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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Jarmilla Bow-ltaif Garcia Investigação do papel dos receptores 5-HT 3 da substância cinzenta periaquedutal dorsal na modulação dos comportamentos relativos à ansiedade no labirinto em cruz elevado e no campo aberto em ratos Natal Junho/2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Jarmilla Bow-ltaif Garcia

Investigação do papel dos receptores 5-HT3 da substância cinzenta

periaquedutal dorsal na modulação dos comportamentos relativos à ansiedade

no labirinto em cruz elevado e no campo aberto em ratos

Natal

Junho/2015

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Jarmilla Bow-ltaif Garcia

Investigação do papel dos receptores 5-HT3 da substância cinzenta

periaquedutal dorsal na modulação dos comportamentos relativos à ansiedade

no labirinto em cruz elevado e no campo aberto em ratos

Natal

Junho/2015

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, como pré-requisito para a obtenção do

título de Mestre em Ciências Biológicas. Orientadora: Profa. Dra. Vanessa de Paula

Soares Rachetti.

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Jarmilla Bow-Ltaif Garcia

Investigação do papel dos receptores 5-HT3 da substância cinzenta periaquedutal

dorsal na modulação dos comportamentos relativos à ansiedade no labirinto em cruz

elevado e no campo aberto em ratos.

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, como pré-requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas.

Dissertação aprovada em: 25/06/15

Banca examinadora:

Profa. Dra. Vanessa de Paula Soares Rachetti - Orientadora

Departamento de Biofísica e Farmacologia - UFRN

Profa. Dra. Elaine Cristina Gavioli

Departamento de Biofísica e Farmacologia – UFRN

Prof. Dr. José Rodolfo Lopes de Paiva Cavalcanti

Departamento de Ciências Biomédicas - UERN

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AGRADECIMENTOS

Agradeço:

A Deus pelo dom da vida, por me iluminar nos momentos difíceis, pela força e

determinação para a realização desse trabalho.

Aos meus pais pelo amor e afeto incondicionais, por me acompanharem e me darem

apoio em todos os momentos importantes da minha vida, por me ensinarem que

devemos fazer tudo com alegria e entusiasmo e que devemos ter perseverança

frente aos desafios, por oferecerem suporte educacional, que além de outras coisas,

foi importante para a execução desse trabalho.

Ao meu irmão Khalil pelos momentos de alegria e companheirismo, apesar da

distância física que estamos.

Ao meu namorado Ícaro pelo seu amor, carinho, companheirismo, paciência e

tranquilidade nos meus ―momentos de estresse‖, por me apoiar e incentivar durante

toda essa jornada, e fora dela. Somos parceiros para toda a vida, te amo!

Aos meus amigos do Farmacolab: a Raliny, ao Aldo, a Rebecca (a menina mais

chique do CB!), a Marana (Ops! Manara) e a Bárbara, pelo apoio em diversas

atividades do laboratório, pela convivência sempre afetuosa de vocês, pelas

conversas bastante animadas e enriquecedoras sobre temas científicos, pelos

momentos de descontração também, enfim a minha experiência no laboratório não

teria sido a mesma sem vocês!

Aos amigos com que a vida me presenteou: a Marília Oliveira, a Raíza Guerra, a

Sarah Sakamoto, a Juliana Oliveira, a Luênia Tavares e a Daniele Almeida que

sempre me apoiaram e torceram pelo meu sucesso.

À professora Dra. Vanessa de Paula Soares Rachetti por todo o suporte durante o

mestrado, pelos ensinamentos que muitas vezes extrapolaram os assuntos de

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trabalho, pela paciência, por me ajudar a desenvolver um pensamento crítico acerca

dos assuntos científicos, o que me fez ser uma pessoa ainda mais empolgada com a

psicofarmacologia, além de ser uma incentivadora e entusiasta da vida! Jamais vou

esquecer esses momentos de aprendizado e alegria! Muito obrigada por tudo!

Ao Dr. Bruno Lobão Soares e à Dra. Alianda Maíra Cornélio da Silva pela

disponibilidade e importantes considerações.

À Dra. Elaine Cristina Gavioli e ao Dr. José Rodolfo Lopes de Paiva Cavalcanti por

aceitarem o convite para participar da banca de defesa e pelas sugestões que irão

contribuir com o desenvolvimento desse trabalho.

.

Aos técnicos do Laboratório de Farmacologia Experimental, à Carla, ao César e ao

Flávio, que, em diversas vezes, me deram apoio durante as atividades realizadas no

laboratório.

Ao LEME (Laboratório de Estudos da Memória) pela disponibilização do criostato

para o preparo das lâminas histológicas.

Aos ratinhos que foram importantes para a realização desse trabalho.

A Capes pelo auxílio financeiro.

A todos que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente para a realização

desse trabalho.

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Tenho a impressão de ter sido uma criança brincando à beira-mar, divertindo-me em

descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma concha mais bonita que as outras,

enquanto o imenso oceano da verdade continua misterioso diante de meus olhos

(Isaac Newton)

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RESUMO

A ansiedade é um estado emocional caracterizado por alterações fisiológicas e

psicológicas que oferecem uma sensação desagradável ao indivíduo. No entanto,

esse comportamento tem grande valor adaptativo, uma vez que alerta o indivíduo

sobre os possíveis perigos que determinada situação possa oferecer. Já foram

identificadas várias regiões encefálicas relacionadas ao substrato neural da

ansiedade e dentre elas pode-se citar a substância cinzenta periaquedutal (SCP).

Além disso, diversos estudos demonstraram o envolvimento do sistema

serotonérgico da porção dorsal da SCP (SCPD) na modulação de comportamentos

relativos à ansiedade. Tendo em vista isso, o objetivo desse trabalho foi avaliar o

papel dos receptores 5-HT3 da SCPD na modulação de comportamentos

relacionados à ansiedade e locomoção em ratos testados no labirinto em cruz

elevado (LCE) e no campo aberto (CA). Ratos Wistar receberam a microinjeção do

antagonista do receptor 5-HT3 dolasetron (100 ng, 500 ng e 1000 ng) (experimento

1), do agonista do receptor 5-HT3 m-Chlorophenylbiguanide (mCPBG) (2,5 µg, 5 µg

e 10 µg) (experimento 2) ou de salina na SCPD. Após as administrações os ratos

foram colocados no LCE e seus comportamentos foram avaliados durante 5

minutos. Vinte e quatro horas depois, os animais receberam as mesmas doses com

que foram microinjetados no dia anterior na SCPD e seus comportamentos foram

avaliados no CA durante 15 minutos. No experimento 1, a microinjeção do

dolasetron não alterou os parâmetros de ansiedade e locomoção no LCE e CA. Já

no experimento 2, o mCPBG nas doses de 5 µg e de 10 µg produziu efeito

ansiolítico no LCE sem promover alteração locomotora no animal. Esses resultados

sugerem que a ativação dos receptores 5-HT3 da SCPD favorece um efeito

ansiolítico em ratos avaliados no LCE.

Palavras-chave: Ansiedade. Substância cinzenta periaquedutal dorsal. Serotonina.

Receptor 5-HT3. Dolasetron. m-Chlorophenylbiguanide (mCPBG). Labirinto em cruz

elevado. Campo aberto.

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ABSTRACT

Anxiety is an emotional state characterized by physiological and psychological

changes that provide an unpleasant feeling to the individual. However this behavior

has great adaptive value, since it alerts the individual about possible dangers that

particular situation can offer. It has been identified various brain regions related to

neural substrate of anxiety and, among them, it is the periaqueductal gray matter

(PAG). Several studies have demonstrated the involvement of serotonergic system of

the dorsal portion of PAG (DPAG) in the modulation of behaviors related to anxiety.

In view of this, the objective of this study was to evaluate the role of 5-HT3 receptors

of the DPAG in the modulation of behaviors related to anxiety and locomotion in rats

tested in the elevated plus maze (EPM) and open field (OF). Wistar rats received

microinjection of 5-HT3 receptor antagonist dolasetron (100ng, 500ng and 1000ng)

(experiment 1), 5-HT3 receptor agonist m-Chlorophenylbiguanide (mCPBG) (2,5μg,

5μg and 10mg) (Experiment 2) or saline 0.9% in the DPAG. After 10 minutes

(experiment 1) or 5 minutes (Experiment 2), the rats were placed in the EPM and

their performances were evaluated during 5 minutes. Twenty-four hours later the

animals received the same doses that were microinjected on the previous day in the

DPAG and after 10 minutes (experiment 1) or 5 minutes (experiment 2) were placed

in OF and their behaviors were assessed for 15 minutes. In experiment 1

microinjection of dolasetron did not change the parameters of anxiety and locomotion

in EPM and OF. In the experiment 2, the mCPBG at doses of 5μg and 10mg

produced anxiolytic effect in EPM without changes in locomotor behavior. These

results suggest that activation of 5-HT3 receptors in the SCPD eliciate an anxiolytic

effect in rats evaluated in EPM.

Key words: Anxiety. Dorsal periaqueductal gray matter. Serotonin. 5-HT3 receptor.

Dolasetron, m-Chlorophenylbiguanide (mCPBG). Elevated plus maze. Open field.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo da SCP 18

Figura 2 – Arquitetura do receptor 5-HT3 26

Figura 3 – Dolasetron 34

Figura 4 – mCPBG 34

Figura 5 – Labirinto em cruz elevado 37

Figura 6 – Campo Aberto 38

Figura 7 – Fluxograma geral das etapas metodológicas empregadas

no trabalho 38

Figura 8 – Fluxograma do experimento 1 39

Figura 9 – Fluxograma do experimento 2 40

Figura 10 – Representação esquemática dos sítios de microinjeção

na SCPD de ratos 42

Figura 11 – Efeito do dolasetron (100ng, 500ng e 1000ng) microinjetado

na SCPD de ratos sobre a porcentagem de entradas e

tempo nos braços abertos do LCE 43

Figura 12 – Efeito do mCPBG (10µg, 5µg e 2,5µg) microinjetado na

SCPD de ratos sobre a porcentagem de entradas e tempo

nos braços abertos do LCE 46

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Efeito do dolasetron (100ng, 500ng e 1000ng) microinjetado 44

na SCPD de ratos sobre o número de entradas e tempo nos

braços abertos, número de entradas nos braços fechados e

número total de entradas do LCE

Tabela 2 Efeito do dolasetron (100ng, 500ng e 1000ng) microinjetado 44

na SCPD de ratos sobre os índices etológicos do LCE.

Tabela 3 Efeito do dolasetron (100ng, 500ng e 1000ng) microinjetado 45

na SCPD de ratos sobre o índice de locomoção do CA.

Tabela 4 Efeito do dolasetron (100ng, 500ng e 1000ng) microinjetado 45

na SCPD de ratos sobre os parâmetros de ansiedade

avaliados no CA.

Tabela 5 Efeito do mCPBG (2,5µg, 5µg e 10µg) microinjetado na SCPD 47

de ratos sobre o número de entradas e tempo nos braços abertos

(valores absolutos), número de entradas nos braços fechados

e número total de entradas do LCE.

Tabela 6 Efeito do mCPBG (2,5µg, 5µg e 10µg) microinjetado na SCPD 47

de ratos sobre os índices etológicos do LCE

Tabela 7 Efeito do mCPBG (10µg, 5µg e 2,5µg) microinjetado na SCPD 48

de ratos sobre o índice de locomoção do CA.

Tabela 8 Efeito do mCPBG (10µg, 5µg e 2,5µg) microinjetado na SCPD 48

de ratos sobre os parâmetros de ansiedade avaliados no CA.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDZ Benzodiazepínico

DALY Disability-Adjusted Life Year

DEC Domínio extracelular

DMT Domínio transmembrana

DIC Domínio intracelular

DSM Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

LCE Labirinto em cruz elevado

LTE Labirinto em T elevado

NMR Núcleo mediano da fafe

NDR Núcleo dorsal da rafe

PCPA Paraclorofenilalanina

PEC Postura de esticar o corpo protegido

RBF Retorno aos braços fechados

SCP Substância cinzenta periaquedutal

SCPD Substância cinzenta periaquedutal dorsal

TIS Teste de interação social

TP Transtorno do pânico

TAG Transtorno de ansiedade generalizada

WHO World Health Organization

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................13

1.1 ANSIEDADE.......................................................................................................13

1.2 A SUBSTÂNCIA CINZENTA PERIAQUEDUTAL NO SUBSTRATO NEURAL

DA ANSIEDADE.......................................................................................................17

1.3 O SISTEMA SEROTONÉRGICO NA ANSIEDADE...........................................19

1.4 O RECEPTOR 5-HT3: ESTRUTURA E FUNÇÃO..............................................25

1.5 O RECEPTOR 5-HT3 NA ANSIEDADE: ESTUDOS CLÍNICOS E

PRÉ-CLÍNICOS........................................................................................................27

2. OBJETIVOS.........................................................................................................32

2.1 OBJETIVO GERAL.............................................................................................32

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................32

3. MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................33

3.1 ANIMAIS.............................................................................................................33

3.2 DROGAS............................................................................................................33

3.3 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS..............................................................34

3.3.1 CIRURGIA ESTEREOTÁXICA PARA O IMPLANTE DA CÂNULA GUIA......34

3.3.2 HABITUAÇÃO.................................................................................................35

3.3.3 MICROINJEÇÃO INTRA-SCPD......................................................................35

3.4 APARATOS EXPERIMENTAIS..........................................................................36

3.4.1 LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO (LCE)........................................................36

3.4.2 CAMPO ABERTO............................................................................................37

3.5 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL...................................................................38

3.5.1 EXPERIMENTO 1............................................................................................39

3.5.2 EXPERIMENTO 2............................................................................................39

3.6 PERFUSÃO........................................................................................................40

3.7 HISTOLOGIA......................................................................................................40

3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA.....................................................................................41

4. RESULTADOS.....................................................................................................42

4.1HISTOLOGIA......................................................................................................42

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4.2 EXPERIMENTO 01: OS EFEITOS DA MICROINJEÇÃO DO DOLASETRON NA

SCPD DE RATOS SUBMETIDOS AO LCE..............................................................43

4.3 EXPERIMENTO 01: OS EFEITOS DA MICROINJEÇÃO DO DOLASETRON NA

SCPD DE RATOS SUBMETIDOS AO CA ...............................................................44

4.4 EXPERIMENTO 02: OS EFEITOS DA MICROINJEÇÃO DO MCPBG NA SCPD

DE RATOS SUBMETIDOS AO LCE.........................................................................45

4.5 EXPERIMENTO 02: OS EFEITOS DA MICROINJEÇÃO DO mCPBG NA SCPD

DE RATOS SUBMETIDOS AO CA..........................................................................47

5. DISCUSSÃO........................................................................................................49

6. CONCLUSÃO......................................................................................................59

REFERÊNCIAS........................................................................................................60

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1 INTRODUÇÃO

1.1 ANSIEDADE

Não é de hoje a curiosidade e o temor dos seres humanos com relação ao

universo que abrange os transtornos mentais. Era tendência dos médicos dos

séculos XVI e XVII, por exemplo, inferir que entidades sobrenaturais seriam, em

parte, responsáveis por alterações comportamentais visualizadas em pacientes

portadores de epilepsia, cuja causa racional ainda não havia sido completamente

elucidada (RIEMENSCHNEIDER, 2004).

Atualmente, centenas de transtornos mentais são classificados e catalogados,

podendo ser encontrados em um guia denominado Manual Diagnóstico e Estatístico

de Transtornos Mentais (DSM), o qual ao longo dos anos se tornou ferramenta

indispensável aos profissionais da saúde para o diagnóstico dessas enfermidades

(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013).

A fim de criar as bases para o entendimento desses transtornos, é

imprescindível primeiramente compreender como funcionam os sistemas de

neurotransmissão e áreas encefálicas correlacionadas, em indivíduos normais, e

com isso produzir o conhecimento científico que futuramente pode contribuir para

resolução dessas afecções. Tendo em vista isso, tornar-se-ia interessante ampliar os

conhecimentos a respeito do substrato neural da ansiedade, já que alterações nos

mecanismos neurais relativos a essa emoção poderiam ser a causa dos transtornos

de ansiedade (ROTH, 1994; BELZUNG; GRIEBEL, 2001).

A ansiedade é um estado emocional caracterizado por alterações psicológicas

e fisiológicas que causam uma sensação desagradável ao indivíduo. O componente

psicológico caracteriza-se pela percepção negativa de determinada situação e da

necessidade de desvencilhar-se da mesma, a fim de eliminar o desconforto gerado

por esse estado de desprazer. Além disso, indivíduos ansiosos podem ser

acometidos por pensamentos negativos, gerando preocupação e antecipação de

possíveis sofrimentos. Por fim, a dificuldade de dormir também pode se configurar

em estados ansiosos. É interessante observar que o conceito atual de ansiedade,

em sua essência, não se desligou da sua origem grega, proveniente do radical

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Anshein, o qual significa estrangular, sufocar e oprimir (GRAEFF; GUIMARÃES,

2005; BRANDÃO, 2004).

Já com relação ao componente fisiológico, destaca-se a ativação do sistema

nervoso autônomo, o qual é dividido em sistema nervoso simpático e

parassimpático. A estimulação do primeiro pode promover a elevação da frequência

cardíaca e da pressão arterial, sudorese, tremores ou sensação de falta de ar.

Quando o segundo sistema é excitado, pode-se observar aumento da secreção

gástrica e aumento da motilidade intestinal (GRAEFF; GUIMARÃES, 2005).

É interessante salientar que estas alterações, tanto psicológicas quanto

fisiológicas, são normais e fazem parte da vida cotidiana de qualquer indivíduo

durante uma situação que gere ansiedade (DURANT; CHRISTMAS; NUTT, 2010).

Mas, apesar de a ansiedade ser responsável por essas sensações incômodas, ela

possui grande valor adaptativo para o ser humano, uma vez que alerta o indivíduo

sobre os possíveis perigos que determinada situação possa oferecer (GRAEFF;

GUIMARÃES, 2005).

Essa emoção também é fundamental para promover o bom desempenho em

atividades cognitivas. De fato, adaptando-se a curva de Yerkes-Dodson para o

contexto da ansiedade, a elevação da mesma causa um aumento no desempenho

das tarefas, até determinado ponto, em que a eficiência seria máxima. No entanto, a

partir desse limite, o aumento da ansiedade passa a ser prejudicial e promove uma

redução na performance do indivíduo (GRAEFF; GUIMARÃES, 2005). Nesse

contexto, quando a ansiedade afeta o desempenho, apresentando uma resposta

com intensidade ou frequência desproporcional a situação que a originou, ou ainda

quando a sua causa não é bem determinada, pode-se afirmar que esse estado

ansioso abandonou o seu caráter benéfico/protetor e tornou-se nocivo (BRANDÃO,

2004; BRAGA ET AL, 2010).

Assim, quando esses mecanismos de autopreservação encontram-se

desbalanceados, estabelece-se o estado de ansiedade patológica (GRAEFF;

GUIMARÃES, 2005). Esta pode ter origem secundária quando ela é uma

consequência de outras enfermidades (psiquiátricas ou não) ou primária quando se

trata da única ou principal manifestação clínica da doença. É nesse último quesito

em que se enquadram os transtornos de ansiedade (PITTA, 2010). Segundo o DSM-

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V, os transtornos de ansiedade podem ser classificados em vários subtipos, tais

como: o transtorno do pânico (com ou sem agorafobia) (TP), a agorafobia sem

história de transtorno do pânico, o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), a

fobia específica, a fobia social, o transtorno devido a uma condição médica geral, o

transtorno de ansiedade induzido por substância e o transtorno de ansiedade sem

outra especificação (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013).

A fim de ilustrar como esses transtornos são extremamente debilitantes e

interferem no estilo de vida das pessoas (MENEZES ET AL, 2007), o TAG, o TP e a

fobia social são descritos a seguir. O primeiro caracteriza-se por um estado de

ansiedade e preocupação excessivo durante um período de seis meses (ocorrendo

na maioria dos dias) no qual o indivíduo sente dificuldades em controlar essa

emoção. Além disso, a ansiedade sentida é desproporcional ao evento que a gerou.

Já o transtorno do pânico caracteriza-se pelo surgimento de ataques de pânico

recorrentes e inesperados. Estes se caracterizam por configurar um estado de medo

intenso ou desconforto ao indivíduo e é frequentemente acompanhado da sensação

de morte eminente e do desejo de fugir. Além disso, os ataques aparecem

associados a alguns sintomas, tais como: sensação de sufocamento, sudorese,

sensação de tontura, medo de morrer, medo de enlouquecer e tremores. Esse

conjunto de sintomas surge de maneira súbita e alcança um pico dentro de dez

minutos. Por outro lado, a fobia social se caracteriza por uma ansiedade exagerada

devido à exposição a situações sociais ou de desempenho na qual o indivíduo tem

receio de que vá agir de forma humilhante ou vergonhosa. Além disso, o indivíduo,

apesar de reconhecer que esse comportamento é exagerado e irracional, tende a

esquivar-se das situações embaraçosas ou executá-las com intenso desconforto.

Por fim, para configurar-se como patologia também é necessário que esse

comportamento interfira significativamente na rotina diária, no trabalho e nas

relações sociais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013).

Com relação aos estudos epidemiológicos, em uma pesquisa realizada pela

World Health Organization (WHO), em 2012, foram avaliados os anos de vida

saudável perdidos por incapacitação (Disability-Adjusted Life Year –DALY) num

panorama global e demonstrou-se que os transtornos psiquiátricos estão entre as

seis maiores causas de anos de vida perdido por incapacitação e dentro desse

grupo os transtornos de ansiedade situam-se na terceira posição (WORLD HEALTH

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ORGANIZATION, 2014). Em um estudo realizado em São Paulo, no Brasil,

demonstrou-se que 12,5 % dos entrevistados já tiveram o diagnóstico de transtorno

de ansiedade em algum momento de sua vida (ANDRADE, 2002).

É importante salientar que o tratamento para os transtornos de ansiedade são

realizados através de intervenções psicológicas e farmacológicas e quanto a estas

últimas, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) e os inibidores

da recaptação da serotonina e noradrenalina (IRSN) são os fármacos mais indicados

pela ANVISA para o tratamento desses transtornos (ANVISA, 2013). Contudo, na

situação atual, os benzodiazepínicos (BZDs), drogas que foram largamente

utilizados na década de 70 pensando ser uma opção totalmente segura

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA, 2008), são ainda os medicamentos

mais empregados no tratamento desses transtornos, sendo a terceira classe de

drogas mais prescritas no Brasil (NORDON; HÜBNER, 2009). Apesar de ter efeito

rápido e ser bem aceita, essa classe de fármacos apresenta muitos efeitos nocivos

para o indivíduo, tais como: piora da memória e da coordenação motora fina,

sedação e risco de dependência (ANVISA, 2013; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

PSIQUIATRIA, 2008). Além disso, apesar dos ISRS serem os medicamentos de

escolha, eles apresentam alguns efeitos colaterais como a piora dos sintomas no

início do tratamento e a espera de cerca de quatro a doze semanas para o início do

efeito (ANVISA, 2013).

Outro ponto crucial é que os transtornos de ansiedade estão atrelados a um

maior risco de suicídio, a comorbidades médicas e psiquiátricas e, além disso, as

intervenções farmacológicas ou psicossociais são efetivas apenas em uma parte dos

pacientes (ETKIN, 2012).

Tendo em vista o impacto negativo dos transtornos de ansiedade na vida das

pessoas e a carência de medicamentos que sejam eficazes e ao mesmo tempo

possuam efeitos colaterais menos deletérios, é imprescindível que haja o

desenvolvimento de estudos nesse contexto, a fim de expandir os conhecimentos

referentes à fisiologia e patologia da ansiedade e, assim, futuramente contribuir com

a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Dessa forma, diversos estudos pré-

clínicos vem sendo realizados com o intuito de esclarecer o substrato neural da

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ansiedade, bem como apontar novos alvos terapêuticos para o tratamento desses

transtornos.

1.2 A SUBSTÂNCIA CINZENTA PERIAQUEDUTAL NO SUBSTRATO NEURAL DA

ANSIEDADE

Com o avanço nas pesquisas, várias áreas encefálicas vêm sendo vinculadas

ao substrato neural da ansiedade e, dentre elas, pode-se citar: a substância cinzenta

periaquedutal (SCP), a amígdala, o hipotálamo medial, o septo, o hipocampo, o

locus coeruleus e córtex pré-frontal (BRANDÃO ET AL, 2003).

Com relação à SCP, sabe-se que ela é um conjunto de células densas que

circundam parcialmente o aqueduto mesencefálico (aqueduto de Sylvius) o qual é

um ducto que conecta o terceiro e quarto ventrículos, localizado no mesencéfalo de

mamíferos (KEAY; BANDLER, 2004). Essa estrutura possui o mesmo tamanho

relativo entre humanos, ratos e gatos correspondendo à aproximadamente 10% do

tamanho do mesencéfalo numa secção transversal (CARRIVE, 1993). Além disso, o

mesencéfalo demonstra ser uma das regiões do encéfalo que sofreu poucas

modificações evolutivas de modo que a SCP é uma estrutura bastante conservada

entre os mamíferos (CARRIVE, 1993; LINNMAN ET AL., 2012). Outro ponto

interessante é que a SCP não é uma estrutura funcionalmente homogênea, uma vez

que sub-regiões diferentes podem conduzir a reações emocionais distintas. Levando

em consideração esse raciocínio e aspectos anatômicos, ela foi dividida em quatro

colunas longitudinais que são paralelas ao aqueduto mesencefálico, denominadas:

dorsomedial e dorsolateral, que compõem a porção dorsal, lateral e ventrolateral

(DEPAULIS; BANDLER, 1991; KEAY; BANDLER, 2004; CARRIVE, 1993; LINNMAN

ET AL., 2012) (figura 1). Quanto a sua função, diversos estudos in vivo têm

demonstrado que a SCP está implicada na modulação da dor, no controle da

ansiedade e do medo, na vocalização, na regulação cardiovascular, no

comportamento sexual, no controle da micção, na termorregulação, na respiração e

nos mecanismos de regulação do sono (CARRIVE; MORGAN, 2012; LINNMAN ET

AL., 2012; BEHBEHANI, 1995; KEAY; BANDLER, 2004; BENARROCH, 2012;

HOLSTEGE, 2014). Essa diversidade de funções pode estar relacionada com a

variedade de neurotransmissores (glutamato, o GABA, a acetilcolina e a serotonina)

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e de neuropeptídeos (somatostatina, substância P, neuropeptídeo Y) que atuam na

SCP (CARRIVE; MORGAN, 2012).

As primeiras conexões entre a SCP e a ansiedade se deram através de

estudos que empregaram a estimulação elétrica da substância cinzenta

periaquedutal dorsal (SCPD) em animais de laboratório. Nesses trabalhos foi visto

que o estímulo incitou reações de defesa do tipo luta e fuga (BRANDÃO; AGUIAR;

GRAEFF, 1982; VIANNA; LANDEIRA-FERNANDEZ; BRANDÃO, 2001;

SCHENBERG; AGUIAR; GRAEFF, 1983; BRANDÃO ET AL, 2003; GRAEFF, 2002;

HESS; BRUGGER, 1943 citado por CARVALHO-NETTO, 2009) que foram

acompanhadas por alterações neurovegetativas (aumento da pressão sanguínea,

taquicardia, e exoftalmia), indicando que o animal estava diante de uma situação

desconfortante (SCHENBERG ET AL, 2001). Esses comportamentos são usuais de

animais que se encontram sob uma ameaça proximal, como por exemplo, quando

estão diante de um predador em ambiente natural (GRAEFF, 2004), e, além disso,

são sensíveis a fármacos utilizados na clínica para o tratamento de transtornos de

ansiedade (BLANCHARD; GRIEBEL; BLANCHARD, 2003). Da mesma forma, em

humanos, já foi visto que a estimulação elétrica da SCPD durante procedimentos

neurocirúrgicos para o alívio da dor crônica desencadeou sensações de medo e

morte eminente, vontade de fugir, hiperventilação, parada respiratória, ruborização

da face, piloereção e sudorese (NASHOLD; WILSON; SLAUGHTER, 1974 citado por

GRAEFF, 2002). Tais reações são semelhantes aos sintomas de transtorno do

Figura 1 - Modelo da SCP. Ao longo do eixo rostrocaudal estão representadas as colunas dorsomedial (dm), dorsolateral (dl),

lateral (l) e ventrolateral (vl).

Fonte: LINNMAN ET AL, 2012

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pânico, um tipo de transtorno de ansiedade (LOVICK, 2000; JENCK; MOREAU;

MARTIN, 1995).

Além disso, sabe-se que a SCP recebe aferências de regiões prosencefálicas e

do próprio tronco encefálico. Com relação às regiões prosencefálicas, as principais

projeções se originam na amígdala, no córtex insular, no córtex pré-frontal, no córtex

temporal e no hipotálamo. Já no tronco encefálico, as projeções partem dos

colículos superior e inferior, da formação reticular do mesencéfalo, da substância

negra, do núcleo cuneiforme do tegumento mesencefálico, do locus coeruleus, dos

núcleos parabraquial, vestibular, grácil e solitário, do dorsal da ponte, da medula

ventromedial e ventrolateral e do núcleo dorsal da rafe (NDR) (CARRIVE; MORGAN,

2012).

Com relação ao NDR, sabe-se que ele é um dos núcleos formados

predominantemente por corpos celulares serotonérgicos situados ao longo da linha

média do tronco encefálico em humanos e em animais (HORNUNG, 2003; TABER;

BRODAL; WALBERG, 1960) e que projetam fibras serotonérgicas para SCPD

(STEZHKA; LOVICK, 1994; LOVICK, 1994). Portanto, a SCPD através das

aferências oriundas do NDR recebe projeções de um dos sistemas de

neurotransmissão implicados na modulação da ansiedade, o sistema serotonérgico

(DURANT; CHRISTMAS; NUTT, 2010).

1.3 O SISTEMA SEROTONÉRGICO NA ANSIEDADE

A serotonina, também conhecida como 5-hidroxitriptamina (5-HT), foi

descoberta há mais de sessenta anos atrás através do trabalho de caracterização

realizado por Maurice Rapport e Irvine Page (NICHOLS; NICHOLS, 2008;

RAPPORT; GREEN; PAGE, 1948). Essa amina biogênica possui importantes

funções no sistema cardiovascular, genitourinário, endócrino e gastrointestinal, no

controle da respiração, na modulação da dor, e, em especial, no sistema nervoso

central (BERGER; GRAY; ROTH, 2009; DUTTON; BARNES, 2008). Com relação a

esse último, é de conhecimento que esse neurotransmissor está implicado em

processos neurofisiológicos importantes para a manutenção de funções relevantes

para o organismo, como por exemplo, o humor, a recompensa, a raiva, a agressão,

o apetite, a memória, a sexualidade, a atenção, a regulação da temperatura, os

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ciclos do sono, a êmese, a dor, a cognição e a ansiedade (BERGER; GRAY; ROTH,

2009; MOHAMMAD-ZADEH; MOSES; GWALTNEY-BRANT, 2008; DUTTON;

BARNES, 2008). Também foi constatado que a desregulação do sistema

serotonérgico está relacionada à patogênese de alguns transtornos neurológicos,

dentre eles o de ansiedade (ROTH, 1994; DUTTON; BARNES, 2008).

Sabe-se que os receptores serotonérgicos atualmente são classificados em

sete famílias (5-HT1 – 5-HT7), compostas por quatorze subtipos distintos de

receptores. Com exceção dos receptores 5-HT3, os quais são canais iônicos

operados por ligante, as demais famílias são receptores metabotrópicos acoplados a

proteína G (HOYER; HANNON; MARTIN, 2002; BARNES; SHARP, 1999).

Os primeiros trabalhos envolvendo o sistema serotonérgico e a ansiedade

utilizaram um modelo experimental de ansiedade denominado teste de conflito (teste

de punição). Nesse modelo um animal privado de alimento é treinado a pressionar

uma barra (rato) ou bicar um disco (pombo) com o intuito de obter uma recompensa

(líquido ou alimento). Após essa fase de treino, o animal é colocado novamente no

sistema, de modo que quando o disco era bicado ou a barra pressionada o animal

recebia um choque elétrico leve, caracterizando uma situação de conflito (GELLER;

SEIFTER, 1960; WUTTKE; KELLEHER, 1970; CRUZ; LANDEIRA-FERNANDEZ,

2012). Assim, foi demonstrado que fármacos ansiolíticos (BZDs) liberavam a

resposta punida (aumento da taxa de pressionamento da barra ou bicadas no disco)

e que fármacos não ansiolíticos, como antipsicóticos, analgésicos, antidepressivos e

psicoestimulantes não alteravam essa resposta (LANDEIRA-FERNANDEZ, 2012;

BRANDÃO ET AL, 2003).

Dessa forma, em um estudo em que foi administrado um inibidor da síntese de

serotonina, denominado paraclorofenilalanina (PCPA), perifericamente em ratos,

observou-se um aumento na taxa de pressão da barra (liberação do comportamento

punido) (ROBICHAUD; SLEDGE, 1969). Em outro trabalho semelhante, utilizando-se

pombos, notou-se que a administração periférica do metisergida (antagonista não

seletivo de receptor serotonérgico) também promoveu a liberação do

comportamento punido (GRAEFF; SCHOENFELD, 1970 citado por GRAEFF, 2002).

Além disso, esses efeitos foram semelhantes aos encontrados com a administração

de BDZs (WUTTKE; KELLEHER, 1970; GRAEFF, 2002).

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Posteriormente, em 1972, surgiram indícios que solidificaram a inserção da

serotonina na modulação da ansiedade, ainda que com mecanismos não totalmente

esclarecidos. De fato, foi visto que a injeção intraventricular da serotonina promoveu

a supressão do comportamento punido e antagonizou a redução da ansiedade

promovida pelos BDZs (WISE; BERGER; STEIN, 1972). Além disso, a partir de

evidências neuroquímicas, acreditou-se, na época, que os BDZs induziam a

diminuição da taxa de renovação da serotonina no mesencéfalo do rato, numa dose

igual a que promoviam efeito ansiolítico no teste de conflito (WISE; BERGER;

STEIN, 1972). Como o NDR envia projeções serotonérgicas para áreas

prosencefálicas e o tronco encefálico (CARRIVE; MORGAN, 2012; GRAEFF, 2002),

sugeriu-se que a serotonina inibiu o comportamento punido por atuar nessas duas

regiões e que os BDZs realizaram seu efeito ansiolítico diminuindo a liberação de

serotonina nessas áreas (WISE; BERGER; STEIN, 1972). Contudo, atualmente,

sabe-se que os BDZs geram seu efeito ansiolítico por mecanismos de ação distintos

(FERRERO; GUIDOTTI; COSTA, 1984). Considerando que a SCP recebe projeções

do NDR (CARRIVE; MORGAN, 2012) e possui um papel no controle da aversão

(GRAEFF, 2002), inferiu-se na época que a serotonina poderia aumentar a

ansiedade promovida nos testes de conflito através de sua ação sobre a SCP, além

de outras estruturas prosencefálicas (WISE; BERGER; STEIN, 1972; GRAEFF,

2002).

Contudo, a partir de trabalhos que envolveram a administração de ligantes

serotonérgicos e a estimulação elétrica da SCPD, obtiveram-se resultados que

sugeriram que a serotonina teria um papel antiaversivo na SCPD.

Assim, alguns estudos utilizaram um teste no qual a SCPD do animal é

estimulada eletricamente e o mesmo é treinado a evadir-se desse estímulo aversivo

através do pressionamento de uma barra. Neste teste, era esperado que a

serotonina facilitasse o comportamento de fuga, uma vez que ela aumentaria a

ansiedade de acordo com a hipótese sugerida anteriormente (GRAEFF, 2002).

Contudo, foi observado que a administração do PCPA perifericamente aumentou a

taxa de pressão na barra para reduzir a estimulação (KISER; LEBOWITZ, 1975). De

maneira recíproca, a administração intraperitoneal de um precursor da serotonina (5-

HTP) ou de um inibidor da recaptação da serotonina (clomipramina) mostrou um

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decaimento na taxa de pressionamento da barra (KISER; GERMAN; LEBOWITZ,

1978).

Também foi registrado que a estimulação elétrica do NDR diminuiu a fuga

motivada pela estimulação elétrica na SCPD (KISER ET AL., 1980). Ou seja, o

aumento da atividade serotonérgica reduziu os efeitos aversivos promovidos pela

estimulação elétrica na SCPD (atenuação da taxa de pressionamento da barra), ao

passo que a sua diminuição favoreceu os efeitos aversivos dessa estimulação

(facilitação do comportamento de fuga).

Por sua vez, trabalhos combinando administração de substâncias intracérebro

e a estimulação elétrica na SCPD também corroboraram a ideia de que a serotonina

inibe a aversão na SCPD. No modelo utilizado nesses trabalhos, ratos com

quimitrodos, instrumentos que permitem a estimulação elétrica e a microinjeção de

substâncias ao mesmo tempo na SCPD, são colocados dentro de uma caixa com

dois compartimentos. A intensidade da corrente é aumentada gradualmente até que

o animal corra para o compartimento oposto, o que desliga a corrente. Assim, depois

de três repetições do procedimento, o limiar elétrico aversivo basal (corrente mínima

necessária para provocar o deslocamento do animal) é determinado. Após um

tempo, o animal é microinjetado com a droga e um novo limiar é determinado.

Quanto maior o limiar pós-droga comparado ao limiar basal, maior será o efeito

antiaversivo daquela droga (SCHÜTZ; AGUIAR; GRAEFF, 1985). Assim, foi visto

que a administração da serotonina e do 5-MeODMT (agonista não seletivo de

receptor 5-HT2 e 5-HT1) aumentou o limiar elétrico necessário para induzir o

comportamento de fuga. Ainda nesse mesmo experimento, a microinjeção da

ketanserina (antagonista seletivo do receptor 5-HT2) ou da metergolina (antagonista

de receptor serotonérgico) trinta minutos antes da administração da serotonina

bloqueou o efeito antiaversivo dessa monoamina e o pré-tratamento com um inibidor

da recaptação de serotonina fortaleceu o efeito antiaversivo da mesma (SCHÜTZ;

AGUIAR; GRAEFF, 1985).

Tendo em vista esses resultados, é bastante sugestivo que os efeitos

antiaversivos da serotonina sobre a estimulação elétrica na SCPD sejam mediados

por receptores 5-HT2 uma vez que o antagonista desse receptor conseguiu reverter

os efeitos da serotonina na SCPD (SCHÜTZ; AGUIAR; GRAEFF, 1985).

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Pesquisas utilizando subtipos dos receptores 5-HT2 e 5-HT1 também foram

bem sucedidas em mostrar que esses subtipos estão implicados nos efeitos

antiaversivos da serotonina. Utilizando o modelo experimental supracitado,

observou-se que a microinjeção de agonistas do receptor 5-HT1A (8-OH-DPAT e

BAY-R-1531) ou do agonista do receptor 5-HT2A/2C (DOI) aumentou o limiar elétrico

aversivo (inibição da fuga) de forma dose dependente; no entanto o tratamento com

o agonista do receptor 5-HT2B/2C (mCPP) foi ineficaz. Já a microinjeção prévia do

antagonista do receptor 5-HT1A (NAN-190) reverteu o efeito antiaversivo do 8-OH-

DPAT. De maneira similar, o antagonista do receptor 5-HT2A (espiperona) também

neutralizou o efeito do DOI. Portanto, a ativação dos receptores 5-HT1A e 5-HT2A

provavelmente é a responsável pela inibição da aversão gerada pela estimulação

elétrica da SCPD (NOGUEIRA; GRAEFF, 1995).

Tendo em vista isso, através dos dados obtidos com a estimulação elétrica da

SPCD, foi possível inferir que a serotonina inibiu a aversão na SCPD, por meio de

sua atuação em receptores 5-HT1A e 5-HT2A e, consequentemente, esses resultados

não concordam com hipótese criada na década de 70, de que a serotonina

aumentaria a ansiedade ao atuar na SCP (GRAEFF, 2002).

Já em modelos que se baseiam no repertório natural de defesa do rato, como o

labirinto em cruz elevado (LCE), foram observadas respostas distintas de acordo

com o subtipo de receptor envolvido. Esse modelo é um aparato constituído por dois

braços abertos (destituídos de paredes) perpendiculares a dois braços fechados

(protegidos por paredes). O centro, ou seja, o ponto de encontro entre os braços

abertos e fechados é destituído de paredes e todo o aparato é elevado do solo.

Assim, o animal é colocado no centro do labirinto e seu comportamento é avaliado

(HANDLEY; MITHANI, 1984). O LCE se baseia no medo inato dos roedores por

espaços abertos o qual é confrontado pelo o ímpeto de explorar ambientes

desconhecidos, de modo que esse aparato confere ao animal um conflito de

aproximação e esquiva, no qual os braços abertos do LCE representam um estímulo

aversivo (MONTGOMERY, 1955; HANDLEY; MITHANI, 1984). Já foi visto que ratos

colocados no LCE demonstraram preferência pelos braços fechados (HANDLEY;

MITHANI, 1984). Além disso, drogas ansiolíticas empregadas na clínica como o

diazepam promoveram o aumento no número de entradas e tempo nos braços

abertos, ao passo que drogas que induzem ansiedade em humanos como o

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pentilenotetrazol diminuíram esses valores. Logo, esses parâmetros são usados

como índices de ansiedade no LCE (PELLOW ET AL, 1985).

Assim, a microinjeção de um agonista de receptor 5-HT2B/2C (mCPP) na SCP

de camundongos produziu efeito ansiolítico no LCE, o qual foi bloqueado pelo pré-

tratamento com um antagonista de receptores 5-HT2A/2C (ketanserina) (NUNES-DE-

SOUZA ET AL,2008). Por outro lado, a microinjeção isolada de um antagonista e de

agonista do receptor 5-HT1A, o WAY-100135 e o 8-OH-DPAT, respectivamente, na

SCPD de ratos não alterou os índices de ansiedade do LCE (MORAES;

BERTOGLIO; CAROBREZ, 2008).

Já em outro modelo etológico derivado do LCE, o labirinto em T elevado (LTE;

GRAEFF; NETTO; ZANGROSSI, 1998; TEIXEIRA; ZANGROSSI; GRAEFF, 2000;

POLTRONIERI; ZANGROSSI; VIANA, 2003), resultados interessantes tem sido

obtidos. Nesse sentido, alguns estudos demonstraram que a microinjeção da

serotonina ou de agonistas de receptores serotonérgicos, tais como: o mCPP

(agonista do receptor 5-HT2B/2C), o 8-OH-DPAT (agonista de receptor 5-HT1A) e o

DOI (agonista preferencial do 5-HT2A) na SCPD produziram efeito antiaversivo no

LTE (ZANOVELI; NOGUEIRA; ZANGROSSI, 2003; SOARES; ZANGROSSI, 2004).

Além disso, o efeito antiaversivo do 8-OH-DPAT e do DOI foram bloqueados pela

microinjeção prévia dos antagonistas do receptor 5-HT1A (WAY 100635) e do

antagonista preferencial do receptor 5-HT2A (ketanserina), respectivamente

(SOARES; ZANGROSSI, 2004). De maneira semelhante, o efeito antiaversivo da

serotonina também foi bloqueado pela microinjeção prévia desses mesmos

antagonistas e do antagonista preferencial do receptor 5-HT2C (SDZ SER 082)

(SOARES; ZANGROSSI, 2004). É interessante notar que esses resultados estão de

acordo com os efeitos antiaversivos observados com a microinjeção de agonistas

dos receptores 5-HT1A e 5-HT2A ou da própria serotonina no modelo de estimulação

elétrica da SCPD (SCHÜTZ; AGUIAR; GRAEFF, 1985; NOGUEIRA; GRAEFF,

1995). Tendo em vista esses dados, sugeriu-se que os receptores 5-HT1A, 5-HT2A e

5-HT2C poderiam mediar o efeito antiaversivo da serotonina na SCPD (SOARES;

ZANGROSSI, 2004) Ainda em estudos posteriores, foi visto que, nesse mesmo

teste, a microinjeção de um agonista seletivo do receptor 5-HT2C, o MK-212, na

SCPD promoveu efeito ansiogênico no LTE, o qual foi revertido pela microinjeção

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prévia do antagonista seletivo do receptor 5-HT2C, o SB 242084 (YAMASHITA;

BORTOLI; ZANGROSSI, 2011).

Portanto, com essas informações, é possível inferir que a SCPD é uma

estrutura diversificada quanto aos mecanismos que envolvem a ansiedade, uma vez

que a serotonina pode ativar diferentes receptores e gerar efeitos comportamentais

distintos. Então, com o intuito de compreender melhor a participação da SCPD em

mecanismos de ansiedade é de suma importância investigar os efeitos decorrentes

da ativação e bloqueio de outros receptores serotonérgicos nessa região.

1.4 O RECEPTOR 5-HT3: ESTRUTURA E FUNÇÃO

O receptor 5-HT3 é um dos receptores serotonérgicos presentes na SCP

(LAPORTE ET AL, 1992; GE ET AL, 1997) e faz parte da família de canais iônicos

operados por ligante Cys-loop. Os membros dessa família têm em comum o fato de

serem proteínas transmembranas ativadas por neurotransmissores e de

desencadear neurotransmissões rápidas de caráter excitatório ou inibitório. A

principal característica dos componentes desse grupo é a presença de uma alça de

13 aminoácidos, na porção extracelular dos receptores, delimitada por uma ponte

dissulfeto entre dois resíduos de cisteína (THOMPSON; LESTER; LUMMIS, 2010).

Esse receptor serotonérgico é formado por cinco subunidades que estão

dispostas pseudosimetricamente ao redor de um poro central, permeável à

passagem de cátions, quando ativado. Cada subunidade pode ser dividida em três

domínios: o domínio extracelular (DEC), o domínio transmembrana (DTM) e o

domínio intracelular (DIC) (figura 2) (THOMPSON; LESTER; LUMMIS, 2010;

LUMMIS, 2012). O DEC contém o local de ligação do ligante e é um importante sítio

para a ação de agonistas e antagonistas competitivos. Já o DTM é formado por

quatro α-hélices (M1-M4) que permitem a passagem de íons positivos através da

membrana (THOMPSON; LESTER; LUMMIS, 2010; LUMMIS, 2012). No entanto, na

região central dessa estrutura, na linha do poro, situa-se uma constrição hidrofóbica

em M2 que funciona como o portão do canal impedindo a passagem dos íons

quando o neurotransmissor não está associado ao receptor (THOMPSON; LESTER;

LUMMIS, 2010). Quando essa ligação ocorre, ele se move permitindo o fluxo dos

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íons através da membrana. Assim, a ligação de ao menos duas moléculas de

serotonina na porção DEC do canal provocaria uma rotação que se propagaria ao

longo do eixo do canal até à α-hélice M2. Nessa região, a alteração conformacional

gerada promoveria a ruptura das interações hidrofóbicas no centro de M2,

permitindo a passagem dos íons (LUMMIS, 2004; PANICKER ET AL., 2002). Esse

domínio também é o sítio de ligação para alguns compostos como o álcool,

anestésicos e esteroides (THOMPSON; LESTER; LUMMIS, 2010). Por sua vez, o

DIC é constituído por um grande laço (loop) intracelular que é responsável pela

condutância iônica do canal e é susceptível à modulação por compostos

intracelulares (fosforilação). Além disso, forma uma abertura que permite a

passagem dos íons através do poro (THOMPSON; LESTER; LUMMIS, 2010;

LUMMIS, 2012). Ademais, as cinco subunidades que podem estar presentes no

receptor são denominadas: 5-HT3A, 5-HT3B, 5-HT3C, 5-HT3D e 5HT3E

(WALSTAB; RAPPOLD; NIESLER, 2010). A subunidade 5-HT3A pode formar

homopentâmeros ou heteropentâmeros com outras subunidades, de modo que a

presença dessa subunidade é fundamental para a constituição funcional do receptor

5-HT3 (LUMMIS, 2012; NIESLER ET AL., 2007). Por fim, todas estão presentes em

humanos, porém em roedores (ratos e camundongos) apenas as subunidades 5-

HT3A e 5-HT3B foram identificadas (LUMMIS, 2012; HOLBROOK, 2009; HANNA ET

AL., 2000).

A localização desse canal iônico é bastante diversificada no organismo,

podendo ser encontrado em células enterocromafins intestinais, em linfócitos e em

neurônios dos sistemas nervoso periférico e central. No sistema nervoso periférico

Figura 2 - Arquitetura do receptor 5-HT3. É possível observar os domínios de cada subunidade do receptor num corte longitudinal

(fig.2A) e transversal (fig.2B) do receptor.

Fig.2A Fig.2B

Fonte: HASSAINE ET AL., 2014.

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estão envolvidos em atividades autonômicas, como na transferência de informações

relacionadas ao vômito no trato gastrointestinal e no controle da motilidade intestinal

e peristaltismo (THOMPSON; LUMMIS, 2006). Já no sistema nervoso central, ele

está principalmente implicado na cognição, na ansiedade, nos processos relativos

ao reflexo do vômito, à dor e ao sistema de recompensa (THOMPSON; LUMMIS,

2006; FAERBER ET AL, 2007). Com relação à localização no SNC, esse receptor

além de estar presente na SCP, ele pode ser encontrado, por exemplo, no córtex

frontal e etorrinal, no hipocampo, na amígdala, no nucleus accumbens, na

substância negra, na área tegumental ventral, nas camadas superficiais do corno

dorsal da medula espinhal, na área postrema, no núcleo do trato solitário e no

núcleo dorsal da rafe (THOMPSON; LUMMIS, 2006; LAPORTE ET AL, 1992; GE ET

AL, 1997).

Quanto aos mecanismos de ativação, esse receptor promove a despolarização

da membrana por meio da corrente de íons positivos que atravessam o canal. Nesse

fluxo de íons, ocorre a entrada de Na+ e Ca+2 na célula e a saída de K+. Já foi visto

que os receptores 5-HT3 estão localizados predominantemente em regiões pré-

sinápticas, tais como as terminações nervosas e axônios, onde apresentam alta

permeabilidade ao Ca+2 (MIQUEL ET AL., 2002; RONDÉ; NICHOLS, 1998; NAYAK

ET AL., 1999). Esse fato é interessante uma vez que a entrada de Ca+2 no terminal

pré-sináptico da célula promove a exocitose das vesículas contendo

neurotransmissores. De fato alguns estudos confirmaram que a ativação desse

receptor promove a liberação de muitos neurotransmissores, como o GABA e a

dopamina (TURNER; MOKLER; LUEBKE, 2004; CHEN; PRAAG; GARDNER, 1991;

FAERBER ET AL, 2007). Já nos terminais pós-sinápticos, os receptores 5-HT3

destacam-se pela despolarização causada pela passagem de Na+ e K+ pelo poro do

canal, uma vez que ele apresenta alta permeabilidade a esses cátions e a baixa

permeabilidade ao Ca+2 (NAYAK ET AL., 1999; RONDÉ; NICHOLS, 1998).

1.5 O RECEPTOR 5-HT3 NA ANSIEDADE: ESTUDOS CLÍNICOS E PRÉ-CLÍNICOS

É de conhecimento que uma das principais áreas terapêuticas nas quais os

antagonistas do receptor 5-HT3 atuam são o controle do vômito induzido pela

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quimioterapia. No entanto, em ensaios clínicos demonstrou-se que esses fármacos

possuem também funções diferentes da convencional, em especial na ansiedade.

Em um desses ensaios, o tropisetron gerou efeito ansiolítico num estudo duplo cego,

no qual 91 indivíduos com o TAG receberam cápsulas de tropisetron ou cápsulas de

placebo durante 21 dias de tratamento (LECRUBIER ET AL., 1993). Além disso, em

outros estudos clínicos, o ondansetron demonstra ser uma alternativa interessante

na redução do abuso de substâncias. De fato, viu-se que esse fármaco conseguiu

reduzir o consumo de álcool e aumentou o período de abstinência, conforme

demonstrado em um estudo duplo cego com 271 indivíduos diagnosticados com

alcoolismo precoce (JOHNSON ET AL., 2000; THOMPSON; LUMMIS, 2006).

Com relação aos estudos pré-clínicos, a maioria das pesquisas fez uso de

testes comportamentais que se baseiam na apresentação de estímulos

incondicionados, tais como: o LCE, a transição claro/escuro e o teste de interação

social (TIS), para avaliar a participação do receptor 5-HT3 no desenvolvimento dos

comportamentos relacionados à ansiedade.

Observou-se que a administração periférica de diversos antagonistas do

receptor 5-HT3 gerou respostas discordantes num mesmo ou em modelos animais

de ansiedade distintos, nos quais efeito ansiolítico ou ausência de efeito foram

encontrados. Uma hipótese provável para a origem dessas discrepâncias poderia

ser a seletividade dos antagonistas por uma subunidade específica do receptor 5-

HT3. Outra possibilidade seria as diferenças sutis empregadas pelos pesquisadores

num mesmo modelo comportamental, o que poderia interferir nos resultados

encontrados (EGUCHI; INOMATA; SAITO, 2001; GRIEBEL, 1995).

Então, já foi demonstrado que a administração periférica de antagonistas do

receptor 5-HT3 tais como: o zacopride, o BRL 46470, o tropisetron, o MDL 72222, o

ondansetron, o granisetron e o WAY100289 em ratos (SETEM ET AL, 1999; FILE;

JOHNSTON, 1989; WRIGHT, 1992; GRIEBEL ET AL., 1997; FILE; JOHNSTON,

1989) e em camundongos (TANYERI ET AL., 2013; RODGERS; COLE;

TREDWELL, 1995) não alterou os comportamentos relativos à ansiedade no LCE e

no TIS. Além disso, os camundongos submetidos a um regime crônico de 21 dias de

ondansetron também não diferiram dos animais controle no LCE (RODGERS;

CUTLER; JACKSON, 1997).

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29

Considerando os estudos que demonstraram alteração nos parâmetros de

ansiedade, já foi visto que a administração periférica de todos os antagonistas do

receptor 5-HT3 citados no parágrafo anterior, além do Y-25130, do RS-42358, do

VA21B7 e do 6K, produziu efeito ansiolítico em ratos (DUNN; CARLEZON;

CORBETT, 1991; ANDREWS; FILE, 1993; BLACKBURN ET AL, 1993; FILIP ET AL,

1992; COSTALL ET AL, 1993; ARTAIZ ET AL, 1995; JONES, 1988; BELL ET AL,

2014; GARGIULO ET AL, 1996) e em camundongos (SÁNCHEZ, 1995; JONES ET

AL., 1988; COSTALL ET AL., 1989a; ARTAIZ ET AL., 1995; COSTALL ET AL.,

1993; KURHE ET AL. 2014) em diversos modelos comportamentais (LCE, TIS,

labirinto em zero elevado, LTE, teste de conflito de Vogel e o modelo de transição

claro/escuro). Somado a isso, um estudo que empregou o regime crônico de

ondansetron durante 14 dias em ratos gerou aumento do número de entradas e

tempo de permanência nos braços abertos do LCE (efeito ansiolítico) (WRIGHT,

1992). Com relação às medidas etológicas, pesquisadores mostraram que o

zacopride e o ondansetron foram aptos em diminuir a avaliação de risco no LCE, o

que é indicativo de um perfil ansiolítico (GRIEBEL ET AL., 1997).

Por outro lado, observou-se que a administração periférica do agonista 1-(m-

Chlorophenyl)-biguanide (mCPBG) diminuiu o tempo de permanência nos braços

abertos do LCE e a interação social no TIS, gerando efeito ansiogênico em ambos

os testes. (EGUCHI; INOMATA; SAITO, 2001; ANDREWS; FILE, 1992). Além disso,

administração combinada de antagonistas com agonistas de receptor 5-HT3 revelou

resultados interessantes. De fato, foi visto que a administração isolada do

ondansetron em ratos, por via oral, aumentou a interação social no TIS. No entanto,

quando o mCPBG foi administrado subsequente à aplicação do ondansetron, o

efeito ansiolítico gerado pelo antagonista foi anulado. Portanto, o efeito ansiolítico

promovido pelo ondansetron possivelmente se deve à ativação de receptores 5-HT3

(EGUCHI; INOMATA; SAITO, 2001).

Com relação às administrações intracérebro de antagonista e agonistas de

receptor 5-HT3, diversas respostas comportamentais são observadas de acordo com

teste comportamental empregado ou com a região onde essa substância é

administrada.

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30

Por exemplo, foi visto que a microinjeção na amígdala de antagonistas de

receptores 5-HT3 (ondansetron, do tropisetron e do MDL 72222) em ratos aumentou

a interação social no TIS (efeito ansiolítico), ao passo que, a microinjeção do 2-Me-

5-HT (agonista de receptor 5-HT3) ou da própria serotonina promoveu efeito

ansiogênico nesse modelo. A microinjeção de antagonistas de 5-HT3 na amígdala de

ratos também promoveu efeitos ansiolíticos no LCE (HIGGINS ET AL., 1991;

TOMKINS; COSTALL; KELLY, 1990; MENARD; TREIT, 1999). É interessante notar

que esses dados corroboram os resultados ansiolíticos encontrados através da

administração periférica de antagonistas. Assim, a amígdala provavelmente seria um

das regiões neuroanatômicas pela qual os antagonistas de receptor 5-HT3

exerceriam seus efeitos ansiolíticos. Por outro lado, a administração dos mesmos

antagonistas em ratos no NDR não foi capaz de alterar os parâmetros de ansiedade

no TIS (HIGGINS ET AL., 1991).

Já no teste de conflito, a microinjeção do ondansetron e do tropisetron na

amígdala não foi capaz de gerar alterações comportamentais em ratos (HIGGINS ET

AL., 1991). No entanto, quando esses antagonistas foram administrados no

hipocampo e núcleo accumbens facilitaram os comportamentos suprimidos pela

punição (efeito ansiolítico) em testes de conflito nesses mesmos animais.

(STEFANSKI ET AL., 1993). Isso denota que os receptores 5-HT3 do núcleo

accumbens e do hipocampo possivelmente contribuem para o efeito ansiolítico no

teste de conflito (STEFANSKI ET AL., 1993).

Em estudos realizados em camundongos, resultados semelhantes foram

encontrados. De fato a microinjeção de ondansetron ou tropisetron na amígdala ou

no NDR aumentou o tempo gasto e o número de linhas cruzadas na área clara no

teste de transição claro e escuro (efeito ansiolítico). Já a administração do 2-Me-5-

HT (agonista do receptor 5-HT3) na amígdala ou no NDR causou efeito oposto

(COSTALL ET AL., 1989b). Portanto, a amígdala ou NDR possivelmente são um

dos locais de ação de antagonistas administrados perifericamente que tiveram seus

efeitos ansiolíticos demonstrados em testes comportamentais em camundongos

(COSTALL ET AL., 1989b). Contudo quando esses mesmos antagonistas são

microinjetados no núcleo mediano da rafe (NMR), núcleo accumbens, núcleo

caudado e putâmen não alteram as medidas espaço temporais no teste de transição

claro e escuro (COSTALL ET AL., 1989b).

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31

Além das regiões já citadas, os antagonistas de receptor 5-HT3 também

promoveram resultados interessantes quando microinjetados na SCP de

camundongos. Assim, foi visto que a administração do ondansetron promoveu a

redução do número de entradas e do tempo decorrido nos braços abertos do LCE,

um efeito ansiogênico (SILVA, 2009). Contudo, esses resultados não concordam

com o efeito ansiolítico observado com a administração periférica de antagonistas do

receptor 5-HT3 (DUNN; CARLEZON; CORBETT, 1991; ANDREWS; FILE, 1993;

BLACKBURN ET AL, 1993; FILIP ET AL, 1992; COSTALL ET AL, 1993; ARTAIZ ET

AL, 1995; WRIGHT, 1992; JONES, 1988) e, além disso, esse estudo não diferenciou

as sub-regiões da SCP, as quais podem processar informações distintas

(BANDLER, ET AL, 2000; VIANNA; LANDEIRA-FERNANDEZ; BRANDÃO, 2001).

Assim, sabendo-se que os resultados obtidos com a administração periférica e

central de ligantes do receptor 5-HT3 não ofereceram resultados conclusivos em

relação a comportamentos relacionados à ansiedade, torna-se interessante

investigar se a SCPD estaria envolvida nesse processo em ratos.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Investigar o envolvimento dos receptores 5-HT3 da SCPD na modulação de

comportamentos associados à ansiedade em ratos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Investigar o efeito da injeção intra-SCPD do antagonista do receptor 5-HT3

dolasetron sobre os parâmetros de ansiedade e locomoção avaliados no LCE e

no teste do campo aberto;

Investigar o efeito da administração intra-SCPD do agonista do receptor 5-HT3 m-

Chlorophenylbiguanide (mCPBG) sobre os parâmetros de ansiedade e locomoção

avaliados no LCE e no teste do campo aberto.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 ANIMAIS

Foram utilizados ratos machos Wistar com o peso entre 220 g - 270 g

provenientes do biotério do Departamento de Biofísica e Farmacologia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DBF-UFRN). Durante toda a fase de

desenvolvimento do animal e no período de experimentos os ratos foram dispostos

em grupos de 5 animais e alojados em caixas com dimensões de 41 cm x 34 cm x

16 cm, em que receberam água e comida ad libitum e viveram num ciclo de claro e

escuro de 12 hrs (luzes acesas: 06:00-18:00) num ambiente climatizado a 23 ºC ±

1ºC. Além disso, todos os procedimentos experimentais realizados nesse trabalho

foram efetuados de acordo com a lei nº 11.794 de 08/10/2008 (Lei Arouca) e

aprovados pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da UFRN sob o número

049/2013.

3.2 DROGAS

As drogas empregadas durante realização dos experimentos comportamentais

foram o antagonista do receptor 5-HT3 dolasetron (Sigma-Aldrich®, EUA) nas doses

de 100 ng, 500 ng e 1000 ng (figura 3) (HIGGINS ET AL, 1990) e o agonista m-

Chlorophenylbiguanide (mCPBG) (Tocris Bioscience®, Reino Unido) nas doses de

2,5 µg, 5 µg e 10 µg (figura 4) (HIGGINS ET AL., 1990), ambos solubilizados em

salina estéril. Já durante a cirurgia foram empregadas as seguintes drogas: o

cloridrato de cetamina (BioChimico®) (80 mg/kg/ml), a xilazina (Sigma-Aldrich®, EUA)

(10 mg/kg/ml), o cloridrato de lidocaína 2% (Xylestesin®, Cristália) (0,2 ml/ por

animal), a flunixina meglumina 5% (Banamine®, MSD) (0,2 ml/ por animal) e uma

combinação de antibióticos (benzilpenicilina benzatina, benzilpenicilina procaína,

benzilpenicilina potássica, diidroestreptomicina base e espreptomicina base)

(Pentabiótico®, Zoetis - Fort Dodge) de uso veterinário para animais de pequeno

porte (0,2 ml/ por animal). Por fim, durante a perfusão foi empregado tiopental sódico

(Thiopentax®, Cristália) (100 mg/kg) para indução da anestesia.

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3.3 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

3.3.1 CIRURGIA ESTEREOTÁXICA PARA O IMPLANTE DA CÂNULA GUIA

Os animais foram anestesiados com cloridrato de cetamina (80 mg/kg/ml) e

xilazina (10 mg/kg/ml) e em seguida foi realizada a tricotomia da região posterior da

cabeça para facilitar a execução dos procedimentos posteriores. O próximo passo

consistiu em fixar o animal no estereotáxico com a barra de incisivos a 2,5 mm

abaixo da linha interaural. Com o animal já fixado no aparelho, foi feita a

higienização da porção posterior da cabeça, da região da coxa e da região dorsal do

tronco do animal com solução de iodopovidona a 10 % (PVP-I) para a administração

subcutânea de 0,2 ml de cloridrato de lidocaína a 2% (anestésico local), para a

injeção intramuscular de 0,2 ml do Pentabiótico® e a administração subcutânea de

0,2 ml de Banamine® 5% (analgésico, anti-inflamatório e antipirético),

respectivamente. Em seguida, foram realizadas uma incisão na pele da porção

posterior da cabeça e a limpeza da superfície do crânio com H2O2 a 3%, a fim de

evitar infecções, melhorar a visualização das suturas e, assim, permitir a perfuração

de dois orifícios na calota craniana. O primeiro orifício destinou-se à fixação do

parafuso de aço inoxidável cuja função consiste em auxiliar na sustentação do

capacete de acrílico a ser produzido no final do processo. O segundo orifício foi

produzido com a intenção de permitir a implantação da cânula guia constituída de

aço inoxidável com 12 mm de comprimento e 0,7 mm de diâmetro no mesencéfalo

do rato, numa região 2 mm acima da substância cinzenta periaquedutal dorsal

(SCPD). O procedimento para a determinação do local onde deveria ser introduzida

a cânula foi realizado antes da confecção do segundo orifício. Esse procedimento

consistiu em posicionar a cânula fixada na haste do estereotáxico sobre o ponto de

encontro das suturas sagital e lambdóide e deslocá-la 1,9 mm lateralmente para a

Fonte: http://goo.gl/l0IAit .Fonte: CHONG;CHOO, 2010

Figura 3 - Dolasetron. Figura 4 - mCPBG.

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esquerda, sob um ângulo de 22°. Em seguida, o orifício foi perfurado nesse ponto e

a cânula foi introduzida 3,2 mm abaixo da superfície do crânio. Após a colocação da

cânula no posicionamento desejado, foi confeccionado o capacete de acrílico

autopolimerizante, com a função de fixar a cânula na coordenada almejada. Por fim,

foi introduzido na cânula um mandril de aço inoxidável de mesmo tamanho para

evitar a entrada de detritos, sendo retirado apenas no dia do teste (PAXINOS;

WATSON, 2005).

3.3.2 HABITUAÇÃO

Esse procedimento consistiu na manipulação do animal durante 5 minutos e

após esse período, o animal foi colocado numa caixa de 30 cm x 19 cm x 13 cm por

mais 5 minutos, sendo essa mesma caixa utilizada no procedimento de microinjeção

de substâncias e, ao terminar essa etapa, o animal foi devolvido para a caixa de

origem (41 cm x 34 cm x 16 cm). A finalidade dessa tarefa consistiu em habituar o

animal às condições de experimentação que serão empregadas no dia do teste. Por

fim, essa atividade foi realizada nos dois dias que antecederam o teste do labirinto

em cruz elevado (LCE) e no mesmo período do dia em que os experimentos foram

realizados (08:00-13:00).

3.3.3 MICROINJEÇÃO INTRA-SCPD

Para a microinjeção de drogas na SCPD foi necessário a preparação de um

sistema de infusão composto por uma seringa de Hamilton de 54,10 mm de

comprimento e 10 µl de volume, uma bomba de infusão (Insight®), tubos de

polietileno e agulhas gengivais de 14 mm de comprimento. Assim, para criar o

ambiente necessário para a administração de substâncias, a seringa de Hamilton foi

acomodada na bomba de infusão e a sua extremidade foi conectada a um tubo de

polietileno, o qual também foi conectado a uma agulha gengival na outra

extremidade. Em seguida, o êmbolo da seringa foi deslocado para a formação de

uma bolha dentro do tubo de polietileno, a fim de impedir o contato da droga com a

água destilada previamente utilizada para a limpeza do sistema, evitando assim

alterações na concentração do fármaco. Após a formação da bolha, a agulha

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gengival foi colocada num tubo de microcentrífuga (eppendorf) contendo a droga e a

mesma foi aspirada com o auxílio da seringa de Hamilton. O próximo passo consistiu

em proceder com a infusão da droga, através da inserção da agulha gengival na

cânula do animal, o qual foi alojado na mesma caixa utilizada no dia da habituação

(30 cm x 19 cm x 13 cm). Durante todo o procedimento de infusão o animal pôde

percorrer livremente a caixa enquanto o fármaco estava sendo infundido. Além

disso, o tempo (2 minutos) e o volume de injeção (0,2 µl) foram controlados pela

bomba de infusão. Após o tempo necessário para realizar a microinjeção, a agulha

permaneceu por mais um minuto no local de injeção a fim de evitar o refluxo da

droga.

3.4 APARATOS EXPERIMENTAIS

3.4.1 LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO (LCE)

O LCE é um aparato de madeira elevado a 50 cm do solo constituído por dois

braços fechados (com barreiras de 40 cm de altura) que se cruzam

perpendicularmente com dois braços abertos (sem paredes), de mesmas dimensões

(50cm x 10cm) (figura 5). Além disso, as laterais dos braços abertos são constituídas

de pequenos batentes feitos de material acrílico transparente de 0,5cm cuja função é

evitar a queda do animal durante o experimento. A iluminação empregada no teste

foi de baixa intensidade (luz vermelha fluorescente de 15W) e o experimento foi

realizado durante a fase clara do ciclo claro e escuro (08:00-13:00). Durante a

realização do teste o animal foi colocado no centro do aparato, que é desprovido de

paredes, com a cabeça voltada para um dos braços fechados e os seus

comportamentos foram avaliados durante 5 minutos. Para proceder com a avaliação

desses comportamentos, o período em que o animal ficou no labirinto foi gravado

por uma câmera de segurança para posterior análise dos parâmetros

comportamentais relativos à ansiedade, tais como: a porcentagem de entrada nos

braços abertos [(número de entradas nos braços abertos/ entradas no centro +

entradas no aberto + entradas fechado) x 100], a porcentagem de tempo nos braços

abertos [(tempo nos braços abertos/300 x 100)] e o número absoluto de entradas e

tempo nos braços abertos (HANDLEY; MITHANI, 1984, PELLOW ET AL, 1985).

Além desses parâmetros convencionais, foram investigados parâmetros etológicos

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como a postura de esticar o corpo (PEC) protegido e o retorno aos braços fechados

(RBF). O primeiro consiste num comportamento exploratório no qual o animal estica-

se para frente e depois retorna a posição original sem se locomover. Esse

comportamento foi avaliado quando o animal estava dentro dos braços fechados ou

na plataforma central do labirinto. Já o RBF é um comportamento no qual o animal

sai do braço fechado com as duas patas dianteiras e, em seguida, retorna ao

mesmo braço (RODGERS; JOHNSON, 1995). Por fim, com relação aos parâmetros

de locomoção foram analisados o número absoluto de entradas nos braços fechados

e o total de entradas (entradas no centro + entradas no aberto + entradas fechado).

Após o teste de cada animal, o aparato foi limpo cuidadosamente com uma solução

de álcool 5% (HANDLEY; MITHANI, 1984, PELLOW ET AL, 1985).

3.4.2 CAMPO ABERTO

O campo aberto (CA) é uma caixa cúbica (60 cm x 60 cm x 60 cm) com

paredes internas brancas e base preta (figura 6). A iluminação empregada no teste

foi a luz branca indireta e o experimento foi realizado durante a fase clara do ciclo

claro e escuro (08:00-13:00). Durante a realização do teste o animal foi colocado no

centro do CA e os seus comportamentos foram avaliado durante 15 minutos. Para

Figura 5 - Labirinto em cruz elevado.

Fonte: Laboratório de Farmacologia Comportamental (DBF-UFRN)

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proceder com a avaliação desses comportamentos, o período em que o animal ficou

no CA foi registrado por uma câmera de segurança para posterior análise dos

parâmetros comportamentais relativos à ansiedade e à locomoção pelo programa

ANY-maze (Stoelting, USA). Com relação à ansiedade foram avaliados o número de

entradas, o tempo e a distância percorrida na região central do CA durante os

primeiros 5 minutos e com relação à locomoção foi avaliado a distância percorrida

pelo animal em todo o aparato durante 15 minutos. Após o teste de cada animal, o

aparato foi limpo cuidadosamente com uma solução de álcool 5% (HALL, 1934).

3.5 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

Decorridos de 6 a 7 dias do término da cirurgia, os ratos foram submetidos aos

testes comportamentais (figura 7).

Fonte: adaptado de http://goo.gl/w5Jm8N

Figura 6 - Campo aberto.

Figura 7 – Fluxograma geral das etapas metodológicas empregadas no trabalho

Fonte: Autor

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39

3.5.1 EXPERIMENTO 1

No experimento 1 os ratos foram microinjetados na SCPD com o antagonista

do receptor 5-HT3 dolasetron nas doses de 100 ng/0,2µl/2 minutos, 500 ng/0,2µl/2

minutos e 1000 ng/0,2µ/2 minutos ou com salina (0,2 µl/2 minutos). Após 10

minutos, os animais foram colocados no centro do LCE e seus comportamentos

foram avaliados durante 5 minutos. Vinte e quatro horas depois, os animais

receberam as mesmas doses com que foram microinjetados no dia anterior na

SCPD e após 10 minutos foram colocados no CA e seus comportamentos foram

avaliados durante 15 minutos (figura 8).

3.5.2 EXPERIMENTO 2

No experimento 2 os ratos foram microinjetados na SCPD com o agonista do

receptor 5-HT3 mCPBG nas doses de 2,5 µg/ 0,2µl/2 minutos, 5 µg/0,2µl/2 minutos e

10 µg/0,2µl/ 2 minutos ou com salina (0,2 µl/2 minutos). Após 5 minutos, os animais

foram colocados no centro do LCE e seus comportamentos foram avaliados durante

5 minutos. Vinte e quatro horas depois, os animais receberam as mesmas doses

com que foram microinjetados no dia anterior na SCPD e após 5 minutos foram

Figura 8 – Fluxograma do experimento 1

Fonte: Autor

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40

colocados no CA e seus comportamentos foram avaliados durante 15 minutos

(figura 9).

3.6 PERFUSÃO

Com a finalização dos testes comportamentais, os animais foram anestesiados

com tiopental sódico (100 mg/kg) e submetidos à perfusão intracardíaca com salina.

Em seguida, foi realizada a infusão do corante azul de metileno (0,2 µl/2 minutos) via

cânula para a marcação do sítio de injeção. Após essa etapa, os encéfalos foram

removidos e armazenados numa solução de formol 10% para posterior análise

histológica.

3.7 HISTOLOGIA

Nessa última etapa do experimento, os encéfalos obtidos durante a perfusão

foram cortados em secções coronais de 50 µm por meio de um criostato (Leica

CM1510S) e dispostos numa lâmina. O objetivo dessa etapa consistiu em verificar a

localização do sítio de injeção e determinar se a microinjeção foi realizada na SCPD

através da comparação com as figuras do atlas de George Paxinos e Charles

Watson, as quais compreenderam o intervalo entre a figura 92 (interaural: 1,92 mm e

Figura 9 – Fluxograma do experimento 2

Fonte: Autor

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bregma: -7,08 mm) e a figura 100 (interaural: 0,96 mm e bregma: -8,04 mm)

(PAXINOS; WATSON, 2005). Apenas os animais que tiveram sítio de injeção

localizado na SCPD foram considerados para a análise estatística.

3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados obtidos no LCE e CA foram submetidos à análise de variância

(ANOVA) de uma via e, quando houve diferenças significativas entres os grupos, o

teste de Duncan foi empregado.

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4 RESULTADOS

4.1 HISTOLOGIA

Os sítios de microinjeção na substância cinzenta periaquedutal dorsal (SCPD)

estão representados na figura 10. Durante a realização de todos os experimentos

foram utilizados 191 animais dos quais 79 obtiveram canulação positiva para SCPD.

Desses, 44 animais correspondiam ao experimento 1 e 35 animais correspondiam

ao experimento 2.

Figura 10 - Representação esquemática dos sítios de microinjeção na SCPD de ratos. O número de pontos observados é menor que o número total de animais com

canulação positiva devido às sobreposições.

Fonte: adaptado de PAXINOS; WATSON, 2005.

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4.2 EXPERIMENTO 01: OS EFEITOS DA MICROINJEÇÃO DO DOLASETRON NA

SCPD DE RATOS SUBMETIDOS AO LCE.

A análise de variância ANOVA mostrou que os tratamentos com dolasetron nas

doses de 100 ng, 500 ng e 1000 ng não geraram diferenças significativas na

porcentagem de entrada [F (3,43) = 0,06; p = 0,979] e de tempo [F(3,43) = 0,12; p =

0,944] nos braços abertos do LCE (figura 11). Com relação ao número absoluto de

entradas [F(3,43) = 0,28; p = 0,839] e tempo [F(3,43) = 0,12; p = 0,944] nos braços

abertos também não foram observadas diferenças significativas entre os grupos

(tabela 1).

Além disso, nenhuma das doses alterou a atividade locomotora dos animais, o

que foi percebido pela análise do número de entradas nos braços fechados [F(3,43)

= 0,80; p = 0,498] e do número total de entradas [F(3,43) = 0,85; p = 0,470] (tabela

1).

Já com relação aos índices etológicos, a análise de variância ANOVA mostrou

que não houve diferença significativa entre os grupos para os parâmetros: postura

de esticar o corpo protegido (PEC) [F(3,43) = 0,37; p = 0,770] e retorno aos braços

fechados (RBF) [F(3,43) = 0,13; p = 0,938] (tabela 2).

Sal

ina

100n

g

500n

g

1000

ng

0

10

20

30

Dolasetron

% t

em

po

no

s b

raço

s a

bert

os

Fig.8A

Sal

ina

100n

g

500n

g

1000

ng

0

5

10

15

20

25

Dolasetron

% e

ntr

ad

a

no

s b

raço

s a

bert

os

Fig.8B

Figura 11 - Efeito do dolasetron (100 ng, 500 ng e 1000 ng) microinjetado na SCPD de ratos sobre a porcentagem de entradas (fig. 8A) e tempo (fig. 8B) nos braços abertos do LCE. Os

dados representam a média ±EPM. N = 8-13. Análise estatística: ANOVA.

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Comportamentos Dolasetron

Salina 100 ng 500 ng 1000 ng

Nº entradas braços abertos 4,55 ±1,12 4,00 ±1,10 4,17 ±0,84 3,13 ±0,85

Tempo braços abertos (s) 65,73 ±16,47 62,31 ±18,15 64,67 ±12,48 51,63 ±16,34

Nº entradas braços fechados 8,18 ±0,88 7,85 ±0,88 8,33 ±0,84 6,38 ±0,96

Total de entradas 24,36 ±2,88 21,85 ±2,66 23,67 ±2,45 18,00 ±3,29

S = segundos. Os dados representam a média ±EPM. N = 8-13. Análise estatística: ANOVA.

Comportamentos

etológicos

Dolasetron

Salina 100 ng 500 ng 1000 ng

PEC 1,00 ±0,50 0,69 ±0,29 0,50 ±0,23 0,63 ±0,32

RBF 1,64 ±0,86 1,23 ±0,61 1,08 ±0,48 1,13 ±0,79

PEC = postura de esticar o corpo protegido e RBF = retorno aos braços fechados. Os dados representam a média ±EPM. N = 8-13. Análise estatística: ANOVA.

4.3 EXPERIMENTO 01: OS EFEITOS DA MICROINJEÇÃO DO DOLASETRON NA

SCPD DE RATOS SUBMETIDOS AO CA.

Segundo a análise de variância ANOVA, a microinjeção de dolasetron intra-

SCPD, nas doses 100 ng, 500 ng e 1000 ng, não alterou a atividade locomotora dos

ratos, o que pode ser constatado pela ausência de diferença significativa entre as

doses no parâmetro distância percorrida [F(3,36) = 1,91; p =0,146] (tabela 3).

Já com relação aos índices de ansiedade avaliados no CA, a ANOVA

demonstrou que não houve diferença significativa entre os grupos para as variáveis:

número de entradas no centro [F(3,36) = 1,73; p = 0,178], tempo no centro [F(3,36) =

0,40; p = 0,747] e distância percorrida no centro [F(3,36) = 1,21; p = 0,321] (tabela

4).

Tabela 1 - Efeito do dolasetron (100 ng, 500 ng e 1000 ng) microinjetado na SCPD de ratos sobre o número de entradas e tempo nos braços abertos, número de entradas nos braços

fechados e número total de entradas do LCE

Tabela 2 - Efeito do dolasetron (100 ng, 500 ng e 1000 ng) microinjetado na SCPD de ratos sobre os índices etológicos do LCE.

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Comportamentos Dolasetron

Salina 100 ng 500 ng 1000 ng

Distância percorrida (m) 17,53 ±2,44 17,15 ±2,43 23,93 ±4,82 12,39 ±2,23

M = metros. Os dados representam a média ±EPM. N = 6-13. Análise estatística: ANOVA.

Comportamentos Dolasetron

Salina 100 ng 500 ng 1000 ng

Nº entradas no centro 1,73 ±0,38 3,23 ±0,69 2,83 ±1,11 1,43 ±0,48

Tempo no centro (s) 2,80 ±0,63 4,40 ±1,49 4,65 ±1,52 4,73 ±2,11

Distância percorrida no centro

(m)

0,26 ±0,08 0,55 ±0,17 0,60 ±0,23 0,30 ±0,14

S = segundos e M = metros. Os dados representam a média +EPM. N = 6-13. Análise estatística: ANOVA.

4.4 EXPERIMENTO 02: OS EFEITOS DA MICROINJEÇÃO DO mCPBG NA SCPD

DE RATOS SUBMETIDOS AO LCE.

Os efeitos da microinjeção de mCPBG sobre os parâmetros convencionais de

ansiedade podem ser visualizados na figura 12. Através da análise de variância

ANOVA notou-se que houve diferenças significativas entre os grupos para

porcentagens de entradas [F(3,34) = 3,85; p = 0,019] e tempo [F(3,34) = 3,15; p=

0,039] nos braços abertos. Em seguida, o teste de post hoc de Duncan especificou

essas distinções demonstrando que os tratamentos com as doses de 10 µg e de 5

µg promoveram o aumento das porcentagens de entrada e tempo nos braços

abertos, comparando-se os valores correspondentes ao grupo controle. Assim, para

essas doses, o mCPBG promoveu efeito ansiolítico em ratos. Já a dose de 2,5 µg

não diferiu de forma significativa do controle.

Já com relação à outras medidas espaço-temporais, como a frequência

[F(3,34) = 4,86; p = 0,007] e tempo [F(3,34) = 3,15; p = 0,039] nos braços abertos, a

Tabela 3 - Efeito do dolasetron (100 ng, 500 ng e 1000 ng) microinjetado na SCPD de ratos sobre o índice de locomoção do CA.

Tabela 4 - Efeito do dolasetron (100 ng, 500 ng e 1000 ng) microinjetado na SCPD de ratos sobre os parâmetros de ansiedade avaliados no CA.

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análise demonstrou que há diferenças significativas entre os grupos. De forma

semelhante às variáveis anteriores, o teste de Duncan revelou que as doses de 10

µg e de 5 µg promoveram aumento da frequência e tempo nos braços abertos, ao

passo que a dose de 2,5 µg não alterou esses comportamentos (tabela 5).

Para as medidas etológicas, a análise estatística ANOVA não demonstrou

diferenças significativas entre os grupos para todos os parâmetros avaliados:

postura de esticar o corpo protegido (PEC) [F(3,34) = 1,28; p = 0,295] e retorno aos

braços fechados (RBF) [F(3,34) = 0,38; p = 0,763] (tabela 6).

Por fim com relação à atividade locomotora, a análise de variância ANOVA

indicou que nenhum dos grupos diferiu significativamente no parâmetro número de

entradas nos braços fechados [F(3,34) = 1,72; p = 0,182] e que houve diferença

significativa entre os grupos para o numero total de entradas [F(3,34) = 3,19; p =

0,037]. Contudo, o teste de post hoc de Duncan demonstrou que os grupos tratados

não se distinguiam estatisticamente do grupo salina, de modo que a diferença

observada na ANOVA se referia apenas a uma distinção entre os grupos que

receberam as doses de mCPBG. Portanto, a microinjeção do mCPBG não promoveu

alteração locomotora nos animais tanto para o número total de entradas quanto para

o número de entradas nos braços fechados, quando comparado ao controle (tabela

5).

Sal

ina

2,5µ

g5µ

g

10µg

0

10

20

30

mCPBG

% e

ntr

ad

a

no

s b

raço

s a

bert

os

Sal

ina

2,5µ

g5µ

g

10µg

0

10

20

30

40

50

mCPBG

% t

em

po

no

s b

raço

s a

bert

os

Fig.9A

*

Fig.9B

* * *

Figura 12. Efeito do mCPBG (2,5 µg, 5 µg e 10 µg) microinjetado na SCPD de ratos sobre a porcentagem de entradas (fig. 9A) e tempo (fig. 9B) nos braços abertos do LCE. Os dados

representam a média ±EPM. N = 08-09. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Duncan. * P < 0,05 comparado ao grupo salina.

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Comportamentos mCPBG

Salina 2,5 µg 5 µg 10 µg

Nº entradas braços abertos 3,88 ±0,69 3,89 ±1,11 7,56 ±0,88* 7,22 ±0,89*

Tempo braços abertos (s) 54,00 ±11,33 60,56 ±17,47 103,44 ±15,58* 109,56 ±17,99*

Nº entradas braços fechados 8,50 ±0,82 6,22 ±0,68 7,00 ±0,62 7,33 ±0,71

Nº total de entradas 24,50 ±2,63 20,89 ±2,35 29,22 ±1,53 29,11 ±2,49

S = segundos. Os dados representam a média ±EPM. N = 08-09. Análise estatística: ANOVA seguida de teste de Duncan. * P < 0,05 comparado ao grupo salina.

Comportamentos etológicos mCPBG

Salina 2,5 µg 5 µg 10 µg

PEC 1,00 ±0,50 0,67 ±0,33 0,22 ±0,22 0,22 ±0,22

RBF 0,75 ±0,31 0,33 ±0,33 0,33 ±0,24 0,44 ±0,34

PEC = postura de esticar o corpo protegido e RBF = retorno aos braços fechados. Os dados

representam a média +EPM. N = 08-09. Análise estatística: ANOVA.

4.5 EXPERIMENTO 02: OS EFEITOS DA MICROINJEÇÃO DO mCPBG NA SCPD

DE RATOS SUBMETIDOS AO CA.

Após a análise de variância ANOVA, nenhuma diferença significativa foi

observada entre os grupos para a variável distância percorrida, a qual avalia a

atividade locomotora dos animais no CA [F(3,20) = 1,74; p = 0,195] (tabela 7).

Com relação aos índices de ansiedade avaliados no CA, a ANOVA seguida

do teste de Duncan também demostrou não haver diferenças significativas entre os

grupos para todas as variáveis testadas: número de entradas no centro [F(3,20) =

0,92; p = 0,449], distância percorrida no centro [f(3,20) = 0,12; p = 0,944] e tempo no

centro [f(3,20) = 1,72; p = 0,199] (tabela 8).

Tabela 5 - Efeito do mCPBG (2,5 µg, 5 µg e 10 µg) microinjetado na SCPD de ratos sobre o número de entradas e tempo nos braços abertos (valores absolutos), número de entradas nos

braços fechados e número total de entradas do LCE.

Tabela 6 - Efeito do mCPBG (2,5 µg, 5 µg e 10 µg) microinjetado na SCPD de ratos sobre os índices etológicos do LCE.

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Comportamentos mCPBG

Salina 2,5 µg 5 µg 10 µg

Distância percorrida (m) 16,64 ±2,88 19,50 ±6,17 15,12 ±2,00 25,11±1,26

Os dados representam a média +EPM. N = 05-06. Análise estatística: ANOVA.

Comportamentos mCPBG

Salina 2,5 µg 5 µg 10 µg

Nº entradas no centro 2,20 ±0,73 2,20 ±0,37 3,60 ±0,68 3,67 ±1,20

Tempo no centro (s) 1,18 ±0,39 5,96 ±2,19 4,26 ±1,01 4,02 ±1,57

Distância percorrida no centro

(m)

0,44 ±0,16 0,46 ±0,15 0,48 ±0,08 0,73 ±0,27

Os dados representam a média +EPM. N = 05-06. Análise estatística: ANOVA.

Tabela 7 - Efeito do mCPBG (10 µg, 5 µg e 2,5 µg) microinjetado na SCPD de ratos sobre o índice de locomoção do CA.

Tabela 8 - Efeito do mCPBG (10 µg, 5 µg e 2,5 µg) microinjetado na SCPD de ratos sobre os parâmetros de ansiedade avaliados no CA

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5 DISCUSSÃO

O objetivo desse trabalho foi investigar a função dos receptores 5-HT3

presentes na SCPD na modulação de comportamentos relativos à ansiedade

experimental produzidos pela exposição de ratos ao LCE.

No experimento 1 foi possível constatar que o dolasetron, um antagonista

seletivo de receptores 5-HT3 (Ki: 20,03 ±6,58 nM) (MILLER ET AL.,1993;

BOEIJINGA ET AL., 1992), para todas as doses testadas, não modificou os

comportamentos relativos à ansiedade no LCE e no CA, e que essa ausência de

efeitos não está relacionada às alterações na locomoção do animal. Com relação à

avaliação etológica do comportamento no LCE, como o retorno aos braços fechados

(RBF) e a postura de esticar o corpo (PEC), a mesma tem se mostrado uma

ferramenta auxiliar na interpretação dos resultados relativos à ansiedade no LCE

(RODGERS; JOHNSON, 1995; GRIEBEL, 1997). Assim, a microinjeção do

dolasetron na SCPD, para todas as doses testadas, não alterou de forma

significativa os valores do PEC protegido e do RBF, ratificando os resultados obtidos

com as análises convencionais do LCE. Com isso, é possível inferir que, nas

condições experimentais aqui descritas, a ativação do receptor 5-HT3 parece não

estar sendo requerida para a execução dos comportamentos relativos à ansiedade

gerados pela exposição ao LCE.

Em outro estudo demonstrou-se que a microinjeção isolada de um antagonista

(ondansetron) e de um agonista (mCPBG) do receptor 5-HT3 na SCP de

camundongos produziu efeito ansiogênico e ausência de efeito, respectivamente, no

LCE (SILVA, 2009). Tendo em vista a ausência de efeito para o agonista, investigou-

se se haveria alguma interação entre os receptores 5-HT3 e 5-HT2 da SCP com

relação à ansiedade avaliada no LCE. Com isso, demonstrou-se que a microinjeção

prévia do ondansetron na SCP bloqueou o efeito ansiolítico do agonista do receptor

5-HT2B/2C mCPP, observado quando o mesmo foi microinjetado isoladamente na

SCP de camundongos (SILVA, 2009). Assim, os autores sugeriram que poderia

existir uma interação entre os receptores 5-HT3 e 5-HT2B/2C da SCP na modulação

da ansiedade de camundongos avaliada no LCE (SILVA, 2009).

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Os resultados obtidos por Silva e colaboradores (2009) diferenciaram-se do

obtido nesse trabalho e a razão para essa distinção pode estar assentada no

emprego de espécies de animais diferentes e condições metodológicas distintas, os

quais podem influenciar as respostas comportamentais e os efeitos farmacológicos

observados no LCE (CAROBREZ; BERTOGLIO, 2005). Como exemplo, no presente

trabalho utilizou-se um LCE de madeira e luz vermelha de baixa intensidade para a

iluminação da sala experimental, enquanto que no estudo supracitado foi utilizado

um LCE feito de vidro transparente e luz branca de baixa intensidade (77 lux). Nesse

sentido, foi observado que o diazepam produziu efeito ansiolítico mais contundente,

quando administrado perifericamente em ratos submetidos a condições

experimentais de baixa luminosidade (luz vermelha) e testados no LCE com braços

fechados de madeira do que quando submetido a outras condições experimentais

(braços fechados de material transparente com luz de alta ou baixa intensidade e

braços fechados de material opaco com luz de alta intensidade) (VIOLLE, 2009).

Assim, as condições experimentais empregadas no presente estudo estão de acordo

com as escolhas metodológicas citadas acima, as quais favoreceram o efeito

ansiolítico do Diazepam. Além disso, Silva e colaboradores (2009) realizaram a

microinjeção dos ligantes do receptor 5-HT3 em uma região não especificada da

SCP o que poderia gerar resultados variados, uma vez que a SCP é dividida em

quatro colunas paralelas ao aqueduto de Sylvius, que podem apresentar funções

distintas (CARRIVE, 1993; LINNMAN ET AL., 2012; BRANDÃO ET AL, 2003;

VIANNA; LANDEIRA-FERNANDEZ; BRANDÃO, 2001).

Curiosamente, de forma semelhante aos resultados obtidos com o dolasetron,

a microinjeção isolada de outros antagonistas serotonérgicos na SCPD, como os

antagonistas dos receptores 5-HT2A/2C (espiperona e ketanserina) e 5-HT1A (NAN-

190), também não alterou o comportamento de ratos avaliados no teste da

estimulação elétrica da SPCD (NOGUEIRA; GRAEFF, 1995; SCHÜTZ; AGUIAR;

GRAEFF, 1985). Contudo, quando os antagonistas dos receptores 5-HT2A/2C e do 5-

HT1A foram microinjetados antes dos agonistas do receptor 5-HT2 (DOI) e do 5-HT1A

(8-OH-DPAT), respectivamente, ou da própria serotonina, conseguiam reverter o

efeito antiaversivo dos agonistas (NOGUEIRA; GRAEFF, 1995; SCHÜTZ; AGUIAR;

GRAEFF, 1985). Além disso, o mesmo foi observado em modelos etológicos quando

a microinjeção isolada dos antagonistas dos receptores 5-HT1A, 5-HT2A e 5-HT2C

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também não produziu efeitos no LTE; contudo a microinjeção prévia desses

antagonistas conseguiu bloquear o efeito antiaversivo da serotonina sobre a fuga no

LTE (SOARES; ZANGROSSI, 2004). É importante salientar que a fuga observada

no modelo de estimulação elétrica da SCPD e no LTE vem sendo relacionada ao TP

e configura-se como um modelo para o estudo representativo desse transtorno

(SCHENBERG ET AL., 2001; GRAEFF; NETTO; ZANGROSSI, 1998). Em outro

trabalho, a microinjeção de um antagonista do receptor 5-HT1A (WAY-100135) na

SCPD de ratos também não alterou os índices de ansiedade do LCE (MORAES;

BERTOGLIO; CAROBREZ, 2008). O mesmo ocorreu com a microinjeção da

ketanserina (antagonista de receptor 5-HT2A/2C) na SCP de camundongos avaliados

no LCE (NUNES-DE-SOUZA ET AL., 2008). Portanto, os resultados obtidos por

esses autores, juntamente com os encontrados nesse trabalho, reforçam a ideia de

que a serotonina realiza um controle regulatório fásico sobre os neurônios da SCPD.

Ou seja, a ativação dos receptores serotonérgicos da SCPD, inclusive o receptor 5-

HT3, parece não se realizar de forma contínua na modulação de respostas de

ansiedade (GRAEFF, 2004; GRAEFF, 2002).

Com relação aos estudos que empregaram a administração periférica de

antagonistas do receptor 5-HT3 observaram-se alguns resultados contraditórios. De

fato, a administração periférica do zacopride, do BRL 46470, do tropisetron, do MDL

72222, do granisetron ou do ondansetron (antagonistas de receptor 5-HT3) não

promoveu efeitos relacionados à ansiedade em ratos testados no LCE (SETEM ET

AL, 1999; FILE; JOHNSTON, 1989; WRIGHT, 1992; GRIEBEL ET AL., 1997) e no

TIS (FILE; JOHNSTON, 1989), ao passo que administração intraperitoneal ou oral

desses antagonistas gerou efeitos ansiolíticos em outros estudos empregando tanto

o LCE (DUNN; CARLEZON; CORBETT, 1991; ANDREWS; FILE, 1993;

BLACKBURN ET AL, 1993; FILIP ET AL, 1992) quanto o TIS (DUNN; CARLEZON;

CORBETT, 1991; BLACKBURN ET AL, 1993; JONES, 1988). Além disso, ratos

administrados perifericamente com o BRL46470 e o Y-25130 (antagonistas do

receptor 5-HT3) também exibiram efeito ansiolítico quando testados no LTE

(GARGIULO ET AL, 1996) e no labirinto em zero elevado (BELL ET AL, 2014).

Assim, os dados obtidos no presente estudo sugerem que os receptores 5-HT3 da

SCPD provavelmente não estão envolvidos com os efeitos ansiolíticos observados

com a administração periférica de antagonistas do receptor 5-HT3 em ratos.

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Uma questão interessante é o fato de que o LCE é tido como um modelo misto,

pois o animal pode emitir diferentes reações de defesa, como a esquiva e a fuga dos

braços abertos, ao percorrer livremente o labirinto. Assim, sabendo-se que as vias

serotonérgicas estão relacionadas à modulação dessas reações de defesa, o efeito

dos fármacos sobre os receptores serotonérgicos poderia variar de acordo com a

predominância ou não de uma determinada reação de defesa durante o teste

(GRAEFF, 2002; HANDLEY, 1993). Do ponto de vista desse trabalho, a ausência de

efeito do dolasetron também poderia ser explicada pelos múltiplos comportamentos

de defesa que poderiam ocorrer no LCE. Sendo assim, sob essa ótica, seria

pertinente verificar os efeitos do dolasetron no LTE, um modelo que permite avaliar

dois comportamentos de defesa separadamente num mesmo animal (esquiva

inibitória e a fuga), a fim de confirmar os resultados obtidos no LCE.

Em relação especificamente aos ligantes do receptor 5-HT3, somando-se ao

fato sugerido acima, é possível que a ausência de efeito do dolasetron no presente

estudo também possa estar relacionada a uma maior afinidade do dolasetron por

uma determinada subunidade do receptor 5-HT3. De fato sabe-se que o receptor 5-

HT3 é um canal iônico constituído por cinco subunidades dispostas ao redor de um

poro central, cujo arranjo pode variar de acordo com a presença ou não de alguma

das diferentes subunidades já identificadas (5-HT3A, 5-HT3B, 5-HT3C, 5-HT3D e 5-

HT3E) (WALSTAB; RAPPOLD; NIESLER, 2010). Além disso, já foi demonstrado que

para estabelecer uma configuração funcional é necessário que ao menos a

subunidade 5-HT3A esteja presente no receptor. Assim, é possível formar

receptores homoméricos constituídos apenas da subunidade 5-HT3A e receptores

heteroméricos constituídos pela combinação de uma subunidade 5-HT3A com outra

de tipo diferente (LUMMIS, 2012; NIESLER ET AL., 2007).

É interessante notar que, através da técnica de ensaio de ligação do ligante

(ligand binding assay), a afinidade do mCPBG, um agonista do receptor 5HT3, ou da

própria serotonina é diferente entre os receptores homoméricos contendo

subunidade 5-HT3A (mCPBG: 0,15 µM e serotonina: 0,42 µM) e receptores

heteroméricos formados pelas subunidades 5-HT3A e 5-HT3B (mCPBG: 0,43 µM e

serotonina: 2,69 µM), sendo essa afinidade maior entre os integrantes do primeiro

tipo de receptor (THOMPSON; LUMMINS, 2013). O mesmo foi observado para um

antagonista do receptor 5-HT3, o VUF10166, que também apresentou afinidades

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distintas entre os receptores homopentâmeros formados pelas subunidades 5-HT3A

(Ki: 0,04 nM) e heteropentâmeros que continham as subunidades 5-HT3A e 5-HT3B

(Ki: 22 nM), sendo essa afinidade muito superior em receptores homoméricos

(THOMPSON ET AL., 2012). Assim, tendo em vista a variedade de subunidades

existentes e os diferentes resultados obtidos entre receptores homoméricos e

heteroméricos, seria interessante investigar quais subtipos de receptor 5-HT3 estão

presentes na SCPD de ratos e promover ensaios de ligação do ligante envolvendo o

dolasetron e esses subtipos identificados, a fim de assegurar que a ausência de

efeito do dolasetron não esteja relacionada a uma maior afinidade desse antagonista

por um subtipo de receptor que não esteja presente na SCPD.

Já com relação às administrações intracérebro de antagonistas do receptor

5HT3 tem-se observado resultados variados de acordo com a região em que eles

foram administrados. Dessa forma, com relação à amígdala, os antagonistas

ondansetron, MDL 72222 e tropisetron causaram efeito ansiolítico em ratos testados

no TIS, ao passo que a microinjeção da serotonina ou do agonista do receptor 5-

HT3, o 2-Me 5-HT, causou efeito ansiogênico nesse mesmo teste (HIGGINS ET AL.,

1991). Em camundongos, foi possível constatar que o ondansetron e o mCPBG

(agonista de receptor 5-HT3) microinjetados na amígdala causaram efeitos ansiolítico

e ansiogênico, respectivamente, no LCE. Além disso, a microinjeção prévia do

ondansetron seguida da injeção local do mCPBG foi capaz de reverter o efeito

ansiogênico gerado por esse agonista quando microinjetado isoladamente na

amígdala de camundongo (LAINE, 2010). Com esses resultados, foi possível inferir

que a serotonina através da ativação de receptores 5-HT3 parece contribuir com o

seu efeito ansiogênico na amígdala. Além disso, esses resultados corroboram

alguns estudos com administração periférica que atribuíram efeito ansiolítico aos

antagonistas de receptores 5-HT3 (LAINE, 2010; HIGGINS ET AL., 1991). Por outro

lado, quando antagonistas do receptor 5-HT3 foram microinjetados no NDR de ratos

não alteraram os parâmetros de ansiedade no TIS (HIGGINS ET AL., 1991). O

mesmo foi observado após a microinjeção do ondansetron e tropisetron no NMR,

núcleo accumbens, caudado e putâmen de camundongos avaliados teste de

transição claro e escuro (COSTAL ET AL., 1989b) o que leva a sugestão de que o

efeito ansiolítico observado pela administração periférica de antagonistas do

receptor 5-HT3 se deva à sua atuação sobre receptores 5-HT3 da amígdala.

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Com relação ao experimento 2, a microinjeção do mCPBG, um agonista

seletivo dos receptores 5-HT3 (KILPATRICK ET AL, 1990), nas doses de 5 µg e de

10 µg, na SCPD produziu efeito ansiolítico por meio do aumento da porcentagem de

entrada e de tempo nos braços abertos do LCE, assim como nos seus respectivos

valores absolutos. Além disso, os animais testados com essas doses não

demonstraram alterações nos parâmetros de locomoção no LCE e no CA, de

maneira que os efeitos ansiolíticos observados não estão relacionados às alterações

locomotoras do animal. Com relação às medidas etológicas avaliadas no LCE,

houve diminuição, porém não significativa, da quantidade de PEC protegido e RBF

realizados pelos animais, sendo essa diminuição mais acentuada para o PEC nas

doses de 5 µg e de 10 µg. Essa diminuição é sugestiva de um perfil ansiolítico, que

concorda com os efeitos ansiolíticos das medidas clássicas obtidas para essas

doses.

Em relação aos parâmetros de ansiedade avaliados no CA, não houve

diferenças significativas para todas as doses de mCPBG testadas quando

comparadas ao grupo salina. A diferença de resultados entre o LCE (efeito

ansiolítico) e o CA (ausência de efeito), para as doses de 5µg e de 10µg pode ter

ocorrido em virtude da possibilidade desses modelos produzirem tipos de ansiedade

diferentes (CAROLA, 2002; GRAEFF; GUIMARÃES, 2005). Um fato interessante é

que o CA também é afetado por alterações nas condições experimentais como, por

exemplo, a idade do animal e a iluminação da sala experimental (PENG ET AL,

1994; BOUWKNECHT ET AL, 2007). Com relação à iluminação, assim como no

LCE, níveis baixos de luz são menos aversivos ao animal do que a luz de alta

intensidade (HALL ET AL, 2000; BOUWKNECHT ET AL, 2007) e, nesse trabalho, foi

utilizada a luz branca (de intensidade maior do que a luz vermelha usada no LCE)

durante a execução do CA. Portanto, sabendo-se que a luz de alta intensidade não

seria um interferente para detecção de drogas ansiolíticas (HOOG, 1996) e que

mCPBG produziu efeito ansiolítico no LCE, é possível que essa variação na

quantidade de iluminação não tenha alterado o resultado. Além disso, foi possível

notar que o mCPBG, para todas as doses testadas, aumentou o tempo em que o

animal passou na região central do CA. Assim, esse resultado reforça o efeito

ansiolítico das doses de 5µg e de 10µg observado no LCE, apesar do aumento do

valor dessa variável não ter sido significativo.

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Nesse contexto, as administrações intracérebro foram uma ferramenta

imprescindível para o aprofundamento dos conhecimentos acerca do papel do

sistema serotonérgico na fisiopatologia da ansiedade. Assim, alguns autores

demonstraram que a serotonina na SCPD tem uma função antiaversiva na

modulação da fuga causada pela estimulação elétrica da SCPD (NOGUEIRA;

GRAEFF, 1995) e pela exposição ao LTE (ZANOVELI; NOGUEIRA; ZANGROSSI,

2003) e que, além disso, anormalidades nesse sistema poderiam estar relacionadas

ao TP (GRAEFF; NETTO; ZANGROSSI, 1998). Por outro lado, foi visto que a

serotonina na SCPD também produziu efeito ansiogênico na tarefa de esquiva

inibitória do LTE (ZANOVELI; NOGUEIRA; ZANGROSSI, 2003) e que desequilíbrios

nesse sistema poderiam estar relacionados ao TAG (GRAEFF; NETTO;

ZANGROSSI, 1998). Assim, a partir dos resultados obtidos pelos autores

supracitados, foi possível depreender que a SCPD não é uma estrutura

exclusivamente relacionada ao pânico (reações de fuga), como a princípio se

pensou, mas também com a ansiedade.

Esse elo entre a ansiedade e o sistema serotonérgico da SCPD também foi

revelado nesse trabalho, através do efeito ansiolítico produzido pelo mCPBG

microinjetado na SCPD de ratos testados no LCE.

De maneira similar aos resultados obtidos nesse estudo com o agonista do

receptor 5-HT3 (mCPBG), a microinjeção do agonista do receptor 5-HT1A (8-OH-

DPAT) na SCPD de ratos produziu efeito ansiolítico no parâmetro de esquiva

inibitória do LTE, o qual foi revertido pela microinjeção prévia do antagonista do

receptor 5-HT1A (WAY 100135) (SOARES; ZANGROSSI, 2004). Por outro lado, a

microinjeção de um agonista seletivo do receptor 5-HT2C, o MK-212, na SCPD de

ratos gerou efeito ansiogênico no LTE o qual foi bloqueado pela microinjeção prévia

de um antagonista seletivo do receptor 5-HT2C (YAMASHITA; BORTOLI;

ZANGROSSI, 2011). Assim, os receptores 5-HT3 e 5-HT1A parecem modular

respostas similares relativas à ansiedade na SCPD (efeito ansiolítico), as quais são

opostas a dos receptores 5-HT2C (efeito ansiogênico) (ZANOVELI; NOGUEIRA;

ZANGROSSI, 2003).

É interessante ressaltar que a afinidade do mCPBG é consideravelmente maior

por receptores 5-HT3 do que por outros subtipos de receptores serotonérgicos,

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sendo necessário uma concentração 1000 vezes maior de mCPBG para que o

mesmo se ligue a receptores 5-HT1A e 5-HT2 (IC50 do mCPBG para os receptores 5-

HT3: 1,47 ±0,07nM, 5-HT1A: 10µM e 5-HT2: 10µM) (KILPATRICK ET AL., 1990).

Contudo, ainda que o mCPBG apresente elevada afinidade por receptores 5-HT3,

seria pertinente avaliar o efeito da microinjeção combinada do antagonista

(dolasetron) com o agonista (mCPBG) do receptor 5-HT3 na SCPD de ratos testados

no LCE, a fim de ratificar o envolvimento do receptor 5-HT3 na ação ansiolítica do

mCPBG.

Tendo em vista o exposto acima, uma possível explicação para efeito

ansiolítico do mCPBG microinjetado na SCPD poderia residir na relação entre

receptores 5-HT3 e os interneurônios GABAérgicos.

Sabe-se que a utilização de benzodiazepínicos (BDZs) no tratamento de

enfermidades relativas à ansiedade (principalmente o TAG, mas também o TP), pôs

em destaque o mais ubíquo sistema de neurotransmissão inibitório, o sistema

GABAérgico. Os BDZs, ao atuarem nos receptores GABAA (um dos receptores

desse sistema), potencializam a ação do neurotransmissor GABA, cujo um dos

efeitos consiste em ligar-se a esse receptor e causar a hiperpolarização da célula,

através de um influxo de cloro para o interior da mesma, gerando a inibição da

excitabilidade celular (DAVIDSON, 2004; SUSMAN; KLEE, 2005; RICKELS; RYNN,

2002; ATACK, 2005).

Dentro desse contexto, já foi demonstrado que interneurônios GABAérgicos

estão presentes em estruturas consagradamente relevantes para a fisiologia da

ansiedade, tais como: a SCPD, o hipocampo e a amígdala (MILLAN, 2003;

SPAMPANATO; POLEPALLI; SAH, 2011; KULLMANN, 2011; DEPAULIS;

BANDLER, 1991; REICHLING, 1991). Além disso, estudos pré-clínicos vêm

mostrando a relevância desse sistema para a ansiedade. De fato, já foi constatado

que a microinjeção de um agonista BZD (midazolam) na SCPD gerou efeito

ansiolítico em ratos testados no LCE (MOTTA; BRANDÃO, 1993; RUSSO, 1993) e

que a microinjeção prévia de um antagonista BZD (flumazenil) foi apta em reverter

esse efeito ansiolítico, sugerindo que os receptores GABAérgicos da SCPD podem

estar participando de mecanismos relacionados à ansiedade nessa região (RUSSO,

1993).

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Alguns trabalhos utilizando técnicas de imuno-histoquímica e hibridização têm

demonstrado a presença de receptores 5-HT3 em internêuronios GABAérgicos da

amígdala, do hipocampo, da região septal, do córtex e do córtex olfatório.

(MORALES; BLOOM, 1997; JAKAB; GOLDMAN-RAKIC, 2000). Somado à disso, em

outros trabalhos utilizando técnicas eletrofisiológicas in vitro, demonstrou-se que a

serotonina facilita a transmissão sináptica inibitória por aumentar a liberação de

GABA através da ativação de receptores 5-HT3 presentes em interneurônios

GABAérgicos do hipocampo, amígdala e giro dentado (ROPERT; GUY, 1991;

McMAHON; KAUER, 1997; PIGUET; GALVAN 1994; KOYAMA ET AL, 2000;

KOYAMA, 2002; KATSURABAYASHI, 2003). Em estudos empregando técnicas

eletrofisiológicas bastante conceituadas, como o patch clamp, foi possível

demonstrar que esse aumento da liberação de GABA no terminal era consequência

da atuação da serotonina em receptores 5-HT3 pré-sinápticos dos interneurônios

GABAérgicos do hipocampo e da amígdala, e que o influxo de cálcio gerado pela

ativação do receptor facilitava a exocitose das vesículas contendo GABA

(KATSURABAYASHI, 2003; TURNER; MOKLER; LUEBKE, 2004; KOYAMA, 2002;

KOYAMA, 2000). De fato sabe-se que o Ca+2 é um cátion imprescindível para a

exocitose de vesículas contendo neurotransmissores (SÜDHOF, 1995). Tendo em

vista esses resultados, pode-se inferir que a serotonina, ao ligar-se aos receptor 5-

HT3 de interneurônios GABAérgicos, facilitaria a liberação do GABA, favorecendo as

sinapses inibitórias das quais participe, atribuindo-se à serotonina, dessa forma, o

papel de moduladora da circuitaria inibitória dessas regiões.

Assim, em suma ao que foi descrito até agora, viu-se que a potencialização do

sistema GABAérgico gera efeito ansiolítico quando BZDs são microinjetados na

SCPD e que a terapia com BZD é efetiva no tratamento dos transtornos de

ansiedade. Além disso, já foi visto que os BZDs de alta potência, como o

alprazolam, são eficazes no tratamento do TP, afecção correlacionada à SCPD

(GRAEFF; GUIMARÃES, 2005; MELLO, 2006). Além disso, viu-se que a SCP

contém receptores 5-HT3 e interneurônios GABAérgicos (na sua porção dorsal), e

tendo em vista que há sobreposição dos receptores 5-HT3 nos interneurônios

GABAérgicos em diversas estruturas límbicas já citadas, é plausível sugerir que os

receptores 5-HT3 da SCP também possam estar localizados em interneurônios

GABAérgicos da SCPD. Portanto, transferindo tal raciocínio para o universo desse

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trabalho, o efeito ansiolítico observado após a microinjeção do mCPBG nas doses

de 5µg e de 10µg poderia ser fruto do efeito do agonista em receptores 5-HT3

presentes em interneurônios GABAérgicos da SCPD. Isso favoreceria as sinapses

inibitórias, tal como os BZDs, que por um caminho diferente, também facilitam essas

sinapses ao potencializar o efeito do GABA em receptores GABAA.

De maneira interessante, já foi demonstrado, por meio de técnicas de imuno-

histoquímica, que outro subtipo de receptor serotonérgico, o 5-HT2A, está presente

em neurônios GABAérgicos da SCPD. Além disso, essa colocalização foi observada

ao longo de todo o eixo rostrocaudal da SCP, sendo superior a 70%. Dessa forma,

foi possível constatar que uma grande quantidade de neurônios GABAérgicos da

SCP expressam receptores 5-HT2A (GRIFFITHS; LOVICK, 2002).

Sendo assim, com o intuito de aprofundar os estudos realizados nesse trabalho

seria interessante comprovar a presença dos receptores 5-HT3 nos interneurônios

GABAérgicos da SCPD, através de técnicas de imuno-histoquímica. Além disso,

também seria interessante realizar a microinjeção combinada de um antagonista do

receptor GABAA e de um agonista do receptor 5-HT3 (mCPBG) na SCPD, a fim de

verificar se o bloqueio dos receptores GABAA dessa região interfere no efeito

ansiolítico observado com a microinjeção do mCPBG na porção dorsal da SCP de

ratos testados no LCE.

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6 CONCLUSÃO

Tendo em vista os resultados obtidos nesse trabalho, foi possível constatar que

a microinjeção dos dois ligantes serotonérgicos empregados geraram resultados

diferentes no LCE. O dolasetron, antagonista do receptor 5-HT3, quando

microinjetado na SCPD, nas doses de 100ng, 500ng e 1000ng, não alterou os

comportamentos relativos à ansiedade de ratos avaliados no LCE e CA e esta ação

não foi influenciada por alterações na locomoção do animal. Já a microinjeção do

mCPBG (agonista do receptor 5-HT3) na SCPD, nas doses de 5µg e de 10µg,

reduziu os comportamentos relacionados à ansiedade no LCE sem promover

alteração na atividade locomotora. Portanto, os resultados obtidos nesse estudo

sugerem que a ativação dos receptores 5-HT3, presentes na SCPD, modulam um

efeito ansiolítico no LCE.

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