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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA
ANA FLÁVIA DE LIMA ROCHA
PRESERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS: estudo em biblioteca especializada em Arquitetura e Urbanismo
NATAL/RN 2015
ANA FLÁVIA DE LIMA ROCHA
PRESERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS: estudo em biblioteca especializada em Arquitetura e Urbanismo
Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profa. Ma. Jacqueline de Araújo Cunha.
NATAL/RN 2015
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Rocha, Ana Flávia de Lima. Preservação de acervos bibliográficos: estudo em biblioteca especializada
em Arquitetura e Urbanismo / Ana Flávia de Lima Rocha. – Natal, RN, 2015. 59f. : il. Orientador: Profa. Ma. Jacqueline de Araújo Cunha. Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciência da Informação.
1. Preservação documental – Monografia. 2. Acervo bibliográfico -
Monografia. 3. Conservação – acervo bibliográfico - Monografia. I. Cunha, Jacqueline de Araújo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU 025.85
ANA FLÁVIA DE LIMA ROCHA
PRESERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS: estudo em biblioteca especializada em Arquitetura e Urbanismo
Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profa. Ma. Jacqueline de Araújo Cunha.
Aprovada em: 11 / 12 / 2015
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________ Profa. Ma. Jacqueline de Araújo Cunha
Orientadora
________________________________________________ Prof. Me. Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo
Membro Interno
_____________________________________________ Profa. Esp. Sunamita Nunes de Oliveira
Membro Interno
Aos meus pais, que me fizeram chegar até aqui.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais – Cleidson e Aldecy – e irmãs – Ida Carmen e Flávia Letícia –,
agradeço a companhia, cumplicidade e amor.
À minha orientadora, Jacqueline Cunha, pela paciência, cuidado e leveza nas
orientações.
Às amigas de curso: Morgana Barros, Bianca Souza, Ana Célida Souza e Ana Paula
Inácio, pelo carinho, compreensão e alegrias. Aos amigos do curso de Arquitetura,
que da mesma forma me apoiaram e fizeram possível cursar duas graduações ao
mesmo tempo: Daiany Larissy, Lídia Tayane, Nil Ruiz e Thiago Emanuel.
À Ericka Cortez, que colaborou e tornou possível esta pesquisa.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram com esta caminhada.
RESUMO
Apresenta estudo acerca da preservação de acervos bibliográficos. Objetiva
de forma geral mapear as condições de preservação do acervo de uma biblioteca
especializada em arquitetura. Discute o que significa preservação documental e
seus desdobramentos enquanto técnicas que garantem a salvaguarda e/ou a
recuperação da condição física dos objetos, para, então, apresentar os cuidados
necessários para se evitar a deterioração e os atos de vandalismo que colocam em
risco o acervo de bibliotecas. Apresenta e discute os fatores ambientais e biológicos
que incidem sobre o local de armazenamento do acervo, além do fator humano.
Elenca métodos de preservação aplicados em bibliotecas como: armazenamento e
manuseio, higienização de livros e documentos e os pequenos reparos capazes de
garantir a integridade dos documentos. Aponta as condições de armazenamento e
guarda de Livros, Folhetos, Trabalhos Finais de Graduação, Dissertações, Teses,
Materiais de Referência e Periódicos; limpeza da biblioteca; temperatura do
ambiente interno e iluminação, bem como a descrição dos cuidados tomados quanto
aos riscos de desastres a que o espaço está sujeito e os principais problemas
encontrados nos materiais. Utiliza como metodologia a pesquisa bibliográfica, para
construção do referencial teórico, bem como realiza estudo de caso, para o qual
utilizou-se de questionário para coleta de dados. Considera finalmente que o espaço
estudado apresenta problemas do ponto de vista da preservação documental que
precisam ser sanados.
Palavras-chave: Preservação documental. Acervo bibliográfico. Biblioteca. Acesso à
informação.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 01 Principais recomendações sobre o manuseio dos materiais
bibliográficos ..................................................................................... 28
Quadro 02 Principais procedimentos de Pequenos Reparos .............................. 34
Quadro 03 Sugestões para os problemas encontrados na biblioteca ................. 48
Imagem 01 Salão da biblioteca ............................................................................ 40
Imagem 02 Área de estudo em grupo com Sala da Administração ao fundo ....... 40
Imagem 03 Materiais de grandes dimensões ...................................................... 41
Imagem 04 Monografias ...................................................................................... 41
Imagem 05 Pranchas arquitetônicas guardadas em pastas de polipropileno ...... 42
Imagem 06 Armazenamento de periódicos .......................................................... 42
Imagem 07 Poeira nos livros e estantes .............................................................. 43
Imagem 08 Luminárias ......................................................................................... 44
Imagem 09 Janelas com persianas...................................................................... 45
Imagem 10 Parede de cobogó ............................................................................. 45
Imagem 11 Pequenos reparos com fita adesiva .................................................. 45
Imagem 12 Degradação por água........................................................................ 46
Imagem 13 Desgaste das lombadas e cabeças dos livros .................................. 47
Imagem 14 Materiais que sofreram deformações ................................................ 47
Imagem 15 Degradação por agentes biológicos .................................................. 48
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AN Arquivo Nacional
CONARQ Conselho Nacional de Arquivos
CPBA Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos
IR Radiação Infravermelha
TFG Trabalho Final de Graduação
UV Radiação Ultravioleta
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 10
2 PRESERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS: ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS ................................................................................ 14
2.1 Métodos de Preservação Aplicados em Bibliotecas ......................... 25
2.1.1 Armazenagem e manuseio .................................................................... 26
2.1.2 Higienização de livros e prateleiras ........................................................ 30
2.1.3 Pequenos reparos .................................................................................. 32
3 METODOLOGIA .................................................................................... 36
4 A BIBLIOTECA ESPECIALIZADA EM ARQUITETURA E URBANISMO
............................................................................................................... 39
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 52
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 54
APÊNDICE ............................................................................................. 57
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1 INTRODUÇÃO
Com o desenvolvimento das atividades humanas, o homem criou
instrumentos para registrar e transmitir o conhecimento e a história. As primeiras
ferramentas e instrumentos utilizados para gravar desenhos proporcionaram aos
historiadores e à comunidade em geral, hoje, conhecer a história dos povos que
viveram há muito antes de nós. Os primeiros suportes da escrita foram rochas,
ossos, placas de bronze, tabuletas de argila, papiro, pergaminho, e finalmente o
papel. Este foi inventado no norte da China por T’sai-Lun, por volta do ano 105 d.C.
(PAPEL, c1973 apud FREITAS, 2001, p. 24).
Após sua chegada na Europa em 1150 e na América em 1690, e da invenção
da máquina de tipografar de Gutenberg, o papel tornou-se o principal suporte da
escrita e sua produção aumentou consideravelmente. No início, o papel podia ser
feito de fibras de cânhamo e de algodão, além de juta, linho, cana, talos de trigo e
arroz, até chegar ao papel que conhecemos hoje, produzido a partir de fibras de
madeira, que tem como principal elemento a celulose. (GUIMARÃES, 2007).
O papel que se utiliza hoje, apesar do seu aprimoramento, é um suporte frágil
decorrente da sua composição química – fibras vegetais, carboidratos, amido e
lignina. A lignina é um polímero ácido de natureza orgânica que diminui a resistência
do papel e o deixa com aspecto amarelado. Além da lignina, existem outros fatores
intrínsecos à fabricação do papel que contribuem para sua degradação, tais como: o
tipo de fibras, o tipo de encolagem 1 , os resíduos químicos não eliminados e
partículas metálicas. Existem ainda os fatores extrínsecos de degradação do papel,
que são: humanos, ambientais e biológicos, além de desastres.
A palavra escrita é hoje a principal forma de registro e transmissão de
conhecimentos e informações. As bibliotecas surgiram para abrigar todo o
conhecimento armazenado no suporte papel, se tornando assim um espaço de
conservação do patrimônio intelectual, um instrumento de guarda de memória
documental, histórica e social de uma nação.
Segundo Baez (2006, apud LEIPNITZ, 2009, p. 24), existe um vínculo
poderoso entre o livro e a memória:
1 Processo sofrido pelo papel após sua fabricação, com aplicação de uma substância que visa fixar as
tintas de escrita ou de impressão.
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Os livros ao mesmo tempo em que estão presentes em nossa realidade, permitem um diálogo com o passado. Eles são partes da história porque contém história. São repositórios vivos à espera da continuidade física de seus conteúdos, pois podem fornecer conhecimentos para romper com as tradições. O livro como patrimônio cultural possui desta forma a capacidade de promover o sentimento de afirmação e pertencimento.
A preservação documental, portanto, visa contribuir com a integridade dos
materiais através de estratégias que retardem, minimizem ou interrompam o
processo de degradação dos documentos em suporte físico.
Neste contexto, se traçou como Objetivo Geral, estudar os processos de
preservação e conservação preventiva em uma biblioteca especializada em
Arquitetura e Urbanismo, mapeando as condições reais do seu acervo e ambiente.
Para tanto, foram estabelecidos os seguintes Objetivos Específicos: a)
Definir, a partir de referências de autores da área de Biblioteconomia, o que significa
preservação documental e seus desdobramentos enquanto técnicas que garantem a
salvaguarda e/ou a recuperação da condição física dos objetos; b) Apresentar os
cuidados necessários para se evitar a deterioração e os atos de vandalismo que
colocam em risco o acervo de bibliotecas; c) Discutir os fatores ambientais que
incidem sobre o local de armazenamento de acervo; d) Citar os fatores biológicos
que podem desfigurar, danificar e destruir os documentos; e) Descrever os métodos
de preservação aplicados em bibliotecas como: armazenamento e manuseio,
higienização de livros e documentos e os pequenos reparos capazes de garantir a
integridade do acervo.
Este trabalho se organiza da seguinte maneira: Na Introdução acima aponta-
se que a necessidade de registrar e transmitir conhecimento e a própria história
levou a humanidade a desenvolver e adotar suportes para abrigar a escrita, sendo o
papel a principal delas atualmente. No capítulo 2, intitulado Preservação de
acervos bibliográficos: aspectos introdutórios, apoiados por autores como Sá
(2001); Sarmento (2003); Yamashita; Paletta (2006); Spinelli Junior (1997); Machado
(2013); Coradi; Eggert-Steindel (2008); Cassares; Moi (2000); Rodrigues (2007);
Matos (2012); Silva (2001) e Ogden (2001), se apresenta a natureza e
procedimentos da preservação documental, suas técnicas e estratégias, os fatores
intrínsecos de degradação e os cuidados necessários à preservação da saúde do
acervo em papel. O capítulo finaliza com um conjunto de recomendações sobre o
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manuseio de materiais bibliográficos, discutindo como deve se dar o processo de
higienização de livros e prateleiras e como proceder a realização de pequenos
reparos em livros, na trilha do que ensina Rodrigues (2007), apontando os principais
procedimentos utilizados nessa prática.
O capítulo 3, Metodologia, aponta os procedimentos metodológicos utilizados
na construção e desenvolvimento da pesquisa, os quais foram: pesquisa
bibliográfica, observação do espaço, registro fotográfico e aplicação de questionário.
O Capítulo 4 se chama A Biblioteca Especializada em Arquitetura e
Urbanismo e apresenta uma pequena introdução sobre a biblioteca, seu quadro
funcional, dimensões físicas e como se compõe o acervo ali presente. Em seguida,
apresenta as condições de armazenamento; a guarda dos documentos como:
Livros, Periódicos, Folhetos, Teses, Dissertações e Trabalhos Finais de Graduação
(TFGs); a limpeza da biblioteca; a questão da temperatura do ambiente interno e da
iluminação. Em seguida, discorre sobre os cuidados tomados quanto aos riscos de
desastres a que o espaço está sujeito e os principais problemas encontrados nos
materiais. Ao mesmo tempo, apresenta um conjunto de fotografias que visam ilustrar
as condições em que se encontra o acervo desta biblioteca. Sobre as fotografias que
compõem esse item do trabalho, se fazem comentários sucintos, com o objetivo de
explicitar seu conteúdo objetivo.
No capítulo 5, Considerações Finais, se apresentam as considerações
acerca da pesquisa desenvolvida, entendendo que os centros e instituições
tradicionalmente destinados à produção e disseminação do conhecimento têm nas
bibliotecas o registro e a guarda de acervos que retratam os feitos reais da história,
assim como a inventividade do espírito humano, que navega em criações literárias,
artísticas, técnicas, acadêmicas, etc. Assim sendo, as bibliotecas são patrimônio a
ser preservado em nome da necessidade humana de responder, com segurança, à
necessidade de desfazer mistérios e de engendrar outros, numa corrente perene,
que atravessa toda a história da humanidade.
Ao apresentar e discutir as condições de preservação desta unidade
informacional, se julgou contribuir para apurar o olhar de usuários, profissionais da
área, pesquisadores dos setores públicos e privados, em direção à necessidade de
valorizar, respeitar, cuidar e zelar pelo acervo contido naquele espaço estudado.
Essas razões apoiam e justificam a realização do estudo que agora apresentamos
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para conclusão do Curso de Bacharelado em Biblioteconomia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
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2 PRESERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS: ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
A preservação documental é um conjunto de ações e estratégias que visa
contribuir para a manutenção da integridade dos documentos enquanto unidade
física, com medidas que interrompam ou minimizem o processo de degradação do
acervo, permitindo assim um aumento da sua vida útil e garantindo a qualidade do
acesso às informações.
Christo (2006, apud FREITAS, 2011, p. 22-23) explica a preservação
documental como sendo:
[...] o conjunto de técnicas e métodos que visam conservar os documentos de arquivos e bibliotecas e as informações neles contidas, assim como as atividades financeiras e administrativas necessárias, os equipamentos, as condições de armazenagem e a formação de pessoal.
A preservação é compreendida, portanto, como uma ação que direciona a
salvaguarda ou a recuperação das condições físicas dos objetos. É na verdade um
conjunto de ordem administrativa, política e operacional. A partir do seu
planejamento é possível realizar as práticas de conservação e de restauração.
Estes três conceitos são comumente confundidos na literatura, e são
explicados por Sá (2001, apud SARMENTO, 2003, p. 2-3), da seguinte maneira:
a) PRESERVAÇÃO: é uma consciência, mentalidade, política (individual ou coletiva, particular ou institucional) com o objetivo de proteger e salvaguardar o Patrimônio. Resguardar o bem cultural, prevenindo possíveis malefícios e proporcionando a este condições adequadas de “saúde”. É o controle ambiental, composto por técnicas preventivas que envolvam o manuseio, acondicionamento, transporte e exposição; b) CONSERVAÇÃO: É o conjunto de intervenções diretas, realizadas na própria estrutura física do bem cultural, com a finalidade de tratamento, impedindo, retardando ou inibindo a ação nefasta ocasionada pela ausência de uma preservação. É composta por tratamentos curativos, mecânicos e/ou químicos, tais como: higienização ou desinfestação de insetos ou microorganismos, seguidos ou não de pequenos reparos; c) RESTAURAÇÃO: É um tratamento bem mais complexo e profundo, constituído de intervenções mecânicas e químicas, estruturais e/ou estéticas, com a finalidade de revitalizar um bem cultural, resgatando seus valores históricos e artísticos. Respeitando-
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se, ao máximo, a integridade e as características históricas, estéticas e formais do bem cultural, deve ser feito por especialistas.
A preservação é entendida ainda como um conjunto de estratégias que visa
garantir o acesso à informação. Por sua vez, a conservação é um conjunto de
práticas multidisciplinares que desaceleram o processo de degradação dos
documentos por meio de tratamentos específicos; é uma ação física e química que
visa à estabilização dos documentos, protegendo-os de qualquer agressão humana
ou natural.
As bibliotecas contemplam uma massa documental que tem como principal
elemento do suporte informacional o papel. Elemento este que, como uma matéria
orgânica, está sujeito a diversos processos de degradação. Estes se dividem em
fatores intrínsecos e extrínsecos. Os Intrínsecos, dizem respeito à própria fabricação
do documento em suporte papel, os materiais utilizados e os processos; já os
Fatores Extrínsecos estão relacionados com o ambiente físico onde estão
localizadas as coleções, envolvendo agentes tais como: humano, biológico (pragas),
e ambiental (iluminação, temperatura, umidade, e poluição atmosférica). Além
destes, é possível citar ainda os desastres com água e fogo. (RODRIGUES, 2007;
CASSARES; MOI, 2000; MACHADO, 2013; CORADI; EGGERT-STEINDEL, 2008).
Os fatores intrínsecos de degradação do documento estão ligados aos
materiais e processos de fabricação do mesmo. Cassares; Moi (2000) explicam que
a degradação da celulose do papel é ligada principalmente à acidez e oxidação, que
ocorrem quando agentes nocivos rompem as ligações da celulose, desencadeando
reações químicas que atuam no desgaste do papel.
Essa degradação envolve aspectos como: tipos de fibras utilizadas; processo
mal realizado de cozimento das fibras; emprego excessivo de produtos químicos;
depósito de partículas metálicas na polpa; além do uso de tintas ácidas.
Os tipos de fibra encontrados no algodão e no linho, por exemplo, são de
maior durabilidade, pois não apresentam lignina2. No entanto, quase todos os papéis
de hoje são produzidos com fibra de madeira, contendo a referida substância, o que
2 “A lignina é um polímero natural, amorfo e de composição química complexa, que confere solidez
[impermeabilidade e resistência a ataques microbiológicos e mecânicos] às fibras de celulose. Embora abundante nos vegetais, a lignina não é a mesma para todos. A lignina, devido à sua reatividade química, pode tornar-se fortemente colorida, o que explica o progressivo amarelecimento dos papéis.” (SPINELLI JUNIOR, 1997, p. 26). Por este motivo, um dos principais objetivos na fabricação do papel é a redução da lignina, utilizando para isto processos mecânicos e químicos.
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torna o suporte quebradiço e amarelado, com grau de degradação dependendo dos
fatores externos.
Outro agente de degradação do papel ocorre com os aditivos. Estes são
materiais que se juntam para conferir determinadas características aos papéis – as
cargas e os agentes de colagem. Segundo descreve Spinelli Junior (1997, p. 26), as
cargas são “destinadas a dar opacidade, lisura e printabilidade3 aos papéis”, e os
agentes de colagem atuam como aglomerantes das fibras celulósicas.
Após a metade do século XIX, passou-se a utilizar as colas à base de resinas
derivadas do breu, que são diluídas na água com adição de alúmen, um sal ácido.
Esse composto, na presença de umidade, gera ácido sulfúrico, acelerando a
degradação do papel. (MACHADO, 2013, p. 26). Assim, ainda no que se refere a
aspectos da produção do papel que interferem na sua durabilidade, cabe citar os
produtos químicos. Todo produto químico utilizado durante a fabricação deve ser
eliminado. A não eliminação correta da lignina e produtos químicos deixam resíduos
que provocam reações ácidas, além de tornar o papel úmido.
Outro cuidado importante diz respeito aos recipientes utilizados na fabricação
do papel. Como apresentado por Machado (2013, p. 28), os do tipo metálico
depositam partículas metálicas na polpa durante o processo, tornando-se
catalisadores de reações ácidas, o que gera manchas de ferrugem no papel.
As tintas utilizadas nos documentos antigos também são agentes que,
quando em contato com substâncias utilizadas na fabricação do papel,
desencadeiam processos de deterioração. A exemplo, se podem citar a tintas
ácidas, como as ferrogálicas4, que oxidam a celulose, perfuram e rasgam o suporte.
Com iluminação excessiva, descoloram rapidamente.
Além dos fatores ligados à fabricação do papel especificamente, o livro pode
se desgastar no seu processo de confecção como explicam Coradi; Eggert-Steindel
(2008, p. 350),
3 Relaciona-se com a qualidade da impressão, dependendo do papel e das tintas utilizadas. Os
principais atributos de printabilidade do papel incluem: uniformidade da cor, uniformidade de transferência da tinta, legibilidade do texto, secagem e receptividade da tinta, compressibilidade, cor, etc. E os das tintas incluem: viscosidade, rigidez, grau de dispersão, secagem e cor. (PLURAL..., 2010). 4 A tinta ferrogálica é um material de escrita que se popularizou rapidamente caracterizando-se pela
simplicidade de sua elaboração, excelente qualidade de escrita e permanência. Sua formulação clássica possui quatro ingredientes básicos: noz de galha, sulfato ferroso, goma arábica como espessante e um meio aquoso. Aos finais do século XIX, notou-se um caráter corrosivo nestas tintas, acelerado pela reação entre os taninos presentes na noz de galha com o ferro do sulfato ferroso. (MUSEU..., [2015]; PRADES, [2015]).
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[...] Quando o livro não é bem confeccionado, a capa dura fica vulnerável aos danos externos, ocasionando descolamento ou descostura entre a capa e o corpo do livro. Encadernações em forma de brochuras são ainda menos resistentes a impactos, exigindo maior cuidado com o seu manuseio [...].
Ressalta-se que os fatores de degradação até agora mencionados por vezes
podem ser agravados por fatores extrínsecos. Estes podem ser classificados em:
físicos, ambientais e biológicos, os quais se relacionam diretamente às condições
ambientais do local de guarda do acervo.
No que diz respeito aos fatores físicos, destacam-se a ação humana e os
desastres. O primeiro refere-se principalmente ao manuseio inadequado. Como
explicado por Cassares; Moi (2000, p. 22),
O manuseio abrange todas as ações de tocar no documento, sejam elas durante a higienização pelos funcionários da instituição, na remoção das estantes ou arquivos para uso do pesquisador, nas foto-reproduções, na pesquisa pelo usuário etc.
As atividades realizadas pelo humano que contribuem bastante para a
degradação dos materiais incluem: alimentar-se próximo aos livros; manusear com
as mãos sujas ou suadas; arrancar, dobrar ou riscar as páginas; usar clipes, fitas
adesivas; apoiar-se sobre os livros forçando a lombada; usar saliva para virar as
páginas; puxar os livros da estante pela lombada; o uso máquinas copiadoras, que
operam com luz ultravioleta e forçam as encadernações.
Atos criminosos também são frequentes em bibliotecas e incluem furto, roubo
ou vandalismo, acarretando danos constatados muito tempo depois, como: perda
total, destruição ou desfiguração de itens da coleção com pichações, rasgos,
alterações estéticas, dentre outros.
As causas dessas ações incluem falta de segurança e falta de uma política de
controle. Portanto, é adequado aplicar as seguintes medidas: impedir a entrada de
usuários portando bolsas ou qualquer acessório que facilite a ocultação de itens;
manter as portas e janelas em boas condições; realizar monitoramento dos usuários
nas áreas públicas da instituição; instalar e assegurar o bom funcionamento de
sistemas de sensores e alarmes de proteção; instalar sistema antifurto com
etiquetas eletromagnéticas de segurança, etc. (SPINELLI JUNIOR; PEDERSOLI
JUNIOR, 2010).
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Quanto ao manuseio inadequado, é importante que a instituição adote um
programa de conscientização entre os funcionários e usuários, que os leve a
entender “a natureza e as limitações dos acervos documentais, fazendo-os
compreenderem a importância de sua preservação, a fim de que o público leitor os
trate e os use com maior cuidado e carinho” (SOARES, 2003, p. 19 apud CORADI;
EGGERT-STEINDEL, 2008, p. 355). Além disso, atender às recomendações de
armazenagem, e adotar um sistema de vigilância dentro da biblioteca de forma a
controlar esses maus tratos aos materiais.
Como citado anteriormente, além dos fatores humanos, os desastres também
fazem parte das ameaças a acervos físicos, em especial em suporte papel. Nesta
perspectiva os incêndios e as inundações são os principais desastres em
bibliotecas. Os danos causados por esses desastres podem ser controlados ou
minimizados com planejamento adequado e programas de proteção contra os
mesmos.
As inundações, em qualquer intensidade, provocam grandes danos aos livros
e documentos, tais como desintegração, deformação, dissolução, manchas, mofo,
enfraquecimento e corrosão.
Assim, como forma de evitar o risco de degradação por água, deve-se realizar
manutenção preventiva das instalações hidráulicas; evitar o uso negligente de
torneiras, pias, bebedouros e descargas dentro do edifício; evitar expor ou
armazenar os itens do acervo próximo a fontes de água ou em locais potencialmente
perigosos (proximidades de janelas, contato direto com paredes, diretamente sobre
o piso, subsolo, etc.); proibir o consumo de água próximo às áreas de consulta e
armazenagem.
Alguns procedimentos são recomendados por Rodrigues (2007) e Spinelli
Junior (1997), no caso de inundação, os quais são: providenciar varais para
pendurar os livros pela lombada; secar a obra através de circulação de ar; não expor
os livros ao sol; envolver os documentos em papel mata-borrão5 ; não abrir os
volumes enquanto molhados; providenciar tratamento de fumigação6 específico para
o material.
5 Tipo de papel com grande poder de absorção.
6 “1. Ato ou efeito de fumigar. [...] 3. Utilização agrícola de compostos químicos em estado gasoso
para exterminação de insetos, ervas daninhas e fungos”. (HOUAISS; VILLAR, 2009).
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Já no caso de incêndios, esses ocorrem geralmente nas seguintes situações:
atos de vandalismo; decorrência de curtos-circuitos nos sistemas de eletricidade,
causados por roedores; falta de manutenção preventiva; pontas de cigarro acesas;
falta de detecção automática de fumaça, etc. As consequências da ação do fogo
sobre os acervos incluem a queima total ou parcial dos documentos, depósito de
fuligem e deformações.
Para evitar o risco de incêndio, devem-se estabelecer algumas regras
sugeridas por Spinelli Junior; Pedersoli Junior (2010), a saber: Proibir o fumo nas
dependências da unidade de informação; evitar estocagem e uso de líquidos
inflamáveis; realizar sistematicamente a manutenção preventiva das instalações
elétricas do prédio; evitar a sobrecarga de tomadas com o uso de benjamins; evitar
danos às tomadas elétricas; desligar todos os aparelhos elétricos ao final do
expediente, entre outros.
É muito importante que as bibliotecas tenham um programa de prevenção a
este tipo de desastre, uma espécie de manual, onde conste o papel de cada
funcionário mediante uma emergência – com isso, faz-se necessário um treinamento
adequado com estes funcionários.
Os materiais bibliográficos podem ainda sofrer danos causados pelas
condições ambientais do local onde são acondicionados. Essas condições dizem
respeito à iluminação, temperatura, umidade relativa do ar, poluição atmosférica e
ventilação. Todos estes fatores se inter-relacionam e atuam em conjunto na
degradação do material.
No que diz respeito à degradação decorrente da iluminação, ela pode ocorrer
a partir da decomposição de compostos químicos causada pelas radiações
ultravioleta (UV) ou infravermelha (IR), emitidas por toda fonte luminosa, seja natural
ou artificial. Essas radiações podem provocar danos irreversíveis e acumulativos no
papel. Alguns dos danos observados pela radiação são: amarelecimento do papel;
desbotamento ou mudança de cor das tintas; enfraquecimento e perda de
flexibilidade; possível deformação, ressecamento e fraturas devido à exposição
prolongada à radiação infravermelha.
Todos esses efeitos dependem de fatores como “a faixa de radiação,
intensidade da radiação incidente, tempo de exposição e a natureza química dos
suportes de documentação. [...]” (SILVA, 2001, p. 31). Portanto, algumas medidas
podem ser adotadas para a proteção dos materiais do acervo, como: evitar radiação
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direta e de longa exposição no material; evitar posicionamento de itens do acervo
muito próximo às fontes de luz; proteger janelas com cortinas ou persianas,
bloqueando a passagem do sol e uso de filtros especiais (películas) para absorção
do raio ultravioleta.
A temperatura e a umidade relativa do ar são outros fatores climáticos
considerados os maiores responsáveis pela degradação contínua dos acervos
bibliográficos. Como explicam Cassares; Moi (2000, p. 15),
[...] Todos os materiais encontrados nos acervos são hidroscópicos, isto é, absorvem e liberam umidade muito facilmente e, portanto, se expandem e se contraem com as variações de temperatura e umidade relativa do ar. Essas variações dimensionais aceleram o processo de deterioração e provocam danos visíveis aos documentos, ocasionando o craquelamento de tintas, ondulações nos papéis e nos materiais de revestimento de livros, danos nas emulsões de fotos etc.
As temperaturas elevadas prejudicam a saúde dos documentos provocando
danos de natureza química (acelera as reações de degradação), física
(ressecamento, derretimento, deformações) e biológica (favorecendo o
desenvolvimento de pragas). Machado (2013, p. 34) discorre que
[...] O excesso de calor faz com que ocorra uma oxidação, ou seja, uma reação química com elevado nível de oxigênio, fazendo com que o papel torne-se quebradiço motivado pela perda de água, o amolecimento das colas e a formação de fungos e bactérias [...].
Flutuações de temperatura causam movimento de expansão e contração nos
materiais, fragilizando a estrutura do papel e provocando deformações e fraturas.
Quanto menor a temperatura, mais sobrevida têm os documentos em suporte de
papel; assim, recomenda-se uma média de temperatura entre 20ºC a 23ºC sem
muitas oscilações nem mudanças bruscas – a velocidade das reações de
degradação dobra a cada aumento de 5ºC. Cassares; Moi (2000, p. 15) explicam
que “As flutuações de temperatura e umidade relativa do ar são muito mais nocivas
do que os índices superiores aos considerados ideais, desde que estáveis e
constantes”.
As fontes de temperatura incorreta incluem a luz solar (que pode ser
controlada, como visto no tópico acima, por cortinas persianas e filtros que
bloqueiem a passagem de luz); o clima local; iluminação elétrica inadequada, além
de máquinas e equipamentos. Como um meio de controlar a temperatura do
21
ambiente, devem-se manter ligados condicionadores de ar 24 horas, na temperatura
adequada e sem grandes oscilações.
No que se refere à umidade relativa do ar, em valor elevado favorece a
absorção de água pelo papel, aumentando a acidez e favorecendo a proliferação de
microrganismos e insetos, além de corrosão do mobiliário de metal. A umidade
elevada no papel provoca borramento das tintas usadas; surgimento de manchas
amareladas; enfraquecimento; desfiguração do papel, etc. Já a umidade em níveis
excessivamente baixos provoca ressecamento acompanhado de danos irreversíveis.
(SPINELLI JUNIOR; PEDERSOLI JUNIOR, 2010; MACHADO, 2013).
É recomendada adoção de umidade entre 50% a 60%, com oscilações de no
máximo 10% - como explicam Spinelli Junior; Pedersoli Junior (2010, p. 29),
“Dependendo da amplitude e duração dessas flutuações e da forma e estrutura dos
materiais, danos irreversíveis, como fraturas e deformações permanentes, podem
ocorrer”.
As fontes de umidade incorreta envolvem: clima local, chuvas, lagos, rios,
limpezas aquosas, infiltrações, transpiração humana, condicionadores de ar com
variações, aquecedores, fontes de calor, etc. A medição é feita através de
higrômetros (instrumento de medição da umidade relativa do ar), e o controle por
umidificadores ou desumidificadores, dependendo da situação em que se encontra o
local de guarda. Em ambientes pequenos, Spinelli Junior; Pedersoli Junior (2010)
explicam que é conveniente usar sílica em gel, pois ajuda a absorver a umidade do
material.
Além do uso de aparelhos de ar condicionado e
umidificadores/desumidificadores de ar, é importante que se faça uso da ventilação
natural ou forçada, pois ameniza os efeitos causados pela temperatura e umidade
elevadas e renova o ar no ambiente, o que ajuda a evitar a proliferação de
microrganismos nos documentos do acervo.
A poluição atmosférica é outro fator ambiental que acelera bastante a
degradação dos materiais bibliográficos. Ela é gerada pela poeira acumulada no dia-
a-dia e pela emissão de gases tóxicos produzidos no meio exterior; esses poluentes
afetam negativamente as coleções por meio de formação de depósitos ou reações
químicas que se tornam ácidos que causam sérios danos aos materiais,
principalmente quando os níveis de umidade estão elevados.
A esse respeito, Spinelli Junior (1997, p. 29-30) explica que
22
[...] A deposição contínua da poeira sobre os documentos prejudica a estética das peças, favorece o desenvolvimento de microorganismos e pode acelerar a deterioração do material documental devido aos ácidos contidos. Por outro lado, os gazes [sic] ácidos agridem mais rapidamente a estrutura química dos materiais constitutivos das peças do acervo. A velocidade de degradação por poluentes atmosféricos é função do percentual de umidade relativa no acervo e circunvizinhanças [...].
Os efeitos observados pela poluição atmosférica incluem: acidificação e
acúmulo de poeira progressivos; formação de depósitos; o papel se torna fraco e
quebradiço; sofre alterações estéticas como descoloração das tintas e do papel;
abrasão; corrosão dos metais; além de favorecer o aparecimento de
microrganismos, acelerando a degradação dos documentos. A poeira pode causar
ainda danos à saúde dos funcionários, dependendo do tipo de poluente e do grau de
exposição.
Os agentes biológicos, por sua vez, são os organismos vivos capazes de
desfigurar, danificar e destruir os documentos do acervo. Além dos seres humanos,
podem ser microrganismos (bactérias e fungos), roedores e insetos (traças, baratas,
piolhos de livros, brocas e cupins), que em decorrência das suas atividades de
alimentação, excreção, reprodução e abrigo provocam perfurações, perdas de
partes, enfraquecimento, sujidades e manchas.
Os microrganismos mais conhecidos que agridem o papel são os fungos e as
bactérias. As bactérias se alimentam à base de celulose, das colas empregadas na
confecção do papel ou de compostos animais (pergaminho). São favorecidas em
ambientes com elevada umidade e temperatura e se desenvolvem em volumes
encostados uns aos outros nas estantes e volumes armazenados próximos ao solo
ou às paredes e tetos. A erradicação pode ser feita com produtos químicos que não
agridam o livro e seus componentes (papel, encadernações, revestimentos, tintas),
devendo ser aplicada por profissional especializado.
Já os fungos se reproduzem de forma muito rápida e intensa em ambientes
com alta umidade – condição indispensável para o metabolismo dos nutrientes e sua
proliferação, além de temperatura elevada, má circulação de ar e falta de higiene.
Alimentam-se dos papéis, amidos das colas, couros, pigmentos, tecidos encontrados
nos acervos bibliográficos, e além de atacarem o substrato, fragilizando o suporte,
causam manchas de colorações intensas de difícil remoção.
23
Como medidas preventivas, recomenda-se a higienização do acervo,
manutenção de temperatura e umidade adequadas e separação de obras
contaminadas de obras sadias. Para erradicação, são utilizados produtos químicos
aplicados por equipe especializada, desde que não danifiquem os documentos.
No que diz respeito aos roedores, estes utilizam materiais como o papel para
se aquecerem e construírem seus ninhos. Eles têm preferência por ambientes
quentes, úmidos e escuros, e se alimentam de resíduos de alimentos. Sua
periculosidade é bastante significativa, pois, além de causar grandes estragos aos
acervos, podem atacar o revestimento isolante dos condutores elétricos,
favorecendo assim a ocorrência de sinistros, além de transmitir doenças fatais ao
homem.
A melhor maneira de evitar sua proliferação é mantendo o local seco, arejado,
evitando acúmulo de objetos de material orgânico, e evitando o acesso com comida
ao local do acervo. Sua erradicação pode ser com o uso de raticidas, aplicados por
profissionais especializados, desde que não sejam tóxicos para o ser humano nem
nocivos para o acervo.
Ainda sobre os agentes biológicos, podemos citar os insetos. Estes têm como
principal fonte de alimentação nos acervos o papel, e os danos causados por eles
são bastante conhecidos. Os principais insetos que atacam os acervos se dividem
em: Roedores de Superfície e Roedores Internos. Os de superfície são: traças,
baratas e piolhos de livros; e os internos são as brocas e os cupins, abordados a
seguir.
Insetos Roedores de Superfície:
A discussão sobre os insetos roedores de superfície se dará a partir dos
estudos de Machado (2013) e Rodrigues (2007). De acordo com estes autores, as
traças entram com muita facilidade entre as folhas dos livros e por trás dos móveis,
junto às paredes, penetrando nos livros do dorso para dentro, em sentido
longitudinal. Elas atacam a celulose do papel ou o amido da cola da lombada dos
livros ou das etiquetas, e preferem locais onde os livros estão bem apertados nas
estantes. Para prevenir este agente, recomenda-se limpeza semestral dos
ambientes de guarda e acondicionamentos, e não deixar os livros muito apertados
nas prateleiras.
24
As baratas atacam tanto o papel quanto o revestimento do livro, e são
atraídas por locais escuros, quentes e úmidos, resíduos de alimentos, falta de
higiene no ambiente e no acervo. Elas se alimentam dos amidos das colas utilizadas
nas encadernações e nos papeis gomados, e os danos causados são nas
superfícies e margens dos documentos e encadernações, provocando perdas de
superfície e manchas de excrementos. A prevenção das baratas pode se dar a partir
de manutenção de ralos e aberturas de paredes e pisos fechados; evitar deixar lixo
na biblioteca, além de evitar entrar com alimentos na área de armazenagem do
acervo.
Os piolhos de livros são encontrados entre as folhas dos livros e se
alimentam dos fungos e restos de outros insetos mortos presentes no papel. Só
causam danos se estiverem em grande número, e se caracterizam por fazerem
pequenos furos irregulares no papel. Como medida preventiva, deve ser feita
limpeza rotineira dos documentos e controle da temperatura e umidade relativa do
ar. Como erradicação, podem ser usadas termonebulização 7 ou fumigação, por
profissionais especializados.
Insetos Roedores Internos:
Já a discussão sobre os insetos roedores internos se dará com bases nos
estudos de Cassares; Moi, (2000); Rodrigues, (2007); Coradi; Eggert-Steindel,
(2008), para quem as brocas são um dos insetos mais perigosos, pois danificam os
livros e documentos – e até mobiliários de madeiras – desde que são larvas. Elas
alimentam-se da celulose e do couro existentes, deixando pontinhos no papel,
podendo passar de um livro para outro se estiver muito apertado nas estantes. A
característica deste ataque é o pó que se encontra na estante em contato com o
documento – ele contém saliva, excrementos, ovos e resíduos de cola, papel, etc.
Elas agem em ambientes com temperatura e umidade relativa do ar alta,
ausência de circulação do ar e falta de higienização periódica. Portanto, é importante
que se tenha o controle das condições ambientais do local de guarda do acervo e
que se adote uma rotina de higienização. Ainda, ao receber ou efetuar compras,
deve-se providenciar a higienização do material a ser incorporado ao acervo.
7 Aplicação de calda inseticida através de densa neblina para controle de insetos voadores e
rasteiros. (DEDETIZADORA..., 2014).
25
Os cupins também podem causar grandes estragos a livros e documentos.
Eles representam risco não só para as coleções, mas para o prédio em si; sua ação
é devastadora onde quer que ajam, e na maioria das vezes sua presença só é
notada após terem causado grandes danos. Os cupins se alimentam dos materiais à
base de celulose, e da mesma forma que os outros agentes biológicos já citados,
eles se instalam em ambiente com índices de temperatura e umidade relativa altos,
má circulação de ar, falta de higienização e pouco manuseio dos livros. Como
medidas profiláticas, devem-se utilizar sempre madeiras tratadas e evitar deixar
móveis encostados nas paredes. As medidas de erradicação devem ser aplicadas
por profissionais especializados, de forma a não danificar ou expor perigo aos
documentos e pessoas.
Todos os agentes biológicos acima citados, apesar de provocarem grandes
danos, são passíveis de controle e extermínio, com produtos, equipamentos e
profissionais corretos. Algumas soluções para evitar o risco de propagação destes
organismos são: restrição de alimentos na área de armazenamento do acervo; evitar
o acúmulo de poeira e sujidades com rotinas de limpeza; evitar acúmulo
desnecessário de lixo, materiais orgânicos e entulhos; além da manutenção das
condições ambientais adequadas, principalmente no que diz respeito à temperatura
e umidade.
2.1 Métodos de Preservação Aplicados em Bibliotecas
A vida útil de um livro se estende a partir da adoção de práticas e técnicas de
preservação e conservação destes materiais. Essas práticas visam minimizar as
agressões sofridas pelo livro ao longo do tempo. O primeiro método de conservação
de um acervo é a realização de um diagnóstico, onde será avaliado o estado de
conservação dos documentos, podendo ser volume a volume ou por amostragem.
Para Araújo (2010, p. 12 apud MACHADO, 2013, p. 77-78), a avaliação de um
acervo possibilita
[...] o reconhecimento de características específicas livro a livro – presentes no acervo além de fornecer, em detalhes, o estado de conservação do livro e direcionar os procedimentos de conservação adequados aos danos detectados. A avaliação é realizada ao preenchermos a ficha técnica, também chamada ficha diagnóstico. A
26
primeira etapa do trabalho é o exame do livro. Todas as páginas devem ser cuidadosamente conferidas observando-se:
Se a paginação está completa;
Se existem fitas adesivas ou vestígios de cola;
Se existem rasgos;
Quanto a página esta rasgada [sic] em muitos lugares recomenda-se uma velatura, que é um procedimento de restauração [...];
Se existem rabiscos;
Se existem sujidades;
Se a lombada está em bom estado de conservação, e vários outros detalhes.
O Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ), juntamente com o Arquivo
Nacional (AN) lançou entre 1997 e 2001, em duas edições, uma seleção de 53
títulos, no Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos (Projeto
CPBA), sobre a conservação preventiva de filmes, fotografias e meios magnéticos.
Estes textos tratam do planejamento de preservação, do controle das condições
ambientais, da prevenção contra riscos e do salvamento de coleções, de
microfilmagem e digitalização. Algumas das recomendações do Projeto são
abordadas neste trabalho, como Armazenagem e Manuseio, Higienização de Livros
e Estantes, e Pequenos Reparos em Materiais. O tópico seguinte abordará as
questões relativas à armazenagem e manuseio nas bibliotecas, falando sobre o
mobiliário e os métodos de acondicionamento adequado aos diferentes tipos de
material.
2.1.1 Armazenagem e manuseio
O armazenamento e manuseio inadequado dos documentos influem
diretamente na vida útil dos materiais. Por este motivo, existem recomendações a
serem seguidas, tanto pela equipe da biblioteca, responsável pelo armazenamento,
quanto pelos usuários da instituição. A primeira das recomendações diz respeito ao
mobiliário utilizado nas bibliotecas. Estes devem interferir o mínimo possível na
degradação dos materiais. Portanto, as recomendações dizem respeito ao material
que o compõe e as distâncias necessárias entre as estantes.
Ogden (2001) recomenda que as estantes devem ser de aço, com tratamento
antiferruginoso e pinturas em pó, o que evita os problemas de emissão de gases
associados ao esmalte. As distâncias são determinadas de modo a permitir boa
27
circulação de ar e proteção contra outros agentes de deterioração. Essa distância,
segundo Silva (2001) deve ser de cerca de 80 centímetros, e a última prateleira deve
estar elevada a 20 centímetros do chão. Recomenda-se ainda que as estantes
estejam afastadas 07 (sete) centímetros das paredes, principalmente as que
separam o exterior do edifício, o que evita que a umidade presente nas paredes se
transmita aos volumes.
No que diz respeito ao armazenamento dos materiais, existem
recomendações diferentes para cada tipo de material. Para os livros, é recomendado
acondicioná-los na posição vertical, evitando inclinações para não forçar as costuras
e encadernações dos mesmos. Para tanto, as prateleiras devem estar preenchidas,
mas não superlotadas, com um espaço de 03 (três) milímetros entre cada livro
facilitando a retirada da prateleira. Caso não estejam, deve-se usar bibliocantos para
mantê-los de pé. Estes bibliocantos devem ter superfícies lisas e cantos
arredondados para não machucar os materiais.
Quando os livros são de grandes dimensões e não couberem nas prateleiras
na posição vertical, devem ser acondicionados com a lombada voltada para baixo
(com o corte lateral voltado para cima), de forma a não enfraquecer as costuras e
colas da lombada. Os volumes podem ainda ser acondicionados na posição
horizontal, desde que não ultrapasse 03 (três) unidades no empilhamento. Desta
forma, não há muitas agressões durante a retirada do livro da prateleira.
No que se refere às encadernações, as de papel e tecido não devem ser
armazenadas em contato direto com as de couro, pois a acidez e os óleos presentes
no couro migram para o papel e o tecido, acelerando sua deterioração. (SPINELLI
JUNIOR; PEDERSOLI JUNIOR, 2010).
Alguns livros de valor especial ou danificados devem ser acondicionados em
caixas. Segundo Ogden (2001, p. 8), essa medida “[...] ajuda a estabilizar as capas,
minimizando o empenamento. As caixas, por sua vez, precisam ser confeccionadas
com materiais de qualidade arquivística8, devendo ser feitas sob medida, para que
fiquem nas dimensões exatas dos livros”.
Quanto ao acondicionamento de folhetos, estes podem ser armazenados em
caixas ou em pastas. No caso de serem guardados em pastas, devem ser colocados
8 “Materiais livres de quaisquer impurezas, quimicamente estáveis, resistentes, duráveis. [...] Suas
características, em relação aos documentos onde são aplicados, distinguem-se pela estabilidade, neutralidade, reversibilidade e inércia”. (CASSARES; MOI, 2000, p. 26).
28
com a lombada para baixo. Podem ainda ser colocados nas prateleiras entre os
livros, mas protegidos individualmente. (OGDEN, 2001).
Materiais de grandes dimensões como desenhos arquitetônicos, plantas,
cartazes ficam melhor armazenados em mapotecas ou caixas de boa qualidade.
Como apontam os estudos de Ogden (2001), devem ser guardados em pastas
alcalinas em formatos que se acomodem ao tamanho da caixa, e intercalados com
papel alcalino. Caso estes materiais não estejam frágeis ou quebradiços, podem ser
enrolados e guardados em tubos preferencialmente de baixo teor de lignina e com
pH neutro. Não sendo os tubos assim, devem ser envolvidos em papel neutro ou
alcalino ou em filme de poliéster. O rolo deve ser amarrado sem pressão com
cadarço de linho, algodão ou poliéster.
Em relação às fotografias, cada uma delas deve ter sua proteção, as quais
podem ser feitas de papel ou de plástico. As proteções de papel devem ser livres de
ácido, sendo aceitáveis os alcalinos e de pH neutro. “Os materiais de plástico
adequados à armazenagem são o poliéster, o polipropileno e o polietileno. Deve-se
evitar sempre o cloreto de polivinil” (OGDEN, 2001, p. 13). A autora discorre ainda
que,
normalmente, a armazenagem horizontal das fotografias é preferível à vertical, já que fornece mais apoio geral, evitando danos mecânicos e deformações. Entretanto, a armazenagem vertical pode facilitar o acesso à coleção e diminuir os danos decorrentes do manuseio.
No que se refere ao manuseio, os problemas não se limitam somente ao uso
pelo usuário, mas pela própria instituição. Assim, algumas recomendações devem
ser seguidas de modo a evitar o processo de degradação do papel, apresentadas no
Quadro 01, a seguir:
Quadro 01: Principais recomendações sobre o manuseio dos materiais bibliográficos.
RECOMENDADO JUSTIFICATIVA
Manusear os documentos sempre com as mãos limpas.
A sujeira das mãos provoca manchas de gordura no papel.
Nunca utilizar fitas adesivas no material. A composição da cola destas fitas pode provocar manchas no papel.
Evitar o uso de colas plásticas. O teor de acidez destas colas pode provocar manchas comprometedoras no papel.
Nunca umedecer os dedos com saliva (ou qualquer outro líquido) para virar as páginas.
A saliva provoca reações ácidas no documento.
Evitar uso de grampos e clipes metálicos. Os grampos e clipes metálicos causam manchas de ferrugem e podem causar
29
deformação e ruptura da fibra do papel.
Evitar fumar ou levar qualquer alimento para as áreas destinadas à guarda e manuseio de obras.
Estes elementos podem causar manchas, queimaduras e atrair agentes biológicos.
Não circular com líquidos pela área de guarda das coleções.
Os líquidos podem aumentar a umidade no ambiente e podem causar acidentes.
Nunca retirar um livro da estante puxando pela borda superior da lombada.
Esta ação danifica a cabeça do livro. Deve-se retirar o livro pelo meio.
Não marcar os livros com canetas esferográficas.
As canetas esferográficas causam manchas que afetam o suporte e reagem a qualquer tratamento.
Não pressionar a lombada dos livros com as mãos ou cotovelos.
Esta ação provoca deformações e enfraquece as lombadas dos livros.
Não fazer cópias de xérox em excesso. A radiação da máquina copiadora agride o papel e a ação danifica as encadernações.
Não dobrar as páginas dos livros. Isto provoca o rompimento das fibras do papel.
Não arrancar páginas. A informação contida nas páginas são do interesse de outras pessoas.
Não utilizar elástico de látex. O elástico pode grudar ou derreter.
Não utilizar os livros como apoio para escrita.
Provoca marcas nas páginas.
Não utilizar álcool diretamente no material para limpeza das encadernações.
A utilização direta do álcool nas encadernações pode provocar manchas.
Não utilizar marcadores de página de papelão.
O papelão é ácido.
Fonte: Adaptado de (JOLY, 2005 apud MACHADO, 2013; MATOS, 2012; CORADI; EGGERT-STEINDEL, 2008; RODRIGUES, 2007; SILVA, 2001; SPINELLI JUNIOR, 1997).
Existem recomendações específicas para as bibliotecas, que devem seguir
procedimentos padronizados no processo de tombamento dos materiais. Elas são
citadas por Spinelli Junior (1997, p. 34):
• Quanto à colocação de carimbos de propriedade da instituição, seção, etc., em obras de seu acervo, observar as seguintes normas: • Aplicar o carimbo no verso da folha de rosto dos volumes; • Dentro do volume o local de carimbagem deve ser o espaço da margem da página fora do texto; • Utilizar carimbos em tamanhos e formas padronizadas pela instituição; • Certificar-se da qualidade química da tinta e precaver-se com a quantidade excessiva ao uso nestas tarefas; • Em gravuras, impressos, manuscritos, etc. utilizar o verso na parte inferior esquerda dos mesmos. Jamais carimbar sobre ilustrações e, ou textos; • Caso a frente e o verso do documento contenham texto, aplicar o carimbo de forma a atingir o mínimo possível do mesmo; • Certificar-se da posição correta do carimbo na hora do uso para não incorrer em ações inversas (carimbo de cabeça para baixo); • Utilizar lápis de grafite macio para as inscrições que acompanharem o processo de carimbagem. Jamais utilizar caneta-tinteiro ou esferográfica.
30
A partir das recomendações acima, é possível evitar os danos causadores de
deterioração dos livros em acervos bibliográficos. São recomendações simples e
aplicáveis em qualquer unidade de informação, pois não demandam de muitos
recursos. A prática de higienização, por sua vez, demanda alguns materiais e
técnicas que se aplicados de maneira correta, contribuem significativamente para a
longevidade dos materiais. Sobre isso, discute-se no tópico a seguir.
2.1.2 Higienização de livros e prateleiras
O termo Higienizar significa, segundo o Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa (HOUAISS; VILLAR, 2009), “1. tornar limpo, asseado. 2. tornar
saudável, higiênico”. A higienização de acervos bibliográficos significaria, neste
sentido, a limpeza do material, correspondendo à retirada de poeira e outros
resíduos que possam causar ou acelerar a degradação dos documentos, por meio
de técnicas apropriadas.
Os estudos de Yamashita; Paletta (2006) e Coradi; Eggert-Steindel, (2008)
são balizadores na discussão que se apresenta sobre a higienização de livros e
prateleiras bem como de métodos e técnicas que estão descritos ao longo deste
item. Segundo Yamashita; Paletta (2006, p. 177), “a higienização de um acervo é um
dos procedimentos mais significativos que há no processo de conservação de
materiais bibliográficos”, porque a poeira contém partículas de areia que podem
causar danos aos livros, tais como: cortes, arranhões, fuligem, mofo, além de
atração à umidade.
Esta tarefa deve ser executada volume a volume, de forma cuidadosa, uma
vez que a própria limpeza pode danificar os livros e as encadernações mais frágeis.
Ela deve ser feita em intervalos regulares, e demanda por local e material
apropriados, além da adoção de técnicas de manuseio.
Antes da limpeza do material, devem-se avaliar alguns fatores,
[...] como a condição física dos livros, a quantidade, que tipos de impurezas serão eliminadas e a natureza deste material, ou seja, se têm valor monetário, histórico, informativo, artístico ou ainda se é uma obra rara. Uma vez que se trata de um processo minucioso e demorado, é preciso definir o alcance da higienização, se abrangerá uma ou mais coleções ou todo um acervo [...]. (CORADI; EGGERT-STEINDEL, 2008, p. 356-357)
31
Como o processo de higienização é um trabalho delicado, sua execução
exige algumas medidas preventivas, como equipamentos de proteção individual e
materiais de limpeza. Os equipamentos são obrigatórios e regularizados pela Norma
Regulamentadora N6 – Equipamento de Proteção Individual (EPI) do Ministério do
Trabalho e Emprego, e a não utilização destes equipamentos pode provocar
alergias, rinite, irritação ocular, problemas respiratórios e dermatoses e devem
proteger as seguintes partes do corpo:
a) Cabeça – máscara, touca e óculos de proteção;
b) Tronco – avental de mangas longas;
c) Membros superiores – luvas;
d) Membros inferiores – botas.
Os materiais de limpeza utilizados no processo devem ser de acordo com
Coradi; Eggert-Steindel (2008), Mesa de higienização; Aspirador de pó; Brochas;
Trinchas; Escova macia do tipo bigode; Panos macios; Buchas de pano; Borracha
TK (não solta resíduo) e Ralador de inox.
Dentre as atividades de higienização, a limpeza dos espaços físicos e dos
mobiliários é a primeira que deve ser realizada. Nos pisos e mobiliários pode ser
utilizado aspirador de pó ou flanelas. Não é indicado o uso de água nos espaços de
armazenagem, pois, além da possibilidade de derramamento, pode aumentar a
umidade relativa do ar, mas ao mesmo tempo não se deve usar instrumentos que
dispersem a poeira no ambiente, como vassouras ou espanadores.
Como citado anteriormente, a higienização dos materiais deve ser realizada
em um ambiente específico para esta finalidade. Ele deve ser amplo, arejado e com
boa iluminação. Neste ambiente, a mesa de higienização deve ser forrada com
papel mata-borrão e entretela sem goma. O processo de limpeza individual do
material se inicia com a retirada de objetos danosos aos documentos, como clipes,
grampos, fitas adesivas, prendedores metálicos, flores, folhas secas.
O procedimento inicial pode ser efetuado com o uso do aspirador de pó,
passado levemente sobre os cortes dos livros na estante, a fim de remover
superficialmente a camada mais grossa de poeira. Após isso, retiram-se os volumes
da prateleira, e procede-se com a limpeza das estantes com aspirador e, em caso
de sujidade intensa, poderá ser usada uma solução de água e álcool a 50%,
secando em seguida. O próximo passo é colocar o livro de pé, abrindo-o ao meio e
batendo suavemente na lombada para que os resíduos, insetos e sujidades caiam
32
sobre o papel e a entretela. (YAMASHITA; PALETTA, 2006; CORADI; EGGERT-
STEINDEL, 2008; MACHADO, 2013).
A limpeza das folhas pode ser com uma trincha ou com pó de borracha. A
limpeza com a trincha consiste na varrição de cada folha; ela tem como função a
remoção de eventuais resíduos no papel. A sujeira deve ser removida em
movimentos leves do centro para a extremidade do livro, sempre no sentido
contrário ao higienizador. A limpeza com pó de borracha – borracha TK ralada com
ralador de inox – deve ser realizada em movimentos circulares, friccionando-a com
uma boneca ou bucha em tecido de algodão; essa técnica permite limpar melhor a
superfície do papel. Depois da higienização das páginas, a obra deverá ser folheada
várias vezes, proporcionando oxigenação ao livro.
A limpeza das capas dos livros depende do material utilizado. Coradi; Eggert-
Steindel (2008, p. 359) recomendam:
[...] Se a capa for de tecido, passa-se sobre ela a escova tipo bigode. No caso de a capa ser feita de papel, muito comum a brochuras, uma bucha de pano preenchida com pó de borracha deverá ser passada no papel com movimentos suaves e circulares. Para retirar os resíduos de sujeira e de borracha que ficarem na capa, passa-se um pincel macio. Em capas plastificadas, usa-se apenas um pano seco e macio, e se houver muita sujeira, recomenda-se o uso de um pano úmido e bem torcido, com sabonete neutro. Se o material da capa for de couro, usa-se um pincel ou também um pano seco e macio em sua superfície e em suas extremidades.
Nos livros higienizados pela primeira vez, a limpeza deve ser mais detalhada,
mas na limpeza de manutenção, a prioridade é para a limpeza da encadernação,
dos cortes e das primeiras e últimas 15 folhas, pois estas são mais sujeitas a
receber sujidades. Os documentos com gravuras e obras de arte merecem cuidado
redobrado, e os materiais que têm sua integridade muito comprometida devem ser
encaminhados a um processo de limpeza mais exaustiva, a restauração, que deverá
ser efetuada por uma equipe técnica especializada. Além disso, existe a prática de
pequenos reparos em materiais, que visa melhorar o estado físico de materiais que
necessitam alguma conservação, com uso de técnicas mais simplificadas.
2.1.3 Pequenos reparos
O livro é um volume que forma uma publicação unitária ou parte de um
trabalho literário, que pode ser encadernado ou em brochura. Na maioria dos livros
33
modernos, a capa é solta do corpo do livro – que pode ser composto por um grupo
de cadernos dobrados ou por folhas avulsas. Os estudos de Rodrigues (2007)
ajustam-se ao que se apresenta sobre pequenos reparos que se faz ou deve fazer
nos livros em função de sua preservação e conservação da informação ali contida.
O desgaste causado aos livros se dá principalmente pelo uso frequente e
inadequado. Edições mal encadernadas – ou com material de baixa qualidade –, o
manuseio destrutivo e as condições ambientais impróprias são os fatores que
contribuem para a deterioração do livro. Portanto, além de se tomarem medidas
preventivas a fim de minimizar estes efeitos, podem-se realizar pequenos reparos no
material, para retardar este processo.
Antes de se realizarem reparos em livros, é necessário realizar um
levantamento das condições físicas de cada publicação do acervo, para identificar o
grau de intervenção que será necessário para aquele documento.
Os pequenos reparos são definidos por Rodrigues (2007, p. 27) como
[...] pequenas intervenções que podemos executar visando interromper um processo de deterioração em andamento. Essas intervenções devem obedecer a critérios rigorosos de ética e técnica e têm a função de melhorar o estado de conservação dos documentos. Caso esses critérios não sejam obedecidos, o risco de aumentar os danos é muito grande. Os materiais utilizados para esse fim deve ser reversível [sic]. Isso significa que, caso seja necessário reverter o processo, não pode existir nenhum obstáculo na técnica e nos materiais usados. [...].
Alguns dos critérios acima citados são: respeitar a originalidade do livro; saber
distinguir o tipo de encadernação, costura, papel; conhecer os produtos utilizados no
tratamento; utilizar produtos reversíveis; seguir uma metodologia de tratamento;
estudar cada caso individualmente. (RODRIGUES, 2007, p. 27).
Os materiais usados nos pequenos reparos se resumem basicamente a
adesivos e papéis especiais. Os adesivos são: cola metilcelulose e cola de amido
para reparos de suporte, e mistura de cola metilcelulose e PVA para reparo de
encadernações. Os papéis apropriados são constituídos de fibras especiais e devem
ser neutros. Quanto aos instrumentos de trabalho requeridos neste processo,
Rodrigues (2007) cita: mesa de trabalho; pinça; papel mata-borrão; entretela sem
cola; placa de vidro; peso de mármore; espátula de metal; espátula de osso; pincel
chato; pincel fino; filme de poliéster.
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O Quadro 02 a seguir elenca os procedimentos de pequenos reparos mais
comuns em bibliotecas.
Quadro 02: Principais procedimentos de Pequenos Reparos.
TIPO PROCEDIMENTO
Remoção de fitas adesivas
Devem ser removidas com faca ou bisturi sem corte, com cuidado para não danificar o papel. Caso não consiga desta forma, deve-se usar cotonete umedecido em acetona, somente em cima da fita, para soltá-la. Se restar manchas, utilizar acetona para retirar.
Remoção de colas velhas de lombada
Para cola plástica, utilizar faca sem corte com cuidado para não romper a costura. Caso a cola não seja plástica, usar cola metilcelulose bem espessa – passar pura no lombo do livro, deixar agir por alguns minutos e remover com a faca.
Rasgos Fazer o conserto sempre pelo verso da página (numeração par), usando papel seda e cola na proporção 1x1 (de cola branca e metilcelulose).
Folha solta Passar cola 1x1 bem fina, nivelando-a com a folha de baixo.
Caderno solto
Fazer a costura pegando a do caderno de baixo depois de nivelá-los. Passar cola 2x1 (2 partes de cola branca para 1 parte de metilcelulose) no lombo para reforçar a costura. Deixar secar entre pesos.
Livros com folhas soltas
Desmontar o livro folha por folha; limpar a cola usando uma faca sem corte ou bisturi. Agrupar todas as páginas em ordem, passar cola 2x1 no lombo. Deixar secar entre pesos. Iniciar a costura pelo furo central de cima para baixo, volte até costurar todo o livro e dê dois nós ao final. Passar cola.
Livros em espiral Tirar o espiral e a capa, usar os furos para realizar a costura, começando de baixo e pulando um furo. Retornar de cabeça abaixo usando o furo que antes estava sem costura.
Livros em cadernos Limpar os cadernos, e em caso de cadernos danificados, fazer reforço com papel seda. Depois de costurado, passar cola 2x1 no lombo. Deixar secar entre pesos.
Colocar folha de guarda
Passar cola 2x1 onde será colada a folha na largura do pincel, passar a dobradeira de osso para fixar bem. Deixar secar entre pessos e depois de seca, refilar com a lâmina do estilete bem afiada.
Colocar reforço na lombada
Medir o papel (Kraft) ou tecido (Morim) a ser colado na lombada, acrescentando 2 centímetros de cada lado.
Velatura
É uma técnica de restauração usada em documentos planos, que consiste na colagem de uma folha de papel japonês no verso do documento para que o mesmo fique mais resistente. Verificar o sentido das fibras do papel japonês para ficarem no mesmo sentido das do documento. Passar cola metilcelulose no papel japonês umedecido com água destilada. Colocar o documento limpo com o verso para o papel japonês. Colocar o documento sobre um papel mata-borrão, placa de vidro e pesos. Depois de seco, retirar as sobras do papel das bordas.
Fonte: Adaptado de Rodrigues (2007).
A apresentação neste capítulo dos fatores de degradação internos e externos,
além dos métodos de preservação aplicados em bibliotecas tornaram possível a
35
compreensão destas práticas em acervos bibliográficos, e da importância de sua
adoção para aumentar a vida útil dos materiais em suporte papel. A partir disso, foi
possível realizar um estudo em biblioteca especializada na área de Arquitetura e
Urbanismo, analisando tais aspectos de preservação. O capítulo seguinte apresenta
os procedimentos metodológicos utilizados no desenvolvimento da pesquisa.
36
3 METODOLOGIA
Pesquisa bibliográfica tem por “finalidade colocar o pesquisador em contato
com tudo que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...]” (LAKATOS;
MARCONI, 2010, p. 166). Assim sendo, para o desenvolvimento desta pesquisa de
Conclusão de Curso – Preservação de acervos bibliográficos: estudo em
biblioteca especializada em Arquitetura e Urbanismo, se fez um estudo sobre
como preservar o acervo bibliográfico de uma unidade de informação, buscando na
literatura as informações básicas acerca dessa temática.
No detalhamento desse estudo, observou-se que há meios e mecanismos de
cuidar e zelar pela vida útil dos livros, da disposição dos mesmos nas prateleiras, da
iluminação necessária, da ventilação, da restauração. Há fatores físicos e biológicos
que podem causar desgaste e destruição do acervo bibliográfico; ao mesmo tempo,
a literatura aponta os cuidados que se deve ter para a preservação do acervo
dando-lhes longevidade.
Segundo observam Lakatos; Marconi (2010, p. 166), “a pesquisa bibliográfica
não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre o assunto, mas propicia o
exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões
inovadoras”. As autoras ainda classificam a pesquisa bibliográfica em tipos e fontes:
a) Imprensa escrita; b) Meios audiovisuais; c) Material cartográfico; d) Publicações.
Nessa perspectiva, nossa pesquisa está inserida na dimensão Publicações, visto
que aí se inserem: “livros, teses, monografias, publicações avulsas, pesquisas, etc.
formam o conjunto de publicações, cuja pesquisa compreende quatro fases distintas:
a) identificação; b) localização; c) compilação; d) fichamento” (LAKATOS; MARCONI,
2010, p. 167).
De posse das leituras sobre os cuidados do acervo bibliográfico, do
fichamento de textos e localização de qual biblioteca seria o lócus dessa pesquisa,
se passou a fazer as observações necessárias ao entendimento de como esses
escritos sobre cuidados e preservações se materializam no espaço estudado.
A observação do espaço da biblioteca em estudo proporcionou conhecer esse
espaço enquanto lugar de memória de materiais bibliográficos. Lakatos e Marconi
(2010, p. 173) definem a observação como
37
[...] uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utilizar os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver ou ouvir, mas também em examinar fatores ou fenômenos que se deseja estudar.
A observação foi feita durante o período de 24 de agosto a 13 de novembro
de 2015, analisando as questões relativas à temperatura, iluminação, umidade,
proteção contra os raios solares, à poeira, e principalmente sobre o armazenamento
dos materiais bibliográficos.
A partir da observação do lócus, se fez uma análise descritiva dos fatos e dos
fenômenos observados em relação ao objeto de estudo – preservação do acervo
bibliográfico de uma biblioteca especializada em Arquitetura e Urbanismo. Vale a
ressalva de que, ao mesmo tempo em que se faziam as observações, se faziam as
fotografias da realidade do espaço.
O registro fotográfico da biblioteca ilustra aquilo que foi mencionado no
capítulo anterior, ou seja, a conservação, o cuidado do acervo, a iluminação. Mauad
(2004, p. 20), ao falar sobre cultura visual e imagem técnica, diz:
Desde as últimas décadas do século XIX a percepção visual do mundo foi marcada pela utilização de dispositivos técnicos para a produção das imagens. A demanda social foi se ampliando ao longo do século XX, a ponto de podermos contar a sua história por meio das imagens técnicas, notadamente a fotografia. Sendo assim, as imagens técnicas na sua dimensão de documentos monumentos da história contemporânea devem ser trabalhadas a partir da ampliação da noção de testemunho.
A fotografia nos apresenta a realidade presenciada/registrada. No caso deste
estudo, os espaços da biblioteca em que se registrou principalmente aspectos de
armazenamento dos materiais, sendo possível analisar nos mesmos os desgastes
por eles sofridos com o tempo e com as condições ambientais na biblioteca.
Outro aporte metodológico que nos ajudou a compreender esta unidade de
informação no que concerne à preservação e conservação do acervo bibliográfico foi
o questionário aplicado com a bibliotecária gestora.
O questionário é “[...] uma técnica para obtenção de informações sobre
sentimentos, crenças, expectativas, situações vivenciadas e sobre todo e qualquer
dado que o pesquisador(a) deseja registrar para obter os resultados de seu estudo”
(OLIVEIRA, 2013, p. 83).
38
A aplicação desta técnica procurou responder algumas das lacunas
encontradas na pesquisa apenas com a observação. Foram feitas perguntas a
respeito de programas de preservação, se existe algum na biblioteca; perguntas
relacionadas à higienização do acervo e de medidas tomadas pela biblioteca para
proteger os materiais contra roubos, furtos e desastres, além de questões sobre o
mobiliário da biblioteca.
Essas técnicas de coleta de dados, incluídas na pesquisa social, aqui
adotadas – pesquisa bibliográfica, observação, questionário e registro fotográfico, se
interconectam e se complementam. Através delas é possível acessar o
conhecimento já produzido e descrito neste trabalho, mapeando cuidados na
preservação de acervos bibliográficos, os riscos e seus respectivos meios/formas de
evitar danos aos livros e materiais impressos que constituem o acervo da biblioteca
– tema desta monografia. Estes aspectos são apresentados no capítulo a seguir,
onde se faz uma pequena introdução acerca da biblioteca em estudo, para
prosseguir à análise dos resultados, finalizando com um quadro de sugestões
oferecidas diante dos problemas encontrados na unidade informacional.
39
4 A BIBLIOTECA ESPECIALIZADA EM ARQUITETURA E URBANISMO
A biblioteca em estudo é uma Biblioteca Especializada na área de Arquitetura
e Urbanismo, integrante de um sistema de bibliotecas. Está subordinada a um
Departamento acadêmico, de onde depende financeiramente, e se integrou a um
sistema de bibliotecas em 2008, quando passou a realizar as atividades de seleção,
tombamento, tratamento temático e descritivo da informação.
O acervo da biblioteca é composto por Livros; Periódicos; Obras de
Referência como Dicionários e Enciclopédias; Multimeios; Anais de eventos; Teses;
Dissertações e Trabalhos Finais de Graduação contendo Pranchas arquitetônicas e
Perspectivas (imagens). A aquisição de materiais na biblioteca se dá principalmente
por doação, e pequena parte por compra.
Atualmente o corpo de funcionários é composto de 01 (uma) bibliotecária, 01
(uma) servidora e 04 (quatro) bolsistas, sendo 02 pela manhã e 02 à tarde. A
biblioteca tem área total de 112,40m², e se divide em três ambientes: 1) a área de
armazenagem dos documentos, com 46,90m² – quatro corredores; 2) a área de
estudo em grupo, com 48,90m² – que contém 05 (cinco mesas) redondas para
estudo e 04 (quatro) computadores para consulta; e 3) a sala de administração com
banheiro, somando 26,60m².
A Imagem 01 apresenta uma visão geral da biblioteca, mostrando o salão,
com a área de estudo em grupo em primeiro plano, e a área de acervo em segundo
plano. A Imagem 02 mostra melhor a área de estudo em grupo, e ainda a sala de
administração com o banheiro ao fundo. Esta sala abriga os materiais que chegam à
biblioteca por doação ou por compra, os materiais para descarte e os materiais em
processo de inserção no Sistema, além de ter 02 (dois) computadores para os
funcionários.
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Imagem 01: Salão da biblioteca.
Fonte: A autora, 2015.
Imagem 02: Área de estudo em grupo com Sala da Administração ao fundo.
Fonte: A autora, 2015.
Os resultados da pesquisa se deram principalmente pela observação do
espaço e também com a aplicação de um questionário presencial com a bibliotecária
responsável por esta unidade de informação, por meio do qual se procurou sanar
eventuais dúvidas a respeito dos diversos aspectos sobre preservação na biblioteca,
tais como programas de preservação, medidas adotadas, higienização do acervo,
entre outros.
A respeito do armazenamento dos materiais bibliográficos na biblioteca em
estudo, pode-se dizer que a mesma tenta se adequar às recomendações
observadas em diversas referências. As estantes estão afastadas das paredes a
pelo menos 05 centímetros e a 80 centímetros de distância entre uma e outra, e as
últimas prateleiras estão elevadas a cerca de 30 centímetros do chão.
A maioria das estantes tem prateleiras de 22 a 24 centímetros de largura;
apenas 08 estantes, ocupando o que seria um corredor, medem 34 centímetros e
armazenam os periódicos e parte das monografias estilo Trabalho Final de
Graduação (TFG). As estantes seguem o modelo antigo da biblioteca central do
sistema de bibliotecas no qual está inserida, e por suas medidas serem pequenas,
em sua maioria, não se adequam a todos os materiais encontrados no acervo, como
se pode observar na Imagem 03. Algumas das estantes sofreram ainda processo de
corrosão e degradação da tinta esmalte, mas foi relatado pela bibliotecária no
questionário aplicado que está prevista a aquisição de novas estantes.
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Imagem 03: Materiais de grandes dimensões.
Fonte: A autora, 2015.
A imagem acima apresenta dois exemplos de material informacional de
grande dimensão. O primeiro material, além de grande, não é composto de capa
dura, o que torna seu acondicionamento na posição vertical inviável, portanto ocupa
na estante um lugar separado e longe da classificação a que lhe foi atribuída. O
segundo material é uma tese que pôde ser acondicionada na posição vertical mas
que desta forma ocupa espaço na área de circulação, ultrapassando 20 centímetros
da prateleira. Outros materiais de grande dimensão em relação à altura são
armazenados, quando cabem na estante, com a lombada voltada para cima para
facilitar a localização; esta ação, como visto anteriormente, pode forçar a cola da
encadernação e assim diminuir a vida útil destes materiais.
No que diz respeito aos TFGs, estes são entregues à biblioteca por meio de
doação, e geralmente são entregues em pastas plásticas ou em caixas de papelão,
como mostra a Imagem 04, de forma a agrupar todo o conteúdo produzido –
monografia, podendo ou não conter projeto de pesquisa, pranchas arquitetônicas e
perspectivas. As pranchas e perspectivas geralmente são acondicionadas
individualmente em pastas de polipropileno, mostrado na Imagem 05.
Imagem 04: Monografias.
Fonte: A autora, 2015.
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Imagem 05: Pranchas arquitetônicas guardadas em pastas de polipropileno.
Fonte: A autora, 2015.
Os outros tipos de material, como Materiais de referência, Folhetos, Teses,
Dissertações, e Periódicos são armazenados nas estantes, contando com apoio de
bibliocantos. No que se refere ao acondicionamento de periódicos, é preferível o uso
de caixas divisórias que permitam a estabilidade dos materiais dentro dela, mas, por
falta de verba, o Departamento ao qual a biblioteca está vinculada adquiriu poucas
caixetas, que não foram suficientes para a quantidade de material. Por este motivo,
estes materiais acabam por inclinar e sofrer deformações, como pode se observar
na Imagem 06 abaixo.
Imagem 06: Armazenamento de periódicos.
Fonte: A autora, 2015.
No que se refere à limpeza da biblioteca, esta ocorre ao menos uma vez por
semana, geralmente na sala de administração e na área de estudo em grupo. A área
43
do acervo não é limpa muito frequentemente por falta de disponibilidade da equipe
de limpeza. Por esse motivo, esta área é bem empoeirada, assim como as estantes
que acomodam os materiais que ainda não foram inseridos no sistema, como é visto
na Imagem 07. A limpeza consiste em limpar o banheiro, varrer o chão e (às vezes)
espanar as estantes e livros. Este tipo de limpeza não é o mais adequado para
áreas de armazenagem de material bibliográfico, pois espalha ainda mais a sujeira,
que se deposita nos materiais acelerando assim seu processo de degradação.
Imagem 07: Poeira nos livros e estantes.
Fonte: A autora, 2015.
A Imagem 07 acima mostra um livro que ainda não foi inserido no acervo, e
está bastante empoeirado, e a estante é da área de armazenagem do acervo
disponível aos usuários. Foi relatado no questionário pela bibliotecária que os
materiais não inseridos no acervo não passam por nenhuma limpeza, ao contrário
do acervo ao público, que, ainda que com baixa frequência, recebe esta limpeza –
por isso, é notável a diferença em relação à quantidade de poeira no livro e na
estante. A poeira foi o maior problema identificado na biblioteca em relação aos
fatores ambientais.
O segundo fator diz respeito à temperatura. A biblioteca conta com 02 (dois)
aparelhos de ar condicionado, que são ligados diariamente das 8h às 17h, horário
de funcionamento da biblioteca, exceto nos finais de semanas e feriados. O fato dos
aparelhos de ar condicionado não funcionarem o tempo inteiro provoca nos
documentos os movimentos de alongamento e contração das fibras de papel. Esses
movimentos aceleram a degradação dos materiais, como visto anteriormente.
Normalmente os aparelhos são ligados na temperatura de 22 ºC, mas seu
posicionamento não é favorável a todos os documentos – o primeiro corredor de
livros, o mais distante, é um corredor quente. A biblioteca sofre com a falta de
44
ventilação, pois as janelas somente são abertas quando há queda de energia. A
temperatura alta na área do acervo e o ambiente sem circulação de ar induzem o
aparecimento de agentes biológicos, como já foi relatado o aparecimento de baratas.
Quanto à iluminação na biblioteca, as luminárias seguem um padrão, no estilo
das demais bibliotecas do sistema no qual está inserida, com um filtro espelhado
dispersor dos raios emitidos pelas lâmpadas fluorescentes, observados na Imagem
08. Elas totalizam 20 conjuntos com 04 (quatro) lâmpadas, na área comum da
biblioteca, e são ligadas 10 (dez) horas por dia, durante o horário de funcionamento
da biblioteca.
Imagem 08: Luminárias.
Fonte: A autora, 2015.
No que se refere à iluminação solar, as nove janelas da biblioteca são
protegidas por cortinas persianas (Imagem 09) e as janelas laterais ao prédio são
protegidas também por uma parede de cobogó9, que serve tanto para controle da
irradiação solar, quanto do calor. Ela está um pouco afastada das paredes externas
da biblioteca e protegem toda a lateral, como se pode ver na Imagem 10. As janelas
são ainda protegidas por grades, que ajudam a proteger a biblioteca de roubos e
invasões.
9 Cobogó: “Nome que se dá [...] ao tijolo furado ou ao elemento vazado feito de cimento empregado
na construção de paredes perfuradas, cuja função principal seria a de separar o interior do exterior, sem prejuízo da luz natural e da ventilação. Nome que se generalizou para designar os elementos celulares usados como quebra-sol.” [...] (CORONA; LEMOS, 1972). A parede de cobogó, no caso da biblioteca, serve para proteger a parede externa da irradiação do sol, provocando assim conforto térmico, energético e lumínico.
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Imagem 09: Janelas com persianas.
Fonte: A autora, 2015.
Imagem 10: Parede de cobogó.
Fonte: A autora, 2015.
A respeito de pequenos reparos, são realizados apenas alguns cuidados
paliativos para melhorar o estado do livro, como colagem de páginas soltas com fita
adesiva, como se observa na Imagem 11. Esta atividade é realizada pelos bolsistas
da biblioteca, por falta de profissional, e são realizadas com fita adesiva, pois é o
único material disponível, visto que a biblioteca não dispõe de material de restauro.
Imagem 11: Pequenos reparos com fita adesiva.
Fonte: A autora, 2015.
Sobre o risco de desastres, esses podem ocorrer por água ou por fogo. O
risco de desastre por água pode acontecer tanto a partir do banheiro que existe na
sala da administração, quanto pelo bebedouro no mesmo ambiente. Foi relatado
pela bibliotecária que antes da reforma que o prédio sofreu em 2010, o forro da
biblioteca era de PVC, e por isso ocorriam infiltrações quando chovia muito, o que
46
acabou por danificar alguns materiais. Além disso, havia muitos gatos andando pelo
forro, o que levou às funcionárias a acreditar que os materiais podem ter se
danificado também pela urina dos animais. Alguns exemplos de materiais
danificados pela água são apresentados na Imagem 12:
Imagem 12: Degradação por água.
Fonte: A autora, 2015.
O risco de incêndio pode ocorrer por curtos-circuitos nos sistemas elétricos, e
também porque os aparelhos eletrônicos não são desligados da tomada ao final do
expediente.
Os principais problemas encontrados diretamente nos materiais são danos às
lombadas e cabeças dos livros, mostrados na Imagem 13. Esse desgaste dá-se pelo
tempo e reunião de todos os fatores intrínsecos e extrínsecos à produção do livro.
Entretanto, a principal causa deste tipo de degradação diz respeito ao manuseio
inadequado por parte dos usuários. Isto ocorre quando o material é retirado da
estante sendo puxado pela lombada, erro que é muito comum em todas as
bibliotecas, e é o principal dano visível nos materiais.
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Imagem 13: Desgaste das lombadas e cabeças dos livros.
Fonte: A autora, 2015.
Os periódicos, pastas de monografias e materiais que não são compostos de
capa dura sofrem deformações devido ao armazenamento inadequado nas estantes,
ilustrado pela Imagem 14. A imagem é formada por duas fotografias. Na primeira,
são exibidas algumas pastas de Monografia que sofreram deformações tanto pela
fragilidade do próprio material (plástico), quanto pelo manuseio e acondicionamento
inadequados. Este manuseio parte não somente da biblioteca, mas dos próprios
usuários que retiram os materiais das estantes e não cuidam em reorganizá-los
novamente para que não tenham nenhuma inclinação.
A segunda fotografia retrata os materiais de encadernação mole, o que os
torna mais frágeis. São materiais esperando a seleção para fazer ou não parte da
coleção no acervo, mas seu acondicionamento está inadequado, pois a posição com
os cortes laterais para baixo força as encadernações além de deformar as folhas.
Estes materiais, mesmo não fazendo parte diretamente do acervo, também contém
informação importante de ser preservada.
Imagem 14: Materiais que sofreram deformações.
Fonte: A autora, 2015.
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Além dos problemas já apresentados, foram identificados ainda alguns
ataques por agentes biológicos, observados na Imagem 15 abaixo.
Imagem 15: Degradação por agentes biológicos.
Fonte: A autora, 2015.
Foi relatado pela bibliotecária, em resposta ao questionário, que a biblioteca
não tem nenhum programa de preservação e não realiza nenhuma medida de
proteção do acervo, nem contra os desgastes causados pelos diversos motivos já
vistos, nem contra roubos ou furtos, pois nunca houve relatos desta prática.
Diante dos problemas identificados em relação à preservação dos acervos
bibliográficos na biblioteca em estudo, é possível perceber a importância de um
programa ou política de preservação e conservação destes acervos. Como esta
biblioteca integra um sistema de bibliotecas, esta política poderia ser idealizada
inicialmente pelo próprio sistema, ou sede, e adequada a cada unidade de
informação. Abaixo se apresentam algumas soluções possíveis diante dos
problemas observados.
Quadro 03: Sugestões para os problemas encontrados na biblioteca.
PROBLEMA SUGESTÃO
ARMAZENAMENTO
1. Estantes com prateleiras inadequadas para o tamanho de certos materiais.
São muitos materiais os que não cabem perfeitamente nas estantes pelo tamanho reduzido, portanto sugere-se aquisição de estantes com tamanho padrão maior, para acondicionar estes materiais adequadamente.
2. Materiais que são acondicionados com a lombada voltada para cima por causa da altura entre as prateleiras.
No caso dos materiais que são armazenados com a lombada voltada para cima por causa de sua altura, recomenda-se reajustar estas prateleiras, aumentando o espaçamento entre as mesmas, de forma que os livros
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caibam na posição vertical, não forçando desta forma suas encadernações.
3. Periódicos que sofrem deformações com o apoio dos bibliocantos.
A maioria dos periódicos que se encontram nas extremidades das prateleiras sofrem alguma deformação por conta da sua forma de acondicionamento e o material de sua encadernação. Portanto, sugere-se a compra de caixas organizadoras adequadas para este tipo de material, demandando assim do departamento mantenedor um comprometimento maior com os materiais da biblioteca.
LIMPEZA 1. Frequência e método de limpeza na biblioteca.
É importante que se tenha uma rotina de limpeza que não se restrinja à retirada de lixo da biblioteca. Precisa-se ter uma cobrança maior da equipe de limpeza, que deve se preocupar também com a limpeza dos materiais e das estantes da biblioteca, principalmente nos materiais não inseridos nos sistema, que estão em constante contato com a poeira. Esta limpeza também deve ocorrer de forma a espalhar o mínimo possível esta poeira no ambiente.
TEMPERATURA
1. Aparelhos de ar condicionado.
Como os dois aparelhos existentes não atendem à necessidade dos materiais, há duas sugestões: 1. Troca por aparelhos com maior potência que consigam resfriar áreas quentes da biblioteca; ou 2. Aquisição de mais um aparelho, posicionado de forma a favorecer as áreas que não são atendidas pelos aparelhos que já existem.
2. Pouca ventilação.
Como a biblioteca só recebe ventilação natural quando há queda de energia, recomenda-se que haja uma frequência na abertura das janelas, de forma a arejar o ambiente e evitar o aparecimento de agentes biológicos.
PEQUENOS REPAROS
1. Falta de materiais e pessoal.
No que diz respeito à falta de materiais adequados para as práticas de pequenos reparos, é recomendado também um comprometimento maior do departamento, fazendo assim a aquisição destes materiais, visto que os materiais escolares de que a biblioteca dispõe não são muito adequados para estas práticas. Quanto ao pessoal, é inviável economicamente para a biblioteca a contratação de uma pessoa especializada, dado o volume de material ser pequeno. Portanto, é
50
importante um treinamento com os funcionários e bolsistas, de forma a realizar estas tarefas sem danificar o material.
RISCOS
1. Água.
Atentar para possíveis infiltrações no prédio, realizando inspeções no sistema hidráulico do banheiro. Prestar bastante atenção na troca do garrafão de água no bebedouro, e também para possíveis vazamentos no aparelho.
2. Fogo.
Realizar inspeções periódicas no sistema elétrico do prédio. Retirada dos aparelhos eletrônicos das tomadas ao final do expediente.
AGENTES BIOLÓGICOS
1. Condições ambientais.
Procurar ao máximo se adequar às recomendações da literatura, principalmente no que diz respeito à temperatura e umidade.
2. Alimentos.
Procurar não fazer refeições no interior da biblioteca, e quando o fizer, providenciar a limpeza do ambiente e retirada do lixo.
AGENTE HUMANO
1. Usuários.
Realizar campanhas educativas de conscientização com os usuários em relação ao manuseio inadequado. Procurar monitorar a conduta dos usuários em relação aos materiais quando consultados na biblioteca, no que diz respeito à marcação com canetas, dobrar ou arrancar páginas, forçar a encadernação, puxar os livros da estante pela lombada, etc.
2. Instituição.
Procurar sempre vistoriar e posicionar os materiais na estante de forma adequada, para não ter materiais inclinados e assim causando deformações. Não deixar os materiais muito apertados, facilitando a retirada da estante e evitando dano às lombadas e por atrito entre as capas. Instalar sistema de detecção magnética ou de vigilância eletrônica, evitando assim as práticas de roubo e furto.
PROGRAMAS DE PRESERVAÇÃO
Criar um programa de preservação junto ao sistema de bibliotecas, estabelecendo algumas normas de preservação e de conduta da biblioteca, visando assim prolongar a vida útil dos materiais. Criar programas de proteção contra desastres.
Fonte: A autora, 2015.
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A vivência em loco nessa biblioteca especializada em Arquitetura e Urbanismo
permitiu conhecê-la enquanto unidade de informação e instituição de memória.
Como foi possível observar, em alguns momentos, a biblioteca não se adequa com a
literatura referente à preservação dos materiais bibliográficos. Esta é uma situação
que pode ser mudada a partir da instituição de uma visão mais ampla da biblioteca,
promovendo assim uma visão da mesma como a instituição de memória que é.
Portanto, é imprescindível a adoção de programas e políticas de preservação,
conservação e restauração no sistema de bibliotecas ao qual está inserida, de forma
a proteger o acervo por meio de normas aplicadas e adequadas a cada unidade de
informação.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabemos hoje que o acesso à informação no mundo contemporâneo ganhou
novos dispositivos e se oferece através de equipamentos tecnológicos ou de novas
mídias, com uma velocidade e fluxo cada vez mais acelerado. A internet, com seu
vasto mundo de possibilidades de armazenamento e disseminação de informação,
cumpre papel importante no apoio à pesquisa e/ou ao contato com informações de
todas as naturezas. Contudo, a despeito da incontestável importância desse
dispositivo, os acervos físicos ainda são grandes referências no contato com a
produção cultural e espiritual da humanidade.
Os fatores de preservação do acervo bibliográfico servem tanto para garantir
o acesso à informação quanto para uso/manuseio e disposição destes nos espaços
da biblioteca. As informações contidas nos materiais bibliográficos devem estar à
disposição do leitor, mas, para isso, faz-se necessário uma política de preservação e
conservação do acervo para que estes tenham maior durabilidade e possam ser
consultados para mais pessoas por mais tempo.
Cuidar do acervo, garantindo a sua preservação, exige conhecimento técnico
e olhar apurado para identificar riscos de degradação dos documentos. Entretanto,
esses cuidados nem sempre são conhecidos, assim como os riscos mais comuns de
deterioração. Portanto, a conservação do acervo inclui campanhas informativas a
respeito do manuseio ao livro; controle das condições ambientais no local de guarda
e vistoria do material gráfico onde se detecta a necessidade de reparos aos
desgastes, podendo assim fazer pequenos reparos como cuidados paliativos. Desta
forma, é possível garantir o acesso à informação a partir da longevidade dada ao
acervo por meio das ações preventivas.
O resultado desse trabalho de investigação revelou, primeiro, um conjunto de
estratégias para se garantir a saúde física dos materiais constituintes do acervo.
Passar em leitura referências teóricas sobre o assunto introduziu um vasto campo
de possibilidades de atuação prática no exercício da função de bibliotecária, assim
como descortinou meios de contribuir com usuários, setor público, privado e
profissionais da área no tocante a sugerir meios de preservação e manutenção de
acervos.
53
A identificação de fragilidades na guarda, nas condições climáticas e físicas,
no quadro funcional, na constituição do acervo, etc., sugerem um distanciamento da
presença de uma política de valorização do acervo por parte da instituição. Embora
sejam conhecidas as dificuldades financeiras vivenciadas no contexto atual, não se
justifica que o patrimônio maior a ser legado a uma sociedade, que é o
conhecimento produzido ao longo da sua história, não seja visto como prioridade
nos momentos de distribuição de verbas. Além da falta de recursos financeiros,
identifica-se também a necessidade de alocação e qualificação de quadros
profissionais para uma gestão satisfatória do espaço. Os servidores, estagiários e
bolsistas, só minimamente atendem à função daquela biblioteca especializada.
Dos estudos feitos, a respeito dos meios de preservação do acervo, se
percebe uma grande necessidade de disseminação e popularização do
conhecimento das estratégias de cuidar, preservar e manter os materiais do acervo,
devendo este ser socializado com usuários e o público em geral. As regras de uso
do espaço e dos materiais, as formas de armazenamento e uso, os cuidados com o
ambiente, são imprescindíveis que sejam conhecidas, para, com a ferramenta da
informação, se garantir os cuidados mínimos.
Além da informação, a mantenedora da Biblioteca deve se preocupar com a
modernização dos mecanismos de fiscalização e vigilância do espaço. Hoje em dia,
frente ao clima de violência que as cidades enfrentam, são comuns, na esfera
pública e/ou na privada, o uso de câmeras de vigilância, que contribuem para inibir
e/ou punir eventuais crimes contra pessoas ou patrimônio. Essa estratégia, além da
adoção de detector magnético para controle dos livros, seria recomendável para se
garantir, no âmbito da Biblioteca, a integridade do acervo ali contido.
Finalizando, sugerimos também que alunos formandos do curso de
Bacharelado em Biblioteconomia desenvolvam seus estágios obrigatórios nesse
espaço, para aprimorarem seus conhecimentos técnicos e identificarem meios de
conservar o patrimônio até agora disponível como legado das gerações passadas.
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REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2010. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR6.pdf>. Acesso em: 23 set. 2015. CASSARES, Norma Cianflone; MOI, Cláudia. Como fazer conservação preventiva em arquivos e bibliotecas. São Paulo: Arquivo do Estado, Imprensa Oficial, 2000. CORADI, Joana Paula; EGGERT-STEINDEL, Gisela. Técnicas básicas de conservação e preservação de acervos bibliográficos. Revista Acb: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 13, n. 2, p.347-363, jul. 2008. CORONA, Eduardo; LEMOS, Carlos A. C. Dicionário da Arquitetura Brasileira. São Paulo: EDART, 1972. COSTA, Marilene Fragas. Noções básicas de conservação preventiva de documentos. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003. DEDETIZADORA VILHENA. Dedetização por Termonebulização. 2014. Disponível em: <http://www.dedetizadoravilhena.com.br/index.php?option=com_content&view=a rticle&id=49&Itemid=55>. Acesso em 06 dez. 2015. FREITAS, Flávio Rodrigo Silva de. Temáticas de preservação documental empregadas no Núcleo Temático da Seca e do Semi-Árido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2011. 48 f. TCC (Graduação) - Curso de Biblioteconomia, Departamento de Ciência da Informação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2011. GUIMARÃES, Nanci Gonçalves Ribeiro. Prevenção de acervos bibliográficos contra os agentes deteriorantes. 2007. 91 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós Graduação em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté, Taubaté, 2007. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. LAKATOS Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LEIPNITZ, Fernando. Gerenciamento de Riscos na Preservação de Acervos Bibliográficos. 2009. 77 f. TCC (Graduação) - Curso de Biblioteconomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. MACHADO, Alzemi. Conservação preventiva em acervos. Brasília, 2013. (Material didático).
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APÊNDICE
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APÊNDICE A – Questionário 1. A biblioteca é subordinada a quê? 2. Como se compõe o corpo de funcionários da biblioteca? 3. Qual a área total da biblioteca? E individualmente do acervo; da área de estudo em grupo e da sala de administração? 3. De que se compõe o acervo da biblioteca? 4. Como é a aquisição de materiais pela biblioteca? 5. A biblioteca tem algum programa de preservação? 6. Quais as medidas realizadas pela biblioteca que visam a proteção dos materiais contra a degradação? 7. As estantes disponíveis na biblioteca seguem um padrão no sistema de bibliotecas ou dependem apenas do Departamento? 8. As teses, dissertações e TFGs chegam à biblioteca por meio de doação ou os alunos são obrigados pelo Departamento? 9. Porque os TFGs são acondicionados em pastas? Seguem algum tipo de padrão? 10. No que se refere ao acondicionamento dos periódicos, porque os mesmos não são acondicionados em caixas que os acomodem de forma mais adequada? 11. No que se refere à limpeza da biblioteca, com que frequência ocorre? Todos os ambientes da biblioteca são limpos com a mesma frequência? 12. Como é feita esta limpeza? 13. A estante de materiais que ainda não foram adicionados ao acervo acumulam bastante poeira. Porque estes materiais não são limpos com frequência? 14. A que temperatura geralmente são ligados os aparelhos de ar condicionado? Eles ficam ligados diariamente em qual período? 15. As janelas da biblioteca são abertas com alguma frequência? 16. As luminárias da biblioteca seguem algum padrão no sistema de bibliotecas, ou na instituição? 17. São feitos pequenos reparos nos livros que necessitam? Se sim, quais são estes, quais os materiais utilizados e quem os realiza? 18. Quais os recursos de que a biblioteca dispõe para tais procedimentos?
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19. Há alguns livros com manchas que parecem de água ou de umidade. Já ocorreu algum evento de desastre provocado por água na biblioteca? 20. Quais as medidas de proteção da biblioteca em relação aos desastres provocados por água ou por fogo? 21. Quais as medidas de proteção da biblioteca contra atos de vandalismo (riscar, arrancar páginas, dobrar as folhas, etc.) ou de roubo/furto? Há relatos destes problemas? Se sim, quais? 22. Já foram encontrados agentes biológicos como insetos, roedores, cupins na biblioteca?