universidade federal do rio de janeiro instituto de ... · cid-10 classificação internacional de...

140
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA Daianna Lima Thiengo Avaliação da satisfação de familiares com o atendimento fornecido por um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI) da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro 2015

Upload: others

Post on 11-Mar-2020

6 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA

Daianna Lima Thiengo

Avaliação da satisfação de familiares com o atendimento fornecido por um

Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI)

da cidade do Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro

2015

2

Daianna Lima Thiengo

Avaliação da satisfação de familiares com o atendimento fornecido por um

Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI)

da cidade do Rio de Janeiro.

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Saúde Coletiva do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva

da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em

Saúde Coletiva.

Linha de Pesquisa

Saúde Mental e Violências

Orientador

Prof. Dr. Giovanni Marcos Lovisi

Rio de Janeiro

2015

3

T434 Thiengo, Daianna Lima.

Avaliação da satisfação de familiares com o atendimento

fornecido por um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil

(CAPSI) da cidade do Rio de Janeiro / Daianna Lima Thiengo. –

Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto de Estudos em Saúde Coletiva,

2015.

139 f.; 30 cm.

Referências: f. 104-125.

Orientador: Giovanni Marcos Lovisi.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Programa de Pós-

Graduação em Saúde Coletiva, 2015.

1. Satisfação do usuário. 2. Qualidade da assistência à

saúde. 3. Cuidadores. 4. Serviços de saúde mental. 5.

Epidemiologia. 6. Saúde pública. I. Lovisi, Giovanni Marcos. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em

Saúde Coletiva. III. Título.

CDD 362.1

4

5

Agradecimentos

Primeiramente, a Deus pela determinação concedida e pela concretização de

mais um sonho e de muitos outros que se tornarão realidade.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Giovanni Marcos Lovisi, que me acolheu

e me orientou com tamanha dedicação,

ao longo de todos estes anos.

Às professoras Drª. Lúcia Abelha, Drª. Leticia Legay, Profª. Drª Jacqueline Cintra

pelo acolhimento e contribuições em todo o curso.

Às minhas amigas de percurso, Dra. Priscila Krauss, Dra. Simone Agadir, Dra.

Tatiana Carpinteiro, Me. Edna Monteiro e Me. Vivian Costa

por todos os momentos de auxílio, companheirismo e divertimento,

principalmente via "WhatsApp".

À equipe do CAPSI CARIM e aos familiares que aceitaram participar e

contribuiram para este estudo.

Aos meus pais e irmã que sempre me apoiaram e compartilharam comigo

tanto os momentos difíceis como os de alegria.

Ao meu marido, Guilherme, pelos momentos de compreensão e carinho, que me

encorajou nos momentos de desânimo,

e que esteve ao meu lado todo esse tempo.

Este trabalho não poderia ter sido construído sem

a ajuda dos que me cercam

e querem meu bem.

A todos, meu muito

Obrigada.

6

♫"Happiness hit her like a train on a track

Coming towards her stuck still no turning back"♫

Música: Dogs day are over

Artista: Florence And The Machine

7

Lista de Abreviaturas e Siglas

ᵅ Alpha de Crombach

ANOVA Análise de Variância

β Beta

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CAPA Child and Adolescent Psychiatric Assessment

CAPS Centro de Atenção Psicossocial

CAPSI Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil

CARIM Centro de Atenção e Reabilitação da Mocidade

CIDI Composite International Diagnostic Interview

CID-10 Classificação Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados com a Saúde

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CSQ Client Satisfaction Questionnaire

DAWBDA Developmental and Well-Being Assessment

DECS Descritores de Ciências em Saúde

DISC-IV Diagnostic Interview Schedule for Children

DSM Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

DSM-IV Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (4º

Edição)

DSM-IV-TR Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (4º

Edição - texto revisado)

dp desvio padrão

EMEP Estratégias de Modos de Enfrentamento de Problemas

ESQ Experience of Servive Questionnaire vii

8

EVE Eventos de Vida Estressantes

F Teste F

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC Intervalo de confiança

IPSI Inpatiente Parental Satisfaction Index

KSADS-PL Schedule for Affective Disorders and Schizophrenia for

School-Age Children

Log10 Logaritmo de base 10

M Média

MAPS Multidimensional Assessment of Parental Satisfaction

MINI Mini International Neuropsychiatric Interview

MOS Medical Outcome Studies

NI Não Informado

NOAS Norma Operacional de Assistência à Saúde

OMS Organização Mundial da Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

p P-valor

PSQ Parent Satisfaction Questionnaire

r Correlação de Pearson

R Estatística de teste

R2 Coeficiente de Determinação

RAS Rede de Atenção à Saúde

SATIS-BR Avaliação da Satisfação dos Familiares com os Serviços de

Saúde Mental

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

viii

9

SUS Sistema Único de Saúde

t Teste T

T Teste de Tolerância

TDAH Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

VIF Variance Inflation Factor

WHO World Health Organization

ix

10

Lista de Tabelas

ARTIGO 1

Tabela 1. Características dos estudos que investigaram a prevalência de

transtornos mentais entre crianças e adolescentes nos últimos 13

anos........................................................................................................................32

Tabela 2. Características dos estudos que investigaram a prevalência de

transtornos mentais entre crianças e adolescentes e principais

resultados...............................................................................................................35

ARTIGO 2

Tabela 1. Características dos estudos que avaliaram a satisfação com os serviços

de saúde mental infantojuvenil entre familiares nos últimos 20

anos........................................................................................................................87

Tabela 2. Características dos estudos que avaliaram a satisfação com os serviços

de saúde mental infantojuvenil entre familiares nos últimos 20 anos

(Continuação).........................................................................................................89

ARTIGO 3

Tabela 1. Características sociodemográficas e psicossociais dos familiares de

pacientes atendidos no CAPSI CARIM entre os meses de agosto e outubro,

2014....................................................................................................................127

x

11

Tabela 2. Média de satisfação dos familiares segundo grupo diagnóstico dos

pacientes atendidos no CAPSI CARIM entre os meses de agosto e outubro,

2014.....................................................................................................................130

Tabela 3. Teste t e análise de variância (Anova) entre satisfação com o serviço

global e variáveis sociodemográficas e psicossociais.........................................131

Tabela 4. Análise de correlação entre as variáveis psicossociais e subitens da

escala de satisfação com o serviço de saúde mental (SATIS-BR)....................132

Tabela 5. Regressão múltipla entre a variável satisfação global com o serviço e

variáveis independentes que permaneceram no modelo final............................134

xi

12

Lista de Quadros

ARTIGO 2

Quadro 1. Sintaxes empregadas nas respectivas bases de dados durante busca

bibliográfica.........................................................................................................83

Quadro 2. Itens do “Checklist for Measuring Quality” utilizados para a avaliação

qualitativa dos artigos.........................................................................................85

xii

13

Lista de Figuras

TESE

Figura 1. Esquema de possíveis variáveis que contribuem para a satisfação com

os serviços de saúde mental.................................................................................77

ARTIGO 1

Figura 1. Fluxograma da revisão sistemática........................................................30

ARTIGO 2

Figura 1. Fluxograma da revisão sistemática........................................................90

xiii

14

Resumo

THIENGO, Daianna Lima. Avaliação da satisfação de familiares com o atendimento fornecido por

um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI) da cidade do Rio de Janeiro. Tese

(Doutorado em Saúde Coletiva). Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

INTRODUÇÃO: Após a reforma da assistência psiquiátrica, a família passou a ser parte

integrante do processo de avaliação do serviço de saúde mental. Nesse contexto, uma das

medidas mais utilizadas para a avaliação da qualidade do serviço é a satisfação. OBJETIVO: O

presente estudo teve como objetivo avaliar a satisfação com o serviço e sua relação com aspectos

sociodemográficos e psicossociais, entre familiares de pacientes de um CAPSI. MÉTODOS:

Estudo Seccional, com cárater de pesquisa avaliativa, onde participaram 102 familiares que

acompanhavam pacientes em um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil, na cidade do Rio

de Janeiro, entre os meses de agosto e outubro de 2015. Os familiares responderam sobre

características sociodemográficas, eventos de vida estressantes, sobrecarga, qualidade de vida,

apoio social e estratégias de enfrentamento. A satisfação com o serviço foi avaliada através da

Escala de Avaliação da Satisfação dos Familiares com os Serviços de Saúde Mental (SATIS-BR).

RESULTADOS: Os familiares estavam satisfeitos com o serviço (M=3,9; dp=0,6). Fatores

relacionados à satisfação foram: resultados do tratamento, acolhida e competência do serviço,

privacidade e confidencialidade do serviço, diagnóstico de autismo do paciente, sexo feminino do

familiar, menor sobrecarga, melhor qualidade de vida nos aspectos físico, psicológico e ambiental,

maior apoio material e maior utilização de estratégias de enfrentamento focalizadas no problema.

CONCLUSÃO: É possível que as reuniões em grupo promovidas pelo serviço tenham auxiliado

esses familiares a lidar com a sobrecarga de cuidados do dia-a-dia, influenciado de forma positiva

a avaliação da satisfação com o serviço. Identificar os fatores que possam influenciar a satisfação

dos familiares com o serviço, pode ser de grande auxílio para a construção de serviços mais

adequados às necessidades dessas famílias e pacientes.

Palavras - chave: Satisfação do usuário, qualidade da assistência à saúde, cuidadores,

serviços de saúde mental.

xiv

15

Abstract

INTRODUCTION: After the reform of psychiatric care , the family has become an integral part of

the evaluation process of the mental health service. In this context, one of the measures most

commonly used to assess the quality of service is the satisfaction. OBJECTIVE: This study aimed

to assess satisfaction with the service and its relationship to sociodemographic and psychosocial

aspects , among relatives of patients of a CAPSI. METHODS: Sectional study, with character

evaluative research, attended by 102 family members who accompany patients in a Psychosocial

Care Center of Children in the city of Rio de Janeiro, between August and October 2015. The

family asked about sociodemographic characteristics, stressful life events, burden, quality of life,

social support and coping strategies. Satisfaction with the service was assessed by Scale for

Evaluation of Family Satisfaction with Mental Health Services (SATIS -BR). RESULTS: Family

members were, on average, satisfied with the service. Factors related to satisfaction were:

treatment outcomes, hospitality and competence of service, privacy and confidentiality of the

service, diagnosed with autism patient, female family, less burden, better quality of life in physical,

psychological and environmental aspects, greater material support and greater use of coping

strategies focused on the problem. CONCLUSION: Identify factors that may influence the

satisfaction familiar with the service, can be of great help for the construction of more adequate

services to the needs of these families and patients.

Keywords: Users’ satisfaction, quality of health care, caregivers, mental health services

xv

16

Sumário

Lista de Abreviaturas e Siglas...........................................................................................................vii

Lista de Tabelas.................................................................................................................................x

Lista de Quadros................................................................................................................................xi

Lista de Figuras................................................................................................................................xiii

Resumo............................................................................................................................................xiv

Abstract.............................................................................................................................................xv

1. Introdução.....................................................................................................................................18

2. Referencial Teórico......................................................................................................................21

2.1. Transtornos mentais na população infantojuvenil....................................................................21

2.1.1. Artigo 1: Prevalência de transtornos mentais entre crianças e adolescentes e fatores

associados: Uma revisão sistemática.............................................................................26

2.2. Sobregarca sobre o familiar ao cuidar de uma criança ou jovem com transtorno

mental......................................................................................................................................39

2.2.1. A inclusão de familiares na assistência em saúde mental................................................42

2.3. Assistência em saúde mental infantojuvenil no Brasil.............................................................45

2.3.1. Os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI’s) ........................................45

2.3.2. Caracterização dos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil................................47

2.4. Satisfação com os serviços de saúde ......................................................................................49

2.4.1. Conceitos de satisfação....................................................................................................49

2.4.2. Satisfação dos familiares com os serviços de saúde mental............................................51

2.4.3. Artigo 2: Satisfação dos familiares com os serviços de saúde mental para crianças e

adolescentes: Uma revisão sistemática........................................................................54

3. Justificativa...................................................................................................................................62

4. Objetivos.......................................................................................................................................64

4.1. Objetivo Geral.......................................................................................................................64

17

4.2. Objetivos Específicos...........................................................................................................64

5. Material e Métodos.......................................................................................................................65

5.1. Desenho de Estudo..............................................................................................................65

5.2. Local de Estudo....................................................................................................................65

5.3. População de Estudo...........................................................................................................67

5.4. Critérios de Inclusão.............................................................................................................68

5.5. Instrumentos.........................................................................................................................68

5.6. Coleta de Dados...................................................................................................................72

5.7. Análise dos Dados................................................................................................................72

5.8. Aspectos Éticos....................................................................................................................73

6. Resultados...............................................................................................................................75

6.1. Artigo 3: Satisfação de familiares com um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil

(CAPSI) da cidade do Rio de Janeiro..................................................................................75

7. Referências................................................................................................................................104

8. Anexos.......................................................................................................................................126

18

1. Introdução

A literatura científica demonstra que as famílias influenciam e são

influenciadas pela saúde dos seus membros, sendo fundamental também avaliar

o contexto de saúde e doença através do familiar (DONABEDIAN, 2005). No

processo de adoecimento, a família, que possui características de proximidade e

convivência, tem maiores condições de acompanhar o processo de saúde-doença

de seus membros (WHO, 2001).

Nos últimos anos, a nova política de saúde mental no Brasil possibilitou

uma maior participação da família no cenário da assistência psiquiátrica. A

Organização Mundial da Saúde (OMS) considera essa nova política como um dos

grandes avanços em saúde mental por assegurar os direitos humanos aos

portadores de transtornos mentais, além de considerar a família como mais uma

estratégia de intervenção (BANDEIRA et al., 2011; WHO, 1996). Após a reforma

da assistência psiquiátrica os serviços de atenção comunitária em saúde mental,

incluindo os serviços infantojuvenis, passaram a exigir uma participação mais

ativa dos familiares.

A família constitui o primeiro universo de relações sociais da criança ou

jovem, podendo proporcionar-lhe um ambiente de crescimento e

desenvolvimento, especialmente em se tratando de crianças e jovens com

transtorno mental, os quais requerem atenção e cuidados específicos. A família

pode colaborar na melhora da incapacidade da criança e do jovem com transtorno

mental, sendo tal fator determinante na evolução do tratamento e sua adaptação

(SPROVIERI, ASSUMPÇÃO, 2001). Deste modo, os familiares podem contribuir

para a ação política e coletiva, sendo mais uma ferramenta que poderá auxiliar na

avaliação dos serviços em saúde mental (WEISS, 1988). A avaliação da

percepção da satisfação dos familiares sobre o serviço de saúde poderá interferir

na acessibilidade, na criação de vínculos e na consequente continuidade do

cuidado, e terá reflexos na capacidade da equipe para coordenar o cuidado

(SANT'ANNA, FONTOURA, 1996; OPAS, 1990).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem estimulado a prática de

avaliar os serviços de saúde com o objetivo de garantir a qualidade dos mesmos.

19

No que diz respeito ao campo da avaliação em saúde, essa se trata de

realizar um julgamento sobre uma intervenção ou serviço, onde esse julgamento

possa produzir informações relevantes para aprimorar a intervenção ou a

estrutura de um serviço (BROUSELLE et al., 2011).

Existem dois tipo de avaliação: avaliação normativa, onde o julgamento

de uma intervenção ou serviço se dá através do cumprimento de critérios ou

normas pré-estabelecidas, e pesquisa avaliativa, onde através de procedimentos

científicos busca-se compreender as relações que existem entre os diferentes

componetes de uma intervenção ou serviço (BROUSELLE et al., 2011).

Diferentes atores podem atuar juntos e promover mudanças no processo

de intervenção ou serviço (PASSOS, BENEVIDES, 2009). Deste modo, em

meados da década de 90, a OMS passou a recomendar na abordagem avaliativa,

a inclusão de pessoas envolvidas com o acompanhamento de pacientes, como

familiares (RIBEIRO, 2007; GOMES, ERDMANN, 2005; VASCONCELLOS, 1992).

Uma das medidas mais utilizadas para se avaliar a qualidade de um

serviço é através da satisfação (MISHIMA, 2010). A satisfação com o serviço diz

respeito a um conjunto variado de reações diante à experiência dos cuidados em

saúde (ESPERIDIÃO, TRAD, 2006). As características que contribuem para

satisfação com os serviços de saúde em geral são: características dos pacientes,

como aspectos sociodemográficos e clínicos; características dos profissionais,

como traços de personalidade e qualidade técnica; aspectos da relação médico-

paciente; e fatores estruturais e ambientais, como tempo no serviço e frequência

de atendimento (TESSLER, GAMACHO, 2000).

Em relação à saúde mental, os fatores associados à satisfação com os

serviços ainda não foram bem definidos devido à escassez de estudos. Algumas

pesquisas internacionais relatam associação entre satisfação e maior colaboração

do serviço, menor gravidade do transtorno mental, menos eventos estressantes,

menor sobrecarga do familiar e mais apoio social ao familiar (STENGARD et al.,

2000; SANT'ANNA, FONTOURA, 1996).

No Brasil, até então, não havia nenhum estudo sobre este tema, em

relação aos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI). Portanto a

avaliação dos familiares sobre a satisfação com os serviços de saúde mental

20

pode ser particularmente útil, porque eles podem assumir a posição de principais

provedores de cuidados nas atividades cotidianas, na supervisão aos

comportamentos problemáticos e no uso dos medicamentos, deste modo

afetando os resultados do tratamento (SANT'ANNA, FONTOURA, 1996; OPAS,

1990). Além disso, incluir os familiares de crianças e jovens na avaliação do

tratamento e conhecer os fatores que contribuem para sua satisfação com o

serviço, pode permitir ao serviço a adoção de práticas que auxiliem o familiar,

contribuindo para diminuição do grau de sobrecarga com o papel de cuidador e

possibilitando maior continuidade ao tratamento (BANDEIRA et al., 2005;

SANT'ANNA, FONTOURA, 1996).

21

2. Referencial Teórico

2.1. Transtornos mentais na população infantojuvenil

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2001), a faixa etária que

compreende a infância vai de 0 à 9 anos de idade, enquanto que a adolescência

compreende a faixa etária entre 10 e 19 anos. Já o conceito de juventude

compreende dos 15 aos 24 anos de idade. Conforme estimativa da Organização

das Nações Unidas (ONU), as crianças representam cerca de 27% e os

adolescentes representam cerca de 25% da população mundial (OSELKA,

TROSTER, 2000). Segundo estimativas obtidas através da interpolação da

população entre os Censos do IBGE, no Brasil em 2012, residiam cerca de 15,1%

crianças e 17,9% de adolescentes (BRASIL, 2012).

Nestas populações são encontradas altas taxas de prevalência de

transtornos mentais. Em revisão de literatura internacional, que incluiu trabalhos

realizados a partir de 1980, foram encontradas taxas de prevalência global de

transtornos mentais que variaram de 1,0% a 51,0% (média de 15,8%). As taxas

de prevalência tendem a aumentar proporcionalmente com a idade, sendo que a

prevalência média entre os pré-escolares foi de 10,2%, entre os pré-adolescentes

(seis a doze ou treze anos), de 13,2%, e entre os adolescentes, de 16,5%

(Roberts et al, 1998). No Brasil, estudos registraram taxas de prevalência em

crianças e adolescentes de 12,6 a 35,2%, quando os informantes foram os pais

ou crianças/adolescentes; quando utilizada uma entrevista diagnóstica, a taxa

variou entre 7 e 12,7% (PAULA et al., 2007).

Estes transtornos incluem desde transtornos globais do

desenvolvimento (como o autismo) até outros ligados a fenômenos de

externalização (como transtornos de conduta, hiperatividade), internalização

(depressão, transtornos de ansiedade) e uso abusivo de substâncias. Além da

sintomatologia, há considerável variação no período de incidência, já que alguns

transtornos aparecem na infância e outros apenas na adolescência, e nos tipos de

prejuízos relacionados, adicionando complexidade à avaliação diagnóstica

(COUTO et al., 2008). Os transtornos mais comuns estão associados aos

22

sintomas psicopatológicos relacionados ao comportamento, atenção, aos

sintomas emocionais (como depressão) e hiperatividade (HOFFMAN et al., 2008).

Contudo ainda existem algumas dificuldades para identificação de

transtornos mentais na população infantojuvenil, tais como: a indefinição de

normal e patológico para determinada idade e contexto sociocultural; as variações

qualitativas e quantitativas de cada sintoma; o fator do desenvolvimento, a

implicação em avaliar algo que a priori está em transformação. Outras variáveis

que podem interferir na avaliação de sintomas são a percepção do informante e

suas características (pais, professores e vizinhos terão percepções distintas

acerca de uma mesma problemática); os métodos e tipos de instrumentos para

avaliação usados por diferentes profissionais que nem sempre são padronizados,

o que gera diferentes classificações (LAURIDSEN-RIBEIRO, TANAKA, 2005).

Apesar da dificuldade de classificações dos diagnósticos na população

infantojuvenil, temos duas classificações internacionais amplamente utilizadas.

As classificações mais utilizadas são o Diagnostic and Statistical Manual of Mental

Disorders - DSM/ 4° Review (DSM-IV-TR, 2002) e o International Statistical

Classification of Diseases and Related Health Problems – ICD/ 10ª Review (OMS,

1992).

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) foi

publicado em 1952 pela Associação Americana de Psiquiatria. Ele foi

desenvolvido a partir do antigo sistema de classificação adotado em 1918 para

reunir a necessidade do Departamento de Censo Americano de uniformizar

estatísticas vindas de hospitais psiquiátricos e de sistemas de categorização

usados pelo exército norte-americano. Existem cinco revisões para o DSM desde

sua primeira publicação em 1952. A maior revisão foi a DSM-IV publicada em

1994 (SCHAFFER, 1996). Uma revisão do DSM-IV, conhecida como DSM-IV-TR,

foi publicada em 2000. Nesta última, as categorias diagnósticas e a vasta maioria

dos critérios específicos para diagnósticos permaneceram inalteradas. Cada

seção traz informações extras em cada diagnóstico que foi atualizado, assim

como para alguns códigos diagnósticos devido à manutenção de sua consistência

com o Composite International Diagnostic (APA, 2000). Em maio de 2013 foi

23

lançado o DSM-V, a versão mais atual do manual, porém esta versão ainda passa

por críticas quanto à sua validade (BURNS et al., 2013).

Os grupos de transtornos e respectivos códigos que comumente se

referem à infância e adolescência no DSM-IV-TR são:

Retardo Mental

317 - Retardo mental leve; 318.0 - Retardo mental moderado;

318.1 - Retardo mental severo; 318.2 - Retardo mental profundo;

319 - Retardo mental, gravidade inespecificada.

Transtornos de Aprendizagem

315.0 - Transtorno de leitura; 315.1 - Transtorno de matemática;

315.2 - Transtorno de expressão escrita; 315.9 - Transtorno de

aprendizagem não especificado.

Transtorno de Coordenação Motora (315.4)

Transtornos da Comunicação

315.31 - Transtorno da linguagem expressiva; 315.31 - Transtorno

da linguagem expressiva e receptiva; 315.39 - Transtorno

fonológico; 307.0 - Gagueira; 307.9 - Transtorno da comunicação

não especificado.

Transtornos Gerais do Desenvolvimento

299.00 - Autismo; 299.80 - Transtorno de Rett; 299.10 -

Transtorno desintegrativo da infância; 299.80 - Transtorno de

Asperger.

Transtornos do Comportamento e Déficit de Atenção

314.xx - Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (314.01 -

tipo combinado; 314.00 - tipo predominante desatento); 314.9 -

Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade não especificado;

24

312.8 - Transtorno de conduta; 313.81 - Transtorno de rebeldia

persistente; 312. 9 - Transtorno do comportamento disruptivo não

especificado).

Transtornos de Alimentação da Primeira Infância e da Infância

307.52 - Pica; 307.53 - Transtorno da ruminação; 307.59 -

Transtorno da alimentação da primeira infância e na infância.

Transtorno de Tiques

307.23 - Trastorno de Tourette; 307.22 - Transtorno de tique

nervoso crônico motor ou vocal; 307.21 - Transtorno de tique

transitório; 307.20 - Transtorno nervoso não especificado.

Transtornos de Eliminação

787.6 - Com obstipação e incontinência urinária; 307.7 - Sem

obstipação e com incontinência urinária; 307.6 - Enurese, não

relacionada à condição clínica geral.

Outros Transtornos da Primeira Infância, da Infância ou da

Adolescência

309.21 - Transtorno de ansiedade de separação; 313.23 -

Mutismo seletivo; 313.89 - Transtorno reativo do vínculo na

primeira infância ou na infância; 307.3 - Transtorno do movimento

estereotipado; 313.9 - Transtorno da primeira infância, da infância

ou da adolescência não especificado.

Outra classificação muito utilizada, a Décima Revisão da Classificação

Internacional de Doenças e de Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) é a

última de uma série que se iniciou em 1893 (OMS,1992). Neste os transtornos

foram agrupadas de forma a torná-los mais adequados aos objetivos de estudos

epidemiológicos gerais e para a avaliação de assistência à saúde no mundo todo.

25

O capítulo V corresponde aos Transtornos mentais e comportamentais. É muito

utilizada em pesquisas fora do âmbito nacional.

Os grupos de transtornos e respectivos códigos que comumente se

referem à infância e adolescência segundo o CID-10 são:

Retardo mental

F70 - Retardo mental leve; F71 - Retardo mental moderado; F72-

Retardo mental grave; F73 Retardo mental profundo; F78- Outro

retardo mental; F79 - Retardo mental não especificado.

Transtornos do desenvolvimento psicológico

F80 - Transtornos específicos do desenvolvimento da fala e da

linguagem; F81 - Transtornos específicos do desenvolvimento das

habilidades escolares; F82 - Transtorno específico do

desenvolvimento motor; F83 - Transtornos específicos misto do

desenvolvimento; F84 - Transtornos globais do desenvolvimento,

F88 - Outros transtornos do desenvolvimento psicológico; F89 -

Transtorno do desenvolvimento psicológico não especificado.

Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem

habitualmente durante a infância ou a adolescência

F90 - Transtornos hipercinéticos; F91 - Distúrbios de

conduta; F92 - Transtornos mistos de conduta e das emoções;

F93 - Transtornos emocionais com início especificamente na

infância; F94 - Transtornos do funcionamento social com início

especificamente durante a infância ou a adolescência; F95 -

Tiques; F98 - Outros transtornos comportamentais e emocionais

com início habitualmente durante a infância ou a adolescência.

Transtorno mental não especificado (F99).

As informações desse capítulo foram complementadas no artigo a seguir.

26

2.1.1. Artigo 1

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

2.2. Sobrecarga sobre o familiar ao cuidar de uma criança ou jovem com

transtorno mental

A família é uma instituição da sociedade, a qual deve proporcionar a

seus elementos apoio emocional, econômico e social, que possibilitem seu

desenvolvimento e sua inserção social (TERKELSEN, 1980). Esta constitui um

grupo com dinâmicas de relação muito diversificadas, cujo funcionamento muda

em decorrência de qualquer alteração que venha a ocorrer em um de seus

membros ou no grupo como um todo (SILVA, DESSEN, 2001).

Quando um de seus membros encontra-se doente, pode se gerar a

tensão na família, no sentido de compreender a doença e atendê-la, ou seja, o

funcionamento das famílias sob condições incomuns de tensão pode leva-lás à

desorganização, não facilitando a saúde emocional e não favorecendo a inserção

social do paciente (TERKELSEN, 1980). O impacto sentido pela família com a

chegada de uma criança com algum tipo de deficiência pode ser muito forte.

Segundo Brito, Dessen (1999), esse momento é traumático, podendo causar uma

forte desestruturação na estabilidade familiar. O momento inicial é sentido como o

mais difícil para a família (PETEAN, 1995), a qual tem que buscar a sua

reorganização interna (TAVEIRA, 1995) que, por sua vez, depende de sua

estrutura e funcionamento enquanto grupo e, também, de seus membros,

individualmente. A família pode passar por um longo processo de superação até

chegar à aceitação da sua criança com algum transtorno mental: do choque, da

negação, da raiva, da revolta e da rejeição, dentre outros sentimentos, até a

construção de um ambiente familiar mais preparado para incluir essa criança

como um membro integrante da família (SILVA, DESSEN, 2001).

Na maior parte das vezes, a família é a fonte do principal cuidador,

onde na maioria das vezes as mulheres adultas e idosas se sobressaem nestes

cuidados (RICARTE, 2009; STONE et al., 1987). Sabe-se, também, que algumas

situações costumam determinar esta escolha: proximidade parental (esposas e

filhas), proximidade física, proximidade afetiva e o fato de ser mulher (MENDES,

1995). Ricarte (2009) salienta que existe sempre um cuidador principal, sendo

este, alguém reconhecido e percebido pelo próprio dependente, como quem está

40

mais presente, que o acompanha e presta os cuidados diretos. O Ministério da

Saúde afirma que:

"Cuidador é a pessoa, membro ou não da família, que, com ou

sem remuneração, cuida do doente ou dependente, no exercício

das suas atividades diárias, tais como alimentação, higiene

pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de

saúde e demais serviços requeridos no cotidiano - como por

exemplo, a ida a bancos ou farmácias, excluídas as técnicas ou

procedimentos identificados com profissões legalmente

estabelecidas, particularmente na área da enfermagem."

(BRASIL, 1999, pág. 20).

Os problemas relacionados ao comportamento do individuo com

transtorno mental e a própria condição do transtorno podem ser os causadores

das tensões mais comuns encontradas entre os familiares. Neste caso são

comuns padrões repetitivos de comportamento, tais como estereotipias, baixo

nível de comunicação e necessidade de grandes cuidados, fatores estes que

aumentam a tensão entre os familiares (SCHIMIDT et al., 2007).

O grau de incapacidade social da criança ou adolescente com

transtorno mental tende a contribuir para o estresse parental (SILVA, DESSEN,

2004). Pisula (1998) examinou o perfil de estresse em 138 mães de crianças com

várias incapacidades mentais (autismo, Síndrome de Down, paralisia infantil e

transtornos mentais diversos) e crianças normais. O perfil de estresse nas mães

se diferenciou nos grupos segundo a natureza da incapacidade, onde quanto

maior o nível de incapacidade da criança, mais frequente eram os eventos

estressantes e maiores os níveis de sobrecarga familiar.

A convivência com o transtorno mental pode implicar em um aumento

da sobrecarga familiar caracterizada por dificuldades como: problemas no

relacionamento com o familiar, aumento da frequência de eventos estressantes

por conviverem com uma situação instável e de dependência para atividades

cotidianas (WAIDMAN, 2004). A sobrecarga pode ainda ser objetiva ou subjetiva.

A primeira, identificada com maior intensidade, talvez por ser mais concreta, está·

41

relacionada com as demandas reais que a convivência com o transtorno mental

impõe como dar comida, cuidar das roupas, dos horários dos medicamentos. Já a

sobrecarga subjetiva refere-se à percepção pessoal do familiar sobre a

experiência de conviver com a crianças e o adolescentes com transtorno mental,

seus sentimentos quanto à responsabilidade e preocupações que envolvem o

cuidado à sua saúde (HIRDES, KATORISKY, 2005). A sobrecarga subjetiva

muitas vezes está relacionada a sentimentos de desamparo, tristeza e culpa

(BANDEIRA et al., 2005). Se os eventos estressantes ocorrem de forma contínua

e o familiar não conta com estratégias adequadas para lidar com isto, o

organismo exaure suas reservas de energia adaptativa e a fase de exaustão se

manifesta (LIPP, 1989).

Um modo de o familiar lidar com tal situação é através das estratégias

de enfrentamento ou coping. O coping possui duas funções: centrado no

problema, quando modifica as relações entre pessoas e ambientes; e centrado na

emoção, cujo objetivo é adequar a resposta emocional ao problema. A construção

de estratégias de enfrentamento constitui-se como ponto fundamental para lhe

dar com tal situação (SAVÓIA, 1999). Outro possível fator para lhe dar com a

sobrecarga é a busca pelo apoio social.

O apoio social pode ser definido pela integração social do individuo com

pessoas próximas à ele ou através das redes de serviços, fazendo com que o

individuo se sinta seguro e cuidado (BAPTISTA et al., 2006). Konstantareas

(1991) ressalta o acesso à assistência profissional competente, bons programas

educacionais, estilo de vida familiar confortável e acesso à disponibilidade de uma

ajudante, que deveriam tornar mais manejável a experiência estressante da não

funcionalidade da criança, oferecendo apoio tanto no plano material como no

plano psicológico.

Alguns estudos apontam ainda que a falta de apoio social, a gravidade

do transtorno mental e alterações na vida familiar encontram-se associados a um

importante impacto na qualidade de vida do familiar cuidador (CAQUEO-URÍZAR

et al., 2009).

O conceito de qualidade de vida já foi explorado por diversos autores ao

longo dos anos, e de um modo mais abrangente a qualidade de vida diz respeito

42

à sensação de bem-estar pessoal que provém da satisfação ou insatisfação com

diferentes áreas da vida do dia a dia (FERRANS, POWERS, 1985). A qualidade

de vida muitas vezes se confunde com o conceito de saúde, já que também

possui relação com o bem-estar físico, social, psicológico e espiritual

(PIMENTEL, 2006).

Para Glozman (2004), familiares cuidadores encontram-se em alto

risco de ter reduzida a sua qualidade de vida, especialmente devido ao tempo e

energia gastos ao prover cuidados. Segundo Pereira e Bellizo (2004), é a partir

da compreensão dos comportamentos do indivíduo em sofrimento mental que o

familiar pode melhorar sua qualidade de vida, diminuindo seus encargos. Deste

modo, a qualidade de vida se torna uma excelente ferramenta a ser medida

quando se trata de familiares cuidadores de doentes crônicos. A possibilidade de

avaliar a qualidade de vida familiar tornar-se uma ajuda valiosa na

construção de políticas públicas de saúde que providenciem serviços

adequados de apoio e informação aos familiares (HU et al., 2011)

Deste modo, com todo o sofrimento gerado em relação a uma criança

ou um adolescente com algum transtorno mental, não são raras as vezes em que

a saúde mental dos cuidadores familiares também é abalada. O aumento da

sobrecarga pode vir a gerar sensação de desamparo, diminuição da qualidade de

vida, aumento de eventos estressantes e até mesmo depressão. Além disso, a

parte financeira também é afetada, principalmente com o consumo de

medicamentos e os gastos com tratamentos e terapias (SILVA, DESSEN, 2001;

BRADFORD, 1997).

Outro modo das famílias lidarem com a sobrecarga de cuidadosé

através do auxílio e apoio que pode ser oferecido através dos serviços de saúde.

2.2.1. A inclusão de familiares na assistência em saúde mental

infantojuvenil

A família constitui o primeiro universo de relações sociais da criança e

do jovem, podendo proporcionar-lhe um ambiente de crescimento e

43

desenvolvimento, especialmente em se tratando de crianças e adolescentes com

transtorno mental, as quais requerem atenção e cuidados específicos. Ela é ainda

a matriz mais importante do desenvolvimento humano e também a principal fonte

de saúde de seus membros (SPROVIERI, ASSUMPÇÃO, 2001).

Com relação à criança e o jovem, quando possível, as famílias devem

ser parte integrante do tratamento, pois se observa maior dificuldade de melhora

quando não se conta como a participação e o apoio do familiar no atendimento

(SILVA, DESSEN, 2001). A família pode colaborar na melhora da incapacidade da

criança e do jovem com transtorno mental, sendo tal fator determinante na

evolução do tratamento e sua adaptação (SPROVIERI, ASSUMPÇÃO, 2001).

A ação de intervenções terapêuticas, como o uso de psicofármacos,

vem sendo comprovada para condições debilitantes na população infantojuvenil

com transtorno mental, assim como a efetividade de estratégias comunitárias,

psicossociais e familiares (MCCLEAN, WRRY, 2003; MUFSON et al., 2004). Ao

dar apoio à família para enfrentar as dificuldades no relacionamento com o

transtorno mental e a sobrecarga, a carga emocional da família poderá ser

amenizada, aumentando o nível de interação e empatia entre eles (MELMAN,

2002).

A responsabilidade pelo cuidado do portador de transtorno mental no

contexto que antecede o movimento da reforma psiquiátrica era atribuída à

instituição hospitalocêntrica, restando à família somente a tarefa de identificar a

desorganização, encaminhar o familiar, visitá-lo, bem como fornecer as

informações necessárias sobre a história de sua enfermidade. Após a reforma

psiquiátrica os serviços de atenção comunitária em saúde mental passaram a

incluir a participação mais efetiva dos familiares, permitindo com que estes se

comprometessem mais com a construção de projetos de inserção social,

respeitando as possibilidades individuais e os princípios de cidadania que

minimizem o estigma e promovam a qualidade de vida dos portadores de

sofrimento psíquico (BRASIL, 2004, a).

Deste modo, é de extrema importância que os serviços de saúde mental

e seus profissionais reestruturem sua forma de trabalho com a família. Em geral,

o que a família busca é apoio e orientação para maneiras de cuidar e conviver

44

com seu familiar (MIELKE et al., 2010). Para isso as equipes dos serviços em

saúde mental infantojuvenil precisam desenvolver estratégias de inserção da

família no cuidado. Estudos realizados demonstram que os serviços de saúde

mental têm utilizado espaços, como grupos terapêuticos de familiares,

atendimento individual aos familiares por um profissional do serviço (psicólogo,

assistente social), oficinas terapêuticas e visitas domiciliares (ROSA, 2005).

Os familiares tornam-se essenciais no processo de tratamento da

criança e o do jovem com transtorno mental. No entanto necessitam saber como

lidar com as situações estressantes, evitando comentários críticos ao paciente ou

se tornando super protetores. Nesse momento é fundamental a participação do

serviço junto ao familiar, no acolhimento, escuta e orientação (MIELKE, 2010). o

acolhimento e a escuta são ferramentas prioritárias para o estabelecimento de

ações participativas na atenção psicossocial (MIELKE, 2010). No caso de cuidar

de crianças e jovens com algum transtorno mental, torna-se muito importante que

os familiares dosem o grau de exigências, ao conhecer melhor o transtorno

mental. Transtornos mais graves, como retardo mental grave, remetem a mais

cuidados pelos familiares, tanto nas atividades cotidianas, como trocar de roupa,

banho, escovar os dentes, comer, quanto no uso de medicamentos e atividades

específicas, orientadas pelos profissionais do serviço, para serem realizadas em

casa. O cotidiano de um familiar de crianças ou jovens com transtorno mental é

inegavelmente árduo e marcado por extrema dedicação (COSTA et al., 2010).

O processo terapêutico de crianças e jovens com algum transtorno

mental é o momento onde o paciente passa por cuidados efetivos exercidos,

muitas vezes não só por um profissional, mas por uma equipe multiprofissional

tendo por finalidade o tratamento dos sintomas de seu transtorno e a manutenção

e garantia de sua continuidade ao tratamento, visando sua melhora. É neste

momento também que deve haver uma parceria entre a equipe multiprofissional e

os familiares do paciente, juntos pelo mesmo objetivo da melhora e qualidade de

vida da criança e do jovem (LAZURE, 1994).

Sendo assim, a família passa a ser um aliado eficiente em conjunto com

a medicação e a terapêutica oferecida pela equipe multiprofissional. Tanto a

família quanto a equipe responsável pela criança ou jovem necessitam estar

45

alinhadas com o objetivo de adquirir confiança e vínculo, para que se estabeleça

uma relação de confiança e de aceitação ao tratamento, o que irá garantir a

efetivação do tratamento e estabilização do quadro (LAZURE, 1994).

Se os familiares estão inseridos e participantes durante o processo

terapêutico, conseguem lidar com menos apreensão e assim oferecer cuidados

de melhor qualidade ao doente, principalmente quando estão inseridos em

reuniões e/ou grupos de família, sendo estes espaços propícios para a reflexão,

discussão, escuta, troca de experiências, angústias e orientações, constituindo-se

estes como efetivos espaços privilegiados de atendimento (LAZURE, 1994).

2.3. Assistência em saúde mental infantojuvenil no Brasil

2.3.1. Os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI’s)

A promulgação da Carta Constitucional de 1988 foi um marco da

democracia e dos direitos, afirmando sem ressalvas a condição cidadã de

crianças e adolescentes, assegurando-lhes:

“O direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à

profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade

e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo

de toda forma de negligência, discriminação, exploração,

violência, crueldade e opressão”.

(BRASIL, 2005).

Esse mesmo processo de afirmação da condição de sujeitos a crianças

e adolescentes resultou na promulgação de Lei n.º 8.069, de 13/7/1990,

conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente. Do mesmo modo,

estava posto o desafio para as políticas em Saúde Mental (BRASIL, 2005).

Em 1992, a II Conferência Nacional de Saúde Mental apontou para os

efeitos negativos da institucionalização de crianças e jovens. Em 2001, a III

46

Conferência Nacional de Saúde Mental, foi contundente sobre o tema,

determinando que não fossem adiadas as ações políticas e assistenciais

necessárias para que um novo tempo se instaurasse no que diz respeito ao

cuidado e tratamento infantojuvenil. No ano seguinte, foi estabelecido que os

Centros de Atenção Psicossocial passassem a ser definidos por ordem crescente

de porte/complexidade e abrangência populacional, dando origem aos Centros de

Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI’s) (COUTO et al., 2008; BRASIL,

2004, b).

Os CAPSI’s são constituídos de serviços de cuidado mais adequados

aos princípios e diretrizes explicitados no Movimento da Reforma Psiquiátrica,

iniciada no Brasil a partir da década de 1980 (SCANDOLARA et al., 2009). São

formalmente definidos pela Portaria nº 224 de 29 de janeiro de 1992 do Ministério

da Saúde como unidades locais/regionalizadas, que oferecem atendimento de

cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, em

um ou dois turnos de quatro horas, por equipe multiprofissional, podendo atuar

como porta de entrada da rede de serviços para as ações relativas à Saúde

Mental (BRASIL, 1992). É um serviço de atenção psicossocial para atendimentos

a crianças e adolescentes, gravemente comprometidos psiquicamente. Estão

incluídos nessa categoria os portadores de autismo, psicoses, neuroses graves e

todos aqueles que, por sua condição psíquica, estão impossibilitados de manter

ou estabelecer laços sociais (BRASIL, 2004, a). A faixa etária para atendimento

no CAPSI é até 21 anos (BRASIL, 2004, b). Os CAPSI'S constituíam-se como

serviços de referência, voltado para uma população de cerca de duzentos mil

habitantes, ou outro parâmetro populacional a ser definido pelo gestor local,

atendendo a critérios epidemiológicos (BRASIL, 2002).

Porém no ano de 2010, nova portaria foi lançada sob o número 4.279, a

qual estabelecia novas diretrizes para a organização da Rede de Atenção à

Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo o CAPSI. O

presente documento tratava das diretrizes para a estruturação da Rede de

Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para superar a fragmentação da atenção

e da gestão nas Regiões de Saúde e aperfeiçoar o funcionamento político

(BRASIL, 2010).

47

No ano seguinte, divulgou-se uma nova portaria sob o número 3.088

(republicada em 21 de maio de 2013), que instituía a Rede de Atenção

Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com

necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do

Sistema Único de Saúde (SUS). A Rede de Atenção Psicossocial é um sistema

mais amplo, que tem entre outros objetivos promover cuidados em saúde

especialmente para grupos mais vulneráveis, como crianças, adolescentes,

jovens, pessoas em situação de rua e populações indígenas.

A Rede de Atenção Psicossocial é constituída por diversos

componentes, como por exemplo os Centros de Atenção Psicossociais, nas suas

diferentes modalidades, incluindo o atendimento infantojuvenil. A partir desta nova

Rede ficou instituído que o CAPSI passaria a atender crianças e adolescentes

com transtornos mentais graves e persistentes e os que fazem uso de crack,

álcool e outras drogas. O mesmo continua a se configurar um serviço aberto e de

caráter comunitário, indicado agora para municípios ou regiões com população

acima de cento e cinquenta mil habitantes (BRASIL, 2011).

Segundo a Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras

Drogas do Ministério da Saúde (2014), o Brasil possuía cerca de 2.096 Centros

de Atenção Psicossocial. Destes, apenas 196 se referem aos Centros de Atenção

Psicossocial Infantojuvenil, representando apenas 9,3% de toda rede de

assistência voltada para crianças e adolescentes no Brasil.

A maior parte dos CAPSI's está concentrada na região sudeste, sendo

o estado de São Paulo o que possui mais CAPSI’s - 58 unidades, seguido pelo

estado do Rio de Janeiro - 25 unidades. A região norte é a que menos possui este

tipo de serviço (BRASIL, 2014).

2.3.2. Caracterização dos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis.

Os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis caracterizam-se por:

48

a) constituir-se em serviço ambulatorial de atenção diária destinado a crianças e

adolescentes com transtornos mentais;

b) possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta

de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo

assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), de

acordo com a determinação do gestor local;

c) responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da

demanda e da rede de cuidados em saúde mental de crianças e adolescentes no

âmbito do seu território;

d) coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de

unidades de atendimento psiquiátrico a crianças e adolescentes no âmbito do seu

território

e) supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas

de saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial, na

atenção à infância e adolescência;

f) realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam

medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela

Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais,

regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de

sua área assistencial;

g) funcionar de 8:00 às 18:00 horas, em dois turnos, durante os cinco dias úteis

da semana, podendo comportar um terceiro turno que funcione até às 21:00

horas.

A assistência prestada ao paciente no CAPSI inclui:

atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre

outros);

atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte

social, entre outros);

atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível

superior ou nível médio;

visitas e atendimentos domiciliares;

atendimento à família;

49

atividades comunitárias enfocando a integração da criança e do adolescente na

família, na escola, na comunidade ou quaisquer outras formas de inserção

social;

desenvolvimento de ações intersetoriais, principalmente com as áreas de

assistência social, educação e justiça;

uma refeição diária para os pacientes assistidos em um turno de 04 horas e

os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias;

A equipe técnica mínima para atuação no CAPSI deve ser composta

por um médico psiquiatra, ou neurologista ou pediatra com formação em saúde

mental; um enfermeiro; quatro profissionais de nível superior entre as seguintes

categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta

ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto

terapêutico; e cinco profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de

enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão (BRASIL,

2004, a).

2.4. Satisfação com os serviços de saúde

2.4.1. Conceito de satisfação com o serviço

A avaliação de políticas e programas é muito importante para a saúde

pública, já que contribui para a busca de uma sociedade mais saudável e auxilia

na prevenção de desperdício de recursos (VAUGHAN,2004). É um dos caminhos

da gestão para buscar a qualidade do atendimento prestado. A avaliação de um

determinado serviço diz respeito a um processo intencional, técnico e político,

onde denota compromisso ético e social do serviço com a população (ADAMI,

MARANHÃO, 1995).

Um dos métodos mais utilizados para a avaliação dos serviços é a

avaliação da satisfação dos usuários (MISHIMA, 2010). Segundo Kerber (2010) a

avaliação da satisfação permite analisar a resposta da comunidade à oferta de

50

serviços de saúde e possibilita uma melhor adequação dos cuidados às

expectativas dos usuários. Desta forma, a análise da satisfação é um importante

instrumento no planejamento e organização da assistência, com vista à

adequação da resposta às necessidades da comunidade (ROSA et al., 2011). A

satisfação dos usuários com o serviço pode ainda contribuir para a melhoria da

sua qualidade de vida, pois promove a adesão ao tratamento e, com isso a

continuidade na utilização dos serviços (ARAKAWA et al., 2012).

A satisfação com um serviço diz respeito a um conjunto variado de

reações diante à experiência dos cuidados em saúde. É um conceito de natureza

subjetiva, em que os fatores psicossociais (expectativas, desejos, vulnerabilidade,

desigualdades) têm importante relevância (ESPERIDIÃO, TRAD, 2006).

Para satisfazer o usuário do serviço é necessário compreender suas

necessidades e, em seguida, construir um modo de trabalho efetivo e consistente

que possa satisfazer essas necessidades. Deste modo, o serviço deverá

transformar essas necessidades em requisitos e cumpri-los da melhor maneira

possível. Isso implica ao serviço dedicação para coleta de dados e informações

para entender os requisitos e as percepções do usuário (DEMING, 1990).

A avaliação da qualidade do cuidado à saúde pode dar-se em três

componentes: estrutura, processo de cuidado e resultados. As medidas de

estrutura envolvem informações sobre recursos físicos, humanos, materiais,

formas de organização, funcionamento, procedimentos, tipo e especialização dos

equipamentos, dentre outros. As medidas de processo, ou seja, as atividades

realizadas pelos provedores de assistência referem-se tanto à competência

técnica, como à relação interpessoal. Já as medidas de resultado se referem ao

efeito que ações e procedimentos tiveram sobre o estado de saúde dos usuários

(DONABEDIAM, 1980).

A avaliação dos serviços pode ainda ser dividida em duas dimensões:

1) desempenho técnico, ou seja, a aplicação do conhecimento e da tecnologia

médica de modo a maximizar os benefícios e minimizar os riscos, de acordo com

as preferências de cada paciente;

2) o relacionamento pessoal com o paciente, de modo a satisfazer os preceitos

éticos, as normas sociais e as legítimas expectativas e necessidades dos

51

pacientes. A partir da interação entre o cliente e o médico, existe um processo

complexo, que vai desde componentes comportamentais até componentes

técnicos muito específicos (DONABEDIAN, 1978).

Espiridião, Trad (2006) em seu estudo teórico a cerca da satisfação de

usuários dos serviços em saúde identificou quatro fatores que podem influenciar

a satisfação com um determinado serviço:

1) características dos pacientes (sociodemográficas; expectativas; estados de

saúde);

2) características dos profissionais (personalidade, qualidade técnica e perfil);

3) aspectos da relação médico-paciente;

4) fatores estruturais e ambientais.

Segundo Agostinho et al. (2009), a satisfação com o serviço pode ainda

estar relacionada à fatores emocionais, culturais e de assistência, e portanto faz-

se fundamental entender quais destes influenciam essa percepção e de que

maneira.

2.4.2 Satisfação de familiares com o serviço de saúde mental

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem estimulado a prática de

avaliar os serviços de saúde com o objetivo de garantir a qualidade dos mesmos.

Em meados da década de 90, a OMS passou a recomendar na abordagem

avaliativa, a inclusão de pessoas envolvidas com o acompanhamento de

pacientes, como por exemplo, familiares (DONABEDIAN, 2005; WHO, 2001,

WHO, 1996).

O envolvimento dos familiares, em colaboração com os profissionais

dos serviços de saúde mental, apresenta vantagens para a melhora do

tratamento, estando associado ao melhor funcionamento social dos indivíduos

com transtornos mentais, à redução de conflitos familiares e à diminuição da

sobrecarga dos familiares cuidadores dos pacientes. Assim, além de tornar a

família parte integrante do processo de avaliação da intervenção proposta pelos

serviços, também pode atuar como uma estratégia de incentivo a sua participação

52

e maior compromisso com a assistência oferecida (ALMEIDA, 2002).

Os fatores que contribuem para a satisfação dos familiares com os

serviços de saúde mental ainda não foram bem definidos. Algumas pesquisas

internacionais relatam associação entre satisfação e maior colaboração do

serviço, maior autonomia do paciente, menor sobrecarga do familiar e mais apoio

social (CAMILO et al., 2012; BANDEIRA et al., 2005). Um estudo brasileiro,

realizado com 54 familiares de usuários de um serviço em saúde mental semi-

intensivo e intensivo, identificou uma correlação entre a satisfação global e

qualidade de vida. Quanto maior a satisfação com o serviço, maior a qualidade de

vida (SANTOS, 2010).

O estudo de Grella, Grusky (1989) verificou que a maioria de familiares

de pessoas em sofrimento mental estava insatisfeita em relação ao serviço

comunitário oferecido, devido à pouca interação com os profissionais,

principalmente no que diz respeito ao apoio de informação. Já Pereira, Cais

(2001), em um estudo voltado à identificação do modo como a família percebe o

serviço de saúde mental, verificaram associada à satisfação dos familiares o

espaço de tratamento e convívio, além do acolhimento como necessidade de

apoio ao enfrentamento dos conflitos vivenciados. Ou seja, a satisfação

dependeria da eficiência do tratamento resultante dos vínculos formados no

processo de assistência, além das características clínicas do paciente e fatores

psicossocias do familiar (Fig. 1).

53

Segundo Perreault et al. (2011) há uma necessidade de aumentar a

participação dos familiares no tratamento e na avaliação dos serviços, tendo em

vista que essa colaboração ainda deixa a desejar e que os familiares se

ressentem com isso. As queixas dos familiares estão relacionadas com a falta de

informação sobre os transtornos psiquiátricos e o tratamento dos pacientes e com

a falta de orientações sobre como agir com os indivíduos com transtornos mentais

no dia a dia (PERREAULT et al., 2011; STENGARD et al., 2000). Pouca ênfase

tem sido dada à avaliação da satisfação dos familiares com esses serviços seus

fatores associados, apesar das recomendações feitas sobre a necessidade da

inclusão dos familiares no monitoramento e avaliação dos serviços (WHO, 2001;

STENGARD et al., 2000).

As informações deste capítulo foram complementadas no artigo a seguir.

Figura 1. Esquema de possíveis variáveis que contribuem para a satisfação com os serviços

de saúde mental.

54

2.4.3 Artigo 2

55

56

57

58

59

60

61

62

3. Justificativa

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem recomendado avaliações

de resultados do atendimento que também contemplem a perspectiva dos

familiares. A satisfação com o serviço é uma das medidas mais utilizadas para a

avaliação da qualidade do serviço. O conceito de satisfação tem sido formulado

por diferentes modelos explicativos, sendo o mais utilizado o modelo da

expectativa, segundo o qual o indivíduo avalia o serviço a partir de uma

comparação que ele faz entre as expectativas que possuía previamente e os

resultados reais de sua experiência com o serviço (BANDEIRA et al., 2011). O

nível de satisfação ou de insatisfação pode ainda estar vinculado à aspectos dos

serviços, como resultados do tratamento, acolhida e competência da equipe,

privacidade e confidencialidade do serviço, disponibilidade de medicamentos, etc.,

assim como o transtorno apresentado pela criança e/ou jovem e também à

influência de fatores psicossociais dos familiares, como menor sobrecarga, mais

apoio social, menos eventos estressantes (GOUVEIA et al., 2009; COMISSÃO

NACIONAL SOBRE DETERMINANTES DE SAÚDE, 2008).

Poucos estudos internacionais têm dado atenção à satisfação com o

serviço entre familiares de crianças e jovens com algum tipo de transtorno mental

(WILLIANS et al., 2012; LIN et al., 2009; LIPTAK et al., 2006). Até então, nenhum

estudo brasileiro havia sido identificado a respeito desta temática com esta

população. Porém, utilizar as avaliações dos familiares sobre a satisfação pode

ser particularmente útil, porque eles são os principais provedores de cuidados a

estas crianças e jovens, nas atividades cotidianas, na supervisão aos

comportamentos problemáticos e no uso dos medicamentos, afetando os

resultados do tratamento, como melhor adesão, menor taxa de abandono e menor

taxa de hospitalizações futuras dos pacientes (BANDEIRA, BARROSO, 2005;

HASLER et al., 2004; HANSON, 2001; PITTA et al, 1995; SILVA, FORMIGLI,

1994). A relação com os familiares tem auxiliado os profissionais a identificarem

os aspectos do tratamento que já atendem às necessidades dos pacientes e

aqueles que ainda necessitam ser melhorados para atingir esses objetivos. Além

disso, incluir os familiares na avaliação do tratamento pode ter um efeito positivo

63

em seu bem-estar, diminuindo seu grau de sobrecarga como papel de cuidador

(BANDEIRA, BARROSO, 2005).

Esta foi uma proposta de trabalho inovadora no país, onde foram

utilizados instrumentos validados no Brasil permitindo a comparação com estudos

internacionais.

64

4.Objetivos

4.1.Objetivo Geral: Avaliar a satisfação com o serviço e seus fatores relacionados

entre familiares de usuários de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil

na região metropolitana do Rio de Janeiro.

4.2.Objetivos Específicos:

Descrever perfil sociodemográfico destes familiares e variáveis clínicas dos

usuários dos serviços;

Avaliar a sobrecarga sofrida pelos familiares;

Avaliar a presença de apoio social percebido pelos familiares;

Identificar os principais eventos estressantes no último ano;

Identificar os mecanismos de proteção (coping) utilizados pelos familiares;

Identificar possíveis diferenças de nível de satisfação entre os transtornos

apresentados;

Identificar possíveis relações entre os níveis de satisfação e as outras

variáveis estudadas.

65

5. Material e Métodos

5.1. Desenho de Estudo

Trata-se de um Estudo Epidemiológico Seccional Descritivo. Os estudos

seccionais possuem algumas vantagens, como o fato de serem mais rápidos e

relativamente mais baratos quando comparados aos estudos de coorte e caso-

controle. Embora apresentam maior poder de generalização, apresentam,

entretanto, algumas limitações. Dentre elas, problemas com relação ao viés

temporal, visto que é difícil separar causa e efeito. Ainda assim, foi possível testar

a relação entre os eventos examinados (THIENGO et al, 2012).

Além disto, o presente estudo avaliou a satisfação com o serviço de

saúde mental infantojuvenil, na perspectiva dos familiares, possuindo portanto

caráter de pesquisa avaliativa, do tipo somativa, que é definida como pesquisa de

avaliação de resultados de serviços ou programas (CONTRANDIOPOULOS,

2000).

5.2. Local de Estudo

O local escolhido para realização do estudo foi o CAPSI CARIM.

O CAPSI CARIM foi um dos primeiros Centros de Atenção Psicossocial

Infantil no Brasil. O mesmo pertence ao território da Universidade Federal do Rio

de Janeiro (UFRJ).

Em 1980, por motivos administrativos, o setor de adolescente do

Instituto de Psiquiatria, o qual pertence à UFRJ, foi anexado ao serviço infantil do

mesmo, dando origem ao setor Infantojuvenil. Em meio às transformações

provocadas pela Reforma Psiquiátrica, em 1998, o então setor Infantojuvenil foi

transformada em CAPSI, sob o nome de Centro de Atenção e Reabilitação da

Mocidade - CARIM.

66

Atualmente o CAPSI CARIM está regulamente matriculado no Cadastro

Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), pertencendo à esfera

administrativa federal, com gestão municipal, mas ainda possui atendimentos em

parceria com a UFRJ. Possui nível de atenção ambulatorial e atividades de média

e alta complexidade. O fluxo de atendimento é por demanda espontânea ou

referenciada. As crianças e adolescentes vem em grande maioria acompanhadas

dos familiares que procuram o serviço por meio de diferentes encaminhamentos:

dos ambulatórios, das emergências psiquiátricas, dos conselhos distritais, etc.

Tanto as crianças ou adolescentes quanto os familiares são recebidos para uma

consulta, realizada por um membro da equipe técnica (psicóloga), que tem a

função de checar os diagnósticos dos pacientes. A maior parte dos atendimentos

(cerca de 70%) diz respeito a crianças e adolescentes com retardo mental ou

diferentes tipos de autismo. No ano de 2014, cerca de 150 crianças e

adolescentes eram atendidas pela instituição. O CAPSI CARIM também vem

recebendo crianças e adolescentes com transtornos por uso de substâncias.

Em seu quadro de profissionais estão médicos psiquiatras, enfermeiros,

psicólogos, assistentes sociais, cuidadores em saúde e pedagogos, atuando em

sua maioria em contrato de trabalho celetista. A equipe conta ainda com

estagiários do curso de Psicologia, e mais recentemente de estagiários do curso

de Fonoaudiologia da UFRJ.

O serviço possui atendimento de forma individual e em grupo. O

atendimento clínico é complementado por atividades terapêuticas cotidianas,

levando as crianças e adolescentes a interagir entre si, pintar, ouvir música, entre

outras (FARAH, BARBOZA, 2000). Há ainda refeições no café da manhã, almoço

e lanche à tarde. Todas realizadas em coletivo para que as crianças e

adolescentes possam interagir entre si e com a equipe do serviço.

Os familiares também participam de reuniões em grupo enquanto às

crianças ou adolescentes estão em atendimento. Nessas reuniões, familiares e

um psicólogo discutem a respeito das dificuldades de cuidados no dia-a-dia e

possíveis resoluções. Além disso, há sempre um psicólogo e assistente social a

disposição dos familiares para tratar de assuntos mais específicos e que

requerem confidencialidade. Os atendimentos ocorrem de segunda à sexta-feira,

67

nos turnos da manhã e tarde. É aconselhável pelo serviço que os familiares

compareçam com os pacientes 1 à 2 vezes por semana. Uma vez por semana,

todas às quintas-feiras, é realizada uma reunião entre a equipe de profissionais,

onde são discutidos os casos que demandam mais atenção e as dificuldades

encontradas no atendimento da respectiva semana. O serviço também possui

atividades de ensino e pesquisa vinculada à Universidade Federal do Rio de

Janeiro.

Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos em Saúde (CNES),

a região metropolitana do Rio de Janeiro possui oito CAPSI’s. O CAPSI CARIM

pertence à área programática 2.1, mas também atende moradores da área

programática 2.2 da região metropolitana do Rio de Janeiro, a qual possui dois

CAPSI’s. O CAPSI CARIM fica no bairro Botafogo, um dos principais pólos de

saúde da cidade, já que possui um grande número de clínicas e hospitais (AMAB-

Associação de moradores e amigos de Botafogo. Disponível em:

www.amabotafogo.org.br/perfil.asp. Acesso: 12/09/2013).

A área programática 2.1 compreende aos seguintes bairros: Glória,

Catete, Laranjeiras, Cosme Velho, Botafogo, Humaitá, Urca, Leme Copacabana,

Jardim Botânico, Lagoa, Gávea, Ipanema, Leblon, Rocinha, São Conrado, Vidigal.

Já a área programática 2.2 compreende aos bairros do Alto da Boa Vista,

Andaraí, Grajaú, Maracanã, Praça da Bandeira, Tijuca e Vila Isabel.

5.3. População do Estudo

Todos os familiares de crianças e jovens com algum tipo de transtorno

mental (CID-10), que frequentaram o serviço entre os meses de agosto e outubro

de 2014.

68

5.4. Critérios

5.4.1. Critérios de Inclusão

Familiar com idade acima de 18 anos;

Familiar que residia com a criança ou adolescente;

Familiar que acompanha o paciente no serviço há pelo menos 6 meses*.

5.4.2. Critérios de Exclusão

Familiares menores de 18 anos.

Familiar que não residia e convivia com a criança ou adolescente no dia-a-

dia;

5.5. Instrumentos

5.5.1. Escala de avaliação da satisfação dos familiares com os serviços de Saúde

mental (SATIS-BR): Este questionário tem como objetivo conhecer as

experiências dos familiares junto aos serviços de saúde mental. O instrumento

utilizado foi a versão abreviada que possui 11 itens, dos quais, 3 são questões

qualitativas, enquanto 8 são questões do tipo Likert. Estes itens estão agrupados

em 3 categorias: resultados do tratamento, acolhida e competência da equipe e

privacidade e confidencialidade do serviço. Estes foram os únicos itens utilizados

para o cálculo do grau de satisfação dos familiares (que varia entre nada satisfeito

e muito satisfeito). Foi calculada uma média, que varia de 1 à 5, que indicou um

grau maior de satisfação dos familiares, quanto mais próxima do valor máximo 5.

Os escores podem ser obtidos de forma independente ou pode-se ainda obter

uma média global de satisfação.

*O critério de 6 meses foi adotado pela pesquisadora, pois foi considerado como

característico para classificar o familiar e o paciente como pertencentes ao serviço. Outros

estudos em saúde mental utilizaram critérios semelhantes (CAVALCANTI et al., 2009;

OLIVEIRA et al., 2008).

69

A versão abreviada da escala foi escolhida, pois a diferença entre a

versão abreviada e a estendida é que esta última possui questões

sociodemográficas, que não são utilizadas para obtenção do escore de

satisfação. A pesquisadora principal optou por usar as próprias questões

sociodemográficas. Essa escala foi elaborada pela Divisão de Saúde Mental da

Organização Mundial de Saúde (WHO, 1996) e validada e adaptada para uso no

Brasil (BANDEIRA et al., 2002).

5.5.2. Escala de Eventos Estressantes (EVE): Para identificar a presença de

eventos de vida produtores de estresse no último ano, foi utilizada a escala

Stressful Life Events (HOLMES, RAHE, 1967), adaptada e validada para uso no

Brasil por Lopes et al. (2003). Esta escala se baseia em uma lista de

acontecimentos considerados eventos significativos, como separação/divórcio,

falecimento de pessoa próxima, perda do emprego, entre outros, partindo da

pressuposição de que o esforço exigido no reajuste do indivíduo à sociedade,

após essas mudanças significativas em sua vida, criaría um desgaste que poderia

desencadear doenças sérias. Através dessa escala foram investigados neste

estudo a presença de quatorze eventos estressantes: conflitos matrimoniais;

história de separação ou divórcio; perda do emprego; conflitos com pessoas

próximas; problema físico grave; problemas financeiros; envolvimento judicial;

história de acidente de trânsito, incêndio ou catástrofe; história de seqüestro;

falecimento de pessoa próxima; história de abuso sexual; história de furto; história

de agressão e história de assalto residencial (LOPES et al., 2003; KENDLER et

al., 1995).

5.5.3. Escala de sobrecarga (Burden Interview): A Burden Interview é um

instrumento de 22 itens que avalia a sobrecarga objetiva e subjetiva dos

prestadores de cuidados associados à incapacidade funcional e comportamental

de individuos com alguma morbidade (BANDEIRA et al., 2008). A escala avalia o

impacto da sobrecarga nos seguintes aspectos da vida do familiar: saúde, vida

70

social e pessoal, situação financeira, bem-estar emocional e relações

interpessoais.

As alternativas de resposta para cada item estão apresentadas em uma

escala de 0 a 4, na qual 0 significa nunca; 1 = raramente; 2 = algumas vezes; 3 =

freqüentemente e 4 = sempre. O último item da escala avalia, avalia de forma

global, o quanto o familiar se sente sobrecarregado por cuidar de um paciente

psiquiátrico. Para esse item, as alternativas de resposta são: 0 = nem um pouco,

1 = um pouco, 2 = moderadamente, 3 = muito, 4 = extremamente. A pontuação

total da escala é obtida através da soma de todos os itens e pode variar de 0 a

88. Quanto maior o escore total, maior a carga. O resultado permite ainda concluir

qual o nível de sobrecarga do indivíduo: pouca ou nenhuma carga, leva a

moderada, moderada a intensa e intensa carga.

Esta escala foi elaborada por Zarit (1980) e validada para o Brasil por

Scazufca (2002). Apesar de ter sido desenvolvida a partir da experiência clínica e

de pesquisa dos seus autores com pacientes idosos com demência e seus

familiares, seus itens são abrangentes e lidam com dimensões comuns a várias

doenças físicas e mentais. Diversos autores utilizaram esse instrumento com

cuidadores de crianças e adolescentes com transtorno mental, tanto no Brasil

quanto no exterior (TIM et al., 2012; TORQUATO et al. 2011; DADA et al., 2011;

PIMENTA et al., 2010).

5.5.4. Escala de Apoio Social (MOS): Esta escala mede a percepção do individuo

sobre o grau de apoio social (variando entre nunca e sempre) e possui itens

distribuídos em uma escala tipo likert compreendendo cinco dimensões funcionais

de apoio social: material (4 perguntas – provisão de recursos práticos e ajuda

material); afetivo (3 perguntas – demonstrações físicas de amor e afeto);

emocional (4 perguntas – expressões de afeto positivo, compreensão e

sentimentos de confiança); interação social positiva (4 perguntas – disponibilidade

de pessoas para se divertirem ou relaxarem) e informação (4 perguntas –

disponibilidade de pessoas para a obtenção de conselhos ou orientações). O

instrumento foi adaptado e validado para uso no Brasil (GRIEP et al., 2005; CHOR

et al., 2001).

71

5.5.5. Escala de Modos de Enfrentamento do Problema (EMEP): A escala de

modos de enfrentamento do problema (EMEP) é apontada como muito sensível à

análise de como indivíduos envolvidos em problemáticas de saúde pessoal e de

familiares lidam com tais contextos ao longo do tempo. Esta escala do tipo Likert

possui 45 itens, distribuídos em 4 fatores: enfrentamento focalizado no problema;

enfrentamento focalizado na emoção; busca de suporte social; busca de práticas

religiosas. As respostas foram dadas em uma escala de cinco pontos (variando

entre “eu nunca faço isso” e “eu faço isso sempre”). Foi calculada uma média, que

varia de 1 à 5, que indicou um grau maior de estratégias positivas, quanto mais

próxima do valor máximo 5. O instrumento foi validado e adaptado para uso no

Brasil (SEIDL et al. 2001).

5.5.6. Escala de Qualidade de Vida (WHOQOL-BREF): Este instrumento do tipo

Likert possui 26 itens, dos quais os dois primeiros se referem à qualidade de vida

de modo geral e à satisfação com a própria saúde, enquanto o restante está

divididos entre os domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente

(THE WHOQOL GROUP, 1997). Suas opções de resposta estão divididas entre

nada, muito pouco, mais ou menos, bastante e frequentemente, com

respectivamente valores entre 1 e 5.

Possui caráter transcultural, onde valorizam a percepção individual da

pessoa, podendo avaliar qualidade de vida em diversos grupos e situações, tendo

sido validado para uso no Brasil (FLECK et al., 2000).

5.5.7. Questionário sociodemográfico: Através de perguntas elaboradas pelos

pesquisadores foram registrados dados sobre idade, estado civil, número de

filhos, escolaridade, cor, naturalidade, nacionalidade e profissão. Os critérios de

Classificação Econômica da ABEP (Associação Brasileira de Empresas de

Pesquisa) foram usados na estratificação socioeconômica. Trata-se de uma

classificação brasileira, baseada em informações sobre o grau de instrução do

chefe da família e a posse e número de eletrodomésticos na casa. Esta

classificação estratifica o entrevistado em cinco diferentes categorias (de A a E).

Esta variável foi agrupada no presente estudo em três categorias: alta (A e B),

média (C) e baixa (D e E) para posterior análise de variância.

72

5.5.8. Variáveis que dizem respeito à clínica: Através de perguntas elaboradas

pelos pesquisadores foram registrados dados sobre diagnóstico, uso de drogas e

álcool, idade do diagnóstico, tempo de acompanhamento no serviço,

acompanhamento clínico ou recreativo fora do serviço e se o paciente frequenta

escola especial.

5.6. Coleta dos Dados

Os familiares foram convidados a participar da entrevista através de

solicitação realizada durante o atendimento com o grupo de familiares. No caso

de dois familiares ou mais, a escolha ficava a critério dos familiares. Aqueles que

consentissem em participar eram entrevistados, enquanto aguardavam o retorno

do atendimento do paciente. O familiar era conduzido a uma sala separada onde

foram explicados os objetivos, a questão do sigilo, a não obrigatoriedade da

participação e verificou-se os critérios de inclusão. O familiar que consentía em

participar, assinava o termo de consentimento livre e esclarecido. As informações

diagnósticas dos pacientes foram conferidas no prontuário do mesmo. As

entrevistas foram realizadas pela pesquisadora principal do projeto, durando

cerca de 50 minutos.

5.7. Análise dos Dados

Foram realizadas análises estatísticas descritivas, como cálculos das

porcentagens, médias e desvios-padrão para descrição dos familiares e de

variáveis que diziam respeito aos pacientes do serviço.

Com o objetivo de avaliar a aderência dos dados contínuos à

distribuição normal, sendo esta suposição importante para a seleção dos testes

estatísticos, foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnoff. As variáveis que não

apresentaram normalidade foram transformadas em logaritmo para uma

distribuição mais próxima da normal. Foi utilizado logaritmo de base 10 (Log10).

73

Para comparação entre a variável desfecho (satisfação com o serviço

global) e a variável dicotômica sexo foi utilizado o teste t. Para verificar se existia

uma diferença significativa entre a variável desfecho e as variáveis ordinais foi

utilizada análise de variância (ANOVA), com posterior análise de Post-Hoc de

Bonferroni, essa última para identificar entre quais grupos ocorria diferença

significativa. Para comparar a variável desfecho com as variáveis contínuas foi

utilizado teste de correlação de Pearson. Em seguida, as variáveis significativas

no teste t e ANOVA foram transformadas em variáveis dummy para que se

pudesse observar algum efeito destas variáveis sobre o modelo de regressão.

Para identificar a variação da variável satisfação com o serviço global

em relação as variáveis independentes foi realizada análise de regressão linear

simples, onde as variáveis que obtiveram p≤0,20 entraram posteriormente na

análise de regressão linear múltipla. Segundo Abbad e Torres (2002), por se tratar

de um assunto, onde não há uma teoria consistente sobre o fenômeno, optou-se

apenas em descrever relacionamentos pouco conhecidos entre variáveis através

do modelo de regressão Stepwise. Através desse método, ao introduzir um novo

preditor no modelo, procede-se à verificação da importância dos que já lá tinham

sido anteriormente incluídos. Desta forma garante-se que são excluídos

preditores que eram importantes, mas que perderam a importância pela entrada

de novas variáveis no modelo de regressão. A significância admitida no modelo

de regressão linear múltipla foi p≤0,05. A estatística de colinearidade também foi

observada através dos testes de tolerância (T= próximo de 0) e Variance Inflation

Factor (VIF = <5).

Os dados foram computados e analisados por meio do programa SPSS

(Statistical Package for the Social Sciences), versão 21.0.

5.8. Aspectos Éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de

Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (CAEE: 25173914.6.0000.5286). Antes da

entrevista cada familiar foi informado sobre a pesquisa e esclarecido sobre suas

74

dúvidas, devendo para tanto assinar um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido; quando impedidos devido à ausência de nível educacional, foi obtida

impressão digital. Os familiares foram assegurados de que sua participação era

voluntária, sem prejuízos para atendimento do paciente, tendo o familiar plena

liberdade para sair do estudo a qualquer momento e recusar-se a responder às

perguntas que ocasionassem constrangimentos de alguma natureza.

Algumas perguntas podíam causar embaraço ao entrevistado. Para

reduzir o risco de criar uma situação embaraçosa, todas as perguntas foram feitas

com seriedade e em local privado, tendo o entrevistado direito a se recusar a

responder em qualquer momento. O pesquisador suspenderia a pesquisa

imediatamente ao perceber algum risco ou dano ao participante, consequente à

pesquisa, previsto ou não no termo de consentimento, porém o mesmo não foi

necessário. De um modo geral, não houve riscos associados ou decorrentes da

pesquisa, mas em caso de possível desconforto emocional durante a entrevista

seria oferecido suporte terapêutico no serviço, gerando benefício para o familiar.

Todos os dados foram mantidos confidenciais e somente seriam

utilizados para providências de cuidados de saúde com o consentimento expresso

do familiar. Os casos foram identificados através de um código numérico. A lista

com o nome de cada participante será mantida em sigilo pela pesquisadora

principal.

75

6. Resultados

6.1. Artigo 3

Satisfação de familiares com o atendimento oferecido por um Centro de Atenção

Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI) da cidade do Rio de Janeiro

Resumo

Introdução: Após a reforma da assistência psiquiátrica, a família passou a ser

parte integrante do processo de avaliação dos serviços de saúde mental. Nesse

contexto, uma das medidas mais utilizadas para a avaliação do serviço é a

satisfação. O presente estudo teve como objetivo a avaliação de um CAPSI e sua

relação com aspectos sociodemográficos e psicossociais, entre familiares de

pacientes deste serviço. Métodos: Estudo epidemiológico seccional que utilizou:

questionário sociodemográfico, escala de eventos de vida estressantes, de

qualidade de vida, de sobrecarga, de apoio social e de estratégias de

enfrentamento. Resultados: Foram entrevistados 102 familiares, cuja a média de

satisfação global com o serviço foi de 3,9 (dp=0,6). Fatores relacionados à

satisfação foram: resultados do tratamento, acolhida e competência do serviço,

privacidade e confidencialidade do serviço, diagnóstico de autismo do paciente,

ser familiar do sexo feminino, menor sobrecarga, melhor qualidade de vida nos

aspectos físico, psicológico e ambiental, maior apoio material e maior utilização

de estratégias de enfrentamento focalizadas no problema. Conclusão: Identificar

os fatores que possam influenciar a satisfação dos familiares com o serviço, pode

ser de grande auxílio para a construção de serviços mais adequados à essas

famílias e pacientes.

Palavras-chave: Satisfação do usuário, cuidadores familiares, serviços de saúde

mental.

Thiengo DL, Fonseca D, Abelha L, Lovisi GM. Satisfação de familiares com o atendimento

oferecido por um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI) da cidade do Rio de

Janeiro. Artigo aprovado para publicação através do Cadernos de Saúde Coletiva,

IESC/UFRJ, Rio de Janeiro.

76

Abstract

Introduction: After the reform of psychiatric care, the family has become an

integral part of the evaluation process of the mental health service. In this context,

one of the measures most commonly used to evaluate the service is satisfaction.

This study aimed to evaluate a CAPSI and its relationship to sociodemographic

and psychosocial aspects, among relatives of its patients. Methods: Sectional

epidemiological study that used: sociodemographic questionnaire, scale of

stressful life events, quality of life, burden, social support and coping strategies.

Results: 102 families were interviewed, whose average overall satisfaction with

the service was 3,9 (sd = 0,6). Satisfaction related factors were: treatment

outcomes, hospitality and service competence, service privacy and confidentiality,

diagnosis of autism, being female relative, less burden, better quality of life

regarding physical, psychological and environmental aspects, greater material

support and greater use of coping strategies focused on the problem.

Conclusion: The identification of factors that may influence the families

satisfaction with the service, can be of great help for the construction of more

adequate services to these families and patients.

Keywords: Users’ satisfaction, family caregivers, mental health services

77

Introdução

O principal objetivo das políticas em saúde mental, no atendimento às

crianças e jovens com transtornos mentais, é a construção de uma rede de

cuidados capaz de responder de forma efetiva às necessidades da população

infantojuvenil (COUTO et al., 2008).

No Brasil, os serviços especializados no atendimento à crianças e

jovens com transtornos mentais são os Centros de Atenção Psicossocial

Infantojuvenil (CAPSI). Este serviço possui caráter comunitário, indicado para

regiões com população acima de cento e cinquenta mil habitantes, onde a idade

limite para atendimento é até 21 anos (BRASIL, 2011; BRASIL, 2004).

Após a reforma da assistência psiquiátrica os serviços de atenção

comunitária em saúde mental, incluindo os serviços infantojuvenis, passaram a

ter como estratégia da atenção, uma participação mais ativa dos familiares. Os

familiares devem ser parte integrante do tratamento, pois se observa maior

dificuldade de melhora quando não se obtém a participação do familiar no

atendimento (SILVA et al., 2001). Além disso, tornar a família integrante do

processo de avaliação dos serviços de saúde mental funciona como parte

fundamental para aprimoramento do serviço de saúde (ALMEIDA, 2002). Nos

últimos anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem recomendado a

avaliação dos CAPSI's que também contemplem a perspectiva dos familiares

(DONABEDIAM, 2005; WHO, 1996). Neste contexto uma das medidas mais

utilizadas para a avaliação da qualidade do serviço é a satisfação com o serviço

(BANDEIRA et al., 2011; DONABEDIAM, 2005).

A satisfação com o serviço diz respeito a um conjunto variado de

reações diante da experiência dos cuidados em saúde (ESPERIDIÃO, TRAD,

2006). A satisfação com o serviço dependeria da eficiência do tratamento, dos

vínculos formados no processo de assistência, além das características clínicas

do pacientes e fatores psicossociais do familiar (COMISSÃO NACIONAL SOBRE

DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE, 2008).

Poucos estudos internacionais têm dado atenção à satisfação com o

serviço entre familiares de crianças e jovens com algum tipo de transtorno mental.

Liptak et al. (2006) em seu estudo comparando familiares de crianças com

78

autismo e retardo mental verificou que famílias de crianças com retardo mental

estavam mais satisfeitas com o serviço. O estudo de Garlandi et al. (2007)

verificou que a menor sobrecarga e maior frequência no serviço estavam

correlacionadas à maior satisfação dos familiares com o serviço. Outros estudos

identificaram uma correlação entre variáveis sociodemográficas, menor gravidade

do transtorno mental e maior satisfação com o serviço (BLADER, 2007;

COPELAND et al., 2004; BRINKMEYER et al, 2004).

Escassos estudos epidemiológicos acerca da satisfação com os

serviços de saúde mental foram identificados no contexto brasileiro. Esses

estudos tem como foco familiares de pacientes adultos com diagnóstico de

esquizofrenia (BANDEIRA et al., 2011; SANTOS, 2010). Diante da necessidade

de mais estudos sobre a satisfação de familiares com os serviços de atendimento

infantojuvenil, o objetivo principal do estudo foi avaliar a satisfação com o serviço

entre familiares de pacientes atendidos em um Centro de Atenção Psicossocial

Infantojuvenil na região metropolitana do Rio de Janeiro. Também foram objetivos

identificar diferenças entre a satisfação dos familiares segundo o transtorno

mental dos pacientes e identificar possíveis relações entre a satisfação com o

serviço e aspectos sociodemográficos e psicossociais.

Métodos

Trata-se de um estudo epidemiológico seccional realizado entre os

meses de agosto e outubro de 2014.

Local do estudo

O estudo foi realizado no Centro de Atenção Psicossocial

Infantojuvenil CARIM, na região metropolitana do Rio de Janeiro. O CAPSI

CARIM foi um dos primeiros Centros de Atenção Psicossocial Infantil no Brasil.

Em meio às transformações provocadas pela Reforma Psiquiátrica, em 1998, o

então setor Infantojuvenil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi

transformado em CAPSI, sob o nome de Centro de Atenção e Reabilitação da

Mocidade - CARIM. Atualmente, o mesmo pertence à esfera administrativa

79

federal, com gestão municipal, mas ainda possui atendimentos em parceria com a

UFRJ. Possui atendimento ambulatorial e atividades de média e alta

complexidade. No ano de 2014, o serviço possuía aproximadamente 150

pacientes em atendimento. O fluxo de atendimento é por demanda espontânea

ou referenciada. Em seu quadro de profissionais estão médicos psiquiatras,

enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e cuidadores em saúde.

Os familiares também participam de reuniões em grupo enquanto os pacientes

estão em atendimento. Nessas reuniões familiares e um psicólogo discutem a

respeito das dificuldades de cuidados no dia-a-dia e possíveis resoluções. Além

disso, há sempre um psicólogo e assistente social a disposição dos familiares

para tratar de assuntos mais específicos e que requerem confidencialidade. Os

atendimentos ocorrem de segunda a sexta-feira, nos turnos da manhã e tarde.

Critérios de inclusão

Foram adotados critérios de inclusão como: familiar com idade acima de

18 anos, que residiam com a criança ou jovem e que acompanhavam o paciente

há pelo menos seis meses no serviço.

Instrumentos

A fim de cumprir com os objetivos do presente estudo, foram utilizados

instrumentos para a descrição de variáveis sociodemográfics e psicossociais.

O questionário sociodemográfico utilizado incluiu perguntas sobre

idade, cor, estado civil, entre outras. Foram utilizados os critérios de

Classificação Econômica da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa para

estratificação socioeconômica (ABEP, 2012). Além disto os familiares também

foram questionados a respeito do uso de álcool e drogas pela criança ou jovem,

tempo de acompanhamento no serviço e se faziam acompanhamento

complementar fora do serviço. O diagnóstico foi obtido através do prontuário do

paciente.

Para avaliar a satisfação com o serviço foi utilizada a escala de

Avaliação da Satisfação dos Familiares com os Serviços de Saúde Mental

(SATIS-BR). Esse instrumento é o único validado para uso no Brasil capaz de

80

avaliar a satisfação de familiares com um serviço de saúde mental no contexto

brasileiro e pode ser aplicado em familiares de crianças ou jovens (BANDEIRA et

al., 2002; WHO, 1996). A versão utilizada foi uma versão abreviada que possui 11

itens, dos quais, 3 são questões qualitativas, enquanto 8 são questões do tipo

Likert, agrupadas em 3 categorias: resultados do tratamento, acolhida e

competência da equipe e privacidade e confidencialidade do serviço. É calculada

uma média, que varia de 1 à 5, que indica um grau maior de satisfação dos

familiares, quanto mais próxima ela estiver do valor máximo. A compreensão dos

familiares acerca das questões da escala de satisfação foi verificada por meio da

Técnica de Sondagem, onde os participantes justificavam suas respostas a cada

um dos itens da escala, contribuindo assim para a segurança dos dados

(GUILLEMIN, 1993).

Escala de Eventos de Vida Estressantes (Stressful Life Events) foi

utilizada para identificar a presença de catorze acontecimentos considerados

eventos importantes pelo individuo no último ano, como por exemplo conflitos

matrimoniais, perda do emprego, e problema físico grave. Essa escala foi

validada para uso no Brasil por Lopes et al. (2003).

Burden Interview foi utilizada para avaliar a sobrecarga percebida pelos

familiares. É um instrumento de 22 itens do tipo Likert que avalia o impacto da

sobrecarga nos seguintes aspectos da vida do familiar: saúde, vida social e

pessoal, situação financeira, bem-estar emocional e relações interpessoais. A

escala permite classificar o nível de sobrecarga em pouca ou nenhuma, leve à

moderada, moderada à intensa e intensa carga. Seu uso foi validado para o Brasil

por Scazufca (2002).

Para avaliar a qualidade de vida foi utilizada a WHOQOL-BREF. Este

instrumento do tipo Likert possui 26 itens, dos quais os dois primeiros se referem

à qualidade de vida de modo geral e à satisfação com a própria saúde, enquanto

o restante está dividido entre os domínios físico, psicológico, relações sociais e

meio ambiente (WHOQOL, 1997). O instrumento fornece uma média, que varia

entre 0 e 100, a qual indicará um grau maior de qualidade de vida, quanto mais

próximo do valor máximo. Foi validado para uso no Brasil (FLECK et al., 2000).

81

O apoio social percebido foi obtido através da escala de Apoio Social da

Medical Outcomes Support. Este instrumento possui 19 itens distribuídos em uma

escala tipo Likert compreendendo cinco dimensões funcionais de apoio social:

material, afetivo, emocional, interação social positiva e informação, em uma

média que varia de 0 à 100, que indicará um grau maior de apoio social, quanto

mais próxima do valor máximo. Seu uso foi validado para o Brasil (GRIEP et al.,

2005).

Para identificar as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos

familiares foi utilizada a Escala de Modos de Enfrentamento do Problema (EMEP -

Versão Abreviada). A escala do tipo Likert possui 45 itens, distribuídos em 4

fatores: enfrentamento focalizado no problema, enfrentamento focalizado na

emoção, busca de apoio social e busca de práticas religiosas. É calculada uma

média, que varia de 1 à 5, que indicará um grau maior de estratégias positivas,

quanto mais próxima ela estiver do valor máximo. O instrumento foi validado e

adaptado para uso no Brasil (SEIDL et al, 2001).

Coleta de dados

Os familiares foram convidados a participar da entrevista através de

solicitação realizada durante o atendimento com o grupo de familiares. Aqueles

que consentissem em participar eram entrevistados, em ambiente privado,

verificando-se inicialmente seus critérios de inclusão. Houve participação de

apenas um familiar por paciente. Os dados foram coletados por meio de

entrevista estruturada, realizada pela pesquisadora principal, com duração de

aproximadamente 50 minutos.

Análise estatística

Foram realizadas análises estatísticas para a descrição das

características sociodemográficas e psicossociais dos familiares e pacientes.

Com o objetivo de avaliar a aderência dos dados contínuos à

distribuição normal foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnoff. As variáveis que

não apresentaram normalidade foram transformadas em logaritmo (Log10), para

uma distribuição mais próxima da normal.

82

Para comparação entre a variável desfecho (satisfação global com o

serviço) e a variável dicotômica sexo foi utilizado o Teste t. Para verificar se

existia uma diferença significativa entre a variável desfecho e as variáveis

ordinais foi utilizada análise de variância (ANOVA), com posterior análise de Post-

Hoc de Bonferroni, essa última para evidenciar entre quais grupos ocorria essa

diferença. Para comparar a variável desfecho com as variáveis contínuas foi

utilizado teste de correlação de Pearson. Em seguida, as variáveis significativas

no teste t e ANOVA foram transformadas em variáveis dummy para que se

pudesse observar algum efeito destas variáveis sobre o modelo de regressão.

Para identificar a variação da variável satisfação global com o serviço

em relação as variáveis independentes foi realizada análise de regressão linear

simples, onde as variáveis que obtiveram p≤0,20 entraram posteriormente na

análise de regressão linear múltipla stepwise. A significância admitida no modelo

de regressão linear múltipla foi p≤0,05. A estatística de colinearidade também foi

observada através dos testes de tolerância (T= próximo de 0) e Variance Inflation

Factor (VIF = <5).

Os dados foram computados e analisados por meio do programa SPSS

(Statistical Package for the Social Sciences), versão 21.0.

Aspecto Ético

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto

de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (CAEE: 25173914.6.0000.5286).

Resultados

De 142 crianças e jovens inscritos no CAPSI durante o período de

coleta dos dados, 11 pacientes moravam em abrigos, sem contato com seus

familiares; 25 familiares não possuíam os critérios de inclusão; e 4 familiares

recusaram a participação na pesquisa sem qualquer razão para isso, totalizando

102 familiares.

83

Características dos participantes

Em relação as características sociodemográficas, a idade dos

familiares variou de 21 a 80 anos, com uma média de 45,3 anos (dp = 12,3). A

maior parte dos entrevistados era do sexo feminino (71,6%), composta por mães

(54,0%), com apenas ensino fundamental (53,9%) e pertenciam à classe

socioeconômica C (62,7%). Entre os entrevistados, 31,4% afirmaram viver

maritalmente; 44,1% se declararam de cor branca; 45,1% eram naturais do Rio de

Janeiro e 32,5% tinham trabalho formal. A média de filhos por famílias foi de

2,36 (dp=1,4).

Em relação aos pacientes do serviço, a média de idade foi de 11,6 anos

(dp=5,6), variando entre 4 e 21 anos. Os diagnósticos mais frequentes foram

Autismo infantil (40,2%) e Retardo mental (30,4%). Dois pacientes (2,0%) foram

apontados como usuários de maconha. A média em meses de permanência no

serviço foi de 40,7 (dp=36,4). Somente 29% dos pacientes frequentam escola

especial. Além disso, metade dos pacientes não participa de nenhuma atividade

recreativa ou terapia complementar (por exemplo fonoaudiologia ou terapia

ocupacional) fora do CAPSI (Tabela 1).

Aspectos psicossociais dos familiares

No que diz respeito aos eventos de vida estressantes, 27,5% dos

familiares relataram algum episódio de vida estressantes no último ano. Os mais

comuns foram: envolvimento judicial (10,7%) e falecimento de pessoa próxima

(9,8%). O domínio psicológico da qualidade de vida, a dimensão afetiva da

escala de apoio social e as estratégias de enfrentamento focalizadas no problema

obtiveram a maior média. A maior parte dos entrevistados apresentou sobrecarga

entre "leve e moderada" (55,9%) (Tabela 1).

O escore médio de satisfação global foi de 3,9 (dp=0,6), indicando que,

em geral, os familiares dos pacientes estavam entre "mais ou menos satisfeitos" e

"satisfeitos". Os escores médios de satisfação também foram calculados de

acordo com as subescalas, sendo 3,6 (dp=0,7) para a subescala “Resultados do

tratamento”; 3,7 (dp=0,8) para a subescala “Acolhida e competência da equipe”; e

84

4,3 (dp=0,5) para a subescala “Privacidade e confidencialidade do serviço”

(Tabela 1).

Em relação às perguntas qualitativas da escala, a maior parte dos

familiares (54,1%) afirmou gostar da atenção do profissionais aos pacientes. As

principais queixas foram: falta de atendimento individual para o paciente (8,8%) e

falta de infraestrutura (7,8%). Aproximadamente 37,3% dos familiares

acreditavam que o serviço poderia ser melhorado.

85

Tabela 1. Características sociodemográficas e psicossociais dos familiares de

pacientes atendidos no CAPSI CARIM entre os meses de agosto e outubro, 2014.

Variáveis Frequência (%) Média (dp)

Sexo Masculino 29 (28,4%) - Feminino 73 (71,6%) - Idade em anos - 45,3 (2,3) Cor Branca 46 (45,1%) - Parda 41(40,2%) - Negra 14(13,7%) - Indígena 1(1,0%) - Estado Civil Solteiro(a) 22(21,6%) - Casado(a) 30 (29,4%) - Divorciado(a) 14(13,7%) - Vive maritalmente 32(31,4%) - Viúvo(a) 4(3,9%) - Escolaridade Analfabeto 2(2,0%) - Ensino Fundamental 55(53,9%) - Ensino Médio 32(31,4%) - Ensino Superior 13(12,8%) - Naturalidade Rio de Janeiro 46(45,1%) - Sudeste 11(10,8%) - Nordeste 42(41,2%) - Outros 3(2,9%) - Profissão Desempregado(a) 8(7,8%) - Do Lar 33(32,4%) - Trabalho Informal 15(14,7%) - Trabalho Formal 34(32,5%) - Aposentado(a) 13(12,6%) - Classificação Socioeconômica A2 1(1,0%) - A1 2(2,0%) - B2 17(16,7%) - B1 6(5,8%) - C 64(62,7%) - D 12(11,8%) - Parentesco com o Paciente Mãe 56(54,8%) -

Pai 22(21,6%) - Pais adotivos 4(4,0%) - Avó 13(12,7%) - Avô 5(4,9%) - Tio(a) 2(2,0%) - Número de Filhos -

2,36(1,4)

Transtorno mental

86

Retardo mental 31(30,4%) - Autismo infantil 41(40,2%) - Distúrbios da atividade e da atenção 14(13,7%) - Transtorno depressivo recorrente 3(2,9%) - Transtorno de Asperger 5(4,9%) - Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares

2(2,0%) -

Transtornos psicóticos agudos e transitórios 6(5,9%) - Idade da criança/adolescente em anos - 11,6 (5,6) Tempo no serviço em meses - 40,7(36,4) Frequência no serviço 1x por semana 68(66,7%) - 2x por semana 34(33,3%) - Acompanhamento fora Não 51(50,0%) - Escola especial 30(29,4%) - Atividade recreativa 7(6,9%) - Outros 14 (13,7%) - Uso de substância psicoativa pelo paciente Não 100(98,0%) Sim 2(2,0%) Eventos de Vida Estressantes Nenhum evento 65(63,7%) - Um evento 28(27,5%) - Acima de dois eventos 9(8,8%) - Sobrecarga Pouca ou nenhuma carga 23(20,5%) - Leve a moderada 53(55,9%) - Moderada a intensa 25(22,6%) - Intensa carga 1(1,0%) - Qualidade de Vida - Qualidade de Vida_Domínio Físico 66,2(17,4) Qualidade de Vida_Domínio Psicológico 70,4(12,6) Qualidade de Vida_Domínio Social 58,9(13,8) Qualidade de Vida_Domínio Ambiental 53,2(14,4) Apoio Social - Apoio Social_Dimensão Material 66,4(15,0) Apoio Social_Dimensão Afetiva 80,9(15,9) Apoio Social_Dimensão Emocional 70,6(14,4) Apoio Social_Dimensão de Informação 73,4(13,6) Apoio Social_Dimensão de Interação Positiva 74,6(17,4) Estratégias de Enfrentamento - Estratégia_Focalizada no Problema 3,5(0,5) Estratégia_Focalizada na Emoção 1,8(1,5) Estratégia_Focalizada na Busca de Práticas Religiosas 3,1(0,8) Estratégia_Focalizada no Apoio Social 3,2(0,7) Satisfação com o Serviço Global - 3,9(0,6) Resultados do Tratamento - 3,6(0,7) Acolhida e Competência - 3,7(0,8) Privacidade e Confidencialidade no Serviço - 4,3(0,5)

87

O grupo de familiares de pacientes com Transtorno depressivo

apresentou a maior média de satisfação global com o serviço (M=4,5, dp=0,7). O

grupo de familiares de pacientes com Transtorno psicótico apresentou a média

mais baixa de satisfação global com o serviço (M=3,2, dp=0,6) (Tabela 2).

88

Tabela 2. Média de satisfação dos familiares segundo grupo diagnóstico dos pacientes

atendidos no CAPSI CARIM entre os meses de agosto e outubro, 2014.

Variáveis Retardo metal

Autismo infantil

Distúrbios da

atividade e da

atenção

T. Depressivo recorrente

T. Asperger

T. específicos do

desenvolvimento das habilidades

escolares

T. Psicóticos agudos e

transitórios

Satisfação com o Serviço Global

3,6(0,6) 4,1(0,6) 3,8(0,3) 4,5(0,7) 4,0(0,6) 3,4(0,7) 3,2(0,6)

Resultados do Tratamento

3,3(0,7) 3,8(0,7) 3,7(0,4) 4,3(0,8) 4,0(1,0) 2,9(0,7) 3,0(0,8)

Acolhida e Competência

3,5(0,8) 3,9(0,7) 3,7(0,5) 4,6(0,5) 3,8(1,0) 3,0(0,2) 3,0(0,9)

Privacidade e Confidencialidade

4,1(0,6) 4,5(0,5) 4,2(0,4) 4,6(0,5) 4,7(0,4) 4,0(0,5) 4,2(0,7)

Resultados da análise estatística

O Teste t indicou diferença estatisticamente significante entre os sexos

e a média de satisfação global com o serviço (Média_feminino: 4,00; Média_masculino:

3,63 / F=2,47, p=0,01). Já a análise de variância (ANOVA) permitiu concluir que

existiam diferenças significativas entre a média de satisfação global com o serviço

e os grupos de diagnóstico e sobrecarga. Na análise Post-Hoc, foi possível

identificar que houve diferença significativa na média de satisfação global com o

serviço entre o grupo de familiares de pacientes com autismo infantil em

comparação com o grupo de familiares de pacientes com retardo mental (Mautismo:

4,1 / Mretardo: 3,6; p=0,02). Houve também diferença significativa na média de

satisfação global com o serviço entre o grupo de familiares com "pouca

sobrecarga" em comparação aos demais grupos de sobrecarga (Mpouca sobrecarga:

4,4 / Mcarga intermediária e intensa: 3,6; p=0,00) (Tabela 3).

89

Tabela 3. Teste t e análise de variância (Anova) entre satisfação com o serviço

global e variáveis sociodemográficas e psicossociais.

Variáveis F p-valor

Teste t

Sexo 2,47 0,01 Frequência no serviço 2,08 0,12

ANOVA

*

Cor 1,28 0,28

Estado Civil 2,01 0,10

Naturalidade 0,14 0,93

Escolaridade 1,72 0,15

Profissão 0,22 0,92

Grau Socioeconômico 0,67 0,64

Parentesco com o Paciente 1,38 0,21

Diagnóstico do Paciente 3,94 0,03

Acompanhamento Fora 1,06 0,37

Eventos de Vida Estressante 0,19 0,82

Sobrecarga 17,85 0,00

F= Estatística F

*Ambas entre grupos.

A análise de correlação entre a variável desfecho e as variáveis

independentes contínuas indicou correlação moderada positiva e significativa

entre satisfação com o serviço global e as variáveis psicossociais: domínios físico,

psicológico e ambiental da qualidade de vida; apoio material; e estratégias de

enfrentamento focalizadas no problema, o que indicou que familiares mais

satisfeitos de um modo global também apresentaram maior qualidade de vida na

dimensão física, psicológica e ambiental, mais apoio material e fazem mais uso

de estratégias de enfrentamento focalizadas no problema. As variáveis domínio

físico (qualidade de vida) e apoio material também se mostraram mais

correlacionadas com os subitens da escala de satisfação. Também houve

correlação moderada positiva entre a satisfação com o serviço global e os

subitens da escala de satisfação (Tabela 4).

90

*. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades).

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades). 1. Variável transformada em logaritmo de base 10.

Satisf_

total1

Satisf_

resultado1

Satisf_

acolhida1

Satisf_

privacidade1

Quali_

físico

Quali_

psico

Quali_

ambiental1

Apoio_

material

Enfrent_

problema

Satisf_total1 1 ,708** ,751** ,601** ,726** ,578** ,407** ,728** ,724**

Satisf_

resultado1

,708** 1 ,749** ,478** ,620 ,458* ,377 ,671 ,691**

Satisf_

acolhida1

,751** ,749** 1 ,578** ,668 ,609** ,491 ,559** ,701

Satisf_

privacidade1

,601** ,478** ,578** 1 ,598 ,552 ,256 ,563 ,435

Quali_físico ,726** ,620 ,668 ,598 1 ,406** ,443** ,568* ,308**

Quali_psico ,578** ,458* ,609** ,552 ,406** 1 ,510** ,514 ,368**

Quali_

ambiental1

,407** ,377 ,491 ,256 ,443** ,510** 1 ,450 ,466**

Apoio_

material

,728** ,671 ,559** ,563 ,568* ,514 ,450 1 ,386**

Enfrent_

problema

,724** ,691** ,701 ,435 ,308** ,368** ,466** ,386** 1

Tabela 4. Análise de correlação significativa entre as variáveis psicossociais e subitens da escala

de de satisfação com o serviço de saúde mental (SATIS-BR).

91

A regressão linear múltipla incluiu as variáveis que obtiveram p≤0,20 na

regressão linear simples. Deste modo, entraram na regressão múltipla as

variáveis: idade do paciente; domínio físico, domínio psicológico e domínio

ambiental da qualidade de vida; apoio material; estratégias de enfrentamento

focalizadas no problema e na busca de práticas religiosas. Além disso, as

variáveis sexo, sobrecarga e diagnóstico foram transformadas em variável

dummy.

Ao final do modelo restaram apenas as variáveis domínio físico da

qualidade de vida, apoio material, estratégias focalizadas no problema. Em

relação às variáveis dummy, a variável "dummy_Alta_Carga" foi a única que

permaneceu no modelo final. No modelo final, as variáveis independentes

conseguiram explicar cerca de 70% a variação da avaliação da satisfação com o

serviço total. O valor de R2 explica mais de 2/3 da satisfação com o serviço. Os

valores observados estão variando em média 6,7% em torno dos valores

previstos pela fórmula (erro padrão residual = 6,7), portanto este modelo é efetivo

na prática. Não houve efeito de colinearidade observado através da análise de

tolerância (T= próximo de 0) e VIF (<5). Deste modo, a probabilidade de que o

resultado observado esteja errado é muito pequena (p<0,05).

Através do coeficiente padronizado, pode-se identificar que a estratégia

de enfrentamento focalizada no problema é a que mais influencia a avaliação da

satisfação global com o serviço na regressão linear múltipla. Além disso, em

relação à variável dummy, há evidências que o modelo seja diferente para

familiares com alta e pouca ou nenhuma carga. Deste modo, observamos que o

coeficiente da variável dummy foi negativo, indicando que ao manter as outras

variáveis constantes no modelo, a satisfação global com o serviço é inferior nos

familiares com maior sobrecarga (Tabela 5).

92

Tabela 5. Regressão múltipla entre a variável satisfação global com o serviço e variáveis

independentes que permaneceram no modelo final.

β Erro padrão

β padronizado

t IC p-valor

Tolerância VIF

Constante

0,256 0,026 - 9,693 0,204 − 0,309 0,00 - -

Quali_físico

0,007 0,00 0,243 3,089 0,001− 0,002 0,03 0,455 2,198

Apoio _material

0,010 0,00 0,260 3,299 0,001 − 0,002 0,01 0,456 2,194

Enfrent_ problema

0,050 0,009 0,397 5,522 0,032 − 0,069 0,00 0,547 1,829

DUMMY_Alta_carga

-0,027 0,014 -,163 -2,637 -0,048 − -0,007 0,01 0,541 1,349

β = Beta

t= Estatística t

IC= Intervalo de Confiança

VIF= Variance Inflation Factor

O modelo obteve F=64,25 (p≤0,01), deste modo, é possível afirmar que o modelo ajuda a prever a satisfação

com o serviço de um modo global. O R foi 0,69. Já o R2 ajustado foi 0,71 (erro padrão=0,03949). Fórmula do

modelo de regressão final: y= 0,256+0,007 Qual_físico+0,010 Apoio_material+0,050 Enfrent_problema + (-

0,027) DUMMY_Alta_carga.

93

Discussão

No presente estudo, os familiares entrevistados estavam, em média,

satisfeitos com o serviço prestado pelo CAPSI. Em uma recente revisão

sistemática a respeito dos estudos que investigaram a satisfação dos familiares

com os serviços de saúde mental infantojuvenil, verificou-se que na maior parte

dos estudos os familiares também estavam satisfeitos com o serviço (THIENGO

et al., 2014). Estudos internacionais com o mesmo escore máximo de pontuação,

obtiveram médias de satisfação global semelhantes às encontradas no presente

estudo (DVIR et al., 2012; REY et al, 1999).

Os familiares estavam em média mais satisfeitos com as medidas de

privacidade e confidencialidade fornecidas pelo serviço. A maior satisfação neste

subitem pode ser explicado pelo fato de que os profissionais do serviço

cumpriram seu papel ao oferecer segurança e confiança na relação com os

familiares do serviço, quando estes necessitam discutir assuntos pessoais

(SEOANE, FORTES, 2009).

A falta de atendimento individual dos pacientes e infraestrutura foi um

dos poucos aspectos de que os familiares não gostaram nos serviços. Um estudo

qualitativo, realizado com familiares de um CAPS, ressaltou às insatisfações dos

familiares quanto à infraestrutura, falta de recursos financeiros e humanos

empregados no CAPS (KANTORSKI et al., 2012). Segundo Kantorski et al.

(2012), a família frequentemente valoriza esses parâmetros como um marcador

importante na qualidade da assistência prestada ao usuário do serviço de

saúde mental.

Em relação aos subitens da escala de satisfação, houve maior

correlação entre a satisfação global com o serviço e acolhida e competência,

contrariando os resultados dos estudos de Santos (2010) e Bandeira et al. (2002),

que encontraram maior correlação com resultados do tratamento. O presente

estudo, ao entrevistar familiares de crianças e jovens, pode ter lidado com uma

população com angústias e expectativas bem diferentes, como por exemplo,

dificuldade em aceitar o diagnóstico e medo e insegurança quanto ao futuro da

criança ou jovem (CERVENY, 2006). Nesse contexto, ser bem acolhido pelo

serviço pode ter sido um importante componente do tratamento.

94

A multiplicidade de fatores que poderiam influenciar a satisfação global

com o serviço levou os pesquisadores à adotar um modelo multivariado de

análise. O modelo demonstrou que familiares com maior sobrecarga estavam

em média menos satisfeitos com o serviço em comparação com os familiares com

pouca ou nenhuma sobrecarga. Tais dados podem ser explicados pelo estudo de

Severo et al. (2007), o qual demonstrou que familiares que vivenciam situações

de maior sobrecarga no dia-a-dia, também indicaram que as informações sobre a

ausência de expectativa de cura para os pacientes consistiam em um ponto

negativo do contato com os serviços de saúde mental, o que no presente estudo

poderia explicar o fato de familiares com maior sobrecarga apresentarem uma

média menor de satisfação global com o serviço.

Quanto maior o escore de qualidade de vida nos aspectos físico,

psicológico e ambiental, maior a satisfação global com o serviço. Segundo Borba

et al. (2008), um dos fatores que podem influenciar diretamente na qualidade de

vida do familiar é a sobrecarga, já que esta pode interferir e implicar diretamente

num processo de adoecimento dos familiares, diminuindo sua qualidade de vida.

Mello e Furegato (2008), em uma pesquisa de investigação sobre o significado de

um CAPS entre os familiares, os mesmos afirmaram que o serviço trazia alívio da

sobrecarga gerada pela convivência prolongada com o indivíduo com transtorno

mental. É possível que a relação com os profissionais e as reuniões em grupo,

tenham auxiliado esses familiares a lidar com a sobrecarga de cuidados do dia-a-

dia, melhorando assim sua qualidade de vida, e como consequência influenciado

a avaliação da satisfação com o serviço. De fato, entre os subitens da escala de

satisfação, o que apresentou as maiores correlações com as dimensões de

qualidade de vida foi "Acolhida e Competência da equipe".

O apoio material foi outra variável que além de se correlacionar com a

satisfação global com o serviço, permaneceu presente no modelo final da

regressão. Este apoio refere-se à ajuda direcionada aos familiares em caso de

necessidade, por exemplo, ajuda em dinheiro ou auxílio em tarefas diárias

(SHERBOUNE, STERWART, 1991). Konstantares (1991) ressalta que a ajuda

nas tarefas do dia-a-dia a um cuidador informal deveria tornar mais fácil o ato de

cuidar de uma criança com transtorno mental oferecendo apoio material e

95

psicológico. Como consequência, o apoio social recebido fora do serviço de

saúde, poderia implicar em uma menor sobrecarga, resultando em maior

qualidade de vida, refletindo positivamente na sua avaliação em relação ao

serviço de saúde.

As estratégias de enfrentamento focalizadas no problema também

foram evidenciadas pelo estudo através da análise de correlação. Além disso, foi

a variável que apresentou maior força no modelo final de regressão. As

estratégias de enfrentamento voltadas para o problema, buscam o manejo da

situação estressante, que no caso é cuidar de uma criança ou jovem com

transtorno mental (DAMIÃO et al., 2009). Sabe-se que os cuidados diários aos

pacientes podem interferir e implicar diretamente num processo de adoecimento

dos familiares, diminuindo suas estratégias de enfrentamento (BORBA et al.,

2008). Na presente análise deste estudo, as estratégias de enfrentamento

voltadas para o problema se mostraram de extrema importância. Segundo estudo

de Borba et al. (2008), as estratégias de enfrentamento precisam ser trabalhadas

pelo serviço de saúde para fortalecer os vínculos e a capacidade dos familiares

de proverem os cuidados necessários aos pacientes. Assim como no estudo de

Pereira e Cais (2001), é possível que essas estratégias focalizadas no problema

também tenham sido trabalhadas com efetividade pelas reuniões com o grupo de

familiares promovidas pelo serviço, o que resultou em um retorno positivo na

avaliação do serviço.

O sexo feminino também foi maioria entre os familiares, em

consonância com outros estudos, onde a figura feminina tem sido descrita como o

principal cuidador familiar (SANTOS, 2010). Além disso, o sexo feminino foi o

único fator demográfico associado à maior satisfação global com o serviço. O

estudo de Santos (2010), relata que a mulher, por uma questão cultural,

apresentaria maior aceitação em relação aos cuidados oferecidos pelo serviço de

saúde, o que, no presente estudo, poderia ter influenciado a avaliação da

satisfação com o serviço. Campos e Soares (2005) afirmam também que são as

mulheres que ficam mais em casa e acabam se responsabilizando pelos cuidados

da pessoa com transtorno mental. No presente estudo, ao dividir esses cuidados

96

com o serviço de saúde é provável que tenha havido uma diminuição da

sobrecarga e como consequência uma avaliação positiva do serviço.

O diagnóstico de autismo também se mostrou associado à satisfação

global com o serviço em comparação ao grupo de familiares de pacientes com o

diagnóstico de retardo mental. Esse resultado contraria o estudo longitudinal de

Liptak et al. (2006), que ressaltava que o sentimento de angústia e impotência dos

familiares de crianças com autismo poderia afetar negativamente a interação dos

familiares com os prestadores de cuidados de seus filhos, prejudicando a

satisfação com o serviço. Porém o presente estudo não identificou tal

constatação. É provável que as reuniões com os grupos de pais promovidas pelo

serviço do CAPSI estejam sendo efetivas para os familiares de pacientes com

autismo e com isso minimizando as angústias e frustrações destes familiares,

oferecendo impacto direto na satisfação com o serviço. Ao fazerem parte dos

grupos de apoio oferecidos pelo serviço, os participantes relatam melhora nas

relações sociais, na capacidade para lidar com situações pertinentes ao

transtorno mental, aumento da confiança e alívio emocional (CONTEL, VILLAS-

BOAS, 1999).

Por se tratar de um estudo seccional, o mesmo não permitiu

estabelecer uma relação de causalidade entre os fatores estudados e a satisfação

com o serviço. Todavia, optou-se por manter os fatores estudados na análise de

correlação e regressão, pois podem ser de grande relevância para o

planejamento das ações em saúde relacionadas ao cuidado das crianças ou

jovens e seus familiares. Há uma necessidade de realização de mais estudos,

sobretudo estudos longitudinais que possam colaborar com o tema.

Ao se trabalhar com medidas de satisfação podem ocorrer viéses que

resultam em respostas excessivamente positivas, tais como o viés de gratidão

e/ou de aceitação (ESPERIDIÃO, TRAD, 2005). Em relação a estudos em

serviços públicos, é provável os familiares estivessem relutantes em criticar os

serviços sobre os quais eles são tão dependentes e com isso o receio dos

familiares de perder o acesso ao serviço (ESPERIDIÃO, TRAD, 2005). Ainda

assim, cuidados metodológicos foram tomados para diminuir a probabilidade

97

desses viéses, como a garantia de anonimato e uso de instruções detalhadas em

ambiente privado (MERCIER, CORTEN, 1994).

Conclusão

No presente estudo, os familiares entrevistados estavam, em média,

satisfeitos com o serviço de saúde mental infantojuvenil.

Diversos fatores estiveram relacionados à satisfação global com o

serviço, como resultados do tratamento, acolhida e competência do serviço e

privacidade e confidencialidade no serviço. Sexo feminino do familiar foi o único

fator demográfico relacionado à satisfação com o serviço de modo global. Em

relação as variáveis pertinentes ao paciente, o diagnóstico de autismo foi o único

que se mostrou relacionado com a satisfação com o serviço de modo global. Além

disso, fatores psicossociais também foram evidenciados pelo estudo, como menor

sobrecarga, maior qualidade de vida nos aspectos físico, psicológico e ambiental,

maior apoio material e maior utilização de estratégias de enfrentamento

focalizadas no problema.

Além disso, é possível que a boa relação com os profissionais e as

reuniões em grupo promovidas pelo serviço também tenham auxiliado esses

familiares a lidar com a sobrecarga de cuidados do dia-a-dia, resultando em um

retorno positivo na avaliação da satisfação com o serviço.

Este estudo trouxe mais contribuições para um campo teórico e prático

pouco explorado em saúde mental. É necessário que mais estudos possam ser

realizados, para que se amplie a discussão em saúde mental infantojuvenil. De

fato, identificar os fatores que possam influenciar a satisfação dos familiares com

o serviço, pode ser de grande auxílio para a construção de um serviço mais

adequado à essas famílias e pacientes.

98

Agradecimentos

À doutora Nathália Armony e a toda equipe do CAPSI CARIM pelo interesse no

estudo e acolhida dos pesquisadores.

Fonte de Financiamento

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Conflito de Interesse

Nada a declarar.

Referências do artigo

ALMEIDA, P.F. O desafio da produção de indicadores para avaliação de serviços

em saúde mental: um estudo de caso do centro de atenção psicossocial rubens

côrrea/RJ. 2002. 137f. Dissertação. Escola Nacional de Saúde Pública da

Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA - ABEP. Dados com

base no levantamento socioeconômico de 2012 - IBOPE. Disponível em:

<www.abep.org>. Acesso: 18/10/2013.

BANDEIRA, M.; SILVA, M.A.; CAMILO, C.A.; FELÍCIO, C.M. Satisfação de

familiares de pacientes psiquiátricos com os serviços de saúde mental e seus

fatores associados. J Bras Psiquiatria, v.60, n.4, p. 284-93, 2011.

BANDEIRA, M.; MERCIER, C.; PERREAULT, M.; LIBÉRIO, M.M.A.; PITTA,

A.M.F. Escala Brasileira de Avaliação da Satisfação dos Familiares em Serviços

de Saúde Mental: SATIS-Br. J Bras Psiquiatria, v.51, n.1, p. 31-38, 2002.

99

BLADER, J.C. Longitudinal Assessment of Parental Satisfaction with Children’s

Psychiatric Hospitalization. Adm Pol Ment Health, v.34, n.2, p. 108–115, 2007.

BORBA, L.O.; SCHWARTZ, E.; KANTORSKI, L.P. A sobrecarga da famÌlia que

convive com a realidade do transtorno mental. Acta Paul Enferm, v.21, n.4, p.

588-94, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011.

Disponível em:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.ht

ml>. Acesso em: 18/10/2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Legislação em saúde mental 1990 – 2004, 2004. 5ª

ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

BRINKMEYER, M.Y.; EYBERG, S.M.; NGUYEN, M.L.; ADAMS, R.W. Family

Engagement, Consumer Satisfaction and Treatment Outcome in the New Era of

Child and Adolescent In-Patient Psychiatric Care. Clin Child Psychol Psychiatry,

v.9, n.4, p. 553-566, 2004.

CAMPOS, P.H.F.; SOARES, C.B. Representação da sobrecarga familiar e adesão

aos serviços alternativos em saúde mental. Psic Revista, v.11, n.18, p. 219-237,

2005.

CERVENY, C.M.O. Familia e....São Paulo: Casa do Psicólogo; 2006.

COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE. As

causas sociais das iniqüidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Editora

FIOCRUZ, 2008.

100

CONTEL, J.O.B.; VILLAS-BOAS, M.A. Psicoterapia de grupo de apoio

multifamiliar (PGA) em hospital-dia (HD) psiquiátrico. Rev Bras Psiquiatria, v.21,

n.4, p. 225-30, 1999.

COPELAND, V.C.; KOESKE, G.; GREENO, C.G. Child and mother client

satisfaction questionnaire scores regarding mental health services: race, age, and

gender correlates. Res Soc Work Pract, v.14, n.6, p. 434–442, 2004.

COUTO, M.C.V.; DARTE, C.S.; DLGADO, P.G.G. A saúde mental infantil na

Saúde Pública brasileira: situação atual e desafios. Rev Bras Psiquiatria, v.30,

n.4, p. 390-398, 2008.

DAMIÃO, E.B.C.; ROSSATO, L.M.; FABRI, L.R.O.; DIAS, V. Inventário de

estratégias de enfrentamento: um referencial teórico. Rev Esc Enferm USP, v.43

(supl. 2), p. 1199-203, 2009.

DONABEDIAM, A. Evaluating the quality of medical care. Milb Quartely, v.83, n.4,

p. 691-729, 2005.

DVIR, Y.; WENZ-GROSS, M.; JEFFERS-TERRY, M.; METZ, P. "An assessment

of satisfaction with ambulatory child psychiatry consultation services to primary

care providers by parents of children with emotional and behavioral needs: the

Massachusetts Child Psychiatry Access Project University of Massachusetts

Parent Satisfaction Study". Psych Public Present, v.13, n.7, p. 497, 2012.

ESPERIDIÃO, M.A.; TRAD, L.A.B. Avaliação de satisfação de usuários:

considerações teórico-conceituais. Cad Saúde Pública, v.22, n.6, p. 1267-76,

2006.

ESPERIDIÃO, M.; TRAD, L.A.B. Avaliação da satisfação de usuários. Ciên Saúde

Coletiva, v.10 (sup), p. 303-12, 2005.

101

FLECK, M.P.; LOUZADA, S.; XAVIER, M.; CHACHAMOVICH, E.; VIEIRA, G.;

SANTOS, L.; PINZON, V. Aplicação da versão em português do instrumento

abreviado de avaliação da qualidade de vida Whoqol-bref. Rev Saúde Pública , v.

34, n.2, p. 178-83, 2000.

GARLAND, A.F.; HAINE, R.A.; BOXMEYER, C.L.. Determinates of youth and

parent satisfaction in usual care psychotherapy. Eval Program Plann, v.30, n.1, p.

45-54, 2007.

GRIEP, R.H.; CHOR, D.; WERNECK, G.; LOPES, C.S. Validade de constructo de

escala de apoio social do Medical Outcomes Study adaptada para o português no

Estudo Pró-Saúde. Cad Saúde Pública, v.21, n.3, p. 703 - 714, 2005.

GUILLEMIN, F.; BOMBARDIER, C.; BEATON, D. Cross-cultural adaptation of

health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J

Clin Epidem, v.46, n.12, p. 1417-32, 1993.

KANTORSKI, L.P.; MACHADO, R.A.; LEMÕES, M.A.M.; QUADROS, L.C.M.;

COIMBRA, V.C.C.; JARDIM, V.M.R. Avaliação da estrutura e processo na visão

dos familiares de usuários de saúde mental. Ciên Cuidado Saúde, v.11, n.1, p.

173-180, 2012.

KONSTANTARES, M.M. Autistic, learning disabled and delayed children's impact

on their parents. Canad J Behav Science, v.23, n.3, p. 358-375, 1991.

LIPTAK, G.S.; ORLANDO, M.; YINGLING, J.T.; THEURER-KAUFMAN, K.L.;

MALAY, D.P.; TOMPKINS, L.A.; FLYNN, J.R. Satisfaction with primary health care

received by families of children with developmental disabilities. J Pediatr Health

Care, v.20, n.4, p. 245-52, 2006.

102

LOPES, C.S.; FAERSTEIN, E.; CHOR, D. Eventos de vida produtores de estresse

e transtornos mentais comuns: resultados do Estudo Pró-Saúde. Cad Saúde

Públic, v. 19, n.6, p. 1713-20, 2003.

MELLO, R.; FUREGATO, A.R.F. Representações de usuários, familiares e

profissionais acerca de um Centro de Atenção Psicossocial. Rev Enfermagem,

v.12, n.3, p. 457- 464, 2008.

MERCIER, C.; CORTEN, P. Évaluation de la qualité de vie de patients

psychotiques. In: Kovess V. Evaluation de la qualité en psychiatrie. Paris:

Economica, 1994.

PEREIRA, M.A.O.; CAIS, D.P. A percepção de familiares de pacientes

psiquiátricos a respeito do serviço de saúde oferecido. Revista Gaúcha de

Enfermagem, v.22, n.2, p. 90-101, 2001.

REY, J.M.; PLAPP, J.M.; SIMPSON, P.L. Parental satisfaction and outcome: a 4-

year study in a child and adolescent mental health service. Child Psy Aust New

Zealand J Psych, v.33, n.1, p. 22–28, 1999.

SANTOS, A.F.O. Familiares cuidadores de usuários de serviço de saúde mental:

sobrecarga e satisfação com serviço. 174f. 2010. Dissertação. Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. São

Paulo, 2010.

SCAZUFCA, M. Brazilian version of the Burden Interview scale for the assessment

of burden of care in carers of people with mental illnesses. Rev Bras Psiquiatria,

v.24, n.1, p. 12-7, 2002.

103

SEIDL, E.M.F.; TRÓCOLLI, B.T.; ZANNON, C.M.L. C. Análise Fatorial de Uma

Medida de Estratégias de Enfrentamento. Psi Teor Pesq, v.17, n.3, p. 225-234,

2001.

SEOANE, F.A.; FORTES, P.A.C. A Percepção do Usuário do Programa Saúde da

Família sobre a Privacidade e a Confidencialidade de suas Informações. Saúde

Soc, v.18, n1, p. 42-49, 2009.

SEVERO, A.K.S.; DIMENSTEIN, M.; BRITO, M.; CABRAL, C.; ALVERGA, A.R. A

experiência de familiares no cuidado em saúde mental. Arq Bras Psicol, v.59, n.2,

p. 143-55, 2007.

SHERBOUNE, C.D.; STERWART, A.L. The MOS social support survey. Soc Sci

Med, v.32, n.6, p. 705-14, 1991.

SILVA, N.L.P.; DESSEAN, M.A. Deficiência Mental e Família:

Implicações para o Desenvolvimento da Criança. Psicologia: Teor Pesquisa, v.17,

n.2, p. 133-141 2001.

THE WHOQOL GROUP: Measuring quality of life. Geneva: World Health

Organization, 1997.

THIENGO, D.L.; FONSECA, D.; LOVISI, G.M. Satisfação dos familiares com os

serviços de saúde mental para crianças e adolescentes: uma revisão sistemática.

Cad Saúde Coletiva, v.22, n.3, p. 233-40, 2014.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Consumer’s and caregiver’s satisfaction

with mental health services: a multisite study. Geneva: World Health Organization,

1996.

104

7. Referências (TESE)

1. ABBAD, G.; TORRES, C.V. Regressão múltipla stepwise e hierárquica em

Psicologia Organizacional: aplicações, problemas e soluções. Estudos de

Psicologia, v. 7, n. 99, p. 19-29, 2002.

2. ABEP - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA - 2012.

Dasos com base no levantamento socioeconômico de 2012- IBOPE.

Disponível em: <www.abep.org>. Acesso: 18/10/2013.

3. ABRAMOVITCH, S.; MAIA, M.C.; CHANIAUX, E. Transtornos de déficit de

atenção e do comportamento disruptivo: associação com abuso físico na

infância. Rev Psiq Clín, v.35, n.4, p.159-64, 2008.

4. ADAMI, NP.; MARANHÃO, A.M.S.A. Qualidade dos serviços de saúde:

conceitos e métodos avaliativos. Rev Acta Fam Enfer, v.8, n.4, p.47-55, 1995.

5. AGOSTINHO, M.R.; OLIVEIRA, M.V.; PINTO, M.E.B.; BALARDIN, G.U.;

HARZHEIM, E. Autopercepção da saúde entre usuários da Atenção Primária

em Porto Alegre, RS. Rev Bras Med Fam e Com, v.5, n. 17, p. 9-15, 2009.

6. ALMEIDA, P.F. O desafio da produção de indicadores para avaliação de

serviços em saúde mental: um estudo de caso do centro de atenção

psicossocial rubens côrrea/RJ. 2002. 137 f. Dissertação (Mestrado) - Escola

Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2002.

7. AMAB - ASSOCIAÇÃO DE MORADORES E AMIGOS DE BOTAFOGO.

Disponível em: <www.amabotafogo.org.br/perfil.asp>. Acesso: 12/09/2013

105

8. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION., Summary of Practice-Relevant

Changes to the DSM-IV-TR. Washington, DC: American Psychiatric

Association, 2000.

9. ANDRADE, R.C.; JUNIOR, F.A.; TEIXEIRA, I.A.; FONSECA, V.A.S.

Prevalência de transtornos psiquiátricos em jovens infratores na cidade do Rio

de Janeiro (RJ, Brasil): estudo de gênero e relação com a gravidade do delito.

Ciência & Saúde Coletiva, v.16, v.4, p. 2179-88, 2011.

10. ARAKAWA, A.M.; et al. Percepção dos usuários do sus: expectativa e

satisfação do atendimento na Estratégia de Saúde da Família. Revista

CEFAC [Em linha], v.14, n.6, p. 1108-1114, 2012.

11. ARAUJO, DMR; VILARIM, MM; SABROZA, AR; NARDI, AE. Depressão no

período gestacional e baixo peso ao nascer: uma revisão sistemática da

literatura. Cad. Saúde Pública, v. 26, n.2, p. 219-27, 2010.

12. BANDEIRA, M.; MERCEIER, C.; PERREAULT, M.; LIBÉRIO, M.M.A.; PITTA,

A.M.F. Escala Brasileira de Avaliação da Satisfação dos Familiares em

Serviços de Saúde Mental: SATIS-Br. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v.51,

n.1, p. 31-38, 2002.

13. BANDERIA, M.; BARROSO, S.M. Sobrecarga das famílias de pacientes

psiquiátricos. J Bras Psiquiatr, v.54, n.1, p.34-46, 2005.

14. BANDEIRA, M.; CALZAVARA, M.G.P.; CASTRO, I. Estudo de validade da

escala de sobrecarga de familiares cuidadores de pacientes psiquiátricos. J.

Bras Psiquiatr, v.57, n.2, p. 98-104, 2008.

106

15. BANDEIRA, M.; SILVA, M.A.; CAMILO, C.A.; FELÍCIO, C.M.Satisfação de

familiares de pacientes psiquiátricos com os serviços de saúde mental e seus

fatores associados. J Bras Psiquiatr, v.60, n.4, p. 284-93, 2011.

16. BAPTISTA, M.N.; BAPTISTA, A.S.D.; TORRES, E.C.R. Associação entre

suporte social, depressão e ansiedade em gestantes. PSIC - Revista de

Psicologia, v.7, n.1, p. 39-48, 2006.

17. BARBER, A.J.; TISCHLER, V.A.; HEALEY, E. Consumer satisfaction and

child behaviour problems in child and adolescent mental health services. J

Child Health Care, v.10, n.1, p. 9-21, 2006.

18. BLADER, J.C. Longitudinal Assessment of Parental Satisfaction with

Children’s Psychiatric Hospitalization . Adm Policy Ment Health, v.34, n.2, p.

108–115, 2007.

19. BOHON, C.; STICE, E.; BURTON, E.; FUDELL, M.; NOLEN- HOEKSEMA, S.

A Prospective Test of Cognitive Vulnerability Models of Depression With

Adolescent Girls. Behavior Therapy, v.39, p. 79–90, 2008.

20. BORDIN, I.A.S.; PAULA, C. Estudos populacionais sobre saúde mental de

crianças e adolescentes brasileiros. In: Mello MF, Mello AAF, Korh R.

(Org.). Epidemiologia da saúde mental no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2007.

21. BRADFORD, R. Children, families and chronic disease: psychological models

and methods of care. London: Routledge, 1997.

22. BRASIL. Ministério da Saúde. Rede Nacional existente. Coordenação geral de

Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, Secretaria de Atenção à Saúde,

Departamento de Atenção Especializada e Temática, Brasília: Ministério da

Saúde, 2014. Disponível em:

107

<http://www.brasil.gov.br/observatoriocrack/cuidado/outros-centros-atencao-

psicossocial.html>. Acesso em: 12/01/2014.

23. BRASIL. Ministério da Saúde. Datasus - Informações de saúde. População

Residente, 2012. Disponível em:

<http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0206&VObj=http://ta

bnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?ibge/cnv/pop>. Acesso em: 01/11/2013.

24. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011.

Disponível em:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_re

p.html>. Acesso em: 18/10/2012.

25. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010.

DisponíveL em:

<http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2011/img/07_jan_portaria4279

_301210.pdf>. Acesso em:18/10/2013.

26. BRASIL. Ministério da Saúde. Caminhos para uma política de saúde mental

infanto-juvenil. Série B. Textos Básicos em saúde. Brasília, 2005.

27. BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde mental no SUS: os centros de atenção

psicossocial. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,

Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da

Saúde, 2004, a.

28. BRASIL. Ministério da Saúde. Legislação em saúde mental 1990 – 2004. 5ª

ed. Brasília: Secretaria Executiva, 2004, b.

29. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 336/GM, de 19 de fevereiro de

2002. Brasília, 2002. Disponível em:

108

<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria%20GM%20336-

2002.pdf>. Acesso em:15/10/2013.

30. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº1395, de 13 de dezembro de 1999.

Diário Oficial da República Federativa do Brasil (237-E) Seção 1:20, 1999.

31. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 224/GM, de 29 de janeiro de 1992.

Brasília, 1992.

32. BRINKMEYER, M.Y.; EYBERG, S.M.; NGUYEN, M.L.; ADAMS, R.W. Family

Engagement, Consumer Satisfaction and Treatment Outcome in the New Era

of Child and Adolescent In-Patient Psychiatric Care. Clin Child Psychol

Psychiatry, v.9, n.4, p. 553-566, 2004.

33. BRITO, A.N.W.; DESSEAN, M.A. Crianças surdas e suas famílias: um

panorama geral. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.12, p. 429-445, 1999.

34. BROUSELLE, A. CHAMPAGNE, F.; CONTRANDIOPOULOS, A.P., HARTZ,

Z. Avaliação: conceitos e métodos. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2011.

35. BURNS, G.L.; WALSH, J.Á.; SERVERA, M.; LORENZO-SEVA, U.; CARDO,

E.; RODRIGUEZ-FORNELL, A. Construct Validity of ADHD/ODD Rating

Scales:Recommendations for the Evaluation of Forthcoming DSM-

VADHD/ODD Scales. J Abnorm Child Psychol, v.41, p.15–26, 2013.

36. CADMAN, T.; EKLUND, H.; HOWLEY, D.; HAIWARD H.; CLARKE, C.;

FINDON, J.; XENITIDS, K.; MURPHY, D.; ASHERSON, P.; GLSER, K.

Caregiver Burden as People With Autism Spectrum Disorder and Attention-

Deficit/Hyperactivity Disorder Transition into Adolescence and Adulthood in

the United Kingdom. Journal of the American Academy of Child & Adolescent

Psychiatry, v.51, n.9, p.879-888, 2012.

109

37. CAMILO, C.A.; BANDEIRA, M.; LEAL, R.M.A.C.; SCALON, J.D. Avaliação da

satisfação e sobrecarga em um serviço de saúde mental. Cad. Saúde Colet,

v.20, n.1, p. 82-92, 2012.

38. CAQUEO-URÍZAR, A.; GUTIÉRREZ-MALDONADO, J.; MIRANDA-

CASTILLO, C. Quality of life in caregivers of patients with schizophrenia: A

literature review. Health and Quality of Life Outcomes, London, v. 7, n. 84,

2009.

39. CAVALCANTI, M.T.; DAHL, C.M.; CARVALHO, M.C.A.; VALENCIA, E.

Critérios de admissão e continuidade de cuidados em centros de atenção

psicossocial, Rio de Janeiro, RJ. Rev Saúde Pública, v.43 (supl.1), p. 23-28,

2009.

40. CHOR, D.; GRIEP, R.H.; LOPES, C. S.; FAERSTEIN, E. Medidas de rede e

apoio social no Estudo Pró-Saúde: pré-testes e estudo piloto. Cadernos de

Saúde Pública, v.17, n.4, p. 887-896, 2001.

41. COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE. As

causas sociais das iniqüidades em saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Editora

FIOCRUZ, 2008.

42. CONTRANDIOPOULOS, A.; CHAMPAGNE, F.; DENIS, J.L.; AVARQUES,

M.C. Evaluation dans le domaine de la santé: concepts et méthodes. Revue

Epidemiologie et Santé Publiqu, v.48, n. 6, p. 517- 539, 2000.

43. COPELAND, V.C.; KOESKE, G.; GREENO, C.G. Child and mother client

satisfaction questionnaire scores regarding mental health services: race, age,

and gender correlates. Res Soc Work Pract, v.14, n.6, p.434–442, 2004.

110

44. COSTA, A.C.M.M.; NETA, H.F.A.; FERNANDES, M.A. Transtornos

psiquiátricos da infância: percepção do familiar/cuidador Revista

Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina, v.3, n.4, p.18-22, 2010.

45. COUTO, M.C.; DUARTE, C.S.; DELGADO, P.G.G. A saúde mental infantil na

Saúde Pública brasileira: situação atual e desafios. Rev. Bras. Psiquiatr, v.30,

n.4, p. 384-389, 2008.

46. CRUZEIRO, A.L.C.; SILVA, R.A.; HORTA, B.L.; SOUZA, L.D.M.; FARIA, A.G.;

PINHEIRO, R.T. SILVEIRA, I.O.; FERREIRA, C.D. Prevalência e fatores

associados ao transtorno da conduta entre adolescentes: um estudo de base

populacional. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.24, n.9, p. 2013-2020,

2008.

47. CURTIS, C.E. LUBY, J. Depressionand Social Functioningin Preschool

Children with Chronic Medical Conditions. J Pediatr, v.153, p.408-13, 2008.

48. DADA, MU.; OQUN, O.C.; BELLO-MOJEED, M.A. Factors associated with

caregiver burden in a child and adolescent psychiatric facility in Lagos,

Nigeria: a descriptive cross sectional study. BMC Pediatric, v.11, n. 110, p. 2-

6, 2011.

49. DEMING, E.W. Qualidade: a revolução na produtividade. Rio de Janeiro:

Saraiva, 1990.

50. DIAGNOSTIC AND STATISTICAL MANUAL OF MENTAL DISORDERS -

DSM-IV- (Trad. Cláudia Dornelles. Porto Alegre: Artmed; 4º Ed. rev., 2002.

51. DONABEDIAM, A. The Quality of Medical Care. Science 200, 1978.

111

52. DONABEDIAM, A. La calidad de la atención médica – definición y métodos de

evaluación. México DF: La Prensa Mexicana, 1984.

53. DONABEDIAM, A. Evaluating the quality of medical care. Milbank Quartely,

v.83, n.4, p.691-729, 2005.

54. DOWNS, S.H.; BLACK, N. The feasibility of creating a checklist for the

assessment of the methodological quality both of randomised and non-

randomised studies of health care interventions. J Epidemiol Community

Health, v.52, n.6, p. 377-84, 1998.

55. DVIR, Y.; WENZ-GROSS, M.; JEFFERS-TERRY, M.; METZ, P. "An

assessment of satisfaction with ambulatory child psychiatry consultation

services to primary care providers by parents of children with emotional and

behavioral needs: the Massachusetts Child Psychiatry Access Project

University of Massachusetts Parent Satisfaction Study" Psychiatry

Publications and Presentations, v.13, n.7, p. 497, 2012.

56. EKBLAD, M.; GISSLER, M.; LEHTONEN, L.; KORKEILA, J. Relation of

Prenatal Smoking Exposure and Use of Psychotropic Medication up to Young

Adulthood. Am J Epidemiol, v. 174, n. 6, p. 681–690, 2011.

57. EL-BAZ, F.; ISMAEL, N.A.; EL-DIN, S.M.N. Risk factors for autism: An

Egyptian study. The Egyptian Journal of Medical Human Genetics, v.12, p.

31–38, 2011.

58. ESPERIDIÃO, M.A.; TRAD, L.A.B. Avaliação de satisfação de usuários:

considerações teórico-conceituais. Cad Saúde Pública, v.22, n.6, p. 1267-76,

2006.

59. FARAH, M.F.S.; BARBOZA, H.B. Novas Experiências de Gestão Pública e

Cidadania. Coleção FGV Prática. Rio de Janeiro : Editora FGV, 2000.

112

60. FAVARO, A.; TENCONI, E.; SANTONASTASO, P. The interaction between

perinatal factors and childhood abuse in the risk of developing anorexia

nervosa. Psychological Medicine, v. 40, p. 657-665, 2010.

61. FERRANS, C.; POWERS, M. Quality of Life index: development and

psychometric properties. Advances in Nursing Science, v.8, n. 1, p.15-24,

1985.

62. FLECK, M.P.; LOUZADA, S.; XAVIER, M.; CHACHAMOVICH, E.; VIEIRA, G.;

SANTOS, L.; PINZON, V. Aplicação da versão em português do instrumento

abreviado de avaliação da qualidade de vida WHOQOL-bref. Rev Saude

Publica, v.34, n.2, p. 178-83, 2000.

63. FLEITLICH-BILYK, B.; GOODMAN, R. Prevalence of child and adolescent

psychiatric disorders in southeast Brazil. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry,

v.43, n.6, p. 727-34, 2004.

64. GARLAND, A.F.; HAINE, R.A.; BOXMEYER, C.L. Determinates of youth and

parent satisfaction in usual care psychotherapy. , v.30, n.1, p. 45-54, 2007.

65. GLOZMAN, J. M. Quality of life of caregivers. Neuropsychology Review, New

York, v. 14, n. 4, p. 183-196, 2004.

66. GODLEY, S.A.; FIEDLE, E.M.; FUNK, R.R. Consumer satisfaction of parents

and their children withchild/adolescent mental health services. Evaluation and

Program Planning, v.21, n.3, p. 1-45, 1998.

67. GOMES, G.C.; ERDMANN, A.L. O cuidado compartilhado entre a família e a

enfermagem à criança no hospital: uma perspectiva para a sua humanização.

Rev Gaúcha Enferm, v.26, n.1, p. 20-30, 2005.

113

68. GORKA, S.M.; SHANAHANKMAN, S.A.; SEELEY, J.R.; LEWINSOHN, P.M.

The moderating effect of parental illicit substance use disorders on the relation

between adolescent depression and subsequent illicit substance use

disorders. Drug Alcohol Depend, v.128, n.1-2, p.1-7, 2013.

69. GOUVEIA, G.C.; SOUZA, W.V.; LUNA, C.F.; SOUZA-JUNIOR, P.R.B.;

SZWARCWALD, C.L. Satisfação dos usuários do sistema de saúde brasileiro:

fatores associados e diferenças regionais. Rev Bras Epidemiol, v.12, n.3, p.

281-96, 2009.

70. GRELLA, C.E.; GRUSKY, O. Families of the seriously mentally ill and their

satisfaction with services. Hospital Community Psychiatry, Washington, v.40,

p. 831-835, 1989.

71. GRIEP, R. H., CHOR, D.; WERNECK, G.; LOPES, C. S. Validade de

constructo de escala de apoio social do Medical Outcomes Study adaptada

para o português no Estudo Pró-Saúde. Cadernos de Saúde Pública, v.21,

n.3, p. 703 - 714, 2005.

72. HAMSON, L. Outcome assessment in psychiatric service evaluation. Soc

Psychiatry Psychiatric Epidemiol, v.36, p. 244-8, 2001.

73. HASLER, G.; MOERGELI, H.; BACHMANN, R.; LAMBREVA, E.;

BUDDEBERG, C.; SCHNYDER, U. Patient satisfactions with outpatient

psychiatric treatment: the role of diagnosis, pharmacotherapy, and perceived

therapeutic change. Can J Psychiatry,v.49, n.5, p. 315-21, 2004.

74. HERREN, C.; IN-ALBON, T.; SCHNEIDER, S. Beliefs regarding child anxiety

and parenting competence in parents of children with separation anxiety

disorder. BMC Pediatric, v. 44, n.1, p.53-60, 2013.

114

75. HIRDES, A.; KANTORSKI, L.P. A famÌlia como um recurso central no

processo de reabilitação psicossocial. Rev Enferm UERJ, v.13, n.2, p.160-6,

2005.

76. HOFFMAN, M.C.C.L.; SANTOS, D.N.; MOTA, E.L.A. Caracterização dos

usuários e dos serviços prestados por Centros de Atenção Psicossocial

Infantojuvenil. Cad. Saúde Pública, v.24, n.3, p. 633-642, 2008.

77. HÓLMES, T.H.; RAHE, R.K. The Social Readjustment Rating Scale. Journal

of Psychosomatic Research, v.11, n.2, p. 213-8, 1967.

78. HU, X.; SUMMERS, J. A.; TURNBULLl, A.; ZUNA, N. The quantitative

measurement of family quality of life: A review of available

instruments. Journal of Intellectual Disability Research, v.55, n.12, p.1098-

1114, 2011.

79. HUGRES, A.; FURR, J.M.; SOOSD, E.D.; BARMISH, J.A.; KENDALL, P.C.

Anxiety, Mood, and Substance Use Disorders in Parents of Children With

Anxiety Disorders Child Psychiatry Hum Dev, v. 40, p.405–419, 2009.

80. KENDLER, K.S.; KESSLER, R.; WALTERS, E.E.; MACLEAN, C.J.; SHAM,

P.C.; NEALE, M.C.; HEALTH, A.C.; EAVES, L.J. Stressful life events, genetic

disability and onset of an episode of major depression in women. American

Journal of Psychiatry, v.152, n.6, p. 833-42, 1995.

81. KERBER, N.P.C.; et al. Direito do cidadão e avaliação nos serviços de saúde:

aproximações teórico-práticas. Revista Latino-Americana de Enfermagem,

v.18, n.5, p. 1013-1019, 2010.

115

82. KIMBALL, A.; WU, EQ.; GUERIN, A.; YU, A.; TSANEVA, M.; GUPTA S.R.;

BAO, Y.; MULANI, PM. Risks of developing psychiatric disorders in pediatric

patients with psoriasis. J AM ACAD DERMATOL, v. 67, n.4, p. 651-657, 2012.

83. KONSTANTARES, M.M. Autistic, learning disabled and delayed children's

impact on their parents. Canadian Journal of Behavioural Science, v.23, p.

358-375, 1991.

84. ISOHOOKANA, E.; RIALA, K.; HAKKO, H.; RANASEN, P. Adverse childhood

experiences and suicidal behavior of adolescent psychiatric inpatients. Eur

Child Adolesc Psychiatry, v. 22, p.13–22, 2013.

85. LAURIDSSEN-RIBEIRO, E.P.P.; TANAKA, O.Y. Problemas de saúde mental

das crianças: abordagens na Atenção Básica. São Paulo: Annablume, 2005.

86. LAZURE, H.Viver a relação de ajuda: abordagem teórica e prática de critério

de competência da enfermeira. Lisboa: Lusodidacta, 1994.

87. LEWIS, K.J.S.; MARS, B.; LEWIS, G.; RICE, F.; SELLERS, R.; THAPAR,

A.K.; CRADDOCK, N.; COLLISHAW, S.; THAPÁR, A. Do parents know best?

Parent-reported vs. child-reported depression symptoms as predictors of

future child mood disorder in a high-risk sample. Journal of Affective

Disorders, v. 141, p. 233–236, 2012.

88. LIN, J.D.; LIN, Y.W.; YEN, C.F.; LOH, C.H.; CHWO, M.J. Received,

understanding and satisfaction of National Health Insurance premium subsidy

scheme by families of children with disabilities: a census study in Taipei

City.Res Dev Disabil, v.30, n.2, p. 275-83, 2009.

89. LIPTAK, G.S.; ORLANDO, M.; YINGLING, J.T.; THEURER-Kaufman, K.L.;

MALAY, D.P.; TOMPKINS, L.A.; FLYNN, J.R. Satisfaction with primary health

116

care received by families of children with developmental disabilities, v. 20, n.4,

p.245-52, 2006.

90. LIPP, M.E.N. O controle do stress. Campinas: Centro Psicológico de Controle

do Stress, 1989.

91. LOPES, C. S.; FAERSTEIN, E. CHOR, D.Eventos de vida produtores de

estresse e transtornos mentais comuns: resultados do Estudo Pró-Saúde.

Cad Saúde Pública, v.19, n.6, p. 1713-20, 2003.

92. LÓPEZ-GARCIA, J.J.; LÓPEZ-SOLER, C. Trastorno de estrés

postraumático en escolares tras el terremoto de Lorca en 2011. Gac

Sanit. http://dx.doi.org/10.1016/j.gaceta.2013.10.009, 2013.

93. MA, X.; LIU, X.; HU, X.; QIU, C.; WANG, Y.; HUANG, Y.; WANG, Q.;

ZHANGC, W. Risk indicators for post-traumatic stress disorder in adolescents

exposed to the 5.12 Wenchuan earthquake in China. Psychiatry Research, v.

189, p. 385–391, 2011.

94. MCCLEAN, J.M.; WERRY, J.S. Evidence-based treatments in child and

adolescent psychiatry: An inventory. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry,

v.42, n.12, p.1388-400, 2003.

95. MELMAN, J. Família e doença mental: repensando a relação entre

profissionais de saúde e familiares. São Paulo: Escrituras, 2002.

96. MENDES, P.M.T. Cuidadores: heróis anônimos do cotidiano [dissertação].

Programa de PósGraduação em Serviço Social da Pontifícia Universidade

Católica, São Paulo, 1995.

117

97. MIELKE, F.B.; KOHLRAUSCH, E.; OLSCHOWSKY, A.; SCHNEIDER, J.F. A

inclusão da família na atenção psicossocial: uma reflexão. Rev. Eletr. Enf.,

v.12, n.4, p.761-5, 2010.

98. MISHIMA, S.M.; et al. (In)Satisfação dos usuários: duplicação e uso

simultâneo na utilização de serviços na saúde da família. Revista da Escola

de Enfermagem da USP, v.44, n.3, p. 766-773, 2010.

99. MUFSON, L.; DORTA, K.P.; WICKRAMARATNE, P.; NOMURA, Y.; OLFSON,

M.; WEISSMAN, M.M. A randomized effectiveness trial of interpersonal

psychotherapy for depressed adolescents. Arch Gen Psychiatry, v.61, n.6, p.

577-84, 2004.

100. MYBIRGH, N.G.; SOLANKI, G.C.; SMITH, M.J.; LALLOO, R. Patient

satisfaction with health care providers in South Africa: the influences of race

and socioeconomic status. Int J Qual Health Care,v.17, n.6, p.473-7, 2005.

101. OLIVEIRA, G.L.; CAIAFFA, W.T.; CHERCHIGLIA, M.L. Saúde mental e a

continuidade do cuidado em centros de saúde de Belo Horizonte, MG. Rev.

Saúde Pública, v.42, n.4, 707-716, 2008.

102. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Objetivos de Desenvolvimento do

Milênio: Mapa do Progresso de 2012. Nova York: Divisão de Estatística do

Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, 2012.

103. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Organização Mundial da

Saúde. Declaração de Caracas. Caracas, 1990.

104. OSELKA, G.; TROSTER, E.J. Aspectos éticos do atendimento médico do

adolescente. Rev Ass Med Brasil, v.46, n.4, p. 289-311, 2000.

118

105. PASSOS, E.; BENEVIDES, R. Uma (in)esperada avaliação: In: Avaliação e

Humanização em Saúde. Santos-Filho. Ijuí: Editora Unijuí, 2009.

106. PATEL, V.; FLISHER, A.J.; HETRICKS, S.; MCGORRY, P. Mental health of

young people: a global public-health challenge. Lancet, v. 369, p. 1302-13,

2007.

107. PAULA, C.S.; DUARTE, C.S.; BORDIN, I.A. Prevalence of mental health

problems in children and adolescents from the outskirts of Sao Paulo City:

treatment needs and service capacity evaluation. Rev Bras Psiquiatr, v. 19,

n.1, p. 11-7, 2007.

108. PEREIRA, M.A.O.; CAIS, D.P. A percepção de familiares de pacientes

psiquiátricos a respeito do serviço de saúde oferecido. Revista Gaúcha de

Enfermagem, Porto Alegre, v.22, n.2, p. 90-101, 2001.

109. PETEAN, E. Avaliação qualitativa dos aspectos psicológicos do

aconselhamento genético através do estudo prospectivo do atendimento das

famílias. Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP,

Campinas, 1995.

110. PEREIRA, M. A. O.; BELLIZOTI, R. B. A consideração dos encargos

familiares na busca da reabilitação psicossocial. Revista Gaúcha de

Enfermagem, Porto Alegre, v. 25, n. 3, p. 306-313, 2004.

111. PERREAULT, M.; ROUSSEAU, M.; PROVENCHER, H.; ROBERTS,

S.; MILTON, D. Predictors of caregiver satisfaction with mental health

services. Community Ment Health J, v.48, n.2, p.232-7, 2011.

119

112. PIMENTA, R.A.; RODRIGUES, L.A.; GREGOL, M. Avaliação da Qualidade de

Vida e Sobrecarga de Cuidadores de Pessoas com Deficiência

Intelectual. Rev Bras Ciências Saúde, v.14, n. 3, p. 69-76, 2010.

113. PIMENTEL, F. Qualidade de Vida e Oncologia; Coimbra; Editora Almedina,

2006.

114. PISULA, E. Stress in mothers of children with developmental

disabilities. Journal of Polish-Psychological Bulletim, v.29, p. 305-311, 1998.

115. PITTA, A.; FILHO, J.F.S.; SOUZA, W.G.; LANCMAN, S.; KINOSHITA, R.T.;

CAVALCANTI, M.T.; VALENTINI, W.H. Determinantes da qualidade de

serviços de saúde mental em municípios brasileiros – Estudo da satisfação

com os resultados das atividades desenvolvidas por pacientes, familiares e

trabalhadores dos serviços. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v.44, n.9, p. 441-

452, 1995.

116. SILVA, L.M.V.; FORMIGLI, V.L.A. Avaliação em saúde: limites e perspectivas.

Cad. Saúde Pública, v.10, n.1, p.80-91, 1994.

117. SAVÓIA, M.G. Escalas de eventos vitais e de estratégias de enfrentamento

(coping). Revista de Psiquiatria Clínica, v.26, n.2, p. 57-67, 1999.

118. SANT’ANNA, D.; FONTOURA, E.C.A. Desinstitucionalização; com a palavra a

família. Monografia (Especialização). Rio de Janeiro: Universidade Federal do

Rio de Janeiro/Instituto de Psiquiatria, 1996.

119. SCHAFFER, D. A Participant's Observations: Preparing DSM-IV. Can J

Psychiatry, v.41, n.6, p. 325–329, 1996.

120

120. SCHIMIDT, C.; DELLA’GIO, D.D.; BOSA, C.A. Estratégias de coping de mães

de portadores de autismo lidando com dificuldades e com a

emoção. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.20, p. 124-131, 2007.

121. SEIDL, E.M.F.; TRÓCOLLI, B.T.; ZANNON, C. M. L. C. Análise Fatorial de

Uma Medida de Estratégias de Enfrentamento. Psic.: Teor. e Pesq, v.17, n.3,

p. 225-234, 2001.

122. SELLERS, R.; COLLISHAW, S.; RICE, F.; THAPAR, A.K.; POTTER,

R.; MARS, B.; HAROLD, G.T.; SMITH, D.J.; OWEN, M.J.; CRADDOCK,

N.; THAPAR, A. Risk of psychopathology in adolescent offspring of mothers

with psychopathology and recurrent depression.Br J Psychiatry.,v. 202, p.108-

14, 2013.

123. SHANAHAN L.; COPELAND, W.; COSTELLO, E.J.; ANGOLD, A. Specificity of

putative psychosocial risk factors for psychiatric disorders in children and

adolescents. Journal of Child Psychology and Psychiatry, v.49, n.1, p.34–42,

2008.

124. SIDDIQUE, S.; BANERJEE, M.; RAY, M.R.; LAHIRI, T. Attention-deficit

hyperactivity disorder in children chronically exposed to high level of vehicular

pollution. Eur J Pediatr, v.170, n.7, p. 923–929, 2011.

125. SILVA, N.L.P.; DESSEAN, M.A. Deficiência Mental e Família:

Implicações para o Desenvolvimento da Criança. Psic.: Teor. e Pesq., v.17,

n.2, p. 133-141, 2001.

126. SILVA, N.L.P.; DESSEAN, M.A. O que significa ter uma criança com

deficiência mental na família? Educar Curitiba, v. 23, p.161-183, 2004.

127. SHIMADA, T.; KITAMOTO, A.; TODOKORO, A.; ISHII-TAKAHASHI, A.;

KUWABARA, H.; KIM, A.; WATANABE, K.; MINOWAA, I.; SOMEYA, T.;

121

OHTSU, H.; OSUNGA, Y.; KAMO, Y.; KASAI, K.; KATO, N.; SASAKI, T.

Parental age and assisted reproductive technology in autism spectrum

disorders, attention deficit hyperactivity disorder, and Tourette syndrome

in a Japanese population. Research in Autism Spectrum Disorders, v. 6,

p. 500–507, 2012.

128. REY, J.M.; PLAPP, J.M.; SIMPSON, P.L. Parental satisfaction and outcome: a

4-year study in a child and adolescent mental health service. Child psychiatry,

Australian and New Zealand Journal of Psychiatry,v.33, n.1, p.22–28, 1999.

129. ROSA, R.B.; PELEGRINI, A.H.W.; LIMA, M.A.D.S. Resolutividade da

assistência e satisfação de usuários da estratégia saúde da família. Revista

Gaúcha Enfermagem, v.32, n.2, p. 345-351, 2011.

130. ROSA, L.C.S. A inclusão da família nos projetos terapêuticos dos serviços de

saúde mental. Psico em Revista, v.11, n. 18, p. 205-18, 2005.

131. RIBEIRO, C. Família, Saúde e Doença. O que diz a investigação. Rev

Portuguesa Clinica Geral, v.23, p. 299-306, 2007.

132. RICARTE, L.F.C.S. Sobrecarga do cuidador informal de idosos dependentes

no Concelho da Ribeira Grande. Dissertação de Mestrado em Ciências de

Enfermagem, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade

do Porto, 2009.

133. ROBERTS, E.R.; ATTKINSON, C.C.; ROSENBLATT, A. Prevalence of

psychopathology among children and adolescents. Am J Psychiatry, v. 155, p.

715-725, 1998.

134. SANTOS, A. F. O. Familiares cuidadores de usuários de serviço de saúde

mental: sobrecarga e satisfação com serviço. 2010. 174 f. Dissertação

122

(Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto,

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2010.

135. SCANDOLARA, A.S.; ROCKENBACH, A.; SGARBOSSA, E.A.; LINKE, R.L.;

TONINI, N.S. Avaliação do Centro de Atenção Psicossocial Infantil de

Cascavel - PR. Psicol. Soc., v. 21, n.3, p. 334-342, 2009.

136. SCAZUFCA, M. Brazilian version of the Burden Interview scale for the

assessment of burden of care in carers of people with mental illnesses. Rev

Bras Psiquiatria, v.24, n. 1, p. 12-7, 2002.

137. SPROVIERI, M.H.S.; ASSUMPÇÃO, F.B. Dinâmica familiar de crianças

autistas. Arq Neuropsiquiatr, v.59, n.2-A, p. 230-237, 2001.

138. STENGARD, E.L.; HONKONEN, T.; KOIVISTO, A.M.; SALOKANGAS, R.Q.R.

Satisfaction of caregivers of patients with schizophrenia in Finland. Psychiatr

Serv, v.51, n.8, p.1034-9, 2000.

139. STONE, R.; CAFFERATA, G.L.; SANGL, J. Caregivers of the frail elderly: a

national profile. Gerontologist, v.27, n.5, p.616-26, 1987.

140. TAVEIRA, R.M.T. Privação auditiva precoce em crianças portadoras da

síndrome de Down e suas implicações para o desenvolvimento da linguagem.

Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília, 1995.

141. TERKELSEN, K. Toward theory of the family life cycle. In The family therapy

New York: Gardner, 1980.

142. TESSLER, R.C.; GAMACHE, G.M. Family experiences with mental illness.

Westport: Auburn House, 2000.

123

143. THIENGO, D.L.; SANTOS, J.F.C.; MASON, V.C.; ABELHA, L.; LOVISI, G.M.

Associação entre apoio social e depressão durante a gestação: uma revisão

sistemática. Cad. Saúde Colet, v.19, n.2, p. 129-38, 2011.

144. THIENGO, D.L.; SANTOS, J.F.C.; FONSECA, D.L.; ABELHA, L.; LOVISI,

G.M. Depressão durante a gestação: um estudo sobre a associação entre

fatores de risco e de apoio social entre gestantes. Cad Saúde Col, v.20, n.4,

p. 416-426, 2012.

145. TORQUATO, IMB.; FREIRE, I.A.; JÚNIOR, F.A.C.P. Avaliação da sobrecarga

e qualidade de vida em cuidadores de autistas. Facene/Famen, v.9, n.1, p. 7-

14, 2011.

146. TULLY, E.C.; IACONO, W.G.; MCGUE, M. An Adoption Study of Parental

Depression as an Environmental Liability for Adolescent Depression and

Childhood Disruptive Disorders. Am J Psychiatry, v.165, p. 1148–54, 2008.

147. UNITED STATES DEPARTAMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES.

Mental Health: A report of the surgeon general. In: Children and mental health.

1999. Disponível em:

<http://www.surgeongeneral.gov/library/mentalhealth/toc.html#chapter3>.

Acesso: 12/05/2013.

148. VASCONCELOS, E.M. Do hospício à comunidade: mudança sim, negligência

não. Belo Horizonte: Segrac, 1992.

149. VAUGHAN, R. Evaluation and public health. Am J Public Health, v.94, n.3, p.

360, 2004.

150. VICENTE, B.; SALDIVIA, S.; BARRA, F.; KOHN, R.; PIHAN, R.; VALDIVIA,

M.; RIOSECO, P.; MELIPILLAN, R. Prevalence of child and adolescent mental

124

disorders in Chile: a community epidemiological study. Journal of Child

Psychology and Psychiatry, v. 53, n.10, p.1026–1035, 2012.

151. WAIDMAN, M.A.P. O cuidado e as famílias de portadores de transtornos

mentais no paradigma da desinstitucionalição [tese]. Programa de Pós-

Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis, 2004.

152. WEISS, GL. Patient satisfaction with primary medical care: evaluation of

sociodemographic and predispositional factor. Med Care, v.26, n. 4, p. 383-92,

1988.

153. WHITAKER, A.; FELDMAN, J.F.; LORENZ, J.M.; MCHICHOLAS, F.; FISHER,

P.W.; SHEN, S.; PINTO-MARTIN, J.; SHAFFER, D.; PANETH, N. Neonatal

Head Ultrasound Abnormalities in Preterm Infants and Adolescent Psychiatric

Disorders. Arch Gen Psychiatry, v. 68, n.7, p. 742-752, 2011.

154. WILLIAMS, P.G.; TOMCHEK, S.; GRAU, R.; BUNDY, M.B.;DAVIS, D.W.;

KLEINERT, H. Parent and physician perceptions of medical home care for

children with autism spectrum disorders in the state of Kentucky. Clin Pediatr

(Phila), v.51, n.11, p.1071-8, 2012.

155. WORLD HEALTH ORGANIZATION. CID-10 - Classificação Estatística

Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10ª Revisão,

Genebra, 1992.

156. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Consumer’s and caregiver’s satisfaction

with mental health services: a multisite study. Geneva: Division of Mental

Health, World Health Organization, 1996.

125

157. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Carta de Ottawa para la promoción de la

salud. In: ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Promoción de

la salud: uma antologia. Washington: OPAS, p.367-72, 1996.

158. WORLD HEALTH ORGANIZATION. The World Health Report, Mental Health:

New Understanding, New Hope, 2001.

159. WORLD HEATL ORGANIZATION. Who Mental Policy and Service Guidance

Package: Human Resources and Training in Mental Health. Genebra, World

Health Organization, 2005.

160. ZARIT, S.H.; REEVER, K.E.; BACH-PETERSON, J. Relatives of impaired

elderly: correlates of feeling of burden. Gerontologist, v.20, n.6, p. 649-55,

1980.

161. ZINZOW, H.M.; RUGGIERO, K.J.; RESNICK, H.; HANSON, R.; SMITH, D.;

SAUDERS, B.; KILPATRICK, D. Prevalence and mental health correlates of

witnessed parental and community violence in a national sample of

adolescents. Journal of Child Psychology and Psychiatry, v. 50, n.4, p. 441–

450, 2009.

126

8. Anexos

ANEXO A

127

ANEXO B

128

ANEXO C

129

ANEXO D

130

131

ANEXO E

132

ANEXO F

133

134

ANEXO G

135

ANEXO H

136

137

138

ANEXO I

139

140