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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA-PIBID COORDENADORA: IVANEIDE SOARES CRIANDO PROBLEMAS Maria Cristina da C. Campos e Rodrigo G. Nigro MÔNICA LOPES Grupo de Estudos de Textos Relacionados à Prática Docente

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO A

DOCÊNCIA-PIBID

COORDENADORA: IVANEIDE SOARES

CRIANDO PROBLEMAS

Maria Cristina da C. Campos e Rodrigo G. Nigro

MÔNICA LOPES

Grupo de Estudos de Textos Relacionados à Prática Docente

O QUE CARACTERIZA UMA SITUAÇÃO

PROBLEMA?

OBSERVANDO SITUAÇÕES PROBLEMAS

Situação 1

O professor escreve no quadro-de-giz e pede aos alunos

que respondam no caderno.

a) Como os seres vivos podem se relacionar?

b) Monte uma cadeia alimentar com os seguintes seres

vivos: lambari, piranha, onça e jacaré.

OBSERVANDO SITUAÇÕES PROBLEMAS

Situação 2

O professor passa os seguintes exercícios no quadro-de-giz

para os alunos copiarem e responderem individualmente no

caderno.

a) Complete a frase: A onça vive na_________________ e

alimenta-se de ____________ e_________________.

b) Responda: Por que o cavalo come grama?

OBSERVANDO SITUAÇÕES PROBLEMAS

Situação 3

O professor propõe que os alunos formem grupos de três e

leiam um texto. Em seguida, os grupos respondem a

algumas perguntas.

Fazendeiros intrigados

Alguns fazendeiros estavam intrigados a respeito do

hábito alimentar de um animal ainda desconhecido e

parecido com uma onça que vivia em suas terras.

Reuniram-se então para tentar descobrir do que esse ser

desconhecido se alimentava.

CONTINUAÇÃO...

Os fazendeiros estavam muito interessados na descoberta,

pois desconfiavam que tal animal estava destruindo parte

de suas plantações. Após várias discussões, chegaram a

uma conclusão sobre o que deveriam fazer.

Responda:

a) Qual pode ter sido a conclusão a que os fazendeiros

chegaram?

b) Sugira pelo menos duas maneiras de descobrir os hábitos

alimentares do animal.

c) Você acha que, examinando as fezes de um ser vivo,

conseguimos descobrir quais são os seus hábitos

alimentares?

d) Se fosse constatado que esse animal é uma ameaça para

as plantações, que medidas você acha que os fazendeiros

deveriam tomar? E se o animal não fosse uma ameaça, o

que eles deveriam fazer?

Situação 4

O professor escreve a seguinte questão no quadro de giz

e pede aos alunos que respondam no caderno.

Acabamos de estudar diferentes seres vivos, sue

hábitos alimentares e os locais em que vivem.

Estudamos que os felinos são carnívoros, que os

homens e outros primatas são onívoros, que os vegetais

são autótrofos, que existem morcegos hematófagos,

vermes parasitas etc.

Após rever tudo o que estudamos, responda a

questão que segue, justificando-a: “Os seres vivos

dependem uns dos outros?”

OBSERVANDO SITUAÇÕES PROBLEMAS

Em qual dessas

situações o

professor propôs

um problema

verdadeiro?

Quais

diferenças

entre essas

situações?

O que é

importante

para favorecer

a proposição

de problemas

verdadeiros?

ANALISANDO AS SITUAÇÕES PROBLEMAS

Situação 1

A 1ª questão é considerada do tipo aberta demais,

onde o aluno não poderá entender o que o

professor espera ou o problema real da questão.

Ao propor montar uma cadeia alimentar o aluno

pode se guiar por “não sobra nem falta nada

entre as opções oferecidas”.

Esse tipo de problema é semelhante ao tipo

“ligue as colunas, onde cada item de uma coluna

está associado a um outro da coluna oposta.

Esse tipo de problema demonstra uma possível

resposta fornecida pelo docente.

Ligue as colunas:

(coluna 1) (coluna 2)

Braços correr

Pernas escrever

Pés membros superiores

Mãos membros inferiores

Ao pedir aos alunos para montar uma cadeia alimentar,

estes podem representar a cadeia sem indicar outro

constituinte da cadeia como os produtores e os

decompositores.

E também podem montar sem mesmo conhecer sobre a

alimentação das onças, mas como está no enunciado os

alunos pode agir mecanicamente.

Lambari Piranha Jacaré Onça

SITUAÇÃO 2

A 1ª questão é do tipo fechada, onde o professor espera

apenas única resposta onde é considerada correta.

Caracteriza um “contrato limitado” entre professor e

aluno.

O contrato limitado propicia que a aprendizagem de

conteúdos seja de forma memorística.

Ao utilizar esse tipo de pergunta o professor está

interessado em verificar a reprodução de partes de texto

que os alunos já deveriam ter lido e memorizado.

Sendo assim, tal atividade requer do aluno a técnica de

procurar no texto ou a partir da memorização para tentar

preencher a coluna.

Na pergunta sobre “Porque o cavalo come grama”

também podemos encontrar um tipo de questão aberta. Em

que no modo como foi formulada, a questão se torna

genérica, admitindo várias respostas.

Nas situações de “contrato limitado” o sentido das

perguntas é verificar se os alunos sabem “aquilo que o

professor pretende que eles respondam”.

Em decorrência disso, apenas alguns alunos tem um

“contrato limitado” conseguindo responder a questão.

É provável que ao construir a pergunta “Por que os

cavalos comem grama”, o professor esperava que os

alunos respondessem que era devido ter bons dentes ou

adaptados para mastigar esse tipo de vegetal.

Com base nesta finalidade, o professor poderia formular

as seguintes questões:

Como o cavalo

come grama?

Por que será que ele

mastiga tanto a

grama ao comer?

Você já reparou

como são os dentes

do cavalo?

Qual(is) a(s)

semelhança(s) entre

os dentes do cavalo

e os de outros

animais que comem

grama?

Qual(is) a(s)

diferença(s) entre

os dentes do cavalo

e os de animais que

não comem grama?

Por que será que

nós, mesmo se

mastigássemos

muito, teríamos

dificuldade em

comer grama?

Perguntas como estas são claras para os alunos indicando

um verdadeiro problema a eles permitindo sugerir um

caminho para tentar responder as questões.

Percebemos então que dissecar uma questão genérica em

várias questões pontuais e específicas é uma estratégia

para tornar certos problemas acessível ao nível cognitivo

do aluno.

SITUAÇÃO 4

O excesso de linguajar acadêmico no enunciado não

possibilita propor um problema verdadeiro.

Distante do aluno, do seu cotidiano, não sendo um

instigante problema a ser resolvido.

Apresenta muitas informações que podem confundir os

alunos que não estão habituados a optar informações

mais importantes.

Nesse caso, o aluno poderá tentar responder a questão

utilizando a técnica do “não sobra nem falta”,

acreditando que suas respostas será considera correta.

A redação do enunciado pode gerar duplo sentido ao

alunos:

-solicitar a justificação da resposta que darão;

Justificar a própria questão “os seres vivos dependem

uns dos outros?”

Uma alternativa para esta questão seria:

“Os seres vivos dependem uns dos outros? Justifique

sua resposta”.

SITUAÇÃO 3

Situações não absurdas, imaginativas ou distante do

interesse e da realidade do aluno poder ser uma estratégia

para a elaboração de problema verdadeiro.

As questões não são excessivamente abertas tendo como

objetivo ajudar a solucionar o problema.

Enunciado claro, constituído por frases bem elaboradas,

possuindo termos que instiga a curiosidade do aluno( “

um ser desconhecido”).

Boa ideia para o motivo da questão e detalhes no texto

são fundamental para enxergar uma situação problema a

ser resolvida.

Adequada ao nível cognitivo, os alunos terão segurança e

serão capazes de resolver os problemas propostos.

POR QUE A SITUAÇÃO 3 É CONSIDERADO

COMO UM VERDADEIRO PROBLEMA?

Por que a pergunta não é extremamente objetiva,

considerando mais de uma resposta correta.

Requer não só uso de técnicas mas também de estratégias

de resolução, na qual exige do aluno a utilização de

várias informações.

Para os alunos responderem terá que realizar um

processo intelectualmente distinto em relação ao uso de

técnicas de solução.

O professor esperará a possível melhor resposta para

solucionar a questão.

CONCLUSÃO PARA FORMULAR PROBLEMAS VERDADEIROS

Genérica demais;

Fechada demais,

possibilitando apenas

uma resposta correta;

Irreal.

Muita linguagem

acadêmica;

Excesso de informação;

Texto que possibilita

confusão ou más

interpretações;

Elementos que trazem

esquema de ação “não

sobra nem falta nada”.

A questão não deve ser: Enunciado não deve ter:

CONCLUSÃO

Para verdadeiros problemas existem:

Resolução;

São “enfrentados” a serem resolvidos;

São mais subjetivos;

Melhor resposta possível

Exigem o uso de estratégias de resolução.

REFERÊNCIAS

CAMPOS, Maria Cristina da Cunha. NIGRO, Rodrigo

Gonçalves. Didática de Ciências: o ensino

aprendizagem como investigação. FTD. São Paulo,1999,

p.60 a 77.