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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
INFLUÊNCIA DA FRAGMENTAÇÃO NA OCORRÊNCIA DE TRÊS
PRIMATAS NEOTROPICAIS AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO NO NORDESTE
DO BRASIL.
MARYANE CHRISTINA SILVA DAMASCENO FERREIRA
Natal-RN
2017
MARYANE CHRISTINA SILVA DAMASCENO FERREIRA
INFLUÊNCIA DA FRAGMENTAÇÃO NA OCORRÊNCIA DE TRÊS
PRIMATAS NEOTROPICAIS AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO NO NORDESTE
DO BRASIL.
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Ecologia da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como parte das exigências para a
obtenção do título de mestre em Ecologia.
Orientadora:
Profª. Dra. Adriana Monteiro de Almeida
Co-orientadora:
Profª. Dra. Míriam Plaza Pinto
Natal-RN
2017
II
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de
Biociências - CB
Ferreira, Maryane Christina Silva Damasceno.
Influência da fragmentação na ocorrência de três primatas neotropicais ameaçados de extinção no
Nordeste do Brasil / Maryane Christina Silva Damasceno Ferreira. - Natal, 2017.
77 f.: il.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências.
Programa de Pós-Graduação em Ecologia.
Orientadora: Profa. Dra. Adriana Monteiro de Almeida.
Coorientadora: Profa. Dra. Míriam Plaza Pinto.
1. Callicebus barbarabrownae - Dissertação. 2. Callicebus coimbrai - Dissertação. 3. Sapajus
xanthosternos - Dissertação. 4. Cebidae - Dissertação. 5. Pitheciidae - Dissertação. 6. Conservação -
Dissertação. I. Almeida, Adriana Monteiro de. II. Pinto, Míriam Plaza. III. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. IV. Título.
RN/UF/BSE-CB CDU 574
MARYANE CHRISTINA SILVA DAMASCENO FERREIRA
INFLUÊNCIA DA FRAGMENTAÇÃO NA OCORRÊNCIA DE TRÊS
PRIMATAS NEOTROPICAIS AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO NO NORDESTE
DO BRASIL.
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Ecologia da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como parte das exigências para a
obtenção do título de mestre em Ecologia.
PARECER: APROVADA, DADO EM: 15 /05/2017
BANCA EXAMINADORA
Profª. Dra. Adriana Monteiro de Almeida (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Profª. Dr. Márcio Zikan Cardoso (Membro interno)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Profª. Dr. Leandro Jerusalinsky (Membro externo)
CPB – Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros – ICMBIO
Profª. Dra. Míriam Plaza Pinto (Membro suplente)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Natal-RN
2017
DEDICATÓRIA
À Felipo, meu amor e à minha família, por
me apoiarem e estarem sempre comigo.
III
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora Prof.ª Dra. Adriana Almeida pela generosa e ótima orientação,
incentivos e paciência durante essa jornada de um pouco mais de dois anos. Agradeço a
toda atenção, chás, cafés, companhia, risadas e boas conversas.
À minha coorientadora Profª Dra Míriam Pinto por toda ajuda em momentos de dúvida e
apoio durante a concepção do trabalho. Pela sua generosidade e atenção sempre com um
sorriso no rosto.
Ao meu amor Felipo por todo apoio, por sempre cuidar de mim e pela revisão desse
trabalho.
À minha família que sempre me apoiou durante toda a minha vida.
À Emanuel e Priscila pela eterna amizade sincera e pela ajuda na revisão deste trabalho.
À Maria Aparecida e Arthur, minha família de coração, por toda compreensão e carinho.
À Giesta, Thayslanne e Vagner por terem me ajudado a triar e analisar os dados, além da
amizade e apoio.
À Adriana Lima pela amizade, cafés, conversas e pelas dúvidas tiradas. À Kionara pela
amizade e pelas conversas durante essa caminhada.
À Anne Karenine por toda sua simpatia e disponibilidade em tirar minhas dúvidas.
À todos os amigos da turma de 2015 do curso de mestrado em ecologia da UFRN.
À Alexandre Fadigas, Míriam Pinto e Marília Lion pelas contribuições ao avaliarem meu
projeto e a minha qualificação.
À Leandro Jerusalinsky, Márcio Cardoso e Míriam Pinto por aceitarem analisar e avaliar
minha dissertação.
Ao PAN Primatas do Nordeste (PAN PriNE) por todo apoio dado tanto com dados, tanto
com reuniões.
À pós-graduação de ecologia da UFRN pela oportunidade de ingresso no curso de
mestrado.
Ao CNPQ pela concessão da bolsa de estudos. IV
RESUMO
As espécies de primata brasileiros Callicebus barbarabrownae, Callicebus coimbrai e
Sapajus xanthosternos estão ameaçadas de extinção. Uma das causas desse cenário é a
fragmentação das áreas de ocorrência dessas espécies na Caatinga e Mata Atlântica. Nesse
contexto, o presente estudo objetivou a) caracterizar os fragmentos com ocorrência para
cada uma das três espécies; b) comparar os fragmentos da área de ocupação com os
demais fragmentos de sua extensão de ocorrência onde cada espécie está inserida; c)
compará-los entre si quanto as características dos fragmentos, considerando as diferenças
inerentes a cada espécie e a cada bioma. Para identificar os fragmentos florestais da
extensão de ocorrência de cada espécie e identificar os fragmentos com presença
confirmada utilizou-se registros de ocorrências das espécies obtidas através de
levantamento bibliográfico e imagens de satélite de Índice de Vegetação da Diferença
Normalizada (NDVI) disponibilizadas por Hansen et al (2013). Para caracterizar os
fragmentos foram utilizadas várias métricas da paisagem de forma e isolamento. As três
espécies de primatas ocorreram usualmente em fragmentos pequenos, regulares e com
bordas complexas. Entretanto, quando se comparou com as suas respectivas áreas de
extensão de ocorrência, as três espécies estudadas usualmente ocorreram em fragmentos
com maior área, forma mais regular, bordas mais complexas e muito isolados,
demonstrando que essas características do fragmento são importantes para a ocorrência
desses primatas. Para C. coimbrai o tamanho do fragmento vizinho mais próximo
mostrou-se mais importante que o isolamento. Seus fragmentos com ocorrência tiveram
maior índice de proximidade que os fragmentos de sua extensão de ocorrência, o que
infere em uma maior presença de fragmentos na matriz. Dentre as características
analisadas dos fragmentos a forma (perímetro/área e complexidade da borda) foi a mais
determinante na ocorrência dessas três espécies de primatas em ambientes fragmentados.
Depois da forma, as variáveis explicativas mais importantes foram área e isolamento (para
C. coimbrai). Ao comparar as três espécies, observou-se que C. barbarabrownae habita
fragmentos menores, mais regulares, com bordas menos complexas e mais isolados que
as outras duas espécies, possivelmente por só habitar um bioma com diferente histórico
de ocupação e alteração, a Caatinga, enquanto as outras duas espécies que ocorrem
predominantemente ou somente na Mata Atlântica. C. coimbrai e S. xanthosternos
apresentaram fragmentos com ocorrência com características de forma e isolamento
semelhantes, possivelmente por habitarem um mesmo bioma altamente fragmentado,
embora tenham diferenças tanto no uso como em requerimentos de recursos. Portanto,
esses três primatas requerem a criação de unidades de conservação que protejam
fragmentos que tenham as características de forma, área e isolamento que determinam
suas presenças e a criação de corredores ecológicos para aumentar a conectividade entre
os fragmentos, visto o grande isolamento dos fragmentos de suas respectivas áreas de
ocupação.
Palavras-chave: Callicebus barbarabrownae, Callicebus coimbrai, Sapajus
xanthosternos, Cebidae, Pitheciidae, Mata Atlântica, Caatinga, Conservação.
V
ABSTRACT
The species of Brazilian primates Callicebus barbarabrownae, Callicebus coimbrai and
Sapajus xanthosternos are at risk of extinction. One of the causes of this scenario is the
fragmentation of the areas of occurrence of these species in the Caatinga and Mata
Atlântica. In this context, the present study has as objective a) characterize the fragments
with occurrence to each one of these three species; b) compare the fragments of the area
of occupation with the other of its extension of occurrence where each specie is covered;
c) compare the three species about the characteristics of the fragments, taking the inherent
differences to each specie and each biome. To identify the forest fragments of the
extension of occurrence of each species and identify the fragments with confirmed
presence it was utilized records of occurrence of the species and images of satellite of the
Normalized Difference Vegetation Index (NDVI) shared by Hansen at al (2013). To
characterize the fragments were utilized several metrics of the landscape, of form and of
isolation. These three species of primates usually occurred in small, regular and with
complex borders fragments. However, when it was compared with their respective
extension of occurrence areas, the three studied species usually occurred in fragments
with bigger area, more regular form and more complex and too isolated borders,
demonstrating that these primates do not occur by coincidence. To C. coimbrai the size
of the nearest neighboring fragment showed as more important than isolation. Their
fragments with occurrence have bigger rate of proximity than the fragments of extension
of occurrence, what infer in a bigger presence of fragments in the matrix. Among the
analyzed characteristics of the fragments, the form (perimeter/area and complexity of the
border) was the most determined in the occurrence of these three species of primates in
fragmented environments. After the form, the most important explanatory variables were
area and isolation (to C. coimbrai). When the there species were compared, it was
observed that C. barbarabrownae had inhabited smaller and more regular areas, with less
complex borders and more isolated than other two species, possibly because of its
inhabitation in Caatinga, when the other two species predominately or just occurred in
Mata Atlântica. C. coimbrai and S. xanthosternos showed fragments with similar
occurrence about their characteristics of form and isolation, possibly because they have
inhabited the same over-fragmented habitat despite that they have differences not only in
the use, as in the requirement of resources. Thus, these three primates require require the
creation of unites of conservation that protect fragments that has the characteristics of
form, area and isolation that determine their presences and the creation of ecological
corridors to increase the connectivity among the fragments, that has seen the large
isolation of the fragments in their respective areas of occupation.
Keywords: Callicebus barbarabrownae, Callicebus coimbrai, Sapajus xanthosternos,
Cebidae, Pitheciidae, Mata Atlântica, Caatinga, Conservation.
VI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Callicebus barbarabrownae Hershkovitz (1990). Fotografia: Russell A.
Mittermeier. ............................................................................................................... 5
Figura 2 - Callicebus coimbrai Kobayashi e Langguth (1999). Fotografia: Eduardo
Lacerda. ..................................................................................................................... 7
Figura 3 - Macho adulto de Sapajus xanthosternos (Wied-Neuwied, 1826). Fotografia:
Luciano Candisani. .................................................................................................... 8
Figura 4 - Área de estudo localizada entre o norte do estado de Minas Gerais e o norte
do estado da Bahia e Sergipe, abrangendo parte dos biomas Mata Atlântica e
Caatinga, Brasil. Os polígonos indicam a extensão de ocorrência de cada uma das
espécies de primatas: C. barbarabrownae (polígono rosa), C. coimbrai (polígono
azul) e S. xanthosternos (polígono laranja). O bioma Mata Atlântica está
representado pela cor verde e o bioma Caatinga pela cor amarela. ........................ 10
Figura 5 - Relação das métricas com os eixos de análises de componentes principais
(PCA) realizadas sobre os fragmentos com ocorrência das espécies: a) C.
barbarabrownae, b) C. coimbrai e c) S. xanthosternos. Códigos das variáveis na
tabela 2. ................................................................................................................... 21
Figura 6 - Mapa dos fragmentos de ocorrência confirmada trabalhados nesse estudo das
espécies C. barbarabrownae (50 fragmentos, amarelo), C. coimbrai (55 fragmentos,
vermelho), S. xanthosternos (18 fragmentos, azul), C. barbarabrownae x S.
xanthosternos (1 fragmento, roxo) e C. coimbrai x S. xanthosternos (5 fragmentos,
verde). O bioma Mata Atlântica está representado pela cor verde e o bioma Caatinga
pela cor amarela. Nesta escala, apenas os fragmentos grandes são bem visualizados..
................................................................................................................................. 22
Figura 7 - Ponto de ocorrência Faz. Corcovado I (Nº 27; Apêndice B) de ocorrência de
C. barbarabrownae. Fragmento com boas características para a ocorrência da espécie,
como grande tamanho de área (50.215,26 ha), baixa razão perímetro/área (0,003),
complexidade de borda (1,424), pequena distância para o vizinho mais próximo
(158,725 m) e proximidade (38.766,85)...................................................................24
Figura 8 - Distribuições de frequência das métricas calculadas para 50 fragmentos com
ocorrência confirmada de C. barbarabrownae. A área em m² (a) em escala
logarítmica, Perímetro/área em m/m² (b), complexidade da borda (c), distância para
o vizinho mais próximo em metros (d), área do vizinho mais próximo em m² (e) em
escala logarítmica e proximidade (f) adimensional. As setas em vermelho indicam o
local da mediana de cada métrica. Códigos das métricas na tabela 2........................25
Figura 9 - Distribuições de frequência das métricas calculadas para 55 fragmentos com
ocorrência confirmada de C. coimbrai. A área em m² (a) em escala logarítmica,
Perímetro/área em m/m² (b), complexidade da borda (c), distância para o vizinho
mais próximo em metros (d), área do vizinho mais próximo em m² (e) em escala
VIII
VII
logarítmica e proximidade (f) adimensional. As setas em vermelho indicam o local
da mediana de cada métrica. Códigos das métricas na tabela 2.. ............................ 26
Figura 10 - Distribuições de frequência das métricas calculadas para 18 fragmentos com
ocorrência confirmada de S. xanthosternos A área em m² (a) em escala logarítmica,
perímetro/área em m/m² (b), complexidade da borda (c), distância para o vizinho
mais próximo em metros (d), área do vizinho mais próximo em m² (e) em escala
logarítmica e proximidade (f) adimensional. As setas em vermelho indicam o local
da mediana de cada métrica. Códigos das métricas na tabela 2.............................27
Figura 11 - Distribuições de frequência de medianas obtidas a partir de 9.999 sorteios de
50 fragmentos e comparação dessa frequência de medianas sorteadas com a mediana
do conjunto de fragmentos com ocorrência de C. barbarabrownae. Área em m² (a),
perímetro/área em m/m² (b), complexidade da borda (adimensional) (c) da espécie
dos fragmentos de sua extensão de ocorrência de C. barbarabrownae. As setas em
vermelho indicam a mediana de cada métrica esse ela é maior ou menor que o
conjunto de medianas sorteados. Códigos das métricas na tabela 2........................29
Figura 12 - Distribuições de frequência de medianas obtidas a partir de 9.999 sorteios de
55 fragmentos e comparação dessa frequência de medianas sorteadas com a mediana
do conjunto de fragmentos com ocorrência de C. coimbrai. Área em m² (a),
perímetro/área em m/m² (b), complexidade da borda (adimensional) (c) da espécie
dos fragmentos de sua extensão de ocorrência de C. coimbrai. As setas em vermelho
indicam a mediana de cada métrica esse ela é maior ou menor que o conjunto de
medianas sorteados. Códigos das métricas na tabela 2.............................................30
Figura 13 - Ponto de ocorrência Usina Aliança (Nº 45; Apêndice C) de ocorrência de C.
coimbrai. Fragmento com boas características para a ocorrência da espécie, tamanho
de área (1.972,62 ha), razão perímetro/área (0,006), complexidade de borda (1,392),
distância para o vizinho mais próximo (248,816 m) e proximidade (142,243)........31
Figura 14 - Distribuições de frequência de medianas obtidas a partir de 9.999 sorteios de
55 fragmentos e comparação dessa frequência de medianas sorteadas com a mediana
do conjunto de fragmentos com ocorrência de C. coimbrai. Distância para o vizinho
mais próximo em m (a), área para o vizinho mais próximo em m² (b), proximidade
(adimensional) (c) da espécie dos fragmentos de sua extensão de ocorrência de C.
coimbrai. As setas em vermelho indicam a mediana de cada métrica esse ela é maior
ou menor que o conjunto de medianas sorteados. Códigos das métricas na tabela 2..32
Figura 15 - Distribuições de frequência de medianas obtidas a partir de 9.999 sorteios de
18 fragmentos e comparação dessa frequência de medianas sorteadas com a mediana
do conjunto de fragmentos com ocorrência de S. xanthosternos. Área em m² (a),
perímetro/área em m/m² (b), complexidade da borda (adimensional) (c) da espécie
dos fragmentos de sua extensão de ocorrência de S. xanthosternos. As setas em
vermelho indicam a mediana de cada métrica esse ela é maior ou menor que o
conjunto de medianas sorteados. Códigos das métricas na tabela 2.........................33
Figura 16 - Ponto de ocorrência Riacho Filo (Nº 39; Apêndice D) de ocorrência de S.
xanthosternos. Esse fragmento possui boas características para a ocorrência da
espécie: tamanho de área (1.582,004 ha), razão perímetro/área (0,006), complexidade
de borda (1,391), pequena distância para o vizinho mais próximo (38,617 m) e uma
grande conectividade visto a proximidade (16.062.607,076)...................................34
Figura 17 - Blox plots da área (a) em m² em escala logarítmica (K-W = 9,323; p = 0,009),
perímetro/área em m/m² (b) (K-W = 4,854; p = 0,088), complexidade da borda
(adimensional) (c) (K-W = 12,188; p = 0,002) dos fragmentos com ocorrência
confirmada de C. barbarabrownae (B), C. coimbrai (C) e S. xanthosternos (X).
Códigos das métricas na tabela 2..............................................................................36
Figura 18 - Blox plots da distância para o vizinho mais próximo (a) em metros (K-W
=34,763; p = 0,0001), área do vizinho mais próximo (b) em m² (K-W = 26,285; p =
0,0001) e proximidade (c) (adimensional) (K-W = 16,246; p = 0,0001) dos
fragmentos com ocorrência confirmada de C. barbarabrownae (B), C. coimbrai (C) e
S. xanthosternos (X). Códigos das métricas na tabela 2............................................37
IX
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Matriz de confusão da imagem de cobertura arbórea do bioma Mata Atlântica
e Caatinga, com os valores de frequência observados da imagem classificada e das
Imagens de satélite do Google Earth ®. ................................................................. 14
Tabela 2 - Métricas de forma e isolamento utilizadas no presente estudo. ................... 16
Tabela 3 - Estatísticas descritivas das métricas dos fragmentos com ocorrência
confirmada das três espécies de primatas ameaçados no nordeste brasileiro, que
ocorrem ao sul do Rio São Francisco. Ver tabela 2 para códigos das métricas.. .... 28
Tabela 4 - Modelos logísticos com as variáveis que melhor predizem a presença de cada
uma das três espécies de primatas em fragmentos. O sinal de cada variável indica a
relação (positiva ou negativa) dela com a presença da espécie.. ............................. 35
X
SUMÁRIO
Resumo............................................................................................................................V
Abstract.........................................................................................................................VI
Listas de Figuras..........................................................................................................VII
Listas de Tabelas............................................................................................................X
Introdução ........................................................................................................................ 2
Callicebus barbarabrownae Hershkovitz (1990) .................................................. 5
Callicebus coimbrai Kobayashi e Langguth (1999) .............................................. 6
Sapajus xanthosternos Wied-Neuwied (1826) ...................................................... 7
Materiais e métodos ......................................................................................................... 9
Área de estudo ....................................................................................................... 9
Registros de ocorrência ....................................................................................... 10
Imagem de vegetação arbórea.............................................................................. 12
Validação da Classificação .................................................................................. 13
Fragmentos com ocorrência e fragmentos da extensão de ocorrência ................ 15
Métricas ............................................................................................................... 15
Análises estatística.......................................................................................................18
Resultados ...................................................................................................................... 19
Caracterização geral dos fragmentos com ocorrência confirmada ...................... 23
Comparação das características dos fragmentos com ocorrência confirmada e os
fragmentos da extensão de ocorrência por espécie .............................................. 29
Determinantes de ocorrência .............................................................................. 35
Comparação das características dos fragmentos com ocorrência entre as espécies
de primatas ................................................................................................................... 36
Discussão ........................................................................................................................ 38
Ocorrência de cada Espécie.................................................................................38
Diferenças no uso da paisagem entre as três espécies de primatas......................43
Conclusões ...................................................................................................................... 46
Referências ..................................................................................................................... 47
Apêndice A ..................................................................................................................... 57
Apêndice B ..................................................................................................................... 58
Apêndice C ..................................................................................................................... 62
Apêndice D ..................................................................................................................... 66
2
Introdução
A perda de habitat diminui a área disponível para a biota, os recursos disponíveis
e a diversidade de habitats, o que causa o declínio do tamanho populacional (BENDER
et al., 1998). Por sua vez, um pequeno tamanho populacional aumenta a probabilidade de
haver extinção local, devido ao aumento da vulnerabilidade a eventos estocásticos, à
maior probabilidade de haver endogamia e redução da variabilidade genética (LANDE,
1988).
Outro processo que pode também atuar na alteração dos habitats é a fragmentação
da paisagem, que causa a divisão do habitat em manchas, e dessa forma gera a diminuição
da conectividade entre as áreas de habitat (FAHRIG, 2003). Esse cenário torna-se mais
complexo quando a fragmentação e a perda de habitat atuam em conjunto, causando a
formação de bordas, o que pode causar com o passar do tempo a transformação de uma
floresta contínua em manchas de habitat isoladas e pequenas, que muitas vezes estão
circundadas por matrizes não florestais (TABARELLI; GASTON, 2005).
O efeito de borda é causado principalmente pela criação de bordas artificiais como
consequência da fragmentação dos habitats. Ele modifica a porção mais externa do
fragmento alterando variáveis físicas (luz, intensidade de radiação, intensidade do vento)
e de estrutura, composição e abundância de espécies em comparação à porção interior
mais protegida do fragmento (PARDINI et al., 2009). Além dessas modificações, o maior
contato com a matriz pode propiciar uma maior vulnerabilidade às ameaças antrópicas,
como caça, queimadas e atropelamento por veículos (RODRIGUES; NASCIMENTO,
2006).
O efeito da fragmentação sobre as populações depende de quanto do habitat é
perdido e fragmentado, por esse motivo o estudo da composição e estrutura da paisagem
possibilita um diagnóstico mais efetivo. Dessa forma, insere-se a Ecologia de Paisagem,
área do conhecimento que estuda o efeito da estrutura da paisagem nos processos
ecológicos (METZGER, 2001). A paisagem na abordagem ecológica é considerada como
um mosaico composto por manchas, matriz e corredores condicionados à hierarquia
ecológica trabalhada (população, comunidade ou ecossistema) (FAHRIG, 2003). Para
estudar esse mosaico desenvolvem-se métricas que caracterizam a estrutura da paisagem
e o entendimento e consolidação de seus padrões. Como por exemplo, as métricas da
paisagem compiladas por McGarigal e Marks (1995) no software Fragstats 2.0 de
análises de padrões espaciais para quantificação da estrutura da paisagem.
3
A caracterização e a análise da paisagem permitem entender como o organismo
interage com os mais diferentes cenários de composição e configuração da paisagem.
Dessa forma, tem-se um panorama de quais áreas possuem características favoráveis ou
não a ocorrência das espécies, e se a matriz é favorável ou não ao deslocamento dos
organismos entre as manchas de habitats (FAHRIG, 2003). A caracterização da paisagem
necessita do estabelecimento de critérios e bases de referência para o cálculo das métricas
com eficácia e para isso é necessário conhecer os requerimentos por recursos e condições,
assim como de mobilidade de cada espécie (METZGER, 2001; FISCHER;
LINDENMAYER, 2007). A capacidade de diferentes grupos de organismos persistirem
ou não em um ambiente fragmentado depende de seus requerimentos por recursos, das
características do habitat e do histórico de alterações ao longo do tempo desse habitat
(OFFERMAN et al., 1995). Espécies que vivem em ambientes arbóreos, como os
primatas, são muito afetadas pela fragmentação, por precisarem, para ocorrerem, de
habitats com características mais restritas (ARROYO-RODRÍGUEZ et al., 2007).
Primatas arborícolas apresentam dificuldades de transitar em matrizes não
arbóreas com poucos e/ou isolados fragmentos arbóreos (DIXO et al., 2009). Em
consequência disso, podem ficar isolados em seus fragmentos interrompendo o fluxo
gênico entre as populações (DIXO et al., 2009). Assim, o tamanho da área e a
permeabilidade da matriz são características muito importantes para as espécies de
primatas que habitam áreas fragmentadas e ainda mais para as que possuem uma dinâmica
de migração de juvenis para novas áreas (FAHRIG, 2007; CROUZEILLES et al., 2014).
As diferentes estratégias de forrageamento que os primatas possuem é um dos
fatores que influencia na relevância das características da paisagem para a ocorrência
desse grupo em ambientes alterados (ARROYO-RODRÍGUEZ; MANDUJANO, 2009).
Comportamentos mais flexíveis, como dietas mais generalistas (plantas cultivadas ou
exóticas), possibilitam ao primata uma maior tolerância à fragmentação e propiciam
também sua ocorrência em uma maior extensão de ocorrência (HARCOURT et al., 2002;
NOWAK; LEE, 2013).
No Brasil, muitas das espécies de primatas estão ameaçadas por ocorrerem em
pequenos fragmentos envoltos por matrizes não arbóreas. Inserem-se neste contexto os
primatas que habitam a Mata Atlântica e a Caatinga, biomas com longo histórico de
ocupação humana e alteração da paisagem (LEAL et al., 2005; RIBEIRO et al., 2009).
Por estarem inseridos em ambientes altamente fragmentados, envoltos por matrizes como
pastos, áreas urbanas e pecuária, os primatas tornam-se mais vulneráveis aos mais
4
diferentes tipos de ameaças, como o atropelamento por veículos e a predação por animais
domésticos (FLESHER et al., 2015). Essa maior vulnerabilidade torna algumas
características da paisagem importantes fatores para a ocorrência e persistência de
primatas em ambientes altamente alterados, como um maior tamanho da área, um menor
isolamento, fragmentos mais regulares e com maior complexidade da borda, além de uma
qualidade de matriz que propicie fontes secundárias de recursos e a movimentação dos
primatas através dela (MICHALSKI; PERES, 2005; PINTO et al., 2006; THORNTON et
al., 2011; BOYLE et al., 2013; SILVA et al., 2015).
A área e o isolamento, por exemplo, são fatores importantes para a ocorrência de
Callicebus nigrifrons (Spix, 1823) e Sapajus nigritus (Goldfuss, 1809), em
remanescentes de Mata Atlântica em Minas Gerais, no sudeste do Brasil (SILVA et al.,
2015). Na Amazônia foi visto também um efeito positivo da área e negativo do isolamento
para a riqueza de seis espécies de primatas em fragmentos (BOYLE; SMITH, 2010). Já
Flesher et al. (2015) apontou que a caça é uma das principais ameaças para S.
xanthosternos, por possuir maior tamanho corporal do que as outras duas espécies e assim
ser mais atrativo para os caçadores.
Estratégias alimentares mais generalistas facilitam a persistência de primatas em
ambientes fragmentados, como foi encontrado para as espécies de grupos mais
generalistas de primatas, Sapajus xanthosternos (Wied-Neuwied, 1826), Callicebus
melanochir (Wied-Neuwied, 1820) e Callithrix sp. em áreas agroflorestais e de floresta
no sul da Bahia (FLESHER et al., 2015). Em razão dessas espécies conseguirem se
alimentar de recursos da matriz e deslocarem-se entre fragmentos, elas possuem a
capacidade de habitar áreas fragmentadas (FLESHER et al., 2015). Esse argumento é
confirmado por Boyle e Smith (2010), que estudaram seis espécies de primatas em
fragmentos de floresta Amazônica no Brasil, e encontraram que a predominância de frutas
na dieta é um importante indicador da presença de primatas em fragmentos, além do
tamanho de sua área de vida e isolamento.
No Nordeste do Brasil há cinco espécies de primatas ameaçadas de extinção, das
quais três ocorrem na região ao sul do Rio São Francisco. Na Mata Atlântica dessa região
ocorre a espécie endêmica Callicebus coimbrai Kobayashi e Langguth (1999) e na área
de Caatinga, adjacente de Mata Atlântica, ocorre a espécie endêmica Callicebus
barbarabrownae Hershkovitz (1990). Em uma área mais extensa de Caatinga e também
de Mata Atlântica ocorre a espécie Sapajus xanthosternos, que tem mais registros de
ocorrência nesse último bioma (PRINTES et al., 2011; CANALE et al., 2013). Por
5
habitarem ambientes muito degradados, as três espécies de primatas encontram-se em
perigo de extinção, como será detalhado melhor a seguir.
Callicebus barbarabrownae Hershkovitz (1990)
A espécie Callicebus barbarabrownae (guigó, guigó-da-Caatinga, sauá-loiro e
pangola) (Figura 1) é um primata predominantemente frugívoro que se alimenta também
de folhas e pequenos invertebrados (VEIGA et al., 2008b). Seu peso e comprimento
médios é de 1 kg e de 80 cm, respectivamente (VEIGA et al., 2008b). É um primata da
família Pitheciidae, endêmico da Caatinga e que se distribui da Bacia hidrográfica do Rio
Paraguaçu até a margem sul do Rio São Francisco (VEIGA et al., 2008b). Essa espécie
possui uma estrutura social monogâmica de dois a cinco indivíduos (PRINTES et al.,
2007).
De acordo com a International Union for Conservation of Nature and Natural
Resources (IUCN) e com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), C. barbarabrownae é
classificada como “Criticamente em perigo” por ter uma pequena população total
distribuída em pequenas subpopulações em áreas em que há o contínuo declínio de seu
habitat natural (VEIGA et al., 2008b; IUCN, 2015; BRASIL, 2014). Além de estar
”Criticamente em perigo”, essa espécie tem uma preferência por ambientes com
vegetação mais madura e conservada, o que restringe ainda mais sua área de ocorrência
já bastante alterada (PRINTES, 2007). Somando-se a esse cenário há ainda as mudanças
Figura 1 - Callicebus barbarabrownae Hershkovitz (1990). Fotografia: Russell A.
Mittermeier.
6
climáticas, como mais um fator de ameaça à persistência desse primata. Uma modelagem
sobre mudanças climáticas desenvolvida no estudo de Joner et al. (in prep.) aponta C.
barbarabrownae como uma das espécies com grandes chances de extinção nos próximos
100 anos, devido às mudanças climáticas. Por esse motivo, as mudanças climáticas deve
ser mais um critério em estratégias de conservação dessa espécie de primata.
Callicebus coimbrai Kobayashi e Langguth (1999)
A espécie Callicebus coimbrai (Figura 2), conhecida popularmente como guigó
ou guigó-de-Coimbra-Filho, é um primata frugívoro da família Pitheciidae
(KOBAYASHI; LANGGUTH, 1999; BAIÃO et al., 2015). Os machos pesam cerca de 1
kg e têm 85 cm de comprimento e possuem estruturas sociais monogâmicas com dois a
sete indivíduos (CHAGAS; FERRARI, 2010). Habita áreas de Mata Atlântica entre o
recôncavo baiano e a margem sul do Rio São Francisco, nos estados de Sergipe e da Bahia
(VEIGA et al., 2008a).
É uma espécie encontrada frequentemente em fragmentos pequenos (< 50 ha) e
tem uma área de vida entre 9,8 a 13,5 hectares (SOUZA-ALVES et al., 2013;
JERUSALINSKY, 2013). Durante alguns meses da estação seca, em que as frutas são
mais escassas, essa espécie modifica sua preferência por uma dieta frugívora para uma
predominantemente folívora, composta por lianas (SOUZA-ALVES et al., 2011;
FERRARI et al., 2013).
Segundo a classificação da IUCN (2015) de Brasil (2016), C. coimbrai está “Em
perigo”, em razão de ter uma pequena população em declínio, com aproximadamente
2.000 indivíduos maduros, distribuídos em pequenos fragmentos de Mata Atlântica
(VEIGA et al., 2008a; JERUSALINSKY, 2013; BRASIL, 2014). Essa espécie também é
ameaçada pelo efeito de borda, ocasionado pela fragmentação e pela extração seletiva em
pequena escala é também outro fator que contribui para o declínio das populações dessa
espécie de primata (VEIGA et al., 2008a).
7
Sapajus xanthosternos Wied-Neuwied (1826)
A espécie Sapajus xanthosternos (Figura 3), macaco-prego-do–peito-amarelo,
que se distribui ao sul Rio São Francisco à fronteira entre o sul da Bahia e Minas Gerais,
possui entre 1,3 e 4,8 kg e mede em média 88 cm (CANALE et al., 2013). É uma espécie
da família Cebidae, reconhecida pela IUCN (KIERULFF et al., 2015) como
“Criticamente em perigo” e pelo MMA como “Em Perigo” devido à pequena população
em declínio (menos de 2.500 indivíduos maduros), à pressão de caça, e o alto grau de
degradação e fragmentação de seu habitat (IUCN, 2015; KIERULFF et al., 2015;;
BRASIL, 2014).
Sapajus xanthosternos apresenta a capacidade de habitar uma variedade de
ambientes, como florestas (primárias e secundárias), seringais e cacauais, mas prefere
áreas de floresta madura (CANALE et al., 2013). Essa espécie possui uma dinâmica de
migração dos indivíduos jovens adultos e por isso precisa de áreas maiores que 400 ha e
com fragmentos próximos para seus grupos sociais poligâmicos, com 9 a 27 indivíduos,
possam persistir em ambientes fragmentados (CANALE et al. 2013). É uma espécie com
dieta ampla, incluindo frutas a pequenos lagartos, e que tem um papel importante na
dispersão de sementes, alimentando-se inclusive de espécies vegetais invasoras e de
espécies provenientes de plantações, como cana-de-açúcar e cacau (CANALE et al.,
2013). O maior tamanho de grupo e de corpo aumentam o tamanho da área que esses
primatas precisam para ocorrer. Em ambientes fragmentados o uso da paisagem por
Figura 1 - Callicebus coimbrai Kobayashi e Langguth (1999). Fotografia:
Eduardo Lacerda.
8
Sapajus xanthosternos é facilitada porque esses primatas possuem uma dieta mais diversa
que as outras duas espécies de Callicebus, incluindo cultivares na alimentação, além da
sua capacidade de transitar entre fragmentos próximos.
Figura 2 - Macho adulto de Sapajus xanthosternos Wied-Neuwied (1826). Fotografia:
Luciano Candisani.
Cada uma dessas três espécies de primatas, S. xanthosternos, C. coimbrai e C.
barbarabrownae, possui características próprias que determinam o modo como elas
utilizam o ambiente. Portanto, como são espécies ameaçadas de extinção, o
desenvolvimento de estudos sobre o seu uso da estrutura espacial dentro desses ambientes
degradados e fragmentados são essenciais para que ações como as realizadas pelo Plano
de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas do Nordeste (PAN PriNE) possam
ter êxito em evitar seu desaparecimento.
Neste cenário, o presente estudo tem o objetivo de caracterizar e comparar os
fragmentos de ocorrência e da extensão de ocorrência de Callicebus barbarabrownae,
Callicebus coimbrai e Sapajus xanthosternos.
Este trabalho possui como objetivos específicos de a) caracterizar os fragmentos
florestais com ocorrência comprovada de cada espécie. Em seguida, objetiva-se b)
comparar os fragmentos com ocorrência com todos os fragmentos da extensão de
ocorrência de cada espécie; c) comparar os fragmentos florestais de ocorrência das três
espécies entre si, considerando as diferenças inerentes a cada espécie e a cada bioma.
Desta maneira as hipóteses investigadas nesse estudo são:
9
I. As três espécies ocorrem em fragmentos com uma maior área, uma maior
regularidade da forma, bordas mais complexas e menor isolamento que os demais
fragmentos florestais sem registro de ocorrência de suas respectivas áreas de distribuição.
II. C. barbarabrownae e C. coimbrai habitam áreas menores, mais regulares,
menos isoladas e com bordas menos complexas se comparado com S. xanthosternos
III. S. xanthosternos habita fragmentos florestais preferencialmente maiores,
menos regulares, mais isoladas e com bordas mais complexas que os outros dois primatas.
Materiais e métodos
Área de estudo
A área de estudo foi definida a partir da extensão de ocorrência dos pontos de
ocorrência confirmada das três espécies de primatas, C. barbarabrownae, C. coimbrai e
S. xanthosternos, e abrange os biomas Mata Atlântica e Caatinga (10° 33.477'S – 16°
20.998'S; 36° 38.991'O – 44° 2.812'O) (Figura 4). Sua localização se estende do sul do
Rio São Francisco até ao norte do Estado de Minas Gerais.
A Mata Atlântica é uma floresta tropical úmida, hotspot de biodiversidade
(BROOKS et al., 2002) que atualmente possui cerca de 11,7% de sua área original coberta
por remanescentes (RIBEIRO et al., 2009). Esse bioma é composto predominantemente
por floresta, mas também é composto por mangue e restinga e está altamente
fragmentado, com 80% dos fragmentos com áreas menores que 50 ha (RIBEIRO et al.,
2009). Na Mata Atlântica ocorre a espécie endêmica de primata C. coimbrai que está
ameaçada de extinção. Outra espécie de primata ameaçada de extinção que também é
encontrada nesse bioma é S. xanthosternos, que tem 89% de seus fragmentos com
ocorrência, analisados no presente estudo, localizados nesse bioma.
A Caatinga é uma floresta sazonal seca que ocorre na região semi-árida do Brasil,
conhecida pelo período de estiagem severo (ALBUQUERQUE et al., 2012). Também
bastante alterada pela atividade antrópica, tem uma grande parte de sua área fragmentada
pela agricultura, pecuária e estradas (CASTELLETTI et al., 2004). Na Caatinga ocorre a
espécie endêmica de primata ameaçado de extinção C. barbarabrownae. Além dessa
espécie, ocorre também S. xanthosternos que possui 11% de seus fragmentos com
ocorrência confirmada, analisados no presente estudo, localizados nesse bioma.
10
Figura 3 - Área de estudo localizada entre o norte do estado de Minas Gerais e o norte do estado
da Bahia e Sergipe, abrangendo parte dos biomas Mata Atlântica e Caatinga, Brasil. Os polígonos
indicam a extensão de ocorrência de cada uma das espécies de primatas: C. barbarabrownae
(polígono rosa), C. coimbrai (polígono azul) e S. xanthosternos (polígono laranja). O bioma Mata
Atlântica está representado pela cor verde e o bioma Caatinga pela cor amarela.
Registros de ocorrência
Os registros de ocorrência das três espécies de primatas foram obtidos por meio
do levantamento bibliográfico de teses, dissertações e artigos publicados entre 2000 e
2016. A busca foi realizada através dos indexadores Web of Science, Scielo e Google
scholar utilizando como palavras-chave os binômios latinos das espécies e seus
respectivos gêneros. Na revista Neotropical Primates a pesquisa foi realizada através da
revisão de todos os volumes da revista entre 2000 a 2016 para a verificação da presença
de artigos relacionados às três espécies. Na pesquisa sobre S. xanthosternos foi feita a
busca pelo seu nome antigo, Cebus xanthosternos, e pelo seu nome atual, Sapajus
xanthosternos. Até o ano de 2012 o gênero Cebus era considerado um único gênero da
família Cebidae, mas com as análises genéticas de Alfaro et al. (2012) e diferenças
morfológicas já identificadas anteriormente dentro do gênero Cebus (SILVA JR., 2001),
o gênero foi dividido em dois: Cebus (sem tufo) e Sapajus (com tufo). Desta forma, Cebus
xanthosternos por ter a característica do novo gênero (Sapajus) teve seu nome modificado
para Sapajus xanthosternos (ALFARO et al., 2012).
11
Foram considerados apenas registros de presença obtidos por observação direta,
coleta ou vocalização para utilizar apenas dados com maior confiabilidade. Foram
pesquisados artigos a partir do ano 2000 e considerados dados de ocorrência que tivessem
menos de 50 anos para evitar registros que poderiam não ser mais válidos (extinção local),
como por exemplo registros de museus do início do século. Como resultado desta
metodologia, o dado mais antigo foi obtido em 1991, que foi da espécie S. xanthosternos
(PRADO et al., 2002).
Após o levantamento dos registros de ocorrência, foi feita a verificação de todos
os pontos de presença por meio da sobreposição desses pontos sobre imagens recentes de
satélite, disponíveis no software Google Earth ®. Ao realizar a validação foram excluídos
pontos de ocorrência em que os fragmentos não existiam; pontos de ocorrência com
coordenadas erradas e; pontos que ocorreram em áreas de vegetação muito pequenas e
que na classificação da imagem não foram classificadas como vegetação e sim como
matriz (ver abaixo tópico da imagem).
Outra razão que levou à eliminação de registros de ocorrência, foram pontos que
ocorreram em fragmentos com área aumentada pela agregação de plantios arbóreos
próximos, que também foram classificados erroneamente como floresta. Em
consequência disso, essa agregação alterou a configuração original do fragmento e do seu
entorno. Essa classificação equivocada de áreas de plantio arbóreo como floresta,
provavelmente, aconteceu porque ambas são de porte arbóreo e por terem uma refletância
semelhante foram classificadas na mesma classe, floresta. A eliminação desses pontos de
ocorrência gera falsos negativos nos dados trabalhados, mas foi necessária para evitar a
análise de dados totalmente distorcidos.
Houve a transferência de 14 pontos de C. coimbrai em áreas de Caatinga para C.
barbarabrownae, por estarem na extensão de ocorrência desta espécie e por ambas
espécies ocorrerem em ambientes com diferentes amplitudes de altitude, clima e tipos
vegetacionais (JERUSALINSKY, 2013). Essa transferência de pontos de ocorrência foi
realizada porque tanto Jerusalinsky (2013) quanto Beltrão-Mendes (2010) e Santos Jr.
(2010) encontraram que entre as áreas de distribuição de C. barbarabrownae e C.
coimbrai há uma lacuna de 30 a 70 km, com base em registros de ocorrência de
observação direta ou registros de ocorrência dentro das distribuições propostas para cada
espécie. Jerusalinsky (2013) justifica que essa lacuna de ocorrência pode funcionar como
uma barreira ecológica que separa a disseminação das duas espécies. Ele também afirma
que a causa dessa separação é por essa lacuna ser uma área de transição entre os biomas
12
Mata Atlântica e Caatinga, e ter características climáticas e de vegetação distintas das
características das áreas de distribuição propostas para cada espécie.
Com base nesses critérios foram considerados neste estudo 157 pontos de
ocorrência para as três espécies, sendo 52 pontos para C. barbarabrownae, 64 para C.
coimbrai e 41 pontos para S. xanthosternos. Desse total, em três pontos foi observada
coexistência entre S. xanthosternos e C. barbarabrownae e cinco pontos de coexistência
entre S. xanthosternos e C. coimbrai. Não há nenhum registro de coocorrência entre C.
barbarabrownae e C. coimbrai.
Imagem de vegetação arbórea
Para a criação de uma imagem com os fragmentos de vegetação arbórea foram
utilizadas como base imagens disponibilizadas em Hansen et al. (2013). Tais imagens
referem-se à cobertura arbórea mundial do ano 2000 a partir do índice normalizado de
vegetação (NDVI), que permite diferenciar coberturas vegetais com maior acurácia
(KREMER; RUNNING, 1993). Em Hansen et al. (2013) cada pixel foi normalizado para
valores de 0 a 100. As imagens foram obtidas a partir de imagens de satélite Landsat 7 e
Landsat 8 OLI com resolução de 30m (HANSEN et al., 2013). As cenas utilizadas foram
00N_040 w, 00N_050 w, 10S_040 w e 10S_050 w, por englobarem juntas as
distribuições dos pontos de ocorrência das três espécies de primatas. Também foram
utilizadas imagens de perdas e ganhos de vegetação arbórea dos anos de 2000 a 2012
(ganho) e 2000 a 2014 (perda) (HANSEN et al., 2013).
Foi feito o mosaico com as quatro imagens de cobertura arbórea (NDVI) do ano
2000. Em seguida, o mosaico de vegetação para o ano 2000 (HANSEN et al., 2003) foi
subdividido por bioma (Caatinga e Mata Atlântica) usando como referência o bioma Mata
Atlântica (Mapa da Área de Aplicação da Lei nº 11.428, de 2006). Tal subdivisão foi
criada, pois os biomas Caatinga e Mata Atlântica possuem muitas diferenças de clima,
sazonalidade, estrutura e composição da vegetação, resultando em diferentes intervalos
de refletância, com a Mata Atlântica apresentando maiores valores de NDVI. Por esse
motivo, a subdivisão do mosaico por bioma minimiza a influência de um bioma sobre o
outro no momento da classificação.
Para cada imagem do NDVI separadamente por bioma, foi feita a classificação
não supervisionada por K-means com duas classes (vegetação e matriz), no programa
Envi 5.0 (EXELIS VISUAL INFORMATION SOLUTIONS, 2015). As imagens
13
classificadas de cada bioma foram unidas resultando em um único arquivo. Em seguida,
foi feito o recorte da área de trabalho para cada espécie utilizando como feição
delimitadora o polígono criado a partir da extensão de ocorrência dos pontos de
ocorrência de cada espécie (Figura 4). Como resultado, foram obtidas três imagens
classificadas, em vegetação e matriz, da cobertura florestal do ano 2000, referentes a
extensão de ocorrência de sua respectiva espécie.
Cada uma das três imagens classificadas foi somada à imagem de áreas de ganho
de 2000 até 2012 (gain) e em seguida foi subtraída das áreas de perda de vegetação
arbórea (loss) de 2000 até 2014, no software QGIS 2.10 (QGIS DEVELOPMENT
TEAM, 2016). Ao final desses procedimentos foi obtida a imagem classificada em
vegetação arbórea e matriz atualizada para 2014 para perda e 2012 para ganho, com 30
metros de resolução.
Validação da Classificação
Para validar as imagens classificadas de fragmentos de vegetação arbórea para
Caatinga e Mata Atlântica foram criados 1.000 pontos aleatórios na extensão de
ocorrência das três espécies. A validação foi feita verificando se cada ponto, que na
imagem classificada foi considerado fragmento arbóreo ou matriz, era igualmente
fragmento arbóreo ou matriz nas imagens do Google Earth ®. Para cada ponto, foi
observado o tipo de cobertura (vegetação ou matriz) de acordo com imagens de satélite
de alta resolução do software Google Earth ®. Foram consideradas apenas as imagens do
Google Earth ® dos anos mais recentes disponíveis e em alta resolução, ou seja, sem
nuvens e com boa resolução. Do total de pontos, 180 não foram validados pois não tinham
boas imagens disponíveis no Google Earth ®, resultando desta forma, em 820 pontos:
Mata Atlântica (503) e Caatinga (317). Após essa verificação foi elaborada a matriz de
confusão e calculado o índice Kappa (Tabela 1), pela fórmula a seguir (LANDIS E
KOCH, 1977):
𝐾𝑎𝑝𝑝𝑎 =𝑜𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑜 − 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜
1 − 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜
Obtivemos o índice Kappa para Mata Atlântica (Kappa = 0,58) e para Caatinga
(Kappa = 0,4), que são considerados valores moderados aceitáveis para trabalhos em
escala regional, visto que são iguais ou acima de 0,4 (LANDIS; KOCH, 1977; RIBEIRO
14
et al., 2009). Houve um total de 79,32% de acerto na Mata Atlântica e 79,81% na
Caatinga. Na Mata Atlântica a maior parte dos erros foi de omissão (pontos de vegetação
arbórea que não foram classificados como tal) ao passo que na Caatinga a maioria dos
erros foram de comissão (áreas sem vegetação arbórea classificadas como tal). Os erros
de omissão na maioria dos casos ocorreram em fragmentos de pequeno tamanho (<10 ha).
Decidimos excluir os fragmentos menores de 3 ha, já que eles foram identificados
de difícil classificação por serem muito pequenos, o que ocasionou em alguns casos em
áreas sub representadas pela classificação ou que não foram representadas nem como
matriz nem como vegetação na classificação (RIBEIRO et al., 2009; DANTAS, 2016). A
exclusão dos fragmentos menores que 3 ha também pode influir na análise dos dados por
eliminar uma parcela do universo de áreas ocupadas efetivamente por essas espécies, mas
deve-se destacar que o número de fragmentos com ocorrência eliminados foi no máximo
cinco fragmentos menores que 3 ha para cada espécie.
Essas exclusões de pontos de ocorrência podem enviesar as análises das
características encontradas para os fragmentos com ocorrência. Por esse motivo foi
decidido comparar os fragmentos com ocorrência efetiva contra todos os fragmentos da
extensão de ocorrência acima de 3ha para cada espécie de primata e assim tornar as
análises sobre os dados mais robustas e confiáveis.
Tabela 1. Matriz de confusão da imagem de cobertura arbórea do bioma Mata
Atlântica e Caatinga, com os valores de frequência observados da imagem classificada e
das Imagens de satélite do Google Earth ®.
15
Fragmentos com ocorrência e fragmentos da extensão de ocorrência
Foram considerados fragmentos com ocorrência comprovada aqueles obtidos
através da sobreposição dos pontos de ocorrência de cada espécie sobre a imagem
classificada de vegetação arbórea e posterior extração dos fragmentos selecionados em
uma nova camada. Não se pôde ter certeza da ausência das espécies nos demais
fragmentos sem registro de ocorrência, visto que para C. barbarabrownae e S.
xanthosternos não há levantamento de campo extensivo em toda sua extensão de
ocorrência como foi feito para C. coimbrai (PRINTES, 2007; PRINTES et al., 2011;
JERUSALINSKY, 2013).
Como citado anteriormente, foi utilizado limite de fragmentos com área igual ou
superior a três hectares tanto para os fragmentos com registro de ocorrência como para os
sem registro de ocorrência. Dessa maneira, foram eliminados dos fragmentos de
ocorrência seis fragmentos de C. barbarabrownae, dois fragmentos de C. coimbrai, e um
fragmento de S. xanthosternos.
O número de fragmentos com ocorrência não foi igual aos dos pontos de
ocorrência porque alguns pontos caíram em um mesmo fragmento. Em muitos casos isso
aconteceu porque na escala de trabalho utilizada alguns fragmentos próximos foram
agrupados como um só, como foi o caso do maior fragmento de S. xanthosternos que
abrangeu 20 pontos de ocorrência. Desta forma, foram considerados 50 fragmentos com
ocorrência de C. barbarabrownae, 55 fragmentos com ocorrência de C. coimbrai e 18 de
S. xanthosternos. Quanto ao número total de fragmentos da extensão de ocorrência de
cada espécie com área igual ou acima de três hectares foram: 13.947 fragmentos na
paisagem de C. coimbrai, 52.208 fragmentos na paisagem de C. barbarabrownae e
137.813 fragmentos na paisagem de S. xanthosternos.
Métricas
Para obter as características de forma e isolamento de todos os fragmentos da
extensão de ocorrência de cada espécie, com ou sem ocorrência confirmada, foram
calculadas métricas da paisagem. Foram calculadas as métricas de área (Area), relação
perímetro/área (Paratio), complexidade da borda (Frac_dim), perímetro (Perim), forma
(shape), distância para o vizinho mais próximo (NND), área do vizinho mais próximo
(NND_area) e proximidade (Prox) (Tabela 2). Para o cálculo de proximidade, foram
16
utilizados os fragmentos de ocorrência que possuíam todos os seus fragmentos vizinhos
dentro do alcance de 1.000 metros, por isso alguns fragmentos das extremidades da
extensão de ocorrência foram desconsiderados para essa análise, por ela incluir a área dos
fragmentos da vizinhança em seu índice. Essa distância de 1.000 metros é considerada
limite para o deslocamento das três espécies se locomoverem entre manchas, de acordo
com o valor de deslocamento diário encontrado para algumas das espécies aqui estudadas,
que é próxima de 1.000 m (SANTANA, 2012; JERUSALINSKY, 2013; SOUZA-
ALVES, 2013). Além disso, a visualização do fragmento vizinho é um importante fator
para o deslocamento desses primatas entre fragmentos, dessa forma fragmentos que se
localizam muito distantes possuem uma baixa probabilidade de serem alcançados por
essas espécies de primatas (SOUZA-ALVES, 2013). As métricas foram calculadas
através da extensão V-LATE (LANG; TIEDE, 2003) que utiliza métricas da paisagem
geradas no programa Fragstats (MCGARIGAL; MARKS, 1995).
As métricas de isolamento foram calculadas apenas para os fragmentos com
ocorrência confirmada das três espécies, com exceção de distância para o vizinho mais
próximo e área do vizinho mais próximo que foram calculadas para todos os fragmentos
da extensão de ocorrência apenas de C. coimbrai. Essa espécie foi a que apresentou
paisagem com menor número de fragmentos no total, sendo a única capaz de ser calculada
devido à baixa capacidade de processamento dos computadores disponíveis para realizar
este estudo. Dessa forma, as demais características de isolamento só foram comparadas
entre os fragmentos com registro de ocorrência entre as três espécies.
Tabela 2. Métricas de forma e isolamento utilizadas no presente estudo.
Métricas de forma
Nome Código Descrição
Área Area Área de cada fragmento (m²).
Perímetro/área Paratio
Razão entre o perímetro e a área de cada
fragmento (m/m²). Desta forma, quanto menor
seu valor, menor a quantidade de perímetro
relativamente à área do fragmento, ou seja,
maior a área efetiva, e assim menos suscetível ao
efeito de borda ele será.
17
Complexidade
da borda Frac_dim
Avalia se o fragmento (ij) apresenta borda
simples (valores próximos a 1) ou se apresenta
uma borda complexa (valores próximos a 2). É
descrita pela seguinte equação:
𝐹𝑟𝑎𝑐_𝑑𝑖𝑚 =2 ln(.25𝑃𝑖𝑗)
ln 𝑎𝑖𝑗,
em que “P” é o perímetro, “a” é a área.
Perímetro Perim Perímetro de cada fragmento (m).
Forma Shape
Razão do perímetro do fragmento pela raiz
quadrada da área, ajustado por uma constante
(0.25) a um padrão quadrado:
𝑆ℎ𝑎𝑝𝑒 = . 25𝑃𝑖𝑗
√𝑎𝑖𝑗
em que “a” é a área e “P” é a distância da
mancha focal (ij). Dessa forma, o shape é mais
regular ou quadrado, quando seu valor é igual a
um. Quanto maior o seu valor, mais irregular
será a forma do fragmento.
Métricas de isolamento
Distância para
o vizinho mais
próximo
NND
Grau de isolamento de cada mancha através
da menor distância (m), em linha reta, entre a
mancha focal e seu vizinho mais próximo.
Área do
vizinho mais
próximo
NND_area Área (m²) do vizinho mais próximo do
fragmento alvo.
Proximidade Prox
Grau de isolamento de cada fragmento
obtido a partir da distância e da área de todos os
fragmentos de sua vizinhança.
𝑃𝑟𝑜𝑥 = ∑𝑎𝑖𝑗𝑠
ℎ²𝑖𝑗𝑠
𝑛
𝑠=1
,
18
em que “a” é a área e “h²” é a distância da
mancha focal para os fragmentos vizinhos (ij)
dentro da área de alcance do organismo (neste
estudo definido como 1 km – ver texto). Quanto
maior for o valor da proximidade mais área de
fragmentos há na vizinhança do fragmento e/ou
mais próximos esses fragmentos estão da
mancha focal.
Análises estatísticas
Antes de iniciar as análises estatísticas para comparação de forma de fragmentos,
foi realizada uma Análise de Componentes Principais (PCA) para identificar as
correlações entre as métricas usadas e assim definir o melhor conjunto de variáveis para
a continuidade das análises. Para confirmar as correlações entre as métricas foi calculado
o Coeficiente de Correlação de Spearman (ρ).
A caracterização geral dos fragmentos com ocorrência e dos fragmentos de toda a
extensão de ocorrência de cada espécie, foi obtida através do cálculo das seguintes
medidas descritivas das métricas da paisagem, calculadas para cada espécie: mínimo,
máximo, mediana, média e desvio padrão.
As métricas não apresentaram distribuição normal, e por esta razão foram
utilizadas análises estatísticas não paramétricas para as três espécies. Para comparar
variáveis dos fragmentos com ocorrência dos primatas com os fragmentos de sua extensão
de ocorrência, foi realizada uma análise de Monte Carlo (MANLY, 2006) no programa R
(R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2011). No total, foram desenvolvidas 10.000
aleatorizações para cada métrica analisada e calculada a mediana, criando uma
distribuição nula. Para cada espécie, as aleatorizações seguiram o número de fragmentos
com ocorrência. Desta forma, para C. coimbrai foram sorteados 55 fragmentos, 9.999
vezes, enquanto para C. barbarabrownae foram sorteados 50 fragmentos e para S.
xanthosternos foram sorteados 18 fragmentos. Para cada métrica, a mediana dos
fragmentos com ocorrência foi comparada com a distribuição nula, com dois possíveis
resultados: a mediana não difere da distribuição nula, ou seja, os fragmentos com
ocorrência não diferem de todos os fragmentos da paisagem para aquela métrica; ou a
mediana é diferente da distribuição nula, podendo ser maior ou menor em relação à todos
os fragmentos da paisagem para aquela métrica.
19
Para testar se as variáveis de forma e isolamento eram boas para predizer a
presença de cada uma das três espécies de primatas em manchas florestais foram criados
modelos logísticos stepwise no programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2011).
Nesses modelos logísticos a variável dependente foi a presença (1) ou ausência (0), essa
última composta por todos os fragmentos sem ocorrência da extensão de ocorrência de
cada espécie. Os modelos iniciais foram elaborados com as variáveis área,
perímetro/área, e complexidade da borda para as três espécies, e para C. coimbrai além
dessas três variáveis foram utilizadas as métricas de distância para o vizinho mais
próximo, área do vizinho mais próximo e proximidade. Os melhores modelos foram
escolhidos com base nos menores valores de AIC e uma menor quantidade de variáveis.
Características dos fragmentos com ocorrência também foram comparadas entre
as três espécies analisadas. Cada métrica dos fragmentos com ocorrência das três espécies
foi comparado entre si através do teste Kruskal-Wallis (K-W) no software Systat 12.0
(WILKINSON, 1998). Quando esse teste indicou a existência de diferenças entre as três
espécies foi realizado o teste Mann-Whitney (U) par a par para identificar quais espécies
eram diferentes entre si, também no software Systat.
Resultados
As variáveis área, forma e perímetro estão relacionadas entre si, como foi
observado na análise de PCA feita sobre todas as caraterísticas medidas dos fragmentos
com ocorrência (Figura 5). Isso ocorreu para as três espécies. Observou-se que o primeiro
eixo da PCA, para C. barbarabrownae, explicou 64,6% da variância; para C. coimbrai,
explicou 62,7%; e para S. xanthosternos explicou 43,3% da variância (Figura 5). Esse
eixo é explicado mais pelas variáveis de área, forma e perímetro para as três espécies.
Portanto, foi decidido escolher só uma das três métricas que mais explicaram o primeiro
eixo. Como a métrica de área é uma das mais universais (ARRHENIUS, 1921), decidiu-
se por ser ela a que representaria esse grupo de métricas.
O segundo eixo da PCA foi explicado principalmente por perímetro/área e
complexidade da borda e explicou para C. barbarabrownae 22,9% da variância, para C.
coimbrai explicou 20,51% da variância e para S. xanthosternos explicou 33,3% da
variância. Embora perímetro/área e complexidade de borda explicaram mais o segundo
eixo, essas duas variáveis não são fortemente correlacionadas, como pode ser visto
através do coeficiente de correlação de Spearman (ρ) para essas duas métricas: C.
20
barbarabrownae (ρ = -0,008), C. coimbrai (ρ = -0,001) e S. xanthosternos (ρ = -0,410),
desta forma, as duas foram mantidas.
A PCA para S. xanthosternos apresentou um terceiro eixo que explicou 21,5% da
variância, que teve a forma como variável mais explicativa. Apesar disso, foi decidido
não se trabalhar com a forma (shape) só para a espécie S. xanthosternos, porque essa
variável é altamente correlacionada com a área (ρ = 0,955). Assim, as variáveis de forma
que foram trabalhadas para as três espécies foram área, perímetro/área, complexidade da
borda, além das variáveis de isolamento de distância para o vizinho mais próximo e
proximidade.
21
Figura 5. Relação das métricas com os eixos de análises de componentes principais (PCA) realizadas sobre os fragmentos com ocorrência das espécies: a) C.
barbarabrownae, b) C. coimbrai e c) S. xanthosternos. Códigos das variáveis na tabela 2.
a) C. barbarabrownae b) C. coimbrai c) S. xanthosternos
22
De todos os 123 fragmentos com ocorrência das três espécies somados, 74 foram
localizados na Mata Atlântica e 49 na Caatinga (Figura 6). Na Mata Atlântica foram
localizados 54 fragmentos com ocorrência de C. coimbrai, cinco de C. barbarabrownae
(áreas de Mata Atlântica na Chapada Diamantina) e 15 de S. xanthosternos. Já na
Caatinga foram localizados 45 fragmentos de C. barbarabrownae e três fragmentos de S.
xanthosternos (Figura 6).
Figura 6. Mapa dos fragmentos de ocorrência confirmada trabalhados nesse estudo das
espécies C. barbarabrownae (50 fragmentos, amarelo), C. coimbrai (55 fragmentos,
vermelho), S. xanthosternos (18 fragmentos, azul), C. barbarabrownae x S. xanthosternos
(1 fragmento, roxo) e C. coimbrai x S. xanthosternos (5 fragmentos, verde). O bioma Mata
Atlântica está representado pela cor verde e o bioma Caatinga pela cor amarela. Nesta
escala, apenas os fragmentos grandes são bem visualizados.
23
Caracterização geral dos fragmentos com ocorrência confirmada
Callicebus barbarabrownae teve 50 fragmentos com ocorrência confirmada e
uma extensão de ocorrência de 139.356,293 km², com mediana da área dos fragmentos
de 1.57 km² e valor máximo de 3.744,57 km² (Figura 8a; Tabela 3). A área total de
ocupação confirmada de C. barbarabrownae foi 9.158,20 km² e correspondeu a 23% da
área dos 52.208 fragmentos de sua área de extensão de ocorrência. Observa-se que o
maior fragmento equivaleu a 41% da soma da área de ocupação confirmada. Fragmentos
com ocorrência confirmada de C. barbarabrownae tiveram uma relação perímetro/área
de mediana de 0,01 e valor máximo de 0,046 (Figura 8b; Tabela 3). A complexidade da
borda teve mediana de 1,37 e valor máximo de 1,45 (Figura 8c; Tabela 3).
Os fragmentos com ocorrência confirmada do C. barbarabrownae encontraram-
se bastante isolados de outros fragmentos de vegetação, com a mediana da distância para
o vizinho mais próximo (NND) de 12.516,89 m e valor máximo de 94.545,01 m (Figura
8d; Tabela 3). Dos 50 fragmentos apenas cinco (15%) tiveram vizinhos mais próximos
com distâncias iguais ou menores que 1.000 metros. Os fragmentos vizinhos mais
próximos tiveram a mediana de área (NND_area) de 1,99 km² e valor máximo de
2.776,13 km² (Figura 8e; Tabela 3). Os fragmentos vizinhos mais próximos que se
encontram a 1.000 m dos fragmentos com ocorrência tiveram a mediana da área de 140,47
km². A proximidade (Prox), outra métrica de isolamento, sumariza as distâncias e as
respectivas áreas de todos os fragmentos próximos dentro de um raio de 1.000 m,
previamente definido, representando de maneira mais global o isolamento medido de cada
mancha que a métrica de distância para o vizinho mais próximo. A mediana da
proximidade foi 0,001 e o valor máximo foi de 38.766,85 (Figura 8f; Tabela 3). Esse
valor de mediana 0,001 foi encontrado porque apenas cinco (15%) dos fragmentos
estavam dentro do raio de 1.000 m estipulado, portanto a maioria dos fragmentos estão a
uma distância maior do que a considerada alcançável por essa espécie de primata. Um
exemplo de fragmento de ocorrência de C. barbarabrownae que possui grande tamanho
de área (50.215,26 ha), baixa razão perímetro/área (0,003), complexidade de borda
mediana (1,424) e pequena distância para o vizinho mais próximo (158,725 m) e uma alta
proximidade (38.766,847) é o fragmento (Figura 7) do ponto de ocorrência Faz.
Corcovado I (Nº 27; Apêndice B).
24
Figura 7. Ponto de ocorrência Faz. Corcovado I (Nº 27; Apêndice B) de ocorrência de C.
barbarabrownae. Fragmento com boas características para a ocorrência da espécie, como grande
tamanho de área (50.215,26 ha), baixa razão perímetro/área (0,003), complexidade de borda
(1,424), pequena distância para o vizinho mais próximo (158,725 m) e proximidade (38.766,85).
25
Figura 8. Distribuições de frequência das métricas calculadas para 50 fragmentos com
ocorrência confirmada de C. barbarabrownae. A área em m² (a) em escala logarítmica,
Perímetro/área em m/m² (b), complexidade da borda (c), distância para o vizinho mais próximo
em metros (d), área do vizinho mais próximo em m² (e) em escala logarítmica e proximidade
(f) adimensional. As setas em vermelho indicam o local da mediana de cada métrica. Códigos
das métricas na tabela 2.
C. coimbrai teve 55 fragmentos com ocorrência confirmada com a mediana de
área de 4,12 km² e maior valor de 3.080,68 km² em uma extensão de ocorrência de
21.693,6 km², (Figura 9a; Tabela 3). A área de ocupação total foi 9.158,20 km² e
correspondeu a 54% das áreas dos 13.947 fragmentos de sua extensão de ocorrência.
Observa-se que o maior fragmento equivale a 69% da área de ocupação. Essa é a maior
proporção entre a área do maior fragmento e a área de ocupação entre as três espécies
estudadas. A área de ocupação teve a razão perímetro/área a mediana de 0,009 e o valor
máximo de 0,041 (Figura 9b; Tabela 3). A complexidade de borda dos fragmentos com
ocorrência teve a mediana de 1,40 e o valor máximo de 1,47 (Figura 9c; Tabela 3).
26
A distância para o fragmento mais próximo teve a mediana de 901,24 m e o valor
máximo de 24.280,36 m (Figura 9d; Tabela 3). Dos 55 fragmentos 50,9% deles possuem
fragmentos em seu entorno com distância igual ou menor que 1.000 m. Os fragmentos
vizinhos mais próximos tiveram a mediana de área de 11,05 km² e valor máximo de
3.080,68 km² (Figura 9e; Tabela 3). A mediana da proximidade foi 0,001 e o valor
máximo foi de 4.034.466,38 (Figura 9f; Tabela 3).
Figura 9. Distribuições de frequência das métricas calculadas para 55 fragmentos com
ocorrência confirmada de C. coimbrai. A área em m² (a) em escala logarítmica, Perímetro/área
em m/m² (b), complexidade da borda (c), distância para o vizinho mais próximo em metros
(d), área do vizinho mais próximo em m² (e) em escala logarítmica e proximidade (f)
adimensional. As setas em vermelho indicam o local da mediana de cada métrica. Códigos das
métricas na tabela 2.
Os 18 fragmentos com ocorrência confirmada de S. xanthosternos abrangeram
uma extensão de ocorrência de 323.239,716 km², com mediana de 17,54 km² e maior área
de 2.395 km² (Figura 10a; Tabela 3). O somatório das áreas com ocorrência confirmada
correspondeu a 23% da área total dos 137.813 fragmentos de sua extensão de ocorrência,
um total de 28.483,87 km². O maior fragmento equivaleu 84% da soma de suas áreas com
27
ocorrência confirmada. A relação de perímetro/área para os fragmentos com ocorrência
teve mediana de 0,006 e o valor máximo de 0,043 (Figura 10b; Tabela 3). A complexidade
da borda teve a mediana de 1,41 e o valor máximo de 1,46 (Figura 10c; Tabela 3).
A distância para o vizinho mais próximo dos fragmentos com ocorrência
confirmada para S. xanthosternos teve a mediana de 29.861,99 m e o máximo de
228.686,68 m (Figura 10d; Tabela 3). Os fragmentos com presença encontraram-se
bastante isolados de outros fragmentos visto que apenas três fragmentos (16%) dos
fragmentos com ocorrência confirmada tiveram a distância para o vizinho mais próximo
igual ou menor a 1.000 m. A mediana das áreas dos vizinhos mais próximos foi de
3.051,92 km² (Figura 10e; Tabela 3). A mediana das áreas dos três fragmentos vizinhos
que estavam dentro do raio de 1.000 m foi de 23.953,04 km². A outra medida de
isolamento, proximidade, mostrou que os fragmentos com ocorrência confirmada tiveram
a mediana de 0,001 e o valor máximo de 16.062.607,08 (Figura 10f; Tabela 3).
Figura 10. Distribuições de frequência das métricas calculadas para 18 fragmentos com
ocorrência confirmada de S. xanthosternos A área em m² (a) em escala logarítmica, perímetro/área
em m/m² (b), complexidade da borda (c), distância para o vizinho mais próximo em metros (d),
área do vizinho mais próximo em m² (e) em escala logarítmica e proximidade (f) adimensional.
As setas em vermelho indicam o local da mediana de cada métrica. Códigos das métricas na tabela
2.
28
Tabela 3. Estatísticas descritivas das métricas dos fragmentos com ocorrência confirmada das três espécies de primatas ameaçados no
nordeste brasileiro, que ocorrem ao sul do Rio São Francisco. Ver tabela 2 para códigos das métricas.
Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Callicebus barbarabrownae (50 fragmentos com ocorrência confirmada)
Area (m²) 30.853,24 3.744.570.542,13 1.573.696,89 183.164.054,20 666.559.616,22
Paratio (m/m²) 0,002 0,046 0,01 0,012 0,009
Frac_dim 1,294 1,455 1,369 1,372 0,043
NND (m) 0,0001 94.545,01 12.516,89 18.146,38 14.564,25
NND_area (m²) 132.227,96 2.776.129.383,77 1.999.092,87 400.342.670,62 625.167.009,70
Prox (47 frag.) 0,0001 38.766,847 0,0001 1.249,014 6.301,860
Callicebus coimbrai (55 fragmentos com ocorrência confirmada)
Area (m²) 51.127,49 3.080.682.124,73 4.120.971,42 81.074.230,04 417.400.000
Paratio (m/m²) 0,003 0,041 0,009 0,011 0,007
Frac_dim 1,309 1,474 1,402 1,397 0,036
NND (m) 0,0001 24.280,36 901,24 2.870,53 3.202,51
NND_area (m²) 51.127,49 3.083.825.922 11.045.794,19 208.205.032,20 332.220.263,80
Prox (53 frag.) 0,0001 4.034.466,385 0,0001 80.929,756 553.636,710
Sapajus xanthosternos (18 fragmentos com ocorrência confirmada)
Area (m²) 30.504,99 23.950.000.00 17.543.869,43 1.582.000.00 5.629.000.00
Paratio (m/m²) 0,001 0,043 0,006 0,01 0,01
Frac_dim 1,31 1,461 1,412 1,404 0,039
NND (m) 38,616 228.686,682 29.861,99 53.479,31 53.261,57
NND_area (m²) 1.220.555,37 239.530.359.80 3.051.916.262,45 9.880.710.782,23 10.945.141.820,80
Prox (14 frag.) 0,0001 16.062.607,076 0,0001 1.156.346,265 4.290.426,869
29
Comparação das características dos fragmentos com ocorrência confirmada e os
fragmentos da extensão de ocorrência por espécie
Callicebus barbarabrownae
C. barbarabrownae ocorreu em geral em fragmentos pequenos (Tabela 3), mas os
fragmentos com ocorrência confirmada, ainda assim, são maiores que os fragmentos de
sua extensão de ocorrência (p= 0,0001; Figura 11a). Os fragmentos com ocorrência foram
maiores e possuem menor relação de perímetro/área (p= 0,0001; Figura 11). Embora
tenham perímetro/área menor, os fragmentos com ocorrência não apresentaram uma
complexidade da borda diferente, de modo significativo, das bordas dos fragmentos da
extensão de ocorrência para C. barbarabrownae (p= 0,842; Figura 11c).
Figura 11 - Distribuições de frequência de medianas obtidas a partir de 9.999 sorteios de
50 fragmentos e comparação dessa frequência de medianas sorteadas com a mediana do conjunto
de fragmentos com ocorrência de C. barbarabrownae. Área em m² (a), perímetro/área em m/m²
(b), complexidade da borda (adimensional) (c) da espécie dos fragmentos de sua extensão de
ocorrência de C. barbarabrownae. As setas em vermelho indicam a mediana de cada métrica esse
ela é maior ou menor que o conjunto de medianas sorteados. Códigos das métricas na tabela 2.
30
Callicebus coimbrai
Embora C. coimbrai habite fragmentos em geral pequenos, a área dos fragmentos
com ocorrência confirmada foi maior que a área dos fragmentos de sua extensão de
ocorrência (p = 0,001; Figura 12a). Além disso, os fragmentos com ocorrência
confirmada tiveram uma menor proporção de perímetro/área que os fragmentos da
extensão de ocorrência (p = 0,001; Figura 12b). Apesar de os fragmentos com ocorrência
confirmada terem menor perímetro/área que os fragmentos em geral, as bordas dos
fragmentos com ocorrência confirmada possuíram a complexidade da borda maior que os
fragmentos de sua extensão de ocorrência (p = 0,035; Figura 12c), ou seja, tiveram bordas
mais irregulares. Um exemplo de fragmento (Figura 13) que possui boas característica
para a ocorrência desse primata é a localidade Usina Aliança (Nº 45; Apêndice C). Esse
fragmento possui boas características para a ocorrência da espécie, com um tamanho da
área capaz de manter uma população viável (Jerusalinsky, 2013) de 1.972,62 ha, uma
complexidade de forma mais regular (razão perímetro/área (0,006) e complexidade de
borda intermediária (1,392)), e com conectividade com a matriz (distância para o vizinho
mais próximo (248,816 m) e proximidade (142,243)).
Figura 12 - Distribuições de frequência de medianas obtidas a partir de 9.999 sorteios de
55 fragmentos e comparação dessa frequência de medianas sorteadas com a mediana do conjunto
de fragmentos com ocorrência de C. coimbrai. Área em m² (a), perímetro/área em m/m² (b),
complexidade da borda (adimensional) (c) da espécie dos fragmentos de sua extensão de
ocorrência de C. coimbrai. As setas em vermelho indicam a mediana de cada métrica esse ela é
maior ou menor que o conjunto de medianas sorteados. Códigos das métricas na tabela 2.
Fre
quência
31
Figura 13. Ponto de ocorrência Usina Aliança (Nº 45; Apêndice C) de ocorrência de C. coimbrai.
Fragmento com boas características para a ocorrência da espécie, tamanho de área (1.972,62 ha),
razão perímetro/área (0,006), complexidade de borda (1,392), distância para o vizinho mais
próximo (248,816 m) e proximidade (142,243).
32
O isolamento dos fragmentos com ocorrência confirmada de C. coimbrai foi maior
que o dos fragmentos de sua extensão de ocorrência, visto que a distância para o vizinho
mais próximo dos fragmentos com ocorrência confirmada foi maior (p = 0,001; Figura
14a). Mesmo com essa maior distância para os fragmentos mais próximos, a área dos
fragmentos vizinhos foi maior que as áreas dos vizinhos mais próximos de sua extensão
de ocorrência (p = 0,001; Figura 14b). Esse resultado foi confirmado com a métrica de
proximidade (adimensional) que teve maiores valores para os fragmentos de ocorrência
que para a extensão de ocorrência desse primata, dentro de um raio de 1.000 metros (p =
0,001; Figura 14c). Desta forma, C. coimbrai habita fragmentos que tiveram vizinhos
com áreas maiores que os fragmentos de sua extensão de ocorrência (Figura 14c).
Figura 14 - Distribuições de frequência de medianas obtidas a partir de 9.999 sorteios de
55 fragmentos e comparação dessa frequência de medianas sorteadas com a mediana do conjunto
de fragmentos com ocorrência de C. coimbrai. Distância para o vizinho mais próximo em m (a),
área para o vizinho mais próximo em m² (b), proximidade (adimensional) (c) da espécie dos
fragmentos de sua extensão de ocorrência de C. coimbrai. As setas em vermelho indicam a
mediana de cada métrica esse ela é maior ou menor que o conjunto de medianas sorteados.
Códigos das métricas na tabela 2.
Sapajus xanthosternos
S. xanthosternos habita áreas maiores que as áreas dos fragmentos com ocorrência
confirmada (p = 0,0001; Figura 15a). Esses fragmentos com ocorrência confirmada
possuíram uma menor proporção de perímetro/área que os fragmentos de sua extensão de
ocorrência (p = 0,0001;
33
Figura 15b). Apesar disso, a borda desses fragmentos foi mais complexa que as
bordas dos fragmentos da extensão de ocorrência (p = 0,0009; Figura 15c).
Figura 15 - Distribuições de frequência de medianas obtidas a partir de 9.999 sorteios de 18
fragmentos e comparação dessa frequência de medianas sorteadas com a mediana do conjunto de
fragmentos com ocorrência de S. xanthosternos. Área em m² (a), perímetro/área em m/m² (b),
complexidade da borda (adimensional) (c) da espécie dos fragmentos de sua extensão de
ocorrência de S. xanthosternos. As setas em vermelho indicam a mediana de cada métrica esse
ela é maior ou menor que o conjunto de medianas sorteados. Códigos das métricas na tabela 2.
Das três espécies de primatas, S. xanthosternos é a espécie que possui o maior
fragmento com registro com ocorrência, no qual é formado por uma área de floresta
intercaladas por cultivos agroflorestais de cacau, ao sul da Bahia, abrangendo 20 pontos
com ocorrência no total dessa espécie (CANALE et al., 2013). O fragmento Riacho filo
(Nº 39; Apêndice D) é um fragmento com ocorrência de S. xanthosternos. Esse fragmento
possui boas características para a ocorrência da espécie, apesar da área não manter uma
população a longo prazo (área de 1.582,004 há), ele possui uma complexidade de forma
regular ((razão perímetro/área (0,006) e complexidade de borda (1,392)), e uma alta
conectividade com a matriz (distância para o vizinho mais próximo (38,616 m) e
proximidade (16.062.607,076)), que compensar o tamanho da área.
34
Figura 16. Ponto de ocorrência Riacho Filo (Nº 39; Apêndice D) de ocorrência de S.
xanthosternos. Esse fragmento possui boas características para a ocorrência da espécie: tamanho
de área (1.582,004 ha), razão perímetro/área (0,006), complexidade de borda (1,391), pequena
distância para o vizinho mais próximo (38,617 m) e uma grande conectividade visto a
proximidade (16.062.607,076).
35
Determinantes de ocorrência
Nas três espécies de primatas analisadas as métricas de perímetro/área
(negativamente) e complexidade da borda (positivamente) mostraram-se mais
importantes para explicar a presença desses primatas nos fragmentos com ocorrência
confirmada que as demais métricas (Tabela 4). A área (positivamente) foi a terceira
variável que melhor explicou a presença de C. barbarabrownae e S. xanthosternos
(Tabela 4). Já C. coimbrai teve sua presença explicada pelas duas métricas de forma e
pelo o isolamento (positivamente), distância para o vizinho mais próximo e a área do
vizinho mais próximo. Mesmo que a análise de Monte Carlo tenha mostrado que os
fragmentos de C. coimbrai são maiores que os fragmentos de sua extensão de ocorrência,
essa característica do fragmento não explica a presença desse primata em fragmentos
florestais de modo significativo, (Figura 12; Tabela 3 e 4). Observando-se C. coimbrai é
a única das três espécies a ter métrica de vizinho mais próximo calculada para todos os
fragmentos de sua extensão de ocorrência (Apêndice A).
Tabela 4. Modelos logísticos com as variáveis que melhor predizem a presença de
cada uma das três espécies de primatas em fragmentos. O sinal de cada variável indica a
relação (positiva ou negativa) dela com a presença da espécie.
AIC Variáveis Coeficiente ChiQUAD p < 0,05
Intercepto 1.846e+01
Callicebus
barbarabrownae 625,9
Area 8,256e-10 6,160 0,013
Paratio -2,070e+02 143,373 2,2e-16
Frac_dim 1,145e+01 10,338 0,001
Intercepto 5.389e+01
Callicebus
coimbrai 113.4
Paratio -5,055e+02 216.193 2.2e-16
Frac_dim 3,913e+01 28.705 8.43e-08
NND 4,652e-03 182.270 2.2e-16
NND_Area 1,409e-07 74.902 2.2e-16
Intercepto 4.630e+01
Sapajus
xanthosternos 249,5
Area 5,613e-10 7,464 0,006
Paratio -2,528e+02 73,565 2.2e-16
36
Comparação das características dos fragmentos com ocorrência entre as espécies de
primatas
Foram encontradas diferenças entre os fragmentos dos três primatas para a métrica
de área (K-W = 9,323; p = 0,009). C. barbarabrownae habita áreas menores que C.
coimbrai (U = 1.013,000; p = 0,020; Figura 17a) e S. xanthosternos (U = 273,000; p =
0,014; Figura 14a), apesar das duas últimas espécies não terem diferido quanto essa
métrica (U = 372,000; p = 0,115; Figura 17a). Não houve diferença de perímetro/área
entre os fragmentos das três espécies de primatas (K-W = 4,854; p = 0,088, Figura 17b).
Para a complexidade da borda também foram encontradas diferenças entre os fragmentos
das três espécies de primatas (K-W = 12,188; p = 0,002). Os fragmentos com ocorrência
confirmada de C. barbarabrownae tiveram bordas menos complexas que os fragmentos
com ocorrência confirmada de C. coimbrai (U = 1013,000; p = 0,020; Figura 17c) e S.
xanthosternos (U = 273,000; p = 0,014; Figura 17c), que tiveram complexidade da borda
semelhantes (U = 411,000; p = 0,282; Figura 17c).
Figura 17. Blox plots da área (a) em m² em escala logarítmica (K-W = 9,323; p = 0,009),
perímetro/área em m/m² (b) (K-W = 4,854; p = 0,088), complexidade da borda (adimensional) (c)
(K-W = 12,188; p = 0,002) dos fragmentos com ocorrência confirmada de C. barbarabrownae
(B), C. coimbrai (C) e S. xanthosternos (X). Códigos das métricas na tabela 2.
As três espécies de primatas diferiram também quanto a métrica do vizinho mais
próximo (K-W =34,763; p = 0,0001). C. barbarabrownae não diferiu quanto a essa
Frac_dim 3,039e+01 24,607 7.028e-07
37
métrica em relação à espécie S. xanthosternos (U = 360,000; p = 0,211; Figura 18a),
apesar dos fragmentos de C. barbarabrownae terem maior distância para o vizinho mais
próximo que C. coimbrai (U = 2235,000; p= 0,0001; Figura 18a). Esse último apresentou
fragmentos menos isolados que S. xanthosternos (U = 230,000; p = 0,001; Figura 18a).
Das três espécies a que teve mais fragmentos com distâncias para o vizinho mais próximo
iguais ou menores de 1.000 m foi C. coimbrai. Quanto a área do vizinho mais próximo
também houve diferenças entre os fragmentos das três espécies (K-W = 26,285; p =
0,0001). C. barbarabrownae teve valores de área do vizinho mais próximo menores que
C. coimbrai (U = 865,000; p = 0,001; Figura 18b) e S. xanthosternos (U = 135,000; p =
0,0001; Figura 18b). C. coimbrai teve menores tamanho de área do vizinho mais próximo
que S. xanthosternos (U = 230,000; p = 0,001; Figura 18b). Desse modo, C. coimbrai
além de ter os fragmentos menos isolados teve uma mediana da área de seus fragmentos
vizinhos intermediária entre as medianas das duas outras espécies de primatas.
Para a métrica de proximidade também foram encontradas diferenças entre os
fragmentos dos três primatas (K-W = 16,246 e p = 0,0001). Entretanto, únicas espécies
que tiveram um isolamento diferente entre si foi C. barbarabrownae e C. coimbrai (U =
779,500; p = 0,0001; Figura 18c), dos quais C. coimbrai foi o menos isolado. Os
fragmentos de S. xanthosternos não diferiram quanto ao isolamento, baseado na variável
proximidade, das outras duas espécies, C. barbarabrownae (U = 282,500; p = 0,150;
Figura 18c) e C. coimbrai (U = 434,500; p = 0,270; Figura 18c).
Figura 18. Blox plots da distância para o vizinho mais próximo (a) em metros (K-W =34,763; p
= 0,0001), área do vizinho mais próximo (b) em m² (K-W = 26,285; p = 0,0001) e proximidade
(c) (adimensional) (K-W = 16,246; p = 0,0001) dos fragmentos com ocorrência confirmada de C.
barbarabrownae (B), C. coimbrai (C) e S. xanthosternos (X). Códigos das métricas na tabela 2.
38
Discussão
Ocorrência de cada Espécie
No estudo da paisagem a escala espacial utilizada influencia diretamente nos
resultados encontrados. Observamos que 50% dos fragmentos de C. coimbrai têm menos
que 412 ha, demonstrando assim que essa espécie habita áreas maiores que a maioria dos
fragmentos encontrados na Mata Atlântica por Ribeiro et al. (2009), que encontrou que
80% dos remanescentes da Mata Atlântica possuem menos que 50 ha. Jerusalinsky (2013)
encontrou que a maioria (73,0%) dos fragmentos de C. coimbrai possuem áreas inferiores
a 100 ha, fragmentos menores que o encontrado no presente estudo. Deve-se considerar
que não utilizamos exatamente os mesmos fragmentos, visto que Jerusalinsky analisou
125 fragmentos dessa espécie enquanto nós utilizamos 55 fragmentos. Outra possível
justificativa é a utilização de diferentes métodos para medição do tamanho da área.
Jerusalinsky (2013) utilizou imagens de satélite e bases cartográficas disponíveis, como
o Google Earth, GPS e dados in situ; enquanto nós utilizamos imagens de satélite com
resolução de 30 m x 30 m, uma escala espacial menos fina. Apesar de, no geral, a área
ser um limitante para a ocorrência dessa espécie, Ferrari et al. (2013) observou a ausência
de C. coimbrai em fragmentos que considerou grandes, que é possivelmente resultado do
histórico de alteração e ocupação de seu bioma que causaram a extinção dessa espécie
nesses grandes fragmentos.
Para a Caatinga, observamos que 94,85% dos fragmentos da extensão de
ocorrência de C. barbarabrownae foram menores que 100 ha, enquanto 50% dos
fragmentos de ocorrência dessa espécie foram maiores que 157 ha. Já outros trabalhos
encontraram tamanhos de fragmentos de Caatinga maiores que os fragmentos trabalhados
nesse estudo, possivelmente por eles utilizarem uma grande resolução espacial. Como
Castelletti et al. (2004) que encontrou para a maioria dos fragmentos de Caatinga uma
área inferior a 5.000 ha, com resolução de 300 m x 300 m; e Schulz et al. (2017) que
encontrou fragmentos da Caatinga em geral com tamanhos de área menores que 10.000
ha, nas áreas mais severamente fragmentadas, com resolução de 500 m x 500 m. Essas
diferenças nos tamanhos dos fragmentos encontrados em diferentes estudos demonstra
mais uma vez que a escala trabalhada influi no resultado, quanto mais fina é a escala mais
próximo se estará da escala local, que é a escala em que a fragmentação mais afeta a
ocorrência de primatas (ARROYO-RODRÍGUEZ et al., 2013).
39
Os três primatas ocorreram geralmente em manchas com menor relação
perímetro/área, ou seja, são mais regulares que os fragmentos de suas respectivas
extensão de ocupação, conforme esperado. Tal resultado sugere que os fragmentos com
ocorrência são mais regulares, aproximando de formas quadradas (MCGARIGAL;
MARKS, 1995) que os encontrados aleatoriamente em suas paisagens. Essa relação entre
ocorrência e regularidade das manchas é devido às áreas mais regulares possuírem maior
área efetiva para a viabilidade das populações e também por permitir mais facilmente a
dispersões dos indivíduos (FISCHER; LINDENMAYER, 2007). Keesen et al. (2017)
simulou o efeito da fragmentação na dinâmica populacional de Sapajus robustus (Kuhl,
1820). Esse trabalho observou que quanto menor a relação perímetro/área, maior
probabilidade de a população de primatas ser viável. Isso ocorre porque as áreas mais
regulares possuem menor efeito de borda e assim proporcionam mais espaço e recursos
para a população (KEESEN et al., 2017).
Para C. barbarabrownae, que é endêmico da Caatinga, o efeito de borda pode não
afetar sua ocorrência como afeta às duas outras espécies que habitam a Mata Atlântica
analisadas no presente estudo. Os trabalhos de Oliveira et al. (2013) e Oliveira et al.
(2015) afirmam que para a Caatinga não há efeito de borda em razão de não haver
diferença significativa entre o ambiente interno e externo dos fragmentos desse bioma. O
argumento defendido é que na Caatinga o dossel é mais aberto que em ambientes de
floresta mais fechada, como na Mata Atlântica (OLIVEIRA et al., 2013; OLIVEIRA et
al., 2015). Além disso, a vegetação da Caatinga possui deciduidade mais intensa das
folhas na estação seca, o que implicaria em uma menor diferença entre as condições
físicas de luz e umidade dentro e fora dos fragmentos (OLIVEIRA et al., 2013;
OLIVEIRA et al., 2015). Independente das áreas na Caatinga terem ou não efeito de
borda, elas, ao criar-se mais bordas por meio da fragmentação e desmatamento possibilita
aumento na área de contato entre o fragmento e a matriz, tornam-se mais suscetíveis ao
desmatamento, queimadas e à caça, além de perigos advindos da urbanização das áreas
rurais, como fios de alta tensão e ataques de cães (PRINTES, 1999; TABARELLI, et al.,
2004; SANTOS, 2008; PRINTES et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2013).
Além da proporção da borda, a sua complexidade é um fator importante para
determinar a presença dos primatas nos fragmentos. Para a presença de Alouatta pigra
(Lawrence, 1933), em florestas tropicais no México, foi observado que os fragmentos
mais regulares e com maior complexidade de borda possuem uma área interna do
fragmento mais protegida ao mesmo tempo em que permitem um maior acesso a fontes
40
secundárias de alimento na matriz, aumentando, dessa forma, a conectividade entre o
fragmento e a matriz (EWERS; DIDHAM, 2006; ARROYO-RODRÍGUEZ et al., 2013).
Essa maior complexidade de borda, segundo Arroyo-Rodríguez et al. (2013), deve-se a
fragmentos que acompanham braços de rios e matas ciliares. Que pode ser uma possível
justificativa para essa maior complexidade de C. coimbrai e S. xanthosternos, que estão
presentes em fragmentos com borda mais complexa.
Esse efeito “positivo” de se ter maior acesso a fontes secundárias na matriz
associada à maior complexidade de borda, só é possível se a espécie possuir flexibilidade
na dieta e na locomoção para utilizar essas outras fontes de recurso e se a matriz possuir
uma configuração e composição que favoreça esse uso (THORNTON et al., 2011). No
caso de C. coimbrai e S. xanthosternos seria necessária uma matriz composta por floresta
ou plantações de porte arbóreo. Em casos em que a espécie é muito especializada, o efeito
da fragmentação tende a ser mais severo (THORNTON et al., 2011), como para C.
barbarabrownae e C. coimbrai quando comparado à outra espécie de primata.
Além da forma, constatamos para C. coimbrai que o isolamento (distância para o
vizinho mais próximo) foi maior nos fragmentos da área de ocupação do que nos demais
fragmentos de sua extensão de ocorrência ao acaso. Para a ocorrência dessa espécie a
presença de maiores fragmentos é mais relevante que a proximidade deles com outros
fragmentos, considerando também a distância como um importante limitante para a
ocorrência de C. coimbrai. A proximidade indicou que os fragmentos de ocorrência de C.
coimbrai mesmo tendo um maior isolamento possuem um índice de proximidade maior
que ao acaso. Isso quer dizer que o entorno dos fragmentos de ocorrência, dentro do raio
de 1.000 m, deve possuir um menor grau de fragmentação que os demais fragmentos de
sua paisagem.
Visto o discutido até então, os fragmentos com ocorrência possuem maior área,
menor relação perímetro-área e maior complexidade de borda quando se compara com os
fragmentos de toda a extensão de ocorrência de cada espécie analisada. As paisagens em
que esses primatas ocorrem são muito alteradas e muitas vezes os maiores remanescentes
permanecem conservados por estarem localizados em terrenos de difícil acesso, o que
impossibilita o cultivo e a criação de animais, como foi encontrado por Assis et al. (2016)
para o Cerrado, na ecorregião do Paraná-Guimarães. Nessa região as atividades
antrópicas ocorreram predominantemente nas regiões mais planas, enquanto as áreas
naturais de cerrado foram encontradas com maior frequência nas áreas com maior
declividade, por suas características de relevo não permitirem atividades antrópicas como
41
agricultura e pecuária. A persistência de grandes fragmentos em áreas íngremes também
foi encontrada por Silva et al. (2007) em áreas de Mata Atlântica no platô de Ibiúna/São
Paulo, justamente por elas também serem de difícil acesso a atividades antrópicas.
A forma dos fragmentos, através das variáveis perímetro/área e complexidade da
borda, foi a característica do fragmento mais importante para predizer a ocorrência das
três espécies analisadas, seja na Mata Atlântica ou seja na Caatinga. Para C.
barbarabrownae e S. xanthosternos depois da forma, a característica que mais previu a
ocorrência dessas espécies foi a área, reconhecida em diversos estudos como importante
limitante da ocorrência de primatas em áreas fragmentadas (ARROYO-RODRÍGUEZ et
al., 2005; BOYLE; SMITH, 2010; SILVA et al., 2015). Já para C. coimbrai a segunda
característica que mais previu sua ocorrência foi o isolamento (distância e área para o
vizinho mais próximo).
Outro ponto importante que deve ser discutido é que o cenário atual de ocupação
dessas três espécies pode ser o resultado de extinção, e assim elas podem não ter
necessariamente preferência por essa ou aquela característica da paisagem, mas dentro do
disponível, esses fragmentos são os que elas conseguem “chegar” ou obter o mínimo de
recursos suficientes para se manter. Hilário (2013) observou a extinção de Callicebus
coimbrai em sete fragmentos e quando não estavam extintos em muitos casos não eram
encontrados por estarem em baixa densidade. Esses fragmentos onde ele registrou a
extinção de C. coimbrai não necessariamente estão degradados. O fragmento Lontra, por
exemplo, possui cerca de 3.497 ha e não está devastada. No entanto, há casos de
fragmentos devastados e quanto a esses ele afirma que a densidade do estrato do sub-
bosque pode ser um fator determinante para a extinção dessas espécies além do
desmatamento por si só. 17 outros registros de extinção também foram feitos por
Jerusalinsky (2013), o que demonstra um cenário de extinção em sua extensão de
ocupação. Outro Ponto levantado por ele é que a maioria dos fragmentos estão isolados
de fragmentos fontes de indivíduos o que complica a manutenção do fluxo de indivíduos
entre as populações.
Os fragmentos gerados pela alteração de seus respectivos habitats originais das
três espécies de primatas suportam populações que anteriormente viviam em um
continuum florestal. Por essa razão, essas espécies podem estar em processo de débito de
extinção. Principalmente para as espécies que são mais exigentes quanto ao uso de
recursos, porque após a fragmentação os recursos tornam-se limitados (TILMAN et al.,
1994). Para primatas, o tamanho da mancha é uma das principais variáveis que prever sua
42
ocorrência (BENCHIMOL; PERES, 2014), como é o caso das espécies abordadas neste
trabalho. Mesmo cenário de Callicebus nigrifrons e Sapajus nigritus em que a área
explicou respectivamente, 99% e 94% da ocorrência dessas espécies em remanescentes
de Mata Atlântica, em Minas Gerais (SILVA et al., 2015). Outra espécie de primata que
também tem sua ocorrência relacionada positivamente ao tamanho da mancha foi a
espécie Alouatta palliata mexicana (Merriam, 1902), em florestas tropicais úmidas, no
México (ARROYO-RODRÍGUEZ et al., 2008).
As três espécies de primatas persistem em fragmentos com características
melhores que o disponível em suas respectivas paisagens, apesar de estudos já
comprovarem que a persistência de espécies de primatas em fragmentos pequenos em
longo prazo é desfavorável. Mandujano e Escobedo-Morales (2008), no México fizeram
uma análise de viabilidade populacional para a espécie Alouatta palliata mexicana
(Merriam, 1902) e encontraram que a probabilidade de extinção era exponencialmente
proporcional ao tamanho da área do fragmento. Gilbert (2003) observou em um estudo
na Amazônia, com seis espécies de primatas, que fragmentos com tamanhos iguais ou
menores a 100 ha são insuficientes para sustentar suas populações. Já Montenegro (2011)
estimou que são necessários 952 ha para manter demograficamente e geneticamente
populações mínimas viáveis para a espécie Sapajus flavius (Schreber, 1774) com 70
indivíduos por 100 anos.
Não foi diferente para C. coimbrai e S. xanthosternos que possuem estudos de
viabilidade populacional. Para C. coimbrai, segundo Jerusalinsky (2013), o tamanho do
fragmento necessário para manter populações geneticamente viáveis de 200 indivíduos
por 100 anos é de 1.000 ha. Entretanto, no presente estudo apenas 17 fragmentos (30%)
fragmentos com registro de ocorrência dessa espécie possuem áreas com valores iguais
ou maiores a 1.000 ha. Já para S. xanthosternos seria preciso um fragmento com área de
3.460 ha, no cenário de maior ameaça de caça, para manter uma população viável de 84
indivíduos por 100 anos (SILVA et al., 2016). Em nosso trabalho, apenas oito fragmentos
com registro de ocorrência (44,4%) teriam área para manter populações desse primata em
longo prazo. Portanto, as duas espécies possuem mais da metade de suas áreas de
ocupação com tamanho insuficiente para manter populações em longo prazo.
Para C. barbarabrownae e C. coimbrai, além das características do fragmento que
devem ser consideradas em ações que visem a sua conservação, há ainda a perspectiva
das mudanças climáticas que deve ser analisada. Para essas duas espécies existem
trabalhos de modelagem simulando a disponibilidade e isolamento de seus habitats no
43
cenário de mudanças climáticas. No trabalho de Joner et al. (em prep.) foi modelado
cenários futuros de mudanças climáticas e previu que para a Caatinga haveria escassez de
fragmentos de habitat adequados, com menor área e maior isolamento e indicou a possível
extinção de C. barbarabrownae. Para C. coimbrai, o trabalho de Guy et al. (2016) previu
a extinção dessa espécie no cenário mais pessimista (RCP 8,5) do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Nesse cenário o trabalho indicou
a retração das áreas de Mata Atlântica, com 96% de redução da área atual de distribuição
do C. coimbrai e o declínio de 96% de sua população. Salientando que esse cenário
implicaria em um aumento de temperatura entre 2 a 4,5 graus até 2100. Dessa forma,
ações de conservação devem considerar estas possíveis mudanças futuras no clima, de
maneira os esforços no presente não possam ser inviabilizados no futuro.
Diferenças no uso da paisagem entre as três espécies de primatas
C. barbarabrownae ocorreu em áreas menores que as duas outras espécies de
primatas. Esse cenário torna a situação de ameaça de extinção por perda de habitat e
fragmentação desse primata ainda mais crítico, pois essa espécie é a que possui menor
densidade de indivíduos dos três primatas, e é observado em fragmentos mais
conservados (FREITAS, 2010; PRINTES et al., 2011). Entretanto, deve-se destacar que
essa espécie ocorre em fragmentos com área maior que a dos fragmentos disponíveis em
sua extensão de ocorrência, o que mostra ela habita os maiores fragmentos dentre o
disponível.
Além de habitar as menores áreas, os fragmentos com ocorrência de C.
barbarabrownae são os mais isolados, o que provavelmente é resultado do histórico de
ocupação e fragmentação de sua extensão de ocorrência no bioma Caatinga. Uma das
causas desse isolamento é a fragmentação causada pelas rodovias em sua extensão de
ocorrência. Se for considerada uma zona de impacto das estradas de 7 km, a Caatinga tem
o total de 45,3% de área alterada, composta por fragmentos na maioria com menos de
5.000 ha, (CASTELLETTI et al., 2004). Esse cenário de fragmentação e isolamento
causado pelas rodovias nas áreas com ocorrência de C. barbarabrownae foi observado
por Nascimento (2016), que comparou os fragmentos de ocorrência dessa espécie com 45
fragmentos sorteados dentro de sua extensão de ocorrência. Ela observou que essa espécie
possui seus fragmentos com ocorrência localizados em média a 2.618,66 m de distância
de rodovias. Um elemento antrópico da paisagem que causa a fragmentação e aumenta
44
ainda mais a vulnerabilidade desse primata à caça pelo acesso antrópico mais facilitado a
seus fragmentos com ocorrência. A fragmentação por estradas é ainda mais desfavorável
para esta espécie porque, segundo Printes et al. (2011), áreas de agricultura (arbórea e não
arbórea) e de pecuária (reserva legal) compõem a maioria das matrizes alteradas que
circundam as áreas com ocorrência de C. barbarabrownae. Em contrapartida, o estudo
observou que uma boa parte dos fragmentos onde C. barbarabrownae não foi registrado
era circundado por matrizes de cultivo não arbóreo (feijão, milho e mandioca), mostrando
que esse tipo de matriz é um grande limitante para a dispersão desses primatas (PRINTES
et al., 2011).
Existem outras explicações além das já abordadas que podem corroborar para essa
maior diferenciação dos fragmentos por C. barbarabrownae em relação às outras duas
espécies. Um deles é a competição entre as espécies, visto que todas as três possuem parte
de seus nichos ecológicos sobrepostos em razão de serem espécies arbóreas e se
alimentarem de frutos e sementes, apesar de não existir registros de coocorrência entre C.
barbarabrownae e C. coimbrai (SOUZA-ALVES et al., 2011; CHAGAS; FERRARI,
2010; CANALE, 2013). Por sua vez, a coocorrência entre C. barbarabrownae e S.
xanthosternos é rara, apesar do S. xanthosternos sobrepor a extensão de ocorrência desse
primata. Uma possível explicação é a de que os dois primatas tenham se especializado
dentro de suas áreas de distribuição devido a uma relação de competição e/ou predação,
visto que há na literatura, apesar de raro, o relato de Sapajus apela (Linnaeus, 1758)
predando Callicebus moloch (Hoffmannsegg, 1807) (SAMPAIO; FERRARI, 2005).
Quanto às duas espécies de guigós, C. barbarabrownae e C. coimbrai há uma
discussão do porquê essas espécies de mesmo gênero, ocorrerem em áreas próximas, não
coexistirem e habitarem diferentes biomas. Jerusalinsky (2013) em um estudo sobre C.
coimbrai, sugere que há uma lacuna ecológica que não apresenta características
favoráveis à ocorrência de nenhuma das duas espécies, correspondendo aos limites entre
os biomas da Mata Atlântica e Caatinga. Dessa forma, constitui-se em uma barreira
ecológica que divide as espécies por diferenças nas condições ambientais, como altitude,
temperatura, precipitação e dieta, que podem ter sido geradas por especiação causada por
competição no passado (JERUSALINSKY, 2013).
C. barbarabrownae possui maiores distâncias e menores tamanhos de áreas de
vizinhos mais próximos que C. coimbrai. Essa diferença entre os dois guigós pode ser
resultado dos dois habitarem diferentes biomas com distintas características estruturais e
composicionais e distintos históricos de uso e ocupação. A métrica de proximidade
45
confirma esse menor isolamento de C. coimbrai, visto que seus fragmentos de ocorrência
têm uma matriz composta por fragmentos vizinhos mais próximos e maiores que C.
barbarabrownae, em um raio de 1.000 m. Essa importância dos fragmentos vizinhos para
a ocorrência de primatas também foi encontrada para as espécies Leontopithecus
chrysomelas e Callithrix kuhlii (Coimbra-Filho, 1985) que ocorrem na Mata Atlântica
baiana, e para a espécie Macaca silenus em florestas úmidas na Índia (UMAPATHY;
KUMAR, 2000; GUY et al., 2016).
Ao contrário da diferenciação encontrada entre os fragmentos de C.
barbarabrownae e das duas outras espécies, C. coimbrai e S. xanthosternos possuem
fragmentos semelhantes em relação a quase todas as características estudadas de
paisagem, exceto para distância e área do vizinho mais próximo. Esse maior tamanho de
área dos fragmentos mais próximo pode ser ocasionado pelo fato de S. xanthosternos ter
requerimentos por fragmentos com maior área devido ao seu maior tamanho corporal e
maior tamanho de grupo demandarem mais recursos por população que C. coimbrai
(BELTRÃO-MENDES et al., 2011; SOUZA-ALVES et al., 2011). Dessa forma, S.
xanthosternos possui uma maior dependência de áreas vizinhas maiores para sua
população persistir que C. coimbrai, apesar de ambas possuírem dinâmica de migração
de seus juvenis para outras áreas (JERUSALINSKY, 2013; CANALE et al., 2013).
Quanto ao maior isolamento dos fragmentos vizinhos de S. xanthosternos pode ser devido
à disposição espacial desses maiores fragmentos vizinhos na paisagem, resultado do
histórico de uso e ocupação de sua área de ocorrência.
A similaridade dos fragmentos de C. coimbrai e S. xanthosternos quanto às
características da paisagem pode ser justificada porque os dois primatas habitam
fragmentos em um mesmo bioma e compartilham um histórico de ocupação e alteração
da paisagem semelhantes, embora esse fato não implique necessariamente em
coocorrência para as duas espécies (BELTRÃO-MENDES, 2011). Portanto, essa
similaridade dos fragmentos dos dois primatas pode ser resultado da limitação propiciada
pela disponibilidade de fragmentos na Mata Atlântica, na qual encontram-se 89% dos
registros com ocorrência de S. xanthosternos (analisados no presente trabalho). O fato da
coexistência desses dois primatas ser registrada apenas em pouquíssimos fragmentos
indica que apesar de não diferirem quanto as características de forma, há outras variáveis
ou fatores que colaboram para impedir uma maior frequência na coexistência entre as
duas espécies. Beltrão-Mendes et al. (2011) argumenta que a baixa sobreposição pode ser
causada pela maior pressão de caça sobre o S. xanthosternos, por esse primata ter maior
46
tamanho de corpo, o que acarretaria na extinção local dele pela caça em muitos
fragmentos onde hoje só C. coimbrai é encontrado. Outra justificativa para essa baixa
coocorrência é a existência de uma diferenciação no uso do habitat, visto que há registros
de coocorrência em que S. xanthosternos teve maior preferência por fragmentos mais
maduros em comparação a maior preferência de C. coimbrai por áreas de floresta
secundária em fragmentos de coocorrência das duas espécies (CHAGAS; FERRARI,
2010; BELTRÃO-MENDES et al., 2011). Embora existam registros de C. nigrifrons que
também tem preferência por áreas de floresta secundária, em áreas de Mata Atlântica em
São Paulo, sem necessariamente ser resultado de diferenciação de nicho com outro
primata (TREVELIN et al., 2007). Essa diferenciação no uso do habitat, segundo Souza-
Alves et al. (2011), pode ser resultado de uma pressão de predação de S. xanthosternos
sobre C. coimbrai, resultado da competição parapátrica entre duas espécies, o que gera a
baixa coocorrência. Essa pressão de predação foi observada para duas outras espécies dos
respectivos gêneros de C. coimbrai e S. xanthosternos, no estudo de Sampaio e Ferrari
(2005), no qual Sapajus apela predou Callicebus moloch. Para corroborar com essa
hipótese, há ainda registro de observações de comportamentos de evitação de C. coimbrai
em reposta a aproximação de um grupo de S. xanthosternos em dois momentos diferentes
durante um levantamento de campo na fazenda Trapsa, em Sergipe (SOUZA-ALVES et
al., 2011). Indicando, que S. xanthosternos pode representar uma ameaça para C.
coimbrai, justificando a baixa coocorrência estre esses dois primatas.
Além de executar ações que conservem esses primatas efetivamente em longo
prazo, como a priorização da proteção dos maiores fragmentos de cada espécie, deve-se
executar outras ações complementares que aumentem a conectividade entre as
populações. Como por exemplo, a restauração de áreas alteradas, mas estrategicamente
importantes para a conservação da espécie como o aumento da conectividade através da
criação de corredores ecológicos. A conectividade é um dos grandes limitantes à
sobrevivência desses primatas em ambientes fragmentados e por isso deve ser uns dos
focos de ações de conservação.
Conclusões
Nesse trabalho observou-se que a forma é a característica do fragmento que mais
influencia na presença das três espécies em fragmentos florestais, seguida da área (C.
barbarabrownae e S. xanthosternos) e do grau de isolamento (para C. coimbrai), que são
47
importantes fatores para prever a ocorrência dessas três espécies de primatas em
ambientes fragmentados, na Mata Atlântica e na Caatinga. Ao mesmo tempo que as
espécies demonstram tolerância à fragmentação, por conseguirem persistir em ambientes
tão alterados e distintos de seus habitats originais, os tamanhos dos fragmentos
encontrados em grande parte de cada espécie não possuem características mínimas para
manter as populações em longo prazo. Foi observado também que das três espécies a que
mais se encontra ameaçada é C. barbarabrownae por habitar as menores e mais isoladas
áreas, por ter uma menor população. Portanto, o cenário atual da ocorrência dessas três
espécies requer medidas emergenciais de conservação que promovam a proteção,
restauração e a conectividade destas áreas. Como o Pan PRINE é um plano nacional que
tem as três espécies aqui trabalhadas como alvo, acredito que possa utilizar esse trabalho
para embasar mais ainda as tomadas de decisão e aumentar a probabilidade de sucesso
nas estratégias de conservação. Em primeiro lugar há a necessidade de criar unidades de
conservação focando nos fragmentos fontes e em melhor estado de conservação,
considerando primeiramente a forma, depois área e isolamento dos fragmentos. A
inclusão da forma do fragmento como um importante critério de seleção de áreas
prioritárias para essas três espécies é a grande contribuição desse trabalho e que deve ser
incluído nas políticas de conservação do Pan PRINE e de qualquer outra ação de
conservação dessas três espécies de primatas. E em segundo lugar há a necessidade de se
viabilizar o aumento da conectividade desses fragmentos por meio de corredores
ecológicos. Os fragmentos estão muitos isolados inviabilizando o fluxo entre os
fragmentos e assim a sobrevivência das populações.
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Apêndice A - Estatísticas básicas das métricas dos fragmentos da extensão de ocorrência das três espécies de primatas.
Callicebus barbarabrownae (52.208 fragmentos da extensão de ocorrência)
Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Area (m²) 30.002,441 3.745.000.000,000 71.222,459 758.213,286 25.152.381,613
Paratio (m/m²) 0,002 0,068 0,029 0,030 0,011
Frac_dim 1,235 1,496 1,376 1,375 0,039
NND (m) 0,001 94.545,01 12.516,89 18.146,38 14.564,25
NND_area (m²) 132.227,96 2.776.129.383,77 1.999.092,87 400.342.670,62 625.167.009,70
Callicebus coimbrai (13.947 fragmentos da extensão de ocorrência) Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Area (m²) 30.006,198 3.084.000.000,000 69.320,109 593.359,892 26.477.560,982
Paratio (m/m²) 0,002 0,073 0,032 0,032 0,010
Frac_dim 1,262 1,507 1,390 1,388 0,037
NND (m) 0,0001 24.280,363 38,856 128,804 410,420
NND_area (m²) 30.006,198 3.084.000.000,000 112.587,368 1.950.600,078 45.731.468,703
Sapajus xanthosternos (137.813 fragmentos da extensão de ocorrência) Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Area (m²) 30.000,024 23.950.000.000,000 73.477,346 881.781,213 67.520.265,814
Paratio (m/m²) 0,001 0,069 0,029 0,029 0,011
Frac_dim 1,201 1,507 1,375 1,374 0,040
NND (m) 38,62 228.686,68 29.861,99 53.479,30 53.261,57
NND_area (m²) 1.220.555,37 23.953.035.980,40 3.051.916.262,45 9.880.710.782,23 10.945.141.820,80
58
Apêndice B - Localidades de ocorrência efetiva de Callicebus barbarabrownae obtidos de outros estudos, analisadas no presente trabalho. (continua)
Número Localidade Lat (UTM)* Long (UTM)* Número do fragmento Área (ha) Referências
1 Paturi 615439,893 8918603,359 48 40,026 Marques et al. (2013)
2 Serra Azul 624371,964 8920349,049 49 36,012 Marques et al. (2013)
3 Serra da Beleza 625733,591 8922025,223 50 88,706 Marques et al. (2013)
4 Faz. Frei Enoque ou
Mata do Enoc
677222,313 8890298,518 40 17,279 Marques et al. (2013)
5 Faz. São Pedro 675549,533 8889466,092 41 167,554 Jerusalinsky (2013)
6 Faz. João de Lima 667028,168 8892422,551 42 78,056 Marques et al. (2013)
7 Assto. Raimundo
Monteiro
641037,160 8886438,873 38 389,300 Marques et al. (2013)
8 Faz. Floresta 582741,632 8895507,465 44 170,054 Printes et al. (2011)
9 Faz. Mineiro 580532,058 8888944,943 39 21,963 Printes et al. (2011)
10 Lagoa do Nolasco 570415,033 8843553,405 28 147,186 Printes et al. (2011)
11 Antas 575271,213 8845059,471 29 37,139 Printes et al. (2011)
12 Sítio do quinto 581982,978 8866997,350 35 31,108 Printes et al. (2011)
13 Coronel João Sá 605717,880 8868836,756 36 102,121 Printes et al. (2011)
14 Pedro Alexandre 612172,576 8894769,842 43 289,237 Printes et al. (2011)
59
Apêndice B - Localidades de ocorrência efetiva de Callicebus barbarabrownae obtidos de outros estudos, analisadas no presente trabalho. (continua)
Número Localidade Lat (UTM)* Long (UTM)* Número do fragmento Área (ha) Referências
15 Minuim 599161,364 8913612,026 47 1483,367 Printes et al. (2011)
16 Bela Vista ou Boa
Vista
492562,745 8679806,743 11 613,285 Jerusalinsky (2013)
17 Lamarão 510450,852 8692018,499 13 127,899 Printes et al. (2011)
18 Casa Nova 474978,870 8697319,691 14 601,048 Jerusalinsky (2013)
19 Mandacaru 490536,859 8788951,859 19 1062,288 Printes et al. (2011)
20 Mirandela 539918,603 8821037,738 24 376,605 Printes et al. (2011)
21 Faz. Soturno 544878,365 8829265,971 25 33,188 Printes et al. (2011)
22 Contendas 481403,809 8845301,223 30 375,360 Printes et al. (2011)
23 Serra Branca (Monte
Santo)
462669,324 8849346,392 32 199,909 Printes et al. (2011)
24 Itiúba 409634,624 8817279,262 22 1620,857 Printes et al. (2011)
25 Serra Branca
(Canudos)
504127,228 8860837,439 33 7,945 Printes et al. (2011)
26 Faz. Lagoa Funda 349753,746 8845240,997 31 1287,264 Printes et al. (2011)
27 Faz. Corcovado I 266022,582 8461612,818 1 50215,264 Printes et al. (2011)
28 Faz. Trancada II 256887,364 8565596,981 4 95763,606 Printes et al. (2011)
60
Apêndice B - Localidades de ocorrência efetiva de Callicebus barbarabrownae obtidos de outros estudos, analisadas no presente trabalho. (continua)
Número Localidade Lat (UTM)* Long (UTM)* Número do fragmento Área (ha) Referências
29 Estrada para
Remanso
243081,043 8610949,154 15 276805,404 Printes et al. (2011)
30 Faz. Morro Redondo 237319,438 8628024,733 5 3,085 Printes et al. (2011)
31 Marcionílio Souza 345237,650 8558500,556 3 104,153 Printes et al. (2011)
32 Faz. de Garcia 333425,214 8629476,663 6 71599,960 Printes et al. (2011)
33 Faz. Serra Azul
(Mandacaru)
382253,921 8685914,296 12 5017,431 Printes et al. (2011)
34 Faz. Junco (Maxixe) 315013,904 8729171,758 16 46,542 Printes et al. (2011)
35 Faz. Bastião 352236,622 8788028,852 18 899,274 Printes et al. (2011)
36 Faz. Nova Esperança
e Passagem
273783,463 8684829,467 15 276805,404 Printes et al. (2011)
37 Faz. Roça Grande 274041,179 8684490,220 15 276805,404 Printes et al. (2011)
38 Salitre 130926,406 8721184,089 17 374457,054 Printes et al. (2011)
39 Faz. J, Viana 259297,181 8643735,116 7 28,754 Printes et al. (2011)
40 Bandeira de Mello 195543,371 8554901,427 2 55,804 Printes et al. (2011)
41 Serra da baixa fria 487745,355 8667967,463 9 123,437 Printes et al. (2011)
42 Faz. Rei Joel 480044,925 8669753,769 10 27,834 Printes et al. (2011)
61
*Sistema de coordenadas: WGS 1984 UTM Zona 24S
Apêndice B - Localidades de ocorrência efetiva de Callicebus barbarabrownae obtidos de outros estudos, analisadas no presente trabalho. (conclusão)
Número Localidade Lat (UTM)* Long (UTM)* Número do fragmento Área (ha) Referências
43 Mata do Mangalô 519938,915 8645794,837 8 2158,247 Jerusalinsky (2013)
44 Faz. Mocambo 600205,598 8804141,220 20 13,223 Sousa et al. (2008)
45 Faz. Vaca Brava 585067,094 8816381,638 21 128,108 Sousa et al. (2008)
46 Mata da Bolandeira 503645,455 8820876,756 23 109,133 Sousa et al. (2008)
47 Raso do Santo 576086,106 8840971,862 26 11,496 Sousa et al. (2008)
48 Mata da Serra Preta 654975,305 8840477,274 27 215,720 Sousa et al. (2008)
49 Faz. Amescla 573087,500 8905570,720 45 15,608 Sousa et al. (2008)
50 Faz. Caimbé 560278,405 8894537,268 46 28005,253 Sousa et al. (2008)
51 Faz. Venturosa 641865,042 8877362,037 37 281,280 Sousa et al. (2008)
52 Faz. Guia 665696,922 8864234,393 34 329,845 Sousa et al. (2008)
62
Apêndice C - Localidades de ocorrência efetiva de Callicebus coimbrai obtidos de outros estudos, analisadas no presente trabalho. (continua)
Número Localidade Lat (UTM)* Long
(UTM)*
Número
do
fragmento
Área (ha) Referências
1 Faz. Trapsa 690828,865 8764947,423 41 937,900 Chagas e Ferrari
(2010)
2 Bugio (Faz. Buji/Faz. Jibóia) 639990,136 8733951,849 33 1249,199 Jerusalinsky (2013)
3 Faz. Capivara/Acampamento Caio Prado 667385,253 8763351,680 40 126,540 Jerusalinsky (2013)
4 Assto. Pau Torto I (Faz. do Pau torto) 663667,745 8741211,795 38 3505,851 Jerusalinsky (2013)
5 Ass. Clenice Alves/Águas Claras 658220,624 8743156,663 36 315,760 Jerusalinsky (2013)
6 Mata da Surucucu 665175,956 8745598,689 38 3505,851 Jerusalinsky (2013)
7 Assto. Chico Mendes 658073,971 8726636,012 28 240,932 Jerusalinsky (2013)
8 Faz. Sabão - Mata leste 656328,131 8728344,511 30 216,968 Jerusalinsky (2013)
9 Mata da Santana/Usina SERAGRO 748048,184 8832877,855 50 355,804 Jerusalinsky (2013)
10 Faz. Arauari (Faz. Santa Clara) 719964,039 8810606,992 45 569,844 Sousa (2003)
11 Mata do Serigy 751697,742 8832851,212 51 1121,235 Sousa (2003)
12 Nova descoberta/ Mata Vermelha 685427,082 8772339,125 42 5059,161 Sousa (2008)
13 Faz. Sabão - Mata oeste 654510,053 8728353,528 31 850,716 Jerusalinsky (2013)
14 Mata do Junco 713383,681 8833578,600 52 799,685 Jerusalinsky (2013)
15 Povoado Convento/Cavaco 669283,695 8732034,348 32 548,775 Sousa (2008)
16 Jandaíra 652637,791 8717301,927 26 41008,150 Sousa (2008)
17 Mata da Bolandeira 721289,206 8820338,058 46 31,100 Sousa (2008)
18 Mata do Castelo - mata I 670131,533 8746281,916 37 2630,225 Sousa (2008)
19 Timbó - mata I 693080,093 8792670,841 44 10372,485 Sousa (2008)
63
Apêndice C - Localidades de ocorrência efetiva de Callicebus coimbrai obtidos de outros estudos, analisadas no presente trabalho. (continua)
Número Localidade Lat (UTM)* Long
(UTM)*
Número
do
fragmento
Área (ha) Referências
20 Assto. Rainha dos Anjos 547092,954 8623647,045 7 880,614 Jerusalinsky (2013)
21 Sao José do Aveno Bacell 594341,951 8638258,697 24 308068,212 Sousa (2008)
22 Faz. Coqueiro das aguas (Faz. Boa Nova) 562762,984 8610989,999 4 6527,538 Jerusalinsky (2013)
23 Mata das Tauas 565214,511 8627298,029 10 107,506 Sousa (2008)
24 Faz. Santa Clara 550718,870 8625484,030 9 104,641 Jerusalinsky (2013)
25 Miranga 581555,743 8636438,816 15 1104,579 Sousa (2008)
26 Matas de São Miguel 559791,200 8632839,048 13 129,765 Sousa (2008)
27 Capão Entrada Pedrão 568562,206 8664521,208 22 147,811 Sousa (2008)
28 Faz. Baixa Funda/Pau Lavrado 572888,364 8653452,271 20 52,259 Sousa (2008)
29 Opalma 501573,022 8610829,891 3 13679,142 Jerusalinsky (2013)
30 Assto. Bela vista/Trindade 525728,065 8619810,343 5 7,886 Hilário (2013)
31 Complexo da Serra de São Francisco 519908,402 8601561,968 1 26092,284 Jerusalinsky (2013)
32 Faz. Crasto 672772,503 8743006,951 37 2630,225 Sousa (2008)
33 Assto. Pau Torto 663181,996 8741978,957 38 3505,851 Jerusalinsky (2013)
34 Faz. Escôncio (Assto. 5 de janeiro) 652300,022 8736347,956 34 842,075 Jerusalinsky (2013)
35 Faz. Cruzeiro/Assto. São Roque 642795,031 8724363,006 27 371,096 Sousa (2008)
36 Faz. Bonito (Mata do Conde) 642268,976 8710078,049 26 41008,150 Hilário (2013)
37 Faz. Campina 564814,035 8623882,989 8 5385,964 Sousa (2008)
38 Mata do Cipó 707699,649 8837532,440 53 93,104 Rocha (2011)
64
Apêndice C - Localidades de ocorrência efetiva de Callicebus coimbrai obtidos de outros estudos, analisadas no presente trabalho. (continua)
Número Localidade Lat (UTM)* Long
(UTM)*
Número
do
fragmento
Área (ha) Referências
39 Fragmento 4 716817,238 8857429,200 55 92,787 Rocha (2011)
40 Mata da Usina Taquari Sul 712935,565 8824977,892 47 52,062 Rocha (2011)
41 Mata Coqueiro 716963,843 8829899,760 48 639,487 Rocha (2011)
42 Fragmento menor da Mata do Junco 714240,900 8831192,883 49 60,020 Rocha (2011)
43 Mata do Timbó (Assto.) 525342,922 8607086,841 1 26092,284 Jerusalinsky (2013)
44 Brejo do André/Banco de areia 551024,518 8631054,545 12 373,862 Jerusalinsky (2013)
45 Usina Aliança/Faz. Buri 547107,931 8632862,358 14 1972,625 Jerusalinsky (2013)
46 Faz. Pimentel (norte)/ Faz. Margem 547772,327 8625568,778 14 1972,625 Jerusalinsky (2013)
47 Faz. Bálsamo/Pindobeira 547777,815 8639959,983 16 240,879 Jerusalinsky (2013)
48 Faz. Colégio 688414,412 8776332,522 43 1216,578 Jerusalinsky (2013)
49 Faz. Engenho velho 547137,587 8651292,928 18 400,870 Jerusalinsky (2013)
50 Povoado Aldeia 525347,917 8614391,720 2 256,194 Jerusalinsky (2013)
51 Povoado Pitanga/ Faz. Buril 572117,662 8623329,654 6 184,862 Jerusalinsky (2013)
52 Faz. Ladeira Grande/Faz. Orobó 550687,442 8647177,980 17 412,097 Jerusalinsky (2013)
53 Faz. Lagoa da Cabaça 541295,572 8664224,695 23 178,111 Jerusalinsky (2013)
54 Assto. Três Cancelas/Santa Bárbara 746738,984 8847278,292 54 46,055 Jerusalinsky (2013)
55 Faz. Baixa Grande 518297,770 8608836,902 1 26092,284 Jerusalinsky (2013)
56 Lamerão (Minas d'agua) 645302,148 8700938,387 26 41008,150 Jerusalinsky (2013)
57 Assto. São José/Faz. Palha 660020,651 8739386,901 35 2063,139 Jerusalinsky (2013)
58 Rego do Baixão/Povoado de Bacias 621446,126 8711997,662 25 953,365 Sousa (2008)
59 Mata Fome 566930,764 8629868,153 11 966,959 Sousa (2008)
60 Mata do Pau Roxo 543517,026 8654984,529 21 1723,584 Sousa (2008)
65
Apêndice C - Localidades de ocorrência efetiva de Callicebus coimbrai obtidos de outros estudos, analisadas no presente trabalho. (conclusão)
Número Localidade Lat (UTM)* Long
(UTM)*
Número
do
fragmento
Área (ha) Referências
61 Faz. Riacho Fundo/Mata de Branco 650873,788 8728371,246 29 368,219 Jerusalinsky (2013)
62 Lamarão do Passé 567759,914 8618353,001 8 5385,964 Printes (2007)
63 Boa União 550149,867 8652836,124 19 5,113 Printes (2007)
64 Faz. Pioneira 639743,455 8762282,081 39 166,591 Printes (2007)
*Sistema de coordenadas: WGS 1984 UTM Zona 24S
66
Apêndice D - Localidades de ocorrência efetiva de Sapajus xanthosternos obtidos de outros estudos, analisadas no presente trabalho. (continua)
Número Localidade Lat (UTM)* Long
(UTM)*
Número do fragmento
Área (ha) Referências
1 Faz. Arauari 719963,874 8810607,878 1 569,844 Hilário e Ferrari (2015)
2 Faz. Barbados 264002,173 8476025,046 2 50215,264 Canale et al. (2009)
3 Faz. Bonito 642269,024 8710078,012 3 41008,452 Hilário e Ferrari (2015)
4 Faz. Buenos Aires 403150,446 8363600,383 4 3,050 Prado et al. (2002)
5 Faz. Campina 564814,047 8623883,038 5 5385,964 Hilário e Ferrari (2015)
6 Faz. dos Matos 33005,439 8189685,085 6 8549,234 Canale et al. (2009)
7 Faz. Santana 746794,039 8832861,102 7 355,804 Hilário e Ferrari (2015)
8 Faz. São José 628667,045 8694305,492 8 308382,592 Prado et al. (2002)
9 Faz. Serra Grande 33115,403 8274508,605 9 122,056 Canale et al. (2009)
10 Itapebi 443727,028 8234953,065 10 39,362 Prado et al. (2002)
11 Itapetinga 371704,618 8297270,344 11 116,440 Prado et al. (2002)
12 Lagoa Comprida 408139,872 8841730,665 12 148,709 Canale et al. (2009)
13 Morro do Muquém 88600,830 8457399,761 13 356,911 Canale et al. (2009)
14 Nova Canaã 377264,500 8354012,571 14 1926,769 Prado et al. (2002)
15 Belmonte 510707,107 8247654,121 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
16 Canavieiras 401185,658 8405994,780 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
17 Faz. Santa Clara 492816,329 8278958,587 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
18 Estação Experimental de Canavieiras
(ESCAN/CEPLAC)
478537,218 8299301,854 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
19 Faz. Bolandeira 499855,802 8302956,564 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
20 Faz. Bolandeira 2 496458,090 8302961,585 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
21 Faz. Pindorama 482072,954 8306605,008 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
22 Estação experimental Lemos Maia (ESMAI) 491087,329 8314020,895 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
67
*Sistema de coordenadas: WGS 1984 UTM Zona 24S
Apêndice D - Localidades de ocorrência efetiva de Sapajus xanthosternos obtidos de outros estudos, analisadas no presente trabalho. (conclusão)
Número Localidade Lat (UTM)* Long
(UTM)*
Número do fragmento
Área (ha) Referências
23 Estação experimental Djalma Bahia
(EDJAB)
494631,761 8310371,943 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
24 Estação experimental Lemos Maia (ESMAI)
2
491088,721 8310370,859 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
25 Faz. Piedade 478516,864 8321423,411 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
26 Reserva Biológica de UNA 494629,225 8321432,618 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
27 Reserva Biológica UNA 2 491082,417 8326961,844 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
28 Reserva Biológica UNA 3 496059,959 8330244,501 15 2395303,598 Canale et al. (2009)
29 Ibicaraí 435348,454 8357195,126 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
30 Ilhéus 496449,792 8358264,301 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
31 Itabuna 469551,794 8360125,562 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
32 Almadina 430022,355 8374754,175 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
33 Uruçuca 469483,592 8385895,992 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
34 Dário Meira 401185,658 8405994,780 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
35 Aurelino Leal (Parque Estadual Serra do
Conduru)
464055,422 8415382,324 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
36 Reserva Ecológica Michelin 481988,619 8470699,810 15 2395303,598 Fresher e Laufer (2013)
37 Cravolândia 422440,362 8507456,845 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
38 Valença 497894,051 8529380,724 15 2395303,598 Prado et al. (2002)
39 Riacho Filo (Gongogi) 426683,808 8418974,776 16 1582,005 Prado et al. (2002)
40 RPPN Pé da Serra 58441,907 8656368,781 17 8228,546 Canale et al. (2009)
41 Serra de São Francisco 519919,978 8600383,013 18 26092,284 Hilário e Ferrari (2015)