universidade federal do rio de janeiro instituto … · depsimrj - depósito de suprimentos de...

106
ii UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO JOSÉ RENATO DE PAIVA MICHELOTTO GESTÃO ESTRATÉGICA DE ESTOQUES: ALINHAMENTO ENTRE DEMANDA E SUPRIMENTOS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DA MARINHA Rio de Janeiro 2015

Upload: hoangnga

Post on 07-Feb-2019

231 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

JOSÉ RENATO DE PAIVA MICHELOTTO

GESTÃO ESTRATÉGICA DE ESTOQUES: ALINHAMENTO ENTRE D EMANDA E

SUPRIMENTOS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DA MARINHA

Rio de Janeiro

2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

ii

JOSÉ RENATO DE PAIVA MICHELOTTO

GESTÃO ESTRATÉGICA DE ESTOQUES: ALINHAMENTO ENTRE D EMANDA E

SUPRIMENTOS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DA MARINHA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Instituto

COPPEAD de Administração, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Alexandre Medeiros Rodrigues

Rio de Janeiro

2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

ii

Michelotto, José Renato de Paiva.

Gestão estratégica de estoques: alinhamento entre demanda e

suprimentos no Sistema de Abastecimento da Marinha / José Renato de

Paiva Michelotto. -- Rio de Janeiro: UFRJ, 2015.

106 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração, 2015.

Orientador: Alexandre Medeiros Rodrigues.

1. Gerenciamento Estratégico de Estoques. 2. Matriz de Incerteza. 3.

Efeito Chicote. I. Rodrigues, Alexandre (Orient.). II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

iii

GESTÃO ESTRATÉGICA DE ESTOQUES: ALINHAMENTO ENTRE D EMANDA E

SUPRIMENTOS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DA MARINHA

José Renato de Paiva Michelotto

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Instituto

COPPEAD de Administração, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovada por:

_____________________________________________________________

Prof. Alexandre Medeiros Rodrigues, Ph.D. – Orientador (COPPEAD/UFRJ)

_____________________________________________________________

Prof. Peter Fernandes Wanke, Ph.D. (COPPEAD/UFRJ)

_____________________________________________________________

Prof. Thaís Spiegel, D.Sc. (UERJ)

Rio de Janeiro

2015

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

iv

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, pela amizade e pelos ensinamentos passados no

desenvolvimento do trabalho.

À minha família, pelo suporte necessário para que este trabalho pudesse ser

feito com total dedicação.

Aos funcionários do COPPEAD por toda ajuda prestada no decorrer do curso.

Ao amigo Marcelo Alvarenga pelo apoio na formatação deste trabalho.

À Marinha do Brasil, por proporcionar um período valioso de reciclagem

profissional.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

v

RESUMO

Michelotto, José Renato de Paiva. Gestão estratégica de estoques:

alinhamento entre demanda e suprimentos no Sistema de Abastecimento da

Marinha. Rio de Janeiro, 2015. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto

COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A visão moderna de gestão estratégica de estoques evidencia a necessidade

de um alinhamento estratégico na escolha de políticas de estoque. Este

gerenciamento envolve as atividades de planejamento, organização e controle do

fluxo de materiais e produtos, buscando o equilíbrio entre a disponibilidade do

produto e os custos de fornecimento. O alinhamento entre as características de

demanda e suprimentos dos diversos materiais estocados por um órgão é

necessário para realizar essa gestão.

A matriz de incerteza é uma ferramenta que possibilita a visualização da

melhor forma de gerenciar um produto de acordo com os seus níveis de incerteza de

demanda e suprimentos. A categorização dos itens de acordo com essas

características permite obter a melhor forma de gerenciá-los, podendo evitar a

geração do efeito chicote dentro da cadeia de suprimentos.

O estudo propõe a identificação e aplicação de um referencial acadêmico de

gestão de estoques que considere as incertezas de demanda e suprimentos para a

melhoria do desempenho no gerenciamento de itens estocados na área de material

comum do Sistema de Abastecimento da Marinha. Além disso, faz uma análise da

gestão de estoques implementada no setor de material comum do Sistema de

Abastecimento da Marinha, verificando se a mesma está alinhada com a prescrição

estratégica indicada pelo referencial.

Palavras-chave: gerenciamento estratégico de estoques, matriz de incerteza,

efeito chicote.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

vi

ABSTRACT

Michelotto, José Renato de Paiva. Strategic Inventory Management: Supply

and Demand Alignment in the Brazilian Navy Supply S ystem. Rio de Janeiro,

2015. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto COPPEAD de

Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

The modern view of strategic inventory management highlights the need for a

strategic alignment in choosing inventory policies. This management involves

planning, organizing and controlling the flow of materials and products, seeking a

balance between product availability and supply costs. The alignment between

demand and supply characteristics of various materials stored for an organ is

required to perform this management.

The uncertainty matrix is a tool that enables the visualization of how best to

manage a product according to your demand uncertainty levels and supplies. The

categorization of items according to these characteristics allows for the best way to

manage them, and can prevent the generation of whiplash in the supply chain.

The study proposes the identification and application of an academic

reference inventory management that considers the uncertainties of demand and

supply for improved performance in managing stocked items in the common material

area of the Navy supply system. In addition, analyzes the inventory management

implemented in common material sector of the Navy supply system, checking if it is

aligned with the strategic prescription indicated by reference.

Keywords: strategic inventory management, uncertainty matrix, bullwhip

effect.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Definição do conceito de logística............................................................. p.20

Figura 2: Camadas da cadeia de suprimentos......................................................... p.24

Figura 3: Variação da demanda numa cadeia de suprimentos fictícia..................... p.32

Figura 4: Cadeia de suprimentos eficiente versus cadeia de suprimentos

responsiva................................................................................................................ p.41

Figura 5: Cadeia de suprimentos ágil versus cadeia de suprimentos enxuta......... p.42

Figura 6: Matriz de incerteza................................................................................... p.43

Figura 7: Distribuição dos itens analisados na matriz de incerteza........................ p.78

Figura 8: Valores médios dos subgrupos de material comum na matriz de

incerteza................................................................................................................... p.79

Figura 9: Distribuição dos itens do subgrupo das tintas na matriz de incerteza...... p.81

Figura 10: Distribuição dos itens do subgrupo de material de limpeza e expediente na

matriz de incerteza................................................................................................... p.83

Figura 11: Distribuição dos itens do subgrupo de roupa de cama na matriz de

incerteza................................................................................................................... p.85

Figura 12: Distribuição dos itens do subgrupo de acessórios de rancho na matriz de

incerteza................................................................................................................... p.87

Figura 13: Distribuição dos itens do subgrupo de controle de avarias na matriz de

incerteza................................................................................................................... p.89

Figura 14: Distribuição dos itens do subgrupo de marinharia na matriz de

incerteza................................................................................................................... p.91

Figura 15: Distribuição dos itens do subgrupo de ferramentas na matriz de

incerteza................................................................................................................... p.93

Figura 16: Distribuição dos itens do subgrupo de bandeiras e flâmulas na matriz de

incerteza................................................................................................................... p.95

Figura 17: Cenário ideal dos subgrupos de material comum................................... p.99

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

viii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Medidas para a redução do efeito chicote............................................ p.38

Quadro 2: Mecanismos para melhorias na cadeia de suprimentos....................... p.39

Quadro 3: Indicadores do SINGRA....................................................................... p.53

Quadro 4: Dendrograma dos itens de material comum analisados...................... p.74

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores e percentuais financeiros dos itens analisados........................ p.57

Tabela 2: Planilha itens classe A........................................................................... p.61

Tabela 3: Planilha itens classe B........................................................................... p.62

Tabela 4: Planilha itens classe C........................................................................... p.63

Tabela 5: Calendário de Aglomeração.................................................................. p.71

Tabela 6: Categorização dos itens de acordo com o subgrupo de material

comum................................................................................................................... p.77

Tabela 7: Valores unitários do subgrupo das tintas............................................... p.80

Tabela 8: Valores unitários do subgrupo de material de limpeza e expediente.... p.82

Tabela 9: Valores unitários do subgrupo de roupa de cama................................. p.84

Tabela 10: Valores unitários de incerteza do subgrupo de acessórios de rancho p.86

Tabela 11: Valores unitários de incerteza do subgrupo de controle de avarias.... p.88

Tabela 12: Valores unitários de incerteza do subgrupo de marinharia................. p.90

Tabela 13: Valores unitários de incerteza do subgrupo de ferramentas............... p.92

Tabela 14: Valores unitários de incerteza do subgrupo das bandeiras e

flâmulas..................................................................................................................p.94

Tabela 15: Cadeias de suprimentos sugeridas para cada um dos subgrupos de

material comum.................................................................................................... p.99

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

x

LISTA DE SIGLAS

CAV - Controle da Avarias

CCIM - Centro de Controle de Inventário da Marinha

CeIM - Centro de Intendência da Marinha

CeIMBe - Centro de Intendência da Marinha em Belém

CeIMLa - Centro de Intendência da Marinha em Ladário

CeIMMa - Centro de Intendência da Marinha em Manaus

CeIMNa - Centro de Intendência da Marinha em Natal

CeIMRG - Centro de Intendência da Marinha em Rio Grande

CeIMSa - Centro de Intendência da Marinha em Salvador

CeIMSPA - Centro de Intendência da Marinha em São Pedro da Aldeia

CMM - Centro de Munição da Marinha

COMRJ - Centro de Obtenção da Marinha no Rio de Janeiro

DAbM - Diretoria de Abastecimento da Marinha

DepCombRJ - Depósito de Combustíveis da Marinha no Rio de Janeiro

DepFMRJ - Depósito de Fardamento da Marinha no Rio de Janeiro

DepMSMRJ - Depósito de Material de Saúde da Marinha no Rio de Janeiro

DepNavRJ - Depósito Naval da Marinha no Rio de Janeiro

DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro

DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha no Rio de Janeiro

EO - Estimativa de Obtenção

MB - Marinha do Brasil

OD - Órgão de Distribuição

OM - Organizações Militares

OMC - Organizações Militares Consumidoras

PDU - Posto de Distribuição de Uniformes

PEU - Posto de Encomenda de Uniformes

PO - Pedido de Obtenção

PROGEM - Programa Geral de Manutenção

RD - Requisição de Devolução

RDP - Requisição de Devolução de Material para Projeto

RICP - Requisição de Itens Complementares ao Projeto

RM - Requisição de Material

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

xi

RMC - Requisição de Material para Consumo

RME - Requisição de Material Especial

RMP - Requisição de Material para Projeto

RMT- Requisição de Material para Transferência

RMTP - Requisição de Material para Transferência para Projeto

SAbM - Sistema de Abastecimento da Marinha

SE - Solicitação no Exterior

SGM - Secretaria Geral da Marinha

SINGRA - Sistema de Informações Gerenciais do Sistema de Abastecimento

SRP - Sistema de Registro de Preços

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

xii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... p.15

1.1 Relevância do estudo........................................................................... p.15

1.2 Objetivos do estudo.............................................................................. p.16

1.3 Delimitações do estudo........................................................................ p.17

1.4 Organização do estudo........................................................................ p.17

2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. p.19

2.1 Logística............................................................................................... p.19

2.1.1 Origem do conceito........................................................................... p.19

2.1.2 Definição do conceito........................................................................ p.20

2.2 Cadeia de suprimentos........................................................................ p.22

2.2.1 Gerenciamento da cadeia de suprimentos....................................... p.25

2.3 Gestão de estoques............................................................................. p.26

2.3.1 Classificação dos estoques............................................................... p.26

2.3.2 Custos na gestão de estoques.......................................................... p.27

2.3.3 Modelos de reposição de estoques................................................... p.28

2.3.4 Estratégias de Produção................................................................... p.29

2.4 O efeito chicote.................................................................................... p.30

2.4.1 Causas não comportamentais.......................................................... p.33

2.4.1.1 Imprecisão na previsão de demanda............................................. p.34

2.4.1.2 O tamanho do pedido..................................................................... p.34

2.4.1.3 Flutuações de preços..................................................................... p.35

2.4.1.4 O jogo da escassez ou racionamento............................................ p.36

2.4.2 Causas comportamentais.................................................................. p.36

2.4.2.1 Decisões individuais....................................................................... p.36

2.4.2.2 Tipos de incentivos......................................................................... p.37

2.4.3 Medidas para redução do efeito chicote........................................... p.38

2.5 Incertezas do produto.......................................................................... p.40

2.5.1 Cadeia de Suprimentos Eficiente e Responsiva............................... p.40

2.5.2 Cadeias de Suprimentos Ágil e Enxuta............................................ p.42

2.5.3 Modelo de incerteza da cadeia de suprimentos............................... p.42

2.6 Sistema de Abastecimento da Marinha (SAbM).................................. p.44

2.6.1 Estrutura do SAbM........................................................................... p.45

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

xiii

2.6.1.1 Secretaria-Geral da Marinha (SGM)............................................... p.45

2.6.1.2 Diretoria de Abastecimento da Marinha (DAbM)............................ p.45

2.6.1.3 Centro de Controle de Inventário da Marinha (CCIM).................... p.45

2.6.1.4 Centro de Obtenção da Marinha no Rio de Janeiro (COMRJ)....... p.47

2.6.1.5 Demais Organizações Militares componentes do SAbM................ p.48

2.6.2 O processo de aquisição de materiais no SAbM............................... p.48

2.6.3 Compras públicas.............................................................................. p.49

2.6.4 Sistema de Informações Gerenciais do Abastecimento (SINGRA) p.52

2.7 Curva ABC de consumo....................................................................... p.56

2.7.1 Parâmetros utilizados........................................................................ p.59

3 METODOLOGIA................................................................................................. p.64

3.1 O problema........................................................................................... p.64

3.2 Tipos de pesquisa................................................................................. p.65

3.2.1 Pesquisa quantitativa......................................................................... p.67

3.2.2 Pesquisa qualitativa........................................................................... p.67

3.3 Análise de Agrupamento...................................................................... p.68

3.3.1 Agrupamento Hierárquico................................................................. p.69

3.3.2 Aplicação da Análise de Agrupamento Hierárquico........................... p.70

3.4 O Caso.................................................................................................. p.75

3.4.1 Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro

(DepSIMRJ)........................................................................................................... p.75

3.4.2 Sistemática de compras e armazenagem utilizada para o subgrupo das

tintas...................................................................................................................... p.75

3.4.3 Sistemática de compras e armazenagem dos demais itens de material

comum................................................................................................................... p.76

3.4.4 Apresentação dos dados.................................................................... p.77

3.4.4.1 Subgrupo das tintas........................................................................ p.80

3.4.4.2 Subgrupo de material de limpeza e expediente............................. p.82

3.4.4.3 Subgrupo de roupa de cama.......................................................... p.84

3.4.4.4 Subgrupo acessórios de rancho..................................................... p.86

3.4.4.5 Subgrupo de Controle de Avarias (CAV)........................................ p.88

3.4.4.6 Subgrupo de itens de marinharia................................................... p.90

3.4.4.7 Subgrupo de ferramentas.............................................................. p.92

3.4.4.8 Subgrupo de bandeiras e flâmulas................................................ p.93

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

xiv

4 CONCLUSÕES.................................................................................................. p.96

4.1 Limitações do estudo........................................................................... p.96

4.2 Estudos futuros.................................................................................... p.96

4.3 Conclusão............................................................................................. p.97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................p.101

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

15

15

1 INTRODUÇÃO

1.1 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A Marinha do Brasil (MB) possui Organizações Militares (OM) em todo

território nacional realizando variados tipos de operação, como: patrulha da costa

nacional, operações de salvamento e resgate e missões de paz no exterior, entre

outras. Para que os meios operativos estejam aptos a realizar suas missões, o

Sistema de Abastecimento da Marinha (SAbM) necessita mantê-los abastecidos com

todo o material necessário para o fiel cumprimento do objetivo.

O SAbM é responsável por fornecer os mais variados itens para as

organizações da Marinha: combustíveis, material bélico, peças sobressalentes para

os meios operativos, fardamento para o pessoal, itens de subsistência e de material

comum. Dessa forma, fica clara a existência de uma complexa cadeia de

suprimentos no âmbito da Marinha do Brasil, que se inicia com o levantamento das

necessidades dos meios operativos, verificação dos níveis de estoque, realização

das aquisições, coordenação do cronograma de recebimento de materiais,

armazenagem do material e fornecimento dos itens.

O mercado atual é caracterizado por intensas pressões competitivas, bem

como por altos níveis de turbulência e incertezas. As organizações necessitam de

cadeias de suprimento capazes de conseguir fornecer valor superior, bem como

para gerenciar os riscos de ruptura e garantir um serviço ininterrupto aos seus

clientes (BRAUNSCHEIDEL; SURESH, 2009). No âmbito da Marinha, as

necessidades são as mesmas citadas pelo autor, sendo que a interrupção do

fornecimento de alguns itens pode gerar a incapacidade de um meio permanecer

operativo.

A visão moderna de Gestão Estratégica de Estoques evidencia a necessidade

de um alinhamento estratégico na escolha de políticas de estoque. O estudo propõe

a identificação e aplicação de um referencial acadêmico de gestão de estoques que

considere as incertezas de demanda e suprimentos para a melhoria do desempenho

no gerenciamento de itens estocados na área de material comum do Sistema de

Abastecimento da Marinha. Os riscos relacionados com a demanda e fornecimento

estão intimamente relacionados. A incerteza em prever a demanda, pode afetar a

produção, que irá incorrer em custos da falta ou de excesso de produtos e serviços.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

16

16

Além do impacto financeiro, problemas de qualidade podem ocorrer geralmente

relacionados à falta de controle e visibilidade da cadeia (MACULAN, 2014).

Dessa forma, destaca-se a análise de um setor da cadeia de suprimentos da

Marinha, considerando as incertezas existentes na demanda e no suprimento. Tal

análise considerará o enquadramento já existente dos itens em diversos subgrupos,

sugerindo a adoção de diferentes formas de gestão para cada um deles de acordo

com suas características.

Cabe ressaltar que foi feita uma ampla busca na literatura por estudos em que

o ambiente militar e de marinha tivessem sido analisados. Contudo, somente foram

encontrados estudos onde as questões logísticas eram abordadas no ambiente

(simulado ou real) de combate. Assim sendo, este estudo dá a sua contribuição ao

fazer uma análise do ambiente militar considerando tanto as variações dos períodos

de paz ou de comissões quando os meios operativos estão em comissão.

1.2 - OBJETIVOS DO ESTUDO

O presente estudo sobre gerenciamento estratégico de estoques e incertezas

na cadeia de suprimentos do Sistema de Abastecimento da Marinha tem por objetivo

identificar através de rigorosa revisão de literatura um referencial acadêmico

abrangente (ou a combinação de diferentes referenciais) que considere a adoção de

diferentes formas de gestão da cadeia de suprimentos para diferentes

características de demanda e suprimentos.

Uma correta gestão da cadeia de suprimentos pode trazer vantagens

competitivas, tais como: redução de custos, redução do tempo de processo, análise

da qualidade e flexibilização da cadeia logística (BALLOU, 2001). Para Lambert et

al. (1998) gerenciar uma cadeia de suprimentos é uma tarefa desafiadora sendo

muito mais fácil escrever definições sobre esses processos do que implementá-los.

Este estudo realiza uma análise da gestão da cadeia de suprimentos que é adotada

pelo Sistema de Abastecimento da Marinha, verificando se a gestão está alinhada

com a prescrição estratégica indicada pelo referencial.

Além do exposto, este estudo tem por objetivo evidenciar a necessidade de

um alinhamento estratégico na escolha de políticas de estoque. A importância da

gestão de estoque tem se tornado cada vez mais evidente tanto no meio empresarial

quanto no acadêmico (WANKE, 2008). A seleção de uma política de estoques

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

17

17

adequada é muito importante em um cenário de competição intensiva (GUPTA et

al., 2012).

1.3 - DELIMITAÇÕES DO ESTUDO

Este trabalho efetuou a análise de um setor do Sistema de Abastecimento da

Marinha, denominado Material Comum, utilizando como fontes de pesquisa: artigos

acadêmicos, periódicos e legislação associados a gestão de estoques, compras

públicas, efeito chicote e gestão da cadeia de suprimentos.

A obtenção dos dados se deu pela utilização do Sistema de Informações

Gerenciais do Abastecimento (SINGRA), que é a ferramenta de tecnologia da

informação do Sistema de Abastecimento da Marinha. Esta ferramenta possibilita a

visualização do consumo efetivo dos meios da Marinha, bem como as variações dos

níveis de estoque de cada um dos itens analisados.

Neste estudo, foi feito o levantamento de todo o consumo de itens de material

comum pelas organizações da Marinha nos anos de 2013 e 2014. Foi verificado que

houve o consumo de 1476 diferentes itens no período. Tendo em vista a dificuldade

de se efetuar uma análise aprofundada de todos estes itens, foi gerada uma curva

ABC de consumo, sendo analisadas as características dos trinta itens de cada

classe que apresentaram maior movimentação financeira.

1.4 - ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O trabalho está dividido em quatro capítulos. No primeiro, é apresentada a

introdução ao tema, a sua relevância e as delimitações. No segundo, é feita a

revisão da literatura, que apresenta sete macro conceitos. Na primeira sessão deste

capítulo é definido o conceito de logística e sua origem histórica relacionada ao

militarismo. Nas sessões seguintes é feita uma apresentação da evolução do

conceito de cadeia de suprimentos, seguidos da apresentação da importância da

gestão de estoques, do efeito chicote, incerteza do produto seguidos da

apresentação das características de funcionamento do Sistema de Abastecimento

da Marinha. Por fim, é feita uma explanação sobre o conceito de curva ABC de

consumo, critério utilizado para a seleção dos dados deste estudo.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

18

18

O capítulo três apresenta a metodologia aplicada neste trabalho, a descrição

do ambiente de pesquisa, a apresentação dos dados e as categorizações dos itens

de acordo com o previsto na literatura. Por fim, no último capítulo são discutidos os

resultados obtidos, abordando-se as limitações do estudo e as sugestões para

estudos futuros.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

19

19

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 LOGÍSTICA

2.1.1 ORIGEM DO CONCEITO

A essência da logística está em dispor do produto. Atender os requisitos do

consumidor é decorrência da visão moderna, que reconhece que sua satisfação é

condição necessária para a sobrevivência das empresas. Porém, o conceito de

logística é anterior a essa visão mercantilista e remete às organizações militares.

O termo logos tem como significado razão. Originalmente, o termo logística,

com o significado que entendemos hoje tem como uma de suas possíveis origens o

aspecto militar. Em tempos antigos, certas campanhas de guerra se utilizavam de

conceitos que eram algo semelhante à logística. As guerras eram longas e as táticas

militares daquela época incluíam conceitos de logística, tanto para suprimentos

como para armamentos. Rotas de ataque eram pesquisadas e calculadas a partir de

conceitos primitivos de logística, assim como a diferença de trajetos para tipos

diferentes de armamentos e carros de guerra. Estas rotas nem sempre eram as mais

curtas, pois levavam em conta os trechos com água potável e mantimentos.

Diversos são os relatos sobre feitos históricos que mencionam a partir de

quando a logística se faz presente na civilização. De acordo com Souza (2002), a

logística originou-se no século XVIII, no reinado de Luiz XIV, onde existia o posto de

General de Lógis responsável pelo suprimento e pelo transporte do material bélico

nas batalhas. Já Kunrath (2007), afirma que o conceito de logística remete às

primeiras guerras da humanidade, quando os líderes daquela época já se utilizavam

de algumas ideias de logística para conseguir transportar equipamentos até os

locais de batalha, dado que as guerras eram longas e distantes e eram necessários

grandes e constantes deslocamentos.

Esses conceitos não são excludentes, haja visto que a ideia de levar, da

maneira mais adequada possível, determinando material a algum local deve ter

surgido com a evolução da sociedade, mesmo que o nome deste conceito ainda

demorasse alguns séculos para ser definido.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

20

20

2.1.2 DEFINIÇÃO DO CONCEITO

A definição de logística está diretamente relacionada com a palavra fluxo.

Além disso, sempre esteve associada com o transporte e movimentação de

materiais. De maneira evidente, o desenvolvimento dos meios de transporte

modelou a logística empresarial.

Dias (2005) afirma que o sistema logístico foi desenvolvido com o intuito de

abastecer, transportar e alojar tropas, fazendo com que os recursos certos

estivessem no local certo e na hora certa. Este sistema operacional permitia que as

campanhas militares fossem realizadas satisfatoriamente, sendo de vital importância

para o desempenho das tropas. No início do século XX, a logística passou a fazer

parte do cotidiano das empresas. Contudo, foi somente após a década de 1980 que

a logística adquiriu a sua concepção atual, como uma função empresarial orientada

para o atendimento de níveis de serviço previamente estabelecidos.

Para Ballou (2006), o conceito de logística é dado por uma função composta

de três áreas: transportes, estoques e localização. Estas áreas, conjuntamente, têm

por objetivo atender o cliente em um determinado nível de serviço. Este conceito é

facilmente visualizado na figura 1, onde um triângulo, em que cada face é

representada por uma área (transportes, estoques e localização) e no centro do

triângulo está nível do serviço, o objetivo da logística.

Figura 1 - Definição do conceito de logística (Adap tado de Ballou, 2006)

De acordo com Christopher (2009), logística é o processo de gerenciamento

estratégico da compra, do transporte e da armazenagem de matérias-primas, partes

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

21

21

e produtos acabados (além dos fluxos de informações relacionados) por parte da

organização e de seus canais de marketing, de tal modo que a lucratividade atual e

futura seja maximizada mediante a entrega de encomendas com o menor custo

associado. Para Bowersox e Closs (2001), o objetivo central da logística é atingir um

nível desejado de serviço ao cliente pelo menor custo total possível.

A velocidade de adaptação de instrumentos concorrenciais, principalmente

referente aos aspectos logísticos, obriga as organizações a estarem atentas a tais

mudanças, bem como desenvolver ferramentas modernas que garantam sua

sobrevivência no mercado mundial. Fleury et al. (2000) corroboram com essa

afirmação ao constatar que o mundo presenciou uma revolução nos conceitos,

práticas e tecnologias logísticas, que contribuem decisivamente para o acelerado

avanço da globalização.

Com os avanços tecnológicos conquistados nas últimas décadas e com a

abertura econômica do mercado mundial, a logística se tornou importante para

redução de custos. A teoria passou por várias transformações, teve seus conceitos

ampliados e se mostrou como um elemento fundamental para o sucesso das

organizações.

Assim, dentro do espírito da empresa moderna, pode-se conceituar logística

adotando uma definição sugerida pela Council of Supply Chain Management

Professionals (2009): logística é o processo de planejar, implementar e controlar de

maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e

informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo,

com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. Apresentando desempenho

acima da média em termos de disponibilidade de estoque, velocidade e consistência

de entrega, as empresas com logísticas sofisticadas passam a ser vistas como

fornecedores e parceiros ideais (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

Fica evidente que, dadas as enormes pressões competitivas existentes,

aliadas aos altos custos operacionais e administrativos, planejar as atividades

envolvidas em todo o processo logístico torna-se fundamental para qualquer

organização. O objetivo final deve ser a busca pelo melhor atendimento ao

consumidor. Portanto, é necessário conhecer todas as etapas do processo. É

importante lembrar que é preciso encontrar soluções eficientes no que diz respeito a

custos, com eficácia na busca pelos objetivos estabelecidos (MARTINS e ALT,

2000).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

22

22

2.2 CADEIA DE SUPRIMENTOS

Com a ampliação dos conceitos de logística, surgiu a necessidade de se

estabelecer uma cadeia formada entre fornecedores e clientes devendo ser gerida

como uma entidade única. Assim sendo, o conceito de cadeia de suprimentos foi

criado, onde se busca o máximo da eficiência logística de todas as empresas

envolvidas no fornecimento do produto, expandindo as operações logísticas e as

suas decisões, de modo a envolver todos os elos participantes, fazendo com que o

produto ou serviço chegue às mãos do consumidor final ao menor custo e com

níveis de serviço elevados.

A busca pela lucratividade máxima, a partir da redução dos custos,

impulsionou a busca por um novo modelo no qual as empresas deixaram de

gerenciar a logística isoladamente e procuraram promover uma gestão conjunta do

fluxo de material e de informações, emergindo assim o conceito de cadeia de

suprimentos (GEORGES, 2010).

Bond (2002) define cadeia de suprimentos como sendo uma metodologia

criada para alinhar todas as atividades de produção, armazenamento e transporte de

forma sincronizada visando a redução de custos e ciclos e maximizar o valor

percebido pelo usuário final em busca de resultados superiores.

La Londe e Masters (1994) afirmam que uma cadeia de suprimentos é um

conjunto de empresas que movem materiais adiante, onde várias empresas

independentes estão envolvidas na fabricação e disponibilização de um produto para

o usuário final. Já Mentzer (2000), define como sendo um conjunto de três ou mais

entidades (organizações ou indivíduos) diretamente envolvidas nos fluxos a

montante e a jusante de produtos e serviços de uma fonte para um cliente.

Em uma definição mais abrangente, Ayers (2006), define cadeia de

suprimentos como processos de um ciclo que são compostos pela movimentação

física de bens, pelos fluxos de informação, financeiro e de conhecimento, cuja

finalidade é satisfazer as necessidades do consumidor final de produtos e serviços

de vários fornecedores interligados.

Obviamente, está subentendido que a cadeia de suprimentos é constituída de

diversos órgãos ou empresas. No entanto, uma análise mais rigorosa revela dois

pontos a serem mencionados. O primeiro se refere à utilização do termo chain, que

é traduzido por cadeia. Este termo é adequado somente se a empresa e os

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

23

23

fornecedores configurarem um relacionamento linear, onde cada organização seria

um elo da corrente (outra tradução possível para chain). Contudo, uma observação

da configuração da cadeia de suprimentos com maior atenção mostra que elas se

parecem mais com redes do que cadeias. O segundo ponto é referente à utilização

do termo suprimento, dado que as cadeias se expandem, como define Christopher

(2009) a jusante e a montante. Portanto, de acordo com este mesmo autor, seria

mais adequado usar gerenciamento da cadeia de demanda ao invés de

suprimentos. Assim sendo, a cadeia de suprimentos pode ser considerada uma rede

de organizações conectadas e interdependentes, trabalhando conjuntamente, em

regime de cooperação mútua, para controlar, gerenciar e aperfeiçoar o fluxo de

matérias-primas e informações dos fornecedores para os clientes finais.

Lazzarini et al. (2001) afirmam que ao tratar a cadeia de suprimentos como

um conjunto de atividades definidas que representam sucessivos estágios na

produção, à luz da teoria de análise de redes (network analysis), é possível utilizar

os recursos de mapeamento das redes para reconhecer de modo preciso toda a

complexidade nas relações interorganizacionais existentes entre os diversos elos da

cadeia.

Nesta perspectiva, os mesmos autores postulam o conceito de netchain, um

conjunto de redes composta de relações horizontais entre empresas ou órgãos

dentro de uma determinada indústria ou grupo, de modo que estas redes (ou

camadas) são sequencialmente arranjadas com base nos laços verticais entre

empresas em diferentes camadas, explicitando as operações na mesma camada e

os laços verticais (transações entre camadas), mapeando como os agentes em cada

camada estão relacionados entre si e com agentes de outras camadas.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

24

24

Figura 2 - Camadas da cadeia de suprimentos (Adaptado de Lazzarini et al., 2001)

Nessa figura, podemos visualizar facilmente o conceito de netchain e,

principalmente, traçar um paralelo entre aquilo que ocorre no ramo empresarial com

o setor público, em especial o setor de Abastecimento da Marinha do Brasil, objeto

deste estudo. A Marinha possui clientes finais para as suas aquisições, que são os

meios operativos. Além disso, possui órgãos que realizam diversas tarefas como:

estimativa das necessidades, centralização das compras, armazenamento e

distribuição dos materiais, além de reparo e construção de meios navais.

Esta visão da cadeia de suprimentos como uma rede de agentes permitiu o

uso de diversos recursos de modelagem e otimização dos fluxos de informações e

materiais, bem como a aplicação de recursos de tecnologia de informação.

Atualmente há outras variações desse conceito que aparecem na literatura, como

rede de valor (value network) e cadeia de valor (value chain). No livro de John

Gattorna (2009), o termo cadeia de suprimentos foi substituído por cadeia de valor

pelos revisores técnicos com a justificativa que a palavra valor enaltece a

perspectiva estratégica em detrimento da conotação operacional associada ao termo

cadeia de suprimentos.

A despeito das diferentes nomenclaturas para o conceito de cadeia de

suprimentos que aparecem na literatura, trata-se de um modelo de gestão onde se

desenvolvem estratégias de atuação, sendo exigida a revisão dos modelos de

gestão estratégica para abranger a o conceito de cadeia de suprimentos de maneira

completa.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

25

25

2.2.1 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

De acordo com Mentzer et al. (2000) é mais comum encontrar definições de

gerenciamento da cadeia de suprimentos (do inglês supply chain management) do

que de cadeia de suprimentos de forma isolada. Uma definição bastante utilizada

sobre gerenciamento da cadeia de suprimento é extraída do Council of Supply Chain

Management Professionals (2009): o gerenciamento da cadeia de suprimentos

abrange o planejamento e a gestão de todas as atividades envolvidas no

fornecimento e aquisição, conversão e todas as atividades de gestão logística.

Importante, também incluir a coordenação e colaboração com parceiros do canal,

que podem ser fornecedores, intermediários, prestadores de serviços terceirizados e

clientes. Em essência, a gestão da cadeia de suprimentos integra a gestão da

demanda e do fornecimento dentro e entre as empresas.

É evidente o contexto mais amplo do conceito de gerenciamento da cadeia de

suprimentos em relação ao conceito de logística. Esta dimensão maior do

gerenciamento da cadeia de suprimentos pode ser relacionada com o

amadurecimento das tecnologias de informação e comunicação, que permitem o

intercâmbio de dados, informações e processamento de transações entre as

empresas constituintes da cadeia de suprimentos, aliado ao desenvolvimento

organizacional que tornou as organizações em geral mais dinâmicas e flexíveis em

suas atividades fim, exigindo coordenação e cooperação de todos os envolvidos.

Christopher (2009) afirma que a logística é basicamente a orientação e a

estrutura de planejamento que procuram criar um plano único para o fluxo de

produtos e de informações ao longo de um negócio. Já o gerenciamento da cadeia

de suprimentos utiliza essa estrutura logística para criar vínculos e coordenação

entre os processos de todas as organizações que participam do fornecimento deste

produto. Assim sendo, o autor define o gerenciamento da cadeia de suprimentos

como a gestão das relações a montante e a jusante com fornecedores e clientes,

para entregar mais valor ao cliente, a um custo menor para a cadeia de suprimentos

como um todo. Corroborando com esse ponto de vista, Ayers (2006) afirma que uma

cadeia de suprimentos é mais do que apenas o movimento físico de mercadorias de

uma localidade para outra. Trata-se do fluxo financeiro e de informações, assim

como refere-se à criação e ao desenvolvimento de capital intelectual.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

26

26

Chopra e Meindl (2001) destacam que a competição ocorrerá cada vez mais

entre cadeias produtivas e não mais entre empresas isoladas. Dessa forma, clientes

e fornecedores precisam adotar estratégias voltadas para a troca de informações, de

modo a crescerem e se beneficiarem mutuamente. Esta constatação empírica foi

comprovada por Frohlich e Westbrook (2001) no estudo realizado por eles, utilizando

como base de dados 322 empresas do setor mecânico, onde foi constatada a

existência de uma correlação positiva entre o grau de integração e o desempenho

da cadeia de suprimentos.

2.3 GESTÃO DE ESTOQUES

A importância da gestão de estoques tem se tornado cada vez mais evidente

nos meios empresarial e acadêmico (WANKE, 2008). O gerenciamento de estoques

busca o equilíbrio entre a disponibilidade do produto, tecnicamente conhecida como

nível de serviço e os custos de fornecimento para um determinado nível de serviço.

O objetivo principal do gerenciamento de estoques é garantir que os produtos

estejam disponíveis no tempo e em quantidades adequadas, no menor custo total.

Este objetivo é avaliado pelo nível de serviço. O nível de serviço também pode ser

visto como a probabilidade de que um produto esteja disponível para os clientes. O

nível de serviço é medido pela porcentagem da demanda que é atendida com os

estoques disponíveis (BALLOU, 2006).

2.3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES

Hax e Candea (1984) classificam os estoques da seguinte forma:

- Estoque em processo: consiste nos materiais que estão em processo de produção.

Este tipo de estoque ocorre porque a produção e o transporte não são realizados de

imediato. Assim sendo, durante o período de produção ou transporte, o material

permanece em estoque;

- Estoque cíclico: têm esse nome por apresentarem um comportamento cíclico: um

ponto máximo de estoque é alcançado quando um lote é entregue e o nível de

estoque decai até que se atinja um nível mínimo. Neste momento, é requisitado mais

um lote do produto. Quando este lote é entregue, tem-se novamente um pico nos

níveis de estoque.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

27

27

- Estoque de segurança: mantidos para reduzir incertezas na demanda. As

demandas são estimadas por meio de previsões, sempre com uma margem de erro.

Este tipo de estoque tem a função de evitar as faltas de produtos.

- Estoques por outras razões: mantidos por razões especulativas, como por

exemplo, alterações nos preços de materiais.

Já Ballou (2006) apresenta quatro categorias distintas de estoque. São elas:

- Estoques no canal: são estoques em trânsito, entre os pontos de estocagem e de

produção, pois a movimentação não é instantânea.

- Estoques mantidos por especulação: estes estoques são mantidos para tentar

antecipar e se precaver de variações nos preços de compra de produtos ou

matérias-primas.

- Estoques regulares ou cíclicos: são necessários para atender a demanda de um

período de tempo entre reabastecimentos sucessivos. Estes estoques dependem

dos tamanhos de lote de aquisição.

- Estoques de segurança: são mantidos para a proteção da variabilidade na

demanda e do tempo de reabastecimento. Estes estoques são determinados por

procedimentos estatísticos que tratam da natureza aleatória da demanda.

2.3.2 CUSTOS NA GESTÃO DE ESTOQUES

Os custos envolvidos no processo de estocagem devem ser reduzidos ao

máximo. Segundo Ballou (2006), existem três tipos de custos envolvidos na gestão

de estoques. Estes custos devem ser levados em conta para a determinação da

quantidade dos pedidos de reposição de um item de estoque. São eles:

- Custos de obtenção: custos associados à aquisição de mercadorias para o

reabastecimento de estoques. Envolvem os custos de processamento de pedidos,

ajustes de máquina e transporte. Também podem incluir o preço, ou custo de

manufatura, para vários tamanhos de lote;

- Custos de manutenção de estoque: resultam da estocagem dos bens por um

período de tempo. Estes custos envolvem os custos de espaço de armazenagem,

custos de capital, custos dos serviços de estoque e custos de risco de estoque.

Os custos de espaço se referem ao uso de armazéns. Caso o armazém seja

terceirizado, as taxas são cobradas proporcionalmente ao espaço utilizado. Se o

armazém for próprio (como é o caso do objeto em estudo), o custo é determinado

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

28

28

pelos recursos alocados, pela depreciação do prédio e dos equipamentos, pela

energia elétrica, mão-de-obra, entre outros.

Os custos de capital referem-se ao custo de oportunidade do dinheiro

investido nos estoques. Segundo Landeros e Lyth (1989), os custos de capital

representam mais de 80% dos custos de estoques.

Os custos dos serviços de estoque se referem ao seguro e impostos que

incidem sobre os estoques mantidos.

Os custos de risco de estoque estão associados à deterioração, furtos, danos

ou obsolescência dos produtos em estoque.

- Custos de falta de estoque: ocorrem quando um pedido não pode ser atendido por

não haver quantidade suficiente em estoque. Existem dois tipos de implicações da

falta de estoque: vendas perdidas e atrasos. O custo de vendas perdidas ocorre

quando o cliente não adquire mais o produto ao se deparar com sua falta. Não é o

caso do ambiente da Marinha, pois a necessidade do meio naval permanece caso o

item não seja adquirido. O que ocorre é a redução da capacidade operativa do meio.

Deste modo, a perda corresponde ao valor total do produto. Nos custos de atraso, o

cliente mantém o pedido, aguardando até que esteja novamente disponível em

estoque. Além disso, existem custos intangíveis relacionadas à insatisfação do

cliente, comprometendo a imagem da empresa.

2.3.3 MODELOS DE REPOSIÇÃO DE ESTOQUES

Segundo Silver et al. (1998), o propósito de um modelo de reposição de

estoques é responder quando um pedido de reposição deve ser colocado e qual a

quantidade que o pedido de reposição deve ter. Para responder às questões, deve-

se determinar o período de revisão (R), que é o tempo entre dois momentos

consecutivos em que se decide sobre a colocação de pedidos e sua quantidade. Um

extremo é a revisão contínua. Nesse caso, as decisões são tomadas a qualquer

momento. Já a revisão periódica é utilizada quando o nível de estoque é avaliado a

cada período de revisão (R). Neste momento é verificado se há necessidade de

inserção de um pedido e qual a sua quantidade.

A revisão periódica tem a vantagem de facilitar a consolidação de transportes e

compras dos produtos. Além disso, possibilita uma melhor previsão da carga de

trabalho. Ainda tem a vantagem de apresentar menores custos de monitoração e

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

29

29

controle de estoque. Por outro lado, a revisão contínua possibilita atingir um mesmo

nível de serviço com menos estoque de segurança, pois neste caso o pedido é

colocado no exato momento em que o estoque atinge o ponto ideal de reposição.

Em se tratando de compras públicas, como será visto adiante, é mais coerente com

a realidade adotar a revisão periódica considerando o período de revisão como o

tempo para realizar novo procedimento licitatório.

Silver et al. (1998) apresentam quatro políticas de revisão de estoque:

- Revisão contínua com quantidade fixa de pedido (s, Q) – Neste modelo é definido

um nível de estoque que é conhecido como ponto de pedido de forma que sempre

que o estoque atinge um nível inferior a este ponto, um novo pedido é colocado. A

quantidade Q do pedido é sempre fixa.

- Revisão contínua com nível máximo de estoque (s, S) – Neste modelo também é

definido o ponto de pedido s, de forma que se coloca um pedido sempre que o nível

de estoque ultrapassar este ponto. Porém, a quantidade do pedido não é fixa. É

determinado um nível máximo de estoque e a quantidade dos pedidos deve ser

suficiente para que o nível de estoque atinja este valor. A evolução dos estoques ao

longo do tempo quando se usa este modelo são ilustrados na Figura

- Revisão periódica com nível máximo de estoque (R, S) – Neste modelo, assim com

no anterior, é determinado um valor máximo que deve ser atingido na colocação dos

pedidos, porém essa decisão é tomada a cada período de tempo R.

- Sistema (R, s, S) – Este é um modelo híbrido entre o modelo (s, S) e o (R, S).

Neste caso, o nível de estoque é checado a cada período R. Porém, também é

determinado um ponto de pedido s, de forma que, caso no momento da revisão

verifique-se que o estoque é superior ao ponto de pedido, nenhum pedido é

colocado.

2.3.4 ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO

Duas importantes estratégias de produção na indústria são a MTO (make-to-

order), onde a produção de um item só é iniciada quando o cliente faz um pedido, e

a MTS (make-to-stock), onde a produção é realizada com base em previsões de

demanda, antes da colocação dos pedidos pelos clientes (CHASE et al., 2006).

Ainda de acordo com os autores, MTO é utilizada para produtos com menor

volume de produção e que podem ser adaptados de acordo com as necessidades do

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

30

30

cliente. Em produtos padronizados e com demanda regular, a utilização da estratégia

de produção MTS é mais comum. Como esta estratégia consiste em produzir antes

do pedido dos clientes, é necessário que a demanda seja prevista e deve-se manter

estoques de segurança para que não faltem produtos. Porém, como estoques

acarretam custos, assim como no caso do varejista, devem ser dimensionados de

forma a equilibrar os custos de falta e os custos de manutenção de estoques.

Também devem ser equilibrados os custos de manutenção de estoques e de pedido.

2.4 O EFEITO CHICOTE

Um dos fenômenos mais discutidos em gestão da cadeia de suprimentos,

tanto no meio acadêmico quanto empresarial, tem sido o denominado efeito chicote

(bullwhip effect). Este fenômeno consiste na amplificação da variação da demanda a

montante das cadeias de suprimentos. Esta amplificação dificulta a gestão de

estoques e o gerenciamento de pedidos na cadeia (LEE et al., 1997).

O conceito de efeito chicote foi inicialmente apresentado por Forrester (1958).

Apesar de o nome utilizado não ter sido o mesmo, a situação era semelhante e até

considerada normal para os gestores da época. O autor detectou amplificações na

demanda causadas por falta de visibilidade, informações distorcidas e ajustes nos

níveis de estoque, tendo sido o precursor dos estudos do que veio a ficar conhecido

como efeito chicote.

De uma maneira mais enxuta, o efeito chicote pode ser definido como o

resultado de uma expectativa de demanda ou oferta que não se realiza, por diversos

motivos, entre elas a incapacidade de prever a demanda dos clientes, e que se

propaga por todos os setores da cadeia, influenciando os níveis de estoques, os

tamanhos dos pedidos e a produtividade.

Para Lee et al. (1997), o efeito chicote é definido como o fenômeno que

ocorre quando as ordens de compra para os fornecedores tendem a uma variância

maior do que o consumo efetivo do elo mais próximo do consumidor, causando uma

percepção de distorção na demanda, que se propaga para os demais componentes

da cadeia de suprimentos com uma variação mais acentuada. Porém, como a

demanda prevista muitas vezes não se concretiza, as organizações acabam com

excesso de produtos em estoque, o que as leva, por exemplo, a reduzir suas

compras. Ou, numa situação de falta de estoques, as empresas passariam a

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

31

31

aumentar seus pedidos, criando nos fornecedores uma falsa impressão de alta

demanda. Independente da situação, esse reflexo vai sendo passado de cliente para

fornecedor, até o final da cadeia, estabelecendo o efeito chicote. As organizações

buscam reduzir as incertezas quanto à demanda na cadeia para reduzir o efeito

chicote. A importância do compartilhamento de informações na gestão eficiente das

cadeias de suprimentos pode ser atestada pela grande quantidade de trabalhos

sobre o tema (HUANG et al., 2003).

Posteriormente, Lee et al. (1997) perceberam, em pesquisa realizada

juntamente com executivos da empresa Procter e Gamble, que em um produto de

pequena variação no consumo ocorria grande variação nos pedidos de seus

clientes. Essa variação poderia ter sido causada por vários fatores, mas logo

constataram que não era devido à variação de consumo do cliente final do mercado,

mas sim pela expectativa de demanda na cadeia. No mesmo estudo, foi identificado

que os fatores causadores do efeito chicote estão relacionados com o

compartilhamento de informações deficientes e dados de mercado insuficientes, que

geram previsões incorretas.

Svensson (2005), afirma que o efeito chicote indica que a variabilidade no

nível de estoques tende a ser maior ao se afastar do ponto de consumo. Um ponto

de vista bastante similar é trazido por Chen et al. (2000). Para estes autores, a

cadeia de suprimentos empurrada pode provocar o chamado efeito chicote, que se

origina a partir da previsão pouco precisa da demanda, levando à utilização de

estoques de segurança cada vez maiores e desbalanceados à medida que o fluxo

de informações se move na cadeia de suprimentos. Um dos principais motivos

geradores do efeito chicote ocorre quando o componente da cadeia recebe pedido

somente do componente imediatamente superior (mais próximo em relação ao

cliente final), levando a manutenção de estoques de segurança crescentes, ao

passo que se analisam os componentes mais distantes dos clientes. Isso decorre da

variabilidade inerente aos pedidos realizados, significativamente sempre superiores

à demanda. Ou seja, não há uma análise gerencial dos níveis de estoque em cada

elo da cadeia de suprimentos.

As principais consequências do efeito chicote são: lotes de compra maiores e

mais variáveis, baixo nível de serviço e obsolescência de produtos. O efeito chicote

leva à utilização ineficiente dos recursos de maneira geral. Um estudo realizado por

Slack et al. (2002) possibilitou a visualização do efeito chicote de maneira bastante

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

32

32

clara, conforme exposto na figura 3. Em um ambiente com dez períodos distintos, foi

considerado que o mercado determinaria uma demanda. Então o varejista, visando

equilibrar seu estoque com a demanda, compra o número de unidades que

completam a demanda atual. E assim o distribuidor, a montadora e o fornecedor

fazem o mesmo. Ou seja, todos mantêm em estoque uma quantidade igual à

demanda do período. O estoque final do período de demanda é igual ao estoque

inicial do período seguinte. Leva-se em consideração, ainda, que a compra feita é

recebida no mesmo período.

Figura 3 - Variação da demanda numa cadeia de suprimentos fictícia (adaptado de Slack et, al. 2 002)

A proposta desta representação foi mostrar que uma pequena variação de

demanda do mercado pode causar grande variação no fornecedor inicial. A ideia

demonstrada é que o fornecedor sempre tentará equilibrar o estoque final do período

com a demanda do mesmo período, pois não possui a informação do mercado,

funcionando, assim, como uma espécie de previsão. Logicamente, nas organizações

existem mais fatores que atuam como restrições, que é o caso da capacidade de

produção, que neste modelo foi considerada ilimitada ou suficiente para atender a

demanda imediatamente, sem lead times.

A visão ampla de todo a situação da cadeia, com o compartilhamento de

informações, inerente ao conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos, é

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

33

33

oportuna para a eliminação do efeito chicote. Dentre várias ações possíveis nesse

sentido, algumas são percebidas com mais clareza. Por exemplo, as empresas têm

procurado postergar ao máximo a sua compra. Contudo, isso poderia causar a falta

de mercadorias nas prateleiras, caso não houvesse uma aproximação, operacional e

estratégica, maior entre cliente e fornecedor. Dessa forma, o que se vê não é tanto

um problema de variação de demanda, mas de política de custos e redução dos

níveis de estoques, relacionados à relação entre os membros da cadeia de

abastecimento.

Warburton (2004) corrobora com essa afirmação. De acordo com este autor,

as ordens de compra dos vendedores para os seus fornecedores tendem a ter uma

variação maior do que a demanda do consumidor que iniciou o processo,

caracterizando o efeito chicote. Em outras representações semelhantes a esta,

observou-se o fato de que mesmo se acrescentados mais fatores, o efeito chicote

continua. Porém, os pontos de pico e declive se deslocam de suas posições. O que

pode, por exemplo, dar a impressão de em alguns momentos a demanda estar em

alta, mas o fornecimento em baixa.

De uma maneira ampla, as causas geradoras do efeito chicote podem ser

relacionadas em dois grandes grupos: as causas comportamentais e as causas não

comportamentais.

2.4.1 CAUSAS NÃO COMPORTAMENTAIS

Visto o alto custo incorrido com a manutenção de grandes estoques e sendo o

efeito chicote um dos resultados da variação destes, busca-se identificar as causas

desse efeito. Forrester (1961) identificou a existência de lead times grandes como um

dos principais motivos causadores do efeito. Johnson (1998) apresenta como motivos

geradores do efeito chicote: a falta de compartilhamento de informação, a inexistência

do alinhamento de decisões e o uso de uma previsão comum para todos os grupos de

item de uma cadeia.

Para Lee et al. (1997), são quatro as causas principais para a ocorrência do

efeito chicote:

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

34

34

2.4.1.1 IMPRECISÃO NA PREVISÃO DE DEMANDA

A previsão da demanda é um fator fundamental para definição da estratégia

de estocagem. Assim, quanto mais precisos forem os dados, menor a possibilidade

de erros na previsão e melhor o desempenho financeiro da empresa ou órgão. É

importante ressaltar que a precisão dos dados não elimina totalmente a

probabilidade de falhas na previsão, dependendo também do tratamento destas.

Normalmente, a coleta de dados pode acontecer de várias maneiras. Uma

delas é trabalhar com base na demanda passada (métodos baseados em séries

temporais). Outra pode ser através da tentativa de captar os sinais de demanda

vindos do mercado. A melhor maneira de conseguir dados mais precisos é obtendo-

os do ponto de consumo. Porém, para que isso seja possível é necessário que

exista um nível de informação e colaboração muito grande, além da confiança

necessária entre os participantes da cadeia.

Contudo, segundo Lee et al. (1997), o simples fato de compartilhar a

informação de demanda não é suficiente, pois cada componente da cadeia pode ter

diferentes métodos de previsão. Essa diferença pode ser devido às estratégias da

empresa e às técnicas de previsão. É preciso, então, que: ou todos pratiquem o

mesmo modelo ou que uma única empresa componente da cadeia faça a previsão

para todas as outras.

Os mesmos autores afirmam ainda que os lead time de pedidos longos

contribuem para que ocorra o efeito chicote. Ou seja, é necessário então que esses

ciclos de pedidos sejam reduzidos, de forma que o cliente possa se sentir mais

seguro em relação à programação efetuada, evitando a sensação de falta de

proteção quanto aos estoques.

2.4.1.2 O TAMANHO DO PEDIDO

O tamanho do pedido é influenciado por dois fatores: como é feito o processo

de revisão periódica do tamanho do lote e o alto custo de processamento de um

pedido. O processo de revisão periódica pode ser melhorado com o acesso aos

dados do ponto de venda. Devido à incerteza do que ocorre na cadeia, o fabricante,

muitas vezes, acaba por revisar o tamanho do lote a ser produzido ou os produtos

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

35

35

nele contidos. Com o compartilhamento, é possível determinar uma agenda de

produção coerente com as necessidades do mercado.

Já o alto custo de processamento de um pedido faz com que os fornecedores

influenciem seus clientes a comprar lotes maiores e a reduzir o número de compras,

o que traz bastante variação ao nível de produção, na ocorrência do pedido. Esse

custo de processamento é formado principalmente pelo custo de transporte e pelo

desconto dado pelo setor de vendas. Ou seja, um cliente que comprar uma carga

completa ganha mais desconto do comercial e paga um valor menor no frete. Este

fator é nítido nas compras públicas, onde os menores custos unitários de material

são obtidos quando grandes lotes são comprados. O que pode ser feito nesse caso

é o uso de transportadoras de cargas fracionadas ou operadores logísticos que, por

serem especializados no serviço de distribuição, podem trabalhar com custos

menores. Desta forma o cliente não seria obrigado a comprar grandes lotes para

ratear os custos de transporte.

Quanto ao desconto sobre vendas, normalmente relacionado ao volume do

negócio, pode ser oferecido com base no histórico de compras, facilmente apurado

com os softwares atualmente utilizados. Assim, o cliente pode continuar tendo direito

aos mesmos descontos, com um custo de transporte também idêntico, mas com um

nível de serviço superior. Os reflexos serão lotes menores, com o lote de produção

sofrendo menos variações e a empresa se tornando mais sensível às informações

recebidas dos clientes. Isso porque os lotes serão mais constantes, ao contrário do

que eram antes.

2.4.1.3 FLUTUAÇÕES DE PREÇOS

A política de preços utilizada por uma empresa influencia diretamente na

forma como os clientes se comportam com relação aos pedidos. Se, por exemplo,

existirem épocas em que ocorrem promoções, provavelmente a maioria dos pedidos

será realizada nesse período, fazendo com que os estoques esvaziem e a produção

fique com uma programação superior à sua capacidade, causando maiores custos

de produção.

Dentro daquilo que existe nas compras públicas, valor acertado em um

processo licitatório deve, em via de regra, ser mantido como preço final do produto

ou serviço adquirido. O fornecedor que não cumprir aquilo previamente acordado

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

36

36

numa compra realizada após um processo licitatório pode sofrer diversas sanções

ficando, em último caso, impossibilitado de realizar quaisquer vendas para outros

órgãos públicos.

2.4.1.4 O JOGO DA ESCASSEZ OU RACIONAMENTO

Se um varejista, ou um órgão componente da cadeia, considerar a

possibilidade de uma escassez nos produtos de determinada empresa, é muito

provável que ele aumente a quantidade de seus pedidos, como forma de garantir

para si uma boa parcela da produção do fabricante. Isso fará com que o fabricante

necessite tomar cuidado no momento de fazer a alocação de sua produção. Isso se

torna ainda mais relevante quando falamos de uma instituição como a Marinha do

Brasil, que necessita, por força da Constituição Nacional, manter sua prontidão de

forma permanente. A falta de um determinado item pode se tornar crucial para o

bom funcionamento dos meios e, assim sendo, o custo da falta de determinado item

se torna incalculável.

Seja por necessidade ou por estratégia, o racionamento de produtos para o

mercado influencia na maneira como as empresas efetuam o pedido. Por exemplo,

se for percebida uma demanda superior à oferta é bem provável que as empresas

se previnam, fazendo pedidos maiores. Esses pedidos serão atendidos e elevarão

os estoques dos clientes, que por sua vez não farão novos pedidos. Desta forma a

indústria, que desta vez está prevenida para uma alta demanda, ficará com seus

estoques acima do estabelecido.

É importante, portanto, que o fabricante se previna desse jogo, alertando os

clientes de uma ilusória falta de produtos. Para isso, é preciso que a informação

sobre os níveis de produção e estocagem seja compartilhada, da mesma forma, que

os clientes compartilhem sua previsão de demanda.

2.4.2 CAUSAS COMPORTAMENTAIS

2.4.2.1 DECISÕES INDIVIDUAIS

O efeito chicote deve ser visto também como o resultado de tomadas de

decisões dos membros componentes da cadeia. Uma das causas do efeito chicote é

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

37

37

a falha na compreensão do impacto de decisões individuais (ou funcionais isoladas)

em toda a cadeia de suprimentos. As razões que levam um tomador de decisões a

pedir quantidades maiores das que ele recebe da demanda consumidora são:

proteção para evitar a falta de produtos, tamanho do lote econômico e proteção

contra especulação.

Esta classificação básica leva a um ponto de partida para uma análise

padronizada do efeito chicote. Um aumento na demanda produz falta de produtos

em algum lugar da cadeia. Geralmente, quando se percebe uma ameaça de falta de

produtos causada por mudanças na demanda, as pessoas tomadoras de decisão

reagem elevando seus estoques de segurança, aumentando os pedidos a seus

fornecedores. Esse aumento nos pedidos é interpretado pelos membros acima na

cadeia de suprimentos como um grande aumento da demanda. Ou seja, toda a

cadeia de suprimentos acredita que a demanda aumentou bruscamente.

Num sistema um com longo lead time (tempo de ressuprimento), os estoques

de segurança são suficientes para suprir algum período de demanda futura. No

entanto, o crescimento da demanda, quando combinado ao longo lead time, gera um

aumento muito grande nos pedidos e nos estoques.

2.4.2.2 TIPOS DE INCENTIVOS

Incentivos impróprios contribuem para algumas tomadas de decisões erradas,

causando o efeito caótico na cadeia de suprimentos. Algumas vezes, os incentivos

criam um exagerado medo de faltas em estoque, que, por sua vez, encoraja o

pedido em excesso. Os objetivos dos vários estágios dentro da cadeia de

suprimentos geralmente se confrontam. Por exemplo, fornecedores de matéria-prima

querem receber pedidos estáveis e em grandes quantidades, visando obter

economia de escala, com pouca variedade de materiais e um prazo de entrega

flexível. A fábrica pretende alcançar uma elevada produtividade a baixo custo e para

isso, deve ter uma variação pequena da demanda. Os distribuidores querem

minimizar o custo dos transportes tirando vantagens do desconto de transportar

grandes quantidades de uma só vez, minimizando seus níveis de estoque e obtendo

rápido reabastecimento do mesmo. Varejistas, querem um curto lead time, eficiência

e curto prazo de entrega. Por fim, consumidores querem que os varejistas tenham

uma enorme variedade de produtos para pronta entrega e preços baixos.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

38

38

Muitas empresas resistem à ideia de que se pode melhorar sua situação

através de uma melhor coordenação da tomada de decisões e da integração dos

objetivos funcionais com aqueles do sistema como um todo. É comum empresas

falharem ao manter seus objetivos individuais ao invés de pensar na cadeia como

um todo, e acabam afetando o desempenho total da cadeia de suprimentos.

2.4.3 MEDIDAS PARA REDUÇÃO DO EFEITO CHICOTE

O Quadro 1 apresenta um resumo das quatro forças que causam o efeito

chicote e a forma de agir sobre elas. De acordo com Lee et al. (1997), pode-se

propor um caminho para a solução de tudo isso, baseado em duas ações:

compartilhar a informação e alinhar as estratégias. Estão disponíveis no mercado

diversos sistemas capazes de gerenciar os dados necessários e convertê-los em

informações para todos os componentes da cadeia de suprimentos, com segurança

e agilidade. Mais uma vez, é imprescindível que os dados lançados sejam um retrato

fiel da situação ocorrida, sem que haja ruídos no canal de comunicação, o que

inviabiliza a utilização desses dados como fonte confiável. Quanto à estratégia, é

necessário que as empresas ou órgão componentes pensem na cadeia como um

todo, com estratégia apontando para um objetivo em comum.

Quadro 1 - Medidas para redução do efeito chicote (Adaptado de Lee et al., 1997).

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

39

39

De forma geral, vários autores abordaram o assunto. Dias (2003) apresenta

um resumo, conforme o Quadro 2, com as sugestões propostas pelos autores

Forrester (1958), Lee et al. (1997) e Simchi-Levi et al. (2000) para gerar melhorias

no gerenciamento da cadeia de suprimentos.

Quadro 2 - Mecanismos para gerar melhorias na c adeia de suprimentos (Dias, 2003)

Diversos estudos foram realizados com o intuito de melhorar o desempenho da

gestão de estoques e de atenuar o efeito chicote ao longo da cadeia de suprimentos.

Wickner et al. (1991) utilizando a metodologia desenvolvida por Forrester (1961), em

um primeiro experimento, recriaram o modelo da cadeia de suprimento, porém com

três estágios, um varejista, um distribuidor e uma fábrica com seu depósito (no

estudo original foram considerados quatro estágios, incluindo um atacadista entre o

varejista e o distribuidor).

Em seguida foram modeladas as seguintes estratégias:

− Ajuste fino dos parâmetros que definem a política de reposição de estoques;

− Redução dos tempos de transmissão de informações e entrega de materiais no

sistema;

− Remoção do distribuidor, de forma que os pedidos do varejista sejam feitos

diretamente à fábrica;

− Aumentar o período de revisão para as decisões de reposição de estoques;

− Compartilhamento das informações de demanda no ponto de venda com todos os

agentes da cadeia.

Concluiu-se que, dentre as estratégias analisadas, as mais eficientes são a

remoção do distribuidor, a redução nos atrasos e o compartilhamento de

informações na cadeia.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

40

40

2.5 INCERTEZAS DO PRODUTO

Neste tópico serão apresentados três diferentes modelos para a gestão da

cadeia de suprimentos considerando as características de demanda e suprimentos

de cada produto e o ambiente em que estão inseridos. O primeiro modelo, proposto

por Fisher (1997), analisa a cadeia de suprimentos considerando apenas as

características da demanda, classificando-as em cadeia de suprimentos responsiva

ou eficiente.

Posteriormente, Christopher (2000) propôs uma classificação da cadeia de

suprimentos considerando o ambiente no qual esta cadeia está inserida. Desta

forma, considera as características de suprimento do produto. Por fim, Lee (2002)

realizou um estudo basicamente agregando características dos dois modelos, com a

análise do produto considerando tanto as incertezas de demanda quanto as

incertezas de suprimentos. Este modelo será o modelo utilizado neste estudo,

considerando também as características das compras públicas e as especificidades

do ambiente militar.

2.5.1 CADEIA DE SUPRIMENTOS EFICIENTE E RESPONSIVA

Uma das causas do efeito chicote pode estar diretamente relacionada com a

administração de diferentes grupos de itens, cada qual com uma característica de

demanda distinta, de maneira similar. Essa ausência de tratamento diferenciado

pode ocasionar falsas expectativas de consumo de determinados itens, gerando

amplificação dentro da cadeia de suprimentos.

Para que esse problema fosse reduzido, Fisher (1997) sugeriu uma

classificação dos produtos a partir de suas demandas, caracterizando-os de modo

que as necessidades intrínsecas de cada grupo consumidor fossem respeitadas.

Além disso, mencionou a necessidade classificar as cadeias de suprimentos através

das melhores estratégias para cada uma delas. Para o autor, a causa de muitos

problemas no gerenciamento das cadeias de suprimentos é a mistura que se faz

entre os diversos modelos de gerenciamento, de modo a não respeitar aquilo que

cada produto, seja ele funcional ou inovador, irá exigir sua própria cadeia de

suprimentos com características especiais.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

41

41

O estudo de Fisher analisa a cadeia de suprimentos, de acordo com a

demanda. Esta tem se tornado cada vez mais decisiva para a escolha da estratégia

adequada ao gerenciamento da cadeia de suprimentos. Os produtos são

caracterizados de acordo com sua previsibilidade de demanda, sendo inovadores ou

funcionais. Cada um destes produtos exigirá um tipo de tratamento. Ou seja, o

gerenciamento se dará a partir do tipo de produto envolvido, de modo que ele atenda

às necessidades dos consumidores. (FISHER apud OLIVEIRA, 2009).

Dessa forma, Fisher criou uma matriz, conforme exposta na figura 4, onde os

produtos são classificados de acordo com as características de sua demanda, sendo

denominados funcionais ou inovadores.

Figura 4: Cadeia de suprimentos eficiente versus ca deia de suprimentos responsiva (adaptado de Fisher, 1997).

Produtos funcionais são aqueles que do ponto de vista de demanda são

estáveis, e representam baixo risco de gerenciamento da cadeia de suprimentos,

uma vez que não exigem rápidas mudanças ou adaptações no gerenciamento de

suprimentos. Costumam ser representados por produtos com longo ciclo de vida e

são comprados em quantidades diversas. Tais produtos satisfazem necessidades

básicas e, portanto, não mudam de característica, tendo uma demanda previsível e

longos ciclos de vida. Para estes produtos, deve ser adotada uma cadeia de

suprimentos eficiente. Estas cadeias são desenhadas para buscar maior eficiência

em custo.

Já os produtos inovadores são aqueles que, do ponto de vista de demanda,

são instáveis, possuindo um curto ciclo de vida e representam alto risco de

gerenciamento da cadeia de suprimentos, uma vez que exigem rápidas mudanças e

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

42

42

adaptações no gerenciamento de suprimentos. Estes produtos necessitam de uma

cadeia responsiva, ou seja, devem ser flexíveis às necessidades dos clientes.

2.5.2 CADEIAS DE SUPRIMENTOS ÁGIL E ENXUTA

Christopher (2000) definiu uma categorização dos produtos de acordo com o

ambiente em que estão inseridos. Para o autor, ambientes previsíveis onde são

adquiridos altos volumes e baixa variedade de produtos são propícios a utilização de

uma cadeia de suprimentos enxuta. Esta cadeia visa a adoção de processos onde o

desperdício é eliminado.

Já em ambientes instáveis, onde o volume adquirido é baixo e a variedade de

produtos é alta, uma cadeia de suprimentos ágil deve ser utilizada. Uma cadeia de

suprimentos ágil focaliza na pronta resposta a mercados, mesmo que se tenha mais

custos. Christopher usa os eixos volume e variedade para designar o modelo correto

para cada situação, como ilustra a figura 5.

Figura 5 - Cadeia de suprimentos ágil versus cadeia de suprimentos enxuta (adaptado de Christopher, 2000).

2.5.3 MODELO DE INCERTEZA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

Lee (2002) propôs um modelo que unificou as propostas feitas por Fisher

(1997) e Christopher (2000). Neste modelo, chamado de modelo de incerteza da

cadeia de suprimentos, os eixos da matriz são incerteza de demanda e incerteza de

suprimentos, conforme exposto na figura 6.

Em linhas gerais, o modelo de incerteza prevê que alguns produtos, dada sua

característica de estabilidade (demanda e fornecimento), terão uma estratégia

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

43

43

logística mais simplificada enquanto outros, dadas as suas características de

instabilidade (demanda e fornecimento), exigirão estratégias logísticas de

gerenciamento especiais. Este estudo utilizou uma matriz idêntica à utilizada por Lee

(2002) para análise dos itens.

Figura 6 - Matriz de incerteza (adaptado de Lee, 2002).

Uma cadeia de suprimentos eficiente é recomendada quando os graus de

incerteza, na demanda e no suprimento, são considerados baixos. Esse tipo de

cadeia utiliza estratégias para criar eficiência de custos. Para

estes ganhos de eficiência serem alcançados, as economias de escala devem ser

prosseguidas, bem como técnicas de otimização devem ser implantadas.

Cadeia de suprimentos de risco reduzido são as cadeias que utilizam

estratégias para redução de riscos, de modo que estes possam ser compartilhados.

Uma empresa pode querer compartilhar o risco de um item sensível à sua produção

com outra empresa que tenha a mesma característica.

Cadeias de suprimentos responsivas são as cadeias que utilizam estratégias

destinadas a serem ágeis e flexíveis para adequação a mudanças e necessidades

diversas. Para ser eficaz, as empresas utilizam make to order (MTO) para satisfazer

os requisitos específicos dos clientes.

Cadeias de suprimento ágeis são as cadeias que utilizam estratégias

destinadas em ser ágeis e flexíveis frente às necessidades dos clientes mas ao

mesmo tempo protegidas quanto ao risco de interrupção no abastecimento,

escassez.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

44

44

2.6 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DA MARINHA (SABM)

O Brasil possui centenas de Organizações Militares Navais espalhadas em

todo o seu território, tendo cada uma delas o seu próprio consumo de material. Para

viabilizar uma distribuição de materiais eficaz e uma gestão de recursos eficiente, a

Marinha do Brasil desenvolveu e implantou o Sistema de Abastecimento da Marinha

(SAbM), que engloba diversas unidades responsáveis por: aquisição, controle de

níveis de estoque, armazenamento, distribuição e manutenção do fluxo das

aquisições de materiais para as unidades demandantes.

De acordo com Brasil (2006), abastecimento é o conjunto de atividades que

tem o propósito de prever e prover para as Forças e demais Organizações Militares

(OM) da Marinha do Brasil (MB) o material necessário a mantê-las em condições de

plena eficiência. Dessa forma, o abastecimento busca um fluxo adequado do

material necessário, desde as fontes de obtenção até as Organizações Militares

Consumidoras (OMC).

O Sistema de Abastecimento da Marinha (SAbM) tem a finalidade de

contribuir para fazer a previsão das necessidades e prover a disponibilização dos

itens, a fim de manter os meios operativos e demais organizações militares da

Marinha do Brasil em condições de plena eficiência. Assim sendo, espera-se que

haja um fluxo adequado de materiais, desde as fontes de obtenção, até as

Organizações Militares Consumidoras. O gerenciamento das diferentes cadeias de

suprimentos do SAbM compõe um problema logístico complexo, de controle de

inventário e de fluxos, de diversas categorias de materiais.

Por ser subordinado a regras rígidas, o Sistema de Abastecimento da Marinha

é atípico em comparação aos encontrados em outras instituições, pela sua

abrangência de âmbito nacional e pela obediência a regulamentos de aquisição e

contratação vigentes no Governo Federal. As Organizações Militares, distribuídas

em todo o país, consomem e requisitam produtos em fluxos desiguais, de vários

fornecedores e com demandas variadas, exigindo a adoção de técnicas adequadas

para manter o fluxo adequado do material adquirido, desde as fontes de obtenção

até o recebimento nos pontos de acumulação ou destinatário final.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

45

45

2.6.1 ESTRUTURA DO SABM

Entende-se por SAbM o conjunto constituído de Órgãos, processos e

recursos de qualquer natureza, interligados e interdependentes, estruturado com a

finalidade de promover, manter e controlar o provimento do material necessário à

manutenção das Forças e demais Órgãos Navais em condição de plena eficiência

(Brasil, 2006).

2.6.1.1 SECRETARIA-GERAL DA MARINHA (SGM)

É o Órgão de Superintendência do SAbM. A ele cabe supervisionar o

cumprimento das diretrizes e normas em vigor, o funcionamento eficiente e

coordenado da sistemática de abastecimento e o exercício das atividades gerenciais

e técnicas de abastecimento.

2.6.1.2 DIRETORIA DE ABASTECIMENTO DA MARINHA (DAbM)

É o órgão que realiza as funções gerenciais do setor de abastecimento,

planejando e dirigindo as atividades de abastecimento. As seguintes organizações

são subordinadas diretamente à DAbM: Centro de Controle de Inventário da Marinha

(CCIM) e Centro de Obtenção da Marinha no Rio de Janeiro (COMRJ).

2.6.1.3 CENTRO DE CONTROLE DE INVENTÁRIO DA MARINHA (CCIM)

É o Órgão de Controle do SAbM, sendo responsável pela manutenção do

fluxo adequado do material, desde as fontes de obtenção até os centros de

acumulação de material (CAM). O CCIM tem o propósito de contribuir para a

previsão e o provimento do material necessário a manter as Forças e demais OM da

MB em condições de plena eficiência mediante o estabelecimento do adequado

equilíbrio entre as necessidades da Marinha e as disponibilidades de material nos

pontos de acumulação.

Para consecução de seu propósito, cabem ao CCIM, para as categorias de

material sob sua responsabilidade, as seguintes tarefas:

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

46

46

- executar as atividades gerenciais “Determinação Corrente de Necessidades” e

“Controle de Inventário”;

- promover as atividades gerenciais “Obtenção” e “Destinação de Excessos”;

- supervisionar os Órgãos de Distribuição sob sua subordinação hierárquica e,

funcionalmente, os Depósitos Navais fora da área do Rio de Janeiro (sede); e

- coordenar a atividade gerencial “Tráfego de Carga”, bem como as tarefas

relacionadas com o recebimento e distribuição das Dotações Iniciais.

O CCIM é o responsável pelo gerenciamento dos níveis de estoque dos

materiais adquiridos e armazenados nos depósitos. O Centro tem entre suas

atribuições gerenciar as cadeias de suprimentos e é estruturado em três setores:

- planejamento e controle da determinação de necessidades;

- operações de abastecimento; e

- gerenciamento da distribuição.

A área de planejamento e controle da determinação de necessidades é

responsável pelas atividades de planejamento das necessidades de aquisições e

controle dos inventários de todas as categorias de materiais adquiridos pelo órgão

responsável pelas compras dentro do SabM, estabelecendo os níveis de estoque

para cada categoria de material de acordo com a política de estoque definida. Além

disso, realiza também atividades de racionalização de estoques visando à redução

de custos de armazenagem e de imobilização de capital em estoques, e atividades

de análise de métodos e processos para tráfego de carga, visando à redução de

gastos com trânsito de material, redução de custos de movimentação e

racionalização dos meios utilizados.

A área de Operações de Abastecimento realiza a comunicação com o setor

operativo da Marinha. Realiza adestramentos constantes e está presente

diretamente nas instalações do cliente final, as Organizações Militares

Consumidoras (OMC), acompanhando operações nos meios navais. Esta área

participa efetivamente no planejamento logístico de diversas operações navais. Além

disso, também é responsável pela supervisão funcional dos Centros de Intendência

da Marinha (CeIM) existentes no país, que se encontram fora da área do Rio de

Janeiro.

A área de Gerenciamento da Distribuição é a operadora logística do SAbM.

Suas atribuições principais são: a coordenação das atividades e o estabelecimento

de diretrizes correspondentes ao tráfego de cargas, a busca de alternativas para a

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

47

47

gestão das cadeias de suprimentos, a racionalização dos meios utilizados e seu

alinhamento com a Doutrina Logística Militar.

2.6.1.4 CENTRO DE OBTENÇÃO DA MARINHA NO RIO DE JANEIRO (COMRJ)

O Centro de Obtenção da Marinha no Rio de Janeiro (COMRJ) é o órgão de

compras do Sistema de Abastecimento da Marinha e subordinado à Diretoria de

Abastecimento da Marinha (DAbM). É o órgão responsável pela aquisição, para as

demais Organizações Militares (OM), do material necessário a mantê-las em

condições de plena eficiência.

O COMRJ é a organização responsável no país pela aquisição de itens para o

Sistema de Abastecimento da Marinha (SAbM) e tem como objetivo promover ou

proceder a procura e a aquisição do material cuja responsabilidade lhe seja

atribuída.

Após a determinação das necessidades pelo CCIM, conduz todo o processo

de obtenção, desde o levantamento das estimativas de Obtenção e Pedidos de

Obtenção até o acompanhamento para garantia da entrega ao destinatário. Neste

processo estão incluídas importantes fases, tais como: condução de processo

licitatório, pesquisa de preços no mercado, emissão de ordens de compra,

acompanhamento do contrato firmado com o fornecedor e processamento da

despesa.

O COMRJ obtém as mais variadas categorias de materiais e bens de

consumo, a saber:

- Material Comum;

- Sobressalentes para máquinas, motores e equipamentos;

- Gêneros alimentícios e rações operacionais;

- Viaturas administrativas e especiais;

- Combustíveis, lubrificantes e graxas;

- Munição;

- Fardamento; e

- Material para saúde.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

48

48

2.6.1.5 DEMAIS ORGANIZAÇÕES MILITARES COMPONENTES DO SABM

Boa parte das aquisições de suprimentos da Marinha do Brasil é centralizada

em um único complexo militar, no Rio de Janeiro, onde se localiza a maior parte dos

depósitos primários (depósitos de onde são enviadas, para o resto da corporação,

todas as grandes compras de suprimentos). Este complexo militar é situado pela

Base de Abastecimento da Marinha no Rio de Janeiro (BAMRJ), localizado na

Avenida Brasil. Nele ficam localizados cinco depósitos primários da Marinha, que

são:

- Depósito de Sobressalentes - DepSMRJ;

- Depósito de Suprimentos - DepSIMRJ;

- Depósito de Material de Saúde - DepMSMRJ;

- Depósito Naval - DepNavRJ, e

- Depósito de Fardamento - DepFMRJ.

Existem ainda o Centro de Munição da Marinha (CMM) e o Depósito de

Combustíveis (DepCMRJ), que localizam-se em lugares isolados, em virtude dos

cuidados necessários com os itens. Além destes, há os Centros de Intendência,

localizados fora da área do Rio de Janeiro, que abastecem os meios operativos de

cada região do país, a saber:

- Centro de Intendência da Marinha em Rio Grande (CeIMRG);

- Centro de Intendência da Marinha em Ladário (CeIMLa);

- Centro de Intendência da Marinha em São Pedro da Aldeia (CeIMSPA);

- Centro de Intendência da Marinha em Salvador (CeIMSa);

- Centro de Intendência da Marinha em Natal (CeIMNa);

- Centro de Intendência da Marinha em Belém (CeIMBe); e

- Centro de Intendência da Marinha em Manaus (CeIMMa).

2.6.2 O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE MATERIAIS NO SABM

O processo de obtenção do SAbM tem seu início nas diversas Diretorias

Técnicas da Marinha, que elaboram as especificações dos materiais e bens de

consumo para aquisição no mercado nacional e encaminham essas especificações

para catalogação no COMRJ. Então, quando surgem as demandas das

Organizações Militares Consumidoras (OMC), estas encaminham as solicitações

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

49

49

para o CCIM, que verifica se os pedidos podem ser atendidos pelos estoques

existentes nos depósitos ou se é necessário realizar aquisições. Caso seja

necessário realizar aquisições, as Estimativas de Obtenção (EO) ou os Pedidos de

Obtenção (PO) são emitidos e encaminhados para o COMRJ. O COMRJ providencia

as aquisições no mercado industrial e comercial.

Os materiais e bens de consumo são recebidos e armazenados nos depósitos

primários (no Complexo Naval do Abastecimento, no Rio de Janeiro) ou nos

depósitos dos Centros de Intendência da Marinha (CeIM), espalhados pelo território

nacional. O fornecimento para as Organizações Militares Consumidoras é

providenciado a partir dos depósitos citados.

O processo citado acima não inclui as aquisições no mercado exterior, que

não são realizadas pelo COMRJ. Estas são realizadas por comissões de compras no

exterior, em Washington e Londres, em virtude de muitos dos meios navais serem de

fabricação americana e européia.

2.6.3 - COMPRAS PÚBLICAS

Dentro do planejamento existente dentro do setor público, as compras têm

papel de grande relevância. O planejamento deve considerar os prazos previstos

nas leis e legislações. Dessa forma, a burocracia existente nas compras públicas

precisa ser considerada quando a compra de um item é realizada. Esse aspecto faz

com que o ente público seja cauteloso na estimativa da sua necessidade, pois

qualquer variação pode resultar na geração do efeito chicote.

Em geral, a compra deve ser efetuada através de processo licitatório.

Diferentes são os prazos para cada uma das modalidades de licitação existentes.

Licitação é o procedimento administrativo para contratação de serviços ou aquisição

de produtos pelos governos Federal, Estadual, Municipal ou entidades de qualquer

natureza. O procedimento licitatório é regulado pela lei nº 8.666/93. Segundo Justen

Filho (2005), a licitação é um procedimento administrativo disciplinado por lei e por

um ato administrativo prévio, que determina critérios objetivos de seleção da

proposta de contratação mais vantajosa, com observância do princípio da isonomia,

conduzido por um órgão dotado de competência específica.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

50

50

A Constituição Federal Brasileira (art. 37, inciso XXI), determinou a

obrigatoriedade da licitação para todas as aquisições de bens e contratações de

serviços e obras realizados pela Administração no exercício de suas funções.

Modalidade de licitação é a forma específica de conduzir o procedimento

licitatório, a partir de critérios definidos em lei. O valor estimado para contratação é o

principal fator para escolha da modalidade, exceto quando se trata de pregão, que

não está associado a valores. São as seguintes as modalidades de licitação, de

acordo com o artigo 22 da lei 8.666/93:

- Concorrência: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na

fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de

qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. É utilizada para

compras e serviços com valores anuais acima de R$ 650 mil e para obras e serviços

de engenharia acima de R$ 1,5 milhão;

- Tomada de Preços: é a modalidade de licitação entre interessados devidamente

cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento

até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a

necessária qualificação. É utilizada para compras e serviços com valores anuais

acima de R$ 80 mil até R$ 650 mil e para obras e serviços de engenharia acima de

R$ 150 mil até R$ 1,5 milhão;

- Convite: é a modalidade de licitação entre os interessados do ramo pertinente ao

objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 03

(três) pela Unidade Administrativa. O aviso da realização de licitação tipo Convite

deverá estar afixado em local apropriado e de fácil acesso, em forma de extrato,

estendendo a possibilidade de participar do certame aos demais cadastrados na

correspondente especialidade desde que seja manifestado interesse com

antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. É

utilizada para compras e serviços com valores anuais de R$ 8 mil até R$ 80 mil e

para obras e serviços de engenharia de R$ 15 mil até R$ 150 mil;

- Concurso: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha

de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou

remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes do edital publicado na

imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias;

- Leilão: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de

bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

51

51

apreendidos ou penhorados, ou para alienação de bens imóveis prevista no art. 19

da Lei 8.666/93, a quem oferecer o melhor lance, igual ou superior ao valor da

avaliação;

- Pregão: é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns em

que a disputa pelo fornecimento se faz em sessão pública, por meio de propostas e

lances, para classificação e habilitação do licitante com a proposta de menor preço,

sem limites de valores de compra. Pode ser realizada na forma eletrônica.

A ferramenta mais moderna para realização de compras públicas visando

maior transparência, celeridade no processo e redução dos gastos é a modalidade

de licitação Pregão Eletrônico. O Pregão Eletrônico (leilão reverso via web) é

realizado sempre em ambiente virtual, com recursos da tecnologia de informação,

através da internet (SOUZA, 2004). Mecanismos baseados no uso da internet são,

normalmente, utilizados visando reduzir custos no processo de compras, bem como,

no caso dos Órgãos Públicos, visando dar maior transparência ao processo de

compras. Um exemplo de utilização da internet, para a redução de custos, é

justamente a utilização de leilão reverso (CORRÊA e CORRÊA, 2006).

O Pregão Eletrônico deve ser considerado como uma evolução em relação às

demais modalidades de licitação. Esta modalidade gera um ganho na

competitividade, devido ao potencial aumento do número de licitantes, contribuindo,

consequentemente, para a redução de despesas com compras (BROBOSKI E

ALMEIDA, 2004).

Importante visualizar que as modalidades de licitação possuem diferentes

prazos a serem respeitados. Cabe ressaltar que além dos prazos de publicação do

edital, outros prazos, como o prazo mínimo para recebimento das propostas devem

ser respeitados, tornando o processo menos célere.

Para que o processo de compras tenha a devida transparência e publicidade,

todos os prazos devem ser respeitados. Assim sendo, as compras públicas não

possuem a mesma velocidade de uma compra realizada pela iniciativa privada, o

que influencia diretamente no lote de compras e no lead-time dos pedidos.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

52

52

2.6.4 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS DO ABASTECIMENTO

(SINGRA)

Para obter as informações sobre a sua cadeia de suprimentos, as

organizações componentes do SAbM utilizam o Sistema de Informações Gerencias

do Abastecimento (SINGRA), que é a plataforma eletrônica de gerência de material

na MB. Esta plataforma possibilita o acompanhamento necessário durante todo o

processo de obtenção bem como na visualização dos níveis de estoque. Além disso,

gerencia os recursos orçamentários destinados a viabilizar as aquisições, assim

como obtém e mantém o fluxo adequado do material desde as fontes de obtenção

até o recebimento nos pontos de acumulação ou no destinatário final.

O Sistema de Informações Gerenciais do Abastecimento (SINGRA) é definido

como o sistema de informações e de gerência de material que se destina a apoiar as

fases básicas das funções logísticas Suprimento, Transporte e Manutenção

relacionadas ao Abastecimento, com os recursos de tecnologia da informação

necessários ao desempenho das atividades técnicas e gerenciais de Abastecimento

(BRASIL, 2009).

O SINGRA é dividido em três níveis de operação, cada qual com seus

respectivos indicadores, conforme visualizado no quadro 3.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

53

53

Quadro 3 - Indicadores do SINGRA

Devido a requisitos de ordem tecnológica, o SINGRA possui atualmente os

seguintes ambientes:

- Cliente servidor: contém todas as transações do SINGRA, sendo utilizado

primordialmente pelos órgãos pertencentes ao SAbM. Este ambiente possui banco

de dados centralizado e aplicação distribuída;

- SINGRA WEB: contém um subconjunto de transações do ambiente Cliente

servidor, destinado a facilitar o acesso ao sistema pelas diversas OM da MB.

Os subsistemas disponíveis no ambiente cliente servidor são os seguintes:

- Subsistema de Catalogação: se destina a permitir a execução da atividade

gerencial Catalogação, exercida pelas OM componentes do Sistema de Catalogação

da MB;

- Subsistema Requisições de Material: se destina a permitir a execução das

atividades gerenciais Fornecimento e Destinação de Excessos exercidas pelos

Órgãos de Distribuição do SAbM;

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

54

54

- Subsistema Financeiro: permite a distribuição e controle de recursos e limites

financeiros relacionados às categorias de material apoiadas pelo SAbM, bem como

o controle e atualização dos preços de venda registrados no SINGRA;

- Subsistema de Obtenção: se destina a permitir a execução da atividade gerencial

Obtenção, exercida pelos Órgãos de Obtenção no país;

- Subsistema de Gerência de Projetos: permite o planejamento do abastecimento de

um conjunto de itens necessários a execução de um determinado Projeto,

disponibilizando funcionalidades que facilitam a geração de Requisições de Material,

Segregação e Encomendas do Material. Este subsistema é utilizado, principalmente,

no gerenciamento do abastecimento de sobressalentes aos meios previstos no

Programa Geral de Manutenção (PROGEM) e de Dotações Iniciais dos meios

operativos;

- Subsistema de Planejamento: apoia a execução da atividade gerencial Controle de

Inventário pelos Órgãos de Controle do SAbM, disponibilizando uma ferramenta

informatizada que permite a análise de demanda, verificação dos níveis de estoque

e a emissão de encomenda no país, por meio de Estimativas de Obtenção (EO),

Pedido de Obtenção (PO) e no exterior, por meio de Solicitação ao Exterior (SE).

- Subsistema de Controle: se destina a permitir a avaliação de desempenho dos

Órgãos de Controle, de Obtenção e de Distribuição do SAbM;

- Subsistema de Administração: se destina a permitir o gerenciamento das atividades

de apoio ao SINGRA, tais como: controle de acesso e das transações executadas

pelos usuários; controle do calendário de atividades e divulgação de informações por

meio de quadro de avisos e de correio eletrônico. Este subsistema é de uso

exclusivo da DAbM.

Já os subsistemas disponíveis no ambiente web são os seguintes:

- Subsistema de Catalogação: se destina a permitir que as OMC efetuem consultas

diversas, relacionadas à atividade gerencial Catalogação;

- Subsistema Depósitos: se destina a permitir a execução das atividades gerenciais

Controle de Estoque e Armazenagem, exercidas pelos Órgãos de Distribuição (OD);

- Subsistema de Movimentação: se destina permitir que as OMC efetuem

Requisições de Material para Consumo (RMC), para Transferência (RMT) e de

Devolução (RD) ao SAbM, bem como permite o controle gerencial dos estoques, das

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

55

55

quotas, dos contratos e das reservas de CLG na MB e a realização de consultas

diversas no SINGRA;

- Subsistema de Obtenção: se destina a permitir a inserção e consulta de Solicitação

no Exterior;

- Subsistema de Gerência de Projetos: se destina a permitir às OMC o

gerenciamento dos seus Projetos de Abastecimento, notadamente aqueles

destinados ao abastecimento de sobressalentes para os meios previstos no

Programa Geral de Manutenção (PROGEM) ou de suas Dotações Iniciais;

- Subsistema SINGRA-PDU: se destina ao apoio às atividades desenvolvidas pelos

Postos de Distribuição de Uniformes (PDU), Posto de Distribuição de Uniformes

Móvel e Postos de Encomenda de Uniformes (PEU);

- Subsistema SISGLT: se destina a permitir o gerenciamento e acompanhamento das

ações de Tráfego de Carga, executadas no país e no exterior;

- Subsistema SISBORDO: se destina a permitir o gerenciamento das

movimentações do material no âmbito das OMC, dando suporte as atividades

gerenciais Catalogação, Obtenção, Controle de Estoque e Fornecimento.

Os tipos de Requisições de Material (RM) existentes no SINGRA podem ser:

- Requisição de Material para Consumo (RMC) – é o documento utilizado

pelas OM para efetuarem solicitações de material para consumo no SINGRA;

- Requisição de Material para Projeto (RMP) – é o documento utilizado pelas

OM para liberar itens segregados contabilmente para um determinado projeto

previsto no subsistema Gerência de Projetos;

- Requisição de Material para Transferência (RMT) – é o documento utilizado

para efetuar a transferência de material entre CAM;

- Requisição de Material para Transferência para Projeto (RMTP) – é o

documento utilizado para efetuar a transferência de itens segregados entre os OD,

sem que o item perca a sua vinculação ao projeto previsto no subsistema Gerência

de Projetos;

- Requisição de Devolução (RD) – é o documento utilizado pelas OM para

solicitar a devolução de material ao OD;

- Requisição de Devolução de Material de Projeto (RDP) - é o documento

utilizado pelas OM para solicitar a devolução a projetos de abastecimento de itens

de material;

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

56

56

- Requisição de Itens Complementares ao Projeto (RICP) – é o documento

utilizado pelas OM para, durante a execução de determinado Período de

Manutenção, inserir itens não previamente solicitados para determinado projeto; e

- Requisição de Material Especial (RME) – é o documento utilizado pelos OD

para registro de fornecimentos que ocorrerem em atendimento a requisições

urgentes.

2.7 CURVA ABC DE CONSUMO

Dentro do armazém de material comum, mil quatrocentos e setenta e seis

itens tiveram demanda nos anos de 2013 e 2014. Tendo em vista a quantidade de

diferentes produtos, este trabalho buscou uma forma de selecionar itens que

representassem um retrato fiel do comportamento do setor de material comum e

tivessem relevância dentro do contexto apresentado. Dessa forma, para a seleção

dos itens para este estudo, foi feita uma curva ABC de consumo efetivo para o

período citado. Ou seja, somente foram considerados para análise os itens cujos

pedidos foram atendidos.

De acordo com Pereira (2006), o princípio da classificação ABC é atribuído a

Vilfredo Paretto, um renascentista italiano que em 1897 executou um estudo sobre a

distribuição de renda. Através deste estudo, percebeu-se que a distribuição de

riqueza não se dava de maneira uniforme, havendo grande concentração de riqueza

nas mãos de uma pequena parcela da população.

A curva ABC tem sido bastante utilizada para a administração de estoques,

tratando-se de uma ferramenta gerencial que permite identificar quais itens justificam

atenção e tratamento adequados quanto à sua importância relativa. Uma análise

ABC consiste da separação dos itens de estoque em três grupos de acordo com o

valor de demanda anual, em se tratando de produtos acabados, ou valor de

consumo anual quando se tratarem de produtos em processo ou matérias-primas e

insumos (PINTO, 2002). O valor de consumo anual ou valor de demanda anual é

determinado multiplicando-se o preço ou custo unitário de cada item pelo seu

consumo ou sua demanda anual (DIAS, 2005).

Ainda de acordo com Dias (2005), uma classificação ABC de itens de estoque

tida como típica apresenta uma configuração na qual 20% dos itens são

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

57

57

considerados A e que estes respondem por 65% do valor de demanda ou consumo

anual. Os itens B representam 30% do total de número de itens e 25% do valor de

demanda ou consumo anual. Tem-se ainda que os restantes 50% dos itens e 10%

do valor de consumo anual serão considerados de classe C.

Na tabela 1, é apresentada a representatividade dos 90 itens analisados, com

os valores consumidos pelos clientes em cada e também com os percentuais

acumulados destes valores em relação ao consumo total.

NOME ABC % ACUM. R$ PANO LIMPEZA' A 8,35% R$ 3.256.976,50 PAPEL FORMATO A4 A 15,89% R$ 2.944.842,50 MASCARA ESCAPE A 19,96% R$ 1.588.860,13 COLETE SALVA-VIDAS A 23,72% R$ 1.464.490,36 'TINTA ANTIINCRUSTANTE VERMELHO' A 27,08% R$ 1.314.195,10 COPO PLASTICO AGUA A 29,33% R$ 875.168,31 COBERTA VERDE A 31,48% R$ 840.446,16 'TINTA ANTIINCRUSTANTE PRETA' A 33,51% R$ 792.696,18 'LIQUIDO GERADOR ESPUMA' A 35,31% R$ 701.786,97 DISP. RESPIRAÇÃO A 37,07% R$ 688.397,79 TINTA ALQUIDICA CINZA BALDE 2 A 38,79% R$ 670.064,30 'CILINDRO' A 40,43% R$ 640.867,16 'TINTA CINZA ANTIDERRAPANTE' A 41,95% R$ 592.803,35 'COLCHA BRANCA' A 43,47% R$ 591.292,94 'COBERTOR LA' A 44,94% R$ 574.365,05 JAQUETA SALVA-VIDAS A 46,32% R$ 540.747,64

EPOXI VERMELHA A 47,69% R$ 532.222,35 CABO NYLON (6 POL)' A 49,05% R$ 531.765,00 'SIROCO' A 50,08% R$ 402.031,02 PAPEL HIGIENICO FD A 51,11% R$ 401.161,19 PAPEL HIGIENICO FS A 52,13% R$ 399.304,60 PRATO RASO OF/SO/SG A 53,10% R$ 378.203,12 'LENCOL BRANCO' A 54,06% R$ 375.523,11 'TINTA BRANCA' A 55,00% R$ 364.393,79 TINTA ALQUIDICA CINZA BALDE 1 A 55,93% R$ 364.350,62 TINTA EPOXI BRANCA' A 56,79% R$ 334.675,39 'CAL SODADA' A 57,64% R$ 333.195,69 CABO TRANCADO (12 POL)' A 58,46% R$ 320.843,89 'EDUTOR PORTATIL' A 59,28% R$ 316.432,50 'PRIMER EPOXI CINZA' A 60,04% R$ 297.358,90

TINTA PRIMER EPOXI PRETA FOSCA B 60,12% R$ 32.284,35

MERLIM BRANCO B 60,20% R$ 31.759,60

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

58

58

CAPACETE BRANCO SP B 60,28% R$ 31.722,65

LANTERNA ELETRICA CAV B 60,36% R$ 31.582,31

CINTO COURO BRANCO 105/110 CM B 60,44% R$ 30.459,24

PRATO RASO OFICIAL GENERAL B 60,52% R$ 29.953,81

LUVA ELETRICISTA B 60,59% R$ 29.672,40

LINHA NYLON TRANÇADA 5mm B 60,67% R$ 29.317,25

CABO DE AÇO 6x37+ 38mm B 60,74% R$ 29.247,26

COPO WHISKY OF/GENERAL LAPIDADO B 60,82% R$ 29.153,12

CABO TRANÇADO POLIPROPILENO 51mm B 60,89% R$ 29.063,99

TALABARTE COURO BRANCO B 60,97% R$ 28.932,66

COPO WHISKY OFICIAIS CURTO B 61,04% R$ 28.799,31

KIT FERRAMENTA CRIMPAGEM B 61,12% R$ 28.676,27

PRATO PÃO OFICIAL SUBOFICAL B 61,19% R$ 28.380,48

LANTERNA ELETRICA CABEÇA B 61,26% R$ 28.376,86

MANGUEIRA FLEXIVEL B 61,33% R$ 28.027,44

COPO WHISKY PARA OFICIAIS B 61,40% R$ 27.330,37

FITA ISOLANTE ALTA TENSÃO B 61,47% R$ 27.232,54

SABÃO LIQUIDO TOALETTE B 61,54% R$ 27.017,44

COBERTOR LIMITAÇÃO DE FUMAÇA B 61,61% R$ 26.746,60

MISTURADOR ESPUMA 2 1/2POL. B 61,68% R$ 26.662,60

CAPA BELICHE B 61,75% R$ 26.527,15

BASTÃO LUMINOSO COR VERMELHA B 61,81% R$ 26.514,20

ENVELOPE PARDO 162x229mm B 61,88% R$ 26.345,34

TRENA DE AÇO 10M B 61,95% R$ 26.019,97

PRATO SOBREMESA OFICIAL GENERAL B 62,01% R$ 25.829,55

FURADOR DE PAPEL 60 FOLHAS B 62,08% R$ 25.650,92

AGUA SANITARIA B 62,15% R$ 25.474,97

CONJUNTO REVESTIMENTO EPOXI B 62,21% R$ 25.074,00

TINTA BORRACHADA CLORADA C 62,21% R$ 1.627,50

BOTA CANO LONGO TAM. 44 C 62,22% R$ 1.627,00

BANDEIRA NACIONAL TIPO 1 C 62,22% R$ 1.623,98

BANDEIRA NUMERAL NR. TIPO 2 C 62,23% R$ 1.620,70

PAVILHÃO PRESIDENTE TIPO 1 C 62,23% R$ 1.613,65

TINTA ALQUIDICA AMARELO C 62,23% R$ 1.613,26

BOTA CANO LONGO TAM. 42 C 62,24% R$ 1.605,86

FITA AÇO PERCINTAR 1/2POL. C 62,24% R$ 1.602,68

BANDEIRA ZULU TIPO 2 C 62,25% R$ 1.588,16

MACHADINHA C 62,25% R$ 1.579,31

LAPIS DERMATOLOGICO VERDE C 62,26% R$ 1.578,24

BOTA BOMBEIRO CANO MEDIO TAM.40 C 62,26% R$ 1.574,00

BOTA CANO LONGO TAM.41 C 62,26% R$ 1.563,93

EXTENSÃO LUZ 120 AC NOMINAL C 62,27% R$ 1.559,70

GALHARDETE PREP TIPO 1 C 62,27% R$ 1.558,96

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

59

59

DEFENSA BORRACHA 813x1270mm C 62,28% R$ 1.547,92

MANILHA CURVA 19mm (3,4 POL) C 62,28% R$ 1.516,54

SISTEMA AMPLIFICADOR C 62,28% R$ 1.514,00

CABO POLIPROPILENO 12mm C 62,29% R$ 1.512,90

TALHADEIRA MANUAL LAMINA CORTE C 62,29% R$ 1.508,27

VASSOURA PELO ASSOALHO C 62,29% R$ 1.490,03

LÂMINAEM AÇO CARBONO 70mm C 62,30% R$ 1.489,39

GALAHARDETE RUMOCOR TIPO 1 C 62,30% R$ 1.488,57

CHAVE AJUSTAVEL PARA TUBO 127mm C 62,31% R$ 1.485,00

LÂMPADA INCANDESCENTE 120V 60W C 62,31% R$ 1.474,75

CABO TORCIDO POLIPROPILENO 19mm C 62,31% R$ 1.471,34

CUNHA MADEIRA 1,3x 10,2 x 30,5 cm C 62,32% R$ 1.470,60

BANDEIRA INDIA TIPO 2 C 62,32% R$ 1.466,46 PAVILHÃO ALMIRANTADO TIPO 1 C 62,32% R$ 1.462,80

GALHARDETE TRES TIPO 1 C 62,33% R$ 1.459,68 Tabela 1 - Valores e percentuais financeiros dos it ens analisados

Embora seja de entendimento geral que tais percentuais de classificação

podem variar de empresa para empresa, é importante observar que o princípio ABC

no qual uma pequena percentagem de itens é responsável por uma grande

percentagem do valor de demanda ou consumo anual, normalmente ocorre.

No presente estudo, dadas as características de consumo dos itens, a curva

ABC foi criada utilizando os seguintes parâmetros: 10% dos itens são considerados

classe A e representam 85% do consumo anual. Os itens B representam 40% do

total de número de itens e 14% do valor do consumo anual. Já os itens classe C

representam 50% dos itens e 1% do valor do consumo anual.

2.7.1 PARÂMETROS UTILIZADOS

Conforme o proposto por Lee (2002), os itens devem ter uma gestão de

estoques de acordo com as características de incerteza na demanda e no

suprimento.

Para a mensuração da incerteza na demanda, este estudo utilizou o cálculo

do Coeficiente de Variação de Pearson (CVP) da demanda dos itens analisados.

Este coeficiente é obtido pela razão entre o desvio-padrão e a média. Sua principal

qualidade é a capacidade de comparação de distribuições diferentes.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

60

60

O ponto de corte para variação da demanda é o mesmo utilizado por Wanke

(2012). Ou seja, a demanda é considerada estável quando o coeficiente de variação

for abaixo de 0,5 e a demanda é considerada instável quando o coeficiente de

variação for acima de 0,5.

Para a mensuração da incerteza no suprimento, este estudo elencou sete

características do processo de suprimento, mencionadas por Lee (2002):

� Características de Fornecimento;

� Quantidade adquirida;

� Problemas com qualidade;

� Número de fornecedores;

� Variação no processo;

� Facilidade de substituição do item; e

� Lead time.

Caso o item analisado possua de zero até três (inclusive) características de

incerteza no suprimento, é considerado estável neste quesito. Caso o item analisado

possua quatro (inclusive) ou mais características de incerteza, é considerado

instável quanto ao suprimento.

Para este estudo, foram selecionados os 30 itens de cada classe (A, B e C)

com maior movimentação financeira, que permitiram efetuar uma análise e uma

visualização das características de demanda e suprimentos de cada um dos

subgrupos do setor de material comum, conforme exposto nas tabelas 2, 3 e 4

respectivamente.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

61

61

NOME DEMANDA SUPRIMENTO PANO LIMPEZA' 63,67% 1 PAPEL FORMATO A4 53,64% 1 MASCARA ESCAPE 119,17% 6 COLETE SALVA-VIDAS 115,89% 4 'TINTA ANTIINCRUSTANTE VERMELHO' 83,88% 3 COPO PLASTICO AGUA 55,21% 1 COBERTA VERDE 101,28% 2 'TINTA ANTIINCRUSTANTE PRETA' 79,78% 3 'LIQUIDO GERADOR ESPUMA' 95,61% 5 DISP. RESPIRAÇÃO 169,75% 7 TINTA ALQUIDICA CINZA BALDE 2 69,11% 3 'CILINDRO' 180,40% 5 'TINTA CINZA ANTIDERRAPANTE' 65,03% 3 'COLCHA BRANCA' 117,80% 1 'COBERTOR LA' 137,37% 2 JAQUETA SALVA-VIDAS 246,06% 4 EPOXI VERMELHA 83,85% 3 CABO NYLON (6 POL)' 105,80% 3 'SIROCO' 158,52% 5 PAPEL HIGIENICO FD 77,81% 1 PAPEL HIGIENICO FS 55,32% 1 PRATO RASO OF/SO/SG 86,29% 2 'LENCOL BRANCO' 133,37% 1 'TINTA BRANCA' 186,60% 3 TINTA ALQUIDICA CINZA BALDE 1 97,29% 3 TINTA EPOXI BRANCA' 97,62% 3 'CAL SODADA' 332,80% 5 CABO TRANCADO (12 POL)' 132,95% 3 'EDUTOR PORTATIL' 129,59% 3 'PRIMER EPOXI CINZA' 80,06% 3

Tabela 2 - Planilha itens classe A

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

62

62

NOME DEMANDA SUPRIMENTO TINTA PRIMER EPOXI PRETA FOSCA 318,00% 3 MERLIM BRANCO 151,33% 5 CAPACETE BRANCO SP 479,13% 6 LANTERNA ELETRICA CAV 145,49% 2 CINTO COURO BRANCO TAMANHO MEDIO 321,74% 4 PRATO RASO OFICIAL GENERAL 96,59% 2 LUVA ELETRICISTA 135,15% 1 LINHA NYLON TRANÇADA 5mm 182,36% 3 CABO DE AÇO 6x37+ 38mm 199,13% 2 COPO WHISKY OF/GENERAL LAPIDADO 100,04% 2 CABO TRANÇADO POLIPROPILENO 208,54% 3 TALABARTE COURO BRANCO 290,33% 4 COPO WHISKY OFICIAIS CURTO 153,11% 2 KIT FERRAMENTA CRIMPAGEM 180,75% 2 PRATO PÃO OFICIAL 122,21% 2 LANTERNA ELETRICA CABEÇA 107,85% 1 MANGUEIRA FLEXIVEL 430,68% 1 COPO WHISKY PARA OFICIAIS LONGO 114,45% 2 FITA ISOLANTE ALTA TENSÃO 115,46% 1 SABÃO LIQUIDO TOALETTE ANTISSEPTICO 80,64% 1 COBERTOR LIMITAÇÃO DE FUMAÇA 288,93% 4 MISTURADOR LINHA ESPUMA 2 1/2POL. 146,92% 5 CAPA BELICHE 296,63% 1 BASTÃO LUMINOSO COR VERMELHA 103,48% 4 ENVELOPE PARDO 162x229mm 84,14% 1 TRENA DE AÇO 10M 150,54% 3 PRATO SOBREMESA OFICIAL GENERAL 91,27% 2 FURADOR DE PAPEL 60 FOLHAS 104,86% 1 AGUA SANITARIA 220,99% 1 CONJUNTO REVESTIMENTO EPOXI 350,16% 3

Tabela 3 - Planilha itens classe B

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

63

63

NOME DEMANDA SUPRIMENTO TINTA BORRACHADA CLORADA 489,90% 3 BOTA SEGURANÇA BORRACHA 399,83% 2 BANDEIRA NACIONAL REPUBLICA BRASIL 100,61% 4 BANDEIRA NUMERAL NR. TIPO 2 205,77% 4 PAVILHÃO PRESIDENTE REPUBLICA 237,17% 4 TINTA ALQUIDICA AMARELO MUNSELL 237,26% 3 BOTA BORRACHA CANO LONGO 283,52% 2 FITA AÇO PERCINTAR 1/2POL. 210,21% 3 BANDEIRA ZULU TIPO 2 164,18% 4 MACHADINHA 250,78% 1 LAPIS DERMATOLOGICO VERDE 209,84% 3 BOTA BOMBEIRO CANO MEDIO TAM.40 173,50% 2 BOTA BORRACHA CANO LONGO TAM.41 179,30% 2 EXTENSÃO LUZ 120 AC NOMINAL 315,84% 6 GALHARDETE PREP TIPO 1 174,12% 4 DEFENSA BORRACHA 813x1270mm 489,90% 7 MANILHA CURVA 19mm (3,4 POL) 218,28% 5 SISTEMA AMPLIFICADOR 489,90% 5 CABO POLIPROPILENO 12mm 489,90% 3 TALHADEIRA MANUAL LAMINA CORTE 149,97% 2 VASSOURA PELO ASSOALHO 177,65% 1 LÂMINA SERRA EM AÇO CARBONO 248,37% 1 GALAHARDETE RUMOCOR TIPO 1 147,06% 4 CHAVE AJUSTAVEL PARA TUBO 127mm 383,73% 3 LÂMPADA INCANDESCENTE 60W 258,38% 1 CABO TORCIDO POLIPROPILENO 19mm 200,16% 3 CUNHA MADEIRA 1,3x 10,2 x 30,5 cm 235,91% 1 BANDEIRA INDIA TIPO 2 261,22% 4 PAVILHÃO ALMIRANTADO TIPO 1 220,67% 4 GALHARDETE TRES TIPO 1 162,27% 4

Tabela 4 - Planilha itens classe C

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

64

64

3 METODOLOGIA

Segundo Ludke e André (1986), para realizar uma pesquisa é preciso

promover um confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas

sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele.

Trata-se de construir uma porção do saber.

A primeira fase do processo de elaboração de uma pesquisa consiste na

determinação do seu tema. A escolha do tema deve basear-se em critérios de

relevância (importância científica e contribuição para o enriquecimento das

informações disponíveis), de exequibilidade (ou seja, acesso à bibliografia e

disponibilidade de tempo) e de oportunidade (contemporaneidade da pesquisa),

além da adaptabilidade do autor, que já deve ter os conhecimentos prévios sobre o

assunto e sobre a área de trabalho proposta (ANDRADE, 1997).

Além disso, o pesquisador pode levar em consideração a sua especialização

profissional para eleger um assunto a ser abordado em profundidade, o que está

estreitamente relacionado à especificidade. Lakatos e Marconi (2001) alertam-nos

para o fato de que o tema da dissertação deve ser especializado. As principais

vantagens da especialização são:

- a possibilidade de investigar em profundidade uma parte da ciência, chegando-se a

deduções concretas;

- a facilidade de encontrar o método adequado; e

- a viabilidade da consulta à teoria.

O tema deve ser relevante científica e socialmente, situado dentro de um

quadro metodológico ao alcance do pesquisador e com áreas novas a explorar

(AZEVEDO, 1999). Além disso, é importante que a relevância do tema dirija-se a

três beneficiários: a sociedade, a ciência e a escola (SANTOS, 1999).

3.1 O PROBLEMA

O problema é uma questão não resolvida, algo para o qual vai-se buscar uma

resposta, através de pesquisa. Pode estar referido a alguma lacuna epistemológica

ou metodológica percebida, a alguma dúvida quanto à sustentação de uma

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

65

65

afirmação geralmente aceita, à necessidade de colocar à prova uma suposição, a

interesses práticos ou à vontade de compreender e explicar uma situação do

cotidiano (VERGARA, 1997).

A definição do problema é parte decisiva do planejamento de uma pesquisa,

pois nos obriga a uma profunda reflexão. Do empenho na formulação do problema

resulta o bom planejamento que facilitará a elaboração do trabalho (ANDRADE,

1997). Segundo Barros e Lehfeld (1986), a escolha do problema de pesquisa

sempre é influenciada por fatores internos correspondentes ao próprio investigador

(curiosidade, imaginação, experiência, filosofia) e por fatores externos, a realidade

circundante ou a instituição a que o pesquisador se filia.

Para Rudio (1978), formular o problema consiste em dizer, de maneira

explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos

defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu campo e apresentando

suas características. Tendo em vista o exposto, o problema desta pesquisa foi

definido da seguinte forma: "Sugerir, dentro da estrutura do Sistema de

Abastecimento da Marinha, um tratamento específico para cada um dos subgrupos

de itens de material comum, tendo em vista suas características quanto a incerteza

de demanda e suprimentos, considerando as peculiaridades do setor público,

principalmente no âmbito militar.”.

3.2 TIPOS DE PESQUISA

Segundo Gil (1996), uma pesquisa pode ser categorizada da seguinte forma,

segundo os seus objetivos:

- Pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e

modificar conceitos, com vistas à formulação de problemas ou hipóteses

pesquisáveis. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema

escolhido é pouco explorado, tornando difícil a formulação de hipóteses precisas e

operacionalizáveis. O produto final deste processo é um problema mais esclarecido,

passível de investigação mediante procedimentos sistematizados;

- Pesquisas descritivas têm como objetivo a descrição das características de

determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre

variáveis. Uma de suas características mais significativas está na utilização de

técnicas padronizadas de coleta de dados. Dentre as pesquisas descritivas

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

66

66

salientam-se as que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua

distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, opiniões, atitudes e

crenças; e

- Pesquisas explicativas são pesquisas que têm como preocupação identificar

fatores que determinam a ocorrência de fenômenos, valendo-se do método

experimental. Nas ciências sociais, recorre-se a outros métodos, sobretudo ao

observacional. Entretanto, nem sempre se torna possível a realização de pesquisas

rigidamente explicativas em ciências sociais.

Ramos et al. (2005) classificam uma pesquisa da seguinte forma quanto à

natureza:

- Pesquisa básica: que apresenta novos conhecimentos para a ciência. Costuma

investigar novos fenômenos físicos e seus fundamentos; e

- Pesquisa aplicada: que apresenta novos conhecimentos para a prática. Utiliza o

conhecimento da pesquisa básica para resolver problemas relacionados a

aplicações concretas.

De acordo com Lakatos e Marconi (2001), o método de abordagem de

pesquisa pode ser:

- método indutivo: parte de questões particulares até chegar a conclusões

generalizadas. Este método está cada vez mais sendo abandonado, por não permitir

ao autor uma maior possibilidade de criar novas leis, novas teorias.

- método dedutivo: parte das leis e teorias e prediz a ocorrência de fenômenos

particulares, em conexão descendente. Entretanto, deve-se frisar que a dedução

não oferece conhecimento novo, uma vez que a conclusão sempre se apresenta

como um caso particular da lei geral. A dedução organiza e especifica o

conhecimento que já se tem, mas não é geradora de conhecimentos novos. Ela tem

como ponto de partida o plano do inteligível, ou seja, da verdade geral, já

estabelecida.

Tendo em vista que durante o transcorrer do curso de Mestrado, o

pesquisador permaneceu agregado à Marinha do Brasil, gerou-se a necessidade de

que este trabalho final de conclusão do curso tivesse um tema que fosse de

relevância também para o órgão citado acima. Dessa forma, este trabalho pode ser

categorizado como uma pesquisa descritiva, aplicada e dedutiva.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

67

67

3.2.1 PESQUISA QUANTITATIVA

A Pesquisa Quantitativa pode ser utilizada para medir opiniões, atitudes e

preferências. Além disso, ela também é usada para medir um mercado, estimar o

potencial ou volume de um negócio e para medir o tamanho e a importância de

segmentos de mercado. Esta técnica de pesquisa também deve ser usada quando

se quer determinar o perfil de um grupo de pessoas, baseando-se em características

que elas tem em comum (RAMOS et al., 2005).

Para se fazer uma pesquisa quantitativa, deve-se obedecer alguns conceitos

básicos de como será conduzida a pesquisa. Não se trata apenas uma descrição

formal dos métodos e técnicas a serem utilizados, mas sim de ações e medidas

necessárias ao efetivo desenvolvimento do projeto.

A técnica de coleta de dados é o conjunto de processos e instrumentos

elaborados para garantir o registro das informações, o controle e a análise dos

dados. Para que uma coleta de dados seja satisfatória, esta deve:

- ser estruturada, planejada e controlada;

- fazer uso de instrumentos para coleta de dados; e

- responder a propósitos preestabelecidos.

3.2.2 PESQUISA QUALITATIVA

A pesquisa qualitativa costuma ser direcionada, ao longo de seu

desenvolvimento. Além disso, não busca enumerar ou medir eventos e, geralmente,

não emprega instrumental estatístico para análise dos dados. Seu foco de interesse

é amplo e parte de uma perspectiva diferenciada da adotada pelos métodos

quantitativos. Dela faz parte a obtenção de dados descritivos mediante contato direto

e interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo. Nas pesquisas

qualitativas, é frequente que o pesquisador procure entender os fenômenos,

segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir, daí situe

sua interpretação dos fenômenos estudados. Os estudos de pesquisa qualitativa

diferem entre si quanto ao método, à forma e aos objetivos.

Godoy (1995) ressalta a diversidade existente entre os trabalhos qualitativos e

enumera um conjunto de características essenciais capazes de identificar uma

pesquisa desse tipo:

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

68

68

- o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento

fundamental;

- o caráter descritivo;

- o enfoque indutivo.

Para Jick (1979), é possível a combinação de métodos quantitativos e

qualitativos, denominando-a triangulação. Faz referência a outros autores, como

Campbell e Fiske, que, em 1959, propuseram a denominação “validação

convergente”, com sentido semelhante. A triangulação pode estabelecer ligações

entre descobertas obtidas por diferentes fontes, ilustrá-las e torná-las mais

compreensíveis.

Um plano cuidadoso de emprego cuidadoso de métodos quantitativos e

qualitativos deve supor que a análise dos dados se dê ao longo da execução do

estudo, o que eventualmente pode provocar seu redirecionamento. Morse (1991)

propõe o emprego da expressão triangulação simultânea para o uso ao mesmo

tempo de métodos quantitativos e qualitativos. Ressalta que, na fase de coleta de

dados, a interação entre os dois métodos é reduzida, mas, na fase de conclusão,

eles se complementam.

Tendo em vista o exposto, embora este trabalho seja prioritariamente

quantitativo, ele apresenta características quantitativas, quando faz a análise do

ambiente militar e as especificidades das compras públicas.

3.3 ANÁLISE DE AGRUPAMENTO

A análise de agrupamento (análise cluster) é a tarefa de agrupar um conjunto

de objetos de tal forma que os objetos de um mesmo grupo são mais semelhantes

entre si do que com os de outros grupos. A análise de agrupamento em si não é um

algoritmo específico, mas a forma como a tarefa em si será resolvida. Noções

populares de grupos incluem grupos com pequenas distâncias entre os membros do

cluster, áreas densas do espaço de dados, intervalos ou distribuições estatísticas. A

análise cluster pode, portanto, ser formulada na solução de um problema de

otimização. O algoritmo utilizado como parâmetro deve utilizar definições adequadas

para o caso a ser analisado (incluindo valores tais como a função de distância de

usar, um limiar de densidade ou o número de clusters esperados) e dependem do

conjunto de dados existentes.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

69

69

A análise dos resultados do agrupamento, como tal, não é uma tarefa

automática, mas um processo iterativo de descoberta de conhecimento que envolve

tentativa e fracasso. Pode vir a ser necessário modificar os parâmetros de

processamento de dados até que o resultado alcance as propriedades desejadas.

Ou seja, é necessário o entendimento de que um cluster pode não ser definido com

precisão, o que é uma das razões pelas quais há tantos algoritmos de

agrupamento. Diferentes pesquisadores empregam diferentes modelos de

fragmentação e, para cada um destes modelos de fragmentação, diferentes

algoritmos podem ser utilizados. Entender esses diferentes modelos de cluster é a

chave para a compreensão das diferenças entre os vários algoritmos. Modelos de

cluster típicos incluem:

• Modelos de conectividade: por exemplo, agrupamento hierárquico. Constroem

modelos baseados distância entre os pontos;

• Modelos de centróide: representa cada cluster por um único vetor médio;

• Modelos de distribuição: os clusters são modelados usando distribuições

estatísticas, tais como distribuições normais multivariadas;

• Modelos de densidade: definem grupos como regiões densas conectadas no

espaço de dados; e

• Biclustering (também conhecido como Co-agrupamento): os clusters são

modelados com ambos os membros do cluster e atributos relevantes.

3.3.1 AGRUPAMENTO HIERÁRQUICO

É o agrupamento baseado na conectividade, sendo centrado na ideia de

objetos sendo mais relacionados àqueles que estão mais próximos. Esses

algoritmos conectam objetos para formar clusters com base na sua distância. Um

conjunto pode ser descrito, em grande parte, pela distância máxima necessária para

ligar as partes do conjunto. Em diferentes distâncias, diferentes agrupamentos serão

formados, que pode ser representado usando um dendrograma. Um dendrograma é

um tipo específico de diagrama ou representação que organiza determinados fatores

e variáveis, onde se emprega um método quantitativo que leva a agrupamentos e à

sua ordenação hierárquica ascendente - o que em termos gráficos se assemelha

aos ramos de uma árvore que se vão dividindo noutros ramos sucessivamente. Em

um dendrograma, o eixo y marca a distância a que os aglomerados se fundem,

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

70

70

enquanto que os objetos são colocados ao longo do eixo x de tal forma que os

aglomerados não se misturam.

Na categorização dos dados, o agrupamento hierárquico é um método de

análise que visa construir uma hierarquia entre os clusters. Estratégias de

agrupamento hierárquico são, geralmente, classificadas em dois tipos:

• Aglomerativa - esta é uma abordagem tipo "bottom up", ou seja: cada

observação começa em seu próprio cluster e pares de grupos são mesclados

medida que se sobe na hierarquia.

• Divisória - esta é uma abordagem tipo "top down", ou seja: todas as

observações começam em um cluster e divisões são realizadas de forma recursiva,

quando se desce na hierarquia.

3.3.2 APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE AGRUPAMENTO HIERÁRQUICO

A análise dos dados deste trabalho teve o objetivo principal de verificar se os

subgrupos de dados propostos pelo SAbM estão dentro de um mesmo cluster, se

forem consideradas as características de incerteza na demanda e suprimentos. Além

disso, verificar para quais se algum dos subgrupos merece uma análise mais

aprofundada e se a gestão da cadeia de suprimentos proposta é coerente.

Assim sendo, foi realizada uma identificação de categorias ou subgrupos de

itens que possuam similaridade nas duas dimensões: (a) Incerteza da Demanda e

(b) Incerteza no Suprimento. Esta análise possui caráter exploratório e procura

identificar uma categorização alternativa àquelas utilizadas no presente trabalho

(classificação ABC e Categorização dos Produtos proposta pelo SAbM).

Para a realização da Análise de Agrupamento Hierárquico foi utilizada a

ferramenta estatística SPSS, com as seguintes variáveis:

• Incerteza da Demanda - valor mínimo = 0,53 e valor máximo = 4,90;

• Incerteza no Suprimento - variável ordinária, com valor mínimo = 1 e valor

máximo = 7.

Para medir a distância entre os pontos obtidos, foi utilizada a medida

euclidiana quadrática. Os objetos que estão sendo colocados em clusters serão

referidos como casos. O grau de semelhança ou dessemelhança pode ser

determinado a partir dos valores registrados para uma ou várias características. Não

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

71

71

há variáveis dependentes para análise de cluster. O procedimento de agrupamento

exige que a similaridade existente seja quantificada. Ou seja, uma medida

quantitativa para os dados de escala de intervalo é a distância entre os casos. A

distância euclidiana mede o comprimento de uma linha reta entre dois casos. O valor

numérico da distância entre os casos depende da escala de medição. Se as

medições são registradas utilizando diferentes escalas de medição, então deve-se

utilizar uma transformação para assegurar que a variabilidade das medições seja

semelhante para todas as características. Para os subgrupos de ligação ou o

método da ligação média (método padrão no SPSS), a dessemelhança entre os

clusters A e B é representada pela média de todas as possíveis distâncias entre os

casos em cluster A e os casos em conjunto B.

A tabela 5 apresenta o procedimento até a chegada dos oito grupos que

foram criados de acordo com a similaridade das características das variáveis.

Cluster Combinado Stage Cluster aparece pela primeira vez Etapa

Cluster 1 Cluster 2

Coeficientes

Cluster 1 Cluster 2

Próxima fase

1 61 79 0 0 0 79 2 5 17 0 0 0 21 3 6 21 0 0 0 12 4 52 83 0 0 0 25 5 8 30 0 0 0 21 6 25 26 0 0 0 33 7 68 71 0 0 0 11 8 7 40 0 0 0 23 9 42 51 0 0 0 61

10 44 73 0 0 0 31 11 41 68 0 0 7 36 12 2 6 0 0 3 35 13 23 37 0 0 0 39 14 69 90 0 0 0 26 15 31 74 0 0 0 46 16 14 49 0 0 0 37 17 70 82 0 0 0 34 18 20 50 0,001 0 0 29 19 46 58 0,001 0 0 37 20 43 80 0,001 0 0 42 21 5 8 0,001 2 5 45 22 11 13 0,001 0 0 45 23 7 36 0,001 8 0 38 24 24 38 0,001 0 0 50

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

72

72

25 32 52 0,002 0 4 41 26 19 69 0,002 0 14 41 27 22 57 0,002 0 0 38 28 9 63 0,002 0 0 70 29 20 55 0,002 18 0 54 30 12 75 0,003 0 0 51 31 44 72 0,003 10 0 60 32 45 48 0,005 0 0 53 33 18 25 0,006 0 6 55 34 70 85 0,006 17 0 56 35 1 2 0,007 0 12 54 36 41 86 0,007 11 0 50 37 14 46 0,009 16 19 57 38 7 22 0,01 23 27 53 39 23 34 0,01 13 0 57 40 4 54 0,012 0 0 49 41 19 32 0,015 26 25 51 42 15 43 0,016 0 20 60 43 64 89 0,018 0 0 62 44 59 87 0,018 0 0 56 45 5 11 0,018 21 22 55 46 27 31 0,02 0 15 58 47 28 56 0,025 0 0 69 48 39 77 0,03 0 0 64 49 4 29 0,035 40 0 77 50 24 41 0,043 24 36 63 51 12 19 0,044 30 41 70 52 65 88 0,047 0 0 62 53 7 45 0,047 38 32 73 54 1 20 0,048 35 29 71 55 5 18 0,049 45 33 69 56 59 70 0,053 44 34 65 57 14 23 0,061 37 39 68 58 27 60 0,068 46 0 66 59 47 62 0,077 0 0 79 60 15 44 0,082 42 31 64 61 35 42 0,083 0 9 67 62 64 65 0,12 43 52 80 63 24 66 0,124 50 0 76 64 15 39 0,202 60 48 76 65 53 59 0,247 0 56 74 66 27 84 0,255 58 0 78 67 16 35 0,256 0 61 78 68 14 81 0,258 57 0 71 69 5 28 0,281 55 47 73

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

73

73

70 9 12 0,326 28 51 75 71 1 14 0,368 54 68 83 72 33 76 0,417 0 0 82 73 5 7 0,473 69 53 81 74 53 67 0,533 65 0 85 75 3 9 0,535 0 70 77 76 15 24 0,559 64 63 81 77 3 4 0,656 75 49 80 78 16 27 0,746 67 66 86 79 47 61 0,877 59 1 86 80 3 64 0,893 77 62 84 81 5 15 0,964 73 76 83 82 33 78 1.025 72 0 88 83 1 5 1.511 71 81 85 84 3 10 2.085 80 0 87 85 1 53 2.276 83 74 87 86 16 47 2,295 78 79 88 87 1 3 4,787 85 84 89 88 16 33 5,513 86 82 89 89 1 16 7,344 87 88 0

Tabela 5 - Calendário de Aglomeração

O quadro 4 apresenta o dendrograma com a análise dos 90 itens

selecionados neste trabalho. De acordo com as suas características de demanda e

suprimentos, foram sugeridos 8 diferentes grupos que servirão como auxílio para a

análise de dados a ser feita dentro de cada subgrupo da cadeia de suprimentos de

material comum. Outro aspecto relevante a ser tratado é a hierarquização dos

grupos (clusters), ou seja, o cluster número 1 é muito mais semelhante com o cluster

2 do que se for comparado com o 8, por exemplo.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

74

74

Quadro 4 - Dendrograma dos itens de material comum analisados

Conforme exposto no quadro 4, foram gerados oito diferentes clusters. Na

análise destes agrupamentos, foi possível observar que existe na maioria dos grupos

gerados uma semelhança com os subgrupos gerados pelo SAbM. Contudo, alguns

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

75

75

dos subgrupos precisam ser analisados de maneira mais detalhada. Além disso,

diversos subgrupos do SAbM possuem o mesmo grau para incerteza no suprimento,

fato que contribui para que os mesmos estejam agrupados num mesmo cluster ou

em clusters próximos.

3.4 O CASO

3.4.1 DEPÓSITO DE SUPRIMENTOS DE INTENDÊNCIA DA MARINHA NO RIO DE

JANEIRO (DEPSIMRJ)

Com a reformulação do Sistema de Abastecimento da Marinha o Depósito de

Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro recebeu sua

denominação atual. Este novo Depósito absorveu as atribuições dos extintos

Depósito de Subsistência da Marinha no Rio de Janeiro e o Depósito de Material

Comum da Marinha no Rio de Janeiro.

Na parte de subsistência são armazenados gêneros alimentícios, secos ou

frigorificados. Já no armazém de material comum são armazenados: materiais de

expediente e limpeza, itens utilizados no controle de avarias (CAV) e combate ao

incêndio, flâmulas e bandeiras, tintas, roupa de cama, itens de restaurante (rancho),

material de marinharia e ferramentas. Esta categorização destes subgrupos de itens

é dada pelo próprio SAbM, com cada subgrupo sendo estocado dentro do mesmo

armazém, mas em diferentes paióis.

Um fator preponderante para a escolha do setor de material comum se deu

por causa da utilização de diferentes formas de gestão dentro da cadeia de

suprimentos: uma para o subgrupo das tintas e outra para os demais itens.

3.4.2 SISTEMÁTICA DE COMPRAS E ARMAZENAGEM UTILIZADA PARA O

SUBGRUPO DAS TINTAS

Por se tratar de um item estratégico para o sistema operativo da Marinha do

Brasil, existe no Sistema de Abastecimento da Marinha uma prioridade na aquisição

de tintas. O SAbM determinou que a aquisição das tintas deva ser efetuada de

maneira diferente dos demais itens. Para esse grupo de itens, a solicitação de

compra junto ao fabricante deve ser efetuada somente após a geração da

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

76

76

necessidade pelo meio operativo. Após esse início, o fornecimento deve ser

realizado pelo SAbM em, no máximo, sessenta dias. Trata-se portanto de uma

sistemática MTO (make to order). Esse procedimento é adotado devido à

especificidade do item. Por exemplo, os tipos de tintas utilizados num submarino não

possuem as mesmas características das tintas utilizadas em uma fragata. Além

disso, as tintas possuem essa diferenciação de tratamento também por possuírem

um baixo prazo de validade.

Para que seja possível realizar a compra e a entrega no prazo estipulado, o

COMRJ (órgão de compra do SAbM) mantém as licitações de todos os itens de

tintas constantemente atualizadas, na forma de Sistema de Registro de Preços

(SRP). A principal característica deste modelo de licitação é que não gera a

necessidade da aquisição de toda a quantidade licitada. Dessa forma, a efetiva

aquisição do item, com a emissão da ordem de compra, somente é efetuada após a

solicitação pelo meio operativo. Além disso, quando o fornecedor entrega qualquer

item desse grupo no armazém de material comum, o seu fornecimento para o meio

operativo é tido como prioridade. Assim sendo, as tintas permanecem em estoque

apenas o tempo necessário para que sejam feitas as verificações de especificação

dos itens.

3.4.3 SISTEMÁTICA DE COMPRAS E ARMAZENAGEM DOS DEMAIS ITENS DE

MATERIAL COMUM

Para os demais itens de material comum, as compras são efetuadas

baseadas no histórico de pedidos realizados pelas Organizações Militares

Consumidoras ao longo dos últimos três anos. Além disso, as aquisições são

efetuadas observando a disponibilidade dos recursos orçamentários e o prazo para

encerramento do exercício financeiro (prazo limite para os órgãos públicos

efetuarem suas compras).

O primeiro ponto a ser analisado sobre a previsão de demanda efetuada pelo

SAbM é que ela considera todos os pedidos: os atendidos e os não atendidos

(chamados de requisição de material em dívida). Estes pedidos que não são

atendidos, não são necessariamente atualizados pelas OMC. Ou seja, a demanda

prevista pode não necessariamente estar de acordo com a realidade. Mais uma vez,

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

77

77

trata-se de uma causa geradora de efeito chicote dentro de uma cadeia de

suprimentos.

Além disso, as compras são efetuadas de acordo com a disponibilidade

orçamentária do Sistema de Abastecimento da Marinha. Em algumas situações,

quando o recurso é disponibilizado apenas no final do exercício financeiro

(nomenclatura dada ao ano contábil dos órgãos públicos), não há tempo hábil para a

realização de todo um processo licitatório que realize a compra dos itens,

considerando os níveis de estoque e a projeção da demanda. Nesses casos, são

adquiridos itens que já possuem licitações em curso, sem que seja feita uma análise

dos níveis de estoque nem da demanda. Obviamente, desta forma, é observada

uma grande variação dos níveis de estoque, tanto a maior (dos itens adquiridos sem

necessidade) quanto a menor (dos itens que deixaram de ser adquiridos). Essa

característica observada nas compras públicas pode ser considerada como outra

importante causa geradora do efeito chicote dentro de uma cadeia de suprimentos.

3.4.4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Cada um dos oito subgrupos analisados apresenta características distintas

quanto a distribuição pela curva ABC, conforme é apresentado na tabela 6.

A B C TOTAL

Tintas 10 2 2 14

Limpeza/expediente 4 4 1 9

Roupa de cama 4 1 0 5

Acessórios de Rancho 2 6 0 8

Controle de Avarias 7 12 4 23

Marinharia 3 4 5 12

Ferramentas 0 1 9 10

Bandeiras 0 0 9 9

Tabela 6 - Categorização dos itens de acordo com o subgrupo de material comum

O setor de material comum do Sistema de Abastecimento da Marinha

apresentou um elevado grau de incerteza na demanda para todos os noventa itens

analisados. O item com menor coeficiente de variação apresentou o valor de

53,64%, enquanto o item com maior variação apresentou o valor de 489,90%. Dois

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

78

78

aspectos ficam evidentes: o coeficiente de variação da demanda é possui relação

inversa com a quantidade de itens adquiridos e o peso do valor financeiro dos itens

classe A (85%), tem forte influência na média do consumo geral.

Já quando as características quanto à incerteza do suprimento são

analisadas, alguns fatores devem ser levados em consideração devido à

especificidade do SAbM:

- Apenas é permitido um fornecedor por item dentro dos itens que são adquiridos

mediante processo licitatório (formalidade legal); e

- Dificuldade de haver troca de informações sobre a intenção de alterar fornecimento

de algum produto, devido à necessidade de segurança das informações da Marinha

e também pela aquisição ser efetuada somente de acordo com o critério de menor

preço, sem outras exigências no processo de compra.

A figura 7 apresenta uma visualização da colocação dos itens analisados

dentro da matriz proposta por Lee (2002).

Figura 7: Distribuição dos itens analisados na m atriz de incerteza

Para uma melhor visualização e análise dos resultados obtidos, este estudo

analisou separadamente os itens que compõem cada um dos seguintes subgrupos

do setor de material comum:

� Tintas;

� Limpeza e expediente;

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

79

79

� Roupa de cama;

� Acessórios de Rancho

� Controle de Avarias (CAV);

� Marinharia;

� Ferramentas; e

� Bandeiras.

Além disso, foi feita uma análise dos valores médios encontrados para cada

um desses subgrupos (figura 8), onde fica demonstrada a categorização de cada

subgrupo dentro da matriz proposta por Lee (2002). Neste gráfico, torna-se evidente

que o SAbM necessita adotar medidas para obter uma redução na incerteza da

demanda, conforme previsto na literatura. No caso específico do setor de material

comum, é possível uma visualização de boa parte da cadeia de suprimentos por

todos os membros participantes, tendo em vista não haver muitos itens com

necessidade estratégica de sigilo, como seria, por exemplo, a dotação de

armamentos ou combustíveis.

Figura 8 - Apresentação dos valores médios dos s ubgrupos de material comum na matriz de incerteza

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

80

80

3.4.4.1 SUBGRUPO DAS TINTAS

O subgrupo das tintas apresentou um elevado valor médio de consumo por

item, caracterizando-se por ter, em sua maioria, itens classe A, conforme exposto no

tabela 7. Além disso, apresentou um grau médio de incerteza na variação da

demanda de 184%. Este grupo de itens apresenta um elevado número de SKU's

(stock keeping unit) com elevada média de valor unitário de consumo, ficando

evidente a necessidade de haver um atendimento prioritário para este subgrupo.

Após o agrupamento hierárquico dos itens analisados, pôde-se perceber que

a maioria dos itens do subgrupo das tintas está dentro de um mesmo cluster, o de

número 7. Além disso, basicamente apenas os itens de tinta que são classe B e C é

que possuem um diferente agrupamento, merecendo, dessa forma, uma diferente

forma de gestão. Ainda assim, numa análise fica evidente que a maioria dos itens do

subgrupo possui características semelhantes e deve ser administrado de maneira

similar.

NOME ABC DEMANDA SUPRIMENTO CLUSTER TINTA ANTIINCRUSTANTE VERM. A 84% 3 7 TINTA ANTIINCRUSTANTE PRETA A 80% 3 7 TINTA ALQUIDICA CINZA BALDE 2 A 69% 3 7 TINTA CINZA ANTIDERRAPANTE' A 65% 3 7

EPOXI VERMELHA A 84% 3 7 TINTA BRANCA A 187% 3 8 TINTA ALQUIDICA CINZA BALDE 1 A 97% 3 7 TINTA EPOXI BRANCA' A 98% 3 7 CAL SODADA A 333% 3 2 PRIMER EPOXI CINZA A 80% 3 7

TINTA EPOXI PRETA FOSCA B 318% 3 2

CONJUNTO EPOXI B 350% 3 2

TINTA BORRACHADA CLORADA C 490% 3 1

TINTA ALQUIDICA AMARELO C 237% 3 8 Tabela 7 - Valores unitários do subgrupo das tintas

A incerteza quanto ao suprimento foi constante para os todos os itens deste

subgrupo, tendo em vista que apresentam características absolutamente similares

nesse quesito, possuindo inclusive apenas dois fornecedores capacitados para

realizar o fornecimento de acordo com as especificações exigidas pelos meios

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

81

81

operativos da Marinha. Dessa forma, o subgrupo das tintas foi considerado com grau

de suprimento três (estável), em virtude de apresentar as seguintes características:

� Fornecimento estável;

� Quantidade adquirida alta;

� Relevante índice de problemas com qualidade;

� Baixo número de fornecedores;

� Variação no processo;

� Dificuldade de substituição; e

� Baixo lead time.

A figura 9 permite uma visualização da colocação de cada item do subgrupo

tintas dentro da matriz de incertezas. Além disso, permite uma visualização de

acordo com a classe do item (A, B e C). Dessa forma, fica evidente que as tintas das

classes B e C, com menor valor de consumo, possuem maior variação no coeficiente

de variação da demanda.

Figura 9: Distribuição dos itens do subgrupo das ti ntas na matriz de incerteza

Confrontando o que foi apresentado na literatura com os resultados obtidos,

pode-se chegar à conclusão que para o subgrupo das tintas, deve ser adotada uma

cadeia de suprimentos responsiva: sem manutenção de estoque, com a aquisição

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

82

82

efetuada mediante licitação do tipo Sistema de Registro de Preços (SRP), por se

tratar de itens com valor elevado de consumo anual.

Desta forma, o Sistema de Abastecimento da Marinha adota uma política

coerente com o proposto neste trabalho.

3.4.4.2 SUBGRUPO DE MATERIAL DE LIMPEZA E EXPEDIENTE

O subgrupo de material e limpeza e expediente apresentou um elevado valor

médio de consumo por item (R$ 789.807,05), caracterizando-se por ter, em sua

maioria, itens classe A e B, conforme exposto no tabela 8. Além disso, apresentou

um grau médio de incerteza na variação da demanda de 102%.

NOME ABC DEMANDA SUPRIMENTO CLUSTER PANO LIMPEZA' A 64% 1 6 PAPEL FORMATO A4 A 54% 1 6 PAPEL HIGIENICO FD A 78% 1 6 PAPEL HIGIENICO FS A 55% 1 6

SABÃO LIQUIDO TOALETTE B 81% 1 6

ENVELOPE PARDO 162x229mm B 84% 1 6

FURADOR DE PAPEL 60 FOLHAS B 105% 1 6

AGUA SANITARIA B 221% 1 5

VASSOURA PELO ASSOALHO C 178% 1 6 Tabela 8 - Características do subgrupo de material de limpeza e expediente

A incerteza quanto ao suprimento foi constante para os todos os itens deste

subgrupo, tendo em vista que apresentam características similares nesse quesito,

possuindo diversos fornecedores. Dessa forma, o subgrupo de material de limpeza e

expediente foi considerado com grau de suprimento um (estável), em virtude de

apresentar as seguintes características:

� Fornecimento estável;

� Quantidade adquirida alta;

� Baixo índice de problemas com qualidade;

� Alto número de fornecedores;

� Baixa variação no processo;

� Facilidade de substituição; e

� Baixo lead time.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

83

83

Após o agrupamento hierárquico dos itens analisados, pôde-se perceber que

quase a totalidade dos itens encontra-se dentro de um mesmo cluster. O único item

fora deste grupo encontra-se num agrupamento próximo, o que comprova a

proximidade de características quanto à demanda e suprimentos dos itens

analisados. Dessa forma, é correta a categorização deste subgrupo proposto pelo

SAbM para fins de gestão da cadeia de suprimentos.

A figura 10 permite uma visualização da colocação de cada item do subgrupo

de material de limpeza e expediente dentro da matriz de incertezas. Além disso,

permite uma visualização de acordo com a classe do item (A, B e C). Dessa forma,

fica evidente que as tintas das classes B e C, com menor valor de consumo,

possuem maior variação no coeficiente de variação da demanda.

Figura 10: Distribuição dos itens do subgrupo de ma terial de limpeza e expediente na matriz de incerte za

Confrontando o que foi apresentado na literatura com os resultados obtidos,

pode-se chegar à conclusão que para o subgrupo de material de limpeza e

expediente, devem ser adotadas medidas para a redução da incerteza da demanda.

Evidentemente, os valores do coeficiente de variação da demanda podem ser

reduzidos se informações de toda a cadeia de suprimentos forem disponibilizadas

para os seus membros.

Dessa forma, embora os itens estejam acima do ponto de corte, com uma

demanda considerada instável, é evidente a necessidade de adequação dessa

incerteza e a utilização de uma cadeia de suprimentos eficiente: eficiência nos

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

84

84

custos, buscando economias de escala, com a manutenção de estoque mínimo e o

fornecedor levando, preferencialmente, o material direto para o consumidor final

(OMC).

3.4.4.3 SUBGRUPO DE ROUPA DE CAMA

O subgrupo de roupa de cama apresentou um elevado valor médio de

consumo por item (R$ 481.630,88), caracterizando-se por ter, quase na totalidade

itens classe A, conforme exposto no tabela 9. Além disso, apresentou um grau

médio de incerteza na variação da demanda de 157%, que pode ser facilmente

reduzida com a adoção de medidas propostas na literatura. Por fim, ficou evidente

que após o agrupamento hierárquico dos itens analisados, os itens mesmo estando

em diferentes clusters, possuem bastante similaridade, dada a proximidade dos

mesmos. Assim sendo, é coerente afirmar que este subgrupo deve possuir uma

forma única de gerenciamento.

NOME ABC DEMANDA SUPRIMENTO CLUSTER

COBERTA VERDE A 101% 2 7

COLCHA BRANCA A 118% 1 6

COBERTOR LA A 137% 2 8

LENCOL BRANCO A 133% 1 6

CAPA BELICHE B 297% 1 5 Tabela 9 - Valores unitários do subgrupo de roupa de cama

A incerteza quanto ao suprimento variou entre os graus um e dois para os

todos os itens deste subgrupo, tendo em vista que apresentam características

absolutamente similares nesse quesito. Dessa forma, o subgrupo de roupa de cama

foi considerado como estável no quesito incerteza de suprimento, em virtude de

apresentar as seguintes características:

� Fornecimento estável;

� Quantidade adquirida alta;

� Alguns dos itens com problemas com qualidade;

� Alto número de fornecedores;

� Baixa variação no processo;

� Facilidade de substituição; e

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

85

85

� Baixo lead time.

A figura 11 permite uma visualização da colocação de cada item do subgrupo

de roupa de cama dentro da matriz de incertezas. Assim como nos subgrupos

apresentados anteriormente, os itens classe A apresentam menor variação na

demanda do que o item classe B.

Figura 11: Distribuição dos itens do sub grupo de roupa de cama na matriz de incerteza

Confrontando o que foi apresentado na literatura com os resultados obtidos,

pode-se chegar à conclusão que para o subgrupo de roupa de cama devem ser

adotadas medidas para a redução da incerteza da demanda. Isso fica evidente

quando verifica-se o baixo valor unitário dos itens e a alta demanda durante o ano.

Dessa forma, as informações de toda a cadeia de suprimentos devem

disponibilizadas para os seus membros. Assim sendo, embora os itens estejam

acima do ponto de corte, com uma demanda considerada instável, é evidente a

necessidade de adequação dessa incerteza e a utilização de uma cadeia de

suprimentos eficiente: eficiência nos custos, buscando economias de escala, com a

manutenção de estoque mínimo e o fornecedor. Contudo, há a necessidade de que

o fornecedor envie o material para o Armazém de Material Comum para a

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

86

86

verificação, por parte da área técnica, das especificações do material recebido, para

que, então, o item possa ser enviado para as OMC.

3.4.4.4 SUBGRUPO ACESSÓRIOS DE RANCHO

O subgrupo acessórios de rancho apresentou um elevado valor médio de

consumo por item (R$ 177.852,26), caracterizando-se por ter, quase na totalidade

itens classe B, conforme exposto no tabela 10. Além disso, apresentou um grau

médio de incerteza na variação da demanda de 102%, que pode ser facilmente

reduzida com a adoção de medidas propostas na literatura, principalmente com a

visualização da demanda por toda a cadeia.

No agrupamento hierárquico dos itens analisados, mesmo eles estando em

diferentes clusters, a grande maioria encontra-se no cluster número 7 e os itens que

encontram-se fora destes estão em clusters bastante próximos (6 e 8). Assim sendo,

é coerente afirmar que este subgrupo deve possuir uma forma única de

gerenciamento.

NOME ABC DEMANDA SUPRIMENTO CLUSTER COPO PLASTICO AGUA A 55% 1 6 PRATO RASO OF/SO/SG A 86% 2 7

PRATO RASO OFICIAL GENERAL B 97% 2 7

COPO WHISKY OF/GENERAL B 100% 2 7

COPO WHISKY OFICIAIS CURTO B 153% 2 8

PRATO PÃO OFICIAL B 122% 2 7

COPO WHISKY LONGO B 114% 2 7

PRATO SOBREMESA OFICIAL B 91% 2 7 Tabela 10 - Valores unitários de incerteza do subgr upo de acessórios de rancho

A incerteza quanto ao suprimento apresentou, em sua maioria, o grau um

para os itens deste subgrupo. Dessa forma, o subgrupo de roupa de cama foi

considerado como estável no quesito incerteza de suprimento, em virtude de

apresentar as seguintes características:

� Fornecimento estável;

� Quantidade adquirida alta;

� Alguns dos itens com problemas com qualidade;

� Alto número de fornecedores;

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

87

87

� Baixa variação no processo;

� Facilidade de substituição; e

� Baixo lead time.

A figura 12 permite uma visualização da colocação de cada item do subgrupo

de roupa de cama dentro da matriz de incertezas. Assim como nos subgrupos

apresentados anteriormente, os itens classe A apresentam menor variação na

demanda do que o item classe B.

Figura 12: Distribuição dos itens do subgrupo de ac essórios de rancho na matriz de incerteza

Confrontando o que foi apresentado na literatura com os resultados obtidos,

pode-se chegar à conclusão que para o subgrupo de acessórios de rancho devem

ser adotadas medidas para a redução da incerteza da demanda. Isso fica evidente

quando verifica-se o baixo valor unitário dos itens e a alta demanda durante o ano.

Esses baixos valores unitários fazem com que a maioria dos itens seja classificada

como classe B. Dessa forma, as informações de toda a cadeia de suprimentos

devem disponibilizadas para os seus membros. Assim sendo, embora os itens

estejam acima do ponto de corte, com uma demanda considerada instável, é

evidente a necessidade de adequação dessa incerteza e a utilização de uma cadeia

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

88

88

de suprimentos eficiente: eficiência nos custos, buscando economias de escala, com

a manutenção de estoque mínimo e o fornecedor.

Conforme exposto, os subgrupos de material de limpeza e expediente, roupa

de cama e acessórios de rancho podem ter informações que podem ser visualizadas

por toda cadeia de suprimentos. Isso é possível pois esses itens não têm caráter

estratégico para os meios operativos da Marinha do Brasil e o compartilhamento de

informações não geraria, a princípio, risco para a segurança operativa da Marinha.

3.4.4.5 SUBGRUPO DE CONTROLE DE AVARIAS (CAV)

O subgrupo de controle de avarias apresentou um elevado valor médio de

consumo por item (R$ 273.474,04), caracterizando-se por ter, quase na totalidade

itens classe A e B, conforme exposto no tabela 11. Além disso, apresentou um

elevado grau médio de incerteza na variação da demanda (209%). Contudo, esse

grau elevado de incerteza da demanda não poderia ser reduzido de maneira a

colocá-lo abaixo do ponto de corte, tendo em vista que as possibilidades de redução

de incerteza da demanda expostas na literatura não são possíveis de serem

utilizadas em itens sensíveis à segurança dos meios operativos.

NOME ABC DEMANDA SUPRIMENTO CLUSTER MASCARA ESCAPE A 119% 6 4 COLETE SALVA-VIDAS A 116% 4 4 'LIQUIDO GERADOR ESPUMA' A 96% 5 4 DISP. RESPIRAÇÃO A 170% 7 4 'CILINDRO' A 180% 5 4 JAQUETA SALVA-VIDAS A 246% 4 2 'EDUTOR PORTATIL' A 130% 4 4

CAPACETE BRANCO SP B 479% 6 3

LANTERNA ELETRICA B 145% 1 6

CINTO COURO BRANCO B 322% 4 2

LUVA ELETRICISTA B 135% 1 6

TALABARTE COURO BRANCO B 290% 4 2

LANTERNA ELETRICA CABEÇA B 108% 1 6

MANGUEIRA FLEXIVEL B 431% 2 1

FITA ISOLANTE ALTA TENSÃO B 115% 1 6

MANTA LIMITAÇÃO DE FUMAÇA B 289% 4 2

MISTURADOR LINHA ESPUMA B 147% 5 4

BASTÃO LUMINOSO B 103% 4 4

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

89

89

TRENA DE AÇO 10M B 151% 3 7

BOTA BORRACHA CANO LONGO C 400% 2 1

BOTA CANO LONGO 2 C 284% 2 5

BOTA BOMBEIRO CANO MEDIO C 173% 2 8

BOTA BORRACHA CANO LONGO C 179% 2 8 Tabela 11 - Valores unitários de incerteza do subgr upo de controle de avarias

A incerteza quanto ao suprimento variou bastante nesse grupo de itens.

Enquanto tem-se nesse grupo itens com diversos fornecedores, facilmente

encontrados no mercado, como por exemplo, botas de borracha, outros itens são

bastante específicos e somente utilizados em meios operativos da Marinha.

Após o agrupamento hierárquico dos itens analisados, foi verificado que os

itens deste subgrupo que estão na classe A possuem uma grande similaridade. Já

os demais itens estão em grupos bastante diversos, o que evidencia a necessidade

de uma análise mais detalhada da característica dos mesmos e até um

questionamento sobre uma diferente categorização dos itens.

A figura 13 permite uma visualização dessa ampla variação quanto à variação

na incerteza do suprimento. Ainda assim, embora não tão facilmente visualizado

como nos subgrupos anteriores, é possível visualizar que os itens classe A

apresentam, em média, menor variação na demanda do que os itens classe B e C.

Figura 13 - Distribuição dos itens do subgrup o de controle de avarias na matriz de incerteza

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

90

90

Confrontando o que foi apresentado na literatura com os resultados obtidos, a

utilização de uma cadeia de suprimentos ágil, com moderada manutenção de

estoque (dois meses) e aquisições efetuadas mediante Sistema de Registro de

Preços (para os itens classe A e B) ou diretamente no mercado (itens classe C).

3.4.4.6 SUBGRUPO DE ITENS DE MARINHARIA

O subgrupo itens de marinharia apresentou um elevado valor médio de

consumo por item (R$ 115.137,70), caracterizando-se por ter itens distribuídos de

forma homogênea nas classes A, B e C, conforme exposto no tabela 12.

Apresentou um elevado grau médio de incerteza na variação da demanda (252%).

Esses itens possuem um maior consumo quando os navios da Marinha saem em

comissão. Dessa forma, é realmente coerente que esse grupo de itens tenha um

elevado grau de incerteza na demanda, não podendo ser reduzido de maneira a

colocá-lo abaixo do ponto de corte.

Na colocação dos itens dentro dos diversos clusters, foi verificado que os

itens deste subgrupo que estão na classe B possuem uma grande similaridade. Já

os itens classe A estão espalhados em dois clusters bastante distintos. Dessa forma,

excetuando-se os itens classe B, os demais precisam de uma análise mais

detalhada no que se refere a categorização dos grupos de acordo com as

características de demanda e suprimentos.

NOME ABC DEMANDA SUPRIMENTO CLUSTER CABO NYLON (6 POL)' A 106% 3 7 SIROCO A 159% 5 4 CABO TRANCADO (12 POL)' A 133% 3 7

MERLIM BRANCO B 151% 5 4

LINHA NYLON TRANÇADA 5mm B 182% 3 8

CABO DE AÇO 6x37+ 38mm B 199% 2 8

CABO TRANÇADO B 209% 3 8

LAPIS DERMATOLOGICO VERDE C 210% 3 8

DEFENSA BORRACHA 81x127mm C 490% 7 3

SISTEMA AMPLIFICADOR C 490% 5 3

CABO POLIPROPILENO 12mm C 490% 3 1

CABO TORCIDO POLIPROPILENO C 200% 3 8 Tabela 12 - Valores unitários de incerteza do subgr upo de marinharia

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

91

91

A incerteza quanto ao suprimento variou bastante nesse grupo de itens.

Embora haja itens com grau de certeza da demanda, a média (3,8) deste grupo ficou

acima do ponto de corte, pois a maioria dos itens possui grau de incerteza no

suprimento bastante elevado. Ao passo que existem itens com diversos

fornecedores neste subgrupo, outros itens como as defensas de borracha são

bastante específicos e não são facilmente encontrados no mercado.

A figura 14 permite uma visualização dessa ampla variação, tanto na variação

da incerteza do suprimento quanto na da demanda. Ainda assim, é possível

visualizar que os itens classe A apresentam, em média, menor variação na demanda

do que os itens classe B e estes uma variação menor do que os itens classe C.

Figura 14: Distribuição dos itens do subgrupo de m arinharia na matriz de incerteza

Confrontando o que foi apresentado na literatura com os resultados obtidos, a

utilização de uma cadeia de suprimentos ágil, com moderada manutenção de

estoque (dois meses) e aquisições efetuadas mediante Sistema de Registro de

Preços (para os itens classe A e B) ou diretamente no mercado (itens classe C).

Desse modo, é sugerido que a análise da melhor forma de gerenciar a cadeia de

suprimentos seja feita de acordo com a classe de material (A, B ou C) tendo em vista

a grande variação de valores no que se refere ao consumo.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

92

92

3.4.4.7 SUBGRUPO DE FERRAMENTAS

O subgrupo de ferramentas apresentou um baixo valor médio de consumo por

item (R$ 4.236,25), caracterizando-se por ter, prioritariamente, itens tanto na classe

C, conforme exposto no tabela 13. Apresentou um elevado grau médio de incerteza

na variação da demanda (245%). Esses itens possuem um maior consumo quando

os navios da Marinha saem em comissão ou entram em período de reparo e

manutenção. Dessa forma, é realmente coerente que esse grupo de itens tenha um

elevado grau de incerteza na demanda, não podendo ser reduzido de maneira a

colocá-lo abaixo do ponto de corte.

NOME ABC DEMANDA SUPRIMENTO CLUSTER KIT FERRAMENTA CRIMPAGEM B 181% 2 8

FITA AÇO PERCINTAR 1/2POL. C 210% 3 8

MACHADINHA C 251% 1 5

EXTENSÃO LUZ 120 AC NOMINAL C 316% 3 2

MANILHA CURVA 19mm (3,4 POL) C 218% 2 8

TALHADEIRA MANUAL LAMINA C 150% 2 8

LÂMINA SERRA AÇO 70mm C 248% 1 5

CHAVE PARA TUBO 127mm C 384% 3 2

LÂMPADA INCANDESCENTE 60W C 258% 1 5

CUNHA MADEIRA 1,3x 10 x 30 cm C 236% 1 5 Tabela 13 - Valores unitários de incerteza do subgr upo de ferramentas

A incerteza quanto ao suprimento pouco variou bastante nesse subgrupo de

itens, sendo todos os itens com baixo grau de incerteza no suprimento (abaixo da

linha de corte). Dessa forma, a média deste grupo ficou abaixo do ponto de corte

(1,9). Neste grupo os itens possuem diversos fornecedores, facilmente encontrados

no mercado.

Após o agrupamento hierárquico dos itens analisados, foi verificado que os

itens deste subgrupo não possuem um agrupamento homogêneo. Diversos clusters

são apresentados, com a maioria dos itens em dois grupos distintos (5 e 8). Assim

sendo, fica evidente a necessidade de uma análise mais detalhada da característica

dos mesmos e até um questionamento sobre uma diferente categorização dos itens

proposta pelo SAbM.

A figura 15 permite uma visualização dessa baixa variação da incerteza de

suprimento. Contudo, a incerteza na demanda apresenta valores absolutos e médios

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

93

93

bastante acima do ponto de corte. Além disso, o item classe B apresenta valor

menor de incerteza na demanda do que a média dos itens classe C.

Para este subgrupo de itens, é sugerida a adoção de uma cadeia de

suprimentos responsiva sem manutenção de estoque, com a aquisição efetuada

mediante compra direta no mercado, devido aos valores estarem abaixo do limite

anual que obriga a realização de licitação.

Figura 15: Distribuição dos itens do subgrupo de ferramentas na matriz de incerteza.

3.4.4.8 SUBGRUPO DE BANDEIRAS E FLÂMULAS

O subgrupo de bandeiras e flâmulas apresentou o menor valor médio de

consumo por item (R$ 1.542,55), caracterizando-se por ter exclusivamente, itens na

classe C, conforme exposto no tabela 14. Apresentou um elevado grau médio de

incerteza na variação da demanda (186%), contudo abaixo daqueles cuja demanda

está diretamente relacionada com a operacionalidade dos meios (subgrupos de

ferramentas e marinharia). Isso é confirmado pois todos os meios da Marinha do

Brasil, sejam eles operativos ou não, possuem demanda de bandeiras e flâmulas.

Dessa forma, é realmente coerente o grau de incerteza apresentado. Dessa forma,

como as bandeiras são utilizadas independente do meio operativo estar ou não em

comissão, é possível a adoção de medidas para a redução da incerteza na

demanda.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

94

94

NOME ABC DEMANDA SUPRIMENTO CLUSTER BANDEIRA NACIONAL REP. C 101% 5 4

BANDEIRA NUMERAL NR. TIPO 2 C 206% 5 4

PAVILHÃO PRESIDENCIAL 1 C 237% 5 4

BANDEIRA ZULU TIPO 2 C 164% 5 4

GALHARDETE PREP TIPO 1 C 174% 5 4

GALAHARDETE RUMOC TIPO 1 C 147% 5 4

BANDEIRA INDIA TIPO 2 C 261% 5 4 PAVILHÃO ALMIRANTADO TIPO 1 C 221% 5 4

GALHARDETE TRES TIPO 1 C 162% 5 4 Tabela 14 - Valores unitários de incerteza do subgr upo de bandeiras e flâmulas

A incerteza quanto ao suprimento se manteve constante para todos os itens

deste subgrupo, pois apresentam as mesmas características:

� Fornecimento estável;

� Baixa quantidade adquirida;

� Itens com problemas com qualidade;

� Baixo número de fornecedores;

� Alta variação no processo;

� Dificuldade de substituição; e

� Baixo lead time.

Dessa forma, a média deste grupo ficou acima do ponto de corte (5). A figura

16 permite uma visualização dessa variação na incerteza da demanda. Assim

sendo, embora os itens estejam acima do ponto de corte, com uma demanda

considerada instável, é evidente a necessidade de adequação dessa incerteza e a

utilização de uma cadeia de suprimentos de risco reduzido, com manutenção de

estoque elevado estoque de segurança (quatro meses). Além disso, é possível que

todas as compras sejam efetuadas diretamente no mercado, pesquisando em mais

de um fornecedor. Após o agrupamento hierárquico dos itens analisados, foi

verificado que os itens deste subgrupo estão todos dentro de um mesmo cluster,

ficando explícito o a correta categorização dos mesmos pelo SAbM.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

95

95

Figura 16: Distribuição dos itens do subgrupo de bandeiras e flâmulas na matriz de incerteza

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

96

96

4 CONCLUSÕES

4.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Este estudo analisou um ambiente diferenciado de qualquer outro setor da

sociedade. No ambiente militar, as normas, procedimentos e padrões de

comportamento existentes tornam o acesso a informações bastante complicado.

Dessa forma, a dificuldade em se obter os dados para este trabalho merece ser

ressaltada. Além disto, mesmo tendo sido efetuada uma ampla pesquisa

bibliográfica buscando referenciais de casos ocorridos anteriormente no ambiente

militar, não foram encontrados outros estudos que tratassem da rotina de uma

cadeia de suprimentos num ambiente militar em tempos de paz. Apenas foram

encontrados estudos referentes a situações de efetivo combate, com assuntos

abordados referentes a logística de crise e abastecimento de cadeias de

suprimentos em situações de combate real. Tendo em vista a inexistência de relação

com este estudo, não foram mencionados na revisão de literatura.

Outra restrição deste estudo se refere à quantidade de itens possíveis de

serem analisados. Embora a amostra selecionada apresente características de

todos os subgrupos do material comum, ao serem selecionados os itens com maior

consumo das classes A, B e C, os dados analisados apresentam um valor financeiro

de consumo médio acima do que realmente ocorre na realidade. Contudo, essa

opção foi feita para que os dados analisados tivessem a maior relevância possível.

Os noventa itens frutos de análise deste estudo representam 62,25% do consumo

financeiro de todos os itens de material comum nos anos de 2013 e 2014.

Por fazer uma análise bastante específica de um grupo de itens do Sistema

de Abastecimento da Marinha, este estudo não torna possível a generalização dos

resultados obtidos para outros grupos do SAbM. Por fim, houve uma limitação na

quantificação do grau de incerteza do suprimento, tendo em vista que não foi

possível uma melhor elaboração na forma de se mensurar este atributo.

4.2 ESTUDOS FUTUROS

A contribuição deste estudo é possibilitar a criação de uma ferramenta que

possa ajudar a gerenciar os itens de material comum do Sistema de Abastecimento

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

97

97

da Marinha de acordo com suas características de demanda e suprimentos. Além

disso, foi possível identificar outros aspectos que necessitam de uma análise mais

aprofundada e podem ser objeto de estudos futuros, a saber:

- itens que possuem demanda reduzida necessitam que seja efetuada a criação de

um modelo que permita uma previsão de consumo mais precisa;

- aplicação de métodos para a redução da incerteza na demanda, considerando,

principalmente, as características do ambiente militar;

- mapeamento mais detalhado da cadeia de suprimentos no ambiente estudado e

seus processos;

- levantamento das dificuldades encontradas pelos elos componentes da cadeia na

utilização da ferramenta de TI; e

- quais as origens do desalinhamento estratégico encontrado na gestão de estoques

dos subgrupos de material comum.

4.3 CONCLUSÃO

A administração de uma cadeia de suprimentos requer a análise do ambiente

onde ela se encontra. O presente estudo conseguiu analisar diversos subgrupos de

itens de maneira individualizada, de forma que representassem um fiel retrato do

que ocorre efetivamente na rotina da cadeia de suprimentos estudada.

O primeiro ponto a ser mencionado é que a gestão da cadeia de suprimentos

dentro do setor de material comum não pode ser separada apenas entre os grupos

das tintas e os demais itens. Tornou-se evidente a análise considerando todos os

outros subgrupos de itens, bem como as suas características quanto a incerteza de

demanda e suprimentos.

O segundo aspecto a ser considerado na conclusão é a evidente necessidade

da redução na incerteza da demanda dentro do setor de material comum, utilizando

as práticas propostas na literatura. Trata-se, em geral, de itens que podem e devem

ser visualizados por todos os elos da cadeia de suprimentos. Aparentemente, não

existe motivo que faça as informações dos itens analisados não possam ser

divulgadas para todos os membros da cadeia, gerando a redução da incerteza na

demanda.

Além do já citado, sugere-se que o modelo de previsão de demanda deva

considerar o consumo efetivo dos itens bem como a efetiva demanda reprimida,

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

98

98

coordenando a geração de processos licitatórios para as compras a serem

efetuadas com a efetiva necessidade apresentada pelos meios navais.

A análise cluster das características de incerteza de demanda e suprimentos

dos itens permitiu identificar que alguns dos subgrupos de material comum não

possuem elevado grau de semelhança, devendo ser feita uma análise mais

detalhada para uma possível nova categorização dos itens. Contudo, ficou evidente

que a maioria dos subgrupos possui uma semelhança e o seu agrupamento está

coerente.

Outro ponto a ser notado no desenvolvimento do trabalho é que a análise

cluster gerou o mesmo número de grupos que o adotado pelo SAbM para o setor de

material comum. Evidente que, dadas as características de incerteza na demanda e

suprimentos de cada item, a divisão não foi semelhante. Ainda assim, em diversos

momentos ela se mostrou bastante próxima, o que evidencia acertos na ideia básica

adotada pela Marinha.

Por fim, ficou evidenciada a existência de itens em estoque que, devido ao

baixo grau de incerteza de suprimentos e ao fato de estarem abaixo do valor limite

para a realização de processo licitatório, devem ser adquiridos diretamente no

mercado, sem a manutenção em estoque.

Após a análise dos dados, os subgrupos deveriam estar distribuídos dentro da

matriz de incerteza de acordo com a figura 17, devendo ser observadas as formas

de gestão da cadeia de suprimentos apresentadas na tabela 15.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

99

99

Figura 17: Cenário ideal dos subgrupos de material comum

SUBGRUPO DE ITENS CADEIA DE SUP. SUGERIDA TINTAS RESPONSIVA

LIMPEZA E EXPEDIENTE EFICIENTE ROUPA DE CAMA EFICIENTE

MATERIAL DE RANCHO EFICIENTE CAV ÁGIL

MARINHARIA ÁGIL BANDEIRAS RISCO REDUZIDO

FERRAMENTAS RESPONSIVA Tabela 15: Cadeias de suprimentos sugerida s para cada um dos subgrupos de material comum

Após a análise dos dados apresentados neste trabalho e também dos

resultados obtidos na análise, fica evidente que diversos aspectos da administração

da cadeia de suprimentos de material comum estão em consonância com a

literatura. Além disso, diversos aspectos precisam apenas de pequenas correções

no rumo para que sejam obtidos ganhos na gestão do setor de material comum.

Dado o exposto, este trabalho cumpre seu objetivo de fazer uma análise da situação

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

100

100

vigente numa área do SAbM e, principalmente, sugerir alterações possíveis de

serem implementadas no ambiente estudado.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

101

101

REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduaçã o. São Paulo: Atlas, 1997. AYERS, J. B. Handbook of Supply Chain Management . Auerbach Publications, 2006. AZEVEDO, I. B. O prazer da produção científica . Piracicaba: UNIMEP, 1999. BALLOU, R. H. Logística empresarial. São Paulo: Editora Atlas, 2001. BALLOU, R. H. – Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejament o, organização e logística empresarial . 5ed., Porto Alegre: Bookman, 2006. BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia científica, um guia básico para a iniciação científica. 2ed. São Paulo: Makron Books do Brasil, 1986. BROBOSKI, J.; ALMEIDA, R. F. S. Pregão: a nova modalidade de licitação e a sua aplicabilidade na Itaipu binacional. Disponível em: <http//www.fae.edu/publicacoes/pdf/IIseminario/.../organiacoes_12.pdf.>. Acesso em: 11 nov. 2014. BOND, E. Medição de desempenho para gestão de produção em um cenário de cadeia de suprimentos. Dissertação de Mestrado de Engenharia de Produção. Universidade de São Paulo, São Carlos, 2002. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2001. BRASIL. Lei no 8666, de 21 de junho de 1993. Normas para licitações e contratos da Administração Pública. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm>. Acesso em: 20 out. 2014. Brasil. Marinha do Brasil. Secretaria-Geral da Marinha. Normas para Execução do Abastecimento – SGM-201. 6. rev. Brasília, DF, 2006. BRAUNSCHEIDEL, M. J.; SURESH, N. C. The organizational antecedents of a firm’s supply chain agility for risk mitigation and response. Journal of Operations Management, v. 27, n. 2, p. 119-140, 2009. CAMPBELL, D. T.; FISKE, D. W. Convergent and discriminant validation by the multitrait-multimethod matrix. Psychological Bulletin , v. 56, p. 81-105, 1959. CHASE, R. B.; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J. Administração da Produção para a Vantagem Competitiva. 10 ed. São Paulo: Bookman, 2006.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

102

102

CHEN, F.; RYAN, J. K.; SIMCHI-LEVI, D. The impact of exponential smoothing forecasts on the bullwhip effect. Naval Research Logistics (NRL) , v. 47, n. 4, p. 269–286, 2000. CHOPRA, S.; MEINDEL, P. Supply Chain Management: strategy, planning and operation. New Jersey: Prentice Hall, 2001. CHRISTOPHER, M. The Agile Supply Chain: Competing in Volatile, Markets. Industrial Marketing Management , n.29, pp. 37-44, 2000 CHRISTOPHER, M. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: criando redes que agregam valor. 2 ed., Cengage Learning, São Paulo, 2009. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações. São Paulo: Ed. Atlas, 2006. COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS (CSCMP). Supply chain and logistics terms and glossary , 2009. Disponível em: <http://www.cscmp.org/Terms/glossary03.htm> Acesso em: 18 jul de 2014. DIAS, G. P. P. Gestão dos estoques numa cadeia de distribuição com sistema de reposição automática e ambiente colaborativo. São Paulo, 2003. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo – USP. DIAS, B. Logística Militar : Berço da Logística Empresarial , 2005. Disponível em: <http://www.guialog.com.br/Y626.htm>. Acesso em: 16 mai de 2015. ENAP (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA). Três exemplos de mudanças na gestão de suprimentos na administração pública federal : UFSM, GHC e 4º RCC/Pesquisa Enap. Brasília: Enap, 2002. FILHO, M. J., Curso de Direito Administrativo. 1. ed., São Paulo: Saraiva, 2005. FISHER, M. What is the right supply chain for your product? Harvard Business Review , vol. 75/2, 1997. FLEURY, P. F.; WANKE, P. e FIGUEIREDO, K. F. Logística Empresarial, a perspectiva brasileira. Ed. Atlas, São Paulo, 2000. FORRESTER, J. Industrial Dynamics. New York: MIT Press , 1961. FORRESTER, J. Industrial Dynamics. Harvard Business Review , n. 36, 1958. FROHLICH, M. T.; WESTBROOK, R. Arcs of integration: an international study of supply chain strategies. Journal of Operations Management, v.19, n.2, p.185-200, 2001. GATTORNA, J. – Living Supply Chains: alinhamento dinâmico de cadei as de valor . Ed.Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2009.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

103

103

GEORGES, M. R. R.; Cadeia de Suprimentos Solidária . XIII SEMEAD – Seminários de Administração, São Paulo, Setembro de 2010. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa . São Paulo: Atlas, 1996. GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas , v.35, n.2, 1995. HARRINGTON, H. J. Aperfeiçoando Processos Empresariais . São Paulo: Makron Books, 1993 HAX, D.C.; CANDEA A. Production and Inventory Management. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1984. HUANG, G. Q.; LAU, J. S. K.; MAK, K. L. The impacts of sharing production information on supply chain dynamics: a review of the literature. International Journal of Production Research, v.41, n.7, p.1483-1517, 2003. JICK, T. D., Mixing qualitative and quantitative methods: triangulation in action. Administrative Science Quarterly , vol. 24, no. 4, 1979. JOHNSON, M. E. Giving them what they want. Management Review , v. 87, n. 10, p. 62–67, 1998. KUNRATH, R. D. Logística Empresarial , 1ª ed. Rio Grande do Sul - Ediouro, 2007. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, proj eto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2001. LA LONDE, B., MASTERS J. M. Emerging Logistics Strategies: Blueprints for the Next Century. International Journal of Physical Distribution and Logistics Management , Vol. 24, No. 7, 2002. LAMBERT, R.; COOPER, M.; PAGH, C. Supply chain management: implementation issues and research opportunities. The International Journal of Logistics Management, v. 9, n. 2, 1998. LANDEROS, R., LYTH, D. M. Economic-lot-size models for corporative inter organizational relationships. Journal of Business Logistics , 2002. LAZZARINI, S. G.; CHADDAD, F. R.; COOK, M. L. - Integrating supply chain and network analyses: the study of netchains. In. Journal on Chain and Network Science , pp. 7-22, vol.1, n.1, 2001. LEE, H. L.; PADMANABHAN, V.; WHANG, S. Information distortion in a supply chain: the bullwhip effect. Management Science , v. 43, n. 4, p. 546-558, 1997. LEE, H.L. – Aligning Supply Chain Strategies with Product Uncertainties. California Management Review , vol 44, n. 3, 105-119, 2002.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

104

104

LÜDKE, M., ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MACULAN, G. Logística em situação de crise: utilização da model agem de sistemas para a análise de cenários no dimensioname nto de recursos. Dissertação de Mestrado de Administrção. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2014. MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2000. MENTZER, J. T.; MIN, S.; ZACHARIA, Z. G. The nature of interfirm partnering in supply chain management. Journal of Retailing , v. 76, n. 4, p. 549-568, 2000. MORSE, J., Approaches to qualitative-quantitative methodological triangulation. Nursing Research , 1991. OLIVEIRA, F. L. Gestão Estratégica das Cadeias de Suprimento com ba se no modelo de incerteza: o caso do Pólo Industrial de M anaus (PIM). Tese de doutorado no Programa de Engenharia de Transportes. Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ/COPPE, 2009. PEREIRA, M. O uso da Curva ABC nas empresas. Disponível em: <http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=5&rv=vivencia>. Acesso em 13 ago. 2014. PINTO, C. V. Organização e Gestão da Manutenção. 2 ed. Lisboa: Edições Monitor, 2002. RAMOS, P., RAMOS, M. M.; BUSNELLO, S. J. Manual prático de metodologia da pesquisa: artigo, resenha, projeto, TCC, monografia , dissertação e tese. São Paulo: Saraiva, 2005. RUDIO, F. V. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1979. SANTOS, A. R. Metodologia científica: a construção do conheciment o. Rio de Janeiro: DP & A, 1999. SILVER, E. A.; PETERSON, R.; PYKE, D. F. Decision Systems for Inventory Management and Production Planning. 3 ed., Nova York, Wiley, 1998. SLACK, N., CHAMBERS, S. e JOHNSTON, R. Administração da Produção , 2ª edição, São Paulo: Ed. Atlas S.A., 2002 SOUZA, P. T. Logística Interna Para Empresas Prestadoras de Serv iço. 2002. Disponível em: <http://guialog.com.br/ARTIGO350.htm>. Acesso em: 16 jul. 2014.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · DepSIMRJ - Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha no Rio de Janeiro DepSMRJ - Depósito de Sobressalentes da Marinha

105

105

SOUZA, W. Um estudo sobre a viabilidade de Implantação do Pre gão Eletrônico e uma contribuição na Apuração dos Resul tados nos Processos licitatórios. Vitória: Fucape, 2004. SVENSSON, G. The multiple facets of the bullwhip effect: refined and re-defined. International Journal of Physical Distribution & Lo gistics Management , n. 35, 2005. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1997. WANKE, P. Gestão de Estoques na Cadeia de Suprimento: Decisõe s e Modelos Quantitativos. São Paulo: Atlas, 2008. WARBURTON, R. D. H. An analytical investigation of the bullwhip effect. Production and Operations Management , v. 13, n. 2, p. 150-160, 2004. WICKNER, J., TOWILL, D. R., NAIN, M. Smoothing supply chain dynamics, International Journal of Production Economics , 1991.