (DF)

em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas

usuários de EAA (FUE) em repouso. .......................................................................................93

Tabela 7: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) na VFC em

voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas

usuários de EAA (FUE)............................................................................................................93

Tabela 8: Valores médios de complexidade da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e

da análise simbólica em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA

(FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE) em repouso. ..................................................95

Tabela 9: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) da

complexidade da VFC e da análise simbólica em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas

não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE). ...................................95

Tabela 10: Valores médios das varáveis do estudo ecocardiográfico bidimensional em

voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas

usuários de EAA (FUE)............................................................................................................97

Tabela 11: Valores médios dos parâmetros eletrocardiográficos em voluntários sedentários

(SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE). 99

INTRODUÇÃO

Doutorado Octávio Barbosa Neto

27

1 INTRODUÇÃO

Considerada como um dos mais eficientes meios de promoção a saúde, a atividade

física vem atraindo cada vez mais jovens a frequentarem centros esportivos e academias de

ginástica com propósito de buscarem através do culto ao corpo, suas realizações pessoais.

Além do mais, a cada ano os níveis de capacidade dos atletas em vários esportes vêm

melhorando. Os recordes atléticos atingem novas marcas, e as margens entre o sucesso e o

fracasso no mundo do esporte tornam-se cada vez mais estreitas. Na busca interminável pela

glória, atletas e praticantes de atividade física frequentemente desejam testar qualquer

substância para melhorar seu desempenho e aporte físico. Muitas substâncias ou fenômenos

que melhoram tais aspectos são denominados auxílios ergogênicos (Bemben, 2005).

Dentre esses recursos, estão os esteróides anabólicos androgênicos (EAA), que além

de ofuscar o brilho do esporte vêm colocando em risco a saúde de muitos atletas e esportistas.

Neste contexto, os EAA são os instrumentos para a realização do presente estudo já que seu

uso indiscriminado está muito difundido no mundo esportivo.

O uso exógeno de drogas com intuito de melhorar o desempenho físico e para fins

estéticos tem sido um achado constante em academias de todo mundo (Aquino Neto, 2001).

Os EAA tornaram-se com o passar de vários anos, um método particular na tentativa de

aumentar a força, a massa muscular e o desempenho atlético. São usados principalmente por

classes de atletas mundiais de competitividade, halterofilistas ou atletas que desejam melhorar

a aparência corporal buscando continuamente ultrapassar seus rivais (LaBree, 1991; Miles et

al., 1992, Labre, 2002). No entanto, o uso de drogas para melhorar a performance não é

restrito somente à elite atlética; sendo também uma prática crescente entre muitos

adolescentes praticantes de atividades físicas, principalmente em academias ou centros de

treinamento físico, que usam EAA na ilusão de adquirir “o corpo ideal”.

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

28

O abuso de esteróides anabolizantes ocorre também entre fisiculturistas não-

competitivos ou não atletas (Kam, Yarrow, 2005). O desejo de melhorar a aparência física

tem se mostrado o maior motivo para o uso de EAA, o que contrasta com as razões citadas

por atletas, os quais visam melhor desempenho esportivo (Yesalis et al., 1989; Tanner et al.,

1995). Evidências recentes também sugerem que os EAA estão entre as três drogas mais

oferecidas para crianças no Reino Unido (Dawson, 2001). Esta conduta tem favorecido o uso

indiscriminado e abusivo destes esteróides, podendo expor seus usuários a riscos de saúde.

Segundo Yap et al. (1996), o uso de EAA associados à prática desportiva sempre

esteve cercado de enigmas acerca de seus benefícios e consequências. Em contraste aos

efeitos benéficos observados como resposta ao treinamento físico, principalmente o aeróbio,

diversos estudos vêm demonstrando uma grande associação do uso de EAA com alterações

e/ou adaptações no sistema cardiovascular, tais como hipertrofia cardíaca, prejuízo no fluxo

coronário e perfusão miocárdica, estímulo do sistema nervoso simpático (SNS), prejuízo na

vasodilatação dependente do endotélio, além de associação com patologias como infarto

agudo do miocárdio (IAM) e aterosclerose (Tagarakis et al., 2000; Woodiwiss et al., 2000;

Urhausen et al., 2004.).

Envolvidos no cuidado da saúde de esportistas, médicos, fisiologistas e preparadores

físicos determinam o estado de saúde e a capacidade de treinar destes através de exames

físicos. Enquanto praticantes de atividades físicas e atletas tendem a ver estas avaliações

como uma mera formalidade, os profissionais de saúde valorizam tais procedimentos como

uma intervenção importante na qual possibilita a execução segura de atividades esportivas

(Carvalho et al., 1996). Dentre os exames físicos, a avaliação cardiológica tem grande

importância, já que doenças cardiovasculares respondem por mais de 95% das causas de

morte súbita em atletas jovens (Fletcher, 1999). Apesar de rara, a morte súbita em atletas,

especialmente nos jovens, sempre causa um grande impacto onde quer que ocorra, tanto pela

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

29

grande repercussão na mídia quanto pela perplexidade que acomete a população devido à

visão geral de que indivíduos treinados constituem o segmento mais saudável da sociedade

(Dyment, 1996).

Portanto, estudos avaliando o potencial efeito do uso indiscriminado de esteróides

anabolizantes necessitam ser cada vez mais desenvolvidos e principalmente divulgados à

população, para que a mesma tenha total esclarecimento dos possíveis efeitos colaterais

causados pelo uso destes recursos, reforçando o aumentado risco de desenvolvimento de

doenças cardiovasculares e morte cardíaca súbita em seus usuários.

1.1 Histórico dos esteróides anabólicos e sua incidência

Desde tempos remotos, a necessidade de ser superior ao seu semelhante e garantir uma

posição de respeito dentro do convívio social fez o homem valorizar de forma extrema a

aparência física e o tamanho corporal. Quem alcançasse determinado perfil antropométrico,

ditado pela sociedade, seria visto como um exemplo de vigor, poder, beleza e sexualidade.

Tais características começaram a ser atribuídas aos órgãos sexuais antes mesmo da

palavra hormônio ser conhecida (Santos, 2003). Existem relatos na literatura que indicam que

povos do passado, crentes na cultura de que havia alguma relação entre os órgãos sexuais de

animais e alguma substância fortificante e afrodisíaca, alimentavam-se de tais órgãos e suas

secreções para desenvolverem maior coragem e aumentarem sua força e função sexual

(Hoberman, Yesalis, 1995).

Originada na Babilônia, a castração humana evidenciou que a perda dos testículos

significava para os machos não só a perda da fertilidade, mas também a sua força, seu poder e

sua agressividade (Santos, 2003).

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

30

No século XIX, pesquisas envolvendo modelos animais verificaram uma relação entre

a retirada dos órgãos sexuais e a ocorrência de alguns efeitos no organismo desses animais.

Inicialmente, propunha-se uma explicação neurológica para os efeitos da castração. Todavia,

em 1849, o pesquisador alemão Arnold Berthold ao realizar um elegante experimento,

verificou que a retirada dos testículos de galos jovens levava a diminuição da crista, perda da

cor das penas e da função sexual. Entretanto, o reimplante destes testículos na cavidade

abdominal impedia essas regressões. Tais resultados sugeriram que os testículos secretavam

uma substancia no sangue que regulava o desenvolvimento e a manutenção das características

sexuais do macho. Deste estudo nasceu também a endocrinologia (Araújo, 2003).

Em meados da década de 1880, o médico francês Brown-Sequard desenvolveu uma

serie de experiências em que injetava extratos feitos de testículos de cães e de porcos da índia

em si mesmo, e relatou haver um considerável aumento em sua força física e energia

intelectual (Hoberman, Yesalis, 1995). Já nos anos 20 do século passado, tecido de testículos

de macaco era enxertado em atletas, em consequência da “organoterapia” que precedeu o

advento da endocrinologia moderna (Aquino Neto, 2001).

A associação de drogas no esporte é uma prática muito antiga e o desejo de superação

sem respeitar limites pode ser evidenciado em diversas etapas da história da humanidade. No

período da antiguidade, por volta de 2700 anos a.C. o imperador chinês Shen Nung já

descrevia os efeitos estimulantes da infusão de uma planta local, o “Machuang”, a qual

contém altas concentrações de efedrina e passou a ser utilizada por lutadores e desportistas

chineses para dar mais ânimo e coragem nas disputas (Fineschi et al., 2001). Relatos do uso

de plantas, ervas e cogumelos, com o intuito de favorecer o desempenho dos atletas também

são encontrados desde as olimpíadas da Grécia Antiga, que foram iniciadas em 800 a.C.

(Grivetti, Applegate, 1997).

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

31

Os EAA são um grupo de compostos formados pela testosterona e seus derivados, que

apresentam efeitos anabolizantes e androgênicos (Lise et al., 1999; Fonseca, Thiesen, 2000;

Mottram, George, 2000, Shahidi, 2001).

Desde 1935 a testosterona vem sendo sintetizada, e durante a 2ª Guerra Mundial, foi

amplamente utilizada pelos alemães para aumentar a força e agressividade de seus soldados,

bem como suas hostilidades. Até então, seu uso terapêutico restringia-se ao tratamento de

pacientes com queimaduras, depressão ou em recuperação de grandes cirurgias (Lise et al.,

1999, Fonseca, Thiesen, 2000).

Em 1939, sugeriu-se que sua administração poderia melhorar o desempenho de atletas

(Lise et al., 1999). Na década de 50 os levantadores de peso russos já faziam uso de esteróides

anabólicos, onde os mesmos administravam testosterona com intuito de aumentar a força e a

massa muscular (Mottram, George, 2000). Todavia, a primeira referência ao uso de

hormônios sexuais para melhorar o desempenho de atletas ocorreu em 1954, em um

campeonato de levantamento de peso em Viena, sendo que seu uso tornou-se difundido com

este fim a partir de 1964 (Lise et al, 1999).

Dados da literatura relatam que os melhores atletas aderiram aos EAA por volta de

1960, nas modalidades de lançamentos e arremessos no atletismo. Nos anos 70, o uso já havia

se difundido entre velocistas e corredores de meia-distância. Porém, os métodos eficazes para

a detecção de esteróides anabolizantes tornaram-se possíveis a partir da década de 70. Esta

evolução permitiu ao Comitê Olímpico Internacional (COI) adicionar os esteróides

anabolizantes à sua lista de substâncias banidas nos Jogos Olímpicos de 1976 em Montreal

(Mottram, George, 2000). Apesar desta medida, o uso dos EAA começou a expandir-se e

efetivarem-se em várias outras modalidades desportivas tais como: voleibol, basquetebol,

handebol, ciclismo, natação, ginástica e futebol (LaBree, 1991).

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

32

Há mais de 30 anos os EAA penetraram em outros esportes olímpicos. No entanto, os

primeiros testes não conseguiam distinguir as diferenças entre os esteróides sintéticos e

endógenos. Este problema foi solucionado nos Jogos Olímpicos de 1984, quando amostras

contendo EAA foram detectadas com auxílio de cromatografia a gás e espectrometria de

massa e razões de testosterona/epitestosterona foram introduzidas como um indicador do uso

de testosterona (Mottran, George, 2000). O caso de detecção mais conhecido de uso de EAA

foi o do velocista jamaicano naturalizado canadense Ben Johnson, medalha de ouro nos 100m

rasos nas Olimpíadas de Seul, em 1988, onde foi suspenso, perdendo a sua medalha ao

detectarem em sua urina a presença de metabólitos do anabolizante estanazolol (Calfee,

Fadale, 2006).

O termo “Doping” deriva de um dialeto africano e refere-se a uma bebida estimulante

usada em cerimônias religiosas. O COI define “Doping” como o uso de qualquer substância

exógena ou endógena em quantidades anormais com a finalidade de aumentar o desempenho

do atleta em competições (Lise et al., 1999).

Alguns estudos realizados em diversos países demonstram o aumento no consumo de

esteróides anabolizantes entre jovens, em academias e escolas. Em 1990, em resposta ao

problema de produção e venda ilegal de EAA, o Congresso dos EUA aprovou uma legislação

fazendo dos EAA substâncias controladas nível III. Apesar da publicidade adversa, de acordo

com o National Institute on Drug Abuse- NIDA, 2001, estimativas recentes reportam mais de

meio milhão de adolescentes com uso frequente de EAA nos EUA. Dentre os EAA derivados

da testosterona mais consumidos nos EUA (Tabela 1), o decanoato de nandrolona (DECA) é o

mais utilizado.

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

33

Tabela 1: Lista dos EAA mais consumidos nos EUA (National Institute on Drug Abuse- NIDA), 2001.

Esteróides Orais Esteróides Injetáveis

Anadrol (Oximetalona) Deca-Durabolin (Decanoato de Nandrolona)

Oxandrin (Oxandrolona) Durabolin (Fenilproprionato de Nandrolona)

Dianabol (Metandrosterona) Depo-testosterone (Cipionato de Testosterona)

Winstrol (Estanozolol) Equipoise (Undecilenato de Boldenona)

No Brasil, entretanto, estudos que abordam o uso de anabolizantes ainda são escassos

(Iriart, Andrade, 2002). Segundo levantamentos feitos pelo Centro Brasileiro de Informações

sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), realizados no ano de 2005 em 108 cidades brasileiras

com mais de 200 mil habitantes, 0,9% da população já utilizou esteróides anabolizantes

alguma vez na vida (CEBRID, 2005). O consumidor preferencial no Brasil é representado por

homens entre 17 e 34 anos. O maior número de usuários concentra-se na região Sudeste do

país, e o uso, comparado com a última estimativa realizada em 2001, obteve um aumento de

206%. Estes números ainda são considerados baixos se comparados às demais drogas de

abuso, todavia indicam um aumento preocupante no número de usuários dessa substância no

Brasil. Em outro estudo do uso não-médico de medicamentos psicoativos entre escolares no

Sul do Brasil, 2,2% dos entrevistados declararam fazer uso de anabolizantes, sendo que a

maior prevalência ocorreu entre jovens do sexo masculino, com idade superior a 12 anos,

igualmente dividido entre escolas da rede pública e particular. Os mesmos ainda relataram

que o aconselhamento para o uso da droga em sua maioria vinha por parte de amigos de

academias de ginástica e a fonte de obtenção foi em 40% dos casos através da farmácia (Dal

Pizzol et al., 2006).

Estudos prévios demonstram que a melhora na aparência física é a principal motivação

para o uso de esteróides anabolizantes entre praticantes de musculação (Lobo et al., 2003). A

insatisfação com a imagem corporal leva muitas vezes os indivíduos a procurarem métodos

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

34

que produzam resultados com maior rapidez. O desejo de alcançar tais resultados muitas

vezes se sobrepõe ao risco dos efeitos colaterais (Iriart, Andrade, 2002; Lobo, et al., 2003).

Este achado comprova que o uso de EAA já está disseminado em outros segmentos da

população, além do atlético em que o uso era motivado, principalmente, pela melhora do

desempenho em competições esportivas (Franco Silva, Moreau, 2003).

Infelizmente, constatam-se inúmeras falhas no controle de fiscalização, já que os EAA

podem ser adquiridos facilmente no comércio e em academias de ginástica. Há vários anos, os

EAA junto com os narcóticos vêm sendo utilizados indiscriminadamente por atletas,

praticantes de atividade física e por adolescentes na prática esportiva e recreativa. Tal fato

ocorre devido ao comércio livre e à obtenção sem prescrição médica ou com prescrição

médica indevida (Pedroso Silva et al., 2002).

1.2 Hormônios esteróides e EAA

Os hormônios esteróides apresentam um núcleo básico derivado da estrutura química

do colesterol, portanto, são hormônios de natureza lipídica. A biossíntese dos hormônios

esteróides androgênicos é restrita ao córtex das glândulas adrenais e gônadas, que expressam

diferentes formas do complexo enzimático citocromo P-450, responsáveis pelo processamento

da molécula de colesterol. Esta síntese irá formar após sucessivas oxidações, o principal

precursor dos hormônios esteróides, a pregnenolona. A conversão do colesterol em

pregnenolona ocorre na mitocôndria, onde é transportada ao retículo endoplasmático,

desencadeando três etapas de síntese que a convertem em testosterona. A testosterona é uma

molécula com 19 átomos de carbono e exerce efeitos designados como androgênicos e

anabólicos em uma extensa variedade de tecidos alvos andrógeno-dependentes, incluindo o

sistema reprodutor, o sistema nervoso central (SNC), a glândula pituitária anterior, o rim, o

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

35

fígado, os músculos esquelético e cardíaco, entre outros (Smith et al., 1980; Hebert et al.,

1984; Shahidi, 2001). Durante o processo de conversão da pregnenolona em testosterona,

ocorre também a formação de desidroepiandosterona (DHEA) e androstenediona

(Handelsman, 2001). A figura 1 ilustra, de forma simplificada, a biossíntese e o metabolismo

dos esteróides endógenos no organismo humano.

Figura 1: Biossíntese e metabolismo dos esteróides endógenos. Adaptado de Horning (1968).

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

36

A testosterona é um hormônio esteróide androgênico primário secretado pelas células

de Leydig nos testículos e refere-se à classe de hormônios sexuais masculinos, promotores e

mantenedores das características sexuais específicas (incluindo o trato genital, as

características sexuais secundárias e a fertilidade) e da condição anabólica dos tecidos

somáticos. No sexo feminino, ela é produzida em pequena quantidade pelos ovários. No

entanto, também pode ser sintetizada pela córtex da supra-renal em ambos os sexos. No

homem adulto normal, a concentração plasmática de testosterona varia de 300 a 1000 ng/dl

(Litwack, Schimidt, 1997).

Nos mamíferos, a secreção de testosterona é pulsátil e regulada por retroalimentação

negativa. Quando ocorre deficiência de testosterona, há um estímulo do hipotálamo que,

através da secreção de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), estimula a glândula

hipófise anterior a liberar hormônio folículo estimulante (FSH), bem como o hormônio

luteinizante (LH), que estimula a secreção de androgênios. O excesso de testosterona suprime

a secreção dos hormônios gonadotróficos e, com isso, ocorre diminuição da produção

endógena de testosterona (Lise et al, 1999).

Naturalmente no organismo, a testosterona passa por uma série de biotransformações

por oxi-redução. O primeiro passo é a redução no principal androgênio intracelular presente

nos tecidos reprodutivos, a dihidrotestosterona (DHT), mais especificamente em 5α-DHT

pela enzima 5α-redutase (cérebro e trato reprodutivo) e a 5β-DHT pela enzima 5β-redutase

(fígado), que são mediadores intracelulares da maioria das ações androgênicas (Wu, 1997;

Lise et al., 1999). Enquanto os esteróides 5α são androgênicos, os 5β não são (Shahidi, 2001).

A DHT é mais potente que a testosterona porque se liga aos receptores andrógenos com

afinidade de 2 a 6 vezes maior, porém está presente no plasma em concentrações muito

menores comparado à testosterona. Por outro lado, a DHEA, o sulfato de DHEA (DHEA-S) e

androstenediona, produzidos pela glândula adrenal, são considerados androgênios com baixo

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

37

poder biológico e exercem uma menor função na manutenção das características sexuais no

homem (Fonseca, Thiensen, 2000). Aproximadamente 95% da testosterona no sangue são

ligadas à proteína ß-globulina e é biologicamente inativa, somente a testosterona livre, que

possui uma concentração sanguínea de 2-3% é ativa (Mottran, George, 2000). A testosterona

livre pode penetrar nas células por difusão simples e ligar-se a receptores de esteróides no

citosol, o qual é transportado para o núcleo, onde inicia a transcrição do DNA. Dependendo

do tipo de célula em que se encontra, ela pode na sua forma original sofrer a ação de enzimas

(Fonseca, Thiesen, 2000; Mottran, George, 2000).

Atualmente, os hormônios esteróides têm sido administrados em doses terapêuticas

para o tratamento de diversas condições clínicas caracteizadas por deficiências androgênicas

naturais, tais como: hipogonadismo, puberdade e crescimento retardados, micropênis

neonatal, deficiência parcial em homens idosos e deficiência secundária por doenças crônicas,

contracepção hormonal masculina, osteoporose, anemia secundária, baixa estatura devido à

síndrome de Turner (Cowart, 1989; Rosenfeld et al., 1992; Schroor et al., 1995; Bhasin et al.,

1997; De Rose, Nóbrega, 1999; Conway et al., 2000). No tratamento das deficiências

anabólicas, têm sido utilizados nas sarcopenias relacionadas ao HIV, à cirrose alcoólica, à

doença pulmonar obstrutiva pulmonar crônica, e em pacientes com queimaduras graves

(Dobs, 1999; Grinspoon et al., 2000); no tratamento da fadiga em pacientes com doença renal

crônica e no retardo da fraqueza na distrofia muscular de Duchenne (Johansen et al., 1999;

Fenichel et al., 2001). Há também relatos recentes do uso de esteróides anabólicos em baixas

doses no tratamento de doenças cardiovasculares, tendo efeitos antiaterogênicos e

antianginosos (English et al., 2000).

A atividade anabólica da testosterona e de seus derivados é manifestada primariamente

em sua ação miotrófica, que resulta em aumento da massa muscular, por aumentar a síntese

protéica no músculo (Kam, Yarrow, 2005) e por controlar os níveis de gordura corporal. O

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

38

potencial valor terapêutico da atividade anabólica da testosterona em várias condições

catabólicas tem levado à síntese de muitos derivados que tem como objetivo prolongar a sua

atividade biológica, desenvolvendo produtos que são menos androgênicos e mais anabólicos,

os EAA (Strauss, Yesalis, 1991; Schänzer, 1996).

Os EAA são considerados um subgrupo dos andrógenos, ou seja, são hormônios

sintéticos e semi-sintéticos análogos à testosterona obtidos por manipulação em sua estrutura

molecular base de hidrocarboneto com finalidades de potencializar seus efeitos anabólicos

aliado a uma minimização androgênica e aumento da resistência à metabolização em

comparação a testosterona (Strauss, Yesalis, 1991; Schänzer, 1996). Possui como destino

primário os receptores androgênicos, apresentando efeitos anabólicos e androgênicos, e

destino secundário o fígado onde pode ser metabolizado e eliminado (Wu, 1997). Seus efeitos

anabólicos dependem da dosagem e do tipo de esteróide anabólico administrado. Além disso,

nenhum deles é considerado puramente anabólico, apresentando efeitos androgênicos (Kuhn,

2002; Evans, 2004). Entende-se por anabolismo, à síntese protéica e a inibição de proteólise.

Doses suprafisiológicas de esteróides durante períodos de 10 a 20 semanas aumentam

tamanho e força muscular, com ou sem treinamento físico concomitante (Evans, 2004). Os

aumentos de massa muscular e síntese protéica decorrente da administração de EAA são

alheios à hipertrofia provocada pelo exercício físico resistido, que por sua vez também é

conhecido como fator anabólico (Cunha et al., 2005). Postula-se que ambos os efeitos

anabólicos atuem de forma suplementar, comprovando a eficiência da administração de EAA

com fins anabólicos. A extensão das alterações da relação anabólico-androgênica é chamada

de “índice terapêutico” (Hatfield, 1986).

Os EAA são geralmente administrados por via oral ou parenteral, porém, existem

outras formas de aplicação destas drogas: via retal, implante de cápsulas, nasal, transdérmica

para suplantar o metabolismo de primeira passagem para o fígado (Lise et al., 1999; Shahidi,

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

39

2001). A maioria dos usuários (exceção dos casos clínicos) acredita que os vários EAA são

diferentes quanto a sua ação e então combinam múltiplas preparações na forma oral e

injetável visando maiores efeitos. Essa prática denomina-se combinação, acúmulo ou

empilhamento (Bacurau, 2001). Outra forma é a “pirâmide”, onde o EAA é iniciado em baixa

dosagem aumentando até atingir um pico, e depois há um retorno gradual às doses iniciais

(Hatfield, 1986; Lise et al., 1999). Outros métodos usados são os chamados “ciclos”, onde

ocorre o uso por 6 a 12 semanas (Dawson, 2001), com interrupção por 3-4 semanas e

repetição do ciclo com suspensão do uso semanas antes da competição. Há também as formas

mistas, que é a combinação destes esquemas (Lise et al., 1999). É fundamental salientar que

os usuários de EAA, cuja administração é a injetável, correm o risco de formação de

abscessos, de adquirir hepatites B e/ou C, além da transmissão do HIV decorrente de descuido

no manuseio de seringas de injeção (Dawson, 2001).

Os EAA de administração oral passam por um processo denominado 17α-alquilação,

no qual uma molécula de testosterona é modificada e comumente um grupo metil (CH3) ou

etil (C2H5) é introduzido na posição C17α. Desta maneira a 17α-alquilação retarda a

inativação hepática da testosterona e os produtos se tornam oralmente ativos e mais resistentes

a este metabolismo. Embora esse processo preserve as propriedades ativas dos esteróides, ele

traz como desvantagem uma grande sobrecarga ao fígado (Shahidi, 2001). Os EAA de

administração injetável têm a sua molécula mais solúvel devido à esterificação do grupo 17-

hydroxil. O tipo de ácido usado para acidificar este grupo determina a duração da ação

anabólica. A substituição de um hidrogênio por um grupo metil resulta na formação de 19-

nortestosterona (nandrolona) e a esterificação do grupo 17-hydroxil da nandrolona com ácido

decanóico, um ácido graxo (AG) de cadeia longa, forma o DECA, o qual é liberado na

circulação vagarosamente e exerce sua atividade anabólica dentre 6 a 7 dias (Shahidi, 2001).

A maior parte destas substâncias é dissolvida em óleo e são consideradas menos nocivas do

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

40

que os anabolizantes de administração oral por não passarem pelo processo de alquilação,

porém são mais deletérios para os rins (Guimarães Neto, 2002; Kam, Yarrow, 2005;).

Cientistas alemães desenvolveram um androgênio nasal capaz de aumentar a agressão

e a competitividade atlética sem efeitos sistêmicos (Wood, 2004). A indústria farmacêutica,

na tentativa de minimizar e/ou excluir o metabolismo hepático, estudou modificações na

estrutura molecular dos compostos, dando origem a 3 grupos derivados ou 3 classes: Classe

A, comporta os EAA produzidos via esterificação do grupo 17ß-hidroxil como o propionato,

cipionato e enantato de testosterona. Estes derivados andrógenos são mais solúveis em veículo

lipídico, como aqueles usados para injeções. A testosterona quando injetada em uma solução

de óleo é rapidamente absorvida, metabolizada e excretada. Classe B, estes análogos são

aqueles que têm sido alquilados na posição do carbono 17α, como a metiltestosterona. Classe

C, são EAA produzidos via modificação dos anéis da classe A ou B como a mesterolona. As

duas últimas são usadas nas preparações via oral e a primeira retarda a metabolização hepática

e aumenta a atividade oral. Estes derivados têm boa absorção gástrica, são excretados

rapidamente, por causa de sua meia vida curta, sendo altamente potentes, porém altamente

tóxicos ao fígado (Lise et al., 1999; Basaria et al., 2001; Shahidi, 2001).

Os mecanismos de ação dos EAA ainda não estão amplamente elucidados. Tais

substâncias são transportadas como mensageiros químicos na corrente sanguínea, seja em sua

forma livre, ou combinada às moléculas transportadoras. Todavia, apenas em sua forma livre

elas difundem-se diretamente através da membrana plasmática de células-alvo ligando-se a

receptores protéicos intracelulares. No citoplasma da célula, a molécula de esteróide ligada ao

receptor androgênico específico migra para o núcleo celular, onde desencadeia o processo de

transcrição gênica e, consequentemente, de tradução protéica, a qual modula as ações

celulares dependentes de andrógeno (Haup, Rovere, 1984; Celotti, Cesi, 1992; Shahidi, 2001).

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

41

Os andrógenos exercem seus efeitos biológicos através de receptores intracelulares

que estão presentes no trato reprodutivo bem como em muitos tecidos não reprodutivos.

Algumas ações dos andrógenos são modificadas por enzimas locais tais como a 5α-redutase e

a aromatase. A testosterona, assim como alguns androgênios sintéticos, pode sofrer um

processo chamado aromatização, que se dá através da transformação de uma molécula de

esteróide nos estrógenos estradiol e estrona através da enzima aromatase. Esta enzima catalisa

a transformação da testosterona em estrógeno de forma irreversível. Este processo de

aromatização é o responsável pelo efeito de ginecomastia em homens.

Em indivíduos do sexo masculino, a 5α-redutase está presente em quase todas as

estruturas androgênio dependente, enquanto a aromatase tem sido demonstrada e

caracterizada somente no cérebro e no tecido adiposo (Martini, 1982). No coração e na

musculatura esquelética a atividade deste complexo enzimático parece ser muito baixa

(Matsumine et al., 1986). Dentre todos os tecidos dependentes de andrógenos, a musculatura é

um dos poucos tecidos em que o processo de 5α-redução é muito baixo ou ausente. Martini

(1982), demonstrou, in vitro, que a 5α-redutase é praticamente ausente na musculatura

esquelética de ratos. Além disso, é possível que nos músculos esquelético e cardíaco, ainda

exista uma alta atividade da enzima 3α-hidroxisteróide desidrogenase, no qual converte DHT

em 3α-diol, um componente que não se liga ao receptor androgênico, sendo que o mesmo não

pode ser convertido novamente a DHT. Esta característica metabólica, que distingue os

músculos de outros tecidos andrógeno-dependentes, poderia explicar em parte a dissociação

da ação anabólica e androgênica.

Como já mencionado, os EAA podem promover efeitos tróficos diretamente através da

sua ligação aos receptores de andrógenos, promovendo um aumento na razão de síntese

protéica e diminuição na degradação destas proteínas, ou seja, um balanço nitrogenado

positivo (Griggs et al., 1989; Celotti, Cesi, 1992). Porém os efeitos destas substâncias sobre

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

42

os receptores de andrógenos no músculo esquelético não são uniformes e depende da

concentração destes receptores no músculo em questão (Janssen et al, 1994). A hipertrofia

muscular esquelética ocorre também, em decorrência da ativação de células satélites,

provocando um aumento no número de mionúcleos e no diâmetro da fibra (Joubert, Tobin,

1989). A estimulação destas células poderia também aumentar o número de receptores de

andrógenos, pois os mesmos estão localizados nos mionúcleos, tornando, assim, o músculo

mais suscetível aos compostos anabólicos.

Trabalhos recentes têm demonstrado que os androgênios podem aumentar a síntese

protéica, através da estimulação intramuscular da expressão do gene para IGF-I (insulin-like

growth factor-I) e ainda, que o DECA promove aumento da expressão da proteína do choque

térmico HSP72 em fibras musculares de contração rápida, o que contribui para o aumento da

tolerância do músculo ao treinamento de alta intensidade. Essa proteína é usualmente

sintetizada em resposta ao estresse, inclusive o causado pelo exercício físico (Sheffield-

Moore, 2000).

Outro importante mecanismo de ação indireta dos EAA ocorre por meio da inibição da

função dos glicocorticóides, decorrentes da competição pelos seus receptores (Mayer, Rosen,

1975; Hickson et al., 1990), preservando assim, o aumento na retenção de glicogênio e a

massa muscular. Até o momento, entretanto, não existe um consenso sobre tal mecanismo.

Zhao et al. (2004), demonstraram que o EAA oxandrolona é capaz de inibir os efeitos

catabólicos dos glicocorticóides, não pela competição por seus receptores, mas devido a

interação entre os receptores de andrógenos e os receptores dos glicocorticóides,

demonstrando que o mecanismo de ação parece depender do tipo de esteróide anabólico

administrado.

Atualmente, o uso de EAA e sua contribuição na hipertrofia muscular e diminuição do

percentual de gordura corpórea é bastante conflitante. Os resultados obtidos a este respeito

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

43

ainda são controversos. Estudos realizados em animais experimentais demonstraram que a

administração exógena de testosterona não foi capaz de alterar parâmetros bioquímicos

relacionados ao metabolismo energético no músculo gastrocnêmio e produzir efeito sobre a

hipertrofia muscular em ratos (Martini, 1982; Haup, Rovere, 1984). Por outro lado, Tamaki et

al. (2001) demonstraram que os EAA podem modificar a atividade de enzimas mitocondriais

e sarcotubulares na musculatura esquelética em ratos normais. Em humanos, doses

suprafisiológicas de testosterona provocam aumento de força e hipertrofia muscular,

especialmente quando administradas em associação ao treinamento contra-resistido (Bhasin et

al., 1996). Após muitos anos de estudo, entretanto, não estão claros quais são os efeitos dos

EAA sobre a performance atlética e quais são os reais efeitos colaterais do seu uso. Além

disso, prováveis diferenças nas condições experimentais dificultam o encontro de resultados

conclusivos.

1.3 Efeitos adversos dos EAA

Embora estudos demonstrem que os EAA podem induzir melhor desempenho

esportivo, diversas complicações orgânicas estão associadas ao seu uso. Inúmeros estudos

demonstram os principais efeitos ocasionados pelo uso abusivo destas substâncias

(Maravelias et al., 2005; Calfee, Fadale, 2006).

Os efeitos adversos dos EAA permanecem incompletamente documentados, havendo

comumente envolvimento hepático, endócrino, músculo-esquelético, cardiovascular,

imunológico, reprodutivo e psicológico que podem ser divididos em efeitos virilizantes,

feminilizantes e tóxicos, mediados por mecanismos incertos (Lise et al., 1999). Estudos que

relacionam o mau uso destas drogas com mudanças súbitas de temperamento e síndromes

comportamentais há muito tempo vem sendo descritas dentro e fora dos esportes (Pedroso

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

44

Silva et al., 2002). De acordo com Wu (1997), os efeitos adversos do abuso dos EAA

dependem da idade e sexo dos indivíduos, da duração e exposição total da dose e do tipo de

esteróide usado. Além do mais, com o uso prolongado das doses farmacológicas dos EAA

pode se considerar o aparecimento das mais sérias consequências.

Os sistemas reprodutor e endócrino sofrem diversas alterações com o uso de EAA. Em

homens adultos e adolescentes observa-se uma diminuição dos níveis dos hormônios LH e

FSH, os quais levam a diminuição da produção de testosterona endógena, da espermatogênese

e atrofia testicular, podendo até causar infertilidade, dificuldade ou dor ao urinar, alopecia,

priapismo, acne, hipertrofia prostática e carcinoma prostático. A ginecomastia em homens é

um efeito muito comum em usuários de anabolizantes e pode resultar da conversão de

andrógenos para estradiol e estrona (Wagner, 1991; Maravelias et al., 2005). Porém, em um

estudo de Takahashi et al. (2004), realizado em ratos, a administração de EAA provocou uma

significante elevação na testosterona, DHT e 17α-estradiol, o que levou o autor a acreditar

que as diferenças de resultado ocorrem devido a diferenças no sistema metabólico de

esteróides anabólicos androgênicos entre ratos e humanos.

Em garotas e mulheres adultas observam-se anormalidades no ciclo menstrual e

também efeitos masculinizantes que incluem acne, timbre de voz mais grave, diminuição da

gordura corporal e tamanho dos seios, hirsutismo, hipertrofia do clitóris, alteração do

metabolismo glicídico (resistência à insulina, intolerância à glicose), alteração do perfil

tireóideo, queda de cabelo, sendo que alguns destes efeitos androgênicos podem ser

irreversíveis (Elliot, Goldberg, 2000). Em adolescentes de ambos os sexos ocorre fechamento

prematuro das epífises ósseas, virilização irreversível (Moura, 1984; Hatfield, 1986; LaBree,

1991; Wu, 1997; Lise et al., 1999; Bacurau, 2001; Dawson, 2001).

As drogas de uso oral em altas doses estão mais associadas aos tumores do fígado, a

icterícia obstrutiva, a formação de cistos hepáticos hemorrágicos, ao desencadeamento do

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

45

diabetes e as doenças cardíacas coronarianas. Os mecanismos das doenças são: maior

metabolismo hepático das drogas, aumento da resistência celular à insulina e depressão da

lipoproteína de alta densidade (HDL). As drogas injetáveis produzem maior tendência para a

trombose cerebral e periférica, em virtude da maior formação metabólica de hormônios

femininos, tais como os estrogênios (Pedroso Silva et al., 2002). Schumacher et al. (1999),

relataram o aparecimento de hematoma hepático subcapsular e subsequente hemorragia intra-

abdominal em um atleta de culturismo pelo abuso de nandrolona e mesterolona.

Alguns efeitos têm sido relatados no tecido muscular esquelético, tais como necrose

avascular da cabeça do fêmur e aumento de lesões músculo tendíneas (Hatfield, 1986;

Laseter, Russell, 1990; Visuri, Lindholm, 1993; Evans et al., 1998; Beiner et al., 1999; Lise et

al., 1999; Bacurau, 2001; Dawson, 2001). Ao interromper o uso de EAA, geralmente ocorre o

enrijecimento da articulação acompanhado de intensas dores. A maioria dos usuários de EAA

passa a experimentar um número de lesões acima do normal. Estudos eletromiográficos

indicam que os aumentos de volume produzidos por esteróides resultam em um tecido

“anormal” que pode ser estruturalmente mais fraco (Hatfield, 1986).

A literatura tem relatado também efeitos adversos à saúde mental, tais como euforia,

irritabilidade, hiperatividade, tensão nervosa, mudanças na libido e psicose (Martínezsanchis

et al., 1998; Lindqvist et al., 2002). Esteróides aumentam a agressividade e a excitabilidade,

aumentam a energia, evocam euforia sexual, mudanças dramáticas no humor, distração e

problemas cognitivos relacionados com a memória e orientação (Vetulani, 2001). Corrigan

(1996) divide os efeitos psicológicos em três grupos representando efeitos continuados

provocados por EAA: a) de imediato são vistas a mudança de humor e a euforia, melhora da

confiança, energia e auto-estima, aumento da motivação e do entusiasmo. Ocorre diminuição

da fadiga, insônia e habilidade para treinar com dor, irritação, raiva, agitação; b) após altas

doses de EAA ocorre a perda da inibição, com alterações no humor; c) os efeitos graves se

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

46

manifestam quando esses sentimentos de agressividade evoluem para comportamentos

violentos, hostis e anti-sociais.

Nos últimos anos, uma atenção vem sendo focalizada especialmente para os efeitos

cardiovasculares em atletas usuários de EAA (Urhausen et al., 2004). Diversos estudos

demonstram complicações cardiovasculares tais como hipertensão, insuficiência cardíaca

(IC), fibrilação ventricular, hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE), tromboses, IAM,

arritmias, eritropoiese, perfil das lipoproteínas alterado e morte cardíaca súbita (Nieminen et

al., 1996; Sullivan et al., 1998; Thiblin et al., 2000). Entretanto, parece que a incidência de

eventos cardiovasculares induzidos por EAA não é bem conhecida, sugerindo que os riscos

podem ser ainda maiores.

Fineschi et al. (2001) reforçou a hipótese de que a combinação dos efeitos do

treinamento físico de força de alta intensidade e o uso de esteróides anabolizantes é um fator

de risco para injúrias no miocárdio e subsequente morte súbita em jovens fisiculturistas, os

quais foram avaliados em seu estudo. Entretanto, as adaptações cardiovasculares ao exercício

e as mudanças fisiológicas no miocárdio diferem das condições patológicas associadas com

morte cardíaca súbita em atletas (Parssinen, Seppala, 2002). O remodelamento cardíaco

induzido pelo exercício é considerado fisiológico e benéfico ao coração, melhorando o

metabolismo celular, a estrutura ventricular esquerda, o fluxo sanguíneo coronário e a função

cardíaca (Fagard, 1996; Douglas et al., 1997; Moore, 1998; Thomas et al., 2000).

O coração de machos em muitas espécies é maior do que o de fêmeas, mesmo após a

eliminação da diferença de peso corporal. Stolt et al., (2000) relatam que a massa do VE entre

atletas de endurance do sexo feminino não excede a massa do VE de sedentários do sexo

masculino controle. Estudos experimentais apóiam a suposição de um efeito androgênico

direto sobre o coração, sugerindo que estrogênio tem uma função preventiva na patogênese da

hipertrofia do VE (Lip et al., 2000).

Introdução

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47

A hipertrofia cardíaca (HC) constitui um dos principais mecanismos de adaptação do

miocárdio frente a sobrecargas crônicas de pressão ou volume impostas ao coração em

determinadas condições e refere-se ao aumento da massa ventricular. A HC ocorre em

condições patológicas tais como, a hipertensão arterial, IAM, hiperatividade simpática, ou

ainda em resposta a condições fisiológicas devido à sobrecarga de trabalho imposta pelo

exercício físico dinâmico e estático realizado de forma crônica (Oliveira et al. 2005). Estas

hipertrofias apresentam características estruturais e funcionais diferentes e podem ser

classificadas, de modo geral, como concêntricas ou excêntricas (Weber, Brilla, 1991).

Em estados patológicos, diferentes tipos de sobrecarga crônica podem levar à HC de

maneiras distintas. Uma sobrecarga de volume, com aumento da pré-carga, como verificada

na insuficiência aórtica ou mitral, levando a um aumento do diâmetro interno do VE e

aumento proporcional da espessura da parede. Este tipo de adaptação é chamado de

hipertrofia ventricular excêntrica. Uma sobrecarga de pressão, em decorrência do aumento da

pós-carga, como verificada na estenose aórtica ou na hipertensão arterial, está associada ao

espessamento da parede ventricular esquerda e diminuição da dimensão interna da cavidade

ventricular, sendo esta denominada hipertrofia ventricular concêntrica (Heineke, Molkentin,

2006).

O uso de EAA também é normalmente relacionado com as influências sobre a resposta

hipertrófica do VE. Estudos prévios citam a hipertrofia e o remodelamento cardíaco como

resultado do uso de anabolizantes (De Piccoli et al., 1991; Urhausen et al., 2004). Dickerman

et al. (1998), avaliando atletas de elite levantadores de peso, verificaram que os indivíduos

usuários de esteróides anabolizantes apresentaram maior aumento da parede ventricular

esquerda do que os atletas que não faziam uso destas substâncias. Urhausen et al. (2004)

encontraram, entre fisiculturistas que usavam EAA, uma alta hipertrofia induzida.

Treinamento com peso combinado ao uso de EAA aumenta a espessura da parede do VE,

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

48

volume diastólico final (VDF), e o tempo de relaxamento isovolumétrico (Dickerman et al.,

1998).

Os mecanismos que levam ao desenvolvimento da HC ainda são muito discutidos na

literatura, todavia, estímulos como sobrecargas de volume ou pressão sobre o miocárdio e

fatores neuro-humorais, podem ativar fatores de transcrição, através da ativação de uma

cascata de eventos bioquímicos intracelulares, os quais se ligam na região promotora de um

determinado gene, levando ao aumento na expressão do RNAm deste gene. O aumento da

expressão de determinados genes associados a melhor eficiência e capacidade contrátil podem

determinar uma maior síntese protéica levando ao desenvolvimento da HC (Oliveira, Krieger,

2002).

Em animais de experimentação, mudanças histopatológicas tais como fibrose

miocárdica e inflamação foram observadas em amostras de autópsia em ratos após exposição

à EAA (Nieminen et al., 1996; Fried, 2000). Esses efeitos deletérios sobre células miocárdicas

foram dependentes da dose administrada e do tempo de exposição de EAA (Melchert et al.,

1992). Culturas realizadas com cardiomiócitos de ratos revelaram destruição de células

associadas com atividade de contração deprimida, aumento da fragilidade lisossomal e

atividade mitocondrial reduzida (Melchert et al., 1992). Além disso, Tagarakis et al. (2000)

demonstram que exercício muscular combinado com EAA prejudica a adaptação

microvascular cardíaca ao condicionamento físico. Essa descoberta apóia o direto efeito de

toxicidade dos EAA sobre o miocárdio.

Intervalo QT (iQT) no eletrocardiograma (ECG) refere-se ao tempo entre a ativação

ventricular até o fim da recuperação elétrica. O prolongamento deste intervalo entre atletas de

resistência ocorre devido ao aumento do tônus vagal ou da HC adaptativa (Browne et al.,

1982). O prolongamento do iQT prediz morte em pacientes com doença cardíaca, mas não em

indivíduos saudáveis (Karjalainen et al., 1997). Vários estudos sugerem uma associação entre

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

49

o aumento da dispersão de QT (DQT) e mortalidade em pacientes hipertensos (Mayet et al.,

1996). A HVE, induzida por substâncias anabólicas, reflete aumento da DQT similar ao

encontrado na HVE hipertensiva (Mayet et al., 1996), o que pode refletir no aumento do risco

de arritmias em usuários de EAA (Nieminen et al., 1996).

Um estudo delineado com fisiculturistas demonstrou com auxílio de ultrasom, que o

consumo de EAA por estes atletas, levou a uma disfunção endotelial e alteração do perfil

lipídico, por diminuir os níveis de HDL colesterol, podendo aumentar os riscos de

aterosclerose (Ebenbichler et al., 2001). Aumentos nas concentrações plasmáticas de LDL

(lipoproteína de baixa densidade) foram observados em ratos submetidos a treinamento físico

anaeróbio e tratados com nandrolona, podendo diminuir o relaxamento dependente do

endotélio e a ativação da enzima guanilato ciclase (GC) (Cunha et al., 2005), diminuindo,

assim, a produção de Guanosina Monofosfato Cíclica (GMPc) e ocasionando um menor

relaxamento do músculo liso vascular. O uso prolongado de EAA pode estimular a agregação

plaquetária (Ferenchick, 1991) e aumentar a atividade da lípase triglicerídica hepática

(HTGL). O aumento na atividade desta enzima pode estar correlacionado com a diminuição

nos níveis plasmáticos de HDL (Glazer, 1991), ou ainda, com o aumento nas concentrações

plasmáticas de LDL como resultado do aumentado catabolismo das VLDL (lipoproteínas de

muito baixa densidade), podendo potencializar a aterosclerose (Baldo-Enzi et al., 1990). A

facilitação da formação de trombo pelo uso de EAA pode estar, portanto, associada a

aumentos na agregação plaquetária ou ainda a aumentos de fatores pré-coagulantes (Sader et

al., 2001).

Em relação à disfunção endotelial, o mecanismo que pode estar relacionado a estas

alterações inclui o óxido nítrico (NO). Estudos demonstraram redução no relaxamento arterial

em resposta à GC em coelhos e nitroprussiato de sódio (NPS) em humanos (Beutel et al.,

2005). Existem evidências de que a atividade simpática modula a hipertensão em ratos

Introdução

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50

administrados com testosterona. Além disso, existem alterações no barorreflexo após

utilização de stanozolol (Beutel et al., 2005). Outras alterações já são bem estabelecidas,

como modificação no balanço de sódio, hipertrofia miocárdica e lesões vasculares (Sader et

al., 2001).

1.4 Efeitos dos EAA no sistema nervoso autônomo

O sistema nervoso autônomo (SNA) influencia o estado de equilíbrio corporal

(homeostasia) e diferentes sistemas vegetativos, incluindo a função cardiovascular, frequência

cardíaca (FC), pressão arterial (PA) e o metabolismo. O SNA é composto por um sistema de

vias aferentes que transmite sinais para o SNC, o qual responde de forma reflexa aos órgãos-

alvo. Sabe-se até então, que pelo menos três arcos reflexos estão envolvidos na modulação da

atividade parassimpática para o coração e simpática para o coração e vasos sanguíneos. Os

barorreceptores arteriais, que são terminações nervosas livres e sensíveis às deformações da

parede arterial e controlam a PA momento a momento. Os receptores cardiopulmonares, que

são ativados por mudança de pressão das câmaras cardíacas induzindo respostas

principalmente na FC e vasodilatação muscular periférica; e os quimiorreceptores arteriais

que respondem a reduções sanguíneas da pressão parcial de O2, pH e o aumento da pCO2 (De

Angelis, et al., 2004). Além disso, o SNS e o sistema nervoso parassimpático (SNP), que são

os dois maiores componentes do SNA, usam neurotransmissores distintos na junção neuro-

efetora, norepinefrina (NEP) para o primeiro e acetilcolina (Ach) para o segundo. Tanto o

SNS quanto o SNP, entretanto, realizam sinapses nos gânglios onde a Ach figura como o

neurotransmissor entre os neurônios que se originam no SNC e as eferências pós-

ganglionares. A maioria dos órgãos recebe inervação de ambos os sistemas, as quais

costumam mediar ações antagônicas (Kirstein, Insel, 2004). O SNA influencia tônica e

Introdução

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51

reflexamente o sistema cardiovascular, modificam o débito cardíaco (DC) por alterar a força

de contração das fibras miocárdicas e a FC. Nos vasos sanguíneos modificam a contratilidade

do músculo liso vascular e assim, a resistência vascular periférica (RVP) (De Angelis, et al.,

2004). Dessa forma, o SNA é um importante mecanismo de controle do sistema

cardiovascular.

Alterações neste sistema podem levar a uma disfunção autonômica, o que pode afetar

adversamente a saúde. Esta mudança atinge desde episódios ocasionais de hipotensão

mediada neuralmente até doenças neuro-degenerativas progressivas. Aumento no tônus da

inervação simpática cardíaca e renal provoca o desenvolvimento da hipertensão essencial. Na

IC crônica a ativação simpática cardíaca prejudica a função miocárdica. Várias outras

síndromes clínicas estão associadas à disautonomia, como o diabetes mellitus tipo II (DM-2),

a síndrome da fadiga crônica, a obesidade visceral, a dislipidemia, o mal de Parkinson, dentre

outros (Pereira Jr et al., 2006).

Até o presente momento são escassos na literatura estudos sobre os efeitos diretos da

administração de EAA na atividade autonômica em humanos. Um estudo relacionou o

stanozolol (esteróide anabólico androgênico de grande potência) com aumento na PA,

mudança na atividade barorreflexa, sem alteração na atividade simpática nos animais tratados

com stanozolol (Pereira Jr et al., 2006). Os mecanismos supostos para modificação no

controle reflexo cardiovascular incluem a síntese de NO e controle central do nervo vago,

como o aumento da atividade glutamatérgica no hipotálamo e hipocampo (Beutel et al.,

2005). No entanto, outro estudo relacionado ao DECA observou redução da atividade vagal e

tendência ao aumento da atividade simpática após sua administração (Pereira Jr et al., 2006).

Por último, um estudo experimental induziu rato à isquemia e fibrilação ventricular com doses

excessivas de nadrolona por mecanismos não elucidados (Phillis et al., 2007). Portanto são

necessárias mais investigações relativas a esta abordagem.

Introdução

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52

1.5 Análises da modulação autonômica cardíaca

O sistema cardiovascular, assim como os demais sistemas, possui uma organização

integrada, caracterizada pela interação de subsistemas, oscilações auto-sustentáveis e circuitos

de retroalimentação que respondem a estímulos intrínsecos e extrínsecos, incluindo o

comando central, mecanismos reflexos e controle humoral (Malliani, Montano, 2002; Di

Rienzo, Porta, 2009).

Várias são as técnicas disponíveis para a avaliação da função autonômica

cardiovascular, dentre as quais podemos citar a medida de catecolaminas circulantes,

respostas a estímulos estressantes, teste da função barorreflexa, registro eletromiográficos de

fibras simpáticas vasomotoras, etc. A maioria destas técnicas, embora úteis na avaliação do

estado autonômico, é, em sua grande maioria, invasivas e de difícil execução no contexto

clínico ambulatorial (Castro et al., 1992, Jesus, 1996).

Mais recentemente, para a análise do SNA cardiovascular, softwares específicos têm

sido desenvolvidos, os quais determinam as variações contínuas que ocorrem nos valores dos

ciclos cardíacos normais, detectadas, por exemplo, através de registro contínuo

computadorizado do ECG, ou através de registros Holter de longa duração. Reflexos eferentes

simpáticos e parassimpáticos atuando sobre o nó sinusal, produzem modificações dos ciclos

P-P do ECG, expressão dos efeitos modulatórios autonômicos sobre o marcapasso sinusal do

coração. Aceita-se que o SNP, através de seus efeitos colinérgicos, seja o maior responsável

pela variabilidade dos ciclos P-P normais. Corroborando esta afirmativa, está a observação de

que as drogas que produzem redução dos efeitos vagais, como por exemplo, drogas anti-

muscarínicas, como a atropina, reduzem de forma evidente e significativa as flutuações dos

ciclos cardíacos; e as que aumentam os reflexos vagais, como os beta bloqueadores, produzem

imediato efeito inverso.

Introdução

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53

Akselrod et. al. (1981), foram um dos primeiros grupos de pesquisa a relatarem que a

variabilidade dos parâmetros cardiovasculares contém informações importantes sobre o

controle autonômico da circulação. A quantificação destas flutuações durante o repouso prove

informações sobre a regulação cardiovascular sem requerer estímulos que possam interferir

com os parâmetros medidos. Variações cíclicas na variabilidade da FC (VFC) são decorrentes

dos impulsos parassimpáticos e simpáticos sobre o coração (Sayers, 1973). Quanto maiores os

efeitos parassimpáticos, maiores serão as flutuações. Uma baixa variabilidade indica a

existência de depressão da atividade vagal e/ou exacerbação da atividade simpática cardíaca

(Kleiger et al., 1987; Porter et al., 1990).

Os reflexos autonômicos exercem um papel fundamental sobre todos os mecanismos

regulatórios cardíacos. As propriedades eletrofisiológicas, a dinâmica cardíaca e a função

contrátil são profundamente influenciadas por eles. Em adição, os reflexos autônomicos

podem alterar de forma importante os mecanismos de doença, facilitando o aparecimento de

eventos arrítmicos graves e, muitas vezes, fatais, como a morte súbita (Kleiger et al., 1987;

Porter et al., 1990).

O sistema simpático exerce um nítido efeito arritmogênico, cabendo ao parassimpático

uma ação inversa, protetora. A maioria dos eventos cardíacos acompanha-se

momentaneamente de um aumento da atividade simpática cardíaca. Assim, é possível que a

análise do perfil autonômico cardíaco por meio da análise da VFC represente um elemento

importante para a estratificação de risco em algumas doenças cardíacas (Lombardi et al.,

1987; Farrel et al., 1992; La Rovere et al., 2003).

Dois métodos são normalmente utilizados para a avaliação da VFC. Um explora o

domínio de tempo (DT), usando índices estatísticos extraídos das variações temporais dos

ciclos (expressos normalmente em ms) ou dos percentuais de flutuação observados em ciclos

adjacentes (%). O outro, no domínio da frequência (DF), define e separa, por meio da análise

Introdução

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54

espectral, as diversas respostas de frequência (Hz) observadas nas variações das séries

temporais de intervalo RR (iRR) (Task Force, 1996).

A análise VFC no DT é feita a partir das variações dos ciclos cardíacos considerados

normais. São extraídos índices para quantificação da VFC, usando o tempo como variável.

Representam, em sua maioria, valores estatísticos que englobam todo o período de gravação

ou parte do mesmo. Na maioria dos programas, esses índices somente são avaliados a partir

de um mínimo de cem ciclos sucessivos, mensurados por períodos de cinco minutos,

desprezando-se automaticamente variações bruscas dos mesmos com valores superiores a

25% do precedente. Assim, hipoteticamente, são abolidas as alterações consequentes às

ectopias supraventriculares e ventriculares ou a artefatos de registro (Task Force, 1996).

Alguns índices de VFC no DT têm sido amplamente utilizados para estratificação de

risco no pós-infarto do miocárdio. Na maioria dos pacientes, observa-se, nas primeiras 48

horas de evolução do processo agudo, uma progressiva redução da VFC por depressão da

atividade vagal (Kleiger et al., 1987).

A análise da VFC no DF para avaliação da função autonômica cardíaca ganhou nas

últimas duas décadas, um marcante impulso como um novo e promissor recurso

metodológico, não invasivo, de grande simplicidade e de fácil aplicação em nível

ambulatorial ou hospitalar. Este método permite caracterizar em valores absolutos e relativos

os componentes modulatórios simpático e parassimpático cardíaco e, assim, o balanço

funcional entre ambos. Ele consiste na análise computadorizada da variabilidade espontânea

de uma série de iRR do ECG no DF por meio da análise espectral. A análise da VFC baseada

nesse método vem sendo amplamente aplicada (Task Force, 1996).

A análise espectral foi descrita pela primeira vez em 1720, pelo barão francês Jean

Baptiste J. Fourier. Ele demonstrou que os sinais oscilatórios compostos podem ser

Introdução

Doutorado Octávio Barbosa Neto

55

decompostos em ondas sinusoidais simples com diferentes amplitudes, fases e frequências

(Hz), a partir de uma função matemática por ele descrita, denominada de Função de Fourier.

Com a criação do algoritmo de computador para a realização da análise de Fourier em

sinais digitais, a chamada transformação rápida de Fourier (“Fast Fourier Transform”-FFT),

tornou-se possível a aplicação da análise espectral em vários sinais digitais computadorizados,

incluindo o ECG. A FFT, quando aplicada às flutuações do iRR derivado do sinal

eletrocardiográfico, ao desdobrar em seus diversos componentes oscilatórios individuais com

características, amplitude e frequências definidas. Captando-se os sinais e transformando-os,

obtêm-se curvas espectrais que diferenciam as bandas de resposta de frequência (Task Force,

1996). Mais recentemente, outro método de análise espectral baseado no modelamento

autoregressivo do sinal de iRR passou também a ser empregado. Este método tem a vantagem

de remover o ruído do sinal e identificar com maior precisão as frequências centrais das

oscilações (Pagani et al., 1986; Malliani et al., 1991).

Três principais componentes espectrais expressos em termos de áreas que integram

determinadas faixas de frequências espectrais foram descobertos em seres humanos (figura 2).

Um componente inclui as frequências espectrais muito baixas (“very low frequency” - VLF -

0,01- 0,04 Hz), provavelmente relacionado à termo-regulação, ao sistema renina–angiotensina

(SRA), etc. Um segundo componente reune as baixas frequências espectrais (“low frequency”

- LF - 0,04 - 0,15 Hz), relacionado com a modulação autonômica barorreflexa, refletindo

predominantemente modulação simpática e em menor grau a modulação parassimpática. Um

terceiro componente, que integra as altas frequências espectrais (‘high frequency” - HF - 0,15

- 0,50 Hz), coincide com o ritmo respiratório, o qual expressa exclusivamente a influência

parassimpática sobre o nodo sinusal, manifestada pela arritmia sinusal respiratória (Akselrod

et al., 1981; Pagani et al., 1986; Malliani et al., 1991; Task Force, 1996).

Introdução

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56

Figura 2: Perfil espectral de uma série temporal de intervalos RR de um ser humano saudável. Note os componentes espectrais VLF (very low frequency), LF (low frequency) e HF (high frequency) da variabilidade do iRR. (DE = densidade espectral, LF/HF = razão entre LF e HF, o qual expressa o balanço simpato-vagal cardíaco). Fonte: Extraído de Malliani et al., Circulation, 1991.

Uma série de estudos sobre a VFC foi baseada nas medidas tradicionais nos DT e DF

(Lipsitz et al., 1990; Melo et al., 2008). Entretanto, este tipo de análise apresenta uma

importante limitação, uma vez que os resultados obtidos são muito sensíveis à definição das

bandas de oscilações (principalmente na definição do limite inferior da banda LF, geralmente

0,04 Hz, e na abrangência da banda HF em torno da frequência respiratória). Em

contrapartida, índices baseados em métodos não lineares não necessitam de qualquer

definição de bandas de frequências (Porta et al., 2007c). Estes métodos não lineares podem

assim fornecer resultados mais estáveis e reprodutíveis e também identificar anormalidades e

alterações não aparentes (Lipsitz et al., 1992; Mäkikallio et al., 2002; Huikuri et al., 2003).

Além disso, os métodos não lineares são por si mais adequados para extrair informações

relevantes relacionadas à complexidade dos sistemas regulatórios (Huikuri et al., 2000;

Huikuri et al., 2003).

Recentemente, várias abordagens foram propostas visando quantificar a complexidade.

A maioria destes estudos foi baseada em índices desenvolvidos para a análise de séries

Introdução

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57

temporais de longa duração e, portanto, em gravações ambulatoriais de 24 horas (Huikuri et

al., 2000; Mäkikallio et al., 2001; Maestri et al., 2007a). Por outro lado, registros de

laboratório de curta duração (<10 min) oferecem uma oportunidade única para avaliar a

regulação autonômica cardiovascular em condições controladas e padronizadas (Maestri et al.,

2007b). A avaliação da complexidade em registros de curta duração é baseada no cálculo de

entropias (Kaplan et al., 1991; Porta et al., 1998), na predição local não-linear (Porta et al.,

2000) e na dinâmica simbólica (Guzzetti et al., 2005; Porta et al., 2007c).

A complexidade é quantificada pela avaliação da quantidade de informação carreada

por uma série temporal (quanto maior a informação, maior a complexidade). Comumente, a

complexidade de registros curtos da VFC é avaliada com base na estimativa da entropia

condicional, que analisa a quantidade de informação transportada por uma amostra de série

temporal, quando amostras passadas são conhecidas (quanto menor a informação, mais

regular e previsível é a série) (Porta et al., 2007a,b). Além disso, Porta et al. (2007c),

propuseram recentemente uma nova ferramenta não linear baseada na análise simbólica de

sequências de três batimentos para distinguir a modulação cardíaca simpática e

parassimpática.

O teste do estresse postural “tilt test” é um importante indicador das respostas

autonômicas cardíacas (Rutan et al., 1992), ou seja, a manobra de “tilt test” é

reconhecidamente um relevante estímulo clínico e fisiológico para o estudo do SNA e pode

ser utilizada para a detecção precoce de distúrbios autonômicos em diversas patologias. Além

do mais, diferentemente das coletas de informações em repouso, a manobra de “tilt test”

permite a realização de uma avaliação dinâmica dos mecanismos regulatórios do sistema

cardiovascular (Lipsitz et al., 1990; Montano et al., 1994; Mukai, Hayano, 1995).

JUSTIFICATIVA

Doutorado Octávio Barbosa Neto

59

2 JUSTIFICATIVA

Apesar de inúmeros investigadores terem demonstrado alterações na modulação

autonômica da FC em animais de experimentação durante e após administração de EAA,

poucos são os estudos referentes a este aspecto em seres humanos. Além do mais, até o

presente momento, não se encontra nenhum trabalho realizado com atletas fisiculturistas

usuários de EAA baseado no cálculo de entropias, na predição local não-linear e na dinâmica

simbólica, bem como estudos em relação as respostas cardiovasculares ao ortostatismo ativo

nesta população.

HIPÓTESE

Doutorado Octávio Barbosa Neto

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3 HIPÓTESE

No presente estudo, testamos a hipótese de que as modificações causadas pelo uso

abusivo de esteróides anabólicos em atletas fisiculturistas desencadeiam uma disautonomia

cardíaca, com prevalência de uma hiperatividade simpática e uma atenuação vagal avaliadas

por meio da VFC, e que tais alterações podem ser detectadas pelas análises não-lineares.

Além disso, lançamos a hipótese de que nestes indivíduos uma menor resposta autonômica ao

estresse postural ativo pode estar presente e ser associada com alterações eletrocardiográficas

e morfofuncionais cardíacas quando comparados a fisiculturistas não usuários e indivíduos

sedentários controles.

OBJETIVOS

Doutorado Octávio Barbosa Neto

63

4 OBJETIVOS

4.1 Geral

Avaliar as alterações autonômicas e morfofuncionais cardíacas em atletas

fisiculturistas usuários de esteróides anabólicos androgênicos.

4.2 Específicos

Avaliar os efeitos dos esteróides anabólicos androgênicos em atletas fisiculturistas

sobre:

� Parâmetros antropométricos e composição corporal;

� Os níveis basais da pressão arterial, frequência cardíaca e duplo produto;

� Perfil hormonal;

� A variabilidade da frequência cardíaca em repouso, por meio de análise

espectral, cálculo de entropias e dinâmica não-linear simbólica;

� Respostas autonômicas cardíacas ao ortostatismo ativo “tilt test”;

� Atividade elétrica cardíaca através do eletrocardiograma;

� Aspectos anatomo-funcionais mecânicos cardíacos através do ecocardiograma.

MATERIAL e MÉTODOS

Doutorado Octávio Barbosa Neto

65

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Sujeitos

Quarenta e cinco homens com idade entre 18 e 35 anos participaram voluntariamente

do presente estudo, os quais foram separados em três grupos: sedentários controles (SED,

n=15), fisiculturistas usuários de EAA (FUE, n=15) e fisiculturistas não usuários de EAA

(FNE, n=15).

Os indivíduos do grupo sedentário foram recrutados no município de Uberaba/MG. Os

grupos de fisiculturistas usuários e não usuários de EAA foram recrutados em academias de

ginástica também de nosso município. Todavia, em relação ao grupo de fisiculturistas

usuários de EAA, infelizmente em nossa cidade não se encontraram amostras suficientes com

tais características para a realização deste trabalho. Por essa razão, foram convidados

fisiculturistas usuários de EAA em academias de ginástica de regiões próximas a Uberaba,

tais como, Ribeirão Preto, Uberlândia e Patos de Minas. O translado desses indivíduos foi

efetuado pelo serviço de transporte da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

Todos os voluntários foram informados verbalmente e por escrito sobre o protocolo

experimental a que se submeteriam e, após a leitura e assinatura do termo de consentimento

livre e esclarecido, foram orientados de acordo com suas disponibilidades, quanto ao dia e

horário que deveriam comparecer para a realização dos protocolos de avaliações. Em todas as

fases da pesquisa, todos os voluntários foram identificados por códigos, assegurando assim, o

anonimato dos participantes e confidencialidade dos resultados.

Material e Métodos

Doutorado Octávio Barbosa Neto

66

Foram considerados critérios de inclusão: indivíduos que não realizam atividades

físicas a mais de um ano (grupo SED), fisiculturistas que treinam musculação há mais de 5

anos e fazem uso de EAA há pelo menos 2 anos (grupo FUE) e fisiculturistas que treinam

musculação há mais de 5 anos e não fazem uso de EAA (grupo FNE). Critérios de exclusão:

indivíduos que possuíam insuficiências neurológicas ou vasculares, histórico de doenças

reumáticas e/ou distúrbios metabólicos, hipertireoidismo, indivíduos com terapia

imunossupressiva, indivíduos em tratamento de longo prazo com corticosteróides, indivíduos

sofrendo de diabetes mellitus e doença severa cardíaca ou respiratória, bem como indivíduos

fumantes ou com consumo excessivo de álcool.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da UFTM, sob o

protocolo de no 1536.

5.2 Anamnese

Um questionário em formato de fácil resposta foi elaborado para que os participantes

respondessem de modo voluntário a fim de se obter informações a respeito do estilo de vida,

histórico individual e familiar de doenças, período de treinamento e/ou sedentarismo e

padrões do uso de EAA.

Material e Métodos

Doutorado Octávio Barbosa Neto

67

5.3 Procedimentos experimentais

Todos os experimentos foram realizados em uma sala com temperatura ambiente (22 ±

1oC) e no mesmo período do dia. Os voluntários foram familiarizados com a sala de

experimento, procedimentos e equipamentos utilizados. Todos os indivíduos foram instruídos

a evitar cafeína, fumo e bebidas alcoólicas, bem como evitar a realização de qualquer

exercício moderado ou intenso na véspera e no dia da aplicação do protocolo.

5.4 Exames físicos e parâmetros hemodinâmicos

Exames cardiológicos foram realizados por um cardiologista e consistiu na obtenção

dos seguintes dados: pulso tomado em artéria radial, femoral ou carótida (nesta ordem de

preferência de acordo com a deficiência que porventura o voluntário apresentasse) com

contagem em 60 segundos para se obter o número de impulsos por minuto. Além disso, todos

os voluntários foram submetidos à inspeção, palpação e ausculta da região precordial.

A FC foi obtida através dos registros eletrocardiográficos, a PA foi aferida nas

situações de repouso e imediatamente após a manobra do teste tilt ativo utilizando-se um

esfigmomanômetro digital automático (Omron M3 Intellisense) devidamente calibrado,

medida em milímetros de mercúrio (mmHg), identificando respectivamente a PA sistólica

(PAS) e diastólica (PAD). O duplo produto (DP) foi calculado pelo produto PAS x FC.

Material e Métodos

Doutorado Octávio Barbosa Neto

68

5.5 Antropometria e composição corporal

Avaliações antropométricas para definir a massa corporal e a estatura foram realizadas

em todos participantes do presente estudo através de uma balança digital (Design Clean

HD313 - Tanita) e por um estadiômetro (E120p Tonelli). A partir desses dados foi

quantificado o índice de massa corpórea (IMC), dado pela razão peso (kg) / altura (m2). As

circunferências foram medidas do perímetro dos segmentos corporais com uma fita métrica da

marca Sanny® com divisões de 0,1 cm. Durante o procedimento todos os voluntários foram

orientados a usarem o mínimo de roupa possível.

A aferição da composição corporal foi realizada através do método indireto,

utilizando-se o protocolo de Guedes (1994) de três dobras cutâneas: tríceps, supra-ilíaca e

abdome. Para mensurar as dobras cutâneas supracitadas foi utilizado um adipômetro da marca

Sanny Medical®, com sensibilidade de pressão de 9,8 kg/mm2 e amplitude de leitura de 0 até

80 mm e graduação de escala em medição em décimos de milímetros (Fernandes Filho,

2003). Após a coleta de dados foi utilizado o software Physical Test 7.0 para obtenção e

classificação dos resultados encontrados.

5.6 Variabilidade da frequência cardíaca

Para o estudo da função autonômica cardíaca, foram realizados registros

eletrocardiográficos utilizando-se um eletrocardiograma ECAFIX FUNBEC ECG5 e um

conversor analógico-digital A/D-DI-194 com frequência de amostragem de 240 Hz. O

registro do ECG foi feito na posição MC5 pelo tempo de 5 minutos com o voluntário em

repouso em decúbito dorsal em uma maca.

Material e Métodos

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69

Para a análise da variabilidade cardiovascular, os sinais do ECG, continuamente

registrados ao longo do protocolo, foram processados por software (software PRE,

gentilmente cedido por Eng. Dr. Alberto Porta, Universidade de Milão, Itália) de modo a

gerar séries temporais batimento-a-batimento de iRR. A variância dos valores de iRR dentro

dos períodos basal e ortostatismo foi tomada como um índice de variabilidade no DT.

A variabilidade do iRR foi também avaliada no DF empregando-se o método de

análise espectral autoregressivo. Os procedimentos teóricos e analíticos estão completamente

descritos em publicações prévias (Pagani et al., 1986; Malliani et al., 1991; Task Force,

1996). Brevemente, séries temporais batimento a batimento de iRR, coletados durante os

tempos de registro, contendo 300 batimentos sucessivos foram avaliadas. Usando segmentos

estacionários das séries temporais, parâmetros autoregressivos foram estimados através do

método de Levinson-Durbin e a ordem do modelo foi escolhida de acordo com o critério de

Akaike. Em seguida, sobre cada segmento estácionário individual de 300 batimentos, a

decomposição espectral foi realizada mediante uso de software apropriado (software LA,

gentilmente cedido pela engenheiro Dr. Alberto Porta, Universidade de Milão, Itália). Este

procedimento permite automaticamente quantificar a frequência central e a potência de cada

componente espectral relevante em unidades absolutas bem como em unidades normalizadas.

O procedimento de normalização, aplicado apenas à variabilidade do iRR, foi

realizado pela divisão da potência do componente de baixa frequência (low frequency - LF;

0,04-0,15 Hz) ou de alta frequência (high frequency - HF; 0,15-0,50 Hz) pela potência

espectral total da qual se subtrai a potência da banda de muito baixa frequência (very low

frequency - VLF, 0,01-0,04 Hz), multiplicando-se o resultado por 100 (Pagani et al., 1986;

Malliani et al., 1991; Task Force, 1996). Os parâmetros espectrais obtidos para cada segmento

estacionário individual de 300 batimentos foram avaliados e valores médios resultantes do

tempo de registro foram obtidos para cada voluntário.

Material e Métodos

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70

5.7 Análise simbólica

A análise da VFC pelo método não linear foi realizada a partir da análise simbólica e

do cálculo da entropia de Shannon (ES), por meio do programa de rotina de análise

desenvolvido pelo Professor Alberto Porta e colaboradores do Dipartimento di Scienze

Precliniche, Università Degli Sudi di Milano, Milão, Itália (Porta et al., 2001)

A técnica descrita por Porta et al. (2001), baseia-se na transformação da série da VFC

em uma sequência dos números inteiros (símbolos), na construção de padrões (palavras), na

redução do número de padrões agrupando-os em um pequeno número de famílias e na

avaliação das taxas de ocorrência dessas famílias. Uma abordagem de simplificação baseada

no processo de quantificação uniforme foi usada para transformar a série RR em uma

sequência de símbolos.

A análise simbólica ou dinâmica simbólica foi calculada a partir dos seguintes passos:

os iRR são uniformemente distribuídos em 6 níveis (de 0 a 5), sendo que cada nível é

identificado por um símbolo (no caso, um número), os quais são agrupados de 3 em 3,

formando padrões simbólicos (Figura 3).

Para reduzir o número de padrões sem perda de informações, foi efetuado um processo

de redução de redundância. Todos os padrões foram agrupados em quatro famílias, de acordo

com o número e tipos de variações de um símbolo para o próximo. As famílias foram às

seguintes: padrões sem variação [0V: todos os símbolos são iguais, por exemplo (3,3,3) ou

(4,4,4); Figura 4, A e B], padrões com uma variação [1V: 2 símbolos consecutivos são iguais

e o símbolo restante é diferente, por exemplo, (3,4,4) ou (4,4,2); Figura 4, C e D], padrões

com duas variações similares [2VS: os 3 símbolos formam uma rampa ascendente ou

descendente, por exemplo, (1,2,4) ou (4,3,2); Figura 4, E e F], e padrões com duas variações

diferentes [2VD: os 3 símbolos formam um pico ou um vale, por exemplo, (2,4,2) ou (4,1,2);

Material e Métodos

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71

Figura 4, G e H]. Foram avaliados os índices de ocorrência de todas as famílias: 0V%, 1V%,

2VS% e 2VD%.

Figura 3: Ilustração sintética do método da análise simbólica. Os iRR são uniformemente distribuídos em 6 níveis (de 0 a 5). Cada nível foi identificado com um símbolo (número) e foram construídos padrões em comprimento de 3 símbolos. Adaptado de Guzzetti et al. (2005).

Material e Métodos

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72

A escolha desta estratégia foi realizada por meio dos grupos de todos os padrões

possíveis, em quatro categorias caracterizadas pelo conteúdo de frequências diferentes: 0V

caracterizada apenas por padrões de baixas frequências (padrão constante); 1V e 2VS

representados por padrões de alta e baixa frequências; e 2VD dominado por padrões de alta

frequências (Porta et al., 2001) (Figura 4).

Figura 4: Exemplos de padrões para categoria 0V (A e B), 1V (C e D), 2VS (E e F) e 2VD (G e H).(beats: batimentos; symbols: símbolos). Fonte: Porta et al., 2007 (adaptado).

Material e Métodos

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73

Estudos com bloqueio farmacológico (Guzzetti et al., 2005) e testes autonômicos

(Guzzetti et al., 2005; Porta et al., 2007c) indicaram que os índices 0V% e 2VD% são capazes

de avaliar as modulações autonômicas. Guzzetti et al. (2005) observaram que em voluntários

saudáveis ocorre o aumento do padrão 0V e diminuição do padrão 2VD durante o teste de tilt

e handgrip, condição caracterizada pelo aumento da modulação simpática e diminuição da

modulação vagal. Nos padrões 1V e 2VS não houve nenhuma mudança significativa. Diante

disso, no presente estudo, foi utilizado o padrão 0V que caracteriza a modulação simpática, e

o padrão 2VD que caracteriza a modulação parassimpática (Guzzetti et al., 2005).

Resumidamente, a série foi alocada sobre ξ símbolos com resolução de (RRmáx-

RRmín)/ξ, onde RRmáx e RRmín eram respectivamente o valor máximo e o mínimo de iRR da

série. Após a quantificação, a série de iRR se tornou a sequência RRξ={RRξ(i), i=1,...,N} de

valores inteiros variando de 0 a ξ-1. A técnica de atraso das coordenadas foi utilizada para

transformar a série RRξ na sequência de padrões RRξ,L={RRξ,L(i), i=1,...,N} com

RRξ,L(i)=[RRξ(i), RRξ(i-1),..., RRξ(i-L + 1)]. O número de padrões possíveis RRξ,L(i) foi ξL.

Como ξL aumenta rapidamente com o aumento do L e ξ, ambos os parâmetros foram mantidos

em baixos valores: para a aplicação em dados de registro de curta duração, a melhor escolha

foi ξ=6 e L=3, e o número de padrões possíveis foi de 216. Nos períodos basal e durante o

“ tilt test” foram avaliadas séries temporais de iRR com número fixo 300 valores suscessivos.

Outra análise não linear empregada foi o cálculo da ES. Este método de análise difere

dos índices tradicionais lineares da estimação da VFC, no sentido de que esta não se destina a

avaliar a magnitude da VFC, mas sim calcula o grau de complexidade da distribuição da série

dos iRR (Porta et al., 2001). Ou seja, a ES foi calculada para fornecer uma estimativa de

complexidade da distribuição dos padrões, sendo um índice que descreve a forma da

distribuição destes padrões. A ES é alta se a distribuição é plana (todos os padrões são

identicamente distribuídos e a série transporta o máximo de informações). Pelo contrário, a

Material e Métodos

Doutorado Octávio Barbosa Neto

74

ES é baixa se um subconjunto de padrões é mais comum, enquanto outros estão ausentes ou

são pouco frequentes (por exemplo, em uma distribuição de Gauss) (Porta et al., 2001).

Conforme a fórmula utilizada para o cálculo da ES: ES (L,ξ) = - Σ p (x ξL).log p (x ξL,).

Sendo: x = amostra de séries; ξ = número de níveis pelos quais as amostras são distribuídas

(fixo em 6); L = sequência de amostra (fixo em 3).

Segundo Pineda (2006), a ES é explicada pela quantidade de informações geradas por

um processo, onde são somadas todas as probabilidades de ocorrência de evento,

multiplicadas pelo seu próprio logaritmo. A ES não é calculada diretamente sobre as amostras

de série, mas sobre os padrões de comprimento L (ou seja, ordenam-se sequências de

amostras L), medindo assim, a complexidade de distribuição da série de iRR, verificando,

desta forma, se existem alguns padrões mais presentes do que outros (Figura 5).

Figura 5: Descrição dos processos para detecção dos padrões determinísticos frequentes (FPDs). Um FDPs é encontrado se as probabilidades de função de densidade (PDF) são calculadas sobre as séries originais (barras abertas) superando média [PDF] + 2 vezes os desvios padrões [PDV] calculado sobre 15 realizações de substituição de dados (barras pretas) e se o PDF for maior que 0,04 (linha pontilhada). Apenas três FPDs são detectados. (Pattern types: tipos de padrão). Fonte: Porta et al., 2001.

Material e Métodos

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75

5.8 Manobra postural ativa

Imediatamente após os registros na posição supina, todos os voluntários foram

orientados a ficarem na posição ortostática ao lado da maca (teste tilt ativo), onde os mesmos

permaneceram nessa posição por mais 5 minutos. A PA foi aferida nos primeiros segundos do

ortostatismo. A porcentagem da resposta do tilt em relação à posição supina (∆%) nos vários

parâmetros analisados, foi calculada empregando-se a fórmula: ∆% = (valor pós-teste tilt -

valor basal / valor basal) x 100.

5.9 Estudos Eletrocardiográficos e Ecocardiográficos

Após os registros da VFC, todos os participantes deste estudo foram submetidos a um

ECG completo de repouso. O ECG foi realizado com os indivíduos na posição supina,

obtendo-se as derivações precordiais habituais de V1 a V6. As derivações periféricas (DI, DII,

DIII, aVR, aVL, aVF) também foram obtidas. Para o ECG de repouso foi utilizado um

software da marca Heart Ware (Belo Horizonte, MG, Brasil) modelo Ergo98 versão 1.1.6.1.

Os traçados foram obtidos e avaliados na tela de um computador pessoal, e quando foram

identificados como de boa qualidade foram armazenados para posterior impressão e

interpretação dos mesmos.

Os parâmetros avaliados no ECG foram: duração da onda P, duração do complexo

QRS, intervalo PR e segmento ST. Estes parâmetros foram medidos manualmente em cada

uma das doze derivações por três ciclos consecutivos.

O iQT foi medido a partir da primeira deflexão do complexo QRS até o retorno da

onda T à linha de base. Havendo onda U presente, a porção visível da onda T era extrapolada

até a linha de base TP. Se não fosse possível determinar o fim de T, a derivação foi excluída

Material e Métodos

Doutorado Octávio Barbosa Neto

76

da análise. Para cada traçado considerou-se o valor máximo médio do intervalo do iQT (QT

máximo) e o mínimo médio (QT mínimo). Para minimizar a variação intra-observador,

utilizou-se a média do iQT de três batimentos consecutivos. O iQT foi corrigido para a FC

(iQTc) segundo a fórmula de Bazett: iQTc = QT/raiz quadrada de iRR (Bazett, 1920). A DQT

e a DQT corrigida (DQTc) foram definidas como as diferenças entre os valores máximos e

mínimos dos intervalos, expressas em milissegundos (ms).

Avaliaram-se também os eixos elétricos do ECG utilizando-se a fórmula:

Eixo = arctang{[√3 x (D2 + D3)] / [(2xD1) + D2 – D3]}.

Para o auxílio no diagnóstico de HVE tomou-se por base critérios eletrocardiográficos

utilizando-se o índice de Sokolow-Lyon (ISL), dado pela somatória dos valores da onda S da

derivação V1 + valores da onda R das derivações V5 ou V6 (Sokolow, Lyon, 1949).

Em seguida, os indivíduos foram submetidos à análise ecocardiográfica bidimensional,

dos fluxos cardíacos com o emprego do Doppler convencional. Os exames ecocardiográficos

foram realizados por ecocardiografistas experientes segundo recomendações da Sociedade

Americana de Ecocardiografia, utilizando-se um equipamento comercialmente disponível

(Philips IE33, Andover, MA, EUA), equipado com transdutor de 2 a 5 MHZ.

Os parâmetros ecocardiográficos estudados foram: medidas lineares diretas -

diâmetros diastólico (DdVE) e sistólico do VE (DsVE), espessura da parede posterior do VE

no final da diástole (EPPd), espessura do septo interventricular no final da diástole (ESd),

medidas calculadas indiretamente - volume sistólico final (VSF) e VDF do VE, volume

sistólico (VS), fração de ejeção (FE) do VE, DC, massa (MVE) e índice de massa do VE

(iMVE) obtido pela divisão da MVE pela área da superfície corporal, sendo considerado

normal valores menores que 110g/m2 para mulheres e menores que 134 g/m2 para homens

Material e Métodos

Doutorado Octávio Barbosa Neto

77

(Dahlof et al., 1998). Realizou-se também análises qualitativas do espessamento relativo, que

é definido pela soma das espessuras diastólicas do septo ventricular e parede posterior, em

relação à dimensão diastólica do VE, sendo considerado hipertrofia cardíaca valores acima de

45 g/m2 (Ganan et al., 1992).

Tanto os exames eletrocardiográficos quanto os ecocardiográficos foram realizados

por três cardiologistas em clínicas cardiológicas nos municípios de Uberaba/MG e Ribeirão

Preto/SP.

5.10 Avaliação hormonal

Ao final dos protocolos de registros eletrocardiográficos e ecocardiográficos os

voluntários foram submetidos à punção da veia anticubital do braço direito para retirada de

amostras de sangue para análise do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal.

Todo o sangue foi processado e centrifugado a 1.000 rpm por 10 minutos. Em seguida,

o soro foi pipetado e aliquotado em tubos de ensaios e estocados em freezer a -80oC até

análise posterior. Os hormônios: testosterona total, estradiol (E2), LH, FSH e DHEA-S foram

mensurados pelo método de quimioluminescência (Advia Centaur, Bayer Corporation,

Tarrytown, NY, EUA). Todas as análises hormonais foram realizadas por técnicos

especializados no Laboratório Central de Análises Clinicas do Hospital Escola da UFTM.

5.11 Análise estatística

Os parâmetros relacionados ao volume de treinamento semanal entre ambos os grupos

de fisiculturistas foi avaliado utilizando-se o teste “t” de student para amostras paramétricas,

ou o teste de Mann-Whitney para amostras não paramétricas. Os demais parâmetros avaliados

Material e Métodos

Doutorado Octávio Barbosa Neto

78

entre os indivíduos dos grupos sedentários, fisiculturistas usuários ou não de EAA foram

comparados através do teste ANOVA “one way” seguido pelo pós-teste de Tukey ou teste

Kruskal-Wallis seguido pelo pós-teste de Dunn's, de acordo com presença ou não de

normalidade de distribuição e/ou homogeneidade da variância. A diferença entre os

parâmetros foi considerada significativa quando p<0,05. As análises foram conduzidas

utilizando-se o software SigmaStat 2.3.0 (Jandel Scientific Software; SPSS, Chicago, IL).

Todos os dados foram expressos como média ± EPM.

RESULTADOS

Doutorado Octávio Barbosa Neto

80

6 RESULTADOS

6.1 Composição corporal e características antropométricas

Os dados referentes à média de idade e a composição corporal dos voluntários do

presente estudo estão apresentados na tabela 2. Analisando estes parâmetros, nota-se que não

houve diferenças em relação à idade e a estatura entre os grupos avaliados. Todavia,

evidenciou-se um maior peso corporal em fisiculturistas usuários de EAA quando comparados

aos fisiculturistas não usuários e sedentários (p<0,005). O que também foi constatado ao

avaliar o IMC (p<0,05).

Por outro lado, os indivíduos que não realizam atividades físicas possuem maiores

valores de massa gorda e de porcentagem de gordura em comparação aos atletas usuários de

esteróides e aos não usuários (p<0,001), e menores valores de massa magra, massa muscular e

porcentagem de músculo em relação aos grupos FNE (p<0,05) e FUE (p<0,005)

respectivamente. Entre os grupos de fisiculturistas, observaram-se maiores valores de massa

magra e muscular em usuários de EAA (p<0,001).

Os resultados da avaliação antropométrica são visualizados na tabela 3. Não se

evidenciaram diferenças nos valores de circunferências da cintura, do abdome e do quadril

entre os grupos. Contudo, constatou-se valores inferiores de circunferências do tórax, ante

braço, braço e coxas nos indivíduos sedentários quando confrontados a ambos os grupos de

fisiculturistas (p<0,05), o que também ocorreu com o grupo FNE em comparação ao grupo

FUE (p<0,05). Por fim, os fisiculturistas usuários de esteróides apresentaram maiores

circunferências de panturrilhas em relação aos sedentários (p<0,05).

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

81

Tabela 2: Valores médios da idade e da composição corporal dos grupos sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE).

SED

(n=15)

FNE

(n=15)

FUE

(n=15)

Idade (anos) 30,2 ± 0,8 30,0 ± 1,0 29,2 ± 1,1

Peso (Kg) 81,6 ± 2,9 85,6 ± 3,1 99,1 ± 2,1*#

Estatura (m) 1,73 ± 0,0 1,75 ± 0,0 1,79 ± 0,0

IMC (Kg/m2) 27,0 ± 0,8 27,7 ± 0,8 30,8 ± 0,4*#

Massa Gorda (Kg) 17,5 ± 1,1 12,4 ± 1,2* 12,4 ± 1,1*

Gordura (%) 21,1 ± 0,9 14,2 ± 1,0* 12,5 ± 1,1*

Massa Magra (Kg) 64,1 ± 2,1 73,1 ± 2,1* 86,7 ± 2,2*#

Massa Muscular (Kg) 44,8 ± 1,5 52,9 ± 1,5* 63,0 ± 1,8*#

Músculo (%) 55,2 ± 0,7 62,1 ± 1,1* 63,5 ± 1,1*

Dados expressos como média ± EPM. Abreviaturas: Índice de Massa Corpórea (IMC); Quilograma (Kg); Metro (m) e Centímetro (cm). *p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

Tabela 3: Valores médios das características antropométricas dos grupos sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE).

SED

(n=15)

FNE

(n=15)

FUE

(n=15)

Tórax (cm) 98,9 ± 1,1 106,5 ± 1,9* 112,3 ± 1,5*#

Cintura (cm) 88,9 ± 1,9 86,4 ± 1,8 92,1 ± 1,2

Abdome (cm) 94,8 ± 2,3 89,7 ± 1,9 93,6 ± 1,5

Quadril (cm) 102,4 ± 1,7 101,4 ± 2,1 106,1 ± 1,0

Ante braço D (cm) 29,0 ± 0,5 30,7 ± 0,5* 33,8 ± 0,3*#

Ante braço E (cm) 28,6 ± 0,5 30,7 ± 0,5* 33,6 ± 0,4*#

Braço D (cm) 32,9 ± 0,8 40,3 ± 0,7* 43,4 ± 0,6*#

Braço E (cm) 32,3 ± 0,8 40,2 ± 0,7* 43,1 ± 0,5*#

Coxa D (cm) 57,8 ± 0,9 61,7 ± 1,2* 65,5 ± 0,9*#

Coxa E (cm) 57,0 ± 0,9 61,0 ± 1,2* 64,7 ± 0,9*#

Panturrilha D (cm) 37,7 ± 0,6 38,1 ± 0,6 40,1 ± 0,3*

Panturrilha E (cm) 37,3 ± 0,6 38,6 ± 0,7 40,0 ± 0,3*

Dados expressos como média ± EPM. Abreviaturas: Direito (D); Esquerdo (E) e Centímetro (cm). *p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

82

6.2 Histórico esportivo e padrões de uso dos EAA

De acordo com a anamnese realizada nos voluntários do presente estudo, verificou-se

que ambos os grupos de fisiculturistas não apresentaram diferenças significativas quanto ao

tempo de prática do halterofilismo, fato esse também observado em relação ao volume e a

duração semanal de treinamento (Tabela 4).

Tabela 4: Valores referentes aos dados do histórico esportivo obtidos na anamnese dos grupos fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).

FNE

(n=15)

FUE

(n=15)

Tempo de pratica do halterofilismo (anos) 6,3 ± 0,3 7,0 ± 0,2

Volume de treinamento semanal (vezes) 4,8 ± 0,2 5,3 ± 0,1

Duração de treinamento semanal (horas) 6,6 ± 0,2 7,4 ± 0,3

Dados expressos como média ± EPM

Os padrões de uso dos EAAs, que já vinham sendo utilizados pelos fisiculturistas por

ocasião do estudo estão apresentados na tabela 5, e incluíam os seguintes esteróides:

stanozolol (Winstrol® Depot, Zambon), propianato de testosterona (Durateston®, Organon),

cipionato de testosterona (Deposteron®, Sigma Pharma Ltda), decanoato de nandrolona

(Deca-Durabolin®, Organon) e oximetolona (Hemogenin®, Aventis Pharma). Os esteróides

mais utilizados entre os fisiculturistas foram: decanoato de nandrolona (80 %), propianato de

testosterona (73,3 %), stanozolol (53,3 %), cipionato de testosterona (33,3 %) e em menor

padrão de uso o esteróide oximetolona (13,3 %). A maioria dos usuários (93,3 %) fazia o uso

desses esteróides pelo método de combinação de drogas (Tabela 5).

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

83

De acordo com os relatos dos fisiculturistas usuários, os mesmos afirmaram que

adquiriam as drogas por fontes não médicas em estabelecimentos farmacêuticos (73,3%).

Esses compostos eram auto-administrados na grande maioria por via intramuscular (86,6%), e

a média do ciclo de uso foi de 9,8 ± 0,4 semanas, com padrões de uso piramidal e irregular,

em doses que variavam de atleta para atleta, sendo que a dosagem semanal média foi de 646,6

± 34,2 mg (Tabela 5).

Tabela 5: Tipo e período de uso dos Esteróides Anabólicos Androgênicos (EAA) por fisiculturistas.

Grupo EAA Dosagem Semanal

(mg)

Tempo de Uso

(anos)

Ciclo de Uso

(semanas)

FUE-01 DN, PT, STZ 600 6 8

FUE-02 DN, PT, STZ 750 3,5 8

FUE-03 PT, STZ 1000 3,5 8

FUE-04 DN 500 2 10

FUE-05 CT, OXL, STZ 500 2,5 8

FUE-06 DN, PT 750 5 8

FUE-07 DN, PT, STZ 550 4 10

FUE-08 DN, PT, OXL 625 3 10

FUE-09 DN, PT 600 2 10

FUE-10 DN, PT, STZ 750 3,5 12

FUE-11 DN, CT, STZ 600 2,5 12

FUE-12 DN, PT, CT 600 6 8

FUE-13 PT, CT 750 5,5 12

FUE-14 DN, PT, STZ 525 4,5 12

FUE-15 DN, CT 600 4 12

Abreviaturas: DN = Decanoato de Nandrolona (Deca Durabolin); PT = Propionato de Testosterona (Durateston); CT = Cipionato de Testosterona (Deposteron); STZ = Estanozolol (Winstrol); OXL = Oximetolona (Hemogenin).

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

84

6.3 Avaliação hormonal

O resultado do perfil hormonal dos voluntários deste estudo revelou uma drástica

redução das concentrações de LH nos fisiculturistas usuários de EAA (0,4 ± 0,1 mUI/L)

quando comparados aos fisiculturistas não usuários (2,9 ± 0,2 mUI/L; p<0,001) e aos

indivíduos sedentários (3,5 ± 0,2 mUI/L; p<0,001) (Fig. 6). Redução essa que também foi

observada nas concentrações de FSH (0,8 ± 0,2 mUI/ml em FUE) versus (2,9 ± 0,2 mUI/ml

em FNE; p<0,001) e (3,4 ± 0,3 mUI/ml em SED; p<0,001) (Fig. 7) e de DHEA-S (98,8 ± 5,5

mcg/dL em FUE) versus (238,8 ± 25,5 mcg/dL em FNE; p<0,001) e (232,8 ± 18,7 mcg/dL em

SED; p<0,001), respectivamente (Fig. 8).

Por outro lado, os atletas que fazem uso de esteróides anabólicos apresentaram

elevados níveis de testosterona total (665,8 ± 87,6 ng/dL) em comparação aos não usuários

(417,0 ± 22,4 ng/dL; p<0,005) e sedentários (406,2 ± 34,4 ng/dL; p<0,005) (Fig. 9), o que

também foi evidenciado em relação ao hormônio estradiol (99,8 ± 7,7 pg/ml em FUE) versus

(40,2 ± 2,1 pg/ml em FNE; p<0,001) e (39,3 ± 3,0 pg/ml em SED; p<0,001) (Fig. 10).

Figura 6: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio luteinizante (LH) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,001 vs. SED e #p<0,001 vs. FNE.

LH (

mU

I/L)

0

1

2

3

4

5

SED FNE FUE

* #

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

85

Figura 7: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio folículo estimulante (FSH) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,001 vs. SED e #p<0,001 vs. FNE.

Figura 8: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio sulfato de desidroepiandosterona (DHEA-S) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,001 vs. SED e #p<0,001 vs. FNE.

FS

H (

mU

I/ml)

0

1

2

3

4

SED FNE FUE

* #

DH

EA

-S (

mcg

/dL)

0

50

100

150

200

250

300

SED FNE FUE

* #

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

86

Figura 9: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos de testosterona total entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,005 vs. SED e #p<0,005 vs. FNE.

Figura 10: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio Estradiol (E2) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,005 vs. SED e #p<0,005 vs. FNE.

Tes

tost

eron

a T

otal

(ng

/dL)

0

200

400

600

800

1000

SED FNE FUE

* #

E2

(pg/

ml)

0

20

40

60

80

100

120

140

SED FNE FUE

* #

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

87

6.4 Parâmetros hemodinâmicos em repouso e após manobra postural ativa

Analisando os níveis pressóricos basais, pode-se constatar que os atletas fisiculturistas

que fazem uso abusivo de esteróides possuem valores superiores de PAS (141,0 ± 2,2 mmHg)

em comparação a ambos os grupos FNE (129,0 ± 3,7 mmHg; p<0,05) e SED (123,6 ± 2,0

mmHg; p<0,001) (Fig. 11). Comportamento esse também observado na PAD (90,2 ± 3,4

mmHg em FUE) versus (79,2 ± 3,3 mmHg em FNE; p<0,05) e (75,0 ± 2,4 mmHg em SED;

p<0,005), respectivamente (Fig. 12).

Em relação à FC de repouso, entretanto, não se evidenciaram diferenças significativas

entre os grupos (67,5 ± 2,2 bpm em SED; 68,9 ± 1,6 bpm em FNE e 69,4 ± 2,9 bpm em FUE)

(Fig. 13). Em contrapartida, os usuários de EAA apresentaram valores do DP

significativamente maiores (9772,5 ± 415,4 mmHg.bpm) quando confrontados aos

sedentários (8356,9 ± 318,5 mmHg.bpm; p<0,05), mas não quanto ao grupo FNE (8862,6 ±

279,8 mmHg.bpm) (Fig. 14).

Figura 11: Valores médios (±epm) dos níveis basais da pressão arterial sistólica (PAS) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,001 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

*

Pre

ssão

Art

eria

l Sis

tólic

a(m

mH

g)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

#

SED FNE FUE

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

88

Figura 12: Valores médios (±epm) dos níveis basais da pressão arterial diastólica (PAD) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,005 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

Figura 13: Valores médios (±epm) da frequência cardíaca (FC) de repouso entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).

Pre

ssão

Art

eria

l Dia

stól

ica

(mm

Hg)

0

20

40

60

80

100

120

SED FNE FUE

* #F

requ

ênci

a C

ardí

aca

(bpm

)

0

20

40

60

80

SED FNE FUE

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

89

Figura 14: Valores médios (±epm) do duplo produto (DP) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,05 vs. SED.

A amplitude de resposta (∆%) induzida pela manobra postural ativa na PAS está

apresentada na figura 15. Nota-se que os voluntários do grupo FUE obtiveram menores

respostas ao teste tilt (0,1 ± 0,3 %) em comparação aos grupos FNE (3,7 ± 0,8 %; p<0,001) e

SED (3,8 ± 0,4 %; p<0,001). Dados semelhantes foram observados no ∆% da PAD, atletas

usuários de EAA apresentaram uma menor amplitude de resposta (0,5 ± 0,4 %) quando

comparados aos não usuários (4,3 ± 0,7 %; p<0,001) e sedentários (5,8 ± 1,3 %; p<0,001)

(Fig. 16).

Em relação ao comportamento da FC por outro lado, o grupo esteróide demonstrou

possuir uma menor taquicardia em resposta ao tilt ativo (8,0 ± 1,4 %) do que o grupo

sedentário controle (15,0 ± 1,7 %; p<0,05), mas não ao grupo FNE (12,6 ± 2,0 %) (Fig. 17).

A figura 18 refere-se ao ∆% do DP. Ao confrontarmos ambos os grupos de

fisiculturistas, podemos evidenciar que os FUE apresentaram uma menor amplitude de

resposta (12,6 ± 2,4 %) em comparação aos FNE (23,6 ± 3,5 %; p<0,05), bem como aos SED

(27,4 ± 2,9 %; p<0,005).

Dup

lo P

rodu

to(m

mH

g x

bpm

)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

SED FNE FUE

*

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

90

Figura 15: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) na pressão arterial sistólica (PAS) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,001 vs. SED e #p<0,001 vs. FNE.

Figura 16: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) na pressão arterial diastólica (PAD) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,001 vs. SED e #p<0,001 vs. FNE.

Pre

ssão

Art

eria

l Sis

tólic

a( �� ��

%)

0

1

2

3

4

5

SED FNE FUE

#*

Pre

ssão

Art

eria

l Dia

stól

ica

( �� ��%

)

0

2

4

6

8

SED FNE FUE

#*

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

91

Figura 17: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) na frequência cardíaca (FC) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,05 vs. SED.

Figura 18: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) no duplo produto (DP) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,005 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

Fre

quên

cia

Car

díac

a( �� ��

%)

0

5

10

15

20

25

30

SED FNE FUE

*D

uplo

Pro

duto

( �� ��%

)

0

5

10

15

20

25

30

35

SED FNE FUE

#*

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

92

6.5 VFC da cardíaca em repouso e após manobra postural ativa

A análise da VFC no DT e DF na situação de repouso pode ser observada para os

grupos SED, FNE e FUE na Tabela 6. Esses dados evidenciam que não ocorreram diferenças

consideráveis entre os parâmetros, iRR, variância e componente VLF. Todavia, no grupo

FUE, o componente da banda LF, bem como seus valores normalizados (LFnu), se encontram

elevados em relação aos grupos FNE (p<0,001) e SED (p<0,001), o que também pode ser

observado no balanço simpato-vagal, dado pela razão LF/HF (p<0,001). Por outro lado, os

valores normalizados da banda de alta frequência (HFnu), foram significativamente menores

nos fisiculturistas usuários de EAA quando comparados aos fisiculturistas não usuários

(p<0,001) e sedentários controle (p<0,001). O componente HF do grupo FUE também foi

inferior ao grupo SED (p<0,05), mais não em relação ao grupo FNE (Tabela 6).

A amplitude de resposta da VFC após o estresse ortostático pode ser vista na tabela 7.

Percebe-se que o grupo esteróide apresentou uma menor diminuição do iRR em comparação

ao grupo sedentário (p<0,05). Evidenciou-se também que os atletas usuários de EAA tiveram

uma menor resposta do componente LF quando confrontados aos não usuários (p<0,05) e

sedentários (p=0,005), bem como uma menor elevação do LFnu em relação ao grupo SED

(p=0,007). A resposta do índice simpato-vagal (LF/HF) pós ortostase, foi significativamente

inferior no grupo FUE quando comparado ao grupo SED (p<0,005). Não se observaram

diferenças significativas nos valores da variância, VLF, HF e HFnu entre os voluntários do

presente estudo após a manobra postural ativa (Tabela 7).

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

93

Tabela 6: Valores médios associados à VFC no domínio do tempo (DT) e da frequência (DF) em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE) em repouso.

SED (n=15)

FNE (n=15)

FUE (n=15)

iRR (ms) 0,902 ± 0,0 0,878 ± 0,0 0,886 ± 0,0

Variância (ms2) 4293,8 ± 814,4 3199,2 ± 535,4 2301,0 ± 386,3

VLF (ms2) 1260,2 ± 250,2 1908,1 ± 630,8 1571,6 ± 318,1

LF (ms2) 802,7 ± 95,0 711,7 ± 66,7 1711,0 ± 133,6*#

LF, nu (%) 48,9 ± 4,3 48,8 ± 4,3 73,0 ± 3,5*#

HF (ms2) 1265,7 ± 248,8 742,3 ± 156,8 647,7 ± 266,6*

HF, nu (%) 50,9 ± 4,3 48,5 ± 5,0 26,9 ± 3,5*#

Relação LF / HF 0,83 ± 0,1 1,90 ± 0,5 6,58 ± 1,4*#

Dados expressos como média ±EPM. iRR (intervalo RR), VLF (potência de banda de muito baixa frequência), LF (potência de banda de baixa freqüência), LFnu (potência de banda de baixa freqüência em unidades normalizadas), HF (potência de banda de alta frequência) e HFnu (potência de banda de alta frequência em unidades normalizadas). *p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

Tabela 7: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) na VFC em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE).

SED (n=15)

FNE (n=15)

FUE (n=15)

iRR (%) -17,8 ± 1,8 -15,2 ± 2,1 -10,5 ± 1,8*

Variância (%) 18,2 ± 28,0 21,8 ± 17,3 126,8 ± 85,0

VLF (%) 139,0 ± 69,0 46,8 ± 35,0 306,5 ± 299,0

LF (%) 65,2 ± 24,0 49,0 ± 18,8 -24,1 ± 12,4*#

LF, nu (%) 70,7 ± 13,1 90,6 ± 31,1 22,5 ± 7,2*

HF (%) -69,4 ± 7,2 -29,2 ± 14,4 -29,5 ± 16,4

HF, nu (%) -57,3 ± 6,2 -29,2 ± 27,3 -32,6 ± 15,6

Relação LF / HF (%) 891,9 ± 264,3 467,0 ± 228,9 127,1 ± 69,7*

Dados expressos como média ±EPM. iRR (intervalo RR), VLF (potência de banda de muito baixa frequência), LF (potência de banda de baixa freqüência), LFnu (potência de banda de baixa freqüência em unidades normalizadas), HF (potência de banda de alta frequência) e HFnu (potência de banda de alta frequência em unidades normalizadas). *p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

94

6.6 Análise simbólica

Os resultados das análises de complexidade e simbólica nas posições supina e

ortostática estão demonstrados nas tabelas 8 e 9. Na situação de repouso com os voluntários

em decúbito dorsal (Tabela 8), não se observaram diferenças relevantes quanto à média dos

iRR e a variância entre os grupos avaliados neste estudo. Contudo, nota-se que a ES

apresentou menores valores nos atletas usuários de EAA do que nos voluntários do grupo

sedentário (p<0,05). A análise simbólica indicou um aumento do padrão 0V no grupo FUE

em comparação aos grupos FNE (p<0,05) e SED (p<0,001). Por outro lado, observou-se uma

redução do padrão 2VS nos atletas fisiculturistas usuários e não usuários de esteróides quando

confrontados aos voluntários sedentários (p<0,005). Em relação ao padrão 2VD, percebe-se

similares reduções no grupo esteróides comparados aos atletas não usuários (p<0,05) e

indivíduos sedentários (p<0,001) (Tabela 8).

Após o teste tilt, observou-se que o grupo FUE apresentou uma menor redução nos

valores de iRR em relação ao grupo SED (p<0,05) (Tabela 9). Podemos observar ainda que os

fisiculturistas usuários de EAA apresentaram menores respostas do padrão 0V quando

confrontados aos grupos FNE e SED (p<0,001), respectivamente. Não se constatou diferenças

significativas quanto à variância e a ES, bem como os padrões 1V, 2VS e 2VD entre os

grupos após o ortostatismo (Tabela 9).

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

95

Tabela 8: Valores médios de complexidade da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e da análise simbólica em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE) em repouso.

SED

(n=15)

FNE

(n=15)

FUE

(n=15)

iRR (ms) 0,915 ± 0,0 0,881 ± 0,0 0,876 ± 0,0

Variância (ms2) 3990,3 ± 1009,2 3042,3 ± 602,3 3454,3 ± 914,1

ES 3,6 ± 0,0 3,3 ± 0,1 3,1 ± 0,1*

Análise Simbólica

0V (%) 21,1 ± 2,0 30,8 ± 2,9 43,5 ± 4,3*#

1V (%) 44,3 ± 1,2 42,8 ± 2,0 39,0 ± 2,5

2VS (%) 13,6 ± 1,7 7,3 ± 0,8* 6,5 ± 1,1*

2VD (%) 20,7 ± 1,2 17,1 ± 2,3 10,8 ± 1,4*#

Dados expressos como média ±EPM. Abreviaturas: iRR (intervalo RR), ES (Entropia de Shannon), 0V (padrões sem variação), 1V (padrões com 1 variação), 2VS (padrões com 2 variações) e 2VD (padrões com 2 variações diferentes). *p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

Tabela 9: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (∆%) da complexidade da VFC e da análise simbólica em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE).

SED

(n=15)

FNE

(n=15)

FUE

(n=15)

iRR (%) -18,1 ± 1,7 -15,5 ± 1,9 -11,1 ± 2,3*

Variância (%) 71,3 ± 45,3 11,1 ± 15,4 32,6 ± 33,9

ES (%) -15,4 ± 4,1 10,5 ± 12,9 0,7 ± 6,8

Análise Simbólica

0V (%) 99,0 ± 10,9 55,1 ± 13,4 12,0 ± 5,1*#

1V (%) -3,4 ± 4,8 10,6 ± 7,6 3,4 ± 6,2

2VS (%) -44,6 ± 11,2 -8,7 ± 9,6 4,7 ± 23,5

2VD (%) -61,4 ± 6,5 -37,1 ± 13,8 -24,9 ± 13,5

Dados expressos como média ±EPM. Abreviaturas: iRR (intervalo RR), ES (Entropia de Shannon), 0V (padrões sem variação), 1V (padrões com 1 variação), 2VS (padrões com 2 variações) e 2VD (padrões com 2 variações diferentes). *p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

96

6.7 Estudo ecocardiográfico

Os valores das várias medidas do ecodopplercardiograma colorido são mostrados na

Tabela 10. Nota-se que não ocorreram modificações no DdVE e no DsVE entre os voluntários

deste estudo. Em contra partida, a EPPd e a ESd do VE se encontram significativamente

aumentadas no grupo esteróides quando comparados aos não usuários (p<0,001) e sedentários

(p<0,001). O que também ocorreu em relação à MVE (p<0,001). Além do mais, os atletas não

usuários de anabolizantes apresentaram uma MVE superior ao grupo sedentário (p<0,001).

Esta tabela nos evidencia ainda que ambos os grupos de fisiculturistas apresentaram valores

superiores do VDF em comparação aos indivíduos do grupo SED (p<0,005).

O iMVE obtido pela divisão da MVE pela superfície corpórea (Fig. 19), foi

significativamente maior nos usuários de EAA (127,7 ± 3,9 g/m2) comparados aos sedentários

(71,8 ± 3,5 g/m2; p<0,001) e não usuários (89,6 ± 2,2 g/m2; p<0,001). O que também ocorreu

entre os grupos de esportistas (p<0,001).

A espessura relativa do VE, definida pela soma das EPPd e ESd do VE em relação à

DdVE (Fig. 20), foi superior nos sujeitos que fazem uso de EAA (0,46 ± 0,0) quando

confrontados aos voluntários não usuários (0,34 ± 0,0; p<0,001) e sedentários (0,32 ± 0,0;

p<0,001).

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

97

Tabela 10: Valores médios das varáveis do estudo ecocardiográfico bidimensional em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE).

SED

(n=15)

FNE

(n=15)

FUE

(n=15)

DdVE (mm) 48,4 ± 1,1 50,4 ± 1,3 51,8 ± 1,0

DsVE (mm) 29,4 ± 1,0 31,9 ± 0,9 32,3 ± 1,5

EPPd (mm) 7,7 ± 0,2 8,7 ± 0,2 11,5 ± 0,3*#

ESd (mm) 8,0 ± 0,2 8,6 ± 0,2 12,3 ± 0.4*#

MVE (g) 139,3 ± 7,3 178,9 ± 5,6* 243,7 ± 4,2*#

VDF (ml) 110,7 ± 6,0 130,5 ± 4,8* 131,1 ± 3,0*

VSF (ml) 27,5 ± 2,1 35,4 ± 2,3 35,3 ± 3,8

VS (ml) 83,2 ± 5,1 95,0 ± 3,5 95,7 ± 2,0

DC (ml/min) 5,5 ± 0,2 6,4 ± 0,2 6,5 ± 0,4

FE (%) 75,5 ± 1,3 73,0 ± 1,3 73,2 ± 1,6

Dados expressos como média ±EPM. DdVE (diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo); DsVE (diâmetro sistólico final do ventrículo esquerdo); EPPd (espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo no final da diástole); ESd (espessura do septo interventricular no final da diástole); MVE (massa ventricular esquerda); VDF (volume diastólico final), VSF (volume sistólico final); VS (volume sistólico); DC (débito cardíaco) e FE (fração de ejeção). *p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

Figura 19: Valores médios (±epm) do índice de massa ventricular esquerda (iMVE) obtido pela divisão da MVE pela área da superfície corporal entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *P<0,001 vs. SED; #P<0,001 vs. SED.

*

iMV

E -

SC

(g/m

²)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

SED FNE FUE

#*

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

98

Figura 20: Valores médios (±epm) da espessura relativa do VE definida pela soma das EPPd e ESd do VE em relação à DdVE entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,001 vs. SED e #p<0,001 vs. FNE.

6.8 Parâmetros eletrocardiográficos

Os valores obtidos através do ECG de repouso estão visualizados na tabela 11. Ao

analisar a duração das ondas eletrocardiográficas percebe-se que não ocorreram diferenças

significativas quanto à duração da onda P, bem como os intervalos PR, QRS, QT e o

segmento ST. Todavia, após a correção do intervalo QT pela FC (QTc), nota-se que o grupo

de atletas usuários de EAA apresentaram valores significativamente maiores em relação aos

sedentários (p<0,05). Os eixos elétricos frontais P e T dos sinais obtidos pelo ECG não

diferiram entre os voluntários do presente estudo. Por outro lado, o grupo esteróide apresentou

menores valores do eixo QRS em comparação aos não usuários (p=0,020) e sedentários

(p=0,018).

A dispersão do intervalo QT não se mostrou alterada entre os grupos avaliados (Fig.

21). Em contrapartida, a DQTc foi superior nos fisiculturistas em uso abusivo de

Esp

essu

ra R

elat

iva

- V

E

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

SED FNE FUE

* #

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

99

anabolizantes (67,6 ± 5,2 ms) ao serem confrontados aos indivíduos do grupo SED (42,9 ± 2,2

ms; p<0,001) (Fig. 22).

A figura 23 nos demonstra o ISL dos participantes deste estudo, o qual é um parâmetro

sugestivo do diagnóstico de HVE. Nessa figura podemos evidenciar que os valores deste

índice nos usuários de esteróides foram estatisticamente superiores (29,0 ± 0,4 mm) em

relação aos não usuários e sedentários (21,1 ± 0,6 mm e 15,6 ± 0,7 mm; p<0,001),

respectivamente. O que também pode ser observado entre os grupos FNE e SED (p<0,001).

Tabela 11: Valores médios dos parâmetros eletrocardiográficos em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE).

SED

(n=15)

FNE

(n=15)

FUE

(n=15)

Duração onda P (ms) 82,3 ± 2,2 84,7 ± 3,0 87,4 ± 1,8

Intervalo PR (ms) 136,1 ± 5,7 140,6 ± 6,5 153,4 ± 8,3

Intervalo QRS (ms) 58,6 ± 4,0 62,8 ± 4,2 63,7 ± 4,3

Segmento ST (ms) 116,0 ± 6,6 117,6 ± 6,2 118,3 ± 6,6

Intervalo QT (ms) 343,7 ± 3,3 342,8 ± 6,0 358,8 ± 8,8

Intevalo QTc (ms1/2) 354,9 ± 4,0 360,6 ± 5,0 375,5 ± 6,7*

Eixo P (Graus) 51,5 ± 5,1 43,2 ± 4,7 44,0 ± 5,0

Eixo QRS (Graus) 54,7 ± 7,1 46,9 ± 5,1 17,8 ± 7,4*#

Eixo T (Graus) 35,4 ± 5,3 30,8 ± 5,7 24,9 ± 6,4

Dados expressos como média ±EPM. *p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

100

Figura 21: Valores médios (±epm) da dispersão QT entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).

Figura 22: Valores médios (±epm) da dispersão do QT corrigido (DQTc) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p=0,001.

Dis

pers

ão Q

T(m

s)

0

10

20

30

40

50

60

SED FNE FUE

Dis

pers

ão Q

Tc

(ms1/

2 )

0

20

40

60

80

SED FNE FUE

*

Resultados

Doutorado Octávio Barbosa Neto

101

Figura 23: Valores médios (±epm) do índice de Sokolow-Lyon (ISL) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). *p<0,001 vs. SED e #p<0,001 vs. FNE.

*Ín

dice

de

Sok

olow

-Lyo

n(m

m)

0

10

20

30

40

SED FNE FUE

#*

DISCUSSÃO

Doutorado Octávio Barbosa Neto

103

7 DISCUSSÃO

Estudos demonstrando os efeitos do uso de doses suprafisiológicas de esteróides

anabolizantes são de grande importância para elucidação dos principais parâmetros

fisiológicos acometidos com o excesso de consumo destas drogas sintéticas. Nesse sentido,

nosso estudo demonstra uma clara relação existente entre o uso abusivo de EAA e o

comprometimento de algumas variáveis hormonais e hemodinâmicas, bem como disfunções

autonômicas, eletrofisiológicas e morfofuncionais cardíacas.

Sabe-se que a prática de exercício físico regular pode levar a modificações da

composição corporal, aumentando a massa muscular e reduzindo a gordura corpórea. Porém,

a interminável busca pelo corpo ideal está evidente na sociedade atual, a qual faz do corpo um

objeto de possível modelagem. Diversas são as formas de se esculpir a imagem corporal, seja

aumentando ou diminuindo proporções, modificando-se assim a estética natural. Dentre os

meios de se modelar a estética corporal encontra-se o uso de EAA, que pode ser considerado

uma via de efeito rápido para tais fins. Os usuários de EAA fazem-no com intuito de alcançar

seus potentes efeitos anabólicos, isto é, o efeito que aumenta a massa muscular e proporciona

força física.

Em nosso estudo, evidenciamos significativas diferenças quanto à composição

corporal entre os grupos avaliados. Analisando-se estes dados, observamos que os atletas do

grupo esteróide apresentaram maiores valores de peso corporal e IMC em relação aos não

usuários e sedentários. Resultados esses que vão de encontro ao estudo realizado por Montisci

et al. (2010).

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

104

Levando em consideração os valores de IMC e sua devida classificação, podemos ter

uma razoável ideia da composição corporal de indivíduos sedentários. Por outro lado,

ressalta-se que o IMC não é um método muito fidedigno como padrão único para avaliar o

grau de adiposidade de indivíduos ativos e sua composição corporal, uma vez que estes, pela

prática intensa de atividade física, acabam por adquirir maior peso corporal em virtude de

ganho de massa muscular, o que gera um IMC maior, sem significar excesso de adiposidade.

Existe uma diferença básica entre excesso de peso e obesidade. O primeiro é quando a

massa corporal como um todo excede a determinados limites, e o segundo caso é a condição

na qual apenas a quantidade de gordura corporal ultrapassa os limites desejados. Há casos em

que os indivíduos podem ser considerados pesados, e não gordos, pelo desenvolvimento

muscular, e não pelo excesso de gordura, logo não comprometem seu estado de saúde, e há

outros casos de indivíduos com menor peso corporal que possuem certa quantidade de

gordura que os prejudica, devido à deficiência muscular. Sendo assim, o IMC deve ser

associado a outras variáveis de composição corporal para a avaliação da adiposidade dos

esportistas.

Nesse sentido, constatamos que ambos os grupos de fisiculturistas apresentaram

menores valores de gordura corporal. Tais achados também foram evidenciados no estudo

proposto por Maesta et al. (2000), que encontraram em fisiculturistas de elite brasileiros, um

percentual de gordura corporal abaixo da media com valores superiores de IMC, o que,

segundo os valores padronizados para a população em geral, já os consideraria indivíduos

com sobrepeso, o que não é o caso.

Nossos dados demonstram ainda, que os atletas usuários e não usuários de EAA

apresentaram maiores índices de massa muscular quando comparados aos indivíduos

sedentários. Dados esses também observados por Urhausen et al. (2004). Em adição, a massa

muscular livre de gordura dos fisiculturistas do grupo esteróides foi superior aos não usuários.

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

105

Os quais corroboram com estudos prévios (Joubert, Toubin, 1989; Tamaki et al., 2001;

Urhausen et al., 2004).

De fato, acredita-se que os EAA melhoram o desempenho atlético por aumentarem a

massa muscular através do aumento da síntese protéica muscular, da promoção da retenção de

nitrogênio, da inibição do catabolismo protéico e da estimulação da eritropoiese (Ghaphery,

1995; Kadi, 2000; Hartgens, Kuipers, 2004).

Estudos controlados demonstraram um aumento tanto no número quanto no tamanho

individual de fibras musculares em resposta à administração de EAA. Estas respostas são

potencializadas pela associação do tratamento ao treinamento de força, visando hipertrofia

muscular (Joubert, Toubin, 1989; Tamaki et al., 2001).

As fibras musculares esqueléticas são multinucleadas. Alguns autores consideram que

a hipertrofia resultante do uso de EAA, associado à prática de exercícios resistidos, é

decorrente do aumento no número de mionúcleos, mantendo constante a relação

mionúcleos/volume citoplasmático. A principal fonte de mionúcleos é proveniente da

ativação, proliferação e incorporação de células-satélite ao músculo correspondente. Estas,

por sua vez, também possuem receptores androgênicos (Doumit et al., 1996; Kuhn, 2002).

Entre os mecanismos envolvidos no aumento da massa muscular, estão o aumento da

síntese protéica via RNAm, através da estimulação intramuscular da expressão do gene para o

IGF-I, além do balanço nitrogenado positivo, inibição do catabolismo protéico, bem como

efeitos na junção neuromuscular (Kadi, 2000; Smurawa, Congeni, 2007).

Neste contexto, advoga-se que, com o uso de esteróides, a proteína ingerida possui

uma potencial assimilação de seus aminoácidos, proporcionando retenção de nitrogênio com

desenvolvimento e crescimento muscular. Todavia, tal efeito é temporário devido a

mecanismos homeostáticos do organismo (Goldwire, Price, 1995; Holland-Hall, 2007).

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

106

Existem evidências do papel anticatabólico exercido pela administração de doses

suprafisiológicas de testosterona e/ou de seus análogos. Esse fato é caracterizado pela

competição destas substâncias pelos receptores dos glicocorticóides que são liberados em

situações de estresse durante exercícios intensos, o que inibe parcialmente a expressão dos

efeitos catabólicos provocados pelos glicocorticóides, uma vez que seus sítios de ação estão

ocupados. Dados obtidos através de estudos com animais também confirmam este efeito.

Assim, pode-se dizer que este efeito contribui para aumentar a massa muscular através da

inibição da degradação protéica (Holland-Hall, 2007).

Além disso, Gonzáles et al. (2000), evidenciaram aumento da expressão da proteína do

choque térmico HSP72 em fibras glicolíticas após a administração de decanoato de

nandrolona em ratos wistar, na qual contribui para o aumento da tolerância do músculo

esquelético ao treinamento de alta intensidade. Essa proteína é usualmente sintetizada em

resposta ao estresse, inclusive naquele causado pelo exercício físico.

Os dados obtidos por meio dos questionários aplicados na etapa de inclusão do estudo

permitiram evidenciar que os esteróides anabólicos mais utilizados foram: decanoato de

nandrolona, propianato de testosterona e estanozolol, por via intramuscular. Somente em dois

casos (13,3%), foi constatada a administração por via oral utilizando-se o esteróide

oximetolona. Nossos achados estão de acordo com estudos prévios (Franco Silva, Moreau,

2003; Pedroso Silva et al., 2007; Maior et al., 2009). A literatura demonstra que a preferência

pelo uso do decanoato de nandrolona se relaciona ao fato deste esteróide inibir a ação

enzimática da 5α-redutase, não ocorrendo dessa forma, a conversão dos EAA para DHT,

consequentemente, provocando um menor efeito androgênico (Hartgens, Kuipers, 2004).

Em relação aos padrões de uso, o questionário evidenciou que os atletas

administravam com o padrão de pirâmide, que se caracteriza pelo uso de doses crescentes até

o final do primeiro período, seguido por doses decrescentes até o final do ciclo, e, padrões

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

107

irregulares, que se caracteriza por sequências de uso determinadas aleatoriamente,

dependendo da finalidade pretendida. O padrão irregular foi o mais utilizado pelos

fisiculturistas (53,3%) alocados neste estudo. Esse achado se apresenta semelhante ao

evidenciado por Iriart e Andrade (2002). Entretanto, o padrão de uso em pirâmide apresenta-

se também em destaque, já que foi utilizado por 46,7% dos voluntários e é a série de uso pré-

estabelecida mais descrita pela literatura. Constatamos ainda que o ciclo de uso foi de 9,8 ±

0,4 semanas e a dosagem semanal média foi de 646,6 ± 34,2 mg, resultados esses que estão

condizentes com os de Venâncio et al. (2010).

Atualmente, sabe-se que o abuso de esteróides anabólicos deixou de ser uma questão

exclusiva ao universo do esporte de alto rendimento para tornar-se um problema de saúde

pública global. Informações reais de prevalência do abuso de EAA são extremamente difíceis

de ser obtida, tanto em atletas, quanto em não atletas, o que se deve, essencialmente, ao fato

de que a principal metodologia empregada nas pesquisas baseia-se em questionários de auto-

relato, instrumento o qual é amplamente suscetível à omissão e distorção de informações,

principalmente aquelas referentes ao abuso de substâncias. Portanto, com intuito de constatar

o uso abusivo dessas drogas, realizamos a avaliação do perfil hormonal desses atletas.

A manipulação de doses suprafisiológicas de hormônios anabólicos promove

modificações sobre o padrão hormonal. Embora a sugestão de relação causal seja

problemática, algumas alterações hormonais ocorrem sistematicamente junto às alterações

metabólicas.

Os parâmetros hormonais apresentaram-se alterados nos fisiculturistas usuários de

esteróides avaliados nesse trabalho. O uso de EAA levou a supressão da liberação das

gonadotrofinas LH e FSH, que é um efeito reportado em diversos estudos na literatura (Small

et al., 1984; Alén et al., 1985; Iñigo et al., 2000; Bonetti et al., 2008; Venâncio et al., 2010). A

queda dos níveis séricos destes hormônios é explicada devido ao mecanismo de

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

108

retroalimentação negativa sobre o eixo hipotálamo-hipófise, promovido pela alta

concentração sanguínea de esteróides (Torres-Calleja et al., 2000). Small et al. (1984)

inferiram que a inibição crônica do eixo hipofisário, caracterizado clinicamente por longos

períodos de azoospermia, podem determinar quadros de infertilidade irreversíveis.

Particularmente, a redução dos níveis de FSH pode desencadear diminuições na contagem,

mobilidade e alterações na morfologia dos espermatozóides (Bonetti et al., 2008). Quanto às

reduções das concentrações de LH, esse processo leva a alteração da sinalização para a síntese

e posterior liberação de testosterona. Possivelmente, essa seja uma explicação para os baixos

níveis de testosterona em estudo realizados com usuários de EAA, dependendo da classe de

substâncias utilizadas.

O recente interesse científico e público com relação ao DHEA-S, foi impulsionado, em

grande parte, pelas frequentes evidências publicadas nos últimos anos, que sugerem uma

marcada relação entre o declínio desse hormônio endógeno e o envelhecimento. Estes achados

motivam a hipótese de que o declínio hormonal determina um estado de deficiência hormonal

verdadeiro, podendo representar algo significativo em pacientes com idade avançada

(Hornsby, 1997; Miller, 1997). Por estas razões, tem sido proposto terapias de reposição

hormonal com DHEA, com o objetivo de restaurar os níveis basais do DHEA-S em homens

idosos, e assim promover uma série de benefícios em condições relacionadas com a idade,

como por exemplo, nas doenças cardiovasculares, no diabetes, nas disfunções imunológicas,

na depressão, nas doenças neoplásicas, nas disfunções músculo esqueléticas e sexuais

(Morales et al., 1994; Hornsby, 1997).

Em nosso estudo, constatamos baixos níveis de DHEA-S em usuários de EAA

comparados aos não usuários e sedentários. Entretanto, até onde sabemos não se encontram

estudos referentes às alterações desse hormônio com o uso abusivo de esteróides anabólicos.

Um possível mecanismo que poderia explicar esse fato estaria na alteração da liberação do

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

109

hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) no eixo hipotálamo-hipófise. Sabe-se que DHEA-S é

um hormônio endógeno sintetizado e excretado primariamente pela zona reticular do córtex

adrenal, em resposta ao estímulo do ACTH, secretado pela pituitária. O exato mecanismo de

ação e o papel clínico desta substância permanecem desconhecidos (Morales et al., 1994).

Estudos prévios demonstram haver uma forte ligação entre o aumento das

concentrações de testosterona e a supressão do eixo hormônio adrenocorticóide-cortisol

(ACTH-cortisol), explicando em parte a elevada síntese protéica (Van Breda et al., 1993;

Ferrando et al., 1998). Alén e Häkkinen (1985) observaram reduções nos níveis de ACTH

durante a manipulação de testosterona em atletas de levantamento de peso, embora o cortisol

não tenha se alterado. A supressão do eixo ACTH-cortisol ocorre, pois há uma ação

concorrente entre testosterona e cortisol para os mesmos receptores de membrana (Van Breda

et al., 1993), atenuando os efeitos catabólicos promovidos pelo cortisol.

Nossos dados demonstram uma elevada concentração sérica de testosterona em

fisiculturistas usuários de EAA. Resultados esses que estão de acordo com estudos realizados

em humanos (Venâncio et al., 2010) e animais de experimentação (Rocha et al., 2007; Soci et

al., 2009). Possivelmente, tal fato tenha ocorrido devido ao uso de doses maciças dos

esteróides Durateston (propianato de testosterona) e Deposteron (cipionato de testosterona)

verificados em nosso trabalho.

Adicionalmente a isso, os voluntários do grupo que faziam uso dos esteróides

anabolizantes apresentaram alto nível de E2, que corroboram com os achados de Alén et al.

(1985), Iñigo et al. (2000), Torres-Calleja et al. (2001), Urhausen et al. (2003) e Venâncio et

al. (2010), na qual reportaram que doses suprafisiológicas de testosterona propiciam o

aumento sérico desse hormônio, e consequentemente, aromatização enzimática do mesmo a

E2. As repercussões dessa alteração podem ir desde ao fechamento prematuro das epífises

ósseas, no caso de indivíduos que ainda não completaram o crescimento, a alterações

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

110

comportamentais, como instalação de ansiedade e depressão (Hartgens, Kuipers, 2004). Além

disso, é bastante comum, por conta da elevação de E2, usuários de esteróides apresentarem

acúmulo de gordura em determinados sítios do corpo, como por exemplo, na região dos

mamilos, onde desenvolve o quadro de ginecomastia.

Elevados níveis pressóricos em repouso foram encontrados nos fisiculturistas usuários

de esteróides desse estudo, nos quais confirmam alguns dados encontrados na literatura (Freed

et al., 1975; Deligiannis et al., 1988; Lenders et al., 1988; Alves et al., 2010). Embora

inconclusivos até o momento, diversos autores acreditam que este efeito hipertensivo dos

EAA seja dose, droga e tempo dependente (Kleiner et al., 1989; Thompson et al., 1989).

Evidências demonstraram que em médio prazo há um aumento na PA com o uso de

esteróides (Grace et al., 2003). De fato, os esteróides anabolizantes tem sido associados com

hipertensão arterial em ratos (Beutel et al., 2005) e em atletas (Urhausen et al., 2004).

Acredita-se que um dos motivos que expliquem o desenvolvimento a hipertensão é a retenção

hídrica e de sais desencadeados pelos EAA. O aumento do volume plasmático total que ocorre

nesses usuários, provavelmente contribui para elevação desta PA. Estas alterações sanguíneas,

em geral, demoram em torno de quatro semanas para surgirem. Tipicamente ela é descrita

como transitória, resolvendo-se espontaneamente com a suspensão do uso do medicamento

(Sullivan et al., 1998). Sabe-se também que os andrógenos podem causar hipertensão de

origem renal. A hipertensão arterial verificada em alguns estudos pode, em parte, ser

consequência de danos renais observados em ratos que receberam esteróides anabolizantes

(Takahashi et al., 2004), já que a presença de receptores de andrógenos já foi constatada nos

rins (Wilson, Mcphaul, 1996; Xie et al., 1996).

Outros efeitos podem também explicar a associação do uso de anabolizantes e

hipertensão arterial, tais como perda do controle parassimpático e, ainda, uma predisposição a

hiperestimulação do sistema simpático em ratos que receberam administração crônica de

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

111

decanoato de nandrolona (Pereira Júnior et al., 2006). Recentemente, Alves et al. (2010)

demonstraram em fisiculruristas usuários de EAA, que os mesmos apresentaram maiores

índices de atividade nervosa simpática muscular comparados a não usuários. Koike (2009), ao

estudar os efeitos do decanoato de nandrolona em ratos submetidos ao treinamento físico por

natação, verificou através do duplo bloqueio farmacológico com atropina e propranolol, um

menor tônus vagal nos animais sedentários tratados com este esteróide, além do mais, o

mesmo evidenciou que o treinamento físico não provocou melhoras neste parâmetro.

Estudos realizados em fisiculturistas demonstraram também que o consumo de

esteróides, por estes atletas, levou a uma disfunção endotelial e alterações do perfil lipídico,

por diminuir os níveis de HDL, podendo aumentar os riscos de aterosclerose (Ebenbichler et

al, 2001). Aumentos nas concentrações plasmáticas de LDL foram observados em humanos

(Venâncio et al., 2010) e em ratos submetidos a treinamento físico anaeróbio e tratados com

nandrolona (Cunha et al, 2005), podendo diminuir o relaxamento dependente do endotélio e a

ativação da GC, diminuindo, assim, a produção de GMPc e ocasionando um menor

relaxamento do músculo liso vascular, consequentemente, aumentando a resistência periférica

total (RPT) e a PA (Karhunen et al., 1988). Outros mecanismos seriam a diminuição na

biodisponibilidade do NO. Redução no relaxamento arterial em resposta à GC em coelhos, à

Ach em ratos (Soci et al., 2009) e NPS em humanos (Beutel et al., 2005) foram demonstrados.

Em adição, alguns pesquisadores que avaliaram o efeito dos EAA na função vascular

observaram que a participação do endotélio na produção de substâncias vasoativas pode estar

comprometida (Ebenbichler et al., 2001; Ammar et al., 2004). O endotélio é um importante

modulador da resposta vasomotora sendo capaz de produzir fatores vasoativos que podem

promover o relaxamento ou a contração do vaso. A presença de disfunção endotelial pode

ocasionar prejuízo do tônus muscular contribuindo para o desenvolvimento de diversas

doenças cardiovasculares, particularmente as de natureza isquêmica.

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

112

Em relação à FC de repouso, não constatamos diferenças significativas entre os grupos

avaliados em nosso trabalho. Resultados esses que corroboram com alguns estudos realizados

em atletas usuários de EAA (Urhausen et al., 2004; Chung et al., 2007; Montisci et al., 2010).

Recentemente, entretanto, Alves et al. (2010) demonstraram através da análise da FC de 24h

uma maior taquicardia em usuários de esteróides. Grace et al. (2003) ao estudarem os efeitos

dos esteróides na FC de repouso em fisiculturistas durante três fases distintas do ciclo de uso,

demonstraram não haver diferenças consideráveis nas fases pré e pós administração das

drogas. Todavia, ao analisarem os efeitos dos EAA durante o pico de uso, os mesmos

verificaram uma maior FC de repouso em comparação aos não usuários.

Interessantemente, Sánchez et al. (2009) ao isolar o átrio direito de ratos Wistars

castrados, demonstrou que a administração aguda de 5-DHT desencadeou um efeito

cronotrópico negativo no coração desses animais, o que poderia em parte, explicar a não

diferença na FC de repouso encontrada em nosso estudo.

Além do mais, a literatura evidencia que uma das principais adaptações do sistema

cardiovascular decorrente do treinamento físico é a bradicardia de repouso. Essa adaptação,

entretanto, parece ser mais pronunciada com o treinamento aeróbio, tanto em humanos

(Katona et al., 1982; Smith et al., 1989; Sugawara et al., 2001), quanto em animais (Geenen et

al., 1988; Negrão et al., 1992; Medeiros et al., 2004). De fato, Rocha et al. (2009) elucidaram

que a bradicardia de repouso em ratos tratados com esteróide anabolizante é mediada pelo

treinamento físico empregado e não pelo uso de anabolizantes.

Verificamos também que o DP, no qual estima o consumo máximo de O2 no

miocárdio, se encontra elevado no grupo esteróide. Tal fato é decorrente de maiores valores

de PAS encontrado nesses indivíduos.

A variabilidade dos parâmetros cardiovasculares contém informações importantes

sobre o controle autonômico da circulação. A quantificando destas flutuações durante o

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

113

repouso prove informações sobre a regulação cardiovascular sem requerer estímulos que

podem interferir com os parâmetros medidos (Parati et al., 2006). Variações cíclicas na VFC

são decorrentes dos impulsos parassimpáticos e simpáticos sobre o coração (Sayers, 1973).

Através da técnica do DF constatamos maiores índices do componente LF e LFnu em

fisiculturistas usuários de EAA, os quais são indicativos de uma maior modulação simpática

no coração. Este perfil é descrito na literatura em algumas condições patológicas, como por

exemplo, no IAM, hipertensão, entre outros (Lombardi et al., 1987; Cohen et al., 2000). Até

então são escassos na literatura de efeitos diretos da administração de EAA na atividade

autonômica em humanos. No entanto, um estudo relacionado ao decanoato de nandrolona em

animais de experimentação observou uma tendência ao aumento da atividade simpática após

sua administração (Pereira Júnior et al., 2006).

A modulação parassimpática avaliada através do componente HF e seus valores

normalizados se encontra reduzida no grupo usuários de esteróides. Este resultado é mais um

indício de disfunção vagal induzido pelo uso crônico de esteróide. Estes dados vão de

encontro com os resultados de Pereira Júnior et al. (2006), onde se demonstrou redução do

índice HF em animais tratados com decanoato de nadrolona.

Vários estudos demonstram relação direta entre redução da atividade parassimpática e

aumento de mortalidade e eventos súbitos (Kleiger et al., 1987; Bigger et al., 1993;

Ponikowski et al., 1997; Lanza et al., 1998; Nolan et al., 1998). O mecanismo pelo qual o

esteróide provocou redução da atividade parassimpática ainda é pouco entendido. Como

mencionado anteriormente, os esteróides influenciam tanto a expressão quanto a atividade da

NO sintase (NOS) (Hodgin et al., 2002). Esta via é muito importante já que o NO tem função

moduladora na liberação de acetilcolina e receptores estão presentes no gânglio cardíaco,

nodo sinoatrial e fibras que inervam o nodo sinoatrial (Herring et al., 2002). Além disso, já

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

114

existem indícios que os hormônios andrógenos influenciam a atividade nervosa colinérgica

(Mitsushima et al., 2008).

A análise do balanço autonômico é de fundamental importância, pois a existência de

um predomínio simpático está associada à morte súbita cardíaca (Vanoli et a., 2001). O índice

simpato-vagal, avaliado através da relação LF/HF foi muito maior no grupo esteróide que nos

demais grupos deste estudo.

Relatos da literatura têm apontado que a hiperatividade simpática cardíaca com o uso

de EAA possa ser desencadeada por mecanismos neurais. Alguns pesquisadores evidenciaram

que a administração de esteróides sintéticos influencia o funcionamento de diferentes sistemas

de neurotransmissão no SNC (Schlussman et al., 2000; Tamaki et al., 2003; Carrillo et al.,

2009). Em um estudo de Tamaki et al. (2003), ratos que receberam doses excessivas de

nandrolona apresentaram altas concentrações plasmáticas de norepinefrina no hipotálamo, que

possui um importante papel na gênese e manutenção do tônus simpático. Além do mais, já

está descrita a existência de receptores androgênicos no núcleo paraventricular (PVN) (Bao et

al., 2006), nos quais podem ser estímulados pelos níveis elevados de andrógenos circulantes

aumentando a expressão do hormônio liberador da corticotropina (CRH) em neurônios deste

núcleo (Bao, Swaab, 2007). Estes achados, juntamente com os achados de Yamada et al.

(2009), que constataram um possível papel do CRH produzido no PVN sobre a regulação

simpática cardiovascular, reforçam a ideia de um efeito central dos androgênios, via

CRH/PVN, estimulando a atividade nervosa simpática. Tem sido bem demonstrado que os

esteróides cruzam a barreira hematoencefálica (BHE) e atuam em receptores andrógenos

específicos nas regiões regulatórias centrais cardiovasculares (Pouliot et al., 1996). Em

adição, existem evidências de que doses suprafisiológicas de EAA podem seletivamente inibir

a captação extraneuronal de neuroaminas aumentando a resposta vascular a norepinefrina

(Greenberg et al., 1974; Green et al., 1993). Em um elegante estudo publicado recentemente,

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

115

Rocha et al. (2007) demonstraram que a administração prolongada de doses suprafisiológicas

de decaonato de nandrolona em ratos, resultou no aumento da ativação do SRA cardíaco.

Níveis de ativação do SRA central estão associados a uma hiperatividade simpática (Zhang et

al., 1999; Huang, Leenen, 2009), o que confirma a hipótese de que o predomínio da

modulação simpática observado nos fisiculturistas usuários de EAA neste estudo possa ser de

origem central.

Um importante objetivo do presente estudo foi avaliar a modulação autonômica da FC

através dos índices de complexidade e a análise simbólica em atletas usuários de esteróides.

Os principais achados referente a este protocolo foram que a ES se encontra reduzida em

usuários de esteróides quando comparados a indivíduos sedentários. A ES é uma medida da

complexidade do padrão de distribuição. A presença de picos na distribuição de padrões

(relativos aos padrões mais frequentemente detectados) ou de vales (relativos aos padrões

menos frequente ou a ausência de certos padrões) determina a diminuição da ES em relação

ao seu valor máximo previsto por uma distribuição plana (Porta et al., 2001). Adicionalmente,

a ES não fornece qualquer indicação sobre os tipos de padrões detectados na série. Se duas

séries são caracterizadas por diferentes padrões com distribuição idêntica, a ES é igual (Porta

et al., 2001). Assim, uma classificação de padrões (análise simbólica) é necessária para a

compreensão de quais padrões estão envolvidos na geração da complexidade.

Nesse aspecto, constatamos que os tipos de padrões se encontram diferentes em nosso

estudo. Os atletas fisiculturistas usuários de EAA apresentaram um aumento na taxa de

ocorrência do padrão 0V e uma redução dos padrões 2VS e 2VD em comparação aos

fisiculturistas não usuários de anabolizantes e aos sedentários controles. Os padrões 0V são

características de ondas lentas (oscilações de baixa frequência) enquanto que os padrões 2VS

e 2VD são fragmentos de ondas mais rápidas, ou seja, oscilações de alta frequência (Porta et

al., 2001). Estudos prévios com bloqueio farmacológico e testes autonômicos, em indivíduos

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

116

saudáveis e doentes, têm relacionado os padrões simbólicos com a modulação autonômica

cardíaca (Guzzeti et al., 2005; Maestri et al., 2007a; Porta et al., 2007c). O padrão 0V tem

sido associado à modulação simpática enquanto o 2VD tem sido associado a modulação vagal

(Guzzeti et al., 2005; Porta et al., 2007c). Dessa forma, os resultados aqui apresentados

indicam que o grupo de fisiculturistas usuários de esteróides apresenta maior modulação

simpática e menor modulação vagal em comparação aos demais grupos. Esses achados

corroboram com os dados encontrados em nosso estudo em relação à VFC no DF.

Um importante achado neste trabalho se refere às alterações hemodinâmicas e

autonômicas decorrentes do teste de manobra postural em atletas usuários de EAA. Até onde

sabemos, são escassas na literatura informações a esse respeito em seres humanos. Nossos

resultados evidenciam menores respostas pressóricas e taquicárdicas nesses sujeitos após o

ortostatismo. Esses dados fortemente se associam a hipótese de envolvimento de distúrbios de

regulação autonômica com o uso abusivo de anabolizantes, o qual pode ser confirmado com a

baixa ativação do componente simpático da VFC observado tanto na análise espectral quanto

na dinâmica não linear simbólica em nossos voluntários.

Em consonância com estes achados, prévias observações têm demonstrado a

ocorrência de anormalidades no controle tônico e reflexo cardiovascular após administração

crônica de esteróides anabólicos em animais de experimentação (Beutel et al., 2005). Estes

autores evidenciaram um prejuízo no controle barorreflexo arterial da FC em ratos que

receberam doses de estanozolol por oito semanas. Sabe-se que os barorreceptores arteriais

modulam reflexamente a atividade nervosa simpática. Distúrbios nesse sistema poderiam

justificar a menor modulação simpática da VFC encontrada nos fisiculturistas usuários de

esteróides que participaram do nosso estudo.

Adicionalmente, a administração de esteróides reduz a expressão da enzima NOS

(Hodgin et al., 2002), que por sua vez tem influência direta na função barorreflexa (Wang et

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

117

al., 2003), e pode ser um mecanismo envolvido na redução da resposta taquicárdica induzido

pelo esteróide anabólico exógeno. Logo, este também pode ser um dos mecanismos

responsáveis pela redução da atividade vagal nos animais com uso de esteróide, onde já existe

literatura demonstrando relação da redução da função barorreflexa e a atividade

parassimpática (Ogoh et al., 2005).

O controle reflexo da circulação, entretanto, não depende exclusivamente dos

barorreceptores arteriais, mas também de receptores localizados na região cardiopulmonar,

cujo reflexo especificamente controla a atividade de fibras nervosas parassimpáticas

(Vasquez, 1994). Nesse sentido, Bissoli et al. (2009) verificaram uma redução da

sensibilidade do reflexo Bezold-Jarisch da FC e da PA em ratos tratados cronicamente com

decanoato de nandrolona. As medidas lineares e não lineares da VFC realizado em nosso

estudo, os qual demonstraram a ocorrência de alterações no controle autonômico cardíaco,

reforça a ideia de que a disfunção autonômica possa constituir uma manifestação importante

da fisiopatologia cardiovascular do uso abusivo de EAA.

Estímulos mecânicos e neuro-humorais atuam diretamente no coração e provocam

alterações estruturais cardíacas. A hipertrofia cardíaca refere-se ao aumento da massa

muscular e constitui um dos principais mecanismos de adaptação do músculo estriado diante

de uma sobrecarga de trabalho (Katz, 2003). De fato, o treinamento de força realizado

cronicamente é um potente estímulo para hipertrofia cardíaca. Investigadores têm reportado

que atletas que realizam treinamento de força, principalmente exercícios isométricos,

apresentam uma maior HVE em comparação a não atletas (Huston et al., 1985; Maron, 1986;

Pelliccia et al., 1999; Pluim et al., 2000; D’Andrea et al., 2002). Esses achados condizem com

os resultados encontrados em nosso estudo, onde verificamos que os atletas não usuários

apresentaram tanto uma MVE quanto o iMVE superiores aos voluntários sedentários.

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

118

Evidenciamos ainda que os fisiculturistas usuários de EAA possuem uma hipertrofia

cárdica significativamente maior em relação aos demais grupos, o qual corrobora com estudos

realizados tanto em humanos (Dickerman et al., 1997; Urhausen et al., 2004; Chung et al.,

2007) quanto em modelos animais (Norton et al., 2000; Beutel et al., 2005; Pereira Júnior et

al., 2006; Bissoli et al., 2009). Em adição, verificamos que a hipertrofia cardíaca evidenciada

nos usuários de anabolizantes foi caracterizada sendo do tipo concêntrica, pois os mesmos

apresentaram uma maior EPPd e ESd, além de maiores índices de espessura relativa do VE.

Esses dados estão de acordo com relatos da literatura (Dickerman et al., 1997; Urhausen et al.,

2004; Chung et al., 2007). Montisci et al. (2010) encontraram em atletas que fazem uso

abusivo de esteróides, maiores espessuras do septo interventricular e da parede posterior do

VE, com um modelo de geometria concêntrica do VE. Ganau et al. (1992) ao estudarem os

diferentes padrões de hipertrofia cardíaca propuseram uma classificação da geometria

ventricular. Valores da espessura relativa do VE iguais ou superiores a 45 mm são

caracterizadas como concêntrica.

O uso de EAA, associados ou não a atividade física, resulta em várias alterações

morfológicas e fisiológicas no coração, similares às encontradas nos quadros iniciais de

cardiomiopatias e IC (Luke et al., 1990; Sullivan et al., 1998). O potencial papel dos

hormônios esteróides nas respostas de crescimento do VE não é completamente

compreendido e diversos estudos focando este assunto vêm sendo desenvolvidos.

São muitos os mecanismos adaptativos do coração em reposta ao crescimento, ao

exercício e outras mudanças fisiológicas que estão sob a influência de esteróides, sejam eles

endógenos ou não (Sullivan et al., 1998).

Os hormônios sintéticos derivados da testosterona podem influenciar na resposta

hipertrófica através de ações nos receptores de andrógenos encontrados em miócitos cardíacos

(Liu et al., 2003). Estes esteróides parecem atuar de maneira direta sobre o coração, pela ação

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

119

sobre receptores nucleares, aumentando o RNAm e estimulando a síntese de proteínas

cardíacas (Melchert, Welder, 1995; Kochakian, Yesalis, 2000). Estes efeitos podem estar

diretamente ligados à ação de androgênios sobre receptores nos miócitos cardíacos (Marsh et

al., 1998).

Maior rigidez aórtica também foi demonstrada em atletas que fazem o uso de

esteróides anabolizantes (Kasikcioglu et al., 2007). Um estudo realizado por Ferrer et al.

(1994) demonstrou que os prejuízos observados na função vascular de coelhos que foram

tratados com o esteróide anabólico nandrolona poderiam ocorrer devido ao menor

relaxamento na aorta torácica destes animais, causado pela inibição da guanilato ciclase e

consequente diminuição da produção de NO endotelial (NOe). Prejuízos na reatividade

vascular não dependente do endotélio também foram observados em fisiculturistas usuários de

anabolizantes, sendo este um efeito reversível após a descontinuidade no uso destas

substâncias (Lane et al., 2006). Sendo assim, a presença de disfunção endotelial pode

ocasionar um prejuízo na função vascular, contribuindo para o desenvolvimento de diversas

patologias cardiovasculares, dentre elas a hipertrofia patológica.

Lagnsfeld (1988) demonstrou que a testosterona favorece a expressão da isoenzima α-

miosina de cadeia pesada independente dos estímulos hemodinâmicos existentes. Zaugg

(2002) relata o aparecimento, in vitro, de apoptose de miócitos no VE de ratos expostos a

EAA, o que poderia estar implicado na patogênese do remodelamento ventricular, na

cardiomiopatia e na morte súbita associada ao abuso de EAA.

Outros mecanismos têm sido propostos para explicar a indução da hipertrofia do

miocárdio pelos anabolizantes e, dentre eles, destaca-se um possível efeito tóxico direto sobre

o miocárdio. Esta relação direta causaria necrose tecidual e consequentemente áreas

fibróticas, locais estes que favorecem o aparecimento de arritmias fatais (Melchert et al.,

1992).

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

120

Em nosso estudo não encontramos diferenças quanto aos diâmetros sistólicos e

diastólicos do VE. Tais parâmetros foram evidenciados por alguns autores (Urshuasen et al.,

2004; Nottin et al., 2006), mais não por outros (Chung et al., 2007; Montisci et al., 2010).

Verificamos ainda, que ambos os grupos de fisiculturistas apresentaram um VDF superior ao

grupo sedentário, o que poderia ser decorrente das adaptações a sobrecarga imposta pelo

treinamento físico (D’Andrea et al., 2002). Por outro lado, o VDF não diferiu entre os grupos

de atletas.

Recentemente, alguns estudos avaliaram as propriedades de relaxamento do VE

usando a técnica do Doppler tecidual e identificaram uma disfunção diastólica em um grupo

fisiculturistas que usavam esteróides quando comparados com fisiculturistas que não

utilizavam e com um grupo de sedentários (Nottin et al., 2006; Krieg et al., 2007). Estudos

prévios têm evidenciado alterações na função diastólica do VE em usuários de EAA (Pearson

et al., 1986; De Piccoli et al., 1991). Entretanto, a maioria desses estudos não encontrou

diferenças em atletas de força, com ou sem o uso de esteróides anabolizantes (Salke et al.,

1985; Thompson et al., 1992; Yeater et al., 1996; Palatini et al., 1996; Trifunovic et al., 1998).

Tais divergências podem ser atribuídas à duração e/ou intensidade dos programas de

treinamento, dificuldade óbvia na condução de uma história precisa da administração de EEA

(controle do doping) e aos resultados inconsistentes da analise cardíaca por técnicas

ecocardiográficas (Nottin et al., 2006).

O uso ilícito e abusivo de EAA durante os últimos anos tem gerado sérios problemas

de saúde pública (Payne et al., 2004), no qual se associam com alterações cardíacas e morte

súbita (Kennedy, Lawrence, 1993; Maron, 2003). Eventos arrítmicos como fibrilação atrial e

ventricular, batimentos ectópicos ventriculares, entre outros, têm sido frequentemente

observados com a administração de anabolizantes (Nieminen et al., 1996; Sullivan et al.,

1999). Estudos prévios têm relatado diferentes avaliações nos parâmetros eletrocardiográficos

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

121

que podem fornecer informações independentes sobre prognósticos de arritmias ventriculares,

tais como o intervalo e a dispersão QT do ECG (Stolt et al., 1999).

Nossos resultados demonstram que usuários de EAA possuem em média um intervalo

QTc superior aos sedentários, além de uma maior magnitude da dispersão do QTc. Dados

condizentes foram observados em humanos (Stolt et al., 1999) e em animais de

experimentação (Medei et al., 2010).

Intervalo QT no ECG é descrito como o tempo entre a ativação ventricular até o fim

da recuperação elétrica. Estudos têm reportado que o prolongamento do intervalo QT entre

atletas de resistência pode ocorrer devido ao aumento do tônus vagal ou da hipertrofia

cardíaca adaptativa (Browne et al., 1982). O prolongamento do intervalo QT prediz morte em

pacientes com doença cardíaca, mas não em indivíduos saudáveis (Karjalainen et al., 1997).

Vários estudos também têm sugerido aumento de dispersão de QT associado ao aumento de

mortalidade em pacientes hipertensos (Mayet et al., 1996). A HVE, induzida por substâncias

anabólicas, reflete um aumento da dispersão do intervalo QT similar ao encontrado na

hipertrofia VE hipertensiva (Mayet et al., 1996). Isto pode refletir em um aumento do risco de

arritmias em usuários de EAA (Nieminen et al., 1996).

Relatos da literatura têm demonstrado que a HVE pode produzir alterações na

repolarização sendo refletidas no ECG. Estudos eletrofisiológicos apontam que essas

alterações na repolarização são decorrentes de uma duração prolongada do potencial de ação

cardíaco (Aronson, 1980). Prolongamento do potencial de ação em corações hipertrofiados de

ratos tem sido atribuído à diminuição da densidade de corrente transitório de efluxo de

potássio (Ito) (Tomita et al., 1994).

Considerada uma das mais importantes correntes de repolarização em ratos, a Ito

determina a fase precoce de repolarização do potencial de ação cardíaco, assim como do

acoplamento excitação-contração via modulação de cálcio e outras correntes de potássio.

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

122

Neste contexto, Medei et al. (2010) encontraram HVE e uma densidade reduzida na

corrente Ito em ratos que receberam doses suprafisiológicas de decanoato de nandrolona por

um período de oito semanas. Além do mais os autores demonstraram uma baixa regulação das

subunidades regulatórias (KChIP2) e subunidades formadoras (Kv1.4 e Kv4.3) no VE desses

animais, as quais são consideradas proteínas importantes na modulação das propriedades

eletrofisiológicas da Ito, o que poderia explicar em parte a redução na densidade da corrente Ito

refletida no aumento do intervalo QT do ECG (Wickenden et al., 1999; Deschenes et al.,

2002).

O desvio do eixo elétrico no plano frontal é um aspecto importante na análise do ECG.

Verificamos em nosso estudo, que o grupo de atletas usuários de anabolizantes apresentou um

desvio do eixo elétrico frontal do QRS para a esquerda em comparação aos demais

voluntários, ou seja, um deslocamento médio das forças elétricas através dos ventrículos em

direção ao VE, o que caracteriza uma maior HVE, porém dentro da faixa de normalidade

prevista para a população estudada (Ghorayeb, Batlouni, 1998).

O eixo elétrico cardíaco representa a resultante das direções e magnitudes dos

impulsos elétricos gerados no coração durante o ciclo cardíaco.

O eixo elétrico QRS é útil, pois auxilia a determinar a posição do coração dentro da

caixa torácica, o sentido resultante do impulso elétrico cardíaco e a integridade do músculo

cardíaco. Ele, por si só, não representa diagnóstico, mas auxilia no mesmo.

Desde os primeiros estudos de Einthovem, já se procurava associar a HVE com o

desvio do eixo elétrico. O complexo ventricular representa o registro gráfico de ambas às

cavidades, direita e esquerda, do coração. Havendo hipertrofia de uma delas, essa irá

predominar sobre a outra. Com o evoluir dos conhecimentos eletrocardiográficos,

pesquisadores concluíram que, quando há predominância do VD, haverá desvio do eixo

elétrico para a direita, e quando houver predominância do VE, o eixo se desviará para a

Discussão

Doutorado Octávio Barbosa Neto

123

esquerda. Logo, pelas derivações clássicas, o desvio do eixo elétrico para a esquerda, seria um

dos caracteres diagnósticos de HVE (Daher et al., 2000).

Apesar de algumas críticas, vários estudos sugerem que a análise do eixo elétrico QRS

e seus aspectos morfológicos (alterações na amplitude ou duração), através do ECG, ainda é

uma das ferramentas mais utilizada para a detecção de hipertrofia ventricular e risco de morte

súbita (Estes, Jackson, 2009; Bacharova et al., 2010).

Muitos estudos têm sido realizados para melhorar os critérios eletrocardiográficos de

identificação da HVE. Dentre esses, se encontra o critério de Sokolow-Lyon. Nossos dados

demonstram que ambos os grupos de fisiculturistas apresentaram maiores valores do ISL em

relação aos não atletas. Em adição, constatamos que os atletas que fazem uso abusivo de

EAA, possuem o ISL superior aos não usuários.

Alguns investigadores observaram um pior prognóstico para doença coronariana e

mortalidade cardiovascular associada a incrementos nos índices de critérios de Sokolow-Lyon

(Prineas et al., 2001). Domingos et al (1998), utilizando critérios de voltagem para

diagnóstico de HVE em pacientes hipertensos, demonstraram que o ISL apresentou altos

níveis de sensibilidade e de especificidade, sendo bastante eficaz na detecção da HVE.

Os resultados do ISL aqui demonstrados vêm corroborar com os demais achados em

nosso trabalho com relação à HVE.

CONCLUSÕES

Doutorado Octávio Barbosa Neto

125

8 CONCLUSÕES

Considerando os resultados deste estudo, demonstramos através da variabilidade da

frequência cardíaca, seja pelo método linear como pela dinâmica não linear simbólica, que

atletas fisiculturistas usuários de esteróides anabólicos androgênicos possuem uma

disautonomia cardiovascular, sendo constatada através de um desvio no balanço simpato-

vagal na direção de um aumento da modulação simpática e redução da modulação vagal

cardíaca, o que constitui, por si só, em um importante mecanismo através do qual o abuso de

anabolizantes poderia estar associado ao aumento no risco cardiovascular, com maior

suscetibilidade à ocorrência de morte súbita.

As alterações estruturais e funcionais da musculatura cardíaca decorrente do uso de

esteróides anabolizantes, por efeitos diretos e/ou indiretos constatadas neste estudo, podem

provocar e perpetuar doenças cardiovasculares. Portanto, o uso indiscriminado destas drogas

sintéticas pode aumentar o risco de morte entre seus usuários. É de extrema importância que

estes riscos cheguem ao conhecimento dos indivíduos que usam ou pensam em fazer uso

destas substâncias, tendo como objetivos melhores desempenhos esportivos ou fins estéticos,

para que os mesmos possam avaliar se realmente os benefícios alcançados pelo uso abusivo

destas drogas são maiores ou mais importantes que os riscos que elas oferecem aos seus

usuários.

Por fim, futuras pesquisas devem ser incentivadas para o melhor entendimento da

associação do uso abusivo de esteróides e eventos fatais nestes usuários.

REFERÊNCIAS

Doutorado Octávio Barbosa Neto

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