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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
MAGNA MARIA PEREIRA DA SILVA
CONTROLE DA NEOPLASIA MALIGNA DO COLO DE ÚTERO: A
RESOLUTIVIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA
Natal/RN
2011
MAGNA MARIA PEREIRA DA SILVA
CONTROLE DA NEOPLASIA MALIGNA DO COLO DE ÚTERO: A
RESOLUTIVIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, área de concentração Enfermagem na atenção à
saúde, como parte dos requisitos para obtenção do título
de Mestre em Enfermagem.
Grupo de Pesquisa: Ações promocionais e de atenção a
grupos humanos em saúde mental e saúde coletiva.
Linha de Pesquisa: Enfermagem em saúde mental e
saúde coletiva.
Grupo de Pesquisa: Laboratório de investigação do
cuidado, segurança e tecnologia em saúde e enfermagem.
Linha de Pesquisa: Desenvolvimento tecnológico em
saúde e enfermagem.
Orientadora: Profª Dr.ª Maria Teresa Cicero Laganá
Natal/RN
2011
CONTROLE DA NEOPLASIA MALIGNA DO COLO DE ÚTERO: A
RESOLUTIVIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, do Centro de
Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito
parcial para obtenção do Título de Mestre.
Aprovada em:____de novembro de 2011, pela banca examinadora.
PRESIDENTE DA BANCA:
Professora Dra Maria Teresa Cícero Laganá
(Departamento de Enfermagem/UFRN)
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________________
Professora - Dra Maria Teresa Cícero Laganá
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN)
__________________________________________________
Professora – Dra Ana Fátima Carvalho Fernandes
(Universidade Federal do Ceara/UFC)
__________________________________________________
Professora – Dra Rosineide Santana de Brito
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN)
__________________________________________________
Professor – Dr Francisco Arnoldo Nunes de Miranda
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN)
DEDICATÓRIA
A Deus por me amparar em todos os momentos, nessa difícil caminhada. Sinto-te junto
a mim a cada dificuldade encontrada, sei que nunca me negas tua ajuda confortadora.
Acima de tudo, te amo com adoração. Obrigada!
À minha mãe, Maria, pelo infinito amor e abnegação incondicionais dedicados, por ter
me incentivado com incansável zelo aos verdadeiros valores da vida, e, embora não
tenha tido oportunidade de cursar uma universidade, vislumbrou longe o alcance dos
estudos para vida pessoal e profissional de uma mulher.
À minha filha, Maryane, ao me proporcionar, no dia em que nasceu, infinita e suprema
felicidade, nunca superada, com seu glorioso choro, avisando sua chegada ao mundo.
Ao meu irmão, Walter, pela grande generosidade e solidariedade dedicadas, própria
das almas boas e desapegadas.
À minha cunhada, Lúcia, se destino é o nome que se dá para os acontecimentos que
escolhemos antes de nascer, você foi esse destino, escolhido para nos ajudar nas
grandes decisões que tivemos de tomar em 2011.
Às mulheres, em especial às que fizeram parte deste estudo, por depositarem confiança
no meu trabalho, pelo carinho que me dedicaram, por terem permitido conhecer um
pouco de sua vida e pela confiança que me dedicam.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
A minha querida professora Dra. Maria Teresa Cícero
Laganá, minha orientadora, por acreditar em meu
potencial, e, por deixar transparecer nos seus atos,
generosa compreensão. Obrigada, embora não gostes,
pela ajuda humanizada, ofertada a tua mestranda
atrapalhada, mas enormemente esforçada, que pegastes
como primeira orientanda, ao iniciar tua trajetória
acadêmica no Departamento de Enfermagem de
Natal/RN.
AGRADECIMENTOS
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pelo incentivo e contribuição científica,
essenciais ao meu crescimento como docente.
Ao professor Francisco Arnoldo Nunes Miranda, pela ajuda e confiança que
depositastes em mim durante o curso preparatório para seleção de mestrado.
Muitíssimo obrigado!
Aos Professores Francisco Arnoldo Nunes Miranda, Rosineide Santana de Brito e Ana
Fátima Carvalho Fernandes, pelas orientações e contribuições sugeridas para a
qualificação do meu projeto de dissertação.
A todos os meus colegas, companheiros de mestrado, Fernando, João Mário, Mirna,
Silvana, Dulce, Hênia, Elisandra, Karol, Illa, Concy, Isabelle, Isabella, Luciana, Isabel,
Viviane, pela amizade construída, conhecimentos compartilhados, pelo convívio alegre
e ajuda “universitária” nos momentos difíceis.
As bolsistas da Profª. Teresa, Priscyla, Miclécia, Thais e Lilian pela contribuição,
apoio e palavras de confiança durante este processo. Coragem que chegarão lá!
À Direção da USF Nova Natal II, na pessoa de Radimila Paula Gomes da Silva, pela
autorização e por acreditar na contribuição desta pesquisa para melhora do meu
desempenho no cuidado com as mulheres da área 47.
Aos agentes comunitários de saúde Estevam, Andréia, Régia, Josimeire e Márcio, por
todo o apoio durante a coleta de dados na área 47, quando, sem a ajuda de vocês, o
sucesso deste trabalho teria sido mais difícil.
Aos docentes da Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem da UFRN, pelo
empenho e compromisso no ensino da enfermagem brasileira. De forma especial
professores Dra Clélia Albino Simpson, Dr Francisco Arnoldo Nunes de Miranda, Dra
Ana Luísa Brandão de Carvalho Lira, Dra Francis Solange Vieira Tourinho e Dr
Gilson de Vasconcelos Torres serei eternamente grata pelas palavras de incentivo e de
ânimo, nos momentos de alegria e de dificuldade.
Aos funcionários do Departamento de Enfermagem da UFRN um especial obrigada
pelos serviços prestados.
A Xexéu, pela sensibilidade e presteza na Xerox dos nossos documentos para serem
usados nos tão temidos seminários.
RESUMO
SILVA, M. M. P. Controle da neoplasia maligna do colo de útero: a resolutividade
na atenção básica. Natal, 2011. 106 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) –
Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2011.
Estudo quantitativo realizado por meio de pesquisa descritiva, transversal e
retrospectiva, utilizando procedimentos técnicos de consulta documental a fontes
secundárias e inquérito domiciliar com aplicação de formulário de entrevistas face a
face, após parecer favorável nº 039/2011 do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O objetivo dessa pesquisa foi analisar a
resolutividade do controle da neoplasia maligna do colo de útero na área 47 da Unidade
de Saúde da Família Nova Natal II. A neoplasia maligna do colo de útero é o segundo
tipo de câncer mais frequente entre as mulheres no mundo. No Brasil o rastreamento
para detecção e tratamento precoces da doença tem sido efetuado precariamente e o
seguimento, para reduzir a mortalidade, não tem sido executado. De um total de 1170
mulheres pertencentes à área 47, que se submeteram a rastreamento por meio do exame
de Papanicolau, no período de 2005 a 2010, elegeu-se uma amostra de 38 mulheres com
resultado positivo de alterações cervicais, maiores de 18 anos. A análise do cálculo da
frequência de variáveis sociodemográficas e clínico-epidemiológicas selecionadas com
os resultados das alterações cervicais, utilizando-se o teste de X2 e adotando como nível
de significância p<0,05 não mostrou significância estatística. A faixa etária
predominante foi de 25 a 64 anos (68,9%); a maioria parda (60,5%); com escolaridade
predominante até o ensino fundamental (57,9%); a maioria casada ou em convivência
marital (68,4%) e donas de casa (68,4%); com início precoce da atividade sexual
(86,8%), a minoria fumante (13,2%), com um parceiro sexual (36,8%). No momento da
entrevista, 42,1% das mulheres verbalizou queixa de corrimento, enquanto apenas 2,6%
referiu sangramento. Em relação à ocorrência de DSTs (inclusive HPV), 10,5% das
mulheres declarou ser portadora. Verbalizaram o uso de contraceptivos orais, 32,3% das
mulheres, por 2 a 4 anos (44,4%). Quanto ao resultado do último exame preventivo
realizado, prevaleceu a metaplasia escamosa imatura (55,3%), seguido de lesão intra-
epitelial de baixo grau (compreendendo efeito citopatológico pelo HPV e neoplasia
intra-epitelial cervical grau I) (31,6%); lesão intra-epitelial de alto grau (compreendendo
neoplasias intra-epiteliais cervicais de grau II e III) (7,9%); células atípicas escamosas
de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas, (5,3%). Não foi
observado carcinoma de células escamosas e adenocarcinoma. A maioria das mulheres
recebeu informações sobre o seguimento que deveria ser realizado após o resultado do
último exame preventivo (55,3%), mas, quanto a realizar o seguimento, a maior parte
das mulheres não referiu tê-lo feito (55,3%). O seguimento do grupo de mulheres
analisadas, com diferentes graus de alterações cervicais, somente deveria ser finalizado
com a alta por cura, estabelecido em citologias consecutivas negativas, meta que não
está sendo atingida na área 47 da Unidade de Saúde da Família Nova Natal II.
Palavras chave: Enfermagem Ginecológica; Neoplasia Maligna do Colo de Útero;
Saúde da Família; Seguimento; Resolutividade; Acesso a Serviços de Saúde.
ABSTRACT
SILVA, M. M. P. Control of uterine cervix neoplasm: a case-resolving capacity of
health services in primary care. Natal, 2011. 106 f. Dissertation (Master degree).
Nursing Department. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2011.
A quantitative, descriptive, cross-sectional and retrospective study, using technical
procedures of document consultation from secondary sources and health household
survey with application form for face to face inter views, with the assent nº.039/2011
from the Ethics Committee of the Federal University of Rio Grande do Norte. The aim
of this study was to analyze the cervix cancer control in the area47 of the Health Family
Centre Nova Natal II. The cancer cervix is the second most common cancer among
women worldwide. In Brazil screening for early detection and treatment of disease has
been poorly done and follow-up to reduce mortality has not been executed. From a total
of1170women belonging to area 47, who under went screening by the Pap test in the
period from 2005 to 2010,was elected a sample of 38 women with positive cervical
changes, over 18 years old. The calculation of frequency analysis of socio demographic
and clinical and epidemiological selected variables with the results of cervical changes,
using the X2 test and taking as significance level of p<0.05 was not statistically
significant. The predominant age range was 25 to 64 years (68.9%), most no white
women (60.5%), predominantly with primary education (57.9%), most married (68.4%)
and housewives (68.4%) with early age of sexual activity (86.8%), the minority smokers
(13.2%), with a sexual partner (36.8%). At the time of interview, 42.1% of the women
voiced complaint of discharge, while only 2.6% reported bleeding. In relation to the
occurrence of STDs (including HPV), 10.5% of women reported being a carrier. The
use of oral contraceptives was 32.3% of women, from 2 to 4 years (44.4%). The result
of the last screening test performed, showed prevalence of immature squamous
metaplasia (55.3%), followed by intraepithelial low- grade lesion (including the
cytopathologic HPV effect and cervical intra epithelial neoplasia grade I) (31.6%);
intraepithelial high-grade lesion (including cervical intraepithelial neoplasia grade II
and III) (7.9%), atypical squamous non neoplastic cells (5.3%). There was no squamous
cell carcinoma and adenocarcinoma. Most women received information about the action
that should be done after the last screening test result (55.3%), but how to perform
follow, most women did not report having done so (55.3%). The follow-up group of
women studied, with varying degrees of cervical abnormalities, should only be
completed with the discharge by cure, established inconsecutive negative cytology, a
goal that is not being achieved in the area 47 of the Health Family Centre of Nova Natal
II.
Keywords: Gynecological nursing; Uterine Cervical Neoplasm; Family Health; Follow-
up; Case-resolving Capacity of Health Services; Access to Health Services.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CACON - Centros de Alta Complexidade em Oncologia
CEP/UFRN – Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte
CID-10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados
à Saúde
ESF – Estratégia Saúde da Família
DATASUS – Departamento de Informática do SUS
DNA – Ácido Desoxirribonucléico
DSTs – Doenças Sexualmente Transmissíveis
ESF – Equipe de Saúde da Família
HPV – Human Papilloma Virus (Papilomavirus Humano)
IARC – International Agency for Research on Cancer
INCA – Instituto Nacional do Câncer
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
JEC – Junção Escamocolunar
NIC I – Neoplasia Intra-epitelial Cervical grau I (ou baixo grau)
NIC II – Neoplasia Intra-epitelial Cervical grau II (ou alto grau)
NIC III – Neoplasia Intra-epitelial Cervical grau III (ou alto grau)
OMS – Organização Mundial de Saúde
OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde
PAISM – Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
PMI – Programa Materno Infantil
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PRO-ONCO – Programa de Oncologia
PSF – Programa Saúde da Família
SISCOLO – Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero
SUS – Sistema Único de Saúde
USF – Unidades de Saúde da Família
USF Nova Natal II – Unidade de Saúde da Família Nova Natal II
VIVA MULHER – Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. SISCOLO. Prioridade II - Indicadores do controle do câncer de
colo de útero no município de Natal.............................................
22
Quadro 2. Classificação Internacional do Câncer de Colo Uterino e
Tratamentos.......................................................................................
32
Quadro 3. Variáveis do estudo........................................................................... 55
Quadro 4. Alteração benigna e alterações pré-malignas ou malignas............... 56
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de
2005 a 2010 da área 47 da USF Nova Natal II, segundo
características sociodemográficas. Natal/RN, 2011.....................
60
Tabela 2 Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de
2005 a 2010 da área 47 da USF Nova Natal II, segundo
diagnóstico clínico-epidemiológico Natal/RN, 2011...................
64
Tabela 3 Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de
2005 a 2010 da área 47 da USF Nova Natal II, segundo tempo
de uso de contraceptivos orais. Natal/RN, 2011...........................
67
Tabela 4 Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de
2005 a 2010 da área 47 da USF Nova Natal II, segundo
resultado do último exame citológico. Natal/RN, 2011...............
68
Tabela 5 Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de
2005 a 2010 da área 47 da USF Nova Natal II, segundo
seguimento das mulheres. Natal/RN, 2011..................................
72
Tabela 6 Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de
2005 a 2010 da área 47 da USF Nova Natal II, segundo
informações recebidas pelas mulheres no último exame
citológico. Natal/RN, 2011...........................................................
73
Tabela 7 Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de
2005 a 2010 da área 47 da USF Nova Natal II, segundo motivos
para a não realização do seguimento pelas mulheres no último
exame citológico. Natal/RN, 2011...............................................
73
Tabela 8 Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de
2005 a 2010 da área 47 da USF Nova Natal II, segundo
realização do seguimento que foi orientado com relação ao
diagnóstico do último exame preventivo, conforme variáveis
selecionadas. Natal/RN, 2011.......................................................
77
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Condutas clínicas de acordo com o resultado do exame citopatológico.. 43
Figura 2 Área geográfica 47 da Unidade de Saúde da Família Nova Natal II........ 50
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA......................................................... 18
2. OBJETIVOS................................................................................................... 26
2.1 GERAL............................................................................................................. 26
2.2 ESPECÍFICOS................................................................................................. 26
3. REVISÃO DA LITERATURA..................................................................... 27
3.1 EVOLUÇÃO DA NEOPLASIA MALIGNA DO COLO DE ÚTERO........... 27
3.2 AS LIMITAÇÕES DO RASTREAMENTO PELO PAPANICOLAU........... 32
3.3 DETERMINANTES BIOLÓGICOS E SOCIOCULTURAIS........................ 36
3.4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE CONTROLE.................................................... 38
3.5 SEGUIMENTO DAS MULHERES COM RESULTADO POSITIVO
PARA ALTERAÇÕES CERVICAIS..............................................................
41
3.6 ADESÃO AO RASTREAMENTO PELAS MULHERES.............................. 44
3.7 RESOLUTIVIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA............................................. 45
3.8 INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS PARA MONITORAMENTO E
VIGILÂNCIA..................................................................................................
47
4. MÉTODO........................................................................................................ 48
4.1 SUPORTE TEÓRICO...................................................................................... 48
4.2 DESENHO....................................................................................................... 49
4.3 LOCAL............................................................................................................. 49
4.4 POPULAÇÃO ALVO E AMOSTRA.............................................................. 51
4.5 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS.................................................................... 52
4.5.1 Consulta a documentos de fontes secundárias............................................. 52
4.5.2 Inquérito domiciliar....................................................................................... 53
4.6 VARIÁVEIS.................................................................................................... 54
4.7 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS................................................. 56
4.7.1 Teste piloto...................................................................................................... 57
4.8 TRABALHO DE CAMPO.............................................................................. 58
4.9 ANÁLISE DOS RESULTADOS..................................................................... 58
4.9.1 Banco de dados............................................................................................... 58
4.9.2 Análise............................................................................................................. 59
5. ASPECTOS ÉTICOS..................................................................................... 59
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 59
7. CONCLUSÕES.............................................................................................. 79
8. IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM..................... 81
9. LIMITAÇÕES DO ESTUDO....................................................................... 84
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
ANEXOS
18
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
A neoplasia maligna do colo de útero é o segundo tipo de câncer mais frequente
entre as mulheres no mundo, e, com exceção do câncer de pele, é o que apresenta maior
potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente. É duas vezes mais
frequente em países em desenvolvimento, quando comparado aos desenvolvidos,
tornando-se evidente a partir da faixa etária entre 20 e 29 anos e com pico de incidência,
geralmente, entre 45 e 49 anos. (BRASIL, 2010 a).
O nordeste ocupa o segundo lugar em incidência entre as macrorregiões
brasileiras com 17 casos por 100 mil mulheres. Tratando-se do Rio Grande do Norte o
estado teve uma incidência estimada de 14,5 casos por 100 mil mulheres para o ano de
2010. (NOMENCLATURA [...], 2006; BRASIL, 2010 a).
Além de elevada incidência a mortalidade por câncer de colo de útero no Brasil
é considerada alta, entre 5 e 6 mortes/100 mil mulheres/ano, apesar da evolução lenta,
dos fatores de risco identificáveis e das tecnologias reconhecidamente eficazes na
detecção precoce da doença. Estados Unidos, Canadá e Japão apresentaram taxas
ajustadas de mortalidade para 2002 menores que 3 por 100 mil mulheres. (BRASIL,
2009; FONSECA; ELUF NETO; WÜNSCH FILHO, 2010; BRASIL, 2010 a).
Entretanto, no Brasil, de acordo com os Indicadores e Dados Básicos (IDB), de
2006, do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade específica por neoplasia do colo do
útero, para o período compreendido entre 1990 e 2004, mostrou tendência de queda em
16 das 27 capitais do país. (THULER, 2008).
A manutenção das taxas demasiadamente altas de mortalidade pode ser atribuída
à baixa cobertura pelo exame de Papanicolau, à descontinuidade do seguimento após o
diagnóstico precoce de lesões precursoras, à qualidade insatisfatória dos exames
citopatológicos realizados no país e as limitações do SISCOLO (Sistema de Informação
do câncer do colo do útero), são os principais e os que serão discutidos nesse estudo.
A cobertura pelo exame de Papanicolau nas unidades federativas brasileiras é
baixa, entre 55 e 68 %, e, os escassos estudos sobre rastreamento e cobertura pelo
exame de Papanicolau, concentram-se nas grandes cidades das regiões Sul e Sudeste do
país, com pouca padronização metodológica da amostragem e do perfil das mulheres
investigadas, apesar da cobertura de 80% e incentivo à realização da Cirurgia de Alta
19
Frequência (CAF) em lesões intra-epiteliais de alto grau, preconizadas no Pacto pela
Saúde. (MARTINS; THULER; VALENTE, 2005; BRASIL, 2006 a).
Pesquisa Mundial de Saúde realizada em 71 países em 2003, promovida pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), mostrou que a cobertura do exame
Papanicolaou entre mulheres de 18 a 69 anos residentes nos 188 municípios analisados
foi de 66%. O segundo inquérito, realizado também em 2003, pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD), em 851 municípios, mostrou que a cobertura do exame
Papanicolaou foi de 68,7% nas mulheres com mais de 24 anos de idade. (ZEFERINO,
2008).
Como reflexo deste quadro adverso, 20,8% das mulheres brasileiras acima de 24
anos, nunca foi submetida ao exame citológico, embora a realização periódica desse
exame continue sendo a estratégia mais adotada para o rastreamento do câncer do colo
do útero. Atingir alta cobertura da população definida como alvo é o componente mais
importante no âmbito da Atenção Básica para que se obtenha significativa redução da
incidência e da mortalidade por câncer do colo do útero. Países com cobertura de
rastreamento superior a 70%, realizado a cada três a cinco anos, apresentam taxas iguais
ou menores que duas mortes por 100 mil mulheres por ano. (BRASIL, 2011).
Pesquisa envolvendo 89 hospitais e sete serviços isolados de quimioterapia ou
radioterapia vinculados a Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON)
mostrou que, entre 1995 e 2002, 45,5% das mulheres apresentavam o câncer do colo do
útero nos estadios III ou IV no momento do diagnóstico. Esses dados refletem a
consequência da descontinuidade no acesso a serviços de alta complexidade a partir do
diagnóstico precoce de lesões precursoras na rede de Atenção Básica. (THULER, 2008).
Segundo o INCA, em 2005, apenas seis Estados brasileiros e o Distrito Federal
apresentaram 100% dos seus municípios com taxas de exames insatisfatórios menores
que 5%, padrão mínimo de qualidade estabelecido pela Organização Pan-Americana de
Saúde (OPAS). A qualidade do esfregaço cervical da lâmina parece ser operador-
dependente assim como técnico-dependente e envolve, na rede básica, capacitação de
pessoal para obtenção, conservação e interpretação de resultados e, nos laboratórios,
controle de qualidade no processamento, leitura e interpretação do material
citopatológico. (KOTASKA; MATISIC, 2003; THULER, 2008).
A Agenda de Compromissos pela Saúde, aprovada em janeiro de 2006,
estabelece três pactos entre o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e
20
Municipais para o fortalecimento do SUS. Entre eles, o Pacto pela Vida define como
prioridade a redução da mortalidade por câncer de colo de útero. (SOARES et al, 2010).
O controle dessa doença, então, inclui vários atores (estados, municípios,
profissionais de saúde, instituições formadoras e usuários), embora, por outro lado, se
contraponha um cenário de fragilidades, especialmente na Atenção Básica, que não
garante o tratamento adequado e o seguimento dos casos detectados de lesões
precursoras e de lesões neoplásicas propriamente ditas. (BRASIL, 2001a; BRASIL,
2001 b; BRASIL, 2004).
O SISCOLO é um sistema de informação transversal que registra os exames
realizados e não estabelece conexão com os sucessivos exames. Assim, o sistema
disponível não permite identificar as mulheres que estão em falta com o rastreamento
para chamá-las a repetir ou fazer pela primeira vez os exames. Uma consequência direta
disso é que o programa de rastreamento vigente não tem controle sobre quem está
fazendo os exames e tampouco sobre o intervalo em que os exames têm sido realizados.
A inexistência de um cadastro universal de base populacional no SISCOLO, com um
sistema de informação longitudinal, que registre o cuidado ao longo do tempo, impede o
rastreamento organizado de mulheres. (BRASIL, 2001 b; BRASIL, 2010 c).
Nas unidades de saúde brasileiras se faz o cadastramento de mulheres e o
controle de seu comparecimento para exame citopatológico por meio dos livros de
Registro do Seguimento de Mulheres do Programa SISCOLO. Esse procedimento é
típico de um programa oportunístico, ou seja, a maioria das mulheres realiza exames
quando procura os serviços de saúde por alguma razão. A consequência óbvia é o
contingente de mulheres super-rastreadas e outras em falta com os controles. (BRASIL,
2011).
Diante desse panorama casos de doença em estadios relativamente avançados,
no momento do diagnóstico, tem contribuído para o aumento da mortalidade, afetando
também as taxas de sobrevida dessas mulheres. Nos países desenvolvidos a sobrevida
média, estimada em cinco anos, varia de 69% a 79%; no Brasil é de 49%. (MARTINS;
THULER; VALENTE, 2005; BRASIL, 2006 a; BRASIL 2010 a).
Confrontar as políticas nacionais de controle do câncer cérvico-uterino, como o
Viva Mulher (BRASIL, 2001a), o Plano de ação para redução da incidência e
mortalidade por câncer do colo do útero (BRASIL, 2010 c) e as Diretrizes brasileiras
para o rastreamento do câncer do colo do útero (BRASIL, 2011) com a precariedade dos
21
resultados, tem se mostrado um grande desafio a ser superado pela saúde pública
brasileira, de modo que a problematização que será aqui esboçada nos permitirá levantar
questões cujo tratamento transcende os objetivos do presente estudo.
A primeira é: o quê nos afasta de alcançar a resolutividade no controle da
neoplasia maligna do colo de útero na Atenção Básica para além da ação meramente
programática, mas para a organização do sistema enquanto Sistema Único de Saúde
(SUS)? E, a segunda, é: se o controle da neoplasia maligna do colo de útero na Atenção
Básica é definido como prioridade na agenda política nacional, por que não se obtém
sucesso na melhoria dos indicadores dessa doença?
No primeiro questionamento sobre alcançar a resolutividade no controle da
neoplasia maligna do colo de útero, é fato que a Atenção Básica deve atuar na vigilância
à saúde com capacidade de incorporar um conjunto de profissionais e saberes numa
atuação intersetorial e multidisciplinar, sendo, o Programa Saúde da Família (PSF), a
parte crítica da organização. (LEVCOVITZ; GARRIDO, 1996; BORGES; BAPTISTA,
2010).
Analisando os indicadores pactuados, para 2009, do Informativo Instituto
Nacional do Câncer (INCA), para detecção precoce do câncer do colo do útero, de abril
a junho de 2010, o percentual de tratamento/seguimento das lesões precursoras do
câncer do colo do útero, Neoplasias Intra-Epiteliais graus II e III (Lesões de alto grau-
NIC II e NIC III), por unidade federada, mostrou que, no Rio Grande do Norte, de 511
casos de lesões de alto grau diagnosticados, apenas 6,1% encontrava-se em seguimento.
(BRASIL, 2010 b).
22
O Quadro1 mostra a meta pactuada pela Secretaria Municipal de Saúde de Natal
para a oferta do exame citopatológico cervicovaginal na faixa etária de 25 a 59 anos e o
percentual de tratamento/seguimento das mulheres com resultados de lesões de alto grau
- NIC II e NIC III para 2009, que, no município, foi de 3,71%.
INDICADORES Meta
2009
Resultado
2009
Meta
2010
Meta
2011
Razão de exames citopatológicos cérvico-
vaginais na faixa etária de 25 a 59 anos em
relação à população-alvo, em determinado local,
por ano.
30% 15% 18% 22%
Percentual de tratamento/seguimento no nível
ambulatorial das lesões precursoras do câncer de
colo do útero (lesões de alto grau - NIC II e NIC
III).
100% 3,71% 100% 100%
Quadro 1. SISCOLO. Prioridade II - Indicadores do controle do câncer de colo de útero
no município de Natal. Fonte: Secretaria Municipal de Natal/RN. Assessoria de Planejamento Estratégico e Gestão do
SUS (2010).
Essa situação ilustra a fragilidade da vigilância à saúde das mulheres no que se
refere ao seguimento da neoplasia maligna do colo de útero no território, ou seja, o que
está acontecendo com a resolutividade na Atenção Básica? Subnotificação? Dificuldade
de acesso à referência? Abandono, alta, óbito, mudança de território por parte das
usuárias? Perda de seguimento?
Sabemos que as Neoplasias Intra-Epiteliais (NIC II e NIC III) são alterações pré-
malignas ou malignas, diagnosticadas no exame citopatológico, consideradas de alto
grau, porque, cerca de 75% das pacientes com esse laudo, apresentarão confirmação
histopatológica e, aproximadamente, 2% delas, terão diagnóstico histopatológico de
carcinoma invasor. Sendo assim, todas as pacientes que apresentam citologia sugestiva
de lesão de alto grau, em unidades de Atenção Básica, devem ser encaminhadas
imediatamente para Unidade de Referência de Média Complexidade para colposcopia,
como conduta inicial. (BRASIL, 2006 b).
Em visita à Assessoria de Planejamento Estratégico e Gestão do SUS da
Secretaria Municipal de Saúde de Natal fomos informados que o SISCOLO ainda não
foi efetivamente implantado no município de Natal. Sendo assim, são precários os
dados sobre seguimento e há entraves como: insuficiência de recursos humanos para
colocar o programa em andamento, precariedade da rede informatizada nas unidades de
23
saúde e, no nível central, falta de carro para visita às unidades de saúde, além de
persistente dificuldade de se concretizar as relações de referência e contra-referência.
As dificuldades relacionadas ao baixo percentual de tratamento/seguimento de
lesões de alto grau - NIC II e NIC III, ilustradas no Quadro I, têm sido vivenciadas pela
autora, como enfermeira da equipe da área 47 da Unidade de Saúde da Família (USF
Nova Natal II), da rede de saúde da cidade de Natal/RN, relacionada à descontinuidade
da atenção à saúde das mulheres, no controle da neoplasia maligna do colo de útero.
Uma delas refere-se ao não seguimento das usuárias com exames de Papanicolau
alterados cujos resultados são anotados no Livro de Registro de Seguimento de
Mulheres do Programa SISCOLO da USF Nova Natal II.
Quanto ao agendamento das usuárias com resultados alterados para o médico da
equipe, outra dificuldade enfrentada tem sido que a maioria das mulheres não consegue
continuar o tratamento pelas restrições ao acesso à atenção especializada e pelos
entraves para se efetivar o trabalho intersetorial e multidisciplinar, o que nos remete à
questão da resolutividade na Atenção Básica.
Em relação ao segundo questionamento sobre a definição do controle da
neoplasia maligna do colo de útero na Atenção Básica como prioridade na agenda de
política nacional é fato que nem sempre a definição de prioridade vem acompanhada de
uma análise política de viabilidade de um projeto de sustentabilidade ou de um interesse
real de enfrentá-la. Ao contrário, estudos de análise de indicadores de resultados das
políticas públicas têm mostrado que existe um distanciamento cada vez mais crescente
entre a chamada fase de formulação, onde são eleitos os problemas de saúde e decididas
as diretrizes, frente à implementação dessas políticas, onde um projeto é posto em ação.
(HOGWOOD; GUNN, 1984; CAETANO et al, 2010).
O rastreamento do câncer de colo uterino tem sido executado nas Unidades
Básicas de Saúde e é fato que a descentralização do exame Papanicolau realizado nessas
Unidades facilitou o acesso da população feminina a esse tipo de exame. A prevenção
do câncer de colo do útero é uma atividade inerente às equipes de saúde da família,
definida como estratégia no Pacto pela Saúde, segundo Portaria 399/06 do Ministério da
Saúde e assumida formalmente pelos gestores municipais. (BRASIL, 2006 a).
Porém, o rastreamento das mulheres ainda assintomáticas, situadas ou não em
determinado grupo de risco, está sendo realizado precariamente e o seguimento, para
reduzir a mortalidade através do diagnóstico e tratamento precoces com maiores
possibilidade terapêuticas, praticamente não tem sido executado. (COSTA, 2009).
24
Sob o ponto de vista do benefício social para as mulheres, questionou-se a
flagrante discrepância entre o que é preconizado pelas políticas públicas e o que de fato
acontece na prática.
Os dados epidemiológicos mostram um desrespeito aos direitos sanitários de
grande parcela da população feminina que tem, nos serviços públicos, a única
alternativa de cuidado à saúde. É reveladora essa situação, quando se vê a alta
mortalidade de mulheres por um tipo de câncer que tem os mais altos níveis de cura,
com prevenção acessível em quase todos os serviços de Atenção Básica. (VILLA;
PEREIRA, 2009).
O controle do câncer cérvico-uterino, aponta para a possibilidade dos municípios
efetivarem as atribuições da Atenção Básica, por meio da Secretaria Municipal de
Saúde, respondendo às demandas da população feminina, entre outras ações,
promovendo um fluxograma para o atendimento da mulher nos diversos níveis da rede
de saúde existente no município; organizando a rede de coleta de material citológico,
orientando o tratamento de lesões; recolhendo planilhas de coleta e consolidação dos
dados, com encaminhamento à Coordenação Estadual; fazendo acompanhamento
sistemático de todas as mulheres com resultado positivo no exame citopatológico e
histopatológico até a conclusão do tratamento. (BRASIL, 2001a).
As mulheres com diagnóstico de alterações cervicais deveriam ser submetidas à
busca ativa com o objetivo de se averiguar a situação do seguimento após rastreamento
pelo exame citológico. A conduta subsequente a um exame citológico com diagnóstico
de alterações cervicais exige múltiplas consultas clínicas para condutas preconizadas,
como: retorno à rotina de rastreamento citológico, repetição de exame citológico e
colposcópico e procedimentos excisionais para confirmação histopatológica ou como
forma de tratamento. (BRASIL, 2011).
A título de esclarecimento, embora a Classificação Estatística Internacional de
Doenças Relacionadas à Saúde (CID-10) utilize a categoria neoplasia maligna do colo
de útero (C53), os diversos autores apresentados neste estudo utilizaram diferentes
denominações ao tratarem do assunto, tais como: câncer de colo uterino, câncer de colo
do útero, câncer cérvico-uterino, câncer da cervix uterina, câncer cervical, câncer
invasor, carcinoma invasor, carcinoma escamoso invasor do colo uterino, neoplasia
invasora ou neoplasia cervical que foram utilizadas indistintamente.
Do mesmo modo, o exame de Papanicolau foi nomeado pelos diversos autores
de diferentes formas como: citologia esfoliativa, citologia oncótica, exame
25
citopatológico, teste de triagem de Papanicolau, exame citológico, rastreamento
citológico, teste de Papanicolau, Papanicolau, método de Papanicolau, citologia,
citologia cervicovaginal, exames citopatológicos cérvico-vaginais, citologia
convencional (quando se compara com o acondicionamento da lâmina em meio líquido)
e screening, que foram também utilizadas indistintamente.
Com relação às lesões precursoras do colo do útero, outras denominações
também foram utilizadas indistintamente, conforme os autores, ou seja, lesões pré-
neoplásicas, lesões pré-malignas ou lesões cervicais pré-invasoras.
A escolha do tema surgiu da inquietação da autora sobre a resolutividade das
ações oferecida as mulheres da USF Nova Natal II da área 47, principalmente no que se
refere à coleta do papanicolau, onde presenciava constantemente a volta das mulheres a
procura de novo exame, muitas vezes com menos de um ano do último e, quando
questionadas sobre o seguimento orientado, elas diziam das dificuldades enfrentadas na
busca para conclusão desse seguimento, tais como: colposcopia, biópsia, cirurgia, entre
outros. Situação que traduz os questionamentos expostos, quanto à resolutividade na
Atenção Básica e à definição de prioridades no seguimento de mulheres com alterações
cervicais.
26
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Analisar a resolutividade do controle da neoplasia maligna do colo de útero na área 47
da Unidade de Saúde da Família Nova Natal II.
2.2 ESPECÍFICOS
- Caracterizar o perfil sociodemográfico de mulheres que se submeteram ao exame
citológico, com resultados alterados, não seguidas pelo serviço;
- Delinear o diagnóstico clínico-epidemiológico de mulheres que se submeteram ao
exame citológico, com resultados alterados, não seguidas pelo serviço e;
- Verificar, em domicílio, a situação do seguimento de mulheres que tiveram resultado
do exame citológico alterado.
27
3 REVISÃO DA LITERATURA
Perseguindo os objetivos do presente estudo, na revisão da literatura, abordar-se-
á assuntos relevantes a contextualização do objeto de estudo, ou seja, a análise da
resolutividade do controle da neoplasia maligna do colo de útero na área 47 da USF
Nova Natal II do município de Natal/RN.
Apresentaremos, em sequência, a evolução da neoplasia maligna do colo de
útero, incluindo os aspectos históricos do exame de Papanicolau e das nomenclaturas; as
limitações do rastreamento pelo Papanicolau; os determinantes biológicos e
socioculturais; as políticas públicas para o controle; o seguimento das mulheres com
resultado positivo para alterações cervicais; os aspectos relacionados à adesão ao
rastreamento pelas mulheres; a situação da resolutividade na Atenção Básica e,
finalmente, os indicadores epidemiológicos para monitoramento e vigilância.
3.1 EVOLUÇÃO DA NEOPLASIA MALIGNA DO COLO DE ÚTERO
O enfermeiro com conhecimento da evolução e classificação das alterações
citológicas, com as respectivas condutas indicadas para cada caso, é um grande aliado
contra os altos índices de morbimortalidade dessa doença. Importante sublinhar que o
rastreamento citológico deve ser realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs),
preferencialmente na Estratégia da Saúde da Família (ESF), para controle da neoplasia
maligna do colo de útero na Atenção Básica, atividade que vem sendo realizada quase
que, exclusivamente, pelo enfermeiro. Dessa forma, o enfermeiro deve saber não só
executar a técnica de coleta adequada, mas, também, interpretar um resultado citológico
reconhecendo a nomenclatura dos laudos cervicais.
O marco teórico das lesões precursoras do câncer do colo do útero tem sido
amplamente discutido desde a década de 1930. A introdução do exame de células
coletadas do colo do útero e vagina para detectar o câncer cervical se deve à
Papanicolaou. Ele idealizou a técnica em 1940 e mostrou que, de 600 mil a 1,2 milhão
de células epiteliais cervicais, menos de 20% é transferido para a lâmina e, que essa
transferência, é aleatória e sujeita a erros, ou seja, se as células anormais não são
distribuídas uniformemente ao longo da amostra na lâmina, há risco de resultados falso-
negativos. Dando continuidade aos seus estudos, em 1949, Papanicolaou formalizou o
28
termo displasia para indicar anomalias de menor grau, que, se deixadas sem tratamento,
poderiam evoluir para câncer do colo uterino. (AIDÉ et al, 2009; CONTRERAS, 2009).
Posteriormente, em 1967, Richart defendeu, pela primeira vez, o conceito de
Neoplasia Intra-epitelial Cervical (NIC) para as lesões precursoras do carcinoma
escamoso invasor do colo uterino, considerando-as um fenômeno progressivo.
Caracterizando-as por vários graus de atipias celulares, Richart classificou as neoplasias
intra-epiteliais cervicais histologicamente em três graus: NIC I, atipias celulares
localizadas no terço inferior do epitélio escamoso; NIC II, atipias celulares que
comprometem dois terços inferiores do epitélio escamoso e, NIC III, atipias celulares
que comprometem mais de dois terços ou toda espessura do referido epitélio. (BRASIL,
2006 b; AIDÉ et al, 2009).
Em 1988, apesar de controvérsias entre patologistas e ginecologistas quanto às
nomenclaturas, foi criado, na cidade de Bethesda, Maryland, Estados Unidos da
América, um novo sistema de classificação citológica cervical (Sistema Bethesda) com
terminologia uniforme, com vistas a facilitar o manejo clínico das NICs. Esse sistema
foi revisto em 2001. Nesta última revisão a subdivisão das lesões ficou estabelecida em
dois graus: NIC I passou a chamar-se lesão intra-epitelial de baixo grau, enquanto NIC
II e NIC III, lesões intra-epiteliais de alto grau. Dessa forma os resultados dos exames
citológicos passaram a utilizar uma linguagem uniforme, de maneira a permitir um
perfeito entendimento pelos diversos profissionais que participam do sistema de
diagnóstico do câncer de colo do útero. (FREITAS et al, 2006; BUENO, 2008; AIDÉ et
al, 2009).
Entretanto, a Associação Brasileira de Genitoscopia (ABG) argumentou que o
Sistema Bethesda atendia as necessidades primordialmente norte-americanas, não
contemplando as características epidemiológicas brasileiras, indicando a
impossibilidade de haver uma linguagem única para todo mundo. Fortalecendo essa
premissa, o Brasil, em 2006, lançou a Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e
Condutas Preconizadas, que estabeleceu uma classificação própria, após reuniões de
consenso com diversos segmentos da sociedade científica. (CARVALHO; QUEIROZ,
2010).
Na década de 1960 prevalecia a teoria de que as lesões cervicais de alto grau se
davam pela progressão de NIC I para NIC II e, consequentemente, para NIC III,
comportando-se num continuum progressivo e culminando no câncer cervical.
Entretanto, tem-se evidenciado, em estudos longitudinais, o aparecimento da NIC III
29
sem a detecção prévia de lesões de baixo grau, mesmo com a presença de HPV
oncogênico. (SOARES; SILVA, 2010).
A chance de um epitélio atípico evoluir para neoplasia invasora é diretamente
proporcional à severidade da atipia. Devemos destacar que a lesão cervical não tem que
passar obrigatoriamente pelo continuum progressivo para chegar ao câncer invasor, mas,
que as lesões de alto grau são as verdadeiras precursoras do câncer, pois, na maioria dos
casos, evoluirão para carcinoma invasor do colo uterino. (BUENO, 2008; MOYSES et
al, 2008; BRASIL, 2011).
O conhecimento sobre a história natural do câncer de colo uterino mostra que o
diagnóstico tardio pode ser evitado porque tem desenvolvimento progressivo, levando
em média, 10 a 20 anos, de modo que é possível a prevenção do carcinoma invasor,
através da detecção, diagnóstico e tratamento de lesões precursoras, levando à cura de
quase 100% dos casos. (BRASIL, 2010 a).
A doença se inicia em idade precoce e tem evolução lenta, estimando-se que o
tempo entre a lesão inicial e a fase clinicamente detectável é de 15,6 anos, tempo
suficiente para a oportunidade de diagnóstico precoce por meio de ações de controle.
(CARVALHO et al, 2006).
Na fase pré-clínica e assintomática do câncer cervical, a detecção de possíveis
lesões precursoras se dá por meio da realização periódica do teste de triagem de
Papanicolau, considerado de baixo custo, simples e de fácil execução. Estas
características o tornaram amplamente utilizado em programas de controle do câncer
cérvico-uterino em todo o mundo e, no Brasil, é a estratégia de rastreamento
recomendada pelo Ministério da Saúde. (SANTANA et al, 2008).
O rastreamento do câncer do colo do útero não se restringe à coleta do
Papanicolau. Caracteriza-se por outras etapas, tais como: identificação dos casos
positivos suspeitos de lesão precursora ou câncer, confirmação diagnóstica e tratamento
(BRASIL, 2011).
A população alvo definida para o início da coleta dos exames citológicos, pelo
Ministério da Saúde, é aquela entre 25 e 64 anos idade para as mulheres que já tiveram
atividade sexual. Os exames devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos
quando, após essa idade, as mulheres tiverem, pelo menos, dois exames negativos
consecutivos nos últimos 5 anos. Para as mulheres com mais de 64 anos e que nunca
realizaram o exame citopatológico deve-se realizar dois exames com intervalo de 1 a 3
30
anos. Se ambos forem negativos essas mulheres podem ser dispensadas de exames
adicionais. (BRASIL, 2011).
Desse modo a detecção do câncer de colo de útero consiste nos exames
citológico, colposcópico e histopatológico. A associação desses três exames mostra-se
de grande importância, pois permite o diagnóstico e tratamento adequado para as lesões
pré-neoplásicas e câncer cervical. Essa associação está bem estabelecida, porém, vários
trabalhos apontam controvérsias entre os resultados, que estão na dependência dos
critérios citológicos e das classificações utilizadas. (TUON et al., 2002; STIVAL et al,
2005; AMARAL et al, 2006).
O Papanicolau apresenta limitações em sua execução. A taxa de falsos negativos
é alta, entre 6 e 68%, tendo como principais causas: a obtenção inadequada da amostra,
o erro no escrutínio do esfregaço da lâmina e na interpretação dos achados citológicos.
Consequentemente, o exame citológico falha na detecção de alterações cervicais em,
aproximadamente, 30% dos cânceres invasivos de colo uterino e 58% das lesões
precursoras. (TUON et al, 2002; AMARAL et al, 2003; KIM, 2005; PIAS; VARGAS,
2009).
Na obtenção da amostra a ausência de componentes das regiões anatômicas da
zona de transformação da Junção Escamocolunar (JEC) e da endocérvice limita a
qualidade do esfregaço obtido durante a coleta do material. Nessas regiões ocorre a
maioria dos cânceres cervicais. Por isso, a coleta que não atinge a JEC e a endocérvice,
diminui as chances de se detectar as lesões precursoras e o câncer cervical. Outras
causas também podem interferir na adequação da amostra: sangue e exsudato
inflamatório em excesso, dessecamento e áreas espessas. (RAMOS; AMORIM; LIMA,
2008).
Revisão sistemática sobre cobertura do exame de Papanicolau no Brasil
reafirmou que, embora a abordagem mais efetiva para o controle do câncer do colo do
útero continue sendo o rastreamento pelo exame de Papanicolau, a técnica é vulnerável
a erros de coleta e de preparação da lâmina e à subjetividade na interpretação dos
resultados. Por estas razões, os estudos têm apresentado grande variabilidade nas
estimativas de sensibilidade e especificidade, como exemplifica o autor: variação de 11
a 99% para a sensibilidade e de 14 a 97% para a especificidade, em estudos de meta-
análise; variação de 30 a 87% para a sensibilidade e de 86% a 100% para a
especificidade em estudos de revisão sistemática. (MARTINS; THULER; VALENTE,
2005)
31
No que diz a sensibilidade expressa a probabilidade de um teste dar positivo na
presença da doença, ou seja, avalia a capacidade do teste detectar a doença quando ela
está de fato presente. É a proporção de casos verdadeiros positivos. (PINHO; MATTOS,
2002; MEDRONHO et al, 2009; BUENO, 2010).
No que diz a especificidade expressa a probabilidade de um teste dar negativo na
ausência da doença, ou seja, avalia a capacidade de o teste afastar a doença quando ela
está ausente. É a proporção de casos verdadeiros negativos. (PINHO; MATTOS, 2002;
MEDRONHO et al, 2009; BUENO, 2010).
Pelo fato de o câncer do colo do útero ter longa fase pré-clínica, estudos sugerem
que o exame de Papanicolau deva ser repetido periodicamente, esperando-se que as
lesões precursoras que não tenham sido identificadas num exame o sejam em ocasiões
subsequentes. O Ministério da Saúde afirma que não há necessidade da anuidade do
teste, ou seja, com dois testes consecutivos normais, a mulher pode repetir outro em até
três anos, desde que não seja de grupo de risco, pois a fase longa para o surgimento da
doença permite ações preventivas eficientes capazes de alterar o quadro epidemiológico.
(MARTINS; THULER; VALENTE, 2005; BRASIL, 2011).
Conforme a doença progride surgem os sintomas do câncer cervical:
sangramento vaginal, corrimento e dor. O processo inflamatório e o sangramento podem
impedir o diagnóstico pelo teste de Papanicolau, por dificultarem a leitura do esfregaço.
(SANTANA et al, 2008).
A sintomatologia específica do câncer do colo uterino só ocorre quando o tumor
invade o estroma cervical ocasionando sangramentos e infecções bacterianas
secundárias, com corrimento aquoso de odor fétido. Ocorre metástase para os tecidos
vizinhos e para a via linfática com edema em membros inferiores. A dor na região
hipogástrica estará sempre presente nesta fase. (SOARES; SILVA, 2010).
O tratamento dependerá do estadiamento da doença (Quadro 2); do tamanho do
tumor e de fatores pessoais, como idade e desejo de ter filhos. O estadiamento tem a
finalidade de estabelecer o melhor tratamento e estabelecer o prognóstico da doença. O
prognóstico, por sua vez, dependerá do tamanho do tumor primário; da profundidade da
invasão estromal; do grau histológico; do estadiamento da doença; do status dos
linfonodos retroperitoneais; da invasão angiolinfática; das margens de ressecção e da
invasão de paramétrios. A sobrevida em cinco anos será medida entre o tempo decorrido
a partir do diagnóstico do tumor e a ocorrência de eventos como o aparecimento de
32
recidiva, de metástase ou o óbito. (FREITAS et al, 2006; LEITE, 2008; BRASIL, 2010
a).
Estadios Alterações Tratamentos
Estadio 0 Carcinoma in situ/NICIII/carcinoma intra-epitelial. Cirurgia.
Estadio I Carcinoma confinado a cérvice. Cirurgia e radioterapia
(Preferência cirurgia). Estadio IA Invasão estromal de no máximo 5 mm de profundidade até
7mm de extensão.
Estadio IA1 Invasão estromal ≤ 3 mm.
Estadio IA2 Invasão estromal 3-5 mm.
Estadio IB Lesão clínica confinada a cérvice. Radioterapia.
Estadio IB1 Lesão clínica ≤ 4 cm. Cirurgia e radioterapia.
Estadio IB2 Lesão clínica > 4 cm de diâmetro. Radioterapia associada à
quimioterapia. Estadio II
Envolvimento dos terços superiores e médio da vagina ou
infiltração do paramétrio não chegando à parede pélvica.
Estadio IIA Envolvimento da vagina sem envolvimento parametrial. Cirurgia e radioterapia.
Estadio IIB Infiltração do paramétrio. Radioterapia.
Estadio III
Envolvimento do terço inferior da vagina ou infiltração do
paramétrio até a parede pélvica. Inclui hidronefrose ou rim
não-funcionante.
Radioterapia associada à
quimioterapia.
Estadio IIIA Envolvimento do terço inferior da vagina. Se o paramétrio
está infiltrado, não chega à parede pélvica.
Radioterapia.
Estádio IIIB Extensão parametrial até a parede pélvica ou hidronefrose
ou rim não-funcionante.
Radioterapia.
Estadio IV Extensão além do trato genital. Radioterapia associada á
quimioterapia.
Estadio IVA Envolvimento da mucosa da bexiga ou de reto ou ambos. Radioterapia.
Estadio IVB Metástase à distância ou doença fora da pelve verdadeira.
Quadro 2. Classificação Internacional do Câncer de Colo Uterino e Tratamentos. Fonte: FREITAS et al, 2006.
3.2 AS LIMITAÇÕES DO RASTREAMENTO PELO PAPANICOLAU
Ensaio sobre o exame de Papanicolau discorreu sobre a incidência de resultados
falso-negativos e falso-positivos relacionando-os com a técnica de coleta do esfregaço
que não atinge a zona de transformação nem as células endocervicais, por raspagem
33
cervical inadequada, inadequada fixação e exposição excessiva ao ar, ocasionando
ressecamento da lâmina. Procedimentos laboratoriais; demografia da população
feminina e insuficiente comunicação entre patologista e clínico foram também
relacionados a erros de diagnóstico. Os autores recomendaram que, devido ao fato do
Papanicolau ser apenas um teste de rastreamento, achados anormais deveriam ser
confirmados histologicamente. (KING et al, 1992).
Ensaio clínico que analisou 15 882 esfregaços cervicais obtidos de mulheres
entre 20-64 anos comparando o desempenho das espátulas de coleta cytobrush e Ayle
mostrou que a espátula cytobrush (5,4% de amostras insatisfatórias) não ofereceu
vantagens sobre a espátula de Ayle (5,5% de amostras insatisfatórias) na tentativa de
reduzir taxas de esfregaços inadequados nas lâminas coletadas na Atenção Primária.
Concluiu-se que esfregaços cervicais inadequados não são apenas causa de ansiedade e
inconveniência para as mulheres, mas, custo adicional para os programas de screening.
(DEY et al, 1996).
Estudo prospectivo com 9517 lâminas de esfregaços cervicais mostrou que as
repetições de testes de rastreamentos ocasionam aos citopatologistas fadiga, lapsos de
concentração e subestimação na interpretação das lâminas no laboratório que
provocando dessa forma resultados falso-negativos, que não deveriam exceder a 5%.
(FARAKER; BOXER, 1996).
Análise retrospectiva dos resultados de Papanicolau e de registros médicos de
1202 mulheres cadastradas em programa de DST mostrou que os resultados tidos como
insatisfatórios o foram devido aos esfregaços serem muito finos. Os autores chamaram a
atenção ao fato de que o seguimento das mulheres com resultados insatisfatórios é
problemático porque os recursos dos programas de controle do câncer de colo de útero,
em geral, não permitem a busca das mulheres por telefone ou por carta. (SCHWEBKE;
ZAJACKOWSKI, 1997).
Ensaio sobre atualizações do rastreamento e avaliação de resultados anormais no
Papanicolau apontou, entre os principais problemas: erros durante a obtenção da
amostra e erros de diagnóstico no laboratório, enfatizando que, nesses casos, a perda de
oportunidade de rastrear a mulher em seu primeiro comparecimento, é o mais grave,
sugerindo que deve haver um esforço dos profissionais que colhem o exame
citopatológico em promover o rastreamento para todas as mulheres de uma população
alvo. (WALSH, 1998).
34
Estudo prospectivo com 713 mulheres entre 18 e 45 anos comparou a presença
clínica de infecção genital registrada nos prontuários com os resultados do exame
citológico, mostrando que o screening citológico cervical oportunístico tem sido
subutilizado na clínica ginecológica pela crença presumida de que a presença de
infecção afeta adversamente a qualidade do esfregaço para avaliação. Entretanto a
obtenção oportunista do esfregaço não deve ser adiada em presença de infecção genital
porque obter o esfregaço no primeiro comparecimento da mulher à clínica é o mais
eficiente método para screening. Os autores reafirmaram que o único fator que afeta
significantemente as taxas de inadequação da amostra é o desempenho do operador,
cujas amostras insatisfatórias podem ser averiguadas e o indivíduo pode ser submetido a
treinamento. (EDWARDS; SONNEX, 1998).
Ensaio sobre resultados do Papanicolau sugeriu que o teste de Papanicolau pode
ser obscurecido por sangue, exsudato inflamatório, esfregaço fino e pouca
representatividade de células da endocérvice e da zona de transformação. (COLGAN,
2001).
Entretanto, embora estudo comparativo sobre a qualidade do Papanicolau obtido
de lâminas de esfregaços cervicais após limpeza da cervix e lâminas controle obtidas
das mesmas mulheres, sem limpeza previa da cervix, tenha também mostrado que a
qualidade do Papanicolau possa ser comprometida por exsudato inflamatório,
inadequada celularidade ou falha na obtenção da amostra da zona de transformação,
esses autores afirmaram que não parece ser este o caso. Sugeriram que esfregaços com
baixa celularidade estão mais relacionados com o operador. Portanto, concluíram que a
qualidade do esfregaço parece ser operador-dependente assim como técnico-
dependente. Explanações sugeridas por eles incluem inadequada pressão na espátula
durante a obtenção da amostra e excessivo zelo durante a limpeza do exsudato antes do
exame. (KOTASKA; MATISIC, 2003).
Estudo retrospectivo que analisou as características de células anormais de
esfregaços cervicais com sistema quantitativo de variáveis de microscopia sobre 50
slides, compreendendo resultados falso-negativos e positivo-verdadeiros, utilizando
tamanho, número e distribuição espacial de cinco diferentes laboratórios de citologia,
constatou que os resultados de esfregaços falso-negativos mostraram ser
quantitativamente diferentes dos positivo-verdadeiros. A razão para que o observador
humano falhe na detecção de células anormais é o problema do hábito de visualizar
milhões de imagens microscópicas similares diariamente. Esse processo de contínua
35
exposição dessensibiliza o observador e, nas raras ocasiões de uma imagem
severamente alterada, as células afetadas são ignoradas com óbvias consequências
desastrosas para a mulher da qual o esfregaço cervical foi obtido. (BAKER et al., 1999).
Estudo retrospectivo comparativo que analisou a acuidade diagnostica de
exames cito e histopatológicos e as causas de erro com 219 lâminas, identificou como a
principal causa de erro no exame citológico a falta de critérios morfológicos
laboratoriais confiáveis para diagnóstico de micro invasão, ausência de amostra
representativa da junção escamocolunar e escassez de células neoplásicas na amostra.
No exame histológico os erros foram relacionados com técnicas inadequadas de
processamento no laboratório e subestimação de lesões focais. A discordância
citohistopatológica deveu-se a erros durante a coleta; no processamento, na leitura e na
interpretação das alterações morfológicas do exame citológico; na localização e
extensão das lesões cervicais na colposcopia; no processamento, número de cortes e na
interpretação da amostra histológica. (ADAD et al, 1999).
Análise comparativa de resultados de 294 pacientes entre 19 e 83 anos rastreadas
por Papanicolau e seguidas por colposcopia, biópsia e ressecção cirúrgica mostrou as
altas taxas de resultados falso-negativos do Papanicolau (15-45%) que foram atribuídas
a pouco esfregaço cervical, erros de laboratórios e a deficiências no sistema de controle
de qualidade do laboratório. Quando extensas áreas de células epiteliais da cervix não
são obtidas, o esfregaço cervicovaginal pode gerar resultados falso-negativos,
ocasionando falha na detecção de aproximadamente 30% de câncer invasor e 58% de
lesões pré-malignas do colo uterino. (KIM et al, 2005).
Ensaio sobre rastreamento e prevenção do câncer de colo uterino enfatizou que
nenhum rastreamento é 100% efetivo em detectar todos os casos de cânceres cervicais.
A prevenção secundária do câncer cervical inclui screening, triagem de lesões
equivocadas, colposcopia, biopsia de resultados anormais, tratamento, seguimento e
retorno à rotina de screening. A natureza repetitiva do rastreamento o faz proibitivo em
termos de custo-efetividade para os países mais pobres. A necessidade de múltiplos
comparecimentos, ou seja, um primeiro para fazer o teste de Papanicolau, um segundo
para obter os resultados e um possível terceiro para o tratamento pode levar à perda do
seguimento em mulheres com grande risco para câncer cervical. (SAFAEIAN;
SOLOMON, 2007).
Estudo quase experimental com amostra de 2.226 mulheres na Atenção Básica
em pequena cidade da Amazônia legal avaliou as deficiências do programa de controle
36
do câncer de colo uterino em regiões remotas e empobrecidas com populações esparsas
e com severas limitações de transporte, afirmando que os programas de rastreamento
exigem demandas caras e complexas infraestrutura que não podem ser solucionadas em
curto tempo em regiões mais isoladas como a da Amazônia. (VON ZUBEN et al, 2007).
3.3 DETERMINANTES BIOLÓGICOS E SOCIOCULTURAIS
O câncer do colo do útero está fortemente associado às condições de vida
precária, higiene íntima inadequada, com baixos índices de desenvolvimento humano,
deficiências nutricionais, ausência ou deficiências de educação em saúde comunitária e
dificuldades de acesso a serviços públicos de saúde para o diagnóstico e tratamento das
lesões precursoras. (SANTANA et al, 2008; BRASIL, 2010 a; SOARES; SILVA,
2010).
Estudo transversal sobre análises citopatológicas, no Rio Grande do Norte,
mostrou que a faixa etária entre 20 e 49 anos foi a que mais apresentou diagnósticos de
lesões intra-epiteliais com colonização da cérvice por diversos agentes patogênicos,
inclusive oncogênicos, como o Papiloma Vírus Humano (HPV), entre outras Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DSTs), em contraposição com o que acontece nos países
desenvolvidos, onde uma maior frequência de lesões se dá a partir dos 50 anos.
(MEDEIROS et al, 2005).
Revisão de literatura sobre a relação entre HPV e neoplasia cervical, identificou
forte associação causa-efeito entre lesões de alto grau ou câncer cervical e a presença de
qualquer tipo de HPV, particularmente os tipos 16 e 18, enfatizando que nenhum outro
fator de risco para neoplasia cervical tem magnitude comparável, embora a infecção
pelo HPV seja condição necessária, mas, não, suficiente para levar a uma transformação
maligna, pois, não é toda mulher infectada pelo HPV que desenvolverá câncer cervical.
(ROSA et al, 2009; SOARES, 2010).
O risco da aquisição do HPV é fortemente influenciado por cofatores ambientais
e relacionado ao HPV. Os cofatores ambientais incluem: tabagismo, esteróides sexuais,
estado imunológico da mulher, idade no primeiro coito, número de parceiros sexuais,
comportamento sexual dos parceiros masculinos, número de gestações e paridade, uso
de contraceptivos orais, imunossupressão em mulheres HIV positivas, infecções com
outras DSTs, deficiências nutricionais e inflamação cervical crônica. Os cofatores
relacionados ao HPV incluem o tipo viral, a co-infecção com outros tipos e a integração
37
do vírus como genoma do hospedeiro. (BUENO, 2008; SANTANA et al, 2008; ROSA
et al, 2009).
Aproximadamente 40% das mulheres sexualmente ativas estão infectadas pelo
HPV com baixa prevalência em mulheres mais velhas, comparadas com as jovens. A
infecção decresce com a idade: 10% em mulheres com 40 anos e 5% em mulheres
acima de 55 anos de idade, 80% regredindo espontaneamente em 1 a 2 anos,
principalmente em adolescentes e adultos jovens e, sendo, na maioria das vezes,
totalmente assintomática. A baixa prevalência do HPV em mulheres mais velhas está
associada ao desenvolvimento de imunidade celular devido ao contato com o vírus ao
longo da vida, o que as torna mais resistente à infecção, sugerindo que a infecção pelo
HPV é idade-dependente, podendo ser transmitido por contato direto dos órgãos
genitais durante a prática sexual, por relações anais que podem resultar em infecções e
neoplasias anais e, ocasionalmente, pelo sexo oral. (BUENO, 2008; SANTANA et al,
2008; ROSA et al, 2009; AIDÉ et al, 2009).
Dados da literatura, segundo a qual a multiparidade afigura-se como fator de
risco para câncer cervical sugerem que não é a paridade, em si, o fator de risco
associado, mas, o fator sexual, sendo a mulher mais susceptível a relações desprotegidas
com maior chance de contágio pelo HPV e outras DSTs, além de maior agressão
tecidual a qual a cérvice está exposta. (MACHADO et al, 2005).
A multiparidade continua sendo apontada na literatura como fator de risco para o
câncer do colo uterino. Entretanto, estudiosos questionam se o número de gestações e a
paridade ainda são fatores de risco para o câncer do colo uterino no Brasil. A
diminuição da paridade, nas pacientes com câncer do colo uterino, leva a
questionamentos se a multiparidade pode ser ainda imputada como fator de risco ou se o
maior número de gestações e partos decorre do menor nível socioeconômico. Esse
achado é interessante e ainda não foi analisado a nível nacional, uma vez que o número
de partos está diminuindo. (MURTA et al., 1999).
Há estudos sugerindo que a gravidez é um fator predisponente à infecção por
HPV, devido, em parte, à diminuição da imunidade celular e à modificação dos
hormônios esteróides, fato comprovado clinicamente pela alta taxa de regressão das
lesões após o parto. Esses achados são discordantes dos resultados de Murta et al
(1999), que não observaram um aumento da infecção em gestantes, sugerindo que a
gravidez não seja um fator predisponente para a infecção pelo HPV. (SILVEIRA,
2008).
38
O início precoce da atividade sexual definido como a atividade sexual antes dos
18 anos de idade é considerado fator de risco para o câncer de colo uterino uma vez que
a maioria das mulheres que desenvolvem a doença iniciou a atividade sexual antes dos
18 anos. Esse achado não tem sofrido mudanças com o tempo. (MURTA et al, 1999;
MACHADO et al, 2005; SILVEIRA, 2008; SOARES et al, 2010).
Estudos sobre a associação entre o risco de desenvolvimento de câncer cervical
com o tempo de uso de contraceptivos orais para a ocorrência de lesão cervical variou
de 5 a 9 anos, estimando-se aumento do risco em 2,8 vezes. Mecanismos relacionados
aos componentes hormonais existentes nos anticoncepcionais orais facilitariam a
persistência de infecções virais e a promoção da integração do DNA do HPV dentro do
genoma do hospedeiro. Entretanto, os estudos são controversos, não se justificando a
interrupção do seu uso em mulheres com diagnóstico de lesões precursoras do câncer
cervical. (SANTANA et al, 2008; ROSA et al, 2009; AIDÉ et al, 2009: SOARES,
2010).
Com relação ao fumo o risco estimado nas fumantes para o câncer cervical é
duas vezes maior do que nas não fumantes e está intimamente relacionado ao uso
prolongado e ao número de cigarros. A elevada concentração do tabaco tem sido
associada à depressão das células de Langerhans no colo uterino, favorecendo a
persistência viral, que é importante fator contribuinte para o aparecimento de lesões
cervicais pré-malignas e malignas. (SANTANA et al, 2008; ROSA et al, 2009; SORES,
2010).
Estudos demonstraram risco de cinco a oito vezes maior de desenvolver
neoplasia intra-epitelial cervical nas mulheres infectadas pelo Vírus da
Imunodeficiência Adquirida (HIV). As lesões intra-epiteliais no trato genital inferior,
nas mulheres HIV soropositiva, têm maior tendência a serem multicêntricas, multifocais
e extensas. (SANTANA et al, 2008; AIDÉ et al, 2009).
3.4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE CONTROLE
No inicio do século XX a saúde da mulher se restringia às demandas relativas à
gravidez e ao parto. Os programas materno-infantis focalizavam a mulher na sua
concepção biológica e no seu papel social de mãe e dona de casa, com a
responsabilidade de educar e cuidar da saúde dos filhos e familiares. (BRASIL, 2004).
39
Dois programas foram os mais relevantes na assistência à mulher: o Programa
Materno Infantil (PMI), de 1975 e o Programa de Assistência Integral à Saúde da
Mulher (PAISM), de 1984. Cada um surgiu em contextos políticos diferentes.
(FERREIRA, 1994).
O PMI se deu no período do regime militar como proposta à política de extensão
de cobertura e o PAISM aconteceu no período da transição democrática, tendo como
fundamento o movimento feminino de reivindicação de condição de sujeitos de direito
para as mulheres, com necessidades que extrapolavam o ciclo gravídico. Assim sendo,
clamava-se por medidas que proporcionassem a melhoria das condições de saúde em
todos os ciclos de vida. (BRASIL, 1998; SOARES et al, 2010).
O PAISM antecedeu as propostas de descentralização, hierarquização e
regionalização dos serviços, incluindo integralidade e equidade da atenção. Surgiu em
momento histórico que construía o arcabouço conceitual que embasaria as raízes do
Sistema Único de Saúde. Incluía ações educativas, preventivas, de diagnóstico,
tratamento e recuperação, assistência em ginecologia, pré-natal, parto, puerpério,
climatério, planejamento familiar, doenças sexualmente transmissíveis, câncer do colo
do útero, câncer de mama, além de outras necessidades identificadas a partir de
características sociodemográficas das mulheres. (BRASIL, 1998).
Ainda assim o PAISM não produziu impacto sobre a incidência e a mortalidade
do câncer uterino no país, devido à sua baixa cobertura. A principal contribuição desse
Programa ao controle do câncer do colo do útero foi introduzir e estimular a coleta de
material para o exame citopatológico como procedimento de rotina da consulta
ginecológica. Nas duas décadas que se seguiram à implantação do PAISM, a taxa de
mortalidade do câncer cérvico-uterino manteve-se alta, fazendo com que o governo
brasileiro se comprometesse a desenvolver um programa em âmbito nacional, visando o
controle do câncer cérvico-uterino. Tal compromisso foi assumido a partir da
Conferência Mundial sobre a Mulher ocorrida na China em 1995. (BRASIL, 2002;
DUAVY et al, 2007; BRASIL, 2011).
Em 1996 surgiu o Programa de Oncologia (PRO-ONCO), cuja principal
contribuição foi a realização da reunião nacional, conhecida por Consenso sobre a
Periodicidade e Faixa Etária no Exame de Prevenção do Câncer Cérvico-uterino. Após a
criação do Sistema Único de Saúde pela Constituição de 1988, e sua regulamentação,
pela Lei Orgânica da Saúde de 1990, o Ministério da Saúde assumiu a coordenação da
política de saúde no país. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) passou a ser o órgão
40
responsável pela formulação da política nacional do câncer, incorporando o programa.
(BRASIL, 2011).
A manutenção das altas taxas de mortalidade por câncer do colo uterino levou a
direção do INCA, á pedido do Ministério da Saúde, a elaborar, em 1996,um projeto-
piloto chamado Viva Mulher (Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do
Útero e de Mama). Dirigido a mulheres com idade entre 35 e 49 anos, contribuiu na
criação de protocolos para a padronização da coleta de material cervical, para o
seguimento e para condutas frente a cada tipo de alteração citológica. Introduziu,
também, a Cirurgia de Alta Frequência (CAF) para tratamento das lesões pré-invasoras
do câncer. Sendo um projeto-piloto, sua ação ficou localizada onde foi implementado:
Curitiba, Recife, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Belém e Sergipe. Com base nessa
experiência, as ações foram expandidas para todo o país. (BRASIL, 2011).
Em agosto de 1998 iniciou-se a fase de intensificação do Programa Viva Mulher
a partir da criação da base de dados SISCOLO em parceria com o Departamento de
Informática do SUS (DATASUS) e o INCA objetivando, para o controle do câncer de
colo uterino, fornecer subsídios para a identificação e o acompanhamento sistemático de
todas as mulheres com resultado positivo no exame citopatológico e histopatológico até
a conclusão do tratamento, com fornecimento periódico de dados para a Coordenação
Estadual do Programa. (BRASIL, 2010 a).
Importante ressaltar que em meio a essas inovações no controle do câncer de
colo uterino surgiu em 1994, o Programa de Saúde da Família (PSF). A despeito de ter
iniciado como programa, atualmente se constitui na principal estratégia do Ministério da
Saúde para reorientar o sistema de saúde a partir da Atenção Básica, de acordo com os
preceitos do SUS. O programa propunha organizar as práticas nas Unidades de Saúde
da Família, evidenciando o caráter multiprofissional e interdisciplinar das Equipes de
Saúde da Família (ESF), com atendimento integral nas especialidades básicas de saúde,
numa base territorial delimitada e com garantia de serviços de referência para os níveis
de maior complexidade, valorizando vínculos de corresponsabilidade e de construção de
cidadania. (BRASIL, 1997).
Na prevenção e no controle do câncer do colo do útero, muitas ações devem ser
realizadas na Estratégia Saúde da Família, como: prevenção de doenças sexualmente
transmissíveis, detecção precoce, informação e esclarecimento às mulheres sobre
rastreamento, identificação da faixa etária feminina prioritária, identificação de
mulheres com risco aumentado, convocação para exames, realização da coleta do exame
41
citológico, identificação de faltosas e reconvocação, recebimento dos laudos,
identificação das mulheres com resultados alterados após rastreamento para vigilância
do caso, orientação e encaminhamento das mulheres para referência, avaliação da
cobertura do exame citológico no território, avaliação da qualidade da coleta. A
Estratégia de Saúde da Família é também responsável pela vigilância dos casos
encaminhados para confirmação diagnóstica e tratamento, identificação de falhas no
acesso e fechamento dos casos. (BRASIL, 2011).
Portanto, o enfermeiro que atua na Estratégia de Saúde da Família no controle
do câncer cérvico-uterino, deve focar sua ações no conhecimento das mulheres sobre o
Papanicolau, motivando-as na realização do exame, na coleta do esfregaço
cervicovaginal e no monitoramento e seguimento das mulheres com resultados
positivos. Observa-se à importância da atuação do enfermeiro na Atenção Básica como
supervisor, executor e multiplicador em educação à saúde, tendo como objetivo
principal a prevenção primária e a detecção precoce do câncer cérvico-uterino. (SILVA
et al, 2010).
3.5 SEGUIMENTO DAS MULHERES COM RESULTADO POSITIVO PARA
ALTERAÇÕES CERVICAIS
O seguimento é definido pelo Instituto Nacional de Câncer como o
acompanhamento de mulheres com exames citológicos alterados desde a sua entrada no
sistema, através da coleta do exame, até o seu desfecho, ou seja, tratamento/cura.
(BRASIL, 2006 b).
Na cidade de Natal os exames citopatológicos coletados nos serviços de saúde:
Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Saúde da Família, Policlínicas e Unidades
Mistas, são documentados nos livros de registro do seguimento de mulheres e no
Formulário de Requisição para Exame Citopatológico do programa SISCOLO que,
acompanhado das lâminas com os esfregaços obtidos, são encaminhados aos
laboratórios conveniados.
Desse modo o DATASUS/SISCOLO da Secretaria Estadual de Saúde do Rio
Grande do Norte, que consolida as informações, deveria receber, mensalmente, os
arquivos com os resultados dos exames (citopatológico e histopatológico) coletados
pelos serviços de saúde nos municípios. Esses dados deveriam ser importados para a
base do sistema que armazena somente os exames alterados. Os exames alterados que
42
apresentasse, como resultado, lesões precursoras de alto grau, deveria ser
automaticamente direcionado para um arquivo chamado registro de seguimento.
(BRASIL, 2002; PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL, 2007).
Isso significa que o serviço de saúde deveria realizar o acompanhamento das
mulheres com exames alterados e informar sobre os encaminhamentos realizados
preenchendo o formulário: “Informações de pacientes com exame citopatológico de
colo uterino alterado – Seguimento (modelo S 533)”. Aqueles que não o fizessem
receberiam o relatório “Seguimento e busca ativa” para informar a situação atual das
mulheres com exames alterados em sua área de adscrição da clientela. (BRASIL, 2002).
Entretanto o SISCOLO tem apresentado duas importantes limitações. A primeira
refere-se a não permitir a identificação do número de mulheres examinadas, fornecendo
apenas os dados dos exames realizados. Isso impede o conhecimento sobre as taxas de
captação e cobertura que seriam valiosas informações para o acompanhamento das
ações de controle do câncer de colo uterino no território. A segunda limitação refere-se
ao formulário Seguimento (modelo S533) que precisa ser aprimorado de forma a
permitir o acompanhamento longitudinal das mulheres com exames alterados desde a
sua entrada no sistema, pela coleta do exame, até o seu desfecho, pelo tratamento e pela
cura.
O Ministério da Saúde preconiza que, quando a mulher retorna ao serviço de
saúde para buscar o resultado do exame citopatológico, um profissional treinado deve:
anotar no livro de registro a data de retirada do resultado e, se for o caso, o
encaminhamento dado; prestar esclarecimento, se o resultado estiver dentro dos limites
da normalidade, ou seja, negativo para câncer; orientar o retorno de acordo com a
periodicidade recomendada; se a amostra for insatisfatória coletar imediatamente uma
nova amostra. Nos resultados alterados orientar o retorno à unidade em seis meses para
a coleta de novo exame citopatológico. Caso, nesta repetição, haja de novo, alguma
alteração, encaminhar à colposcopia para continuação da investigação; nos resultados de
NIC II, NIC III, carcinoma invasor, adenocarcinoma in situ, adenocarcinoma invasor ou
outras neoplasias malignas, encaminhar para realização da colposcopia. (BRASIL,
2002).
Na USF Nova Natal II o monitoramento das mulheres com resultado alterado no
exame citopatológico segue fluxograma ilustrado na Figura 1 desde a intensificação das
ações do Programa Viva Mulher, em 2002, apesar das atualizações contidas na
43
Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas –
recomendações para profissionais de saúde. (BRASIL, 2006 b).
Figura 1. Condutas clínicas de acordo com o resultado do exame citopatológico. Fonte: Secretaria de Estado da Saúde Pública do Município de Natal/RN (2002).
Toda coleta de Papanicolau na USF Nova Natal II é registrada no Livro de
Registro do Seguimento de Mulheres do Programa SISCOLO onde consta: nome,
endereço, bairro, número do prontuário-família, número da lâmina, telefone, idade, data
da coleta, nome do profissional responsável, data do retorno do exame e o resultado.
Este livro é utilizado como controle da USF para que não haja risco de extravio de
exames, para garantir à mulher o recebimento do resultado, para realizar busca ativa no
caso de resultados alterados e para realizar o seguimento.
O seguimento é proposto segundo os resultados do exame citológico e normativa
da Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas (2006),
devendo as mulheres serem acompanhadas durante um determinado período, até a
obtenção da alta. Condições específicas determinam encaminhamentos para outras
unidades básicas ou referência à alta complexidade ou permanência em seguimento por
períodos mais prolongados.
CITOPATOLOGIA
- SEM CÉLULAS ANORMAIS
- ALTERAÇÕES CELULARES BENIGNAS
REPETIR O EXAME APÓS 01 ANO
- AMOSTRA INSATISFATÓRIA
REPETIR O EXAME APÓS 2 MESES
- ASCUS
- HPV
- NIC I
- AGUS
REALIZAR COLPOSCOPIA E
REPETIR EXAME APÓS 06 MESES
- NIC II
-NIC III
- CARCINOMA ESCAMOSO INVASIVO
- ADENOCARCINOMA INVASIVO
- OUTRAS NEOPLASIAS MALIGNAS
REALIZAR BIÓPSIA DIRIGIDA PELA COLPOSCOPIA
44
3.6 ADESÃO AO RASTREAMENTO PELAS MULHERES
Estudo retrospectivo sobre exames citológicos realizados por enfermeira e
médicos, identificou falta de aderência das mulheres às recomendações de screening
como causa de falhas na detecção de carcinomas e lesões pré-clínicas. Embaraço,
principalmente com médicos do sexo masculino, medo de desconforto ou indignidade,
medo de malignidade no resultado, fatalismo, falta de tempo, esquecimento, crença de
que o exame citológico é desnecessário após a menopausa, desconhecimento sobre o
exame, fatores culturais, falta de clinicas de rastreamento, atitude do médico,
desorganização e barreiras governamentais foram fatores encontrados para a não
aderência das mulheres aos testes citopatológicos. (THOMMASEN H. et al, 1996).
A prevalência da realização do teste de Papanicolau alguma vez na vida e nos
últimos três anos e os motivos para a realização ou não do exame foram investigados
em inquérito transversal. Os motivos para a realização do último teste foram: demanda
espontânea, recomendação médica e presença de queixas ginecológicas. As razões para
a não realização do exame foram: ausência de problemas ginecológicos, vergonha ou
medo e dificuldades de acesso. A despeito de mais da metade das mulheres
demandarem espontaneamente pelo exame, sua realização foi menor entre aquelas com
as piores condições socioeconômicas e, portanto, de maior risco para o câncer cervical.
(PINHO et al, 2003).
Estudo sobre os motivos que influenciaram mulheres a nunca ter realizado o
exame de Papanicolau, mesmo após iniciarem a atividade sexual mostrou que elas
apresentavam desconhecimento sobre câncer, sobre a técnica e a importância do
preventivo. Os impedimentos relatados foram: medo da realização e do resultado do
exame; vergonha e constrangimento; valores culturais que dificultavam mudança de
atitude; dificuldade de acesso ao serviço; ter emprego e filhos. (FERREIRA, 2009).
Pesquisa sobre os motivos que levaram mulheres a não retornarem para o
recebimento do resultado do Papanicolau evidenciou razões relacionadas à mulher:
situação de trabalho, dificuldades financeiras e de locomoção, viagem, esquecimento ou
falta da ficha de retorno; razões relacionados ao profissional: falta de atenção às queixas
relatadas e maneira de atender; razões relacionadas ao serviço: greve, dificuldade em
conseguir novo atendimento, dificuldade de acesso a ações e serviços de saúde, longa
espera para o atendimento ou marcação de uma consulta e a indisponibilidade de
45
recursos materiais e humanos, falha na comunicação entre serviço de saúde e paciente.
(GREENWOOD; MACHADO; SAMPAIO, 2006).
Fatores associados a não aderência ao seguimento após exame de Papanicolau
relacionaram-se à falha na organização da rede, à execução do exame por profissional
do sexo masculino, à escassez de tempo reservado para essa atividade, ao não
reconhecimento pela mulher como pessoa com risco de desenvolver câncer, ao medo de
dor no procedimento e do diagnóstico da doença, revelando um perfil de
vulnerabilidade das mulheres para não aderência, de ordem pessoal e organizacional.
(NASCIMENTO et al, 2009).
Outro estudo mostrou que as mulheres vivenciavam, em seu cotidiano, situações
que dificultavam o acesso ao exame de prevenção, tais como: pudor pela exposição do
corpo a um estranho; preconceito do companheiro; responsabilidade sobre o cuidado
com os filhos e baixo poder aquisitivo, que impede pagar alguém para ficar com as
crianças pequenas; serem atendidas por profissional do sexo masculino; medo do
resultado positivo para câncer e desinformação sobre o exame. (DUAVY et al, 2007).
Finalmente, a identificação de fatores que dificultavam o acesso à colpocitologia
oncótica por mulheres residentes na área de cobertura em Estratégia Saúde da Família
relacionaram-se ao procedimento e às características do serviço: dificuldade de
agendamento do exame; necessidade de preparo para a realização do exame;
dificuldades com o transporte; dificuldades relacionadas com ao cotidiano da mulher;
esquecimento da data agendada e importância atribuída ao exame pelas mulheres.
Identificou também, medo das mulheres relacionado ao procedimento, ao profissional e
ao resultado do exame. (MOURA, 2010).
3.7 RESOLUTIVIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA
A resolutividade dos serviços pode ser avaliada dentro da própria unidade de
saúde, pela capacidade de atender à sua demanda, como também de referenciar os casos
que precisam de um atendimento mais especializado dentro do próprio sistema de
saúde, que vai desde a consulta inicial na unidade até a solução do problema em outros
níveis de atenção, ou seja, significa abordar a dimensão individual e coletiva dos
problemas de saúde, colocando à disposição dos usuários toda tecnologia disponível
para conseguir o diagnóstico e o tratamento adequado a cada caso. (TURRINI;
LEBRÃO; CESAR, 2008).
46
Os mesmos autores discutem a resolutividade com diferentes abordagens
dependendo de quem avalia e o que se avalia no momento, reunindo diferentes
enfoques: demanda, satisfação do cliente, tecnologias dos serviços de saúde, existência
de sistema de referência pré-estabelecido, acessibilidade dos serviços, formação de
recursos humanos, necessidades de saúde da população, adesão ao tratamento, aspectos
culturais e socioeconômicos da clientela.
A lei orgânica da saúde estabelece princípios, dentre os quais, o mais relevante
para o presente estudo, diz respeito à capacidade de resolução dos serviços em todos os
níveis de assistência. (BRASIL, 1990).
No cenário específico dos serviços de saúde, Villas Boas (2004) aponta enormes
entraves a uma efetiva resolutividade: despreparo e qualificação insuficiente dos
médicos de família; falta de mecanismos de relação do Programa Saúde da Família com
outros serviços, que decorre, entre outros fatores, da dificuldade de desenvolvimento do
sistema de referência e contra referência; precariedade da rede ambulatorial e hospitalar
em locais pré-existentes e inadequação do formato rígido de composição de
profissionais das equipes, tendo em vista a existência de especificidades nas demandas
entre as clientelas das diferentes áreas adscritas.
Como consequência do cenário descrito por Villas Boas (2004) o diagnóstico
tardio da doença é um problema de saúde pública a ser enfrentado para o sucesso do
programa de controle do câncer de colo de útero. O diagnóstico tardio está relacionado
com a dificuldade de acesso da população feminina aos serviços de saúde; à baixa
capacitação dos recursos humanos envolvidos na atenção oncológica principalmente em
municípios de pequeno e médio porte; à capacidade do sistema público de saúde para
absorver a demanda que chega às unidades de saúde; às dificuldades dos gestores
municipais e estaduais em definir e estabelecer um fluxo assistencial orientado por
critérios de hierarquização dos diferentes níveis de atenção e os entraves da
resolutividade que dificultam o manejo e o encaminhamento adequado de casos
suspeitos para investigação em outros níveis do sistema. (BRASIL, 2010 a).
Deste modo os avanços apresentados no âmbito da Atenção Básica, apesar de
necessários, não tem sido suficientes para melhorar a resolutividade da atenção à saúde,
porque são necessárias, também, ações complementares nos níveis de maior
complexidade do sistema. Este aspecto torna-se ainda mais evidente quando se observa
que a Atenção Básica não é o único nível de atenção que funciona como porta de
entrada para o sistema, uma vez que os hospitais, através dos serviços ambulatoriais e
47
de urgência/emergência, continuam sendo a principal porta de entrada e que esta
utilização depende da proximidade, do acesso e dos valores da comunidade.
(TANAKA; DRUMOND JUNIOR, 2010).
3.8 INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS PARA MONITORAMENTO E
VIGILÂNCIA
Os indicadores de monitoramento tratam do envio e da atualização de dados
parciais e de dados consolidados e pactuados no Pacto pela Saúde, biênio 2010-2011, e
o consolidado final do monitoramento dos indicadores do Pacto pela Saúde 2009, que
devem refletir o que, de fato, tem sido produzido nos Estados, no controle do câncer do
colo do útero. São eles:
1. Razão entre Exames Citopatológicos do Colo do Útero e a População-Alvo. O
objetivo deste indicador é revelar o alcance das mulheres da população-alvo através da
oferta de exames. O predomínio da repetição do exame em até um ano torna o indicador
de razão menos sensível para indicar indiretamente a cobertura do rastreamento. O
estado do Rio Grande do Norte apresentou valores mais distantes do esperado para o
primeiro trimestre de 2010, ou seja, só alcançou 3% de uma meta trimestral de 7% e de
uma meta anual pactuada de 27%. (BRASIL, 2010 b);
2. Percentual de Seguimento / Tratamento Informado. A média brasileira está em
torno de 9%, ainda bem aquém do pactuado para o biênio, ou seja, 30%, para revelar a
situação atual do acompanhamento assistencial das mulheres com lesões de alto grau
identificadas no rastreamento do câncer do colo do útero. No Rio Grande do norte esse
percentual foi de 3,7%. (BRASIL, 2010 b);
3. Percentual de Municípios com Amostras Insatisfatórias Acima de 5%. Apesar
de esse indicador não estar incluído no Pacto pela Saúde 2010-2011, seu monitoramento
deve ser mantido, pois contribui na avaliação da efetividade de ações de capacitação das
unidades de saúde nos municípios, referentes à coleta de Papanicolau. O Rio Grande do
Norte ainda apresentou percentual de amostras insatisfatórias acima do limite tolerável
de 5%, ou seja, 7,5%. (BRASIL, 2006 a; BRASIL, 2010 b);
4. Percentual de Tratamento/Seguimento no Nível Ambulatorial das Lesões
Precursoras do Câncer do Colo do Útero. Na pactuação desse indicador, para os anos de
2008 e 2009, foram consideradas as mulheres classificadas como “em seguimento” e
“seguimento concluído”. Após um ano do diagnóstico, na média nacional, apenas
48
17,5% das mulheres com lesão de alto grau tiveram alguma informação de seguimento.
A expectativa neste indicador é que houvesse 100% de informação, dado que um ano é
considerado tempo adequado para a confirmação diagnóstica e encaminhamento para
tratamento, entretanto, o estado do Rio Grande do Norte apresentou um percentual de
seguimento de 6,1%. (BRASIL, 2006 a; BRASIL, 2010 b).
4. MÉTODO
4.1 SUPORTE TEÓRICO
A presente pesquisa foi orientada pelo paradigma quantitativo que envolve a
quantificação, a medição e a análise de variáveis para responder à questão de
investigação, utilizando o raciocínio dedutivo e a generalização na interpretação do
objeto de estudo. (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).
O raciocínio dedutivo estabelece um quadro do objeto de estudo, seleciona as
variáveis independentes e as variáveis dependentes para, em seguida, descrever e
examinar as associações entre as variáveis em relação a outros grupos ou realidades, de
modo probabilístico. A generalização é a extensão das conclusões desenvolvidas a partir
da análise feita em uma amostra que poderá ser estendida para populações maiores.
(RODRIGUES, 2006; DRIESSNACK, 2007 a; DRIESSNACK, 2007 b).
As pesquisas quantitativas com desenhos não experimentais são usadas quando
não há nenhuma atribuição aleatória da amostra, de grupos de controle ou manipulação
de variáveis, ou seja, são pesquisas que usam apenas a observação e são, portanto,
designadas como descritivas. (SOUSA, 2007).
Os desenhos descritivos são usados com o propósito de proporcionar maior
familiaridade com o problema de pesquisa, geralmente utilizando questionários ou
formulários e os resultados fornecem a base de conhecimentos para possíveis hipóteses
que direcionam estudos subsequentes. (RODRIGUES, 2006; SOUSA, 2007; GIL,
2010).
Considerando o calendário de coleta de dados esta pesquisa é transversal, cujas
variáveis são identificadas num ponto no tempo. E, é retrospectiva, uma vez que as
variáveis ligadas ao evento estudado estão ligadas a fatores no passado. (MEDRONHO,
2009; RUDIO, 2009).
49
4.2 DESENHO
Sob o prisma do suporte teórico essa pesquisa utilizou o desenho descritivo,
transversal e retrospectivo para analisar a resolutividade do controle da neoplasia
maligna do colo de útero na área 47 da Unidade de Saúde da Família Nova Natal II.
4.3 LOCAL
O estudo foi realizado na Unidade de Saúde da Família Nova Natal II (USF
Nova Natal II) no município de Natal/RN onde o atendimento para a realização do
exame citológico é de demanda agendada. Após a coleta do exame, a data de retorno
para a entrega do resultado é marcado após quarenta dias. No serviço em questão apenas
enfermeiros realizam a coleta do exame citológico e o atendimento às mulheres nem
sempre inclui acesso geográfico facilitado.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que Natal,
capital do Estado do Rio Grande do Norte, segundo estimativa para 2009, contava com
uma população total de 806.203 habitantes, distribuída em uma área de 170 km2.
(BRASIL, 2009).
A USF Nova Natal II encontra-se localizada no Distrito Sanitário Norte I, no
bairro Lagoa Azul, sediada em uma casa alugada e reformada, subdividida em quatro
equipes de saúde da família, responsáveis por um contingente populacional de 15.324
pessoas, cujas áreas adscritas foram estabelecidas com base nos setores censitários
definidos pelo IBGE.
50
Figura 2. Área geográfica 47 da Unidade de Saúde da Família Nova Natal II.
Fonte: Maplink/Tele Atlas.
A definição das áreas adscritas da USF Nova Natal II foi feita a partir do
processo de territorialização do município, em 2002, que, infelizmente, não obedeceu a
critérios de reconhecimento do território como um passo básico para a caracterização da
população e de seus problemas de saúde, nem de estabelecimento de um recorte
político-operacional do sistema de saúde enquanto locus de interação população-serviço
no nível local.
Ao contrário, a divisão das áreas adscritas se deu de forma aleatória, com a
participação da responsável pela estatística da Assessoria de Planejamento Estratégico e
Gestão do SUS da Secretária Municipal de Saúde de Natal, no nível central, e dos
técnicos de saúde recém-aprovados na seleção interna para o Programa de Saúde da
Família, quase que na sua totalidade, constituídos por enfermeiros. Debruçados sobre
um grande mapa do IBGE, realizaram as divisões das áreas e micro-áreas e constituíram
as equipes.
Não houve reconhecimento geográfico nem epidemiológico prévio das áreas e
micro-áreas. Assim, ocorreram muitas distorções: algumas áreas ficaram com
contingente populacional muito alto; o acesso da população aos serviços, suas barreiras
geográficas e as malhas viárias de acesso ao serviço não foram consideradas. Ainda há
dificuldade de acesso da população ao serviço e do serviço à população, bem como as
avaliações de impacto dos serviços sobre os níveis de saúde dessa população tem sido
problemática.
USF
Nova Natal II
51
4.4 POPULAÇÃO ALVO E AMOSTRA
A população alvo foi constituída de1170 mulheres residentes na área geográfica
de adscrição da área 47 da USF Nova Natal II, que realizaram o exame citológico e que
foram registradas nos livros de Registro do Seguimento de Mulheres do Programa
SISCOLO da USF Nova Natal II no período 03 de janeiro de 2005 a 30 de agosto de
2010. Dessas, encontrou-se 54 mulheres com diagnóstico de alterações citológicas, que
se constituíram na amostra intencional do estudo, das quais apenas 38 foram
localizadas.
A amostra intencional é baseada no pressuposto de que o conhecimento do
pesquisador sobre a população alvo pode ser usado para selecionar os casos a serem
incluídos na amostra. Dessa forma selecionou-se, intencionalmente, as mulheres com
resultados de exames citológicos com alterações cervicais, conforme a Nomenclatura
Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas. (BASIL, 2006 b).
4.4.1 Critérios de elegibilidade da amostra intencional:
Mulheres com idade igual ou superior a 18 anos no momento da pesquisa;
Mulheres com qualquer escolaridade;
Mulheres de qualquer etnia;
Mulheres com resultado de alterações cervicais no exame citológico;
Mulheres com autonomia para responder ao formulário de pesquisa e;
Mulheres que concordaram em participar da pesquisa e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
4.4.2 Critérios de inelegibilidade da amostra intencional:
Mulheres que não faziam parte da área adscrita;
Mulheres que não apresentaram resultado de alterações cervicais no exame citológico;
Mulheres que tinham mudado de endereço por ocasião do inquérito domiciliar e;
Mulheres que não concordaram em participar da pesquisa.
52
4.5 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
Os procedimentos técnicos de pesquisa utilizados foram a consulta a
documentos de fontes secundárias (Livros de Registro do Seguimento de Mulheres do
Programa SISCOLO da USF Nova Natal II e Prontuários-família) e o inquérito
domiciliar, utilizando-se formulário de entrevista face a face com mulheres que tiveram
experiência com o problema pesquisado.
São consideradas fontes secundárias as informações de documentos produzidos
pelo serviço, cuja consulta e análise auxiliam na interpretação de dados obtidos. Em
qualquer situação, deve-se justificar a leitura de documentos como condição importante
para análise de situação. (MICHEL, 2009).
Formulário é um roteiro de perguntas enunciadas pelo entrevistador e
preenchidas por ele para a obtenção de informações diretamente do entrevistado.
(GONCALVES, 2005; MARCONI; LAKATOS, 2009).
A entrevista é a técnica utilizada na pesquisa de campo para obter informações a
partir de uma conversa orientada na averiguação de fatos e opiniões, transmitidos pelas
respostas individuais do entrevistado, em circunstâncias determinadas, rrequerendo
disponibilidade de tempo. (GONÇALVES, 2005).
O uso de inquéritos domiciliares tem sido uma tendência crescente para os
estudos sobre o conhecimento da situação de saúde e do uso de serviços de saúde pela
população, caracterizado como um levantamento por entrevistas domiciliares. Entre
esses estudos vêm sendo privilegiados os de corte transversal único que têm contribuído
para a pesquisa no campo das doenças crônicas ou grupos específicos de doenças. A
coleta de dados é relativamente rápida e fácil e o custo é relativamente baixo. (CESAR,
1996; BARROS, 2008).
4.5. 1 Consulta a documentos de fontes secundárias
A pesquisa documental de fontes secundárias constou de três etapas. A primeira,
nos Livros de Registro do Seguimento de Mulheres do Programa SISCOLO da USF
Nova Natal II; a segunda, nos prontuários-família e, a terceira, no Relatório de
seguimento do DATASUS/SISCOLO consolidados pela Secretaria Municipal de Saúde
de Natal, tendo como base o preenchimento do instrumento intitulado “Formulário de
entrevista para o controle da neoplasia maligna do colo de útero na Atenção Básica”
(Apêndice A), criado especificamente para esse fim.
53
Na primeira etapa, foram revisados e coletados os dados dos Livros de Registro
do Seguimento de Mulheres do Programa SISCOLO da USF Nova Natal II. Constavam
desses Livros de Registro do Seguimento de Mulheres do Programa SISCOLO as
seguintes informações: número de ordem, data da coleta do exame citológico; nome,
idade e endereço da usuária; número da lâmina; número do prontuário-família e o
resultado laboratorial do exame citológico.
Na segunda etapa, foram revisados e coletados os dados da amostra intencional
das mulheres com diagnóstico de alterações citológicas nos prontuários-família, para
caracterização sobre as variáveis sociodemográficas e clínico-epidemiológicas.
A terceira etapa, na qual seriam revisados e coletados os dados do
DATASUS/SISCOLO consolidados pela Secretaria Municipal de Saúde de Natal, para
complementar as informações obtidas dos Livros de Registro do Seguimento de
Mulheres do Programa SISCOLO da USF Nova Natal II, não pôde ser realizada porque,
por razões operacionais, não estavam disponíveis no período da pesquisa.
4.5.2 Inquérito domiciliar
No inquérito domiciliar as entrevistas face a face foram realizadas a partir dos
dados obtidos da consulta aos documentas de fontes secundárias, registrados no
“Formulário de entrevista para o controle da neoplasia maligna do colo de útero na
Atenção Básica” (Apêndice A) no período de 25 de maio a 12 de julho de 2011.
O planejamento do inquérito domiciliar foi feito a partir da seleção das mulheres
com resultado do último exame citológico com alteração. As mulheres foram
localizadas por micro-áreas da área 47 para facilitar a identificação do agente
comunitário responsável, bem como agilizar a localização dos domicílios. Para as
mulheres cuja ocupação era dona de casa, procedeu-se ao inquérito domiciliar com a
participação dos agentes comunitários de saúde no agendamento e na localização dos
domicílios. Entre aquelas mulheres com outra ocupação que não dona de casa incluiu-se
o agendamento por telefone por ser este um método de crescente utilização que vem
apresentando bons resultados. (BRASIL, 2009)
No contato telefônico, as mulheres foram informadas do motivo da visita em seu
domicílio e, quando houve algum impedimento, foram indagadas sobre o dia e horário
mais conveniente, que incluiu visitas à noite e aos finais de semana.
Durante o inquérito domiciliar procedeu-se às entrevistas face a face para a
aplicação do Apêndice A; agendou-se as mulheres para comparecerem à USF a fim de
54
darem seguimento ao seguimento que foi interrompido e foi realizada educação à saúde
sobre o controle do câncer cérvico-uterino.
4.6 VARIÁVEIS
Foram selecionadas variáveis independentes e dependentes para esse estudo.
A variável independente é aquela que interfere, determina ou afeta outra
variável. Atribui-se à variável independente um papel preparador, contribuinte e
causador da segunda, isto é, da variável dependente que assume, então, o papel
subordinado de efeito.
A variável dependente (ou de desfecho) consiste em fenômenos ou fatores a
serem esclarecidos ou descobertos, em virtude de serem influenciados, determinados ou
afetados pela variável independente. (MEDRONHO, 2009; RUDIO, 2009). É a variável
que o pesquisador está interessado em compreender, explicar, ou prever. (POLIT;
BECK; HUNGLER, 2004).
Neste estudo foram consideradas variáveis independentes as de caracterização
sociodemográficas e de diagnóstico clínico-epidemiológico e as variáveis dependentes
aquelas de seguimento.
As variáveis de caracterização sociodemográficas foram: idade, etnia,
escolaridade, status marital e ocupação e as de diagnóstico clínico-epidemiológico:
primeira relação sexual (sexarca), parceiros sexuais, tabagismo, corrimento,
sangramento, DSTs, uso de contraceptivos orais e resultado do último exame citológico.
As variáveis de seguimento foram: informações sobre o seguimento (retorno
para saber o resultado, retorno para novo preventivo, colposcopia, biópsia, CAF,
importância do seguimento, periodicidade do exame) e realização do seguimento
(tratamento/cura).
55
As variáveis do estudo estão explicitadas no Quadro 3.
QUADRO DE VARIÁVEIS
Variáveis
independentes
Variáveis de caracterização
sociodemográfica
Idade
Etnia
Escolaridade
Status marital
Ocupação
Variáveis de diagnóstico
clínico-epidemiológico
Primeira relação sexual
Parceiros sexuais
Tabagismo
Corrimento
Sangramento
DSTs (inclusive HPV)
Uso de contraceptivos orais
Resultado do último exame
preventivo
Variáveis
dependentes
Variáveis de seguimento Informações recebidas sobre o
seguimento
Realização do seguimento
Quadro 3. Quadro de variáveis do estudo.
A variável “resultado do último exame preventivo” obedeceu à Nomenclatura
Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas. (BRASIL, 2006 b). Nela, os
exames citológicos são classificados em dois tipos de resultados: alterações benignas e
alterações pré-malignas ou malignas.
Neste estudo incluímos um resultado de alteração benigna, a metaplasia
escamosa imatura e as demais alterações pré-malignas ou malignas. A inclusão do
diagnóstico de alteração benigna justificou-se porque a metaplasia escamosa imatura
consiste na descrição do epitélio da zona de transformação da junção escamocolunar de
maior risco para a transformação celular atípica.
56
O Quadro 4 ilustra a alteração benigna e as alterações pré-malignas ou maligna
selecionadas.
Alteração benigna - Metaplasia escamosa imatura
Alterações pré-
malignas ou malignas
- Células escamosas atípicas de significado indeterminado
possivelmente não neoplásicas
- Células escamosas atípicas de significado indeterminado
quando não se pode excluir lesão intra-epitelial de alto grau
- Células glandulares atípicas de significado indeterminado
tanto para as possivelmente não neoplásicas quanto para
aquelas em que não se pode afastar lesão intra-epitelial de alto
grau
- Células atípicas de origem indefinida possivelmente não
neoplásicas e que não se pode afastar lesão de alto grau
- Lesão intra-epitelial de baixo grau (compreendendo efeito
citopático pelo HPV e neoplasia intra-epitelial cervical grau I)
- Lesão intra-epitelial de alto grau (compreendendo neoplasias
intra-epiteliais cervicais grau II e III)
- Lesão intra-epitelial de alto grau não podendo excluir micro
invasão
- Carcinoma epidermóide invasor
- Adenocarcinoma in situ
- Adenocarcinoma invasor
- Outras neoplasias malignas
Quadro 4. Alteração benigna e alterações pré-malignas ou malignas.
4.7 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Para definir o elenco de informações essenciais ao instrumento de coleta de
dados foram revisados os estudos de SOARES, PINELLI, ABRÃO (2005) e PROJETO
CARMEN DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE/OPAS - BRASIL, 2002-
2003 (2004 a), a partir dos quais se adaptou um formulário de entrevista específico para
esse estudo.
O instrumento de coleta de dados adaptado constituiu-se,de um formulário único
semi-estruturado intitulado: “Formulário de entrevista para o controle da neoplasia
maligna do colo de útero na Atenção Básica”, em sua primeira versão, para ser utilizado
tanto para a coleta de dados durante a consulta a documentos de fontes secundárias
quanto durante os inquéritos domiciliares.
57
O “Formulário de entrevista para o controle da neoplasia maligna do colo de
útero” compôs-se de três módulos: A, B e C, precedidos do número de ordem, iniciais
do nome da usuária, número do prontuário, SISCOLO e endereço.
O módulo A referiu-se às variáveis de caracterização sociodemográficas, ou
seja: idade, etnia, escolaridade, casada ou em convivência marital e ocupação dona-de-
casa.
O módulo B referiu-se às variáveis de diagnóstico clínico-epidemiológico, ou
seja: idade da primeira relação sexual, número de parceiros sexuais, tabagismo,
corrimento, sangramento, DSTs (inclusive HPV), uso de contraceptivos orais e
resultado do último exame preventivo nos Livros de Registro do Seguimento de
Mulheres do Programa SISCOLO da USF Nova Natal II.
A variável resultado do último exame preventivo, foi obtida durante a consulta a
documentos de fontes secundárias e as variáveis: idade da primeira relação sexual,
número de parceiros sexuais, tabagismo, corrimento, sangramento, DSTs e uso de
contraceptivos orais foram obtidas na entrevista face a face durante o inquérito
domiciliar.
O módulo C referiu-se às variáveis de seguimento, com dois questionamentos
sobre informações recebidas pela mulher referente ao seguimento que deveria ser
realizado após o resultado do seu último exame preventivo e sobre fazer o seguimento
que foi orientado.
4.7.1 Teste piloto
O “Formulário de entrevista para o controle da neoplasia maligna do colo de
útero” foi submetido ao teste piloto, aleatoriamente, com dez mulheres das outras áreas
da USF Nova Natal II, no período de março a abril de 2011.
As reformulações procedentes do teste piloto foram executadas e, ao final, foi
desenvolvido o formulário definitivo que pode ser visualizado no Apêndice A.
Recomenda-se que o teste piloto seja aplicado em 10% da população para os
ajustes necessários, ressaltando-se que a aplicação do instrumento de coleta de dados foi
decodificada numa linguagem acessível junto às mulheres participantes da pesquisa.
O teste piloto tem como função testar o instrumento de coleta de dados. É
sempre aplicado para uma amostra reduzida, cujo processo de seleção é idêntico ao
previsto para execução da pesquisa, mas os elementos entrevistados não podem figurar
na amostra final. (MARCONI; LAKATOS, 2009).
58
4.8 TRABALHO DE CAMPO
Para a realização do trabalho de campo criou-se uma estrutura de equipe
composta por pesquisadores e agentes comunitários de saúde (ACS) com o objetivo de
garantir a agilidade na coleta de dados.
A opção de envolver os ACS para a realização das entrevistas contribuiu para a
maior adesão das mulheres, uma vez que eles se constituem num dos principais
mediadores da Estratégia Saúde da Família e se apresentaram como importantes atores
na captação das usuárias.
Os ACS auxiliaram na localização dos domicílios das mulheres a serem visitadas
e acompanharam os pesquisadores nos inquéritos domiciliares.
Em conjunto com a pesquisadora do presente estudo duas estudantes de
graduação em enfermagem de iniciação científica manifestaram interesse pela execução
da pesquisa, desenvolvendo seus respectivos trabalhos de conclusão de curso
relacionados ao tema da presente dissertação.
A equipe foi treinada quanto aos aspectos de técnica de entrevista, coleta e
registro de dados e entrada no campo, ocasião em que se familiarizou com o
instrumento de coleta de dados.
O controle de qualidade do trabalho de campo envolveu a revisão dos
formulários preenchidos e a conferência das variáveis obtidas durante a digitação para
construção do banco de dados.
4.9 ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.9.1 Banco de dados
Após a aplicação do “Formulário de entrevista para o controle da neoplasia
maligna do colo de útero na Atenção Básica” (Apêndice A) foi construído o banco de
dados organizado por meio de digitação em planilha do aplicativo Office Microsoft®
Excel 2007 para ser exportado para o programa de domínio público Minitab® 16 e o
software livre estatístico R.
59
4.9.2 Análise
A população alvo de interesse deste estudo foi as mulheres que fizeram o exame
Papanicolau no período de janeiro de 2005 a agosto 2010 na área 47 da USF Nova Natal
II, compreendendo um universo de 1170 pacientes. Considerando-se que apenas as
mulheres com alterações cervicais foram estudadas, obteve-se a amostra intencional de
38.
Na análise, inicialmente, utilizou-se a estatística descritiva com o cálculo de
medidas de tendência central e dispersão. Posteriormente, utilizou-se o Teste Qui-
quadrado de Pearson e Fisher para detectar a associação entre variáveis com um nível de
significância α=5%.
Finalmente, os resultados foram expostos sistematicamente por meio de tabelas.
5 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em consonância com a
Resolução 196/96 (BRASIL, 1996) e foi aprovado conforme Parecer nº 039/2011.
Os procedimentos técnicos do estudo foram desenvolvidos de forma a proteger a
privacidade das mulheres, garantindo a participação anônima e voluntária. O Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, assinado pela própria mulher, foi uma exigência
para a participação no estudo (Apêndice C).
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A consulta aos Livros de Registro do Seguimento de Mulheres do Programa
SISCOLO da USF Nova Natal II identificou 1170 resultados de coletas de exame de
Papanicolaou realizadas na área 47 da USF Nova Natal II da rede pública municipal de
Natal no período de 03 de janeiro de 2005 a 30 de agosto de 2011. Desses resultados, 54
apresentaram diagnóstico de alterações cervicais conforme critérios da Nomenclatura
Brasileira Para Laudos Cervicais. (BRASIL, 2006 b).
60
Ao se realizar o inquérito domiciliar, visitadas as 54 mulheres com diagnóstico
de alterações cervicais, foram localizadas 38 delas. Dezesseis não foram encontradas:
onze por mudança de endereço e cinco por serem fora de área. Portanto o presente
estudo analisou um total de 38 mulheres que tiveram resultado do exame citológico
alterado para verificar, em domicílio, a situação do seguimento.
Á luz desse contexto serão apresentados os resultados da análise da
resolutividade do controle da neoplasia maligna do colo de útero na área 47 da USF
Nova Natal II.
A Tabela 1 apresenta as variáveis de caracterização sociodemográficas das
mulheres da área 47 da USF Nova Natal II que receberam resultado do exame citológico
com alterações cervicais.
Tabela 1. Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de 2005 a 2010
da área 47 da USF Nova Natal II, segundo características sociodemográficas. Natal/RN,
2011
Variável N %
Idade
18 a 24 anos 07 18,4
25 a 64 anos 30 78,9
Acima de 65 anos 01 2,6
Total 38
Etnia
Parda 23 60,5
Branca 09 23,7
Negra 06 15,8
Total 38
Escolaridade
Até ensino fundamental 22 57,9
Ensino Médio 14 36,8
Ensino Superior 01 2,6
Sem escolaridade 01 2,6
Total 38
Casada ou em convivência marital
Não 12 31,6
Sim 26 68,4
Total 38
Dona de casa
Não 12 31,6
Sim 26 68,4
Total 38
61
O agrupamento da variável idade foi feito conforme as Diretrizes Brasileiras
para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero que ampliou a população alvo da
faixa etária de 25 a 59 anos para 25 a 64 anos. O referido documento orienta que o
rastreamento em mulheres com menos de 25 anos não tem impacto na redução da
incidência e mortalidade por câncer de colo de útero porque a incidência é muito baixa.
Por outro lado, mesmo em países com população de alta longevidade, não há dados
epidemiológicos objetivos de que o rastreamento seja útil após os 65 anos. (BLANKS,
2009; BRASIL, 2011).
Conforme a Tabela 1, a faixa etária predominante das mulheres com diagnóstico
de alterações cervicais no exame citológico foi de 25 a 64 anos (78,9%; 30/38), seguida
de 18 a 24 anos (18,4%, 7/38) e acima de 65 anos (2,6%; 1/38).
A média de idade foi de 34,6 anos, variando de 21 a 65 anos de idade, a partir
das faixas etárias definidas como população alvo pelo programa de controle do câncer
de colo de útero do Ministério da Saúde e semelhante a estudos que relataram idades
médias de 37,1 anos; 30,8 anos; 36,5 anos e inferior aos do INCA, em que o alvo das
Fases de Intensificação do Programa Viva Mulher foram mulheres de 35 a 49 anos.
(MACHADO et al, 2005; DOMINGOS et al, 2007; SALDANHA; VARGAS, 2008
BRASIL, 2001 a).
A etnia predominante auto referida foi a parda (60,5%; 23/38), seguida da
branca (23,7%; 9/38) e da negra (15,8%; 6/38).
Estudos mostram a relação da etnia com o câncer do colo uterino, conforme
veremos a seguir.
Pesquisa transversal que relacionou a cobertura do exame de Papanicolau no
Brasil e seus fatores determinantes evidenciou que a cor não branca se submete menos
ao exame de Papanicolau. (MARTINS; THULER; VALENTE, 2005).
Estudo retrospectivo mostrou que existe uma variabilidade de incidência de
câncer de colo de útero entre mulheres brancas e negras dentro de uma mesma
população, sendo mais frequente nessas últimas. (MURTA et al, 1999).
Estudo transversal em hospital de alta complexidade do SUS, sobre a relação
entre raça/cor e a presença de alterações cervicais NIC II e NIC III, mostrou que, em
relação ao local de moradia das mulheres, menos de 9% de falecidas por câncer de colo
de útero, de cor parda ou negra, residia em distritos considerados socialmente incluídos
no município de São Paulo e que 85% dos prontuários das mulheres analisadas era de
brancas e apenas 15% de negras. (GAMBERINI, LAGANA, TORIYAMA, 2008).
62
No Brasil os óbitos por câncer de colo de útero são mais frequentes em mulheres
negras, sem companheiro, donas de casa e residentes em bairros com baixa condição de
vida. Nos Estados Unidos, as taxas de óbitos são três vezes maiores nas não brancas do
que em brancas e, no Canadá, as minorias imigrantes não brancas também apresentam
taxas mais altas de câncer de colo de útero. Para as não brancas e para as mulheres em
desvantagem econômica, a natureza repetitiva do rastreamento é proibitiva, devido ao
custo das múltiplas visitas: a primeira para fazer o Papanicolau, a segunda para obter os
resultados e, uma possível terceira, para o tratamento, que pode atrasar ou perder o
seguimento de mulheres com grande risco para câncer cervical nos países em
desenvolvimento. (COLGAN, 2001; DENNY, 2006; THULLER, 2008).
A escolaridade predominante foi até o ensino fundamental (57,9%; 22/38),
seguida de até ensino médio (36,8%; 14/38) e ensino superior e sem escolaridade
(ambos 2,6%; 1/38).
Há uma grande inter-relação entre os fatores que caracterizam as condições
sociais das mulheres e a morbimortalidade por câncer de colo de útero, mas, a
escolaridade, é um fator importante e quase unanimemente citado nos estudos, ou seja,
mais educação promoveria inclusão social. (ZEFERINO, 2008).
Estudo de revisão sistemática apontou a baixa escolaridade como fator de risco
para a realização do exame citológico e do seguimento de alterações cervicais e,
inquérito domiciliar sobre as barreiras impeditivas para o exame citológico, apresentou
significância estatística associada à baixa escolaridade e à classe econômica
desfavorecida. (MARTINS; THULER; VALENTE, 2005; RAFAEL; MOURA, 2010).
Na América Latina há evidências mostrando que o risco de mulheres serem
acometidas por câncer cervical aumenta em relação inversa com o número de anos de
educação escolar, reflexo do baixo nível sócio-econômico, porém, há estudos que não
mostram relação estatisticamente significante. (MEDEIROS, 2005).
A maioria das mulheres era casada ou em convivência marital (68,4%; 26/38) e
era dona de casa (68,4%; 26/38).
Estudo transversal sobre óbitos por câncer do colo uterino na rede do SUS
mostrou que os óbitos são mais frequentes em mulheres na idade adulta, negras, sem
companheiro, donas de casa e residentes em bairros com baixa condição de vida.
(MENDONÇA et al, 2008).
Revisão sistemática sobre mortalidade por câncer de colo de útero mostrou que a
não realização do exame citológico no Brasil associa-se à baixa escolaridade, ao baixo
63
nível socioeconômico, à baixa renda familiar, à vivência sem companheiro e à cor
parda. (ZEFERINO, 2008).
Entretanto há controvérsias, estudo transversal sobre rastreamento de mulheres
com alterações citológicas apontou viver com o companheiro como fator de proteção
para a infecção pelo HPV, enquanto estudo retrospectivo sobre preditores de não
aderência ao seguimento de mulheres com lesões de alto grau, mostrou redução de 25%
da estimativa de risco de não aderência para a condição conviver com o companheiro.
(RAMA et al, 2008; NASCIMENTO et al, 2009).
Portanto, a caracterização do perfil sociodemográfico das mulheres da área 47
que se submeteram ao exame citológico na USF Nova Natal II, com resultados
alterados, mostrou que a média de idade foi 34,6 anos; a maioria parda; com
escolaridade predominante até o ensino fundamental; a maioria casada ou em
convivência marital e donas de casa.
64
A Tabela 2 apresenta as variáveis de diagnóstico clínico-epidemiológico das
mulheres da área 47 da USF Nova Natal II que receberam resultado do preventivo com
alterações cervicais.
Tabela 2. Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de 2005 a 2010
da área 47 da USF Nova Natal II, segundo diagnóstico clínico-epidemiológico
Natal/RN, 2011
Variável N %
Idade da primeira relação sexual
13 a 15 anos 14 36,8
16 a 18 anos 19 50,0
Acima de 19 anos 05 13,2
Total 38
Parceiros sexuais
Um 14 36,8
Dois 12 31,6
Três 07 18,4
Acima de cinco parceiros 05 13,2
Total 38
Tabagismo
Não 33 86,8
Sim 05 13,2
Total 38
Corrimento
Não 22 57,9
Sim 16 42,1
Total 38
Sangramento
Não 37 97,4
Sim 01 2,6
Total 38
DSTs (Inclusive HPV)
Não 34 89,5
Sim 04 10,5
Total 38
Uso de contraceptivos orais
Não 28 73,7
Sim 10 26,3
Total 38
As variáveis de diagnóstico clínico-epidemiológico idade da primeira relação
sexual, número de parceiros e tabagismo serão inicialmente analisadas.
Observando-se a idade da primeira relação sexual, ou sexarca, predominou a
faixa etária de 16 a 18 anos (50,0%; 19/38), seguida de 13 a 15 anos (36,8; 14/38) e
65
acima de 19 anos (13,2%; 5/38). A média de idade para o início da primeira relação
sexual do presente estudo foi 16 anos, variando de 13 a 30 anos.
O início precoce das relações sexuais, antes dos 18 anos, está associado com o
aumento do risco de câncer cervical. Esta relação pode ser explicada com base na
consideração de que a zona de transformação do epitélio cervical é mais proliferativa
durante a puberdade, sendo, a adolescência, um período vulnerável e especialmente
susceptível a alterações que podem ser induzidas por agentes transmitidos sexualmente.
(KING, 1992; THOMMASEN et al, 1996; THOMMASEN, 1998; COLGAN, 2001;
MEDEIROS et al, 2005; DOMINGOS et al, 2007; SALDANHA; VARGAS, 2008;
BRASIL, 2011).
Iniciando-se a atividade sexual antes dos 16 anos, o risco para o
desenvolvimento do câncer de colo de útero dobra. (SILVA et al, 2003; MARTINS et
al, 2007; RAMA et al, 2008; PIAS; VARGAS, 2009).
No presente estudo 36,8% (14/38) das mulheres com alterações cervicais
encaixaram-se nesse perfil, ou seja, a sexarca foi entre 13 e 15 anos.
Com relação ao número de parceiros sexuais, predominou um a dois parceiros
(respectivamente com 36,8%; 14/38 e 31,6%; 12/38) seguido de três parceiros (18,4%;
7/38) e acima de cinco parceiros (13,2%; 5/38). A média do número de parceiros
sexuais foi 2,4, variando de 1 a 10.
Quanto ao tabagismo, um percentual pequeno das mulheres referiu o hábito de
fumar (13,2%; 5/38).
No entanto, vale ressaltar que o comportamento sexual da mulher e de seu
parceiro, ou seja, mulheres com múltiplos parceiros sexuais e mulheres que iniciaram
precocemente a atividade sexual, as fumantes e as mulheres com companheiros
fumantes também apresentam um risco aumentado para câncer de colo de útero.
(MURTA et al, 1999).
Mulheres com múltiplos parceiros, com sexarca precoce e histórico de DSTs,
são do grupo de risco para o desenvolvimento do câncer de colo uterino. Os estudos que
estabeleceram essas relações compararam a incidência de lesões neoplásicas em
mulheres com um companheiro e aquelas com dois ou mais. (KING, 1992;
THOMMASEN, et al, 1996; THOMMASEN, 1998; COLGAN, 2001).
No presente estudo a media de parceiros sexuais das mulheres foi 2,4 parceiros,
estando, portanto, no perfil de risco para o câncer de colo uterino.
66
Embora fumante, tenha sido a minoria no presente estudo, (13,2%; 5/38),
convém ressaltar que o risco estimado em mulheres fumantes é em torno de duas vezes
maior do que nas não fumantes para lesões pré-neoplásicas e câncer do colo de útero e
está intimamente relacionado ao uso prolongado e ao número de cigarros. O estilo de
vida, analisado pelo status de ser fumante, revelou-se fator de não aderência para
tratamentos preconizados, obtendo-se significância estatística entre mulheres fumantes e
não aderência ao seguimento de lesões precursoras para câncer de colo de útero. (AIDÉ
et al, 2009; NASCIMENTO et al, 2009).
A seguir analisaremos as variáveis de diagnóstico clínico-epidemiológico
corrimento, sangramento, DSTs (inclusive HPV), uso de contraceptivos orais e tempo
de uso de contraceptivos orais.
No momento da entrevista, 42,1% (16/38) das mulheres verbalizaram queixa de
corrimento, apenas uma referiu queixa de sangramento (2,6%; 1/38) e 10,5% (4/38)
revelou ser portadora de DSTs (inclusive HPV). Entretanto na consulta ao Livro de
Registro do Seguimento de Mulheres do Programa SISCOLO da área 47 da USF Nova
Natal II, observou-se que 39,4% (15/38) apresentou, no laudo citopatológico,
microbiologia para Cândida sp, Chlamydia sp, Gardnerella vaginalis e efeito citopático
pelo HPV.
Esse fato pode ser consequência de viés de memória das mulheres durante a
entrevista, mas, talvez tenha relação com a maneira de atender às mulheres, pelos
profissionais, por ocasião da entrega dos resultados na USF Nova Natal II, com falta de
atenção em relatar o resultado do exame. Falha na comunicação entre serviço de saúde e
paciente e desinformação sobre o exame são fatores que têm sido apontados como
motivo do não retorno da mulher ao serviço de saúde. (GREENWOOD; MACHADO;
SAMPAIO, 2006; DUAVY et al, 2007).
Mulheres com doenças sexualmente transmissíveis estão particularmente
expostas ao risco de câncer cervical, principalmente entre aquelas economicamente
desfavorecidas, como é o caso das mulheres da área 47 da USF Nova Natal II. Taxas de
infecção por HPV são altas nesses grupos, associadas, principalmente, a idade da
sexarca, a baixa escolaridade e à dificuldade de acesso a serviços de saúde, como
apontado na literatura.
De particular interesse é a questão da relação entre o achado clínico corrimento e
a habilidade do citologista, no laboratório, em detectar a presença de alterações em
células escamosas intra-epiteliais, que depende da qualidade do esfregaço cervical. A
67
coleta do esfregaço pode ser prejudicada pela inabilidade do operador em manejar o
exsudato inflamatório ou em evitar o sangramento da cervix uterina fragilizada pelas
cervicites causadas por DSTs como Cândida, Trichomonas, ou Herpes. Portanto, a
ocorrência de DSTs pode estar subestimada entre as mulheres. (COLGAN, 2001; KIM,
2005; AMARAL et al, 2006; LEITE, 2008).
Com relação à variável sangramento, o carcinoma invasor do colo uterino é
quase sempre assintomático nas formas iniciais e pré-invasivas. Entretanto na doença
avançada as manifestações clínicas mais frequentes são o sangramento genital irregular
ou a perda de sangue ao coito. A presença de sangramento é, portanto, particularmente
importante nos resultados de citologia com lesões de alto grau. (PIOLI; OLIVEIRA;
REZENDE, 2003; CARVALHO et al, 2006; PINTO; MAIA, 2007).
Quanto aos contraceptivos orais a Tabela 2 acima, mostrou que 26, 3,% (10/38)
das mulheres fizeram referência ao uso.
O tempo de uso de contraceptivos orais pelas mulheres pode ser visualizado na
Tabela 3. A maioria delas referiu o uso entre 2 a 4 anos (40,0%; 4/10), seguido de acima
de 5 anos (30,0%; 3/10). A média de uso de contraceptivos orais foi 4,5 anos, variando
de 1a 9 anos.
Tabela 3. Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de 2005 a 2010
da área 47 da USF Nova Natal II, segundo tempo de uso de contraceptivos orais .
Natal/RN, 2011
Embora exista controversa, há associação entre o uso prolongado de
anticoncepcionais orais e o aparecimento do câncer cervical, mas não há contra-
indicação do uso para as mulheres com lesões precursoras. Alguns estudos parecem
concordar que o tempo de uso de contraceptivos orais para a ocorrência de lesão
cervical é de 5 a 9 anos. (RAMA et al, 2005; SILVEIRA et al, 2006; SANTANA et al,
2008; ROSA et al, 2009; AIDÉ et al, 2009; PIAS; VARGAS, 2009 SOARES, 2010).
As mulheres do presente estudo não apresentaram risco relacionado ao uso de
anticoncepcionais orais, uma vez que a média de anos de uso foi inferior a 5 anos.
Tempo de uso de contraceptivos orais N %
1 ano 01 10,0
2 a 4 anos 04 40,0
Acima de 5 anos 03 30,0
Não sabe 02 20,0
Total 10
68
Por fim, discutiremos os resultados do último exame citológico realizado pelas
mulheres, expostos na Tabela 4.
Tabela 4. Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de 2005 a 2010
da área 47 da USF Nova Natal II, segundo resultado do último exame citológico.
Natal/RN, 2011
Resultado do último exame citológico
Metaplasia escamosa imatura
Não 17 44,7
Sim 21 55,3
Total 38
Lesão intra-epitelial de baixo grau
(compreendendo efeito citopático pelo HPV e
neoplasia intra-epitelial cervical grau I)
Não 26 68,4
Sim 12 31,6
Total 38
Lesão intra-epitelial de alto grau (compreendendo
neoplasias intra-epiteliais cervicais grau II e III)
Não 35 92,1
Sim 03 7,9
Total 38
Células escamosas atípicas de significado
indeterminado, possivelmente não neoplásicas
Não 36 94,7
Sim 02 5,3
Total 38
Entre as mulheres que tiveram os resultados do último exame preventivo
alterado, prevaleceu a metaplasia escamosa imatura (55,3%; 21/38), seguido de lesão
intra-epitelial de baixo grau (compreendendo efeito citopatológico pelo HPV e
neoplasia intra-epitelial cervical grau I) (31,6%; 12/38); lesão intra-epitelial de alto grau
(compreendendo neoplasias intra-epiteliais cervicais de grau II e III) (7,9%; 3/38) e
células escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásicas
(5,3%; 2/38).
Neste estudo, das 1170 mulheres que realizaram exame preventivo de câncer de
colo de útero no período estudado, 4,6% (54/1170) apresentaram diagnósticos
citológicos alterados, dezesseis das quais não foram encontradas (38/1170).
69
Estudo semelhante sobre diagnóstico citológico de células escamosas atípicas
com 5.524 mulheres que realizaram exame preventivo de câncer de colo de útero
encontrou 1,4% de alterações (79/5.524). (SALDANHA; VARGAS, 2008).
Segundo Medeiros et al (2005) a prevalência de alterações em células
escamosas e glandulares realizado no Rio Grande do Norte mostrou taxa de 6,4%,
comparando com estimativas médias brasileiras do INCA, de 4%. Relacionaram esse
achado à precocidade e promiscuidade sexual; ao analfabetismo; ao saneamento básico
precário, ressaltando a relação inversa do número de anos de educação escolar, com a
prevalência da neoplasia cervical no estado.
Embora classificado como alteração benigna, o diagnóstico de metaplasia
escamosa imatura, encontrado em 55,3% (21/38) das mulheres é caracterizado como do
tipo inflamatório, vulnerável a ação de agentes microbianos e em especial o HPV,
conforme a Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas,
assim, passível de atenção por parte dos profissionais para evitar perda de rastreamento
posterior. (BRASIL, 2006 b).
A literatura tem registrado alta prevalência de infecção por HPV associada ao
diagnóstico de metaplasia escamosa imatura em pacientes jovens, devido,
possivelmente, à exposição precoce da zona de transformação a agentes sexualmente
transmissíveis, associada a condições locais como ectopia e processos inflamatórios
com possível evolução subsequente para a neoplasia do trato genital inferior.
(SILVEIRA, 2008).
Levando em conta que há mulheres na área 47 da USF Nova Natal II que não
seguem a rotina do rastreamento citológico, ultrapassando a periodicidade recomendada
ou não concluindo os tratamentos recomendados e, considerando-se, também, a
possibilidade de resultados falso-negativos nos exames de Papanicolau, descrita na
literatura, essas mulheres estariam mais vulneráveis a desenvolver alterações citológicas
pré-malignas ou malignas.
As lesões de baixo grau, encontradas em 31,6% (12/38) das mulheres e mais
incidente nas jovens, têm tratamento controverso, uma vez que a maioria irá regredir
espontaneamente e resultaria em um número significativo de procedimentos
diagnósticos e terapêuticos desnecessários, recomendando-se a repetição do exame
citológico em 6 meses, quando, então, a colposcopia é indicada, na persistência das
alterações. Além disso, reduzir as intervenções no colo de útero em mulheres jovens se
justifica tendo em vista evidências epidemiológicas de aumento da morbidade obstétrica
70
e neonatal nesse grupo e o fato de que não têm prole definida. (THOMMASEN, 1996;
KIM et al, 2005; BRASIL, 2011).
Por outro lado, na mulher mais idosa, as lesões de baixo grau revelam um
resultado colposcópico insatisfatório e a biópsia não assegura inexistência de lesão de
alto grau, que pode localizar-se no canal endocervical. Considerando a maior
prevalência de lesões pré-invasivas e invasivas na mulher idosa, o seguimento com
exames citológicos e colposcopia oferece mais segurança, na medida em que mantém a
mulher sob controle do serviço de saúde. (RUSSOMANO; MONTEIRO; MOUSINHO,
2008).
Entretanto, nas lesões de alto grau, encontradas em 7,9% (3/38) das mulheres, o
encaminhamento para colposcopia deve ser imediato, pela necessidade de tratamento
por CAF, considerando, sob o ponto de vista da paciente, as consequências desse
tratamento como os desconfortos, o stress e as potenciais complicações como estenose e
incompetência cervical. (WALSH, 1998; BRASIL, 2006).
O resultado de células escamosas atípicas de significado indeterminado,
possivelmente não neoplásicas, encontrado em 5,3% (2/38) das mulheres, é controverso
entre os citopatologistas, por ser um laudo que gera subjetividade. Consequentemente
são bastante diversificadas as opiniões em relação ao seguimento das pacientes com
esse diagnóstico. Estudos de prevalência de diagnóstico citológico de células escamosas
atípicas de significado indeterminado, com seguimento semestral por exames citológico
mostram risco aumentado para o aparecimento de lesão precursora e câncer cervical.
(VEIGA et al, 2006; BUENO, 2008).
Os resultados apresentados sobre as alterações cervicais do último exame
preventivo realizado pelas mulheres da área 47 da USF Nova Natal II mostram a
urgente necessidade de retomada do seguimento que deveria incluir exames citológicos
periódicos, avaliações subsequentes nos casos de persistência das alterações,
diagnóstico colposcópico e biópsia dirigida, bem como tratamento por CAF das
alterações colpocitológicas, conforme condutas padronizadas pelo Ministério da Saúde.
O controle do câncer de colo uterino é complexo, pois exige, além da coleta de
espécime cervical para exame citológico, múltiplas consultas agendadas
periodicamente; controle de doenças sexualmente transmissíveis; acesso ao diagnóstico
do agente etiológico do HPV; seguimento adequado para os exames alterados, com
qualidade, para garantir diagnóstico correto; acesso fácil e ágil aos serviços;
71
flexibilidade para marcar e remarcar consultas e rapidez no atendimento. (DENNY,
2006; SAFAEIAN; SOLOMON, 2007; ZEFERINO, 2008).
Pelo fato de o câncer cervical ser a segunda neoplasia mais frequente no mundo
entre as mulheres, a carga da doença é alta nos países em desenvolvimento, onde
ocorrem 80% dos casos. Enquanto nos países desenvolvidos o câncer cervical responde
por 7% de todas as malignidades femininas, naqueles em desenvolvimento responde por
24%. Essa disparidade é atribuída à precariedade do rastreamento e ao seguimento
inapropriado de mulheres com resultados alterados de Papanicolau, sendo importante
causa de falha no controle do câncer de colo uterino, ocasionando morte prematura e
anos de vida vividos com sequelas físicas e psicológicas. (COLGAN, 2001;
SAFAEIAN, 2007).
No presente estudo, foi calculada, em 2010, uma cobertura de 11% das mulheres
da área 47 da USF Nova Natal II, na faixa etária de 25 a 64 anos, que realizou o
Papanicolau, ano em que houve disponibilidade de dados consolidados para a população
feminina cadastrada.
Conforme dados do INCA, a cobertura de prevenção de câncer de colo de útero,
no Brasil, era de 1,2% em 1984 e, em 1987, era de 7,7%. Nos anos em que foram
realizadas as Fases de Intensificação do Programa Viva Mulher, esses índices passaram
a 22,5%, em 1998 e 16,2% em 2002, tendo sido considerado como alvo as mulheres de
35 a 49 anos. (BRASIL, 2011).
É importante ressaltar que em alguns municípios do Brasil, nos últimos anos,
vem crescendo a cobertura por meio da Estratégia Saúde da Família. Essa estratégia tem
se mostrado importante na prevenção de doenças. (BRASIL, 1997; MARTINS et al,
2007).
Então, apesar de esforços, as coberturas relatadas ainda são baixas e, na área 47
da USF Nova Natal II, há entraves para o seguimento adequado das mulheres, que serão
discutidos mais a frente neste estudo.
Portanto, o delineamento do diagnóstico clínico-epidemiológico das mulheres da
área 47 que se submeteram ao exame citológico na USF Nova Natal II, com resultados
alterados, mostrou que a média de idade da sexarca foi 16 anos; que tinham 2,4
parceiros sexuais em média; que a minoria era fumante; que 42,1% verbalizou queixa de
corrimento enquanto apenas uma fez referência à queixa de sangramento. Em relação à
ocorrência de DSTs (inclusive HPV) a maioria delas declarou não ser portadora,
entretanto, 39,4% apresentou, no laudo citopatológico, microbiologia para Cândida sp,
72
Chlamydia sp, Gardnerella vaginalis e efeito citopático pelo HPV. Quanto ao uso de
contraceptivos orais 26,3% referiu o uso por 4,5 anos, em média.
Os resultados de alterações cervicais encontrados foram: alteração benigna
metaplasia escamosa imatura e alterações pré-malignas lesão intra-epitelial de baixo
grau (compreendendo efeito citopatológico pelo HPV e neoplasia intra-epitelial cervical
grau I); lesão intra-epitelial de alto grau (compreendendo neoplasias intra-epiteliais
cervicais de grau II e III) e células escamosas atípicas de significado indeterminado
possivelmente não neoplásicas.
A Tabela 5 apresenta as variáveis de seguimento das mulheres da área 47 da
USF Nova Natal II que receberam resultado do preventivo com alterações cervicais.
Tabela 5. Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de 2005 a 2010
da área 47 da USF Nova Natal II, segundo seguimento das mulheres. Natal/RN, 2011
Variável N %
A senhora recebeu informações sobre o seguimento que
deveria ser realizado após o resultado do seu último exame
citológico?
Não 17 44,7
Sim 21 55,3
Total 38
A senhora fez o seguimento que foi orientado com relação
ao diagnóstico do seu último exame citológico?
Não 21 55,3
Sim 17 44,7
Total 38
Conforme a Tabela 5 mostrou, a maioria das mulheres (55,3%; 21/38) recebeu
informações sobre o seguimento que deveria ser realizado após o resultado do último
exame preventivo. No entanto, a maior parte delas (55,3%; 21/38) não fez o seguimento
que foi orientado com relação ao diagnóstico do seu último exame citológico.
As mulheres que receberam informações (55,3%; 21/38), verbalizaram mais de
uma categoria de resposta sobre as informações recebidas, tendo sido todas
consideradas.
A Tabela 6 mostra, a seguir, as informações recebidas pelas mulheres.
73
Tabela 6. Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de 2005 a 2010
da área 47 da USF Nova Natal II, segundo informações recebidas pelas mulheres no
último exame citológico. Natal/RN, 2011
As categorias de respostas verbalizadas pelas mulheres quanto à informação
recebida foram: periodicidade do exame (31,6%; 12/54); colposcopia (26,3%; 10/54);
prevenção do câncer de colo de útero (15,8%; 6/54); biopsia (15,8%; 6/54); retorno para
novo preventivo (13,2; 5/54); retorno para saber o resultado (13,2%; 5/54); CAF (5,3%;
2/54) e outros (23,7%; 9/54). Em outros se verificou as seguintes informações:
ultrassonografia pélvica; tratamentos tópicos vaginais; cauterização; ultrassom
transvaginal.
Da mesma forma, as mulheres que não fizeram o seguimento que foi orientado
com relação ao diagnóstico do seu último exame citológico (55,3%; 21/38), verbalizou
mais de uma categoria de resposta sobre os motivos para a não realização do
seguimento, tendo sido todas consideradas.
A Tabela 7 mostra, a seguir, os motivos verbalizados pelas mulheres para a não
realização do seguimento.
Tabela 7. Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de 2005 a 2010
da área 47 da USF Nova Natal II, segundo motivos para a não realização do seguimento
pelas mulheres no último exame citológico. Natal/RN, 2011
Informações recebidas no último exame citológico N %
Periodicidade do exame 12 31,6
Colposcopia 10 26,3
Biopsia 06 15,8
Prevenção do câncer de colo de útero 06 15,8
Retorno para saber o resultado 05 13,2
Retorno para novo preventivo 05 13,2
CAF 02 5,3
Outros 09 23,7
Total 54
Motivos do não seguimento N %
Teve dificuldade de acesso ao seguimento 15 39,5
Está fazendo o seguimento em outro serviço 06 15,8
Abandonou ou recusou o seguimento 03 7,9
Outros (alta, óbito, não localizada no endereço, sem
informação)
01 2,6
Total 25
74
As categorias de respostas verbalizadas pelas mulheres quanto aos motivos da
não realização do seguimento foram: teve dificuldade de acesso ao seguimento (39,5%;
15/25); está fazendo o seguimento em outro serviço (15,8%; 6/25); abandonou ou
recusou o seguimento (7,9%; 3/25) e, em outros, a mulher havia recebido alta do
seguimento (2,6%; 1/25).
No seguimento do grupo etário de 18 a 24 anos (18,4%; 7/38) deve-se considerar
a vulnerabilidade das mulheres sobre os fatores de risco para câncer cervical que
incluem: idade precoce da sexarca, múltiplos parceiros sexuais, fumo, persistência de
DSTs, diagnóstico prévio de HPV e história da periodicidade do rastreamento. (VALE
et al, 2010).
Para a faixa etária predominante do estudo, ou seja, 25 a 64 anos (78,9%; 30/38)
e prioritária, conforme o Ministério da Saúde, esse intervalo de idade é fator de risco
para o rastreamento inadequado e, portanto, ideal para os esforços de prevenção
secundária (BRAIL, 2011).
No grupo etário acima de 65 anos (2,6%; 1/38 no nosso estudo) deve-se atentar
para aquelas que nunca fizeram o rastreamento regularmente e para as morbidades
associadas, inclusive maior tendência para câncer de vagina e vulva. (THOMMASEN,
et al, 1996).
Na Atenção Básica, embora o exame citológico seja uma importante tecnologia
na detecção de alterações cervicais, para que o controle do câncer de colo de útero seja
efetivo há necessidade de complexa e onerosa infra-estrutura de atendimento para
seguimento das mulheres nos serviços, ou seja, coleta sistemática de esfregaços
cervicais, laboratórios para processamento e leitura das lâminas, profissionais treinados
capazes de manejar as alterações cervicais diagnosticadas.
Em países onde a população feminina é rastreada apropriadamente, estima-se
menos de 1% de resultados alterados enquanto naqueles onde o controle é irregular os
achados anormais podem exceder 5.4%. Além disso, o exame de Papanicolau não
fornece resultados imediatamente, fato que é especialmente problemático para
populações reconhecidamente carentes, o que requer planejamento no agendamento
subsequente das mulheres. Por isso há considerável probabilidade de que as taxas de
morbimortalidade do câncer de colo de útero estejam subestimadas porque muitos casos
são inadequadamente registrados, devido ao acesso desigual das mulheres aos serviços
de saúde por desfavoráveis circunstâncias socioeconômicas e de políticas de saúde.
(VON ZUBEN, 2007).
75
O rastreamento por Papanicolau é menos acessível em comunidades de baixa
renda porque, entre as mulheres residentes nessas áreas, a chance de faltarem aos
retornos é maior, resultando em perda de oportunidade para o seguimento. Acresce-se a
isso o fato de que essas mulheres têm um menor entendimento sobre o controle do
câncer de colo uterino e a crença de que o Papanicolau deve ser realizado para resolver
queixas ginecológicas nas consultas médicas. (KIM et al, 2005; MOYSÉS, et al, 2008;
ROSA et al, 2009).
História pregressa de exames citológicos com periodicidade irregular ou sem
seguimento é usualmente identificada nos prontuários de mulheres que desenvolveram
câncer cervical. Portanto, falta de seguimento ou seguimento inapropriado de mulheres
com resultados anormais de Papanicolau pode ocasionar danos físicos e psicológicos
consequentes à procedimentos cirúrgicos que provocam sequelas na vida reprodutiva e
sexual que poderiam ser evitados. (COLGAN, 2001; ADAD, 1999).
No presente estudo a Tabela 5 mostrou que a maioria das mulheres (55,3%;
21/38) recebeu informações sobre o seguimento que deveria ser realizado após o
resultado do seu último exame citológico, principalmente sobre periodicidade do exame
e colposcopia (Tabela 6), orientações que coincidem com a normatização de condutas
preconizadas pelo Ministério da Saúde para o seguimento dos resultados de alterações
benignas e pré-malignas encontradas (Tabela 4), denotando esforço dos profissionais da
área 47 em promover o seguimento.
Entretanto na mesma tabela (Tabela 5) a maioria das mulheres (55,3%; 21/38)
não fez o seguimento que foi orientado, principalmente porque tiveram dificuldade de
acesso ao seguimento (Tabela 7), ou seja, não conseguiram transpor as dificuldades de
acesso à referência de média e alta complexidade, denotando a fragilidade da
organização do SUS.
Essa situação pode ser verificada na descrição do tipo de dificuldade de acesso
que algumas mulheres especificaram, registradas pelas pesquisadoras, conforme
Apêndice A (categoria de resposta “Teve dificuldade de acesso ao seguimento.
Descrever”):
“Dificuldade em marcar cirurgia, fez todos os exames solicitados para a
cirurgia, mas não conseguiu em Natal, foi a Angicos, mas também não conseguiu.
Conseguiu fazer a cirurgia na Liga, após 2 anos.” (MSA)
“Não conseguiu marcar a colposcopia.” (VSO)
“Não teve vaga no posto para fazer a colposcopia.” (MRCL)
76
“Demorou em conseguir marcar a colposcopia.” (JOS)
“Não tinha o cartão SUS e não conseguiu marcar na central de marcação.”
(ARSA)
“Demorou no agendamento para marcar a biópsia pelo SUS que provocou o
agravamento da doença.” (JSD)
“Fez apenas a colposcopia, mas não conseguiu passar no médico porque estavam
em greve.” (TKVM)
“Começou a trabalhar e não teve mais tempo.” (EMS)
“Não conseguiu repetir o preventivo no posto porque não tinha material.” (KPS)
77
A Tabela 8 mostra associações entre a variável de seguimento “A senhora fez o
seguimento que foi orientado com relação ao diagnóstico do seu último exame
preventivo?” e variáveis selecionadas de caracterização sociodemográficas e de
diagnóstico clínico-epidemiológico faixa etária, etnia, escolaridade, ocupação dona de
casa, status marital casada ou em convivência marital; DSTs (inclusive HPV) e
parceiros sexuais para verificar possíveis relações, porém, não houve associação
estatisticamente significante, conforme pode ser verificado a seguir:
Tabela 8. Distribuição das mulheres com alterações cervicais nos anos de 2005 a 2010
da área 47 da USF Nova Natal II, segundo realização do seguimento que foi orientado
com relação ao diagnóstico do último exame preventivo, conforme variáveis
selecionadas. Natal/RN, 2011
Variáveis
Sociodemográfica e de
diagnóstico clínico-
epidemiológico
Fez o seguimento que foi orientado com
relação ao diagnóstico do seu último exame
citológico
Não Sim Valor –p
(N) % (N) %
Faixa etária
1,000 18 a 24 anos 04 (57,1) 03 (42,9)
25 a 64 anos 16 (53,3) 14 (46,7)
Acima de 65 anos 01 (100,0) 00 (0,0)
Etnia
Parda 13 (56,5) 10 (43,5)
Branca 04 (44,4) 05 (55,6) 0,685
Outros 04 (66,7) 02 (33,3)
Escolaridade*
Até ensino fundamental 12 (54,5) 10 (45,5)
Ensino Médio 09 (64,3) 05 (35,7)
Ensino Superior 00 (0,0) 01 (100,0) 0.3938
Sem escolaridade 00 (0,0) 01 (100,0)
Dona-de-casa
Não 06 (50,0) 06 (50,0) 0,658
Sim 15 (57,7) 11 (42,3)
Casada ou em convivência
marital
Não 06 (50,0) 06 (50,0) 0,658
Sim 15 (57,7) 11 (42,3)
DSTs (inclusive HPV)
Não 20 (62,5) 12 (37,5) 0,151
Sim 01 (25,0) 03 (75,0)
Parceiros sexuais
Um 11 (78,6) 03 (21,4)
Dois 06 (50,0) 06 (50,0) 0,127
Três 02 (28,6) 05 (71,4)
Acima de cinco parceiros 02 (40,0) 03 (60,0)
78
O pequeno tamanho amostral talvez tenha limitado os resultados dos testes de
dependência ente as variáveis da Tabela 8 e demais possíveis associações.
A análise da situação das mulheres da área 47 da USF Nova Natal II com relação
ao controle da neoplasia maligna do colo de útero revelou vulnerabilidades para o
desenvolvimento de lesões precursoras e de lesões neoplásicas propriamente ditas pelas
características sociodemográficas relacionadas à idade, etnia, escolaridade, status
marital e ocupação e pelo delineamento de diagnóstico clínico-epidemiológico relativo à
sexarca, número de parceiros sexuais, DSTs e resultados de alterações cervicais
benignas e pré-malignas dos exames citológicos, uma vez que não puderam dar
continuidade ao seguimento preconizado, principalmente por dificuldade de acesso.
Portanto, a resolutividade no controle mostrou limitações em relação à
organização do SUS, que não proporcionou acesso facilitado às ações de controle da
doença que extrapolam a Atenção Básica, pois o seguimento adequado das mulheres
analisadas, com diferentes graus de alterações cervicais, somente deveria ser finalizado
com a alta por cura, estabelecido com citologias consecutivas negativas, controles
colposcópicos e procedimentos cirúrgicos de diagnóstico e tratamento.
79
7 CONCLUSÕES
A caracterização sociodemográfica das mulheres da área 47 com resultados
alterados, não seguidas pela USF Nova Natal II mostrou que a faixa etária predominante
foi de 25 a 64 anos (78,9%); pardas (60,5%); com escolaridade predominante até o
ensino fundamental (57,9%); casadas ou em convivência marital (68,4%) e donas de
casa (68,4%).
O delineamento do diagnóstico clínico-epidemiológico das mulheres da área 47
com resultados alterados, não seguidas pela USF Nova Natal II mostrou início precoce
da atividade sexual (50,0%); predominância de um a dois parceiros sexuais,
respectivamente 36,8% e 31,6%; tabagismo de 13,2%; queixa de corrimento em 42,1%
das mulheres; enquanto apenas uma (2,6%) referiu sangramento.
Em relação à ocorrência de DSTs (inclusive HPV), 10,5% das mulheres declarou
ser portadora e verbalizaram o uso de contraceptivos orais, 32,3% das mulheres, por 2 a
4 anos (44,4%).
Quanto ao resultado do último exame preventivo realizado, prevaleceu a
metaplasia escamosa imatura (55,3%); seguido de lesão intra-epitelial de baixo grau
(compreendendo efeito citopatológico pelo HPV e neoplasia intra-epitelial cervical grau
I) (31,6%); lesão intra-epitelial de alto grau (compreendendo neoplasias intra-epiteliais
cervicais de grau II e III) (7,9%) e células escamosas atípicas de significado
indeterminado, possivelmente não neoplásicas (5,3%).
A maioria das mulheres recebeu informações sobre o seguimento que deveria ser
realizado após o resultado do último exame preventivo (55,3%) sobre periodicidade do
exame (31,6%); colposcopia (26,3%); prevenção do câncer de colo de útero (15,8%);
biopsia (15,8%); retorno para novo preventivo (13,2%); retorno para saber o resultado
(13,2%) e CAF (5,3%).
Mas, quanto a fazer o seguimento que foi orientado com relação ao diagnóstico
do último exame preventivo, a maior parte das mulheres não referiu tê-lo feito (55,3%)
devido à dificuldade de acesso ao seguimento (39,5%); estar fazendo o seguimento em
outro serviço (15,8%) e abandono ou recusa do seguimento (7,9%).
Esses resultados indicam que a área 47 da USF Nova Natal II tem limitações
para atender à sua demanda de mulheres e para referenciar os casos que precisam de
um atendimento mais especializado dentro do próprio sistema de saúde.
80
O controle do câncer de colo de útero implica no acolhimento da mulher que vai
desde a consulta inicial na unidade até a solução do problema em outros níveis de
atenção, colocando à disposição toda tecnologia disponível para conseguir o diagnóstico
e o tratamento adequado a cada caso, o que não vem ocorrendo, uma vez que as
mulheres verbalizaram dificuldades de acessibilidade aos serviços, fora da Atenção
Básica, para continuar o seguimento.
81
8 IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM
Há, pelo menos, dez anos, movimentos ideológicos no campo da saúde coletiva
como Promoção à saúde, Cidades Saudáveis e Vigilância à saúde têm apontado para a
necessidade dos profissionais de saúde centrarem-se numa concepção e prática mais
positivas da saúde, uma vez que as políticas de saúde voltadas para a dimensão curativa
das doenças e para a dimensão preventiva dos riscos parecem encontrar limites sobre a
reflexão ética do benefício social que deveriam proporcionar às populações. (
COELHO; ALMEIDA FILHO, 1999).
Entretanto, ainda hoje, nos deparamos com importantes entraves para alcançar a
resolutividade no controle do câncer de colo de útero na Atenção Básica, mesmo com
tecnologias de baixo custo e comprovadamente eficazes. Não há, ainda, garantia de
acesso universal ao seguimento das mulheres com alterações cervicais, a partir das
tecnologias mais simples para as de maior complexidade, como pudemos observar nesse
estudo.
Na USF Nova Natal II, os enfermeiros, sozinhos, não têm conseguido fazer com
que as mulheres utilizem o uso apropriado dessas tecnologias porque não há clínicos
treinados em todas as equipes. Adicionalmente, clínicos e enfermeiros que atuam no
controle do câncer na atenção básica, quando confrontados com alterações no exame
citológico, deveriam saber quando referenciar imediatamente ao ginecologista, quando
repetir o Papanicolau e como aconselhar as mulheres sobre o significado da
anormalidade de seu resultado.
A falta de garantia de acesso para a resolução das citologias alteradas das
mulheres da área 47 da USF Nova Natal II, por meio do tratamento adequado, nos
remeteu a dilemas éticos diante do conflito sobre a situação do seguimento das mulheres
encontrado e o compromisso de tomar decisões que promovam a alta qualidade do
cuidado, sob o ponto de vista da não-maleficência, da beneficência e da justiça.
Portanto, a começar pela coleta do Papanicolau, uma lâmina contendo um
esfregaço de boa qualidade, diminui as limitações inerentes a um teste de rastreamento e
deve conter uma boa amostra de células do epitélio escamoso da ectocérvice, do epitélio
colunar da endocérvice e do epitélio escamoso metaplásico, originadas da zona de
transformação típica da cervix, região onde as transformações neoplásicas têm maior
probabilidade de ocorrer.
82
Em função desta natureza técnica do Papanicolau, desde a coleta do esfregaço
cervical até a emissão e liberação do resultado pelo laboratório responsável, o
desempenho do controle do câncer de colo de útero está relacionado com a qualidade
dos profissionais envolvidos. A participação destes profissionais em programas de
capacitação permanente e aprimoramento individual são imprescindíveis.
Vale lembrar que, durante a trajetória desse trabalho, chamou-nos a atenção o
fato de que alguns autores lidos sugeriram que as taxas de morbimortalidade por câncer
de colo de útero estivessem subestimadas porque muitos casos de neoplasias e de lesões
precursoras são inadequadamente registrados devido ao acesso das mulheres aos
serviços de saúde ser desigual, o quê nos fez reafirmar a importância da Estratégia
Saúde da Família no controle de saúde do território sob sua responsabilidade.
Esse estudo nos proporcionou a visão de que o exame de Papanicolau não
fornece resultados imediatamente, mas, a propedêutica seguinte, fato que é
especialmente problemático para a população de mulheres da área 47 da USF Nova
Natal II, reconhecidamente carentes, o que requer planejamento nos agendamentos
subsequentes.
Proporcionou-nos também a visão epidemiológica de que o Papanicolau é um
teste de rastreamento da doença para identificar as pacientes que precisam de
colposcopia. Não é um teste para diagnosticar a doença em nível individual, mas, em
nível populacional. Aproximou-nos do entendimento sobre os conceitos de
sensibilidade e especificidade dos testes de rastreamento que têm uma limitação
específica, sob o ponto de vista clínico e epidemiológico, que é o fato de que todos
sempre irão apresentar resultados falso-negativos e falso-positivos.
Infelizmente, mesmo com a reorganização da Atenção Básica, a partir da
Estratégia Saúde da Família, ainda prestamos uma assistência de enfermagem
oportunística, ou seja, o atendimento às mulheres não tem sido feito com um
planejamento sistemático de ações que promovam um acompanhamento longitudinal
desde a coleta do exame citológico até a liberação da mulher, pela alta, do programa de
controle do câncer de colo uterino.
Mesmo com as limitações do SUS é possível superar a sobrecarga de trabalho,
pautada na obtenção de metas sobre o número de consultas a serem realizadas ou de
exames citológicos a serem coletados, como se demonstrou durante a execução do
presente estudo.
83
Nesse sentido, este estudo deverá promover discussões com as equipes de saúde
da Família da USF Nova Natal II para a reorganização do controle do câncer do colo do
útero, de forma a permitir a captação e o seguimento das alterações cervicais quando
presentes e, especialmente, capacitar os agentes comunitários de saúde (ACS).
Os ACS são importantes ferramentas para aumentar a cobertura do rastreamento
no território, organizando os agendamentos das mulheres para a realização do exame
citológico de forma a captar as mulheres nunca rastreadas e diminuir as taxas daquelas
super rastreadas.
Finalmente, a principal implicação para a prática de enfermagem que esse estudo
nos proporcionou foi a constatação de os enfermeiros não são meros expectadores do
serviço de saúde, mas, co-responsáveis pela saúde das mulheres que depositam em nós a
confiança proporcionada pelo vínculo adquirido ao longo dos anos.
84
9 LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Nossa análise foi baseada, primariamente, em dados secundários, coletados
retrospectivamente, e, por isso, restringiu-se às variáveis sociodemográficas e clínico-
epidemiológicas disponíveis nos documentos consultados.
Então, a qualidade das informações dos prontuários-família foi uma limitação.
Neles, essas informações estavam precariamente registradas, ou seja, queixas de
corrimento, diagnósticos de DSTs, tabagismo, resultados do Papanicolau com alterações
cervicais, sexarca, número de parceiros, uso e tempo de uso de anticoncepcionais orais,
nem sempre estavam disponíveis nos registros. Não encontramos nenhum tipo de
informação sobre a situação do seguimento das mulheres que receberam resultado com
alterações cervicais.
Como consequência, durante as entrevistas face a face, ficamos sujeitas
unicamente às respostas fornecidas pelas mulheres, situação que, como é sabido, está
sujeita ao viés de memória, pois, algumas entrevistadas ficaram confusas ao responder o
formulário, principalmente as de menor escolaridade, implicando, também, no viés de
informação.
Outra limitação encontrada foi a dificuldade de localização das mulheres nos
endereços previamente selecionados, em decorrência da rotatividade das famílias na
área.
Da mesma forma, pelo fato de parte das mulheres da amostra ser trabalhadora,
foi necessário utilizar horários além daqueles do funcionamento da USF Nova Natal II,
para revisitá-las, ocasionando demora na coleta de dados.
A coleta de dados, sempre que chovia, teve que ser interrompida, devido a
alagamentos na área, impedindo o acesso na casa das mulheres.
Finalmente, não foi possível verificar associações entre as variáveis estudadas
devido à limitação do tamanho amostral, situação que pode ser resolvida, em futuros
estudos, incluindo as demais áreas da Estratégia Saúde da Família da USF Nova Natal
II.
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APÊNDICE A
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA PARA O CONTROLE DA NEOPLASIA
MALIGNA DO COLO DE ÚTERO NA ATENÇÃO BÁSICA
Nº: ____ Iniciais da usuária: ______Nº do prontuário:_______SISCOLO □ Sim □ Não
Endereço:______________________________________________________________
MÓDULO A: Variáveis de caracterização sociodemográfica das mulheres da área 47 da
Unidade de Saúde da Família Nova Natal II.
A.1 Idade* □18 |–| 24 anos
□25 |–| 64 anos
□65 anos e +
A.2 Etnia** □Parda □Branca □ Negra □Indígena □Amarela
A.3 Escolaridade □Até ensino fundamental
□Até ensino médio
□Até ensino superior
□Sem escolaridade
A.4 Casada ou em
convivência marital
□Sim □Não
A.5 Ocupação dona-de-
casa
□Sim □Não
MÓDULO B: Variáveis de diagnóstico clínico-epidemiológico das mulheres da área 47
da Unidade de Saúde da Família Nova Natal II.
B.6 Primeira relação
sexual
Idade:
B.7 Parceiros sexuais Nº:
B.8 Tabagismo □Sim
□Não
B.9 Corrimento □Sim
□Não
B.10 Sangramento □Sim
□Não
B.11 DSTs (inclusive HPV) □Sim □Não □Não sabe
B.12 Uso de
contraceptivos orais
□Não
□Sim, há quanto tempo:
B.13 Resultado do último
exame
preventivo***
□Metaplasia escamosa imatura
□Células atípicas escamosas de significado
indeterminado, possivelmente não neoplásicas
□Células atípicas escamosas de significado
indeterminado, quando não se pode excluir lesão intra-
epitelial de alto grau
□Células glandulares atípicas de significado
indeterminado tanto para as possivelmente não
neoplásicas quanto para aquelas em que não se pode
afastar lesão intra-epitelial de alto grau
□Células atípicas de origem indefinida, possivelmente
não neoplásicas e que não se pode afastar lesão de alto
grau
□Lesão intra-epitelial de baixo grau (compreendendo
efeito citopático pelo HPV e neoplasia intra-epitelial
cervical grau I)
□Lesão intra-epitelial de alto grau (compreendendo
neoplasias intra-epiteliais cervicais grau II e III)
□Lesão intra-epitelial de alto grau, não podendo excluir
micro-invasão
□Carcinoma epidermóide invasor
□Adenocarcinoma in situ
□Adenocarcinoma invasor (cervical, endometrial, sem
outras especificações)
□Outras neoplasias malignas
MÓDULO C: Variáveis de seguimento das mulheres da área 47 da Unidade de Saúde
da Família Nova Natal II.
C.1 A senhora recebeu informações sobre o seguimento que deveria ser realizado após o
resultado do seu último exame preventivo?
C.1. 14 □Não
C.1. 15 □Não lembra/não sabe
C.1. 16 □Sim. Caso sim, qual a informação dada?
C.1. 16.1 □Retorno para saber o resultado
C.1. 16.2 □Retorno para novo preventivo
C.1. 16.3 □Colposcopia
C.1. 16.4 □Biopsia
C.1. 16.5 □CAF
C.1. 16.6 □Prevenção do câncer de colo de útero
C.1. 16.7 □Periodicidade do exame
C.1. 16.8 □Outros
C.2 A senhora fez o seguimento que foi orientado com relação ao diagnóstico do seu
último exame preventivo?
C.2. 17 □Sim
C.2. 18 □Não. Caso não, por quê?
C. 2.18.1 □Não entendeu as informações dadas
C. 2.18.2 □Teve dificuldade de acesso ao seguimento. Descrever:
C. 2.18.3 □ Está fazendo o seguimento em outro serviço
C. 2.18.4 □Abandonou ou recusou o seguimento
C. 2.18.5 □Outros (alta, óbito, não localizada no endereço, sem informação)
Nome do pesquisador que preencheu o instrumento: * Fonte: BRASIL, 2011.
** Fonte: IBGE, 2004.
***Fonte: BRASIL, 2006 b.
APÊNDICE B
APÊNDICE C
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do Projeto: “Controle da neoplasia maligna do colo de útero: a resolutividade
na Atenção Básica”
Estou aqui como pesquisadora responsável pra fazer um convite à senhora para
participar de uma pesquisa que se chama controle do câncer de colo de útero para saber
se a senhora está com dificuldade para conseguir exames ou tratamento depois que
recebeu o resultado do preventivo. A senhora não é obrigada a participar da pesquisa.
Participa se quiser. Justificativa e objetivos da pesquisa: É uma pesquisa importante
que vai servir pra saber como está a continuação do tratamento de vocês aqui no posto
para evitar que uma ferida pequena no útero vire um câncer e fique difícil de tratar. Essa
pesquisa vai trazer melhoria para vocês porque vai servir pra organizar melhor o serviço
e mostrar onde está a dificuldade para vocês continuarem o tratamento depois do
preventivo. Desconfortos, riscos e benefícios: O risco de participar da pesquisa é bem
pequeno, apenas da senhora ficar envergonhada de estar falando sobre assunto de sua
particularidade. Tudo que a senhora falar vai ficar guardado apenas com a gente da
faculdade de enfermagem em segredo e não tem como identificar a senhora pelo nome.
Nós assumimos o compromisso de não mostrar o que a senhora falou para outras
pessoas. A senhora vai assinar esse documento que é uma forma de proteção e vai
guardar uma cópia.
Participação voluntária: Sua participação nesta pesquisa é totalmente voluntária,
podendo se recusar a fazer parte dela ou interromper a qualquer momento, sem prejuízo
para o andamento da pesquisa e para o seu atendimento no posto.
Confidencialidade do estudo: Suas informações nessa pesquisa serão mantidas em
segredo. Somente a pesquisadora responsável e os colaboradores terão acesso a essas
informações. Se for feito qualquer relatório ou publicação dessa pesquisa, o seu nome
não será revelado.
Forma de acompanhamento: Durante e após o término da pesquisa, a senhora
receberá toda assistência e acompanhamento por parte da equipe responsável, podendo
entrar em contato com a Enfermeira Magna Maria Pereira da Silva através do telefone
(84) 32318413, na Rua Cristal de Rocha, 80, Lagoa Nova.
Ressarcimento de despesas e indenização: Se a senhora tiver algum gasto devido à
sua participação na pesquisa, nós lhe pagaremos, caso solicite. E, se algum problema
ocorrer, que seja comprovado que foi por causa da pesquisa, toda assistência lhe será
assegurada pela pesquisadora e pela instituição.
Comitê de Ética: Este projeto será avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
UFRN.
CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO
Eu fui devidamente esclarecida para que serve essa pesquisa; que vou responder
a uma entrevista e que vou permitir o uso de informações do meu prontuário familiar e
do livro de registro do resultado do preventivo realizado, para melhorar o atendimento
no posto. Deixaram claro para mim os riscos pequenos envolvidos. Estou de acordo em
participar voluntariamente da pesquisa, sendo que minha participação não terá custos ou
prejuízos, sejam estes custos ou prejuízos econômico, social, psicológico ou moral,
ficando também garantidos o anonimato e o sigilo dos dados referentes à minha
identificação.
A pesquisadora responsável me garantiu que vai me explicar tudo o que vai
acontecer com a pesquisa e que tenho o direito de desistir de participar em qualquer
momento, sem que a minha desistência me prejudique no atendimento do
posto.
___________________________________________
Assinatura do participante
Compromisso do investigador:
Eu discuti as questões acima com a participante do presente estudo. É minha
convicção que a participante entende os riscos, benefícios e obrigações relacionados
com este projeto.
________________________________________
Mestranda Magna Maria Pereira da Silva Data: ____ / _____ / ___
Endereço do Comitê de Ética: Praça do Campus Universitário, Lagoa Nova.
Caixa Postal 1666, CEP 59072-970 Natal/RN. Telefone/Fax (84)215-3135.
Endereço do Investigador: Rua Cristal de Rocha, 80. Lagoa Nova. CEP59076- 150 Natal/RN.
Celular: 87262626 Casa: 32318413.
ANEXO