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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA O GEORRITMO DO CAVALO-DE-PAU NOS MUNICÍPIOS DA ÁREA DO PETRÓLEO POTIGUAR: A RELAÇÃO ENTRE OS ROYALTIES E A DINÂMICA SOCIOECONÔMICA MÁRIO JESIEL DE OLIVEIRA ALEXANDRE Natal/RN 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA

O GEORRITMO DO CAVALO-DE-PAU NOS MUNICÍPIOS DA ÁREA

DO PETRÓLEO POTIGUAR: A RELAÇÃO ENTRE OS ROYALTIES E

A DINÂMICA SOCIOECONÔMICA

MÁRIO JESIEL DE OLIVEIRA ALEXANDRE

Natal/RN 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA

O GEORRITMO DO CAVALO-DE-PAU NOS MUNICÍPIOS DA ÁREA

DO PETRÓLEO POTIGUAR: A RELAÇÃO ENTRE OS ROYALTIES E

A DINÂMICA SOCIOECONÔMICA

MÁRIO JESIEL DE OLIVEIRA ALEXANDRE

Natal/RN 2003

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MÁRIO JESIEL DE OLIVEIRA ALEXANDRE

O GEORRITMO DO CAVALO-DE-PAU NOS MUNICÍPIOS DA ÁREA DO

PETRÓLEO POTIGUAR: A RELAÇÃO ENTRE OS ROYALTIES E A DINÂMICA

SOCIOECONÔMICA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, como

requisito parcial para obtenção do título de Mestre

em Geografia, da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Área de Concentração: Dinâmica

e Reestruturação do Território.

Orientadora: Profa Dra. Beatriz Maria Soares Pontes

Natal/RN

2003

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MÁRIO JESIEL DE OLIVEIRA ALEXANDRE

O GEORRITMO DO CAVALO-DE-PAU NOS MUNICÍPIOS DA ÁREA DO

PETRÓLEO POTIGUAR: A RELAÇÃO ENTRE OS ROYALTIES E A DINÂMICA

SOCIOECONÔMICA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Geografia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Área de Concentração: Dinâmica e Reestruturação do Território.

BANCA EXAMINADORA

Prof a Dra Beatriz Maria Soares Pontes - Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Prof a Dra Tânia Bacelar de Araújo - Examinadora

Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Prof o Dro José Lacerda Alves Felipe - Examinador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Natal

2003

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“Filho meu, não te esqueças dos meus ensinos, e o teu

coração guarde os meus mandamentos[...] Confia no Senhor

de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio

entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e

ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio aos teus

próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isto

saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos.

Honra os Senhor com os teus bens e com as primícias de

toda a tua renda[...] Feliz o homem que acha sabedoria e o

homem que adquire conhecimento”

Bíblia, Livro de Provérbios 3: 1,5-9,13.

“O bálsamo saudável, vindo da fonte secreta da Natureza,

Trará ao homem o viço da saúde, a vida; Pois das

profundezas o líquido mágico flui, Para acalmar nossos

sofrimentos e mitigar nossos infortúnios...

De um fornecedor de Sêneca".

Daniel Yergin, (São Paulo, 1992, p.5)

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AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho científico foi inicialmente um projeto aprovado por Deus. A Ele toda a honra, toda glória e todo louvor. Agradeço a Deus a oportunidade concedida em minha vida.

Agradeço a minha família pelo apoio e carinho dispensados em todos os momentos. A minha amada esposa, Tereza Cristina, que pacientemente e por diversas vezes repetiu a frase “vai estudar, que eu fico com os meninos...”; isto deu-me a tranqüilidade para enfrentar as longas noites de estudo e as viagens de pesquisa. Aos meus amados filhos, Marília e Guilherminho, que entenderam a ausência do pai em muitos momentos importantes de suas vidas.

Sou por demais agradecido pelo apoio e incentivo recebidos dos meus irmãos Malco Jeiel, Mauro Lemuel, Marcio Eliel e Marcos Lael. O Malco foi usado por Deus por indicar-me este caminho.

Sou imensamente grato à Profa Beatriz, que desde o início acreditou em nosso projeto e conduziu com inteligência, brilhantismo e competência a realização deste trabalho científico. Com a sua experiência e paciência soube lidar com os arroubos deste aprendiz do ofício científico.

Ao meu gerente na PETROBRAS, Taismar Zanini, agradeço a liberação e o apoio para a realização desta tarefa. Agradeço aos colegas de trabalho da DEEC (Desempenho Empresarial e Estratégia Corporativa) pelo apoio recebido.

Aos meus colegas do curso de mestrado, Frederico, Gerson, Isalúcia, Márcia, Marta Turra, Marcos, Minoru Wake e Vera, sou grato pela amizade, pela troca de idéias e apoio para elaboração deste trabalho.

Agradeço aos colegas que participaram diretamente na elaboração da figuras deste trabalho. Aos colegas Paulo e Bezerra, da PETROBRAS, que montaram os mapas básicos; as colegas Michella e Itâmara, da CONSULESTE/UFRN, pela tabulação e confecção dos gráficos da pesquisa de campo.

Registro e agradeço, o apoio recebido dos prefeitos e secretários de finanças das prefeituras dos municípios produtores de petróleo no Rio Grande do Norte, dos assessores do IDEMA/CESE e do IBGE.

Sem a participação e o apoio destas pessoas e instituições citadas não teria sido possível a realização desta tarefa. Como disse Sir Isaac Newton, “se pude ver mais longe, é porque estava sobre ombros de gigantes”.

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCHLA Divisão de Serviços Técnicos

Alexandre, Mário Jesiel de Oliveira.

O georritmo do cavalo-de-pau nos municípios da área do petróleo potiguar: a relação entre os royaltes e a dinâmica socioeconômica. / Mário Jesiel de Oliveira Alexandre. – Natal, 2003.

p. 254 Orientador (a): Profª. Drª. Beatriz Maria Soares Pontes. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Geografia.

1. Petróleo - Rio Grande do Norte - 1995 - 2000 - Tese. 2. Petróleo –

Exploração - Aspectos econômicos - Tese 3. Desenvolvimento econômico - Rio Grande do Norte - Tese. I. Pontes, Beatriz Maria Soares II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSCH CDU 622.323(813.2)(043.3)

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ALEXANDRE, Mário Jesiel de Oliveira. O georritmo do cavalo-de-pau nos municípios da Área do Petróleo Potiguar: a relação entre os royalties e a dinâmica socioeconômica. Dissertação (Mestrado em Geografia). UFRN: Natal, 2003.

Resumo

Este trabalho tem por objetivo identificar os objetos e sistemas de ações que formam os municípios da Área do Petróleo Potiguar, determinando o grau de influência da receita dos royalties na dinâmica socioeconômica dos municípios produtores de óleo e gás natural, localizados na região noroeste do Estado do Rio Grande do Norte. Enfoca o quadro de referência composto dos aspectos físicos, socioeconômicos, destacando o georritmo e a espacialidade do cavalo-de-pau na atividade industrial de petróleo no Rio Grande do Norte. Faz uma análise no período de 1995 a 2000, do quadro das finanças públicas municipais, mostrando a evolução das receitas de royalties em relação às demais receitas e despesas dos municípios da referida área petrolífera. Compara a evolução do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), em relação à evolução dos royalties da referida área petrolífera. Aponta, ainda, os dados da pesquisa que a indenização dos royalties do petróleo representa o terceiro e, em alguns casos, o segundo mais importante item de receita dos lugares produtores de óleo e gás natural. As pesquisas documentais e de campo, mostram que apesar do ritmo crescente da entrada de recursos financeiros, principalmente em função dos royalties do petróleo, o quadro da dinâmica socioeconômica dos municípios em questão não tem gerado uma melhoria significativa na estrutura de desenvolvimento. As análises exploratórias realizadas permitiram identificar que os royalties do petróleo devem ser classificados como receitas correntes e que em função da produção marítima cerca de dez municípios devem ser incluídos na relação do rateio de recebimento da receita de royalties, uma vez que estão situados na mesorregião central potiguar e sob a influência geoeconômica da atividade de petróleo no Rio Grande do Norte.

Palavras-Chave: royalties; espacialidade; cavalo-de-pau; petróleo; finanças públicas; dinâmica socioeconômica; desenvolvimento.

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ALEXANDRE, Mário Jesiel de Oliveira. The georhythm of rod-pump in counties of the Potiguar Petroleum Area: the relationship between royalties and socioeconmic dinamics. Dissertação (Mestrado em Geografia). UFRN: Natal, 2003

Abstract

This work aims to identify the objects and system of actions that integrate the

counties of the Potiguar Petroleum Área determining the impact of income royalties on the socioeconomical dinamics of oil and gas–producing counties from the northwest region of the Rio Grande do Norte estate. The work highlights the georhythm and spatiality of the rod-pum in petrol-related industrial activity of the Rio Grande do Norte. It makes an analysis of municipal public finances from 1995 to 2000, showing the evolution of royalties income in relation to the other sources of income and expenditures of the mentioned counties. Compares evolution of Human Development Indice - Municipal (HDI-M) in relation of evolution of royalties in the mean petroliferous area. The research data point out that reparation of royalties from petroleum represents the third sometimes the second more important revenue item from those oil and natural gas producers places. Field and document-based research show that despite the crescent income, specially those originating from petrol-related royalties, the socioeconomic dinamics of these cities have not yet been translated into a significant improvement in the development structure. Exploratory analysis have made it possible to identify that petrol-related royalties should be classified as current income and as a consequence of their oil-related production, 10 counts should be included in the distribution of the income from petrol-related royalties since they are located in the Potiguar Central Mesoregion and are under the geoeconomic influence of Rio Grande do Norte’s oil activity.

Palavras-Chave: royalties; spatiality; rod pump; petrol; public finances; socioeconomic dinamics; development.

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SUMÁRIO

Resumo Abstract Lista de Tabelas Lista de Figuras Lista de Quadros INTRODUÇÃO................................................................................................. 13 CAPÍTULO 1- REFERENCIAL TEÓRICO....................................................... 22

1.1- Os conceitos da teoria geográfica..................................................... 23 1.2- Os conceitos de crescimento e desenvolvimento............................ 31 1.3- Os procedimentos metodológicos..................................................... 37

CAPÍTULO 2- CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS MUNICÍPIOS DA ÁREA DO PETRÓLEO POTIGUAR................................................................

39

2.1- Apresentação dos municípios ........................................................... 40 2.2- Aspectos físicos dos municípios ...................................................... 46

2.2.1- O clima.............................................................................................. 46 2.2.2- O esboço geológico........................................................................... 47 2.2.3- O relevo............................................................................................. 51 2.2.4- Os solos e a vegetação..................................................................... 51

2.3- Aspectos socioeconômicos dos municípios .................................... 54 2.3.1- Demografia........................................................................................ 54 2.3.2- Setores Produtivos............................................................................ 58 2.3.3- Setores Sociais................................................................................. 62 2.3.4- A infra-estrutura básica..................................................................... 65

CAPÍTULO 3 - O QUADRO DE REFERÊNCIA DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO.....................................................................................................

73

3.1- As teorias e o processo produtivo do petróleo................................. 74 3.2- A expansão geoeconômica da indústria do petróleo....................... 77

3.2.1- Principais eventos da atividade do petróleo no mundo..................... 77 3.2.2- Principais eventos da atividade do petróleo no Brasil...................... 84 3.2.3- Principais eventos da atividade do petróleo no Rio Grande Norte... 88

3.3- O georritmo da indústria do petróleo no território potiguar............... 92

3.3.1- A infra-estrutura da indústria do petróleo no território potiguar........ 92 3.3.2- A produção de petróleo por município no território potiguar............. 107 3.3.3- Aspectos econômicos e sociais da indústria do petróleo no

território potiguar............................................................................... 112

3.3.4- Os royalties dos proprietários de terra no território potiguar............ 118

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CAPÍTULO 4- ANÁLISE DAS VARIÁVEIS DA PESQUISA NA ÁREA DO PETRÓLEO POTIGUAR.................................................................................

121

4.1- Análise das variáveis principais......................................................... 122 4.1.1- Aspectos conceituais e legais de Finanças Públicas....................... 124 4.1.2- Análise das Finanças Municipais: estudo no período de 1995 a

2000.................................................................................................. 128

4.1.3- Aspectos legais dos Royalties do petróleo....................................... 141 4.1.4- Análise dos Royalties do petróleo: estudo no período de 1995 a

2000.................................................................................................. 149

4.1.5- Análise da dinâmica socioeconômica: estudo IDH-M ...................... 159 4.2- Análise da pesquisa de campo: visão dos atores sociais............... 167

4.2.1- Os Governos Municipais................................................................... 169 4.2.2- As Empresas e Instituições da Sociedade Civil................................ 173 4.2.3- A População...................................................................................... 183

4.3- Consolidação das Variáveis................................................................ 192 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 193 BIBLIOGRAFIA GERAL ................................................................................. 206 Referências Bibliográficas.............................................................................. 207 Bibliografia Complementar............................................................................. 213 ANEXOS.......................................................................................................... 214 GLOSSÁRIO.................................................................................................... 253

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Lista de Tabelas

Tabela 1 Dados Climáticos dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar............................... 46 Tabela 2 População da Área do Petróleo Potiguar.................................................................. 55 Tabela 3 Taxa de crescimento demográfico urbano e rural: 1970/2000 e 1991/2000.............. 56 Tabela 4 Densidade demográfica nos municípios da Área do Petróleo Potiguar..................... 57 Tabela 5 Taxas de alfabetização e analfabetismo nos municípios da Área Petróleo Potiguar. 62 Tabela 6 Serviços de saúde nos municípios da Área de Petróleo Potiguar............................. 63 Tabela 7 Abastecimento de água nos municípios da Área do Petróleo Potiguar..................... 66 Tabela 8 Saneamento nos municípios da Área do Petróleo Potiguar...................................... 67 Tabela 9 Coleta de lixo nos municípios da Área do Petróleo Potiguar..................................... 68 Tabela 10 Consumo de energia elétrica nos municípios da Área do Petróleo Potiguar - 1991... 69 Tabela 11 Consumo de energia elétrica nos municípios da Área do Petróleo Potiguar - 2000... 70 Tabela 12 Renda média nos municípios da Área do Petróleo Potiguar ..................................... 71 Tabela 13 Produção de petróleo, segundo regiões geográficas................................................. 81 Tabela 14 Produção de petróleo, segundo principais países...................................................... 82 Tabela 15 Produção de gás Natural, segundo países................................................................ 83 Tabela 16 Produção de petróleo, por localização (terra e mar), segundo UF............................. 86 Tabela 17 Produção de gás natural, por localização (terra e mar), segundo UF........................ 87 Tabela 18 Produção de óleo (m3) nos municípios da Área do Petróleo Potiguar - 1995/2000.... 109 Tabela 19 Produção de Gás (m3) nos municípios da Área do Petróleo Potiguar - 1995/2000.... 110 Tabela 20 Pagamento aos proprietários de terra de participação sobre a produção ................. 119 Tabela 21 Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - 1995 a 2000........ 130 Tabela 22 Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - 1995 a 2000........ 130 Tabela 23 Finanças Públicas do Município de Mossoró - valores históricos 1995 a 2000.......... 131 Tabela 24 Finanças Públicas do Município de Mossoró - valores constantes - 1995 a 2000...... 133 Tabela 25 Finanças Públicas do Município de Guamaré - valores históricos -1995 a 2000....... 135 Tabela 26 Finanças Públicas do Município de Guamaré- valores constantes - 1995 a 2000..... 136 Tabela 27 Fórmula do pagamento de royalties do petróleo....................................................... 147 Tabela 28 Distribuição nacional de royalties sobre a produção de petróleo e gás natural.......... 150 Tabela 29 Evolução do recebimento de royalties petróleo no Rio Grande do Norte.................. 150 Tabela 30 Recebimento de royalties no Rio Grande do Norte- 1995 a 2000- Valores Nominais 152 Tabela 31 Recebimento de royalties no Rio Grande do Norte- 1995 a 2000- Valores Reais...... 153 Tabela 32 Royalties per capita nos municípios da Área do Petróleo Potiguar- 1995 a 2000...... 154 Tabela 33 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) - Área Petróleo Potiguar.... 164 Tabela 34 Definição da Amostra para a pesquisa de campo da Área do Petróleo Potiguar....... 168 Tabela 35 Contagem por setor econômico das empresas pesquisadas..................................... 173 Tabela 36 Consolidação das Variáveis da Pesquisa................................................................. 192 Tabela 37 Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar – ano 1995........... 217 Tabela 38 Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar – ano 1996........... 220 Tabela 39 Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar – ano 1997........... 223 Tabela 40 Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar – ano 1998........... 226 Tabela 41 Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar – ano 1999........... 229 Tabela 42 Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar – ano 2000........... 233

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Lista de Figuras

Figura 1 Mapa dos municípios da Área do Petróleo Potiguar................................................. 41 Figura 2 Mapa do esboço geológico da Área do Petróleo Potiguar......................................... 50 Figura 3 Mapa do relevo da Área do Petróleo Potiguar.......................................................... 53 Figura 4 Foto do primeiro poço de petróleo na localidade de Titusville, Pensilvânia /EUA .... 78 Figura 5 Foto do primeiro poço de petróleo potiguar, em Mossoró, no Hotel Termas............. 89 Figura 6 Mapa da infra-estrutura da indústria do petróleo na Bacia Potiguar.......................... 94 Figura 7 Foto da plataforma de petróleo marítima................................................................. 98 Figura 8 Foto da sonda de perfuração terrestre..................................................................... 99 Figura 9 Foto da placa de identificação do primeiro poço terrestre produzido no RN............. 100 Figura 10 Foto do cavalo-de-pau em área de vegetação de cerrado e caatinga...................... 100 Figura 11 Foto do cavalo-de-pau em área de carnaubal.......................................................... 101 Figura 12 Foto do poço produtor de óleo surgente - "árvore de natal"...................................... 101 Figura 13 Foto da "árvore de natal" e estação de óleo no campo de Riacho da Forquilha....... 102 Figura 14 Foto da "árvore de natal" em área urbana - bairro da Abolição, em Mossoró........... 102 Figura 15 Foto de placa de telefone de emergência - bairro da Abolição, em Mossoró............ 103 Figura 16 Foto da estação coletora e compressora de óleo e gás, campo de Livramento........ 103 Figura 17 Foto de poços produtores em área de dunas - distrito Diogo Lopes, em Macau....... 104 Figura 18 Foto de poços em área de dunas, com proteção de talude - Diogo Lopes, Macau.... 104 Figura 19 Foto área dos poços em área de dunas, distrito de Diogo Lopes, em Macau............ 105 Figura 20 Foto área do Pólo Industrial de Guamaré................................................................. 105 Figura 21 Foto da sala de controle do Pólo Industrial de Guamaré........................................... 106 Figura 22 Foto de identificação dos projetos do aterro sanitário e programa terra pronta......... 115 Figura 23 Foto do Distrito de Baixa do Meio, entre os mun.de Pedro Avelino e Guamaré........ 115 Figura 24 Foto do chafariz comunitário no Distrito de Passagem de Pedras, em Mossoró....... 116 Figura 25 Foto da placa de finanças públicas na área urbana da cidade de Icapuí.................. 139 Figura 26 Foto da placa de finanças públicas em rodovia no Município de Icapuí................... 140 Figura 27 Gráfico da evolução do recebimento de royalties no RN: 1983 a 2000 (US$ mm).... 151 Figura 28 Mapa dos royalties da produção marítima no RN..................................................... 158

Figura 29 Gráfico pesquisa de campo - setor em que tem se concentrado a vocação econômica do município - visão do Governo Municipal............................................

171

Figura 30 Gráfico pesquisa de campo - Setor e vocação econômica dos municípios - visão do Governo Municipal..............................................................................................

171

Figura 31 Gráfico pesquisa de campo - Período em que os municípios passaram a receber royalties da PETROBRAS - visão do Governo Municipal.........................................

172

Figura 32 Gráfico pesquisa de campo - Os royalties têm contribuído para o desenvolvimento socioeconômico do município? - visão do Governo Municipal..................................

172

Figura 33 Gráfico pesquisa de campo - Setores em que os municípios mais investiram no período de 1995 a 2000 - visão do Governo Municipal.............................................

172

Figura 34 Gráfico pesquisa de campo - Identificação da empresa quanto ao setor produtivo - visão da empresa.....................................................................................................

179

Figura 35 Gráfico pesquisa de campo - Área de mercado - visão da empresa......................... 179 Figura 36 Gráfico pesquisa de campo - Quantidade de clientes - visão da empresa................ 179

Figura 37 Gráfico pesquisa de campo - Profissão predominante dos clientes - visão da empresa...................................................................................................................

180

Figura 38 Gráfico pesquisa de campo - Condições de vida oferecida município aos municípios - visão das empresas..............................................................................

180

Figura 39 Gráfico pesquisa de campo - Melhorias na infra-estrutura dos municípios - visão das empresas...........................................................................................................

180

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Figura 40 Gráfico pesquisa de campo - Objetos e sistemas ações que identificam a presença da PETROBRAS - visão da empresa.......................................................................

181

Figura 41 Gráfico pesquisa de campo - Aspectos da Contribuição da PETROBRAS para o desenvolvimento socioeconômico dos municípios - visão empresas........................

181

Figura 42 Gráfico pesquisa de campo - Aspectos da 'não' contribuição da PETROBRAS para o desenvolvimento socioeconômico dos municípios - visão empresas.....................

181

Figura 43 Gráfico pesquisa de campo - A vida melhorou após a descoberta do petróleo? - visão empresas........................................................................................................

182

Figura 44 Gráfico pesquisa de campo - A vida melhorou após a descoberta do petróleo? Detalhado por município - visão empresas...............................................................

182

Figura 45 Gráfico pesquisa de campo - Local do município onde reside - visão da população................................................................................................................

188

Figura 46 Gráfico pesquisa de campo - Idade da população dos municípios - visão da população................................................................................................................

188

Figura 47 Gráfico pesquisa de campo - Grau de escolaridade da população dos municípios - visão da população..................................................................................................

189

Figura 48 Gráfico pesquisa de campo - Profissão da população dos municípios - visão da população................................................................................................................

189

Figura 49 Gráfico pesquisa de campo - Condições de vida oferecida município aos municípios - visão da população..............................................................................

189

Figura 50 Gráfico pesquisa de campo - Melhorias na infra-estrutura dos municípios - visão da população................................................................................................................

190

Figura 51 Gráfico pesquisa de campo - Objetos e sistemas ações que identificam a presença da PETROBRAS - visão da população.....................................................................

190

Figura 52 Gráfico pesquisa de campo - Aspectos da Contribuição da PETROBRAS para o desenvolvimento socioeconômico dos municípios - visão da população..................

190

Figura 53 Gráfico pesquisa de campo - Aspectos da 'não' contribuição da PETROBRAS para o desenvolvimento socioeconômico dos municípios - visão da população...............

191

Figura 54 Gráfico pesquisa de campo - A vida melhorou após a descoberta do petróleo? - visão da população..................................................................................................

191

Figura 55 Gráfico pesquisa de campo - A vida melhorou após a descoberta do petróleo? Detalhado por município - visão da população.........................................................

191

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Lista de Quadros

Quadro 1 Criação dos municípios da Área do Petróleo Potiguar.............................................. 40 Quadro 2 Resumo histórico dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar............................... 42 Quadro 3 Principais atividades industrias dos municípios da Área do Petróleo Potiguar.......... 60 Quadro 4 Cronologia dos principais eventos da atividade de petróleo no RN........................... 90 Quadro 5 Cronologia dos principais eventos do Pólo Industrial de Guamaré............................ 91 Quadro 6 Infra-estrutura da Indústria do petróleo na Área do Petróleo Potiguar....................... 92 Quadro 7 Relação dos campos de petróleo por município no RN............................................. 108 Quadro 8 Municípios recebedores de royalties da produção marítima...................................... 157 Quadro 9 Pesquisa de Campo: comentários adicionais pelos gestores empresariais............... 178

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13

INTRODUÇÃO

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14

Do ponto de vista histórico, o petróleo é uma atividade geoeconômica recente

no território potiguar. Os primeiros objetos e sistemas de ações dessa atividade

foram introduzidos, efetivamente, no final da década dos anos 70 do século XX, com

as perfurações marítimas e, no início dos anos 80 do mesmo século, com as

perfurações terrestres.

A Área do Petróleo Potiguar é a denominação, a ser tratada a partir de agora,

como um espaço geográfico que abarca a totalidade dos municípios produtores de

petróleo no Rio Grande do Norte (RN). O referido espaço corresponde a 11.993,2

mil km2 (22,49% do total do Estado), abrangendo 15 municípios, localizados na

região noroeste do RN, a saber: Açu, Alto do Rodrigues, Apodi, Areia Branca,

Carnaubais, Caraúbas, Felipe Guerra, Guamaré, Gov. Dix-Sept Rosado, Macau,

Mossoró, Pendências, Porto do Mangue, Serra do Mel e Upanema.

Estes municípios possuem estruturas socioeconômicas, na sua grande

maioria de pequeno porte, excetuando-se o de Mossoró, que é o segundo mais

importante município do Estado, e que se diferencia dos demais.

A expressão cavalo-de-pau está inserida neste trabalho, simbolizando o

objeto da atividade industrial de petróleo espalhada no noroeste do Estado do Rio

Grande do Norte, exercida pela empresa PETROBRAS. Vale salientar que a

expressão cavalo-de-pau é um termo consagrado no vernáculo cultural e técnico da

indústria do petróleo brasileira.

Os royalties são uma das formas mais antigas de pagamento de direitos. A

palavra royalty vem do inglês “Royal”, que significa “da realeza” ou “relativo ao rei”.

A palavra “royalties” será utilizada no presente trabalho no lugar de “royalties de

petróleo”.

A área total de atuação da PETROBRAS está inserida na chamada bacia

potiguar, que corresponde à produção de petróleo e gás natural nos Estados do Rio

Grande do Norte e Ceará.

A exploração e produção de petróleo dos campos terrestres e marítimos do

Rio Grande do Norte e Ceará são gerenciados pela E&P/UN-RNCE (Exploração e

Produção/Unidade de Negócios do Rio Grande do Norte e Ceará), que é atualmente

a nomenclatura empresarial da PETROBRAS na Bacia Potiguar.

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15

Este trabalho, no entanto, analisará o georritmo do cavalo-de-pau e royalties

restritos aos municípios produtores de petróleo e gás natural, correspondentes ao

Estado do Rio Grande do Norte.

O desenvolvimento do presente trabalho científico está dividido em quatro

partes principais, que compõem a base principal da discussão temática sobre os

royalties do petróleo e sua influência na socioeconomia.

A primeira parte do desenvolvimento contém o referencial teórico (capítulo 1)

e resume os principais conceitos e teorias acerca da evolução do espaço

geográfico, a dinâmica territorial e a geografia das redes. Destaca, ainda, o conceito

de meio técnico-científico-informacional e a nova ordem global. Em seguida discorre

sobre os conceitos de crescimento e desenvolvimento, uma vez que serão mais

tarde aplicados na área de estudo escolhida. Esta parte é encerrada com a visão

dos procedimentos metodológicos do trabalho.

A segunda parte do desenvolvimento descreve as considerações gerais

sobre os municípios da Área do Petróleo Potiguar (capítulo 2). Para tanto, serão

apresentados a caracterização dos municípios, enfocando os aspectos históricos e

delimitação, os aspectos físicos (clima, esboço geológico, relevo, solos e

vegetação) e os aspectos socioeconômicos principais (demografia, setores

produtivos, setores sociais e a infra-estrutura básica).

A terceira parte do desenvolvimento apresenta o quadro de referência da

indústria do petróleo (capítulo 3). Para tanto serão considerados os aspectos

relacionados as teorias e o processo produtivo do petróleo, a expansão

geoeconômica da indústria do petróleo (incluindo os principais eventos no mundo,

Brasil e RN), o georritmo da indústria do petróleo no território potiguar,

demonstrando a infra-estrutura da atividade de petróleo, a produção por município,

com a visualização da espacialidade do cavalo-de-pau na Área do Petróleo

Potiguar. Encerra esta parte, o estudo inédito sobre o recebimento dos royalties

pelos proprietários de terra no território potiguar.

A quarta parte do desenvolvimento refere-se a análise das variáveis da

pesquisa na Área do Petróleo Potiguar (capítulo 4). Esta parte será desenvolvida

sob dois aspectos: em primeiro lugar, apresenta-se a análise das variáveis

principais, que são as finanças públicas municipais, a receita de indenização dos

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royalties e o IDH-M; em segundo lugar, será apresentada a análise da pesquisa de

campo, efetuada junto aos principais atores sociais (governos municipais, empresas

e população).

Finalmente, serão apresentadas as considerações finais, enfatizando o papel

dos royalties do petróleo na área em estudo, além de apontar recomendações

visando à melhoria do processo em análise e apontar um direcionamento para

outros trabalhos.

O quadro de referência sobre esta temática mostra a necessidade de se

identificar os objetos e ações que formam a Área do Petróleo Potiguar,

determinando o grau de influência da receita dos royalties na dinâmica

socioeconômica dos municípios produtores de óleo e gás natural, localizados na

região noroeste do Estado do Rio Grande do Norte.

O ineditismo do tema exigirá um maior detalhamento dos seguintes tópicos: o

quadro de referência da atividade industrial de petróleo no Rio Grande do Norte; o

quadro de referência das finanças municipais, analisando a evolução das receitas

de royalties em relação às receitas e despesas dos municípios da Área do Petróleo

Potiguar e comparar a evolução do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

(IDH-M) em relação à evolução dos royalties da referida área petrolífera.

Sob a ótica da problematização, vê-se que o petróleo foi a mais importante

fonte de energia do século XX, exercendo também a mesma influência, no limiar do

século XXI. Seja como combustível que produz bens, aquece, transporta e ilumina,

seja como insumo que lubrifica e dá origem a uma infinidade de produtos, como:

tecidos sintéticos, borrachas, plásticos, tintas, fertilizantes, medicamentos, fibras,

resinas, asfalto, cosméticos etc.

Nesse contexto, a atividade de petróleo foi inserida na política e programação

econômicas, estabelecidas pelo governo brasileiro, visando assegurar o

abastecimento do mercado nacional de óleo, gás natural e derivados, diminuindo o

volume de importação e o risco de tornar-se refém das crises mundiais de petróleo,

como as de 1973 e 1979.

Assim, o petróleo extraído no território do Estado do Rio Grande do Norte

está inserido no grande programa nacional de petróleo, tendo como tarefa principal

transferir a produção de óleo para as refinarias da PETROBRAS, localizadas em

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outros Estados da Federação, notadamente Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo e a

produção de gás natural para as conexões de gasodutos existentes, ligando a

região nordeste, desde a Bahia ao Ceará.

Além de toda a infra-estrutura técnica, inerente a sua própria atividade, o

setor de petróleo vem interagindo com o governo do Estado do Rio Grande do Norte

e os municípios através de várias ações. Com o Governo, além dos royalties, a

PETROBRAS tem sido o principal parceiro do Projeto Pólo Gás Sal, através da

instalação das Unidades de Processamento de Gás Natural(UPGN) e Diesel, na

unidade do pólo industrial, no município de Guamaré. Com os municípios

produtores, além do recebimento mensal de royalties, estão presentes diversos

programas de apoio nas atividades sociais e ambientais, além do pagamento

mensal aos proprietários de terra pela cessão dos poços de petróleo em produção.

A história da atividade de petróleo no semi-árido potiguar pode ser

sintetizada na problematização pelo surgimento dos arranjos espaciais em pontos

geograficamente dispersos ao longo do noroeste do Rio Grande do Norte. Numa

primeira fase, o setor de petróleo introduziu um sistema técnico invasor em áreas

rurais e urbanas, com a chegada de objetos técnicos não locais, como as sondas de

perfuração e depois com a fixação dos cavalos-de-pau, estações de tratamento e

oleodutos. Cercas foram derrubadas, derramamentos de óleo ocorreram sobre o

solo da caatinga e muitas estradas foram "esburacadas" com o intenso trânsito do

transporte de óleo.

Na atual fase, o arranjo dos objetos da atividade de petróleo tem se

evidenciado, através de um sofisticado processo de automação de poços, que vem

diminuindo os riscos e agressões à natureza em solo potiguar.

O setor de petróleo, nas últimas décadas, tem mudado o quadro de

referência socioeconômico do território do Rio Grande do Norte, principalmente

sobre os municípios da Área do Petróleo Potiguar, haja vista a sua influência no

desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, que tem revelado crescimento

econômico, superior a maioria dos demais estados nordestinos.

No entanto, os empregos diretos gerados na indústria do petróleo em

território potiguar referem-se à utilização de mão-de-obra especializada, não

absorvendo a grande maioria da população economicamente ativa dos municípios

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da Área do Petróleo Potiguar. A absorção do trabalho na indústria de petróleo em

território potiguar dá-se, na maioria dos casos, através dos empregos indiretos

gerados na contratação de serviços temporários. Na verdade, a indústria do

petróleo em solo potiguar ocupa um lugar de destaque, sobretudo pelos recursos

que movimenta na economia, através dos impostos, comércio, contratação de

serviços e apoio às atividades sociais e ambientais. Tudo isso, desemboca nos

cofres públicos do Estado, de muitos municípios e de empresas privadas. Com os

royalties da produção do petróleo e gás natural, são beneficiados o Estado, os

municípios e os proprietários de terra.

Por outro lado, é imperioso conhecer os reflexos desse setor industrial na

Área do Petróleo Potiguar, que recebe os benefícios dos royalties do petróleo. À

primeira vista, percebe-se que este setor produtivo está voltado para o mercado

nacional, hoje mais do que nunca sob os reflexos do processo de globalização.

Como o setor de petróleo é um dos líderes da arrecadação das receitas da

economia do Estado do Rio Grande do Norte, baseado nos últimos relatórios anuais

da FIERN e outros Órgãos, uma série de questões devem ser necessariamente

levantadas e que serão objeto de averiguação.

A PETROBRAS, aqui no Rio Grande do Norte, é uma empresa onde a lógica

da acumulação do capital e dos fluxos da globalização se opõem à localidade,

apesar dos esforços gerenciais no sentido de voltar-se para atenuar os grandes e

seculares problemas da seca e do êxodo rural, que abarcam a maioria dos

municípios produtores de petróleo em solo potiguar.

Um ponto de interesse é examinar se os benefícios gerados pela atividade

industrial de petróleo no território potiguar, de fato, “oxigenam” a economia e têm

contribuído para a melhoria da qualidade de vida, em particular para os habitantes

dos municípios da Área do Petróleo Potiguar. Para subsidiar este ponto de análise,

serão introduzidos os estudos relativos a evolução do Índice de Desenvolvimento

Humano Municipal (IDH-M). Este índice mede o desenvolvimento humano de uma

unidade geográfica, que no nosso caso, serão considerados os municípios da Área

do Petróleo Potiguar. Para estabelecer a evolução do desenvolvimento humano de

uma determinada área, o IDH-M utiliza as seguintes dimensões, a partir dos censos

demográficos: a renda (renda familiar per-capita média do município), educação

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(taxa de alfabetização de adultos, ou seja, o número médio de estudo da população

adulta, acima de 25 anos) e esperança de vida ao nascer.

Se de fato, a indústria do petróleo faz a diferença em sua área de atuação, os

resultados devem ser percebidos na infra-estrutura dos municípios recebedores de

royalties no território potiguar, em face dos recursos acrescidos na conta de receitas

públicas. Por outro lado, se houve a chamada malversação do dinheiro público, por

parte dos gestores municipais, no gerenciamento eficaz dos recursos oriundos dos

royalties de petróleo, a “não diferença” estará na gestão das prefeituras e não na

indústria do petróleo.

O que se pode investigar de maneira concreta, são os dados oficiais

disponíveis através dos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), do Tribunal de Contas do Estado

(TCE), das Prefeituras Municipais, da Agência Nacional de Petróleo (ANP), da

PETROBRAS, do IDEMA/RN e da pesquisa de campo, para averiguarmos de fato,

no espaço geográfico, os destinos dos recursos dos royalties sobre as dimensões

do quadro de referência socioeconômico dos municípios produtores de petróleo no

semi-árido potiguar.

O resultado final que se espera da pesquisa, é o de mostrar que o objeto

denominado de cavalo-de-pau, que simboliza a atividade de petróleo como um todo,

não se encontra isolado na paisagem do semi-árido potiguar, mas que no seu

entorno existem conexões de produção local e global. Ao mesmo tempo, a indústria

do petróleo se apropria do subsolo, explora a matéria-prima do óleo e gás natural,

transfere através de oleodutos e gasodutos esta matéria-prima para o mercado

global e deixa para o local explorado, por força de lei, os recursos oriundos dos

royalties do petróleo. A diferença entre as forças centrífugas (de dentro para fora,

do local para o global) e as centrípetas (de fora para dentro, do global para o local)

parece revelar um processo de “mais valia” que precisa ser melhor investigado.

O cavalo-de-pau é mais do que simplesmente um símbolo de uma atividade

industrial, presente na geografia econômica da região noroeste do semi-árido

potiguar. O georritmo diário e contínuo do cavalo-de-pau exerce influência sobre os

lugares e finalmente sobre os seus habitantes, o que não se pode ignorar.

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Posto isto, vê-se que a importância de se investigar os destinos dos royalties

de petróleo, nos municípios beneficiados no Rio Grande do Norte, vem atender a

uma lacuna de informação, que a sociedade vem cobrando dos responsáveis pela

gestão da indústria petrolífera.

Os interesses políticos quanto aos destinos das receitas dos royalties faz

sentido no caso do Rio Grande do Norte, uma vez que mais da metade dos

municípios do Estado são beneficiados com este item financeiro, e em particular, os

15 (quinze) municípios que compõem a Área do Petróleo Potiguar.

Um fato concreto foi gerado a partir da aprovação da Lei n0 9.478, de 06 de

agosto de 1997, regulamentada pelo Decreto Lei n0 2.455, de 14/01/1998, quando

houve um acréscimo de 100% no item "royalties" das receitas municipais, uma vez

que estes passaram a ser pagos considerando um aumento de 5% para 10% da

produção de petróleo e gás natural nos campos de petróleo.

O tema insere-se, também, dentro do contexto da busca de transparência da

gestão municipal, haja vista a aprovação da recente Lei de Responsabilidade Fiscal,

em 2000.

Analisar a influência da Área do Petróleo Potiguar é perceber os elementos

do global e do local, convivendo em um mesmo espaço geoeconômico. Ao caminhar

pelas ruas da cidade de Mossoró ou por uma área rural de qualquer outro lugar

pertencente à referida área, vê-se o cavalo-de-pau presente no cotidiano dos

habitantes do referido território.

Se caminharmos um pouco mais ao interior da Área do Petróleo Potiguar, é

possível visualizar o trabalhador rural, com o seu “cabo da enxada”, na produção da

agricultura de subsistência, e a poucos metros dele a existência de um objeto

industrial denominado de cavalo-de-pau, exercendo ali a função de produção de

petróleo para a indústria nacional. É certo que este objeto não se encontra nesses

lugares por acaso. Ele faz parte de uma lógica de acumulação do capital, que de

alguma maneira exerce influência no dia-a-dia dos habitantes dos municípios da

referida área.

Assim, este trabalho de pesquisa propõe resgatar os estudos sobre o quadro

de referência da indústria de petróleo, procurando detectar o grau de influência

dessa atividade no semi-árido potiguar, notadamente na região noroeste do Estado.

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Com isto, apresenta-se como uma contribuição ao campo da geografia econômica

no Estado do Rio Grande do Norte.

De fato, quando o óleo e gás natural jorram do subsolo e são transportados

pelos oleodutos e gasodutos para atender ao mercado global, o que retorna são as

receitas correntes dos royalties do petróleo, injetando recursos financeiros no caixa

das prefeituras dos municípios produtores.

Ao final desse processo, resta saber se o local foi beneficiado, se houve

melhoria na qualidade de vida da população...tudo isso é o que será investigado.

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CAPÍTULO 1

REFERENCIAL TEÓRICO

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1.1- Os conceitos da teoria geográfica

A fundamentação teórica para o entendimento do presente trabalho sobre o

estudo da Área do Petróleo Potiguar e a influência dos royalties nos municípios

dessa porção do território do Rio Grande do Norte está sustentada pela seqüência

de abordagens conceituais sobre o espaço, o território e sua dinâmica, o meio

técnico-científico-informacional, a geografia das redes e a globalização da

economia.

O conceito de espaço como “um conjunto indissociável de sistemas de

objetos e sistemas de ações” (SANTOS, 1999, p.51) contribui diretamente para o

entendimento de que a indústria de petróleo é constituída de objetos técnicos, ao

mesmo tempo, em que suas conexões (materiais, econômicas, sociais, culturais,

éticas etc), ligam-se a um intrincado sistema de ações.

Ampliando o conceito geográfico do objeto técnico, como componente do

espaço, Milton Santos assinala (1999, p.59):

Os objetos que interessam à geografia não são apenas objetos móveis, mas também imóveis, tais como uma cidade, uma barragem, uma estrada de rodagem, um porto, uma floresta, uma plantação, um lago, uma montanha. Tudo isso são objetos geográficos. Esses objetos geográficos são do domínio tanto do que se chama a Geografia Física como do domínio do que se chama a Geografia Humana e através da história desses objetos, isto é, da forma como foram produzidos e mudam, essa Geografia Física e essa Geografia Humana se encontram... Para os geógrafos, os objetos são tudo o que existe na superfície da terra, toda herança da história natural e todo resultado da ação humana que se objetivou.

O conjunto complexo dos objetos e sistemas de ações da indústria petrolífera,

como a produção do poço de petróleo utilizando o cavalo-de-pau, a sonda de

perfuração, a plataforma, os oleodutos e gasodutos, as estações de óleo, o pólo

industrial e a utilização da mão-de-obra especializada, tudo isso acontece no

território.

Ao estudar o conceito de território, os geógrafos expõem um pensamento que

o relaciona ao espaço e ao poder. Para Raffestin apud Souza(1995, p.96), “o

território se forma a partir do espaço... o território é um espaço, onde se projetou um

trabalho, seja energia e informação, e que, por conseqüência, revela relações

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marcadas pelo poder”. No entanto, ao aproximar mais detidamente o conceito de

território ao nosso objeto de estudo, podemos destacar, a abordagem conceitual na

visão de Andrade (1998, p. 213), que assim afirmou:

O conceito de território não deve ser confundido com o de espaço ou de lugar, estando muito ligado à idéia de domínio ou de gestão de uma determinada área. Assim, deve-se ligar sempre a idéia de território à idéia de poder, quer se faça referência ao poder público estatal, quer ao poder das grandes empresas que estendem os seus tentáculos por grandes territórios, ignorando as fronteiras políticas.

A Área do Petróleo Potiguar, objeto deste trabalho, de acordo com os

conceitos precedentes, é fundamentalmente um espaço definido e delimitado a

partir de relações de poder. Assim, podemos entender que a denominação de

território produtor de petróleo é aplicada, com base na existência dos gestores do

território, que se fazem presente, a saber: o “Estado”, representado pelos governos

municipais, a “iniciativa privada”, pela grande empresa, no caso a PETROBRAS e a

“sociedade civil”, que constroem os aspectos históricos, éticos, culturais e

socioeconômicos do território.

Para Milton Santos (1996, p. 16), “o território são formas, mas o território

usado são objetos e ações, sinônimo de espaço humano, espaço habitado”. O uso

do solo, em busca da exploração de uma matéria-prima básica impõe um território

comandado, a partir das relações de poder e informação entre o Estado e a

empresa, seja de economia mista ou da iniciativa privada. A empresa tem a

informação, o controle local e à distância, através de controle remoto, da técnica de

produção, gerando um território a serviço do mercado e da influência do processo

da globalização.

A força da iniciativa privada na gestão do território é suscetível à existência

de conflitos entre o “espaço local” e o “espaço global”, uma vez que o conteúdo

ideológico, dos demais gestores, não pode ser desprezado. Para Milton Santos, “as

grandes contradições do nosso tempo passam pelo uso do território... a arena da

oposição entre o mercado – que singulariza – e a sociedade civil – que generaliza –

é o território, em suas diversas dimensões e escalas” (1996, p.19).

O arranjo dos objetos da indústria de petróleo, com a sua configuração

territorial espalhada em grande parte na região noroeste do Rio Grande do Norte

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pode ser observado sob o ângulo de um sistema técnico invasor. Tratam-se de

objetos técnicos que passaram a fazer parte localmente da história dos municípios

da região noroeste do Estado, não necessitando a priori compor a herança cultural.

Antes dos anos 80 do século XX eram objetos técnicos inexistentes no território

potiguar.

É a primeira vez na história, conforme Amilcar Herrera apud Santos (1999,

p.144) que:

a tecnologia aparece como um elemento exógeno para uma grande parte da humanidade. Em sua versão contemporânea, a tecnologia se pôs a serviço de uma produção em escala planetária, nem os dos direitos humanos são levado em conta. Nada é levado em conta, exceto a busca desenfreada do lucro, onde quer que se encontrem os elementos capazes de permiti-lo.

No atual estágio da humanidade, em todos os lugares habitados, e em

particular na Área do Petróleo Potiguar, é visível a substituição de um meio natural,

dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, com

a predominância de elementos instrumentalizados.

A história do meio geográfico pode ser, de uma maneira geral, dividida em

três etapas: o meio natural, o meio técnico e o meio técnico-científico-informacional

(SANTOS,1999, p.186), dos quais o último é o que nos interessa.

O meio técnico-científico-informacional é o meio geográfico do período atual,

onde os objetos mais proeminentes são elaborados a partir dos mandamentos da

ciência e se servem de uma técnica informacional, da qual lhes vem o alto

coeficiente de intencionalidade com que servem às diversas modalidades e as

diversas etapas da produção (SANTOS, 1999, p.187).

Esta terceira etapa do meio geográfico começa praticamente após a Segunda

Guerra Mundial, e sua afirmação, incluindo os países do 30 mundo, vai realmente

dar-se nos anos 70, do século XX, com o boom da tecnologia, da informática e das

telecomunicações.

Esta etapa foi chamada de período técnico científico pelo fato de haver,

segundo Milton Santos (1999, p.191), "profunda interação da ciência e da técnica, a

tal ponto dos autores preferirem falar de tecnociência. Essa união entre técnica e

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ciência vai dar-se sob a égide do mercado. E o mercado, graças exatamente à

ciência e à técnica, torna-se um mercado global".

A afirmação de Milton Santos de que "o mundo artificial inclui, hoje, o mundo

rural" (1999, p.190), é confirmada quando se vê nas áreas rurais dos municípios da

Área do Petróleo Potiguar um conjunto complexo de objetos automatizados, que vai

desde os "cavalos-de-pau" e estações coletoras de óleo e gás, espalhados nos

diversos campos de petróleo até a sala de controle automatizada no Pólo Industrial

de Guamaré.

Sendo o meio técnico-científico-informacional influenciado pela lógica do

mercado, podemos afirmar que este é um meio geográfico da era da globalização. A

informação é o vetor fundamental do processo social e os territórios são, desse

modo, equipados para facilitar a sua circulação.

Este meio pode ser entendido pela presença explicativa dos chamados

vetores verticais e horizontais, em relação a um determinado lugar.

Para Santos, os vetores verticais são os:

vetores da modernização a serviço do mercado, que criam normas nacionais e globais; trazem desordem às regiões em que se instalam, porque a ordem que criam é em seu próprio e exclusivo benefício e tende a corroer a coesão horizontal (1999, p. 206).

Por outro lado, os chamados vetores horizontais, são considerados, na visão

de Santos, “vetores da sociedade civil, de reconstruir a base de vida comum,

suscetível de criar normas locais, normas regionais... que acabam por afetar as

normas nacionais e globais” (1999, p.206).

Os objetos técnicos da indústria de petróleo espalhados na região noroeste

do Rio Grande do Norte, como vetores verticais, exercem uma função de produção

a serviço do mercado, criando normas estabelecidas pela lógica capitalista nacional

e global. Se houver indício de existência de jazida de petróleo em determinada

área, logo se instalam os objetos técnicos da referida indústria, independente da

lógica do lugar.

É no lugar, segundo o mesmo autor, que se dá o encontro desses vetores,

enquanto “sede de resistência”, porém considerando um tratamento mais analítico,

é no território que ocorre a “arena da oposição entre o mercado – que singulariza –

com as técnicas da produção, a organização da produção, a ‘geografia da produção’

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e a sociedade civil – que generaliza – e desse modo envolve, sem distinção, todas

as pessoas” (SANTOS, 1999, p. 207).

A evolução da indústria do petróleo, numa visão mais ampla, está inserida em

um sistema técnico, que é entendido através do conhecimento das diversas formas

históricas de estruturação, de funcionamento e de articulação dos territórios, a partir

do advento da segunda fase da Revolução Industrial. Enfatizando a evolução dos

objetos da indústria do petróleo no contexto de sistema técnico, podemos relacionar

o que afirmou Santos (1999, p. 138),

o papel que as técnicas alcançaram, através da máquina, na produção da história mundial, a partir da revolução industrial, faz desse momento um marco definitivo. É também, um momento de grande aceleração, ponto de partida para transformações consideráveis.

A instalação de atividade industrial de petróleo no semi-árido potiguar e suas

conexões podem ser entendidas considerando o conceito de geografia das redes.

Para Milton Santos, as redes geográficas se enquadram em duas grandes matrizes:

“a que apenas considera o seu aspecto, a sua realidade material, e uma outra, onde

é também levado em conta o dado social” (1999, p.208 e 209). Assim, as redes

geográficas são compostas de sua “realidade material”, com a infra-estrutura e

pontos de acesso e pontos terminais, e do “dado social”, através da ação de

pessoas, mensagens, valores e política.

As redes geográficas podem ser entendidas, de acordo com Santos (1999,

p.211), considerando que:

No primeiro momento, as redes existentes serviam a uma pequena vida de relações. A competitividade entre grupos territoriais era praticamente inexistente em períodos normais. O tempo era vivido como um elemento lento. No segundo momento, o consumo se amplia, mas o faz moderadamente. As modernidades se localizam de modo discreto.

O conceito de redes geográficas está mais do que nunca impregnado à

contemporaneidade, conforme afirmou Santos “graças aos progressos técnicos e às

formas atuais de realização da vida econômica, cada vez mais as redes são globais:

são redes produtivas, de comércio, de transporte e de informação”. (1999, p.214).

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O pensamento de Manuel Castells enfoca a influência das redes na

sociedade, modificando as relações de produção, poder e cultura:

Redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades, e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados produtivos e de experiência, poder e cultura. Embora a forma de organização social em redes tenha existido em outros tempos e espaços, o novo paradigma da tecnologia da informação fornece a base material para a sua expansão penetrante em toda a estrutura social (CASTELLS, 1999, p. 497)

No atual contexto de acumulação de capital da chamada nova economia, que

é movida pela inovação, globalização e a informação instantânea, as redes

geográficas constituem-se em instrumentos privilegiados de poder, que afeta o

território e o lugar.

Face a sua importância, o conhecimento mais detalhado do fenômeno da

geografia das redes, foi analisado por Castells, que evidenciou:

Rede é um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta. São mercados de bolsa de valores e suas centrais de serviços auxiliares avançados na rede dos fluxos financeiros globais. São sistemas de televisão, estúdios de entretenimento, meios de computação gráfica, equipes de cobertura jornalística, transmitindo e recebendo sinais na rede global da nova mídia no âmago da expressão cultural, na era da informação. A topologia definida das redes determina que a distância entre dois pontos (ou posições sociais) é menor, se ambos os pontos forem nós de uma rede, do que se não pertencerem à mesma rede... os fluxos não tem nenhuma distância (física, social, econômica, política e cultural) para um determinado ponto ou posição varia entre zero (para qualquer nó da mesma rede) e o infinito (qualquer ponto da rede). (CASTELLS, 1999, p. 498)

A atividade de petróleo no semi-árido potiguar constitui-se numa rede

produtiva, em que os seus pontos estão ligados desde o poço localizado em um

campo de determinado município, passando por pontos de oleodutos e gasodutos,

gerando outros pontos terminais em pólos industriais e refinarias de outros Estados.

Ademais, no tempo presente toda a dinâmica de acompanhamento e controle da

produção de petróleo está sendo monitorada pelo processo de automação

industrial. Em salas instaladas no Pólo Industrial de Guamaré e nas Estações de

Tratamento de Óleo em Mossoró e no Alto do Rodrigues, painéis eletrônicos,

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acompanham “on-line” os poços de petróleo dispersos geograficamente, em

distâncias que chegam a 300 km.

A expressão cunhada por Castells de “sociedade em rede” está relacionada

ao modo capitalista de produção global e estruturado em grande medida por uma

rede de fluxos financeiros, que dá a forma às relações de poder em todo o planeta.

Fica, então, evidenciado que este tipo de sociedade abarca um espaço ainda muito

maior:

Os processos de transformação social sintetizados no tipo ideal de sociedade em rede ultrapassam a esfera de relações sociais e técnicas de produção: afetam a cultura e o poder de forma profunda. As expressões culturais são retiradas da história e da geografia e tornam-se predominantemente mediadas pelas redes de comunicação eletrônica que interagem com o público e por meio dele em uma diversidade de códigos e valores. (CASTELLS, 1999, p.504)

A indústria do petróleo se instalou e desenvolveu-se num território próprio em

solo potiguar, no mesmo período, do ponto de vista histórico, da efervescência do

processo de globalização mundial. Foi uma globalização essencialmente

tecnológica, sob a égide de um complexo econômico mundial, que produziu os seus

objetos e sistemas de ações a uma velocidade diferente dos “hábitos” locais.

Milton Santos analisa esta questão abordando dois pontos, denominados de

ordem global e ordem local. A indústria do petróleo, em seu território próprio no Rio

Grande do Norte, é um produto da chamada ordem global, com seus objetos e

sistemas de ações com elevada tecnologia, evidenciados pelos processos de

automação dos campos de petróleo e do Pólo Industrial de Guamaré; tudo isso

convivendo no espaço rural e urbano de municípios do semi-árido potiguar.

A ordem global funda escalas superiores ou externas à escala do cotidiano. Seus parâmetros são a razão técnica e operacional, o cálculo de função, a linguagem. A ordem local funda a escala do cotidiano e seus parâmetros são a co-presença, a vizinhança, a intimidade, a emoção, a cooperação e a socialização com base na contigüidade. (SANTOS, 1999, p. 272).

Para Maurel (1996, p.30), “o fenômeno globalizador tende a se produzir

quase acima da decisão do homem, com um certo automatismo em função das leis

de mercado”. As elevadas parcelas de investimentos em exploração, perfuração e

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30

desenvolvimento da produção de petróleo em território potiguar deveu-se muito

mais em função da lógica da política do governo federal, da chamada “meta de

atingir 1 milhão de barris”, a fim de alcançar a auto-suficiência nacional da produção

de petróleo, do que atender às estratégias de novas políticas econômicas regionais,

estaduais ou municipais.

Nos dias atuais há uma tendência de transformação territorial decorrente dos

processos de globalização e fragmentação. A lógica da globalização tem implicado

na fragmentação. Para Geiger (1996, p. 242), “a globalização, ao promover a

espacialização da economia, atingindo estruturas territoriais tradicionais, na

realidade tanto o faz ampliando as escalas de novas formas de organização, como

pela sua fragmentação em pequenas unidades”.

Assim, nas condições atuais do amadurecimento do processo de

globalização, o território tende a ser menos “local” e, simultaneamente, mais

“mundial”. Em face da “unicidade das técnicas”, que caracteriza o presente, há

significativas mudanças no conteúdo técnico dos objetos, trazendo consigo

alterações em funções que conduzem o território a ser mais competitivo em relação

a outros territórios.

A expectativa final é que este estudo sobre a Área do Petróleo Potiguar, que

visa apresentar o quadro de referência do georritmo da produção de petróleo e a

influência dos royalties nos 15 (quinze) municípios pertencentes a este território,

possa trazer contribuições científicas que venham esclarecer os aspectos

contemporâneos do fenômeno global sobre o local, e de que forma este fenômeno

poderá afetar o cotidiano das populações urbanas e rurais no presente e no futuro.

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31

1.2- Os conceitos de crescimento e desenvolvimento

Conhecer as transformações na dinâmica territorial passa necessariamente

pela abordagem conceitual do que seja crescimento e desenvolvimento. Ao abordar

a natureza e o impacto de uma indústria petrolífera, que se instalou no solo do semi-

árido potiguar, somos conduzidos a investigar em que grau o crescimento gerado,

pelo surgimento e o georritmo de suas atividades, tem influenciado o

desenvolvimento dos municípios circunscritos em seu raio de ação.

Estes dois conceitos são entendidos pela ótica econômica e têm diversas

interpretações. Os manuais de economia indicam que o crescimento econômico é o

aumento da capacidade produtiva da economia e, portanto, da produção de bens e

serviços de determinado país ou área geoeconômica. É definido basicamente pelo

índice de crescimento anual do Produto Nacional Bruto (PNB) per capita, do índice

de crescimento da força de trabalho, pela proporção da receita nacional poupada e

investida e pelo grau de aperfeiçoamento tecnológico. (SANDRONI, 1999, p. 141).

Já o termo desenvolvimento é entendido como um envoltório de mudanças

qualitativas no modo de vida das pessoas, das instituições e das estruturas

produtivas. O desenvolvimento pode ser caracterizado pela transformação de uma

economia pobre em uma economia moderna, juntamente com a melhoria do nível de

vida do conjunto da população.

É importante, entender a evolução dos conceitos em foco, através de uma

breve abordagem histórica. Ao longo do século XVIII, com o advento das escolas de

pensamento econômico, fisiocrática na França e a clássica na Inglaterra, surgiram

os primeiros estudos, abordando os problemas do crescimento e da distribuição. O

legado dos fisiocratas foi propor uma conduta liberal por parte do Estado e priorizar

a produção (e não o comércio, como fizeram anteriormente os mercantilistas),

notadamente a agricultura. Os fisiocratas viam na excessiva regulamentação do

Estado um elemento redutor da produtividade geral da economia, defendiam a

fórmula do laissez faire, laissez passer (NAPOLEONI, 1998, p.26).

Os clássicos defendiam a presença mínima do Estado, que teria como tarefas

básicas a gestão da defesa, da justiça e da manutenção de tarefas básicas (como

obras públicas e educação). Nessa época o termo usado para denotar o

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32

crescimento era a “formação da riqueza nacional”. Embora o termo desenvolvimento

não tenha sido evidenciado, a expressão “trabalho produtivo”, da obra A Riqueza

das Nações: investigação sobre sua natureza e suas causas, de Adam Smith

antecipou embrionariamente a discussão:

O trabalho anual de cada nação constitui o fundo que originalmente lhe fornece todos os bens necessários e os confortos materiais que consome anualmente. O mencionado fundo consiste, sempre, na produção imediata do referido trabalho ou naquilo que com essa produção é comprado de outras nações. (SMITH, 1983, p. 35)

Por outro lado, o desenvolvimento na concepção marxista foi visto como uma

forma cíclica e com conflito distributivo. O progresso técnico produz períodos de

prosperidade, enquanto as contradições internas do modo de produção provocam

crises periódicas cada vez mais prolongadas, fazendo nascer os conflitos sociais.

(SOUZA, 1999, p. 143).

Os estudos de Marx conduziram à reflexão de que a acumulação do capital,

elemento principal do crescimento econômico, não se traduz em desenvolvimento:

A magnitude relativa do exército industrial de reserva cresce, portanto, com as potências de riqueza, mas quanto maior esse exército de reserva em relação ao exército ativo, tanto maior a massa da superpopulação consolidada, cuja miséria está razão inversa do suplício de seu trabalho...Esta é a lei geral, absoluta, da acumulação capitalista (MARX, 1988, p. 747).

A crise de 1929 e dos anos seguintes do século XX, derrubou os postulados

da Lei de Say, defendida pelos clássicos, surgindo uma nova economia, tendo

Keynes como seu expoente maior. O laissez-faire dos clássicos deu lugar a uma

ação mais efetiva do Estado no direcionamento da economia. O objetivo principal da

abordagem keynesiana foi reduzir o desemprego, com a expansão dos gastos do

governo e o aumento das exportações, elevando a produção em direção ao nível de

pleno emprego.

Sob inspiração keynesiana, surgem outros estudos baseados em modelos

macroeconômicos. Um deles foi o modelo Domar e Harrod. Estes pensadores

mostraram os investimentos precisavam crescer a uma taxa constante, período após

período. Por sua vez, o modelo de Kaldor mostrou que a taxa garantida de

crescimento da economia depende da distribuição de renda entre capitalistas e

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33

trabalhadores. Já o modelo de kalecki mostrou que havendo capacidade ociosa na

economia, o financiamento externo e o aumento das exportações são fundamentais

para a expansão do nível do investimento e do nível de pleno emprego. (SOUZA,

1999, p. 171).

Como o conceito de crescimento está atrelado aos fatores de produção para

determinar a elevação do Produto Nacional Bruto real ao longo do tempo, Rossetti

assim esclarece:

Este conceito implica a reunião de um conjunto de precondições, sem as quais o crescimento ou não ocorre em caráter persistente ou é interrompido. A melhoria da eficiência do aparelho de produção, a disponibilidade de condições geofísicas, a acumulação de capital, a incorporação de contingentes crescentes de mão-de-obra e a melhoria dos padrões tecnológicos apresentam-se como pré-condições relevantes quanto a capacidade de expansão da oferta global. Acrescentam-se a essas pré-condições a expansão persistente dos mercados interno e externo. (1981, p. 157)

Assim, o crescimento passa então a ser uma condição necessária, embora

não suficiente, para a promoção do desenvolvimento. Uma primeira noção de

desenvolvimento parte de ações além das econômicas, que surgem do próprio

lugar:

Entendemos por desenvolvimento, portanto, apenas as mudanças da vida econômica que não lhe foram impostas de fora, mas que surjam de dentro, por sua própria iniciativa. Se se concluir que não há tais mudanças emergindo da própria esfera econômica...então diríamos que não há desenvolvimento econômico. (SCHUMPETER, 1996, p. 47).

O estudo do fluxo circular nos sistemas econômicos tem sido uma das

referências para o entendimento da chamada teoria do desenvolvimento econômico.

Um dos principais teóricos nessa área foi o economista Joseph Alois Schumpeter.

Este autor relacionou o processo de desenvolvimento econômico a mudanças

endógenas e descontínuas na produção de bens e serviços. A teoria econômica

estuda o fluxo circular, ou o equilíbrio geral, além das alterações contínuas

ocorridas nesse fluxo. Já a teoria do desenvolvimento econômico estuda as

mudanças descontínuas ou os saltos do sistema econômico ao longo do tempo.

(SCHUMPETER, 1988).

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34

Um aspecto importante a destacar no pensamento schumpeteriano é que o

crescimento econômico não se realiza de maneira uniforme no tempo, antes move-

se através de uma trajetória cíclica. O surgimento de inovações, de crédito e de

empresários empreendedores não é linear, o que provoca o crescimento econômico

em ritmo superior ou inferior à tendência histórica. Para demonstrar as flutuações

econômicas de longo prazo, Schumpeter estabeleceu os "ciclos de crescimento

alternado", que se apresentam em quatro fases:

(a) "ascensão ou boom" - quando o nível do produto está crescendo acima da linha de tendência de longo prazo; (b) "recessão' - que se inicia após o pico (ponto máximo), com declínio do nível de atividade; (c) "depressão" - com queda do nível do produto abaixo da linha de tendência, até o vale (ponto mínimo); e "recuperação" - após o vale, indo até a linha de tendência, quando a economia pode iniciar nova fase ascendente (SOUZA, 1999, p. 184).

Uma palavra-chave que surge nessa discussão do crescimento e

desenvolvimento é da produtividade da economia. Para Celso Furtado (1996, p.79),

o mérito da questão reside em considerar que:

o desenvolvimento econômico tem lugar mediante o aumento de produtividade ao nível do conjunto complexo...desta forma, o desenvolvimento é ao mesmo tempo um problema de acumulação e progresso técnico, e um problema de expressão dos valores de uma coletividade.

Sob a ótica econômica e social, o estudo do desenvolvimento partiu da

constatação da existência real de uma profunda desigualdade, de um lado, entre

países e regiões que se industrializaram e atingiram elevados níveis de bem-estar

material, compartilhados por amplas camadas da população, e, de outro lado,

aqueles que não se industrializaram e por isso permaneceram em situação de

pobreza e com acentuados desníveis sociais (SANDRONI, 1999, p.169).

O surgimento da atividade produtiva do petróleo em solo potiguar, pode ser

considerada uma inovação e que se encontra ainda na fase de "ascensão". No

longo prazo, ao surgir a escassez das reservas de óleo e gás natural, esta atividade

se moverá para as fases de "recessão" e "depressão", caso não ocorra inovações.

Na história recente da economia potiguar e, em particular, algumas atividades

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35

produtivas existentes no oeste potiguar, foram movidas para as fases de "recessão"

e "depressão", como foi o caso da industrialização da cera de carnaúba.

Para Domingues (2002, p.1), “as mudanças que geram desenvolvimento

acontecem ‘no lado da oferta’, ou seja, é a esfera produtiva que conduz todo o

processo”. Em outras palavras, para produzir coisas novas ou as mesmas coisas

de forma diferente, torna-se necessário utilizar a máquina do crescimento,

combinando diferentes materiais e forças. Assim, na visão schumpteriana, quando

as novas combinações surgem, de forma repentina e descontínua, há o fenômeno

do desenvolvimento econômico. O surgimento nos anos 70/80 do século XX da

indústria do petróleo em solo potiguar é um exemplo de uma nova combinação,

gerada no lado da oferta, que ocasionou alterações sociais e econômicas, e que

nesse trabalho passou a ser objeto de investigação.

O desenvolvimento de cada país ou região depende de suas características

próprias, como situação geográfica, passado histórico, extensão territorial,

população, cultura e recursos naturais. A Organização das Nações Unidas (ONU)

utiliza diversos indicadores para mensurar e classificar os países segundo o grau de

desenvolvimento. Entre os principais indicadores da ONU são citados o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) e o Índice de Condições de Vida (ICV), que

considera os elementos territoriais da renda, educação, infância, habitação e

longevidade.

Uma vez que a indústria do petróleo tem uma relação direta com o meio

ambiente, é importante inserir o conceito de desenvolvimento sustentável. A

comissão mundial sobre o meio ambiente produziu no ano de 1987, o relatório

“Nosso Futuro Comum”, buscando o equilíbrio entre o desenvolvimento e a

preservação dos recursos naturais. Nesse relatório o conceito de desenvolvimento

foi definido como “aquele que atende às necessidades do presente sem

comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias

necessidades”. (ONU, 1988).

Este conceito surgiu no contexto das crises do desenvolvimento e do meio

ambiente, a partir da década de 80. O desenvolvimento sustentável é o cenário que

associa ao crescimento e desenvolvimento econômicos atual e futuro, a equidade

social e a sustentabilidade ambiental.

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36

Este conceito não se refere apenas ao impacto da atividade econômica no

meio ambiente, mas principalmente às conseqüências dessa relação na qualidade

de vida e no meio ambiente dos lugares, tanto no presente quanto na perspectiva

do futuro.

Assim, é condição sine-qua-non investigar a atuação da indústria do petróleo

em solo potiguar, considerando o tripé básico em que se apóia o desenvolvimento

sustentável, ou seja, a atividade econômica, a gestão de promoção do bem-estar

social e a ação voltada para a preservação do meio ambiente.

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37

1.3- Os Procedimentos Metodológicos

A definição do método é um dos elementos essenciais para a elaboração de

um trabalho científico. De acordo com Hegenberg apud Lakatos e Marconi (1996, p.

39), “o método é o caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que

esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado”.

Prossegue ainda o mesmo autor, afirmando que o “método é uma forma de

selecionar técnicas, forma de avaliar alternativas para ação científica” (op cit).

A busca de verdade científica passa obrigatoriamente pela definição e

condução do método. A forma de proceder ao longo de um caminho é a essência do

método, conforme enfoque abaixo:

método é a forma de proceder ao longo de um caminho. Nas ciências os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo. (TRUJILLO apud LAKATOS e MARCONI, 1991, p.39).

O método traçado para estabelecer o quadro de referência da Área do

Petróleo Potiguar foi conduzido em três fases.

A primeira fase foi denominada de documentação referencial, que

corresponde ao levantamento das referências bibliográficas, através da escolha do

universo e amostra para definir a base da pesquisa, a identificação, a localização, a

compilação, o fichamento e a análise e interpretação do objeto em estudo.

Este levantamento conduziu à elaboração de uma ampla base de dados

físicos e socioeconômcos, de finanças públicas e de indicadores de

desenvolvimento humano do conjunto dos municípios que compõem à Área do

Petróleo Potiguar.

A segunda fase foi denominada de pesquisa descritiva ou de campo. Nessa

fase foram desenvolvidos trabalhos de observação, descrição, análise da amostra e

utilizando também as ferramentas do método de procedimento estatístico.

Para tanto, foram elaborados formulários e questionários para aplicação de

pesquisa de opinião nos atores sociais dos 15 (quinze) municípios produtores de

petróleo.

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Os elementos de pesquisa escolhidos foram: os governos municipais

(aplicação de questionário de opinião e preenchimento de planilha de evolução de

finanças públicas, período de 1995 a 2000), a iniciativa privada – empresas e

instituições da sociedade civil (com aplicação de pesquisa de opinião, sendo

inicialmente encaminhados questionários e em segundo momento, completado com

aplicação de formulários in loco) e por último, aplicação de questionários (via

correio) e formulários (in-loco e por telefone) de pesquisa junto a população dos

municípios definidos na amostra.

A terceira fase foi denominada de interpretação dos dados da pesquisa

descritiva à luz do quadro teórico. Para tanto, foram desenvolvidas análises

qualitativas para estabelecer a relação entre os royalties e a dinâmica

socioconômica dos municípios da Área do Petróleo Potiguar.

Os procedimentos metodológicos, ora apresentados, conduziram à

investigação da influência da receita dos royalties do petróleo sobre a

socioeconomia dos municípios da referida área. Com isto, serão utilizadas duas

variáveis sob o enfoque econômico (finanças municipais e royalties) e uma variável

sob o enfoque social, o Índice de desenvolvimento humano municipal (IDH-M),

procurando detectar até que ponto as duas primeiras variáveis influenciam a

terceira variável.

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CAPÍTULO 2

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS MUNICÍPIOS DA ÁREA DO PETRÓLEO POTIGUAR

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2.1- Apresentação dos municípios

A Área do Petróleo Potiguar está localizada na parte noroeste do Estado do

Rio Grande do Norte sendo composta por 15(quinze) municípios, conforme

salientado no quadro abaixo.

No quadro n0 1, é revelada a evolução do panorama histórico dos municípios

da Área do Petróleo Potiguar, através das Leis de Criação e Desmembramentos:

01(um) município criado no século XVIII, 05 (cinco) municípios criados no século

XIX e 09 municípios criados no século XX.

O mais antigo município da Área do Petróleo Potiguar é o de Açu, criado em

22 de julho de 1766. Ao longo do século XVIII e XIX o surgimento de novos

municípios decorreu da ocupação de áreas por influência econômica, como foi o

caso da fase do ciclo do gado. Já no século XX a dinâmica de ocupação deveu-se

ao surgimento de novos setores econômicos, como os ciclos do algodão, do sal,

entre outros. O mais recente é o município de Porto do Mangue, sendo criado

através da Lei n0 6.851, no dia 28 de dezembro de 1995.

Quadro 1 – Criação dos municípios da Área do Petróleo Potiguar

Municípios Lei de Criação Desmembramento Número Data Açu n/d 22/07/1766 - Alto do Rodrigues 2.859 28/03/1963 Pendências Apodi n/d 11/04/1833 Portalegre Areia Branca 10 16/02/1892 Mossoró Caraúbas 601 05/03/1868 Apodi Carnaubais 2.927 18/09/1963 Açu Felipe Guerra 2.926 18/09/1963 Apodi Gov. Dix-Sept Rosado 2.878 04/04/1963 Mossoró Guamaré 2.744 07/05/1962 Macau Macau 158 02/10/1847 Angicos Mossoró 246 15/03/1852 Açu Pendências 1.039 12/12/1953 Macau Porto do Mangue 6.851 28/12/1995 Carnaubais Serra do Mel 803 13/05/1988 Açu, A.Branca, Carnaubais Upanema 874 16/09/1953 Campo Grande Fonte: IDEMA, Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte – 2000, p 35 a 38.

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41

Oc

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P a r a í b a

Luís Gomes

Encanto

Paraná

Pau dos Ferros

VieiraMarcelino

Alexandria

Portalegre

Pilões

Apodi

Antônio Martins

MeloSeveriano

Martins

Viçosa Umarizal

Governador Dix-Sept Rosado

João Dias

Lucrécia

Baraúna

Caraubas

Patu

Felipe Guerra

Janduís

Mossoró

Serra Negrado Norte

Upanema

Grossos

Ipueiras

FernandoSão

Caicó

Paraú

Açu

Jucurutu

Areia Branca

Serra do Mel

Carnaubais

BrancoOuro

São Rafael

Porto do Mangue

Jardim do Seridó

Santana dos Matos

Cruzeta

Ipanguaçu

Afonso Bezerra

Acari

Equador

Angicos

Pendências

Parelhas

São Vicente

Macau

Lagoa Nova

Currais Novos

Pedro Avelino

Cerro Corá

GuamaréGalinhos

São Tomé

EzequielCoronel

Jacanã

Lajes

Jandaíra

Santa Cruz

Parazinho

PretaPedra

BarbosaRuy

Sítio Novo

João Câmara

Barcelona

Japi

Bento Fernandes

Riachuelo

Tangará

Pureza

São Pedro

Serrinha

Passa e Fica

Taipú

Ielmo Marinho

Santo Antônio

JesusBom

Nova Cruz

Macaíba

Vera Cruz

Ceará-Mirim

Monte Alegre

Rio do Fogo

Brejinho

Várzea

Extremoz

Montanhas

Pedro Velho

Parnamirim

Arês

Goianinha

Natal

Canguaretama

FlorestaNísia

do SulTibau

VilaFlor

Itaú

BaíaFormosa

Riacho deSantana

DoutorSeveriano

Joséda Penha

SãoFrancisco

do Oeste

FrutuosoGomes

Rafael Godeiro

AlminoAfonso

Rodolfo Fernandes

Taboleiro

Grande

Altodo

Rodrigues

Jardimde

Angicos

Lagoa de Velhos

Boa Saúde

Lagoa Salgada

Timbauba dos Batistas

Campo Redondo

Lajes Pintadas

São Bento

do Norte

Tibau

Campo Grande

Triunfo

Fernando Pedrosa

Bodó

Ten.Laurentino Cruz

Touros

Maxaranguape

Major Sales

Venha Ver

MariaSanta

Itajá

Passagem

Caiçara

do Norte

OlhoD' águados Borges

SãoMiguel

TenenteAnanias

Serrinhados Pintos

DantasFrancisco

Riachoda Cruz

MessiasTargino

Jardim dePiranhas

São Joãodo Sabugi Santana

do Seridó

São Josédo Seridó

Carnaúbados Dantas

Florânia

BentoSão

do Trairi

Serra Caiada

São José

Campestredo

Montedas

Gameleiras

Serrade

São Bento

LagoaDanta

Logoade Pedras

São Josédo Mipibu

EspíritoSanto

SenadorElói de Souza

SenadorGeorgino Avelino

São Gonçalodo Amarante

PoçoBranco

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ÁguaNova Fernandes

Rafael

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São Paulodo Potengi

LEGENDA:Municípios produtores terrestres de petróleoMunicípios não produtores

UN RNCE / ATEX / GDS

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Escala Gráfica

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Fonte: IBGE / IDEC / ANP / PETROBRASElaborado na Gerência de Geodésia Petrobras/RN - GDS - 2001

07°00’

06°30’

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05°30’

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João Câmara

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São Gonçalodo Amarante

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PessoaJoãoCoronel

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São Paulodo Potengi

LEGENDA:Municípios produtores terrestres de petróleoMunicípios não produtores

UN RNCE / ATEX / GDS

N

Escala Gráfica

Quilômetros0

25 50Mesorregiões Geográficas

Fonte: IBGE / IDEC / ANP / PETROBRASElaborado na Gerência de Geodésia Petrobras/RN - GDS - 2001

07°00’

06°30’

06°00’

05°30’

05°00’

38°30’ 38°00’ 37°30’ 37°00’ 36°30’ 36°00’ 35°30’ 35°00’

37°30’ 37°00’ 36°30’ 36°00’ 35°30’ 35°00’

37°00’

36°30’

36°00’

35°30’

35°00’

Oc

ea

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At

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P a r a í b a

Oc

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Ce

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P a r a í b a

Luís Gomes

Encanto

Paraná

Pau dos Ferros

VieiraMarcelino

Alexandria

Portalegre

Pilões

Apodi

Antônio Martins

MeloSeveriano

Martins

Viçosa Umarizal

Governador Dix-Sept Rosado

João Dias

Lucrécia

Baraúna

Caraubas

Patu

Felipe Guerra

Janduís

Mossoró

Serra Negrado Norte

Upanema

Grossos

Ipueiras

FernandoSão

Caicó

Paraú

Açu

Jucurutu

Areia Branca

Serra do Mel

Carnaubais

BrancoOuro

São Rafael

Porto do Mangue

Jardim do Seridó

Santana dos Matos

Cruzeta

Ipanguaçu

Afonso Bezerra

Acari

Equador

Angicos

Pendências

Parelhas

São Vicente

Macau

Lagoa Nova

Currais Novos

Pedro Avelino

Cerro Corá

GuamaréGalinhos

São Tomé

EzequielCoronel

Jacanã

Lajes

Jandaíra

Santa Cruz

Parazinho

PretaPedra

BarbosaRuy

Sítio Novo

João Câmara

Barcelona

Japi

Bento Fernandes

Riachuelo

Tangará

Pureza

São Pedro

Serrinha

Passa e Fica

Taipú

Ielmo Marinho

Santo Antônio

JesusBom

Nova Cruz

Macaíba

Vera Cruz

Ceará-Mirim

Monte Alegre

Rio do Fogo

Brejinho

Várzea

Extremoz

Montanhas

Pedro Velho

Parnamirim

Arês

Goianinha

Natal

Canguaretama

FlorestaNísia

do SulTibau

VilaFlor

Itaú

BaíaFormosa

Riacho deSantana

DoutorSeveriano

Joséda Penha

SãoFrancisco

do Oeste

FrutuosoGomes

Rafael Godeiro

AlminoAfonso

Rodolfo Fernandes

Taboleiro

Grande

Altodo

Rodrigues

Jardimde

Angicos

Lagoa de Velhos

Boa Saúde

Lagoa Salgada

Timbauba dos Batistas

Campo Redondo

Lajes Pintadas

São Bento

do Norte

Tibau

Campo Grande

Triunfo

Fernando Pedrosa

Bodó

Ten.Laurentino Cruz

Touros

Maxaranguape

Major Sales

Venha Ver

MariaSanta

Itajá

Passagem

Caiçara

do Norte

OlhoD' águados Borges

SãoMiguel

TenenteAnanias

Serrinhados Pintos

DantasFrancisco

Riachoda Cruz

MessiasTargino

Jardim dePiranhas

São Joãodo Sabugi Santana

do Seridó

São Josédo Seridó

Carnaúbados Dantas

Florânia

BentoSão

do Trairi

Serra Caiada

São José

Campestredo

Montedas

Gameleiras

Serrade

São Bento

LagoaDanta

Logoade Pedras

São Josédo Mipibu

EspíritoSanto

SenadorElói de Souza

SenadorGeorgino Avelino

São Gonçalodo Amarante

PoçoBranco

Caiçarado Rio

do Vento

PessoaJoãoCoronel

ÁguaNova Fernandes

Rafael

PedraGrande São Miguel

de Touros

São Paulodo Potengi

LEGENDA:Municípios produtores terrestres de petróleoMunicípios não produtores

UN RNCE / ATEX / GDS

N

Escala Gráfica

Quilômetros0

25 50Mesorregiões Geográficas

Fonte: IBGE / IDEC / ANP / PETROBRASElaborado na Gerência de Geodésia Petrobras/RN - GDS - 2001

07°00’

06°30’

06°00’

05°30’

05°00’

38°30’ 38°00’ 37°30’ 37°00’ 36°30’ 36°00’ 35°30’ 35°00’

37°30’ 37°00’ 36°30’ 36°00’ 35°30’ 35°00’

37°00’

36°30’

36°00’

35°30’

35°00’

Cavalo-de-pau

Figura 1 - Mapa dos Municípios Produtores de Petróleo do Rio Grande do Norte

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42

Conforme demonstrado na Figura 1, os 15 (quinze) municípios do Rio Grande

do Norte que produzem petróleo e gás natural, estão localizados na parte noroeste

do Estado, sendo os únicos que possuem condições geológicas para instalação de

objetos e sistemas de ações que formam o complexo industrial petrolífero em pleno

semi-árido.

As coordenadas geográficas da Área do Petróleo Potiguar foram

estabelecidas a partir do cálculo dos pontos extremos, sendo assim delimitados: ao

norte 50 04’ 04’’ S e 360 46’ 54” W, representado pelo município de Porto do

Mangue; ao sul 50 47’ 33’’ S e 370 33’ 24” W, representado pelo município de

Caraúbas; a oeste 50 27’ 32’’ S e 370 31’ 15” W, representado pelo município de

Governador Dix-Sept Rosado e a Leste 50 06’ 27’’ S e 360 19’ 13” W, representado

pelo município de Guamaré.

As fronteiras da Área do Petróleo Potiguar estão assim delimitadas: ao Norte

pelo Oceano Atlântico; a Leste pelos municípios de Galinhos, Pedro Avelino, Afonso

Bezerra e Ipanguaçu; ao Sul pelos municípios de Paraú, Campo Grande (Ex.

Augusto Severo), Janduís, Patu, Olho d’água dos Borges, Umarizal, Riacho da

Cruz, Itaú e Severiano Melo e a Oeste pelo município de Baraúnas e o Estado do

Ceará.

Para consolidar os dados de apresentação, o conjunto dos municípios que

compõem a Área do Petróleo Potiguar serão mostrados através de um breve

histórico e dados de identificação.

Quadro 2 – Resumo histórico dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar

Resumo histórico do Município de Açu

Criado por Ordem Régia em 22 de julho de 1766, sendo uma dos mais antigos do Estado do RN. Com a

denominação de Vila Nova da Princesa, em homenagem a princesa Dona Carlota Joaquina de Bourbon, foi

instalado em 11 de agosto de 1788. A lei provincial n0 124, de 16 de outubro de 1845, concedeu à Vila Nova da

Princesa foros de cidade com o nome de Açu. O nome “Açu” tem origem na expressão “Taba-açu” (Aldeia

Grande), uma área de agrupamento de índios guerreiros da região. Está ligado a microrregião do “Vale do

Açu”, estabelecida pelo IBGE e a zona homogênea “Mossoroense”, do governo do Estado do RN. A altitude da

sede corresponde a 27 metros e está distante 206 km em relação à capital do Estado do RN. (INFORMATIVO

MUNICIPAL - AÇU: 1999, p.5). Resumo histórico do Município de Alto do Rodrigues

Criado através da lei n0 2.859, no dia 28 de março de 1963, sendo desmembrado do município de Pendências.

A instalação oficial só aconteceu no dia 14 de abril do mesmo ano. O nome Alto do Rodrigues, como muitas

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43

outras cidades, teve sua origem por causa de pessoas que ali chegaram e fixaram residência. O Sr. Joaquim

Rodrigues e seus descendentes se instalaram no “Alto”, localidade pertencente na época ao município de

Pendências e começaram a formar um pequeno povoado. Este município é ligado a microrregião do “Vale do

Açu”, estabelecida pelo IBGE e à zona homogênea “Mossoroense”, do Governo do Estado. A altitude da sede

municipal corresponde a 13 metros e está distante 246 km em relação à capital do Estado do RN

(INFORMATIVO MUNICIPAL – ALTO DO RODRIGUES: 1999, p.5).

Resumo histórico do município de Apodi

Criado em 11 de abril de 1833. Segundo a tradição, o rio e a região eram conhecidos pelo nome de “podi”, em

referência ao índio Potiguassu e, na decisão jurídica a respeito da posse das terras, travada nos séculos XVII e

XVIII entre os índios e os colonizadores, a palavra “podi” passou a ser “apodi”, por questão de pronúncia. Este

município está ligado à microrregião chamada “Chapada do Apodi” do IBGE e ao mesmo tempo, à zona

homogênea “Mossoroense”, do planejamento do Governo do Estado. A altitude da sede municipal corresponde

a 67 metros e está distante 352 km em relação à capital do Estado do RN (INFORMATIVO MUNICIPAL –

APODI: 1999, p.5).

Resumo histórico do município de Areia Branca,

Criado no dia 16 de fevereiro de 1892, através do Decreto Estadual n0 10, sendo desmembrado do município

de Mossoró. Nos idos de 1860, a região era chamada de “areias brancas”, na ilha de Maritacaca. Durante a

Guerra do Paraguai, entre os anos de 1865 e 1870, a região serviu de refúgio para os que fugiram do

recrutamento militar. Este município está ligado à microrregião de “Mossoró” do IBGE e ao mesmo tempo, à

zona homogênea “Mossoroense”, do planejamento do Governo do Estado. A altitude da sede municipal

corresponde a 3 metros e está distante 330 km em relação à capital do Estado do RN (INFORMATIVO

MUNICIPAL – AREIA BRANCA: 1999, p.5).

Resumo histórico do município de Carnaubais

Criado através da Lei n0 2.927 em 18 de setembro de 1963, sendo desmembrado do município de Açu. Após

onze anos de sua emancipação política, enfrentou sua mais terrível batalha, a luta contra a fúria das águas.

Em 1974, uma enchente destruiu a cidade e a população ficou desabrigada. Apesar do sofrimento, o povo

resistiu e com a participação dos Governos federal, Estadual e Municipal, a cidade foi reconstruída em outro

local. O desafio atual da prefeitura é o de revitalizar a cidade histórica, em seu local original. Este município

está ligado à microrregião do “Vale do Açu” do IBGE e ao mesmo tempo, à zona homogênea “Mossoroense”,

do planejamento do Governo do Estado. A altitude da sede municipal corresponde a 30 metros e está distante

240 km em relação à capital do Estado do RN (INFORMATIVO MUNICIPAL – CARNAUBAIS: 1999, p.5).

Resumo histórico do município de Caraúbas

Criado no dia 05 de março de 1868, através da lei n0 601, sendo desmembrado do município de Apodi. Este

município está ligado à microrregião da “Chapada do Apodi” do IBGE e ao mesmo tempo, à zona homogênea

“Mossoroense”, do planejamento do Governo do Estado. A altitude da sede municipal corresponde a 144

metros e está distante 343 km em relação à capital do Estado do RN (INFORMATIVO MUNICIPAL –

CARAÚBAS: 1999, p.5).

Resumo histórico do município de Felipe Guerra

Criado no dia 18 de setembro de 1863, através da lei n0 2.926, sendo desmembrado do município de Apodi.

Suas origens remontam ao povoado chamado de “Pedra d’Abelha”, em virtude da grande quantidade de

enxames de abelhas, localizados no interior de um enorme bloco de calcário, existente nas redondezas. O

nome do município foi uma homenagem ao bacharel em direito Felipe Néri de Brito, que foi líder da região,

Continuação

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44

deputado constituinte, juiz de direito, desembargador e secretário de educação. Este município está ligado à

microrregião de “Chapada do Apodi” do IBGE e ao mesmo tempo, à zona homogênea “Mossoroense”, do

planejamento do Governo do Estado. A altitude da sede municipal corresponde a 40 metros e está distante

351 km em relação à capital do Estado do RN (INFORMATIVO MUNICIPAL – FELIPE GUERRA: 1999, p.7).

Resumo histórico do município de Governador Dix-Sept Rosado

Criado no dia 18 de setembro de 1863, através da lei n0 2.926, sendo desmembrado do município de Mossoró.

Este lugar recebeu vários nomes. Em meados do século XVII, a localidade foi chamada de “Passagem de

Pedro”. No século XVII o povoado passou a chamar-se “São Sebastião”. Em 1943 o povoado passou a se

chamar “Sebastianópolis”. O último nome foi colocado em homenagem ao governador Jerônimo Dix-Sept

Rosado Maia. Após a sua morte, em acidente aéreo na capital sergipana, a Câmara Municipal de Mossoró,

determinou por meio da Lei no 15/1951, a mudança do nome do distrito para “Governador Dix-Sept Rosado”.

Após a emancipação, o nome foi mantido. Este município está ligado à microrregião de “Chapada do Apodi” do

IBGE e ao mesmo tempo, à zona homogênea “Mossoroense”, do planejamento do Governo do Estado. A

altitude da sede municipal corresponde a 26 metros e está distante 314 km em relação à capital do Estado do

RN (INFORMATIVO MUNICIPAL – GOV. DIX-SEPT ROSADO: 1999, p.6 e 7).

Resumo histórico do município de Guamaré

Criado no dia 07 de maio de 1962, através da lei n0 2.744, sendo desmembrado do município de Macau. O

nome Guamaré vem das palavras “água” e “maré”. Foi como passou a ser conhecida uma área localizada às

margens das marés dos rios Miassaba e Aiatoá. Este município está ligado à microrregião de “Macau” do IBGE

e ao mesmo tempo, à zona homogênea “Mossoroense”, do planejamento do Governo do Estado. A altitude da

sede municipal corresponde a 3 metros e está distante 166 km em relação à capital do Estado do RN

(INFORMATIVO MUNICIPAL – GUAMARÉ: 1999, p. 6 e7).

Resumo histórico do município de Macau

Criado no dia 02 de outubro de 1847, através da lei n0 158, sendo desmembrado do município de Angicos. A

ilha recebeu o nome de Macau, originário da palavra chinesa “Amangao”, que significa “Porto da Ama”, a deusa

dos navegantes. Este município está ligado à microrregião de “Macau” do IBGE e ao mesmo tempo, à zona

homogênea “Mossoroense”, do planejamento do Governo do Estado. A altitude da sede municipal corresponde

a 4 metros e está distante 190 km em relação à capital do Estado do RN (INFORMATIVO MUNICIPAL –

MACAU: 1999, p.6 e 7).

Resumo histórico do município de Mossoró

Criado no dia 15 de março de 1852, através da lei n0 246, sendo desmembrado do município de Açu. Segundo

historiadores, o nome Mossoró originou-se da palavra “Mouxoró”, que era o nome dos índios que habitavam

àquela região; outros afirmam que a palavra vem do termo “Mororó”, que é o nome de uma árvore resistente e

flexível. Alguns anos após a sua emancipação política, Mossoró deu um grande exemplo de independência e

liberdade, quando no dia 30 de setembro de 1883, cinco anos antes da Lei Áurea, por iniciativa própria, libertou

todos os escravos do município. Em 1927, outro fato histórico se destaca, desta vez, Mossoró mostrou sua

vocação para liberdade e coragem para luta, no momento em que o cangaceiro Lampião e seu bando, decidiu

invadir a cidade e foi surpreendido pelos mossoroenses, que prepararam um esquema de defesa, com

trincheira montada na Igreja de São Vicente onde foi vencida a batalha. Este município está ligado à

microrregião de “Mossoró” do IBGE e ao mesmo tempo, à zona homogênea “Mossoroense”, do planejamento

do Governo do Estado. A altitude da sede municipal corresponde a 16 metros e está distante 276 km em

Continuação

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45

relação à capital do Estado do RN (INFORMATIVO MUNICIPAL – MOSSORÓ: 1999, p.6e7).

Resumo histórico do município de Pendências

Criado no dia 12 de dezembro de 1953, através da lei n0 1.039, sendo desmembrado do município de Macau.

Segundo os mais antigos, as disputas entre índios e portugueses, geravam uma verdadeira pendência, o que

teria dado origem ao nome do povoado, situado às margens do rio Açu. Este município está ligado à

microrregião do “Vale do Açu” do IBGE e ao mesmo tempo, à zona homogênea “Mossoroense”, do

planejamento do Governo do Estado. A altitude da sede municipal corresponde a 16 metros e está distante 212

km em relação à capital do Estado do RN (INFORMATIVO MUNICIPAL – PENDÊNCIAS: 1999, p. 7).

Resumo histórico do município de Porto do Mangue

Criado no dia 28 de dezembro de 1995, através da lei n0 6.851, sendo desmembrado do município de

Carnaubais. Atraídos pela movimentação causada pelo pequeno porto marítimo localizado à beira de um

mangue, várias famílias de trabalhadores em atividades marítimas deram início a um povoamento que devido

a sua localização, recebeu o nome de Porto do Mangue. Este município está ligado à microrregião do “Vale do

Açu” do IBGE e ao mesmo tempo, à zona homogênea “Mossoroense”, do planejamento do Governo do Estado.

A altitude da sede municipal corresponde a 5 metros e está distante 197 km em relação à capital do Estado do

RN (INFORMATIVO MUNICIPAL – PORTO DO MANGUE: 1999, p. 7).

Resumo histórico do município de Serra do Mel

Criado no dia 13 de maio de 1988, através da lei n0 803, sendo desmembrado dos municípios de Carnaubais,

Areia Branca, Mossoró e Açu. O projeto de colonização da Serra do Mel surgiu em 1970, sendo implantado em

1972, no governo de Cortez Pereira. A região era conhecida pelos caçadores como Serra do Mel, devido a

grande quantidade de mel silvestre produzidos pelas abelhas existentes em abundância. Este município está

ligado à microrregião de “Mossoró” do IBGE e ao mesmo tempo, à zona homogênea “Mossoroense”, do

planejamento do Governo do Estado. A altitude da sede municipal corresponde a 215 metros e está distante

278 km em relação à capital do Estado do RN (INFORMATIVO MUNICIPAL – SERRA DO MEL: 1999, p. 7).

Resumo histórico do município de Upanema

Criado no dia 16 de setembro de 1953, através da lei n0 874, sendo desmembrado do município de Campo

Grande (Augusto Severo). Formado às margens do rio Upanema, esta palavra de origem indígena significa

“água sem peixe”. Este município está ligado à microrregião de “Médio Oeste” do IBGE e ao mesmo tempo, à

zona homogênea “Mossoroense”, do planejamento do Governo do Estado. A altitude da sede municipal

corresponde a 47 metros e está distante 251 km em relação à capital do Estado do RN (INFORMATIVO

MUNICIPAL – UPANEMA: 1999, p. 7).

Fonte: IDEMA, Informativo Municipal – Municípios citados, 1999.

Conclusão

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46

2.2- ASPECTOS FÍSICOS DOS MUNICÍPIOS

2.2.1- O Clima

Os climas árido e semi-árido são os existentes na Área do Petróleo Potiguar.

De acordo com a Tabela 1, predominam os seguintes tipos específicos de clima: em

8 (oito) municípios o clima é considerado semi-árido, em 6 (seis) é árido e em 1

(um) deles coexistem os dois tipos climáticos.

Os municípios de menor precipitação pluviométrica média são: Macau (537,5

mm/ano), Açu (585,8 mm/ano), Pendências (595,3 mm/ano) e Serra do Mel (598,3

mm/ano). O período chuvoso desses municípios ocorre entre os meses de março e

abril.

Os municípios de maior precipitação pluviométrica média são: Guamaré

(888,4mm/ano), Apodi (742,5 mm/ano), Felipe Guerra (764,2 mm/ano) e Gov. Dix-

Sept Rosado (721,2 mm/ano). O período chuvoso desses municípios ocorre entre os

meses de fevereiro a maio.

Tabela 1 - Dados Climáticos dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar

Temperatura Umidade

Média (mm) Máxima

(mm)

Mínima (mm) média anual

(Grau 0 C)

Relativa do

Ar (%)

Qtd Meses

Açu Semi-árido 585,8 1.627,1 1,4 28,1 70 2 Mar a AbrAlto do Rodrigues Árido/Semi-árido 600,0 1.700,0 100,0 27,3 69 2 Mar a AbrApodi Semi-árido 742,5 1.795,9 174,9 28,1 68 3 Mar a MaiAreia Branca Árido 610,5 2.194,8 33,0 27,3 69 4 Fev a MaiCaraúbas Semi-árido 649,8 1.841,2 106,3 27,7 70 2 Mar a AbrCarnaubais Árido 693,7 1.639,8 246,9 27,5 66 2 Mar a AbrFelipe Guerra Semi-árido 764,2 1.440,9 140,6 27,8 68 4 Fev a MaiGov. Dix-Sept Rosado Semi-árido 721,2 1.849,1 89,2 27,4 70 4 Fev a MaiGuamaré Árido 888,4 2.237,6 164,0 27,2 68 4 Fev a MaiMacau Árido 537,5 1.780,6 53,0 27,2 68 2 Mar a AbrMossoró Semi-árido 667,4 2.065,7 145,2 27,4 70 3 Fev a AbrPendências Árido 595,3 1.451,0 105,2 27,2 68 2 Mar a AbrPorto do Mangue Árido 693,7 1.639,8 246,9 27,5 66 2 Mar a JunSerra do Mel Semi-árido 598,3 2.194,8 33,0 27,3 69 4 Fev a MaiUpanema Semi-árido 661,4 1.522,6 145,7 28,1 70 3 Mar a MaiMédia dos Municípios 667,3 1.798,7 119,0 27,5 68,6 3 -Fonte: IDEMA, Informativo Municipal, 1999

Precipitação Pluviométrica Anual (mm)Período Chuvoso

Municípios Clima

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47

2.2.2- O Esboço Geológico

No que concerne à geologia na Área do Petróleo Potiguar é importante

ressaltar o que se segue: traçando uma linha divisória no mapa do Estado do Rio

Grande do Norte, a predominância da formação sedimentar fica no centro-norte,

enquanto a formação do cristalino encontra-se no centro-sul. O petróleo é

encontrado nas bacias sedimentares, portanto na parte centro-norte do Estado.

A formação sedimentar da bacia potiguar é estudada através das colunas

estratigráficas, que no caso da litologia terrestre predomina, em áreas submersas,

às formações geológicas açu e pendências.

Na área geológica submersa denominada de formação pendências, o

petróleo encontrado é considerado de menor grau de impureza, menos viscoso,

sendo extraído em profundidade superior a 4 mil metros. A formação pendências

pode ser assim entendida:

caracteriza-se por arenito fino, médio e grosso, cinza-esbranquiçado, com intercalações de folhelho e siltito cinzento. Esta unidade é estudada na evolução tectônica denominada 'rift', existente desde o período cretácio, em ambiente fluvial, lacustre e deltaico, entre 140 a 120 milhões de anos (PETROBRAS, 1994).

No caso da bacia potiguar, o espaço predominante da formação pendência

corresponde à parte sul da Área do Petróleo Potiguar, englobando a produção nos

campos de petróleo existentes nos municípios de Apodi (campo Riacho da

Forquilha), Felipe Guerra (Campo Poço Xavier), Gov. Dix-Sept Rosado (campo de

Lorena), Caraúbas (campos de Livramento e Cachoeirinha), Upanema (campos de

Várzea Redonda, Upanema).

Na área geológica submersa denominada de formação açu, o petróleo

encontrado é considerado mais viscoso, com maior grau de impureza. Este tipo de

petróleo, encontrado na formação geológica denominada de formação açu, está

contido no seguinte ambiente:

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48

reservatórios arenosos fluviais, depositados diretamente sobre o embasamento raso de plataformas adjacentes ao rift. Esta unidade é estudada na evolução tectônica da margem passiva, em ambiente fluvial e abissal, com profundidade em até mil metros, existente no período cretácio, entre 110 a 90 milhões de anos (PETROBRAS, 1995).

No caso da bacia potiguar, a produção de petróleo na área submersa da

formação açu corresponde aos campos localizados no centro e norte da referida

bacia. Entre eles, destaca-se o campo de Canto do Amaro, no Município de

Mossoró, que é o maior campo de produção de petróleo terrestre do país.

Ao observarmos o mapa do esboço geológico do Estado do Rio Grande do

Norte, contido na Figura 3, vê-se que há uma divisão distinta das duas formações:

Cristalino e Sedimentar.

A Formação Cristalino ocupa a maior parte do centro-oeste e grande parte do

sul do Estado. São terrenos, formados por rochas resistentes, tais como granito, os

quartzitos, os gnaisses e os micaxistos, onde são encontrados minerais como

scheelita, berilo, cassiterita, tantalita, ferro, micas, ouro, cobre, entre outros.

(FELIPE; CARVALHO, 1999, p.17)

Por sua vez, a Formação Sedimentar, que ocupa a parte centro-norte, está

dividida nas formações Dunas, Grupo Barreiras, Calcário Jandaíra e Arenito Açu.

São terrenos mais recentes, que datam das eras geológicas chamadas Mesozóica e

Cenozóica, onde são encontrados minérios como o petróleo, calcário, argila,

diatomita, entre outros (FELIPE; CARVALHO, 1999, p.17).

Considerando o estudo geológico da bacia potiguar, vemos de acordo com a

figura 2, ao norte a predominância das formações denominadas de “grupo barreiras”

e “dunas”; no centro, a formação “calcário jandaíra” e ao sul, a formação “arenito-

açu". Entre as formações geológicas, a "jandaíra" ocupa a maior parte da Àrea do

Petróleo Potiguar.

De acordo com a Figura 2, os municípios localizados ao norte da área em

estudo, como Guamaré, Macau, Porto do Mangue, Serra do Mel e Areia Branca têm

predominância geológica da “formação do grupo barreiras”, que é uma formação da

era cenozóica e do período terciário.

Os municípios localizados na parte central da Área do Petróleo Potiguar,

representados por Gov. Dix-Sept Rosado, Mossoró, Açu, Carnaubais, Pendências e

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Alto do Rodrigues têm predominância geológica da “formação jandaíra”, que é uma

formação da era mesozóica e período cretácio.

Por fim, os municípios localizados na parte sul da Área do Petróleo Potiguar,

englobando Apodi, Felipe Guerra, Caraúbas, Upanema e Açu, têm predominância

geológica da “formação Açu”, que é uma formação da era mesozóica e período

cretácio.

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50

N

LEGENDA

O c e a n oA

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P

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Dunas

Grupo Barreiras

Arenito Açu

Calcário Jandaíra

Rochas do Pré-Cambriano

Figura 2 - Mapa do esboço geológico do RN, com delimitação de incidência do petróleo

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2.2.3- O relevo

Os terrenos que compõem o relevo da Área do Petróleo Potiguar tomam

várias formas. De acordo com a Figura 3, estão presentes na referida área de

estudo, as formas de relevo denominadas de planície costeira, planícies fluviais,

tabuleiros costeiros, chapada do apodi e a depressão sertaneja.

No tipo de relevo da planície costeira, formada por praias que têm como

limites, de um lado, o mar e, de outro, os tabuleiros costeiros, vamos encontrar os

municípios de Areia Branca e Porto do Mangue.

O relevo das Planícies Fluviais é composto por terrenos baixos e planos

situados nas proximidades dos rios, que no caso da Área do Petróleo Potiguar,

correspondem aos rios Piranhas-Açu e Apodi-Mossoró, onde vamos encontrar os

municípios de Mossoró, Areia Branca, Porto do Mangue, Carnaubais e Açu.

Os Tabuleiros Costeiros correspondem a relevos planos e de baixa altitude, é

predominante nos municípios de Macau, Guamaré, Pendências, Alto do Rodrigues,

Açu e Serra do Mel.

A forma de relevo da Chapada do Apodi corresponde a terrenos planos,

ligeiramente elevados e de formação sedimentar. Esta forma ocupa a maior parte

geográfica da Área do Petróleo Potiguar, notadamente nos municípios de Mossoró,

Serra do Mel, Gov. Dix-Sept Rosado, Felipe Guerra, Apodi, Caraúbas, Upanema e

Açu.

Por fim, a forma de relevo da Depressão Sertaneja, que corresponde aos

terrenos baixos situados entre as partes altas do Planalto da Borborema e da

Chapada do Apodi. Esta forma ocupa a parte sul da Área do Petróleo Potiguar,

correspondendo aos municípios de Apodi, Caraúbas, Upanema e Açu. (FELIPE;

CARVALHO, 1999, p. 20 a 22)

2.2.4- Os Solos e a Vegetação

Os solos da Área do Petróleo Potiguar podem ser assim identificados: na

parte norte predomina os solos salinos e arenosos; já nas partes central e sul, estão

presentes os solos sedimentares, calcários, orgânicos, argilosos e de várzea. Este

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último é também denominado de aluvial, que no caso da Área do Petróleo Potiguar,

margeia os rios Piranhas-Açu e Apodi-Mossoró. (FELIPE; CARVALHO, 1999, p. 23)

Quanto a Vegetação que recobre a Área do Petróleo Potiguar, a maior parte

corresponde à vegetação da caatinga, que sobrevive com pequena quantidade de

água. Na parte norte e litorânea o que predomina é a vegetação das praias e dunas,

que são ao mesmo tempo plantas rasteiras e resistentes às condições de salinidade

dos solos da área. Ao longo dos rios Piranhas-Açu e Apodi-Mossoró, predomina a

chamada vegetação ciliar de carnaúba, adaptada aos solos salinos das várzeas

desses rios. (FELIPE; CARVALHO, 1999, p.28) .

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Caicó

Currais NovosSanta Cruz

Nova Cruz

NATAL

João Câmara

Macau

Açu

Mossoró

Apodi

Pau dos Ferros

Pa

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Depressão SertanejaDepressão SublitorâneaPlanície CosteiraPlanícies Fluviais

Chapara do ApodiChapada da Serra Verde

Planalto da Borborema

Tabuleiros Costeiros

LEGENDA

Serra deSão José - 831 m

Serra Negra - 711 mSerrote Barriguda - 602 m

Serra do Panati - 607 m

Serra Marcelino Vieira - 585 m

Serra do Martins - 760 m

Serra Portalegre - 703 m

Serra do Patú - 699 m

Serra do Joãodo Vale - 715 m

Serra da Garganta - 719 m

Serra São Bernardo - 638 m

Serra do Bodó - 687 m

Serra das Queimadas - 807 m

Serra da Coruja - 704 m

Serra Preta - 720 m

Serra Bico da Arara - 754 m

Serra do Maracujá - 691 m

Pico do Cabugi - 590 m

Serra de São Pedro -570 m

Serra Jaçanã - 662 m

Serra do Maracujá - 691 mSerra do Maracujá - 691 m

Maiores altitudes

Figura 3 - Mapa do Relevo do RN, visualizando a Área do Petróleo Potiguar

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2.3- ASPECTOS SOCIOCONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS

2.3.1- Demografia

Com relação à demografia, o processo de ocupação do homem na parte do

Estado do Rio Grande do Norte correspondente à Área do Petróleo Potiguar, insere-

se no contexto histórico da formação do território brasileiro. De povoamento antigo,

essa área foi ocupada a partir do litoral, ao longo dos rios Piranhas e Apodi,

atingindo o alto Apodi, na área serrana do sudoeste do Estado.

Considerando os dados contidos na Tabela 2 – População da Área do

Petróleo Potiguar, que contempla somente dados censitários do IBGE de 1970,

1980, 1991 e 2000, várias análises podem ser efetuadas. Um primeira abordagem é

a respeito da fração representativa da população da área do petróleo em relação ao

total do Estado. Em 1970, esta representava 15,67% em relação ao total do Estado,

enquanto que no ano 2000, passou a representar 15,87%. Isto significa que

praticamente não houve variação percentual, ou seja, em números absolutos todos

cresceram na mesma proporção.

O que parece indicar mudanças mais significativas no quadro demográfico, é

a relação entre a população urbana e rural. Em 1970, o quadro indicou 60,76%

(144.079 hab) para a população urbana e 39,24% (93.056 hab) para a população

rural. Com as décadas seguintes, percebeu-se que houve uma migração do campo

para a cidade na área em estudo. Em 2000, a população urbana representou

78,20% (344.696 hab) e a população rural 21,80% (96.102 hab) em relação ao total

da área em estudo. Apesar do aumento da população rural em números absolutos,

o crescimento foi inferior ao da população urbana, o que resultou numa menor

participação relativa. A taxa de crescimento nesse período foi de 139% para a

população urbana e somente 3,27% para a população rural.

Entre os anos de 1991 a 2000, a população brasileira cresceu 13,14% (em

1991 – 146.825.475 hab e 2000 – 166.112.782 hab), a do Rio Grande do Norte

14,95% (ano 1991 - 2.415.567hab e ano 2000 - 2.776.782hab), enquanto que a

população da área em estudo cresceu 9,25% (em 1991 403.474 hab e 2000

440.798 hab).

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Tabela 2 - População da Área do Petróleo Potiguar

Municípios da % TotalÁrea do Petróleo Total Urbano Rural Total Urbano Rural Total Urbano Rural Total Urbano Rural 70/90

Açu 25,038 13,250 11,788 34,393 20,503 13,890 43,591 29,500 14,091 47,904 34,645 13,259 91.33Alto do Rodrigues 4,804 1,463 3,341 5,477 2,332 3,145 8,247 5,323 2,924 9,499 6,482 3,017 97.73Apodi 21,056 5,111 15,945 27,541 9,210 18,331 31,175 13,864 17,311 34,174 16,353 17,821 62.30Areia Branca 15,600 10,755 4,845 17,233 12,960 4,273 21,216 17,003 4,213 22,530 17,861 4,669 44.42Caraúbas 11,784 4,406 7,378 17,981 7,838 10,143 20,248 10,676 9,572 18,810 12,304 6,506 59.62Carnaubais 5,367 603 4,764 12,132 2,488 9,644 6,427 1,993 4,434 8,192 2,104 6,088 52.64Felipe Guerra 3,762 662 3,100 4,746 1,460 3,286 6,042 3,081 2,961 5,534 3,276 2,258 47.10Gov. Dix-Sept Rosado 8,768 1,838 6,930 9,048 2,784 6,264 10,447 4,963 5,484 11,772 5,904 5,868 34.26Guamaré 2,822 865 1,957 3,265 970 2,295 6,082 2,361 3,721 8,149 3,599 4,550 188.77Macau 25,800 18,832 6,968 24,059 17,511 6,548 25,985 19,696 6,289 25,700 18,612 7,088 -0.39Mossoró 97,145 79,409 17,736 145,989 122,861 23,128 192,267 177,331 14,936 213,841 199,081 14,760 120.13Pendências 8,659 5,065 3,594 9,373 6,103 3,270 11,055 8,366 2,689 11,401 8,944 2,457 31.67Porto do Mangue 0 0 0 0 0 0 4,034 1,835 2,199 4,064 2,285 1,779 0.00Serra do Mel 0 0 0 0 0 0 8,016 1,233 6,783 8,237 8,203 34 0.00Upanema 6,530 1,820 4,710 7,466 3,077 4,389 8,642 4,653 3,989 10,991 5,043 5,948 68.32Total Área Petróleo 237,135 144,079 93,056 318,703 210,097 108,606 403,474 301,878 101,596 440,798 344,696 96,102 85.88Total do RN 1,512,998 717,483 795,515 1,898,172 1,115,158 783,014 2,415,567 1,669,267 746,300 2,776,782 2,036,673 740,109 83.53(%) Área /Total RN 15.67 20.08 11.70 16.79 18.84 13.87 16.70 18.08 13.61 15.87 16.92 12.98 1.28Fonte: IBGE, Censo Demográfico do RN 1970 a 2000

20001970 1980 1991

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Pelo ângulo dos municípios, a tabela 3 – Taxa de crescimento demográfico

urbano e rural mostra a taxa de crescimento em dois períodos: o primeiro entre 1970

a 2000 e o segundo entre 1991 a 2000. No primeiro período (70/00), vê-se que sete

municípios tiveram taxas de crescimento negativas no que tange a população rural,

a saber: Alto do Rodrigues (-9,70%), Areia Branca (-3,63%), Caraúbas (-11,82%),

Felipe Guerra (-27,16%), Mossoró (-16,78%) e Pendências (-31,64%).

Na área da população urbana, somente o município de Macau atingiu uma

taxa de crescimento negativa, com –1,17%. Aliás, este foi o único município da área

em estudo, que em números absolutos, reduziu a sua população total no período de

1970 (25.800 hab) a 2000 (25.700 hab). No segundo período (91/00), continua a

tendência de esvaziamento populacional do setor rural, com novamente sete

municípios obtendo taxas de crescimento negativas. Alguns municípios mantiveram

essa tendência desde a década de 70 (Caraúbas, Felipe Guerra, Mossoró e

Pendências) e em outros este fato inicia-se na década de 90 (Açu, Porto do Mangue

e Serra do Mel).

De acordo com a tabela 4, a densidade demográfica da Área do petróleo

Potiguar corresponde a 36,35 hab/km2. Considerando-se a população no censo

Total Urbano Rural Total Urbano RuralAçu 91,33 161,47 12,48 9,89 17,44 -5,90Alto do Rodrigues 97,73 343,06 -9,70 15,18 21,77 3,18Apodi 62,30 219,96 11,77 9,62 17,95 2,95Areia Branca 44,42 66,07 -3,63 6,19 5,05 10,82Caraúbas 59,62 179,26 -11,82 -7,10 15,25 -32,03Carnaubais 52,64 248,92 27,79 27,46 5,57 37,30Felipe Guerra 47,10 394,86 -27,16 -8,41 6,33 -23,74Gov. Dix-Sept Rosado 34,26 221,22 -15,32 12,68 18,96 7,00Guamaré 188,77 316,07 132,50 33,99 52,44 22,28Macau -0,39 -1,17 1,72 -1,10 -5,50 12,70Mossoró 120,13 150,70 -16,78 11,22 12,27 -1,18Pendências 31,67 76,58 -31,64 3,13 6,91 -8,63Porto do Mangue 0,00 0,00 0,00 0,74 24,52 -19,10Serra do Mel 0,00 0,00 0,00 2,76 565,29 -99,50Upanema 68,32 177,09 26,28 27,18 8,38 49,11Total Área Petróleo 85,88 139,24 3,27 9,25 14,18 -5,41Total do Estado RN 83,53 183,86 -6,96 14,95 22,01 -0,83(%) Área Petróleo / Total RN 1,28 -15,72 11,00 -4,96 -6,41 -4,62Fonte: IBGE, Censos 1970, 1991 e 2000Nota: Cálculos da taxa de crescimento realizados pelo autor

Tabela 3 - Taxa de Crescimento Demográfico Urbano e Rural: 1970/2000 e 1991/2000

Municípios da Área do Petróleo Potiguar

Tx Cresc. 70/00 (%) Tx Cresc. 91/00 (%)

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2000, vê-se que os municípios de maior desenvolvimento foram os que detém a

maior densidade, destacando-se o de Mossoró com 101,40 hab/km2.

Por outro lado, o município de Gov. Dix-Sept Rosado, registrou a menor

densidade demográfica, com 9,28 hab/km2, apesar de sua significativa extensão

territorial (1.268,90 km2).

Municípios da Área do

Petróleo PotiguarÁrea (Km2)

Equivalente a Superfície

Estadual (%)

População - Censo 2000

Densidade Demográfica (hab./km2)

Açu 1.297,50 2,43 47.778 36,82Alto do Rodrigues 207,40 0,39 9.430 45,47Apodi 1.556,10 2,92 34.017 21,86Areia Branca 374,20 0,70 22.403 59,87Caraúbas 1.099,90 2,06 15.625 14,21Carnaubais 531,70 1,00 8.114 15,26Felipe Guerra 283,30 0,53 5.490 19,38Gov. Dix-Sept Rosado 1.268,90 2,38 11.682 9,21Guamaré 278,60 0,52 8.091 29,04Macau 750,20 1,41 25.528 34,03Mossoró 2.108,90 3,96 213.260 101,12Pendências 442,50 0,83 11.383 25,72Porto do Mangue 332,40 0,62 4.016 12,08Serra do Mel 604,30 1,13 8.201 13,57Upanema 857,30 1,61 10.937 12,76Total Área do Petróleo 11.993,20 22,50 435.955 36,35Total do RN 53.306,80 100,00 2.760.413 51,78Fonte: IDEMA/CESE ( Dados Básicos: IBGE/Censo Demográfico-2000 )

Tabela 4 - Densidade demográfica segundo os Municípios da Área do Petróleo Potiguar em 2000

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2.3.2- Setores Produtivos

As primeiras atividades econômicas na área em estudo estavam ligadas a

ocupação do território através da introdução do gado. Ao longo do século XVIII,

enquanto a atividade canavieira se estabelecia no litoral potiguar, a atividade de

criação de gado, penetrava o sertão, seguindo o curso dos rios Piranhas-Açu e

Apodi.

Ao longo do século XX, destacam-se na referida área a agricultura e o

extrativismo da carnaúba e da oiticica, além da pesca de água doce e a agricultura

tradicional. Os trechos correspondentes aos interfluvios foram ocupados pela

criação extensiva de gado bovino, e pela agricultura tradicional de alimentos, com

base na cultura de feijão, milho, arroz e do algodão, que se tornou o principal

produto comercial, atraindo mão-de-obra e adensando a população, estimulando o

surgimento de várias cidades. (IBGE, 1990, p.123)

A produção de algodão, com fins comerciais, isto é, para a exportação,

visando abastecer os mercados nacionais (centro-sul do país) e o internacional,

tinha como finalidade o fornecimento de matéria-prima para as fábricas locais de

produção de óleo de caroço de algodão. Como o início da década dos anos 80 do

século XX foi marcado por uma queda substantiva em sua produção, motivada pelas

sucessivas secas e pela praga do “bicudo”, que atacou as lavouras, houve grande

retração de sua comercialização (IBGE, 1990, p. 124).

Em face desse quadro, aceleraram-se os programas de reestruturação da

agricultura, através dos projetos de irrigação, que já vinham sendo implantados pelo

Governo e iniciativa particular, desde a década dos anos 70 do século XX, como

meta para a mudança da economia do Estado.

A ação governamental se fez sentir, com a implementação dos projetos de

irrigação, como o da área do baixo Açu. Decorrente da capitalização da atividade

agro-industrial, observou-se a expansão da fruticultura tropical e criação de gado. O

destaque nessa área tem sido o cultivo da banana, melão, castanha de caju, entre

outros. Nos últimos anos, a referida área despertou o interesse de grupos

empresariais nacionais e estrangeiros, que têm realizado grandes investimentos

para engendrar a produção, visando o mercado externo.

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As principais culturas temporárias na Área do Petróleo Potiguar são: algodão

herbáceo, alho, arroz, batata-doce, feijão, mandioca, melancia, melão e milho.

As principais culturas permanentes da Área do Petróleo Potiguar são:

banana, castanha de caju, coco-da-baia, goiaba, laranja, limão, mamão, manga,

maracujá, palmito, carnaúba, oiticica e umbu.

A atuação da PETROBRAS no setor agrícola dos municípios da Área do

Petróleo Potiguar se faz presente com a instalação do Programa Terra Pronta,

iniciado em 1999. Este programa é uma parceria com o Governo do Estado, através

da EMATER, com a finalidade de promover a preparação motomecanizada de terras

de pequenos proprietários, para o plantio.

Na referida área ocorre a Extração da Oiticica para a fabricação de sabão e

tintas, a extração da Cera de Carnaúba, o Agave na fabricação de cordas e fios

para as sacarias

O extrativismo mineral é a atividade econômica que vêm historicamente

participando com maior destaque na construção do espaço em estudo. Dentre essas

atividades, pode-se destacar a Extração do Sal, principalmente nas áreas salineiras

de Macau, Areia Branca e Mossoró; e por fim, a extração do petróleo e gás natural.

A economia salineira tornou-se um símbolo da atividade extrativa-industrial

para os municípios litorâneos da região oeste, assim como a economia algodoeira

exerceu o mesmo papel para a região seridó e a economia da cana-de-açucar para

o litoral. No caso da área em estudo, o sal produzido se expandiu economicamente

a partir do início do século XX. Em poucas décadas, o RN tornou-se o principal

produtor de sal do país, abarcando mais de 90% da produção nacional.

No entanto, a partir da década de 60 ocorreu o processo de mecanização da

produção do sal e com isto gerou desemprego em mais de 80% dos salineiros

empregados. Muitos trabalhadores migraram para as atividades de agricultura de

subsistência, no comércio local ou foram aproveitados em programas

governamentais (como a instalação das vilas rurais em Serra do Mel). Nos anos 80

surge a indústria do petróleo na área em estudo, mas pelas suas próprias

características tecnológicas, só absorveu mão-de-obra especializada.

Conforme o quadro 3, a presença da indústria do petróleo é destacada,

sendo que em alguns municípios, corresponde a única atividade industrial existente.

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Nos demais acrescentam-se vocações de produção relacionadas à atividade agro-

industrial. O quadro de referência da referida área apresenta uma organização

espacial articulada pela cidade de Mossoró, que é o principal centro urbano da

região e o segundo do Estado. Esta cidade passou por várias transformações e

atualmente exerce o papel de capital regional, com importante função industrial.

A cidade de Mossoró é o centro urbano onde estão instaladas as principais

indústrias ligadas à produção de alimentos, a materiais de construção e confecções,

entre outras. O espaço industrial de Mossoró mantém ligações diretas com os

centros de microrregiões vizinhas, como as de Açu, Apodi e Caraúbas.

A indústria petrolífera se faz presente nos municípios da Área do Petróleo

Potiguar, através das ações da PETROBRAS, inserindo um conjunto de objetos na

paisagem, tais como: os cavalos-de-pau, a “árvore de natal”, a sonda de perfuração,

os oleodutos, as estações coletoras, etc. O grande destaque, contrastando com a

paisagem quase inóspita do semi-árido é a existência do Pólo Industrial de

Guamaré, localizado no município do mesmo nome.

De acordo com o Cadastro Industrial do Rio Grande do Norte, publicado pela

Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), ano base 1998, os

municípios em questão, possuem o seguinte perfil de atividades econômicas

industriais, demonstrado conforme quadro 3, a seguir:

Quadro 3 – Principais atividades industrias dos municípios - 1998

Municípios Principais atividades industriais Açu Pólo Cerâmico, Fruticultura, Petróleo e Gás Natural Alto do Rodrigues Fruticultura, Petróleo e Gás Natural Areia Branca Porto Exportador de Sal, Salinas e Petróleo Apodi Cera de Carnaúba, Fruticultura, Petróleo e Gás Natural Caraúbas Castanha de Caju, Petróleo e Gás Natural Carnaubais Fruticultura, Petróleo e Gás Natural Felipe Guerra Petróleo e Gás Natural Guamaré Salinas, Pescados, Petróleo e Gás Natural, Pólo Industrial de Guamaré Gov. Dix-Sept Rosado Jazidas de Calcário, Petróleo e Gás Natural Macau Salinas, Pescados, Petróleo e Gás Natural Mossoró Alimentos, Confecções, Materiais de Construção, Cimento, Fruticultura,

Sal, Petróleo e Gás Natural, entre outras Pendências Petróleo e Gás Natural Porto do Mangue Petróleo e Gás Natural Serra do Mel Castanha do Caju, Petróleo e Gás Natural Upanema Petróleo e Gás Natural Fonte: FIERN, Relatório Industrial 1999.

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O setor terciário, evidenciado pelas atividades de comércio e serviços na

área em estudo é marcadamente caracterizado pela presença das atividades de

atendimento dos governos municipais e em menor escala da iniciativa privada,

principalmente nos menores municípios.

O comércio é uma tradicional atividade econômica, presente em todos os

municípios referentes à área. As feiras livres semanais constituem-se no maior

evento de comércio para a maioria dos municípios da área em questão, onde a

produção agrícola e a produção artesanal dos centros urbanos convergem para o

mesmo espaço comercial. Nas feiras livres do interior existem os espaços

comerciais de cereais, carnes, verduras, frutas, animais (carneiros, bodes, galinhas

etc), roupas e diversos (celas para cavalos, carro-de-mão, motos, etc). As outras

atividades comerciais que se destacam estão voltadas para as microempresas e

para as atividades comerciais tradicionais, como a panificação, farmácia, móveis,

oficinas mecânicas, peças de automóveis, entre outras.

O papel regionalizador de Mossoró está fortemente relacionado com o setor

terciário, evidenciado por uma grande atividade de comércio e de prestação de

serviços empreendidos pelo setor privado. O mesmo se dá nos municípios de Açu,

Apodi e Macau, uma vez que exercem também o papel de pólos regionais.

Outro segmento importante no quadro atual da área em estudo é o turismo.

Já é considerada atualmente, a atividade econômica, de maior geração de emprego

e renda. No caso dos municípios em questão, o turismo ainda é pouco explorado.

As praias nos municípios litorâneos de Guamaré, Macau e Porto do Mangue, o

Hotel Thermas em Mossoró e o ecoturismo no Lajedo Soledade, em Apodi são os

principais atrativos, o que é muito pouco.

Em praticamente todos os municípios há pontos de vocações turísticas que

ainda precisam ser descobertos e viabilizados economicamente.

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2.3.3- Setores Sociais

Quanto ao setores sociais, este trabalho destaca as ações desenvolvidas nos

setores da educação e saúde nos municípios da Área do Petróleo Potiguar.

Qualquer abordagem sobre os setores sociais revelará o lado mais sensível,

desnudará o que tem sido feito em prol das comunidades mais carentes da referida

área. A educação e saúde são os setores de maior relevância, eleitos aqui como

“paretos” (priorizados), em face da disponibilidade de dados.

Além destes, é importante assinalar que há outros setores, também carentes

de ações políticas eficazes e permanentes, como a habitação, segurança, emprego,

entre outros.

Os serviços de educação são prestados, na sua grande maioria, pelo setor

público. Quanto menor o município, maior a participação da prefeitura na gestão da

educação. Os números sobre a educação nos municípios do referido território são

precários. O número de salas de aula permanentes em 1999 totalizou 3.283 salas,

representando 18,36% do total do Estado. Existem apenas 801 estabelecimentos de

ensino, sendo que 455 estão na área rural (56,81%). (IDEMA, 2000).

Área do PetróleoTotal Alfabetizada % Alfab. % Analf. Total População

Alfabetizada% Alfab. % Analf.

Açu 38.418 28.157 73,30 26,63 38.063 20.715 54,42 45,58Alto do Rodrigues 7.724 5.697 73,80 26,20 7.282 3.970 54,52 45,48Apodi 27.479 19.120 69,60 30,40 27.275 13.641 50,01 49,99Areia Branca 18.382 14.752 80,30 19,70 18.884 12.264 64,94 35,06Caraúbas 15.274 10.494 68,70 31,30 17.762 9.024 50,81 49,19Carnaubais 6.561 4.381 66,80 33,20 9.191 4.098 44,59 55,41Felipe Guerra 4.606 3.405 73,90 26,10 5.362 3.018 56,28 43,72Gov. Dix-Sept Rosado 9.315 6.693 71,90 28,10 9.093 5.114 56,24 43,76Guamaré 6.216 4.306 69,30 30,70 5.264 2.409 45,76 54,24Macau 20.930 15.921 76,10 23,90 23.158 14.690 63,43 36,57Mossoró 173.694 143.002 82,30 17,70 169.194 114.363 67,59 32,41Pendências 9.177 6.306 68,70 31,30 9.769 4.966 50,83 49,17Porto do Mangue 3.072 1.779 57,90 42,10 0 0 0,00 0,00Serra do Mel 6.480 4.611 71,20 28,80 6.955 3.612 51,93 48,07Upanema 8.736 5.813 66,50 33,50 7.498 3.812 50,84 49,16Total Área Petróleo 356.064 274.437 71,35 28,64 354.750 215.696 50,81 42,52Total do RN 2.212.602 1.687.670 76,30 23,70 2.114.842 1.247.433 58,98 41,02(%) Área /Total RN 16,09% 16,26% 93,52% 120,85% 16,77% 17,29% 86,15% 103,67%Fonte: IBGE, Censo de 1991 e Censo de 2000

Tabela 5 - Taxas de Alfabetização e Analfabetismo nos municípios da Área do Petróleo Potiguar

Municípios da População residente de 10 anos ou mais idade População residente de 10 anos ou mais idade2000 1991

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A tabela 5, apresentada mostrou a evolução do setor educacional nos

municípios da área em estudo, entre 1991 a 2000, considerando a parcela da

população (acima de 10 anos) alfabetizada e não alfabetizada.

O que se depreende dos dados apresentados, é que o analfabetismo é um

fenômeno social de caráter secular, ainda presente nas áreas urbanas e

principalmente nas áreas rurais, atingindo uma parcela considerável da população

adulta e economicamente ativa.

Em 1991, o que chamou a atenção foi o alto índice de analfabetismo no total

da população em estudo, que alcançou a marca de 42,52%.

Os serviços de saúde na Área do Petróleo Potiguar revelam um quadro de

precariedade, principalmente nos pequenos municípios.

Rede Hospitar

do SUS

Rede

Ambulatorial

SUS

Leitos na Rede

Hospitar do

SUS

População /

Leitos (2000)Açu 3 11 122 315Alto do Rodrigues 1 3 18 429Apodi 2 11 53 518Areia Branca 2 11 48 383Caraúbas 2 13 52 294Carnaubais 1 3 18 365Felipe Guerra 1 4 12 384Gov. Dix-Sept Rosado 1 4 12 776Guamaré 1 2 8 777Macau 5 12 211 99Mossoró 10 69 1.062 164Pendências 1 7 20 459Porto do Mangue 0 0 0 0Serra do Mel 2 23 25 259Upanema 2 4 19 460Total Área Petróleo 34 177 1.680 379Total do Estado do RN 202 1.263 7.531 294(%) Área /Total RN 16,83 14,01 22,31 128,92Fonte: IDEMA, 2001

2000

Nota: Rede Hospitalar do SUS incluiu as categorias pública, privada e universitária;Rede Ambulatorial do SUS incluiu os Postos de Saúde, Centro de Saúde, Unidade Mistae Policlínicas.

Municípios da Área do Petróleo Potiguar

Tabela 6 - Quadro da Saúde nos Municípios da Área do Petróleo Potiguar

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O conjunto dos municípios da área em estudo deveriam revelar uma melhor

estrutura de saúde, em relação ao total do RN. Apesar dos pequenos, há nesse

conjunto, os municípios considerados grandes, como é o caso de Mossoró (20 do

Estado), além de Macau, Areia Branca, Açu e Apodi. Em boa parte das Unidades

Hospitalares existentes, faltam equipamentos e profissionais médicos. Na prática, a

ausência dos médicos na referida área para o atendimento de maior gravidade, é

suprida pelas ambulâncias, que levam os pacientes dos municípios para as cidades

maiores.

A presença efetiva dos serviços de saúde na referida área, acontece graças a

ação das enfermeiras. Não é à toa, por exemplo, que o curso de enfermagem na

Universidade Estadual do RN (UERN), localizada em Mossoró, é um dos mais

procurados e concorridos.

Conforme demonstrado na tabela 6, os municípios melhor aparelhados são

os de Mossoró (10 unidades hospitalares e 69 unidades ambulatoriais) e o de

Macau (com 5 unidades hospitalares e 12 ambulatórios). Curiosamente, são os que

mantêm a menor taxa de leitos por habitantes, com 164 e 99, respectivamente.

Outro aspecto preocupante, verifica-se no município de Porto do Mangue que

não dispõe de uma unidade hospitalar.

O quadro geral do setor de saúde mostra desigualdades, principalmente

entre os maiores e os menores municípios da área em estudo. Nos maiores

municípios, como Mossoró, Açu e Macau, há uma estrutura de atendimento

funcionando, como hospitais, ambulatórios, clínicas, entre outros. O mesmo não

acontece com os menores municípios da área em estudo, como Porto do Mangue,

Serra do Mel, Guamaré, entre outros, que para os casos de maior gravidade os

pacientes são encaminhados para os grandes centros, como a cidade de Mossoró

e/ Natal, a capital do Estado.

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2.3.4- A infra-estrutura básica

Os recursos oriundos dos royalties de petróleo sempre foram destinados na

legislação brasileira para aplicação nas áreas de infra-estrutura básica. No início,

através da Lei n0 2.004/1953, os recursos deveriam ser aplicados preferencialmente

na produção de energia elétrica e na pavimentação de rodovias. Mais adiante, a Lei

n0 7.453/1985 determinou que os recursos dos royalties de petróleo deveriam ser

aplicados preferencialmente em energia, pavimentação de rodovias, abastecimento

e tratamento de água, irrigação, proteção ao meio ambiente e saneamento básico.

A lei n0 7.525/1986 deu nova redação ao §30 do artigo 27 da Lei n0

2.004/1953, que dispõe sobre a aplicação dos recursos da indenização dos

royalties de petróleo:

§30 Ressalvados os recursos destinados ao Ministério da Marinha, os demais recursos previstos neste artigo serão aplicados pelos Estados, Territórios e Municípios, exclusivamente, em energia, pavimentação de rodovias, abastecimento e tratamento de água, irrigação, proteção ao meio ambiente e em saneamento básico.

Em 1989, a Lei n0 7.990/89 definiu que os recursos dos royalties de petróleo

seriam considerados uma compensação financeira e que sua aplicação estava

vedada apenas para pagamento de dívidas e no quadro permanente de pessoal. O

decreto lei n0 01/1991, no entanto, voltou a definir a aplicação da compensação

financeira dos royalties de petróleo exclusivamente em energia, pavimentação de

rodovias, abastecimento e tratamento de água, irrigação, proteção ao meio

ambiente e saneamento básico. Por fim, a atual legislação, que corresponde a Lei

n0 9.478/97, também chamada da Lei do Petróleo, não definiu critérios para a

aplicação dos royalties do petróleo. Ao Tribunal de Contas da União (TCU), através

da Lei n0 8.443/92 e seu regimento interno art. 216, coube na atual legislação, a

responsabilidade de auditar periodicamente os Estados, Territórios e Municípios

sobre a aplicação da referida receita.

A partir da área em estudo, este trabalho analisará alguns itens da infra-

estrutura básica, utilizados na legislação para averiguar a aplicação dos royalties.

Com base em dados oficiais disponíveis foram utilizados os anos de 1991 e 2000,

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para a análise dos itens de abastecimento de água, saneamento básico, coleta de

lixo, energia e renda.

O primeiro tópico de infra-estrutura básica a ser analisado é o de

Abastecimento de Água. A tabela 7 mostra o número de domicílios atendidos com

abastecimento e sem abastecimento em 1991 e 2000. No ano de 1991, havia mais

domicílios sem abastecimento(46.585) do que com abastecimento (40.732). Em

termos percentuais, a cor vermelha da tabela identifica àqueles municípios com um

percentual inferior a 30% de domicílios atendidos com abastecimento de água. O

quadro da infra-estrutura desse item em 1991 era precário, com 11 (onze)

municípios revelando percentuais muito baixos. Em 2000, o quadro do

abastecimento de água melhora sensivelmente, ficando apenas um município (Porto

do Mangue) em cor vermelha. Alguns municípios deram grandes saltos de melhoria,

como o de Guamaré (de 2,80% para 74,47%) e Serra do Mel (de 3,87% para

83,55%).

O segundo tópico de infra-estrutura básica a ser analisado é o de

Saneamento Básico nos municípios da Área do Petróleo Potiguar. A tabela 8

considera os itens “total com Instalação sanitária, rede geral (saneado) e outros

Tabela 7 - Abastecimento de Água nos municípios da Área do Petróleo Potiguar

Total Domicílios

Com abastecimento

Sem abastecimento

% c/abast. Total Domicílios

Com abastecimento

Sem abastecimento

% c/abast.

Açu 11.364 8.762 2.602 77,10 9.033 3.719 5.314 41,17Alto do Rodrigues 2.416 2.171 245 89,86 1.825 420 1.405 23,01Apodi 8.398 4.530 3.868 53,94 6.708 1.260 5.448 18,78Areia Branca 5.628 4.507 1.121 80,08 4.779 2.842 1.937 59,47Caraúbas 4.723 2.850 1.873 60,34 4.574 1.086 3.488 23,74Carnaubais 2.031 1.193 838 58,74 2.294 225 2.069 9,81Felipe Guerra 1.432 838 594 58,52 1.325 116 1.209 8,75Gov. Dix-Sept Rosado 2.890 914 1.976 31,63 2.244 269 1.975 11,99Guamaré 2.080 1.549 531 74,47 1.322 37 1.285 2,80Macau 6.770 5.487 1.283 81,05 6.096 3.997 2.099 65,57Mossoró 52.121 46.198 5.923 88,64 41.199 25.775 15.424 62,56Pendências 2.923 2.458 465 84,09 2.577 657 1.920 25,49Porto do Mangue 1.010 109 901 10,79 0 0 0 0,00Serra do Mel 1.812 1.514 298 83,55 1.499 58 1.441 3,87Upanema 2.618 1.128 1.490 43,09 1.842 271 1.571 14,71Total Área Petróleo 108.216 84.208 24.008 65,06 87.317 40.732 46.585 46,65Total do RN 671.993 525.739 146.254 78,24 520.294 257.209 263.085 49,44(%) Área /Total RN 16,10 16,02 16,42 83,16 16,78 15,84 17,71 94,36Fonte: 1991 = Censo IBGE - Tabela 2.11 - Domicilios particulares permanentes, por abastecimento de água2000 = Censo IBGE - Tabela 18 - Domicílios particulares permanentes, por abastecimento de águaNota: Sem abastecimento de água - utiliza poço ou nascente ou outra forma

Municípios da Área do

Petróleo Potiguar

2000 1991

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(corresponde a fossa séptica, fossa rudimentar, vala e não sabe)”. No ano de 1991

o quadro era estarrecedor. Apenas 7,39% dos domicílios eram saneados. A cor

vermelha na tabela, mostra que em apenas dois municípios houve algum

investimento nesse área. O município de Macau com 6,94% e de Mossoró com

14,56%.

Em 2000, o quadro não apresentou uma mudança significativa. O percentual

de municípios saneados saltou para 11,55%, o que ainda é pouco significativo. Os

municípios que investiram, ainda que de forma incipiente, foram os de Alto do

Rodrigues(6,04%), Carnaubais (7,39%), Macau(9,26%) e Mossoró(21,15%). Cabe

salientar que o quadro precário é o mesmo no âmbito do Estado do RN.

O terceiro tópico de infra-estrutura básica a ser analisado é o de Coleta de

Lixo nos municípios da Área do Petróleo Potiguar. Este item está relacionado com

as questões do meio ambiente, e identifica os resultados das ações governamentais

no sentido de ordenar o destino do lixo no referido município. A tabela 9 considera

os itens “total coletado” e “outros” (correspondente ao destino do lixo - queimado,

enterrado, jogado em terreno baldio e rio, lago ou mar). A maior incidência no item

“outros” é o lixo jogado em terreno baldio.

Tabela 8 - Saneamento nos Municípios da Área do Petróleo Potiguar

Municípios da

Área do Petróleo

Total

Domicílios

Total c/ Instalação Sanitária

Rede Geral

(saneado)

Outros %

saneado

Total

Domicílios

Total c/ Instalação Sanitária

Rede Geral

(saneado)

Outros %

saneadoAçu 11.364 9.941 316 1.423 2,78 9.033 6.329 0 6.329 0,00Alto do Rodrigues 2.416 2.145 146 271 6,04 1.825 1.189 26 1.163 1,42Apodi 8.398 6.556 11 1.842 0,13 6.708 4.014 0 4.014 0,00Areia Branca 5.628 5.050 38 578 0,68 4.779 3.450 0 3.450 0,00Caraúbas 4.723 3.511 73 1.212 1,55 4.574 2.231 0 2.231 0,00Carnaubais 2.031 1.477 150 554 7,39 2.294 786 0 786 0,00Felipe Guerra 1.432 1.033 5 399 0,35 1.325 571 0 571 0,00Gov. Dix-Sept Rosado 2.890 1.715 0 1.175 0,00 2.244 736 0 736 0,00Guamaré 2.080 2.013 14 67 0,67 1.322 841 0 841 0,00Macau 6.770 6.048 627 722 9,26 6.096 4.576 423 4.153 6,94Mossoró 52.121 49.045 11.025 3.076 21,15 41.199 33.906 6.000 27.906 14,56Pendências 2.923 2.672 84 251 2,87 2.577 1.547 0 1.547 0,00Porto do Mangue 1.010 565 2 445 0,20 0 0 0 0 0,00Serra do Mel 1.812 1.548 3 264 0,17 1.499 1.219 0 1.219 0,00Upanema 2.618 1.815 1 803 0,04 1.842 949 0 949 0,00Total Área Petróleo 108.216 95.134 12.495 13.082 11,55 87.317 62.344 6.449 55.895 7,39Total do RN 671.993 604.154 111.034 67.839 16,52 520.294 376.844 35.056 337.788 6,74(%) Área /Total RN 16,10 15,75 11,25 19,28 69,88 16,78 16,54 18,40 16,55 109,62Fonte: 1991= Censo IBGE tabela 2.12- Domicilios particulares permanentes, uso e escoadouro da instalação sanitária2000= Censo IBGE tabela 19- Domicilios particulares permanentes, uso e escoadouro da instalação sanitáriaNota: São domicílios por uso e escoadouro da instalação sanitária Total Instalação Sanitária = corresponde a rede geral(saneado) + outros Outros = corresponde a fossa sépitca, fossa rudimentar, vala e não sabe

2000 1991

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Os dados da Tabela 9 mostram o seguinte quadro. Em 1991, o percentual

médio dos domicílios coletados com lixo na Área do Petróleo Potiguar foi de

59,58%. A cor vermelha identificou o percentual inferior a 30% de domicílios com

coleta de lixo.

Em quatro deles, as ações nessa área foram incipientes, a saber: Carnaubais

(12,42%), Felipe Guerra (29,13%), Gov. Dix-Sept Rosado (15,86%) e Serra do Mel

(0,07%). No caso de Serra do Mel era praticamente inexistente.

Em 2000, o percentual médio dos domicílios coletados salta para 73,46%.

Seguindo o critério da cor vermelha, somente os municípios de Carnaubais(26,88%)

e Serra do Mel(0,22%) não efetuaram investimentos na área de coleta de lixo,

permanecendo com percentuais muito baixo de realizações.

Tabela 9 - Coleta de Lixo nos municípios da Área do Petróleo Potiguar

Municípios da

Área do PetróleoTotal

DomicíliosTotal Coletado Outros %

c/ lixoTotal

DomicíliosTotal

ColetadoOutros % c/lixo

Açu 11.364 7.760 3.604 68,29 9.033 5.401 3.632 59,79Alto do Rodrigues 2.416 1.483 933 61,38 1.825 842 983 46,14Apodi 8.398 4.225 4.173 50,31 6.708 2.326 4.383 34,68Areia Branca 5.628 4.725 903 83,96 4.779 3.320 1.459 69,47Caraúbas 4.723 2.485 2.238 52,61 4.574 1.376 3.198 30,08Carnaubais 2.031 546 1.485 26,88 2.294 285 2.009 12,42Felipe Guerra 1.432 724 708 50,56 1.325 386 939 29,13Gov. Dix-Sept Rosado 2.890 1.056 1.834 36,54 2.244 356 1.888 15,86Guamaré 2.080 1.579 836 75,91 1.322 776 546 58,70Macau 6.770 5.796 974 85,61 6.096 4.635 1.461 76,03Mossoró 52.121 45.059 7.062 86,45 41.199 30.028 11.171 72,89Pendências 2.923 2.382 541 81,49 2.577 1.471 1.106 57,08Porto do Mangue 1.010 562 448 55,64 0 0 0 0,00Serra do Mel 1.812 4 1.808 0,22 1.499 1 1.498 0,07Upanema 2.618 1.108 1.510 42,32 1.842 822 1.020 44,63Total Área Petróleo 108.216 79.494 29.057 73,46 87.317 52.025 35.293 59,58Total do RN 671.993 495.000 176.993 73,66 520.294 297.774 222.520 57,23(%) Área /Total RN 16,10 16,06 16,42 99,72 16,78 17,47 15,86 104,11Fonte:1991= Censo IBGE tabela 2.13- Domicilios particulares permanentes, por destino do lixoNota: São domicílios por destino do lixoOutros = corresponde ao destino do lixo - queimado, enterrado, jogado em terreno baldio e rio, lago ou mar(*)(*) Maior incidência - lixo jogado em terreno baldio

2000 1991

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69

O quarto tópico de infra-estrutura básica a ser analisado é o de Energia

Elétrica nos municípios da área em tela.

A tabela 10 mostra que o número de consumidores de energia elétrica dos

municípios em questão correspondeu a 17,12% do total do Estado do Rio Grande

do Norte. Em números absolutos, o município de Mossoró foi o que possuiu o maior

número de domicílios atendidos com fornecimento de energia elétrica com 42.301,

seguidos por Açu com 8.538, Macau com 6.768, Areia Branca com 4.803 e Apodi

com 4.521.

A maior concentração de atendimento foi para o item residencial urbano com

69.102 (84,81%) dos domicílios. Os domicílios rurais participaram com 4.825

(5,92%) dos domicílios em relação ao total dos municípios da Área do Petróleo

Potiguar.

Tabela 10 - Consumo de energia nos Municípios da Área do Petróleo Potiguar em 1991

Área do PetróleoTotal

ConsumidorResidencial Industrial Comercial Rural Poderes

PúblicosIluminação

PúblicaOutros

Açu 8.538 6.033 30 546 1.851 72 1 5Alto do Rodrigues 1.805 1.235 4 103 441 19 1 2Apodi 4.521 3.697 46 333 364 76 1 4Areia Branca 4.803 4.299 27 404 5 65 1 2Caraúbas 3.103 2.595 11 208 240 45 1 3Carnaubais 1.622 936 12 89 558 20 1 6Felipe Guerra 1.109 936 17 79 45 28 1 3Gov. Dix-Sept Rosado 1.824 1.301 27 104 370 19 1 2Guamaré 1.024 883 13 101 2 23 1 1Macau 6.768 6.049 54 490 99 71 1 4Mossoró 42.301 37.439 314 3.475 765 272 1 35Pendências 2.620 2.332 6 134 85 56 1 6Porto do Mangue (*) 0 0 0 0 0 0 0 0Serra do Mel 1.440 1.367 3 34 0 33 1 2Upanema 0 0 0 0 0 0 0 0Total Área Petróleo 81.478 69.102 38 407 4.825 799 13 75Total do RN 475.990 414.017 2.540 32.682 18.997 6.800 152 622(%) Área /Total RN 17,12 16,69 1,48 1,24 25,40 11,75 8,55 12,06Fonte: Companhia Energética do Rio Grande do Norte - COSERN

Municípios da Número de consumidores de energia elétrica1991

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A tabela 11 mostra o número de consumidores de energia elétrica dos

municípios da Área do Petróleo Potiguar no ano de 2000.

A tabela 11 mostra que em 2000, o número de consumidores de energia

elétrica dos municípios da área em estudo totalizou 110.194, correspondendo a

16,38% do total do Estado do Rio Grande do Norte, que foi de 672.731 domicílios.

Em números absolutos, o município de Mossoró foi o que possuiu o maior número

de domicílios atendidos com fornecimento de energia elétrica com 58.958, seguidos

por Açu com 9.926, Macau com 7.279, Apodi com 6.953 e Areia Branca com 6.368

domicílios atendidos.

A maior concentração de atendimento foi para o item residencial urbano com

98.035 (88,96%) dos domicílios. Os domicílios rurais participaram com 1.572

(1,43%) dos domicílios em relação ao total dos municípios da Área do Petróleo

Potiguar. Em relação ao período anterior, percebe-se uma diminuição dos

investimentos em energia elétrica em áreas rurais e um maior volume de

atendimento as áreas urbanas dos municípios. O êxodo rural, muitas vezes

desordenado, fez surgir bairros periféricos (nas cidades da área em estudo),

Tabela 11 - Consumo de energia nos Municípios da Área do Petróleo Potiguar em 2000

Área do PetróleoTotal

ConsumidorResidencial Industrial Comercial Rural Poderes

PúblicosIluminação

PúblicaOutros

Açu 9.296 8.337 29 792 45 78 10 5Alto do Rodrigues 1.954 1.753 10 130 32 24 2 3Apodi 6.953 5.851 67 534 363 112 2 24Areia Branca 6.368 5.690 49 501 10 100 15 3Caraúbas 4.270 3.835 18 288 62 59 2 6Carnaubais 1.028 871 3 95 27 26 2 4Felipe Guerra 1.475 1.277 26 94 40 30 2 6Gov. Dix-Sept Rosado 2.503 1.952 33 126 342 42 2 6Guamaré 2.552 2.333 12 120 30 52 2 3Macau 7.279 6.528 46 551 29 122 2 1Mossoró 58.958 52.695 403 4.745 518 498 30 69Pendências 2.781 2.533 10 144 26 58 2 8Porto do Mangue 878 822 4 31 3 15 1 2Serra do Mel 1.883 1.730 4 85 2 57 1 4Upanema 2.016 1.828 15 102 45 21 2 3Total Área Petróleo 110.194 98.035 49 556 1.574 1.294 77 147Total do RN 672.731 601.578 4.043 46.320 10.333 8.608 672 1.177(%) Área /Total RN 16,38 16,30 1,20 1,20 15,23 15,03 11,46 12,49Fonte: Companhia Energética do Rio Grande do Norte - COSERN

Municípios da2000

Número de consumidores de energia elétrica

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71

pressionando as decisões dos gestores municipais para o investimento em infra-

estrutura básica.

Por fim, foi incluído o item renda média. A renda média das famílias

existentes nos municípios da área em estudo, mesmo não sendo propriamente um

item de infra-estrutura básica, é uma variável resultante da mobilização dos

esforços dos setores produtivos, sociais e infra-estrutura básica.

A tabela 12 mostra a evolução da renda média dos domicílios da área em

estudo, nos anos de 1991 e 2000. Em 1991, o IBGE utilizou a expressão “renda

média do chefe”. Os valores apresentados na moeda corrente da época (Cr$), foram

atualizadas para a moeda corrente atual (R$), tornando possível analisar se houve

crescimento real da renda no período 1991 a 2000.

O total médio da renda em 1991 de R$ 278,31 em relação ao total médio de

2000, que foi de R$ 312,50, revela que houve um crescimento real da renda de

12,32%.

Considerando esta mesma relação, o total da renda média do Estado do Rio

Grande do Norte foi de 12,88%, significando que os municípios da área em estudo

obtiveram um crescimento econômico (sob a ótica da renda), nos mesmos

patamares do Estado.

Tabela 12 - Renda média nos Municípios da Área do Petróleo Potiguar

Municípios da

Área do Petróleo

Total

Domicílios

Pessoas

Moradoras

Renda Média do Chefe -

R$

Total

Domicílios

Pessoas

Moradoras

Renda Média

do Chefe - R$

Renda Média do Chefe -

Cr$Açu 11.364 47.778 399,10 9.033 43.335 350,63 56.444,03Alto do Rodrigues 2.416 368 368,29 1.825 8.196 261,18 42.044,73Apodi 8.398 34.017 267,34 6.708 31.083 233,08 37.521,43Areia Branca 5.628 22.403 433,17 4.779 21.068 334,84 53.902,54Caraúbas 4.723 18.750 239,87 4.574 20.177 220,37 35.475,91Carnaubais 2.031 8.114 308,29 2.294 10.374 235,82 37.962,13Felipe Guerra 1.432 5.490 249,73 1.325 5.935 217,46 35.007,26Gov. Dix-Sept Rosado 2.890 11.682 276,04 2.244 10.383 257,00 41.372,15Guamaré 2.080 8.091 289,33 1.322 6.049 270,64 43.567,48Macau 6.770 25.528 379,98 6.096 25.800 322,35 51.891,72Mossoró 52.121 213.260 522,49 41.199 191.555 496,84 79.980,70Pendências 2.923 11.383 284,62 2.577 10.963 259,39 41.756,99Porto do Mangue 1.010 4.016 198,79 0 0 0,00 0,00Serra do Mel 1.812 8.201 261,24 1.499 7.990 235,77 37.954,07Upanema 2.618 10.937 210,79 1.842 8.637 200,98 32.353,99Total Área Petróleo 108.216 430.018 312,60 87.317 401.545 278,31 44.802,51Total do RN 671.993 2.776.782 512,00 520.294 2.405.398 453,58 73.015,79(%) Área /Total RN 16,10 15,49 61,06 16,78 16,69 61,36 61,36Fonte: 1991= Censo IBGE tabela 2.14- Domicilios e pessoas moradoras por rendimento mensal médio do chefe do domicílio; Renda Média R$ em 1991 foi corrigida pelo INPC ao nível de preços médios de 2000.

2001 1991

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O conjunto dos dados apresentados, principalmente sobre os aspectos

socioeconômicos, revelam que houve um processo de melhoria nas condições

gerais dos municípios da Área do Petróleo Potiguar, ainda que em um nível abaixo

do esperado. Os números não revelaram resultados excepcionais nos diversos

setores pesquisados.

Na verdade, é preciso considerar a influência do cenário externo, como o

estabelecimento das políticas de desenvolvimento econômico dos governos

estadual e federal, da estabilidade inflacionária trazida pelo Plano Real desde 1994,

da aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal e do aumento do nível de

conscientização das classes sociais organizadas, no exercício mais ativo da

cidadania.

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CAPÍTULO 3

O QUADRO DE REFERÊNCIA DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

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3.1- As teorias e o processo produtivo do petróleo

As teorias sobre a origem do petróleo são muitas e controvertidas, porém

entre as principais, destacamos: a teoria da origem mineral e a teoria da origem

orgânica, que postula a participação animal e vegetal.

De acordo com o Centro de Estudos de Petróleo (CEPETRO), as pesquisas

sobre a primeira teoria da origem do petróleo são assim colocadas:

A teoria mineral afirma que o petróleo se formou a partir de carburetos (de alumínio, cálcio), que submetidos à hidrólise, deram origem à hidrocarbonetos (metanos, alcenos etc). Estes sob pressão e por aquecimento, teriam se polimerizado e condensado, originando o petróleo (2000, p.1).

Por sua vez, a maioria dos pesquisadores modernos defendem, como mais

consistente, a teoria de origem orgânica. Os estudos do CEPETRO sobre esta

teoria, apresentam a seguinte análise:

A teoria orgânica afirma que a presença de compostos nitrogenados, clorofilados e hormônios no petróleo pressuporia a participação animal e vegetal na sua formação. Destaca-se o papel de microorganismos animais e vegetais (plâncton), que sob a ação de bactérias, formariam uma pasta orgânica no fundo dos mares, que misturada com lama e areia, se transformariam em rochas (2000, p.1),

Qualquer que seja a teoria, é certo que a geologia afirma que o petróleo é

encontrado nas bacias sedimentares, depressões na superfície da terra preenchidas

por sedimentos que se transformaram, em milhões de anos, em rochas

sedimentares.

Tendo sido colocados aspetos preliminares sobre a origem, o conceito de

petróleo é assim colocado: “o petróleo é uma substância oleosa, inflamável, menos

densa que a água, com cheiro característico e de cor variando entre o negro e o

castanho escuro” (CEPETRO, 2000, p. 1).

O processo para a produção do petróleo obedece as seguintes fases:

exploração, perfuração, desenvolvimento da produção, transporte e o refino.

Na fase da exploração é preciso que existam terrenos em que as rochas

sedimentares geradoras, que contenham a matéria-prima, se transformem em

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petróleo. A exploração começa quando uma jazida de petróleo é localizada. A

geologia de superfície analisa as características das rochas e os métodos

geofísicos fazem uma “radiografia” do subsolo, permitindo selecionar a área que

reúna condições favoráveis à existência de um campo petrolífero, que pode ser em

terra ou mar (CEPETRO, 2000, p. 3).

A fase da perfuração revelará a presença de petróleo no subsolo. A

perfuração em terra é feita através de uma sonda de perfuração, constituída de uma

estrutura metálica de mais de 40 metros de altura, também denominada de torre de

perfuração, e de equipamentos especiais. A torre sustenta um tubo vertical, a

coluna de perfuração, em cuja extremidade, é colocada uma broca. Outro ponto é

que através de movimentos de rotação e de peso transmitidos pela coluna de

perfuração à broca, as rochas são perfuradas. O geólogo examina os detritos

contidos nesse material e, aos poucos, vão reunindo a história geológica das

sucessivas camadas rochosas vencidas pela sonda. A análise desses dados pode

dar a certeza de que a sonda encontrou petróleo e se a perfuração deve continuar

ou não. As perfurações marítimas são executadas através de plataformas fixas ou

flutuantes e de navios-sonda (CEPETRO, 2000, p. 3).

A fase de desenvolvimento da produção inicia-se com o estágio de

“completação”, ou seja, uma tubulação de aço, chamada coluna de revestimento, é

introduzida no poço. Em torno dela é colocada uma camada de cimento, para

impedir a penetração de fluidos indesejáveis e o desmoronamento de suas paredes.

Na boca do poço instala-se um conjunto de válvulas, conhecido como “árvore de

natal”, para controlar a produção. Na fase de desenvolvimento da produção, o

petróleo (óleo) pode vir à superfície espontaneamente, impelido pela pressão

interna dos gases. Nesses casos, tem-se os chamados “poços surgentes”. Quando

isso não ocorre, é preciso usar equipamentos para promover a elevação artificial

dos fluidos. O bombeio mecânico é feito por meio do “cavalo-de-pau”, montado na

cabeça do poço, que aciona uma bomba colocada no seu interior. Existem ainda os

bombeios hidráulico, centrífugo e a injeção de gás, com o mesmo objetivo

(CEPETRO, 2000, p. 3).

É importante ressaltar que, ao sair do poço, o petróleo (óleo) não vem só.

Com ele vem o gás natural (associado e não-associado) e água salgada (efluente).

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A fase de transporte do petróleo a partir do poço ocorre da seguinte maneira:

em oleodutos (transporte líquido) e gasodutos (transportes de gases) terrestres ou

submarinos (construídos no fundo do mar). Após o processamento, o petróleo é

transportado por navios ou dutos para as refinarias.

A fase do refino é constituída por uma série de operações de beneficiamento

mediante às quais o petróleo bruto é transformado em produtos específicos. Refinar

petróleo é separar as frações desejadas, processá-las e transformá-las em produtos

vendáveis (CEPETRO, 2000, p. 6).

As fases, ora apresentadas, mostram a complexa estrutura de funcionamento

da indústria do petróleo. O seu pleno funcionamento depende de investimentos em

pesquisa, equipamentos e mão-de-obra especializada para engendrar a indústria do

petróleo.

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3.2 – A expansão geoeconômica da indústria do petróleo

3.2.1- Os principais eventos da indústria do petróleo no mundo

Foi na Antiguidade e no território do Oriente Médio que apareceram os

primeiros sinais do petróleo. Sobre o começo do petróleo, que inicialmente não foi

conhecido com este nome, assim afirmou Yergin (1992, p.8): “em várias regiões do

Oriente Médio uma substância lodosa semi-sólida chamada betume assomava à

superfície nas fendas e fissuras, e tais vazamentos já eram mencionados na

Antiguidade - na Mesopotâmia, três mil anos antes de Cristo”.

Nos seus primórdios o betume foi utilizado de diversas formas. Foi um

elemento integrante na formação de importantes territórios. Os árabes, no início da

era cristã, se utilizavam dele para fins bélicos e para iluminação. No antigo Oriente

Médio, se constituía em artigo de comércio. Era usado como argamassa nas

construções. No Antigo Testamento bíblico há vários exemplos de utilização do

petróleo: Nabucodonosor usou o betume nas construções dos célebres Jardins

Suspensos da Babilônia; estava nas muralhas de Jericó e da Babilônia; a Arca de

Noé e a cesta de Moisés provavelmente foram revestidas, à moda da época, de

betume, para se tornarem impermeáveis (YERGIN, 1992, p.8)

Na história contemporânea, há pouco mais de um século, era utilizado como

lubrificante, medicamento laxativo e linimento. Mas é com os motores a explosão

que o uso do petróleo cresce geometricamente. Na fase em que era usado apenas

na iluminação, a gasolina, considerada um material explosivo e perigoso, era jogada

fora, sendo aproveitados o querosene e os óleos lubrificantes (MARIOT, 2001).

Foi no território norte-americano, a partir do século XVIII, que o petróleo

começou a ser usado comercialmente, na indústria farmacêutica e na iluminação.

Até a metade do século XVIII não havia ainda a idéia, ousada para a época, da

perfuração de poços petrolíferos. As primeiras tentativas aconteceram nos Estados

Unidos, com Edwin L. Drake. Após meses de perfuração, Drake encontrou o

petróleo, a 27 de agosto de 1859, conforme mostrado na Figura 4. Passados 5

anos, achavam-se constituídas, no território norte-americano mais de 500 empresas

de perfuração e comercialização de petróleo (CEPETRO, 2000, p. 1).

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O grito que ecoou em agosto de 1859 através dos estreitos vales do leste da Pensilvânia – de que o maluco Yankee, o coronel Drake, havia encontrado petróleo – deu início a uma imensa corrida ao petróleo, que nunca mais teve fim desde então. E daí em diante, na guerra e na paz, o petróleo, ganharia o poder de construir ou destruir nações e seria decisivo nas grandes batalhas políticas e econômicas do século XX. (YERGIN, 1992, p.4 e 5)

Fonte: Yergin, Daniel. O Petróleo (1992, p.423).

Figura 4

Primeiro poço de petróleo na localidade de Titusville, na Pensilvânia /EUA em 1859

O “óleo de pedra”, o petróleo como era chamado nos EUA, começou a ser

exportado em quantidade bem maior e processado para se converter num fluido que

seria queimado em lampiões como iluminante. O novo iluminante competia em

igualdade de condições com os "óleos de carvão", que estavam ganhando os

mercados desde a década de 1850. Os pioneiros, da era do petróleo, estavam

convencidos de que poderiam iluminar as cidades e fazendas dos Estados Unidos e

Europa.

E, também, poderiam usar o “óleo de pedra” para lubrificar as peças móveis

da nascente era mecânica. Muitos os ridicularizaram. Mas os pioneiros seguiram em

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frente, criando a base de uma era inteiramente nova da história da humanidade - a

era do petróleo (OLIVEIRA, 1987).

A história da produção de petróleo ao longo do século XX apresentou três

aspectos importantes: grande aumento nos níveis de produção, redução gradativa

da importância dos EUA como país produtor e alterações nas correntes de

fornecimento no mercado internacional.

Até o final do século XIX, os Estados Unidos dominavam o mercado mundial

de petróleo. Na Europa floresceu, em paralelo à fase dos pioneiros, uma reduzida

indústria de petróleo, que sofreu dura competição do carvão, linhita, turfa e alcatrão,

que eram matérias-primas então entendidas como nobres.

A I Guerra Mundial veio demonstrar que o petróleo era imprescindível e

estratégico para todas as nações que buscavam o progresso. O presidente norte-

americano, Wilson, chegou a afirmar que "o petróleo, tanto quanto o sangue, é

indispensável às batalhas de amanhã". Nessa mesma época, empresas européias

intensificaram as pesquisas em todo o Oriente Médio. Elas comprovaram que 70%

das reservas mundiais de petróleo estavam no Oriente Médio e provocaram uma

reviravolta territorial na exploração do produto. Um tempo depois, países como

Iraque, Irã e Arábia Saudita ganharam alto poder no jogo pesado da produção

petrolífera (YERGIN, 1992).

Ao longo do século XX, o petróleo tornou-se um dos principais insumos do

setor industrial, influenciando, sobretudo, o surgimento de novos produtos na

economia capitalista. Um dos maiores exemplos foi a sua utilização no

desenvolvimento do automóvel. Ademais, com o incremento do transporte

rodoviário, cresceu a demanda por gasolina e diesel. Esta pressão da demanda,

forçou as refinarias a produzir outros derivados, como o gás liquefeito de petróleo e

o óleo combustível. Aliás, é importante registrar que a produção de petróleo é quase

sempre acompanhada da produção de gás natural (OLIVEIRA, 1987).

Nas últimas décadas do século XX, o petróleo provocou três crises que

afetaram a geopolítica mundial. A primeira foi em 1973, quando o mundo vivia uma

época de crescimento industrial. As máquinas eram completamente dependentes do

petróleo para funcionar. Em se aproveitando dessa situação, os árabes, maiores

produtores, entraram em conflito com Israel, país que contava com o apoio dos EUA

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80

e Europa. Como represália, os árabes decidiram boicotar o Ocidente, cortando a

extração de petróleo em 25%. O preço do barril pulou de 2 para 12 dólares. O caos

foi geral.

Motivos políticos também foram a causa da segunda crise mundial do

petróleo em 1979. A revolução iraniana, que levou ao poder o aiatolá Khomeini, um

xiita muçulmano, provocou outra onda antiocidental no Oriente Médio. Os donos dos

poços de petróleo mais uma vez reduziram sua produção. O preço do barril saltou

para a casa dos 40 dólares em 1979. Uma recessão geral tomou conta da economia

internacional por cerca de cinco anos. Países como o Brasil, que tinham dívidas em

petrodólares, foram grandemente afetados. O ponto positivo, no caso brasileiro, foi

o começo da busca por fontes alternativas de energia, como o programa Pró-alcool.

Em 1985, a Arábia Saudita, atingida pelo esfriamento econômico geral, aumentou a

produção de petróleo e o preço do produto caiu pela metade.

Outra crise ocorreu no início dos anos 90, quando o Iraque anexou o Kuwait.

Derrotado na Guerra do Golfo, o exército de Sadam Hussein bombardeou os poços

de petróleo kuwaitianos antes da retirada. Toda essa história gerou uma grande

especulação que fez com que os preços oscilassem violentamente. Mas assim como

a guerra, a crise também foi rápida e não deixou grandes estragos como as

anteriores. Seguiu-se um período de estabilidade e crescimento. Com a entrada dos

russos no mercado e a descoberta de novas tecnologias de extração, a produção de

petróleo aumentou.

O problema foi que a economia mundial cresceu muito em meados dos anos

90. Seguindo a tendência, o petróleo poderia ter provocado novo esfriamento nessa

temporada, mas a crise financeira que atacou a economia asiática em 1997 evitou

nova falta de óleo. Como no início de 2000 a economia acelerou

Saindo do contexto histórico, vê-se nas tabelas a seguir o papel do petróleo

nas regiões geográficas e principais países produtores. Tomando por base o

período de 1995 a 2000, observa-se na tabela 1 que a maior produção de petróleo

está concentrada no Oriente Médio, seguida da América do Norte e países da ex-

União Soviética. Outro dado importante é que o “Total Não OPEP” tem sido maior

que o “Total OPEP”. Isso significa que os países membros da Organização dos

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81

Países Exportadores de Petróleo (OPEP) não detêm hoje o controle da produção

mundial e nem o poderio para promover uma nova crise mundial.

A produção do Brasil está relacionada à região das Américas Central e do

Sul, sendo esta região geográfica a de menor participação na produção total.

Observando a Tabela 13, e em particular o ano de 2000, pode-se deduzir que

a produção de petróleo brasileira representou cerca de 1,71% (1.274 mil b/d) em

relação ao total mundial (74.529 mil b/d). Em compensação, o crescimento da

produção do Brasil do ano de 2000 em relação ao de 1999 obteve o melhor

resultado percentual (12,59%).

Na tabela 14, vê-se a participação dos principais países produtores de

petróleo no mundo, referente ao período de 1995 a 2000. O Brasil ocupa desde

1997, a 18a posição na relação dos países produtores de petróleo.

Desde 1998, o Brasil está inserido no seleto grupo dos que produzem mais

de hum milhão de barris/d.

É importante observar que o Brasil obteve a taxa de crescimento de 12,59%

no ano de 2000 em relação a 1999, sendo a maior entre os principais países

produtores do mundo. Nos anos de 1995 e 1996, ele ocupou uma melhor posição,

quando ficou na 17a colocação.

00/99

%Oriente Médio 20.035 1 20.460 1 21.380 1 22.590 1 21.695 1 22.990 1 5,97

América do Norte 13.785 2 14.050 2 14.270 2 14.180 2 13.680 2 13.905 2 1,64

Ásia-Pacífico 7.315 3 7.560 3 7.710 4 7.720 3 7.615 3 7.970 3 4,66

África 7.120 5 7.450 4 7.775 3 7.650 4 7.595 4 7.820 4 2,96

Ex-União Soviética 7.300 4 7.175 5 7.375 5 7.390 5 7.555 5 8.035 5 6,35

Europa 6.575 6 6.910 6 6.940 6 6.830 7 6.965 6 6.955 6 -0,14

Américas Central e do Sul 5.781 7 6.161 7 6.494 7 6.944 6 6.762 7 6.854 7 1,37

Brasil 716 - 811 - 869 - 1.004 - 1.132 - 1.274 - 12,59

Total OPEP 27.460 - 28.260 - 29.555 - 30.815 - 29.295 - 30.825 - 5,22

Total não OPEP 40.451 - 41.506 - 42.389 - 42.489 - 42.572 - 43.704 - 2,66

Total 67.911 - 69.766 - 71.944 - 73.304 - 71.867 - 74.529 - 3,70

Fontes: BP Amoco Statistical Review of World Energy; para o Brasil, Petrobras/SERPLAN no período 1991 a1998 e ANP. A coluna dos números em vermelho indica a classifação da região no ano respectivamente.OBrasil está integrado na região das Américas Central e do Sul.

Tabela 13: Produção de petróleo, segundo regiões geográficas - 1995 a 2000

Regiões Geográficas do MundoProdução de Petróleo (mil b/d)

1995 1996 1997 1998 1999 2000

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A tabela 15 mostra a produção do gás natural no mundo. Os principais países

produtores são os Estados Unidos e a Rússia. Produzem mais de 500 bilhões m3 de

gás, e têm ocupado de forma alternada a primeira posição, no período de 1995 a

2000.

Os dados da Tabela 15, não inclui gás queimado e gás reinjetado. Os dados

acima procuram refletir uma condição de volume a 15ºC e 1 atm, uma vez que foram

obtidos através de dados em tep utilizando-se fatores de conversão médios.

Nessa relação, o Brasil ocupa a 37a posição, que apesar do esforço da

indústria petrolífera nacional, a produção anual ainda é incipiente, quando

comparada com os maiores produtores mundiais. Até mesmo na América do Sul, a

sua produção é inferior a da Argentina e Venezuela.

A taxa de crescimento da produção de gás natural no Brasil de 2,56% em

2000, com base em 1999, foi pequena, em relação a média de crescimento dos

demais países.

00/99

%Arábia Saudita 8.890 1 9.035 1 9.215 1 9.220 1 8.550 1 9.145 1 6,96Estados Unidos 8.320 2 8.295 2 8.270 2 8.010 2 7.730 2 7.745 2 0,19Rússia 6.290 3 6.115 3 6.225 3 6.170 3 6.180 3 6.535 3 5,74Irã 3.695 4 3.705 4 3.725 4 3.800 4 3.550 4 3.770 4 6,20México 3.065 5 3.275 6 3.410 5 3.500 6 3.345 5 3.450 5 3,14Noruega 2.965 7 3.315 5 3.360 6 3.215 7 3.205 7 3.365 6 4,99China 2.990 6 3.170 7 3.210 8 3.210 8 3.215 6 3.245 7 0,93Venezuela 2.960 8 3.135 8 3.320 7 3.510 5 3.175 8 3.235 8 1,89Canadá 2.400 11 2.480 11 2.590 10 2.670 10 2.605 10 2.710 9 4,03Reino Unido 2.740 9 2.730 9 2.705 9 2.760 9 2.885 9 2.660 10 -7,80Iraque 575 18 625 18 1.200 17 2.160 14 2.580 11 2.625 11 1,74Emirados Árabes Unidos 2.410 10 2.495 10 2.490 11 2.555 11 2.325 12 2.515 12 8,17Kuait 2.135 12 2.140 13 2.145 13 2.195 12 2.025 14 2.150 13 6,17Nigéria 2.000 13 2.140 12 2.305 12 2.165 13 2.030 13 2.105 14 3,69Argélia 1.325 16 1.380 16 1.415 16 1.455 17 1.510 15 1.580 15 4,64Líbia 1.440 15 1.450 15 1.490 15 1.480 16 1.425 16 1.475 16 3,51Indonésia 1.580 14 1.580 14 1.555 14 1.520 15 1.405 17 1.430 17 1,78Brasil 716 17 811 17 869 18 1.004 18 1.132 18 1.274 18 12,59

Tabela 14: Produção de petróleo, segundo principais países - 1995 a 2000

Fontes: BP Amoco Statistical Review of World Energy; para o Brasil, Petrobras/SERPLAN no período1991 a 1998 e ANP. A coluna dos números em vermelho indica a classifação do país no anorespectivamente.

Principais países produtores Produção de Petróleo (mil b/d)

1995 1996 1997 1998 1999 2000

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Estados Unidos 535 2 542 2 543 1 540 2 536 2 556 1 3,73Rússia 555 1 561 1 533 2 551 1 551 1 545 2 -1,09Canadá 148 3 154 3 156 3 161 3 162 3 168 3 3,45Reino Unido 71 4 84 4 86 4 90 4 99 4 108 4 9,30Argélia 59 7 62 7 72 5 77 5 85 5 89 5 4,81Indonésia 64 6 67 6 68 6 65 6 67 6 64 6 -4,48Irã 35 10 40 11 47 9 50 9 53 8 60 7 13,58Holanda 67 5 76 5 67 7 64 7 59 7 57 8 -3,37Noruega 31 12 41 10 47 10 48 10 51 10 52 9 2,75Uzbequistão 45 8 46 8 48 8 51 8 52 9 52 10 0,58Arábia Saudita 43 9 45 9 46 11 47 11 46 11 47 11 1,73Malásia 29 15 35 12 38 12 39 12 41 12 44 12 7,54Turcomenistão 30 13 33 14 16 24 12 27 21 21 44 13 105,63Emirados Árabes Unidos 31 11 34 13 36 13 37 13 38 13 40 14 4,74Argentina 25 18 27 18 27 17 30 17 35 15 37 15 7,80México 28 16 31 15 34 14 37 14 37 14 36 16 -3,50Austrália 30 14 31 16 30 16 30 16 31 16 31 17 1,63Catar 14 26 14 26 17 22 20 20 24 20 29 18 18,75China 18 22 20 21 22 18 22 19 24 19 28 19 13,99Venezuela 28 17 30 17 31 15 32 15 27 17 27 20 1,49Índia 19 20 20 19 21 19 25 18 25 18 26 21 4,82Paquistão 15 25 15 25 16 25 16 24 17 24 19 22 9,83Egito 11 28 12 29 12 29 12 28 15 27 18 23 22,45Tailândia 10 29 12 27 14 27 16 25 17 26 18 24 5,33Alemanha 16 24 17 22 17 23 17 23 18 22 17 25 -5,06Ucrânia 17 23 17 23 17 21 17 22 17 25 17 26 -0,59Itália 20 19 20 20 19 20 19 21 18 23 17 27 -4,00Romênia 18 21 17 24 15 26 14 26 14 28 14 28 -2,86Trinidad e Tobago 6 33 7 33 7 35 9 31 11 30 13 29 15,60Brunei 12 27 12 28 12 28 11 29 11 29 12 30 3,57Nigéria 5 39 5 39 5 40 5 41 6 37 11 31 83,33Cazaquistão 6 36 6 35 8 33 8 35 9 31 11 32 15,05Bangladesh 7 31 8 31 8 34 8 33 8 34 10 33 24,10Kuait 9 30 9 30 9 30 10 30 9 32 10 34 10,34Bahrein 7 32 7 32 8 31 8 32 8 33 9 35 2,38Omã 4 42 4 41 5 41 5 40 5 40 9 36 57,41Brasil 5 37 6 36 7 36 7 36 8 35 8 37 2,56Dinamarca 5 38 6 34 8 32 8 34 8 36 8 38 3,85Colômbia 4 40 5 40 6 38 6 37 5 41 6 39 13,46Líbia 6 35 6 38 6 37 6 38 6 38 6 40 -1,79Azerbaijão 6 34 6 37 6 39 5 39 6 39 5 41 -5,36Bolívia 3 43 3 43 3 43 3 43 3 44 3 42 32,00Hungria 4 41 4 42 4 42 3 42 3 42 3 43 -6,90Outros 2 44 2 44 3 44 3 44 3 43 2 44 -7,69Total OPEP 291 311 337 347 358 374 4,38Total não OPEP 1.846 1.923 1.897 1.929 1.966 2.049 4,20Total 2.137 2.233 2.234 2.276 2.325 2.423 4,22

1995Principais países produtores

de Gás Natrual 00/99

%

Fontes: BP Amoco Statistical Review of World Energy, 1992 a 2001, exceto para o Brasil; para o Brasil, Petrobras/SERPLAN no período 1991 a 1998 e ANP, conforme Decreto nº 2.705, de 03/08/98, para 1999 e 2000. A coluna dos números em vermelho indica a classificação dos países no ano respectivamente.

Tabela 15: Produção de Gás Natural, segundo classificação principais países - 1995 a

Nota: Não inclui gás queimado e gás reinjetado. Os dados acima procuram refletir uma condição de volume a 15ºC e 1 atm, uma vez que foram obtidos através de dados em tep utilizando-se fatores de conversão médios.

1996 1997 1998 1999 2000Produção de Gás Natural (bilhões m3)

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3.2.2- Os principais eventos da indústria do petróleo no Brasil

Assim como no descobrimento do Brasil, a história do petróleo no país

começou no território da Bahia. No ano de 1858, o decreto nº 2266 assinado pelo

Marquês de Olinda, concedeu a José Barros Pimentel o direito de extrair mineral

betuminoso para fabricação de querosene de iluminação, em terrenos situados nas

margens do Rio Marau, na Província da Bahia. No ano seguinte, em 1859, o inglês

Samuel Allport, durante a construção da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, observou

o gotejamento de óleo em Lobato, no subúrbio de Salvador (PETROBRAS, 2002).

Em 1930, setenta anos depois e após vários poços perfurados sem sucesso

em alguns estados brasileiros, o Engenheiro Agrônomo Manoel Inácio Bastos,

realizando uma caçada nos arredores de Lobato/BA, observou que os moradores

usavam uma lama preta, oleosa para iluminar suas residências. A partir de então

retornou ao local várias vezes para pesquisas e coletas de amostras, com as quais

procurou interessar pessoas influentes, porém sem sucesso, sendo considerado

como "maníaco" (PETROBRAS, 1987).

Em 1932 chegou as mãos do Presidente Getúlio Vargas, o relatório sobre a

ocorrência de Lobato. Após vários anos de lutas, somente em 1937, o

Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM, autorizou a perfuração de

poços de petróleo no Estado da Bahia, especificamente na área de Lobato, sendo

que os dois primeiros não obtiveram êxito.

Em 29 de julho de 1938, já sob a jurisdição do recém-criado Conselho

Nacional de Petróleo - CNP, foi iniciada a perfuração do poço DNPM-163, em

Lobato/BA, que viria a ser o descobridor de petróleo no Brasil, quando no dia 21 de

janeiro de 1939, o petróleo apresentou-se ocupando parte da coluna de perfuração

(PETROBRAS, 1987).

O poço DNPM-163, apesar de ter sido considerado antieconômico, foi de

importância fundamental para o desenvolvimento da atividade petrolífera no

território do Estado da Bahia. A partir do resultado desse poço, houve uma grande

concentração de esforços na Bacia do Recôncavo, resultando na descoberta da

primeira acumulação comercial de petróleo do país, o Campo de Candeias, em 1941

(PETROBRAS, 1987).

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O petróleo tornou-se uma matéria-prima de fundamental importância para o

desenvolvimento econômico e a segurança do Brasil, consolidando-se quando da

assinatura da Lei n0 2.004, em 03 de outubro de 1953. Esta lei instituiu o monopólio

estatal do petróleo e criou a Petróleo Brasileiro S.A – PETROBRAS – para exercer

este monopólio. No ano de 1995, após 4 décadas, o setor de petróleo passou a

admitir a presença de outras empresas, podendo competir em todos os seguimentos

desse setor. Através da Emenda Constitucional n0 9 e a Lei 9.478, de 06 de agosto

de 1997, ocorreu a flexibilização do setor de petróleo, retirando o monopólio antes

exercido pela PETROBRAS; A história do petróleo no Brasil pode ser dividida em quatro fases distintas

(CEPETRO, 2000, p. 1):

Primeira: Até 1938, com as explorações sob o regime da livre iniciativa. Neste período, a primeira sondagem profunda foi realizada entre 1892 e 1896, no Município de Bofete, Estado de São Paulo, por Eugênio Ferreira Camargo. Segunda: Nacionalização das riquezas do nosso subsolo, pelo Governo e a criação do Conselho Nacional do Petróleo, em 1938. Terceira: Estabelecimento do monopólio estatal, durante o Governo do Presidente Getúlio Vargas que, a 3 de outubro de 1953, promulgou a Lei 2004, criando a PETROBRAS. Foi uma fase marcante na história do nosso petróleo, pelo fato da PETROBRAS ter nascido do debate democrático, atendendo aos anseios do povo brasileiro e defendida por diversos partidos políticos. Quarta: Flexibilização do Monopólio, conforme a Lei n0 9.478, de 6 de agosto de 1997.

Uma outra abordagem histórica sobre o papel da indústria do petróleo na

(re)construção do território nacional pode ser visto considerando a irrupção dos

objetos e sistemas de ações ao longo das décadas do século XX. Na década de 50

foi o tempo do “aprender fazendo”, ou seja, foi a época em que o Governo deu à

nova empresa todos os meios e facilidades para expandir a indústria petrolífera no

país. Foi criada uma infra-estrutura de abastecimento, com a melhoria da rede de

transporte e intalação de terminais em pontos estratégicos do país. A década de 60

foi denominada de “perfurando e refinando”, visando atingir a auto-suficiência na

produção dos principais derivados. A década de 70 foi denominada de “crise no

exterior, sucesso no mar”. É o começo da produção de petróleo na bacia de

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campos/RJ, ao mesmo tempo em que ocorrem as crises de 1973 e 1979. Os anos

80 foram denominados de “a década dos recordes”, com a implementação da

primeira fase de produção da bacia de campos e o surgimento da produção na

Amazônia. As décadas seguintes, anos 90 e 2000, chamadas de “décadas da

tecnologia”, com a implantação de técnicas de vanguarda, como o sensoriamento

remoto, robótica submarina, produção de petróleo em águas ultraprofundas etc

(PETROBRAS, 2002).

Observando o setor de petróleo no Brasil, pelo ângulo dos dados

quantitativos, serão considerados os resultados da produção de petróleo e de gás

natural.

A tabela 16 mostra que a parte da produção de petróleo no país vem da

produção marítima (82,9%) e o restante da produção terrestre (17,1%). Estes

percentuais referem-se ao ano de 2000, o que não é muito diferente nos anos

anteriores. O Estado do Rio Grande do Norte é o maior produtor terrestre,

respondendo por 35,24% do subtotal em terra.

Tabela 16: Produção de petróleo, por localização (terra e mar), segundo UF- 1995 a 2000

00/99 %

1995 1996 1997 1998 1999 2000Rio Grande do Norte Terra 72 83 85 89 85 77 -9,49Bahia Terra 55 56 52 51 48 48 -1,84Amazonas Terra 13 19 24 34 35 45 26,97Sergipe Terra 28 28 27 25 25 25 1,87Espírito Santo Terra 8 8 8 9 11 13 18,77Alagoas Terra 4 4 4 4 5 6 16,56Paraná Terra1 4 4 3 4 4 4 -1,52Ceará Terra 3 3 3 3 3 2 -21,63Subtotal Terra 186 205 206 219 216 219 1,42

Rio de Janeiro Mar 482 556 616 740 873 1.013 16,14Sergipe Mar 9 9 8 11 14 13 -10,15Rio Grande do Norte Mar 11 10 9 8 12 12 4,19Ceará Mar 12 12 12 12 12 11 -1,74Paraná Mar 7 10 10 8 5 5 -15,34São Paulo Mar 4 5 4 4 3 2 -41,23Alagoas Mar - 0 0 1 1 1 5,24Espírito Santo Mar 1 1 1 1 0 0 -32,84Bahia Mar 2 2 2 2 - 0 ..Santa Catarina Mar 0 - - - - - ..Subtotal Mar 528 606 662 786 920 1.057 14,97

715 810 868 1.005 1.136 1.277 12,39

Fontes: ANP, conforme o Decreto nº 2.705, de 03/08/98, a partir de 1999; Petrobras/SERPLAN, para os anos anteriores. Nota: Inclui condensado e óleo de xisto. Não inclui LGN.1Óleo de xisto.

Total

Unidades da Federação LocalizaçãoProdução de petróleo (mil b/d)

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87

No que concerne à produção marítima, o grande destaque é o Estado do Rio

de Janeiro, que responde por 95,84% do subtotal mar e 79,39% em relação ao

total de produção de petróleo no país.

A tabela 17 mostra a produção de gás natural no Brasil por localização (terra

e mar). No período citado – 1995 a 2000, tanto a produção marítima como a

terrestres foram crescentes.

Considerando o ano de 2000, a produção de gás natural terrestre alcançou o

percentual de 39,21% em relação ao total produzido e, conseqüentemente,o

percentual de 60,79% correspondeu a produção marítima.

Com base no ano 2000, o Estado do Amazonas é o maior produtor terrestre

de gás natural, tendo obtido um surpreendente aumento em 2000 de 172,45%.

Pela localização mar, o Estado do Rio de Janeiro é disparado o maior

produtor de gás natural marítimo do país. Nessa localização, a produção de gás

natural do RJ corresponde a 71,07% (5.721 milhões m3) em relação ao subtotal mar

(8.050 milhões m3). Considerando o ano de 2000, o Rio Grande do Norte é o quarto

maior produtor de gás natural terrestre(390 milhões m3) e o segundo em produção

marítima (875 milhões de m3).

1995 1996 1997 1998 1999 2000Amazonas Terra 258 369 530 618 734 2.000 172,45Bahia Terra 1.607 1.717 1.805 1.910 1.860 1.896 1,92Alagoas Terra 596 630 582 541 588 572 -2,84Rio Grande do Norte Terra 171 249 283 327 350 390 11,40Espírito Santo Terra 210 258 260 288 303 315 3,99Sergipe Terra 64 64 70 65 60 59 -1,83Paraná Terra1 41 47 40 45 43 45 3,58Ceará Terra 1 1 1 1 1 1 -22,33Subtotal Terra 2.947 3.336 3.571 3.795 3.940 5.277 34

Rio de Janeiro Mar 3.165 3.577 3.876 4.544 5.528 5.721 3,49Rio Grande do Norte Mar 674 705 646 671 700 875 25,07Sergipe Mar 628 666 671 742 806 815 1,09São Paulo Mar 459 644 690 651 559 324 -42,02Alagoas Mar - 13 111 141 162 167 3,11Ceará Mar 84 90 104 109 122 99 -18,81Paraná Mar 99 151 161 143 78 47 -39,81Espírito Santo Mar 13 5 5 3 3 2 -27,29Bahia Mar 37 28 31 32 - 0 ..Santa Catarina Mar 0 - - - - - ..Subtotal Mar 5.160 5.878 6.294 7.037 7.958 8.050 1

Total 8.107 9.214 9.865 10.833 11.898 13.328 12

Fontes: ANP, conforme o Decreto nº 2.705, de 03/08/98, a partir de 1999; Petrobras/SERPLAN, para os anos anteriores. Nota: O valor total da produção inclui os volumes de gás reinjetado e queimas e perdas.1Gás de xisto.

Tabela 17: Produção de gás natural, por localização (terra e mar), segundo UF- 1995 a 2000

00/99 %

Unidades da Federação Localização Produção de gás natural (milhões m3)

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88

3.2.3- Os principais eventos da indústria do petróleo no Rio Grande do Norte

O início das atividades de pesquisas de petróleo no Estado do Rio Grande do

Norte ocorreram na década de 40 do século XX. É, portanto, do ponto de vista do

quadro histórico, uma atividade recente no espaço geoeconômico do Rio Grande do

Norte. Em 1943, o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) realizou

pesquisa em solo potiguar.

Ao longo dos anos seguintes ocorreram estudos de reconhecimento da bacia

petrolífera, a maioria feitos pela PETROBRAS, utilizando geologia de superfície,

métodos geofísicos e perfuração de poços. Em 1956 foram perfurados poços nos

municípios potiguares de Grossos e Macau, que mostraram indícios de óleo, sem

interesse comercial. Efetivamente, o primeiro poço perfurado no território do Rio

Grande do Norte foi batizado com o nome de Gangorra n0 01 (2-G-1-RN), no

município de Grossos, no ano de 1956.

Somente no início da década de 70 do século XX é que os indícios de óleo

se transformaram em descobertas permanentes e comerciais. Em 1973 foi

descoberto o primeiro campo de petróleo da bacia potiguar, denominado de

Ubarana, em águas de 12 a 16 metros de profundidade, situado na plataforma

continental, a cerca de 20 quilômetros da costa (PETROBRAS, 1987, p. 5). Iniciava-

se, assim, a atividade industrial da PETROBRAS em território potiguar, a partir da

produção marítima. O primeiro poço marítimo foi batizado com o n0 03 (1-RNS-3),

originando o campo de Ubarana.

No final de 1979, na cidade de Mossoró, a Companhia de Pesquisa de

Recursos Minerais (CPRM), perfurando um poço em busca de água para o Hotel

Thermas, detectou vestígio de óleo, tal como nos primeiros indícios de petróleo no

mundo. Neste local, sabia-se da existência de águas térmicas, com temperaturas

que chegavam a atingir 500C. A grande surpresa foi que a água vinha misturada

com óleo, tal como nas primeiras descobertas que ocorreram no mundo.

De acordo com a publicação da PETROBRAS denominada “O petróleo no

Rio Grande do Norte” (1987, p.5), assim consta:

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A CPRM furou o poço para encontrar água, cujo reservatório ficava a cerca de 700 metros. O que não esperava é que, à profundidade de 380 metros, houvesse um reservatório de petróleo. A PETROBRAS perfurou, então, um poço gêmeo ao lado do primeiro para a produção comercial, viabilizada pelo preço do barril do petróleo no mercado internacional (à época estava US$ 39,00).

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001

Figura 5 -Primeiro poço de petróleo do território potiguar, localizado na cidade de Mossoró – Hotel Termas – n0 13 (9-MO-13-RN)

O referido poço foi batizado com o n0 13 (9-MO-13-RN), originando o campo

petrolífero de Mossoró e a produção terrestre potiguar. É desta época a descoberta

de um poço situado numa praça do conjunto Abolição, na cidade de Mossoró. A

partir daí, as pesquisas geológicas foram intensificadas e seguiram-se novas

descobertas em território da bacia potiguiar, como os campos terrestres de petróleo

em Fazenda Belém (CE), Fazenda São João e Alto do Rodrigues(RN) e uma

dezena de outros campos. (PETROBRAS, 1987, p.5)

A evolução do petróleo no mar ocorreu com a descoberta do campo de

Agulha, próximo ao de Ubarana, no litoral do Rio Grande do Norte. Na bacia do

Ceará, a PETROBRAS descobriu, em 1976, o campo de Xaréu. Este campo

pioneiro no Estado do Ceará foi denominado de Ceará submarino n0 08 (1-CES-8),

concluído em 1977. Em 1979, foram descobertos os campos marítimos de Curimã,

Espada e Atum, localizadas na plataforma continental do Ceará.

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Entre os principais eventos históricos, demonstrados no quadro 4, destacam-

se a descoberta do campo petrolífero de Campo de Amaro, entre os municípios de

Mossoró e Areia Branca. Com uma produção superior a 30 mil barris dia (b/d),

tornou-se o maior campo produtor de óleo do país.

Quadro 4 – Cronologia dos principais eventos da atividade de petróleo no RN

Ano Principais Eventos Históricos 1943 Início das atividades de pesquisa de petróleo na Bacia Potiguar 1956 Perfuração do primeiro poço no município de Grossos/RN 1973 Descoberta do campo marítimo de Ubarana/RN 1976 Início da produção no campo de Ubarana/RN 1979 Descoberta do campo terrestre em Mossoró/RN 1980 Descoberta do primeiro campo terrestre do Ceará, em Fazenda Belém 1985 Início de operação do gasoduto Nordestão (Guamaré/RN até Cabo/PE) 1985 Descoberta do campo terrestre de Canto do Amaro 1999 Início de operação do gasoduto GASFOR (Guamaré/Rn até Pecém/CE) Fonte: Pólo Industrial de Guamaré/PETROBRAS, 2001

Outro evento histórico de grande relevância para a nova indústria do petróleo

em território potiguar foi a criação do Pólo Industrial de Guamaré. Localizado a 180

km a noroeste da capital, o Pólo Industrial de Guamaré foi construído com o objetivo

de receber todo o petróleo e gás natural produzidos nos campos marítimos e

terrestres da bacia potiguar.

De acordo com o quadro 5 , os primeiros estudos e a definição estratégica de

localização de um pólo industrial em Guamaré começaram em 1973, depois da

descoberta do campo marítimo de Ubarana.

A conclusão da obra e início efetivo de suas atividades ocorreram no ano de

1983, sendo denominada na época de ECUB – Estação de Compressores de

Ubarana..

O Pólo Industrial de Guamaré é o centro principal do complexo petrolífero do

Rio Grande do Norte e Ceará, que compõem a chamada bacia potiguar. Desse

pólo, a PETROBRAS processa o óleo e o gás produzidos nos campos terrestres e

no mar da bacia potiguar. Somente a produção marítima do Ceará é que não é

transferida para o Pólo Industrial de Guamaré, uma vez que segue direto de navio

para as refinarias.

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Quadro 5 – Cronologia dos principais eventos do Pólo Industrial de Guamaré

Ano Principais Eventos Históricos 1973 Início dos estudos e definição de localização de uma Unidade industrial de

processamento de óleo e gás natural. 1983 Início do funcionamento do Pólo Industrial de Guamaré 1985 Construção da primeira UPGN (Unidade de Processamento de Gás Natural) 1986 Construção do terminal de armazenamento e transferência 1992 Construção de uma estação de tratamento de óleo e de uma estação de

efluentes 1997 Certificação ISO 9002 para o processo de produção de gás industrial e de uma

estação de efluentes 1998 Certificação ISO 9002 para o processo de produção de óleo 1999 Início de operação da Unidade de Diesel 2001 Início de operação da nova Unidade de Diesel, da instalação da segunda UPGN

e da Unidade de QAV – querosene de aviação. Fonte: Pólo Industrial de Guamaré/PETROBRAS, 2001

Em um período de tempo relativamente curto, o Pólo Industrial de Guamaré

consolidou-se como um ponto estratégico, tanto para a indústria da exploração e

produção de petróleo, como para a economia do Rio Grande do Norte, uma vez que

passou a integrar os grandes projetos de industrialização do Estado, como é o caso

do Pólo Gás Sal. Além das ampliações físicas, o Pólo encontra-se numa fase de

certificação dos seus principais processos, tendo conquistado aprovação das ISO11

9002 nos processos de produção de gás natural, estação de efluentes e produção

de petróleo.

1 A sigla ISO quer dizer International Organization for Standardization (Organização internacional para a normalização). Atesta a aplicação permanente de padrões de qualidade reconhecidos internacionalmente. A ISO 9002 é uma norma voltada para o processo da indústria com diretrizes para a elaboração de sistemas de qualidade.

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3.3- O georritmo da indústria do petróleo no território potiguar

3.3.1- A infra-estrutura da indústria do petróleo

A dispersão geográfica é uma característica marcante da espacialidade da

indústria do petróleo no território potiguar. As atividades desta indústria são

desenvolvidas em áreas terrestres e marítimas. O espaço geográfico ocupado pela

indústria do petróleo no Rio Grande do Norte está inserido na área da Bacia

Potiguar.

A Bacia Potiguar corresponde a uma área total de 48 mil km2, abrangendo os

campos de produção marítimos e terrestres dos Estados do Rio Grande do Norte e

Ceará. Mais da metade dessa área corresponde ao espaço da produção marítima.

Desse total, a área de produção terrestre no Rio Grande do Norte corresponde a

11.993,2 km2 (24,98%).

A indústria do petróleo no Rio Grande do Norte executa as fases de

exploração, perfuração, desenvolvimento da produção, transportes da produção

(através de oleodutos e gasodutos), coleta o óleo e transporta para as refinarias

localizadas em outros Estados brasileiros e processa e distribui o gás natural e seus

derivados.

Quadro 6 – Infra-estrutura da indústria do petróleo na Bacia Potiguar

Principais Objetos Total Bacia Potiguar Poços perfurados 5.590 Poços produtores 4.664 Campos produtores 56 Estações coletoras de óleo e gás 67 Estações de compressão de gás 06 Equipamentos de perfuração 08 Sondas de intervenção em poços 17 Plataformas marítimas de produção 32 Linhas de surgência – km 5.900 Oleodutos – km 556 Gasodutos – km 542 Estação de Tratamento de Óleo 09 Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGN) 02 Unidade de Diesel e Nafta 01

Fonte: PETROBRAS, 2001

O quadro 6 mostra que a maioria dos objetos que compõem a espacialidade

da indústria do petróleo da Bacia Potiguar encontra-se no território do Rio Grande

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do Norte. Os reservatórios de óleo e gás da Bacia Potiguar situam-se a

profundidades que variam de 200 metros, como é o caso do campo terrestre de

Estreito (ET), até 4.200 metros, no campo marítimo de Pescada (PE). A produção

de óleo por poço é pequena, mas a grande quantidade de poços, mais de quatro mil

produtores, atinge a produção de mais de 100 mil barris dia de óleo. Por outro lado,

as reservas estimadas de óleo na Bacia Potiguar chegam a 350 milhões de barris, e

as reservas de gás, alcançam 10,8 bilhões de metros cúbicos. (PETROBRAS, 1996,

p.4).

Outra característica peculiar dessa bacia petrolífera é que a maioria dos

poços terrestres produz por unidades de bombeio mecânico, sendo utilizado

predominantemente o “cavalo-de-pau”, enquanto no mar utiliza-se a elevação por

bombeio pneumático (gás lift)2. Em alguns campos de produção terrestre, como os

de Fazenda Belém (CE) e Alto do Rodrigues e Estreito (RN), a Bacia Potiguar

apresenta óleo bastante viscoso, com consistência semelhante à das graxas à

temperatura ambiente. No entanto, a técnica da injeção de vapor aquece a formação

rochosa e o petróleo, diminuindo-lhe a viscosidade e aumentando a produção.

(PETROBRAS, 1996, p.4).

O mapa da figura 6 mostra a localização geográfica dos principais objetos e

sistemas de ações da indústria do petróleo referente à Bacia Potiguar, com

predominância no Estado do Rio Grande do Norte. Conforme o referido mapa, os

campos terrestres são atualmente ligados por meio de oleodutos e gasodutos, que

convergem numa primeira fase para as estações coletoras e em seguida passam

para as estações de transferências até atingir o Pólo Industrial de Guamaré, tudo

isso atravessando distâncias superiores a 350 km.

Os campos de petróleo dos municípios da parte sul da Área do Petróleo

Potiguar, como Apodi, Caraúbas, Gov. Dix-Sept Rosado e Upanema, assim como os

municípios da parte norte, como Mossoró, Areia Branca, Porto do Mangue, Serra do

Mel, Carnaubais, Açu, Alto do Rodrigues, Macau e Areia Branca, todos convergem a

produção via oleodutos e gasodutos, através da “Estrada do Óleo” até o Pólo

Industrial de Guamaré.

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FONTE: PETROBRAS/UM-RNCE

N

Macau

Jandaíra

Guamaré

Mossoró

NATAL

Estrada do óleo

BR-406

Dez/2001

R N

CE

P B

Açu

BR-304

BarragemArmandoRibeiro

Currais Novos

Caicó

Caraúbas

ApodiRiachoelo

Lajes

Caiçara doRio do Vento

FernandoPedrosa

Goianinha BR-10 1

BR-226

RN- 1

1 8

BR-304

BR-304

CampoGrande

Touros

BR

-101

BR-405

RN-117

R N-233RN-233

p/ Aracati

UPGN- Campos de Óleo

- Oleoduto e Gasoduto em Operação- Gasoduto " Nordestão "

- Facilidades de Produção

Macaíba

FZB

CAM

Angicos

JoãoCâmara Taipu

CearáMirim

- Rodovias

ET

GMR

FP

BR-304

- Limite da Bacia Potiguar

RFQ

UPN

SE

MO

LV CAC

TM

UPN

O C E A N O A T L Â N T I C O

Agulha

Ubarana

ArabaianaPescada

Pólo de Pólo de GuamaréGuamaréAreia

Branca

Alto doRodrigues

LAJEDO DELAJEDO DESOLEDADESOLEDADE

LEGENDALEGENDA

Vulcãocabugi

Figura 6 - Mapa da Infra-estrutura da indústria do petróleo na Bacia Potiguar

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Ainda observando o mapa da figura 6, vê-se que a produção marítima dos

campos de petróleo do Rio Grande do Norte – denominados de Pescada,

Arabaiana, Agulha e Ubarana, segue através de oleodutos e gasodutos em direção,

ao Pólo Industrial de Guamaré.

O Pólo Industrial de Guamaré é um complexo industrial, que recebe todo o

petróleo e gás natural produzidos nos campos marítimos e terrestres da área em

estudo. A unidade é constituída por modernas instalações industriais onde são

desenvolvidas as atividades de tratamento e processamento do petróleo e gás

natural que serão transformados em produtos de consumo para o mercado.

O Pólo Industrial de Guamaré conta atualmente com um terminal de

armazenamento e transferência de petróleo (ETO), duas Unidades de

Processamento de Gás Natural (UPGN), uma planta de produção de Diesel e duas

Estações de Tratamento de Efluentes(ETE), que tratam a água que é separada do

petróleo, antes de devolvê-la ao meio ambiente através de emissários submarinos.

Todo o óleo armazenado na ETO é escoado para navios-tanque, através de

um oleoduto de 30 Km de extensão, sendo 3 km em terra e 27 km no mar. Os navios

são atracados num quadro de bóias e conectados ao oleoduto, com uma

movimentação diária média de 100 mil barris dia. Por sua vez, todo o gás produzido

nos campos marítimos, assim como o dos campos terrestres, também é escoado

para o Pólo Industrial de Guamaré e enviado para a Unidade de Processamento de

Gás Natural (UPGN). Esta unidade processa, atualmente, cerca de 3,36 milhões de

metros cúbicos de gás natural, de onde se extrai o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo

– Gás de Cozinha), com cerca de 32 mil botijões por dia, que supre todo o mercado

do Rio Grande do Norte e da Paraíba.

O gás resultante da UPGN em Guamaré é utilizado internamente no

processamento do petróleo e na comercialização, através do Gasoduto Nordestão

(até o município de Cabo/PE) e o Gasoduto GASFOR (até o porto de Pecém/CE).

Os mais recentes produtos gerados no Pólo Industrial de Guamaré são: o

Diesel, com produção de 4.000 barris/dia, a Gasolina Natural (C5+), com produção

de 2.000 barris/dia, a Nafta com produção de 4.000 barris/dia e o QAV (Querosene

de aviação), com produção de 1.450 barris/dia (PETROBRAS, 2001).

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Um aspecto de grande relevância e sensibilidade é o processo de gestão

sobre o meio ambiente. No caso da bacia potiguar, os maiores riscos estão

relacionados a derramamento de óleo em mar e em terra. No caso terrestre,

ocorreram muitos acidentes quando do transporte do óleo por veículos. Com a

instalação dos oleodutos e gasodutos, os riscos de acidentes diminuiram. Nos

últimos anos, não se tem notícia de grandes acidentes na costa potiguar, nas

regiões terrestres de caatinga ou nos vales do oeste do Estado.

Quanto aos principais programas ambientais, a indústria do petróleo tem

realizado um extenso trabalho, ora em parceria com o Governo do Estado, ora com

as Prefeituras Municipais, além de programas de iniciativa própria visando atender

aos requisitos de segurança do meio ambiente em função das áreas de risco em

que atua. Entre os principais, podem ser destacados:

a) Preservação do “maior cajueiro do mundo” na praia de Pirangi, município de Parnamirim; a manutenção do Parque das Dunas, na capital Natal; b) Museu arqueológico do “Lajedo Soledade”, no município de Apodi; o Projeto Marambaia (construção de recifes artificais, visando aumentar a produtividade da pesca artesanal nos municípios de Galinhos, Macau e Guamaré; c) transporte e abrigo permanente para os fiscais do IBAMA no Atol das Rocas; treinamento de empregados e membros das comunidades dos municípios produtores no Programa de Educação Ambiental (PEA); d) diagnóstico ambiental de toda a área da Bacia Potiguar, em convênio com a UFRN; e) Programa PETROBRAS de Água (Construção de um reservatório de água, no Município de Guamaré); d) Semana da Árvore (reunião com grupos ecológicos da região do Mato Grande/RN, para estimular a prática de preservação da árvore e discutir educação ambiental de forma ampla, despertando o interesse pelos recursos naturais e a integração com o meio ambiente); e) Encontros ecológicos (realizados o I e II Encontros Ecológicos de Diogo Lopes e Barreiras, em Macau). (PETROBRAS, 2001).

Além de todos esses programas ambientais, a PETROBRAS instalou vizinho

ao Pólo Industrial de Guamaré, o Centro de Defesa Ambiental (CDA), com uma

estrutura para atendimento de emergência para qualquer acidente que porventura

venha a ser causado no meio ambiente, seja nas áreas terrestres quanto nas áreas

marítimas.

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É importante destacar que os principais objetos que abarcam a infra-estrutura

da indústria do petróleo estão espalhados em diversos pontos geográficos do

território do Rio Grande do Norte. Estes objetos criam uma expressão denominada

“espacialidade do cavalo-de-pau”, que nesta parte do trabalho, identifica o conjunto

dos principais objetos e sistemas de ações existentes nos locais da indústria do

petróleo do Rio Grande do Norte.

É, portanto, necessário demonstrar esta espacialidade, sobretudo procurando

incorporar o “cavalo-de-pau” à paisagem do semi-árido potiguar. A paisagem mostra

o objeto técnico invasor convivendo com a caatinga, que cobre a maior parte da

área em estudo, ao mesmo tempo em que se instala no entorno da vegetação de

cerrado, carnaubeiras, manguezais e numa faixa litorânea, com predominância de

dunas.

Na Área do Petróleo Potiguar é importante observar que animais típicos,

como jegues e cabras, pastam ao lado dos “cavalos-de-pau”, ao mesmo tempo, em

que estes podem ser avistados numa vasta área de carnaubais.

Um dos pontos que mais chamam a atenção, na paisagem da Área do

Petróleo Potiguar, é o trecho da chamada “Estrada do Óleo”. Esta rodovia corta os

municípios de Guamaré, Macau, Pendências e Alto do Rodrigues e foi construída

pela PETROBRAS, com a finalidade de facilitar o escoamento da produção. Nesta

estrada avistam-se os feixes de linhas de surgência, que são pequenos dutos que

levam óleo dos poços para as Estações Coletoras, além dos oleodutos e gasodutos,

que conduzem o óleo e gás natural dos campos de petróleo em direção ao Pólo

Industrial de Guamaré.

Outro ponto de grande impacto na paisagem é a presença “cavalo-de-pau”

em plena área urbana. Na maioria dos lugares, os objetos de produção da indústria

do petróleo em terra estão localizados em áreas rurais. No caso da Área do

Petróleo Potiguar há poços de produção existentes em plena área urbana – com os

seus “cavalos-de-pau”, “árvores de Natal”, Estações Coletoras, linhas de surgência,

entre outros – como é o exemplo da cidade de Mossoró. Estes objetos estão

presentes na paisagem do bairro de Abolição IV, muito próximos das casas e

praças.

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O conjunto dos objetos e sistemas de ações da indústria do petróleo foram

incorporados à paisagem da área em estudo, há apenas duas décadas. Apesar de

recentes, estes convivem muito próximo das pessoas do campo e da cidade, e já

não são considerados objetos estranhos.

Para demonstrar a espacialização da infra-estrutura da indústria do petróleo

no território potiguar, este trabalho apresenta uma seqüência de figuras,

relacionando os principais objetos aos processos produtivos da referida indústria,

que são: exploração, perfuração e produção.

A primeira identificação na paisagem é o processo de exploração. Após os

estudos geológicos e geofísicos, e a aplicação de métodos de investigação, como a

aerofotogrametria e imagens de satélite, as equipes sísmicas vasculham os lugares

e identificam os pontos com possibilidades de encontrar petróleo, que será

confirmada pela fase de perfuração dos poços.

Fonte: Petrobras, 2000 Figura 7 - Plataforma de petróleo marítima A figura 7 mostra uma plataforma marítima. No caso do RN, tudo começou exatamente com a produção de petróleo em área marítima, com a instalação de plataformas de petróleo ao longo da costa dos municípios de Areia Branca, Macau e Guamaré

O segundo processo produtivo trata-se da perfuração de poços de petróleo.

Em área terrestre, tudo começou no ano de 1979, com a descoberta de um poço no

município de Mossoró. Ao longo da existência da PETROBRAS no Rio Grande do

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Norte já foram perfurados mais de 5 mil poços, dos quais mais de 4 mil são

atualmente produtores ativos.

Semelhante ao que ocorre no mar, o processo é iniciado com a atividade de

exploração, que seleciona a área que reúna condições favoráveis à existência de

um campo petrolífero. Em seguida, inicia-se a fase de perfuração de um poço.

Fonte: Petrobras, 2000 Figura 8 - Sonda de Perfuração Terrestre Conforme a Figura 8, a perfuração em terra é feita através de uma sonda de perfuração, constituída de uma estrutura metálica de mais de 40 metros de altura (chamada de torre de perfuração) e de equipamentos especiais. Uma perfuração mobiliza numerosos equipamentos e dezenas de profissionais especializados, entre os quais se incluem eletricistas, mecânicos, sondadores, torristas, plataformistas, soldadores, geólogos e engenheiros

O terceiro processo produtivo trata da produção dos poços de petróleo. O

desenvolvimento de um campo de petróleo para produzir, só ocorre quando

constatado a viabilidade técnico-econômica da descoberta, verificando o volume

de petróleo recuperável e a montagem da infra-estrutura para a produção

comercial. Sobre o poço de petróleo, instalam-se os principais objetos, podendo

ser a “árvore-de-natal”, para os casos de produção surgente ou “cavalo-de-pau”,

para os casos de bombeio mecânico da produção. O segundo objeto citado, é o

que predomina na produção na área petrolífera do RN.

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100

Em seguida, serão mostradas as figuras relacionadas ao processo de

desenvolvimento da produção, contendo os principais objetos presentes na

paisagem da Área do Petróleo Potiguar.

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001

Figura 9 - Placa identificando o primeiro poço de petróleo terrestre no RN

A figura 9 mostra a placa da PETROBRAS, localizada no Hotel Termas, em Mossoró, com a seguinte frase histórica: “Aqui iniciou-se a produção terrestre de petróleo no Rio Grande do Norte. Inicio da produção em 29 de dezembro de 1979”.

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001 Figura 10- "cavalo-de-pau" em área de vegetação do semi-árido

A figura 10 mostra o "cavalo-de-pau", em uma área de vegetação de cerrado no semi-árido potiguar, realizando a atividade de bombeio de

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101

óleo . Este equipamento opera de dia e de noite, através de um motor elétrico, sendo fiscalizado diariamente por um Operador de Produção, da PETROBRAS.

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001 Figura 11- "cavalo-de-pau" em área de carnaubal A figura 11 mostra a operação de um poço produtor, utilizando o "cavalo-de-pau" em uma área de carnaubal e nas margens do vale do rio Açu. Nota-se a edificação de um "talude" de proteção, para evitar um possível derramamento de óleo no rio próximo, uma vez que esta é uma área considerada de sensibilidade ambiental.

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001 Figura 12- Poço produtor utilizando "árvore de natal" A figura 12 mostra um poço produtor de óleo surgente, utilizando o equipamento denominado de "árvore de natal". Este poço está localizado no campo de Riacho da Forquilha, município de Apodi.

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Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001

Figura 13 - "Árvore de Natal" e Estação de Óleo e Gás Natural em área de caatinga do semi-árido potiguar

A figura 13 mostra a presença na paisagem do semi-árido do oeste potiguar, de um poço de produção, utilizando o equipamento "árvore de natal" e ao fundo vê-se a existência de uma Estação Coletora de Óleo e Gás, localizada no campo de Riacho da Forquilha, no município de Apodi.

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001

Figura 14 -"Árvore de Natal" em bairro na cidade de Mossoró

A figura 14 mostra a presença da indústria do Petróleo em um bairro do município de Mossoró. Vê-se poços de petróleo utilizando o equipamento "árvore de natal" e casas ao fundo, na cidade de Mossoró.

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Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001

Figura 15- Placa de identificação de telefone de emergência A figura 15 mostra a colocação de uma placa de emergência, evidenciando a preocupação com um possível acidente de um equipamento de petróleo, em face da localização muito próxima das residências.

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001

Figura 16 - Estação Coletora e Compressora em Livramento/RN

A figura 16 mostra a Estação Coletora e Compressora de petróleo no campo de Livramento, no Município de Caraúbas/RN. A cena identifica a convivência da tecnologia avançada da indústria do petróleo, em uma área de pobreza, simbolizada pela presença dos jegues.

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Fonte: Petrobras, 1999 Figura 17 - Poços produtores em áreas de dunas A figura 17 mostra a presença dos "cavalos-de-pau", em uma área litorânea de dunas, localizada no distrito de Diogo Lopes, Município de Macau/RN. As proteções aos poços foram feitas com cercas.

Fonte: Petrobras, 2001 Figura 18 - Poços produtores em áreas de dunas, com talude de proteção ambiental

A figura 18 mostra a utilização do "talude " (parede de proteção) para evitar vazamento de óleo, em função do georritmo da unidade de bombeio - "cavalo-de-pau", operando a beira mar.

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Fonte: Petrobras, 2001 Figura 19 - Visão aérea campo de Diogo Lopes, em Macau/RN A figura 19 mostra um istmo, de um lado o mar e do outro as águas das salinas, revelando uma área de grande sensibilidade ambiental. Refere-se ao campo petrolífero de Diogo Lopes, em Macau/RN, com poços em produção e estação coletora.

Fonte: Petrobras Figura 20 - Visão aérea do Pólo Industrial de Guamaré/RN

A figura 20 mostra a vista aérea do Pólo Industrial de Guamaré, localizado no município de mesmo nome, para onde converge toda a produção de óleo e gás da Àrea do Petróleo Potiguar. A partir do Pólo a produção de óleo é transportada para as refinarias e a produção de gás natural é distribuída, via gasodutos

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Fonte: Petrobras

Figura 21 - Sala de Controle operacional do Pólo de Guamaré

A figura 21 mostra a sala de controle operacional do Pólo Industrial de Guamaré, em que todas os processos de óleo e gás, são controlados remotamente. A automação industrial é uma consequencia do avanço tecnológico gerado pelo movimento da globalização, substituindo o homem pela máquina.

Todos os elementos mostrados justificam a condição de que a PETROBRAS

no Rio Grande do Norte detém a maior produção de petróleo terrestre do país. Tudo

isso acontece, numa área muito dispersa geograficamente e que impõem custos

muito elevados para extrair, perfurar, produzir e distribuir o óleo e gás natural, além

do GLP e Diesel. Além de tudo isso, a sua área de atuação é de grande

sensibilidade ambiental, atuando ao mesmo tempo em vastas áreas do semi-árido,

no entorno da caatinga, em áreas próximas aos rios e em istmos (entre o mar e as

salinas)e por fim, muito próxima das comunidades e de um centro urbano.

O engendramento dos objetos e sistemas de ações da indústria do petróleo

no território potiguar é um caso singular e quase único no país, atuando ao mesmo

tempo em espaços geográficos tão díspares e dispersos.

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107

3.3.2- A produção de petróleo por município no território potiguar

A produção de óleo nos municípios da Área do Petróleo Potiguar confere ao

Estado do Rio Grande do Norte, a condição de primeiro produtor terrestre do país.

Em face das características geológicas, somente os municípios constantes na

tabela 9 produzem petróleo no território do Rio Grande do Norte.

O início da produção de petróleo em cada município começa com a

descoberta de um poço de petróleo, após a confirmação da equipe de geologia, que

previamente faz a exploração da área. A descoberta de mais de um poço na mesma

área, o que geralmente acontece, é denominado de um campo de petróleo. O passo

seguinte, é o batismo do nome do campo. Os responsáveis pela descoberta

colocam um nome que tenha relação histórica e cultural com o lugar. Assim, leva-se

em consideração o nome original do lugar, que pode ser um sítio, uma fazenda, um

rio, uma localidade etc. No caso marítimo, o campo recebe o nome de um peixe que

tradicionalmente é pescado na área.

Há mais de três décadas são descobertos campos de petróleo no RN, tendo

sido iniciado no ano de 1976 com um poço marítimo e em 1979 com a primeira

descoberta terrestre. Considerando-se o total descoberto até o final do Século XX,

na década de 70 foram confirmados e iniciados 3 campos (4%), na década de 80

foram 52 campos (72%) e na década de 90 foram 17 campos (24%). Estes

percentuais revelam que na década de 70 ocorreu o “boom” das descobertas de

campos de petróleo no RN e que na década seguinte revelou a fase de

esgotamento de novos achados, apesar da intensa modernização técnica e de

grandes investimentos em pesquisas geológicas.

O quadro 7, a seguir, mostra a relação geral dos campos de petróleo por

município, da área em estudo. Além do nome e código do campo de produção, são

informados ainda, a data de início da atividade produtiva e o número de poços

perfurados até o ano de 2000. O total perfurado atingiu a marca de 4.427 poços,

tendo como destaque o campo de Canto do Amaro (CAM), com 1.000 poços em

produção (22,58% do total). Este quadro corresponde a principal área de produção

terrestre do país.

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Fonte: Petrobras/ANP, 2001

Município Nome do Campo Código Campo

Data de Início da Produção

N 0 Poços em 2000

Açu Estreito ET 09/03/82 500Serraria SE 26/10/82 6Trapiá TR 16/12/83 0Janduís JD 02/01/86 7São Manoel S M N 17/11/87 1

Alto do Rodrigues Alto do Rodrigues ARG 26/06/81 336Estreito ET 09/03/82 499

Apodi Riacho da Forqui lha RFQ 24/05/89 39Riacho Alazão RAL 11/06/93 1

Areia Branca Redonda RE 02/11/84 1Canto do Amaro CAM 07/01/86 301Serra Vermelha SVM 29/12/86 21Redonda Profundo REP 09/10/90 78Ponta do Mel P M C 01/10/91 18Morr inho M O R 10/09/94 6Boa Vista BVS 27/10/94 108Benf ica BEM 31/10/97 35Pedra Sentada PS 11/11/97 1Pescada - mar í t imo PE 25/05/99 6Arabaiana - mar í t imo ARA 25/05/99 3

Caraúbas Livramento LV 16/04/86 34Cachoeir inha CAC 10/10/86 1

Carnaubais Estreito ET 09/03/82 100Serraria SE 26/10/82 6Baixo Vermelho BV 29/11/88 1Porto Carão PC 01/06/92 7

Felipe Guerra Poço Xavier PX 08/01/88 7Boa Esperança BE 27/08/97 10Varginha VRG 01/03/98 4Leste Posto Xavier LPX 27/03/98 7

Gov. Dix-Sept Rosado Rio Mossoró R M O 12/05/84 4Lorena L O R 25/01/85 40Cachoeir inha CAC 10/10/86 15Baixa do Algodão BAL 17/11/86 19Três Mar ias TM 03/12/86 43Alecrim ALC 18/12/86 1Riacho Tapuio R T 25/09/87 1Fazenda Malaquias FMQ 16/09/89 13

Guamaré Agulha - m ar í t imo AG 08/06/79 10Espada - mar í t imo EP 03/10/82 1Guamaré G M R 07/01/83 30

Macau Ubarana - mar í t imo UB 16/06/76 109Macau MA 19/08/82 5Fazenda Pocinho FP 01/10/82 191Guamaré G M R 07/01/83 1Soledade SO 18/05/83 1Sal ina Cristal SCR 08/07/87 137Ara tum - mar í t imo ART 15/11/87 1

Mossoró Mossoró MO 29/12/79 47Upanema UPN 14/09/85 12Canto do Amaro CAM 07/01/86 1000Quixabá Q B 12/02/86 1Fazenda Curral FC 10/11/88 1Barr inha BAR 26/06/90 1São Miguel S M I 10/09/90 17Logradouro L O G 25/10/91 1Fazenda Canaã FCN 27/01/92 6Poço Verde PV 24/06/92 1Bom Descanso BD 27/08/92 1Pajeú PJ 09/11/95 47R io do Carmo RC 10/01/97 1

Pendências Alto do Rodrigues ARG 27/06/81 200Fazenda Nova FN 01/12/81 1Monte Alegre MAG 03/12/81 42Fazenda Pocinho FP 01/10/82 200Lagoa de Aroeira LAR 28/08/89 1

Porto do Mangue Porto do Mangue P M C 07/02/83 1Noroeste Morro Rosado N M R 03/03/89 4Ponta do Mel P M C 01/10/91 1Alto Alegre ALG 13/09/93 1

Serra do Mel Serraria SE 26/10/82 1Alto Alegre ALG 13/09/93 1Serra do Mel SM 05/07/97 1

Upanema Upanema UPN 14/09/85 1Brej inho BR 26/02/87 49Várzea Redonda VRG 20/07/87 14Riacho Velho RV 17/01/89 1Juazeiro JZ 27/11/90 4Baixa do Juazeiro BJZ 27/11/90 1Fazenda Junco FJ 10/01/91 1

Quadro 7 - Relação dos Campos de petró leo por municíp io no RN

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Vale ressaltar que em alguns campos de petróleo, a sua extensão ultrapassa

a fronteira de alguns municípios, como é o caso do campo de Canto do Amaro

(CAM) – que está situado entre os municípios de Mossoró e Areia Branca e o campo

de Estreito (ET), situado entre os municípios de Alto do Rodrigues, Carnaubais e

Açu.

Quanto aos dados de produção de óleo (m3), serão considerados os volumes

produzidos no período de 1995 a 2000. A tabela 18 mostra a evolução da produção

de óleo (m3) dos municípios da Área do Petróleo Potiguar no período citado.

Os principais municípios na produção de óleo são: Mossoró, Areia Branca,

Macau e Alto do Rodrigues, que no ano 2000, representaram, em conjunto 60,90%

da produção total. O comportamento da produção ao longo desse período pode ser

analisado considerando: um crescimento em termos absolutos entre 1996 e 1998, e

um decréscimo na produção, a partir de 1999. Em termos relativos, houve

crescimento em 96/95 de 14,86%, sendo esta a melhor marca; um crescimento

menor em 97/96, com 2,83%; houve uma pequena melhora em 98/97, de 4,94% e

nos períodos seguintes, verificou-se uma queda da produção, sendo em 99/98, de

1,17% e 00/99, de –9,71%.

Quanto aos dados de produção de gás (Milhões m3), serão considerados os

volumes produzidos no período de 1995 a 2000. A tabela 19 mostra a evolução da

Municípios 1995 1996 1997 1998 1999 2000

AÇU 201.333,40 295.416,80 252.465,40 316.271,90 394.778,10 345.015,30ALTO DO RODRIGUES 727.820,00 697.575,20 637.967,90 654.634,10 567.344,30 433.744,30APODI 299.646,90 360.420,00 289.470,90 304.961,80 269.630,80 291.939,90ARACATI 52.187,60 55.483,50 53.254,40 65.279,30 69.884,70 65.762,70AREIA BRANCA 587.676,70 742.387,80 866.236,10 864.934,20 862.444,20 899.023,10CARAUBAS 64.190,00 69.601,90 57.008,40 59.579,30 53.635,70 52.566,90CARNAUBAIS 175.978,50 235.541,90 315.833,80 275.295,00 248.315,80 194.505,00DIX-SEPT-ROSADO 91.951,90 125.844,50 151.174,20 169.606,60 162.322,60 165.713,40FELIPE GUERRA 26.259,00 25.382,00 29.139,00 107.258,80 200.414,70 155.733,00GUAMARÉ 7.429,30 11.610,30 13.405,30 14.492,70 16.222,90 17.149,00ICAPUÍ 95.955,60 100.746,70 128.951,10 120.810,20 102.312,30 69.185,60MACAU 244.650,60 289.679,20 358.445,40 482.000,30 598.029,80 581.010,80MOSSORÓ 1.378.022,10 1.505.131,80 1.463.012,50 1.367.403,50 1.111.750,40 910.854,50PENDÊNCIAS 120.930,20 134.124,60 129.765,20 169.071,90 252.452,50 255.550,30PORTO DO MANGUE 3.126,80 2.834,20 6.042,10 6.270,70 5.889,60 5.122,40SERRA DO MEL 42.085,90 51.132,00 49.285,90 56.177,90 51.367,90 47.723,90UPANEMA 74.605,40 113.940,40 151.478,10 163.456,60 169.723,40 147.075,50Total 4.193.849,90 4.816.852,80 4.952.935,70 5.197.504,80 5.136.519,70 4.637.675,60Crescimento anual (%) 100,00 14,86 2,83 4,94 -1,17 -9,71Fonte: ANP/PETROBRAS, 2001

Tabela 18 : Produção de Óleo (m3) nos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - 1995 a 2000

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110

produção de óleo (m3) dos municípios da Área do Petróleo Potiguar no período

citado.

Os principais municípios na produção de gás são: Apodi (com destaque para

a produção no campo de Riacho da Forquilha), Areia Branca, Dix-Sept Rosado e

Caraúbas, que considerando o ano de 2000, estes representaram 84,88% da

produção total.

O comportamento da produção de gás ao longo desse período pode ser

analisado considerando: um crescimento em termos absolutos ao longo de todo o

período (1995 a 2000).

Em termos relativos, houve crescimento em 96/95 de 45,59%, sendo esta a

melhor marca, semelhante ao que aconteceu com o óleo; um crescimento menor em

97/96, com 13,26%. Atestou-se uma pequena melhora em 98/97, de 15,56%; houve

uma diminuição em 99/98 de 5,57%, em relação ao período anterior e um aumento

em 00/99, de 15,27%.

É importante colocar que a produção de óleo e gás natural é decrescente ao

longo do tempo, considerando a utilização das reservas disponíveis. O quadro

poderá estender-se caso haja novas descobertas e que os novos reservatórios de

petróleo sejam comercialmente viáveis.

MUNICÍPIOS 1995 1996 1997 1998 1999 2000

AÇU 820,90 1.185,30 1.016,40 1.282,60 1.631,50 1.534,60ALTO DO RODRIGUES 3.338,70 3.234,20 2.942,70 3.009,40 2.623,20 2.102,50APODI 76.560,80 137.517,10 132.396,20 162.607,50 190.310,10 250.968,00ARACATI 261,20 278,2 278,4 350,4 380,9 349,7AREIA BRANCA 6.332,50 7.954,00 16.840,50 26.264,60 36.142,10 39.795,20CARAUBAS 34.419,10 33.638,20 32.627,10 30.828,10 18.874,10 20.783,00CARNAUBAIS 739,10 956,3 1.305,70 1.127,80 1.007,40 784,4DIX-SEPT-ROSADO 26.431,40 33.047,70 31.646,40 33.661,70 34.975,80 27.389,90FELIPE GUERRA 3.040,60 2.039,20 1.544,70 6.925,10 18.387,50 19.580,90GUAMARÉ 223,70 186,6 16.156,40 10.921,00 1.372,10 1.277,00ICAPUÍ 481,20 505,1 655,1 660,3 590,1 403,9MACAU 3.030,20 7.491,50 22.353,70 20.680,20 11.160,00 14.644,10MOSSORÓ 8.526,30 12.554,20 9.618,10 8.521,40 8.825,00 4.243,30PENDÊNCIAS 1.238,50 1.320,00 1.296,00 1.645,70 2.559,40 2.597,80PORTO DO MANGUE 1.338,70 869,3 3.428,60 8.565,20 7.344,30 5.728,40SERRA DO MEL 1.759,10 2.019,10 1.484,60 2.051,80 1.632,00 1.430,20UPANEMA 3.654,40 5.905,60 8.344,80 9.010,30 8.568,00 5.671,30Total 172.196,40 250.701,60 283.935,40 328.113,10 346.383,50 399.284,20Crescimento anual (%) 100,00 45,59 13,26 15,56 5,57 15,27Fonte: ANP/PETROBRAS, 2001

Tabela 19: Produção de Gás (Mm3) nos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - 1995 a 2000

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111

A produção e as reservas em todas as bacias petrolíferas do mundo e, em

particular na Área do Petróleo Potiguar são finitas. Em parte da bacia potiguar, há

estudos geológicos que indicam uma possibilidade de produção de óleo que pode

variar dos próximos 30 anos (áreas de produção de óleo menos denso) e até 50

anos (áreas de produção de óleo mais denso). Em áreas marítimas as reservas

existentes podem indicar produção para os próximos 50 anos.

A indústria do petróleo, portanto, está perfeitamente relacionada aos ciclos

econômicos de Schumpeter, atravessando atualmente uma fase de ascensão, mas

que no futuro (breve ou longo, não se sabe exatamente) será conduzida para uma

fase de recessão e depressão.

É importante, que a gestão dos municípios da Área do Petróleo Potiguar

observe a finitude da indústria do petróleo e trace, no presente, uma visão

estratégica, procurando aproveitar com eficácia os recursos do presente advindos

da indústria do petróleo e ao mesmo preparando o cenário para o futuro, em que

estes recursos fatalmente serão escassos.

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112

3.3.3- Aspectos econômicos e sociais da indústria do petróleo no território

potiguar

Os objetos e sistemas de ações que compõem a indústria do petróleo estão

incorporados a paisagem e ao dia-a-dia da parte noroeste do território do Rio

Grande do Norte. O sistema técnico do petróleo, ao instalar-se no final da década

de 70 do século XX, passou a conviver numa região do semi-árido, em que

prevalece os períodos de seca. Os cavalos-de-pau passaram a habitar, lado a lado,

seja com a caatinga, que cobre a maior parte da área, em um clima quente e seco

ou seja com a vegetação de cerrado, manguezais, dunas, restingas e com uma

longa faixa litorânea.

Animais típicos, como jegues e cabras, pastam no entorno dos cavalos-de-

pau, que bombeiam óleo dia e noite. Os tanques das Estações Coletoras se

misturam com a vegetação rala da caatinga. Equipamentos de perfuração

sofisticados, como as sondas de perfuração, que se instalam em área de

manguezais, de carnaúbas, dunas e na caatinga. Acompanhando as margens das

rodovias e estradas, vê-se a impressionante quantidade de feixes de linhas de

surgência, pequenos dutos que levam óleo dos poços até as estações coletoras.

Em pouco mais de 20 anos de existência, a PETROBRAS tornou-se uma das

principais indústrias da economia do Rio Grande do Norte. Considerando-se os

resultados obtidos no ano 2000, alguns dados são relevantes: a arrecadação de

ICMs ultrapassou o montante de R$ 55,00 milhões; o orçamento anual atingiu a cifra

de R$ 1.003,32 milhões, sendo distribuídos em operações (custeio) com R$ 477,00

milhões e investimentos com R$ 526,32 milhões (PETROBRAS, 2001).

Os investimentos destinados exclusivamente da indústria do petróleo para a

execução do projeto Pólo Gás Sal atingiram o total de R$ 1.062,00 milhões até

2000(PETROBRAS, 2001).

Na área de compras de matérias de apoio operacional, foram adquiridos um

montante de R$ 108,00 milhões em materiais industrializados, equipamentos e

sobressalentes e aplicados R$ 158,50 milhões em contratação de serviços

especializados no mercado do Rio Grande do Norte (PETROBRAS, 2001).

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113

Na área da mão-de-obra, os dados até o ano de 2000, registravam a

existência de 8.500 empregos diretos, sendo 1.900 próprios e 6.600 contratados.

Não há relatórios oficiais sobre os empregos indiretos gerados.

Na área de infra-estrutura de transporte foram realizadas as seguintes obras:

Construção da “Estrada do Óleo” (65 Km); Implantação e pavimentação asfáltica da

RN-408 Carnaubais - Alto do Rodrigues; Recuperação asfáltica da RN- 016, Assu-

Carnaubais; Reconstrução das rodovias RN-117 e RN-118 Mossoró- Caraúbas e

Assu-Macau. (PETROBRAS, 2001).

Os investimentos da indústria do petróleo no Rio Grande do Norte vão além

das áreas de exploração, perfuração e produção de petróleo. Em parceria com o

Governo do Estado e Prefeituras dos municípios produtores, a PETROBRAS tem

desenvolvido programas voltados para a geração de trabalho e renda, melhorias da

educação e programas culturais, numa área de seca, em que a pobreza atinge

níveis extremos, principalmente nas áreas rurais.

Entre os principais programas sociais, tomando por base o ano de 2000,

podem ser destacados:

a) Cessão de 243 poços para a produção de água, 33 completados, sendo 13 pela PETROBRAS (88 poços estão disponíveis para cessão) a um custo total de R$ 2,0 milhões; b) A construção de 20 chafarizes (700.000 litros de água/dia, atendendo 20.000 pessoas);

c) A construção de 31 hortas comunitárias e escolares (convênio com as prefeituras de Natal, Macau, Mossoró e EMATER); d) A instalação do Programa Criança, realizando diariamente alimentação, lazer e educação para mais de 500 crianças na periferia de Natal, Mossoró, Macau e Diogo Lopes, distrito de Macau; e) Instalação de energia solar em São Miguel do Gostoso (em parceria com a COSERN); convênio com a prefeitura na construção da Estação das Artes e Museu do Petróleo de Mossoró, entre outras ações (PETROBRAS, 2001).

O programa de “doação de poços secos” é bastante significativo. Os poços

doados são aqueles que não apresentam interesse comercial, mas têm água em

abundância. Só recentemente a PETROBRAS liberou esse programa, antes eram

simplesmente tamponados. Além de servir de água para beber, esses poços são

também utilizados em projetos que viabilizam a agricultura irrigada.

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114

Mesmo tardiamente, esse programa é um dos que mais rapidamente

melhoraram a vida de diversas comunidades na zona rural dos municípios

produtores do Rio Grande do Norte.

Por meio do Programa de Aterros Sanitários, a PETROBRAS tem contribuído

para a solução do problema de destinação do lixo, que normalmente é jogado na

beira das estradas. Construídos em parceria com as prefeituras, os aterros

controlados ajudam a preservar o meio ambiente e tem melhorado as condições de

saúde da população. No entanto, só foram construídos em pouco mais da metade

dos municípios produtores. Os demais não foram construídos por falta de iniciativa

da PETROBRAS e Prefeitura, ou porque os projetos ainda dependem de liberação

do órgão ambiental, o IBAMA (PETROBRAS, 2001, p. 22).

Um dos mais graves problemas enfrentados pelo homem do campo, é a

obtenção de crédito para trabalhar a terra nos escassos períodos em que a seca

não castiga. Nessa área, a PETROBRAS se articulou com as Prefeituras, Empresa

de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e pequenas cooperativas e

criou o programa Terra Pronta. Esse programa existe em todos os municípios

produtores e atende os agricultores na época das chuvas e do início do plantio. Na

prática, as prefeituras cedem as máquinas, a EMATER dá assistência técnica e as

sementes e a PETROBRÁS fornece o óleo diesel para o trabalho de preparo do

solo. (PETROBRAS, 2001, p. 22).

Nas áreas de educação e cultura, o destaque é o programa de criança.

Desenvolvido pela PETROBRAS, em parceria com o SESI-RN e a Fundação

Estadual de Apoio à Criança e ao Adolescente (FUNDAC) e a Fundação PIO XII

(Macau), tem beneficiado milhares de crianças e adolescentes. Elas recebem

alimentação, uniforme, material de higiene pessoal e aulas de dança, teatro e

música, além de atividades esportivas. O desempenho escolar é acompanhado

regularmente e os índices de aprovação já batem a casa dos 100%. Muitas crianças

se distinguiram no esporte e já representam o Brasil em campeonatos internacionais

(PETROBRAS, 2001, p. 23).

Por fim, serão mostradas as figuras que sintetizam os programas

relacionados à área de responsabilidade social desenvolvidos pela indústria do

petróleo, representada pela PETROBRAS, identificando algumas ações e parceiras

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com as comunidades e prefeituras dos municípios produtores de petróleo no Rio

Grande do Norte.

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001

Figura 22 - Aterro Sanitário e Programa Terra Pronta, em Apodi/RN

A figura 22 mostra a atuação da PETROBRAS em programas de parcerias com as prefeituras dos municípios da Área do Petróleo Potiguar. A primeira placa refere-se a instalação de aterro sanitário e a segunda informa a existência do programa terra pronta (apoio a agricultores), no município de Apodi/RN

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001 Figura 23 - Distrito de Baixa do Meio

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A figura 23 mostra o Distrito de Baixa do Meio, localizado exatamente na divisa entre os municípios de Pedro Avelino (a esquerda da foto) e Guamaré (a direita da foto). O que chama a atenção, é que o lado direito é mais desenvolvido do que o lado esquerdo do referido Distrito. Isto mostra que a influência dos royalties do petróleo, gerou melhorias de infra-estrutura somente no lado do município recebedor desta receita.

Fonte: Petrobras, 2001 Figura 24 - Chafariz comunitário, no distrito de Passagem de Pedras/Mossoró.

A figura 24 mostra a utilização de um chafariz comunitário, construído pela PETROBRAS, no Distrito de Passagem de Areia, em Mossoró. Além de matar a sede das pessoas, a água permite que pequenas comunidades pobres salvem lavouras e rebanhos, preservando seu sustento.

Apesar dos grandes esforços e dos extensos programas sociais em

desenvolvimento e em função da extensa área geográfica de atuação, há ainda

diversas comunidades, espalhadas em distritos e cidades dos municípios produtores

de petróleo nas quais não existem programas de infra-estrutura e sociais da

PETROBRAS, seja diretamente ou em parceira com as Prefeituras e ou

associações.

É o caso, por exemplo, do distrito de Mangue Seco, no Município de

Guamaré. Este distrito está localizado aproximadamente a 3 km do Pólo Industrial de

Guamaré, numa posição em que os ventos espalham o cheiro de gás em sua

direção, e em seu entorno passam os dutos do emissário submarino do Pólo,

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utilizando inclusive uma área da praia de Minhoto, que é a única área de lazer da

comunidade. Apesar da área de risco, não há nenhum programa da PETROBRAS ou

da Prefeitura na comunidade. A escola primária está abandonada, não há

abastecimento d’água, não existem telefones públicos, entre outros problemas

básicos. Este e outros exemplos, em que os objetos e/ou sistemas de ações da

indústria do petróleo se apropriam de parte do território, em que vivem comunidades

pobres, são colocados como desafios no sentido de reverter às barreiras do

subdesenvolvimento local.

Mesmo sabendo que a sua missão principal é atender o mercado nacional

com a produção de óleo e gás natural, as iniciativas da PETROBRAS em solo

potiguar, no âmbito dos setores econômicos e sociais têm alcançado e beneficiado

diversas comunidades.

Nos espaços geográficos em que os programas estão sendo efetivamente

desenvolvidos, há de fato uma melhoria na qualidade de vida de muitas

comunidades, seja pelo acesso ao elemento essencial – água – através da

instalação dos chafarizes até a existência de escolas, programas de educação

ambiental e eventos culturais, apoiados pela indústria do petróleo, em parceria com

as prefeituras municipais.

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118

3.3.4- Os royalties dos proprietários de terra no território potiguar

A partir da Lei n0 9.478, no seu Art.52, de 06 de Agosto de 1997, e da

definição dos critérios no Decreto n0 2.705, de 03 de agosto de 1998, foi

estabelecido o pagamento aos proprietários de terra com poço de produção de

petróleo e de gás natural. Foi determinado que o pagamento aos proprietários de

terra corresponderia a um percentual variável entre cinco décimos e um por cento

da produção de petróleo ou gás natural, a critério da Agência Nacional do Petróleo

(ANP).

Os passos seguintes a essa decisão legal, resultou no surgimento de uma

renda monetária (depositada mensalmente) para um grupo de proprietários de terra

com poço de petróleo produtivo, sendo a maioria formada por famílias de pequenos

agricultores. O impacto dessa renda inesperada pode ser entendida como o

surgimento de uma nova classe média no sertão do Rio Grande do Norte. No

passado, a terra onde havia poço produtor de petróleo, era conhecida como “terra

rica de homens pobres”. Agora pode-se dizer que é uma “terra rica de homens

ricos”.

De acordo com a tabela 20 apenas em seis Estados há o desembolso do

pagamento aos proprietários de terra com produção de petróleo. A condição de

maior produtor terrestre do país, faz do Estado do Rio Grande do Norte o maior

beneficiado com o referido pagamento.

Comparando os números da tabela 20 pode-se averiguar o impacto dessa

renda no RN. Em relação ao número de proprietários de terra, observa-se que: em

1998, o total do RN comparado com o total do Brasil representou 79,02%; em 1999

esse percentual passou a 60% e em 2000 para 51,24%. Em relação ao total do

pagamento, observa-se que: o RN comparado com o total do Brasil representou em

1998 o percentual de 77,19%, em 1999 passou a representar 48,39% e em 2000

passou a 54,74%.

A tabela 20, mostra também, que o valor médio por proprietário referente ao

RN saltou de R$ 2.646,13 em 1998 para R$ 30.478,60 em 2000. Isto significa, na

prática, que os recursos depositados pela Secretaria do Tesouro Nacional(STN) nas

contas bancárias e cadernetas de poupança dos respectivos proprietários variou

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entre R$ 200,00 a R$ 50.000,00. Outra forma de analisar o fenômeno, é que em

2000, essas 456 famílias receberam em média R$ 30 mil/ano, o que dá R$ 2,5

mil/mês, ou seja, cerca de 12,5 salários mínimos mês; tudo isso, numa região em

que 80% ganha até dois salários mínimos por mês.

Valor médio

por

proprietário Qtd % R$ % R$

Total 553 100,00 1.498.114,00 100,00 2.709,07Ceará 6 1,08 41.084,00 2,74 6.847,33Rio Grande do Norte 437 79,02 1.156.358,00 77,19 2.646,13Alagoas 5 0,90 55.383,00 3,70 11.076,60Sergipe 12 2,17 98.555,00 6,58 8.212,92Bahia - 0,00 - 0,00 ..Espírito Santo 93 16,82 146.734,00 9,79 1.577,78

Total 808 100,00 15.969.806,20 100,00 19.764,61Ceará 5 0,62 317.496,02 1,99 63.499,20Rio Grande do Norte 509 63,00 7.727.949,14 48,39 15.182,61Alagoas 12 1,49 863.099,52 5,40 71.924,96Sergipe 62 7,67 1.197.504,72 7,50 19.314,59Bahia 122 15,10 4.438.650,84 27,79 36.382,38Espírito Santo 98 12,13 1.425.105,96 8,92 14.541,90

Total 890 100,00 25.389.465,31 100,00 28.527,49Ceará 5 0,56 394.318,32 1,55 78.863,66Rio Grande do Norte 456 51,24 13.898.243,17 54,74 30.478,60Alagoas 33 3,71 1.135.054,41 4,47 34.395,59Sergipe 94 10,56 2.056.364,99 8,10 21.876,22Bahia 177 19,89 5.889.800,54 23,20 33.275,71Espírito Santo 125 14,04 2.015.683,88 7,94 16.125,47Fonte: ANP, conforme a Lei n.º 9.478, de 06/08/97, e o Decreto n.º 2.705, de 03/08/98.1Valores referentes a outubro, novembro e dezembro de 1998, quando iniciou-se o pagamento aos proprietários de terra

2000

1998 1

Tabela 20: Pagamento aos proprietários de terra por Unidades da Federação

1999

Proprietários de Terra

Unidades da FederaçãoN.º de

proprietários

Pagamento Total

Outro aspecto importante a assinalar é que os recursos pagos em 2000 (R$

13,9 milhões) representaram mais do que o dobro do ISS recolhido pelos municípios

no mesmo ano (R$ 6,02 milhões).

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Embora seja um fenômeno ainda muito recente, a magnitude dos números

relativos a renda média, indica o surgimento de uma classe média em pleno semi-

árido potiguar e revela ao mesmo tempo um quadro inicial de concentração de

renda.

O efeito multiplicador dessa renda gerada atingiu desde pequenos

proprietários de pequenos sítios aos grandes proprietários de fazendas nas regiões

oeste e do vale do açu. A população beneficiada com os “royalties dos proprietários

de terra” é também um fenômeno novo na socioeconomia do semi-árido potiguar,

que neste trabalho está sendo apresentado de forma pioneira e preliminar.

Alguns exemplos já podem ser destacados. Os “róiti”, como a maioria dos

proprietários chama o direito a receber 1% da produção de cada poço em suas

terras, têm revolucionado a vida de alguns agricultores. O proprietário da Fazenda

Canto do Amaro em Mossoró, com 800 hectares, tem instalado em sua propriedade

108 “cavalos-de-pau”, gerando uma renda mensal de 24 mil reais por mês. Para

este proprietário, um dos grandes benefícios do petróleo em sua terra foi ter saído

da “caderneta dos bancos”, uma referência aos duros financiamentos bancários e

as eternas dívidas. Ele afirma “com os ‘róiti’ deixei por uma vez”. E agora, são os

gerentes de banco que andam atrás dele, não para cobrar dívidas, mas para ver se

ele abre uma conta em suas agências. (PETROBRAS, 2001, p. 19).

Outro agricultor,na comunidade de São Lucas. Município de Açu, administra

o dinheiro com a produção e toma conta das finanças da casa. Sabe até os códigos

dados aos poços, que chegam a render cerca de R$ 3 mil reais para a família. Para

a senhora Isaura, de 64 anos, sem o marido para plantar na terra e tirar o sustento

da casa, o petróleo se tornou o chefe da família. A renda média de R$ 3 mil reais

líquidos proporcionada pela produção de 36 poços espalhados por três

propriedades, no campo de Estreito, em Alto do Rodrigues, dão sustento a seis

filhos e mais uma neta, deixada por um filho já falecido. (PETROBRAS, 2001, p. 19

e 20).

O nascimento de uma nova classe média no sertão do Rio Grande do Norte,

amplia o processo histórico de concentração de renda na região. Além dos “novos

ricos”, o desafio é estender este direito às comunidades próximas aos campos de

produção.

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CAPÍTULO 4

ANÁLISE DAS VARIÁVEIS DA PESQUISA NA ÁREA DO PETRÓLEO POTIGUAR

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4.1- Análise das variáveis principais

Os aspectos apresentados até os capítulos anteriores consolidaram os dados

relativos ao quadro de referência da Área do Petróleo Potiguar. O diagnóstico

abarcou a apresentação e delimitação, aspectos físicos e socioeconômicos dos

municípios petrolíferos do Rio Grande do Norte, além de apresentar o georritmo da

indústria do petróleo em solo potiguar. A fase do trabalho que agora se inicia é a

análise e interpretação dos dados da pesquisa bibliográfica e de campo, no período

de 1995 a 2000. As variáveis escolhidas foram: Finanças Públicas Municipais,

receitas da Indenização dos Royalties do Petróleo e o Índice de Desenvolvimento

Humano Municipal (IDH-M).

A análise destas variáveis buscou determinar a influência dos royalties do

petróleo na socioeconomia dos municípios que compõem a área petrolífera

pesquisada. Para tanto, o caminho escolhido foi o de pesquisar a combinação de

duas variáveis de caráter econômico-financeiro (finanças públicas e receitas dos

royalties) com uma variável socioeconômica (IDH-M), com a finalidade de identificar

as possíveis evidências de crescimento "vis-a-vis" desenvolvimento nos lugares

pesquisados.

O procedimento adotado foi o de partir do quadro mais geral, que é o de

finanças públicas, em seguida, especificar deste quadro, o item de indenização de

royalties e por fim, apresentar um indicador da dinâmica socioeconômica.

A primeira variável de análise será a de finanças públicas. Inicialmente,

serão apresentados os aspectos conceituais e legais, e em seguida o quadro

evolutivo (período de 1995 a 2000) das finanças públicas dos municípios da Área do

Petróleo Potiguar (APP). Para tanto, será analisado o demonstrativo de resultados

financeiros (receitas, despesas e saldo) dos municípios da Área do Petróleo

Potiguar (APP) e sua relação com o total do Estado do Rio Grande do Norte. O

formato das planilhas de finanças municipais obedece à forma estabelecida no

ANEXO I da Lei n0 4.320, de 17 de março de 1964 e a Portaria STN n0 180, de 21

de maio de 2001.

A segunda variável em questão, corresponde ao destaque, dentro do quadro

de finanças públicas, do item de receitas denominado de indenização dos royalties

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do petróleo. Para tanto, serão apresentados os aspectos legais e análise da

evolução dos recebimentos das receitas dos royalties do petróleo nos municípios

produtores terrestres e nos municípios que recebem em função da produção das

plataformas marítimas, no período de 1995 a 2000.

A terceira variável escolhida foi o Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal (IDH-M). Neste trabalho, serão apresentados os resultados do IDH-M

dos municípios da APP nos anos censitários de 1970, 1980, 1991 e a projeção do

ano 2000.

Ao final, o conjunto dos resultados totalizadores das variáveis apresentadas,

devem ser suficientes para detectar, ao longo do período estudado, se a ocorrência

de uma melhoria na qualidade de vida da população, a partir dos indicadores do

IDH-M, foi reflexo do quadro de finanças públicas. E por conseqüência, detectar se

o incremento das receitas públicas dos municípios da Área do Petróleo Potiguar, foi

devido ao recebimento da indenização dos royalties do petróleo.

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124

4.1.1- Aspectos conceituais e legais de Finanças Públicas

A partir da concepção aristotélica, o Estado passou a ter duas finalidades

básicas: primeiro a de segurança, tendo como o objetivo manter a ordem pública,

econômica e social; em segundo lugar, a de desenvolvimento, com o objetivo de

promover o bem comum.

O Estado contemporâneo passou a exercer funções mais complexas, que vão

desde a de instituir e dinamizar uma ordem jurídica (funções normativas,

ordenadoras ou legislativas), a de cumprir e fazer cumprir as normas próprias

(funções disciplinadoras ou jurisdicionais), até a de cumprir as normas jurídicas e

próprias, administrando os interesses coletivos, gerindo os bens públicos e

atendendo às necessidades gerais (função executiva ou de administração).

No Estado moderno, as finanças públicas não são somente um meio de

assegurar a cobertura para as despesas do governo, são, também,

fundamentalmente, um meio de intervir na economia, de exercer pressão sobre a

estrutura produtiva e de modificar as regras da distribuição de renda.

As finanças públicas envolvem toda a ação do Estado para satisfação das

necessidades coletivas e como conseqüência, o estudo da conveniência e

oportunidade de adequar as ações a serem desenvolvidas para o atendimento de

tais necessidades.

Sob a influência dos economistas clássicos como Adam Smith, David Ricardo

e J. B. Say, o estudo das finanças públicas tornou-se bastante normativo, fixando

regras para a seleção dos gastos públicos e para a criação de tributos, os quais

deveriam abarcar a quantia necessária para o atendimento dos compromissos

governamentais (SANDRONI, 1999, p. 241).

Nas finanças públicas estão incluídas as receitas e despesas públicas. Em

geral, a receita é obtida por meio de tributos (impostos, taxas e contribuição de

melhoria), de rendas patrimoniais (aluguéis, juros, dividendos de bens e valores

patrimoniais), de rendas industriais (renda líquida de serviços públicos e industriais

e saldos das empresas estatais), contribuições parafiscais (previdência),

transferências correntes, empréstimos e rendas de capital. A despesa pública é

realizada por órgãos da administração governamental. Em geral, nela se incluem: o

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125

pagamento do corpo de funcionários dos diversos órgãos públicos, a compra de

material e equipamento para os diversos setores da administração pública,

investimentos públicos, subvenções, subsídios entre outras. (SANDRONI, 1999,

p.241),

No que se refere às finanças municipais, a grande maioria dos municípios

brasileiros, e em particular, os da Área do Petróleo Potiguar, são fortemente

dependentes de recursos oriundos do Governo Federal.

O quadro das finanças municipais é analisado através da gestão do

orçamento público municipal, que planeja as chamadas receitas (correntes e de

capital) e despesas (correntes e de capital).

De acordo com a Lei n0 4.320, de 17 de março de 1964, no seu artigo 11,

está estabelecido que:

§10 São receitas correntes as receitas tributária, patrimonial, industrial e diversas e, ainda as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em despesas correntes. §20 São as receitas de capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas, da conversão em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda o superávit de Orçamento Corrente.

A portaria interministerial da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), n0 163,

de 04 de maio de 2001, estabelece a classificação mais recente das contas

públicas, a saber:

As receitas correntes tratam do somatório das receitas tributárias (envolvendo

apenas tributos – impostos, taxas e contribuições de melhoria), das receitas de

contribuições (são as do tipo social e econômicas), das receitas patrimoniais

(oriunda da exploração econômica do patrimônio), das receitas agropecuárias

(exploração econômica de atividades agropecuárias), das receitas industriais

(derivadas da indústria), das receitas de serviços (decorre das atividades de

comércio, transporte, comunicação etc), das transferências correntes (recursos

financeiros recebidos de pessoas físicas ou jurídicas) e de outras receitas correntes

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(diversas não enquadradas nas classificações anteriores). (STN, Portaria n0 163,

04/05/2001)

As receitas de capital tratam das operações de crédito (recursos de

empréstimos para financiar investimentos), alienações de bens (resultado de

vendas do patrimônio), amortizações de empréstimos (devolução de empréstimos

concedidos), transferências de capital (similar as transferências correntes) e outras

receitas de capital (outras não classificáveis). (STN, Portaria n0 163, 04/05/2001)

As despesas correntes correspondem as aplicações diretas e transferências

intergovernamentais (pessoal e encargos sociais, juros e encargos da dívida e

outras despesas correntes) e as despesas de capital correspondem as aplicações

diretas e transferências intergovernamentais (investimentos, inversões financeiras e

amortização/refinanciamento da dívida).

A atual legislação do petróleo não trata da aplicação por parte dos Estados e

municípios dos royalties recebidos, sendo assunto de competência do Tribunal de

Contas da União (TCU).

Os recursos oriundos dos royalties de petróleo são tratados como “outras

receitas correntes”, com base no código de natureza de conta n0 1.921.00.00, do

ANEXO I da Lei Complementar n0 101 (Portaria do STN n0 180, de 21 de maio de

2001), que diz: “Indenizações - registra o valor total das receitas recebidas através

da indenização aos estados e municípios pela exploração de recursos minerais; de

petróleo, xisto betuminoso e gás; e pela produção de energia elétrica”.

Para saber o quanto os royalties “oxigenam” uma economia municipal, deve-

se proceder a análise comparativa dos recursos recebidos da rubrica financeira

"royalty" em relação aos itens específicos de receitas correntes (como o FPM, ICMs

e ISS) e também em relação aos totais das receitas municipais.

Dessa forma, é possível investigar o grau de influência real das receitas dos

royalties de petróleo na economia dos municípios da Área do Petróleo Potiguar.

Uma forma para se conhecer essa influência, é estabelecer indicadores, que

demonstrem a razão entre os royalties e determinados itens de receita e despesas,

dentro de um quadro histórico das finanças municipais.

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127

O atual cenário das finanças públicas está voltado para a responsabilidade

na gestão das receitas e despesas municipais. Para tanto, foi sancionada a Lei de

Responsabilidade Fiscal, n0 101, de 04/05/2000, que entre outros itens estabelece:

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita líquida corrente, a seguir discriminados: I - União: 50% (Cinqüenta por cento); II - Estados: 60% (Sessenta por cento); III - Municípios: 60% (Sessenta por cento)

Da referida Lei, é importante enfocar que a prestação de contas dos

municípios deverá evidenciar o desempenho da arrecadação em relação à previsão,

destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e

combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias

administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas

tributárias e de contribuições.

Todo o conjunto de normas que regem a matéria dos royalties de petróleo no

Brasil evoluiu a partir da Lei 2.004, de 03/10/1953. Inicialmente a referida Lei, em

seu artigo 27, parágrafos 10 e 40, assim estabeleceu:

Art.27. A sociedade e suas subsidiárias ficam obrigadas a pagar aos Estados e Territórios, onde se fizerem a lavra de petróleo e xisto betuminoso e a extração de gás, indenização correspondente a 5% (cinco por cento) sobre o valor do óleo extraído ou do xisto ou do gás.

Assim, a análise do papel dos royalties no conjunto dos itens de finanças

públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar ganha importância no quadro

de referência atual, em função do contexto da Lei de Responsabilidade Fiscal.

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128

4.1.2- Análise das Finanças Públicas Municipais: estudo no período 1995 a

2000

A utilização da análise das finanças públicas municipais justifica-se, em

primeiro lugar, pelo fato de que no Brasil, os royalties do petróleo são uma

compensação financeira devida ao Estado pelas empresas que exploram e

produzem petróleo e gás natural.

Em segundo lugar, porque os royalties do petróleo são um item de receita

inserido no quadro das finanças públicas, conforme explicado no item anterior.

O atual sistema tributário brasileiro teve sua estrutura implantada pela

reforma de 1967, experimentou várias alterações, sendo a mais expressiva a feita

pela Constituição de 1988. A técnica de partilha da receita entre duas ou três

esferas de governo constitui uma das principais características do sistema tributário

no país. Assim, há impostos cujo produto da arrecadação pertence à União

(exemplo do Imposto de Renda), aos Estados (exemplo do ICMs) e aos Municípios

(exemplo do ISS). A partir da Constituição de 1988, coube aos municípios uma

maior participação na partilha dos tributos. As alterações que mais beneficiaram os

municípios foram o aumento de 20% para 25% no ICMs, de 17% para 22,5% no

Fundo de Participação dos Municípios (FPM). (BARRETO, 2001, p. 2)

De acordo com a Lei n0 4.320, de 17 de março de 1964, em seu ANEXO I, os

royalties de petróleo estão classificados como Receitas Correntes, no seguinte item:

1.900.0.00 – Outras Receitas Correntes, sendo especificado no sub-item

1.921.03.00 – Compensação financeira pela extração do Óleo Bruto, Xisto

Betuminoso e Gás. A referida Lei definiu que “outras receitas correntes são

provenientes de multas, juros de mora, indenizações e restituições, receita de

cobrança da dívida ativa e outras” (TEIXEIRA, 1997, p. 33).

A definição atual sobre a classificação deste item, consta na Portaria STN n0

180, de 21 de maio de 2001, que faz constar como um item de Outras Receitas

Correntes, especificando no sub-item “1.921.00.00 – Indenizações. Registra o valor

total das receitas recebidas através de indenizações aos Estados e Municípios pela

exploração de recursos minerais, de petróleo, xisto e gás natural...”. (Portaria STN

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129

n0 180). Assim, tanto a legislação anterior como a atual, confirmam a classificação

dos royalties de petróleo como um item de receitas correntes.

Um primeiro aspecto importante a considerar é que a maioria dos municípios

produtores de petróleo no Rio Grande do Norte classifica equivocadamente os

royalties do petróleo como “receita de capital”. Além dos municípios, o Tribunal de

Contas do Estado (TCE) e o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Ambiental

(IDEMA), também, registram os royalties como uma receita de capital. Neste

trabalho, o item “indenizações dos royalties de petróleo” será registrado nas tabelas

de finanças públicas municipais como receita corrente, em consonância com a

legislação em vigor.

Quanto ao quadro das finanças públicas dos municípios da Área do Petróleo

Potiguar, serão analisados os principais itens de receitas e despesas no período de

1995 a 2000. No conjunto dos quadros de finanças públicas será dado enfoque

especial as principais receitas correntes existentes:

a) O Imposto sobre Serviços de qualquer natureza (ISS) – significa uma

receita própria e evidencia a dinâmica da economia local.

b) O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) –

significa uma receita de transferências correntes e evidencia a influência

da economia estadual na dinâmica local.

c) O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) – significa uma receita

de transferências correntes e evidencia a influência da economia nacional

na dinâmica local.

d) A Indenização dos royalties do petróleo – significa uma receita de

transferências correntes (outras receitas) e evidencia a influência da

indústria do petróleo na dinâmica local.

Para identificar o comportamento das finanças públicas, ao longo do período

em análise, serão mostradas as tabelas com duas visões: valores históricos

(correspondem aos preços correntes de cada ano) e valores constantes

(correspondem a correção para uma mesma base de preços e período de tempo –

mês e ano).

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É importante destacar que o crescimento real de uma economia só pode ser

medido, utilizando os valores constantes. Por esta razão, serão apresentadas as

tabelas de finanças públicas, com valores constantes (com base preços: dez/2000).

O deflator utilizado neste trabalho para corrigir as receitas e despesas

correntes para uma mesma base de preços, foi o Índice Geral de Preços de

Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas. Este indicador inflacionário é

calculado no país desde os anos 40, sendo composto pelos índices de preços por

atacado, consumidor e da construção civil.

A escolha deste índice deveu-se ao fato de ser um dos mais antigos

indicadores inflacionários calculados no país e ao mesmo tempo, em sua fórmula

constam os mais importantes níveis de preços da economia.

A tabela n0 21 mostra o total das principais contas de finanças públicas dos

municípios da Área do Petróleo Potiguar, no período de 1995 a 2000, a preços

históricos.

Estes dados correspondem aos relatórios finais da contabilidade pública, que

são encaminhados anualmente pelas prefeituras às câmaras municipais e ao

Tribunal de Contas do Estado (TCE), para que as contas sejam auditadas. O

detalhamento das tabelas de finanças públicas, ano a ano, encontra-se no ANEXO I

deste trabalho.

Tabela n0 21 -Total de Finanças Públicas Municípios da Área do Petróleo Potiguar -1995 a 2000Valores Históricos - (R$1)PRINCIPAIS CONTAS 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL

RECEITA TOTAL 74.728.566 72.821.248 108.374.358 141.336.184 164.608.305 202.431.391 764.300.052I-RECEITASCORRENTES

71.142.509 71.374.636 103.084.032 132.826.176 164.506.532 191.997.986 734.931.8701- Receita Tributária 13.968.626 10.171.469 5.750.205 3.104.738 10.187.879 8.616.556 51.799.4731.2- ISS 3.594.202 4.035.701 4.358.259 2.898.761 6.252.301 6.018.518 27.157.7432-TransferênciasCorrentes

53.207.485 55.309.820 91.576.243 120.477.553 126.529.347 123.268.551 570.368.9992.1- União 25.765.153 31.812.149 55.991.632 53.529.483 109.908.205 49.871.008 326.877.6302.1.1- FPM 24.339.050 30.681.142 34.683.154 44.528.784 109.908.205 41.153.359 285.293.6942.2- Estado 27.442.332 23.497.672 35.584.611 66.948.070 16.621.142 73.397.543 243.491.3692.2.1- ICMs 27.117.639 22.914.920 34.227.494 32.737.177 16.621.142 45.178.686 178.797.0583-OutrasRec.Correntes

3.885.566 5.741.638 5.607.114 8.975.738 27.671.045 38.794.577 90.675.6783.1- Indenização deRoyalties

3.882.484 4.912.331 5.607.114 8.491.720 27.671.045 37.990.815 88.555.5093.2- Outras receitas 3.082 829.306 0 484.018 0 1.245.235 2.561.641II-RECEITAS DECAPITAL

3.586.057 1.446.612 5.290.326 8.510.008 101.773 10.433.405 29.368.1822.3-Outras Rec. Capital 2.944.057 1.332.755 4.151.766 4.478.091 101.773 9.659.882 22.668.324DESPESA TOTAL 74.893.064 70.637.294 100.900.800 136.882.508 155.173.768 181.284.072 719.771.506III-DESPESASCORRENTES

63.360.971 57.973.294 89.239.600 112.684.640 128.799.402 147.828.432 599.886.3393.1-Pessoal e Enc.Sociais 32.802.289 32.593.523 37.670.000 51.556.716 50.680.857 56.824.268 262.127.652IV-DESPESAS CAPITAL 11.532.093 12.664.000 11.661.200 24.197.868 26.374.366 33.455.640 119.885.1674.1-Outras Desp. deCapital

0 0 0 0 1.000 0 1.000V-SALDO (REC.-DESP.)

-164.498 2.183.954 7.473.558 4.453.676 9.434.537 21.147.319 44.528.546Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 1996), ANP/PETROBRAS

Nota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Leio 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n 101

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131

As principais contas, relacionadas na tabela n0 21, mostram que houve uma

evolução crescente dos valores nominais das receitas e despesas, evidenciando um

quadro inicial de crescimento econômico.

A Tabela n0 22 mostra a evolução das finanças públicas municipais, em

valores constantes (base: dez/2000). Dessa forma, é possível identificar se houve

crescimento real da economia da área em estudo.

Um primeiro aspecto a considerar, é que o cenário da política econômica do

país vigente no período de 1995 a 2000, foi o do Plano Real e que a inflação

medida pelo IGP-M/FGV acumulou um percentual de 57,89%.

Observando-se o comportamento das principais contas, é possível afirmar

que houve crescimento econômico acelerado na área em estudo. Exemplificando,

pelo ângulo das receitas totais, o crescimento real entre 1995 a 2000, foi de

71,56%, revelando um resultado acima da inflação do período.

Considerando as principais variáveis do estudo, é possível afirmar que houve

no mesmo período (1995 a 2000) um crescimento econômico acelerado, haja vista o

seguinte diagnóstico: o ISS cresceu 6,05%, o que mostra a influência da economia

local; o ICMS cresceu 5,52%, mostrando a influência da economia estadual nos

municípios da área em estudo; o FPM cresceu 7,09%, identificando a contribuição

do governo federal na economia local. Por fim, o crescimento da receita da

Tabela n0 22 - Total de Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - 1995 a 2000 Valores Constantes - Base: dez/2000 - (R$ 1)

PRINCIPAIS CONTAS 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL 00/95RECEITA TOTAL 117.991.630 105.810.714 146.230.096 188.032.316 182.964.172 202.431.391 943.460.319 71,56%I-RECEITAS CORRENTES 112.329.475 101.483.335 139.091.830 176.710.683 182.851.050 191.997.986 904.464.359 70,92%1- Receita Tributária 22.055.568 14.779.409 7.758.782 4.130.514 11.323.954 8.616.556 68.664.7821.2- ISS 5.675.015 5.863.979 5.880.622 3.856.484 6.949.510 6.018.518 34.244.129 6,05%2-Transferências Correntes 84.011.219 80.366.607 123.564.310 160.282.192 140.638.938 123.268.551 712.131.8172.1- União 40.681.530 46.223.879 75.549.806 71.215.116 122.164.333 49.871.008 405.705.6722.1.1- FPM 38.429.805 44.580.497 46.798.164 59.240.671 122.164.333 41.153.359 352.366.828 7,09%2.2- Estado 43.329.689 34.142.728 48.014.504 89.067.076 18.474.605 73.397.543 306.426.1452.2.1- ICMs 42.817.019 33.295.974 46.183.340 43.553.229 18.474.605 45.178.686 229.502.854 5,52%3-Outras Rec.Correntes 6.135.060 6.116.882 7.565.709 11.941.237 30.756.710 38.794.577 101.310.1743.1- Indenização de Royalties 6.130.193 7.137.745 7.565.709 11.297.304 30.756.710 37.990.815 100.878.476 519,73%3.2- Outras receitas 4.866 1.204.551 0 643.933 0 1.245.235 3.098.585II-RECEITAS DE CAPITAL 5.662.155 2.101.965 7.138.265 11.321.634 113.122 10.433.405 36.770.546 84,27%2.3-Outras Rec. Capital 4.648.478 1.936.527 5.602.000 5.957.609 113.122 9.659.882 27.917.619DESPESA TOTAL 118.251.362 102.637.825 136.145.984 182.107.188 172.477.567 181.284.072 892.903.999 53,30%III-DESPESAS CORRENTES 100.042.924 84.236.704 120.411.465 149.914.574 143.162.132 147.828.432 745.596.233 47,77%3.1-Pessoal e Enc.Sociais 51.792.718 47.359.236 50.828.331 68.590.565 56.332.401 56.824.268 331.727.519IV-DESPESAS CAPITAL 18.208.438 18.401.121 15.734.519 32.192.614 29.315.435 33.455.640 147.307.766 83,74%4.1-Outras Desp. de Capital 0 0 0 0 1.112 0 1.112V-SALDO (REC.-DESP.) -259.733 3.172.889 10.084.111 5.925.128 10.486.605 21.147.319 50.556.320Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 1996), ANP/PETROBRASNota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n 101, Portaria STN n0 212/2001

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indenização dos royalties do petróleo no período foi de 519,73%, o que revela o

impacto amplamente favorável dessa receita nos cofres municipais.

Todas as variáveis do quadro geral de finanças públicas da Área do Petróleo

Potiguar obtiveram um crescimento real, considerando que os percentuais obtidos

foram superiores a inflação do período. O principal crescimento foi com a receita

dos royalties do petróleo, principalmente após o ano de 1998.

Confrontando este crescimento, agora apontado, com os aspectos de infra-

estrutura e da socioeconomia (cap. 2.3), vê-se que houve um acentuado

desequilíbrio entre os resultados.

No item educação, a média dos municípios da área em estudo reduziu o grau

de analfabetismo de 42,52% no início da década de 90 para 28,64% em 2000.

Houve um crescimento positivo nesse item, porém ficou abaixo do atingido pelo

Estado, que foi de 23,70%. Cabe ressaltar que, nesse período, tanto o Estado como

os Municípios foram beneficiados pelo Governo Federal com a liberação de

recursos para a realização de diversos programas educacionais. Entre os principais

programas, podem ser destacados: o programa Bolsa Escola (incentivar, por meio

de apoio financeiro, o progresso educacional das crianças de famílias de menor

renda, estimulando a universalização do ensino e contribuindo para a redução da

evasão escolar e da repetência), Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos,

Programa de Alfabetização Solidária, Programa de Formação de Professores, entre

outros.

No item atendimento ao abastecimento d’água a melhoria foi incipiente,

saindo de um percentual de 46,55% em 1991 para 65,05% em 2000. No item

saneamento os resultados foram e continuam sendo vergonhosos: de 7,39% de

domicílios saneados em 1991, “cresceu” apenas 11,55% em 2000. A renda média

saltou de R$ 278,31 em 1991 para R$ 312,60, revelando um crescimento de

12,88%, muito abaixo da inflação acumulada no mesmo período.

O conjunto dos dados exemplificados, mostra que o crescimento acelerado

(os principais itens cresceram acima de 100%) só conseguiu gerar um grau de

desenvolvimento social lento no conjunto dos municípios da referida área

petrolífera.

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A diferença parece ter sido diluída no processo de “mais-valia”, que

historicamente tem beneficiado as elites da sociedade brasileira, e em particular

àquelas que estão nos municípios da Área do Petróleo Potiguar.

Considerando o impacto das principais variáveis em estudo no quadro geral

da Área do Petróleo Potiguar, este trabalho selecionou uma amostra dos municípios

para averiguar o comportamento das contas públicas e os resultados obtidos. Os

municípios escolhidos foram os de Mossoró e Guamaré. A escolha deveu-se ao fato

de que o diagnóstico dos resultados destes representam a média entre os maiores e

menores municípios da referida área e ao mesmo tempo foram os principais

recebedores de royalties do petróleo no período estudado.

A tabela n0 23 mostra o total das principais contas de finanças públicas do

município de Mossoró, no período de 1995 a 2000, considerando os valores

nominais e históricos.

Tabela n0 23 - Total de Finanças Públicas do Município de Mossoró - Período 1995 a 2000Valores Históricos - (R$ 1)

MUNICÍPIO - MOSSORÓ 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTALRECEITA TOTAL 37.432.203 30.772.663 57.224.816 66.744.284 69.505.060 95.481.165 357.160.191I-RECEITAS CORRENTES 35.929.203 30.772.663 55.247.256 62.521.764 69.505.060 89.031.445 343.007.3901- Receita Tributária 3.160.000 9.454.450 3.659.522 1.488.638 3.800.000 4.629.098 26.191.7081.2- ISS 3.160.000 3.539.200 3.659.522 1.488.638 3.800.000 4.629.098 20.276.4582-Transferências Correntes 25.859.000 20.173.978 31.212.042 36.604.413 59.797.577 40.722.447 214.369.4582.1- União 10.119.000 10.960.314 11.991.431 18.667.370 57.508.865 17.174.324 126.421.3052.1.1- FPM 10.119.000 10.960.314 11.991.431 18.667.370 57.508.865 17.174.324 126.421.3052.2- Estado 15.740.000 9.213.664 19.220.611 17.937.043 2.288.712 23.548.123 87.948.1532.2.1- ICMs 15.740.000 9.213.664 19.220.611 17.937.043 2.288.712 23.548.123 87.948.1533-Outras Rec.Correntes 939.203 1.144.235 1.214.876 1.562.499 3.797.843 5.067.810 13.726.4653.1- Indenização de Royalties 939.203 1.144.235 1.214.876 1.562.499 3.797.843 5.067.810 13.726.4653.2- Outras receitas 0 0 0 0 0 0 0II-RECEITAS DE CAPITAL 1.503.000 0 1.827.000 2.166.033 0 6.385.420 11.881.4532.3-Outras Rec. Capital 1.503.000 0 1.827.000 2.166.033 0 6.385.420 11.881.453DESPESA TOTAL 37.979.000 29.942.930 55.760.000 70.730.892 70.106.711 83.829.161 348.348.694III-DESPESAS CORRENTES 21.295.000 26.035.850 21.759.000 23.317.125 24.068.536 28.753.592 145.229.1033.1-Pessoal e Enc.Sociais 21.295.000 19.165.500 21.759.000 23.317.125 24.068.536 28.753.592 138.358.753IV-DESPESAS CAPITAL 3.986.000 3.907.080 5.211.000 11.892.100 6.585.593 9.383.541 40.965.3144.1-Outras Desp. de Capital 3.986.000 3.109.080 5.211.000 11.892.100 6.585.593 9.383.541 40.167.314V-SALDO (REC.-DESP.) -546.797 829.733 1.464.816 -3.986.607 -601.651 11.652.004 8.811.497Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 1996), PETROBRASNota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n 101, Portaria STN n0 212/2001

Este município é o mais importante da Área do Petróleo Potiguar e os seus

dados de receitas são os mais significativos, superior a todos os demais. Apesar do

contexto histórico anterior à Lei de Responsabilidade Fiscal (2000), os números

mostram que em 1995, 1998 e 1999 as despesas foram maiores que as receitas,

gerando déficit público.

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134

A tabela n0 24, a seguir apresentada, mostra a evolução, a preços

constantes, do quadro de finanças públicas do Município de Mossoró, ao longo do

período de 1995 a 2000. O crescimento real, tomando-se por base a variação da

receita total, foi de 61,55%, sendo um pico superior a inflação do período, que ficou

em 57,89% (IGP-M/FGV).

Tabela n0 24 - Total de Finanças Públicas do Município de Mossoró - Período de 1995 a 2000 Valores Constantes - Base: dez/2000 - (R$ 1)

MUNICÍPIO - MOSSORÓ 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL 00/95RECEITA TOTAL 59.103.056 44.713.479 77.213.748 88.795.962 77.255.736 95.481.165 442.563.145 61,55%I-RECEITAS CORRENTES 56.729.915 44.713.479 74.545.416 83.178.361 77.255.736 89.031.445 425.454.351 56,94%1- Receita Tributária 4.989.438 13.737.562 4.937.813 1.980.469 4.223.747 4.629.098 34.498.1281.2- ISS 4.989.438 5.142.550 4.937.813 1.980.469 4.223.747 4.629.098 25.903.116 -7,22%2-Transferências Correntes 40.829.709 29.313.315 42.114.574 48.698.163 66.465.748 40.722.447 268.143.9562.1- União 15.977.254 15.925.621 16.180.101 24.834.892 63.921.817 17.174.324 154.014.0102.1.1- FPM 15.977.254 15.925.621 16.180.101 24.834.892 63.921.817 17.174.324 154.014.010 7,49%2.2- Estado 24.852.454 13.387.693 25.934.473 23.863.271 2.543.932 23.548.123 114.129.9462.2.1- ICMs 24.852.454 13.387.693 25.934.473 23.863.271 2.543.932 23.548.123 114.129.946 -5,25%3-Outras Rec.Correntes 1.482.941 1.662.603 1.639.238 2.078.734 4.221.349 5.067.810 16.152.6763.1- Indenização de Royalties 1.482.941 1.662.603 1.639.238 2.078.734 4.221.349 5.067.810 16.152.676 241,74%3.2- Outras receitas 0 0 0,00 0 0 0 0II-RECEITAS DE CAPITAL 2.373.141 0 2.465.181 2.881.670 0 6.385.420 14.105.411 169,07%2.3-Outras Rec. Capital 2.373.141 0 2.465.181 2.881.670 0 6.385.420 14.105.411DESPESA TOTAL 59.966.414 43.507.856 75.237.264 94.099.706 77.924.479 83.829.161 434.564.879 39,79%III-DESPESAS CORRENTES 33.623.444 37.830.767 29.359.534 31.020.881 26.752.476 28.753.592 187.340.694 -14,48%3.1-Pessoal e Enc.Sociais 33.623.444 27.847.970 29.359.534 31.020.881 26.752.476 28.753.592 177.357.897IV-DESPESAS CAPITAL 6.293.639 5.677.089 7.031.230 15.821.137 7.319.968 9.383.541 51.526.604 49,10%4.1-Outras Desp. de Capital 6.293.639 4.517.574 7.031.230 15.821.137 7.319.968 9.383.541 50.367.089V-SALDO (REC.-DESP.) -863.358 1.205.623 1.976.484 -5.303.745 -668.743 11.652.004 7.998.266Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 1996), PETROBRASNota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n 101, Portaria STN n0

212/2001

Utilizando-se o mesmo diagnóstico realizado para o total da área em estudo,

as principais variáveis da pesquisa obtiveram o seguinte comportamento no

Município de Mossoró: o ISS resultou –7,22%, revelando um decréscimo na

economia local; o ICMS resultou em –5,25%, mostrando também um decréscimo

nessa arrecadação; o FPM cresceu 7,49%, identificando a contribuição do governo

federal na economia local. Quanto à receita da indenização dos royalties do petróleo

o crescimento no período foi de 241,74%. Este último item foi o que mais contribuiu

para alavancar o crescimento econômico no Município de Mossoró no período de

1995 a 2000.

Confrontando, da mesma forma, este crescimento com os dados de infra-

estrutura e socioeconômicos anteriormente apresentados, vê-se que houve uma

diferença menos acentuada entre os resultados do Município de Mossoró. No item

educação, o município reduziu o grau de analfabetismo de 32,41% no início da

década de 90 para 17,70% em 2000. Houve um crescimento muito positivo nesse

item, superior aos resultados obtidos pelo Estado como um todo. Novamente este

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135

item foi beneficiado com os programas educacionais do Governo federal, e não

propriamente devido a uma ação municipal.

No item atendimento ao abastecimento d’água a melhoria foi incipiente,

saindo de um percentual de 62,56% em 1991 para 88,64% em 2000. No item

saneamento os resultados foram de 14,56% de domicílios saneados em 1991,

cresceu apenas 21,15% em 2000. A renda média saltou de R$ 496,84 em 1991 para

R$ 522,49, revelando um crescimento de 5,96%, muito abaixo da inflação

acumulada no mesmo período.

A distância entre os resultados de crescimento e desenvolvimento no

Município foram um pouco menores, em função dos interesses políticos voltados

para a segunda mais importante cidade do Estado do Rio Grande do Norte e do

nível de conscientização maior da sociedade civil organizada.

O segundo município escolhido foi o de Guamaré. Este é um dos menores

municípios da área em estudo, em termos de dados demográficos e de infra-

estrutura.

A tabela n0 25 mostra o total das principais contas de finanças públicas do

município de Guamaré, no período de 1995 a 2000, considerando os valores

nominais e históricos. Os royalties do petróleo constituem-se na principal receita.

Tabela n0 25 - Total de Finanças Públicas do Município de Guamaré - Período 1995 a 2000

Valores Históricos-(R$ 1)MUNICÍPIO - GUAMARÉ 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL

RECEITA TOTAL 2.809.239 3.049.691 4.159.000 7.151.085 12.397.972 14.378.582 43.945.570I-RECEITAS CORRENTES 2.796.239 3.049.691 4.039.000 6.242.372 12.397.972 12.749.169 41.274.4441- Receita Tributária 18.700 23.200 62.148 52.372 410.000 300.287 866.7071.2- ISS 18.700 20.700 62.148 52.372 410.000 300.287 864.2077-Transferências Correntes 2.074.000 2.586.007 2.963.657 2.406.772 4.994.771 5.023.374 20.048.5817.1- União 564.000 877.324 932.073 930.280 3.974.268 1.379.983 8.657.9277.1.1- FPM 564.000 877.324 932.073 930.280 3.974.268 1.379.983 8.657.9277.2- Estado 1.510.000 1.708.683 2.031.585 1.476.492 1.020.503 3.643.391 11.390.6547.2.1- ICMs 1.510.000 1.708.683 2.031.585 1.476.492 1.020.503 3.643.391 11.390.6548-Outras Rec.Correntes 327.698 440.484 520.174 1.315.955 6.898.120 7.776.651 17.279.0828.1- Indenização de Royalties 327.698 440.484 520.174 1.315.955 6.898.120 7.776.651 17.279.0828.2- Outras receitasII-RECEITAS DE CAPITAL 120.000 1.569.516 1.689.51613-Outras Rec. Capital 120.000 1.569.516 1.689.516DESPESA TOTAL 2.702.000 2.702.000 4.072.200 5.379.653 11.833.473 14.647.521 41.336.847III-DESPESAS CORRENTES 1.784.000 1.784.000 3.302.000 2.963.150 4.996.006 6.203.435 21.032.5911-Pessoal e Enc.Sociais 243.000 243.000 1.211.000 1.299.674 1.617.484 2.112.259 6.726.4173- Outras Desp.Correntes 1.541.000 1.541.000 2.091.000 1.663.476 3.378.522 4.091.176 14.306.174IV-DESPESAS CAPITAL 918.000 918.0007-Outras Desp. de CapitalV-SALDO (REC.-DESP.) 107.239 347.691 86.800 1.771.433 564.499 -268.939 2.608.723Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 1996), PETROBRASNota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n 101, Portaria STN n0 212/2001

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136

A tabela n0 26 mostra a evolução, a preços constantes, do quadro de

finanças públicas do Município de Guamaré, ao longo do período de 1995 a 2000. O

crescimento real, tomando por base a variação da receita total, foi de 224,16%,

sendo também muito superior à inflação do período, que ficou em 57,89% (IGP-

M/FGV).

Tabela n0 26 - Total de Finanças Públicas do Município de Guamaré - Período 1995 a 2000 Valores Constantes - Base: dez/2000 - (R$ 1)

MUNICÍPIOS / CONTAS 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL 00/95RECEITA TOTAL 4.435.608 4.431.280 5.611.761 9.513.736 13.780.500 14.378.582 52.151.468 224,16%I-RECEITAS CORRENTES 4.415.082 4.431.280 5.449.844 8.304.793 13.780.500 12.749.169 49.130.668 188,76%1- Receita Tributária 29.526 33.710 83.857 69.675 455.720 300.287 972.7751.2- ISS 29.526 30.078 83.857 69.675 455.720 300.287 969.142 917,02%7-Transferências Correntes 3.274.713 3.757.535 3.998.879 3.201.946 5.551.750 5.023.374 24.808.1987.1- União 890.520 1.274.775 1.257.650 1.237.635 4.417.448 1.379.983 10.458.0117.1.1- FPM 890.520 1.274.775 1.257.650 1.237.635 4.417.448 1.379.983 10.458.011 54,96%7.2- Estado 2.384.194 2.482.761 2.741.228 1.964.311 1.134.302 3.643.391 14.350.1867.2.1- ICMs 2.384.194 2.482.761 2.741.228 1.964.311 1.134.302 3.643.391 14.350.186 52,81%8-Outras Rec.Correntes 517.414 440.484 701.874 1.750.734 7.667.346 7.776.651 18.854.5033.1- Indenização de Royalties 517.414 640.035 701.874 1.750.734 7.667.346 7.776.651 19.054.054 1402,99%8.2- Outras receitasII-RECEITAS DE CAPITAL 161.917 1.569.516 1.731.43313-Outras Rec. Capital 161.917 1.569.516 1.731.433DESPESA TOTAL 4.266.285 3.926.076 5.494.641 7.157.039 13.153.052 14.647.521 48.644.614 243,33%III-DESPESAS CORRENTES 383.681 2.592.198 1.634.009 1.729.074 1.797.854 2.112.259 10.249.075 450,52%1-Pessoal e Enc.Sociais 383.681 353.085 1.634.009 1.729.074 1.797.854 2.112.259 8.009.962IV-DESPESAS CAPITAL 1.439.990 1.333.878 940.736 3.106.685 7.436.369 8.326.057 22.583.714 478,20%4- Investimentos 1.439.990 1.325.160 940.736 3.106.685 7.436.369 8.326.057 22.574.996V-SALDO (REC.-DESP.) 169.323 305.653 117.120 2.356.697 627.448 -268.939 3.307.303Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 1996), Nota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n 101, Portaria STN n0 212/2001

Fazendo o mesmo diagnóstico realizado para o total da área em estudo, as

principais variáveis da pesquisa obtiveram o seguinte comportamento no Município

de Guamaré: o ISS cresceu 917,02%, revelando um crescimento na economia local,

primeiro porque em 1995 a economia local era muito incipiente e em segundo lugar,

em função das atividades diretas e indiretas relacionadas ao Pólo Industrial de

Guamaré e do surgimento a atividade de carcinicultura; o ICMS cresceu 52,81%,

mostrando a contribuição da economia estadual na economia local; o FPM cresceu

54,96%, identificando a contribuição do governo federal na economia local. Quanto

à receita da indenização dos royalties do petróleo o crescimento no período foi de

1.402,99%, sendo disparadamente a principal receita auferida pelo município nos

últimos anos.

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137

Assim, é possível afirmar que a receita dos royalties do petróleo foi o item

que mais contribuiu para alavancar o crescimento econômico no Município de

Guamaré no período de 1995 a 2000 e o percentual de crescimento foi o maior em

relação aos demais municípios da área em estudo, sendo também um dos maiores

obtidos por municípios produtores de petróleo em todo o país.

Confrontando, da mesma forma, este crescimento com os dados de infra-

estrutura e socioeconômicos anteriormente apresentados, vê-se que houve uma

diferença acentuada entre os resultados do Município de Guamaré. No item

educação, o município reduziu o grau de analfabetismo de 54,24% no início da

década de 90 para 30,70% em 2000. Houve um crescimento muito lento nesse item,

apesar da liberação de recursos e de estrutura do Governo Federal para a

implementação dos diversos programas governamentais. Como este município

estava inserido na faixa do IDH-M menor que 0,500 (municípios considerados

pobres em termos de qualidade de vida), praticamente estava apto para obter e

aplicar recursos dos principais programas sociais do Governo Federal.

No item atendimento ao abastecimento d’água a melhoria foi acentuada,

saindo de um percentual de 2,80% em 1991 para 74,47% em 2000. No item

saneamento, o quadro é estarrecedor: em 1991 o percentual foi zero; em 2000

atingiu apenas 0,67% de domicílios saneados, o que pode ser considerado nulo. A

renda média saltou de R$ 270,64 em 1991 para R$ 289,33 revelando um

crescimento de 6,90%, muito abaixo da inflação acumulada no mesmo período.

O que chama a atenção no Município de Guamaré, entre outros aspectos, é

que as receitas mensais e anuais estão entre as maiores do Estado, porém os

retornos sobre o desenvolvimento são praticamente nulos. O impressionante

crescimento das receitas dos royalties do petróleo, por exemplo, não foram

suficientes para alavancar um programa para erradicar o analfabetismo, a geração

de emprego e renda, o acesso aos meios de telecomunicações etc, que ainda hoje

são precários.

Sobre os demais municípios da Área do Petróleo Potiguar, pode-se afirmar

que o quadro de finanças públicas segue a mesma situação de desequilíbrio entre o

crescimento econômico, gerado pelo aumento das receitas de transferências

correntes (FPM, ICMs e Royalties do Petróleo) e o desenvolvimento

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138

socioeconômico lento, demonstrado nos itens sociais e de infra-estrutura. As

tabelas de finanças públicas dos anos de 1995 a 2000, constantes no ANEXO I,

confirmam a dinâmica das receitas e despesas dos municípios da área em estudo.

Ainda sobre a abordagem do desequilíbrio ente crescimento acelerado e

desenvolvimento lento, é importante fazer uma separação entre os maiores e

menores municípios da área em estudo. Observando os maiores (como é o caso de

Mossoró, Açu, Areia Branca, Apodi, Macau e Caraúbas) os ciclos econômicos pré-

existentes já proporcionaram uma alavancagem quanto aos aspectos

socioeconômicos e infra-estrutura. Entre os maiores problemas, encontra-se o

crescimento desordenado das periferias, advindas de uma intensa migração

populacional dos municípios circunvizinhos a estes. Nesses espaços os problemas

de infra-estrutura se evidenciam, como a precária pavimentação de ruas, deficiência

no abastecimento d'água, inexistência de posto de saúde, de escolas, entre outros.

Nas áreas centrais das sedes dos municípios maiores, o quadro de referência é

outro, com ruas pavimentadas e em alguns pontos asfaltadas, sendo disponibilizado

praticamente todos os demais itens de infra-estrutura e sociais.

Observando os municípios considerados menores (como é o caso de Alto do

Rodrigues, Carnaubais, Felipe Guerra, Gov. Dix-Sept Rosado, Guamaré,

Pendências, Porto do Mangue, Serra do Mel e Upanema), vê-se um quadro de infra-

estrutura e social de maior precariedade. Há cidades em que não funciona o

atendimento médico, não há agências bancárias, o comércio é incipiente e o ensino

não vai além do fundamental. (1a a 8a séries). Há algumas exceções, do ponto de

vista do bom estado de conservação das ruas, como é o caso de Upanema e Alto

do Rodrigues.

Como foi visto, a Bacia Potiguar é composta dos municípios produtores dos

Estados do Ceará (Icapuí e Aracati) e do Rio Grande do Norte (15 municípios da

Área do Petróleo Potiguar). Mesmo não fazendo parte diretamente da amostra

principal, este estudo introduz uma referência ao trabalho realizado no município de

Icapuí/CE.

O município de Icapuí é uma referência mundial, tendo recebido da UNICEF

um prêmio especial. Por este prêmio, Icapuí recebeu por duas vezes o "Selo

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UNICEF Município Aprovado", que é conferido aos municípios que se preocupam

com o bom desenvolvimento de crianças e adolescentes.

O projeto de educação, garantindo a totalidade das suas crianças e

adolescentes na escola, foi um feito que rendeu ao município o prêmio "Criança e

paz - edcuação", outorgado pelo UNICEF em 1991 e o prêmio "Gestão Pública e

Cidadania", outorgado pela Fundação GETÚLIO VARGAS e Fundação FORD, em

1996, por alcançar percentuais aproximados ao 100% de escolarização dos 6 aos

17 anos no município.

Entre outras práticas de governo, cabe destacar o programa de transparência

das contas públicas, através do orçamento participativo.

Conforme a Figura 25, vê-se que na lateral da residência do prefeito, um

quadro de prestação de contas, com os dizeres: "De onde vem o dinheiro" e "Para

onde vai". Todos os itens de receita e despesas são colocados publicamente, tendo

como base a frase abaixo no quadro "quando se administra com transparência, tudo

fica claro".

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001

Figura 25 -Foto da placa de Finanças Públicas no Município de Icapuí

Outros quadros, com a mesma finalidade de prestações das contas públicas,

são colocadas nas entradas da cidade, conforme visto na Figura 26. Elas estão

instaladas na entrada para quem vem de Fortaleza, assim como do outro lado, para

quem vem do Rio Grande do Norte. O detalhe é que elas são atualizadas

mensalmente.

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140

Fonte: Mário Jesiel de Oliveira Alexandre, 2001

Figura 26 - Foto da placa de Finanças Públicas na rodovia de acesso ao Município de Icapuí/CE

Com o lema "A nossa conta é da sua conta", a prefeitura de Icapuí tem

implementado com sucesso a experiência do Orçamento Participativo. Com este

programa, a população define junto ao governo municipal para aonde vão os

recursos financeiros da administração. A mobilização é feita casa-a-casa, sendo

que nas plenárias são definidas as prioridades. Ocorrem também as plenárias

temáticas com o objetivo de discutir a política e os programas específicos indicando

as demandas estruturais, que tenham como meta atender o município como um todo

(Jornal de Icapuí, 2001, p. 3).

Uma possível mudança no quadro de referência dos municípios da Área do

Petróleo Potiguar, deveria passar pela experiência de Icapuí, deixando que a

população, de forma organizada, participasse diretamente dos destinos do

município.

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4.1.3 - Aspectos legais dos Royalties do Petróleo

Tendo sido apresentado e analisado o quadro de finanças públicas

municipais, este trabalho destaca em seguida a segunda variável da pesquisa,

denominada receita de indenização de royalties. Para tanto, serão considerados

inicialmente os aspectos conceituais e a legislação brasileira sobre os royalties de

petróleo e, posteriormente serão analisados os dados específicos sobre a evolução

da referida indenização, nos municípios da Área do Petróleo Potiguar, entre 1995 a

2000.

A atual legislação brasileira define que os royalties do petróleo são uma

compensação financeira devida ao Estado (Federal, Estadual e Municipal) e

também ao cidadão (Proprietário de Terra), pelas empresas que exploram e

produzem óleo (petróleo) e gás natural. Nas áreas geográficas em que a exploração

dessas matérias-primas é economicamente viável, a sociedade é beneficiada com a

aplicação dos recursos dos royalties, porém estes são escassos e não renováveis.

A evolução da legislação brasileira sobre os royalties começa com a Lei n0

2.004, de 3 de setembro de 1953, no mesmo ano da criação da empresa

PETROBRAS, que na ocasião exerceu o monopólio da atividade de petróleo no

país.

A Lei n0 2.004/53 estabeleceu os seguintes critérios para o pagamento dos

royalties do petróleo: nome do pagamento - indenização; responsável - a

PETROBRAS e suas subsidiárias; o percentual - 5 % sobre o valor da produção

terrestres de óleo extraído ou xisto ou do gás; a periodicidade do pagamento

determinada foi trimestral; os beneficiados foram os Estados, Territórios e

Municípios com lavra de petróleo, e por fim, a gestão dos recursos foi determinada

para ser aplicada, preferencialmente, na produção de energia elétrica e na

pavimentação de rodovias.

A primeira modificação na legislação dos royalties do petróleo, ocorreu com a

Lei n0 3.257/57, que estabeleceu os mesmos critérios da Lei anterior, alterando

apenas a forma de distribuição do pagamento dos royalties, em que coube aos

Estados e Territórios (4%) e aos Municípios (1%).

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A Lei n0 7.453/85 estabeleceu um maior detalhamento sobre os royalties do

petróleo, principalmente pela inclusão do direito ao pagamento pela produção na

plataforma continental e maior abrangência para a aplicação dos recursos. A

referida Lei, assim definiu os novos critérios para o pagamento dos royalties do

petróleo: nome do - indenização; responsável - a PETROBRAS e suas subsidiárias;

o percentual - 5 % sobre o valor do óleo extraído ou xisto ou do gás, onde se fizer a

lavra ou na plataforma continental confrontante aos Estados, Territórios e

Municípios; a periodicidade do pagamento determinada foi trimestral; a forma de

distribuição foi dividida em terra (Estados e Territórios 4% e Municípios 1%) e em

Mar (Estados e Territórios 1,5%, Municípios 1,5% , Ministério da Marinha 1% e

Fundo Especial para Estados, Territórios e Municípios 1%) e por fim, a gestão dos

recursos foi determinada para ser aplicada, preferencialmente, em energia elétrica,

pavimentação de rodovias, abastecimento e tratamento de água, irrigação, proteção

ao meio ambiente e saneamento básico.

A Lei n0 7.525/86 estabeleceu normas complementares, detalhando as áreas

a serem consideradas para efeito da indenização a ser calculada sobre o valor do

óleo de poço ou de xisto betuminoso e do gás natural extraído da plataforma

continental. De acordo com o Guia dos Royalties do Petróleo e do Gás Natural,

“foram introduzidos os conceitos de região geoeconômica e da extensão dos limites

territoriais dos Estados e municípios litorâneos na plataforma continental, ambos da

competência do IBGE” (ANP, 2001, p. 12).

O Decreto n0 93.189, de 29 de agosto de 1986, regulamentou o traçado de

linhas de projeção dos limites territoriais dos Estados, Territórios e Municípios a ser

utilizado pelo IBGE para a definição de poços confrontantes (ANP, 2001, p. 12).

Ainda sobre a Lei n0 7.525/86, é importante destacar a nova redação

estabelecida ao § 30 do art. 27 da Lei n0 2.004/53, que dispõe sobre a aplicação dos

recursos da indenização:

§ 30 Ressalvados os recursos destinados do Ministério da Marinha, os demais recursos previstos neste artigo serão aplicados pelos Estados, Territórios e Municípios, exclusivamente [sem grifo no original], em energia, pavimentação de rodovias, abastecimento e tratamento de água, irrigação, proteção ao meio ambiente e em saneamento básico

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143

Em 28 de dezembro de 1989, a Lei n0 7.525 estabeleceu nova redação e

modificou o artigo 27 da Lei n0 2.004/53, a saber: nome do pagamento –

compensação financeira; responsável - a PETROBRAS e suas subsidiárias; o

percentual - 5 % sobre o valor do óleo extraído ou xisto ou do gás, onde se fizer a

lavra ou na plataforma continental confrontante aos Estados, Territórios e

Municípios; a periodicidade do pagamento mensal; a forma de distribuição foi

estabelecida de duas maneiras:

(1) Os 5% para Estados, Distrito Federal e Municípios com lavra de petróleo

e onde se localizarem instalações marítimas ou terrestres de embarque ou

desembarque, serão distribuídos: 70% aos Estados produtores, 20% aos Municípios

produtores e 10% aos Municípios onde se localizarem as instalações.

(2) Os 5% para os Estados, Distrito Federal e Municípios confrontantes com a

plataforma continental onde houver extração de óleo, xisto ou gás: Estados e

Distrito Federal 1,5%, Municípios Produtores 1,5%, Municípios com instalações de

embarque e desembarque 0,5%, Ministério da Marinha 1% e Fundo Especial a ser

distribuído a todos os Estados e Municípios 0,5%.

Por fim, a Lei n0 7.525/89, quanto a aplicação dos recursos dos royalties do

petróleo, determinou a seguinte redação: “vedada a aplicação em pagamento de

dívidas e no quadro permanente de pessoal”.

A Lei n0 7.990/89, regulamentada posteriormente pelo Decreto n0 01, de 11

de janeiro de 1991, introduziu nova alteração na distribuição dos royalties,

concedendo 0,5% aos municípios onde se localizarem instalações de embarque e

desembarque de petróleo ou gás natural. Para acomodar esta alteração, o

percentual dos Estados foi reduzido de 4% para 3,5%, quando a lavra ocorresse em

terra, e o percentual do Fundo Especial foi reduzido de 1% para 0,5%, quando a

lavra ocorresse na plataforma continental. Sobre “onde aplicar os recursos”, o

Decreto n0 01/91 estabeleceu a seguinte redação: “aplicar os recursos

exclusivamente [sem grifo no original] em energia, pavimentação de rodovias

abastecimento e tratamento de água, irrigação, proteção ao meio ambiente e em

saneamento básico”.

Um dos fatos mais importantes na evolução da legislação dos royalties foi o

surgimento da Lei n0 9.478, de 06 de agosto de 1997, conhecida como a Lei do

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Petróleo. Esta lei, definiu uma nova política do setor petróleo do país, instituiu o

Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo (ANP),

além de apresentar novo texto sobre a legislação dos royalties. O novo texto

aumentou para 10% a alíquota básica para o pagamento dos royalties.

O artigo 47 da referida Lei, assim estabeleceu: “os royalties serão pagos

mensalmente, em moeda nacional, a partir do início da produção comercial de cada

campo, em montante a dez por cento da produção de petróleo ou gás natural”. Por

sua vez, o parágrafo 10, do referido artigo e lei, se reporta a condição de que,

tendo em conta os riscos geológicos, as expectativas de produção e outros fatores pertinentes, a ANP poderá prever, no edital de licitação correspondente, a redução do valor dos royalties para um montante a, no mínimo, cinco por cento da produção.

Quanto a forma de distribuição dos royalties, ficou estabelecido o seguinte

critério:

Art. 49. A parcela do valor do royalty que exceder a cinco por cento da produção terá a seguinte distribuição: I – Quando a lavra ocorrer em terra ou em lagos, rios, ilhas fluviais e lacustres: a)52,5% aos Estados onde ocorrer a produção; b)15,0% aos Municípios onde ocorrer a produção; c)7,5% aos Municípios que sejam afetados pelas operações de embarque e desembarque de petróleo e gás natural, na forma e critério estabelecidos pela ANP; d)25% ao Ministério da Ciência e Tecnologia para financiar programas de amparo à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico aplicados à indústria do petróleo. II- Quando a lavra ocorrer na plataforma continental: a)22,5% aos Estados produtores confrontantes; b)22,5% aos Municípios produtores confrontantes; c)15,0% ao Ministério da Marinha para atender aos encargos de fiscalização e proteção dos territórios de produção; d)7,5% aos Municípios que sejam afetados pelas operações de embarque e desembarque de petróleo e gás natural, na forma e critério estabelecidos pela ANP; e)7,5% para constituição de um fundo especial, a ser distribuído entre todos os Estados, territórios e municípios, mediante critérios do IBGE; f)25% ao Ministério da Ciência e Tecnologia para financiar programas de amparo à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico aplicados à indústria do petróleo.

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A Agência Nacional do Petróleo (ANP) foi implantada através do Decreto n0

2.455, de 15 de janeiro de 1998. Os critérios para cálculo dos royalties foram

estabelecidos através do Decreto Lei n0 2.705, de 03 de agosto de 1998, que assim

definiu:

Art. 11. Os royalties constituem compensação financeira devida pelos concessionários de exploração e produção de petróleo e gás natural, e serão pagos mensalmente com relação a cada campo, a partir do mês em que ocorrer a data de início da respectiva produção, não sendo permitidas quaisquer dedução.

No artigo seguinte, a referida lei conceitua o critério de pagamento dos

royalties a partir dos territórios em que existam campos de exploração e extração de

petróleo, a saber:

Art. 12. O valor dos royalties devidos a cada mês com relação a um campo será determinado multiplicando-se o equivalente a dez por cento do volume total de produção de petróleo e gás desse campo durante esse mês pelos seus respectivos preços de referência.

Esta nova lei trouxe uma mudança significativa no total de royalties pagos ao

Governo e Municípios, uma vez que o percentual do valor passou de 5%, da lei

anterior, para um montante mínimo de 5% variando até 10%. Este pagamento é

devido, também, aos Estados, Distrito Federal e Municípios confrontantes e ao

ministério da Marinha.

Um detalhe bastante importante da Lei 9.478, de 06 de agosto de 1997, foi à

inclusão do art. 52, sobre o pagamento aos proprietários de terra, que diz:

Art. 52. Constará também do contrato de concessão de bloco localizado em terra cláusula que determine o pagamento aos proprietários de terra de participação equivalente, em moeda corrente, a um percentual variável entre cinco décimos por cento e um por cento da produção de petróleo ou gás natural, a critério da ANP.

Além dos municípios produtores, têm o direito ao recebimento dos royalties,

os chamados municípios confrontantes, limítrofes e os que sofrem influência

geoeconômica em função da atividade de petróleo. O conceito de “município

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confrontante” está definido no decreto Lei 2.705, de 06/08/1998, em seu art. 15,

parágrafo 20, que diz:

§20 Para efeito deste Decreto, consideram-se confrontantes com a plataforma continental onde se realizar a produção os Estados e Municípios contíguos ao Território marítimo, delimitado pelas linhas de projeção dos respectivos limites territoriais, até a linha de limite da plataforma continental, onde estiver situado o campo produtor de petróleo ou gás natural.

Por esta razão, além dos 15 municípios produtores da Área do Petróleo

Potiguar, cerca de 82 municípios não produtores têm recebido royalties ao longo

dos últimos anos, em face da produção das plataformas marítimas. A presença

marcante dos royalties do petróleo corresponde a 97 municípios do Estado (58%),

mesmo em lugares onde não se produz uma única gota de óleo.

No sentido de expandir os estudos sobre a influência dos royalties nas

finanças municipais, é importante conhecer a “fórmula de pagamento dos royalties”,

determinado para cada campo de petróleo, que por sua vez o valor é consolidado

por município.

O valor dos royalties, devido a cada mês em relação ao campo de produção

de petróleo é determinado multiplicando-se o equivalente a 10% (dez por cento) do

volume de produção de petróleo e gás natural do campo existente durante o mês

pelos respectivos preços de referência (R$/m3). Poderá haver uma redução do

percentual de 10% (dez por cento) até um mínimo de 5% (cinco por cento) do

volume total da produção (V/R), tendo em vista os riscos geológicos, as

expectativas de produção e outros fatores pertinentes ao campo petrolífero.

É importante destacar que o preço de referência aplicado a cada mês ao

petróleo produzido no campo é igual à média ponderada dos seus preços de venda,

em condições de mercado, praticados pelo concessionário, ou o seu preço mínimo,

estabelecido pela ANP, aplicando o que for maior. (ANP, 2001, p.24).

A metodologia de cálculo do preço mínimo para cada tipo de petróleo

nacional, estabelecida na Portaria n0 206, de 29/08/2000, utiliza como referência à

média mensal das cotações diárias do preço do petróleo tipo Brent Dated,

comercializado no mercado europeu. Em outras palavras, o preço mínimo do

petróleo nacional, em dólares americanos, é o preço do petróleo Brent Dated. O

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preço em dólar é convertido para a moeda nacional (R$) pela média mensal das

cotações diárias da taxa de câmbio para compra da moeda americana.

No caso dos municípios produtores de petróleo no Rio Grande do Norte, a

maioria dos campos corresponde ao percentual de 10% do volume de produção. A

tabela 27, a seguir, demonstra as variáveis da chamada “fórmula de pagamento dos

royalties”:

Tabela 27 – Fórmula de pagamento de royalties Nome

do

Campo

V/R

(%)

Produção

(m3)

Preço de

Referência

(R$/m3)

Valor da Compensação

Dos Royalties

Rcampo óleo e Rcampo gás

Valor Total

Do Royalties

Rtotal

5% Acima 5% J K L

Terra/

Mar

%

A

Petróleo

B

Gás

C

Petróleo

D

Gás

E

Petróleo

F= 5%*

B*D

Gás

G=

5%*C*E

Petróleo

H= (A-

5%)*B*D

Gás

I=(A-

5)*C*E

Petróleo

F+H

Gás

G+I

Total

J + K

Fonte: ANP, 2000.

V/R= % da produção, 5% a 10% Rcampo_Óleo = 5% x (Produção x Preço de Referência) + V/R% - 5 (Produção x Preço de Referência)

Rcampo_Gás = 5% x (Produção x Preço de Referência) + V/R% - 5 (Produção x Preço de Referência)

Rtotal = Rcampo_óleo + Rcampo_Gás

Assim, para compor a “fórmula de pagamento dos royalties”, a produção de

petróleo (óleo e gás natural) dos municípios produtores é determinada mensalmente

pela PETROBRAS. Já o percentual do volume de produção/royalties (V/R) e o preço

de referência (R$/m3) é determinado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), que

por sua vez, apura os resultados e encaminha os recursos provenientes dos

royalties para a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), do Ministério da Fazenda,

que repassará aos Governos dos Estados e Municípios beneficiados.

É importante acrescentar que muito embora a Lei nº 9.478/97 estabeleça o

modo como os royalties e participações especiais devam ser divididos, não

especifica rubricas onde Estados e municípios devam empregá-los.

A partir desse ponto, o Tribunal de Contas da União – TCU, órgão

responsável pelo controle das verbas dos royalties, uma vez que estes são

repasses federais, passou a entender que não mais seria obrigado a fiscalizar a

aplicação desses recursos.

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Desde 1995, com a edição da Instrução Normativa nº 06/94, os recursos de royalties do petróleo passaram a ser fiscalizados tão-somente por meio da realização de auditorias e inspeções, ficando Estados e Municípios dispensados da apresentação, ao TCU, da prestação de contas anual dos valores recebidos. Esse entendimento foi mantido pela Instrução Normativa nº 12/96 (TCU, 2001).

Como resultado, desde então estados e municípios não se reportam ao TCU

quanto ao uso dos royalties do petróleo. A fragilidade da questão reside justamente

na falta de transparência no uso desse dinheiro. Ao propor um trabalho de pesquisa

em torno da influência dos royalties sobre uma área geográfica, estamos

convencidos de sua contemporaneidade e do interesse público na gestão da

responsabilidade financeira.

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4.1.4- Análise dos royalties do petróleo: estudo no período 1995 a 2000

A relevância da receita dos royalties do petróleo para a política fiscal e de

desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte, e em particular, para os

municípios que compõem a Área do Petróleo Potiguar, ficou evidenciado nos

capítulos anteriores desta parte do trabalho.

Um volume de recursos na ordem de 10% do total das receitas do Estado não

é desprezível (Por exemplo, em 2000 correspondeu a 10,26% do total do Estado).

A existência das referidas receitas mostram-se de extrema importância para o

Governo Estadual e seus municípios, pois os expressivos e constantes

crescimentos dos valores repassados pelo Governo Federal, disponibilizam

recursos para aplicação em melhoria da situação financeira, investimentos e em

ações sociais que possibilitam alterar favoravelmente a qualidade de vida das

populações.

No âmbito nacional, os royalties do petróleo beneficiam 15 Estados da

Federação. A tabela 28 mostra a distribuição nacional de royalties sobre a produção

de petróleo e de gás natural, segundo beneficiários no período de 1995 a 2000.

O Estado do Rio de Janeiro é o principal beneficiário dessa receita no país.

No ano de 2000, como exemplo, cerca de 61% da arrecadação total foi destinada a

esta Unidade da Federação. Isto se deve ao fato de que a Bacia de Campos,

localizada no Rio de Janeiro, é o maior produtor de óleo e gás natural do país.

Em segundo lugar, está posicionado o Estado do Rio Grande do Norte. No

ano de 2000, como exemplo, cerca de 10,35% da arrecadação total foi destinada a

esta Unidade da Federação. Este recurso é oriundo da produção de óleo e gás

natural da Bacia Potiguar, relativa ao Estado do Rio Grande do Norte.

Chama a atenção, o crescimento vertiginoso, no período estudado, do Estado

do Amazonas. Isto se deveu, a entrada em produção do campo de petróleo da Base

de Urucu, instalado em plena selva amazônica brasileira. Outro aspecto a destacar,

é que a União absorve considerável parcela do montante, destinando recursos para

o Ministério de Ciência e Tecnologia, comando da Marinha e Fundo Especial do

Governo Federal (aplicado em programas emergenciais e calamidade pública).

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Será analisado, a partir de agora, exclusivamente a influência dos royalties

do petróleo no Estado do Rio Grande do Norte.

Ano Municípios do RN Governo do Estado Total1983 0,20 1,00 1,201984 1,00 4,20 5,201985 1,20 4,60 5,801986 1,50 6,20 7,701987 1,90 7,60 9,501988 2,90 8,90 11,801989 1,90 8,00 9,901990 5,60 8,60 14,201991 5,10 10,00 15,101992 4,30 9,00 13,301993 4,20 8,40 12,601994 4,70 9,40 14,101995 4,03 7,90 11,931996 4,43 9,18 13,611997 4,48 9,51 13,991998 5,88 12,25 18,121999 15,65 29,43 45,072000 22,76 44,26 67,02Total 91,72 198,43 290,15

Fonte: Petrobras. Nota:Elaborado pelo autor, 2002

Tabela 29 - Evolução do recebimento de royalties de petróleo no RN -

US$ milhões

1995 1996 1997 1998 1999 2000Total Geral no País 122.707 154.364 190.611 286.543 999.405 1.867.753 86,89

Unidades da Federação 96.988 121.248 147.780 211.080 673.690 1.246.147 84,97

Rio de Janeiro 47.132 60.817 80.604 116.594 396.748 764.865 92,78Rio Grande do Norte 14.543 18.722 20.798 30.399 91.933 128.929 40,24Bahia 12.457 13.617 13.978 19.112 52.674 90.191 71,22Amazonas 2.253 3.460 4.962 8.747 27.788 65.138 134,41São Paulo 2.493 3.448 4.058 6.153 22.464 51.750 130,37Sergipe 7.225 8.416 8.549 10.811 30.037 49.795 65,78Espírito Santo 2.639 3.256 3.708 5.050 15.064 28.051 86,21Ceará 2.321 2.522 2.633 3.284 9.098 15.786 73,51Alagoas 1.974 1.863 1.909 2.760 8.140 14.452 77,54Pernambuco 1.120 1.289 1.829 2.550 5.640 10.756 90,72Rio Grande do Sul 806 1.031 1.365 1.908 4.621 8.857 91,66Santa Catarina 236 258 341 814 3.820 6.326 65,61Paraná 1.387 1.838 2.071 1.682 2.958 6.094 105,99Minas Gerais 201 454 632 791 1.764 3.365 90,78Paraíba 201 258 341 425 940 1.793 90,72

União 25.719 33.116 42.831 75.463 325.716 621.605 90,84

Ministério Ciência Tecnologia .. .. .. 14.070 120.240 228.430 89,98Comando da Marinha 17.146 22.077 28.554 40.944 137.007 262.117 91,32Fundo Especial 8.573 11.039 14.277 20.449 68.469 131.058 91,41

Fonte: ANP, conforme as Leis n.º 7.990, de 28/12/89, e n.º 9.478, de 06/08/97, e o Decreto nº 2.705, de03/08/98.Nota: Municípios da Federação em ordem crescente, com base no ano de2000

BeneficiáriosDistribuição nacional dos royalties do petróleo 00/99

%

Tabela 28: Distribuição nacional de royalties sobre a produção de petróleo e de gás natural,segundo beneficiários - 1995-2000 (R$)

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151

Vê-se na Tabela 29 sobre a evolução do recebimento de royalties de

petróleo, que ao longo dos últimos 18 anos foram injetados na economia potiguar

mais de 290 milhões de dólares, decorrentes da receita de royalties de petróleo.

Na visão gráfica, percebe-se através da Figura 27, a evolução crescente do

recebimento dos royalties do petróleo no Rio Grande do Norte. O crescimento

acelera-se a partir de 1998, com o aumento da alíquota dos royalties para 10% da

produção, conforme demonstrado no capítulo anterior.

Os royalties do petróleo beneficiam as receitas do Governo do Estado, dos

Municípios produtores terrestres e não produtores (confrontantes, limítrofe e da área

de influência geoeconômica).

A Tabela 30 mostra o recebimento dos royalties de petróleo, com destaque

para os municípios da Área do Petróleo Potiguar, no período de 1995 a 2000. A

maior parcela, ao longo desse período, foi destinada ao Governo do Estado. Entre

os municípios da área petrolífera, os principais beneficiados são: Guamaré,

Mossoró, Areia Branca e Macau.

Fonte: Petrobras, 2001

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

-2

8

18

28

38

48

58

68US$ milhões

Anos

Figura 27- Gráfico da Evolução do recebimento dos royalties de petróleo no RN:1983 a 2000

Fonte: Petrobras

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152

Além do incremento à receita dos Municípios e Governo, o acentuado

aumento a partir de 1999, ampliou em média mais de três vezes o montante de

royalties de petróleo recebido.

O maior recebedor no período, que foi o município de Guamaré, por exemplo,

em 1998 recebeu R$ 1.315.955 e no ano seguinte, o montante foi ampliado em mais

de cinco vezes, resultando em R$ 6.898.120.

O menor recebedor no período, que foi o Município de Porto do Mangue, por

exemplo, quando comparado com os demais, em 1995 não recebia nenhum recurso

e no final de 2000, auferiu mais de hum milhão de reais. Entre 1998 e 1999, o

aumento do recebimento dos royalties ampliou-se em mais de seis vezes.

Este aumento geral deveu-se particularmente ao aumento na alíquota do

percentual dos royalties e à variação do preço de referência (Baseado no preço do

barril de petróleo – US$ Brent), e não em função do aumento da produção de

petróleo na Bacia Potiguar, que no período citado não foi crescente.

Outro aspecto importante é considerar a variação real dos recebimentos dos

royalties de petróleo em solo potiguar. Para tanto, a Tabela 31 apresenta a

distribuição dos royalties de preços no período de 1995 a 2000, a um mesmo nível

de preços (a data-base considerada foi 12/2000 e o indicador inflacionário utilizado

foi o IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas).

Valores Históricos (R$1)Municípios Produtores de

Petróleo Valores Nominais 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Total

MunicípioAÇU 194.070 267.697 258.447 388.876 1.287.726 1.735.493 4.132.309ALTO DO RODRIGUES 497.557 559.224 562.542 731.374 1.775.449 2.310.077 6.436.222APODI 260.172 325.942 310.713 512.189 1.494.975 2.300.781 5.204.774AREIA BRANCA 493.477 669.628 816.762 1.143.531 3.645.071 6.181.225 12.949.693CARAUBAS 86.474 112.258 109.737 158.395 376.442 579.395 1.422.700CARNAUBAIS 234.818 285.944 334.191 336.467 838.079 1.076.642 3.106.141FELIPE GUERRA 59.157 68.897 77.633 184.256 798.092 963.333 2.151.369GOV. DIX-SEPT ROSADO 108.339 147.366 184.084 275.614 783.004 1.089.760 2.588.168GUAMARÉ 327.698 440.484 520.174 1.315.955 6.898.120 7.776.651 17.279.083MACAU 435.174 575.260 719.344 1.122.238 3.392.788 4.871.959 11.116.762MOSSORÓ 939.203 1.144.235 1.214.876 1.562.499 3.797.843 5.067.810 13.726.465PENDÊNCIAS 116.413 141.505 150.836 222.148 887.595 1.380.730 2.899.226PORTO DO MANGUE 0 104 80.440 164.534 634.577 1.140.607 2.020.262SERRA DO MEL 33.088 40.684 92.766 127.240 321.606 518.633 1.134.018UPANEMA 96.845 133.104 174.570 246.403 739.678 997.718 2.388.317Total Municípios Produtores 3.882.484 4.912.331 5.607.114 8.491.720 27.671.045 37.990.815 88.555.510

Municípios produtores 3.882.484 4.912.331 5.607.114 8.491.720 27.671.045 37.990.815 88.555.510Municípios não-produtores 1.029.516 1.140.222 1.064.424 1.420.788 4.209.945 5.787.185 14.652.080Governo do Estado RN 9.631.000 12.669.809 14.127.221 20.487.172 60.052.380 85.150.385 202.117.968Total Geral 14.543.000 18.722.363 20.798.759 30.399.680 91.933.370 128.928.385 305.325.558Fonte: PETROBRAS (Anos 1995a1998), ANP (1999, 2000)

Tabela 30 - Recebimento de Royalties de Petróleo no RN - 1995 a 2000

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153

No período de 1995 a 2000, o município que mais arrecadou a receita de

royalties de petróleo foi o de Guamaré, atingindo um montante de R$ 19.054.054,00

(a preços constantes de dez/2000). O crescimento no período desse município foi

de 1402,99%. O conjunto de todos os municípios da Área do Petróleo Potiguar

atingiu o montante de R$ 100.878.476,00, com um crescimento percentual médio de

519,73%.

Outro ponto a considerar, é que a arrecadação total dos royalties do petróleo

para o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, período de 1995 a 2000, atingiu

um montante de R$ 231.833.134,00 (a preços constantes de dez/2000), com

crescimento de 459,95%. Para os municípios não-produtores o montante auferido

foi de R$ 17.095.340,00 (a preços constantes de dez/2000), com crescimento de

256,02%.

Tendo o valor real do recebimento dos royalties de petróleo e os dados

demográficos, determina-se o royalties per capita do período em estudo. A tabela 30

apresenta, então, os royalties per capita dos municípios da Área do Petróleo

Potiguar. O maior destaque é para o município de Guamaré, que obteve, por

exemplo, em 1999 um resultado de R$ 1.260,55 ano por pessoa e R$ 954,31 em

2000.

Valores Constantes - Ano base: 2000 (R$)Classificação dos Municípios

Produtores

1995 1996 1997 1998 1999 2000 Total

Município

00/95

(%)GUAMARÉ 517.414 640.035 701.874 1.750.734 7.667.346 7.776.651 19.054.054 1402,99%MOSSORÓ 1.482.941 1.662.603 1.639.238 2.078.734 4.221.349 5.067.810 16.152.676 241,74%AREIA BRANCA 779.168 972.986 1.102.062 1.521.342 4.051.542 6.181.225 14.608.325 693,31%MACAU 687.111 835.868 970.615 1.493.014 3.771.126 4.871.959 12.629.693 609,05%ALTO DO RODRIGUES 785.610 812.567 759.040 973.013 1.973.433 2.310.077 7.613.741 194,05%APODI 410.796 473.603 419.247 681.411 1.661.684 2.300.781 5.947.522 460,08%AÇU 306.424 388.970 348.724 517.358 1.431.324 1.735.493 4.728.292 466,37%CARNAUBAIS 370.762 415.485 450.926 447.632 931.535 1.076.642 3.692.982 190,39%PENDÊNCIAS 183.808 205.610 203.523 295.544 986.573 1.380.730 3.255.788 651,18%GOV. DIX-SEPT ROSADO 171.060 214.127 248.385 366.675 870.319 1.089.760 2.960.326 537,06%UPANEMA 152.912 193.403 235.548 327.812 822.161 997.718 2.729.555 552,48%FELIPE GUERRA 93.406 100.109 104.751 245.133 887.089 963.333 2.393.820 931,34%PORTO DO MANGUE 0 151 108.538 218.895 705.340 1.140.607 2.173.531 n/dCARAUBAS 136.536 163.113 148.068 210.727 418.420 579.395 1.656.261 324,35%SERRA DO MEL 52.244 59.116 125.170 169.279 357.469 518.633 1.281.911 892,70%Total Municípios Produtores 6.130.193 7.137.745 7.565.709 11.297.304 30.756.710 37.990.815 100.878.476 519,73%

Municípios produtores 6.130.193 7.137.745 7.565.709 11.297.304 30.756.710 37.990.815 100.878.476 519,73%Municípios não-produtores 1.625.541 1.656.773 1.436.233 1.890.203 4.679.406 5.787.185 17.075.340 256,02%Governo do Estado RN 15.206.734 18.409.563 19.061.934 27.255.939 66.748.965 85.150.000 231.833.134 459,95%Total Geral 22.962.468 27.204.081 28.063.876 40.443.445 102.185.081 128.928.000 349.786.950 461,47%Fonte: PETROBRAS (Anos 1995a1998), ANP (1999, 2000)Nota: Atualização de valores BACEN (www.bcb.gov.br/calculadora do cidadão/Variação pelo IGP-DI, disponível 15.08.2002)

Tabela 31 - Recebimento de royalties de petróleo no RN - 1995 a 2000

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154

Um aspecto relevante que este trabalho acrescenta é sobre o rateio dos

royalties de petróleo em face da produção marítima. A figura 25 mostra o mapa dos

municípios do RN que recebem royalties em função da produção de óleo e gás

natural na área marítima. Este mapa mostra a influência geral dos royalties em

terras potiguares, perfazendo mais de 50% da área territorial do Estado. Atinge os

municípios das mesorregiões geográficas oeste potiguar e quase toda central

potiguar.

A legislação sobre este assunto está baseada na lei n0 7.525, de 22 de julho

de 1986 e no Decreto n0 93.189, de 29 de agosto de 1986, quando foi

regulamentado.

O Art. 20, da referida Lei define os critérios preliminares para o pagamento

dos royalties da produção marítima:

O Art. 20, - Para efeitos da indenização calculada sobre o valor do óleo de poço ou de xisto betuminoso e do gás natural extraído da plataforma continental, consideram-se confrontantes com poços produtores os Estados, Territórios e Municípios contíguos à área marítima delimitada pelas linhas de projeção dos respectivos limites territoriais até a linha da plataforma continental, onde estiverem os poços.

O Art. 90, da referida Lei definiu que caberá à Fundação Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE, traçar as linhas de projeção dos limites territoriais

(linha geodésica ortogonal à costa ou segundo o paralelo até o ponto de sua

interseção com os limites da plataforma continental), definir a abrangência as áreas

Valores Constantes- Ano Base: 2000 (R$)Municípios Produtores de Petróleo Valores Reais (Base ano = 2000)

1995 1996 1997 1998 1998 2000 Médio no período

AÇU 7,03 8,92 8,00 11,87 32,84 36,23 17,48ALTO DO RODRIGUES 95,26 98,53 92,04 117,98 239,29 243,19 147,72APODI 13,18 15,19 13,45 21,86 53,30 67,33 30,72AREIA BRANCA 36,73 45,86 51,94 71,71 190,97 274,36 111,93CARAUBAS 6,74 8,06 7,31 10,41 20,66 30,80 14,00CARNAUBAIS 57,69 64,65 70,16 69,65 144,94 131,43 89,75FELIPE GUERRA 15,46 16,57 17,34 40,57 146,82 174,08 68,47GOV. DIX-SEPT ROSADO 16,37 20,50 23,78 35,10 83,31 92,57 45,27GUAMARÉ 85,07 105,23 115,40 287,86 1.260,66 954,31 468,09MACAU 26,44 32,17 37,35 57,46 145,13 189,57 81,35MOSSORÓ 7,71 8,65 8,53 10,81 21,96 23,70 13,56PENDÊNCIAS 16,63 18,60 18,41 26,73 89,24 121,11 48,45PORTO DO MANGUE 0,00 0,04 26,91 54,26 174,85 280,66 89,45SERRA DO MEL 6,52 7,37 15,62 21,12 44,59 62,96 26,36UPANEMA 17,69 22,38 27,26 37,93 95,14 90,78 48,53TOTAL MÉDIO ANUAL 43,00 31,51 35,57 58,35 182,91 184,87Fonte: BACEN (www.bcb.gov.br/calculadora do cidadão/Variação pelo IGP-DI, disponível 15.08.2002)

Tabela 32 - Royalties Per-Capita nos Municípios Produtores de Petróleo no RN - 1995 a 2000

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155

geoeconômicas beneficiadas, publicar a relação dos Estados e Municípios

indenizados e promover semestralmente a revisão dos municípios produtores de

óleo.

A área geoeconômica de um município confrontante foi dividida em 3 (três)

zonas distintas, a saber: 1 (uma) zona de produção principal, 1 (uma) zona de

produção secundária e 1 (uma) zona limítrofe à zona de produção principal.

Como zona de produção principal de uma área de produção petrolífera

marítima, são considerados os municípios confrontantes e os municípios onde

estiverem localizadas 3 (três) ou mais instalações, conforme o explicitado na lei n0

7.525/86, Artigo 40, Parágrafo 10 e Incisos I e II.

De acordo com o IBGE, os municípios do Rio Grande do Norte pertencentes

à zona de produção principal são considerados em duas categorias: 1)

Confrontantes - Areia Branca, Grossos, Guamaré, Macau, Porto do Mangue e

Tibau; 2) Com 3(três) ou mais instalações - Mossoró.

Como zona de produção secundária consideram-se os municípios

atravessados por oleodutos ou gasodutos, incluindo as respectivas estações de

compressão e bombeio, ligados diretamente ao escoamento da produção, até o final

do trecho que serve exclusivamente ao escoamento da produção de uma dada área

de produção petrolífera marítima, ficando excluída os ramais de distribuição

secundários, feitos com outras finalidades (Lei n0 7.525/86, Artigo 40, Parágrafo 20).

Segundo o IBGE não há municípios no Rio Grande do Norte classificado

nesse item. Observando o aspecto legal ora apresentado, a respeito do Artigo 40,

Parágrafo 30 , da lei em referência, este trabalho entende que o Município de

Guamaré/RN, deveria ser incluído nessa condição, uma vez que este exerce essa

função de escoar a produção marítima, via oleodutos e gasodutos, dos campos de

produção marítimos de Agulha, Ubarana, Pescada e Arabaiana.

Por zona limítrofe, entende-se o conjunto dos municípios contíguos aos

integrantes da zona de produção principal, bem como os municípios que embora

não atendendo ao critério de contigüidade, possam ser social ou economicamente

atingidos pela produção ou exploração do petróleo ou do gás natural. (Lei n0

7.525/86, Artigo 40, Parágrafo 30 e regulamentada pelo Decreto n0 93.189/86).

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De acordo com o IBGE, a abrangência da área geoeconômica, que identifica

o conjunto de municípios integrantes da zona limítrofe à zona de produção principal,

foi definida considerando-se, além da vizinhança imediata da área em que se

desenvolve o processo produtivo, os municípios contidos pelos limites das

mesorregiões homogêneas, vigentes até 1989 ou pelos limites das mesorregiões

geográficas, vigentes a partir de 1990.

No caso do Rio Grande do Norte, o IBGE definiu os municípios enquadrados

na zona limítrofe, com base nas mesorregiões geográficas Central Potiguar e Oeste

Potiguar.

É interessante observar que a única exceção corresponde ao município de

Jandaíra, que pertence a mesorregião Agreste Potiguar. Este município foi incluído

porque uma parte do seu território é área limítrofe a um município da zona de

produção principal (No caso, o município de Guamaré).

O ANEXO V, mostra a relação dos municípios do RN incluídos na zona de

produção principal (Z1) com os municípios confrontantes e com mais de 3 (três)

instalações e (Z3) com municípios da zona Limítrofe e de influência geoeconômica,

com as respectivas mesorregiões e microrregiões geográficas, definidas pelo IBGE.

De acordo com o ANEXO V e o Mapa da Figura 28, vê-se que o IBGE

contemplou com o recebimento da receita dos royalties da produção marítima, todos

os municípios da mesorregião geográfica Oeste Potiguar e parte dos municípios da

mesorregião geográfica Central Potiguar.

No entanto, observando atentamente o mapa da Figura 28, há 10 (dez)

municípios pertencentes a mesorregião Central Potiguar que não recebem os

royalties da produção marítima. Estes estão nas mesmas condições dos demais e

enquadram-se perfeitamente nos critérios da Lei n0 7.525/86, Artigo 40, Parágrafo 30

e regulamentada pelo Decreto n0 93.189/86. São municípios que devem ser

incluídos na zona limítrofe, porque mesmo não atendendo ao critério de

contigüidade, podem ser considerados social ou economicamente atingidos pela

produção ou exploração do petróleo ou do gás natural.

Assim, em não havendo razões técnicas ou legais, baseado na legislação

citada, este trabalho propõe a inclusão no rateio do recebimento dos royalties da

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157

produção marítima, os municípios da Mesorregião Central Potiguar, conforme a

relação do Quadro 8 abaixo:

Quadro 8 - Municípios com direito ao recebimento dos royalties da produção marítima

Por fim, com a vigência da portaria da ANP n0 29 de 22 de fevereiro de 2001,

foram excluídos os de Macaíba e Ielmo Marinho, como recebedores de royalties de

petróleo. Na prática, a mudança do conceito de instalações de petróleo, não

contemplou àqueles municípios com a existência de apenas um “city gate”, como

era o caso desses dois citados. A Portaria referida passou a considerar apenas as

instalações de embarque e desembarque de petróleo e gás natural. O Art. 20 e

Parágrafo 20 da referida Portaria, assim determinou:

Para efeitos deste artigo, consideram-se instalações de embarque e desembarque de petróleo ou de gás natural as estações terrestres coletoras de campos produtores e de transferência de petróleo ou gás natural, as monobóias, os quadros de bóias múltiplas, os quadros de âncoras, os píeres de atracação e os cais acostáveis destinados ao embarque e desembarque de petróleo ou gás natural.

Assim, estes dois municípios deixaram de receber as parcelas de royalties de

petróleo, que eram em volume considerável. Os recursos foram redistribuídos, por

rateio, para os municípios da zona limítrofe.

Estes dados e fatos mostram, portanto, a influência da receita dos royalties

do petróleo no Estado do Rio Grande do Norte, considerando o volume de recursos

que são injetados nos cofres do Governo e nos Municípios.

MUNICÍPIO MESORREGIÃO MICRORREGIÃOAngicos Central Potiguar Subzona de João CâmaraBodó Central Potiguar Subzona de Santana do MatosCaiçara do Norte Central Potiguar Subzona de João CâmaraCaiçara do Rio do Vento Central Potiguar Subzona do Agreste CentralFernando Pedroza Central Potiguar Subzona de João CâmaraJardim de Angicos Central Potiguar Subzona de João CâmaraLajes Central Potiguar Subzona de João CâmaraPedra Preta Central Potiguar Subzona de João CâmaraSantana do Matos Central Potiguar Subzona de Santana do MatosSão Bento do Norte Central Potiguar Subzona de João CâmaraFonte: IBGE

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158

Figura 28 - Mapa dos Municípios do Rio Grande do Norte beneficiados com os royalties da produção marítima

Oc e

an

oA

tl

ân

t ic

o

Ce

ar

á

P a r a í b a

Luís Gomes

Encanto

Paraná

Pau dos Ferros

VieiraMarcelino

Alexandria

Portalegre

Pilões

Apodi

Antônio Martins

MeloSeveriano

Martins

Viçosa Umarizal

Governador Dix-Sept Rosado

João Dias

Lucrécia

Baraúna

Caraubas

Patu

Felipe Guerra

Janduís

Mossoró

Serra Negrado Norte

Upanema

Grossos

Ipueiras

FernandoSão

Caicó

Paraú

Açu

Jucurutu

Serra do Mel

Carnaubais

BrancoOuro

São Rafael

Jardim do Seridó

Santana dos MatosSantana dos Matos

Cruzeta

Ipanguaçu

Afonso Bezerra

Acari

Equador

AngicosAngicos

Pendências

Parelhas

São Vicente

Macau

Lagoa Nova

Currais Novos

Pedro Avelino

Cerro Corá

Galinhos

São Tomé

EzequielCoronel

Jacanã

LajesLajes

Jandaíra

Santa Cruz

Parazinho

PretaPretaPedraPedra

BarbosaRuy

Sítio Novo

João Câmara

Barcelona

Japi

Bento Fernandes

Riachuelo

Tangará

Pureza

São Pedro

Serrinha

Passa e Fica

Taipú

Ielmo Marinho

Santo Antônio

JesusBom

Nova Cruz

Macaíba

Vera Cruz

Ceará-Mirim

Monte Alegre

Rio do Fogo

Brejinho

Várzea

Extremoz

Montanhas

Pedro Velho

Parnamirim

Arês

Goianinha

Natal

Canguaretama

FlorestaNísia

do SulTibau

VilaFlor

Itaú

BaíaFormosa

Riacho deSantana

DoutorSeveriano

Joséda Penha

SãoFrancisco

do Oeste

FrutuosoGomes

Rafael Godeiro

AlminoAfonso

Rodolfo Fernandes

Taboleiro

Grande

Altodo

Rodrigues

Jardimde de

Angicos

Lagoa de Velhos

Boa Saúde

Lagoa Salgada

Timbauba dos Batistas

Campo Redondo

Lajes Pintadas

Tibau

Campo Grande

Triunfo

Fernando PedrosaFernando Pedrosa

BodóBodó

Ten.Laurentino Cruz

Touros

Maxaranguape

Major Sales

Venha Ver

MariaSanta

Itajá

Passagem

Caiçarado Norte

OlhoD' águados Borges

SãoMiguel

TenenteAnanias

Serrinhados Pintos

DantasFrancisco

Riachoda Cruz

MessiasTargino

Jardim dePiranhas

São Joãodo Sabugi Santana

do Seridó

São Josédo Seridó

Carnaúbados Dantas

Florânia

BentoSão

do Trairi

Serra Caiada

São José

Campestredo

Montedas

Gameleiras

Serrade

São Bento

LagoaDanta

Logoade Pedras

São Josédo Mipibu

EspíritoSanto

SenadorElói de Souza

SenadorGeorgino Avelino

São Gonçalodo Amarante

PoçoBranco

CaiçaraCaiçarado Riodo Rio

do Ventodo Vento

PessoaJoãoCoronel

ÁguaNova Fernandes

Rafael

PedraGrande São Miguel

de Touros

São Paulodo Potengi

LEGENDA:- Zona de produção principal

Municípios confrontantes- Zona limítrofe e de infuência

geoeconômica

UN RNCE / ATEX / GDS

N

Escala Gráfica

Quilômetros0

25 50-Mesorregiões

Fonte: IBGE / IDEC / ANP / PETROBRASElaborado na Gerência de Geodésia Petrobras/RN - GDS - 2001

07°00’

06°30’

06°00’

05°30’

05°00’

38°30’ 38°00’ 37°30’ 37°00’ 36°30’ 36°00’ 35°30’ 35°00’

37°30’ 37°00’ 36°30’ 36°00’ 35°30’ 35°00’

37°00’

36°30’

36°00’

35°30’

35°00’

-Municipios com direito aoRecebimentonto dos royaltiesmaritimos

do NorteSão Bento

Porto do Mangue Guamaré

Areia Branca

Oc e

an

oA

tl

ân

t ic

o

Ce

ar

á

P a r a í b a

Luís Gomes

Encanto

Paraná

Pau dos Ferros

VieiraMarcelino

Alexandria

Portalegre

Pilões

Apodi

Antônio Martins

MeloSeveriano

Martins

Viçosa Umarizal

Governador Dix-Sept Rosado

João Dias

Lucrécia

Baraúna

Caraubas

Patu

Felipe Guerra

Janduís

Mossoró

Serra Negrado Norte

Upanema

Grossos

Ipueiras

FernandoSão

Caicó

Paraú

Açu

Jucurutu

Serra do Mel

Carnaubais

BrancoOuro

São Rafael

Jardim do Seridó

Santana dos MatosSantana dos Matos

Cruzeta

Ipanguaçu

Afonso Bezerra

Acari

Equador

AngicosAngicos

Pendências

Parelhas

São Vicente

Macau

Lagoa Nova

Currais Novos

Pedro Avelino

Cerro Corá

Galinhos

São Tomé

EzequielCoronel

Jacanã

LajesLajes

Jandaíra

Santa Cruz

Parazinho

PretaPretaPedraPedra

BarbosaRuy

Sítio Novo

João Câmara

Barcelona

Japi

Bento Fernandes

Riachuelo

Tangará

Pureza

São Pedro

Serrinha

Passa e Fica

Taipú

Ielmo Marinho

Santo Antônio

JesusBom

Nova Cruz

Macaíba

Vera Cruz

Ceará-Mirim

Monte Alegre

Rio do Fogo

Brejinho

Várzea

Extremoz

Montanhas

Pedro Velho

Parnamirim

Arês

Goianinha

Natal

Canguaretama

FlorestaNísia

do SulTibau

VilaFlor

Itaú

BaíaFormosa

Riacho deSantana

DoutorSeveriano

Joséda Penha

SãoFrancisco

do Oeste

FrutuosoGomes

Rafael Godeiro

AlminoAfonso

Rodolfo Fernandes

Taboleiro

Grande

Altodo

Rodrigues

Jardimde de

Angicos

Lagoa de Velhos

Boa Saúde

Lagoa Salgada

Timbauba dos Batistas

Campo Redondo

Lajes Pintadas

Tibau

Campo Grande

Triunfo

Fernando PedrosaFernando Pedrosa

BodóBodó

Ten.Laurentino Cruz

Touros

Maxaranguape

Major Sales

Venha Ver

MariaSanta

Itajá

Passagem

Caiçarado Norte

OlhoD' águados Borges

SãoMiguel

TenenteAnanias

Serrinhados Pintos

DantasFrancisco

Riachoda Cruz

MessiasTargino

Jardim dePiranhas

São Joãodo Sabugi Santana

do Seridó

São Josédo Seridó

Carnaúbados Dantas

Florânia

BentoSão

do Trairi

Serra Caiada

São José

Campestredo

Montedas

Gameleiras

Serrade

São Bento

LagoaDanta

Logoade Pedras

São Josédo Mipibu

EspíritoSanto

SenadorElói de Souza

SenadorGeorgino Avelino

São Gonçalodo Amarante

PoçoBranco

CaiçaraCaiçarado Riodo Rio

do Ventodo Vento

PessoaJoãoCoronel

ÁguaNova Fernandes

Rafael

PedraGrande São Miguel

de Touros

São Paulodo Potengi

LEGENDA:- Zona de produção principal

Municípios confrontantes- Zona limítrofe e de infuência

geoeconômica

UN RNCE / ATEX / GDS

N

Escala Gráfica

Quilômetros0

25 50-Mesorregiões

Fonte: IBGE / IDEC / ANP / PETROBRASElaborado na Gerência de Geodésia Petrobras/RN - GDS - 2001

07°00’

06°30’

06°00’

05°30’

05°00’

38°30’ 38°00’ 37°30’ 37°00’ 36°30’ 36°00’ 35°30’ 35°00’

37°30’ 37°00’ 36°30’ 36°00’ 35°30’ 35°00’

37°00’

36°30’

36°00’

35°30’

35°00’

-Municipios com direito aoRecebimentonto dos royaltiesmaritimos

do NorteSão Bento

Porto do Mangue Guamaré

Areia Branca

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159

4.1.5 - Análise da dinâmica socioeconômica: estudo do IDH-M

A prática de avaliar o bem estar de uma população e, conseqüentemente de

classificar os países ou regiões, tem utilizado como instrumento básico a

determinação do tamanho do Produto Nacional Bruto (PNB) per capita. No entanto,

o progresso humano e a evolução das condições de vida das pessoas não podem

ser medidos apenas por sua dimensão econômica. Por isso existe uma busca

constante por medidas socioeconômicas mais abrangentes, que incluam outras

dimensões fundamentais da vida e da condição humana.

Nesse contexto, surgiu o indicador denominado de Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), como um das mais importantes medidas para

detectar a dinâmica socioeconômica dos lugares. O IDH foi criado no início da

década de 90 para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD), pelo conselheiro especial Mahbub Ul Haq. O IDH mede as realizações de

um país ou região em termos de esperança de vida (longevidade), nível educacional

(educação) e rendimento real ajustado (renda).

A dimensão longevidade reflete, entre outras coisas, as condições de saúde

da população pela esperança de vida ao nascer. A dimensão educação é medida

por uma taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos

níveis de ensino fundamental, médio e superior. E a dimensão renda é medida pelo

poder de compra da população, baseado no produto nacional per capita ajustado

aos custo de vida local, para torná-lo comparável entre países e regiões, através da

metodologia conhecida como paridade do poder de compra (PPC). (Relatório

PNUD, 2001).

A metodologia de cálculo do IDH envolve a transformação destas três

dimensões em índices de longevidade, educação e renda, que variam entre 0 (pior)

e 1 (melhor), e a combinação destes índices em indicador síntese. Quanto mais

próximo de 1 o valor deste indicador, maior será o nível de desenvolvimento

humano do país ou região. (Relatório PNUD, 2001).

O programa PNUD, das Nações Unidas, classifica países ou regiões de baixo

desenvolvimento se o IDH for menor que 0,500; de médio desenvolvimento humano

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160

para os índices entre 0,500 e 0,800 e alto desenvolvimento humano, quando o

indicador for superior a 0,800.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) é, assim como o

IDH, um índice que mede o desenvolvimento humano de uma unidade geográfica.

Como o IDH foi concebido para ser aplicado no nível de países e grandes regiões,

sua aplicação no nível municipal tornou necessárias algumas adaptações

metodológicas e conceituais.

O primeiro aspecto de precisão do IDH-M é que todos os dados (para as

variáveis relevantes) definidos, coletados e processados são provenientes dos

Censos Demográficos do IBGE. O fato dos municípios serem unidades geográficas

menores e sociedade muito abertas, o indicador de renda PNB per capita (utilizado

no cálculo do IDH) foi substituído pela renda familiar per capita média do município

e o indicador de educação foi substituído pelo número médio de anos de estudo da

população adulta (25 anos ou mais). A taxa de alfabetização de adultos, utilizada no

IDH, foi substituída pela taxa de analfabetismo na população de 15 anos e mais. O

indicador denominado esperança de vida ao nascer (obtida por métodos, a partir

dos dados censitários) é o mesmo conceito utilizado pelo IDH.

Para analisar a dinâmica socioconômica dos municípios da Área do Petróleo

Potiguar (aqui abreviado com a sigla APP) este trabalho utilizou o Índice de

Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M).

A tabela 33 apresenta o IDH-M dos municípios da Área do Petróleo Potiguar

no período censitário de 1970, 1980, 1991 e 2000, além de apresentar a média dos

municípios pesquisados, acrescenta-se o IDH do Brasil, Rio Grande do Norte e de

Natal, a capital do Estado.

A metodologia e cálculo do IDH-M e do IDH, inseridos na referida tabela, nos

censos de 1970, 1980, 1991 e 2000, foram constituídos a partir do trabalho conjunto

do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) do Ministério do Planejamento

e Orçamento, da Fundação João Pinheiro do Governo do Estado de Minas Gerais e

da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Assim, examinando a evolução do IDH-M nos anos 1970, 1980, 1991 e 2000

indica-se que as condições de vida da população da Área do Petróleo Potiguar

melhorou substancialmente ao desse período.

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161

Em 1970, simplesmente a totalidade (100%) dos municípios da APP estavam

no patamar de baixíssimo desenvolvimento humano. Todos os resultados da

referida área, inclusive a sua média, foram inferiores ao IDH do Rio Grande do

Norte, da Região Nordeste e do Brasil. Nesse período, o padrão de

desenvolvimento e de qualidade de vida da área em estudo era semelhante aos

índices dos países africanos. A atividade industrial na região era incipiente e não

havia chegado ainda a indústria do petróleo. Considerando-se o desdobramento do

índice, a variável IDH-M médio da APP alcançou o preocupante resultado de 0,225.

Foi de longe o pior resultado. Estes índices mostraram que na década de 70 a

questão da renda (IDH-M Renda 0,066) foi o principal entrave ao desenvolvimento

humano. Em seguida emergiram os problemas decorrentes da saúde (IDH-M

Longevidade 0,256) e educação (IDH-M Educação 0,277).

Os primeiros municípios do Estado no ranking do IDH-M de 1970 foram Natal

(0,458), Parnamirim (0,376), Caicó (0,351), Jardim do Seridó (0,345) e Parelhas

(0,344). O município da APP que obteve o melhor resultado nesse período foi o de

Macau (IDH-M 0,310), ocupando a 10a posição no ranking do Estado.

Em 1980 o quadro do IDH-M médio da APP passou para 0,329, o que

correspondeu a uma elevação de 46,22% em relação à década anterior. Os

municípios da APP continuaram na faixa do baixo desenvolvimento humano.

Somente os municípios de Mossoró (IDH-M 0,465), Areia Branca (IDH-M 0,453), e

Macau (IDH-M 0,438) alcançaram uma pequena melhoria nos seus respectivos

índices, porém não conseguiram alcançar a média 0,500. A renda (IDH-M Renda

0,272) continuou sendo o principal entrave ao desenvolvimento na região, o que

refletiu a baixa remuneração nos salários e escassez de empregos.

Os cinco primeiros municípios do Estado no ranking do IDH-M de 1980 foram

Natal (0,690), Parnamirim (0,524), Caicó (0,515), Parelhas (0,503) e Jardim do

Seridó (0,344). O município da APP que obteve o melhor resultado nesse período

foi o de Mossoró (IDH-M 0,465), ocupando a 8a posição no ranking do Estado.

Em 1991 o IDH-M médio dos municípios da APP foi de 0,403, o que

correspondeu a um acréscimo de 22,49% em relação à década anterior. Este

resultado revela um quadro da dinâmica do socioeconômica dos municípios da APP

de baixo desenvolvimento. Por outro lado, apenas dois municípios alcançaram o

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162

patamar de desenvolvimento médio (IDH-M > 0,500). Foram os municípios de

Mossoró (IDH-M 0,577) e Areia Branca (IDH-M 0,507). É importante colocar, que o

IDH-M de 1991 registrou, pela primeira vez, os resultados da inserção da indústria

do petróleo nos municípios da APP. Considerando-se as variáveis, o IDH-M

Longevidade médio de 0,488, representou o melhor resultado no período. Os

investimentos na área da saúde resultaram em uma melhoria considerável em

alguns municípios, sendo destacado o de Apodi, que alcançou o IDH-M

Longevidade de 0,623. As demais variáveis, IDH-M Educação e IDH-M renda, não

alcançaram os mesmos resultados, mantendo uma média baixa nos municípios da

APP.

Os cinco primeiros municípios do Estado no ranking do IDH-M de 1991 foram

Natal (0,718), Parnamirim (0,612), Caicó (0,624), Mossoró (0,577) e Pau dos Ferros

(0,571). Vê-se que pela primeira vez um município da APP, ocupando a 4a posição

no ranking do Estado.

Em 2000, o IDH-M médio dos municípios da APP foi de 0,651. Esse resultado

mostrou a mudança no quadro da dinâmica socioeconômica de baixo

desenvolvimento para o de médio desenvolvimento. A maioria atingiu um IDH-M

acima de 0,600, sendo que em dois municípios o resultado alcançado ficou acima

de 0,700. Os municípios com melhor desempenho foram os de Mossoró (0,735) e

Areia Branca (0,710).

A principal melhoria no quadro do desenvolvimento foi na área de educação,

em relação aos períodos anteriores. Entre os resultados obtidos nessa área

destacam-se os municípios de Mossoró (0,827) e Areia Branca (0,810),

considerados de alto desenvolvimento. Em outras palavras, a taxa de alfabetização

atingiu 0,80% e 0,79% e a taxa bruta de freqüência escolar foi 0,86% e 0,85%,

respectivamente.

O segundo melhor resultado foi no IDH-M longevidade com resultados acima

da média 0,600 em todos os municípios da APP. A esperança de vida ao nascer na

média dos municípios da APP foi 65 anos. O maior problema continuou sendo o

IDH-M renda. A renda per capita média dos municípios da APP foi de R$ 92,76,

muito abaixo do salário mínimo vigente no país. O maior desafio tem sido o de gerar

empregos permanentes.

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163

Os cinco primeiros municípios do Estado no ranking do IDH-M de 2000 foram

Natal (0,787), Parnamirim (0,760), Caicó (0,756), Carnaúbas dos Dantas (0,742) e

São José do Seridó (0,740). O município da APP que obteve o melhor resultado

nesse período foi o de Mossoró (IDH-M 0,735), ocupando a 6a posição no ranking

do Estado.

Vale ressaltar, a forte presença dos municípios da região do Seridó, que se

posicionaram nas primeiras posições do IDH-M do Estado. Em contrapartida, os

municípios da APP, apesar dos acréscimos das receitas dos royalties do petróleo,

não conseguiram implementar políticas de desenvolvimento socioeconômico que

resultasse em posições de liderança no IDH-M do Estado do Rio Grande do Norte.

De modo geral, pelo ângulo do IDH-M, o quadro dos índices de 1970 a 2000,

demonstra evolução positiva na dinâmica socioeconômica da área em estudo. Os

municípios da Área do Petróleo Potiguar, na sua grande maioria, saíram da faixa de

subdesenvolvimento para o patamar de municípios em processo de médio

desenvolvimento. Esta mudança, no entanto, ocorreu mais acentuadamente ao

longo dos anos 90, do século XX, sendo confirmado pelo IDH-M de 2000.

De acordo com a Tabela 33, é importante ressaltar que o crescimento médio

do IDH-M entre 1991 e 2000 dos municípios da Área do Petróleo Potiguar foi de

61,49%, muito superior ao crescimento obtido no mesmo período da cidade de Natal

(9,67%), do Estado do Rio Grande do Norte (13,23%) e do Brasil (7,22%).

O crescimento nesse mesmo período (00/91) mostrou que entre os

municípios da Área do Petróleo Potiguar, os melhores desempenhos foram obtidos

por Alto do Rodrigues (70,72%), Guamaré (70,18%) e Pendências (66,49%). Isto

significou um esforço para sair de um “fosso de atraso”, mesmo assim o IDH-M

(2000) classificou esses municípios em posições intermediárias.

O município de Mossoró fez um menor esforço na década (00/91) com

crescimento apenas de 27,38%, no entanto, como já se encontrava num estágio de

desenvolvimento muito superior aos demais, obteve o melhor resultado do IDH-M

(0,735).

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IDH-M IDH-M LONGEVIDADE IDH-M EDUCAÇÃO IDH-M RENDA1970 1980 1991 2000 00/91 1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000

1 Mossoró 0.291 0.465 0.577 0.735 27.38% 0.290 0.414 0.594 0.739 0.406 0.481 0.595 0.827 0.176 0.501 0.542 0.6392 Areia Branca 0.291 0.453 0.507 0.710 40.04% 0.285 0.407 0.582 0.715 0.420 0.490 0.557 0.810 0.167 0.463 0.383 0.6053 Macau 0.310 0.438 0.462 0.690 49.35% 0.279 0.413 0.438 0.711 0.402 0.455 0.526 0.767 0.250 0.447 0.421 0.5934 Alto do Rodrigues 0.207 0.303 0.403 0.688 70.72% 0.270 0.327 0.482 0.711 0.288 0.344 0.468 0.751 n/d65 0.239 0.259 0.6025 Açu 0.260 0.411 0.474 0.677 42.83% 0.277 0.416 0.537 0.678 0.334 0.395 0.485 0.754 0.168 0.421 0.402 0.5996 Apodi 0.224 0.342 0.441 0.654 48.30% 0.305 0.404 0.623 0.717 0.316 0.357 0.427 0.520 n/d53 0.266 0.275 0.5207 Carnaubais 0.203 0.253 0.385 0.651 69.09% 0.252 0.324 0.484 0.692 0.260 0.247 0.394 0.692 n/d96 0.188 0.276 0.5708 Guamaré 0.237 0.310 0.379 0.645 70.18% 0.374 0.413 0.438 0.675 0.228 0.272 0.394 0.734 0.109 0.244 0.303 0.5289 Gov. Dix-Sept Rosado 0.241 0.288 0.427 0.637 49.18% 0.264 0.316 0.539 0.660 0.381 0.328 0.464 0.746 n/d76 0.222 0.279 0.63710 Felipe Guerra 0.230 0.336 0.434 0.633 45.85% 0.356 0.395 0.574 0.623 0.291 0.354 0.453 0.758 n/d42 0.260 0.276 0.51811 Pendências 0.225 0.355 0.379 0.631 66.49% 0.252 0.375 0.426 0.609 0.302 0.386 0.425 0.736 0.121 0.304 0.288 0.54912 Serra do Mel n/d n/d 0.391 0.619 58.31% n/d n/d 0.547 0.630 n/d n/d 0.433 0.704 n/d n/d 0.193 0.52313 Caraúbas 0.220 0.355 0.384 0.614 59.90% 0.300 0.378 0.506 0.600 0.283 0.375 0.432 0.723 n/d78 0.312 0.214 0.51814 Porto do Mangue n/d n/d n/d 0.598 n/d n/d n/d n/d 0.647 n/d n/d n/d 0.652 n/d n/d n/d 0.49415 Upanema 0.206 0.296 0.404 0.588 45.54% 0.334 0.368 0.555 0.609 0.241 0.312 0.436 0.681 n/d44 0.208 0.221 0.476

Média APP 0.225 0.329 0.403 0.651 61.49% 0.256 0.330 0.488 0.668 0.277 0.320 0.433 0.737 0.066 0.272 0.289 0.549Rio Grande do Norte 0.266 0.501 0.620 0.702 13.23% n/d n/d n/d 0.690 n/d n/d n/d 0.779 n/d n/d n/d 0.636Natal 0.458 0.690 0.718 0.787 9.67% 0.365 0.493 0.679 0.730 0.545 0.630 0.702 0.887 0.465 0.948 0.947 0.746Brasil 0.494 0.674 0.706 0.757 7.22% 0.440 0.531 0.638 0.712 0.501 0.577 0.645 0.781 0.444 0.947 0.942 0.604

Fonte: ONU / IPEA / Fundação João Pinheiro, 2002Nota: ranking dos municípios com base no IDH-M de 2000

Municípios da APPN0

Tabela 33 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), dos municípios da Área do Petróleo Potiguar - 1970 a 2000164

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Um dos fatores para a mudança do quadro de subdesenvolvimento para o

desenvolvimento médio, foi sem dúvida, a inserção da indústria do petróleo, com a

chegada da PETROBRAS no oeste potiguar e, principalmente pelos acréscimos das

receitas dos royalties do petróleo na última década. O período em foco, também

pode ser visto como o declínio de algumas atividades industriais, como foi o caso do

desemprego gerado na indústria do sal, devido a mecanização, e o surgimento de

outras indústrias, como foi o caso do petróleo, já citado e do surgimento da

fruticultura irrigada, no vale do Açu.

Considerando os extremos (1970 a 2000) da tabela 33, vê-se que na posição

de destaque esteve o município de Mossoró. Foi o município da Área do Petróleo

Potiguar que obteve a maior evolução em termos de indicadores de

desenvolvimento socioeconômico, ao longo dos resultados calculados do IDH-M (de

0,291 p/ 0,735).

Por sua vez, o município de Upanema (IDH-M 0,206 p/ 0,588) encontrou-se

na posição inferior em termos de evolução (1970 a 2000) no que se refere ao

desenvolvimento socioeconômico. A análise do IDH-M no período, apontou para

uma lenta evolução dos indicadores relacionados à dinâmica socioeconômica desse

município.

O município de Guamaré, o maior beneficiado com os royalties de petróleo,

entre todos da Área do Petróleo Potiguar, ficou apenas na 8a posição no ranking do

IDH-M 2000 da referida área e na 54a posição em relação ao Estado. Este aspecto

revelou um paradoxo em relação ao volume de recursos financeiros, advindos dos

royalties de petróleo, recebidos no mesmo período.

Do ponto de vista das finanças públicas, o referido município auferiu receitas

correntes suficientes para colocá-lo nas posições de liderança no quadro de

referência dos indicadores de desenvolvimento socioeconômico da Área do Petróleo

Potiguar, assim como de todo o território potiguar. É possível que os levantamentos

seguintes, revelem uma considerável mudança na dinâmica socioeconômica desse

município.

Posto isto, pode-se afirmar que o conjunto dos municípios da Área do

Petróleo Potiguar alcançou um elevado grau de evolução nos indicadores de

desenvolvimento socioeconômico, saindo de uma situação muito precária ao longo

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dos anos 70, 80 e 91, para um quadro de desenvolvimento médio, a partir dos anos

2000, tendo a contribuição direta dos royalties do petróleo.

Esta compensação financeira, deveu-se a presença da indústria do petróleo,

através da PETROBRÁS, que em função da legislação em vigor, engendrou

recursos financeiros crescentes que induziram a uma alteração positiva do quadro

de referência dessa área, seja no aspecto da infra-estrutura básica, seja no que

concerne aos indicadores sociais, propriamente ditos, revelados nos quadros da

educação, saúde, renda, entre outros.

Considerando a combinação dos dados de finanças públicas, dos royalties do

petróleo e do IDH-M, pode-se afirmar que nesse período houve um crescimento

econômico ascendente, impulsionado pelos acréscimos nas receitas correntes, com

desenvolvimento socioeconômico lento, revelando ainda uma face de muita pobreza

nos municípios da Área do Petróleo Potiguar, com o surgimento do processo de

favelização nas periferias das cidades e o empobrecimento das zonas rurais.

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4.2- Análise da pesquisa de campo: visão dos atores sociais

Visto o quadro de referência dos dados quantitativos, o que resta é a visão

qualitativa dos principais atores sociais que vivem nos municípios da Área do

Petróleo Potiguar.

A metodologia empregada utilizou-se de uma pesquisa de campo em toda a

referida área, que obedeceu a uma seqüência de duas fases de coleta de dados.

Numa primeira fase, foram enviados pelo correio, os questionários de pesquisa para

todas as prefeituras e para uma amostra de empresas. Na segunda fase, foi utilizado

o método com efeito exploratório, sendo percorridos todos os municípios, com a

coleta de dados primários, através da aplicação de formulário de pesquisa, com

questões estruturadas para uma amostra dos atores sociais “população” e

“empresas” da Área do Petróleo Potiguar.

A área de abrangência ou de investigação da pesquisa, foi definida a partir

dos dados do IBGE (Censo de 2000 e do Site www.ibge.net.cidades). O objetivo

principal foi o de averiguar a influência da variável “royalties do petróleo” no conjunto

dos atores sociais – “governo municipal”, “empresas” e “população”. Associado a

esta variável, procurou-se investigar como os atores sociais – “empresas” e

“população” vêem a atuação dos governos municipais na gestão dos recursos

financeiros públicos.

Para a aplicação da pesquisa de campo na Área do Petróleo Potiguar, foram

desenvolvidos três modelos de questionários de pesquisa, constantes no ANEXOS II

(Prefeituras), III (Empresas) e IV (População).

Foi utilizada uma amostra estratificada, utilizando um subgrupo da população

e empresas dos municípios produtores de petróleo no Rio Grande do Norte,

conforme a Tabela 34.

A estratificação da amostra para a “População” definiu, inicialmente, a parcela

das pessoas com idade superior a 10 anos do total da população. A partir deste

estrato, foi retirada a parte da população ocupada (assalariada e outras

remunerações) dos municípios da área em estudo. Assim, do último estrato obtido,

foi estabelecida a parcela da população acima de 8 anos de estudo, como sendo a

amostra básica para a pesquisa de campo. Dessa forma, a pesquisa buscou uma

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faixa da população com vivência e nível de amadurecimento suficientes para julgar

as variáveis em questão.

Quanto à estratificação da amostra para as “empresas”, utilizou-se a base de

informações municipais do IBGE referente às empresas com o registro no Cadastro

Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), atuantes em cada município da área em

estudo.

O objetivo da amostragem estratificada foi o de construir um subconjunto da

população que viesse a ser representativo da área em estudo. Para se estabelecer o

cálculo do tamanho da amostra foi utilizada a fórmula1 estatística para população

finita n =qpNe

NPp.)1(

).100.(22

2

σσ

+−−

, cujos elementos não excedem a 100.000. Dessa forma,

o tamanho da amostra final estabelecido para cada município da área em estudo

atendeu aos critérios estabelecidos na fórmula para população finita (Tabela 34).

O cálculo da amostra para os atores sociais “população” e “empresas” de

cada município da área em estudo encontra-se definido no ANEXO VI. No caso dos

“governos municipais” foi uma amostra absoluta (censitário), uma vez que todas as

prefeituras foram pesquisadas(100%).

A realização em sua etapa de campo ocorreu nos meses de novembro de

2001 e maio de 2002.

Municípios População

Total

Pessoas

residentes

com 10 anos

ou mais

Pessoal ocupado

assalariado e outras

remunerações

Pessoal

acima de 8

anos de

estudo

População

Amostra

utilizada

Número

de

Empresas

Empresa

Amostra

utilizadaAçu 47.904 14.752 2.158 1.523 19 654 12Alto do Rodrigues 9.499 5.697 709 237 18 96 5Apodi 34.174 19.120 1.118 727 22 249 10Areia Branca 22.530 14.752 2.158 745 19 320 10Caraúbas 18.810 10.494 820 369 18 251 12Carnaubais 8.192 4.381 839 111 16 52 5Felipe Guerra 5.534 3.405 231 134 17 18 9Gov. Dix-Sept Rosado 11.772 6.693 361 219 18 77 10Guamaré 8.149 4.306 673 124 17 71 8Macau 25.700 15.921 2.707 1.001 19 420 11Mossoró 213.841 143.002 25.590 10.824 64 3.654 50Pendências 11.401 6.306 757 255 18 76 10Porto do Mangue 4.064 1.779 134 17 14 4 4Serra do Mel 8.237 4.611 78 98 16 21 6Upanema 10.991 5.813 272 178 17 42 4Total Área Petróleo 440.798 261.032 38.605 16.562 312 6.005 166Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000Nota: Pesquisa de campo realizada nos dias 16, 17, 18, 20, 21, 22 e 23/Maio/2002

Tabela 34 - Definição da amostra para a pesquisa de campo dos municípios da Área do PetróleoPotiguar

1 A fórmula básica de amostra para população finita, considera as variáveis n = tamanho da amostra, s = o nível de confiança escolhido (número de desvio-padrão), p= percentagem com a qual o fenômeno se verifica, q= percentagem complementar (100 – p), N= tamanho da população e por fim, ? 2 = erro máximo permitido

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4.2.1- Os Governos Municipais

A apresentação do conteúdo da pesquisa de campo começa com o

diagnóstico das Prefeituras Municipais da Área do Petróleo Potiguar.

Os dados da pesquisa, ora apresentados, correspondem a visão consolidada

de todas as prefeituras da referida área petrolífera do Rio Grande do Norte. Todos

os aspectos abordados, foram baseados nos itens constantes do ANEXO II –

Pesquisa nas Prefeituras Municipais.

O primeiro aspecto investigado foi quanto a vocação econômica do município,

a partir da visão dos gestores municipais. A consolidação das respostas desse item

revelou que é no setor primário que se concentra, ainda hoje, a maior vocação

econômica do conjunto dos municípios da Área do Petróleo Potiguar. Em outras

palavras, o setor agrícola concentrou 39,29% das respostas, seguido do setor de

comércio e industrial com 25% cada, e do setor de serviços com 10,71% (Figura 29).

Como em muitos casos, houve mais de uma resposta sobre a vocação

econômica dos municípios (Figura 30). Em cinco municípios (62,5%), a atividade

agrícola é considerada a única predominante. Em um deles, a atividade industrial é a

mais representativa (12,5%). Em quatro outros municípios há uma combinação entre

as atividades: agrícola/comércio/prestação de serviços (12,5%), indústria/prestação

de serviços (12,5%), Indústria/Comércio/Prestação de Serviços (12,5%),

agrícola/comércio (12,5%) e Agrícola/indústria/comércio (50%).

É importante colocar que a concentração das respostas em torno do setor

agrícola, foi influenciada pelo fato de que na maioria dos municípios da área em

estudo, a atividade predominante é a agricultura de subsistência, sobretudo nos

lugares mais pobres. Nas cidades menores, o comércio exerce grande influência,

graças ao dinheiro das aposentadorias. Nas cidades maiores, a combinação das

atividades, conforme a Figura 30 é mais presente.

O segundo aspecto abordado, junto aos gestores municipais, foi quanto ao

período em que o município passou a receber royalties de petróleo. Os dados da

pesquisa revelaram que dez municípios (66,67%) passaram a receber antes de

1985. Entre 1986 e 1990, somente quatro municípios passaram a receber royalties

(26,67%) e que apenas um recebeu depois de 1995 (6,67%), significando que em

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boa parte, a receita dos royalties figura nas finanças públicas há mais de duas

décadas (Figura 31).

O que chama a atenção é o tempo decorrido no recebimento da receita dos

royalties. Para a maioria, o recurso das receitas correntes dos royalties do petróleo

existe há mais de 15 anos. Ao longo desse tempo, este tem sido um recurso

disponível para aplicação em infra-estrutura e demais áreas dos municípios.

Em seguida, a pesquisa procurou investigar se o recebimento dos royalties do

petróleo tem contribuído para promover o desenvolvimento socioeconômico do

município. Nesse aspecto a totalidade (100%) das prefeituras municipais,

responderam que os royalties de petróleo têm um papel decisivo na construção do

desenvolvimento socioeconômico da referida área (Figura 32).

As demais receitas, no quadro de política fiscal cada vez mais apertado, tem

possibilitado às prefeituras cumprir somente os compromissos assumidos, como

salários, encargos, contratos etc. Com a receita dos royalties, segundo os gestores

municipais, há uma pequena margem financeira para aplicação em melhorias físicas

e promoção de atividades sociais. O aspecto que condicionou este resultado está

ligado ao fato de que ao longo dos últimos anos vem sendo executado um elenco de

ações e projetos sociais e de infra-estrutura, em parceria com os municípios

produtores de óleo e gás natural.

Por fim, foi investigado sobre os setores da socioeconomia (sociais e de infra-

estrutura) em que os municípios mais investiram ao longo do período de 1995 a

2000, com a utilização dos recursos oriundos dos royalties do petróleo. Os

resultados apontaram que os principais itens de investimentos foram: pavimentação

(30%), irrigação (20%), educação e saúde, com construção de escolas e postos

(20%), meio ambiente (15%), saneamento básico (7,5%), energia (5%) e em 2,5%

para outros setores (Figura 33).

O item pavimentação de vias públicas nas sedes dos municípios produtores

de petróleo foi considerada a principal área de aplicação da receita dos royalties do

petróleo. Nesse ponto, há municípios que se destacam em relação a outros, quanto

a conservação das vias públicas. Enquanto, para alguns municípios a malha viária

está em perfeito estado de conservação, para outros o esburacamento é um quadro

comum nas ruas. Por outro lado, o interesse em utilizar os recursos dos royalties

nesse item, é o que traz mais rapidamente os chamados “dividendos” políticos.

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Em suma, a visão dos gestores municipais, representado aqui pelo conjunto

das prefeituras dos municípios que compõem à Área do Petróleo Potiguar, mostrou

que apesar da receita dos royalties fazer parte do quadro de finanças públicas desde

os anos 80 (para a maioria dos municípios), a principal estrutura econômica ainda

está atrelada ao setor agrícola. Por outro lado, a receita dos royalties do petróleo

corresponde a um dos principais elementos que contribuem para o crescimento

econômico da área, principalmente no que tange à infra-estrutura básica, sendo a

pavimentação, o principal item utilizado.

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4.2.2- As Empresas e Instituições da Sociedade Civil

O segundo grupo de atores sociais da pesquisa de campo foi realizado com

uma amostra das “empresas” da Área do Petróleo Potiguar. O conceito aqui

empregado para empresa e instituições da sociedade civil, foi aquele que engloba as

empresas individuais, comerciais e sociedade civil, incluindo as cooperativas,

associações, colônias (ex.: de pescadores) e organizações não governamentais

(ONGs), existentes na referida área petrolífera.

As aplicações dos questionários e formulários de pesquisa para as empresas

seguiram o modelo constante do ANEXO III.

Os dados da pesquisa, ora apresentados, correspondem a visão consolidada

da amostra das empresas e instituições da sociedade civil da referida área

petrolífera do Rio Grande do Norte. O quadro com a relação completa de todas as

empresas pesquisadas (município, nome da empresa, endereço, setor econômico e

CEP) encontra-se no ANEXO VII.

Desse quadro, observa-se a seguinte distribuição da amostra por setor

econômico:

Em outras palavras, a participação percentual por setor econômico

(setor/total) revelou a seguinte distribuição: setor primário (17,47%), setor da

MUNICÍPIO Primário Indústria Comércio Serviços TotalAÇU 4 4 4 12ALTO DO ROGRIGUES 2 2 1 5APODI 2 1 5 2 10AREIA BRANCA 1 3 3 3 10CARAÚBAS 2 2 2 6 12CARNAUBAIS 1 2 2 5FELIPE GUERRA 1 1 5 2 9GOV. DIX-SEPT ROSADO 1 2 4 3 10GUAMARÉ 1 1 3 3 8MACAU 1 1 2 7 11MOSSORÓ 7 5 16 22 50PENDÊNCIAS 3 2 2 3 10PORTO DO MANGUE 1 2 1 4SERRA DO MEL 1 4 1 6UPANEMA 1 1 2 4Total Global 29 18 57 62 166Fonte: Dados da pesquisa, 2001.

Tabela 35 - Contagem por setor econômico das empresas pesquisadas.

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indústria (10,84%), setor do comércio (34,34%) e serviços (37,35%). A amostra

procurou envolver empresas com atuação tanto nas áreas urbanas, como nas áreas

rurais. O comércio, por exemplo, nas cidades menores serve ao mesmo tempo aos

clientes urbanos e rurais.

Outro aspecto a considerar foi o perfil das empresas e instituições

pesquisadas na amostra: foram 21 associações (de pescadores, trabalhadores

rurais, comunitárias etc), 10 cooperativas (de trabalhadores rurais, agropecuárias,

sociais, educação etc), 6 fundações (de cultura, promoção social etc), 8 sindicatos

(de trabalhadores rurais, servidores públicos, comércio etc) e as Câmaras de

Diretores Lojistas (CDL) de 6 cidades. Este perfil mostra a representatividade da

amostra, uma vez que muitas das organizações citadas possuem um grande número

de pessoas a elas filiadas.

Inicialmente, quanto a participação das empresas e instituições nas

pesquisas, foi do setor do comércio (54,27%) que predominou a maioria das

respostas, seguindo os setores da prestação de serviços (25,61%), da pequena

indústria (11,59%) e 5,49% da agropecuária (Figura 34).

Sobre a área geográfica de mercado, a maioria das empresas e instituições

pesquisadas atua somente na sede do município (34,76%) e em segundo lugar são

as que atuam ao mesmo tempo no âmbito estadual e em outros municípios(30,49%).

Cabe destacar, também, que empresas que atuam ao mesmo tempo em áreas

urbanas e rurais corresponderam na pesquisa a 22,56% e 1,83% são empresas, que

embora instaladas em determinado ponto, os seus produtos ou serviços são

comercializados em outro centro (Figura 35).

Um aspecto apontado foi que a maioria das empresas e instituições

pesquisas tem entre 250 e 500 clientes (36,59%), seguidos da faixa entre 100 e 250

clientes (29,27%). (Figura 34). O perfil da profissão dos clientes das empresas

pesquisadas, identificou que a maioria é representada por aposentados, estudantes

e donas-de-casa (36,59%). Em percentuais menores, foram identificados os

funcionários públicos, comerciantes, agricultores e profissionais liberais. (Figura 36).

Sobre as condições de vida que o município tem oferecido para os seus

habitantes, foram considerados os itens de moradia, transporte, educação, saúde,

emprego, segurança e outro (a ser citado), a ser respondido numa escala de ruim a

excelente.

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Foi detectado que a maior preocupação das empresas e instituições da área

pesquisada tem sido com o item segurança (49,3%), seguido do emprego (39,9%).

Por outro lado, o item educação foi considerado o de melhor atendimento.

Com respeito ao julgamento da atuação das prefeituras municipais na

realização de melhorias em infra-estrutura do município (pavimentação de estradas

e ruas; abastecimento de água; esgotamento sanitário; energia elétrica;

telecomunicações; coleta de lixo; proteção ao meio ambiente; incentivo à agricultura

e outros), as respostas da pesquisas de campo, fluíram para as opções “regular” e

“bom” da escala de gradação apresentada. Na opção da escala “ruim”, a maior

preocupação foi com o item ‘esgotamento sanitário’ (30,57%), seguido da

‘pavimentação de estradas’ (24,03%). Na opção “bom”, o que foi apresentado como

melhor atuação foi sobre o item ‘incentivo à agricultura’ (82,35%) (Figura 37).

Esta percepção dos gestores empresariais coincide com os dados de infra-

estrutura anteriormente apresentados, em que o item “esgotamento sanitário”

praticamente é inexistente na maioria dos municípios pesquisados. Isto mostra, o

reduzido nível de investimentos em esgotamento sanitário ao longo das últimas

décadas.

Para saber quais os objetos e sistemas de ações existentes na paisagem do

município que, melhor identificam a presença da PETROBRAS, a opção "Cavalo-de-

Pau" (37,2%) foi a destacada. Em seguida, os objetos da indústria do petróleo, mais

lembrados foram a Estação de Óleo e Gás (17,68%), Programa Terra Pronta

(12,08%), Outros (Posto de Gasolina, Empregados com fardamento alaranjado, etc

11,59%), Aterro Sanitário (7,93%), Chafariz (6,71%) e Oleodutos (6,1%) (Figura 38).

O cavalo-de-pau, portanto, é o objeto que melhor simboliza a indústria do petróleo

potiguar, na visão dos gestores empresariais.

Sobre os aspectos em que a PETROBRAS tem contribuído para o

desenvolvimento socioeconômico do município, os atores sociais ligados às

empresas e instituições da sociedade civil consideraram os seguintes aspectos na

ordem de contribuição: a maior contribuição foi absorver mão-de-obra contratada

(22,56%), em segundo lugar, o apoio nas atividades produtivas da Indústria

(17,68%) e em terceiro lugar, o apoio nas atividades de educação e cultura

(18,79%). Apesar de recente, porém bastante significativo, tem sido a construção

dos aterros sanitários (Figura 39).

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176

Os dados pesquisados mostram que na visão das empresas e instituições da

sociedade civil, a maior expectativa é que a grande indústria, no caso a

PETROBRAS, venha gerar empregos. Foi percebido, no entanto, que a indústria do

petróleo utiliza o espaço, com uma menor quantidade de mão-de-obra. A

sofisticação tecnológica da PETROBRAS, na era da globalização, impõe a

contratação direta apenas de mão-de-obra especializada, quase inexistente nos

municípios da área pesquisada.

A única alternativa tem sido a absorção de mão-de-obra local é através da

prestação de serviços contratados. Acrescentam, ainda que a sofisticação

tecnológica da indústria do petróleo exige a presença da mão-de-obra qualificada. O

município de Mossoró foi o único em que houve a inclusão da opção mão-de-obra

própria, como um item relevante.

Sobre os aspectos em que a PETROBRAS 'não' tem contribuído para o

desenvolvimento socioeconômico do município, a opinião dos atores sociais das

empresas pesquisadas revelou os principais itens de insatisfação, tendo a seguinte

gradação: em primeiro lugar, "estradas e rodovias esburacadas, em função do

transporte de petróleo" (21,34%), seguindo-se depois "não absorver a mão-de-obra

local em atividades terceirizadas da PETROBRAS" (19,51%), "Elevação do custo de

vida, em função da presença de funcionários da indústria do petróleo" (17,68%),

"não absorver a mão-de-obra local em atividades próprias da PETROBRAS"

(14,63%). Os demais itens tiveram menor participação percentual (Figura 40).

Sobre o item identificado em primeiro lugar, cabe considerar que atualmente a

possibilidade de esburacamento de estradas devido ao transporte de óleo é bastante

pequena.

No passado, havia um intenso tráfego de caminhões transportando óleo dos

campos para o Pólo Industrial de Guamaré. Atualmente, a produção é transportada

via oleodutos.

Por fim, colocada a seguinte questão: “A vida das pessoas melhorou depois

da descoberta do petróleo no seu município?". A consistência dessa resposta,

exigiu que a escolha da amostra em cada município obedecesse, em primeiro lugar,

aos parâmetros constantes na Tabela 34. Em segundo lugar, que os entrevistados já

tivessem uma história de vida nos lugares pesquisados, de modo que tivessem

condições de averiguar o "antes" e o "hoje".

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177

O resultado da pesquisa de campo consolidada dos atores sociais da

empresas e instituições da Área do Petróleo Potiguar revelou que 91,9% considera

que a vida melhorou depois da descoberta do petróleo nos respectivos municípios

(Figura 41).

O detalhamento da questão, considerando o resultado por município da Área

do Petróleo Potiguar, mostrou que há dois grupos distintos: o primeiro daquelas

empresas e instituições da sociedade civil dos municípios que consideraram que a

indústria do petróleo melhorou em 100% da vida do município.

Estes municípios foram: Apodi, Areia Branca, Carnaubais, Felipe Guerra, Gov.

Dix-Sept Rosado, Macau, Porto do Mangue, Serra do Mel e Upanema. O segundo

grupo, considera que a descoberta do petróleo não melhorou em 100% (Figura 42).

Este resultado mostra que em pouco mais de duas décadas, a indústria do

petróleo potiguar, através da PETROBRAS, consolidou uma imagem muito positiva

nas organizações empresariais dos municípios produtores de óleo e gás natural.

As empresas e instituições dos municípios que consideraram a influência

parcial da indústria do petróleo foram: Açu (90,0%), Alto do Rodrigues (83,3%),

Caraúbas (83,3%), Guamaré (75,0%), Pendências (50,0%) e Mossoró (92,9%).

Quanto aos comentários adicionais, de modo geral, as empresas e

instituições da sociedade civil relataram pontos críticos e de melhoria sobre a

atuação dos governos municipais e sobre a influência da indústria do petróleo na

dinâmica socioeconômica da Área do Petróleo Potiguar.

O quadro 9, a seguir, serão apresentados uma seleção dos principais pontos

críticos e pontos de percepção dos atores sociais “empresas e instituições" dos

municípios da Área do Petróleo Potiguar sobre a atuação da PETROBRAS, através

de informações verbais colhidas no período da pesquisa.

De modo geral, esses atores apontam uma presença da empresa

representante da indústria do petróleo potiguar no cenário socioeconômico dos

municípios desde funções que especificamente dos governos municipais até o seu

envolvimento nas questões culturais dos lugares. Estes atores sociais reconhecem o

papel exercido pela PÉTROBRAS, mas cobram uma maior participação nas

atividades econômicas, seja para movimentar o comércio, ou seja, para gerar

empregos indiretos na região.

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Quadro 9 – Comentários adicionais pelos gestores empresariais e de instituições

Município Comentários Adicionais – Informações Verbais

Açu "o grande problema é o abastecimento de água, principalmente na parte alta da sede municipal" ; "De modo geral, o custo de vida da cidade é afetado pela presença da PETROBRAS" ; "A presença da PETROBRAS, a fruticultura do Vale-do-Açu e a inauguração da TERMOAÇU, são as melhores perspectivas econômicas para o município" .

Alto do

Rodrigues

"As empresas locais não participam das licitações para prestação de serviços à PETROBRÁS" (Informação Verbal); "A TERMOAÇU poderá gerar muitos empregos no município, com a chegada de empresas terceirizadas"

Apodi “A ação da PETROBRAS no apoio à atividade agrícola, com o Programa Terra Pronta, e o apoio na área cultural, com o Lajedo Soledade, é o grande destaque para alavancar a economia e o turismo local"; "O acesso ao município é um grande problema, em função do esburacamento das estradas e rodovias" (Informação Verbal).

Areia Branca "A melhoria na pavimentação das ruas da cidade é fruto da entrada dos royalties do petróleo".

Carnaubais "A PETROBRAS tem apoiado fortemente a atividade cultural do município. O maior exemplo, foi o apoio ao projeto de Revitalização de Cidade Histórica de Carnaubais, com a construção do museu histórico"

Caraúbas Não sentimos a presença da PETROBRAS em apoio as atividades sociais do município". (Informação Verbal). "Embora não sendo a sua missão, a PETROBRÁS não promove atividades que gerem empregos permanentes no município".

Macau "Não melhorou, porque continua a concentração de renda".

Mossoró "A PETROBRÁS, está definitivamente entre os principais fatos históricos do Município. É tão importante hoje para a economia local, quanto foi a indústria do sal, o ciclo do gado, etc"; "Aumentou o fluxo financeiro e dos serviços, como a educação, saúde e outros."; "A PETROBRAS necessita investir em entidade filantrópica, totalmente regularizadas na realização de cursos de informática, turismo e outros tão importantes quanto estes".

Pendências "Apesar da sua enorme importância, a PETROBRAS não adquire produtos no comércio local"

Porto do

Mangue

"Somos um município novo, tudo por aqui ainda é muito incipiente. Qualquer ação da PETROBRÁS em favor das atividades econômicas do município fará muita diferença".

Serra do Mel “Gostaria de vê a aplicação dos royalties do petróleo na pavimentação da estrada que vai para Carnaubais, que ainda hoje é de barro e muito precária”

Upanema “Em nossa cidade não existe uma agência bancária, todo o dinheiro é depositado na cidade vizinha (Campo Grande); “o acesso para Campo Grande, de 26 km, é de estrada de barro (BR 110 – estrada do sal)”; “a PETROBRAS é a nossa salvação”; “Tudo poderá mudar quando a barragem de Umari, realmente funcionar (esta tem capacidade para armazenar 300 milhões de m3; terá condições de irrigar 4 mil hectares, que poderá gerar 12 mil empregos diretos); “o principal emprego é o trabalho de corte da palha de carnaúba (toda a produção é vendida para empresários em Fortaleza”.

Fonte: dados da pesquisa, 2002

Os dados apresentados na pesquisa pelos atores sociais das empresas

revelam que a atuação do poder público, ao longo das últimas décadas não reduziu

o grau de baixo desenvolvimento (ou subdesenvolvimento) da maioria dos

municípios da Área do Petróleo Potiguar. Em conseqüência, esperam que a indústria

do petróleo, representada pela PETROBRAS, possa atuar nas áreas de infra-

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estrutura e programas sociais, numa tentativa de diminuir o fosso entre os

municípios mais pobres e os mais ricos.

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183

4.2.3- A População

O terceiro desafio da pesquisa de campo foi o de conhecer a visão da

população existente nos municípios da Área do Petróleo Potiguar, sobre a influência

dos royalties e o papel desenvolvido pelos gestores municipais. O critério adotado

para a coleta de dados, considerou os aspectos da Tabela 34, predominando a

parcela formadora de opinião e com experiência de vida nos lugares pesquisados.

O universo pesquisado foi de 312 pessoas, considerando a amostragem

estratificada a partir da população total (censo 2000). Desse total, foi estratificado o

grupo de pessoas residentes com mais de 10 anos. Em seguida, a amostra final

determinou o pessoal ocupado assalariado e outras remunerações com 8 anos de

estudo.

As aplicações dos questionários e formulários de pesquisa para a amostra da

população seguiram o modelo constante do ANEXO IV.

A maioria dos que responderam à pesquisa, declararam residentes na sede

municipal (75,28%), sendo o restante identificados na área rural (20,5%) e uma

parcela menor em outro município (1,87%) e na capital do Estado (2,26%) (Figura

45).

O foco da pesquisa foi o de buscar a parcela da população chamada de

"formadora de opinião" e com experiência de vida nos lugares. Com isto, cerca de

59,93% dos entrevistados tinham idade acima de 30 anos (Figura 46).

No que se refere ao grau de escolaridade, a maior parcela dos entrevistados

ficou na faixa relativa ao curso médio, o antigo 20 Grau, com 42,65% das respostas.

Quase empatado, o segundo nível de escolaridade apontado foi os que concluíram o

curso fundamental, relativo ao 10 grau, com 42,55% das respostas (Figura 47). Este

aspecto foi considerado, principalmente para facilitar o entendimento sobre as

questões relacionadas aos itens de infra-estrutura e da atividade de petróleo.

Um quadro comum encontrado no cotidiano das cidades do interior é a

presença nas praças e nas calçadas de aposentados, estudantes e donas de casa.

Assim, este grupo de pessoas totalizou 28,72% das respostas obtidas, seguindo-se

dos funcionários públicos (28,72%), comerciantes (19,55%), professores (14,89%) e

o Agricultores (10,28%), inclusive proprietários de terras com poço produtor de óleo

e gás natural (Figura 48).

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184

Um importante aspecto investigado foi saber em que grau (de ruim até

excelente) encontram-se as condições de vida oferecidas no município para os seus

habitantes. A maior preocupação identificada foi com o item segurança (50,7%),

seguido do emprego (45,7%). Pelo lado, considerado satisfatório, os principais itens

identificados pela população foram a moradia (45,4%) e a educação (39,4%). (Figura

49). Nesse ponto, há uma correlação com as respostas obtidas pelos gestores das

empresas. A segurança foi considerada a maior preocupação tanto da população,

quanto das empresas. Isto se deve aos constantes assaltos à agências bancárias no

interior do Estado, principalmente nos dias de pagamento aos aposentados.

Outro ponto investigado na pesquisa foi saber a visão da população dos

municípios da Área do Petróleo Potiguar, a respeito da atuação do poder público

municipal quanto a realização de melhorias na infra-estrutura na cidade e no campo.

Os itens colocados nessa questão procuraram ter relação com aqueles relacionados

na legislação anterior, a respeito da obrigatoriedade da aplicação dos royalties do

petróleo pelos municípios.

Quanto aos resultados, a maior preocupação identificada pela população foi

com o item "esgotamento sanitário" (39,71%), seguido da "pavimentação de

estradas" (20,58%), "abastecimento de água" (16,97%) e "pavimentação de ruas"

(14,44%), consideradas as principais. Os itens considerados no estágio de

atendimento regular para bom foram "pavimentação de ruas" (4,33%) e "proteção ao

meio ambiente" (9,03%). (Figura 50).

Fazendo, novamente, uma correlação com a visão das empresas, vê-se uma

identidade entre os problemas apresentados, ou seja, o saneamento é o mais grave

porque os gestores municipais não investem, e a pavimentação das ruas é o item de

melhor resultado. Nesse os gestores municipais investem, porque torna-se visível e

pode ser rapidamente traduzido em "votos" e na permanência no poder.

Para saber quais os objetos e sistemas de ações existentes na paisagem do

município que, melhor identificam a presença da PETROBRAS, foi a opção Cavalo-

de-Pau (36,27%). Em seguida, os objetos da indústria do petróleo, mais lembrados

foram "Outros" - foram citados Posto de Gasolina, Empregados com fardamento

alaranjado, entre outros (25,18%), Estação de Óleo e Gás (12,08%), Programa do

Aterro Sanitário (8,51%), Programa Terra Pronta (7,04%), Chafariz (6,38%) e

Oleodutos (1,77%) (Figura 51).

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185

Semelhante ao pesquisado na amostra das empresas, o cavalo-de-pau,

portanto, foi o objeto que melhor simbolizou a indústria do petróleo potiguar, na visão

da população dos municípios da Área do Petróleo Potiguar.

Sobre os aspectos em que a PETROBRAS tem contribuído para o

desenvolvimento socioeconômico do município, os atores sociais ligados a

população consideraram os seguintes aspectos na ordem de contribuição: a maior

contribuição advém da opção "absorver mão-de-obra contratada" (21,99%). Em

segundo lugar, foi mencionada a opção "apoio nas atividades de educação e cultura"

(18,44%), seguidos das opções "apoio nas atividades produtivas da indústria"

(15,60%), "construção de aterro sanitário" (10,99%) e por último a opção "construção

de chafariz" (10,99%) (Figura 52).

Os dados pesquisados mostraram que para a população, a maior expectativa

é que a grande indústria, no caso a PETROBRAS, venha gerar empregos. No

entanto, a indústria utiliza o espaço, cada vez com uma menor quantidade de mão-

de-obra em seus processos produtivos.

A sofisticação tecnológica da PETROBRAS, na era da globalização, impõe a

contratação direta apenas de mão-de-obra especializada. O processo de automação

dos poços de petróleo, é um bom exemplo, da substituição do "homem por

máquina", que já ocorre na Área do Petróleo Potiguar.

A única alternativa que sobra à população economicamente ativa na referida

área é a absorção de mão-de-obra local e através da prestação de serviços

contratados.

Acrescenta-se, ainda que a sofisticação tecnológica da indústria do petróleo

potiguar, exige a presença da mão-de-obra qualificada, o que é muito escasso na

área em estudo.

Sobre os aspectos em que a PETROBRAS 'não' tem contribuído para o

desenvolvimento socioeconômico do município, a opinião dos atores sociais da

população revelou os principais itens de insatisfação, tendo a seguinte gradação: em

primeiro lugar, foi o item "não absorver a mão-de-obra local em atividades

terceirizadas da PETROBRAS" (23,76%), seguido das seguintes respostas: "não

absorver a mão-de-obra local em atividades próprias da PETROBRAS" (20,92%),

"estradas e rodovias esburacadas, em função do transporte de petróleo" (19,15%) e

o item "elevação do custo de vida municipal, em função da presença de funcionários

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186

da indústria do petróleo" (11,7%). Os demais itens tiveram menor participação

percentual (Figura 53).

Por fim, colocada a seguinte questão: “A vida das pessoas melhorou depois

da descoberta do petróleo no seu município?". A consistência dessa resposta,

exigiu que a escolha da amostra em cada município obedecesse, em primeiro lugar,

aos parâmetros constantes na Tabela 34. Em segundo lugar, que os entrevistados já

tivessem uma história de vida nos lugares pesquisados, de modo que tivessem

condições de averiguar o "antes" e o "hoje".

O resultado da pesquisa de campo consolidada dos atores sociais da

população da Área do Petróleo Potiguar revelou que 84,8% considera que a vida

melhorou depois da descoberta do petróleo nos respectivos municípios, 15,2%

considera que não influencia (Figura 54).

O detalhamento da questão, considerando o resultado por município da Área

do Petróleo Potiguar, mostrou que há dois grupos distintos: o primeiro pertencente a

população dos municípios que consideraram que a indústria do petróleo melhorou

em 100% da vida do município. Nos municípios de Açu, Areia Branca, Felipe Guerra

e Upanema, a população considera que a vida melhorou 100% com a chegada da

PETROBRAS. A população dos demais municípios, considerou que a descoberta

do petróleo não melhorou em 100%. (Figura 55).

A este resultado mostra que em pouco mais de duas décadas, a indústria do

petróleo potiguar, através da PETROBRAS, consolidou uma imagem muito positiva

nas organizações empresariais dos municípios produtores de óleo e gás natural.

Os municípios que consideraram a influência parcial da indústria do petróleo

destacam-se: Porto do Mangue (sim - 50%; não - 50%) e Serra do Mel (sim - 35,7%;

não 64,3%). Tratam-se de municípios onde a presença dos objetos e sistemas de

ações da PETROBRAS ocorrem em menor escala.

Quanto aos comentários adicionais, as respostas apresentadas versaram

sobre os maiores problemas enfrentados pela população na área em estudo. Com

isto, procura-se checar estas informações com a questão maior da evolução de

desenvolvimento socioeconômico na área em estudo.

Na tentativa de mapear as respostas da população, este trabalho dividiu à

Área do Petróleo Potiguar em duas partes:

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187

a) "área norte" - contemplando os municípios que se localizam acima da BR-304, a

saber: Açu, Alto do Rodrigues, Areia Branca, Carnaubais, Guamaré, Macau,

Mossoró, Pendências, Porto do Mangue e Serra do Mel;

b) "área sul" - contemplando os municípios que se localizam abaixo da BR-304, a

saber: Governador Dix-Sept Rosado, Felipe Guerra, Apodi, Caraúbas e Upanema.

Após analisar o conjunto das respostas obtidas, foi possível agrupar os

principais problemas apresentados na pesquisa de campo, em função da

similaridade das respostas nas duas áreas citadas.

Na "área norte" o problema principal detectado nas questões abertas

(comentários) foi o do desemprego nas sedes dos municípios. Não tendo muitas

alternativas, a maioria da população economicamente ativa prefere a tentativa do

trabalho "esporádico" na cidade. O segundo maior problema apontado nessa área foi

a da "prostituição". Em muitas cidades, segundo as respostas dadas, este problema

atinge, principalmente, as jovens adolescentes que migram do campo para a cidade.

Associado, a este surgiu a doença da AIDS. No município de Alto do Rodrigues, por

exemplo, já existem 34 casos confirmados. Em Mossoró, estão concentrados os

maiores índices de prostituição e de AIDS, em face do tamanho da população, que é

superior a soma de todos os demais municípios.

Ainda na "área norte" foram apresentados outros problemas, considerados

mais específicos e/ou localizados. Entre os principais: no município de Açu, foi citado

a questão da distribuição de água e o problema da segurança urbana (roubos e

assaltos); em Areia Branca, foi citado o grave problema das drogas, que se alastra

em função do Porto Ilha; em Macau foi citado o problema da "infestação de

mosquitos e muriçocas, a existência de salitro na rede de água, afetando a

qualidade de vida da população; em Serra do Mel, a água para consumir ainda é

vendida, em barris no lombo dos jegues, ao preço de R$ 1,00.

Na "área sul" o problema principal detectado nas questões abertas

(comentários) foi o da segurança tanto nas sedes dos municípios, como nas áreas

rurais. Este problema decorre de questões políticas, assim como de luta histórica de

grupos familiares pelo poder municipal. Há um clima de insegurança nos

deslocamentos entre cidades da referida área. O segundo problema apontado foi o

desemprego, que é presente em todos os municípios. Em menor escala, foram

apontados pela população outros problemas, saber: Em Apodi, começa a surgir o

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188

problema da prostituição; Em Felipe Guerra, Gov. Dix-Sept Rosado e Caraúbas, foi

citado o fenômeno do "êxodo rural", incluindo uma nova modalidade chamada de

"êxodo municipal", em que parte da população migra em busca de trabalho nos

centros maiores, notadamente para o município de Mossoró.

Além destes problemas apresentados, praticamente em todos os lugares

foram apontados, pela população pesquisada, a existência de problemas nas áreas

básicas de atendimento: saúde (principalmente em face de ausência de médicos nos

centros e postos de atendimento); educação (inexistência de escolas

profissionalizantes e de 30 grau), cultura, esportes e lazer (não há incentivo público

ou privado para a realização de eventos permanentes) e dificuldades de transporte,

principalmente nas áreas rurais.

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192

4.3- Consolidação das Variáveis

Esta parte do trabalho consolida as principais variáveis adotadas no

processo da pesquisa dos dados secundários e primários, considerando os

aspectos colocados no referencial teórico, concernentes ao crescimento versus

desenvolvimento.

A tabela 36 mostra a consolidação de todas as principais variáveis

analisadas neste trabalho, dividindo em duas partes. Primeiro, as variáveis de

crescimento escolhidas (população, finanças e royalties) e em segundo lugar, as

variáveis de desenvolvimento (IDH-M, alfabetização, renda, abastecimento,

saneamento, saúde, coleta de lixo e consumo de energia). Para tanto, foi

necessário separar os municípios entre os maiores (em função da base econômica,

ser pólo regional, etc) e os menores (menor base econômica e dependentes dos

pólos regionais).

Além dos aspectos quantitativos, foi levado em consideração os aspectos

qualitativos detectados na pesquisa de campo realizada nos municípios da referida

área. Assim, vê-se que no grupo dos maiores, o município de Mossoró foi o que

obteve os melhores resultados; e, entre os menores, o município de Alto do

Rodrigues obteve o melhor resultado. Assim, pode-se afirmar que estes municípios

foram os que melhor aplicaram a receitas dos royalties do petróleo, no período

estudado. Tabela 36 - Consolidação das variáveis da pesquisa

População Finanças Royalties IDH-MAlfabetiza

çãoRenda

Abasteci-mento

Saneamento

SaudeColeta de

LixoConsumo

de EnergiaMaiores

Mossoró * 10 10 20 10 10 10 20 10 20 10 100

Areia Branca 50 20 30 20 20 20 60 80 70 30 110

Macau 40 30 40 30 30 40 50 20 10 20 90

Açu 20 50 70 50 60 30 70 60 50 60 80

Apodi 30 60 60 60 90 100 120 130 120 110 140

Menores

Alto do Rodrigues * 100 70 50 40 50 50 10 40 90 70 70

Carnaubais 120 80 80 70 130 60 100 30 6 140 130

Guamaré 13 40 10 80 100 70 80 9 140 50 30

Pendências 80 90 90 110 120 80 30 50 100 40 40

Felipe Guerra 14 100 120 100 40 120 110 100 80 100 120

Porto do Mangue 15 110 13 140 150 150 150 110 30 80 1

Gov. Dix-Sept Rosado 70 120 100 90 70 90 140 150 130 130 150

Upanema 90 130 110 15 140 140 130 140 150 120 5

Caraúbas 60 140 140 13 110 130 9 70 40 90 60

Serra do Mel 110 150 150 120 80 110 40 120 110 150 20

Fonte: Dados elaborados pelo autor, 2003

Variáveis do DesenvolvimentoVariáveis do CrescimentoClassificação dos Municípios da Área do

Petróleo Potiguar

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193

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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194

O entendimento do presente trabalho abarcou o estudo da Área do Petróleo

Potiguar e a influência dos royalties nas finanças públicas e na socioeconomia dos

municípios dessa porção do território do Rio Grande do Norte. A análise do

georritmo do cavalo-de-pau nos municípios produtores de óleo e gás natural em

solo potiguar, foi sustentada pela seqüência de abordagens conceituais sobre o

espaço geográfico, o território e sua dinâmica, o meio técnico-científico-

informacional, a geografia das redes, globalização da economia, o crescimento e o

desenvolvimento.

Como espaço geográfico, a indústria do petróleo significou um conjunto

intrincado de sistemas de objetos e sistemas de ações, que se instalou há duas

décadas apenas, numa área geográfica muito dispersa do território potiguar.

O conjunto complexo dos objetos e sistemas de ações da indústria petrolífera,

foi evidenciado em áreas rurais e urbanas do semi-árido potiguar, através da

produção do poço de petróleo utilizando o cavalo-de-pau, a sonda de perfuração, a

plataforma para a produção marítima, os oleodutos e gasodutos, as estações de

óleo, o pólo industrial e a utilização da mão-de-obra especializada... tudo isso

acontece no território.

A denominação de território foi aplicada, com base na existência do conjunto

de gestores de um espaço definido e delimitado a partir de relações de poder, que

se faz presente, pelo “Estado”, representado pelos governos municipais, a “iniciativa

privada”, pela grande empresa, no caso a PETROBRAS e a “sociedade civil”, pelas

populações urbanas e rurais, que constroem os aspectos históricos, éticos, culturais

e socioeconômicos do território.

A profunda interação da ciência e da técnica, caracteriza a indústria do

petróleo em solo potiguar como um meio técnico-científico-informacional. Este meio

geográfico foi confirmado quando se demonstrou que nas áreas rurais dos

municípios da Área do Petróleo Potiguar há um conjunto complexo de objetos

automatizados, que vai desde os cavalos-de-pau e estações coletoras de óleo e

gás, espalhados nos diversos campos de petróleo, até a sala de controle

automatizada no Pólo Industrial de Guamaré.

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195

O conceito de geografia das redes foi entendido, a partir do funcionamento da

atividade industrial de petróleo no semi-árido potiguar e suas conexões do processo

produtivo de exploração, perfuração, produção e distribuição do óleo e gás natural

para o mercado global.

Outro ponto de sustentação teórica foi o entendimento dos conceitos de

crescimento e desenvolvimento. Ficou evidenciado que o termo crescimento tem

relação com os aspectos quantitativos (aumento da produção de bens e serviços, da

produtividade, das receitas, entre outros), enquanto o termo desenvolvimento está

voltado para os aspectos qualitativos (elevação dos níveis de bem-estar da

população, diminuição da pobreza, diminuição do analfabetismo, aumento da

expectativa de vida, entre outros). Neste estudo, foi considerado como aspecto do

crescimento a evolução do quadro de finanças públicas. Por sua vez, a evolução da

dinâmica socioeconômica (demografia, setores produtivos, setores sociais, infra-

estrutura e atores sociais) e IDH-M dos municípios da Área do Petróleo Potiguar foi

relacionada aos aspectos do desenvolvimento.

A indústria do petróleo se instalou e desenvolveu-se num território próprio em

solo potiguar, no mesmo período, do ponto de vista histórico, da efervescência do

processo de globalização mundial. Percebeu-se que este setor produtivo está

voltado para o mercado nacional, hoje mais do que nunca sob os reflexos do

processo de globalização. A PETROBRAS, aqui no Rio Grande do Norte, é uma

empresa que funcionando sob a lógica da acumulação do capital e dos fluxos da

globalização, não está voltada diretamente à localidade, pois a sua missão principal

é produzir óleo e gás natural para abastecer o mercado nacional. Considerando os

aspectos relacionados à responsabilidade social, esta empresa tem implementado

programas no sentido de colaborar com os gestores municipais e da sociedade civil

organizada, no sentido de atenuar os grandes e seculares problemas da seca e do

êxodo rural, que abarcam a maioria dos municípios produtores de petróleo em solo

potiguar.

O cavalo-de-pau, evidenciado neste trabalho, como o símbolo da atividade de

petróleo como um todo, não se encontra isolado na paisagem do semi-árido

potiguar, mas no seu entorno existem conexões de produção local voltadas para o

mercado global. Foi mostrado que, ao mesmo tempo, a indústria do petróleo se

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apropria do subsolo, explora a matéria-prima do óleo e gás natural, transfere

através de oleodutos e gasodutos esta matéria-prima para o mercado global e deixa

para o mercado local explorado, por força de lei, os recursos oriundos dos royalties

do petróleo. A diferença entre as forças centrífugas (do local para o global) e as

centrípetas (do global para o local) revelou um processo de “mais valia”, uma vez

que somente um percentual da produção remunera o local.

A indústria do petróleo foi entendida, também, como objetos técnicos que

passaram a fazer parte localmente da história dos municípios da região noroeste do

Estado, não necessitando a priori compor a herança cultural. Antes dos anos 80 do

século XX eram objetos técnicos inexistentes no território potiguar. À luz dos

modelos de crescimento econômico e pela experiência histórica, verificou-se que a

ascensão da indústria do petróleo ocorreu numa fase de declínio e decadência de

outras indústrias em solo potiguar, como foi o caso da indústria algodoeira, de

mineração, da cera de carnaúba, do desemprego gerado com a mecanização da

indústria salineira, entre outras.

Embora pujante, a indústria do petróleo não resolveu o maior problema

deixado pelas indústrias decadentes do RN que foi o desemprego. A absorção

deveu-se apenas à mão-de-obra qualificada, que sempre foi escassa na região em

foco. Nesta questão, a colaboração da indústria do petróleo tem sido na absorção

de mão-de-obra semi-qualificada indireta e temporária, através do processo de

terceirização dos serviços.

Numa primeira fase, o setor de petróleo introduziu um sistema técnico invasor

em áreas rurais e urbanas, com a chegada de objetos técnicos não locais, como as

sondas de perfuração e depois com a fixação dos cavalo-de-pau, estações de

tratamento e oleodutos. Cercas foram derrubadas, derramamentos de óleo

ocorreram sobre o solo da caatinga e muitas estradas foram "esburacadas" com o

intenso trânsito do transporte de óleo.

Na atual fase, o arranjo dos objetos da atividade de petróleo tem se

evidenciado, através de um sofisticado processo de automação de poços, que vem

diminuindo os riscos e agressões à natureza em solo potiguar.

O setor de petróleo, nas últimas décadas, tem mudado o quadro de

referência socioeconômico do território do Rio Grande do Norte, principalmente

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197

sobre os municípios da Área do Petróleo Potiguar, haja vista a sua influência no

desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, que tem revelado crescimento

econômico, superior a maioria dos demais estados nordestinos.

Os interesses políticos quanto aos destinos das receitas dos royalties faz

sentido no caso do Rio Grande do Norte, uma vez que mais da metade dos

municípios do Estado são beneficiados com este item financeiro, e em particular, os

15 (quinze) municípios que compõem a Área do Petróleo Potiguar.

Um fato concreto foi gerado a partir da aprovação da Lei n0 9.478, de 06 de

agosto de 1997, regulamentada pelo Decreto Lei n0 2.455, de 14/01/1998, quando

houve um acréscimo de 100% no item "royalties" das receitas municipais, uma vez

que estes passaram a ser pagos considerando um aumento de 5% para 10% da

produção de petróleo e gás natural nos campos de petróleo.

Um dos objetivos básicos deste trabalho foi o de caracterizar a Área do

Petróleo Potiguar. A metodologia utilizada foi a determinação, através de pesquisa

bibliográfica, de um conjunto de dados sobre a delimitação, os aspectos físicos e

socioeconômicos e a identificação do georritimo do cavalo-de-pau nos 15 (quinze)

municípios pertencentes à referida área.

Dentre os vários aspectos físicos apresentados, foram consolidados os

seguintes itens: o clima predominante é o semi-árido, com temperatura média anual

em torno dos 270 C; o esboço geológico encontrado é a formação sedimentar, onde

somente é possível encontrar o minério de petróleo; o relevo toma várias formas,

predominando as formas de planície costeira, planícies fluviais, tabuleiros costeiros,

chapada do Apodi e a depressão sertaneja; os solos são salinos, arenosos,

sedimentares, calcários, orgânicos, argilosos e de várzea; e quanto a vegetação, a

maior parte corresponde a vegetação da caatinga.

Quanto aos aspectos socieconômicos apresentados, os principais itens

consolidados foram: o quadro demográfico mostrou que a população da área em

estudo representou 15,87% do total do RN no ano de 2000, e que em relação à

década de 70, houve um esvaziamento da área rural, que migrou para as áreas

urbanas dos municípios produtores de petróleo; quanto aos setores produtivos, foi

demonstrado que há produção nas atividades primária, secundária e terciária da

economia, embora que incipiente na maioria dos municípios da referida área. De

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198

modo geral, a vocação predominante ainda é agrícola, seguindo-se do comércio. A

indústria de petróleo destaca-se como a principal no setor secundário.

Os setores sociais da Área do Petróleo Potiguar destacados foram os da

educação e saúde. No primeiro, ficou evidenciado um quadro precário no conjunto

dos itens analisados. A questão da taxa do analfabetismo, para a população acima

de 10 anos, evoluiu de 42,52(%) em 1991 para 28,64(%), considerada ainda muito

alta. O mesmo fenômeno aconteceu com a área de saúde. A oferta de unidades

hospitalares e ambulatoriais tem sido satisfatória para os maiores municípios, e

bastante precária para os menores.

Quanto à infra-estrutura básica, procurou-se identificar os itens de aplicação

dos recursos dos royalties, que vigorou até o decreto-lei n0 01/91, sendo

disponibilizados: abastecimento de água, saneamento, coleta de lixo e consumo de

energia elétrica. No quadro de abastecimento de água, o percentual de domicílios

evoluiu de 46,65% (1991) para 65,06% (2000), o que é ainda muito baixo. No

quadro do saneamento básico, o percentual de domicílios atendidos foi e continua

sendo muito alarmante: ocorreu um pequeno salto de 7,39% (1991) para 11,55%

(2000) de domicílios com rede de saneamento. No quadro de coleta de lixo, o

percentual de lixo coletado por domicílio evoluiu de: 59,58% (1991) para 73,46%

(2000). No quadro de consumo de energia elétrica o número de consumidores

evoluiu de 81.478 em 1991 para 110.194 em 2000. Os dados deste item, também

revelaram que houve uma diminuição nos investimentos em energia elétrica em

áreas rurais e um maior volume de atendimento nas áreas urbanas dos municípios

da Área do Petróleo Potiguar.

Mesmo não tendo dados oficiais para uma análise, o item pavimentação de

ruas nas cidades da Área do Petróleo Potiguar, é o que de melhor pode ser visto,

como aplicação direta dos recursos dos royalties do petróleo. Em algumas cidades,

como Alto do Rodrigues e Upanema, as condições são consideradas satisfatórias. É

diferente, no entanto, a visualização das estradas para o acesso as áreas rurais ou

mesmo as rodovias de responsabilidade estadual ou federal, em que as condições

são muito precárias.

Por fim, foi acrescentado o item relativo a renda média da referia área de

estudo. Os dados mostraram que o total médio da renda em 1991 foi de R$ 278,31

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em relação ao de 2000, que ficou na faixa de R$ 312,50, sendo inferior a média do

Estado do RN. Isto significou que houve um crescimento real da renda de apenas

12,32%, muito inferior ao crescimento inflacionário do mesmo período (IGP-M

57,89%).

Para o entendimento do georritmo da indústria do petróleo no território

potiguar foram apresentados os principais elementos existentes em sua infra-

estrutura, a produção de óleo e gás natural dos campos existentes nos municípios

da referida área, os aspectos econômicos, sociais e ambientais engendrados com a

indústria do petróleo, a contribuição gerada para os proprietários de terra e por fim,

a visualização dos arranjos espaciais, seguindo as fases dos processos produtivos

e seus principais equipamentos.

A análise e interpretação de dados das variáveis da pesquisa bibliográfica e

de campo, foi estudada no período de 1995 a 2000. As variáveis escolhidas foram:

Finanças Públicas municipais(receitas), receitas de Indenização de Royalties de

Petróleo e o estudo do IDH-M da Área do Petróleo Potiguar.

No quadro das Finanças Públicas foram apresentadas as planilhas das

receitas e despesas, conforme o modelo constante na Lei n0 4.320/64, da lei de

Responsabilidade Fiscal e da Portaria STN n0 212/01. Uma vez que os royalties do

petróleo são considerados compensações financeiras, o objetivo foi o de investigar

a sua influência no conjunto das finanças públicas municipais, a partir de modelos

oficiais.

Considerando o conjunto das tabelas de finanças públicas dos municípios da

Área do Petróleo Potiguar, verificou-se em todo o período analisado (1995 a 2000),

o alto grau de dependência das receitas de transferência, notadamente do FPM e

da Indenização dos Royalties do Petróleo.

A evolução do quadro das finanças públicas no período de 1995 a 2000,

mostrou que houve crescimento econômico, principalmente devido ao acréscimo

nas receitas dos royalties de petróleo. Considerando o período de 1995 a 2000 este

trabalho revelou um dado comparativo em que o crescimento do ISS (6,05%), do

ICMS (5,52%) e do FPM (7,09%), foi bastante inferior ao crescimento alcançado

pelo item Indenização dos Royalties do Petróleo, que cresceu um percentual de

519,73% no mesmo período citado. Por outro lado, o conjunto dos indicadores

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sociais e de infra-estrutura, conduziram no mesmo intervalo de tempo, a um

resultado de desenvolvimento socioeconômico lento. Os fatos e dados revelaram

um grande desequilíbrio entre o crescimento dos itens tributários e a melhoria das

condições de vida da população dos municípios produtores de petróleo, apesar da

abundância dos recursos financeiros.

Os municípios de Mossoró e Guamaré, utilizados como amostra sobre a

evolução das finanças públicas, revelou um quadro semelhante ao de toda área em

estudo. O que saltou os olhos foi o estrondoso crescimento percentual dos royalties

de petróleo em Guamaré, que atingiu a cifra de 1.402,99% entre 1995 a 2000, e

muito pouco disso é visto nas ruas da sede do município e nas áreas rurais.

A indenização dos royalties do petróleo proporcionou o maior crescimento

entre todos os itens do quadro das receitas, principalmente a partir de 1999 com o

aumento da alíquota sobre a produção e do recebimento dos proprietários de terra.

O que se pode deduzir é que a riqueza do petróleo não é vista nas ruas, cidades e

vilas rurais dos municípios da área em estudo, fato este que há muito tempo vem

sendo mostrado pela imprensa estadual.

No período estudado, as receitas dos royalties do petróleo variaram entre a

segunda e terceira mais importante receita do conjunto dos municípios da Área do

Petróleo Potiguar. Foi sempre maior do que a principal receita própria, o ISS. Em

relação ao ICMs, foi superior e em alguns casos, ficou no percentual um pouco

abaixo. Somente, o FPM foi superior em todos os anos, revelando ser a principal

receita dos municípios da área em estudo.

Considerando a análise destacada dos royalties do petróleo, foi visto que o

RN é o segundo mais importante Estado da Federação na distribuição dos royalties,

só perdendo para o Rio de Janeiro. O volume recebido no RN tem sido bastante

representativo, registrando nos últimos 18 anos, um volume de 290 milhões de

dólares. Isto mostra, que os royalties são um dos grandes indutores do crescimento

econômico do RN. A aplicação desse volume de recursos, na mesma promoção,

deveria promover crescentes indicadores de desenvolvimento socioeconômico, que

infelizmente não foi detectado quando da análise da infra-estrutura básica dos

municípios da referida área de estudo.

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O desequilíbrio entre o volume de recursos gerados para o crescimento

econômico em relação a dinâmica socioeconômica, foi comprovado na análise do

Índice do Desenvolvimento Humano (IDH-M) dos municípios da Área do Petróleo

Potiguar (APP). Em 1970, a média do IDH-M da APP foi 0,225, indicando baixíssimo

índice de qualidade de vida. Nas décadas seguintes, houve uma evolução do IDH-M

passando de 0,329 (1980), para 0,403(1991) até o de 0,651 (2000). O que se pode

depreender do IDH-M dos municípios da Área do Petróleo Potiguar, é que o ritmo do

desenvolvimento foi lento entre as décadas de 1970 a 1990. Somente ao longo da

década de 2000, é que o ritmo de desenvolvimento foi considerado médio.

O crescimento no período de 1991 a 2000, revelou que o IDH-M dos

municípios da Área do Petróleo Potiguar cresceu 61,49%, sendo muito superior ao

percentual atingido, no mesmo período, pelo Estado do Rio Grande do Norte

(13,23%), Natal (9,67%) e Brasil (7,22%). O grande indutor para esse crescimento

na última década foi devido à receita da indenização dos royalties do petróleo, que

obteve resultados percentuais superiores as demais receitas dos municípios da área

em estudo.

Por fim, a pesquisa de campo relacionou os atores sociais – governos

municipais (prefeituras), empresas/instituições da sociedade civil e população, sendo

pesquisados através de amostra absoluta (prefeituras) e amostra estratificada

(empresas/instituições e população).

Quanto ao ator social – governos municipais – ficou evidenciado o alto grau

de importância e dependência das receitas da indenização dos royalties do

petróleo. Na visão destes, os royalties do petróleo exercem um papel decisivo na

construção do desenvolvimento socioeconômico da referida área de estudo. Quanto

à aplicação da receita de indenização dos royalties do petróleo, os principais itens

identificados foram: pavimentação (30%), irrigação (20%) e construção de escolas e

postos de saúde (20%).

Quanto ao ator social – empresas e instituições da sociedade civil – buscou-

se a visão destes quanto ao papel exercido pelos governos municipais e a empresa

PETROBRAS na gestão dos recursos dos royalties do petróleo. Com respeito ao

julgamento da atuação das prefeituras municipais na realização de melhorias na

infra-estrutura, a maior preocupação foi o item “esgotamento sanitário” (30,57%),

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que praticamente inexiste, seguido da “pavimentação de estradas” (24,03%). O item

considerado de melhor atuação foi “incentivo à agricultura” (82,35%). No aspecto

social, os itens de maior preocupação apontados foram: “segurança” (49,3%),

seguido do “falta de emprego” (39,9%). Com respeito a atuação da PETROBRAS, o

objeto “cavalo-de-pau” (37,2%), foi considerado o principal símbolo que representa

a industria do petróleo na região, seguido do item “Estação de Óleo e Gás”

(17,68%). Quanto aos aspectos relevantes, os itens considerados de maior

contribuição foram: “absorver mão-de-obra contratada” (22,56%), “apoio nas

atividades produtivas (17,68%) e apoio nas atividades de educação e cultura

(18,79%). Sobre os aspectos em que a PETROBRAS não tem contribuído para o

desenvolvimento da região, os principais itens identificados foram: “estradas e

rodovias esburacadas, em função do transporte do petróleo” (21,34%), “não

absorver mão-de-obra local “ (17,68%) e “elevação do custo de vida, em função da

presença de funcionários da indústria do petróleo” (14,63%). O resultado da

pesquisa de campo junto aos atores sociais – empresas – revelou que 91,9%

considera que a vida melhorou após a descoberta do petróleo no município.

Quanto ao ator social – população– buscou-se também a visão destes quanto

ao papel exercido pelos governos municipais e a empresa PETROBRAS na gestão

dos recursos dos royalties do petróleo. Com respeito ao julgamento da atuação das

prefeituras municipais na realização de melhorias na infra-estrutura, a maior

preocupação foi novamente o item “esgotamento sanitário” (39,71%), seguido da

“pavimentação de estradas” (20,58%) e “abastecimento d’água” (16,97%). O item

considerado regular foi “pavimentação de ruas nas sedes dos municípios” (4,33%).

No aspecto social, os itens de maior preocupação apontados foram: “segurança”

(50,7%), seguido do “falta de emprego” (45,7%).

Com respeito a atuação da PETROBRAS, o objeto “cavalo-de-pau” (36,27%),

foi considerado o principal símbolo que representa a industria do petróleo na região,

seguido do item “Outros – empregado com fardamento alaranjado e posto BR”

(25,18%). Quanto aos aspectos relevantes, os itens considerados de maior

contribuição foram: “absorver mão-de-obra contratada” (21,99%), “apoio nas

atividades de educação e cultura (18,44%), “apoio nas atividades produtivas”

(15,60%) e “construção de aterro sanitário” (10,99%).

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203

Sobre os aspectos em que a PETROBRAS não tem contribuído para o

desenvolvimento da região, os principais itens identificados foram: “não absorver

mão-de-obra em atividades terceirizadas “ (23,79%), “não absorver mão-de-obra

direta“ (20,92%), “estradas esburacadas em função do transporte de óleo” (19,15%)

e “elevação do custo de vida, em função da presença de funcionários da indústria

do petróleo” (11,7%). O resultado da pesquisa de campo junto aos atores sociais –

população – revelou que 84,8% considera que a vida melhorou após a chegada

indústria do petróleo em seu município.

As análises conjuntas da pesquisa bibliográfica e de campo efetuadas para

determinar à Área do Petróleo Potiguar, conduziram as seguintes recomendações:

- Que o item “indenização dos royalties do petróleo” seja classificado como

“Outras Receitas Correntes”, no quadro de finanças públicas dos respectivos

municípios da Área do Petróleo Potiguar. Observou-se na pesquisa de campo

que tanto a maioria dos municípios, como o IDEMA/RN e o TCE/RN, têm

registrado esta conta como “Receita de Capital”, o que fere a legislação em

vigor;

- Que os recursos oriundos da “indenização dos royalties do petróleo” sejam

aplicados preferencialmente em energia, pavimentação de estradas e ruas,

abastecimento e tratamento de água, irrigação, proteção ao meio ambiente e

saneamento básico;

- Que sejam desenvolvidos pela PETROBRAS projetos de infra-estrutura e

programas sociais, nas comunidades, distritos e cidades em que há

diretamente a presença dos objetos e sistemas de ações da indústria do

petróleo;

- Que sejam implementados os programas de Orçamento Participativo nos

municípios da Área do Petróleo Potiguar, com o objetivo de tornar mais

transparente a gestão das finanças públicas e ao mesmo tempo tornar mais

democrático a decisão da aplicação dos recursos públicos;

- Que o município de Guamaré seja incluído na Zona de Produção Secundária,

uma vez que é atravessado por oleodutos e gasodutos, ligados diretamente

ao escoamento da produção, com base no Artigo 40, Parágrafo 20 da Lei n0

7.525/86.

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- Que os municípios de Angicos, Bodó, Caiçara do Norte, Caiçara do Rio do

Vento, Fernando Pedroza, Jardim de Angicos, Lajes, Pedra Preta, Santana

do Matos e São Bento do Norte, passem a auferir a receita de royalties

advindos da produção marítima, uma vez que estão contidos na mesorregião

geográfica Central Potiguar. Este trabalho considera um equívoco do IBGE, a

não inclusão desses municípios, uma vez que o critério para o rateio da Zona

Limítrofe e de influência geoeconômica, é pertencer as mesorregiões

geográficas Oeste Potiguar e Central Potiguar.

Por fim, este trabalho recomenda a instalação de fóruns de discussões e

decisões sobre os rumos e os caminhos que podem ser seguidos para melhorar as

condições de vida da população dos municípios da Área do Petróleo Potiguar.

Estes fóruns poderiam funcionar em forma de conselhos municipais, com o objetivo

de criar instrumentos de participação dos cidadãos na defesa de seus interesses e

se possível na partilha do poder de decidir os destinos do desenvolvimento

socieconômico de cada lugar. Estes fóruns poderiam funcionar à semelhança do

que ocorre no município de Icapuí/CE, quando a população participa diretamente

nos encontros para decidir os destinos dos recursos do orçamento municipal.

Os conselhos seriam constituídos de espaços privilegiados para a construção

da cidadania e poderiam contribuir para romper velhas barreiras e abrir novas

perspectivas para o desenvolvimento local. Qual o melhor destino a ser dado aos

recursos oriundos dos royalties do petróleo? Investir em infra-estrutura? Investir na

educação e saúde? Ou aplicar em políticas assistencialistas?

A criação dos conselhos em cada município da Área do Petróleo Potiguar, ora

proposto neste trabalho, trará uma idéia de discutir a vida das cidades e do meio

rural em toda a sua abrangência, do ponto de vista econômico, político e social.

Estes conselhos seriam formados por representantes dos governos municipais e

das organizações da sociedade civil. As questões que são de interesse público

deixariam de ser discutidas apenas por técnicos e políticos. Os conselhos

municipais teriam acesso às informações sobre os recursos disponíveis e a real

capacidade do município. As principais questões passariam a ser discutidas por um

coletivo composto igualmente, pelo Estado e a sociedade civil organizada. Com isto,

o poder público ganharia maior legitimidade.

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O desequilíbrio entre o crescimento dos recursos financeiros e os baixos

índices de desenvolvimento detectados na Área do Petróleo Potiguar só teriam uma

explicação convincente através do poder político. As explicações econômicas e

sociais, intensamente colocadas neste trabalho, procuraram explicar os fatos e

dados técnicos e de pesquisa de campo. A resposta completa deve passar pela

esfera política. Assim, há uma necessidade de se aumentar a transparência e o

controle social na utilização dos recursos públicos. A instalação dos conselhos

municipais seria um primeiro passo nessa direção e sobretudo estabelecer uma

sólida indicação para oferecer um futuro melhor.

A riqueza do petróleo é finita. Com isto, a sua tendência é seguir a linha dos

ciclos econômicos de Schumpeter. As previsões dos especialistas em geologia do

petróleo, considerando o cenário atual das reservas provadas, indicam que haverá

produção de óleo e gás natural na bacia potiguar para os próximos 30 a 50 anos

(estimativa).

Com isto, os gestores municipais e principalmente a sociedade civil organizada

precisam estar atentos quanto aos destinos dos recursos dos royalties e de sua

eficaz aplicação, uma vez que ao passar dos anos, os poços serão tamponados e

cessará o georritmo do cavalo-de-pau.

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BIBLIOGRAFIA GERAL

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Referências Bibliográficas

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BRASIL. Decreto n0 2.705, de 03 de Agosto de 1998. Define critérios para cálculo e cobrança das participações governamentais de que trata a Lei n0 9.478, de 06 de Agosto de 1997, aplicáveis nas áreas de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural, e da outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 04 Ago. 1998. Disponível em: http://www.anp.gov.br. Acesso em: 22 mar. 2001. BRASIL. Lei n0 9.478, de 06 de Agosto de 1997, Dispõe sobre a política energética, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo. Congresso Nacional, Brasília, DF, 04 Ago. 1997. Disponível em: http://www.anp.gov.br. Acesso em: 22 mar. 2001. BRASIL. Decreto-Lei n0 1, de 11 de Janeiro de 1991. Regulamenta o pagamento da Compensação Financeira aos Estados, Distrito Federal e Municípios, instituída pela Lei 7.990/89. Congresso Nacional, Brasília, DF, 11 Jan. 1991. Disponível em: http://www.anp.gov.br. Acesso em: 22 mar. 2001. BRASIL. Lei n0 7.990, de 28 de Dezembro de 1989. Institui para os Estados, Distrito Federal e Municípios a Compensação Financeira pelo resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica, de recursos minerais em seus territórios, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 28 Dez. 1989. Disponível em: http://www.anp.gov.br. Acesso em: 22 mar. 2001. BRASIL. Decreto n0 93.189 de 29 de Agosto de 1986. Regulamenta a Lei n0 7.555, de 22 de julho de 1986, que dispõe sobre a indenização a ser paga pela PETROBRAS e suas subsidiárias aos Estados e Municípios. Congresso Nacional, Brasília, DF, 11 Jan. 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 22 mar. 2001. BRASIL. Lei n0 7.525, de 22 de julho de 1986. Estabelece normas complementares para execução do disposto no art. 27 da Lei 2004, de 03/10/1953, com a redação da Lei 7.453, de 27 /12/1985. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo. Disponível em: <http: www.planalto.gov.br>. Acesso em 04 junho 2002 BRASIL. Lei n0 7.453, de 27 de dezembro de 1985. Modifica o art. 27 e seus parágrafos da Lei n0 2.004 de 03/10/53, com redação que lhe foi dada pela Lei n0 3.257, de 02/09/1957. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo. Disponível em: <http: www.planalto.gov.br>. Acesso em 04 junho 2002 BRASIL. Lei n0 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito finenceiro para elaboração e controle dos orçamentos, dos Estados, Municípios e do Distrito federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo. Disponível em: <http: www.planalto.gov.br>. Acesso em 04 junho 2002 BRASIL. Lei n0 2.004, de 03 de Outubro de 1953. Cria a PETROBRAS e, estabelece royalties de 5% do valor da produção terrestre de petróleo e gás

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repassado aos Estados e Municípios produtores de petróleo e gás e 5% da produção marítima destinado ao Conselho Nacional de Petróleo(CNP). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Rio Janeiro, 03 Out. 1953. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 4 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. CEPETRO. Centro de Pesquisa de Petróleo da Universidade de Campinas (Unicamp). A geologia do petróleo. Campinas/SP, novembro de 2000. Disponível em: http://www.cepetro.unicamp.br/petróleo/saiba mais.html. Acesso em: 18 nov.2000. CORREA, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. 6.ed. São Paulo: Ática, 1998. DOMINGUES, Ronald. Conceito e medição de desenvolvimento socioeconômico. Disponível em: http://www.ronalddomingues.com. Acesso em: 21 fev 2002. FELIPE, José Lacerda A ; CARVALHO, Edilson Alves de. Atlas Escolar do Rio Grande do Norte. João Pessoa: Grafset, 1999. FURTADO, Celso. Teoria e Política Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Nacional, 1970. FIERN - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO RIO GRANDE DO NORTE. Cadastro Industrial do Rio Grande do Norte, ano 1998. Natal: Edição SEBRAE, 1999. GEIGER, Pedro P. Des-territorialização e espacialização. In: SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia de; SILVEIRA, Maria Laura (Orgs). Território: Globalização e Fragmentação. 3 ed. São Paulo: Hucitec, Anpur, 1996 IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Divisão regional do Brasil em mesorregiões e microrregiões geográficas. Volume 2 – Tomo 2. Rio de Janeiro: IBGE, 1990. _____ . Divulgação do Censo de 2000. Rio de Janeiro: No., 2001. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/censo/divulgação. Acesso em: 03 nov. 2001. _____ . Divulgação do Censo de 1991. Rio de Janeiro: Jan. 1992. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/censo/divulgação. Acesso em: 03 nov. 2001. _____ . Divulgação do Censo de 1980. Rio de Janeiro: Nov, 1981. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/censo/divulgação. Acesso em: 03 nov. 2001. _____ . Divulgação do Censo de 1970. Rio de Janeiro: Jan, 1972. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/censo/divulgação. Acesso em: 03 nov. 2001.

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IDEMA – INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE. Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte – 2000. Natal: 2002. _____, Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte- 1999. Natal: 2000. _____, Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte- 1998. Natal: 1999. _____, Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte- 1997. Natal: 1998 _____, Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte- 1996. Natal: 1997 _____, Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte- 1995. Natal: 1996 _____, Informativo Municipal – Açu. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Alto do Rodrigues. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Apodi. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Areia Branca. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Carnaubais. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Caraúbas. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Felipe Guerra. Volume 05.Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Guamaré. Volume 05.Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Gov. Dix-Sept Rosado. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Macau. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Mossoró. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Pendências. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Porto do Mangue. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Serra do Mel. Volume 05. Natal: 1999 _____, Informativo Municipal – Upanema. Volume 05. Natal: 1999 JORNAL DE ICAPUÍ. Moradores decidem quais as obras são prioridades. informativo da prefeitura municipal: ano I, n0 1. Icapuí/CE: 2001

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LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1991. _____, Metodologia do Trabalho Científico. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1992 MACHADO JR. José Teixeira. A Lei n0 4.320 comentada. 27.ed. Rio de Janeiro: IBAM, 1997. MAUREL, Joaquim Bosque. Globalização e regionalização da Europa dos Estados à Europa das regiões. O caso da Espanha. In: SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia de; SILVEIRA, Maria Laura (Orgs). Território: Globalização e Fragmentação. 3 ed. São Paulo: Hucitec, Anpur, 1996. MARIOT, Fábio. A História do Petróleo. Redação da Terra. Disponível em: <http: www.terra.com.br/almanaque/história/petróleo>. Acesso em: 17 Dezembro de 2001 MARX, Karl. O capital. Crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1988 NAPOLEONI, Cláudio. Smith, Ricardo, Marx, considerações sobre a história do pensamento. Rio de Janeiro: Graal, 1988. OLIVEIRA, Adilson de. Energia e Sociedade. Revista de divulgação científica da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Vol. 5, n0 29, Março de 1987. ONU – Organização das Nações Unidas. Comissão mundial sobre o meio ambiente e desenvolvimento. Nosso Futuro Comum. São Paulo:FGV,1988 PETROBRAS, Cadernos Petrobrás: a história de uma conquista – 25 anos da UN-RNCE, volume 1. Rio de Janeiro: 2001. _____, Relatório das atividades de extração de petróleo no Rio Grande do Norte e Ceará, subordinadas à E&P- RNCE . Relatório editado pela Comunicação Empresarial da UN RNCE. Natal, 1999. ______, Bacia Potiguar E&P RNCE 20 anos de petróleo no RN. Relatório Interno, editado pela Assessoria de Comunicação da E&P RNCE. Natal, 1996. _____, Geologia das Bacias Brasileiras. Bacia Potiguar. Rio de Janeiro: 1995 _____, Boletim de Geociências da Petrobras, volume 8. Rio de Janeiro: 1994. RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO – IDH, ano 2001. Disponível em: <http:www.undp.org/hdr.2001>. Acesso em: 10 julho.2001 ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 17.ed. São Paulo: Atlas, 1997

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SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Editora Best Seller, 1999. SANTOS, Milton . A Natureza do Espaço técnica e tempo, razão e emoção. 3.ed. São Paulo: Hucitec, 1999. _____, O retorno do Território. In: SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia de; SILVEIRA, Maria Laura (Orgs). Território: Globalização e Fragmentação. 3.ed. São Paulo: Hucitec, Anpur, 1996. SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do Desenvolvimento Econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1988. SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983. SOUZA, Nali de Jesus. Desenvolvimento Econômico. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1999 SOUZA, Marcelo José Lopes de. Urbanização e Desenvolvimento do Brasil Atual. São Paulo:: editora Ática, 1996. TCU. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Transferências Constitucionais e Legais. Brasília, 2001. Disponível em: <http: www.tcu.gov.br.htm>. Acesso em 03 novembro de 2001. TCE. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Os royalties de petróleo e a economia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2000. Disponível em: <http: www.tce.rj.gov.br/mapa. htm>. Acesso em 25 junho de 2001. YERGIN, Daniel. O Petróleo – uma História de ganância, dinheiro e poder. São Paulo: Scritta, 1992

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Bibliografia Complementar

BENKO, Georges. Economia, Espaço e Globalização - na aurora do século XXI. São Paulo: Hucitec, 1999. CARLOS, Ana Fani A. Espaço e Indústria. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2000. GEORGE, Pierre. Geografia Econômica. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 1991. MANZOGOL, Claude. Lógica do Espaço Industrial. São Paulo: Difel, 1985. MEDEIROS, Marilene Domingos. A importância da contribuição dos royalties de petróleo nos territórios geoeconômicas do Rio Grande do Norte: estudo no período de 1990 a 1994. Monografia - UnP. Natal, 1995. SANTOS, Milton. Espaço e sociedade. Petrópolis: Vozes, 1979. SOUZA, Marcelo José Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo César da Costa; CORREA, Roberto Lobato (Orgs) Geografia: Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.

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ANEXOS

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Anexo I

Tabelas de Finanças Públicas dos Municípios da Área do

Petróleo Potiguar: Período de 1995 a 2000

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Anexo I – Tabela n0 37

Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo

Potiguar - ano de 1995

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Valores Históricos - (R$ 1)

MUNICÍPIOS / CONTASAçu Alto do

Rodrigues

Apodi Areia

Branca

Caraúbas Carnaubais Felipe

Guerra

Dix-Sept

Rosado

Guamaré Macau Mossoró Pendências Porto do

Mangue

Serra do

Mel

Upanema Total APP

(1)

Total Estado

(2)

% 1/2

RECEITA TOTAL - 1995 4.666.074 3.578.641 3.252.865 4.652.041 2.379.544 2.702.413 1.364.575 1.997.919 2.809.239 6.231.972 37.432.203 2.155.621 1.408.615 96.845 74.728.566 728.053.728 10,26I-RECEITAS CORRENTES 4.447.074 3.068.641 3.251.865 4.565.580 2.266.544 2.495.413 1.276.575 1.827.323 2.796.239 5.930.972 35.929.203 1.942.621 1.247.615 96.845 71.142.509 712.326.728 9,991- Receita Tributária 1.118.004 525.084 116.386 112.234 496.070 60.395 52.418 149.361 369.541 1.525.798 9.131.000 275.408 36.927 13.968.626 162.071.364 8,621.1- IPTU 68.000 349.584 31.908 30.137 79.070 2.300 9.418 135.789 2.000 113.298 41.000 136.508 2.010 1.001.022 7.807.972 12,821.2- ISS 150.000 20.500 43.115 59.379 19.500 15.600 16.000 11.608 18.700 35.500 3.160.000 25.700 18.600 3.594.202 73.390.692 4,901.3- ITBI 5.000 2.816 5.599 95 1.734 15.244 94.513 16,131.4-Outras Rec.Tributárias 900.004 150.000 38.547 17.119 397.500 42.400 27.000 230 348.841 1.377.000 5.930.000 113.200 16.317 9.358.158 80.778.188 11,592- Receitas de Contribuições 299 2.116 6.000 8.415 3.693.000 0,233- Receita Patrimonial 10.748 1.435 1.321 13.504 5.499.354 0,254- Receita Agropecuária5- Receita Industrial6- Receita de Serviços 12.257 46.656 58.913 7.125.802 0,837-Transferências Correntes 3.135.000 2.046.000 2.848.921 3.909.662 1.684.000 2.200.200 1.165.000 1.568.302 2.099.000 3.970.000 25.859.000 1.550.800 1.171.600 53.207.485 499.134.208 10,667.1- União 2.010.000 1.020.000 2.598.810 1.582.915 1.152.000 1.400.000 1.045.000 1.041.428 564.000 1.150.000 10.119.000 1.028.000 1.054.000 25.765.153 203.495.751 12,667.1.1- FPM 2.010.000 1.020.000 2.265.002 1.551.029 1.152.000 1.400.000 1.045.000 1.034.019 564.000 1.150.000 10.119.000 1.028.000 1.000 24.339.050 198.845.078 12,247.1.2- ITR 328 48 363 1.053.000 1.053.739 3.161.217 33,337.1.3-Outros da União(IR, Aux.) 333.480 31.838 7.046 372.364 1.489.456 25,007.2- Estado 1.125.000 1.026.000 250.111 2.326.747 532.000 800.200 120.000 526.874 1.535.000 2.820.000 15.740.000 522.800 117.600 27.442.332 295.638.457 9,37.2.1- ICMs 1.031.000 995.000 223.183 2.301.335 520.000 775.200 120.000 449.521 1.510.000 2.820.000 15.740.000 522.300 110.100 27.117.639 293.562.768 9,247.2.2- IPVA 26.459 23.412 12.000 9.710 25.000 500 1.500 98.581 492.905 20,007.2.3- Outros do Estado 94.000 31.000 469 2.000 25.000 67.643 6.000 226.112 1.582.784 14,298-Outras Rec.Correntes 194.070 497.557 263.254 493.477 86.474 234.818 59.157 108.339 327.698 435.174 939.203 116.413 33.088 96.845 3.885.566 34.803.000 11,168.1- Indenização Royalties 194.070 497.557 260.172 493.477 86.474 234.818 59.157 108.339 327.698 435.174 939.203 116.413 33.088 96.845 3.882.484 14.543.000 26,708.2- Outras receitas 3.082 3.082 20.260.000 0,02II-RECEITAS DE CAPITAL 219.000 510.000 1.000 86.461 113.000 207.000 88.000 170.596 13.000 301.000 1.503.000 213.000 161.000 3.586.057 15.727.000 22,809- Operações de Crédito 30.000 85.000 70.000 130.000 315.000 3.955.000 7,9610- Alienação de Bens 4.000 9.000 4.000 17.000 279.000 6,0911- Amort.Empréstimos 4.000 4.000 31.000 12,9012- Transf. de Capital 2.000 1.000 1.000 301.000 1.000 306.000 8.218.000 3,7213-Outras Rec. Capital 217.000 509.000 1.000 86.461 113.000 202.000 58.000 85.596 1.503.000 139.000 30.000 2.944.057 3.244.000 90,75DESPESA TOTAL - 1995 4.623.000 3.492.000 3.240.064 4.862.000 2.261.000 2.534.000 1.069.000 1.759.000 2.702.000 6.724.000 37.979.000 2.275.000 1.373.000 74.893.064 833.827.465 8,98III-DESPESAS CORRENTES 4.171.000 2.233.000 2.436.971 3.880.000 1.917.000 2.241.000 1.013.000 1.443.000 1.784.000 5.847.000 33.195.000 1.851.000 1.349.000 63.360.971 720.269.685 8,801-Pessoal e Enc.Sociais 1.644.000 728.000 531.289 1.672.000 580.000 757.000 434.000 747.000 243.000 3.210.000 21.295.000 630.000 331.000 32.802.289 505.015.940 6,502-Juros e Enc.da Dívida 18.000 3.000 220.212 12.000 1.000 15.000 64.000 723.000 31.000 196.000 1.283.212 11.773.268 10,903- Outras Desp.Correntes 2.509.000 1.502.000 1.685.470 2.196.000 1.337.000 1.483.000 579.000 681.000 1.541.000 2.573.000 11.177.000 1.190.000 822.000 29.275.470 203.480.477 14,39IV-DESPESAS CAPITAL 452.000 1.259.000 803.093 982.000 344.000 293.000 56.000 316.000 918.000 877.000 4.784.000 424.000 24.000 11.532.093 113.557.780 10,164- Investimentos 440.000 1.234.000 799.093 965.000 344.000 292.000 55.000 309.000 912.000 830.000 3.986.000 414.000 24.000 10.604.093 47.325.787 22,415- Inversões Financeiras 12.000 25.000 4.000 17.000 1.000 1.000 7.000 6.000 47.000 798.000 10.000 928.000 21.743.284 4,276- Amortizações da Dívida 44.408.6447-Outras Desp. de Capital 80.065V-SALDO (REC.-DESP.) 43.074 86.641 12.801 -209.959 118.544 168.413 295.575 238.919 107.239 -492.028 -546.797 -119.379 35.615 96.845 -164.498 -105.773.737 0,16VI - INDICADORES (%)Royalties/Receita Total 4,16 13,90 8,00 10,61 3,63 8,69 4,34 5,42 11,67 6,98 2,51 5,40 2,35 100,00 5,20 2,00Royalties/Receita Corrente 4,36 16,21 8,00 10,81 3,82 9,41 4,63 5,93 11,72 7,34 2,61 5,99 2,65 100,00 5,46 2,04Royalties/Receita Capital 88,62 97,56 26.017 570,75 76,53 113,44 67,22 63,51 2.521 144,58 62,49 54,65 20,55 108,27 92,47Royalties/Despesa Total 4,20 14,25 8,03 10,15 3,82 9,27 5,53 6,16 12,13 6,47 2,47 5,12 2,41 5,18 1,74Royalties/Despesa Corrente 4,65 22,28 10,68 12,72 4,51 10,48 5,84 7,51 18,37 7,44 2,83 6,29 2,45 6,13 2,02Royalties/Despesa Capital 42,94 39,52 32,40 50,25 25,14 80,14 105,64 34,28 35,70 49,62 19,63 27,46 137,87 33,67 12,81Royalties / ISS 129,38 2.427,11 603,44 831,06 443,45 1.505,24 369,73 933,31 1.752,39 1.225,84 29,72 452,97 177,89 108,02 19,82Royalties / FPM 9,66 48,78 11,49 31,82 7,51 16,77 5,66 10,48 58,10 37,84 9,28 11,32 3.308,84 15,95 7,31Royalties / ICMS 17,25 48,49 104,02 21,21 16,25 29,34 49,30 20,56 21,35 15,43 5,97 22,27 28,14 14,15 4,92Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 1996), PETROBRASNota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n 101, Portaria STN n0 212/2001

Anexo I - Tabela n0 37 - Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - Ano: 1995

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Nota Explicativa No ano de 1995, a economia do Estado do Rio Grande do Norte obteve um total do

Produto Interno Bruto (PIB) de R$ milhão 4.727 e um PIB per capita de R$ 1.856. A participação percentual das principais atividades econômicas desse ano foram: 1- administração pública (27,95%), 2- construção (14,25%),3- indústria de transformação (10,43%), 4- atividade imobiliária, aluguéis e serviço prestado (8,73%), 5- agropecuária (7,51%), 6- comércio (7,30%),7- indústria de extração mineral (6,89%) e demais. (IDEMA, 2001, p. 259)

A atividade produtiva do petróleo e gás natural foi inserida na indústria de extração mineral, que em 1995 ocupou a sétima posição na economia do Rio Grande do Norte.

Quanto às finanças públicas dos municípios da Área do Petróleo Potiguar, relativas ao ano de 1995, os dados demonstrativos estão contidos na Tabela 19. A referida tabela apresenta um quadro geral (receitas, despesas e saldo), indicadores (royalties versus principais itens do quadro geral) e o total da Área do Petróleo Potiguar (APP) em relação ao total do Estado do Rio Grande do Norte.

Considerando o quadro geral de receitas e despesas, a tabela 19 mostra os seguintes resultados em 1995: o total das receitas da APP representou 10,26% em relação ao total da receita do Estado; o total das despesas da APP representou 8,98%. A receitas de Indenizações de royalties de petróleo totalizou para a APP um montante anual de R$ 3.882.484, representando 26,70% do total recebido pelo Estado (R$ 14.543.000).

Quanto ao fechamento das contas do ano de 1995, os municípios de Porto do Mangue e o de Upanema não apresentaram ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) os seus balanços anuais. O município de Porto do Mangue não apresentou suas contas, porque a sua criação ocorreu em 28 de dezembro de 1995, sendo desmembrado do município de Carnaubais. Quanto ao segundo município, as informações colhidas pelos atuais responsáveis pela gestão pública, dão conta de que não foram enviadas por questões políticas e administrativas.

Quanto equilíbrio fiscal, em quatro municípios (Areia Branca, Macau, Mossoró, Pendências) houve déficit (despesas maiores que as receitas). Uma vez que o município de Mossoró representou 50% do total da APP, o acumulado dos municípios da referida área também foi deficitário. Vale ressaltar que nesse ano, as contas gerais do Estado resultaram em um saldo negativo.

Quanto ao quadro dos indicadores da tabela 19, a participação percentual dos royalties do petróleo em relação aos principais itens de receitas e despesas, demonstrou os seguintes resultados: em relação à receita total dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram em média 5,20%; em relação ao total das receitas correntes, o percentual foi de 5,46%. Por sua vez, os royalties do petróleo representaram 108,27% em relação ao total das receitas de capital dos municípios da APP, o que é muito significativo. Isto mostra que as possibilidades de investimentos estiveram na dependência das receitas dos royalties do petróleo.

Quanto às despesas totais, correntes e de capital dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram 5,18%, 6,13% e 33,67%, respectivamente.

Quanto ao destaque dos principais itens de receitas, foram escolhidos o ISS (receita gerada no município), FPM (União) e ICMs (Estado). Estes dois últimos, correspondem a partilha dos tributos, devida aos municípios. Em relação ao ISS, os royalties do petróleo representaram em média 108,02%, ou seja, foi superior ao arrecadado no município.

Em relação ao FPM, os royalties do petróleo representaram 15,95% e em relação ao ICMs, os royalties do petróleo representaram 14,15%.

No quadro geral do ano de 1995, o item “indenização dos royalties do petróleo” correspondeu a terceira mais importante receita dos municípios da APP, ficando atrás somente do FPM e o ICMs.

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Anexo I – Tabela n0 38

Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo

Potiguar - ano de 1996

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Valores Históricos - (R$ 1)

MUNICÍPIOS / CONTASAçu Alto do

RodriguesApodi Areia

BrancaCaraúbas Carnaubais Felipe

GuerraDix-Sept Rosado

Guamaré Macau Mossoró Pendências Porto do Mangue

Serra do Mel

Upanema Total APP (1) Total Estado (2)

% (1)/(2)

RECEITA TOTAL - 1996 4.478.277 3.310.844 3.770.498 5.109.188 2.288.752 3.214.851 1.000.487 2.049.525 3.049.691 7.219.859 30.772.663 3.301.475 104 1.402.844 1.852.192 72.821.248 962.365.792 7,57I- RECEITAS CORRENTES 4.474.577 3.309.137 3.760.615 5.108.188 2.281.252 2.939.178 1.000.487 1.981.274 3.049.691 6.841.616 30.772.663 2.600.819 104 1.402.844 1.852.192 71.374.636 906.758.782 7,871- Receita Tributária 155.200 26.050 138.283 119.702 22.500 20.400 24.105 39.730 23.200 57.221 9.454.450 36.448 40.180 14.000 10.171.469 44.093.734 23,071.1- IPTU 1.200 1.300 23.350 21.046 2.000 3.200 1.005 1.322 2.500 602 45.100 3.673 2.730 2.000 111.027 821.600 13,511.2- ISS 154.000 24.750 55.148 83.860 20.500 17.106 23.100 14.979 20.700 47.174 3.539.200 436 22.750 12.000 4.035.701 32.689.181 12,351.3- ITBI 1.401 7.412 231 2.124 11.168 620.051 1,801.4- Outras Receitas Tributárias 58.384 7.385 94 23.198 7.321 5.870.150 32.340 14.700 6.013.573 9.962.902 60,362- Receitas de Contribuições 55 4.273 32.145 400 36.873 221.239 16,673- Receita Patrimonial 79.638 770 19.685 1.046 563 4.205 105.908 2.169.798 4,884- Receita Agropecuária5- Receita Industrial6- Receita de Serviços 8.928 8.928 23.403.239 0,047- Transferências Correntes 4.050.680 2.723.613 3.216.697 4.313.815 2.146.494 2.556.950 907.485 1.784.204 2.586.007 5.805.663 20.173.978 2.017.567 1.321.580 1.705.088 55.309.820 827.915.440 6,687.1- União 2.769.215 1.169.765 2.639.566 1.781.963 1.732.149 1.689.359 853.224 1.340.869 877.324 2.467.060 10.960.314 1.189.811 1.169.765 1.171.765 31.812.149 424.257.827 7,507.1.1- FPM 2.769.215 1.169.765 2.631.973 1.754.649 1.732.149 1.486.494 853.224 1.169.765 877.324 1.762.098 10.960.314 1.174.642 1.169.765 1.169.765 30.681.142 153.405.709 20,007.1.2- ITR 3.119 2.150 4.379 4.407 3.558 2.624 2.000 22.236 88.944 25,007.1.3- Outros da União(IR, Aux.) 4.474 25.164 198.487 166.697 701.404 12.545 1.108.771 270.763.174 0,417.2- Estado 1.281.465 1.553.848 577.131 2.531.852 414.345 867.591 54.261 443.335 1.708.683 3.338.603 9.213.664 827.756 151.815 533.323 23.497.672 403.657.612 5,827.2.1- ICMs 1.281.465 1.553.848 485.484 2.448.069 414.345 858.199 54.261 401.185 1.708.683 3.303.642 9.213.664 826.936 151.815 213.323 22.914.920 381.445.137 6,017.2.2- IPVA 25.198 15.342 1.414 8.827 1.018 820 4.000 56.618 19.581.808 0,297.2.3- Outros do Estado 66.449 68.441 7.977 33.323 33.943 316.000 526.133 2.630.667 20,008- Outras Receitas Correntes 268.697 559.474 325.942 669.628 112.258 309.998 68.897 147.366 440.484 978.168 1.144.235 542.599 104 40.684 133.104 5.741.638 8.955.333 64,118.1- Indenização de Royalties 267.697 559.224 325.942 669.628 112.258 285.944 68.897 147.366 440.484 575.260 1.144.235 141.505 104 40.684 133.104 4.912.331 18.722.363 26,248.2- Outras receitas 1.000 250 24.054 402.908 401.094 829.306 2.487.919 33,33II- RECEITAS DE CAPITAL 3.700 1.707 9.883 1.000 7.500 275.672 68.251 378.243 700.656 1.446.612 55.607.010 2,609- Operações de Crédito 40.567.12810- Alienação de Bens 15.000 60.401 75.40111- Amortização Empréstimos 1.317 1.31712- Transf. de Capital 1.200 500 1.407 34.032 37.13913- Outras Receitas Capital 2.500 1.207 8.566 1.000 7.500 259.265 68.251 344.211 640.255 1.332.755 15.039.882 8,86DESPESA TOTAL - 1996 4.025.981 3.159.000 4.170.065 6.176.162 2.266.670 2.932.692 1.538.400 1.851.555 2.702.000 8.161.000 29.942.930 3.710.839 70.637.294 1.062.122.177 6,65III-DESPESAS CORRENTES 3.571.281 2.085.100 3.004.171 4.314.697 1.912.670 2.714.709 1.167.600 1.531.000 1.784.000 7.687.339 26.035.850 2.164.876 57.973.294 933.387.886 6,211-Pessoal e Encargos Sociais 1.841.280 655.200 652.158 2.043.774 696.000 963.704 243.000 821.700 243.000 4.596.324 19.165.500 671.883 32.593.523 616.699.822 5,292-Juros e Encargos da Dívida 180.001 3.000 290.095 197.420 14.200 126.559 723.000 1.534.274 34.622.427 4,433- Outras Despesas Correntes 1.550.000 1.426.900 2.061.918 2.073.504 1.216.670 1.751.006 924.600 695.100 1.541.000 2.964.457 6.147.350 1.492.992 23.845.497 282.065.637 8,45IV- DESPESAS DE CAPITAL 454.700 1.073.900 1.165.893 1.861.464 354.000 217.983 370.800 320.555 918.000 473.661 3.907.080 1.545.963 12.664.000 128.734.291 9,844- Investimentos 445.000 1.048.900 1.165.893 1.861.464 354.000 216.885 364.800 312.000 912.000 234.430 3.109.080 1.538.363 11.562.816 65.356.272 17,695- Inversões Financeiras 9.700 25.000 1.098 6.000 8.555 6.000 5.492 798.000 7.600 867.445 39.064.963 2,226- Amortizações da Dívida 233.739 233.739 24.313.056 0,967-Outras Despesas de CapitalV-SALDO(REC.-DESP.) 452.296 151.844 -399.567 -1.066.974 22.082 282.158 -537.913 197.970 347.691 -941.141 829.733 -409.363 104 1.402.844 1.852.192 2.183.954 -99.756.385 -2,19VI - INDICADORES (%)Royalties/Receita Total 5,98 16,89 8,64 13,11 4,90 8,89 6,89 7,19 14,44 7,97 3,72 4,29 100,00 2,90 7,19 6,75 1,95Royalties/Receita Corrente 5,98 16,90 8,67 13,11 4,92 9,73 6,89 7,44 14,44 8,41 3,72 5,44 100,00 2,90 7,19 6,88 2,06Royalties/Receita de Capital 7.235 32.761 3.298 66.962,76 1.496,77 103,73 215,92 152,09 20,20 339,57 33,67Royalties/Despesa Total 6,65 17,70 7,82 10,84 4,95 9,75 4,48 7,96 16,30 7,05 3,82 3,81 6,95 1,76Royalties/Despesa Corrente 7,50 26,82 10,85 15,52 5,87 10,53 5,90 9,63 24,69 7,48 4,39 6,54 8,47 2,01Royalties/Despesa de Capital 58,87 52,07 27,96 35,97 31,71 131,18 18,58 45,97 47,98 121,45 29,29 9,15 38,79 14,54Royalties / ISS 173,83 2.259,49 591,04 798,51 547,60 1.671,62 298,25 983,84 2.127,94 1.219,45 32,33 32.461,13 178,83 1.109,20 121,72 57,27Royalties / FPM 9,67 47,81 12,38 38,16 6,48 19,24 8,07 12,60 50,21 32,65 10,44 12,05 3,48 11,38 16,01 12,20Royalties / ICMS 20,89 35,99 67,14 27,35 27,09 33,32 126,97 36,73 25,78 17,41 12,42 17,11 26,80 62,40 21,44 4,91Crescimento Royalties 96/95 37,94 12,39 25,28 35,70 29,82 21,77 16,46 36,02 34,42 32,19 21,83 21,55 22,96 37,44 26,53 94,40Crescimento Receita RN 96/95 -9,75 -15,31 0,21 -4,70 -4,33 8,65 -13,05 -12,56 6,02 8,61 -17,94 53,16 -3,29 1.812,53 -6,18 25,39Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, Secretarias de Finanças Municipais, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 2000), ANP - AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEONota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n0 101, Portaria STN n0 212/2001

Anexo I - Tabela n0 38 - Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - Ano: 1996

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Nota Explicativa

No ano de 1996, a economia do Estado do Rio Grande do Norte obteve um total do Produto Interno Bruto (PIB) de R$ milhão 5.876 e um PIB per capita de R$ 2.225. A participação percentual das principais atividades econômicas desse ano foram: 1- administração pública (25,55%),2- construção (13,60%),3- atividade imobiliária, aluguéis e serviço prestado (11,79%),4- indústria de transformação (11,52%),5- agropecuária (7,11%),6- indústria de extração mineral (6,76%),7- comércio (6,49%), e demais (IDEMA, 2001, p. 259).

A atividade produtiva do petróleo e gás natural foi inserida na indústria de extração mineral, que em 1996 ocupou a sexta posição na economia do Rio Grande do Norte.

Quanto às finanças públicas dos municípios da Área do Petróleo Potiguar, relativas ao ano de 1996, os dados demonstrativos estão contidos na Tabela 20. A referida tabela apresenta um quadro geral (receitas, despesas e saldo), indicadores (royalties versus principais itens do quadro geral) e o total da APP (Área do Petróleo Potiguar) em relação ao total do Estado do Rio Grande do Norte.

Considerando o quadro geral de receitas e despesas, a tabela 20 mostra os seguintes resultados em 1996: o total das receitas da APP representou 7,57% em relação ao total da receita do Estado; o total das despesas da APP representou 6,65%. A receitas de Indenizações de royalties de petróleo totalizou para a APP um montante anual de R$ 4.912.331, representando 26,24 do total recebido pelo Estado (R$ 18.722.363).

Quanto ao fechamento das contas do ano de 1996, somente o município de Porto do Mangue não apresentou ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) o seu balanço anual. Quanto aos municípios de Serra do Mel e Upanema, os registros pesquisados só identificaram os montantes de receitas, não sendo fornecidos os dados de despesas.

Quanto equilíbrio fiscal, a tabela n0 20 mostra que, em cinco municípios (Apodi, Areia Branca, Felipe Guerra, Macau, e Pendências) houve déficit (despesas maiores que as receitas). O saldo total da APP, o acumulado dos municípios da referida área foi superavitário. Vale ressaltar que nesse ano, as contas gerais do Estado resultaram em um saldo negativo.

Quanto ao quadro dos indicadores da tabela n0 20, a participação percentual dos royalties do petróleo em relação aos principais itens de receitas e despesas, demonstrou os seguintes resultados: em relação à receita total dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram em média 6,75%; em relação ao total das receitas correntes, o percentual foi de 6,68%. Por sua vez, os royalties do petróleo representaram 339,57% em relação ao total das receitas de capital dos municípios da APP, sendo muito significativo. Isto mostra que as possibilidades de investimentos estiveram na dependência das receitas dos royalties do petróleo.

Quanto às despesas totais, correntes e de capital dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram 8,47%, 38,79% e 121,72%, respectivamente.

Quanto ao destaque dos principais itens de receitas, foram escolhidos o ISS (receita gerada no município), FPM (União) e ICMs (Estado). Estes dois últimos, correspondem a partilha dos tributos, devida aos municípios. Em relação ao ISS, os royalties do petróleo representaram no total da APP, em média 121,72%, ou seja, foi superior ao arrecadado no município. Em relação ao FPM, os royalties do petróleo representaram 21,44% e em relação ao ICMs, os royalties do petróleo representaram 21,44%.

Quanto ao crescimento real (preços constantes, referentes à base 12/96) das variáveis Indenização de Royalties e Receita Total, no ano de 1996 em relação ao anterior, foram obtidos os seguintes resultados: a receita de Indenização de Royalties cresceu em 94,40%, enquanto a Receita Total do Estado cresceu em 25,39%.

No quadro geral do ano de 1996, o item “indenização dos royalties do petróleo” continuou correspondendo, em termos de montante, a terceira mais importante receita dos municípios da APP, ficando atrás somente do FPM e o ICMs.

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Anexo I – Tabela n0 39

Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo

Potiguar - ano de 1997

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Valores Históricos - (R$ 1)MUNICÍPIOS / CONTAS Açu Alto do

Rodrigues

Apodi Areia

Branca

Caraúbas Carnaubais Felipe

Guerra

Dix-Sept

Rosado

Guamaré Macau Mossoró Pendências Porto do

Mangue

Serra do

Mel

Upanema Total APP

(1)

Total Estado

(2)

%

1/2RECEITA TOTAL - 1997 6.689.703 3.988.001 4.759.000 6.341.001 2.941.787 3.618.001 1.183.633 2.217.611 4.159.000 7.992.000 57.224.816 3.088.001 1.039.869 1.187.935 1.944.000 108.374.358 1.812.318.560 5,98I- RECEITAS CORRENTES 5.821.703 3.436.001 4.738.955 6.103.987 2.941.787 3.086.001 1.095.633 2.096.077 4.039.000 7.779.527 55.247.256 2.527.001 1.039.170 1.187.935 1.944.000 103.084.032 1.123.680.853 9,171- Receita Tributária 218.025 28.000 156.382 149.182 69.300 23.351 29.300 19.562 84.344 44.078 4.825.204 47.632 2.758 34.650 18.438 5.750.205 50.932.292 11,291.1- IPTU 55.377 2.500 33.779 19.601 4.700 3.013 1.200 3.650 22.196 2.273 1.165.681 946 550 3.003 2.000 1.320.470 7.922.822 16,671.2- ISS 162.648 25.500 102.300 129.581 24.600 20.338 28.100 15.912 62.148 41.804 3.659.522 46.685 2.208 20.475 16.438 4.358.259 39.224.335 11,111.3- ITBI 618.0951.4- Outras Receitas Tributárias 20.303 40.000 11.172 71.475 3.167.040 2,262- Receitas de Contribuições 6.470 6.4703- Receita Patrimonial 144.000 144.000 4.677.604 3,084- Receita Agropecuária5- Receita Industrial6- Receita de Serviços 28.835.0157- Transferências Correntes 5.345.232 2.845.459 4.271.859 5.138.043 2.618.750 2.728.459 988.700 1.892.431 3.434.482 7.016.105 49.207.177 2.328.533 955.972 1.060.519 1.744.522 91.576.243 1.018.437.183 8,997.1- União 3.764.434 1.594.259 3.524.710 2.337.265 1.995.700 1.655.037 923.595 1.517.656 1.402.897 3.227.163 28.955.844 1.574.887 955.699 1.042.301 1.520.185 55.991.632 535.935.052 10,457.1.1- FPM 3.106.909 1.594.259 2.799.715 1.864.145 1.756.000 1.553.740 923.595 1.242.763 932.073 2.459.829 11.991.431 1.242.763 932.073 1.041.091 1.242.768 34.683.154 531.352.655 6,537.1.2- ITR 9.424 4.166 17.409 5.073 1.165 3.954 116.384 4.613 200 210 162.599 812.993 20,007.1.3- Outros da União(IR, Aux.) 648.102 720.829 455.710 239.700 96.223 274.893 469.660 763.380 16.848.029 327.511 23.426 1.000 277.416 21.145.879 3.769.404 560,997.2- Estado 1.580.798 1.251.200 747.149 2.800.778 623.050 1.073.422 65.105 374.775 2.031.585 3.788.942 20.251.333 753.646 272 18.218 224.337 35.584.611 482.502.131 7,387.2.1- ICMs 1.434.042 1.250.000 708.850 2.715.261 623.050 1.039.669 62.100 369.736 2.031.585 3.783.785 19.220.611 751.614 150 18.218 218.824 34.227.494 459.312.323 7,457.2.2- IPVA 103.045 1.200 38.299 25.290 2.335 3.005 5.039 5.157 1.030.722 2.032 5.513 1.221.638 22.647.895 5,397.2.3- Outros do Estado 43.711 60.227 31.419 122 135.478 541.913 25,008- Outras Receitas Correntes 258.447 562.542 310.713 816.762 109.737 334.191 77.633 184.084 520.174 719.344 1.214.876 150.836 80.440 92.766 174.570 5.607.114 20.798.759 26,968.1- Indenização de Royalties 258.447 562.542 310.713 816.762 109.737 334.191 77.633 184.084 520.174 719.344 1.214.876 150.836 80.440 92.766 174.570 5.607.114 20.798.759 26,968.2- Outras receitasII- RECEITAS DE CAPITAL 868.000 552.000 20.045 237.013 532.000 88.000 121.534 120.000 212.474 1.977.560 561.000 700 5.290.326 688.637.707 0,779- Operações de Crédito 446.000 100.000 150.000 696.000 98.816.822 0,7010- Alienação de Bens 153.000 36.000 97.000 150.560 436.56011- Amortização Empréstimos 3.000 1.000 4.00012- Transf. de Capital 2.000 2.00013- Outras Receitas Capital 266.000 515.000 20.045 237.013 333.000 88.000 121.534 120.000 212.474 1.827.000 411.000 700 4.151.766 589.820.885 0,70DESPESA TOTAL - 1997 6.037.000 3.797.000 4.261.000 5.613.000 2.774.000 3.243.000 2.031.000 4.072.200 7.416.000 55.760.000 3.038.000 987.000 1.871.600 100.900.800 1.398.774.324 7,21III-DESPESAS CORRENTES 4.961.000 3.160.000 3.944.000 4.871.000 2.555.000 2.927.000 1.894.000 3.313.000 6.793.000 49.928.000 2.504.000 814.000 1.575.600 89.239.600 1.099.067.849 8,121-Pessoal e Encargos Sociais 1.920.000 1.139.000 1.622.000 1.853.000 1.258.000 1.270.000 1.211.000 3.924.000 21.759.000 755.000 301.000 658.000 37.670.000 688.861.717 5,472-Juros e Encargos da Dívida 11.000 14.000 37.000 4.000 11.000 4.000 482.000 28.000 16.000 607.000 95.157.569 0,643- Outras Despesas Correntes 3.030.000 2.007.000 2.322.000 2.981.000 1.297.000 1.653.000 1.894.000 2.091.000 2.865.000 27.687.000 1.721.000 513.000 901.600 50.962.600 315.048.563 16,18IV-DESPESAS DE CAPITAL 1.076.000 637.000 317.000 742.000 219.000 316.000 137.000 759.200 623.000 5.832.000 534.000 173.000 296.000 11.661.200 299.706.475 3,894- Investimentos 960.000 628.000 306.000 729.000 219.000 311.000 137.000 697.200 601.000 5.211.000 534.000 173.000 296.000 10.802.200 147.097.514 7,345- Inversões Financeiras 116.000 9.000 11.000 13.000 5.000 62.000 22.000 621.000 859.000 49.630.828 1,736- Amortizações da Dívida 102.978.1337-Outras Despesas de CapitalV-SALDO(REC.-DESP.) 652.703 191.001 498.000 728.001 167.787 375.001 1.183.633 186.611 86.800 576.000 1.464.816 50.001 52.869 1.187.935 72.400 7.473.558 413.544.236 1,81VI - INDICADORES (%)Royalties / Receita Total 3,86 14,11 6,53 12,88 3,73 9,24 6,56 8,30 12,51 9,00 2,12 4,88 7,74 7,81 8,98 5,2 1,1Royalties / Receita Corrente 4,44 16,37 6,56 13,38 3,73 10,83 7,09 8,78 12,88 9,25 2,20 5,97 7,74 7,81 8,98 5,4 1,9Royalties / Receita de Capital 29,77 101,91 1.550,06 344,61 62,82 88,22 151,47 433,48 338,56 61,43 26,89 11.498,48 106,0 3,0Royalties / Despesa Total 4,28 14,82 7,29 14,55 3,96 10,30 9,06 12,77 9,70 2,18 4,96 8,15 9,33 5,6 1,5Royalties / Despesa Corrente 5,21 17,80 7,88 16,77 4,29 11,42 9,72 15,70 10,59 2,43 6,02 9,88 11,08 6,3 1,9Royalties / Despesa de Capital 24,02 88,31 98,02 110,08 50,11 105,76 134,37 68,52 115,46 20,83 28,25 46,50 58,98 48,1 6,9Royalties / ISS 158,90 2.206,05 303,73 630,31 446,08 1.643,19 276,27 1.156,89 836,99 1.720,75 33,20 323,09 3.643,01 453,07 1.061,97 128,7 53,0Royalties / FPM 8,32 35,29 11,10 43,81 6,25 21,51 8,41 14,81 55,81 29,24 10,13 12,14 8,63 8,91 14,05 16,2 3,9Royalties / ICMS 39,88 43,11 179,23 45,78 347,31 66,97 110,76 94,23 7,21 46,06 343,37 9.276,62 62,93 26,5 551,8Crescimento Royalties 97/96 -3,46 0,59 -4,67 21,97 -2,25 16,87 12,68 24,92 18,09 25,05 6,17 6,59 80.339,90 128,01 31,15 14,1 11,1Crescimento Receita RN 97/96 49,54 20,53 38,21 30,12 30,71 13,00 18,01 29,06 37,42 16,81 86,29 -6,47 #DIV/0! -93,19 4,96 50,3 90,5Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, Secretarias de Finanças Municipais, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 2000), ANP - AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO

Nota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n0 101, Portaria STN n0 212/2001

Anexo I - Tabela n0 39- Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - Ano: 1997

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Nota Explicativa

No ano de 1997, a economia do Estado do Rio Grande do Norte obteve um total do

Produto Interno Bruto (PIB) de R$ milhão 6.669 e um PIB per capita de R$ 2,492. A participação percentual das principais atividades econômicas desse ano foram: 1- administração pública (24,31%),2- construção (16,96%),3- atividade imobiliária, aluguéis e serviço prestado (12,56%), 4- indústria de transformação (10,71%), 5- indústria de extração mineral (6,91%), 6- comércio (6,15%), 7- agropecuária (5,22%), e demais (IDEMA, 2001, p. 259).

A atividade produtiva do petróleo e gás natural foi inserida na indústria de extração mineral, que em 1997 ocupou a sexta posição na economia do Rio Grande do Norte.

Quanto às finanças públicas dos municípios da Área do Petróleo Potiguar, relativas ao ano de 1997, os dados demonstrativos estão contidos na Tabela 21. A referida tabela apresenta um quadro geral (receitas, despesas e saldo), indicadores (royalties versus principais itens do quadro geral) e o total da APP (Área do Petróleo Potiguar) em relação ao total do Estado do Rio Grande do Norte.

Considerando o quadro geral de receitas e despesas, a tabela 21 mostra os seguintes resultados em 1997: o total das receitas da APP representou 5,98% em relação ao total da receita do Estado; o total das despesas da APP representou 7,21%. A receitas de Indenizações de royalties de petróleo totalizou para a APP um montante anual de R$ 5.607.114, representando 26,96% do total recebido pelo Estado (R$ 20.798.759).

Vale ressaltar que nesse ano, as contas gerais das Finanças do Estado resultaram em um saldo positivo, assim como nas finanças do conjunto dos municípios da Área do Petróleo Potiguar.

Quanto ao quadro dos indicadores da tabela 21, a participação percentual dos royalties do petróleo em relação aos principais itens de receitas e despesas, demonstrou os seguintes resultados: em relação à receita total dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram em média 5,2%; em relação ao total das receitas correntes, o percentual foi de 5,4%. Por sua vez, os royalties do petróleo representaram 106,0% em relação ao total das receitas de capital dos municípios da APP, o que é muito significativo. Isto mostra que as possibilidades de investimentos estiveram na dependência das receitas dos royalties do petróleo. Quanto às despesas totais, correntes e de capital dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram 5,6%, 6,3% e 48,1%, respectivamente.

Quanto ao destaque dos principais itens de receitas, foram escolhidos o ISS (receita gerada no município), FPM (União) e ICMs (Estado). Estes dois últimos, correspondem a partilha dos tributos, devida aos municípios. Em relação ao ISS, os royalties do petróleo representaram em média 128,7%, ou seja, foi superior ao arrecadado no município. Em relação ao FPM, os royalties do petróleo representaram 16,95% e em relação ao ICMs, os royalties do petróleo representaram 26,5%.

Quanto ao crescimento real (preços constantes, referentes à base 12/97) das variáveis Indenização de Royalties e Receita Total, no ano de 1997 em relação ao anterior, foram obtidos os seguintes resultados: a receita de Indenização de Royalties cresceu em 11,1%, enquanto a Receita Total do Estado cresceu 90,5%.

O cenário faz finanças públicas estaduais no referido ano, revelou um incremento contínuo da receita de Indenização de Royalties, e uma recuperação na Receita Total, em relação ao ano anterior.

No quadro geral do ano de 1997, o item “indenização dos royalties do petróleo” continuou correspondendo, em termos de montante, a terceira mais importante receita dos municípios da APP, ficando atrás somente do FPM e o ICMs.

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Anexo I – Tabela n0 40

Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo

Potiguar - ano de 1998

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Valores Históricos - (R$ 1)

MUNICÍPIOS / CONTASAçu Alto do

Rodrigues

Apodi Areia

Branca

Caraúbas Carnaubai

s

Felipe

Guerra

Dix-Sept

Rosado

Guamaré Macau Mossoró Pendências Porto do

Mangue

Serra do

Mel

Upanema Total APP (1) Total Estado (2) % 1/2

RECEITA TOTAL -1998 8.645.740 5.471.105 7.121.136 8.893.377 5.092.662 4.408.193 2.506.991 3.673.189 7.151.085 9.676.802 66.744.284 4.315.117 1.826.146 2.667.888 3.142.468 141.336.184 1.434.556.307 9,85I- RECEITAS CORRENTES 8.505.740 4.950.974 6.891.428 8.735.922 5.077.456 4.117.862 2.025.076 3.334.189 6.242.372 9.460.826 62.521.764 3.599.537 1.678.409 2.542.153 3.142.468 132.826.176 1.402.875.533 9,471- Receita Tributária 328.321 29.313 557.598 159.096 39.677 95.856 13.778 34.690 52.372 85.291 1.535.101 37.562 12.221 28.100 95.763 3.104.738 328.523.917 0,951.1- IPTU 88.476 6.281 32.903 13.753 4.674 4.200 1.320 4.497 46.463 1.177 2.235 205.977 53.866.056 0,381.2- ISS 239.845 29.313 551.318 126.194 25.924 91.182 9.578 33.370 52.372 80.794 1.488.638 36.385 12.221 25.865 95.763 2.898.761 55.076.453 5,261.3- ITBI 1.4-Outras Receitas Tributárias 219.581.4082- Receitas de Contribuições 71.380 27.392 23.309 6.797 128.8783- Receita Patrimonial 111 704 3.729 1.128 26.571 30.684 4.611 470 2.270 46.463 2.125 349 13.330 132.545 83.979.904 0,164- Receita Agropecuária5- Receita Industrial 6.724 6.7246- Receita de Serviços 25.499.2647- Transferências Correntes 7.600.701 4.127.610 5.817.912 7.424.687 4.879.385 3.606.632 1.796.358 3.019.274 4.873.576 8.251.028 59.377.700 3.261.656 1.473.063 2.350.175 2.617.797 120.477.553 934.472.769 12,897.1- União 3.728.555 2.485.466 5.082.222 3.403.846 2.361.779 1.850.953 1.320.641 1.718.839 2.075.996 3.646.237 19.281.874 2.393.318 1.378.677 1.466.470 1.334.609 53.529.483 804.448.774 6,657.1.1- FPM 3.648.154 1.459.364 3.285.339 2.189.625 2.188.892 1.824.077 1.094.446 1.459.262 930.280 2.426.819 18.667.370 1.459.631 1.094.446 1.466.470 1.334.609 44.528.784 724.430.690 6,157.1.2- ITR 10.062 9.587 4.975 19.037 2.985 6.703 4.113 134.783 5.273 123 197.641 790.565 25,007.1.3- Outros da União(IR, Aux.) 70.339 1.016.515 1.791.909 1.195.184 169.901 20.173 226.195 259.577 1.145.716 1.215.304 479.721 928.415 284.109 8.803.058 79.227.519 11,117.2- Estado 3.872.145 1.642.144 735.690 4.020.841 2.517.606 1.755.679 475.716 1.300.436 2.797.580 4.604.791 40.095.826 868.337 94.386 883.704 1.283.188 66.948.070 130.023.995 51,497.2.1- ICMs 1.410.412 1.633.006 691.434 2.689.898 652.071 1.030.507 161.751 491.856 1.476.492 2.970.981 17.937.043 863.853 93.667 311.597 322.611 32.737.177 512.532.096 6,397.2.2- IPVA 117.899 9.138 44.256 36.242 17.310 3.821 4.562 9.286 1.314 53.762 1.329.475 4.485 719 1.999 5.392 1.639.661 19.675.933 8,337.2.3- Outros do Estado 2.343.834 1.294.700 1.848.225 721.351 309.403 799.294 1.319.774 1.580.049 20.829.308 570.108 955.185 32.571.232 461.058.099 7,068- Outras Receitas Correntes 569.883 793.347 512.189 1.151.011 158.395 388.803 184.256 275.614 1.315.955 1.122.238 1.562.499 226.815 165.383 127.240 422.110 8.975.738 30.399.680 29,538.1- Indenização de Royalties 388.876 731.374 512.189 1.143.531 158.395 336.467 184.256 275.614 1.315.955 1.122.238 1.562.499 222.148 164.534 127.240 246.403 8.491.720 30.399.680 27,938.2- Outras receitas 181.006 61.973 7.480 52.336 4.667 848 175.708 484.018II- RECEITAS DE CAPITAL 140.000 520.131 229.708 157.455 15.206 290.331 481.915 339.000 908.713 215.976 4.222.520 715.580 147.737 125.735 8.510.008 31.680.774 26,869- Operações de Crédito 140.000 90.000 908.713 2.019.742 3.158.456 13.025.813 24,2510- Alienação de Bens 13.700 27.000 36.745 77.445 18.654.961 0,4211- Amortização Empréstimos12- Transf. de Capital 156.877 229.696 157.455 15.000 2.596 229.976 4.417 796.01713- Outras Receitas Capital 349.554 12 206 260.735 161.939 339.000 215.976 2.166.033 715.580 147.737 121.319 4.478.091DESPESA TOTAL - 1998 7.995.899 4.613.297 6.601.195 7.897.958 4.957.637 3.833.260 2.332.930 3.036.899 5.379.653 8.666.878 70.730.892 4.233.466 1.515.923 2.300.282 2.786.338 136.882.508 1.957.252.452 12,41III-DESPESAS CORRENTES 6.714.038 3.801.227 5.680.202 6.694.158 4.404.488 3.490.693 1.646.295 2.547.511 3.004.748 7.850.378 57.964.225 3.000.705 1.414.096 2.155.854 2.316.022 112.684.640 1.410.440.051 7,991-Pessoal e Encargos Sociais 2.804.075 1.535.287 5.672.989 3.295.733 1.859.154 1.047.405 590.554 2.547.096 1.299.674 4.242.017 23.317.125 1.558.384 456.880 546.737 783.606 51.556.716 770.239.578 6,692-Juros e Encargos da Dívida 101.206 1.729 75.674 12.002 16.036 41.598 4.698 469.844 25.357 748.145 32.905.460 2,273- Outras Despesas Correntes 3.808.756 2.264.211 7.213 3.322.751 2.545.334 2.431.285 1.039.704 415 1.663.476 3.603.664 34.177.257 1.442.320 957.216 1.609.117 1.507.059 60.379.779 607.295.013 9,94IV-DESPESAS DE CAPITAL 1.281.861 812.071 920.993 1.203.800 553.149 342.568 686.635 489.388 2.374.904 816.499 12.766.666 1.232.761 101.827 144.428 470.317 24.197.868 546.812.401 4,434- Investimentos 792.383 810.071 914.120 921.493 553.149 273.287 492.081 343.029 2.335.168 503.081 11.892.100 972.522 101.827 144.428 470.317 21.519.056 430.035.480 5,005- Inversões Financeiras 2.500 2.000 6.873 10.000 5.400 13.500 24.474 4.225 444.522 6.000 519.494 68.856.452 0,756- Amortizações da Dívida 486.978 272.307 63.880 181.054 121.885 39.737 309.194 430.044 254.240 2.159.318 47.920.469 4,517-Outras Despesas de CapitalV-SALDO(REC.-DESP.) 649.841 857.808 519.941 995.418 135.025 574.933 174.061 636.290 1.771.433 1.009.924 -3.986.607 81.651 310.223 367.606 356.129 4.453.676 -522.696.145 -0,85VI - INDICADORES (%)Royalties / Receita Total 4,50 13,37 7,19 12,86 3,11 7,63 7,35 7,50 18,40 11,60 2,34 5,15 9,01 4,77 7,84 6,01 2,12Royalties / Receita Corrente 4,57 14,77 7,43 13,09 3,12 8,17 9,10 8,27 21,08 11,86 2,50 6,17 9,80 5,01 7,84 6,39 2,17Royalties / Receita de Capital 277,77 140,61 222,97 726,26 1.041,67 115,89 38,23 81,30 144,82 519,61 37,00 31,04 111,37 101,20 99,79 95,96Royalties / Despesa Total 4,86 15,85 7,76 14,48 3,19 8,78 7,90 9,08 24,46 12,95 2,21 5,25 10,85 5,53 8,84 6,20 1,55Royalties / Despesa Corrente 5,79 19,24 9,02 17,08 3,60 9,64 11,19 10,82 43,80 14,30 2,70 7,40 11,64 5,90 10,64 7,54 2,16Royalties / Despesa de Capital 30,34 90,06 55,61 94,99 28,64 98,22 26,83 56,32 55,41 137,44 12,24 18,02 161,58 88,10 52,39 35,09 5,56Royalties / ISS 162,14 2.495,07 92,90 906,17 611,00 369,00 1.923,73 825,94 2.512,73 1.389,02 104,96 610,55 1.346,30 491,94 257,30 292,94 55,20Royalties / FPM 10,66 50,12 15,59 52,22 7,24 18,45 16,84 18,89 141,46 46,24 8,37 15,22 15,03 8,68 18,46 19,07 4,20Royalties / ICMS 27,57 44,79 74,08 42,51 24,29 32,65 113,91 56,04 89,13 37,77 8,71 25,72 175,66 40,83 76,38 25,94 5,93Crescimento Royalties 98/97 50,47 30,01 64,84 40,01 44,34 0,68 137,34 49,72 152,98 56,01 28,61 47,28 104,54 37,16 41,15 51,45 46,16Crescimento Receita RN 98/97 29,24 37,19 49,64 40,25 70,80 21,84 112,34 65,64 71,94 21,08 16,64 39,74 75,71 2.775,93 61,65 31,70 -21,73Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, Secretarias de Finanças Municipais, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 2000), ANP - AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEONota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n 101, Portaria STN n0 212/2001

Anexo I - Tabela n0 40 - Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - Ano: 1998

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Nota Explicativa

No ano de 1998, a economia do Estado do Rio Grande do Norte obteve um total do

Produto Interno Bruto (PIB) de R$ milhão 6.844 e um PIB per capita de R$ 2.525. A participação percentual das principais atividades econômicas desse ano foram: 1- administração pública (25,69%), 2- construção (17,21%), 3- atividade imobiliária, aluguéis e serviço prestado (13,03%), 4- indústria de transformação (10,91%), 5- agropecuária (6,55%), 6- comércio (4,93%)... 10- indústria de extração mineral (2,76%) e demais (IDEMA, 2001, p. 259).

A atividade produtiva do petróleo e gás natural está inserida na indústria de extração mineral, que em 1998 ocupou a décima posição no ranking dos setores da economia do Rio Grande do Norte.

Quanto às finanças públicas dos municípios da Área do Petróleo Potiguar, relativas ao ano de 1998, os dados demonstrativos estão contidos na Tabela 22. A referida tabela apresenta um quadro geral (receitas, despesas e saldo), indicadores (royalties versus principais itens do quadro geral) e o total da APP (Área do Petróleo Potiguar) em relação ao total do Estado do Rio Grande do Norte.

Considerando o quadro geral de receitas e despesas, a tabela 22 mostra os seguintes resultados em 1998: o total das receitas da APP representou 9,85% em relação ao total da receita do Estado; o total das despesas da APP representou 12,41%. A receitas de Indenizações de royalties de petróleo totalizou para a APP um montante anual de R$ 8.491.720, representando 27,93% do total recebido pelo Estado (R$ 30.399.680).

Quanto equilíbrio fiscal, em um município (Mossoró) houve déficit (despesas maiores que as receitas). Apesar desse fato, o saldo acumulado dos municípios da referida área foi superavitário. Vale ressaltar que nesse ano, o saldo das contas gerais do Estado resultou em um montante negativo.

Quanto ao quadro dos indicadores da tabela 22, a participação percentual dos royalties do petróleo em relação aos principais itens de receitas e despesas, demonstrou os seguintes resultados: em relação à receita total dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram em média 6,01%; em relação ao total das receitas correntes, o percentual foi de 6,39%. Por sua vez, os royalties do petróleo representaram 99,79% em relação ao total das receitas de capital dos municípios da APP. Isto mostra que as possibilidades de investimentos estiveram na dependência das receitas dos royalties do petróleo. Quanto às despesas totais, correntes e de capital dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram 6,20%, 7,54% e 35,09%, respectivamente.

Quanto ao destaque dos principais itens de receitas, foram escolhidos o ISS (receita gerada no município), FPM (União) e ICMs (Estado). Estes dois últimos, correspondem a partilha dos tributos, devida aos municípios. Em relação ao ISS, os royalties do petróleo representaram em média 292,94%, ou seja, foi superior ao arrecadado no município. Em relação ao FPM, os royalties do petróleo representaram 19,07% e em relação ao ICMs, os royalties do petróleo representaram 25,94%.

Quanto ao crescimento real (preços constantes, referentes a base 12/98) das variáveis Indenização de Royalties e Receita Total, no ano de 1998 em relação ao anterior, foram obtidos os seguintes resultados: a receita de Indenização de Royalties cresceu em 46,16%, enquanto a Receita Total do Estado decresceu -21,73%. O cenário faz finanças públicas estaduais no referido ano, revelou um incremento contínuo da receita de Indenização de Royalties, e uma recuperação na Receita Total, em relação ao ano anterior.

No quadro geral do ano de 1998, o item “indenização dos royalties do petróleo” continuou correspondendo, em termos de montante, a terceira mais importante receita dos municípios da APP, ficando atrás somente do FPM e o ICMs.

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Anexo I – Tabela n0 41

Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo

Potiguar - ano de 1999

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Valores Históricos - (R$ 1)MUNICÍPIOS / CONTAS Açu Alto do

Rodrigues

Apodi Areia Branca Caraúbas Carnaubais Felipe

Guerra

Dix-Sept

Rosado

Guamaré Macau Mossoró Pendências Porto do

Mangue

Serra do Mel Upanema Total APP (1) Total Estado

(2)

%

1/2RECEITA TOTAL - 1999 11.883.731 6.105.048 9.362.104 14.999.081 5.190.066 5.073.618 3.126.044 3.948.585 12.397.972 11.805.927 69.505.060 4.575.377 2.689.266 3.206.748 739.678 164.608.305 1.768.627.416 9,31

I- RECEITAS CORRENTES 11.883.731 6.095.942 9.359.397 14.963.080 5.181.066 5.073.618 3.095.868 3.948.585 12.397.972 11.805.927 69.505.060 4.575.377 2.689.266 3.191.965 739.678 164.506.532 1.612.217.300 10,20

1- Receita Tributária 944.970 705.951 673.989 530.756 88.183 102.089 56.044 39.734 504.590 286.103 5.877.077 174.903 82.503 120.987 10.187.879 128.027.573 7,96

1.1- IPTU 354.039 3.312 163.989 293.351 42.683 1.351 43.444 1.034 94.590 201.603 2.077.077 37.077 19.603 40.744 3.373.897 1.053.298 320

1.2- ISS 350.000 620.000 510.000 230.000 45.500 40.051 12.600 38.700 410.000 84.500 3.800.000 42.300 25.400 43.250 6.252.301 94.352.522 6,63

1.3- ITBI 240.931 82.639 7.405 60.687 95.526 37.500 36.993 561.681 6.740.172 8,33

1.4- Outras Receitas Tributárias 25.881.5812- Receitas de Contribuições3- Receita Patrimonial 8.322 11 3.470 2.360 995 5.266 17.374 18.407 491 15.902 32.563 7 25 13.068 118.261 15.563.166 0,76

4- Receita Agropecuária 647.1325- Receita Industrial6- Receita de Serviços 28.658.5967- Transferências Correntes 9.642.713 3.614.531 7.186.963 10.784.893 4.715.446 4.128.184 2.224.358 3.107.440 4.994.771 8.111.134 59.797.577 3.512.872 1.972.161 2.736.304 126.529.347 1.330.643.956 9,51

7.1- União 8.455.758 2.014.253 6.584.311 7.382.965 4.013.405 3.106.038 1.800.966 2.100.877 3.974.268 6.026.374 57.508.865 2.661.266 1.861.661 2.417.198 109.908.205 687.671.741 15,98

7.1.1- FPM 8.455.758 2.014.253 6.584.311 7.382.965 4.013.405 3.106.038 1.800.966 2.100.877 3.974.268 6.026.374 57.508.865 2.661.266 1.861.661 2.417.198 109.908.205 505.304.038 21,75

7.1.2- ITR7.1.3- Outros da União(IR, Aux.) 182.367.7037.2- Estado 1.186.955 1.600.278 602.652 3.401.928 702.041 1.022.146 423.392 1.006.563 1.020.503 2.084.760 2.288.712 851.606 110.500 319.106 16.621.142 642.972.215 2,59

7.2.1- ICMs 1.186.955 1.600.278 602.652 3.401.928 702.041 1.022.146 423.392 1.006.563 1.020.503 2.084.760 2.288.712 851.606 110.500 319.106 16.621.142 613.099.942 2,71

7.2.2- IPVA 29.861.8287.2.3- Outros do Estado 10.4458- Outras Receitas Correntes 1.287.726 1.775.449 1.494.975 3.645.071 376.442 838.079 798.092 783.004 6.898.120 3.392.788 3.797.843 887.595 634.577 321.606 739.678 27.671.045 108.676.877 25,46

8.1- Indenização de Royalties 1.287.726 1.775.449 1.494.975 3.645.071 376.442 838.079 798.092 783.004 6.898.120 3.392.788 3.797.843 887.595 634.577 321.606 739.678 27.671.045 91.933.370 30,10

8.2- Outras receitas 16.743.507II- RECEITAS DE CAPITAL 9.106 2.707 36.001 9.000 30.176 14.783 101.773 156.410.116 0,07

9- Operações de Crédito 156.410.11610- Alienação de Bens11- Amortização Empréstimos12- Transf. de Capital13- Outras Receitas Capital . 9.106 2.707 36.001 9.000 30.176 14.783 101.773DESPESA TOTAL - 1999 10.743.878 5.992.124 7.247.047 11.536.360 5.317.828 4.953.164 3.035.685 3.691.506 11.833.473 11.194.352 70.106.711 4.133.131 2.474.218 2.914.291 155.173.768 1.730.773.699 8,97

III-DESPESAS CORRENTES 8.602.605 4.722.246 6.458.772 9.218.204 4.612.207 4.320.362 2.123.272 3.131.703 5.071.590 9.803.268 62.290.325 3.895.443 1.944.936 2.604.469 128.799.402 1.449.281.996 8,89

1-Pessoal e Encargos Sociais 3.327.635 1.976.494 2.122.952 4.466.233 1.992.206 1.246.960 825.611 1.076.436 1.617.484 4.739.406 24.068.536 1.815.593 610.182 795.129 50.680.857 760.244.736 6,67

2-Juros e Encargos da Dívida 10.162 2.004 96.954 5.067 700 25.447 75.584 716.909 32 119 932.978 43.985.392 2,12

3- Outras Despesas Correntes 5.264.808 2.743.748 4.335.820 4.655.017 2.620.001 3.068.335 1.296.961 2.029.820 3.378.522 5.063.862 37.504.880 2.079.818 1.334.754 1.809.221 77.185.567 645.051.868 11,97

IV-DESPESAS DE CAPITAL 2.141.273 1.269.878 788.275 2.318.156 705.621 632.802 912.413 559.803 6.761.883 1.391.084 7.816.386 237.688 529.282 309.822 26.374.366 281.491.703 9,37

4- Investimentos 2.008.106 1.263.878 788.275 1.933.418 705.621 625.870 766.410 389.392 6.690.316 1.025.424 6.585.593 174.990 529.282 309.822 23.796.397 109.511.027 21,73

5- Inversões Financeiras 3.900 6.000 14.960 1.500 10.000 25.000 4.750 645.818 9.600 721.528 86.036.299 0,84

6- Amortizações da Dívida 129.267 369.778 6.932 144.503 160.411 46.567 359.910 584.975 53.098 1.855.441 85.944.377 2,16

7-Outras Despesas de Capital 1.000 1.000V-SALDO(REC.-DESP.) 1.139.853 112.924 2.115.057 3.462.721 -127.762 120.454 90.359 257.079 564.499 611.575 -601.651 442.246 215.048 292.457 739.678 9.434.537 37.853.717 25

VI - INDICADORES (%)Royalties / Receita Total 10,84 29,08 15,97 24,30 7,25 16,52 25,53 19,83 55,64 28,74 5,46 19,40 23,60 10,03 100,00 16,810 5,198Royalties / Receita Corrente 10,84 29,13 15,97 24,36 7,27 16,52 25,78 19,83 55,64 28,74 5,46 19,40 23,60 10,08 100,00 16,821 5,702Royalties / Receita de Capital 19.498 55.226 10.125 4.183 2.645 2.176 27.189 58,777Royalties / Despesa Total 11,99 29,63 20,63 31,60 7,08 16,92 26,29 21,21 58,29 30,31 5,42 21,48 25,65 11,04 17,832 5,312Royalties / Despesa Corrente 14,97 37,60 23,15 39,54 8,16 19,40 37,59 25,00 136,01 34,61 6,10 22,79 32,63 12,35 21,484 6,343Royalties / Despesa de Capital 60,14 139,81 189,65 157,24 53,35 132,44 87,47 139,87 102,01 243,90 48,59 373,43 119,89 103,80 104,916 7,000Royalties / ISS 367,92 286,36 293,13 1.584,81 827,35 2.092,53 6.334,06 2.023,27 1.682,47 4.015,13 99,94 2.098,33 2.498,33 743,60 442,574 97,436Royalties / FPM 15,23 88,14 22,71 49,37 9,38 26,98 44,31 37,27 173,57 56,30 6,60 33,35 34,09 13,30 25,177 18,194Royalties / ICMS 108,49 111 248,07 107,15 53,62 81,99 188,50 77,79 675,95 162,74 165,94 104,23 574,28 100,78 166,481 14,995Crescimento Royalties 99/98 231,14 142,76 191,88 218,76 137,66 149,08 333,14 184,09 424,19 202,32 143,06 299,55 285,68 152,76 200,19 225,859 202,416Crescimento Receita RN 99/98 37,45 11,59 31,47 68,65 1,91 15,09 24,69 7,50 73,37 22,00 4,14 6,03 47,26 20,20 -76,46 16,466 23,272Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, Secretarias de Finanças Municipais, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 2000), ANP - AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEONota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n 101, Portaria STN n0 212/2001

Anexo I - Tabela n0 41- Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - Ano: 1999

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230

Nota Explicativa

No ano de 1999, a economia do Estado do Rio Grande do Norte obteve um total do Produto Interno Bruto (PIB) de R$ milhão 7.569 e um PIB per capita de R$ 2.757. A participação percentual das principais atividades econômicas desse ano foram: 1- administração pública (24,42%), 2- construção (14,66%), 3- atividade imobiliária, aluguéis e serviço prestado (12,05%), 4- indústria de extração mineral (10,93%), 5- indústria da transformação (10,89%), 6- comércio (5,06%), 7- agropecuária (3,66%) e demais (IDEMA, 2001, p. 259).

A atividade produtiva do petróleo e gás natural está inserida na indústria de extração mineral, que em 1999 ocupou a quarta posição na economia do Rio Grande do Norte. Segundo relatório do IDEMA, "a indústria extrativa, embora com queda da produção em torno de 4,82%, elevou sua participação na economia para 10,96%. Dois fatores foram importantes: a desvalorização do real e a alta dos preços internacionais do petróleo". (IDEMA, 2002, p. 1)

Quanto às finanças públicas dos municípios da Área do Petróleo Potiguar, relativas ao ano de 1999, os dados demonstrativos estão contidos na Tabela 23. A referida tabela apresenta um quadro geral (receitas, despesas e saldo), indicadores (royalties versus principais itens do quadro geral) e o total da APP (Área do Petróleo Potiguar) em relação ao total do Estado do Rio Grande do Norte.

Considerando o quadro geral de receitas e despesas, a tabela 23 mostra os seguintes resultados em 1999: o total das receitas da APP representou 9,31% em relação ao total da receita do Estado; o total das despesas da APP representou 8,97%. A receitas de Indenizações de royalties de petróleo totalizou para a APP um montante anual de R$ 27.671.045, representando 30,10% do total recebido pelo Estado (R$ 91.933.370).

Quanto ao fechamento das contas do ano de 1999, somente o município de Upanema não apresentou ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) o seu balanço anual. Para este município, a tabela registra somente a receita de royalties, com base nos dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

De acordo com a Tabela n0 23, no que se refere ao equilíbrio fiscal, em dois municípios (Caraúbas e Mossoró) houve déficit (despesas maiores que as receitas). Apesar do município de Mossoró representar cerca de 50% do total da APP, o acumulado dos municípios da referida área foi superavitário. Vale ressaltar que nesse ano, as contas gerais do Estado resultaram em um saldo positivo.

Quanto ao quadro dos indicadores da Tabela n0 23, a participação percentual dos royalties do petróleo em relação aos principais itens de receitas e despesas, demonstrou os seguintes resultados: em relação à receita total dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram em média 16,81%; em relação ao total das receitas correntes, o percentual foi de 16,82%. Por sua vez, os royalties do petróleo representaram 27,18 em relação ao total das receitas de capital dos municípios da APP. Quanto às despesas totais, correntes e de capital dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram 17,83%, 21,48% e 104,92%, respectivamente.

Quanto ao destaque dos principais itens de receitas, foram escolhidos o ISS (receita gerada no município), FPM (União) e ICMs (Estado). Estes dois últimos, correspondem a partilha dos tributos, devida aos municípios. Em relação ao ISS, os royalties do petróleo representaram em média 442,57%, ou seja, foi superior ao arrecadado nos municípios da APP. Em relação ao FPM, os royalties do petróleo representaram 25,17% e em relação ao ICMs, os royalties do petróleo representaram 166,48%.

Quanto ao crescimento real (preços constantes, referentes a base 12/98) das variáveis Indenização de Royalties e Receita Total, no ano de 1997 em relação ao anterior, foram obtidos os seguintes resultados: a receita de Indenização de Royalties cresceu em 202,42%, enquanto a Receita Total do Estado cresceu 23,27%.

O cenário faz finanças públicas estaduais no referido ano, revelou um grande aumento na receita de Indenização de Royalties, que repercutiu também no saldo das finanças do Estado do RN.

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Este aumento diferenciado dos royalties deveu-se a aplicação da Lei n0 9.478 de 06 de Agosto de 1997 e o Decreto n0 2.705 de 03 de agosto de 1998, que definiu a alíquota de até 10% da produção de petróleo e gás natural, na fórmula de pagamento dos royalties. Na legislação anterior, esta alíquota era de 5%. Logo, a parcela da receita de royalties de petróleo aumentou em média 225,85% no quadro de finanças dos municípios da APP.

Assim, vale citar exemplos sobre o impacto dessa receita no quadro de finanças públicas de alguns municípios da APP, no ano de 1999. No município de Guamaré, a receita da “Indenização de Royalties de Petróleo” somou R$ 6.898.120,00. Simplesmente, este volume de recursos foi superior ao ISS (R$ 410.000,00), ao ICMs (R$ 1.020.503,00) e ao FPM (R$ 3.974.268,00), constituindo-se no principal item de receita do referido município. Em relação aos demais, este município obteve um recurso diferenciado. Nos municípios de Açu, Alto do Rodrigues, Apodi, Areia Branca, Felipe Guerra, Macau, Pendências, Porto do Mangue e Serra do Mel, os recursos da “Indenização de Royalties” tornou-se a segunda receita do quadro de finanças, superior ao ISS e ICMs. Apenas o FPM continuou sendo a principal receita dos referidos municípios. Este fato pode ser observado na comparação das colunas dos municípios na Tabela n0 23. O município de Mossoró, que é o segundo mais importante do Estado e o principal da APP, a parcela da “indenização dos royalties” foi superior a receita do ICMs, ficando atrás apenas do FPM e o ISS. Até então, esse era o único município em que a receita da “indenização dos royalties” ocupava a quarta posição.

No quadro geral do ano de 1999, o item “indenização dos royalties do petróleo”, em termos de montante, tornou-se a segunda mais importante receita dos municípios da APP e do Estado, ficando atrás somente do FPM.

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Anexo I – Tabela n0 42

Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo

Potiguar - ano de 2000

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Valores Históricos - (R$ 1)

MUNICÍPIOS / CONTASAçu Alto do

Rodrigues

Apodi Areia

Branca

Caraúbas Carnaubais Felipe

Guerra

Dix-Sept

Ros.

Guamaré Macau Mossoró Pendências Porto do

Mangue

Serra do

Mel

Upanema Total APP (1) Total Estado (2) %

(1)/(2)RECEITA TOTAL - 2000 14.076.767 9.357.638 12.598.051 16.097.282 578.904 6.394.181 1.044.329 5.493.740 14.378.582 15.441.838 95.481.165 5.832.993 3.684.231 521.887 1.008.332 201.989.919 1.996.603.623 10,12I-RECEITAS CORRENTES 12.326.206 9.357.638 12.497.967 16.097.282 578.904 6.394.181 1.044.329 5.048.740 12.749.169 15.441.838 89.031.445 5.777.214 3.681.383 521.887 1.008.332 191.556.514 1.843.473.645 10,391- Receita Tributária 262.351 497.876 91.487 371.458 87.301 47.787 326.386 285.041 6.537.450 74.552 34.866 8.616.556 497.432.137 1,731.1- IPTU 52.557 357.000 1.679 14.142 1.498 56 427 4.238 748.880 425 2.776 1.183.679 34.371.819 3,441.2- ISS 192.429 46.289 88.331 344.133 50.310 32.178 300.287 251.852 4.629.098 53.569 30.040 6.018.518 138.425.916 4,351.3- ITBI 8.954 205 842 2.118 25.365 1.227 430 18.769 238.307 18.687 2.050 316.954 987.758 32,091.4- Outras Receitas Tributárias 8.411 94.382 635 11.065 10.127 14.326 25.242 10.181 921.165 1.872 1.097.405 323.646.644 0,342- Receitas de Contribuições3- Receita Patrimonial 1.751.048 2.321.618 55.971 2.120.100 1.873.039 1.207.515 20.821 2.700.314 7.874.949 610.361 341.095 20.876.830 16.162.538 1294- Receita Agropecuária 12.8615- Receita Industrial6- Receita de Serviços 30.068.5257- Transferências Correntes 7.309.561 4.284.995 9.979.440 7.698.505 3.347.046 2.634.098 5.055.085 7.419.194 69.623.220 3.720.576 2.196.832 123.268.551 1.152.958.940 10,697.1- União 4.758.911 1.224.412 4.019.375 2.862.333 1.936.298 1.850.910 1.405.597 3.253.977 24.633.760 1.909.559 2.015.876 49.871.008 279.744.170 17,837.1.1- FPM 4.612.420 1.177.245 3.999.410 2.759.966 1.866.311 1.839.978 1.379.983 3.110.652 17.174.324 1.839.978 1.393.093 41.153.359 205.766.793 20,007.1.2- ITR 5.316 635 5.338 1.458 2.505 2.646 174 12.529 15.468 942 47.011 188.042 25,007.1.3- Outros da União(IR, Aux.) 141.176 46.532 14.627 100.908 67.482 8.287 25.440 130.797 7.443.968 68.639 622.783 8.670.639 73.789.335 11,757.2- Estado 2.550.650 3.060.583 5.960.065 4.836.172 1.410.748 783.188 3.649.488 4.165.216 44.989.460 1.811.018 180.956 73.397.543 873.214.769 8,417.2.1- ICMs 2.407.903 2.275.134 1.390.202 4.435.667 1.402.762 765.911 3.643.391 4.147.890 23.548.123 1.021.452 140.251 45.178.686 788.077.608 5,737.2.2- IPVA 142.746 11.251 57.749 400.505 7.986 17.276 6.097 17.327 1.665.567 13.137 2.665 2.342.306 33.384.060 7,027.2.3- Outros Estado 774.198 4.512.114 19.775.769 776.429 38.040 25.876.551 51.753.101 50,008- Outras Receitas Correntes 3.003.246 2.253.149 2.371.069 5.907.220 578.904 1.086.795 1.044.329 1.159.340 7.346.877 5.037.289 4.995.827 1.371.724 1.108.590 521.887 1.008.332 38.794.577 146.838.644 26,428.1-Indenização Royalties 1.758.011 2.253.149 2.371.069 5.907.220 578.904 1.086.795 1.044.329 1.159.340 7.346.877 5.037.289 4.995.827 1.371.724 1.108.590 521.887 1.008.332 37.549.342 128.928.820 29,128.2- Outras receitas 1.245.235 1.245.235 17.909.824 6,95II- RECEITAS DE CAPITAL 1.750.561 100.084 445.000 1.629.413 6.449.720 55.779 2.848 10.433.405 153.129.978 6,819- Operações de Crédito 20.267.77810- Alienação de Bens 59.897 64.300 124.197 43.018.648 0,2911- Amortização Empréstimos12- Transf. de Capital 150.947 445.000 53.379 649.32613- Outras Receitas Capital 1.599.614 100.084 1.569.516 6.385.420 2.400 2.848 9.659.882 89.843.552 10,75DESPESA TOTAL 2000 12.915.254 7.664.142 9.548.751 16.594.231 5.822.393 95.326 5.144.060 14.647.521 15.723.144 83.829.161 5.832.813 3.467.276 181.284.072 1.957.100.837 9,26III-DESPESAS CORRENTES 11.041.096 5.770.184 8.057.324 12.974.411 5.822.393 95.326 4.167.390 6.267.035 12.467.486 73.176.721 5.412.780 2.576.286 147.828.432 1.601.613.339 9,231-Pessoal e Encargos Sociais 4.236.801 2.179.840 2.236.365 5.631.345 1.593.458 1.549.167 2.112.259 4.967.647 28.753.592 2.747.806 815.988 56.824.268 823.670.760 6,902-Juros e Encargos da Dívida 20.131 1.926 181.166 7.831 63.600 16.776 663.251 954.681 50.163.853 1,903- Outras Despesas Correntes 6.784.164 3.590.344 5.819.033 7.161.900 4.228.935 95.326 2.610.392 4.091.176 7.483.063 43.759.878 2.664.974 1.760.298 90.049.483 727.778.726 12,37IV-DESPESAS DE CAPITAL 1.874.158 1.893.958 1.491.427 3.619.820 976.670 8.380.486 3.255.658 10.652.440 420.033 890.990 33.455.640 355.487.498 9,414- Investimentos 1.584.928 1.877.458 1.456.692 2.967.159 798.273 8.326.057 2.884.075 9.383.541 378.133 890.790 30.547.106 222.801.866 13,715- Inversões Financeiras 31.000 16.500 87.264 9.141 11.000 624.631 200 779.736 73.324.024 1,066- Amortizações da Dívida 258.230 34.735 565.397 169.256 43.429 371.583 644.268 41.900 2.128.798 59.361.608 3,597-Outras Despesas de CapitalV-SALDO(REC.-DESP.) 1.161.513 1.693.496 3.049.300 -496.949 578.904 571.788 949.003 349.680 -268.939 -281.306 11.652.004 180 216.955 521.887 1.008.332 20.705.847 39.502.786 52,42VI - INDICADORES (%)Royalties / Receita Total 12,49 24,08 18,82 36,70 100,00 17,00 100,00 21,10 51,10 32,62 5,23 23,52 30,09 100,00 100,00 18,59 6,46Royalties / Receita Corrente 14,26 24,08 18,97 36,70 100,00 17,00 100,00 22,96 57,63 32,62 5,61 23,74 30,11 100,00 100,00 19,60 6,99Royalties / Receita de Capital 100,43 2.369,07 260,53 450,89 77,46 2.459,21 38.925,20 359,90 84,20Royalties / Despesa Total 13,61 29,40 24,83 35,60 18,67 1.095,54 22,54 50,16 32,04 5,96 23,52 31,97 20,71 6,59Royalties / Despesa Corrente 15,92 39,05 29,43 45,53 18,67 1.095,54 27,82 117,23 40,40 6,83 25,34 43,03 25,40 8,05Royalties / Despesa de Capital 93,80 118,97 158,98 163,19 118,70 87,67 154,72 46,90 326,58 124,42 112,24 36,27Royalties / ISS 913,59 4.867,52 2.684,30 1.716,55 2.160,19 3.602,92 2.446,61 2.000,10 107,92 2.560,69 3.690,32 623,90 93,14Royalties / FPM 38,11 191,39 59,29 214,03 58,23 63,01 532,39 161,94 29,09 74,55 79,58 91,24 62,66Royalties / ICMS 73,01 99,03 170,56 133,18 77,48 151,37 201,65 121,44 21,22 134,29 790,43 83,11 16,36Crescimento Royalties 00/99 36,52 26,91 58,60 62,06 53,78 29,68 30,85 48,06 6,51 48,47 31,54 54,54 74,70 62,27 36,32 35,70 40,24Crescimento Receita RN 00/99 18,45 53,28 34,56 7,32 -88,85 26,03 -66,59 39,13 15,98 30,80 37,37 27,49 37,00 -83,73 36,32 22,71 17,76Fonte: Secretaria de Planejamento e Finanças do RN, Secretarias de Finanças Municipais, IDEMA (ANUÁRIO ESTATÍSTICO 2000), ANP - AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEONota: Tabela construída conforme modelo apresentado na Lei no 4.320 de 17/03/1964 e Lei Complementar n 101, Portaria STN n0 212/2001

Anexo I - Tabela n0 42 - Finanças Públicas dos Municípios da Área do Petróleo Potiguar - Ano: 2000

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Nota Explicativa

No ano de 2000, quanto às finanças públicas dos municípios da Área do Petróleo Potiguar, os dados demonstrativos estão contidos na Tabela n0 24. A referida tabela apresenta um quadro geral (receitas, despesas e saldo), indicadores (royalties versus principais itens do quadro geral) e o total da APP (Área do Petróleo Potiguar) em relação ao total do Estado do Rio Grande do Norte.

Quanto ao fechamento das contas do ano de 2000, os municípios de Caraúbas, Felipe Guerra, Serra do Mel e Upanema não apresentaram ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) os seus balanços anuais. Para estes, a tabela registra apenas as receitas de royalties, com base nos dados fornecidos pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Considerando o quadro geral de receitas e despesas, a tabela n0 24 mostra os seguintes resultados em 2000: o total das receitas da APP representou 10,12% em relação ao total da receita do Estado; o total das despesas da APP representou 9,26%. A receitas de Indenizações de royalties de petróleo totalizou para a APP um montante anual de R$ 37.549.342, representando 29,12% do total recebido pelo Estado (R$ 128.928.820).

Quanto equilíbrio fiscal, houve saldo positivo (despesas maiores que as receitas) nas contas gerais dos municípios da APP e do total do Estado.

Quanto ao quadro dos indicadores da tabela n0 24, a participação percentual dos royalties do petróleo em relação aos principais itens de receitas e despesas, demonstrou os seguintes resultados: em relação à receita total dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram em média 18,59%; em relação ao total das receitas correntes, o percentual foi de 19,60%. Por sua vez, os royalties do petróleo representaram 359,90% em relação ao total das receitas de capital dos municípios da APP, o que é muito significativo. Isto mostra que as possibilidades de investimentos estiveram na dependência das receitas dos royalties do petróleo.

Quanto às despesas totais, correntes e de capital dos municípios da APP, os royalties do petróleo representaram 20,71%, 25,40% e 112,24%, respectivamente.

Quanto ao destaque dos principais itens de receitas, foram escolhidos o ISS (receita gerada no município), FPM (União) e ICMs (Estado). Estes dois últimos, correspondem a partilha dos tributos, devida aos municípios. Em relação ao ISS, os royalties do petróleo representaram em média 623,90%, ou seja, foi superior ao arrecadado no município. Em relação ao FPM, os royalties do petróleo representaram 91,24% e em relação ao ICMs, os royalties do petróleo representaram 83,11%.

Quanto ao crescimento real (preços constantes, referentes a base 12/00) das variáveis Indenização de Royalties e Receita Total, no ano de 2000 em relação ao anterior, foram obtidos os seguintes resultados: a receita de Indenização de Royalties cresceu em 40,24%, enquanto a Receita Total do Estado cresceu 17,76%.

O cenário faz finanças públicas estaduais no ano de 2000, continuou refletindo o impacto gerado no ano anterior do aumento da parcela da “indenização dos royalties de petróleo” nos municípios da APP e no Governo do Estado.

No município de Guamaré, por exemplo, mais da metade da receita corrente total (R$ 12.749.169) foi devida à “indenização dos royalties”, que somou R$ 7.346.877,00. Em outros municípios da APP, a “indenização dos royalties” significou a segunda mais importante receita, como foi o caso de Apodi (R$ 2.371.069,00), Areia Branca (R$ 5.907.220,00), Governador Dix-Sept Rosado (R$ 1.159.340,00), Macau (R$ 5.037.289,00), Pendências (R$ 1.371.724,00) e Porto do Mangue (R$ 1.108.590,00).

No quadro geral do ano de 2000, o item “indenização dos royalties do petróleo” correspondeu para a maioria dos municípios da APP, na segunda mais importante receita, ficando atrás somente do FPM.

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Anexo II

Questionário de Pesquisa - Prefeitura Municipal.

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Pesquisa Científica: Participação da Prefeitura Municipal

Nome do Município: _______________________________

Apresentação Este questionário de pesquisa faz parte da nossa dissertação de Mestrado (Geografia Econômica, UFRN/Apoio PETROBRAS), que versará sobre o tema "O Georritmo do 'Cavalo-de-Pau' nos Municípios da Área do Petróleo Potiguar: a relação entre royalties e a dinâmica socioeconômica". Por se tratar de um município produtor de petróleo, solicitamos a gentileza de V. Sas. em nos fornecer dados sobre o papel dos royalties e um levantamento sintético das finanças municipais, relativos ao período de 1995 a 2001, para a consolidação do trabalho científico ora proposto. Ressaltamos que esta pesquisa tem um caráter estritamente científico.

Desde já, agradecemos a colaboração de V.Sas. e ao mesmo tempo, colocamo-nos a disposição para prestar esclarecimentos e apresentar os resultados deste trabalho, após a sua conclusão. 1- Em que setor(es) tem se concentrado a vocação econômica do município? ( ) Setor Agrícola ( ) Setor Industrial ( ) Setor de Comércio ( ) Setor de Prestação de Serviços Citar a vocação econômica do município (se houver mais de uma, citar): _______ 2- A partir de qual período o município passou a receber royalties de petróleo? ( ) Antes de 1985 ( ) Entre 1986 a 1990 ( ) Entre 1991 a 1995 ( ) Depois de 1995 3- O recebimento dos royalties do petróleo tem contribuído para promover o desenvolvimento socioeconômico do município? ( ) Sim ( por quê? _____________________________________________________ 4- Assinale os setores em que esse município mais investiu no período de 1995 a 2001, utilizando os recursos oriundos dos royalties do petróleo: ( ) Saneamento básico ( ) Irrigação ( ) Pavimentação ( ) Energia ( ) Proteção ao meio ambiente ( ) Educação e Saúde ( ) Outros, citar: _________________________________________________

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5- Identifique no quadro abaixo os valores dos itens de RECEITAS MUNICIPAIS que compõem o quadro finanças deste município?

RECEITAS MUNICIPAIS - R$ 1,00 1995 1996 1997 1998 1- RECEITAS CORRENTES (1.1 + 1.2 + 1.3) 1.1- RECEITAS PRÓPRIAS Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) Imposto sobre Serviços Qualquer Natureza(ISS) Imposto de Trasm. Bens Imóveis- "Inter vivos" (ITBI) Imposto de Vendas a Varejo de Combustíveis (IVVC) Taxas Receitas de Contribuições Receita Patrimonial Receita Agropecuária Receita Industrial Receitas de Serviços Outras Receitas Correntes Alienação de Bens Royalties de petróleo 1.2- TRANSFERÊNCIAS GOVERNAMENTAIS 1.2.1- TRANSFERÊNCIAS PELA UNIÃO Fundo de Participação dos Municípios IR/IPI (FPM) Imposto Territorial Rural (ITR) Outras (IR/Fonte, Auxílios, etc...) 1.2.2- TRANSFERÊNCIAS PELO ESTADO Imposto de Circulação de Mercadorias (ICMs) Imposto Propriedade Veículos Automotores (IPVA) Outras Transf. Estado (POEM, Auxílios, etc..) 1.3- OPERAÇÕES DE CRÉDITO Aplicações Financeiras Outras receitas de Crédito 2- RECEITAS DE CAPITAL Operações de crédito Outras receitas de Capital TOTAL DAS RECEITAS MUNICIPAIS (1+2)

Fonte: Quadro de partilha de impostos municipais da Constituição Federal, 1988. 6- Identifique no quadro abaixo os valores dos itens de DESPESAS MUNICIPAIS que compõem a arrecadação desse município?

DESPESAS MUNICIPAIS - R$ 1,00 1995 1996 1997 1998 Gabinete do Prefeito Administração e Finanças Saúde e Saneamento Ação Comunitária Educação e Cultura Obras e Serviços Públicos Câmara Municipal Seguridade e Assistência Social Despesas Extraordinárias Outras Despesas Municipais Total das Receitas Municipais

Fonte: Quadro de partilha de despesas municipais da Constituição Federal, 1988.

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Anexo III Questionário de Pesquisa – Empresas e Instituições da

Sociedade Civil

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Pesquisa: Empresas e Instituições da Sociedade Civil

Nome do Município: ________________________________________ Nome da Empresa: ____________________________________________ Setor/Ramo de Negócio: ____________________________________

1- Qual a área de mercado desta empresa? Somente na área urbana Somente na área rural Em ambas as áreas - urbana e rural Em outros Municípios da Região Em todo o RN e Outros Estados

2- Em relação ao total da população do município, quantas pessoas são clientes desta empresa? Menos de 100 pessoas Entre 100 a 250 pessoas Entre 250 e 500 pessoas Acima de 500 pessoas

3- Qual a profissão predominante dos clientes desta empresa? Se houver mais de uma, citar percentual representativo Agricultor Comerciante Funcionário Público Profissional Liberal (Médico, Dentista, Contador, Advogado, Engenheiro, etc)

Outra profissão

4- Qual a sua opinião sobre as condições de vida oferecidas no município para os seus habitantes? Dê a sua opinião para cada item abaixo, considerando a escala de ruim a excelente

Itens Ruim Regula Boa Excelente Moradia Transporte Educação Saúde Emprego Segurança Outro

5- Qual a sua opinião sobre a atuação do poder público (prefeitura municipal) quanto a realização de melhorias em infra-estrutura do município? Dê a sua opinião para cada item abaixo, considerando a escala de ruim a excelente

Itens Ruim Regular Boa Excelente Pavimentação de Estradas Pavimentação de Ruas Abastecimento d’ água Esgotamento Sanitário Energia Elétrica Telecomunicações Coleta de Lixo Proteção ao meio ambiente Incentivo à Agricultura Outros

6- Quais os objetos e sistemas de ações existentes na paisagem do seu município que, na sua opinião, melhor identificam a presença da PETROBRAS? Cavalo de Pau” Programa Terra Pronta Estação de Óleo e Gás Programa de Aterro Sanitário Oleodutos Chafariz Outros Citar:

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240

7- Em que aspecto(s), a PETROBRAS tem contribuído para o desenvolvimento socioeconômico do município? Absorver a mão-de-obra em empresas contratadas Absorver a mão-de-obra na própria PETROBRAS Construção de Aterro Sanitário Construção de Chafariz Apoio nas atividades de Educação e Cultura Apoio nas atividades produtivas – agricultura Apoio nas atividades produtivas - indústria Apoio nas atividades produtivas - comércio e serviços Outros Citar:

8- Em que aspecto(s), a PETROBRAS "não" tem contribuído para o desenvolvimento socioeconômico do município? Não absorver a mão-de-obra local em atividades terceirizadas da PETROBRAS Não absorver a mão-de-obra local em atividades próprias da PETROBRAS Derramamento de óleo em áreas rurais Derrubamento de cercas em áreas rurais para instalação de equipamentos de petróleo Acidentes causados por não proteção das instalações dos Cavalo-de-Pau e Estações de Óleo e Gás Estradas e rodovias esburacadas, em função do transporte de petróleo. Elevação do custo de vida municipal, em função da presença de funcionários da indústria do petróleo Outros Citar:

9- A vida das pessoas melhorou depois da descoberta do petróleo no seu município? Sim Não Por quê?

10- Comentário Adicional, se desejar:

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241

Anexo IV Questionário de Pesquisa – População

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242

Pesquisa de Opinião: População

Nome do Município: ________________________________________

1- Em que local do município você reside? Na sede do município Na área rural do município Em outro município Na capital

2- Qual a sua idade? Menos de 20 anos Entre 20 e 30 anos Entre 30 e 40 anos Entre 40 e 50 anos Acima de 50 anos

3- Qual o seu grau de escolaridade? Não freqüentou a escola Curso Fundamental (primário) Curso Médio (10 grau) Curso Médio (20 grau) Curso superior incompleto

4- Qual a sua profissão Agricultor Comerciante Funcionário Público Professor Outra profissão

5- Nos últimos anos, em que grau na escala (de ruim até excelente) encontram-se as condições de vida oferecidas no município para os seus habitantes?

Itens Ruim Regular Boa Excelente Moradia Transporte Educação Saúde Emprego Segurança Outro

6- Nos últimos anos, em que grau na escala (de ruim até excelente) encontra-se a atuação do poder público (prefeitura municipal) quanto a realização de melhorias em infra-estrutura do município:

Itens Ruim Regular Boa Excelente Pavimentação de Estradas Pavimentação de Ruas Abastecimento d’ água Esgotamento Sanitário Energia Elétrica Telecomunicações Coleta de Lixo Proteção ao meio ambiente Incentivo à Agricultura Outro

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243

7- Quais os objetos e sistemas de ações existentes na paisagem do seu município que, na sua opinião, melhor identificam a presença da PETROBRAS? Cavalo de Pau” Programa Terra Pronta Estação de Óleo e Gás Programa de Aterro Sanitário Oleodutos Chafariz Outros Citar:

8- Em que aspecto(s), a PETROBRAS tem contribuído para o desenvolvimento socioeconômico do município? Absorver a mão-de-obra em empresas contratadas Absorver a mão-de-obra na própria PETROBRAS Construção de Aterro Sanitário Construção de Chafariz Apoio nas atividades de Educação e Cultura Apoio nas atividades produtivas - agricultura Apoio nas atividades produtivas - indústria Apoio nas atividades produtivas - comércio e serviços Outros Citar:

9- Em que aspecto(s), a PETROBRAS "não" tem contribuído para o desenvolvimento socioeconômico do município? Não absorver a mão-de-obra local em atividades terceirizadas da PETROBRAS Não absorver a mão-de-obra local em atividades próprias da PETROBRAS Derramamento de óleo em áreas rurais Derrubamento de cercas em áreas rurais para instalação de equipamentos de petróleo Acidentes causados por não proteção das instalações dos Cavalo-de-Pau e Estações de Óleo e Gás Estradas e rodovias esburacadas, em função do transporte de petróleo. Elevação do custo de vida municipal, em função da presença de funcionários da indústria do petróleo Outros Citar:

10- A vida das pessoas melhorou depois da descoberta do petróleo no seu município? Sim Não Por quê?

11- Comentário Adicional, se desejar:

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244

Anexo V Relação dos municípios recebedores dos royalties de petróleo, em função da produção marítima.

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MUNICÍPIO Zonas ZONA HOMOGÊNEA MICRORREGIÃOGuamaré Z1 Central Potiguar Subzona SalineiraMacau Z1 Central Potiguar Subzona SalineiraAreia Branca Z1 Oeste Potiguar Subzona SalineiraGrossos Z1 Oeste Potiguar Subzona SalineiraMossoró Z1 Oeste Potiguar Subzona de MossoróPorto do Mangue Z1 Oeste Potiguar Subzona de AçuTibau Z1 Oeste Potiguar Subzona SalineiraJandaira Z3 Agreste Potiguar Subzona de João CâmaraAcari Z3 Central Potiguar Subzona de Currais NovosAfonso Bezerra Z3 Central Potiguar Subzona de João CâmaraCaicó Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóCarnaúba dos Dantas Z3 Central Potiguar Subzona de Currais NovosCerro Corá Z3 Central Potiguar Subzona de Santana do MatosCruzeta Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóCurrais Novos Z3 Central Potiguar Subzona de Currais NovosEquador Z3 Central Potiguar Subzona de Currais NovosFlorânia Z3 Central Potiguar Subzona de Santana do MatosGalinhos Z3 Central Potiguar Subzona de João CâmaraIpueira Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóJardim de Piranhas Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóJardim do Seridó Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóLagoa Nova Z3 Central Potiguar Subzona de Santana do MatosOuro Branco Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóParelhas Z3 Central Potiguar Subzona de Currais NovosPedro Avelino Z3 Central Potiguar Subzona de João CâmaraSantana do Seridó Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóSão Fernando Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóSão João do Sabugi Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóSão Josédo Seridó Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóSão Vicente Z3 Central Potiguar Subzona de Santana do MatosSerra Negra do Norte Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóTenente Laurentino Cruz Z3 Central Potiguar Subzona de Santana do MatosTimbaúba dos Batistas Z3 Central Potiguar Subzona de CaicóAçu Z3 Oeste Potiguar Subzona de AçuÁgua Nova Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosAlexandria Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosAlmino Afonso Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasAlto do Rodrigues Z3 Oeste Potiguar Subzona de AçuAntonio Martins Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasApodi Z3 Oeste Potiguar Subzona de MossoróBaraúna Z3 Oeste Potiguar Subzona de MossoróCampo Grande Z3 Oeste Potiguar Subzona de JucurutuCaraúbas Z3 Oeste Potiguar Subzona de MossoróCarnaubais Z3 Oeste Potiguar Subzona de AçuCoronel João Pessoa Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasDoutor Severiano Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasEncanto Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosFelipe Guerra Z3 Oeste Potiguar Subzona de MossoróFrancisco Dantas Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosFrutuoso Gomes Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasGov. Dix-Sept Rosado Z3 Oeste Potiguar Subzona de MossoróIpanguaçu Z3 Oeste Potiguar Subzona de AçuItajá Z3 Oeste Potiguar Subzona de AçuItaú Z3 Oeste Potiguar Subzona de MossoróJanduis Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosJoão Dias Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasJosé da Penha Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosJucurutu Z3 Oeste Potiguar Subzona de JucurutuLucrécia Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasLuiz Gomes Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasMajor Sales Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasMarcelino Vieira Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosMartins Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasMessias Targino Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos Ferros

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MUNICÍPIO Zonas ZONA HOMOGÊNEA MICRORREGIÃOOlho D'Agua dos Borges Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasParaná Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasParaú Z3 Oeste Potiguar Subzona de AçuPatu Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosPau dos Ferros Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosPendências Z3 Oeste Potiguar Subzona de AçuPilões Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosPortalegre Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosRafael Fernandes Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosRafael Godeiro Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasRiacho da Cruz Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosRiacho de Santana Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosRodolfo Fernandes Z3 Oeste Potiguar Subzona de MossoróSã£o Francisco do Oeste Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosSão Miguel Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasSão Rafael Z3 Oeste Potiguar Subzona de AçuSerra do Mel Z3 Oeste Potiguar Subzona de AçuSerrinha dos Pintos Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasSeveriano Melo Z3 Oeste Potiguar Subzona de MossoróTaboleiro Grande Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosTenente Ananias Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosTriunfo Potiguar Z3 Oeste Potiguar Subzona de JucurutuUmarizal Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasUpanema Z3 Oeste Potiguar Subzona de MossoróVenha Ver Z3 Oeste Potiguar Subzona das Serras ÚmidasViçosa Z3 Oeste Potiguar Subzona de Pau dos FerrosAngicos N Central Potiguar Subzona de João CâmaraBodó N Central Potiguar Subzona de Santana do MatosCaiçara do Norte N Central Potiguar Subzona de João CâmaraCaiçara do Rio do Vento N Central Potiguar Subzona do Agreste CentralFernando Pedroza N Central Potiguar Subzona de João CâmaraJardim de Angicos N Central Potiguar Subzona de João CâmaraLajes N Central Potiguar Subzona de João CâmaraPedra Preta N Central Potiguar Subzona de João CâmaraSantana do Matos N Central Potiguar Subzona de Santana do MatosSão Bento do Norte N Central Potiguar Subzona de João CâmaraFonte: IBGENota: Z1 - Zona de Produção Principal, Z3- Zona Limítrofe e Influência Geoeconômica; N - Não incluídos

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Anexo VI Cálculo da amostra da pesquisa de campo nos municípios da Área do Petróleo Potiguar

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ANEXO VI - CÁLCULO DA EXTENSÃO DA AMOSTRA

Municípios da Área do Petróleo Potiguar N σ p q e n N σ p q e n

Açu 1.523 1 5 95 5 19 654 1 5 80 5 12Alto do Rodrigues 237 1 5 95 5 18 96 1 5 95 5 5Apodi 727 1 6 94 5 22 249 1 5 95 5 10Areia Branca 745 1 5 95 5 19 320 1 5 95 5 10Caraúbas 369 1 5 95 5 18 251 1 5 95 5 12Carnaubais 111 1 5 95 5 16 52 1 5 95 5 5Felipe Guerra 134 1 5 95 5 17 18 1 5 95 5 9Gov. Dix-Sept Rosado 219 1 5 95 5 18 77 1 5 95 5 10Guamaré 124 1 5 95 5 17 71 1 5 95 5 8Macau 1.001 1 5 95 5 19 420 1 5 95 5 11Mossoró 10.824 1 20 80 5 64 3.654 1 15 85 5 50Pendências 255 1 5 95 5 18 76 1 5 95 5 10Porto do Mangue 17 1 75 25 5 14 4 1 90 10 5 4Serra do Mel 98 1 5 95 5 16 21 1 5 95 5 6Upanema 178 1 5 95 5 17 42 1 5 95 5 4

16.562 312 6.005 166

Fórmula:

Onde:n - tamanho da amostra;σ − nível de confiança escolhido, expresso em número de desvio-padrãop - percentagem com a qual o fenômeno se verifica;q - percentagem complementar (100-p);N - tamanho da população;e - erro máximo permitido.σ − Erro-padrão ou desvio da porcentagem com que se verifica determinado fenômeno

Considerações:

POPULAÇÃO EMPRESA

n =qpNe

NPp.)1(

).100.(22

2

σσ

+−−

248

Foi utilizada a fórmula de cálculo de amostragem estratificada para população finita (menor que 100.000 elementos por município). O tamanho da amostra "N" foi determinado para cada município, com base nos critérios da metodologia da pesquisa de campo (cap.4.2),utilizando como fonte os dados do Cenco 2000 do IBGE. O nível de confiança adotado foi de 1,0 desvio-padrão (correspondendo a aproximadamente 68% do total, em relação a sua média.O percentual com a qual o fenômeno se verifica foi estabelecido para cada município (p).Para a variável "população", o percentual com a qual o fenômeno se verifica variou entre 5% a 75%, nos municípios pesquisados.Já para a variável "Empresa", o mesmo percentual variou entre 5% a 15%, o que expressa o nível de confiança da pesquisa.O erro máxiomo pérmitido foi de 5% para as variáveis da pesquisa social realizada.

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Anexo VII Relação das empresas pesquisadas nos Municípios da Área do Petróleo Potiguar

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MUNICÍPIO EMPRESAS ENDEREÇO Setor Econômico CEPAÇU A Graciosa Ótica, Jóias e Relógios R. Senador João Câmara, 312 Comércio 59650-000AÇU Bebé Pneus e Baterias R. Augusto Severo, 203 Comércio 59650-000AÇU Center Clínica R. Senador João Câmara, 1304 Comércio 59650-000AÇU Comércio Varejista E. A Ltda R. Senador João Câmara, 453 Comércio 59650-000AÇU Associação Criadores Ovinos e Caprinos Vale do Açu R. Dr. F. Bustamant, 650 Primário 59650-000AÇU Associação Municipal Micro região Açu R. Dr. Luiz Carlos, s/n Primário 59650-000AÇU Casa Campestre R. Sem. João Câmara, 1433 Primário 59650-000AÇU Comercial Frutec Produtos Agropecuários Pça Getúlio Vargas, 184 Primário 59650-000AÇU Associação Comunitária Bela Vista R. J. B. Sá, s/n Serviços 59650-000AÇU Associação do Banco do Brasil R. 24 de Julho, s/n Serviços 59650-000AÇU Câmara dos Diretores Lojistas Pça Getúlio Vargas, S/N, 331 Serviços 59650-000AÇU Centro de apoio a pequenos empreendimentos R. Prof. M. Montenegro, 39 Serviços 59650-000ALTO DO ROGRIGUES Drografia Saúde R. Fx Rodrigues, 294 Comércio 59507-000ALTO DO ROGRIGUES Francimodas Confecções R. São João,71 Comércio 59507-000ALTO DO ROGRIGUES Cerâmica Planalto Ltda R. Fx Rodrigues, 230 Primário 59507-000ALTO DO ROGRIGUES Cooperativa Eletrificação Rural R. J. Fr. Neves, s/n Primário 59507-000ALTO DO ROGRIGUES Hospital Unidade Integ. Saúde R. A Varela, 378 Serviços 59507-000APODI Armazem São Benedito R. João Nogueira, 71 Comércio 59700-000APODI Associação do Banco do Brasil R. J.J. Moura, s/n Comércio 59700-000APODI Drogaria Bom Jesus R. Margarida de Freitas, 123 Comércio 59700-000APODI Sorveteria Polo Norte R. Gov. Dix-Sept Rosado, 70 Comércio 59700-000APODI Xavier Pneus R. Joaquim Teixeira de Moura, 547 Comércio 59700-000APODI Indústria de laticínios Apodi Ltda R. J. Brito, 7 Indústria 59700-000APODI Cooperativa Agrícola Cerealista apodi R. B. Constant, 227 Primário 59700-000APODI Cooperativa Trab. em múltiplos Serviços R. João Nogueira, 146 Primário 59700-000APODI Centro Social B.G. M. Costa R. Cel L. Pinto, 40 Serviços 59700-000APODI Clube de Diretores lojistas R. Mrg. Freitas, 246 Serviços 59700-000AREIA BRANCA Drogaria Ativa ltda R. Barão Rio Branco, 143 Comércio 59655-000AREIA BRANCA Drogaria Heloisa R. Barão Rio Branco Comércio 59655-000AREIA BRANCA Eletrotec Comercial Ltda R. Francisco Souto, 118 Comércio 59655-000AREIA BRANCA Agência Marítima Ltda R. Cel Fausto, 481 Indústria 59655-000AREIA BRANCA Cimsal Com Ind de Moagem e Refinação Gr Salina pedrinhas Indústria 59655-000AREIA BRANCA Cooperativa Trab. E Prest. Serviços Orla Maritima R. J. Soares, 130 Indústria 59655-000AREIA BRANCA Potiguar Alimentos R. Padre Antônio Joaquim Primário 59655-000AREIA BRANCA Associação Práticos P. A. B R. Cel Gurgel, 223 Serviços 59655-000AREIA BRANCA Câmara de Diretores lojistas - CDl A Branca R. Francisco Souto Serviços 59655-000AREIA BRANCA Educandário Nossa Senhora dos Navegantes R. Coronel fausto, sn Serviços 59655-000CARAÚBAS Câmara dos Dirigentes Lojistas Caraúbas R. Rd Fernandes, 89 Comércio 59780-000CARAÚBAS Oestano Gás Com Ltda Rod. Cento e Dezessete Comércio 59780-000CARAÚBAS Conterra Construções Técnicas Ltda R. José Soares Filho Indústria 59780-000CARAÚBAS Ind. Com. Óleo São Sebastião R. Benjamin Constant,60 Indústria 59780-000CARAÚBAS Emater - Empr. Asssist. Téc. Rural R. Projetada, sn Primário 59780-000CARAÚBAS Sindicato Trabalhadores Rurais Caraúbas R. João Pessoa, 7 Primário 59780-000CARAÚBAS Associação Atlética Banco do Brasil R.J. Goulart, s/n Serviços 59780-000CARAÚBAS Associação Prot.Maternidade Infancia R. F. M. Miranda, 441 Serviços 59780-000CARAÚBAS Centenário Comunicação Ltda Pça Cel R. Pimenta, 52 Serviços 59780-000CARAÚBAS Escola Est. Profa Ma Silvia Vasc. Câmara R. P. Câmara, s/n Serviços 59780-000CARAÚBAS Paróquia São Sebastião Caraúbas Pça São Sebastião, 390 Serviços 59780-000CARAÚBAS Sindicato Servidores Públicos Caraúbas Pça Reinaldo Pimenta, 210 Serviços 59780-000CARNAUBAIS Galeria Diniz R. João Pedro de Moura sn Comércio 58665-000CARNAUBAIS Pantalcão Santos R. Abel Alberto da Fonseca Comércio 58665-000CARNAUBAIS Educandário S. Francisco das Chagas R. P. Souza, s/n Serviços 58665-000CARNAUBAIS Escola Est. Profa Adalgiza Emídia Costa Pça Santa Luzia, s/n Serviços 58665-000CARNAUBAIS Sindicato dos Trabalhadores Rurais Pça Santa Luzia, s/n Primário 58665-000FELIPE GUERRA Bar Rubens R. Francisco Diógenes, 346 Comércio 59795-000FELIPE GUERRA Churracaria Pedra de Abelha Av. Miraselva, Comércio 59795-000FELIPE GUERRA Drogaria Viva Vida Av. Miraselva, Comércio 59795-000FELIPE GUERRA Associação Agricultores Pastoral, 50 Primário 59795-000FELIPE GUERRA Mercadinho Triunfante Alameda Brejo Comércio 59795-000FELIPE GUERRA Rosa Modas Av. Miraselva, 646 Comércio 59795-000FELIPE GUERRA Cerâmica T. Melo R. Manoel Gurgel do Amaral Indústria 59795-000FELIPE GUERRA FM Comunitária Boas Novas Av. Miraselva, Serviços 59795-000FELIPE GUERRA Hospital Municipal Av. Miraselva Serviços 59795-000GOV. DIX-SEPT ROSADO Mídia F. Honorato Tv. José Lopes Comércio 59790-000GOV. DIX-SEPT ROSADO Posto Miramar R. Manoel Salviano, 568 Comércio 59790-000GOV. DIX-SEPT ROSADO Posto São Sebastião Rod. Cento e Dezessete Comércio 59790-000GOV. DIX-SEPT ROSADO Transcal Transportes de Cargas R. Santa Catarina Comércio 59790-000GOV. DIX-SEPT ROSADO Kical Indústria de cal Ltda R. Santa Catarina, 360 Indústria 59790-000GOV. DIX-SEPT ROSADO Nordeste Mineração Ltda R. Santa Catarina, 65 Indústria 59790-000GOV. DIX-SEPT ROSADO Associação Trabalhadores Agrícolas R. F. Almeida,47 Primário 59790-000GOV. DIX-SEPT ROSADO Associação Irmãs São José R. M. Joaquim, 380 Serviços 59790-000

ANEXO VII

ENDEREÇOS DE EMPRESAS PESQUISADAS NOS MUNICÍPÍOS DA ÁREA DO PETRÓLEO POTIGUAR

250

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GOV. DIX-SEPT ROSADO Câmara Muncipal GDS R. M. Aguiar, 44 Serviços 59790-000GOV. DIX-SEPT ROSADO Paróquia São Sebastião R. M. Joaquim, 32 Serviços 59790-000GUAMARÉ Drogaria São José Mons. José Tibúrcio, 738 Comércio 59000-000GUAMARÉ Estilo Love Mons. José Tibúrcio, 738 Comércio 59000-000GUAMARÉ Mercadinho Três Irmãos Mons. José Tibúrcio, 738 Comércio 59000-000GUAMARÉ Confecções Dois Irmãos Mons. José Tibúrcio, 738 Indústria 59000-000GUAMARÉ Associação dos Pescadores Guamarense R. Meassaba, 102 Primário 59000-000GUAMARÉ Clínica Lac - laboratório R. Prr. Silva,112 Serviços 59000-000GUAMARÉ Paróquia N. S. Conceição R. L. S. Miranda, 104 Serviços 59000-000GUAMARÉ Pousada Liberdade R. Mons. J. Tibúrcio, 51 Serviços 59000-000MACAU Barros e Cia R. Cap. José da Penha, 117 Comércio 59600-000MACAU Boitique Bella R. Martins Ferreira, 220 Comércio 59600-000MACAU Henrique Laje Salineira do Nordeste S/A R. Henrique Laje, 513 Indústria 59600-000MACAU Associação Atlética Banco do Brasil R. Prt Areia, s/n Serviços 59500-000MACAU Associação Prot.Maternidade Inf. Macau Pça. Henrique Lage,80 Serviços 59500-000MACAU Câmara Dirigentes lojistas Macau R. Mrt. Ferreira, 220 Serviços 59500-000MACAU Comunidade Escolar Porto S. Pedro R. S. Vicente, s/n Serviços 59500-000MACAU Associação dos Pescadores Diogo Lopes/Macau R. Caicó, 59 Primário 59500-000MACAU Folha de Macau Pça da Conceição, 164 Serviços 59600-000MACAU Fundação Assist.e Prom. Social- FASP R. Dom Pedro II, 24 Serviços 59600-000MACAU Sindicato Trab, Moços Transp. Maritimos Pça. J. Honório, 85 Serviços 59600-000MOSSORÓ Aroma Perfumes e Cosméticos R. Rafael fernandes, 168 Comércio 59600-000MOSSORÓ Baratão Lubrificanters Comércio Ltda Av. Alberto Maranhão, 1363 Comércio 59600-000MOSSORÓ Bombons e Complementos R. Duodécimo Rosado, 1235 Comércio 59600-000MOSSORÓ Casa dos Parafusos R. Ferreira Itajubá, 113 Comércio 59600-000MOSSORÓ Centro de Apoio a Pequenos Empreendimentos R. Fr. Miguelinho, 597 Comércio 59600-000MOSSORÓ Ciclopeças Barbosa Pça Quinze de Novembro Comércio 59600-000MOSSORÓ Drogaria Saúde R. Delfim Moreira, 102 Comércio 59600-000MOSSORÓ Forte Placas R. D. Filqueira, 335 Comércio 59600-000MOSSORÓ Gorete Modas R. I. Oliveira, sn Comércio 59600-000MOSSORÓ Mandacaru Peças R. Luiz trovão, 109 Comércio 59600-000MOSSORÓ Oeste Pneus Av. Fco Mota, 89 Comércio 59600-000MOSSORÓ Papelaria Somatex Ltda R. José de Alencar, 157 Comércio 59600-000MOSSORÓ Restarante Cândidos R. São Francisco, 15 Comércio 59600-000MOSSORÓ Sol Comercial e Distribuidora Av. Alberto Maranhão, 1365 Comércio 59600-000MOSSORÓ Universo da Criança confecções e calçados Av. Diocesana, 281 Comércio 59600-000MOSSORÓ Variedade marinho, 102 R. Francisco Peregrino, 102 Comércio 59600-000MOSSORÓ Halliburton Serviços Ltda Km 52 rod. 304 Indústria 59600-000MOSSORÓ Marítima petróleo e Engemharia Ltda R. Eduardo salém, 237 Indústria 59600-000MOSSORÓ Mármores e Granitos Ltda R. BR 304, 5121 Indústria 59600-000MOSSORÓ Metalúrgica Rio Grande Ltda R. Felipe Camarão, 1500 Indústria 59600-000MOSSORÓ Mossoró Tintas Ltda R. Felipe Camarão, 317 Indústria 59600-000MOSSORÓ ADF reflorestamento Nordeste Ltda Av. Alberto Maranhão, 2255 Primário 59600-000MOSSORÓ Agro safra Agricultura Com Imp e Exp. Av. Rio Branco, ,1500 Primário 59600-000MOSSORÓ Agrosol - agricultira de mossoró R. Jorn. Jorge Freire, 62 Primário 59600-000MOSSORÓ Cajumel Ltda Av. Alberto Maranhão, 4583 Primário 59600-000MOSSORÓ Cerealista Adelson Martins R. Delfim Moreira, 928 Primário 59600-000MOSSORÓ Ciermarsal Com e Ind e Exp de Sal ltda Av. Lauro Monte Primário 59600-000MOSSORÓ Maísa Agro Industrial S/A Rod 304 Primário 59600-000MOSSORÓ Associação Assist.Prot. Maternidade e Infância Pça Cônego E. Dantas, 334 Serviços 59600-000MOSSORÓ Associação Atlética Banco do Brasil Av. Pres. Dutra, 185 Serviços 59600-000MOSSORÓ Associação Benef. e Cult. Comunitária Anatalia M. AlvesAv. Santa Luzia, 19 Serviços 59600-000MOSSORÓ Associação Coml Industrial Mossoró - ACIM R. Santos Dumont, 228 Serviços 59600-000MOSSORÓ Associação Docentes Escola Sup. Agronomia Av. F. Mota, 25 Serviços 59600-000MOSSORÓ Câmara dos Dirigentes Lojistas Mossoró R. Afr. Fernandes, 292 Serviços 59600-000MOSSORÓ Casa Paroquial Santa Luzia Av. D. S. Rosado, 34 Serviços 59600-000MOSSORÓ ESAM - Escola Superior Agr. Mossoró Av. F. Mota, s/n Serviços 59600-000MOSSORÓ Fundação Apoio ao Desenv. Comunitário RN R. D. Filgueira, 227 Serviços 59600-000MOSSORÓ Fundação Cultura Av. Alberto Maranhão, 2255 Serviços 59600-000MOSSORÓ Fundação Padre Mota, 517 R. Jq. Afonso, 517 Serviços 59600-000MOSSORÓ Fundação Socio Educativa RN R. E. C. Dantas, s/n Serviços 59600-000MOSSORÓ Fundação Universidade Regional RN R. Km46, rod. 110, s/n Serviços 59600-000MOSSORÓ Movimento de Integr.e Orientação Social - MEIOS Av. D. S. Rosado, 273 Serviços 59600-000MOSSORÓ Paróquia Santa Luzia Tv Fr. A conceição, s/n Serviços 59600-000MOSSORÓ Serviço Social da Indústria - SESI R. B. Constant, 65 Serviços 59600-000MOSSORÓ Sindicato do Comercio Varejista Mossoró R. F. Isodio, 112 Serviços 59600-000MOSSORÓ Sindicato Empregados No Com. Mossoró R. J. Rosado, 313 Serviços 59600-000MOSSORÓ Sindicato Jornalistas Prof.No Estado RN R. J. Lamartine, 8 Serviços 59600-000MOSSORÓ Sociedade Cultural Engenheiros Agro Mossoró R. J. C. Andrade, s/n Serviços 59600-000MOSSORÓ UERN- Universidade Estadual do RN Pça M. Faustino, s/n Serviços 59600-000MOSSORÓ Visão Mundial R. Cel Nicassio, s/n Serviços 59600-000PENDÊNCIAS Drogaria Karla Ltda Pça Luiz Gonzaga Comércio 59504-000PENDÊNCIAS Morais & Maciel Ltda R. Félix Rodrigues, 38 Comércio 59504-000PENDÊNCIAS Cariri Carvalho Irmãos Ind Ltd Pça S. J. Batista, 201 Indústria 59504-000PENDÊNCIAS J. B. Construtora Ltda R. Manoel Medeiros, 158 Indústria 59504-000

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PENDÊNCIAS Coopag - Coop. Agropecuária Produzir R. F. Rodrigues, 214 Primário 59504-000PENDÊNCIAS Cooperativa Agropecuária vale açu R. Fx. Rodrigues, s/n Primário 59504-000PENDÊNCIAS Henrique Laje Salineira do Nordeste S/A R. Alba de Miranda Pinheiro, 118 Primário 59504-000PENDÊNCIAS ECT - Correios R, Francisco Rodrigues, 134 Serviços 59504-000PENDÊNCIAS Escola Mons. Honório R. Idalice Montenegro, 57 Serviços 59504-000PENDÊNCIAS Instituto Educacional de Pendências R. F. Rodrigues, 596 Serviços 59504-000PORTO DO MANGUE Pousada Rio das Conchas R. Getúlio Vargas, 10 Serviços 59668-000PORTO DO MANGUE Associação dos Pescadores de Porto do Mangue R. Joca de Melo, 50 Primário 59668-000PORTO DO MANGUE Mercado Paque Menos R. Getúlio Vargas, 18 Comércio 59668-000PORTO DO MANGUE Posto de Gasolina Carajás R. José Alves Maia, 10 Comércio 59668-000SERRA DO MEL Armazém Novo Mundo Vila Rio Grande do Norte, 65 Comércio 59663-000SERRA DO MEL Armazém Serra do Mel Vila Rio Grande do Norte, 98 Comércio 59663-000SERRA DO MEL Francisco Silva Com. Ltda Vila Rio Grande do Norte, 35 Comércio 59663-000SERRA DO MEL Vivaldo ª Medeiros Com. Ltda Vila Rio Grande do Norte, 76 Comércio 59663-000SERRA DO MEL Produmar - Cia Exportadora Prod. Mar Vila Brasília, 13 Primário 59663-000SERRA DO MEL Escola Estadual Pe. José de Anchieta Vila Rio Grande do Norte, 61 Serviços 59663-000UPANEMA Fonte Água Mineral Santa Luzia Sítio Carão Indústria 59670-000UPANEMA Melão Ferrari - exportação de melão Sítio Canapístola Primário 59670-000UPANEMA Escola Estadual Prof. Alfredo Simonete R. M. Gonçalves, 78 (084.321.2100) Serviços 59670-000UPANEMA Comércio de Cereais Fco Balbino Sobrinho R. Getúlio Vargas, sn Comércio 59670-000

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GLOSSÁRIO

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A APP - Área do Petróleo Potiguar. Localizada na parte noroeste do território potiguar, compreendendo 15 (quinze) municípios produtores terrestres de petróleo e gás natural. Árvore de natal - Conjunto de válvulas que controla a pressão e vazão de um poço. Árvore de natal molhada - Conjunto de válvulas, colocado sobre o solo oceânico, que controla a pressão e vazão de um poço submarino. Asfalto ou Betume - mistura de hidrocarbonetos obtida como resíduo de destilação do óleo bruto e usada principalmente na pavimentação de estradas.

B Bbl/dia ou bpd - barris por dia. Barril - unidade de volume equivalente a 158,98 litros. Barril de óleo equivalente - Unidade utilizada para permitir comparar (converter), em equivalência térmica, um volume de gás natural com um volume de óleo. Bacia Sedimentar - Depressão da crosta terrestre onde se acumulam rochas sedimentares que podem ser portadoras de petróleo ou gás, associados ou não. Bloco: Parte de uma bacia sedimentar, formada por um prisma vertical de profundidade indeterminada, com superfície poligonal definida pelas coordenadas geográficas de seus vértices, onde são desenvolvidas atividades de exploração ou produção de petróleo e gás natural.

B Cabotagem - navegação realizada próxima à costa, podendo utilizar acidentes geográficos, como cabos (daí seu nome), como pontos de referência. Campo de gás - Área geográfica, na superfície, correspondente à projeção de reservatórios de gás. Campo de óleo - Área geográfica, na superfície, correspondente à projeção de reservatórios de óleo. Cavalo-de-pau - Unidade de bombeio utilizada em poços terrestres, assim designada por sua semelhança com um cavalo de pau. City Gate - Estação de entrega e recebimento de gás natural ou estação de transferência de custódia de gás natural, composto de um conjunto de manifolds e sistema de medição. Destina gás natural de uma unidade de processamento para a concessionária estadual distribuidora de gás canalizado. Completação - Conjunto de operações que possibilita a colocação de um poço de óleo ou gás em produção. Concessionário - Empresa a que foi outorgada concessão de explorar e produzir petróleo e gás natural no Brasil. Condensado - Hidrocarboneto leve que, nas condições de reservatório, se encontra no estado gasoso, tornando-se líquido à temperatura ambiente. Crosta terrestre - Litosfera. Parte externa consolidada da Terra.

D Derivados Básicos - Principais derivados de petróleo, referidos no art. 177 da Constituição Federal, a serem classificados pela Agência Nacional do Petróleo. Derivados de Petróleo - Produtos decorrentes da transformação do petróleo Descoberta Comercial - Descoberta de óleo e gás natural em condições que, a preços de mercado, tornem possível o retorno dos investimentos no desenvolvimento e na produção. Desenvolvimento - Conjunto de operações e investimentos destinados a viabilizar as atividades de produção de um campo de petróleo ou gás.

E Estação de bombeamento - Conjunto de equipamentos destinados a transmitir energia mecânica ao fluido (petróleo ou derivados) para permitir seu deslocamento ao longo dos dutos. Estação Coletora - Conjunto de instalações que têm como objetivo efetuar o processamento primário do petróleo e da gás natural, compreendendo as funções de receber as linhas de surgência dos poços produtores de hidrocarbonetos, realizar testes, separar, purificar, medir, tratar, armazenar, bombear e comprimir fluidos produzidos, bem como descartar efluentes. Exploração - Conjunto de operações ou atividades destinadas a avaliar áreas, objetivando a descoberta e a identificação de jazidas de petróleo ou gás natural.

F Fluido - Designação comum a líquidos e gases. Fluxo bifásico - Fluxo simultâneo de dois fluidos em estados físicos diferentes. Por exemplo: petróleo (líquido) e gás natural (gasoso). Fóssil - Vestígio ou resto petrificado ou endurecido de seres vivos que habitaram a Terra antes do holoceno e que se conservaram sem perder as características essenciais.

G Gás - Um derivado de petróleo é denominado gás quando, nas condições de pressão e temperatura da superfície, se apresenta em estado gasoso. Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) - Mistura de hidrocarbonetos leves, gasosos, predominantemente propano e butano. São armazenados no estado líquido através da elevação da pressão ou da redução da temperatura. Gás Natural (GN) - Mistura de hidrocarbonetos leves, gasosos (metano e etano, principalmente), obtida da extração de jazidas. Utilizado como combustível industrial, doméstico e automotivo. Gasoduto - Conduto que permite o transporte de grandes quantidades de gás a grandes distâncias. Gasolina - Mistura de hidrocarbonetos, que destila entre 30º C e 150º C. Constitui a parte mais volátil do petróleo bruto. Utilizada em motores de Ciclo Otto. Gasolina natural (C5+) - Mistura de hidrocarbonetos leves, com algumas características da gasolina, obtidos a partir do gás natural. Geofísica - Ciência que estuda os fenômenos físicos que afetam a Terra. Física terrestre. Geologia - Ciência que estuda a origem, formação e sucessivas transformações do globo terrestre.

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Georritmo do Cavalo-de-Pau - Evolução da produção de petróleo e gás natural dos campos (concessões) localizados nos municípios da Área do Petróleo Potiguar. Grau de API - Escala hidromética idealizada pelo American Petroleum Institute, juntamente com a National Bureau of Standards e utilizada para medir a densidade relativa de líquidos.

H Hidrocarboneto - Composto químico constituído apenas por átomos de carbono e hidrogênio.

I Indústria do Petróleo - Conjunto de atividades econômicas relacionadas com a exploração, desenvolvimento, produção, refino, processamento, transporte, im portação e exportação de petróleo, gás natural outros hidrocarbonetos fluidos e seus derivados. Instalações de Enbarque / Desembarque de Petróleo e Gás Natural - São consioderadas, para efeito da distribuição dos royalties, as seguintes instalações: monoboias, quadro de boias, quadro de âncoras, píer de atracação, cais acostável, estação ou parque de armazenamento, estação coletora e ponto de coleta.

J Jazida - Depósito natural de uma ou mais substâncias úteis. Reservatório já identificado e possível de ser posto em produção. Jaqueta - Estrutura de suporte de uma plataforma fixa.

L Lama de perfuração - Mistura de diversos componentes utilizada durante a perfuração de um poço de petróleo, com o objetivo de manter a pressão superior ao das formações atravessadas e evitar que as paredes do poço desmoronem. Lâmina d'água - Distância entre a superfície da água e o fundo do mar.

M Monobóia - Bóia onde se ancoram navios em alto-mar. Monóxido de carbono - (CO) Gás incolor e inodoro, altamente tóxico. Produzido na queima incompleta de combustíveis.

N Nafta - Fração de destilação do petróleo, constituída por hidrocarbonetos de baixo ponto de ebulição. Utilizada como matéria-prima na indústria petroquímica, fornecendo, através de craqueamento, uma grande variedade de produtos. Navio-cisterna - Navio utilizado para armazenamento da produção de petróleo. Navio-petroleiro - Navio destinado ao transporte de petróleo e derivados. Também chamado de navio tanque Navio-sonda - Navio dotado de equipamentos que permitem a perfuração ou a completação de um poço submarino.

O Óleo - Porção do petróleo existente na fase líquida nas condições originais de reservatório, que permanece líquida nas condições de pressão e temperatura de superfície. Óleo combustível - Mistura de hidrocarbonetos utilizados em grande variedade de equipamentos industriais destinados à geração de energia ou calor. É largamente usado nas indústrias para aquecimento de caldeiras, fornos, fornalhas. Óleo diesel - Mistura de hidrocarbonetos que tem amplo emprego como combustível em motores a explosão (ciclo diesel), em caminhões, ônibus, tratores, equipamentos pesados para construção, navios, locomotivas, motores estacionários. É também usado como fonte de calor. Oleoduto - Sistema constituído de tubulações e estações de bombeamento, destinado a conduzir petróleo ou seus derivados líquidos.

P Parcela de 5% - Parcela dos royalties correspondente a 5% do valor da produção. Parcela acima de 5% - Parcela dos royalties excedente a 5% do valor da produção. Petróleo - Mistura constituída predominantemente de hidrocarbonetos, que ocorre na natureza nos estados sólido, líquido e gasoso. Petróleo bruto - Petróleo no estado em que se apresenta na natureza, sem ter sofrido processamento. Petróleo Brent - Mistura de tipos de petróleo produzidos no Mar do Norte, oriundos dos sistemas petrolíferos Brent e Niniam, com grau API de 39,4 e teor de enxofre de 0,34%. Petroquímica - Indústria dos produtos químicos derivados do petróleo. Plataforma auto-elevável - Plataforma marítima com três ou mais pernas de tamanho variável, que pode ser posicionada em locais de diferentes profundidades, apoiando as pernas no fundo do mar, elevando-se acima da superfície marítima. Plataforma continental - Zona imersa que declina suavemente, a começar da praia até o talude continental. Plataforma fixa - Plataforma montada sobre estrutura fixa (jaqueta), que se apóia no fundo do mar. Plataforma semi-submersível – Plataforma marítima com flutuadores, sem apoio no solo submarino. Poço surgente - Poço no qual o petróleo sobe à superfície espontaneamente, em função da pressão existente no reservatório. Preço de Referência - Preço por unidade de volume, expresso em moeda nacional, para o petróleo, o gás natural ou o condensado produzido em cada campo, a ser determinado pela ANP, de acordo com o disposto nos arts. 70 e 80 do Decreto n0 2.705/98. Produção - Conjunto de operações coordenadas de extração de petróleo ou gás natural de uma jazida e de preparo de sua movimentação, nos termos definidos no inciso XVI do art. 60 da Lei n0 9.478, de 1997, ou ainda, volume de petróleo ou gás natural extraído durante a produção, conforme se depreenda do texto, em cada caso. Prospecção - Método ou técnica empregada para localizar e calcular o valor econômico de jazidas minerais.

Q Quadro de bóias - Conjunto de bóias para amarração de um navio. Querosene de aviação - (QAV) - Derivado de petróleo utilizado como combustível em turbinas de aviões a jato. Também conhecido como querojato.

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Refinação - Conjunto de processos destinados a transformar o petróleo bruto em produtos adaptados às necessidades dos consumidores. Reserva - Volume de petróleo que ainda poderá ser obtido como resultado da produção de um reservatório. Recursos descobertos de petróleo e gás natural comercialmente recuperáveis a partir de uma determinada área. Reservatório - Rocha permeável e porosa onde está armazenado o petróleo. Resíduo - Fração mais pesada que resta após a retirada das partes leves. Rocha-reservatório - Rocha porosa com capacidade de armazenar líquidos e gases. Royaltes - Valor pago pelo direito de uso de um bem pertencente a outrem. Compensações financeiras a serem recolhidas pelos concessionários na etapa de produção de petróleo e gás natural, nos termos do art. 47 da Lei n0 9.478 de 1997.

S Sísmica - Técnica de obtenção de informações geológicas através da captação de sinais sonoros refletidos nas camadas subterrâneas. Sonda - Equipamento utilizado para realizar perfurações.

T Talude continental - Parede de declividade acentuada, que mergulha da extremidade da plataforma para os abismos oceânicos. Trapa - Anomalia na geometria de uma seqüência de rochas, que gera condições de acumulação de petróleo. Tubulação - Equipamento utilizado para conduzir fluidos.

V Vaporização - Passagem do estado líquido para o estado gasoso. Volátil - Líquido que, nas condições ambientes, se torna gasoso. Fontes do Glossário ANP. Agência Nacional do Petróleo. Guia do Royalties do Petróleo e do Gás Natural. Rio de Janeiro: 2001, p. 150 a 156. CEPETRO. Centro de Pesquisa de Petróleo da Universidade de Campinas (Unicamp). A geologia do petróleo. Campinas/SP, novembro de 2000. Disponível em: <http://www.cepetro.unicamp.br/petróleo/saiba mais.html>. Acesso em: 18 nov.2000. PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S/A. Conheça o Petróleo. Disponível em: <http:\\petrobras.com.br>. Acesso em 13 jan. 2002.