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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A LITERATURA INFANTIL E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DA ESCOLA: UNIVERSIDADE INFANTIL ELZA JALES (MESSIAS TARGINO/RN) JOSANETE CARIAS DANTAS CARAÚBAS-RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

A LITERATURA INFANTIL E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA PRÁTICA

PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DA ESCOLA: UNIVERSIDADE

INFANTIL ELZA JALES (MESSIAS TARGINO/RN)

JOSANETE CARIAS DANTAS

CARAÚBAS-RN 2016

JOSANETE CARIAS DANTAS

A LITERATURA INFANTIL E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA PRÁTICA

PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DA ESCOLA: UNIVERSIDADE

INFANTIL ELZA JALES (MESSIAS TARGINO)

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade à distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da professora Ma. Maria Iêda da Silva.

CARAÚBAS-RN 2016

A LITERATURA INFANTIL E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA PRÁTICA

PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DA ESCOLA: UNIVERSIDADE

INFANTIL ELZA JALES (MESSIAS TARGINO/RN)

Por

JOSANETE CARIAS DANTAS

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade à distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Ma. Maria Iêda da Silva (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________ Ma. Maria Francilene Câmara

Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

______________________________________________________ Ma. Francisca Francione Vieira de Brito

Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

A LITERATURA INFANTIL E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA PRÁTICA

PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DA ESCOLA: UNIVERSIDADE

INFANTIL ELZA JALES (MESSIAS TARGINA/RN)

Josanete Carias Dantas (UFRN) Maria Iêda da Silva (UFRN)

Resumo: Este artigo tem como objetivo refletir acerca das contribuições da

literatura infantil no desenvolvimento do educando, destacando-se suas

relevâncias históricas, culturais e sociais nos contexto pedagógicos de sala de

aula, dando ênfase ao seu poder de motivação, socialização e incentivo às

práticas de leituras. A metodologia utilizada foi uma pesquisa de campo,

associada à pesquisa bibliográfica, fundamentado por teóricos como: Carvalho

(1989), (2012), Fernandes (2012), Freire (1989), Gregorin (2009), Oliveira

(1989), (2005) e Pcns (1998), que nos permitiu inferir que os professores

entrevistados consideram fundamental o trabalho com a Literatura Infantil para

o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social dos seus alunos.

Palavras-Chave: Literatura Infantil. Leitura. Desenvolvimento.

Abstract: This article aims to reflect on the contributions of children's literature

in the development of the student, highlighting its historical, cultural and social

rele-vâncias in the pedagogical context of the classroom, emphasizing its power

of motivation, socialization and encouragement readings practices to. The

methodology used was a field research associated with the literature, based on

theoretical as Carvalho (1989), (2012), Fernandes (2012), Freire (1989),

Gregorin (2009), Oliveira (1989) (2005 ) and PCN (1998), which allowed us to

infer that the interviewed teachers consider important to work with the Children's

Literature for cognitive, affective and social development of its students.

Keywords: Children's Literature. Reading. Development.

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INTRODUÇÃO

O universo da literatura de modo geral, compreende um campo vasto e

diversificado, no qual os sujeitos inseridos neste contexto encontram diferentes

caminhos e perspectivas, seja no sentido educativo, como estratégias

pedagógicas de ensino, ou como forma de conhecimento e prazer. Além disso,

proporciona aos indivíduos, infinitas possibilidades de criar e recriar sua

compreensão de mundo, aguçando a imaginação, criatividade e

desenvolvimento pessoa e social.

Em meio a esta conjuntura, entendemos que a literatura e suas

abordagens têm várias implicações e relevâncias, seja no sentido de

proporcionar aos educandos o desenvolvimento cognitivo de suas habilidades

e criatividades, ou simplesmente, de motivar e ampliar a visão de mundo dos

sujeitos envolvidos. Diante destas considerações, pensamos a necessidade e

importância de desenvolver este tema, por compreendermos os significados e

contribuições da literatura, em especial a literatura infantil, para o ambiente

educacional.

Desta forma, este artigo tem como meta principal argumentar em favor

da literatura, particularmente da literatura infantil e suas contribuições no

desenvolvimento dos educandos, dando ênfase às suas implicações em vários

outros contextos, como: desenvolvimento afetivo, criativo, emocional e

cognitivo, destacando a leitura literária como estratégia pedagógica e social,

visando capacitar os sujeitos de conhecimentos culturais e de mundo.

Assim, o presente trabalho está organizado em três tópicos que estão

ligados entre si pela temática principal: a contribuição da literatura infantil no

desenvolvimento dos educandos. Iniciando com um item que tem como tema A

literatura Infantil: Aspectos Históricos, em que é feito uma breve retrospectiva

na visão de Carvalho (1989), Fernandes (2012) e Gregorin (2009), sobre a

criança e a literatura, relacionando a compreensão histórica de ambas,

culminando com a contemporaneidade.

No segundo tópico, destacamos A importância da literatura infantil nas

práticas pedagógicas, mostrando seu poder criativo, como fonte de motivação

e suas relações com as práticas pedagógicas, enfocando as questões dos

gêneros literários em sala de aula. Importa destacar que para fundamentar esta

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linha de argumentação, trabalhamos com os autores: Carvalho (1989), (2012),

Fernandes (2012), Gregorin (2009) e Oliveira e Paiva (1989), (2005).

No terceiro capítulo, abordamos a temática, Leituras e práticas

pedagógicas em sala de aula, destacando algumas concepções de leituras

sobre a ótica de autores como Paulo freire (1989), descrevendo a leitura em

seus diferentes contextos sociais e culturais, com ênfase nos texto literários e

sua magia motivadora, desencadeando na contribuição e relevância que os

PCNs (1998), trazem no bojo dos objetivos de aprendizagem neste campo do

conhecimento.

Na pesquisa de campo foram ouvidas três professoras da Escola

Municipal Universidade Infantil Elza Jales, no Município de Messias Targino/RN

sobre o que elas pensam e quais suas concepções acerca da temática, e como

ambas compreendem a importância e contribuição da literatura infantil para o

desenvolvimento dos educandos. As professoras são denominadas de

professoras (A), (B) e (C), sendo que as duas primeiras atuam na educação

infantil, e a última, nos anos iniciais do ensino fundamental.

1. LITERATURA INFANTIL: ASPECTOS HISTÓRICOS

Durante muito tempo, as crianças não eram compreendidas como um

ser em construção, sendo apenas entendidas como um sujeito limitado, em

processo de crescimento físico. De certa forma, as competências e habilidades

presentes nestes indivíduos, eram ignoradas, o que culminava com o

entendimento da criança como um adulto em miniatura. Carvalho (1989, p.18)

relata o seguinte: “Até algum tempo, acreditava-se que a criança fosse um

simples homúnculo, cujas diferenças do adulto se limitassem a tamanho e se

reduzissem a aspectos qualitativos”.

Conforme a autora, as diferenças entre um adulto e uma criança, se

resumia aos aspectos físicos, quantitativos e de posicionamento intelectual na

sociedade, o que os tornariam iguais quando esta atingisse a maioridade. No

entanto, a partir do século XIX, esta história começa a mudar, surgindo um

novo conceito e entendimento de criança como um ser em construção e

desenvolvimento, quando a infância ganha novos ares e significados,

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especialmente trazidos pelos estudos literários de autores que fazem questão

de demonstrar a visão que a literatura representa.

Gregorin Filho (2009, p.22) diz que Literatura infantil,

É, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização.

Diante desta afirmação, percebemos que esta forma de ver e entender

a realidade trazida pelos estudos literários provocaram profundas mudanças

nas concepções do que seria a infância e a criança neste momento vivenciado.

Vejamos o que (CARVALHO 1989, P.18): afirma:

Hoje, sabe-se que a infância constitui uma fase especial de evolução e formação, com as suas implicações específicas e suas complexidades, em nada comparável com o adulto. E todas as potencialidades da criança devem ser cuidadosamente cultivadas, com seriedade e amor.

O autor demonstra, dessa forma, que a infância e a própria criança de

modo geral, estava sendo entendida não mais como um adulto em miniatura,

sem sentimentos, desejos e particularidades, mas, como um ser em formação,

e como tal, tinha de ser compreendida e respeitada em todos os seus

aspectos, culturais, sociais, afetivos e emocionais, afinal de conta, como

expressa a autora, ela é um ser que deve ser cuidada com seriedade e amor,

representando assim, a sua complexidade.

Nesta linha de raciocínio, percebemos que os estudos na área da

literatura infantil, culminaram com a mudança na maneira de entender a

infância e a criança de modo geral, sendo agora compreendido como um ser

social, cultural e historicamente construído, sendo fundamental para o processo

educacional das crianças, conforme Fernandes (2012, p.1):

A literatura infantil é fundamental para a formação escolar das crianças, pois além de possibilitar-lhes a aquisição de novos conhecimentos, também desempenha um papel relevante na constituição da oralidade e no aprimoramento das suas capacidades de leitura e escrita.

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Com esta concepção, percebemos toda carga pedagógica presente nos

estudos literários, especialmente na Literatura Infantil, entendida aqui como

gênero necessário e imprescindível para o processo de leitura e escrita, além

de ser retratada como recurso didático para formação escolar dos alunos,

particularmente na aquisição de conhecimentos e valores.

Assim, a literatura deve assumir na vida dos educandos não apenas o

papel de humanizá-los e provocá-los um sentimento de solidariedade e

cidadania, mas, incentivá-los no desenvolvimento das habilidades e

competências, como sua criatividade e imaginação, função maior da literatura,

(grifo nosso).

De acordo com Fernandes, (2012, p.2): “uma criança ao ler um texto

de literatura infantil, percebe a fantasia, o belo, o prazeroso, o fantástico, o

mágico. Sendo assim, ela viaja, mergulha sem medo neste universo cheio de

encantamentos e emoções”.

Nesta frase, visualizamos todo encantamento e funções pedagógicas

da literatura infantil, quando ela é apresentada como uma via de possibilidades

e contribuições para o educando em particular, e no geral, para todo e qualquer

sujeito que prima e aprecia o encanto da viagem por este universo, e para este

universo.

Por outro lado, cabe aqui fazermos uma constatação, sobre a concepção

dos estudos literários como via de práticas pedagógicas ou recursos didáticos,

o que pode gerar uma limitação do prazer da leitura, ou mesmo restringir a

literatura infantil, as práticas pedagógicas, o que seria, no mínimo, um prejuízo.

Fernandes (2012, p.3) nos diz o seguinte: “não é necessário que a literatura

seja lida ou usada com intenção pedagógica ou didática, o importante é

trabalhar o imaginário e a fantasia.”

Sendo assim, percebemos que os estudos literários de maneira geral,

e em especial a literatura infantil, pode sim ter e ser trabalhado em sala de

aula, numa perspectiva pedagógica, mas, jamais podemos limitá-las a este

ponto, haja vista, sabermos e compreendemos toda sua essencialidade e

encanto especial.

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2. A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NAS PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS DO PROFESSOR

Nos espaços pedagógicos, sempre encontramos educadores e

professores que defendem a relevância da literatura infantil, com o seu poder

motivador e criativo para o educando, o que contribui para a prática docente,

proporcionado assim, que os mesmo possam conceituar como excelente

recurso e estratégia para desenvolver competências e habilidades dos

educandos, em especial, os alunos do ensino infantil.

Segundo (Frantz ,apud Fernandes 2012, p.3):

A literatura infantil é de grande importância para as crianças, pois “[...] auxilia na ordenação de seu mundo e na busca de respostas para suas infinitas interrogações a respeito de si mesmo, do outro e da realidade que o cerca.” (FRANTZ, 1997, P.30).

Seguindo esta linha de raciocínio, podemos compreender que a

literatura na sala de aula representa não apenas um motivo a mais para alunos

e professores, mas, uma excelente estratégica didática e pedagógica para o

educador desenvolver sua prática docente no cotidiano escolar. Entretanto, só

não podemos compreendê-la unicamente, como recurso didático.

Por outro lado, no que se refere à literatura infantil na sala de aula, já é

bastante consenso que ela produz motivação e desenvolvimento do gosto pela

leitura e desenvolvimento da criatividade e habilidades, conforme pensamento

de Gregorin (2009, p.77):

Trabalhar com literatura infantil em sala de aula é criar condições para que se formem leitores de arte, leitores de mundo, leitores plurais. Muito mais do que uma simples atividade inserida em propostas de conteúdos curriculares, oferecer e discutir literatura em sala de aula é poder formar leitores, é ampliar a competência de ver o mundo e dialogar com a sociedade.

Percebemos assim, a defesa que Gregorin faz da literatura infantil

utilizada nos contextos escolares, demostrando todas as suas particularidades

e implicações na vida do educando e da criança de modo especial. Neste ponto

de vista, a literatura não é apenas um recurso didático, mas, uma maneira do

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aluno ler e compreender o mundo e a si mesmo, podendo interpretar e viver

todas as suas possibilidades.

Podemos também frisar a literatura como uma forma de construção

social e identitária dos alunos, uma vez que autor como o próprio Gregorin

(2009, p.29/30), destaca:

Hoje, há uma literatura / artística para as crianças que não nasce apenas da necessidade de se transformar em mero recurso pedagógico, mas cujas principais funções são o lúdico, o catártico e o libertador, além do cognitivo e do pragmático, já que visa a preparar o individuo para a vida num mundo repleto de diversidades.

Dessa forma, podemos perceber que os estudos literários na

atualidade, são essências para todos os segmentos de ensino, sendo este

colocado por muitos teóricos, como um grande incentivo para a prática e

hábitos da leitura, algo tão almejado na escola por professores e pais de

alunos. Outra importante função da literatura infantil é a promoção da

expressividade e comunicação entre alunos e demais sujeitos.

Fernandes (2012, p.4):

Para prender a atenção do aluno, o educador deve saber utilizar a voz, a expressão corporal, os gestos, entre outras formas que possibilitem um maior interesse do educando pelo que está sendo contado. O professor também precisa conhecer a história a ser contada, para garantir um bom desempenho, por isso, é importante saber escolher bem a história que vai levar para os alunos.

Aqui identificamos que para a autora citada acima, a literatura é uma

forma de expressão dos valores, dos costumes, dos hábitos e de sua própria

cultura, culminando assim, no veículo de comunicação entre ele e os demais.

Também identifica-se nesta concepção que a função do professor deve ser

muito bem pensada e refletida, devendo fazer uma minuciosa análise e revisão

das obras e matérias de literatura trazidas para a sala de aula.

Ainda seguindo nesta linha de raciocínio, Gregorin (2009 p.78), assim

constata: “o professor deve ser o guia dessas deliciosas viagens que possuem

um ponto de partida e outro de chegada: o universo da literatura.” Com estas

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palavras, o autor deixa transparecer que o professor deve ser o condutor

responsável por esta viagem, que pode levar para lugares infinitos, como é o

caso dos saberes e conhecimentos.

Deste modo, a literatura de forma geral, constitui-se de um universo

repleto de conhecimentos e valores a serem explorados, e neste caminho de

infinitas perspectivas e possibilidades, o professor tem uma grande missão, de

ajudá-los a revelar o mundo.

Carvalho (1989, p.21) aponta:

A literatura infantil, enriquecendo a imaginação da criança, vai oferecer-lhe condições de liberação sadia, ensinando-lhe a libertar-se pelo espírito: levando-a a usar o raciocínio e a cultivar a liberdade”.

O universo mágico da literatura, em especial, os contos e as fábulas,

podem prolongar ainda mais esta viagem que apesar de mágica, não deixa de

ser real e produtiva tanto para aguçar os sentimentos, como para desenvolver

o raciocínio e a criatividade.

Para Carvalho (2012, p.54),

O conto é a mais antiga forma de narração, em seu sentido mítico, natural, de narrativa tradicional, de “contar e ouvir”; enquanto o conto moderno, em sentido literário, é o gênero mais recente da literatura. Essa dupla colocação do conto oferece uma dupla definição de sua estrutura e de seu conteúdo, através de sua evolução histórica.

Esta concepção do gênero conto, em princípio, mostra suas infinitas

aplicações em sala de aula, podendo ser trabalhado como desenvolvimento de

sua própria autonomia, ou mesmo como forma de compreender o mundo que

está em volta. Além de possibilitar as crianças transitar em um universo mágico

e transformador, em que conhecer o outro, se constitui numa base de reflexão

e construção de si mesmo. É necessário destacar que nesta caminhada, os

valores históricos e culturais também estão presentes.

A comprovação destas argumentações pode ser verificada nos alcance

deste gênero literário nos livros didáticos, no entanto, devemos ressaltar que a

forma superficial que estes tratam este tipo de texto, deve ser repensada, haja

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vista que, abordar apenas como recursos didáticos, sem aguçar a imaginação

e criatividade, é limitar seu alcance e significados.

Já no que se refere às fábulas, Carvalho (2012, p.42) assim entende:

É uma pequena narração de acontecimentos fictícios, que tem dupla finalidade: instruir e divertir. Pequena composição que encerra sempre grande filosofia. Pode ser em prosa ou em verso, escondendo sempre uma verdade moral, nas tramas de fatos alegóricos, cujo enredo é urdido entre animais, pessoas, personagens mitologias, deuses, etc.

A composição deste gênero em si, já representa todo universo mágico e

inspirador da literatura, tendo como objetivo sempre propor as várias

possibilidade de compreender o mundo. Neste caso, a sua metodologia

utilizada em sala de aula, precisa considerar este aspecto fictício e prazeroso

deste tipo de texto. A começar sobre seu perfil de caráter moralizador, uma vez

que, neste tipo de gênero, sempre se encontra presente um valor moral.

Em meio a isto, a função pedagógica e didática do professor torna-se

cada vez mais complexo dinâmico e diversificado, sendo necessário, que o

educador possa refletir sobre suas práticas no curso de sua formação e

exercício profissional já que a literatura infantil de maneira geral está todos os

dias presentes na vida dos educandos, seja através dos livros didáticos, das

leituras em casa, ou mesmo dos diferentes meios e fontes de divulgação.

Aqui abrimos outro ponto de reflexão sobre o universo mágico da

literatura e de suas interpretações para o contexto educativo, ou seja, a forma

como os contos literários e as fabulas são representadas para o público infantil,

especialmente aqueles clássicos tidos como infantil, como é o caso do

Chapeuzinho Vermelho, da Branca de Neves e os Três Porquinhos.

Percebemos nos livros didáticos voltados para o ensino infantil, que eles

sempre estão presentes.

No entanto, muitas vezes eles são trabalhados apenas como pretexto

para que os alunos resolvam questões relacionadas ao seu conteúdo

interpretativos, através de perguntas e respostas e quase sempre estas

perguntas, são do tipo: Quais as personagens da história? O que o autor quis

dizer? Onde aconteceu a historia?

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Diante desta perspectiva didática, desenvolvida em sala de aula,

percebemos que pouco de produtivo pode ser explorado desta excelente fonte

de conhecimento e imaginação, de acordo com entendimento de CARVALHO

(apud PAIVA e OLIVEIRA1989, p.21):

A criança é criativa e precisa de matéria-prima sadia, e com beleza, para organizar seu “mundo mágico”, seu universo possível, onde ela é dona absoluta: constrói e destrói. Constrói e cria, realizando tudo o que ela deseja. A imaginação bem motivada é uma fonte de libertação, com riqueza. É uma forma de conquista de liberdade, que produzirá bons frutos, como a terra agreste, que se aduba e enriquece, produz frutos sazonados.

A autora faz uma complexa definição sobre o universo mágico e criativo

da criança, seus diferentes aspectos e características, como seu modo de

representar o mundo a partir de seu próprio contexto, mas, também não

devemos esquecer que nesta mesma linha de raciocínio, identificamos as

influências e importância dos fatores externos.

Com estas afirmações e relatos sobre a literatura infantil e as práticas

didáticas presentes nas escolas, fica bastante notável as implicações da

literatura de maneira geral, e da literatura infantil de modo particular, o que se

torna quase consenso a sua defesa por parte de professores e educadores.

Sendo assim, devemos compreender as estórias infantis e os livros de modo

geral, como afirma Oliveira:

Os livros infantis, além de proporcionarem prazer, contribuem para o enriquecimento intelectual das crianças. Sendo esse gênero objeto da cultura, a criança tem um encontro significativo de suas histórias com o mundo imaginativo dela própria. A criança tem a capacidade de colocar seus próprios significados nos textos que lê, isso quando o adulto permite e não impõe os seus próprios significados, visto estar em constante busca de uma utilidade que o cerca. (OLIVEIRA, 2005, p. 125)

A literatura infantil precisa ser estudada como uma fonte de

conhecimento e desenvolvimento das diferentes aprendizagens, seja para

aguçar a memória e o raciocínio, a criatividade e imaginação, ou mesmo para

despertar no sujeito todas as suas habilidades, mas, acima de tudo para

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exercer a função descrita por Oliveira (2005), o prazer, a criatividade de

sonhar.

3. LEITURAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM SALA DE AULA

A leitura como processo educacional tem em seu arcabouço infinitas

perspectivas e possibilidades no ambiente escolar, sendo marcantes e

complexas as maneiras de interpretações que os sujeitos dão a ela. Às vezes,

é tida como fonte de reflexo e interação entre os seus usuários; outras,

consideradas como único meio da compreensão pessoal, social e de mundo.

Mas, ainda é comum a sua defesa como meio prático de conscientização e

afirmação do ser como ator de seu desenvolvimento.

Todas essas concepções sobre a leitura e seus diferentes alcances, de

modo geral, não são suficientes, para classificar ou definir o que seja a leitura e

suas abrangências, sejam elas, sociais, culturais ou alfabetizadoras, função

essas que sempre se encontram, num mesmo ponto: a socialização do

individuo dentro de um determinado espaço, grupo, comunidade ou mundo.

Nesta linha de raciocínio, entendemos ser necessário trazer para esta

discussão alguns conceitos e compreensões do educador Paulo Freire em seu

livro, intitulado, “A importância do ato de ler: em três artigos que se

complementam” de 1989.

Freire (1989, p.9) acrescenta:

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

Entender a leitura a partir de seus contextos sociais é uma percepção

frequentemente defendida e complementada por professores e educadores e,

neste sentido, entendemos que o que Freire retrata não é apenas a função

social e cultural da leitura, mas, as formas como elas têm sido pensadas e

desenvolvida em seus diversos contextos, especialmente, na sala de aula. Aqui

podemos perceber que o autor em referência descreve que antes de

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chegarmos à escola, já trazemos conosco uma leitura de mundo, que deve ser

compreendida como as vivências e experiências adquiridas.

No entanto, estas mesmas experiências que precede a palavra, ou as

matérias de leitura e alfabetização, são muitas vezes ignoradas e deixadas de

lado por educadores e professores, para ser mais preciso. A reflexão que

devemos fazer aqui parte do princípio já citado por Freire (1989), quando

descreve seus primeiros contatos com a escola. “Primeiro, a leitura do mundo,

do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem

sempre, ao longo de minha escolarização, foi à leitura da “palavra mundo”

(FREIRE, 1989)”.

A citação mostra o contraste ou a incoerência entre a realidade do

educando, seus conhecimentos de mundo, como as primeiras descobertas e

familiarização com as palavras, as quais, nem sempre tinha vínculos com as

leituras escolares, o que ocasionava estranheza e pouca desenvoltura e

produtividade por parte de todo e qualquer aluno que já experimentou e

vivenciou a mesma realidade.

Pensando nesta perspectiva crítica acerca das práticas de leitura, este

mesmo educador, relembra a importância social dela, suas possibilidades de

compreensão, reflexão e criatividade, quando ressalta que uma das funções da

leitura e da educação, é conscientizar o educando sobre sua existência e

consciência de estar no mundo. (Freire, 1996).

Até aqui podemos pensar nas práticas de leituras como uma excelente

maneira de compreendemos a nossa própria realidade, partindo sempre dos

pressupostos sociais e culturais que elas exigem, entretanto, estas mesmas

leituras não acontece do nada, sendo necessários vários recursos entres eles,

os livros didáticos, paradidáticos e de literatura, em particular a literatura

infantil, que em linhas gerais, constitui-se a temática deste artigo.

De acordo com os PCNS (1997, p.29):

É importante que o trabalho com o texto literário esteja incorporado às práticas cotidianas da sala de aula, visto tratar-se de uma forma específica de conhecimento. Essa variável de constituição da experiência humana possui propriedades compositivas que devem ser mostradas, discutidas e consideradas quando se trata de ler as diferentes manifestações colocadas sob a rubrica geral de texto literário.

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Esta concepção orientadora dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs) atesta a significância de trabalharmos com textos literários em sala de

aula, uma vez que este tipo específico de conhecimento pode ser muito

enriquecedor das práticas pedagógicas. Entretanto, esta orientação reflete

sobre as utilidades e as formas muitas vezes distorcidas de se empregar estes

gêneros textuais em sala de aula.

De acordo com os PCNs (1997, p.29):

A literatura não é cópia do real, nem puro exercício de linguagem, tampouco mera fantasia que se asilou dos sentidos do mundo e da história dos homens. Se tomada como maneira particular de compor o conhecimento, é necessário reconhecer que sua relação com o real é indireta. Ou seja, o plano da realidade pode ser apropriado e transgredido pelo plano do imaginário como uma instância concretamente formulada pela mediação dos signos verbais.

A constatação que percebemos aqui, não constitui novidade ou exagero

por parte destes documentos, já que é muito frequente nas escolas públicas e

particulares, a abordagem dos gêneros literários, especialmente os infantis,

como meros recursos de conhecimentos, ou mesmo como uma estratégia para

se trabalhar construções semânticas e sintáticas das palavras.

No entanto, seguindo esta linha de raciocínio, argumentada pelos

(PCNs), identificamos que pensar a literatura e as leituras de textos apenas por

esta via, pode nos levar para uma compreensão simplificadora e

descontextualizada dos textos literários e de sua abrangente função social,

cultural, criativa e imaginária, o que acredito não ser uma “boa alternativa”.

Ao contrário do que estamos falando, as práticas de leituras de maneira

geral, deve proporcionar aos educando diversas possibilidades de

compreensões de mundo, seja através das leituras como fontes de

conhecimento e imaginação, ou simplesmente numa abordagem de textos que

faça sentido para vida dos mesmos, explorando sua realidade, seus valores e

conceitos, mas, sem comprometer, as riquezas e infinitas perspectivas dos

textos literários. Segundo os (PCNs, 1997, p.41), a leitura:

Não se trata simplesmente de extrair informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser constituídos antes da leitura propriamente dita.

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Com esta afirmação dos documentos acima, percebe-se que a leitura

apesar de muito se falar em suas implicações positivas nas salas de aula, em

casa, ou em qualquer outro ambiente, deve-se ressaltar sempre que tipos de

abordagem têm dado a ela, em particular nos espaços escolares, haja vista, os

relevantes papéis e funções, que podem assumir. No entanto, entendemos que

a mesma é imprescindível para o processo de formação do sujeito, seja como

pessoa, como profissional ou como um cidadão pertencente a uma sociedade

em construção.

Diante destas colocações e conceitos teóricos de significativos autores,

percebemos a necessidade de conversamos com professores e educadores,

sobre as relevantes aplicações, funções e significados, assumidos pelas

leituras literárias, especialmente, a literatura infantil nos contextos escolares.

Para analisarmos de que forma a literatura infantil contribui com o

processo de ensino aprendizagem, realizamos entrevistas com 3 (três)

professores da Instituição de Educação Infantil Universidade Infantil Elza Jales

que fica localizada no Município de Messias Targino R/N. as perguntas forma

sobre como eles compreendem estes tipos de gêneros literários em uso nas

escolas, os quais serão dados ênfase no item seguinte.

4. ANÁLISE DOS DADOS OU EXPERIÊNCIAS COM PROFESSORES NOS

AMBIENTES ESCOLARES

Compreendendo o contexto complexo e diversificado em que os

professores e graduandos de licenciatura passam durante o período em que

estão cursando os respectivos cursos, trazemos para este tópico uma

entrevista com três professores da educação básica, da instituição de ensino

acima citado, os quais descreveram e compartilharam como pensam e

planejam suas ações docentes e pedagógicas, envolvendo a literatura infantil.

Na elaboração dos questionários, pensamos nos objetivos que

queríamos atingir com as perguntas. Os questionários em si estão constituídos

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de seis questões. Começando pela identificação do professor, sua formação,

anos de experiências e nível de ensino em que atua.

Assim, iniciaremos os relatos e experiência identificando as professoras

em análise, da seguinte forma: Professora A, (P.A), Professora B, (P.B) e

Professora C (P.C). Sendo que, a professora A e B, atuam na educação

infantil, e a professora C, nos anos iniciais, da escola Municipal Universidade

Infantil Elza Jales em Messias Targino/RN.

A primeira pergunta direcionada às professaras (A, B e C), foi a

seguinte: Compreendendo a relevância da literatura infantil no desenvolvimento

do educando, na sua concepção, qual a contribuição da mesma para formação

do pedagogo?

Prof.ª (A): Foi de grande importância para minha formação, pois pedagogia

necessita de muita leitura, e assim, desenvolvi muito o meu hábito de ler.

Percebemos que a professora faz uma ligação direta com a importância

da leitura no seu processo de formação docente, ressaltando sua necessidade

e sua função incentivadora e motivadora em sua própria formação acadêmica.

Também identificamos que ela não tinha o hábito de ler muito, ao afirmar que

desenvolveu o hábito de leitura partir da necessidade surgida em sala de aula.

Prof.ª (B): Importantíssima, é um estimulo para o desenvolvimento cognitivo,

entre imaginário e a capacidade critica. A literatura infantil é uma peça

fundamental que a pedagogia utiliza.

A resposta dada pela professora (B) é mais abrangente, ressaltando o

desenvolvimento cognitivo dos educandos, que se reflete na aprendizagem.

Assim, quando ela afirma que a literatura estimula e desenvolvem a cognição e

imaginação, há uma relação direta às teorias defendidas nas referencias

teóricas deste trabalho.

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Prof.ª (C): O pedagogo deve ter conhecimento e gostar de literatura infantil,

para desenvolver um trabalho de incentivo a leitura e escrita dos alunos na

fase de alfabetização que ocorre do 1° ao 3° ano do ensino fundamental.

Nesta resposta, identificamos que a professora (C), mesmo não atuando

no ensino infantil, responde de maneira contextualizada a importância do

professor, que segunda ela, deve conhecer um pouco de literatura infantil, que

favorece a leitura e a escrita dos educandos. Pensando assim, entendo que a

literatura infantil, tema central deste trabalho, compreende um excelente

recurso didático e pedagógico para o educador, mesmo que não seja esta, sua

única e especial função.

Na segunda questão interrogamos: Como está sendo trabalhada a

literatura infantil na sala de aula?

Prof. (A): Está sendo trabalhada de forma lúdica, através de contação de

historia, pois é nesta fase da educação infantil que a história desperta na

criança diversas emoções, possibilitando aprendizagens novas.

Prof. (B): Em algumas escolas percebo sim que são bem trabalhadas, porém

ainda em algumas salas de aula é visível que é preciso mudar.

Prof. (C): Atualmente, com o PNAIC, o trabalho com a literatura infantil tem tido

grandes avanços, pois as escolas receberam um acervo do programa que tem

contribuído de forma positiva para o desenvolvimento do trabalho com esse

gênero.

20

Percebemos que ambas compreendem a função e utilidade da literatura

nos contextos escolares, no entanto, os pontos de vistas e opiniões de cada

uma se diferenciam e se complementam em alguns pontos. Segundo a

professora (A), a literatura está sendo trabalhado de forma lúdica, através de

contação de histórias, o que para ela, assegura o desenvolvimento das

emoções.

A professora (B), em seu relato assim considerou que em algumas

escolas, a literatura vem sendo bem trabalhada, mas, ainda existem outras que

precisam mudar a forma de entender o seu alcance. Já a professora (C),

afirmou em sua fala, que nos dias atuais a literatura vem sendo muito bem

explorada, atribuindo este êxito a alguns programas como o PNAIC, e os

excelentes acervos das bibliotecas.

Na questão III, perguntamos: Como você acha que deve ser trabalhado

a literatura infantil na sala de aula?

Prof. (A): Deve ser trabalhada de forma rotineira, no dia-a-dia, através de

contação de historia, pois a valorização deste habito interfere no

desenvolvimento integral da criança, além de estimula-la a conhecer e se

apaixonar pelo mundo da leitura.

Prof. (B):Com mais ênfase, que a criança tenha mais contato com os livros,

semanalmente atividade voltada para o conto infantil para despertar a

imaginação, ter o habito da leitura.

Prof. (C): Desde a pré-escola a criança precisa ter esse contato com a literatura

infantil, o professor deve fazer leituras diárias de contos, histórias, entre outros

para a criança poder desenvolver o gosto pela literatura infantil desde cedo.

Percebemos por parte da professora (A), que a literatura deve ser

trabalhada de forma rotineira, por meio de estórias, contos, enfatizando que é

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por meio da literatura que os educandos adquirem hábitos e gosto pela leitura.

A professora (B), falou que devemos da mais ênfase a esta prática de se

trabalhar com literatura em sala de aula, por que assim, a criança desperta a

imaginação e criatividade. Por outro lado, a professora (C), confirmou em suas

palavras, que desde a pré-escola, a criança já deve ter contato com o universo

mágico da literatura infantil, pois isto irá possibilitar maior prazer por parte

destas.

No questionamento IV, pedimos: Descreva com suas palavras a

relação entre as práticas pedagógicas e a literatura infantil.

Prof. (A): é possível perceber que a prática de sala de aula, utilizando a

leitura de livros de literatura infantil de forma pedagógica, contribui não só

para a aquisição de conhecimentos como, também, na formação de um bom

profissional capaz de criar tempo e maneiras adequadas para levar aos seus

alunos o ensino da literatura infantil, ou seja, consegue fazer diferença

significativa no exercício profissional.

Prof. (B): de suma importância, onde é necessário usar ferramentas para que

as crianças descubram e despertem o gosto da leitura

Prof. (C): Na minha sala eu costumo trabalhar a literatura infantil através da

leitura dos clássicos infantis, contos ou histórias, no desenvolvimento de

projetos ou sequencias didáticas, e no final a turma faz a apresentação do livro/

texto trabalhado, nesse período.

Neste item, gostaríamos de saber um pouco sobre as relações

existentes entre práticas pedagógicas e a literatura infantil, haja vista, ser este

questionamento bastante relevante para professores e de essencial

importância para quem deseja conhecer e compreender um pouco mais sobre

os contextos pedagógicos. As professoras (A) e (B) demonstram, com suas

respostas, pouco conhecimento teórico a respeito do assunto, apesar de

22

ressaltarem a importância da literatura infantil, quando utilizada de forma

pedagógica.

A professora (C) aparenta ser mais dinâmica e com maior propriedade

no assunto ao descrever que costuma trabalhar estas práticas por meio das

leituras de clássicos infantis e contos, além de desenvolver projetos e

sequências didáticas, finalizando, com apresentação e socialização dos

trabalhos finais.

Interrogamos ainda: Quais suas experiências com a literatura infantil na

prática docente?

Prof. (A):Já trabalhei diversos projetos envolvendo a literatura infantil

contando historias para as crianças, sempre procurando incentivar o

imaginário, provocando perguntas e buscando respostas, e despertando

assim grandes e pequenas emoções com rir, chorar, sentir medo e raiva,

emoções estas que vem das historias ouvidas e lidas. Juntos, livros,

brinquedos e brincadeiras fortalecem ainda mais a construção de novos

conhecimentos, favorecendo o desenvolvimento motor, social, emocional e

cognitivo das crianças.

Prof. (B): A contação de história, em sala de aula, projeto “quem conta um

conto aumenta um ponto”, participação em congresso de contação, leitura de

artigos, entre outros.

Prof. (C): Venho aplicando na minha sala uma experiência com a literatura

infantil através do registro / resumo no caderno volante conduzido pelo aluno,

que leva para casa um livro do acervo do cantinho da leitura e faz seus

registros no caderno.

Com este questionamento, queríamos saber quais as experiências

destas professoras, com literatura infantil no exercício prático da docência.

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Com a resposta fornecida pela professora (A), em que ela afirma já ter

trabalhado com diversos projetos nesta área, procurando sempre incentivar e

motivar os educandos, seja despertando o interesse, a imaginação, emoções

entre outros, supõe-se que ela tem bastante experiência nesta área de

conhecimento.

A professora (B) comprova sua experiência por meio de relatos e

descrições, como: contação de histórias, projetos e também relata a

importância de participar de eventos envolvendo a literatura infantil e suas

aplicações. Já a professora (C), falou de sua prática docente na sala de aula,

afirmando que costumam trabalhar de forma diferente, adotando o registro e a

intinerância dos livros do acervo da biblioteca, em que os alunos levam para

casas para fazer suas leituras.

Ao final do questionário, solicitamos: fale sobre algum projeto

desenvolvido em sua escola, por você ou por quaisquer outros professores

sobre literatura infantil.

Prof. (A): Na minha escola, trabalhamos um projeto com o tema “adote um

livro”, onde cada criança escolhia um livro na biblioteca e levava para casa

todos os dias, onde os mesmo faziam uma leitura com seus familiares e no

dia seguinte, eles faziam um pequeno relato da leitura compartilhada com a

família e dividiam a experiência com as outras crianças.

Prof. (B): Conheço vários projetos: a maleta viajante, centopeia, o mundo da

imaginação, que a criança tem contato com o livro, também do seu jeito faz a

ilustração e interpretação da história. A maleta viajante a família também

participa, inserindo os pais no ambiente escolar.

Prof. (C): Em 2015, a escola desenvolveu um projeto de leitura com o tema

“contos de fadas”. Foi muito legal esse trabalho com as séries iniciais do

fundamental menor, quando no final do projeto, cada sala fez a apresentação

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do seu conto. Gostei muito desse trabalho, pois os alunos participaram

ativamente.

Ao descreverem projetos desenvolvidos na escola onde trabalham, as

professoras descrevem ações e projetos diferentes, como se não atuassem na

mesma escola, o que nos permite inferir que os projetos não são planejados de

forma interdisciplinar e que são ações pontuais, pois não há uma continuidade,

já que a Prof. (C) fala de um projeto executado em 2015, como se não

houvesse uma continuidade. No entanto, é possível perceber que nas

descrições e respostas fornecidas, por ambas as professoras, que a literatura

infantil tem grande aceitação e significados para alunos e professores no

exercício prático da docência. Seja como exercício docente, ou mesmo, por

imaginação e prazer que a mesma proporciona aos sujeitos participantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Que a literatura infantil é um recurso pedagógico essencial para o

professor, especialmente nas séries iniciais, quando o professor tem um

importante papel para incentivar o aluno no gosto pela leitura, é fato que está

posto por teóricos que atuam campo da literatura. O que buscamos com este

trabalho foi a constatação de que os professores estão conscientes dessa

importância para melhorar a sua prática pedagógica e consequentemente, a

aprendizagem dos seus alunos, o que ficou claro nas respostas dos

professores aos nossos questionamentos de pesquisa.

Com estas argumentações, ora expostas, sobre o universo da literatura

e suas contribuições e implicações para os contextos de sala de aula, partindo

de uma retrospectiva histórica e social de suas relevâncias, entendemos que

os objetivos propostos para este trabalho bibliográfico e de campo, foram num

primeiro momento positivo, haja vista ter gerado reflexão e estudos sobe

diferentes concepções e perspectivas desta importante temática.

25

No entanto, entendo que a grandiosidade de um assunto como este, não

esgota nem limita seu campo de investigação e conhecimento, sendo

necessário que os interessados por questões neste sentido, possam continuar

pesquisando e investigando suas abordagens e significações em sala de aula

e, nos demais ambientes, em que a literatura, particularmente a infantil,

contribui de diversas maneiras para o convívio social e cultural dos sujeitos

envolvidos.

Assim, acredito que este artigo foi de essencial relevância para meu

processo de formação, incluindo minhas experiências como profissional que

atua na educação infantil, uma vez que sempre despertei interesse em

trabalhar com a literatura infantil, por entender que a mesma, não só desperta o

gosto pela leitura, como também, possibilita que os educandos possam criar e

recriar sua imaginação e criatividade como forma de ler e atuar no mundo.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. B823p. Parâmetros

Curriculares Nacionais. 2. Língua portuguesa / Secretaria de Educação

Fundamental. – Brasília: 144p. 1997.

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: Teoria e Prática. Ed.

Ática. Ano n/d.

CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de carvalho. 6° ed. São Paulo.

FERNANDES, Priscila Dantas. O mundo encantado da literatura infantil:

Práticas pedagógicas para formação de professores. UFS 2012.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se

complementam / Paulo freire. – São Paulo: autores associados: Cortez, 1989.

GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literatura Infantil: Múltiplas Linguagens Na

Formação de Leitores / José Nicolau Gregorin Filho. – São Paulo: Editora

Melhoramento, 2009.

OLIVEIRA, Ana Arlinda de.; SPINDOLA, Arilma Maria de Almeida Spindola,

1990). Linguagens na Educação Infantil III – Literatura Infantil – Cuiabá:

Edufmt.

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