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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
ESCOLA DE MÚSICA
CURSO DE LICENCIATURA
RONE SÉRGIO CRUZ DOS SANTOS
VIVÊNCIA MUSICAL COM IDOSOS: relato de umaexperiência musical no
Instituto Juvino Barreto
NATAL/RN
2014
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RONE SÉRGIO CRUZ DOS SANTOS
VIVÊNCIA MUSICAL COM IDOSOS: relato de uma experiência musical no Instituto
Juvino Barreto
Monografia apresentada ao curso de
Licenciatura em Música da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial à obtenção do título de
Licenciado em Música.
Orientadora: Profª. Dra. Valéria Carvalho.
NATAL/RN
2014
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VIVÊNCIA MUSICAL COM IDOSOS: relato de uma experiência musical no Instituto
Juvino Barreto
S 237v
SANTOS, Rone Sérgio Cruz dos.
VIVÊNCIA MUSICAL COM IDOSOS:relato de uma experiência musical
no Instituto Juvino Barreto/ Rone Sérgio Cruz dos Santos. – Natal: UFRN,
2014.
Orientadora: Valéria Carvalho
Monografia (Licenciatura) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Escola de Música. Curso de Música.
1. Vivência Musicais – Monografia. 2.Bem -estar – Monografia. 3. Idosos –
Monografia. I Carvalho, Valéria. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
III.VIVÊNCIA MUSICAL COM IDOSOS: relato de uma experiência musical com
idosos do instituto do Juvino Barreto.
RN/ UF/ DEBIB CDU027.4
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RONE SÉRGIO CRUZ DOS SANTOS
VIVÊNCIA MUSICAL COM IDOSOS: relato de uma experiência musical no Instituto
Juvino Barreto
Monografia apresentada ao curso de
Licenciatura em Música da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito à obtenção do título de Licenciado
em Música.
Aprovada em: ____/____/____
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________________________________________________
Profa. Dra. Valéria Carvalho- Orientadora- Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_________________________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Clara Gonzaga- Membro- Universidade Federal do Rio Grande do
Norte
_________________________________________________________________________
Profa. Ms. Catarina Shin- Membro- Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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A Deusque tanto me deu força e sabedoria nas
horas mais difíceis.
À minha querida mãe que tem me amado
incondicionalmente desde pequeno.
A todos os professores que passaram por
minha vida e que de alguma forma
contribuíram para minha formação.
Aos verdadeiros amigos que sempre estiveram
comigo, sobretudo nos momentos de maior
necessidade.
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AGRADECIMENTOS
Sou muito grato a Deus por ter me dado a vida (duas vezes), a saúde, a sabedoria, e
a alegria de viver, por me rodear de amigos maravilhosos. Grato, também, à minha mãe
que tanto tem me ajudado nessa longa jornada e à minha ex-esposa, Joseli Maria França da
Silva,que hoje não está ao meu lado, mas muito me ajudou nos momentos mais difíceis.
Tambémpresto uma singela homenagem à minha orientadora, Valéria de Carvalho por
ajudar-me com indicações de leituras e conselhos preciosíssimos para o meu proceder
neste trabalho. Outras pessoas que também contribuíram nessa caminhada; todos os
professores que passaram por minha vida e deixaram sua marca indelével, muitos dos quais
me fizeram perceber o mundo de outra forma, ensinando-me não só sobre português,
história, geografia, mas, também, sobre a vida, sobre como ser um ser humano,um amigo,
parceiro, a ser humilde, manso, carinhoso, obediente, sincero, generoso. Enfim, obrigado
de coração a todos vocês.
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RESUMO
Este trabalho versa sobre um relato de experiência musical com alguns idosos que
vivem no Instituto Juvino Barreto em Natal/RN. O mesmo busca refletir a influência que a
Música pode provocar em pessoas que se encontram vivendo em um asilo. Também,
descreve toda a prática docente no processo de ensino-aprendizagem durante as vivências
musicais. A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho foi de abordagem
qualitativa, a pesquisa- ação. Utilizou-se como percurso metodológico a pesquisa
bibliográfica, a entrevista semi estruturada e intervenções musicais.
Palavras-chaves:Vivências Musicais.Bem-estar.Idosos.
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ABSTRACT
This work deals with an account of musical experience with some older people
living in Juvino Barreto Institute in Natal / RN. The same attempt to reflect the influence
that music can cause in people who are living in an asylum. Also describes the whole
teaching practice in the teaching-learning process during musical experiences. The
methodology used to develop the study was a qualitative approach and action research.
Was used as a methodological approach to bibliographic research, semi-structured
interviews and musical performances.
Keywords: Musical Experiences. Welfare. Seniors.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Imagem 01: Espaço destinado a atividades de fisioterapia e exercícios físicos .......... 35 Imagem 02:Espaço destinado a atividades de fisioterapia e exercícios físicos ........... 35 Imagem 03: Pavilhão .................................................................................................. 36 Imagem 04:Corredor de acesso Pavilhão .................................................................... 36 Imagem 05: Fotos da entrada da casa das Freiras ....................................................... 37 Imagem 06: Fotos da entrada da casa das Freiras ....................................................... 37 Imagem 07: Frente do Salão de Beleza ....................................................................... 38 Imagem 08: Refeitório onde são feitas todas as refeições .......................................... 39 Imagem 09:Onde estão as Nutricionistas .................................................................... 39 Imagem 10: Parte do Refeitório .................................................................................. 40 Imagem 11:II Parte do Refeitório ................................................................................ 40 Imagem 12: Vila Irmã Lindalva .................................................................................. 41 Imagem 13: A senhora que gentilmente deixou tirar essa foto ................................... 41 Imagem 14: Enfermaria .............................................................................................. 42 Imagem 15: Parte interna ............................................................................................ 42 Imagem 16:A Capela ................................................................................................... 43 Imagem 17:A Capela ................................................................................................... 43 Imagem 18: Enfermaria São Vicente de Paulo I ......................................................... 44 Imagem 19: Funcionamento da Enfermaria ................................................................ 44 Imagem 20: Sala de doações ....................................................................................... 45 Imagem 21: Sala do Médico ....................................................................................... 45 Imagem 22: Voluntárias .............................................................................................. 47 Imagem 23: Voluntárias .............................................................................................. 47 Imagem 24: As Idosas ................................................................................................. 60 Imagem 25: Eu e as Idosas .......................................................................................... 61
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
COBAP - Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 16
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 21
3.1 ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DURANTE AS INTERVENÇÕES .............. 22
3.1.1 O Canto ................................................................................................................................... 23
3.2 EXPLORAÇÃO DE SONS EM INSTRUMENTOS DE BANDINHA RÍTMICA ...... 24
3.2.1 Apreciação .............................................................................................................................. 24
4 OBJETIVOS .................................................................................................................... 25
4.1 OBJETIVOS GERAIS ................................................................................................... 25
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 25
5 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 26
6 O ESTATUTO DO IDOSO ............................................................................................ 27
6.1 O ESTATUTO PREVÊ AINDA PUNIÇÃO PARA QUEM ........................................ 28
6.2 O IDOSO NO BRASIL .................................................................................................. 29
6.3 A MUSICALIZAÇÃO PARA O IDOSO ...................................................................... 30
7 BREVE HISTÓRIA DE JUVINO BARRETO ............................................................ 32
7.1 PRIMEIROS CONTATOS COM O INSTITUTO ........................................................ 34
8 DAS INTERVENÇÕES .................................................................................................. 36
8.1 PRIMEIRA INTERVENÇÃO- A INSTITUIÇÃO E SUA ESTRUTURA ................... 36
8.1.1 Pavilhão São José ................................................................................................................... 37
8.1.2 Casa das Freiras ........................................................................................................ 38
8.1.3 Salão de Beleza ....................................................................................................................... 39
8.1.4 Refeitório ................................................................................................................................ 40
8.1.5 Vila Irmã Lindalva ................................................................................................................ 42
8.1.6 Enfermaria Santa Catarina .................................................................................................. 43
8.1.7 A Capela ................................................................................................................................. 44
8.1.8 Enfermaria São Vicente de Paulo I ...................................................................................... 45
8.1.9 Posto de Saúde ....................................................................................................................... 47
8.1.10 Setor de Serviço Social ........................................................................................................ 48
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8.1.11 Sala das voluntárias ............................................................................................................. 48
8.2 INTERVENÇÃO 2 ........................................................................................................ 50
8.3 INTERVENÇÃO 3 ........................................................................................................ 52
8.4 INTERVENÇÃO 4 ........................................................................................................ 54
8.5 INTERVENÇÃO 5 ........................................................................................................ 56
8.6 INTERVENÇÃO 6 ........................................................................................................ 57
8.7 INTERVENÇÃO 7 ........................................................................................................ 58
8.8 INTERVENÇÃO 8 ........................................................................................................ 59
8.9 ESTREVISTA SEMIESTRUTURADA ........................................................................ 64
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 66
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 69
ANEXOS ............................................................................................................................. 72
ANEXO A- Música Amor Perfeito ...................................................................................... 73
ANEXO B: Música Canteiros.............................................................................................. 74
ANEXO C: Como é Grande o Meu Amor Por Você ................................................................. 75
ANEXO E: Deslizes ................................................................................................................ 76
ANEXO F: Em Nome do Pai ................................................................................................... 78
ANEXO G: Hino da Campanha da Fraternidade 2014 ............................................................. 79
ANEXO H: Tudo É do Pai ...................................................................................................... 80
ANEXO I: Como é Grande o Meu Amor Por Você ................................................................ 81
ANEXO J: Que nem Jiló ................................................................................................... 82
ANEXO L: Asa Branca ..................................................................................................... 83
ANEXO M: Vida de Viajante ........................................................................................... 84
ANEXO N: Asa Branca (partitura) .................................................................................. 85
ANEXO O: Ode à Alegria ................................................................................................. 86
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13
1 INTRODUÇÃO
Sobre a música, sabe-se que ela está presente em todos os lugares e que é
divulgada ou se faz conhecer por meio de ritos, orações, cantos, por meio da rádio, da
TV, dos cantos folclóricos e outros; além disso, a mesma exerce grande influência nas
pessoas. Há canções que remetem a acontecimentos passados, músicas que nos fazem
relaxar, chorar, dançar, sorrir, festejar, etc. Sobre esses efeitos e benefícios causados pela
música, Willems (1970, p. 11) fala que:
[A música] [...] enriquece o ser humano pelo poder do som e do ritmo,
pelas virtudes próprias da melodia e da harmonia; eleva o nível cultural
pela nobre beleza que emana das obras-primas; dá consolação e alegria
ao ouvinte, ao executante e ao compositor. A música favorece o
impulso da vida interior e apela para as principais faculdades humanas:
vontade, sensibilidade, amor, inteligência e imaginação criadora. Por
isso a música é encarada quase unanimemente como um fator cultural
indispensável.
A música causa diversos sentimentos nas pessoas e isso é algo que já vem sendo
observado há muito tempo. Os gregos podem ser considerados como um dos primeiros a
perceber a influência dela sobre as pessoas na história. Os mesmos tinham uma ligação
muito íntima com ela. Segundo conta Nasser (1997, p. 241):
Na antiga Grécia, a música era uma atividade vinculada a todas as
manifestações sociais, culturais e religiosas. Dentre todas as artes, era a
mais relevante. Para os gregos a música era tão importante e universal
como o próprio idioma. Como forma de expressão, tinha o poder de
influenciar e modificar a natureza moral do homem e do estado. Seu
grau de importância pode ser comparado aos princípios da ética e da
política.
Diante dessa perspectiva, Aristóteles (384. a. C.) discorria sobre como a música
num tratamento medicinal pode ajudar o doente,e Platão, seu discípulo, receitava música
para a cura de doenças psíquicas. Este dizia que a música é “o remédio da alma” e que
virtudes mágicas da música eram passadas aos instrumentos musicais, pois boas melodias
produziam efeitos terapêuticos nos pacientes.
Outro dado histórico sobre o poder da música pode ser encontrado na Bíblia
(especificamente no livro de I Samuel, VT, cap. 16, vers. 23), quando é relatada a história
do rei Davi que com sua harpa tocava para Saul quando este estava dominado pelo
espírito maligno, enviado por Deus.
Do ponto de vista neurológico é comprovado, por meio de estudos, que ouvir
música traz benefícios ao cérebro. Segundo estudos publicados em revistas de
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14
neurociência, a música tem o poder de liberar endorfinas – substâncias que provocam
sensação de prazer. Freitas (2013) informa que:
[...] a música libera um hormônio chamado endorfina, que é responsável
pelo bem estar e prazer, o que reduz nossa percepção de estresse e dor.
Para isso acontecer o cérebro recebe as ondas sonoras através do ouvido
que passa pelo tímpano e são processadas pelo lobo temporal chegando
até a hipófise, glândula responsável pela liberação deste hormônio. Essa
substância entra na corrente sanguínea embebendo o corpo com
sensação de prazer.(FREITAS, 2013).
A música, além de beneficiar o ser humano do ponto de vista social e comportamental,
também provoca sensação de prazer naqueles que a apreciam e praticam-na.
O presente trabalho tem como principal tema a vivência musical com idosos de
65 a 75 anos de idade que vivem num asilo em Natal/RN. Sabe-se que a população de
idosos no Brasil tem crescido muito e poucos programas sociais têm sido criados para
atender a esse público.
Há mitos e estigmas difundidos por uma sociedade mal informada que classifica
os idosos como incapazes, lentos, dependentes, chatos e improdutivos. Isso implica
diretamente na autoestima e autoconfiança dos mesmos, fazendo com que se isolem e se
sintam cada vez mais abandonados, o que provoca um sofrimento vivido por cada um
deles que, na sua maioria, não conseguem verbalizar suas angústias. Por isso, após a
aposentadoria, muitos idosos vão viver em asilos. Nesses lugares, passam boa parte do
tempo sem ter o que fazer. Problemas de ordem comportamental, social e psicopatológica
são algumas das consequências deste “mito”. Nesse sentido, Moragas (1997, p. 24)
declara que:
O mito da velhice como etapa negativa se baseia em pressupostos
incertos. A maioria dos idosos não tem limitações, nem suas vidas são
negativas e dependentes (...). A velhice se constitui uma etapa vital que
pode ter elementos de desenvolvimento pessoal, embora este
desenvolvimento vá em direção contrária aos valores predominantes na
sociedade atual: força, trabalho, poder econômico e político.
A concepção de que os idosos não sabem, não aprendem e que são incapazes de
executar tarefas ou desenvolver sua própria capacidade cognitiva está equivocada, não
condiz com a realidade atual. Hoje, mais do que nunca, são vistos idosos muito ativos
participando de vários esportes (natação, futebol, tênis e outros), eventos (viagens, festas
etc.) entre outras atividades, que, até então, estavam ligadas à juventude. Porém, nem
todos os idosos têm condições financeiras para custear sua participação em tais eventos e,
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15
por não se sentirem bem vivendo no meio familiar, vão para asilos levar uma vida sem
muitas perspectivas, aprendizados e novas experiências.
Com base no que foi exposto, pretende-se, com o uso do violão, alguns
instrumentos pequenos de percussão, o canto e a música de uma forma geral levar um
pouco de bem estar, integração, socialização e entretenimento a fim de fazer com que
idosos venham a desfrutar de um momento diferente daqueles que vivem diariamente.
Por meio de atividades musicais, proporciona-se a eles oportunidades para se
expressarem e desenvolverem suas habilidades. Nessa perspectiva, Suzigan (1986, p.3)
diz que “a atividade musical apresenta um infinito conjunto complexo de faculdades
humanas, desde as mais abstratas até as mais concretas. A memória musical, por si só,
vem demonstrar como é rico e diversificado esse universo humano”. Ou seja, usando a
música como instrumento é possível levar um pouco de educação, lazer e ampliar suas
experiências.
Esse projeto de Vivência Musical com Idosos surge a partir da experimentação,
da observação e da reflexão nesse estudo. As músicas tonais com melodias executadas
num andamento lentoe cantadas nas visitas feitas às pessoas internadas, por motivo de
acidentes, por exemplo, fazem com que elas desfrutem uma espécie de êxtase – um
esquecimento prolongado das dores e até o desaparecimento delas. Segundo os
depoimentos, mais a frente detalhados, esses momentos eram “os mais especiais”.
Algumas questões interessantes surgem, como por exemplo:
a) Será que atividades musicais podem levar um pouco de bem-estar aos idosos que
vivem em asilos?
b) Quais atividades musicais são apropriadas para esse público?
c) Devemos proporcionar uma experiência ativa, na qual os idosos
tocarãoinstrumentos e cantarão ou só apreciarão a música de longe?
d) A música pode mesmo ajudar na autoestima ou autoconhecimento dos idosos?
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16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A música é algo que se pode encontrar em todos os lugares, pois acompanha a
evolução da humanidade em vários aspectos desde a antiguidade.Além disso, éutilizada
como instrumento para passar mensagem e influenciar as pessoas. Também está presente
em milhares de culturas ao redor do mundo e exerce certo poder sobre as pessoas por
permitir o desenvolvimento de habilidades e competências.
O referencial curricular de Educação no Ensino Infantil (BRASIL, 1998, p. 47)
enfatiza a linguagem musical como excelente meio para o desenvolvimento da expressão,
do equilíbrio, da autoestima e do autoconhecimento, além de ser um poderoso meio de
integração social. Em outras palavras, a música é um grande instrumento que pode
integrar as pessoas – fazendo delas parte do todo e, não mais, parte isolada – por trabalhar
a expressividade e, consequentemente, a espontaneidade daqueles quea utilizam. Por
influenciar também na autoestima daqueles que se encontram vivendo em asilos,
hospitais e em casas de passagem comprova seu imensurável valor.
A música estimula o autoconhecimento numa aprendizagem sobre si mesmo,
permitindo, através disso, o contato com as lembranças que construíram sua
essência.Tourinho (2006), ao falar sobre a ação da música em benefício da reminiscência,
advoga que “a música pode favorecer a memória, evocando lembranças do passado”. A
autora acrescenta: “a utilização de música com prazer, como uma linguagem, contribui
para uma maior compreensão do mundo e de nós mesmos”. Também atesta que “estudos
comprovam que a atividade muscular, a respiração, a pressão sanguínea, a pulsação
cardíaca, o humor e o metabolismo são afetados pela música e pelo som”. Souza; Leão
(2006) afirma que “O Corpo é um instrumento, configurando-se também como uma caixa
de ressonância e, a voz, caracterizando o som de cada indivíduo”.
Esse trabalho de vivência musical é direcionado ao público de idosos e, para de
fato fazer com que todas as etapas da pesquisa venham trazer bons resultados, faz-se
necessário conhecer um pouco sobre o idoso, sobretudo como lidar com ele. Segundo o
geriatra Marcio Borges (2008), quando falando sobre idosos diz que; a primeira coisa a
ser feita durante as visitas ou contatos, é estabelecer uma boa comunicação; conversas
que se faz necessária paciência, maleabilidade, criatividade. Além disso, o doutor diz que
deve se usar termos apropriados e em bom tom quando nos dirigirmos a eles. A esse
respeito se expressa o médico:
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17
Sempre tratar o idoso com respeito e chamando-lhe pelo nome. Evitar as
expressões como “vovô”, “minha criança”, coitadinho, “paciente do leito x”,
“aquele que tem Alzheimer”, etc. Lembrar que o nome é seu maior patrimônio,
é a sua marca registrada num mundo cheio de Josés e Marias. Nada é mais
importante que o seu próprio nome. Quando alguém fala o seu nome, isto
significa músicas para o seu ouvido! Mantenha sempre a tranquilidade, mostre-
se calmo. Seja flexível, não exija aquilo que o idoso não pode dar. Não tenha
pressa para falar e não fique com pressa de ouvir o que o idoso quer falar.
Procure guiar a conversa, ajudar o idoso a se comunicar. Não controle a
conversa, não deixe o idoso falar só o que você quer! Não é só a palavra que
sai da sua boca que tem importância ao se ouvir. Seus gestos, a carga emotiva
da voz, o conteúdo do que se fala e a representação do que se diz, por quem
está falando (verdade/mentira). (BORGES, 2008).
Pois bem, o professor de música que deseja trabalhar com idosos deve ter muitos
cuidados durante as vivências musicais, afinal, estará lidando com pessoas de épocas
diferentes, pessoas que trarão consigo histórias, problemas de diversas ordens, além
disso, costumes, crenças, trejeitos que por vezes coloca alguns empecilhos nas atividades,
ou seja, esse trabalho exige muita paciência, criatividade, sensibilidade, dinamismo;
também cuidado quando usar de algum esforço físico durante as atividades, pois, é sabido
que os senhores já não desfrutam da mesma força e energia de 30 anos atrás. Sobre as
dificuldades que podem ser observadas nos idosos quanto à prática musical Gainza
(1998) salienta que alguma dificuldade rítmica, provavelmente, decorrente de um
desequilíbrio emocional, relacionado a uma patologia.
Neste tipo de trabalho vemos algumas dificuldades. É possível dizer que, o
estigma e o mito relacionado à velhice é infelizmente algo que em nada ajuda os idosos e,
sobretudo atingem diretamente de modo negativo o desenvolvimento de algumas
competências fazendo com que o idoso se sinta cada vez mais incapaz implicando
negativamente na aquisição de novos conhecimentos. Sobre a velhice, Freitas; Queiroz;
Souza (2009, p. 408) advogam que:
A velhice deve ser compreendida em sua totalidade porque é,
simultaneamente, um fenômeno biológico com consequências
psicológicas, considerando que certos comportamentos são apontados
como características da velhice. Como todas as situações humanas, a
velhice tem uma dimensão existencial, que modifica a relação da pessoa
com o tempo, gerando mudanças em suas relações com o mundo e com
sua própria história. Assim, a velhice não poderia ser compreendida
senão em sua totalidade; também como um fato cultural.
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Ainda segundo os mesmos autores:
[...]deve ser compreendida em sua totalidade, e em suas múltiplas
dimensões, visto que se constitui em um momento de processo
biológico, mas não deixa de ser um fato social e cultural. Deve, ainda,
ser entendida como uma etapa do curso da vida na qual, em decorrência
da avançada idade cronológica, ocorrem modificações de ordem
biopsicossial que afetam as relações de individuo com seu contexto
social. (FREITAS; QUEIROZ; SOUZA, 2009, p. 408).
Sobre o mesmo raciocínio, Zanini diz que “a velhice deve ser entendida como
uma etapa da vida, da mesma forma que temos a infância, a adolescência e a maturidade.
São fases, etapas da vida, nas quais acontecem modificações que afetam a relação do
indivíduo com o meio, com o outro e com ele mesmo”. (ZANINI, 2003, p. 25).
Vimos que as dificuldades existem, porém, muitos são os benefícios, tanto para
os idosos quanto para os professores. Por exemplo, o educador musical que porventura
queira fazer um trabalho com esse público terá que desenvolver muitas outras habilidades
e buscar metodologias que lhe auxiliem nas aulas, isto é, novos conhecimentos, novas
habilidades e benefícios. Quanto aos senhores, as atividades musicais trará de volta a
vontade de se expressar, de falar, de viver, de comunicar-se, também facilitará a
convivência entre eles, bem como afetará no humor e na produtividade das atividades
diárias. É uma experiência que pode resultar em muitos momentos de lazer,
entretenimento e satisfação para eles e para o educador musical. Nesse sentido a
Constituição Federal (BRASIL, 2004, p. 130) fala que: “A família, a sociedade e o
Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”.
A constituição diz que o idoso é um cidadão que está sob os cuidados e
responsabilidades da sociedade como um todo. O mesmo goza de todos os direitos e deve
ser amparado pela comunidade em geral, além disso, a sua dignidade, bem-estar, direito à
saúde e à vida não devem nunca ser violados. Uma vez que o idoso sofra de algum abuso
por parte de quem quer que seja, esse ou essa deve ser denunciado e deverá responder em
juízo pelos atos inflacionários cometidos contra o idoso.
Atualmente no Brasil háuma grande população de indivíduos acima dos 60 anos,
esse número vem crescendo de maneira bastante significativa. Isso se dá devido a
evolução da medicina preventiva, remédios e tratamentos mais acessíveis, programas
governamentais que tratam da importância da alimentação saudável, igualmente dos
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incentivos ao exercício físico, programas de saneamento básico que têm chegado às
periferias, dentre outros.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE tem por meio de
pesquisas revelado que a população de idosos no Brasil é de aproximadamente 8,6 %.
Isso significa que, em 2020 haverá um idoso para cada 13 habitantes. E em menos de 25
anos ocorrerá um aumento considerável, isto é, a população idosa chegará a marca de
15% da população brasileira.
A população de idosos cresceu e tornou-se alvo de discussão entre educadores,
médicos, assistentes sociais, bem como, psicólogos e profissionais de diversas áreas que
têm se mostrado bastante preocupados com a reintegração dessas pessoas à sociedade a
fim de diminuir sua exclusão e aumentar a sua participação em atividades diversas. Para
tal, busca-se o aumento da participação desses idosos nas atividades normais do dia-a-dia
para assim fazer com que eles se sintam mais ativos na comunidade como um todo.
Muitos idosos no Brasil depois de se aposentarem ficam sem ter muito que fazer e por
isso acabam sofrendo de diversos males, sobretudo, o isolamento e consequentemente de
carência afetiva. Nesse sentido, Azambuja (1995, p. 97) acrescenta que:
[...] a essas condições somam-se o declínio de suas características
físicas tais como rugas, cabelos brancos, diminuição da memória e dos
sentidos e muitas outras, que unidas à sua marginalização determinam
alterações psíquicas como a perda da confiança, da angústia e da
depressão. (AZAMBUJA, 1995, p. 97).
Ainda falando sobre os problemas de saúde que ocorrem com os idosos no
processo de envelhecimento, Matsudo (2001, p.19) fala que:
[...]o envelhecimento está associado a uma variedade de limitações
físicas e psicológicas. Frequentemente, isso torna difícil para os
indivíduos desempenhar certas ações. Dependendo de sua motivação,
circunstâncias ambientais e reações à incapacidade, aqueles que são
assim afetados podem também ficar inválidos (incapazes de
desempenhar as atividades desejadas). A consequência de tal invalidez é
uma deterioração na qualidade de vida. MATSUDO (2001, p.19)
Proporcionar a esse público alguma atividade de lazer, entretenimento ou
qualquer outra, julga-se muito importante. É possível desenvolver habilidades diversas,
estimular a criatividade, autoestima, reabilitar capacidades e socializa-los por meio de
diferentes atividades musicais, bem como trabalhar a autovalorização deles.
Através de artigo, livros, notícias e várias outras fontes de estudo que tratam
desse público, constata-se alta capacidade de produzir, de aprender, de criar e se envolver
nas atividades que lhes são propostas. Trabalhando com a música (sobretudo, popular ou
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erudita) todo esse potencial pode ser explorado e desenvolvido. Nesse sentido, Azambuja
(1995, p. 105) justifica sua metodologia de ensino musical com os idosos dizendo que,
“(...) usamos sempre a música, popular ou erudita, porque favorece a expressividade, a
coordenação, o ritmo e a emoção”.
Falando do quão benéfico é o ensino de música para o ser humano em geral,
Willems (1970, p. 11) diz que:
A música favorece o impulso da vida interior e apela para as principais
faculdades humanas: vontade, sensibilidade, amor inteligência e
imaginação criadora. Por isso a música é encarada quase unanimemente
como um fator cultural indispensável.(WILLEMS, 1970, p. 11)
Como se vê, o ensino de música traz muitos benefícios para os idosos. Melhora a
convivência social implicando numa boa comunicação entre eles e o mundo que os
cercam, diminui os estresses do dia-a-dia, aumenta a autoestima, bem como a confiança
em si mesmo, desenvolve a criatividade, age sobre a memória, estimula a ação dos dois
lados do cérebro, trabalhando a área motora e retardando o processo de envelhecimento,
provoca melhorias do bem-estar e qualidade de vida.
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3METODOLOGIA
Esta pesquisa se configura como sendo de caráter qualitativo cujos dados foram
coletados a partir de observações durante as intervenções. Os resultados quanto ao nível
de satisfação dos idosos ao participarem das vivências musicais, bem como a constatação
do bem-estar, o entreter e lazer foram aferidos durante e depois das intervenções. O
trabalho se deu com um encontro semanal, inicialmente, nas terças feiras depois nas
segundas-feiras. As intervenções duravam em torno de 50 minutos, ao todo foram 8
durante 2 meses. Foi realizada no Instituto Juvino Barreto (asilo) na cidade de Natal/RN.
Os procedimentos metodológicos aconteceram nessa ordem:
Visita à instituição com intuito de conhecê-la no quesito histórico e estrutural.
Experiência com instrumentos pequenos de percussão na qual os idosos
aprenderam o nome de cada, a manuseá-los e explorar as possibilidades de sons.
Atividade de canto sem muita exigência de afinação. A ideia é, estimular a voz,
desinibição, memória e integração entre eles.
Apreciação de músicas do repertório popular e religioso que fizeram sucesso em
épocas diferentes.
Aplicação de duas perguntas sobre o quanto a música pode influenciar o ser.
Todos os conhecimentos musicais adquiridos pelos idosos foram passados por
meio da oralidade uma vez que alguns não liam e outros apresentavam uma má visão.
Para que o desenvolvimento das atividades ocorresse da melhor forma, fez-se uso
constante da conversa informal e ludicidade. Tudo era feito tendo a fala como único
instrumento no processo de ensino-aprendizagem.
O estudo fez uso de entrevista semiestruturada, pesquisa bibliográfica e a
pesquisa-ação.
Na entrevista semiestruturada buscou-se responder duas perguntas: Será
queatividades musicais podem ajudar os idosos a se sentirem mais felizes e produtivos
implicando na melhora da sua qualidade de vida? É possível levar um pouco de
entretenimento, lazer e bem-estar para idosos tendo como instrumento a música? A
resposta para essas indagações foram construídas durante as intervenções por meio da
entrevista, conversas informais e observações nas Vivências Musicais com os idosos.
Buscou-se com pesquisa bibliográfica conhecer os principais autores no assunto.
A leitura aconteceu antes e durantea construção dessa monografia por meio de artigos
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científicos, não científicos, livros, blogs, sites, notícias em jornais eletrônicos na internet
(os mais atuais). Segundo Neves, Jankoski e Schnaider (2013, p. 2)“a pesquisa
bibliográfica consiste no levantamento de um determinado tema, processado em bases de
dados nacionais e internacionais que contêm artigos de revisas, livros, teses e outros
documentos e como resultado obtém-se uma lista com as referências e resumos dos
documentos que foram localizados nas bases de dados”.
Procura-se com a pesquisa-ação uma participação mais próxima dos
pesquisados,também a observação das ações, melhorias advindas das intervenções.Essa
modalidade de investigação serve como um instrumento que ajudará na análise dessa
problemática. Além disso, a pesquisa-ação atuará com intuito de mobilizar os
participantes para a participação nas atividades e construção de novos saberes. É por
meio da pesquisa-ação, que temos condição de conhecer, observar, intervir e refletir sobre
nosso proceder como educadores. É uma modalidade de pesquisa que possibilita ao
pesquisador levantar os dados vivendo no meio do contexto, com os pesquisados.
Quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou
com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e
participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Participante se
desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das
situações investigadas. (MINAYO, 2007; LAKATOS, et al,1986).
3.1 ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DURANTE AS INTERVENÇÕES
As intervenções são parte desse trabalho. Talvez a mais importante uma vez que
nela se origina a maioria dos resultados encontrados. Por meio das intervenções
ocorreram contatos diretos com os idosos nos quaisse inclui a experiência de tocar,
cantar, observar, conversar, aprender, bem como o levantamento dos dados.
A proposta de Vivência Musical com idosos abrange experiências com
instrumentos pequenos de percussão, práticas de canto que se dá de modo natural (sem
muita exigência de afinação) apreciação de canções do repertório popular brasileiro com
ênfase na música católica, pois os idosos têm uma ligação muito forte com a religião e
conversas informais.
A vivência musical é uma experiência nova para todos envolvidos, por isso, foi
necessário ir à busca por conceitos teóricos e metodologias que atendessem às
necessidades desse trabalho.
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É importante ressaltar que se buscou cultivar em todas as intervenções uma boa
relação com os idosos.Procurou-se respeitar suas dificuldades e ouvi-los dando
oportunidade para se expressarem. Procurou-se também evitar condutas paternalistas.
Objetivou-se de fato estimular suas capacidades de aprender e produzir.
Quanto à proposta da Vivência Musical, o trabalho foi construído baseado nos
trabalhos de Gainza (1998); Dalcroze (1916); Fonterrada(2008); Murray Schafer (1991).
Ao pensar sobre o público foco da pesquisa, buscou-se vivenciar com eles uma
modalidade de educação informal e flexível, sem muitas exigências do ponto de vista
educacional. Uma experiência musical com programa de atividades específico para esse
público e que visou o bem-estar, entretenimento e lazer respeitando-o de forma
individual.
De modo imperceptível, estimulou-se neles vários aspectos da música que de
alguma forma contribuíram para o desenvolvimento da fala, do tocar e o ouvir. Os
seguintes aspectos foram:
a) O canto.
b) Exploração de sons em instrumentos de bandinha rítmica.
c) Apreciação.
3.1.1 O Canto
A voz é a respiração sonora, a manifestação harmoniosa da vida, é o
reflexo da mais profunda diferença entre os homens: Diferença de
sexos, diferença de idades, espelho de todas as particularidades
individuais dentro do mesmo sexo: A personalidade. Desse modo, a voz
que canta a projeção da manifestação humana, na esfera do som, é a
esfera de sua visibilidade corporal numa invisibilidade sonora.(BLOCH,
1979)
Durante quase todas as intervenções buscou-se por meio de vivências musicais o
desenvolvimento do canto acompanhado pelo violão. Geralmente, os idosos sentavam em
cadeiras próximo uns dos outros. Era escolhida uma canção de conhecimento deles e,
inicialmente, tocado no violão por uma pessoa que ao mesmo tempo cantava e
encorajava-os, pois inicialmente a maioria não cantava (se mostravam tímidos), porém
aos poucos iam se animando e cantando juntos.
Nessa experiência, objetivou-se desenvolver nos idosos não só o canto, mas,
também a Percussão Corporal através de palmas, isto é, vez por outra, parava-se de tocar
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o violão e só cantavam e batiam palmas. Buscou-se uma espécie de estimulo ao
acompanhamento e, sobretudo, ao movimento mais do que costumeiramente fazem.
3.2 EXPLORAÇÃO DE SONS EM INSTRUMENTOS DE BANDINHA RÍTMICA
Na exploração de sons em instrumentos de bandinha rítmica, objetivou-se a
descoberta de sons nesses instrumentos, o aprendizado do manuseio deles e possíveis
formas de exploração de sons rítmicos no próprio corpo.
3.2.1 Apreciação
Na apreciação buscou-se apresentar novas canções, relembrar antigas, bem como
estimular sensações diversas nos idosos ao ouvir algumas músicas que, de alguma forma,
exerceu grande influência em suas vidas. Também, intercaladas entre as canções
objetivou-se ouvir relatos, histórias em geral sobre experiências vividas, igualmente,
constatar a grande integração entre eles ao ouvir algo antigo, da sua época.
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4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVOS GERAIS
Esta pesquisa tem por objetivo usar a músicacomo instrumento educativo, e, ao
mesmo tempo, levar um pouco de bem-estar, lazer e satisfação para senhores que vivem
em asilos. Igualmente, apresentar propostas eficientes, metodológicas para educadores
musicais que têm interesse em trabalhar com a educação musicalvoltada para o público
de idosos.Em seguida, relatar as experiências musicais realizadas no Instituto Juvino
Barreto e os resultados obtidos.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Descrever as práticas utilizadas durante as intervenções com os senhores, bem
como avaliar o nível de satisfação dos mesmos ao participarem das Vivências Musicais.
b) Preparar um material didático (repertório de músicas que serão tocadas e cantadas
para os idosos) que seja apropriado para as intervenções, levando em consideração as
dificuldades patológicas que a maioria dos idososenfrenta com a chegada da velhice
(diminuição das funções desempenhadas pelos cincos sentidos: tato, olfato, paladar,
audição e visão).
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5 JUSTIFICATIVA
Proporcionar uma experiência musical paraos idosos a fim de fazê-los se
sentirem mais integrados, mostrá-los que ainda são capazes de aprender, produzir algo
que venha a ajudar na sua autoestima, ajudá-los a desempenhar um papel mais efetivo no
meio social do qual fazem parte e onde geralmente são postos à margem, socializá-los
também entre eles, no intuito de que possam reativar algumas habilidades já
existentes.Este é o estilo de docência de música almejado.
A reintegração social supracitada pode ser obtida através das vivências musicais
nas quais muitas competências serão adquiridas e estimuladas. O estímulo à memória por
meio de músicas tocadas hoje, mas que foram ouvidas há muitos anos pode ser
considerado um exemplo disso. Trabalhar a comunicação entre eles, estimulá-los a se
movimentar mais do que o costume através da percussão corporal (palmas e pés),
desenvolver a reflexão analítica de assuntos que serão apresentados durante as conversas
informais. Aumentar a comunicação entre eles e o mundo por meio da fala, do ouvir, do
olhar, do gesto, entre outros. Buscar metodologias que venham a colaborar com as
atividades propostas para esse público, levando em consideração as dificuldades que lhes
são naturais devido à idade.
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6 O ESTATUTO DO IDOSO
A partir de uma organização e mobilização de pensionistas, idosos e aposentados
ligados à Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (COBAP). O Estatuto
do Idoso é criado. Isto foi uma grande conquista para a população de senhores iguais ou
acima de 60 anos e para a comunidade em geral. O projeto de lei nº 3.561 é de 1997 e foi
inicialmente criado pelo deputado federal Paulo Paim.
No ano de 2000, foi instituída, na Câmara Federal, uma comissão muito bem
organizada a fim de tratar de assuntos relacionados ao Estatuto do Idoso. Na época, a
comissão tinha como principal objetivo regular os direitos desse público que até então
sofria com a falta de leis que viessem a favor deles. As discussões relacionadasaos idosos
aconteciam levando em consideração a idade cronológica dos mesmos - para ser
considerado idoso o cidadão teria que ter 60 anos ou mais. Na comissão foi-se discutido
sobre direitos fundamentais dos idosos, sua cidadania e assistência jurídica. Além disso, a
comissão se mostrou bastante preocupada com o cumprimento e execução dos direitos
adquiridos por esse público.
Esse projeto de lei que vem em defesa dos idosos chega em boa hora, pois
muitos idosos, depois de haver trabalhado a vida inteira pelo país, se viam em condições
precárias e muitos dos seus direitos conquistados como cidadãos adultos, quando velhos,
eram negados; isto é, antes de ser criado o Estatuto dos Idosos, os senhores, já em idade
avançada,tinham que se virar por si sós, não tinham muito apoio do poder público, não
existiam muitas leis que lhes favorecessem. Há pouco tempo atrásera muito difícil ser
idoso no Brasil. Hoje existem leis e órgãos que fiscalizam e fazem valer os direitos dos
idosos, ou seja,as coisas parecem ter melhorado. O Estatuto do Idoso é um
importantíssimo instrumento para a efetivação e realização da cidadania dos mesmos.
O documento é constituído por 118 artigos e traz consigo as leis que asseguram
todos os direitos dos idosos com idade igual ou acima de 60 anos. Vejamos os principais
pontos desse documento:
a) Atendimento preferencial, imediato e individualizado junto aos órgãospúblicos e
privados prestadores de serviços à população;
b) Fornecimento gratuito de medicamentos pelo Poder Público, especialmente os de
uso contínuo, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento,
habilitação ou reabilitação;
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28
c) Proibição de discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores
diferenciados em razão da idade;
d) Criação de cursos especiais para idosos, com inclusão de conteúdo relativo às
técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua
integração à vida moderna;
e) Descontos de 50% em atividades culturais, de lazer e esporte;
f) Proibição de discriminação do idoso em qualquer trabalho ou emprego, por meio
de fixação de limite de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos específicos
devido à natureza do cargo;
g) Fixação da idade mais elevada como primeiro critério de desempate em concurso
público;
h) Estímulo à contratação de idosos por empresas privadas;
i) Reajuste dos benefícios da aposentadoria na mesma data do reajuste do salário
mínimo;
j) Concessão de um salário mínimo mensal para os idosos acima de 65 anos que não
possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família;
k) Prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, em programas
habitacionais públicos ou subsidiados com recursos públicos;
l) Gratuidade nos transportes coletivos públicos aos maiores de 65 anos, com
reserva de 10% dos assentos para os idosos;
m) Reserva de duas vagas no sistema de transporte coletivo interestadual para idosos
com renda mensal de até dois salários mínimos, com desconto de 50%, no mínimo, no
valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas;
n) Reserva de 5% das vagas nos estacionamentos públicos e privados.
6.1 O ESTATUTO PREVÊ AINDA PUNIÇÃO PARA QUEM
a) Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações
bancárias ou aos meios de transporte, por motivo de idade;
b) Deixar de prestar assistência ao idoso, ou recusar, retardar ou dificultar que outros
o façam;
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c) Abandonar idosos em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência
ou congêneres;
d) Expor em perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso,
submetendo-o a condições desumanas ou degradantes, privando-o de alimentos e
cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo
e inadequado;
e) Apropriar-se ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro tipo de
rendimento do idoso;
f) Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para
fins de administração de bens ou deles dispor livremente;
g) Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar
procuração.
6.2 O IDOSO NO BRASIL
Segundo pesquisas do IBGE a população de idosos no país têm crescido muito e
com esse crescimento muitos desafios têm surgido para os idosos que já não trabalham e
que se encontram acometidos de alguma doença. Ter mais de 65 anos e estar aposentado
não é tão fácil quanto parece. Muitos indivíduos que chegam a essa idadenão trabalham e
encontram-se vivendo em asilos, pastorais, casas de idosos e etc.
Estar nesses lugares não é ruim, o problema é como acontece esse
desligamentodo contato entre família e idoso. Para alguém que trabalhou a vida inteira,
criou seus filhos, construiu toda uma história,se verde repente “abandonado”, “vivendo”
num lugar com muitas pessoas estranhas é um golpe duro, uma realidade difícil de aceitar
e/ou lidar. É um grande desafio para quem já não se encontra tão disposto a aprender, a se
adaptar, cujas forças físicas já não são as mesmas; a falta de paciência, a dificuldade com
alimentação, a saudade da vida antiga, dos amigos, da família, das práticas de tempos
atrás, das conversas atraentes com os amigos e etc. O pior de tudo é o ócio. Muitos desses
lugares não têm muito o que fazer, não existem muitas leis que assegurem educação,
lazer e bem-estar para esse público. Ao visitar alguns asilos pode ser constatado tudo o
que foi falado no texto.
A educação e a maioria dos programas de inclusão do governo são voltadas para
o público juvenil e adulto. Aquele que já não trabalha (o idoso) não é incluído na maioria
dos programas sociais. Faz-se necessário a inclusão deles não só nos programas
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educacionais, mas em todo e qualquer programa que possa lhes trazer algum benefício.
Nesse sentido Goldstein (1995) diz que:“A oportunidade de começar ou dar continuidade
ao estudo na terceira idade não é uma característica apenas eminentemente educacional,
decorrente do aumento das instituições com fulcro de proporcionar o ensino à terceira
idade; mas deve resultar também, de uma consciência sociológica a respeito”. Deps
(2003) acrescenta dizendo que: “[...] o ócio é motivo de descontentamento em grande
parcela de indivíduos”. Isto é, os senhores da terceira idade não querem ficar sem ter o
que fazer: querem programas de cunho social que possam incluí-los em programas e
atividades culturais, esportivas, dentre outras.
A música pode ser um grande instrumento de inclusão social desse público.
Além disso, a mesma traz consigo muitos benefícios para os senhores. Com a música é
possível melhorar a qualidade de vida, igualmente desenvolver a criatividade e a
expressividade. Com música é possível, também, exercitar a memória dos idosos.
Tourinho (2006) advoga que a música ajuda à memória, atraindo lembranças e
experiências do passado.
É muito provável que por meio de atividades musicais os idosos venham a se
sentirem melhores, mais produtivos, mais incluídos, que sua autoestima seja estimulada
juntamente com sua criatividade e espontaneidade. Além disso, a comunicação, e,
possivelmente, muitas práticas/costumes que lhes são arrancadas na sua chegada ao asilo
podem ser melhor superados. Além disso, a brusca mudança nos costumes, onde se
incluem as diversas práticas relativa a comunicação pode ser melhorada.
6.3 A MUSICALIZAÇÃO PARA O IDOSO
Historicamente, a educação seja de qual área for tem sido feita de modo
sistemático para jovens e adultos. A educação musical caminha nessa mesma direção há
muito tempo. Isto é, a maioria dos musico-educadores mais conhecidos (Edgar Willems,
Jaques Dalcroze, Carl Orff, entre outros) têm investido toda a sua prática educativa e
conhecimentos de ensino musical a crianças e jovens. Na verdade, quando ocorre algum
programa de ensino ou atividade qualquer envolvendo música e idoso, isso se dá em
ONGs e igrejas, ou seja, no modelo de ensino informal.
O idoso, sobretudo no Brasil, não goza de muitas opções para continuar seu
aprendizado – desenvolvimento cognitivo/intelectual -. Segundo a Lei nº. 10.741, de
2003, cap. V do Estatuto do Idoso, todo idoso tem direito à cultura, à educação, ao
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esporte e ao lazer (ROCHA, 2003). Portanto, deve-se buscar de alguma forma criar
possibilidades de inseri-los nos programas de ensino de música e musicalização dentro
das escolas e academias, pois assim terão oportunidades de continuar seu crescimento
cultural, intelectual e cognitivo. Vale salientar que, além dos conhecimentos que podem
ser adquiridos nesses cursos, os idosos continuarão em contato com pessoas de diversas
idades, socializando-se, interagindo e vivendo no meio social.
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7 BREVE HISTÓRIA DE JUVINO BARRETO
Jovino Cézar Paes Barreto nasceu na cidade de Aliança, Pernambuco, em 2 de
fevereiro de 1847. Filho de Leandro César Paes Barreto e Umbelina de Medeiros César.
Jovino tinha dois irmãos: Sifrônio e Júlio. A era em que viveu a família Barreto foi uma
época de grandes problemas de ordens sociais e conflitos. Seu pai, que tinha um
comportamento revolucionário, esteve envolvido num grande conflito: a Revolução
Praieira, que acontece em fevereiro de 1848, na província de Pernambuco. Deflagrada
pelo Partido da Praia, a revolta armada em Pernambuco, tinha como objetivo “a
nacionalização do comércio”.
O movimento era constituído por moradores da classe média e coronéis da
política, que sentiam-se muito insatisfeitos com o jogo de nomeações entre facções locais
de conservadores, moderados e liberais para os gabinetes ministeriais do Rio de Janeiro.
Nos combates contra as tropas imperiais, que ocorreram nas ruas do Recife/PE,
morreram 502 rebeldes e 1.188 desses ficaram feridos. Após serem vencidos e presos,
eles foram levados para a Ilha de Fernando de Noronha onde foram forçados a cumprir
pena de trabalhos forçados. Entre os prisioneiros estava o pai de Juvino Barreto, Leandro
Cézar, que comandara um batalhão de rebeldes.
Pouco tempo, com a anistia, Leandro Cezár Paes Barreto volta a viver em Recife
e passa a trabalhar como um pequeno comerciante. Em 1856, uma grande epidemia de
cólera ocorre no Recife e ele se engaja no trabalho de transportar e cuidar das vítimas.
Pouco tempo depois contrai a doença e vem a óbito, deixando a família em estado de
extrema pobreza.
Juvino, aos dez anos, se encontrava órfão e foi morar com familiares em Nazaré
da Mata, Pernambuco. Com amigos do seu pai conseguiu um emprego de caixeiro.
Trabalhava muito: durante o dia, na loja, e, à noite, em uma pequena oficina de
encadernação e recuperação de livros que tinha em casa.
Em 1859, Juvino torna-se sócio de seu irmão, Júlio, na firma Júlio & Irmão
Ltda. No mercado potiguar, começa atuar como mascate. Jovino comprava nos Guarapes
gêneros para subsistência e utensílios para a sobrevivência. Lá conhece e se casa com
Inês Augusta de Albuquerque Maranhão.
Juvino Barreto foi um grande empreendedor, no estado do Rio Grande Norte,
muito interessado em mecanizar o aproveitamento do algodão produzido. Em 24 de maio
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de 1886, lançou a pedra fundamental da fábrica - que com muito esforço ergueu. Viajou
para a Inglaterra, onde adquiriu o maquinário e acertou a vinda de técnicos, hipotecando
bens e os rendimentos futuros. Em 21 de julho de 1888, inaugurou a Fábrica de Fiação e
Tecidos Natal. Antônio Francisco, que era o presidente da província, fez um discurso
cujas palavras foram de agradecimento ao empresário pela inauguração da Fábrica.
Juvino muito feliz disse; “o meu prazer não é ter conseguido montar esta pequena fábrica.
O que me alegra, e o que, com toda certeza, vos merecerá maior atenção, é ver o grande e
sublime quadro de funcionários que está à vossa volta. São oitenta operários, filhos desta
província, abrigados no trabalho. Contemplai-vos! Eles podem dizer: temos certo ganhar
dignamente para toda a nossa vida, o pão para nós e para nossos filhos”.
A fábrica não durou muitos anos uma vez que já existiam muitas no Brasil, mais
modernas,e disputar mercado com elas era bem complicado para o empresário. Além
disso, em 1923, uma grande greve, inicialmente feita pelos estivadores do Porto de Natal
é aderida pelos padeiros, trabalhadores de transportes de cargas e funcionários da fábrica,
ocasionando no fechamento da fábrica de Jovino, em 1925,cuja gerência havia sido
passada a Sérgio Barreto (Juvino já tinha falecido 24 anos antes). Logo após o
fechamento da fábrica, o então gerente opta por transferi-la para o Rio de Janeiro. Esse
interesse em mudar a fábrica de lugar se dá pela força que o mercado no sul representava,
pois a região sudeste tinha um crescimento enorme do ponto de vista industrial e
mercadológico.
Juvino Barreto deixa muitos natalenses de luto após sua morte, no dia 9 de abril
de 1901, aos 68 anos. Teve 14 filhos, mas só 12 estavam vivos. O enterro aconteceu no
cemitério do Alecrim com a presença de 3.000 pessoas. Jovino foi um homem querido e
que muitos gostavam. O empresário trouxe desenvolvimento para a cidade, bem como
para todos os moradores. Além de empreendedor, o empresário foi um grande filantropo.
Suas obras filantrópicas tiveram vida longa, isto é, sobreviveram bem mais que sua
empresa. Em seu testamento, o empresário deixou em torno de dez mil contos de réis para
a construção de um colégio para meninos, outro para meninas. Também deixou parte
dessa herança para a construção de um hospital. Com efeito, parte desse recurso foi para
construir o Colégio Santo Antônio, que foi administrado pelos irmãos Maristas, e o
colégio da Conceição, cuja administração ficou a cargo das irmãs Dorothéias. A outra
parte que seria destinada à construção do hospital, o governador Alberto Maranhão,
casado com uma filha de Juvino Barreto, fez aquisição de uma mansão para o Estado, que
na época pertencia à família, a casa estava situada no “Monte”, em Petrópolis. Depois de
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reformado o Hospital de Caridade foi transferido para lá, lugar onde hoje se encontra a
Casa do Estudante. Em 12 de setembro de 1909, o hospital foi inaugurado. O hospital, em
homenagem a Juvino Barreto, ganha o nome do empresário. Em 1928, é arrendado para a
Sociedade Brasileira de Assistência Hospitalar, entidade que ao assumir a direção muda o
nome do hospital para “Hospital Miguel Couto” (hoje, Hospital Universitário Onofre
Lopes).
Em 1944, é fundado o abrigo para idosos pela Legião Brasileira de Assistência.
A instituição homenageia o grande filantropo colocando o seu nome no abrigo. Essa
homenagem se dá pela grande importância do empresário no desenvolvimento da cidade,
bem como sua participação relevante dentro das obras filantrópicas.
7.1 PRIMEIROS CONTATOS COM O INSTITUTO
O contato com Instituto Juvino Barreto acontece primeiramente pela TV, por
meio de notícias que vez por outra tratam das dificuldades que o instituto enfrenta para
continuar funcionando. Depois de passar diversas vezes no endereço, um dia, resolvisaber
um pouco mais sobre o tão citado asilo e perguntei a um amigo se conhecia a instituição.
Ele me falou vagamente coisas que já sabia ou tinha ouvido de outras pessoas. Tentei
conhecer um pouco mais pela internet, mas não obtive muitas informações, logo, me veio
a necessidade de ir e conhecer o lugar de fato.
Dia 10 de fevereiro de 2014, às 14hs30, fui pela primeira vez à instituição.
Recebeu-me um senhor que ali trabalhava como porteiro. Este me encaminhou à recepção
e lá fui direcionado à sala das assistentes sociais. Até chegar a sala, fui caminhando
devagar e contemplando toda arquitetura do asilo. Vi muitos senhores sentados, outros
conversando, uns em cadeiras de rodas... Também conheci a capela, que se encontra bem
no meio do terreno. A sala de lazer, que, em minha opinião, não tinha nada que
proporcionasse algum tipo de lazer para os idosos; na verdade, possuía apenas uma TV e
ali havia um senhor que estava em frente assistindo. Alguns minutos transcorreram até
que por fim cheguei ao meu destino final - a sala das assistentes.
Bati na porta e uma delas me convidou para entrar. Estavam ocupadas digitando
algum documento. Passados alguns minutos, uma delas veio ter comigo e pergunta “em
que posso ajudar?”. Entreguei-lhe a carta de apresentação da professora Valéria, minha
orientadora. A assistente leu, em seguida, comentou com a colega. Logo, a mesma disse
que o diretor não se encontrava na casa. Aconselharam-me a deixar a carta e esperar um
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possível contato no dia seguinte. Em meio a nossa conversa, chegou uma senhora que se
apresentou como psicóloga, na verdade, ela trabalhou na instituição e já conhecia as
assistentes sociais, Deixei-as conversarem, mas fiquei esperando a oportunidade para
falar um pouco sobre os meus propósitos no asilo. Quando a ocasião se fez oportuna,
comecei a discorrer sobre os meus objetivos.
Falei que estava escrevendo uma monografia e que gostaria de trabalhar com
alguns idosos, pois o trabalho tratavade um Relato de Experiência de Vivência Musical
com o público da terceira idade. Contei tudo bem explicado, de maneira que assistentes
sociais ficaram encantadas com a minha pesquisa. Durante a minha fala, uma ou outra
sugeria algumas coisas para serem feitas durante as intervenções. Eu escutava tudo. Na
verdade, foi uma apresentação do meu trabalho que aconteceu de modo bastante
interativo, isto é, falava e ao mesmo tempo ouvia sugestões.
Depois de apresentar os meus objetivos, agradeci a atenção, a boa receptividade
das assistentes socias e despedi-me. Na caminhada até chegar ao carro, fui mais uma vez
olhando todo espaço, vi muitos senhores sentados em várias partes do asilo, uns
conversavam, outros nem tanto... Foi um bom começo, pensei. Na verdade, uma
experiência valiosa e uma grande oportunidade de conhecer o asilo, mesmo que, de modo
ainda vago.
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8 DAS INTERVENÇÕES
8.1 PRIMEIRA INTERVENÇÃO- A INSTITUIÇÃO E SUA ESTRUTURA
Conheci um pouco mais da instituição, do ponto de vista estrutural, quero dizer,
com um passeio por todas as salas e espaços, acompanhado de um senhor. Estive em
todas as salas. O Zé, um idoso de aproximadamente 80 anos e que ali estava há seis anos,
esteve encarregado de me levar aos quatros cantos do instituto. Começamos pela sala de
terapia ocupacional ou fisioterapia; lá, conheci a fisioterapeuta e dois idosos que estavam
fazendo exercícios físicos na esteira. A sala de terapia, como é denominada, é um espaço
bem iluminado, com algumas máquinas de exercício como esteira, alteres, bicicleta
ergométrica e uma cama para os trabalhos de ordens fisioterápicas. Como disse, o espaço
carece de muitas coisas, ou seja, não tem muitas máquinas, mas, as profissionais da saúde
que lá atuam fazem um bom trabalho e os idosos vão lá com frequência.Segue duas fotos
do espaço:
Imagem 01: Espaço destinado a atividades de fisioterapia e exercícios físicos.
Fonte: Autoria Própria
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Imagem 02:Espaço destinado a atividades de fisioterapia e exercícios físicos.
Fonte: Autoria Própria
8.1.1 Pavilhão São José
O pavilhão se encontra nos fundos da instituição. É um complexo de
salas/quartos que já não funcionam, não tem quase ninguém lá morando, apenas um
senhor que, ao me ver junto do Zé, foi bastante hostil, proferindo muitos nomes feios ao
senhor que me acompanhava. Não passei muito tempo, passei pela frente, tirei duais fotos
e, assim que cheguei próximo do quarto do senhor em questão senti desejo de retirar-me.
Imagem 03: Pavilhão
Fonte: Autoria Própria
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Imagem 04:Corredor de acesso ao Pavilhão
Fonte: Autoria Própria
8.1.2 Casa das Freiras
A residência das freiras se encontra bem no meio do terreno. Passei pela frente,
mas, como não fui autorizado a entrar, fiquei na porta e tirei poucas fotos. Na ocasião,
uma freira me recebeu e pediu explicação sobre o meu trabalho. Falei de modo claro e
sucinto sobre os meus objetivos e, após a explicação, a mesma me agradeceu e foi ter
com senhores num outro espaço do instituto.
Imagem 05: Fotos da entrada da casa das Freiras.
Fonte: Autoria Própria
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Imagem 06: Fotos da entrada da casa das Freiras.
Fonte: Autoria Própria
8.1.3 Salão de Beleza
A instituição conta com um salão de beleza onde os senhores e senhoras vão e
recebem serviços de corte de cabelos, fazem a barba e as senhoras fazem as unhas,
cortam e pintam os cabelos. Não pude entrar pois estava fechado.
Imagem 07: Frente do Salão de Beleza
Fonte: Autoria Própria
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8.1.4 Refeitório
Umas das partes que mais gostei de visitar foi o refeitório. Lugar bastante limpo,
iluminado, com muitas cadeiras e mesas, TV e bebedouro. No espaço tive a sorte de falar
com a nutricionista que me recebeu e colaborou bastante com informações de grande
valia para o trabalho. Ela falou da alimentação que é balanceada, também que os senhores
fazem, a cada 3 horas, uma refeição, isto é, os moradores do instituto têm direito a: café
da manhã, que é servido às 07hs00; lanche às 09hs00; almoço, que começa ser servido a
partir das 11hs30. À tarde, tem o lanche, das 14hs30 até às 15hs30; mais à noite, por volta
das 18hs00, é servido o jantar e, antes dos idosos se recolherem para dormir, é feita a
ceia, com mingaus, vitaminas, chás ou café com leite. Aqueles que apresentam problemas
de ambulação recebem suas refeições em seus quartos. Todas essas coisas acontecem
com muita organização e harmonia.
Imagem 08: Refeitório onde são feitas todas as refeições
Fonte: Autoria Própria
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Imagem 09: Onde ficam Nutricionistas
Fonte: Autoria Própria
Imagem 10: Parte do Refeitório
Fonte: Autoria Própria
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Imagem 11:II parte do Refeitório
Fonte: Autoria Própria
8.1.5 Vila Irmã Lindalva
Nessa vila, tive a minha primeira impressão quanto ao estilo de vida de um idoso
que vive em um asilo. Elaestá situada um pouco próximo à recepção. É uma vila de
quartos onde é possível encontrar muitos senhores. Durante o passeio nessa parte do
instituto, presenciei uma senhora que batia na porta como alguém que pedia por socorro
ou que sofria de alguma grande mágoa. O Zé me revelou que a idosa sofria de algum tipo
de demência.
Mais adiante, conheci uma senhora que se encontrava sentada numa cadeira,
sozinha. Quando me viu, começou a sorrir. Perguntei-lhe se poderia tirar uma foto e ela
respondeu com um “sim”bastante animado. Busquei um melhor ângulo, tirei uma foto,
agradeci a gentileza e me despedi.
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Imagem 12: Vila Irmã Lindalva
Fonte: Autoria Própria
Imagem 13: A senhora que gentilmente deixou tirar essa foto.
Fonte: Autoria Própria
8.1.6 Enfermaria Santa Catarina
Bom, esse é talvez o lugar mais difícil de entrar, pois lá estão os senhores
dependentes de algum cuidado especial. Isto significa que nessa parte do instituto ficam
os idosos que sofrem de demência e têm problemas de ambulação. Além disso, a maioria
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deles é totalmente dependente dos cuidadores; para tomarem banho, se alimentarem,
tomar os remédios e outros cuidados. Atualmente, são dois cuidadores para tomar conta
de 25 senhores.
Imagem 14: Enfermaria
Fonte: Autoria Própria
Imagem 15: Parte interna
Fonte: Autoria Própria
8.1.7 A Capela
A Capela se encontra bem no meio do instituto. É um lugar muito limpo, bem
iluminado e com muitos ornamentos e imagens de santos. É onde acontecem as missas. A
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celebração eucarística ocorre todosos dias, por volta das 16hs00, e muitos dos asilados
vão para rezar e ouvir ao padre.
Imagem 16: A Capela
Fonte: Autoria Própria
Imagem 17: A Capela
Fonte: Autoria Própria
8.1.8 Enfermaria São Vicente de Paulo I
A enfermaria se encontra do lado direito, dentro do prédio. Lá, todos os
medicamentos são repassados para os idosos conforme prescrição médica. Nesse lugar
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ficam os remédios e duas enfermeiras trabalhando. Os doentes também são tratados e
recebem suas medicações diárias. Não tive acesso ao espaço, mas consegui tirar algumas
fotos que mostram um pouco do local.
Imagem 18: Enfermaria São Vicente de Paulo I
Fonte: Autoria Própria
Imagem 19: Funcionamento da Enfermaria
Fonte: Autoria Própria
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8.1.9 Posto de Saúde
O posto de saúde fica próximo da enfermaria. Lá também ficamguardados
alguns medicamentos e local onde as enfermeiras ficam trabalhando. Ao lado, fica o
consultório médico, mas, como não tive acesso a este local, não posso emitir nenhuma
informação a respeito. Aliás, conversando com uma das enfermeiras, soube que a
instituição está sem médico e isso é muito ruim, uma vez que os idosos precisam de
atendimento diariamente. Numa urgência, o motorista leva o idoso às pressas para o
hospital mais próximo.
Imagem 20: Sala de doações
Fonte: Autoria Própria
Imagem 21: Sala do Médico
Fonte: Autoria Própria
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Ao lado da instituição fica a sala com doações. Encontramos roupas em geral
para homens e mulheres, sapatos e sandálias. Segundo informação de uma senhora que
trabalha no local, após receberem as doações, separa-se o que de fato serve para os
idosos, e tudo o que sobra é enviado ao bazar para ser vendido e/ou destinado a outras
atividades dentro da instituição.
8.1.10 Setor de Serviço Social
A sala de Serviço Social se encontra próximo à recepção, para ser mais exato, do
lado esquerdo do complexo, próximo à entrada principal. Lá, as assistentes, por meio de
entrevistas com familiares ou com os próprios senhores, preenchem os requisitos
necessários para abrigá-los no asilo. Além disso, encaminham os idosos para a triagem
onde os mesmos fazem exames a fim de saber como eles estão de saúde, o que podem
comer, o que não podem, dentre outras informações particulares, e igualmente
importantes, de cada novo membro da instituição.
8.1.11 Sala das voluntárias
Conheci a sala das voluntárias enquanto tocava e cantava para o Zé. Estávamos
numa conversa muito boa a respeito da instituição, debaixo de uma árvore. Na ocasião, o
senhor falava de sua vida pregressa, quando, de repente, observei um grupo de senhoras
bem vestidas, sorridentes, caminhando em nossa direção. Elas pareciam conhecer as
pessoas dali, pois cumprimentavam a todos que passavam naquele curto trajeto. E
chegaram até nós com a mesma simpatia. Como já se conheciam, Zé e as voluntárias (o
próprio Zé assim as identificou para mim) se cumprimentaram e em seguida perguntaram
quem eu era e o que fazia ali. Apresentei-me e de modo sucinto falei um pouco do meu
trabalho. As voluntárias adoraram a ideia de levar um pouco de lazer e bem estar para os
senhores por meio da música. Gostaram tanto do que ouviram que me convidaram para
conhecer a sala onde ficavam as demais senhoras que compunham o grupo. Dei alguns
passos e logo estava lá, na porta da sala. Todas, sem exceção alguma, me receberam com
muito carinho.
Depois que fui apresentado, me acomodei numa cadeira e perguntei;o que
senhoras tão distintas faziam ali e fazem desde quando? Esse momento foi uma festa,
pareciam crianças querendo falar todos de uma só vez. Uma das voluntárias chamou
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atenção das demais e disse: “vamos falar, mas que seja uma de cada vez”. E assim
sucedeu. Uma por vez se apresentou e começou a falar sobre há quanto tempo trabalhava
como voluntária e o quão bom era fazê-lo de graça para aqueles idosos do instituto.
Falaram de várias coisas, dentre elas, as dificuldades enfrentadas durante todos esses
anos. Uma coisa que me deixou bastante pensativo foi quando uma delas revelou estar
trabalhando ali desde 1994. Nossa! Eu ouvia aquilo e me perguntava o que levaria uma
pessoa a passar 20 anos numa instituição trabalhando sem receber nenhum tipo de
remuneração? Depois que todas falaram, agradeci e uma das senhoras pegou meu contato
para uma possível ajuda em algum futuro evento na instituição. Despedi-me e sai dali
muito pensativo com tudo que aprendi em poucos instantes, perto daquelas pessoas em
cujos corações habita o desejo de ajudar, de servir o próximo sem retorno algum.
Confesso que tive uma tarde maravilhosa com as voluntárias.
Imagem 22: Voluntárias
Fonte: Autoria Própria
Imagem 23: Voluntárias
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8.2 INTERVENÇÃO 2
Na segunda intervenção, no dia 24/02, cheguei ao instituto às 13hs00. Fui
diretamente para a sala do serviço social. Ali chegando, constatei que as assistentes
sociais estavam muito ocupadas. Elas me pediram para esperar um pouco do lado de fora
da sala. Logo encontrei com o Zé e ele me convidou para passar um tempo na praça que
fica próxima a entrada do instituto. Lá, revelou-me muitas coisas sobre a instituição.
Disse que, na atual conjuntura, a casa de idosos passava por algumas
dificuldades...Escutei atentamente suas queixas sobre o asilo e assim que tive uma
oportunidade, peguei o violão e comecei fazer um dedilhado em cima de dois acordes
maiores (tônica e quinta dominante). O idoso continuava a falar, porém, quando mudei o
toque, começando a fazer a introdução da música de Luiz Gonzaga (Vida de Viajante) o
senhor mudou o assunto, começou a falar de sua juventude, disse que ouviu muito as
canções do velho Lua (apelido de Luiz Gonzaga), revelou ter dançado muito ao som do
mesmo, que conheceu muitas moças bonitas nas festas, disse ainda, que, quando novo,
era um grande dançarino e por isso conhecia muitas meninas. “A inserção do idoso em
contextos sociais carregados de atividades significativas move-o a pensar e querer, o que
intensifica a atividade diencefálica”. (LEÃO; FLUSSER, 2008).
Passados alguns instantes voltou a falar dos problemas do instituto,sobretudo, no
corpo de profissionais que em época de crise financeira recebem seus vencimentos
atrasados e que isso implica diretamente na funcionalidade do asilo, uma vez que sem
receber o pagamento alguns começam a faltar no trabalho, sobrecarregando os demais.
O instituto têm muitas pessoas que trabalham como voluntário, mas também
existem profissionais empregados na casa, isto é, aqueles que possuem um vínculo
empregatício com a instituição. Lá encontram-se profissionais de diversas áreas como
fisioterapeutas, enfermeiras, cozinheiras, nutricionistas, cuidadoras, pessoas que
trabalham na limpeza, motorista para levar os idosos para hospitais ou outros lugares,
caso necessário, porteiro, recepcionistas; havia também dois médicos que
voluntariamente faziam visitas uma vez por semana à instituição a fim de consultar os
idosos.
O Zé revelou também que a administração anterior tinha sido muito melhor que
a atual. Dizia ele que nagestão anterior eram feitos muitos eventos, que a instituição
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estava sempre bem cuidada, com todos os funcionários recebendo seus salários em dia. O
idoso disse ainda que a instituição recebia muitas doações de várias pessoas e também de
outras instituições. Além disso, existia uma parceria firmada de determinado valor com a
prefeitura. Nesse acordo, o poder executivo depositava um valor x todo mês na conta do
instituto. O senhor finalizou o comentário dizendo que, mesmo diante dos muitos
problemas e desafios enfrentados diariamente, estava muito feliz vivendo lá e que nunca
faltava comida e roupa. E sorrindo, disse mais:“todos comem muito por aqui, ninguém
pode reclamar da alimentação!”. Naentidade, os idosos comem a cada 3 horas.
Alguns instantes depois passaram por nós as senhoras voluntárias que iam para o
encontro semanal que acontece em sua sala. Era sempre uma alegria encontrá-las.
Cumprimentei-as e fui diretamente à sala das assistentes. Ao chegar na sala, uma delas
me recebeu e me encaminhou até a vila das idosas com as quais iria trabalhar. Lá tive a
enorme satisfação de conhecer algumas senhoras idosas que vivem no instituto e que se
mostraram bastantes interessadas em participar das experiências musicais após eu ter
explanado sobre o projeto. Foi uma tarde maravilhosa! As senhoras me receberam com
muita educação e simpatia. Quase todas estavam sentadas em cadeiras estrategicamente
posicionadas diante dos quartos onde moram; outras, a assistente foi chamar. O eletricista
que se encontrava no local pegou uma cadeira para eu sentar. Acomodei-me e logo
comecei falar sobre a monografia (Vivência Musical). As senhoras escutavam com muita
atenção. Assim que terminei quase todas concordaram em participar do projeto. O tempo
passou muito rápido, quando dei por mim já eram quase três horas da tarde e uma freira
apareceu convidando as idosas para irem rezar o terço. Já não havia tempo para fazer
muita coisa, então apenas peguei o nome, a idade e a data em que cada uma delas havia
chegado ao instituto. São elas:*Yone, de 81 anos, que chegou em novembro de 2013, e
me disse ter estudado piano na sua juventude; Ana,72 anos, que chegou em 2005 e
revelou gostar muito de música pois quase todos em sua casa cantavam ou tocavam
algum instrumento; Cisa, 69 anos, estava no instituto desde 2013; Sonia, 76 anos, que
chegou em agosto de 2013. Conheci também o Zé, que acompanhava as simpáticas
idosas1. Ele tem 83 e chegou em 2008 ao Juvino Barreto.Revelou não tocar nenhum
instrumento, mas gostar muito de dançar.
1*Visando não expor em nenhum momento a imagem das pessoas envolvidas na pesquisa de
campo em questão, os nomes aqui utilizados são todos fictícios.
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Após ter pego os nomes de todos não pude fazer mais nada, a freira convidava-
os para irem rezar. Despedi-me bem rápido, agradeci por terem me dado atenção e desejei
que tivesse um bom momento de oração e que no dia 10 de março estaria de volta para
iniciar nossas experiências musicais. As senhoras sorriram e cumprimentaram com um
“tchau” bem simpático.
Nessa intervenção, não tive muitas atividades musicais com a participação dos
idosos, porém, tive sim, muitos bons diálogos.(...) “Paulo Freire afirmava que as relações
entre professores e alunos precisam ser educativas e dialógicas” (ALVES, 2013). Isto é,
esse contato que ocorreu com os idosos, regado a risos e muita conversa,norteou a
maneira como eu iria desenvolver meu trabalho e também me mostrou qual caminho que
deveria seguir nas próximas intervenções.
8.3 INTERVENÇÃO 3
No contato com os idosos, no dia 10/03, cheguei um pouco atrasado, mas ainda
assim tive a oportunidade de estar com eles. Foi um momento bacana, levei alguns
pequenos instrumentos de percussão (pandeiro, tamborim, agogô, reco-reco, pauzinhos,
algumas baquetas e um triângulo). Mas não lhes mostrei logo que cheguei. Cumprimentei
a todos os presentes. Nessa ocasião, conheci a Dona Dira, 86 anos de idade, que já se
encontrava morando no instituto desde 1994.
A idosa estava costurando uma peça parecida com um tapete, vi que
demonstrava muita habilidade nesse trabalho. Curioso, perguntei-lhe em qual profissão
trabalhou grande parte de sua vida. Dona Dira, muito entusiasmada, começou a discorrer
sobre sua vida antes de viver no Juvino Barreto. Falou que trabalhou a vida inteira como
costureira, também revelou ter ganhado muito dinheiro nessa época e viajado muito por
vários estados brasileiros. Por fim, disse que ainda gostava muito de costurar e que iria
fazer aquilo até o dia em que “não respirar mais”.
De modo imperceptível fui mudando o assunto da conversa. Comecei a falar de
música, perguntei se eles já haviam tido alguma experiência com música. Dona Dira, por
sua vez, disse que nunca tocou nenhum instrumento e que não gostava muito, pois o que
mais gostava era costurar e que via sua antiga profissão (costureira) como algo muito
divertido e prazeroso, e que nunca se interessou por outras coisas. Porém, fazia das suas
horas de trabalho um momento divertido, pois costurava escutando música no
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rádio.Intervi nesse momento dizendo-lhe que essa também pode ser considerada uma
experiência com música. Costurar escutando rádio seria sim uma vivencia musical. A
idosa ficou surpresa ao ouvir minhas palavras. E disse: “se é assim, então já tive muitas
experiências com música”. Aproveitando a oportunidade, falei que iríamos viver essas
experiências de novo nas vivências musicais.
Passados alguns instantes, abri a bolsa com os instrumentos e constatei um
interesse repentino pelo que havia ali. Na verdade, vi que as idosas demostravam forte
interesse nos instrumentos ali contidos.E eu os mostrei um a um. Duas idosas e
Zépediram-me para ver. Fui pegando os instrumentos, mostrando como manuseá-los e
passando de mão em mão. Nesse momento, constatei uma grande satisfação nos idosos,
eles se divertiam batendo de diversas formas nos instrumentos. A dona Ana, de 72 anos,
de modo bem espontâneo começou a entoar uma canção (confesso que nunca ouvira tal
música), o Zé e os demais presentes (todos idosos) começaram a cantar acompanhando-a;
foi um momento de grande alegria, satisfação, lazer e descontração. Foram poucos
segundos, mas instantes de muitojúbilo entre eles.
Próximo das 15hs00 chegou um voluntário que sempre vai ao instituto para
conversar com os idosos. Ele é musico e ao perceber que os idosos estavam se divertindo
com os instrumentos e a cantoria, pegou um instrumento e começou a tocar. Tudo
aconteceu de modo muito natural. Mas já era hora de eles irem à Capela rezar o terço, e
uma freira se aproximou para convidá-los a isso. As idosas são muito religiosas, elas
rapidamente foram entregando os instrumentos e se despedindo dizendo que tinham se
divertido muito e que tinham adorado aquela experiência. Fiquei muito feliz com o pouco
tempo que tive com eles, pois o objetivo de levar os instrumentos para fazer com que se
familiarizassem com eles, conhecendo, tocando-os, além de proporcionar um momento
de lazer com música, foi alcançado.
Guardei os instrumentos rapidamente a fim de despedir-me dos idosos, no
entanto, já era tarde, quase todos já se encontravam na capela rezando. Não quis
incomodar e parti. Mas sai dali muito feliz com os primeiros resultados da Vivencia
Musical.
Durante toda a intervenção as idosas falavam muitos entre elas, conversavam
coisas da juventude, do cotidiano, da experiência musical que viviam. Enfim, eram
muitos assuntos, e tudo acontecia embalado pelo som dos instrumentos que eu e outros
tocávamos. Ou seja, incentivado pela música eles se comunicavam bastantepor meio de
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olhares, por meio da fala e usando o som dos próprios instrumentos.Nesse sentido
Bruscia (2000) diz:
A música pode fornecer meios de comunicação não-verbais ou pode
servir de ponte para conectar canais de comunicação verbais e não
verbais. Quando utilizada como forma não-verbal, ela pode substituir a
necessidade de palavras e desse modo fornecer uma forma segura e
aceitável de expressão de conflitos e sentimentos que seriam difíceis de
expressar de outro modo. Quando os canais verbais e não-verbais são
utilizados, ela serve para intensificar, elaborar ou estimular a
comunicação verbal, enquanto que a comunicação verbal serve para
definir, consolidar e clarificá-la [a experiência musical] (BRUSCIA
1987, apud BRUSCIA, 2000, p.71).
Como se percebe, a música têm muitos benefícios, um deles é o estímulo à
comunicação, seja por meio da fala, de gestos, de olhares ou do próprio som produzido
pelo idoso. Além da veemente comunicação ocorrida na intervenção, pude constatar nos
idosos uma grande interação entre eles, divertindo-se na descoberta dos sons nos
instrumentos manuseados. “A música ajuda a superar diferenças e possíveis obstáculos ao
relacionamento” (LEÃO; FLUSSER, 2008).
8.4 INTERVENÇÃO 4
Nessa quarta intervenção,17/03/2014, levei o violão e, inicialmente, conversei
sobre experiências musicais. Perguntei as idosas sobre as experiências musicais que elas
teriam vivido em sua juventude. Confesso que não saiu muita coisa, a maioria estava
sonolenta e quase não falava. Na verdade, nos primeiros 10 minutos só quem falou fui eu.
Decidi empunhar o violão e comeceia tocar e cantaras músicas “Deslizes” e “Canteiros”,
do cantor e compositor Fagner (em anexo E). Durante a execução, tocava, cantava e
observava a reação das idosas.
Não tive muitas surpresas até entoar duas músicas de cunho religioso. A canção
“Em Nome do Pai, Em Nome do Filho”, popularmente executada na Igreja Católica, no
início das celebrações eucarísticas, e a canção “Tudo é Do Pai” que o Padre Fábio de
Melo canta. Nesse momento uma senhora me chamou a atenção. Constatei que a idosa se
encontrava muito emocionada, sentadaem sua cadeira como uma criança, ela parecia estar
em um momento de profunda comoção em seu silêncio.
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Quando terminei de cantar, perguntei o porquê de ela estar emocionada. A
senhora indagou-me se conhecia a história do “Filho Pródigo". Disse que sim e que
achava ser aquela uma das mais bonitas da Bíblia. A senhora falou que conhecia e que
tinha visto o filme e que aquela canção que eu acabara de cantar ilustrava de modo
simples e bonito essa história.
Foi um momento de grande emoção, e por que não dizer de alegria? Vi ali que o
meu objetivo de proporcionar bem-estar, bem como entretenimento e lazer tinham sido
alcançados. Continuei tocando outras músicas, entre elas “Eu Só Quero um Xodo” de
Dominguinhos. Aproximou-se do nosso pequeno grupo uma outra senhora que veio ter
com as demais. Logo percebi que ela chorava, mas, continuei executando a
música,esperando o momento oportuno para perguntar-lhe sobre sua comoção ao ouvir
aquela música. A idosa revelou estar muito triste porque a filha tinha vindo visitá-la e não
trouxe o neto. Ela me dizia sentir muita saudade do neto o qual não via fazia muito
tempo. A fim de amenizar a sua tristeza naquele momento, perguntei se gostava de
cantar ou se gostaria de ouvir alguma música em especial. A idosa mudou seu humor, e
olhando-me com uma cara mais animada, me pediu que eu tocasse a música “Esperando
na Janela” de Targino Gondim, música que ficou muito famosa na voz de Gilberto Gil.
Toquei, cantei e aquela mulher que se sentia tão triste começou a sorrir, apreciando a
canção.
Como vimos acima, a execução de duas canções provocou sentimentos diversos
nas idosas. Vejamos o que Almeida (2011) fala:
Arrepios de pele, frequência cardíaca, respiração e temperatura foram as
principais respostas dos voluntários enquanto escutavam as músicas. A
neurocientista e líder da equipe de investigadores, Valorie Salimpoor,
explica que estes efeitos são de total responsabilidade da dopamina, um
neurotransmissor presente no cérebro e determinante na alimentação, no
sexo e nas dependências.
Essa intervenção foi uma das melhores. Muita coisa aconteceu, a cada música
tocada e cantada uma nova experiência. Além da questão emocional, durante a
experiência musical emergiram novas vivências. Enquanto eu tocava e cantava, os idosos
participavam com palmas, por vezes cantando juntos em um coro jovial e animado. Nesse
encontro, também apresentei-lhes as canções “Amor Perfeito” de Roberto Carlos, e “Eu
sei que vou te amar”, de Vinicius de Morais. As idosas se divertiram cantando e batendo
palmas juntas. Também, vez por outra, falavam entre elas algumas coisas que
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aconteceram no passado, ou seja, a música, durante essa intervenção especificamente,
atuou como uma forte ferramenta de socialização. Nesse prisma, Bueno, afirma:
[...] a música...importante mediadora no processo de integração do
idoso com a sociedade, com os outros indivíduos e com ele mesmo. Ela
pode ser um agente que interfere positivamente na socialização,
criatividade, autoestima e, consequentemente, um agente propiciador de
melhoria em sua qualidade de vida. (BUENO, 2008).
A música age de diversas formas, como vimos, e está sempre a favor da
socialização, interação e reintegração. No encontro descrito, tivemos muito boas
experiências musicais. O tempo novamente passou sem que eu percebesse... E já era hora
de elas se retirarem para rezar o terço na capela do instituto. Despedi-me das idosas.
Muitas delas revelando-me, enquanto se despediam, que haviam tido uma tarde
maravilhosa. Guardei o violão e saí do instituto com a sensação de missão cumprida.
8.5 INTERVENÇÃO 5
No dia 24 de março estive no asilo para mais um dia de vivência musical com os
idosos. Foi um dia muito produtivo com muita música e histórias. Com o auxílio do
violão e um folheto com letras de músicas religiosas, ficou comprovado, mais uma vez, o
quanto a música pode contribuir de maneira magistral, de forma positiva, na vida do
idoso.Com apenas quatro músicas tocadas e cantadas os idosos apresentaram efeitos
diversos no decorrer dessa experiência. Toquei e cantei, com ajuda deles, as
canções:“Como é grande o meu amor por você” (Roberto Carlos);“Tudo é do pai” (Padre
Fábio de Melo);“Em nome do pai” (autor desconhecido); e “Onde reina o amor”, (autor
desconhecido).Impressionante como essas músicas estimularam os idosos de várias
maneiras, sobretudo a reavivar sua memória. Ao término de cada canção eles faziam
comentários e contavam histórias. Uma das idosas contou uma história muito bonita,
quando finalizei a canção de Roberto Carlos. Sintetizando sua história, ela me disse que,
quando casada, todos os anos, na data do seu aniversário, o marido cantava canções de
Roberto Carlos, e que na maioria das vezes a canção entoada era Como é grande o meu
amor por você. Outra idosa disse que na sua tenra idade frequentava as missas dominicais
e que a música mais cantada durante o evento era Em Nome do Pai.
Quanto ao estímulo da memória Tourinho (2006) diz que “a música favorece a
memória evocando lembranças do passado”. Essa afirmação se confirmou durante a
intervenção mencionada. Todos os idosos acompanhavam a execução das músicas dando
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sempre uma atenção mais que especial à melodia e suas letras. Na verdade, eles adoram
histórias, não perdem a oportunidade de contar ou ouvir uma.
Na intervenção se faziam presentes apenas quatro idosas, porém, mesmo
havendo um público tão pequeno, a vivência ocorreu efoi uma experiênciamusical muito
boa para os que ali estavam.Durante a execução das músicas eu observava o que os
idosos faziam. Uns escutavam com muita atenção e cantavam vez por outra, outros
sorriam e batiam palmas. Igualmente, uma das idosas comentava com outra colega o que
achava da música. As idosas interagiam muito entre elas durante a execução. Uma
chegou a me revelar que, por causa das experiências com músicas voltou a falar com uma
colega com a qual já não conversava.
Como se percebe, a vivência com música ajuda na socialização, estimula a
comunicação, e também pode servir comoinstrumento apaziguador, pois, nessa situação
em específico, ajudou a solucionar conflitos existentes no convívio social. Aquelas idosas
que vivenciavam a atividade voltaram a se falar e a conviver harmoniosamente no mesmo
ambiente.
8.6 INTERVENÇÃO 6
No sexto dia de intervenção (31/03), cheguei ao instituto uma hora mais cedo
porque tinha um compromisso no mesmo horário que acontece as vivências musicais.
Confesso que encontrei muitos dos idosos com “cara de sono” - costumeiramente eles
dormem depois do almoço. Expliquei que vinha mais cedo porque tinha um compromisso
e não queria perder a oportunidade de estar com eles.
Nessa tarde, encontravam-se 5 idosos. Após cumprimentar todos, peguei meu
banquinho e comecei a entoar uma música. A canção em questão falava sobre liberdade,
na verdade, era o hino da Campanha da Fraternidade de 2014 (letra em anexo). Muitos
não sabiam sobre o tema da campanha. Depois de cantar, falei um pouco do que a canção
tratava - jovens que são convidados a viver e a trabalhar em outros países, e lá chegando
se prostituem, pois, muitas vezes, são obrigados a trabalhar e viver em condições não
muito boas, sofrendo abusos de toda sorte. As idosas, por sua vez, começaram a tecer
comentáriosa respeito. Uma falou que,em sua juventude, perdeu contato com algumas
colegas que foram viver em outros países e não voltaram mais. Anos mais tarde lhe foi
revelado que suas amigas viviam em condições precárias na Europa e que trabalhavam
em condições de escravidão. Outra idosa falou de um parente que sonhava em ser jogador
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de futebol, disse que foi convidado para jogar em outro país e passados alguns anos se
encontrava trabalhando como ajudante de pedreiro.
Nesse momento surgiram muitas histórias, todavia, registrei aqui o que acreditei
ser mais importante. Depois de muitas histórias, toquei e cantei junto com as idosas a
música Palavra de Salvação (em anexo), música muito cantada nas missas. As senhoras
adoraram e, mais uma vez, muitas histórias emergiram de suas memórias. Uma disse que
era muito linda essa canção e que sempre a escutava nas missas as quais frequentava, e
que muitos se emocionavam ao ouvi-la. Outra falou sobre uma irmã que a acompanhava
quando jovem nas missas de domingo, e que, em certa ocasião, revelou gostar muito da
música pois lembrava suas experiências quando orava e falava com Deus.
Bom, como disse, os idosos nessa intervenção estavam muito sonolentos e não
participaram como das outras vezes, todavia, mais uma vez, participaram cada um dentro
do seu ritmo e tivemos sim uma vivencia musical.
8.7 INTERVENÇÃO 7
A intervenção do dia 07/04 foi uma das melhores. Os idosos estavam muito
dispostos e animados. Assim que cheguei o Seu Zé falou de um parente que não tinha
notícias há muito tempo e que foi visitá-lo no instituto. Disse-me que este era músico e
que tocou algumas músicas na ocasião dessa visita, acontecimento também presenciado
por outros idosos que participam das vivencias musicais, e que todos se agradaram com a
visita do seu parente. Uma das idosas tomou a palavra e começou a discorrer sobre o
ocorrido. Falou que por meio da música o parente de Seu Zé provocou muitos bons
sentimentos nos idosos e fez com que eles se mexessem mais do que o normal, isto é,
cada um a seu modo e dentro das suas possibilidades deram alguns passos e dançaram um
pouco. Foi muito bom ouvir essa história. Comprovei mais uma vez o bem que a música
faz ao oportunizar aos idosos um momento de lazer, bem estar e entretenimento.
Depois de ouvir um pouco de cada um dos idosos, sentei no meu banquinho,
tirei o violão da capa e comecei a cantar uma música religiosa, “Onde reina o amor”
(autor desconhecido). Os idosos acompanharam ouvindo atentamente a letra na primeira
vez em que cantei. Na segunda, eles já acompanhavam com palmas e cantando algumas
partes da letra. Executei a canção ainda uma terceira veze, então, eles já a reproduziam
toda a música (cantavam a melodia juntamente com a letra). Isso me faz acreditar que
independentemente da idade eles podem sim aprender ou continuar aprendendo o que
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quiserem. Bee (1997) salienta que, dos 65 anos aos 75 anos, algumas das mudanças
cognitivas são sutis ou até inexistentes, como é o caso do conhecimento de vocabulário,
entretanto, ocorrem declínios importantes nas medidas que envolvem velocidade ou
habilidades não exercitadas.
Como se vê, os idosos podem sim aprender. Não com a mesma capacidade
cognitiva que um jovem, uma vez que do ponto de vista da gerontologia, os
idososperdem um pouco de qualidade dos sentidos com a chegada da velhice. Creio que
cabe ao educador buscar uma metodologia que venha a suprir essas necessidades
específicas no processo de ensino-aprendizagem do público idoso.
A intervenção seguiu comigo tocando e cantandooutra canção. Obtive o mesmo
grau de interesse por parte dos idosos, que seguiam ouvindo atentamente. Ao término da
música fizeram outros comentários com os colegas que se encontravam mais próximos.
Achei impressionante como eles conversavam, sobretudo quando finalizava a canção.
Eles sempre se lembravam de alguma coisa após serem estimulados com a melodia, e,
claro, com letra da música.
Ratifico aqui a importância da música como meio de comunicação, e/ou
estímulo de interação entre pessoas que figuram em um mesmo ambiente. Não obstante,
também atua no fortalecimento das conexões cerebrais estimulando à memória, trazendo
à tona lembranças do passado dos idosos.
Como sempre ocorre, próximo das 15hs a freira veio convocar as idosas para
rezar o terço. Despedi-me agradecendo e a desejando que tivessem uma boa experiência
na reza.
8.8 INTERVENÇÃO 8
Na tarde de 14 de abril estive pela última vez no Instituto Juvino Barreto para a
intervenção musical. Cheguei no horário de sempre (14hs00) e, mais uma vez, fui
agraciado pelas idosas que receberam-me com muita simpatia, alegria e um sorriso que
demonstrava muita vontade de participar da vivência.
Ao chegar e cumprimentá-las iniciei uma conversa informal na qual perguntava
sobre os planos delas para a Semana Santa. Foi um momento um pouco triste, pois ao
perguntar o que iriam fazer ou se iriam visitar suas famílias,as idosas revelaram não ter
mais ninguém, ou seja, falaram que não tinham mais irmãos, pais, mães, etc. Senti-me
bastante comovido, mas continuei conversando e buscando uma oportunidade para falar
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de música e ela veio através de uma idosa que pediu-me para tocar e cantar a música
“onde reina o amor”. As idosas rapidamente começaram a cantar e bater palmas. Essa
música elas sabiam toda a letra e a melodia, o que ajudou bastante e fez com que a
participação delas nessa intervenção acontecesse de modo intenso, pois cantavam com
bastante empolgação e alegria.
Foi uma intervenção na qual cantei e toquei muito para elas, e, apesar de eu estar
outra vez no “horário de cochilo”, estas estavam bastante animadas e participavam de
cada momento da vivencia musical, umas cantando, outras batendo palmas e, quase todas
ao termino de cada canção contando histórias.
Outra canção que fez sucesso na intervenção foi “Que Nem Jiló” de Luiz
Gonzaga. Mais uma vez, toquei e cantei com a participação de todas. Ao terminar uma
das idosas revelou ter dançado muito quando mais moça essa e outras músicas do “Lua”.
Como disse, as idosas estavam muito inspiradas naquela tarde, participavam de tudo com
muita vontade e animação. Assim que terminei a canção iniciei a entrevista
semiestruturada (pag. 64). Após a entrevista, chegaram umas estudantes de psicologia
acompanhadas de uma estagiária. Estavam apenas conhecendo o instituto. Elas me
perguntaram o que fazia ali. Falei brevemente do trabalho, as estudantes ouviram
atentamente, em seguida pediram para tirar uma foto das idosas, mas uma delas não
permitiam alegando que, aquele era o primeiro contato delas com o Instituto e as idosas e
que, talvez, numa próxima oportunidade poderiam. Após a idosa falar as estudantes se
despediram e voltamos a nossa intervenção (quase em todas as intervenções pessoas
apareciam e, de certa forma, atrapalhavam nas intervenções; tive que ter muito “jogo de
cintura” para administrar o pouco tempo que tinha com as idosas).
A próxima canção tocada foi “Em nome do pai”. Através de um pedido de uma
das idosas toquei e cantei juntamente com elas está linda canção. Enquanto cantava, as
senhoras olhavam o céu contemplando a natureza. Uma delas então disse: “Tudo que
Deus fez é lindo, tudo que ele criou é maravilhoso e a música é uma das coisas mais belas
que Ele criou”. Enquanto falava as outras corroboravam dizendo “É verdade, é verdade”.
Achei muito bonito da parte dela fazer tal comentário. Aos poucos aquela euforia que me
foi apresentada no começo da intervenção foi se acalmando de maneira que em certos
momentos só se ouvia o toque do violão. Depois de trinta minutos de intervenção as
idosas já apresentavam um pouco de cansaço, porém, continuavam a participar tanto na
hora do canto quanto na hora de falar, ainda que com um pouco menos de energia.
![Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/61.jpg)
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Eram todas muito gentis, faziam questão de conversar entre uma música e outra
e assim que finalizei a execuçãodessa última não foi diferente. Voltaram a dizer que essa
era umas das músicas mais bonitas que já ouviram nas missas, em sua juventude, e que
gostavam muito quando voltavam a ouvi-la. Mais uma vez, assim que terminaram o
comentário iniciei outra canção. Aliás, antes de cantar mais uma, comecei a falar sobre
Luiz Gonzaga. Esta foi a deixa para que elas começassem a contar várias histórias sobre
experiências vividas quando jovens, dançando e cantando em bailes, casamentos e
eventos ao som do “Lua”.
Como de costume, deixei que as idosas falassem o quanto quisessem e, após
terminarem, comecei a entoar “Asa Branca”. Toquei bem lentamente a canção e ao
finalizá-la vi que uma das idosas estava chorando. Perguntei rapidamente o que havia
acontecido e a senhora revelou ter lembrado muito do interior em que nasceu e o quanto a
canção falava das dificuldades enfrentadas pelo sertanejo de modo geral. A idosa também
disse que ouvia muita essa canção após ter chegado à capital (Natal) para trabalhar e não
mais voltar a sua terra. Foi um momento de grande comoção entre as idosas, todavia
tentei rapidamente contornar a situação com outra música. Comecei a cantar a música de
Roberto Carlos “Como é Grande o Meu Amor Por Você”, executei-a com a participação
de todas elas, entre vozes e palmas (com uma força não costumeira). Foi bom ver que
mais uma vez a música me ajudou amudar o ânimo delas. A arte do sons como
ferramenta de trabalho, tem-se mostrado bastante eficaz, pois afeta o idoso
emocionalmente e o ajuda-o de várias maneiras.
Nessa intervenção levei a minha flauta doce, isto porque, no dia que antecedeu à
visita ao instituto, lembrei-me de uma idosaque revelou certa vez ter muita vontade de
ouvir alguém tocando flauta para ela. Assim que terminei a canção de Roberto Carlos
olhei na direção da idosa mencionada e falei que tinha uma surpresa e que gostaria de
mostrá-la. Peguei a flauta e toquei a música “Odeà Alegria” de Beethoven e “Asa
Branca” de Luiz Gonzaga. A idosa sorriu muito e mostrou muita satisfação quando
terminei. A mesma chegou a beijar minha mão em gesto agradecido. Assim que terminei
as músicas, falei que aquele era o último dia que estaria com elas, continuei dizendo que
estava muito feliz por tê-las conhecido e que gostaria de tirar uma foto. Elas rapidamente
se levantaram, umas ajeitando os cabelos, outras o vestido. Foi um “reboliço” entre elas
para se ajeitarem e saírem bonitas na fotografia. Por fim, organizaram-se e as esperadas
fotos foram tiradas. Uma só com elas e outras comigo.
![Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/62.jpg)
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Após terminar a sessão de fotos, de modo bem carinhoso fui aos poucos
despedindo-me delas. Disse que tinha tido uma experiência muito bacana naquele local,
desde as primeiras visitas até o momento das intervenções propriamente ditas. Elas, por
sua vez e usando de uma gentileza grandiosa, falavam que também tinham experienciado
vários momentos mágicos com a música e comigo. Confesso que estava receoso com essa
despedida, mas ela não poderia ter acontecido de outra forma melhor. Cheia de alegria,
satisfação, gratidão. Enfim... Foram lindas e muito gratificantes todas as coisas que
aconteceram nesses entrecortados momentos musicais, junto a pessoas que têm muito
para oferecer e partilhar com os demais.
Imagem 24: Idosas
Fonte:Autoria Própria
Imagem25: Eu e as idosas
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Fonte: Autoria Própria
Bom, estas foram as minhas companheiras nas intervenções musicais. Foram
dois meses de grandes experiências e muito aprendizado. Houveram choros, sorrisos,
músicas, bater de palmas, contação de histórias e muitas outras coisas. E aqui quero
ressaltar a alegria de viver que encontrei nestas idosas. Com elasnão só toquei e cantei,
mas também aprendi a ver o mundo de outra forma, aprendi a valorizar mais os amigos, a
família, o que tenho, aprendi que não vale a pena brigar por tão pouco, também aprendi
que para ser feliz não preciso de muito. Na verdade, apenas o necessário, o pouco com
qualidade, pouco com Deus, pouco com honestidade, o pouco conquistado com muita
garra, coragem, com ousadia. Com elas aprendi e comprovei que realmente a música é
uma arte belíssima, que por meio dela podemos levar alegria, prazer, satisfação, amor,
carinho, que podemos transformar as pessoas, que podemos ser melhores seres humanos,
cidadãos, pais, filhos, irmãos, trabalhadores, professores, etc. Enfim, estar com essas
idosas foi um dos melhores presentes que me dei. Foi como estar perto de Deus.
![Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/64.jpg)
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8.9 ESTREVISTA SEMIESTRUTURADA
Com objetivo de aferir o quanto as vivências musicais contribuíram na vida das
idosas, dentro do instituto, foi feita uma entrevista na qual apenas três participaram
respondendo duas perguntas. A entrevista foi de caráter semiestruturado, de natureza
subjetiva e foi feita no último dia de intervenção.
Questão 1: Quais benefícios a música lhe proporciona?
Resposta do idoso A:Ela me faz sentir bem, tranquila... A música me acalma.
Sinto muita paz em meu coração quando ouço uma linda melodia.
Resposta do idoso B:Quando vivencio alguma experiência com música sinto algo
bom dentro de mim, alguma coisa me eleva...vou lá pro centro do céu, me sinto perto de
Deus, penso sempre em coisas boas, afinal, a vida é bela e com música muito mais.
Resposta do Idoso C:Sinto-me muito feliz quando escuto música. Quando toca
alguma canção que gosto no rádio, corro lá e aumento o volume. Às vezes, canto junto,
me sinto outra pessoa, me animo. Quanto estou triste, assim, „pra baixo‟, ligo o rádio e
meu ânimo muda de repente. Graças a Deus a música existe e ela pode nos ajudar a
superar as tristezas do dia-a-dia.
![Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/65.jpg)
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Questão 2: O que vocês sentiam durante as vivências musicais?
Resposta do idoso A: Me sentia feliz, alegre, lembrava de experiências que vivi,
também de algumas pessoas importantes que passaram por minha vida, do meu marido,
de uma grande amiga que esteve comigo por mais de 20 anos (estudamos juntas por
quase 15), nós formamos e trabalhamos também por um tempo. É isso, a música mexe
muito com minhas lembranças.
Resposta do idoso B:Emocionalmente feliz, sinto muita paz interior, lembro de
coisas boas do passado, coisas boas que aconteceram e as tristes a música nos ajuda a
esquecer.
Resposta do Idoso C: Eu me sinto muito feliz escutando música. Ai como eu
gosto...Gosto muito de música, lembro da minha juventude quando dançava em bailes.
Dançava e ninguém podia botar defeito. Nessa época tinha dois professores de dança que
iam aos bailes, ficavam olhando eu dançar e me elogiavam muito. É isso, nas
intervenções sentia-me como uma jovem menina vivendo todas as coisas da juventude
outra vez.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O idoso que vive em asilo é um ser humano como qualquer outro e mais do que
nunca precisa ser respeitado, amado e deve continuar tendocomo principal suporte a
visita constante da família. Afinal, não há nada melhor do que receber visitasdaqueles que
lhe estimam e lhe amam. Além do mais, depois que se aposentam, os idosos podem sim
continuar provando de novas experiências e aprendendo e tendo como suporte seus
parentes (Filhos, filhas, netos, etc).
No estudo foi comprovado que os idosos têm sim um potencial enorme no que
concerne ao processo cognitivo, isto é, a capacidade de aprender. Durante as intervenções
estes apresentaram muito interesse em aprender e fazer coisas novas (se mostravam muito
curiosos o tempo todo). Além disso, conseguiam fazer tudo que lhes era proposto.
Os idosos precisam ser vistos com “outros olhos”. Para tal, faz-se necessário o
incentivo a interação entre eles, jovens e adultos, afinal, todos querem ser ouvidos e fazer
parte dos eventos sociais.
Quanto ao papeldo educador que tem interesse em trabalhar com esse
público,este deverá buscar metodologias específicas para atender àsnecessidades dos
idosos. Além disso, ter muita paciência, ser criativo, dinâmico e, sobretudo, sensível no
processo de ensino-aprendizagem com o público da terceira idade.
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Os resultados foram muito bons. Muito do que foi lido em artigos e outras fontes
de pesquisa científica pôde ser comprovado na prática. Quero dizer que, a vivência com
os idosos com a música esteve em total harmonia com o que foi lido.
A música foi de fato o instrumento que influenciou e provocoumuitos benefícios
nos idosos;proporcionou lazer, entretenimento, estimulou à memória, desenvolveu
capacidades diversas, também novas habilidades, integrou, socializou, bem como
influenciou no comportamento, na interação, na fala, na coordenação motora,melhorou o
humor e quebrou certos preconceitos.
A cada intervenção era constatado a satisfação e a vontade dos idosos em
participar e aprender.
Além de todos os benefícios que os idosos receberam durante as intervenções,
através da música, a experiência provocou muitos benefícios em mim quando na
condição de educador.Cada intervenção era vista como um novo desafio e oportunidade
de aprender. Durante os dias que antecediam a visita ao instituto, passava boa parte do
tempo pensando, pesquisando e refletindo sobre quaisseriam os melhores procedimentos
a serem utilizados na próxima intervenção. Foi um exercício do pensar diário. Trabalhar
com idosos requer muita sensibilidade, paciência e estudo. Era preciso buscar novas
formas a cada nova intervenção. Isso me fez crescer como pesquisador, pois, tinha que
buscar diariamente em diversas fontes formas de como lidar com eles.
[...] ensinar exige pesquisa, exige criticidade, exige rigorosidade
metódica, exige respeito aos saberes dos educandos, exige estética e
ética, exige corporeificação das palavras pelo exemplo, exige risco,
aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação, exige
comprometimento, exige reflexão crítica sobre a prática em si mesma,
independente da opção política do educador (Freire, 1999).
Para lidar com eles era preciso um jeito especial a cada intervenção. Às vezes,
chegava e encontrava uma ou duas idosas tristes e chorando, sentindo falta dos filhos que
prometiam ir vê-las e não apareciam, nem ao menos ligavam para avisar. Isso motivava a
necessidade de conversar bastante antes de iniciar os trabalhos;era necessário tentar
mudar o ânimo delas. Além disso, as idosas não se mexiam muito, passavam a maior
parte do tempo sentados, sem nem levantar os braços.
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Mesmo com todas essas dificuldades que surgiama cada visita,sempre busquei
de alguma forma driblar os desafios e proporcionar um momento de júbilo as minhas
caríssimas amigas idosas. Fui a todas as intervenções desejoso de possibilitar um
momento único, com muita música, vivacidade e expressividade.
A pessoa idosadeve ser incentivada a continuar a fazer suas atividades normais
do dia-a-dia, trabalho, lazer, estudo, viagens, conversas, etc. Todas essas experiências
precisam continuar fazendo parte das suas vidas,igualmente, a sociedade, sobretudo a
família, precisa usar de grande sensibilidade ao lidar com o idoso. Hoje já não cabe mais
usar de comportamentos preconceituosos e discriminatórios no que diz respeito à velhice.
A Vivência Musical com idoso que, vive em asilo, deve continuar, pois essa
experiência provou que a música pode ajudá-los em vários aspectos, sobretudo, nos
quesitos socialização, comportamento, integração, comunicação e na memória.
Faz-se necessário deixarmos de lado também os mitos e estigmas que dizem que
os idosos precisam de descanso, que não aguentam fazer mais nada, que não sabem das
coisas, que já não podem ouvir bem, falar bem, ver, sentir, que não são capazes, que não
têm força, etc. Com a chegada da velhice ocorrem as patologias que estão intimamente
ligadas ao processo de envelhecimento (diminuição da qualidade dos sentidos), todavia,
não significa que o idoso não pode fazer mais nada. O idoso pode sim continuar a praticar
esportes, conversar, caminhar, correr, viver em sociedade como qualquer outra pessoa. O
mesmo pode também ouvir músicas, aprender quantos instrumentos quiser, ir à concertos,
shows, vivenciar várias experiências musicais.
Por fim, vale salientar que o idoso éparte integrante da sociedade e não podemos
de maneira alguma deixá-lo à margem,tê-los entre nós é um grande privilégio, é também
uma boa forma de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, digna e
próspera. Eles têm muito o que acrescentar, o que dizer, muito a ensinar e aprender
ainda.Viva aos idosos de todo Brasil!
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69
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ANEXOS
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ANEXO A- Música Amor Perfeito
Roberto Carlos
Fecho os olhos pra não ver passar o tempo
Sinto falta de você
Anjo bom, amor perfeito no meu peito
Sem você não sei viver
Vem, que eu conto os dias
Conto as horas pra te ver
Eu não consigo te esquecer
Cada minuto é muito tempo sem você
Sem você
Os segundos vão passando lentamente
Não tem hora pra chegar
Até quando te querendo, te amando
Coração quer te encontrar
Vem, que nos seus braços esse amor é uma canção
E eu não consigo te esquecer
Cada minuto é muito tempo sem você
Sem você
![Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/74.jpg)
74
Eu não vou saber me acostumar
Sem sua mão pra me acalmar
Sem seu olhar pra me entender
Sem seu carinho, amor, sem você
Vem me tirar da solidão
Fazer feliz meu coração
Já não importa quem errou
o que passou, passou então vem
Vem, vem, vem
ANEXO B: Música Canteiros
Fagner
Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Sendo claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem
Me faz sentir alegria
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
![Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/75.jpg)
75
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Pois senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Pois senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração
ANEXO C:Como é Grande o Meu Amor Por Você
Roberto Carlos
Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você
E não há nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você
Nem mesmo o céu nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Nada é maior que o meu amor
Nem mais bonito
Me desespero a procurar
Alguma forma de lhe falar
Como é grande o meu amor por você
Nunca se esqueça, nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você
![Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/76.jpg)
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Nunca se esqueça, nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você
Mas como é grande o meu amor por você
ANEXO E:Deslizes
Fagner
Não sei por que
Insisto tanto em te querer
Se você sempre faz de mim
O que bem quer
Se ao teu lado
Sei tão pouco de você
É pelos outros que eu sei
Quem você é
Eu sei de tudo
Com quem andas, aonde vais
Mas eu disfarço o meu ciúme
Mesmo assim
Pois aprendi
![Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/77.jpg)
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Que o meu silêncio vale mais
E desse jeito eu vou trazer
Você pra mim
E como prêmio
Eu recebo o teu abraço
Subornando o meu desejo
Tão antigo
E fecho os olhos
Para todos os teus passos
Me enganando
Só assim somos amigos
Por quantas vezes
Me dá raiva de querer
Em concordar com tudo
Que você me faz
Já fiz de tudo
Pra tentar te esquecer
Falta coragem pra dizer
Que nunca mais
Nós somos cúmplices
Nós dois somos culpados
No mesmo instante
Em que teu corpo toca o meu
Já não existe
Nem o certo, nem errado
Só o amor que por encanto
Aconteceu
E é só assim
Que eu perdoo
Os teus deslizes
E é assim o nosso
Jeito de viver
E em outros braços
Tu resolves tuas crises
![Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/78.jpg)
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Em outras bocas
Não consigo te esquecer
Te esquecer
ANEXO F: Em Nome do Pai
Padre Marcelo Rossi
Em nome do pai
Em nome do filho
Em nome do espirito santo
Estamos aqui
Em nome do pai
Em nome do filho
Em nome do espirito santo
Estamos aqui
Para louvar e agradecer
Bem dizer e adorar
Estamos aqui, Senhor,
A teu dispor.
Para louvar e agradecer
Bem dizer e adorar
Te aclamar
Deus trino de amor.
![Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/79.jpg)
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ANEXO G:Hino da Campanha da Fraternidade 2014
Campanha da Fraternidade
É para a liberdade que Cristo nos libertou,
Jesus libertador!
É para a liberdade que Cristo nos libertou! (Gl 5,1)
1. Deus não quer ver seus filhos sendo escravizados,
À semelhança e à sua imagem, os criou. (Cf. Gn 1,27)
Na cruz de Cristo, foram todos resgatados
Pra liberdade é que Jesus nos libertou! (Gl 5,1)
2. Há tanta gente que, ao buscar nova alvorada,
Sai pela estrada a procurar libertação;
Mas como é triste ver, ao fim da caminhada,
Que foi levada a trabalhar na escravidão!
3. E quantos chegam a perder a dignidade,
Sua cidade, a família, o seu valor.
Falta justiça, falta mais fraternidade
Pra libertá-los para a vida e para o amor!
![Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/80.jpg)
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4. Que abracemos a certeza da esperança, (Cf. Hb 6,11)
Que já nos lança, nessa marcha em comunhão.
Pra novo céu e nova terra da aliança, (Cf. Ap 21,1)
De liberdade e vida plena para o irmão (Cf. Jo 10,10)
ANEXO H: Tudo É do Pai
Pe. Fábio de Melo
Eu pensei que podia viver, por mim mesmo
Eu pensei que as coisas do mundo
Não iriam me derrubar
O orgulho tomou conta do meu ser
E o pecado devastou o meu viver
Fui embora, disse ao Pai, dá-me o que é meu!
Dá-me a parte que me cabe da herança
Fui pro mundo
Gastei tudo
Me restou só o pecado
Hoje eu sei que nada é meu
Tudo é do Pai
(refrão)
Tudo é do Pai
Toda honra e toda glória
É dele a vitória
Alcançada em minha vida
![Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/81.jpg)
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Tudo é do Pai
Se sou fraco e pecador
Bem mais forte é o meu Senhor
Que me cura por amor. (bis)
ANEXO I:Como é Grande o Meu Amor Por Você
Roberto Carlos
Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você
E não há nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você
Nem mesmo o céu nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Nada é maior que o meu amor
Nem mais bonito
![Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/82.jpg)
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Me desespero a procurar
Alguma forma de lhe falar
Como é grande o meu amor por você
Nunca se esqueça, nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você
Nunca se esqueça, nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você
Mas como é grande o meu amor por você
ANEXO J:Que nem Jiló
Luiz Gonzaga
Se a gente lembra só por lembrar
O amor que a gente um dia perdeu
Saudade inté que assim é bom
Pro cabra se convencer
Que é feliz sem saber
Pois não sofreu
Porém se a gente vive a sonhar
Com alguém que se deseja rever
Saudade, entonce, aí é ruim
Eu tiro isso por mim
Que vivo doido a sofrer
![Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/83.jpg)
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Ai quem me dera voltar
Pros braços do meu xodó
Saudade assim faz roer
E amarga qui nem jiló
Mas ninguém pode dizer
Que me viu triste a chorar
Saudade, o meu remédio é cantar
ANEXO L:Asa Branca
Luiz Gonzaga
Quando olhei a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de prantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
![Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/84.jpg)
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Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Então eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração
ANEXO M:Vida de Viajante
Luiz Gonzaga
Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei.
![Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/85.jpg)
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Chuva e sol
Poeira e carvão
Longe de casa
Sigo o roteiro
Mais uma estação
E a alegria no coração
Minha vida é andar
Mar e terra
Inverno e verão
Mostre o sorriso
Mostre a alegria
Mas eu mesmo não
E a saudade no coração
Minha vida é andar...
ANEXO N:Asa Branca (partitura)
![Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/86.jpg)
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ANEXO O:Ode à Alegria
![Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO N: Asa Branca (partitura).....85 ANEXO O: Ode à Alegria .....86. 13 1 INTRODUÇÃO Sobre a música, sabe-se que ela está](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022052419/5a76957f7f8b9aa3618d537b/html5/thumbnails/87.jpg)
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Fonte:Disponível em: http://seisoitavascp2.blogspot.com.br/2012_03_01_archive.html.