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Ana Karina Pereira Leite
SÍNTESE, ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE POLÍMEROS DE COORDENAÇÃO À BASE DE ÍONS LANTANÍDEOS E ÁCIDOS
BENZENODICARBOXÍLICOS.
Dissertação de Mestrado apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em Química
da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, como requisito para obtenção
do Título de Mestre em Química.
Orientador: Prof. Dr. Bráulio Silva Barros
(UFRN)
Co-orientador: Prof. Dr. Severino Alves
Júnior (UFPE)
Natal-RN
2014
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN Biblioteca Setorial do Instituto de Química
Leite, Ana Karina Pereira. Síntese, estrutura e propriedades de polímeros de coordenação à base de íons lantanídeos e ácidos benzenodicarboxílicos / Ana Karina Pereira Leite. – Natal, RN, 2014.
80 f. : il.
Orientador: Bráulio Silva Barros. Co-orientador: Severino Alves Júnior.
Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.
1. Redes Metalorgânicas – Dissertação. 2. Íons lantanídeos – Dissertação. 3. Ácido benzenodicarboxílicos – Dissertação. I. Barros, Bráulio Silva. II. Alves Júnior, Severino. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/UFRN/BSE- Instituto de Química CDU 678.7 (043.3)
3
“Dedico aos meus pais, Ednalva e Francisco e, aos meus irmãos Ester, Karla, Stella e Francisco Jr.”
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus...
Aos meus pais, Francisco e Ednalva, que sempre mostraram determinação e muito
esforço...
Aos meus irmãos, Karla, Stella e Júnior, por se fazerem sempre presente mesmo
distante...
Ao professor Bráulio Silva Barros, por ter aceitado me orientar, grata pela paciência,
compreensão, incentivo, confiança, ensinamentos... O meu eterno agradecimento!!!
A Joanna Kulesza, pela paciência, a disponibilidade em ensinar e a colaboração
para o desenvolvimento deste trabalho.
Ao professor Severino Alves Jr. por ter aceitado me co-orientar e as contribuições.
A professora Tatiana de Campos Bicudo pela compreensão e pelas contribuições.
Ao professor Jorge Luiz Neves pela colaboração.
A Leverrier Saturnino, por está ao meu lado em todos os momentos, sempre me
estimulando para que eu consiguisse alcançar meus objetivos.
Aos meus amigos, Cilene, Gilberlândio, Cândida, Gildervânia, Izabel.
Aos colegas do LAMMEN, Viviane, Rosivânia, Jéssica, Isadora, Geovanna, Jarley,
pelas conversas, risadas e troca de conhecimento.
Ao pessoal do Pouso com quem eu convivo todos os dias, em especial, dona Ceiça,
Ana Paula, Lucília, pelos momentos de descontração, conselhos...
Ao departamento de Materiais da UFRN pela realização de algumas análises.
Ao departamento de Química Fundamental da UFPE, pelas análises realizadas.
A Central Analítica no Instituto de Química UFRN, em especial, ao técnico Joadir e a
Leonardo.
Ao CNPQ pelo suporte financeiro.
Muito obrigada!
5
“... É preciso força para sonhar e perceber
que a estrada vai além do que se vê...”
Marcelo Camelo
6
RESUMO
As redes metalorgânicas (MOFs) são híbridos, normalmente cristalinos, constituídos de subunidades inorgânicas, metais ou clusters metálicos, conectados por ligantes orgânicos politópicos de forma repetitiva originando estruturas em duas ou três dimensões, geralmente porosas. Neste trabalho foram sintetizadas MOFs com íons lantanídeos (La3+ e Gd3+) e ligantes tipo benzenodicarboxilatos (ácidos isoftálico e o tereftálico) pelos métodos hidrotérmico, solvotérmico e hidro(solvo)térmico. Os efeitos da rota sintética sobre a estrutura e propriedades das MOFs foram estudados, bem como do tipo de aquecimento, convencional ou por micro-ondas. As amostras obtidas na forma de pós foram caracterizadas por difração de raios-X, espectroscopia de infravermelho, análises térmicas e microscopia eletrônica de varredura. Os resultados sugerem a necessidade de uma base, orgânica ou inorgânica, para promover a desprotonação do ligante, uma vez que nas amostras preparadas pelo método hidrotérmico, sem o auxílio de uma base, não houve formação de uma rede metalorgânica. Por outro lado, a presença de DMF, como solvente ou co-solvente, proporcionou a desprotonação do ligante com consequente formação das MOFs. Pelo menos duas estruturas cristalinas diferentes foram identificadas para as amostras preparadas com ácido tereftálico. Estas amostras apresentam isoestruturas semelhantes às reportadas para as fases Eu(1,3-BDC)DMF, Eu2(1,4-BDC)3 (DMF)2 e Tb(1,4-BDC)H2O. A presença de água no meio reacional, método hidro(solvo)térmico, direcionou o crescimento da estrutura de maneira diferente da observada quando em sua ausência. Isto pode ser justificado pela diferença na forma de coordenação dos íons lantanídeos por água e por DMF. Apesar de não terem sido identificadas por DRX, as amostras preparadas com ácido isoftálico também apresentam estruturas metalorgânicas, confirmadas pelo deslocamento do da banda referente ao estiramento do grupo carbonila em relação a ligante puro, nos espectros de infravermelho. Este deslocamento também foi observado nas amostras preparadas com ácido tereftálico. A análise térmica mostra que o colapso das estruturas metalorgânicas não ocorre a uma temperatura inferior a 430°C. As análises de microscopia eletrônica de varredura sugerem que a morfologia dos pós e significativamente dependente do tipo de aquecimento usado, convencional ou micro-ondas. Palavras-chave: Redes Metalorgânicas. Íons lantanídeos. Ácidos benzenodicarboxílicos.
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ABSTRACT
Metal Organic Frameworks (MOFs) are hybrids materials, often crystalline, consisting of metal or metal clusters, connected by polytopic organic ligands repetitively, leading to structures, usually porous. In this work, MOFs based on lanthanide ions (La3+ and Gd3+) and dicarboxylate type of ligands (isophthalic and terephthalic acids), were synthesized by hydrothermal, solvothermal and hydro(solvo)thermal methods. The effects of the synthetic route as well as the type of heating, conventional or by microwave, on the structure and properties of MOFs were studied. The powder samples obtained were characterized by X-ray diffraction, infrared spectroscopy, thermal analysis and scanning electron microscopy. The results suggest that the addition of an organic or inorganic base is needed to promote the deprotonation of the ligand, since in the samples prepared by the hydrothermal method, without the use of a base, no formation of the metalorganic framework was observed. On the other hand, the presence of DMF as solvent or co-solvent, afforded the deprotonation of the ligand with the consequent formation of MOFs. At least two different crystalline structures were identified for the samples prepared with terephthalic acid. These samples are isostructural with those reported for phases Eu(1,3-BDC)DMF, Eu2(1,4-BDC)3 (DMF)2 and Tb(1,4-BDC)H2O. The presence of water in the reaction medium in the hydro(solvo)thermal method, provoked the growth of the structure different from that observed in the absence of water. This can be explained by the difference in the coordination mode of water and DMF to lanthanide ions. Although not identified by XRD, the samples prepared with isophthalic acid, also present metalorganic structures, which was confirmed by the presence of the characteristic displacement of the carbonyl group band in their infrared spectra, compared to the spectrum of the pure ligand. This shift was also observed in the samples prepared with terephthalic acid. Thermal analisys shows that the metal organic frameworks do not collapse occurs at a temperature below 430°C.The analysis of scanning electron microscopy suggests that the morphology of powders is highly dependent on the type of heating used, conventional or by microwave.
Key-words: Metal-Organic Frameworks. Lanthanides íons. Benzenedicarboxylic
acids.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Densidade de probabilidade radial em função da distância do
núcleo aos orbitais 4f, 5s, 5p e 6s do íon Gd3+.............................
18
Figura 2.2 - Geometria Antiprisma quadrado (a) e prisma trigonal
triencapuzado(b)............................................................................
19
Figura 2.3 - Representação de um polímero de coordenação......................... 22
Figura 2.4 - Representação de uma rede de coordenação.............................. 22
Figura 2.5 - Representação de uma MOF........................................................ 23
Figura 2.6 - Blocos de construção utilizados na construção de polímeros de
coordenação..................................................................................
25
Figura 2.7 - Possíveis modos de coordenação observados para estruturas
de terras raras-ácido isoftálico......................................................
26
Figura 3.1 - Fluxograma do procedimento experimental para a síntese das
redes metalorgânicas....................................................................
36
Figura 3.2 - Curvas de calibração para DMF + H2O......................................... 39
Figura 4.1 - Difratogramas de raios-x dos pós das amostras La(1,3-BDC)
preparadas por diferentes métodos de síntese.............................
43
Figura 4.2 - Difratogramas de raios-x dos pós das amostras Gd(1,3-BDC)
preparadas por diferentes métodos de síntese.............................
45
Figura 4.3 - Espectros de absorção na região de infravermelho para as
redes metalorgânicas Ln3+(1,3-BDC) e do ligante orgânico puro
(1,3-H2BDC)..................................................................................
47
Figura 4.4 - Curvas de TGA das amostras preparadas com La(1,3-BDC)....... 48
Figura 4.5 - Curvas de TGA das amostras preparadas com Gd(1,3-BDC)...... 50
Figura 4.6 - Morfologia das amostras com o ligante (1,3-BDC)........................ 51
Figura 4.7 - Difratogramas de raios-x dos pós das amostras La(1,4-BDC)
preparadas por diferentes métodos de síntese.............................
54
Figura 4.8 - Difratogramas de raios-x dos pós das amostras Gd(1,4-BDC)
preparadas por diferentes métodos de síntese.............................
55
Figura 4.9 - Espectros de absorção na região de infravermelho para as
redes metalorgânicas Ln3+(1,4-BDC) e do ligante orgânico puro
(1,4-H2BDC)..................................................................................
57
9
Figura 4.10 - Curvas de TGA das amostras preparadas com La(1,4-BDC)....... 58
Figura 4.11 - Curvas de TGA das amostras preparadas com Gd(1,4-BDC)...... 59
Figura 4.12 - Morfologia das amostras com o ligante (1,4-BDC)........................ 61
Figura 5.1 - Representação do ambiente de coordenação em torno do íon
La3+ para a amostra La13HSC......................................................
64
Figura 5.2 - A estrutura tridimensional de La13HSC ao longo do eixo c.......... 65
Figura 5.3 - Representação do ambiente de coordenação em torno do íon
Gd3+ para a amostra Gd14HSM....................................................
66
Figura 5.4 - Estrutura de Gd14HSM ao longo do eixo b................................... 68
Figura 5.5 - Representação do ambiente de coordenação de Gd3+, nas
estruturas isoreticulares Gd14SM, Gd14SC e Gd14HSC ............
68
Figura 5.6 - Estrutura de Gd14SM ao longo do eixo c...................................... 69
10
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
COD – do inglês Crystallography Open Database
CSD – do inglês Cambridge Structural Database
DMF – N’,N’-Dimetilformamida
DRX- Difração de raios-x
EtOH – Etanol
1,3-H2BDC – 1,3-benzenodicarboxilato (Ácido isoftálico)
1,4-H2BDC – 1,4-benzenodicarboxilato (Ácido tereftálico)
IV- Infravermelho
IUPAC – International Union of Pure and Applied Chemistry
LOFs – do inglês Lanthanide-Organic Frameworks
MeOH – Metanol
MEV – Microscópia Eletrônica de Varredura
MOFs – do inglês Metal Orgânic Frameworks
MRI – do inglês Magnetic Resonance Imaging
RM – Ressonância Magnética
TGA – Análise Termográvimetrica
TR – Terras Raras
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
1.2 OBJETIVOS 15
1.2.1 Objetivo Geral 15
1.2.2 Objetivos Específicos 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17
2.1 TERRAS RARAS 17
2.1.1 Conceitos Fundamentais e Aplicações 17
2.2 REDES METALORGÂNICAS 21
2.2.1 Histórico e Fundamentos 21
2.2.2 Características Estruturais 23
2.2.3 Ligantes Orgânicos e Modos de Coordenação 25
2.2.4 Métodos de Síntese 27
2.2.5 Redes Metalorgânicas com íons lantanídeos 28
2.2.5.1 Agentes de Contraste para MRI 31
3 MATERIAIS E MÉTODOS 34
3.1 REAGENTES 34
3.2 PREPARAÇÃO DO NITRATO DE GADOLÍNIO 34
3.3 MÉTODOS 34
3.3.1 Curvas de Calibração para síntese em micro-ondas 38
3.4 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO 39
3.4.1 Difração de Raios-x método do pó.................................................. 39
3.4.2 Espectroscópia de Infravermelho.................................................... 39
3.4.3 Análise Térmica.................................................................................. 40
3.4.4 Microscópia Eletrônica de Varredura.............................................. 40
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 42
4.1 ESTUDO DOS PARAMETROS DE SÍNTESE PARA A OBTENÇÃO
DE REDES METALORGÂNICAS LN3+(BDC)......................................
42
4.2 OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE REDES METALORGÂNICAS
Ln3+(1,3-BDC).....................................................
42
4.3 OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE REDES METALORGÂNICAS
12
Ln3+(1,4-BDC)........................................................................................ 53
5 ESTRUTURAS........................................................................................ 64
6 CONCLUSÃO.......................................................................................... 71
6.1 PERSPECTIVAS 72
REFERÊNCIAS....................................................................................... 74
13
____________________________________________
Capítulo I
Introdução e Objetivos
_____________________________________________
14
1 INTRODUÇÃO
As redes metalorgânicas ou MOFs, sigla originada do inglês que significa
Metal Organic Frameworks [1], também designadas de polímeros de coordenação,
formam uma nova classe de materiais cristalinos porosos, nas quais os seus
componentes são íons e/ou clusters metálicos unidos por moléculas orgânicas em
ponte. Nas últimas décadas, tem se observado um avanço expressivo em pesquisas
envolvendo essa inovadora classe de materiais híbridos, principalmente, devido à
diversidade estrutural que esse tipo de material pode apresentar e,
consequentemente, ao conjunto de novas e relevantes propriedades que podem ser
obtidas, incluindo entre elas: porosidade e a área superficial, ambas geralmente
elevadas [2].
As propriedades das MOFs estão vinculadas tanto ao íon metálico quanto ao
ligante orgânico adotados, pois são os determinantes das características estruturais
desses materiais. As estruturas resultantes formadas a partir de diferentes metais
e/ou clusters e ligantes orgânicos podem ser: unidimensionais, bidimensionais ou
tridimensionais [3].
Esses materiais têm sido propostos como alternativas viáveis para várias
aplicações, tais como: o armazenamento de gás [3], catálise [4], armazenamento e
entrega de drogas [5], agentes de contraste para ressonância magnética [6], entre
outras. O uso das MOFs com lantanídeos como agente de contraste em imagem de
ressonância magnética é especialmente promissor, devido às propriedades
magnéticas apresentadas por esses elementos e em especial pelo gadolínio, em
virtude da quantidade de elétrons desemparelhados e o tempo de relaxação [6]. O
referido lantanídeo já é usado como componente de contraste em compostos de
coordenação há algum tempo, todavia, a viabilidade do emprego de redes
metalorgânicas para tal finalidade foi reportada apenas mais recentemente.
No entanto, além de propriedades magnéticas adequadas, o uso desses
materiais como agentes de contraste também depende do estudo da sua
estabilidade e toxicidade, parâmetros que ainda merecem muita atenção [7]. Por
esse motivo, a síntese e caracterização desses materiais e de suas propriedades de
interesse são vitais para o desenvolvimento tecnológico.
15
1.1 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral:
Obtenção de polímeros de coordenação 2D e/ou 3D com os íons
lantanídeos (gadolínio e lantânio) e os ácidos benzenodicarboxílicos
1,4-H2BDC e 1,3-H2BDC.
1.2.2 Objetivos Específicos:
Sintetizar novos polímeros de coordenação utilizando os métodos,
hidrotérmico, solvotérmico, hidrosolvotérmico e duas formas de
aquecimento distintas, assistidas por micro-ondas e convencional;
Caracterizar o material por diferentes técnicas de difração de raios-x,
infravermelho, análise térmica e microscopia eletrônica de varredura;
Investigar a influência dos parâmetros de síntese, ou seja, os efeitos
do solvente no direcionamento da estrutura cristalina dos polímeros de
coordenação;
Avaliar as diferentes características apresentadas pelos íons La3+ e
Gd3+, lantanídeo leve e pesado, respectivamente.
16
____________________________________________
Capítulo II
Revisão Bibliográfica
_____________________________________________
17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 TERRAS RARAS 2.1.1 Conceitos fundamentais e aplicações
A comissão de Nomenclatura em Química Inorgânica da IUPAC (do inglês
International Union of Pure and Applied Chemistry) recomenda o uso da expressão
“metais das terras-raras” para os elementos compreendidos entre o lantânio (Z=57)
e o lutécio (Z=71), incluindo-se também o ítrio (Z=39) e o escândio (Z=21), por
apresentarem propriedades químicas similares. O termo “série do lantânio” é
reservado para os elementos de números atômicos entre 57 e 71 (lantânio a lutécio),
e o termo “Lantanídeos” é ainda mais restrito, pela exclusão do lantânio, incluindo-se
os elementos de números atômicos entre 58 e 71 (cério a lutécio). Dentro do grupo
dos lantanídeos ainda existe uma subdivisão entre elementos leves e pesados, essa
divisão está relacionada com os números atômicos, ou seja, os elementos que
apresentam menores números atômicos são considerados lantanídeos leves (La –
Eu) e os que apresentam número atômico mais elevado são os pesados (Gd – Lu)
[8].
Um aspecto interessante dos lantanídeos é a sua estrutura eletrônica
peculiar. Quando em seu estado de oxidação trivalente (+3), sendo considerado o
que demonstra maior estabilidade em relação aos parâmetros termodinâmicos, os
elétrons 4f se encontram na parte interna do átomo, apresentando uma menor
extensão radial, como representado na Figura 2.1. Sendo assim, nos compostos
formados por íons Ln3+, os elétrons 4f não participam das ligações químicas, pois
esses se encontram blindados por elétrons externos localizados nos orbitais
preenchidos 5s2 e 5p6 [9]. Os lantanídeos apresentam dois tipos de configuração
eletrônica que são: [Xe]4fn6s2 e [Xe]4fn-15d16s2, em que os elétrons 4f são
responsáveis por propriedades ópticas e magnéticas. Mas as propriedades químicas
independem deles [10,11].
18
Figura 2.1 - Densidade de probabilidade radial em função da distancia do núcleo aos orbitais 4f, 5s, 5p e 6s no íon Gd3+.
Fonte: Referência [8].
Uma consequência direta da estrutura eletrônica característica desses
elementos é a contração lantanídica. Essa propriedade é consequência da
diminuição do raio atômico e iônico com o aumento do número atômico ao longo
dessa família [8, 12]. Isto ocorre, pois nesses elementos quando se aumenta o
número atômico, acrescenta-se um elétron na camada mais interna, com isso
deixando o átomo e/ou íon mais compacto, ou seja, resultado do efeito da blindagem
imperfeita exercida por um elétron 4f sobre outro do mesmo orbital, decorrente do
aumento da carga nuclear efetiva ao decorrer da série lantanídica [8,12].
A contração lantanídica interfere em algumas propriedades, na qual se pode
apontar entre uma delas, a basicidade, que diminui à medida que o número atômico
cresce na supracitada série, a diminuição é ocasionada pela capacidade que esses
átomos têm em perder elétrons com facilidade [12]. Diante disso, pode-se dizer que
as propriedades desses elementos, sejam átomos ou íons, são relacionadas aos
seus raios atômicos e iônicos, respectivamente, visto que são ações resultantes da
atração e/ou repulsão das nuvens eletrônicas com seus núcleos [13].
19
É importante frisar as distinções entre os modos de coordenação dos íons
Ln3+ com os íons metálicos do bloco p ou d, em virtude dos íons Ln3+ serem maiores
(raios de: 0,85 a 1,06 Å). Nesse caso, os números de coordenação para os
lantanídeos podem variar entre 6 e 12, sendo os mais frequentes 8 e 9, relacionados
às geometrias antiprisma quadrado e prisma trigonal triencapuzado,
respectivamente. Em geral, os lantanídeos leves apresentam número de
coordenação 8 e os pesados 9. Por outro lado, os metais de transição são bem
menores (Cr3+ 0,60 Å e o Fe 0,65 Å), normalmente apresentando números de
coordenação 4 e 6 [8, 12, 14].
Figura 2.2 - Geometria antiprisma quadrado (a), prisma trigonal triencapuzado (b).
(a) (b)
Fonte: Elaborado pela autora, referencia [8].
A ligação que prevalece nesses elementos é a iônica, e os íons Ln3+ são
considerados ácidos duros por apresentar baixa polarizabilidade, tendo em vista
isso, esses íons dão prioridade a se coordenar a grupos eletronegativos,
principalmente, os que são constituídos por F, O e N, sendo os átomos doadores,
conhecidos como bases duras [15]. Dessa forma, esses íons exibem uma forte
afinidade a se coordenar com a água, carboxilatos, dicetonatos, entre outros e,
assim, formar estruturas mais estáveis [16].
Os íons terras raras ao perderem elétrons apresentam características
paramagnéticas, ressalvando os íons Y3+, La3+ e Lu3+, já que são diamagnéticos. O
íon do gadolínio possui o maior número de elétrons desemparelhados. O
20
desemparelhamento desses elétrons para esse íon dá origem às propriedades
magnéticas, logo esses íons podem ser usados na formação de estruturas,
propostas a atuarem como agentes de contraste em ressonância magnética [17].
Para os elementos lantanídeos, os diferentes níveis de energia são
provenientes dos elétrons 4f que eles possuem, consequentemente, essas
diferenças energéticas exibem tanto espectros de absorção como de emissão,
proporcionando emissões desde o infravermelho ao ultravioleta, deparando-se
algumas vezes com emissões na região do visível. Os íons terras raras podem ser
classificados em quatro grupos de acordo com suas propriedades luminescentes
[8,18], sendo expostas a seguir:
Sm3+, Eu3+, Tb3+ e Dy3+: esses íons manifestam intensas emissões. Eles
possuem luminescência na região do visível, estando associado às distinções
entre seus estados energéticos (fundamental e excitado);
Ce3+, Er3+, Pr3+, Nd3+, Ho3+, Tm3+ e Yb3+: esses íons transmitem emissões
fracas na região do infravermelho próximo. A fraca luminescência pode ser
explicada por esses íons apresentarem níveis eletrônicos próximos uns dos
outros, favorecendo as transições não radiativas.
Gd3+: devido a esse íon possuir a subcamada 4f parcialmente preenchida com
7 elétrons, ou seja, dessa maneira, garantindo estabilidade (segundo a regra
de Hund). Indicando que seu nível de energia está acima do seu estado
fundamental, sugerindo que ele só detecta na região do ultravioleta;
La3+, Lu3+, Sc3+ e Y3+: não demonstram luminescência porque seu primeiro
nível excitado está muito acima dos níveis de tripleto de qualquer matriz ou
ligante usado comumente.
Os materiais que possuem íons Ln3+ são destinados a inúmeras aplicações,
consequência das suas propriedades espectroscópicas e magnéticas, como se pode
mencionar: lasers, sensores luminescentes, Dispositivos Orgânicos Emissores de
Luz (OLEDs) vêm se destacando na área biológica sendo utilizados como sondas
para análises biológicas, marcadores em imunologia (fluoroimunoensaios), agentes
de contraste (ressonância magnética) [19-22], entre outras.
21
2. 2 REDES METALORGÂNICAS
2.2.1 Histórico e fundamentos
A utilização do termo “polímero de coordenação” foi proposta pela primeira
vez no ano de 1964 por J. C. Bailar, de acordo com BIRADHA et al. [23]. No
entanto, o primeiro polímero de coordenação foi produzido bem antes de 1964.
Relatos mostram que, por um equívoco, ao tentar produzir um pigmento de
coloração vermelha, Diesbach obteve uma substância totalmente diferente, um
composto de coordenação que era o azul prussiano, presumindo o primeiro polímero
de coordenação feito pelo homem, porém na época não existia essa denominação
[24]. Atualmente, tem-se conhecimento de que o azul de Prússia não é um polímero
de coordenação, pois sua estrutura é finita. No ano de 1965, Tomic reportou um
artigo científico relacionado aos polímeros de coordenação, sendo considerado um
dos primeiros a serem publicados, constituídos por metais (zinco, níquel, ferro,
alumínio) e ácidos carboxílicos (ligante orgânico) [1,25].
No entanto, as pesquisas associadas a polímeros de coordenação só
começaram a ganhar destaque a partir dos anos 1980, depois dos trabalhos
desenvolvidos por Robson, pois começou uma nova discussão sobre esse assunto.
Ele propôs uma conexão modular nó-espaçador, associado à parte inorgânico-
orgânico, respectivamente, em que os nós inorgânicos, ou seja, os metais ou
clusters metálicos de figuras geométricas definidas seriam introduzidos e unidos aos
ligantes orgânicos, para que dessa forma fosse possível o design e, assim, prever a
estrutura de novos materiais híbridos [26].
Diante das colocações sugeridas por Robson, a partir dos anos 1990, houve
um progresso em pesquisas referentes aos polímeros de coordenação. A
denominação Metal Organic Frameworks (MOFs) surgiu um pouco mais tarde, nos
anos 1990, segundo Yaghi et al. [1, 27].
Segundo Yaghi et al. , um sólido será classificado como uma MOF, se ele
demonstrar determinadas características, tais como: uma estrutura com geometria
bem definida, as ligações existentes entre os átomos têm que ser firmes para que as
estruturas resultantes apresentem caráter rígido, e o sólido deve possuir um elevado
grau de cristalinidade, um atributo interessante quando associa a estrutura e suas
propriedades [28].
22
Depois de diversas discussões sobre a definição de polímeros de
coordenação, de redes metalorgânicas e de estruturas metalorgânicas (MOFs), em
2013, a IUPAC redigiu um relatório expressando os seguintes esclarecimentos [29]:
“Polímero de coordenação é um composto formado através da repetição das
unidades que estão coordenadas, no qual sua extensão pode ser de uma,
duas ou três dimensões” (Figura 2.3).
Figura 2.3 - Representação de um polímero de coordenação.
Fonte: Referência [29].
“Redes de coordenação é um composto de coordenação que se estende,
através da repetição de unidades de coordenas, em uma dimensão, mas com
ligações cruzadas entre duas ou mais cadeias individuais, ou um composto
de coordenação que se estende através das unidades que estão
coordenadas repetidamente em 2 ou 3 dimensões” (Figura 2.4).
Figura 2.4 - Representação de uma rede de coordenação.
Fonte: Referência [29]
23
“MOFs é uma rede de coordenação com ligantes orgânicos que ao serem
conectados os íons formam estruturas resultantes contendo potenciais de
espaços vazios”, (Figura 2.5).
Figura 2.5 - Representação de uma MOF.
Fonte: Referência [29].
Apesar dessas definições, pode-se utilizar qualquer um dos termos citados
quando for se referir aos polímeros de coordenação, consisti na denominação mais
frequente. As redes de coordenação são consideradas um subgrupo deles e, por
sua vez, as MOFs fazem parte de um subgrupo das redes de coordenação [29].
2.2.2 Características Estruturais
Polímeros de coordenação ou MOFs fazem parte de uma significativa classe
inovadora de materiais híbridos cristalinos porosos, constituídos por íons ou clusters
metálicos conectados por ligantes de natureza orgânica (Figura 2.6). Os ligantes
mais usados são os aromáticos por proporcionar estruturas mais rígidas. As
interações entre os componentes envolvidos induzem a uma flexibilidade estrutural,
obtendo estruturas resultantes infinitas e podendo apresentar uma, duas ou três
dimensões (1-D, 2-D ou 3-D). Depois de formados, esses materiais são insolúveis
em solventes orgânicos comuns, devido à formação de suas cadeias serem
extensas [3, 30-31].
24
Figura 2.6 - Blocos de construção utilizados na construção de polímeros de coordenação [3].
+
Fonte: Referência [3].
As estruturas das MOFs são formadas no processo de automontagem
conhecida como self – assembly que pode ser definido como um processo no qual o
material de partida escolhido pode montar uma determinada estrutura por meio do
reconhecimento molecular, sem a interferência de meios externos, ocorrendo de
forma espontânea [31,32].
Portanto, para obtenção de uma determinada MOF, é importante ter o
cuidado na seleção do íon metálico e do ligante orgânico, já que as características
dos componentes afetam nas propriedades das estruturas resultantes [31]. O metal
controla a coordenação dos ligantes, ou seja, quantos podem se conectar e a sua
direção. O ligante orgânico é responsável pela dimensão do tamanho dos poros e
seu ambiente químico [28, 31].
As MOFs podem possuir características como área superficial e porosidade,
ambas elevadas, consequentemente, apresentam densidade baixa. É considerável o
controle da forma e do tamanho das partículas, pois esses fatores interferem nas
propriedades físicas e químicas do material [2, 33].
Íons metálicos Ligantes orgânicos
1-D 2-D 3-D
25
Essas características definem aplicações específicas para esses materiais,
como em catálise, armazenamento e separação de gases, sondas biológicas,
entrega e carregamento de fármacos, agente de contraste em ressonância
magnética, entre outras [2-5,34].
2.2.3 Ligantes orgânicos e modos de coordenação com íons lantanídeos
Os ácidos carboxílicos (ligantes orgânicos) exercem uma função importante
na construção e nas características das redes metalorgânicas contendo íons
lantanídeos, devido à afinidade que esses íons apresentam por oxigênio [8,33-36].
Os ácidos carboxílicos mais utilizados são os aromáticos, pois os anéis
aromáticos induzem uma ligação mais forte. O ácido tereftálico é considerado um
ligante orgânico propício, em virtude das propriedades que são atribuídas, tais como:
por sua topologia provocar menor impedimento estérico, os mais variados modos de
coordenação, por apresentar tanto estabilidade térmica como química elevada [31,
37-38].
De acordo com Paz et al., quando o anel aromático é substituído de forma
simétrica, no caso do ácido tereftálico forma um ângulo de 180°, possibilita que o
desenvolvimento da MOF aconteça de uma forma homogênea e simetricamente.
Consequentemente, existe a influência da posição dos grupos pertencentes às
moléculas do ligante, tendo em vista que os dois grupos carboxílicos desse ligante
proporcionam vários modos de coordenação, isso facilita a definição de como o
metal estará coordenado e, assim, como o crescimento da rede irá proceder,
determinando a estrutura final da MOF [31, 37-39].
Contudo, um ligante orgânico assimétrico também pode, por intermédio da
automontagem, definir estruturas resultantes com simetria elevada e contendo poros
[31]. Existem vários relatos na literatura acerca de redes metalorgânicas formadas
com ligantes não simétricos, por exemplo, com o ácido isoftálico. Pois, por meio da
desprotonação que pode suceder de maneira completa ou parcial do grupo
carboxílico, como resultado, podem surgir vários modos de coordenação, devido a
eles poderem formar as redes metalorgânicas [40,41].
Os íons Ln3+ não apresentam geometria definida, consequentemente,
geometrias variantes. Devido a isso, os átomos que se coordenam a esses íons Ln3+
26
tendem a se aliar em um sentido indeterminado, originando diversas opções de
coordenação, podendo ser: monodentadas, bidentados, tridentados ou quelantes [8].
A figura 2.7 expõe os mais variados modos de coordenação que os
carboxilatos oferecem quando são utilizados na formação de estruturas com íons
Ln3+. As estruturas formadas pela coordenação quelante simples, quelante
tridentado e quelante (Figura 2.4 b, g e i), respectivamente, possuem maior
estabilidade distinguindo das estruturas formadas pelos carboxilatos com íons
metálicos 3d, fato justificado por esses íons Ln3+ serem maiores [8].
Figura 2.7 - Possíveis modos de coordenação observados para estruturas de terras raras-ácido
isoftálico.1
Fonte: Adaptada pela autora, referência [8].
1 (a) unidentado, (b) quelante simples, (d) bidentado em ponte, (f) quelante bibentado, (g)
quelante tridentado, (h) quelante tridentado em ponte, (i) quelante. (Ln= azul, C= verde, O= vermelha).
27
Entre os modos de coordenação mais usuais para os carboxilatos, apontam-
se: unidentados(a), quelante simples (b), quelante bidentado (f), quelante tridentado
(g). Em estruturas mononucleares, os carboxilatos envolvem, principalmente, os
modos unidentados (a) e o quelante simples (b), já nas estruturas diméricos ou
poliméricos, os modos mais frequentes são o quelante simples (b) e o quelante
tridentado (g) [8]. Por conseguinte, esses variados modos de coordenação
proporcionam a formação de diferentes redes metalorgânicas.
2.2.4 Métodos de síntese
Prevalecendo os mesmos reagentes, diferentes métodos de síntese podem
produzir as mais variadas MOFs. O método adotado pode interferir no tempo para
que aconteça a formação da estrutura metalorgânica, podendo até ocorrer
modificações nos rendimentos, tamanhos das partículas e na morfologia [42].
Além do método de síntese, outros fatores influenciam na formação de uma
rede metalorgânica, tais como: pH, solvente, a proporção de reagente, tempo de
reação, temperatura. A temperatura é um dos fatores que possui uma forte influência
sobre a morfologia dos cristais, podendo até conduzir a uma degradação da MOF.
Essa degradação pode ocorrer depois que a estrutura é formada, se o tempo de
reação for muito longo [42].
Diante disso, estudos de estratégias sintéticas foram e estão sendo
desenvolvidas para a formação de redes metalorgânicas, dentre as quais podemos
citar:
Difusão lenta – o parâmetro fundamental para este método de síntese é
quando os reagentes (sal do metal e o ligante orgânico) são dissolvidos em
um solvente adequado. Ao serem misturados permanece a temperatura
ambiente em recipientes abertos ou parcialmente abertos. A evaporação do
solvente sucede de forma lenta proporcionando o desenvolvimento da
estrutura cristalina. Tal método apresenta uma desvantagem, pois o período
reacional é muito longo, podendo levar desde dias a vários meses para que
ocorra a obtenção do material. Entretanto, apresenta uma vantagem, pela
qual se pode alcançar cristais de boa qualidade para a realização de difração
de raios-x de monocristais [43, 44]. , 43, 44]. [1, 43, 44].
28
Síntese hidro(solvo)térmica – sendo considerado um dos métodos mais
empregados na obtenção de polímeros de coordenação. A síntese
hidrotérmica é realizada quando a água é o solvente na reação. A síntese
solvotérmica é caracterizada pela aplicação de solventes orgânicos, como,
por exemplo, dimetilformamida (DMF), tetrahidrofurano (THF) incluindo
outros, sendo a mais utilizada, pois uma das grandes vantagens de se
trabalhar com solventes orgânicos reside na alta solubilidade da maioria dos
ligantes, diferente do que se observa com a água. A síntese
hidro(solvo)térmica utiliza uma mistura de solventes, o hidro refere-se à água
e ao solvo refere-se a solventes orgânicos.
O método hidro(solvo)térmica está sendo o mais aplicado, devido à eficácia
no crescimento de sólidos cristalinos, concedendo rendimentos relevantes ao
término das reações. Apresentam desvantagens, pois utiliza temperaturas altas e
período de reação extenso, podendo chegar a vários dias [45,46].
Micro-ondas – este método está sendo bastante proveitoso na
obtenção de polímeros de coordenação, devido ao tempo para a realização desse
tipo de síntese ser muito rápido, em questão de minutos o material pode ser obtido.
Prevalecem outras vantagens em relação a esse tipo de síntese, incluindo: a
facilidade em controlar a morfologia, seletividade de fase, estimativa da eficiência
das propriedades da síntese e do processo de aquecimento mais eficaz em termos
energéticos. No entanto, apresenta uma desvantagem de nem sempre o material
produzido possuir uma ótima cristalinidade para que seja realizada a análise de
raios-x de monocristal [48-50].
Atualmente, existem outros métodos para a obtenção de redes
metalorgânicas, tais como: eletroquímica, sonoquímica, mecanoquímica [1].
2.2.5. Redes metalorgânicas com íons lantanídeos
Nos últimos anos, ocorreu uma expansão em pesquisas sobre MOFs
empregando íons metálicos da série dos lantanídeos (ou terras raras quando
acrescentamos o escândio e o ítrio), também nomeados de LOFs (Lanthanide-
Organic Frameworks) [51]. Esses elementos possuem propriedades muito
interessantes, assim como propriedades magnéticas e a capacidade de englobar
[1, 45-47].
[1, 45-47].
[1, 48-50].
[1, 45-47].
29
centros luminescentes, o elevado número de coordenação favorece estruturas
distintas, influenciando na evolução de materiais versáteis [52, 53].
Uma das primeiras descrições de MOFs baseadas em íons terras raras e
ácido dicarboxílico foi proposto por Yaghi e colaboradores, o material foi obtido por
meio da síntese hidrotérmica, utilizando nitrato de térbio e ácido tereftálico (1,4-
H2BDC) em meio aquoso, sendo possível obter a seguinte estrutura:
[Tb2(BDC)3(H2O)4], em que cada íon de Tb3+ é coordenado por seis átomos de
oxigênio do ligante BDC2- e duas moléculas de água, resultando em um número de
coordenação igual a 8 [8,54].
Estudos associados às MOFs contendo íons TR e carboxílatos (ligante
orgânico) obtidos em condições hidrotermais têm como resultado várias estruturas
com 1, 2 e até 3 dimensões [55].
Huang e colaboradores produziram uma série de redes metalorgânicas por
meio do método hidro(solvo)térmico, utilizou uma mistura de solventes (água e
DMF), compostas por íons lantanídeos (Eu, Gd, Tb) e o ácido tereftálico (ligante
orgânico), foram obtidas estruturas isoreticulares e estão entre as primeiras
produzidas por esse método. As redes metalorgânicas que possuem Eu e Tb
apresentam características luminescentes, já a estrutura que contém o gadolínio não
exibe tais características, mas possuem propriedades magnéticas identificadas pela
análise [56].
Tratando-se das propriedades luminescentes dos materiais, é válido destacar
que elas não dependem exclusivamente da constituição do material. Todavia, essa
característica também tem origem da sua organização estrutural, salientando que
nem todos os íons lantanídeos podem emitir luminescência nas transições f-f nas
faixas do ultravioleta, visível e infravermelho próximo. Nesse caso, tem-se, como
exemplo, o lantânio e o lutécio. No entanto, existem alguns íons, tais como: Eu3+,
Tb3+, Sm3+ e Tm3+, que emitem no vermelho, verde, laranja e azul claro,
respectivamente [52,57].
Chen e colaboradores reportam MOFs que emitem luminescência intensa na
região do visível, sendo utilizados os íons Eu3+ e Tb3+, e a base do íon Yb3+ emite
luminescência no infravermelho próximo. Deve ser levada em consideração outra
forma de se obter MOFs a base de íons lantanídeos que demonstrem luminescência
30
eficaz. Essa luminescência será decorrente da utilização de ligantes orgânicos, e
esse fenômeno recebe a denominação de “efeito antena” [57].
O “efeito antena” consiste numa sequência de fatores, absorção, transferência
intramolecular e emissão, os componentes compreendidos participam da seguinte
maneira: um absorve (ligantes) e outro emite (íons lantanídeos). Tal processo ocorre
em duas etapas: primeiro, o ligante (parte orgânica) absorve significativamente a
energia de excitação, como resultado vai ocorrer uma transferência do seu estado
fundamental para o estado excitado. Em seguida, ela é transportada de forma
intramolecular de um estado excitado do ligante, a níveis de energia excitados do
íon metálico [57].
Por sua vez, para que a transferência mostre eficiência, vai depender da
posição entre o nível excitado tanto do ligante como do íon. Dessa maneira, tem-se
como resultado interações fortes entre os participantes envolvidos (ligante e metal).
Diante disso, é muito importante uma escolha adequada dos ligantes
orgânicos com o nível de energia apropriado para atingir MOFs com propriedades
luminescentes. Dentre esses ligantes, podem-se citar os ácidos
benzenodicarboxílicos (1,3–H2BDC e 1,4–H2BDC), pois eles têm a capacidade de
atuarem como cromóforos sendo considerados agentes sensibilizantes podendo ser
empregados no desenvolvimento de MOFs envolvendo íons lantanídeos e, assim,
melhorar a sua eficiência [57].
Nas MOFs constituídas por íons metálicos do bloco d ou de transição d, a
luminescência na estrutura é proveniente exclusivamente do ligante, ao invés de
estar situada no metal. No entanto, algumas vezes pode compreender o
envolvimento da transferência de carga entre o metal e o ligante. MOFs baseadas
nesses íons, com características paramagnéticas as emissões, na maioria das
vezes, não são fortes. Por causa das transições do campo ligante (d-d), devido aos
ligantes orgânicos serem capazes de comandar uma forte reabsorção ou extinção
da fluorescência originada pelos mesmos, dois fatores podem ser responsáveis: os
elétrons ou a transferência de energia via o preenchimento parcial dos orbitais d
[58].
Vale destacar que, para as MOFs com íons metálicos do bloco d que
possuem elétrons emparelhados, a luminescência vai ser resultado da inclusão de
lantanídeos a estrutura. Acerca disso, geralmente, utiliza-se európio e térbio,
31
fazendo com que a coloração emitida seja vermelha e verde, respectivamente. Isto
pode ser feito também em lantanídeos que não possuem elétrons desemparelhados
como o lantânio, observa-se tal fenômeno também para MOFs à base de actinídeos
[58].
2.2.5.1 Agentes de contraste para MRI
O desenvolvimento da ressonância magnética (RM) tem sido um grande
progresso para a medicina, devido à obtenção de diagnósticos clínicos mais
satisfatórios. A RM é uma técnica não agressiva ao corpo humano, fundamenta-se
na identificação das modificações que ocorrem tanto na morfologia como na função
dos tecidos. Ademais, por meio da análise desse equipamento, é possível
reconhecer os tecidos normais dos doentes [59-60].
A partir da década 1980, com a intenção de melhorar a imagem dos
resultados dos exames de Ressonância Magnética, começou-se a utilizar os
agentes de contraste, evidenciando os complexos contendo gadolínio. Devido a
suas características paramagnéticas, facilita-se a detecção de todos os tipos de
doenças e não apenas de algumas específicas, seja em tecidos ou órgãos [8].
A imagem da RM é a consequência da atuação do campo magnético forte por
meio do aparelho com os prótons de hidrogênio existentes no tecido humano [61].
No corpo humano, os prótons mais significativos são os de hidrogênio pertencentes
às moléculas de água contidas no mesmo. Esses prótons possuem núcleos mais
ativos na Ressonância Magnética, devido à água fazer parte de 60% no nosso
organismo. A ressonância magnética verifica o comportamento dos núcleos sob a
atuação de um campo externo e um pulso de radiofrequência. Logo, essa grande
quantidade de prótons origina imagens de RM com a distinção dos tecidos,
fornecendo informações imprescindíveis. A informação por meio da atuação do
agente de contraste pode reconhecer a doença no seu estágio inicial, favorecendo
diversas alternativas para a remediação desse quadro clínico [8, 61].
Atualmente, existem muitas pesquisas sobre as MOFs para executar algumas
funções na área biológica, devido às características que esses materiais oferecem,
sobre a qual podemos incluir: sua diversidade estrutural e química, sua
biodegradabilidade intrínseca, sua porosidade elevada com tamanhos de poros
32
ajustáveis favorecendo que esses materiais sejam excelentes agentes de entrega,
fazendo com que eles possam se dirigir a regiões específicas do corpo. No entanto,
estudos referentes a características como biocompatibilidade, toxicidade e
estabilidade ainda estão sendo bastante discutidos [5, 7, 60, 62].
Sendo assim, MOFs baseadas no íon Gd3+ e os ligantes carboxilatos foram e
estão sendo investigados para atuarem como agentes de contraste de imagem em
RM. Vale ressaltar que os melhores resultados são obtidos por pequenas doses,
pois facilita a manipulação para elas serem inseridas com precaução tanto por via
oral como por intravenosa, consequentemente, apresentando uma relaxação de
spin-rede (T1) ou spin-spin (T2) expressiva, mostrando ser eficaz em determinados
tecidos [59,63]. Um dos primeiros pesquisadores a relatar a obtenção de uma rede
metalorgânica compreendendo o íon Gd3+ e o ácido dicarboxílico foi Lin et al.,
mediante a microemulsão inversa [60].
Outros pesquisadores notaram a importância de manusear e monitorar
alternativas, com a intenção de conseguir partículas com melhores propriedades,
como o tamanho para que sua aplicação seja executada com sucesso, visto que o
tamanho é de grande interesse, pois interfere de forma crucial dependendo da sua
aplicação, sendo que por meio dele pode fornecer um aumento na permeabilidade e
efeito de retenção, do mesmo modo pode oferecer uma imagem superior [63,64].
Sanches et al. obteve uma MOF a base de Gd e 1,4-H2BDC por intermédio
da microelmusão inversa, adicionou surfactantes, com a finalidade de limitar o
tamanho das partículas. Avaliou os resultados alcançados das nanopartículas em
relação às suas características, medindo a relaxação de imagem de RM [65]. Os
resultados demonstrados por Sanches e colaboradores mostram ser bastante
eficazes sendo considerado um dos melhores resultados encontrados na literatura,
levando em consideração outros materiais à base de gadolínio, a relaxividade
longitudinal obtida foi 83,9 mM⁻¹[Gd³⁺] s⁻¹ e o tamanho 82 nm. Os resultados
mostram que os surfactantes controlaram o tamanho das partículas desse material
[65].
Portanto, as MOFs contendo gadolínio e ácidos benzenodicarboxílicos são
obtidas de diversas formas, várias alterações podem ser feitas no processo sintético
com o objetivo de se obter um melhor resultado para que sejam destinadas a
atuarem como agentes de contraste em RMI ou em outra aplicação.
33
____________________________________________
Capítulo III
Materiais e Métodos
_____________________________________________
34
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 REAGENTES
Os reagentes usados na síntese das redes metalorgânicas estão listados na
Tabela 3.1. Os mesmos tem sua pureza atestada pelos respectivos fabricantes e
não passaram por nenhuma purificação prévia.
Tabela 3.1 - Reagentes usados nas sínteses das redes metalorgânicas.
Reagentes (pureza) Fórmula Química Fornecedor
Ácido isoftálico (99%) C6H4(COOH)2 Aldrich
Ácido tereftálico (98%) C6H4(COOH)2 Aldrich
N,N-dimetilformamida (99,7%) (CH3)2NC(O)H Aldrich
Óxido de gadolínio (99,9%) Gd2O3 Aldrich
Nitrato de lantânio (99%) La(NO3)3.6H2O Vetec
Álcool etílico P.A (99,8%) CH3CH2OH Vetec
Ácido nítrico P.A. (69%) HNO3 Vetec
Fonte: Elaborada pela autora.
3.2 PREPARAÇÃO DO NITRATO DE GADOLÍNIO
O nitrato de gadolínio foi preparado pela reação do respectivo óxido (3g;
0,0083 mol) com ácido nítrico concentrado em meio aquoso. A suspensão
inicialmente formada foi mantida sob agitação a 80 °C até a completa dissolução do
óxido. Após a evaporação de todo o solvente, o sólido formado (4,8039 g) foi
transferido para um recipiente mantido fechado em um dessecador à pressão
reduzida, usando sílica gel como agente secante. A reação de obtenção do nitrato
de gadolínio é apresentada abaixo.
Gd2O3(s)+ 6HNO3(aq) + 3H2O(aq) 2Gd(NO3)3.6H2O(s)
3.3 MÉTODOS
Uma vez que a síntese de redes metalorgânicas é sensível aos parâmetros
sintéticos, um estudo sobre a síntese de redes metalorgânicas Ln3+-BDC (Ln: Gd ou
La, BDC: ácido isoftálico ou tereftálico) foi executado a fim de se determinar a
melhor rota para obtenção destes materiais. Foram objeto deste estudo os efeitos do
tipo de solvente (DMF e/ou H2O), da temperatura (moderada: 90 – 136°C ou
35
elevada: 180 °C), além do modo de aquecimento (convencional ou micro-ondas).
Com base nestes parâmetros os procedimentos sintéticos foram definidos como
hidrotérmico, solvotérmico e hidrosolvotérmico; convencional ou assistido por micro-
ondas.
Todas as amostras foram preparadas com base no mesmo procedimento
experimental. As quantidades estequiométricas do nitrato e do ácido
benzenodicarboxílico foram dissolvidas em 10 ml de solvente. A solução formada foi
mantida sob agitação à temperatura ambiente por 5 minutos para garantir uma
melhor homogeneização. Em seguida, a solução precursora foi transferida para o
reator de síntese. A escolha do tipo de reator foi determinada pela temperatura e
pelo modo de aquecimento empregado. Desta forma, as sínteses realizadas a
temperatura moderada (90 °C) e com aquecimento convencional foram realizadas
em tubo de ensaio fechado. Para as amostras preparadas pelo método assistido por
micro-ondas, foi empregado um reator de teflon rosqueado, trabalhando com
temperaturas entre 106 e 136 °C, aproximadamente, em uma mistura de solventes
(água e DMF) e DMF, respectivamente. No caso das sínteses realizadas à
temperatura elevada (180 °C) empregou-se um reator de teflon em uma autoclave
de aço. Os precipitados obtidos, todos com coloração branca, foram lavados com
DMF e etanol e em seguida centrifugados por 5min a uma rotação de 3500 rpm.
Este procedimento foi repetido por três vezes. Por fim, o produto centrifugado foi
deixado para secar em estufa a uma temperatura de 60°C por 24h. O fluxograma da
figura 3.1 mostra o procedimento experimental de forma simplificada para a
obtenção das amostras descritas acima.
36
Figura 3.1 - Fluxograma do procedimento experimental para a síntese das redes metalorgânicas.
10 ml 10 ml
Fonte: Elaborada pela autora.
1:1 – La : ligante 1:4 – Gd : ligante
Ligante 1,3 e 1,4-H2BDC
10 ml DMF 7ml DMF + 3ml H2O 10 ml de H
2O
Agitação 5 min Temperatura ambiente
90°C Convencional/ tubo de ensaio
106 a 136° C micro-ondas/reator de teflon
180°C/ reator de teflon em autoclave de aço
Precipitados lavados c/ etanol e DMF centrífugados
Secagem estufa 60°C /24hs
Caracterização: DRX; IV; TG; MEV.
37
As tabelas 3.2 e 3.3 mostram as amostras que formaram sólido, preparados
com os íons La3+ e Gd3+ com os ligantes 1,3-H2BDC e 1,4-H2BDC, respectivamente,
e os rendimentos obtidos para cada amostra.2
Tabela 3.2- Parâmetros de síntese para as amostras preparadas com 1,3-H2BDC.
Síntese Código Reagentes Parâmetros Sólido Rend.(%) 1 La13HSC 1mmol La(NO3)3.6H2O
+ 1mmol 1,3-BDC + 7ml DMF + 3ml H2O
Convencional T=90°C 4 dias
Sim 42
2 La13HSM 1mmol La(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,3-BDC + 7ml DMF + 3ml H2O
Micro-ondas T=106°C 10 minutos
Não ----
3 La13SC 1mmol La(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,3-BDC + 10ml DMF
Convencional T=90°C 4 dias
Sim 84
4 La13SM 1mmol La(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,3-BDC + 10ml DMF
Micro-ondas T=136°C 10 minutos
Sim 90,8
5 La13HC 1mmol La(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,3-BDC + 10ml H2O
Convencional T=180°C 4 dias
Sim 50
6 Gd13HSC 0,4mmol Gd(NO3)3.6H2O + 1,6mmol 1,3-BDC + 7ml DMF + 3ml H2O
Convencional T=90°C 4 dias
Sim 77,5
7 Gd13HSM 0,4mmol Gd(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,3-BDC + 7ml DMF + 3ml H2O
Micro-ondas T=106°C 10 minutos
Sim 61,6
8 Gd13SC 0,4mmol Gd(NO3)3.6H2O + 1,6mmol 1,3-BDC + 10ml DMF
Convencional T=90°C 4 dias
Sim 10,1
9 Gd13SM 0,4mmol Gd(NO3)3.6H2O + 1,6mmol 1,3-BDC + 10ml DMF
Micro-ondas T=136°C 10 minutos
Sim 26
10 Gd13HC 0,4mmol Gd(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,3-BDC + 10ml H2O
Convencional T=180°C 4 dias
Sim 17,3
Fonte: Elaborada pela autora.
2 Os códigos significam o íon (La=lantânio e Gd=gadolínio), o ligante (13=1,3-H2BDC e 14), o
método de síntese (HS= Hidro(solvo)térmico, S= Solvotérmico e H=Hidrotérmico) e a forma de aquecimento (C=Convencional e M=Micro-ondas), respectivamente.
38
Tabela 3.3 - Parâmetros de síntese para as amostras preparadas com 1,4-H2BDC.
Síntese Código Reagentes Parâmetros Sólido Rend.(%) 1 La14HSC 1mmol La(NO3)3.6H2O
+ 1mmol 1,3-BDC + 7ml DMF + 3ml H2O
Convencional T=90°C 4 dias
Sim 82,5
2 La14HSM 1mmol La(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,4-BDC + 7ml DMF + 3ml H2O
Micro-ondas T=106°C 10 minutos
Não -----
3 La14SC 1mmol La(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,4-BDC + 10ml DMF
Convencional T=90°C 4 dias
Não -----
4 La14SM 1mmol La(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,4-BDC + 10ml DMF
Micro-ondas T=136°C 10 minutos
Sim 81
5 La14HC 1mmol La(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,4-BDC + 10ml H2O
Convencional T=180°C 4 dias
Sim 58
6 Gd14HSC 0,4mmol Gd(NO3)3.6H2O + 1,6mmol 1,4-BDC + 7ml DMF + 3ml H2O
Convencional T=90°C 4 dias
Sim 24
7 Gd14HSM 0,4mmol Gd(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,4-BDC + 7ml DMF + 3ml H2O
Micro-ondas T=106°C 10 minutos
Sim 64
8 Gd14SC 0,4mmol Gd(NO3)3.6H2O + 1,6mmol 1,4-BDC + 10ml DMF
Convencional T=90°C 4 dias
Sim 27
9 Gd14SM 0,4mmol Gd(NO3)3.6H2O + 1,6mmol 1,4-BDC + 10ml DMF
Micro-ondas T=136°C 10 minutos
Sim 67
10 Gd14HC 0,4mmol Gd(NO3)3.6H2O + 1mmol 1,4-BDC + 10ml H2O
Convencional T=180°C 4 dias
Sim 80
Fonte: Elaborada pela autora.
3.3.1 Curvas de calibração para síntese em micro-ondas.
A temperatura de reação na síntese assistida por micro-ondas foi estimada
com base em curvas de calibração previamente traçadas. Para este fim, uma
mistura contendo 7 ml de DMF e 3 ml de H2O, inicialmente a temperatura ambiente,
foi colocada em um reator de teflon rosqueado e, em seguida, submetido à
incidência de micro-ondas durante os seguintes períodos: 1, 3, 5 e 10 minutos.
Após cada período de tempo o reator foi rapidamente aberto e a temperatura aferida
39
com um termômetro digital. O mesmo procedimento foi usado para 10 ml de DMF.
Todos os testes, assim como as sínteses, foram realizados em um micro-ondas
Panasonic modelo Inverter usando 10 % da potência máxima de 900 W. As curvas
de calibração obtidas são apresentadas na figura abaixo.
Figura 3.2 - Curvas de calibração para DMF e DMF+H2O.
0 2 4 6 8 100
20
40
60
80
100
120
140
Tem
pera
tura
(o C
)
Tempo (minutos)
7ml DMF + 3ml H2O
10ml DMF
Fonte: Elaborada pela autora.
3.4 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO
3.4.1 Difração de raios-x método do pó
As estruturas dos materiais obtidos foram identificadas e determinadas por
Difração de raios-X método do pó, em um difratômetro XRD-6000 Shimadzu KαCu (λ
= 1,5406 Å) e ângulo 2 = 5 – 50o.
3.4.2 Infravermelho
As análises foram realizadas na região entre 4000 e 600 cm-1, de modo a
verificar qualitativamente os modos vibracionais das ligações características das
fases orgânicas e metálicas, bem como suas possíveis interações. O equipamento
utilizado nos ensaios apresenta as seguintes especificações: Espectrômetro
40
Shimadzu, modelo: FTIR-8400S, da série IRAffinity - 1; acoplado a um módulo
HATR MIRacle com prisma de ZnSe, da PIKE techonogies.
3.4.3 Análise térmica
A análise térmica foi realizada com a finalidade de estudar a estabilidade
térmica das amostras. As curvas de TG foram obtidas na faixa de temperatura de 25
– 800°C (10°C/min), utilizando uma termobalança modelo TGA 50 da marca
Shimadzu DTG-60H, sob ar atmosférico a uma vazão de 100ml/min.
3.4.4 Microscopia eletrônica de varredura
O tamanho e a morfologia das partículas foram estudadas por Microscopia
eletrônica de varredura. Foi utilizado um microscópio FEI - Inspect F50, de alta
resolução, com tensão de aceleração de 5 kV, disponível no Laboratório Nacional de
Nanotecnologia (LNNano). Algumas amostras foram analisadas no Departamento de
Materiais da UFRN, em um equipamento Hitachi tabletop Microscope, com
aceleração 5kV, TM 3000.
41
____________________________________________
Capítulo IV
Resultados e Discussão
_____________________________________________
42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 ESTUDO DOS PARÂMETROS DE SÍNTESE PARA OBTENÇÃO DE REDES
METALORGÂNICAS Ln3+(BDC).
Uma das mais interessantes características das redes metalorgânicas é a sua
diversidade estrutural, a qual está associada ao grande número de estruturas que
podem ser obtidas a partir de um único par metal-ligante. As estruturas cristalinas
desses materiais são caracterizadas pela presença de um ligante orgânico,
normalmente rígido, e de um metal ou cluster de metal. Os metais podem ser
coordenados de diferentes formas, o que leva, normalmente, à formação de
diferentes tipos de cluster metálico e, consequentemente, a diferentes estruturas
cristalinas.
Os lantanídeos, em especial, apresentam uma larga faixa de números de
coordenação, entre 6 e 12, tipicamente. Isto sugere que as redes metalorgânicas
formadas com base nos mesmos podem apresentar diferentes estruturas cristalinas,
dependendo do ambiente de coordenação adotado pelo íon durante a síntese. O tipo
de estrutura será determinado pelo ambiente de coordenação dos íons lantanídeos.
Vários fatores irão determinar este ambiente de coordenação, tais como pH,
temperatura, tipo de solvente, entre outros.
Um estudo dos parâmetros de síntese foi executado com o objetivo de se
determinarem as melhores condições para a obtenção de redes metalorgânicas à
base de íons lantanídeos. Os produtos obtidos foram caracterizados por difração de
raios-X e espectroscopia de infravermelho, que revelam, respectivamente, a
formação de estruturas cristalinas e a coordenação dos íons lantanídeos pelo ligante
orgânico. A estabilidade térmica dos materiais foi avaliada por análises térmicas
(TG/DTA) e a Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) foi empregada na
determinação da morfologia dos pós.
4.2. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE REDES METALORGÂNICAS
Ln3+(1,3-BDC)
Os difratogramas foram analisados com o programa MATCH! 2, o qual
permite a identificação de estruturas cristalinas a partir da comparação com padrões
43
de difração conhecidos. Nesta análise, foram usados dois bancos de dados: o COD
(Crystallography Open Database), com cerca de 245.000 fichas cristalográficas; e
um banco de dados preparado com fichas cristalográficas de redes metalorgânicas à
base de íons lantanídeos, extraídas do CSD (Cambridge Structural Database).
A Figura 4.1 exibe os difratogramas das amostras preparadas a partir do
nitrato de lantânio e do ácido isoftálico (1,3-H2BDC), por meio de diferentes rotas de
síntese, assim como especificado na sessão 3.4. Das cinco rotas testadas, apenas
quatro proporcionaram a formação de produto sólido, na forma de pó com coloração
branca.
Figura 4.1 - Difratogramas de raios-x dos pós das amostras La(1,3-BDC) preparadas por diferentes rotas de síntese.
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
2 (graus)
La13HC
La13SC
La13SM
[Eu(1,3-BDC) (DMF)]Calculado
La13HSC
1,3-H2BDC
Inte
nsid
ad
e n
orm
aliza
da
(u
.a.)
Fonte: Elaborada pela autora.
Os difratogramas das amostras sintetizadas foram comparados com o do
ligante orgânico puro, notou-se que apenas a amostra La13HC apresentou picos de
difração característicos do ligante orgânico (1,3–H2BDC) não reagido. No entanto, o
44
difratograma da amostra La13SM não possui essa semelhança, nem mesmo com os
padrões existentes na literatura, sugerindo uma provável coordenação metal-ligante
desconhecida.
A amostra La13HSC apresenta padrão de difração similar ao padrão de
difração da rede metalorgânica [Eu2(BDC)3(DMF)2]. (DMF)1,7, a qual é existente na
literatura, identificada pela ficha cif CCDC 740478, e que se cristalizou sistema
ortorrômbico e no grupo espacial Pnma. O padrão de difração calculado com base
nos dados cristalográficos disponíveis no arquivo cif também é apresentado na
Figura 4.1.
Os difratogramas de raios-X confirmam característica cristalina das amostras,
uma vez que são observados, em geral, picos de difração bem definidos. Apenas
para a amostra La13SC observa-se uma banda larga entre 5 e 10o (2θ), atribuída a
uma fase amorfa, também possui picos semelhantes ao do padrão
[Eu2(BDC)3(DMF)2]. (DMF)1,7, em 10,46o, 17,04o, 17,82o e 18,71o (2θ) com
intensidades diferentes.
As diferenças de intensidade entre os picos observados nos padrões das
amostras preparadas e no padrão calculado podem ser justificadas com base em
alterações nas microestruturas, proporcionadas pela mudança nos parâmetros de
síntese.
Outro parâmetro analisado foi a utilização de outro íon Ln3+, nesse caso, o íon
Gd3+. A Figura 4.2 ilustra os difratogramas para as amostras obtidas com o nitrato
desse íon e o ligante orgânico (1,3-H2BDC).
Os difratogramas dessas amostras também foram comparados com o do
ligante orgânico puro (1,3-H2BDC). Observa-se que não existe nenhuma
semelhança dos picos das amostras Gd13SC, Gd13HSC, Gd13SM e Gd13HSM
com os do ligante, sugerindo uma possível coordenação do metal com o ligante. As
estruturas não foram identificadas com os padrões existentes na literatura. Sendo
assim, são consideradas estruturas metalorgânicas desconhecidas.
No entanto, no difratograma da amostra Gd13HC, é perceptível a presença de
duas fases, sendo uma das quais foi identificada como ácido isoftálico não reagido,
e outra, provavelmente, o polímero de coordenação.
Nota-se que nem todas as amostras apresentam uma boa cristalinidade,
como é o caso de Gd13SM em 7,5 a 10° (2θ), que mostra uma fase amorfa, fato
45
possívelmente explicado pelo material apresentar partículas menores. Não foram
identificadas as fases das estruturas e não existe semelhança nos picos. Logo, o
tipo de síntese modifica as propriedades das estruturas.
Figura 4.2 - Difratogramas de raios-x dos pós das amostras Gd(1,3-BDC) preparadas por diferentes rotas de síntese.
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Gd13SM
Gd13HC
Gd13SC
Gd13HSM
Gd13HSC
Inte
nsid
ad
e n
orm
aliza
da
(u
.a.)
2 (graus)
1,3-H2BDC
Fonte: Elaborada pela autora.
As diversas formas com as quais o íon carboxilato (COO-) pode se coordenar
têm como resultado a formação de redes metalorgânicas distintas. Isso ocorre
devido a esses íons apresentarem baixa simetria, os variados modos de se
coordenar são distinguidos de acordo com o número de vibrações ativas na região
do infravermelho [66].
A informação sobre os modos de coordenação do carboxilato é dada pela
diferença entre as vibrações relacionadas ao estiramento assimétrico ʋas(COO-) e
simétrico ʋs(COO-). Ou seja, quando o ligante coordena-se de forma bidentada, a
46
variação está entre 160-200 cm-1 e, quando se coordena de forma monodentada, os
valores são maiores que 200 cm-1, respectivamente [66].
Os espectros de IV para as redes metalorgânicas Ln3+(1,3-BDC), em que Ln3+
= Gd ou La comparados com o do ligante puro 1,3-H2BDC, estão na Figura 4.3.
Nos espectros das amostras comparados com o do ligante puro, observa-se
certa similaridade das bandas da amostra La13HC com o do ligante puro, ligante
que não reagiu, logo se descarta a formação de uma rede metalorgânica
corroborando com os resultados de DRX.
Pode-se observar no espectro da amostra Gd13HC uma banda em 1689 cm-1,
característica do grupo carbonila, pertencente ao 1,3-H2BDC. No entanto, a
presença de três bandas adicionais em 1542, 1509 e 1406 cm-1, correspondentes
aos estiramentos assimétricos e simétricos do grupo carboxilato, indicando a
formação da rede metalorgânica. Esse resultado corrobora com o obtido na análise
de DRX, no qual foi observada uma mistura de duas fases.
Para as outras amostras, a ausência da banda na região de 1690-1730 cm-1
indica a desprotonação completa dos grupos carboxílicos e da coordenação dos
mesmos aos cátions metálicos nas estruturas Ln-MOFs preparadas.
Os espectros de infravermelho, das amostras La13SC, La13SM, La13HSC,
Gd13SM, Gd13HSM, Gd13HSC e Gd13SC mostram banda de absorção na faixa de
1656 cm-1, sendo atribuída ao deslocamento da carbonila e relacionada às vibrações
do estiramento assimétrico ʋass(COO-). Além dessa banda, as amostras La13SM e
La13HSC apresentam bandas em comum referente ao estiramento assimétrico
ʋass(COO-) e ao estiramento simétrico ʋs(COO-) em 1598, 1539 e 1386 cm-1,
respectivamente. La13SC exibe bandas em 1539, 1404 e 1354 cm-1, associadas ao
estiramento assimétrico ʋass(COO-) e ao estiramento simétrico ʋs(COO-).
Para as amostras Gd13SM, Gd13HSM, Gd13HSC e Gd13SC exibem a
mesma banda relacionada ao estiramento simétrico ʋs(COO-) em 1386 cm-1. As
amostras Gd13SM e Gd13HSM apresentam banda em 1607 cm-1 e Gd13HSC e
Gd13SC em 1598 cm-1 referente ao estiramento assimétrico ʋass(COO-). Também
expõe outra banda associada ao estiramento simétrico ʋs(COO-) em Gd13SC e
Gd13HSM em 1522 cm-1 e em 1531 cm-1 para Gd13SM e Gd13HSC. As amostras
Gd13HSM e Gd13HSC apresentam uma banda em 3341 cm-1 pertencente à
47
hidroxila da água. Os resultados dos espectros corroboram com os obtidos pelo
DRX.
Figura 4.3 - Espectros de absorção na região do infravermelho para as redes metalorgânicas
Ln3+(BDC) e do ligante puro (1,3-H2BDC).
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000
Inte
nsid
ad
e N
orm
aliza
da
(u
.a)
Numero de onda (cm-1
)
1,3-H2
BDC
La13HSC
La13HC
La13SC
La13SM
Gd13HC
Gd13SM
Gd13SC
Gd13HSM
Gd13HSC
C=O(COOH) 1692 1285
Vass(COO-)
Vsim(COO-)
1656 1386
Fonte: Elaborada pela autora.
A diferença entre os estiramentos assimétricos ʋas(COO-) e simétricos
ʋs(COO-) para essas amostras são: 252 e 185 cm-1; 125 e 153 cm-1; 117 e 212 cm-1;
125 e 221 cm-1; 125 e 153 cm-1; 134 e 221; 134 e 212, para as seguintes amostras:
La13SC, La13SM, La13HSC, Gd13SM, Gd13HSC, Gd13HSM e Gd13SC. De acordo
com a literatura, esses resultados indicam a coordenação dos íons (La3+ e/ou Gd3+)
e, respectivamente, se coordenaram da seguinte forma: monodentado para La13SC,
La13HSC, Gd13SM, Gd13HSM e Gd13SC, de modo bidentado para La13SC e de
modo quelante para La13SM, La13HSC, Gd13SM, Gd13HSM, Gd13HSC e
Gd13SC.
48
Um aspecto a ser considerado sobre as MOFs é a sua estabilidade térmica.
Para analisar essa característica, foi empregada a técnica de análise
termogravimétrica. As curvas de TGA para as amostras preparadas com o íon La3+ e
o ligante 1,3-H2BDC estão expostas na Figura 4.4.
Observa-se perda de massa das amostras em três regiões distintas, a
primeira região (25-200°C) está associada à perda de água e/ou DMF adsorvidos na
superfície das partículas, ocorrendo nas seguintes faixas de temperatura: para
La13SC existe duas perdas nessa região, uma entre 31–66°C (3,040%) e a outra em
76-96°C (5,580%), essas perdas de massa podem ser atribuídas ao DMF adsorvido
na superfície e presente nos poros, respectivamente. Tanto para a amostra
La13HSC como La13HC não foi identificado perda de massa nessa região,
provavelmente a perda de massa nessa região para essas amostras não tenha sido
significativa.
Figura 4.4 - Curvas de TGA das amostras preparadas com ligante 1,3-H2BDC.
Fonte: Elaborada pela autora.
200 400 600 800
0
50
100
Inte
nsid
ad
e N
orm
aliza
da
(u
.a.)
Temperatura (°C)
La13SM
La13SC
La13HSC
La13HC
La13SM
La13SC
La13HSC
La13HC
49
Para a amostra La13SM, a perda de massa nessa região foi entre 42-
114°C(17,5%), atribuída ao DMF adsorvido na superfície e/ou coordenado à
estrutura metalorgânica.
A segunda região está entre 200-400°C, a perda de massa está relacionada à
decomposição do ligante puro. Para La13SC, La13HC e La13HSC, ocorre na faixa:
200-205°C (5,08%), 275-347°C (69,10%) e 365-447°C (30,5%), respectivamente.
Não há perda de massa para La13SM nessa região.
A terceira região está entre 400-800°C, bem como está associada à
decomposição da rede metalorgânica e, consequentemente, à formação do seu
respectivo óxido, ou seja, decomposição do ligante coordenado ao lantanídeo. Para
La13HSC a perda de massa nessa região ocorreu entre 657-749°C (56%). Para as
amostras La13SC e La13SM, percebe-se a existência de duas perdas de massa,
uma está entre 559-589°C (25,8%) e 452-552°C (45%), respectivamente. Devendo
haver relação para além da decomposição do ligante coordenado, provavelmente
ocorrendo à formação de uma estrutura intermediária, ou seja, a cristalização de
uma nova estrutura. Já a segunda perda de massa está entre 601-701°C (15,68%) e
para amostra La13SM entre 594-689°C (18%), considerando que, neste evento,
começa a se decompor a estrutura intermediária e a liberação de CO2, formando o
óxido de lantânio. Para La13HC não existe perda de massa nessa região. Esse
resultado corrobora com o de DRX, pois não foi formada uma rede metalorgânica.
A Figura 4.5 mostra as curvas de TGA para as amostras com Gd3+ e o ligante
1,3-H2BDC. Na primeira região (25 – 200°C), a perda de massa para a amostra
Gd13HSC como para Gd13SM ocorre em dois eventos nessa região, a primeira
perda está entre 33-63°C (4,7%) e 43-117°C (5%), e a segunda perda está na faixa
de: 67-104°C (12,84%) e 143-214°C (4%), respectivamente. Para as amostras
Gd13SC e Gd13HSM, ocorreu em apenas um evento, nas faixas de 72-108°C
(10,82%) e 77-138°C (1,35%), nessa ordem. Essas perdas de massa estão
atribuídas à água e/ou ao DMF adsorvido a superfície e/ou coordenado,
provavelmente a estrutura formada. No entanto, não foi identificado perda de massa
nessa região para Gd13HC.
Na segunda região (200-400°C) referente à decomposição do ligante orgânico
puro, para as amostras Gd13HSC, Gd13SC, Gd13HSM e Gd13SM as perdas de
massa ocorrem em: 240-310ºC (3,65%), 210-280°C (4,05%), 200-278°C(7,2%) e
50
230- 350°C (19%). Observa-se que para a amostra Gd13HC a perda de massa está
entre 239-316°C (75,02%) característica do ligante puro (1,3-H2BDC), corroborando
com os resultados obtidos no DRX e IV.
Figura 4.5 - Curvas de TGA das amostras preparadas com Gd(1,3-BDC).
Fonte: Elaborada pela autora.
A terceira região (400-800°C) está associada à decomposição do ligante
coordenado ao lantanídeo, ou seja, a estabilidade térmica da rede metalorgânica.
Para Gd13HSC, Gd13SM, Gd13HSM e Gd13SC, as perdas de massa foram
sucedidas em: 499-584°C (25,10%), 432-562°C(52%), 468-560°C (45,3%) e 517-
600°C (20,46%), respectivamente, como consequência, ocorre à formação dos
óxidos de gadolínio. Nessa região, não é notada a existência de perda de massa
para a amostra Gd13HC.
200 400 600 800
Inte
nsid
ad
e N
orm
aliza
da
(u
.a.)
Temperatura (°C)
Gd13SM
Gd13HSC
Gd13SC
Gd13HC
Gd13HSM
Gd13SM
Gd13HSC
Gd13SC
Gd13HC
Gd13HSM
51
Na Figura 4.6, são apresentas as micrografias dos pós das redes
metalorgânicas com ligante orgânico 1,3-H2BDC. Uma análise geral dessas
micrografias confirma o efeito da metodologia de síntese sobre a morfologia.
As redes metalorgânicas com lantânio preparadas com aquecimento
convencional, La13SC e La13HSC, apresentam o mesmo tipo de morfologia,
consistindo de microcristais na forma de bastões. Nesse caso, tanto a presença de
água quanto a grande diferença da temperatura de síntese não tiveram influência
sobre a morfologia. Por outro lado, o aquecimento da solução precursora via micro-
ondas proporcionou uma mudança significativa de morfologia, evidenciada para a
amostra La13SM, na qual podemos observar a presença de aglomerados de
nanofibras.
Além do modo de aquecimento da solução precursora, a espécie metálica
usada para compor a estrutura metalorgânica parece ter forte influência sobre a
morfologia dos produtos. As redes metalorgânicas com gadolínio apresentaram
características morfológicas significativamente diferentes das observadas nas
amostras com lantânio. Para a rede Gd13SM, são observadas partículas com forma
esférica e tamanhos variando entre 1-2 µm, aproximadamente.
Figura 4.6 - Morfologia das amostras obtidas com Ln3+(1,3-BDC).
52
53
A presença de água, na amostra Gd13HSM, aparentemente proporcionou
uma significativa mudança de morfologia. É provável que em tais amostras o
aquecimento da solução precursora seja significativamente afetado pelo solvente,
pois as micro-ondas interagem diferentemente com água e com DMF. Nessa
micrografia, percebem-se ao menos duas microestruturas distintas, apesar de não
haver indicação clara da presença de mais de uma estrutura nos resultados de DRX,
o que também pode sugerir ao menos uma fase amorfa.
Quando o aquecimento é convencional, amostra Gd13SC, os microcristais
com tamanho variando entre 30-50 µm apresentam forma de placas irregulares.
Para a amostra Gd13HSC, podem ser visualizadas duas fases, porém não
corroboram com os resultados obtidos para essa amostra. Observa-se para a
amostra La13HC, assim como para a amostra Gd13HC, a forma de placas.
4.3. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE REDES METALORGÂNICAS Ln3+(1,4-
BDC)
Os difratogramas na Figura 4.7 são referentes às amostras La14HC, La14SM,
La14HSC, do ligante orgânico puro (1,4-H2BDC) e o padrão calculado ([Tb(1,4-
BDC)1.5(H2O)2])[54]. As amostras apresentam boa cristalinidade, e comparando os
difratogramas, observa-se que a amostra La14HC apresenta a mesma fase do
ligante puro, logo se descarta a possibilidade de ter formado uma rede
54
metalorgânica. O padrão da amostra La14HSC é diferente do padrão do ligante,
indicando uma possível coordenação metal-ligante.
No difratograma da amostra La14SM, observa-se uma semelhança com um
padrão já existente na literatura, [Tb(1,4-BDC)1.5(H2O)2], calculado com base nos
dados cristalográficos disponíveis no arquivo cif [54]. Sugerindo que uma estrutura
isoreticular foi obtida, é perceptível também picos distintos nessa amostra com o do
padrão calculado, certamente proveniente de uma segunda fase. Essa estrutura
cristalizou-se no sistema triclínico e grupo espacial P-1.
Figura 4.7 - Difratogramas de raios-x dos pós das amostras La(1,4-BDC) preparadas por diferentes rotas de síntese.
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
[Tb(1,4BDC)H2O] Calculado
La14HSC
La14SM
La14HC
1,4-H2BDC
Inte
sid
ad
e n
orm
aliza
da
(u
.a.)
2 (graus)
Fonte: Elaborada pela autora.
55
A figura 4.8 mostra os difratogramas das amostras Gd14HC, Gd14SM,
Gd14SC, Gd14HSC, Gd14HSM, o do ligante puro (1,4-H2BDC) e dos padrões que
existem na literatura. Comparando os difratogramas das amostras com o do ligante
puro, observa-se para amostra Gd14HC um padrão semelhante, mas com
intensidade dos picos distintos (sendo uns mais e outros menos intensos), neste
caso excluindo a possibilidade da formação de uma rede metalorgânica. No entanto,
as outras amostras possuem tanto as intensidades como a posição dos picos bem
diferentes do ligante puro.
Figura 4.8 - Difratogramas de raios-x dos pós das amostras Gd(1,4-BDC) preparadas por diferentes rotas de síntese.
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Gd14HC
Gd14SM
Gd14SC
Gd14HSC
Gd14HSM
[Eu(1,4-BDC)DMF] Calculado
[Tb(1,4-BDC)H2O] Calculado
1,4-H2BDC
Inte
nsid
ad
e n
orm
aliza
da
(u
.a.)
2 (graus)
Fonte: Elaborada pela autora.
Comparando os padrões das amostras Gd14SM, Gd14SC e Gd14HSC com o
padrão existente na literatura de uma rede metalorgânica [Eu2(BDC)3 (DMF)2(H2O)2],
identificada pelo cif CCDD 745290 [55], é perceptível na amostra Gd14SM picos
em 14, 7°, 21,87° e 21,97° (2θ) inexistentes no padrão calculado, provavelmente
56
pertencentes a uma segunda fase. Essas estruturas são isoreticulares e revelam
uma boa cristalinidade, elas cristalizaram-se no sistema triclínico e grupo espacial P-
1.
Para a amostra Gd14HSM, foi verificado um padrão similar na literatura, essa
amostra possui padrão de difração correspondente ao padrão da rede metalorgânica
[Tb(1,4-BDC)1.5(H2O)2]. No entanto, diferem em relação à sua intensidade. Essa
estrutura cristalizou-se no sistema triclínico e grupo espacial P-1.
Os espectros de IV para as amostras sintetizadas Ln+3(1,4-BDC), em que Ln3+
= Gd ou La, comparados com o de ligante puro 1,4-H2BDC, estão apresentados na
Figura 4.9.
Comparando o espectro do ligante puro com o das amostras Gd14HC e
La14HC, observa-se que as bandas referentes ao grupo carbonila não foram
deslocadas e são similares ao do ligante 1,4-H2BDC que não reagiu, sugerindo que
não houve coordenação metal-ligante o que é compatível com os resultados de
DRX.
Os espectros de infravermelho das amostras Gd14SM, Gd14SC e Gd14HSC
mostram bandas de absorção nas faixas de 1646 cm-1 e 1539 cm-1 referentes às
vibrações do estiramento assimétrico ʋass(COO-) e em1505 cm-1 e 1386 cm-1
relacionada a vibrações do estiramento simétrico ʋs(COO-). A amostra La14HSC e
Gd14HSM possui a banda referente ao estiramento assimétrico em 1598 cm -1 e
1590 cm-1 e do estiramento simétrico 1304 cm-1 e 1312 cm-1, respectivamente. O
deslocamento do grupo carbonila do ligante indica que houve a coordenação metal –
ligante e, assim, ocorreu a formação das redes metalorgânicas, esses resultados
corroboram com os obtidos pelo DRX.
O espectro da amostra La14SM exibe bandas características do ligante puro
em 1683 cm-1 e 1285 cm-1, referentes ao estiramento assimétrico e simétrico,
respectivamente. Percebe-se a existência de outras bandas em 1573 cm-1, 1514
cm-1 e 1413 cm-1, vibrações do estiramento assimétrico ʋass(COO-) e do estiramento
simétrico ʋs(COO-), respectivamente, provavelmente referentes ao metal coordenado
ao ligante, esse resultado corrobora com o DRX.
Para as amostras Gd14SM, Gd14SC e Gd14HSC, a diferença entre os
estiramentos assimétricos ʋas(COO-) e simétricos ʋs(COO-) igual a 141 cm-1 e 153
cm-1, ou seja, o ligante se coordenou ao metal de modo quelante, para La14HSC é
57
294 cm-1 e Gd14HSM é 278 cm-1, o ligante se coordenou de modo monodentado. Já
para La14SM se coordenou de modo bidentado, pois essa diferença entre ʋas(COO-)
e ʋs(COO-) foi 160 cm-1.
Figura 4.9 - Espectros de absorção na região de infravermelho para as redes metalorgânicas Ln3+(1,4-BDC) e do ligante orgânico puro (1,4-H2BDC).
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000
Inte
nsid
ad
e N
orm
aliz
ad
a (
u.a
)
Numero de onda (cm-1
)
C=O(COOH) 1684
1646 1386
1285
1,4-H2BDC
La14HSC
La14HC
La14SM
Gd14HSM
Gd14HC
Gd14SM
Gd14SC
Gd14HSC
Vass(COO-)
Vsim(COO-)
Fonte: Elaborada pela autora.
As Figuras 4.10 e 4.11 mostram as curvas de TGA para as amostras
preparadas com o ligante 1,4 – H2BDC, no entanto, diferem em relação aos íons
lantanídeos utilizados, La3+ e o Gd3+, respectivamente. Em ambas, existem três
regiões diferentes que se referem às perdas de massa de cada amostra.
Na Figura 4.10, na primeira região (25-200°C), observa-se perda de massa
para as amostras La14HSC e La14SM, entre as seguintes faixas de temperatura:
129-175 °C (3,68%) e 120-196°C (5,51%), respectivamente, certamente
58
correspondendo a água e/ou DMF coordenados e/ou presentes no interior dos
poros. Todavia, não foi identificada essa perda para a amostra La14HC.
No entanto, a segunda região é referente à decomposição do ligante, para a
amostra La14HC que está entre 280-354°C (70,06%), sendo identificada a
existência do resíduo do ligante. Nessa amostra, pode-se descartar a formação de
uma rede metalorgânica, foi formado o ligante 1,4-H2BDC, corroborando com as
análises de DRX e IV. Para as amostras La14HSC e La14SM, as perdas de massa
estão entre: 374-400ºC (21,58%) e 216-291°C (2%), respectivamente.
Figura 4.10- Curvas de TGA das amostras preparadas La(1,4-BDC).
Fonte: Elaborada pela autora.
A terceira região está associada à decomposição da rede metalorgânica
formada. Nesse caso, não é observado perda de massa para a amostra La14HC.
Mas nota-se duas perdas de massa para a amostra La14HSC e La14SM, para
0 200 400 600 800
0
50
100
Pe
rda
de
Ma
ssa
(%
)
Temperatura (°C)
La14HC
La14SM
La14HSC
La14HC
La14SM
La14HSC
59
La14HSC foi entre 529-589ºC (21,90%) e para La14SM ocorreu entre 495-549°C
(36%), a outra perda nessa região para essas mesmas amostras ocorre entre 637-
714°C(5,61%) e em 656-725°C (5%), respectivamente. Ou seja, possivelmente
sucedeu a formação de um produto intermediário antes da formação do óxido de
lantânio.
Na Figura 4.11, observa-se, na primeira região (25-200°C), a perda de massa
para Gd14SM está entre 27-73 ºC (2,72%) pode ser associada a 5 moléculas de
DMF adsorvidas na superfície. Vale destacar que para essa amostra existe outra
perda de massa que se inicia nessa região e termina na segunda que está entre
174-225°C, possivelmente referente à perda de uma molécula de DMF que se
encontra coordenada.
Figura 4.11- Curvas de TGA das amostras preparadas com Gd(1,4-BDC).
Fonte: Elaborada pela autora.
200 400 600 800
Inte
nsid
ad
e N
orm
aliza
da
(u
.a.)
Temperatura (°C)
Gd14HSC
Gd14HSC
Gd14SC
Gd14SM
Gd14HC
Gd14HSC
Gd14HSM
Gd14SC
Gd14SM
Gd14HC
60
Para a amostra Gd14SC, há duas perdas de massa nessa região, ela também
está entre 64-92°C (3,7%) e pode estar relacionada à perda de 4 moléculas de DMF
adsorvida na superfície, e a outra está entre 118-151°C (1,94%) e está relacionada à
perda de 7 moléculas de DMF existente nos interior dos poros.
A perda de massa nessa região para a amostra Gd14HSC 162-199°C
(14,98%) pode estar relacionada à perda de 1 molécula de DMF coordenada ou à
perda de 4 moléculas de água coordenadas. No entanto, para a amostra Gd14HC,
não foi identificada a existência de perda de massa nesta região.
A curva de TGA para a amostra Gd14HSM mostra que a perda de massa
acontece entre 90-158°C (7,4%), provavelmente pertencente a três moléculas de
água, sendo duas coordenadas e uma adsorvida na superfície, e/ou a perda de uma
molécula de DMF presentes no interior dos poros.
A perda de massa na segunda região para a amostra Gd14HC ocorre entre
257-372°C (99,33%), não foi formada uma rede metalorgânica, e esse resultado
corrobora com os das análises de DRX e IV. Para Gd14HSC, Gd14SM e Gd14SC, a
perda de massa ocorre em: 298-329 ºC (30,78%), 201-225 ºC (19,29%) e 205-242°C
(7,74%), respectivamente, Gd14HSM não apresenta perda de massa nessa região,
a perda de massa nessa região não foi significativa.
A terceira região está associada à decomposição da rede metalorgânica
formada, ocorrendo perdas de massa das amostras, entre as temperaturas: 550-
606°C (43,68%), 448-547°C (48%), 524-587°C (30,02%) e 503-575°C (34,65%),
para as amostras Gd14SM, Gd14HSM, Gd14SC e Gd14HSC, respectivamente.
Consequentemente, a formação dos seus respectivos óxidos. Não foi identificada a
existência de perda de massa para Gd14HC.
Na Figura 4.12 são apresentadas as micrografias das redes metalorgânicas
obtidas com o ligante orgânico 1,4-H2BDC. É perceptível a diferença de morfologia
em função do ligante usado, e novamente o efeito dos parâmetros de síntese.
Na amostra La14HSC, são observadas pelo menos duas microestruturas
distintas, microcristais na forma de bastões e também na forma de blocos compostos
por camadas facilmente distinguíveis. Nessa amostra, o tamanho dos microcristais
podem variar entre 50 e 100 µm.
61
Figura 4.12: Morfologia das amostras obtidas Ln3+(1,4-BDC).
62
As amostras La14SM e Gd14HSM, ambas preparadas com aquecimento via
micro-ondas, apresentam morfologia muito similar. Mais uma vez, percebe-se que,
neste caso, a presença de água não afetou as características microestruturais das
amostras, todavia a amostra La14SM aparentemente é identificada duas fases,
sendo uma similar ao da amostra Gd14HSM. Por outro lado, a amostra Gd14SM
apresentou uma microestrutura diferente, na forma de bastões e é possível
visualizar a existência de outra fase, corroborando com os resultados de DRX.
Para as micrografias das amostras Gd14SC e Gd14HSC, percebe-se
diferenças nas microestruturas provavelmente estão relacionadas com o método de
síntese. Pode ser considerada a influência do solvente na morfologia dessas
amostras. Para as amostras Gd14HC e La14HC, foi obtido o mesmo material, foi
formado o ligante orgânico utilizado. Mas com morfologia distintas aglomerados bem
pequenos e partículas maiores com forma de placas, respectivamente.
63
______________________________________________________
Capítulo V
Estruturas
_____________________________________________
64
5. ESTRUTURAS
Para uma melhor visualização das estruturas identificadas, foram construídas
as redes metalorgânicas que são isoreticulares com as existentes na literatura,
desenhadas no programa Diamond 3.2.
Na Figura 5.1 mostra à unidade assimétrica da rede metalorgânica La13HSC,
observa-se que existem nove átomos de oxigênio coordenados ao íon lantânio
(La3+). Os átomos de oxigênio coordenados são provenientes das seguintes
coordenações: um de uma molécula de DMF, quatro átomos são de moléculas de
água e quatro são do ânion carboxilato coordenado de modo quelante, corroborando
com o resultado obtido pelo IV.
Figura 5.1- Representação do ambiente de coordenação em torno do íon La3+ para a amostra La13HSC3.
Fonte: Adaptada pela autora, referência [67].
3 Carbono=cinza, Oxigênio=vermelho, Nitrogênio=rosa, Lantânio ou gadolínio=azul
65
A rede metalorgânica La13HSC formada apresenta estrutura resultante
tridimensional (3-D), como pode ser observada na Figura 5.2. A união das unidades
assimétricas formam cadeias em zigue – zague. Nota-se à medida que essas
cadeias estendem-se originam canais na estrutura, esses canais são
unidimensionais e sua forma é hexagonal. Pois, os átomos de oxigênio do ácido
isoftálico encontram-se nos vértices e são conectados a outro íon La3+ produzindo a
estrutura tridimensional, Já que esse ligante possui dois grupos carboxílicos que
sofrem desprotonação. La13HSC é uma estrutura isoreticular com uma existente na
literatura, citado anteriormente nos resultados de DRX [67].
Figura 5.2- A estrutura tridimensional de La13HSC ao longo do eixo c.
Fonte: Adaptada pela autora, referência [67].
66
A unidade assimétrica para a rede metalorgânica Gd14HSM (Figura 5.3),
verifica-se que o íon Gd3+ apresenta oito átomos de oxigênio coordenados, no qual
dois átomos pertencem a molécula de água coordenada e, os outros seis oxigênios
são do ânion carboxilato que se encontra coordenado de forma monodentada,
corroborando com o resultado de IV. Nesta estrutura, o íon Gd3+ apresenta um
modo de coordenação diferente do íon La3+ (da rede metalorgânica La13HSC), pois
ao comparar as redes metalorgânicas Gd14HSM e La13HSC, são oito átomos e
nove coordenados, respectivamente.
Observa-se que a estrutura resultante apresenta três dimensões para essa
rede metalorgânica, na figura 5.4. Vale destacar, que essa estrutura forma lamelas.
Essa estrutura é um isoreticular de uma existente na literatura [54].
Figura 5.3- Representação do ambiente de coordenação em torno do íon Gd3+ para a amostra
Gd14HSM.
Fonte: Adaptada pela autora, referência [54].
67
Figura 5.4 - Estrutura de Gd14HSM ao longo do eixo c.
Fonte: Adaptada pela autora, referência [54].
As estruturas das redes metalorgânicas Gd14SM, Gd14SC e Gd14HSC são
isoreticulares, suas estruturas foram identificadas com padrão existente na literatura,
como foi citado nos resultados de DRX [55]. Os ions Gd3+ formam estruturas
diméricas, como resultado das interações intermoleculares, devido essas ligações
serem muito fortes na formação desses dímeros assegura uma estabilidade maior.
Observa-se, na Figura 5.5, que cada íon Gd3+ encontra-se coordenado a nove
átomos de oxigênio, um proveniente da molécula de DMF, 4 pertencentes a dois
grupos carboxilatos coordenados de forma quelante e 4 também são de dois grupos
carboxílicos, porém coordenados de forma quelante originando uma estrutura
resultante com geometria prisma triencapuzado distorcido, esses resultados
68
corroboram com os do IV. A Figura 5.6 exibe a estrutura tridimensional obtida para
essa rede metalorgânica, é perceptível a existência de poros.
Figura 5.5: Representação do ambiente de coordenação de Gd3+, nas estruturas isoreticulares Gd14SM, Gd14SC e Gd14HSC.
Fonte: Adaptado pela autora, referência [55].
69
Figura 5.6 - Estrutura de Gd14SM ao longo do eixo c.
Fonte: Adaptado pela autora, referência [55].
70
____________________________________________
Capítulo VI
Conclusões e Perspectivas
_____________________________________________
71
6. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos confirmam a formação de novas redes metalorgânicas
com íons lantanídeos (La3+ e Gd3+) e ligantes benzenodicarboxilicos (1,3-H2BDC e
1,4-H2BDC), através das diferentes rotas e condições sintéticas testadas.
Os difratogramas de DRX e os espectros de infravermelho das amostras
obtidas foram comparados com os dados do ligante puro e sugerem a obtenção de
novas redes metalorgânicas. Foram identificadas seis estruturas isoreticulares
tridimensionais com padrões já existentes na literatura.
Para as amostras Gd14SM, Gd14SC e Gd14HSC foram confirmadas a
formação do mesmo tipo de estrutura cristalina, sugerindo que a rota sintética e a
temperatura de síntese não interferem no processo de cristalização.
Não houve formação de redes metalorgânicas via método hidrotérmico para
as amostras La13HC, Gd14HC e La14HC, as bandas características do grupo
carboxílico não foram deslocadas, provavelmente por não ter ocorrido à
desprotonação do ligante;
As análises térmicas comprovam a estabilidade das redes metalorgânicas
obtidas, pois a decomposição da rede não ocorre a temperaturas inferiores a 430ºC
confirmando a formação das redes metalorgânicas. Esses resultados corroboram
com os de DRX e IV;
A morfologia das amostras é distinta, confirmando a influência da
temperatura, do método de síntese, do íon e do tipo de solvente sobre a topologia
dos materiais obtidos. De maneira geral observa-se a uma variação no tamanho das
partículas entre 2 a 300 µm. Em função das condições sintéticas e da rota sintética
usada.
Para as estruturas identificadas foi possível notar que a coordenação do íon
La3+ e Gd3+ ocorreram de modo diferente, sendo nove e oito átomos coordenados,
respectivamente. Essa diferença está relacionada ao tamanho do íon, pois o raio
iônico do La3+ é maior do que Gd3+. Nas estruturas Gd14SM, Gd14SC e Gd14HSC,
o número de átomos coordenados foram 9, mas a estrutura forma um dímero.
u
i 9, mas essas estruturas formaram dímeros.
ocorreu ocorreu
foi 9
72
6.1 Perspectivas
Visando a continuidade deste trabalho, as perspectivas para serem realizadas
são descritas a seguir:
Sintetizar polímeros de coordenação com o íon lantânio, utilizando os
mesmos parâmetros, porém acrescentando um íon que emita luminescência com a
finalidade de obter polímeros de coordenação luminescentes;
Analisar as propriedades magnéticas de relaxação das redes metalorgânicas
formadas pelo íon gadolínio;
Estudar a estabilidade e a toxicidade desses materiais, para destiná-los como
agente de contraste em RMI.
73
____________________________________________
Capítulo VII
Referências
_____________________________________________
74
7 REFERÊNCIAS
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