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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMÁTICA E EVOLUÇÃO FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES (GLOMEROMYCOTA) EM UM CONTÍNUO DE RESTINGA E CAATINGA, NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ESTADUAL PONTA DO TUBARÃO, RN ________________________________________________ Dissertação de Mestrado Natal/RN, março de 2017 KÁSSIA JÉSSICA GALDINO DA SILVA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMÁTICA E EVOLUÇÃO

FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES (GLOMEROMYCOTA)EM UM CONTÍNUO DE RESTINGA E CAATINGA, NA RESERVA

DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ESTADUALPONTA DO TUBARÃO, RN

________________________________________________Dissertação de MestradoNatal/RN, março de 2017

KÁSSIA JÉSSICA GALDINO DA SILVA

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KÁSSIA JÉSSICA GALDINO DA SILVA

FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES (GLOMEROMYCOTA) EM UM

CONTÍNUO DE RESTINGA E CAATINGA, NA RESERVA DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ESTADUAL PONTA DO TUBARÃO, RN

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Sistemática e Evolução da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

parte das exigências para obtenção do grau de

Mestre.

Linha de Pesquisa: Taxonomia, Sistemática e Ecologia.

Orientadora: Profa. Dra. Raquel Cordeiro Theodoro.

Coorientador: Prof. Dr. Bruno Tomio Goto

Natal – RN

2017

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Silva, Kássia Jéssica Galdino da. Fungos micorrízicos arbusculares (Glomeromycota) em umcontínuo de restinga e Caatinga, na reserva de desenvolvimentosustentável Estadual Ponta do Tubarão - RN / Kássia JéssicaGaldino da Silva. - Natal, 2017. 77 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte. Centro de Biociências. Programa de pós-graduação emSistemática e Evolução. Orientadora: Profa. Dra. Raquel Cordeiro Theodoro.

1. Sazonalidade - Dissertação. 2. Diversidade - Dissertação.3. Ecótono - Dissertação. 4. Salinidade - Dissertação. 5. FMA -Dissertação. I. Theodoro, Raquel Cordeiro. II. UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 502.15

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de Biociências - CB

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KÁSSIA JÉSSICA GALDINO DA SILVA

FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES (GLOMEROMYCOTA) EM UM

CONTÍNUO DE RESTINGA E CAATINGA, NA RESERVA DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ESTADUAL PONTA DO TUBARÃO, RN

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Sistemática e Evolução da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

parte das exigências para obtenção do grau de

Mestre.

Aprovada em: 06 de Março de 2017.

Comissão Examinadora:

Dra. Danielle Karla Alves da Silva (UNIVASF)

Dr. Iuri Goulart Baseia (UFRN)

Dra. Raquel Cordeiro Theodoro (UFRN - Orientadora)

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai, Raimundo Galdino (in

memoram) dedico.

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“Aquele que vive esteticamente espera tudo de fora. Daí a angústia enfermiça com que muita gente fala do que há de terrível no fato de não ter encontrado seu lugar no mundo. A angústia demonstra sempre que o indivíduo espera tudo desse lugar, nada de si mesmo”.

Soren Kierkegaard

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos órgãos financiadores desse projeto, seja com a concessão da

bolsa ou de auxílios financeiros: CAPES, PPg (Pró-Reitoria de Pós-Graduação

UFRN), PPGSE (Programa de Pós-Graduação em Sistemática e Evolução).

Á minha orientadora, profª Dra. Raquel Cordeiro Theodoro por toda orientação

e mais que isso, apoio (financeiro e moral), amizade e comprometimento a esse

trabalho. Não poderia ter orientadora melhor.

Ao meu Coorientador profº Dr. Bruno Tomio Goto, por todos esses anos de

contribuição.

A banca de qualificação profª Dra. Maria Tereza Barreto e profº Dr. Alexandre

Fadigas, com seus conselhos e críticas bem utilizadas nesse trabalho final.

A banca de defesa profª Dra. Danielle Karla Alves da Silva e profº Dr. Iuri

Goulart Baseia, por terem aceitado tão prontamente o convite e por todos os pontos

levantados que serão de grande ajuda.

A minha família, em especial minha mãe Iracema Francisca da Silva Galdino,

pelo apoio e auxilio na falta de bolsa e pelo cuidado comigo.

Aos meus colegas e ex-colegas de laboratório (LBM, LAVIMI e LBF) que

ajudaram em todos os momentos: José Alex, Conceição Castro, Matheus Zatti,

Felipe Gomes, Ingrid Góes, Thales Domingos, Adler Santana, Xocthil Margarito,

Aretha Melo, Ana Clarissa, Nathalia Mendonça, Julimar Freitas Neto, Rafaela

Gomes, Cintia de Maria, Miguel Dorcino, Rhudson Cruz, enfim, todos da micologia

ambiental e médica da UFRN.

Em especial agradeço aos meus amigos Marcus Issler e Danilo Miguel, que

foram a campo e deram uma mão no trabalho pesado, sem vocês seriam uns kilos a

mais pra carregar.

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Ao Ruy Lima, por toda correção no texto, pelas dúvidas tiradas e por todo

apoio. Assim como a sua esposa Gabriela Araújo.

Ao José Luiz por ajuda na estatística e em tudo que já precisei na graduação

e mestrado.

À todos os amigos, que mesmo não ajudando na produção cientifica, foram

uteis para manter a sanidade da mente em momentos difíceis.

Ao Victor Schinaider, que sem ele este último ano de mestrado não teria sido

tão suportável. Por todo amor e incentivo quando preciso.

À Deus por ter me sustentado e por me dar mais do que preciso e espero.

Não teria conseguindo chegar até aqui, se o Senhor não tivesse me sustentado.

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RESUMO

A zona costeira é caracterizada por uma transição entre biomas ou fitofisionomias,

apresentando condições ambientais estressantes. No Rio Grande do Norte tal

transição se dá pela sobreposição (ecótono) entre restinga e caatinga,

fitofisionomias distintas, caracterizadas por formações mosaicas. Além das próprias

adaptações das espécies vegetais a essa zona de interface, outro fator importante

para a sobrevivência das espécies vegetais são os fungos micorrízicos arbusculares

(FMA), simbiontes obrigatórios importantes para a estabilização do sistema solo-

planta. Diante dessa importância ecológica, este trabalho objetivou identificar a

diversidade da comunidade de FMA em um contínuo de restinga e caatinga ao longo

do litoral do RN, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do

Tubarão, Macau/Guamaré, RN. Foram realizadas duas coletas de solo, uma no fim

do período após chuva e outra no período seco, bem como avaliação de fatores

abióticos do solo e sua influência sobre a comunidade de FMA, cuja diversidade foi

aferida pela morfologia dos esporos. Foram identificadas 24 espécies, destas 12 são

exclusivas da restinga, uma (1) exclusiva de caatinga e 11 ocorrem em ambas as

áreas. Quanto à dinâmica sazonal, o período seco demonstrou uma maior

abundância dos esporos, e no período chuvoso espécies esporocárpicas, com

formação em aglomerado de cachos de esporos, foram frequentemente

encontradas. Os fatores ambientais que mais influenciaram a distribuição das

espécies foram a salinidade e o pH. A salinidade, assim como os demais aspectos

químicos do solo averiguados, se mostrou homogênea, sendo encontrados alguns

sítios específicos mais salinos, os quais apresentaram uma baixa riqueza de

espécies. Tal resultado sugere um significativo impacto de uma das principais

atividades econômicas do RN, as salinas, na biodiversidade de FMA no solo.

PALAVRAS-CHAVE: FMA, Diversidade, Ecótono, Salinidade, Sazonalidade.

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ABSTRACT

The coastal zone is characterized by a transition between biomes or

phytophysiognomies and may present stressful environmental conditions. In Rio

Grande do Norte State (Brazil), this transition occurs due to the overlap (ecotone)

between restinga and caatinga, distinct phytophysiognomies, characterized by

mosaic formations. In addition to the flora adaptations to this interface, another

important factor for the survival of plant species is the arbuscular mycorrhizal fungi

(AMF), which are important symbionts that are relevant for the stabilization of the

soil-plant system. In view of its ecological importance, this work aimed to identify the

diversity of the AMF community in a restinga and caatinga continuum along the

Northeastern coast, in the Ponta do Tubarão Sustainable Development Reserve, in

Macau / Guamaré Counties, RN, Brazil. Two soil collection were carried out, one at

the end of the period after rainfall and another in the dry period for AMF species

identification by spore morphology. The soil abiotic factors and their influence on the

AMF community were assessed. Twenty - four species were identified, 12 of which

are exclusive to restinga, one (1) to caatinga and 11 occurred in both areas. As for

the seasonal dynamics, the dry period showed a greater abundance of spores, and in

the rainy season sporocarpic species, with agglomerates forming bunches of spores,

were frequently found. The environmental factors that most influenced the distribution

of the species were salinity and pH. The salinity, as well as the other chemical

aspects of the soil verified, was homogeneous, being found some specific sites more

saline, which presented a low species richness. This result suggests a significant

impact of one of the main economic activities of the RN, the salines, on the

biodiversity of AMF in the soil.

Key-words: AMF, Diversity, Ecotone, Salinity, Seasonality.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Estruturas intra e extra radiculares para colonização da raiz, reprodução do esporo e distribuição dos nutrientes para a planta .............................................. 15

Figura 02. Esquema da formação da micorriza arbuscular e simbiose com cianobactérias, estabelecimento da interface simbiótica ......................................... 21 Figura 03. Inserção dos primers: SSUmAr e SSUmCf (na porção 18S), LSUmAr e LSUmBr (na porção 28S); atingindo assim, uma região amplificada de cerca de 1800 pb, cuja cobertura vai do SSU, ITS1e2, 5.8S e LSU ................................................ 29

Figura 04. Árvore proposta em 2001 por Schuessler et al., mostrando o monofiletismo do grupo e desmembrando dois filos (Chytridiomycota e Zygomycota) ...................................................................... ............................................................. 31 Figura 05. Mapa dos biomas brasileiros .................................................................. 32

Figura 06. Área da RDSE Ponta do Tubarão e seus limites ................................... 37

Figura 07. Caracterização da vegetação da RDSE Ponta do Tubarão ................... 38

Figura 08. Transectos de coleta na RSDE Ponta do Tubarão. R1 e R2: restinga; E1 e E2: restinga com região de Ecótono; C1 e C2: caatinga ...................................... 39

Figura 09. Fotos dos locais de coleta, na RSDE Ponta do Tubarão. A-B: restinga, sendo A estação pós chuvosa e B estação seca; C-D: caatinga, sendo C estação pós chuvosa e D estação seca; E-F: restinga com região de Ecótono, sendo E estação pós chuvosa e F estação seca ................................................................... 40

Figura 10. A – Coleta de solo rizosférico (RDSE Ponta do Tubarão); B – montagem de cultura armadilha na casa de vegetação da UFRN; C – peneiramento úmido e centrifugação em sacarose; D – separação dos esporos em ácido lático; E – Montagem de lâminas em PVLG e PVLG + Melzer; F – identificação das espécies de acordo com as chaves de identificação; G – Paradentiscutata maritima (espécie encontrada nesse estudo) ........................................................................................ 41

Figura 11. Presença das espécies em cada área, com sua representação em número de esporos encontrados .............................................................................. 44 Figura 12. Proporção da representação das famílias encontradas na caatinga e na restinga .................................................................................................................... . 44

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Figura 13. Número de esporos por espécie em cada estação de coleta representando a abundância das espécies na restinga e na caatinga .................... 45 Figura 14. Análise de RDA de correlação entre a matriz ambiental e a riqueza e abundância das espécies ......................................................................................... 47 Figura 15: A-F Acaulospora sp.2, A-C: esporos montados em PVLG. D-F: esporos montados em PVLG + reagente Melzer. Siglas: (orn) ornamentação em forma de sulcos com espinhos no seu interior, primeira camada da parede externa, (ex) parede externa, (ex1) primeira camada da parede externa, (ex2) segunda camada da parede externa, (in) parede interna, (med) parede média, (med1) primeira camada da parede média, (med2) segunda camada da parede média, (sac) sáculo esporífero .................................................................................... ............................. 49 Figura 16: A-F Dentiscutata hawaiiensis, A-C: esporos montados em PVLG. D-F: esporos montados em PVLG + reagente Melzer. Siglas: (ex) parede externa, (ex1) primeira camada da parede externa, (ex2) segunda camada da parede externa, (in) parede interna, (med) parede média, (med1) primeira camada da parede média, (med2) segunda camada da parede média, (bs) bulbo suspensor, (hif) hifa do bulbo suspensor .................................................................................... ............................. 51

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Espécies de FMA encontradas ao longo de todo estudo e suas respectivas famílias ..................................................................... ............................. 43

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ºC Graus Celsius

μl Microlitro

Al Alumínio

ARISA Automated Ribossomal Intergenic Spacer Analysis

DNA Deoxyribonucleic Acid

DGGE Denaturing Gradient Gel Elecrophoresis

EMPARN Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN

FMA Fungo Micorrízico Arbuscular

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio

Ambiente

ITS Internal Transcribed Spacer

Kg Kilograma

LSU large subunit

m Metro

MA Micorriza Arbuscular

Mg Magnésio

mm Milímetro

MMA Ministério do Meio Ambiente

N Nitrogénio

Na Sódio

NaCl Cloreto de Sódio

OTU operational taxonomic unit

P Fósforo

PCA Principal Component Analysis

PCR Polymerase Chain Reaction

pH Potencial hidrogeniônico

PPBIO Programa de Pesquisa em Biodiversidade

PVLG Polyvinyl alcohol-lactic acid-glycerol

RAPD Random Amplified Polymorphic DNA

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RDA Redundancy Analysis

RDSE Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual

RISA Ribossomal Intergenic Spacer Analysis

RFLP Restricion Fragment Length Polymorphism

RN Rio Grande do Norte

rRNA RNA ribossomal

SSR Single Sequence Repeats

SSU Small Subunit

T-RFLP Terminal Restricion Fragment Length Polymorphism

UC Unidade de Conservação

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................... ............. 14

1.1 FUNGOS MICORRIZICOS ARBUSCULARES: CONCEITO,

IMPORTÂNCIA E TAXONOMIA ........................................................ 14

1.2 CONTÍNUO RESTINGA-CAATINGA ........................................... 31

2. OBJETIVOS ....................................................................................... 36

2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................... 36

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................ 36

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................. 37

3.1 ÁREA DE ESTUDO E COLETA DE SOLO .................................. 37

3.2 ANÁLISES TAXONÔMICAS ........................................................ 41

3.3 ANÁLISES ECOLÓGICAS ........................................................... 42

4. RESULTADOS ................................................................................... 43

4.1 TAXONOMIA ................................................................................ 43

4.2 ÍNDICES DE BIODIVERSIDADE ................................................. 46

4.3 DESCRIÇÃO DE ESPÉCIES ....................................................... 47

5. DISCUSSÃO ...................................................................................... 52

6. CONCLUSÃO .................................................................................... 57

7. REFERÊNCIAS .................................................................................. 58

8. ANEXO ............................................................................................... 70

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1. INTRODUÇÃO

1.1 FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES: CONCEITO, IMPORTÂNCIA E

TAXONOMIA

Os Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA), pertencentes ao filo

Glomeromycota (SCHUESSLER et al., 2001), são simbiontes obrigatórios da maioria

das raízes de plantas, colonizando desde Briófitas e Pteridófitas à Angiospermas e

Gimnospermas (SMITH; READ, 2008), estima-se que essa associação micorrízica

seja encontrada em aproximadamente dois terços de todas as espécies de plantas,

incluindo plantas lenhosas e árvores tropicais (TOWNSEND et al., 2010). Há

registros desses fungos em diversos habitats do planeta, (EMBRAPA, 2006;

SIQUEIRA et al., 2002), tais como: áreas árticas (CABELLO et al., 1994), desérticas

(YANG et al., 2008), floresta boreal (ÖPIK et al., 2008), tropical (GOTO et al., 2011)

e ecossistemas de lagos (SUDOVÁ et al., 2015), o que demonstra que se trata de

uma relação altamente difundida e bem sucedida (SMITH; READ, 2008).

Evidências fósseis e moleculares apontam que a relação simbiótica entre

espécies vegetais e fungos micorrízicos é antiga, datada de 450 a 600 milhões de

anos. Esporos com formação scutellosporóides semelhantes aos de Gigasporales

foram encontrados e datados em cerca de 400 milhões de anos (DOTZLER et al.,

2009); o que indica que tal simbiose provavelmente foi um fator crucial para a

colonização e estabelecimento das plantas vasculares no ambiente terrestre,

(HELGASON; FITTER 2005; DOTZLER et al., 2009; SOUZA et al., 2007;

REDECKER et al., 2000; SCHUESSLER et al., 2001; MAIA et al., 2010), uma vez

que esta associação é essencial para o desenvolvimento e nutrição da planta, à

medida que esta obtém nutrientes por meio da extensão do micélio fúngico no solo,

proporcionando um maior alcance das raízes e, portanto uma maior área de contato

com o seu substrato.

O termo Micorriza “Arbuscular” (MA) faz referência à estrutura característica

do grupo, os arbúsculos, responsáveis por transportar os nutrientes obtidos no solo

para o simbionte vegetal. O arbúsculo é formado através da diferenciação de hifas

intra radiculares que se instalam no córtex das raízes do simbionte vegetal,

invaginando o tecido vegetal, disponibilizando os nutrientes obtidos pelas hifas

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extras radiculares (figura 01), as quais formam a extensão radicular que a planta

tanto precisa; em troca a planta cede cerca de 20% dos seus carboidratos e lipídios

(o produto assimilado) para o fungo (SIQUEIRA et al., 2002; BAGO et al., 2003;

MARX, 2004; SMITH; READ, 2008; PARNISKE, 2008; CAVALCANTE et al., 2009).

Figura 01. Estruturas intra e extra radiculares para colonização da raiz, reprodução

do esporo e distribuição dos nutrientes para a planta. (Fonte: Parniske,

2008)

A emissão de moléculas sinalizadoras por parte da planta promove a

colonização do simbionte vegetal pelos FMA. Um dos sinalizadores é a

estrigolactona, que estimula o metabolismo do fungo aumentando o crescimento da

hifa extra radicular, a qual entra em contato com a raiz e estabelece assim a MA

(figura 01). Os mecanismos que irão promover a colonização e a comunicação entre

os simbiontes são pouco conhecidos (COSTA et al., 2000), mas sabe-se que

moléculas de origem vegetal, chamadas de fatores de ramificação induzem a

intensa ramificação de hifas, tal indução se dá em situações limitantes de fósforo no

substrato (BUÉE et al., 2000; LAMBAIS; RAMOS 2010). O crescimento das hifas é

em direção à raiz, embora algumas, por algum motivo ainda não conhecido,

destoem desse comportamento (SBRANA; GIOVANNETI, 2005;, LAMBAIS; RAMOS

2010).

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É importante salientar que essa sinalização poderá ser recebida por qualquer

microrganismo que estiver ao seu alcance na rizosfera, sendo estes patógenos ou

não. A associação é, portanto, tão benéfica para a planta a ponto que mesmo com o

risco de um “hospedeiro indesejado” também receber o estímulo hormonal, esta

estratégia de simbiose vem ocorrendo por pelo menos 400 milhões de anos

(DOTZLER et al., 2009).

A formação da micorriza arbuscular em regiões de clima semiárido, como em

áreas de dunas, restinga (JANOS, 1980; CORDAZZO; STÜRMER, 2007) e caatinga

(SOUZA et al., 2003; HELGASON; FITTER, 2005; GOTO, 2009), é de extrema

importância para a estabilidade destes biomas, por aumentarem a tolerância das

plantas a estresses ambientais bióticos e abióticos, como salinidade e estresse

hídrico, bastante intensos nesses ambientes (SMITH; READ, 2008; MAIA;

CAVALCANTE, 2005), protegendo também contra patógenos e herbívoros, assim

como aumentando a resistência a metais tóxicos (NEWSHAM et al., 1995).

Um exemplo dessa ajuda contra patógenos foi descrito por Newsham e seus

colaboradores (1995), com plantas de Vulpia sp., para as quais foi analisado seu

crescimento com e sem esporos de Glomus sp., sendo estas plantas também

submetidas ao fungo patógeno Fusarium oxysporum. A espécie de fungo micorrízico

em si não foi vista como incrementadora do crescimento da espécie de planta que

era herbácea, mas na ausência do FMA e presença do patógeno, o crescimento era

reduzido, na presença dos dois fungos, o crescimento ocorria em níveis normais,

protegendo assim as plantas dos efeitos do patógeno.

Os FMA viabilizam a absorção de macronutrientes, como o Nitrogênio (N) e o

Fósforo (P), e também micronutrientes. Como elemento de baixa mobilidade no solo,

o P geralmente se encontra em depósitos de águas nos solos, lagos, rios e oceanos,

muitas vezes é visto como o responsável por inibir a formação de ectomicorrizas, e

com isso torna-se um dos principais nutrientes de interesse nos estudos de endo e

ectomicorriza. Esse interesse é principalmente dado pela mobilidade baixa do

elemento no solo, sendo o solo, em especial o brasileiro, de baixo pH e baixa

disponibilidade de fósforo (Kasuya et al., 2010). Também se pode falar do N e P

como nutrientes alvos nos estudos, pois os mesmos são os elementos que mais

limitam o crescimento vegetal (TOWNSEND et al., 2010).

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A importância deste macronutriente (fósforo) foi muito bem elucidada por

Yano-Melo e colaboradores (2003), os quais observaram o aumento da absorção de

P pela planta como um dos principais efeitos dos FMA levando a maior tolerância

das plantas ao estresse salino. Assim, os autores evidenciaram que, na presença de

FMA, os índices de P aumentam enquanto os de Na e NaCl diminuem no simbionte

vegetal.

Plantas associadas ao fungo micorrízico também possuem resistência ao

estresse hídrico, apresentando taxas diferenciadas de abscisão durante a seca,

transpiração, resistência estomática e crescimento (Maia; Cavalcante, 2005).

A identificação e definição das espécies de FMA são, tradicionalmente, feitas

por meio da morfologia dos esporos. Estudos moleculares apontam que o filo

possua reprodução sexuada (GASPAROTTO et al., 2010), porém, a forma

assexuada é a única que se conhece morfologicamente, inviabilizando o uso do

conceito biológico de espécie. A reprodução assexuada se dá por meio da divisão

dos esporos quando associados às raízes, motivo pelo qual são organismos

simbiontes obrigatórios, já que sua multiplicação e propagação ocorrem

exclusivamente quando em simbiose.

A identificação “clássica” de FMA é feita com base na morfologia dos esporos

assexuados ou glomerosporos, diferenciando as espécies por suas paredes,

camadas, ornamentações, entre outros caracteres A partir da estrutura reprodutiva

assexuada, os esporos, chamados de glomerosporos (GOTO; MAIA, 2006; GOTO,

2009). Os esporos, além de estrutura de reprodução, são unidades de sobrevivência

multinucleados, alvos também para taxonomia molecular (KUHN et al., 2001). A

presença de vários núcleos (vários genomas) no mesmo esporo resulta em um DNA

ribossomal, principal alvo dos estudos moleculares, altamente polimórfico

(GASPAROTTO et al., 2010). Tal característica poderia ser uma evidência de

reprodução sexuada, assim como também a capacidade de fusão de hifas e troca de

material genético (REDECKER, 2000).

Os critérios usados para identificação morfológica são: forma, dimensão dos

esporos; forma de inserção da hifa no esporo, número, espessura e coloração das

camadas da parede do esporo, presença ou ausência de bulbo, assim como da

placa germinativa (ou escudo germinativo) (GERDEMANN; TRAPPE, 1974; GOTO;

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MAIA, 2006; GOTO, 2009). Dependendo do estágio de desenvolvimento do esporo,

chegar ao nível de espécie fica inviável, por não termos o amadurecimento do

esporo na fase de crescimento vegetativo (GASPAROTTO et al., 2010), faltando

assim caracteres informativos.

As formas de glomerosporos descritos são: glomóide, radial glomóide,

gigasporóide, acaulosporóide, entrofosporóide e scutellosporóides (GOTO, 2009),

sendo resumido atualmente em três: acaulosporoides, glomoides sensu lato e

gigasporoides sensu lato. Esses tipos variam de acordo com a formação dos

esporos, sendo na parte terminal, apical, lateral, ou dentro de uma hifa (MAIA et al.,

2010). Já os tipos de camadas das paredes são: evanescente, laminada, unitária,

flexível, amorfa, expansiva, germinativa, coriácea, chanfrada e membranosa (GOTO,

2009; MAIA et al., 2010), podendo-se encontrar em um esporo, uma mesma camada

sendo mais de um tipo, como por exemplo: expansiva e laminada.

Os primeiros representantes de Glomeromycota a serem publicados foram

duas espécies do gênero Glomus (Glomerales), Glomus microcarpum e Glomus

macrocarpum (Tul. & C. Tul.), em 1844. Desde então muitos outros fungos que

formavam micorriza, foram sendo classificados dentro do Filo Zygomycota. Em 1851

essas duas espécies foram transferidas para outro gênero de Zygomycota,

Endogone, por seus autores, e entre os anos de 1844 a 1962, o gênero Glomus foi

sinonimizado com Endogone. O segundo gênero de FMA publicado para

Zygomycota, foi Sclerocystis (Berk. & Broome) em 1873, e atualmente é um gênero

da ordem Glomerales, em Glomeromycota.

Entre os anos de 1963 e 1990 houve uma grande revisão da família

Endogonaceae (Gerdemann & Trappe, 1974), e como resultados foram

determinados sete gêneros, além da criação de mais dois gêneros de FMA

(Gigaspora, Acaulospora) e a classificação dos representantes de Glomus como

gênero à parte de Endogone. Sendo os táxons então definidos por: Glomus,

Sclerocystis, Gigaspora, Acaulospora, Endogone e Modicella. Dos setes, quatro são

gêneros atuais de FMA (Glomus, Sclerocystis, Gigaspora, Acaulospora). Em 1974

Gerdemann & Trappe desenvolveram critérios para chave de identificação de

espécies de FMA, que até hoje são utilizados para identificação das espécies desse

grupo.

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O gênero Entrophospora (Ames & Schneider) foi proposto em 1979, pela

transferência da espécie Glomus infrequens para o novo gênero. Já Scutellospora

surge em 1986, a partir de observações em determinadas espécies de Gigaspora,

cuja parede interna possuía a característica germinativa. Gigaspora ficando,

portanto, com espécies que não possuem parede interna ou parede típica para

germinação (GOTO, 2009).

Em 1989 foi criada à família Glomeraceae (Pirozynski & Dalpé) que agrupava

Glomus e Sclerocystis, devido o modo de formação dos esporos. Também nessa

época, de grande revisão do filo Zygomycota, foi descrita a ordem Glomales (Morton

& Benny), em 1990, agrupando todos os gêneros que formavam Micorriza

Arbuscular em um grupo monofilético.

De 1990 a 2001 tivemos um período de descrição de novas espécies e dois

novos gêneros (Archaeospora e Paraglomus). A ordem Glomales do filo Zygomycota

era então composta por cinco famílias e sete gêneros: Glomeraceae (Glomus),

Acaulosporaceae (Entrophospora e Acaulospora), Archaeosporaceae

(Archaeospora), Paraglomeraceae (Paraglomus) e Gigasporaceae (Gigaspora e

Scutellospora).

Passaram-se 157 anos entre a primeira descrição de uma espécie que

formava micorriza arbuscular até que esses fungos simbiontes fossem elevados ao

nível de filo (Glomeromycota) em 2001 por Schuessler et al., por meio de evidências

moleculares da subunidade (SSU) de RNA ribossomal (rRNA) comprovando o

monofiletismo do grupo. A principal característica biológica do filo para sua descrição

é a simbiose obrigatória, seja com raízes de plantas (FMA) ou com cianobactérias,

caso do único representante do filo que não forma Micorriza Arbuscular, a espécie

Geosiphon pyriformis (Kütz) F. Wettst., ordem Archaeosporales (figura 02).

Em 2004 foi proposta a criação do gênero Pacispora (Oehl & Sieverding),

incluso na família Glomeraceae, com base morfológica e no modo de germinação

dos esporos (glomóide). Walker e colaboradores, também em 2004, propõem a

criação do gênero Gerdemannia na também proposta família Gerdemanniaceae,

com base em análises SSU rDNA, e características morfológicas. Em 2006 temos a

proposta de Spain et al., do gênero Appendicispora, dentro da família

Archaeosporaceae, com bases morfológica.

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Walker et al., desfaz sua proposta da família Ambisporaceae (WALKER et al.,

2007), para propô-la como Appendicisporaceae, gênero Appendicispora, devido ao

principio de prioridade do Código Internacional de Nomenclatura Botânica, pois a

denominação de gênero dada por Spain et al. (2006) na proposta anterior do gênero

Appendicispora. O gênero Otospora é proposto dentro da família Diversisporaceae,

em 2008 por Palenzuela et al., no mesmo ano Oehl et al., concluíram que

Scutellospora é um gênero polifilético, baseados em dados morfológicos e

sequências de genes de rRNA 18S e 25S, reorganizando as espécies de

Scutellospora em três novas famílias e cinco novos gêneros: Scutellosporaceae

(Scutellospora), Racocetraceae (Racocetra, Cetraspora) e Dentiscutataceae

(Dentiscutata, Fuscutata, Quatunica). Mais tarde Morton e Msiska (2010), colocam

apenas o gênero Racocetra como um clado bem sustentado, com base em análises

moleculares de genes 25S rRNA e β-tubulina.

Oehl et al., (2011a) propõem um revisão das ordens Glomerales e

Diversisporales, criando como resultado da revisão os gêneros: Simiglomus,

Septoglomus e Viscospora. No mesmo ano Oehl et al., (2011b), também propõem o

gênero Orbispora, na família Scutellosporaceae e da ordem Gigasporales, classe

Archaeosporomycetes, Paraglomeromycetes, com bases moleculares utilizados

sequências parciais de β-tubulina e rRNA (SSU e LSU) (Oehl et al., 2011c), em

dados não agrupados diferente de Morton & Msiska (2010), afirmando a validade de

sua publicação em 2008.

Oehl et al. (2011f) demonstraram que Entrophospora não é monofilético e sua

espécie tipo, E. infrequens está mais relacionada com as espécies do gênero

Claroideoglomus, colocando a família Entrophosporaceae para a ordem Glomerales,

e espécies ancestrais de Claroideoglomus para o gênero criado Albahypha

(Diversisporaceae), propondo a criação dos gêneros Tricispora (Entrophosporaceae)

e Sacculospora, dentro da família, Sacculosporaceae.

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Figura 02. Esquema da formação da micorriza arbuscular e simbiose com

cianobactérias, estabelecimento da interface simbiótica. (Fonte:

Parniske, 2008)

Até 2010 tínhamos descritas 217 espécies no mundo, sendo 119 registradas

no Brasil (SOUZA et al., 2010). Destas, 75 espécies foram registradas na caatinga

no inventário de Maia et al. (2010). Já no mesmo ano, Goto et al. (2010) registraram

adicionalmente 4 novas espécies para a caatinga. Com relação a outro tipo de

vegetação brasileira, a mata atlântica, foram encontradas 37 espécies em áreas de

dunas marítimas (STRÜMER et al., 2010), no entanto, esses dados se limitavam

apenas às regiões sul e sudeste, apresentando os gêneros Gigaspora e

Scutellospora com maior frequência, seguidos por Glomus e Acaulospora, o registro

de uma espécie de cada um dos gêneros Paraglomus e Archeospora.

Até o ano de 2012, não havia nenhum registro de espécie de FMA no estado

do Rio Grande do Norte. O primeiro registro aconteceu nos trabalhos de Goto e Oehl

(2012) com a publicação da espécie Glomus trufemii (B.T. Goto, G.A. Silva & F.

Oehl), coletada em dunas do RN. Em 2014, uma nova espécie foi descrita em

amostras de solo coletadas na reserva Parque Estadual Dunas do Natal,

considerado o maior parque urbano sobre dunas do Brasil (IDEMA, 2015). Esta nova

espécie recebeu o epiteto específico fazendo menção a cidade do Natal:

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Rhizophagus natalensis ≡ Rhizoglomus natalense (Błaszk., Chwat & B.T. Goto)

Sieverd., G.A. Silva & Oehl.

Goto et al. (2015) também descreveram uma nova família para

Glomeromycota, a Intraornatosporaceae, possuindo dois gêneros, Intraornatospora

e Paradentiscutata, movendo Racocetra intraornata, para Intraornatospora

intraornata. Dentro de Paradentiscutata, duas espécies novas foram descritas,

Paradentiscutata bahiana, coletada na Serra da Jibóia/BA e Paradentiscutata

maritima, coletada em dunas dos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

Em 2016, um inventário feito para área de dunas marítima (vegetação de

restinga), na reserva Parque Ecológica Dunas de Genipabu, Rio Grande do Norte

registrou 46 espécies de FMA, distribuídas em 10 famílias: Glomeraceae (12),

Acaulosporaceae (7) Dentiscutataceae (7), Diversisporaceae (2), Gigasporaceae (5),

Scutellosporaceae (4), Ambisporaceae (3), Racocetraceae (3), Intraornatosporaceae

(2) e Sacculosporaceae (1) (JOBIM; GOTO 2016).

Atualmente o filo Glomeromycota é composto por aproximadamente 280

espécies e destas, 153 são encontradas no Brasil e classificadas em: cinco (5)

classes, cinco (5) ordens, 15 famílias e 38 gêneros (www.mycobank.org;

http://glomeromycota.wix.com/lbmicorrizas) (OEHL et al., 2011b; GOTO et al., 2012;

BLASZKOWSKI et.al., 2015).

Técnicas moleculares têm sido cada vez mais usadas nos estudos de

diversidade genética de FMA e nas descrições de espécies. Tais metodologias são

vantajosas devido à rapidez, sensibilidade e especificidade, além de serem mais

informativas, em termos filogenéticos, que a avaliação morfológica dos esporos.

Segundo Gasparotto et al. (2010) estas técnicas também são vantajosas pois não

estão sujeitas a variações fenotípicas, à ação do ambiente, ao estágio de

desenvolvimento e a outros fatores que possam afetar a morfologia do organismo e

levar á uma descrição equivocada.

A PCR (Polymerase Chain Reaction – reação em cadeia da polimerase)

começou a ser empregada nas últimas décadas para avaliar a biodiversidade de

FMA (GASPAROTTO et al., 2010), sendo as sequências de rDNA e os espaçadores

intergênicos os principais alvos de tais estudos. Contudo, ainda existem dados

limitados em relação á Glomeromycota, já que muitas espécies não possuem ainda

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suas sequências depositadas em bancos de dados de acesso livre para comparação

e análises filogenéticas. A espécie Rhizoglomus intraradices (N.C. Schenck & G.S.

Sm.) Sieverd., G.A. Silva & Oehl, por exemplo, é a única espécie cujo genoma foi

totalmente sequenciado (MARTIN et al., 2008).

A extração de DNA é o início para os estudos moleculares, sendo essencial a

obtenção de um DNA de qualidade (íntegro) e de quantidade suficiente para que

haja amplificação das regiões desejadas. Para os FMA os métodos de extração

podem ser a partir de um único esporo (COLOZZI-FILHO; CARDOSO, 2000), ou

extração de raízes colonizadas com lise celular direta por meios físicos e químicos

(KOIDE, 2005).

A extração direta de um único esporo foi proposta por Colozzi-Filho &

Cardoso (2000), e consiste em uma técnica simples e necessária para descrição de

espécies por se ter certeza de estar amplificando uma única espécie para

sequenciamento, já que o mesmo fragmento de raiz pode conter diversas espécies

de FMA além de outros microrganismos. A técnica consiste na limpeza e perfuração

do esporo (por simples ruptura celular com auxilio de uma agulha estéril), para

liberação do seu conteúdo citoplasmático, e consequentemente do DNA, em água

estéril. Ao quebrar o esporo, deve-se armazena-lo a -20º C até seu uso na PCR.

Apesar de a lise celular direta ser utilizada amplamente, alguns compostos

que comprometem a qualidade do DNA podem permanecer na reação de PCR, pois

não há passagem de precipitação e lavagem deste DNA. Assim, diversas

substâncias orgânicas inibidoras da PCR, como ácidos húmicos, DNases e taninos

podem ser extraídas junto do extrato do esporo. Por isso, deve-se ter muito cuidado

na limpeza dos esporos antes da sua quebra para a extração do DNA, dando-se

preferência para o uso de água ultrapura e agulhas estéreis. O PCR realizado a

partir de um único esporo, apesar de específico, é extremamente pouco sensível,

sendo necessária a amplificação de vários esporos para se ter um resultado positivo.

Com a obtenção de DNA, seja do solo ou dos esporos diretamente, técnicas

baseadas na amplificação de regiões específicas, são necessárias para analisar as

informações genéticas. PCR, DGGE (Denaturing Gradient Gel Elecrophoresis –

eletroforese em gel com gradiente desnaturante), clonagem e sequenciamento, são

exemplos das metodologias utilizadas nos estudos de diversidade genética. O

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pirosequenciamento, uma metodologia mais moderna, pode ser utilizado em estudos

desse tipo, no entanto, seu alto custo é um fator limitante.

A PCR reside na amplificação de uma região de interesse do DNA, e as

técnicas de identificação molecular utilizam-se dessa metodologia como um fator

indispensável. São utilizados, geralmente, iniciadores da PCR, primers para

amplificar genes que transcrevem RNA ribossomais (rDNA) e seus espaçadores

(ITS). A grande vantagem de se usar estas regiões como marcadores moleculares

reside no fato de elas possuírem sequências altamente conservadas (LSU – Large

Subunit ou 28S e SSU – Small Subunit ou 18S) (figura 03), possibilitando o desenho

de primers que reconheçam um grande número de espécies de FMA. Além disso,

por ser uma região multicópia no genoma, a sensibilidade da técnica é favorecida

(DÉBAUD et al., 1999).

A região conservada (18S, 5.8S e 28S) está intercalada por espaçadores de

sequências divergentes, com alta variabilidade, sendo polimórficas em tamanho e

sequências, e portanto muito informativas (GASPAROTTO et al., 2010), permitindo

assim a análise de diversos níveis taxonômicos distintos e discriminação de

espécies. A respeito dessa escolha, segundo Gasparotto et al. (2010), por ser

altamente conservado, o 18S é mais indicado para comparação entre organismos

filogeneticamente mais distantes, quando comparado ao 28S, relativamente mais

variável. Contudo, em muitas comparações entre gêneros distintos o 28S pode

apresentar poucos caracteres informativos, sendo mais indicado nestes casos o uso

dos espaçadores internos transcritos ou ITS.

Esta região conservada (18S e 28S), no entanto, pode ser mal usada, pois

sua conservação é tão alta que pode não ser suficiente para fazer a distinção entre

espécies e outros taxa filogeneticamente próximos. Os estudos filogenéticos são

prejudicados nesse ponto, assim como pelo número cada vez maior de sequências

depositadas no banco de dados sem a devida identificação.

Outros genes e regiões são estudados, como o gene codificador da β-

tubulina, genes ribossômicos mitocondriais, genes envolvidos na reprodução e o

gene codificador do fator de alongamento 1-alfa. Porém, ainda são poucos os

marcadores moleculares, que não o rDNA, que são usados em estudos

filogenéticos, sendo que a maioria das sequências depositadas são de LSU e SSU,

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regiões conservadas que muitas vezes não diferenciam espécies crípticas. Assim,

deve-se ter mais investimento em projetos genomas de espécies de diferentes

famílias de FMA a fim de se criar um banco de dados mais completo, para a

realização de filogenias, com um maior número de sequencias possível.

Variações da técnica de PCR, como o double PCR (repetição do primeiro

PCR usando o seu produto como molde) e o Nested PCR (produto do primeiro PCR

serve de molde para um segundo PCR com primers mais internos) vem sendo

aplicadas com o intuito de aumentar a sensibilidade da amplificação do material

genético proveniente de um único esporo. No Nested PCR temos geralmente o uso

de primers universais para fungos para a primeira reação e na segunda utilizamos

primers específicos para FMA. Essa estratégia também é vantajosa para quando se

tem pouca quantidade DNA para amplificar ou quando há o risco de se ter

contaminante nas amostras, já que os primers internos são específicos.

Outras técnicas devem ser utilizadas com o produto amplificado da PCR,

entre elas temos a clonagem e sequenciamento, principalmente quando se quer

determinar quais espécies estão associadas à planta. A clonagem é feita a partir dos

fragmentos amplificados de diversas espécies distintas para se obter a diversidade

de sequências de uma amostra. Os produtos de PCR são individualizados por meio

de sua ligação a vetores, como plasmídeos seguido de transformação de células

competentes de bactérias (geralmente se usa a Escherichia coli). Constrói-se então

uma pequena biblioteca de sequências amplificadas a partir do material ambiental

(solo). Estes clones são então sequenciados e comparados aos bancos de dados,

para se aferir a riqueza de espécies do local. Essa variedade de técnicas tem se

tornado ferramentas mais constantes nos estudos de diversidade genética tanto de

fungos endomicorrízicos (MA, por exemplo), como em fungos ectomicorrízicos.

As sequências geradas são usadas como unidades taxonômicas operacionais

(OTU - operational taxonomic unit), ou táxons virtuais, cujas sequências são

depositadas mesmo sem termos o material biológico. Tal abordagem demonstra a

grande potencialidade da biologia molecular para o estudo da diversidade genética e

descoberta de novas espécies. Neste cenário, a limitação da descrição e

identificação morfológica é vencida pela identificação molecular, o que vem trazendo

importantes avanços na taxonomia dos fungos em geral, revelando a existência de

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muitas espécies crípticas, que morfologicamente são consideradas uma única

espécie. O contrário, também pode acontecer em alguns casos, nos quais mais de

duas espécies morfológicas distintas podem representam, na verdade, uma grande

plasticidade fenotípica de uma única espécie.

Os resultados de diversos estudos levaram à conclusão de que as técnicas

existentes de cultivo eram ineficientes para isolar estas espécies e que a diversidade

genética de microrganismos na natureza é muito maior do que se esperava

(GASPAROTTO et al., 2010). Todavia, não tão caro como o sequenciamento de

última geração, o sequenciamento convencional requer recursos financeiros para

sua execução; dependendo do tamanho amostral e do objetivo do estudo (se de

cunho ecológico, requer um tamanho amostral grande), fica inviável usar a clonagem

e sequenciamento.

Assim sendo, as técnicas que estão sendo utilizadas para estudos de

diversidade genética em relação à distribuição espacial de microrganismos são entre

outras: o DGGE, RFLP (Restricion Fragment Length Polymorphism), RAPD

(Random Amplified Polymorphic DNA), RISA (Ribossomal Intergenic Spacer

Analysis), etc. (GASPAROTTO et al., 2010).

A análise genética com a finalidade de gerar um padrão da representação da

diversidade é chamada de fingerprint. A diferenciação do tamanho e até mesmo da

sequência dos amplicons gerados pode ser feita por técnicas de eletroforese com ou

sem componentes desnaturante. Estas técnicas permitem a detecção de pequenas

mudanças na composição das comunidades, além de fácil execução, análise e

viabilidade econômica (GASPAROTTO et al., 2010).

O DGGE é uma técnica capaz de separar sequências de ácidos nucléicos de

mesmo tamanho, ou tamanho diferentes, porém diferindo na composição das bases

(SOUZA et al., 2010) pois ocorre em um gradiente de desnaturação. Pode ser usada

no estudo de diversidade genética de Fungos Micorrízicos usando primers

específicos para determinado grupo de FMA. Por exemplo, o DGGE foi utilizado

para diferenciar isolados geográficos do gênero Gigaspora, como Gigaspora albida,

Gigaspora gigantea, e Gigaspora margarita (SOUZA et al., 2004)

RISA é a técnica que usa a variação existente nos espaçadores intergênicos

das regiões 18S-5.8S -28S, o ITS1 e o ITS2. Os amplicons obtidos formam um

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padrão de fragmentos, de tamanhos diferentes, visualizados em gel de

poliacrilamida, e podem ser purificados e sequenciados para se ter a informação

mais precisa das diferenças nas sequências. Esta técnica possui uma versão

automatizada, a ARISA (Automated RISA) cuja resolução e tempo de análise foram

maximizados, pois são usados primers fluorescentes e a eletroforese se dá em

capilar (sequenciador de DNA). No RISA ou ARISA, a variação detectada é apenas

quanto ao tamanho do produto de PCR, já o DGGE é mais sensível, pois também

detecta a variação nas bases que constituem uma sequência.

A técnica de RFLP (Restricion Fragment Length Polymorphism) usa a

detecção de fragmentos comuns para indivíduos da mesma espécie ou espécies

próximas, sendo de interesse taxonômico. Sua grande vantagem consiste no fato de

ser reprodutível, porém apresenta baixa resolução para se diferenciar espécies de

FMA filogeneticamente próximas (REDECKER et al., 2000). Além do RFLP, temos

uma técnica que é sua variante, o T-RFLP (Terminal Restricion Fragment Length

Polymorphism), que pode ser utilizado para amostras ambientais (espécies que se

encontram no solo ou colonizando raízes), pois os primers são marcados com um

fluoróforo, de forma que somente fragmentos terminais, produzidos pela digestão

com enzimas de restrição, são detectados. Com o sequenciador automático de DNA

os fragmentos podem ser visualizados em forma de picos e sua abundância indicada

pela altura e área do pico. As enzimas de restrição utilizadas são de fundamental

importância ao serem escolhidas, como no RFLP, sendo utilizadas de duas a quatro

enzimas diferentes no mesmo estudo. A marcação do fluoróforo é feita tanto no

primeiro primer como no segundo (sense e antisense), para se gerar dois

fragmentos terminais (REDECKER et al., 2000).

O uso de um sequenciador com eletroforese capilar proporciona a avaliação

de muitas amostras e ainda permite a recuperação dos fragmentos para obtenção

das sequências e geração de OTU. No entanto, para se identificar as sequências,

deve-se combinar a técnica com a clonagem e posterior sequenciamento,

aumentando o seu custo. Estudos que utilizaram essa técnica conseguiram detectar

que plantas em um mesmo ambiente são colonizadas por comunidades distintas de

FMA (VANDENKOORNHUYSE et al., 2003), ou seja, diferente grupos de espécies

colonizando espécies vegetais distintos.

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Já o RAPD, usa iniciadores randômicos para amplificação, compostos por de

8 a 12 nucleotídeos, amplificando diferentes porções do DNA e gerando amplicons

de tamanhos distintos, mas como esses primers não são específicos, podemos

também amplificar o DNA do simbionte vegetal ou de outro fungo que não seja

micorrízico por exemplo. Por isso, seu uso é restrito para avaliar culturas puras. Com

o sequenciamento das bandas geradas podemos construir primers específicos para

FMA.

Temos também a SSR (Single Sequence Repeats), cujos primers são

homólogos a região que flanqueia os chamados microssatélites, pequenas

sequências repetitivas (1-6 nucleotídeos) in tandem (uma ao lado da outra) ao longo

do genoma dos eucariotos. Nessa técnica podemos usar um único primer homólogo

a uma região de microssatélite (Ex.: (ATT) 5). A amplificação com esses primers

gera padrões de bandas que pode discriminar espécies e mesmo isolados

geográficos (GASPAROTTO et al. 2010).

Como no RAPD, por serem inespecíficos, tais primers devem apenas ser

usados em culturas puras para posterior construção de primers específicos que

permitirão estudos de diversidade genética populacional, uma vez que o número de

repetições de microssatélites é altamente polimórfico. Um exemplo do uso de

microssatélites no estudo de diversidade fúngica foi a busca por tais elementos no

genoma de Rhizoglomus intraradices. Mathimaran e colaboradores (2008)

detectaram 842 microssatélites, do quais 100 foram selecionados para desenho de

primers, e 18 alelos testados em 8 culturas puras monospóricas de R. intraradices.

Sete dos isolados puderam ser discriminados por pelo menos 5 alelos distintos e um

os isolados do fungo pode ser descriminado pelos 18 alelos.

Muitos primers universais para fungos (panfúngicos), de anelamento nas

regiões 28S e 18S foram desenvolvidos, ex.: ITS4 e ITS5, (WHITE et al., 1990). No

entanto, uma das principais exigências para os estudos usando a molecular em FMA

é o uso de primers específicos, ou seja, iniciadores que amplifiquem apenas

membros de Glomeromycota e não outros membros do reino Fungi. O desenho e o

uso desses primers específicos, excluindo o DNA de outros fungos, bactérias e

vegetais, é o foco de muitos trabalhos (REDECKER et al., 2000; LEE et al., 2008;

KRÜGER et al., 2009, GASPAROTTO et al., 2010; SILVA et al., 2011). Temos

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atualmente aproximadamente 44 primers desenhados especificamente para FMA

(REDECKER, 2000; KRÜGER et al., 2009; GASPAROTTO et al., 2010; SILVA et al.,

2011).

Krüger et al. (2009) desenharam conjuntos de primers específicos para

caracterização de amostras potencialmente contaminadas com DNA de outros

organismos (fungos, bactérias, planta, etc). A região amplificada por tais primers é

uma região de cerca de 1.800 pb. Os autores se basearam em cerca de 1.000

sequências disponíveis de Glomeromycota, e desenharam dois conjuntos de pares

de primers, os SSUmAf + LSUmAr e os SSUmCf + LSUmBr (figura 03). Cada

conjunto possui variações, que podem ser utilizadas de acordo com as famílias de

fungos micorrízicos trabalhados, tanto em reações de PCR como de Nested PCR.

Apesar do grande esforço para o desenho de primers específicos, muitos

deles apresentam problemas com a especificidade, podendo amplificar outros filos

de fungos, ou não amplificando todos os táxons contidos no grupo de FMA em

questão, como no caso dos conjuntos de primers desenhados por Krüger et al.,

(2009) que dependendo do par de primer usado só iremos amplicar espécies da

família Glomeraceae ou como por exemplo os primers AML1 e AML2 de Lee et al.,

(2008) que amplificam todos os membros do filo Glomeromycota com a exceção de

Archeospora trappei (GASPAROTTO et al., 2010).

Figura 03. Inserção dos primers: SSUmAr e SSUmCf (na porção 18S), LSUmAr e

LSUmBr (na porção 28S); atingindo assim, uma região amplificada de

cerca de 1800 pb, cuja cobertura vai do SSU, ITS1e2, 5.8S e LSU.

(Fonte: Krüger et al, 2009 modificado).

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Um ponto muito importante para as análises taxonômicas em FMA é a

concordância entre as identificações morfológica e molecular. Silva et al. (2011),

utilizaram os primers ALB1 e GiITS1 (Lanfranco et al. 1999), para 18 isolados que

morfologicamente compreendiam sete (7) espécies e observaram que dos 11

isolados ditos pertencentes ao gênero Gigaspora, 2 foram identificados de forma

errônea, ou seja, a morfologia não coincidia com as análises moleculares e

filogenéticas.

O principal exemplo do impacto da biologia molecular em análises

filogenéticas foi a própria descrição do filo Glomeromycota como um filo único,

completamente separado de Zygomycota (figura 04) (SCHUESSLER et al., 2001). O

trabalho usou a biologia molecular para propor o monofiletismo dos fungos

micorrízicos que estavam restritos à ordem Glomales, e por meio de evidências

moleculares acabaram por incluir no novo filo a espécie Geosiphon pyriformis, o

único representante de Glomeromycota que não faz simbiose com raízes de plantas.

Quando descrito, o filo contava com os seguintes táxons: quatro ordens e sete

famílias: Archaeosporales (Archaeosporaceae e Geosiphonaceae), Diversisporales

(Diversisporaceae, Acaulosporaceae e Gigasporaceae), Glomerales (Glomeraceae)

e Paraglomerales (Paraglomeraceae). A árvore proposta no trabalho de descrição

do filo, também coloca os filos Chytridiomycota e Zygomycota como grupos

polifiléticos (figura 04)

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Figura 04. Árvore proposta em 2001 por Schuessler et al., mostrando o

monofiletismo do grupo e desmembrando dois filos (Chytridiomycota e

Zygomycota). (Fonte: Parniske, 2008)

1.2. CONTÍNUO RESTINGA-CAATINGA

O nome caatinga tem origem no Tupi-Guarani e significa “mata branca” ou

“floresta branca” (LEAL et al., 2003), característica marcante da vegetação na

estação seca, quando as folhas caem e restam apenas os troncos brancos

retorcidos.

A vegetação da caatinga é um mosaico de arbustos espinhosos e floresta

sazonalmente seca, composta por distintas fisionomias vegetais, também

denominadas de “caatingas” no plural (LEAL et al., 2003; 2005); ricas em recursos

genéticos, com altos níveis de biodiversidade e endemismo. Mostra-se como uma

formação florestal entre as matas secas, representada pelo modelo arbóreo,

estacional, caducifólio, xerófilo, garranchento, espinhoso, próprio da região semi-

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árida do nordeste (FERNANDES, 2007), cujo clima é caracterizado pelo longo

período de seca e sazonalidade anual, solo raso e pedregoso (MMA, 2005;

FERNANDES, 2007; OLIVEIRA-FILHO, 2009).

A caatinga é um bioma exclusivo do território brasileiro, ocupando a região

Nordeste (figura 05), englobando os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão,

Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e a região norte do

estado de Minas Gerais (LEAL et al., 2003; MMA, 2007). Trata-se da única

ecorregião de floresta tropical seca do mundo, possuindo sobreposição com

florestas úmidas, semiúmidas e restinga (LEAL et al., 2003). Sua conservação é um

dos maiores desafios da ciência brasileira uma vez que as unidades de conservação

cobrem menos de 2% do seu território, o qual sofre um extenso processo de

alteração e deterioração ambiental provocado pelo uso insustentável dos seus

recursos naturais (LEAL et al., 2003).

Figura 05. Mapa dos biomas brasileiros. (Fonte: IBGE modificado)

Assim, a caatinga tem sofrido um crescente investimento e incentivo à

pesquisa e a proporção de estudos no bioma tem aumentado exponencialmente. O

Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio no Semiárido) é o grande

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responsável por esse quadro, já que através do seu incentivo e financiamento, foram

publicados cerca de 363 artigos entre os anos de 2005 a 2016, aos quais

encontramos inventários de diversidade de fauna, flora e microbiota. Destes artigos,

cerca de 1/3 são sobre diversidade, taxonomia e ecologia de fungos no semiárido,

demonstrando a alta biodiversidade da região.

O bioma Mata Atlântica é caracterizado por ser um hot spot de biodiversidade

(RIZZINI, 1997), sendo formado por dois tipos vegetações principal, a Floresta

Atlântica (termo geral para formações de florestas sempre verdes até florestas

semidecíduas) e a vegetação costeira (dunas, mangues e restinga) (ZANGARO;

MOREIRA, 2010), cuja área é distribuída ao longo da costa leste do Brasil e de

forma menos frequente no interior da região sul e sudeste alcançando 18 estados

brasileiros, assim como parte da Argentina e Paraguai, ocupando 15% do território

brasileiro (OLIVEIRA-FILHO; FONTES, 2000). Ao longo dos anos a mata atlântica

tem sido degradada, restando apenas 8% de sua formação original, resultando em

perda de diversidade, fragmentação de habitat e consequentemente perda das

áreas caracterizadas como restinga (MMA, 2007).

A restinga é uma formação vegetal mosaica, podendo se dispor em um

gradiente de estabilização de solo arenoso, ocorrendo geralmente em solos rasos ou

depósitos de areia profundos, com regimes de água variados. Trata-se de um

complexo florístico com predominância arbustiva com valor regional principalmente

para a região do nordeste brasileiro (FERNANDES, 2007). Por isto, ela não se

caracteriza como uma unidade, nem circunscreve apenas um bioma específico,

formando inúmeros complexos de ecossistemas (MMA, 2007). Segundo a

classificação de OLIVEIRA-FILHO (2009) a restinga ocorre sobre depósitos de areia

estabilizados do Domínio Atlântico e com regimes de água variados. Já no regime

das fitofisionomias campestres, temos as restingas sobre dunas instáveis e costões

e marismas nos estuários subtropicais (OLIVEIRA-FILHO, 2009).

Ocupando a zona costeira do Brasil, a restinga possui sobreposição territorial

com os biomas amazônico e mata atlântica, mantendo também interface com outros

importantes biomas como a caatinga, o cerrado e o Pampa. Essa sobreposição

ocorre, pois, as zonas marginais entre duas áreas distintas acabam por sobrepor

suas formações vegetações e influências geológicas, formando zonas de transição.

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Se estendendo ao longo de 95% do território do RN, a caatinga, representa a

principal formação vegetal do interior e parte do litoral estado (IDEMA, 2015),

ocorrendo geralmente após mangues. A restinga, junto com outros tipos vegetais da

mata atlântica, como mangue, brejos de altitudes, cobre os outros 5%, atingindo

originalmente 16 municípios do litoral (RIZZINI, 1997) e hoje restrita a

remanescentes preservados em áreas de UC (unidades de conservação), como a

maior reserva de mata atlântica em parque urbano do país, o Parque Estadual

Dunas de Natal.

A mobilidade dos nutrientes no solo em regiões do semiárido é baixa, já que

esta região possui longo período de seca (FERNANDES, 2007). A restinga, por

exemplo, que possui sedimentos arenosos, acaba proporcionando um ambiente

muito seco para a vegetação, já que sua granulometria permite o escoamento da

água da chuva com facilidade. A baixa retenção da água no solo influencia

diretamente na morfologia interna e externa da vegetação, selecionando inúmeras

adaptações ao longo da história evolutiva dessas plantas possibilitando a

colonização deste ambiente.

Os mecanismos adaptativos para obtenção de água, nutrientes e estabilidade

em ambientes estressantes são os que garantem a manutenção em diversos tipos

de ecossistemas (alagados, salinos, dunas, altitudes, estuários, etc). Um destes

mecanismos é o mutualismo entre planta e outros organismos. As plantas que

possuem simbiose com fungos e bactérias, na rizosfera conseguem obter nutrientes

ou mesmo fixar macronutrientes. Dentre estes microrganismos se destacam as

bactérias dos gêneros Rhizobium, Bradyrhizobium e Azorhizobium, fixadores de

Nitrogênio, conseguindo não somente absorver o nutriente e realizar a

desnitrificação como fixa-lo para os vegetais (TOWNSEND et al., 2010),

O estudo dos FMA é importante para conservação e preservação dos

simbiontes vegetais em suas condições ambientais. Os aspectos que influenciam

essa relação, os benefícios e qual comunidade estão colonizando as diferentes

espécies vegetais são os tópicos encontrados nos estudos de diversidade.

Os aspectos físico-químicos do solo, como a disponibilidade de nutrientes,

formação do substrato, entre outros, são de grande influência na diversidade que se

encontra no ambiente. O papel ecológico dos fungos micorrízicos é altamente

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importante para o equilíbrio de ecossistemas, fixação das raízes do simbionte

vegetal no substrato e estabilização dos sedimentos (SIQUEIRA et al., 2002; SMITH

& READ, 2008).

A zona de transição de um bioma para outro ou a área de interface

(marginais) entre dois ou mais biomas são conhecidas como Ecótono. O termo

Agreste, muito empregado no Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco,

representa esse tipo de transição entre as vegetações. Esta zona entre restinga e

caatinga é formada por vegetação arbórea subúmida pelo alto grau de umidade que

caracteriza as proximidades litorâneas, intermediárias entre as matas costeiras

(mata atlântica/restingas) e a caatinga interiorana. Ecótonos são áreas dinâmicas

que, com o tempo, podem mudar de largura e até de posição, em razão de

influências geomorfológicas e mudanças ambientais, como o fenômeno da sucessão

ecológica. Formando uma comunidade mista, sua diversidade pode ser considerada

própria, tendo em vista espécies e características próprias (FERNANDES, 2007).

Dentre os domínios fitogeográficos com maior ocorrência de FMA no mundo,

a Mata Atlântica e a Caatinga brasileira se encontram na liderança, contendo 30% e

24%, respectivamente, de todas as espécies de FMA já descritas. Contudo, as áreas

de estudo destes fungos no RN são exclusivas de vegetação de mata atlântica

(floresta, restinga e tabuleiro costeiro), sendo inexistentes os estudos de

levantamento de FMA na caatinga bem como no ecótono restinga-caatinga no RN.

Apesar de a Mata Atlântica e a Caatinga serem importantes fonte de

biodiversidade, o ecótono entre elas vem sendo negligenciado, não sendo citado

dentre os principais ecótonos brasileiros pelo MMA (2005), que considera apenas as

transições cerrado-amazônia, caatinga-amazônia e cerrado-caatinga.

Tendo em vista que a escassez de informações a respeito da diversidade de

FMA em zonas de contínuo entre restinga e caatinga na costa setentrional do Rio

Grande do Norte, o presente estudo inventariou a diversidade de fungos micorrízicos

arbusculares e avaliou a relação entre a diversidade e os dados ambientais abióticos

ao longo desta área de transição, como fatores de maior influência na distribuição

das espécies.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

● Estudar a diversidade de FMA em uma zona de contínuo de restinga e caatinga

levando em consideração a influência dos aspectos físico-químicos do solo.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Identificar morfologicamente as espécies da comunidade de FMA das áreas em

estudo;

● Avaliar índices ecológicos de riqueza (Simpson), diversidade (Shannon-Wiener),

equitabilidade (Pielou) e similaridade (Jaccard) de espécies ao longo do contínuo;

● Identificar as propriedades físicas e químicas do solo que influenciam a distribuição

das espécies de FMA ao longo do contínuo

● Acrescentar dados para preservação da área de coleta, já que esta se trata de uma

unidade de conservação.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 ÁREA DE ESTUDO E COLETA DE SOLO

A coleta ocorreu na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta

do Tubarão (RDSE Ponta do Tubarão) (figura 06), compreendendo as comunidades

de Diogo Lopes, Barreiras, Sertãozinho e Mangue Seco; (coordenadas 5º2'S e

5º16'S de latitude e 36º23'W. 36º32' de longitude), que abrange os municípios de

Macau e Guamaré.

Figura 06. Área da RDSE Ponta do Tubarão e seus limites. (Fonte: IDEMA)

Criada no ano de 2003 com quase 13 mil hectares de extensão, numa área

costeira do extremo norte do estado do RN, a reserva possui remanescente de

restinga e sua transição para caatinga (figura 07), formando um ecótono entre

esses dois ambientes e suas fitofisionomias. O reconhecimento de restinga foi feito

com base na classificação geológica e florística proposta por Mazzochini, 2014.

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Figura 07. Caracterização da vegetação da RDSE Ponta do Tubarão. (Fonte:

Mazzochini, 2014 modificado)

Foram coletadas amostras de solo rizosférico em sete pontos aleatórios

(plantas) com 0-20 cm de profundidade, acondicionados em sacos plásticos (média

de 2Kg de solo por amostra), em seis transectos (150m) nas área de coleta:

caatinga e restinga (figura 07, 08), totalizando 42 amostras em cada coleta, feitas

no final do período chuvoso (03/Julho) e no período de seca (24/Novembro) no ano

de 2015 (figura 09).

As amostras foram levadas ao Laboratório de Biologia de Micorriza (LBM)

para secagem em temperatura ambiente e 100g de cada foram encaminhadas para

caracterização química e física (pH e os macros nutrientes P, N, Mg, Al, K) na

Emparn e outras 50g foram destinadas à montagem de culturas armadilhas, para se

obter a esporulação de esporos que no momento da coleta não estavam

esporulando.

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Figura 08. Transectos de coleta na RSDE Ponta do Tubarão. R1 e R2: restinga; E1

e E2: restinga com região de Ecótono; C1 e C2: caatinga. (Fonte:

Google Earth)

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Figura 09. Fotos dos locais de coleta, na RSDE Ponta do Tubarão. A-B: restinga,

sendo A estação pós chuvosa e B estação seca; C-D: caatinga, sendo C

estação pós chuvosa e D estação seca; E-F: restinga com região de

Ecótono, sendo E estação pós chuvosa e F estação seca. (Fonte:

autoria própria)

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3.2. ANÁLISES TAXONÔMICAS

Foram separados 100g de cada amostra para extração dos glomerosporos,

por meio do método de peneiramento úmido (GERDMANN; NICOLSON, 1963)

usando duas peneiras com abertura na malha de 150 mm/um e 63 mm/um,

centrifugação em água e sacarose 50% (JENKIS, 1964). Os esporos separados em

lupa óptica montados em lâminas com PVLG (ácido polivinílico lacto glicerol) e

PVLG + reagente de Melzer, secos em estufa a 70ºC por aproximadamente 24h e

encaminhados para subsequente visualização em microscópio óptico e identificação

morfológica (figura 10), seguindo as chaves de Goto (2009), Schenck & Pérez

(1990) e demais literaturas de descrições de espécies.

Figura 10. A – coleta de solo rizosférico (RDSE Ponta do Tubarão); B – montagem

de cultura armadilha na casa de vegetação da UFRN; C – peneiramento

úmido e centrifugação em sacarose; D – separação dos esporos em

ácido lático; E – Montagem de lâminas em PVLG e PVLG + Melzer; F –

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identificação das espécies de acordo com as chaves de identificação; G

– Paradentiscutata maritima (espécie encontrada nas amostras da

restinga). (Fonte: autoria própria)

3.3 ANÁLISES ECOLÓGICAS

As análises ecológicas de riqueza, diversidade, equitabilidade e similaridade,

foram feitas pelo cálculo dos índices de Simpson (D= 1/ Σpi2), Shannon-Wiener (H’ =

-Σ pi ln pi), Pielou (J=H'/Hmax) e Jaccard (J=Scom/S), respectivamente, usando o

software Past (versão 3). Os dados físico-químicos do solo, avaliados na EMPARN

(Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN), usados, para a matriz ambiental, são:

pH (1:25 em água), salinidade (1:5 dS.m-¹), P (mg.dm-³), N (g.dm-³), Mg (cmolc.dm-

³), Al(cmolc.dm-³), K (mg.dm-³). Tais dados foram obtidos para comparação da

riqueza e abundância das espécies, relacionando os resultados da diversidade e da

comunidade identificada com os fatores de influência presentes no solo.

Os dados da matriz de espécie foram transformados por meio da função

“hellinger” no software R (versão 3.2.1) e os dados ambientais foram transformados

pela função “standardize” pelo R. Antes disso usou-se o programa Past (versão 3)

para normalizar a matriz ambiental, o Nitrogênio foi normalizado por box copy, e os

outlier foram retirados para três variáveis: pH, Mg e K, sendo substituído pela média

do transecto ao qual os outlier pertenciam. Por fim foi feito uma RDA (Redundancy

Analysis - Análise de Redundância) para correlacionar á matriz ambiental e de

espécies (figura 14).

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4. RESULTADOS

4.1 TAXONOMIA

Um total de 24 espécies foi encontrado ao longo do contínuo (tabela 01).

Todas estas espécies ocorrem na restinga e apenas 11 delas ocorrem na caatinga

(figura 11).

Tabela 01: Espécies de FMA encontradas ao longo de todo estudo e suas respectivas famílias.

ESPÉCIE FAMÍLIA Acaulospora sp.1¹

Acaulosporaceae

Acaulospora sp. 2¹ Acaulospora sp. 3 Acaulospora sp. 4 Acaulospora cf. herrerae Furrazola, B.T.Goto, G.A.Silva, Sieverd. & Oehl¹ Acaulospora reducta Oehl, B.T. Goto & C.M.R. Pereira Acaulospora cf. spinosissima Oehl, Palenz., Sánchez-Castro, Tchabi, Hount. & G. A. Silva Ambispora sp.1¹ Ambisporaceae Cetraspora sp.1¹

Racocetraceae Cetraspora gilmorei (Trappe & Gerd.) Oehl, F.A. de Souza &

Sieverd. Fuscutata rubra (Stürmer & J.B. Morton) Oehl, F.A. Souza & Sieverding ² Dentiscutataceae Dentiscutata hawaiiensis Koske & Gemma Gigaspora cf. albida N.C. Schenck & G.S. Sm.¹

Gigasporaceae Gigaspora margarita W.N. Becker & I.R. Hall¹ Scutellospora sp.1¹

Scutellosporaceae Scutellopora sp. 2¹ Rhizoglomus sp.11

Glomeraceae

Sclerocystis sp.1¹ Septoglomus furcatum Błaszk., Chwat & Kovács, Ryszka¹ Septoglomus sp.1 Septoglomus sp. 2 Glomus sp.1 Glomus sp.2 Paradentiscutata maritima B.T. Goto, D.K. Silva, Oehl & G.A. Silva

Intraornatosporaceae

1 Espécies encontradas exclusivamente na restinga. ² Espécie exclusiva da caatinga.

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Figura 11. Presença das espécies em cada área, com sua representação em

número de esporos encontrados.

Oito (8) famílias foram registradas nesse estudo (figura 12), das 15 famílias

existentes no filo Glomeromycota. Para as famílias Acaulosporaceae,

Ambisporaceae, Gigasporaceae, Glomeraceae e Scutellosporaceae a restinga

apresentou maior número de espécies que a caatinga, sendo as famílias

Ambisporaceae e Gigasporaceae exclusivas da restinga (figura 12).

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Figura 12. Número de espécies por família para cada ambiente coletado (restinga e

caatinga).

Quanto à sazonalidade das coletas para as ambas as áreas (período pós-

chuva e período seco), o número de esporos encontrados durante o período seco foi

maior para a maioria das espécies na catinga, assim como na restinga (figura 13).

Figura 13. Número de esporos por espécie em cada estação de coleta

representando a abundância das espécies na restinga e na caatinga.

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4.2 ÍNDICES DE BIODIVERSIDADE

A similaridade aferida pelo índice de Jaccard para as duas áreas foi de 0,48; o

que demonstra que as áreas possuem cerca de 50% de similaridade, já que todas

as espécies encontradas na caatinga também ocorrem na restinga, mas o inverso

não é verdadeiro.

Expressando riqueza e uniformidade, a área mais diversa, segundo o índice

de Shannon-Wiener, foi a restinga, com valor de H’= 2,78, enquanto a caatinga

possui H’= 1,17. O índice de Pielou, o qual utiliza dos valores de h’ do Shannon-

Wiener, mostrou uma equitabilidade de 0,91 para a restinga e de 0,49 para a

caatinga, indicando que a restinga possui a riqueza de espécies e abundância delas

mais equilibradas entre si do que as espécies da caatinga. A riqueza de Simpson foi

de 0,92 na restinga e 0,48 na caatinga, mostrando que a restinga possui maior

riqueza do que a caatinga.

Os dados ambientais aferidos no solo, com seus parâmetros físico-químicos

analisados, demonstram que sua influência na distribuição de espécies no contínuo

não é significativa (figura 14). Essa influência dos dados ambientais sobre a

distribuição das espécies foi de 20% analisada pela Análise de Redundância, onde

os eixos mais significativos foram o RDA1 (eixo X) e RDA2 (eixo Y) os quais tiveram

como maior representatividade a salinidade e o pH, respectivamente, esses eixos

pela baixa influência demonstram um intervalo baixo para a distribuição das

espécies.

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Figura 14. Análise de RDA de correlação entre a matriz ambiental e a riqueza e

abundância das espécies.

4.3 DESCRIÇÃO DE ESPÉCIES

Duas espécies encontradas são aqui descritas, uma por ser uma espécie

nova, a Acaulospora sp.2, e a Dentiscutata hawaiiensis por ser seu primeiro achado

no Brasil, além de que sua descrição histórica foi apenas morfológica e como

continuação deste trabalho tem-se a pretensão de sequenciar a região

LSU/ITS/SSU.

Acaulospora sp.2

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Seus Glomerosporos são globosos (entre 45-104 μm) a subglobosos com

média de 49x43 μm de diâmetro. Coloração marrom escuro, castanho avermelhado

e castanho alaranjado. Com três (3) paredes externa, média e interna (ex, med e in),

cada uma contendo duas (2) camadas. Presença do sáculo esporífero em alguns

esporos. Figura 15.

Primeira camada da parede externa (ex1) com coloração alaranjada, com

ornamentações nesta camada, em forma de sulcos irregulares, com espinhos seu no

interior, em quantidades ≥ 7. Entre as depressões a camada permanece, formando

dessa forma o que parece vales e picos ao longo de todo o esporo. A segunda

camada (ex2) é expansiva de coloração vermelho mais intenso a laranja, o que torna

a segunda camada, quando nessa coloração mais laranja, difícil de ser distinguida

da primeira camada que já possui essa cor.

A parede média (med) é de difícil visualização e possui duas camadas, e

ambas são hialinas e semi-fléxiveis, altamente aderidas a parede interna. A parede

interna possui duas camadas também, ambas são hialinas, semi-flexiveis, a primeira

(in1) laminada, (in2) é “beaded”.

Outra espécie do mesmo gênero foi encontrada ao longo deste estudo, a

Acaulospora reducta, que comparando suas características com a espécie nova,

vemos esporos formados a partir do sáculo esporífero (típico do gênero), globosos a

subglobosos, com coloração marrom a castanho amarelado. Diâmetro dos

glomerosporos variando de 137,44 - 149 μm, ornamentações em depressões ao

longo da primeira parede (ex). Presença de três paredes nos esporos, sendo a

parede média e interna de dificil vizualização por ser aderidas, e com coloração

hialinas.

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Figura 15: A-F Acaulospora sp.2, A-C: esporos montados em PVLG. D-F: esporos

montados em PVLG + reagente Melzer. Siglas: (orn) ornamentação em forma de

sulcos com espinhos no seu interior, primeira camada da parede externa, (ex)

parede externa, (ex1) primeira camada da parede externa, (ex2) segunda camada

da parede externa, (in) parede interna, (med) parede média, (med1) primeira

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camada da parede média, (med2) segunda camada da parede média, (sac) sáculo

esporífero. (fonte: autoria própria)

Dentiscutata hawaiiensis (Koske & Gemma)

Glomerosporos isolados, formado na base do bulbo suspensor, com

coloração marrom escuro, alaranjado ou laranja escura. Globosos a subglobosos,

em média de 245,8 μm, com três (3) paredes: externa, média e interna.

A primeira parede (ex) formada por duas (2) camadas, a camada mais

externa (ex1) é de coloração marrom alaranjado a marrom avermelhado, unitária, a

segunda camada (ex2) é laminada, hialina a amarelo claro. A segunda parede (med)

constitui-se de duas (2) camadas: (med1) é coriácea e hialina, já a segunda camada

(med2) é chanfrada, ou seja, que se quebra em forma de V (típica dessa espécie) e

hialina. A última parede (in) também é formada de duas camadas (2): hialina e

coriácea (in1), hialina e amorfa (in2).

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Figura 16: A-F Dentiscutata hawaiiensis, A-C: esporos montados em PVLG. D-F:

esporos montados em PVLG + reagente Melzer. Siglas: (ex) parede externa, (ex1)

primeira camada da parede externa, (ex2) segunda camada da parede externa, (in)

parede interna, (med) parede média, (med1) primeira camada da parede média,

(med2) segunda camada da parede média, (bs) bulbo suspensor, (hif) hifa do bulbo

suspensor. (fonte: autoria própria)

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5. DISCUSSÃO

Este estudo registrou 24 espécies na restinga, destas, apenas 11 estão

presentes na caatinga, e uma delas exclusiva para o bioma Caatinga. Segundo o

site de inventário de plantas e fungos no Brasil, Flora do Brasil (2017), não há até o

momento nenhum registro de Fungos Micorrízicos Arbusculares na caatinga do

estado, para os demais estados do nordeste, já foi inventariado o número de: 86

espécies na caatinga e 36 na restinga. O que nos confirma que o bioma caatinga

tem sido estudado amplamente pelo nordeste (semiárido) do país, enquanto o RN

concentra e restringi suas coletas e estudos às áreas costeiras e vegetação de

restinga (mata atlântica).

Os espécimes vegetais, cujo solo rizosférico foi coletado, variam de

vegetação herbácea na restinga à vegetação arbustiva com presença de cactos e

bromélias na caatinga. Nosso trabalho apontou maior riqueza e abundância das

espécies nas áreas de coleta da restinga, cuja vegetação era predominantemente

herbácea. Segundo Silva (2013), o tipo de formação de esporo seguiu uma linha de

predominância no tipo de vegetação da restinga, onde: restinga arbórea apresentou

70% de espécies glomóides, e predominância de espécies gigasporóide na restinga

arbustiva. No entanto, somente o tipo de vegetação não pareceu influenciar as

populações de FMA, neste trabalho, assim essa influência não esta bem

estabelecida.

O estudo de FMA em restinga e dunas costeiras já foi realizado no sul e

sudeste do Brasil, variando de 12 a 47 espécies descritas (TRUFEM; VIRIATO,

1990; CÓRDOBA et al., 2001, TRUFEM, 1995). No nordeste brasileiro 46 espécies

foram descritas por Jobim & Goto (2016), distribuídas em 10 famílias distintas, em

estudo de áreas de dunas marítimas costeiras. O presente trabalho identificou

espécies de 8 destas 10 famílias anteriormente identificadas (figura 12):

Glomeraceae, Acaulosporaceae, Gigasporaceae, Scutellosporaceae,

Ambisporaceae, Racocetraceae, Dentiscutataceae e Intraornatosporaceae, todas

encontradas na restinga e cinco delas na caatinga (as famílias Ambisporaceae e

Gigasporaceae não foram encontradas na caatinga). Ambas as áreas

(restinga/caatinga) apresentam as famílias Glomeraceae e Acaulosporaceae como

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mais representativas com número de espécies (figura 11). Este dado corrobora

outros achados em dunas do nordeste, por exemplo, Silva (2013) registrou em seu

trabalho a presença de espécies de Glomus e Acaulospora, em 60% das espécies

inventariadas, que totalizaram o número de 50 espécies encontradas em áreas de

dunas do litoral da Paraíba, município de Mataraca.

De fato, o gênero Acaulospora parece ser muito bem representado em

ambientes costeiros, sendo representados por espécies já descritas e bem

conhecidas, assim como espécies novas. Neste trabalho detectamos uma espécie

nova para o gênero Acaulospora, e sua descrição e publicação estão em

andamento. Esta nova espécie apresenta algumas peculiaridades em relação a

outras espécies do gênero, como a A. reducta; o tipo de ornamentação é a principal

diferença morfológica entre elas, já que a Acaulospora sp.2 possui ornamentação

em forma de depressões preenchidas por espinhos. Apesar de morfologicamente

distintas, o sequenciamento da região ITS, com primers descritos por Kruger et al

(2009), será de grande relevância para a confirmação desta nova entidade

taxonômica.

Neste trabalho contamos também com o primeiro registro para o Brasil da

espécie: Dentiscutata hawaiiensis, espécie usualmente identificadas no Havaí.

Como a descrição original da espécie D. hawaiiensis se deu em 1995, sem o uso de

ferramentas moleculares (KOSKE & GEMMA 1995), faz-se também necessária a

sua nova descrição, incluindo caracteres moleculares.

A sazonalidade não parece interferir na riqueza das espécies, mas sim na

abundância de esporos, uma vez que em ambas as áreas observou-se maior

abundância de esporos na seca. Porém, vale ressaltar que algumas espécies podem

se encontrar no ambiente e não estar esporulando na época da coleta ou seus

esporos estarem em condições de difícil identificação (ZANGARO; MOREIRA,

2010).

Apesar de a restinga ter, no geral, um maior número de esporos para a

maioria das espécies identificadas, a espécie Glomus sp.2 apresentou-se

significativamente mais numerosa na caatinga do que na restinga (figura 13). As

espécies mais abundantes, como o Glomus sp.2 são aquelas de formação

esporocárpica, ou seja, formam aglomerados de esporos com densa massa de hifas

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protegendo os cachos de esporos. Estas espécies puderam ser encontradas em

forma de cachos na estação chuvosa, quando normalmente quando são formados,

tanto na restinga como na Caatinga. Já na seca estes esporos podem ser dispersos

no solo, e foram encontrados em grande número ao longo do contínuo.

O índice de equitabilidade demonstra em seu resultado que valores próximos

de 1 indicam que a área possui espécies igualmente abundantes, e valores próximos

a zero (0) indicam um desiquilíbrio na abundância das diferentes espécies. Assim,

em nosso estudo, a restinga apresentou espécies mais igualmente abundantes ao

longo do espaço coletado. A restinga é mais rica em espécies, mais abundante,

mais diversa e mais “equitavél”.

Apesar dessa discrepância de riqueza de espécies, aparentemente não há

variação ambiental (condições físico-químicas do solo) influenciando a comunidade

de FMA ao longo da zona de transição entre restinga e caatinga. Contudo, deve-se

chamar atenção para alguns sítios de coleta, demonstrados na figura 14 (sit, 16, 17,

18, 19 e 36), que destoam dos outros. Isso se dá não por influência das variáveis

ambientais, pois são sítios igualmente salinos como os outros, mas que por

aleatoriedade são os que apresentaram as espécies mais abundantes. Por este

motivo, graficamente eles estão distantes dos demais pontos, pois a característica

abundância das espécies nestes pontos acaba influenciando sua posição no plot do

gráfico da análise.

O RDA é uma análise que, assim como a PCA (Análise de Componentes

Principais), procura criar eixos mais significativos de representação dos elementos

mais influentes. Nossa análise, cujo objetivo foi relacionar variáveis abióticas de solo

com distribuição de espécies, demonstrou que os elementos ambientais possuem

20% de representatividade nesta distribuição; destes elementos, a salinidade e o pH

são os mais importantes. Esse valor, de 20%, é considerado de pouca influência,

uma representação ≥ 60% dos dados seria a porcentagem ideal para inferir a

influência destes fatores na determinação da composição de espécies neste caso.

Uma importante diferença ambiental entre os dois biomas avaliados é que os

solos arenosos das dunas favorecem o escoamento rápido da água da chuva

(FERNANDES, 2007), enquanto o solo mais argiloso da caatinga retém um pouco

mais a umidade, com isso as vegetações herbáceas das dunas são mais

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frequentemente associadas à FMA (JOBIM; GOTO, 2016), o que corrobora nosso

achado maior número de espécies encontradas na restinga.

Os pontos de coleta com pH mais alto foram os da restinga. Este fator

ambiental é conhecido por favorecer a abundância e riqueza de espécies glomóide

(ZANGARO; MOREIRA, 2010; SILVA, 2013). De fato, em nossos resultados a

caatinga apresenta maior número de espécies com esporos glomóides, enquanto na

restinga os Glomus sensu lato, estão igualmente ricos a espécies acaulosporóides.

A menor diversidade encontrada na caatinga pode ser também aferida pela

condição salina do solo, já que em média o solo é mais salino na caatinga com

0.091 dS.m-¹ enquanto na restinga encontramos a maior salinidade com 0.045

dS.m¹. A salinidade é inversamente proporcional à riqueza de espécies, à medida

que o gradiente salino diminui com a distância do mar, ao longo de nossos pontos

de coleta, o número de esporos aumentou. Indo de 02-48 esporos no trecho de

intervalo de salinidade de 0,067-0,024 na Restinga, concordando com o trabalho de

Córdoba e colaboradores (2001), segundo o qual a menor abundância de esporos

foi registrada nas proximidades do mar e aumento da salinidade. Na caatinga, no

entanto, mesmo com a sua distância da influência marítima, temos a ocorrência de

atividade salina próximo á alguns pontos de coleta, explicando a ocorrência de

pontos mais salinos na caatinga do que a restinga.

A disponibilidade de P é um fator importante na distribuição e colonização de

espécies de FMA, afetando diretamente estes organismos (ARAÚJO et al., 2003), de

acordo com Cavalcante et al. (2002) a alta fertilidade do solo geralmente inibe a

relação simbiótica (MOREIRA; SIQUERA, 2002). Bressan et al. (2001), também

constatou que a ausência de P, N e K, diminuem o crescimento simbiótico. Em

nosso trabalho, as concentrações de P se mostraram menores na caatinga, podendo

também ser um dos fatores de influência na menor riqueza de espécies de FMA

nesta área, enquanto os índices de N e K são equiparáveis.

Dentre as variáveis ambientais acima citadas que poderiam ter relação com a

diversidade de espécies ao longo do contínuo restinga-caatinga, a salinidade nos

chama atenção, pelo fato de o Rio Grande do Norte ser o maior produtor de sal do

Brasil, com sua produção concentrada principalmente nos municípios de Macau

(local de nossa coleta), Areia Branca e Mossoró, sendo responsável por 90% da

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produção nacional (AZEVEDO, 2013). A atividade salina atualmente se concentra no

oeste e noroeste do estado, no entanto encontramos outras zonas onde já foram

áreas de salinas e que se encontram abandonadas.

A colonização vegetal destas áreas certamente é possível graças a simbiose

com micro-organismos. Dentre os simbiontes desse cenário temos os FMA sendo

grandes responsáveis pela obtenção de resistência das plantas ao alto teor salino.

Alguns estudos têm demonstrado que a inoculação com fungos micorrízicos

arbusculares, principalmente isolados dos gêneros Acaulospora e Rhizoglomus, no

caso da Acaulospora, gênero abundante ao longo de todas as áreas coletadas,

melhora o crescimento das plantas sob uma variedade de condições de estresse

salino (TIAN et al., 2004; YANO-MELO et al., 2003). Tais achados elevam a

importância da pesquisa de comunidades de FMA em ambientes estressantes, como

o de nosso estudo. Além de colaborar com o inventário da diversidade da micobiota

de um dos biomas brasileiros mais ameaçados, estes estudos contribuem com a

bioprospecção de espécies de FMA com potencial uso no melhoramento de

cultivares em ambientes inóspitos ou reflorestamento de áreas degradadas.

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6. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho nos permitem ver a grande

potencialidade da área de transição entre restinga-caatinga no estudo de

diversidade de Fungos Micorrízicos, assim como do bioma Caatinga no RN.

O continuo restinga-caatinga se demonstrou homogêneo em composição nos

aspectos ambientais, tornando a distribuição das espécies aleatória.

A Restinga é mais diversa do que a Caatinga.

De maneira geral, as espécies de FMA apresentam maior abundância de

esporos no período seco, indicando a influência sazonal na esporulação das

mesmas.

Este trabalho apresenta o primeiro registro de Dentiscutata hawaiiensis no

Brasil. Sua descrição molecular está em andamento.

Dentre os fatores abióticos do solo, a salinidade pareceu influenciar a

diversidade de espécies encontradas entre os dois ambientes, indicando um possível impacto ambiental negativo de uma das principais atividades econômicas do RN, as salinas.

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8. ANEXOS

SCRIPT DA RDA ESPÉCIES X DADOS AMBIENTAIS

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