universidade federal do rio grande do norte€¦ · v dedicatÓria . dedico este trabalho em...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE E DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO AÇUDE DE LUCRÉCIA/RN.
Alexandre Endres Marcon
Natal/RN
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE E DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO AÇUDE DE LUCRÉCIA/RN.
Alexandre Endres Marcon
Tese apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Centro de Ciências da Saúde para obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.
ORIENTADORA: Profa. Dra. Sílvia Regina Batistuzzo de Medeiros.
Natal/RN
2011
CATALOGAÇÃO NA FONTE
M321a
Marcon, Alexandre Endres.
Avaliação da genotoxicidade e da qualidade das águas do açude
de Lucrécia/RN / Alexandre Endres Marcon. – Natal, 2011.
178p.:il.
Orientadora: Profª Drª Sílvia Regina Batistuzzo de Medeiros.
Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Saúde. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
1. Água superficial – tese. 2. Micronúcleos e Alterações
nucleares - testes – tese. 3. Biomonitoramento – tese. 4.
Genotoxicidade – tese. 5. Oreochromius niloticus – tese. 6. Humano
– tese. 7. Cianobactéria – tese. 8. Metais – tese. 9. Radioatividade -
tese. I. Medeiros, Sílvia Regina Batistuzzo de. II. Título.
RN-UF/BS-CCS CDU: 543.31:628.113(813.2(043.2)
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE E DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO AÇUDE DE LUCRÉCIA/RN.
Coordenadora do Curso de Pós-Graduação:
Profa. Dra. Técia Maria de Oliveira Maranhão
iv
AVALIAÇÃO DA GENOTOXICIDADE E DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO AÇUDE DE LUCRÉCIA/RN.
Presidente da Banca: Prof. Dra. Sílvia Regina Batistuzzo de Medeiros.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Dra. Sílvia Regina Batistuzzo de Medeiros
(PPgCSA/CS/UFRN – Orientadora)
______________________________________________
Profa. Dra. Maria Aparecida Marin Morales
(PPgBCM/IB/UNESP – Examinadora Externa à Instituição)
______________________________________________
Prof. Dra. Renata de Fátima Panosso
(PPgE/CB/UFRN – Examinadora Externa ao Programa)
______________________________________________
Profa. Dra. Vera Maria Ferrão Vargas
(FEPAM/RS – Examinadora Externa à Instituição)
______________________________________________
Profa. Dra. Viviane Souza do Amaral
(PPgGBM/CB/UFRN – Examinadora Externa ao Programa)
v
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho em especial a minha esposa Paula Stein, aos meus avôs
maternos Ernesto Endres e Idê Becker Endres e aos paternos Henrique Marcon e
Leoncina Vargas da Silveira, e a minha mãe Nina Rosa Becker Endres pelo apoio,
incentivo e ajuda durante mais esta importante etapa da minha vida.
vi
AGRADECIMENTOS
A Profa. Dra. Silvia Batistuzzo de Medeiros pela orientação no doutorado;
Ao Dr. Erivan Sales do Amaral e ao Douglisnilson Ferreira do Lab. de Recursos
Naturais/IFRN pelas avaliações de metais nas amostras de água;
A Profa. Dra. Maria de Fátima de Moura e a bolsista Ângela Fagundes do Depto.
de Química/UFRN pela avaliação de metais nos dos peixes;
Ao Dr. Henrique Takuji Fukuma do Lab. de Poços de Caldas/CNEN pelas
quantificações de radiação alfa e beta total nas amostras de água;
A Profa. Dra. Ivaneide Soares do Depto. de Microbiologia e Parasitologia/UFRN
pelas análises de densidade de cianobactérias;
Ao Prof. Dr. Thomas Campos do Depto. Geologia/UFRN pela ajuda
A Profa. Dra. Viviane Souza do Amaral pelas contribuições ao trabalho;
A Profa. Dra. Lucymara Agnez-Lima pela colaboração na pesquisa;
A Prefeitura de Lucrécia pela colaboração e apoio durante as coletas;
A mestranda Anuska Fagundes Garcia pelas pesquisas na área de estudo;
Ao bolsista Daniel Andrade pelo apoio nas coletas;
Aos colegas do LAMA/UFRN pelo incentivo ao estudo;
Ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde/UFRN pelo apoio a
pesquisa e
Ao Banco do Nordeste e ao CT-Hidro/CNPq pelo suporte financeiro e pela bolsa
de doutorado.
vii
EPÍGRAFE
Se tens que lidar com água, consulta primeiro a experiência, depois a razão.
Leonardo da Vinci
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Mapa de localização do açude de Lucrécia na região do médio
oeste do Rio Grande do Norte. 9
Figura 2 Mapa da bacia hidrográfica Apodi-Mossoró na região do médio
oeste Potiguar, na qual estão inseridos a sub-bacia do Umari e
o açude de Lucrécia (círculo vermelho). Fonte: SEMARH/RN. 10
Figura 3 Mapa Geológico simplificado do açude de Lucrécia na micro-
região de Umarizal (RN). Modificado de Araújo (1995):
Mapeamento Geológico da região de Lucrécia/RN. 11
Figura 4 Dados pluviométricos da série histórica (1961 a 2009) do posto
de Patu/RN. 12
Figura 5 Imagens de satélite ®LandSat do açude de Lucrécia e região
durante as estações secas em agosto de 1989 e 2001 Fonte:
Serra et al. (2006). 13
Figura 6 Imagem de satélite em três dimensões (3D) do açude de
Lucrécia demonstrando a inserção dos principais afluentes do
reservatório no relevo acentuado da região. Fonte: Serra et al.
(2006). 14
Figura 7 Células de mucosa oral dos doadores de Lucrécia de núcleo
normal (A), micronucleado (B), binucleado (C), com brotamento
nuclear (D), cariolíse (E), piquinólise (F) e fragmentado (G). A=
400X. Fotos: Marcon, A. E. 52
ix
Figura 8 Eritrócitos branquiais de peixes (O. niloticus) do açude de
Lucrécia de núcleo normal (A), micronucleado (B) e com
brotamento nuclear (C). A= 2500X. Fotos: Marcon, A. E.
52
Artigo 1
Figura 1 Location of the Lucrécia dam study area in the western region of
Rio Grande do Norte – Brazil. 56
Artigo 2
Figura 1 Mapa Geológico simplificado da região de Lucrécia na micro-
região Umarizal (RN). Modificado de Araújo (1995).
Mapeamento Geológico da região de Lucrécia. 70
Figura 2 Distribuição geográfica (isolinha) do background da
concentração média de radiação gama (cpm) detectada em
ambos os períodos analisados (chuvoso/2009 e seco/2010) no
município de Lucrécia (A) e em detalhe (µR h-1) na área urbana
(B). 84
x
LISTA DE TABELAS
Artigo 1
Tabela 1 Cyanobacteria density (cells mL-1) of water samples from
different points of the Lucrécia dam. 57
Tabela 2 Concentrations (mgL-1) of the metals assessed in the water
samples from different points at the Lucrécia dam. 59
Tabela 3 Concentrations of total alpha and beta radiation in water
samples from different points of the Lucrécia dam. 59
Tabela 4 Concentration of Cd, Cr, Cu, Fe, Ni, Pb and Zn assessed in the
biological samples of gills and liver (in natura) with the
respective weights (g) of the fish (O. niloticus) from the Lucrécia
dam. 60
Tabela 5 Frequency of micronucleus and nuclear abnormalities in the gill
erythrocyte cells of fish (O. niloticus), collected at the Lucrécia
dam. 61
Artigo 2
Tabela 1 Densidade de cianobactéria (cells mL-1) das amostras de água
de abastecimento de Lucrécia. 74
Tabela 2 Concentração (mg L-1) dos metais avaliados nas amostras de
água de abastecimento de Lucrécia e Natal, e controle negativo. 77
xi
Tabela 3 Concentrações de radiação alfa e beta total (Bq L-1) nas
amostras de água de abastecimento de Lucrécia e Natal, e o
Controle negativo. 80
Tabela 4 Variação, média e desvio padrão da concentração do gás Rn-
222 (Bq m-3) nas habitações (in door) da área urbana do
município de Lucrécia. 82
Tabela 5 Características gerais dos doadores de mucosa oral humana da
área de estudo de Lucrécia (N=48) e do grupo controle em
Natal (N=49). 85
Tabela 6 Freqüência média de micronúcleos e alterações nucleares (‰)
analisados em células de mucosa oral humana de Lucrécia e
Natal (grupo controle). 85
xii
LISTA DE SIGLAS
ANOVA Análise de Variação
APHA American Public Health Association
CAERN Companhia de Água e Esgotos do Rio Grande do Norte
DL50 50% da Dose Letal
DNA Ácido Desoxi-ribonucléico
EMPARN Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
EPI Equipamento de Proteção Individual
RNS Espécies Reativas de Nitrogênio
ROS Espécies Reativas de Oxigênio
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
LCM Limite de Concentração Máxima
LPS Proteína lipopolissacarídica
IFRN Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte
INCA Instituto do Câncer do Brasil
I.P. Intraperitonial
MN Micronúcleo
MOA Matéria Orgânica Amorfa
NA Alterações Nucleares
NORM Materiais Radioativos de Ocorrência Natural
NRC U. S. National Research Council
SPD Subproduto de Desinfecção
xiii
STX Saxitoxinas
TENORM Materiais Radioativos de Ocorrência Natural Modificados
Tecnologicamente
TDI Ingestão Diária Tolerável
THM Trihalometanos
UNSCEAR United Nations Scientific Comitte on the Efftect Atomic
Radiation
xiv
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA v
AGRADECIMENTOS vi
EPÍGRAFE vii
LISTA DE FIGURAS viii
LISTA DE TABELAS x
LISTA DE SIGLAS xii
RESUMO xvii
ABSTRACT xviii
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. OBJETIVOS 7
1.1.1 Objetivo Principal 7
1.1.2 Objetivos Específicos 7
1.2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 8
1.3. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA 14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17
2.1 CIANOBACTÉRIAS 17
2.1.1 Cianotoxinas 20
2.2. METAIS 25
2.2.1 Cádmio 33
xv
2.2.2 Cobre 34
2.2.3 Cromo 35
2.2.4 Níquel 38
2.2.5 Zinco 40
2.2.6 Bioacumulação de metais em peixes 42
2.3. RADIAÇÃO IONIZANTE 44
2.4. BIOINDICADOR AQUÁTICO 46
2.4.1 Peixes 46
2.5. TESTE DE GENOTOXICIDADE 49
2.5.1 Teste de Micronúcleo (MN) 49
2.5.2 Teste de Alteração Nuclear (NA) 51
3. ARTIGOS 53
3.1. ARTIGO 1: GENOTOXIC ANALYSIS IN AQUATIC
ENVIRONMENT UNDER INFLUENCE OF CYANOBACTERIA,
METAL AND RADIOACTIVITY
54
3.2. ARTIGO 2: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DE
ABASTECIMENTO E DA GENOTOXICIDADE HUMANA EM
LUCRÉCIA, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL.
64
4. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES 96
5. APÊNDICE 99
5.1 Lista de Publicações em Eventos 99
5.2 Trabalho apresentado na 10th International Conference on
Environmental Mutagens, Florence, Italy: COMET ASSAY IN GILL
ERYTHROCYTES (OREOCHOMIUS NILOTICUS) FOR
xvi
EVALUATION OF GENOTOXICITY IN DAM OF LUCRÉCIA, RIO
GRANDE DO NORTE – BRAZIL.
102
5.3 Artigo da dissertação de mestrado de Anuska Conde Fagundes
Soares Garcia em submissão na Revista internacional Science of
Total Environmental: STUDY ON WATER QUALITY AND
MUTAGENICITY OF A SURFACE WATER FROM A SEMI-ARID
REGION BY MICRONUCLEUS ASSAYS
106
5.4 Capítulo de livro do Prodema sobre meio ambiente e saúde
humana: Açude de Lucrécia como modelo da problemática da
água no semiárido brasileiro: estudos genotóxicos e a relação
entre saúde ambiental e humana.
135
REFERÊNCIAS 161
xvii
RESUMO
A ocorrência de câncer humano na região do município de Lucrécia (RN, Brasil)
tem mostrado freqüências elevadas (INCA, 2007). Foram aplicados testes de
micronúcleos (MN) e alterações nucleares (NA) para avaliar o potencial genotóxico
das águas do açude de Lucrécia, que está localizado numa região semi-árida sob
influência de irrigação agrícola e precipitação irregular. Foram coletadas amostras
de água nesse manancial para análise da concentração de cianobactérias, metais
e radioatividade. Foram coletados eritrócitos de tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus) no manancial e células de mucosa oral humana na área urbana desse
município para os bioensaios de MN e NA. Nos peixes também foram analisadas
as concentrações de metais em amostras de brânquias e fígado. Os testes de
genotoxicidade com amostras biológicas de peixes e humanos mostraram
aumentos significantivos nas freqüências de MN e NA (p ≤ 0,05) e são indicativos
de aumento nos danos ao DNA em relação aos grupos controles. Concluindo, os
resultados obtidos com as amostras de água e biológicas do açude de Lucrécia
indicam a presença de poluentes químicos e microbiológicos, e também aumento
do potencial genotóxico na população humana desse município. Sugerimos a
execução de tratamento hídrico avançado, para prevenir futura degradação desse
ambiente aquático e redução da qualidade de vida. Esta pesquisa de avaliação da
qualidade ambiental foi executada de forma a contemplar uma abordagem multi e
interdisciplinar da característica deste recurso hídrico e os danos genotóxicos que
possam induzir nos organismos desta região em estudo.
Palavras-chave: Água Superificial, Micronúcleo, Alterações Nucleares,
Oreochromius niloticus, População Humana.
xviii
ABSTRACT
The occurrence of human cancer in the municipality of Lucrécia (RN, Brazil) has
shown high frequencies (INCA, 2007). Tests of micronucleus (MN) and nuclear
abnormalities (NA) were performed to assess the genotoxic potential of water from
the Lucrécia dam, which is located in a semi-arid region under the influence of crop
irrigation and irregular rainfall. Water samples were collected in this source for
analyzing the concentration of cyanobacteria, metals and radioactivity.
Erythrocytes of Nile tilapia (Oreochromis niloticus) were collected in dam and cells
of human oral mucosa in the urban area of this municipality for the bioassays of
MN and NA. In fish were also analyzed concentrations of metals in samples of liver
and gills. The genotoxicity tests with biological samples of fish and humans have
shown significant increases in the frequencies of MN and NA (p ≤ 0.05) and are
indicative of increased DNA damage in relation to the control groups. In conclusion,
the results obtained from water samples and biological municipality of Lucrécia
indicates that the presence of chemical and microbiological pollutants, and
increase of genotoxic in human of this municipality. We suggest the implementation
of advanced water treatment, to prevent further degradation of the aquatic
environment and decrease in the life quality. This research of environmental quality
assessment was performed in order to contemplate a multi and interdisciplinary
character of this water resource and that can induce genotoxic damage in the
organisms in this study region.
Keywords: Superficial Water, Micronucleus, Nuclear abnormalities, Oreochromis
niloticus, Human Population.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 1
1. INTRODUÇÃO
A contaminação dos mananciais por efluentes domésticos e industriais é uma
das principais causas da poluição dos recursos hídricos e degradação ambiental.
O desenvolvimento urbano e o conseqüente adensamento populacional trouxeram
a necessidade de eliminação das águas residuais provenientes das atividades
sócio-econômicas. Inicialmente, estes efluentes ainda são lançados em muitos
países, sob a forma bruta, nos corpos de água (rios, lagos e oceanos) e no solo
através das fossas sépticas e sumidouros. O lançamento in natura acarretou
elevados custos ambientais, sanitários e econômicos; decorrendo no aumento da
mortalidade humana, diminuição da expectativa de vida, acréscimo dos gastos
médicos, deterioração ambiental, flagelo dos ecossistemas e queda da renda
proveniente do turismo numa região poluída, entre muitos outros (Jha, 2004).
O laçamento de esgotos nos reservatórios de abastecimento humano leva a
contaminação das águas por microorganismos patogênicos, ao aumento dos
casos de doenças de vinculação hídrica, a poluição dos mananciais e compromete
seriamente a saúde pública das populações e dos ecossistemas (Soller et al.,
2010). Conforme, o trabalho de revisão de Ohe et al. (2004), na medida em que os
poluentes atingem o meio ambiente aquático, as populações abastecidas por esse
recurso hídrico se tornam vulneráveis aos impactos negativos dessa deterioração,
como o aumento do surgimento de doenças infecciosas e cânceres, como
exemplos.
As regiões semi-áridas do nordeste do Brasil são caracterizadas pela
escassez de recursos hídricos, que é agravada pela precária distribuição de água
e saneamento básico (Amr e Yassin, 2008).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 2
Na região nordeste do Brasil os reservatórios artificiais superficiais
constituem uma importante alternativa de suprimento hídrico público, entretanto,
sofrem com a intensa degradação de suas águas. Trabalhos realizados para
garantir a potabilidade das águas, como os tratamentos hídricos convencionais
com posterior desinfecção com cloro podem ser ineficazes e/ou ainda gerar
subprodutos que também possuem potencial genotóxico, podendo, inclusive
aumentar a toxicidade de alguns poluentes (Tjusi et al., 1997; Komulainem, 2004;
Maffei et al., 2009).
O açude de Lucrécia é um dos principais reservatórios hídricos superficial do
estado do Rio Grande do Norte, e sua água abasteceu, por décadas, a população
humana da microregião de Umarizal/RN, depois de a mesma passar por
tratamento convencional e cloração, que era efetuado pela Companhia de
Abastecimento de Águas e Esgotos do Estado do Rio Grande do Norte (CAERN).
A partir de 2011 a população humana dessa região é abastecida pela CAERN,
através de adutora proveniente da barragem Santa Cruz em Apodi/RN.
Diversos poluentes e misturas químicas, bem como os seus metabólitos,
sendo que muitos ainda não apresentam caracterização química e risco de
exposição bem classificados. Alguns desses poluentes possuem múltiplas ações e
impactos sobre a saúde humana e ambiental, logo a avaliação dos possíveis
impactos negativos e danos causados pela exposição a essas substâncias sobre
os organismos aquáticos são essenciais para o biomonitoramento da qualidade
dos ambientes naturais e dos recursos de uso público (ATSDR, 1990; Van der
Oost et al., 2003; Pohl e Abadin, 2008).
A presença de metais nos recursos hídricos de abastecimento representa
uma significativa fonte de contaminação humana e ambiental. Esses elementos
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 3
químicos que são potencialmente genotóxicos e cancerígenos (e.g., cádmio),
passíveis de bioacumulação e biomagnificação, podem elevar os danos oxidativos
nos organismos expostos, acarretando em mutagenicidade ambiental e na
ocorrência de diversas doenças degenerativas nas populações expostas, tais
como, vários tipos de câncer (Halliwell e Gutteridge, 1989; Mena et al., 2008;
Rana, 2008).
Geralmente a presença de concentrações elevadas de metais está
relacionada à redução drástica da qualidade dos recursos hídricos. A sua origem
pode estar associada a causas antrópicas ou naturais (Seoane e Dulout, 2001;
Beyersmann e Hartwig, 2008).
Alguns elementos metálicos radioativos estão naturalmente presentes em
rochas, como por exemplo, os do grupo do urânio (U), do tório (Th), do rádio (Ra),
e do potássio (K), cujos decaimentos radioativos pode gerar, além de emissões
radioativas (e.g., partícula alfa), subprodutos de radiação, como o gás radônio (Rn-
222) que também é genotóxico e passível de acumulação nas águas e na
atmosfera, sendo também emissor de partículas radioativas (ATSDR, 1990; NCR,
1999 e 1998; UNSCEAR, 2000).
Aliado a esses impactos negativos da radiação de fonte natural, o aumento
da carga orgânica e de poluentes advindos de ações antrópicas, como o
lançamento de esgotos nos afluentes do manancial e resíduos oriundos de
incrementos agropecuários, podem favorecer a intensa proliferação de
cianobactérias e o possível aumento da concentração de cianotoxinas nessas
águas (Chellappa e Costa, 2003; Sotero-Santos et al., 2006).
A elevação na biomassa de cianobactérias está diretamente associada à
eutrofização da água, condição que geralmente leva a efeitos negativos para a
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 4
biota aquática e das populações consumidoras desses recursos hídricos. Durante
as florações (“blooms”), o teor de cianotoxinas nas águas superficiais pode
aumentar expressivamente, elininar outras comunidades fitoplanctônicas e levar
ao predomínio de poucas ou mesmo uma única espécie de cianobactéria
produtora de toxinas ou metabólitos tóxicos (Fitzgerald et al., 1999).
A ocorrência de cianobactérias em reservatórios hídricos de abastecimento
público, associado à alta capacidade desse tipo de microorganismo se reproduzir
e liberar toxinas intracelulares (cianotoxinas) no ambiente pode afetar a saúde
humana através da ingestão de água e alimentos contaminados (e.g., peixes e
crustáceos), e também pelo contato direto, durante atividades recreacionais.
Contudo, a ingestão da água sem tratamento adequado para a remoção dessas
toxinas ainda é a principal via de intoxicação humana (Fleming et al., 2002;
Sotero-Santo et al., 2006).
Vários trabalhos mostram que a poluição aquática implica em aumento
expressivo da freqüência de câncer na população humana e de mutações nos
organismos expostos, e que conseqüentemente todos os ecossistemas podem ser
afetados em regiões com mananciais poluídos (Nakayama et al., 2010; Mena et
al., 2009; Lemos e Terra, 2003).
A biota desses ambientes degradados pode sofrer danos genéticos, além de
distúrbios na sua síntese protéica, que poderá acarretar disfunções estruturais,
regulatórias, catalíticas e/ou fisiológicas dentro das células dos organismos
expostos e até mesmo o desaparecimento de espécies de uma determinada
população local (Bonassi e Au, 2002; Pellacani et al., 2006; Hernandez et al.,
2009; Lam et al., 2009).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 5
Uma maneira de se estudar os efeitos negativos em populações expostas a
poluentes, é conduzir estudos de biomonitoramento, utilizando, por exemplo,
parâmetros biológicos pertinentes, tais como, ensaios citogenéticos (e.g., teste de
micronúcleo), que podem identificar alterações cromossomais e genéticas
resultantes da exposição a agentes genotóxicos de forma ambiental ou
ocupacional (Fenech et al., 1999).
Porém, os estudos dos danos citotóxicos, genéticos e fisiológicos causados
pela exposição e consumo de águas poluídas ainda é bastante deficiente no
Brasil, tanto no nível das populações humanas quanto de biotas expostas
(Friedberg, 2003).
A espécie exótica de peixe Oreochromis niloticus, conhecida popularmente
por tilápia do Nilo, tem siso muito difundida para estudos de genotoxicidade, tendo
em vista que esta espécie introduzida possui alta mobilidade na coluna de água e
nos mananciais, hábito de alimentação onívora, apresenta acentuada capacidade
de adaptação e amplamente distribuída nas diferentes regiões do mundo (Çavas e
Ergene-Gozukara, 2005).
As avaliações das lesões no núcleo celular são parte da pesquisa
ecogenotoxicidade, visto que as alterações genéticas no DNA são eventos
significativos no processo de carcinogênese e de outras doenças degenerativas.
Muito embora o conhecimento da complexidade dos mecanismos envolvidos na
estrutura cromossômica seja ainda incompleto, vários trabalhos sugerem que as
alterações nucleares (e.g., micronúcleos) são conseqüências e manifestações
diretas de dano ao DNA ou de defeitos no mecanismo de reparo genético (Fenech
et al., 2000; Buccianti et al., 2009).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 6
Os testes de micronúcleo (MN) e de alterações nucleares (NA) são métodos
sensíveis para o biomonitoramento de várias substâncias genotóxicas que podem
estar presentes nos ambientes (Ma, 1979; Fenech et al., 1999).
Vários trabalhos recentes têm utilizado esses bioensaios em diversos
organismos aquáticos bioindicadores (Vargas et al., 2001;Torres de Lemos et al.,
2007; Nakayama et al., 2010) e em humanos para avaliar a genotoxicidade
ambiental (Torres de Lemos et al., 2007; Holland et al., 2008).
Nas últimas décadas o uso de ictiofauna como bioindicadora de
genotoxicidade ambiental e de poluição aquática tem se intensificado em diversos
países (Carrasco et al., 1990; Ferraro et al., 2004; Çavas e Ergene-Gozukara,
2005; Talapatra e Banerjee, 2007).
Além disto, os dados desses bioensaios com peixes têm evidenciado boa
correlação com resultados de genotoxicidade obtidos em células humanas
expostas a mutágenos. A espécie de peixes O. niloticus tem sido utilizada por
muitos cientistas em trabalhos de biomonitoramento hídrico em diferentes regiões
do Brasil (Cestari et al., 2004; Souza e Fontinatti, 2006; Hoshina et al., 2008;
Linde-Arias et al., 2008; Barbosa et al., 2010).
O biomonitoramento de populações humanas expostas à contaminação
hídrica e ambiental também é muito utilizado. Neste sentido, são muito
empregadas para determinação do potencial genotóxico ocupacional e ambiental
as avaliações de dano genético em mucosa oral humana, pois as características
fisiológicas dessas células epiteliais garantem um contato freqüente com
poluentes ingeridos e/ou aspirados (Fenech et al., 1999; Holland et al., 2008).
Considerando que a preservação dos ambientes aquáticos é um fator
limitante para o desenvolvimento sócio-econômico do país, é de fácil constatação
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 7
a necessidade de garantir, de maneira segura e confiável, a conservação hídrica
em nossos sistemas de abastecimento público. Mesmo que ainda, no que tange a
qualidade das águas, os principais problemas globais é a falta de síntese,
disseminação e disponibilização de informações sobre os diferentes aspectos
envolvidos com as causas e conseqüências da ocorrência de poluentes (van
Leeuwen et al, 2005).
1.1. OBJETIVOS
1.1.1. Objetivo Principal
O objetivo primordial deste trabalho foi contribuir na determinação do
potencial genotóxico e da qualidade das águas do açude de Lucrécia.
1.1.2. Objetivos Específicos
Determinação das:
Concentrações de Cianobactéria, metais e radioatividade nas amostras de
água;
Concentrações de Metais em materiais biológicos de espécimes de peixes
(brânquias e fígado);
Freqüências de micronúcleos (MN) e alterações nucleares (NA) em
eritrócitos branquiais de peixes (O. niloticus);
Freqüências de micronúcleos (MN) e alterações nucleares (NA) em mucosa
oral humana.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 8
1.2. CARACTERIZAÇÂO DA ÁREA DE ESTUDO
Os estudos foram executados na área urbana e no açude de Lucrécia, que
constitui um dos principais reservatórios hídricos superficiais da região médio
oeste do estado do Rio Grande do Norte e está localizado próximo à fronteira
estadual com a Paraíba, entre os municípios de Lucrécia e Frutuoso Gomes/RN.
Este reservatório público foi construído em 1934 e tem capacidade máxima de
armazenamento de água de 27 milhões de metros cúbicos.
Na Figura 1 pode-se visualizar o mapa de localização da área de estudo,
com a identificação dos pontos de coleta de água:
P1(6o7’6.34’’ S; 37o40’8.31’’ W): localizado próximo à área de antiga
captação de água da CAERN no município de Lucrécia;
P2 (6o8’47.13’’ S; 37o43’54.’5’ ’W): localizado na área de confluência dos
principais afluentes do reservatório hídrico superficial público, no município de
Frutuoso Gomes/RN.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 9
Figura 1. Mapa de localização do açude de Lucrécia na região do médio oeste do
Rio Grande do Norte.
Os afluentes que originam este reservatório público são tributários da sub-
bacia do Umari e integram a bacia hidrográfica Apodi-Mossoró, que é a segunda
maior do estado do RN, com uma área de drenagem de 14.276 km2 (Figura 2).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 10
Figura 2. Mapa da bacia hidrográfica Apodi-Mossoró na região do médio oeste
Potiguar, na qual estão inseridos a sub-bacia do Umari e o açude de Lucrécia
(círculo vermelho). Fonte: SEMARH/RN.
No que tange a geologia da área, o açude de Lucrécia está inserido na
Província Borborema e na micro-região de Umarizal, onde afloram diversas
litologias do embasamento cristalino com ocorrência de vários minerais e metais,
que podem ser emissores de radiações ionizantes (CPRM - Serviço Geológico do
Brasil, 2006) (Figura 3).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 11
Figura 3. Mapa Geológico simplificado da região de Lucrécia na micro-região de
Umarizal (RN). Modificado de Araújo (1995): Mapeamento Geológico da região de
Lucrécia/RN.
O clima na região é tropical continental sub-úmido, com inverno seco e verão
chuvoso, conforme classificação de Köppen, com precipitação pluviométrica média
anual de 1000 mm e temperatura de 28o C (EMPARN).
Conforme os dados de chuva da série histórica (1961 a 2009) do posto
pluviométrico de Patu/RN (EMPARN), posto mais próximo do açude de Lucrécia,
os anos de menor precipitação nessa área foram no período entre 1990 e 2001
(Figura 4).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 12
Figura 4. Dados pluviométricos da série histórica (1961 a 2009) do posto de
Patu/RN (EMPARN).
Esse menor aporte de água para o manancial e as elevadas taxas de
evaporação dessa região Potiguar podem estar colaborando para a redução do
volume de armazenamento hídrico do açude de Lucrécia (Figura 5) (Serra et al.,
2006).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 13
Figura 5. Imagens de satélite ®LandSat do açude de Lucrécia e região durante as
estações de seca em agosto de 1989 e 2001 (Serra et al., 2006).
As principais cidades e comunidades dos municípios dessa região foram
construídas junto às áreas de escoamento hídrico do manancial, como não
possuem saneamento básico, onde os esgotos domésticos in natura são
despejados nos afluentes do reservatório. Entre os principais municípios do Rio
Grande do Norte inseridos na sub-bacia Umari se destacam Almino Afonso,
Frutuoso Gomes, Lucrécia e Martins, que apresentam populações respectivas de
4.962, 4.360, 3.423 e 8.063 habitantes (IBGE, 2008).
Além disso, os principais afluentes do manancial estão inseridos numa região
de topografia com relevo acentuado (Figura 5). As características geomorfológicas
da área de entorno do açude de Lucrécia podem ser outro agravante, pois os
principais afluentes do manancial estão inseridos em locais com elevada
inclinação que podem facilitar a lixiviação e maximizar o aporte de poluentes para
o interior desse reservatório público, principalmente durante as intensas e
localizadas precipitações que ocorrem nas estações chuvosas.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 14
Figura 6. Imagem de satélite ®LandSat em três dimensões (3D) mostrando a
geomorfologia da área de entorno do açude de Lucrécia e a inserção de seus
afluentes (setas) no relevo acentuado da região. Fonte: Serra et al. (2006).
1.3. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
No município de Lucrécia, desde a década de 70, são observadas taxas
elevadas de casos de câncer. O Instituto Nacional do Câncer (INCA/Brasil) em
2007 estimou para o estado do Rio Grande do Norte taxas brutas (homens e
mulheres) de ocorrência de câncer em 228,9 casos para cada 100.000 habitantes.
Para a capital Natal a taxa estimada de câncer foi de 363,5 casos para cada
100.000 habitantes. Neste mesmo período, Lucrécia destaca-se com uma taxa de
776,8 casos, isto é, com uma freqüência três vezes maior que o restante da média
estadual.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 15
O açude de Lucrécia foi por muitas décadas o principal recurso hídrico
superficial de abastecimento de água para consumo humano da população do
município e região.
No intuito de avaliar as características físico-químicas das águas desse
importante manancial, vários trabalhos de pesquisa foram realizados nas últimas
décadas. Dentre as quais, se destacam as pesquisas de Malanca et al. (1998),
que demonstravam a presença de radioatividade alfa e beta nessas águas
superficiais; Serra et al. (2006), que indicaram a ocorrência de metais no
sedimento de fundo do reservatório e Campos et al. (2010), que advertiram para a
ocorrência de teores elevados de Rn-222 (>100 Bq m-3) e radiação gama na
atmosfera indoor das residências rurais e urbanas do município de Lucrécia.
Os fatores que desencadeiam o processo cancerígeno são multi-causais, e
essa elevada freqüência de tumores observada na população humana de Lucrécia
pode estar relacionada à poluição das águas desse reservatório público. Esses
poluentes, já observados anteriormente no açude de Lucrécia, podem estar
entrando em sinergia com outros contaminantes ambientais, tais como, POPs
(poluentes orgânicos persistentes) (Hernandez et al., 2009).
Todos estes poluentes ambientais que estão dispersos, podem vir a se
acumular nas águas e nos solos da região, além de bioacumular e biomagnificar
na biota da região. Desta forma, a presença de radioisótopos e seus subprodutos
de decaimento nessas águas expõem amplamente todas as populações, pois
essa exposição a radio-ionizantes gera danos diretos através da dieta e da
ingestão de água e/ou indiretamente pela inalação de subprodutos radioativos, tais
como, Rn-222 (NRC, 1999).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 16
Logo, o consumo ou o uso desses recursos hídricos superficiais poluídos nas
atividades domésticas e sanitárias, provavelmente, acarretará em um perigo real e
pode comprometer a qualidade de vida e a saúde das populações humanas
abastecidas. Essa exposição a poluentes hídricos também poderá gerar danos
genéticos, originar doenças degenerativas, defeitos congênitos e esterilidade nos
organismos expostos (Mena et al., 2009; Bhattathri et al., 1996).
Estima-se que as análises hídricas e de genotoxicidade executados neste
trabalho possam servir de subsídio para o biomonitoramento e conservação das
águas e para melhora da qualidade de vida e saúde pública do município, fornecer
informações para dar suporte para a tomada de decisões pelos profissionais dos
setores de saúde e de saneamento básico do estado do Rio Grande do Norte,
visando mitigar os impactos ambientais negativos que têm sido observados nessa
região.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. CIANOBACTÉRIAS
As cianobactérias ou cianofíceas, também conhecidas popularmente como
algas azuis, são microorganismos aeróbicos fotoautotróficos, logo, os seus
processos biológicos requerem água, dióxido de carbono, substâncias inorgânicas
(macro e micronutrientes) e luz.
A fotossíntese é o principal modo de obtenção de energia metabólica dessas
bactérias. Sua morfologia celular demonstra que esses microorganismos são
procariontes (sem membrana envolvendo o material genético) e, portanto, muito
semelhantes bioquimicamente e estruturalmente às bactérias não
fotossintetizantes. A origem das cianobactérias foi estimada em cerca de 3,5
bilhões de anos, sendo provavelmente os primeiros produtores primários de
matéria orgânica a liberarem oxigênio elementar na atmosfera primitiva do planeta
(FUNASA, 2003).
A capacidade de crescimento e proliferação é uma das características
marcantes das cianobactérias. Entretanto, ambientes de água doce são os mais
favoráveis para o crescimento de cianobactérias, visto que a maioria das espécies
apresenta um melhor crescimento em águas neutroalcalinas (pH 6-9), temperatura
entre 15 a 30 ºC e alta concentração de nutrientes, principalmente nitrogênio e
fósforo. As principais fontes de eutrofização artificial dos ambientes aquáticos têm
sido identificadas como as descargas de efluentes domésticos e industriais nas
regiões metropolitanas e a poluição difusa originada nas regiões agricultáveis
(Lürling e Roessink, 2006).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 18
As florações ou “blooms” de cianobactérias se caracterizam pelo intenso
crescimento desses microorganismos na superfície da água, formando uma densa
camada de células com vários centímetros de profundidade, mas frequetemente
essas células se distribuem em toda a coluna da água, com conseqüente aumento
dos riscos à saúde pública e degradação ambiental. É amplamente aceito pelos
microbiologistas e limnologistas que estudam a formação dessas florações, que a
carga de nutrientes, o tempo de retenção da água, a estratificação e a temperatura
são os principais fatores que influenciam a formação e intensidade das florações.
No país e no estado, este problema tem sido intensificado pelo fato de que a
maioria dos reservatórios superficiais de água para abastecimento apresenta as
características climáticas e ambientais necessárias para a proliferação de
cianobactérias durante grande parte do ano (Chellappa e Costa, 2003).
Já foi registrada a ocorrência de pelo menos 32 espécies de cianobactérias
potencialmente tóxicas no Brasil, incluídas em 14 gêneros, em diferentes
ambientes aquáticos (Sant’anna e Azevedo, 2000). Destes, a espécie Microcystis
aeruginosa apresenta 7 espécies e tem ampla distribuição no Brasil e o gênero
Anabaena tem grande número de espécies potencialmente tóxicas (A. circinalis, A.
flos-aquae, A. planctonica, A. solitaria e A. spiroides).
Entretanto, na última década tem sido observado um grande aumento na
ocorrência da espécie Cylindrospermopsis raciborskii, em diferentes regiões
brasileiras (FUNASA, 2003).
Vários gêneros e espécies de cianobactérias que formam florações
produzem toxinas intracelulares e muitas dessas substâncias permanecem na
água mesmo após tratamentos convencionais, podendo ser liberadas para o
recurso hídrico após a desinfecção por cloração e lise celular (Tsuji et al., 1997).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 19
A eutrofização produz mudanças na qualidade hídrica, causando redução na
concentração de oxigênio dissolvido (OD), na biodiversidade aquática, na
qualidade cênica do ecossistema, a morte extensiva e contaminação de peixes,
bem como, aumento da ocorrência de florações de microalgas e cianobactérias.
Essas proliferações excessivas de microorganismos patogênicos elevam o custo
do tratamento da água de abastecimento humano, e conseqüentemente
representam sérios riscos à saúde pública (WHO, 2008).
Na maioria das vezes, as cianobactérias são menos eficientes na
assimilação de nutrientes no ambiente aquático do que as microalgas (e.g.,
clorofíceas ou diatomáceas), que não produzem toxinas e em condições normais,
se proliferam melhor. Contudo, dentre os fatores que possibilitam a predominância
das cianobactérias no ambiente aquático em relação aos outros grupos
fitoplanctônicos (e.g., microalgas verdes), ressaltam-se as características
fisiológicas de assimilação dos nutrientes da água (principalmente, N e P). Assim,
ao gerar descargas artificiais com aumento da carga orgânica e excesso de
nutrientes nos reservatórios hídricos a população humana propicia uma maior
biodisponibilidade de micro e macronutrientes, facilitando a assimilação dos
mesmos e a floração das cianobactérias (FUNASA, 2003).
O crescimento intenso desses microorganismos tóxicos na coluna de água,
geralmente ocorre com o predomínio de poucas ou mesmo uma única espécie de
cianobactéria produtora de toxinas, ou de outros metabólitos tóxicos, que inibem a
predação pelo zooplâcton (e.g., microcrustáceos), larvas de peixes, moluscos,
entre outros. Esses consumidores primários preferem predar os microorganismos
fotossintetizantes não tóxicos, que possuem maior valor nutricional.
Conseqüentemente, ocorre o declínio dessas populações de microalgas não
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 20
tóxicas e também da competição pelos nutrientes no meio ambiente aquático,
resultando na redução drástica das comunidades desses consumidores primários,
devido à intoxicação por cianotoxinas, levando ao desequilíbrio de toda a cadeia
ecológica e, na maioria dos casos, os mananciais eutrofizados findam com as
cianobactérias tóxicas como organismos fitoplanctônicos predominantes
(FUNASA, 2003).
Os mananciais de reduzida biodiversidade fitoplanctônica e com dominância
de cianobactérias, são muitas vezes, os recursos hídricos de abastecimento
disponíveis em muitas regiões do país e do mundo. O aumento da ocorrência de
florações de cianobactérias em reservatórios de abastecimento de água e a
capacidade desse tipo de microorganismos se reproduzir e liberar toxinas (e.g.,
cianotoxinas) no ambiente aquático pode afetar a saúde humana, tanto pela
ingestão de água ou de pescado contaminado, como no contato direto em
atividades de recreação. Contudo, o consumo da água sem tratamento adequado
para remoção de cianotoxinas é a principal via de intoxicação humana (Gkelis et
al., 2006).
2.1.1. Cianotoxinas
As toxinas de cianobactérias, denominadas cianotoxinas, que constituem
uma grande fonte de produtos naturais tóxicos produzidos por esses
microorganismos, embora ainda não estejam devidamente esclarecidas as causas
da sua produção, parece ter função protetora contra herbivoria, como acontece
com alguns metabólitos de plantas vasculares (WHO, 1999).
As cianotoxinas formam um grupo de substâncias químicas bastante
diversas, com mecanismos tóxicos específicos para vertebrados, algumas são
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 21
neurotóxicas (anatoxina-a e saxitoxinas), outras são hepatotóxicas (microcistinas,
nodularina e cilindrospermopsina). Outras ainda podem ser irritantes ao contato,
consideradas como endotoxinas pirogênicas como as toxinas de bactérias Gram
negativas, grupo no qual se encontram as principais bactérias patogênicas
(Carmichael, 1994).
Apesar dos estudos e avanços tecnológicos, os métodos eficientes de
remoção dessas cianotoxinas, pelo processo de tratamento da água, ainda são
caros e reduzidos. Os protocolos práticos de detecção de cianotoxinas ainda não
formam muito difundidos para o adequado monitoramento da qualidade das águas
de abastecimento e recreação (Sotero-Santos et al., 2006).
Algumas dessas toxinas são caracterizadas por sua ação rápida, causando a
morte de mamíferos por parada respiratória, após poucos minutos de exposição,
Têm sido identificadas como alcalóides, peptídeos ou organofosforados. Outras
atuam menos rapidamente e são identificadas como peptídeos ou alcalóides
hepatotóxicos. De acordo com suas estruturas químicas, as cianotoxinas podem
ser incluídas em três grandes grupos: os peptídeos cíclicos, os alcalóides e os
lipopolissacarídeos (FUNASA, 2003).
Alguns gêneros de cianobactérias também podem produzir toxinas irritantes
ao contato. Essas toxinas têm sido identificadas como lipopolissacarídeos (LPS)
que são também comumente encontrados nas membranas celulares de bactérias
Gram negativas. Essas substâncias (LPS), que são endotoxinas pirogênicas.
Porém, os poucos estudos disponíveis indicam que os lipopolissacarídeos
produzidos por cianobactérias são menos tóxicos que os de outras bactérias (e.g.,
Salmonella) (FUNASA, 2003).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 22
As hepatotoxinas peptídicas já caracterizadas são heptapeptídeos cíclicos
conhecidos como microcistinas e os pentapeptídeos designados como
nodularinas.
As neurotoxinas já identificadas são produzidas por espécies e cepas
incluídas nos gêneros: Anabaena, Aphanizomenon, Arthrospira,
Cylindrospermopsis, Lyngbya, Oscillatoria, Phomitium e Planktothix. Já são
conhecidos três diferentes tipos de neurotoxinas produzidas a partir de espécies
desses gêneros:
Anatoxina-a é um alcalóide neurotóxico que age como um potente
bloqueador neuromuscular pós-sináptico de receptores nicotínicos e colinérgicos.
Esta ação se dá porque a anatoxina-a liga-se irreversivelmente aos receptores de
acetilcolina, pois não é degradada pela acetilcolinesterase. A DL50 por injeção
intraperitoneal (i.p.) em camundongos, para a toxina purificada, é de 200 µg.kg-1
de peso corpóreo, com um tempo de sobrevivência de 1 a 20 minutos (FUNASA,
2003).
Anatoxina-a(s) é um organofosforado natural (N-hidroxiguanidina fosfato de
metila) e tem um mecanismo de ação semelhante à anatoxina-a, pois inibe a ação
da acetilcolinesterase, impedindo a degradação da acetilcolina ligada aos
receptores. Em virtude da intensa salivação observada em animais intoxicados por
esta neurotoxina, ela foi denominada Anatoxina-a(s). A DL50 (i.p.) em
camundongos é de 20 µg.kg-1 de peso corpóreo e, portanto, dez vezes mais
potente que a anatoxina-a, porém não há registro de intoxicação humana por esta
toxina. Em conseqüência da pouca ocorrência deste tipo de neurotoxina, ainda
não foi estabelecido um limite máximo aceitável para consumo oral humano.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 23
Entretanto, no Brasil já foi confirmada a inibição de acetilcolinesterase por
florações de Anabaena spiroides, no Rio Grande do Sul (FUNASA, 2003).
Saxitoxinas este é o nome genérico que se tem adotado para um grupo de
neurotoxinas conhecidas como “venenos paralisantes de mariscos” (toxinas do
tipo PSP) que foram primeiramente isoladas de dinoflagelados marinhos,
responsáveis pela ocorrência de marés vermelhas. Estas neurotoxinas são um
grupo de alcalóides carbamatos que podem ser não sulfatados (saxitoxinas), com
um único grupamento sulfato (G-toxinas) ou com dois grupamentos sulfatos (C-
toxinas). A toxicidade desse grupo de alcalóides varia muito. Por exemplo, a DL50
(i.p.) em camundongos para saxitoxina purificada é de 10 µg.kg-1 de peso
corpóreo, enquanto que por consumo oral a DL50 é de aproximadamente
263µg.kg-1 de peso corpóreo (Chorus e Bartram, 1999).
Essas neurotoxinas inibem a condução nervosa bloqueando os canais de
sódio, afetando a permeabilidade ao potássio ou a resistência das membranas. Os
sinais clínicos de intoxicação humana incluem tontura, adormecimento da boca e
de extremidades, fraqueza muscular, náusea, vômito, sede e taquicardia. Os
sintomas podem começar cinco minutos após a ingestão e o óbito pode ocorrer
entre 2 às 12 h. Em casos de intoxicação com dose não letal, geralmente os
sintomas desaparecem de um a seis dias. Entretanto, não se tem conhecimento
de efeitos crônicos por falta de estudos de longa duração com animais.
Embora a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2003) considere que
atualmente não há dados suficientes para o estabelecimento de um limite de
concentração máximo (LCM) aceitável para as saxitoxinas em água potável
(Chorus e Bartram, 1999), uma análise dos dados de eventos de intoxicações
humanas, demonstra que a maioria dos casos esteve associada ao consumo de
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 24
aproximadamente 200 µg de saxitoxinas (STX) por pessoa. Fitzgerald et al.(1999)
propuseram 3 µg.L-1 como o LCM aceitável de saxitoxinas em água para consumo
humano, e este limite já foi adotado por autoridades de saúde do sul da Austrália.
A toxicidade dessas microcistinas em animais de laboratório apresenta DL50
(i.p.) entre 25 e 150 mg.kg-1 de peso corpóreo e entre 5.000 e 10.900 µg.kg-1 de
peso corpóreo por administração oral (Chorus e Bartram,1999).
As nodularinas foram primeiramente identificadas na espécie Nodularia
spumigena; atualmente são conhecidas oito nodularinas distintas, classificadas de
acordo com as variações no grau de metilação, composição e isomerização de
seus aminoácidos. A DL50 (i.p.) em camundongos varia entre 50 a 200 µg.kg-1 de
peso corpóreo.
Tem sido demonstrado que várias microcistinas e nodularinas são potentes
inibidores de proteínas fosfatases tipo 1 e 2A de células eucariontes. Estas toxinas
são agora reconhecidas como potentes promotores de tumores hepáticos.
Baseado em estudos de toxicidade oral em níveis subcrônicos, realizados com
camundongos e com porcos, foi estabelecida como ingestão diária aceitável
(“tolerable daily intake”- TDI), para microcistina-LR, no valor de 0,04µg.kg-1 do
peso corpóreo (Chorus e Bartram, 1999).
A partir desse valor, um LCM aceitável de 1 µg.L-1 de microcistinas em água
para consumo humano foi adotado pela WHO e incorporado no adendo das
Normas para Qualidade da Água para Consumo Humano, publicado em 1998
(“Guideline for Drinking Water Quality, WHO – 1998”) (Dietrich e Hoeger, 2005).
Na última década, um alcalóide hepatotóxico, denominado
cilindrospermopsina, foi isolado de três espécies de cianobactérias:
Cylindrospermopsis raciborskii, Umezakia natans e Aphanizomenon ovalisporum
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 25
(Banker et al., 1997; Shaw et al., 1999). Seu mecanismo de ação inibe a síntese
protéica em células renais, pulmonares e cardíacas dos animais testados
(FUNASA, 2003).
Cilindrospermopsina é uma toxina de ação lenta, requerendo de cinco a sete
dias para produzir seu efeito tóxico máximo. Em camundongos a DL50 (i.p.), após
24 h, é de 2 mg.kg-1 de peso corpóreo, enquanto que após cinco dias a DL50 (i.p.)
passa a ser de 0,2 mg.kg-1 (Terao, 1994). Por administração via oral, a DL50, após
cinco dias, é de aproximadamente 6 mg.kg-1 (Seawright et al.,1999). De acordo
com Chorus e Bartram (1999), ainda não há dados suficientes para se estabelecer
um limite máximo aceitável para cilindrospermopsina em água para consumo
humano. Entretanto, estudos toxicológicos desenvolvidos por Shaw et al. (2000)
sugerem um limite máximo aceitável de 15 µg.L-1 para água potável.
2.2. METAIS
Na literatura científica são encontradas inúmeras definições para o termo
“metal pesado”: algumas delas baseiam-se na densidade atômica, outras no peso
ou número atômico, nas propriedades químicas, sendo que, muitas vezes, este
termo é empregado a um grupo de metais, tais como, cádmio (Cd), cobre (Cu),
chumbo (Pb), cromo (Cr), mercúrio (Hg), níquel (Ni) e zinco (Zn). Estes metais são
os que estão normalmente mais associados à poluição, degradação e eco-
genotoxicidade ambiental (USEPA, 2008).
Alguns autores têm argumentado contra o uso do termo “metal pesado”,
relatando várias definições descritas na literatura para o termo, concluindo que a
terminologia não é adequada, sugerindo nova definição baseada na avaliação da
toxicidade potencial dos elementos metálicos e de seus componentes. Contudo,
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 26
como ainda não existe um consenso sobre a terminologia correta a ser utilizada,
neste estudo optamos por usar apenas o termo: metal (Duffs, 2002 apud
Tomazelli, 2003).
A poluição ambiental por metais iniciou-se com o controle do uso do fogo,
pois a deposição de elementos liberados durante a queima da lenha alterou os
níveis de metais, já no ambiente das cavernas. Mas foi com a descoberta das
minas e de técnicas de extração de metal em épocas remotas que foi formada a
relação entre metais, poluição metálica e história humana (USEPA, 1992).
Durante o Império Romano, foram necessárias grandes quantidades de
metais, especialmente Cu (15.000 ton.ano-1), Pb (80.000 a 100.000 ton.ano-1) e Zn
(10.000 ton.ano-1), para sustentar o estilo e o padrão de vida daquela sociedade.
Apesar das minas ainda serem de pequena escala, a fundição descontrolada de
grandes quantidades de minérios em “fogos ao ar livre” resultou no aumento de
intensas emissões de metais para a atmosfera. Contudo, devido à grande
ocorrência de doenças relacionadas à mineração e fundição, o império romano
fechou várias minas na Itália e nas províncias, sendo muitas delas reabertas na
Europa Central no início do século XI (Nriagu, 1996 apud Tomazelli, 2003).
Os Impactos negativos de fundições e instalações industriais foram apliadas
significantemente com o desenvolvimento de grandes fornalhas, durante o século
XVI. Com a Revolução Industrial, houve um aumento ainda maior da demanda por
metais e um aumento exponencial na intensidade de emissões desses elementos
químicos para o meio ambiente, tanto em massa absoluta, como em número e
espécies tóxicas de metais (Nriagu, 1996 apud Tomazelli, 2003).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 27
Geralmente a presença de concentrações elevadas de metais está
relacionada à redução drástica da qualidade dos recursos hídricos, e sua origem
pode estar relacionada a diversas causas naturais ou antrópicas (Hartwig, 1998).
Alguns metais avaliados neste trabalho, tais como o Cd, Cu, Cr, Ni e Zn, são
geralmente associados a problemas de poluição e contaminação do meio
ambiente, mesmo que suas fontes sejam naturais, pois possuem toxicidade e
propriedades de bioacumulação e biomagnificação nos biomas (Beyermann e
Hartwig, 2008).
Uma das mais importantes propriedades que diferencia o grupo dos metais
dos outros elementos químicos é a capacidade de formar ligações reversíveis com
diversas substâncias. A natureza química de tais substâncias nos sistemas pode
controlar o transporte, destino, persistência e a disponibilidade desses elementos
metálicos. Os metais não são biodegradáveis, mas participam do ciclo ecológico
global, no qual a água tem papel principal, e podem apresentar inúmeras origens,
ser transportados dinamicamente através da atmosfera, águas e solos, e também
ter a capacidade de permanecer nos ecossistemas por longos períodos
(Mendiguchía et al., 2007).
Os principais fatores que podem afetar a incorporação de metais pelos
organismos expostos são: complexação, precipitação, formação de colóides,
biofixação, interação com a matéria orgânica, mudanças no pH, potencial de
oxidação, salinidade, competição iônica e a natureza das fases absorventes
(USEPA, 2007).
A disponibilidade ambiental dos metais é a quantidade total desses
elementos que está disponível para influências de modificações físicas, químicas
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 28
ou biológicas (e.g., transporte) e que não está aderida a nenhuma matriz
ambiental (USEPA, 2007).
A bioacessibilidade aos metais se refere à quantidade desses elementos que
estão disponíveis no meio ambiente e que podem interagir com a superfície de
contato (e.g., membrana celular) dos organismos expostos tornando-se
potencialmente disponíveis para absorção ou adsorção pelo contato bioativo
(USEPA, 2007).
A biodisponibilidade dos metais se refere ao teor desses elementos que está
bioacessível para a absorção ou em contato com a membrana dos organismos.É
expressa como uma fração da quantidade total de metais que o organismo está
imediatamente exposto, durante um determinado tempo e dentro de condições
definidas (USEPA, 2007).
A bioacumulação de metais está relacionada à concentração desses
elementos que são retidos ou absorvidos num determinado tecido ou no próprio
organismo e que é resultado de toda a exposição ambiental média, incluindo a das
fases atmosférica, aquática ou sólida (e.g., solos e sedimentos) e também da dieta
(biomagnificação), e representa um balanço de massa entre a incorporação e a
eliminação dos metais pelos organismos (USEPA, 20079).
Já a bioconcentração, refere-se à rede de bioacumulação dos metais num
organismo. Assim, por exemplo, a resultante das incorporações diretas da água,
como aquela que são efetuadas através das membranas das brânquias dos
peixes ou de outra superfície externa nos organismos expostos (USEPA, 2007).
O processo de biomagnificação de metais é uma das formas pela qual estes
elementos químicos podem atingir altas concentrações na biota, uma vez que os
níveis de alguns metais aumentam progressivamente ao longo da cadeia
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 29
alimentar, atingindo níveis mais elevados nos organismos predadores que ocupam
o topo da cadeia trófica (Baird, 1995).
Na água, os metais podem estar presentes nas formas particulada (em
suspensão ou no sedimento de fundo), coloidal e dissolvida, sendo
constantemente redistribuídos entre estas fases durante o transporte.
Dependendo de sua forma química, podem ser bioacumulados pelos organismos
expostos. Devido a todo esse processo dinâmico de transporte e redistribuição dos
metais nas diferentes fases, mesmo as concentrações aparentemente baixas na
coluna da água e nos sedimentos, podem ser potencialmente disponíveis para
acúmulo pelos organismos, tornando-se eventualmente tóxicas (USEPA, 2009).
Os metais cádmio, cromo e níquel ocupam lugar de destaque entre os vários
elementos associados às contaminações do ambiente aquático e que podem
causar problemas de intoxicação aos organismos incluindo o homem. Estes
elementos metálicos podem reagir com moléculas e estruturas das membranas
celulares e, conforme as propriedades biogeoquímicas do meio aquático, podem
ser bioacumulados e biomagnificados na cadeia ecológica, sendo capazes de
persistir nos ecossistemas durante longos períodos, causando distúrbios nos
processos metabólicos dos organismos (USEPA, 2007).
Diversos fatores podem aumentar a susceptibilidade aos metais, dentre os
quais se destacam doenças hereditárias, polimorfismos e mutações genéticas.
Entre as doenças hereditárias mais conhecidas, duas são mais freqüentes na
população humana e afetam o metabolismo do Cu (e.g., doença de Wilson e
síndrome de Menkes) (Iarmarcovai et al., 2008).
A doença de Wilson é uma anomalia autossômica recessiva com prevalência
de casos de 1/30.000 pessoas, sendo o seu principal efeito são deficiências na
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 30
excreção biliar de Cu, podendo resultar em acúmulo deste metal e degeneração
tecidual, sobretudo no fígado, cérebro, rins e córneas, com perda protéica, além
de poder induzir anemia hemolítica (USEPA, 2007).
A síndrome de Menkes é uma desordem recessiva ligada ao cromossomo X
que também afeta o metabolismo do Cu (prevalência de 1/200.000), que se
assemelha a uma deficiência de Cu, independentemente do nível de consumo de
Cu na dieta (WHO/IPCS, 2002).
Outro distúrbio hereditário freqüente é a Hemocromatose, caracterizada pela
absorção excessiva de Fe, elevação da concentração plasmática deste metal e
distribuição alterada de suas reservas no organismo (cinética do elemento é
alterada), que, em longo prazo, pode causar cirrose hepática e aumentar os riscos
de câncer de fígado (NAS/IOM, 2003).
Outro polimorfismo genético relacionado ao Fe afeta as enzimas delta-
aminolevulínico desidratase, que são metabolizadoras de chumbo (Pb), que estão
relacionados à modificação nas taxas de transferência de Pb do sangue para os
ossos. Algumas pesquisas inferem que polimorfismos genéticos também afetam o
metabolismo do arsênio (As), embora esses mecanismos ainda não foram bem
determinados pelos cientistas (Iarmarcovai et al., 2008; Ames, 1999).
Já a doença crônica do berílio (Be) é uma deficiência na resposta imune do
organismo, caracterizada por causar uma maior sensibilidade de
histocompatibilidade em genes, da mesma forma que o aumento de sensibilidade
ao Ni está relacionado com um genótipo para antígenos leucocitários humanos.
Outro fator que pode influenciar a suscetibilidade aos metais é a dieta, que por sua
vez está estritamente relacionada aos padrões de variabilidade culturais,
geográficos e étnicos (USEPA, 2007).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 31
Geralmente, os metais ocorrem no meio ambiente como componentes de
misturas, podendo estar associados com outros metais e também outras
substâncias inorgânicas e orgânicas. Porém, as informações e orientações sobre
os possíveis riscos oriundos da exposição a essas misturas metálicas ainda é
bastante limitada. Os órgãos de controle ambiental têm recomendando que os
pesquisadores sigam as orientações publicadas para avaliações de risco à saúde
humana devido às misturas químicas em geral e também para o risco acumulativo.
Contudo, os efeitos dos metais em misturas podem ser sinérgicos, aditivos,
subaditivos, potencializados e/ou antagônicos. As interações entre os metais
podem ocorrer por competição por locais de ligação nas enzimas ou sobre os
receptores celulares específicos, durante os processos de absorção, excreção,
armazenamento ou bioacumulação (USEPA, 2007).
A presença, quantidade e as interações de todos os metais são fatores
importantes quando se considera e avalia os efeitos resultantes dessa exposição e
os riscos para a saúde humana. Contudo, Atualmente ainda existem poucos
estudos controlados sobre as interações dos metais relevantes para os níveis
encontrados naturalmente no meio ambiente.
Recentes orientações da USEPA (2007) prevêem uma série de métodos
quantitativos para a caracterização dos riscos ambientais das misturas metálicas.
Covém ressaltar que o método padrão atual, que pressupõe as doses para cada
metal, poderá produzir estimativas excessivamente cautelosas. Esta abordagem
metodológica, que envolve o cálculo de um índice de perigo, é mais apropriada
para substâncias químicas que produzem efeitos similares a ação dos metais
sobre as proteínas de ligação com metais. Por exemplo, o Cd pode imitar e
substituir o Zn e o cálcio, e muitas proteínas dos organismos expostos, que se
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 32
complexam a metais podem modificar a sua toxicidade e cinética (e.g., alguns
metais, se ligam à albumina para fins de transporte no sistema circulatório,
membrana celular ou interior das células). Algumas dessas proteínas têm
diferentes cinéticas de ligação para os diversos metais, resultando em interações
específicas metal-proteína. Logo, os pesquisadores que avaliam riscos ambientais
devem estar familiarizados com as diferentes proteínas que complexam com
metais, para poder interpretar corretamente a biodisponibilidade individual destes
químicos, dentro de uma mistura e saber usar o potencial da expressão dessas
proteínas como um biomarcador de exposição (USEPA, 2007).
A WHO (2003) resumiu muitas dessas interações homeostáticas, que são
muitas vezes complexas (e.g., excesso de cálcio na dieta pode induzir sinais de
deficiência de Zn, mesmo com uma ingestão normal de Zn). Da mesma forma, o
excesso de Zn na dieta pode agravar a deficiência de ferro (Fe). Muitas das
interações entre os metais essenciais estão relacionados com mecanismos de
sinergismos e antagonismos, e com a manutenção de níveis ideais de nutrição,
tanto fisiológicos quanto extrínsecos (e.g., dieta).
As interações entre os metais essenciais e não essenciais também são muito
comuns, bem como, entre os íons. Assim, por exemplo, podem ocorrer mimetismo
dos íons sulfato e fosfato, com diferentes metais não-essenciais, os quais podem
competir pelo transporte passivo em locais comuns das membranas celulares;
com metais essenciais num sítio ativo de ligação; ou ainda um determinado metal
pode afetar um local específico, podendo interferir tanto no transporte ativo quanto
passivo ou em sítios de ligação (WHO, 2003).
Estes efeitos geralmente serão aditivos, e os pesquisadores devem também
estar familiarizados com as MOAs de cada um desses metais para terem pelo
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 33
menos uma compreensão geral sobre mecanismos de interação das misturas
metálicas sobre os organismos expostos (USEPA, 2007).
Os metais também podem ser ativos na maioria dos compostos orgânicos
tóxicos para as células, podendo intervir diretamente na ativação de um
determinado receptor, na regulamentação do canal iônico, na sinalização celular,
na adesão celular e na transcrição de genes. Assim, a toxicidade química dos
metais, quanto aos seus potenciais mecanismos de ação a nível fisiológico, celular
e molecular, são dificilmente distintos das substâncias orgânicas a qual estão
complexados (USEPA, 2007).
Além disso, a co-ocorrência de metais com substâncias orgânicas podem
alterar a biodisponibilidade e aumentar ou diminuir a absorção, por exemplo, na
dieta, onde citratos e histidina são conhecidas por aumentar a absorção de Zn,
enquanto que o ácido ascórbico pode modificar os antagonismos de Fe-Cu, o
baixo teor de proteína pode aumentar a absorção de Cd e Pb, e contraceptivos
orais podem influenciar o metabolismo de Fe, Cu e Zn (USEPA, 2007).
Logo, todos esses fatores e condições devem ser ponderados no intuito de
evitar que a estimativa dos possíveis riscos à saúde pública sejam super e/ou
subestimados (WHO, 2003).
Neste trabalho se optou por detalhar as principais características dos metais
que foram determinados acima do limite máximo permitido (LMP) estabelecido da
legislação brasileira, tanto nas águas e quanto nos materiais biológicos dos peixes
do açude de Lucrécia (Cd, Cu, Cr, Ni e Zn).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 34
2.2.1. Cádmio
O Cádmio é um metal relativamente raro, ocorrendo na crosta terrestre em
concentrações de 0,1 a 0,2 mg.kg-1. A temperatura ambiente encontra-se no
estado sólido, foi descoberto em 1817 por Strohmeyer associado ao carbonato de
Zn. Em baixos teores pode atuar como micronutriente para plantas, mas é tóxico
para os organismos aquáticos, mesmo em pequenas concentrações. A principal
aplicação do Cd é como anticorrosivo, sendo também utilizado em pilhas e
baterias (Ni-Cd), defensivos agrícolas, pigmentos, e na fabricação de plásticos
(USEPA, 2007).
Diversos metais podem ser introduzidos nos sistemas aquáticos como o
resultado de processos naturais, como intemperismo, erosão e erupções
vulcânicas. O Cd pode atingir os ecossistemas principalmente por meio de fontes
antrópicas, tais como, efluentes agrícolas, subproduto do refinamento de Zn,
combustão de carvão, descartes de minas, processos de eletrodeposição,
produção de aço e inox, pigmentos, fertilizantes e pesticidas (USEPA, 2007).
No ambiente aquático, o Cd pode estar presente em várias formas, inclusive
associado ao material orgânico particulado ou dissolvido, as quais apresentam
diferentes fatores de bioacumulação e genotoxicidade. Em geral, a forma iônica
dissolvida é considerada a mais biodisponível para bioacumular na biota aquática
(Rana et al., 2008).
A toxicidade do Cd é principalmente aguda. A população humana é protegida
da bioacumulação crônica devido aos baixos níveis que são propiciados pelas
proteínas ricas em enxofre (metalotioninas), as quais têm função de regular o
metabolismo do Zn, tendo muitos grupos sulfidril que podem complexar quase
todo Cd ingerido, sendo o complexo, subseqüentemente, eliminado na urina. Se a
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 35
quantidade consumida exceder a capacidade de complexar dessas proteínas, o
metal é estocado nos rins e fígado (Järup e Akesson, 2009).
Algumas manifestações de toxicidade do Cd podem incluir anemia fraca e
osteoporose, mas os efeitos prejudiciais mais pronunciados ocorrem nos rins. As
intoxicações crônicas por Cd em humanos estão ligadas ao comprometimento dos
rins, do sistema imunológico, câncer de próstata e déficit de aprendizado. Além
disso, pode provocar sérios danos ao esqueleto, causando a doença conhecida
por Itai-Itai, relatada inicialmente no Japão (Bertin e Averbeck, 2006).
Diversos mecanismos indiretos estão relacionados à atividade carcinogênica
do Cd, entre eles a geração de espécies reativas de oxigênio (ROS), inibição do
reparo e metilação do DNA, indução de morte celular programada (apoptose),
proto-oncogenes e tumores, interferência na ação de enzimas de defesa
antioxidante, na adesão celular e na transcrição de genes (Mitra et al., 2001;
Vargas et al., 2001; Martinez et al., 2003; Thévenod, 2009).
2.2.2. Cobre
O cobre é um metal de transição avermelhado, que apresenta alta
condutibilidade elétrica e térmica, só superada pela da prata. É possível que o
cobre tenha sido o metal mais antigo a ser utilizado pelo homem, pois se têm
encontrado objetos de cobre de 8.700 a.C.
Este metal em pó é utilizado como combustível, se inalado pode provocar
tosse, dor de cabeça e de garganta. Recomenda-se reduzir a exposição
ocupacional com a utilização de EPIs (equipamentos de proteção individual), tais
como, óculos, luvas e máscaras. As concentrações limites são de 1 mg.m-3 para o
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 36
pó e de 0,2 mg.m-3 para vapor de cobre. Este metal pode reagir com oxidantes
fortes (e.g., cloratos, bromatos e iodatos) e originar explosões (WHO, 1998).
As águas com teores em Cu superiores a 1 mg.L-1 pode contaminar as
roupas e objetos lavados com ela, tendo que conteúdos acima de 5 mg.L-1 tornam
a água colorida e com sabor desagradável. A WHO (2009), no Guia para a
qualidade da água potável, recomenda um nível máximo de 2 mg.L-1 deste metal,
mesmo valor adotado na União Europeia. Já nos Estados Unidos a Agência de
Proteção Ambiental (USEPA, 2009) tem estabelecido um limite de 1,3 mg.L-1.
Porém, todos os compostos de cobre deveriam ser tratados como tóxicos, pois
uma quantidade de 30g de sulfato de cobre é potencialmente letal em humanos
(USEPA, 1992).
Existem poucos estudos sobre os efeitos agudos deste metal. Mesmo os
efeitos crônicos são raramente descritos, com exceção do Mal de Wilson (Van
Leeuwen et al., 2005).
Grillo et al. (2009) mostraram recentemente que tanto o tratamento in vitro
com cobre metálico quanto com íons do metal foram capazes de induzir
aberrações cromossômicas e alterar o índice mitótico das linhagens celulares de
CHO-K1.
2.2.3. Cromo
O cromo (Cr) é encontrado principalmente na forma do mineral crocoíta
(PbCrO4). Foi isolado com ácido clorídrico (HCl) na forma de óxico de Cr (CrO3)
em 1797 por Louis Nicolas Vauquelin.
Em princípio, se considera o Cr trivalente (estado de oxidação +3) um
elemento químico essencial a vida, ainda que não se conheça com exatidão suas
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 37
funções. Especula-se que possa participar do metabolismo dos lipídios e dos
hidratos de carbono, assim como em outras funções biológicas. Foi observado que
alguns dos complexos de Cr parecem participar da potencialização da ação da
insulina, sendo, por isso, denominado de "fator de tolerância à glicose", onde a
ausência de Cr pode provocar intolerância à glicose e, como conseqüência, o
aparecimento de diversos distúrbios. (USEPA, 2009).
Até hoje, não foi encontrada nenhuma metaloproteína com atividade
biológica que contenha Cr, por isso ainda não se pode explicar seu modo de ação.
No entanto, a carência nos seres humanos pode causar ansiedade, fadiga e
problemas de crescimento. Em contraposição, seu excesso (em nível de nutriente)
pode causar dermatites, úlcera, problemas renais e hepáticos. Geralmente, não se
considera que o Cr metálico e os compostos de Cr III representem um risco para a
saúde pública, pois se trata de um elemento essencial, contudo em altas
concentrações é toxico. Já os compostos de Cr hexavente (VI), que tem estado de
oxidação +6, são tóxicos quando ingeridos, sendo que a dose letal é baixa, e
mesmo em níveis não letais, o Cr VI é genotóxico e carcinógeno. A maioria dos
compostos de Cr VI irrita os olhos, pele e mucosas, e a exposição crônica a estes
compostos hexavalentes pode provocar danos permanentes nos olhos (Mertz et
al., 1993).
A WHO recomenda, desde 1958, uma concentração máxima de 0,05 mg.L-1
de Cr na água de consumo humano, sendo que este valor está sendo revisado,
devido aos novos estudos sobre os seus efeitos a saúde.
Quanto ao comportamento deste metal, destaca-se que a absorção de Cr
(VI) é maior que a do Cr (III), devido à alta permeabilidade à membrana do
primeiro, pois entra na célula por difusão facilitada, enquanto o segundo penetra
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 38
por difusão passiva e pinocitose, e tem baixa penetração nas membranas. Este
metal tem valência variável, pode entrar na reação de Haber-Weiss e produzir
espécie reativas de oxigenio (ROS), aumentando o estresse oxidativo e a
lipoperoxidação celular. Vários autores sustentam que o Cr VI é mais genotóxico
que o trivalente (DeFlora et al. 1990; Matsumoto e Marin-Morales, 2005).
Seoane e Dulout (2001) mostraram que mesmo o Cr III foi capaz de induzir
significativamente micronúcleos (MN) in vitro em linhagens de fibroblastos
humanos.
Tagliari et al. (2004) mostraram que peixes (O. niloticus) e ratos (Winstar)
tratados (i.p.) com Cr VI aumenta o estresse oxidativo e causa lipoperoxidação no
fígado desses animais.
Çavas e Ergene-Gozukara (2005) mostraram aumento da freqüência de
micronúcleos (MN) em eritrócitos de peixes (O. niloticus) expostos a efluentes de
refinarias de petróleo contaminados com Cr.
Matsumoto et al. (2006) mostraram que águas contaminadas com Cr Têm
potencial mutagênico e genotóxico para plantas (A. cepa) e peixes (O. niloticus).
Dai et al., 2009 relataram que ambos os íons de Cr interferem na
proliferação, crescimento, inibindo a divisão e a síntese de DNA, com a inativação
de polimerases, redução das taxas de replicação e das enzimas de reparo, e
causam o aumento de diversos tipos de mutações na linhagem celular humana
tumoral (Hela).
No trabalho recente de Lushchak et al. (2009) foi observado aumento
significativo do estresse oxidativo no cérebro de peixes expostos cronicamente a
este metal.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 39
Raghunathan et al. (2009) relataram que mesmo próteses de ligas metálicas
que contêm Cr representam risco de danos crônicos a este metal tóxico e podem
aumentar o estresse oxidativo em humanos.
2.2.4. Níquel
Níquel (Ni) é encontrado na natureza em diversos minerais, em meteoritos, e
em princípio e teoricamente existe níquel no núcleo do planeta Terra, contudo na
crosta terrestre estima-se que o níquel não exceda os 0,01 %, sendo o vigésimo
quarto elemento mais abundante (USEPA, 2007).
O uso do Ni pelo ser humano é conhecido desde a Antiguidade. Entretanto, a
sua utilização em larga escala verifica-se somente após a obtenção da primeira
amostra de metal puro por Richter (1804), e do desenvolvimento da liga sintética
de ferro-níquel por Michael Faraday e colaboradores em 1820. Em 1870, Fleitman
descobre que a adição de uma pequena quantidade de magnésio tornava o níquel
maleável (Nriagu, 1996).
Muitas das enzimas hidrogenases contém Ni, principalmente as que têm
função de oxidar o hidrogênio (H), indicando que ele participa como quelante na
estrutura do núcleo da enzima, que tem função ativa. Estudos mostram que esse
metal pode sofre mudanças no seu estado de oxidação, e está presente na
enzima metil redutase e em bactérias metanogênicas (USEPA, 2007).
Este metal tem função biológica parecida com o Fe, devido a sua
proximidade química. Porém, conforme a WHO (2009) a exposição ao Ni e seus
compostos solúveis não deve superar aos 0,05 mg.L-1. O níquel tetracarbonilo - Ni
(CO)4, gerado durante o processo de obtenção do metal, é um gás extremamente
tóxico e deve ser medido em níveis de Ni equivalente para uma exposição
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 40
ocupacional de 8h/dia e 40h/semana. Dea acordo com a USEPA (1992), mesmo
intoxicações leves por Ni podem causar sintomas, tais quais, apatia, diarréia,
dores nos órgãos sexuais, febre, insônia e náuseas.
O Ni é reconhecidamente um metal cancerígeno e bioacumulativo, podendo
causar diversas doenças (e.g., dermatites, estomatites e fadiga crônica), alterar a
proliferação celular, expressão gênica, atividade de enzimas cálcio dependentes.
Interfere na metilação e reparo do DNA e na estrutura das histonas, além de
também induzir MN em peixes expostos (Buschini et al., 2009; Zhou et al., 2009).
2.2.5. Zinco
O zinco (Zn) é considerado o 23º elemento mais abundante na crosta
terrestre, com aproximadamente 75 ppm.
Os principais minerais que contém Zn são a blenda (sulfeto de zinco, ZnS), a
esmitsonita (carbonato de zinco, ZnCO3), a franklinita (zinco e ferro), a calamina
(silicato básico de zinco) e a zincita (óxido de zinco - ZnO). O Zn metálico não é
considerado tóxico, mas íons em solução são nocivos. A inalação de fumaça de
óxido de Zn, que pode ocorrer em soldas, deve ser evitada através do usado de
EPIs. A principal aplicação do Zn, cerca de 50 % do consumo anual, é para a
galvanização do aço ou ferro para protegê-los contra a corrosão, podendo também
ser usado em forma de óxido nos protetores solares, pois tem a capacidade de
bloquear a radiação solar; também é utilizado em desodorantes e talcos.
O Zn é um elemento químico essencial para a vida, é conhecido há muito
tempo como essencial para os microrganismos, mas a compreensão da
deficiência em humanos é relativamente recente. Este metal participa do
metabolismo de proteínas e ácidos nucléicos, estimula a atividade de mais de 100
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 41
enzimas, colabora no bom funcionamento do sistema imunológico, é também
necessário para cicatrização dos ferimentos, intervém nas percepções do sabor e
olfato e na síntese do DNA, é encontrado na estrutura da insulina, nas proteínas
dedo de Zn (zinc finger) e em diversas enzimas, tais como, a superóxido
dismutase (USEPA, 1992).
O Zn compõe diversos alimentos (e.g., ostras, carnes vermelhas, aves,
alguns pescados, mariscos, favas e nozes), e sua ingestão diária recomendada de
zinco é em torno de 10 mg, menor para bebês, crianças e adolescentes (devido ao
menor peso corporal), e maior para as mulheres grávidas e durante o aleitamento
(JECFA, 2003).
A deficiência de Zn pode gerar retardo no crescimento, atraso na maturação
sexual nos adolescentes e impotência sexual, hipogonadismo, anemia suave,
acuidade diminuída do paladar, alopecia, lesões na pele, acrodermatite
enteropática, imunodeficiências, diarréias, apatia, cansaço, depressão, lesões
oculares e de pele, inclusive acne, unhas quebradiças, amnésia, perda de apetite,
perda de peso, problemas de crescimento, retardo na cicatrização de ferimentos e
anomalias no sentido do olfato (USEPA, 2007).
As principais causas que podem provocar deficiências deste metal são a
insuficiência na dieta e dificuldades na sua absorção, que pode ocorrer em casos
de alcoolismo, quando Zn é eliminado pela urina ou, ainda, devido à excessiva
eliminação por causa de desordens digestivas. O excesso de Zn tem sido
relacionado com baixos níveis de cobre, alterações na função do Fe, diminuição
da função imunológica e dos níveis de L-colesterol, anemia, febre, distúrbios do
sistema nervoso central e em pacientes tratados por hemodiálise (Kornekova et
al., 2003).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 42
Embora o elemento não seja considerado tóxico, existem certos sais deste
metal cuja ingestão provoca náuseas e diarréia (e.g., óxido e sulfeto). A inalação
de óxido de Zn pode provocar lesões nos pulmões e, de um modo geral, em todo
o sistema respiratório (USEPA, 2007).
2.2.6. Bioacumulação de metais em peixes
Os riscos da presença dos metais para a saúde humana e o meio ambiente
são evidentes nas ações e interações descritas, especialmente em se tratando de
produtos alimentares de origem aquática. Todas as formas de vida aquática
podem ser impactadas negativamente pela presença de metais nos mananciais,
mesmo que esses elementos sejam essenciais aos sistemas biológicos, pois sua
degradabilidade dependerá da dose e da forma química absorvida. Toda a
icitiofauna pode bioacumular os contaminantes metálicos, e com a
biomagnificação na cadeia trófica algumas espécies poderão apresentar elevados
teores desses elementos (Van der Oost et al., 2003).
Os peixes têm sido utilizados em vários estudos de segurança alimentar, pois
estes organismos são capazes de concentrar metais em níveis superiores aos
encontrados na água, são responsáveis por grande parte da dinâmica destes
poluentes nos mananciais. Alguns metais podem ter sua liberação e excreção
inibidas ao formar complexos com as substâncias orgânicas dos seres vivos e
podem vir a alcançar teores até 1000 vezes maiores do que sua concentração no
meio ambiente aquático (JECFA, 2003).
Os metais podem se ligar a grupos sulfidrílicos, hidroxílicos, carboxílicos,
imidazol, resíduos aminos de proteínas, peptídeos e aminoácidos, e os efeitos
desses poluentes podem ser letais ou subletais para todos os componentes da
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 43
biota, tais como fitoplânctons, zooplânctons, bentos, peixes, pássaros e
finalmente, o ser humano (Larini, 1997).
A toxicidade dos metais para os animais e para o homem, associado à
capacidade de se bioacumular na cadeia trófica por longo tempo, justificam a
determinação do nível destes elementos na ictiofauna, pois a captação e a
biocumulação de metais nos organismos aquáticos dependem das propriedades
químicas e físicas da água e do sedimento. Além disso, a idade, hábitos
alimentares dessa biota e a biodisponibilidade dos metais na água podem afetar
seu bioacúmulo nos peixes. Na icitiofauna a bioabsorção dos metais ocorre
através de duas rotas principais: i) aparelho digestivo com exposição através da
dieta e ii) aparelho respiratório com a exposição da superfície das brânquias na
água (FAO, 1983).
Posterior a bioabsorção dos metais ocorre à transferência e o transporte por
diferentes proteínas (e.g., transferrina) do sangue para outros órgãos-alvo. A
associação de metais com diferentes ligantes celulares pode influenciar na
distribuição destes elementos no organismo dos animais, além de afetar a
biodisponibilidade dentro da célula (Peralta-Videa et al., 2009).
Os metais, em sua grande maioria, quando ingeridos são distribuídos por
todo organismo, afetando múltiplos órgãos e interagindo em diversos sítios alvo,
tais como, enzimas, organelas e membranas celulares (Larini, 1997). Essas
incorporações de metais podem causar problemas neurológicos, hepáticos,
alterações na informação genética, diversas doenças (e.g., câncer), má formação
congênita e anomalias reprodutivas, podendo até causar a morte da biota exposta.
No entanto, a manifestação dos efeitos tóxicos está diretamente relacionada à
dose absorvida (Oga et al., 2008).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 44
2.3. RADIAÇÃO INONIZANTE
As radiações ionizantes são radiações que ao atravessarem a matéria
modifica-a, tornando-a ionizada, isto é, eletricamente carregada. Nos organismos
esses íons podem causar danos genéticos, afetar os processos biológicos
normais, produzir doenças degenerativas e câncer. Geralmente, as principais
fontes de radiação são naturais (79 %), provenientes da desintegração radiativa
de alguns elementos químicos contidos nas rochas, água, solos e materiais de
construção (UNSCEAR, 2001).
Os radionuclídeos primordiais responsáveis pela radiação terrestre são o
Urânio (U), Tório (Th), Rádio (Ra), Potássio (K) e seus descendentes radioativos,
dentre os quais, deve-se dar particular atenção ao isótopo do gás nobre radioativo
Radônio (Rn) e seus produtos do decaimento radioativo (Polônio 218, Chumbo
214, Bismuto 214 e Polônio 214), os quais, por si só, são responsáveis por mais
de 43% da média anual de radiação natural. Durante todo o seu decaimento
radioativo, os radionuclídeos primordiais liberam gás radônio (Rn) e emitem
partículas de radiação ionizantes alfa e beta (NCR, 1999; UNSCEAR, 2000 e
2001).
O isótopo Ra 226, proviniente do decaimento do U 235, é um importante
emissor de partícula alfa e possui uma meia-vida de 1.622 anos. Os isótopos Ra
228 e Ra 224 provêm do decaimento do Th 232 e também são emissores de
partículas alfa e gama, caracterizado por uma meia-vida muito menor do que o seu
progenitor, respectivamente 6,7 anos e 3,7 dias. Já o Rn é um gás nobre radiativo,
pesado, incolor, inodoro, insípido e solúvel na água, presente naturalmente no
meio ambiente em rochas, solos, águas e ar. Porém diferentemente dos outros
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 45
gases nobres, ele não é completamente inerte, pois pode formar alguns
complexos químicos. A ocorrência de Rn na natureza é controlada por variáveis
físicas, tais como a pressão, temperatura, taxas de emissividade das rochas, bem
como, pelo tempo de meia-vida e pela geoquímica dos seus progenitores (226Rn,
228Rn e 224Rn) (Faure, 1991).
O isótopo Rn-222 possue um tempo de meia-vida (3,82 dias), de tal modo
que também é considerado um radionuclídeo importante, principalmente devido
aos seus efeitos sobre a saúde humana, visto que é descrito como responsável
pelo aparecimento de cânceres pulmonares (Ishikawa et al., 2003; Smerhovsky et
al., 2002; Oliveira e Cury, 2002; UNSCEAR, 2001). Tanto a Agência Internacional
para Pesquisa do Câncer (IARC) quanto a WHO classificaram o Rn-222 como um
carcinogênico humano (NRC, 1999).
O Rn-222 é transportável pela água, e nesse ambiente pode contribuir
amplamente para as exposições públicas, bem como, para toda os organismos
expostos. Para o ser humano, as exposições por ingestão de água expõem o
sistema gastrointestinal e considerando que o Rn-222 é volátil, quando inalado,
também estaria expondo os pulmões. De acordo com a NRC (1998 e 1999) as
águas subterrâneas são as que costumam ter maiores concentrações em Rn-222.
Considerando que o tempo que decorre entre a captação e o consumo da água
pode variar de poucas horas a alguns dias, e que o tempo de meia-vida desse
isótopo radiativo é de 3,82 dias, é passível de se afirmar que a exposição ao Rn-
222 na água de abastecimento, é significativamente mais importante no tocante a
sua inalação do que a sua ingestão (Jostes, 1996).
Nas regiões onde ocorre a prospecção de material radioativo (e.g., U), pode
haver contaminações do solo, da atmosfera e da água, podendo afetar toda a
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 46
cadeia ecológica dos ecossistemas, pois os processos de lixiviação e percolação
podem carrear várias substâncias emissoras de radioativos para os solos e
mananciais resultando em várias regiões impactadas (UNSCEAR, 2001)
A capacidade humana de alterar o meio ambiente leva freqüentemente ao
deslocamento de algum material crustal (e.g: minerais metálicos, não-metálicos,
carvão, petróleo, água, e outros). Esses minérios por vezes contêm materiais
radioativos de ocorrência natural (NORM), e a sua prospecção, exploração e
extração movem os "NORMs" dos locais inacessíveis para locais mais perto das
populações (FPTRPC, 2000). Desta forma, este fato leva a formação de materiais
radioativos de ocorrência natural modificados tecnologicamente (TENORM) para
área com pouca radioatividade. Esta transformação do ambiente natural pode
aumentar, substancialmente, o nível de exposição humana às radiações
ionizantes (Salama et al., 1999; Bonassi e Au, 2002; Joseph et al., 2004).
2.4. BIOINDICADOR AQUÁTICO
2.4.1. Peixes
Nos ambientes aquáticos, os peixes representam alguns dos organismos
mais freqüentemente empregados como bioindicadores da qualidade hídrica e em
programas de biomonitoramento da presença de metais e outros poluentes
(Udroiu et al., 2006; Torres de Lemos et al., 2007).
Esta fauna aquática, além de fornecer informações a respeito da
biodisponibilidade dos poluentes avaliados, fornece também indicações sobre os
teores disponíveis de alguns poluentes hídricos para biomagnificação (e.g.,
metais), uma vez que é parte constituinte da dieta humana. Contudo, é importante
ressaltar que mais de 90% do total de alguns metais determinados em peixes está
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 47
complexado (e.g., metilmercúrio), e, portanto, determinar as concentrações, por
exemplo, de Hg na ictiofauna, significa determinar os níveis de metilmercúrio que
esses organismos aquáticos estão bioacumulando e podem estar biomagnificando
via alimentação na cadeia ecológica (Fairbrother et al., 2007).
Dentre todas as espécies utilizadas para o biomonitoramento aquático, os
peixes com hábito alimentar piscívoro (predadores) são os mais utilizados, pois
ocupam o topo da cadeia alimentar e, portanto, que podem apresentar os maiores
teores de alguns elementos tóxicos, especialmente metais (Geiszinger et al.,
2009).
Contudo, nas últimas décadas o uso de ictiofauna com hábitos onívoros (e.g.,
gênero Oreochromius), como bioindicador de qualidade hídrica, tem aumentado
em vários países (Çavas et al., 2003; Fontanetti, 2006; Hoshina et al., 2008).
No Brasil, a espécie Oreochromis niloticus, conhecida popularmente por
tilápia do Nilo, tem sido empregada em diversos trabalhos de biomonitoramento
aquático, devido principalmente a sua grande presença espacial dentro dos
mananciais, distribuição e adaptabilidade nas diferentes regiões do país
(Matsumoto et al., 2006; Hoshina et al., 2008; Linde-Arias et al., 2008; Barbosa et
al., 2010).
A espécie Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758), pertence à Classe:
Actinopterygii, Ordem: Perciformes e Família: Cichlidae. Sua área de distribuição
nativa é na África, na bacia hidrográfica do Rio Nilo, desde o baixo Nilo até o delta,
mas também pode ocorrer, naturalmente, nos rios litorâneos de Israel. No seu
ambiente natural é bentopelágica, habita ambientes de água doce à ligeiramente
salgada com profundidade média de 5m. Porém, como espécie invasora, esses
peixes são oportunistas e se adaptam facilmente em ambientes lênticos, tolerando
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 48
grandes variações de temperatura e baixos níveis de oxigênio dissolvido na água.
Esta espécie introduzida se reproduz precocemente, é principalmente diurna, e
tem hábitos alimentares onívoro, mas é principalmente fitoplanctófaga,
alimentando-se principalmente de algas verdes (clorofíceas) (Costa-Pierce, 2003).
Nas características morfofisiológicas principais desta espécie africana
destacam-se a forma do corpo bem compresso e delgado, apresentando uma
linha lateral dividida em duas partes: a porção anterior mais alta em relação à
porção posterior, uma nadadeira dorsal longa e sem cortes, e nadadeira anal
afilando em uma ponta. Porém, a principal característica que distingue a espécie
O. niloticus de outras do seu gênero é a presença de listras por todo comprimento
da nadadeira caudal. O comprimento máximo publicado desta espécie foi de 60
cm, e o peso máximo de aproximadamente 4,3kg.
Todas essas características adaptativas resultam numa intensa predação de
várias espécies aquáticas nativas, e não só peixe, mas crustáceos, moluscos e
outras comunidades faunísticas dos mananciais nos quais são introduzidas.
Devido ao seu rápido aumento populacional com conseqüente competição por
alimento e espaço com as espécies de peixes nativas, esta espécie pode levar a
drástica redução da biodiversidade aquática de toda uma região.
Este espécie foi introduzida no Brasil para fins econômicos na década de 70,
mas além de competir com espécies nativas por alimento, o seu cultivo à base de
ração rica em fósforo (P), principalmente em tanques e gaiolas, causa a
eutrofização e poluição dos mananciais. Desta forma, levando a diversas
alterações no ambiente aquático, como por exemplo, a proliferação de
cianobactérias e conseqüente incorporação de cianotoxinas nas águas e nos
biomas desses recursos hídricos (Costa-Pierce, 2003).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 49
2.5. TESTE DE GENOTOXICIDADE
2.5.1. Teste de Micronúcleo (MN)
Os micronúcleos são corpúsculos contendo DNA que se formam após as
mitoses celulares como partícula extranucleara, e podem ser oriundos de
fragmentos cromossômicos ou mesmo cromossomos inteiros, que foram perdidos
ou não são incluídos nos núcleos das células filhas, ficando localizados no
citoplasma dessas células, sem qualquer conexão estrutural com núcleo principal.
Logo, o teste de micronúcleo (MN) é um ensaio que avalia alterações nucleares,
resultantes da perda de informação genética do núcleo principal. Desta forma, os
MN estão relacionados diretamente a perda de cromatina em conseqüência de
dano cromossômico estrutural ou no aparelho mitótico (Fenech, 2000; Salvatori et
al., 2003).
O teste MN detecta alterações nucleares e defeitos estruturais no núcleo
depois que as células danificadas completam o primeiro ciclo mitótico celular. A
maior vantagem dessa análise de genotoxicidade, em relação ao tradicional teste
de aberrações cromossômicas (AC), é que o teste de MN pode detectar danos e
mutações causados por processos clastogênicos que não foram reparados pelos
mecanismos enzimáticos de reparo da informação contida no material nuclear
(Ma, 1979; Humpage et al., 2000; Majer et al., 2001; Joseph et al., 2004).
Este ensaio de genotoxicidade pode ser realizado com inúmeras espécies de
organismos, podendo também avaliar danos cromossômicos em diversos tipos de
células, tais como, células meristemáticas de plantas superiores (e.g.,
Tradescantia sp. e Allium cepa) (Ma, 1983), hemolinfa de crustáceos, eritrócitos de
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 50
peixes (Matsumoto el al., 2006; Egito el al., 2007), aves, repteis, mamíferos (e.g.,
roedores) (Ribeiro, 2003), além de linfócitos sangüíneos (Joseph et al., 2004;
Stephan et al., 2005) e células da mucosa oral humana (Majer et al., 2001; Holland
et al., 2008).
O teste de MN tem sido largamente utilizado por ser um marcador simples
que pode ser examinado em preparações citológicas de rotina com o uso de
material biológico de diversas populações expostas, e passou a existir como um
método preferencial por possibilitar a rápida avaliação do dano cromossômico,
visto que são biomarcadores que se manifestam em curto prazo, após exposição.
O aumento da sua freqüência pode se encontrar aumentada nas células dos
tecidos expostos, antes mesmo que qualquer sinal clínico seja evidente (Fenech,
2000; Holland et al., 2008).
Os eritrócitos branquiais de peixes são células ideais para o
biomonitoramento aquático (Lam, 2009), devido ao constante exposição hídrica
desse tecido respiratório e também porque essa fauna aquática geralmente é mais
sensível e responde de forma mais rápida à poluição aquática (Çavas et al., 2003
e 2005; Cestari et al., 2004; Tagliari et al., 2004; Matsumoto el al., 2006; Souza e
Fontanetti, 2006, Egito et al., 2007; Hoshina et al., 2008; Linde-Arias et al., 2008).
As células da mucosa oral humana também são recomendadas para o
biomonitoramento de populações humanas em exposição a poluentes ambientais
e ocupacionais, pois estas células estão geralmente expostas ao contato direto a
diversos poluentes que são ingeridos ou inalados (Fenech et al., 1999;
Smerhovsky et al., 2002; Maluf, 2004; Minozzo et al., 2004; Holland et al., 2008).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 51
2.5.2. Teste de Alterações Nucleares (NA)
Vários outros trabalhos têm utilizado essa técnica de indicativo de avaria no
núcleo das células da biota aquática (Çavas et al., 2003; Souza e Fontanetti, 2006;
Talapatra e Banerjee, 2007; Holland et al., 2008).
O teste de alteração nuclear foi inicialmente descrito no trabalho de
biomonitoramento com peixes de Carrasco et al. (1990), no intuito de colaborar
para a detecção de danos genotóxicos em peixes.
Contudo, este bioensaio para a determinação de dano na estrutura nuclear
de células também tem sido recomendado para os estudos de biomonitoramento
de genotoxicidade humana (Holland et al., 2008; Musak et al. 2008; Sráma et al.
2008; Smerhovsky et al., 2002).
Os testes de micronúcleo (MN) e de alterações nucleares (NA) são métodos
simples para a avaliação de danos genéticos e tem aplicação em diversas áreas
(Figura 6 e 7), tais como ecotoxicologia (Gauthier et al., 1999), nutrição (Fenech e
Ferguson, 2001), avaliação de risco de câncer (Scott et al., 1998; Heepchantree et
al., 2005), biomonitoramento de populações humanas expostas à diversos
poluentes ambientais e para identificação do potencial genotóxico de produtos
farmacêuticos, agroquímicos ou agentes químicos e físicos em geral (Fenech et
al., 1999; Salama et al., 1999; Fucic, et al., 2008; Holland et al., 2008).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 52
Figura 6 – Células de mucosa oral de doadores de Lucrécia com núcleo normal
(A), micronucleado (B), binucleado (C), brotamento nuclear (D), cariolíse (E),
piquinólise (F) e fragmentado (G). A= 400X. Fotos: Marcon, A. E.
A B C
Figura 7 – Eritrócitos branquiais de peixes (O. niloticus) do açude de Lucrécia de
núcleo normal (A), micronucleado (B) e com brotamento nuclear (C). A= 2500X.
Fotos: Marcon, A. E.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 53
3. ARTIGOS
3.1. ARTIGO 1
• Artigo Publicado na revista Chemosphere (ISSN: 0045-6535).
• Qualis CAPES: A2 em Medicina II.
• Fator de Impacto: 3,253.
• Publicado em 07 de Julho de 2010, volume 81, páginas 773-780.
• Título do artigo: Genotoxic analysis in aquatic environment under
influence of cyanobacteria, metal and radioactivity.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 54
Chemosphere 81 (2010) 773–780
Contents lists available at Science Direct
Chemosphere
journal homepage: www.elsevier.com/locate/chemosphere
Genotoxic analysis in aquatic environment under influence of cyanobacteria, metal and radioactivity Alexandre Endres Marcona, Douglisnilson de Morais Ferreirab, Maria de Fátima Vitória de Mourac, Thomas Ferreira da Costa Camposd, Viviane Souza do Amarale, Lucymara Fassarella Agnez-Limaa,e, Sílvia Regina Batistuzzo de Medeirosa,e*
a Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brazil b Laboratório de Recursos Naturais, Instituto Federal de Tecnologia do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brazil c Departamento de Química, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brazil d Departamento de Geociências, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brazil e Departamento de Biologia Celular e Genética, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brazil A R T I C L E I N F O Article history: Received 16 November 2009 Received in revised form 24 June 2010 Accepted 7 July 2010 Available online 5 August 2010
Keywords: Genotoxicity Superficial water Cyanobacterium Metal Radioactivity
A B S T R A C T The micronucleus (MN) and nuclear abnormality (NA) tests were employed to evaluate the genotoxic potential of the Lucrecia dam (RN, Brazil) located in a semi-arid region and influenced by crop irrigation and irregular rainfall. The analyses of these water samples demonstrated the presence of several cyanobacteria as well as metals and radioactivity. The Nile Tilapia (Oreochromis niloticus) was used for micronucleus and nuclear abnormality assays and analysis of metal concentrations in gills and liver samples. Genotoxic assays in source water fish showed a significant increase in the frequency of nuclear damage (MN and NA) in relation to the negative control group. In conclusion, the results obtained with water surface and biological samples from the Lucrecia dam suggest that this important water resource contains a number of chemical and microbiological pollutants with genotoxic potential and that these substances may be compromising the species inhabiting this ecosystem. Particular care must be taken to prevent further degradation of this water supply.
Capsule: A battery of assay was successfully applied to assess the water quality of Lucrecia dam from a Northeastern region of Brazil.
© 2010 Elsevier Ltd. All rights reserved. 1. Introduction
The northeast of Brazil is characterized by a scarcity of water re-sources, aggravated by the poor distribution of water and precarious basic sanitation. The contamination of source waters can seriously compromise public health and ecosystems. Despite being polluted, the source waters in the northeast of Brazil are some-times the only public supply of water available in a given area. In some cases, conventional water treatments such as chlorine disin-fection are ineffective and/or generate subproducts that may also have genotoxic and mutagenic potential, possibly aggravating the toxicity of some pollutants ( Maffei et al., 2009).
The Lucrecia dam, located in northeast Brazil, is one of the main surface water reservoirs for public distribution in this region, and during periods of intense drought more than 70% of the volume * Corresponding author. Address: Departamento de Biologia Celular e Genética, CB – UFRN, Av. Salgado Filho, s/n – Campus Universitário, Lagoa Nova, Natal, 59072-970, RN, Brazil. Tel.: +55 84 3211 9209; fax: 55 84 3215 3346.
E-mail address: [email protected] (S.R. Batistuzzo de Medeiros).
0045-6535/$ - see front matter ₃ 2010 Elsevier Ltd. All rights reserved. doi: 10.1016/j.chemosphere.2010.07.006
of stored water may be lost, owing to elevated evaporation rates and low rainfall. The region surrounding the reservoir is characterized by crystalline rocks and the occurrence of various minerals and metals (Geological Service of Brazil, 2006). It should be pointed out that some of these metal compounds may also have radioactive potential. A reduction in water volume in the Lucrecia dam may result in the progressive concentration of these unhealthy sub-stances, such as metals and cyanotoxins ( Serra et al., 2006). In addition, the increased organic load resulting from anthropogenic action favors the proliferation of cyanobacteria and in turn cyanotoxins ( Sotero-Santos et al., 2006). All of these pollutants contribute to the loss of water quality in these surface waters and compromise the public supply, given that their consumption poses risks to human health. Thus, it is crucial to determine the genotoxic potential of the water, as well as the density of the main species of cyanobacteria present in this important dam in the northeast of Brazil.
In the municipality of Lucrecia, Brazil and surrounding area, a large number of cancer cases have been recorded since the 1970s. In 2007, the National Cancer Institute ( INCA – Brazil)
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 55
774 A.E. Marcon et al. / Chemosphere 81 (2010) 773–780
estimated that the raw rate of cancer in the state of Rio Grande do Norte (RN) was 228.9 per 100 000 inhabitants. The incidence of cancer in the state capital (Natal) was 363.5 cases, whereas in the city of Lucrecia it was 776.8 cases.
The main source water for human consumption in this region is the Lucrecia dam, whose water is supplied by CAERN, the state-run water company, to the population after conventional treatment and chlorination.
The increased biomass of cyanobacteria is directly associated to water eutrophication, a condition that generally causes intoxication of the aquatic biota and of the population consuming the water resource. The increase in cyanobacteria in water supply reservoirs and the capacity of this type of microorganism to reproduce and release toxins (cyanotoxins) into the environment may affect human health by the ingestion of water or of contaminated foods, in addition to direct contact during recreational activities ( Sotero- Santos et al., 2006).
Metals are another important source of aquatic and environ-mental pollution, and many are potentially genotoxic and carcinogenic. These exhibit passive bioaccumulation and may cause an increase in several degenerative diseases in the populations exposed, such as different types of cancer (Beyersmann, 2002). The presence of high concentrations of metals is related to the drastic reduction in water quality, and their origin may be associated to different natural or anthropic causes (Beyersmann and Hartwig, 2008).
In recent decades many researchers have used fish as a genetic model to monitor toxic pollutants and contaminants in aquatic environments ( Hoshina et al., 2008). The use of Oreochromis niloticus, an exotic fish species, for assessments is due mainly to its omnivorous feeding habits and its mobility in source waters, mak-ing it feasible for use in environmental genotoxicity studies ( Jha, 2004). The micronucleus (MN) and nuclear abnormalities (NA) test in the blood cells of fish is a sensitive method for various genotoxic substances, showing good correlation with the results obtained in human cells ( Vanzella et al., 2007).
In recent decades the use of ichthyofauna as bioindicators of water genotoxicity caused by pollution in aquatic environments has increased in several countries. O. niloticus has been recently used by a number of authors in studies assessing genotoxicity and water biomonitoring in different regions of Brazil ( Linde-Arias et al., 2008; Barbosa et al., 2010).
The aim of this study was to assess the quality, from the genotoxic viewpoint, of the water in the Lucrecia dam. Accordingly, the following concentrations were measured: (i) cyanobacteria, metals and total alpha and beta particle activity in the water samples, (ii) a number of metals in the biological material of fish specimens and (iii) analyses of micronucleus (MN) frequency and other nuclear abnormalities (NA) in gill erythrocytes of O. niloticus. 2. Materials and methods
2.1. Characterization of the study area and sampling sites The Lucrecia dam is located in northeast Brazil, a semi-arid
region in the western part of the state of Rio Grande do Norte. This public reservoir has a maximum capacity of around 27 million cubic meters and is the most important water reservoir in the region.
The two water sample collection points at the Lucrecia dam were: P1 (6o7’6.34”S; 37o49’8.31”W), located near the water up-take point for public distribution by CAERN; and P2 (6o8’17.13”S; 37o49’54.05”W), located at the confluence point of the main drain-age waters of this water reservoir, in Frutuoso Gomes, RN ( Fig. 1). The Lucrecia dam waters, classified as type 2, are available for human consumption after conventional treatment ( CONAMA, 2005).
All the water samples from the Lucrecia dam at the collection
points (P1 and P2) were obtained at 0.5 m in the water column, between 9 h and 10 h. 2.2. Water analysis 2.2.1. Cyanobacteria analysis
Two 500 mL water samples per sampling point (P1 and P2) were collected for microbiological analyses in the rainy and dry seasons. The quantification and identification of cyanobacteria (cells mL-1) in the Lucrecia dam water samples were carried out by the Department of Aquatic Microbiology of the Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), using the light microscopy technique (Nikon microscope-Eclipse 200), following the method-ology described by the American Public Health Association ( APHA et al., 2005). 2.2.2. Metal analysis
To determine metal levels, 1000 mL water samples were collected at each sampling point. The sampling occurred during the rainy and dry seasons. The readings were done using flame atomic absorption spec-trometry – FAAS (Varian model 50B) after acid digestion of the sample. The assessment followed APHA (2005) guidelines.
2.2.3. Analysis of total alpha and beta radiation
For analyses of total alpha and beta radiation, 2000 mL of water was collected per point. The samples were collected in the rainy and dry seasons. Analysis of the distilled water sample as control was conducted only in the sampling campaign of 15 March, 2007 (rainy season). Quantification of the total alpha and beta radiation was conducted using the scintillation counting technique with an Eberline SAC-4 alpha counter and FHT – 770T beta counter.
2.3. Biological samples 2.3.1. Fish analysis
Fish from the species O. niloticus (Perciformes, Cichlidae) was used. Four collection campaigns took place; during the dry season 11 fish (N = 11) were sampled and during the rainy season 14 fish (N = 14) were collected. The control group fish were kept for 120 d in an acclimatized aquarium with 90 L of chlorine-free water.
To carry out the genotoxicity tests, fish blood was collected immediately after sampling by gills puncture, using heparinized syringes. Just after blood collection, slides for micronucleus and nuclear abnormalities test were prepared. All assays using fish were conducted in accordance with National and Institutional guidelines for animal welfare.
2.3.2. Analysis of metals in fish
To quantify the metals in the fish, we assessed seven metals (Cd, Cr, Cu, Fe, Ni, Pb and Zn). The estimate was made in samples of biological material from the gills and liver of the O. niloticus collected on 23 August, 2007 (dry season) and analyzed in triplicate by flame atomic absorption spectrometry –FAAS (Varian, model 50B).
In the samples of biological material from the control group fish and from those collected in the rainy season at the Lucrecia dam, the inductively coupled argon plasma, emission optical spectrometry technique was used to measure the metals (ICP–OES spectrometer – ICAP 6000 series).
The emission lines used followed recommendations for each of the metals. The results were com-pared to standards and the ICP–OES was calibrated with NIST traceable standard solution. The mean contents found in the biolog-ical material of the fish (O. niloticus) in the two collection seasons
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 56
A.E. Marcon et al. / Chemosphere 81 (2010) 773–780 775
Fig. 1. Location of the Lucrecia dam study area in the western region of Rio Grande do Norte – Brazil. at the Lucrecia dam were statistically compared (p 6 0.05), using Dunnett’s t-test, with the means obtained in the biological samples of the fish from the negative control group. 2.3.3. Micronucleus and nuclear abnormalities tests
The criteria for identification and quantification of the gill erythrocytes of O. niloticus with micronuclei were based on Çavas and Ergene-Gozukara (2005). Nuclear abnormalities such as binucleated cells with blebbed (BL), lobed (LB) and notched (NT) nuclei, were classified according to Carrasco et al. (1990).
Two hundred microliter of gill blood was applied onto each slide, totaling four slides per fish. The slides were then dried at room temperature for 2 h, fixed with absolute ethanol for 10 min and then transported to the laboratory in histological boxes for staining with 10% Giensa for 15 min.
A total of 3000 gill erythrocytes per fish from each sampling period were assessed using a 1000x oil-immersion lens. The mean frequency of MN and NA and the respective standard deviations (SD) were expressed in thousands (‰). The results were statisti-cally compared with those of the control group using Dunnett’s t-test (p ≤ 0.05).
3. Results and discussion 3.1. Water analysis 3.1.1. Cyanobacteria density
The results of cyanobacteria density (cells mL-1) are shown in Table 1. In the rainy season point P1 yielded the potentially toxic species, Sphaerocavum brasiliensis, with cell density above the maximum permitted limit (MPL) of cyanobacteria established by Bra-zilian law ( CONAMA, 2005) or WHO (2003), and three potentially toxic species with high cell density: Aphanocapsa sp., Microcystis aeruginosa and Cylindrospermopsis raciborskii. At this sampling point, these four species show respective levels of 52%, 18%, 16% and 8% of total cyanobacteria density observed. At point P2, four
potentially toxic species were found with cell density above the MPL of total cyanobacteria for class 2 freshwater systems: S. brasiliensis, C. raciborskii, Microcystis panniformes and M. aeruginosa. These four species accounted for 47%, 22%, 14% and 12% respectively, of the total cyanobacteria density observed.
At point P1 and P2 in the dry season three potentially toxic species were found with cell density above the MPL of total cyanobac-teria for class 2 freshwater bodies: Sphaerocavum sp., C. raciborskii and Microcystis aeruginosa and three potentially toxic species with high densities: Microcystis protocystes, Pseudanabaena moniliformis and Aphanocapsa sp.
These six species accounted for 39%, 28%, 15%, 8%, 5% and 5% respectively for point P1 and 44%, 15%, 14%, 6%, 5% and 4%, respectively for point P2. The total density of cyanobacteria, in all seasons and points analyzed, was higher than the MPL (>50 x 103 cells mL-1) permitted for class 2 freshwater bodies, according to CONAMA (2005) and several times above the moderate-to-high risk level (<100 x 103 cells mL-1), according to the World Health Organization ( WHO, 2003).
These data corroborate a number of studies on water quality with respect to the diversity and concentration of cyanobacteria in assorted surface reservoirs in Brazil ( Sotero-Santos et al., 2006).
The constant and significant density of cyanobacteria indi-cates the need for monitoring these organisms in the source water under study, given the potential release of cyanotoxins such as microcystins and saxitoxins.
The quantification of cyanotoxins and the carrying out of bioassays in conventionally treated and publicly distributed water is needed, given that long-term human contamination by microcystins and their bioaccumulation from the ingestion of fish and other organisms may potentially promote tumors in the population consuming these resources (Humpage et al., 2000).
In a host of surface water reservoirs in the country, the constant problem of pollution and loss of water quality caused by the presence of cyanobacteria has been observed. These problems have been exacerbated by the fact that most surface reservoirs for public distribution have the climatic and environmental characteristics needed for cyanobacterial proliferation throughout most of the
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 57
776 A.E. Marcon et al./ Chemosphere 81 (2010) 773–780
Table 1 Cyanobacteria density (cells mL-1) of water samples from different points of the Lucrecia dam.
Sampling point/season Rainy – 3/15/2007 Dry – 8/23/2007 Cyanobacteria (cells mL-1)
P1 Pseudanabaena sp. 300 Cylindrospermopsis raciborskii 95 760 a, b Raphidiopsis sp. 4100 Geitlerinema unigranulatum 4560 Cylindrospermopsis raciborskii 21 000 Pseudanabaena moniliformis 8740 Geitlarinema unigranulatum 750 Chroococcus minutos 38 Aphanocapsa sp. 44 200 Aphanocapsa sp. 1558 Chroococcus minutos 100 Microcystes aeruginosa 51 908 a, b Cyanodicton sp 1950 Merismopedia sp. 2736 Sphaerocavum brasiliensis 128 800 a, b Diplochloris decussata 798 Microcystes aeruginosa 41 250 Chroococcus sp. 6612 Synechocystes sp. 400 Coelomorum sp. 4978 Merismopedia sp. 5400 Microcystes protocystes 29 146 Sphaerocavum sp. 131 024 a, b Total 248 250 Total 337 858
P2 Pseudanabaena sp. 50 Cylindrospermopsis raciborskii 66 150 a, b Raphidiopsis sp. 3850 Geitlerinema unigranulatum 5040 Cylindrospermopsis raciborskii 139 000 a, b Pseudanabaena moniliformis 19 320 Geitlarinema unigranulatum 150 Cylindrospermopsis sp. 4410 Planktothrix sp. 1500 Anabaenopsis sp. 714 Planktothrix aghardii 150 Pseudanabaena sp. 1638 Pseudanabaena galeata 50 Pseudanabaena sp. 1218 Pseudanabaena sp. 50 Aphanocapsa sp. 18 144 Oscilatoriales sp. 100 Microcystes aeruginosa 61 026 a, b Aphanocapsa sp. 10 200 Merismopedia sp. 5712 Aphanocapsa delicatissima 1400 Cyanodiction sp. 4536 Chroococcus minutos 200 Chroococcus sp. 8904 Cyanodicton sp. 750 Coelomorum sp. 17 976 Sphaerocavum brasiliensis 301 700 a, b Microcystes protocystes 26 460 Microcystes aeruginosa 77 850 a, b Sphaerocavum sp. 191 100 a, b Microcystes panniformes 90 000 a, b Microcystes protocystes 4400 Synechocystes sp. 400 Merismopedia sp. 6200
Total 638 000 Total 432 348
a Values above those permitted by Brazilian law, according to Resolution 357 (CONAMA, 2005). b Values above those permitted by Guidelines for safe recreational water environments (WHO, 2003)
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 58
year ( Sotero-Santos et al., 2006). Therefore, the presence of these toxic microorganisms in this source water likely collaborated in micronucleus induction and nuclear abnormalities in the erythrocytes of the sampled fish (O. niloticus) ( Ergene et al., 2007).
3.1.2. Analysis of metals in water The concentrations of the seven metals analyzed are shown in
Table 2. Manganese, nickel, chromium and copper were the metals found in the water samples from the Lucrecia dam at both sam-pling points in the different seasons analyzed. These were above the MPL for class 2 and 3 waters, according to CONAMA (2005) and above the CMC (Criteria Maximum Concentration) for freshwater ( WHO/IPCS, 1998). Besides copper and chromium, zinc and cadmium were also observed above the permitted limits at a number of sampling sites. The concentration of cadmium in the rainy sea-son (03/15/2007) was more than 120 times higher than the MPL al-lowed by Brazilian law for class 2 bodies of water and 12 times greater than the MPL for class 3 source waters (CONAMA, 2005) and 60 timer higher than the CMC ( US EPA, 2009). Point P2 showed the presence of cadmium during the dry season (8/22/2007) at a concentration 20 times higher than the MPL established by CONAMA (2005) and 10 times higher than the CMC ( US EPA, 2009).
The presence of metals in water resources is another factor that compromises the water quality of public reservoirs in different regions of Brazil. This is mainly due to the presence of mineralization near the drainage points, intensive
agriculture with inadequate irrigation in the vicinity of the dam, uneven rain distribution, high evaporation rates and the geological complexity of the region. High densities of a number of metals, above the maximum limits per-mitted by CONAMA (2005) and US EPA (2009) were observed in the water samples from the Lucrecia dam. Among the toxic metals included on the list of main pollutants are: cadmium, chromium and nickel. The presence of metallic elements in these waters may be one of the factors that increases genetic damage in the blood cells of the source water fish analyzed ( Udroiu, 2006) given that the presence of cadmium, chromium and nickel in these waters is related to interference in enzymatic action and the inhi-bition of DNA repair in the exposed organisms ( Peralta-Videa et al., 2009; Zhou et al., 2009).
3.1.3. Analysis of total alpha and beta radiation
Another worrisome indicator of water quality degradation and possible collaborator in the increased potential for water genotox-icity in the dam was the elevated presence of total alpha and beta radiation. The concentrations of total alpha and beta radiation are shown in Table 3. Total alpha and beta radiation obtained in water sam-ples from both sampling points at the Lucrecia dam during the first collection in the rainy season (3/15/2007) showed a significantly increased concentration compared to the negative control. For the other collection seasons, only the P1 sampling point showed a significant increase and only for total alpha radiation. The mean levels of total alpha and beta radiation in the water samples from the Lucrecia dam collected in the rainy season also showed a significant difference (p≤0.01) compared to the mean levels obtained in collections in the dry and rainy seasons of 2007 and 2008, respectively.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 59
A.E. Marcon et al. / Chemosphere 81 (2010) 773–780 777
Table 2 Concentrations (mg L-1) of the metals assessed in the water samples from diferent points at the Lucrecia dam.
Note: < Represent metal concentrations (mg L-1) below the detection limit of the analytical technique (FAAS). a Represent metal concentrations (mg L-1) above the MPL for class 2 bodies of water, according to Resolution 357 ( CONAMA, 2005). b Represent metal concentrations (mg L-1) above the CMC for freshwater, according to National Recommended water quality criteria ( US EPA, 2009).
Table 3 Concentrations of total alpha and beta radiation in water samples from different points of the Lucrecia dam.
Season Samples Radiation (Bq L-1)
Total alpha Total beta – Negative control 0.14 ± 0.0 0.36 ± 0.07
Rainy3/15/2007 P1 1.35 ± 0.48** 2.05 ± 0.3** P2 0.87 ± 0.0** 1.50 ± 0.23**
Dry– 8/23/2007 P1 0.17 ± 0.0** 0.47 ± 0.08 P2 0.13 ± 0.0 0.37 ± 0.07
Rainy – 4/5/2008 P1 0.41 ± 0.0** 0.45 ± 0.07 P2 0.12 ± 0.0 0.25 ± 0.04 Mean ± Standard deviation
Note: values marked with ** represent statistical difference compared to the negative control, using the Student’s t-test (p ≤ 0.01).
According to Gastaldo et al. (2008), beta radioactivity, in addi-tion to generate DNA lesions as strand breaks, interferes in the rate of DNA repair. Ishikawa et al. (2003) related alpha radiation withchromosomal breaks and with the appearance of cancer in the human population. The occurrence of alpha and beta radiation on the surface and subterranean waters of the Lucrecia region was re-ported by Malanca et al. (1998).
3.2. Biological samples 3.2.1. Analysis of metals in fish
The mean levels and standard deviations (μg g-1) of the seven metals and the weights (g) of the samples (in natura) of gills and liver of O. niloticus, are presented on Table 4.
All the metals assessed in the samples of gills and liver of O. niloticus
from the negative control were found at low levels or not detected at all. The negative control group fish showed no bioaccumulation of any of the seven metals assessed.
The metal accumulation in fish was higher in the dry season than in the rainy season, in both organs analyzed, probably due to the high evaporation rates that take place in the dry season, resulting in a sharp reduction in source water. The accumulation pattern of metals in the fish during the dry season follows the sequence: Zn > Pb > Cr > Cu > Ni for the gills and Cu > Zn > Pb > Cr > Ni for the liver. In the rainy season, the gill showed: Zn > Cr and the liver: Cu > Fe > Zn > Cr > Pb > Ni. These data indicate that this exo-tic ichthyofauna may be undergoing chronic bioaccumulation, mainly of copper in both seasons. The metal concentrations in the gill samples also suggest likely acute contamination exposure from five metals (Zn, Pb, Cr, Cu, Ni) in the fish in both seasons at this important public reservoir in the northeast of Brazil.
Nakayama et al. (2010) found copper and zinc in high concen-trations in the sediment as well as in fish (O. niloticus) in Lake Itezhi-tezhi, located near a mining area, in Zambia. Falusi and Olanipekun (2007) also reported higher values for Cu and Zn than those for Ni and Pb in the tropical crab (Carcinus sp.).
Metals such as iron, copper, manganese, zinc, cobalt, selenium and nickel are essential for normal body functions ( Alemdaroglu et al., 2003). Field and laboratory studies showed that accumulation of heavy metals in a tissue is mainly dependent upon water concentrations of metals and exposure period, although other environmental factors such as salinity, pH, hardness and tempera-ture play significant roles in metal accumulation (Barlas et al., 2005).
However, metals form a particularly complex class of muta-gen, since they can interact in different ways with the cellular machinery. They can compete with other metals, by binding to DNA, to specific amino-acids or to specific sites ( Mateuca et al., 2006).
3.2.2. Micronucleus and nuclear abnormalities tests The results of mean frequencies per thousand cells (‰) and the
standard deviations of micronuclei and of nuclear abnormalities are shown in Table 5. Fish from Lucrecia dam showed a significant increase in both micronucleus and nuclear abnormalities, in all periods analyzed.
The presence of metals and cyanobacteria above levels allowed by environmental regulatory agencies is a strong indicator of anthropogenic activities ( Mendiguchía et al., 2007).
All the parameters analyzed in this study (cyanobacteria, metals in water and fish as well as alpha and beta radiation) may be responsible, alone or in association, for the mutagenicity observed, particularly from the generation of reactive oxygen species (ROS), which subsequently attack DNA and proteins (Mateuca et al., 2006; Campos and Vasconcelos, 2010). Tubuline disruption may also be a consequence of metals and can induce malsegregation of chromatide/ chromosome by interfering with the accurate functioning of the mitotic spindle ( Mateuca et al., 2006).
In this study, copper showed concentrations above the MPL for waters ( CONAMA, 2005 and WHO/IPCS, 1998) and in the liver of fish from both Lucrecia dam collections. This region contains copper mineralizations at the main drainage points of the sub-basins that form this public reservoir ( Geological Service of Brazil, 2006).
Grillo et al. (2009) recently demonstrated that in vitro treat-ment with both metallic copper and copper ions induced chromo-somal abnormalities and altered the mitotic index of CHO-K1 cell lines.
Chromium was found above the MPL ( CONAMA, 2005) in both samples analyzed (water and fish). With respect to the behavior of this metal, it was found that the absorption of hexavalent chromium is greater than that of trivalent chromium, owing to the high solubility of the former, since it enters the cell by facilitated diffusion, whereas trivalent chromium penetrates by passive diffusion and phagocytosis and has low membrane penetration. This element has variable valence and may enter into the Haber–Weiss
Season Metal (mg L-1) Lucrecia dam Negative control
P1 P2 (NC)
10/3/2006 – Dry Cd <0.02 <0.02 <0.02 Cr <0.06 <0.06 <0.06 Cu 0.05 a, b <0.03 <0.03 Mn 0.97 a 0.25 a <0.02 Ni 0.13 a 0.11 a <0.1 Pb <0.1 <0.1 <0.1 Zn 0.32 a, b 0.14 b <0.01
3/15/2007 – Rainy Cd 0.12 a, b <0.02 <0.02 Cr 0.17 a 0.15 a <0.06 Cu 0.04 a 0.04 a <0.03 Mn 0.07 0.09 <0.02 Ni <0.1 <0.1 <0.1 Pb <0.1 <0.1 <0.1 Zn 0.02 <0.01 <0.01
8/23/2007 – Dry Cd <0.02 0.02 a <0.02 Cr 0.08 a <0.06 <0.06 Cu <0.03 <0.03 <0.03 Mn 0.15 a 0.15 a <0.02 Ni <0.1 <0.1 <0.1 Pb <0.1 <0.1 <0.1 Zn <0.01 0.17 <0.01
4/5/2008 – Rainy Cd <0.02 <0.02 <0.02 Cr 0.06 a <0.06 <0.06 Cu <0.03 <0.03 <0.03 Mn <0.02 0.03 <0.02 Ni <0.1 <0.1 <0.1 Pb <0.1 <0.1 <0.1 Zn 0.02 0.04 <0.01
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 60
Note 1: mean and standard deviation (X ± SD) of the metal levels (μg g-1 of samples) evaluated by FAAS and by ICP–OES. Note 2: na = metal not assessed by ICP–OES. Note 3: nd = metal not detected (μg g-1 of samples) by FAAS technique. Note 4: values marked by the letters (a) p ≤ 0.05; (b) p ≤ 0.01; (c) p ≤ 0.005; (d) p ≤ 0.001; (e) p ≤ 0.0005; and (f) p ≤ 0.0001 represent statistical differences in relation to the negative control group, using the Student’s t-test.
Tabl
e 4
Con
cent
ratio
n of
Cd,
Cr,
Cu,
Fe,
Ni,
Pb a
nd Z
n as
sess
ed in
the
biol
ogic
al sa
mpl
es o
f gill
s and
live
r (in
nat
ura)
with
the
resp
ectiv
e w
eigh
ts (g
) of t
he fi
sh (O
. nilo
ticus
) fro
m th
e Lu
crec
ia d
am.
Fi
sh
Neg
ativ
e co
ntro
l (IC
P–O
ES) –
11/
15/2
007
M
etal
(μg
g-1 s
ampl
e)
N
Org
an
Wei
ght (
g)
Cd
Cr
Cu
Fe
Ni
Pb
Zn
778
1
Gill
5.39
3 2.
06E-
06
9.40
E-06
1.
33E-
05
2
6.13
5 2.
80E-
06
3.08
E-06
1.
68E-
05
3
4.83
2 1.
24E-
05
3.77
E-06
8.
06E-
05
4
6.99
7 nd
9.
70E-
06
7.56
E-06
5
4.
315
8.81
E-06
8.
27E-
06
8.75
E-05
6
6.
907
1.98
E-06
0.
00E+
00
1.03
E-05
7
4.
565
5.43
E-06
6.
24E-
06
2.76
E-05
8
4.
237
8.71
E-06
6.
89E-
06
8.31
E-05
9
2.
174
1.06
E-05
2.
47E-
05
1.74
E-04
X ±
SD
5.06
± 1
.51
5.9E
-06
± 4.
4E-0
6 8.
0E-0
6 ±
7.0E
-06
5.5E
-05
± 5.
6E-0
5 1
Live
r 1.
470
1.63
E-04
3.
85E-
05
1.20
E-02
2
2.
788
1.64
E-04
2.
02E-
05
1.33
E-02
3
1.
143
1.91
E-04
5.
79E-
05
1.31
E-02
4
0.
848
1.19
E-04
4.
93E-
05
7.55
E-03
5
1.
365
2.13
E-04
3.
43E-
05
1.88
E -02
6
1.
599
1.99
E-04
3.
90E-
05
1.28
E-02
7
1.
439
1.66
E-04
2.
86E-
05
9.29
E-03
8
0.
975
1.34
E-04
5.
13E-
05
1.16
E-05
9
0.
756
1.60
E-04
3.
51E-
05
6.21
E-03
X ±
SD
1.37
± 0
.6
1.7E
-04
± 3.
0E₃
0 3.
9E- 0
5 ±
1.2E
-05
1.0E
-02
± 5.
5E-0
4 Th
e Lu
crec
ia d
am (F
AA
S) –
8/2
3/20
07
1
Gill
5.98
1 1.
09E-
03
2.79
E-02
1.
96E-
02
2
5.87
6 nd
3.
52E -
02
2.72
E-02
3
5.
516
1.10
E-03
3.
14E-
02
2.30
E-02
4
5.
986
1.47
E -03
3.
25E-
02
3.34
E-02
5
5.
986
1.66
E-03
3.
72E-
02
3.62
E-02
6
5.
079
1.00
E-02
2.
38E-
02
4.32
E-02
X ±
SD
5.74
± 0
.37
2.5E
-03
± 3.
7E-0
3 3.
1E-0
2 ±
4.8E
-03f
3.0E
-02
± 8.
8E-0
3e
1 Li
ver
2.03
3 nd
7.
05E-
03
4.91
E -01
2
1.
645
nd
1.39
E-03
7.
85E-
01
3
2.11
0 nd
1.
24E -
03
1.03
E+00
4
2.
365
nd
3.25
E-03
9.
66E-
01
5
1.71
1 nd
7.
07E-
03
nd
6
1.76
1 nd
7.
16E-
03
5.03
E-01
X ±
SD
1.95
± 0
.28
nd
4.5E
-03
± 2.
9E-0
3b
6.3E
-01
± 3.
8E-0
1c
The
Lucr
ecia
dam
(IC
P–O
ES) –
4/5
/200
8
1 G
ill
5.98
1 nd
2.
27E-
02
nd
2
5.87
6 nd
2.
36E-
02
nd
3
5.51
6 nd
1.
54E-
02
nd
4
5.98
6 nd
1.
03E-
02
nd
X
± S
D
5.74
± 0
.37
nd
1.8E
-02
± 6.
3E-0
3c
nd
1 Li
ver
2.03
3 6.
00E-
03
1.28
E-01
6.
37E+
01
2
1.64
5 1.
39E-
03
1.46
E-01
3.
75E+
01
3
2.11
0 1.
24E-
03
1.12
E-01
5.
51E+
00
4
2.36
5 3.
25E-
03
3.16
E-02
3.
40E+
01
X
± S
D
1.95
± 0
.28
2.6E
-02
± 3.
2E-0
2 1.
4E-0
1 ±
5.0E
-02b
3.
5E+0
1 ±
2.4E
+01c
1.
12E
₃05
3.60
E-06
4.
37E
₃06
5.20
E-06
3.
07E
₃03
6.87
E-06
5.
19E
₃06
2.82
E-06
2.
31E
₃03
9.41
E-06
nd
5.
36E-
06
6.44
E₃
05 6.
77E-
06
2.50
E₃
03 9.
84E-
06
5.32
E₃
03 2.
41E-
05
1.5E
₃0
8.
2E-0
6 ±
6.4E
-06
4.93
E₃
03 3.
27E-
05
1.64
E₃
03 1.
56E-
05
3.15
E₃
03 9.
43E-
04
3.05
E₃
03 4.
28E-
05
6.21
E₃
03 3.
80E-
05
6.50
E₃
03 3.
34E-
05
8.37
E₃
03 3.
08E-
05
7.01
E₃
03 9.
29E-
04
5.06
E₃
03 5.
25E-
05
5.1E
₃0
2.
3E-0
4 ±
4.0E
-04
na
8.71
E-03
na
9.
08E-
03
na
5.11
E-03
na
6.
00E-
03
na
1.08
E-02
na
1.
22E-
02
na
8.6E
-03
± 2.
7E-0
3e
na
2.01
E-03
na
9.
24E-
0 4
na
1.86
E-03
na
1.
39E-
03
na
4.24
E-03
na
2.
30E-
03
na
2.1E
-03
± 1.
1E-0
3c
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
3.72
E+01
3.
19E-
02
1.24
E+01
3.
98E-
02
4.40
E+01
5.
50E-
02
3.97
E+01
2.
26E-
02
3.3E
+01
± 1.
4E+0
1b
3.7E
-02
± 1.
4E-0
2b
4.58
E-06
7.
81E-
06
1.62
E-04
5.
95E-
06
2.28
E-04
nd
2.
21E-
05
2.18
E-04
4.
06E-
04
1.2E
-04
± 1.
4E-0
4 2.
29E-
03
1.19
E-03
3.
73E-
03
3.47
E-03
2.
20E-
03
2.25
E-03
2.
93E-
03
3.62
E-03
5.
22E-
03
3.0E
-03
± 1.
2E-0
3
4.46
E-02
5.
15E-
02
3.03
E-02
4.
03E-
02
3.77
E-02
4.
76E-
02
4.2E
-02
± 7.
5E-0
3f
4.88
E-02
3.
65E-
02
1.53
E-02
1.
98E -
02
3.53
E-02
3.
00E-
02
3.
1E-0
2 ±
1.2E
-02ª
nd
nd
nd
nd
nd nd
3.98
E-02
1.
10E-
01
4.97
E-02
5.0E
-02
± 4.
5E-0
2
4.79
E-04
3.
04E-
04
1.40
E-03
1.
80E-
04
1.98
E-03
3.
97E-
04
6.75
E-04
1.
91E-
03
2.91
E -03
1.5E
-03
± 1.
9E-0
3 3.
19E-
03
2.10
E-03
3.
08E-
03
3.44
E-03
3.
50E-
03
2.36
E-03
2.
88E-
03
3.15
E-03
5.
30E-
03
3.2E
-03
± 9.
0E-0
4
4.25
E-01
4.
42E-
01
3.60
E-01
5.
06E-
01
6.31
E-01
5.
33E -
01
4.8E
-01
± 9.
5E-0
2f
1.85
E-01
1.
86E-
01
1.79
E-01
1.
79E-
01
1.83
E-01
1.
69E-
01
1.
8E-0
1 ±
6.4E
-03f
3.24
E-02
3.
63E-
0 nd
2.
96E-
02
2.4E
-02
± 1.
6E-0
2a
8.
94E+
00
3.61
E+01
1.
31E+
01
1.11
E+01
1.7E
+01
± 1.
2E+0
1a
A.E.Marconetal./Chemosphere81(2010)773–780
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 61
A.E. Marcon et al. / Chemosphere 81 (2010) 773–780 779
Table 5 Frequency of micronucleus and nuclear abnormalities in the gill erythrocyte cells of fish (O. niloticus), collected at the Lucrecia dam.
Season Sample N Micronucleus Nuclear abnormalities
– Negative control 9 0.9 ± 0.8 4.9± 2.7
Dry Lucrecia dam 5 3.4 ± 1.5* 9.4± 3.5*
Rainy 10 2.9 ± 1.6** 12.1 ± 5.4* Dry 6 2.8 ± 1.8* 12.2 ± 5.0*
Rainy 4 3.2 ± 1.1* 13.8 ± 5.2* Mean (‰) ± Standard deviation
Note: values marked with * and ** represent statistical differences of p ≤ 0.05 and p ≤ 0.01 respectively in relation to the negative control, using Dunnett’s t-test.
reaction and produce ROS, thereby increasing oxidative stress and lipoperoxidation. A number of authors report that hexavalent chromium is more genotoxic than trivalent ( DeFlora et al., 1990). Seoane and Dulout (2001) showed that trivalent chromium significantly induced MN in vitro in human fibroblast cell lines. Dai et al., 2009 reported that both chromium ions interfere in proliferation and growth, in addition to inhibiting DNA division and synthesis in human cell lines (HeLa).
Moreover, they inhibit DNA polymerases, reduce DNA replication and repair and increase dif-ferent types of mutations. The increased frequency of micronuclei in the erythrocytes of fish exposed to oil refinery wastewaters con-taminated with chromium was demonstrated by Çavas and Ergene-Gozukara (2005).
The results of a recent study by Lushchak et al. (2009) showed a significant increase in oxidative stress in the brains of fish chronically exposed to chromium.
Nickel is a carcinogenic and bioaccumulative metal that may cause a number of diseases, alter cell proliferation, genetic expression and calcium dependent enzyme activity, interfere in DNA methylation and repair and in the histones, in addition to inducing MN in fish ( Buschini et al., 2009; Zhou et al., 2009).
The high contamination levels of the waters and the genetic damage observed in fish suggest that all the organisms in this region, including the human population supplied by the Lucrecia dam, are being affected by environmental contamination. 4. Conclusion
During the entire monitoring of genotoxicity using fish, the occurrence of MN and NA was significantly higher than in the neg-ative control. The high content of some metals, the significant occurrence of elevated levels of toxic cyanobacteria and radioactivity indicators in these waters are some of the factors that may be increasing genetic damage in the fish of the Lucrecia dam.
Further-more, the bioaccumulation of genotoxic metals in the biological samples analyzed of O. niloticus may be another aggravating factor for the increased induction of genetic alterations analyzed.
Therefore, the presence of these environmental pollutants is likely associated to the genotoxic potential of these waters.
Acknowledgements
We thank Dr. Erivan Sales do Amaral from the Natural Re-sources Laboratory/IFRN for his collaboration in determining the metals in the water samples, Dra. Ivaneide Soares from the Department of Microbiology and Parasitology/UFRN for her contributions in assessing cyanobacteria density, and Dr. Henrique Takuji Fuku-ma from the CNEN (Poços de Caldas) for the analyses of total alpha and beta radiation in the water samples. We are also grateful to the Banco do Nordeste and CT-Hidro/CNPq for financial support and the doctoral scholarship.
References Alemdaroglu, T., Onur, E., Erkakan, F., 2003. Trace metal levels in
surficial sediments of Lake Manyas, Turkey and tributary rivers. Int. J. Environ. Studies 60 (3), 287– 298.
APHA, AWWA, WPCF, 2005. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 21th ed. American Public Health Association, Washington, DC.Barbosa, J.S., Cabral, T.N., Ferreira, D.N., Agnez-Lima, L.F., Batistuzzo de Medeiros, S.R., 2010. Genotoxicity assessment in aquatic environment impacted by the presence of heavy metals. Ecotoxicol. Env. Saf. 73, 320–325.
Barlas, N., Akbulut, N., Aydogan, M., 2005. Assessment of heavy metal residues in the sediment and water samples of Uluabat Lake, Turkey. Bull. Environ. Contam. Toxicol. 74, 286–293.
Beyersmann, D., 2002. Effects of carcinogenic metals on gene expression. Toxicol. Lett. 127, 63–68.
Beyersmann, D., Hartwig, A., 2008. Carcinogenic metal compounds: recent insight into molecular and cellular mechanisms. Arch. Toxicol. 82, 493–512.
Buschini, A., Pinelli, S., Pellacani, C., Giordani, F., Ferrari, M.B., Bisceglie, F., Giannetto, M., Pelosi, G., Tarasconi, P., 2009. Synthesis, characterization and deepening in the comprehension of the biological action mechanisms of a new nickel complex with antiproliferative activity. J. Inorg. Biochem. 103, 666–677.
Campos, A., Vasconcelos, V., 2010. Molecular mechanisms of microcystin toxicity in animal cells (review). Int. J. Mol. Sci. 11, 268–287.
Carrasco, K.R., Tilbury, K.L., Mayers, M.S., 1990. Assessment of the piscine micronuclei test as an in situ biological indicator of chemical contaminations effects. J. Fish Aquat. Sci. 47, 2123–2136.
Çavas, T., Ergene-Gozukara, S., 2005. Induction of micronuclei and nuclear abnormalities in Oreochromis niloticus following exposure to petroleum refinery and chromium processing plant effluents. Aq. Toxicol. 74, 264– 271.
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), 2005. Resolução no. 357. Ministério do Meio Ambiente, MMA, Brasília, Distrito Federal. <http:// www.mma.gov.br/> (accessed 13.10.2008).
Dai, H., Liu, J., Malkas, L.H., Catalano, J., Alagharu, S., Hickey, R.J., 2009. Chromium reduces the in vitro activity and fidelity of DNA replication mediated by the human cell DNA synthesome. Toxic. Appl. Ph. 236, 154–165.
DeFlora, S., Bagnasco, M., Serra, D., Zanacchi, P., 1990. Genotoxicity of chromium compounds. A review. Mutat. Res. 238, 99–172.
Ergene, S., Cavas, T., Celik, A., Koleli, N., Aymak, C., 2007. Evaluation of river water genotoxicity using the piscine micronucleus test. Environ. Mol. Mutagen. 48, 421–429.
Falusi, B.A., Olanipekun, E.O., 2007. Bioconcentration factors of heavy metals in tropical crab (Carcinus sp.) from River Aponwe, Ado-Ekiti, Nigeria. J. Appl. Sci. Environ. Manage. 11 (4), 51–54.
Gastaldo, J., Viau, M., Bouchot, M., Joubert, A., Charvet, A.-M., Foray, N., 2008. Induction and repair rate of DNA damage: a unified model for describing effects of external and internal irradiation and contamination with heavy metals. J. Theor. Biol. 251, 68–81.
Geological Service of Brazil, 2006. Mapa Geológico do Rio Grande do Norte.
Grillo, C.A., Reigosa, M.A., Mele, M.F.L., 2009. Effects of copper ions released from metallic copper on CHO-K1 cells. Mutat. Res. 672, 45–50.
Hoshina, M.M., Angelis, D.F., Marin-Morales, Maria.A., 2008. Induction of micronucleus and nuclear abnormalities in fish (Oreochromis niloticus) by a petroleum refinery effluent. Mutat. Res. 656, 44–48.
Humpage, A.R., Fenech, M., Thomas, P., Falconer, I.R., 2000. Micronucleus induction and chromosome loss in transformed human white cells indicate clastogenic and aneugenic action of the cyanobacterial toxin, cylindrospermopsin. Mutat. Res. 472, 155–161.
Instituto Nacional do Câncer – INCA, 2007. Estimativas 2008: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro. <http://www.inca.gov.br/>. (accessed 13.5.2008).
Ishikawa, Y., Wada, I., Fukumoto, M., 2003. Cancers induced by alpha radiation from Thorotrast. Int. Congr. Ser. 1236, 191–194.
Jha, A.N., 2004. Genotoxicological studies in aquatic organisms: an overview. Mutat. Res. 552, 1–17.
Linde-Arias, A.R., Inácio, A.F., Alburquerque, C., Freire, M.M., Moreira, J.C., 2008. Biomarkers in an invasive fish species, Oreochromis niloticus, to assess the effects of pollution in a highly degraded Brazilian River. Sci. Total Environ. 399, 186–192.
Lushchak, O.V., Kubrak, O.I., Torous, I.M., Nazarchuk, T.Y., Storey, K.B., Lushchak, V.I., 2009. Trivalent chromium induces oxidative stress in goldfish brain. Chemosphere 75, 56–62.
Maffei, F., Carbone, F., Cantelli Forti, G., Buschini, A., Poli, P., Rossi, C., Marabini, L., Radice, S., Chiesara, E., Hrelia, P., 2009. Drinking water quality: an in vitro approach for the assessment of cytotoxic and genotoxic load in water sampled along distribution system. Environ. Int. 35, 1053–1061.
Malanca, A., Repetti, M.M., Macedo, H.R., 1998. Gross alpha- and beta-
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 62
780 A.E. Marcon et al. / Chemosphere 81 (2010) 773–780
Mendiguchía, C., Moreno, C., García-Vargas, M., 2007. Evaluation of
natural and anthropogenic influences on the Guadalquivir River (Spain) by dissolved heavy metals and nutrients. Chemosphere 69, 1509–1517. Nakayama, S.M., Ikenaka, Y., Muzandu, K., Choongo, K., Oroszlany, B., Teraoka, H., Mizuno, N., Ishizuka, M., 2010. Heavy metal accumulation in lake sediments, fish (Oreochromis niloticus and Serranochromis thumbergi), and crayfish (Cherax quadricarinatus) in Lake Itezhi-tezhi and Lake Kariba, Zambia. Arch. Environ. Contam. Toxicol. (Epub ahead of print).
Peralta-Videa, J.R., Lopez, M.L., Narayan, M., Saupe, G., Gardea-Torresdey, J., 2009. The biochemistry of environmental heavy metal uptake by plants: implications for the food chain. Int. J. Biochem. Cell Biol. 41 (8–9), 1665–1677.
Seoane, A.I., Dulout, F.N., 2001.Genotoxic ability of cadmium, chromium and nickel salts studied by kinetochore staining in the cytokinesis-blocked micronucleus assay. Mutat. Res. 490, 99–106.
Serra, C.V., Castro, S.S.L., Baptista, G.M.M., Castro, C.F.S., Zara, L.F., 2006. Environmental trace elements associated with cancer risk – Lucrecia-RN/ Brazil. Mutagen. Soc. Environ. 47 (6), 196.
Sotero-Santos, R.B., Silva, C.R.S., Verani, N.F., Nonaka, K.O., Rocha, O., 2006. Toxicity of a cyanobacteria bloom in Barra Bonita Reservoir (Middle Tietê River, São Paulo, Brazil). Ecotoxicol. Environ. Saf. 64, 163–170.
Udroiu, I., 2006. The micronucleus test in piscine erythrocytes. Review. Aquat.
Toxicol. 79, 201–204. Vanzella, T.P., Martinez, C.B.R., Colus, I.M.S., 2007. Genotoxic and mutagenic effects
of diesel oil water soluble fraction on a neotropical fish species. Mutat. Res. 631, 36–43.
WHO/IPCS (World Health Organization/International Programme on Chemical Safety), 1998. Copper Environmental Health Criteria Document No. 200. Geneva, Switzerland.
World Health Organization, 2003. Algae and cyanobacteria in freshwater. In: Guidelines for Safe Recreational Water Environments. Volume 1 – Coastal and Freshwaters (Chapter 8). WHO Publishing, Geneva, pp. 136–158.
United States Environmental Protection Agency, 2009. National Recommended Water Quality Criteria. Available from: < http://www.epa.gov/ost/criteria/ wqctable/>.
Zhou, X., Li, Q., Arita, A., Sun, H., Costa, M., 2009. Effects of nickel, chromate, and arsenite on histone 3 lysine methylation. Toxicol. Appl. Pharmacol. 236, 78–84.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 63
3.2. ARTIGO 2
• Manuscrito para submissão a revista Internacional
• Título do artigo: Análise da água de abastecimento e da genotoxicidade
humana em Lucrécia, Rio Grande do Norte, Brasil.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 64
Análise da genotoxicidade humana, da qualidade ambiental e da água
de abastecimento no município de Lucrécia/RN, Brasil.
Alexandre Endres Marcon a, Marcos Felipe de Oliveira Galvão b, Anuska Conde Fagundes
Soares Garcia b, Thomas Ferreira da Costa Campos c, Thiago de Melo Cabral b, Renata
Panosso d e Sílvia Regina Batistuzzo de Medeiros a,b*.
a Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Centro de Ciências da
Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil
b Departamento de Biologia Celular e Genética, Centro de Biociências,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil
c Departamento de Geologia, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil
d Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Centro de Biociências,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil
* Contato do autor:
Dra. Sílvia Regina Batistuzzo de Medeiros.
Departamento de Biologia Celular e Genética, CB – UFRN
Av. Salgado Filho, s/n - Campus Universitário, Lagoa Nova
Natal, 59072-970, RN, Brazil
Tel.: # 55.84.3211-9209; Fax # 55.84.3215-3346
E-mail address: [email protected] (S. Batistuzzo de Medeiros)
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 65
RESUMO
O município de Lucrécia está localizado na região semi-árida do Rio Grande do
Norte/Brasil numa área impactada negativamente por regime de chuvas irregulares e
prolongados períodos de seca. As taxas de câncer neste município têm demonstrado
freqüências elevadas (777 casos/ano) desde a década de 70 (INCA, 2007). Foram
coletadas neste município amostras de água de abastecimento público sazonalmente e
amostras de mucosa oral humana (N=26) de ambos os sexos (média etária de 25 anos).
Os resultados obtidos nas amostras de água abastecimento indicaram a presença de
poluentes (cianobactérias tóxicas, metais e radioatividade) e na atmosfera do interior das
residências da área urbana foram detectadas radiações ionizantes acima do LMP (OMS,
2009). A análise da freqüência de micronúcleos e alterações nas células de mucosa oral
da população humana estudada no município de Lucrécia mostrou diferença significativa
(p≤0.05) em relação à população de Natal com o teste t Student’s. Os diversos poluentes
que ocorreram na água de abastecimento de Lucrécia provavelmente estão colaborando
para o aumento do potencial genotóxico nessa população humana. Futuras pesquisas
nesta área deverão investigar as fontes desses passivos ambientais no município para
que se estabeleçam ações mitigadoras que melhorarem a qualidade de vida na região.
Palavras chave: Micronúcleos, Alterações Nucleares; Mucosa Oral Humana;
Cianobactéria; Metais; Radioatividade.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 66
ABSTRACT
The municipality of Lucrécia is located in semi-arid region of Rio Grande do Norte/Brazil in
a local impacted negatively by irregular rainfall and prolonged dry periods. Cancer rates in
this municipality have shown high frequencies (777 cases/year) since the 70s (INCA,
2007). The samples of public water supplies were collected seasonally and samples of
human oral mucosa (N = 26) of both sexes (age mean of 25 years).The results obtained in
water supply samples showed the presence of pollutants (toxic cyanobacteria, metals and
radioactivity) and in the atmosphere in door residences were detected ionizing radiations.
Analysis of micronucleus frequency and nuclear abnormalities in oral cells of the studied
population of the municipality of Lucrécia was significantly different (p ≤0.05) compared to
the population of Natal/RN with the Student’s t test. The various polluting that ocurred in
the water supply of Lucrécia is probably contributing to the increase of the genotoxic
potential in this human population. Further researches in this area should investigate the
sources of these environmental passives to be established mitigating actions that improve
the quality of life in region.
Keywords: Micronucleus, Nuclear Abnormalities, Human Buccal Cells; Cyanobacteria;
Metals; Radioactivity.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 67
1. Introdução
O município de Lucrécia na região semi-árida do nordeste do Brasil possui
aproximadamente 3.200 habitantes, sendo que 70 % destes residem na área rural
e 30 % na área urbana (IBGE, 2008). Nesta região são relatados elevados casos
de câncer desde a década de 70. Em 2007, o Instituto Nacional do Câncer (INCA -
Brasil) estimou freqüência de câncer no município de Lucrécia 3 vezes mais alta
que a capital do estado (Natal/RN). Durante décadas a principal fonte de
abastecimento hídrico humano desse município foi açude de Lucrécia, que foi
construído em 1934, e tem mostrado indícios de poluição (Malanca et al., 1998;
Serra et al., 2006).
A presença de cianobactérias em reservatórios hídricos está diretamente
associada à eutrofização do manancial (Sotero-Santos et al., 2006). Esses
microorganismos podem liberar cianotoxinas na água de abastecimento, afetando
tanto a biota aquática quanto a saúde das populações humanas consumidoras
desse recurso hídrico poluído (FUNASA, 2003). As formas de exposição humana
podem ocorrer pelo consumo de água e/ou pescado contaminado por cianotoxinas
e também pelo contato direto em atividades de recreação (Gkelis et al., 2006).
A presença de radioatividade diminui a qualidade hídrica e afeta diretamente
todas as populações expostas. Entre os radionuclídeos primordiais responsáveis
pela radiação destacam-se o isótopo 222 do gás radônio (Rn-222), que é emissor
partícula alfa e decai para Bi 214 e o Pb 214 que emissores partículas beta
(UNSCEAR, 2000).
O Rn-222 percola através do solo e da rocha, podendo se dissolver na água
e acumular no interior de residências, e por não se ionizar na água tem mais
mobilidade do que outros elementos da série de decaimento do U 238 (AMACS,
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 68
1987). A inalação desse gás radioativo pode gerar câncer de pulmão, e é
problema de saúde pública (Greenlee et al., 2001; FPTRPC 2000; NRC, 1998 e
NRPB, 1990).
Os metais são outra importante fonte de poluição aquática e ambiental,
muitos são potencialmente genotóxicos e cancerígenos e alguns são também
radioativos (Beyermann and Hartwig, 2008).
A função primária da mucosa oral, semelhante à pele, é a proteger as
estruturas subjacentes contra a agressão de agentes externos. Mas a
permeabilidade da mucosa oral é maior que a da pele, porém menos que a do
intestino (Nicolazzo et al., 2005).
Nas últimas décadas as células da mucosa oral têm sido utilizadas em
diversos trabalhos para biomonitorar populações humanas expostas a compostos
mutagênicos, pois essas células estão expostas ao contato direto com poluentes
ingeridos ou inalados (Salama et al., 1999; Smerhovsky et al., 2002; Joseph et al.,
2004; Maluf, 2004; Minozzo et al., 2004; Evseeva et al., 2005; Heepchantree et al.,
2005; Holland et al., 2008; Ceppi et al., 2010; Hintzsche e Stopper, 2010).
Os testes de micronúcleo (MN) e de alterações nucleares (NA) são métodos
simples de avaliação de risco de câncer e biomonitoramento humano (Scott et al.,
1998; Fenech et al., 1999; Heepchantree et al., 2005). Esses biomarcadores tem
ampla aplicação na ecotoxicologia (Gauthier et al., 1999) e se manifestam
rapidamente após exposição aos agentes genotóxicos e antes de sinais clínicos
evidentes (Titenko-Holland et al., 1998; Salama et al., 1999; Fenech e Ferguson,
2001; Holland et al., 2001).
Diversos trabalhos tem o associado à presença de cianobactérias, metais e
radioatividade ao aumento da frequência de micronúcleos em células de mucosa
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 69
oral de populações humanas expostas (Majer et al., 2001; Oliveira and Cury, 2002;
Smerhovsky et al., 2002; Ishikawa et al., 2003; Masuk et al., 2008).
Ttrabalho recente do nosso grupo de pesquisa (Marcon et al., 2010) relatou
ocorrência de aumento genotoxicidade em peixes e poluentes nas águas do açude
de Lucrécia. Os pesquisadores do laboratório de radiologia natural (LARANA) do
Departamento de Geologia/UFRN têm divulgado a ocorrência de gás Rn-222 e de
radiação gama acima do LMP pela OMS em residências do município de Lucrécia
(Campos et al., 2010).
Logo, no intuito de avaliar a genotoxicidade humana nesse município do
semi-árido brasileiro e a presença de contaminantes na água de abastecimento foi
realizado este trabalho. Para tanto, foram medidas as concentrações: i)
cianobactérias, metais e partículas alfa e beta total na água de abastecimento e ii)
analisada a freqüência de micronúcleos (MN) e de alterações nucleares (NA) nas
células da mucosa oral da população urbana de Lucrécia e Natal.
2. Material e Métodos
2.1. Caracterização da área de estudo e locais de amostragem
O município de Lucrécia ((6o07’00’’ S; 37o39’00’’ W), está localizado junto a
sub-bacia do Rio Umari, no nordeste do Brasil, numa região semi-árida do médio
oeste do estado do Rio Grande do Norte e tem uma população de 3.423
habitantes, sendo que aproximadamente 35% são residentes da área urbana
(IBGE, 2008).
Na Figura 1 está representada a localização da área de estudo e as
características geológicas da região de Lucrécia.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 70
Figura 1. Mapa Geológico simplificado da região de Lucrécia na micro-região
Umarizal (RN). Modificado de Araújo (1995): Mapeamento Geológico da região de
Lucrécia.
As amostras de água de abastecimento foram coletadas sazonalmente
(período seco e chuvoso) no município de Lucrécia (6o07’10’’ S; 37o39’30’’ W),
entre março de 2007 e novembro de 2009. Em março de 2009 foi realizada coleta
de água de abastecimento do Centro de Biociências no Campus da UFRN
(5o50’30’’ S; 35o12’30’’ W) em Natal, que é subterrânea.
Os métodos de coleta, preservação, acondicionamento, transporte e tempo
decorrido entre a coleta e a análise seguiram as recomendações da American
Public Health Association (APHA, 2005).
2.2. Análise hídrica
2.2.1. Análise de cianobactérias
Foram coletadas duas amostras de 500 mL de água de abastecimento de
Lucrécia para as análises de cianobactérias.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 71
A quantificação e identificação das espécies de cianobactérias (céls mL-1)
nas amostras de água de consumo humano de Lucrécia foram realizadas pelo
método de Utermohl pelo Departamento de Microbiologia e Parasitologia/UFRN,
mediante a técnica de microscopia de luz (com microscópio marca Olympus) em
conformidade com a metodologia descrita pela American Public Health Association
(WHO, 2008).
2.2.2. Análise de metais
Foram coletadas 1000 mL de amostras de água de abastecimento em cada
município estudado para determinar os teores de metais.
As análises foram feitas por espectrometria de absorção atômica de chama -
EAAC (Varian model 50B) após digestão ácida da amostra, de acordo com as
recomendações da APHA (2005).
2.2.3. Análise de radiação alfa e beta total
Foram coletadas 2000 mL de água de abastecimento nos municípios de
Lucrécia e Natal para a análise da radiação alfa e beta total.
A quantificação da radiação alfa e beta total foi executada pelo
LAPOC/CNEN usando a técnica de contagem de cintilação com Eberline SAC-4
(alpha counter) e FHT-770T (beta counter).
2.3. Análise de radioatividade atmosférica
2.3.1. Análise de gás Radônio (Rn - 222)
A concentração de gás Radônio (Bq m-3) no interior das edificações da zona
urbana foram medidas por emanometria passiva do isótopo Rn-222 utilizando
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 72
detectores do tipo electret de curto e longo período (L E-PERM®) da RADELEC
System.
2.3.2. Análise de radiação Gama (γ)
No interior das construções da zona urbana também foram medidas as
emissões de radiação Gama total (cpm e µR h-1) por espectrometria com o
aparelho modelo RS-126 da marca TerraPlus®.
2.4. Material biológico
2.4.1. Células de mucosa oral humana
Para a análise das freqüências de micronúcleos (MN) e alterações nucleares
(NA) nas células de mucosa oral humana foram realizadas coletas em 28
voluntários (N=28) de ambos os sexos residentes a mais de dois anos na área
urbana de Lucrécia, com faixa etária entre 18 e 45 anos, sendo que todos eram
saudáveis, não fumantes, não utilizaram medicação (e.g., antibióticos), nem
estiveram expostos ocupacionalmente a compostos químicos durante os últimos
12 meses, e seus prógenitores até segundo grau não eram consaguíneos.
O grupo controle consistia também de 28 doadores de ambos os sexos
residentes da área urbana da capital do estado, Natal, que está localizada na
região costeira do país, distante 380 km do município de Lucrécia. Este grupo
controle possuía características de estrutura populacional e étnica semelhantes à
população de Lucrécia.
Todos os voluntários doadores de mucosa oral foram informados sobre os
objetivos e riscos da amostragem, e consentiram voluntariamente para coleta
celular. Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)
anteriormente submetido ao CEP/UFRN foi realizada a amostragem celular dos
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 73
doadores de ambos municípios estudados. A posterior manipulação e
armazenamento deste material biológico humano foram executados de acordo
com os padrões éticos estabelecidos pelo Comitê de Ética da Pesquisa Científica
da UFRN (CEP/UFRN).
2.4.2. Amostragem das células da mucosa oral, coloração e quantificação de
micronúcleo (MN) e alterações nucleares (NA)
As amostras de células de mucosa oral humana foram obtidas por
profissionais capacitados da área de saúde com espátulas de madeira estéreis e
individuais. Após a coleta, as amostras biológicas foram armazenadas a 4o C, em
tubos cônicos com 15 mL de soro fisiológico. Após, as amostras foram
transportadas para o laboratório, onde foram lavadas, centrifugadas três vezes a
1.500 rpm por 10 min e ressuspendidas em 500 µL de soro fisiológicos.
Depois 50 µL dessa suspensão celular foi aplicada numa lâmina seca e
limpa, fixadas em metanol 80 % gelado por 30 min e seca a temperatura ambiente
por 48 h. Posteriormente, as lâminas foram hidrolisadas em solução de 1 N de HCl
em estufas a 60o C, sendo a seguir coradas com reativo de Schiff (Holland et al.,
2008).
Os critérios para as avaliações de micronúcleos (MN) nas células da mucosa
oral humana seguiram as recomendações de Fenech et al. (1999). As alterações
nucleares (NA), tais quais, núcleo com brotamento (NB), células binucleadas (BN),
picnóticas (PY), cariólise (KL) e fragmentado (NF) foram classificados de acordo
com Holland et al. (2008).
Um total de 2.000 células de mucosa oral de cada voluntário do município de
Lucrécia e Natal foram analisadas usando aumento de 1.000 X em microscópio de
luz (Nikon 200 modelo eclipse).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 74
A freqüência média de MN e NA e seus respectivos desvios padrões foram
avaliados obtidos com o teste ANOVA fator único e expressos por mil (‰). O teste
t Student’s (p≤0,05) foi utilizado para comparar estatisticamente as médias de MN
e NA nessas duas populações humanas do nordeste brasileiro, conforme
recomendações de Holland et al. (2008).
3. Resultados e Discussão
3.1. Análise hídrica
3.1.1. Análise de cianobactérias
Os resultados da densidade de cianobactéria (céls mL-1) nas amostras de
água de abastecimento estão demonstrados na Tabela 1.
Tabela 1. Densidade de cianobactéria (cels mL-1) das amostras de água de
abastecimento do município de Lucrécia.
Cianobactéria (céls mL-1) Estação Chuvosa - 15/03/2007 Chuvosa - 01/10/2008
Pseudanabaena sp. 21 Aphanocapsa sp. 27
Raphidiopsis sp. 42 Cylindrospermopsis sp. 27
Cylindrospermopsis sp. 2.520 Células esféricas (ni) 5.385
Geitlarinema unigranulatum 42 Planktothrix sp. 21 Pseudanabaena galeata 210 Aphanocapsa sp. 273 Synechocystes sp. 1.554 Total 4.683 5.439
Estação Chuvosa - 03/02/2009 Seca - 03/11/2009 Aphanocapsa sp. 903 Aphanocapsa sp. 45
Pseudanabaena sp. 903 Chroococcus minor 250
Células esféricas (ni) 27.568 Cylindrospermopsis sp. 18
Células esféricas (ni) 45
Total 29.374 358
Nota1: (nd) – amostra não determinada. Nota2: (ni) – microorganismo não identificado.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 75
Nota3: Todos os valores obtidos estiveram acima dos valores máximos permitidos nas legislações da Portaria no. 518 (MS, 2004) e Orientações de Qualidade de Água Potável (WHO, 2008).
Na estação chuvosa (março de 2007), a amostra de água de abastecimento
de Lucrécia apresentou oito gêneros de cianobactérias, sendo que dois gêneros
com densidade celular elevada: o filamentosa produtor de cianotoxina,
Cylindrospermopsis sp. com densidade de 2.520 céls mL-1e Synechocystes sp.
com 1.554 céls mL-1, representando aproximadamente 54 e 33 % respectivamente
da densidade total de fitoplâncton observado nesse período úmido.
Na estação seca (outubro de 2008), a amostra de água de Lucrécia
apresentaram três populações de microorganismos, sendo que dois eram
cianobactérias: os gêneros Cylindrospermopsis sp. e Aphanocapsa sp., ambos
com densidade celular de 27 céls mL-1, representado cada gênero 0,5 % da
densidade total. O terceiro microorganismo observado tinha morfologia esférica e
unicelular, e não foi identificado (n.i), apresentou densidade celular elevada (5,385
céls mL-1), representando 99 % densidade total microorganismos observados
nesse período de estiagem.
Na estação chuvosa (fevereiro de 2009), a amostra de água apresentou dois
gêneros de cianobactérias tóxicas, Aphanocapsa sp e Pseudanabaena sp, ambas
com densidade celular de 902 céls mL-1, representando 0,5% da densidade total
de microorganismos observados. E também ocorreu em densidade elevada o
microorganismo unicelular não identificado (29.370 céls mL-1), representando 93,9
% densidade total observada nesse período úmido.
Na estação seca (novembro de 2009), a amostra de água apresentou três
cianobactérias tóxicas, os gêneros Aphanocapsa sp, Chroococcus minor e
Cylindrospermopsis sp. com densidade celular de 45, 250 e 18 céls mL-1,
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 76
representando 12, 70 e 5 % da densidade total de microorganismos observados,
respectivamente. Novamente ocorreu microorganismo unicelular não identificado
(45 céls mL-1), representando aproximadamente 13 % densidade total observada
nesse período de estiagem.
O gênero produtor de toxina (Cylindrospermopsis sp.) foi observado em três
períodos chuvosos nas amostras de água de abastecimento do município de
Lucrécia, sendo que esta espécie é produtora de citotoxinas e saxitoxinas. As
primeiras podem afetar células do fígado, estômago, coração, pulmão, rins e
órgãos linfáticos de animais e humanos. Além de causar danos genéticos in vivo e
in vitro (Humpage et al., 2000; Froscio et al., 2008).
Conforme a MS (2004) e WHO (2008), a presença de microorganismos nas
amostras de águas de abastecimento de Lucrécia nas três campanhas amostrais
não atende os critérios de potabilidade brasileira e internacional e o seu consumo
representa risco à saúde pública do município de Lucrécia.
3.1.2. Análise de metais
As concentrações dos sete metais avaliados nas águas de abastecimento
coletadas em Lucrécia, Natal e controle estão demonstrados na Tabela 2.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 77
Tabela 2. Concentração (mg L-1) dos metais avaliados nas amostras de água de
abastecimento de Lucrécia e Natal/RN e de água destilada (controle negativo).
Estação Metal (mg L-1) Lucrécia Natal Controle negativo
Chuvosa 15/03/2007
Cd <0,02 <0,02 <0,02 Cr 0,13a,b <0,01 <0,06 Cu 0,04 <0,03 <0,03 Mn <0,02 <0,02 <0,02 Ni <0,1 <0,1 <0,1 Pb <0,1 <0,1 <0,1 Zn 0,01 <0,01 <0,01
Seca 23/08/2007
Cd <0,02 <0,02 <0,02 Cr 0,08a,b <0,01 <0,06 Cu <0,03 <0,03 <0,03 Mn 0,15a <0,02 <0,02 Ni <0,1 <0,1 <0,1 Pb <0,1 <0,1 <0,1 Zn <0,01 <0,01 <0,01
Chuvosa 05/04/2008
Cd <0,02 <0,02 <0,02 Cr 0,15a,b <0,01 <0,06 Cu <0,03 <0,03 <0,03 Mn 0,03 <0,02 <0,02 Ni <0,1 <0,1 <0,1 Pb <0,1 <0,1 <0,1 Zn 0,03 <0,01 <0,01
Seca 01/10//2008
Cd <0,02 <0,02 <0,02 Cr <0,06 <0,01 <0,06 Cu <0,03 <0,03 <0,03 Mn <0,02 <0,02 <0,02 Ni 0,1a,b <0,1 <0,1 Pb <0,1 <0,1 <0,1 Zn 0,02 <0,01 <0,01
Chuvosa 03/02/2009
Cd <0,02 <0,02 <0,02 Cr <0,06 0,01 <0,06 Cu <0,03 <0,03 <0,03 Mn <0,02 <0,02 <0,02 Ni <0,1 <0,1 <0,1 Pb <0,1 <0,1 <0,1 Zn 0,05 0,05 <0,01
Nota1: a Representa as concentrações de metais (mg L-1) acima do VMP para a água potável de acordo com a Portaria no. 518 (MS, 2004). Nota2: b Representa as concentrações de metais (mg L-1) acima da VMP para água de consumo humano de acordo com orientações das Normas de Qualidade de Água Potável nos países em desenvolvimento (WHO, 2008).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 78
Nota3: < Representa as concentrações de metais (mg L-1) abaixo do limite de detecção da técnica analítica (FAAS).
O metal cromo apresentou teores acima do LMP estabelecido pelo Ministério
da Saúde do Brasil em (MS, 2004) e pela WHO (2008) para águas de consumo
humano em Lucrécia nas estações chuvosa (março de 2007), seca (agosto de
2007) e chuvosa (abril de 2008). Nestes três períodos amostrais as águas de
abastecimento de Lucrécia apresentaram concentrações desse metal tóxico (Cr)
até três vezes maiores que o VMP aceito pelas legislações de água potável.
O metal manganês apresentou na estação seca (agosto de 2007) em
Lucrécia concentração acima que o VMP para águas de consumo humano (MS,
2004), sendo que este metal em teores elevados é considerado neurotóxico para
humanos, conforme WHO (2008).
O metal níquel apresentou na estação seca (outubro de 2008) em Lucrécia
concentração acima que o VMP para águas de consumo humano (MS, 2004),
sendo que este metal é considerado cancerígeno, interfere no reparo e estrutura
cromossomal (Buschini et al., 2009; Zhou et al., 2009).
As amostras de água de Natal/RN durante todos os períodos de análises de
metais mostraram concentrações abaixo do limite de detecção da técnica analítica
(EAAC) ou do VMP das legislações brasileira e internacional (MS, 2004; WHO,
2008).
O cromo é um metal getóxico que está incluído na lista dos principais
poluentes ambientais (DeFlora et al., 1990) e sua presença na água de
abastecimento humano de Lucrécia pode estar ligada a elevada diversidade
litológica da região e representa um sério fator de risco à saúde pública do
município (MS, 2004; WHO, 2008).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 79
O consumo de cromo está associado a distúrbios do sistema circulatório e
renal, danos no fígado e ulcerações intestinais (USEPA, 2007).
Dai et al., 2009 relataram em experimentos in vitro com a linhagem humana
Hela que ambos íons de cromo, trivalente e hexavalente, são capazes de interferir
no crescimento e na proliferação celular.
Fairbrother et al., 2007 classificam o cromo com um metal tóxico que
representa um elevado risco a saúde pública, e que a ocorrência de qualquer
forma desse elemento nos ecossistemas representa significativa perda de
qualidade ambiental. Apesar de que alguns dos complexos de Cr parecem
participar da potencialização da ação da insulina, sendo, por isso, denominado de
"fator de tolerância à glicose", sendo que a ausência de Cr pode provocar
intolerância à glicose e, como conseqüência, o aparecimento de diversos
distúrbios (Rana et al., 2008; USEPA, 2007).
3.1.3. Análise de radiação alfa e beta total
As concentrações obtidas de radiação alfa e beta total nas amostras de água
de abastecimento de Lucrécia e Natal, e na amostra de água destilada (controle
negativo) estão demonstradas na Tabela 3.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 80
Tabela 3. Concentrações de radiação alfa e beta total (Bq L-1) nas amostras de
água de abastecimento dos municípios de Lucrécia e de Natal/RN, e do controle.
Estação Amostras Radiação (Bq L-1)
Total alpha Total beta
- Controle Negativo 0.14 ± 0.0 0.36 ± 0.07
Chuvosa - 15/03/2007
Lucrécia
0.98 ± 0.0a,b 2.10 ± 0.03a,b
Seca - 23/08/2007 0.27 ± 0.0a,b 0.31 ± 0.05
Chuvosa - 05/04/2008 0.25 ± 0.0a,b 0.30 ± 0.05
Seca - 03/10/2008 <0.09 ± 0.0 0.30 ± 0.05
Chuvosa - 03/02/2009 <0.09 ± 0.0 0.36 ± 0.05
Chuvosa - 24/07/2009 Natal <0.09 ± 0.0 0.22 ± 0.03
Média ± Desvio Padrão
Nota1: Os valores marcados com a letra a e b representam respectivamente diferença estatística em relação às amostras de água do controle negativo e de Natal, utilizando o teste t Student’s (p ≤ 0,01). Nota2: < Representa as concentrações de alfa (Bq L-1) abaixo do limite de detecção da técnica analítica (contagem de cintilação).
As concentrações observadas de radiação alfa e beta total na amostra de
água de abastecimento de Lucrécia na estação chuvosa (3/15/2007) foram nove e
duas vezes maiores que os VMP pelas legislações em água potável
respectivamente (MS, 2004 e WHO, 2008).
Nos períodos amostrais (seca/2007 e chuvosa/2008) os teores de radiação
alfa total nas amostras de água potável de Lucrécia foram mais de duas vezes
maiores que o VMP pelas legislações em água potável (MS, 2004 e WHO, 2008).
Os níveis médios de radiação alfa e beta total nas amostras de água de
abastecimento de Lucrécia, coletados na primeira estação chuvosa (2007),
também mostraram diferenças significativas (p≤0.01), quando comparadas aos
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 81
níveis de radiações obtidos nas demais amostragens sazonais entre agosto/2007
e março/2009 em Lucrécia.
Nos três períodos amostrais distintos, a radioatividade nas amostras de água
de abastecimento de Lucrécia esteve acima do VMP estabelecidos pela portaria
no. 518 do Ministério da Saúde do Brasil (2004) e das recomendações da WHO
(2008). Conforme as diretrizes do MS (2004) e da WHO (2008), quando a radiação
ionizante na água potável estiver acima do VMP estabelecido pela legislação,
deverão ser identificados os radionuclídeos responsáveis pela radioatividade.
A ocorrência dessas radiações ionizantes nas amostras de água de
abastecimento de Lucrécia pode levar ao acúmulo de outros subprodutos
radioativos nesses recursos hídricos (e.g., Rn). Trabalho realizado por Campos et
al. (2010) foi relatado à ocorrência de teores elevados de Rn-222 (>100 Bq m-3) e
radiação gama na atmosfera indoor de algumas residências rurais e urbanas do
município de Lucrécia.
A presença de radioatividade nas águas de abastecimento representa maior
risco, pois 95 % da exposição ao Rn é no interior das residências (indoor) e cerca
de um por cento (1 %) é a partir de fontes de água potável. E a maior parte desta
exposição à radioatividade devido ao consumo de água é durante a inalação de
Rn 222 que é liberado nas atividades humanas diárias, como tomar banho e
limpezas, sendo que 0,1 % da exposição é da ingestão de água contaminada com
radionuclídeos (WHO, 2008; NCR, 1999).
3.2. Análise de radioatividade atmosférica
3.2.1. Análise de gás Radônio (Rn - 222) in door
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 82
A maioria das habitações do município de Lucrécia não possui foro e são
cobertas por telha de cerâmica vermelha, e por sua vez o piso varia entre
cerâmica vitrificada e cimento. A presença de rachadura na estrutura das
habitações e deficiência de ventilação principalmente devido à proximidade entre
as moradias podem estar facilitando a percolação e acúmulo de Rn 222 in door.
Conforme Tabela 4, no primeiro período (chuvoso/2009), todas as habitações
da área urbana do município de excederam 100 Bq m-3 (intervalo: 170 – 6.538;
MED: 307; GM: 370; SD: 956 Bq m-3) que é o nível máximo permitido pela
Organização Mundial de Saúde (OMS, 2009). No segundo período (seco/2010), os
dados são mais dispersos (intervalo: 42 - 7.679; MED: 115; GM: 135; SD: 919 Bq
m-3), isso ocorreu possivelmente devido ao início precoce de uma anormal da
temporada de chuvas, mas a maioria das habitações continuou a apresentar
valores que ultrapassam o limite máximo de contaminante estabelecido pela OMS
(2009).
Tabela 4. Variação, média e desvio padrão da concentração do gás Rn-222 (Bq
m-3) nas habitações (in door) da área urbana do município de Lucrécia.
Estação Rn-222 (Bq m-3)
Variação Média ± Desvio Padrão
Seca - 03/11/2009 170 - 6538 370 ± 956
Chuvosa - 01/02/2010 42 - 7679 135 ± 919
Nos dois períodos analisados, o “radônio interior” variou entre 40 – 7.679 Bq
m-3, com Mediana (MED) de 237, Média Geométrica (GM) de 220 e Desvio Padrão
(SD) de 957 Bq m-3.
Normalmente o Rn 222 contribui com até 50% para a radiação de fundo e a
radiação gama de 20%. O Rn por ser um gás nobre é rapidamente expirado após
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 83
ser inalado, no entanto, as descendências do Rn (e.g., radiação alfa) combinam-
se com outras moléculas no ar e com partículas de poeira, aerossóis e fumaça, se
depositam nas vias aéreas do pulmão e podem danificar as várias células que
revestem as vias aéreas (Hellman et al., 1999). Acredita-se, por exemplo, que a
cada ano mais de 15.000 mortes por câncer de pulmão ocorrem devido à
exposição ao Rn 222 nos Estados Unidos e mais de 2.500 mortes no Reino Unido
(IARC, 1988; ATSDR, 1990; NCR, 1998).
A exposição ao Rn presente nessas casas da área urbana de Lucrécia pode
levar ao câncer de pulmão e pode estar contribuindo para a elevada
genotoxicidade em mucosa oral observada neste trabalho. Estima-se que para
níveis de 20 Bq m-3 de Rn 222 em residências, o risco de câncer de pulmão é
estimado em 0,3% (3 mortes para 1.000 pessoas). Sendo que para efeito de
comparação, o risco de morte acidental em casa é de 0,7% (7 em 1000) (OMS,
2009).
Mesmo que o risco seja muito baixo quando o Rn 222 é diluído em
ambientes abertos, em locais fechados normalmente o Rn 222 e seus
descendentes contribui com até 50 % para a radiação de fundo (USEPA,
1999a,b).
3.2.2. Análise de radiação Gama (γ) nas residências
Em ambos os períodos analisados (chuvoso/2009) o nível de radiação gama
verificado em cada habitação e variou entre 913 a 5.625 cintilações por minuto
(cpm); com MED: 3539; GM: 3505; SD: 567 cpm. Mesmo com valores médios
algumas das habitações continuaram a apresentar valores que ultrapassam o
limite máximo de contaminante estabelecido pela OMS (2009).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 84
Na Figura 2 está representada a distribuição geográfica da concentração
média de radiação gama (background) detectada em ambos os períodos de
análises (chuvoso/2009 e seco/2010) nas residências do município de Lucrécia (A)
e em detalhe na área urbana (B).
Figura 2. Distribuição geográfica (isolinha) do background da concentração média
de radiação gama (cpm) detectada em ambos os períodos analisados
(chuvoso/2009 e seco/2010) no município de Lucrécia (A) e em detalhe (µR h-1) na
área urbana (B).
3.3. Material Biológico
As principais características dos grupos de pessoas doadores de mucosa
oral de Lucrécia e Natal estão apresentadas na Tabela 5.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 85
Tabela 5. Características gerais dos doadores de mucosa oral humana (18 a 45
anos) dos municípios de Lucrécia e Natal/RN.
Local N Gênero Média etária
(média ± S.D.) Feminino Masculino
Natal (controle) 28 14 14 23,46 ± 4,39
Lucrécia (caso) 28 14 14 26,18 ± 6,76
3.3.1. Teste de micronúcleos (MN) e alterações nucleares (NA)
Os resultados das freqüências médias por mil células (‰) e desvios padrão
de micronúcleo, bem como de alterações nucleares observados em mucosa oral
humana de Lucrécia (grupo caso) e Natal (grupo controle) estão apresentados na
Tabela 6.
Tabela 6. Freqüência média de MN e NA (‰) obtidas em células de mucosa oral
de doadores de Lucrécia e Natal (grupo controle).
Local MN BN NB PY KL FN
Natal 1,23±1,19 0,62±0,93 0,07±0,22 0,43±0,76 0,87±0,89 0,00±0,00
Lucrécia 1,82±1,13a 4,23±2,48c 7,0±2,72c 3,94±3,49c 2,73±1,78c 0,59±1,00b
Média (‰) ± S.D.
Nota1: os valores marcados com as letras a, b e c representam respectivamente diferença estatística de p≤0.05, p≤0.005 e p≤0.00001 em relação ao grupo controle (Natal) com teste t Student’s. Nota2: Micronúcleos (MN) e Alterações nucleares (NA): núcleo com brotamento (NB), células binucleadas (BN), picnóticas (PY), cariólise (KL) e fragmentado (NF).
As células da mucosa oral da população humana de Lucrécia mostraram
aumento significativo (p ≤ 0.05) na freqüência de micronúcleos (MN) em relação
ao grupo controle de Natal (teste t Student’s). As células orais das pessoas dessa
cidade do semi-árido brasileiro também mostraram aumento significativo (p ≤
0.00001), em relação ao grupo controle, para a maioria das alterações nucleares
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 86
(NA) avaliadas (BN, NB, PY e KL), sendo que a frequência de fragmentos
nucleares demonstrou aumento significativo (p ≤ 0.005) com o teste t Student’s.
Estes resultados obtidos durante as análises de MN e NA com células de
mucosa oral humana em Lucrécia são bioindicadores de aumento significativo da
citotoxicidade, genotoxicidade e instabilidade genômica nesta população. O
aumento da frequência de brotamentos nucleares (NB) indica elevação de
bloqueios e interferências na amplificação gênica; as células binúcleadas (BN)
estão relacionadas às alterações na citocinese celular durante a mitose; a
degeneração ou condensamento do DNA pode gerar células com núcleos ínfimos
(PY), que são indicativos de células apoptóticas; perda total do material nuclear
(KL) indica necrose celular e a fragmentação nuclear (FN) está relacionada a
intensas quebras cromossômicas (Holland et al., 2008).
Através destes dados de MN e NA pode-se inferir que possa estar ocorrendo
aumento da morte celular programada nas amostras de mucosa oral da população
humana analisada em Lucrécia, pois a elevação desses tipos de danos genéticos
e alterações a estrutura nuclear pode, via processos apoptóticos, elevar à necrose
e à eliminação celular antes da mitose (Holland et al., 2008).
Logo, a significativa diferença na freqüência de MN e NA observada na
mucosa oral humana da população amostrada em Lucrécia em relação à da
capital do estado (Natal) indica que nessas amostras populacionais do Rio Grande
do Norte ocorreram indícios de aumento de alterações genéticas, desestruturação
nuclear e de apoptose celular. Provavelmente, essa elevação no potencial
genotóxico em humanos dessa região está sendo incrementada pela ocorrência
de poluentes hídricos e ambientais no município de Lucrécia.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 87
A ocorrência do metal tóxico cromo em diversas estações sazonais de coleta
acima dos VMP estabelecidos pelas legislações do MS (2004) e WHO (2008) na
água de abastecimento do município de Lucrécia representa elevado risco
ambiental e a saúde pública, pois pode levar a bioacumulação desse elemento
químico na população humana e também biogmanificar para todos os biomas da
região através da cadeia ecológica (Peralta-Videa et al., 2009). O trabalho recente
de Lushchak et al. (2009) descreve o cromo como um metal tóxico para a biota
aquática. Além disso, a possível presença de pesticidas nessas águas também
pode ser outro poluidor responsável pelo aumento da genotoxicidade humana
(Bortoli et al., 2009; Pastor, et al., 2001).
Outro agravante para a poluição ambiental ressaltada neste estudo foi a
radioatividade na água de consumo humano do município de Lucrécia, que
possivelmente também contribui para o aumento de genotoxicidade humana na
micro-região de Umarizal. A ocorrência de radiação ionizante é reconhecidamente
indutora de câncer em humanos. Sendo assim, exposições a doses elevadas de
radiação alfa podem até mesmo queimar a epiderme de pessoas expostas (WHO,
2008, USEPA, 1999a; NCR, 1998).
A radioatividade nas residências (indoor) do município de Lucrécia pode
estar aumentando a genotoxicidade humana na região, uma vez que o trabalho de
Smerhovsky et al. (2002), desde a década de 70, relaciona positivamente o
aumento do risco ocupacional de câncer com a ocorrência de radiação ionizante e
com aumento de aberrações cromossômicas (Sráma et al. 2008). Heepchantree et
al. (2005) durante estudo de biomonitoramento de risco de câncer de pulmão na
China associaram a presença de radioativos e outros genotóxicos ambientais com
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 88
o aumento da indução de micronúcleos e alterações cromossômicas em linfócitos
humanos.
A presença de radiação alfa e beta na água de abastecimento do município
de Lucrécia é outro poluente cancerígeno perigoso para a saúde pública nesta
área estudada, pois diversas pesquisas relacionam a ocorrência de radioatividade
e outros poluentes hídricos com o aumento de casos de câncer de bexiga em
humanos, relatam também que o tratamento hídrico convencional e posterior
desinfecção com cloro pode aumentar a toxicidade da água poluída por
radioatividade (Villanueva et al. (2007).
A presança de cianbactérias nas águas de abastecimento, provavelmente,
expõe a população humana de Lucrécia a cianotoxinas. Pois, trabalhos recentes
têm relacionado à bioacumulação de cianotoxinas e peptídeos bioativos na fauna
aquática de rios e lagos com a biomagnificação desses poluentes hídricos na
cadeia trófica do manancial e na população humana abastecida (Magalães et al.,
2003; Gkelis et al., 2006). Mendiguchía et al. (2007) advertem que a presença de
concentrações de metais e cianobactérias acima dos níveis recomendados pelas
agências regulatórias na água tratada é um forte indicador de atividade antrópica e
degradação do ambiente aquático.
De acordo com Campos e Vasconcelos (2010), todos os poluentes hídricos
relatados neste trabalho (cianobactéria, metal e radioatividade) podem ser
responsáveis, sozinhos, em associação ou sinergia pela genotoxicidade
observada na população humana de Lucrécia.
Além disso, em algumas comunidades da micro-região de Umarizal e do
município de Lucrécia ocorrem nascimentos consangüíneos que podem estar
relacionado com predisposição ao câncer e polimorfismos genéticos. Neste
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 89
sentido, Musak et al. (2008) relacionam polimorfismos em genes de metabolização
de xenobióticos e de reparo do DNA com a exposição ocupacional e aumento nas
alterações cromossômicas e extensão de danos genéticos. Já Ames (1999) e
Iarmarcovai et al. (2008) relacionam a ocorrência de consangüinidade e
polimorfismos genéticos humano com aumento da genotoxicidade, sensibilidade e
predisposição ao câncer
Outros fatores do estilo de vida e cultural (e.g., dieta) também podem
contribuir e aumentar a susceptibilidade ao potencial genotóxico de contaminantes
em população humanas expostas (Fenech e Fergunson, 2001; Fenech, 2002;
Huang et al., 2009; Ceppi et al., 2010)
4. Conclusão
Todos esses impactos negativos ocasionados pela presença de poluentes
ambientais (cianobactérias, metais e radioatividade) no município de Lucrécia/RN
acarretam em deficiências na conservação hídrica, na perda de qualidade de vida
no município, comprometem a proteção, sustentabilidade e o manejo nesta parte
da sub-bacia hidrográfica do Rio Umari.
Logo, todos esses grupos de poluentes ambientais podem ser responsáveis,
em sinergia ou isolados pelo aumento do potencial genotóxico na população
humana de Lucrécia. O abastecimento e o consumo de águas com concentrações
elevadas desses xenobióticos são reconhecidamente indutores de danos
genéticos em diversos biomas.
Desta forma, recomenda-se no intuito de minimizar os efeitos danosos
desses contaminantes sobre os diversos organismos dos ecossistemas desse
município que os órgãos de proteção à saúde pública e ambiental executem ações
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 90
preventivas e mitigadoras para a remoção ou redução desses poluentes e
intensifiquem as investigações sobre as possíveis fontes dessa degradação
ambiental. Bem como, a determinação do grau de consaguinidade e de
polimorfismos genéticos relacionados ao aumento de sensibilidade e
susceptibilidade aos cânceres na população humana da região de Lucrécia.
Referências
AMACS (American Medical Association - Council of Science) 1987: Radon in
homes. Council Report Journal American Association, 258, 668-672. Disponível
em: http://www.ama-assn.org. Acesso em 10 de nov. de 2008.
APHA (American Public Health Association). 2005. Standard methods for the
examination of water and wastewater, 19th Edition. American Water Works
Association and Water Pollution Control Federation, Washington, DC.
ATSDR (Agency for Toxic Substances and Disease Registry). 1990. Toxicological
profile for radon. (Final Report, ATSDR/TP-90/23). Atlanta, Georgia, U.S.A: Public
Health Service. Dept. of Health & Human Services. NTIS Accession No. PB91-
180422, 1–170.
Beyersmann, D., Hartwig, A., 2008. Carcinogenic metal compounds: recent insight
intomolecular and cellular mechanisms. Archives of Toxicology 82, 493–512.
Bortoli, G. M., Azevedo, M. B., Silva, L. B. 2009. Cytogenetic biomonitoring of
Brazilian workers exposed to pesticides: Micronucleus analysis in buccal epithelial
cells of soybean growers. Mutation Research 675, 1-2, 1-4.
Buschini, A., Pinelli, S., Pellacani, C., Giordani, F., Ferrari, M.B., Bisceglie, F.,
Giannetto, M., Pelosi, G., Tarasconi, P. 2009. Synthesis, characterization and
deepening in the comprehension of the biologicalaction mechanisms of a new
nickel complex with antiproliferative activity. Journal of Inorganic Biochemistry 103,
666–677.
Campos, A., Vasconcelos, V. 2010. Molecular mechanisms of microcystin toxicity
in animal cells (Review). International Journal of Molecular Sciences 11, 268-287.
Campos, T.F.C., Guedes, A.G., Petta, R. A., Nascimento, P.S.R., Pastura, V.F.S.,
Marcon, A.E., Sindern, S. 2010. Distribuição de radiação gama e radônio interior
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 91
na cidade de Lucrécia (RN, Brasil): Radioatividade natural e o risco de
malignidades. Memórias no.14, X Congresso de Geoquímica dos Países de
Língua Portuguesa, Resumo Expandido.
Ceppi, M., Biasotti, B., Fenech, M., Bonassi, S. 2010. Human population studies
with the exfoliated buccal micronucleus assay: Statistical and epidemiological
issues Mutation Research 705, 1, 11-19.
CPRM (Serviço Geológico do Brasil). Disponível em: http://www.cprm.gov.br.
Acesso em 10 de out. 2009.
Dai, H., Liu, J., Malkas, L.H., Catalano, J., Alagharu, S., Hickey, R.J. 2009.
Chromium reduces the in vitro activity and fidelity of DNA replication mediated by
the human cell DNA synthesome. Toxicology and Applied Pharmacology 236,
154–165.
DeFlora, S., Bagnasco, M., Serra, D., Zanacchi, P., 1990. Genotoxicity of
chromium compounds - A review. Mutation Research 238, 99–172.
Egito, L.C.M., Medeiros, M.G., Medeiros, S.R.B., Agnez-lima, L.F. 2007. Cytotoxic
and genotoxic potential of surface water from the Pitimbu river, northeastern/RN
Brazil. Genetic and Molecular Biology 30, 2, 435-441.
Fairbrother, A., Wenstel, R., Sappington, K., Wood, W. 2007. Framework for metal
risk assessment. Ecotoxicology and Environmental Safety. 68, 145-227.
Fenech, M. 2000. The in vitro micronucleus technique. Mutation Research 455, 81-
95.
Fenech, M. 2002. Micronutrients and genomic stability: a new paradigm for
recommended dietary allowances (RDAs). Food and Chemical Toxicology 40,
1113–1117.
Fenech, M., Fergunson, L.R. 2001. Vitamins/minerals and genomic stability in
humans. Mutation Research 475, 1-6.
Fenech, M., Holland, N., Chang, W.P., Zeiger, E., Bonassi, S. 1999. The human
micronucleus project – an international collaborative study on the use of the
micronucleus technique for measuring DNA damage in humans. Mutation
Research 428, 271-283.
Froscio, S. M., Humpage, A. R., Wickramasinghe, W., Shaw, G., Falconer, I. R.
2008. Interaction of the cyanobacterial toxin cylindrospermopsin with the eukaryotic
protein synthesis system. Toxicon, 51, 2, 191-198.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 92
FPTRPC (Federal Provincial Territorial Radiation Protection Committee, Canada),
2000. Draft Guidelines for the Management of Naturally Occurring Radioactive
Materials (NORM). Federal Provincial Territorial Radiation Protection Committee.
Disponível em: http://www.hc-sc.gc.ca. Acesso em 12 de mar. de 2009.
Gastaldo, J., Viau, M., Bouchot, M., Joubert, A., Charvet, A-M., Foray, N. 2008.
Induction and repair rate of DNA damage: A unified model for describing effects of
external and internal irradiation and contamination with heavy metals. Journal of
Theoretical Biology 251, 68–81.
Gkelis, S., Lanaras, T., Sivonen, K. 2006. The presence of microcystins and other
cyanobacterial bioactivepeptides in aquatic fauna collected from Greek freshwaters
Aquatic Toxicology 78, 32–41.
Greenlee RT, Hill-Harmon MB, Taylor M, Thun M. 2001. Cancer statistics. 2001.
Cancer Journal Clinicians 51, 15–36.
Grillo, C.A., Reigosa, M.A., Mele, M.F.L. 2009. Effects of copper ions released from
metallic copper on CHO-K1 cells. Mutation Research 672, 45-50.
Halliwell, B., Gutteridge, J.M.C., 1989. Free radicals in biology and medicine.
Clarendon Press, Oxford, UK. 200p.
Hellman, B., Friis, L., Vaghef, H., Edling, C. 1999. Alkaline single cell gel
electrophoresis and human biomonitoring for genotoxicity: a study on subjects with
residential exposure to radon. Mutation Research 442, 121–132.
Hintzsche, H., Stopper, H. 2010. Micronucleus frequency in buccal mucosa cells of
mobile phone users. Toxicology Letters 193, 1, 124-130.
Holland, N., Bolognesi, C., Kirsch-Volders, M., Bonassi, S., Zeiger, E.,
Knasmueller, S., Fenech, M. 2008. The micronucleus assay in human buccal cells
as a tool for biomonitoring DNA damage: The HUMAN project perspective on
current status and knowledge gaps – Review. Mutation Research 659, 93–108.
Huang, P., Huang, B., Weng, H., Nakayama, K., Morimoto, K. 2009. Effects of
lifestyle on micronuclei frequency in human lymphocytes in Japanese hard-metal
workers. Preventive Medicine 48, 383–388.
IARC (International Agency for Research on Cancer).1988. Monographs on the
Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans. Man-Made Mineral Fibres and
Radon, Lyon, France, 43, 1–300.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 93
IBGE. 2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.Disponível em:
http://www.ibge.gov.br. Acesso em 29 de mar. de 2010.
Instituto Nacional do Câncer – INCA. 2007. Estimativas 2008: Incidência de
Câncer no Brasil. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.inca.gov.br. Acesso
em 29 de jan. de 2009
Ishikawa, Y., Wada, I., Fukumoto, M. 2003. Cancers induced by alpha radiation
from Thorotrast. International Congress Series 1236, 191– 194.
Lushchak, O.V., Kubrak, O.I., Torous, I.M., Nazarchuk, T.Y., Storey, K.B.,
Lushchak, V.I. 2009. Trivalent chromium induces oxidative stress in goldfish brain.
Chemosphere 75, 56–62.
Magalhães, V. F., Marinho, M. M., Domingos, P., Oliveira, A. C., Costa, S. M.,
Azevedo, L. O., Azevedo, S. M. F. O. 2003. Microcystins (cyanobacteria
hepatotoxins) bioaccumulation in fish and crustaceans from Sepetiba Bay (Brasil,
RJ) Toxicon, 42, 3, 289-295.
Majer, B. J.; Kaky, B.; Knasmuller, S.; Kassie F. 2001. Use of the micronucleus
assay with exfoliated epithelial cells as a biomarker for monitoring for individual at
elevated risk of genetic damage and in chemoprevention trials. Mutation Research
489, 147-172.
Marcon, A.E., Ferreira, D.M., Moura, M.F.V., Campos, T.F.C., Amaral, V.S.,
Agnez-Lima, L.F., Batistuzzo de Medeiros, S.R. 2010. Genotoxic analysis in
aquatic environment under influence of cyanobacteria, metal and radioactivity.
Chemosphere 81, 773-780.
Mistério da Saúde do Brasil. 2004. Portaria no. 518 - Norma de qualidade da água
para consumo human. Disponível em: http://www.saude.gov.br. Acesso 12 de set.
2009.
Musak, L., Soucek, P., Vodickova, L., Naccarati, A., Halasova, E., Polakova, V.,
Slyskova, J., Susova, S., Buchancova, J., Smerhovsky, Z., Sedikova, J.,
Klimentova, G., Osinag, O., Hemminki, K., Vodicka, P. 2008. Chromosomal
aberrations in tire plant workers and interaction with polymorphisms of
biotransformation and DNA repair genes. Mutation Research 641, 36–42.
NRC (National Research Council). 1998. Health effects of exposure to radon,
Committee on health risks of exposure to radon (BEIR VI), Board on radiation
effects research. Commission on life sciences, Washington, DC, U.S.A: National
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 94
Academy Press. Disponível em: http://www.nationalacademies.org/nrc. Acesso 12
de set. 2007.
NRC (National Research Council). 1999. Risk assessment of radon in drinking
water. Committee on risk assessment of exposure to radon in drinking water, board
on radiation effects research, Commission on Life Sciences, Washington, DC,
U.S.A. Disponível em: http://www.nationalacademies.org/nrc. Acesso 12 de set.
2007.
NRPB (National Radiological Protection Board). 1990. Medical, Occupational and
Public Exposure: Guidance on the 1990: Recommendations of ICRP value of Unit
Collective Dose for Use in the 1990s. Disponível em: http://www.nrpb.org.uk.
Acesso em 13 de jan. de 2008.
Pastor, S., Gutiérrez, S., Creus, A., Cebulska-Wasilewska, A., Marcos, R. 2001.
Micronuclei in peripheral blood lymphocytes and buccal epithelial cells of Polish
farmers exposed to pesticides. Mutation Research 495, 1-2, 147-156.
Peralta-Videa, J.R., Lopez, M.L., Narayan, M., Saupe, G., Gardea-Torresdey, J.
2009. The biochemistry of environmental heavy metal uptake by plants:
Implications for the food chain. The International Journal of Biochemistry and Cell
Biology 41, 8-9, 1665-1677.
Rana, S.V.S. 2008. Metals and apoptosis: Recent developments (Review). Journal
of Trace Elements in Medicine and Biology 22, 262–284.
Seoane, A.I., Dulout, F.N. 2001.Genotoxic ability of cadmium, chromium and nickel
salts studied by kinetochore staining in the cytokinesis-blocked micronucleus
assay. Mutation Research 490, 99–106.
Serra, C. V., Castro, S. S. L., Baptista, G. M. M.; Castro, C. F. S.; Zara, L. F. 2006.
Environmental trace elements associated with cancer risk - Lucrécia-RN/Brazil.
Environmental and Molecular Mutagenesis 47, 476.
Smerhovsky, Z., Landa, K., Rossner, P., Juzova, D., Brabec, M., Zudova, Z., Hola,
N., Zarska, H., Nevsimalova, E. 2002. Increased risk of cancer in radon-exposed
miners with elevated frequency of chromosomal aberrations. Mutation Research
514, 165–176.
Sráma, R.J., Rössner, P., Smerhovský, Z. 2004. Review - Cytogenetic analysis
and occupational health in the Czech Republic. Mutation Research 566, 21–48.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 95
U. S. EPA (Environmental Protection Agency). 1999a: Guidelines for exposure to
naturally occurring radioactive materials board on radiation effects. Report of
Commission on Life Sciences and National Research Council. National Academic
Press, Washington, D.C. Library of Congress Number, 98-83159. International
Standard Book Number 0-309-06297-7.
U. S. EPA (Environmental Protection Agency). 1999b: Health risk reduction and
cost analysis for radon in drinking water. Federak Register, 64, 38, 9559.
U.S. EPA (Environmental Protection Agency). 2007. Framework for metal risk
assessment. Risk Assessment Forum, Washington, DC; EPA 120/R-07/001.
UNSCEAR (United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomica
Radiation). 2000. Report on sources and effects of ionizing radiation to the general
assembly (2 Volumes), United Nations, Vienna. Disponível em:
http://www.unscear.org. Acesso em 20 abr. de 2009.
UNSCEAR (United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomica
Radiation). 2001. Report on hereditary effects of radiation to the general assembly.
Unit. Nations. Vienna. Disponível em: http://www.unscear.org. Acesso em 20 abr.
de 2009.
Villanueva, C.M., Grimalt, J.O, Malats, N., Silverman, D., Tardon, A. 2007. Bladder
cancer and exposure to water disinfection by-products through ingestion, bathing,
showering, and swimming in pools. American Journal of Epidemiology, 165, 148-
156.
WHO (World Health Organization). 2008. Guidelines for drinking-water quality
incorporating 1st and 2nd addenda,Vol. 1, Recommendations.– 3rd ed. ISBN 978
92 4 154761 1. Disponível em: http://www.who.int. Acesso em 23 de mar. de 2009
WHO/IPCS (World Health Organization/International Programme on Chemical
Safety), 1998, Copper, Environmental health criteria document no, 200, Geneva,
Switzerland.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 96
4. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES
Durante o monitoramento da genotoxicidade usando peixes (O. niloticus) do
açude Lucrécia, as freqüências de modificações nucleares nos eritrócitos
branquiais (MN e NA) foram significantemente maiores que no grupo de peixes do
controle negativo.
Já essas mesmas análises de genotoxicidade (teste de MN e NA) realizadas
com as células de mucosa oral da população humana que residiam na área
urbana do município de Lucrécia também apresentaram aumento significativo em
relação ao grupo humano comparativo da capital do estado do Rio Grande do
Norte (Natal/RN).
Contudo, foram observados nas águas de Lucrécia teores elevados de
alguns metais, elevada densidade de espécies de cianobactérias tóxicas e de
radioatividade. Além disso, os representantes da ictiofauna (O. niloticus) do açude
público de Lucrécia apresentaram bioacumulação aguda e crônica de metais
genotóxicos. Todos esses poluentes possivelmente elevam degradação ambiental
e a genotoxicidade nos biomas aquáticos, e estão impactando negativamente toda
a região de Umarizal. A ocorrência de radioatividade nas águas do açude de
Lucrécia, já detecta anteriormente por Malanca et al. (1998), é indicatio de
degradação ambiental. A presença de metais nas águas e nos peixes desse
manancial pode ser um agravante para a bioacumulação de metais já detectada
na população humana desse município (Serra et al., 2006).
Desta forma, a presença desses poluentes ambientais em associação,
sinergia ou mesmo isolados pode ser respponsável pelo aumento de
genotoxicidade animal e humana observada e pela elevada ocorrência de tumores
nessa região semi-árida do estado do rio Grande do Norte (INCA, 2007).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 97
Sugerimos que os grupos de poluentes detectados nas águas do município
de Lucrécia estão cooperando para degradação ambiental e perda de qualidade
hídrica na região. A poluição ambiental observada nesta área de estudo,
provavelmente, está induzindo aumentos na freqüência de doenças degenerativas
e diminuindo a expectativa de vida das comunidades humanas abastecidas.
Logo, a recreação, consumo, uso dessas águas está comprometido, à
medida que representa riscos à saúde pública da região e, mesmo que atualmente
esses recursos hídricos não estejam mais sendo disponibilizados para o
abastecimento humano, os poluentes contidos no recurso hídrico dessa área da
sub-bacia do Rio Umari ainda representa risco ao ser humano e aos ecossistemas
de toda a região do médio oeste Potiguar.
Durante a execução deste trabalho científico inferimos que a degradação
ambiental nos mananciais dessa região possivelmente é incrementada pelo
inadequado uso e ordenamento das áreas de proteção permanente (APP) e das
terras de entorno do açude de Lucrécia. Pois, a ausência de conservação das
matas ciliares nativas nos afluentes e de atividades de agropecuária nas margens
do reservatório público de Lucrécia é de fácil e rápida constatação. Seguramente
este fato colabora para a lixiviação de poluentes para o interior do manancial.
Este trabalho propiciou intenso enriquecimento científico, cultural e social
para os seus autores. Esta pesquisa científica cumpriu e executou, com êxito, o
cronograma estabelecido no seu projeto. Durante todos os períodos de estudos na
os pesquisadores contaram com a ajuda e colaboração das Prefeituras de
Lucrécia e de Frutuoso Gomes, do Laboratório de Recursos Naturais do IFRN,
bem como, de diversos centros acadêmicos e departamentos de pesquisa
científica da UFRN, entre os quais se destacam: Departamento de Biologia
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 98
Celular e Genética, Departamento de Ciências da Saúde, Departamento de
Departamento de Geologia, Departamento de Microbiologia e Parasitologia e
Departamento de Química.
Recomenda-se que trabalhos futuros nessa região do nordeste brasileiro
abordem a determinação da localização das fontes desses poluentes ambientais,
no intuito de mitigar seus efeitos negativos para as populações humanas e
ecossistemas da região. Sugerimos que novos estudos na população humana da
região de Lucrécia determinem polimorfismos genéticos, sensibilidade e
predisposição ao desenvolvimento de cânceres, e também o grau de
consangüinidade dessa comunidade do semi-árido brasileiro. Conforme os
trabalhos de Ames (1999) e de Iarmarcovai et al. (2008), polimorfismos e outras
alterações gênicas podem aumentar genotoxicidade e a formação de tumores em
populações humanas expostas a poluentes ambientais.
Esperamos que este trabalho científico sirva de referência para futuras
pesquisas nessa região semi-árida do Rio Grande do Norte, que contribua de
forma relevante para a melhoria da qualidade ambiental na área, e auxilie na
redução e mitigação do potencial genotóxico das águas do município de Lucrécia.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 99
5. APÊNDICE
5.1. Lista de Publicações em Eventos
Resumos Publicados em Anais de Congressos:
Eventos Internacionais:
Marcon, A. E.; Guedes, A. G.; Campos, T. F. C.; Ferreira, D. M.; Agnez-Lima, L. F.;
Batistuzzo de Medeiros, S. R. Avaliação de metais e radioatividade alfa e beta
total nas águas do açude de Lucrécia, localizado na região oeste do Rio Grande
do Norte, Brasil. In: X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua
Portuguesa, 2010, Porto/Portugual.
Campos, T. F. C.; Guedes, A. G. ; Marcon, A. E. Distribuição da Radiação Gama e
Radônio Interior na cidade de Lucrécia (RN, Brasil): Radioatividade natural e o
risco de malignidades. In: X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua
Portuguesa, 2010, Porto/Portugual.
Marcon, A. E.; Moreira, D. A.; Campos, T. F. C.; Moura, M. F. V.; Agnez-Lima, L.
F.; Batistuzzo de Medeiros, S. R. Comet Assay in Gill Erythrocytes (Oreochomius
Niloticus) for Evaluation of Genotoxicity in Dam of Lucrécia, Rio Grande do Norte
Brazil. In: 10th International Conference on Environmental Mutagens, 2009,
Florença/Italy.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 100
Eventos Nacionais
Marcon, A. E.; Garcia, A.C.F.S.; Guedes, A. G.; Campos, Thomas Ferreira da
Costa; Amaral, V. S.; Batistuzzo de Medeiros, S. R. Avaliação de metais e
radioatividade alfa e beta total nas águas do açude de Lucrécia, Rio Grande do
Norte, Brasil.. In: XI Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia, ECOTOX, 2010.
Bombinhas/SC.
Garcia, A.C.F.S.; Marcon, Alexandre Endres; Ferreira, Douglisnilson de Morais;
Amaral, V. S.; Batistuzzo de Medeiros, S. R. Análise do potencial genotóxico das
águas superficiais do açude de Lucrécia (RN-Brasil) através do teste de
micronúcleo. In: XI Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia, ECOTOX. 2010,
Bombinhas/SC.
Guedes, A. G.; Marcon, A. E.; Campos, T. F. C. Concentração de radônio-222 em
fontes de água potável de Lucrécia/RN. In: 62a. Reunião Anual da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência, Ciência do Mar: herança para o futuro,
2010, Natal/RN.
Marcon, A. E.; Moreira, D. A.; Sisenando, H.A.A.A.C.N.; Ferreira, D. M.; Campos,
T. F. C.; Moura, M. F. V.; Agnez-Lima, L. F.; Batistuzzo de Medeiros, S. R. Análise
genotóxica das águas do açude de Lucrécia/RN com os testes micronúcleo e
cometa em eritrócitos de O. niloticus. In: XVI Congresso Brasileiro de Toxicologia,
2009, Belo Horizonte/MG.
Amaral, V. S.; Alves, N. O. ; Moreira, D. A.; Cabral, T. M. ; Galvão, M. F. O.;
Marcon, A. E.; Batistuzzo de Medeiros, S. R. Análise do potencial genotóxico das
águas superficiais do açude de Lucrécia-RN através do teste de micronúcleo em
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 101
Tradescantia pallida. In: IX Congresso da Sociedade Brasileira de Mutagênese,
Carcinogênese e Teratogênese Ambiental, 2009, Ouro Preto/MG.
Galvão, M. F. O.; Moreira, D. A.; Marcon, A. E.; Barbosa, J. S.; Batistuzzo de
Medeiros, S. R. Análise do potencial genotóxico das águas do açude de
Lucrécia/RN, através do teste Allium cepa, considerando a freqüência de
micronúcleos nas regiões meristemáticas e F1. In: 59º. Congresso Nacional de
Botânica, 2008, Natal/RN.
Marcon, A. E.; Moreira, D. A.; Agnez-Lima, L. F.; Batistuzzo de Medeiros, S. R.
Genotoxicidade do extrato orgânico (XAD-4) das águas do açude de Lucrécia em
células CHO-9 com o teste Cometa. In: 54o. Congresso Brasileiro de Genética,
2008, Salvador/BA.
Marcon, A. E.; Moreira, D. A.; Agnez-Lima, L. F; Batistuzzo de Medeiros, S. R.
Análise Genotóxica das águas do açude de Lucrécia/RN com o teste de
micronúcleo em eritrócitos de Oreochromis niloticus. In: VIII Congresso Brasileiro
de Mutagênese, Carcinogênese e Teratogênese Ambiental, 2007,
Mangaratiba/RJ.
Moreira, D. A.; Marcon, A. E.; Barbosa, J. S.; Cabral, T. M.; Oliveira, G. B.; Agnez-
Lima, L. F.; Batistuzzo de Medeiros, S. R. Análise do Potencial Genotóxico das
águas do açude de Lucrécia-RN, através do teste Allium cepa, considerando a
freqüência de micronúcleos na região F1. In: VIII Congresso Brasileiro de
Mutagênese, Carcinogênese e Teratogênese Ambiental, 2007, Mangaratiba/RJ.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 102
5.2. Apresentação: 10th International Conference on Environmental Mutagens.
COMET ASSAY IN GILL ERYTHROCYTES (OREOCHOMIUS NILOTICUS) FOR
EVALUATION OF GENOTOXICITY IN DAM OF LUCRÉCIA, RIO GRANDE DO
NORTE – BRAZIL.
AE Marcon (1), DA Moreira (2), DM Ferreira (3), TFC Campos (4), MFV Moura (5),
LF Agnez-Lima (1,2), SR Batistuzzo de Medeiros (1,2)
(1) Center of Sciences of the Health, University Federal of Rio Grande do Norte,
Natal, Brazil;
(2) Department of Cellular Biology and Genetic, University Federal of Rio Grande
do Norte, Natal, Brazil;
(3) Laboratory of Natural Resources, Institute Federal of Rio Grande do Norte,
Natal, Brazil;
(4) Department of Geosciences, University Federal of Rio Grande do Norte, Natal,
Brazil;
(5) Department of Chemical, University Federal of Rio Grande do Norte, Natal,
Brazil.
e-mail addresses: [email protected] (SR. Batistuzzo de Medeiros)
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 103
INTRODUCTION
The Dam of Lucrécia is one of the main superficial water reservoirs of
supplying in volume of this region of the State of the Rio Grande do Norte (Fig. 1),
that possess two distinct rain stations (dry and humid). The fishes (O. niloticus) are
sensible biomarker for genetic ecotoxicology studies in freshwater. Comet test
(SCGE) is a method for rapid screening of chemical contaminant dangerous and
presence of pollutants with genotoxicity potential in environmental aquatic. SCGE
is currently the most widely employed method to detect DNA lesions in eco-
genotoxicology. The impact of genotoxic chemicals on the integrity of cellular DNA
is one of the first events in aquatic organisms exposed to natural and
anthropogenic contaminants (Frenzilli et al., 2009).
Figure 1 - Map of the Dam of Lucrécia, Rio Grande do Norte - Brazil.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 104
MATERIALS AND METHODS
Sample collection
Twenty five (N=25) fishes (O. niloticus) known popularly as tilapia do Nilo
(exotic) were seasonality collected in study reservoir between October of 2006 (dry
season) to April of 2008 (rainy season) and nine (N=9) in Negative control group
maintained by 120 days in aquarium with distilled water (Tab.1).
Table 1 – Means of weight (g) and lenght (cm) of the fish (O. niloticus) collected in
Dam of Lucrécia and Negative control group.
Season Local N Weight (g) Lenght (cm)- Negative Control 9 106.22 ± 25.77 18.22 ± 2.59
dry/2006 5 342.00 ± 142.10 25.20 ± 2.84rain/2007 10 675.60 ± 142.09 30.25 ± 2.82dry/2007 6 343.67 ± 43.01 28.17 ± 3.31rain/2008 4 650.00 ± 60.96 27.75 ± 1.26
Dam of Lucrecia
Mean ± Standard Deviation
0
10
20
30
40
50
60
70
80
% C
lass
l of D
NA
dam
age
NC dry/2006 rain/2007 dry/2007 rain/2008
Class 0
Class 1
Class 2
Class 3
*
*
**
*
*
**
**
*
*
Figure 2 – Percentual of class of DNA damage (Class 1 to 3) in gill erythrocyte
cells of the fish species O. niloticus of Dam of Lucrécia and Negative control group
by Comet test.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 105
* represent significant statistical difference (p≤0.05) compared to control
(Dunnett's T test) and bars represent the more S.D. of each class of DNA damage.
RESULTS AND DISCUSSSION
This trench belongs to one of the most important hydrograph basin of this
region of Rio Grande do Norte – northeast of Brazil with seasonal disparate in rain
distribution. The results of Comet test demonstrated significance difference
(p≤0.05) and increased in frequencies breaks on strand of nuclear DNA
(Kobayashi et al., 1995) of gills blood erythrocytes cells of the fish averaged in
Dam of Lucrécia when related from to the negative control group (aquarium fishes)
by Dunnett’s T test (Fig.2). The obtained results showed that this reservoir
possess genotoxic compounds for aquatic vertebrate that can be elevating to
frequencies of damage of DNA erythrocytes of the exposed fish.
FINAL CONSIDERATIONS
These obtained data suggest increased of genotoxicity potencial on water of
Dam of Lucrécia, indicating a possible risk to the ictiofauna this aquatic
ecosystem.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 106
5.3. Artigo da dissertação de mestrado de Anuska Conde Fagundes Soares Garcia
em submissão na Revista internacional Science of Total Environmental:
STUDY ON WATER QUALITY AND MUTAGENICITY OF A SURFACE WATER
FROM A SEMI-ARID REGION BY MICRONUCLEUS ASSAYS
A. C. F. S. Garcia a, A. E. Marcon b, Ferreira, D.M c, E. A. B. Santos d, V. S. Amaral
a, S. R. Batistuzzo de Medeiros a,b *
a Departamento de Biologia Celular e Genética, Centro de Biociências,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brazil.
b Progama de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Centro de Ciências da
Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brazil.
c.Laboratório de Recursos Naturais, Instituto Federal de Tecnologia do Rio Grande
do Norte (IFRN), Natal, RN, Brazil
d Departamento de Estatística, Centro de Ciências Exatas e da Terra,
Universidade Federal de Sergipe (UFS), Sergipe, AL, Brazil.
* Corresponding author:
Dra. Sílvia Regina Batistuzzo de Medeiros.
Departamento de Biologia Celular e Genética, CB – UFRN
Av. Salgado Filho, s/n - Campus Universitário
Lagoa Nova
Natal, 59072-970, RN, Brazil
Tel.: # 55.84.3211-9209; Fax # 55.84.3215-3346
E-mail address: [email protected]
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 107
Abstract
The present study evaluated the mutagenic potencial of the surface water from the
Lucrécia dam by analyzing micronuclei in Tradescantia pallida (Trad-MCN) and in
human peripheral blood lymphocytes (CBMN) assay, which correspond an in vivo
and in vitro system, respectively. In addition, heavy metals and physicochemical
properties were measured. Water samples were collected on 2009 November (dry
season) and 2010 May (rainy season), in three distinct points. The results of both
assays for the raw water showed positive responses for the points analyzed when
compared to the respectively negative control. Using the CBMN assay it was
possible to verify that the water diluted was still capable to induce a significant
increase in micronucleus frequency. The highest MN medium was observed in the
dry season for both assays. Chemical analyses detected an increase of heavy
metal levels in the sample points and different seasons. These results point out the
presence of genotoxins in this water, involving heavy metals, which may be
affecting all the ecosystem, including human population. It is recommended a
longer water quality monitoring to provide a better characterization of this public
supply.
Key words: CBMN, Tradescantia pallida, water pollution, genotoxicity, heavy
metals
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 108
1. Introduction
The water quality of many reservoirs in the world has been reduced due to
percolation of contaminants to water, which can have natural or anthropogenic
origin, increasing the level of genotoxic compounds in aquatic ecosystems. This
fact has contributed to the reduction of environmental quality, and commitment the
health of living beings that inhabit these ecosystems, including the human
population (Ohe et al., 2004; Lemos et al., 2007; Liu et al., 2009).
In this backdrop of reduced water quality, is the Lucrécia dam (Figure 1),
which is a major surface water reservoirs by volume of semi-arid region of Rio
Grande do Norte, Brazil, and that has shown contamination by heavy metals,
cyanobacteria toxic, presence of alpha and beta radiation and a potential of
genotoxicity using fishes from this dam (Marcon et al., 2010). The population that
use this source has been showing high rates of cancer, popularly associated with
the consumption of this water, with a prevalence about three times higher
compared to the whole state of Rio Grande do Norte (INCA-BRAZIL, 2007). It has
been proven by some studies that the pollution of water source has certain
relationship with endemic cancers of human beings (Zhang et al., 2003; Villanueva
et al., 2007).
In order to study environmental genotoxicity, it should be understood that the
environmental sample consists of a complex mixture of substances that requires
the choice of different methods for genetic evaluation (Vargas et al., 2001). Among
these methods, the micronucleus test is one of the most widely used and is gaining
increased attention among laboratories active in the field of environmental
mutagenesis. Different cells from different organisms are being used for this
analyses such as plants (Barbosa et al., 2010), molluscs (Danellakis et al., 2011),
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 109
fish (Egito et al., 2010), human oral mucosa (Bortoli et al., 2009), human cell line
(Hashizume et al., 2009) and human lymphocytes (Wnuk et al., 2009).
The Tradescantia micronucleus bioassay (Trad-MN) is very useful tool for
screening the mutagenic potential in the environment due the capability to detect
low-level genotoxicity in either short-term in situ exposures or in vivo tests with un-
concentrated water samples (Rodrigues et al., 1997; Knasmuller et al., 2002; Misik
et al., 2006). On the other hand, the micronucleus in peripheral blood lymphocytes
has been considered as a predictive of increased cancer risk in human population
(Bonassi et al., 2007; Murgia et al., 2008).
The aim of this study is to assist the evaluation of the genotoxicity from the
Lucrécia dam, by micronucleus test, using two systems an in vivo (TRAD-MCN)
and other in vitro (CBMN) in a dry and a rainy season. Also, the levels of
cadmium, copper, zinc, lead, chromium, manganese and nickel were measured.
2. Material and Methods
2.1. Collection sites and sampling
In order to assess the genotoxicity of the Lucrécia dam, three monitoring sites
were chosen (Figure 1): P1 (6o 33’ 7.62” S/ 93o 23’ 515” W) is located near
the water up-take for public distribution by CAERN and is the point more
accessible for the population; P2 (6o 31’ 4.48” S/ 93o 23’ 8.46” W) is in the
opposite side of P1 and is located at the confluence of tributaries rivers; P3
represents the tap water of the houses.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 110
Figure 1. Location of the Lucrécia dam study area in semi-arid region of Rio
Grande do Norte – Brazil
Water samplings were carried out in November 2009 and May 2010,
corresponding dry and rainy season, respectively. About 3 L of surface water for
each point was collected in pre-cleaned amber flasks at a death of 50 cm, stored at
4o C for 4 days, and then divided into aliquots and kept in a freezer at -20o C as
described in Vargas et al. (2001).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 111
2.2. Water chemical analysis
The levels of cadmium, chromium, copper, lead, manganese, nickel and zinc
were determined by flame atomic absorption spectrometry. Also, some
physicochemical characterization such as pH, turbidity, total floating solids,
ammonia nitrogen (NH3), nitrite (NO2-) and nitrate (NO3
-). All these characterization
was done following the APHA (2005) guidelines.
2.3. Tradescantia Micronucleus Assay
This assay was carried out using Tradescantia pallida according to the
protocol of Ma (1981). Young stems with inflorescences of T. pallida were collected
from plants cultivated in humus soil and fertilized with a formulation of N:P:K
(10:10:10). The plants were kept in full sun and watered daily with distilled water,
maintaining the ideal conditions. For the micronucleus tests, we used the raw water
(undiluted) of each point sampled. In this study, formaldehyde (0.2 %) was used as
a positive control and distilled water was utilized as a negative control.
In conducting the bioassay, about 15-30 cuttings of T. pallida for each point
were collected and maintained in the hydroponic system with Hoagland solution for
24 hours. After that, the cuttings were immersed in a 560 mL of the water to be
assayed. The duration of the exposure time was 12 h followed by a process of
recovery for 24 h with Hoagland solution. After that, the inflorescences were fixed
in 1:3 aceto-ethanol (Carnoy´s) solution for 24 hours and stored in 70 % alcohol.
Slides were prepared from the buds, and the micronucleus frequency in
meiotic pollen mother cells was evaluated (Ma et al., 1981). A total of 3000 tetrads
were scored for each sample. The data were expressed as MCN at 100 tetrads.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 112
2.4. Lymphocyte culture and CBMN assay
A 5 mL peripheral blood was obtained once from three healthy young donor
males with normal karyotypes. For each donor, one series of cultures was
prepared with two parallel cultures for every sample tested. In this test, were used
not only the raw water but also the water diluted to 50 % and 25 %, to evaluate the
dose response.
Whole blood cultures were then set up according Huang et al. (2009). Briefly,
0.3 mL of whole blood was added to 4.7 mL of RPMI 1640 culture medium
containing 10 % fetal bovine serum, 1 % penicillin/streptomycin and 5 %
phytohaemaglutinin (PHA). Twenty-four hours after PHA stimulation, cultures were
supplemented with 200 μL of water samples, which were previously sterilized in a
Sartorius filter with a 0.22 µm pore membrane. The negative control was sterile
distilled water and the positive control was 0.1 μg mL-1 of Mitomycin-C. Forty-four
hours after PHA stimulation 4.5 μg mL-1 Cytochalasin B was added to the cultures
to accumulate cells that had completed one nuclear division at the binucleated
stage (Fenech, 2000). Blood cultures were incubated for a total of 72 h at 37o C.
The lymphocytes were collected by centrifuge (1000 rpm 5 min-1), and then treated
with 0.075 M KCl followed by fixing 3 times in 5 mL methanol/glacial acetic acid
(3:1). The cell suspension was dropped on a slide, stained with Giemsa (1:40
phosphate buffer pH= 6.8) and then the frequencies of micronuclei were measured
in 1000 binucleated cells, for each donnor, totalizing 3,000 cells per sample,
according to Fenech (2003).
As a parameter for cytostatic, the nuclear division index (NDI) was assessed
according to the formula: NDI=[M1 + 2(M2) + 3(M3) + 4(M4)]/N, where M1-M4
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 113
indicate the number of cells with 1-4 main nuclei and for which 1000 cells per
donor/sample (N) were scored, as recommended by Fenech (2007).
2.5 Statistical analysis
Statistical analyses were performed using the R software 2.12.0 (R
Development Core Team, 2010). The variables were assessed for normality using
the Kolmogorov-Smirnov test. For TRAD-MN the difference groups among sample
sites were determined by ANOVA one-way followed by Tukey test as a post hoc
test. For the comparisons of the means of MN in human lymphocytes was used
Kruskal-Wallis Test. Statistical differences were considered significant for p ≤ 0.05.
3. Results
3.1 Physicochemical and heavy metals characterization
The physicochemical characterization of the surface waters in the different
seasons is summarized in Table 1.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 114
Table 1. Physicochemical characterization of water samples collected from
Lucrécia dam.
Season Parameter Sample Points
P1 P2 P3
Dry
pH 8.00 8.00 8.70
Turbidity, NTU 3.33 3.33 0.10
Total floating solids, mg L-1 273.60 261.00 230.00
NH3, mg L-1 0.24 0.04 0.03
NO2-, mg L-1 0.00 0.00 0.00
NO3-, mg L-1 0.00 0.00 0.00
Rainy
pH 7.07 7.46 7.77
Turbidity, NTU 6.72 9.50 0.57
Total floating solids, mg L-1 207.80 208.30 207.70
NH3, mg L-1 0.43 0.07 0.10
NO2-, mg L-1 0.00 0.00 0.00
NO3-, mg L-1 0.00 0.00 0.02
Note: NTU represent Nephelometric Turbity Unit.
All the properties analyzed like pH, turbidity, ammonium, nitrite and nitrate,
were within the limits allowed by the Brazilian law (Portaria no. 518/MS, 2004).
The concentrations of the seven metals analyzed are shown in Table 2.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 115
Table 2. Concentrations (mg L-1) of the metals measured in the water samples from
different points at the Lucrécia dam and the maximum allowed values by CONAMA
and WHO.
Season Metal CONAMA (A) WHO (B) Sample Points (mg L-1)
P1 P2 P3
Dry
Cd 0.001 0.003 0.004a,b 0.004a,b 0.003a
Cu 0.009 1.000 0.349a 0.005 0.031a
Cr 0.005 0.050 0.004 0.004 0.005
Mn 0.100 0.100 0.079 0.067 0.007
Ni 0.025 0.020 0.003 0.005 0.003
Pb 0.010 0.010 0.007 0.005 0.003
Zn 0.180 3.000 0.006 0.020 0.008
Rainy
Cd 0.001 0.003 0.000 0.005a,b 0.000
Cu 0.009 1.000 0.000 0.000 0.000
Cr 0.005 0.050 0.000 0.000 0.000
Mn 0.100 0.100 0.195a,b 0.105a,b 0.000
Ni 0.025 0.020 0.000 0.050a,b 0.000
Pb 0.010 0.010 0.050a,b 0.000 0.000
Zn 0.180 3.000 0.015 0.000 0.010
(A) Maximum values allowed by Brazilian legislation – resolution no. 357/2005 of
the National Council of the Environment (CONAMA);
(B) Maximum values allowed according Chemical Hazards in Drinking Water of
World Health Organization (WHO, 2003); a Values above the allowed limit according to CONAMA (2005); b Values above the allowed limit according WHO (2003).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 116
At the dry season the level of copper at the P1, were 38 times higher than the
Maximum Permitted Level (MPL) for class 2 and 3 waters, according to CONAMA
(2005) and above the criteria maximum concentration of chemical hazards in
drinking water (WHO, 2003). For cadmium, all three collected points (P1, P2, P3)
showed concentrations above the established for CONAMA (2005) and P1 and P2
above the criteria maximum concentration of chemical hazards in drinking water
(WHO, 2003). Also, in P3 it was found Copper above the Brazilian legislation. On
the other hand, in the rainy season, were found levels of cadmium (P2), lead (P1),
manganese (P1 and P2) and nickel (P2) above the allowed limits of both agencies.
3.2. Tradescantia Micronucleus Assay
The frequency of micronuclei in the Trad-MCN observed for each sample
site, for dry and rainy season are summarized in Table 3.
Table 3. Frequency of micronuclei (MN% ± S.D) obtained for T. pallida exposed to
different points of the raw water samples from the Lucrécia dam.
Season Negative
Control
Positive
Control
Sample Points
P1 P2 P3
Dry
1,46 ± 0,76 4,25 ± 0,86***
4,23 ± 1,11** 3,49 ± 0,59** 2,79 ± 0,75**
Rainy 2,43 ± 0,95 2,66 ± 0,80** 1,50 ± 0,36
Note: values marked for * (p ≤ 0.05); ** (p ≤ 0.01); *** (p ≤ 0.001) represent
statistical differences compare to negative control by Tukey test.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 117
All the water samples collected in the dry season showed a significant
increase in MN frequency compared to the negative control. In the rainy season,
only the P2 lead an increase in the MN frequency.
Comparing the respective points in the different seasons, it was observed that
P1 in dry season showed a significant increase in the MN frequency when
compared to the rainy season (p ≤ 0.001).
3.3. Lymphocyte culture and CBMN assay
Table 4 shows the results obtained by the analysis of CBMN assay in human
lymphocytes induced by water samples from the Lucrécia dam. In this assay, water
was also diluted to 50 % and 25 % to observe the concentration-response in the
micronucleus frequency. This frequency was proportional to the water
concentration.
In the dry season, the P1 was statistically significant for the three water
concentrations compared to control, as well as the P2 was significant for the raw
water and water diluted to 50 %. The P3 didn´t show positive response for any
sample. In the rainy season, P1 and P2 were statistically significant only for the
raw water. Analyses were performed between the respective points for the raw
water comparing the dry and rainy seasons and it was not found statistical
difference between the seasons, although in the dry season the MN medium was
higher.
Besides the micronucleus frequencies, the values of Nuclear Division Index
are also shown in the Table 4.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 118
Table 4. Frequency of micronuclei in human lymphocytes and NDI by different
dilutions of the water samples from different points at the Lucrécia dam.
Season Dilution
Sample Points
P1 P2 P3
MN‰ ± S.D. NDI MN‰ ± S.D. NDI MN‰ ± S.D. NDI
Dry
Raw water 15.00 ± 2.00** 1.96 11.0 ± 2.64** 2.00 6.67 ± 1.53 1.97
50% diluted 8.33 ± 1.53* 1.97 8.00 ± 1.53* 2.02 5.67 ± 1.53 1.97
25% diluted 7.33 ± 1.15* 1.92 5.67 ± 1.53 1.973 5.67 ± 0.58 2.00
Rainy
Raw water 12.67 ± 2.31** 1.99 8.67 ± 1.53** 1.93 7.00 ± 2.00 1.99
50% diluted 6.67 ± 2.08 2.00 6.33 ± 2.31 1.96 5.33 ± 1.15 2.01
25% diluted 6.33 ± 0.58 2.00 5.67 ± 1.15 1.96 6.00 ± 1.00 1.98
Negative
Control - 5.33 ± 0.57 2.06
Positive
Control - 41.33 ± 4.04*** 1.82*
Note: values marked for * (p ≤ 0.05); ** (p ≤ 0.01); *** (p ≤ 0.001) represent
statistical differences compare to negative control by Kruskal–Wallis test.
This nuclear division index (NDI) showed no significant difference in relation
to negative control, showing that the samples are not cytotoxic to human
lymphocytes.
4. Discussion
Contamination of water used for public supply is considered a major risk
factor for human health. The high concentrations of xenobiotics from urban,
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 119
agricultural and industrial wastes contributed to the increase of the genotoxic
activity of aquatic environments (Pereira et al., 2007; Caffeti et al., 2008). One of
the most concern contaminants is the heavy metals, due to persistence leading to
the instability of the ecosystems. They are highly toxic and, unlike the organic
compounds, are not biodegradable (Valko et al., 2005). The presence of them in
water samples above those allowed limits by environmental agencies is a strong
indicator of anthropogenic activities (Mendiguchia et al., 2007). In the present study
the levels of some metals, such as cadmium, copper, lead and manganese,
showed results above the maximum limits permitted by CONAMA (2005) and WHO
(2003) at different sampling points and seasons. Similar results were found by
Barbosa et al. (2010) in analysis of the water from Extremoz Lake, in the same
state of our study, and found some metals above the maximum values allowed by
Brazilian legislation. A study performed by Marcon et al. (2010) in the Lucrécia
dam from 2006 to 2009, showed the presence of heavy metals, demonstrating that
over the years there is not a decrease in these metals. This fact suggests that the
presence of heavy metals in this water is a serious problem due to their
persistence.
Since the economic and social importance of the Lucrécia dam for the
population, it is necessary to use different organisms and experimental models, to
obtain a larger panorama of the mutagenic activity of the surface water from this
dam, in order to clarify the real risks that this water can bring. In this present study,
it were used an in vivo and in vitro system. Our in vivo assay, using the Trad-MCN,
revealed a significantly increase in the average frequency of micronuclei for the
points analyzed at the different seasons. Similar results for the in vivo genotoxicity
assay carried out by Marcon et al. (2010) using the levels of micronucleus and
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 120
nuclear abnormalities of Oreocchromis niloticus collected in the Lucrécia dam also
showed significant increase. These findings in both in vivo studies suggest that all
organisms living in this ecosystem probably may be affected.
The Trad-MCN assay in this study showed to be effective and sensitive to
analyze the water genotoxin effects. In studies conducted in rivers of China (Duan
et al., 1999) and Austria (Steinkellner et al., 1999) using Trad-MCN, the results of
both showed that this assay was also sensitive to detect the genotoxicity of these
rivers. Although the Trad-MCN is nowadays being used worldwide to monitoring
the air (Meireles et al., 2009), urban sludge (Mielli et al., 2008) and soil (Cesniene
et al., 2010), there are no recent reports using the micronucleus test in
Tradescantia to analyze water pollution. Another relevant point is that the plant
most frequently used in the Trad-MCN is the clone #4430, but for hot climates, like
the Northeast of Brazil, this plant has not been adapted. In accordance with some
authors who showed similar sensitivity of both species plants (Suyama et al., 2002;
Mielli et al., 2008) and use the Tradescantia pallida as bioindicator (Carvalho-
Oliveira et al., 2005; Carreras et al, 2006; Alves et al., 2007), we reinforce the
suggestion that the T. pallida can replace the Clone #4430 in the Trad-MCN assay.
Furthermore, this study is pioneer in Brazil using the micronucleus test in
Tradescantia pallida to evaluate the water resources. Thus, due to versatility,
practicality and reliability, the T. pallida micronucleus test can provide a first
indication of warning about the situation of water quality under real conditions and
can be used along with other bioassays and physic-chemical analyses, for
monitoring threatened ecosystems.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 121
Considering that Trad-MCN assay was first used for us to make a preliminary
screening of the mutagenic pollution in this area, the CBMN assay in human
lymphocytes was carried out to investigate the response in an in vitro system,
using human cells. It can be observed that the micronucleus frequencies decays
proportionally with the increase of dilution for all points analyzed, demonstrating a
high concentration of genotoxins in water undiluted.
Similar study carried out by Amaral et al. (2005) employed the SMART in
Drosophila melanogaster to evaluate the genotoxicity of Caí river and the
genotoxic analysis were tested at crude samples and at 50 % and 25 %
concentrations. El Asslouj et al. (2009) performed the CBMN assay to assess the
genotoxicity from Bounoumossa River adding to the lymphocytes culture
respectively 50, 100, 200 and 400 µL of wastewater from this river and found an
increase in micronucleus frequency in proportion to increasing doses. The
importance of use this assay is to the fact that micronucleus frequency in
peripheral blood lymphocytes is associated with early events in carcinogenesis,
being a predictive of cancer risk (Bonassi et al., 2007). Because of this, the CBMN
in human lymphocytes has been extensively used in molecular epidemiology and
cytogenetic for the biomonitoring of human populations exposed to genotoxic
agents or bearing a susceptible genetic profile (Jiang et al., 2010; Wang et al.,
2010).
Using the CBMN assay, it was also possible to detect the Point P1 was
genotoxic not only to the raw water as well as to the 50 % and 25 % diluted water
analyzed in the dry season, followed by Point P2, which showed positive
responses for raw water and 50 % diluted water. The importance of using the
dilution in water samples is the fact that it becomes clearly the toxicity impacts of
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 122
this water, involving citotoxity and/or genotoxity effects that the different
concentrations may present. In this study it was possible to demonstrate that in dry
period the concentration of genotoxins is so high that even when the water is
diluted still observed significant mutagenic responses.
In the Point P1 it was found Cu>Cd for dry season and Mn>Pb for rainy
season. In the Point P2 it was observed in dry season only the presence of Cd and
in the rainy season Mn>Ni>Cd. In the P3, it was observed the presence of Cu>Cd
in dry season. Metals form a particularly complex class of mutagen, since they can
interact in different ways with the cellular machinery (Mateuca et al., 2006). The
adverse effects of some heavy metals in DNA of plants, animals and humans are
well documented and known that they can lead to decreased fertility and cancer
induction (Majer et al., 2002; Goyer et al., 2004; Lu et al., 2005; Barbosa et al.,
2010). This action is due to two main mechanisms, oxidative damage and
interference with DNA replication and repair (Valko et al., 2006; Joseph, 2009).
Studies about copper (Cu) have shown that this metal is required in trace
amounts for metabolic pathways, but is toxic in excess amounts, causing genotoxic
endpoints such as sister chromatid exchanges and chromosomal aberrations
(Grillo et al., 2009). Prá et al. (2008) showed that the copper induced mutagenicity
as evaluated by the MN test in mice. The cadmium (Cd) toxicity is well documented
by several studies (Badisa et al., 2008; Casalino et al., 2006; Fatur et al., 2002;
Giaginis et al., 2006; Koyuturk et al., 2007). Cd can lead to a process of
carcinogenesis through various mechanisms of action as inhibition of DNA repair,
induction of oxidative stress, aberrant gene expression and apoptosis
resistance/inhibition (Joseph, 2009). Manganese (Mn) is reported to cause
neurological disorders in excessive doses (Crossgrove and Zheng, 2004) and this
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 123
can be explained by the fact that Mn can cause oxidative stress, mitochondrial
dysfunction and neuroinflammation (Milatovic et al., 2009). The toxicity of lead (Pb)
has been studied for many years throughout several end-points but data related to
the mutagenic, clastogenic and carcinogenic properties of lead and lead
compounds is still conflicting, moreover biochemical and molecular mechanisms of
action of lead remain still unclear (García-Léston et al., 2010). The nickel is
associated with some incidences of cancer and the carcinogenic actions of nickel
compounds are thought to involve oxidative stress, genomic DNA damage,
epigenetic effects, and the regulation of gene expression by activation of certain
transcription factors related to corresponding signal transduction pathways (Lu et
al., 2005).
Analyzing the date of raw water from Trad-MCN and CBMN assay, it can be
observed that the Point 1 showed a highest MN average for both assays. This may
be related to the fact that this point receives directly effluents from multiple
sources. Moreover the water from this point has no where to drain and possible
concentrates a large number of genotoxins. Results for the genotoxicity on the
water samples for both assays from dry season are relatively higher than that of
the rainy season. This can be explained by the fact that in the rainy season occur
decreases in the concentration of the contaminants due to the dilution factor (Brum
and Netto, 2009). On the other hand, Point P2 showed the strongest response for
both assays on the climates conditions. This may be due to the confluence area of
this point, where there is a meeting of the tributaries rivers bringing a large amount
of toxicants for the dam. The point P3 represented the water treated and
distributed to the population. All the mutagenicity results for this point showed
negative results, which was expected, except for Trad-MCN in dry season. This
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 124
can be correlated with the presence of cadmium and copper above the limits of
Brazilian legislation.
Comparing the mutagenic responses found in the Trad-MCN and CBMN
assay in the different seasons for the raw water (table 5), the two assays agree in
66 and 66 % of the responses.
Table 5. Mutagenic response obtained by both micronucleus assays at raw
water from Lucrécia dam.
Sample Points
Raw Water
Mutagenicity assays
Trad-MN CBMN
Dry Season
P1 + +
P2 + +
P3 + -
Rainy Season
P1 - +
P2 + +
P3 - -
Note: (+) and (-) represent positive and negative results, respectively.
This data shows that the CBMN assay, which is well validated in worldwide,
supports the majority responses found in the Trad-MCN, proving the importance
and sensibility of the Trad-MCN to monitor the aquatic ecosystems. Obviously,
differences between the in vitro and in vivo bioassays may occur because the in
vitro assays the cultures cells were directly exposed to damage, while in the in vivo
assays the toxic compounds could be metabolized. In addition, the differences
could also have been due to the difference in DNA damage responses
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 125
by different cells types used in each assay (Jha et al., 2004; Caffetti et al., 2008).
Furthermore, for the specific assay using a plant, it can be considered that the
phytotoxicity from the metal absorbed by it is complex and depend of some factors
such as the concentrations and speciation of the metal, the oxidation state of it, the
concentration and duration of its exposure and the complex mechanisms of the
hyperaccumulation (Patra et al., 2004; Yang et al., 2005).
The two kinds of micronuclei test used in this study, demonstrated the
capacity of these water samples from Lucrécia dam to induce chromosome
breakage and/or dysfunction of the mitotic apparatus. It is important to know that
the aquatic environment is often the ultimate recipient of the increasing range of
contaminants and because of this, the definition of the class of compounds
responsible for the genotoxic contamination is difficult to know. Among the aspects
to be considered are the effects of synergy and antagonisms that occur as a result
of the mixture formed by a lot of chemical compounds (Cesniene et al., 2010,
Vargas et al., 2001). In the Lucrécia dam, it is clear that the heavy metals are
persistent in this water and due to the mechanism of action they may be
compromising the entire ecosystem, but probably are not the only genotoxics
agents. There is a “cocktail” of environmental factors, such as radioactivity and
toxic cyanobacteria described by Marcon et al. (2010) and possible others organic
compounds in water, that taken together may be responsible for the mutagenic
effects found for this water and may be endangering the health of all organisms,
including human.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 126
5. Conclusion
All the results obtained in this study show the presence of genotoxic
compounds, including heavy metals, in surface water in the Lucrécia dam which
can induce chromosomal mutations and probably may be correlated with the high
rate of cancer found in the population. These findings demonstrate the importance
of using different organisms in genotoxicity assays in conjunction with analytical
methods for the characterization of complex environmental mixtures. Further, a
longer water quality monitoring is recommended to provide a better
characterization of this public supply.
Aknowledgements
The authors wish to thank the Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico (CNPq), the Fundação de Apoio a Pesquisa do Rio Grande do Norte
(FAPERN) and the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) for the financial support.
References
ALVES, E.S., SOUZA, S.R., PEDROSO, A.N.V., DOMINGOS, M. Potencial of the
Trad-MN assay applied with inflorescences of Tradescantia pallida “purpurea” for
evaluating air contamination of naphthalene. Ecotoxicology and Environmental
Safety 2007; doi:10.1016/j.ecoenv.2007.09.006.
AMARAL, V.S., SILVA, R.M., REGULY, M.L., ANDRADE, H.H.R. Drosophila wing-
spot test for genotoxic assessment of pollutants in water samples from urban and
industrial origin. Mutation Research 2005; 583, 67–74.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 127
APHA, AWWA, WPCF. Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater. 21st ed. American Public Health Association, Washington, DC; 2005.
BADISA, V. L., LATINWO, L. M., ODEWUMI, C.O., IKEDIOBI, C.O., BADISA, R.B.,
BROOKS-WALTER, A., et al. Cytotoxicity and stress gene microarray analysis in
cadmium-exposed CRL-1439 normal rat liver cells. Int. J. Mol. Med
2008; 22, 213–9.
BARBOSA, J. S., CABRAL, T. M., FERREIRA, D. N., AGNEZ-LIMA, L. F.,
BATISTUZZO DE MEDEIROS, S. R. Genotoxicity assessment in aquatic
environment impacted by the presence of heavy metals. Ecotoxicology and
Environmental Safety 2010; 73, 320–5.
BARTOLI, K.P., AZEVEDO, M.A., SILVA L.B. Cytogenetic biomonitoring of
Brazilian workers exposed to pesticides: Micronucleus analysis in buccal epithelial
cells of soybean growers. Mutation Research 2009; 675, 1-4.
BONASSI, S., ZNAOR, A., CEPPI, M., LANDO, C., CHANG, W. P., HOLLAND, N,
et. al. An increased micronucleus frequency in peripheral blood lymphocytes
predicts the risk of cancer in humans. Carcinogenesis 2007; 28, 625–31.
BRUM, D.M., NETTO, A.D.P. Polycyclic aromatic hydrocarbons in Tripuí River,
Ouro Preto, MG. Brazil. Journal of Hazardous Materials 2009; 165: 447-53.
CAFFETI, J.D., MANTOVANI, M.S., PASTORI M.C., FENOCCHIO, A.S. First
Genotoxicity study of Paraná river water from Argentina using cells from the clam
Corbicula fluminea (Veneroida Corbiculidae) and Chinese hamster (Cricetulus
griseus Rodentia, Cricetidae) K1 cells in the comet assay. Genetic and Molecular
Biology 2008; 31, 561-5.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 128
CARRERAS, H.A., PIGNATA, M.I., SALDIVA, P.H.N. In situ monitoring of urbana
ir in Córdoba, Argentina using the Tradescantia-micronucleus (Trad-MN) bioassay.
Atmospheric Environment 2006; 40: 7824-30.
CARVALHO-OLIVEIRA, R., POZO, R.M.K., LOBO, D.J.A., LICHTENFELS,
A.J.F.C., MARTINS-JUNIOR, H.A., BUSTILHO, J.O.W.V., SAIKI, M., SATO, I.M.,
SALDIVA, P.H.N. Diesel emissions significantly influence composition and
mutagenicity of ambient particles: a case study in São Paulo, Brazil. Environmental
Research 2005; 98: 1-7
CASALINO, E., SBLANO, C., CALZARETTI, G., LANDRISCINA, C. Acute
cadmium intoxication induces alpha-class glutathione S-transferase protein
synthesis and enzyme activity in rat liver. Toxicology 2006; 217, 240–5.
CESNIENE, T., KLEIZAITE, V., URSACHE, R., ZVINGILA, D., RADZEVICIUS, A.,
PATAMSYTE, J., et al. Soil-surface genotoxicity of military and urban territories in
Lithuania, as revealed by Tradescantia bioassays. Mutation Research 2010; 697,
10–8.
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), 2005. Resolução no. 357.
Ministério do Meio Ambiente, MMA, Brasília, Distrito Federal.
http://www.mma.gov.br (accessed 05.06.2009).
CROSSGROVE, J., ZHENG, W. Manganese toxicity upon overexposure. NMR in
Biomedicine 2004; 17: 544–53.
DANELLAKIS, A., NTAIKOU, I., KORNAROS, M., DAILANIS, S. Olive oil mill waste
water toxicity in the marine environment: Alterations of stress indices in tissues of
mussel Mytilus galloprovincialis. Aquatic Toxicology 2011; 101, 358-66.
DUAN, C-Q., HU, B., WANG, Z-H., WEN, C-H., YAN, S-Q., JIANG, X-H., WANG,
D-K., LI, Q., LIANG, X-F. Tradescantia bioassays for the determination of
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 129
genotoxicity of water in the Panlong River, Kunming, People´s Republic of China.
Mutation Research 1999; 426, 127-31.
EGITO, L.C.M., SANTOS, P.C., AMARAL, V.S., MEDEIROS, S.R.B, AGNEZ-
LIMA, L.F. Use of native species Crenicichla menezesi (Ariidae) as a model for in
situ evaluation of genotoxicity in surface water. Science of the Total Environment
2010; 408, 6042-6.
EL ASSLOUJ, J., AMAHDAR, L., GLOUIB, K., KHOLTEI, S., EL AMRANI PAAZA,
N., VERSCHAEVE, L., HILALI, A. In vitro genotoxicity of wastewaters from the
town of Settat, Morocco. Arh Hig Rada Toksikol 2009; 60, 289-96.
FATUR, T., TUSEK, M., FALNOGA, I., SCANCAR, J., LAH, T.T., FILIPIC, M. DNA
damage and metallothionein synthesis in human hepatoma cells (HepG2) exposed
to cadmium. Food and Chemical Toxicology 2002; 40, 1069–76.
FENECH, M. Cytokinesis block micronucleus cytome assay. Nature Protocols
2007; 2,1084-104.
FENECH, M. The in vitro micronucleus technique. Mutatation Research 2000; 455,
81-95.
FENECH, M., CHANG, W. P., KIRSCH-VOLDERS, M., HOLLAND, N., BONASSI,
E., ZEIGER, E. HUMN project: detailed description of the scoring criteria for the
cytokinesis-block micronucleus assay using isolated human lymphocyte cultures.
Mutation Research 2003; 534, 65–75.
GARCÍA-LESTÓN, J., MÉNDEZ, J., PÁSARO, E., LAFFON, B. Genotoxic effects
of lead: An updated review. Environment International 2010; 36, 623–36.
GIAGINIS, C., GATZIDOU, E., THEOCHARIS, S. DNA repair systems as targets
of cadmium toxicity. Toxicology and Applied Pharmacology 2006; 213, 282–90.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 130
GOYER, R.A., LIU, J., WAALKES, M.P. Cadmium and cancer of prostate and
testis. Biometals 2004; 17: 555–8.
GRILLO, C.A., REIGOSA, M.A., MELE, M.F.L. Effects of copper ions released
from metallic copper on CHO-K1 cells. Mutation Research 2009; 672, 45–50.
HASHIZUME, T., YOSHITOMI, S., ASAHI, S., MATSUMURA, S., CHATANI, F.,
ODA, M. In vitro micronucleus test in HepG2 transformants expressing a series of
human cytochrome P450 isoforms with chemicals requiring metabolic activation.
Mutation Research 2009; 677, 1-7.
HUANG, P., HUANG, B., WENG, H., NAKAYAMA, K., MORIMOTO, K. Effects of
lifestyle on micronuclei frequency in human lymphocytes in Japanese hard-metal
workers. Preventive Medicine 2009; 48: 383–8.
Instituto Nacional do Câncer – INCA 2007. Estimativas 2008: Incidência de
Câncer no Brasil. Rio de janeiro. http://www.inca.gov.br (acessed 20.7.2008)
JHA, A.N. Genotoxicological studies in aquatic organisms: An overview. Mutation
Research 2004; 552, 1-17.
JIANG, S., YU, L., CHENG, J., LENG, S., DAI, Y., ZHANG, Y., NIU, Y., YAN, H.,
QU, W., ZHANG, C., ZHANG, K., YANG, R., ZHOU, L., ZHENG, Y. Genomic
damages in peripheral blood lymphocytes and association with polymorphisms of
three glutathione S-transferases in workers exposed to formaldehyde. Mutation
Research 2010; 695, 9-15.
JOSEPH, P. Mechanisms of Cadmium Carcinogenesis. Toxicology and Applied
Pharmacology 2009; 238: 272-9.
KNASMULLER, S., UHL, M., GOTTMANN, C.H., MAJER, B.J. The Tradescantia
micronuleus biossay, in: MALUSZYNSKA, J, PLEWA, M. (Eds.), Bioassays in
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 131
plant cells for improvement of ecosystem and human health. Katowice,
Wydawnictwo Uniwersytetu Śląskiego; 2002. 95-105 p.
KOYUTURK, M., YANARDAG, R., BOLKENT, S., TUNALI, S. The potential role of
combined anti-oxidants against cadmium toxicity on liver of rats. Toxicology and
Industrial Health 2007; 23, 393–401.
LEMOS, C.T., RODEL P.M., TERRA, N.R., OLIVEIRA, N.C.D., ERDTMANN, B.
River water genotoxicity evaluation using micronucleus assay in fish erythrocytes.
Ecotoxicology and Environmental Safety 2007; 66, 391–401.
LIU, J., DONG, M., TANG, X., SUN, X., HAN, X., CHEN, B., et al. Genotoxicity of
water from the Songhua River, China, in 1994–1995 and 2002–2003: Potential
risks for human health. Environmental Pollution 2009; 157: 357-64.
LU, H., SHI, X., COSTA, M., HUANG, C. Carcinogenic effect of nickel compounds.
Molecular and Cellular. Biochemistry 2005; 279, 45–67.
MA, T.H. Tradescantia micronucleus bioassay and pollen tube chromatid
aberration test for in situ monitoring and mutagen screening. Environmental Health
Perspective 1981; 37, 85-90.
MAJER, B. J., TSCHERKO, D., PASCHKE, A., WENNRICH, R., KUNDI, M.,
KANDELER, E., KNASMÜLLER, S. Effects of heavy metal contamination of soils
on micronucleus induction in Tradescantia and on microbial enzyme activities: a
comparative investigation. Mutation Research 2002; 515, 111–24.
MARCON, A. E., FERREIRA, D. M., MOURA, M. F. V., CAMPOS, T. F.C.,
AMARAL, V. S., AGNEZ-LIMA, L. F., DE MEDEIROS, S. R. B. Genotoxic analysis
in aquatic environment under influence of cyanobacteria, metal and radioactivity.
Chemosphere 2010; 81, 773-780.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 132
MATEUCA, R., LOMBAERT, N., AKA, P.V., DECORDIER, I., KIRSCH-VOLDERS,
M. Chromosomal changes: induction, detection methods and applicability in
human biomonitoring. Biochimie 2006; 88, 1515-31.
MEIRELES, J., ROCHA, R., NETO, A.C., CERQUEIRA, E. Genotoxic effects of
vehicle traffic pollution as evaluated by micronuclei test in Tradescantia (Trad-
MCN). Mutation Research 2009; 675, 46–50.
MENDIGUCHIA, C., MORENO, C., GARCIA-VARGAS, M. Evaluation of natural
and anthropogenic influences on the Guadalquivir River (Spain) by dissolved
heavy metals and nutrients. Chemosphere 2007; 69, 1509–17.
MIELLI, A.C., MATTA, M.E.M., NERSESYANC, A., SALDIVA, P.H.N.,
UMBUZEIRO, G.A. Evaluation of the genotoxicity of treated urban sludge in the
Tradescantia micronucleus assay. Mutation Research 2008; 672, 51-4.
MILATOVIC, D., ZAJA-MILATOVIC, S., GUPTA, R.C., YU, Y., ASCHNER, M.
Oxidative damage and neurodegeneration in manganese-induced neurotoxicity.
Toxicology and Applied Pharmacology 2009; 240, 219–25.
MISIK, M., SOLENSKA, M., MICIETA, K., MISIKOVA, K, KNASMULLER, S. In situ
monitoring of clastogenicity of ambient air in Bratislava, Slovakia using the
Tradescantia micronucleus assay and pollen abortion assays. Mutation Research
2006; 605, 1-6.
MURGIA, E., BALLARDIN, M., BONASSI, S., ROSSI, A.M., BARALE, R.
Validation of micronuclei frequency in peripheral blood lymphocytes as early
cancer risk biomarker in a nested case–control study. Mutation Research 2008;
639, 27–34.
OHE, T., WATANABE, T., WAKABAYASHI, K. Mutagens in surface waters: a
review. Mutation Research 2004; 567, 109–49.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 133
PEREIRA, T.S., ROCHA, J.A.V., DUCATTI, A., SILVEIRA, G.A., PASTORIZA,
T.F., BRINGUENTI, L., VARGAS, V.M.F. Evaluation of mutagenic activity in
supply water at three sites in the state of Rio Grande do Sul. Mutation Research
2007; 629, 71-80.
PRÁ, D., FRANKE, S.I.R., GIULIAN, R., YONEAMA. M.L., DIAS, J.F.,
ERDTMANN, B., et al. Genotoxicity and mutagenicity of iron and copper in mice.
Biometals 2008; 21, 289–97
R Development Core Team. R: A language and environment for statistical
computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria, 2010.
RODRIGUES, G.S., MA, T.H., PIMENTEL, D., WEINSTEIN, L.H. Tradescantia
bioassays as monitoring systems for environmental mutagenesis: A review.
Critical Reviews in Plant Sciences 1997; 16, 325–59.
PATRA, M., BHOWMIK, N., BANDOPADHYAY, B., SHARMA, A. Comparison of
mercury, lead and arsenic with respect to genotoxic effects on plant systems and
the development of genetic tolerance. Environmental and Experimental Botany
2004; 52, 199–223.
SUYAMA, F., GUIMARÃES, E.T., LOBO, D.J.A., SALDIVA, P.H.N. Pollen mother
cells of Tradescantia Clone #4430 and Tradescantia pallida var. purpurea are
equally sensitive to the clastogenic effects of X-ray. Braz. J. Med. Biol. Res. 2002;
35, 127–9.
STEINKELLNER, H., KASSIE, F., KNASMULLER, S. Tradescantia-micronucleus
assay for the assessment of the clastogenicity of Austrian water. Mutation
research 1999; 426, 113–6.
VALKO, M., MORRIS, H., CRONIN, M.T.D. Metals, toxicity and oxidative stress.
Current medicinal chemistry 2005; 12, 1161-208.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 134
VALKO, M., RHODES, C.J., MONCOL, J., IZAKOVIC, M., MAZUR, M. Free
radicals, metals and antioxidants in oxidative stress-induced cancer. Chemico
Biological Interactions 2006; 160, 1–40.
VARGAS, V.M.F., MIGLIAVACCA, S.B., MELO, A. C., HORN, R. C.,
GUIDOBONO, R., FERREIRA, I.C.F.S., PESTANA, M.H.D. Genotoxicity
assessment in aquatic environments under the influence of heavy metals and
organic contaminants. Mutation Research 2001; 490, 141-58.
VILLANUEVA, C.M., GRIMALT, J.O, MALATS, N., SILVERMAN, D., TARDON, A.,
et al. Bladder Cancer and Exposure to Water Disinfection By-Products through
Ingestion, Bathing, Showering, and Swimming in Pools. American Journal of
Epidemiology 2007; 165, 148-156.
WANG, Q., JI, F., SUN, Y., QUI, Y., WANG, W., WU, F., et al. Genetic
polymorphisms of XRCC1, HOGG1 and MGMT and micronucleus occurrence in
Chinese vinyl chloride-exposed workers. Carcinogenesis 2010; 31, 1068-73.
WNUK, M., LEWINSKA, A., OKLEJEWICZ, B., BUGNO, M., SLOTA, E.,
BARTOSZ, G. Evaluation of the cyto- and genotoxic activity of yerba mate (Ilex
paraguariensis) in human lymphocytes in vitro. Mutation Research 2009; 679, 18–
23.
World Health Organization – WHO. 2003. Chemical Hazards in Drinking Water.
http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/chemicals/en/index.html.
(acessed 20.7.2008)
YANG, X., FENG, Y., HE, Z., STOFFELLA. P.J. Molecular mechanisms of heavy
metal hyperaccumulation and phytoremediation. Journal of Trace Elements in
Medicine and Biology 2005; 18, 339–53.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 135
ZHANG X., ZHANG B., ZHANG X., CHEN, F., ZHANG, J., LIANG, S. et al.
Research and control of well water pollution in high esophageal cancer areas.
World Journal of Gastroenterology 2003; 9, 1187-90.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 136
5.4. Capítulo de Livro do Prodema sobre Meio Ambiente e Saúde Humana
AÇUDE DE LUCRÉCIA COMO MODELO DA PROBLEMÁTICA DA ÁGUA NO
SEMIÁRIDO BRASILEIRO: ESTUDOS GENOTÓXICOS E A RELAÇÃO ENTRE
SAÚDE AMBIENTAL E HUMANA
Anuska Conde Fagundes Soares Garcia1; Alexandre Endres Marcon2; Viviane
Souza do Amaral1,3; Sílvia Regina Batistuzzo de Medeiros1,2,3
1. Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente/PRODEMA, Centro de Biociências, UFRN, Natal, RN.
2. Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Centro de Ciências da
Saúde, UFRN, Natal, RN. [email protected]
3. Departamento de Biologia Celular e Genética, Centro de Biociências, UFRN,
Natal, RN. [email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o homem vem aumentando expressivamente o descarte
de seus dejetos seja no solo, na água ou na atmosfera. Estas ações possibilitam
que diferentes grupos de produtos químicos sejam liberados no ambiente, gerando
estresse ambiental podendo afetar a atual e as próximas gerações de todos os
seres vivos, incluindo o próprio homem.
Dentre os ambientes afetados pela poluição, um dos mais preocupantes é o
aquático, devido à água ser um bem mineral essencial às funções vitais dos
organismos e, conseqüentemente, a manutenção da vida no planeta (Leme,
2007). O planeta Terra é o único do sistema solar, o qual se tem conhecimento,
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 137
que possui água nos três estados (sólido, líquido e gasoso), e as mudanças de
estado físico da água no ciclo hidrológico são fundamentais e influem nos
processos biogeoquímicos dos ecossistemas terrestres e aquáticos. Somente 3%
das águas do planeta estão disponíveis como águas doces. Destes 3%, cerca de
75% estão congelados em calotas polares, em estado sólido; 10% estão
confinados nos aqüíferos e, portanto, a disponibilidade dos recursos hídricos no
estado líquido é de aproximadamente 15% destes 3%. A água, portanto, é um
recurso extremamente reduzido (Tundisi, 2003).
Além dessa questão da disponibilidade, outro ponto de fundamental
importância, é que as águas superficiais, tais como rios, lagos e mares, recebem
grandes quantidades de efluentes, com ou sem tratamento, provenientes de
atividades industriais, agrícolas e de fontes domésticas. Essas águas, que contêm
muitos compostos desconhecidos, são usadas como fonte de água potável, bem
como para fins agrícolas e atividades recreativas de todo o mundo (Ohe et al.,
2004). Conseqüentemente, a poluição da água é uma séria preocupação para
saúde pública e para os ecossistemas aquáticos, sobretudo em região semiárida.
O Nordeste brasileiro apresenta condições hídricas desfavoráveis, que
combinam: evapotranspiração alta durante todo ano, baixa precipitação, subsolo
desfavorável em muitas regiões (água salobra ou formação cristalino) e
desenvolvimento econômico socialmente mal distribuído. Além disto, nas grandes
concentrações urbanas, os sistemas hídricos apresentam condições críticas de
sustentabilidade devido a uma forte demanda local por água associada ao
excesso de cargas de poluição doméstica e industrial, que contaminam os
mananciais.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 138
Além da contaminação de recursos hídricos a região do semi-árido sofre com
a possibilidade de desertificação que é a degradação de terras. Ambos os efeitos
podem ser resultado da ação antrópica sobre o seu ambiente e/ou de processos
naturais como as mudanças climáticas. Esta destruição por sua vez, contribui
tanto para a perda de diversidade genética, quanto da capacidade de
sobrevivência de comunidades afetando assim a estrutura e função do
ecossistema como um todo.
Em relação à qualidade da água há dois aspectos a considerar: os danos
causados ao manancial e a potabilidade da água. As modificações causadas nas
características do manancial afetam diretamente sua biota, mas não ao homem.
No entanto, a presença de agentes patogênicos como vírus, bactérias, fungos,
protozoários, entre outros, ou elementos químicos tóxicos ou radioativos
constituem-se em contaminação da água (Mendiguchia et al., 2007). Como
conseqüência desta deteriorização observa-se perdas de vidas humanas,
prejuízos econômicos, forte degradação da qualidade de vida, com retorno de
doenças de veiculação hídrica, perdas de moradias e bens e interrupção da
atividade comercial (inclusive danos ao turismo) e industrial em algumas áreas.
Além das doenças de veiculação hídrica é de suma importância que se
registre os prejuízos causados à saúde humana pela ocorrência de metais
pesados e compostos nitrogenados (Van Leeuwen et al., 2005). Os metais
pesados são causadores de inúmeros males se em contato com o organismo
humano, causando inúmeras anomalias. A ingestão de sais de cobre provoca
vômitos, náuseas e taquicardia; o zinco, quando absorvido na forma de sais, é
muito tóxico provocando cansaço e náuseas; o chumbo pode ser absorvido ainda
em fase sólida e os seus sais são altamente tóxicos causando uma doença
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 139
denominada saturismo, tendo ainda a propriedade de acumulação nos tecidos e
ossos. Os sintomas mais gerais de intoxicação por metais pesados são tremores,
convulsões e insuficiência renal. Já a presença de nitrato em elevadas
concentrações é altamente prejudicial à saúde humana. Já, os efeitos patológicos
atribuídos ao nitrato incluem hipertensão, metahemoglonemia, outros tipos de
câncer e linfoma, incluindo câncer de estômago. Além dos citados, outros danos
poderiam ser arrolados, todos geradores de morbidade por doenças de vários
grupos, elevados prejuízos para o desenvolvimento sadio de crianças,
adolescentes e da população em geral, contribuindo sensivelmente para a
redução dos níveis de produção ao afetar a capacidade da mão-de-obra local
(Amr e Yassin, 2008).
Preocupados com estes dois aspectos e aos danos que podem ser
causados principalmente na área da saúde, inúmeros trabalhos são realizados no
sentido de detectar a presença de poluentes, principalmente no que se refere às
análises físico-químicas como, por exemplo, a caracterização da cor e turbidez,
tensão superficial, osmose, pH, presença de agentes redutores, eutrofizantes ou
mesmo análise biológica no que se refere à presença de patógenos ou ainda às
alterações na estrutura da biota aquática, como por exemplo, a redução da
diversidade das espécies ou redução da produtividade primária (Gastado et al.,
2008). Entretanto, pouca atenção é dada à presença de agentes genotóxicos e
mutagênicos no Brasil, sobretudo na região nordeste.
Agentes genotóxicos são aqueles capazes de provocar lesões no material
genético, especificamente na molécula de DNA. Lesões de DNA são modificações
na estrutura química da molécula, as quais podem interferir em processos
celulares como replicação e transcrição levando a morte celular e/ou induzindo a
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 140
ocorrência de mutações, que são modificações, permanentes e herdáveis na
seqüência nucleotídica do DNA. Esta molécula é responsável por carregar a
informação genética de um organismo, contendo as informações necessárias
para a síntese de todas as proteínas. Estas desempenham funções estruturais,
regulatórias e catalíticas dentro das células. Mutações, além de ser a principal
fonte para a diversidade, podem alterar a informação genética acarretando em
perda de funções, o que, no homem pode estar relacionado a muitos processos
degenerativos como o envelhecimento, doenças hereditárias e o câncer (Holland
et al., 2008).
As lesões de DNA podem se caracterizar em quebras na cadeia fosfodiéster
do DNA, na formação de aductos, de sítios abásicos, ou ainda na formação de
dímeros de pirimidinas, por exemplo. Já as mutações podem ocorrer tanto ao
nível de genes quanto a nível cromossômico. A mutação gênica é o processo pelo
qual os genes são alterados, podendo levar a uma perda ou ganho de função,
seja pela substituição, inserção ou deleção de um único par de bases (mutação
de ponto) ou de um segmento de pares de base. A mutação cromossômica pode
ser classificada como alteração numérica e/ou estrutural dos cromossomos
(Rana, 2008).
Algumas mutações são oriundas de processos espontâneos e outras são
induzidas, ou seja, produzidas por agentes mutagênicos. Esses agentes
potencializam as taxas de mutações que normalmente ocorrem na natureza em
níveis baixíssimos. Esses agentes podem ser classificados como químicos, físicos
e biológicos, podendo ser incluídos também os ditos "produtos naturais"
(Beyersmann e Hartwig, 2008).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 141
Além de afetar a saúde humana, a poluição ambiental pode levar a efeitos
deletérios também à saúde ambiental. Neste âmbito podem ser destacados os
danos ao DNA promovidos em animais aquáticos, os quais podem ser associados
à redução no crescimento, desenvolvimento anormal e redução da sobrevivência
de embriões e de adultos (Nakayama et al., 2010;Lee e Steinert, 2003). Além
disso, poluentes genotóxicos podem alterar a freqüência alélica em populações
de diversos organismos expostos a diferentes classes de contaminantes
ambientais. Estas alterações podem levar a uma perda de diversidade genética,
redução no tamanho da população, alteração do equilíbrio populacional, podendo
em última instância, levar extinção de espécies, ocasionando sérios problemas
aos ecossistemas (Bickham et al., 2000; De Wolf et al., 2004; Theodorakis, 2001).
Caracterização da área de estudo: Semiárido Nordestino
O semiárido brasileiro se estende por uma área que abrange a maior parte
dos estados da região Nordeste (86, 48%), a região setentrional do estado de
Minas Gerais (11,01%) e o norte do Espírito Santo (2,51%), ocupando uma área
974.572km2 (ASA, 2009). Apresenta clima seco e quente, com chuvas que se
concentram no verão e outono. Essas características favorecem a ocorrência de
períodos de seca que atingem a região com todas suas repercussões sociais,
naturais e econômicas.
Na região Nordeste, onde vivem 29% da população e origina-se em torno de
21% da produção agrícola do país (Araújo, 2000), o semiárido ocupa uma área de
aproximadamente 900.000km2, abrigando um contingente populacional
expressivo. No estado do Rio Grande do Norte, segundo dados do Ministério da
Integração Nacional (Brasil, 2005), cerca de 1,6 milhões de pessoas vivem na
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 142
região que compreende o semiárido potiguar sujeitas aos problemas ocasionados
ou acentuados pela seca. Visando minimizar os problemas acarretados pela seca,
a construção de grandes açudes pelo poder público se tornou uma das mais
importantes iniciativas para garantir água para a população, além de ser uma
oportunidade de promover o desenvolvimento da região, em virtude de sua
múltipla funcionalidade (Petrovich e Araújo, 2009). Porém, mesmo com o múltiplo
uso ao qual são destinados esses açudes vêm, constantemente, sendo afetados
por efluentes domésticos não tratados e por agrotóxicos, acentuando assim a
perda de qualidade da água com o aumento do potencial genotóxico que esses
poluentes podem provocar e consequentemente, afetando a saúde não só do
ecossistema, como também do próprio homem que se utiliza desse recurso.
Caracterização da área de estudo: Açude de Lucrécia
O açude de Lucrécia é um dos principais reservatórios hídricos superficiais
da região médio oeste do Estado do Rio Grande do Norte. Este reservatório
público foi construído em 1934 e tem capacidade máxima de armazenamento de
água de aproximadamente 27 milhões de metros cúbicos, e está localizado
próximo à fronteira estadual com a Paraíba, entre os municípios de Lucrécia e
Frutuoso Gomes/RN (Figura 1).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 143
Figura 1 – Mapa de localização do açude de Lucrécia na região do médio oeste
do Rio Grande do Norte.
Os afluentes que originam este reservatório público são tributários da sub-
bacia do Umari que integra a bacia hidrográfica Apodi-Mossoró, que é a segunda
maior do estado do RN e tem uma área de drenagem de 14.276km2. No que
tange a geologia da área, o açude de Lucrécia está inserido na Província
Borborema e na micro-região de Umarizal, onde afloram diversas litologias do
embasamento cristalino com ocorrência de vários minerais e metais, que podem
ser emissores de radiações ionizantes (Serviço Geológico do Brasil, 2006).
O clima na região é tropical continental sub-úmido, com inverno seco e verão
chuvoso, conforme classificação de Köppen (Serviço Geológico do Brasil, 2006),
e com precipitação pluviométrica média anual de 1000 mm e temperatura de 28o
C (EMPARN).
Durante a estação de seca o açude de Lucrécia pode perder mais de 70%
do volume de água armazenada, devido às elevadas taxas de evaporação e baixo
índice de precipitação pluviométrica. Essa redução drástica do volume hídrico do
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 144
reservatório tem se demonstrado cíclica ao longo dos anos e pode estar
colaborando para a concentração progressiva de diversos compostos nocivos ao
meio ambiente e a saúde humana (Serra et al., 2006).
Este açude está sob influência de descargas antropogênicas que recebe em
função do despejo de efluentes domésticos e agrícolas, além de fontes naturais,
como a radiação. Dentre os compostos provenientes da ação antrópica destacam-
se os metais pesados, os quais já possuem relatos na literatura sobre seus efeitos
tóxicos, entre eles cádmio, cobre, manganês e níquel. Além disso, a presença de
determinados elementos químicos nos corpos d’água favorecem a presença de
florações de cianobactérias tóxicas, como as Aphanocapsa sp., Microcystis
aeruginosa e Cylindrospermopsis raciborskii, as quais podem liberar cianotoxinas
que podem afetar não só o ecossistema, como causar dermatites e problemas
hepáticos crônicos em humanos. (Marcon et al., 2010; Serra, 2006). Agravando
ainda mais a situação, essa região tem apresentado incidência natural do radônio,
o qual é considerado a fonte mais importante de exposição humana a radiação
(Lutze et al., 1992, Malanca et al., 1998, Campos et al., 2010). O radônio é um gás
nobre radiativo, pesado, incolor, inodoro, insípido e solúvel na água, que se
origina durante o decaimento radioativo (série de decaimento do urânio e do tório)
e está presente naturalmente no meio ambiente em rochas, solos, águas e ar.
Porém, diferentemente dos outros gases nobres, ele não é completamente
inerte, pois podem formar alguns complexos químicos. A sua ocorrência na
natureza é controlada por variáveis físicas, tais como a pressão, temperatura,
emissividade pelas rochas, assim como pelo tempo e pela geoquímica dos seus
progenitores (Faure, 1991; Marques et al., 2006). O radônio produz partículas alfa,
que é uma radiação de alta transferência de energia linear que causam
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 145
permanentes lesões ao DNA, como as quebras cromossômicas, e devido a isso,
geram grande preocupação ao meio ambiente. Baseada em evidências de
exposição humana e animal, a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer
(IARC), classificou o radônio como do grupo 1 dos cancerígenos (Hamza e
Mohankumar, 2009; Villalobos-Pietrini et al., 1999).
Em um recente trabalho de medição de radônio em Lucrécia, foram
colocados 110 detectores passivos desse gás distribuídos em algumas
residências do município, em dois períodos da estação seca (Dezembro 2009/
Fevereiro 2010). Em ambos os períodos, o “radônio interior” variou entre 40-7.679
Bq.m-3, com mediana de 237 Bq.m-3. Isso demonstra que as habitações
apresentaram resultados que excederam o nível de ação da Organização Mundial
de Saúde – OMS (2008) que é de 100 Bq.m-3 (Campos et al., 2010). Além desses
resultados para o ar, no trabalho de Marcon et al. (2010), onde foi realizada a
medição de partículas alfa e beta na água, em dois pontos do açude, os
resultados também apresentaram níveis acima do valor permitido pela portaria no.
518 do Ministério da Saúde.
Entre os aspectos a serem analisados advindos dessa gama de poluentes
que comprometem a água do açude, tem que ser considerados os efeitos
sinergísticos ou mesmo antagônicos que esta interação possa vir a trazer,
podendo causar sérios riscos a todos os organismos que dependem desse
recurso. Nessa perspectiva, o dado mais preocupante e que merece destaque, é
que os municípios que se utilizam desse açude apresentam um histórico de
elevada incidência de câncer associados ao consumo da água do açude de
Lucrécia. Esta região apresenta prevalência de câncer cerca de três vezes maior,
quando comparada a todo o Estado do Rio Grande do Norte. Entre a maior
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 146
incidência, está o câncer na via digestiva (INCA, 2007; Serra, 2006). Segundo
dados do DATASUS (2008), uma das maiores causas de mortalidade
proporcional em todas as idades nesse município é de neoplasias, chegando a
25% do total da população.
Bioensaios para análise de genotoxicidade
Além da questão da água em si já ser um limitante para o desenvolvimento
sócio-econômico na região do semiárido brasileiro, a água precisa ter boa
qualidade para não trazer prejuízos à saúde humana e ao ecossistema. Assim, na
busca da identificação dos riscos genéticos impostos ao ambiente existem um
número razoável de bioensaios de curta duração que são utilizados para o
monitoramento do risco imposto pelos contaminantes, assim como da qualidade
dos corpos hídricos receptores.
Para avaliação dessa contaminação, freqüentemente, são feitas análises
físico-químicas, que detectam a presença de compostos químicos potencialmente
perigosos para os indivíduos que fazem uso dessa água ou que estão presentes
no ambiente (Pellacani et al., 2006). Contudo, muitas substâncias químicas
liberadas na natureza, bem como os seus metabólitos, ainda não apresentam
uma identidade química bem caracterizada, fazendo-se necessário a avaliação do
impacto, causado pela exposição a esses agentes químicos, sobre os organismos
aquáticos (van der Oost et al., 2003). Os ensaios biológicos, por outro lado, são
capazes de caracterizar os efeitos dos contaminantes ambientais causados por
exposições crônicas e/ou agudas a agentes químicos, sem obrigatoriamente
precisar do conhecimento prévio dos componentes químicos presentes na água
(Ohe et al., 2004). Em função disto, as agências de controle ambiental
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 147
recomendam o emprego de testes de natureza biológica, química e física, em
conjunto, para a identificação de agentes tóxicos presentes nos ecossistemas
aquáticos
Portanto, devido à preocupação com degradação ambiental e com a
vulnerabilidade do material genético às agressões impostas pela contaminação
ambiental, foi criada uma nova área de pesquisa, denominada de Genética
Toxicológica. Esta área tem como objetivo não apenas estimar os prováveis
danos às células pela detecção dos efeitos genotóxicos e/ou mutagênicos, mas
também identificar os mecanismos de ação de agentes químicos presentes no
ambiente, aos quais diversos organismos vivos, inclusive o homem, estão
expostos (Rabelo-Gay et al., 1991).
Dentre os diferentes ensaios de genotoxicidade e/ou mutagenicidade,
podemos citar o Teste de Ames (Maron e Ames, 1983), Teste de Allium cepa
(Grant, 1978), teste de Mutação e Recombinação Somática (SMART) (Graf et al.,
1994), teste de Micronúcleo por Bloqueio da Citocinese (CBMN) (Fenech, 2000),
teste Cometa (Singh et al., 1988), entre outros (Zegura et al., 2009.
Teste do Cometa
O teste Cometa ou eletroforese de células individualizadas vem sendo
proposto como um teste de screening e foi descrito por Singh et al. (1988) e
revisado por Tice et al. (2000). Este teste não é utilizado para detectar mutações,
mas sim lesões no material genético, que se não forem reparadas, podem resultar
em mutação. Para teste pode ser utilizado diferentes tipos celulares e/ou
linhagens celulares sendo os eritrócitos de peixes, bastante usados em análise
ambiental. Neste caso, eritrócitos de sangue periférico podem ser obtidos por
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 148
punção caudal ou branquial de espécies de peixes residentes no local de estudo.
As células coletadas são colocadas em gel de agarose e lisadas para liberação do
DNA, que é aplicado em corrente elétrica para separação da molécula de DNA.
Quanto maior for o número de quebras, mais fragmentado estará o DNA e assim
maior será o rastro gerado durante a corrida eletroforética (Figura 2).
Figura 2 - Classificação dos níveis de fragmentação do DNA nuclear (danos)
através do teste Cometa. Classe 0 (núcleo íntegro ou sem dano), Classe 1 (dano
mínimo), Classe 2 (dano médio), Classe 3 (dano elevado) e Classe 4 (núcleo com
fragmentação total do DNA = indicativo de células em apoptose).
Este rastro forma uma imagem se assemelha a um cometa, razão pelo qual
foi dado o nome de teste do cometa. O DNA pode ser visualizado por coração
com brometo de etídeo em microscópio de fluorescência e a qualificação da
extensão dos danos é feita pelo tamanho do rastro observado.
No teste cometa não é necessário que a célula esteja em divisão, além de
que requer uma baixa quantidade de células para sua execução. De acordo com
Kim e Hyun (2006), o ensaio cometa é um teste marcador de genotoxicidade
sensível e confiável para análises de monitoramento aquático. Portanto ele tem
sido amplamente utilizado em estudos de monitoramento em indivíduos expostos
a substâncias genotóxicas próprias do seu estilo de vida ou a genotoxinas
liberadas no meio ambiente (Frenzilli et al., 2009).
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 149
Teste do Micronúcleo
Dentre os testes mais empregados para a avaliação da toxicidade genética
associada a misturas complexas, destaca-se o teste do Micronúcleo.
Os micronúcleos são estruturas resultantes de cromossomos inteiros ou de
fragmentos cromossômicos que se perdem na divisão celular e, por isso, não são
incluídos no núcleo das células filhas, permanecendo no citoplasma das células
interfásicas (para revisão ver: Iarmarcovai et al., 2008) (Figura 3).
Figura 3 - Formação do Micronúcleo em células em divisão. A origem do
micronúcleo tanto pode ser por perda de um cromossomo inteiro ou de um
fragmento cromossômico na anáfase. Micronúcleos são facilmente identificáveis
devido a sua morfologia menor, porém igual a do núcleo principal (adaptado de
Fenech et al., 1993).
Desta forma, a detecção de micronúcleos representa perda da cromatina em
conseqüência de dano cromossômico estrutural ou no aparelho mitótico, sendo
consideradas como mutações que são transmitidas as células, pois o dano
genético pode se manifestar nas células filhas (Bonassi et al., 2003; Fenech,
2000). A sua formação tanto pode ser induzida por substâncias que causam
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 150
quebras cromossômicas (substâncias clastogênicas), bem como por agentes que
afetam o aparato do fuso mitótico (substâncias aneugênicas) (Majer et al., 2001).
Assim, um aumento na freqüência de células com micronúcleos é usado
como um biomarcador de efeitos mutagênicos em células animais, vegetais ou
humanas, visto que se manifestam em curto prazo após exposição e sua
freqüência se encontra elevada em tecidos expostos antes que qualquer sinal
clínico seja evidente e, além disso, eles podem ser considerados como um
marcador precoce para a carcinogênese (Albertini et al., 2000; Bonassi et al.,
2007; Montero et al., 2006).
Para a realização desse teste, podem ser empregados diferentes
organismos como peixes, plantas e humanos e tipos celulares como linfócitos e
células da mucosa oral.
O grupo de pesquisa do Laboratório de Mutagênese Ambiental da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAMA/UFRN) tem realizado
diversos trabalhos sobre a qualidade das águas neste importante ambiente
aquático.
No trabalho recente de Marcon et al. (2010) as análises de águas do açude
de Lucrécia mostraram a ocorrência cianobactérias, metais e radioatividade em
dois pontos distintos desse manancial, acima dos níveis aceitáveis estabelecidos
pelas legislações ambientais nacional (CONAMA, 2005) e internacional (USEPA,
2007) de corpos de água.
O açude de Lucrécia mostrou uma elevada densidade, superior ao LMP
(limite máximo permitido) pelas legislações do CONAMA (2005) e USEPA (2007),
de espécies tóxicas de cianobactérias, como as Microcystis aeruginosa e
Cylindrospermopsis raciborskii e espécies do gênero Aphanocapsa sp., em vários
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 151
períodos amostrais entre 2006 e 2008. Logo, o consumo dessas águas com
cianofíceas podem representar um sério risco à saúde humana e dos biomas da
região de Lucrécia, pela possibilidade de liberarem cianotoxinas no meio.
As análises hídricas desse reservatório público também mostraram a
presença de metais tóxicos acima dos LMP estabelecidos para padrões de água
(CONAMA, 2005 e USEPA, 2007), entre os quais, se ressalta a presença dos
metais que representam risco à saúde humana: cádmio (cd), cobre (Cu), cromo
(Cr), níquel (Ni), manganês (Mn) e zinco (Zn). A presença de metais nessas
águas indica uma possível degradação ambiental em todos os biomas da região
que consumem esses recursos hídricos, pois esses elementos químicos são
persistentes nos ecossistemas e se bioacumulam na flora e fauna e se
biomagnificam na cadeia ecológica.
O teor de metais também foi determinado em material biológico de peixes
desse manancial, e os resultados obtidos mostraram bioacumulação aguda e
crônica de metais na ictiofauna do açude de Lucrécia, representando um risco à
saúde pública.
A radioatividade na forma de radiação alfa e beta também foram medidas e
mostraram estar acima dos LMP estabelecidos pelas legislações ambientais. A
ocorrência de radiação alfa e beta indica a presença de radionuclídeos nos solos,
rochas, atmosfera e/ou nas águas superficiais ou subterrâneas do município.
Dentre os elementos químicos metálicos emissores desse tipo de radiação que
podem estar ocorrendo nessa região se destacam os metais radioativos urânio
(U), rádio (Ra), tório (Th) e potássio (K), e seus subprodutos de decaimento
radioativo, entre os quais se ressalta o gás radioativo radônio (Rn) que é
considerado o principal radionuclídeo causador de câncer de pulmão em
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 152
populações humanas expostas a radioatividade natural ou ocupacional. O isótopo
Rn-222 do gás radônio vem sendo determinado nas residências do município de
Lucrécia e tem mostrado, até o presente momento, estar acima dos 100Bq m-3
que é o valor máximo permitido (VMP) para interior de residência pela USEPA
(1999). Estes estudos vêm sendo feito pelo grupo de pesquisa do Laboratório de
Radiologia Natural do Departamento de Geologia (LARANA) da UFRN.
Para a análise de genotoxicidade das águas do açude de Lucrécia, foi
realizado o teste de micronúcleo (MN), em diferentes sistemas e o sumário dos
resultados estão demonstrados na Tabela 1.
Tabela 1 – Resultados dos Testes de Micronúcleo (MN) com diferentes
bioindicadores expostos às águas do açude de Lucrécia.
Bio
indi
cado
r Animal
Tradescantia sp. Peixe
(Tilápia do Nilo) Humano
Mat
eria
l
Cel
ular
Flores Sangue Epitélio
Hemácias Linfócitos Mucosa oral
Gen
otox
icid
ade
Positiva Positiva Positiva Positiva
Em eritrócitos branquiais dos peixes coletados no açude foi visto um
aumento da freqüência de danos genéticos (MN e outras alterações nucleares)
em relação a um grupo peixes nascidos e criados em viveiros. Em Tradescantia
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 153
pallida, um modelo vegetal para análise ambiental, também houve um aumento
significativo de micronúcleos para ambas as estações do ano, seca e chuvosa. O
mesmo resultado foi encontrado para o ensaio de micronúcleo in vitro, utilizando
linfócitos humanos. Já a análise de micronúcleos em células da mucosa oral de
moradores do município também indicou aumento de mutagenicidade.
Em conjunto, esses dados de genotoxicidade indicam que as águas desse
reservatório público possuem poluentes que estão sendo capazes de gerar
quebras na molécula de DNA. Estas genotoxinas podem ser os metais, a radiação
ou mesmo cianotoxinas, de ação isolada ou sinérgica levando a alterações
nucleares nos peixes ali residentes e provavelmente também para as outras
espécies aquáticas que habitam esse manancial e/ou consumem essas águas,
constituindo assim um risco para a saúde pública.
As concentrações de cianobactérias, metais e radiação alfa e beta, foram
maiores no período de seca, período no qual o reservatório estava com menor
volume hídrico.
Desta forma, a ocorrência elevada desses poluentes está provavelmente
associada às atividades antrópicas na região, tais como, agropecuária intensiva e
lançamento de efluentes domésticos nos afluentes do manancial. Em adição, a
degradação ambiental existente nessa região, como por exemplo, a ausência de
matas ciliares nativas nos afluentes e nas margens desse reservatório público
pode cooperar para a maior lixiviação e percolação dos poluentes ambientais para
dentro do açude de Lucrécia.
Em função do exposto, torna-se fundamental unir esforços científicos aos do
governo, na sua esfera educacional, ambiental e de saúde pública, de forma a
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 154
realizar ações integradas em prol do melhor desenvolvimento e qualidade de vida
no município de Lucrécia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Albertini, R.J.; Anderson D.; Douglas, G. R.; Hagmar, L.; Hemminki, K.; Merlo, F.
2000. IPCS guidelines for the monitoring of genotoxic effects of carcinogens in
humans. International Programme on Chemical Safety. Mutation Research 463,
111–172.
Amr, S.S.A., Yassin, M.M. 2008. Microbial contamination of the drinking water
distribution system and its impact on human. Public Health 122, 1275-1283
Araújo, T.B. 2000. Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro: Heranças e
Urgências. Rio de Janeiro: Revan, 392p.
ASA. Articulação no Semi-árido. Disponível em: http://www.asabrasil.org.br
(26/06/2010).
Bonassi, S.; Neri, M.; Lando, C.; Ceppi, M.; Lyn, Y.; Chang W. P.; Holland, N.;
Kirsch-volders, M.; Zeiger, E.; Fenech, M. 2003. Effect of smoking habit on the
frequency of micronuclei in human lymphocytes: results from the Human
Micronucleus Project. Mutation Research 543, 155-166.
Bonassi, S.; Znaor,A; Ceppi, M.; Lando, C.; Chang, W. P.; Holland, N.; Kirsch-
volders, M.; Zeiger, E.; Ban, S.; Barale, R.; Bigatti, M. P.; Bolognesi, C.;
Cebulska- wasilewska, A.; Fabianova, E.; Fucic, A.; Hagmar, L.; Joksic, G.;
Martelli, A.; Migliore, L.; Mirkova, E.; Scarfi, M. S. 2007. An increased
micronucleus frequency in peripheral blood lymphocytes predicts the risk of cancer
in humans. Carcinogenesis 28, 625–631.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 155
Beyersmann, D., Hartwig, A., 2008. Carcinogenic metal compounds: recent insight
intomolecular and cellular mechanisms. Archives of Toxicology 82, 493–512.
BRASIL. 2005. Ministério da Integração Nacional Secretaria de Políticas de
Desenvolvimento Regional. Nova delimitação do Semi-árido brasileiro. Brasília:
MIN/SPDR, 32p.
Campos, T. F. C.; Marcon, A. E.; Petta, R. A.; Pastura, V. F. S.; Guedes, A. G.
2010. Distribuição da Radiação Gama e “Radônio Interior” na cidade de Lucrécia
(RN, Brasil): Radioatividade natural e o risco de malignidades. X Congresso de
Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa E XVI Semana De Geoquímica, 28
de Março a 01 de Abril. Porto- Portugal, Resumo Expandido.
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). 2005. Resolução no. 357.
Ministério do Meio Ambiente, MMA, Brasília, Distrito Federal. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/ (13.10.2008).
EMPARN - Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte.
Faure, G. 1991. Principes and Application of Inorganic Geochemistry. New York:
MacMillan Publicshing Cia., 626p.
Faust, F., Kassie, F., Knasmuller, S., Boedecker, R.H., Mann, M. & Mersch-
Sundermann, V. 2004. The use of the alkaline comet assay with lymphocytes in
human biomonitoring studies – Review. Mutation Research 566, 209-229.
Fenech, M. 2000. The in vitro micronucleus technique. Mutatation Research 455,
81-95.
Frenzilli, G., Nigro, M., Lyons, B.P. 2009. The Comet assay for the evaluation of
genotoxic impact in aquatic environments/ Review. Mutation Research 681, 80–
92.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 156
Gastaldo, J., Viau, M., Bouchot, M., Joubert, A., Charvet, A-M., Foray, N. 2008.
Induction and repair rate of DNA damage: A unified model for describing effects of
external and internal irradiation and contamination with heavy metals. Journal of
Theoretical Biology 251, 68–81.
Graf, U.; Moraga, A. A.; Castro, R.; Carrillo, E.D. 1994. Genotoxicity Testing of
Different Types of Beverages in the Drosophila Wing Somatic Mutation and
Recombination Test. Food Chemical. Toxicology 32, 423-430
Grant, W.F. 1978. Chromosome aberrations in plants as a monitoring system.
Environmental Health Perspective 27, 37-43.
Hamza, V. H; Mohankumar, M. N. 2009. Cytogenetic damage in human blood
lymphocytes exposed in vitro to radon. Mutation Research 661, 1–9.
Holland, N., Bolognesi, C., Kirsch-Volders, M., Bonassi, S., Zeiger, E.,
Knasmueller, S., Fenech, M. 2008. The micronucleus assay in human buccal cells
as a tool for biomonitoring DNA damage: The HUMAN project perspective on
current status and knowledge gaps – Review. Mutation Research 659, 93–108.
Iarmarcovai, G., Bonassi, S., Botta, A., Baan, R.A., Orsiere, T. 2008. Genetic
polymorphisms and micronucleus formation: A review of the literature. Mutation
Research 658, 215–233.
Instituto Nacional do Câncer – INCA, 2007. Estimativas 2008: Incidência de
câncerno Brasil. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.inca.gov.br
(13.5.2008).
Kim, I.; Hyun, C. 2006. Comparative evaluation of the alkaline comet assay with
the micronucleus test for genotoxicity monitoring using aquatic organisms.
Ecotoxicology and Environmental Safety 64, 288–297.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 157
Lee, R.F., Steinert, S. 2003. Use of the single cell gel electrophoresis/comet assay
for detecting DNA damage in aquatic (marine and freshwater) animals – Review.
Mutation Research 544, 43–64
Leme, D. M. 2007. Avaliação do potencial genotóxico e mutagênico de águas e de
sedimentos do Rio Guaecá, São Sebastião – SP, após impacto do vazamento de
oleoduto da região. Dissertação (Mestrado em Biologia Celular e Molecular).
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, 88p.
Lutze, L.H.; Winega, R.A; Jostes, R.; Cross, F.T.; Cleaver, J.E. 1992. Radon-
induced deletions in human cells: role of nonhomologous strand rejoining. Cancer
Research 52, 5126–5129.
Majer, B. J.; Kaky, B.; Knasmuller, S.; Kassie F. 2001. Use of the micronucleus
assay with exfoliated epithelial cells as a biomarker for monitoring for individual at
elevated risk of genetic damage and in chemoprevention trials. Mutation Research
489, 147-172.
Malanca, A., Repetti, M.M., Macedo, H.R. 1998. Gross alpha- and beta-activities
in surface and groundwater of Rio Grande do Norte, Brazil. Applied Radiation and
lsotopes 49, 7, 893-898.
Marcon, A. E., Ferreira, D. M., Moura, M. F. V., Campos, T. F. C., Amaral, V. S.,
Agnez-Lima, L. F., Medeiros, S. B. R. 2010. Genotoxic analysis in aquatic
environment under influence of cyanobacteria, metal and radioactivity.
Chemosphere 81, 773-780.
Marques, A. L.; Geraldo, L. P.; Santos, W. 2006. Níveis De Radioatividade Natural
Decorrente Do Radônio No Complexo Rochoso Da Serra De São Vicente, SP.
Radiologia Brasileira 39, 3, 215–218.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 158
Maron, D.M.; Ames, B.N. 1983. Revised methods for the Salmonella mutagenicity
test. Mutation Research 113, 173-215
Mendiguchía, C., Moreno, C., García-Vargas, M. 2007. Evaluation of natural
andanthropogenic influences on the Guadalquivir River (Spain) by dissolved heavy
metals and nutrients. Chemosphere 69, 1509–1517.
Montero, R; Serrano, L.; Araujo, A.; Davila, V.; Ponce, J.; camacho, R.;
MORALES, E., Mensedez, A. 2006. Increased cytogenetic in a zone in transition
from agricultural to industrial use: comprehensive analysis of the micronucleus test
in peripheral blood lymphocytes. Mutagenesis 21, 5, 335-342.
Nakayama, S.M., Ikenaka, Y., Muzandu, K., Choongo, K., Oroszlany, B., Teraoka,
H., Mizuno, N., Ishizuka, M. 2010. Heavy metal accumulation in lake sediments,
fish (Oreochromis niloticus and Serranochromis thumbergi), and crayfish (Cherax
quadricarinatus) in Lake Itezhi-tezhi and Lake Kariba, Zambia. Archives of
Environmental Contamination and Toxicology 59, 2, 291-300.
Ohe, T.; Watanabe, T.; WakabayashI, K. 2004. Mutagens in surface waters: a
review. Mutation Research 567, 109–149.
Pellacani, C., Buschini, A., Furlini, M., Poli, P. & Rossi, C. 2006. A battery of in
vivo and in vitro tests useful for genotoxic pollutant detection in surface waters.
Aquatic Toxicology 77, 1-10.
Petrovich, A. C. I; Araujo, M. F. F. 2009. Percepção de professores e alunos sobre
usos e a qualidade da água em uma região semi-árida brasileira. Educação
Ambiental em Ação, nº 29.
Rana, S.V.S. 2008. Metals and apoptosis: Recent developments (Review). Journal
of Trace Elements in Medicine and Biology 22, 262–284.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 159
SEMARH/RN – Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do estado
do Rio Grande do Norte.
Serra, C. V. Abordagem humana integrada a estudos de uma problemática
ambiental no interior do Rio Grande do Norte. 2006, Dissertação (Mestrado em
Planejamento e Gestão Ambiental). Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF.
119p.
Serra, C. V.; Castro, S. S. L.; Baptista, G. M. M.; Castro, C. F. S.; Zara, L. F. 2006.
Elementos traço no ambiente associados ao risco de câncer. Disponível em:
http://www.cprm.gov.br/publique/media/Painel31.pdf (10.11.2008).
Singh, N.P.; McCoy, M.T.; Tice, R.R.; Schneider, E.L. 1988. A simple technique
for quantitation of low levels of DNA damage in individual cells. Experimental Cell
Research 175, 184 –191.
Tice, R.R.; Agurell, E.; Anderson, D.; Burlinson,B.; Hartmann, A.; Kobayashi,H.;
Miyamae Y.; Rojas, E.; Ryu, J-C.; Sasaki, Y. W. 2000. Single Cell Gel/Comet
Assay: Guidelines for In Vitro and In Vivo Genetic Toxicology Testing.
Environmental and Molecular Mutagenesis 35, 206-221.
Tundisi, J. G. 2003. Recursos Hídricos. MultiCiência. 220p.
U.S. EPA - United States Environmental Protection Agency, 2009. National
Recommended Water Quality Criteria. Disponível em:
http://www.epa.gov/ost/criteria/wqctable (16.09.2009)
Van der Oost, R.; Beyer, J.; Vermeulen, N.P.E. 2003. Fish bioaccumulation and
biomarkers in environmental risk assessment: a review. Environmental Toxicology
and Pharmacology 13, 57-149.
Van leeuwen, H.P., Town, R.M., Buffle, J., Cleven, R.F.M.J., Davison, W., Puy, J.,
Van Riemsdijk, W.H., Sigg, L. 2005. Dynamic Speciation Analysis and
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 160
Bioavailability of Metals in Aquatic Systems. Environmental Science and
Technology 39, 22, 8545-8556.
Villalobos-Pietrini, R.; Flores-Márquez, A. R.; Meneses, M. A.; Tavera, L.;
Balcázar, M.; López, L.; Gómez-Arroyo, S. 1999. Genetic effects observed in
tetrads of Tradescantia induced by radon. Mutation Research 426, 215–219.
Zegura, B., Heath, E., Cernosa, A., Filipic, M. 2009. Combination of in vitro
bioassays for the determination of cytotoxic and genotoxic potential of wastewater,
surface water and drinking water samples. Chemosphere 75, 1453–1460.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 161
REFERÊNCIAS
Alemdaroglu, T., Onur, E., Erkakan, F. 2003. Trace metal levels in superficial
sediments of Lake Manyas, Turkey and tributary Rivers. International Journal
Environmetal Studies 60, 3, 287–298.
AMACS (American Medical Association - Council of Science) 1987: Radon in
homes. Council Report Journal American Association, 258, 668-672. Disponível
em: http://www.ama-assn.org. Acesso em 10 de nov. de 2008.
Ames, B.N. 1999. Cancer prevention and diet: help from single nucleotide
polymorphisms. Proceedings of the National Academy of Sciences of the U.S.A
96, 12216–12218.
APHA (American Public Health Association). 2005. Standard methods for the
examination of water and wastewater, 19th Edition. American Water Works
Association and Water Pollution Control Federation, Washington, DC.
Araújo, M.A.T. 1995. Mapeamento geológico da região de Lucrécia/RN. Relatório
de Graduação/ Departamento de Geologia, UFRN, Natal/RN – Brasil.
ATSDR (Agency for Toxic Substances and Disease Registry). 1990. Toxicological
profile for radon. (Final Report, ATSDR/TP-90/23). Atlanta, Georgia, U.S.A: Public
Health Service. Dept. of Health & Human Services. NTIS Accession No. PB91-
180422, 1–170.
Banker, R., Carmeli, S., Hadas, O., Teltsch, B., Porat, R., Sukenik, A. 1997.
Identification of cylindrospermopsin in the cyanobacterium Aphanizomenon
ovalisporum (Cyanophyceae) isolated from Lake Kinneret, Israel. Journal
Phycology 33, 613-616.
Barbosa, J. S; Cabral, T. M ;.Ferreira, D. N.; Agnez-lima, L. F.; Batistuzzo de
Medeiros, S. R. 2010. Genotoxicity assessment in aquatic environment impacted
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 162
by the presence of heavy metals. Ecotoxicology and Environmental Safety 73,
320–325.
Bertin, G., Averbeck, D. 2006. Cadmium: cellular effects, modifications of
biomolecules, modulation of DNA repair and genotoxic consequences (a review).
Biochemistry 88, 1549–1559.
Beyersmann, D. 2002. Effects of carcinogenic metals on gene expression.
Toxicology Letters 127, 63–68.
Beyersmann, D., Hartwig, A., 2008. Carcinogenic metal compounds: recent insight
intomolecular and cellular mechanisms. Archives of Toxicology 82, 493–512.
Bonassi A., Au, W. W. 2002. Biomarkers in molecular epidemiology studies for
health risk prediction. Mutation Research 511, 73–86.
Buschini, A., Pinelli, S., Pellacani, C., Giordani, F., Ferrari, M.B., Bisceglie, F.,
Giannetto, M., Pelosi, G., Tarasconi, P. 2009. Synthesis, characterization and
deepening in the comprehension of the biologicalaction mechanisms of a new
nickel complex with antiproliferative activity. Journal of Inorganic Biochemistry 103,
666–677.
Campos, A., Vasconcelos, V. 2010. Molecular mechanisms of microcystin toxicity
in animal cells (Review). International Journal of Molecular Sciences 11, 268-287.
Campos, T. F. C.; Marcon, A. E.; Petta, R. A.; Pastura, V. F. S.; Guedes, A. G.
2010. Distribuição da Radiação Gama e “Radônio Interior” na cidade de Lucrécia
(RN, Brasil): Radioatividade natural e o risco de malignidades. X Congresso de
Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa e XVI Semana de Geoquímica.
Porto- Portugal, Resumo Expandido.
Carmichael, W.W. 1994. The toxins of cyanobacteria. Scientific American, 270, 1,
78-86.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 163
Carrasco, K.R., Tilbury, K.L., Mayers, M.S. 1990. Assessment of the piscine
micronuclei test as an in situ biological indicator of chemical contaminations
effects. Journal Fish Aquatic Science 47, 2123–2136.
Çavas, T., Ergene-Gozukara, S. 2005. Induction of micronuclei and nuclear
abnormalities in Oreochromis niloticus following exposure to petroleum refinery
and chromium processing plant effluents. Aquatic Toxicology 74, 264–271.
Ceppi, M., Biasotti, B., Fenech, M., Bonassi, S. 2010. Human population studies
with the exfoliated buccal micronucleus assay: Statistical and epidemiological
issues Mutation Research 705, 1, 11-19.
Cestari, M.M., Lemos, P.M.M., Ribeiro, C.A.O., Costa, J.R.M.A., Pelletier, E.,
Ferraro, M.V.M., Mantovani, M.S., Fenocchio, A.S. 2004. Genetic damage induced
by trophic doses of lead in the neotropical fish Hoplias malabaricus
(Characiformes, Erythinidae) as revealed by the comet assay and chromosomal
aberrations. Genetic and Molecular Biology 27, 2, 270-274.
Chellappa, N.T., Costa, M.A.M. 2003. Dominant and co-existing species of
Cyanobacteria from a Eutrophicated reservoir of Rio Grande do Norte State,
Brazil. Acta Oecologica 24, S3–S10.
Chorus, I., Bartram, J. (editors). 1999. Toxic cyanobacteria in water. A Guide to
their public health consequences, monitoring and management. London: E&FN
Spon. 139p
CAERN (Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte).
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). 2005. Resolução no. 357.
Ministério do Meio Ambiente, MMA, Brasília, Distrito Federal. Disponível em:
http://www.mma.gov.br. Acesso em 13 out. 2008.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 164
Costa-Pierce, B A. 2003. Rapid evolution of an established feral tilapia
(Oreochromis spp.): the need to incorporate invasion science into regulatory
structures. Biological Invasions Magazine 5, 71-84.
CPRM - Serviço Geológico do Brasil. 2006. Mapa geológico do estado do Rio
Grande do Norte. Disponível em: http://www.cprm.gov.br. Acesso em 10 de out.
2009.
Dai, H., Liu, J., Malkas, L.H., Catalano, J., Alagharu, S., Hickey, R.J. 2009.
Chromium reduces the in vitro activity and fidelity of DNA replication mediated by
the human cell DNA synthesome. Toxicology and Applied Pharmacology 236,
154–165.
DeFlora, S., Bagnasco, M., Serra, D., Zanacchi, P., 1990. Genotoxicity of
chromium compounds. A review. Mutation Research 238, 99–172.
Dietrich, D., Hoeger, S. 2005. Guidance values for microcystins in water and
cyanobacterial supplement products (blue-green algal supplements): a reasonable
or misguided approach? Toxicology and Applied Pharmacology 203, 273– 289.
DUFFS, J.H. 2002. “Heavy metals” – a meaningless term? Pure and Applied
Chemistry, 4, 5, 793-807.
Egito, L.C.M., Medeiros, M.G., Medeiros, S.R.B., Agnez-lima, L.F. 2007. Cytotoxic
and genotoxic potential of surface water from the Pitimbu river, northeastern/RN
Brazil. Genetic and Molecular Biology 30, 2, 435-441.
EMPARN - Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte.
Fairbrother, A., Wenstel, R., Sappington, K., Wood, W. 2007. Framework for metal
risk assessment. Ecotoxicology and Environmental Safety 68, 145-227.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 165
FAO (Food and Agricultural Organization). 1983. Compilation of legal limits for
hazardous substances in fish and fishery products. Disponível em:
http://193.191.134.12/afrilib/user/show/4708. Acesso em 13 jan. 2009.
Faure, G. 1991: Principes and application of inorganic geochemistry, New York,
MacMillan Publicshing Cia., 626p.
Fenech, M. 2000. The in vitro micronucleus technique. Mutation Research 455,
81-95.
Fenech, M. 2002. Micronutrients and genomic stability: a new paradigm for
recommended dietary allowances (RDAs). Food and Chemical Toxicology 40,
1113–1117.
Fenech, M., Fergunson, L.R. 2001. Vitamins/minerals and genomic stability in
humans. Mutation Research 475, 1-6.
Fenech, M., Holland, N., Chang, W.P., Zeiger, E., Bonassi, S. 1999. The human
micronucleus project – an international collaborative study on the use of the
micronucleus technique for measuring DNA damage in humans. Mutation
Research 428, 271-283.
Ferraro, M.V.M., Fenocchio, A.S., Mantovani, M.S., Ribeiro, C.O., Cestari, M.M.
2004. Mutagenic effects of trobutyltin and inorganic and inorganic lead (Pb II) on
fish H. malabaricus as evaluated using the comet assay and the piscine
micronucleus ans chromosome aberrations tests. Genetic and Molecular Biology
27, 1, 103-107.
Fitzgerald, D.J., Cunliffe, D.A., Burch, M.D. 1999. Development of health alerts for
cyanobacteria and related toxins in drinking water in South Australia.
Environmental Toxicology 14, 1, 203-207.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 166
Fleming, L.E., Rivero, c., Burns, J., Williams, C., Beana, J.A., Shea, K.A., Stinn, J.
2002. Blue green algal (cyanobacterial) toxins, surface drinking water, and liver
cancer in Florida. Harmful Algae 1, 157–168.
FPTRPC (Federal Provincial Territorial Radiation Protection Committee, Canada),
2000. Draft Guidelines for the Management of Naturally Occurring Radioactive
Materials (NORM). Federal Provincial Territorial Radiation Protection Committee.
Disponível em: http://www.hc-sc.gc.ca. Acesso em 12 de mar. de 2009.
Fundação Nacional de Saúde, 2003. Cianobactérias tóxicas na água para
consumo humano na saúde pública e processos de remoção em água para
consumo humano. Ministério da Saúde: Brasília. Disponível em:
http://funasa.gov.br. Acesso em 24 de mai. de 2007.
Geiszinger, A., Bonnineau, C., Faggiano, L., Guasch, H., Lopez-Doval, J.C., Proia,
L., Ricart, M., Ricciardi, F., Romanı, A., Rotter, S., Munoz, I. Schmitt-Jansen, M.,
Sabater, S. 2009. The relevance of the community approach linking chemical and
biological analyses in pollution assessment. Trends in Analytical Chemistry 28, 5,
619-626.
Gkelis, S., Lanaras, T., Sivonen, K. 2006. The presence of microcystins and other
cyanobacterial bioactivepeptides in aquatic fauna collected from Greek
freshwaters Aquatic Toxicology 78, 32–41.
Grillo, C.A., Reigosa, M.A., Mele, M.F.L. 2009. Effects of copper ions released
from metallic copper on CHO-K1 cells. Mutation Research 672, 45-50.
Halliwell, B., Gutteridge, J.M.C., 1989. Free radicals in biology and medicine.
Clarendon Press, Oxford, UK. 200p.
Hartwig, A., 1998. Carcinogenicity of metal compounds: possible role of DNA
repair inhibition. Toxicology Letters 102–103, 235–239.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 167
Heepchantree, W., Paratasilpin, T., Kangwanpong, D. 2005. A comparative
biomonitoring study of populations residing in regions with low and high risk of
lung cancer using the chromosome aberration and the micronucleus tests.
Mutation Research 587, 134–139.
Hernandez, L.G., van Steeg, H., Luijten, M., van Benthem, J. 2009. Mechanisms
of non-genotoxic carcinogens and importance of a weight of evidence approach.
Mutation Research 682, 2-3, 94-109.
Holland, N., Bolognesi, C., Kirsch-Volders, M., Bonassi, S., Zeiger, E.,
Knasmueller, S., Fenech, M. 2008. The micronucleus assay in human buccal cells
as a tool for biomonitoring DNA damage: The HUMAN project perspective on
current status and knowledge gaps – Review. Mutation Research 659, 93–108.
Hoshina, M.M., Angelis, D.F., Marin-Morales, Maria A. 2008. Induction of
micronucleus and nuclear abnormalities in fish (Oreochromis niloticus) by a
petroleum refinery effluent. Mutation Research 656, 44–48.
Huang, P., Huang, B., Weng, H., Nakayama, K., Morimoto, K. 2009. Effects of
lifestyle on micronuclei frequency in human lymphocytes in Japanese hard-metal
workers. Preventive Medicine 48, 383–388.
Humpage, A.R., Fenech, M., Thomas, P., Falconer, I.R. 2000. Micronucleus
induction and chromosome loss in transformed human white cells indicate
clastogenic and aneugenic action of the cyanobacterial toxin, cylindrospermopsin.
Mutation Research 472, 155–161.
IARC (International Agency for Research on Cancer).1988. Monographs on the
evaluation of carcinogenic risks to humans. Man-Made Mineral Fibres and Radon,
Lyon, France, 43, 300p.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 168
Iarmarcovai, G., Bonassi, S., Botta, A., Baan, R.A., Orsiere, T. 2008. Genetic
polymorphisms and micronucleus formation: A review of the literature. Mutation
Research 658, 215–233.
IBGE. 2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br. Acesso em 29 de mar. de 2010.
Instituto Nacional do Câncer – INCA. 2007. Estimativas 2008: Incidência de
Câncer no Brasil. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.inca.gov.br. Acesso
em 29 de jan. de 2009.
Ishikawa, Y., Wada, I., Fukumoto, M. 2003. Cancers induced by alpha radiation
from Thorotrast. International Congress Series 1236, 191–194.
Järup, L., Akesson, A. 2009. Current status of cadmium as an environmental
health problem. Toxicology and Applied Pharmacology 238, 3, 201-208.
JECFA (Joint Expert Committee on Food Additives) - FAO/WHO. 2003. Evaluation
of certain food additives and contaminants. Disponível em:
http://www.whqlibdoc.who.int/trs. Acesso em 12 jan. 2010.
Jha, A.N., 2004. Genotoxicological studies in aquatic organisms: an overview.
Mutation Research 552, 1–17.
Joseph, L.J., Patwardhana, U.N., Samuel, A.M. 2004. Frequency of micronuclei in
peripheral blood lymphocytes from subjects occupationally exposed to low levels
of ionizing radiation. Mutation Research 564, 83–88.
Jostes, R.F. 1996. Genetic, cytogenetic and carcinogenic effects of radon: a
review. Mutation Research 340, 125-139.
Komulainem, H. 2004. Experiments cancer studies of chlorinated by-products.
Toxicology 198, 239-248.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 169
Kornekova, B., Skalicka, M., Nad, P. 2006. Zinc in cattle from area polluted by
long-term emissions. Bulletin of Environmental Contamination and Toxicology 76,
4, 684–688.
Lam, P.K.S. 2009. Use of biomarkers in environmental monitoring. Ocean &
Coastal Management 52, 348–354.
Lemos, C. T., Terra, N. R. 2003. Poluição: Causas, efeitos e controle. Genética
Toxicológica, 119-137.
Linde-Arias, A.R., Inácio, A.F., Alburquerque, C., Freire, M.M., Moreira, J.C. 2008.
Biomarkers in an invasive fish species, Oreochromis niloticus, to assess the
effects of pollution in a highly degraded Brazilian River. Science of the Total
Environment 399, 186–192.
Lürling, M., Roessink, I. 2006. On the way to cyanobacterial blooms: Impact of the
herbicide metribuzin on the competition between a green alga (Scenedesmus) and
a cyanobacterium (Microcystis). Chemosphere 65, 618–626.
Lushchak, O.V., Kubrak, O.I., Torous, I.M., Nazarchuk, T.Y., Storey, K.B.,
Lushchak, V.I. 2009. Trivalent chromium induces oxidative stress in goldfish brain.
Chemosphere 75, 56–62.
Lutze, L.H.; Winega, R.A; Jostes, R.; Cross, F.T.; Cleaver, J.E. 1992. Radon-
induced deletions in human cells: role of nonhomologous strand rejoining. Cancer
Research 52, 5126–5129.
Ma, T.H. 1979. Micronuclei induced by x-rays and chemical mutagens in meiotic
pollen mother cells of Tradescantia, a promising mutagen test system. Mutation
Research 64, 307–313.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 170
Ma, T.H. 1983. Tradescantia micronuclei test (Trad-MN) for environmental
clastogens, in: J.R. Kolber et al. (Eds.), In Vitro Toxicity Testing of Environmental
Agents, Part A, Plenum Press, New York, NY, 147-214p.
Maffei, F., Carbone, F., Cantelli Forti, G., Buschini, A., Poli, P., Rossi, C.,
Marabini, L., Radice, S., Chiesara, E., Hrelia, P. 2009. Drinking water quality: An in
vitro approach for the assessment of cytotoxic and genotoxic load in water
sampled along distribution system. Environment International 35, 1053–1061.
Majer, B. J.; Kaky, B.; Knasmuller, S.; Kassie F. 2001. Use of the micronucleus
assay with exfoliated epithelial cells as a biomarker for monitoring for individual at
elevated risk of genetic damage and in chemoprevention trials. Mutation Research
489, 147-172.
Malanca, A., Repetti, M.M., Macedo, H.R. 1998. Gross alpha- and beta-activities
in surface and groundwater of Rio Grande do Norte, Brazil. Applied Radiation and
lsotopes 49, 7, 893-898.
Maluf, S.W. 2004. Monitoring DNA damage following radiation exposure using
cytokinesis-block micronucleus method and alkaline single-cell gel elctrophoresis.
Clinical and Chemical Acta 347, 15-24.
Maron, D.M.; Ames, B.N. 1983. Revised methods for the Salmonella mutagenicity
test. Mutation Research 113, 173-215
Martinez, G.R., Loureiro, A.p., Marques, A.S., Miyamoto, S., Yamaguchi, L.F.,
Onuki, J., Almeida E.A., Garcia, C.C., Barbosa, L.F., Medeiros, M.H., Di Mascio,
P. 2003. Oxidative and alkylating in DNA. Mutation Research 544, 2-3, 115-127.
Mateuca, R., Lombaert, N., Aka ,P.V., Decordier, I., Kirsch-Volders, M., 2006.
Chromosomal changes: induction, detection methods and applicability in human
biomonitoring. Biochimie 88, 1515–1531.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 171
Matsumoto, S. T., Marin-Morales, M. A. 2005. Toxic and genotoxic effects of
trivalent and hexavalent chromium - a review. Revista Brasileira de Toxicologia,
18, 1, 05-10.
Genotoxicity and mutagenicity of water contaminated with tannery effluents, as
evaluated by the micronucleus test and comet assay using the fish Oreochromis
niloticus and chromosome aberrations in onion root-tips
Matsumoto, S. T., Mantovani, M. S., Malaguttii, M. I. A., Dias, A. L., Fonseca, I. C.,
Marin-Morales, M. A. 2006. Genetics and Molecular Biology, 29, 1, 148-158.
Mena, S., Ortega, A., Estrela, J.M. 2009. Oxidative stress in environmental-
induced carcinogenesis - Mini review. Mutation Research 674, 36–44.
Mendiguchía, C., Moreno, C., García-Vargas, M. 2007. Evaluation of natural and
anthropogenic influences on the Guadalquivir River (Spain) by dissolved heavy
metals and nutrients. Chemosphere 69, 1509–1517.
Mertz, W. 1993. Chromium in human nutrition: a review. Journal of Nutrition.
Philadelphia 123, 4, 626-633.
Minozzo, R., Deimling, L.I., Gigante, L.P., Santos-Mello, R. 2004. Micronuclei in
peripheral blood lymphocytes of workers exposed to lead. Mutation Research,
565, 53–60.
Mistério da Saúde do Brasil. 2004. Portaria no. 518 - Norma de qualidade da água
para consumo human. Disponível em: http://www.saude.gov.br. Acesso 12 de set.
2009.
Mitra, S., Boldogh, I., Izumi, T., Hazra, T.K. 2001. Complexities of the DNA base
excision repair pathway for repair of oxidative DNA damage. Environmental and
Molecular Mutagenesis 38, 180-190.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 172
Musak, L., Soucek, P., Vodickova, L., Naccarati, A., Halasova, E., Polakova, V.,
Slyskova, J., Susova, S., Buchancova, J., Smerhovsky, Z., Sedikova, J.,
Klimentova, G., Osinag, O., Hemminki, K., Vodicka, P. 2008. Chromosomal
aberrations in tire plant workers and interaction with polymorphisms of
biotransformation and DNA repair genes. Mutation Research 641, 36–42.
Nakayama, S.M., Ikenaka, Y., Muzandu, K., Choongo, K., Oroszlany, B., Teraoka,
H., Mizuno, N., Ishizuka, M. 2010. Heavy metal accumulation in lake sediments,
fish (Oreochromis niloticus and Serranochromis thumbergi), and crayfish (Cherax
quadricarinatus) in Lake Itezhi-tezhi and Lake Kariba, Zambia. Archives of
Environmental Contamination and Toxicology 59, 2, 291-300.
NRC (National Research Council). 1998. Health effects of exposure to radon,
Committee on health risks of exposure to radon (BEIR VI), Board on radiation
effects research. Commission on life sciences, Washington, DC, U.S.A: National
Academy Press. Disponível em: http://www.nationalacademies.org/nrc. Acesso 12
de set. 2007.
NRC (National Research Council). 1999. Risk assessment of radon in drinking
water. Committee on risk assessment of exposure to radon in drinking water,
board on radiation effects research, Commission on Life Sciences, Washington,
DC, U.S.A. Disponível em: http://www.nationalacademies.org/nrc. Acesso 12 de
set. 2007.
Nriagu, J.O. 1996. A history of global metal pollution. Science, 272, 223-224.
NRPB (National Radiological Protection Board). 1990. Medical, Occupational and
Public Exposure: Guidance on the 1990: Recommendations of ICRP value of Unit
Collective Dose for Use in the 1990s. Disponível em: http://www.nrpb.org.uk.
Acesso em 13 de jan. de 2008.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 173
Ohe, T., Watanabe, T., Wakabayashi, K. 2004. Mutagens in surface water: a
review, Mutation Research 567, 109-149.
Oliveira, T. B., Cury, P. M. 2002. Câncer de pulmão. HB Científica 9, 1.
Pellacani, C., Buschini, A., Furlini, M., Poli, P. Rossi, C. 2006. A battery of in vivo
and in vitro tests useful for genotoxic pollutant detection in surface waters. Aquatic
Toxicology 77, 1-10.
Peralta-Videa, J.R., Lopez, M.L., Narayan, M., Saupe, G., Gardea-Torresdey, J.
2009. The biochemistry of environmental heavy metal uptake by plants:
Implications for the food chain. The International Journal of Biochemistry and Cell
Biology 41, 8-9, 1665-1677.
Pohl, H.R., Abadin, H.G. 2008. Chemical mixtures: Evaluation of risk for child-
specific exposures in a multi-stressor environment. Toxicology and Applied
Pharmacology 233, 116–125.
Raghunathan, V.K., Ellis, E.M., Grant, M.H. 2009. Response to chronic exposure
to hexavalent chromium in human monocytes. Toxicology in vitro 23, 4, 647-652.
Rana, S.V.S. 2008. Metals and apoptosis: Recent developments (Review). Journal
of Trace Elements in Medicine and Biology 22, 262–284.
Ribeiro, L.R. 2003. Teste do micronúcleo em medula óssea de roedores in vivo.
Ed. ULBRA, In: Mutagênese Ambiental, 173-200.
Salama, S.A., Serrana, M., Au, W.W. 1999. Biomonitoring using accessible human
cells for exposure and health risk assessment. Mutation Research 436, 99–112.
Salvatori, D.M.F., Ribeiro, L.R., Fenech, M. 2003. Teste do micronúcleo em
células humanas in vitro. Mutagênese Ambiental, 201-223.
Sant’anna, C.L., Azevedo, M.T.P. 2000. Contribution to the knowledge of
potentially toxic cyanobacteria from Brazil. Nova Hedwigia 71, 3-4, 359-85.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 174
Scott, D., Barber, J.P.B., Levine, E.L., Burrill,W., Roberts, A.S. 1998. Radiation
induced micronucleus induction in lymphocytes identifies a high frequency of
radiosensitive cases among breast cancer patients: a test for predisposition?
Brazilian Journal of Cancer 77, 614-620.
SEMARH/RN – Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do estado
do Rio Grande do Norte. Disponível em: http://www.serhid.rn.gov.br.
Seoane, A.I., Dulout, F.N. 2001. Genotoxic ability of cadmium, chromium and
nickel salts studied by kinetochore staining in the cytokinesis-blocked
micronucleus assay. Mutation Research 490, 99–106.
Serra, C. V., Castro, S. S. L., Baptista, G. M. M.; Castro, C. F. S.; Zara, L. F. 2006.
Environmental trace elements associated with cancer risk - Lucrécia-RN/Brazil.
Environmental and Molecular Mutagenesis 47, 476.
Shaw, G.R., Sukenik, A., Livne, A., Chiswell, R.K., Smith, M.J., Seawright, A.A.,
Norris, R.L., Eaglesham, G.K., Moore, M.R. 1999. Blooms of the
cylindrospermopsin containing cyanobacterium, Aphanizomenon ovalisporum
(Forti) in newly constructed lakes, Queensland, Australia. Environmental
Toxicology 14, 167-77.
Smerhovsky, Z., Landa, K., Rossner, P., Juzova, D., Brabec, M., Zudova, Z., Hola,
N., Zarska, H., Nevsimalova, E. 2002. Increased risk of cancer in radon-exposed
miners with elevated frequency of chromosomal aberrations. Mutation Research
514, 165–176.
Soller, J.A., Schoen, M.E., Bartrand, T., Ravenscroft, J.E., Ashbolt, N.J. 2010.
Estimated human health risks from exposure to recreational waters impacted by
human and non-human sources of faecal contamination. Water Research 44,
4674-4691.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 175
Sotero-Santos, R.B., Silva, C.R.S., Verani, N.F., Nonaka, K.O., Rocha, O. 2006.
Toxicity of a cyanobacteria bloom in Barra Bonita Reservoir. (Middle Tietê River,
São Paulo, Brazil). Ecotoxicology and Environmental Safety 64, 163–170.
Souza, T.S., Fontanetti, C.S. 2006. Micronucleus test and observation of nuclear
abnormalities in erythrocytes of Nile tilapia exposed to Waters affected by refinery
effluent. Mutation Research 605, 87-93.
Sráma, R.J., Rössner, P., Smerhovský, Z. 2004. Review - Cytogenetic analysis
and occupational health in the Czech Republic. Mutation Research 566, 21–48.
Stephan, G., Oestreicher, U., Lehmann, R. 2005. Chromosome aberrations in
peripheral lymphocytes of individuals living in dwellings with an increased level of
indoor radon concentrations. International Congress Series 1276, 29–32.
Tagliari, K. C., Vargas, V. M. F., Zimiani, K., Cecchini, R. 2004. Oxidative stress
damage in the liver of fish and rats receiving an intraperitoneal injection of
hexavalent chromium as evaluated by chemiluminescence. Environmental
Toxicology and PharmacologyVolume 17, 3, 149-157.
Tagliari, K. C., Cecchini, R., Rocha, J. A. V., Vargas, V. M. F. 2004. Mutagenicity
of sediment and biomarkers of oxidative stress in fish from aquatic environments
under the influence of tanneries. Mutation Research, 561, 1-2, 101-117.
Talapatra, S.N., Banerjee, S.K. 2007. Detection of micronucleus and abnormal
nucleus in erythrocytes from the gill and kidney of Labeo bata cultivated in
sewage-fed fish farms. Food and Chemical Toxicology 45, 210–215.
Thévenod, F. 2009. Cadmium and cellular signaling cascades: To be or not to be?
Toxicology and Applied Pharmacology 238, 221 -239.
Tomazelli, A. C. 2003. Estudo comparativo das concentrações de cádmio,
chumbo e mercúrio em seis bacias hidrográficas do Estado de São Paulo. Tese
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 176
de doutorado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP).
Torres de Lemos, C., Rödel, P. M., Terra, N. R., Oliveira, C. D., Erdtmann, B.
2007. River water genotoxicity evaluation using micronucleus assay in fish
erythrocytes. Ecotoxicoly and Environmental Safety 66, 391–40.
Tsuji, K., Watanuki, T., Kondo, F., Watanabe, M.F., Nakazawa, H., Suzuki, M.,
Uchida, H., Harada, K. 1997. Stability of microcystins from cyanobacteria-Iv. Effect
of Chlorination on Decomposition. Toxicon 35, 7, 1033-1041.
U.S. EPA (United State Environmental Protection Agency). 1992. Framework for
ecological risk assessment. Risk Assessment Forum, Washington, DC;
EPA/630/R-92/001. Disponível em: http://www.epa.gov. Acesso em 01 out. 2008.
U.S. EPA (United State Environmental Protection Agency). 1999a: Guidelines for
exposure to naturally occurring radioactive materials board on radiation Effects.
Report of Commission on Life Sciences and National Research Council. National
Academic Press, Washington, D.C. Library of Congress Number 98-83159.
International Standard Book Number 0-309-06297-7. Disponível em:
http://www.epa.gov. Acesso em 12 set. 2009.
U.S. EPA (United State Environmental Protection Agency). 1999b: Health risk
reduction and cost analysis for radon in drinking water. Federak Register 64, 38,
9559. Disponível em: http://www.epa.gov. Acesso em 12 set. 2009.
U.S. EPA (United State Environmental Protection Agency). 2007. Framework for
metal risk assessment. Risk Assessment Forum, Washington, DC; EPA 120/R-
07/001. Disponível em: http://www.epa.gov. Acesso em 12 set. 2009.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 177
U.S. EPA (United State Environmental Protection Agency). 2009. National
recommended water quality criteria. Disponível em:
http://www.epa.gov/ost/criteria/wqctable. Acesso em 12 set. 2009.
Udroiu, I. 2006. The micronucleus test in piscine erythrocytes. Review. Aquatic
Toxicology 79, 201–204.
UNSCEAR (United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomica
Radiation). 2000. Report on sources and effects of ionizing radiation to the general
assembly (2 Volumes), United Nations, Vienna. Disponível em:
http//:www.unscear.org. Acesso em 20 abr. de 2008.
UNSCEAR (United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomica
Radiation). 2001. Report on Hereditary Effects of Radiation to the General
Assembly, Unit. Nations, Vienna. Disponível em: http://www.unscear.org. Acesso
em 20 abr. de 2008.
Van der Oost, R., Beyer, J., Vermeulen, N.P.E. 2003. Fish bioaccumulation and
biomarkers in environmental risk assessment: a review. Environmental Toxicology
and Pharmacology 13, 57-149.
Van Lleeuwen, H.P., Town, R.M., Buffle, J., Cleven, R.F.M.J., Davison, W., Puy, J.,
Van Riemsdijk, W.H., Sigg, L. 2005. Dynamic Speciation Analysis and
Bioavailability of Metals in Aquatic Systems. Environmental Science & Technology
39, 22, 8545-8556.
Vargas, V.M.F., Migliavacca, S.B., De Melo, A.C., Horn, R.C., Guidogono, R.R.,
De Sá Ferreira, I.C.F., Pestana, M.H.D. 2001. Genotoxicity assessment in aquatic
environments under the influence of heavy metals and organic contaminants.
Mutation Research 490, 141-158.
Avaliação da Genotoxicidade e da Qualidade das Águas do Açude de Lucrécia/RN.
Alexandre Endres Marcon – PPgCSA/CCS/UFRN 178
WHO (World Health Organization). 1999. Toxic cyanobacteria in water: A guide to
their public health consequences, monitoring and management. WHO Publishing,
London. Disponível em: http://www.who.int. Acesso em 12 de set. de 2008.
WHO (World Health Organization). 2003. Guidelines for safe recreational waters,
Volume 1 – Coastal and freshwaters, Chapter 8: Algae and cyanobacteria in
freshwater. WHO Publishing, Geneva, 136-158. Disponível em:
http://www.who.int. Acesso em 12 de set. de 2009.
WHO (World Health Organization). 2008. Guidelines for drinking-water quality
incorporating 1st and 2nd addenda,Vol. 1, Recommendations.– 3rd ed. ISBN 978
92 4 154761 1. Disponível em: http://www.who.int. Acesso em 23 de mar. de 2009
WHO/IPCS (World Health Organization/International Programme on Chemical
Safety). 1998. Copper. Environmental health criteria document no. 200. Geneva,
Switzerland. Disponível em: http://www.who.int. Acesso em 03 de set. de 2009.
Zhou, X., Li, Q., Arita, A., Sun, H., Costa, M. 2009. Effects of nickel, chromate, and
arsenite on histone 3 lysine methylation. Toxicology and Applied Pharmacology
236, 78–84.