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RICARDO GABRIEL BRITO PANTOJA ANÁLISE DA FÓRMULA EMPÍRICA DE HAZEN PARA DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE Natal-RN 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

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RICARDO GABRIEL BRITO PANTOJA

ANÁLISE DA FÓRMULA EMPÍRICA DE HAZEN

PARA DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE

PERMEABILIDADE

Natal-RN

2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Ricardo Gabriel Brito Pantoja

ANÁLISE DA FÓRMULA EMPÍRICA DE HAZEN

PARA DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

Trabalho de Conclusão do Curso na

modalidade Artigo Científico, submetido ao

Departamento de Engenharia Civil da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

como parte dos requisitos necessários para

obtenção do Título de Bacharel em Engenharia

Civil.

Orientador: Prof. Dr. Fagner Alexandre de

Nunes França

Natal-RN

2019

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Pantoja, Ricardo Gabriel Brito.

Análise da fórmula empírica de Hazen para determinação do coeficiente de permeabilidade / Ricardo Gabriel Brito Pantoja. -

2019.

22 f.: il.

Artigo científico (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia

Civil. Natal, RN, 2019.

Orientador: Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França.

1. Condutividade hidráulica - TCC. 2. Fórmula de Hazen - TCC.

3. Métodos indiretos - TCC. I. França, Fagner Alexandre Nunes de.

II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 631.432.3

Elaborado por FERNANDA DE MEDEIROS FERREIRA AQUINO - CRB-15/301

Ricardo Gabriel Brito Pantoja

Análise da fórmula empírica de Hazen para determinação do coeficiente de

permeabilidade

Trabalho de conclusão de curso na modalidade

Artigo Científico, submetido ao Departamento

de Engenharia Civil da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte como parte dos

requisitos necessários para obtenção do título

de Bacharel em Engenharia Civil.

___________________________________________________

Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França – Orientador

___________________________________________________

Profa. Ma. Cibele Gouveia Costa Chianca – Examinador interno

___________________________________________________

Eng. Marcio Avelino de Medeiros – Examinador externo

Natal-RN

2019

4

RESUMO

A permeabilidade, ou condutividade hidráulica, de um solo é uma das

propriedades mais importantes no estudo da geotecnia, seu conceito se dá como a

facilidade de passagem de um fluido por um meio poroso. A determinação desta

propriedade pode ser feita de várias maneiras diferentes, como por ensaios de

laboratório, ensaios de campo e pelos métodos indiretos. Este trabalho buscou

encontrar, por meio de pesquisa bibliográfica, um coeficiente empírico pelo qual fosse

possível determinar o coeficiente de permeabilidade de um solo arenoso utilizando

apenas a curva granulométrica, como proposto pelo cientista inglês Allen Hazen. A

partir da pesquisa realizada foi atingido um coeficiente condizente com boa parte da

literatura consultada, no valor de 106.

Palavras-chave: Condutividade hidráulica, Fórmula de Hazen, métodos indiretos.

ABSTRACT

Permeability, or hydraulic conductivity, of a soil is one of the most important

properties in the study of geotechnics, its concept is given as the ease of passage of a

fluid through a porous medium. The determination of this property can be done in

several different ways, such as through laboratory tests, field trials and indirect

methods. This work sought to find, by means of bibliographical research, an empirical

coefficient by which it was possible to determine the permeability coefficient of a sandy

soil using only the granulometric curve, as proposed by the English scientist Allen

Hazen. From the research carried out, a coefficient corresponding to a good part of the

literature was reached, in the value of 106.

Keywords: Hydraulic conductivity, Hazen’s Equation, indirect methods.

5

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Das (2008) as massas de solo consistem em partículas sólidas

de variados tamanhos com interconexão por meio de espaços vazios. Esses espaços

vazios contínuos em um solo permitem a água fluir de um ponto de alta energia

potencial para um ponto de baixa energia potencial.

A permeabilidade dos solos tem um efeito decisivo no custo e dificuldade de

muitas operações construtivas (TERZAGHI ET AL. 1996). A necessidade de se

conhecer o coeficiente de permeabilidade dos solos é abundante, pois sua aplicação

acontece em diversos problemas como a construção de estradas e barragens, sistemas de

drenagem, irrigação, etc.

Para a determinação da permeabilidade de um solo existem três formas: Os

métodos experimentais, os métodos de campo e os métodos indiretos. Este trabalho se

dedica ao estudo do método indireto mais utilizado na atualidade, a fórmula empírica de

Hazen. A determinação da permeabilidade a partir dessa fórmula é feita por meio do

diâmetro efetivo através de uma análise da curva granulométrica. Para tanto, é feito o

ensaio de determinação da composição granulométrica, que é regido no Brasil pela

Norma NBR 7217.

Segundo Rahimi (1977), o problema da permeação de um fluido através de um

meio poroso e, consequentemente, o conceito de permeabilidade já tem um lugar

significativo na pesquisa científica desde o início do século XIX, embora já havia sido

discutido antes mesmo disso. Em 1856, Darcy descobriu a existência de uma

proporcionalidade da vazão de um fluido através de um meio poroso para o produto da

área da seção transversal do meio e o gradiente hidráulico do sistema, desde então

vários engenheiros e cientistas têm investigado as variáveis que influenciam o

coeficiente de permeabilidade e os seus métodos de determinação.

Devido à recente e rápida evolução dos recursos hídricos subterrâneos nos

últimos anos, existe uma necessidade crescente de um método simplificado

para determinar a permeabilidade e o bom rendimento de uma formação de

areia e cascalho quando apenas uma análise log e peneira da formação está

disponível. (ROSE; SMITH 1957, p.2)

6

No século XIX, o inglês Allen Hazen desenvolveu uma fórmula empírica para

estimar a permeabilidade (ou hidráulica condutividade) de areias saturadas. O presente

trabalho tem como objetivo principal a obtenção de um coeficiente empírico para essa

fórmula por meio de dados obtidos experimentalmente por vários pesquisadores,

realizados em solos arenosos de diferentes áreas do mundo. Além disso, foiverificada a

aplicação da fórmula com o coeficente obtido em cada um dos solos pesquisados e foi

feito o comparativo desse coeficiente com aqueles da literatura existente.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. GRANULOMETRIA

A análise granulométrica tem como objetivo determinar o tamanho dos grãos

que compõem um determinado solo e a distribuição relativa ao peso do material

passante ou retido em peneiras graduadas de acordo com a norma regente, no caso do

Brasil a NBR 7217. A representação gráfica dessas proporções de peso se dá por meio

da curva granulométrica, essa curva é esquematizada através dos pontos obtidos de

forma semi-logarítmica, onde o eixo das abscissas representa as dimensões dos grãos

em escala logarítmica e o eixo das ordenadas representa a porcentagem passante ou

retida dos material em escala aritmética.

Dentro dos parâmetros que podem ser obtidos a partir da curva granulométrica,

o mais importante para este estudo é o diâmetro efetivo (Def ou D10) que corresponde ao

valor no qual 10% de todo o peso do material passante é formado de partículas menores

que ele. Outro parâmetro a ser observado é o coeficiente de não uniformidade (CNU),

ou coeficiente de uniformidade (CU), que é conceituado como a razão entre os

diâmetros correspondentes às proporções de 60% e 10% de material passante,

observados na curva granulométrica, conforme exposto na Figura 2. Essa relação entre

os diâmetros é expressa na equação a seguir:

Através dessa razão os solos podem ser classificados da seguinte forma:

CNU < 5 Solos muitos uniformes;

5 < CNU < 15 Solos medianamente uniformes;

CNU > 15 Solos desuniformes;

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Figura 2 – Diâmetros D10 e D60 na curva

granulométrica.

Fonte: CAPUTO (1967).

2.2. PERMEABILIDADE

Segundo Caputo (2008), a permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta

de permitir o escoamento da água através dele, sendo o seu grau de permeabilidade

expresso numericamente pelo coeficiente de permeabilidade.

O coeficiente de permeabilidade é feito considerando que o fluxo de água no

solo é regido pela Lei de Darcy, estabelecida em 1856 pelo engenheiro francês Henry

Darcy. Essa lei, bastante conhecida, define que a velocidade de percolação da água é

diretamente proporcional ao gradiente hidráulico , este sendo a relação entre e variação

da carga na percolação pelo comprimento ao longo do qual a carga se dissipa . A Lei

de Darcy é expressa da seguinte forma:

Onde:

= vazão

= Área do permeâmetro

8

= uma constante para cada solo, que recebe o nome de coeficiente de

permeabilidade.

A vazão dividida pela área indica a velocidade com que a água sai da areia. A

velocidade é chamada de velocidade de percolação. Em função dela, a Lei de Darcy

passa a ser:

Esse parâmetro é expresso geralmente em cm/s ou m/s.

2.2.1. DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

A determinação do coeficiente de permeabilidade dos solos é feita por meio

dos seguintes procedimentos:

a) Permeâmetro de carga constante

Esse procedimento é aplicado mais comumente em solos arenosos e ocorre de

maneira análoga ao experimento de Darcy, cuja configuração é apresentada na figura 3.

Para a realização do ensaio é mantida a carga constante h, durante um certo período de

tempo t e mede-se a quantidade de água Q que passa por um volume de solo de

dimensões (Área da seção “A” e altura “L”) conhecidas.

Figura 3 – Esquema de permeâmetro de

carga constante

Fonte: PINTO (2006).

9

Após medida a vazão, é possível se obter o coeficiente de permeabilidade do

solo por correlação direta com a Lei de Darcy:

b) Permeâmetro de carga variável

É empregado geralmente em ensaios com solos finos de baixa permeabilidade,

uma vez que a determinação do k pelo permeâmetro de carga constante tem baixa

precisão. A montagem deste experimento segue conforme a Figura 4:

Figura 4 – Esquema de um

permeâmetro de carga variável

Fonte: PINTO (2006).

È medida a vazão Q que passa pela bureta superior de área transversal a e o

intervalo de tempo dt para o qual o nível da água sofre uma variação dh. Essa relação é

expressa pela equação:

Tendo em vista que a vazão que transcorre na bureta é igual a vazão que passa

pelo solo e a aplicação da Lei de Darcy:

10

Logo, tem-se que:

Em seguida essa equação é integrada sob os limites convenientes (h=hi; t=ti e

h=hf e t=tf), resultando em:

E por fim:

c) Ensaios de campo

Os ensaios in situ são classificados a partir do diferencial da carga aplicada e

dos procedimentos de execução. Os ensaios de nível constante são o ensaio de

infiltração e o ensaio de bombeamento, já os de nível variável são o ensaio de

rebaixamento e o ensaio de recuperação. Esses procedimentos consistem na carga ou

descarga d’água através de sondagens, poços ou cavas e na medição do tempo e da taxa

de variação do nível d’água.

Um método prático e rápido para determinação in situ da condutividade

hidráulica é o permeâmetro de Guelph, no qual é aplicada uma carga constante em um

furo de sondagem. Seu uso foi projetado para medição de solos com condutividade

hidráulica entre 10-2

e 10-6

e fora desse limite as medições podem ser consideradas

imprecisas (AGUIAR, 2001).

d) Métodos indiretos

Os métodos indiretos têm como base a curva granulométrica e o ensaio de

adensamento.

11

2.2.2. VALORES TÍPICOS DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

O coeficiente de permeabilidade dos solos é diretamente proporcional ao

tamanho de suas partículas, isso ocorre devido ao menor número de vazios que

permitem a passagem da água por ele. A tabela a seguir mostra uma ordem de grandeza

para solos sedimentares:

Tabela 1 – Valores típicos do coeficiente de permeabilidade

Tipo de solo Coeficiente de permeabilidade

Argilas <10-9

m/s

Siltes 10-5

a 10-9

m/s

Areias argilosas 10-7

m/s

Areias finas 10-5

m/s

Areias médias 10-4

m/s

Areias grossas 10-3

m/s

Fonte: Adaptado de PINTO (2006).

2.3. FÓRMULA EMPÍRICA DE HAZEN

A permeabilidade pode ser estimada empiricamente a partir de índices de

distribuição granulométrica. A fórmula de Hazen é, dentre os métodos empíricos, o

mais freqüentemente encontrado na literatura e o mais utilizado para determinação do

coeficiente de permeabilidade do solo (Onur, 2014). Essa equação foi concebida em

1892 por Allen Hazen, proveniente de sua investigação sobre filtros de areia.

A fórmula de Hazen é empregada preferencialmente para areias fofas e

uniformes, e escreve -se:

Onde k é obtido em cm/s, sendo D10 dado em centímetros.

Segundo Onur (2014), a vantagem da fórmula de Hazen é a rapidez e

praticidade pelo qual um grande número de amostras em um certo local pode ser

12

determinado em comparação com a realização de ensaios com permeâmetros ou in

loco.

A tabela abaixo indica intervalos para o coeficiente C procedentes de alguns

autores:

Tabela 2: Comparativo do coeficiente de diversos

autores.

Limites do coeficiente C Referência (ano)

Inferior Superior -

41 146 Taylor (1948)

100 150 Leonards (1962)

100 1000 Mansur e Kaufman

(1962)

100 150 Terzaghi e Peck (1964)

90 120 Cedergren (1967)

1 42 Lambe e Whitman

(1969)

40 120 Holtz e Kovacs (1981)

50 200 Terzaghi et al. (1996)

100 150 Das (1997)

80 120 Coduto (1999)

Fonte: Adaptado de Carrier (2003).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a elaboração do trabalho foi feita a coleta de resultados experimentais de

ensaios granulométricos e de permeabilidade feitos por diversos autores e em

localidades distintas do mundo utilizando a rede mundial de computadores. Os critérios

de entrada para busca dos dados requeridos foram: solos arenosos, sua distribuição

granulométrica e o valor do seu coeficiente de permeabilidade.

Utilizando o software Excel, foi produzido o gráfico de dispersão dos pontos

obtidos pelos eixos representativos dos valores do quadrado do diâmetro efetivo (em

13

cm) e da permeabilidade (em cm/s), com a conversão dos valores dos diâmetros efetivos

de milímetros para centímetros para obter-se uma correlação entre os eixos que encaixa-

se na configuração da Fórmula de Hazen [ ]. Em seguida foi

criada uma linha de tendência gerada por meio de regressão linear, tal qual a equação

desta reta representa a fórmula de Hazen com o coeficiente C que melhor reproduz os

dados obtidos. Além disso foi gerado o coeficiente de correlação da determinação da

reta ajustada.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Gráfico 1 – Coeficiente de Permeabilidade (k) X diâmetro efetivo ao quadrado

(D10²).

Fonte: AUTORIA PRÓPRIA.

A partir da linha de tendência gerada é possível identificar o coeficiente C, com

um valor de 105,95. Para uso mais adequado o coeficiente adotado é 106, sendo

dispensável o emprego de duas casas decimais, sobretudo para determinação dos baixos

valores dos coeficientes de permeabilidade de solos arenosos. Portanto, a fórmula de

Hazen obtida é expressa como:

(Equação 1)

y = 105,95x R² = 0,9406

1,00E-08

1,00E-04

2,00E-04

3,00E-04

4,00E-04

5,00E-04

6,00E-04

0 0,001 0,002 0,003 0,004 0,005 0,006

k (c

m/s

)

D10² (cm²)

14

Esse resultado é condizente com os limites de valores indicados na Tabela 2,

apresentada na seção 2.3. Tal valor também se aproxima do estipulado pelo próprio

Hazen, que o indicava entre 50 e 200 (Pinto, 2006) e é frequentemente assumido como

100. Além disso foi obtido um coeficiente de correlação (R²) de 0,9406, indicando um

grau de confiabilidade de 94,06% para a relação na variação do coeficiente de

permeabilidade com a variação do diâmetro efetivo ao quadrado.

A Tabela 3, a seguir, mostra as informações dos dados coletados relativos ao

diâmetro efetivo, permeabilidade obtida através de ensaio, permeabilidade obtida

através da fórmula de Hazen, método de ensaio e região da qual a areia foi amostrada.

15

Tabela 3 – Resultados da pesquisa e coeficiente de permeabilidade estimado.

Solo D10 (mm)

k (cm/s) k estimado a partir do C

obtido Método de ensaio Região D60

U = D60/D10

01 0,015 1,00E-03 2,39E-04 Permeâmetro de carga constante Rio Danúbio, próximo à

Ráckeve (Hungria) 0,4 26,7

02 0,18 5,70E-04 3,43E-02 Permeâmetro de carga constante Quinta da Portela (Portugal) 0,3 1,7

03 0,24 2,68E-02 6,11E-02 Permeâmetro de carga constante Rio Tocantins, próximo à

Tucuruí - PA 0,38 1,6

04 0,25 1,00E-02 6,63E-02 Permeâmetro de carga constante Próximo à Nova Canaã do

Norte - MT 0,42 1,7

05 0,004 9,73E-04 1,70E-05 Permeâmetro de

Guelph do modelo 2800K1 Nova Friburgo - RJ 0,36 90,0

06 0,7 5,23E-01 5,19E-01 Permeâmetro de carga constante Maricá - RJ 1,2 1,7

07 0,14 2,20E-02 2,08E-02 Permeâmetro de carga constante - 0,2 1,4

08 0,15 2,65E-02 2,39E-02 - - 1,1 7,3

09 0,16 1,20E-04 2,71E-02 Permâametro de carga variável Região Metropolitana de

Salvador - BA 0,3 1,9

10 0,18 2,00E-02 3,43E-02 - Osasco - SP 0,55 3,1

11 0,06 1,19E-04 3,82E-03 Permeâmetro de Guelph Campo Grande - RJ 0,6 10,0

12 0,05 1,00E-03 2,65E-03 Permeâmetro de Guelph Costa Brava - RJ 0,8 16,0

13 0,01 3,50E-05 1,06E-04 Permeâmetro de Guelph Rio Bonito - RJ 0,95 95,0

Fonte: AUTORIA PRÓPRIA.

16

Tabela 3 – Resultados da pesquisa e coeficiente de permeabilidade estimado.

14 0,2 8,00E-02 4,24E-02 Permeâmetro de carga constante Região oeste do estado do Rio

Grande do Sul 0,33 1,7

15 0,23 5,90E-03 5,61E-02 Permeâmetro de carga constante São Carlos - SP 0,85 3,7

16 0,13 1,70E-02 1,79E-02 Permeâmetro de carga constante Nanjing (China) 0,36 2,8

17 0,14 2,00E-02 2,08E-02 Permeâmetro de carga constante Bushehr (Irã) 0,31 2,2

18 0,12 3,50E-02 1,53E-02 Permeâmetro de carga constante

Laore (Paquistão)

0,25 2,1

19 0,28 1,38E-01 8,31E-02 Permeâmetro de carga constante 0,68 2,4

20 0,21 8,30E-02 4,67E-02 Permeâmetro de carga constante 0,47 2,2

21 0,21 6,40E-02 4,67E-02 Permeâmetro de carga constante 0,52 2,5

Fonte: AUTORIA PRÓPRIA.

17

Como se pode observar, os resultados dos ensaios de permeabilidade

encontram-se na ordem de 10-5

até 10-1

. De acordo com Pinto (2006), os valores da

Tabela 1 representam apenas uma ordem de grandeza, pois o que determina o

coeficiente de permeabilidade são os finos do solo e não a predominância de um

tamanho de grãos. Terzaghi (1996) constata, a partir de estudos de laboratório

realizados por Kenney (1984), indicativos de que o coeficiente de não uniformidade

uniformidade (CNU) entre 1.04 e 12 têm pouca influência na permeabilidade do solo.

Outros fatores que influenciam na permeabilidade dos solos são a temperatura, o grau

de saturação, a estrutura e a anisotropia.

Os resultados com maior variação entre os coeficientes de permeabilidade

obtidos a partir da fórmula encontradas e aqueles extraidos da bibliografia ocorreram

nos solos 01, 02, 05, 09, 11, 13 e 15.

Dentre esses estão os três solos com maior CNU (01, 05 e 13), o que

indica como verdadeira a proposição de que a fórmula empírica de

Hazen é menos eficaz quando utilizada em solos não uniformes.

No solo 02 foi identificada a presença de mica. Essas partículas

lamelares podem formar pontes entre as partículas granulares,

impedindo a passagem de água pelo meio (SANTOS, 2016).

O experimento utilizado para o solo 09 ocorreu à carga variável

incorrendo em um processo de drenagem que pode ter afetado o

coeficiente de permeabilidade.

Nos solos 11 foi empregado o permeâmetro de Guelph para a condução

do ensaio, por ser um ensaio realizado in situ as condições do solo são

mais propensas à variações.

Não puderam ser identificadas anormalidades no solo 05.

18

5. CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo investigar a utilização da fórmula

empírica de Hazen em solos arenosos, obtendo um valor para o seu coeficiente empírico

C. A pesquisa bibliográfica resultou na coleta de dados de 21 solos, referentes à

distribuição granulométrica e coeficiente de permeabilidade dos mesmos.

O valor obtido para o coeficiente C foi 106, estando de acordo com os

seguintes autores: Taylor (1948), Leonards (1962), Mansur e Kaufman (1962), Terzaghi

e Peck (1964), Cedergren (1967), Holtz e Kovacs (1981), Terzaghi et al. (1996), Das

(1997), Coduto (1999). A partir do valor alcançado foi atingida uma boa estimativa do

coeficiente de permeabilidade para os solos 03, 04, 06, 07, 08, 10,12, 14, 16, 17, 18, 19,

20 e 21, representando 66,7% dos solos analisados. O trabalho deixa ainda espaço para

uma análise mais minuciosa do tema, no qual seriam desmembrados os vários fatores

como o método de ensaio, a calssificação do solo, um limite superior e inferior para o

coeficiente C, etc.

19

6. REFERÊNCIAS

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NA DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE DO SOLO, DE CAMADAS DE

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