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A PRODUÇÃO DO ESPAÇO NAS CIDADES MÉDIAS DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL: UMA ANÁLISE NA RELAÇÃO ENTRE INSEGURANÇA URBANA, DADOS CRIMINAIS E ESPAÇOS CONTROLADOS Eliane Melara Doutoranda em Geografia - UFRJ Este artigo representa um recorte das atividades desenvolvidas para a tese de doutoramento realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro e versa sobre a lógica espacial da relação entre insegurança urbana, criminalidade e a comercialização e produção dos espaços controlados, quais sejam, loteamentos e condomínios fechados, sistemas de circuito fechado e vigilância (públicos e privados) e shopping centers. O foco deste trabalho recai na análise comparativa entre índices de criminalidade entre cinco cidades médias do Estado do Rio Grande do Sul (Brasil) e a sua metrópole Porto Alegre. Em muitas cidades do Brasil e do mundo observamos a crescente presença de condomínios fechados, também chamados de bairros fechados, espaços controlados ou gated communities; essas novas formas apontam para o aumento do processo de segregação/fragmentação do espaço urbano. A comercialização da segurança urbana se pauta na premissa que viver entre os iguais garante maior qualidade de vida, prestígio e segurança; desse modo, podemos dizer que, a insegurança urbana e a violência são fatores de importância no processo de produção do espaço urbano, não só das metrópoles, mas também das cidades médias. É verdade que em muitas cidades brasileiras a criminalidade está aumentando, mas o que podemos perceber é que nas metrópoles, de modo geral, os índices de criminalidade são bem superiores se comparado com os espaços urbanos de porte médio, porém, a sensação de insegurança presente nessas cidades, muitas vezes, alcança os níveis das metrópoles, influenciando inclusive na organização dos espaços dessas cidades, no que tange à construção de espaços controlados e desvalorização de espaços públicos. Esses novos conteúdos das cidades médias revelam novas práticas socioespaciais, novas formas de diferenciação e segregação.Objetivamos nesse texto discutir a problemática da criminalidade a partir do contexto da venda de produtos vinculados a segurança urbana, além de questionar a produção de espaços controlados nas cidades médias, proveniente de um discurso da insegurança urbana. Para isso, do ponto de vista teórico, foi feito uma revisão bibliográfica focada em temas como espaços controlados e insegurança urbana. De forma operacional, realizamos uma análise comparativa dos dados criminais (homicídios, roubos, furtos, tráfico) de cinco cidades médias do Rio Grande do Sul Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande e Santa Maria, comparando com os dados da capital do estado - Porto Alegre. Como resultados, podemos dizer que as taxas de crimes de Porto Alegre se apresentam bem superiores quando comparadas com os dados das cidades apontadas nesse estudo, mesmo assim a produção de espaços controlados é crescente nessas cidades e a conseqüente desvalorização dos espaços públicos. Por isso, devemos salientar a importância de dedicar os estudos para esses espaços urbanos, a fim de analisar essas transformações e pensar alternativas que visem cidades mais coletivas e igualitárias. Palavras-chave: Espaço urbano Espaços controlados Insegurança urbana Segregação - Criminalidade Temática: Geografia Urbana

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A PRODUÇÃO DO ESPAÇO NAS CIDADES MÉDIAS DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL: UMA ANÁLISE NA RELAÇÃO ENTRE INSEGURANÇA URBANA, DADOS CRIMINAIS E ESPAÇOS

CONTROLADOS

Eliane Melara Doutoranda em Geografia - UFRJ

Este artigo representa um recorte das atividades desenvolvidas para a tese de doutoramento realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro e versa sobre a lógica espacial da relação entre insegurança urbana, criminalidade e a comercialização e produção dos espaços controlados, quais sejam, loteamentos e condomínios fechados, sistemas de circuito fechado e vigilância (públicos e privados) e shopping centers. O foco deste trabalho recai na análise comparativa entre índices de criminalidade entre cinco cidades médias do Estado do Rio Grande do Sul (Brasil) e a sua metrópole – Porto Alegre. Em muitas cidades do Brasil e do mundo observamos a crescente presença de condomínios fechados, também chamados de bairros fechados, espaços controlados ou gated communities; essas novas formas apontam para o aumento do processo de segregação/fragmentação do espaço urbano. A comercialização da segurança urbana se pauta na premissa que viver entre os iguais garante maior qualidade de vida, prestígio e segurança; desse modo, podemos dizer que, a insegurança urbana e a violência são fatores de importância no processo de produção do espaço urbano, não só das metrópoles, mas também das cidades médias. É verdade que em muitas cidades brasileiras a criminalidade está aumentando, mas o que podemos perceber é que nas metrópoles, de modo geral, os índices de criminalidade são bem superiores se comparado com os espaços urbanos de porte médio, porém, a sensação de insegurança presente nessas cidades, muitas vezes, alcança os níveis das metrópoles, influenciando inclusive na organização dos espaços dessas cidades, no que tange à construção de espaços controlados e desvalorização de espaços públicos. Esses novos conteúdos das cidades médias revelam novas práticas socioespaciais, novas formas de diferenciação e segregação.Objetivamos nesse texto discutir a problemática da criminalidade a partir do contexto da venda de produtos vinculados a segurança urbana, além de questionar a produção de espaços controlados nas cidades médias, proveniente de um discurso da insegurança urbana. Para isso, do ponto de vista teórico, foi feito uma revisão bibliográfica focada em temas como espaços controlados e insegurança urbana. De forma operacional, realizamos uma análise comparativa dos dados criminais (homicídios, roubos, furtos, tráfico) de cinco cidades médias do Rio Grande do Sul – Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande e Santa Maria, comparando com os dados da capital do estado - Porto Alegre. Como resultados, podemos dizer que as taxas de crimes de Porto Alegre se apresentam bem superiores quando comparadas com os dados das cidades apontadas nesse estudo, mesmo assim a produção de espaços controlados é crescente nessas cidades e a conseqüente desvalorização dos espaços públicos. Por isso, devemos salientar a importância de dedicar os estudos para esses espaços urbanos, a fim de analisar essas transformações e pensar alternativas que visem cidades mais coletivas e igualitárias. Palavras-chave: Espaço urbano – Espaços controlados – Insegurança urbana – Segregação - Criminalidade Temática: Geografia Urbana

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Introdução

O interesse pela temática da violência e produção do espaço urbano teve início ainda na

graduação. Duas pesquisas financiadas pelo CNPq1 deram origem mais tarde ao Trabalho de

Conclusão do Curso (TCC), denominado Infraestrutura urbana: diagnóstico das diferenças

socioespaciais nos Bairros Camobi e Salgado Filho, Santa Maria-RS; sendo que os principais aspectos

analisados foram a segurança e a violência, questões essas que se apresentaram significativas e foco

de debate, especialmente no bairro Salgado Filho.

Ao escrever o projeto para o mestrado, optamos por dar continuidade a esse trabalho, atentando

sobre a criminalidade e organização socioespacial de Santa Maria-RS, analisando todos os bairros da

cidade. Naquela pesquisa (MELARA, 2008), enfatizamos os crimes instituídos no Código Penal, como:

homicídios, agressões, roubos, furtos e tráfico de drogas e classificamos a violência analisada a partir

dos dados obtidos em Santa Maria como sendo violência criminal. Contudo, sabemos que violência e

crime são conceitos mais abrangentes. Os dados, muitas vezes, estão voltados para determinadas

linhas ideológicas e a abordagem dos trabalhos pode favorecer determinados resultados.

No doutorado continuaremos a abordar estas questões focando outro objeto de estudo. Assim,

este artigo representa um recorte das atividades desenvolvidas para a tese de doutoramento realizada

na Universidade Federal do Rio de Janeiro que versa a análise da relação entre insegurança urbana,

criminalidade e a comercialização e produção dos espaços controlados. Entende-se como espaços

controlados, os loteamentos e condomínios fechados, sistemas de circuito fechado e vigilância

(públicos e privados) e shopping centers.

Objetivamos nesse texto analisar e comparar as taxas criminais entre metrópole e cidades

médias, discutindo a problemática da criminalidade a partir do contexto da venda de produtos

vinculados a segurança urbana, além de questionar a produção de espaços controlados nas cidades

médias, proveniente de um discurso da insegurança urbana. Para isso, do ponto de vista teórico, foi

feito uma revisão bibliográfica focada em temas como espaços controlados e insegurança urbana. De

forma operacional, realizamos uma análise comparativa dos dados criminais (homicídios, roubos,

furtos, tráfico) de cinco cidades médias do Rio Grande do Sul – Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas,

Rio Grande e Santa Maria, comparando com os dados da capital do estado - Porto Alegre (Figura 01).

1 Pesquisa realizada no período de 2003 – 2004: Análise físico-ambiental do bairro Camobi, município de Santa

Maria-RS através do Sistema de Informações Geográficas e pesquisa realizada no período de 2004 – 2005:

Urbanização: uma questão ambiental.

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Figura 01: Mapa de localização das cidades médias (Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande e Santa Maria) e a metrópoles Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, Brasil

Org.: MELARA, E., 2013

Insegurança urbana e produção de espaços controlados

As cidades médias e pequenas tendem a seguir lógicas capitalistas semelhantes às das

metrópoles, onde destacamos os processos de urbanização difusa, segregação e fragmentação que

vêm se propagando pelas grandes cidades de todo o mundo, especialmente nas metrópoles

brasileiras. Podemos verificar que nas cidades médias esses processos também estão presentes,

porém, com diferenças de escala e de conteúdo. Um dos fatores que favorecem os processos de

segregação e posterior fragmentação dos espaços urbanos está relacionado à sensação de

insegurança difundida pelos meios de comunicação. O possível aumento da criminalidade é um

discurso que beneficia a mídia, o mercado imobiliário e as empresas de segurança, além de fomentar

discursos em campanhas eleitorais.

É verdade que em muitas cidades brasileiras a criminalidade está aumentando, mas temos que

analisar quais os dados e fatos avaliados e em que situações eles ocorrem. O que podemos perceber é

que nas metrópoles, de modo geral, os índices de criminalidade são bem superiores se comparado

com as cidades médias, porém, a sensação de insegurança presente nessas cidades, muitas vezes,

alcança os níveis das metrópoles, influenciando inclusive na organização dos espaços dessas cidades,

no que tange à construção de espaços controlados e desvalorização de espaços públicos. Esses novos

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conteúdos das cidades médias revelam novas práticas socioespaciais, novas formas de diferenciação e

segregação urbana e, por fim, apontam para a fragmentação territorial dessas cidades.

Segundo Souza (2008), o sentimento de insegurança e medo pode aumentar ou diminuir, em

função do aumento ou não dos índices de criminalidade, isso acontece devido a determinados

interesses, sendo que a mídia pode subestimar ou superestimar os dados e acontecimentos. A mídia

associada às lógicas capitalistas de produção do espaço urbano, muitas vezes, são responsáveis por

criar representações sociais que orientam as práticas socioespaciais no espaço urbano.

Além da criminalidade violenta e da sensação de insegurança não manter entre si uma relação

linear, a visibilidade das mesmas não devem ser percebidas de maneira semelhante em todos os tipos

de cidade. Segundo Zaluar (1994), a violência é concebida diferentemente pelas pessoas, dependendo

da classe social que pertencem, do lugar onde moram, dos lugares que frequentam, das coisas que

leem e vivem.

Somada a essa exacerbada sensação de insegurança difundida pelos meios de comunicação,

podemos falar ainda da questão relacionada a criminalização da pobreza.2 É conveniente lembrar que

o medo do crime e a insegurança recaem sobre estereótipos e estigmas criados em torno das pessoas

das classes mais pobres, considerando negros, favelados, sem teto etc, como perigosos. Em relação a

isso, Zaluar (1999) coloca que essa associação entre pobreza e crime existe há muito tempo. As

instituições ligadas à polícia e à justiça sempre direcionaram suas acusações para estereótipos criados

contra as pessoas da classe baixa. Félix (1996) afirma que determinadas variáveis criminológicas

concentram-se ou apresentam maior visibilidade em regiões de baixo nível socioeconômico.

Essa tese é muito contestada em razão das distorções nos dados3 oficiais e a própria ação das

agências oficiais de controle e repressão do crime. As estatísticas, a polícia e o sistema judiciário, em

muitos casos, procuram mais por delinquentes do que por infratores, desse modo, a prisão e o

processo dependem da classe social (FÉLIX, 1996; FOUCAULT,1994).

A sensação de insegurança, o medo, a criminalização da pobreza são processos relacionados

às representações e práticas sociais e espaciais produzidas e reproduzidas nas cidades. Partindo

dessas considerações, encontramos nas obras de Henry Lefebvre subsídios teóricos e metodológicos

2 Em relação a “deturpada” idéia de que a violência está relacionada com as classes menos favorecidas; sobre a

criminalização da pobreza, ler: Perlman (1977); Foucault (1994); Félix (1996); Zaluar (1999); Wacquant (2001); Cerqueira e Lobão (2004); Souza (2008), entre outros. 3 Essa discussão sobre distorção dos dados relacionados à criminalidade foi realizada na dissertação: “A Dinâmica da Violência Criminal no Espaço Urbano de Santa Maria-RS” (MELARA, 2008).

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fundamentais para desenvolver a análise sobre a produção do espaço urbano e as representações

socioespaciais produzidas nesses espaços.

De acordo com o Lefebvre (1991) o espaço urbano é composto de uma tríade, onde temos o

espaço concebido que é aquele conceituado pelos planejadores, teóricos, detentores do conhecimento;

este é associado à produção das representações do espaço. Posteriormente, o espaço vivido que é

aquele corpóreo, afetivo, das atividades cotidianas, onde se formam os espaços de representação. E,

temos ainda, o espaço percebido que é o espaço das práticas socioespaciais, que produz o espaço da

sociedade por meio da apropriação ou da dominação.

Ao passo que falamos das representações sociais e espaciais produzidas nas cidades,

referentes à sensação de insegurança, entramos na discussão sobre a reestruturação das cidades com

a presença de uma urbanização difusa ou processos de fragmentação do espaço, que valorizam os

grandes empreendimentos imobiliários. Esses processos, segundo Lefebvre (1991) estão vinculados

aos interesses do Estado e da economia, o que, de certo modo, não valoriza a vida urbana. “[...] O

poder estatal e os grandes interesses econômicos só podem então conceber apenas uma estratégia:

desvalorizar, degradar, destruir a sociedade urbana” (LEFEBVRE, 1991, p. 78). Seguindo esse

raciocínio, a segregação social e espacial, enquanto processo relacionado à fragmentação do espaço

deve ser focalizada de acordo com três aspectos, simultâneos ou sucessivos: “[...] espontâneo

(proveniente das rendas e das ideologias) – voluntário (estabelecendo espaços separados) –

programado (sob o pretexto de arrumação e de plano)” (LEFEBVRE, 1991, p. 94).

Conforme Sposito (2004), desde 1960 vêm ocorrendo transformações nos espaços urbanos

brasileiros. A autora afirma que o espaço urbano vem se modificando na medida em que se verifica um

aparecimento de “periferias” no centro, caracterizadas pelo surgimento de áreas pobres nos centros

das cidades, e surgimento de “centralidades” e conjuntos residenciais na periferia, assinaladas pela

concentração de serviços urbanos importantes nessas áreas.

Nessa contextualização, Caldeira (2000) acrescenta que o principal instrumento desse novo

padrão de segregação espacial são os chamados enclaves fortificados. Trata-se de espaços

privatizados, fechados e monitorados para residência, consumo, lazer e trabalho, constituindo o centro

de uma nova maneira de organizar a segregação, a discriminação social e a reestruturação econômica.

“Os enclaves fortificados incluem conjuntos de escritórios, shopping centers, e cada vez mais, outros

espaços que têm sido adaptados para se conformarem a esse modelo, como escolas, hospitais,

centros de lazer e parques temáticos” (CALDEIRA, 2000, p.258).

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Nessa perspectiva, Souza (2008, p. 73) afirma que:

A auto-segregação é uma solução escapista. Representa uma fuga e não um enfrentamento, muito menos um enfrentamento construtivo. Como tal, não passa de uma pseudo-solução. Se, de uma parte, os “condomínios exclusivos” prometem solucionar os problemas de segurança de indivíduos e famílias de classe média ou da elite, de outra parte deixam intactas as causas da violência e da insegurança que os nutrem. Pior: no longo prazo, colaboram para deteriorar a qualidade de vida, a civilidade e as condições de exercício da própria cidadania na cidade, sob determinados aspectos. Sob o efeito do marketing imobiliário, da debilidade do debate político e dos limites ideológicos de uma pequena burguesia cada vez mais americanizada (ou, mais especificamente, “miamizada”), esse ônus até que tendem a parecer suportáveis, algo como um “mal menor” ou um “preço a pagar” traindo uma resignação facilmente acomodável ao próprio sistema de valores do indivíduo exacerbado.

Todos esses fatos mencionados tendem a impor complexas transformações na sociedade

brasileira. Conforme Cardia (2005), o medo da violência e de frequentar espaços públicos diminui a

qualidade de vida, e com o tempo pode criar valores e atitudes que podem se constituir numa ameaça

para a democracia.

Percebemos, desse modo, que está cada vez mais evidente nas cidades brasileiras a busca por

espaços vigiados e a desvalorização dos espaços públicos. Essas transformações que vêm ocorrendo

especialmente nas metrópoles também estão se tornando presentes nas cidades médias. De acordo

com Sposito (2004), nas cidades médias4, este processo de segregação socioespacial vem se

intensificando a partir de 1990, apesar de não apresentar grandes proporções como nas metrópoles.

Soma-se se a isso, o fato que a população das cidades médias vem crescendo mais que a das

metrópoles, esse dado associado a outros fatores, tornam as relações socioespaciais cada vez mais

complexas, tanto na escala local, como regional, nacional e global (CORRÊA, 2007). Por isso, a

importância de dedicar os estudos urbanos para esses espaços.

Retomando as discussões que estávamos fazendo sobre a produção espacial das cidades,

podemos afirmar que em muitas partes do mundo os condomínios fechados ou bairros fechados vêm

se apresentando como foco análise nos trabalhos acadêmicos, devido sua relevância para constituição

do espaço urbano. No Brasil podemos citar os trabalhos de Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro (1997), no

qual foca a produção do espaço urbano do Rio de Janeiro, destacando questões históricas,

econômicas, políticas e sociais que impulsionaram o mercado imobiliário nesta cidade. Caldeira (2000)

da enfoque aos enclaves fortificados em São Paulo, além de explorar questões sobre medo e 4 Sobre a discussão de cidades de porte médio e cidades médias consultar: Soares (1999, 2000), Amorim Filho (2001), Andrade e Serra (2001), Costa (2002), Spósito (2001, 2004, 2006), especialmente os livros: Cidades médias: Produção do espaço urbano e regional (2006) e Cidades médias: espaços em transição (2007), os quais apresentam importantes artigos que discutem sobre a temática mencionada.

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insegurança urbana. Mais recentemente vem sendo produzidos muitos trabalhos acadêmicos

centrados nestas questões sobre reestruturação do espaço urbano, espaços controlados, violência e

medo; entre esse podemos citar as teses de Freitas (2008) e Melgaço (2010) que fazem um estudo

sobre Campinas; Alcindo de Sá, professor da UFPE que realiza estudos no estado de Pernambuco,

especificamente em Recife; a dissertação de Becker (2005) e os estudos de Mammarella & Barcellos

(2008) sobre esse tipo de moradia em Porto Alegre; Barbosa (2005) focando estas temáticas na cidade

de João Pessoa; Bernardes & Soares (2007) e Campos (2007) fazem uma reflexão sobre a

configuração do espaço urbano de Goiânia; Andrade (2005), da enfoque aos condomínios fechados em

Belo Horizonte. Existem também trabalhos voltados para cidades médias também objetivando, entre

outros aspectos um estudo sobre os espaços controlados. Os estudos nas cidades médias de São

Paulo realizados por Sposito (2001, 2004, 2007), Sobarzo (2004) focando os espaços públicos em

Presidente Prudente; Botelho (2009) com uma pesquisa sobre Uberlândia; Nóbrega, Bortolo & Peluso

(2007) estudando esta problemática em Londrina; Galvão (2007) com uma dissertação sobre Maringá;

entre outros.

Além dos muitos trabalhos que vem sendo desenvolvidos no Brasil, podemos citar alguns

trabalhos internacionais que abordam esta problemática. Grant e Mittelsteadt (2004) escrevem sobre a

expansão desse tipo de moradia no mundo, analisando a tipologia dos gated communities

especificadas por Blakely & Snyder (1997); os trabalhos de Blandy (2007) e Blandy & Parsons (2004),

abordam sobre os condomínios fechados na Inglaterra; Landaman (2003) foca uma análise sobre os

gated communities e a relação com a criminalidade na África do Sul; Raposo (2008) fez um estudo

sobre este tipo de moradia realizado em Lisboa, Portugal; Glasze (2005) faz uma análise em muitas

regiões do mundo sobre como se da a organização política e social desses condomínios; Collado

(2011) faz uma análise sobre a expansão dos condomínios fechados na América Latina e a relação

desse fenômeno com a segurança, com foco sobre os países do Chile, México, Argentina e Brasil; Low

(2007) faz um estudo analisando uma série de dimensões comparativas envolvendo forma,

características sociais, políticas, econômicas e culturais dos condomínios fechados ou bairros fechados

nos seguintes países/regiões: América Latina, Estados Unidos e China; Dixon & Lysnar (2004) fizeram

um estudo sobre este tipo de moradia na Nova Zelândia, fenômeno recente no país. Estas pesquisas

são algumas, entre muitas que estão abordando a temática, no entanto, é importante colocar que, o

foco se da mais sobre metrópoles.

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Análise comparativa de dados criminais entre cidades médias e metrópole do Rio Grande do Sul

Para o desenvolvimento desse artigo, optamos como área de estudo as cidades médias do Rio

Grande do Sul: Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria; e a capital gaúcha –

Porto Alegre. A escolha dessas cinco cidades médias, entre outros fatores, deve-se ao fato destas

cidades constituírem-se como importantes centros econômicos na rede urbana do Rio Grande do Sul

com conexões também em escalas a nível nacional e com outros países; segundo, pelos índices

criminais apresentados e; terceiro, pela presença dos espaços controlados.

Devemos considerar também que, a população das cidades médias vem crescendo em números

superiores aos das metrópoles. Segundo Corrêa as cidades médias se diferenciam por “um tipo de

cidade caracterizado por uma particular combinação de tamanho demográfico, funções urbanas e

organização do seu espaço intra-urbano.” (2007, p. 24 - 25).

Para Corrêa (2007), devemos pensar como cidades médias aquelas que, primeiramente,

apresentam uma elite empreendedora, a qual estabelece uma relativa autonomia econômica e política

da cidade, destacando sua importância funcional na rede urbana. Também se faz necessário analisar a

localização relativa, pois se constitui como um lugar central na hierarquia regional, não podendo

pertencer, desse modo, a uma região metropolitana. Outro elemento indispensável, na visão de Corrêa,

está relacionado às interações sociais intensas e complexas, locais, regionais, nacionais e globais,

sendo que, muitas vezes, essas interações são controladas por grupos externos. Branco (2006)

acrescenta que a centralidade é importante na medida em que articula centros urbanos, funcionando

como nó de diferentes tipos de redes. Por fim, a qualidade de vida oferecida nessas cidades - oferta de

infraestrutura urbana, facilidade de deslocamento, entre outros – também tem sido alvo da atenção dos

pesquisadores.

Outra questão relevante para o debate refere-se à produção de condomínios fechados no

espaço urbano. Observamos nessas cidades a proliferação desse tipo de moradia, voltada às classes

média e alta. Num trabalho de campo preliminar realizado em Caxias do Sul verificamos que a

construção de espaços controlados é uma realidade freqüente, os condomínios fechados estão

presentes na periferia e na área central da cidade (Figura 02). Em Santa Maria, área de estudo do

mestrado, também foi observado a presença de condomínios fechados na periferia; em Passo Fundo já

existem trabalhos acadêmicos focando esta questão. Em Rio Grande e Pelotas, de acordo com Soares

(2005), existe um processo de reestruturação espacial nessas cidades, as quais adotam novas

periferias, com a presença dos condomínios fechados, em posições distantes da área central.

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Figura 02: Condomínio Fechado em Caxias do Sul-RS

Org.: MELARA, E., 2013

Outro fator a ser pensado está relacionado à quantidade de crimes que ocorrem nas cidades

médias. Assim, buscamos dados criminais através da Secretaria da Segurança Pública – DATASEG5,

das cinco cidades médias que serão foco de nosso estudo, e comparamos os dados com a quantidade

de crimes que ocorrem em Porto Alegre6.

Apresentaremos alguns gráficos demonstrando os dados criminais relacionados às ocorrências

criminais relacionadas a homicídios, tráfico de drogas, furtos e roubos de Porto Alegre e dos cinco

municípios: Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande e Santa Maria7. Observamos no gráfico

(Figura 03) que os índices de homicídio vêm diminuindo em Porto Alegre, mesmo assim, salientamos

que as taxas dessa cidade se apresentam superiores quando comparadas com os dados das outras

cidades. Os índices de homicídios de Caxias do Sul e Passo Fundo também se mostram elevados,

mas numa proporção inferior aos de Porto Alegre.

Na Figura 04 temos um gráfico representando os indicadores criminais relacionados ao tráfico de

drogas. Analisamos que as taxas aumentaram consideravelmente entre 2002 e 2009, especialmente

em Porto Alegre e Rio Grande, no entanto fica claro a que a capital apresenta uma taxa criminal maior

que as demais. Na pesquisa realizada no mestrado (2008) pode-se afirmar que o tráfico de drogas é

um tipo de crime que influencia consideravelmente no aumento de outros crimes, especialmente furtos

5 DATASEG - Dados da Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul - (www.sjs.rs.gov.br). 6 Esses dados são referentes ao município e não a cidade; porém devemos analisar que a população rural desses municípios se apresenta bastante reduzida. Outro aspecto a ser avaliado é que os dados são provenientes da relação crime e população, calculando qual a quantidade de crimes para cada 100 mil habitantes. 7 Os números de homicídios, tráfico, furtos e roubos são referentes ao ano de 2002 (DATASEG), os quais foram cruzados

com os dados da população total de 2000 (IBGE) e os dados de crimes de 2009 (DATASEG) foram cruzados com a população total de 2010(IBGE).

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e roubos, podendo ser um fator desencadeador do elevado número desses crimes nas cidades

pesquisadas, como podemos avaliar nos gráficos a seguir.

Figura 03: Taxa de homicídios de cinco cidades médias e de Porto Alegre-RS

Fonte: DATASEG, 2013

Figura 04: Taxa de tráfico de drogas de cinco cidades médias e de Porto Alegre-RS

Fonte: DATASEG, 2013

Nas Figuras 05 e 06 foram analisados os indicadores criminais referentes aos furtos e roubos.

Nesses dados podemos observar que as taxas criminais de furtos está diminuindo em todas as cidades

pesquisadas, ao passo que a de roubos vem aumentando. Percebemos que as taxas desses crimes

são elevadas em todas as cidades, porém novamente verificamos a superioridade dos índices criminais

da metrópole em relação às cidades médias.

Podemos dizer que, é necessário questionar sobre a adequação dos referencias teórico-

metodológicos produzidos sobre realidades metropolitanas para dar conta dos problemas e dinâmicas

dessas cidades, levando em conta as semelhanças e diferenças entre tais realidades. É preciso pensar

que, além das diferenças e semelhanças existentes entre metrópoles e cidades médias, existem as

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especificidades de cada cidade (sítio e posição geográfica), especialmente quando tratamos de

questões como: produção do espaço urbano, segregação, fragmentação e insegurança urbana.

Figura 05: Taxa de furtos de cinco cidades médias e de Porto Alegre-RS

Fonte: DATASEG, 2013

Figura 06: Taxa de roubos de cinco cidades médias e de Porto Alegre-RS

Fonte: DATASEG, 2013

Algumas Considerações

Analisando essa contextualização, verificamos a importância de estudar a produção do espaço

urbano em cidades médias, enfatizando a discussão relacionada a temas como: espaços controlados e

insegurança urbana. Nas cidades médias temos a incorporação de lógicas semelhantes das

metrópoles, como valorização e produção de condomínios fechados e de espaços vigiados, porém,

nestas cidades, pela questão da escala, os impactos destes empreendimentos imobiliários se fazem

representativos para modificações de todo o tecido urbano em termos de vetores de expansão e

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valorização. Os agentes imobiliários e os meios de comunicação reforçam a busca por esses espaços,

e, consequentemente, ocorre uma desvalorização dos espaços públicos.

Pelos dados apresentados nesse texto podemos perceber que as taxas de criminalidade em

cidades médias são inferiores que os indicadores criminais da metrópole, no entanto a produção de

espaços controlados é uma realidade nessas cidades. O mercado imobiliário associado à mídia fazem

um trabalho de produção de insegurança urbana, que se generaliza para cidades de diferentes portes e

funções.

Jane Jacobs (2000) afirma que, para haver uma revalorização da cidade, dos bairros, dos

espaços públicos e apresentar maior segurança, é necessário que haja uma diversidade de usos, com

uma conseqüente vigilância natural. Para isso, é necessário uma diversidade heterogênea de

habitantes, concentração de pessoas, necessidade de usos principais combinados, presença de

prédios antigos, quadras curtas. É importante que a cidade apresente usos diferenciados, como por

exemplo, residencial, comercial e de lazer, a fim de que as pessoas estejam sempre circulando nas

ruas e freqüentando as praças e parques públicos em diferentes horários. Uma padaria, uma pequena

drogaria, uma venda são pontos de vivência das pessoas, e geralmente ajudam a “cuidar” das ruas.

Locais pouco freqüentados tornam-se perigosos. Assim, os espaços públicos retomariam seu valor,

sendo mais freqüentados e vigiados naturalmente.

Assim, analisando a conjuntura das cidades brasileiras e as considerações expostas por Jacobs,

percebemos o quanto é importante analisar, interpretar e compreender as configurações do espaço das

cidades médias ou metrópoles no momento atual, a fim de apontar alternativas para uma produção do

espaço urbano menos segregada/fragmentada, buscando uma sociabilidade coletiva.

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