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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica & Escola de Química Programa de Engenharia Ambiental Gustavo Simão Xavier GESTÃO DE EMERGÊNCIA APLICADA A CENÁRIOS DE VAZAMENTO DE ÓLEO PARA ATIVIDADE DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E DERIVADOS NA REGIÃO OFFSHORE Rio de Janeiro 2012

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica & Escola de Química

Programa de Engenharia Ambiental

Gustavo Simão Xavier

GESTÃO DE EMERGÊNCIA APLICADA A CENÁRIOS DE VAZAMENTO DE ÓLEO

PARA ATIVIDADE DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E DERIVADOS NA REGIÃO

OFFSHORE

Rio de Janeiro 2012

1

UFRJ

Gustavo Simão Xavier

GESTÃO DE EMERGÊNCIA APLICADA A CENÁRIOS DE VAZAMENTO DE ÓLEO PARA ATIVIDADE DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E DERIVADOS NA REGIÃO

OFFSHORE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Engenharia Ambiental, Escola Politécnica & Escola de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental.

Orientador: Assed Naked Haddad, Prof. Dr.

Rio de Janeiro 2012

2

Xavier, Gustavo Simão.

Gestão de Emergência Aplicada a Cenários de Vazamento de Óleo para Atividade de Produção de Petróleo e Derivados na Região Offshore / Gustavo Simão Xavier. – 2012. 212 f.: il.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica e Escola de Química, Programa de Engenharia Ambiental, Rio de Janeiro, 2012.

Orientador: Assed Naked Haddad

1. Gestão de Emergência. 2. Mitigação de Riscos. 3.

Recuperação. 4. Vazamento de óleo. I. Haddad, Assed Naked. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica e Escola de Química. III. Mestrado.

3

UFRJ

GESTÃO DE EMERGÊNCIA APLICADA A CENÁRIOS DE VAZAMENTO DE ÓLEO PARA ATIVIDADE DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E DERIVADOS NA REGIÃO

OFFSHORE

Gustavo Simão Xavier

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Engenharia Ambiental, Escola Politécnica & Escola de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental.

Orientador: Assed Naked Haddad, Prof. Dr.

Aprovada pela Banca:

_______________________________________________ Presidente, Prof. Assed Naked Haddad, D.Sc, UFRJ _______________________________________________ Prof. nome, titulação, instituição _______________________________________________ Prof. nome, titulação, instituição _______________________________________________ Prof. nome, titulação, instituição

Rio de Janeiro 2012

4

Dedico essa dissertação à minha família, sem vocês

a vida não tem graça.

5

AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas contribuíram direta e indiretamente para a elaboração e conclusão

desta etapa da minha vida. Algumas delas.....

...ao Prof. Assed: não somente pela orientação preciosa, mas pela paciência e

palavras de incentivo, sem você jamais teria conseguido;

... ao pessoal do PEA, instituição que aprendi a admirar, especialmente a Prof.

Claudia Morgado e a Valéria;

...à Márcia, pelo carinho e apoio incondicional;

...ao Rodrigo, por estar ao meu lado no dia a dia e não esmorecer;

...à Paty, muito mais do que uma gerente, uma pessoa amiga e justa;

...ao Fabão, por ser quem ele é;

...ao Leal, por todos os ensinamentos e carinho;

...ao Ricardo, por ter acreditado em mim e continuar acreditando;

...ao tio Paulo e à minha mãe que me ensinaram que sonhar vale à pena;

...ao meu pai, que está sempre cuidando de mim;

...às minhas avós que me mostraram os dois lados da vida e sempre foram

exemplos;

...aos meus irmãos e primos que sempre me ajudaram;

...à Ana, que estava lá no começo;

...aos meninos, que entenderam a aceitaram minha ausência (com protestos);

...aos meus chefes e gerentes, Célia, Raimundo e Francisco que entenderam meu

sonho e permitiram que ele se realizasse; e

... ao pessoal do CPRA (e do CC), que tornam o dia a dia mais alegre.

6

Não devemos nos perguntar “se” as

emergências acontecerão, mas sim “o que

podemos fazer para evitá-las” e “como

devemos nos preparar”

7

RESUMO Xavier, Gustavo. Gestão de Emergência Aplicada a Cenários de Vazamento de Óleo

para Atividade de Produção de Petróleo e Derivados na Região Offshore. Rio de

Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado) – Programa de Engenharia Ambiental, Escola

Politécnica e Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2012.

A diversificação e intensificação das atividades humanas e as modificações

vivenciadas pelas mudanças climáticas forçam a sociedade a conviver com riscos e

situações de emergência e desastres com diferentes frequências e consequências.

Mesmo com a existência de Normas para auxiliar a gestão das instituições observa-

se uma lacuna de integração da gestão de riscos com a preparação, resposta e

recuperação de emergências. Para preencher essa lacuna este trabalho propõe um

modelo auditável para a Gestão de Emergências aplicável às instituições de

variados tamanhos e atividades que integra-se ao sistema de gestão da instituição,

permeando suas ações de rotina. O modelo foi moldado a partir das Normas de

Sistema de Gestão e das principais metodologias de Gestão de Emergências

existentes. É constituído de várias etapas distribuídas em um ciclo de quatro fases

baseado no sistema PDCA (PLAN-DO-CHECK-ACT): Planejamento e Preparação

(Planejamento); Desenvolvimento e Execução (Realização); Avaliação e Checagem

(Avaliação); e Implementação de Melhorias (Implementar). Este sistema ressalta a

importância da identificação e gerenciamento dos riscos e de ações para promover a

resiliência da comunidade e das instituições e também promove a preparação e

manutenção da capacidade para resposta a emergências. Sua melhoria contínua é

obtida com a implementação e acompanhamento das oportunidades para melhoria e

pontos positivos identificados. A aplicação conceitual da proposta envolveu cenários

8

de vazamento de óleo de uma plataforma de produção de petróleo de uma

organização simples. O modelo mostrou-se eficaz e apresentou resultados

promissores. Entretanto, é necessária sua aplicação tanto conceitual quanto real

para instituições de tamanhos e atividades variadas.

Palavras-chave: 1. Gestão de Emergência. 2. Mitigação de Riscos. 3. Recuperação.

4. Vazamento de óleo.

9

ABSTRACT

Xavier, Gustavo. Gestão de Emergência Aplicada a Cenários de Vazamento de Óleo

para Atividade de Produção de Petróleo e Derivados na Região Offshore. Rio de

Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado) – Programa de Engenharia Ambiental, Escola

Politécnica e Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2012.

The human activities are becoming more intense and diverse in a period that a

climate change is also responsible for forcing the society to face unknown risks. This

complex equation results in new kids of emergencies and disasters that are also

variable, either in frequency and consequences. There are a number of Standards

designed to help organizations booth, implement and improve their management

systems, although it is not usual to find a lack of integration between risk

management and the emergency response, preparedness and recovery policy. In

order to fulfill this gap, this work proposes an auditable Emergency Management

System that intends to be applicable to all types of organizations and also is connect

with the functional management systems already implemented. The ISO Standards

for Management Systems and the main Emergency Management Systems were

considered in this model. The result is a four phase model, based on the PDCA cycle

(PLAN-DO-CHECK-ACT): Preparation and Planning (Plan); Development and

Implementation (Do); Evaluation and Check (Check) and Improvement’s

Implementation (ACT). This system emphasizes the risk identification and

management, the importance in developing community and institutional resilience

and the need to be prepared to respond and maintain that capacity to all emergency

scenarios. In order to achieve better results, under the continual improvement policy,

the Emergency Management System seeks to identify, implement and monitor

10

improvement opportunities pointed out. A conceptual test was performed considering

only oil spill scenarios that have been identified for an oil rig, owned by a simple

organization. The model was effective with promising results. However, more tests

are needed, including both conceptual and real application.

Kew-words: 1 Emergency Management. 2. Risk Mitigation. 3. Recovery. 4. Oil spill

11

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1-1 - Resumo da contribuição das metodologias de Gestão de Emergência estudadas .................................................................................................................. 25

Figura 1-2- Contribuição das normas para elaboração deste trabalho ...................... 26

Figura 1-3 - Contribuição das normas e sistemas de gestão de emergência para a aplicação conceitual .................................................................................................. 28

Figura 2-1 - Reservas provadas de petróleo e gás natural, segundo regiões geográficas em 2010 (Fonte: adaptado de ANP, 2011) ............................................ 33

Figura 2-2 - Evolução da produção mundial de Petróleo e gás (Fonte: Elaboração própria a partir de dados de ANP, 2011) ................................................................... 34

Figura 2-3- Distribuição das reservas comprovadas de petróleo e gás (Fonte: Elaboração própria a partir de dados de ANP, 2011) ................................................ 34

Figura 2-4 - Evolução da produção de Petróleo e gás natural no Brasil (Fonte: Elaboração própria a partir de dados de ANP, 2011). ............................................... 35

Figura 2-5 - Distribuição de acidentes por Unidade Marítima (Fonte: Elaboração própria a partir de dados do WOAD, edição 1999) .................................................... 40

Figura 2-6 - Fases que compõem o ciclo de Gestão de Emergência, segundo metodologia CEM. (fonte: elaboração própria) .......................................................... 43

Figura 2-7 - Fases da Gestão de Emergência, segundo metodologia IEMS (Fonte: MCLOUGHLIN,1985) ................................................................................................ 47

Figura 2-8 - O processo de desenvolvimento da capacidade da UNDP (Fonte: UNDP, 2008b) ........................................................................................................... 57

Figura 2-9 - O processo de avaliação de capacidade (UNDP, 2008b) ...................... 61

Figura 2-10 - Avaliação da capacidade (UNDP, 2008b) ............................................ 62

Figura 2-11 - Categorias do Sistema de RP&RA (Fonte: IOSC, 2008) ..................... 68

Figura 2-12 - Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo .................................................................................................................................. 77

Figura 2-13 - Metodologia PDCA .............................................................................. 78

Figura 2-14- Modelo de sistema de gestão ambiental (fonte: adaptado de Quazie et al, 2001) .................................................................................................................... 82

Figura 2-15 - Representação esquemática do conteúdo da Norma ISO 31000 (Fonte: Adaptado de ABNT, 2009) ........................................................................................ 92

12

Figura 2-16 - Representação esquemática do conteúdo da Norma ISO 31000 (Fonte: Adaptado de ABNT, 2009) ........................................................................................ 93

Figura 2-17 - Comparação entre o total de vazamentos gerados por Unidades Marítimas e navios tanque (Fonte: GREEN & HAYWARD, 2010) ........................... 106

Figura 3-1 - Sistema de Gestão de Emergência proposto....................................... 118

Figura 3-2 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase inicial na definição da política do SGE ....................................................................................................... 121

Figura 3-3 - Responsáveis, Insumos e Produtos na definição dos objetivos da análise de risco e de vulnerabilidade ...................................................................... 123

Figura 3-4 - Responsáveis, Insumos e Produtos esperados na Realização da Análise de Riscos ................................................................................................................. 125

Figura 3-5 - Responsáveis, Insumos e Produtos esperados na Definição do Risco Aceitável .................................................................................................................. 126

Figura 3-6 - Responsáveis, Insumos e Produtos esperados na Análise de Vulnerabilidade ........................................................................................................ 127

Figura 3-7 - Responsáveis, Insumos e Produtos na definição da política, objetivos, metas e contexto para a Gestão de Riscos ............................................................. 130

Figura 3-8 - Responsáveis, Insumos e Produtos esperados no Gerenciamento dos Riscos...................................................................................................................... 131

Figura 3-9 - Responsáveis, Insumos e Produtos na definição dos objetivos da capacidade de resposta e resiliência ...................................................................... 133

Figura 3-10 - Responsáveis, Insumos e Produtos para a definição da capacidade necessária ............................................................................................................... 134

Figura 3-11 - Responsáveis, Insumos e Produtos na avaliação de capacidade e resiliência ................................................................................................................ 135

Figura 3-12 - Responsáveis, Insumos e Produtos na identificação da capacidade de resposta e de resiliência .......................................................................................... 136

Figura 3-13 - Responsáveis, Insumos e Produtos para o desenvolvimento da capacidade .............................................................................................................. 138

Figura 3-14 - Responsáveis, Insumos e Produtos para o planejamento para atuação ................................................................................................................................ 141

Figura 3-15 - Responsáveis, Insumos e Produtos da etapa de implementação e Operação................................................................................................................. 144

13

Figura 3-16 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de manutenção da capacidade e operação ........................................................................................... 147

Figura 3-17 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de atuação em emergências e simulados ........................................................................................ 148

Figura 3-18 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de ações para recuperação ................................................................................................................................ 150

Figura 3-19 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de investigação e análise de acidentes e incidentes ........................................................................................ 154

Figura 3-20 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de Auditoria .................. 155

Figura 3-21 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de avaliação da resposta e simulados ................................................................................................................ 156

Figura 3-22 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de ações para melhoria do sistema .................................................................................................................... 158

Figura 3-23 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de implementação de melhorias ................................................................................................................. 160

Figura 4-1 - Organograma da Empresa (hipotético) ................................................ 163

Figura 4-2 - Localização da concessão (idealizada) ............................................... 165

14

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Quadro 2-1 - Categorias dos diferentes tipos de Unidades Marítimas flutuantes (Fonte: HSE, 2007) ................................................................................................................................... 36

Quadro 2-2 - Categorias dos diferentes tipos de Unidades Marítimas fixas (Fonte: HSE, 2007) ................................................................................................................................... 36

Quadro 2-3 - Classificação por causa indicadora (Fonte: PETROBRAS, 2007) ................... 39

Quadro 2-4 - Processos, Fases e Níveis de um Sistema de Gestão de Emergência (Fonte: Adaptado de Drabek, 1986) ................................................................................................. 45

Quadro 2-5 - Modificação nas estratégias de Gestão de Desastres (Fonte: DOVERS, 2004) ............................................................................................................................................ 53

Quadro 2-6 - Dimensões necessárias para o desenvolvimento da capacidade (Fonte: adaptado de UNDP, 2008b) ................................................................................................. 58

Quadro 2-7 - Primeiro passo para a avaliaçao de capacidade (Fonte: UNDP, 2008b) ......... 62

Quadro 2-8 - Segundo passo para a avaliaçao de capacidade (Fonte: UNDP, 2008b) ........ 63

Quadro 2-9 - Terceiro passo para a avaliaçao de capacidade (Fonte: UNDP, 2008b) ......... 63

Quadro 2-10 - Fases de desenvolvimento de um plano de emergência para resposta a vazamentos de óleo e pontos para avaliação (Fonte: adaptado de OWENS & TAYLOR, 2007) ................................................................................................................................... 65

Quadro 2-11 - Categorias e elementos da RP&RA (Fonte: IOSC, 2008) ............................. 67

Quadro 2-12 - Caracterização dos indicadores e métrica de performance (Fonte: Tuler et al, 2006 e IOSC, 2008 ) ............................................................................................................ 70

Quadro 2-13- Etapas para a implementação das normas ISO 9000 (Fonte: Adaptado de ABNT, 2005) ........................................................................................................................ 76

Quadro 2-14 - Requisitos de um sistema de gestão da qualidade (Fonte: Adaptado de ABNT, 2008) ........................................................................................................................ 78

Quadro 2-15 - Resumo da NORMA ISO 14001:2004 (Planejamento) .................................. 83

Quadro 2-16 - Resumo da NORMA ISO 14001:2004 (Implementação e operação)............. 83

Quadro 2-16 - Resumo da NORMA ISO 14001:2004 (Implementação e operação) (conclusão) .......................................................................................................................... 84

Quadro 2-17 - Resumo da NORMA ISO 14001:2004 (verificação) ...................................... 84

Quadro 2-18 - Resumo da NORMA ISO 14001:2004 (análise pela administração).............. 85

Quadro 2-19 - Resumo da Norma OHSAS 18000 - Planejamento (Fonte: Adaptado de BSI, 2007) ................................................................................................................................... 88

15

Quadro 2-20 - Resumo da Norma OHSAS 18000 - Implementação e operação (Fonte: Adaptado de BSI, 2007) ....................................................................................................... 88

Quadro 2-20 - Resumo da Norma OHSAS 18000 - Implementação e operação (Fonte: Adaptado de BSI, 2007) (conclusão) ................................................................................... 89

Quadro 2-21 - Resumo da Norma OHSAS 18000 - Verificação (Fonte: Adaptado de BSI, 2007) ................................................................................................................................... 89

Quadro 2-22 - Resumo da Norma OHSAS 18000 - Análise pela Adiministração (Fonte: Adaptado de BSI, 2007) ....................................................................................................... 90

Quadro 2-23 - Técnicas recomendadas em função das fases do ciclo de vida (Fonte: AICHE, 1992 apud Maia Neto, 2007) ................................................................................................ 95

Quadro 2-24 - Classificação da lista de verificação de perigos (Fonte: ISO 17776 apud Maia Neto, 2007) .......................................................................................................................... 96

Quadro 2-25 - Resumo do Processo de Gerenciamento de Riscos de Acordo com a ISO 17776:2000 (Fonte: adaptado de ISO 2000) ........................................................................ 97

Quadro 2-26 - Categorias dos recursos tipicamente envolvidos na ER (Fonte: ISO, 2000) 100

Quadro 2-27 - Resumo dos objetivos e metas que devem ser atingidos os componentes da resposta à emergência (Fonte: adaptado de ISO, 2000) .................................................... 101

Quadro 2-28- Maiores vazamentos da história (fonte: HOFFMAN & JENNINGS, 2010) .... 107

Quadro 2-29 - Síntese dos principais processos de intemperismo do óleo no mar (fonte: CARDOSO, 2007).............................................................................................................. 110

Quadro 2-30 - Metodologias de limpeza utilizadas no passado em vazamentos de óleo (fonte: ETKIN, 1998) .......................................................................................................... 115

Quadro 4-1 - Tipos de licença e as atividades autorizadas pelas mesmas (fonte: adaptado de http://www.anp.gov.br/meio/passo-a-passo). ................................................................ 161

Quadro 4-2 - Principais Normas Nacionais para Incidentes na Indústria do Petróleo (Fonte: Adaptado de ANDRADE et al, 2007 e COSTA, 2007) ........................................................ 164

Quadro 4-3 - Resumo dos indicadores e as metas associadas a cada objetivo ................. 169

Quadro 4-4 - Perigos que geram vazamentos de óleo para o exemplo em tela ................. 173

Quadro 4-5 - Categoria de Frequências ............................................................................. 175

Quadro 4-6 - Categorias de Severidade ............................................................................. 175

Quadro 4-7 - Matriz para avaliação quantitativa dos riscos ................................................ 176

Quadro 4-8 - Cenários que podem resultar em vazamento de óleo para o mar ................. 176

Quadro 4-9 - Valores de referência para os cenários. ........................................................ 178

16

Quadro 4-10 - Resultados assumidos para a modelagem.................................................. 178

Quadro 4-11 - Medidas mitigadoras identificadas .............................................................. 180

Quadro 4-12 - Medidas mitigadoras aplicadas de acordo com os cenários ........................ 180

Quadro 4-13 - Reavaliação da Analise de Risco após as medidas mitigadoras ................. 181

Quadro 4-14 - Medidas necessárias para mitigar as consequências dos acidentes ........... 182

17

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 21

1.1 Apresentação do Tema ............................................................................................... 21

1.2 Objetivo ...................................................................................................................... 21

1.3 Apresentação do Problema......................................................................................... 22

1.4 Justificativa do Tema .................................................................................................. 23

1.5 Metodologia ................................................................................................................ 25

1.6 Limitações do Trabalho ............................................................................................... 28

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 29

2.1 Atividade de Exploração e Produção Offshore ............................................................ 29

2.1.1 Panorama Internacional ......................................................................................... 32

2.1.2 Panorama Nacional ................................................................................................ 34

2.2 Unidades Envolvidas na atividade .............................................................................. 35

2.3 Análise de Riscos, Tipologias Acidentais e Histórico de Acidentes em Unidades Marítimas Offshore ............................................................................................................ 37

2.4 Sistemas de Gestão de Emergência e Avaliação de Capacidade ............................... 41

2.4.1 Sistemas Internacionais de Gestão de Emergência ............................................... 41

2.4.2 Desenvolvimento e Avaliação da Capacidade ........................................................ 56

2.4.3 Metodologia de Avaliação de Capacidade de Resposta a Vazamentos de Óleo .... 63

2.5 Normas Internacionais de Gestão ............................................................................... 71

2.5.1 ISO 9000:2005 e 9001:2008 .................................................................................. 74

2.5.2 ISO 14001:2004 ..................................................................................................... 81

2.5.3 OSHAS 18.001:2007 .............................................................................................. 86

2.5.4 ISO 31000:2009 e ISO 17776:2000 ....................................................................... 90

2.5.4.1 ISO 17776:2000 ................................................................................................ 94

2.5.5 ISO 15544:2000 ..................................................................................................... 98

2.6 Vazamentos de Óleo ................................................................................................ 102

18

2.6.1 Considerações Gerais .......................................................................................... 102

2.6.2 Breve Histórico ..................................................................................................... 104

2.6.3 Estratégias Empregadas a Resposta a Vazamentos de Óleo .............................. 108

2.6.3.1 Monitoramento ................................................................................................ 111

2.6.3.2 Contenção mecânica e recuperação ............................................................... 111

2.6.3.3 Dispersão Mecânica........................................................................................ 112

2.6.3.4 Queima no Local (In Situ Burning) .................................................................. 112

2.6.3.5 Recolhimento com Materiais Absorventes ...................................................... 113

2.6.3.6 Proteção e Limpeza da Linha de Costa........................................................... 113

2.6.3.7 Biorremediação ............................................................................................... 114

2.6.3.8 Respostas Químicas Não-Dispersantes .......................................................... 114

2.6.3.9 Dispersão Química ......................................................................................... 114

3 DESENVOLVIMENTO................................................................................................... 116

3.1 Considerações iniciais .............................................................................................. 116

3.2 Formulação Geral: Escopo, Aplicação e Requisitos Gerais ...................................... 116

3.3 Definições iniciais para o Sistema de Gestão de Emergência ................................... 120

3.4 Fase de Planejamento e Preparação ........................................................................ 123

3.4.1 Identificação de Perigos e Análise dos Riscos e de Vulnerabilidade .................... 123

3.4.2 Gerenciamento dos Riscos .................................................................................. 128

3.4.3 Avaliação da Capacidade de Resposta e Resiliência ........................................... 132

3.4.4 Planejamento de Atuação e Desenvolvimento da Capacidade ............................. 137

3.5 Fase de Desenvolvimento e Execução: Continuidade da Preparação e Ações de Recuperação e Resposta ................................................................................................ 142

3.5.1 Implementação e Operação ................................................................................. 142

3.5.2 Manutenção da Capacidade e Prontidão .............................................................. 145

3.5.3 Atuação: Emergências e Simulados ..................................................................... 148

3.5.4 Recuperação ........................................................................................................ 149

3.6 Fase de Avaliação e Checagem ............................................................................... 150

19

3.6.1 Análise e Investigação de Acidentes .................................................................... 152

3.6.2 Auditorias ............................................................................................................. 154

3.6.3 Avaliação da Resposta e Simulados .................................................................... 155

3.6.4 Ações para Melhoria do Sistema .......................................................................... 157

3.7 Fase de Implementação de Melhorias ...................................................................... 159

4 AMPLIAÇÃO CONCEITUAL DO MODELO SGE........................................................... 161

4.1 Definições Iniciais e Prerrogativas da Aplicação Conceitual ..................................... 161

4.2 Descritivo da Organização e do Empreendimento Hipotético.................................... 162

4.2.1 A Organização Exemplo ....................................................................................... 162

4.2.2 Órgãos Reguladores ............................................................................................ 163

4.2.3 Descritivo do Empreendimento ............................................................................ 164

4.3 Aplicação do modelo................................................................................................. 167

4.3.1 Formulação Geral: Escopo, Aplicação, Requisitos Gerais e Definições iniciais para o Sistema de Gestão de Emergência ............................................................................ 167

4.3.2 Fase de Planejamento e Preparação ................................................................... 172

4.3.2.1 Identificação de Perigos e Análise dos Riscos e de Vulnerabilidade ............... 172

4.3.2.2 Gerenciamento dos Riscos ............................................................................. 179

4.3.2.3 Avaliação da Capacidade de Resposta e Resiliência ...................................... 183

4.3.2.4 Planejamento de Atuação e Desenvolvimento da Capacidade ....................... 186

4.3.3 Fase de Desenvolvimento e Execução: Continuidade da Preparação e Ações de Recuperação e Resposta .............................................................................................. 188

4.3.3.1 Implementação e Operação ............................................................................ 188

4.3.3.2 Manutenção da Capacidade e Prontidão ........................................................ 190

4.3.3.3 Atuação: Emergências e Simulados ................................................................ 191

4.3.3.4 Recuperação .................................................................................................. 191

4.3.4 Fase de Avaliação e Checagem ........................................................................... 192

4.3.4.1 Análise e Investigação de Acidentes ............................................................... 192

4.3.4.2 Auditorias ........................................................................................................ 193

20

4.3.4.3 Avaliação da Resposta e Simulados ............................................................... 194

4.3.4.4 Ações para Melhoria do Sistema..................................................................... 195

4.3.5 Fase de Implementação de Melhorias .................................................................. 196

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 197

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 200

21

1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do Tema

Tema: Gestão de Emergência Aplicada a Cenários de Vazamento de Óleo para

Atividade de Produção de Petróleo e Derivados na Região Offshore.

Delimitação do Tema: Propor modelo para gestão de emergências e verificar sua

funcionalidade aplicando-o em uma organização com atividade offshore de produção

de petróleo e derivados, considerando cenário de vazamento de óleo.

1.2 Objetivo

Objetivo geral: Propor um modelo para o gerenciamento de emergências

baseado na mitigação e prevenção, que permita a manutenção da prontidão e

preparo para respostas a incidentes e acidentes e promova a melhoria contínua do

sistema, a resiliência e/ou a continuidade de negócios.

Objetivos específicos:

a) Identificar os conceitos da metodologia de gestão de emergência e

desenvolver um modelo aplicável e adaptável a diferentes realidades e

situações;

b) Identificar no âmbito das normas internacionais de certificação para

sistemas de gestão, qualidade e meio ambiente, conceitos aplicáveis a

gestão de emergência;

c) Propor sistemática focada na constante e crescente mitigação dos riscos,

mas que também busque a identificação dos recursos necessários, a

manutenção da prontidão e preparo para respostas a incidentes e

acidentes, direcione a melhoria contínua do sistema e promova a

resiliência da organização e da sociedade;

d) Propor um modelo de Sistema de Gestão de Emergência nos moldes das

normas internacionais de gestão possibilitando a certificação de

organizações, instituições e instalações; e

e) Demonstrar a funcionalidade do Modelo de Sistema de Gestão de

Emergência pela sua aplicação conceitual.

22

1.3 Apresentação do Problema

A elaboração de planos de emergência normalmente está ligada a exigências

legais ou contratuais, dentro de uma política de comando e controle, imposta por

órgãos reguladores / fiscalizadores.

Uma das consequências desta política é que, uma vez atendidas às demandas

legais, os planos de emergência muitas vezes ficam a margem das ferramentas e

metodologias de gerenciamento das empresas por não serem diretamente ligados a

sua atividade fim, mas sim uma consequência possível e indesejável de sua

atividade.

Assim sendo, quando a regulação não apresenta meios adequados de

fiscalização e verificação de sua acurácia e a empresa não desenvolve mecanismos

próprios para gestão de emergências dentro de seus sistemas de gestão ou em

suas atividades de rotina, esses planos ficam obsoletos.

Estudos, como o feito por Conceição & Ficher, 2006 demonstram resultados

positivos na redução de acidentes com a adoção de sistemas de gestão de QSMS

(Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde). Porém, nota-se que esses

sistemas são desenvolvidos tendo como principais objetivos:

a) Preservar a segurança e a saúde das pessoas;

b) Assegurar o cumprimento das legislações pertinentes;

c) Colaborar na redução dos custos de segurança e de saúde; e

d) Preservar a imagem institucional.

A consequência óbvia do sucesso de sua implementação é um maior controle

das condições inseguras e, consequentemente, a redução dos acidentes. Neste

ponto, encontra-se a reafirmação do tema, onde a elaboração e manutenção de

planos de emergência ficam a margem do sistema de gestão de QSMS da empresa.

Quando esses planos existem, frequentemente não são integrados a política de

gestão de riscos da organização.

Esse problema também não é solucionado com a adoção de um SGI (Sistema de

Gestão Integrada). A implementação de SGI tem como principais objetivos garantir a

conformidade dos produtos com os requisitos dos clientes, com a legislação

estatutária pertinente e com o atendimento às questões associadas à segurança,

meio-ambiente e saúde das partes interessadas (KAPLAN & NORTON, 2004). O

23

SGI defende ainda que a organização deva permanecer alerta para a necessidade

de análise do cotidiano, migrando da avaliação excepcional quando da ocorrência de

acidentes para o comum das situações de trabalho, promovendo uma melhoria no

controle dos riscos (CONCEIÇÃO & FICHER, 2006). Desta forma, o SGI, também

não prevê a aplicação de seus conceitos na gestão das emergências e de seus

planos.

1.4 Justificativa do Tema

Desastres e acidentes podem ser ocasionados por agentes naturais ou pela

intervenção antrópica, e nas últimas três décadas foram observados aumentos tanto

na quantidade como nos danos resultantes de ambos. Essa tendência foi percebida

por diferentes stakeholders, incluindo as seguradoras e organizações internacionais

e ocasionaram um aumento da atenção do público (BRITTON, 2006).

Esses acidentes deixaram evidente a necessidade de promover ou mesmo

aumentar o conhecimento existente sobre os riscos. Para tanto, é necessário um

sistema de gestão capaz de direcionar as organizações a percorrerem o longo

caminho da identificação dos riscos até a recuperação das emergências, passando

pela mitigação dos riscos, preparação para a resposta e manutenção da prontidão.

Para testar o Sistema de Gestão de Emergência, é necessário observar seu

funcionamento, definindo ao menos uma tipologia acidental para testá-lo. Segundo

Burgherr & Hirschberg (2006), dentre os acidentes resultantes de ações humanas,

os ocorridos no setor de energia ocupam a segunda posição, ficando atrás somente

dos acidentes de trânsito. Acidentes ocorridos em atividades ligadas à produção de

carvão respondem por dois terços de todos os ocorridos no setor energético,

deixando em segundo lugar os ocasionados no setor petrolífero. Com as restrições

cada vez maiores impostas a utilização do carvão como fonte de energia e o

aumento do consumo de óleo e derivados, constata-se a tendência de ascensão do

número de acidentes no segmento de óleo e gás (HIRSCHBERG et al, 2004).

Segundo Hirschberg & Spiekerman,1998 a distribuição de ocorrência de acidentes

nas etapas da cadeia produtiva do setor de óleo e gás – exploração, extração,

armazenamento, transporte, refino e transporte para distribuição e consumo – a fase

de transporte responde pelo maior número de registros e também da ocorrência de

fatalidades, apresentando diferenças de acordo com o produto envolvido, a saber:

24

a) Óleo: dentre as modalidades de transporte, observa-se uma maior

concentração de ocorrência na região marítima seguidos pelos acidentes

de percurso para a refinaria e para a distribuição regional / local;

b) Gás natural: o transporte por dutos é a principal causa de acidentes

envolvendo este produto; e

c) LPG: os acidentes na distribuição regional, como por exemplo, o transporte

rodoviário e o armazenamento são os mais comuns.

Segundo Neiva, 1986 (apud LIMA, 2003) metade das bacias sedimentares do

mundo com probabilidade de encontro de petróleo estão localizadas offshore. A

realidade nacional não é diferente, os dados apresentados pela Agência Nacional do

Petróleo – ANP em seu anuário estatístico de 2011 mostram a maior concentração

das atividades na região offshore bem como a perspectiva da manutenção deste

quadro para os próximos anos, dada a localização das reservas comprovadas.

Plataformas de petróleo são instalações bastante complexas e algumas,

podem incluir a produção e armazenagem de óleo e gás à alta pressão, a perfuração

de poços e obras de construção e manutenção (BOOTH & BUTLER, 1992 apud

FREITAS et al, 2001). Por operarem distantes da costa e de socorros imediatos,

necessitam de certo grau de autonomia, exigindo-se um conjunto de serviços tais

como alimentação e alojamento das tripulações, fornecimento de energia elétrica,

compressores e bombas, água, transportes para a costa (barcos ou helicópteros),

meios para cargas e descargas, telecomunicações, serviços médicos e botes salva-

vidas, além de outros meios de salvamento. (OIT, 1993 apud FREITAS et al,2001).

Estas características fazem com que todas as atividades de trabalho, em todas

as etapas, contenham riscos intrínsecos e variados, resultantes de uma estreita

correlação e de uma potencialização recíproca entre os fatores técnicos, as

condições humanas e as variações do ambiente natural (SEVÁ FILHO, 2000 apud

FREITAS et al, 2001). Por esse motivo, a definição e o gerenciamento de recursos

em cenários de crise é crucial e pode representar a diferença entre um dano e uma

catástrofe. As decisões devem ser tomadas com todas as informações disponíveis,

explorando todas as possibilidades existentes e observando todos os cenários

operacionais específicos e prováveis, especialmente decorrente da intervenção das

equipes de resposta (SOUSA et al, 2007).

25

1.5 Metodologia

Com a análise da bibliografia aplicada, foram estudadas as diferentes

metodologias de Gestão de Emergência existentes, observando a evolução da

sistemática e as principais etapas e sistemas propostos em cada um dos modelos.

Dentre as metodologias estudadas destacam-se a Gestão Integrada de Emergência

(CEM), o Sistema Integrado de Gestão de Emergência (IEMS), a Redução de Riscos

de Desastres (DDR) e, o Gerenciamento do Risco de Desastres (DRM), o

Gerenciamento Integrado do Risco de Desastres (IDRM), o Modelo de

Desenvolvimento de Capacidade, a Avaliação de Capacidade de Resposta a

Vazamentos de Óleo e a Metodologia de Análise do Planejamento e Prontidão para

Resposta (RP&RA). A figura 1-1 apresenta o resumo das contribuições de cada um

das metodologias estudadas para o Sistema de Gestão de Emergência (SGE)

proposto.

- Função de Gestor de Emergência; - Modelo de Quatro fases; - Inclui ações pré e pós desastre; - Fases continuas e interligadas; - Importância da identificação dos riscos; - Conteúdo dos planos; e - Participação do governo.

CONTEÚDO E REQUISITOS TÉCNICOS PARA O SGE

IEMS

- Necessidade de integração entre a mitigação dos riscos e a resposta a emergências; - Envolvimento do setor público e comunidade; - necessidade do desenvolvimento da resiliência; - Concentração de esforços na redução dos riscos; e - Necessidade de Integração com as atividades da organização.

CONTEÚDO E REQUISITOS TÉCNICOS PARA O SGE

SISTEMA DE GESTÃO DE EMERGÊNCIA

DDR, DRM & IDRM

- Importância da previsão orçamentária; - Metodologia para avaliação e desenvolvimento da capacidade como um processo contínuo; - Tipos e níveis de capacidade e importância do treinamento; e - Importância da participação dos stakeholders.

Desenvolvimento de Capacidade

- Cooperação entre as empresas e o governo; - Integração da emergência com rotina; - Integração entre planos; - Importância da Vulnerabilidade; - Modelo onde os produtos de uma fase são subsídio para a próxima; - Avaliação e desenvolvimento da capacidade; - Preocupação com a mitigação dos riscos e recuperação; - Planos baseados nos resultados da análise de riscos; e - Envolvimento das comunidades e equipes operacionais no planejamento das ações.

IEMS

Figura 1-1 - Resumo da Contribuição das metodologias de Gestão de Emergência estudadas

26

As definições apresentadas pelas normais internacionais ISO 14000:2004, ISO

9000:2005, ISO 9001:2008, ISO 31000:2009, ISO 15544:2000, ISO 17776:2000 e

OHSAS 18000:2007 foram consideradas modelo de Gestão de Emergência

proposto. Seus requisitos contribuíram tanto para o formato (arcabouço) –

informações voltadas ao estabelecimento de diretrizes gerenciais – quanto para o

conteúdo técnico do sistema.

A figura 1-2 abaixo resume a contribuição das normas para elaboração deste

trabalho.

Figura 1-2- Contribuição das normas para elaboração deste trabalho

O modelo de Sistema de Gestão de Emergências proposto contempla então as

diretrizes fundamentais do SGI: planejamento, execução, avaliação e

implementação das melhorias identificadas. Todas essas diretrizes são direcionadas

pelas metodologias de Gestão de Emergência para garantir a identificação e

mitigação dos riscos, identificação, desenvolvimento e manutenção da capacidade

Série ISO 9000

- Definições iniciais de escopo, políticas e objetivos; - Preocupação com requisitos legais e de qualidade (foco no cliente) - Melhoria continua e metodologia "Plan-Do-Check-Act"; - Visão de Processo;e - Formas de avaliação do sistema de gestão.

ARCABOUÇO OU MOLDURA DA GE

ISO 14000

- Auto-declaração de objetivos e metas; - Preocupação com o alinhamento das políticas aos impactos potenciais do empreendimento; - Definição de política objetivos e metas; - Preocupação com a prevenção; e - Importância de manter registros fiéis para permitir a melhoria.

- Requisitos e considerações sobre Preparação e resposta a emergências.

CONTEÚDO E REQUISITOS TÉCNICOS PARA O GE

OHSAS 18001

- Definição da política de SST e seus requisitos; - Início do processo com identificação dos riscos; - Estímulo a participação dos trabalhadores; e - Importância e direcionamento para investigação do acidente.

SISTEMA DE GESTÃO DE EMERGÊNCIA

ISO 14000 e OHSAS 18001

- Princípios para gerenciamento dos riscos, definição da estrutura para gerenciamento desses e também processo para sua gestão; e - Necessidade de integração á política da empresa e modificação da abordagem dos negócios.

ISO 31000

27

para respostas a incidentes e acidentes e promover a melhoria contínua do Sistema

de Gestão, a resiliência da organização e da comunidade potencialmente afetada.

Esse novo modelo busca então representar uma forma de Gestão de

Emergências, obtido a partir da consolidação das principais normas internacionais

de referência e de sistemas de emergência reconhecidos. Sua adoção deve permitir

que as instituições estejam melhor preparadas para emergências geradas por suas

atividades e também acelerar sua recuperação pós-desastre, aumentando sua

resiliência.

Esse procedimento orientador foi aplicado em uma plataforma modelo de

produção de petróleo, de uma organização idealizada com de estrutura simples,

considerando o necessário para cenários de vazamento de óleo. Essa aplicação

conceitual, com o intuito de validar o modelo proposto, teve que alcançar os

seguintes objetivos:

a) Ser adaptável a tipologia teste, com seus itens aplicáveis a esse cenário;

b) Contribuir para a identificação e mitigação de todos os riscos das

atividades;

c) Demonstrar que cada etapa do sistema de gestão é tratada como um

processo que recebe como entrada subsídios da etapa predecessora e seu

produto é subsídio para alimentar a etapa seguinte;

d) Ao ser aplicado, proporcionar as ferramentas necessárias para a

manutenção da prontidão e preparo para respostas a acidentes de

vazamento de óleo;

e) Promover métodos para a melhoria contínua das ações de resposta

atuação, verificação da adequação dos recursos humanos e materiais

envolvidos e todas as etapas anteriores do sistema de gestão de

emergência.

A aplicação do modelo apoiou-se ainda em algumas diretrizes e informações dos

modelos de gestão e de normas, conforme representado pela figura 1-3 abaixo.

28

A validação do modelo para uma tipologia indica que a metodologia é aplicável e

funcional, devendo, porém ser testada para as demais.

Portanto, este trabalho é teórico metodológico e exploratório, baseado em

levantamentos bibliográficos e análise de documentos que servem de fundamento

para proposição de um modelo de gestão de emergências.

1.6 Limitações do Trabalho

Este trabalho não aborda diretrizes para a comunicação em emergência ou a

parte de segurança de informação e sistemas, tema das normas da série ISO

27.000. Da mesma forma, não entra no detalhamento da cadeia logística para

suporte a situações de emergência e as diretrizes das normas da série ISO 28000

sobre Segurança da Cadeia Logística.

Não é objetivo deste trabalho entrar em qualquer detalhamento de conteúdo de

planos de emergência ou mesmo do gerenciamento das ações desenvolvidas

durante a resposta.

O Sistema de Gestão de Emergências proposto busca abranger diferentes

instituições, independente de seu tamanho ou atividade fim, entretanto sua aplicação

conceitual é focada para cenários de vazamento de óleo de unidades de produção

offshore, desta forma sua adequação e outra realidade carece de avaliação.

- Metodologia para avaliação do planejamento e eficiência dos planos de resposta para vazamento de óleo; - Elementos para análise das etapas de planejamento e prontidão para resposta a vazamentos de óleo; e - Diretrizes para elaboração dos planos de resposta.

CONTEÚDO E REQUISITOS TÉCNICOS PARA A APLICAÇÃO CONCEITUAL

ISO 17776:2000

SISTEMA DE GESTÃO DE EMERGÊNCIA

- Ferramentas e técnicas utilizadas para a identificação dos riscos; - Critério de definição das técnicas de análise e identificação das medidas mitigadoras.

RP&RA ISO 15544:2000

- Diretrizes para determinação das ações de resposta; - Definição das ações de resposta a determinadas pela avaliação dos riscos; e - Resposta baseada na avaliação das possíveis falhas das medidas de controle e mitigação.

Figura 1-3 - Contribuição das normas e sistemas de gestão de emergência para a aplicação conceitual

29

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Atividade de Exploração e Produção Offshore

O uso de energia é vital para a maioria das atividades humanas, principalmente

na sociedade moderna. Sua produção é apoiada na busca e exploração de recursos

naturais, provocando uma série de modificações no ambiente. A necessidade de

energia é uma realidade desde que a sociedade começa a ser formada e se

intensifica com a Revolução Industrial, baseada no uso de combustíveis fósseis,

como carvão mineral e petróleo. No século XIX a revolução tem seu auge, com o

uso em larga escala do petróleo e seus derivados, utilizados em processos

industriais e como combustíveis para veículos. Gradualmente aumenta sua

importância e, principalmente após a segunda guerra mundial, ganha espaço como

recurso mais utilizado para gerar energia. (SILVA et al, 2008).

Atualmente, o petróleo é a principal fonte de energia, fornecendo, a partir do seu

refino, produtos indispensáveis à vida moderna (THOMAS, 2001). De sua extração

até os consumidores finais há uma grande cadeia, envolvendo sua exploração e

produção, o transporte, refino e a distribuição (MARTÍNEZ, 1999).

O petróleo é encontrado no subsolo junto com o gás natural e água e apresenta

milhares de compostos diferentes, formando uma mistura complexa. Entre os

principais componentes estão os hidrocarbonetos que chegam a atingir 98% da

composição total. Enxofre, nitrogênio e oxigênio são os constituintes menores mais

importantes. Há ainda metais traço como vanádio, níquel, sódio, cálcio, cobre e

urânio (POSTHUMA, 1977 apud LANZILLOTTA, 2008).

Na constituição do petróleo, são encontrados também elementos gasosos,

líquidos e sólidos. Sua consistência varia desde um líquido pouco viscoso, como o

condensado de gás natural, até um líquido muito espesso, que flui com dificuldade.

Em geral, há pequenas quantidades de compostos gasosos dissolvidos no líquido.

Quando as quantidades destes compostos são maiores, o petróleo está associado a

um depósito de gás natural (FERREIRA, 2010).

O petróleo e seus derivados fazem parte do cotidiano da sociedade, e a relação

do homem com esse recurso natural evoluiu consideravelmente em intensidade e

complexidade. A exploração e utilização do petróleo, que inicialmente era coletado

30

em exsudações naturais e com usos limitados que não geravam risco à sociedade

ou ao meio ambiente transformou-se em uma relação mais complexa e perigosa em

função do aumento das quantidades envolvidas e dos derivados processados que,

em contraste com a situação inicial, apresentam maiores riscos de acidentes

(MOLLE JR, 2004 apud PINTO, 2005).

A indústria offshore nasce nos anos 50 no Golfo do México e se expande

rapidamente para o Mar do Norte, que se torna a principal província petrolífera

offshore. A partir deste ponto, desenvolvimento dessa indústria tem sido

acompanhado pelo aumento da profundidade das lâminas d’água, com o

descobrimento de novas jazidas em offshore em águas cada vez mais profundas,

nas principais zonas produtoras do mundo (FURTADO, 1993).

O desenvolvimento da produção offshore fez-se, em grande medida, a partir de

plataformas fixas, que são grandes estruturas metálicas que repousam sobre o

subsolo marinho (FREITAS, 2003).

A tecnologia de perfuração seguiu uma evolução diferenciada, especialmente

motivada pela necessidade de construção de sondas marítimas móveis. Muitos

avanços ocorreram dês da instalação de sondas sobre barcaças no Golfo do México

no final dos anos 30, passando pela construção de barcos sondas nos anos 40, pela

introdução das jacks-ups ou plataformas auto-elevatórias e da utilização de sondas

sobre plataformas semi-submersíveis, na década de 50 (GEORGE, 1994 apud

FURTADO, 1993) e finalmente chegando a tecnologia de perfuração de

posicionamento dinâmico, para grandes profundidades na década de 60 (FREITAS,

2003).

A busca por combustíveis fósseis no Brasil, sobretudo como carvão e petróleo,

visando inicialmente combustível para iluminação, remonta ao Segundo Império,

porém a primeira descoberta de petróleo e gás natural no Brasil só ocorreu em 1892,

na localidade de Bofete, em São Paulo. A obtenção de óleo com viabilidade

econômica data de 1939, com a descoberta do campo de Lobato, na Bahia

(MOURA, 1976 apud HORTA NOGUEIRA, 2002).

Hoje no Brasil, cerca de 40% da energia consumida é proveniente do petróleo e

seus derivados (BRASIL, 2007 apud SILVA et al, 2008) mostrando a importância

desse recurso no país.

31

Para o desenvolvimento das atividades relacionadas exploração e produção de

petróleo e gás – dentre as quais estão a pesquisa sísmica, a implantação e

operação de plataformas, gasodutos, terminais portuários, oleodutos e refinarias – a

legislação nacional exige que se realize um processo de licenciamento ambiental,

observando que estas oferecem riscos ambientais. (SILVA et al, 2008).

Uma vez licenciadas, o processo começa com a identificação das bacias

sedimentares com maior possibilidade de conterem petróleo, feito inicialmente com

estudos geológicos preliminares e posteriormente através da obtenção e

interpretação de dados de sísmica. Com a interpretação destes dados é selecionada

uma área onde se supõe haver uma estrutura com petróleo para o início da atividade

de perfuração visando verificar a existência de petróleo na locação indicada (poço

pioneiro) (LIMA, 2003).

Durante a fase de exploração, o objetivo é elaborar o modelo que melhor

represente os reservatórios de petróleo e gás. A perfuração de poços de petróleo

pode consumir até 85% do custo total da exploração, em uma estimativa grosseira.

Por isso, a decisão de perfurar um poço deve ser tomada baseada em estudos que

forneçam um conhecimento detalhado das condições geológicas da área (RUSSO et

al, 2004). Para as atividades de exploração no Brasil, registrou-se em 2010 uma

taxa de sucesso (percentual de descobertas pelas perfurações de poços pioneiros)

de 66,7% para os poços em terra e 67,3% para os poços em mar (ANP, 2011).

Com a confirmação das características do poço e a definição pela viabilidade

econômica da produção na locação é iniciada a fase de desenvolvimento para em

seguida serem instaladas as plataformas de produção e o sistema de

armazenamento e escoamento da produção (que normalmente é feita por dutos ou

por navios, no caso offshore) (MACHADO, 2006). A produção consiste, portanto na

extração e preparação para movimentação do petróleo que, após transportado é

refinado. No refino, ocorre a transformação de petróleo em derivados, que em

seguida são distribuídos para comercialização por atacado (FREITAS, 2003).

Por suas características intrínsecas, o trabalho nas plataformas inclui uma ampla

diversidade de atividades tais como partidas de instalações e produção; paradas e

redução da produção; manuseio de equipamentos e materiais perigosos; controle

manual do processo; monitoramento da produção por sistema supervisório;

manutenções preventivas e corretivas; limpezas de máquinas e equipamentos;

32

transporte de materiais; operações manuais e mecânicas de levantamento de

cargas; inspeções e testes de equipamentos; transporte marítimo e aéreo; cozinha;

limpeza; construção e reforma, entre outras (RUNDMO, 1992). Isto faz com que nas

plataformas de petróleo se conjuguem de forma única os riscos típicos de muitas

atividades de produção e manutenção industriais de refinaria, tratamento e unidades

de produção de energia com outros próprios das tarefas relacionadas com a

exploração de gás e petróleo como a perfuração e os poços de produção,

associados aos de transporte aéreo (helicópteros) e marítimos, de construção civil

nas atividades de reparo, construção e reforma, de mergulhos rasos e,

principalmente, profundos, entre outros (OIT, 1993 apud FREITAS et al,2001).

2.1.1 Panorama Internacional

Segundo dados publicados no Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis, publicado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis – ANP (2011) em 2010, as reservas provadas de petróleo

no mundo atingiram a marca de 1,38 trilhão de barris (aumento de 0,5% em relação

a 2009), ficando concentradas em sua maioria (cerca de 54,4%) no oriente Médio

com um volume equivalente a 752,5 bilhões de barris.

Já as reservas provadas de gás natural somaram 187 trilhões m3 com destaque

para Rússia, Irã e Catar, que responderam por 23,9%, 15,8% e 13,5% do total de

reservas provadas, respectivamente.

33

Figura 2-1 - Reservas provadas de petróleo e gás natural, segundo regiões geográficas em 2010 (Fonte: adaptado de ANP, 2011)

Observando as informações disponíveis quanto à evolução do volume de

petróleo presente nos reservatórios, todas as regiões mundiais apresentaram

variação percentual mínima nas suas reservas. Vale ressaltar que as reservas

aprovadas a região da Ásia-Pacífico foram as que apresentaram o maior incremento:

7,1%. O mesmo comportamento foi observado para as reservas de gás natural, que

apresentaram um crescimento de 2,2% em comparação com os valores do ano de

2009.

Analisando os números referentes à produção de petróleo e gás natural de

2010, observa-se que o volume produzido mundialmente de ambos aumentou

quando comparados aos valores de 2009: cerca de 2,3% para o primeiro (passando

de 80,3 para 82,1 milhões de barris/dia) e 7,3 para o segundo (3,2 trilhões m3/dia).

74,3

9,9

Reservas provadas de petróleo (bilhões de barris) Reservas provadas de gás natural (trilhões m3)

LEGENDA

239,4

132,1

139,7

752,5 45,2

7,4

14,7

75,7 16,2

63,1

34

Figura 2-2 - Evolução da produção mundial de Petróleo e gás (Fonte: Elaboração própria a partir de dados de ANP, 2011)

2.1.2 Panorama Nacional

As reservas comprovadas de petróleo do Brasil cresceram em 10,7% no ano de

2010, totalizando 14,2 bilhões de barris de petróleo fazendo o país manter a 15ª

posição no ranking mundial de reservas. Dessas reservas, 93,6% localizam-se em

mar e 6,4% situam-se em jazidas terrestres, de acordo com o apresentado na figura

2.1.2-1.

Figura 2-3- Distribuição das reservas comprovadas de petróleo e gás (Fonte: Elaboração própria a partir de dados de ANP, 2011)

As reservas provadas de gás natural também apresentaram um acréscimo,

totalizando 423 bilhões m3, com 83,7% do total em território marinho.

2.000

2.200

2.400

2.600

2.800

3.000

3.200

3.400

72.000

74.000

76.000

78.000

80.000

82.000

84.000

Produção de petróleo (mil barris/dia) Produção de gás natural (bilhões m³)

Prod

ução

de P

etró

leo

(mil

barr

is) Produção

de gás natural (bilhões

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

Reserva de petróleo em Terra (milhões de barris)

Reserva de petróleo no Mar (milhões de barris)

Reserva de gás natural em Terra (milhões m³)

Reserva de gás natural no Mar (milhões m³)

35

Já a produção de gás natural cresceu 8,5% comparativamente a 2010 chegando

à 22,9 bilhões m3 enquanto que a produção de petróleo 5,6% em 2010, atingindo

750 milhões de barris, com os campos marítimos responderam por 684 bilhões de

barris de óleo ou 91,2% do total produzido.

Figura 2-4 - Evolução da produção de Petróleo e gás natural no Brasil (Fonte: Elaboração própria a partir de dados de ANP, 2011).

Observa-se ainda que em 2010 foram perfurados 211 novos poços na região

oceânica.

Todos os dados apresentados acima reforçam a tendência de aumento de

atividades de perfuração e produção na região offshore, com um consequente

aumento de unidades marítimas de produção e perfuração.

2.2 Unidades Envolvidas na atividade

As instalações marítimas utilizadas pela indústria do petróleo para o

desenvolvimento das atividades de exploração e produção offshore são

denominadas Unidades Marítimas (LIMA, 2003).

As Unidades Marítimas são comumente classificadas em fixas e flutuantes. Para

este trabalho são consideradas as definições apresentadas pela agência inglesa

HSE - Health & Safety Executive, sobretudo nos manuais de pesquisa de

estatísticas de acidentes, elaborados para ambos os tipos de Unidades.

Produção de gás natural em Terra (milhões m³)

Produção de gás natural no Mar (milhões m³)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

-

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Produção de petróleo em Terra (mil barris)

Produção de petróleo no Mar (mil barris)

36

Unidades flutuantes são as plataformas semi-submersíveis, Jaquetas, navios e

TLP (tension-leg platforms), utilizadas na perfuração, acomodação, produção e

armazenamento (HSE, 2007).

Quadro 2-1 - Categorias dos diferentes tipos de Unidades Marítimas flutuantes (fonte: HSE, 2007)

Categoria Tipo de Unidade

Unidade Móvel de Perfuração (MODU) Auto-elevatórias, Semi-Submersíveis

Unidade Móvel de produção (MOPU) Auto-elevatórias, Semi-Submersíveis, TLP

Casco simples Unidades Flutuantes de Armazenamento (FSU), Unidades Flutuantes de Produção, Armazenamento e Descarregamento (FPSO)

Unidades de alojamento (floteis) Auto-elevatórias, Semi-Submersíveis

As unidades fixas são unidades presas / apoiadas ao fundo (tripuladas ou não)

projetadas para produção, acomodação, perfuração, compressão, bombeio, injeção /

riser; ou combinação destas (HSE, 2007). Essas plataformas, de acordo com

Thomas, 2001 (apud LIMA, 2003) são mais utilizadas nos campos localizados em

lâminas d’água de até 300 metros.

Quadro 2-2 - Categorias dos diferentes tipos de Unidades Marítimas fixas (fonte HSE, 2007)

Categoria Tipo de Unidade – Descrição

Perfuração Plataformas fixas utilizadas para perfuração

Produção Plataformas “tradicionais” de produção, jaquetas ou GBS. Incluem também plataformas com perfuração, produção e acomodações (como por exemplo, grandes plataformas integradas)

Cabeça de poço Plataformas para cabeça de poço sem plantas para processamento, servindo para apoio às operações no poço. Comumente ligadas a plataformas centrais de produção.

Compressão Plataformas de compressão de gás

Bombeio Plataformas de bombeio

Injeção / Riser Plataformas de injeção de gases ou água e plataformas de riser

Unidades de alojamento (floteis) Plataformas para alojamento / acomodação

37

2.3 Análise de Riscos, Tipologias Acidentais e Histórico de Acidentes em

Unidades Marítimas Offshore

A explosão e destruição da plataforma Piper Alpha em julho de 1988 matou 167

pessoas, feriu e traumatizou 61 sobreviventes. O inquérito que se seguiu tentou

reconstituir a sequência provável de eventos que ocasionou o acidente e revelou

inadequações de gerenciamento, treinamento e de legislação que permitiram sua

ocorrência. Entre as adequações feitas na sequência, destaca-se a introdução da

regulamentação de segurança para atividades offshore, que transfere ao operador a

responsabilidade de identificar os riscos de seu empreendimento e reduzi-los á

níveis toleráveis (do inglês as low as resonably practicable – ALARP). Isso modificou

profundamente a forma com que a saúde e segurança dos trabalhadores offshore

são gerenciadas (FLIN et al, 1996).

No Brasil, na história da exploração do petróleo na Bacia de Campos há o

registro de catástrofes como os acidentes ocorridos na Plataforma de Enchova em

1984 e 1988. O primeiro resultou em 37 óbitos imediatos; o segundo, na destruição

total do convés e da torre, totalizando um prejuízo de 500 milhões de dólares

(SINDIPETRO-NF, 1997 apud FREITAS et al,2001)

A memória de acidentes como o da Plataforma de Enchova, bem como o da

Plataforma de Piper Alpha simbolizam o grande potencial de perigo que existe nas

plataformas de petróleo (FREITAS et al,2001).

Os acidentes ocorrem por uma combinação de falhas, desde a escolha de uma

tecnologia pelos líderes, até a falha de um equipamento. Mesmo com a utilização de

metodologias sofisticadas de gerenciamento de projeto, gerenciamento de riscos,

análise de viabilidade econômica de projeto, dentre outras, o foco dos projetos e

processos é viabilidade econômica que muitas vezes não considera o valor

agregado das atividades preventivas (ANDRADE et al, 2007).

Para determinação dos riscos associados às atividades e consequente avaliação

dos cenários mais frequentes, são aplicadas Técnicas de Análise de Risco. A

caracterização de riscos de derramamento de óleo, por exemplo, inclui a análise dos

tipos e volumes de derivados de óleo que são armazenados e transportados na área

em estudo e do padrão histórico dos derramamentos, entre outros (COSTA, 2007).

38

Depois da identificação dos riscos, inicia-se definição de medidas para o seu

gerenciamento, de acordo com o produto de sua probabilidade de ocorrência e suas

consequências.

O Gerenciamento de Riscos é o processo de tomar e executar decisões que

minimizem os efeitos dos riscos adversos que perdas acidentais possam ter sobre

uma organização. Estas ameaças aos negócios (CANTAGALLO et al, 2007).

Dessa forma, o processo de gerenciamento de riscos pode ser entendido como

a utilização dos recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos de forma

preventiva, para evitar acidentes que possam causar danos à saúde dos

trabalhadores, impactos ambientais e perdas para a população vizinha (FERREIRA,

2010).

O Gerenciamento de Riscos na ainda na fase de projeto permite a concepção de

unidades produtivas mais seguras, porém é necessário manter o nível de segurança

ao longo do tempo, especialmente em caso de mudanças de concepção do projeto

inicial. É importante a identificação das áreas vulneráveis e dos efeitos ocasionados

por acidentes catastróficos ao meio ambiente, trabalhadores e população.

Dependendo da dimensão do risco, são necessárias ações para sua redução, seja

pelo aumento de confiabilidade ou pela minimização da probabilidade de ocorrência,

que nesse caso pode ser reduzida pelo aumento das camadas de proteção ou

aumento da confiabilidade das salvaguardas (ANDRADE et al, 2007).

Um fato importante em relação ao gerenciamento de riscos é a preparação para

o atendimento dos acidentes, que atua em um segundo momento, quando o

acidente ou evento indesejável já ocorreu, necessitando da mitigação de suas

consequências, em casos de falha nos sistemas de proteção.

Para identificação do histórico de acidentes e, portanto de sua classificação por

tipologia, consideram-se informações extraídas dos bancos de dados que

contemplem informações de incidentes e acidentes oriundos de atividades

petrolíferas. As informações apresentadas neste trabalho consideram informações

extraídas do Worldwide Offshore Accident Databank - WOAD, edição 1999 que

contempla a análise estatística de acidentes que ocorreram em atividades offshore

com série temporal do período de 1970 a 1997 (PETROBRAS, 2003).

39

Os acidentes registrados no WOAD foram classificados conforme as seguintes

causas iniciadoras, de acordo com o apresentado no quadro 2.3-1.

Quadro 2-3 - Classificação por causa indicadora (Fonte: PETROBRAS, 2007)

Evento Explicação

Falha da âncora Problemas com âncoras/linhas de ancoragem, sistemas de amarração e equipamentos de içamento de âncoras.

Blowout Fluxo descontrolado de gás, óleo e/ou outros fluidos provenientes do reservatório.

Tombamento (Emborcamento)

Perda de estabilidade da plataforma, resultando na completa virada da unidade (emborcar).

Colisão Contato acidental entre uma Unidade Marítima e uma outra unidade externa ou embarcação. Também estão incluídas colisões com pontes, passadiços, etc., e com navios engajados na atividade offshore de outras plataformas que não a afetada, e entre duas instalações offshore.

Contato Contato acidental entre duas unidades da atividade offshore.

Acidentes com guindaste

Qualquer evento causado por / ou envolvendo guindaste ou outro equipamento para elevação.

Explosão Explosão.

Queda de material

Queda de objetos a partir de guindastes ou outros equipamentos de levantamento de carga. Queda do guindaste, botes salva-vidas que acidentalmente caiam no mar e homem ao mar estão incluídos.

Incêndio Incêndio.

Afundamento Perda de flutuação ou afundamento da instalação.

Encalhe Contato da unidade flutuante com o fundo do mar.

Acidente com helicóptero

Acidente com helicóptero no heliponto ou outro lugar da instalação.

Entrada de Água (Inundação)

Alagamento da unidade ou compartimento causando perda de estabilidade / flutuação.

Adernamento Inclinação descontrolada da unidade.

Falhas das Máquinas

Falha de motores ou propulsores, incluindo sistemas de controle.

Fora de Posição Unidade acidentalmente fora da posição esperada ou a deriva fora de controle

Vazamento Perda de fluido ou gás para as circunvizinhanças causando poluição ou risco de explosão/incêndio.

Dano estrutural Falha por quebra ou fadiga de suporte estrutural.

Acidente durante reboque

Quebra ou problemas durante o reboque.

Problema no poço

Problema acidental com o poço, isto é, perda de uma barreira (coluna hidrostática) ou outros problemas no poço.

Outros Outros eventos além dos especificados acima.

40

O WOAD compilou informações de diversos incidentes e acidentes desde 1970

para aproximadamente 3000 unidades offshore (unidades móveis e fixas de

perfuração e produção). Toda a informação técnica é armazenada na base de dados

de acordo com diferentes parâmetros tais como nome, tipo de operação da unidade,

data, localização geográfica, causas, consequências e outros detalhes

(PETROBRAS, 2007).

Algumas tipologias apontadas não são aplicáveis para unidades fixas como, por

exemplo, falha de ancoragem, afundamento, falha das máquinas, perda de posição

e acidente durante reboque, pois unidades de produção de lamina d’água profunda

como FPSO, FSU, e TLP são classificadas como flutuantes.

Figura 2-5 - Distribuição de acidentes por Unidade Marítima (Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Worldwide Offshore Accident Databank - WOAD, edição 1999)

41

2.4 Sistemas de Gestão de Emergência e Avaliação de Capacidade

2.4.1 Sistemas Internacionais de Gestão de Emergência

O termo emergência pode ser conceituado como um desvio das condições

planejadas ou esperadas em uma sequência de eventos que coloquem em risco ou

prejudiquem as pessoas, propriedade ou o meio ambiente. Quando os recursos

locais disponíveis não são suficientes para o controle da emergência ela se

transforma em um desastre (JOHNSON,2000). Desastre, segundo Fritz (1961, apud

WILSONA & OYOLA-YEMAIELB, 2001) é um evento, com tempo e espaço

definidos, no qual a sociedade, ou uma parcela auto-suficiente dela, experimenta

ameaças severas que causam perdas aos seus componentes de tal forma que a

estrutura social é descontinuada e a execução de todas ou algumas de suas funções

essenciais são perdidas. Contudo, não existe um consenso sobre a definição de

desastre entre os acadêmicos (WILSONA & OYOLA-YEMAIELB, 2001). Para este

trabalho, a diferenciação de emergência e desastre, em função da magnitude de

seus impactos é o mais adequado. O primeiro tem um impacto local, não causando

danos ou prejuízos diretos a sociedade, o segundo, por sua vez, afeta a estrutura

social, conforme definição apresentada.

Observando os resultados de calamidades sociais impostas por desastres e com

o objetivo de reduzir a ocorrência de eventos catastróficos, a sociedade estabeleceu

estruturas para gerenciar os riscos naturais e tecnológicos e seus impactos. A

criação da “Gestão de Emergência” como uma linha de pesquisa/conhecimento é

uma inovação (WILSONA & OYOLA-YEMAIELB, 2001).

A Gestão de Emergências é a disciplina e/ou profissão que aplica a ciência,

tecnologia e planejamento, sob a forma de um processo contínuo, para lidar com

eventos extremos que possam ferir ou matar um grande número de pessoas,

promover danos a propriedade e perturbar a vida da comunidade (DRABEK and

HOETMER 1991 apud COVA, 1999). Nesse processo, todos os indivíduos, grupos e

comunidades buscam, sobretudo, o gerenciamento dos riscos para evitar ou

amenizar os impactos dos possíveis desastres (BRITTON, 2002).

As diretrizes políticas, legais e institucionais formam o arcabouço da sociedade e

da indústria para a Gestão de Emergências e desastres. Entretanto, a legislação por

si só não assegura uma efetiva Gestão de Emergências. Seu objetivo é fornecer a

42

base sobre a qual outras estruturas essenciais, práticas, procedimentos e processos

serão construídos e consolidados. A regulação apenas desenha a linha, definindo

não só o mínimo aceitável de atuação e responsabilidades, como também permite

que os atores e as agencias governamentais entendam os riscos e iniciem as ações

para seu gerenciamento (BRITTON, 2006).

Muitas vezes, quando pensamos em emergências, o foco imediato é nas ações

de resposta, deixando de lado os demais componentes necessários para o

adequado Gerenciamento de Emergências (MCLOUGHLIN, 1985). Dentro desta

visão, as práticas adotadas para o Gerenciamento de Emergências que, no período

após a Segunda Guerra Mundial e a Guerra da Coréia, eram essencialmente

reativas e focadas nas ações de resposta, foram modificadas ao final da década de

70, por uma abordagem mais ampla e integrada (BRITTON, 2002).

Neste período, observou-se que as primeiras horas após um desastre de larga

escala necessitam de um controle complexo de demandas organizacionais que

constituem um problema de gestão comum, independente da diversidade de

cenários. Quando o efeito causador do desastre evoluí de um tornado ou um furacão

para um vazamento químico ou ameaça terrorista, também são alteradas a

quantidade de organizações envolvidas na resposta e as tarefas específicas por elas

realizadas. Entretanto, além da diferença óbvia de estrutura gerada por emergências

destas magnitudes, estudos realizados por quase duas décadas validaram a

utilidade de uma abordagem geral (DRABEK, 1985).

Desta forma, as modificações nos cenários de risco e as tentativas de resposta

ocorridas nos anos 70 criaram a uma nova abordagem denominada Gestão

Integrada de Emergência (CEM do inglês Comprehensive Emergency Management)

a qual cria a função administrativa específica de Gerente de Emergência. Por essa

proposta, o gerente ou gestor de emergência teria a função de devotar seu tempo

para atividades voltadas ao gerenciamento de emergências (PERRY, 1985 apud

BRITTON, 2001). Ao adotarem essa nova filosofia, a questão passou a ser quando e

com que frequência os governos seriam obrigados a responder às emergências, e

não mais “se” isso ocorreria (MCLOUGHLIN,1985).

A Gestão Integrada de Emergência foi uma tentativa de alinhar as praticas de

Gestão de Emergência, apontando a responsabilidade e promovendo a capacidade

de uma unidade política (nação, estado, área) para gerenciar todos os tipos de

43

emergências e desastres pela coordenação de ações de todos os envolvidos

(BRITTON, 98).

O CEM aponta que as autoridades políticas devem ter a responsabilidade e

capacidade para gerir todos os tipos de emergências e desastres, coordenando as

ações de todos os envolvidos (BRITTON, 2001). Sua proposta de integração baseia-

se na dimensão temporal de desastres para organizar o processo de gestão em um

ciclo de quatro fases, que muitas vezes se sobrepõem (COVA, 1999), dois pré-

desastre: mitigação dos riscos (redução dos riscos, ou prevenção) e preparação

(prontidão) e dois pós-desastre: resposta e recuperação (ZIMMERMAN, 1985),

conforme ilustrado na figura 2.4 -1 abaixo.

Figura 2-6 - Fases que compõem o ciclo de Gestão de Emergência, segundo metodologia CEM. (fonte: elaboração própria)

A fase de Mitigação é normalmente o primeiro passo do CEM (KELLY, 2002) e

inicia-se com a identificação dos riscos e, seu sucesso depende da qualidade desta

análise (MCLOUGHLIN,1985). Ações de mitigação visam prevenir ou impedir a

ocorrência de um desastre futuro, pela eliminação ou redução dos riscos e/ou

reduzir as consequências geradas pela ocorrência de acidentes (BRITTON &

CLARK, 1999). É normalmente a melhor medida para lidar com desastres,

considerando a relação custo/benefício (KELLY, 2002).

O planejamento para recuperação pós-desastre de áreas afetadas é um

importante componente da fase de mitigação. Essa abordagem, quando aplicada,

acelera a recuperação das comunidades e promove uma maior resiliência, porém

requer um desenvolvimento e envolvimento maior destas comunidades, autoridades

e iniciativa privada (BRITTON,2002). Desta forma, a implementação de estratégias

de mitigação se conecta ao processo de recuperação, fechando o ciclo.

Preparação

Mitigação

Recuperação

Resposta

44

A chave para uma resposta efetiva é estar preparado (STEEN et al, 2003). A

fase de preparação consiste em ações tomadas por governos, organizações, e

indivíduos para desenvolver capacidade operacional e facilitar uma efetiva resposta

à emergência (COVA, 1999) visando salvar vidas e reduzir os danos causados

(PETAK,1985).

Nesta fase, os gestores de emergência buscam assegurar a execução das

ações de resposta (JOHNSON, 2000), para reduzir as consequências do incidente

(ZIMMERMAN, 1985), sobretudo através da elaboração de planos de resposta.

Medidas de preparação comuns incluem: a identificação de recursos críticos e

planos para seu gerenciamento; o desenvolvimento de acordos entre as agências de

resposta (municipais, estaduais e governamentais) (PETAK,1985); definição e

instalação dos sistemas de alerta; instalação de centros de resposta à emergências;

elaboração de plano de comunicação de emergência; definição da política de

informação pública; necessidade e periodicidade de treinamentos e exercícios –

incluindo recursos humanos da comunidade (BRITTON & CLARK, 1999);

dimensionamento e instalação de abrigos de emergência; e elaboração de planos de

evacuação.

Finalmente, a fase de preparação provê o fundamento e os mecanismos

necessários para a fase de resposta a emergência (ZIMMERMAN, 1985).

Quando uma emergência é deflagrada, a fase de preparação termina, e começa

o momento em que todo o planejamento é colocado à prova (ADAMS, 2002 apud

KELLY, 2002). A fase de resposta envolve ações que são tomadas imediatamente

antes, durante ou instantaneamente depois da ocorrência de uma emergência, com

o intuito de salvar vidas (como prover assistência emergencial às vitimas), minimizar

o dano a propriedade e aumentar a efetividade das ações de recuperação (COVA,

1999). As ações de resposta buscam ainda estabilizar a situação e reduzir a

probabilidade de impactos / danos secundários (JOHNSON, 2000).

A resposta para qualquer emergência deve ser baseada no sistema de

gerenciamento de emergência organizacional / governamental existentes, onde os

recursos e processos estão definidos.

As ações de recuperação são aquelas necessárias para fazer com que todos os

sistemas retornem ao seu estado original ou melhorem. São basicamente de dois

45

tipos: (1) atividades de recuperação em curto prazo que objetivam restabelecer os

sistemas vitais de apoio a padrões operacionais mínimos e (2) as atividades de

recuperação em longo prazo, que podem continuar durante vários anos depois de

um desastre. Seu objetivo é promover o retorno da vida ao normal ou níveis

melhores (JOHNSON, 2000).

Os programas de recuperação são similares aos de mitigação, e fornecem

informações específicas para retroalimentar o processo de Gestão de Emergência.

Para que ações preventivas de planejamento e regulamentação sejam efetivas, elas

devem buscar informações nas ações de recuperação necessárias, e como

poderiam ser evitadas ou aceleradas proporcionando uma retroalimentação pós-

desastre que, também é pré-desastre (ZIMMERMAN, 1985).

Após a execução de ações de resposta bem sucedidas, algumas medidas

mitigadoras outrora consideradas impopulares podem ser reclassificadas, criando

uma janela de oportunidade para sua implementação.

Com o intuito de apresentar uma abordagem simplificada e facilitar a

compreensão do CEM, um de seus idealizadores, Drabek (1986), subdivide seus

quarto processos principais em oito fases, de acordo com a ordem em que ocorrem

em um desastre e as associa a seis diferentes níveis do sistema, conforme quadro

2-4.

Quadro 2-4 - Processos, Fases e Níveis de um Sistema de Gestão de Emergência (Fonte: Adaptado de Drabek, 1986)

Fases de um Desastre Níveis do Sistema

Preparação Planejamento

IND

IVÍD

UO

GR

UPO

OR

GAN

IZAÇ

ÃO

CO

MU

NID

ADE

SO

CIE

DAD

E

INTE

RN

ACIO

NAL

Alerta

Resposta Mobilização pré-impacto

Ações de Emergência pós-impacto

Recuperação Restauração (6 meses ou menos)

Reconstrução (6 meses ou mais)

Mitigação Percepção de risco

Ajustes dos riscos

46

Em decorrência do CEM, foi criado o Sistema Integrado de Gestão de

Emergência (IEMS, do inglês Integrated Emergency Management System). O IEMS

promove a formação de parcerias entre os diferentes níveis de proprietários de

recursos, tanto na vertical (entre as esferas governamentais) quanto na horizontal

(entre as diferentes agências e o setor público-privado) (BRITTON, 2002). Um dos

principais motivadores desta metodologia foi a percepção da existência de

responsabilidades e funções comuns aos diferentes níveis governamentais, cada

qual com suas atribuições e recursos. Desta forma, visando otimizar as ações e

recursos para preparação e resposta em todas as camadas propõe-se a criação de

um ponto de referência na esfera federal (MCLOUGHLIN,1985).

O Sistema Integrado de Gestão de Emergência foi idealizado para agrupar todo

o conhecimento existente e definir níveis de cooperação e coordenação que

poderiam ser necessários em circunstâncias críticas (ALEXANDER, 2002). Para

uma adequada resposta a emergência é necessário o envolvimento de diferentes

serviços e organizações. O IEM, portanto busca a integração das contribuições de

todos os atores envolvidos nas fases de preparação, resposta e recuperação

(DYNES et al, 1987). O IEMS baseia-se na integração dos procedimentos de

resposta com as práticas rotineiras dos locais de trabalho nas organizações e entre

elas (DYNES et al, 1987). Desta forma, um efetivo planejamento integrado para

resposta a emergência, sugere que os planos existentes nos diferentes níveis sejam

integrados para evitar confusões, duplicação de esforços e recursos e evitar

desperdícios (ALEXANDER, 2002).

O IEMS é considerado um modelo de processo e busca estabelecer requisitos

de análise de riscos, de avaliação de capacidade, de planejamento de emergência,

para manutenção da capacidade instalada, para atuação na resposta de emergência

e para ações de recuperação (BRITTON, 2002). A figura 2.4-2 ilustra, de forma

simplificada, a proposta do IEMS.

47

Figura 2-7 - Fases da Gestão de Emergência, segundo metodologia IEMS (fonte: MCLOUGHLIN,1985)

Os requisitos supracitados são encarados como componentes de um sistema de

suporte governamental para o desenvolvimento, manutenção e gerenciamento de

uma de capacidade de resposta eficiente com custos adequados

(MCLOUGHLIN,1985). Seus componentes são detalhados a seguir, considerando os

conceitos originalmente definidos por seu idealizador, Mcloughlin (1985).

Seguindo as diretrizes do CEM, o IEMS define que a fase de análise de riscos

tem como principal objetivo identificar os potenciais riscos e determinar seu provável

impacto para as pessoas e propriedade. Todos os riscos identificados devem

constar nos planos de emergência. A análise consiste em duas etapas. A primeira é

conhecer os tipos de risco, a probabilidade de ocorrerem e os níveis de intensidade.

Essas informações podem ser obtidas tanto por evidências históricas como por

pesquisas empíricas ou percepção da comunidade. A segunda parte da análise

requer conhecer os áreas e recursos que correm risco de dano, e uma análise da

perda que pode ocorrer em função dos eventos identificados. Quando os risos

ANÁLISE DE RISCOS

AVALIAÇÃO DE CAPACIDADE

PLANEJAMENTO DE ATUAÇÃO

MANUTENÇÃO DA CAPACIDADE

RESPOSTA À EMERGÊNCIA

RECUPERAÇÃO

AÇÕES DE MITIGAÇÃO

DÉFICIT DE CAPACIDADE

PLANO DE ADEQUAÇÃO PARA OS PRÓXIMOS ANOS

PLANO DE ADEQUAÇÃO ANUAL

DESENVOLVIMENTO DE INCREMENTO ANUAL

RECURSOS LOCAIS, ESTADUAIS E FEDERAIS

INCREMENTO DE TRABALHO ANUAL

48

conhecidos são associados aos seus potenciais impactos para a comunidade, o

resultado final é o conhecimento da vulnerabilidade desta comunidade.

A avaliação de capacidade atual da comunidade em lidar com os riscos

identificados é a etapa seguinte (KELLY, 2002). Essa capacidade é facilmente

mensurável quando comparada com as funções organizacionais as quais devem

prestar apoio. Ao final da análise temos dois produtos (ou saídas): o inventário

disponível (que por sua vez é um subsídio para o planejamento das ações) e a

necessidade de adequação (que é um subsídio para a melhoria da capacidade de

resposta).

O Planejamento para Atuação é o momento onde um plano de resposta a

emergência é desenvolvido, considerando todos os cenários decorrentes da análise

de riscos (KELLY, 2002). A condução de operações coordenadas em emergências

nada mais é do que a execução de um plano de resposta a emergência. Quando os

líderes comunitários são envolvidos no processo de planejamento, os tempos de

resposta e reação são reduzidos e a coordenação melhor. Planos “apenas no

papel”, preparados por gestores de emergência trabalhando sozinhos, com pouca ou

nenhuma participação dos setores operacionais tem pouco valor e não serão usados

em uma situação real. Planos bem elaborados especificam o que deve ser feito,

onde, quando e por quem, para atender as demandas específicas da emergência. A

elaboração de um plano escrito, não é a etapa final do processo, pois não garante

uma preparação efetiva para a resposta.

Uma vez desenvolvida a habilidade de responder adequadamente a

emergências, esta capacidade deve ser continuamente mantida ou diminuirá ao

longo do tempo. Essa etapa no IEMS é denominada Manutenção de Capacidade.

Os planos devem ser atualizados, equipamentos devem ser manutenidos e testados,

as pessoas e equipes devem ser treinadas e os procedimentos e sistemas testados

e exercitados regularmente.

A resposta a emergência é uma fase iniciada quando um acidente ocorre. A

experiência mostra que empresas/governos que possuem uma política de

preparação se saem melhor dos que não a possuem. Enquanto algumas ações

anteriormente planejadas podem e devem ser modificadas à medida que a evolução

das ações de resposta a emergências exigem, espera-se que a familiaridade com o

conceito geral de operação obtido durante a fase de planejamento seja o fio que

49

mantém as ações de cada um dos envolvidos juntos, de forma coordenada. A

medida que as ações de resposta vão sendo necessárias, as oportunidades para

melhoria para futuras emergências são identificadas. A avaliação da atuação é

importante e deve ser feita imediatamente após o acidente, enquanto as lembranças

ainda são recentes. As conclusões deste processo de avaliação devem

retroalimentar o processo de planejamento.

A fase de Recuperação inicia-se quando a situação de emergência estabiliza-se

e as ações imediatas de salvaguarda da vida humana e propriedade terminam,

quando a atenção é direcionada para que as funções da comunidade e as áreas

danificadas retornem as condições pré-emergência. As ações em curto prazo devem

ser focadas para o retorno dos sistemas de suporta a vida aos índices mínimos,

enquanto que as ações em longo prazo podem requerer anos para restaurar as

condições normais de vida da população. Durante a recuperação, oportunidades

significativas de redução dos impactos de futuras emergências para a vida da

comunidade são identificadas e devem retroalimentar a fase de planejamento, pela

identificação de ações para mitigação.

As ações de mitigação são esforços organizados e planejados para prevenir ou

reduzir os impactos. Essas ações podem ser de três tipos: eliminação ou redução da

frequência e intensidade da ocorrência do risco; mudança da forma com que o risco

interage com as pessoas e seus sistemas de suporte; e alteração na forma com que

as pessoas vivem e os sistemas que criam. As respostas a acidentes anteriores

contribuem para a melhoria e identificação de ações para mitigação, conforme

mencionado anteriormente. Além disso, a busca constante de formas de prevenção

ou redução dos impactos é importante. Ao longo do tempo, o efeito conjugado de

ações de mitigação podem representar uma redução significativa do risco encarado

pela comunidade.

Conforme apontado anteriormente, um dos produtos da Avaliação da

Capacidade é a identificação do Déficit de Capacidade. A diferença entre a

capacidade atual e o ótimo necessário representa uma lacuna crítica para que o

objetivo de um programa de gestão de emergência seja alcançado.

Com base no Déficit de Capacidade identificado, deve ser elaborado um Plano

de Adequação para os Próximos Anos. Esse plano deve definir o que é necessário e

o que deve ser feito para alcançar o nível de capacidade desejado (KELLY, 2002).

50

O Desenvolvimento de Incremento Anual é um planejamento detalhado do que

deve ser feito no ano seguinte para alcançar os objetivos traçados no Plano de

Adequação para os Próximos Anos.

A caixa de “Recursos Locais, Estaduais e Federais” representa a contribuição

destes órgãos ao incremento anual. A medida que os planos e atividades de

Incremento são terminados, esse acréscimo deve ser refletido na Análise de

Capacidade, reduzindo o Déficit de Capacidade. Os recursos adicionais obtidos

devem ser direcionados para as operações de emergência, promovendo uma

revisão e uma melhoria dos planos.

O IEMS considera que, apesar das ações de resposta à emergências serem o

foco durante um desastre, as atividades de mitigação para a redução do risco, de

preparação para aumentar a capacidade de resposta e ações para facilitar a

recuperação das comunidades de forma a retornar ao estado inicial ou o mais

próximo disso possível são componentes de mesma importância dentro de um

programa adequado (MCLOUGHLIN,1985). Esse conceito de um sistema de

gerenciamento integrado de emergência é baseado na crença de que os esforços de

várias disciplinas diferentes são necessários para reduzir as consequências de

desastres naturais ou ocasionados pelo homem (PETAK,1985). Além disso, o IEMS

requer que esses esforços sejam absorvidos pela rotina diária da organização para

que, com isso, seja catalisada sua absorção nas práticas e rotinas.

Sem o comprometimento organizacional, em todas as esferas, sobretudo a alta

administração, os indivíduos partícipes da estrutura não percebem nenhum benefício

para eles ou suas atividades diárias e não dedicam nenhuma parcela de seu tempo

no esforço necessário para preparar-se para algo que “provavelmente nunca irá

ocorrer”, algo que a organização demonstra não ter preocupação ou

comprometimento (DYNES et al, 1987).

Alexander (2000) sugere que um eficiente Sistema Integrado de Gestão de

Emergência deve ser:

a) Baseado em procedimentos usados por agencias consolidadas, simples,

acessíveis e de fácil aprendizado;

b) “Expansível e adaptável” da escala de pequenas emergências até

desastres;

51

c) Capaz de lidar com todas as tipologias acidentais identificadas nas

análises de risco; e

d) Funcionar para a organização e para a utilização com múltiplas

organizações.

As metodologias CEM e IEMS dominaram, portanto, a teoria de Gestão de

Emergências a partir da década de 70, mas sua aplicação plena não foi obtida

(BRITTON & CLARK, 1999). Durante esse período foram notados alguns casos de

sucesso onde a teoria e a prática funcionaram em conjunto, porém ainda há uma

falta na integração entre a mitigação de riscos e a resposta à emergências

(BRITTON, 2002).

Nos últimos 50 anos, a teoria de gestão de emergência fez avanços em vários

campos, como na área militar, nos negócios, atividades econômicas e formou um

sistema muito mais completo. Muitos modelos de gestão de crise/emergência foram

desenvolvidos, incluindo: Prevenção, Preparação, Resposta e Recuperação (PPRR);

Mitigação, Preparação Resposta e Recuperação (MPRR); Redução, Prontidão (do

inglês readiness), Resposta e Recuperação (RRRR); o modelo de cinco fases

(detecção do sinal, preparação/prevenção, contenção/limitação do dano,

recuperação e aprendizado) e o de três fases (Pré-crise, Crise e Pós-crise) (HU et al,

2005). Todos esses modelos que representam todo o processo de emergência, cada

qual com uma explicação convincente de Gestão de Emergência (HU et al, 2005).

A década de 1990 testemunhou um conjunto diferente de deveres e exigências

legais e socais, que demandaram uma reavaliação no papel e no sentido de gestão

de emergências. O aumento das exigências públicas por condições mais seguras e

a busca pelo desenvolvimento sustentável foram os principais fatores que afetaram

o pensamento político na maioria dos países. Neste momento, os desastres

passaram a ser um problema político de proporções mundiais, especialmente pelo

aumento crescente da compreensão e consequente aceitação de que os seres

humanos, tanto no curso normal de suas vidas como nas respostas a emergências,

aumentam a vulnerabilidade das comunidades (BRITTON, 2002).

Já na década passada, impulsionado pela Década Internacional para Redução

de Desastres das Nações Unidas, a atenção internacional foi direcionada para a

identificação de boas práticas de gestão de riscos para desastres (WISNER, 2011).

52

Desta forma, a abordagem de gerenciamento de desastres esta mudando seu

foco: de resposta e recuperação para assuntos ligados à mitigação (PEARCE,

2003). Essa mudança requer uma alteração no envolvimento do setor público e da

comunidade, pois durante décadas, a gestão de emergências limitou-se a identificar,

antecipar e responder à eventos extremos (comumente chamados de desastres)

(BRITTON & CLARK, 1999).

A frequência e o impacto de eventos gerados por desastres naturais cresceram

e causaram muitas consequências negativas para os homens, economia e meio

ambiente (MITCHELL et al, 2010). Perigos resultam em desastres quando fatores de

risco, vulnerabilidade e capacidade inadequada se sobrepõem no tempo e espaço. A

redução dos riscos pode evitar ou reduzir o impacto de desastres (KHELADZE,

2011).

A busca pela mitigação de riscos através da redução destes e o

desenvolvimento de resiliência das comunidades são conceitos chaves da gestão de

desastres contemporânea (BRITTON, 2006). Com essa modificação de abordagem,

diversos conceitos foram idealizados, como a Redução de Riscos de Desastre (DDR

do inglês Disaster Risk Reduction), Gerenciamento do Risco de Desastres (DRM do

inglês Disaster Risk Management), o Gerenciamento Integrado do Risco de

Desastres (IDRM ou IDRiM do inglês Integrated Disaster Risk Management).

A UNISDR (apud CADRI, 2011) define a Redução de Riscos de Desastres

(DRR) como o conceito e prática de redução dos riscos de desastres através de

esforços sistemáticos para analisar e gerenciar os fatores que os causam. Esses

esforços visam reduzir a exposição aos riscos, diminuir a vulnerabilidade das

pessoas e propriedade, um melhor gerenciamento da terra e do meio ambiente e

melhoria na preparação para eventos adversos. Nesta abordagem as atividades de

redução dos riscos não são concentradas nas etapas de resposta a emergência e

recuperação, mas sim na mitigação dos riscos (BANKOFF, 2004 apud KHELADZE,

2011). O elemento central do DRR é a identificação dos riscos.

O Gerenciamento do Risco de Desastres (DRM) pode ser visto como um

conceito mais amplo do que o DRR, pois inclui outras atividades. O DRM envolve a

administração pública, fortalece o desenvolvimento institucional e organizacional, a

implementação de políticas estratégias e o desenvolvimento e transferência de

capacidade para que a sociedade com o intuito de reduzir os efeitos negativos dos

53

desastres (UNDP, 2008b). DRM considera também medidas de mitigação -

estruturais (ligadas gerenciamento dos riscos “físicos”) e não estruturais (uso

limitado de áreas de riscos, baseado em medidas regulatórias) (VAN WESTEN &

KINGMA, 2009b apud KHELADZE, 2011). O governo nacional é o principal ator do

DRM.

A Gestão Integrada de Risco de Desastres (IDRM ou IDRiM) busca tornar a

gestão de emergência uma parte integral de um processo muito maior para redução

de riscos, desenvolvido para reduzir a ocorrência e/ou duração de eventos extremos

(BRITTON & CLARK, 1999). A IDRM é considerada uma meta ambiciosa e permeia

as escalas local e global, envolvendo uma grande quantidade de atores e partes

interessadas (WISNER, 2011).

Existem muitas definições para a “integração”, contudo a abordagem proposta

pela IDRM vai além do simples objetivo de “adicionar” a prevenção de desastres aos

programas existentes (UNDP, 2008b). Sua proposta de integração envolve realizar

as atividades existentes de forma diferente, visando evitar os riscos (MITCHELL et

al, 2010). Infelizmente, o senso de integração obtido normalmente é reduzido ao

conceito de “adicionar” a DRR à tarefas e atividades existentes e já em andamento

(WISNER, 2011).

Salter (1998 apud DOVERS, 2004) resume a mudança na política de gestão de

desastres da seguinte forma:

Quadro 2-5 - Modificação nas estratégias de Gestão de Desastres (Fonte: DOVERS, 2004)

“DE” “PARA”

Foco nos Riscos Foco na Vulnerabilidade

Reação Medidas Proativas

Ações de uma única Agência / Indústria Parcerias

Baseado no conhecimento Abordagem multidisciplinar

Gerenciamento de Resposta Gestão de Risco

Planejamento Público Planejamento com as Comunidades

Comunicação para as comunidades Comunicação com as comunidades

O novo arcabouço da gestão de emergências, contudo, é baseado nos seguintes

princípios (BRITTON & CLARK, 1999):

a) Sistemas de gestão de emergência abrangentes e integrados;

54

b) Abordagem envolvendo todos os riscos;

c) Estruturação baseada em informações técnicas apropriadas e expertise;

d) Reconhecimento e envolvimento de organizações voluntárias;

e) Declarações de emergência feitas em esferas governamentais

apropriadas;

f) Responsabilidade individual e comunitária;

g) Responsabilidade de reconstrução atribuída ao proprietário; e

h) Atendimento de eventos rotineiros e emergências com recursos locais.

Segundo Godschalk et al (1998, apud PEARCE, 2003) são necessárias análises

completas dos riscos e de vulnerabilidade antes que se faça a tentativa de promover

a Gestão Integrada de Risco de Desastres e consequente definir as ações de

mitigação e gestão pública. O Planejamento de políticas públicas e planejamento

para gestão de desastres são comumente vistos como assuntos separados, contudo

possuem muitas coisas em comum: ambos são atualmente conduzidos sem a

participação das comunidades, ambos preocupam-se com as estruturas

comunitárias (como prédios, infraestrutura existente, entre outros) assim como os

indivíduos; ambos são de responsabilidade do governo local; e ambos necessitam

de uma abordagem preditiva (PEARCE, 2003)

O resultado da correta aplicação destes conceitos é um sistema em que a

resiliência pode ser obtida através de um esforço de planejamento para reduzir a

probabilidade de ocorrência de eventos perigosos; reduzir a vulnerabilidade da

comunidade; e minimizar os efeitos adversos pela gestão de todos os riscos

(BRITTON & CLARK, 1999). Uma melhor gestão é obtida quando existem metas

definidas e objetivos mensuráveis para guiar as ações de gestão de emergência e

prover uma visão de valores e critérios que determinam suas prioridades (BRITTON

& CLARK, 1999).

Os responsáveis pela Gestão de Emergência encontram-se envolvidos em

sistemas controlados por forças complexas que ao mesmo tempo estimulam e

limitam suas ações e influenciam diretamente o sucesso da integração e

implementação de programas de emergência. Essas forças incluem empecilhos

técnicos, como tentativas de quantificar fatores pouco conhecidos; pressões sócio-

55

políticas; sistemas contraditórios e interdependentes; e estratégias de gestão que

não foram verificadas ou comprovadas pela insuficiência de testes (PETAK,1985).

Desta forma, a Gestão de Emergência está mais uma vez transformando-se,

passando de uma atividade operacional focada nas ações de resposta para uma

atividade que incorpora essas tarefas a um quadro mais abrangente de gestão de

riscos (BRITTON,2002).

Impactos de perigos naturais e tecnológicos estão seguindo uma tendência de

aumento global e local. Esse aumento também é notado em termos de escala,

frequência e de perturbação social que é produzida. Alguns dos riscos são bem

conhecidos, enquanto outros são relativamente novos e desconhecidos. (BRITTON,

2002).

Mesmo que os políticos e gestores de emergência sejam capazes de enfrentar

os desafios, os cidadãos exigirão que o governo garanta que eles vivam, trabalhem

e divirtam-se em um ambiente seguro. Assim, muitas regras, regulamentos e

portarias são adotadas com o intuito de atender essa necessidade. No entanto, deve

haver um entendimento de que o "risco zero" não é uma possibilidade, e que

"segurança" não é equivalente à "livre de risco." (PETAK, 1985).

Assim sendo, observa-se que a ocorrência de desastres, não são problemas que

podem ser solucionados de forma isolada. Analogamente, a Gestão de Emergências

somente é efetiva quando integra processos procedimentos e práticas. Quando esta

integração é feita corretamente, podem ser observados ao menos, três benefícios

(BRITTON, 2006):

a) Resiliência: garantia de que as comunidades possuem sistemas que

reduzem a probabilidade e o impacto de eventos de emergência;

b) Sustentabilidade: garantia de decisões corretas para que a geração atual

e as futuras tenham investimentos em infraestrutura física e social

considerando os cenários de emergência atual e futuro; e

c) Alocação eficiente e efetiva de recursos: processos decisórios diários que

levem em conta ações de redução dos riscos ao invés de desperdiçar

recursos na resposta a emergências, reconstrução e reabilitação.

56

O Gerenciamento de Emergências e/ou Desastres tem muito em comum com a

sustentabilidade e com a gestão ambiental e de recursos naturais, entretanto até o

presente momento, os interesses comuns a estas áreas não são coordenados desta

forma (DOVERS, 2004).

2.4.2 Desenvolvimento e Avaliação da Capacidade

Alcançar as Metas de Desenvolvimento do Milênio e outros objetivos,

internacionais e nacionais requer que os indivíduos, organizações e a sociedade se

transformem. A disponibilidade de recursos financeiros é importante, porém não é

suficiente para promover o desenvolvimento sustentável da humanidade

(BIRKMANN & TEICHMAN, 2010).

A base necessária para que os países planejem, implementem e revisem

periodicamente suas estratégias de desenvolvimento advém do amparo legal, da

definição e criação de políticas, estratégias e procedimentos, da existência de

organizações funcionais e organizadas, e de uma população educada e capacitada.

O desenvolvimento de capacidade (do inglês capacity development) ajuda a formar

e fortalecer esta base. Essa metodologia representa o “como” fazer o

desenvolvimento funcionar melhor (UNDP, 2008a).

Para enfrentar os desafios existentes para alcançar o desenvolvimento, deve ser

feito um esforço para obter rapidamente a capacidade para gerenciar e reduzir os

riscos, tanto na comunidade como nacionalmente. Essa abordagem é reconhecida

como um elemento importante para alcançar as metas de desenvolvimento da

Declaração do Milênio, definidas na Conferência Mundial de Redução de Desastres,

em Kobe no Japão (CADRI, 2011).

O termo capacidade tem diferentes significados e interpretações. A definição

apresentada pela UNDP (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas do

inglês United Nations Developement Program) é a mais adequada: capacidade é a

combinação de todos os esforços, atributos e recursos disponíveis para que a

comunidade, sociedade ou organização alcance as metas estabelecidas (HU et al,

2005).

A frequência e a gravidade dos impactos de desastres naturais estão

aumentando gerando impactos negativos aos homens, economia e meio ambiente.

Muitas áreas no mundo estão sujeitas a um ou mais impactos naturais. Perigos

57

resultam em desastres quando fatores como risco, vulnerabilidade e capacidade

inadequada coexistem em um mesmo período. Para evitar ou reduzir os impactos

dos desastres é necessária a redução dos riscos associados (KHELADZE, 2011).

Segundo CADRI (2011), o desenvolvimento de capacidade é a estratégia central

para a redução dos riscos de desastres. Aos poucos, sua importância está sendo

reconhecida, entretanto informações de como ela é criada, desenvolvida, avaliada e

mantida não são tão claras. A UNDP (2008a) define o desenvolvimento de

capacidade como o processo através do qual, indivíduos, organizações e a

sociedade obtém, reforça e mantém a aptidão para de estabelecer e atingir seus

objetivos para desenvolvimento ao longo do tempo.

O desenvolvimento de capacidade não é uma intervenção pontual em uma

atividade, mas um processo interativo de planejamento, aplicação, aprendizado e

ajuste. A UNDP representa esta metodologia em um ciclo de cinco etapas (KHAN,

2008). Essa metodologia representou uma referencia para a criação de um

programa para o desenvolvimento da capacidade (UNDP, 2008b).

Figura 2-8 - O processo de desenvolvimento da capacidade da UNDP (Fonte: UNDP, 2008b)

ENVOLVER STAKEHOLDERS

NO DC

DEFINIR CAPACIDADE EXISTENTE E NECESSÁRIA

ELABORAR A RESPOSTA PARA O DC

IMPLEMENTAR A RESPOSTA PARA O DC

AVALIAR O DC

DC – Desenvolvimento da Capacidade

Para o desenvolvimento da capacidade é preciso seu comprometimento, participação e financiamento;

Conhecer a capacidade existente e o que deve ser feito para melhorá-la;

Plano para atingir a capacidade desejada, considerando: resultados da avaliação, monitorar o progresso, responsáveis e custos envolvidos;

Implementar as melhorias, com medidas de curto e longo prazo. Um plano de monitoramento permite a avaliação da implementação.

Para assegurar que as “entradas” foram convertidas em desenvolvimento da capacidade é preciso monitoramento. Observar consequências inesperadas e imprevistas para que o processo possa ser adaptado.

58

Durante todo o ciclo e etapas, o desenvolvimento da capacidade deve

contemplar 3 dimensões que se inter-relacionam de variadas formas.

Quadro 2-6 - Dimensões necessárias para o desenvolvimento da capacidade (Fonte: adaptado de UNDP, 2008b)

Níveis de Capacidade Tipos de Capacidade Questões Centrais

Sociedade Nível Organizacional Nível individual

Capacidade Funcional / Institucional Capacidade Técnica

Fortalecimento institucional e desenvolvimento Liderança Conhecimento Responsabilidade

Apesar da divergência existente nas terminologias utilizadas para o

desenvolvimento da capacidade, existe um consenso entre os autores que ela reside

em três níveis que se inter-relacionam (CADRI, 2011):

a) Sociedade é o sistema maior, onde os indivíduos e as organizações

coexistem e é, portanto, influenciado diretamente por seus desempenhos.

É neste nível que as regras do jogo são estabelecidas, descrevendo como

a sociedade funciona e estabelecendo as formas de interação entre os

governos e as organizações e entre o setor privado e a sociedade civil;

b) O nível da organização da capacidade diz respeito às políticas internas,

sistemas, estratégias, acordos, procedimentos e existentes nas

organizações, feitos para direcionar os indivíduos a trabalharem para o

alcance das metas; e

c) O nível do indivíduo contempla as habilidades e o conhecimento

intrínseco das pessoas (indivíduos, comunidades, grupos e equipes). As

capacidades neste nível são adquiridas por educação formal,

treinamentos, pelo desempenho da atividade e experiência e ampliado

pela orientação e troca de experiências e práticas comunitárias.

Estes três níveis de capacidade não são autônomos ou excludentes, se inter-

relacionam. Todos eles devem ser levados em conta para determinar “quem” precisa

“de qual” capacidade para “qual propósito”. A análise dos três níveis de

desenvolvimento de capacidade auxilia a melhorar a compreensão do seu contexto

(MANYENA, 2009).

Ligada a ideia de que a capacidade reside em três níveis inter-relacionados é o

reconhecimento de dois tipos de capacidades, também conectados, porém distintos

59

(KAFLE & MURSHED, 2006): As capacidades Funcionais e as Capacidades

Técnicas.

As capacidades funcionais permeiam todos os níveis e não está associada a um

setor particular (CADRI, 2011). A UNDP (2008a) identificou cinco categorias de

capacidades funcionais que são focadas em “executar as tarefas”:

a) Capacidade para envolver as partes interessadas – motivar e mobilizar as

partes interessadas, construir o consenso, criar parcerias e redes de

comunicação;

b) Capacidade de avaliar a situação e definir objetivos e metas;

c) Capacidade de elaborar políticas e estratégias – define como os objetivos

e metas devem ser obtidos;

d) Capacidade de fazer a previsão orçamentária, gerenciar e implementar as

medidas; e

e) Capacidade de avaliar – inclui identificar as lições aprendidas, promover,

aprender e implementar o feedback e ajustar as políticas e estratégias.

A capacidade técnica é associada à áreas específicas de necessidade e a

requisitos particulares de um setor. No contexto de redução de riscos de desastres

essas capacidades são relacionadas ao Hyogo Framework for Action (CADRI,

2011).

Consequentemente, o processo de decidir “quem” precisa “de qual” capacidade

para “qual propósito” deve ser baseado em uma boa compreensão tanto das

dimensões das capacidades institucionais como das técnicas, particularmente nos

níveis individuais e organizacionais (BIRKMANN & TEICHMAN, 2010), conforme

abaixo:

a) Fortalecimento institucional e desenvolvimento: refere-se às políticas,

sistemas e processos que foram pensados para organizar e gerenciar as

políticas de desenvolvimento e objetivos, incluindo a redução de riscos de

desastre;

b) Liderança: estratégias para desenvolvimento de capacidade devem

buscar aumentar a capacidade de liderança dos indivíduos, grupos,

comunidades e organizações;

60

c) Conhecimento: refere-se à medidas de desenvolvimento da capacidade

para criação de conhecimento e crescimento, através da educação,

treinamento em sala de aula, treinamentos informais e durante o trabalho

e transferência de conhecimento

d) Responsabilidade: são as formas com que as lideranças e os

trabalhadores lidam com suas obrigações. Permite que as organizações e

indivíduos monitorem, aprendam, se auto-fiscalizem e ajustem suas

ações com as pessoas para quem prestam contas. A definição das

responsabilidades entre o estado e as comunidades promove o

engajamento mutuo e deve ser priorizado.

A metodologia de avaliação de capacidade da UNDP é um modelo desenvolvido

para mensurar a capacidade de resposta a emergência (HU et al, 2005). As

informações apresentadas a seguir apresentam uma breve descrição desta

metodologia.

Para que o processo de desenvolvimento da capacidade seja efetivo, é

necessária a identificação das principais capacidades existentes e quais precisam

ser alcançadas para atingir os objetivos. Esse é o propósito da avaliação da

capacidade. Essa avaliação também estabelece a linha de partida para o

monitoramento contínuo e avaliação do progresso, observando a existência de

indicadores que ajudam a criar uma base sólida para um planejamento em longo

prazo, implementação e resultados sustentáveis (UNDP, 2007).

A avaliação de capacidade pode ser conduzida em diferentes pontos do ciclo de

planejamento, porém, faz mais sentido começar o programa com a identificação dos

desafios e oportunidades, ou avaliação da capacidade existente e necessidades no

caso da metodologia de avaliação da capacidade (KHAN, 2008).

Seguindo o exemplo da metodologia da UNDP de Desenvolvimento da

Capacidade, a Avaliação da Capacidade possui três dimensões (UNDP, 2008b):

a) Pontos de Entrada: essa capacidade reside em três diferentes níveis –

sociedade, organização e indivíduo – cada qual pode ser um ponto de

entrada para avaliação. A metodologia foi desenvolvida especialmente

para a avaliação da organização;

61

b) Questões Centrais: existem quatro questões principais que são

comumente encontradas em todos os níveis e setores – acordos

institucionais, liderança, conhecimento e responsabilidade. Não é

necessário que a avaliação cubra as quatro questões, porém todas

devem ser inicialmente consideradas; e

c) Capacidades Técnicas e Institucionais / Funcionais: avaliação das

capacidades existentes.

A UNDP sugere que a avaliação da capacidade siga um processo de três

passos. As atividades previstas em cada passo visam aprofundar o compromisso

dos parceiros nacionais e promover o dialogo das partes interessadas em torno do

processo de avaliação da capacidade (UNDP, 2008b).

QU

ESTÕ

ES C

ENTR

AIS

Acordos Institucionais

Liderança

Conhecimento

Responsabilidade

CAPACIDADE TÉCNICA

CAPACIDADE FUNCIONAL / INSTITUCIONAL

Envolver Acionistas

Avaliar a situação e

criar a visão e

mandato

Elaborar a política e estratégia

Orçar, Gerenciar e implementar Avaliação

PONTOS DE ENTRADA Sociedade

Organização Indivíduo

Figura 2-9 - O processo de avaliação de capacidade (UNDP, 2008b)

62

Os quadros a seguir apresentam o conteúdo de cada um dos passos do

processo de avaliação da capacidade.

Quadro 2-7 - Primeiro passo para a avaliação de capacidade (Fonte: UNDP, 2008b)

Primeiro passo: Mobilização e planejamento

Envolver as partes interessadas

Os papéis das partes interessadas incluem: prover orientação política e administrativa; auxiliar e solicitar a avaliação; conduzir pesquisas e participar da análise; e analisar e disseminar os resultados, estabelecendo as prioridades para implementação das melhorias.

Esclarecer os objetivos e expectativas para os

clientes

Significa responder “capacidade por quê?” É importante realizar um diagnóstico horizontal para compreender o contexto, missão, visão, estrutura organizacional, atividades, orçamento, recursos humanos, procedimentos operacionais, leis e outras regulamentações, acordos relevantes e normas existentes.

Adaptar a Avaliação de Capacidade para a necessidade local

Significa responder: “capacidade para quem?” e “Capacidade para o que?”

Determinar a forma de obtenção dos dados e

informações e a abordagem da análise

Quando são determinadas a escala e escopo da análise, é decidido que capacidade(s) será (ao) analisada(s). O que também precisa ser decidido é a forma como essas capacidades serão verificadas. Isso inclui decidir os tipos de informações que serão coletadas e as técnicas corretas para isso – ranqueamento por prioridade? Técnicas quantitativas ou qualitativas?

Determinar como conduzir a Avaliação

Definir quem deve fazer parte da equipe de avaliação e participará da análise, onde e como ela será conduzida. A equipe deve incluir pessoas que conhecem o contexto avaliado, seu conteúdo é o processo de avaliação de capacidade.

Planejamento e custos envolvidos na avaliação de capacidade

Baseado na escala e escopo da avaliação, observando sua duração, um plano de trabalho deve ser elaborado com detalhes dos objetivos a serem alcançados, atividade, datas, papeis e responsabilidades. Esse plano de trabalho fornece uma estimativa dos custos da avaliação.

MOBILIZAR E PLANEJAR

• Envolver as partes interessadas e ter um planejamento claro são as chaves para uma avaliaçao bem sucedida; e

• Esse passo é direcionado por três perguntas: Capacidade porque? Capacidade para quem? Capacidade para o que?

REALIZAR A AVALIAÇAO DE CAPACIDADE

• Neste passo, dados e informações relacionados a capacidade existente e desejada são coletados; e

• Os dados e informações podem ser obtidos por uma variedade de formas, incluindo auto-avaliação, enrevistas e grupos de discussão.

CONSOLIDAR E INTERPRRETAR RESULTADOS

• A comparação da capacidade desejada com a existente determina o esforço necessário para vencer a diferença entre eles e serve como subsídio para formular a resposta para o desenvolvimento da capacidade.

Figura 2-10 - Avaliação da capacidade (UNDP, 2008b)

63

Quadro 2-8 - Segundo passo para a avaliação de capacidade (Fonte: UNDP, 2008b)

Segundo passo: Conduzir a avaliação de capacidade (UNDP, 2008b)

Determinar a capacidade desejada

É feita pela equipe de avaliação com a colaboração do grupo técnico de referência da empresa, do principal cliente e das partes interessadas ou pelas equipes que estão conduzindo uma auto-avaliação. Ser ambicioso é positivo, mas a definição de níveis desejados muito altos (virtualmente inexequíveis) causará decepção e descontentamento.

Verificação da capacidade

existente

Pode ser feito por uma auto-avaliação. As perguntas devem ser neutras. É importante certificar-se que todos os participantes compreenderam como os sistemas de avaliação e obtenção de dados funcionam, como os resultados serão utilizados – somente para promover melhorias internamente ou para comparação entre organizações diferentes. É importante definir se as respostas devem ser confidenciais ou não.

Quadro 2-9 - Terceiro passo para a avaliação de capacidade (Fonte: UNDP, 2008b)

Terceiro passo: Consolidar interpretar os resultados (UNDP, 2008b)

Uma vez que a análise foi realizada para a seção selecionada a equipe de avaliação irá consolidar e interpretar os resultados. O processo inicia-se com a comparação da capacidade existente com a desejada. Isso ajuda a determinar se a capacidade existente é suficiente ou precisa de melhorias e ajuda a formular a resposta para o desenvolvimento da capacidade – etapa seguinte no processo de desenvolvimento da capacidade - estabelecendo o novo foco (UNDP, 2008b).

Ao aplicar o modelo de avaliação de capacidade para avaliar sistemas de

emergência o principal benefício é que a ênfase passa para a “etapa de capacidade

/ capacitação” promovendo sua conexão com o gerenciamento de emergência (HU

et al, 2005). Isso faz com que a Gestão de Emergências visualize a “dimensão

capacidade” e todos os seus níveis e esferas.

2.4.3 Metodologia de Avaliação de Capacidade de Resposta a Vazamentos de Óleo

A capacidade para responder a vazamentos de óleo de forma eficiente depende

da qualidade das medidas de planejamento e preparação. Muitas diretrizes e

recomendações foram desenvolvidas para apoiar as ações de planejamento, de

definição de estratégias, de especificação de equipamentos e treinamento, porém

não existem diretrizes reconhecidas internacionalmente para avaliação da

preparação / prontidão. Entretanto, normas e procedimentos para avaliação da

competência, normalmente existem em países com uma regulamentação ambiental

bem desenvolvida (OWENS & TAYLOR, 2007).

Uma avaliação da capacidade de resposta auxilia as organizações no

direcionamento de esforços para melhoria das áreas que não estão bem

64

desenvolvidas e precisam de mais atenção, sejam elas técnicas, políticas, legais ou

administrativas (IOSC, 2008).

O desenvolvimento e manutenção da capacidade para resposta a vazamentos

de óleo (OSR do inglês oil spill response) é regulamentado e muito fiscalizado em

países desenvolvidos. Nestes casos, o conteúdo necessário para os planos de

resposta a vazamentos de óleo (OSRP do inglês oil spill response plans), diretrizes e

um programa regular de treinamentos ou exercícios são comumente bem definidos.

Contudo, muitos países não possuem um Plano Nacional de Contingência para

Vazamentos de Óleo ou mesmo uma legislação ambiental bem desenvolvida para

embasar a avaliação e dos planos. Além disso, normalmente existe pouca

disponibilidade de fiscalização especializada para conduzir tais avaliações. Nestas

situações, a responsabilidade de desenvolver e manter níveis apropriados de

preparação, em consonância com as melhores práticas internacionais torna-se

responsabilidade do dono do negócio (OWENS & TAYLOR, 2007).

Adicionalmente, pode ser necessário que o dono do negócio determine e

monitore a conformidade legal ou a requisitos financeiros e acordos governamentais.

O processo através do qual a prontidão é avaliada e monitorada muda à medida que

o projeto progride, de uma fase de planejamento do plano de resposta para sua

implementação até a fase de operação que continua durante o ciclo de vida de todo

o projeto (IVANOVA, 2011).

Nestes casos, o planejamento e eficiência de um plano de resposta para

vazamento de óleo pode ser avaliado em três fases operacionais conforme quadro

2-10 abaixo (OWENS & TAYLOR, 2007).

65

Quadro 2-10 - Fases de desenvolvimento de um plano de emergência para resposta a vazamentos de óleo e pontos para avaliação (Fonte: adaptado de OWENS & TAYLOR, 2007)

Fase Ações Principais Descrição P

lane

jam

ento

Conformidade Análise de Risco Desenvolvimento

da estratégia

Nesta fase, os elementos e componentes do OSR são construídos: - Definir objetivos ou condições operacionais da OSR; - Identificar os riscos de vazamento e probabilidades; - Estabelecer estrutura de gestão e operação para obter os resultados e alcançar os objetivos; - Desenvolver estratégias locais e regionais; e - Identificar e atender os requisitos legais.

Impl

emen

taçã

o Aquisição de Recursos

Treinamento Teste da

adequação

Seu objetivo é assegurar que a capacidade de resposta planejada atenda os objetivos estabelecidos e requisitos aplicáveis. Inicia com a aquisição e comissionamento dos recursos e definição da logística de suporte. Envolve o treinamento das lideranças e equipes de resposta e contratação dos prestadores de serviço. Nesta fase o plano deve ser testado e avaliado.

Man

uten

ção

da

Pron

tidão

Manter Monitorar Melhorar

Quando os requisitos das agencias regulamentadoras e dos gerentes de projeto são satisfeitos, inicia-se essa fase. Requer provisão de recursos financeiros e estrutura de gerenciamento, para manter a prontidão, atingir os objetivos e implementar melhorias. A forma como a prontidão é monitorada e avaliada dependerá da competência das agencias regulatórias e, em sua ausência, do sistema de gestão da organização.

Uma visão tradicional da prontidão para resposta considera a gestão e a

operação como elementos distintos, porém integrados. Igualmente importante é o

processo de avaliação da capacidade, competência e continuidade da capacidade.

Existem três elementos ligados a prontidão que são comuns às três etapas

apresentadas na tabela acima: gestão, operação e avaliação. Cada qual é

importante para os demais e a deficiência de um deles afeta a adequação total do

sistema de resposta (IVANOVA, 2011).

Os planos de emergência são essencialmente documentos para referencia e

orientação que devem ser praticados, testados e melhorados ao longo do tempo.

Planos elaborados adequadamente e o aporte de equipamento e pessoal

necessários são componentes chaves para a manutenção da prontidão (IOSC,

2008).

Para a prontidão para resposta a vazamentos de óleo é necessário mais do que

um plano que somente atenda as demandas legais. Owens e Taylor (2007) em seu

estudo identificaram a necessidade de elaborar diretrizes gerais que contemplem

todas as etapas para uma efetiva resposta a um vazamento de óleo, a saber:

66

elaboração e implementação do plano; comissionamento de equipamentos; e

gerenciamento do treinamento das equipes e a manutenção da prontidão. Tendo

como base este trabalho, a ISOC (do inglês International Oil Spill Conference)

elaborou um guia com a compilação dos elementos de várias normas e guias

internacionais para análise das etapas de planejamento e prontidão para resposta a

vazamentos de óleo. Até o momento, é o material mais consistente e completo para

tal finalidade.

A metodologia de Análise do Planejamento e Prontidão para Resposta (RP&RA

do inglês Response Planning and Readiness Assessments) proposta pela IOSC

(2008) contempla 28 elementos principais que foram idealizados para orientar a

análise do planejamento e preparação de uma instituição para resposta a

vazamentos de óleo. Essa listagem de elementos foi elaborada para ser flexível e

ser utilizada por várias entidades e esferas - governo, indústria, instalações ou

operadores – e podem ser aplicadas nos níveis local, internacional e multinacional

(IOSC, 2008).

A RP&RA deve ser feita em momentos definidos do projeto, ainda que não

exista risco de vazamento e sempre observando a necessidade de propor ações /

medidas para resposta que sejam economicamente sustentáveis. É importante que

a resposta aos pontos de melhoria levantados pela Análise seja focada em “como e

quando” as ações corretivas serão tomadas e como esse processo será monitorado.

Os elementos do plano de resposta a vazamentos de óleo apontados para a

RP&RA englobam muitos aspectos que interferem, direcionam e determinam o

resultado da prontidão para resposta, já citados anteriormente - elaboração e

implementação do plano, comissionamento dos equipamentos, gestão do

treinamento das equipes e manutenção da prontidão dos recursos. Esses aspectos

são distribuídos em todos os níveis de coordenação e comando (nacional, local e

institucional) (IOSC, 2008).

Conforme citado anteriormente, os 28 elementos fundamentais para o

planejamento e prontidão da resposta a vazamentos de óleo foram identificados a

partir de diretrizes e requisitos legais internacionais e da experiência obtida na

resposta aos vazamentos. O objetivo desta compilação foi orientar a análise da

prontidão dos planos de resposta a vazamentos de óleo e assegurar a resposta ao

67

vazamento real. Atividades de longo prazo como remedição e monitoramento da

recuperação não estão incluídas nesta metodologia (IOSC, 2008).

O quadro abaixo apresenta os 28 elementos fundamentais, agrupados em seis

diferentes categorias de sistemas. Cada elemento, contém subelementos. Maiores

considerações e detalhes, foram resumidos a seguir, de acordo com as definições

do Guide for Oil Spill Response Planning and Readiness Assessments, proposto

pela IOSC (2008).

Quadro 2-11 - Categorias e elementos da RP&RA (Fonte: IOSC, 2008)

Entretanto, a prontidão para resposta não se resume a algumas tarefas, ao

contrário, envolve reconhecer a necessidade de preparação, alocação de recursos e

gradual envolvimento das partes interessadas. A prontidão é um processo contínuo

que requer esforços, testes avaliação e melhoria ininterruptos, conforme ilustrado na

figura 2-11 (IVANOVA, 2011).

Preparação do Terreno 1. Legislação e Regulamentação 2. Acordos multinacionais Elaboração do Plano 3. Recursos em Risco 4. Análise de Risco de Vazamento 5. Minimização do Risco 6. Avaliação das tecnologias para resposta 7. Avaliação do Benefício Ambiental Líquido 8. Fontes de informações especializadas 9. Planejamento para Contingência Organização e Comunicação 10. Sistema de Gerenciamento da Emergência 11. Sistemas de notificação e alerta 12. Comunicações 13. Segurança para os envolvidos na resposta e para o público 14. Segurança patrimonial 15. Desenvolvimento e Distribuição de informação pública

Resposta Operacional 16. Controle da fonte, Salvage e combate a incêndio 17. Tecnologias de resposta 18. Gerenciamento de Resíduos 19.Cuidado, recuperação e reabilitação de fauna Apoio a Resposta 20. Monitoramento do vazamento, rota e amostragem 21. Avaliação da Limpeza 22. Gerenciamento de dados e acesso 23. Logística 24. Finanças, Administração, e Aquisição 25. Desmobilização Desenvolvimento e Manutenção da Capacidade de Prontidão e Resposta 26. Exercícios 27. Treinamentos 28. Manutenção e Melhoria

68

Para que a manutenção da prontidão exista, as demais etapas devem ser

cumpridas corretamente. Uma vez que o planejamento, a preparação, a avaliação

da estrutura planejada e a implementação de melhorias ocorre funcionalmente, a

Gestão de Emergência pode voltar sua atenção para a manutenção da prontidão.

Cabe ressaltar, entretanto que deve existir um comprometimento das partes

interessadas, com apoio financeiro aos esforços, aquisição e manutenção de

equipamentos, treinamento e realização de exercícios necessários para manter a

prontidão.

O ponto de partida para a prontidão da resposta a vazamentos de óleo é a

adoção da legislação, regulação e convenções. Em países desenvolvidos, a

prontidão para vazamentos de óleo pode ser limitada por diretrizes legais, sem

qualquer fiscalização, deixando a tarefa de manutenção da estrutura para o

empreendedor. Em outras situações, os planos são elaborados e raramente

revisitados – nem aumentos auditado ou testado por pessoas experientes.

Na etapa de elaboração do plano, é importante a existência de informações

históricas, que são necessárias para a identificação dos riscos de vazamento. Esse

histórico também auxilia na previsão das consequências ambientais, sociais e

econômicas decorrentes de vazamentos e na definição de estratégias tanto para

minimizar os riscos como para a mitigação das consequências.

PREPARAÇÃO O TERRENO

ELABORAÇÃO DO PLANO

ORGANIZAÇÃO E COMUNICAÇÃO

RESPOSTA OPERACIONAL

APOIO A RESPOSTA

DESENVOLVER E MANTER A CAPACIDADE

DE PRONTIDÃO E RESPOSTA INICIO DO

PROGRAMA

UM PROGRAMA EVOLUÍDO REQUER DEDICAÇÃO PARA MANTER A PRONTIDÃO

Figura 2-11 - Categorias do Sistema de RP&RA (Fonte: IOSC, 2008)

69

A expertise obtida nas operações de resposta, histórico de vazamentos e os

programas internacionais de análise e gerenciamento de riscos são pontos críticos

para definir corretamente o escopo do plano de resposta para vazamento de óleo.

A compreensão das possíveis fontes de vazamento e a previsão de suas

consequências são informações necessárias para a identificação e definição das

estratégias de resposta para os variados cenários. Essas estratégias envolvem e

devem considerar a utilização de diferentes tecnologias e metodologias.

A compilação dos riscos, sensibilidades, estratégias (e recursos) de resposta é

feita no plano de contingência para o vazamento. O planejamento, entretanto, é uma

etapa sistêmica e que deve contar com a integração de diversos fatores e agentes –

individual (a indústria), local (outras empresas e a comunidade) e nacional (a

sociedade). A consistência e integração de diferentes planos permite que a

participação das demais esferas seja melhor compreendida, integrada e direcionada.

Para tanto, a definição clara dos papéis e responsabilidades na resposta a

emergência são componentes centrais das etapas de planejamento e

implementação.

A comunicação é comumente apontada como vilão na resposta a emergências.

No intuito de evitar problemas, linhas claras de comunicação devem ser previstas,

contendo uma descrição clara das responsabilidades, conteúdo e dos meios

utilizados para isso. Além de dispor dos meios de comunicação e tecnológicos

adequados, é importante definir como, quando e com que conteúdo será feita a

comunicação com o público externo, mídia e órgãos governamentais, fiscalizadores

e reguladores. Uma comunicação com o conteúdo e frequência adequados é

importante para manter a transparência e auxiliar na coordenação e segurança das

ações.

A resposta operacional a vazamentos de óleo envolve a coordenação de

diversas ações de forma integrada e organizada. Entre elas estão o controle da fonte

e interrupção do vazamento e a remediação das demais consequências (diferentes

do vazamento de óleo). Todas as atividades devem considerar a utilização de

tecnologias convencionais e alternativas. Um plano de resposta a vazamentos

adequado deve incluir informações a respeito das condições para a aplicação de

cada técnica, procedimentos para sua realização e considerações a respeito da

70

limitação dos recursos (humanos e materiais), assim como considerar a distribuição

e treinamentos destes recursos, sempre relacionando-os as técnicas de resposta.

A prontidão requerida no planejamento e implementação do plano de resposta a

vazamento de óleo necessita do estabelecimento de procedimentos para

monitoramento e amostragem da mancha de óleo e ações de resposta. O resultado

destas ações, em uma situação de resposta real, fornece informações chave para a

decisão das técnicas que serão aplicadas ou da continuidade das operações. O

monitoramento e amostragem ainda interligam-se ao gerenciamento de dados,

serviços de logística, serviços financeiros e na desmobilização.

A definição das prioridades e objetivos para resposta requer observação /

monitoramento de campo, que fornecem inputs durante a resposta. As ferramentas e

procedimentos utilizados para a avaliação, a forma de disponibilizar essa informação

para a estrutura organizacional de resposta e a manutenção destas em bancos de

dados são importantes para a tomada de decisões.

A manutenção da capacidade e efetividade envolve dispor continuamente da

quantidade de equipamentos, recursos e pessoal necessários para a resposta,

assim como realizar um esforço contínuo para melhorar a capacidade. Aspectos

chave da manutenção da capacidade são a realização de exercícios e treinamentos,

avaliação e implementação de recomendações identificadas a partir destes.

O RP&RA representa um guia para avaliação qualitativa, ou seja, não sugere

uma métrica para uma avaliação quantitativa. É importante ser cuidadoso ao

considerar a utilização de uma métrica para quantificar a performance dos

elementos do RP&RA.

Entretanto, observando a necessidade dos sistemas de gestão em obter

indicadores numéricos isso pode ser necessário. Tuler et al (2006), classificou as

formas de mensuração conforme as características apresentadas na tabela abaixo.

Quadro 2-12 - Caracterização dos indicadores e métrica de performance (Fonte: Tuler, et al, 2006 e IOSC, 2008)

Matemáticos Organizacionais / Orientados pelo Objetivo

De Relação

Quantitativo Semi-qualitativo Não-qualitativo Qualitativo

Estratégico Tático Operacional

Pressões Ambientais. Sistemas estatais de meio ambiente e ecológicos. Resposta para vazamento de óleo.

71

Tuler et al (2006) também discutiu e revisou uma série metodologias para uma

abordagem quantitativa das performances de resposta. Ele resume as

características da mensuração ideal da seguinte forma:

a) Ser cientificamente verificável, ou seja, replicável;

b) Ter uma boa relação custo-benefício;

c) Fácil de ser comunicada / repassadas para o público;

d) Refletir uma preocupação das partes interessadas;

e) Possa ser modificada pela intervenção humana;

f) Confiável;

g) “Expansível” no tempo e na escala geográfica; e

h) Suficientemente sensível / ajustável para detectar significantes

modificações de desempenho.

2.5 Normas Internacionais de Gestão

O universo empresarial encontra-se a cada dia mais competitivo, forçando as

empresas a buscarem, continuamente, eficiência e eficácia, não só por meio da

obtenção de lucro aos acionistas, mas, principalmente procurando propiciar

melhorias à sociedade em todos os contextos: no aumento da qualidade de seus

produtos e serviços, na inclusão social dos cidadãos e na melhoria de qualidade de

vida e da preservação ambiental (MEDEIROS, 2008). Atualmente, as empresas

cada vez mais utilizam práticas empresariais de controle e manutenção das

instalações e adotam padrões de qualidade exigidos pelos sofisticados sistemas de

gerenciamento, a exemplo dos padrões ISO, buscando qualificar seus processos e

corpo de funcionários (CONCEIÇÃO & FICHER, 2006).

A ISO (International Organization for Standardization – Organização

Internacional para Normatização Técnica), ligada às Nações Unidas, é uma entidade

não governamental de normalização técnica com sede em Genebra, Suíça,

responsável pela elaboração destas normas (JULIÃO, 2010). Os países são

representados na ISO pelas suas associações de normalização técnica e, no caso

brasileiro, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), organismo de

certificação brasileiro, credenciado pelo Instituto Brasileiro de Normas Técnicas

(INMETRO), que representa o Comitê Brasileiro de Certificação - CBC, para atuação

72

em certificação de sistemas de garantia de qualidade no país e também de produtos

(CONCEIÇÃO & FICHER, 2006).

O objetivo da certificação ISO por parte das empresas está centrado no maior

potencial competitivo, devido à melhoria da produtividade, retorno financeiro e

aperfeiçoamento das atividades produtivas através de revisão das metodologias

empregadas nos processos (LOVATTI, 2004 apud JULIÃO, 2010).

A linha de atuação em que as empresas tomam a iniciativa de regularem a si

próprias, pelas forças de mercado, considerando a pressão e a expectativa da

opinião pública, de seus acionistas e seus clientes é chamada de auto-regulação

(FLORIANO, 2007).

Mas nem sempre as empresas agem de forma proativa. Nos vários níveis de

governo, prevalece a visão de comando e controle. Essa metodologia foi definida por

Quazia (QUAZIA et al, 2001) como o conjunto de regulamentos e normas impostos

pelo governo que têm por objetivo influenciar diretamente as atitudes da empresa,

indicando padrões a serem cumpridos e estabelece sansões.

Como exemplo desta política, vale mencionar a "política de comando e controle

ambiental", baseada no controle da poluição ambiental das atividades,

implementada pelas agências de proteção ambiental governamentais no Brasil, a

partir da década de 70 (MAGLIO, 2000). Ainda segundo Maglio (2000), este conceito

de gestão ambiental é baseado no controle pelo governo das atividades econômicas

geradoras de poluição, o comando é exercido por imposição de sanções e

penalidades às atividades econômicas que não atendam a legislação. (EPA 1992

apud MAGLIO, 2000).

Entretanto, mesmo com a existência de exigências padrões ambientais, foram

introduzidos instrumentos de gestão ambiental de mercados, mais conhecidos pelos

processos de certificação da qualidade ambiental de atividades e produtos. Esses

novos conceitos foram aplicados ao ciclo completo de gestão ambiental das

atividades produtivas, fazendo com que as empresas e práticas não mais ficassem

resumidas à política de controle ambiental. Essa modificação ocorreu com a

constatação das limitações da política de controle dos padrões ambientais aplicados

apenas na etapa final dos processos produtivos, via controle das emissões –

73

conhecida como política de controle de fim de tubo (do inglês end of tube) (CICCO,

2006).

Com a extrapolação do exemplo da política de gestão ambiental, observa-se

uma contínua evolução do modelo de casualidade centrada no atendimento legal. O

modelo de cultura organizacional busca atualmente uma nova abordagem no

tratamento das questões de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS): as ações

preventivas passaram a realizar-se com base na interação entre homem e ambiente

organizacional, ao invés de na relação entre as empresas e seus órgãos reguladores

(CONCEIÇÃO & FICHER, 2006).

Em termos práticos, segundo Moreira (2001), a evolução ocorrida nas empresas

foi a mudança de uma postura reativa, procurando evitar riscos e limitando-se ao

atendimento dos requisitos legais, para uma postura estratégica. As empresas

passaram a perceber também as oportunidades, com a disseminação por toda sua

estrutura, levando ao surgimento de soluções criativas, explorando as oportunidades

de melhoria dos processos. O intuito dessas organizações é superar o desempenho

imposto pelas restrições reguladoras, de modo a construir a reputação de

empregador preferido em todas as comunidades em que mantêm operações

(KAPLAN & NORTON, 2004).

A normatização é mais do que uma necessidade nos dias atuais, ela é

fundamental para que a empresa tenha bom relacionamento com seu público de

interesse (MEDEIROS, 2008). As famílias ISO 9000 e ISO 14000, por exemplo, são

padrões de reputação mundial, implementados em mais de 760 mil organizações,

em 154 países. A série ISO 9000 tornou-se uma referência internacional para

exigências de administração de qualidade em procedimentos de negócio e a série

ISO 14000 permite às organizações afrontar seus desafios ambientais

(CONCEIÇÃO & FICHER, 2006).

Esses novos enfoques fortalecem políticas de gestão pró-ativas e preventivas,

em contrapartida ao enfoque reativo anterior à década de 90, que colocava a cada

setor da economia, de produção ou de serviços, responsabilidades próprias na

construção de processos de gestão adequados às suas atividades, que os levem a

atingir metas de qualidade cada vez mais elevadas (MAGLIO, 2000). Estas metas

são estabelecidas em ciclos de gestão contínua, que incluem processos de

74

planejamento, implementação e revisão (MAGLIO, 2000). Para a condução deste

processo são formulados sistemas de gestão internos e integrados a organização

As empresas em todo o mundo tendem, de forma crescente, a incorporar novos

aspectos às certificações, integrando seus diversos sistemas, pois começaram a

perceber que seus sistemas de gestão da qualidade podem ser utilizados como a

base para o tratamento eficaz das questões relativas ao meio ambiente e à

segurança e saúde no trabalho. Essa tendência ao gerenciamento integrado fica

mais evidente a cada revisão das normas internacionais, as versões atualizadas das

normas ISO 14001 e OHSAS 18001 foram formuladas, em consonância com a

norma ISO 9001, tornando-se muito mais fácil a integração desses sistemas

(JORGENSEN et al, 2006 apud POMBO e MAGRINI, 2008).

Os Sistemas de Gestão Integrada têm contemplado a integração dos processos

de qualidade com os de gestão ambiental e/ou com os de segurança e saúde no

trabalho, dependendo das características, atividades e necessidades da organização

(CICCO, 2006). Muitas empresas acreditam que a excelência nos processos

aumenta o valor em longo prazo para os acionistas. A redução dos acidentes

ambientais e a melhoria da segurança e saúde dos empregados também aumentam

a produtividade e diminuem os custos operacionais. As empresas com excelente

reputação geralmente reforçam sua imagem perante os clientes e os investidores

imbuídos de consciência social. A gestão eficaz do desempenho regulatório e social

impulsiona a criação de valor em longo prazo para os acionistas. (KAPLAN &

NORTON, 2004).

Entretanto, deve-se ter cuidado na administração e regulação das normas, pois

não basta adotar um sistema de Gestão Ambiental com certificação, se a empresa

não modifica sua cultura e postura, é preciso mais do que se adequar às regras da

certificação, é essencial dar continuidade e praticar a inovação (MEDEIROS, 2008).

2.5.1 ISO 9000:2005 e 9001:2008

A série ISO 9000 é um conjunto de normas e guias internacionais para a Gestão

da Qualidade utilizada como referencial para certificação independente de Sistemas

de Gestão da Qualidade (CONCEIÇÃO & FICHER, 2006).

75

A norma ISO 9000:2005 descreve os fundamentos de sistemas de gestão da

qualidade e estabelece a terminologia para estes sistemas, enquanto a norma ISO

9000:2008 especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade.

Essas normas foram desenvolvidas para apoiar organizações, de todos os tipos

e tamanhos, na implementação e operação de sistemas de gestão da qualidade

eficazes (ABNT, 2005). A gestão da qualidade não é exclusiva para processos

industriais, já provou ser uma ferramenta válida para organizações do setor de

serviços, autoridades governamentais, setor de saúde, finanças e transportes

(AVANESOV, 2009).

O certificado ISO 9000 representa um passaporte para o comércio internacional,

constituindo-se em uma das mais importantes credenciais requisitadas pelos clientes

quanto à garantia da qualidade dos produtos. O certificado ISO 9000, conferido a

uma determinada empresa, é um bom indicador da sua competência para fornecer

produtos com qualidade (QUAZI et al, 2001). Essa norma é tida como a mais

popular entre as ISO, utilizada por mais de um milhão de empresas ao redor do

mundo (AVANESOV, 2009).

Para conduzir e operar com sucesso uma organização é necessário dirigi-la e

controlá-la de maneira transparente e sistemática. O sucesso pode resultar da

implementação e manutenção de um sistema de gestão concebido para melhorar

continuamente o desempenho, levando em consideração, ao mesmo tempo, as

necessidades de todas as partes interessadas. A gestão de uma organização inclui,

entre outras disciplinas de gestão, a gestão da qualidade (ABNT, 2005).

Assim sendo, o sistema de gestão da qualidade representa a parte do sistema

de gestão da organização cujo enfoque é alcançar resultados em relação aos

objetivos da qualidade, para satisfazer às necessidades, expectativas e requisitos

das partes interessadas.

A ISO 9000 aponta oito princípios que devem ser utilizados para conduzir a

organização à melhoria do desempenho das empresas, a saber: Foco no cliente;

Liderança; Envolvimento de pessoas; Abordagem de processo; Abordagem

sistêmica para a gestão; Melhoria contínua; Abordagem factual para tomada de

decisão; e Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores.

76

A norma ISO 9000:2005 apresenta várias etapas para a implementação de um

sistema de gestão da qualidade, conforme apresentado no quadro 2-13.

Quadro 2-13- Etapas para a implementação das normas ISO 9000 (Fonte: Adaptado de ABNT, 2005)

Etapas para implementação

da ISO 9000:2005

Determinação das necessidades e expectativas dos clientes e das outras partes interessadas;

Estabelecimento da política da qualidade e dos objetivos da qualidade da organização;

Determinação dos processos e responsabilidades necessários para atingir os objetivos da qualidade;

Determinação e fornecimento dos recursos necessários para atingir os objetivos da qualidade;

Estabelecimento de métodos para medir a eficácia e a eficiência de cada processo;

Aplicação dessas medidas para determinar a eficácia e a eficiência de cada processo;

Determinação dos meios para prevenir não conformidades e eliminar suas causas;

Estabelecimento e aplicação de um processo para melhoria contínua do sistema de gestão da qualidade

É importante que sejam definidas as políticas e objetivos da qualidade para

proporcionar um foco para direcionar a organização. Ambos determinam os

resultados desejados e auxiliam na aplicação de recursos para alcançar esses

resultados. A política da qualidade fornece uma estrutura para estabelecer e analisar

criticamente os objetivos da qualidade. (ABNT, 2005). Filosoficamente, política é “o

conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados” (FERNANDEZ,

2009).

Os objetivos da qualidade complementam outros objetivos da organização e

devem ser sempre mensuráveis, contendo as seguintes informações: onde estamos;

o que se quer melhorar; o quanto se quer melhorar; e até quando é esperado que se

alcance este resultado.

A abordagem de processo desta norma também é um item importante para este

trabalho. A ISO 9000:2005 define processo como qualquer atividade, ou conjunto de

atividades, que usa recursos para transformar insumos (entradas) em produtos

(saídas) pode ser considerado como um processo. Conforme ilustrado no capítulo

anterior, as fases do IEMS pode ser encaradas com essa abordagem, uma vez que

saída de um processo resulta diretamente na entrada do processo seguinte.

77

Nesta visão de processo, pode-se dizer que a retroalimentação do sistema

pressupõe que as partes interessadas forneçam insumos (entradas) para a

organização. Neste ponto, o monitoramento da satisfação das partes interessadas

exige a avaliação e sua percepção, bem como em que grau suas necessidades e

expectativas foram atendidas.

Considerando o conteúdo da ISO 9001:2008, uma vantagem da abordagem de

processo é o controle contínuo da ligação entre os processos individuais dentro do

sistema, bem como sua combinação e interação.

A figura 2-12 abaixo representa a abordagem de processo defendida pela norma

ISO:9001:2008 e ilustra a importância da participação de cada um de seus atores na

melhoria do produto.

Figura 2-12 - Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo

Entretanto, é importante que cada processo individualmente seja analisado

segundo a metodologia "Plan-Do-Check-Act" (PDCA), conforme figura 2-13 a baixo.

Melhoria Contínua do Sistema de Gestão da Qualidade

Responsabilidade da Direção

Medição, Análise e Melhoria

Realização do Produto

Gestão de Recursos Clientes

Requisitos

Clientes

Satisfação

Produto Saída Entrada

Legenda Atividades que agregam valor Fluxo de informação

78

Figura 2-13 - Metodologia PDCA

O quadro 2-14 apresenta os requisitos para que um sistema de gestão de

qualidade seja eficiente, segundo a norma ISO 9001:2008.

Quadro 2-14 - Requisitos de um sistema de gestão da qualidade (Fonte: Adaptado de ABNT, 2008)

Requisitos de um sistema de

gestão da qualidade

segundo ISO 9001:2008

Determinar os processos necessários para o sistema de gestão da qualidade e sua aplicação por toda a organização.

Determinar a sequência e interação desses processos.

Determinar critérios e métodos necessários para assegurar que a operação e o controle desses processos sejam eficazes.

Assegurar a disponibilidade de recursos e informações necessárias para apoiar a operação e o monitoramento desses processos.

Monitorar, medir onde aplicável e analisar esses processos.

Implementar ações necessárias para atingir os resultados planejados e a melhoria contínua desses processos.

Além dos requisitos gerais, destaca-se a preocupação com os registros

documentais, como o estabelecimento de “procedimento documentado“ e também o

direcionamento para o controle de documentos e registros. Para documentar o

desenvolvimento continuo de um sistema de gestão é necessário estabelecer os

indicadores que forneçam a métrica desta evolução de desempenho (VALEUR &

CLOWERS 2006).

Em todo o processo de gestão é importante o envolvimento e comprometimento

das lideranças, sejam os diretores de uma empresa, o síndico de um prédio ou os

governantes de um país.

Plan (planejar): estabelecer os objetivos e processos necessários para gerar resultados de acordo com os requisitos do cliente e as políticas da organização

Do (fazer): implementar os processos

Check (checar): monitorar e medir processos e produtos em relação às políticas, aos objetivos e aos requisitos para o produto e relatar os resultados

Act (agir): executar ações para promover a melhoria do do processo

79

As pessoas que executam atividades que afetam a conformidade com os

requisitos do produto devem ser competentes, com base em educação, treinamento,

habilidade e experiência apropriados (ABNT, 2008). Todos esses parâmetros devem

ser definidos pela organização e também submetidos a avaliações periódicas.

O produto, por sua vez, deve ser sempre melhorado e adequado para atender

as necessidades dos clientes, observando sempre a análise crítica em todas as

fazes do processo produtivo.

A avaliação de um sistema de gestão da qualidade pode variar no escopo e

compreender uma série de atividades, tais como: auditoria, análise crítica do sistema

de gestão da qualidade e auto-avaliações (ABNT, 2005).

Auditorias são usadas para determinar em que grau os requisitos do sistema de

gestão da qualidade foram atendidos. A organização deve executar auditorias

internas a intervalos planejados (ABNT, 2008). As constatações da auditoria são

usadas para avaliar a eficácia do sistema de gestão da qualidade e para identificar

oportunidades de melhoria (ABNT, 2005).

Existem diversas formas de promover a análise crítica do sistema, essas

normalmente representam avaliações sistemáticas sobre a pertinência, a

adequação, a eficácia e a eficiência do sistema de gestão da qualidade, no que diz

respeito à política da qualidade e aos objetivos da qualidade (ABNT, 2005).

A auto-avaliação de uma organização é uma análise crítica detalhada e

sistemática de suas atividades e resultados, comparados com o sistema de gestão

da qualidade ou um modelo de excelência (ABNT, 2005).

Entretanto, a característica da ISO 9000:2005 mais relevante para este trabalho

é a melhoria contínua. O objetivo da melhoria contínua de um sistema de gestão da

qualidade é aumentar a probabilidade de melhorar a satisfação dos clientes e de

outras partes interessadas (VALEUR & CLOWERS 2006). Ações para a melhoria

incluem o seguinte:

a) Análise e avaliação da situação existente para identificar áreas para

melhoria;

b) Estabelecimento dos objetivos para melhoria;

c) Pesquisa de possíveis soluções para atingir os objetivos;

d) Avaliação e seleção destas soluções;

80

e) Implementação da solução escolhida;

f) Medição, verificação, análise e avaliação dos resultados da

implementação para determinar se os objetivos foram atendidos; e

g) Formalização das alterações

Uma vez identificadas melhorias, a organização deve executar ações para

eliminar as causas de não conformidades, de forma a evitar sua repetição. As ações

corretivas devem ser apropriadas aos efeitos das não conformidades detectadas.

Entretanto, dentro de um sistema maduro de gestão, as medidas corretivas vão

sendo gradativamente substituídas por medidas preventivas, onde a organização

busca eliminar as causas de não conformidades potenciais, de forma a evitar sua

ocorrência (ABNT, 2008).

A aplicação da norma ISO 9000 é recomendada para organizações que buscam

vantagens através da implementação de um sistema de gestão da qualidade e que

buscam a confiança nos seus fornecedores de que os requisitos de seus produtos

serão atendidos (ABNT, 2005), tentando desta forma superar a mentalidade de

comando e controle, estabelecendo um novo patamar de qualidade e serviço.

Dentro desta mentalidade, suas definições e conceitos podem ser revertidos

para qualquer processo, inclusive o de gerenciamento de emergências.

Essa aplicação fica ainda mais evidente quando observam-se a justificativas

para adoção de sistemas de gestão da qualidade. A principal argumentação é que

os sistemas de gestão da qualidade podem ajudar as organizações a aumentar a

satisfação do cliente, suas necessidades e expectativas (ABNT, 2005). Por

definição, seus requisitos são genéricos e aplicáveis às organizações de qualquer

setor da indústria ou econômico. Esse foco na satisfação do cliente, faz com que as

empresas busquem sempre melhorar seus produtos, especialmente pela pressão

competitiva. Um sistema de gestão de emergência que siga essa prerrogativa a

cada incidente / acidente tende a alcançar mais rapidamente a resiliência, com uma

melhor identificação e gestão dos riscos e ações de mitigação mais eficientes, com

melhor estado de preparação e prontidão.

A abordagem do sistema de gestão da qualidade incentiva as organizações a

analisarem os requisitos do cliente e de outras partes interessadas, definir os

processos que contribuem para a obtenção de um produto que é aceitável para o

81

cliente e manter estes processos sob controle (ABNT, 2005). No caso de Sistemas

de Gestão de Emergência, o principal cliente é a sociedade e o produto e a redução

da ocorrência de acidentes, uma melhoria nas ações de mitigação quando de sua

ocorrência e um retorno mais rápido a condição inicial.

2.5.2 ISO 14001:2004

Organizações de todos os tipos estão cada vez mais preocupadas em atingir e

demonstrar um desempenho ambiental correto, por meio do controle dos impactos

de suas atividades, produtos e serviços sobre o meio ambiente. Agem assim dentro

de um contexto de legislação cada vez mais exigente, do desenvolvimento de

políticas econômicas e outras medidas visando adotar a proteção ao meio ambiente

e de uma crescente preocupação expressa pelas partes interessadas em relação às

questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável (ABNT, 2004). Uma

modalidade deste enfoque são as Normas Internacionais de Qualidade Série ISO

14.000, instrumento de política ambiental definidas sob inspiração da Rio 92, que

vêm sendo adotadas como um instrumento de certificação ambiental, regulado

internacionalmente e adotado pelo mercado como um critério de qualidade

ambiental das operações, produtos e serviços das empresas detentoras do

certificado (MAGLIO, 2000).

A série de normas NBR ISO 14.000 surgiu no segundo semestre de 1996, sendo

alterada em 2004, com o objetivo de especificar os requisitos necessários para que

uma empresa possua um Sistema de Gestão Ambiental eficaz para auxiliá-la a

alcançar seus objetivos ambientais e econômicos (MEDEIROS, 2008).

As normas ISO 14000 foram inicialmente elaboradas visando certificar o manejo

ambiental, isto é, as ações desenvolvidas por uma organização para minimizar os

efeitos nocivos causados ao ambiente por suas atividades. Deste modo, estas

normas promovem a prevenção de processos de contaminação ambiental,

orientando a estrutura de uma organização, sua forma de operação e de

levantamento, armazenamento, recuperação e disponibilização de dados e

resultados no contexto ambiental (CONCEIÇÃO & FICHER, 2006).

Os sistemas de gestão ambiental foram criados para que a empresa possa

equacionar os problemas ambientais e solucioná-los a partir do planejamento

estratégico, tático e operacional, desenvolvendo um sistema de gestão para

82

equilibrar objetivos organizacionais e ambientais, sugerindo uma postura

responsável e eficiente da empresa (MEDEIROS, 2008).

Esta Norma especifica os requisitos para que um sistema da gestão ambiental

capacite uma organização a desenvolver e implementar política e objetivos que

levem em consideração requisitos legais e informações sobre aspectos ambientais

significativos (BARBIERI, 2004).

Entretanto, a Norma não estabelece requisitos absolutos para o desempenho

ambiental, esses devem ser definidos na política ambiental, na busca pela

conformidade com requisitos legais e outros requisitos aos quais a organização

tenha subscrito. Desta forma, além da identificação e atendimento da legislação

ambiental aplicável, a norma estimula as empresas a buscar diretrizes adicionais

para um melhor desempenho ambiental (KAPLAN & NORTON, 2004).

As etapas necessárias para um Sistema de Gestão Ambiental devem incluir

alguns requisitos como: comprometimento e política, planejamento, implementação,

medição e avaliação, análise crítica e melhoria, conforme representado

esquematicamente na figura 2-14.

Figura 2-14- Modelo de sistema de gestão ambiental (fonte: adaptado de Quazie et al, 2001)

Como requisito geral, a ISO 14001:2004 aponta que a organização deve

estabelecer, documentar, implementar, manter e continuamente melhorar um

Sistema de Gestão Ambiental em conformidade seus requisitos e determinar como

Melhoria contínua Política Ambiental

Planejamento Aspectos ambientais Requisitos legais e subscritos Objetivos e Metas Programas de gestão ambiental

Implementação e Operação Estrutura e responsabilidade Treinamento, notificação e competência Comunicação Documentação e controle documental Controles Operacionais Preparação e resposta a emergências

Verificação e Ações Corretivas Monitoramento e medida Ações Corretivas e Preventivas

para as não-conformidades Registro Auditorias no Sistema de Gestão

Ambiental

Análise Crítica pela Administração

83

ela irá atendê-los. A política ambiental da empresa deve ser condizente e suficiente

para à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos e

serviços (ABNT, 2004).

O ciclo de atuação da gestão ambiental deve considerar a fase de concepção do

projeto até a eliminação efetiva dos resíduos gerados pelo empreendimento depois

de implantado e durante todo o período de seu funcionamento para ser considerado

eficaz (MEDEIROS, 2008). O quadros de 2-15 à 2-18 a seguir apresentam o resumo

desta norma, considerando a divisão nas etapas de planejamento; implementação

operação; verificação e análise pela alta administração.

Quadro 2-15 - Resumo da NORMA ISO 14001:2004 (Planejamento)

Etapa Aspecto Observações / Considerações*

Plan

ejam

ento

Aspectos ambientais

Identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços, que a organização possa controlar ou influenciar.

Determinar aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos ao meio ambiente.

Requisitos legais e outros

Identificar e ter acesso a requisitos legais aplicáveis.

Subscrever / definir requisitos próprios.

Relacionar os requisitos aos impactos ambientais.

Objetivos, metas e programa

Estabelecer, implementar e manter (EIM) objetivos e metas ambientais mensuráveis e documentados.

EIM programa(s) para atingir seus objetivos e metas, identificando os responsáveis e prazos para atingi-los.

*identificadas somente as de relevância para este trabalho

Quadro 2-16 - Resumo da NORMA ISO 14001:2004 (Implementação e operação)

Etapa Aspecto Observações / Considerações*

Impl

emen

taçã

o e

oper

ação

Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades

Providenciar recursos para EIM e melhorar o sistema da gestão ambiental.

Definir funções, responsabilidades e autoridades.

Nomear representante da administração para auxiliar na gestão e mantê-la informada.

Competência, treinamento e

conscientização

Definir e garantir capacitação de empregados por meio de formação apropriada, treinamento ou experiência.

Identificar as necessidades de treinamento associadas com seus aspectos ambientais.

Conscientizar a força de trabalho da importância da conformidade com a política ambiental; dos aspectos e impactos ambientais das atividades e das consequências da inobservância de procedimento(s) especificado(s).

Procedimentos para comunicação da política ambiental

Comunicar interna entre os vários níveis e funções da organização.

Receber documentação e resposta à comunicações pertinentes oriundas de partes interessada externas.

Continua

84

Quadro 2-17 - Resumo da NORMA ISO 14001:2004 (Implementação e operação) (conclusão)

Etapa Aspecto Observações / Considerações* Im

plem

enta

ção

e op

eraç

ão

Documentação deve

contemplar

Política, objetivos e metas ambientais.

Descrição do escopo do sistema da gestão ambiental.

Descrição dos principais elementos do sistema da gestão ambiental.

Controle de documentos

EIM procedimento(s) para aprovar, analisar e atualizar documentos.

Assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente identificáveis e acessíveis em seu local de uso.

Controle operacional

Identificar e planejar operações associadas aos aspectos ambientais para realiza-las sob condições procedimentadas e segundo critérios operacionais definidos.

Preparação e resposta à

emergências

EIM procedimento(s) para identificar potenciais situações de emergência / acidentes que impactem o meio ambiente.

Definir como responderá a emergência / acidentes que impactem o meio ambiente.

Responder às emergências / acidentes, e prevenir ou mitigar os impactos ambientais adversos associados.

Analisar periodicamente e revisar procedimentos, especialmente, após ocorrências.

A organização deve também periodicamente testar seus procedimentos.

*identificadas somente as de relevância para este trabalho

Quadro 2-18 - Resumo da NORMA ISO 14001:2004 (verificação)

Etapa Aspecto Observações / Considerações*

Verif

icaç

ão

Monitoramento e medição

EIM procedimento(s) para monitorar e medir as operações que possam ter um impacto ambiental significativo.

Calibrar ou verificar equipamentos de monitoramento e medição.

Avaliação do atendimento a

requisitos legais e outros

EIM procedimento(s) para avaliar periodicamente o atendimento aos requisitos legais aplicáveis.

Avaliar atendimento a outros requisitos por ela subscritos.

Manter registros dos resultados das avaliações periódicas.

Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva

EIM procedimento(s) para tratar as não conformidades reais e potenciais, e executar ações corretivas e preventivas.

Identificar e corrigir não conformidade(s) e executar ações para mitigar seus impactos ambientais.

Investigar não conformidade(s), determinar sua(s) causa(s) e executar ações para evitar sua repetição.

Avaliar a necessidade de ações para prevenir não conformidades e implementá-las.

Registrar os resultados das ações corretivas e preventiva(s) executada(s).

Analisar a eficácia da(s) ação (ões) corretiva(s) e preventiva(s) executada(s).

Controle de registros

Estabelecer e manter registros, para demonstrar conformidade com os requisitos.

EIM procedimento(s) para a identificação, armazenamento, proteção, recuperação, retenção e descarte de registros.

Auditoria interna

Planejar auditorias internas do sistema da gestão ambiental com intervalos definidos.

Definir responsabilidades e requisitos para se planejar e conduzir as auditorias, para relatar os resultados e manter registros associados.

Determinar critérios de auditoria, escopo, frequência e métodos.

*identificadas somente as de relevância para este trabalho

85

Quadro 2-19 - Resumo da NORMA ISO 14001:2004 (análise pela administração)

Etapa Aspecto Observações / Considerações* A

nális

e pe

la

adm

inis

traçã

o

A alta administração da organização deve analisar o sistema de gestão ambiental, em intervalos planejados, para assegurar sua continuada adequação, pertinência e eficácia

*identificadas somente as de relevância para este trabalho

Um gerenciamento ambiental ineficiente pode resultar em poluição severa e

outros problemas, que podem matar milhares de pessoas e causar danos

irreversíveis ao meio ambiente. Como exemplos, podem ser relacionados alguns

desastres industriais de larga escala, o que causaram uma preocupação mundial

com os impactos ambientais potenciais da indústria e motivaram a comunidade

internacional a considerar novas formas de prevenir a poluição. Eventos como o

desastre químico de Bhopal (Índia), a liberação de radiação em Chernobyl (URSS) e

os vazamentos de óleo do navio Exxon Valdez e da plataforma Deepwater horizon

(Estados Unidos) e muitos outros aumentaram as preocupações globalmente e com

isso a preocupação na prevenção da poluição gerada por acidentes (YEO apud

QUAZI et al, 2001).

Considerando a preparação e resposta a emergências, a norma ISO 14000:2004

aponta em seu anexo A que cada organização deve desenvolver procedimento(s) de

preparação e resposta a emergências que atenda(m) às suas próprias necessidades

específicas. Ela recomenda que esses procedimentos considerem:

a) Natureza dos perigos locais e medidas a serem tomadas no caso de

vazamento e lançamentos acidentais;

b) Tipo e a escala mais prováveis de uma situação de emergência ou

acidente;

c) Método mais apropriado para responder a um acidente emergência;

d) Planos de comunicação interna e externa;

e) Ação(ões) requerida(s) para minimizar o dano ambiental;

f) Ação(ões) de mitigação e resposta(s) a ser (em) tomada(s);

g) Necessidade de processos para avaliação pós-acidente para estabelecer

e implementar ações corretivas e preventivas;

h) Teste periódico do(s) procedimento(s) de resposta a emergências;

86

i) Treinamento do pessoal de resposta a emergências;

j) Uma lista de pessoas-chave e de órgãos de atendimento;

k) Rota(s) de evacuação e ponto(s) de encontro,

l) Potencial de situação(ões) de emergência ou acidente(s) em instalações

próximas (por exemplo, planta, estrada, linha férrea), e

m) A possibilidade de assistência mútua entre organizações vizinhas.

As empresas estão compreendendo que o gerenciamento ambiental proativo

pode prevenir a ocorrência de desastres (SOH apud QUAZI et al, 2001). Entretanto,

as diretrizes atualmente encontram-se muito dispersas em normas que não tem a

finalidade de estabelecer diretrizes para o gerenciamento de emergências. Apesar

disso, toda a formatação utilizada para elaboração da norma ISO 14001:2004 pode

servir como um direcionador para um Sistema de Gestão de Emergências, assim

como podem ser aproveitadas suas diretrizes gerais para preparação e resposta a

emergências.

2.5.3 OSHAS 18.001:2007

A norma britânica British Standard 8800 (BS 8800) foi a primeira tentativa para

estabelecer uma referência normativa para implementação de um sistema de gestão

de segurança, saúde e meio ambiente (ARAÚJO, 2003). Apesar da norma britânica

permanecer válida, ela motivou diversas entidades normativas a elaborar em 1998

um conjunto de normas intituladas de OHSAS -Occupational, Health and Safety

Management Systems, visando a realização de auditorias e a certificação de

programas de gestão de segurança, saúde e meio ambiente (KAPLAN & NORTON,

2004).

A OHSAS 18001 foi publicada pela primeira vez em 1999 e pode ser descrita

como um referencial usado para a certificação de sistemas de gestão da saúde e

segurança ocupacional (JORGENSEN et al, 2006 apud JULIÃO, 2010). Ela foi

desenvolvida em resposta às necessidades das empresas de gerenciar suas

obrigações de saúde e segurança no trabalho de uma maneira mais eficiente

(BRITISH STANDARDS INSTITUTION, 2002 apud JULIÃO, 2010).

Os princípios desta norma estão alinhados com os conceitos e diretrizes das

normas da série ISO 9.000 (Sistema da Qualidade) e série ISO 14.000 (Gestão

Ambiental) de forma a facilitar a integração entre os sistemas de gestão da

87

qualidade, meio ambiente e saúde e segurança ocupacional, se assim as empresas

desejarem (ARAÚJO, 2003).

A certificação pela OHSAS 18000 evidencia o funcionamento de um sistema de

saúde e segurança da empresa, objetivando eliminar/minimizar os riscos de

acidentes, garantir a proteção da força de trabalho e a consequente redução dos

riscos laborais, cumprir os requisitos legais, contratuais, sociais e financeiros de

segurança e saúde no trabalho (CONCEIÇÃO & FICHER, 2006).

A norma OHSAS 18.001 apresenta requisitos para a implementação de um

sistema de gerenciamento capaz de habilitar a organização a implementar o

programa de melhoria contínua das condições e redução dos riscos no ambiente de

trabalho (MEDEIROS, 2008). Desta forma, para uma empresa obter a cerificação

segundo esta norma organização deve estabelecer, documentar, implementar,

manter e melhorar continuamente um sistema de gestão da Segurança e Saúde no

Trabalho (SST) (BSI, 2007).

Assim como as normas anteriores, é fundamental a participação e apoio da alta

direção, sobretudo na etapa inicial, onde é definida a política de SST. Segundo a

norma OHSAS 18001:2007, a política deve:

a) Ser apropriada à natureza e escala dos riscos de SST da organização;

b) Incluir comprometimento com a prevenção de lesões e doenças e com a

melhoria contínua da gestão da SST e do desempenho da SST;

c) Incluir comprometimento em atender, pelo menos, aos requisitos legais

aplicáveis e a outros requisitos subscritos pela organização;

d) Fornecer o arcabouço para o estabelecimento e análise crítica dos objetivos;

e) Ser documentada, implementada e mantida;

f) Ser comunicada a todas as pessoas que trabalhem sob o controle da

organização, com o intuito de que elas tenham ciência de suas obrigações;

g) Estar disponível às partes interessadas; e

h) Ser periodicamente analisada criticamente para assegurar que permaneça

pertinente e apropriada à organização.

Os quadros de 2-19 à 2-22 a seguir apresentam um resumo desta norma,

considerando a divisão nas etapas de planejamento; implementação e operação;

verificação e análise pela alta administração.

88

Quadro 2-20 - Resumo da Norma OHSAS 18000 - Planejamento (Fonte: Adaptado de BSI, 2007) Etapa Aspecto Observações / Considerações*

Plan

ejam

ento

Identificação de perigos,

avaliação de riscos e

determinação de controles

EIM procedimento(s) para a identificação contínua de perigos, avaliação de riscos e a determinação dos controles necessários.

Identificar os perigos e os riscos de SST associados às mudanças na organização, no sistema de gestão, ou em suas atividades, antes da introdução de tais mudanças.

Documentar e manter atualizados os resultados da identificação de perigos, da avaliação de riscos e dos controles determinados.

Assegurar que os riscos de SST e os controles determinados sejam levados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção de seu sistema de gestão da SST.

Requisitos legais e outros

EIM procedimento(s) para identificar e ter acesso à legislação e a outros requisitos de SST aplicáveis.

Assegurar os requisitos legais e outros subscritos por ela sejam considerados no estabelecimento, implementação e manutenção de seu sistema de gestão da SST.

Comunicar as informações pertinentes sobre os requisitos legais e subscritos às pessoas que trabalham sob seu controle e às outras partes interessadas pertinentes.

Objetivos e programa(s)

EIM objetivos de SST documentados, nas funções e níveis pertinentes da organização.

EIM programa(s) para atingir seus objetivos.

Analisar criticamente a intervalos regulares e planejados o programa para atingir os objetivos.

*identificadas somente as de relevância para este trabalho

Quadro 2-21 - Resumo da Norma OHSAS 18000 - Implementação e operação (Fonte: Adaptado de BSI, 2007) Etapa Aspecto Observações / Considerações*

Impl

emen

taçã

o e

oper

ação

Recursos, funções,

responsabilidades, prestações de

contas e autoridades

A Alta Direção deve assumir a responsabilidade final pela SST e pelo sistema de gestão da SST.

A Alta Direção deve assegurar a disponibilidade de recursos essenciais para EIM e melhorar o sistema de gestão da SST.

Identificar representante(s) da Alta Direção pela SST, independentemente de outras responsabilidades.

Assegurar que as pessoas assumam responsabilidades por aspectos da SST sobre os quais elas exercem controle.

Competência, treinamento e

conscientização

Assegurar que qualquer pessoa que realize tarefas que possam causar impacto na SST seja competente com base em formação apropriada, treinamento ou experiência.

Identificar as necessidades de treinamento associadas aos riscos de SST e ao sistema de gestão da SST.

Fornecer treinamento ou tomar outra ação para atender a essas necessidades e avaliar a eficácia sua eficácia.

EIM procedimento(s) para fazer com que as pessoas que trabalhem sob seu controle estejam conscientes.

Comunicação, participação e

consulta

EIM procedimento(s) para comunicação interna entre os vários níveis e funções da organização, terceirizados e partes interessadas externas.

EIM procedimento(s) para participação dos trabalhadores nas etapas da SST.

Documentação A documentação deve incluir: a política e os objetivos de SST; escopo do sistema de gestão; descrição dos principais elementos do sistema de gestão; e registros.

Controle de documentos

EIM procedimento(s) para aprovar, analisar criticamente e atualizar documentos, garantindo que estejam atualizados e acessíveis.

Continua

89

Quadro 2-22 - Resumo da Norma OHSAS 18000 - Implementação e operação (Fonte: Adaptado de BSI, 2007) (conclusão) Etapa Aspecto Observações / Considerações*

Controle operacional

Identificar as operações e atividades que estejam associadas ao(s) perigo(s) para implementação de controles.

Implementar e manter controles operacionais de produtos, serviços e equipamentos, sendo estes documentados na forma de procedimentos, especialmente, onde sua ausência possa acarretar desvios em relação à política e aos objetivos de SST.

Preparação e resposta a

emergências

Identificar o potencial para situações de emergência.

Responder às situações reais de emergência, e prevenir ou mitigar as consequências para a SST adversas associadas.

Levar em consideração as necessidades das partes interessadas pertinentes, ao planejar sua resposta a emergências.

Testar periodicamente seu(s) procedimento(s) para responder emergências.

Analisar periodicamente criticamente e, onde necessário, revisar seu(s) procedimento(s) de preparação e resposta a emergências, em particular após o teste periódico e ocorrência de situações de emergência.

*identificadas somente as de relevância para este trabalho

Quadro 2-23 - Resumo da Norma OHSAS 18000 - Verificação (Fonte: Adaptado de BSI, 2007)

Etapa Aspecto Observações / Considerações*

Ver

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ção

Monitoramento e medição do

desempenho

EIM procedimento(s) para medir quantitativa e qualitativamente regularmente o desempenho da SST.

EIM procedimento(s) para monitorar o grau de atendimento aos objetivos de SST e a eficácia dos controles e medidas tomadas (proativas e reativas).

Estabelecer e manter procedimentos para a calibração e manutenção de equipamento utilizado para monitorar ou medir o desempenho.

Avaliação do atendimento a

requisitos legais e outros

EIM procedimento(s) para avaliar periodicamente o atendimento aos requisitos legais aplicáveis.

Avaliar o atendimento (compliance) a outros requisitos por ela subscritos.

Investigação de incidente, não conformidade,

ação corretiva e ação preventiva

EIM procedimento(s) para registrar, investigar e analisar incidentes, de forma a: determinar deficiências de SST, identificar a necessidade de ações corretivas e/ou oportunidades para ações preventivas / melhoria contínua.

EIM procedimento(s) para tratar as não conformidades reais e potenciais, e para executar ações corretivas e ações preventivas.

Submeter as ações, corretivas ou preventivas, propostas a uma avaliação de riscos antes de sua implementação.

Controle de registros

Estabelecer e manter registros para demonstrar conformidade com do sistema de gestão da SST e desta Norma OHSAS, bem como os resultados obtidos.

EIM procedimento(s) para a identificação, armazenamento, proteção, recuperação, retenção e descarte de registros, devendo os mesmos permanecer legíveis, identificáveis e rastreáveis.

Auditoria interna

Assegurar que as auditorias internas do sistema de gestão da SST sejam conduzidas em intervalos planejados.

Planejar as auditorias visando obter um diagnóstico adequado do sistema de gestão da SST (conformidade requisitos, sua implementação e manutenção e enquadramento à política e aos objetivos da organização).

Definir responsabilidades e requisitos para se planejar e conduzir as auditorias, para relatar os resultados e manter registros associados.

Selecionar auditores visando assegurar objetividade e imparcialidade do processo.

90

Quadro 2-24 - Resumo da Norma OHSAS 18000 - Análise pela Administração (Fonte: Adaptado de BSI, 2007) Etapa Aspecto Observações / Considerações*

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ção

A Alta Direção deve analisar criticamente o sistema de gestão da SST da organização, em intervalos planejados, para assegurar sua continuada adequação, pertinência e eficácia

2.5.4 ISO 31000:2009 e ISO 17776:2000

A norma AS/NZS 4360, utilizada na Austrália e Nova Zelândia, é uma das

principais referências normativas sobre gestão de riscos e serviu como base para o

desenvolvimento da ISO 31000:2009. O objetivo da ISO 31000:2009 é apresentar

um conjunto único de diretrizes para um modelo de gestão integrada do risco, de

forma que possa ser utilizada por organizações de qualquer tipo, tamanho e

segmento (MAYER & FAGUNDES, 2008).

As organizações enfrentam influências e fatores internos e externos que tornam

incerto se e quando elas atingirão seus objetivos. O efeito que essa incerteza tem

sobre os objetivos da organização é chamado de "risco" (ABNT, 2009). Gestão de

Riscos (GR) são atividades coordenadas para direcionar e controlar uma os riscos,

isso inclui sua análise, avaliação, tratamento, aceitação e a comunicação (MAYER &

FAGUNDES,2008). Em outra abordagem, Santos (2008), defende que a GR é

aumenta a eficiência operacional, reduzindo assim, perdas como fraudes, falhas,

sinistros e acidentes, conduzindo a empresa a uma melhoria nos seus processos.

Apesar das pessoas e organizações trabalharem de muitas formas diferentes

para o gerenciamento de riscos, sempre tem os mesmos objetivos: promover uma

base sólida para as decisões de quando os riscos são aceitáveis e, se necessário,

entender como podem lidar com eles (HOLLÓS & PEDERSOLI, 2009). Existem

várias definições diferentes de risco, de processo de gerenciamento de risco e de

elementos de risco e muitas versões diferentes do processo a ser seguido. Todos

eles foram desenvolvidos por boas razões históricas, porém indivíduos e

organizações sejam elas lucrativas ou não, reguladas ou reguladoras, precisam

tomar decisões acertadas e balanceadas sobre todos os riscos (PURDY, 2010).

Embora todas as organizações gerenciem os riscos em algum grau, a Norma

ISO 31000:2009 estabelece um número de princípios que precisam ser atendidos

91

para tornar a gestão de riscos eficaz. Esta Norma recomenda que as organizações

desenvolvam, implementem e melhorem continuamente uma estrutura cuja

finalidade é integrar o processo para gerenciar riscos na governança, estratégia e

planejamento, gestão, processos de reportar dados e resultados, políticas, valores e

cultura em toda a organização (ABNT, 2009).

O processo de GR deve iniciar-se na definição da política de gestão de riscos.

Segundo texto da norma AS/NZS 4360:2004, a norma de gestão de riscos sobre a

qual se baseou a ISO 31000:2009, a política é um documento sucinto, de nível

superior, que aprova uma abordagem para a GR e também cria as ligações com

outras estratégias da empresa. (FERNANDEZ, 2009).

A política deve ser um balizador de conduta e procedimento e apoio à decisão.

Por isso a importância de ser um documento formal, que vá para a alta gestão da

empresa onde é assinado e depois propagado para todos as partes interessadas

(ALEXANDRE, 2011). A política de gestão de riscos deve ser integrada à filosofia de

gestão da organização pois é um documento que tem que estar alinhado com os

objetivos estratégicos da empresa, e não antagônico, contraditório. Para isso é

necessário que se respeite a estrutura da organização, que se esteja de acordo com

seu pensamento e com o perfil de seus colaboradores (SANTOS, 2008).

A espinha central do processo de gerenciamento de riscos é a preparação e a

realização da análise de risco e, se necessário, o tratamento destes riscos. O

processo deve iniciar-se com a definição o que a organização quer alcançar e os

fatores externos e internos que podem influenciar o sucesso na obtenção de seus

objetivos. Essa etapa é denominada estabelecimento do contexto e é um pré-

requisito essencial para a identificação dos riscos (PURDY, 2010). A ISO

31000:2009 é pautada nos princípios para gerenciar os riscos, na definição da

estrutura para gerenciamento desses e também no processo para sua gestão, todos

eles interligados e com relação direta com o seguinte, conforme figura 2-15.

Cabe ressaltar que a ISO 31000:2009 possui pouca ou nenhuma restrição de

aplicação, pode ser aplicada a qualquer tipo de risco, independentemente de sua

natureza, quer tenha consequências positivas ou negativas, ao longo da vida de

uma organização e a uma ampla gama de atividades, incluindo estratégias,

decisões, operações, processos, funções, projetos, produtos, serviços e ativos

(ABNT, 2009).

92

Figura 2-15 - Representação esquemática do conteúdo da Norma ISO 31000 (Fonte: Adaptado de ABNT, 2009)

Princípios da Gestão de Risco (GR) Uma gestão de riscos eficaz deve atender e considera os seguintes princípios: A gestão de riscos ..... Cria e protege valor; É parte integrante de todos os processos

organizacionais; É parte da tomada de decisões; Aborda explicitamente a incerteza; É sistemática, estruturada e oportuna; Baseia-se nas melhores informações

disponíveis;

É feita sob medida; Considera fatores humanos e culturais; É transparente e inclusiva; É dinâmica, iterativa e capaz de reagir a

mudanças; e Facilita a melhoria contínua da organização.

Mandato e Comprometimento A GR e a busca por sua eficácia requerem comprometimento da alta administração, mas também um planejamento rigoroso e estratégico em todos os níveis

Concepção da Estrutura para Gerenciar Riscos Entendimento da organização e seu contexto: avaliar e compreender os contextos externo e

interno da organização, pois podem influenciar a concepção da estrutura; Estabelecimento da política de GR: estabelecer os objetivos e o comprometimento da

organização em relação à GR; Responsabilização: assegurar responsabilização, autoridade e competência para implementar e

manter GR e assegurar a suficiência, a eficácia e a eficiência de controles; Integração nos processos organizacionais: GR deve ser incorporada em todas as práticas e

processos da organização, de forma eficaz e eficiente; Estabelecimento de mecanismos de comunicação e reporte internos para apoiar e incentivar a

responsabilização e a propriedade dos riscos; e Estabelecimento de mecanismos de comunicação e reporte externos: desenvolver e

implementar plano de comunicação com partes interessadas externas.

Implementação da Gestão de Riscos Implementação da estrutura GR: definir

estratégia e momento apropriado; aplicar a política e o processo de GR; atender aos requisitos legais e regulatórios; tomar decisões alinhadas com os resultados dos processos de GR; e

Implementação do processo de GR: assegurar que o processo de GR seja aplicado.

Monitoramento e Análise Crítica Medir o desempenho da GR utilizando

indicadores; Medir periodicamente o progresso obtido; Analisar criticamente de forma periódica

se a política, o plano e a estrutura da GR ainda são apropriados;

Reportar sobre os riscos, o progresso do plano de GR e como a política de GR está sendo seguida; e

Analisar criticamente a eficácia da estrutura da GR.

Melhoria Contínua da Estrutura Como a política, o plano e a estrutura da gestão de riscos podem ser melhorados?

1

93

Figura 2-16 - Representação esquemática do conteúdo da Norma ISO 31000 (Fonte: Adaptado de ABNT, 2009)

Comunicação e Consulta

Comunicação e a consulta às partes interessadas devem acontecer durante todas as fases do processo de GR;

Planos de comunicação e consulta devem ser desenvolvidos em um estágio inicial;

Abordam questões relacionadas com o risco, suas causas, consequências e as medidas tomadas para tratá-lo; e

Objetiva que os responsáveis pela implementação do processo de GR e as partes interessadas compreendam seus fundamentos.

Estabelecimento do Contexto Articular seus objetivos definir os parâmetros para GR, e estabelecer o escopo e critérios de risco para o restante do processo.

Identificação dos Riscos Identificar as fontes de risco, áreas de impactos, eventos e suas causas e consequências potenciais. Devem ser aplicadas as ferramentas e técnicas que sejam adequadas aos objetivos, capacidades e aos riscos enfrentados.

Análise de Riscos Desenvolver a compreensão dos riscos e fornecer uma entrada para a avaliação de riscos e para as decisões sobre a necessidade dos riscos a serem tratados. Nesta fase, ocorre a apreciação das causas e as fontes de risco, suas consequências positivas e negativas, e a probabilidade de ocorrerem.

Avaliação de Riscos Auxilia a tomada de decisões com base nos resultados da análise de riscos, identificando quais necessitam de tratamento e a prioridade para a implementação deste tratamento, através da comparação do nível de risco encontrado com os critérios de tolerância (definido por partes que não a própria organização, como requisitos legais, regulatórios).

Tratamento de Riscos Fornece novos controles ou modifica os existentes. Para selecionar a opção mais adequada de tratamento de riscos o equilíbrio dos custos, os esforços de implementação e os benefícios - sejam relativos a requisitos legais, regulatórios ou utros como o da responsabilidade social e o da proteção do ambiente

Monitoramento e Análise Crítica

Devem ser planejados como parte do processo de gestão de riscos e envolver a checagem / vigilância regulares - podem ser periódicos ou como resposta a um fato específico;

Devem ser claramente definidas as responsabilidades relativas ao monitoramento e à análise crítica;

Devem abranger todos os aspectos do processo da gestão de riscos; e

O progresso na implementação dos planos de tratamento de riscos proporciona uma medida de desempenho.

1

94

2.5.4.1 ISO 17776:2000

A norma ISO 17776:2000 foi desenvolvida para apresentar as diferentes

ferramentas e técnicas utilizadas para a identificação dos riscos existentes na

atividade offshore de exploração e produção de petróleo e orientar a seleção da

metodologia mais adequada (ISO, 2000).

Segundo Esteves (2004), a norma ISO 17776:2000 considera somente os

seguintes temas:

a) Panorama geral da gestão envolvendo estrutura funcional com etapas de

identificação de perigos, avaliação de riscos vis a vis um critério de

definição das técnicas de análise e identificação das medidas mitigadoras

com definição dos requisitos funcionais;

b) Organização e capacitação técnica da equipe nas avaliações de riscos;

c) Documentação;

d) Avaliação de Riscos; e

e) Redução de Riscos.

Para selecionar a forma apropriada de identificação dos perigos e utilizar a

técnica correta para analise dos riscos, a natureza e as dimensões da instalação,

seu estágio do ciclo de vida e experiências vividas por outras instalações devem ser

elementos primordialmente considerados. Todo o esforço deve ser empregado na

antecipação dos riscos com a utilização de toda a tecnologia e conhecimento

existente (ISO, 2000).

Maia Neto (2007) apresenta um bom exemplo da aplicabilidade de algumas

metodologias de análise de risco, considerando as fases do ciclo de vida de uma

instalação.

95

Quadro 2-25 - Técnicas recomendadas em função das fases do ciclo de vida (Fonte: AICHE, 1992 apud Maia Neto, 2007)

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EVTE X X

Projeto Conceitual X X X X

Plantas Pilotos X X X X X X X X X

Projeto de Detalhamento X X X X X X X X X

Construção e Pré-Operação X X X X X

Operação e Rotina X X X X X X X X X

Expansões e Modificações X X X X X X X X X X

Desmobilização X X X X

A norma aponta que existem diferentes níveis de complexidade que devem ser

considerados nas análises de risco (ISO, 2000):

a) Experiência / Capacidade de Julgamento – em muitas circunstâncias, o

conhecimento e expertise de uma equipe experiente apoiada em uma

abordagem bem estruturada podem ser suficientes para o gerenciamento

dos riscos;

b) Códigos, legislação e normas – a experiência obtida pela indústria é

continuamente incorporada a códigos e normas. Altos níveis de

segurança podem ser obtidos com sua utilização em todas as etapas: de

projeto, construção, operação e manutenção;

c) Técnicas estruturadas para revisão – são utilizadas para identificar e

avaliar riscos anteriormente não previstos ou eventos não identificados

por metodologias anteriormente usadas; e

d) Listas de Verificação (do inglês Checklists) – são rápidas e fáceis de usar

e podem auxiliar na identificação da conformidade com fatores

previamente estabelecidos ou mesmo avaliar se riscos conhecidos foram

apontados apropriadamente.

Em seu anexo D, a ISO 17776:2000 possui duas listas de verificação de perigos

offshore. A tabela D1 possui perigos listados conforme a classificação constante no

quadro abaixo. A tabela D2 fornece os perigos segundo sua fonte de emanação, que

96

podem ser equipamentos, fluidos manipulados, processos ou a intervenção humana

e os efeitos potenciais que podem causar.

Quadro 2-26 - Classificação da lista de verificação de perigos (Fonte: ISO 17776 apud Maia Neto, 2007) Hidrocarbonetos in natura; Hidrocarbonetos refinados; Outros materiais inflamáveis; Explosivos; Perigos devido à alta pressão; Perigos associados a diferenças de altura; Objetos sob stress induzido; Perigos em situações dinâmicas, como helicópteros, transporte, etc.; Perigos ao meio ambiente; Superfícies quentes; Líquidos quentes; Superfícies frias; Líquidos frios; Chama aberta; Eletricidade;

Radiação eletromagnética; Radiação ionizante de fonte exposta ou não; Asfixiantes; Gases tóxicos; Fluidos tóxicos; Sólidos tóxicos; Substancias corrosivas; Perigos biológicos; Perigos ergonômicos; Perigos psicológicos; Perigos relativos à segurança patrimonial (ex: sabotagem); Uso de recursos naturais; Perigos devido à assistência médica; Ruído Perigos envolvendo rotas de fuga ou meios de escape.

Depois que todos os perigos foram identificados e os riscos avaliados,

quantitativa ou qualitativamente, medidas para sua redução devem ser

implementadas, caso excedam os critérios estabelecidos. Após a adoção de todas

as medidas necessárias para que os riscos identificados fiquem dentro do

considerável aceitável (ou tolerável), devem ser estabelecidos indicadores para seu

acompanhamento. O processo de gerenciamento dos riscos associado aos três

passos requeridos para identificação e análise de riscos segundo a norma ISO

17776:2000 foram resumidos no quadro abaixo (ISO, 2000).

97

Quadro 2-27 - Resumo do Processo de Gerenciamento de Riscos de Acordo com a ISO 17776:2000 (Fonte: adaptado de ISO 2000)

Passo 1

Identificação dos Perigos – antes que os riscos associados a uma atividade possam ser avaliados, primeiro é necessário identificar os perigos que podem afetar ou são gerados pela operação em particular. Perigos externos devem ser considerados.

Passo 2

Uma vez que os perigos foram identificados, os riscos que eles representam para as pessoas, meio ambiente e instalações devem ser avaliados. Isso normalmente envolve apontar os eventos que o iniciam, identificar as possíveis consequências do acidente e estimar sua probabilidade de ocorrência. Critérios de aceitabilidade são os objetivos utilizados para julgar a tolerabilidade de um risco ou sua consequência. Essa classificação fornece a base para a decisão sobre gerenciamento dos riscos.

Passo 3

A eliminação ou redução dos riscos onde é necessário (observando os critérios para aceitabilidade) envolve reduzir sua probabilidade de ocorrência e/ou suas consequências. Uma abordagem focada deve ser usada para especificar indicadores, com atenção especial dada à definição e monitoramento para os equipamentos críticos e dos sistemas e procedimentos para os menos críticos. Indicadores devem ser mensuráveis, realísticos e exequíveis e devem ser revisados em intervalos especificados para assegurar que continuem importantes.

A norma ainda possui 4 anexos informativos:

a) Anexo A – apresenta os conceitos de perigos, riscos, incidentes, barreiras

de segurança, consequências, controles e mitigação e seu papel no

processo de gerenciamento de riscos;

b) Anexo B – é uma revisão detalhada das metodologias utilizadas para a

análise de riscos;

c) Anexo C – contém exemplos de perigos e riscos apontados para

instalações offshore, para diferentes atividades; e

d) Anexo D – apresenta listas de verificação para perigos, aspectos e

impactos que podem ser utilizadas na análise dos riscos.

A ISO 17776:2000 não foi elaborada com objetivo de ser um critério para a

certificação (ISO, 2000), é uma norma muito técnica, focada na identificação e

Identificar os Perigos

Avaliar os Riscos

Critérios de Aceitabilidade

Identificar medidas para redução dos

Riscos

Estabelecer indicadores

98

análise de riscos, portanto menos abrangente que a ISO 31000:2004. Para este

trabalho, o foco maior é no processo necessário para a gestão dos riscos, não

somente na sua identificação. A norma também aborda a o processo de

gerenciamento de riscos, apontando estratégias tanto para prevenir como para

controlar e mitigar os eventos identificados, porém também de forma mais

superficial. Pode ser encarada como complementar a ISO 31000:2004.

2.5.5 ISO 15544:2000

A Norma Internacional ISO 15544 foi elaborada pelo Comitê Técnico ISSO/TC

67, Materiais equipamentos e Estruturas Offshore para a Indústria de Petróleo e Gás

Natural, Subcomitê SC 6, Equipamentos de Processo e Sistemas (ISO, 2000).

Durante o levantamento bibliográfico foram encontrados poucos trabalhos, artigos e

livros que faziam referência a esta norma, assim sendo, conteúdo deste item

baseou-se exclusivamente na interpretação das informações contidas na mesma e

de sua emenda 1, publicada em 2009 (ISO, 2009b)

Ao contrário das demais normas aqui citadas, ela não apresenta uma estrutura

ou processo de gestão baseado no ciclo do “PDCA”, ou mesmo tem o intuito de ser

uma norma auditável. Em seu conteúdo apresenta diretrizes técnicas gerais para

que plataformas de petróleo, ainda em fase de construção, determinem quais as

medidas de resposta a emergência são necessárias, visando a segurança das

pessoas e minimizar os impactos ao meio ambiente, propriedade e às operações

(ISO, 2000b).

A norma em questão ainda faz referência a outras desenvolvidas para a

realidade offshore, como a ISO 17776 e a ISO 13702, citando a primeira como

referência para a compreensão dos riscos e a segunda como complementar para a

questão de escape, refúgio, evacuação e resgate. Apesar de não apresentar

requisitos de um sistema de gestão, também faz menção a norma ISO 14001.

Seu conteúdo pode ser separado em duas partes: o corpo da norma e sete

anexos. O corpo do texto descreve os objetivos, requisitos funcionais e diretrizes

para a resposta a emergência em plataformas fixas ou FPSO localizadas na região

offshore. Os anexos têm caráter informativo e complementam as diretrizes dos

principais itens apresentados no corpo do texto. Vale ressaltar que a própria norma

recomenda que para plataformas móveis os planos de resposta a emergência

99

atendam as recomendações da Organização Marítima Internacional (IMO, do inglês

International Maritime Organization).

A norma aponta que para buscar a segurança e a proteção do meio ambiente

nas atividades de exploração e produção de petróleo é necessária uma abordagem

estruturada para a identificação e análise dos riscos que podem existir nas várias

fases do ciclo de vida de uma instalação offshore. Esta prática é igualmente

importante para o desenvolvimento das estratégias, do planejamento e dos

procedimentos, necessários para a resposta a emergências (ISO, 2000b).

Para tanto, defende que a definição das medidas de resposta a emergência é

determinada pela avaliação dos riscos da instalação e que os sistemas de gestão

eficientes devem considerar os aspectos de saúde e segurança das atividades

desenvolvidas, inclusive as ações de resposta a emergência. Esses sistemas devem

permear todos os estágios e atividades do ciclo de vida da instalação (ISO, 2000b).

Um elemento chave para que tais sistemas de gestão sejam efetivos é a

identificação sistemática dos riscos, seguida pela sua avaliação e gerenciamento. A

redução dos riscos é um importante componente da gestão dos riscos, e a seleção

das medidas necessárias para isso deve ser determinante para o direcionamento

das decisões de engenharia (ISO, 2000b).

As medidas de redução de risco devem incluir aquelas para prevenir incidentes,

para controlá-los e para mitigar seus efeitos, reduzindo suas consequências.

Medidas preventivas como a utilização de arranjos intrinsecamente seguros devem

ser priorizadas. As medidas para recuperação dos incidentes devem ser definidas a

partir da identificação das possíveis falhas das medidas de controle e mitigação.

Baseado nos resultados da avaliação, objetivos e requisitos detalhados de

segurança, saúde e meio ambiente devem ser definidos (ISO, 2000b).

A resposta a emergência (ER, do inglês Emergency Response) deve ser tratada

da mesma forma que as medidas de recuperação. As medidas de ER devem ser

baseadas na avaliação das possíveis falhas das medidas de controle e mitigação

(ISO, 2000). Para tanto, uma análise de What If ou SWOT pode deve ser aplicada.

Os resultados do processo de avaliação, as decisões tomadas em função das

necessidades e de todas as medidas necessárias para a resposta a emergências

devem ser registradas e arquivadas. Os registros devem estar disponíveis para os

100

responsáveis pela operação da instalação e os envolvidos nos estágios

subsequentes. O registro é a estratégia para resposta a emergência (ERS do inglês

Emergency Response Strategy) (ISO, 2000b).

A ERS deve conter os requisitos das operações e os procedimentos que devem

ser seguidos de acordo com os cenários de emergência considerados relevantes

para a instalação em particular (ISO, 2000b).

Assim como a maior parte da literatura consultada, a ISO 15544:2000 defende a

distribuição dos recursos em “camadas”, que seriam disponibilizados de forma

escalonada, a depender da magnitude da emergência, conforme apresentado na

tabela abaixo.

Quadro 2-28 - Categorias dos recursos tipicamente envolvidos na ER (Fonte: ISO, 2000)

Recursos Descrição

Da Unidade São geridos pela pessoa encarregada da instalação e estão disponíveis para utilização imediata.

Da Área Não são geridos pela pessoa encarregada da instalação, porém encontram-se na mesma área/região e estão disponíveis por acordos de cooperação mutua.

Externos Não são geridos pela pessoa encarregada da instalação ou encontram-se na área/região. São recursos nacionais e internacionais que podem ser utilizados de acordo com a necessidade.

Conforme apontado anteriormente, a ISO 15544:2000 lista os principais pontos

que devem ser considerados para uma eficiente resposta a emergência e, para cada

um destes deles destaca os objetivos, requisitos funcionais e diretrizes.

Os objetivos identificam as metas que devem ser atingidas para cada

componente da resposta à emergência. Os requisitos funcionais representam as

condições mínimas que devem ser satisfeitas para que os objetivos sejam atingidos.

As diretrizes descrevem práticas reconhecidas que devem ser consideradas no

desenvolvimento do componente.

Para este trabalho, os objetivos de cada componente são suficientes para

ilustrar sua importância e sequenciamento nas ações de resposta.

101

Quadro 2-29 - Resumo dos objetivos e metas que devem ser atingidos os componentes da resposta à emergência (Fonte: adaptado de ISO, 2000)

Item Objetivo

Estratégia para resposta a Emergência (ERS)

Identificar em linhas gerais as maneiras para garantir uma adequada Resposta a emergência. Monitorar a adequação das medidas de ER para que sejam modificadas sempre que necessário.

Plano de Resposta a Emergência

Relatar claramente as principais informações para ER e as ações necessárias em situações de Emergência.

Comando e Controle Identificar a estrutura de comando de acordo com as emergências previstas Estabelecer os papéis para os indivíduos e organizações na emergência.

Detecção da Necessidade de ER

Estabelecer medidas e procedimentos para indicar a necessidade de ER em tempo suficiente para que as ações necessárias sejam executadas.

Competência Identificar as competências necessárias para lidar com as emergências. Selecionar indivíduos com habilidade comprovada para preencher seu papel na emergência.

Manutenção de Equipamentos de ER

Manter os equipamentos necessários para a ER em condições para que tenham um desempenho adequado.

Comunicações

Disponibilizar informações confiáveis e suficientes para que as pessoas na instalação possam agir adequadamente em emergências. Prover meios para as pessoas da instalação se comunicarem com o encarregado pela emergência. Prover a estrutura necessária para que a pessoa encarregada da emergência consiga comunicar-se com a instalação e com os recursos externos que participes da ER.

Escape, Refúgio, Evacuação e Resgate

Dispor de rotas em todos os locais de trabalho para serem usadas em situações e emergência. Providenciar um local onde as pessoas possam reunir-se enquanto a emergência é confirmada ou enquanto os preparativos para evacuação estão em andamento Prover meios para que as pessoas da instalação consigam sair de maneira controlada em situações de emergência. Prover meios para transportar as pessoas que deixaram a instalação para um local seguro.

Resposta à Emergências Ambientais

Minimizar o prejuízo ambiental decorrente de descargas da instalação.

Resposta a emergências Médicas

Dispor de instalações médicas capazes de tratar os casos de doenças e acidentados até que ajuda especializada possa chegar. Dispor de cuidados médicos especializados para casos de doenças e acidentados que não possam ser tratados na instalação.

Os pontos apresentados na tabela acima e os requisitos para cada um deles

representam a maior contribuição da norma para este trabalho, uma vez que

apresentam requisitos detalhados para a execução de cada um deles. Entretanto, a

norma somente aborda, no máximo, duas fases do processo de gestão de

emergência: a preparação e a resposta.

102

2.6 Vazamentos de Óleo

2.6.1 Considerações Gerais

Segundo Souza Filho (2006) as fontes de contaminação do mar por petróleo

podem ser classificadas em quatro grupos, de acordo com o apresentado a seguir:

a) Exsudação natural - tendem a ocorrer em mar aberto, esporadicamente e

em baixas vazões e respondem por cerca de 45% do óleo que chega ao

mar;

b) Extração de petróleo e gás - representam aproximadamente 3% do total

que chega aos oceanos, quer seja por derramamentos acidentais quer

seja pelo desprendimento crônico (como a disposição de águas

produzidas e cascalhos contaminados);

c) Transporte de petróleo – são vazamentos, de variadas proporções em

locais de passagem de petroleiros ou oleodutos e representam 12% do

total; e

d) Consumo – gerado por carros, barcos, navio, ou por lixiviação de solo em

áreas urbanas, corresponde à maior parcela de petróleo introduzida no

mar devido a atividades humanas (38%).

As quantidades introduzidas pelo consumo ocorrem como vazamentos lentos e

crônicos. Como a maior parte do consumo de petróleo ocorre em terra, os rios,

sistemas de drenagem de águas pluviais e de esgotos carreiam a maior parcela de

óleo que chega ao ambiente marinho.

Os derramamentos de óleo no mar, por sua vez, podem causar sérios danos

ambientais, econômicos e sociais. Esses efeitos normalmente são temporários e

localizados, embora a natureza e a duração de qualquer impacto dependam de uma

série de fatores (ITOPF, 2011). Estes fatores incluem o tipo e a quantidade de óleo e

seu comportamento uma vez derramado, as características físicas da área afetada,

as condições do tempo e a estação do ano, o tipo e a efetividade da resposta para

limpeza, além das características econômicas e biológicas da área e sua

sensibilidade à poluição (FERREIRA, 2010).

Os impactos ambientais do óleo vazado são vastos, podendo ir desde a

toxicidade dos seus componentes, capaz de afetar o sistema nervoso, fígado e

103

pulmões até a asfixia causada pelo recobrimento de tecidos respiratórios, passando

pela perda da capacidade de manutenção térmica de aves e mamíferos, perda de

flutuabilidade de aves marítimas e pelo bloqueio da passagem de iluminação solar

para seres fotossintetizantes. Além disso, o óleo diminui a atratividade dos

alimentos, podendo levar os animais a inanição (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,

1999).

Além dos efeitos físicos diretos de sufocamento ou sujeira, muito da mortalidade

que ocorre durante os estágios iniciais de um derrame de óleo resulta da toxicidade

dos componentes aromáticos do óleo mais solúveis em água e mais leves. Os óleos

mais tóxicos, tais como gasóleo e querosene, contêm proporções mais altas de uma

variedade de componentes mais tóxicos, mas também tendem a se dissipar

rapidamente e deixam pouco resíduo. Óleos brutos e óleo combustível médio

contêm menos componentes tóxicos, mas são mais persistentes e podem ainda

apresentar toxicidade a organismos marinhos. Óleos brutos mais pesados contêm

quantidades menores de componentes tóxicos, mas óleos combustíveis pesados

podem conter produtos leves misturados, que são mais tóxicos a organismos

marinhos do que a designação combustível pesado possa, em todo caso, indicar

(IMO, 2005a apud PINTO, 2005).

Em uma abordagem genérica, os oceanos tendem a ter uma recuperação mais

rápida quando comparado ao ambiente terrestre ou de água doce. Sua área de

diluição e dispersão do volume vazado é muito vasta, a turbulência comum dos

mares e oceanos contribuem para a aeração da água e também a aceleram a

diluição do óleo e pela relativa facilidade de repovoamento de áreas contaminadas a

partir de populações de áreas adjacentes não contaminadas (GREEN & HAYWARD,

2010).

Apesar dos investimentos em prevenção e para minimizar a probabilidade de

ocorrência de acidentes de derramamento de óleo, eles continuam a ocorrer,

demandando um trabalho de resposta contínuo. Desta forma, torna-se necessária, a

existência de uma estrutura de resposta, que permita um combate eficiente aos

derramamentos, visando assim a mitigação dos danos que possam ser gerados

(COSTA, 2007).

Ao lado da preocupação ambiental, coexiste hoje no Brasil uma legislação

aplicável a situações de emergência com derramamento de óleo, que chega a tratar

104

do dimensionamento da estrutura de resposta a ser utilizada em diferentes

situações. Uma adequada resposta a derramamentos de óleo no mar depende de

uma série de fatores (FERREIRA, 2010). Assim sendo, o atendimento à legislação é

somente uma camada, recentes acontecimentos como a resposta aos vazamentos

do navio Prestige, em 2002, e da plataforma de perfuração Deepwater Horizon, em

2010, demonstram que uma resposta adequada à grandes incidentes deve conjugar

uma série de estratégias, todas aplicadas de forma coordenada e organizada,

sequencial e coordenada. Para tal, uma preparação e planejamento prévio são

necessários.

2.6.2 Breve Histórico

Incidentes de poluição por óleo ocorrem deste o início das atividades, no

entanto, na década de 60, com a intensificação do comércio internacional, os

desastres marítimos ganharam evidência (NOAA, 1992 apud LANZILLOTTA, 2008).

Ao contrário da percepção popular, apenas 1/8 do óleo liberado no ambiente

aquático é proveniente de acidentes de navio-tanque (ZHU et al 2001 apud

LANZILLOTTA, 2008). A maior parte é proveniente de eventos menos agudos, como

descargas rotineiras de navios, poluição atmosférica e óleo lubrificante descartado

em águas pluviais (SOUZA FILHO, 2006).

Os pequenos vazamentos, provenientes do transporte marítimo representam

98% das perdas totais de petróleo e derivados originadas pela atividade humana

enquanto que as acidentais correspondem aos 2% restantes (IPIECA, 1991 apud

LACERDA, 2006). Descargas operacionais incluindo limpeza de tanques, despejo de

água de lastro oleosa e vazamentos de borra oleosa já representavam percentuais

significativos nos anos 70. Com objetivo de reduzir estes valores, diversas medidas

foram adotadas, em sua maioria, visando o controle destes despejos em águas

costeiras. Com resultado, as descargas operacionais que eram estimadas em

200.000 toneladas por ano no período de 1988 à 1997 foram reduzidas em cerca de

50% atualmente, entretanto, mesmo com a tendência de redução ainda são

esperadas que continuem (JERNELÖV, 2010).

Há algumas décadas, vazamentos de óleo gerados por navios tanque

dominavam a atenção da mídia, porém o número de acidentes e também a

quantidade vazada por acidente decaíram significativamente a partir da década de

105

70. A média que era de aproximadamente 314.000 toneladas em 1970, onde

nenhum vazamento era inferior à 138.000 toneladas, decaiu para uma média de

21.000 toneladas com nenhum vazamento superior à 63.000 toneladas (OIL

TANKER SPILL STATISTICS 2009 apud JERNELÖV, 2010). A redução de

acidentes está associada a um maior controle e cuidado nas operações envolvendo

a exploração, transporte e armazenamento de petróleo, o que reflete um aumento no

nível da responsabilidade ambiental, induzido por uma cobrança cada vez mais

acentuada pela sociedade. Todavia, permanece o risco de que ocorram vazamentos

– acontecimentos recorrentes – com contaminação dos ecossistemas costeiros. É

imprescindível a necessidade de contínuo aprimoramento nos instrumentos de

resposta a vazamentos de óleo, nas dimensões jurídica e técnico-científica

(CANTAGALLO et al, 2007).

Os vazamentos originados pelo setor de exploração e produção – plataformas

de petróleo – são inferiores em número de ocorrências e de quantidade de óleo

vazado, quando comparados aos originados por embarcações de transporte de

petróleo. Considerando apenas os vazamentos de 5.000 toneladas ou mais

ocorridos nos últimos sessenta anos, nota-se que somente dez destes foram

originados por Unidades Marítimas de perfuração ou produção. Durante o mesmo

período, ocorreram setenta e dois vazamentos de navios tanques com a mesma

proporção ou maiores. Em outras palavras, para cada acidente de vazamento de

Unidade Marítima na região offshore, ocorrem sete com navios tanques de igual ou

maior proporção (GREEN & HAYWARD, 2010). A figura abaixo apresenta a

estimativa do total de vazamentos gerados tanto por Unidades Marítimas como por

navios tanque.

106

Figura 2-17 - Comparação entre o total de vazamentos gerados por Unidades Marítimas e navios tanque (Fonte: GREEN & HAYWARD, 2010)

Conforme mencionado anteriormente, o petróleo e seus derivados extraídos dos

poços offshore, são transportados também por dutos. Ao contrario da tendência de

redução apresentada pelo transporte por navios, os dutos apontam um aumento

tanto no número de ocorrências como de volume. O número de vazamentos no mar

originados por dutos passou de uma média de 47 por ano no período de 1968 à

1977 para 188 e 228 vazamentos nas duas décadas seguintes e 350 foram

informados na primeira década deste milênio. Para explicar esse comportamento,

nota-se que existiu um aumento no cumprimento total de dutos, porém dois outros

fatores são ainda mais importantes: o envelhecimento dos dutos e estações de

bombeamento e o aumento do número de ações militares, que os tornam alvos

especialmente em revoltas populares e guerras tribais (JERNELÖV, 2010).

Apesar da ocorrência de vazamentos acidentais, o maior incidente de derrame

de óleo da história não foi oriundo de um acidente, trata-se do despejo proposital de

mais de 1.000.000 de m³ de óleo no mar do Kuwait e Iraque entre janeiro e maio de

1991, e a queima ou derramamento em solo de, no mínimo, 16 bilhões de m³

oriundas da sabotagem de 702 poços terrestres em terras do Kuwait entre fevereiro

Óleo Vazado de Acidentes com Navios Tanque

Óleo Vazado de Acidentes com Unidades Marítimas

Tone

lada

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étric

as

107

e novembro de 1991 (GREGORY, 2006) durante a Guerra do Golfo. O Quadro

abaixo apresenta a listagem dos 23 maiores vazamentos de óleo ocorridos.

Quadro 2-30- Maiores vazamentos da história (fonte: HOFFMAN & JENNINGS, 2010)

Designação Volume Vazado

Ano Local Milhões de galões m³

1 Golfo Árabe/Kuwait 380-520 1.436.400 - 1.965.600 1991 Kuwait

2 Deepwater Horizon 205 774.900 2010 Estados Unidos

3 Ixtoc1 140 529.200 1980 México

4 Atlantic Empress 90 340.200 1979 Trinidad e & Tobago

5 Fergana Valley 88 332.640 1991 Uzbequistão

6 Kolva River 84 317.520 1994 Rússia

7 Nowruz 80 302.400 1983 Irã

8 Castillo de Bellver 79 298.620 1983 África do Sul

9 Amoco Cadiz 69 260.820 1978 França

10 ABT Summer 51-81 192.780 - 306.180 1991 Angola

11 M/T Haven 45 170.100 1991 Itália

12 Oddyssey 40,7 153.846 1988 Canadá

13 Sea Star 35,3 133.434 1972 Oman

14 Irenes Serenade 30 113.400 1980 Grécia

15 Urquiola 29,4 111.132 1976 Espanha

16 Hawaiian Patroit 29,1 109.998 1977 Pacífico Norte

17 Braer 26 98.280 1993 Reino Unido

18 Sea Empress 19 71.820 1996 Gales

19 Othello 18-29 68.040 - 109.620 1970 Suécia

20 World Glory 13,5 51.030 1968 África do Sul

21 Torrey Canyon 25-36 94.500 - 136.080 1967 Reino Unido

22 Burmah Agate 10,7 40.446 1979 Estados Unidos

23 Exxon Valdez 10,8 40.824 1989 Estados Unidos

Dentre os acidentes ocorridos na última dedada, destacaram-se os acidentes

com afundamento e posterior vazamento de navios: em 2002 o Prestige, na costa da

Galícia, e posteriormente o petroleiro Tasman Spirit, em 2003 no canal de acesso ao

porto de Karachi, no Paquistão (GREEN & HAYWARD, 2010).

O maior vazamento de óleo acidental da história aconteceu em abril de 2010,

quando a plataforma de perfuração Deepwater Horizon explodiu no Golfo do México,

a cerca de 41 milhas da costa da Luisiana, como consequência do vazamento de

108

gás metano por blowout do poço denominado Macondo (RAMSEUR, 2010). A

explosão matou 11 trabalhadores e feriu outros 17. Dois dias após a explosão, a

Unidade Marítima afundou e começou a vazar grande quantidade de óleo que só

cessou 88 dias após. O poço em blowout, só foi considerado “morto” em Setembro,

cinco meses após o início do vazamento (HOFFMAN & JENNINGS, 2010). Sua

mensuração gerou grande polêmica, porém o relatório ao presidente feito pela

comissão nacional de investigação (GRAHAM et al, 2011) apresenta a

“contabilização do óleo” com um volume total estimado de 4,9 milhões de barris

(cerca de 205 milhões de galões).

2.6.3 Estratégias Empregadas a Resposta a Vazamentos de Óleo

As ações iniciais de resposta a qualquer incidente de poluição por óleo são de

responsabilidade do poluidor, por intermédio do Plano de Emergência Individual e do

Plano de Área. (ANDRADE et al, 2007). O plano de emergência é um conjunto de

ações planejadas para deter, controlar ou minimizar o efeito de acidentes; requer a

definição de procedimentos e o treinamento de equipe para atuação nas

emergências.

Direcionadas pela ocorrência de vazamentos de óleo de embarcações e outras

instalações, dês do final dos anos 60, os esforços de preparação de resposta

tomaram dois caminhos diferentes de acordo com os países. Algumas nações e

regiões adotaram uma estratégia centralizada, direcionada pelo governo e em vários

níveis, pela coligação de empresas. Outras nações e regiões colocam a

responsabilidade da preparação e resposta para a indústria, com a supervisão do

governo. O primeiro é caracterizado pela supervisão do governo cabendo a indústria

a preparação e resposta para os volumes de vazamentos de pior caso. Já no

segundo o governo coopera com a indústria, estabelecendo os padrões de

preparação e resposta. Ambos dividem a responsabilidade em possuir e manter os

equipamentos de resposta (STEEN et al, 2003).

Observando a baixa frequência global de grandes vazamentos de óleo, o

governo e a indústria adotaram uma filosofia de resposta baseada em etapas

denominadas Tier (STEEN et al, 2003). Em ITOPF (2011) observa-se que a resposta

efetiva a um derramamento de óleo no mar pode requerer a mobilização de recursos

internacionais, para complementar aqueles disponíveis no local ou no país. De

109

acordo com o conceito de resposta por magnitudes de derrame em potencial (Tier 1,

2 e 3, para respostas locais, regionais / nacionais e internacionais), esses centros

são geralmente conhecidos por Centros Internacionais Tier 3, ou seja, consórcios

internacionais, para responder de forma cooperativa ou de prestação de serviços, a

eventos que não poderiam ser enfrentados por empresas estruturadas isoladamente

para atender até o Tier 2 (FERREIRA, 2010).

As expectativas e capacidades de resposta para o Tier 1 e Tier 2 são de

dimensionamento mais fácil pois representam uma realidade mais próxima, mais

conhecida e frequente. As emergências de Tier 3, por sua vez, são o oposto,

cercadas de fatores desconhecidos e de difícil previsão, fazendo com que o

dimensionamento de recursos e a definição das expectativas mais abstratos. Quanto

maior o número de fatores conhecidos, mais realistas são as prerrogativas

assumidas, maiores as chances de sucesso. (STEEN et al, 2003).

Quando atinge ambientes marinhos, o petróleo sofre uma série de

transformações físicas, químicas e biológicas ao mesmo tempo, é transportado pelo

vento, correntes marinhas e marés. Diferentes processos físicos condicionam o

destino do petróleo e seus derivados em ambientes hídricos. A estes processos dá-

se o nome de intemperismo do óleo. O intemperismo do óleo inicia-se

imediatamente após o derrame e processa-se a taxas variáveis. Sua eficiência

depende das condições da água do mar, da presença de bactérias e materiais

particulados suspensos na água, além das propriedades físico-químicas do óleo

derramado.

Dentre estes processos, citam-se: evaporação, dissolução, emulsificação,

sedimentação e dispersão pela ação de processos hidrodinâmicos. Estes

fenômenos físicos não têm efeito direto sobre as estruturas químicas dos

hidrocarbonetos, somente são responsáveis por deslocar o contaminante no

ecossistema. A degradação química do petróleo é controlada principalmente pela

foto-oxidação e por processos de degradação biológica, sendo este último o mais

importante (BAPTISTA et al, 2001 1988 apud OLIVEIRA, 2006)

O abaixo apresenta a síntese dos principais processos de intemperismo de

acordo com o tempo.

110

Quadro 2-31 - Síntese dos principais processos de intemperismo do óleo no mar (fonte: CARDOSO, 2007)

Processo Consequências Principais Escala de Tempo Fatores de Influência

Espalhamento Determinante da área da mancha.

Primeiros momentos do derrame (minutos a poucas horas)

Gravidade, inércia, viscosidade e tensão superficial.

Evaporação Perda de massa da mancha e aumento da viscosidade e densidade.

Primeiras horas Área e espessura da mancha e coeficiente de transferência de massa.

Dispersão Dispersão do óleo na superfície da coluna d’água. Horas a dias Condições marítimas e

meteorológicas.

Dissolução Perda de massa. Importante sob o ponto de vista toxicológico.

Rapidamente após o derrame (até 15 minutos)

Presença de hidrocarbonetos solúveis.

Emulsificação

Aumento da viscosidade e volume da mancha, próxima ao valor da densidade da água.

Horas a dias Turbulência, temperatura e composição do óleo.

O reconhecimento destes processos permite aos tomadores de decisão o

rastreamento de possíveis fontes poluidoras, bem como favorece a elaboração de

planos de contingência, de emergência e estudos de impacto sobre o ecossistema

marinho (CARDOSO, 2007).

De acordo com as circunstâncias em que os derramamentos de óleo ocorrem,

seu porte, as características do local do acidente e a sensibilidade ambiental das

áreas atingidas, fazem-se necessárias diferentes estratégias de resposta. Para

qualquer estratégia, as informações que retratam o momento do acidente devem

chegar aos coordenadores dos planos de resposta para permitir um combate efetivo.

A partir destas informações são definidas as quantidades de pessoal e de

equipamentos que serão acionados para o acidente, bem como definidos os

métodos mais adequados de resposta (IPIECA 1991 apud COSTA, 2007).

Uma resposta rápida tem como objetivo prevenir o espalhamento de óleo, na

razão direta de que quanto mais rápida a resposta menor a área contaminada. Em

seguida, a maior preocupação é a redução das áreas impactadas e com isso dos

impactos, os custos de limpeza e para destinação de resíduos. A chave do sucesso

é a realização de uma resposta rápida e compatível com o cenário acidental

(LANZILLOTTA, 2008).

111

Uma combinação de opções de resposta normalmente será particularmente

necessária em um grande derramamento. Com o passar do tempo, algumas dessas

técnicas de resposta tornam-se ineficazes e necessitam de redução ou finalização,

enquanto outras se tornam mais apropriadas e têm de ser iniciadas ou

intensificadas. As opções de resposta devem, portanto, ser continuamente

reavaliadas (IMO, 2005a apud PINTO, 2005).

Ainda que o principal objetivo das respostas à vazamentos de óleo de minimizar

o impacto ambiental seja um conceito amplamente conhecido, não é de simples

aplicação prática, especialmente durante o processo decisório. A decisão quanto à

aplicação das estratégias de resposta envolve pesar as vantagens e desvantagens

dentre várias opções, inclusive a não realização de nenhuma delas (BAKER, 1995

apud BERGUEIRO et al, 2010).

A seguir é apresentado um resumo das principais estratégias de resposta.

2.6.3.1 Monitoramento

Segundo FERREIRA (2006), é à opção de não utilização de meios artificiais, ou

qualquer interferência humana, consistindo no monitoramento do deslocamento e

espalhamento da pluma.

Este procedimento é adotado a partir da constatação de que a mancha não

esteja se dirigindo para áreas ambientalmente sensíveis. O monitoramento é feito

com a utilização de equipamentos orbitais ou aéreos, através de imagens de satélite,

de sinais de RADAR ou da utilização de sensores portáteis embarcados em avião. A

coleta diária de amostras do óleo, para análise em laboratório e verificação de seu

estado de intemperização e alteração das características, é outra forma de monitorar

o comportamento da pluma.

2.6.3.2 Contenção mecânica e recuperação

Consiste em reter o óleo flutuante em barreiras de contenção rebocadas por

embarcações, com o intuito de acumular o óleo em uma camada mais espessa

(ANISUDDIN et al, 2009) e recuperá-lo da superfície do mar com um dispositivo de

recolhimento para em seguida armazená-lo a bordo. Para estas operações são

utilizadas embarcações recolhedoras de óleo e de apoio, barreiras, recolhedores

(skimmers) e tanques flutuantes oceânicos (PINTO, 2005).

112

A seleção do equipamento deve ser feita de acordo com o tipo de óleo

derramado e as condições de mar, sendo que em condições de mar tranquilo, a

capacidade de contenção do óleo é mais eficiente (ITOPF, 2007 apud CARDOSO,

2007) Na prática, a contenção e o recolhimento no mar raramente resultam na

remoção de uma parcela maior do que 10 – 15% de um grande derramamento

(ITOPF, 2011).

Além de utilizadas para contenção do óleo, as barreiras também podem ser úteis

para desviar manchas para locais menos vulneráveis ou mais favoráveis à aplicação

de técnicas de remoção e proteger locais estratégicos a fim de evitar que manchas

atinjam áreas de interesse ecológico ou socioeconômico (CARDOSO, 2007).

2.6.3.3 Dispersão Mecânica

A dispersão natural tem lugar quando a quebra de ondas é suficiente para

superar a resistência mecânica causada pela viscosidade do óleo e pela resistência

causada pela tensão interfacial (ITOPF, 2011).

A dispersão do óleo na coluna d’água é um processo natural, que pode ser

potencializado artificialmente. A utilização de embarcações, simplesmente se

deslocando sobre a mancha com os propulsores ligados, equipadas ou não com

dispositivos de agitação a reboque, ou ainda a utilização de canhões de água (fire-

fight) direcionados para a mancha bombeando água do mar do próprio local, são

formas de se estimular, mecanicamente, a dispersão do óleo derramado

(FERREIRA, 2006).

Sua eficácia depende das características do óleo derramado, das condições

ambientais e da relação do volume derramado e da capacidade de agitação

mecânica disponível no local (PINTO, 2005).

2.6.3.4 Queima no Local (In Situ Burning)

A queima no local, nome dado ao processo de queima controlada da mancha de

óleo no mar, no local ou próximo ao local de um derramamento (FERREIRA, 2006).

Muitos países da Europa e os Estados Unidos da América aceitam esta técnica

como opção de limpeza final do óleo (PINTO, 2005).

Ao contrário do que se imagina, a queima não é um processo fácil de realizar.

Inicialmente o óleo deve ser contido, com a utilização de barreiras de contenção

113

especiais (resistentes a fogo) para que, em seguida uma equipe aproxime-se do

local e inicie a queima. Muitos óleos não possuem capacidade calorífica para

suportar a completa combustão. Então, além de oxigênio suficiente, algumas vezes

tem que ser adicionado energia (combustível) ao sistema para que a operação se

complete totalmente (LANZILLOTTA, 2008).

No Brasil ainda não existe uma legislação específica para queima in situ

(LANZILLOTTA, 2008).

2.6.3.5 Recolhimento com Materiais Absorventes

São utilizados para limpeza do óleo derramado, absorventes com propriedades

oleofílicas, orgânicas, sintéticas ou minerais, que podem se apresentar na forma

granulada ou envolvidos em tecidos porosos formando "almofadas", aplicados

diretamente sobre o óleo (CETESB, 2007 apud CARDOSO, 2007).

Esse método é de aplicação limitada, sendo indicado para limpeza da costa na

impossibilidade de um mecanismo de sucção (ITOPF, 2011).

2.6.3.6 Proteção e Limpeza da Linha de Costa

Para a proteção de linhas de costa são utilizadas barreiras flutuantes, além de

materiais absorventes, com o intuito de se evitar que a mancha atinja a linha de

costa (FERREIRA, 2006).

Dadas as dificuldades de limpeza de óleo do mar e da implementação das

medidas de proteção da costa, muitos derramamentos resultam em contaminação

de linhas de costa. A remoção do óleo das linhas de costa contaminadas deve ser

iniciada rapidamente, uma vez que à medida que o tempo passa e o óleo se

intemperiza, e se prender mais e mais firmemente às rochas e costões, podendo se

misturar aos sedimentos (FERREIRA, 2006).

As opções mais frequentemente utilizadas na limpeza dos ambientes costeiros

são: limpeza natural, remoção manual, uso de materiais absorventes, bombeamento

a vácuo, “skimmers” (equipamento desenvolvido para remover o óleo da superfície

da água), jateamento com água a diferentes pressões, jateamento com areia, corte

de vegetação, queima in situ, trincheiras, remoção de sedimentos, biorremediação e

produtos dispersantes (CANTAGALLO et al., 2007).

114

A maioria do óleo acumulado sobre praias de areia compacta pode ser

removida, utilizando uma combinação de equipes organizadas de trabalhadores

manuais, assistidos por equipamentos mecânicos para transporte dos resíduos

(COSTA, 2007). Este método de limpeza é a chamado de remoção manual que,

embora mais trabalhoso causa menos danos ao ambiente. Consiste na retirada

manual do óleo do ambiente por meio de utensílios como rodos, pás, latas, baldes,

carrinhos de mão e tambores (CARDOSO, 2007).

Pode-se também utilizar jatos de água quente ou fria sob pressão para remoção

de superfícies impermeáveis do óleo, que depois deve ser recolhido e armazenado.

Este método, por ser bastante agressivo, só deve ser utilizado onde não haja

possibilidade de maior degradação das comunidades biológicas, para que a

operação não seja mais prejudicial que o próprio derrame (ARAÚJO, 2005 apud

CARDOSO, 2007).

2.6.3.7 Biorremediação

O óleo, como muitas substâncias naturais, é consumido por microorganismos e

após um período de tempo, se converte em componentes mais simples como

dióxido de carbono, água e biomassa. Biorremediação é o termo utilizado para

descrever uma gama de processos que podem ser usados para acelerar a

biodegradação natural. Mais especificamente, bioestimulação é a aplicação de

nutrientes, e bioaumentação ou semeadura é a adição de micróbios especialmente

selecionados para degradar óleo (PINTO, 2005).

2.6.3.8 Respostas Químicas Não-Dispersantes

Em (WALKERT et al, 1999 apud FERREIRA, 2006) têm-se uma descrição da

utilização de produtos químicos alternativos ao dispersante. Medidas de controle

químico (ou agentes de tratamento) são substâncias químicas que são adicionadas

ao óleo derramado para modificar suas propriedades físicas ou químicas, de tal

forma que o óleo seja mais facilmente controlado da maneira desejada. Os tipos

apresentados incluem: agentes aglutinantes, desemulsificantes, solidificantes,

modificadores de elasticidade, e para limpeza de linha de costa (FERREIRA, 2006).

2.6.3.9 Dispersão Química

Dispersantes são formulações químicas com um ingrediente ativo chamado

surfactante. Surfactantes são produtos químicos, especificamente desenvolvidos,

115

com o objetivo de reduzir a tensão interfacial óleo-água e auxiliar na criação de

gotículas de óleo. Essas gotículas, que aumentam a superfície de óleo exposta à

água, se entranham na coluna d’água, facilitando a biodegradação e a dispersão

(AMSA, 2005 apud FERREIRA,2006). Além dos surfactantes, os dispersantes

também são constituídos por solventes da parte ativa que permitem a sua difusão no

óleo (LANZILLOTTA, 2008).

Dispersantes podem ser aplicados em corpos d’água por uma variedade de

métodos: embarcações (para pequenos derramamentos em portos ou águas

confinadas), aeronaves pequenas mono-motor e helicópteros (derramamentos de

médio porte e áreas próximas à costa) e aviões grandes (grandes derramamentos

em mar aberto) (FERREIRA, 2006).

A eficiência do dispersante está relacionada, principalmente, aos processos de

intemperização do óleo no mar, que diminuem a eficiência desses agentes químicos.

Dessa forma, sua aplicação deve ser realizada durante as operações iniciais do

atendimento, preferencialmente nas primeiras 24 horas (CETESB, 2007 apud

CARDOSO, 2007).

Segundo o Oil Spill intelligence Report (apud ETKIN, 1998), 37.5% das

respostas à vazamentos por óleo nas últimas três décadas envolveram a utilização

de dispersantes, 60.5% contaram com técnicas de contenção e recolhimento e

43.4% tiveram métodos de remoção manual. Em 17.2% de todas as respostas e em

45.8% das respostas que incluíram a utilização de dispersantes, sua utilização foi a

única metodologia empregada.

A utilização conjugadas destas metodologias ocorreu porque os dispersantes

foram aplicados muitas vezes em grandes vazamentos de óleo.

Quadro 2-32 - Metodologias de limpeza utilizadas no passado em vazamentos de óleo (fonte: ETKIN, 1998)

Método de Resposta Percentuais

Dispersantes 37.5%

Biorremediação 2.2%

In-situ burning (queima no local) 3.4%

Manuais (absorventes, pás) 43.5%

Contenção e Recolhimento 60.5%

Outros (incluindo dispersão natural) 5.2%

Dispersantes Químicos (Exclusivamente) 17.2%

116

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 Considerações iniciais

A proposta do modelo para o Sistema de Gestão de Emergência, tema deste

trabalho e apresentado no presente capítulo, foi elaborado com a compilação das

metodologias destacadas no Capítulo 2.

A organização dos subitens a seguir, baseia-se no modelo das normas ISO para

facilitar a apresentação de seu conteúdo.

3.2 Formulação Geral: Escopo, Aplicação e Requisitos Gerais

Para que Sistema de Gestão de Emergência de uma organização seja eficiente

é necessário que esteja integrado aos seus sistemas de gestão de rotinas,

segurança e processos. Isso ocorre mais facilmente quando a organização possui

uma abordagem e rotina de comunicação clara dos riscos existentes e das medidas

necessárias para sua mitigação e controle e com o envolvimento e

comprometimento da alta administração.

A Identificação e gestão dos riscos intrínsecos às atividades da organização

normalmente faz parte de requisitos legais e até outros subscritos pelas próprias

organizações, especialmente por serem situações que afetam e interagem com a

rotina de trabalho de seus colaboradores. Muitas vezes, entretanto essa abordagem

é superficial ou somente voltada a poucos aspectos e impactos das atividades,

deixando especialmente os riscos naturais subestimados. A preparação e resposta a

emergências, por sua vez, normalmente não é um fator percebido pelas pessoas

diretamente envolvidas na operação, especialmente quando apresentam uma baixa

frequência de ocorrência ou mesmo que nunca ocorreram naquela instalação ou

locação. Isso faz com que, muitas vezes as ações necessárias para a preparação e

resposta a emergência fiquem restritas aos atendimentos à requisitos legais (quando

existentes) e não sejam absorvidos pela rotina de gestão.

Isso faz com que os procedimentos, os recursos e a capacitação estabelecidos

para a minimização dos impactos da ocorrência de acidentes, especialmente os

menos frequentes, não sejam reavaliados, revisitados e melhorados. Em muitas

ocasiões, os procedimentos e recursos são alterados pela força de trabalho por

instruções repassadas entre eles e os planos e documentos associados não são

117

atualizados, o que pode gerar uma falsa sensação de segurança e da existência de

preparo para uma disseminada situação, quando na realidade ela não existe, ou se

existente não será mantida.

As emergências são comumente tratadas como uma consequência improvável e

indesejável das atividades de uma organização que tem uma diferente razão de ser,

ou seja, outra atividade fim. Toda a atenção das organizações é voltada,

normalmente, para a melhoria contínua do produto para a qual foi concebida.

A ausência de diretrizes claras e direcionamento de esforços por parte da

administração da organização, a falta ou insuficiência de requisitos legais e órgãos

fiscalizadores inadequados, não capacitados ou pouco frequentes são fatores que

fazem com que as organizações não preocupem-se com a Gestão de Emergência.

Nas décadas anteriores, as organizações experimentaram uma serie de

mudanças ocasionadas pela necessidade de melhoras suas políticas de segurança

e meio ambiente. Essas mudanças refletiram a pressão feita pela sociedade,

clientes, partes interessadas e órgãos reguladores e, portanto alavancaram seu

crescimento e sucesso, estabelecendo novos patamares de excelência através dos

Sistemas de Gestão Integrados.

O Sistema de Gestão de Emergência visa, portanto, fornecer uma base para que

as organizações possam organizar suas políticas e sistemas de gestão com a

finalidade de identificar e reduzir os riscos existentes em suas atividades, reduzir a

vulnerabilidade das comunidades e outras organizações em função destas

atividades, preparar-se para a resposta a emergências de forma a minimizar as

consequências de potenciais acidentes e promover a resiliência tanto da

organização como para das comunidades e outras organizações que possam ser

afetadas por essas emergências. O desenvolvimento da capacidade de resiliência

da organização comumente é atribuída ao Plano para Continuidade de Negócios.

O sistema foi desenvolvido para ser “expansível e adaptável” da escala de

pequenas emergências à desastres, aplicável a qualquer organização, independente

de seu tamanho ou atividade fim, tanto para unidades produtivas simples como para

organizações complexas. Além disso, pode ser adaptado para funcionar com

múltiplas organizações.

118

O processo de Gestão de Emergência foi organizado considerando o

intercâmbio por meio de produtos e subsídios entre suas etapas e fases, contando

com a participação dos diferentes atores e esferas envolvidas. Todo o processo é

orientado pelas diretrizes estabelecidas pelos administradores da organização, por

seus clientes, partes interessadas e sociedade, além da busca pelo atendimento aos

requisitos legais e outros subscritos pela organização. O atendimento a estas

diretrizes e a busca pela melhoria contínua de forma sistêmica são obtidas, através

de etapas subsequentes que respeitam o ciclo do “PDCA” (PLAN-DO-CHECK-ACT),

conforme ilustrado na figura abaixo.

DIRETRIZES

ALTA ADMINISTRAÇAO

CLIENTES

PARTES INTERESSADAS

SOCIEDADE

ÓRGÃOS REGULADORES

REQUISITOS LEGAIS E

REQUISITOS SUBSCRITOS

DEFINIÇÃO DA POLÍTICA, PRINCÍPIOS, OBJETIVOS, METAS, INDICADORES E DAS INTERFACES COM O SISTEMA DE GESTÃO DA ORGANIZAÇÃO

IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS, ANÁLISE DOS RISCOS E DE

VULNERABILIDADE

DEFINIÇÃO DOS RISCOS ACEITÁVEIS

AÇÕES DE MITIGAÇÃO

GERENCIAMENTO DOS RISCOS

AVALIAÇÃO DE CAPACIDADE DE RESPOSTA E RESILIÊNCIA

PLANEJAMENTO PARA ATUAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

DA CAPACIDADE

IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO

MANUTENÇÃO DA CAPACIDADE E PRONTIDÃO

ATUAÇÃO: EMERGÊNCIAS E SIMULADOS

RECUPERAÇÃO

ANALISE E INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

AVALIAÇÃO DA RESPOSTA E SIMULADOS

AUDITORIAS

AÇÕES PARA MELHORIA

DO SISTEMA

CAPACIDADE RESPOSTA

RECUPERAÇÃO RESILIÊNCIA

CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS

SATISFAÇÃO E ATENDIMENTO

ALTA ADMINISTRAÇAO

CLIENTES

PARTES INTERESSADAS

SOCIEDADE

ÓRGÃOS REGULADORES

REQUISITOS LEGAIS E

REQUISITOS SUBSCRITOS

DEFINIÇÃO DE PRIORIZAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO E

ACOMPANHAMENTO DAS MELHORIAS

ÓRGÃOS FEDERAIS, ESTADUAIS, MUNICIPAIS FORÇAS ARMADAS E SISTEMAS DE DEFESA CIVIL E CORPO DE BOMBEIROS

Legenda Planejar (Plan) Realizar (Do) Avaliar (Check) Implementar (Act)

Planejamento e Preparação

Desenvolvimento e Execução

Avaliação e Checagem

Implementação de Melhorias

Fases

Figura 3-1 - Sistema de Gestão de Emergência proposto

119

Outros atores envolvidos e em destaque no processo, são os órgãos

governamentais administrativos, em todas as esferas, além das forças armadas e de

defesa civil, partícipes da atuação nas emergências e diretamente envolvidos nas

ações de recuperação. Esses também podem ser encarados como alguns dos

clientes finais do processo.

Entretanto, mais uma vez, destaca-se a importância do comprometimento da

organização em todas as suas esferas, sobretudo da alta administração, visando

permitir que os esforços necessários para a implementação da Gestão de

Emergência sejam absorvidos pela rotina diária da organização. Isso faz com que a

força de trabalho dedique uma parcela de seu tempo a alguma (ou algumas) das

etapas, no esforço de preparar a organização e as partes vulneráveis. Uma forma de

demonstrar essa preocupação é pela definição e acompanhamento de indicadores

que reflitam e demonstrem a evolução do Sistema de Gestão de Emergência ao

longo do tempo. Para demonstrar o estímulo à participação da força de trabalho, a

direção pode estabelecer metas e prêmios em sua política de cargos e salários na

avaliação de desempenho, voltados a estes itens.

Assim como os demais sistemas de gestão, sua implementação se bem

sucedida gera benefícios mútuos para todos os envolvidos, inclusive clientes e

fornecedores. Esse sistema permite uma abordagem factual para a tomada de

decisão em todas as fases do empreendimento, uma vez que a organização

demonstra que está preparada para lidar com todas as tipologias acidentais

identificadas nas análises de risco.

Os componentes do Sistema de Gestão de Emergência são apresentados a

seguir, com suas etapas descritas em cada uma das quatro fases, sempre

obedecendo a seguinte composição mínima:

a) Descrição do item;

b) Entradas (subsídios) e saídas (produtos) da etapa; e

c) Orientações e pontos para verificação / atendimento.

120

3.3 Definições iniciais para o Sistema de Gestão de Emergência

A alta administração da empresa deve estar presente nas definições iniciais, em

torno das quais todo o Sistema de Gestão de Emergência é montado. Inicialmente é

importante estabelecer a política e os objetivos e metas para o Sistema de Gestão

de Emergência na organização. Tanto a política quanto os objetivos devem estar

alinhados e refletidos com a política e objetivos gerais da organização, sendo

enxergados pelo sistema de gestão da empresa.

A política pode ser definida como o conjunto dos meios que permitem alcançar

os efeitos desejados, ou seja, os objetivos. Desta forma, a política fornece o

arcabouço para o estabelecimento e análise crítica dos objetivos. Para isso, deve

ser condizente e suficiente levando em conta a natureza, escala e impactos

potenciais previstos para as atividades, produtos e serviços.

Os objetivos devem complementar outros objetivos da organização e devem ser

sempre mensuráveis, contendo informações como: onde estamos; o que se quer

melhorar; o quanto se quer melhorar; e até quando é esperado que se alcance este

resultado.

A definição da política e dos objetivos deve observar ainda a conformidade com

requisitos legais e outros subscritos pela organização, requisitos dos clientes e das

partes interessadas, assim como demonstrar preocupação com os interesses da

sociedade. A participação da alta administração, das partes interessadas e dos

clientes na definição da política e dos objetivos deve ficar evidente e registrada, quer

seja diretamente em sua elaboração quer seja na sua aprovação.

Ambos (política e objetivos) devem ser periodicamente analisados criticamente

para assegurar que permanecem apropriados à atual realidade da organização,

observando as mudanças na organização e de contexto sociocultural e legal da

sociedade e órgãos reguladores, assim como acidentes / incidentes ocorridos ao

longo dos anos.

Associada a definição dos objetivos está o estabelecimento das metas, dos

princípios e indicadores do sistema, que servem como base para acompanhamento

e verificação de sua melhoria ao longo do tempo. Os indicadores gerais do sistema

podem ser compostos por vários outros parciais de suas etapas, devem ser claros e

quantificáveis e refletir parâmetros importantes destacados na política e objetivo da

121

organização. Uma melhor gestão é obtida quando existem metas definidas e

objetivos mensuráveis para guiar as ações de gestão de emergência e prover uma

visão de valores e critérios que determinam suas prioridades.

Nesta etapa, devem ser determinados os processos necessários para que os

objetivos sejam atingidos, ficando claras as atribuições e responsabilidades, funções

e autoridades de todos os envolvidos, sobretudo considerando cada uma das etapas

necessárias para uma Gestão de Emergência eficiente. É aconselhável que a alta

direção nomeie representante da administração para auxiliar na gestão e mantê-la

informada. Definições como alterações e interferência de outras políticas internas,

sistemas, estratégias, acordos e procedimentos devem ser observados para

direcionar os indivíduos a trabalharem para o alcance das metas e com isso

estabelecer estrutura de gestão e operação para obter os resultados e alcançar os

objetivos.

Para que a organização seja capaz de atingir seus objetivos e metas é

importante que estabeleça procedimentos para determinar como são fornecidos /

disponibilizados os recursos financeiros necessários para: definir e garantir

capacitação da força de trabalho; para comunicar internamente as decisões e

Política do SGE

Política

Objetivos e Metas

Natureza, escala e impactos potenciais previstos as atividades, produtos e serviços Organização

Requisitos subscritos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Resultados da análise crítica

Objetivos e Metas do SGE

Quem Insumo Resultado

Figura 3-2 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase inicial na definição da política do SGE

122

prioridades entre os vários níveis e funções da organização; e assegurar que os

documentos permaneçam legíveis e prontamente identificáveis e acessíveis.

Para estruturar e manter o Sistema de Gestão de Emergência, a organização

deve identificar e atender aos requisitos legais aplicáveis a cada uma de suas

etapas e fases da Gestão de Emergência. Entretanto, para um processo de melhoria

contínua, é importante que a organização defina requisitos próprios, a medida que

evolua e amadureça. É importante assegurar que os requisitos legais e outros

subscritos sejam considerados no estabelecimento, implementação e manutenção

do sistema de gestão. A determinação das necessidades e expectativas dos clientes

e partes interessadas é um importante mecanismo para a definição destes requisitos

próprios.

A maioria das diretrizes estabelecidas nesta fase permeiam todo o processo e

influenciam as demais fases e etapas do Sistema de Gestão de Emergência, mas a

recíproca também é verdadeira. Os resultados obtidos nas fases e etapas do

Sistema de Gestão de Emergência devem ser devidamente registrados,

documentados e avaliados e, em seguida as ações de melhoria apontadas devem

retroalimentar todo o sistema, auxiliando na avaliação da política e dos objetivos

previamente estabelecidos, fazendo com que a informação percorra um circuito de

planejamento, implementação, medição e avaliação, análise crítica e melhoria.

Sequencialmente é fundamental estabelecer métodos baseados no

acompanhamento dos indicadores e nas ações para melhoria sugeridas para medir

a eficácia. Na identificação das ações de melhoria, também é importante que as

partes interessadas forneçam insumos (entradas) para a organização, assim como

esta se preocupe com o monitoramento da satisfação das partes interessadas.

O Sistema de Gestão de Emergência deve definir claramente os atores e papéis

dentro de seus processos e fases e considerar também todas as fases do ciclo de

vida do empreendimento, da concepção do projeto, passando por sua implantação e

funcionamento até sua desativação.

A eficiência do sistema de gestão está ligada a capacidade de envolver as

partes interessadas e alta administração; de avaliar (e reavaliar) a situação e definir

objetivos e metas; de elaborar políticas e estratégias; de fazer a previsão

orçamentária, gerenciar e implementar as medidas; da capacidade técnica da equipe

123

e da instituição em avaliar e implementar as melhorias; e acompanhar e documentar

a evolução do sistema.

3.4 Fase de Planejamento e Preparação

Uma vez que a política e os objetivos e metas do Sistema de Gestão de

Emergência foram estabelecidos, os requisitos legais e os definidos pelos clientes,

pela própria organização e pela sociedade foram identificados, os procedimentos

iniciais foram estabelecidos com as definições de atribuições e responsabilidades e

a capacitação necessária, inicia-se a fase de planejamento e preparação.

3.4.1 Identificação de Perigos e Análise dos Riscos e de Vulnerabilidade

A organização deve possuir meios para identificar os riscos de suas atividades, o

sucesso do sistema de Gestão de Emergência está intimamente ligado à qualidade

da identificação dos perigos e análise dos riscos. É importante que a organização

defina os objetivos da identificação dos perigos, análise de riscos e de

vulnerabilidade e que estes estejam alinhados com os objetivos gerais do Sistema

de Gestão de Emergência.

Objetivos da identificação dos perigos, análise de riscos e de vulnerabilidade

Polít ica do GSE

Objetivos e Metas do SGE

Organização Requisitos subscritos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Resultados da análise crítica

Quem Insumo Resultado

Figura 3-3 - Responsáveis, Insumos e Produtos na definição dos objetivos da análise de risco e de vulnerabilidade

124

A identificação dos perigos deve ser a mais completa possível, visando levantar

todos os perigos existentes, sem inicialmente preocupar-se com avaliação de sua

significância, seja por frequência de ocorrência, seja por sua severidade ou impactos

esperados. É aconselhável que a metodologia leve em consideração estudos e

levantamentos sobre a percepção de riscos da força de trabalho.

Após a identificação dos perigos é importante que os riscos associados a cada

perigo sejam analisados. A análise consiste em duas etapas. A primeira é conhecer

os tipos de risco de acordo com a probabilidade de ocorrerem e os níveis de

intensidade, fornecendo informações preciosas sobre o tipo e escala mais prováveis

de uma situação de emergência ou acidente. Para compreender esses fatores a

organização deve possuir, ao menos, duas fontes: dados históricos de organizações

que realizam atividades similares e o histórico da própria organização. É importante

dar indicações claras sobre os cenários resultantes e esperados para cada uma das

situações de risco, para servir de insumo para as próximas etapas como a análise

de vulnerabilidade e resiliência.

A segunda parte da análise requer conhecer as áreas e recursos que correm

risco de dano, e uma análise da perda que pode ocorrer em função dos eventos

identificados. Quando os risos conhecidos são associados aos seus potenciais

impactos para os indivíduos, para a organização, para a comunidade e para a

sociedade internacional, o resultado final é o conhecimento da vulnerabilidade

destas esferas. A análise de vulnerabilidade deve considerar a natureza, escala e

impactos potenciais previstos para as atividades, produtos e serviços da

organização. Para isso, é importante um conhecimento suficiente de cada uma das

esferas potencialmente afetadas. E importante realizar levantamentos sócio-

ambientais e sócio-econômicos em escala apropriada aos impactos.

A avaliação dos perigos, análise dos riscos e de vulnerabilidade devem refletir os

objetivos da análise de risco. Outros requisitos subscritos como o atendimento a ISO

31000:2009 podem auxiliar no direcionamento dos esforços desta etapa.

125

A análise de vulnerabilidade deve ser preferencialmente realizada por entidade

independente (de terceira parte, contratada para esse fim) e observar metodologias

consagradas para colocar lado a lado informações socioeconômicas, culturais e

ambientais e os cenários levantados na análise de risco de forma a permitir uma

avaliação dos impactos de cada um deles.

Objetivos da Identificação de perigos, Análise de riscos e de vulnerabilidade

Organização

Requisitos subscritos

Resultados da análise crítica

Quem Insumo Produto

Histórico de atividades correlatas

Metodologias para análise

Critérios para definir fronteiras

Responsáveis pela realização e aprovação

Critérios de aceitação dos riscos

Informações dos projetos, produtos e empreendimentos

Revisão de projetos, produtos e empreendimentos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Levantamento de todos os perigos existentes

Percepção de riscos

Histórico da organização

Força de Trabalho

Investigação e Análise de acidentes

e incidentes Novos cenários : Análise do Previsto x Ocorrido

Informações de frequência e severidade

Cenários Acidentais (frequência esperada de ocorrência, extensão dos

impactos e consequências previstas)

Análise de Risco

Impactos para a propriedade, vida e meio ambiente das atividades,

produtos e serviços

Figura 3-4 - Responsáveis, Insumos e Produtos esperados na Realização da Análise de Riscos

126

Observando a frequência, os impactos esperados e a vulnerabilidade dos

potenciais afetados é possível verificar se este risco é considerado aceitável ou não.

A definição do risco aceitável deve considerar as diretrizes da sociedade, das partes

interessadas e da alta administração e observar o atendimento aos requisitos legais

existentes. O risco aceitável deve ser condizente com a política é os objetivos

estabelecidos para o Sistema de Gestão de Emergência.

A análise de riscos e de vulnerabilidade deve ter níveis de aprovação,

envolvendo ao menos e não ficando restrita a área operacional, gerencial e

executiva. É importante o envolvimento dos órgãos reguladores, militares e de

Objetivos da Identificação de perigos, Análise de riscos e de vulnerabilidade

Organização

Requisitos subscritos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Resultados da análise crítica

Quem Insumo Produto

Informações da Análise de Residência e recuperação da comunidade

Definição do Risco Aceitável

Investigação e Análise de acidentes e incidentes

Informações que das perdas e alterações previstas no cotidiano de acordo com os cenários previstos para as atividades

Comparação resiliência prevista x praticada pela comunidade e organização

Capacidade de resposta existente e limitações das técnicas, recursos e estratégias de resposta na mitigação dos impactos gerados pelos cenários

Critérios para aceitabilidade

Análise de Risco e de Vulnerabilidade

Vulnerabilidade da organização e da circunvizinhança

Figura 3-5 - Responsáveis, Insumos e Produtos esperados na Definição do Risco Aceitável

127

defesa civil especializados, como parte consultada mesmo que não existam

exigências quanto a isso.

Os procedimentos estabelecidos pela organização para orientar a identificação

dos perigos e análise de risco e vulnerabilidade devem contemplar minimamente as

metodologias utilizadas, os critérios para a definição das fronteiras das análises e

levantamentos, os responsáveis pela realização das análises e levantamentos e pela

aprovação destes assim como os critérios considerados para a classificação dos

riscos como aceitáveis ou não. Além destes itens, devem apresentar a periodicidade

prevista para a revisão e como são aplicados levando em consideração todas as

fases do ciclo de vida do empreendimento a que se destinam ou da organização.

Análise de Riscos

Análise de Vulnerabilidade

Objetivos da Identificação de perigos, Análise de riscos e de vulnerabilidade

Organização

Requisitos subscritos

Resultados da análise crítica

Quem Insumo Produto

Informações da Residência e Recuperação da comunidade

Cenários Acidentais com Frequencia e Severidade

Metodologias para análise

Critérios para definição das fronteiras da análise

Responsáveis pelas análises e pela aprovação

Investigação e Análise de acidentes e

incidentes

Levantamentos sócio-ambientais e sócio-econômicos Empresa de 3ª parte

Vulnerabilidade da organização e da circunvizinhança

Pontos de maior vulnerabilidade da organização e da circunvizinhança

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Figura 3-6 - Responsáveis, Insumos e Produtos esperados na Análise de Vulnerabilidade

128

Para a revisão da análise de riscos e vulnerabilidade, a organização deve

possuir uma sistemática para registro e investigação de acidentes e incidentes que

são considerados como insumos fornecidos pela fase de execução do Sistema de

Gestão de Emergência e aumentam o conhecimento específico das atividades da

organização. Desta forma, a organização deve zelar pela identificação contínua de

perigos, a avaliação de riscos e a determinação dos controles necessários

(conforme será apresentado no item a seguir). É aconselhável a estruturação de um

banco de dados para as grandes organizações e que organizações com atividades

correlatas organizem-se para compartilhar informações.

Outro gatilho importante para a revisão da identificação dos perigos e da análise

de riscos e de vulnerabilidade é a realização de mudanças na organização, no

sistema de gestão, ou em suas atividades, necessariamente antes da introdução de

tais mudanças.

Os critérios para definição do risco aceitável por sua vez, devem ser

retroalimentados com informações da revisão da análise de vulnerabilidade, da

análise de resiliência e de ocorrências reais. A análise de vulnerabilidade permite

uma melhor compreensão dos impactos previstos para a circunvizinhança,

materializando as potenciais perdas e alterações que um eventual acidente geraria

no cotidiano e, desta forma observar se essas são aceitáveis em função da

frequência de ocorrência. A análise de resiliência e a observação dos impactos e da

efetiva resiliência da organização e da comunidade após uma ocorrência real podem

afetar os critérios de risco aceitável. Informações da atuação das equipes de

resposta e da capacidade de resposta também podem afetar a definição do risco

aceitável, já que a atuação na resposta a um evento tem limitações, sobretudo

técnicas e tecnológicas.

3.4.2 Gerenciamento dos Riscos

A etapa de gerenciamento dos riscos contempla os esforços organizados e

planejados que a instituição faz para prevenir, reduzir a probabilidade de ocorrência

ou os impactos de um evento indesejado. A redução dos impactos prevista nesta

Etapa se dá preferencialmente pela intervenção na fonte do risco e não pela atuação

após ocorrência do acidente / incidente – que é objeto da etapa de Planejamento de

129

Atuação e Desenvolvimento da Capacidade. Essas intervenções são realizadas por

ações de mitigação e controle.

As ações de mitigação e controle visam prevenir ou impedir a ocorrência de um

desastre futuro, pela eliminação ou redução dos riscos ou pela redução as

consequências geradas. Essas ações podem ser estruturais (ligadas gerenciamento

dos riscos “físicos” e engenharia) e não estruturais (como a limitação do uso e

acesso a áreas de riscos, baseado em medidas regulatórias ou procedimentos da

organização). O sucesso das ações de mitigação está relacionado com a

capacidade da organização de identificar os impactos para a propriedade, vida e

meio ambiente de suas atividades, produtos e serviços, que ela possa controlar ou

influenciar. E importante que as medidas e ações necessárias para a mitigação do

risco sejam iniciadas nesta etapa e finalizadas antes da atividade prevista pela

organização.

É importante, mais uma vez que a política da organização para a gestão de

riscos seja registrada e transcrita em procedimentos, assim como as diretrizes gerais

para essa gestão. Esse procedimento deve apresentar a definição do que a

organização quer alcançar e os fatores externos e internos que podem influenciar na

obtenção de seus objetivos, estabelecendo com isso o contexto da sua gestão de

riscos.

Esta etapa tem importante função no objetivo de tornar a gestão de emergência

uma parte integral de um processo muito maior para redução de riscos,

desenvolvido para reduzir a ocorrência e/ou duração de eventos extremos. Para

isso, a política de gestão de riscos deve ser integrada à filosofia de gestão da

organização, pois precisa estar alinhada com os objetivos estratégicos da empresa.

Nesta abordagem a organização irá concentrar as atividades de redução dos riscos

nas ações para sua mitigação e não nas etapas de resposta a emergência e

recuperação.

130

Os riscos que não atendam os critérios de aceitabilidade estabelecidos devem

ser obrigatoriamente tratados para que atendam a estes requisitos. Os riscos que

atendam os critérios também devem ser analisados observando as possibilidades de

redução de sua severidade.

As medidas de mitigação dos riscos não estruturais devem ser propostas e

organizadas para reorientar as atividades de maior risco, com o objetivo de fazer

com que a força de trabalho realize essas atividades de forma diferente, visando

evitar os riscos. Para atingir este objetivo a comunicação dos riscos é uma etapa

importante e deve contar com o envolvimento direto da alta administração. Todos,

direta ou indiretamente afetados devem ser comunicados dos riscos do

empreendimento / organização.

As medidas de mitigação e controle estabelecidas devem ficar registradas e

terem acompanhamento especial e constante, visando analisar sua adequação e

retroalimentar a gestão de riscos da empresa.

Entretanto, mesmo com a adoção de medidas para a mitigação dos riscos

identificados na etapa de gerenciamento de riscos, a possibilidade de ocorrência de

acidentes / incidentes continuará existindo. Os novos cenários acidentais, já

considerando a influência das medidas mitigadoras devem ser registrados como os

esperados para a organização / empreendimento e comunicados a todas as partes

Política da organização para a Gestão de Riscos

Metas e contexto da Gestão de Riscos

Polít ica do SGE

Objetivos e Metas do SGE

Organização Requisitos subscritos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Resultados da análise crítica

Quem Insumo Resultado

Figura 3-7 - Responsáveis, Insumos e Produtos na definição da política, objetivos, metas e contexto para a Gestão de Riscos

131

interessadas, clientes e sociedade (minimamente). A etapa de gerenciamento dos

riscos sinaliza através dos cenários acidentais a capacidade de resposta que deve

existir para reduzir as consequências de um acidente e promover a recuperação da

organização e da parcela da sociedade que pode ser afetada.

A indicação de medidas para planejamento da recuperação pós-desastre de

áreas potencialmente afetadas é um importante produto da mitigação. Para tanto,

ações para acelerar a recuperação como, por exemplo, investimentos na área de

infraestrutura, devem ser indicadas como subsídio para a etapa de avaliação de

capacidade e resiliência. Essa abordagem, quando aplicada, acelera a recuperação

das comunidades e promove maior resiliência, porém requer um desenvolvimento e

envolvimento maior destas comunidades, autoridades e iniciativa privada.

Organização

Requisitos subscritos

Resultados da análise crítica

Quem Insumo Produtos

Análise de Risco e de Vulnerabilidade

Critérios de aceitação dos riscos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Investigação e Análise de Acidentes e incidentes

Novos cenários: Análise do Previsto x Ocorrido

Informações de frequência e severidade

Cenários Acidentais

Política, metas e contexto da Gestão de Riscos

Eliminação ou redução dos riscos e/ou das consequências

geradas e/ou da duração de eventos extremos / acidentes

Impactos para a propriedade, vida e meio ambiente das atividades, produtos e serviços

Medidas estruturais Necessárias

Orientações / procedimentos para atividades de com maior

risco

Cenários Acidentais

Desempenho das medidas mitigadoras anteriormente estabelecidas

Acompanhamento das medidas de mitigação

Comparação: consequências previstas x reais

Gerenciamento dos Riscos

Necessidade de possuir capacidade para resposta –

Resposta para quê?

Necessidade promover ações de recuperação da organização e da parcela da sociedade que

potencialmente afetada

Indicadores para acompanhamento de ações de

mitigação

Ações de mitigação

Figura 3-8 - Responsáveis, Insumos e Produtos esperados no Gerenciamento dos Riscos

132

A cada novo ciclo de revisão da análise de riscos as medidas de gerenciamento

devem ser igualmente revistas, considerando a existência de novos cenários ou

modificações nos anteriores. A revisão das medidas de gerenciamento de risco deve

considerar informações da investigação do acidente, especificamente quanto ao

funcionamento / adequação das medidas mitigadoras anteriormente estabelecidas e

a comparação entre as consequências esperadas e previstas em função de sua

adoção.

Conforme mencionado anteriormente, informações fornecidas pelos indicadores

de acompanhamento das medidas de mitigação podem auxiliar na antecipação de

possíveis falhas destas e devem subsidiar sua revisão.

3.4.3 Avaliação da Capacidade de Resposta e Resiliência

Os objetivos desta etapa são identificar e mensurar a capacidade de resposta a

emergência e recuperação existentes e definir quais precisam ser alcançadas para

atingir os objetivos definidos. A Avaliação da Capacidade de Resposta e Resiliência

deve ser contínua, conduzida em diferentes pontos do ciclo de planejamento e

revisada com periodicidade definida (preferencialmente anual). A metodologia

utilizada para conduzir a avaliação deve ser definida pela organização,

estabelecendo claramente os responsáveis por conduzi-la e a periodicidade.

Uma vez que os cenários acidentais e suas consequências foram conhecidos na

Etapa de Gerenciamento de Riscos é necessário conhecer e avaliar a capacidade

de resposta existente para lidar com eles, assim como identificar a capacidade de

recuperação dos potencialmente afetados, com base nas consequências previstas.

133

A capacidade de recuperação deve ser estabelecida com o intuito de fazer com

que os sistemas retornem ao seu estado original ou melhorem. Essas ações podem

e devem ser previstas considerando seu tempo para implementação, sendo aquelas

que objetivam restabelecer os sistemas vitais de apoio a padrões operacionais

mínimos devem ser priorizadas e executadas em tempo adequado. Para uma

empresa ou indústria a capacidade de recuperação é associada à continuidade do

negócio.

Já a capacidade para resposta a emergência deve ser proporcional aos cenários

identificados, podendo mitigar seus impactos para as pessoas, meio ambiente e

propriedade.

A avaliação de capacidade atual da comunidade e da organização em lidar com

os riscos apresenta dois produtos: o inventário disponível e a necessidade de

adequação. O primeiro passo para obter estes resultados consiste em definir a

capacidade de resposta e de recuperação esperados / necessários, o segundo em

levantar a capacidade existente, o terceiro na comparação entre ambas, o quarto na

definição das ações necessárias para a adequação e o quinto no acompanhamento

Objetivos da Capacidade de

Resposta e Resiliência

Política do SGE

Objetivos e Metas do SGE

Organização Requisitos subscritos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Resultados da análise crítica

Quem Insumo Resultado

Eliminação ou redução dos riscos e/ou das consequências geradas e/ou da duração de eventos extremos / acidentes

Cenários Acidentais

Necessidade de possuir capacidade para resposta – Resposta para quê? Gerenciamento dos Riscos

Figura 3-9 - Responsáveis, Insumos e Produtos na definição dos objetivos da capacidade de resposta e resiliência

134

das ações para adequação. O terceiro, quarto e quinto passos podem ocorrer

concomitantemente à Fase de Planejamento e Atuação (próxima etapa desta Fase).

A definição da capacidade de resposta e de resiliência necessárias é feita

observando informações das consequências esperadas dos cenários (análise e

gerenciamento de riscos) e da análise de vulnerabilidade, considerando sempre o

histórico e lições aprendidas de respostas da organização e de outras com

atividades correlatas.

Organização

Requisitos subscritos

Resultados da análise crítica

Quem Insumo Produtos

Análise e Gerenciamento

Risco e de Vulnerabilidade

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Investigação e Análise de Acidentes

e incidentes e atuação em

emergências e Simulados

Análise do Previsto x Ocorrido

Objetivos da Capacidade de Resposta e Resiliência

Impactos e vulnerabilidade da propriedade, vida e meio ambiente das atividades, produtos e serviços

Medidas estruturais Necessárias

Cenários Acidentais

Resposta para quê?

Definição da capacidade necessária

Capacidade de Resposta e de Resiliência que

precisam ser alcançadas

Identificação de oportunidades para melhoria: incremento da capacidade

Avaliação da adequação das estratégias, treinamentos e recursos existentes

Tempo necessário para recuperação (previsto x realizado)

Avaliação da recuperação (foi possível o retorno às condições pré-acidente)

Avaliação da capacidade

(monitoramento de indicadores)

Lições aprendidas de respostas de organizações com atividades correlatas

Figura 3-10 - Responsáveis, Insumos e Produtos para a definição da capacidade necessária

135

Como o levantamento de perigos, análise e gerenciamento de riscos e de

vulnerabilidade consideraram uma abordagem de levantamento de todos os perigos,

identificação e aplicação de medidas para mitigação de todos os riscos,

independente de sua categorização ou aceitabilidade, e todos os atores e partes

interessadas foram envolvidos e considerados, as ações de resposta identificadas

como necessárias e a necessidade de resiliência apontada possuem um caráter de

integração muito grande. Por serem etapas complexas, consecutivas e que se

retroalimentam, o sucesso de uma depende que a anterior seja executada de forma

satisfatória.

Para alcançar a capacidade de resposta e a resiliência desejadas são

necessárias ações que vão do estabelecimento de procedimentos até a

disponibilização de recursos humanos e materiais e ações para reforçar / criar

infraestrutura. O plano de ação que determina as medidas é ações necessárias para

atingir a capacidade necessária e denominado Plano para o Desenvolvimento da

Capacidade. Estas ações possuem diferentes prazos de implementação / execução

e, considerando sua importância é necessário o monitoramento contínuo e avaliação

do progresso, observando a existência de indicadores ajudam a criar uma base

sólida para um planejamento em longo prazo.

Pode ser necessário que o dono do negócio determine e monitore a

conformidade legal ou a requisitos financeiros e acordos governamentais. O

processo através do qual a prontidão é avaliada e monitorada muda à medida que o

Organização

Quem Insumo Produtos

Avaliação da capacidade de resposta e de resiliência:

existente x necessária

Metodologia utilizada para avaliação

Ações necessárias para a adequação – Plano para o

Desenvolvimento da Capacidade

Acompanhamento das ações para adequação

Identificação da Capacidade Existente

Capacidade existente

Capacidade em desenvolvimento

Responsáveis pelas análises e pela aprovação

Definição da capacidade necessária

Capacidade de Resposta e de Resiliência que precisa ser alcançada

Avaliação de Capacidade e

Resiliência

Figura 3-11 - Responsáveis, Insumos e Produtos na avaliação de capacidade e resiliência

136

projeto progride, de uma fase de planejamento do plano de resposta para sua

implementação até a fase de operação que continua durante o ciclo de vida de todo

o projeto.

Além de ser uma ferramenta fundamental para acompanhamento da evolução

da capacidade de resposta e de resiliência, o monitoramento de indicadores tem

papel importante na identificação melhoria da capacidade. A medida que as ações

para a melhoria e incremento da capacidade identificadas são implementadas, o

monitoramento permite verificar se o desenvolvimento da capacidade está seguindo

o rumo correto ou necessita de correção.

A avaliação da capacidade de resposta e de resiliência também é possível após

eventos reais, onde todo o planejamento e desenvolvimento são colocados à prova.

Os resultados da adequação das estratégias, treinamentos e recursos existentes

comparados com o que era previsto são fundamentais para a melhoria da

capacidade.

A análise de resiliência, por sua vez, pode fornecer subsídios para a mitigação

do risco, aumentando a resiliência da comunidade e da organização, fazendo com

que o risco torne-se aceitável.

A observação casada de informações da vulnerabilidade, da resiliência e das

ações de gerenciamento de riscos fornece informações preciosas sobre a

especificação e localização de recursos para a resposta.

Organização

Quem Insumo Produtos

Metodologia utilizada para avaliação Identificação da Capacidade de resposta

e de resiliência

Capacidade existente

Capacidade em desenvolvimento Responsáveis pelas análises e pela aprovação

Figura 3-12 - Responsáveis, Insumos e Produtos na identificação da capacidade de resposta e de resiliência

137

3.4.4 Planejamento de Atuação e Desenvolvimento da Capacidade

O Planejamento para Atuação é o momento onde o plano de resposta a

emergência é elaborado, considerando todos os cenários decorrentes da análise de

riscos. O planejamento, entretanto, é uma etapa sistêmica que deve contar com a

integração de diversos fatores e agentes – individual (a indústria), local (outras

empresas e a comunidade) e nacional (a sociedade). É na etapa de planejamento

que a organização deve prever e buscar alternativas para disponibilizar os recursos

financeiros necessários para a implementação e manutenção da capacidade e

prontidão, indicando inclusive como devem ser utilizados.

A diferença entre a capacidade existente e necessária é melhor detalhada e

compreendida quando esta etapa é iniciada, pois ao elaborar os planos, os cenários

acidentais e suas consequências são colocados lado a lado com a capacidade

existente. Por esse motivo, o Planejamento para Atuação e o Desenvolvimento da

capacidade devem ocorrer simultaneamente e contemplar todas as etapas do

empreendimento e os riscos identificados - todos devem constar nos planos de

emergência.

Quando a diferença entre a capacidade existente e a necessária é observada,

ações devem ser tomadas pelos governos, organizações, e indivíduos para

desenvolver capacidade operacional e facilitar uma efetiva recuperação e resposta à

emergência, visando salvar vidas, reduzir os danos causados e promover a

recuperação da organização e da comunidade – essas ações consistem no

Desenvolvimento da Capacidade. O desenvolvimento da capacidade, portanto é

uma etapa consecutiva a avaliação da capacidade onde o esforço da organização é

direcionado para obtenção da capacidade necessária, identificada nas etapas e

fases anteriores e ratificada nesta. O Plano para o Desenvolvimento da Capacidade,

elaborado na etapa de Avaliação de Capacidade de Resposta e Resiliência é o

principal insumo para isso.

Cabe ressaltar, entretanto, que as ações previstas no plano de desenvolvimento

da capacidade são contínuas e interruptas, executadas durante todo o ciclo de vida

da organização e seus empreendimentos, visando promover e implementar as

melhorias observadas para que a capacidade de resposta e recuperação e

consequentemente os planos e procedimentos existentes estejam adequados as

consequências previstas.

138

O Desenvolvimento da Capacidade desta forma atua em todos os níveis e

esferas da organização, concretizando as ações de preparação para a resposta e

recuperação necessárias. Ao contemplar atividades para desenvolver e promover a

capacidade de recuperação das comunidades, por exemplo, a organização assume

uma importante parcela de responsabilidade na reconstrução e restituição. Durante

a Fase de Planejamento e Preparação, as ações de Desenvolvimento de

Capacidade para a Recuperação são direcionadas para dois pontos distintos:

minimizar os impactos (apontadas e desenvolvidas no gerenciamento dos riscos) e

acelerar e promover a recuperação. As medidas e formas de compensação para os

direta e indiretamente afetados também devem ser estudados e previstos nesta

fase, observando os impactos esperados após as medidas mitigadoras, a análise de

vulnerabilidade e de resiliência.

Organização

Requisitos subscritos

Resultados da análise crítica

Quem Insumo Produtos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Objetivos da Capacidadede Resposta e Resiliência

Monitoramento de indicadores: Identificação de necessidade de incremento da capacidade

Lições aprendidas de respostas de organizações com atividades correlatas

Avaliação de Capacidade e

Resiliência

Reavaliação da capacidade (simulados e emergências)

Desenvolvimento da Capacidade

Capacidade de resposta e resiliência satisfatórias

Ações necessárias para a adequação – Plano para o Desenvolvimento da Capacidade

Recursos financeiros

Definição da Periodicidade / Necessidade de Revisão e Responsáveis por realizá-las

Ações para desenvolver capacidade*

*Ações iniciadas nesta fase, porém realizadas durante toda a vida útil do empreendimento / organização, uma vez que são continuamente revisadas para melhor adequarem-se as situações previstas

Figura 3-13 - Responsáveis, Insumos e Produtos para o desenvolvimento da capacidade

139

O desenvolvimento de capacidade dos indivíduos envolvidos merece especial

atenção. Os planos traçados devem contemplar as habilidades e o conhecimento

intrínseco às pessoas que necessitam ser desenvolvidos por educação formal,

treinamentos, pelo desempenho da atividade e experiência e ampliado pela

orientação e troca de experiências e práticas comunitárias.

Uma vez que as ações para o Desenvolvimento da capacidade de resposta e

resiliência estão em andamento para que atinjam níveis considerados satisfatórios –

segundo os critérios da organização, legais e das partes interessadas – eles devem

ser organizados na forma de plano (ou planos) de emergência. A responsabilidade

pela compilação e aprovação deste documento na organização devem ser

identificadas e estabelecidas previamente. A sequência de sua análise e aprovação

deve envolver, ao menos, componentes da estrutura de resposta e representantes

da alta administração da organização.

O Planejamento para Atuação, consolidado nos planos e procedimentos deve

contemplar, porém não manter-se restrito a: identificação de recursos críticos e

planos para seu gerenciamento; o desenvolvimento de acordos necessários entre as

agências de resposta (municipais, estaduais e governamentais); alternativas para

disponibilização de recursos financeiros adicionais; definição e instalação dos

sistemas de alerta; instalação de centros de resposta à emergências; elaboração de

plano de comunicação de emergência; definição da política de informação pública;

necessidade e periodicidade de treinamentos e exercícios – incluindo recursos

humanos da comunidade; dimensionamento e instalação de facilidades para apoio a

emergência e proteção; e elaboração de planos de evacuação.

As técnicas de resposta utilizadas, os recursos necessários para isso e suas

condições de utilização também devem receber especial atenção no plano. Um

plano de resposta adequado deve incluir informações a respeito das condições para

a aplicação de cada técnica, procedimentos para sua realização e considerações a

respeito da limitação dos recursos (humanos e materiais), assim como considerar a

distribuição e treinamentos destes recursos, sempre os relacionando as técnicas de

resposta.

A medida que o Sistema de Gestão de Emergência evolui, os diversos planos

existentes vão sendo integrados de maneira a tornar-se complementares. Quanto

maior for o envolvimento das agências reguladoras e órgãos governamentais mais

140

rápida e mais eficiente será essa integração. É aconselhável, entretanto, que as

organizações, por iniciativa própria busquem a integração de seus planos, sobretudo

aquelas que dividem o mesmo site ou possuam regiões de influência (áreas

vulneráveis) coincidentes.

A metodologia de Planejamento de Atuação e Desenvolvimento da Capacidade

da organização, dentro de seu Sistema de Gestão de Emergência deve prever

claramente as formas e gatilhos para a análise dos planos. É de suma importância

que os planos sejam praticados, testados e melhorados ao longo do tempo, para

isso, a organização deve definir a periodicidade em que isso é feito. A análise critica

periódica e, caso necessária, a revisão dos procedimentos para preparação,

resposta e da necessidade de desenvolvimento da capacidade devem ocorrer,

minimamente, após situações reais e após a realização de um ciclo de simulados

(definido pela organização como adequados para fornecer subsídios para a revisão).

Durante a Etapa de Recuperação (pós-desastre), oportunidades significativas de

redução dos impactos de futuras emergências para a vida da comunidade são

identificadas e devem retroalimentar a fase de planejamento, pela identificação de

ações para mitigação. Existe uma grande similaridade entre os programas de

recuperação e os de mitigação. Para que ações preventivas de planejamento e

regulamentação sejam efetivas, elas devem buscar informações nas ações de

recuperação necessárias, e como poderiam ser evitadas ou aceleradas

proporcionando uma retroalimentação pós-desastre que também é pré-desastre.

O Sistema de Gestão de Emergência por sua vez deve ter outras formas de

avaliação e checagem além da avaliação da atuação em emergências e simulados.

Para isso, durante a Etapa de Planejamento a organização deve prever e definir os

procedimentos para realização de auditorias e também de análise e investigação de

acidentes. Apesar de serem definidos na Fase de Planejamento, as três formas de

avaliação do Sistema de Gestão de Emergência são descritas nas etapas da Fase

de Avaliação e Checagem.

141

Quem Insumo Produtos

Análise e Gerenciamento

Risco e de Vulnerabilidade

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Análise do Previsto x Ocorrido

Impactos e vulnerabilidade da propriedade, vida e meio ambiente das atividades, produtos e serviços

Cenários Acidentais

Avaliação dos planos e procedimentos de resposta e recuperação

Avaliação da recuperação (foi possível o retorno às condições pré-acidente)

Desenvolvimento da Capacidade

Planos e procedimentos para resposta: salvar vidas, reduzir os danos causados e promover a recuperação da

organização e da comunidade

Revisão dos procedimentos e planos

Identificação de ações para mitigação e redução dos impactos de futuras emergências

Necessidade de medidas e formas de compensação

Organização

Requisitos subscritos

Resultados da análise crítica

Polít ica, Objetivos e Metas do SGE

Lições aprendidas de respostas de organizações com atividades correlatas

Definição da Periodicidade / Necessidade de Revisão e Responsáveis por realizá-las e por aprovar os planos

Capacidade de resposta e resiliência consideradas satisfatórias

Monitoramento de indicadores: Identificação de necessidade de incremento da capacidade

Reavaliação da capacidade (simulados e emergências)

Informações Técnicas a respeito dos equipamentos e materiais de resposta

Descrição dos treinamentos e exercícios necessários

Definição do posicionamento dos

equipamentos e instalação de centros de resposta à

emergências

Planejamento para Atuação

Planos para o gerenciamento dos

equipamentos

Acordos com as agências de resposta (municipais,

estaduais e governamentais)

Definição dos sistemas de alerta

Técnicas de resposta utilizadas, recursos

necessários e condições de utilização

Possibilidade de integração com outros planos

Definição de técnicas e procedimentos para análise

crítica periódica

Planos e procedimentos para recuperação: minimizar

os impactos e acelerar e promover a recuperação

Investigação e Análise de Acidentes

e incidentes e atuação em

emergências e Simulados

Rotinas e procedimentos para realização de

simulados

Figura 3-14 - Responsáveis, Insumos e Produtos para o planejamento para atuação

142

3.5 Fase de Desenvolvimento e Execução: Continuidade da Preparação e

Ações de Recuperação e Resposta

A estrutura planejada na fase anterior é implementada, colocada em prática e

testada, por atuações em emergências e em simulados nesta fase. Para tanto,

contempla as etapas de:

a) Implementação e Operação;

b) Manutenção da Capacidade e Prontidão;

c) Atuação: Emergências e Simulados; e

d) Recuperação

A transição da Fase de Planejamento e Preparação pode ocorrer enquanto sua

última etapa ainda está em curso. Entretanto para que a Etapa de Implementação e

Operação (a primeira da Fase de Desenvolvimento e Execução) desenvolva-se por

completo, os planos de ação para a implementação e desenvolvimento da

capacidade devem estar preparados e os planos e procedimentos para a atuação e

resposta estabelecidos.

3.5.1 Implementação e Operação

Essa etapa consiste basicamente na implementação das ações previstas nos

planos e procedimentos para desenvolvimento da capacidade e atuação na resposta

a emergência e na recuperação da organização e partes afetadas. Seu principal

objetivo é assegurar que a capacidade de resposta planejada seja efetivamente

implementada de forma a atender aos planos estabelecidos e, consequentemente

aos requisitos aplicáveis, objetivos, política e metas do Sistema de Gestão de

Emergência. Para isso, conta com os recursos financeiros previstos na etapa de

Planejamento de Atuação e Desenvolvimento da Capacidade.

O início e fim da Etapa de Implementação e Operação são bem demarcados.

Inicia-se à medida que o Planejamento para a Atuação e Desenvolvimento da

Capacidade apresenta seus resultados e diretrizes, especialmente com o início das

ações para o desenvolvimento da capacidade e ao final da fase de Implementação,

com todos os recursos humanos e materiais disponíveis e preparados para atuação

na resposta e recuperação, inicia-se a Etapa de Manutenção da Capacidade.

143

Nesta etapa todas as medidas de mitigação de riscos propostas na Etapa de

Gerenciamento de Riscos devem ser finalizadas. É aconselhável que a organização

preveja medidas de controle para as ações de mitigação definidas na Etapa de

Gerenciamento de Riscos a serem verificadas nesta etapa (de Implementação e

Operação).

É importante que a finalização desta etapa preceda o início da atividade da

organização, pois seu produto final é uma estrutura pronta para atuar na mitigação

dos impactos previstos para as atividades, produtos, características e serviços da

organização e na recuperação das áreas impactadas, promovendo minimamente

seu retorno às condições pré-acidente / desastre. Com isso, as atividades da

organização só devem ser iniciadas quando a capacidade de resposta e resiliência

atingirem níveis satisfatórios – segundo os critérios da organização, os requisitos

legais e subscritos e estabelecidos pelas partes interessadas.

Para que as ações destes planos sejam levadas a cabo, esta fase deve

contemplar minimamente:

a) Viabilização da participação de equipe própria na estrutura de emergência

– comumente o regime de trabalho deve ser modificado para atender aos

requisitos de prontidão de atendimento, uma vez que a emergência pode

ocorrer a qualquer hora;

b) Treinamento das equipes de resposta e lideranças;

c) Aquisição de recursos e contratação de equipes;

d) Definição das rotinas operacionais de manutenção dos equipamentos e

da prontidão;

e) Ações para a infraestrutura necessária para atuação das equipes e

melhoria das condições de resposta;

f) Implementação dos recursos para comunicação e tecnologias

necessárias;

g) Aquisição de bancos de dados e programas para apoio, registro e

controle documental;

h) Estabelecimento de controles operacionais;

144

i) Suporte a vida e a saúde dos envolvidos na resposta; e

j) Estruturação da logística de resposta e suporte as operações (neste

ponto é importante definir claramente como será feito o controle das

pessoas e equipamentos envolvidos na emergência).

Quem Insumo Produtos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Organização

Requisitos subscritos

Resultados da análise crítica

Política, Objetivos e Metas do SGE

Lições aprendidas de organizações com atividades correlatas

Implementação e Operação

Planos e procedimentos para resposta e recuperação

Descrição dos treinamentos e exercícios necessários

Posicionamento dos equipamentos e instalação de centros de resposta à emergências

Planos para o gerenciamento dos equipamentos

Acordos com as agências de resposta

Definição dos sistemas de alerta

Definição das Técnicas de resposta, recursos e condições de utilização

Possibilidade de integração com outros planos

Planejamento para Atuação

Capacidade de resposta implementada visando a efetiva recuperação e resposta à emergência, salvar vidas, reduzir os danos causados e promover a recuperação da organização e da comunidade

Recursos financeiros

Desenvolvimento da Capacidade

Capacidade de resposta e resiliência satisfatórias

Ações para desenvolver capacidade (Plano para o Desenvolvimento da Capacidade)

Gerenciamento de Riscos

Medidas de mitigação de riscos (finalizadas ou em finalização)

Medidas de controle para as ações de mitigação apontadas no Gerenciamento dos Riscos

Reavaliação da capacidade (em função de simulados e emergências)

Reavaliação dos planos e procedimentos (em função de simulados e emergências)

Revisão das Medidas de mitigação de riscos (em função da avaliação de simulados e emergências)

Recursos humanos e materiais disponíveis e preparados para atuação na resposta e recuperação

Treinamento das equipes de resposta e lideranças

Aquisição de recursos e contratação de equipes

Definição das rotinas operacionais de manutenção dos equipamentos e da prontidão

Implementação dos recursos para comunicação e tecnologias necessárias

Ações para a infra-estrutura necessária para atuação das equipes e melhoria das condições de resposta

Figura 3-15 - Responsáveis, Insumos e Produtos da etapa de implementação e Operação

145

A conclusão da etapa de implementação e operação deve ser verificada antes

do início das atividades, para isso aconselha-se uma auto-avaliação para verificar se

todos os itens do planejamento foram cumpridos.

Cada alteração na capacidade ou nos planos de emergência e de recuperação

existentes, ou seja no planejamento, deve ser sucedida pela implementação e

operação do planejado, colocando em prática todas as melhorias identificadas para

o Sistema de Gestão de Emergência.

3.5.2 Manutenção da Capacidade e Prontidão

A capacidade de resposta e recuperação definida na Fase de Planejamento e

Preparação e estabelecida e “montada” na etapa de Implementação e Operação

deve ser mantida. Esse é o principal objetivo desta etapa, pois, uma vez

desenvolvida a habilidade de responder adequadamente a emergências ou mesmo

recuperar-se rapidamente de sua ocorrência, esta capacidade deve ser

continuamente mantida ou diminuirá ao longo do tempo.

O ideal é que esta etapa inicie-se junto com as atividades da organização,

considerando que os requisitos das agencias regulamentadoras e dos gerentes de

projeto são satisfeitos ainda durante a Etapa de Implementação e Operação.

A Manutenção da Capacidade e Prontidão inicia-se com a elaboração e

execução de planos e rotinas para garantir que toda a capacidade instalada esteja

apta para atuação em emergências.

Para o sucesso desta etapa, é importante que rotinas de manutenção e testes

de equipamentos, reciclagem de treinamentos, testes de procedimentos, sistemas,

recursos de comunicação e tecnológicos e atualização de planos e procedimentos

sejam frequentes e façam parte da rotina da organização e sua força de trabalho. A

definição de ações de monitoramento é um elemento chave da etapa, sendo mais

uma vez indicada a utilização de indicadores mensuráveis, representativos e fáceis

de acompanhar. A forma como a prontidão é monitorada e avaliada em um Sistema

de Gestão de Emergência maduro independe da competência das agencias

regulatórias.

A manutenção deve considerar todos os fatores de interface existentes,

institucionais (ou organizacionais), a sociedade e os indivíduos partícipes da

146

sociedade, forca de trabalho e outros por ventura direta ou indiretamente envolvidos

nas ações de resposta. Além destes, é importante contemplar estratégias para a

manutenção da capacidade técnica e institucional, com a perpetuação do

conhecimento e a institucionalização dos procedimentos e planos, na rotina da

organização – itens como fortalecimento institucional e desenvolvimento, liderança,

conhecimento e atribuição e estabelecimento de responsabilidades devem ser

observados.

A manutenção da capacidade e da prontidão não é uma intervenção pontual,

mas um processo contínuo e interativo que requer esforços, testes avaliação e

melhoria ininterruptos. Para isso, esta etapa deve contar com os recursos

financeiros necessários para a manutenção da capacidade e prontidão, previstos na

etapa de Planejamento de Atuação e Desenvolvimento da Capacidade.

A melhoria deste processo é orientada pelas definições e redefinições feitas na

etapa de planejamento, advindas de recomendações identificadas na atuação em

simulados e emergências, em um processo interativo de planejamento, aplicação,

aprendizado e ajuste baseado em Manter, Monitorar e Melhorar.

O produto final desta fase é uma estrutura de resposta pronta para atuar e um

ambiente organizacional e comunitário resiliente.

A alta administração, as partes interessadas, clientes, os órgãos reguladores e a

sociedade por sua vez fornecem diretrizes e exigências para a manutenção da

capacidade. A alta administração, como nas demais etapas deve direcionar e validar

as estratégias para a manutenção da capacidade e prover recursos financeiros para

que isso ocorra. Os clientes, por sua vez devem exigir que a empresa possua uma

capacidade para resposta compatível com a escala de seus riscos e um

planejamento para a manutenção e continuidade de negócios em caso da ocorrência

de acidentes, pois são direta e indiretamente afetados pela ineficiência de ambas.

Os órgãos reguladores e governamentais estabelecem os requisitos legais a serem

atendidos, zelando o bem estar da comunidade, sua proteção e rápida recuperação.

A comunidade deve buscar garantias de que a capacidade existe é mantida, de que

todas as ações para a manutenção da resiliência ocorrem e também interferir

apontando suas necessidades e interesses.

147

Quem Insumo Produtos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos reguladores Requisitos legais

Organização

Requisitos subscritos

Resultados da análise crítica

Política, Objetivos e Metas do SGE

Lições aprendidas de respostas de organizações com atividades correlatas

Manutenção da Capacidade e

Operação

Planos e procedimentos para resposta e recuperação

Descrição dos treinamentos e exercícios necessários

Definição do posicionamento dos equipamentos e instalação de centros de resposta à emergências

Planos para o gerenciamento dos equipamentos

Definição das Técnicas de resposta utilizadas, recursos necessários e condições de utilização

Planejamento para Atuação

Capacidade de resposta implementada

Recursos financeiros

Medidas de controle para as ações de mitigação apontadas no Gerenciamento dos riscos

Reavaliação dos planos e procedimentos (em função da avaliação de simulados e emergências)

Recursos humanos e materiais disponíveis e preparados para atuação na resposta e recuperação

Treinamento das equipes de resposta e lideranças

Definição das rotinas operacionais de manutenção dos equipamentos e da prontidão

Recursos para comunicação e tecnologias necessárias

Ações para a infra-estrutura necessária para atuação das equipes e melhoria das condições de resposta

Implementação e Operação

Manutenção da Capacidade de resposta: estrutura de resposta pronta para atuar e um ambiente organizacional e comunitário resiliente

Elaboração e execução de planos e rotinas: manutenção e testes de equipamentos, reciclagem de treinamentos, testes de procedimentos, sistemas, recursos de comunicação e tecnológicos e atualização de planos e procedimentos

Estabelecimento, monitoramento e acompanhamento de indicadores

Figura 3-16 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de manutenção da capacidade e operação

148

3.5.3 Atuação: Emergências e Simulados

A atuação na emergência envolve todas as ações tomadas imediatamente

antes, durante ou instantaneamente depois da ocorrência de uma emergência, com

o intuito de salvar vidas (como prover assistência emergencial às vitimas), minimizar

o dano a propriedade, estabilizar a situação e reduzir a probabilidade de impactos /

danos secundários e aumentar a efetividade das ações de recuperação. Neste

momento, todas as ações previstas para o cenário apresentado nas etapas das

Fases de Planejamento e Preparação e de Desenvolvimento e Execução são

colocadas em prática e, ao mesmo tempo colocadas à prova.

Entretanto, essa atuação não deve ficar restrita ou mesmo aguardar a ocorrência

de acidentes ou desastres para que toda a estrutura seja testada. Para testar toda a

sua estrutura e organização para resposta a emergências e buscar oportunidades

Quem Insumo Produtos

Organização Política, Objetivos e Metas do SGE

Manutenção da Capacidade e

Operação

Planos e procedimentos para resposta e recuperação

Definição do posicionamento dos equipamentos e instalação de centros de resposta à emergências

Definição das Técnicas de resposta utilizadas, recursos necessários e condições de utilização

Planejamento para Atuação

Capacidade de resposta implementada

Recursos financeiros

Reavaliação dos planos e procedimentos (em função da avaliação de simulados e emergências)

Recursos humanos e materiais disponíveis e preparados para atuação na resposta e recuperação

Treinamento das equipes de resposta e lideranças

Recursos para comunicação e tecnologias necessárias

Ações para a infra-estrutura necessária para atuação das equipes e melhoria das condições de resposta

Implementação e Operação

Manutenção da Capacidade de resposta: estrutura de resposta pronta para atuar e um ambiente organizacional e comunitário resiliente

Elaboração e execução de planos e rotinas: manutenção e testes de equipamentos, reciclagem de treinamentos, testes de procedimentos, sistemas, recursos de comunicação e tecnológicos e atualização de planos e procedimentos

Atuação em Emergências e Simulados

Aceleração da recuperação

Rotinas e procedimentos para realização de simulados

Mitigação dos impactos gerados

Figura 3-17 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de atuação em emergências e simulados

149

para sua melhoria, a organização deve implementar e manter uma rotina de

realização de simulados, conforme estabelecido e definido na Etapa de

Planejamento para Atuação.

3.5.4 Recuperação

As ações de recuperação, conforme mencionado anteriormente são aquelas

necessárias para fazer com que todos os sistemas retornem ao seu estado original

ou melhorem. Durante a fase de Planejamento e Preparação, na etapa análise e

gerenciamento dos riscos, muita atenção é dada para as ações de mitigação dos

riscos visando reduzir a probabilidade da ocorrência de acidentes ou mesmo reduzir

suas consequências. Após essas medidas, as etapas de avaliação da capacidade e

desenvolvimento da capacidade (essa última já na Fase de Desenvolvimento e

Execução) identificam e estabelecem medidas, ações e recursos necessários para

promover a recuperação das partes envolvidas e afetadas pelo acidente / incidente.

A etapa de recuperação é o momento onde essas ações são efetivamente

executadas. Essa etapa inicia-se ainda durante o atendimento a emergência, porém

pode estender-se por meses e anos. É importante que as ações identificadas como

prioritárias (aquelas que visam restabelecer os sistemas vitais de apoio a padrões

operacionais mínimos) ocorram com brevidade.

Outro ponto importante durante a etapa de recuperação é a capacidade das

equipes envolvidas em identificar situações não previstas nas análises de risco de

vulnerabilidade e de resiliência e desenvolver e implementar ações a medida que a

situação exige.

Durante a etapa recuperação, oportunidades significativas de redução dos

impactos de futuras emergências para a vida da comunidade são identificadas e

devem retroalimentar a fase de planejamento, tanto pela identificação de ações para

mitigação, como para a análise de riscos, de vulnerabilidade e de resiliência como

para as medidas de gerenciamento de riscos.

150

3.6 Fase de Avaliação e Checagem

O objetivo da Fase de Avaliação e Checagem é identificar oportunidades para

melhoria o Sistema de Gestão de Emergência, realizando uma análise crítica de sua

situação atual e evolução ao longo do tempo considerando o uso de diferentes

metodologias aplicadas com periodicidades também distintas.

Esta Fase busca absorver a expertise obtida na avaliação da atuação em

operações de resposta (reais ou simuladas), do histórico de acidentes da

organização (através de técnicas de análise e investigação de acidentes) e da

análise crítica pela administração ou por auditorias fazendo com que o Sistema de

Quem Insumo Produtos

Organização Política, Objetivos e Metas do SGE

Manutenção da Capacidade e

Operação

Planos e procedimentos para resposta e recuperação

Definição das Técnicas de resposta utilizadas, recursos necessários e condições de utilização

Planejamento para Atuação

Capacidade de recuperação implementada

Recursos financeiros

Reavaliação dos planos e procedimentos (em função da avaliação de simulados e emergências)

Recursos humanos e materiais disponíveis e preparados para atuação na resposta e recuperação

Treinamento das equipes de resposta e lideranças

Recursos para comunicação e tecnologias necessárias

Ações para a infra-estrutura necessária para atuação das equipes e melhoria das condições de recuperação

Implementação e Operação

Manutenção da Capacidade de recuperação: estrutura pronta para atuar e um ambiente organizacional e comunitário resiliente

Elaboração e execução de planos e rotinas: manutenção e testes de equipamentos, reciclagem de treinamentos, testes de procedimentos, sistemas, recursos de comunicação e tecnológicos e atualização de planos e procedimentos

Ações de Recuperação

Retorno da organização às condições anteriores ao acidente ou melhoria destas condições

Rotinas e procedimentos para realização de simulados

Retorno da comunidade afetada às condições anteriores ao acidente ou melhoria destas condições

Atuação em Emergências e

Simulados Aceleração da recuperação

Mitigação dos impactos gerados

Figura 3-18 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de ações para recuperação

151

Gestão de Emergência melhore continuamente. Para isso, a organização deve

estruturar, implementar e manter na Etapa de Planejamento para Atuação e

Desenvolvimento da Capacidade procedimentos para:

a) Análise e investigação de acidentes;

b) Auditorias internas e externas no Sistema de Gestão de Emergência e/ou

suas fases específicas; e

c) Análise crítica de atuação em emergências e simulados.

Os procedimentos e metodologias estabelecidos, devem direcionar a avaliação

para três resultados: avaliação da capacidade; avaliação da resposta; e avaliação da

recuperação, resiliência e/ou continuidade de negócios.

Ao identificar nas oportunidades para melhoria aquelas relacionadas a melhorias

da Capacidade, estas viram insumos diretos para a Etapa de Avaliação de

Capacidade de Resposta e Resiliência e indiretos para o Planejamento para

Atuação e Desenvolvimento da Capacidade.

As oportunidades para melhoria ligadas à resposta e a recuperação, resiliência

e/ou continuidade de negócios, por sua vez, dependem muito do observado em

situações reais, onde a comparação entre o previsto e o efetivamente ocorrido

permite a retroalimentação de todas as Etapas da Fase de Planejamento e

Preparação.

Todas as oportunidades para melhoria apontadas são registradas, classificadas

segundo sua pertinência e necessidade de tratamento. Aquelas consideradas

pertinentes, devem ser corrigidas e trabalhadas na Fase de Implementação de

Melhorias, retroalimentando as Etapas de Planejamento e Preparação, alastrando-

se a partir desta para a Etapa de Desenvolvimento e Execução.

A Fase de Avaliação e Checagem, entretanto, não levanta somente

oportunidades para melhoria. Durante suas etapas, são observados também pontos

positivos do Sistema de Gestão de Emergência. Quando identificados, esses pontos

devem ser igualmente registrados e a possibilidade de abrangência para os demais

componentes do Sistema estudada, visando promover sua implementação e com

isso, promovendo a melhoria do Sistema de Gestão de Emergência.

152

3.6.1 Análise e Investigação de Acidentes

A análise e investigação de acidentes busca identificar as causas do acidente e

extrair o maior número de informações a respeito do ocorrido. Para que isso ocorra,

é importante que a organização defina na Etapa de Planejamento para Atuação e

Desenvolvimento da Capacidade as metodologias e procedimentos para a Análise e

Investigação de Acidentes. A metodologia deve fornecer orientações para a coleta

de dados, contemplando ao menos, entrevistas com pessoal diretamente evolvido

no acidente e outros colaboradores da organização de diversos níveis hierárquicos

identificados como importantes para a compreensão de todas as circunstâncias do

acidente. O procedimento deve prever ainda a realização de uma perícia

especializada, preferencialmente de terceira parte.

Ao final da investigação, espera-se uma descrição detalhada do tipo de acidente

contemplando:

a) Descrição da instalação e da circunvizinhança;

b) Descrição completa da sequência dos eventos que resultaram no

acidente;

c) Origens e causas do acidente, valendo-se de todos os meios disponíveis

para representar o ocorrido (fotos, mapas, esquemas e ilustrações);

d) Substância(s) envolvida(s);

e) Modificações ou manutenção realizada nos equipamentos e instalações

direta e indiretamente envolvidos, destacando seu resultado, influência no

ocorrido e o tempo decorrido desde então;

f) Rotina da organização e mecanismos realmente adotados (condições

habituais x situação que resultou no acidente);

g) Razões técnicas e gerenciais que explicam as escolhas envolvidas no

contexto do acidente;

h) Condições externas e de contorno do acidente (como condições

meteorológicas e condições especiais da data de ocorrência do acidente,

como a existência de festividades ou outras que represente alterações da

rotina comunidade);

153

i) Efeitos imediatos e esperados (extensão e tipo de área afetada; número e

tipo de pessoas atingidas, perdas materiais e alterações e danos para a

comunidade);

j) Medidas e ações de resposta e emergenciais adotadas; e

k) Discussão do ocorrido em função das condições organizacionais,

medidas mitigadoras, procedimentos existentes, respeito às normas

legais vigentes e apontar lições imediatas aprendidas em função do

investigado.

Todo o processo deve adotar um modelo sistêmico e imparcial, baseado em

evidências visando capturar pontos de aprendizado, cuja adequada exploração leve

à melhoria contínua, promovendo o aprendizado e auxiliando a prevenção de

acidentes.

Com isso, são obtidas informações importantes a respeito da eficácia das

medidas estabelecidas para a mitigação dos riscos na Etapa de Gerenciamento dos

Riscos, auxiliando também na identificação de novas operações e atividades

associadas ao(s) perigo(s) e direcionando a implementação de controles ou mesmo

apontando a ineficiência ou insuficiência de outros já existentes. Raciocínio análogo

pode ser aplicado às informações que podem ser obtidas de pequenos acidentes. A

organização, deve definir a periodicidade na qual as análises de risco são revisadas

em função dos resultados destas análises.

Pela análise e investigação do acidente também é possível observar a

adequação da sistemática de Identificação de Perigos e Análise dos Riscos e de

Vulnerabilidade. Isso ocorre, especialmente quando Perigos e Riscos não

identificados são observados durante a investigação do acidente ou mesmo

consequências não previstas ocorrem, trazendo impactos inesperados e atingindo

regiões consideradas fora da área impactada ou não vulneráveis.

É importante que os acidentes ocorridos na organização realimentem a Análise

de Riscos fornecendo informações inestimáveis quanto a vulnerabilidade e

consequências dos cenários acidentais específicos da empresa e também alterando

a frequência de sua ocorrência e portanto a severidade.

154

3.6.2 Auditorias

A organização deve realizar auditorias para avaliar a eficácia do Sistema de

Gestão de Emergência, com o intuito de identificar oportunidades para melhoria. As

auditorias podem ser tanto externas quanto internas (auto-avaliações) e devem ter

sua periodicidade e responsabilidade por realização estabelecidos na fase de

Planejamento e Preparação. Para assegurar a continuidade da adequação,

pertinência e eficácia, os procedimentos e diretrizes para realização das auditorias

também deve ser revisados, sobretudo considerando alterações na política,

objetivos e metas do Sistema de Gestão de Emergência.

Quem Insumo Produtos

Pessoal Diretamente Evolvido no

acidente e

Outros Colaboradores da

Organização (diversos níveis

hierárquicos)

Informações da percepção das causas / origens do Acidente

Informações da percepção das consequências do Acidente (extensão e tipo de área afetada; número e “tipo” de pessoas atingidas, de pessoas atingidas)

Investigação e Análise de acidentes e incidentes

Dados a respeito da tipologia acidental (frequência e severidade) para compor o Histórico da organização

Identificação de Novos cenários acidentais ou tipologias não previstas: Previsto x Ocorrido

Desempenho das medidas mitigadoras anteriormente estabelecidas

Informações das consequências reais para comparação com as previstas para o cenário

Perícia do acidente (feita

pela Organização)

*Agências de Regulação e Fiscalização; Órgãos Públicos; Forças Armadas; e Sistemas de Defesa Civil e Corpo de Bombeiros

Informações da percepção de segurança da estrutura existente (eficiência e cumprimento das ações de bloqueio e gerenciamento de riscos)

Informações das condições dos sistemas, equipamentos e equipes durante os momentos que antecederam o acidente

Informações das condições dos sistemas e equipamentos antes e após o acidente (última modificação ou manutenção realizada e o tempo decorrido desde então)

Informações das consequências do acidente

Informações das causas do acidente

Informações das medidas emergenciais adotadas

Informações do inventário de substâncias perigosas e pessoas direta e indiretamente envolvidas

Informações a respeito da última modificação ou manutenção realizada e o tempo decorrido desde então

Informações da rotina da organização, dos mecanismos realmente adotados e das razões técnicas e gerenciais que explicam as escolhas

Informações a respeito do atendimento a normas legais vigentes

Informações do inventário de substâncias perigosas e pessoas direta e indiretamente envolvidas

Perícia do acidente (feita por órgãos externos*)

Figura 3-19 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de investigação e análise de acidentes e incidentes

155

As auditorias fornecem informações da avaliação da capacidade; do

atendimento a requisitos legais e a outros requisitos subscritos; sobre a pertinência,

a adequação, a eficácia e a eficiência do sistema de gestão (atendimento a política e

aos objetivos); e de avaliação das atividades e seus resultados, comparados com o

este modelo de Sistema de Gestão de Emergência ou outro modelo de excelência.

3.6.3 Avaliação da Resposta e Simulados

Ao atender a emergência e na realização de simulados, o plano é efetivamente

testado. A realização de uma avaliação pós-atuação, visando observar diferenças

entre o que foi planejado e o que efetivamente ocorreu e quais foram os fatores que

promoveram essa diferença, são fundamentais para que melhorias sejam

Quem Insumo Produtos

Organização

Polít ica, Objetivos e Metas do SGE

Auditorias

Avaliação da adequação das estratégias, treinamentos e recursos existentes

Necessidade de revisão dos procedimentos e planos

Requisitos subscritos

Clientes, partes interessadas e

sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos Reguladores Requisitos legais

Objetivos da Capacidade de Resposta e Resiliência

Objetivos da Identificação de perigos, Análise de riscos e de vulnerabilidade

Polít ica, metas e contexto da Gestão de Riscos

Procedimentos, planos, instalações e recursos humanos e materiais existentes e manutenção da capacidade e prontidão

Definição da Periodicidade / Necessidade de Revisão e Responsáveis pela realização

Informações das Fases e Etapas do sistema de gestão de Emergência: insumos e produtos obtidos

Capacidade de resposta e recuperação da organização e planos para desenvolvimento da capacidade

Cenários acidentais, medidas mitigadoras previstas e vulnerabilidade existente

Informações a respeito da atuação em emergências e simulados e avaliações correspondentes realizadas

Avaliação da capacidade existente

Avaliação do atendimento aos objetivos e metas estabelecidos para as fases e etapas e para o Sistema de Gestão de Emergência

Avaliação do atendimento aos requisitos legais e subscritos

Figura 3-20 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de Auditoria

156

identificadas. É importante que essa avaliação seja feita após cada situação real e

simulada e promova uma discussão sobre a necessidade de revisão do Sistema de

Gestão de Emergência. Para os simulados é aconselhável que organização defina

um ciclo após o qual irá revisar seus planos e procedimentos em função destes

resultados.

É importante que a metodologia definida para a avaliação considere sua

realização imediatamente após os eventos, enquanto as lembranças ainda são

recentes.

Essa avaliação deve envolver diretamente, quando aplicável, os organismos

federais partícipes das ações de resposta, especialmente quando a comunidade é

afetada. É recomendável que estes órgãos participem e promovam auditorias e

avaliações da resiliência da comunidade.

Quem Insumo Produtos

Organização

Polít ica, Objetivos e Metas do SGE

Avaliação da Resposta e Simulados

Retorno da comunidade afetada e da organização às condições anteriores ao acidente ou melhoria destas condições

Atuação em Emergências e

Simulados

Aceleração da recuperação

Mitigação dos impactos gerados

Ações de Recuperação

Informações da real residência e capacidade de recuperação da comunidade

Comparação resiliência prevista x praticada pela comunidade e organização

Avaliação da adequação das estratégias, treinamentos, prontidão e recursos existentes

Tempo necessário para recuperação (previsto x realizado)

Avaliação da recuperação (foi possível o retorno às condições pré-acidente)

Necessidade de revisão dos procedimentos e planos

Identificação de ações para mitigação e redução dos impactos de futuras emergências

Requisitos subscritos

Metodologia para avaliação da atuação em simulados e situações reais

Ações de Recuperação efetivamente realizadas

Valores envolvidos nas ações de recuperação

Recursos humanos e materiais utilizados nas ações

Procedimentos e planos estabelecidos para a recuperação e resposta

Ações de Resposta efetivamente realizadas

Valores envolvidos nas ações de resposta

Recursos humanos e materiais utilizados nas ações

Avaliação do atendimento aos indicadores de eficiência da resposta

Avaliação dos tempos de resposta praticados

Real Capacidade de Resposta da Organização

Avaliação da mitigação dos impactos gerados e da consequente aceleração da recuperação em função das ações de resposta

Figura 3-21 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de avaliação da resposta e simulados

157

3.6.4 Ações para Melhoria do Sistema

Durante a Fase de Avaliação e Checagem todas as oportunidades para melhoria

devem ser apontadas, a avaliação deve buscar levantar o máximo possível, sem

qualquer julgamento ou definição de prioridade.

Nesta etapa, entretanto, todas as oportunidades para melhoria apontadas,

independente da metodologia utilizada para sua identificação, devem ser

registradas, classificadas segundo sua pertinência e necessidade ou não de

tratamento.

As oportunidades para melhoria consideradas pertinentes (reais ou potenciais),

geram a necessidade de Ações para Melhoria do Sistema. Para cada oportunidade

para melhoria considerada pertinente devem ser propostas ações para sua correção

de forma a evitar que ocorram novamente. É importante que as Ações para Melhoria

do Sistema sejam sempre objeto de pesquisa e debate entre os responsáveis pela

elaboração dos planos e procedimentos e as equipes de resposta, na avaliação e

seleção das soluções para atingir os objetivos facilitando implementação da

escolhida. Essas ações, corretivas ou preventivas, retroalimentam as Etapas de

Planejamento e Preparação, alastrando-se a partir desta para a Etapa de

Desenvolvimento e Execução.

As Ações para Melhoria do Sistema propostas nesta etapa são um importante

subsídio para a Fase de Implementação de Melhorias. Nesta fase é definida a

prioridade de cada ação, sendo atribuída para cada uma o responsável e o prazo

para a implementação. O monitoramento e acompanhamento destas ações também

são definidos na fase de Implementação de Melhorias, como será explicado a

seguir.

Os pontos positivos observados na Fase de Avaliação e Checagem devem ter

tratamento similar: devem ser registrados e classificados observando sua pertinência

e possibilidade de abrangência para outros pontos e componentes da organização.

Os pontos considerados pertinentes e passíveis de serem implementados em outros

setores da organização ou do sistema de Gestão de Emergência devem

retroalimentar a Fase de Planejamento e também ser acompanhados na Fase de

Implementação de Melhorias.

158

É importante assegurar-se que todas as oportunidades para melhoria sejam

registradas e catalogadas para controle da organização, especialmente quanto à sua

reincidência. É aconselhável a utilização de um banco de dados para essa

finalidade.

Equipe de Gestão de Emergência

Avaliação, pesquisa e debate para seleção das ações para compor o Plano de Ação para a Melhoria do Sistema

Quem Insumo Produtos

Investigação e Análise de acidentes e incidentes

Ações para Melhoria do

Sistema

Dados a respeito da tipologia acidental (frequência e severidade) para compor o Histórico da organização

Identificação de Novos cenários acidentais ou tipologias não previstas: Previsto x Ocorrido

Desempenho das medidas mitigadoras anteriormente estabelecidas

Informações das consequências reais para comparação com as previstas para o cenário

Auditorias

Avaliação da adequação das estratégias, treinamentos e recursos existentes

Necessidade de revisão dos procedimentos e planos

Avaliação da capacidade existente

Avaliação do atendimento aos objetivos e metas estabelecidos para as fases e etapas e para o Sistema de Gestão de Emergência

Avaliação do atendimento aos requisitos legais e subscritos

Avaliação da Resposta e Simulados

Informações da real residência e capacidade de recuperação da comunidade

Comparação resiliência prevista x praticada pela comunidade e organização

Tempo necessário para recuperação (previsto x realizado)

Avaliação da recuperação (foi possível o retorno às condições pré-acidente?)

Necessidade de revisão dos procedimentos e planos

Identificação de ações para mitigação e redução dos impactos de futuras emergências

Avaliação do atendimento aos indicadores de eficiência da resposta

Avaliação dos tempos de resposta praticados

Real Capacidade de Resposta da Organização

Avaliação da mitigação dos impactos gerados e da consequente aceleração da recuperação em função das ações de resposta

Avaliação da adequação das estratégias, treinamentos, prontidão e recursos existentes

Registros de todas as oportunidades para melhoria identificadas de acordo com a área a que se refere.

Ações para Melhoria do Sistema: necessárias para correção das oportunidades para melhoria consideradas pertinentes

Classificação das oportunidades para melhoria de acordo com sua pertinência e necessidade ou não de tratamento

Registro da classificação de pertinência das ações e das Ações para Melhoria do Sistema

Figura 3-22 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de ações para melhoria do sistema

159

3.7 Fase de Implementação de Melhorias

As oportunidades para melhoria, apontadas e classificadas de acordo com sua

pertinência, dão origem as Ações para Melhoria do Sistema na Fase de Avaliação e

Checagem. Essas Ações propostas devem agora ser estudadas considerando sua

importância para o Sistema de Gestão de Emergência, permitindo que sua

implementação seja focada e priorizada. O objetivo desta Fase é definir “como e

quando” as ações corretivas serão tomadas e como esse processo será monitorado.

A organização deve estruturar implementar e manter um procedimento que

defina os critérios para classificação e priorização das oportunidades para melhoria.

Os critérios devem considerar a política, os princípios e as metas estabelecidos para

o sistema de gestão de emergência para estabelecer os objetivos para melhoria. Da

mesma forma, devem analisar aquelas que são ligadas ao atendimento e satisfação

dos clientes e partes interessadas, assim como aos requisitos legais e subscritos.

Esse procedimento permite que as Ações para Melhoria do Sistema propostas

na Fase de Avaliação e Checagem sejam analisadas e priorizadas de acordo com

os critérios da organização. O plano de ação resultante onde a prioridade de cada

ação, o responsável e o prazo para a sua implementação são definidos é chamado

de Plano para a Melhoria do Sistema de Gestão de Emergência. O Plano também

deve apresentar informações de como a eficácia da ação para melhoria deve ser

medida.

A organização deve estabelecer como e quando esse plano de melhorias será

acompanhado, deixando claro a participação da alta administração, dos clientes e

das partes interessadas.

Todas as alterações e soluções propostas que serão efetivadas devem ser

comunicadas aos envolvidos e formalizadas.

A medida que as melhorias são implementadas, deve existir uma forma de

avaliação de sua eficácia, quer seja pelo acompanhamento dos indicadores

estabelecidos e auditorias, quer seja pela observação em eventos reais e simulados.

É fundamental que a organização estabeleça para cada solução proposta a forma

para medição, verificação, análise e avaliação dos resultados da implementação

para determinar se os objetivos foram atendidos.

160

Na evolução de um sistema de gestão de emergência espera-se que as medidas

corretivas sejam gradativamente substituídas por medidas preventivas.

Quem Insumo Produtos

Organização

Polít ica, Objetivos e Metas do SGE

Fase de Implementação de Melhorias

Plano para Melhoria do Sistema de Gestão de Emergência (responsáveis, prazos e prioridades)

Requisitos subscritos

Clientes, partes interessadas e sociedade

Requisitos

Resultados da Satisfação

Órgãos Reguladores Requisitos legais

Critérios para classificação e priorização das oportunidades para melhoria

Periodicidade, responsabilidade e forma de acompanhamento do plano de melhorias

Comunicação das alterações e soluções propostas no Plano para Melhoria do Sistema de Gestão de Emergência

Forma de avaliação da eficácia e monitoramento da implementação das Ações de Melhoria

Fase de Avaliação e Checagem

Ações para Melhoria do Sistema, necessárias para correção das oportunidades para melhoria consideradas pertinentes

Monitoramento e acompanhamento das ações

Figura 3-23 - Responsáveis, Insumos e Produtos da fase de implementação de melhorias

161

4 AMPLIAÇÃO CONCEITUAL DO MODELO SGE

4.1 Definições Iniciais e Prerrogativas da Aplicação Conceitual

A aplicação conceitual tem como principal objetivo demonstrar como o Sistema

de Gestão de Emergência é utilizado, ressaltando suas vantagens e identificando

suas limitações. A demonstração é feita de forma simplificada, considerando

somente os pontos principais de cada Etapa.

Para isso, a aplicação considera um empreendimento de produção de petróleo

em fase de projeto e em licenciamento para obtenção da Licença Prévia de

Produção para Pesquisa (LPpro), junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O quadro 4-1 apresenta um resumo

dos tipos de licença previstas para as atividades de Exploração, Produção e

Pesquisa de Petróleo e Gás Natural.

Quadro 4-1 - Tipos de licença e as atividades autorizadas pelas mesmas (fonte: adaptado de http://www.anp.gov.br/meio/passo-a-passo).

Atividade Tipo De Licença Estudo Ambiental Aplicável Finalidade

Perfuração (Programa Exploratório)

Licença Prévia para Perfuração - (LPper)

Relatório de Controle Ambiental - RCA

Autoriza a atividade de perfuração.

Produção Para Pesquisa (Teste de Longa Duração–TLD)

Licença Prévia de Produção para Pesquisa - (LPpro)

Estudo de Viabilidade Ambiental - EVA

Autoriza a realização do Teste de Longa Duração,

Sistemas De Produção E Escoamento (Sistema de Produção e Escoamento em novo campo ou bloco)

Licença de Instalação – (LI)

Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA.

Autoriza, após a aprovação do EIA/RIMA com a respectiva realização de Audiência Pública, a instalação de sistemas e unidades necessárias à produção e ao escoamento.

Sistemas de Produção e Escoamento (Áreas onde já existe atividade)

Licença de Instalação (LI)

Relatório de Avaliação Ambiental - RAA

Autoriza, após a aprovação do RAA, a instalação de sistemas e unidades adicionais necessários à produção e ao escoamento.

Sistemas de Produção e Escoamento

Licença de Operação (LO)

Projeto de Controle Ambiental (PCA)

Autoriza, após a aprovação do PCA, do PEI e da realização da vistoria técnica, o início da operação do empreendimento.

Aquisição De Dados Sísmicos (Levantamento de Dados Sísmicos Marítimos, não exclusivos)

Licença de Operação (LO)

Estudo Ambiental (EA)

Autoriza, após aprovação do EA, o inicio da atividade de levantamento de dados sísmicos marítimos.

Aquisição De Dados Sísmicos (para atividades de pesquisa, compreendendo a Aquisição de Dados Sísmicos Marítimos, exclusivos)

Licença de Operação (LO)

Estudo Ambiental (EA)

Autoriza, após aprovação do EA, o inicio da atividade de levantamento de dados sísmicos marítimos.

162

A atividade de produção em licenciamento é a primeira e única da organização e

será realizada por uma plataforma do tipo FPSO. A aplicação terá como ponto focal

a Unidade Marítima e os cenários decorrentes de suas atividades, como produção,

armazenamento, operações de suprimento e recebimento de carga feita por

embarcações de apoio e a transferência do óleo produzido para um navio tanque ou

navio aliviador, conforme será descrito no próximo item. As atividades e operações

posteriores, como a navegação das embarcações de apoio e navio aliviador e o

descarregamento da carga em um porto de apoio não serão contempladas, por

simplificação.

Dentre os cenários resultantes das atividades da FPSO, serão observados

somente aqueles que resultem em vazamento de óleo. Para isso serão

consideradas as metodologias e normas apresentadas no Capítulo 2.

4.2 Descritivo da Organização e do Empreendimento Hipotético

4.2.1 A Organização Exemplo

A organização utilizada na ampliação conceitual do modelo tem constituição

muito simples com uma diretoria, cargo ocupado por seu fundador e dono, duas

assessorias (financeira e jurídica) e três gerências: de Qualidade, Segurança,

Saúde, Meio Ambiente e Licenciamento; de Operação, Manutenção e Logística; e de

Relacionamento com Cliente e Marketing. As Gerências de Qualidade, Segurança,

Saúde, Meio Ambiente e Licenciamento; e de Operação, Manutenção e Logística

possuem coordenações internas, conforme organograma abaixo.

163

O único produto da empresa é o óleo produzido por sua FPSO ainda em

licenciamento.Todo o óleo produzido pela organização é vendido para somente um

cliente, responsável por seu transporte e refino. Por esse motivo o escopo do

Sistema de Gestão de Emergência ficará retido a atividade de produção.

4.2.2 Órgãos Reguladores

Uma empresa que explora e produz petróleo e gás natural relaciona-se com

diversos órgãos reguladores e agências governamentais: Agência Nacional do

Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); Ministério de Minas e

Energia; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Pesca; Marinha do Brasil;

entre outros.

Como o exemplo escolhido restringe-se a cenários que tenham como

consequência vazamento de óleo para o mar, o órgão regulador diretamente

envolvido é o IBAMA, órgão federal responsável por analisar e aprovar o Plano de

Emergência Individual, que descreve as estratégias e recursos que a organização

possui para a resposta a incidentes de vazamento de óleo. O quadro 4-2 apresenta

a lista e o resumo da regulação nacional relacionada a elaboração de planos de

emergência para vazamentos de óleo.

DIRETORIA

Gerência de Qualidade, Segurança, Saúde, Meio

Ambiente e Licenciamento

Gerência de Operação, Manutenção e Logística

Assessoria Jurídica

Gerência de Relacionamento com Cliente e Marketing

Coordenação de Qualidade

Coordenação de Segurança

Coordenação de Saúde

Coordenação de Meio Ambiente e Licenciamento

Coordenação de Operação

Coordenação de Manutenção

Coordenação de Logística

Assessoria Financeira

Responsável pela Instalação (offshore)

Figura 4-1 - Organograma da Empresa (hipotético)

164

Quadro 4-2 - Principais Normas Nacionais para Incidentes na Indústria do Petróleo (Fonte: Adaptado de ANDRADE et al, 2007 e COSTA, 2007)

Norma Legal Data Ementa

Lei 6938 31/08/81 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Lei 9605 12/02/98 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências.

Lei 9966 28/04/00 Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências.

IN IBAMA 01 14/07/00 Dispõe sobe registro de dispersantes químicos

CONAMA 269 14/09/00 Dispõe sobre o uso de dispersante químico em derramamento de óleo no mar

CONAMA 293 12/12/01 Dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para incidentes de poluição por óleo

Decreto 4.871 06/11/03 Regulamenta o Plano de Área previsto na Lei 9.966.

CONAMA 398 11/07/08

Revoga a Resolução CONAMA no 293/01 e Dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para incidentes de poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originados em portos organizados, instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas e suas instalações de apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações similares, e orienta a sua elaboração

4.2.3 Descritivo do Empreendimento

O objetivo principal da atividade é a instalação de um FPSO (Floating Production

Storage and Offloading) e sua infraestrutura submarina associada, visando à

produção e o escoamento do petróleo e gás natural existentes nas acumulações do

campo. A escolha da unidade de produção do tipo FPSO se deve à necessidade de

armazenamento do óleo produzido e o escoamento do mesmo por navios

aliviadores. No caso do gás, o mesmo será utilizado para geração de energia das

plataformas e o excedente enviado para o flare,

A porção do reservatório que será desenvolvida no Projeto, está inserida nas

concessões do Bloco que a organização adquiriu junto a Agência nacional do

Petróleo e Gás Natural - ANP, localizados na porção Sul da Bacia de Campos, cerca

de 145 km do município de Arraial do Cabo litoral do Estado do Rio de Janeiro. A

lâmina d’água na região onde se encontram este campo varia de 1200 a 1500

metros. A Figura 4-2 mostra a localização da concessão idealizada.

A produção no FPSO dar-se-á por meio de quatro (4) poços produtores e um (1)

poço injetor todos verticais, e produzirão por surgência natural, até o limite de water-

165

cut de 50%. A partir de então, será utilizado o método de elevação artificial gas lift

contínuo. As linhas de produção dos poços conectam-se ao turret, localizado no

FPSO. A partir do turret, existem coletores de produção (manifolds) projetados para

receber o fluxo da linha de produção dos poços.

Uma vez definidas as coordenadas dos poços produtores e injetores, a FPSO

utilizada para a Produção foi geograficamente posicionada nas coordenadas

40°32'45,646"W e 23°38'45,97"S (Coordenadas geográficas em Sirgas 2000).

A Figura 4.2-2 a seguir, apresenta a localização da unidade de produção em

relação ao continente. A escolha da locação da unidade foi feita observando a

localização do reservatório, a distribuição dos poços e pela facilidade de ancoragem

de forma a evitar falhas existentes no solo marinho. A ancoragem da FPSO será

feita por 12 (doze) linhas de ancoragem dispostas radialmente e ligadas a um turret.

Figura 4-2 - Localização da concessão (idealizada)

A previsão de produção de petróleo é de aproximadamente 4.000 m³ por dia. O

gás produzido será consumido internamente nos diversos equipamentos da unidade,

a exemplo das turbo máquinas e caldeiras para geração de energia. Ressalta-se que

166

a unidade de produção será equipada com um flare que deverá ser utilizado em

casos de necessidade operacional ou emergência.

A unidade que desenvolverá a produção comercial terá capacidade de

processamento de 30 mil bpd de óleo, 30 mil bpd de líquido e compressão de gás de

1 milhão de m3/d. A Unidade é dotada de Sistema de Tratamento de Água Produzida

e Unidade de Remoção de Sulfato compatíveis com seu funcionamento.

A estocagem de petróleo no FPSO é realizada em 14 tanques, sendo 4 centrais

e 10 laterais, com uma capacidade total de armazenamento de 800.000 barris.Os

tanques são mantidos pressurizados com gás inerte e existe um sistema para

monitoramento quanto do teor de oxigênio nestes, visando evitar a existência de

atmosfera explosiva.

O óleo produzido e armazenado no FPSO será transferido para navios tanque,

denominados “navios aliviadores” em operações de offload. Para realizar essa

operação, os navios aliviadores atracam à popa do FPSO e recebem óleo através de

um mangote flexível de 20 polegadas de diâmetro, cerca de 300 m de comprimento,

permanecendo a uma distância segura. Toda a operação é planejada para evitar

acidentes, desta forma existe em uma das extremidades o acoplamento de um

desengate rápido, visando permitir uma rápida liberação em caso de necessidade.

Além disso, o mangote possui em suas extremidades válvulas que só permitem o

fluxo depois que a conexão aos flanges dos navios foi corretamente realizada.

O mangote utilizado no offload é lavado no FPSO antes de ser recolhido através

de um carretel localizado na popa. A água de lavagem do mangote é encaminhada

juntamente com o óleo.

A periodicidade da transferência de óleo do FPSO para os navios aliviadores

deverá ser semanal é tempo máximo previsto para a operação é de 12h. Após a

transferência o aliviador transporta o óleo para os terminais de recebimento de terra.

Para a fase inicial de instalação do empreendimento, as operações de

lançamento dos equipamentos e instalações e para o provisionamento da Unidade

durante a fase de operação serão utilizadas de embarcações específicas adequadas

a cada tipo de tarefa.

O óleo diesel necessário para operação de equipamentos a bordo da UM é

transportado por embarcações de apoio, é recebido no FPSO por bombeamento

167

através de mangotes. O diesel recebido é estocado em quatro tanques exclusivos

para essa finalidade, que somam 4.000 m³ de capacidade de armazenamento. Dois

destes tanques ficam localizados a bombordo (BB) e dois a boreste (BE). O óleo

estocado é transferido para consumo por tubos e bombas, de forma a evitar o

contato humano.

As cargas transportadas pelas embarcações de suprimento e apoio chegam a

bordo por dois guindastes principais, localizados um em cada bordo do FPSO. As

embarcações também são responsáveis pelo transporte e fornecimento de toda a

água de consumo humano.

Ao final da produção, prevista para 30 anos, é prevista descontinuação da

produção com a desativação total do empreendimento. Para isso, os poços serão

abandonados (devidamente tamponados), a FPSO será removida assim como as

linhas, umbilicais, amarras, cabos do sistema de ancoragem e outros equipamentos

submarinos, após a lavagem ou inertização de todo sistema.

4.3 Aplicação do modelo

4.3.1 Formulação Geral: Escopo, Aplicação, Requisitos Gerais e Definições iniciais para o Sistema de Gestão de Emergência

A política de Gestão de Emergência da organização baseia-se em três diretrizes:

a) Identificar todos os riscos gerados por suas atividades e atuar para

reduzi-los e controlá-los continuamente;

b) Estruturar e manter uma capacidade de resposta compatível com os

riscos identificados e suas consequências; e

c) Na ocorrência de acidentes, atuar para mitigar os danos gerados,

promover a recuperação das áreas afetadas e dar continuidade as

atividades da organização atendendo às necessidades dos clientes e

respeitando sempre a regulamentação existente.

Com base nesta política, a organização estabeleceu os seguintes objetivos:

a) Reduzir os riscos identificados minimamente para a faixa de

aceitabilidade;

168

b) Estabelecer e certificar-se da execução das ações de acordo com os

procedimentos de segurança elaborados para mitigação dos riscos

identificados;

c) Realizar ações para reduzir os impactos previstos na comunidade e

acelerar sua recuperação, incluindo planos de resposta a emergência;

d) Realizar reuniões com a equipe para comunicar os riscos existentes;

e) Manter contato constante com as comunidades potencialmente afetadas e

as autoridades, informando-os dos riscos existentes e suas

consequências assim como das ações previstas para mitigá-los;

f) Identificar, adquirir e manter equipamentos para resposta a emergências

em quantidade e qualidade adequada para os cenários apontados;

g) Manter equipes de resposta treinadas de acordo com os cenários

identificados;

h) Registrar e comunicar as autoridades competentes os acidentes ocorridos

em suas instalações;

i) Avaliar a atuação das equipes envolvidas nas respostas a emergências e

na recuperação;

j) Realizar a análise e investigação dos acidentes ocorridos na organização;

k) Realizar simulados de resposta a emergência e avaliá-los;

l) Realizar auditorias internas e externas no SGE; e

m) Implementar as ações para melhoria apontadas pelas atuações em

emergências, nas auditorias internas e na análise e investigação de

acidentes.

Os objetivos supracitados representam a fase inicial em que se encontra o

Sistema de Gestão de Emergência da empresa e devem ser revistos antes do início

das operações. O quadro 4-3 abaixo apresenta um resumo dos indicadores e as

metas associadas a cada objetivo.

169

Quadro 4-3 - Resumo dos indicadores e as metas associadas a cada objetivo

Objetivo Indicador Meta Reduzir os riscos identificados minimamente para a faixa de aceitabilidade

Taxa de Redução dos Riscos (TRR): Avaliação dos riscos na Análise e Gerenciamento dos Riscos comparado com o critério de aceitabilidade do risco

Ao menos 80% dos riscos classificados como aceitáveis por ações estruturais. Máximo de 15% mitigados pelo estabelecimento de procedimentos e por medidas que reduzam suas consequências

Acompanhar a execução das medidas de mitigação estabelecidas

Taxa de execução das ações de mitigação (TEAM): média geral dos indicadores individuais das ações

TEAM superior a 80%

Estabelecer e certificar-se da execução das ações de acordo com os procedimentos de segurança elaborados para mitigação dos riscos identificados

Taxa de Cumprimento de Procedimentos de Segurança (TCPS): observado em auditorias e investigações de acidentes

Menos de 10% dos acidentes gerados por procedimentos inadequados e TCPS superior à 75%

Realizar ações para reduzir os impactos previstos na comunidade e acelerar sua recuperação

Impactos Previstos x Ocorridos Desvio de 15% entre o previsto e o efetivamente ocorrido.

Realizar reuniões com a equipe para comunicar os riscos existentes

Reuniões de Comunicação dos Riscos Interna (RCRI)

Realização de 1 RCRI por mês

Manter contato constante com as comunidades potencialmente afetadas e as autoridades, informando-os dos riscos existentes e suas consequências assim como das ações previstas para mitigá-los

Reuniões de Comunicação dos Riscos à Comunidade (RCRC) Reuniões de Comunicação dos Riscos às Autoridades (RCRA)

Realização de ao menos 4 RCRC e 2 RCRA ao ano

Identificar, adquirir e manter equipamentos para resposta a emergências em quantidade e qualidade e características adequada para os cenários apontados

A aquisição de recursos (AQREC) em função da identificação será dividida em 2 etapas: recursos mínimos (atendimento legal) e recursos ideais (atendimento ao estado da arte). A manutenção e a percepção de adequação (MPA) deve ser verificada em auditorias, simulados e atuações em emergências.

Aquisição de Recursos Mínimos: ao menos 50% até finalização do Plano de Emergência e 100% até o inicio das atividades. Aquisição de Recursos Ideais: ao menos 25% antes do início das atividades e 25% a cada ano seguinte. Durante a utilização dos equipamentos os 90% deles devem funcionar adequadamente, sem problemas ligados a rotina de manutenção.

Manter equipes de resposta treinadas de acordo com os cenários identificados

Realização dos Treinamentos Previstos (RelTrei) Reciclagem dos Treinamentos Previstos (RecTrei)

RelTrei: 100% da equipe treinada antes da operação RecTrei: realizar ao menos 80% antes do vencimento

Registrar e comunicar as autoridades competentes os acidentes ocorridos em suas instalações

Registro de Acidentes (RegAc) Comunicação de Acidentes (ComAc)

RegAc e ComAc: registrar e informar 100% dos acidentes ocorridos, sendo ao menos 80% destes com todas as informações requisitadas pelo RegAc

Continua

170

Quadro 4-3 - Resumo dos indicadores e as metas associadas a cada objetivo (conclusão)

Objetivo Indicador Meta Avaliar a atuação das equipes envolvidas nas respostas a emergências e na recuperação

Atendimento aos Tempos de Resposta (ATResp) e de Recuperação (ATRec): Previsto x Realizado Qualidade das Ações de Resposta (QAR): Previsto x Realizado Contribuição das Ações de Resposta para Recuperação (CARR): Tempo de recuperação Previsto x Tempo necessário para recuperação

ATResp e ATRec: 80% das ações realizadas dentro do tempo previsto QAR: 80% das ações realizadas com os resultados esperados CARR: máximo desvio aceito de uma meia vida

Realizar a análise e investigação dos acidentes ocorridos na organização

Índice de Realização de analises de acidentes (IRAA): Número de Acidentes x Número de Análises

IRAA: todos os acidentes devem ser investigados, ao menos internamente

Realizar simulados de resposta a emergência e avaliá-los

Índice de Realização de Simulados (IRS): Previstos x Realizados

IRS: realizar ao menos três simulados

Realizar auditorias internas e externas no SGE

Índice de Realização de Auditorias Internas (IRAI): Previstas x realizadas Índice de Realização de Auditorias externas (IRAE): Previstas x realizadas

IRAI: realizar ao menos três auditorias internas IRAE: realizar ao menos uma externa

Implementar as ações para melhoria apontadas pelas atuações em emergências, nas auditorias internas e na análise e investigação de acidentes

Índice de implementação de oportunidades para melhoria (IImOM): Oportunidades Apontadas x Implementadas Índice de efetividade das ações de melhoria (IEAM): Ações implementadas x avaliadas como eficazes

IImOM: ao menos 75% das ações implementadas IEAM: ao menos 75% das ações efetivas

Os indicadores estabelecidos refletem a fase inicial do Sistema de Gestão de

Emergência e devem ser verificados anualmente, até que a atividade seja iniciada e

os indicadores revistos. A organização considera o atendimento às metas

estabelecidas como um dos critérios para a promoção dos funcionários ou mesmo a

distribuição de bônus anuais.

A responsabilidade por implementar o Sistema de Gestão de Emergência é

atribuída à Gerência de Qualidade, Segurança, Saúde, Meio Ambiente e

Licenciamento, na figura de seu Gerente. A Diretoria realizará um acompanhamento

trimestral no primeiro ano e semestral a partir do segundo ano através de auditorias

internas, da verificação do andamento dos planos de ação e também do

acompanhamento dos indicadores.

171

Os recursos humanos e materiais necessários a implementação do Sistema de

Gestão de Emergência serão providos da seguinte forma:

a) Todos os cargos associados a implementação e manutenção do Sistema

de Gestão de Emergência serão compostos por equipe própria;

b) Recursos humanos para resposta: os cargos de coordenação das ações

de resposta que possuam caráter decisório serão compostos por equipe

própria (estima-se de 10 à 20% do contingente necessário), as equipes de

operação e manutenção serão terceirizadas; e

c) Recursos materiais para resposta e recuperação: equipamentos com vida

útil acima de 5 anos serão adquiridos, os demais alocados nos contratos

de prestação de serviço.

Os recursos humanos serão capacitados de acordo com as diretrizes apontadas

na Etapa de Planejamento de Atuação e Desenvolvimento da Capacidade, sem

qualquer distinção entre mão-de-obra própria ou contratada. A capacitação será

monitorada através dos indicadores RelTre e RecTre, conforme apontado

anteriormente.

Os custos relacionados a implementação e manutenção do Sistema de Gestão

de Emergência serão contabilizados juntamente com os custos de produção,

fazendo parte do orçamento anual da organização.

A organização zela pelo envolvimento da alta administração que defende a

necessidade de uma política de comunicação transparente (interna e externa). Para

tanto planeja, realiza e acompanha reuniões periódicas para comunicação dos riscos

a força de trabalho, comunidade e órgãos púbicos (indicadores RCR, RCRC e

RCRA). Além disso compromete-se a reportar qualquer acidente ocorrido em suas

instalações ou decorrentes de suas atividades e obter informações além das

requeridas pelos instrumentos legais para aprimorar seu sistema de gestão. Para

que a diretoria acompanhe essas ações existem os indicadores RegAc e ComAc.

Para que todas as ações e procedimentos sejam registrados a organização

desenvolveu um banco de dados próprio e um sistema de classificação da

informação, de forma a garantir acesso da força de trabalho as informações

necessárias para a execução de sua atividade. Neste sistema ficam também

172

registrados os resultados dos indicadores de desempenho do Sistema de Gestão de

Emergência.

Os acordos firmados com seu cliente definem que a organização é responsável

por manter a segurança das operações em suas instalações, evitando acidente e

mitigando suas consequências.

4.3.2 Fase de Planejamento e Preparação

4.3.2.1 Identificação de Perigos e Análise dos Riscos e de Vulnerabilidade

Os objetivos identificação dos perigos, análise de riscos e de vulnerabilidade

foram definidos em consonância com os do Sistema de Gestão de Emergência da

organização, conforme abaixo:

Quadro 4.3.2.1-1 – Objetivos da identificação dos perigos, análise de riscos e de vulnerabilidade

Levantar todos os perigos existentes nas instalações, atividades e produtos da organização, analisar os riscos considerando informações da organização e de empresas que realizam atividades similares e identificar os ecossistemas e comunidades afetadas, classificando-os segundo sua vulnerabilidade.

A identificação dos perigos deve considerar a abordagem “all risk”, ou seja,

buscar apontar todos os riscos existentes, conforme os objetivos desta etapa. O

levantamento dos riscos deve ser realizado em duas etapas:

a) Levantamento geral: realizado por uma equipe coordenada por

representante da Coordenação de Segurança. A equipe deve incluir, ao

menos representantes das Coordenações de Saúde, de Meio Ambiente e

Licenciamento, de Operação, de Manutenção, de Logística e um

representante da Instalação. Esse levantamento deve contemplar, pelo

menos, uma visita a instalação; e

b) Levantamento de Informações de Percepção de Risco da Equipe:

realizado pela Coordenação de Segurança, contemplando entrevistas e

formulários utilizando metodologia reconhecida e grupo amostral

adequado, para levantar informações junto a força de trabalho da

instalação em análise.

O resultado final deve ser consolidado pela Gerência de Qualidade, Segurança,

Saúde, Meio Ambiente e Licenciamento e participado às demais gerências.

173

Qualquer necessidade ou proposta de modificação estrutural na configuração

original da instalação deve ser informada à todas as gerências para anuência e

autorização, devidamente acompanhada de uma análise prévia, realizada pelo

responsável pela instalação, das possíveis consequências de sua realização. Caso

as gerências considerem suficiente deverão dar anuência para a realização da

modificação, caso contrário deve ser realizada nova análise de identificação de

perigos antes de sua implementação.

Como o exemplo considera somente cenários de vazamentos de óleo o quadro

abaixo apresenta somente os perigos que geram tal situação.

Quadro 4-4 - Perigos que geram vazamentos de óleo para o exemplo em tela

Perigo Consequência

Falha de vedação na cabeça do poço Vazamento de óleo

Descontrole do poço Vazamento de óleo

Rompimento das linhas de produção Vazamento de óleo

Rompimento do Riser Vazamento de óleo

Furo nas linhas de processo Vazamento de óleo

Ruptura nas linhas de processo Vazamento de óleo

Furo nos vasos de processo Vazamento de óleo

Ruptura nos vasos de processo Vazamento de óleo

Falha nas bombas de transferência entre os vasos da FPSO Vazamento de óleo

Furo na linha do tratador eletrostático Vazamento de óleo

Ruptura da linha do tratador eletrostático Vazamento de óleo

Furo na linha dos trocadores de calor Vazamento de óleo

Ruptura da linha dos trocadores de calor Vazamento de óleo

Furo nas linhas de drenos dos equipamentos e vasos Vazamento de resíduo oleoso

Ruptura das linhas de drenos dos equipamentos e vasos Vazamento de resíduo oleoso

Furo no vaso de drenagem Vazamento de resíduo oleoso

Falha nas Bombas de drenagem Vazamento de resíduo oleoso

Falha em válvulas, juntas e conexões na bomba de drenagem Vazamento de resíduo oleoso

Ruptura nas linhas de processo Vazamento de resíduo oleoso

Furo nos tanques de armazenagem de óleo da FPSO Vazamento de óleo

Ruptura nos tanques de armazenagem de óleo da FPSO Vazamento de óleo

Falha em válvulas, juntas e conexões entre as bombas e mangotes de transferência entre os tanques de armazenagem da FPSO Vazamento de óleo

Falha nas bombas de transferência entre os tanques de armazenagem da FPSO Vazamento de óleo

Furo nos tanques de armazenagem de óleo diesel Vazamento de diesel

Ruptura nos tanques de armazenagem de óleo diesel Vazamento de diesel Continua

174

Quadro 4-4 - Perigos que geram vazamentos de óleo para o exemplo em tela (conclusão)

Perigo Consequência

Furo em mangote de transferência de diesel da embarcação de apoio para a FPSO Vazamento de óleo diesel

Ruptura no mangote de transferência de diesel da embarcação de apoio para a FPSO Vazamento de óleo diesel

Falha nas bombas de transferência de diesel da embarcação de apoio para a FPSO Vazamento de óleo

Afundamento do FPSO Vazamento de óleo

Furo no mangote de transferência em offloading da FPSO para o Navio Aliviador Vazamento de óleo

Ruptura no mangote de transferência em offloading da FPSO para o Navio Aliviador Vazamento de óleo

Falha nas conexões e flange das bombas de transferência de offload da FPSO para o Navio Aliviador Vazamento de óleo

Furo nos tanques da embarcação de apoio Vazamento de óleo diesel

Com os resultados da identificação dos perigos em mãos, o responsável pela

instalação, com apoio da Coordenação de Segurança inicia a análise de riscos. Para

subsidiar a análise de risco a organização conta com acesso aos bancos de dados

com o histórico de acidente de atividades de produção e perfuração offshore. Por ser

a primeira atividade da organização e estar em fase de planejamento ela não possui

um histórico de acidentes, mas a organização mantém um banco de dados

preparado para cadastrar essas informações de acordo com sua política de Gestão

de Emergência.

O procedimento para elaboração da análise de riscos da organização baseia-se

nas normas ISO 31000:2009 e ISO 17776:2000. As metodologias, descritas

especialmente na norma ISO 17776:2000 são utilizadas de acordo com a

necessidade identificada pelo grupo encarregado das análises e validadas de acordo

com o processo descrito anteriormente. Os estudos de avaliação de riscos com

enfoque nos danos ao ambiente, às pessoas e às instalações são realizados durante

as diversas fases do ciclo de vida do empreendimento, utilizando-se técnicas de

avaliação de riscos indicadas nestas normas.

Ainda segundo esse procedimento, na etapa de análise qualitativa dos riscos a

organização baseia-se em uma matriz para avaliar se os riscos apontados são

aceitáveis, considerando dois parâmetros: frequência e severidade.

As informações da frequência esperada de ocorrência, obtidas nos bancos de

dados supracitados, classificam-se conforme apresentado no quadro 4-5.

175

Quadro 4-5 - Categoria de Frequências

Categoria Denominação Descrição

A Extremamente Improvável

Situação possível porém extremamente improvável na vida útil do empreendimento. Para esses casos não existem registros históricos.

B Improvável Não esperado ocorrer durante a vida útil do empreendimento. As referências históricas apontam casos pontuais.

C Pouco provável Esperado que ocorra até uma vez durante a vida útil.

D Provável Os dados históricos mostram que tente a ocorrer mais de uma vez durante a vida útil.

E Frequente Deve ocorrer algumas vezes durante a vida útil.

A severidade é a medição da expectativa e mensuração do dano gerado pelo

evento. O Quadro abaixo apresenta o critério para avaliação qualitativa utilizada pela

organização.

Quadro 4-6 - Categorias de Severidade

Categoria Denominação Descrição/Características

I Desprezível

Materiais e equipamentos: poucos danos aos equipamentos, sem comprometer a produção; Pessoas: sem previsão de afetar pessoas; e Meio ambiente: vazamento restrito a UM, sem afetar o mar.

II Marginal

Materiais e equipamentos: danos leves aos equipamentos ou severos à equipamentos de rápida substituição, sem comprometer a produção; Pessoas: danos pequenos às pessoas, lesões leves; e Meio ambiente: vazamento que ultrapasse o limite da UM, porém com volumes inferiores à 8m³.

III Crítica

Materiais e equipamentos: danos severos a equipamentos que necessitem de substituição comprometam a produção por até três dias; Pessoas: lesões significativas às pessoas, porém sem causar risco de morte; e Meio ambiente: vazamento que ultrapasse o limite da UM, com volumes acima de 8m³ porém que não gerem toque na costa.

IV Catastrófica

Materiais e equipamentos: danos severos a equipamentos que necessitem de substituição comprometam a produção por mais do que três dias; Pessoas: lesões significativas às pessoas com risco de morte; e Meio ambiente: vazamento que ultrapasse o limite da UM, com volumes acima de 8m³ que gerem toque na costa.

A combinação destes critérios gera uma matriz, que representa uma avaliação

quantitativa dos riscos avaliados. Os critérios para aceitabilidade dos riscos são

apresentados na matriz que classifica os riscos em: Não Tolerável (NT), Moderado

(M) e Tolerável (T).

176

Quadro 4-7 - Matriz para avaliação quantitativa dos riscos

Frequência

A B C D E

Extremamente Improvável Improvável Pouco provável Provável Frequente

Seve

ridad

e IV Catastrófica M M NT NT NT

III Crítica T M M NT NT

II Marginal T T M M M

I Desprezível T T T T M

Os riscos avaliados como não toleráveis, conforme a política de Gestão de

Riscos da Organização, devem ser tratados. Para esses casos o procedimento para

realização de análise de riscos recomenda que seja feita uma análise quantitativa

dos riscos.

O Quadro abaixo apresenta os cenários que podem resultar em vazamento de

óleo para o mar identificados a partir dos perigos anteriormente listados e a

avaliação qualitativa dos riscos gerados.

Quadro 4-8 - Cenários que podem resultar em vazamento de óleo para o mar

Perigo Causa Volume Estimado

Risco Original

F S R

1. Furo em mangote de transferência de diesel da embarcação de apoio para a FPSO

Furo no mangote de transferência de óleo diesel; Corrosão; Falha de material; Choque mecânico

< 7 m³ D I T

2. Ruptura no mangote de transferência de diesel da embarcação de apoio para a FPSO

Furo no mangote de transferência de óleo diesel; Desconexão do mangote de transferência; Falha de material; Erro operacional; Condições meteo-oceanográficas adversas

< 10 m³ C III M

3. Falha nas bombas de transferência de diesel da embarcação de apoio para a FPSO

Falha no selo e nas gaxetas das bombas < 7 m³ C II M

4. Furo no mangote de transferência em offloading

Furo na linha do mangote flutuante de transferência Falha de Material; Choque mecânico

< 60 m³ D III NT

5. Falha de vedação na cabeça do poço

Erro de montagem e/ou instalação de equipamentos Desgaste do material Choque mecânico

184,8 m³ B III M

6. Rompimento das linhas de produção

Choque mecânico Falha no sistema de ancoragem da unidade Condições meteo-oceanográficas adversas

184,8 m³ C III M

7. Rompimento do Riser

Choque mecânico Falha no sistema de ancoragem da unidade Condições meteo-oceanográficas adversas Falha de material;

184,8 m³ B III M

Continua

177

Quadro 4-8 - Cenários que podem resultar em vazamento de óleo para o mar (conclusão)

Perigo Causa Volume Estimado

Risco Original

F S R

8. Ruptura no mangote de transferência em offloading

Ruptura do mangote de transferência; Choque mecânico; Desconexão do mangote de transferência; Erro operacional durante a transferência de óleo; Condições meteo-oceanográficas adversas

370 m³ C IV NT

9. Furo nos tanques da embarcação de apoio

Colisão entre a embarcação de apoio com a FPSO devido à: - Erro Operacional de navegação; - Condições meteo-oceanográficas adversas

450 m³ B IV M

10. Furo nos tanques de armazenagem de óleo da FPSO

Falha no sistema de inertização Falha de material; Choque mecânico

5.542 m³ B III M

11. Ruptura nos tanques de armazenagem de óleo da FPSO

Furo nos tanques de armazenagem de óleo; Falha no sistema de inertização Corrosão; Falha de material; Choque mecânico

5.542 m³ B IV M

12. Afundamento do FPSO

Erro Operacional de navegação de terceiros Colisão entre a unidade FPSO e o navio aliviador ou outra embarcação Erro operacional nas manobras de lastreamento

63.595 m³ B IV M

13. Descontrole do poço Choque mecânico Falha no sistema de ancoragem da unidade Falha no sistema de segurança do poço

120.000 m³ B IV M

Na primeira avaliação, dois cenários ficaram classificados como não toleráveis (4

e 8). A realização da análise de vulnerabilidade pode alterar essa classificação

inicial. O responsável pela instalação encaminha o resultado inicial da análise

qualitativa de riscos para a Coordenação de Segurança, responsável pelo controle

de qualidade do documento.

Com os cenários acidentais como subsídio, a Coordenação de Licenciamento e

Meio ambiente inicia a análise de vulnerabilidade.

O padrão da organização para realização de análise de vulnerabilidade à

vazamentos de óleo (tipologia escolhida para o exemplo) exige que sejam utilizados

modelos matemáticos para a previsão de comportamento da pluma de óleo. A

exigência legal é que sejam simulados cenários de vazamentos de 8, 200 e o pior

caso (120.000 m³), para as situações típicas de inverno e verão. Entretanto, para

atendimento aos critérios de severidade da organização volumes intermediários

devem ser contemplados. O quadro abaixo apresenta os valores de referência

utilizados e que cenários eles representam.

178

Quadro 4-9 - Valores de referência para os cenários.

Cenário Volume Estimado

Volume Modelado

Vazamento de óleo diesel no mangote de transferência devido a furo < 7 m³

8 m³ Vazamento de óleo diesel no mangote de transferência devido a ruptura <10 m³

Vazamento de óleo através das bombas de transferência devido a falha no selo e nas gaxetas

< 7 m³

Vazamento de óleo/ gás na cabeça do poço devido a erro de montagem, desgaste do material, choque mecânico

184,8 m³

200 m³ Vazamento de óleo/gás nas linhas de produção devido a rompimento das linhas 184,8 m³

Vazamento de óleo/gás pelo riser devido a ruptura da linha de produção 184,8 m³

Vazamento no mangote de transferência nas operações de offloading devido a furo

< 60 m³

Vazamento no mangote de transferência nas operações de offloading devido a ruptura ou falha nas conexões e flange

370 m³ 450 m³

Vazamento de diesel nos tanques da embarcação de apoio devido a colisão 450 m³

Vazamento de óleo nos tanques de armazenagem de óleo devido a furo 5.542 m³ 6000 m³

Vazamento de óleo nos tanques de armazenagem de óleo devido à ruptura 5.542 m³

Vazamento de óleo devido a afundamento do FPSO 63.595 m³ 70.000 m³

Vazamento de óleo/gás na cabeça do poço devido a descontrole da produção 120.000 m³ 120.000 m³

Os resultados das modelagens apresentam tanto as probabilidades de

deslocamento da mancha como o tempo previsto para chegar a determinado local.

Para dar continuidade ao exemplo de aplicação do modelo do Sistema de Gestão de

Emergência, foram assumidos os resultados para a modelagem conforme o quadro

abaixo.

Quadro 4-10 - Resultados assumidos para a modelagem

Volume modelado Área atingida Probabilidade para toque na costa

8 m³ Imediações da plataforma (cerca de 5 Km) NA

200 m³ Mar a sudoeste da FPSO (cerca de 160 Km) NA

450 m³ Litoral, Municípios de Ubatuba e São Sebastião Até 40%

6000 m³ Litoral, Municípios de Ubatuba, São Sebastião,Santos, São Vicente, Praia Grande e Itanhaem

Até 40%

70.000 m³ Litoral, Estado de São Paulo Até 80%

120.000 m³ Litoral, Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina Até 100%

O procedimento para realização da análise de vulnerabilidade também exige que

sejam feitos levantamentos sócio-econômicos na região de toque, por intermédio de

uma empresa especializada contratada para esse fim. O levantamento tem como

objetivos principais identificar as atividades que podem ser impactadas por um

eventual vazamento de óleo, mapear e cadastrar as pessoas diretamente envolvidas

179

com essas atividades e buscar uma valoração destas. O levantamento é realizado

na fase de licenciamento do projeto e atualizado a cada dois anos.

Adicionalmente a avaliação socioeconômica é feita uma análise de

vulnerabilidade ambiental, segundo critérios estabelecidos pelo IBAMA, de acordo

com as características do empreendimento. O resultado final aponta as regiões da

costa mais vulneráveis que devem ser priorizadas em caso de previsão de chegada

de óleo na região costeira.

Os resultados da análise de vulnerabilidade e da análise de riscos são

analisados conjuntamente pelas coordenações de Segurança e de Meio Ambiente e

Licenciamento.

No Exemplo em questão, os resultados iniciais da modelagem o cenário de

vazamento de óleo nos tanques de armazenagem de óleo devido a furo (cenário 10)

passaram de uma classificação inicial de severidade de Crítica (III) para Catastrófica

(IV), por apresentar toque na costa. A classificação do risco deste cenário,

entretanto permaneceu como moderado por sua frequência ser improvável (B).

Essa avaliação inicial é levada para ciência das Gerências de Qualidade,

Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Licenciamento e de Operação, Manutenção e

Logística para que a etapa de gerenciamento dos riscos seja autorizada.

4.3.2.2 Gerenciamento dos Riscos

A organização estabeleceu uma política para gestão de riscos que visa

direcionar os esforço e investimento para as ações de mitigação dos riscos e não

para a minimização de suas consequências.

As medidas mitigadoras são traçadas a partir da análise qualitativa e quantitativa

de riscos. Seguindo a política de Gerenciamento de riscos da organização, cada um

dos cenários é analisado, independente de sua classificação de risco, na busca de

medidas que possam reduzir a frequência de ocorrência ou as consequências,

atuando diretamente nas causas ou nos efeitos. A Coordenação de Segurança é a

responsável por essa etapa, devendo envolver obrigatoriamente a Coordenação de

Operação e o Responsável pela Instalação. O Responsável pela Instalação por sua

vez tem a atribuição de indicar a necessidade de colaboração de outros funcionários

da FPSO.

180

O quadro abaixo aponta as medidas mitigadoras identificadas para posterior

aplicação aos cenários apontados na análise de riscos.

Quadro 4-11 - Medidas mitigadoras identificadas

Tipo Medida Mitigadora

A Prever, elaborar e executar os programas de manutenção dos equipamentos e linhas (proteção primária) e também para os sistemas de segurança – válvulas, sensores, alarmes, câmeras de vigilância (proteção secundária).

B Cumprir os procedimentos de registro e investigação das causas do acidente.

C Trabalhar somente com equipamentos certificados e definir a necessidade de realização de inspeção visual dos equipamentos prévia e posterior a realização de operações de transferências.

D Prever, elaborar e executar para inspeção, teste hidrostático e de estanqueidade.

E Prever parâmetros limites de condições meteo-oceanográficas para operações que envolvam a aproximação de embarcações de suprimento.

F Exigir que as operações de transferência sejam acompanhadas por monitoramento visual.

G Instalar sistemas de monitoramento remoto da produção e prever redundância de sensores.

H Operar com os tanques de armazenamento de óleo e de diesel respeitando o limite de 75% de sua capacidade total para permitir a transferência de conteúdo entre eles em caso de sinistro.

I Prever, elaborar e executar programa de treinamento e Capacitação dos funcionários nas manobras operacionais.

J Atender aos procedimentos de segurança para transferências de produtos entre embarcações.

K Executar os programas de manutenção dos sistemas de segurança (válvulas de automáticas, sensores de nível, alarmes de nível e segurança).

As medidas mitigadoras listadas no quadro acima foram estabelecidas pela

organização, baseada em sua política de Gestão de Riscos e de Emergência, uma

vez que todos os requisitos legais já foram satisfeitos. A relação destas medidas

com os cenários é apresentada no quadro abaixo.

Quadro 4-12 - Medidas mitigadoras aplicadas de acordo com os cenários

Cenários Medidas Mitigadoras

A B C D E F G H I J K

1. Vazamento de óleo diesel no mangote de transferência da embarcação de apoio para a FPSO por furo X X X X X

2. Vazamento de óleo diesel no mangote de transferência da embarcação de apoio para a FPSO por ruptura X X X X X

3. Vazamento de óleo através das bombas de transferência devido a falha no selo e nas gaxetas X X X X X

4. Vazamento no mangote de transferência nas operações de offloading devido a furo X X X X X X X

5. Vazamento de óleo/ gás na cabeça do poço devido a erro de montagem, desgaste do material, choque mecânico X X X X

6. Vazamento de óleo/gás nas linhas de produção devido a rompimento das linhas X X X X

Continua

181

Quadro 4-12 - Medidas mitigadoras aplicadas de acordo com os cenários (conclusão)

Cenários Medidas Mitigadoras

A B C D E F G H I J K

7. Vazamento de óleo/gás pelo riser devido a ruptura da linha de produção X X X X X

8. Vazamento no mangote de transferência nas operações de offloading devido a ruptura ou falha nas conexões e flange X X X X X X X

9. Vazamento de óleo diesel nos tanques da embarcação de apoio devido à colisão X X X X X

10. Vazamento de óleo nos tanques de armazenagem da FPSO devido a furo X X X X X

11. Vazamento de óleo nos tanques de armazenagem de óleo da FPSO devido à ruptura X X X X X

12. Vazamento de óleo devido a afundamento do FPSO X X X X X

13. Vazamento de óleo/gás na cabeça do poço devido a descontrole da produção X X X X

Com a aplicação das medidas mitigadoras, a análise de risco qualitativa sofre

alterações, conforme demonstrado abaixo.

Quadro 4-13 - Reavaliação da Analise de Risco após as medidas mitigadoras

Causa Volume Estimado

Risco Original Risco Residual Volume esperado

final F S R F S R

1. Vazamento de óleo diesel no mangote de transferência da embarcação de apoio para a FPSO por furo < 7 m³ D I T D I T < 7 m³

2. Vazamento de óleo diesel no mangote de transferência da embarcação de apoio para a FPSO por ruptura < 10 m³ C III M C II M < 7 m³

3. Vazamento de óleo através das bombas de transferência devido a falha no selo e nas gaxetas < 7 m³ C II M C II M < 7 m³

4. Vazamento no mangote de transferência nas operações de offloading devido a furo < 60 m³ D III NT C III M < 60 m³

5. Vazamento de óleo/ gás na cabeça do poço devido a erro de montagem, desgaste do material, choque mecânico 184,8 m³ B III M B III M 184,8 m³

6. Vazamento de óleo/gás nas linhas de produção devido a rompimento das linhas 184,8 m³ C III M C III M 184,8 m³

7. Vazamento de óleo/gás pelo riser devido a ruptura da linha de produção 184,8 m³ B III M B III M 184,8 m³

8. Vazamento no mangote de transferência nas operações de offloading devido a ruptura ou falha nas conexões e flange 370 m³ C IV NT B III M 370 m³

9. Vazamento de óleo diesel nos tanques da embarcação de apoio devido à colisão 450 m³ B IV M B IV M 370 m³

10. Vazamento de óleo nos tanques de armazenagem da FPSO devido a furo 5.542 m³ B IV M B II T 550m³

11. Vazamento de óleo nos tanques de armazenagem de óleo da FPSO devido à ruptura 5.542 m³ B IV M B IV M 1500m³

12. Vazamento de óleo devido a afundamento do FPSO 63.595 m³ B IV M B IV M 63.595 m³

13. Vazamento de óleo/gás na cabeça do poço devido a descontrole da produção 120.000 m³ B IV M B IV M 120.000 m³

Todas as medidas mitigadoras estabelecidas são acompanhadas pela

Coordenação de Operação e in loco pelo Responsável da Instalação. A alta

182

administração acompanha o gerenciamento dos riscos na organização pelos

indicadores de TRR (estrutural e por procedimentos) e TEAM. Pelo

acompanhamento destes indicadores a organização busca antecipar de possíveis

falhas tanto na identificação como na sua implementação. Pelo procedimento de

Gestão de Riscos as medidas mitigadoras devem ser reavaliadas pela Coordenação

de Segurança a cada dois anos.

Ainda pelo procedimento de Gestão de Riscos da Organização os cenários

resultantes são passados para a Gerência de Qualidade, Segurança, Saúde, Meio

Ambiente e Licenciamento, que fica responsável por estabelecer as medidas para

planejamento para recuperação pós-desastre de áreas potencialmente afetadas.

Para isso, esta gerência aponta as medidas necessárias para mitigar as

consequências dos acidentes, por cenário. Esta abordagem considera que todas as

barreiras e medidas de segurança falharam e cabe a esta gerência estabelecer que

planos de emergência devem ser acionados. O quadro abaixo apresenta tais

medidas, neste caso, observando outras consequências dos apontados

anteriormente.

Quadro 4-14 - Medidas necessárias para mitigar as consequências dos acidentes

Tipo Medida para Mitigar os Danos

L Acionar o Kit SOPEP (Ship Oil Pollution Emergency Plan)

M Acionar o Plano de Contingência da unidade em caso de ignição do produto

N Acionar o Plano de SALVAGE em caso de perda de instabilidade da FPSO ou da embarcação de suprimento

O Acionar o Plano Para Evacuação por Helicóptero Ambulância (MEDIVAC) em caso de acidentados / enfermos

P Acionar o Plano de Resposta para Vazamento de Óleo

Uma vez que a Gerência de Qualidade, Segurança, Saúde, Meio Ambiente e

Licenciamento indicou as medidas para mitigação dos danos a Gerência de

Operação, Manutenção e Logística e a Diretoria são comunicadas da necessidade

de implementação. Os planos de resposta elaborados em função desta indicação

apontam as ações, procedimentos e condições para aplicação das técnicas

necessárias para a mitigação do dano.

Para finalização da Etapa de Gerenciamento dos Riscos, o procedimento da

organização exige que estes sejam comunicados à todos os níveis hierárquicos da

organização, aos clientes e aos órgãos externos. Essa ação também é atribuição da

183

Gerência de Qualidade, Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Licenciamento e suas

coordenações e é monitorada pelos indicadores RCRI, RCRC e RCRA.

4.3.2.3 Avaliação da Capacidade de Resposta e Resiliência

Esta fase pode ser dividida em três momentos: na identificação da capacidade

de resposta a emergência e recuperação existentes; na definição de quais precisam

ser alcançadas para atingir os objetivos do Sistema de Gestão de Emergência e nas

ações necessárias para isso.

Como na hipótese apresentada o empreendimento encontra-se em fase de

projeto, será considerado que a organização não possui recursos e desta forma não

existe motivo para a avaliação inicial. Analogamente, a indisponibilidade de

informações para a avaliação da recuperação existente impossibilita a avaliação

deste item. Entretanto, as definições da capacidade necessária e do procedimento

para avaliação da capacidade em uma etapa subsequente são objetos deste modelo

conceitual.

O processo de avaliação da capacidade é de responsabilidade Gerência de

Qualidade, Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Licenciamento, sendo direcionada

para suas coordenações de acordo com a tipologia a ser tratada. A avaliação da

capacidade para resposta e recuperação a vazamento de óleo é de

responsabilidade da Coordenação de Meio Ambiente e Licenciamento. O resultado

da avaliação entretanto, deve ser submetido para verificação das Coordenações de

Segurança, de Qualidade e de Operação antes da aprovação final pela Gerência.

O procedimento para avaliação da capacidade da organização recomenda a

utilização conjugada das metodologias de Análise do Planejamento e Prontidão para

Resposta (RP&RA do inglês Response Planning and Readiness Assessments) e da

UNDP (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas do inglês United Nations

Developement Program), ambas apresentadas no Capítulo 2 deste trabalho. Por

este procedimento, as avaliações levam em consideração os cenários resultantes da

análise de risco, a legislação aplicável e os requisitos estabelecidos pela

organização para a resposta (e seus planos para desenvolvimento da capacidade)

para identificar a adequação dos recursos existentes.

184

Seguindo as diretrizes apresentadas pelo Sistema de Gestão de Emergência da

Organização, toda a avaliação é direcionada para identificar se os recursos

existentes são adequados e suficientes para:

a) Fazer com que os sistemas retornem ao seu estado original ou melhorem.

b) Promover a continuidade do negócio; e

c) Manter uma capacidade para resposta proporcional aos cenários

identificados.

Para servir de parâmetro para a avaliação da capacidade, a organização deve

definir a capacidade que precisa ser alcançada. A resposta e recuperação a

incidentes de vazamento de óleo são tratados separadamente para efeitos didáticos

para facilitar seu controle, embora todas as ações de resposta tenham influência

direta para a recuperação.

Os recursos de resposta exigidos pela legislação (Resolução CONAMA 398/08)

são o ponto de partida para a definição da capacidade de resposta a vazamentos de

óleo. Essa resolução apresenta requisitos para dimensionamento para embarcações

de resposta (vazão de recolhimento) e tempos para deslocamento destas,

entretanto, não define a necessidade de treinamentos, periodicidade de exercícios e

simulados e recursos para resposta em regiões costeiras. De forma a preencher

esses hiatos, a organização estabeleceu os seguintes requisitos para a capacidade

de resposta:

a) Necessidade de dispor de alternativa em caso de indisponibilidade dos

recursos principais (ex.: prever embarcação de recolhimento de óleo

reserva para substituição as titulares);

b) Os recursos e equipes de resposta devem ser posicionados de forma a

estarem disponíveis em tempos 15% inferiores aos estabelecidos pela

legislação. A diretoria acompanha esse requisito pelo indicador ATResp;

c) Os treinamentos estabelecidos devem ser específicos por função na

estrutura organizacional de resposta e acompanhados pela diretoria pelos

indicadores RelTrei e RecTre;

185

d) Além dos titulares e substitutos minimamente exigidos pela legislação, a

organização deve manter, minimamente, uma reserva de mão de obra

equivalente a 50% do total exigido;

e) Os recursos para resposta a região costeira devem estar disponíveis para

atuação em tempos 20% inferiores ao menor tempo previsto para toque

no local de acordo com os resultados da modelagem. O indicador ATResp

também monitora este item; e

f) A avaliação deve observar o histórico e lições aprendidas de respostas da

organização e de outras com atividades correlatas.

Para a capacidade de recuperação (e continuidade de negócio) a organização

estabeleceu os seguintes requisitos:

a) Manter os registros socioeconômicos atualizados de acordo com o

estabelecido na etapa de análise de vulnerabilidade;

b) Manter estoque de material considerado crítico para a reposição e

continuidade da operação;

c) Prever alternativas para continuidade da produção em função dos

cenários;

d) Manter programas de comunicação e relacionamento com as

comunidades (monitorados pelo indicador RCRC);

e) A avaliação deve considerar as revisões feitas na análise; e

f) A avaliação deve observar o histórico e lições aprendidas de respostas da

organização e de outras com atividades correlatas

Com a comparação entre os recursos existentes e necessários (ainda segundo o

procedimento de avaliação da capacidade) é traçado o Plano para o

Desenvolvimento da Capacidade, onde constam as ações necessárias para atingir a

capacidade necessária. A elaboração deste plano para vazamentos de óleo é de

responsabilidade da Coordenação de Meio Ambiente e Licenciamento. As ações

para sua execução são distribuídas entre as Coordenações e Gerências. Tanto a

aquisição de recursos (AQREC) como a manutenção e a percepção da adequação

(MPA) são acompanhados pela alta administração.

186

4.3.2.4 Planejamento de Atuação e Desenvolvimento da Capacidade

Para colocar em prática as ações de aquisição e contratação previstas no Plano

para o Desenvolvimento da Capacidade a organização conta com os recursos

financeiros disponibilizados no orçamento anual da organização, conforme descrito

anteriormente. Nesta etapa, todo o esforço da organização é direcionado para

obtenção da capacidade necessária, identificada nas etapas e fases anteriores.

O Setor Financeiro detém os procedimentos para a execução da compra e da

contratação de serviços e as Coordenações solicitantes são responsáveis pela

especificação técnica (de acordo com as responsabilidades atribuídas pelo Plano

para o Desenvolvimento da Capacidade). A diretoria exige uma comprovação de

necessidade e adequação para a contratação/compra. Para isso, a

Gerência/Coordenação requisitante deve demonstrar que o solicitado atende às

necessidades de resposta da organização. Ao comprar um equipamento, por

exemplo, deve demonstrar que este é adequado para a operação com o tipo de óleo

produzido ou as condições meteo-oceanográficas da região.

A organização reporta, voluntariamente, aos órgãos fiscalizadores e as

comunidades o andamento das ações previstas no Plano para o Desenvolvimento

da Capacidade em suas reuniões para a Comunicação dos Riscos. A realização e

resultados destas reuniões são acompanhados pela diretoria através dos

indicadores RCRC e RCRA.

A política de Gestão de Emergência da organização exige que sejam elaborados

planos de resposta a emergência para todas as tipologias identificadas nas análises

de risco, independente da existência de exigência legal.

Para incidentes de vazamento de óleo, a legislação nacional é bem completa e

desenvolvida. Além de exigir sua elaboração, pela Lei 9966 de 28 de abril de 2000,

tem seu conteúdo e exigências mínimas descrito pela Resolução CONAMA 398 de

11 de Julho de 2008. O padrão da organização para a elaboração de Planos de

Emergência Individuais – nomenclatura da legislação nacional para planos de

resposta a incidentes de vazamento de óleo – considera todas as exigências

mínimas desta resolução e acrescenta as seguintes:

a) Elaborados com o intuído de minimizar os impactos e acelerar e promover

a recuperação (indicadores QAR e CARR);

187

b) Prever medidas e formas de compensação para os direta e indiretamente

afetados também devem ser estudados e previstos;

c) Considerar as capacidades exigidas pela organização para as funções da

EOR (indicadores RelTrei e RecTrei);

d) Exigência de realização de 3 simulados antes do início das atividades e

após o início uma frequência de 4 simulados anuais (indicador IRS);

e) Realização de auditorias nos planos de emergência com frequência

anual; e

f) Periodicidade para revisão dos planos: minimamente a cada dois anos,

exceções feitas caso os simulados, auditorias ou respostas a incidentes

reais definam pela necessidade de revisão imediata (indicador IImOM).

O plano para desenvolvimento da capacidade e os procedimentos da

organização para elaboração dos planos de emergência tratam detalhadamente dos

requisitos para a capacitação das equipes. Para o caso da capacitação para a

resposta a vazamentos de óleo, existem treinamentos comuns e específicos de

acordo com a função na estrutura.

Os treinamentos comuns a todos estão os de operação e familiaridade com os

equipamentos de resposta da organização, o básico de perfuração e produção de

petróleo e o do conteúdo e elaboração do Plano de Emergência Individual. A

diretoria tem como princípio que todos os componentes devem ter um conhecimento

de base similar que permeiem as demais funções e permita e facilite o diálogo entre

os envolvidos.

Os treinamentos específicos são estabelecidos de acordo com a necessidade

intrínseca a função, ou seja, as equipes de operação dos equipamentos recebem

instruções detalhadas quanto ao seu funcionamento, composição e forma de

utilização e as funções de coordenação em gerenciamento de equipes e recursos.

A organização exige ainda a realização de treinamentos práticos para todos os

componentes da estrutura de resposta, independente da realização/participação em

simulados.

Os treinamentos são ministrados por uma equipe de instrutores da própria

organização. Para isso, existe uma política de aproveitamento dos profissionais com

188

experiência em situações reais e que por qualquer motivo não estejam mais ligados

a cargos gerenciais na estrutura de resposta – normalmente ligados às exigências

de saúde ocupacional. Essa medida visa promover a transferência do conhecimento

na organização e desenvolver e consolidar sua cultura de resposta a emergências.

A elaboração do plano de Emergência Individual é responsabilidade da Gerência

de Qualidade, Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Licenciamento e sua análise e

aprovação cabe, em primeira instância à Gerência de Operação, Manutenção e

Logística e também individualmente à todos os componentes da estrutura de

resposta. Após essa primeira análise e aprovação ele deve ser analisado por um

representante especialista indicado pela Diretoria.

Independente dos contratos ou recursos que a organização possui, atualmente a

Diretoria está em contato com outras empresas que operam na região para

estabelecer contratos e planos para auxílio mútuo entre as mesmas. Entretanto,

essa não é uma prática comum no país e está sendo dificultada.

Os procedimentos para avaliação do Sistema de Gestão obedecem as diretrizes

da norma proposta e são estabelecidos nesta fase, porém serão descritos na última

etapa do ciclo para facilitar a compreensão e manter a coerência do texto.

4.3.3 Fase de Desenvolvimento e Execução: Continuidade da Preparação e Ações de Recuperação e Resposta

De forma geral, as atividades da Fase de Desenvolvimento e Execução

contemplam a execução de ações de difícil demonstração em uma aplicação teórica.

As informações apresentadas para as etapas visam simular como isso seria feito,

visando permitir a continuidade do exercício.

4.3.3.1 Implementação e Operação

Essa etapa consiste na implementação das ações previstas nos planos e

procedimentos para desenvolvimento da capacidade e atuação na resposta e

recuperação. Seu principal objetivo, portanto é assegurar que a capacidade de

resposta planejada seja efetivamente implementada. Na fase anterior já foi

demonstrado como os recursos financeiros são disponibilizados e as principais

diretrizes da organização para isso. Desta forma, as principais ações de

189

implementação tomadas pela Gerência de Operação, Manutenção e Logística com

apoio do Setor Financeiro foram listadas abaixo:

a) Aquisição de recursos para resposta a emergências: 100% equipamentos

de resposta são próprios (barreiras, recolhedores , tanques para

armazenamento temporário e etc), os veículos e embarcações

alugados/arrendados e recursos de comunicação e apoio, com menor

valor e vida útil, são também alugados;

b) Foram contratadas cinco embarcações para a resposta a vazamentos de

óleo, duas são dedicadas a atividade para uma resposta imediata e três

outras para revezamento em caso de indisponibilidade das primeiras e

para complementação a resposta inicial;

c) Todos os cargos de coordenação da estrutura de resposta são compostos

por funcionários próprios, que trabalham em regime de sobreaviso e

revezamento de forma a garantir sua prontidão e sem ferir a legislação

trabalhista;

d) Para operação e manutenção dos equipamentos existe um contrato

específico que prevê inclusive convocação de recursos extras em caso de

necessidade. O contrato exige o número mínimo de equipes previsto no

plano de emergência disponível 24 horas por dia;

e) A fiscalização do contrato é feita por fiscais de campo, também envolvidos

na estrutura de resposta;

f) Todo o treinamento das equipes é feito pela organização, seguindo os

preceitos apresentados na Etapa anterior;

g) Foram instaladas bases de resposta posicionadas nas proximidades das

regiões portuárias e com fácil acesso a estradas, distribuídas nos

municípios com maior probabilidade de toque, de forma a agilizar as

primeiras ações de resposta e permitir a rápida mobilização de

equipamentos e equipes adicionais;

h) Foram elaborados dois convênios: um nacional e outro internacional, para

ajuda mútua em caso de grandes acidentes;

190

i) A empresa construiu em sua sede uma sala de crise, dotada de todos os

recursos de comunicação disponíveis para permitir a coordenação das

ações de resposta;

j) A empresa dispõe de dois centros móveis de comunicação para a

transmissão de dados e voz, que podem ser deslocados para o local da

emergência;

k) As embarcações de resposta dispõem de rádios para comunicação,

telefones por satélite e também internet por satélite para transmissão de

imagem e dados; e

l) Para facilitar à gestão e manipulação da informação a organização

desenvolveu um banco de dados para o gerenciamento da emergência e

da prontidão para a atuação, baseado em uma metodologia

internacionalmente testada denominada ICS (Sistema de Comando de

incidente, do inglês Incident Command System).

Para inicio das atividades, além do plano de emergência elaborado, aprovado

pelas autoridades competentes e implementado – equipes posicionadas e

capacitadas e recursos de resposta funcionais – a organização exige que os

simulados prévios sejam realizados, com resultados satisfatórios de desempenho.

4.3.3.2 Manutenção da Capacidade e Prontidão

Com o intuito de manter a capacidade de resposta e recuperação definida na

Fase de Planejamento a organização mantém rotinas de manutenção, verificação e

testes nos equipamentos de resposta e comunicação, exige realização de

treinamentos práticos e teóricos aos componentes da estrutura de resposta e

controla a revisão e elaboração dos planos e procedimentos.

As rotinas de manutenção e teste são executadas pelas empresas contratadas

para operação e manutenção dos equipamentos, entretanto a organização mantém

fiscalização próxima para verificação de sua execução. Além da fiscalização, as

auditorias e simulados auxiliam na verificação de seu funcionamento, acompanhado

pelo indicados MPA.

Os testes nos sistemas de comunicação são realizados a cada passagem de

serviço, o que auxilia também na identificação de qualquer problema na estrutura de

191

comunicação e acionamento. Na passagem de serviço entre os componentes da

estrutura de resposta, são verificadas as posições e condições dos recursos de

resposta, sobretudo das equipes de apoio em terra e das embarcações de resposta.

Tudo isso é registrado no banco de dados e programa para desenvolvido pela

organização para o gerenciamento de emergência e da prontidão.

Conforme mencionado em outros pontos deste exemplo, a rotina de

treinamentos possui indicadores próprios, acompanhados pela Diretoria da empresa.

Da mesma forma, a periodicidade para a revisão de procedimentos e planos e

controlada pela Coordenação de Qualidade.

O principal objetivo da organização com essas medidas é integrar as rotinas de

prontidão às atividades de rotina dos funcionários, especialmente aqueles que

compõem a estrutura de resposta.

A manutenção da capacidade técnica e institucional também é uma

preocupação da organização, especialmente com a perpetuação do conhecimento.

Para essa finalidade, busca cumprir as diretrizes estabelecidas na etapa de

planejamento, aproveitando os profissionais com experiência em atuação em

emergência para ministrar os treinamentos.

4.3.3.3 Atuação: Emergências e Simulados

O empreendimento ainda está em fase de projeto, portanto não existem registros

ou historio de atuação em emergências. Entretanto a organização prevê a realização

de simulados para testar sua estrutura de resposta a vazamentos de óleo e buscar

oportunidades para melhoria.

O planejamento dos simulados é de responsabilidade da Gerência de Operação,

Manutenção e Logística e sua periodicidade, estabelecida na fase de planejamento

deve ser respeitada. A sistemática para avaliação dos simulados, também definida

na Etapa de Planejamento, será apresentada na última Etapa deste ciclo por

motivos já mencionados.

4.3.3.4 Recuperação

As principais ações para a recuperação estabelecidas na fase de planejamento

envolvem o conhecimento das características socioeconômicas e socioambientais

192

dos locais passíveis de serem afetados para permitir que a organização direcione os

esforços de resposta e também indenize adequadamente os prejudicados.

As demais ações dizem respeito a continuidade de negócios, com a

disponibilização de sobressalentes identificados como críticos e também o

mapeamento de fornecedores adequados.

4.3.4 Fase de Avaliação e Checagem

O objetivo da Fase de Avaliação e Checagem é identificar oportunidades para

melhoria o Sistema de Gestão de Emergência. Para este exemplo, são

apresentadas as diretrizes para a obtenção de oportunidades para melhoria a partir

das metodologias indicadas. Pelo modelo de Sistema de Gestão Proposto, essas

diretrizes são definidas na etapa de planejamento, conforme mencionado

anteriormente.

4.3.4.1 Análise e Investigação de Acidentes

A análise e investigação de acidentes busca identificar as causas do acidente e

extrair o maior número de informações a respeito do ocorrido, de forma a evitar sua

repetição e reduzir suas consequências.

A organização possui um padrão para análise e investigação de acidentes que,

em consonância com a legislação nacional, exige que qualquer acidente seja

investigado internamente, independente da ocorrência de inquéritos externos

(indicador IRAA). Segundo o padrão da organização a investigação é de

responsabilidade da Coordenação de Segurança, porém deve envolver

representantes da Coordenação de Operação e da Coordenação de Manutenção.

Os profissionais nomeados para investigação não devem estar direta ou

indiretamente evolvidos no acidente ou na rotina de operação e funcionamento.

Caso necessário um contrato mantido pela organização e acordos já firmados com

outras empresas permitem a convocação de profissionais e especialistas externos

para participar da investigação.

O processo de investigação do acidente requer a recriação do cenário anterior

ao acidente e suas consequências pela conjugação de duas metodologias distintas:

entrevistas com os envolvidos e realização de uma perícia por profissional

especializado.

193

Ao final da investigação um relato detalhado deve ser apresentado, com foco

nas circunstâncias que geraram o acidente, comparando-o com as análises de risco

existentes e a eficácia e cumprimento das medidas mitigadoras estabelecidas para

evitar sua ocorrência. As consequências geradas pelo acidente devem ser

detalhadamente descritas, também comparando-as com os cenários acidentais

esperados.

A equipe encarregada da investigação do acidente também deve apresentar

sugestões para evitar sua reincidência e buscar indicar outras situações potenciais

de risco ligadas ao ocorrido, em uma análise de abrangência.

O relatório final é apresentado para apreciação dos Gerentes e da Diretoria que

analisam as oportunidades para melhoria e as ações sugeridas. As julgadas como

procedentes são direcionadas para o Plano de Ação para Melhoria do Sistema de

Gestão de Emergência. Finalmente, os resultados finais são registrados no relatório

e este é divulgado para os funcionários e também arquivado.

4.3.4.2 Auditorias

A organização, seguindo sua política de Gestão de Emergências, tem a prática

de realizar auditorias para avaliar a eficácia deste Sistema, a fim de identificar

oportunidades para melhoria. Essas auditorias são de dois tipos:

a) Auditorias Internas: realizadas trimestralmente pela Coordenação de

Qualidade; e

b) Auditorias Externas: realizadas anualmente, por equipe contratada pela

Diretoria para este fim.

As auditorias visam identificar a adequação das ações, medidas, planos e

procedimentos existentes a política, objetivos e metas do Sistema de Gestão de

Emergência da organização.

Os resultados, apresentados e consolidados ao final de cada auditoria são

posteriormente analisados pela Diretoria juntamente com as Gerências em uma

reunião anual. Nesta reunião são estabelecidas as ações para a correção dos

problemas apontados e os responsáveis por executá-las. Essas ações são

registradas no o Plano de Ação para Melhoria do Sistema de Gestão de Emergência

para acompanhamento e continuidade.

194

A realização de auditorias é acompanhada pelos indicadores IRAI e IRAE.

4.3.4.3 Avaliação da Resposta e Simulados

A organização exige a avaliação da atuação das equipes e equipamentos após a

realização de simulados e emergências. Essa avaliação entretanto possui focos e

procedimentos distintos.

Os simulados são eventos com periodicidade definida e previstos por seus

organizadores. Desta forma, sua avaliação é realizada por profissionais destacados

para essa finalidade durante a execução dos simulados. As pessoas nomeadas

como avaliadores, passam por um treinamento prévio onde são orientadas sobre a

postura e a sistemática de avaliação utilizada pela empresa, além de receberem

informações sobre o planejamento do simulado e seus objetivos principais.

A metodologia de avaliação da organização conta com uma Ficha de Avaliação,

elaborada de acordo com o local avaliado, que direciona a observação dos

avaliadores e permite um registro uniforme que facilita sua classificação posterior ao

simulado.

No primeiro dia útil após a realização do simulado é conduzida uma Reunião de

Avaliação, presidida pelo Coordenador do Simulado e com a participação obrigatória

de todos os envolvidos nas ações de resposta e dos avaliadores. Nesta reunião os

avaliadores expõe as oportunidades para melhoria identificadas e os pontos

positivos, sempre comparando-os com os procedimentos para atuação e resposta

previstos nos plano de emergência.

As fichas de avaliação são posteriormente entregues a Gerência de Operação,

Manutenção e Logística, responsável por classificá-las e transcrevê-las no banco de

dados de oportunidades para melhoria e pontos positivos de simulados e

emergências. O indicador para acompanhamento dos simulados é o IRS.

Para o caso de resposta a emergências, a organização definiu que deve ser

realizada uma reunião de lições aprendidas em até dez dias após o encerramento

das ações de resposta e três meses após o início das ações para recuperação.

Caso as ações para recuperação ainda não estejam concluídas três meses após seu

início, essas reuniões devem continuar ocorrendo a cada três meses, visando avaliar

e redirecionar (caso necessário) os esforços de recuperação.

195

A responsabilidade pela condução da reunião varia de acordo com o porte e

duração da emergência cabendo a Diretoria essa indicação. A metodologia para

condução da reunião consiste na comparação entre o “o que estava previsto

ocorrer”, “o que ocorreu”, “o que causou a diferença” e “qual foi o resultado”. Ao

responder estas questões os participantes fornecem subsídios importantes para que

tomadores de decisão da organização extraiam as oportunidades para melhoria.

Para os casos onde o resultado for positivo, observa-se a necessidade analisar

a possibilidade de abrangência e consolidação da medida tomada, para os casos

onde for negativo a organização deve trabalhar para que “o que causou a diferença”

não volte a ocorrer.

Todas as oportunidades para melhoria apontadas são registradas no banco de

dados de oportunidades para melhoria e pontos positivos de simulados e

emergências.

4.3.4.4 Ações para Melhoria do Sistema

Todas as oportunidades para melhoria, pontos positivos e ações para melhoria

do sistema resultantes destas apontados nos Relatórios de Investigação de

Acidentes e nas Auditorias passam por uma avaliação quanto a sua pertinência

pelas Gerências e pela Diretoria antes de serem direcionadas para o Plano de Ação

para Melhoria do Sistema de Gestão de Emergência. Para serem cadastradas no

sistema, entretanto, elas devem ser classificadas quanto à área a que se destinam.

As oportunidades para melhoria e pontos positivos apontados em simulados e

emergências são registrados no banco de dados de oportunidades para melhoria.

Após seu registro todas são analisadas pelas Gerências para verificação de sua

pertinência e identificação das ações para melhoria necessárias.Todas as ações

para melhoria identificadas como pertinentes são posteriormente cadastradas no

Plano de Ação para Melhoria do Sistema de Gestão.

A responsabilidade por estabelecer a prioridade das ações constantes no Plano

de Ação para Melhoria do Sistema de Gestão é da Diretoria. Essa sinalização é feita

por uma classificação numérica, que varia de 1 a 5, onde 1 é atribuído a uma ação

que não é prioritária e 5 para uma ação prioritária. A classificação é feita

diretamente na interface do banco de dados e, uma vez realizada o programa

sinaliza imediatamente ao responsável a prioridade da ação e o prazo proposto.

196

Caso necessário o responsável pela ação pode negociar novo prazo e atualizar

o andamento das ações do Plano de Ação para Melhoria do Sistema de Gestão

utilizando o próprio programa de interface com o banco de dados.

4.3.5 Fase de Implementação de Melhorias

A definição da prioridade das Ações para Melhoria do Sistema é a transição

entre as Fases de Avaliação e Checagem e a de Implementação de melhorias. Essa

definição, feita na interface do banco de dados, permite direcionar e focar a

implementação destas ações observando a política, os princípios e as metas

estabelecidos para o sistema de gestão de emergência.

O Plano de Ação para Melhoria do Sistema de Gestão de Emergência contempla

a prioridade estabelecida para cada ação, o responsável e o prazo para a sua

implementação. Enquanto os responsáveis estão concentrando esforços para a

realização das ações cabe a Coordenação de Qualidade definir e estabelecer como

a eficácia da ação para melhoria deve ser medida e como e quando esse plano de

melhorias será acompanhado.

Como regra geral o procedimento estabelecido para acompanhamento do Plano

de Ação para Melhoria do Sistema define que estas devem ser acompanhadas pelas

Coordenações mensalmente, pelas Gerências bimestralmente e pela Diretoria

semestralmente. Para ações de prioridade máxima (classificada como 5) a

Coordenação de Qualidade pode definir prazos menores para seu

acompanhamento, sempre com anuência da Diretoria.

A verificação da eficácia de cada ação deve ser estabelecida caso a caso,

entretanto o procedimento da Organização define que deve manter relação com a

sua forma de identificação. Desta forma, caso a ação para melhoria seja oriunda de

uma oportunidade para melhoria apontada em Reunião de Lições Aprendidas, por

exemplo, sua eficácia deve ser medida através da realização de simulados ou outros

atendimentos de emergências.

197

5 CONCLUSÃO

A necessidade de planejar, implementar e manter um Sistema para Gestão de

Emergências como uma política público-privada foi observada na análise da

literatura, sobretudo em países desenvolvidos que historicamente sofrem com

desastres naturais, como Austrália, Nova Zelândia, Japão e Estados Unidos. Nesses

locais, governos e consequentemente as instituições demonstram preocupação com

a gestão de emergência dês da década de 50 (em alguns casos, até antes disso).

A mobilização governamental e, por consequência da iniciativa privada é

evidente, embora existam muitas oportunidades de melhoria e constante

redirecionamento das ações. A realidade nacional não é igual. O Brasil, apesar de já

ter experimentado tragédias naturais e geradas pela intervenção humana não está,

até o momento, sujeito á uma grande variedade de riscos naturais como furacões e

erupções vulcânicas. Entretanto, com os índices de crescimento do país, é evidente

o aumento do risco de grandes acidentes, assim como em escala global, os efeitos

das mudanças climáticas. Esses fatores podem ser apontados como motivadores

para a imediata revisão na busca por uma forte política de gestão de emergência

nacional.

O Modelo de Sistema de Gestão de Emergência hora proposto baseou-se em

diversas metodologias já consagradas que separadamente foram aplicadas em

centenas de países, cidades e instalações. Essa base sólida, construída pelo

extenso trabalho de levantamento bibliográfico permitiu que o sistema proposto

fosse desenhada com a ambição de ser aplicado e moldado para as mais diferentes

escalas de atuação. O principal conceito, em torno do qual todo o trabalho se

concentra é na necessidade da mitigação dos riscos e a busca pela resiliência,

etapas de pré e pós-desastre. A mudança focal de um sistema reativo de resposta a

emergências é uma tendência mundial, retratada neste modelo. Neste contexto, a

redução dos riscos e das perdas ocasionadas pelos desastres e a busca por uma

sociedade sustentável e resiliente são conceitos próximos e relacionados que devem

andar lado a lado, orientados e acompanhados por um Sistema de Gestão de

Emergência.

O modelo proposto é composto de fases que dividem-se em várias etapas todas

interligadas entre si, de forma que os produtos de uma servem como insumo para a

198

próxima até que através da avaliação e implementação das melhorias identificadas

exista uma melhoria contínua do sistema de gestão.

Para verificar funcionalidade do modelo foi realizada a ampliação conceitual,

considerando uma organização muito simples que possui uma unidade de produção

de petróleo. Considerando as limitações do teste, o modelo parece ser perfeitamente

aplicável a situação escolhida. Neste exercício, foram observados pontos positivos

do modelo apresentados a seguir:

a) Definições iniciais de política, objetivos e metas direcionaram todo o

sistema de gestão;

b) Modelo mostrou-se aplicável e adequado para o contexto atual de gestão

de emergências;

c) Modelo permitiu e direcionou o estabelecimento de programas de

treinamentos baseados em transmissão do conhecimento e buscou ligar

os conceitos de prática e pesquisa;

d) Modelo direcionou as ações para a redução do risco, aumentando o

interesse nas incertezas geradas pelas análises, demonstrando a

importância e a necessidade de aumentar da sensação de segurança

pela redução das incertezas e do maior conhecimento do risco das

atividades;

e) O modelo demonstrou adequação para permitir a sistematização e parece

ser facilmente integrado ao sistema de gestão da organização, permitindo

que as ações de preparação e prevenção se integrem as atividades de

dia a dia;

f) Existiu um direcionamento para condução multidisciplinar do sistema,

orientando a atuação dos profissionais e gerências da organização;

g) A sistemática de indicadores aparenta permitir um bom acompanhamento

do Sistema de Gestão de Emergência e representa um ganho para

manutenção do estado de prontidão;

h) O Sistema resultante do teste pode ser auditado com base nas diretrizes

apresentadas na Proposta de Modelo de Sistema de Gestão de

Emergência considerando suas diretrizes, a exemplo do que já ocorre

outras normas de gestão; e

199

i) A organização para a extração das oportunidades para melhoria e sua

transformação em ações para melhoria do sistema e o acompanhamento

de sua implementação parece uma proposta exequível, inclusive com a

sistemática proposta no exemplo.

O exemplo apenas permitiu uma visualização do potencial de aplicação da

metodologia, ficou restrito a uma organização e uma tipologia acidental que não

permitiu muitas observações quanto a necessidade e determinação de medidas para

a recuperação. Entretanto, somente a aplicação em uma organização permitirá

observar as limitações do modelo proposto.

A implementação de um Sistema como o proposto, pode enfrentar obstáculos,

especialmente por não ser a atividade fim das empresas e organizações, mas sim

uma consequência indesejada de suas atividades. Normalmente o investimento e

preocupação na área de prevenção, resposta e recuperação aumenta após a

ocorrência de grandes acidentes e a medida que o tempo passa, o investimento vai

decaindo, só aumentando quando da ocorrência de um novo desastre, em um

círculo vicioso. A proposta apresentada neste trabalho busca uma alternativa para

as organizações e instituições que desejem contemplar em seu sistema de gestão

as práticas de prevenção, preparação, resposta e recuperação para as emergências

passíveis de serem geradas por suas atividades.

200

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