universidade federal do rio grande do norte centro … · as tartarugas marinhas, seres pelos quais...

79
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ESTRUTURAL E FUNCIONAL EDSON SOARES DA SILVA JÚNIOR INCIDÊNCIA DE FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS MARINHAS NA BACIA POTIGUAR RN / CE Natal-RN 2016

Upload: others

Post on 11-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ESTRUTURAL E FUNCIONAL

EDSON SOARES DA SILVA JÚNIOR

INCIDÊNCIA DE FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS MARINHAS NA BACIA POTIGUAR

RN / CE

Natal-RN

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

EDSON SOARES DA SILVA JÚNIOR

Incidência de fibropapilomatose em tartarugas marinhas na Bacia Potiguar RN / CE

Natal-RN

2016

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Biologia Estrutural e Funcional da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito à obtenção do título de Mestre em Biologia

Estrutural e Funcional

Orientador: Prof. (a) Dr. (a) Simone Almeida Gavilan

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Silva Júnior, Edson Soares da.

Incidência de fibropapilomatose em tartarugas marinhas na

bacia potiguar RN/CE / Edson Soares da Silva Júnior. - 2016. 79 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, Centro de Biociências, Programa de Pós-graduação em Biologia Estrutural e Funcional. Natal, RN, 2016.

Orientadora: Profª. Drª. Simone Almeida Gavilan.

1. Tartarugas marinhas - Dissertação. 2. Chelonia mydas -

Dissertação. 3. Fibropapilomatose - Dissertação. 4. Bacia

Potiguar RN/CE - Dissertação. I. Gavilan, Simone Almeida. II.

Título.

RN/UF/BCZM CDU 598.132.6

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

AUTOR: SILVA-JÚNIOR, Edson Soares da.

TÍTULO: Incidência de fibropapilomatose em tartarugas marinhas na Bacia Potiguar RN / CE.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Biologia Estrutural e Funcional da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito à obtenção do título de Mestre em Biologia

Estrutural e Funcional

DATA DA DEFESA: ___/ ___/ ___

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________________________________

Profa. Dra. Eliana Reiko Matushima

Universidade de São Paulo

_________________________________________________________________________

Profa. Dra. Simone Almeida Gavilan

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________________________________

Prof. Dr. Flávio José de Lima Silva

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

AGRADECIMENTOS

Agradeço acima de tudo a Deus, pois sem Ele nada disso teria sido possível. Agradeço pela saúde, força e

por ter me guiado em seus caminhos sempre focado em conquistar meus objetivos.

Grato também aos meus pais, por todo amor, apoio, carinho, companheirismo e dedicação em me ensinar

valores e princípios dos quais jamais esquecerei. Por toda força e determinação inspirado no meu grande pai e por

todo amor e sabedoria aprendida com meu anjo na terra, minha amiga, companheira e verdadeira mãe.

Ao meu irmão Miguel que em tão pouco tempo tanto ensinou com um amor incondicional fazendo com

que eu sempre me mantivesse firme e centrado trilhando meus objetivos em prol sempre de nossas melhoras.

Aos meus avós, em especial a eterna Dona Janete, avó eternizada como anjo que estará sempre olhando por

mim e me guiando em toda caminhada. Aos meus primos Kael e Dudu que sempre estiveram comigo em todos os

momentos.

A Marília, amiga, companheira, noiva, futura esposa e eterna namorada, por toda ajuda, por caminhar ao

meu lado, mesmo estando na mesma maratona de mestrado e por todos os momentos mais que especiais vividos

por nós que sempre nos trouxeram aprendizados, alegrias, realizações e nos motivaram a continuar sempre em

busca de nossos objetivos.

Imensamente grato a toda ajuda, paciência, correria, oportunidades e aprendizado que somente uma “super

professora” como a Professora Dra. Simone Almeida poderia me proporcionar como amiga e orientadora. Serei

sempre grato a Deus por ter me presenteado com alguém tão especial, cheia de vida, disposição e sempre

confiando em mim e me dando oportunidades ímpares.

A todos os amigos que de alguma forma mandaram boas vibrações sempre me fazendo acreditar que seria

possível.

As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma

ferramenta para auxiliar na conservação de todas.

Ao IBAMA e a Petrobras cuja participação foi essencial para que fosse possível a realização deste trabalho.

Quero agradecer imensamente a grande família PCCB, pessoas que conheci e convivi e que se tornaram

parte de minha história, onde sempre terão grande importância em minhas conquistas.

A toda equipe do Laboratório de Técnicas Histológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

por toda a dedicação e auxílio no preparo das lâminas e esclarecimento de dúvidas.

Agradecer a toda equipe do Hospital Universitário Veterinário da Universidade Federal Rural do Semiárido

que participou das cirurgias e ao Professor Iberê, grande parceiro durante toda essa atividade.

A grande ajuda dada pela Professora Dra. Eliana Reiko Matushima na leitura das lâminas e pela

disponibilidade para sempre esclarecer dúvidas.

Também a um grande amigo e companheiro de trabalho Radan Elvis pela paciência para fotografar as

lâminas (mesmo com os empecilhos de ônibus quebrado e falta de energia) e por todo suporte dado para melhor

organização das imagens.

Ao Professor Dr. Sérgio Adriane, e a Dr. Dalila Leão pela participação na banca de qualificação e pelas

valiosas considerações realizadas.

Aos amigos Iara, Maria Iohara, Raquel, Rebeca e Rafael que fazem parte do Laboratório de

Morfofisiologia Comparada pela ajuda em todos os momentos.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte e todo seu corpo docente que participou de minha

formação na graduação e na pós-graduação.

A todos que me apoiaram.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Localização da área de estudo, Bacia Potiguar, RN / CE, Brasil................................................................... 17

Figura 02 – Feições características do trecho A, Grossos – Icapuí. em “I”: Embarcações utilizadas nas atividades de

pesca; em “II”: Regiões de falésias presentes ao longo do trecho; em “III”: Tanques de salinas instaladas na região;

em “IV”: Bares e restaurantes instalados nas praias. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca –

UERN.................................................................................................................................................................................................................... 18

Figura 03 –Feições características do trecho B, Areia Branca – Porto do Mangue. Em “I”: Região de praia com áreas

de formações rochosas que sofre ação das marés; em “II”: Parques eólicos instalados ao longo do trecho; em “III”:

Residências de população nativa que desempenham atividade de pesca artesanal; em “IV”: Área com presença de

bancos de alimentação das espécies da fauna marinha. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca –

UERN................................................................................................................................................................................. 19

Figura 04 – Feições características do trecho C, Guamaré - Macau. em “I”: Região de faixa de praia com presença de

torres eólicas; em “II”: Trecho arenoso com estrada de barro construída para acesso as torres eólicas; em “III”:

Embarcações utilizadas para atividade de pesca artesanal, RDS Costa do Tubarão; em “IV”: Área que sofre constante

ação da dinâmica de marés. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN ............................................... 21

Figura 05 – Feições características do trecho D, Galinhos – Caiçara do Norte. em “I”: Farol ; em “II”: Parque eólico;

em “III”: Atividade de pesca artesanal; em “IV”: Embarcações utilizadas na pesca artesanal e profissional. Fonte:

Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN........................................................................................................ 22

Figura 06 – Registros de indivíduos com presença de fibropapilomas no ano de 2015. (A) Animal registrado no dia

21/03/2015, na Restinga de Diogo Lopes/RN, apresentando fibropapiloma na nadadeira anterior direita. (B) Animal

registrado com diversos fibropapilomas espalhados pelo corpo (setas), no dia 06/10/2015, na Restinga de Diogo

Lopes/RN. (C) Animal registrado com fibropapilomas nas quatro nadadeiras (setas), no dia 16/04/2015, na praia de

Quitérias/CE. (D) Animal registrado com fibropapiloma na região da cauda, no dia 01/03/2014, na praia de Pontal

dos Anjos/RN. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.................................................................... 23

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

Figura 07 – Biometria realizada em animal encalhado morto no dia 12 de novembro de 2014 na praia de Gado

Bravo, município de Tibau – Rio Grande do Norte .A- Comprimento curvilíneo da carapaça (CCC); B- Largura

curvilínea da carapaça (LCC). Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN............................................ 24

Figura 8 – Cirurgia de remoção de fibropapilomas em tartaruga resgatada pela equipe do PCCB-UERN realizada no

Hospital Veterinário da UFERSA. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN...................................... 26

Figura 09 – Tartaruga marinha juvenil da espécie Chelonia mydas com presença de fibropapilomas, encalhada no dia

18/09/2020 na Paria de Macau - RN. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN................................. 27

Figura 10 – Divisão corporal para análise da distribuição corporal. NPD: Nadadeira posterior direita; NAD:

Nadadeira anterior direita; NAE: Nadadeira anterior esquerda; NPE: Nadadeira posterior esquerda.............................. 27

Figura 11 A - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas por ano de monitoramento na Bacia Potiguar-

RN..................................................................................................................................................................................................... 30

Figura 11 B- Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas por meses de monitoramento, encalhadas na

Bacia Potiguar - RN..........................................................................................................................................................

31

Figura 12 – Frequência relativa de registros de "Animais sem fibropapilomas" e "Animais com fibropapilomas" entre

os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca - RN.............................................................................................. 33

Figura 13 - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas acometidas por fibropapilomatose por anos de

monitoramento, encalhadas na Bacia Potiguar - RN........................................................................................................ 33

Figura 14 - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas acometidas por fibropapilomatose por meses de

monitoramento, encalhadas na Bacia Potiguar - RN........................................................................................................ 34

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

Figura 15 – Frequência absoluta de registros de “animais com fibropapilomas” e “animais sem fibropapilomas” por

trechos de Monitoramento na Bacia Potiguar - RN.......................................................................................................... 35

Figura 16 – Frequência percentual proporcional de registros de tartarugas marinhas acometidas por

fibropapilomatose por trecho de Monitoramento............................................................................................................ 36

Figura 17 – Frequência absoluta de tartarugas marinhas acometidas com fibropapilomatose por fases de

desenvolvimento entre os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca – RN......................................................... 36

Figura 18 – Frequência absoluta de tartarugas marinhas acometidas com fibropapilomatose por fases de

desenvolvimento e trechos de monitoramentos entre os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca – RN......... 37

Figura 19 – Cortes histopatológicos de fibropapiloma em tartaruga-verde (Chelonia mydas) corados em HE

observados em microscópico óptico. Em A - seta preta indicando vacúolos intra-citoplasmático ao redor do núcleo; 1

indicando camada granulosa do epitélio, 2 indica a camada espinhosa do epitélio, 3 indicando a camada basal e por

fim o 4 indicando o tecido conjuntivo frouxo; em B- linha azul indicando hiperqueratinização do epitélio; linha preta

indicando epitélio estratificado pavimentoso; linha amarela indicando a camada de tecido conjuntivo; Em C – setas

pretas indicando vasos sanguíneos, setas amarelas indicam fibroblastos; em D seta preta indica vaso sanguíneo, seta

amarela mostra hemácias e leucócitos presentes no tecido sanguíneo. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa

Branca – UERN.................................................................................................................................................................

38

Figura 20 – Cortes histopatológicos de fibropapiloma em tartaruga-verde (Chelonia mydas) corados em HE

observados em microscópico óptico. Em A, as setas pretas indicam vários ovos de parasitas agrupados no tecido

conjuntivo denso, a seta amarela mostra a estrutura de pérola córnea; em B, verifica-se um único ovo de parasita no

tecido conjuntivo (seta) em maior aumento. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca –

UERN.................................................................................................................................................................................

39

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

Figura 21 – Cortes histopatológicos de fibropapiloma associado a carcinoma em tartaruga-verde (Chelonia mydas)

corados em HE observados em microscópico óptico. Em A - estrutura hiperqueratinizadas em meio ao tecido

conjuntivo. Em B - observa-se, indicado pela seta preta, epitélio estratificado pavimentoso, a seta branca incida o

acúmulo de queratina, o asterisco preto indica região do tecido conjuntivo; Em C – tem-se várias pérolas córneas

instaladas dentro do tecido conjuntivo (setas). Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca –

UERN.................................................................................................................................................................................

40

Figura 22 – Frequência relativa percentual da distribuição corporal dos fibropapilomas no corpo das tartarugas

marinhas encalhadas de 2011 a 2015 na Bacia Potiguar RN/CE....................................................................................... 41

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

Lista de Tabelas

Tabela 01 - Determinação do início da fase adulta para tartarugas marinhas, conforme referências na área....... 24

Tabela 02 – Menor comprimento de indivíduo registrado desovando.................................................................. 25

Tabela 03 - Frequência absoluta e relativa de indivíduos de tartarugas marinhas acometidas com

fibropapilomatose entre os anos de 2011 a 2015................................................................................................... 31

Tabela 04 – Frequência absoluta dos registros de "animais com fibropapilomas" e "animais sem

fibropapilomas" encalhadas na Costa Branca - RN.............................................................................................. 32

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABIO

Autorização para captura, coleta e transporte de material biológico

CCC

Comprimento curvilíneo do caso

ChHV-5

Chelonid herpesvirus 5

LCC

Largura curvilínea do casco

FP

Fibropapilomatose

HE

Hematoxilina e Eosina

IBAMA

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

PMP-BP

Projeto de Monitoramento de Praia da Bacia Potiguar

SISBIO

Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade

NAD Nadadeira anterior direita

NAE Nadadeira anterior esquerda

NPD Nadadeira posterior direita

NPE Nadadeira posterior esquerda

RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

SUMÁRIO

RESUMO...........................................................................................................................................................

ABSTRACT.......................................................................................................................................................

4

5

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................

1.1. Tartarugas Marinhas..............................................................................................................................

1.2. Fibropapilomatose no Brasil..................................................................................................................

6

10

12

2. OBJETIVOS................................................................................................................................................

2.1. Geral.....................................................................................................................................................

2.2. Específico.............................................................................................................................................

14

14

14

3. MATERIAL E MÉTODOS.........................................................................................................................

3.1. ÁREA DE ESTUDO.............................................................................................................................

3.1.1 Caracterização do SETOR I............................................................................................................

3.1.1.1 Trecho de monitoramento A........................................................................................................

3.1.1.2 Trecho de monitoramento B........................................................................................................

3.1.2 Caracterização do SETOR II..........................................................................................................

3.1.2.1 Trecho de monitoramento C........................................................................................................

3.1.2.1 Trecho de monitoramento D........................................................................................................

3.2. PROCEDMIENTOS..............................................................................................................................

3.3. INDIVÍDUOS AMOSTRAIS................................................................................................................

3.4. MICROSCOPIA....................................................................................................................................

3.5. TUMORES............................................................................................................................................

3.6. ANÁLISE DOS DADOS......................................................................................................................

15

16

17

17

18

20

20

21

22

25

25

26

28

4. RESULTADOS............................................................................................................................................

4.1. Registros de encalhes de tartarugas marinhas por ano de monitoramento;...........................................

4.1.1. Incidência de encalhes de tartarugas marinhas mensais;...........................................................

4.2. Incidência de fibropapilomatose por espécies de tartarugas marinhas;................................................

4.3. Análise Espaço-Temporal dos registros de tartarugas marinhas acometidos por fibropapilomatose;...

4.3.1 Incidência de fibropapilomatose por período Total;.....................................................................

4.3.2 Incidência de fibropapilomatose por anos de Monitoramento;......................................................

29

30

30

31

32

32

33

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

4.3.3 Incidência de fibropapilomatose mensal......................................................................................

4.3.4 Incidência de fibropapilomatose por trecho de monitoramento...................................................

4.4. Análise por fase de desenvolvimento..................................................................................................

4.4.1 Incidência de fibropapilomatose por trecho e fase de desenvolvimento........................................

4.5 Análises histopatológicas........................................................................................................................

4.6 Distribuição corporal dos tumores..........................................................................................................

34

35

36

37

37

41

5. DISCUSSÃO............................................................................................................................................... 42

6. CONCLUSÃO............................................................................................................................................. 51

7. REFERÊNCIAS........................................................................................................................................... 53

8. ANEXOS...................................................................................................................................................... 59

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

4

RESUMO

As cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no litoral brasileiro estão classificadas como

espécies em risco de extinção pelas listas mundiais de espécies ameaçadas. Tal status é decorrente

das diferentes ameaças que esses animais vêm sofrendo no decorrer das últimas décadas, dentre estas

a destruição do habitat, fotopoluição, pesca incidental, tráfego de veículos e predação de ovos. Outra

considerável ameaça a esses animais, descrita na literatura, é a ocorrência da fibropapilomatose. Esta

doença acomete as tartarugas marinhas, em especial indivíduos juvenis da espécie Chelonia mydas,

embora tenha sido descrito também nas demais espécies. Este trabalho pretende investigar a

distribuição espacial e temporal dos registros de tartarugas marinhas com fibropapilomatose que

encalham, vivos ou mortos, entre as praias dos municípios de Icapuí/CE até Caiçara do Norte/RN,

bem como analisar os aspectos histopatológicos das lesões. Para isso foram realizados

monitoramentos diários, utilizando-se quadriciclos, a fim de registrar a ocorrência de tartarugas

marinhas nas praias da Bacia Potiguar RN / CE. Os animais que foram encontrados mortos,

dependendo do estado da carcaça, foram avaliados quanto à espécie, ao número e posicionamento

dos tumores, fotografados e georreferenciados. Os animais vivos foram resgatados e translocados

para a Base de Reabilitação do Projeto Cetáceos da Costa Branca/UERN-Areia Branca onde foi

realizado o procedimento de contagem e localização dos tumores. Para o desenvolvimento da

pesquisa estão sendo utilizados dados coletados entre os anos de 2011 e 2015. Dentre as 3.960

tartarugas marinhas encalhadas, 680 apresentaram tumores sugestivos de fibropapilomatose, valores

estes que apresentaram crescimento durante os anos estudados. No que diz respeito a variação por

trecho de monitoramento, a maior frequência de animais acometidos pela doença foi registrada no

trecho C correspondente a "Guamaré-Macau”. Quanto a fase de desenvolvimento, a maior parte dos

indivíduos acometidos estavam no estágio juvenil, porém também houve registro de animais adultos

e subadultos acometidos pela doença. As lesões se configuram por apresentarem hiperplasia da

epiderme, do tecido conjuntivo, desorganização de fibras colágenas, hiperqueratinização de regiões

dentro do tecido conjuntivo e vacuolização no citoplasma. Além disso, foram observados ovos de

parasitas no estroma tumoral, além das projeções papilares que marcam de maneira peculiar a

estrutura do fibropapiloma. A Bacia Potiguar RN / CE mostrou-se como sendo um trecho com

características compartilhadas por outras áreas de registros da fibropapilomatose e com fatores que

podem ter contribuído para o aumento dos registros de animais acometidos. Por se tratar de uma

doença debilitante, que acomete principalmente animais juvenis e com etiologia ainda não bem

definida, a fibropapilomatose impulsiona pesquisas que visam melhor entendimento da doença para

conservação das espécies de tartarugas marinhas.

Palavras-chave: Chelonia mydas; Fibropapilomatose; Bacia Potiguar RN / CE

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

5

ABSTRACT

The five species of sea turtles that occur in the brazilian coast are classified as species at risk of

extinction by global lists of threatened species. Such status is due to the different threats that these

animals have suffered over the past decades, among them the destruction of natural habitat,

fotopoluição, incidental fishing, vehicle traffic and predation of eggs. Another significant threat to

these animals, described in the literature, is the occurrence of fibropapillomatosis. This disease

affects sea turtles, especially juveniles of the species Chelonia mydas, although it was also described

in other species. This work intends to investigate the spatial and temporal distribution of records of

sea turtles with fibropapilamatose stranding, living or dead, from the beaches of the municipalities of

Icapuí / CE by Caiçara do Norte / RN, and to characterize the histology of these lesions. For this

daily monitoring were performed, using quads in order to record the occurrence of sea turtles in the

Bacia Potiguar RN / CE of beaches. Dead animals, depending of the decomposition state, they were

evaluated for the type, number and positioning of tumors, photographed and georeferenced. The live

animals were rescued and translocated to the rehabilitation base of the project Cetáceos da Costa

Branca / UERN-Areia Branca where we performed the count procedure and location of the tumors.

For the development of the research are being used data collected between 2011 and 2015. Among

the 3.960 stranded sea turtles, 680 had tumors caused by fibropapillomatosis, values which grew

during the years studied. In relation to the variation between the monitored sectors, the highest

frequency of animals affected by the disease was recorded in the sector “C” "Guamaré-Macau." As

the development phase, most of the affected individuals were in the immature stage, but there were

also adult animals record and subadult affected by the disease. The lesions are configured for

presenting papillary projections and epidermal hyperplasia, hyperkeratinisation regions within the

connective tissue and points with suggestive of inflammation erythrocyte clusters. In addition, we

observed parasites and leech eggs present within tumor structure. The Bacia Potiguar RN / CE has

been shown to be an excerpt with features shared by other areas of fibropapillomatosis occurrence

and with factors that may have contributed to the increase of the records of affected animals. Because

it is a debilitating disease, which affects mainly juvenile animals with etiology not yet well defined,

fibropapillomatosis promotes research aimed at a better understanding of the disease for the

conservation of sea turtle species.

Keywords: Chelonia mydas; fibropapillomatosis; Bacia Potiguar RN / CE

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

6

1. INTRODUÇÃO

Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

7

1. INTRODUÇÃO

As tartarugas marinhas são classificadas em sete espécies e apresentam ampla

distribuição, habitando diversas regiões do mundo (ROBERT, 1986; SANTOS, 1994). Na costa

brasileira ocorrem cinco espécies, são elas: Chelonia mydas (Tartaruga-verde); Eretmochelys

imbricata (Tartaruga-de-pente); Lepidochelys olivacea (Tartaruga-oliva); Caretta caretta (Tartaruga-

cabeçuda); Dermochelys coriacea (Tartaruga-de-couro) (MARCOVALDI, 1987; MARCOVALDI,

1999).

Todas as espécies de tartarugas marinhas, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente

(2003), estão ameaçadas de extinção no Brasil e de acordo com a União Internacional para

Conservação da Natureza – IUCN (2015) ameaçadas em todo o mundo.

Dentre as espécies ocorrentes no Brasil, os indivíduos das espécies Chelonia mydas

(Tartaruga-verde); Eretmochelys imbricata (Tartaruga-de-pente) e Lepidochelys olivacea (Tartaruga-

oliva) utilizam a costa litoral setentrional do Rio Grande do Norte como áreas de atividade

reprodutiva e de alimentação (GAVILAN-LEANDRO et al, 2016) e estão classificadas nas categorias

"ameaçada", "criticamente ameaçada" e "vulnerável" respectivamente (IUCN, 2015).

Diferentes fatores colocam em risco a conservação desses animais, dentre eles a

destruição do habitat natural, fotopoluição, pesca incidental, tráfego de veículos e predação de ovos

(MARTINS e MOLINA, 2009). Essas ameaças estão presentes em todo o litoral brasileiro, afetando,

portanto, também os animais que ocorrem no litoral do Rio Grande do Norte.

Outro potencial fator que contribui para a redução do número de indivíduos dessas

espécies são as doenças provocadas por vários agentes infecciosos (HERBST, 1994), em especial a

fibropapilomatose.

De acordo com Zwarg (2014) trata-se de uma doença debilitante que pode provocar a

morte, atingindo principalmente as tartarugas marinhas da espécie Chelonia mydas, representando

assim uma importante ameaça a esses animais.

A Fibropapilomatose em tartarugas marinhas foi descrita primeiramente na Flórida por Lucke,

Smith e Coates (1938) sendo relatada a presença de processos tumorais localizados externamente em

tartaruga-verde (Chelonia mydas). No Brasil o primeiro caso foi registrado no ano de 1986 no estado

do Espírito Santo por Baptistotte (2007).

Tal enfermidade é caracterizada pela presença de tumores cutâneos localizados ou

distribuídos por todo o corpo, com etiologia não definida (HERBST et al., 1998). Tais tumores

benignos podem ser externo ou internos, e variam de tamanho de 0,1 a 30 cm, podendo apresentar-

se de forma sésseis ou pediculados.(HERBST et al., 1999; CUBAS e BAPTISTOTTE, 2007;

GEORGE, 1997).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

8

Estudos como o de Herbst et al. (1998) e Ene et al. (2005), que evidenciaram a presença de

um herpesvírus associado a 100% dos casos naturais da doença e em 95% em situações induzidas

(QUACKENBUSH et al. 2001), sugerem que a origem possa ser viral.

Entretanto, algumas variáveis como desenvolvimento demográfico, atividades industriais e

agronômicas, próximas as praias, podem influenciar contribuindo para o aumento da doença

(ADNYANA et al. 1997).

Nesse sentido, Keller et al. 2014 descreveram que o aumento de poluentes ambientais como

compostos organaclorados e organofosforados, além de selênio e metais pesados parecem ser

possíveis fatores na patogênese da fibropapilomatose.

O herpesvírus encontrado associado a fibropapilomatose pertence à família Herpesviridae, a

subfamília Alphaherpesvirinae, do gênero Scutavirus e foi denominado de ChHV-5 (Chelonid

Herpesvírus 5), sendo este classificado em quatro grupos (Atlântico, Médio Pacífico, Pacífico Oeste e

Pacífico Leste) de acordo com a análise da glicoproteína B (PATRICIO et al. 2012).

GREENBLATT et al., (2003) indicam o sanguessuga marinho do gênero Ozonbranchus como

um possível vetor desse herpesvírus, tendo grande potencial para ser um possível transmissor da

fibropapilomatose em tartarugas marinhas, pois possui capacidade de carrear o material genético do

vírus ChHV-5.

Embora Williams et al.,1994 descrevam a possibilidade de outros parasitas também possuírem

potencial para carrear material genético do vírus, os maiores índices de carga viral foram observado

em sanguessugas do gênero Ozonbranchus (GREENBLATT et al., 2003).

Ademais à transmissão por agente biológico, Jones, 2016 destaca aspectos comportamentais

como possíveis agentes facilitadores e causadores de transmissão horizontal, principalmente na fase

nerítica, citando comportamentos agonísticos entre os animais ou ainda aqueles relacionados a

atividade de cópula, que mesmo tendo frequência baixa nos adultos podem estar presentes nos casos

onde animais nessa fase de desenvolvimento são acometidos.

Adicionalmente, outros fatores, como os que afetam o sistema imunológico dos animais,

devem ser considerados. Desta forma, Ritchie (2006) cita agentes estressores como migração,

modificações na alimentação e aumento na densidade da população em uma área.

Desse modo, a Fibropapilomatose é caracterizada pelo surgimento de massas tumorais

benignas, com origem não definida, podendo ser viral, por poluição, estresse ou de etiologia

multifatorial (HERBST 1994; RITCHIE 2006).

Os tumores podem ser de características morfológicas distintas, possíveis de serem avaliados

externamente de maneira macroscópica. Apresentam coloração e texturas variáveis. Podem ser

pigmentados, apresentando coloração de acinzentados à enegrecidos, ou não, quando são pálidos ou

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

9

esbranquiçados. Podem ser ainda, verrucosos ou lisos de acordo com sua superfície. Os tumores

diferem quanto sua estrutura microscópica podendo ser massas fibroepiteliais cutâneas ou fibromas

quando encontrados em vísceras (KANG et al., 2008).

Segundo Matushima (2003), histologicamente, os fibropapilomas são caracterizados por

projeção papilar e uma marcante hiperplasia da epiderme com feixes de fibras colagenosas.

Com base nas características histológicas, a doença pode apresentar três tipos de processos

tumorais: Fibropapilomas, Fibromas e Papilomas cutâneos (HERBST, 1994). Os processos tumorais

classificados como Papilomas cutâneos apresentam características de tumores com crescimento de

epiderme (KANG et al., 2008).

A fase de Fibromas se caracteriza por desenvolvimento, principalmente, de colágeno e é

encontrado em tumores internos que acometem as vísceras do indivíduo, por fim, os Fibropapilomas

são quando os tumores apresentam crescimento tanto da epiderme quanto da matriz dermal com o

colágeno maduro (KANG et al., 2008).

Tais tumores podem provocar alterações na hidrodinâmica do animal dificultando sua

movimentação, alimentação e interfere também no processo de flutuabilidade do indivíduo

(ADNYANA et al. 1997).

As massas tumorais podem acometer desde regiões oral, axilar e inguinal, como também as

nadadeiras, pescoço, cabeça, olhos, na conjuntiva, carapaça e plastrão. Quando internos, os órgãos

mais afetados são os pulmões, trato gastrointestinal, coração, fígado e rins, podendo ser invasivos,

quando o tumor passa para sua fase maligna, e ocasionar a morte dos indivíduos por comprometer a

função dos órgãos afetados (YU et al., 2000; HERBST, 1994)

Além do aumento de casos registrados da doença (BAPTISTOTTE, 2007) e as dúvidas sobre

o agente etiológico, outra preocupação que impulsiona pesquisas sobre a fibropapilomatose é o fato

de a doença acometer indivíduos jovens que, por não resistirem às lesões, vêm a óbito e não atingem

a idade adulta, resultando em uma diminuição do número de indivíduos que se reproduzem

(EHRHART, 1991).

Duas hipóteses buscam explicar a prevalência da doença em indivíduos jovens. Sugere-se que

a Fibropapilomatose acomete em maior frequência indivíduos juvenis porque a exposição aos

possíveis agentes etiológicos ocorre na fase pelágica, porém o vírus possui um grande período de

latência que só é quebrado em sua fase juvenil mais tardia, por fatores estressantes como migração e

mudança do hábito alimentar (HERBST 1994; HIRAMA & EHRHART 2007)

A segunda hipótese prediz que o contato com os agentes etiológicos só acontece após os

indivíduos retornaram para a zona nerítica, e então a doença se manifesta durante a fase juvenil.

(HERBST 1994; HIRAMA & EHRHART 2007)

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

10

No Brasil, de acordo com Baptistotte (2007), os indivíduos da espécie Chelonia mydas mais

acometidos pela fibropapilomatose apresentam entre 20 cm - 40 cm de comprimento curvilíneo da

carapaça. Nessa fase se observa migração, mudança do hábito alimentar e maior utilização de áreas

costeiras com condições ambientais inadequadas, promovendo maior exposição a possíveis fatores

que contribuem para a incidência da doença.

Indivíduos de tamanhos inferiores a 30 centímetros não foram registrados provavelmente por

não ter tempo suficiente para que a doença se manifeste, uma vez que tratam-se de animais com

pouco tempo de vida. Quanto a classe com mais de 80 centímetros, foi verificado também níveis

baixos de acometimento, sendo possível explicar pelo fato de que animais maiores apresentam maior

capacidade imunológica de não manifestar os tumores ou então o fato dos juvenis serem acometidos

impede que esses animais sobrevivam até atingirem tamanhos maiores (BAPTISTOTTE, 2007)

Segundo HERBST (1994) os indivíduos mais afetados são da espécie Chelonia mydas,

embora possa ocorrer em outras espécies. Os exemplares dessa espécie habitam profundidades de até

vinte metros, sendo cosmopolitas e encontradas em águas tropicas e subtropicais. Possuem como área

de nidificação praias em regiões tropicais (ANDRADE, 2006; CUBAS et al.,2007). Embora seja

conhecido aspectos sobre a biologia da espécie, até o momento não é conhecido o motivo que

justifique o fato da espécie C.mydas ser mais afetada pela doença do que as outras espécies

(MATUSHIMA,2001).

1.1 TARTARUGAS MARINHAS

As tartarugas marinhas são representantes da linhagem mais primitiva de répteis vivos, sendo

datadas do período Jurássico (PRITCHARD, 1997). Todos os gêneros e espécies de tartarugas

marinhas existentes atualmente, surgiram entre 60 e 10 milhões de anos (LUTZ, 1997). Na Chapada

do Araripe no estado do Ceará, foi registrado o mais antigo fóssil de tartaruga marinha no mundo. O

indivíduo encontrado pertence à espécie Santanachelys gaffneyi da família Protostegidae e tem

aproximadamente 110 milhões (HIRAYAMA, 1998).

Atualmente existem duas famílias de tartarugas marinhas, Cheloniidae e Dermochelyidae,

entretanto, durante o período Cretáceo descreve-se duas famílias além das que se tem hoje, sendo

elas: Toxochelyidae e Protostegidae (SPOTILA, 2004).

As sete espécies de tartarugas marinhas existentes hoje estão distribuídas na família

Cheloniidae, que abriga seis espécies, sendo elas: Caretta caretta, Chelonia mydas, Eretmochelys

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

11

imbricata, Lepidochelys olivacea, Lepidochelys kempii, Natator depressus. Já a família

Dermochelyidae abriga a espécie Dermochelys coriacea. (LUTZ, 1997).

A espécie com hábitos mais costeiros é a tartaruga verde (Chelonia mydas), alimentando-se

principalmente de algas em sua fase adulta e sendo onívora enquanto filhote. Os indivíduos dessa

espécie apresentam carapaça com quatro placas na região lateral, distribuídas de maneira justaposta.

Em sua cabeça possuem um par de placas pré-frontais e quatro pares de placas na região pós-orbital.

Atingem em média de 1,15 m de comprimento curvilíneo da carapaça, podendo pesar

aproximadamente 230 Kg. (MÁRQUEZ, 1990; MOREIRA, 2003)

Os indivíduos juvenis da espécie Chelonia mydas são os mais registrados no litoral brasileiro,

tanto por avistagens, quanto por encalhes. Também interagem com pesca e sofrem influência da

poluição, urbanização das praias e interação antrópica de modo geral (SANTOS, 2011)

As outras quatro espécies também possuem áreas de alimentação, reprodução e

desenvolvimento no litoral brasileiro. A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) possui ocorrência

reprodutiva, principalmente, no Espirito Santo e litoral norte do Rio de Janeiro. Tem como hábito

alimentar crustáceos e moluscos buscando alimento principalmente em áreas de zona nerítica.

Atartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) possui como áreas de reprodução praias do norte do

Espirito santo e tem sua alimentação baseada em zooplânctons gelatinosos. Além dessas, têm-se a

tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) cuja área de desova se dá em praias do sul do estado de

Alagoas e também na região norte da Bahia. Essa espécie alimenta-se basicamente de peixes,

moluscos e crustáceos (SANTOS, 2011)

A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) apresenta uma dieta composta por animais

diversos como crustáceos, moluscos e peixes (FARIAS, 2014) e como uma característica importante

apresenta área de desova no estado do Rio Grande do Norte (SANTOS, 2011) em regiões

compreendidas dentro da área de estudo desta pesquisa.

Assim, o conhecimento dos principais hábitos e áreas de reprodução das espécies de

tartarugas marinhas, que ocorrem por toda a costa do país, se faz importante para este trabalho, pois

ressalta a importância de pesquisas sobre fibropapilomatose no Brasil.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

12

1.2 FIBROPAPILOMATOSE NO BRASIL

Segundo Baptistotte et al. (2001) a Fibropapilomatose no Brasil foi descrita pela primeira

vez no ano de 1986 e no trabalho realizou-se evidenciar os registros de FP e seu crescimento desde o

seu primeiro registro até o ano de 2000, bem como as áreas de ocorrência da doença, as fases de

acometimento e suas possíveis causas.

Baptistotte, 2007 estudando a incidência de fibropapilomatose entre os anos de 2000 a 2005,

observou o crescimento da incidência de indivíduos acometidos ao longo da costa brasileira,

destacando a maior frequência de ocorrência da doença para indivíduos da espécie Chelonia mydas

em relação as outras espécies estudadas.

Ainda de forma pioneira para o Brasil, Matushima et al, 2001, descreveram a caracterização

histopatológica da fibropapilomatose. Os autores destacaram características importantes na

identificação microscópica de massas tumorais para diagnosticar a Fibropapilomatose.

Adicionalmente foram descritas estruturas que sugeriram possivelmente infecções virais, interação

com parasitas e modificação na organização normal do tecido epitelial e conjuntivo sendo estes

estudos fundamentais para melhor compreensão da doença. (MATUSHIMA et al., 2001)

Estudos mais recentes demonstram a caracterização histopatológica dos tumores em outras

espécies, além da análise genética do vírus possivelmente associado a doença. Rossi et al, 2015

descreveram a ocorrência de fibropapilomatose em tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) a partir da

análise histopatológica, associada a análise por PCR para identificar a presença do vírus, resultando

em resposta positiva para o herpesvírus (ROSSI et al., 2015)

Vários fatores parecem contribuir com o surgimento dos tumores nesses animais, dentre eles,

o que mais se destaca é a qualidade ambiental das áreas de ocorrência.

No estado do Espírito Santo foi realizado durante os anos de 2007 a 2008 um estudo que teve

como objetivo classificar a qualidade ambiental de áreas com alta incidência de fibropapilomatose,

avaliando a presença de algas indicadores de qualidade ambiental e fatores físico-químicos,

utilizando-se como parâmetro comparativo áreas sem registros de fibropapiloma e de boa qualidade

ambiental. Foi observado que áreas onde se tem maior prevalência da fibropapilomatose apresentam

altos índices de degradação ambiental, baixos índices avaliativos da qualidade ecológica e

prevalência de organismos indicadores de áreas de má qualidade (SANTOS et al., 2010).

Essas informações foram contrárias em áreas de baixa ocorrência de FP, onde índices de

avaliação ecológica e organismos presentes indicaram como áreas de boa qualidade. A área de estudo

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

13

foi classificada como de má qualidade e teve alta ocorrência da doença, dado que corroborou para o

pressuposto de que qualidade da área tem influência sobre a FP (SANTOS et al., 2010).

De acordo com Keller et al. (2014) compostos organoclorados e fosforados relacionados a

poluição ambiental, provavelmente, não teriam função de iniciadores da fibropapilomatose, mas sim

em sua progressão. Desse modo a qualidade ambiental seria um fator potencializador da doença.

Considerando a fibropapilomatose como uma das maiores ameaças atuais a conservação das

tartarugas marinhas, bem como o incipiente conhecimento sobre os avanços da doença no Rio

Grande do Norte, esse trabalho possui os seguintes objetivos:

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

14

2. OBJETIVOS

GERAL

Caracterizar a incidência e distribuição espacial e temporal de fibropapilomatose em tartarugas

marinhas na região da Bacia Potiguar RN / CE, descrevendo a histologia das lesões.

ESPECÍFICOS

i. Identificar as áreas de maior ocorrência de tartarugas marinhas acometidas por

fibropapilomatose ;

ii. Verificar a existência de sazonalidade nos padrões de ocorrência destes animais acometidos

com a doença;

iii. Avaliar a incidência dos tumores em diferentes fases de desenvolvimento;

iv. Descrever os aspectos histopatológicos dos tumores coletados em tartarugas marinhas na

Bacia Potiguar RN/CE.

v. Quantificar os encalhes de tartarugas marinhas na Bacia Potiguar RN/CE.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

15

3. MATERIAL E MÉTODOS

Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

16

3.1 ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa foi realizada na Bacia Potiguar RN / CE, em praias do litoral Setentrional do Rio

Grande do Norte e Ceará, entre os municípios de Caiçara do Norte - RN (5° 4'1.15"S; 36° 4'36.41"O)

e Icapuí/CE, (4°38'48.28"S; 37°32'52.08"O), perfazendo uma extensão aproximada de 300 km.

O presente trabalho desenvolvido é resultante de amostras coletadas e dados fornecidos pelo

“Projeto de Pesquisa com monitoramento dos encalhes de biota marinha em praias do litoral potiguar

e cearense (PMP-BP) condicionante exigida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, para as atividades de Exploração & Produção de

hidrocarbonetos da Petrobrás na Bacia Potiguar e do Ceará.

Devido à grande extensão, condição de acesso e características ambientais, a área de

monitoramento foi dividida em dois Setores (1 e 2). Cada Setor conta com uma Base de Apoio que

abrange dois Trechos de Monitoramento (Figura 01). Essa divisão geográfica foi utilizada também

para a análise dos registros por trecho de monitoramento.

SETOR 1

A. Base de Apoio 1: Areia Branca

i. Trecho de Monitoramento A: Areia Branca-RN até limite do município de Icapuí com Aracatí –

CE.

ii. Trecho de Monitoramento B: Areia Branca-RN até Porto do Mangue-RN.

SETOR 2

B. Base de Apoio 2: Guamaré

i. Trecho de Monitoramento C: Guamaré-RN até Macau-RN.

ii. Trecho de Monitoramento D: Galinhos-RN até o limite do Município de Caiçara do Norte-RN com

município de São Bento do Norte – RN.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

17

3.1.1 Caracterização do SETOR 1

O Setor 1 está delimitado a leste pelo município de Porto do Mangue/RN, e a oeste pelo

município de Icapuí/CE. Sua linha de costa possui uma extensão aproximada de 112 km e foi

subdividida em dois trechos de monitoramento, denominados de A e B, ambos monitorados

diariamente e atendidos pela Base de Areia Branca/RN. As principais drenagens existentes

correspondem ao rio Apodi-Mossoró, que divide os municípios de Grossos/RN e Areia Branca/RN,

assim como os trechos A e B, e ao rio Cuipiranga, que corta a praia de Manibu/RN.

3.1.1.1 Trecho de Monitoramento A

O trecho de monitoramento A, com 61 km de extensão, é constituído pela faixa costeira

compreendida entre a Barra de Grossos, na margem esquerda do rio Apodi-Mossoró, município de

Grossos/RN (04°57’03.0” S e 37°08’40.7” O), e o limite da praia de Retiro Grande, no município de

Icapuí/CE (04°38’38.9” S e 37°32’30.2” O).

A linha de costa do trecho A é caracterizada pela predominância de praias arenosas com

geomorfologias distintas.

Figura 01 – Localização da área de estudo, Bacia Potiguar, RN / CE, Brasil.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

18

A ocupação territorial ocorre de forma moderada a intensa, com diferentes níveis de uso e

ocupação do solo, havendo locais com elevado potencial turístico e presença de infraestrutura de

veraneio. As principais atividades econômicas são baseadas no turismo e na pesca artesanal (Figura

02).

3.1.1.2 Trecho de Monitoramento B

O trecho de monitoramento B, com 51 km de extensão, é constituído pela faixa costeira

compreendida entre a praia do Meio, na margem direita do rio Apodi-Mossoró, município de Areia

Branca/RN (04°56’28.8” S e 37°08’43.3” O), e o limite do município de Porto do Mangue/RN

(05°03’22.6” S e 36°46’13.3” O).

Figura 02 – Feições características do trecho A, Grossos – Icapuí. em “I”: Embarcações utilizadas nas atividades de

pesca; em “II”: Regiões de falésias presentes ao longo do trecho; em “III”: Tanques de salinas instaladas na região;

em “IV”: Bares e restaurantes instalados nas praias. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

19

Deste ponto até o final do trecho, na praia do Meio, ocorre a predominância de praias

arenosas planas com depósitos aluvionares que se estendem até o início do estuário do rio Apodi-

Mossoró (CPRM, 2005b), com ocupação acentuada de salinas em suas margens.

A ocupação territorial ocorre de forma moderada à intensa, com baixo potencial turístico e

predominância de população nativa e ribeirinha nas zonas rurais, resultando em paisagem de vilarejos

e praias parcialmente desertas. As maiores concentrações populacionais estão concentradas nas sedes

dos municípios. As principais atividades econômicas são baseadas na pesca artesanal e salinicultura

(Figura 03).

Figura 03 –Feições características do trecho B, Areia Branca – Porto do Mangue. Em “I”: Região de praia com áreas

de formações rochosas que sofre ação das marés; em “II”: Parques eólicos instalados ao longo do trecho; em “III”:

Residências de população nativa que desempenham atividade de pesca artesanal; em “IV”: Área com presença de

bancos de alimentação das espécies da fauna marinha. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

20

3.1.2 Caracterização do SETOR 2

O Setor 2 está inteiramente inserido no estado do Rio Grande do Norte e é delimitado a oeste

pelo campo eólico de Macau/Serra, no município de Macau/RN, e a leste pelo município de Caiçara

do Norte/RN. Possui uma extensão aproximada de 76 km e foi subdividido em dois trechos de

monitoramento, denominados de C e D, ambos monitorados diariamente e atendidos pela Base de

Guamaré/RN.

3.1.2.1 Trecho de Monitoramento C

O trecho de monitoramento C, com 46 km de extensão, é constituído pela faixa costeira

compreendida entre a praia de Camapum, no município de Macau/RN (05°05’05.2” S e 36°34’34.0”

O), e o limite da praia do Minhoto, no município de Guamaré/RN (05°05’19.3” S e 36°21’30.7” O).

Neste trecho situa-se a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Estadual Ponta do

Tubarão, unidade de conservação de uso sustentável. A ocupação territorial ocorre de forma baixa à

moderada, com baixo potencial turístico e predominância de população ribeirinha e caiçara,

resultando em uma paisagem de vilarejos e praias parcialmente desertas.

A principal atividade econômica é baseada na exploração de recursos naturais como Petróleo

e Gás e geração de Energia Eólica (Figura 4).

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

21

3.1.2.1 Trecho de Monitoramento D

O trecho de monitoramento D, com 30 km de extensão, é constituído pela faixa costeira

compreendida entre os municípios de Galinhos/RN (05°05’05.2” S e 36°34’34.0” O), e Caiçara do

Norte/RN (05°05’28.6” S e 36°17’37.9” O).

O uso e ocupação do solo ocorrem de maneira incipiente, com baixo potencial turístico e

predominância de população ribeirinha e caiçara, resultando em uma paisagem de vilarejos e praias

parcialmente desertas. A principal atividade econômica está baseada na pesca artesanal, sendo esta

profissionalizada na praia de Caiçara do Norte (Figura 05).

Figura 04 – Feições características do trecho C, Guamaré - Macau. em “I”: Região de faixa de praia com presença de torres eólicas;

em “II”: Trecho arenoso com estrada de barro construída para acesso as torres eólicas; Em “III”: Embarcações utilizadas para

atividade de pesca artesanal, RDS Costa do Tubarão; em “IV”: Área que sofre constante ação da dinâmica de marés. Fonte: Arquivo

Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

22

3.2 PROCEDIMENTOS

Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizados dados coletados entre os anos de 2011 e

2015. Os registros de tartarugas marinhas, com e sem fibropapilomas, foram realizados a partir de

monitoramentos diários com o uso de quadriciclos pelos técnicos de campo do Projeto Cetáceos da

Costa Branca (Figura 06).

Foram registrados animais mortos e vivos. Os animais mortos dependendo do estado da

carcaça, foram avaliados quanto a espécie, ao número e posicionamento dos tumores, fotografados e

georreferenciados. Os indivíduos encontrados mortos na praia ou que vieram a óbito nas Bases,

quando possível, foram necropsiados de acordo com as técnicas de Work (2001) e Wyneken (2001).

Figura 05 – Feições características do trecho D, Galinhos – Caiçara do Norte. em “I”: Farol ; em “II”:

Parque eólico; em “III”: Atividade de pesca artesanal; em “IV”: Embarcações utilizadas na pesca artesanal

e profissional. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

23

Os animais vivos foram notificados pelo técnico de campo e acionada a equipe de resgate,

composta por um biólogo e um veterinário e translocados para a Base de Reabilitação em Areia

Branca - RN. Inicialmente foram realizados os procedimentos de estabilização, reidratação e

cuidados clínicos necessários para posterior contagem e localização dos tumores.

Os animais receberam tratamento veterinário, que incluíam, quando possível, a remoção

cirúrgica dos tumores, sendo acompanhado seu processo de recuperação e a posterior soltura, caso

houvesse sucesso nos procedimentos de reabilitação.

Figura 06 – Registros de indivíduos com presença de fibropapilomas no ano de 2015. (A) Animal registrado

no dia 21/03/2015, na Restinga de Diogo Lopes/RN, apresentando fibropapiloma na nadadeira anterior direita.

(B) Animal registrado com diversos fibropapilomas espalhados pelo corpo (setas), no dia 06/10/2015, na

Restinga de Diogo Lopes/RN. (C) Animal registrado com fibropapilomas nas quatro nadadeiras (setas), no dia

16/04/2015, na praia de Quitérias/CE. (D) Animal registrado com fibropapiloma na região da cauda, no dia

01/03/2014, na praia de Pontal dos Anjos/RN. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

24

Para cada tartaruga marinha registrada, viva ou morta, foram realizadas as medidas de

comprimento curvilíneo da carapaça (CCC), medidos desde o início da placa pré-central até o fim da

placa pós-central (BOLTEN,1999) e largura curvilínea da carapaça (LCC) (Figura 07). Tais medidas

permitem, de acordo com Hirth (1997), determinar a fase de desenvolvimento de cada animal. Os

indivíduos registrados foram classificados em juvenil, subadultos e adultos, conforme Tabela 01.

Categorias de Fases de desenvolvimento Comprimento Curvilíneo da carapaça

JUVENIL entre 6 centímetros a 40 centímetros

SUBADULTOS

De 41 centímetros até o valor que

antecede o menor tamanho de cada

espécie que foi registrado desovando

ADULTO A partir do menor tamanho registrado

desovando

Tabela 01 - Determinação do início da fase adulta para tartarugas marinhas, conforme referências na área.

Figura 07 – Biometria realizada em animal encalhado morto no dia 12 de novembro de 2014 na praia de

Gado Bravo, município de Tibau – Rio Grande do Norte .A- Comprimento curvilíneo da carapaça (CCC);

B- Largura curvilínea da carapaça (LCC). Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

B A

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

25

O período de início da atividade reprodutiva varia de acordo com a espécie. A Tabela 02 indica o

menor comprimento de indivíduo registrado desovando de forma a caracteriza-lo como adulto.

Espécie Menor comprimento

registrado desovando

Referência

Chelonia mydas 90 centímetros MOREIRA, 2003

Eretmochelys imbricata 86 centímetros MARCOVALDI et al., 2009

Lepidochelys olivacea 62,5 centímetros SILVA et al., 2007

Caretta caretta 75 centímetros BARATA et al., 1998

3.3 INDIVÍDUOS AMOSTRAIS

Durante o período de monitoramento, foi possível registrar encalhes de indivíduos das cinco

espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no litoral brasileiro, sendo elas: Chelonia mydas,

Eretmochelys imbricata, Lepidochelys olivacea, Caretta caretta e Dermochelys coreacea.

Todos os procedimentos de resgate, manejo e coleta de material biológico estão resguardados

pela posse das licenças SISBIO e ABIO (ABIO Nº 615/2015 ) de todos os membros da equipe.

3.4 MICROSCOPIA

O material utilizado para a confecção das lâminas foi obtido a partir da realização de necropsias

em animais que vieram a óbito na Base de Reabilitação ou ainda a partir da remoção cirúrgica em

animais vivos.

Os procedimentos cirúrgicos foram realizados por equipe veterinária, no Hospital Veterinário da

Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA. (Figura 08).

Tabela 02 – Menor comprimento de indivíduo registrado desovando.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

26

Os procedimentos de confecção das lâminas histológicas foram realizados no Laboratório de

Morfofisiologia de Vertebrados da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

O material coletado foi fixado em formol 10%, para posteriormente ser triado para preparação

das lâminas. Os cortes foram coradas com Hematoxilina e Eosina (HE), seguindo os procedimentos

de preparação segundo metodologia descrita em Tolosa (2005).

Os cortes foram realizados utilizando-se Micrótomo da marca Leica, Modelo RR3520, com

espessura de cortes de 5 µm.

3.5 TUMORES

Os animais registrados com tumores (Figura 09) passaram por biometria de cada massa

tumoral e contagem por cada área acometida. A biometria foi realizada utilizando-se um paquímetro e

Figura 8 – Cirurgia de remoção de fibropapilomas em tartaruga resgatada pela equipe do PCCB-UERN realizada

no Hospital Veterinário da UFERSA. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

27

foram registrados largura e comprimento de cada formação tumoral que se mostravam separados por

sua inserção na pele do animal.

A quantificação e localização dos tumores foi realizada por regiões do corpo do animal, sendo

elas: cranial, cervical, nadadeira anterior esquerda, nadadeira anterior direita, nadadeira posterior

esquerda, nadadeira posterior direita e caudal (Figura 10).

Áreas que fossem acometidas além das regiões principais foram registradas em um campo de

observação, destinado para tal, sendo elas: carapaça e plastrão.

.

Figura 09 – Tartaruga marinha juvenil da espécie Chelonia mydas com presença de fibropapilomas, encalhada no

dia 18/09/2020 na Paria de Macau - RN. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Figura 10 – Divisão corporal para análise da distribuição corporal. NPD: Nadadeira posterior direita; NAD: Nadadeira

anterior direita; NAE: Nadadeira anterior esquerda; NPE: Nadadeira posterior esquerda

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

28

3.6 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados de Frequência absoluta e relativa foram analisados a partir de estatística descritiva

utilizando-se gráficos e descrição Tabular. Foram empregadas análises estatísticas paramétricas e não

paramétricas de Chi-quadrado (χ2), ANOVA e Post Hoc Tukey HSD, todos com nível de

significância de 5%, realizada a partir da utilização dos software Excel e Bioestat 5.0.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

29

4. RESULTADOS

Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

30

4.1. Registros de encalhes de tartarugas marinhas por ano de monitoramento

Durante o período analisado, 2011 a 2015, foram registrados 3.960 indivíduos de

tartarugas marinhas. Deste total 284 animais foram registrados vivos e 3676 mortos.

O menor número de encalhes foi registrado para o ano de 2011, totalizando 734

(18,53%) registros, sendo 54 vivos e 680 mortos. O maior registro de encalhes ocorreu no ano

de 2014, totalizando 885 animais (22,34%), onde teve-se 56 vivos e 829 mortos.

A análise estatística utilizando o Teste do Chi-Quadrado não evidenciou diferenças

estatísticas entre os anos de 2011, 2012 e 2013. Porém foi observado que entre os anos 2011 e

2014 houve aumento significativo para os registros de quelônios marinhos encalhados. Para o

ano de 2015 foram registrados 808 encalhes de tartarugas marinhas na região (Figura 11 A)

4.1.1 Incidência de encalhes de tartarugas marinhas mensais

A análise de registros de tartarugas marinhas por meses de monitoramento ao longo dos cinco

anos demonstra que a maior frequência de ocorrência de encalhes desses animais se concentra entre

os meses de setembro a janeiro. (Figura 11 B).

Figura 11 A - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas por ano de monitoramento na

Bacia Potiguar RN / CE.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

31

Tabela 03 - Frequência absoluta e relativa de indivíduos de tartarugas marinhas acometidas com

fibropapilomatose entre os anos de 2011 a 2015

4.2 - Incidência de fibropapilomatose por espécies de tartarugas marinhas

A análise dos registros de incidência de fibropapilomatose por espécies para todo o período

estudado, indica que indivíduos da espécie Chelonia mydas foram os mais acometidos com a doença

(N= 674; 99,12%), seguidos de indivíduos de Eretmochelys imbricata (N= 2; 0,29%) e Caretta

caretta (N=1; 0,15%).

Não foram registrados casos de indivíduos de Dermochelys coriacea e Lepidochelys olivacea

acometidos pela doença (Tabela 03).

Espécie N %

Chelonia mydas 674 99,12

Eretmochelys imbricata 2 0,29

Caretta caretta 1 0,15

Dermochelys coriacea 0 0,00

Lepidochelys olivacea 0 0,00

Não identificada 3 0,44

Total 680 100

Figura 11 B- Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas por meses de monitoramento,

encalhadas na Bacia Potiguar RN / CE.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

32

4.3 Análise Espaço-Temporal dos registros de tartarugas marinhas acometidos por

fibropapilomatose

4.3.1. Incidência de fibropapilomatose por período Total

Durante o período analisado, 2011 a 2015, foram registrados 3.960 indivíduos de tartarugas

marinhas. Deste total, 3.280 (82,82%) exemplares não apresentaram tumores visíveis na massa

corporal, enquanto que 680 (17,17%) possuíam algum tipo de lesão tumoral (Figura 12). Dos

indivíduos registrados com processos tumorais sugestivos de fibropapilomatose 31 foram registrados

vivos e 649 mortos.

Com o objetivo de verificar a existência de diferenças estatísticas no número de registros de

"animais com fibropapilomas" e "animais sem fibropapilomas", realizou-se o teste de Chi-quadrado.

Foi observada diferença significativa, ao nível de 5%, entre os registros de "animais com

fibropapilomas" e "animais sem fibropapilomas" (Tabela 04).

Tabela 04 – Frequência absoluta dos registros de "animais com fibropapilomas" e "animais sem fibropapilomas"

encalhadas na Costa Branca - RN.

Frequência Observada vs. Esperada Tartarugas marinhas, 2016.

Chi-Quadrado =1707,071; GL = 1; p = 0,05.

Trecho Freq_Obs Freq_Esp O – E (O-E)2/E

Animais sem

Fibropapilomas 3280 1980 1300 853,5354

Animais com

Fibropapilomas 680 1980 1300 853,5354

TOTAL 3960 686,00 00,00 1707,071

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

33

4.3.2 Incidência de fibropapilomatose por anos de monitoramento

Os registros de animais acometidos com fibropapilomatose apresentaram aumento no decorrer

dos anos analisados. O menor número de casos ocorreu no ano de 2011 (N=29; 3,95%). O ano de

2015 apresentou o maior quantitativo de casos (N= 240; 29,70%), indicando um aumento de

aproximadamente 827,6 % em relação ao primeiro ano de monitoramento (Figura 13).

Figura 12 – Frequência relativa de registros de "Animais sem fibropapilomas" e "Animais com fibropapilomas"

entre os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca - RN.

Figura 13 - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas acometidas por fibropapilomatose por

anos de monitoramento, encalhadas na Bacia Potiguar RN / CE.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

34

4.3.3 Incidência de fibropapilomatose mensal

O número de registros de tartarugas marinhas com fibropapilomas variou ao longo dos meses,

quando observado os 5 anos de monitoramento, constituindo um possível padrão de ocorrência

sazonal. Os valores expressam uma tendência de elevação nos registros de animais com

fibropapiloma entre os meses de agosto e janeiro (Figura 14). Esse padrão é acompanhado quando

avaliado os registros totais de animais por meses do ano.

Figura 14 - Frequência absoluta de registros de tartarugas marinhas acometidas por

fibropapilomatose por meses de monitoramento, encalhadas na Bacia Potiguar RN / CE.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

35

4.3.4 Incidência de fibropapilomatose por trecho de monitoramento

A análise por trechos de monitoramento indica que o Trecho A (Grossos- Icapuí) apresenta,

para o período estudado, a maior frequência de encalhes na região, tanto para o registro total de

animais (N= 1.570; 39,65%), como para animais com fibropapilomas (N=351; 51,62%). O Trecho B

(Areia Branca - Porto do Mangue) apresentou o segundo maior valor de registro no total geral (N=

1.030; 26,1%). O trecho D (Galinhos-Caiçara do Norte) apresentou menores valores quando

comparado aos demais trechos. (Figura 15).

A análise da frequência relativa por trecho de monitoramento, em termos proporcionais, evidencia

que o Trecho C (Guamaré- Macau) é o trecho de maior incidência (31,73%) de animais acometidos

por esta doença (Figura 16).

Figura 15 – Frequência absoluta de registros de animais com fibropapilomas e animais sem fibropapilomas por

trechos de Monitoramento na Bacia Potiguar RN / CE.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

36

4.4 Análise por fase de desenvolvimento

Foram registrados animais com fibropapilomas nas fases juvenil, subadulto e adulto. A maior

frequência de ocorrência foi para indivíduos juvenis (N=493; 72,5%). As classes de sub adulto e

adulto apresentaram 18,67% (n=127) e 7,5% (n=51), respectivamente (Figuras 17).

Figura 16 – Frequência percentual proporcional de registros de tartarugas marinhas acometidas por

fibropapilomatose por trecho de Monitoramento.

Figura 17 – Frequência absoluta de tartarugas marinhas acometidas com fibropapilomatose por

fases de desenvolvimento entre os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca - RN

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

37

4.4.1 Incidência de fibropapilomatose por trecho e fase de desenvolvimento

Indivíduos imaturos com presença de fibropapilomas predominaram em todos os trechos de

monitoramento. Animais na fase adulta acometidos com fibropapilomatose foram registrados em

maior frequência no trecho “A” (Grossos – Icapuí) (N= (Figura 18).

4.5 Análises histopatológicas

Foram analisadas 70 lâminas contendo cortes histológicos de tecidos acometidos por lesões

tumorais de 53 animais. A análise histopatológica apresentou características relacionadas a

fibropapilomatose em todas as lâminas analisadas.

A figura 21 evidencia diferentes cortes de lesões tumorais em tartarugas verdes. Observou-se

proliferação e projeção papilar de células epiteliais, juntamente com vacuolização no citoplasma. A

camada córnea da epiderme apresenta-se hiperqueratinizada. O estroma apresenta-se vascularizado

com presença de células do conjuntivo hiperplásicas e derme espessa.

Figura 18 – Frequência absoluta de tartarugas marinhas acometidas com fibropapilomatose por fase de

desenvolvimento e trechos de monitoramentos entre os anos de 2011 a 2015, encalhadas na Costa Branca - RN.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

38

Figura 19 – Cortes histopatológicos de fibropapiloma em tartaruga-verde (Chelonia mydas) corados em HE observados em

microscópico óptico. Em A - seta preta indicando vacúolos intra-citoplasmático ao redor do núcleo; 1 indicando camada

granulosa do epitélio, 2 indica a camada espinhosa do epitélio, 3 indicando a camada basal e por fim o 4 indicando o tecido

conjuntivo frouxo; em B- linha azul indicando hiperqueratinização do epitélio; linha preta indicando epitélio estratificado

pavimentoso; linha amarela indicando a camada de tecido conjuntivo; Em C – setas pretas indicando vasos sanguíneos, setas

amarelas indicam fibroblastos; em D seta preta indica vaso sanguíneo, seta amarela mostra hemácias e leucócitos presentes

no tecido sanguíneo. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

39

Na figura 21 em “A” e em “B” pode-se observar a hiperqueratinização do epitélio bem como

proliferação de células do conjuntivo. A presença da camada córnea espessa devido ao aumento da

produção de queratina foi observada ao longo de toda a superfície tumoral e em todos os cortes

histopatológicos dos tumores coletados, sendo um padrão característico para as lesões sugestivas de

fibropapilomatose.

A proliferação de células do tecido conjuntivo e do tecido epitelial esteve presente nos cortes

histopatológicos analisados. Em tumores com aspectos menos verrucosos foi visto maior proliferação

do tecido conjuntivo enquanto em processos tumorais com texturas mais verrucosas a proliferação se

mostrou associada, tendo células tanto do tecido conjuntivo quanto do tecido epitelial se proliferando.

Ainda na análise do tecido conjuntivo foi observado a presença de vasos sanguíneos por todo

estroma tumoral.

No interior de alguns vasos foram observados aglomerados de células sanguíneas, podendo

ser visto hemácias e leucócitos. Os vasos visualizados apresentaram diferenças em seu calibre,

espessura da parede epitelial e em sua disposição no interior da estrutura tumoral, estando presente

vênulas e arteríolas.

A análise de cortes histopatológicos de tumores em Chelonia mydas evidenciou a presença de

ovos de parasita no tecido conjuntivo. Destaca-se ainda a formação de pérolas córneas, bem como

presença de vasos sanguíneos e linfáticos na derme (Figura 20).

Figura 20 – Cortes histopatológicos de fibropapiloma em tartaruga-verde (Chelonia mydas) corados em HE observados

em microscópico óptico. Em A, as setas pretas indicam vários ovos de parasitas agrupados no tecido conjuntivo denso, a

seta amarela mostra a estrutura de pérola córnea; em B, verifica-se um único ovo de parasita no tecido conjuntivo (seta)

em maior aumento. Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

40

A Figura 21 evidencia cortes histopatológicos que apresentam tecido com acúmulos de

queratina, tanto superficial quanto internamente na região do tecido conjuntivo e proliferação de

fibroblastos. Verifica-se a organização de células de tecido epitelial, no interior do tecido conjuntivo,

possivelmente, para formação de novas estruturas hiperqueratinizadas, as pérolas córneas.

Figura 21 – Cortes histopatológicos de fibropapiloma associado a carcinoma em tartaruga-verde (Chelonia mydas) corados em

HE observados em microscópico óptico. Em A - estrutura hiperqueratinizadas presente no tecido conjuntivo. Em B - observa-se,

indicado pela seta preta, epitélio estratificado pavimentoso, a seta branca incida o acúmulo de queratina, o asterisco preto indica

região do tecido conjuntivo; Em C – Presença de pérolas córneas instaladas dentro do tecido conjuntivo (setas). Fonte: Arquivo

Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

41

4.6 Distribuição corporal dos tumores:

A análise da distribuição corporal dos tumores evidenciou maior incidência na região anterior

do animal. A região das nadadeiras anteriores e região cervical apresentaram maior frequência em

relação as outras áreas acometidas, tendo nas nadadeiras anteriores uma porcentagem de 47,05% e na

região cervical 22,46%.

As regiões da carapaça e plastrão apresentaram menor frequência, 0,09% cada, de ocorrência

de tumores. Na região cranial também foi verificado a presença de tumores, inclusive em regiões

oculares, com frequência de 1,01% (Figura 22).

Figura 22 - Frequência relativa percentual da distribuição corporal dos fibropapilomas no corpo das

tartarugas marinhas encalhadas de 2011 a 2015 na Bacia Potiguar RN / CE.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

42

5. DISCUSSÃO

Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

43

5. DISCUSSÃO

A diversidade da fauna marinha para a região da Bacia Potiguar RN / CE, até o ano de 2006,

não era conhecida, principalmente para o Estado do Rio Grande do Norte, com exceção dos peixes,

grupo taxonômico trabalhado por alguns autores (FEITOSA, 2002, GARCIA, 2006). Além dos

trabalhos realizados com o grupo taxonômico citado acima, os registros reprodutivos de tartarugas

marinhas também foram documentados para a área por Intini, 2011, cujo estudo caracterizou a

atividade reprodutiva de tartarugas marinhas em um trecho de praia entre Galinhos e Guamaré (RN).

Entretanto, pesquisas que envolviam mamíferos marinhos e tartarugas marinhas eram

escassas ou inexistentes. Em 2007, Attademo iniciou os trabalhos desenvolvidos com mamíferos

marinhos na área, objetivando caracterizar a pesca artesanal e interação com mamíferos marinhos na

região da Costa Branca.

Desde 2009, vem sendo desenvolvido o monitoramento diário da fauna marinha em toda a

Costa da Bacia Potiguar RN / CE, a partir da execução de um Projeto de Monitoramento de Praia

(PMP) intitulado “Projeto de Pesquisa com monitoramento dos encalhes de biota marinha em praias

do litoral Potiguar e Cearense (PMP-BP)", sendo esta exigência de uma condicionante ambiental por

parte do IBAMA à Petrobrás para exploração de gás e petróleo na área. Graças ao esforço de

monitoramento, o desenvolvimento deste projeto permitiu a realização de um diagnóstico e

caracterização da fauna marinha desta região, ampliando assim o conhecimento sobre a fauna

marinha da Bacia Potiguar RN / CE.

Desta forma, foram registrados entre os anos de 2011 e 2015, 3. 960 indivíduos de

tartarugas marinhas nos trechos monitorados, representando assim todas as cinco espécies de

tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil. Gavilan et al (2016) descreveram o diagnóstico para a

área indicando a ocorrência das espécies Chelonia mydas, Eretmochelys imbricata, Lepidochelys

olivacea, Caretta caretta e Dermochelys coriacea, reforçando o padrão verificado para o nordeste

do Brasil (SANTOS, 2011).

Emiliano (2014) acrescentou que a região é caracterizada por encalhes de indivíduos juvenis

e adultos, possuindo maior frequência de indivíduos juvenis para as espécies Chelonia mydas e

Eretmochelys imbricata e para indivíduos adultos representantes das espécies Lepidochelys olivacea

e Caretta caretta.

A análise do número de encalhes de tartarugas marinhas por ano de monitoramento

demonstrou a existência de um padrão no número de encalhes, desde o ano de 2011 a 2015, havendo,

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

44

porém, predomínio de registros para o ano de 2014, quando comparado aos demais anos. Essa

variação esteve presente também quando analisamos o número de encalhes por meses de

monitoramento, sendo maior entre os meses de setembro e janeiro, período caracterizado como de

desova para as espécies de tartarugas marinhas.

Além disso, fatores como condições de maré, período de migração em busca de alimentação

e período de reprodução em que fêmeas de tartarugas marinhas se deslocam para a região também

devem ser considerados.

Adicionalmente, a condição de ventos moderados (ventos entre 12 e 15 nós) possui

influência no maior número de encalhes para essa época do ano. A média do número de encalhes

foi maior quando os ventos sopravam na direção leste-sudeste (UERN, 2014, dados não

publicados). Tal condição era esperada uma vez que esta direção favorece a condução dos

indivíduos à praia na região monitorada.

O encalhe de indivíduos na praia geralmente ocorre quando o animal apresenta alguma

alteração no seu estado de saúde. Várias razões, dentre as quais podemos citar ingestão de resíduos

sólidos, interação com a pesca, poluição e enfermidades contribuem para essa condição. Dentre

estas últimas, a de maior gravidade, segundo o Plano de Ação Nacional para Tartarugas Marinhas

é a fibropapilomatose, colocando em risco a sobrevivência das tartarugas marinhas no mundo.

Os fibropapilomas são neoplasias benignas de origem epitelial que vem afetando tartarugas

marinhas de várias regiões do mundo como Estados Unidos, Caribe e Brasil (Rossi, 2007).

Para a região estudada, foi visto que a incidência da doença vem aumentando a cada ano. No

ano de 2011 foram registrados 29 indivíduos com fibropapilomatose, representando 3,95% dos

registros totais de encalhes. Após quatro anos de monitoramento, esses valores atingiram o registro

de 240 animais (ano de 2015), representando 29,7% dos registros.

As ocorrências de animais com fibropapilomatose vêm aumentando em várias regiões do

mundo. Desde o início do ano de 1980, onde o valor percentual era de 10%, até o final do ano de

1990, aumentando para mais de 30%, notou-se maior quantidade de registros de fibropapilomatose na

costa oriental dos Estados Unidos (FOLEY et. al., 2005).

No Brasil a ocorrência de encalhes de animais com fibropapilomatose cresce desde o ano de

1997, quando representava 3,2% nos encalhes, até atingir 12,4% no ano de 2000 (BAPTISTOTTE,

2007).

Tal aumento pode estar relacionado com o crescimento da exploração de recursos na área,

acarretando maior interação antrópica com o ambiente. Um dos setores de maior crescimento na

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

45

região foi a indústria salineira, que desde o século XVIII vem sendo implantada e evoluindo em

tecnologia para melhor exploração do sal (COSTA, 2013).

Dentre as espécies de tartarugas marinhas acometidas pela doença, a espécie Chelonia mydas

é a mais atingida. Para a Bacia Potiguar RN / CE, evidenciamos que 99,56% dos casos registrados

com fibropapilomatose eram tartarugas verdes. Para a espécie Eretmochelys imbricata foram

registradas duas ocorrências, correspondendo a 0,30% do total. Foi registrado ainda 1 caso de

indivíduo da espécie Caretta caretta (0,15%) acometido com a doença.

Este padrão de maior acometimento em tartarugas verdes (Chelonia mydas) é corroborado por

diversos autores (GEORGE, 1997; JACOBSON et al., 1989; ROSSI, 2007) em outros locais do

mundo. Pesquisas relatam a ocorrência de registros de fibropapilomatose em outras espécies de

tartarugas marinhas, dentre elas Lepidochelys olivacea, na Costa Rica no Oceano Pacífico, Caretta

caretta, na Flórida e Brasil, como também em Eretmochelys imbricata (ENE et al., 2005; HERBST,

1994; ROSSI, 2015)

Apesar destes registros terem sido descritos na literatura, a predominância de casos de

fibropapilomatose ocorre em Chelonia mydas. Várias hipóteses tentam indicar as razões para essa

relação. Indivíduos da espécie Chelonia mydas possuem hábitos mais costeiros e assim maior

interação com regiões onde há menor qualidade ambiental. Nesse sentido, a existência de compostos

tóxicos pode promover maior estresse nos indivíduos, isso acarreta em diminuição da eficiência do

sistema imunológico e ocasiona a manifestação da fibropapilomatose através dos processos tumorais

(HIRTH 1997; RICHIE 2006; KELLER et al., 2014).

Outro fator a ser considerado relaciona-se ao desenvolvimento dos tumores em tartarugas-

verdes devido a seu hábito alimentar. A alimentação composta por algas propicia a ingestão do

aminoácido arginina que, segundo Mabeau (1992) está presente em grande quantidade nas algas

marinhas. Alguns trabalhos realizados para avaliar a atividade da arginina em relação a formação

tumoral evidenciaram a influência deste aminoácido na progressão tumoral (BARBIN, 2009).

Desta forma, a fibropapilomatose é mais frequente em tartarugas-verdes provavelmente por se

tratar de uma espécie com maior exposição a agentes estressores no ambiente e por possuir hábito

alimentar que pode favorecer o crescimento tumoral. Porém, outros fatores, como predisposição

genética, devem ser considerados, principalmente pela ocorrência da doença em outras espécies de

tartarugas marinhas com comportamentos e hábito alimentar diferentes dos citados para Chelonia

mydas.

Outro fator a ser considerado quando tratamos da distribuição de tartarugas marinhas com

fibropapilomatose é a sazonalidade. Durante o período de cinco anos de estudo, verificamos que os

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

46

encalhes de animais que possuíam fibropapilomas ocorreram com maior frequência entre os meses de

junho a janeiro, acompanhado também dos animais sem fibropapilomas. Esse dado é corroborado por

Farias (2014) que registrou aumento nos registros entre os meses de setembro a janeiro.

Não foi observado na literatura estudada nenhum padrão sazonal de ocorrência da

fibropapilomatose, entretanto, deve-se levar em consideração o aumento no número de encalhes

coincidente com o período de pesca da lagosta na região (1/12 a 31/05) Almeida (2010). O indivíduo

que apresenta tumores espalhados no seu corpo, possui reduzida capacidade de movimentação,

flutuabilidade, hidrodinâmica e visão (ADNYANA et al. 1997). Mesmo que indiretamente, a

fibropapilomatose pode contribuir para que as tartarugas acometidas pela doença apresentem menor

capacidade natatória e com isso tenham uma interação negativa com a pesca.

Corroborando com essa informação, Attademo (2007) descreve para a região da Bacia

Potiguar RN, como principais atividades econômicas a extração de sal e petróleo, carcinicultura e

pesca artesanal e destaca que ocorre má exploração da área, acarretando na alta taxa de devastação

ambiental e destruição dos mangues.

Diferente do padrão sazonal, que não é descrito para fibropapilomatose, o padrão para áreas

com maior frequência de animais acometidos pela doença é descrito para regiões com maior

influência antrópica, apresentando maiores índices de ocorrência da fibropapilomatose (ADNYANA

et al. 1997).

Atualmente um dos fatores que contribuem para que ocorra contaminação de habitats é a

liberação de efluentes sem tratamento básico (CAVARARO et al., 2011). Ao longo dos trechos dos

oito municípios monitorados, nenhuma das 17 comunidades possui tratamento de efluentes

classificados como satisfatório (CAVARARO et al., 2011). No trecho “C”, que compreende os

municípios de Guamaré e Macau verifica-se áreas com grande influência antrópica devido à

ocupação de margens de rios pelas comunidades pesqueiras que se estabeleceram em algumas praias.

Este trecho inclui o município de Guamaré e este vêm sendo bastante degradado pela

atividade da carcinicultura, que utiliza a estrutura antes utilizada para a atividade salineira e degrada

outras regiões de manguezal e zonas estuarinas. Outro fator que corrobora para o impacto antrópico

sobre o meio ambiente é a atividade de exploração de petróleo e gás natural na área (Castro et al.,

2005).

Os valores de frequência percentual de tartarugas marinhas com fibropapilomatose foram

maiores nesta região, o que reforça a hipótese de que áreas mais influenciadas por efluentes não

tratados, resíduos hidrocarbonetos, metais pesados e efluentes organoclorados apresentam maiores

registros da doença (GARCIA-FERNÁNDEZ et al., 2009; IKONOMOPOULOU et al., 2009).

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

47

Além disso, a exploração eólica nesta região ocorre de forma intensa, devido a seu potencial

de ventos fortes e constantes durante todas as épocas do ano. A ação dos ventos sobre as águas pode

ser um fator contribuinte para o deslocamento de massas de nutrientes e efluentes que chegam até o

mar, pois funciona como um potencial agente transportador de massas na superfície da água (LEITE,

2007).

Nesse sentido, esse trecho pode apresentar maior frequência de tartarugas marinhas com

fibropapilomatose por ação de compostos poluentes presentes no ambiente oriundos da própria região

costeira urbanizada ou proveniente de outras regiões sendo carreadas na superfície do mar por ação

dos ventos.

Richie (2006) comenta que agente estressores estão associados a um aumento no grau de

severidade de doenças por diminuir a eficiência do sistema imunológico. Em se tratando da fase

juvenil, fatores como migração e mudança de hábito alimentar, inerentes a essa fase, podem ser

considerados como agentes estressores. Neste estudo, a fase juvenil caracterizou-se como a fase de

desenvolvimento mais afetada (N=493; 72,5%).

Um possível estágio de latência para o herpesvírus associado a fibropapilomatose é levado em

consideração quando se trata do maior acometimento da fase juvenil. O vírus pode ser adquirido

quando o animal está em sua fase pelágica, mais distante da costa, e quando retorna para zonas mais

costeiras o estágio de latência do vírus é quebrado e a doença manifesta-se com o surgimento das

massas tumorais (HERBST 1994).

Sugere-se ainda que a alta frequência de animais encalhados acometidos com a doença na

fase juvenil esteja relacionada com as áreas de uso destes indivíduos nessa fase de vida. Segundo

Farias (2014) a região do litoral da Bacia Potiguar RN/CE se configura como área de alimentação

principalmente para indivíduos de espécie Chelonia mydas.

Segundo Santos (2010) áreas com ocorrência de fibropapilomatose apresentaram algas

diferentes das observadas em áreas com boa qualidade ambiental e sem registros de

fibropapilomatose. Espécies como Ulva spp., Caulerpa mexicana e Dictyopteris delicatula foram

encontradas em regiões classificadas como sendo de baixa qualidade ambiental e com ocorrência de

fibropapilomatose em Chelonia mydas.

Farias (2014) avaliando dados de conteúdo estomacal de Chelonia mydas registrou, na área

de estudo, as três espécies de algas relatadas por Santos (2010), demonstrando assim que os trechos

monitorados para este estudo assemelha-se a regiões classificadas como de qualidade ambiental ruim.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

48

Essa hipótese é reforçada pelo fato do Trecho com menor incidência de encalhes de animais

com fibropapiloma ser o trecho Galinhos-Caiçara. Nesta região, a atividade predominante é a pesca

artesanal, sendo os encalhes geralmente associados a interações dos animais com os apetrechos de

pesca.

Os animais encalhados vivos são encaminhados para a Base de Reabilitação para tratamento,

entretanto, em muitas situações, o grau de comprometimento é elevado e estes vêm a óbito, sendo

então realizada a necropsia para fins de investigação da causa mortis. A avaliação dos preparados

permanentes dos tecidos com massas tumorais mostrou-se de acordo com a descrição histológica da

literatura.

A histopatologia dos fibropapilomas em tartarugas marinhas é descrita como apresentando

hiperplasia epitelial em projeções papilares, sustentados por uma estrutura de estroma constituído por

vasos e tecido conjuntivo hiperplásico, apresentando fibras colágenas desorganizadas e células

proliferativas (HERBST; KLEIN, 1995).

Os resultados descritos nesse estudo fortalecem, tanto em tartaruga-verde (Chelonia mydas)

quanto em outras espécies, o padrão histopatológico da fibropapilomatose, sendo observado

hiperqueratinização, espessamento do epitélio, vacuolização citoplasmática nas células de diferentes

estratos epiteliais e presença de vasos sanguíneos no estroma.

A presença de pérolas córneas no tecido conjuntivo pode indicar uma possível malignidade

das células tumorais, pois tal estrutura é característica de carcinoma. A ocorrência dessas estruturas

foi observada em alguns tumores analisados e se faz um fato preocupante por indicar uma possível

evolução das células tumorais para uma fase maligna.

A descrição histopatológica dos tumores sugestivos de fibropapilomatose em Lepidochelys

olivacea em registros da espécie no estado da Paraíba revelou a presença de acantose, hiperceratose

paraceratótica e degeneração hidrópica. Além disso, foi descrito tecido conjuntivo com vasos

sanguíneos e presença de células de defesa, além de infiltrado inflamatório. (NASCIMENTO et al.,

2014)

Segundo Rossi et al. (2015), as características histopatológicas observadas em fibropapilomas

retirados de tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) também foram compatíveis com o padrão já antes

descrito na literatura e com as características observadas nos cortes histopatológicos de

fibropapilomas coletados em tartarugas da Bacia Potiguar RN/CE registradas nesse estudo.

Considerando as funções do epitélio, a atividade de proteção desenvolvida por tal tecido

sugere que o padrão de espessamento deste, acantose, se deve provavelmente a tentativa de inibir

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

49

ação de algum agente nocivo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004; MÜNGER, 2002). Em caso da

associação com vírus, a atividade viral pode danificar o material genético da célula infectada,

promovendo disfunção na atividade de regulação de seu ciclo e, assim, ocorrer o crescimento

exacerbado (NAKAGAWA; SCHIRMER; BARBIERI, 2010).

A vascularização presente em tumores é fundamental para a nutrição das células tumorais. Tal

característica se faz necessária em massas tumorais que ultrapassem 2 mm (ANNEROTH;

BATSAKIS; LUNA, 1986). Nos tumores observados, vasos se fizeram presentes no estroma,

podendo ser vistos em lâminas contendo cortes histológicos e apresentando células sanguíneas

diversas em seu interior.

Com a característica de vascularização o tumor pode exercer como desvio do aporte

sanguíneo para o organismo do animal. (ANNEROTH; BATSAKIS; LUNA, 1986). Com isso casos

de caquexia em tartarugas marinhas podem estar relacionados também com a fibropapilomatose.

Desse modo, causa debilidade no animal e maior susceptibilidade a outras doenças e infestações

parasitárias.

A análise da distribuição corporal dos tumores pode indicar diferentes níveis de severidades

da doença, como também sugerir padrões em áreas geográficas com sua ocorrência (HIRAMA;

EHRHART, 2007). Segundo Aguirre et al. (2002) é possível identificar que tumores na cavidade oral

são comuns em tartarugas verdes com fibropapilomatose no litoral havaiano, porém são raros nos

indivíduos acometidos na Flórida.

Em nosso estudo a fibropapilomatose afetou, principalmente, tecidos moles e apresentou-se

menos frequente em regiões como carapaça e plastrão. A região anterior apresentou-se mais afetada

nos indivíduos, sendo acometido principalmente a região cervical e nadadeiras anteriores. Este

padrão contrasta com as tartarugas na Indonésia (Adnyana et al 1997), que relatou maior ocorrência

da doença na região posterior do corpo. Tal fato pode estar associado às variações virais indicando

uma afinidade das variantes do vírus por regiões corporais diferentes.

Baptistotte (2007) evidenciou que o acometimento da região anterior foi maior em áreas onde

recebiam efluentes oriundos da atividade de fundição em industrias próximas a área observada.

Nossos resultados estão de acordo com os encontrados pela autora supracitada, sendo as

regiões cervical e das nadadeiras anteriores as mais atingidas. As atividades salineiras na região da

Bacia Potiguar RN / CE e a foz de rios que recebem efluentes oriundos da agricultura e carcinicultura

podem, nesse sentido, contribuir para o padrão da distribuição tumoral no corpo das tartarugas

marinhas acometidas. Pois a liberação de compostos tóxicos oriundo dessas atividades agem de

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

50

maneira a provocar estresses deixando os animais com alterações no sistema imunológico

manifestando assim os tumores da fibropapilomatose.

Diante deste diagnóstico, ressalta-se a importância de realização de medidas mitigadoras que

possam contribuir para a preservação da Bacia Potiguar RN/CE, tanto pela diversidade de espécies

marinhas que a ocupam como pelo reconhecimento da região como áreas de alimentação e ocorrência

de processos reprodutivos de espécies de tartarugas marinhas.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

51

6. CONCLUSÃO

Fonte: Arquivo Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

52

6. CONCLUSÃO

Nos últimos cinco anos (2011 a 2015) foram registrados 3.960 encalhes de tartarugas

marinhas, com maior frequência de registros entre os meses de agosto a janeiro;

Evidenciou-se aumento de 827,6% no número de registros de animais acometidos pela

fibropapilomatose entre os anos de 2011 e 2015;

Do total de registros de animais encalhados, 17% dos animais registrados

apresentavam-se acometidos com fibropapilomatose;

A histopatologia dos tumores manteve as características padrão das lesões;

O maior número de registro de animais com tumores ocorreu nos trechos de maior

atividade antrópica e com maior concentração de indústrias;

A avaliação das características de cada trecho estudado corroborou com a influência

das condições ambientais em relação a manifestação e grau de acometimento da

doença, se mostrando, assim como em outros estudos, mais frequentes em regiões

onde sofre maior ação antrópica.

O predomínio de casos de fibropapilomatose em indivíduos juvenis, é um fator

preocupante, uma vez que acomete, debilita e pode levar a óbito indivíduos imaturos

que não atingiram a fase reprodutiva.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

53

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADNYANA, W.; LADDS, Pw; BLAIR, D.. Observations of fibropapillomatosis in green turtles

(Chelonia mydas) in Indonesia. Australian Veterinary Journal, [s.l.], v. 75, n. 10, p.737-742, out.

1997. Wiley-Blackwell.

AGUIRRE, A. Alonso et al. Pathology of Oropharyngeal Fibropapillomatosis in Green Turtles

Chelonia mydas. Journal Of Aquatic Animal Health, [s.l.], v. 14, n. 4, p.298-304, dez. 2002.

ANDRADE, Reinaldo de. Brasil:conservação marinha - nossos desafios e conquistas.. São Paulo:

Empresa das Artes, 2006. 180 p.

ANNEROTH G, BATSAKIS J, LUNA M. Malignancy grading of squamous cell carcinoma in the

floor of the mouth related to clinical evaluation. Scand J Dent Res 1986; aug.; 94(4):347-6.

ATTADEMO, Fernanda Loffler Niemeyer. Caracterização da pesca artesanal e interação com

mamíferos marinhos na região da Costa Branca do Rio Grande do Norte. 2007. 45 f. Dissertação

(Mestrado) - Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

(uern), Rio Grande do Norte, 2007.

ALMEIDA, Lorena Galletti de. Caracterização das áreas de pesca artesanal de lagosta na Praia

da Redonda, Icapuí - Ce. 2010. 93f. Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) -

Universidade Federal do Ceará, Instituto de Ciências do Mar. Fortaleza-CE, 2010.

BAPTISTOTTE, Cecília et al. Prevalence of sea turtle fibropapillomatosis in Brazil. Annual

Symposium On Sea Turtle Biology And Conservation, [s.l.], n. 21, p.111-121, 2001.

BAPTISTOTTE, Cecilia. Caracterização espacial e temporal da fibropapilomatose em

tartarugas marinhas da costa brasileira. 2007. 66 f. Tese (Doutorado) - Ecologia Aplicada,

Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2007.

BALAZS, G. H.. Current status of fibropapillomas in the Hawaiian green turtle, Chelonia mydas.

Research Plan For Marine Turtle Fibropapilloma, Estados Unidos, n. 156, p.47-57, 1991.

BARATA, P. C. R. et al. Captura acidental da tartaruga marinha Caretta caretta (linaeus, 1758)

na pesca de espinhel de superfície na ZEE brasileira e em águas internacionais. [s.l.], p.1-3,

1998.

BARBIN, Isabel Cristina Chagas. Administração de L-arginina : efeitos sobre a fibrose

miocardica e aumento da carcinogenese em camundongos mdx. 2009. 76 f. Tese (Doutorado) -

Curso de Biologia Celular e Estrutural, Universidade Estadual de Campinas . Instituto de Biologia,

Campinas, 2009.

CASTRO, Angélica Félix et al. Anais XII Simpósio Brasileiro De Sensoriamento Remoto, 12., 2005,

Goiânia. Automação de cartas de sensibilidade ambiental ao derramamento de óleo utilizando

técnicas de geoprocessamento em áreas costeiras da porção setentrional do estado do Rio

Grande do Norte. Goiânia: Inpe, 2005. 3 p.

CAVARARO, Roberto et al. Atlas de saneamento 2011. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - Ibge, 2011. 268 p.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

54

COSTA, Diógenes Félix da Silva et al. Breve revisão sobre a evolução histórica da atividade salineira

no estado do Rio Grande do Norte (Brasil). Soc. Nat., [s.l.], v. 25, n. 1, p.21-34, abr. 2013.

COSTA, T.E.B; FRAGOSO, A.B.L; ALENCAR, A.E.B; GAVILAN-LEANDRO, S. A. C; BONFIM,

A. C. SILVA, F. J. L. Fibropapilomatose e tendências espaciais de sua ocorrência em tartarugas

verde, Chelonia mydas, encalhadas na Bacia Potiguar, Rio Grande do Norte, Brasil. VI Jornada

y reunion de conservácion e investigación de tortugas marinas en el Atlántico Sur Ocidental ( ASO).

Piriápolis. Uruguay. 5 a 7 de novembro de 2013.

CUBAS, P. H.; BAPTISTOTTE, C. Chelonia (tartaruga, cágado, jabuti). In: CUBAS, Zalmir Silvino;

SILVA, Jean Carlos Ramos; CATÃO-DIAS, José Luiz. Tratado de Animais Selvagens: Medicina

Veterinária. 2. ed., Roca, p. 108-110. 2007.

CUBAS, Zalmir Silvino; SILVA, Jean Carlos Ramos; CATÃO-DIAS, José Luiz. Tratado de

Animais Selvagens: Medicina Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2007.

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Ministério do Meio Ambiente: INSTRUÇÃO NORMATIVA. 3.

ed. Brasil, DF, 28 maio 2003. Seção 1, p. 88-109.

EHRHART, L. M.. Fibropapillomas in green turtles of the Indian River lagoon, Florida: Distribution

over time and area. Research Plan For Marine Turtle Fibropapilloma, [s.l.], n. 156, p.59-61, 1991.

EMILIANO, Gabriela Dantas. AVALIAÇÃO POR CLASSES DE COMPRIMENTO DAS

TARTARUGAS MARINHAS ENCALHADAS NA BACIA POTIGUAR, RIO GRANDE DO

NORTE, BRASIL. 2014. 30 f. Monografia (Especialização) - Ciências Biológicas, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

ENE, Ada. et al. Distribution of chelonid fibropapillomatosis-associates herpesvirus variants in

Florida: molecular genetic evidence for infection of turtles following recruitment to neritic

developmental habitats. Journal of Wildlife Diseases 41(3):489-497. 2005.

FARIAS, Daniel Solon Dias de. TARTARUGAS MARINHAS DA BACIA POTIGUAR/RN:

DIAGNÓSTICO, BIOLOGIA E AMEAÇAS. 2014. 90 f. Dissertação (Mestrado) - Ciências

Biológicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

FEITOSA, C. V.; PIMENTA, D. A. S.; ARAÚJO, M. E.. Ictiofauna recifal de Maracajaú (RN) na

área dos flutuantes: Inventário e estrutura da comunidade. Arq. Cin. Mar., [s.l.], n. 35, p.39-50, Mar.

2002.

FOLEY, Allen M. et al. FIBROPAPILLOMATOSIS IN STRANDED GREEN TURTLES (Chelonia

mydas) FROM THE EASTERN UNITED STATES (1980–98): TRENDS AND ASSOCIATIONS

WITH ENVIRONMENTAL FACTORS. Journal Of Wildlife Diseases, [s.l.], v. 41, n. 1, p.29-41,

jan. 2005.

GARCIA, José Jr.. Inventário das espécies de peixes da costa do Estado do Rio Grande do Norte

e aspectos zoogeográficos da ictiofauna recifal do Oceano Atlântico. 2006. 125 f. Dissertação

(Mestrado) - Curso de Bioecologia Aquática, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rio

Grande do Norte, 2006.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

55

GARCIA-FERNANDEZ, A. J.; GOMEZ-RAMIREZ, P.; MARTINEZ-LOPEZ, E.; et al. Heavy

metals in 32 tissues from loggerhead turtles (Caretta caretta) from the Southwestern Mediterranean

(Spain). Ecotoxicology and Environmental Safety. v.72, p.557-563, 2009.

GAVILAN-LEANDRO, S. A. C. et al. Avaliação por classes de comprimento das tartarugas

marinhas encalhadas na bacia potiguar, Rio Grande do Norte, Brasil. In: JORNADA SOBRE

AS TARTARUGAS MARINHAS DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL, 7., 2016, Piriápolis,

Uruguai. P. 149-153.

GEORGE, R. H. Health problems and diseases of sea turtles., P.364-475. In: LUTZ, Peter L.;

MUSICK, John A. (Ed.). The Biology of Sea Turtles. Nova Iorque: Science Series, 1997.

GREENBLATT, Rebecca J. et al. The Ozobranchus leech is a candidate mechanical vector for the

fibropapilloma-associated turtle herp. Elsevier: Virology, [s.l.], v. 321, n. 1, p.101-110, dez. 2003.

HERBST, Lawrence H.. Fibropapillomatosis Of Marine Turtles. Elsevier Science, Gainesville,

Flórida, v. 4, p.389-425, 1994.

HERBST, L. H.; KLEIN, P. A. Green turtles Fibropapillomatosis: Challenges to assessing the role of

environmental cofactors. Environmental Health Perspectives, p. 27-30, 1995.

HERBST, Lawrence H. et al. Serological Association Between Spirorchidiasis, Herpesvirus

Infection, And Fibropapillomatosis In Green Turtles From Florida. Journal Of Wildlife Diseases,

[s.l.], v. 34, n. 3, p.496-507, jul. 1998.

HERBST, L. H. et al. Comparative Pathology and Pathogenesis of Spontaneous and Experimentally

Induced Fibropapillomas of. Veterinary Pathology, [s.l.], v. 6, n. 36, p.551-564, Nov. 1999.

HIRAMA, S.; EHRHART, L. M.. Description, prevalence and severity of green turtle

fibropapillomatosis in three developmental habitats on the east coast of Florida. Biological Sciences,

[s.l.], n. 70, p.435-448, 2007.

HIRAYAMA, R.. Oldest known sea turtle. Nature, [s.l.], v. 392, p.705-708, 1998.

HIRTH, H. F. Synopsis of the Biological Data on Green Turtle Chelonia mydas (Linnaeus1758). US

Fish and Wildlife Service Biological Report, Washington D.C., USA. 1997 126 pp.

IKONOMOPOULOU, M.P.; OLSZOWY, H.; HODGE, M. et al. The effect of organochlorines and

heavy metals on sex steroid-binding proteins in vitro in the plasma of nesting green turtles, Chelonia

mydas. J. Comp. Physiol. B. v.179, p.653-662, 2009.

JACOBSON, E.r. et al. Cutaneous fibropapillomas of green turtles (Chelonia mydas). Journal Of

Comparative Pathology, [s.l.], v. 101, n. 1, p.39-52, jul. 1989.

JONES, K. et al. A review of fibropapillomatosis in Green turtles (Chelonia mydas). Elsevier: The

Veterinary Journal, [s.l.], v. 212, p.48-57, jun. 2016.

JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José. Histologia Básica: Texto atlas. 10. ed. São Paulo:

Guanabara Koogan, 2004. p. 533.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

56

KANG, K. I. et al. Localization of Fibropapilloma-associated Turtle Herpesvirus in Green Turtles

(Chelonia mydas) by In. Elsevier: Journal of Comparative Pathology [s.l.], v. 139, n. 4, p.218-225,

Nov. 2008.

KELLER, Jennifer M. et al. Investigating the Potential Role of Persistent Organic Pollutants in

Hawaiian Green Sea Turtle Fibropapillomatosis. Environmental Science & Technology, [s.l.], v. 48,

n. 14, p.7807-7816, 15 jul. 2014.

LEITE, Fabiana Soares. Análise da influência do cisalhamento eólico sobre a circulação na

região costeira de Guamaré / RN, Brasil. 2007. 141 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de

Oceanografia Abiótica, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.

LUCKE, Balduin. Studies on tumors in cold-blooded vertebrates. Annual Report of the Tortugas

Laboratory of the Camegie Institute, v. 1937, n. 38, p. 92-94, 1938.

LUTZ, P. L.; MUSICK, J. A.. The Biology of Sea Turtles. Flórida: Boca Raton, 1997. 28 p.

INTINI, Marlova Chaves. Diagnóstico de ocorrência de tartarugas marinhas entre os municípios

de Galinhos e Porto do Mangue. Natal/RN: IBAMA, 2011. 10 p.

MABEAU, S. et al. New seaweed based ingredient for the food industry. International Food

Ingrediente,, [s.l.], n. 3, p.38-44, 1992.

MARCOVALDI, Maria Ângela; MARCOVALDI, Guy Guagni Dei. PROJETO TARTARUGA

MARINHA Áreas de desova, época de reprodução, técnicas de preservação. Boletim FBCN, Rio de

Janeiro, v. 22, p.95-104, 1987.

MARCOVALDI, Maria Ângela; MARCOVALDI, Guy Guagni Dei. Marine Turtles of Brazil: the

history and structure of Projeto TAMAR-IBAMA. Elsevier: Biological conservation, [s.l.], v. 91,

p.35-41, Feb. 1999.

MARCOVALDI, M. A.; GIFFONI, B. B.; BECKER, H.; FIEDLER, F. N. Sea Turtle Interactions in

Coastal Net Fisheries in Brazil. In: Proceedings of the Technical Workshop on Mitigating Sea

Turtle Bycatch in Coastal Net Fisheries. Regional Fishery Management Council, IUCN. 2009. p.

28

MÁRQUEZ, René M.. An annotated and illustrated catalogue of sea turtle species known to

date. México: Fao, 1990. 81 p.

MARTINS, M.; MOLINA, F.B. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção:

Panorama geral dos répteis ameaçados do Brasil. v. 2, p. 327-373. 2009.

MATUSHIMA, Eliana Reiko et al. Cutaneous papillomas of green turtles: a morphological, ultra-

structural and immunohistochemical study in Brazilian specimens. Brazilian Journal Of Veterinary

Research And Animal Science, [s.l.], v. 38, n. 2, p.51-54, 2001.

MATUSHIMA, E. R. Fibropapilomas em tartarugas marinhas: aspectos histológicos, imuno-

histoquímicos e ultraestruturais. Tese (Livre-Docência) – Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia, Universidade de São Paulo. São Paulo, 113p. 2003.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

57

MOREIRA, L. M. P.. Ecologia reprodutiva e estimativa de ninhos da tartaruga verde-aruanã –

Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) (Testudines, reptilia) na ilha da Trindade – Espírito Santo –

Brasil. 2003. 63 f. Dissertação (Mestrado) - Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito

Santo, Espírito Santo, 2003.

MÜNGER K, HOWLEY PM. Human papillomavirus immortalization and transformation functions.

Virus Res.;89 (2) p.213-228. 2002.

NAKAGAWA, Janete Tamani Tomiyoshi; SCHIRMER, Janine; BARBIERI, Márcia. Vírus HPV e

câncer de colo de útero. Revista Brasileira de Enfermagem, [s.l.], v. 63, n. 2, p.307-311, abr. 2010.

NASCIMENTO, Harlan Hallamys de Lima et al. FIBROPAPILOMA CUTÂNEO EM

TARTARUGA-OLIVA (Lepidochelys olivacea) NO ESTADO DA PARAÍBA. Relato de

Caso, Paraiba, v. 1, n. 1, p.1-1, 2014.

PATRÍCIO, A. R. et al. Global phylogeography and evolution of chelonid fibropapilloma-associated

herpesvirus. Journal Of General Virology, [s.l.], v. 93, p.1035-1045, Jan. 2012.

PRITCHARD, P. C. H. Evolution, phylogeny, and current status. In: LUTZ, P. L.; MUSICK, J. A..

The Biology of Sea Turtles. Flórida: Boca Raton, 1997. 28 p.

QUACKENBUSH, Sandra L. et al. Quantitative Analysis of Herpesvirus Sequences from Normal

Tissue and Fibropapillomas of Marine Turtles with Real-Time PCR. Virology, [s.l.], v. 287, n. 1,

p.105-111, ago. 2001.

RITCHIE, B., Virology. 2006. In:DIVERS, Stephen J.; MADER, Douglas R. Reptile medicine and

surgery. Elsevier Health Sciences, 2005. (Chapter 24).

ROBERT, T.. Biologia dos vertebrados. 5. ed. São Paulo: Roca, 1986. 508 p.

ROSSI, Silmara. Estudo do impacto da fibropapilomatose em Chelonia mydas (LINNAEUS,

1758) (Testudines, Cheloniidae). 2007. 104 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Medicina

Veterinária, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

ROSSI, Silmara et al. Fibropapillomas in a Loggerhead Sea Turtle (Caretta caretta) Caught in

Almofala, Ceará, Brazil: Histopathological and Molecular Characterizations. Marine Turtle

Newsletter, [s.l.], n. 147, p.12-16, 2015.

SANTOS, Alexsandro Santana dos et al. Plano de Ação Nacional para a Conservação das

Tartarugas Marinhas. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2011.

120 p. (Série Espécies Ameaçadas nº 25)

SANTOS, E.. Zoologia brasílica. Belo Horizonte, Vila Rica, 1994. 263 p.

SANTOS, R. G. dos et al. Relationship between fibropapillomatosis and environmental quality: a

case study with Chelonia mydas of Brazil. Diseases Of Aquatic Organisms, [s.l.], v. 89, p.87-95, 24

fev. 2010.

SILVA, A.C.C.D. et al. Nesting biology and conservation of the olive ridley sea turtle (Lepidochelys

olivacea) in Brazil, 1991/1992 to 2002/2003. Journal of the Marine Biology Association of the

United Kingdom, 87: 1047-1056. 2007.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

58

SMITH, G.M.; COATES, C.W. Fibro-epithelial growths of the skin in large marine turtles, Chelonia

mydas (Linnaeus). Zoologica, [S.l.), v. 23, p. 93-96, 1938.

SPOTILA, J. R. Sea Turtles: a complete guide to their biology, behavior, and conservation.

Baltimore: The Johns Hopkins University Press. 227p., 2004 .

The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2014.3. <www.iucnredlist.org>. Acesso em: 14

abril 2015.

TOLOSA, Erasmo Magalhães Castro de; RODRIGUES, C. J.; BEHMER, O. A. Manual de

Técnicas para Histologia Normal e Patológica. São Paulo: Manole, 2005. 341 p. VAN HOUTAN, Kyle S.; HARGROVE, Stacy K.; BALAZS, George H.. Land Use, Macroalgae, and

a Tumor-Forming Disease in Marine Turtles. Plos One, [s.l.], v. 5, n. 9, p.1-9, 29 set. 2010.

WILLIAMS, E. H. et al. An epizootic of cutaneous fibropapillomas in Green turtles Chelonia mydas

of the Caribbean. Journal Of Aquatic Animal Health, [s.l.], v. 6, p.70-78, 1994.

WORK, T. M. Avian Necropsy for Biologists in Remote Refuges. U.S. Geological Survey National

Wildlife Health Center Hawaii Field Station, 30 p., 2001.

WYNEKEN, J.. The Anatomy of Sea Turtles. Washington: Noaa Technical Memorandum Nmfs-

470, 2001. 172 p.

YU, Q. et al. Amplification and analysis of DNA flanking known sequences of a novel herpesvirus

from green turtles with fibropapilloma. Archives Of Virology, [s.l.], v. 145, n. 12, p.2669-2676, 28

dez. 2000.

ZWARG, Ticiana et al. Hematological and histopathological evaluation of wildlife green turtles

(Chelonia mydas) with and without fibropapilloma from the north coast of São Paulo State, Brazil.

Pesq. Vet. Bras., [s.l.], v. 34, n. 7, p.682-688, jul. 2014.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

59

8. Anexos

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

60

PROJETO DE MONITORAMENTO DE PRAIAS

FICHA BIOMÉTRICA QUELÔNIOS

Espécie: Registro:

Nome vulgar: Tartaruga-de ( ) couro ( ) pente ( ) verde ( ) cabeçuda ( ) oliva

Data do registro: Data de coleta: Sexo: ( ) M ( ) F ( ) Ind. Razão:

Local do registro: Estado:

Posição geográfica Latitude: Longitude:

N° de indivíduos: Estado do exemplar: ( ) vivo ( ) morto N° de Fotos:

Fase de desenvolvimento: ( )Juvenil ( )Adulto ( )Subadulto ( ) Indeterm.

Interação Antrópica: ( ) Sim ( ) Não ( ) Indeterm.

Carcaça: ( ) Início decomp. ( ) Decomp. c/ órgãos intactos ( ) Decomp. Avançada ( ) Restos

Amostra Coletada: ( ) Sim ( ) Não Necropsia: ( ) Sim ( ) Não

Origem da notificação:

Local de destino do exemplar:

Coletor (es):

DADOS SOBRE INTERAÇÕES ANTRÓPICAS

Região do corpo Tipo de marca e quantidade

Linha Rede Corda Arpão Faca Anzol Projétil Hélice Outros

Cabeça

Pescoço

Nad. Anterior Esquerda

Nad. Anterior Direita

Nad. Posterior Esquerda

Nad. Posterior Direita

Carapaça

Plastrão

Cauda

Medidas corporais (Segundo Bolten, 1999) Cm 1ª. Comprimento curvilíneo mínimo do casco – ponto anterior da linha média (nucal) até entalhe entre supracaudais.

1b. Comprimento curvilíneo do casco (de-couro) – extremo anterior do casco (entalhe nucal) até extremo + posterior. 2. Largura curvilínea do casco – medida no ponto mais largo do casco ou carapaça. 3. Comprimento total da cauda – da margem post. Do plastrão ao final da cauda, seguindo a curvatura da cauda. 4. Comprimento pós-cloacal da cauda – distância do centro da cloaca a ponta da cauda, seguindo curvatura da cauda. 5. Razão do Comprimento total da cauda / comprimento pós-cloacal da cauda (dimorfismo sexual em maturos) 6. Comprimento retilíneo do casco – pto anterior da linha média (nucal) até extremo mais posterior

FIBROPAPILOMAS

Região do corpo Quantidade Medidas mm (Comprimento X Largura) de cada fibropapilomas

Cabeça

Pescoço

Nad. Anterior Esquerda

Nad. Anterior Direita

Nad. Posterior Esquerda

Nad. Posterior Direita

Cauda

Tartaruga-de-couro Tartaruga-de-pente Tartaruga-cabeçuda Tartaruga-oliva

1a 1b

2

3 4

Tartaruga-verde

6 +

UERN

Anexo 1 - Ficha de Registro De Quelônio Marinho Em Campo

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

61

Anexo 2 - Ficha de Lesões Externas Em Tartaruga Marinha

FICHA DE LESÕES EXTERNAS EM QUELÔNIOS AVALIAÇÃO CLÍNICA

1. Condição corporal:( ) Ótimo; ( ) Bom; ( ) Ruim; ( ) Péssimo.

2. Resposta a estímulos externos:( ) Ótimo; ( ) Bom; ( ) Ruim; ( ) Péssimo.

3. Presença de ectoparasitas:( ) Cracas; ( ) Sanguessuga; ( ) Carrapatos.

4. Tipo de lesão:( ) Perfuro cortante; ( ) Abrasão/Choque; ( ) Fibropapiloma; ( ) Fratura ( )

Outros:____________________________________________________________________

4.a Característica da(s)lesão(ões):

4.b Fibropapiloma

5. Conduta Clínica:

6. Intervenção Cirúrgica:

7. Prognóstico: ( ) Ótimo; ( ) Bom; ( ) Reservado; ( ) Ruim.

Espécie: Data de encalhe:

Local de encalhe: Sexo:

Med. Veterinário: Peso:

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

62

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

63

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

64

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

65

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

66

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

67

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

68

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · As tartarugas marinhas, seres pelos quais me apaixonei desde o primeiro contato e sempre serei uma ferramenta para auxiliar

69