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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
DROGAS MAIS CONSUMIDAS EM FESTAS RAVE: ASPECTOS QUÍMICO-
TOXICOLÓGICOS DA 3,4-METILENODIOXIMETANFETAMINA (MDMA) E DA
DIETILAMIDA DO ÁCIDO LISÉRGICO (LSD)
INGRID DA CUNHA MOREIRA
Rio de Janeiro
2018
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INGRID DA CUNHA MOREIRA
DROGAS MAIS CONSUMIDAS EM FESTAS RAVE: ASPECTOS QUÍMICO-
TOXICOLÓGICOS DA 3,4-METILENODIOXIMETANFETAMINA (MDMA) E DA
DIETILAMIDA DO ÁCIDO LISÉRGICO (LSD)
Orientadora: Profa. Dra. Virgínia Martins Carvalho
Co-Orientador: MSc Fabio Luiz Costa de Souza
Rio de Janeiro
2018
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de bacharel em Farmácia.
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AGRADECIMENTOS
Chegada esta etapa, torna-se imprescindível demonstrar a minha gratidão a
todos aqueles que me apoiaram e acompanharam ao longo desta trajetória.
Primeiramente, gostaria de agradecer à Faculdade de Farmácia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro por ter me acolhido e por ter sido a minha
casa durante estes anos. Orgulho-me de ter pertencido a uma instituição de
prestígio como esta.
Um agradecimento especial aos Professores Fabio Luiz Costa de Souza e
Virgínia Martins Carvalho por terem me recebido como sua orientanda e por terem
me auxiliado na realização desta monografia. E também, aos professores da banca,
Aloa Machado de Souza e Felipe Dias Leal, por toda compreensão, paciência e
atenção durante esta etapa.
Agradeço também a todos os meus amigos pelo companheirismo, pelos
momentos vividos e pelo apoio que me deram. Foram, sem dúvidas, essenciais para
que hoje, ao olhar para trás, possa afirmar que estes foram momentos únicos na
minha vida.
Não posso também deixar de agradecer ao meu noivo, Leilson da Silva
Ferreira, o apoio incondicional que me deu, por ter sido sempre o meu braço direito
em todos os momentos.
Por fim, mas não menos importante, um agradecimento especial à minha
família, principalmente aos meus pais, Nelson de Oliveira Moreira e Eliane da
Cunha Moreira e, ao meu irmão Luiz Felipe da Cunha Moreira, pelo esforço,
dedicação, educação e apoio que sempre me deram, e que certamente foram
fatores cruciais para eu ter chegado até aqui.
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Há apenas uma maneira de evitar críticas: não falar, não fazer e não ser
nada. (Aristóteles)
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RESUMO
Moreira, Ingrid da Cunha. Drogas mais consumidas em festas rave:
aspectos químico-toxicológicos da 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) e
da dietilamida do ácido lisérgico (LSD). Rio de Janeiro, 2018. Trabalho de
Conclusão de Curso – Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, 2018.
O consumo das drogas psicodélicas é geralmente coletivo e festivo e,
acredita-se que o MDMA seja consumido quando a fuga aos sentidos e os “paraísos
artificiais” são almejados. Além disso, substâncias como a LSD geram um fascínio
que se traduz mais em discursos ideológicos do que em consumos. Literalmente, to
rave significa delirar, sendo a LSD, caracterizado pelos usuários por fornecer uma
sensação de “viagem” muito mais forte, muito mais psicodélica e visual no ambiente
das festas de Trance, que possuem uma decoração psicodélica, visualmente, algo
bem colorido. Logo, é importante que a análise deste mundo simbólico, de todo o
contexto social e das referências culturais anteceda a reflexão sobre os consumos e
a intervenção perante a cultura das drogas. Sendo assim, surge a necessidade de
levantar as propriedades toxicológicas das principais drogas consumidas em festas
rave no Brasil. Com isso, foi feita uma revisão bibliográfica onde na fase de
planejamento da presente monografia foi realizada uma vivência observacional em
uma festa de música eletrônica denominada R4life a convite da Organização Não
Governamental Associação Psicodélica do Brasil que realizou ação de redução de
danos com testagem colorimétrica das drogas consumidas pelos frequentadores.
Como resultado obteve-se aspectos químico-toxicológicos e dados farmacocinéticos
para o MDMA e para o LSD, onde ambos atuam em terminações nervosas
serotoninérgicas. Logo, na perspectiva da Redução de Danos realizadas nas festas
rave, o uso de psicodélicos apresenta-se como um paradoxo. Ressaltando sua
baixa toxicidade, embora sem negar riscos do uso de qualquer droga, estudos
apontam para o potencial terapêutico dos psicodélicos, inclusive como auxiliar no
combate à dependência química. No contexto festivo, durante a RD, é feita a
cromatografia em camada fina (CCF) seguida de testes colorimétricos com o
objetivo de triagem e identificação das substâncias e se as mesmas sofreram
adulteração e/ ou substituição.
PALAVRAS-CHAVE: MDMA, LSD, TESTE PRESUNTIVO, REDUÇÃO DE
DANOS, RAVE.
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ABSTRACT
Moreira, Ingrid da Cunha. Most consumed drugs at rave parties: chemical
and toxicological aspects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA)
and lysergic acid diethylamide (LSD). Rio de Janeiro, 2018. Conclusion Course
Work – Pharmacy Gradutaion, Federal University of Rio de Janeiro, 2018.
Psychedelic consumption is generally collective and festive. It is believed that
MDMA is consumed when escape from the senses and "artificial paradises" are
desired. In addition, substances like LSD generate a fascination that translates more
in ideological discourses than in consumptions. Literally, ‘to rave’ means delirium,
being LSD, characterized by users for providing a much stronger, much more
psychedelic and visual sense of "trip" in the atmosphere of Trance parties, which
have a psychedelic decoration, visually, something very colorful. Therefore, it is
important that the analysis of this symbolic world, of the whole social context and of
the cultural references precedes the reflection on the consumption and the
intervention before the drug culture. Therefore, there is a need to raise the
toxicological properties of the main drugs consumed in rave parties in Brazil. Thus, a
bibliographic review was carried out where in the planning phase of this monograph
an observational experience was performed at an electronic music festival called
R4life at the invitation of the Non-Governmental Organização Psicodélica do Brasil,
which carried out harm reduction with colorimetric testing of the drugs consumed by
regulars. As a result, we obtained chemical-toxicological and pharmacokinetic data
for MDMA, which produces a rapid and acute increase in serotonin release and
inhibition of serotonin reuptake by serotonergic nerve endings in the brain, as well as
LSD, which acts on receptors serotonergic 5-HT2A, 5-HT2C and 5-HT1A. From the
perspective of Harm Reduction at rave parties, the use of psychedelics presents
itself as a paradox. Underscoring its low toxicity, while not denying the risks of using
any drug, studies point to the therapeutic potential of psychedelics, including helping
to combat addiction. In the festive context, during the RD, thin layer chromatography
(TLC) is performed followed by colorimetric tests for the purpose of screening and
identification of substances and whether they have undergone adulteration and / or
substitution.
KEY WORDS: MDMA, LSD, PRESTITIVE TEST, DAMAGE REDUCTION, RAVE.
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................. 8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS................................................................................... 9
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10
2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 14
OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 14
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 14
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 15
4. RESULTADOS ................................................................................................................. 16
4.1. ASPECTOS QUÍMICOS E TOXICOLÓGICOS DA MDMA ............................................ 16
4.1.1. PROPRIEDADES TOXICOLÓGICAS....................................................................... 17
4.1.2.TESTES PRESUNTIVOS DE IDENTIFICAÇÃO DA MDMA..................................... 22
4.2. ASPECTOS QUÍMICOS E TOXICOLÓGICOS DA LSD ................................................ 24
4.2.1. PROPRIEDADES TOXICOLÓGICAS....................................................................... 26
4.2.2. TESTES PRESUNTIVOS DE IDENTIFICAÇÃO DA LSD ........................................ 27
5. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 28
6. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 33
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 34
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Roteiro das festas rave no Brasil.
Figura 2: Estruturas químicas da [A] mescalina e da [B] 3,4-
metilenodioximetanfetamina.
Figura 3: Estrutura dos neurotransmissores serotonina, dopamina e
noradrenalina.
Figura 4: Reação de metabolização da MDMA.
Figura 5: Tabela com possíveis resultados após a realização do teste de
Marquis.
Figura 6: Reação de Marquis.
Figura 7: Estrutura da dietilamida do ácido lisérgico (LSD).
Figura 8: Tabela com possíveis resultados após a realização do teste de
Ehrlich
Figura 9: Reação entre a funçao indol e o reagente de Ehrlich.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
5-HT - 5-hidroxitriptamina
CCF – Cromatografia em Camada Fina
CETAD - Centro de Estudos e Terapia ao Abuso de Drogas
CG – Cromatografia Gasosa
COMT - Catecol-O-metiltransferase
DIMS - Drug Information Monitoring System
EM – Espectrometria de massas
Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
GIESP - Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Substâncias Psicoativas
HHA - 3,4metilenodiidroxianfetamina
HHMA - 3,4-diidroxianfetamina
IR – Infravermelho
IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry
LSD – Dietilamida do ácido lisérgico
MDA - Metilenodioxianfetamina
MDMA – 3,4-metilenodioximetanfetamina
NIH - United States National Library of Medicine
NSP – Nova substancia psicodélica
OMS – Organização mundial de saúde
ONU – Organização das nações unidas
p-DMAB - para-dimetilaminobenzaldeído
RD – Reducao de danos
SNC – Sistema nervoso central
SWGDRUG - Scientifc Working Group for the Analysis of Seized Drugs
TEPT - Transtorno de estresse pós-traumático
TOXNET - Toxicology Data Network
TPH - Triptofano hidroxilase
UFBA – Universidade Federal da Bahia
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1. INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), droga é toda substância
sintética ou natural não produzida pelo organismo, que é capaz de alterar o
sistema nervoso central (SNC) provocando alterações no seu funcionamento. As
drogas podem ser naturais ou sintéticas. As drogas naturais são aquelas
extraídas da natureza, por exemplo, a maconha produzida a partir das sumidades
floridas da planta da espécie Cannabis sativa. Já as drogas sintéticas são
aquelas produzidas em laboratório a partir de várias substâncias químicas, por
exemplo, a dietilamida do ácido lisérgico (LSD), também denominada “ácido”
como droga de abuso e a 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) também
denominada “ecstasy” como droga de abuso (ALMEIDA, 2013).
Sabe-se que se o consumo é geralmente coletivo e festivo e, acredita-se que a
MDMA seja consumido quando a fuga aos sentidos é desejada e os “paraísos
artificiais” são almejados. Além disso, substâncias como a LSD geram um
fascínio que se traduz mais em discursos ideológicos do que em consumos.
Logo, é importante que a análise deste mundo simbólico, de todo o contexto
social e das referências culturais anteceda a reflexão sobre os consumos e a
intervenção perante a cultura por trás dos psicotrópicos (CALADO, 2006).
Dentre as diversas expressões musicais, observa-se que a música eletrônica
vem ganhando cada vez mais espaço, sendo a festa rave um dos cenários dessa
vertente musical. É notório que a vida noturna urbana de adultos jovens mudou
nas últimas décadas, o cenário da dance music, que emergiu na década de 80,
continua a crescer. Uma rave é uma festa de grande porte realizada ao ar livre e
regida pela música eletrônica, a qual surgiu no final da década de 1980, em
cidades do Reino Unido e nos Estados Unidos. Após participar e observar festas
rave, o autor considera que a vestimenta e a música, combinadas com as
práticas da dança, drogas e rituais, representam elementos da cultura techno.
Assim como o uso da metilenodioximetanfetamina (MDMA) diminui as inibições
sociais, levando a um comportamento empático que encoraja maior envolvimento
emocional (ZAGO, ILÁRIO, TERZIS, 2011).
Na Figura 1 é apresentado um breve resumo da história das festas rave no
Brasil.
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Figura 1: Roteiro das festas rave no Brasil. Disponível em:
<https://istoe.com.br/110483_RAVES+SEM+LIMITES>. Acesso em: [JAN]
2019
Como as festas rave abrangem diferentes tipos de músicas eletrônicas, sendo
os principais House, o Techno, o Drum and Bass e o Trance, alguns usuários
defendem o uso de algumas drogas de acordo com o gênero musical.
Literalmente, to rave significa delirar, sendo a LSD, caracterizado pelos usuários
por fornecer uma sensação de “viagem” muito mais forte, muito mais psicodélica
e visual e, como as festas de Trance possuem muita decoração psicodélica,
visualmente algo bem colorido. Da mesma forma que a MDMA é mais propício
para festa House/Clube (OS URBANISTAS, 2007).
Algumas “raves” não apresentam uma estrutura ideal de segurança, por serem
clandestinas em sua maior parte, e isso talvez seja visto pelos participantes como
um lugar oportuno para o consumo de drogas (ZAGO, ILÁRIO, TERZIS, 2011).
Com o intuito de reduzir as consequências na saúde, sociais e econômicas do
uso de drogas lícitas e ilícitas, sem necessariamente reduzir seu consumo, foi
desenvolvido o projeto de Redução de Danos (RD) pela International Harm
Reduction Association Briefing em 2010. Essa intervenção tem como foco os
festivais de música eletrônica, conhecidos como Rave, onde a equipe de RD, em
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contexto recreativo age no acolhimento dos usuários, no fornecimento de
informações e na testagem dessas substâncias. (RODRIGUES et al., 2017).
No Brasil existem diretrizes básicas, como o reconhecimento da estratégia de
Redução de Danos, amparada pelo artigo 196 da Constituição da República
Federativa do Brasil como medida de intervenção preventiva, assistencial, de
promoção da saúde e dos direitos humanos; orientação e estabelecimento, com
embasamento científico, de intervenções e ações de Redução de Danos, levando
em consideração a qualidade de vida, o bem-estar individual e comunitário, as
características locais, o contexto de vulnerabilidade e o risco social, dentre outros
(QUEIROZ, 2001).
A Portaria nº 1.028 de 1º julho de 2005, do Ministério da Saúde determina que
as ações que visam à redução de danos sociais e à saúde, decorrentes do uso
de substancias psicoativas, desenvolvam-se por meio de ações de saúde
dirigidas a usuários ou dependentes que não podem, não conseguem ou não
querem interromper o uso de drogas. Ficou instituído que o objetivo destas ações
é reduzir os riscos associados sem, necessariamente, intervir na oferta ou no
consumo das drogas, de forma a respeitar as necessidades do público alvo e da
comunidade (BRASIL, 2005).
No início da década de 1990, surgiu na Holanda, o Drug Information Monitoring
System (DIMS) que, numa intervenção pragmática, disponibilizou um serviço de
análise de substâncias, de partilha de informação sobre os efeitos e riscos do
consumo de substâncias psicoativas e de monitorização do mercado. No
seguimento dessa prática surgiram projetos como Eve & Rave (Alemanha),
Techno Plus (França) e Energy Control (Espanha), entre outros que visam de
uma forma geral prestar assistência aos usuários de drogas tanto no âmbito de
acolhimento quanto no fornecimento de informações (KRIENER, et al., 2001).
Sendo assim, as equipes de Redução de Danos, as quais são Organizações
não governamentais (ONGs) fundadas a partir de Associações como a
Associação Psicodélica do Brasil, a qual apoia o trabalho dessas equipes nas
festas rave brasileiras, têm como principal objetivo apresentar um manejo seguro
de uma vasta quantidade de comportamentos de alto risco e dos danos
associados a estes comportamentos, livre de julgamentos morais, com foco no
pragmatismo, na empatia, liberdade à escolha, autonomia e protagonismo do
usuário.
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Neste contexto, o teste de substâncias ou Drug Checking passou a ser
oferecido gratuitamente aos participantes destas festas buscando investigar de
forma presuntiva a presença destas substancias. Para cada amostra entregue de
forma voluntária pelos usuários, é preenchida uma ficha de cadastro contendo as
características da amostra (forma farmacêutica, logomarca, formato e cor); o
suposto ativo contido na amostra; as cores resultantes dos testes químicos
realizados; e a conclusão do analista sobre a provável composição da amostra.
Os resultados são então, comunicados aos usuários, aproveitando-se este
momento como uma oportunidade de diálogo entre usuários e a equipe de RD,
para ampliar a dimensão do trabalho de prevenção. (RODRIGUES et al., 2017).
Para análise qualitativa em campo, das amostras, utilizam-se testes
colorimétricos que embora sejam considerados de baixa especificidade pelo
Scientifc Working Group for the Analysis of Seized Drugs (SWGDRUG) revelam-
se importantes por serem simples, rápidos e baratos na identificação preliminar
das substâncias contidas nas amostras, além de serem facilmente realizados por
pessoas sem conhecimento técnico em química (CARHART-HARRIS,
GOODWIN, 2017).
Os testes colorimétricos são classificados como testes presuntivos de alcance
limitado, uma vez que possibilitam a identificação de determinados grupos de
substâncias como as anfetaminas, feniletilaminas, triptaminas, dentre outras, não
permitindo, contudo, a identificação específica das substâncias ou adulterantes,
também frequentemente presentes. (WINSTOCK et al., 2001).
14
2. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
o Levantar as propriedades químico-toxicológicas de drogas
consumidas em festas de música eletrônica (rave) no Brasil.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
o Levantar e descrever as propriedades toxicológicas da MDMA e da
LSD;
o Levantar e descrever as propriedades químicas e métodos rápidos
de identificação de MDMA e LSD.
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3. METODOLOGIA
Levantamento bibliográfico utilizando como ferramentas os portais “Periódicos
CAPES”, "Pubmed', "SciELO", "Medline", Google Acadêmico e "Toxicology Data
Network" (TOXNET) do "United States National Library of Medicine" (NIH). Foram
utilizados os descritores "Rave", "Festas Rave", "drogas psicodélicas", “3,4-
metilenodioximetanfetamina”, "MDMA", dietilamida do ácido lisérgico, "LSD",
"análise qualitativa", "spot test"; “toxicologia”. Os artigos compreendem o período
de 1997 a 2018.
Na fase de planejamento da presente monografia foi realizada uma vivência
observacional em uma festa de música eletrônica denominada R4life a convite da
Organização Não Governamental Associação Psicodélica do Brasil que realizou
ação de redução de danos com testagem colorimétrica das drogas consumidas
pelos freqüentadores.
A Rave4life ocorreu em uma área verde, ampla, a qual foi subdividida em três
ambientes. Dois ambientes com diferentes estilos de música eletrônica e um
ambiente destinado à arte psicodélica.
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4. RESULTADOS
De uma forma geral, em festas noturnas brasileiras, quando questionado aos
jovens quais drogas eles faziam uso, substâncias como tabaco, maconha,
ecstasy, cetamina, inalantes, cocaína, alucinógenos, anfetaminas,
benzodiazepínicos e crack foram as mais citadas. (CARLINI, ANDREONI,
SANCHEZ, 2017). Porém, tendo como foco as festas rave, sabe-se que as
substancias psicoativas mais consumidas são metilenodioximetanfetamina
(MDMA), LSD, maconha, cocaína, anfetamina, cetamina e 4-bromo-2,5-
imetoxifenetilamina (2-CB) (MARTINS, VALENTE, PIRES, 2015; HAVERE et al.,
2011).
A vivência observacional da festa de música eletrônica, R4life, no
planejamento desta monografia sugeriu a necessidade de formar e informar sobre
os aspectos químico-toxicológicos das drogas mais consumidas nestas festas,
especialmente a MDMA e a LSD que representam as drogas de escolha nesse
contexto. Uma vez que de 22 análises realizadas durante esta rave, 73% tinham
como intenção de uso a MDMA e 27% a LSD.
4.1. ASPECTOS QUÍMICOS E TOXICOLÓGICOS DA MDMA
A 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) é uma anfetamina sintética de
fórmula molecular C11H15NO2 e peso molecular 193,2445 g/mol, conhecida pelo
nome de popular “ecstasy” ou “bala” (Addiction, 2016), a qual sua formula
estrutural está representada na figura 2, foi originalmente denominada pela
IUPAC N-metil-1- (3,4-metilenodioxifenil) propan-2-amina e desenvolvida pela
empresa farmacêutica alemã Merck, em 1912. Apenas na década de 70, a
MDMA começou a ser utilizado na psicoterapia e nos anos 80, iniciou-se o uso
recreativo, o qual foi primeiramente conhecido como ”empathy” e pouco depois
como “ecstasy”. Sua ascensão estava intimamente ligada com as festas rave que
começaram em Chicago e se espalharam rapidamente pela Europa (KRIENER,
et al., 2001). No Brasil, a MDMA é classificada como substância entorpecente
pela Portaria nº. 344 do Ministério da Saúde de 12 de maio de 1998
(LAPACHINSKE, 2009).
A MDMA tem como padrão de consumo a forma de comprimido que possui
grande variedade de cores, formas e tamanhos, com vários tipos de figuras e
17
logotipos, além disso, a dosagem e pureza destes comprimidos podem variar
muito. Podendo também ser vendido na forma de cápsulas ou em pó
(KHAJEAMIRI et al., 2011). A MDMA é uma amina secundária (Figura 2),
podendo ser encontrada na forma de base livre (líquido de aspecto oleoso,
insolúvel em água e solúvel na maioria dos solventes orgânicos) ou como sal de
ácidos (sólido branco, hidrossolúvel) (LAPACHINSKE, 2009).
As características físicas de cada comprimido incluem forma, cor, peso,
diâmetro, entre outros (KHAJEAMIRI et al., 2011). As principais propriedades
físico-químicas são apresentadas no Quadro 1.
Quadro 1: Propriedades físico-químicas da MDMA. Fonte: O’NEIL, 2006.
Fórmula Molecular C11H15NO2
Peso Molecular 193.25 g/mol
Ponto de ebulição 100-110 ºC a 0,4 mmHg
pKa 9.9
pKb 10.1
Solubilidade (em água) 5.400 mg/L a 25ºC
Pressão de vapor 1,6x10-3 mmHg a 25ºC
Ponto de ebulição 100-110 ºC a 0,4 mmHg
Coeficiente de Partição de Octanol / Água log Kow = 2,28
4.1.1. PROPRIEDADES TOXICOLÓGICAS
A MDMA é um derivado da anfetamina substituída no anel, estruturalmente
relacionado ao alucinógeno mescalina (Figura 2), com atividades entactogênicas,
que significa aumento do desejo de se comunicar com outras pessoas, além das
atividades neurotóxicas e estimuladoras motoras. Produz um aumento rápido e
agudo na liberação de serotonina e na inibição da recaptação de serotonina pelas
terminações nervosas serotoninérgicas no cérebro (NCIt, 2018).
18
Figura 2: Estruturas químicas da [A] mescalina e da [B] 3,4-
metilenodioximetanfetamina.
Fonte: GREEN et al., 2003, BROADLEY, 2010; TURNER, 2015.
Esta substancia é prontamente absorvida no trato intestinal e atinge pico de
concentração plasmática aproximadamente duas horas após a administração.
Doses de 50 mg, 75 mg e 125 mg administradas a voluntários sadios produziram
concentrações plasmáticas máximas de 106 ng/mL, 131 ng/mL e 236 ng/mL,
respectivamente. Estas concentrações são consideravelmente baixas, posto que
a substância é distribuída rapidamente para os tecidos e se liga a seus
constituintes (LAPACHINSKE, 2009).
Os níveis residuais (0,005 mg/L) são encontrados 24 horas após a última dose.
A área sobre a curva de MDMA determina uma farmacocinética não linear, sendo
assim, o consumo de doses elevadas da substância pode produzir aumento
desproporcional nos níveis plasmáticos (XAVIER et al., 2008).
Como resultado da ligação enzimática, doses um pouco maiores de MDMA
podem inativar ou saturar mais enzimas, diminuindo a quantidade disponível para
biotransformar o fármaco, resultando em farmacocinética não linear.
Consequentemente, quando a dose é aumentada, ocorre um aumento
desproporcional das concentrações sanguíneas e cerebrais da MDMA. Sendo
assim, um pequeno aumento na dose oral de MDMA pode gerar uma elevação
nos níveis plasmáticos do fármaco circulante, o que pode explicar alguns dos
efeitos tóxicos observados na superdosagem, por exemplo, quando usuários
ingerem outro comprimido antes da depuração da primeira dose (LAPACHINSKE,
2009).
Uma vez dentro da célula, a MDMA esgota os estoques de triptofano
hidroxilase (TPH) via inativação oxidativa aguda; por sua vez, os estoques
esgotados de TPH deixam os terminais das células abertos a danos causados
pelo estresse oxidativo, possivelmente uma fonte de neurotoxicidade da MDMA.
Este agente também induz liberação de norepinefrina, dopamina e acetilcolina e
[A] [B]
19
pode atuar diretamente em vários receptores, incluindo os receptores alfa 2-
adrenérgicos e 5-hidroxitriptamina (5-HT) 2A. A MDMA pode suprimir a discinesia
associada ao uso prolongado de L-DOPA sem afetar a eficácia do tratamento
com L-DOPA (NCIt, 2018).
Figura 3: Estrutura dos neurotransmissores serotonina, dopamina e
noradrenalina. Fonte: BROADLEY, 2010; GREEN et al., 2003.
A principal via de administração da MDMA é a oral, e as formas farmacêuticas
de administração oral mais comum são cristais, comprimidos e cápsulas. A
MDMA é amplamente distribuído no organismo dos mamíferos, atravessa
facilmente as membranas biológicas e a barreira hematoencefálica. O tempo de
meia-vida (t ½) plasmática de MDMA é de 7,6 horas e, em casos de intoxicação,
são necessárias 6 a 8 meias-vidas para a completa eliminação da droga. O nível
plasmático de MDMA, em torno de 8 mg/L, é considerado nível de intoxicação
grave, sendo necessárias 24 horas para a diminuição dos níveis plasmáticos (1
mg/L) que produziria menos efeitos tóxicos. A eliminação da droga depende
parcialmente do metabolismo hepático. Cerca de 70% da dose de ecstasy é
eliminada sem metabolização, por excreção renal (XAVIER et al., 2008).
Variações genéticas determinam diferenças na atividade da enzima CYP2D6,
o que pode ter efeito sobre a toxicidade da MDMA. A atividade desta enzima é
geneticamente determinada e mais de 10% da população caucasiana é deficiente
desta enzima. Logo, indivíduos podem apresentar-se com metabolismo rápido ou
lento para compostos biotransformados pela CYP2D6, possuindo susceptibilidade
diferente à droga, o que explica a “ampla” faixa de concentração relacionada à
intoxicação aguda e aos efeitos neurotóxicos das metilenodioxianfetaminas
(LAPACHINSKE, 2009).
A MDMA é N-desmetilado, pela CYP2D6, na substância ativa 3,4-
metilenodioxianfetamina (MDA). Verificou-se que a taxa de eliminação do
20
fármaco na circulação diminui com o aumento da dose. Estudos in vitro sugerem
que produtos de biotransformação da MDMA ligam e inativam a enzima CYP2D6,
além de saturar rapidamente enzimas de alta afinidade envolvidas nesta
biotransformação (LAPACHINSKE, 2009). A MDMA também é O-desmetilados
para formar o 3,4-metilenodiidroxianfetamina (HHA) e o 3,4-diidroxianfetamina
(HHMA), respectivamente. Ambos, HHMA e HHA, são posteriormente O-
metilados pela catecol-O-metiltransferase (COMT) em 4-hidroxi-3-metoxi-
metanfetamina (HMMA) e 4-hidroxi-3-metoxi-anfetamina (HMA), respectivamente.
Esses quatros metabólitos, particularmente HMMA e HMA, são excretados na
urina, em seguida conjugados com ácido glucurônico ou sulfato. A maior parte da
MDMA é desmetilado pela CYP2D6, mas, outras isoformas do citocromo P450
também contribuem para essa reação (CYP 1A2, 2B6 e 3A4). Pequena porção de
MDMA é N-desmetilado, via CYP 1A2 e 2B6, na substância ativa MDA. Como a
MDMA é metabolizado principalmente pela isoforma do citocromo P450 CYP2D6,
interações farmacocinéticas podem ocorrer com substâncias que inibem a
CYP2D6 (XAVIER et al., 2008).
Figura 4: Reação de metabolização da MDMA. Fonte: XAVIER et al., 2008.
21
De fato, estudos in vitro demonstraram que fluoxetina, paroxetina e a cocaína
inibiram o metabolismo de MDMA, ao passo que outras substâncias como
bupropiona, haloperidol, quinidina, ritonavir e metadona aumentaram as
concentrações de MDMA in vivo, por inibirem a CYP 2D623. A associação do
ecstasy com Ritonavir constitui outra importante interação farmacocinética, tendo
sido relatado na literatura um caso de morte de um usuário de MDMA que fez uso
concomitante com o ritonavir (XAVIER et al., 2008).
Quanto às complicações clínicas, em princípio, as complicações orgânicas que
resultaram nos casos de morte por overdose de ecstasy parecem estar
associadas à sua ação sobre o centro termorregulador e o sistema nervoso
autônomo, sendo elas: hipertensão grave, hipertermia ou hiperpirexia maligna,
rabdomiólise, insuficiência renal aguda, insuficiência hepática aguda,
hiponatremia, crises convulsivas, edema e hemorragia cerebral, coagulação
intravascular disseminada, síndrome da serotonina, entre outras. Os sinais
clínicos para o diagnóstico de intoxicação aguda, além do histórico de uso,
incluem midríase, taquicardia, diaforese, bruxismo, hipertensão e ansiedade.
De uma forma geral, o tratamento da intoxicação aguda por ecstasy deve iniciar
pela avaliação do nível de consciência, estabilização das vias aéreas e
restauração do equilíbrio ventilatório e hemodinâmico. A lavagem gástrica não é
recomendada após 1h da ingestão da droga. Benzodiazepínicos devem ser
administrados para controle da agitação e ansiedade e a sedação promovida por
essas drogas são um dos pilares no tratamento das complicações causadas pela
MDMA. Os benzodiazepínicos possuem efeitos farmacológicos mediados por sua
interação com os sítios receptores benzodiazepínicos no SNC (receptores GABA-
a) potencializando a ação do gaba e levando a hiperpolarização das células e
diminuição da freqüência dos disparos neuronais. Já os antipsicóticos como a
clorpromazina e o haloperidol devem ser evitados e usados apenas nos quadros
de psicose, não apenas por piorarem a hipotensão e diminuírem o limiar
convulsivante, mas também porque o haloperidol, como já citado, pode aumentar
as concentrações plasmáticas de MDMA (VARGENS, DA COSTA, OLIVEIRA,
2015).
Os riscos enfrentados pelos usuários com o uso da MDMA incluem distúrbios
psicológicos, confusão mental, depressão, problemas de sono, ansiedade por
22
drogas, ansiedade severa e paranoia. Podendo durar semanas após a ingestão
de MDMA (até episódios psicóticos já foram relatados). Como sintomas físicos
tem-se a tensão muscular, contração involuntária dos dentes, náuseas, visão
turva, movimento rápido dos olhos, desmaios e calafrios ou suor, além do
aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, sendo um risco especial
para pessoas com doenças circulatórias ou cardíacas (NIDA, 2000).
Acredita-se que a droga cause danos aos neurônios serotoninérgicos.
Pesquisas mostram que a MDMA destrói os neurônios produtores de serotonina
no cérebro, os quais desempenham um papel direto na regulação da
agressividade, humor, atividade sexual, sono e sensibilidade à dor. É
provavelmente, sua ação em neurônios serotoninérgicos que fornece à MDMA a
capacidade de melhorar a experiência sexual e fornecer tranquilidade. Além
disso, há evidências de que as pessoas que desenvolvem uma erupção cutânea
semelhante à acne, após o uso de MDMA, podem vir a apresentar efeitos
colaterais graves, incluindo danos ao fígado, caso o uso da droga não seja
interrompido (NIDA, 2000).
Já os efeitos estimulantes da MDMA, efeitos desejados pelos usuários,
incluem sensações alteradas e aumento de energia, empatia e prazer. Quando
tomado por via oral, os efeitos começam após 30 a 45 minutos e duram de 3 a 6
horas, o que permite aos usuários dançar por períodos prolongados, podendo
levar à desidratação, hipertensão e insuficiência cardíaca ou renal (NIDA, 2000).
Além disso, efeitos mais graves como psicose paranoide crônica podem
ocorrer após abuso crônico de doses repetidas (geralmente altas) de MDMA. O
uso indevido de MDMA também já foi associado a flashbacks (alucinações ou
sensações vivenciadas anteriormente quando do uso da drogas), ansiedade,
confusão mental/ pânico, depressão suicida e insônia (ELLENHORN et al. 1997).
4.1.2. TESTES PRESUNTIVOS DE IDENTIFICAÇÃO DA MDMA
A UNODC (2009) descreve a preparação dos reagentes para os testes de
coloração (Marquis, Simon, Chen e teste do ácido gálico) e aniônicos (teste de
cloreto, sulfato e fosfato).
Para a realização dos testes colorimétricos, deve-se utilizar de 1 a 2 mg de
MDMA triturado e adiciona-la à placa de spot. O reagente apropriado deve ser
então adicionado e a cor desenvolvida deve ser observada e registrada. Para
23
cada teste deve-se utilizar uma solução separada, obtida por dissolução de 10
mg dos comprimidos em pó em 1 mL de água deionizada seguida por filtração.
Ao filtrado devem ser adicionadas algumas gotas de solução de nitrato de prata a
1,7% (para teste de cloreto), 5% de cloreto de bário (para teste de sulfato) e uma
mistura de 0,5 ml de ácido nítrico a 10% ou 0,5 mL de molibdato de amônio a
10% (para teste de fosfato) (UNODC, 2009).
Dentre os testes colorimétricos, o teste de Marquis (Figura 5 e 6) permite a
distinção entre anfetaminas e seus análogos substituídos por anéis e resulta na
coloração de azul escuro a preto para MDMA e alguns outros análogos.
(WINSTOCK, WOLFF, RAMSEY, 2001).
Figura 5: Tabela com possíveis resultados após a realização do teste de
Marquis. Fonte: https://bunkpolice.com/ Acesso em: [JAN] 2019.
O teste de Simon é geralmente utilizado como um teste para aminas
secundárias, como metanfetaminas e anfetaminas secundárias substituídas por
anéis, incluindo MDMA e, resulta na coloração azul escura; o teste de Chen é
usado para distinguir efedrina, pseudoefedrina, norefedrina, fenilpropanolamina e
metcatinona de anfetamina e metanfetamina, que não reagem com o reagente de
teste de Chen (MOFFAT, OSSELTON, WIDDOP, 2011).
Já o teste do ácido gálico, fornece um meio simples para a distinção de
MDMA, MDA e MDEA de anfetamina ou metanfetamina, porque reage
especificamente com compostos aromáticos substituídos por metilenodioxi.
24
Precursores contendo a substrato metilenodioxi, como o safrol e o isossafrol,
também reagem (UNODC, 2009).
Figura 6: Reação de Marquis. Fonte: MORGAN; SHANLIN, 2017.
4.2. ASPECTOS QUÍMICOS E TOXICOLÓGICOS DA LSD
Também conhecida como dietilamida do ácido lisérgico, a LSD, é um sólido
incolor, inodoro e insípido. Além disso, é parcialmente solúvel em água (HSDB,
2018).
A LSD é um derivado do alcalóide do fungo Claviceps purpurea e foi sintetizado
pelo químico suíço Albert Hoffman em 1938, que após ingerir 250μg de LSD,
experimentou alterações subjetivas por várias horas, descobrindo assim, os efeitos
alucinógenos dessa droga. Inicialmente, acreditava-se na possibilidade de usos
terapêuticos para a LSD, mas devido aos seus potentes efeitos alucinógenos, logo
se tornou uma droga de abuso. A LSD não ocorre na natureza, mas pode ser obtido
por semi-síntese. Sendo a ergotamina o precursor mais utilizado para obtenção da
LSD (NISHIMURA, 2007).
A LSD também é, popularmente, conhecido por “ácido”, “pontos”, dentre
outros nomes. É uma droga ilegal, de abuso e é uma das substancias mais
poderosas que atuam na alteração de humor (HSDB, 2018). Sua nomenclatura
IUPAC é 9,10-didehidro-N,N-dietil-6-metilergolina-8β- carboxamida (NISHIMURA,
2007; OIYE, 2015). Sua formula estrutural pode ser verificada logo abaixo (figura 6).
25
Figura 7: Estrutura da dietilamida do ácido lisérgico (LSD). Fonte: OIYE,
2015.
Os blotters têm quantidades bastante variáveis de LSD, geralmente de 50 a
100 microgramas e podem estar adulteradas por outras substâncias, em especial
anfetaminas (VARGENS, DA COSTA, OLIVEIRA, 2015).
A Dietilamida de Ácido Lisérgico, (Figura 7) ou LSD como é conhecido, é uma
substância alucinógena, também chamada de psicodélica, perturbadora do sistema
nervoso central, capaz de causar alteração do estado de consciência, provocar
ilusões e alucinações, além de alterar o conteúdo do pensamento e do humor
(VARGENS, DA COSTA, OLIVEIRA, 2015).
As propriedade físico-químicas da LSD podem ser verificadas do Quadro 2
abaixo:
Quadro 2: Propriedades físico-quimicas da LSD. Fonte: O'NEIL, 2013.
Nome IUPAC 9,10-didehidro-N,N-dietil-6-metilergolina-8β-
carboxamida
Fórmula molecular C20H25N3O
Peso molecular 323,43 g/mol
Ponto de fusão 80-85°C
Categoria terapêutica Perturbador do sistema nervoso central
(alucinógeno)
Natureza Derivado do ácido lisérgico
26
4.2.1. PROPRIEDADES TOXICOLÓGICAS
Os efeitos alucinógenos desta droga se destacam pelas visões coloridas
cheias de movimentos, mudanças de percepção, despersonalização, entre outros.
Esses efeitos positivos levaram místicos a acreditarem que poderiam alcançar a
elevação espiritual (NISHIMURA, 2007). Além disso, ocorre o aumento da
frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória e aumento da
temperatura corporal. Insônia, perda de apetite, tremores e sudorese também já
foram relatados. Também pode gerar ansiedade, ataques de pânico, depressão e
esquizofrenia como resultado do uso de LSD (HSDB, 2018).
A LSD não é considerada uma droga perigosa, pois não causa dependência e a
tolerância desaparece rápido, além do valor ideológico escondido por trás dos
perigosos efeitos da droga. Em geral, a LSD não causa ameaça às funções
cardiovasculares, renais e hepáticas, pois apresenta baixa ou nenhuma afinidade
por receptores ou alvos que mediam funções vegetativas vitais. Os usuários de LSD
podem sofrer flashbacks, também conhecido por Transtorno Persistente da
Percepção Induzido por Alucinógenos, o qual é um efeito tardio onde o usuário
revive alucinações anteriores depois da interrupção do uso da droga, e a psicose
lisérgica, que é rara e pode ser tratada com clorpromazina e haloperidol,
medicamentos também usados para tratar esquizofrênicos durante períodos de
maior estresse (NISHIMURA, 2007; VARGENS, DA COSTA, OLIVEIRA, 2015).
Também foram relatados abortos e defeitos congênitos em alguns seres
humanos após abuso de LSD durante a gravidez (HSDB, 2018).
O mecanismo de ação da LSD ainda não foi totalmente esclarecido. Sabe-se que
ele atua em receptores serotoninérgicos 5-HT2A, 5-HT2C e 5-HT1A, mas acredita-
se que ele atue em vários outros subtipos de receptores de serotonina. Alguns
estudos tentam explicar a participação da ativação de receptores 5-HT2A na
liberação de glutamato e a ação da LSD em receptores α2 adrenérgicos. A
associação dos efeitos psicóticos da LSD com os sintomas observados em
esquizofrênicos, levou os pesquisadores a estudarem suas ações em receptores de
dopamina, sustentando a teoria dopaminérgica para explicar os mecanismos da
esquizofrenia (NISHIMURA, 2007).
As doses tóxicas orais de LSD são conhecidas, mas a letal é apenas uma
estimativa. Há casos de mortes acidentais, suicídios e homicídios envolvendo o uso
27
da LSD, mas não relacionadas com seus efeitos tóxicos. A DL50 (concentração da
substância capaz de matar 50% da população de animais testados) da LSD varia de
acordo com a espécie de mamífero, sendo 46 mg/kg em camundongos, 16,5 mg/kg
em ratos, 0,3 mg/kg em coelhos e 0,1mg/kg em elefantes. Em macacos, o DL100
(concentração da substância capaz de matar 100% da população de animais
testados) é de 5 mg/kg. A morte nesses animais é resultado de falência respiratória,
nos coelhos com marcante hipertermia. (NISHIMURA, 2007).
4.2.2. TESTES PRESUNTIVOS DE IDENTIFICAÇÃO DA LSD
O teste mais recomendado é o teste de Ehrlich (Figuras 8 e 9), onde ocorre a
reação entre o para-dimetilaminobenzaldeído (p-DMAB) ocorre na presença de um
meio acidificado, próximo a 1,00 e envolve duas moléculas de LSD (OIYE, 2015).
Figura 8: Tabela com possíveis resultados após a realização do teste de
Ehrlich. Fonte: https://bunkpolice.com/ Acesso em: [JAN] 2019.
Esta reação tem como coloração final a cor violeta. Porém, a presença de
LSD também pode ser sinalizada previamente colocando o blotter suspeito sob luz
UV de comprimento de onda longo. A presença de LSD é indicada por uma
fluorescência azul (OIYE, 2015).
28
Figura 9: Reação entre a funçao indol e o reagente de Ehrlich. Fonte: OIYE,
2015.
5. DISCUSSÃO
A adulteração ou substituição de MDMA por outras substâncias para aumentar
o ganho econômico é bastante comum e há riscos relacionados à saúde que
devem ser levados em consideração como, as baixas margens de segurança dos
adulterantes, como a 4-metilamina (4-MA), a parametoxianfetamina (PMA) e
parametoximetanfetamina (PMMA). Estas substâncias são vendidas como MDMA
ou anfetaminas e também são associadas a mortes em vários países (VIDAL
GINÉ et al., 2016).
No Brasil, um levantamento realizado entre 2011 e 2012 pela Superintendência
da Polícia Técnico-Científica de São Paulo mostrou que somente 44,7% dos
comprimidos de ecstasy, que haviam sido apreendidos, continham o princípio
ativo esperado MDMA, tendo como maior adulterante (22%) a metanfetamina. O
uso de adulterantes ou substituintes tem como objetivo produzir efeito similar,
sendo que tais substâncias apresentam, na maioria das vezes, toxicidade
desconhecida ou bem mais alta que a das substâncias que imitam. A adulteração
e substituição de drogas ilícitas é algo preocupante, pois têm produzido inúmeros
riscos aos usuários (RODRIGUES et al. 2017).
A MDMA consumida por via oral no contexto de festas rave em doses entre 50
e 150 mg de (média de 1 comprimido) pode produzir um aumento rápido e agudo
na liberação de serotonina e na inibição da recaptação de serotonina pelas
29
terminações nervosas serotoninérgicas no cérebro (NCIt, 2018). A MDMA possui
sua forma R e S, onde a meia-vida longa da forma R pode explicar efeitos
relacionados ao humor, no dia seguinte ao uso, uma vez que, somente após 40
horas, 95% da substancia é eliminada do plasma. A meia vida biológica curta da
forma S pode explicar os efeitos psicomotores, cardiovasculares e
neuroendócrinos, sendo esta forma a mais ativa farmacologicamente. Ainda a
MDMA apresenta alto risco, em doses altas pode provocar aumento acentuado da
temperatura corporal (hipertermia maligna) levando ao dano muscular e às falhas
nos sistemas renais e cardiovasculares relatados em alguns casos fatais em
festas rave. O uso de MDMA também pode levar a ataques cardíacos, acidentes
vasculares e convulsões em alguns usuários (NIDA, 2000).
A presença de adulterantes e a pureza da droga estão diretamente
relacionadas aos seus efeitos tóxicos. A fim de realizar a identificação de
adulterantes nas amostras de MDMA, é possível realizar uma cromatografia em
camada fina (CCF), seguida da verificação do fator de retenção e do teste de
Marquis (teste colorimétrico). Esta etapa é uma etapa presuntiva, para que a
confirmação seja feita é possível seguir com a cromatografia gasosa acoplada a
um espectrômetro de massas (CG-EM) (VIDAL GINÉ et al., 2016).
Outra droga bastante buscada em festas rave é a LSD. Seu papel na
sociedade como droga de abuso é discutido, pois o LSD teve grande influência na
sociedade ao longo da história, podendo ter uma importância terapêutica e o
estudo de suas aplicações e mecanismos podem auxiliar na compreensão de
algumas patologias O consumo nas festas se relacionam com a busca da
sensação de “viagem psicodélica” e distanciamento da realidade. Os blotters de
LSD possuem quantidades bastante variáveis de LSD, geralmente de 50 a 100
microgramas e o início da ação ocorre dentro de 1 hora, atingindo picos entre 2 a
4 horas com duração de 8 a 12 horas. Possui efeitos simpaticomiméticos que
incluem tremores, taquicardia, hipertensão, hipertermia, sudorese, perturbação da
visão e midríase. A tolerância se desenvolve rapidamente após 3 a 4 dias
contínuos de uso e também se reverte rapidamente, geralmente em 4 a 7 dias
sem uso (NISHIMURA, 2007).
Existem diversas equipes de Redução de Danos espalhadas pelo Brasil, como
o Coletivo Balance de Redução de Danos, a qual é uma organização informal
ligada ao Centro de Estudos e Terapia ao Abuso de Drogas da Universidade
30
Federal da Bahia (CETAD - UFBa) e Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre
Substâncias Psicoativas (GIESP) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
da UFBa, que agrega profissionais como médicos, psicólogos, farmacêuticos,
biólogos, antropólogos, sociólogos e pesquisadores do uso de substâncias
psicodélicas, além de produtores, DJs e usuários da dita “cena eletrônica”
(VARGENS, DA COSTA, OLIVEIRA, 2015).
Na perspectiva da Redução de Danos o trabalho de prevenção e manejo está
focado em usuários que decidem, apesar dos riscos, manter o consumo da droga
e sendo estas ilícitas ficam sujeitas a adulterações e contaminações que podem
agravar ou representar maiores riscos à saúde do que o fármaco de interesse
(RODRIGUES; BESERRA, 2015). Uma das ações de redução de danos consiste
na testagem das drogas para uma avaliação superficial e prévia de seu conteúdo.
O testes químicos empregados são colorimétricos que apresentam baixa
especificidade levando tanto a falsos positivo quanto negativos (MARTINS,
VALENTE, PIRES, 2015). Apesar da baixa especificidade, os testes colorimétricos
realizados em campo são considerados importante ferramenta para aproximação
entre a equipe de RD e os usuários, bem como para troca de informações. Neste
momento de aproximação voluntária do usuário e diálogo aberto, isento de pré-
julgamentos ou censura por parte da equipe de RD e ainda em ambiente amistoso
ao usuário, são coletadas importantes informações (RODRIGUES et al., 2017).
Ainda nesse contexto, dos testes para identificação das substâncias, acredita-
se que a checagem de drogas possui três funções: prevenção, proteção da saúde
pública e monitoramento de drogas, no sentido de fornecer reconhecimento
antecipado e informar tendências. No entanto, a confiabilidade dos resultados dos
testes rápidos tem sido questionada (SCHROERS, 2002).
Os testes presuntivos não podem ser usados como confirmação de uma
amostra, pois há vários fatores que podem afetar a interpretação de um teste
presuntivo. Em primeiro lugar, a cor gerada é subjetiva, alguns fatores podem
afetar a cor que foi produzida, como: a concentração do composto, a forma (sal ou
base livre), a presença de diluentes, contaminantes ou corantes que possam
mascarar a mudança de cor, entre outros. Portanto, a confirmação da amostra
requer uma análise mais aprofundada por técnicas cromatográficas e de
espectrometria de massa (TURNER, 2015).
31
No Brasil, os integrantes da equipe de RD realizam apenas testes
colorimétricos e cromatografia em camada fina (CCF) nos locais das festas. Caso
essas equipes atuem em conjunto com algum laboratório, a confirmação poderá
ser feita posteriormente, utilizando-se de métodos como a cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massas (CG-EM) e, com a liberação dos resultados
via internet, utilizando-se de um código fornecido ao usuário no momento da festa
para que ele não seja identificado e exposto (RODRIGUES et al., 2017).
Esta forma de análise de drogas, com o apoio dessa equipe, é sempre
acompanhada por informações sobre os riscos do uso de drogas. Um número
suficiente de psicólogos está presente para oferecer aconselhamento individual
sobre os efeitos e riscos e para ajudar sempre que surgem situações de crise. A
prestação desses serviços costuma ser bem recebida pelos participantes
(SCHROERS, 2002).
Quanto à relação entre a checagem de substancias e as questões políticas,
discutem-se consequências intencionais e não intencionais associadas a essas
práticas. Alguns supõem que a verificação de drogas estimula e legitima o uso de
drogas e, essas pessoas argumentam contra seu uso. Por outro lado, outros
contrapõem dizendo que o propósito da verificação de drogas é, principalmente,
reduzir os riscos do uso de drogas para aqueles que vão usá-los de qualquer
maneira. Eles sugerem que disponibilizar informações adequadas aumenta o que
pode ser chamado de “competência de risco” do usuário individual. Assim, quando
munidos de estimativa racional de risco com base em dados analíticos, os
usuários podem tomar uma decisão responsável (SCHROERS, 2002).
Ao lidar com a questão de saber se a checagem de drogas encoraja os não
usuários a experimentar drogas, é preciso levar em conta o fato de que esses
procedimentos estão sendo aplicados em locais onde o uso já é generalizado,
especialmente quando contrastado com o uso na população em geral
(SCHROERS, 2002).
Para a RD a promoção da autonomia é um elemento central na promoção da
saúde, as alternativas não são impostas de “cima para baixo”, por leis ou
decretos, mas “são desenvolvidas com a participação ativa dos usuários. O foco
do trabalho não é a abstinência ou a repressão ao uso da substância em si, mas o
autocuidado no uso da droga, embora, por vezes, seja registrada uma
32
concomitante queda no uso, quando atividades de RD são realizadas
(RODRIGUES et al., 2017).
33
6. CONCLUSÕES
A MDMA é consumida em festas raves como droga de abuso, é
popularmente conhecida como ecstasy, normalmente vendida como comprimidos
ou cristais com teores entre 50 e 150 mg, podendo causar aos usuários efeitos
neurotóxicos. As estratégias de RD focam na prevenção de reações adversas,
principalmente os efeitos tóxicos agudos, tais como hipertensão grave,
hipertermia ou hiperpirexia maligna, rabdomiólise, insuficiência renal aguda,
insuficiência hepática aguda, hiponatremia, crises convulsivas, edema e
hemorragia cerebral, coagulação intravascular disseminada, síndrome da
serotonina, entre outras. Já a LSD é consumida em festas raves como droga de
abuso, na forma de selo, é denominada ácido e possui teores entre 50 e 150 µg e
apresenta os efeitos como flashbacks ou Transtorno Persistente da Percepção
Induzido por Alucinógenos. As estratégias de RD focam na prevenção de efeitos
tóxicos agudos, tais como aumento da frequência cardíaca, pressão arterial,
frequência respiratória e aumento da temperatura corporal. Ambas as drogas
citadas anteriormente podem levar às chamadas bad trips, ou "viagens ruins" as
quais podem variar desde um leve desconforto em relação ao ambiente e ao tipo
de experiência psíquica experimentada até um surto psicótico. É uma situação
comum e associada ao uso de alucinógenos podendo ser responsável pela
experimentação de sintomas de origem psicossomática. Embora a testagem das
drogas por grupos de RD sejam realizadas por testes presuntivos colorimétricos
que apresentam baixa especificidade, podem prover informações para o
planejamento de estudos que visem ações de prevenção e constituir uma
ferramenta de aproximação da equipe com os usuários.
34
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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