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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ESTADO DA ARTE DO MÉTODO DE ELEVAÇÃO ARTIFICIAL BOMBEIO MECÂNICO DE PETRÓLEO Gustavo Henrique França de Sena Orientador: Prof. Dr. Rutácio de Oliveira Costa Natal/RN Novembro de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ESTADO DA ARTE DO MÉTODO DE ELEVAÇÃO ARTIFICIAL BOMBEIO

MECÂNICO DE PETRÓLEO

Gustavo Henrique França de Sena

Orientador: Prof. Dr. Rutácio de Oliveira Costa

Natal/RN

Novembro de 2016

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DEDICATÓRIA

A Deus, em primeiro lugar, que estive sempre

presente ao meu lado me concedendo muita força

e fé na consolidação desta conquista.

Aos meus pais, Josefa de França e Francisco de

Assis de Sena, pelo o apoio e confiança nos

momentos em que mais precisei.

A todos que de alguma forma, direta ou

indiretamente, se fizerem presentes me dando total

assistência e conforto nos percalços desta

caminhada.

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AGRADECIMENTOS

À minha família, em especial aos meus pais, que sempre me deram carinho,

educação e me conduziram para o caminho certo.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Rutácio de Oliveira Costa, pelo apoio, atenção e

confiança, estando sempre disponível para tirar dúvidas e ajudar no desenvolvimento

deste trabalho.

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FRANÇA DE SENA, Gustavo Henrique – “Estado da arte do método de elevação

artificial bombeio mecânico de petróleo”. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de

Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal – RN,

Brasil.

Orientador: Prof. Dr. Rutácio de Oliveira Costa

RESUMO

Quando a energia disponível na forma de pressão de reservatório é insuficiente para elevar

os fluidos até a superfície, em regime permanente, então se faz necessário a

complementação dessa pressão através de métodos de elevação artificial. Estes métodos

consistem na utilização de equipamentos e tecnologias para viabilizar economicamente a

produção de óleo ou gás. O método de elevação artificial em estudo neste trabalho é o

bombeio mecânico que destaca-se como sendo o método mais antigo, como também o

mais empregado em números de poços no Brasil e no mundo. Neste trabalho foi realizada

uma revisão bibliográfica dos últimos anos e observou-se que a indústria nesse período

de tempo vem automatizando ao máximo as unidades de bombeio, inserindo utensílios

tecnológicos como o software de otimização, o variador de frequência e dispositivos para

ajustar curso e balancear a unidade. Isto com o intuito de reduzir os custos e fazer em

menos tempo as tarefas rotineiras da unidade, além de dar uma maior segurança

operacional e maximizar a produção do poço por não ser preciso parar a produção para

realizar tais tarefas. Esses aparatos tecnológicos também são inseridos para lidar com os

problemas causados na produção de petróleo. Neste trabalho, apresentam-se tecnologias

que lidam com problemas provocados pela produção de areia, como por exemplo.

Palavras-chave: Elevação artificial, bombeio mecânico, utensílios tecnológicos,

tecnologias.

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FRANÇA DE SENA, Gustavo Henrique – “Estado da arte do método de elevação

artificial bombeio mecânico de petróleo”. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de

Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal – RN,

Brasil.

Orientador: Prof. Dr. Rutácio de Oliveira Costa

ABSTRACT

When the available energy in the form of reservoir pressure is insufficient to raise the

fluids to the surface in permanet state, then it is necessary to complement this pressure by

means of artificial lift methods. These methods consist of the use of equipment and

technologies to make the production of oil or gas economically viable. The artificial lift

method studied in this work is the sucker-rod pumping that in turn stands out as the oldest

method, as well as the most used in numbers of wells in Brazil and in the world. In this

work it was made a bibliographic review of recent years and it was observed that the

industry in this period of time has automated to the maximum the units of pumping,

inserting technological tools such as optimization software, variable speed drive, and

devices to adjust stroke and balance the unit. This in order to reduce costs and make in

less time the routine tasks of the unit, besides giving greater operational safety and

maximizing well production because it is not necessary to stop the production to carry

out such tasks. These technological devices are also inserted to deal with the problems

caused in the production of petroleum. In this work, are present technologies that deal

with problems caused by the production of sand, for example.

Keywords: Artificial lift, sucker-rod pumping, technological tools, technologies.

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SUMÁRIO

1 OBJETIVOS E METODOLOGIA .................................................................. 12

1.1 Objetivos do trabalho ........................................................................................... 12

1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................ 12

1.1.2 Objetivo específico .................................................................................... 12

1.2 Metodologia ......................................................................................................... 12

2 INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................. 14

2.1 Introdução ............................................................................................................ 14

2.2 Histórico .............................................................................................................. 15

2.2.1 A ascensão da unidade de bombeio ........................................................... 16

2.3 Descrição do método ........................................................................................... 17

3 ESTADO DA ARTE .......................................................................................... 22

3.1 Polia com catraca ................................................................................................. 22

3.2 Medidores de fundo de poço ................................................................................ 24

3.3 Bomba de hastes com tela de filtragem integral .................................................. 25

3.4 ROTAFLEX ........................................................................................................ 29

3.5 Unidade hidráulica de bombeio ........................................................................... 30

3.6 Unidade de bombeio inteligente .......................................................................... 32

3.7 Unidade de bombeio linear (linear rod pump) .................................................... 33

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................ 37

4.1 Conclusões ........................................................................................................... 37

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4.2 Recomendações ................................................................................................... 38

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 40

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Distribuição de poços por método de elevação artificial .............................. 14

Figura 2.2: Sistema de bombeio mecânico ...................................................................... 17

Figura 2.3: Poço equipado com bombeio mecânico ........................................................ 18

Figura 2.4: Bomba de fundo ............................................................................................ 18

Figura 2.5: Curso ascendente .......................................................................................... 19

Figura 2.6: Curso descendente ........................................................................................ 20

Figura 2.7: Unidade de bombeio ..................................................................................... 20

Figura 3.1: Esquema da polia com catraca embutida ...................................................... 23

Figura 3.2: Foto da polia com o ímã permanente ............................................................ 23

Figura 3.3: Foto do novo sistema de polia na unidade de bombeio ................................ 23

Figura 3.4: Componentes básicos da nova tecnologia ..................................................... 25

Figura 3.5: Ilustração da operação da bomba durante o curso ascendente ...................... 27

Figura 3.6: Ilustração da operação da bomba durante o curso descendente .................... 28

Figura 3.7: Unidade de bombeio ROTAFLEX ............................................................... 29

Figura 3.8: Unidade hidráulica de bombeio instalada diretamente na cabeça do poço ... 31

Figura 3.9: Unidade de bombeio linear ........................................................................... 33

Figura 3.10: Componentes da unidade de bombeio linear .............................................. 34

LISTA DE SÍMBLOS E ABREVIATURAS

BM Bombeio mecânico

BCS Bombeio centrífugo submerso

BCP Bombeio de cavidades progressivas

PIP Pressão de entrada na bomba

PDP Pressão de descarga da bomba

Phead Pressão na cabeça do poço

ID Diâmetro interno

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OD Diâmetro externo

UB Unidade de bombeio

LRP Linear rod pump

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CAPÍTULO 1:

Objetivos e metodologia

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1 OBJETIVOS E METODOLOGIA

1.1 Objetivos do trabalho

1.1.1 Objetivo geral

O trabalho tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica dos últimos anos e

descrever o nível mais alto de desenvolvimento do bombeio mecânico como método de

elevação artificial, bem como quais as principais tendências de evolução tecnológica da

indústria.

1.1.2 Objetivo específico

Descrever tecnologias inovadoras de unidades de bombeio mecânico e bombas de

fundo recentemente desenvolvidas.

1.2 Metodologia

Pesquisa na literatura de maneira exploratória, descritiva e explicativa na qual se

fez uma análise crítica das publicações correntes e fez uso de levantamentos

bibliográficos sobre o método de elevação bombeio mecânico.

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CAPÍTULO 2:

Introdução geral

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2 INTRODUÇÃO GERAL

2.1 Introdução

Quando o reservatório não possui energia suficiente na forma de pressão para

produzir por surgência, ou seja, a energia disponível do reservatório é menor que a

necessária para o escoamento dos fluidos até a superfície por meio da elevação natural,

se faz necessário a complementação dessa pressão através de métodos de elevação

artificial.

Os métodos de elevação artificial mais usuais empregados na indústria são o

bombeio mecânico (BM), o bombeio centrífugo submerso (BCS), o bombeio de

cavidades progressivas (BCP) e o gas lift. (COSTA, Rutácio. 2008)

Dentre os métodos de elevação artificial, destaca-se o bombeio mecânico como o

mais antigo, como também aplicado ao maior número de poços no Brasil e no mundo.

“Estevam (2006) mostra que 94 % de todos os poços de petróleo do mundo são equipados

com algum método de elevação artificial (Ver Figura 3.1). Destes, 71 % são equipados

com bombeio mecânico. Na Petrobras, cerca de 70 % dos poços produtores são equipados

com bombeamento mecânico alternativo.” (COSTA, Rutácio. 2008)

Figura 2.1: Distribuição de poços por método de elevação artificial

Fonte: Costa, Rutácio. 2008.

Um dos principais e mais frequente problema associado ao bombeio mecânico é

a produção de areia. Como em BM a velocidade do fluxo do fluido é insuficiente para

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manter a areia suspensa de modo que ela possa ser trazido para superfície, então ela acaba

precipitando no topo da bomba, causando um desgaste prematuro dos componentes da

mesma e ainda uma redução da sua eficiência. Entre outros problemas associados ao

bombeio mecânico, temos: gás livre na sucção da bomba, corrosão, parafina/incrustação,

alta temperatura, poços desviados, alta viscosidade do óleo, entre outros.

Quando comparado a outros métodos, o bombeio mecânico tem um baixo custo

de manutenção e investimento, tem a possibilidade de atuar com fluidos em larga faixa

de temperatura e com diferentes viscosidades e composições, tem alta eficiência

energética e tem grande flexibilidade de vazão e profundidade. (Costa, Rutácio. 2008)

Entretanto, atua basicamente em campos terrestres para elevar vazões médias de poços

rasos ou para elevar baixas vazões de poços de grande profundidade pois a medida que

aumenta a profundidade do poço, a vazão cai muito.

2.2 Histórico

O bombeio mecânico é o método mais antigo, dentre os métodos de elevação

artificial, tendo indícios de sua utilização pelos chineses há mais de 3.000 anos, para a

produção de água.

“Por volta de 476 a.c, o princípio de hastes de bombeio era conhecido por ter sido

usado no Egito. Relata-se que arqueólogos - ao escavar casas das famílias mais ricas que

existiam nos primórdios do Império Romano - encontraram bombas de dupla ação, feitas

de chumbo fundido, com pistões feitos de madeira e couro. As bombas de hastes romanas

eram feitas de madeira e trabalhavam em compressão.” (BECKWITH, Robin. 2014)

“A utilização do bombeio mecânico em poços para retirada de óleo, ocorreu mais

comprovadamente de fato em 27 de agosto de 1859, perto de Titusville, Pensilvânia,

EUA. Onde o "coronel" Edwin Laurentine Drake encontrou "óleo de rocha" em um poço

que ele deliberadamente perfurou para produzi-lo. A plataforma e as ferramentas de

Drake e seu perfurador, especialista em água salgada e ferreiro “Tio Billy” Smith, também

inauguraram a era do petróleo moderno.” (BECKWITH, Robin. 2014)

Coberly (1961) citado por (BECKWITH, Robin. 2014) escreve que a maior

influência sobre os primeiros equipamentos de produção utilizados pela indústria do

petróleo, resultou das ferramentas convencionais utilizadas para perfurar os poços: “A

haste oscilante - um meio simples e eficaz de levantar e soltar a broca - Adequados para

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operar o pistão da bomba no fundo do poço uma vez que o poço foi concluído. Ambas as

cargas de perfuração e de bombeio eram suficientemente pequenas para permitir o uso de

elementos estruturais de madeira com algumas peças de ferro para servir de pontos de

apoio. Por mais bruto que fosse o equipamento, era eficaz e barato."

O primeiro poço revestido se deu por volta de 1861. Coberly (1961) citado por

(BECKWITH, Robin. 2014) observou também que o uso do revestimento refletia direta

ou indiretamente em quase todos os avanços dos métodos de perfuração e produção. O

uso do revestimento de poço era rotineiro dentre esses 10 anos da descoberta de Drake.

As hastes de bombeio de ferro foram introduzidas no final dos anos 1800 e barras

de aço e pino de aço carbono no início de 1900. Por volta de 1917, com poços mais

profundos sendo perfurados e demandas de bombeio intensificadas, o peso da coluna de

ferro ou hastes de aço foi reconhecido como um problema. Para compensar este peso,

compósitos foram usados na fabricação de hastes, e hastes tubulares ocas foram feitas.

Em 1923 um esforço para minimizar falhas de haste envolveu o tratamento térmico de

extremidades das mesmas. Mas a normalização completa, feita em 1927, era necessária.

As hastes de bombeio de aço totalmente tratadas termicamente foram comercialmente

oferecidas a partir de 1930.

2.2.1 A ascensão da unidade de bombeio

John H. Suter citado por (BECKWITH, Robin. 2014) declara em uma patente

concedida a ele em outubro de 1925: "Ao bombear poços profundos, como poços de

petróleo, é comumente usada uma bomba alternativa, em que o movimento mecânico é

transmitido ao pistão por meio de uma haste de sucção. Em tais construções, devido ao

grande comprimento da haste de sucção requerido, são satisfeitas várias dificuldades.

Entre elas estão o estiramento da haste em cada curso, o afastamento da haste, o desgaste

excessivo da haste em fricção contra o revestimento, o peso das partes a serem movidas

e a “dobra” da haste. Esses fatores resultam em diminuição da eficiência e quebra de

peças."

Em 1932, com a evolução dos redutores, que por sua vez permitiram a introdução

de cilindros múltiplos e motores primários de alta velocidade, e com o desenvolvimento

de unidades móveis eficientes de manutenção de poços, o equipamento padrão

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normalmente utilizado para perfurar poços deu lugar as unidades de bombeio mais

parecidas com as atualmente utilizadas.

2.3 Descrição do método

No bombeio mecânico, o movimento rotativo do motor elétrico ou de combustão

interna é convertido em movimento alternativo na unidade de bombeio e transmitido à

coluna de hastes. A coluna de hastes, que tem como função conectar os equipamentos de

superfície a bomba de fundo, transmite o movimento alternativo até o fundo do poço e

aciona a bomba que eleva os fluidos até a superfície. Assim, a coluna de hastes fica se

movimentando em ciclos ascendentes e descendentes. A Figura 2.2 ilustra o sistema de

bombeio mecânico e a Figura 2.3 mostra um poço equipado com bombeio mecânico.

Figura 2.2: Sistema de bombeio mecânico

Fonte: THOMAS et al, 2004.

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Figura 2.3: Poço equipado com bombeio mecânico

Fonte: Costa, Rutácio. 2008.

A bomba de fundo utilizada no sistema de bombeio mecânico é do tipo alternativa,

de simples efeito, e tem como função elevar o fluido para superfície fornecendo energia

na forma de pressão ao fluido vindo da formação. Ela é composta basicamente de pistão,

camisa e válvulas de passeio e de pé. (Ver Figura 2.4)

Figura 2.4: Bomba de fundo

Fonte: Costa, Rutácio. 2008.

As pressões na bomba variam em função do deslocamento do pistão. No curso

ascendente, o pistão sobe, a válvula de passeio fecha devido à pressão do fluido presente

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na coluna de produção, ou seja, a pressão acima da válvula de passeio é maior do que

abaixo pois o pistão sobe comprimindo todo o fluido acima da válvula de passeio. A

pressão entre as válvulas continua a cair até que ela seja menor que a pressão de sucção.

Quando isso acontece, a válvula de pé abre e permanece aberta, permitindo a passagem

dos fluidos que estão no anular para o interior da bomba de fundo, como ilustrado na

Figura 2.5.

Figura 2.5: Curso ascendente

Fonte: Costa, Rutácio. 2008.

No curso descendente as posições se invertem, os fluidos que estão na camisa da

bomba são comprimidos, ocasionando um aumento de pressão na região entre as válvulas,

provocando o fechamento da válvula de pé a abertura da válvula de passeio, como mostra

a Figura 2.6.

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Figura 2.6: Curso descendente

Fonte: Costa, Rutácio. 2008.

A unidade de bombeio é o equipamento responsável por converter o movimento

de rotação do motor em movimento alternativo da coluna de hastes. Quanto a escolha da

unidade de bombeio para determinado poço deve-se levar em consideração o máximo

torque, a máxima carga e o máximo curso de haste polida que irão ocorrer no poço. De

modo a reduzir os esforços no motor e no redutor, todas as unidades de bombeio têm um

sistema de balanceamento de carga do poço. (Ver Figura 2.7)

Figura 2.7: Unidade de bombeio

Fonte: THOMAS et al, 2004

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CAPÍTULO 3:

Estado da arte

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3 ESTADO DA ARTE

Este capítulo abordará as evoluções tecnológicas envolvendo o método de

elevação artificial bombeio mecânico com hastes.

3.1 Polia com catraca

Trata-se de um novo tipo sistema de polia com catraca embutida (Ver Figura 3.1)

que foi desenvolvido e instalado em unidades de bombeio mecânico. Este tipo de polia

com catraca especificamente utiliza um ímã permanente para engatar e desengatar o eixo

da polia. Essa nova tecnologia tem um princípio básico de funcionamento no qual sempre

que o sistema de bombeio experimenta o torque líquido negativo, a polia desengata a

entrada de energia do eixo do redutor, assim desacoplando o seu eixo eficazmente,

permitindo o movimento livre da coluna de hastes durante o curso descendente e o

movimento livre do sistema conduzido pelo contrapeso no curso ascendente. Dessa

forma, o motor elétrico não funciona como gerador mandando energia para a rede pois

não vai ser preciso ‘frear’ a unidade. Dependendo dos períodos de torques negativos, a

polia desengata pelo menos uma vez por ciclo. (Guo et al, 2003)

Guo et al (2003), dizem que esse sistema de polia com catraca que utiliza ímã

permanente fornece dois grandes benefícios para os sistemas de bombeio mecânico: a

melhoria da vazão de produção de petróleo e a economia de energia. Com base em testes

de campo realizados em mais de 100 poços, esses mesmos autores dizem que a velocidade

de bombeamento aumentou 9% em média, a vazão de produção líquida aumentou 14%

em média e a economia de energia variou de 5% para unidades de bombeio bem

balanceadas e 40% para unidades de bombeio mal balanceadas, com média de 23%. Eles

ainda dizem que a vazão de produção de líquido é mais estável nos poços que utilizam

desta tecnologia em comparação com os que não utilizam da mesma.

Os autores em questão não especificam o país ou em qual empresa foram

realizados os testes de campo, só apresenta dados de 10 típicos poços.

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Figura 3.1: Esquema da polia com catraca embutida

Fonte: GUO et al, 2003.

Figura 3.2: Foto da polia com o ímã permanente

Fonte: GUO et al, 2003

Figura 3.3: Foto do novo sistema de polia na unidade de bombeio

Fonte: GUO et al, 2003.

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3.2 Medidores de fundo de poço

Essa tecnologia trata-se basicamente de sensores instalados no fundo do poço com

intuito de fazer medições precisas da pressão de entrada (PIP) e pressão de descarga

(PDP) da bomba, fazendo a aquisição dos dados no fundo do poço e transferindo para

superfície, em tempo real. Com esses parâmetros pode-se fazer a otimização da unidade

de bombeio em tempo real.

A implantação desses sensores de fundo de poço para medição da PIP, PDP,

temperatura e a vibração fornecem a informação exata da pressão e propriedades dos

fluidos do reservatório. Com a utilização destes dados, pode-se otimizar o

dimensionamento do equipamento de campo completo e os benefícios têm sido discutidos

no papel, como observado por Quttainah et al (2014).

Os componentes de fundo de poço do sistema de monitoramento do sensor de

fundo do poço consiste de um medidor com um mandril (instalado acima da bomba). O

mandril forma uma parte da coluna de completação que fornece uma caixa de proteção

para o medidor de temperatura e pressão. A transmissão de dados do medidor acontece

por meio do fundo do poço, o cabo do medidor volta para a superfície.

Esse sistema ainda possui um software de otimização que a partir dos dados

precisos recibidos dos sensores de fundo de poço, faz o balanciamento da unidade e

dimensiona os equipamentos da unidade para futuros poços próximos. Através do

monitoramento dos sensores é possível ajustar o cursos por minuto ou o comprimento de

curso para alcançar a produção otimizada.

Quttainah et al (2014), dizem que a partir de um estudo recente que adapta a

configuração de contrapeso com as mudanças no fluxo, observou-se que isso não só

aumenta a eficiência geral do sistema, mas também aumenta a vida do redutor e ajuda a

poupar eletricidade.

Com base em estudos de casos realizados no campo de petróleo pesado KOC,

localizado no Sul de Ratqa, e no campo de Burgan, no ano de 2014. Quttainah et al (2014),

observaram que a medição de pressão em tempo real levou à redução do equipamento

tanto para campo de petróleo convencional tanto para óleos pesados que mostrou uma

redução substancial em capital e custos operacionais da ordem de 6-8%. Estes incluem os

custos de capital de equipamentos e custo operacional do gerador. Eles observaram

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também que equilibrar a unidade com os dados em tempo real, reduz o consumo de

combustível e protege o redutor de falhar devido a uma sobrecarga. Ainda segundo eles,

a medição de pressão em tempo real ajuda a medir a capacidade do reservatório e a afinar

os parâmetros operacionais com as mudanças no IP do reservatório. Isso ajuda a aumentar

imediatamente a vazão de poços em potenciais para dar maior ganho de óleo.

3.3 Bomba de hastes com tela de filtragem integral

Trata-se de inovadora tecnologia que introduz uma tela de filtragem numa

configuração de bomba convencional, a principal diferença entre esta tecnologia e a

bomba convencional é a única montagem do pistão e sua capacidade de lidar com a areia.

Enquanto um pistão convencional é constituído por um só membro, este conjunto de

pistão consiste em três componentes principais: um membro de pistão superior, um

membro de pistão inferior e um filtro integral separando os dois (Ver Figura 3.4). A

configuração completa da bomba ainda consiste de uma camisa fixa, uma válvula de pé

e uma válvula de passeio. (STACHOWIAK, J. 2015)

Figura 3.4: Componentes básicos da nova tecnologia

Fonte: Adaptado de (STACHOWIAK, J. 2015)

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Essa tecnologia foi desenvolvida para minimizar ao máximo os efeitos causados

pelo fluido de produção (chamado de fluido de “deslizamento” nessa situação), areia e

outras partículas que migram para a folga anular entre o pistão e a camisa da bomba

reduzindo assim sua eficiência. A quantidade de fluido de deslizamento com areia e outras

partículas que passa pistão é inversamente proporcional à eficiência da bomba (o fluido

de deslizamento aumenta, a eficiência da bomba diminui).

Quanto aos componentes dessa nova tecnologia, o membro de pistão superior é

basicamente um pistão de ajuste de folga elevada com uma série de anéis de "limpeza"

igualmente espaçados ao longo do comprimento e estão em contato constante (folga zero)

com a superfície interna da camisa de bomba. O elemento de pistão inferior funciona

como um pistão de trabalho padrão que transporta a carga hidrostática do fluido que está

a ser bombeado para a superfície. O elemento de filtro consiste num alojamento que

acopla os membros de pistão superior e inferior juntamente com as passagens radiais para

permitir que o fluido passe do interior do pistão para o espaço anular entre o elemento de

pistão de limpeza superior e a secção de vedação hidrodinâmica (formada devido ao

comprimento do pistão e à pequena folga entre o diâmetro exterior do pistão e o diâmetro

interno da camisa) do pistão inferior. (STACHOWIAK, J. 2015)

Quanto a operação da bomba, durante o curso ascendente (Ver Figura 3.5), a tela

permite que o fluido de produção passe entre a porção inferior do pistão superior de

limpeza e a porção superior do membro de pistão inferior (percurso de fluido "A"),

fazendo com que os anéis de limpeza tornem a "pressão equilibrada" (pressão da cabeça

(Phead) é a mesma acima e abaixo dos anéis de limpeza). Isso permite que os anéis

"limpem", mantendo as partículas fora da área de vedação, uma vez que não existe pressão

diferencial para forçar o fluido e as partículas para além dos anéis. (STACHOWIAK, J.

2015)

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Figura 3.5: Ilustração da operação da bomba durante o curso ascendente

Fonte: Adaptado de (STACHOWIAK, J. 2015)

Uma vez que o elemento de pistão superior e a tela são equilibrados em pressão,

apenas o membro de pistão inferior atua como o "pistão de trabalho" como descrito

anteriormente. A tela do filtro é de tamanho suficiente para "filtrar" o fluido de

deslizamento e permitir que partículas de tamanho certo entrem na região de vedação

anular do pistão de trabalho inferior. O tamanho da tela do filtro (tamanho de partículas

que é permitido passar) é determinado pelo ajuste do pistão, ou folga entre a ID da camisa

e o OD do pistão. À medida que o fluido de deslizamento passa através da tela, as

partículas maiores irão recolher-se no lado "sujo" (diâmetro interno da tela tubular) da

tela do filtro e esta irá permitir que apenas as partículas de menor tamanho passem. Uma

vez que o ajuste do pistão inferior (aberturas do pistão/camisa) é maior do que o tamanho

da tela, as partículas "filtradas" menores podem passar facilmente, reduzindo assim

grandemente a possibilidade de danos causados pela areia. O processo de filtragem

realizado pela tela continua até que a bomba chegue ao topo do curso e comece a descer.

No curso descendente (Ver Figura 3.6), a válvula de pé fecha e a válvula de

passeio abre, enviando fluido de produção de alta velocidade através da região do pistão

interno e através do lado interno (lado sujo) e a tela de filtragem (percurso de fluido “B”).

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As partículas maiores que foram aprisionadas pela tela no movimento ascendente estão

agora localizadas neste percurso de fluido e, uma vez que o fluido de deslizamento não

está fluindo para além da tela, as partículas podem agora ser transportadas, deixando o

filtro limpo. Uma vez que a bomba atinge a parte inferior do curso, esta operação de

"limpeza" para e todo o processo começa mais uma vez.

Figura 3.6: Ilustração da operação da bomba durante o curso descendente

Fonte: Adaptado de (STACHOWIAK, J. 2015)

Com base em resultados de testes de campo realizados no campo petrolífero em

Kern County, Califórnia. Stachowiak, J. (2015) observou que o sistema de bombeio

mecânico utilizando essa nova tecnologia de tela integral mostrou uma melhoria

significativa em poços problemáticos (O autor define poços problemáticos os que tinha

as seguintes características: as instalações de bombas anteriores obtiveram vida limitada

devido a danos causados pela areia; Nenhuma das duas execuções anteriores da bomba

atingiu mais de 365 dias) que antes utilizam bombas convencionais. Os dados para o teste

de campo foram coletados de duas séries de bombas convencionais anteriores no mesmo

poço problemático.

O autor em questão descreve que dos 56 poços monitorados, a bomba (tipo

insertável) com tela integral mostrou um aumento percentual médio em tempo de

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execução de 450% em relação ao tempo médio de execução das duas instalações

anteriores (bombas convencionais) e um aumento percentual médio de 293% de vida útil

em comparação com o melhor tempo de execução das instalações anteriores.

Stachowiak, J. (2015) ainda diz que embora os dados recolhidos não tenham

transmitido as razões exatas para todas as operações que implicaram a utilização desta

nova tecnologia com filtro integral, os resultados são positivos para os poços que

apresentaram grande produção de areia.

3.4 ROTAFLEX

Trata-se de uma unidade de bombeio de longo curso, conhecida pela marca acima,

que possui mecanismo de acionamento mecânico por correias. A haste polida desta

unidade é acionada por uma cinta flexível de alta resistência. (Ver Figura 3.7)

Geralmente, um motor elétrico aciona um redutor que, por sua vez, aciona uma

longa corrente a uma velocidade relativamente constante. A corrente gira ao redor de uma

roda dentada inferior que é fixada ao redutor e também gira ao redor de uma roda dentada

superior que está montada no topo de um alto mastro. (Costa, Rutácio. 2008)

Figura 3.7: Unidade de bombeio ROTAFLEX

Fonte: COSTA, Rutácio. 2008

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Quando a ROTAFLEX está devidamente balanceada, o seu motor elétrico é mais

devidamente carregado, permitindo seu funcionamento numa região de alta eficiência na

maior parte do tempo. Portanto, sendo assim relativamente mais eficiente que as unidades

de bombeio convencionais.

A unidade rotaflex ainda pode trabalhar com duas velocidades, sendo uma no

curso ascendente e outra no curso descendente, isto porque o seu motor elétrico pode ser

acionado por um variador de frequência que por sua vez é controlado por speed sentry.

Essa operação pode ser útil para bombear fluidos viscosos.

Esta unidade foi desenvolvida para trabalhar com baixas frequêcias de bombeio,

para atender poços com alto índice de falhas, poços com alta profundidade e de alta vazão.

3.5 Unidade hidráulica de bombeio

Unidades hidráulicas de bombeio existem desde a década de 1940, mas não

receberam uma boa aceitação na indústria. Isto é, em grande parte, devido a uma

reputação de altos custos de manutenção e falhas frequentes. Inovações em unidades

hidráulicas de bombeio, com uma visão afiada para o ambiente do campo petrolífero, têm

ajudado a melhorar a confiabilidade e reduzir os custos de manutenção.

As unidades hidráulicas de bombeio ocupam uma área bem menor que as unidades

convencionais, fornecem um mínimo de investimento de infraestrutura inicial e facilidade

de instalação. O seu funcionamento basicamente acontece com um cilindro hidráulico

(Ver Figura 3.8) na superfície conferindo um movimento alternativo na haste polida e na

coluna de hastes. O conjunto da bomba ao fundo do poço e a coluna de hastes são quase

idênticas à de um poço de bombeio padrão. A unidade hidráulica descrita por Mehegan

et al (2013), pode ter a unidade de energia remotamente localizada longe da cabeça do

poço, minimizando ainda mais os requisitos de espaços do sistema mecânico, podendo

ficar só com o cilindro hidráulico e as duas linhas hidráulicas na cabeça do poço.

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Figura 3.8: Unidade hidráulica de bombeio instalada diretamente na cabeça do poço

Fonte: Adaptado de (MEHEGAN et al, 2013)

A unidade hidráulica de bombeio inclui a capacidade de curso longo, fornecendo

assim vários benefícios. O curso longo de bombeio melhora os tempos de execução de

equipamentos downhole, distribuindo o desgaste sobre uma superfície maior, tendo assim

uma redução da fadiga cíclica na coluna de hastes. Essa capacidade descrita torna possível

a aplicação desta unidade de bombeio em poços direcionais, minimizando o impacto

negativo de desgaste por atrito e falhas relacionadas. O curso longo ainda gera uma maior

taxa de compressão entre as válvulas de passeio e de pé, resultando em melhores

características de manipulação de gás.

A capacidade do sistema hidráulico de ajustar facilmente a taxa de curso para uma

melhor otimização do sistema, proporciona um melhor manuseio de parafinas e sólidos,

isto porque este ajuste permite que o poço fique em constante movimento, o que é

desejável para esses poços com estes tipos de problemas. O ajuste da taxa de curso com

a mudança na capacidade da bomba pode adaptar o sistema a mudanças significativas na

produtividade do poço. Com a taxa de curso mais lenta, ciclos menores, aumenta-se a

vida útil da bomba de fundo.

Ao contrário de uma unidade de hastes convencional, o sistema hidráulico possui

uma facilidade de alterações mecânicas significativas e não está sujeito a limitações de

torque ou preocupações de danos na carga estrutural.

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A unidade de bombeio descrita por Mehegan et al (2013) possui um programa de

manutenção preventivo básico, que consiste em alerta de telemetria remota e visitas de

rotina no local, pegando muitos problemas com antecedência e resolvendo-os antes que

o sistema experimente quaisquer perdas significativas da produção. Eles descrevem

também que ambos sistema de controle e vazamentos de cabeça de poço atuam de forma

segura e completamente contidos por meio de um design inovador.

Poços profundos, de alta vazão, ou poços com alto índice de falhas são bons poços

candidatos para sistemas de unidades hidráulicas de bombeio.

3.6 Unidade de bombeio inteligente

Trata-se de uma nova tecnologia desenvolvida pelos engenheiros da Petrobras

Rutácio de Oliveira Costa (patente n° PI 0703989-1 A2) e Elias Siqueira Karbage (patente

n° PI 0703710-4 A2), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN) e fornecedores. Esta tecnologia permite os ajustes de curso e ciclos por minuto,

e a realização do balanceamento da unidade de forma remota por meio de um painel de

controle que manda o comando para o motor elétrico fazer esses ajustes.

O dispositivo regulador remoto do balanceamento de manivelas introduzido na

unidade de bombeio inteligente executa de maneira dinâmica e contínua, o equilíbrio dos

torques ativos sobre a manivela. Isto, sem precisar parar a produção ou fazer a retirada de

algum equipamento da unidade.

O dispositivo de ajuste contínuo de curso das hastes também introduzido na UB

inteligente permite o ajuste da amplitude de acionamento das hastes das bombas do poço,

ou seja, consiste na diminuição ou no aumento do deslocamento da haste polida durante

o ciclo de bombeio. Esta operação ocorre de maneira remota e contínua, da mesma forma

que o dispositivo acima descrito, sem precisar parar a produção ou fazer a retirada de

algum equipamento da unidade.

O variador de frequência, dispositivo que controla a rotação do motor de indução,

desta unidade permite o ajuste de ciclos por minuto, também de maneira remota.

A incorporação desses dispositivos na unidade de bombeio permite a

automatização do sistema de bombeio como um todo, fornecendo uma maior segurança

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operacional, com menores custos e menos tempo de execução das tarefas, sem ter

nenhuma restrição quanto ao momento da operação.

3.7 Unidade de bombeio linear (linear rod pump)

Trata-se de uma inovadora tecnologia que utiliza um mecanismo de pinhão-

cremalheira simples que controla diretamente a haste de bombeio, esse mecanismo

transforma o movimento rotativo do motor de indução em movimento alternativo da

coluna de hastes (Ver Figura 3.9). Um motor de indução acoplado a esse mecanismo,

através de um redutor, é que faz com que o sistema fique alternando a haste no momento

certo, formando assim o ciclo ascendente e descente. Na Figura 3.10, pode-se observar

alguns dos componentes da unidade de bombeio linear.

Figura 3.9: Unidade de bombeio linear

Fonte: (UNICO, INC. 2016)

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Figura 3.10: Componentes da unidade de bombeio linear

Fonte: Adaptado de (UNICO, INC. 2016)

O projeto de baixa inércia do sistema linear sucker pump (LRP) permite utilizar

um motor e redutor bem menores do que uma bomba convencional, e ainda assim

proporcionar a mesma ou melhor produção de óleo ao um menor curso. Pois, o sistema

em questão utiliza perfis de movimento programáveis e não tem limitações de torque

dando assim um curso efetivo de uma unidade bem maior. (UNICO, INC. 2016)

O sistema LRP possui um software para otimizar a produção de óleo enquanto

protege o sistema de bombeamento. O sofisticado variador de frequência desta unidade

consegue perfis de movimento que são impossíveis por meios mecânicos. O

preenchimento da bomba é regulado de forma otimizada pelo software, ajustando-se

independentemente as velocidades ascendentes e descendentes. O sistema de controle

desse software faz uma verificação das válvulas para identificar algum vazamento. Esse

mesmo sistema de controle também fornece relatórios de dados do poço, plotagem de

dinamômetro de superfície e de fundo, capacidade de acesso remoto, reinicialização

automática após falhas e outras funcionalidade. (UNICO, INC. 2016)

Ainda com as funcionalidades do software acima descrito, o sistema LRP pode

operar com velocidades tão baixas quanto 1 ciclo por minuto, e pode-se ajustar facilmente

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o comprimento e o espaçamento da bomba, permitindo sua máxima compressão. Os

benefícios dessas práticas podem ser encontrados na seção 3.5 deste trabalho.

A unidade de bombeio linear é montada diretamente na cabeça do poço, é

pequena, leve e fácil de transportar. Segundo o fabricante não é necessário nenhum

equipamento especializado ou pesado para sua instalação que por sua vez ocorre de

maneira rápida. Este sistema ainda fornece uma economia por ter custos reduzidos de

instalação, operação e manutenção.

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CAPÍTULO 4:

Conclusões e recomendações

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4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

4.1 Conclusões

No trabalho desenvolvido foi feita uma revisão bibliográfica com a finalidade de

conhecer o estado da arte do método de elevação artificial bombeio mecânico. Apesar

deste método em questão ser bastante tradicional, a indústria ao longo dos anos tem

introduzido novos dispositivos tecnológicos e bombas especiais para adequar a unidade

em determinadas situações especificas, tais como: trazer ganho de eficiência; ampliar o

campo de aplicação do método, avançar em termos durabilidade, consumo de energia,

redução de custos, redução de espaços, entre outros.

Em suma, os avanços e os aparatos tecnológicos desenvolvidos para com este

método visam introduzir tecnologias para automatizar ao máximo a unidade de bombeio

e com isso otimizar a produção de petróleo como um todo. A utilização de software de

otimização, de sensores de fundo de poço, do variador de frequência, de dispositivos para

ajustar o curso e balancear a unidade, demonstram a intenção da indústria de reduzir os

custos em relação as realizações das tarefas rotineiras, tais como: o ajuste de ciclos por

minuto e curso da unidade. E ainda sim, ter uma maior segurança operacional, sem

interromper a produção do poço e realizar as operações em menos tempo, maximizando

assim a produção.

Em relação a tecnologia tela de filtragem integral, observou-se em um dos artigos

estudados para a elaboração deste trabalho que esta alivia grandemente os problemas

causados pela produção de areia. Estes problemas causados pela elevada produção de

areia e sólidos em geral, resultam no desgaste prematuro dos componentes da bomba,

como também deixa a bomba presa.

Em relação aos novos designs das unidades de bombeio apresentadas neste

trabalho, como o da unidade hidráulica de bombeio e o da unidade de bombeio linear,

além de ocuparem uma área bem menor e serem montadas diretamente na cabeça do poço,

estas unidades não estão sujeitas às limitações de torque ou danos na carga estrutural pois

possuem um sistema de baixa inércia.

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4.2 Recomendações

Fazer uma análise de viabilidade econômica para determinar quais os retornos

financeiros destes métodos inovadores disponíveis atualmente na indústria, isso aplicados

(cada um) na sua área atuação, e ainda sim fazer um comparativo entre eles e o método

de bombeio mecânico tradicional para saber qual tecnologia em especifico traria o melhor

retorno econômico para um determinado poço.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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