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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ROSEANE RODRIGUES DA SILVEIRA FATORES DE SUCESSO NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE PETRÓLEO E GÁS: UMA APLICAÇÃO DA MODELAGEM DE EQUAÇÕES ESTRUTURAIS NATAL 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ROSEANE RODRIGUES DA SILVEIRA

FATORES DE SUCESSO NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE PETRÓLEO

E GÁS: UMA APLICAÇÃO DA MODELAGEM DE EQUAÇÕES ESTRUTURAIS

NATAL

2015

ROSEANE RODRIGUES DA SILVEIRA

FATORES DE SUCESSO NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE PETRÓLEO

E GÁS: UMA APLICAÇÃO DA MODELAGEM DE EQUAÇÕES ESTRUTURAIS

Dissertação de mestrado apresentada à Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Área de Concentração: Engenharia de Produção

Subárea: Pesquisa Operacional e Logística

Orientadora: Profa. Dra. Mariana Rodrigues de

Almeida

NATAL

2015

Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Profª. Drª. Ângela Maria Paiva Cruz

Diretor do Centro de Tecnologia

Prof. Dr. José Daniel Diniz Melo

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção

Prof. Dr. Mário Orestes Aguirre González

Orientação

Profª. Drª. Mariana Rodrigues de Almeida

UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede.

Catalogação da Publicação na Fonte.

Silveira, Roseane Rodrigues da.

Fatores de sucesso no gerenciamento de projetos de petróleo e gás: uma

aplicação da modelagem de equações estruturais/ Roseane Rodrigues da Silveira.

– Natal, RN, 2015.

118 f. : il.

Orientadora: Prof. ª Dr.ª Mariana Rodrigues de Almeida.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro

de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.

1. Gestão de projetos – Dissertação. 2. Petróleo e gás - Dissertação. 3. Equações

estruturais – Dissertação. 4. Sucesso na gestão de projetos - Dissertação. I.

Almeida, Mariana Rodrigues de. II. Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 658.6

FOLHA DE APROVAÇÃO

Candidato (a): Engenheira ROSEANE RODRIGUES DA SILVEIRA

Dissertação defendida e julgada em _______________ perante a Comissão Julgadora:

_________________________________________________ _________________

Profª. Drª. MARIANA RODRIGUES DE ALMEIDA Orientadora

Centro de Tecnologia, UFRN

_________________________________________________ _________________

Prof. Dr. JOSÉ ALFREDO FERREIRA COSTA Membro Interno

Centro de Tecnologia, UFRN

_________________________________________________ _________________

Prof. Dr. JESUS LEODALY SALAZAR ARAMAYO Membro Externo

Centro de Tecnologia, UFRN

_________________________________________________ _________________

Profª. Drª. ELICIANE MARIA DA SILVA Membro Externo

Fundação Getúlio Vargas / Escola de Administração de Empresas

de São Paulo - (FGV/EAESP)

_____________________________________________________

Prof. Dr. Prof. Dr. Mário Orestes Aguirre González

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção

Dedico este trabalho à minha mãe,

Adalgiza, por todo o amor que sempre me

dedicou, me apoiando e inspirando a buscar

sempre o melhor na vida e na profissão. A

ela dedico todas as minhas vitórias.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pois foi Ele quem me permitiu chegar até aqui,

e com toda a sua sabedoria me iluminou e esteve sempre me amparando.

À minha mãe Adalgiza Rodrigues (in memorian), meu anjo e exemplo eterno de

vida, amor e determinação, que me concedeu tudo o que estava ao seu alcance e me

ensinou a viver e a lutar pelos meus sonhos e ideais. Não há palavras que consigam

descrever minha imensa gratidão.

À minha Orientadora, Prof. Dra. Mariana Almeida, sempre disposta a ensinar e

incentivar, me estimulando a alçar vôos cada vez mais altos, acreditando muitas vezes

quando nem mesmo eu acreditava e dando suas doses de energia a cada encontro. Meus

agradecimentos e admiração.

Aos Professores Jesus Salazar, Daniel Aloise e Claudia Aparecida pelo apoio e

contribuição para a realização desta pesquisa desde a graduação.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo ensino, estrutura e

conhecimento oferecidos durante a graduação, pós-graduação e vida profissional.

Ao meu irmão Ricardo Wendell, pelo exemplo que pude seguir e com quem

compartilho as melhores memórias.

Aos meus amigos Fernanda, Nathália, Marianna, Samira, Luís Filipe e Joeberson

por sempre me acompanharem e partilharem comigo os momentos de felicidade e

angústia, apoiando-nos mutuamente, sem dúvidas foram grandes contribuidores. Meu

abraço amigo.

Ao meu amado e sempre companheiro Josias Neto, que nos momentos mais

difíceis, quando o desânimo e o medo se fizeram presentes, soube me mostrar que é

preciso continuar caminhando, mas o tendo ao meu lado como apoio. Foi ele quem

muitas vezes me deu carinho e força, me estimulando a seguir em frente. Um grande

beijo.

À minha tia Maria, uma segunda mãe, e que durante os momentos difíceis,

ajudou a mim e a minha família para que pudéssemos superar e seguir em frente.

Aos meus companheiros de trabalho da Petrobrás, em especial Newman de

Souza, Jefferson, Renato Cunha, Jacqueline Ribeiro, Ana e Kenia, com quem pude

compartilhar experiências de trabalho e de vida, pessoas que guardarei para sempre

comigo.

SILVEIRA, Roseane Rodrigues Da. Fatores de sucesso no gerenciamento de projetos

de petróleo e gás: uma aplicação da modelagem de equações estruturais. Fls. 134.

Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/Rio

Grande do Norte, 2015.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo avaliar as relações e influências

existentes entre as práticas de planejamento e controle, as equipes de projeto e a

qualidade e escopo destes sobre o sucesso da gestão de projetos na indústria de petróleo

e gás. Esta proposição fundamentou-se da necessidade de se gerenciar os projetos de

forma eficaz e eficiente haja vista os benefícios trazidos, como, por exemplo: a

padronização de operações; melhor capacidade de planejamento; redução de custos;

qualidade e atendimento aos requisitos. O setor de petróleo e gás merece atenção

diferenciada pelo fato de seus projetos apresentarem alta complexidade, altos custos

incorridos, incertezas durante a execução e irreversibilidade de ações no ciclo de vida.

Diante dos benefícios da gestão e as dificuldades do setor, traçar modelos que

determinem e considerem a complexidade e multidimensionalidade da gestão de

projetos de petróleo podem ser utilizados como impulsionadores do sucesso da gestão

de projetos e consequentemente da companhia. Para tal, o método de análise escolhido

foi a modelagem de equações estruturais com estimação por mínimos quadrados

ponderados (Partial Least Squares, PLS), por permitir lidar com múltiplas relações

simultâneas e capacidade de especificar, estimar e testar relações hipotéticas entre um

grupo de variáveis. O PLS é um método de modelagem considerado suave, livre de

distribuição e altamente adequado para aplicações sem ter que fazer suposições fortes e

com grandes amostras. Para coleta dos dados, foi aplicada uma survey com projetistas e

gerentes de projeto de distintas unidades de operação da maior empresa de petróleo e

gás brasileira, considerando como dado amostral um projeto, obteve-se uma amostra de

77 projetos. A partir do uso do método e observação da significância e coeficientes das

relações entre as variáveis foram verificados os fatores que merecem maior atenção na

gestão interna da empresa, norteando ações de aprimoramento. Os resultados apontaram

que 63% dos projetos ultrapassam os orçamentos previstos e 57% excedem os prazos de

conclusão. Acerca dos construtos analisados, as equipes de projeto não apresentam forte

efeito direto no sucesso da gestão, todavia, seus efeitos indiretos sobre as demais

variáveis são significativos, uma das justificativas para estes resultados apontam para as

questões de comunicação. A qualidade, o escopo, planejamento e controle têm efeitos

significativos no sucesso da gestão de projetos.

Palavras chaves: Gestão de projetos. Petróleo e gás. Equações estruturais. Sucesso na

gestão de projetos.

SILVEIRA, Roseane Rodrigues Da. Success factors in the management of oil and gas

project: an application of structural equation modeling. Fls. 134. Dissertação (Mestrado

em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de

Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/Rio Grande do Norte,

2015.

ABSTRACT

This study aims to evaluate the existing relations and influences between

planning and control practices, project teams and the quality and scope on the project

management success in the oil and gas industry. This proposition was based on the need

to manage projects effectively and efficiently considering the benefits brought, for

example, standardization of operations; better capacity planning; cost reduction; quality

and conformance to requirements. The oil and gas industry deserves special attention

because of their projects presents high complexity, high costs, uncertainty and

irreversibility during the execution of actions in the life cycle. Given the benefits of

management and the difficulties of the sector, to draw models to determine and consider

the complexity and multidimensionality of oil projects management, can be used as

drivers of successful project management and consequently the company. To this

objective, the chosen method of analysis was the structural equation modeling with

estimation by Partial Least Squares – PLS, for allowing handle multiple concurrent

relationships and ability to specify, estimate and test hypothetical relationships among a

group of variables. PLS is a modeling method considered soft, with free distribution and

highly suitable for applications without having to make strong assumptions and large

samples. To collect the data, a survey with designers and project managers from

different operating units of the largest oil and gas Brazilian company was applied,

considering as given sample a project, we obtained a sample of 77 projects. From the

use of the method and observation of significant coefficients and the relationships

between variables were checked the factors that deserve more attention in the internal

management of the company, guiding improvement actions. The results showed that

63% of the projects exceed the planned budgets and 57% exceed the completion

deadlines. About analyzed constructs, project teams do not have strong direct effect on

the success of management, however, their indirect effects on the other variables are

significant, one of the reasons for these results point to the communication issues. The

quality, scope, planning and control have significant effects on the success of the project

management.

Keywords : Project management. Oil and gas industry. Structural equations modeling.

Project management success.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura da dissertação ............................................................................................... 25

Figura 2: Influências na indústria de Petróleo e Gás ................................................................... 29

Figura 3: Esquematização das etapas de poço............................................................................. 31

Figura 4: Problemas frequentes nos projetos das empresas estudadas ........................................ 35

Figura 5: Relações e horizontes de tomada de decisão entre os conceitos de Governança de

projetos, Gestão de Portfólios e Gestão do projeto ..................................................................... 40

Figura 6: Agrupamento dos fatores que afetam o desempenho do projeto ................................. 47

Figura 7: Diagrama de Caminhos das hipóteses do modelo........................................................ 49

Figura 8: Modelo de equações estruturais para gerenciamento de projetos de E & P da empresa

estudada. ...................................................................................................................................... 59

Figura 9: Representação dos tipos de variáveis encontradas em SEM ....................................... 66

Figura 10: Principais publicações com SEM por área ................................................................ 70

Figura 11: Sistematização cronológica de estudos envolvendo SEM e gestão de projetos ........ 73

Figura 12: Etapas dos procedimentos metodológicos da pesquisa .............................................. 75

Figura 13: Sistemática do PRODEP ............................................................................................ 78

Figura 14: Alternativas no portão ................................................................................................ 79

Figura 15: Tipos de projeto da amostra ....................................................................................... 83

Figura 16: Tamanho dos projetos da amostra ............................................................................. 84

Figura 17: Localização geográfica dos projetos da amostra ....................................................... 85

Figura 18: Gráfico sobre o treinamento e a experiência dos respondentes da pesquisa .............. 86

Figura 19: Gráfico das ferramentas e atividades de planejamento utilizadas nos projetos da

amostra ........................................................................................................................................ 86

Figura 20: Desempenho dos projetos avaliados em relação às variáveis mensuradas ................ 88

Figura 21: Variáveis do construto Planejamento e controle no espaço rotacionado ................... 98

Figura 22: Avaliação do critério para a variância média extraída das variáveis ....................... 105

Figura 23: Avaliação do critério da Confiabilidade Composta das variáveis ........................... 106

Figura 24: Representação gráfica dos valores do alpha de cronbach ........................................ 107

Figura 25: Resultados do teste t para avaliação de significância .............................................. 109

Figura 26: Modelo com representação dos coeficientes de caminho ........................................ 111

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Sistematização de definições sobre Gestão de Projetos ............................................. 32

Quadro 2: Áreas de conhecimento da Gestão de Projetos ........................................................... 33

Quadro 3: Aplicações e metodologias na gestão de portfólios.................................................... 38

Quadro 4: Fatores de sucesso mais frequentes na literatura ........................................................ 42

Quadro 5: Fatores que afetam o sucesso dos projetos de acordo com a perspectiva dos

projetistas da empresa ................................................................................................................. 46

Quadro 6: Construtos (variáveis latentes) e respectivas variáveis observadas do modelo

estrutural com base na revisão literária e estudo de caso ............................................................ 57

Quadro 7: Estrutura do questionário ........................................................................................... 62

Quadro 8: Diferenças entre estimação por PLS e por Covariância ............................................. 68

Quadro 9: Indicadores/procedimentos para avaliação do ajuste ................................................. 69

Quadro 10: Dados da empresa estudada ..................................................................................... 76

Quadro 11: Decisões em cada portão .......................................................................................... 79

Quadro 12: Resumo das fases do projeto .................................................................................... 82

Quadro 13: Pressupostos avaliados ............................................................................................. 89

Quadro 14: Medições e critérios da AFE .................................................................................... 94

Quadro 15: Indicadores e procedimentos adotados para avaliação do ajuste do modelo PLS-

SEM........................................................................................................................................... 103

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Confiabilidade do instrumento de pesquisa ................................................................. 90

Tabela 2: Teste de multicolinearidade ........................................................................................ 92

Tabela 3: Teste Durbin-Watson .................................................................................................. 93

Tabela 4: KMO e Teste de esfericidade de Bartlett para a variável Equipe de Projeto .............. 94

Tabela 5: Medida de Adequação da Amostra (MSA) para a variável Equipe de Projeto ........... 95

Tabela 6: Comunalidades das variáveis do construto EP ............................................................ 95

Tabela 7: Variância total explicada da variável Equipe de Projeto a partir dos componentes

extraídos ...................................................................................................................................... 95

Tabela 8: KMO e Teste de esfericidade de Bartlett para a variável Planejamento e Controle ... 96

Tabela 9: Medida de Adequação da Amostra (MSA) para a variável Planejamento e Controle 96

Tabela 10: Comunalidades das variáveis do construto PC .......................................................... 96

Tabela 11: Variância total explicada da variável Planejamento e Controle a partir dos

componentes extraídos ................................................................................................................ 97

Tabela 12: Matriz de componentes rotacionada* ........................................................................ 97

Tabela 13: KMO e Teste de esfericidade de Bartlett para a variável Qualidade e Escopo ......... 99

Tabela 14: Medida de Adequação da Amostra (MSA) para a variável Qualidade e Escopo ...... 99

Tabela 15: Comunalidades das variáveis do construto QE ......................................................... 99

Tabela 16: KMO e Teste de esfericidade de Bartlett para a variável Qualidade e Escopo após

retirada de QE2 ......................................................................................................................... 100

Tabela 17: Medida de Adequação da Amostra (MSA) para a variável Qualidade e Escopo após

retirada de QE2 ......................................................................................................................... 100

Tabela 18: Comunalidades das variáveis do construto QE após retirada de QE2 ..................... 100

Tabela 19: Variância total explicada da variável Qualidade e Escopo a partir dos componentes

extraídos após retirada da variável QE2 .................................................................................... 101

Tabela 20: KMO e Teste de esfericidade de Bartlett para a variável Sucesso na gestão de

projetos ...................................................................................................................................... 101

Tabela 21: Medida de Adequação da Amostra (MSA) para a variável Qualidade e Escopo .... 101

Tabela 22: Comunalidades das variáveis do construto SGP ..................................................... 102

Tabela 23: Variância total explicada da variável Qualidade e Escopo a partir dos componentes

extraídos .................................................................................................................................... 102

Tabela 24: Valores das Variâncias médias extraídas ................................................................ 104

Tabela 25: Confiabilidade composta das variáveis ................................................................... 106

Tabela 26: Alpha de Cronbach do modelo reajustado .............................................................. 106

Tabela 27: Valores das cargas cruzadas das variáveis observadas nas variáveis latentes ......... 107

Tabela 28: Qualidade do modelo ajustado pelo coeficiente R2 ................................................ 108

Tabela 29: Valores dos indicadores da validade preditiva (Q2) e do tamanho do efeito (f2) ... 110

Tabela 30: Coeficientes de caminho, erro padrão, significância e teste t para avaliação das

hipóteses .................................................................................................................................... 112

Tabela 31: Efeitos indiretos das variáveis latentes .................................................................... 112

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AACE -Association for the Advancement of Cost Engineering

AFE – Análise Fatorial Exploratória

ANP – Agência Nacional de Petróleo

AVE – Average Variance Extracted

CC – Confiabilidade Composta

E&P – Exploração e Produção

GFI - Goodness of fit index

GOP – Governança de Projetos

GP – Gestão de Projetos

GPP – Gestão de Portfólio de projetos

GR – Grupos de Revisão

GSD - Grupos de suporte à decisão.

PCV - Pacotes de Controle e Verificação

PDMA - Product Development and Management Association

PMI – Project Management Institute

PRODEP - Programa de Desenvolvimento e Execução de Projetos

PSD - Pacotes de suporte à decisão.

PLS – Partial Least Squares

SEM – Structural Equations Modeling

SGP – Sucesso da gestão de projetos

TRP - Termo de Referência do Projeto

SUMÁRIO

Capítulo 1

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 18

1.1 Contextualização do tema e problema de pesquisa ........................................................... 18

1.2 Objetivo ............................................................................................................................. 20

1.3 Justificativa e relevância da pesquisa ................................................................................ 20

1.4 Estrutura da dissertação ..................................................................................................... 23

Capítulo 2

REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................... 26

2.1 Cenário do setor de petróleo e gás .................................................................................... 26

2.1.1 Aspectos econômicos e relevância do setor de Petróleo e Gás .................................. 26

2.1.2 Atividades de projeto na Exploração e Produção de Petróleo .................................... 29

2.2 Definições e aspectos da gestão de projetos ...................................................................... 31

2.2.1 Gestão de Projetos ...................................................................................................... 31

2.2.2 Governança de Projetos .............................................................................................. 36

2.2.3 Gestão de Portfólios ................................................................................................... 37

2.2.4 Sucesso da Gestão de Projetos ................................................................................... 40

Capítulo 3

DESENVOLVIMENTO DOS CONSTRUTOS, HIPÓTESES E MODELO ...................... 44

3.1 Desenvolvimento das variáveis latentes (construtos) que afetam o projeto ...................... 44

3.2 Hipóteses causais e modelo estrutural ............................................................................... 48

3.2.1 A relação entre Equipe de Projeto e o Planejamento e Controle ................................ 50

3.2.2 A relação entre Equipe de Projeto e o Desempenho de Sucesso na Gestão de

Projetos 50

3.2.3 A relação entre Equipe de Projeto e o Qualidade e Escopo ................................ 51

3.2.4 A relação entre Qualidade e Escopo e o Desempenho de Sucesso na Gestão de

Projetos 52

3.2.5 A relação entre Planejamento e Controle e o Desempenho de Sucesso na Gestão

de Projetos ........................................................................................................................... 53

3.2.6 A relação entre Qualidade e Escopo e o Planejamento e Controle ..................... 53

3.3 Desenvolvimento dos construtos e modelo de mensuração ........................................ 54

Capítulo 4

MÉTODO DE PESQUISA ....................................................................................................... 60

4.1 Classificação da pesquisa .................................................................................................. 60

4.2 Etapas da Pesquisa ............................................................................................................ 60

4.3 Modelagem de equações estruturais .................................................................................. 64

4.3.1 Aplicações de SEM .................................................................................................... 69

Capítulo 5

GESTÃO E GOVERNANÇA DE PROJETOS NA EMPRESA ESTUDADA .................... 76

5.1 Dimensões contextuais da empresa em estudo .................................................................. 76

5.2 Gestão de projetos para desenvolvimento da produção: o PRODEP ................................ 76

5.2.1 Elementos da Sistemática ........................................................................................... 78

5.2.2 A fase de Planejamento .............................................................................................. 80

5.2.3 A fase de Controle ...................................................................................................... 81

5.2.4 Lições Aprendidas ...................................................................................................... 82

Capítulo 6

ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 83

6.1 Análise descritiva dos dados ............................................................................................. 83

6.1.1 Tipo do Projeto ........................................................................................................... 83

6.1.2 Tamanho do projeto ................................................................................................... 84

6.1.3 Localização geográfica ............................................................................................... 85

6.1.4 Experiência e treinamento da equipe.......................................................................... 85

6.1.5 Ferramentas técnicas e atividades de planejamento para o gerenciamento de projetos

86

6.1.6 Desempenho dos projetos analisados no construto Sucesso da Gestão de Projetos ... 87

6.2 Premissas subjacentes a Modelagem de Equações Estruturais ......................................... 89

6.2.1 Confiabilidade do Instrumento de pesquisa ............................................................... 90

6.2.2 Ausência de observações atípicas............................................................................... 91

6.2.3 Ausência de multicolinearidade ................................................................................. 91

6.2.4 Normalidade Multivariada ......................................................................................... 92

6.2.5 Linearidade ................................................................................................................. 92

6.2.6 Ausência de erros correlacionados ............................................................................. 93

6.3 Análise Fatorial Exploratória ............................................................................................ 93

6.3.1 Análise exploratória do construto Equipe de Projeto ................................................. 94

6.3.2 Análise exploratória do construto Planejamento e Controle ...................................... 96

6.3.3 Análise exploratória do construto Qualidade e Escopo .............................................. 98

6.3.4 Análise exploratória do construto Desempenho de Sucesso na Gestão de Projetos 101

6.4 Modelagem de Equações Estruturais .............................................................................. 103

6.4.1 Avaliação dos ajustes de mensuração e do modelo estrutural .................................. 103

6.4.2 Interpretação dos coeficientes de caminho e avaliação das hipóteses de pesquisa .. 110

Capítulo 7

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 119

7.1 Considerações e conclusões ............................................................................................ 119

7.2 Limitações da pesquisa.................................................................................................... 121

7.3 Perspectivas de trabalhos futuros .................................................................................... 122

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 124

Apêndices ................................................................................................................................. 133

APÊNDICE A – Questionário da survey ............................................................................... 133

18

Capítulo 1

_____________________________________________________

INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta o tema abordado pela dissertação e as lacunas na literatura atual,

fornecendo o embasamento para a formulação do problema e objetivos de pesquisa. São

também expostas a justificativa e relevância do estudo e, ao final, é apresentada a

estrutura proposta para a dissertação.

1.1 Contextualização do tema e problema de pesquisa

As mudanças nos cenários ocorrendo de forma cada vez mais dinâmica têm

obrigado as organizações a desenvolverem maior planejamento e execução de projetos,

tornando esta prática não apenas mais um diferencial competitivo, de evolução ou de

inovação, mas uma questão de sobrevivência e crescimento no mercado para um maior

controle sobre suas atividades.

Um gerenciamento estruturado e pró-ativo do cenário de projetos

individualmente, aliado a uma boa gestão de portfólio de projetos (PPM – Portfolio

Project Management) vem tornando-se uma competência essencial para as empresas

que lidam com numerosos projetos de forma simultânea (KILLEN et al, 2008).

Correntes de estudos nesse tipo de gestão centram-se na forma de gerir,

organizar e entregar projetos de sucesso em grande escala, complexos e incertos,

incluindo estudos de megaprojetos (FLYVBJERG et al, 2003; DAVIES et al, 2009.

GIL; TETHER, 2011), projetos gigantes (GRÜN, 2004) e os grandes projetos de

engenharia (MILLER; LESSARD, 2001; RUUSKA et al, 2011).

O foco diferenciado nos projetos complexos se dá por estes serem criados para

oferecer diversos objetos de alto investimento, tais como: aeroportos, ferroviária de alta

velocidade, as fazendas eólicas offshore, aeroespacial, energia nuclear e petrolíferos.

Devido à alta complexidade, são muitas vezes entregues com atraso, ultrapassam

excessivamente o orçamento e não conseguem atender às expectativas iniciais. Esta

incapacidade de lidar com as incertezas envolvidas pode atrasar ou interromper o seu

progresso (SHAPIRA; BERNDT, 1997; MILLER; LESSARD, 2000; PITSIS et al,

2003).

19

Na literatura, vários termos, tais como: projeto complexo (BARLOW, 2000),

projeto importante (MORRIS; HOUGH, 1987); projeto gigantesco (GRÜN, 2004);

megaprojeto (FLYVBJERG et al., 2003); e, grande projeto (MILLER; LESSARD,

2001) têm sido sugeridos para descrever projetos envolvendo vários atores

organizacionais que estão envolvidos na entrega de um sistema ou produto de

considerável complexidade. Com base na investigação em grandes projetos acima

referidos, define-se um grande projeto como um empreendimento significativo

caracterizado por múltiplas organizações buscando o sucesso com objetivos diferentes,

mudanças de prioridades de objetivos do projeto e, finalmente, o projeto que está sendo

sujeito a impactos de um ambiente sócio-político mais amplo.

Com um crivo nos projetos da área de petróleo e gás, os quais além de

encaixarem-se em todas as características de grandes projetos supracitadas, merecem

atenção por ainda apresentarem particularidades adicionais de irreversibilidade, grande

compromisso com as decisões tomadas devido ao longo tempo para a implantação dos

projetos e retorno dos altos investimentos, além da especificidade dos recursos

envolvidos (POSTALI; PICHETTI, 2006).

A indústria de petróleo e gás apresenta projetos baseados em um alto grau de

utilização de ativos, envolvendo dezenas, ora centenas de empresas e organizações

públicas. Dessa forma, pode-se inferir que as decisões na área de petróleo e gás, são de

suma relevância em virtude também dos altos custos envolvidos na atividade.

Dada a complexidade das relações em um projeto no setor petrolífero, é

imprescindível esboçar modelos que se aproximem o máximo possível da realidade. Os

modelos são uma “tentativa” de explicar como a realidade se comporta. Cabe, no

entanto, à pesquisa, verificar se realmente o que se imagina (o modelo esboçado) traduz

a realidade. Nesse contexto, sugere-se a modelagem por Equações Estruturais

(Structural Equation Modeling - SEM) como sendo uma abordagem estatística para

testar hipóteses a respeito de relações entre variáveis (GOSLIN; GONÇALVES, 2003),

quantificando os fatores que influenciam a gestão de projetos, e suas relações entre si,

para culminarem no sucesso da gestão. A presente dissertação parte da hipótese de que

o sucesso da gestão de projetos está intrinsecamente associado a variáveis que se

relacionam entre si, formando um modelo de mensuração a ser desenvolvido através de

SEM.

20

Partindo desta hipótese, o estudo pretende responder ao seguinte problema de

pesquisa: Quais são os fatores/variáveis que influenciam, de maneira direta ou indireta,

o desempenho de sucesso da gestão de projetos na indústria de petróleo e gás?

1.2 Objetivo

O objetivo central deste estudo é avaliar as relações e influências existentes entre

as práticas de planejamento e controle, as equipes de projeto e a qualidade e escopo

destes sobre o desempenho do sucesso na gestão de projetos no setor de petróleo e gás.

O desdobramento do objetivo principal é traduzido nos seguintes objetivos específicos:

a) Constituir o conjunto de variáveis que afetam a gestão de projetos de

petróleo e gás por meio da literatura e estudos in-loco;

b) Formular o modelo conceitual das variáveis e suas inter-relações;

c) Identificar o grau de inter-relação das variáveis do modelo conceitual com

base em uma amostra de projetos de uma empresa petroleira nacional; e,

d) Formular propostas em vistas a melhorar aspectos referentes à gestão de

projetos para a empresa com base nos resultados empíricos.

1.3 Justificativa e relevância da pesquisa

Investir na adoção de técnicas e ferramentas de gerenciamento de projetos está

sendo uma das principais preocupações estratégicas nas diversas lideranças

empresariais. O projeto para implementação de uma ou mais estratégias organizacionais

tem sempre o objetivo de levar a empresa de um determinado posicionamento presente

para outro mais vantajoso no futuro.

O ciclo de elaboração de estratégias, ação, análise de viabilidade, projeto e

implementação é repetido para cada nova oportunidade de mudança organizacional,

acarretando em um aumento expressivo da complexidade do gerenciamento, já que

envolve: (i) projetos em diferentes níveis de maturidade ou diferentes fases de evolução;

(ii) projetos que partem de vários ângulos de posicionamento da empresa: infraestrutura,

organização, tecnologia, etc.; e, (iii) projetos diferentes disputando os mesmos recursos

e que facilitam ou dificultam a implementação de outros, ou que contribuem, de

maneira distinta, para os objetivos do negócio. Esse aumento da complexidade e do

alcance do gerenciamento de projetos gera um controle mais formal e centralizado que

permite à empresa atual transformar-se em uma organização do futuro de maneira

orquestrada, ordenada, administrada e não caótica. Fica evidente que é necessário

21

coordenar os diversos projetos de iniciativas estratégicas da empresa, de forma a tornar

a ação mais próxima possível da intenção, obtendo, assim, os melhores resultados.

Entre os benefícios do gerenciamento adequado dos projetos citados por Kerzner

(2006, p. 269) estão: padronização de operações; decisão baseadas na corporação como

um todo, e não em redutos individuais; melhor capacidade de planejamento (alocação

de recursos); acesso mais rápido a informações de maior qualidade; eliminação ou

redução de subgrupos individuais na empresa; operações mais eficientes e eficazes;

menos necessidade de reestruturação; menos reuniões que consomem um tempo

precioso dos executivos; priorização mais realista do trabalho; e, desenvolvimento de

futuros gerentes gerais.

Todavia, para alcançar estes benefícios é preciso identificar o que leva um

projeto a ter sucesso na sua gestão. Cooke-Davies (2002) destaca que, desde os anos 60,

pesquisas vêm tentando descobrir quais fatores refletem no sucesso dos projetos

(BAKER; MURPHY; FISHER, 1988; PINTO; SLEVIN, 1988; LECHLER, 1998) e têm

tirado conclusões amplamente refletidas na literatura escrita e para os profissionais de

gerenciamento de projetos.

Contudo, apesar destes empíricos bem difundidos, de tantos trabalhos já escritos

na área de gestão de projetos, de décadas de experiência individual em gerenciamento

(MORRIS, 1994), do rápido crescimento no número de membros de organizações

profissionais de gerenciamento de projetos e de um aumento dramático na quantidade

de projetos de trabalho na indústria, os resultados do projeto continuam a decepcionar

os interessados (O'CONNOR; REINSBOROUGH, 1992; COOKE-DAVIES, 2000).

White e Fortune (2002) destacam que a gestão do projeto continua a ser um esforço

problemático, tendo em vista que um grande número de projetos ultrapassa os seus

orçamentos, são executados com atrasos ou deixam de cumprir outros objetivos.

Os projetos de exploração e produção de petróleo e gás são exemplos de projetos

de alta complexidade e que estão sujeitos a inúmeros fatores que podem levar ao

insucesso, ou não. São projetos com elevado risco e incerteza, devido aos aspectos

geológicos da prospecção (MOTTA et al, 2000; POSTALI; PICHETTI, 2006;

WEIJERMARS, 2009). Além dos riscos geológicos, os projetos da área de petróleo

incorrem em elevado risco econômico, dados os seus fluxos de caixa incertos

associados ao primeiro risco citado, uma vez que há a possibilidade de se produzir

volumes não condizentes com o capital investido (SUSLICK; SCHIOZER, 2004;

22

WEIJERMARS, 2009). Além dos riscos, Postali e Pichetti (2006) enfatizam ainda a

irreversibilidade dos projetos de E&P, em que, decisões tomadas no início do ciclo de

vida do projeto afetam toda a sua duração, além da especificidade dos recursos

envolvidos.

Estudos aplicados (AALTONEN; SIVONEN, 2009; WAGNER;

ARMSTRONG, 2010; JAHN et al, 2008) demonstram que, devido à sua presença

global, importância econômica e sensibilidade ambiental, o setor de petróleo e gás está

sujeito a pressão de diferentes partes interessadas, aumentando sua complexidade.

Portanto, modelos que determinem e considerem a complexidade e

multidimensionalidade da gestão de projetos de petróleo podem ser utilizados como

impulsionadores do sucesso da gestão de projetos e consequentemente da companhia.

Assim, o presente estudo pretende contribuir com um modelo teórico-empírico que

relaciona a importância das equipes de projeto, do planejamento e controle e da

qualidade e escopo sobre o sucesso do gerenciamento do projeto de petróleo e gás. Este

modelo apresenta-se como uma forma de melhoria da gestão ao: a) explicar como o

capital humano, na função das equipes de projeto, influenciam diretamente e

indiretamente o sucesso do projeto; b) analisar e comparar o papel do planejamento e

controle para o sucesso com o método adotado atualmente pela empresa; e, c) estimular

medidas de aprimoramento direcionadas aos fatores mais críticos de modo a aprimorar a

gestão como um todo.

Em uma função acadêmica, esta pesquisa vem promover uma análise inédita em

relação ao tema de gestão de projetos, avaliando estas perspectivas, aplicada ao setor de

petróleo e gás, a partir da perspectiva da modelagem de equações estruturais. Na

literatura existente, Salazar-Aramayo et al (2013) estruturam um modelo que traz uma

representação global dos principais fatores para aprimorar o gerenciamento de projetos

na área de petróleo e gás em que realiza uma análise não empírica com abordagem

SEM. Contribuindo com esse escopo, o trabalho de Qureshi e Kang (2015) apresenta

quais os fatores que inferem no gerenciamento do projeto, sobretudo quando refere-se a

complexidade pelo tamanho do projeto. Já Haji-Kazemi e Andersen (2013) aplicaram

um estudo de caso numa empresa de petróleo e gás da Noruega no qual reforçam sua

metodologia pelo modelo teórico de Salazar-Aramayo et al (2013).

O problema a ser investigado pela pesquisa consiste então na avaliação de como

as práticas de gestão e governança contribuem para sucesso do gerenciamento de

23

projetos de Exploração e Produção (E&P) na indústria de petróleo e gás, e quais

variáveis estão relacionadas a estas práticas.

1.4 Estrutura da dissertação

A dissertação, em sua formatação atual, está estruturada em 7 capítulos (Figura

1), conforme segue detalhado:

Capítulo 1 – Introdução: apresenta o tema abordado pela dissertação e como se

posiciona na literatura atual, dando embasamento para a formulação dos objetivos,

justificativa e problema de pesquisa.

Capítulo 2 – Referencial teórico: são apresentadas as particularidades do setor de

petróleo e gás. Após este primeiro detalhamento, este capítulo descreve os principais

conceitos relacionados à gestão de projetos, governança, portfólio e sucesso de projetos.

Capítulo 3 – Desenvolvimento dos construtos, hipóteses e modelo: mostra os passos

detalhados para o desenvolvimento dos construtos a partir das análises in-loco e da

literatura, para, a partir da relação entre estas variáveis latentes, traçar as hipóteses de

causalidade e desenvolver as variáveis observadas para gerar o modelo final a ser

aplicado.

Capítulo 4 – Método de pesquisa: este capítulo apresenta a classificação da pesquisa

quanto a sua abordagem e objetivos específicos e descreve os procedimentos

metodológicos de condução aos resultados.

Capítulo 5 – Gestão e governança de projetos na empresa estudada: traz a descrição

da empresa estudada, com suas dimensões contextuais e dados característicos. É

apresentado o modelo de gestão de grandes projetos já adotado pela empresa, o qual

serviu como base para visualização da sistemática de decisão dentro do ambiente de

projetos.

Capítulo 6 – Análise dos dados e discussões: neste capítulo os dados coletados pela

survey são analisados primeiramente de forma descritiva, após isso são verificados os

pressupostos para viabilidade de aplicação da modelagem de equações estruturais. Para

estudar as relações primarias entre as variáveis, foi conduzida uma análise fatorial

exploratória para então partir para SEM. Antes de tecer as considerações acerca das

relações entre as variáveis e validar as hipóteses, foi verificado o ajuste do modelo

estrutural e de mensuração.

24

Capítulo 7 – Considerações finais: trazem um apanhado do que foi apresentado na

dissertação até chegar aos resultados. Em seguida, são discutidas as limitações do

estudo e, a partir delas, sugeridas pesquisas futuras. Para sustentar este trabalho, a

Figura 1 traz um resumo das etapas desenvolvidas em que subdivide-se nos capítulos.

25

Figura 1: Estrutura da dissertação

Fonte: o autor

CONTEXTUALIZAÇÃO

DO TEMA

PROBLEMA DE

PESQUISAOBJETIVOS JUSTIFICATIVA

CAPÍTULO 1

CAPÍTULO 2

Gestão de ProjetosSetor de Petróleo e Gás

1. Gestão de Projetos

2. Gestão de Portfólios

3. Governança de projetos

1. Cenário do setor de

Petróleo e Gás

DELIMITAÇÃO DO

TIPO DE PESQUISA

PROCEDIMENTOS

METODOLÓGICOS

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

Etapa 4

Etapa 5

Etapa 6

CAPÍTULO 4

CAPÍTULO 5

Gestão e Governança de

projetos na empresa

estudada

CAPÍTULO 3

1. Construtos

2. Hipóteses

3. Variáveis e modelo final

CAPÍTULO 6

1. Análise descritiva

2. Pressupostos

3. Análise Fatorial Exploratória

4. Equações Estruturais

CONSIDERAÇÕES

FINAIS

LIMITAÇÕES DA

PESQUISA

CAPÍTULO 7

TRABALHOS

FUTUROS

26

Capítulo 2

_______________________________________________________

REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo divide-se em duas seções. A primeira apresenta as especificidades do setor

de petróleo e gás. A segunda traz uma descrição dos principais conceitos relacionados à gestão

de projetos, bem como tece sobre a importância dos temas para a empresa e os respectivos

benefícios alcançados com sua implementação formal. Explica também, os conceitos de

Governança, Gestão de Portfólio de projeto e o sucesso do gerenciamento.

2.1 Cenário do setor de petróleo e gás

Esta seção apresenta uma contextualização do cenário político-econômico do setor de

Petróleo e Gás. São abordados aspectos de economia, em uma perspectiva com o panorama do

setor. Essa visão é relevante para se compreender o meio ambiente em que a pesquisa está

inserida e suas particularidades.

2.1.1 Aspectos econômicos e relevância do setor de Petróleo e Gás

O petróleo é um recurso natural vitalmente importante para o mundo atual ,tendo em

vista que este hidrocarboneto faz girar os motores das sociedades desenvolvidas, ou em

desenvolvimento. Segundo Santos, Silva e Marques (2006), este recurso natural representa a

principal fonte de energia primária consumida no mundo e movimenta bilhões de dólares

diariamente em atividades industriais gigantescas, passando a ser imprescindível às facilidades

e comodidades da vida moderna.

Devido a sua baixa substituibilidade, a demanda por derivados de petróleo (e, por

conseguinte do próprio petróleo) tem que ser realizada no curto prazo para que não haja a

redução do nível de atividade econômica deste espaço, quase que independentemente do nível

corrente de preços do petróleo. Essas características e a amplitude do consumo de seus

derivados (combustível automotivo, geração elétrica, calefação, etc.) fazem do petróleo uma

fonte energética fundamental para a economia de todos os países (CANELAS, 2007).

Entretanto, essa necessidade vital gerada pelo consumo de petróleo encontra

dificuldades quanto ao seu fornecimento. O mundo precisa incessantemente do recurso, mas o

que não se pode perder de vista é o seu caráter finito, um recurso o qual é extremamente

27

demandado por todos, possuído por poucos e que mesmo assim, tem sua finitude, não pode ser

visto como mero insumo.

Face ao exposto, as decisões da indústria do petróleo determinam a direção de bilhões

de dólares a cada ano. Além dos elevados lucros, uma parte considerável dessa quantia

monetária vai para a sociedade de maneira direta, na forma de geração de empregos, por

exemplo, e outra parte em forma indireta, através dos tributos que o Estado recebe e que após,

utiliza para cumprir suas múltiplas atribuições.

Dentro da extensa cadeia da indústria do petróleo, os projetos de Exploração e Produção

(E&P) absorvem a maior percentagem desses elevados montantes financeiros, associados a

altos riscos, devido principalmente às incertezas geológicas (BRAÑA, 2008).

Manzano e Monaldi (2008) complementam a caracterização do setor, afirmando que (1)

gera-se rendas muito significativas; (2) a maior parte das reservas se encontra localizadas em

países institucionalmente débeis, com altos riscos políticos; (3) há uma significativa variação

no risco existente nas diferentes etapas de desenvolvimento do setor: a exploração do petróleo

implica alto risco geológico, enquanto estes riscos diminuem consideravelmente nas fases do

desenvolvimento da jazida e da produção; (4) os produtos, o gás ou os derivados do petróleo,

como a gasolina, são consumidos amplamente pela população; e, (5) o preço do petróleo (e em

alguma medida do gás) no mercado internacional é volátil, portanto as rendas provenientes do

petróleo também o são.

Dada as particularidades apresentadas, o processo de decisão nos projetos da área de

petróleo é complexo, haja vista a grande quantidade de variáveis e riscos envolvidos, como

exposto pelos autores citados anteriormente. Por este motivo, o gerenciamento adequado dos

processos e projetos na área é de grande importância (e em constante desenvolvimento), tanto

por viabilizar ações de maior racionalidade, quanto por entender-se que, dada a magnitude do

dinheiro envolvido, qualquer ganho ou melhoria no processo constitui uma melhora na

alocação geral dos recursos de uma sociedade.

Em relação mais especificamente aos custos, a indústria de petróleo e gás também se

caracteriza pela existência de altos custos perdidos, isto é, ativos que, por sua própria natureza,

tornam-se imobilizados antes que as empresas comecem a recuperar seu investimento. Os

estudos sísmicos, a exploração e o desenvolvimento de jazidas, e a construção de oleodutos ou

gasodutos são exemplos de ativos imobilizados.

28

Para analisar de forma econômica e política o setor, Monaldi (2008) traz agora três

fatores que são relevantes na análise do setor de hidrocarbonetos. Segundo o autor, deve-se

levar em conta a interação entre fatores como:

a) As características próprias do setor, que o diferenciam de outras indústrias;

b) A dotação de recursos em cada país, vale dizer, o potencial geológico, as reservas e

se é deficitário ou superavitário em hidrocarbonetos (importador ou exportador neto);

c) Fatores econômicos, incluindo a etapa do ciclo de investimentos em que se encontra

um país (e seu risco), a mudança tecnológica, a dependência das rendas do petróleo por parte

do fisco e o ciclo de preços, para assim chegar a conclusões sobre seu impacto nas políticas e o

desempenho do setor nos países da região, entendido este como a produção e o investimento.

Estas características possuem implicações muito importantes na evolução do marco

institucional do setor, assim como nos conflitos contratuais entre governos, companhias e

consumidores. Nestes conflitos de caráter internacional, há de um lado, os países produtores,

afortunados no sentido de possuírem largas reservas de petróleo no seu território e poderem

contar com estas reservas para barganharem não somente a riqueza que dele pode resultar, mas

também condições políticas que lhes sejam favoráveis segundo seus interesses. Do outro lado,

os países consumidores altamente dependentes do petróleo, muitas vezes vítimas de

instabilidades regionais que resultam em desequilíbrio nos preços e no fornecimento do seu

combustível e que lutam incessantemente por diminuir tal dependência e poder também ditar as

regras nesse jogo de interesses.

Seja para o caso dos produtores ou consumidores, aqueles que têm o poder de intervir

no setor, como o governo ou as companhias de petróleo e gás, consideram muitas variáveis no

momento de atuar no mercado. Deve-se analisar antecipadamente os custos e benefícios para

cada interessado, qual é sua taxa de desconto, isto é, a forma como avaliam os benefícios e

custos no futuro, e as restrições sob as quais operam. Os atores terão diferentes incentivos se

encontram em um país deficitário em relação aos que teriam em um país excedentário de

energia (MONALDI, 2008).

Até então, foi retratado a influência do setor de petróleo e gás para a sociedade e suas

particularidades econômicas. Partindo agora para uma análise oposta, no sentido de observar as

influências externas que os projetos na área de Petróleo e Gás absorvem por distintas esferas,

Braña (2008) elencou os principais fatores que influenciam na Indústria de Petróleo e Gás,

podendo ser visualizados esquematicamente pela Figura 4.

29

Figura 2: Influências na indústria de Petróleo e Gás

Fonte: Adaptado de Braña (2008, p. 17)

Destaca-se no trabalho de Branã (2008), as influencias ao setor relacionadas à qualidade

do projeto, os custos operacionais e os avanços tecnológicos. Estes fatores estão intimamente

ligados ao objetivo da pesquisa e trazem a tona a importância de se avaliar as variáveis que

levam ao sucesso da gestão de projetos de petróleo e gás.

2.1.2 Atividades de projeto na Exploração e Produção de Petróleo

De forma geral, podem ser divididas em cinco, as etapas da cadeia produtiva do

petróleo: exploração, produção, transporte, refino e distribuição. Na fase inicial, que

corresponde à exploração, são pesquisadas, localizadas e identificadas oportunidades

exploratórias. Este processo se faz, inicialmente, por estudos geológicos e geofísicos e

posteriormente por perfurações de poços, revelando possíveis reservas de óleo e gás dentro do

território nacional (PETROBRAS, 2014).

Durante a fase de exploração, o objetivo é elaborar o modelo que melhor represente os

reservatórios de petróleo e gás. A perfuração de poços de petróleo pode consumir até 85% do

custo total da exploração, em uma estimativa grosseira. Por isso, a decisão de perfurar um poço

deve ser tomada baseada em estudos que forneçam um conhecimento detalhado das condições

geológicas da área.

A primeira etapa de um programa exploratório é a realização de um estudo geológico

com o propósito de reconstituir as condições de formação e acumulação de hidrocarbonetos em

Poder Judicial

“Lei do petróleo”

Poder Legislativo

Definição de blocos

Programa mínimo

exploratório

Responsabilidade

Social Corporativa

CNPE

ANP

Tributos Diversos

Política de Preços

dos Combustíveis

Satisfação da

população

Problemas

ambientais

Governo

Política energética

visando manutenção

de recursos naturais

Comercialidade de

campos maduros

Estratégias

empresariais

Aumento dos

custos

operacionais

Cotação do Dólar Inflação

Avanços

tecnológicos

Demanda de

óleo

Competitividade

de substitutos

Descoberta de

petróleo não

comercial

Qualidade do

Petróleo

Oferta de

Petróleo

Aumento do preço

internacional

(-) (-)

(-)

(-)

Crescimento

econômico e

populacional

(-)

30

uma determinada região. O geólogo trabalha predominantemente na aferição direta das rochas

e, utilizando-se de diferentes técnicas, consegue identificar as estruturas mais promissoras para

acumulação de petróleo em uma área.

O processo de avaliação de uma área exploratória orienta a escolha das áreas pelas quais

a empresa em estudo irá concorrer no leilão da ANP. As informações preliminares são de

natureza geológica, fruto do trabalho de prospecção. Adquirido o bloco exploratório em leilão,

novas investigações geológicas/geofísicas podem ser feitas, mas a comprovação da presença de

óleo ou gás é efetivada somente com a perfuração de poços pioneiros, evidenciando os riscos

do setor.

A perfuração do primeiro poço indica a ocorrência de hidrocarbonetos, e a próxima

decisão passa a ser quanto à comercialidade da área, que é associada ao tipo e qualidade do

hidrocarboneto, aos custos do processo de desenvolvimento e produção, aos preços de

mercado, ao volume recuperável da reserva, etc..

A fase subsequente – Produção – é a responsável pela extração do hidrocarboneto (óleo

ou gás) das rochas reservatório, processo que normalmente leva muitos anos. O hidrocarboneto

produzido é transferido por meio de oleodutos ou navios petroleiros até os terminais marítimos,

e daí transportado para as refinarias ou unidades processadoras de gás (terceira fase). Ele é

então transformado por processos físico-químicos em derivados (quarta fase) e estes derivados

(p.ex., gasolina e diesel) são adquiridos, comercializados sendo realizado controle de qualidade

pelas companhias distribuidoras e encerrando a quinta fase da cadeia produtiva (PETROBRAS,

2011). A esquematização representada pela Figura 5 traz as etapas seguidas para a construção e

abandono de um poço de petróleo:

31

Figura 3: Esquematização das etapas de poço

Fonte: o autor.

As etapas dos projetos de petróleo e gás envolvem equipes, tempos, orçamentos, entre

outros fatores que merecem ser avaliados para garantir que tudo ocorra dentro do planejado.

Para tanto, a utilização de métodos quantitativos faz-se necessária como ferramenta de

mensuração dos fatores, com vistas a avaliar as melhores formas de gerir e identificar os pontos

da gestão de projetos com maior criticidade.

2.2 Definições e aspectos da gestão de projetos

2.2.1 Gestão de Projetos

O gerenciamento de projetos teve como origem os trabalhos do U.S. Departament of

Defense major weapons systems development, as missões espaciais da NASA e os trabalhos de

construção e manutenção de grandes obras executadas na Europa. A magnitude e a

complexidade desses esforços foram a força motivadora para a pesquisa de ferramentas que

auxiliassem o planejamento e o gerenciamento, a tomada de decisão e controle de todas as

atividades envolvidas em projetos (DINSMORE, 1993, p.32).

Um projeto deve criar um produto, serviço ou resultado exclusivo, com um objetivo

específico (SHENHAR; DVIR, 2007) entregando uma mudança benéfica para a empresa

(TURNER, 1990). O Quadro 1 sistematiza diferentes definições com os autores clássicos sobre

a gestão de projetos, de maneira cronológica.

EXPLORAÇÃO

Aquisição de áreas exploratórias

Prospecção

Perfuração

Avaliação

Desenvolv. da produção

Produção

Abandono

PRODUÇÃO

32

Quadro 1: Sistematização de definições sobre Gestão de Projetos

Fonte: o autor.

O gerenciamento de projetos trata, portanto, de perspectivas de planejamento e controle.

Gerenciar, neste segmento, significa planejar a execução do projeto antes de iniciá-la e traçar

um acompanhamento, garantindo que seus objetivos sejam atingidos de forma eficaz e

eficiente.

É evidente que a gestão de projetos se diferencia das práticas tradicionais de gestão

empregadas pela administração, uma vez que tem como objetivo de estudo o foco em uma

unidade de trabalho específica, complexa e temporária que requer formas especializadas de

organização das atividades, de sistemas de informação, de profissionais qualificados em

planejamento, finanças, controles e tratamento de problemas de relacionamento humano

(HARRISON, 1992; CLELAND; IRELAND, 2002).

No que se refere a sua abordagem, os projetos são tipicamente subdivididos em fases,

tarefas ou atividades (CLELAND; IRELAND, 2002; PMI, 2013). O conjunto formado pelas

subdivisões do projeto corresponde ao ciclo de vida, desde seu começo (quando é avaliada sua

viabilidade) até o fim (nas entregas e encerramento) (DINSMORE; CABANIS-BREWIN,

Autores Definição

Turner (1990) Gerenciamento de projeto: o processo pelo qual um projeto é completado

com sucesso, e que seus objetivos sejam entregues também com sucesso.

BSI (2000)

O planejamento, monitoramento e controle de todos os aspectos de um

projeto e a motivação de todos aqueles envolvidos em alcançar os objetivos

do projeto no tempo, custo, qualidade e performance desejada.

Kerzner (2003)

É o planejamento, organização, direção e controle, de recursos da

organização para a realização de projetos com prazo definidos que foram

estabelecidos para a conclusão de metas e objetivos específicos.

PMI (2004)

É um conjunto de processos definidos como uma série de ações para

obtenção dos resultados desejados. Esses processos podem ser organizados

em cinco grupos com um ou mais subprocessos.

APM (2006)

É o processo pelo qual projetos são definidos, planejados, monitorados,

controlados e entregues de tal forma que os benefícios acordados sejam

atingidos.

Wysocki (2007)

Método e conjunto de técnicas baseados no principio de gerenciamento de

projetos para o planejamento, estimativa e controle das atividades do

projeto para o atendimento de resultados desejados no tempo e custo

orçados de acordo com a especificação.

Shenhar e Dvir (2007) O conjunto de atividades gerenciais necessárias para conduzir um projeto a

um final de sucesso.

Söderlund (2011)

Os projetos são organizações temporárias, com uma morte intencional e

prevista, propositadamente concebida para proporcionar benefícios a

organização.

Pemsel e Wiewiora (2013)

Os projetos são muitas vezes considerados como um meio eficiente para a

combinação de conhecimento e, assim, aperfeiçoar o valor dos

investimentos.

33

2009). Ao final de cada fase do ciclo de vida, espera-se que hajam entregas (deliverables), que

representam os bens, serviços, produtos e estruturas que traduzem a tangibilidade do projeto.

O papel de coordenar e integrar todas as fases para fornecer os deliverables necessários

ao cumprimento dos objetivos cabe ao gerente de projeto, sendo dado a este a autoridade e a

responsabilidade compatíveis para o exercício de suas atividades enquanto principal

responsável pelo sucesso do projeto (PMI, 2013).

Em busca de atender de maneira apropriada as perspectivas dos diferentes stakeholders

(pessoas ou empresas envolvidas) do projeto, o gerente busca os recursos materiais e humanos,

através de suas equipes, identifica problemas e toma decisões, lida com obstáculos, implementa

medidas e comunica os resultados (HARRISON, 1992). Em vistas as suas responsabilidades, de

acordo com Nicholas (1990), os gerentes de projeto estão enfrentando problemas e cada vez

mais novos desafios de como dirigir grandes organizações temporárias, sujeitas a recursos e

prazos limitados, em um ambiente de incerteza crescente. Para lidar com estas novas e

complexas atividades sujeitas à incerteza, novas formas de organizações e práticas de

gerenciamento de projeto estão sendo desenvolvidas.

Entre as abordagens, umas das mais difundidas, principalmente nas Américas e na Ásia,

é a do Project Management Institute – PMI®, que considera que a gestão de projetos é

realizada por meio de um conjunto de processos definidos, como uma série de ações para

obtenção dos resultados desejados. Esses processos podem ser organizados em nove grupos,

expostos no Quadro 2, com um ou mais subprocessos.

Quadro 2: Áreas de conhecimento da Gestão de Projetos

Área do conhecimento Competência

Escopo Planejar, controlar, verificar, analisar e efetivar mudanças quanto ao que será

feito no projeto, sob orientação do plano estratégico da organização.

Tempo Planejamento, programação e controle do tempo das atividades que devem ser

realizadas para que o produto possa ser fornecido.

Custos Planejamento dos recursos necessários para a execução das atividades e do

controle dos custos do projeto.

Qualidade Planejamento, garantia e controle da qualidade do produto e do processo em

relação a exigências internas e externas da qualidade.

Recursos Humanos

Planejamento, montagem e desenvolvimento da equipe do projeto. Na maioria

dos projetos requer negociação entre as áreas para a disponibilidade das

competências mais adequadas.

Comunicações Obtenção, registro e disseminação das informações necessárias à gestão do

projeto presente e futuros.

34

Riscos

Identificação, análise, tratamento e controle dos riscos, com base no escopo do

projeto, na tolerância a riscos da organização, na disponibilidade de recursos e

informações históricas de outros projetos.

Aquisições Aquisição de produtos e serviços de fornecedores, baseada na definição das

necessidades, seleção dos fornecedores e no acompanhamento dessas atividades.

Integração Integração e coerência entre todas as demais áreas dos projetos.

Fonte: PMI (2013)

Segundo o PMI (2004), os projetos podem ser divididos em fases que interagem entre

si:

a) Fase de Definição – nesta fase são identificadas as necessidades e alternativas,

estabelecidos os objetivos, viabilidades e estratégias;

b) Fase de Planejamento- nesta etapa é definido o escopo do projeto, a WBS, o

Orçamento, os membros da equipe, as políticas, os procedimentos e são avaliados os riscos;

c) Fase de Monitoramento e Controle – na fase monitoramento e controle realiza-se

tudo que foi planejado anteriormente. Acompanha-se a execução do projeto, de modo a propor

ações corretivas e preventivas;

d) Fase de Encerramento – nesta etapa são validados os trabalhos executados, os

documentos do projeto são encerrados, desvios e falhas no projeto são discutidos de modo a

prevenir para que não ocorram novamente em projetos futuros.

Contudo, embora o PMI esboce fases bem definidas, os projetos e suas fases operam em

um contexto mais amplo, muitas vezes fora de controle, recebendo influencias organizacionais

e socioeconômicas. (GUEDES; GUADAGNIN, 2003). Por isso, gerenciar atividades diárias

neste contexto faz-se necessário para obter sucesso, porém, nem sempre suficiente para garantir

o êxito de um projeto. A visão gerencial, habilidades administrativas, sensibilidade, capacidade

de negociação, rapidez de raciocínio, capacidade de revisão e definição de novos rumos, são

características fundamentais para garantir uma boa gestão.

Na gerência de projetos, o trabalho é organizado ao longo dos vários grupos funcionais

que trabalham em interação permanente, como um “time de projeto”. Tal organização permite

uma melhoria na coordenação e comunicação entre os subordinados e seus gerentes. O fluxo

horizontal de trabalho acarreta produtividade, eficiência e eficácia. As empresas que

conseguiram se especializar em fluxo horizontal de trabalho são, geralmente, mais lucrativas

que aquelas com as quais continuam a utilizar exclusivamente o fluxo vertical.

Embora a gestão de projetos seja uma forma de implementar a estratégia empresarial,

essa passa por entraves que dificultam a sua execução e a torna ainda mais complexa. De

35

acordo com Pinto (2009), os problemas mais frequentes nas organizações que trabalham com

projetos são justamente os de comunicação (ERNST, 2002; CHAN et al, 2004; COOPER et al,

2004; RAUNIAR et al, 2008; WONG et al, 2009; DAYAN; BASARIR, 2010; WI; JUNG,

2010); o não cumprimento dos prazos (HATUSH; SKITMORE, 1997; KUMARASWAMY;

ALARCON; MOURGUES, 2002; MEIXELL; RODRIGUEZ, 2009; VERWORN, 2009;

WEIJERMARS, 2009) e as mudanças constantes no escopo (ALMAJED; MAYHEW, 2014;

NAH; ISLAM; TAN, 2007), Figura 2.

Figura 4: Problemas frequentes nos projetos das empresas estudadas

Fonte: Pinto (2009)

Kate (2000) justifica esta aparente ineficácia no gerenciamento de projetos ao afirmar

que, a maioria dos problemas relativos aos projetos ocorre devido à falta de processos

adequados e padronizados de gerenciamento, ou seja, a maior causa das falhas nos projetos não

são as especificidades do que efetivamente deu errado, mas sim, a falta de procedimentos,

metodologias e padrões. Diante destes resultados, nota-se a importância do gerenciamento de

projetos e a sua utilização formal.

As empresas vêm reconhecendo cada vez mais esta importância do gerenciamento para

evitar os problemas durante os projetos, seja no setor privado, ou mesmo no setor público. De

acordo com o site oficial do PMI (2014), empresas como: a Nasa, IBM, AT&T, Siemens,

Chiyoda Corporation, Pricewaterhouse Coopers, Sociedade Computacional de Singapura e o

Governo Estadual de Oregon (EUA) lançam mão de técnicas e metodologias de gerenciamento

de projetos para obter os resultados esperados em seus projetos.

Os benefícios gerados com o gerenciamento correto das atividades de projeto de acordo

com as abordagens de Kerzner (2002; 2003), Vargas (2005) e Heldman (2007) são:

36

Aumento da lucratividade;

Fornece um meio para a resolução de problemas;

Aumento da qualidade;

Permite que as pessoas melhorem as decisões empresariais;

Definição de metodologia única para desenvolvimento e implementação de

projetos;

Melhora a comunicação;

Aumento da credibilidade com os clientes;

Evita surpresas durante a execução dos trabalhos;

Aumenta o controle gerencial;

Antecipa situações desfavoráveis;

Aperfeiçoa a alocação de pessoas, equipamentos e materiais.

Frente aos benefícios, as abordagens de projeto estão em constante evolução. Em uma

primeira onda de pesquisas em gestão de projetos, o foco era tratar de um projeto apenas, como

uma unidade isolada dentro do ambiente organizacional. Entretanto, no momento atual, os

gestores de projetos percebem a necessidade de tratar a gestão de projetos como uma

competência ou uma capacidade organizacional, tratando de múltiplos projetos com um

alinhamento estratégico (CRAWFORD, 2006).

Nesta abordagem mais ampla e organizacional, surgem os conceitos e pesquisas

voltados para a governança de projetos, a qual representa o contexto estratégico de

planejamento no tocante à perspectiva de projetos.

2.2.2 Governança de Projetos

A Governança de Projetos é um conceito relativamente novo em termos de exploração

prática e acadêmica. Entretanto, têm se tornado alvo de estudo de muitas pesquisas nas últimas

décadas (LIEU, 2004; MCKUSTER; CRAIR, 2006; ABEDNEGO; OGUNLANA, 2006;

RENZ, 2007; SANKARAN et. al., 2008; BEKKER, 2008; YILIN; LING, 2008; TOO;

WEAVER, 2013; HELLSTRÖM et al, 2013; PINTO, 2013).

Conceitualmente, refere-se a um subcomponente da governança corporativa focando-se

nas atividades de projeto, as quais incluem: gestão de portfólios, patrocínio das ações do

projeto, gestão de projeto e de programa e apresentação de medições de eficiência

(GARLAND, 2009). A partir da literatura sobre governança corporativa e de projeto parece

37

haver termos comuns, tais como: a responsabilidade, autoridade, relacionamentos, controle e

monitoramento dos benefícios das partes interessadas.

Dessa forma, a governança de projetos fornece a estrutura através da qual os objetivos

do projeto são definidos, determina-se os meios para alcançá-los e se estabelece medidas de

monitoramento. (TURNER, 2006). O foco é garantir que os objetivos do projeto estão

alinhados com o portfólio da organização e os objetivos desta. Há, portanto, três objetivos

principais do projeto de governança: escolher o projeto certo, entregar o projeto escolhido de

forma eficiente e garantir que os projetos que foram escolhidos sejam sustentáveis.

Garland (2009) complementa a ideia de Turner (2006) no que diz respeito aos objetivos

da governança, ao analisar que esta deve apresentar de forma linear o caminho da tomada de

decisão, envolvendo apenas aqueles que de fato detém conhecimento sobre o projeto e estão

envolvidos neste do início ao seu fim.

Aplicações acerca da governança de grandes projetos podem ser visualizadas nos

trabalhos de Ruuska et al (2011) os quais analisaram os desafios da gestão de projetos de

energia nuclear; de Man e Roijakkers (2009) em que confiança e risco podem ser balanceados

em alianças estratégicas de governança; Pitsis et al (2003) apresentaram as estratégias de

governança para projetos de jogos Olímpicos; Ulset (1996) apresenta as lacunas existentes na

governança de contratos com stakeholders em projetos de pesquisa e desenvolvimento; e Hui et

al (2008) estudaram os efeitos da estrutura de terceirização de grandes projetos para o seu

desempenho. É possível visualizar que a governança de projetos baseia-se no princípio do

desacoplamento (STINCHCOMBE; HEIMER, 1985) e do problema “make-or-buy”

(WILLIAMSON, 1975), uma vez que aborda os mecanismos através dos quais os grandes

projetos podem ser realizados de forma eficaz e eficiente, sob diferentes variáveis contextuais

que influenciam a sua gestão.

2.2.3 Gestão de Portfólios

A gestão de portfólio de projetos (Portfolio project management - PPM), assim como a

governança, é uma ponte potencial entre o gerenciamento estratégico e o de projeto, diferindo

apenas por apresentar um caráter um pouco mais tático. As bases conceituais da gestão de

portfólio estão focadas na seleção de investimentos financeiros para reduzir os riscos e

aumentar os retornos dentro de opções de investimento (MARKOWITZ, 1952). Estes conceitos

foram aplicados para a seleção de projetos por Mcfarlan (1981), particularmente para a gestão

de desenvolvimento de produtos e construções (COOPER et al, 2006; GHASEMZADEH;

ARCHER, 2000; KILLEN et al, 2008).

38

Foti (2002) complementa que, independentemente da escala e escopo da carteira e do

local em que ocorre dentro da organização, o uso de portfólio de projetos permite que as

organizações possam tirar o máximo de seus recursos e atinjam o seu objetivo estratégico.

A gestão dos portfólios tornou-se um fator significativo no sucesso das estratégias de

longo prazo das organizações e está relacionado ao papel dos tomadores de decisões-chave que

devem validar os investimentos relevantes, além de formular e implementar metas. No entanto,

as técnicas até então estudadas são novas para as organizações, seus resultados não foram

exaustivamente testados e ainda não há consenso entre os executivos em relação à importância

do PPM (DYE; PENNYPACKER 1999; LEVINE, 1999; ARCHER; GHASEMZADEH, 1999;

DIETRICH; LEHTONEN, 2005; COOPER; EDGETT; KLEINSCHMIDT 2006).

O Quadro 3 apresenta uma reunião de trabalhos na aplicação de diferentes metodologias

para a gestão de portfólios, mostrando os resultados alcançados e as novas lacunas existentes

em cada trabalho, de modo a embasar as tendências do tema e a presente pesquisa.

Quadro 3: Aplicações e metodologias na gestão de portfólios

Autores Método utilizado Resultados alcançados Questões críticas e novas

lacunas

Aaltonen

(2010)

Análise documental de

eventos em um estudo

de caso único na

indústria farmacêutica.

Variação, deleção e retenção

na evolução de um portfólio.

Co-seleção e dependência de

caminhos para a tomada de

decisão.

Ajustes pobres do modelo de

otimização para PPM quando o

correm co-seleções.

Causalidades requerem maiores

investigações

Blomquist;

Müller

(2006)

Estudo com múltiplos

métodos: entrevistas (9

empresas) e

questionários (242

respostas).

O tipo de projeto explica o

papel dos gestores

Precisa considerar o tipo de

projeto em selecionar as

práticas de gestão de portfólios.

Christiansen;

Varnes

(2008)

Qualitativos, múltiplos

métodos, estudo de

caso em uma única

organização.

Os gerentes não seguem as

regras acordadas para o

gerenciamento de portfólio em

sua tomada de decisão, mas

observar os outros, negociar e

debater, e aprender.

Tomada de decisão em

portfólios como uma

negociação e processo de

aprendizagem, apesar da

existência de regras formais.

Além disso, o contexto de

negócios e a situação são

também importantes.

Kester et al

(2009)

Entrevista qualitativa.

Estudo em 11

empresas

multinacionais.

Três gêneros de portfólio de

tomada de decisão: formalista-

reativa, intuitiva e integradora,

cada um com um único

conjunto de práticas de PPM.

Deve ser dada atenção sobre a

forma como as pessoas tomam

decisões na prática. É preciso

mais pesquisas de forma

empírica.

39

Killen et al

(2008)

Estudo qualitativo de

múltiplos casos. Seis

companhias em

diferentes industrias

As empresas diferem em suas

capacidades de PPM, e os

investimentos na melhoria da

prática do PPM foram

considerados bem sucedidos.

O aprendizado irá alterar

prática e a capacidade de PPM

ao longo do tempo. São

sugeridos estudos longitudinais.

Patanakul;

Milosevic,

(2006, 2008,

2009)

Estudo qualitativo em

seis companhias de

uma indústria high-

tech

Atribuir projetos a gerentes de

múltiplos projetos requer

cuidado e consideração acerca

das competências do gerente.

Interdependências do projeto,

multitarefas e outras questões

inter-projeto são relevantes

para as competências do gestor.

Teller; Kock

(2013)

Entrevista com 176

empresas aplicando

análise de

componentes

principais (PCA)

A identificação de riscos no

portfólio, a formalização do

PPM e cultura de gestão de

risco influenciam diretamente

na transparência do risco,

enquanto que a prevenção e

monitoramento de riscos, bem

como a integração da gestão

destes influenciam na

capacidade de enfrentamento

do risco na gestão do

portfólio.

Os resultados não confirmam a

hipótese de que a transparência

do risco e capacidade de

enfrentamento têm um efeito

complementar em caso de

sucesso.

Urger et al

(2012)

Estudo longitudinal

quantitativo de uma

amostra de carteiras de

projetos analisados

através de PCA

Relação em forma de U

positivo entre o envolvimento

da alta administração e a

qualidade final do projeto.

Amostra de tamanho pequeno o

que incorrem em riscos de erro

tipo II.

Fonte: o autor.

Observa-se também que a maioria dos trabalhos são estudos de caráter qualitativo

aplicando múltiplos métodos simultâneos para alcançar os objetivos. As pesquisas de Teller e

Kock (2013) e Urger et al (2012) fazem o uso de ferramentas estatísticas, sobretudo a

modelagem de equações estruturais, para visualizar as relações de influencia entre as variáveis

do gerenciamento de projetos, sendo esta uma das tendências verificadas do tema.

No contexto de uma organização, os níveis de ação e tomada de decisão na área de

projetos podem ser subdivididos dentro dos três níveis de decisão/operacionalização dentro da

empresa: estratégico, tático e operacional. A Figura 3 sumariza os níveis de decisão e as

competências de cada tipo de gerenciamento no contexto da gestão de projetos.

40

Figura 5: Relações e horizontes de tomada de decisão entre os conceitos de Governança de projetos, Gestão de

Portfólios e Gestão do projeto

Fonte: o autor.

A governança de projetos, exposta na seção anterior, denota um caráter estratégico na

tomada de decisão e gerenciamento. As atividades do PPM estão concentradas no nível tático,

uma vez que visam identificar as ações que devem ser realizadas pela empresa para alcançar os

objetivos e metas estratégicos. No nível operacional, encontra-se a gestão do projeto em si,

obedecendo as premissas de organização das áreas de conhecimento do PMBOk e as

prerrogativas de gestão adotadas pela empresa, de forma a garantir de fato a execução do

projeto.

Independente do nível, estratégico, tático ou operacional, todos os tipos de gestão de

projetos estão voltados para um único objetivo: o sucesso da gestão. Contudo, faz-se mister

esboçar quais perspectivas levam a constatar que um projeto foi bem sucedido ou não.

2.2.4 Sucesso da Gestão de Projetos

Um projeto é considerado bem sucedido quando realizado dentro do nível de prazo,

orçamento e qualidade desejada, atendendo às expectativas das partes interessadas principais.

Embora muitas vezes se utilize o termo “sucesso dos projetos” (SG) e “sucesso da gestão de

projetos” (SGP) como sinônimos, Cooke-Davies (2002) ressalta a diferença entre esses

conceitos. O sucesso dos projetos está correlacionado aos objetivos gerais e finais, já o sucesso

Nível estratégico

Nível tático

Desenvolvimento da

estratégia

Gestão de

portfólios

Patrocínio das ações

do projeto

Definição de critérios e

medição de eficiência

Avaliação

individual de

projetos

Seleção e

priorização de

projetos

Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3 Projeto 4 Projeto 5 Projeto n...Ga

tes

do

pro

jeto

Nível operacional

Fase

s

Alocação dos

recursos

Go

ver

na

nça

de

pro

jeto

s

PP

MG

estã

o d

o p

roje

to

41

da gestão de projetos é mensurado pelas difundidas e tradicionais medidas de desempenho

(custo, tempo e qualidade). Esse autor ainda faz uma segunda distinção, ao diferenciar critérios

de sucesso e fatores de sucesso. O primeiro diz respeito às medidas pelas quais o sucesso ou o

fracasso de um projeto será julgado, o segundo são os inputs para o sistema de gestão que

levam diretamente ou indiretamente para o sucesso do projeto ou negócio.

Os fatores que favorecem a gestão bem sucedida do projeto são fartamente discutidos na

literatura. Os fatores de sucesso foram introduzidos primariamente pelo trabalho de Rubin e

Seeling (1967), os quais investigaram o impacto da experiência do gerente de projetos no

sucesso ou falha, a performance técnica do gerente foi utilizada como medida de sucesso. Eles

concluíram que a experiência técnica tem impacto mínimo no sucesso do projeto, entretanto o

tamanho dos projetos já gerenciados afetava a performance dos gestores. Baker, Murphy e

Fisher (1983) sugeriram que, em vez de usar as medidas de tempo, custo e performance para o

sucesso em gestão de projetos, deveriam ser utilizadas medidas de percepção.

Seguindo a ordem temporal, Schultz, Slevin e Pinto (1987) subdividiram os fatores em

estratégicos e táticos afetando o desempenho do projeto em diferentes fases de implementação.

O grupo estratégico inclui fatores como "escopo do projeto", "apoio à alta gestão" e

"cronograma do projeto", enquanto que o grupo tático consiste em fatores como "consulta ao

cliente", "equipe de projeto". Em seguida, Pinto e Slevin (1989) destrincharam os fatores de

sucesso e sua importância relativa para cada fase do ciclo de vida do projeto na área de

pesquisa e desenvolvimento. Quase dez anos depois, Shenhar et al (1997) utilizaram em sua

pesquisa três critérios para a avaliação do sucesso do projeto: objetivos do projeto; benefícios

para os clientes; e sucesso comercial e potencial futuro. Os autores concluíram que, uma vez

que cada stakeholder avalia o resultado do projeto a partir de um ponto de vista diferente, é

concebível que a importância relativa atribuída a cada uma das dimensões varia de acordo com

a parte interessada a avaliar o sucesso do projeto.

Neste pensamento de Shenhar et al (1997), em avaliar considerando o ponto de vista,

Ling et al (2006) descobriram que entender os requisitos do cliente é fundamental para projetos

de engenharia, conhecer as suas necessidades potencializa os efeitos de sucesso. Kim et al

(2009), em suas pesquisas sobre os fatores de sucesso, adicionalmente ao gerenciamento de

custos, incluíram gerenciamento de comunicação e de escopo.

Cho, Hong e Hyun (2009) relataram que o custo, progresso e gestão da qualidade

afetam significativamente o desempenho do projeto. Semelhantemente, Yeung, Chan e Chan

(2009) sugeriram que o custo, tempo e performance de segurança são indicadores confiáveis da

42

gestão. Conforme apontado por Turner (1999), embora hajam muitas pesquisas na área, a

maioria delas ainda conserva a avaliação da tríplice custo, tempo e qualidade como fatores do

sucesso. Fortune e White (2006) elaboram um artigo de revisão apresentando as conclusões

acerca dos fatores de sucesso em gerenciamento de projetos com base em 63 artigos, fazendo

considerações acerca das principais pesquisas. Mediante da sistematização, eles atestaram que

entre as variáveis mais citadas, estavam: o escopo claro (31 citações), boa comunicação (27

citações), qualificação da equipe (20), planejamento (14) e efetivo controle (12). A abordagem

mais utilizada pelos trabalhos na obtenção dos resultados foi a survey. O Quadro 4 apresenta os

resultados do autor de forma sintetizada.

Quadro 4: Fatores de sucesso mais frequentes na literatura

Fator de Sucesso Survey Estudo de

caso Teórico

Número de

citações*

Suporte da alta administração 19 11 9 39

Escopo claro 16 5 10 31

Planejamento detalhado e atualizado 16 6 7 29

Boa comunicação 11 6 10 27

Envolvimento do cliente/usuário 11 7 6 24

Qualificação da equipe 9 7 4 20

Efetiva gestão de mudanças 9 7 3 19

Gerente de projetos competente 8 6 5 19

Negócio sólido para os projetos 8 6 2 16

Adequada alocação de recursos 7 5 4 16

Boa liderança 5 5 5 15

Tecnologia adequada 7 5 2 14

Planejamento realístico 5 4 5 14

Gestão de riscos 6 4 3 13

Financiador do projeto 4 6 2 12

Efetivo monitoramento e controle 5 3 4 12

Orçamento adequado 3 4 4 11

Cultura organizacional 4 6 0 10

Bom desempenho dos fornecedores/ consultores

/contratos

3 3 4 10

Planejamento prévio para possíveis falhas 1 5 3 9

Treinamento da equipe 4 2 1 7

Estabilidade política 1 4 1 6

Escolha correta das ferramentas de gerenciamento 1 1 4 6

Influências ambientais 0 4 2 6

Lições aprendidas 2 3 0 5

Tamanho do projeto 1 2 1 4

*Número de vezes que o fator é citado entre os 63 artigos.

Fonte: Adapatado de Fortune e White (2006)

As pesquisas mais recentes no tema continuam adotando, mesmo que em outras visões e

contextos, alguns dos fatores já mencionados desde os primeiros trabalhos acerca do SGP.

43

Khan e Rasheed (2015) estudaram as relações entre os recursos humanos e o sucesso em

organizações paquistanesas baseadas em projetos. No mesmo ano, Sunindijo (2015) determina

os componentes que influenciam o tempo, custo e desempenho de qualidade no sucesso de

projetos de construção. Os dados foram coletados a partir de 107 gerentes de projeto utilizando

um método de survey por questionário.

É notório que o uso das técnicas de gestão adequadas contribui para uma gestão de

sucesso do projeto (PINTO, 2002). A literatura parece enfatizar fatores relacionados ao projeto

em detrimento de fatores relacionados à companhia, tal como os recursos da empresa e

capacidades, as suas decisões estratégicas, a governança de projetos e a força de seus

relacionamentos com outras partes (SÖDERLUND, 2004). Por trás dos diversos tipos de

projetos desenvolvidos há uma corporação, geralmente em diferentes localizações geográficas e

administrados por gerentes de projeto autônomos, mas que dependem muito do apoio da sede.

Nesse sentido, a empresa deve criar subsídios para que a gestão interna e a governança de

projetos corroborem com o sucesso destes que, por sua vez, reflete em ganhos.

44

Capítulo 3

_________________________________________________________

DESENVOLVIMENTO DOS CONSTRUTOS, HIPÓTESES E

MODELO

O presente capítulo apresenta o desenvolvimento das hipóteses causais e o modelo

conceitual abordado na pesquisa. O modelo desenvolvido neste capítulo apresenta a construção

das teorias de relacionamento e influência entre as variáveis que afetam o desempenho de

sucesso da gestão de projetos de E&P. Em um primeiro momento, são desenvolvidos os

esboços das variáveis latentes, que serão validadas com base na pesquisa de campo, a

posteriori estas variáveis são cruzadas com base em trabalhos empíricos prévios na literatura de

modo a formular o modelo estrutural, o qual se apresenta sob a forma de um Diagrama de

Caminhos (Path Diagram) mostrando graficamente as relações de causalidade de modo a

estabelecer as hipóteses do estudo. No modelo de mensuração, as variáveis observadas são

desenvolvidas para cada construto, os quais irão formar o modelo de equações estruturais,

composto por seu componente estrutural e de mensuração.

3.1 Desenvolvimento das variáveis latentes (construtos) que afetam o projeto

Em decorrência de diversos fatores, os projetos podem eventualmente passar por falhas

ou problemas durante o seu ciclo de vida. Na sistemática de gestão de projetos adotada pela

empresa estudada nesta pesquisa, detalhada mais a frente, há um controle para que uma etapa

anterior não prossiga para a seguinte sem antes passar pelos portões de decisão, semelhantes ao

proposto por Cooper et al (2000), que filtram os possíveis erros nos projetos e, teoricamente,

impediriam que as falhas percorressem o ciclo de vida do mesmo e chegassem às suas fases

seguintes, resultando em impactos cada vez mais severos e onerosos.

Contudo, nem sempre os Gates conseguem filtrar os eventuais erros ocorrentes na

gestão de projetos, e por vezes eles podem, de fato, acontecer. Há diversos fatores que podem

afetar a gestão de projetos e os seus resultados na empresa e seus impactos podem ser

percebidos, na medida em que o projeto avança em seu ciclo de vida e os conflitos começam a

emergir. Com base no estudo de caso, foi possível, através das entrevistas e observação in loco,

formular o Quadro 5, o qual apresenta alguns desses fatores, seus respectivos impactos e os

organiza classificando-os nas áreas do PMBOK. Mediante análise do conteúdo, é possível

inferir que a comunicação, os recursos humanos e o custo, são as áreas do conhecimento mais

45

contempladas com fatores de insucesso dos projetos na empresa. Esta constatação corrobora

com os trabalhos de Pinto (2009), Quartolli e Martins (2010) Yeung, Chan e Chan (2009),

Sunindijo (2015), Kim, Han, Kim e Park (2009) apresentados no capítulo dois deste trabalho.

Por falta de um plano correto de comunicação entre a equipe de projetos, algumas

lacunas na transmissão de informações são observadas no dia a dia da organização em estudo,

sobretudo, nos momentos de crises nos projetos. Desta forma, saber o que, como e para quem

divulgar, a periodicidade e o meio de comunicação são componentes básicos de um bom

gerenciamento de projetos.

Em relação aos problemas de escopo, o que se observa é que as sucessivas mudanças

originam, frequentemente, diversos desafios para o gerente de projetos. Apesar da mudança de

escopo ser comum, quando ocorre constância pode-se elevar a probabilidade de riscos ao

projeto que cumulativamente tendem a ser bastante consideráveis na área de petróleo, conforme

estudos de Brañas (2009), Iooty (2002) e Nakamura (2005) relatados no segundo capítulo.

Os fatores de insucesso relacionados ao tempo, como encontrado nas pesquisas de

Newbold (1998) Yeung, Chan e Chan (2009), Sunindijo (2015), Kim, Han, Kim, e Park (2009)

e Pinto (2009), também se mostram presentes na empresa. As estimativas de prazo e tempo das

etapas de forma inexata são fatores de extrema relevância por seu impacto tanto na alocação de

recursos críticos de forma inadequada gerando atrasos não só no projeto vigente, quanto nos

próximos que dependem do recurso (sonda de perfuração, por exemplo) que está imobilizado.

Além deste impacto, há também o fato de que os erros na previsão do tempo, somados a erros

nos cálculos de previsão de custos previstos no estudo de viabilidade técnica e econômica -

EVTE, também podem resultar na aprovação indevida de projetos inviáveis economicamente.

Objetivando a busca da minimização dos impactos destes fatores, é necessário analisar

que, as decisões tomadas nas fases iniciais do projeto têm grande influência nos resultados do

mesmo, apesar do pequeno investimento depositado nestas primeiras etapas. Todavia, nas fases

subsequentes, o grau de influência do erro é extremamente elevado, concomitantemente, o

papel das decisões e de remediação se torna cada vez mais reduzido como um efeito em cadeia,

sendo fruto de erros anteriores.

46

Quadro 5: Fatores que afetam o sucesso dos projetos de acordo com a perspectiva dos projetistas da empresa

Área do PMBOK

relacionada Fatores que afetam o sucesso do projeto Impactos

Aquisição Comunicação falha com as empresas contratadas; Orçamentos abaixo do real; Serviços prestados de forma incorreta, acarretando

em custos extras.

Comunicação

Não seguimento dos padrões e normas de execução; Divergências entre as etapas do projeto;

Problemas de comunicação entre a equipe; Desperdícios no emprego da mão-de-obra em decorrência do retrabalho;

Qualidade na execução do projeto comprometida.

Comunicação/

Integração

Falta de padronização no registro e acompanhamento dos

projetos;

Dificuldades em realizar consultas a projetos anteriores; inibe o

compartilhamento de informações entre os membros da equipe.

Comunicação/

Qualidade Falha no registro das lições aprendidas; Repetir erros que já aconteceram, incorrendo em custos.

Custos

Erro na estimativa dos recursos Aumento dos estoques e capital imobilizado, ou falta de recursos e gastos extras

com diária de sonda.

Estimativas de custos e orçamento inexatas; Aprovação de um projeto inviável economicamente, ou que supere o orçamento

estimado.

Planejamento inadequado dos recursos críticos; Possibilidade de atrasos na execução do projeto por falta de sonda.

Escopo

Mudanças no escopo do projeto; Aumentam os riscos do projeto.

Erros nos resultados da avaliação exploratória do campo Exploração de campos com baixa vazão.

Equívocos em relação à Legislação Ambiental Danos ao meio ambiente e processos por parte de órgãos ambientais.

Integração Conflitantes e continuas mudanças nos requisitos Retrabalho e atrasos no projeto.

Recursos humanos Falta de treinamento da equipe em gerenciamento de projetos; Monitoramento inadequado do projeto;

Recursos

humanos/integração

Falhas de coordenação do projeto; Equipes não coesas; fases do projeto do poço não integradas.

Pouca experiência em projetos similares Superdimensionamento de recursos; erros na estimativa de tempos e custos;

falhas na execução do projeto.

Sobrecarga dos projetistas Atrasos na entrega dos projetos; maior frequência de erros e retrabalho.

Risco Análise de riscos inadequada; Aumento da probabilidade de impactos ambientais e acidentes.

Tempo Estimativas de prazo e tempo inexatas; Atrasos no projeto vigente e possivelmente em outros que necessitem do recurso

mobilizado pelo projeto com problema.

Fonte: o autor.

47

Isso revela que durante as fases iniciais do planejamento devem ser buscadas as

melhores alternativas para a concepção do projeto. A postergação de decisões e a introdução

de modificações relevantes nas fases subsequentes, quando é alta a realização de

investimentos, estão sujeitas a menor flexibilidade e, portanto, à menor capacidade de ajuste

dos seus diversos efeitos.

Para uma análise multivariada, faz-se necessário agrupar os fatores, por ora tratados

como problemas encontrados nas observações in-loco, Quadro 5, em construtos que possam

ser analisados de forma inter-relacionada. Por conseguinte, os possíveis erros a que um

projeto está sujeito a ser acometido, em conjunto com a revisão de literatura, formaram a

base para que fosse desenvolvido o conjunto de construtos (variáveis latentes) para a

construção do modelo de equações estruturais.

Figura 6: Agrupamento dos fatores que afetam o desempenho do projeto

Fonte: o autor.

As diferentes características que afetam o desempenho do projeto geralmente podem

ser categorizadas sobre as características e participantes do projeto. Estas categorias

puderam ser estabelecidas com base em pesquisas anteriores e validadas em um estudo in-

loco, como por exemplo de Ling et al., (2004), Alhazmi e McCaffer (2000) e a de Kaming et

Problemas de comunicação entre a equipe

Falta de treinamento da equipe em GP

Falhas de coordenação no projeto

Pouca experiência em projetos similares

Sobrecarga dos projetistas

Comunicação falha com as empresas contratadas

Não seguimento de padrões e normas

Falta de padronização no acompanhamento

Falha no registro de lições aprendidas

Erro na estimativa de recursos

Estimativas de custo e orçamento inexatas

Planejamento inadequado de recursos críticos

Estimativas de prazo e tempo inexatas

Mudanças no escopo do projeto

Erros nos resultados da avaliação exploratória

Contínuas mudanças nos requisitos

Análise de riscos inadequada

Equívocos com relação à Legislação Ambiental

Equipe de

Projeto

Planejamento

e Controle

Qualidade e

escopo

Desempenho de

Sucesso no

gerenciamento de

projetos

Características de gerenciamento

de projetos de E&P

Conclusão do projeto dentro do prazo

Conclusão do projeto dentro do orçamento

Resultados de qualidade desejados

Redução de custos

48

al. (1997), estes últimos desenvolveram seu trabalho sob a ótica de fatores que

influenciavam o tempo de projeto na Indonésia. Nas análises in loco, foram observadas

cinco falhas concernentes aos fatores humanos, dentre essas pode-se destacar os problemas

de comunicação e falhas de coordenação, estas foram então agrupadas no construto “Equipe

de Projeto”.

Os problemas voltados à aquisição, padrões e normas, registro de lições aprendidas e

erros em estimativas de recursos, tempo e custos foram agrupados na variável

“Planejamento e Controle”. Esta é uma variável essencial na técnica de gerenciar projetos

com sucesso e alcançar os objetivos finais. É importante salientar que, como sugerido por

Harrison (1993, p.97), no trabalho com projetos, planejamento e controle não são funções

discretas e separadas. Essas variáveis interagem uma com a outra e são interdependentes,

num ciclo contínuo em que o planejamento produz informações necessárias ao controle, ao

mesmo tempo em que o controle realimenta o planejamento.

As questões voltadas para as mudanças de escopo do projeto, os possíveis erros nos

resultados da avaliação exploratória do campo, as contínuas mudanças de requisitos, a

análise de riscos inadequada e os fatores relacionados à legislação ambiental, foram

traduzidos na variável “Qualidade e escopo”. A Figura 6 traz uma esquematização do

alinhamento dos problemas que afetam os projetos na empresa na formação dos construtos.

Estas variáveis latentes do modelo atuam no ciclo de vida do projeto, desde a

identificação das oportunidades e projeto conceitual e básico, até a execução e encerramento

do mesmo. Desta forma, infere-se que todas elas afetam o sucesso global do projeto de

diferentes formas e com diferentes pesos. O construto “Desempenho de Sucesso do

Gerenciamento de Projetos” é uma variável inerente ao objetivo da pesquisa e, conforme

exposto no capítulo 2, amplamente discutida e estudada na literatura por Rubin e Seeling

(1967), Shenhar et al. (1997), Ling et al (2006), Lim et al. (2009), Khan e Rasheed (2015),

Sunindijo (2015), entre outros autores, cada um com sua abordagem.

De posse das variávies, faz-se necessário realizar uma sistematização de hipóteses

com base em estudos já consolidados para possibilitar afirmar o quanto cada variável latente

é capaz de afetar uma a outra, sendo respaldado pela literatura e pelos resultados empíricos

que serão descritos nas próximas seções deste trabalho.

3.2 Hipóteses causais e modelo estrutural

SEM exige para a formulação do modelo teórico uma revisão exaustiva do estado da

arte, para que as variáveis relevantes e suas interações possam ser contempladas

49

(MARÔCO, 2010). Um modelo é a representação de uma teoria que poderá ou não ser

adequada à realidade, assim, a formulação da teoria, como ressalta Hair et al. (2009), deve

estar orientada pela experiência e a prática, a fim de obter, por observação, o comportamento

do mundo real. Nesse sentido, a pesquisa de campo detalhou a sistemática da gestão dos

projetos na empresa foco e seus fatores impactantes conforme exposto no capítulo e seção

anteriores em vistas a tornar o modelo alinhado com a realidade.

A etapa de construção do modelo causal visa estabelecer os indicadores e construtos

para identificar as relações causais entre estes, estabelecendo hipóteses a serem investigadas.

Nesta etapa, a revisão da literatura e, principalmente, a pesquisa de campo, permitiram

definir os construtos exógenos e endógenos do modelo e estabelecer relações de causalidade

entre eles, sendo estas relações enunciadas em forma de hipóteses, as quais serão mais

detalhadas a frente. Finalmente, os construtos e as hipóteses foram traduzidos em um

Diagrama de Caminhos (Path Diagram), conforme a Figura 7.

Figura 7: Diagrama de Caminhos das hipóteses do modelo

Fonte: o autor.

O modelo foi composto por uma combinação de 4 construtos e 6 hipóteses acerca da

gestão de projetos de E&P. Este diagrama representa relações teóricas acerca da

Planejamento e Controle (PC), Qualidade e Escopo (QE) e Equipe de Projeto (EP) sobre o

Desempenho de Sucesso no gerenciamento do projeto e (SGP). As três primeiras

construções representam as características de gerenciamento de projetos e foram observadas

H3

H6

H2

H4Equipe de

Projeto

Planejamento e

Controle

Qualidade e

Escopo

Desempenho de

Sucesso do

gerenciamento de

projetos

H1

H5

50

tanto pela pesquisa de campo e as relações entre os fatores impactantes à gestão de projetos

na companhia, quanto na revisão de literatura. Já o quarto construto é uma variável

endógena, que mensura o desempenho da gestão do projeto.

O conjunto das variáveis latentes (construtos) e suas interações formam o submodelo

estrutural de SEM. As formas circulares representam as variáveis latentes. As setas do

diagrama de caminhos indicam o sentido das influências entre essas variáveis. Embora o

modelo esteja, a priori, definido, as interações entre as quatro variáveis, as quais basearam

as hipóteses causais, só podem ser confirmadas por meio dos dados empíricos, estando

passíveis de mudanças e refutações acerca das afirmativas.

3.2.1 A relação entre Equipe de Projeto e o Planejamento e Controle

O Planejamento e Controle (PC), sendo um processo contínuo e não linear, ocorre ao

longo do ciclo de vida dos projetos (KERZNER, 2010; PMBOK GUIDE, 2008). De acordo

com o PMBoK (2008), o planejamento e controle são formados por processos base e

processos facilitadores. Entre os processos facilitadores estariam o recrutamento de pessoal

e os aspectos de comunicação entre o grupo do projeto, aspectos os quais são concernentes

ao grupamento de Equipes de Projeto (EP).

A dimensão da EP é uma das mais dinâmicas e desafiadoras para o planejamento e

controle, uma vez que são os projetistas que utilizam os processos e as ferramentas

idealizadas para realizar seu trabalho e gerar os resultados esperados.

Pesquisas anteriores (GRIFFIN, 1997; SOUDER et al., 1997; ERNST, 2002;

CLOSE, 2006; TIEXIN et al., 2008; MEIXELL; RODRIGUEZ, 2009, KHAN; RASHEED,

2015), consideram os seguintes aspectos como relevantes: recrutamento de pessoal, aspectos

de comunicação entre os membros da equipe, treinamento e liderança do gerente de projeto.

Hipótese 1 (H1): Equipes de projeto bem coordenadas, com experiência, bom

treinamento e comunicação interna afetam positivamente o planejamento e controle do

projeto ao longo do seu ciclo de vida.

3.2.2 A relação entre Equipe de Projeto e o Desempenho de Sucesso na Gestão de

Projetos

A literatura da gestão de projetos (LEWIS, 2000; KERZNER, 2001; DINSMORE;

CABANIS-BREWIN, 2009; PMI, 2008; ALMAJED; MAYHEW, 2014; KHAN;

RASHEED, 2015) apresenta especial ênfase à gestão de recursos humanos, em que

projetistas e gerentes de projeto são fundamentais para o sucesso do gerenciamento deste. O

51

PMBOK (2008), em seu capítulo dedicado ao gerenciamento dos recursos humanos, propõe

processos necessários para fazer o uso mais efetivo das pessoas envolvidas com o projeto.

Assim, o desenvolvimento das competências relacionadas ao projeto se faz importante e

administrá-las se torna essencial para seu sucesso. Segundo Verma (1995), os projetistas

formando um time (equipe) representam o centro deste sucesso no caso do gerenciamento de

projetos. Verma (1995), ainda, enfatiza a existência de diferenças nítidas entre grupos de

indivíduos e equipes de projetos, considerando-se o dinamismo, seus papéis, nível de

comprometimento, autoridade e relação entre os membros.

Bobroff (1999 apud Melhado, 2001) complementa afirmando que a excelência do

projeto de um empreendimento passa pela excelência do processo de cooperação entre seus

agentes, que na qualidade de parceiros submetem seus interesses individuais a uma

confrontação organizada.

É consenso entre outros diversos estudos (GRIFFIN, 1997; LEDWITH, 2000;

MARCH-CHORDÀ et al., 2002; COOPER et al., 2004; ALMAJED; MAYHEW, 2014) que

uma efetiva integração funcional, por meio de fluxos de comunicação e trocas de

informações entre as áreas envolvidas, resulta em um melhor desempenho dos projetos.

Hipótese 2 (H2): equipes de projeto bem coordenadas, com experiência, bom treinamento e

comunicação interna afetam positivamente o sucesso da gestão de projetos.

3.2.3 A relação entre Equipe de Projeto e o Qualidade e Escopo

Kerzner e Saladis (2009) enfatizam que o gerenciamento dos projetos funciona

melhor quando o escopo está bem definido. Kerzner (2001) acrescenta que os bons gerentes

evitam realizar alterações neste âmbito. Dessa forma, busca-se evitar as alterações

constantes a fim de assegurar a coerência com os objetivos propostos. A formação de

equipes competentes, experientes e treinadas provou ser um fator decisivo na prática

(BROWN; EISENHARDT, 1995; DVIR; LECHLER, 2004; HONG et al., 2005; CLOSE,

2006; MEIXELL; RODRIGUEZ, 2009; KHAN; RASHEED, 2015).

A sistemática adotada pela empresa para o gerenciamento de seus projetos, o

PRODEP, destaca-se em definir claramente o escopo dos projetos de E&P e, como tal, nos

estágios iniciais do Stage-Gate® grupos de revisão de processo (RG) e de verificação e

controle (PCV) de forma a evitar mudanças neste âmbito, este aspecto é particularmente

crítico em projetos de E&P, dadas as perdas financeiras significativas envolvidos em atrasos

e retrabalho. Segundo Melhado (2001), para garantir o atendimento aos múltiplos aspectos

componentes da qualidade do projeto, o processo deve ser analisado criticamente pelos seus

52

participantes e validados pelos empreendedores, projetistas e construtores de forma a

garantir a sua coerência com as metas propostas e com o processo de execução subsequente.

Uma equipe competente, experiente, treinada e com tempo disponível dará ao

gerente do projeto a segurança de que o mesmo será desenvolvido dentro dos parâmetros da

qualidade. Particularmente, em projetos de Exploração e Produção, este aspecto é crucial,

visto existir aqui uma maior necessidade de o gerente consumir o seu tempo com aspectos

de gerência do trabalho em si. A terceira hipótese surge para testar estas relações.

Hipótese 3 (H3): as equipes de projeto bem coordenadas, com experiência, boa formação e

comunicação interna, influenciam positivamente a qualidade e o escopo dos projetos de

petróleo e gás.

3.2.4 A relação entre Qualidade e Escopo e o Desempenho de Sucesso na Gestão de

Projetos

Segundo Xavier (2006, p. 58), “o planejamento do escopo é o processo de elaborar e

documentar a estratégia para o desenvolvimento do trabalho (escopo) que irá gerar o produto

do projeto”. Definir o escopo é processo de desenvolvimento de uma descrição detalhada do

projeto e do produto. A preparação detalhada da declaração do escopo é crítica para o

sucesso do projeto e baseia-se nas entregas principais, premissas e restrições que são

documentadas durante a iniciação do projeto (PMBOK, 2008, p. 112).

A definição mais comum de sucesso do projeto está relacionada ao cumprimento da

restrição tripla: prazo, custo e desempenho. Vários autores (COOKE-DAVIES, 2002;

DINSMORE; CABANIS-BREWIN, 2009; WESTLAND, 2006; IPMA, 2006; PMI, 2008;

KERZNER, 2010; SUNINDIJO, 2015) concordam que o desempenho destes fatores está

associado com a qualidade e as definições precisas do escopo. No entanto, de acordo com

Lewis (2000), Cooke-Davies (2002), IPMA (2006) e Kerzner (2010), essa condição é

necessária, mas não suficiente. Estes autores relatam que a adesão ao escopo não garante o

sucesso do projeto, pois, se os critérios de desempenho não forem conhecidos, o projeto

pode ser considerado um fracasso, mesmo quando os objetivos de tempo, custo e escopo

sejam alcançados.

Agarwal e Rathod (2006) analisaram o ponto de vista de diferentes stakeholders

(clientes, desenvolvedores e gerentes de equipe) em projetos de software e constataram

unanimemente que o escopo é um requisito chave para o sucesso nos projetos. É possível

inferir, portanto, que o sucesso do projeto está atrelado à definição e o gerenciamento

53

adequados do escopo do projeto (CHOW; CAO 2008). Exige-se também, um balanceamento

cuidadoso de ferramentas, fontes de dados, metodologias, processos e procedimentos, e de

outros fatores, para garantir que o esforço gasto nas atividades de determinação do escopo

esteja de acordo com o tamanho, complexidade e importância do projeto.

Quanto à questão da qualidade, segundo o PMBOK (2008), o gerenciamento da

qualidade do projeto inclui os processos necessários para assegurar que o projeto satisfaça as

necessidades para as quais foi criado. Mediante o exposto é possível traçar a quarta hipótese.

Hipótese 4 (H4): A qualidade e o escopo dos projetos de petróleo e gás contribuem

positivamente para o sucesso da gestão.

3.2.5 A relação entre Planejamento e Controle e o Desempenho de Sucesso na Gestão

de Projetos

Todos os projetos precisam de planos e controles, sem os quais seria difícil de

executar e avaliar. A teoria de gerenciamento de projeto sugere indicadores de desempenho

como uma base objetiva para medir o sucesso do projeto (COOKE-DAVIES, 2002;

DINSMORE; CABANIS-BREWIN, 2009; WESTLAND, 2006; KERZNER, 2010). Por

outro lado, um número de estudos empíricos (KUMARASWAMY; MATHEWS, 2000;

DVIR; LECHLER, 2004; THAMHAIN, 2004; VERWORN, 2009; SUNINDIJO, 2015)

corroboram a ideia de que o planejamento fiável e eficaz de controle são fatores decisivos no

sucesso do projeto.

Hipótese 5 (H5): O planejamento e controle adequados em projetos de petróleo e gás

afetam positivamente o sucesso da gestão.

3.2.6 A relação entre Qualidade e Escopo e o Planejamento e Controle

O gerenciamento do escopo é a base para a construção dos demais processos de

gerenciamento de projeto. De acordo com várias investigações (BROWN; EISENHARDT,

1995; HATUSH; SKITMORE, 1997; ERNST, 2002; DVIR; LECHLER, 2004), sem esta

base conceitual, torna-se impossível de controlar adequadamente os custos, prazos e

mudanças no escopo. Westland (2006) acrescenta que uma vez que o escopo é definido, o

projeto entra em uma fase de planejamento detalhado. Finalmente, os teóricos concordam

que a gestão de escopo permite a criação de uma linha de base, sem que ocorram erros na

determinação de como proceder, causando um aumento indesejado no escopo (aumento de

escopo), atrasos no cronograma, custos mais elevados que aqueles previstos, a escassez de

pessoal, mudanças em requisitos e especificações, qualidade abaixo do esperado, os

produtos que não satisfaçam os clientes, e até mesmo o cancelamento do projeto (COOKE-

54

DAVIES, 2002; DINSMORE; CABANIS-BREWIN, 2009; IPMA, 2006; WESTLAND,

2006; PMI, 2008; KERZNER; SALADIS, 2009; KERZNER, 2010).

O gerenciamento do escopo garante que o projeto inclui todo o trabalho requerido, e

somente o trabalho requerido, para completá-lo com sucesso, sendo, portanto, o ponto de

partida para o planejamento do projeto e para a criação de sua linha de base, devendo ser

conduzido de modo preciso (SOTILLE et al., 2007),

Portanto, sem uma definição apropriada do escopo do projeto, não é possível

gerenciar eficientemente o mesmo. A falha nessa determinação causa incremento não

desejado do escopo (scope creep), atrasos no cronograma, custos acima do previsto, falta de

recursos de pessoal, mudanças de requisitos e especificações, qualidade abaixo da esperada,

produtos que não satisfazem o cliente e até mesmo o cancelamento do projeto.

De acordo com o PMBoK (2008), um dos processos facilitadores dos processos base

para o planejamento e controle dos projetos seria o planejamento da qualidade do mesmo. É

possível, então, a partir da sistematização literária, modelar a sexta hipótese:

Hipótese 6 (H6): Qualidade e escopo bem definidos afetam positivamente o planejamento e

controle de projetos de petróleo e gás.

3.3 Desenvolvimento dos construtos e modelo de mensuração

Seguindo os passos da metodologia de Hair et al. (2009), a partir da definição dos

construtos, foram desenvolvidos os componentes de mensuração do modelo, ou seja, foram

identificados indicadores ou variáveis observadas para cada construto, uma vez que estes

não podem ser mensurados de forma direta e necessitam de variáveis observadas. Na

modelagem SEM, variáveis latentes (construtos) e variáveis observadas se relacionam em

equações lineares múltiplas, formando um conjunto representativo de uma teoria explicativa

de um fenômeno particular (SALAZAR-ARAMAYO, 2013).

O modelo estrutural formulado na seção anterior foi complementado com o modelo

de mensuração, formando o conjunto de variáveis observadas para mensurar os quatro

construtos estudados. As variáveis foram elencadas tanto com base na pesquisa de campo

quanto nas pesquisas teóricas.

a) Variáveis do Construto “Equipe de Projetos”

A integração funcional e eficaz, por meio do fluxo de comunicação e troca de

informações entre os projetistas, melhora o desempenho do projeto significativamente.

(BROWN; EISENHARDT, 1995; GRIFFIN, 1997; SOUDER et al., 1997; ERNST, 2002;

55

CHAN et al., 2004; COOPER et al., 2004; THAMHAIN, 2004; AKGUN et al., 2006.; LI et

al., 2007; RAUNIAR et al., 2008B; WONG et al., 2009; DAYAN; BASARIR, 2010; WI;

JUNG, 2010).

Em relação à composição da equipe, vários estudos (COOPER et al., 2004;.

THAMHAIN, 2004; RAUNIAR et al., 2008A; TIEXIN et al., 2008;. MEIXELL;

RODRIGUEZ, 2009; WEIJERMARS DE 2009; WONG et al., 2009; ALMAJED;

MAYHEW, 2014) oferecem uma forte evidência de que a interdisciplinaridade entre os

membros, a formação e a experiência afetam positivamente o desempenho do projeto.

Além disso, a comunicação eficaz é vital em ambientes de projeto para evitar a

duplicação de informações e garantir que os envolvidos recebam as informações necessárias

em tempo hábil (SOUDER et al., 1997; ERNST, 2002; CHAN et al., 2004 , COOPER et al.,

2004; THAMHAIN, 2004; CLOSE, 2006; RAYMOND E BERGERON, 2008;

WEIJERMARS, 2009; WONG et al., 2009; DAYAN; BASARIR, 2010; WI; JUNG, 2010).

De acordo com Fortune e White (2006), para que se tenha uma comunicação eficiente no

projeto devem existir encontros formais, feedback e um sistema de gestão da informação

confiável. O projeto aumenta a probabilidade de atingir seus objetivos dentro do cronograma

previsto e com os recursos que foram calculados (CLARK, 1991).

Assim, para medir a equipe do projeto de construto, foi estabelecida a experiência

técnica da equipe, coordenação de projetos e formação e comunicação entre os membros da

equipe como sendo as variáveis a serem observadas pela pesquisa.

b) Variáveis do Construto “Planejamento e Controle”

A especificidade, complexidade dos projetos de E&P, particularidades estas de

grandes projetos, e a grande quantidade de atividades procedimentadas tornam a

conformidade com as normas e padrões como sendo imprescindíveis (BROWN;

EISENHARDT, 1995; ERNST, 2002; CHAN et al., 2004; DVIR; LECHLER, 2004;

THAMHAIN, 2004; CLOSE, 2006; WEIJERMARS, 2009).

A pesquisa de campo, desenvolvida no contexto do estudo de caso, identificou o

registro de lições aprendidas como um elemento diferencial da gestão de projetos, a prática

na empresa estudada corrobora com as afirmações de alguns autores (COOKE-DAVIES,

2002; ERNST, 2002; CHAN et al., 2004; WONG et al., 2009; MENG, 2011).

A qualidade das estimativas sobre os recursos e os prazos necessários também são

importantes (ALARCON; MOURGUES, 2002; DVIR E LECHLER, 2004; CLOSE, 2006;

56

KEARNS; SABHERWAL, 2007; DOLOI, 2009; MEIXELL; RODRIGUEZ, 2009;

VERWORN, 2009; SUNINDIJO, 2015).

O sistema PRODEP analisa criticamente cada etapa do projeto pelos Grupos de

Revisão (GR), por meio Dos pacotes de controle e verificação (PCV). Para medir o

Planejamento e Controle da construção, as seguintes variáveis foram definidas: normas e

padrões de trabalho, lições aprendidas de gravação, a flexibilidade em caminhos críticos, a

incapacidade de concluir dentro do prazo, e falhas de planejamento de recursos.

c) Variáveis do Construto “Qualidade e Escopo”

O modelo de governança de projetos adotado pela empresa, utiliza-se de um conjunto

de medidas para que a qualidade e o escopo do mesmo se mantenham ao longo do seu ciclo

de vida. Durante as fases de planejamento e controle, os projetos de E&P são submetidos a

grupos de revisão (GRs), Grupos de Suporte à Decisão (GSD) e os Pacotes de Verificação e

Controle (PCV) para evitar mudanças de escopo em que, de acordo com resultados

empíricos (SOUDER et al., 1997; ERNST, 2002; DVIR; LECHLER, 2004; THAMHAIN,

2004; HONG et al., 2005; RAUNIAR et al., 2008; WEIJERMARS, 2009) caracteriza-se

como elemento negativo na execução de qualquer projeto. Vargas (2005) complementa

afirmando que um projeto bem sucedido é aquele realizado conforme planejado, tendo sido

concluído com o mínimo de alterações em seu escopo.

Embora haja pouca evidência na literatura, o não cumprimento da legislação

ambiental é considerado perda de qualidade do projeto (MAGRINI; LINS, 2007; ZHU et al.,

2009). O desempenho da qualidade nos projetos geralmente é medido através programas de

controle e garantia da qualidade, registro de práticas de segurança e capacidade de resposta

em curto prazo (HATUSH; SKITMORE, 1997; ALARCON; MOURGUES, 2002). Griffin

(1997) complementa enfatizando a necessidade de qualidade nas atividades de geração e

análise de ideias, desenvolvimento técnico e introdução no mercado.

São, portanto, variáveis componentes do construto qualidade e escopo: os programas

de controle de qualidade, registro de práticas de segurança, a capacidade de resposta a curto

prazo, as definições precisas de escopo e requisitos e conhecimento da legislação ambiental.

d) Variáveis do Construto “Desempenho de Sucesso na gestão de projetos”

Diversos autores (COOKE-DAVIES, 2002; DINSMORE; CABANIS-BREWIN,

2009; IPMA, 2006; WESTLAND, 2006; PMI 2008; KERZNER, 2001; COOKE-DAVIES,

2002; KHATIB, 2003; LAZLO, 2003; YILIN et al., 2008; DOLOI; IYER; SAWHNEY,

57

2011; LI; ARDITI; WANG, 2012; CHOU; YANG, 2013; SALAZAR-ARAMAYO et al.,

2013; SUNINDIJO, 2015) consideram a conclusão dentro do prazo previsto, as restrições de

custo e níveis de desempenho adequados, como sendo os objetivos primários do projeto.

Baccarini (1999), Lewis (2000), Westland (2006) e Kerzner (2010) acrescentam uma quarta

dimensão em relação à qualidade do processo de gerenciamento de projetos, a capacidade de

reduzir os custos previstos. Do ponto de vista mais amplo, alguns autores enfatizam que o

sucesso do projeto inclui a noção de valor para a empresa e seus stakeholders (KERZNER,

2001; COOKE-DAVIES, 2002; LAZLO, 2003; IPMA, 2006; BEKKER; STEYN, 2008;

YILIN et al., 2008; KERZNER; SALADIS DE 2009; KERZNER, 2010). Os atributos

mencionados são importantes em termos de compreensão da complexidade e desafios

associados à construtibilidade do projeto. Pretende-se então medir o sucesso da gestão de

projetos com: conclusão do projeto dentro do período de tempo previsto, a conclusão do

projeto dentro do orçamento previsto, desejado de qualidade e os resultados de redução de

custos. O Quadro 6 resume os construtos, suas respectivas variáveis observadas e as

referências adotadas para construção do modelo.

Quadro 6: Construtos (variáveis latentes) e respectivas variáveis observadas do modelo estrutural com base na

revisão literária e estudo de caso

Construtos Variáveis observadas Referências

Equipe de

Projeto (EP)

EP1 Experiência técnica Brown e Eisenhardt (1995); Griffin (1997);

Souder et al. (1997); Ernst (2002); Chan et al.

(2004); Cooper et al. (2004); Thamhain (2004);

Akgun et al. (2006); Close (2006); Li et al.

(2007); Rauniar et al. (2008); Raymond e

Bergeron (2008); Tiexin et al. (2008); Meixell e

Rodriguez (2009); Weijermars, 2009; Wong et al.

(2009); Doll et al. (2010); Dayan e Basarir

(2010); Wi e Jung (2010); estudo de caso

EP2 Gerência do Projeto

EP3

Treinamento

EP4

Comunicação entre a equipe

Planejamento e

Controle

(PC)

PC1 Normas e procedimentos Brown e Eisenhardt (1995); Hatush e Skitmore

(1997); Kumaraswamy e Mathews (2000);

Alarcon e Mourgues (2002); Cooke-Davies

(2002); Ernst (2002); Chan et al. (2004); Dvir e

Lechler (2004); Thamhain (2004); Close (2006);

Kearns e Sabherwal (2007); Doloi (2009);

Meixell e Rodriguez (2009); Verworn (2009);

Weijermars, 2009; Wong et al. (2009); Meng

(2011); estudo de caso

PC2 Registro de lições aprendidas

PC3 Flexibilidade em caminhos

críticos

PC4 Cumprimento de prazos

PC5 Planejamento de recursos

Qualidade e

escopo

(QE)

QE1 Programas de controle de

qualidade Brown e Eisenhardt (1995); Griffin (1997);

Souder et al. (1997); UNEP (1997); Cooke-

Davies (2002); Ernst (2002); Dvir e Lechler

(2004); Thamhain (2004); Magrini e Lins (2007);

Hong et al. (2005); Rauniar et al. (2008);

Weijermars, 2009; Zhu et al. (2009); Isik et al.

(2010); estudo de caso

QE2 Registro de práticas de

segurança

QE3 Capacidade de resposta a

curto prazo

QE4

QE5

Definições precisas de

escopo e requisitos

Conhecimento da legislação

ambiental

58

Desempenho do

Sucesso da

gestão de

projetos

(SGP)

SGP1

SGP2

SGP3

SGP4

Conclusão do projeto dentro

do prazo previsto

Conclusão do projeto dentro

do orçamento previsto

Resultados de qualidade

desejados

Redução de custos

Cooke-Davies (2002); Dinsmore; Cabanis-Brewin

(2009); IPMA (2006); Westland (2006); PMI

(2008); Kerzner (2001); Khatib (2003); LAZLO

(2003); YILIN et al. (2008); Doloi; Iyer; Sawhney

(2011); Li; Arditi; Wang (2012); Chou; Yang

(2013); Salazar-Aramayo et al. (2013); Sunindijo

(2015), estudo de caso

Fonte: o autor.

Após a identificação de variáveis exógenas e endógenas e componentes de medição,

e formular as hipóteses de influências entre os construtos, foi proposto o modelo

apresentado na Figura 8. Esta representação apresenta as interações multidimensionais das

variáveis que afetam o sucesso da gestão de projetos e o desempenho financeiro corporativo

da Empresa.

Os construtos representam variáveis latentes e, como tal, devem ser medidos

indiretamente através de observações particulares, formando os componentes de mensuração

para cada construto. Algumas variáveis do modelo correspondem aos critérios já utilizados

pela empresa em gerenciamento de projetos, enquanto outras foram propostas com base na

literatura e pesquisas empíricas anteriores. O modelo inclui uma variável exógena latente

(EP) operacionalizada por quatro variáveis independentes (EP1 a EP4); três variáveis

endógenas latentes (PC, QE e SGP) operacionalizada por 5 variáveis dependentes para PC

(PC1-PC5), 5 para QE (QE1-QE5) e 4 para SGP (SGP1-SGP5).

59

Figura 8: Modelo de equações estruturais para gerenciamento de projetos de E & P da empresa estudada.

Fonte: o autor

Desempenho de Sucesso na gestão

de projetos

60

Capítulo 4

_______________________________________________________

MÉTODO DE PESQUISA

Este capítulo descreve os procedimentos metodológicos de condução aos resultados

propostos detalhando as etapas de pesquisa.

4.1 Classificação da pesquisa

A pesquisa foi conduzida na maior empresa petroleira do país. Sua

representatividade no setor e na própria economia brasileira, foram preceitos para a escolha

da empresa. A presente pesquisa contempla, portanto, um estudo de caso, para a condução

de sua primeira etapa condizente ao conhecimento da empresa estudada, validação e

reformulação do questionário e análise in loco; e uma survey por email para a quantificação

numérica das variáveis através de escala Likert. Além do survey de corte transversal, por

concentrar-se na investigação de uma única organização do setor de petróleo e gás, quanto a

seu delineamento esta pesquisa pode também caracterizar-se como um estudo de caso o qual

permite uma análise ampla e detalhada sobre o funcionamento dos processos internos da

empresa objeto de estudo, com foco na gestão de projetos, delineando a primeira abordagem

in-loco, que serviu como base para a modelagem da survey.

A partir do survey, o tratamento dos dados da pesquisa segue uma abordagem

quantitativa ao analisar as relações entre as variáveis do modelo (SEM). Nos estudos

organizacionais, a pesquisa quantitativa permite a mensuração de opiniões, reações, hábitos

e atitudes em um universo, por meio de uma amostra que o represente estatisticamente

(DENZIN; LINCOLN, 2005; HAYATI; KARAMI; SLEE, 2006).

4.2 Etapas da Pesquisa

1ª etapa: Definição de uma estrutura conceitual teórica

Esta etapa corresponde à construção do acervo teórico a ser utilizado na formulação

das proposições e aplicações do trabalho. Subdivide-se em duas fases: o mapeamento da

literatura e relação entre as publicações.

a) Mapeamento da literatura:

61

Pesquisa em bases de dados. Sistematização das publicações a respeito de gestão de

projetos, o setor de exploração e produção de petróleo e gás e os métodos de análise

de dados.

b) Relações entre as publicações:

Traçar relações. Estabelecer uma ligação entre os temas abordados na referência

teórica do trabalho e verificar as lacunas existentes na literatura de modo a delinear

as proposições da pesquisa. As relações se deram principalmente entre os temas

abordados e o método.

2ª etapa: Planejamento da primeira abordagem

Segundo Hair Jr. et al. (1998), o erro mais crítico no desenvolvimento de modelos

com base teórica é a omissão de uma ou mais variáveis independentes, um problema

conhecido como erro de especificação. Para estes autores, todos os modelos de equação

estrutural são acometidos deste erro de alguma forma, considerando-se que um construto ou

indicador em potencial pode ser excluído. Para tentar diminuir este tipo de erro, foi

planejado um estudo de caso prévio, antes da survey ser de fato aplicada.

Planejar a abordagem, portanto, consistiu em delinear a forma como este estudo de

caso seria abordado, escolhendo-se como e quais seriam os contatos para realizar a coleta

dos dados, analise primária do local estudado, entrevistas abertas com projetistas da

empresa, construção e apresentação do modelo teórico primário e pré-teste do questionário.

3ª Etapa: Primeira coleta de dados

a) Análise de contexto:

Mapeamento de processos e avaliação de documentação referente à empresa

estudada. Nesta etapa buscou-se conhecer a empresa onde o estudo seria aplicado e

seu funcionamento, por meio da leitura de padrões corporativos, relatórios técnicos,

publicações internas, informações disponíveis na Intranet e na Internet, dentre outros,

de forma a conhecer a política estratégica e de gestão de projetos adotada.

b) Diagnóstico:

Entrevistas com engenheiros seniores e projetistas experientes da empresa. Esta

etapa tem o objetivo de ajustar primariamente o modelo teórico que compreende a

construção das variáveis latentes, elencando os problemas que afetam o cotidiano da

gestão de projetos na empresa. Os profissionais entrevistados são responsáveis pela

gestão imediata dos projetos e têm suficiente conhecimento dos processos globais

62

desta gestão. Nesta fase, foi obtido um conjunto de fatores que afetam o sucesso dos

projetos com base nas perspectivas cotidianas, extraindo um “consenso” com os

construtos mais representativos. Em uma segunda rodada, os gerentes foram

convidados a opinar sobre os construtos selecionados a fim de ajustar a escolha.

4ª etapa: Planejamento da segunda abordagem

O planejamento da segunda abordagem consistiu em um aprofundamento acerca do

material coletado no primeiro momento, revisão do modelo teórico e do questionário e

construção do modelo com base no cruzamento entre o estudo de caso e os resultados

empíricos prévios da literatura. Além de especificar com quem seriam aplicados os

questionários da survey e a forma como este procedimento seria realizado. O questionário

final foi formulado com 28 perguntas subdivididas em cinco partes, conforme mostrado no

Quadro 7. O questionário completo está disponível no Apêndice A, ao final do texto.

Quadro 7: Estrutura do questionário

Parte Definição No. de perguntas

I Caracterização do projeto sob análise 10

II Equipes de projeto no segmento de petróleo e gás 4

III Planejamento e controle dos projetos de petróleo e gás 5

IV Qualidade e escopo nos projetos de petróleo e gás 5

V Sucesso na gestão de projetos 4

TOTAL 28

Fonte: o autor.

5ª Etapa: Segunda coleta de dados

a) Aplicação dos questionários da survey

Envio dos questionários. Os questionários para coleta de dados foram enviados via e-

mail para os gerentes de projeto e engenheiros projetistas de poços. A unidade amostral

colhida foi o “projeto na área de petróleo e gás” e cada respondente retornou apenas um

questionário. O retorno das respostas foi bastante prejudicado pela circunstância em que

a pesquisa foi aplicada. A coleta dos dados ocorreu no período de janeiro a novembro de

2014 e durante o qual a empresa passava por problemas internos de gestão e os

procedimentos de segurança da informação estavam mais rigorosos, o que inibiu alguns

respondentes.

63

Aliado a um correto procedimento de amostragem, o tamanho da amostra deve ser

adequado para permitir a generalização dos resultados, os quais podem ser verificados

quanto à significância estatística dos testes. Na literatura pesquisada, foram encontrados

alguns critérios para nortear o tamanho ideal da amostra. Garson (1998) utiliza o critério de

pelo menos cinco casos para cada variável independente. Outros autores já sugerem o

número ideal de 200 a 300 casos para cada modelo (KLEM, 1995; MARUYAMA, 1998).

Entretanto, conforme apresentado no capítulo anterior, os modelos de PLS-SEM, em

detrimento aos CB-SEM, são mais flexíveis com relação ao tamanho da amostra

(REINARTZ et al., 2009; HAIR, et al., 2014), esta premissa é reforçada sobretudo quando a

amostra é extraída de uma população específica, como o caso da empresa objeto de estudo.

Chin e Newsted (1999) recomendam, como regra geral, que o tamanho mínimo da

amostra para um modelo baseado em PLS deve ser de dez vezes o número máximo de

caminhos direcionados para qualquer construto do modelo (incluindo indicadores

formativos). Bahli e Büyükkurt (2005, p. 104) consideram ainda a quantidade de cinco vezes

como sendo suficiente.

De modo empírico, Goodhue, Lewis e Thompson (2006) utilizaram simulação de

Monte Carlo para comparar os efeitos de três tamanhos de amostra (n=40, 90, 150 e 200) e

constataram que o tamanho mínimo aceitável para PLS-SEM é de n=40.

Para analisar o caso específico da pesquisa, foi utilizado o software gratuito

G*Power 3.1.9 (FAUL et al., 2009). Foi tomado como base o construto que recebia o maior

número de setas, assim como recomendado por Chin e Newsted (1999). A partir dos

resultados do software, o tamanho recomendado da amostra foi de 77, o mesmo número de

questionários obtidos pela survey realizada.

6ª Etapa: Análise dos dados

A análise dos dados obtidos na coleta primária e, principalmente, na secundária foi

realizada sob a ótica de resposta às questões de pesquisa e às hipóteses formuladas ante

estas. As hipóteses e construtos estabelecidos pelo modelo possuem relações

multidimensionais, nesse sentido, foi escolhida a técnica de modelagem de equações

estruturais por ser a mais apropriada para o tipo de relações estabelecidas entre as variáveis.

Conforme exposto no capítulo 2, SEM compreende a aplicação de etapas para a

concretização de seus resultados. A presente dissertação contempla as seguintes etapas de

construção:

64

a) Desenvolvimento dos construtos, hipóteses e modelo

Nesta etapa são apresentados os resultados da primeira abordagem da pesquisa em

que os projetistas forneceram o norteamento para a construção dos construtos finais com

base nos principais problemas na gestão de projetos enfrentados pela empresa, agrupados no

que se tornariam as variáveis latentes do modelo. Só a partir de então, foi possível traçar as

hipóteses relacionais e elencar as variáveis observadas para cada construto. Foi por esse

motivo que, as hipóteses do trabalho só puderam ser estabelecidas após a análise in-loco

primária.

b) Análise descritiva dos dados

Nesta fase, as respostas dos questionários foram avaliadas de maneira descritiva, em

especial as relacionadas à caracterização dos projetos da amostra. Esta primeira perspectiva

de análise esboça conclusões parciais acerca da natureza e situação dos projetos de petróleo

e gás da empresa, subsidiando a análise dos resultados de SEM posteriormente.

c) Verificação dos pressupostos para aplicação

A modelagem de equações estruturais exige a avaliação de pressupostos que

antecedem a aplicação (MARÔCO, 2010). Esta validação faz-se necessária para evitar erros

nos processos de cálculo e conclusões errôneas acerca dos resultados de análise dos dados.

d) Análise Fatorial Exploratória

A análise fatorial exploratória permite evidenciar, entre a massa de dados, os fatores

que explicam a correlação entre algumas variáveis do estudo (HAIR et al., 2005). Embora os

construtos do modelo tenham sido formulados pela teoria aliada ao estudo in-loco, a análise

fatorial permite extrair as relações inerentes aos dados.

e) Análise Confirmatória

A análise confirmatória da pesquisa, deu-se por meio da aplicação da técnica de

modelagem de equações estruturais, conceituada e discutida na seção seguinte.

4.3 Modelagem de equações estruturais

Hair et al (2006) julgam que muitas técnicas de análise multivariada de dados

(regressão múltipla, análise fatorial, análise multivariada de variância, análise das

correspondências) compartilham de uma limitação: cada técnica pode examinar somente

uma relação por vez. Contudo, comumente o pesquisador se depara com um conjunto de

questões que apresentam relação umas com as outras. Como por exemplo, quais variáveis

65

determinam a qualidade de um projeto? Como essa esta qualidade se combina com outras

variáveis para afetar decisões de investimentos e satisfação? Essa série de questões tem

importância administrativa teórica. No entanto, nenhuma das técnicas que foram examinadas

permite tratar de todas essas questões com um só método abrangente. Por essa razão, parte-

se para o exame da técnica de modelagem de equações estruturais (SEM), uma extensão de

diversas técnicas multivariadas, mais precisamente da regressão múltipla e da análise

fatorial.

Um dos conceitos mais importantes que deve estar presente no tocante a técnicas

multivariadas é que não existe um só caminho correto para aplicá-las. A aplicação de SEM

segue esse mesmo preceito; sua flexibilidade fornece ao pesquisador uma poderosa técnica

analítica adequada para muitos objetivos de pesquisa (HAIR et al, 1998).

As razões para interesse por SEM em diversas áreas são basicamente duas: (1)

fornece um método direto para lidar com múltiplas relações simultaneamente enquanto

fornece estatística; e, (2) sua habilidade para avaliar as relações em âmbito geral e fornecer

uma transição da análise exploratória para a análise confirmatória.

Em linhas gerais, a SEM caracteriza-se, portanto, pela sua capacidade de especificar,

estimar e testar relações hipotéticas entre um grupo de variáveis. Comporta também a

inclusão de conceitos abstratos, sob a forma de construtos ou variáveis latentes (elaborados

com base em variáveis observáveis que lhes servem de indicadores) que podem ser

correlacionados entre si (KLINE, 1998; BENTLER; WU, 2002). A preocupação nesta

técnica é com a ordem das variáveis. Na regressão, X influencia Y; na SEM, X influencia Y

e Y influencia Z. Uma das características básicas da SEM é que se pode testar uma teoria de

ordem causal entre um conjunto de variáveis. A possibilidade de que as variáveis sejam

dispostas de modo intrincado dentro do modelo abre espaço para que se possam distinguir e

estimar os efeitos diretos, indiretos e totais que uma variável pode exercer sobre a outra

(BOLLEN, 1989; KAPLAN, 2000).

Existem dois tipos chave de variáveis em um modelo de SEM (LOEHLIN, 1998):

variáveis endógenas e variáveis exógenas. Os valores das variáveis endógenas são

explicados por uma ou mais variáveis exógenas do modelo. Os valores das variáveis

exógenas são assumidos como dados, isto é, o modelo não tenta explicá-los. Essa distinção é

similar à realizada entre variáveis dependentes (endógenas) e independentes (exógenas) da

análise de regressão. Entretanto, na SEM, uma variável pode ser tanto dependente quanto

independente. A regra é esta: se uma variável é dependente em alguma parte do modelo,

66

então ela é endógena (KLEM, 1995). Hair Jr. et al (1998) argumentam que o diagrama deve

ser definido em termos de construtos, para então buscar-se variáveis que irão mensurá-los.

As variáveis que são medidas diretamente são as variáveis observadas, já aquelas medidas

por construtos, são as chamadas variáveis latentes. A Figura 9 exemplifica essas tipologias.

Figura 9: Representação dos tipos de variáveis encontradas em SEM

Fonte: o autor.

Segundo Maruyama (1998), os métodos de SEM devem ter início em um modelo

conceitual que especifique as relações entre um conjunto de variáveis. A teoria oferece o

ponto central desta técnica. Como foi citado, a SEM oferece estimativas da força entre todas

as relações hipotetizadas em um esquema teórico. As informações disponibilizadas referem-

se tanto ao impacto de uma variável sobre a outra como da relação de uma influência

indireta, de uma variável posicionada entre duas outras, denominada interveniente ou

mediadora. Hair Jr. et al (1995, 1998) afirmam que a teoria oferece a racionalização para

quase todos os aspectos da SEM.

Para tanto, o ponto inicial para a aplicação da SEM é a teoria utilizada pelo

pesquisador a respeito das relações causais entre um conjunto de variáveis. O pesquisador

deve estar bem fundamentado na teoria para a especificação das relações de causa.

Assumindo isto como premissa, expressa-se esta teoria de modo formal e claro. O modelo é

apresentado tanto em palavras quanto em diagrama, o qual pode ser entendido como um

grupo de afirmativas que resumem um conjunto de hipóteses.

A aplicação desta técnica de relacionamento de variáveis requer que o pesquisador

observe alguns passos metodológicos. Há várias publicações em que os autores sugerem

etapas seqüenciais para a aplicação da modelagem, entretanto, usualmente se utiliza as

etapas enunciadas por Hair et a. (1998, p. 592-616), o qual estabelece seis estágios.

Estágio 1- Desenvolvimento do Modelo Teórico. A modelagem de SEM é baseada

em relações de causalidade entre variáveis. Os fatores que permitem estabelecer estas

relações entre duas variáveis não se restringem apenas a questões técnicas de análise de

Variáveis

observadasVariáveis

observadasVariável Latente

Exógena

Variável Latente

Endógena

67

dados. Ainda assim, especificamente em relação à análise de dados, há alguns critérios

usualmente utilizados para a investigação de evidências de causalidade. Hair et al. (1998),

por exemplo, citam os seguintes: 1) associação suficiente entre duas variáveis; 2)

antecedência temporal da causa sobre o efeito; 3) ausência de variáveis causais alternativas

(o chamado erro de especificação); e 4) base teórica para o relacionamento.

Estágio 2: Construção de Diagramas de Caminhos (path diagrams) das Relações

Estabelecidas. O diagrama de caminhos é uma representação gráfica de um modelo de

equações estruturais (SEM). Uma das principais vantagens desta representação é que as

relações entre as variáveis podem ser melhor visualizadas.

Estágio 3: Conversão do Diagrama de Caminhos em Modelo de Mensuração e

Estrutural. Nesta etapa, o modelo teórico é formalizado através de um conjunto de

equações propostas para a definição dos relacionamentos entre os construtos que o

compõem. A construção do modelo de mensuração serve para especificar os construtos a

serem mensurados e suas variáveis relacionadas. O modelo estrutural permite a

representação do diagrama de caminhos no conjunto de equações estruturais, que

representam as relações entre variáveis e construtos, definidas a partir do modelo de

mensuração, indicando desta forma, a modelagem estrutural a ser testada. A partir deste

modelo teórico proposto, se estabelece as hipóteses a serem testadas na aplicação de

sistemas de equações estruturais.

Estágio 4: Definição do Tipo de Matriz de Entrada de Dados e Estimação do

Modelo Estrutural Proposto. A SEM difere de outras técnicas multivariadas, pois utiliza

apenas matrizes de variância/covariância ou correlação como entrada de dados. Mesmo que

observações individuais sejam inseridas, faz-se a conversão em um desses dois tipos de

matrizes. Isto ocorre porque o foco de SEM não está em observações individuais, mas sim

no padrão de relacionamentos obtido a partir das respostas dos indivíduos (HAIR et al,

1998).

De acordo com Marôco (2010), a fase de estimação consiste na obtenção de

estimativas dos parâmetros do modelo que reproduzem o melhor possível os dados

observados na amostra de análise. Ao aplicar a SEM, os pesquisadores devem considerar

dois tipos de métodos: técnica baseada na covariância (CB-SEM) e a técnica baseada na

variância, como a de estimação por mínimos quadrados parciais (PLS-SEM).

68

Segundo Ringle, Silva e Bido (2013), a diferença básica entre CB-SEM e PLS-SEM

está na forma de tratamentos dos dados. No primeiro caso, têm-se regressões lineares

múltiplas realizadas “ao mesmo tempo” e no segundo, calculam-se as correlações entre os

constructos e suas variáveis mesuradas ou observadas (modelos de mensuração) e em

seguida são realizadas regressões lineares entre constructos (modelos estruturais).

PLS-SEM é particularmente atrativo quando: o objetivo da pesquisa está focado na

predição e explicação de variância de construtos alvo-chave (por exemplo, sucesso em

projetos) por diferentes construtos explicativos (por exemplo, planejamento e controle); o

tamanho da amostra é relativamente pequeno e/ou os dados disponíveis não apresentam

distribuição normal; e quando CB-SEM não fornece resultados plausíveis (HAIR et al.,

2011; HAIR et al., 2012; HENSELER et al., 2009; REINARTZ et al., 2009).

Assim, PLS-SEM é uma abordagem de modelagem suave, livre de distribuição e

altamente adequada para aplicações sem ter que fazer suposições fortes, que muitas vezes

não podem ser totalmente cumpridas na maioria dos modelos (HAIR et al., 2011). O Quadro

8 traz uma diferenciação, em distintos aspectos, entre os modelos de estimação mais

comuns.

Quadro 8: Diferenças entre estimação por PLS e por Covariância

Fonte: Hair et al. (2014)

Estágio 5: Avaliação dos Critérios de Ajuste do Modelo. Esta fase tem como

objetivo avaliar o quão bem o modelo teórico é capaz de reproduzir a estrutura correlacional

das variáveis observadas na amostra de estudo (MARÔCO, 2010). Ainda segundo o autor,

os métodos de ajustamento variam consoante o software utilizado e com os tipos de

pressupostos sobre a natureza da medida e das distribuições das variáveis. Para PLS-SEM,

são utilizados os critérios de ajustamento presentes no Quadro 9. O detalhamento de cada

Critério Modelos baseados em PLS Modelos baseados em Covariância

Distribuição Não-paramétrica Normal (paramétrica)

Amostra Pequena (min. 30 – 100) Alta (min. 100 – 800)

Requisitos quanto à teoria Mais flexível Necessáiro teoria forte

Indicadores por construto Permite tanto poucos indicadores

(um ou dois), quanto muitos

Normalmente de 3 a 4, no mínimo,

para atender aos requisitos de

identificação.

Testes para estimação dos

parâmetros

Inferência requer Bootstrapping Suposições devem ser atendidas

Modelo de mensuração Permite indicadores formativos e

reflexivos

Normalmente apenas indicadores

reflexivos

Goodness-of-fit measures

(GFI)

Não há. Muitas

Softwares utilizados SmartPLS, PLS Graph LISREL, AMOS, EQS

69

indicador e os critérios adotados serão mais detalhados no capítulo de análise de resultados

para melhor proximidade e comparações.

Quadro 9: Indicadores/procedimentos para avaliação do ajuste

INDICADOR/ PROCEDIMENTO REFERÊNCIA

AV

AL

IAÇ

ÃO

DO

MO

DE

LO

DE

ME

NS

UR

ÃO

AVE Henseler; Ringle e Sinkovics (2009)

Cargas cruzadas Chin (1998)

Alfa de Cronbach e Confiabilidade Composta Hair et al. (2014)

Teste t de Student Hair et al. (2014)

AV

AL

IAÇ

ÃO

DO

MO

DE

LO

ES

TR

UT

UR

AL

Avaliação dos Coeficientes de Determinação de

Pearson (R2): Cohen (1988)

Tamanho do efeito (f2) ou Indicador de Cohen Hair et al. (2014)

Validade Preditiva (Q2) ou indicador de Stone-

Geisser Hair et al. (2014)

GFI Henseler e Sarstedt (2012); Hair et al.

(2012)

Coeficiente de Caminho (Г) Hair et al. (2014)

Fonte: o autor.

Estágio 6: Interpretação e Modificação do Modelo. Deve-se verificar se os

relacionamentos que foram estabelecidos, a partir da teoria, foram comprovados

estatisticamente, quanto à própria natureza do relacionamento e quanto à direção

estabelecida. Segundo Hair et al. (1998), devem ser respondida as seguintes perguntas: os

relacionamentos da teoria foram comprovados estatisticamente e substancialmente?; os

modelos concorrentes ensejam a formulação de hipóteses alternativas?; e, os

relacionamentos entre as variáveis ocorreram na direção proposta pelas hipóteses?

4.3.1 Aplicações de SEM

A modelagem de equações estruturais tem sido amplamente utilizada por diversas

áreas de pesquisa desde marketing, psicologia e sociologia à biologia e engenharia. Como já

foi enunciado neste capítulo, a SEM é uma técnica apropriada ao estudo de casos que

envolvem múltiplos fatores. Dentro do panorama evolutivo dos métodos quantitativos de

pesquisa, pode-se dizer que as raízes da SEM remontam ao ano de 1918, quando o

geneticista Sewall Wright apresentou um trabalho seminal sobre a técnica da Análise de

Trajetórias, a qual só veio a ser exposta formalmente em uma série de artigos que datam do

começo dos anos 1920 (DUNCAN, 1971, p. 116).

70

Desde então inúmeros trabalhos vêm sendo publicados em distintas áreas. Por meio

de um estudo realizado, através de consulta nas bases de dados internacionais em busca dos

trabalhos mais relevantes na área de modelagem de equações estruturais, relevância esta

medida pelo número de citações de cada trabalho, pôde-se elaborar a Figura 10 com as

principais publicações em ordem cronológica e subdividida em áreas.

Figura 10: Principais publicações com SEM por área

Fonte: o autor.

Mediante a análise da pesquisa, é possível inferir que a maior parte dos trabalhos que

aplicam as SEM são nas áreas de Ciências Médicas e Psicologia, somando cerca de 49% da

amostra levantada. Na área de Engenharia podem ser encontrados diversos trabalhos na

literatura. Koufteros (1998), por exemplo, utilizou a resposta de 244 empresas para testar

modelos de produção puxada usando a análise de SEM, em que o modelo estrutural

hipotetizado relaciona a produção puxada com dois de seus fatores antecedentes, melhoria

Área De 1992 a 1995 De 1996 a 1999 De 2000 a 2003 De 2003 a 2006 De 2007 a 2013

Bentler e

Stein(1992)

Büchel e Friston

(1997); Bartley et al.

(1997); McIntosh

(1999); Roberts e

Kendler (1999);

Christensen et al.

(1999)

Demerouti et al. (2000);

Torsheim et al. (2001);

Simeonsson et al. (2001);

Starr, et al. (2003);

Gagnon et al. (2003)

Neeleman et al. (2002)

Souren et al. (2007)

Mitchell (1992) Verheyen et al. (2003) Austin (2007); Clark et

al. (2007)

Koufteros (1998);

Forza e Filippini

(1998)

Matos et al. (2004); Rao e

Holt (2005); Fynes et al.

(2005); Prajogo (2005);

Cousins et al. (2006)

Silva (2008)

Doloi; Iyer; Sawhney

(2011), Chou; Yang,

(2013); Salazar-

Aramayo et al. (2013)

Ntoumanis e Biddle

(1999); Lane et al.

(1999); Smith e

Biddle (1999);

Crocker et al. (2000)

Willock et al. (1999) Henson e Northen (2000)

Eb et al. (1999);

Tomás et al. (1999)

Turnley e Feldman

(2000); Conger et al

(2000); Feldt et al.

(2000); Manly et al.

(2001); Parker et al.

(2001); Van Dick e

Wagner (2001);

Laschinger et al. (2001);

Drake et al. (2004

Adams et al.

(1992)

Etezadi-Amoli e

Farhoomand (1996)Seyal et al. (2002) Wang et al. (2006)

Taylor e Todd

(1995)

Harold et al.

(2004); Lee e Lin

(2005); Darroch

(2005)

Ciências

médicasEcologia

Eng. de

Produção

Ciências do

Esporte

Economia

AgrícolaPsicologia TI Outras

71

de montagem e as práticas de manutenção preventiva, posteriormente a produção puxada é

relacionada a uma de suas respostas, a dependência de entrega, nesse mesmo modelo. Em

outro exemplo, Matos et al. (2004) realizaram uma pesquisa com 398 proprietários de

automóveis de uma capital brasileira para investigar a influência que as notícias de recall

exercem nas percepções dos consumidores, bem como os fatores que interferem nesse

processo. Avaliando empresas moveleiras, Silva (2008) estudou o relacionamento entre

práticas implantadas e a estratégia de produção e os efeitos dessas práticas para a melhoria

dos indicadores operacionais.

Dentro do escopo da engenharia, com um crivo no tema da pesquisa, foram

ampliadas as buscas a fim de encontrar os trabalhos que utilizam equações estruturais na

área de projetos. Foi tomada como base a técnica abordada por este trabalho (método) de

forma a realizar combinações entre as palavras-chave a respeito do escopo do estudo na área

de projetos e, por fim, com o setor de aplicação. O objetivo desta sistematização é encontrar

lacunas literárias e relacionar os temas abordados no capítulo do referencial.

No que se refere à aplicabilidade de SEM na gestão de projetos, foram encontrados

resultados de estudos em diversos contextos. Seja na (a) construção civil (STEWART, 2007;

YANG; OU, 2008; XIE; HAN; SEABROOKE, 2011; LEE; YU, 2012); (b) em projetos de

desenvolvimento de produtos (HONG et al., 2005; ARONSON; REILLY; LYNN, 2006);

gestão de projetos na área de TI e Software (NIDUMOLU; KNOTTS, 1998; WALLACE;

KEIL; RAI, 2004; GOWAN Jr; MATHIEU, 2005; KEARNS; SABHERWAL, 2007); (c)

projetos de segurança (DVIR; RAZ; SHENHAR, 2003); e, (d) aplicação em projetos em

geral ou modelos teóricos (DVIR; LECHLER, 2004; CHOU, HONG, 2013; DOLOI; IYER;

SAWHNEY, 2011; LI, ARDITI; WANG, 2012; SALAZAR-ARAMAYO et al., 2013;

CHIPULU et al., 2014).

Detalhando alguns dos trabalhos com abordagem de SEM na gestão de projetos, na

Coreia do Sul, Kim et al. (2009) utilizaram SEM para examinar os fatores-chave para o

desempenho e sucesso de projetos, os autores descobriram que esses fatores incluíram

gestão de comunicações, gestão de custos e gestão de escopo (Kim et al., 2009). Cho, Hong,

e Hyun (2009) relataram, através da modelagem estrutural, que a gestão de custos, progresso

e qualidade afetam significativamente o desempenho do projeto (CHO et al., 2009).

Gowan Jr. e Mathieu (2005) realizaram um estudo nos Estados Unidos com 448

empresas utilizando SEM para analisar a importância das práticas de gestão de projetos na

performance de projetos de sistemas de informação. Ainda no mesmo país, estudos de

72

Kearns e Sabherwal (2007) entrevistaram 274 empresas para visualizar os antecedentes e

consequências para projetos de planejamento de sistemas integrados de informação, em

paralelo, Rauniar et al. (2008) analisaram uma amostra de 200 empresas para identificar o

papel dos gerentes seniores no desenvolvimento de novos produtos. Estudos anteriores

realizados por Kang et al. (2008) e por O'Connor e Yang (2004) também confirmam que o

crescente uso de ferramentas computacionais têm melhorado significativamente o

desempenho dos projetos. Aronson, Reilly e Lynn (2006) examinaram o efeito da

personalidade do líder no desenvolvimento de novos o desempenho do projeto do produto

sob diferentes condições de incerteza.

Com outra abordagem, na Alemanha, em estudo realizado por Dvir, Raz, e Shenhar

(2003) identificaram que a definição de objetivos e requisitos funcionais e as especificações

tecnológicas são essenciais para o sucesso de projetos relacionados à defesa nacional de

segurança. Em continuidade a sua pesquisa no uso de SEM para a análise de gestão de

projetos, Dvir e Lechler (2004) analisaram, a partir de 448 empresas, os impactos do

planejamento de mudanças no sucesso dos projetos.

Os paquistaneses Qureshi, Warraich, e Hijazi (2009) estudaram os modelos de

negócios desenvolvidos pela Fundação Europeia para a Gestão da Qualidade (EFQM) e

descobriram que o gerenciamento do escopo do projeto e gestão de recursos humanos

afetam positivamente o desempenho do projeto.

Na China, Yeung, Chan e Chan (2009) sugeriram que a custo, qualidade, tempo e

desempenho de segurança são indicadores confiáveis de desempenho do projeto. Em

Singapura, Ling et al. (2008) analisaram as nove áreas do conhecimento do PMBOK para

examinar as práticas de projetos internacionais o que revelou efeitos significativos sobre o

desempenho de projetos de construção de sites.

Estudos mais recentes realizados na Austrália (DOLOI; IYER; SAWHNEY, 2011),

China (LI, ARDITI; WANG, 2012), Taiwan (CHOU; YANG, 2013) e Brasil (SALAZAR-

ARAMAYO et al., 2013) demonstram os impactos da gestão dos contratos, dos custos,

gestão do conhecimento, equipe de projeto, planejamento e controle para o sucesso da

gestão dos projetos.

Salazar-Aramayo et al. (2013) seguiram a metodologia de modelagem de equações

estruturais de modo a traçar uma melhor compreensão da rede de relações entre as variáveis

envolvidas no gerenciamento de projetos de E&P. O modelo, estritamente teórico,

73

apresentado pelos autores traz uma representação global dos principais fatores para

aprimorar o gerenciamento de projetos na área de petróleo e gás.

A Figura 11 traz uma sistematização de parte dos trabalhos encontrados no escopo do

estudo, aplicando o método escolhido. A maior parte das aplicações se concentram na área

de construção civil, tendo em vista a complexidade e o tamanho dos projetos.

Figura 11: Sistematização cronológica de estudos envolvendo SEM e gestão de projetos

Fonte: o autor.

De acordo com a classificação apresentada nesta seção e o sumário da Figura 11,

observa-se que, por mais que hajam muitos trabalhos aplicados na área de projetos

utilizando modelagem de equações estruturais, não foi encontrado nenhum trabalho

aplicado, na literatura pesquisada, que abordasse os fatores de sucesso em projetos da área

Área Ano Autor Abordagem em gestão de projetos País Amostra Número de

construtos

Tipo de

software

1998 Nidumolu; Knotts Estratégias de manufatura em projetos Estados

Unidos

100 5 EQS

2004 Wallace; Keil; Rai Dimensões de risco em projetos de software Estados

Unidos

507 6 AMOS

2004 Dvir; Raz; Shenhar

Interações entre variáveis de planejamento de

projetos, qualidade e mudanças de objetivo com o

sucesso.

Alemanha 448 6 LISREL

2004 Dvir; Lechler Efeitos da mudança de planos no sucesso Alemanha 448 6 LISREL

2005 Hong et al.

Mudança do papel dos engenheiros de projeto e

fixação de metas claras na produtividade dos

projetos.

Estados

Unidos 205 4 LISREL

2005 Gowan Jr; Mathieu Práticas de intervenção no gerenciamento de

projetos de software

Estados

Unidos 449 8 AMOS

2006 Aronson; Reilly; Lynn.Efeito da personalidade do líder no desempenho

do projeto

Estados

Unidos 143 7 LISREL

2007 Stewart Balanced Score Card e Gestão de projetos de TI Austrália 82 5 AMOS

2007 Kearns; Sabherwal Utilização de tecnologia da informação em

projetos de software

Estados

Unidos 274 8 EQS

2008 Yang; Ou Efeito da gestão financeira no sucesso dos

projetos Malásia 159 5 SmartPLS

2008Raymond, L.;

Bergeron, F.

Sistemas de informação para a gestão de

projetose seus impactos nos gerentes e no sucesso Canadá 39 5 SmartPLS

2010

Isik, Z.; Arditi, D.;

Dilmen, I.; Birgonul,

M.T.

Fatores exógenos na performance estratégica Turquia 73 4 EQS

2011 Han; Seabroke Efeitos da infra-estrutura regional nos projetos China 22 2 AMOS

2011 Doloi; Iyer; Sawhney Impactos da performance dos contratos no

sucesso

Austrália 97 5 AMOS

2012 Lee; Yu Impactos de qualidade e equipes no sucesso Coreia do Sul 253 7 AMOS

2013 Chou; HongImpactos das características do usuário e

qualidade Taiwan 117 6 AMOS

2014 Chipulu et al., Valores culturais e individuais em projetos

Brasil, China,

Grécia,

Tailândia,

EUAe Reino

Unido

1255 10 AMOS

TI Segurança Projetos em Geral Desenvolvi. de Produto Construção Civil

74

de petróleo e gás. O trabalho de Salazar-Aramayo et al. (2013) esboça um modelo teórico

sobre sucesso de projetos de petróleo e gás, mas não contém dados empíricos que possam

tecer considerações e conclusões específicas.

Encontrando-se uma lacuna na literatura da área e que foi trabalhada nesta pesquisa.

Ainda, sobre a Figura 11, observa-se que alguns trabalhos apresentam amostras

relativamente reduzidas, analisando seus dados por meio do SmartPLS ou AMOS. Todavia,

as pequenas amostras, muitas vezes, devem-se ao fato de que as populações são mais

restritas, ou pela pequena quantidade de construtos do modelo.

A Figura 12 apresenta um resumo dos passos metodológicos da pesquisa.

75

Figura 12: Etapas dos procedimentos metodológicos da pesquisa

Fonte: o autor.

1ª Etapa

Estrutura conceitual

teórica

Mapeamento

da Literatura

Gestão de projetos

Relações entre

as publicações

Lacuna

literária?

SimNão

2ª Etapa

Planejamento da

primeira abordagem

Diminuir erros do

modelo (Hair Jr.

et al., 1998)

3ª Etapa

Coleta de dados

primária

1. Mapeamento

dos processos

2. Análise

documental

Análise de

Contexto

1. Analise primária

da empresa

2. Entrevistas com

projetistas da

empresa,

3. Construção de

um modelo

teórico primário

Setor de Petróleo e gás

Equações Estruturais

Estudo de caso Estudo de caso

Diagnóstico

1. Entrevistas com

engenheiros e

projetistas

experientes.

2. SIstematização

dos fatores que

afetam o sucesso

dos projetos

4ª Etapa

Planejamento da

segunda abordagem

Quantificar as

variáveis do

modelo

1. Revisão do

modelo

2. Construção do

questionário

Survey

5ª Etapa

Coleta de dados

secundária

1. Envio dos

questionários

(survey via email)

2. Definição do

tamanho da

amostra.

3. Unidade amostral:

projeto de

petróleo e gás

Survey

Aplicação dos

questionários

da survey

6ª Etapa

Verificação dos

pressupostos para

aplicação do

método SEM

Análise dos

dados

Desenvolvimento

dos construtos,

hipóteses e

modelo

Análise descritiva

dos dadosAnálise Fatorial

Exploratória

Modelo

ajustado?

Sim

Não

1. Validação

das hipóteses

2. Interpretação

dos

parâmetros

76

Capítulo 5

_________________________________________________________

GESTÃO E GOVERNANÇA DE PROJETOS NA EMPRESA

ESTUDADA

Este capítulo traz a descrição da empresa estudada, com suas dimensões contextuais e dados

característicos. É apresentado o modelo de gestão de grandes projetos já adotado, o qual serviu

como base para visualização da sistemática de decisão dentro do ambiente de projetos.

5.1 Dimensões contextuais da empresa em estudo

A empresa brasileira, campo de estudo para análise de projetos, caracteriza-se como

uma sociedade anônima de capital aberto que, junto com suas subsidiárias, atua de forma

integrada e especializada nos seguintes segmentos relacionados à indústria do petróleo:

exploração e produção; refino, comercialização e transporte; distribuição de derivados; gás

natural e petroquímico.

É reconhecida tanto nacionalmente quanto internacionalmente e considerada a maior

empresa do Brasil, sendo ainda classificada em outras instâncias como a 8ª maior do mundo em

valor de mercado e a 3ª maior empresa no ramo de energia, estando presente em 29 países. Para

representar essa extensão e infraestrutura, o Quadro 10 sistematiza alguns números que

demonstram o porte da empresa.

Quadro 10: Dados da empresa estudada

Dados Valores

Investimentos R$ 76 bilhões

Receita Líquida R$ 213 bilhões

Lucro Líquido R$ 35 bilhões

Produção Diária 2.538.000 barrís por dia

Reservas 16 bilhões de barris

Plataformas de Produção 132

Refinarias 16

Frota de Navios 291

Postos de Combustível 8.477

Fonte: (PETROBRÁS, 2014b)

5.2 Gestão de projetos para desenvolvimento da produção: o PRODEP

Conforme descrito nos padrões de gerenciamento de projetos adotados pela empresa em

análise, o PRODEP - Programa de Desenvolvimento e Execução de Projetos – tem como objetivo,

atingir a excelência na gestão por meio da determinação de diretrizes para a aplicação da

77

sistemática interna de gerenciamento de projetos. Essa sistemática é aplicada a todos os projetos

com investimento total ou superior a US$ 5 milhões, possuindo também particularidades que

dependem do investimento (pequeno, médio e grande porte) e da complexidade do projeto.

Caso os projetos apresentem investimentos inferiores a esse valor, as Unidades de

Operação (UO’s) – bases da empresa subdivididas em território nacional - podem utilizar

procedimentos e padrões internos podendo estabelecer novos limites inferiores para a

obrigatoriedade da utilização da sistemática no gerenciamento de seus projetos, desde que

atenda às normas internas da empresa.

O PRODEP é um processo cíclico vinculado à cadeia de valor para projetos (supply

chain for projects), sendo composto por diversas fases conectadas por nós (portões de decisão),

que visam estabelecer de forma clara, organizada e sequencial, os procedimentos, atividades e

produtos a serem desenvolvidos no processo de planejamento e implantação dos projetos, é,

portanto, caracterizado como uma sistemática de governança de projetos, a qual traduz os

objetivos estratégicos da empresa para o desenvolvimento dos campos de exploração. Sua

concepção tem como base:

Sistemática de provação, acompanhamento e reavaliação de projetos de investimento na

empresa, que considera os diferentes portes de investimento nos projetos;

Modelo de gerenciamento de projetos do Project Management Body of Knowledge

(PMBoK) do Project Management Institute (PMI);

Organização e atribuições da empresa; e,

Diretrizes corporativas de segurança e meio ambiente para projetos de desenvolvimento

da produção de E&P.

Conforme mostrado na Figura 13, a sistemática do PRODEP compreende as etapas de

Planejamento e Controle, constituídas por fases e portões, as quais estabelecem diretrizes para

o gerenciamento de forma clara, organizada e os procedimentos e atividades a serem

desenvolvidos no processo de planejamento e implantação dos projetos de desenvolvimento da

produção, considerando o ciclo de vida do projeto.

Os projetos de desenvolvimento da produção dizem respeito àqueles em que já foram

realizadas as devidas explorações no campo, com o intuito de estudar a quantidade, qualidade,

vazão, entre outros fatores, do óleo existente no mesmo, restando então perfurar os poços

produtores para desenvolver a produção no já explorado campo de petróleo. As diretrizes desta

78

sistemática baseiam-se no uso de práticas, ferramentas e técnicas para dar apoio aos processos

decisórios, tais como: metodologias de análise de decisão, benchmarking e práticas de melhoria

de valor.

Figura 13: Sistemática do PRODEP

Fonte: PETROBRÁS (2014a)

Sabe-se que um dos principais desafios na gestão, como já exposto em itens do

referencial, é a conclusão do projeto com sucesso, isto é, executá-lo da forma correta no tempo

apropriado. Busca-se, portanto, selecionar um projeto certo (fases de Avaliação e Identificação

da Oportunidade e Seleção), desenvolvê-lo apropriadamente (fase de Definição) e entregá-lo de

maneira correta (fases de Execução/Implantação e Operação).

5.2.1 Elementos da Sistemática

Durante a evolução do ciclo de vida, as etapas do projeto devem passar por portões, os

intitulados Gates, proposto por Cooper et al. (2000). Esses são elementos de decisão durante o

projeto, gerando alternativas representadas na Figura 14, a respeito de sua continuidade.

79

Figura 14: Alternativas no portão

Fonte: PETROBRÀS (2014a)

Os cancelamentos (1) são passíveis de ocorrer na etapa de Planejamento e ocorrem

quando os projetos não são atrativos economicamente, ou não estão alinhados com a estratégia

corporativa. O adiamento do projeto (1) se faz necessário quando há alguma mudança externa

no cenário do negócio, seja política, econômica ou estratégica. Um projeto adiado tem a

possibilidade de ser reiniciado quando há uma mudança no cenário, retomando-se as atividades

e investimentos no mesmo, desde que se torne por ora atrativo no novo cenário. Já o reinício do

projeto (3) se dará quando os documentos gerados em uma fase anterior incorram em uma

incerteza muito grande, inviabilizando a tomada de decisão no gate. Assim, pode-se refazer

alguns estudos para que o projeto seja reencaminhado para o portão de decisão.

O prosseguimento para a fase seguinte (2 na Figura 13) irá variar de acordo com a

decisão a ser tomada em cada diferente portão dentro da sistemática. O Quadro 11 mostra as

diferentes decisões tomadas em cada portão.

Quadro 11: Decisões em cada portão

Portão de Decisão O que decide?

Pla

nej

am

ento

1 Aprovação da oportunidade

2A Alternativa a ser detalhada

2 Aprovação da alternativa

3 Aprovação do projeto

Co

ntr

ole

4A Aceitação da completação

4B Liberação da unidade para saída

4C Início da operação

4 Término da execução do escopo

5 Encerramento do projeto

Fonte: PETROBRÀS (2014a)

Deliverables

das fasesPortão

Prosseguir

para fase

seguinte

Cancela ou

adia

Reinicia para

maior

definição

1

2

3

80

Outros elementos da sistemática são os Grupos de Revisão (GRs) e os Grupos de

Suporte à Decisão (GSD). Esses analisam o projeto tecnicamente validando ou propondo

alterações, já aqueles analisam o projeto de forma integrada para a aderência aos requisitos

originais do projeto.

Os pacotes de suporte à decisão (PDS) representam conjuntos de documentos

(deliverables do projeto) que são analisados pelo decisor na etapa de Planejamento, de forma a

que sejam geradas as saídas do portão. Os pacotes de Controle e Verificação (PCV) são

semelhantes aos PSD, diferenciando-se apenas pelo fato de que se aplicam às etapas de

Controle para subsidiar as decisões dos portões.

5.2.2 A fase de Planejamento

O Planejamento do projeto é composto por fases que buscam definir os objetivos e

selecionar os melhores caminhos para que estes objetivos possam ser atingidos, detalhando de

forma precisa as especificações do projeto. Nesse estágio é definido o que, como e quando será

realizado o projeto, além dos responsáveis e recursos necessários.

A primeira fase na Figura 10, a de Identificação e Avaliação da Oportunidade (1) tem

por objetivo avaliar se a oportunidade identificada está alinhada com as estratégias e objetivos

corporativos. Seus marcos iniciais são determinados pela emissão do Termo de Referência do

Projeto (TRP), por parte da gerência responsável pela execução das atividades desta fase, as

quais podem ser listadas como sendo:

Identificar se há ao menos uma alternativa técnica e economicamente viável para o

desenvolvimento da oportunidade;

Efetuar estudos e avaliações preliminares da oportunidade, determinando seu valor

potencial através de uma avaliação técnica e econômica;

Elencar as principais incertezas para o desenvolvimento da oportunidade com

respectivo plano de mitigação;

Verificar a necessidade de aquisição de dados de reservatório avaliando a necessidade

de gastos antecipados para o desenvolvimento do campo;

Identificar alternativas e estratégias para desenvolvimento do campo; projeto-piloto;

projeto definitivo; projeto complementar; e,

Indicar os direcionadores estratégicos e tecnológicos adequados ao projeto.

A segunda fase, o Projeto Conceitual (2), objetiva realizar uma avaliação das

alternativas de caráter técnico para implementar o projeto. Essa fase pode ser subdividida em

81

duas partes: subfase 2A, que identifica e avalia as alternativas do projeto e analisa técnica e

economicamente cada alternativa; subfase 2, na qual inicia-se um detalhamento das alternativas

recomendadas e elabora-se o Estudo de Viabilidade Técnica Econômica (EVTE) do projeto, o

qual será detalhado mais a frente deste capítulo.

Essa é a fase em que se “pensa” no projeto, em que todas as alternativas tecnológicas

são discutidas. A melhor das alternativas é escolhida, sendo detalhada na fase seguinte. A

margem de erro da estimativa de custos feita nesta fase deve variar entre -15% e +30%,

segundo a AACE (Association for the Advancement of Cost Engineering).

Na Fase (3) de Definição, o projeto básico é realizado, a alternativa escolhida

anteriormente e o escopo do projeto (reservatório, poços, instalações submarinas e de

superfície, etc.) são detalhados e finaliza-se o plano de execução do projeto, contendo as

informações a respeito das contratações, orçamentos e cronogramas, além da realização dos

processos licitatórios. A margem de erro da estimativa de custos conduzida nesta fase deve

variar entre -5% e +15%, segundo a AACE (Association for the Advancement of Cost

Engineering).

5.2.3 A fase de Controle

A macro-fase de Controle na sistemática do PRODEP responsabiliza-se pela execução

daquilo que foi elaborado no Planejamento, além de encerrar oficialmente o projeto. Assim,

como na fase anterior, essa subdivide-se em outras etapas: Execução/Implantação e

Encerramento.

Na fase de Execução/Implantação (4), o projeto é efetivamente realizado, pondo em

prática o escopo, o prazo e o custo aprovados no EVTE do projeto básico. As principais

atividades dessa fase são: perfurar poços; completar e interligar os poços; construir e montar

(unidades de tratamento ou processamento, etc); elaborar o plano de operação; concluir o

comissionamento e a pré-operação do sistema de produção; e iniciar a operação.

A última fase da sistemática é a de Encerramento (5). Essa tem o objetivo de encerrar

os contratos realizados, coletar os registros do projeto, analisar a performance de realização do

projeto, identificar e registrar as lições aprendidas específicas do encerramento, arquivar as

informações sobre o projeto. Uma síntese da descrição das fases do PRODEP apresentadas

pode ser acompanhada por meio do Quadro 12.

82

Quadro 12: Resumo das fases do projeto

Fases do projeto Ação Portões e marcos

(1) Identificação de

Oportunidade

Determinar o potencial da

oportunidade e entrada na carteira

Empresa;

Portão (1): aprovação da análise

empresarial da fase (1) e autorização para

início do Projeto Conceitual;

(2) Projeto Conceitual Avaliar as alternativas técnicas

Portão (2): aprovação da análise

empresarial do projeto conceitual e

autorização para início do projeto básico;

(3) Projeto Básico Desenvolver a alternativa técnica

selecionada

Portão (3): aprovação da análise

empresarial do projeto básico e autorização

para execução do projeto;

(4) Execução Implantar o projeto

Partida da Unidade ou \produção do

primeiro óleo ou entrada em operação do

projeto;

(5) Encerramento Aceitar formalmente o projeto Finalização do investimento e entrega da

documentação final.

Fonte: PETROBRÁS (2014a)

5.2.4 Lições Aprendidas

A gestão de lições aprendidas, promovida dentro do gerenciamento de projetos, é uma

forma de aplicar conhecimento do capital humano obtido através de experiências em projetos

anteriores. Dessa forma, pode-se evitar que erros já cometidos sejam repetidos ou estimular

práticas bem sucedidas. As práticas internas de retenção de lições aprendidas são consoantes

com as pesquisas de Cooke-Davies (2002) e Meng (2011).

Em face dos benefícios trazidos com a aplicação das lições aprendidas, a sistemática

também contempla recomendações para este tipo de prática. Devem ser realizadas, durante a

elaboração do projeto, consulta, identificação, registro e validação das lições em qualquer

momento ao longo do ciclo de vida.

Recomenda-se que ao início de cada fase, sejam consultadas as lições aprendidas com

erros ou acertos nos projetos anteriores que apresentem características similares ao projeto a ser

realizado. Bem como, ao término de cada fase do ciclo, deve-se divulgar os aprendizados nesta,

de forma a que possam ser usados como comparativos futuramente. A incorporação das lições

aprendidas, melhorias, adaptações e inovações nos processos complementa o ciclo de evolução

do sistema corporativo de gerenciamento de projetos com foco na melhoria contínua.

83

Capítulo 6

_________________________________________________________

ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo apresenta as análises dos dados a princípio pela perspectiva descritiva, após isso

são verificados os pressupostos para viabilidade de aplicação da modelagem de equações

estruturais. Para estudar as relações primarias entre as variáveis, foi conduzida uma análise

fatorial exploratória anteriormente aos estudos de SEM. Antes de tecer as considerações acerca

das relações entre as variáveis e validar as hipóteses, foi verificado o ajuste do modelo

estrutural e de mensuração.

6.1 Análise descritiva dos dados

Embora tenham sido analisados projetos de uma mesma empresa, é possível visualizar

diferentes contextos e características que os distinguem entre si e são relevantes para o contexto

de gestão e consequente sucesso dos mesmos. Nesta seção, a amostra de projetos é avaliada

quanto ao tipo, tamanho, localização geográfica, experiência e treinamento da equipe e as

ferramentas e atividades de gerenciamento aplicadas. Alguns fatores que mensuram a gestão de

projetos nesta pesquisa também foram avaliados e relacionados com as características dos

projetos, a fim de tecer premissas e relações iniciais do objetivo do estudo.

6.1.1 Tipo do Projeto

Na empresa estudada e estendendo-se as considerações às atividades do setor de

petróleo e gás, há uma subdivisão no que se refere ao tipo do projeto dependendo de seu

objetivo final. Uma vez que a unidade amostral é o próprio projeto, convém analisar sua

tipologia, a Figura 15 apresenta os resultados.

Figura 15: Tipos de projeto da amostra

Desenvolvimento da Produção (DP)

Outros

Infra-estrutura

Segurança. Meio-ambiente e Saúde (SMS)

Exploratório

47%

16%

14%

13%

10%

TIPO DO PROJETO

84

A maioria dos projetos da amostra é de Desenvolvimento da Produção (DP) com um

percentual de 47%. Este resultado corrobora com a realidade do setor, visto que quando se

explora um campo de petróleo por meio de um ou mais poços exploratórios, os próximos poços

do campo serão para desenvolvê-lo e extrair suas reservas, logo a população de poços de

desenvolvimento é de fato a maior, convergindo com os resultados amostrais.

6.1.2 Tamanho do projeto

O tamanho do projeto foi mensurado por meio do montante investido, sendo também

prática comum de classificação na empresa estudada, conforme a Figura 16.

Figura 16: Tamanho dos projetos da amostra

A maioria dos projetos da amostra é de pequeno porte (Até US$10 milhões), 24%,

seguidos dos de médio porte (Entre US$ 20 e 30 milhões), 20%. A concentração da amostra em

projetos de pequeno e médio porte se deve principalmente a dois fatores: a maioria ser de

desenvolvimento da produção e a grande participação dos projetos do Rio Grande do Norte

(RN) na amostra. O RN é um dos estados com menores projetos vigentes, devido a

característica de exploração terrestre, a qual despende menos investimentos que a marítima.

Poucos poços do pré-sal, por exemplo, foram coletados, os quais representam grandes

investimentos.

Conforme descrito no capítulo 4, o PRODEP se aplica a projetos com investimento total

superior a US$ 5 milhões, possuindo também particularidades que dependem do investimento

(pequeno, médio e grande porte) e da complexidade do projeto. Portanto, a maior parte dos

projetos analisados são gerenciados com base na sistemática interna de stage-gates adotada

pela empresa.

0% 5% 10% 15% 20% 25%

Até US$ 10 Milhões

Entre US$ 10 e US$ 20 Milhões

Entre US$ 20 e US$ 30 Milhões

Entre US$ 30 e US$ 50 Milhões

Entre US$ 50 e US$ 100 Milhões

Entre US$ 100 e US$ 300 Milhões

Acima de US$ 300 Milhões

24%

10%

20%

16%

13%

4%

13%

TAMANHO DO PROJETO

85

6.1.3 Localização geográfica

A empresa estudada atua em todo o território nacional. A amostra dessa pesquisa

abrangeu projetos implementados em nove estados brasileiros, concentrando-se em sua maioria

nos estados do RN, 23% e RJ, 43%, conforme ilustra a Figura 17.

Figura 17: Localização geográfica dos projetos da amostra

O RJ é o maior produtor nacional de petróleo e gás, justificando sua grande parcela no

contexto amostral. O estudo da localização não foi levado em consideração nas relações com o

sucesso na gestão de projetos, pois 66% da amostra concentrou-se em apenas dois estados, o

que inviabiliza tecer relações nos estados pouco representativos na amostra de forma a tirar

conclusões mais plausíveis.

6.1.4 Experiência e treinamento da equipe

No contexto das equipes de projeto, a experiência e o treinamento são variáveis que, de

acordo com trabalhos anteriores (BROWN; EISENHARDT, 1995; GRIFFIN 1997; SOUDER

et al., 1997; ERNST 2002; CHAN et al. 2004; RAUNIAR et al. 2008; RAYMOND;

BERGERON, 2008; TIEXIN et al., 2008; MEIXELL; RODRIGUEZ, 2009; WEIJERMARS,

2009) são impactantes no sucesso da gestão de projetos.

A experiência do respondente foi avaliada pelos anos de trabalho do projetista na área

de projetos de petróleo e gás. Observa-se que a maioria dos entrevistados, 90%, atua a cerca de

5 a 10 anos na área, conforme apresenta na Figura 18. Este resultado deve ser considerado

quanto a precisão das respostas e opiniões dadas sobre os projetos.

RJ

43%

MA

1%

SP

4%

MT

1%

BA

7%

SE

9%

CE

3%RN

23%

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

86

Figura 18: Gráfico sobre o treinamento e a experiência dos respondentes da pesquisa

Em relação ao treinamento dos respondentes aplicado a área de gestão de projetos, a

grande maioria (57%) tem pelo menos 100 horas de treinamento, o que, aliado a experiência

técnica, potencializa o conhecimento na área.

6.1.5 Ferramentas técnicas e atividades de planejamento para o gerenciamento de

projetos

As ferramentas e atividades de planejamento ajudam a organizar e gerenciar os projetos

de forma mais eficiente e permitem um planejamento mais cuidadoso, possibilitando maior

atenção aos detalhes e uma comunicação mais efetiva. A adoção de ferramentas e planos

corporativos de apoio à gestão de projetos propicia também, a padronização de métodos e

processos e a disponibilização de informações ao alcance de toda a equipe e principais

envolvidos no projeto, aumentando a interação entre áreas e as chances de atingir o sucesso de

gestão, por isso seu uso foi analisado e os resultados amostrais podem ser analisados na Figura

19.

Figura 19: Gráfico das ferramentas e atividades de planejamento utilizadas nos projetos da amostra

0% 20% 40% 60%

0 a 100

101 a 500

501 a 1000

≥1000

27%

57%

4%

11%

TREINAMENTO (horas)

0% 20% 40% 60%

≤ 5

6 a 10

11 a 20

≥ 21

54%

36%

7%

3%

EXPERIÊNCIA (anos)

0% 20% 40% 60% 80% 100%

WBS;

Rede PERT/COM

Simulação

Softwares de gerenciamento

Matriz de responsabilidades

Outros

Nenhuma

24%

44%

49%

81%

50%

44%

0%

FERRAMENTAS UTILIZADAS

0% 20% 40% 60% 80%

Plano de comunicação

Plano de gestão da qualidade

Plano de gestão de risco

Plano de gestão de custos

Baseline

Plano de gestão de contratos

Plano de fornecedores

Outros

Nenhuma

67%

47%

79%

69%

54%

51%

27%

33%

1%

ATIVIDADES DE PLANEJAMENTO

87

Em todos os projetos da amostra foi adotada pelo menos uma ferramenta

computacional, sendo os softwares de gerenciamento os mais frequentes, 81%. As atividades

de planejamento apresentam uma distribuição mais uniforme pois normalmente se utiliza mais

de um plano ao mesmo tempo, sendo os de risco, 79% e os de custos, 69%, os mais utilizados,

o que reflete no construto de planejamento e controle e está condizente com as políticas

internas do PRODEP e seus gates de controle.

6.1.6 Desempenho dos projetos analisados no construto Sucesso da Gestão de Projetos

O sucesso na gestão de projetos foi avaliado através da medição dos fatores que a

influenciam, elencados com base nos estudos anteriores (KERZNER, 2001; COOKE-DAVIES,

2002; KHATIB, 2003; LAZLO, 2003; YILIN et al., 2008; CABANIS-BREWIN, 2009;

KERZNER; SALADIS, 2009; KERZNER, 2010; DOLOI; IYER; SAWHNEY, 2011; LI;

ARDITI; WANG, 2012; CHOU; YANG, 2013; SALAZAR-ARAMAYO et al., 2013). Este

conjunto de fatores avaliam principalmente se os projetos foram entregues com o prazo,

orçamento e qualidade previstos e se obedeceram programas de redução de custos. As

medições respondidas em escala Likert podem ser visualizadas na Figura 20.

88

Figura 20: Desempenho dos projetos avaliados em relação às variáveis mensuradas

Em relação à variável de “resultados de qualidade desejados” (SGP3), observa-se que a

maior parte dos projetos analisados, 69%, apresenta bom desempenho. Este resultado corrobora

com as políticas de qualidade interna da empresa, a qual apresenta procedimentos padrão de

planejamento e execução dos projetos, além da própria sistemática de stage-gates PRODEP,

que corrige e elimina possíveis não conformidades durante o ciclo de vida dos projetos.

A variável de “redução de custos” (SGP4) é a que apresenta os melhores resultados e a

maior parcela de projetos com bom desempenho em relação às demais, 73%. Isso se deve pela

conjuntura atual da empresa estudada que apresenta, em seu planejamento estratégico 2012-

2016, um Programa de Otimização de Custos Operacionais (PROCOP) que visa o aumento da

formação de caixa, a produtividade e pretende reforçar o modelo de eficiência em custos.

Constata-se que os fatores mais críticos em termos de resultados, no construto sucesso

da gestão de projetos, estão relacionados ao prazo e orçamento. No que se refere a variável

“conclusão do projeto dentro do prazo previsto” (SGP1), 57% dos projetos avaliados

apresentaram desempenho abaixo do esperado. Entretanto, os piores resultados são da variável

0%

5%

10%

15%

20%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

PRAZO PREVISTO

0%

5%

10%

15%

20%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

ORÇAMENTO PREVISTO

0%

5%

10%

15%

20%

25%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

QUALDIADE ESPERADA

0%

5%

10%

15%

20%

25%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

REDUÇÃO DE CUSTOS

89

“conclusão do projeto dentro do orçamento previsto”, em que 63% dos projetos da amostra não

conseguiram ser entregues dentro do orçamento desejado/planejado. Este resultado mostra que,

embora haja um plano de redução de custos na empresa e que a maior parte dos projetos esteja

dentro deste programa, ainda é alta a incidência de projetos que ultrapassam os orçamentos

previstos. Diante da conjuntura vigente que esta maior empresa de petróleo brasileira enfrenta,

com altos custos, comprometimento de orçamentos e auditorias de investigação de gastos, os

aspectos de otimização e planejamento são fundamentais para reerguer e aprimorar a conduta

interna em vistas a aumentar os ganhos e se reafirmar no mercado. Observando as variáveis e

as condutas internas, denota-se que trata-se muito mais de um problema de erros de previsão e

planejamento, do que de execução e tentativa de melhorias em campo. Muito embora, na

perspectiva do PRODEP, sejam concebíveis variações de orçamento da ordem de -15% e

+30%, nas fases inicias, e de -5% e +15% nas fases do projeto básico, estes valores estão sendo

ultrapassados conforme os respondentes. Em vistas a conjuntura atual da empresa, esta

constatação merece atenção dos gestores para as necessidades de incluir nos planos de redução

de custos, as perspectivas reais de orçamento e tentar reduzir os erros de estimativas, que

podem, inclusive, acarretar na aprovação de projetos que se tornem inviáveis economicamente,

Outro fator a ser destacado é que, no contexto dos projetos de petróleo e gás,

estimativas de tempo e custo estão estreitamente ligadas. A maior parte dos custos dos projetos

é composta de alugueis de sonda, de navios, equipamentos e contratos terceirizados que estão

diretamente correlacionados ao tempo de execução, uma vez que o pagamento destes meios de

produção é feito por diária, ou período.

6.2 Premissas subjacentes a Modelagem de Equações Estruturais

Para a aplicação da modelagem de equações estruturais é preciso observar os ajustes do

instrumento de pesquisa adotado através da sua confiabilidade, a verificação dos pressupostos e

uma análise exploratória prévia dos dados. Esta avaliação antecedente à aplicação da

modelagem e faz-se necessária para evitar erros nos processos de cálculo e conclusões errôneas

acerca dos resultados de análise dos dados. O Quadro 13 demonstra os pressupostos avaliados

nas próximas sessões e as referências utilizadas para a adoção dos mesmos.

Quadro 13: Pressupostos avaliados

Pressupostos Teste/análise Fontes

Ausência de

observações atípicas

Distância de

Mahalanobis

Garson (1998), Hair et al. (2005), Tabachnick e Fidell

(1996)

Ausência de

multicolinearidade

VIF das variáveis

independentes Garson (1998), Gujarati (2000), Hair et al. (2005),

90

Malhotra (2001), Tabachnick e Fidell (1996)

Normalidade

multivariada

Mínimos quadrados

parciais não exige Marôco (2010)

Linearidade -

Garson (1998), Gujarati (2000), Hair et al. (2005),

Malhotra (2001), Tabachnick e Fidell (1996)

Ausência de erros

correlacionados Durbin Watson

Garson (1998), Gujarati (2000), Hair et al. (2005),

Malhotra (2001), Tabachnick e Fidell (1996)

Fonte: o autor.

6.2.1 Confiabilidade do Instrumento de pesquisa

Confiabilidade diz respeito ao grau em que um conjunto de indicadores de uma variável

latente (construto) é consistente em suas mensurações. É imprescindível avaliar se o

instrumento utilizado na pesquisa consegue inferir ou medir aquilo a que realmente se propõe.

O Coeficiente Alfa de Cronbach (α) é uma medida comumente utilizada de confiabilidade (ou

seja, a avaliação da consistência interna dos questionários) para um conjunto de dois ou mais

indicadores de construto. Os valores de α variam de 0 a 1,0 e geralmente interpreta-se que um α

entre 0,6 e 0,7 indica fiabilidade aceitável e acima de 0,8 indica boa fiabilidade. Alta

fiabilidade (maior ou igual a 0,95) geralmente não é desejada, já que indica que os itens podem

ser redundantes.

O cálculo da fiabilidade foi desenvolvido a princípio selecionando-se todas as variáveis

do modelo e, posteriormente, foram agrupadas as variáveis de cada construto para serem

avaliados individualmente. Os resultados de confiabilidade do instrumento de pesquisa podem

ser visualizados por meio da Tabela 1.

Tabela 1: Confiabilidade do instrumento de pesquisa

Construto

analisado

Número

de itens

Alfa de

Cronbach Interpretação

Melhoria com

retirada de variável

Todas as variáveis 18 0,903 Boa fiabilidade Não

Equipe de projeto 4 0,698 Aceitável Sim (EP3)

Planejamento e

Controle 5 0,718 Aceitável Não

Qualidade e Escopo 5 0,754 Aceitável Não

Desempenho de

Sucesso da gestão de

projetos

4 0,805 Boa fiabilidade Não

Fonte: Análise dos dados pelo SPSS.

91

Observa-se que os melhores resultados foram encontrados quando analisadas todas as

variáveis (0,903) e o construto de “Sucesso na gestão de projetos” (0,805). Embora ainda

dentro da faixa aceitável, o construto com menor valor de α é o de “Equipe de projeto”. Para

aumento deste valor, de acordo com as recomendações de melhoria com retirada de variáveis

sugeridas pelo software IBM® SPSS®, foi retirada a variável EP3 do modelo, a qual representa

a avaliação de treinamento do construto analisado.

6.2.2 Ausência de observações atípicas

As observações atípicas também conhecidas como outliers são aquelas

substancialmente diferentes das outras. Podem ser identificadas no nível univariado, bivariado

e multivariado, sendo este último o caso da presente pesquisa. Alguns fatores podem causar a

presença de observações atípicas, alterando o resultado de análise e causando violações de

normalidade: erro de entrada de dados ou na codificação; evento extraordinário; observações

extraordinárias para os quais o pesquisador não tem explicação; observações que representam

uma combinação única de valores das variáveis (GARSON, 1998; HAIR et al., 2005).

Para detectar os outliers, uma das técnicas disponíveis é a distância de Mahalanobis

(D2), definida como a distância de um caso da centróide dos casos remanescentes, em que a

centróide é o ponto criado pela interseção das médias de todas as variáveis consideradas. Para

utilizar a D2, é preciso definir o nível de significância desejado e o número de graus de

liberdade utilizados, a fim de que se tenha um valor-limite, fornecido pela distribuição

quiquadrado (χ2), abaixo do qual o caso deve ser considerado como um valor discrepante. Em

relação ao parâmetro, tanto Hair Jr. et al. (1998) como Tabachnick e Fidell (2001) recomendam

um nível conservador, de 0,001, em que abaixo deste valor, pode-se considerar a observação

como um outilier. De acordo com os resultados encontrados, observa-se apenas uma

observação atípica, a de número 10, que apresentou um alto valor de D2 (45,53) e baixo valor

de p (0,0003). Entretanto, esta observação não foi excluída da amostra em virtude do seu baixo

impacto nas demais premissas e análises.

6.2.3 Ausência de multicolinearidade

O termo multicolinearidade significa a existência de uma “perfeita” (ou exata) relação

linear entre algumas ou todas as variáveis explicativas. Quando há a presença de

multicolinearidade, uma variável independente pode ser descrita como uma combinação das

outras variáveis, dessa forma pode haver redundâncias no modelo, o que prejudica as

estimações futuras dos parâmetros na análise de SEM.

92

Esta premissa foi avaliada através do software IBM® SPSS®, em que cada variável

observada e independente foi tomada uma a uma como variável dependente e analisada em um

modelo de regressão múltipla. Como output da regressão, selecionou-se o diagnóstico de

colinearidade para então avaliar a estatística Variance Inflation Factor (VIF). Esta estatística

mede o quanto da variância do coeficiente estimado é maior em virtude da colinearidade.

Valores de VIF superiores a 5 indicam presença de multicolinearidade. A Tabela 2 apresenta os

resultados.

Tabela 2: Teste de multicolinearidade

Variáveis dependentes

Regressão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

VIF das

Var.

Indep.

EP1 EP2 EP4 PC1 PC2 PC3 PC4 PC5 QE1 QE2 QE3 QE4 QE5

EP1 - 1,499 1,513 1,621 1,579 1,615 1,602 1,576 1,619 1,583 1,620 1,520 1,600

EP2 1,857 - 1,968 2,006 2,000 1,930 1,972 1,990 1,984 2,009 1,960 1,942 1,811

EP4 1,573 1,651 - 1,535 1,685 1,673 1,683 1,685 1,685 1,672 1,685 1,684 1,681

PC1 2,730 2,727 2,488 - 2,598 2,555 2,677 2,731 2,481 2,580 2,382 2,724 2,731

PC2 2,344 2,396 2,406 2,289 - 2,145 2,307 2,334 2,406 2,348 2,403 2,115 2,385

PC3 1,764 1,702 1,759 1,657 1,579 - 1,612 1,770 1,758 1,706 1,756 1,723 1,727

PC4 1,532 1,522 1,549 1,520 1,486 1,411 - 1,297 1,533 1,527 1,518 1,549 1,530

PC5 1,646 1,678 1,694 1,694 1,643 1,693 1,417 - 1,674 1,652 1,658 1,691 1,694

QE1 1,636 1,617 1,637 1,488 1,637 1,626 1,620 1,618 - 1,621 1,638 1,593 1,616

QE2 1,492 1,528 1,517 1,444 1,491 1,472 1,504 1,491 1,512 - 1,464 1,498 1,483

QE3 2,226 2,174 2,227 1,943 2,225 2,209 2,181 2,180 2,227 2,135 - 2,159 2,066

QE4 1,981 2,043 2,112 2,107 1,857 2,055 2,111 2,109 2,055 2,071 2,048 - 2,058

QE5 1,898 1,734 1,919 1,923 1,906 1,875 1,897 1,923 1,897 1,866 1,784 1,873 -

Observa-se, portanto, que para todas as 13 regressões múltiplas, as variáveis exógenas

do modelo não apresentam multicolinearidade, pois atendem a indicação de VIF≤5.

6.2.4 Normalidade Multivariada

O método de estimação por mínimos quadrados ponderados (PLS), escolhido para

estimar o modelo de equações estruturais da pesquisa, não exige que as variáveis manifestas

apresentem normalidade multivariada (MARÔCO, 2010), logo é possível seguir adiante na

análise dos dados sem a verificação desta premissa.

6.2.5 Linearidade

Para Hair et al (2009), um pressuposto implícito de todas as técnicas de análise

multivariada com base em medidas correlacionais de associação, incluindo regressão múltipla,

regressão logística, análise fatorial e modelagem de equações estruturais, é a linearidade. No

pressuposto da linearidade dos parâmetros, entende-se que a relação entre as variáveis

93

independentes e a variável dependente possa ser representada por uma função linear. A

modelagem de equações estruturais assume relações lineares entre as variáveis manifestas e as

variáveis latentes. De acordo com Salazar-Aramayo (2013), quando na análise dos parâmetros

do modelo, se houver algum problema de ajustamento, este pode ter sido causado pela

existência de relações não lineares entre os dados.

6.2.6 Ausência de erros correlacionados

No escopo de análises multivariadas admite-se que o erro referente a uma observação

qualquer não seja influenciado pelo erro de outra observação qualquer. A literatura consultada,

Hair et al. (2015) e Garson (1998), apresenta alguns testes para a detecção de autocorrelação,

entre eles: Teste de Geary, Teste de Breush-Godfrey, Teste M de Durbin e Teste de Durbin-

Watson, sendo este último utilizado para avaliação da amostra da pesquisa definidos pela

Tabela 3.

Tabela 3: Teste Durbin-Watson

Modelo R R

Quadrado

R

quadrado

ajustado

Erro

padronizado

da estimativa

Durbin-Watson

1 0,827a 0,684 0,59 1,16 1,754

O teste Durbin-Watson foi calculado por meio do IBM® SPSS

®. Este software não

apresenta o nível de significância do teste de Durbin-Watson, mas sim um valor que está

sempre situado entre 1 e 3. Quando o valor do teste está perto de 2 significa que o teste não é

significativo e que os erros são independentes. Para os dados amostrais desta pesquisa, têm-se

um valor de 1,754 para o teste, o que atende a premissa de ausência de erros correlacionados.

6.3 Análise Fatorial Exploratória

A análise fatorial exploratória (AFE) analisa o padrão de correlações existentes entre as

variáveis e utiliza esses padrões de correlações para agrupa-las em fatores, os quais são

variáveis latentes que se pretende medir a partir das variáveis observadas. A análise

exploratória ajuda, portanto, o pesquisador a identificar a estrutura fatorial latente para um

conjunto de indicadores, corroborando para o melhor esclarecimento de um conceito ou

conceitos, não operacionalmente definidos.

Para a extração de fatores, foi utilizada a Análise dos Componentes Principais

(Principal Components Analysis - PCA) e o método de rotação ortogonal Varimax. A PCA

considera a variância total dos dados e procura uma combinação linear entre as variáveis a fim

94

de que o máximo de variância seja explicado por essa combinação (DIAS FILHO, CORRAR e

PAULO, 2007).

Após a análise dos dados pelo software IBM® SPSS®, foram observados os seguintes

parâmetros: teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) como uma medida de adequação da amostra;

teste de esfericidade de Bartlett; medida de adequação da amostra (Measure of Sampling

Adequacy - MSA); comunalidades para cada variável; e a porcentagem da variância acumulada

para cada fator. As medições avaliadas, seus significados e os critérios adotados de aceitação,

de acordo com Hair et al. (2005) estão expressos no Quadro 14.

Quadro 14: Medições e critérios da AFE

Medições Significado Critério de

aceitação

KMO (Measure of Sampling

Adequacy-MSA)

Índice

que avalia a adequação da análise fatorial

≥ 0,50

Probabilidade associada com

o teste de Bartlett

Testa a hipótese

de que as variáveis não sejam correlacionadas na

população.

< 0,001

Comunalidade Parte da variância da variável que está relacionada com

os fatores comuns

≥ 0,50

% de variância acumulada Porcentagem da variância total atribuída a cada fator ≥ 60%

Fonte: Hair et al. (2005)

6.3.1 Análise exploratória do construto Equipe de Projeto

O primeiro construto analisado foi o de Equipe de projeto, sendo inseridas as três

variáveis observadas restantes, após a análise de confiabilidade recomendar a exclusão da

variável EP3 (treinamento). Os resultados expressos são baseados em um construto já

previamente corrigido com as variáveis EP1, EP2 e EP4. A Tabela 4 apresenta os resultados

para o teste KMO e de esfericidade de Bartlett.

Tabela 4: KMO e Teste de esfericidade de Bartlett para a variável Equipe de Projeto

Análise Valor

Medida de adequação da amostra - KMO 0,670

Teste de Esfericidade de Bartlett 37,047

gl 3

Sig. ,000

O índice KMO apresenta valor 0,670 estando acima do mínimo recomendado de 0,5,

atestando a adequação da análise fatorial. O teste de esfericidade de Bartlett testa a hipótese de

95

que as variáveis não sejam correlacionadas na população. A hipótese básica diz que a matriz de

correlação da população é uma matriz identidade, o que indica que o modelo fatorial é

inapropriado. Como o nível de significância do teste foi inferior a 0,001 tem-se que as variáveis

não são correlacionadas na população.

A Tabela 5 apresenta a análise da matriz de correlações anti-imagem, a qual tem como

intuito a obtenção de sinais acerca da necessidade de eliminação de alguma variável no modelo.

A diagonal principal da matriz anti-imagem fornece o índice de Medida de Adequação da

Amostra. Sendo valores acima de 0,5 aceitáveis, de acordo com Hair et al. (2005). Observa-se,

portanto, adequação a esta medida.

Tabela 5: Medida de Adequação da Amostra (MSA) para a variável Equipe de Projeto

Correlação

Anti-imagem EP1 EP2 EP4

EP1 ,674a

EP2 -,268 ,679a

EP4 -,320 -,310 ,658a

O próximo passo para a análise das variáveis do construto foi a avaliação das

comunalidades para cada variável, conforme expresso na Tabela 6. Tem-se que, para todas as

variáveis, o critério de aceitação é valido (comunalidade ≥ 0,50), ou seja, o fator comum

explica pelo menos metade da variância de cada variável.

Tabela 6: Comunalidades das variáveis do construto EP

Variável Comunalidade*

EP1 ,613

EP2 ,606

EP4 ,637

*Método de extração: Componentes Principais

Avaliando-se agora a porcentagem da variância acumulada em cada fator e os

respectivos eingenvalues, observa-se que, pela Tabela 7, há apenas um componente para este

conjunto de variáveis, tendo em vista que apenas um eingenvalue é superior a 1. O critério da

porcentagem da variância acumulada é aceito com o componente proposto e este tem o poder

de explicar 61,853% da variância total. Ou seja, os demais componentes não têm o poder de

explicar o conjunto de variáveis.

Tabela 7: Variância total explicada da variável Equipe de Projeto a partir dos componentes extraídos

Componente

Eingenvalues Iniciais Extração acumulada

Total % da

variância

%

Acumulada Total

% da

variância

%

Acumulada

1 1,856 61,853 61,853 1,856 61,853 61,853

2 ,592 19,732 81,585

3 ,552 18,415 100,000

96

6.3.2 Análise exploratória do construto Planejamento e Controle

Seguindo a análise exploratória dos construtos latentes, foram avaliadas as cinco

variáveis observadas PC1, PC2, PC3, PC4 e PC5 do construto de Planejamento e Controle dos

projetos. A Tabela 8 mostra que o critério do teste KMO é aceito (0,592) tendo-se que os dados

são adequados para a análise fatorial. A significância do teste de esfericidade de Bartlett

também apresenta-se como recomendado (0,000).

Tabela 8: KMO e Teste de esfericidade de Bartlett para a variável Planejamento e Controle

Análise Valor

Medida de adequação da amostra - KMO 0,592

Teste de Esfericidade de Bartlett 84,297

Gl 10

Sig. ,000

A matriz de correlação anti-imagem, representada na Tabela 9, aponta que, para todas as

variáveis, a medida de adequação da amostra é aceitável (acima de 0,5 na diagonal principal),

podendo-se seguir a análise fatorial com todas as variáveis, de acordo com Hair et al. (2005).

Tabela 9: Medida de Adequação da Amostra (MSA) para a variável Planejamento e Controle

Correlação

Anti-imagem PC1 PC2 PC3 PC4 PC5

PC1 ,624a

PC2 -,456 ,545a

PC3 ,150 -,437 ,595a

PC4 -,149 ,252 -,329 ,520a

PC5 -,093 -,281 -,019 -,408 ,697a

As comunalidades das variáveis também atendem aos critérios de que, pelo menos 0,5

da variância deve ser explicada pelos fatores comuns. Não sendo então necessária a eliminação

de nenhuma variável até o momento na AFE, conforme os critérios expressos no Tabela 10.

Tabela 10: Comunalidades das variáveis do construto PC

Variável Comunalidade*

PC1 ,666

PC2 ,793

PC3 ,501

PC4 ,802

97

PC5 ,606

*Método de extração: Componentes Principais

Embora todas as variáveis devam ser mantidas para o construto de Planejamento e

Controle, observa-se na Tabela 11 que os dois componentes extraídos, pelo critério dos

eingenvalues maiores que 1, representam 67,155% da variância acumulada, quando somados os

componentes 1 e 2.

Tabela 11: Variância total explicada da variável Planejamento e Controle a partir dos componentes extraídos

Componente

Eingenvalues Iniciais Extração acumulada Soma das cargas da rotação

Total % da

variância

%

Acumulada Total

% da

variância

%

Acumulada

Total % da

variância

%

Acumulada

1 2,34

2

46,842 46,842 2,34

2

46,842 46,842 1,703 34,051 34,051

2 1,01

6

20,313 67,155 1,01

6

20,313 67,155 1,655 33,104 67,155

3 ,785 15,709 82,865

4 ,545 10,893 93,758

5 ,312 6,242 100,000

Observando-se a Tabela 12 da matriz de componentes rotacionada pelo método

Varimax com normalização Kaiser, tem-se que as variáveis PC1 e PC2 apresentam cargas

fatoriais mais elevadas para o componente 2 e as variáveis PC3, PC4 e PC5 para o componente

1.

Tabela 12: Matriz de componentes rotacionada*

Componente

1 2

PC1 ,109 ,809

PC2 ,208 ,866

PC3 ,616 ,336

PC4 ,893 -,071

PC5 ,687 ,366

*Método de extração: Análise de componentes principais

Método de rotação: Varimax com normalização Kaiser

O construto Planejamento e Controle foi reformulado subdividindo-se as variáveis

iniciais em dois fatores de 1ª ordem. A Figura 21 apresenta os componentes extraídos e

possibilita visualizar o agrupamento das variáveis no espaço rotacionado.

98

Figura 21: Variáveis do construto Planejamento e controle no espaço rotacionado

Avaliando-se as variáveis que foram agrupadas em cada um dos dois fatores e suas

especificidades, foram criadas duas novas variáveis latentes de 1ª ordem para o modelo:

registros de planejamento e controle (fator 2) e tempo e recursos do projeto (fator 1).

Esta subdivisão corrobora com o pensamento dos autores Dvir e Lecher (2004) os

quais indicam que a abordagem tradicional de planejamento e controle de projetos tende a

falhar por causa de excessivo controle formal restritivo, o que reduz a criatividade como um

fator que contribui para o sucesso do projeto. Os autores então propõem para que se reduza o

planejamento e controle formais a um mínimo nível requerido de documentações do projeto e

atenção aos prazos e recursos envolvidos.

Nessa perspectiva, a adequação da documentação organizacional e responsabilidades

nos projetos é também postulada por Cooke-Davies (2002) e Memon e Rahman (2013) como

parte do planejamento e controle de projetos de sucesso. Brown e Eisenhardt (1995) e

Kumaraswamy e Mathews (2000) também tratam as questões de tempo e recursos como uma

dimensão analisada separadamente.

6.3.3 Análise exploratória do construto Qualidade e Escopo

Como resultados da análise exploratória do terceiro construto, Qualidade e Escopo, têm-

se que tanto o KMO quanto o teste de esfericidade de Bartlett foram condizentes com os

parâmetros adotados, sendo então a base de dados adequada para o prosseguimento da análise

fatorial, conforme a Tabela 13.

99

Tabela 13: KMO e Teste de esfericidade de Bartlett para a variável Qualidade e Escopo

Análise Valor

Medida de adequação da amostra - KMO ,738

Teste de Esfericidade de Bartlett 87,007

gl 10

Sig. ,000

A matriz de correlação anti-imagem, expressa na Tabela 14, também demonstrou

valores adequados, superiores a 0,5, apoiando a manutenção de todas as variáveis do conjunto.

Tabela 14: Medida de Adequação da Amostra (MSA) para a variável Qualidade e Escopo

Correlação

Anti-imagem QE1 QE2 QE3 QE4 QE5

QE1 ,794a

QE2 -,197 ,699a

QE3 -,160 -,299 ,738a

QE4 -,259 -,086 -,272 ,761a

QE5 ,027 ,162 -,322 -,307 ,681a

Entretanto, a análise das comunalidades, para o construto Qualidade e Escopo,

apresentou indicação de eliminação de uma das variáveis, QE2, que apresentou valor abaixo de

0,5, conforme é possível visualizar pela Tabela 15.

Tabela 15: Comunalidades das variáveis do construto QE

Variável Comunalidade*

QE1 ,502

QE2 ,327

QE3 ,673

QE4 ,638

QE5 ,514

*Método de extração: Componentes Principais

Hair et al (1998, p.108) advogam que quando as comunalidades são consideradas muito

baixas, abaixo de 0,50 como foi o caso da variável QE2, há duas opções de interpretação: (1)

interpretar a solução como se apresenta e simplesmente ignorar essas variáveis, ou (2) avaliar

cada variável para possível eliminação.

Destaque-se que é preciso analisar se o objetivo do estudo é apenas a redução de dados.

Nesse sentido, os mesmos autores ainda dizem que o pesquisador deve identificar quais

variáveis são pobremente representadas na solução fatorial. Se a variável é de menor

importância para o objetivo do estudo, ou apresenta um valor de comunalidade inaceitável, ela

pode ser eliminada e, em seguida, deve ser realizada uma nova reespecificação do modelo

100

fatorial pela determinação de uma nova solução fatorial. Uma nova AFE foi executada após a

eliminação da variável QE2, gerando-se os novos resultados conforme expressos nas Tabelas

16, 17 e 18.

Tabela 16: KMO e Teste de esfericidade de Bartlett para a variável Qualidade e Escopo após retirada de QE2

Análise Valor

Medida de adequação da amostra - KMO ,730

Teste de Esfericidade de Bartlett 68,350

gl 6

Sig. ,000

O KMO aponta uma adequação à análise fatorial (0,730) e o teste de esfericidade de

Bartlett também possui significância adequada para a continuidade das análises. A matriz de

correlação anti-imagem, exposta na Tabela 17, aponta sutis melhorias quanto à medida de

adequação da amostra expressas nos valores da diagonal principal (critério ≥ 0,5).

Tabela 17: Medida de Adequação da Amostra (MSA) para a variável Qualidade e Escopo após retirada de QE2

Correlação Anti-imagem QE1 QE3 QE4 QE5

QE1 ,738a

QE3 -,234 ,736a

QE4 -,282 -,313 ,721a

QE5 ,061 -,290 -,298 ,728a

As comunalidades das variáveis restantes também convergem em melhorias para o

modelo, tendo em vista o acréscimo nos valores de explicação dos fatores extraídos,

significando que uma maior porcentagem das variáveis é explicada pelo fator comum.

Tabela 18: Comunalidades das variáveis do construto QE após retirada de QE2

Variável Comunalidade*

QE1 ,506

QE3 ,661

QE4 ,680

QE5 ,543

101

Além disso, a porcentagem da variância acumulada é satisfeita (critério ≥ 60%), e é

atendida com um componente, o qual explica 60,654% da variância total, conforme pode ser

visualizado na Tabela 19.

Tabela 19: Variância total explicada da variável Qualidade e Escopo a partir dos componentes extraídos após

retirada da variável QE2

Componente

Eingenvalues Iniciais Extração acumulada

Total % da

variância

%

Acumulada Total

% da

variância

%

Acumulada

1 2,266 60,654 60,654 2,266 60,654 60,654

2 ,796 17,912 77,565

3 ,480 11,009 89,575

4 ,457 10,425 100,000

6.3.4 Análise exploratória do construto Desempenho de Sucesso na Gestão de Projetos

O último construto analisado pela AFE é o de Desempenho de Sucesso na gestão de

projetos. O valor do KMO da amostra é de 0,703, ou seja, superior ao patamar crítico de 0,50.

O teste esfericidade de Bartlett é estatisticamente significante (< 0,001). Em ambos os casos, os

testes sugerem que os dados são adequados à análise fatorial. O passo seguinte é determinar o

número de fatores que serão extraídos.

Tabela 20: KMO e Teste de esfericidade de Bartlett para a variável Sucesso na gestão de projetos

Análise Valor

Medida de adequação da amostra - KMO ,703

Teste de Esfericidade de Bartlett 104,801

gl 6

Sig. ,000

A matriz de correlação anti-imagem também atende aos critérios de aceitação com todos

os valores da diagonal principal superiores a 0,5, mantendo-se, portanto, a priori, todas as

variáveis do construto.

Tabela 21: Medida de Adequação da Amostra (MSA) para a variável Qualidade e Escopo

Correlação

Anti-imagem SGP1 SGP2 SGP3 SGP4

SGP1 ,666a

SGP2 -,630 ,670a

SGP3 -,129 -,218 ,767a

SGP4 ,014 -,153 -,404 ,746a

102

A análise de comunalidades ratifica a interpretação pela matriz anti-imagem uma vez

que mostra que todos os valores são superiores a 0,5. Demonstrando que, para todas as

variáveis, os fatores extraídos explicam pelo menos 50% de suas variâncias.

Tabela 22: Comunalidades das variáveis do construto SGP

Variável Comunalidade*

SGP1 ,648

SGP2 ,733

SGP3 ,624

SGP4 ,502

*Método de extração: Componentes Principais

A observação da Tabela 23, sugere que deve-se extrair apenas um fator,

cujo eigenvalue é de 2,473, carregando cerca de 62% da variância das variáveis.

Tabela 23: Variância total explicada da variável Qualidade e Escopo a partir dos componentes extraídos

Componente

Eingenvalues Iniciais Extração acumulada

Total % da

variância

%

Acumulada Total

% da

variância

%

Acumulada

1 1 2,483 62,068 62,068 2,483 62,068

2 2 ,796 19,905 81,974

3 3 ,448 11,197 93,171

4 4 ,273 6,829 100,000

As avaliações individuais para cada construto, por meio de uma perspectiva exploratória

de análise fatorial e de confiabilidade, resultaram em um modelo reformulado. O novo modelo

contempla agora uma variável latente de segunda ordem e 5 variáveis latentes de primeira

ordem: a) Equipe de Projeto com as variáveis observadas EP1, EP2 e EP4 (este construto

apresenta uma variável observada eliminada por meio da análise de confiabilidade pelo alfa de

Cronbach); b) Qualidade e Escopo com as variáveis QE1, QE3, QE4 e QE5, o qual teve uma

variável (QE2) eliminada por apresentar baixa comunalidade; c) Tempo e Recursos do projeto,

como um fator extraído da AFE que agrupou as variáveis PC3, PC4 e PC5; d) Registros do

planejamento e controle, o segundo fator originário do construto Planejamento e Controle

(variável agora de segunda ordem), o qual agrupou as variáveis PC1 e PC2, a adição desses

construtos permite explicar de maneira mais plausível as características dos fatores de segunda

ordem; e, e) Sucesso na Gestão de Projetos, o qual também permaneceu em sua forma original

com as quatro variáveis observadas SGP1, SGP2, SGP3 e SGP4.

103

6.4 Modelagem de Equações Estruturais

Após a avaliação dos pressupostos que possibilitam a aplicação da modelagem

multivariada e uma análise fatorial exploratória prévia, o modelo proposto com base na revisão

de literatura e nas análises in loco na empresa estudada sofreu alterações em sua estrutura

inicial.

Até então, a pesquisa teve um caráter mais exploratório, procurando explorar as relações

prévias entre um conjunto de variáveis elencadas na literatura, identificando os seus padrões de

correlação. De posse do modelo reestruturado, inicia-se a perspectiva confirmatória da

pesquisa. As hipóteses embasadas pela teoria serão agora testadas e avaliadas para mensurar o

quanto variáveis são representativas de cada conceito/dimensão.

O procedimento de análise dos dados deu-se por meio do software de SEM SmartPLS 3,

escolhido em virtude da adoção dos mínimos quadrados parciais (PLS) como método de

estimação dos parâmetros da modelagem. Esta seção contempla os seguintes passos

metodológicos: a) avaliação do modelo de mensuração; b) avaliação do modelo estrutural; e, c)

interpretação dos coeficientes de caminho e avaliação das hipóteses de pesquisa.

6.4.1 Avaliação dos ajustes de mensuração e do modelo estrutural

Os softwares que operam o método PLS não dispõem dos mesmos índices de ajuste do

Lisrel e o AMOS, por exemplo, que estão voltados para modelos baseados em covariâncias. As

primeiras análises pelo SmartPLS concernem aos ajustes do modelo, as quais são subdivididas

em dois momentos: avaliação dos modelos de mensuração e avaliação do modelo estrutural

(HENSELER et al., 2009; GÖTZ et al., 2010). O Quadro 15 apresenta os indicadores e

procedimentos adotados nesta seção e os respectivos critérios de aceitação/avaliação para a

averiguação do ajuste do modelo PLS-SEM.

Quadro 15: Indicadores e procedimentos adotados para avaliação do ajuste do modelo PLS-SEM

Indicador/ procedimento Propósito Critério Referências

AV

AL

IAÇ

ÃO

DO

MO

DE

LO

DE

ME

NS

UR

ÃO

AVE Validades convergentes AVE ˃ 0,50 (HENSELER; RINGLE e

SINKOVICS (2009)

Cargas cruzadas Validade Discriminante

Valores das cargas

maiores nas VLs

originais do que em

outras

CHIN, 1998

Alfa de Cronbach e

Confiabilidade

Composta

Confiabilidade do modelo AC > 0,70

CC entre 0,7 e 0,9 HAIR et al. (2014)

Teste t de Student

Avaliação das

significâncias das

correlações e regressões

t ≥ 1,96 HAIR et al. (2014)

104

AV

AL

IAÇ

ÃO

DO

MO

DE

LO

ES

TR

UT

UR

AL

Avaliação dos

Coeficientes de

Determinação de

Pearson (R2):

Avaliam a porção da

variância das variáveis

endógenas, que é

explicada pelo modelo

estrutural.

R2 fraco quando

entre 0,19 e 0,33;

adequado entre 0,34

e 0,66 e forte quando

maior que 0,67

(HENSELER, RINGLE;

SINKOVICS, 2009).

Tamanho do efeito

(f2) ou Indicador de

Cohen

Avalia-se quanto cada

constructo é “útil” para o

ajuste do modelo

Valores de 0,02, 0,15

e 0,35 são

considerados

pequenos, médios e

grandes.

HAIR et al. (2014)

Validade Preditiva

(Q2) ou indicador de

Stone-Geisser

Avalia a acurácia do

modelo ajustado Q2 > 0 HAIR et al. (2014)

GFI

É um escore da qualidade

global do modelo

ajustado

Não se aplica HENSELER e SARSTEDT

(2012); HAIR et al. (2012)

Coeficiente de

Caminho (Г)

Avaliação das relações

causais

Interpretação dos

valores à luz da

teoria.

HAIR et al. (2014)

O primeiro aspecto a ser observado no modelo de mensuração são as Validades

Convergentes, obtidas pelas observações das Variâncias Médias Extraídas (Average Variance

Extracted - AVEs). A AVE é a porção dos dados (nas respectivas variáveis) explicada por cada

um dos construtos, respectivos aos seus conjuntos de variáveis ou quanto, em média, as

variáveis se correlacionam positivamente com os seus respectivos construtos. Assim, quando as

AVEs são maiores que 0,50 admite-se que o modelo converge a um resultado satisfatório

(FORNELL e LARCKER, 1981). A Tabela 24 apresenta os resultados para esta análise.

Tabela 24: Valores das Variâncias médias extraídas

Variáveis Latentes de 1ª Ordem Variáveis Latentes de 2ª Ordem AVE

Equipe de Projeto - 0,614

- Planejamento e Controle 0,467

Qualidade e Escopo - 0,638

Registros de Planejamento e Controle - 0,752

Tempo e Recursos do Projeto - 0,584

Desempenho de Sucesso da Gestão de

projetos

- 0,618

A Figura 22 permite visualizar o atendimento dos valores encontrados ao parâmetro

ideal adotado por Henseler, Ringle e Sinkovics (2009).

105

Figura 22: Avaliação do critério para a variância média extraída das variáveis

Observa-se que os valores da AVE para todas as variáveis latentes de 1ª ordem estão

condizentes com o critério de Fornell e Larcker, apenas a variável Planejamento e Controle

apresenta-se um pouco abaixo do recomendado. Entretanto, esta variável na verdade está sendo

representada por suas variáveis de primeira ordem (Registros de Planejamento e Controle e

Tempo e Recursos do Projeto) com base na análise fatorial exploratória e sua inserção no

modelo está representada pela união das cinco variáveis observadas que antes a compunham.

A segunda etapa, após se garantir a Validade Convergente, é a observação dos valores

da Consistência interna e Confiabilidade Composta (CC). Embora na avaliação dos

pressupostos já tenha sido avaliada previamente a consistência interna com o Alfa de Cronbach

através do IBM SPSS, o SmartPLS gera novamente esta análise, só que agora para o modelo

reajustado. A análise de CC é a mais adequada quando se utiliza mínimos quadrados parciais,

uma vez que prioriza as variáveis de acordo com as suas confiabilidades, enquanto o AC é

muito sensível ao número de variáveis em cada constructo (RINGLE; SILVA; BIDO, 2014).

Nos dois casos, tanto o Alfa de Cronbach quanto a CC, são usados para avaliar se a

amostra está livre de vieses, ou ainda, se as respostas – em seu conjunto – são confiáveis.

Valores do Alfa de Cronbach acima de 0,60 e 0,70 são considerados adequados em pesquisas

exploratórias e valores de 0,70 e 0,90 do CC são considerados satisfatórios (HAIR et al., 2014).

As Tabela 15 e 16 e as Figura 23 e 24 apresentam que as duas medidas estão adequadas com

base nos parâmetros adotados.

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Equipe de Projeto

Planejamento e Controle

Qualidade e Escopo

Registros de Planejamento e Controle

Tempo e Recursos do Projeto

Sucesso na gestão de projetos

VARIÂNCIAS MÉDIAS EXTRAÍDAS (AVE)

106

Tabela 25: Confiabilidade composta das variáveis

Variáveis Latentes de 1 Ordem Variáveis Latentes de 2 Ordem Confiabilidade

Composta (CC)

Equipe de Projeto - 0,826

- Planejamento e Controle 0,813

Qualidade e Escopo - 0,787

Registros de Planejamento e Controle - 0,858

Tempo e Recursos do Projeto - 0.878

Desempenho de Sucesso na Gestão de

Projetos

- 0.808

Figura 23: Avaliação do critério da Confiabilidade Composta das variáveis

Tabela 26: Alpha de Cronbach do modelo reajustado

Variáveis Latentes de 1 Ordem Variáveis Latentes de 2 Ordem Alpha de

Cronbach (AC)

Equipe de Projeto - 0,692

- Planejamento e Controle 0,713

Qualidade e Escopo - 0,625

Registros de Planejamento e Controle - 0,672

Tempo e Recursos do Projeto - 0,646

Desempenho de Sucesso na Gestão de

Projetos

- 0,794

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

Equipe de Projeto

Planejamento e Controle

Qualidade e Escopo

Registros de Planejamento e Controle

Tempo e Recursos do Projeto

Sucesso na Gestão de Projetos

CONFIABILIDADE COMPOSTA (CC)

107

Figura 24: Representação gráfica dos valores do alpha de cronbach

O próximo e último passo de ajuste do modelo de mensuração foi avaliar a validade

discriminante. Este indicador avalia se os construtos ou variáveis latentes são independentes

um dos outros. O critério utilizado para este tipo de análise na pesquisa foi o de Chin (1998),

que recomenda observar as cargas cruzadas (cross loadings) nos outputs do modelo e averiguar

se as variáveis observadas apresentam cargas fatoriais mais elevadas em seus respectivos

construtos.

Tabela 27: Valores das cargas cruzadas das variáveis observadas nas variáveis latentes

Equipe de

Projeto

Planejamento e

Controle

Qualidade e

Escopo

Registros de

Planejamento e

Contrle

Tempo e

Recursos do

Projeto

Desempenho

de Sucesso na

Gestão de

Projetos

EP1 0,718 0,428 0,172 0,325 0,399 0,292

EP2 0,832 0,536 0,426 0,478 0,430 0,544

EP4 0,796 0,520 0,369 0,517 0,379 0,379

PC1 0,455 0,648 0,455 0,840 0,310 0,305

PC2 0,533 0,779 0,558 0,893 0,447 0,672

PC3 0,440 0,675 0,279 0,378 0,737 0,443

PC4 0,259 0,557 0,119 0,174 0,754 0,305

PC5 0,448 0,738 0,290 0,429 0,801 0,489

QE1 0,389 0,461 0,810 0,535 0,269 0,305

QE2 0,222 0,322 0,654 0,347 0,219 0,086

QE4 0,334 0,487 0,846 0,622 0,230 0,477

SGP1 0,354 0,469 0,311 0,401 0,387 0,827

SGP2 0,481 0,533 0,367 0,486 0,416 0,874

SGP3 0,492 0,653 0,416 0,552 0,554 0,818

SGP4 0,363 0,498 0,617 0,555 0,291 0,733

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Equipe de Projeto

Planejamento e Controle

Qualidade e Escopo

Registros de Planejamento e Controle

Tempo e Recursos do Projeto

Sucesso na Gestão de Projetos

ALPHA DE CRONBACH (AC)

108

Constata-se pela análise da Tabela 27 que as cargas fatoriais das variáveis observadas

em seus construtos de origem são sempre maiores do que nos outros, corroborando com o

critério de Chin (1998) atestando a validade discriminante do modelo.

Para dar início a análise do modelo estrutural, tem-se a avaliação dos coeficientes de

determinação de Pearson (R2), os quais indicam a qualidade do modelo ajustado por meio da

observação da porção da variância das variáveis endógenas, que é explicada pelo modelo

estrutural. Os critério adotados para a avaliação são: o R2 pode ser considerado fraco quando

entre 0,19 e 0,33; adequado entre 0,34 e 0,66 e forte quando maior que 0,67 (HENSELER,

RINGLE; SINKOVICS, 2009).

A Tabela 28 aponta que apenas a variável latente Qualidade e Escopo apresenta efeito

fraco, sendo as demais variáveis consideradas como efeito, no mínimo, adequado. Uma das

explicações possíveis para este resultado é de que os respondentes da pesquisa não observem

um efeito direto tão grande do Escopo em relação ao sucesso da gestão de projetos,

principalmente pelo fato de sua difícil mensuração.

Tabela 28: Qualidade do modelo ajustado pelo coeficiente R2

Variável Latente R2 Interpretação

Planejamento e Controle 0,574 Adequado

Qualidade e Escopo 0,193 Fraco

Registros de Planejamento e Controle 0,723 Forte

Desempenho de Sucesso na Gestão de

Projetos 0,526 Adequado

Tempo e Recursos do Projeto 0,720 Forte

Em seguida, ao passo que as relações estabelecidas entre as variáveis de SEM lidam

com correlações e regressões lineares, faz necessário avaliar se essas relações são significantes

a um nível de confiança de 95%. Para as correlações, estabelece-se a hipótese nula (H0) de que

r=0, e para os casos de regressão a hipótese nula (H0) é de que os coeficientes de caminho são

nulos, Г=0.

Se p > 0,05 aceita-se as Ho e deve-se repensar a inclusão de variáveis, sejam latentes ou

observadas. Para testar a significância das relações apontadas, Henseler et al. (2009) indicam o

uso de procedimentos de reamostragem. No caso desta pesquisa foi utilizado o módulo

Bootstrapping do SmartPLS com uma reamostragem de 1000 e a configuração recomendada

por Hair et al. (2014) como Missing Value Algorithm: Casewise Replacement. O software

SmartPLS calcula os testes t de Student entre os valores originais e aqueles a partir do

109

procedimento de Bootstrapping para cada relação de correlação entre as variáveis observadas e

seus construtos e entre os construtos.

Como output deste procedimento, o SmartPLS não expressa os valores de p, e sim, os

valores do teste t, os quais devem estar entre -1,96 e +1,96. Estes valores correspondem à

probabilidade de 95% e fora desse intervalo 5%, em uma distribuição normal. A Figura 25

expressa os resultados para o teste t.

Figura 25: Resultados do teste t para avaliação de significância

Pela interpretação da Figura 25 se observa que, de todas as relações, sejam entre

variáveis observadas e construtos e entre os construtos, apenas a que envolve as variáveis

latentes Equipe de Projeto e Sucesso na Gestão de Projetos mostrou-se pouco significativa

(estatística t igual a 1,409 ≤ 1,96), as análises acerca desta significância serão tecidas quando

forem observadas também os coeficientes de correlação mais a frente deste capítulo.

Em sequência às análises do modelo estrutural, há os indicadores de validade preditiva

(Q2) e o do tamanho do efeito (f2). Os valores de validade preditiva avaliam a acurácia do

modelo, ou seja, o quanto este se aproxima do que se espera. Para este índice, será utilizado o

Desempenho de Sucesso na gestão

de projetos

110

critério de Hair et al. (2014), que recomenda Q2 ˃ 0. O indicador de tamanho do efeito avalia

quanto cada construto é útil para o modelo como um todo, obtém-se seu resultado pela exclusão

e posterior inclusão de um a um dos construtos. Utilizando-se também um critério adotado por

Hair et al. (2014), são considerados pequenos, médios e grandes um f2 de 0,02, 0,15 e 0,35,

respectivamente.

Para extração dos indicadores, foi utilizado o módulo Blindfolding do SmartPLS. A

interpretação da Tabela 29 denota que tanto os valores de f2, quanto da validade preditiva

indicam que o modelo tem acurácia e que todos os construtos são importantes para o ajuste

geral do modelo.

Tabela 29: Valores dos indicadores da validade preditiva (Q2) e do tamanho do efeito (f2)

Construto *Redundância - Q² Comunalidade – f²

Equipe de projeto - 0,224

Qualidade e Escopo 0,137 0,276

Registros de planejamento e

controle 0,530 0,255

Desempenho de Sucesso da

gestão de projetos 0,304 0,357

Tempo e recursos do projeto 0,398 0,176

*Calculada para as variáveis latentes endógenas.

Um último item de adequabilidade do modelo seria o de bondade do ajuste (Goodness

of fit índex – GFI), entretanto, ao contrário dos modelos de equações estruturais baseados em

covariâncias, Hair et al. (2012) afirmam que PLS-SEM não otimiza uma função única e global,

consequentemente, não há como se estimar medidas globais de GFI. Estudos de Henseler e

Sarstedt (2012) atestam o pensamento de Hair et al. (2012) quando detalham sobre o uso de

índices de bondade do ajuste para modelos PLS e provam que não se pode estimá-los, pois em

PLS-SEM, não se consegue distinguir modelos válidos e modelos não válidos.

6.4.2 Interpretação dos coeficientes de caminho e avaliação das hipóteses de pesquisa

A partir da finalização da avaliação da qualidade de ajuste do modelo, tanto de

mensuração quanto estrutural, é possível iniciar as interpretações e análises dos coeficientes de

caminho (Γ). Os valores de Γ indicam quanto um constructo se relaciona com outro. Estes

valores variam de -1,0 a +1,0 e quando próximos de +1,0 indicam relação positiva muito forte

entre dois constructos (vice-versa para valores próximos de -1,0). Próximos de zero expressam

111

relações fracas (HAIR et al., 2014). Exemplificando, se o coeficiente de caminho entre um

construto A B for de 0,38, significa que aumentando a variável exógena “A” em 1, a

variável endógena “B” aumenta de 0,38.

Não obstante, é importante frisar que os coeficientes de caminhos em PLS-SEM não se

restringem a examinar somente as relações diretas, entre AB, por exemplo. Hair et al. (2012)

recomendam que os estudos avaliem também os efeitos indiretos entre as variáveis endógenas e

exógenas. Os autores ainda defendem que, a interpretação dos efeitos diretos e indiretos é

particularmente útil para estudos que objetivam explorar os diferentes impactos de diferentes

direções entre os construtos, como é o caso do modelo desta pesquisa. A Figura 26 apresenta os

resultados dos coeficientes de caminhos de modo apenas direto, a princípio.

Figura 26: Modelo com representação dos coeficientes de caminho

Para cada seta entre as variáveis latentes, há uma hipótese de pesquisa, discutida no

capítulo anterior, a ser testada. A Tabela 30 elenca estas hipóteses com os respectivos

direcionamentos das relações positivas de impacto entre as variáveis e os coeficientes de

caminho (apenas considerando o efeito direto) para cada uma delas.

Desempenho de Sucesso na gestão

de projetos

112

Tabela 30: Coeficientes de caminho, erro padrão, significância e teste t para avaliação das hipóteses

Hipóteses Direcionamento

Coeficiente de

caminho Г

(efeito direto)

Erro

padrão

Significância

(p)

Teste

t

Interpretação

das hipóteses

H1 EP PC 0,392 0,098

0,000 4,013 Aceita

H2 EP SGP 0,138 0,100 0,170 1,373 Refutada

H3 EP QE 0,506 0,089 0,000 5,654 Aceita

H4 QE SGP 0,333 0,113 0,003 2,936 Aceita

H5 PC SGP 0,372 0,114

0,001 3,278 Aceita

H6 QE PC 0,492 0,090

0,000 5,461 Aceita

Nota: todos os coeficientes de caminho são significativos quando p< 0,05. A significância foi estimada com base

no método bootstrap com um N=77 e 1000 replicações.

Embora tanto a Figura 26, quanto a Tabela 30 expressem apenas os resultados diretos de

influência entre os construtos, foram também avaliados os impactos indiretos entre as variáveis,

uma vez que no modelo, uma mesma variável apresenta efeito direto e indireto na gestão de

projetos.

Tabela 31: Efeitos indiretos das variáveis latentes

Variáveis

Efeitos indiretos

Equipe de

projeto

Planejamento e

Controle

Qualidade

e Escopo

Registros de

planejamento

e controle

Desempenho

de Sucesso

da gestão de

projetos

Tempo e

Recursos

do projeto

Equipe de

projeto 1 0,249

0,543 0,407 0,545

Qualidade e

Escopo 1 0,417 0,183 0,418

A primeira trajetória avaliada corresponde a Hipótese 1 (H1) do modelo - Equipes de

projeto bem coordenadas, com experiência, bom treinamento e comunicação interna afetam

positivamente o planejamento e controle do projeto ao longo do seu ciclo de vida. Pelo

procedimento de reamostragem, que possibilitou avaliar a significância das relações, observa-se

um efeito significativo, a um nível de confiança de 95%, da relação entre Equipe de Projeto

Planejamento e Controle (Г= 0,392; t = 4,013). Na sistemática de gerenciamento de projetos

adotada pela empresa (PRODEP), exposta em capítulos anteriores, os grupos de revisão

presentes na fase de planejamento do projeto são fundamentais para que as atividades de

planejamento sejam atendidas e monitoradas durante o ciclo de vida dos projetos. Este

resultado alia-se a pesquisa de Ernst (2002) o qual, a partir de dados recolhidos em avaliações

pós-projeto, conclui que as equipes de projeto podem desenvolver um planejamento

significativo com base no ciclo de vida e de registros de aprendizagem da organização.

113

O registro de lições aprendidas (PC2), fator observado no Registro de Planejamento e

controle, está intimamente associado à comunicação entre a equipe e o papel dos gerentes de

projeto (WONG et al, 2009; MENG, 2011) o que pode estar ligado a relação positiva entre as

duas variáveis latentes, sendo inclusive, a variável observada com maior coeficiente. Em face

dos benefícios das Lições Aprendidas, o PRODEP recomenda que a equipe consulte,

identifique, registre e valide as lições em qualquer momento ao longo do ciclo de vida do

projeto. Cabe a empresa investir em Treinamento (EP3) para que esta prerrogativa seja de fato

seguida e os gerentes observem o cumprimento deste procedimento em vistas a constatação de

seu efeito direto sobre os resultados do planejamento e controle.

A relação Equipe de projeto Desempenho de Sucesso da gestão de projetos apresenta

coeficiente não significativo estatisticamente, levando a não confirmação da segunda hipótese

(H2) da pesquisa, a qual afirma que - Equipes de projeto bem coordenadas, com experiência,

bom treinamento e comunicação interna afetam positivamente o sucesso da gestão de projetos.

Este resultado está estreitamente ligado ao fato de que a comunicação entre os membros, a

gerência do projeto e a experiência técnica exercem maior influencia sob os outros aspectos da

gestão de projetos em si do que diretamente ao sucesso. O planejamento e controle, a qualidade

e o escopo são mais afetados diretamente por este construto, com coeficientes significativos e

de valor 0,392 e 0,506 respectivamente, uma vez que no ambiente de projetos da empresa, os

grupos de revisão aliados às equipes de projetos, trabalham traçando as normas, os programas

de qualidade, o planejamento de recursos e o escopo de modo a garantir que estes fatores

somados culminem com o sucesso dos projetos. As equipes têm um papel de fornecer os

recursos chave para garantir que ocorra o correto planejamento e qualidade do projeto. Estas

conclusões podem ser ratificadas quando se observa a tabela que expressa os efeitos indiretos

das variáveis latentes, em que o coeficiente de caminho indireto de Equipe de projeto

Sucesso na gestão de projetos é de 0,407, conforme exposto na Tabela 31, o que indica um

efeito indireto mediado pelas variáveis Qualidade e escopo e Planejamento e Controle.

Subjetivamente, para os entrevistados, a comunicação (EP4), a experiência (EP1) e o

gerenciamento da equipe (EP2) não necessariamente levam ao sucesso da gestão de projetos,

mas influenciam os outros fatores para atingir ao objetivo final: o sucesso.

O trabalho de Almajed e Mayhew (2014) corrobora com os resultados deste estudo e

conclui ainda que as equipes de projeto exercem um papel negativo quando falta comunicação

(EP4) e recursos (PC5). Outra justificativa para este resultado é o fato de que, embora muitos

trabalhos (BROWN; EISENHARDT, 1995; GRIFFIN, 1997; SOUDER et al, 1997; ERNST,

114

2002; CHAN et al, 2004; COOPER et al, 2004; THAMHAIN, 2004; AKGUN et al, 2006.; LI

et al, 2007; RAUNIAR et al, 2008; WONG et al, 2009; DAYAN; BASARIR, 2010; WI;

JUNG, 2010) defendam a comunicação como um fator impulsionados a uma boa gestão de

projetos, Almajed e Mayhew (2014) advogam que, muitas vezes, a comunicação entre os

membros colaboradores do projeto, por ser falha, atrapalha muito mais do que impulsiona o

sucesso. Ainda que a sistemática do PRODEP incorpore grupos de revisão e decisão entre as

fases do projeto, os resultados apontam que podem estar ocorrendo falhas quanto à

comunicação entre os membros da equipe, uma vez que todos devem ser informados sobre os

objetivos, o escopo, os padrões e sobre as lições aprendidas nos projetos. Todavia, pelo fato de

os projetos serem concebidos em escritório, mas operacionalizados em campo e com dezenas,

ora, centenas de stakeholders e fornecedores, muitas vezes a comunicação perde-se em meio ao

caminho entre o planejamento e a execução. Uma prerrogativa para as melhorias internas para

empresa seriam investir em melhores fontes de comunicação entre os membros das equipes e,

sobretudo, treiná-los no sentido de estimular o repasse de informações, não só entre os

membros, mas entre todos os stakeholders envolvidos.

Outra justificativa para a rejeição da hipótese está voltada para o próprio instrumento de

pesquisa. É provável também que os respondentes não tenham identificado nos

questionamentos o relacionamento direto entre as perspectivas de equipes e sucesso. Seja pela

natureza, ou pelo número de perguntas.

A trajetória Equipe de Projeto Qualidade e Escopo apresenta coeficiente significativo

(Г=0,506; t=5,654) para o nível de confiança desejado (95%). A hipótese 3 (H3) - As equipes

de projeto bem coordenadas, com experiência, boa formação e comunicação interna,

influenciam positivamente a qualidade e o escopo dos projetos de E&P.– foi aceita. As equipes

de projeto têm um papel importante na concepção do escopo e monitoramento dos padrões de

qualidade. Para os respondentes, projetos que tiveram equipes com mais experiência,

comunicação e gerentes mais participativos alcançaram melhores resultados de qualidade.

Bobroff (1999 apud Melhado, 2001) corrobora com esta premissa, ao constatar que a

excelência do projeto passa pela excelência do processo de cooperação entre seus agentes, que

quando se comunicam eficazmente submetem seus interesses individuais a uma confrontação

organizada. Segundo Melhado (1999), para garantir o atendimento aos múltiplos aspectos da

qualidade do projeto, o processo deve ser analisado criticamente pelos seus participantes e

projetistas para garantir o atendimento aos seus requisitos e escopo. Equipes bem treinadas

(EP3), com boa comunicação (EP4) e experiência (EP1) dão mais segurança ao gerente do

projeto de que o mesmo será desenvolvido seguindo os padrões e registros da qualidade e sem

115

mudanças no escopo. No contexto de projetos de E&P, esta prática otimiza o trabalho do

gerente de projetos uma vez que mitiga o consumo de seus esforços com aspectos de gerência

em si, restando mais tempo a ser aplicado em suas atividades como projetista de modo a que se

garanta definições mais precisas do escopo (QE4) e padrões de qualidade (QE1). Aronson,

Reilly e Lynn (2006) também encontraram resultados que compactuam com estes expostos, ao

afirmarem que líderes de projeto se tornam mais produtivos quando os padrões de qualidade

são disseminados (QE1).

A quarta hipótese (H4) diz respeito à relação entre os procedimentos de Qualidade e

Escopo Desempenho de Sucesso na gestão de projetos - A qualidade e o escopo dos projetos

de E&P contribuem positivamente para o sucesso da gestão. As análises para esta trajetória de

influência se mostraram significantes (Г=0,333 t=2,936) e quando considerados os efeitos

totais, efeito direto somado ao efeito mediado pela variável PC, a qualidade e o escopo se

mostraram como o fator significativo mais impactante (efeito direto = 0,333; efeito indireto =

0,183; efeito total = 0,516) para o sucesso dos projetos. Outros estudos corroboram com esta

perspectiva de impacto. Almajed e Mayhew (2014), Nah, Islam e Tan (2007) e Rosario (2000)

concluíram que o estabelecimento do escopo do projeto é extremamente impactante no sucesso,

especialmente os cuidados para garantir que não ocorram mudanças frequentes ou drásticas no

escopo (QE4) refletem em maiores possibilidades de conclusão no tempo (SGP1) e recursos

(SGP2) previstos. Dvir (2003) e Cookie-Davies (2002) compactuam com esta conclusão

quando afirmam que o escopo pode ter efeitos negativos no sucesso dos projetos quando

apresenta mudanças em seus objetivos iniciais. Em um estudo multi-disciplinar com diferentes

partes interessadas envolvidas na percepção do sucesso, Agarwal e Rathod (2006) encontraram

uma unanimidade, classificadas como surpreendente, em que diferentes stakeholders

consideraram o escopo, o qual incluía perspectivas de qualidade das entregas do projeto, como

o maior determinante do sucesso.

Entre as perspectivas de qualidade e escopo avaliadas pelos respondentes estão os

programas de controle de qualidade (QE1), capacidade de resposta em curto prazo (QE3) e as

definições precisas de escopo e requisitos (QE4). Esta última foi considerada, de acordo com os

resultados, como a mais impactante dentro do construto analisado (carga de 0,809). Nos

processos internos de gestão de projetos da empresa, o escopo é definido durante as fases

iniciais de planejamento e os grupos de revisão procuram garantir que o ciclo de vida do

projeto se direcione pelos requisitos traçados inicialmente.

116

A hipótese 5 (H5) corresponde à relação Planejamento e Controle Desempenho de

Sucesso na gestão de projetos, a qual defende que - O planejamento e controle adequados em

projetos de E&P afetam positivamente o sucesso da gestão. Os resultados da análise mostram

efeitos significativos (Г= 0,372; t=3,278) da importância do planejamento e controle para o

sucesso da gestão de projetos no contexto estudado. Dvir e Lecher (2004) encontraram

resultados semelhantes utilizando equações estruturais em sua pesquisa com 448 projetos na

Alemanha. Através de seu modelo empírico, a perspectiva de planejamento e controle obteve

os maiores coeficientes de caminho na influencia do sucesso do planejamento do projeto em

detrimento às outras variáveis latentes do estudo. Além dos resultados de Dvir e Lecher (2004),

Lechler (1997) encontrou indícios ainda mais abrangentes e que apoiam a aceitação da

hipótese. Em uma revisão de 44 estudos de fatores de sucesso na gestão de projetos, 13 deles

(30%) analisaram os efeitos da perspectiva de planejamento e controle no sucesso da gestão.

Todos os estudos analisados demonstraram efeitos positivos com forte ou média significância

sobre o sucesso do projeto.

Esta conclusão impulsiona mais atenção ainda a esta perspectiva na empresa estudada.

Atualmente, as fases de planejamento correspondem à avaliação e definição da oportunidade,

projeto conceitual com informações de caráter técnico para o projeto e detalhamento do plano

de execução. Como o modelo foi elaborado baseado nas observações in loco e nas

recomendações da pesquisa bibliográfica, aspectos não encontrados na sistemática da empresa,

mas recomendados pela literatura, foram considerados no construto planejamento e controle e,

consequentemente, impulsionadores do sucesso da gestão de projetos pelos respondentes da

pesquisa. Entre estes aspectos, encontram-se as normas e procedimentos voltados para o

controle e a flexibilidade em caminhos críticos. Embora alguns autores (BART, 1993; DVIR;

LECHLER, 2004) não aprovem uma grande formalização do planejamento em procedimentos,

os resultados empíricos desta pesquisa denotam que, devido à alta complexidade dos projetos

de petróleo e gás, os elevados recursos e o grande número de envolvidos, a padronização é uma

ferramenta-chave na garantia da qualidade e, sendo inclusive, avaliada como um fator extraído

do construto.

O modelo ajustado mostra os Tempos e Recursos do Projeto como sendo um pouco

mais predominante em relação à outra variável de primeira ordem do construto (Г= 0,851), em

outras palavras, a avaliação do cumprimento de prazos (PC4) e o planejamento dos recursos

(PC5), reflete diretamente nos fatores concernentes a avaliação do sucesso da gestão de

projetos, a qual é mensurada no modelo por, entre outros, indicadores de conclusão no prazo e

orçamento previstos, sendo este último o de maior intensidade na perspectiva da variável de

117

primeira ordem Tempo e Recursos. Na análise descritiva das respostas no início do capítulo, foi

possível observar que o cumprimento do projeto dentro do prazo e do orçamento previstos

apresenta resultados preocupantes, mesmo com as crescentes políticas e resultados internos da

empresa para redução de custos frente a uma crise atual na gestão interna. Para os

entrevistados, 57% dos projetos não cumpriram adequadamente o prazo (respostas com 6 ou

menos pontos na escala de 1 a 10) e 63% deles não cumpriram com o orçamento previsto.

Mesmo diante desta conjuntura, a variável mais significativa e de maior coeficiente em relação

ao construto SGP é justamente a que reflete o cumprimento do projeto dentro do orçamento

previsto (SGP2). Este fato decorre na empresa muito mais por erros no planejamento e

estimativas do que pela falta de tentativa de redução de orçamento e prazo, o que reflete uma

necessidade de aprimorar as ferramentas de previsão do PRODEP e os estudos viabilidade

técnica e econômica.

A trajetória Qualidade e Escopo Planejamento e controle, refere-se a sexta e última

hipótese do estudo, H6 - Qualidade e escopo bem definidos afetam positivamente o

planejamento e controle de projetos de E&P. Esta relação também foi comprovada com base

nos estudos empíricos e apresenta coeficiente de caminho significante (Г= 0,492; t=5,461) e

um dos mais altos descobertos. Além de seu impacto direto, já avaliado na perspectiva da

hipótese 4, o detalhamento do escopo interfere no planejamento e controle para que este, por

sua vez, venha a impactar diretamente no sucesso da gestão. Kerzner e Saladis (2009)

enfatizam que o planejamento dos projetos funciona melhor quando o escopo está bem

definido. De forma semelhante, Ling et al. (2009) convergem com estes resultados em seus

estudos realizados com empresas de projetos em arquitetura e engenharia da China, os quais

mostraram que a qualidade é o alicerce sobre o qual as outras áreas de desempenho do projeto

podem ser melhoradas, como o caso do planejamento e do controle, para alcançar os objetivos

finais. Os autores ainda apresentam que, as empresas capazes de alcançar altos resultados de

qualidade atingem altos níveis de satisfação dos gerentes e do público além de alta

rentabilidade.

A sistemática adotada pela empresa para o gerenciamento de seus projetos, o PRODEP,

destaca-se em definir claramente o escopo dos projetos de E&P, dadas as perdas financeiras

significativas envolvidas em atrasos e retrabalho. Em contrapartida, de acordo com os

respondentes, 51% dos projetos apresentaram desempenho inadequado (respostas com 6 ou

menos pontos na escala de 1 a 10) em relação a incidência de retrabalho e consequentes atrasos

o que denota a necessidade de melhorias neste ponto de vista. Cooke-Davies (2002) advogam

em seu trabalho que elenca os fatores “reais” de sucesso em projetos que as alterações no

118

escopo devem ser permitidas apenas em casos que se tenha processos maduros de controle.

Cabe a empresa estabelecer um planejamento de projetos de forma mais alinhada aos recursos

para que, evite-se mudanças mais impactantes durante as fases de operacionalização dos

projetos.

119

Capítulo 7

_________________________________________________________

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo apresenta as conclusões do trabalho e inicia-se com um resumo do estudo

em que são revistas as etapas seguidas até os resultados alcançados. Em seguida, são discutidas

as limitações do estudo com base tanto nos problemas enfrentados durante a construção da

dissertação, quanto a questões de abrangência. Por fim, são sugeridas novas linhas de pesquisas

futuras.

7.1 Considerações e conclusões

Esta seção inicia-se recuperando a intenção central deste trabalho, o qual se propôs a

discutir sobre os fatores que levam ao sucesso na gestão de projetos aplicados a perspectiva de

petróleo e gás. Tal discussão foi estimulada tanto por lacunas literárias quanto por uma

demanda latente da empresa. O dinamismo das inovações tecnológicas e as constantes

mudanças nos cenários geopolíticos mundiais mostram a crescente turbulência na maior parte

dos ambientes em que as organizações da indústria do petróleo estão inseridas. Em

contrapartida, a sua importância e influência são cada vez mais crescentes dadas às novas

descobertas. Portanto, a maior empresa de Exploração e Produção de petróleo do Brasil,

necessita cada vez mais, para seu crescimento e prospecção, de planejamento e gestão capazes

de oferecer respostas flexíveis às diversas exigências do negócio.

Dentre os fatores de planejamento vitais para a implementação das estratégias

corporativas da companhia estudada para atender ao ambiente de negócios, está o

gerenciamento de projetos, o qual não deve ser praticado de maneira arbitrária, mas com a

aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas. Com o uso de metodologias, a

implantação da cultura de projetos pode ser realizada para garantir os princípios de

gerenciamento de projetos de forma padronizada, buscando atender da melhor forma às

necessidades da organização.

Para atingir esse objetivo, foram revisados o corpo de conhecimentos em gerenciamento

de projetos e os fatores que levam ao sucesso dos mesmos. As pesquisas prévias foram

confrontadas com o ponto de vista real, em um estudo de caso, o que possibilitou traçar um

modelo conceitual com bases realistas, conforme defende estudos de Doloi (2014). O modelo

conceitual traduz o modelo teórico em construtos que dizem respeito às Equipes de Projeto

120

(EP), Qualidade e Escopo (QE), Planejamento e Controle (PC) e Desempenho de Sucesso na

Gestão de Projetos (SGP), os quais por sua vez foram relacionados para traçar as seis hipóteses

da pesquisa.

Este modelo conceitual foi operacionalizado mediante uma survey administrada pela

Internet, principal fonte de dados empíricos complementados por entrevistas diretas, realizadas

antes da concepção do questionário. Este último, composto por questões em escala Likert de 1 a

10 e respondido por gerentes de projeto ou membros de equipes de projetistas da empresa.

Cada resposta era tomada como base por um projeto.

Para a análise de dados, optou-se pela modelagem de equações estruturais a fim de

identificar a estrutura de relações entre os construtos e, consequentemente, validar as hipóteses.

De modo geral, a escolha das variáveis se mostrou coesa, uma vez que apenas duas foram

retiradas do modelo durante os procedimentos de análise fatorial exploratória. Os índices de

ajuste, tanto do modelo de mensuração quanto estrutural, atingiram os níveis recomendados

pela literatura, mostrando que o modelo de medida de cada construto ajustou-se

satisfatoriamente aos dados.

Quanto aos resultados, a maioria dos construtos derivados da base teórica e conceitual é

relevante para explicar o sucesso da gestão de projetos. Apenas a hipótese 2, que estabelece

relações entre as variáveis de Equipe de Projetos o Desempenho, foi refutada por não mostrar

significância. Estes resultados, embora encarados com surpresa pelo pesquisador, corroboram

pelo trabalho de Almajed e Mayhew (2014). Entretanto, encontrou-se efeitos indiretos

mediados pelas outras variáveis (PC e QE).

As outras cinco hipóteses foram aceitas, a uma significância de 95%. Demonstrando que

o estudo teórico, aliado a realidade, se mostrou válido na construção do modelo, assim como

recomendam Hair Jr. et al. (2014), Kline, (2011) e Morôco, (2010), e implementaram Doloi

(2014) e Salazar-Aramayo (2013). Verificou-se que a Qualidade e Escopo e o Planejamento e

Controle possuem efeitos diretos, positivos e significantes sobre o Sucesso da Gestão de

Projetos, ao passo que os efeitos das Equipes de Projetos são mediados e indiretos. De modo

particularmente relevante, evidenciou-se a importância do Planejamento (DVIR; LECHER,

2004; LECHLER, 1997), das definições precisas de Escopo (ALMAJED; MAYHEW, 2014;

NAH; ISLAM; TAN, 2007; ROSARIO, 2000), da Comunicação (BROWN; EISENHARDT,

1995; GRIFFIN, 1997; SOUDER et al, 1997; ERNST, 2002; CHAN et al, 2004; COOPER et

al, 2004; THAMHAIN, 2004; AKGUN et al, 2006; LI et al, 2007; RAUNIAR et al, 2008B;

121

WONG et al, 2009; DAYAN; BASARIR, 2010; WI; JUNG, 2010) e dos Registros de

Qualidade (MELHADO, 1999), para o gerenciamento de projetos da empresa estudada.

Esta pesquisa vem, portanto, culminar em três aspectos relevantes. O primeiro deles diz

respeito à literatura, com a construção de um modelo inédito na incorporação de diferentes

formas de interação, entre variáveis já conhecidas, mas aplicadas a um ambiente de projetos

complexos, como é o caso do setor de petróleo e gás.

Os outros dois aspectos concernem aos benefícios diretos para a empresa e indiretos ao

setor estudado. Há a vantagem de a empresa conhecer melhor suas particularidades internas,

através de um modelo de mensuração de desempenho em projetos, criado com base na

literatura e nos problemas diários enfrentados pelos projetistas da empresa e que afetam

diretamente o desempenho. Diante dos problemas que a maior empresa de petróleo brasileira

vem enfrentando em aspectos de planejamento, custos e contratos, as ferramentas de gestão de

projetos que auxiliem na otimização dos processos e no plano de redução de custos internos da

empresa, são meios de impulsionar não só a empresa, mas o mercado nacional, face sua

importância e representatividade econômica. E, com a aplicação do modelo, tem-se subsídios

para focar esforços em aprimorar, a princípio as questões mais críticas indicadas. Estas

melhorias podem, inclusive, serem adicionadas ao programa de redução de custos internos

instaurado nas políticas atuais da empresa em vistas a aprimorar o uso dos recursos envolvidos.

7.2 Limitações da pesquisa

As limitações da pesquisa iniciam pela sua perspectiva. Analisar uma única empresa,

por mais representativa que seja, sempre será insuficiente para captar toda a complexidade de

um setor de abrangência mundial, cujos projetos tem conjunturas e equipes com diferentes

percepções. Assim, os resultados da presente pesquisa devem ser vistos apenas como

aproximações de uma realidade altamente complexa (SALAZAR-ARAMAYO et al., 2013).

No que concerne aos objetivos, a presente pesquisa é abrangente no seu escopo, o que

traz tanto vantagens quanto desvantagens. É seguramente um proveito obter uma visão mais

ampla sobre a gestão de projetos. Todavia, isso tem um custo, o da omissão de aspectos

relevantes e maiores particularidades do setor de petróleo e gás, já que a aplicação de um

questionário está sujeita a restrições, pois há um número limitado de questões que podem ser

abordadas. Esta pesquisa constitui um ponto de partida que pode contribuir para focalizar

pesquisas mais detalhadas a serem realizadas sobre aspectos mais específicos do modelo

conceitual.

122

Com relação ao desenvolvimento do modelo, cabe destacar as limitações inerentes à

escolha das variáveis do modelo de mensuração e das relações do modelo estrutural. A escolha

das variáveis do modelo de mensuração foi realizada a partir da sistematização bibliográfica e

de uma pesquisa in loco, já em uma tentativa de mitigar os erros do modelo e torná-lo mais

verossímil a realidade, a qual apresenta poucas abordagens na literatura. No entanto, nem todas

as variáveis encontradas puderam ser utilizadas devido à impossibilidade de obtenção dos

dados, como por exemplo, os que dizem respeito ao faturamento com cada projeto e suas

produções reais. Além disso, o sucesso na gestão foi avaliado na perspectiva do gestor da

empresa, mas é notório e comprovado que há várias perspectivas para analisar o que faz um

projeto obter sucesso. Portanto, existe a possibilidade de que outras variáveis não incluídas

contribuam para o sucesso da gestão de projetos.

Já na aplicação da técnica de modelagem de equações estruturais, observa-se as

limitações inerentes às pressuposições de linearidade das relações. Embora a técnica

pressuponha linearidade, não foram feitos testes para detectar se as variáveis apresentam outros

tipos de relação ou não. No entanto, os construtos aqui elaborados mostraram-se válidos para a

amostra estudada. Não há dúvidas de que, embora os índices de ajuste do modelo tenham sido

condizentes com os critérios adotados, a amostra colhida de projetos deve ser aumentada para

que os resultados possam ser ainda mais significativos e condizentes com o padrão

populacional e uma validação mais efetiva para consolidação dos construtos. O fato de a

amostra ter sido pequena tem relação com o período de coleta de dados, que abrangeu fases de

muitos recessos e, principalmente, uma crise interna de gestão da empresa repercutida

mundialmente, afetando os procedimentos e cuidados com a segurança da informação.

Além disso, é provável que haja diferenças regionais e setoriais que não puderam ser

analisadas devido ao tamanho reduzido da amostra. Naturalmente, também seria possível

classificar os projetos utilizando outros critérios. Todos esses aspectos abrem oportunidades

para pesquisas futuras.

7.3 Perspectivas de trabalhos futuros

Partindo-se das limitações, este trabalho abre caminhos para novas pesquisas. Em

relação à operacionalização de conceitos, há potencial para refinar e ampliar o número de itens

de vários construtos, pois a captação de nuances e dimensões adicionais aumentaria sua

confiabilidade e poder explicativo.

123

Estudos futuros deveriam levar em conta as perspectivas de outras empresas do setor

de petróleo e gás ou mesmo outras subsidiárias da mesma empresa, objetivando mais

compreensão das variáveis influentes do sucesso na gestão de projetos, ou até mesmo,

relatando as diferenças de percepção de sucesso entre as diferentes empresas e regiões.

Além de ampliação do escopo e tamanho da amostra, a abrangência das análises

também é passível de ser ampliada em perspectivas futuras. Sugere-se investigar a influência

do sucesso da gestão de projetos, por sua vez, em dimensões de mercado, social e ambiental.

A presente pesquisa avalia os projetos de forma geral em termos de sua gestão.

Entretanto, não tem o poder de traçar comparações entre o desempenho de cada projeto quando

aos fatores que medem o sucesso. Dessa forma, uma aplicação futura de equações estruturais

aliada a uma ferramenta que meça eficiência em uma unidade de decisão, como é o caso da

análise envoltória de dados, pode ser útil para tecer conclusões comparativas acerca dos

projetos do portfólio.

124

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133

APÊNDICES

APÊNDICE A – Questionário da survey

Questionário - Dissertação de Mestrado sobre gestão de projetos na área de Petróleo e

Gás

O questionário visa diagnosticar os fatores que afetam diretamente e indiretamente o sucesso da

gestão e governança dos projetos de petróleo e gás. Este instrumento de pesquisa faz parte de

uma dissertação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (PEP-UFRN).

Por gentileza, responda aos questionamentos centralizando em um único projeto de sua

coordenação ou participação. Para realização da pesquisa é imprescindível o preenchimento de

todas as questões. Sua identidade será inteiramente preservada.

Desde já, obrigado pela colaboração!

Parte I – Caracterização do projeto sob análise. Esta seção visa caracterizar o projeto

específico a ser analisado no questionário.

1. Tipo de projeto de E&P:

2. Tamanho do projeto (em termos de investimento ou previsão de investimento)

3. Estado do país onde o projeto está sendo desenvolvido

4. Tempo de experiência em projetos (anos):

5. Tempo de treinamento/cursos em gestão de projetos (horas aproximadas):

6. Quantidade de membros que compuseram a equipe de projetistas:

Exploratório

Desenvolvimento da Produção (DP)

Infra-estrutura e Suporte (IS) – Infra-estrutura

Infra-estrutura e Suporte (IS) – Segurança. Meio-ambiente e Saúde (SMS)

Outro: ______________________

Até US$ 10 Milhões

Entre US$ 10 e US$ 20 Milhões

Entre US$ 20 e US$ 30 Milhões

Entre US$ 30 e US$ 50 Milhões

Entre US$ 50 e US$ 100 Milhões

Entre US$ 100 e US$ 300 Milhões

Acima de US$ 300 Milhões

Outro: ______________________

134

7. Estimativa de produção do poço:

8. Tempo aproximado de duração do projeto:

9. Utilização de ferramentas técnicas de gerenciamento de projetos:

10. Utilização de atividades de coordenação para o gerenciamento de projetos:

Parte II – Equipes de projeto. Esta seção busca compreender como equipes de projeto

bem coordenadas, que transmitem experiência entre os membros e com boa formação

interna, afetam o desenvolvimento e os resultados do projeto de E&P. Avalie as

afirmativas abaixo e selecione a opção que melhor representa sua percepção.

11. A experiência técnica da equipe de projetos está atrelada ao sucesso de sua gestão

12. Os gerentes de projeto são atuantes e conduzem o planejamento e a execução do

projeto

13. As equipes de projeto recebem treinamento acerca dos procedimentos formais de

gestão de projetos

WBS;

Rede PERT/COM

Simulação

Softwares de gerenciamento de projeto (MS-project, Primavera, outros)

Matriz de responsabilidades

Outros

Nenhuma técnica foi utilizada

Plano de comunicação

Plano de gestão da qualidade

Plano de gestão de risco

Plano de gestão de custos

Baseline

Plano de gestão de contratos

Plano e critérios para seleção de fornecedores

Outros

Nenhuma

Discordo totalmente Concordo totalmente

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

135

14. As informações entre a equipe de projetos é repassada de maneira regular para os

membros

Parte III – Planejamento e controle. Esta etapa busca compreender como o planejamento

e controle adequados em projetos afetam positivamente o sucesso da gestão deste. Avalie

as afirmativas abaixo e selecione a opção que melhor representa sua percepção.

15. As normas e procedimentos para a elaboração e acompanhamento dos projetos são

bem definidos e conhecidos pela equipe

16. As lições aprendidas com os projetos são registradas para aprimoramento dos

projetos futuros

17. Existem procedimentos definidos para responder a imprevistos e atrasos

18. O cumprimento dos prazos dos projetos é fator exigido pela organização

19. Os recursos a serem empregados nos projetos são bem planejados tanto com a

empresa quanto com os stakeholders

Parte IV – Qualidade e Escopo. Esta seção busca compreender como a qualidade e o

escopo do projeto contribuem positivamente para o sucesso da gestão do mesmo. Avalie as

afirmativas abaixo e selecione a opção que melhor representa sua percepção.

Discordo totalmente Concordo totalmente

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

136

20. A empresa conta com programas de controle de qualidade que são adotados

amplamente no planejamento e controle do projeto

21. Na elaboração do projeto são especificadas as práticas de segurança a serem adotadas

22. Há uma capacidade de resposta a curto prazo diante de situações de anomalia

23. O escopo e requisitos do projeto são conhecidos em detalhe de forma que não ocasione

retrabalhos, nem atrasos no desenvolvimento

24. Os membros e partes envolvidas no projeto têm conhecimento e treinamento acerca

da legislação ambiental e impactos envolvidos na atividade

Parte V – Sucesso na gestão de projetos. Esta seção busca avaliar o sucesso da gestão do

projeto, que é objeto de análise neste questionário. Avalie as afirmativas abaixo e

selecione a opção que melhor representa sua percepção.

25. Os projetos desenvolvidos têm sido concluídos no prazo previsto

26. Os projetos são concluídos dentro do orçamento previsto

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27. Os projetos são concluídos com os resultados de qualidade desejados pela equipe]

28. Existem programas e incentivos com o objetivo de reduzir custos no ambiente de

projetos para minimizar custos operacionais de execução e controle

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