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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos
ANA MERY DE OLIVEIRA CAMLOFSKI
AVALIAÇÃO DOS COMPOSTOS BIOATIVOS E CARACTERIZAÇÃO
DAS PECTINAS DO FRUTO DE Physalis angulata L.
Curitiba
2014
ANA MERY DE OLIVEIRA CAMLOFSKI
AVALIAÇÃO DOS COMPOSTOS BIOATIVOS E CARACTERIZAÇÃO
DAS PECTINAS DO FRUTO DE Physalis angulata L.
Curitiba
2014
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Alimentos do Setor de Tecnologia da
Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à
obtenção do título de Doutor em Engenharia de Alimentos.
Orientadora: Profª Dra. Rosemary Hoffmann Ribani.
Co-orientadora: Profª Dra. Carmen Lúcia de Oliveira
Petkowicz.
Co-orientadora: Profª Dra. Trust Beta (University Manitoba)
Dedico
Á minha família e meus amigos, pois
sem eles a realização de mais este
sonho não seria possível!
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois, se hoje estou escrevendo estas linhas, é porque que Ele
me deu forças para superar o problema pessoal que enfrentei no final do doutorado e
conseguir concluir esta tese;
Á minha querida orientadora, Profª Drª Rosemary Hoffmann Ribani, pelos ensinamentos,
dedicação, paciência, incentivo, confiança, amizade. Pessoa honesta, justa que me ensinou a
enfrentar as dificuldades da vida com serenidade. Exemplo para minha vida profissional e,
sobretudo como ser humano;
Á minha co-orientadora, Profª Drª Carmen L. O. Petkowicz, pela atenção, ensinamentos,
suporte técnico, amizade e pela valiosa contribuição no desenvolvimento deste trabalho;
Aos Membros da banca de pré-defesa e defesa: Profª Drª Edna Regina Amante, Profª Drª
Maria Helene Giovanetti Canteri, Prof. Dr. Marcelo Kaminski Lenzi, Prof. Dr. Charles W. I.
Haminiuki, pelas contribuições valiosas que deram a este trabalho;
Agradeço a CAPES e ao PDSE (Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior), pelo suporte
financeiro e pela oportunidade de realizar meu sonho de estudar fora do país através do
doutorado-sanduíche no Canadá;
À minha orientadora na Universidade de Manitoba, Drª Trust Beta, pelos ensinamentos,
amizade e por me fazer sentir parte do grupo de pesquisa desde que cheguei á universidade.
Agradeço ao Food Science Department e ao Richardson Centre for Functional Foods and
Nutraceuticals pela disponibilidade em utilizar os laboratórios, os equipamentos e pela
oportunidade. Ao técnico do Food Science Department, Babak Sobhi, que me ajudou na
realização deste trabalho. Ao grupo de pesquisa: Victoria Ndolo, Lovemore Malunga, Kabo
Masisi, Kuuku Biney, Carly Isaak, Lilei por me receberem bem no laboratório, sempre
dispostos a me ajudar com meu inglês, com os equipamentos, análises, mais principalmente
pela amizade construída nos seis meses em que morei no Canadá;
À Linda e Joel Bouchard, que me receberam de braços abertos no Canadá, com quem morei
seis meses e que se tornaram parte da minha família. Muio obrigada por toda ajuda, paciência,
viagens, passeios, e por me fazerem conhecer e gostar ainda mais do Canadá;
Ao meu brother Vinicius Izidio de Almeida e minha sister Ariane Nogueira Santos, pelo
companheirismo, amizade, ajuda nos dias difíceis no Canadá, principalmente quando a
saudade do Brasil batia á porta, pelos momentos de descontração. Pessoas maravilhosas que
Deus colocou na minha vida. Vocês fizeram tudo se tornar mais fácil;
Á Lucélia Luna Melo-Diaz e Joshue Melo-Diaz, casal maravilhoso, obrigada pela amizade,
pelo carinho, pelas aulas de inglês, pelos momentos felizes que passamos juntos em toda
minha estada no Canadá. Obrigada por tudo;
Á minha querida amiga- agrônoma, Renata Bolzan, que me ajudou e me ensionou a plantar
minhas frutinhas e quem sem ela esse trabalho não seria possível. Muito obrigada pela
paciência, disponibilidade de seu tempo e pela sua amizade;
Aos técnicos de laboratório Marcelo Zadoreski, Ivan e Grazielli Rocha, pela paciência,
colaboração com as análises de laboratório e principalmente pelos momentos de descontração
nas horas em que nada parecia dar certo;
Obrigada a todos os meus amigos do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Alimentos, em especial ao secretário Paulo Roberto Krainski, por toda ajuda e orientação dos
documentos no processo PDSE, pela convivência, pelas conversas e pela amizade.
Às amigas do laboratório de Bioquímica Lúcia Vriesmann, Samantha Sharol, Marília
Locatelli, Cristiane Colodel, Luana Melo, pela convivência, pelas conversas, pelas risadas,
por toda amizade e companheirismo profissional;
Em especial às minhas amigas Andrea Pacheco, Aline Fracasso, Camila Perusselo, Gabrielli
Oliveira, Paula Lustoza, Vanessa Scottini, Keli Dessordi, principalmente as “Curicas”:
Carolina Leivas, Dayse Bartolomeu; Roberta de Souza Leone; Janaína Costa; Elaine
Kiatkoski; Silvana Licodiedoff; Mariana Egea, que estiveram sempre ao meu lado, com uma
palavra de esperança e incentivo, me dando forças para eu chegasse até aqui, principalmente
no momento em que estava passando por um problema pessoal muito difícil;
Á minha mãe Silvia Meri de Oliveira, principal incentivadora para a realização desta tese,
mulher maravilhosa que amo muito, obrigado pelo seu amor, carinho e apoio inestimáveis;
Ao meu irmão Cristian, minha cunhada Daniele, meus sobrinhos Lucas e Willian, minha irmã
Karime, meu cunhado Expedito Damaceno, pelo amor, confiança, estímulo, carinho, meu
porto seguro nos momentos mais difíceis;
A toda minha família, em especial minhas tias: Roseli, Liliana, Ana Clarice e minha madrinha
Maria, pelo carinho, oração e pelo apoio na realização desta tese;
Agradeço ao imenso crescimento profissional e pessoal que estes quatro anos de doutorado
me proporcionaram, fazendo com que a cada dificuldade enfrentada eu tivesse ainda mais
certeza de que esse era meu caminho, o que me tornou uma pessoa mais forte e decidida.
Enfim, quero agradecer a todos aqueles, que de alguma forma, direta ou indiretamente,
contribuíram para a realização desta conquista.
Muito Obrigada por fazerem parte de minha vida!!!!!!!!!!!!!!
OLIVEIRA-CAMLOFSKI, A. M. Avaliação dos compostos bioativos e caracterização das
pectinas do fruto de Physalis angulata L. 2014. Tese (Doutorado em Engenharia de
Alimentos) – Programa de Pós Graduação em Engenharia de Alimentos, Universidade
Federal do Paraná, Curitiba.
RESUMO GERAL
A biodiversidade é considerada uma forte estratégia para a manutenção da segurança
alimentar, econômica e ecológica da humanidade. A flora brasileira constitui uma das maiores
biodiversidades do planeta, elevando o Brasil ao posto de maior nação entre os dezessete
países de maior biodiversidade possuindo milhares de espécies já catalogadas, dentre elas,
muitas fruteiras silvestres. O gênero Physalis é uma frutífera silvestre, pertencente à família
Solanaceae, ocorrendo em regiões temperadas, quentes e subtropicais, devido à sua adaptação
a diferentes climas e tipos de solo. As espécies de ampla adaptação ecológica e comumente
encontradas no Brasil são a Physalis angulata (P. angulata) e Physalis peruviana (P.
peruviana), sendo o Rio Grande do Sul o principal produtor de P. peruviana in natura.
Popularmente conhecido como camapu, é um fruto exótico, climatérico envolvido por um
cálice que serve para protegê-lo de condições ambientais adversas e prolongar a vida útil do
fruto. As espécies deste gênero apresentam uma longa lista de constituintes químicos, que tem
despertado o interesse dos consumidores, tais como: compostos fenólicos, principalmente
representados por ácidos fenólicos e flavonóides, ácidos graxos de cadeia linear, ácido
ascórbico, carotenóides, alcalóides e vitaesteróides. Muitos dos fitoquímicos desse fruto
podem ser responsáveis pela captura de radicais livres, atuando como antioxidantes sendo
relacionados ao retardo do envelhecimento e prevenção de doenças degenerativas. Além do
consumo in natura, os frutos são utilizados na produção de geléias caseiras, indicando a
presença de pectinas. Neste contexto, o estudo dos compostos bioativos, a extração e
caracterização dos polissacarídeos do fruto de P angulata torna-se relevante, pois se trata de
um fruto nativo e pouco explorado na área da Engenharia de Alimentos. Este trabalho foi
dividido em quatro capítulos. A revisão bibliográfica no Capítulo 1 de forma concisa, aborda
as características do gênero Physalis, a definição e a importância dos compostos bioativos e
dos polissacarídeos em frutas e produtos alimentícios. No Capítulo 2 estão apresentados os
perfis dos ácidos fenólicos solúveis e insolúveis presentes nos frutos de P. angulata obtidos
por meio de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC); a atividade antioxidante dos
extratos, determinada por meio da capacidade do extrato em sequestrar o radical livre (2,2-
difenil-1-picrylhydrazil–DPPH); avaliação do conteúdo de compostos fenólicos totais dos
frutos de P. angulata em dois estádios de maturação. O Capítulo 3 trata da caracterização dos
subprodutos do fruto P. angulata: cálice, farinha e óleo das sementes dos frutos. A
identificação do flavonol majoritário por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a
espectroscopia de massa (HPLC/MS); avaliação do teor de compostos fenólicos totais e
atividade antioxidante determinada pelo método DPPH nos cálices dos frutos de P. angulata.
Na farinha das sementes do fruto foi realizada a determinação da composição físico-química,
os minerais majoritários identificados por Espectrometria de emissão atômica por plasma
acoplado indutivamente (ICP-OES)- e o teor de compostos fenólicos totais (CFT) por Folin-
Ciocalteou. No óleo extraído da farinha a identificação da composição de ácidos graxos foi
determinada por ICP-OES e teor de fosfolipídeos calculado através teor de fósforo pelo fator
de conversão. O Capítulo 4 descreve a caracterização físico-química dos frutos de
P.angulata, a extração dos polissacarídeos e sua caracterização através da composição
monossacarídica, análises de homogeneidade efetuadas em um cromatógrafo de exclusão
estérica de alta pressão (HPSEC), o grau de esterificação das pectinas analisado por
espectroscopia de infravermelho (FT-IR), análise de espectroscopia de 13
C-RMN. As
propriedades reológicas foram avaliadas através de curvas de viscosidade aparente e análises
oscilatórias dinâmicas.
OLIVEIRA-CAMLOFSKI, A.M. Evaluation of bioactive compounds and characterization
of pectin from fruit Physalis angulata L. 2014. Thesis (PhD in Food Engineering) -
Graduate Program in Food Engineering, Federal University of Paraná, Curitiba.
GENERAL ABSTRACT
Biodiversity is considered a powerful strategy for maintaining food safety. The flora is one of
the greatest biodiversity on the planet, elevating Brazil to the greatest nation stand among the
seventeen countries with the highest biodiversity possessing thousands of species already
cataloged, among them many wild fruit trees. The genus Physalis is a wild fruit, belonging to
the Solanaceae family, occurring in temperate, subtropical and warm regions, due to its
adaptation to different climates and soil types. Species of wide ecological adaptation and
commonly found in Brazil are the Physalis angulata and Physalis peruviana), and Rio Grande
do Sul, the largest producer of fresh P. peruviana. Popularly known as camapum, is an exotic
fruit, climacteric surrounded by a cup which serves to protect it from adverse environmental
conditions and prolong the life of the fruit. The species of this genus have a long list of
chemical constituents, which has aroused the interest of consumers, such as phenolic
compounds, mainly composed of phenolic acids and flavonoids, fatty acids, straight-chain,
ascorbic acid, carotenoids, alkaloids and vitaesteróides. Many of phytochemicals that fruit are
responsible for the capture of free radicals by acting as antioxidants and degenerative diseases
prevention. Besides fresh consumption, the fruits are used for making jams, indicating the
presence of pectins. In this context, the study of bioactive compounds, the extraction and
characterization of polysaccharides from the fruit of P. angulata becomes relevant because it
is a fruit native and underexplored in the area of Food Engineering. This work was divided
into four chapters. Chapter 1 concisely discusses the characteristics of the genus Physalis, the
definition and the importance of bioactive compounds and polysaccharides in fruits and food
products. Chapter 2 shows the profile of soluble and insoluble phenolic acids in the fruits of
P. angulata obtained by high performance liquid chromatography (HPLC); the antioxidant
activity of the extracts, determined by the ability of the extract to capture the free radical (2,2-
diphenyl-1-picrylhydrazil-DPPH); evaluation of total phenolic compounds of the fruits of P.
angulata in two stages of maturation. Chapter 3 deals with the characterization of the
byproducts of P. angulata fruit, calyx flour and oil from the seeds of the fruit. Identifying the
major flavonol HPLC/MS; evaluation of the content of phenolic compounds and antioxidant
activity determined by the DPPH • method in calyx. The flour from the seeds of the fruit was
performed to determine the physical and chemical composition, the majority minerals
identified by ICP-OES (optical emission spectrometry by inductively coupled plasma) and the
TPC content by Folin-Ciocalteou. In the oil extracted from flour to identify the fatty acid
composition was determined by ICP-OES and phospholipids content calculated using
phosphorus content by the conversion factor. Chapter 4 describes the physicochemical
characterization of the fruits of P. angulata, the extraction of polysaccharides and their
characterization by monosaccharide composition analysis of homogeneity performed on a
chromatograph steric exclusion high pressure (HPSEC), the degree of esterification of pectins
analyzed by infrared spectroscopy (FT-IR) analysis, 13
C-NMR spectroscopy. The rheological
properties were evaluated using plots of apparent viscosity and dynamic oscillatory tests.
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
FIGURA 1 - Physalis angulata L. ................................................................................ 26
FIGURA 2 - ESTRUTURA QUÍMICA DE UM FLAVONÓIDE .............................. 29
FIGURA 3 - ESTRUTURA QUÍMICA DOS ÁCIDOS FENÓLICOS ....................... 32
FIGURA 4 - MODELO DE PAREDE CELULAR PRIMÁRIA ................................. 33
FIGURA 5 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA ESTRUTURA DAS
PECTINAS .............................................................................................
35
CAPÍTULO 2
FIGURA 1 - Physalis angulata L. .............................................................................. 50
FIGURA 2 - PERFIL CROMATOGRÁFICO OBTIDO POR HPLC.......................... 55
CAPÍTULO 3
FIGURA 1 - CÁLICES DE FRUTOS DE Physalis angulata L. ................................. 69
FIGURA 2 - FRUTO DE Physalis angulata L. .......................................................... 70
FIGURA 3 - PERFIL CROMATOGRÁFICO OBTIDO POR HPLC DA MISTURA
DE PADRÕES DE FLAVONÓIS (A); EXTRATO METANÓLICO
DAS AMOSTRAS DOS CÁLICES DE FRUTOS DE Physalis
angulata L. (B) .....................................................................................
77
FIGURA 4 - ESPECTRO HPLC/MS DO CÁLICE DE P. angulata ......................... 77
FIGURA 5 - FARINHA DAS SEMENTES DE P. angulata .................................... 79
FIGURA 6 - ÓLEO EXTRAÍDO DAS SEMENTES DO FRUTO DE Physalis
angulata L. ..........................................................................................
81
CAPÍTULO 4
FIGURA 1 - FLUXOGRAMA DE EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS
DOS FRUTOS DE P. angulata. ...........................................................
97
FIGURA 2 - FRUTO DE Physalis angulata L. ......................................................... 100
FIGURA 3 - PERFIL DE ELUIÇÃO POR HPSEC-MALLS DAS FRAÇÕES W
(A); ED (B); CA (C); 2M (D) E 6M (E) OBTIDAS DOS FRUTOS
DE P. angulata. LS, DETECTOR DE ESPALHAMENTO DE LUZ
A 90º E RI, DETECTOR DE ÍNDICE DE REFRAÇÃO ....................
106
FIGURA 4 - ESPECTRO DE INFRAVERMELHO (FT-IR) DAS FRAÇÕES
PÉCTICAS W (A); ED (B); CA (C) OBTIDAS DOS FRUTOS DE
P. angulata ............................................................................................
108
FIGURA 5 - ESPECTRO DE RMN DE 13
C DA FRAÇÃO W EM D2O A 70 °C.... 109
FIGURA 6 - ESPECTRO DE RMN DE 13
C DA FRAÇÃO ED EM D2O A 70 °C... 110
FIGURA 7 -
ESPECTRO DE RMN DE 13
C DA FRAÇÃO CA EM D2O A 70 °C..
110
FIGURA 8 - CURVA DE VISCOSIDADE APARENTE A 25 ºC DAS FRAÇÕES
W SOLUBILIZADAS EM ÁGUA DEIONIZADA A UMA
CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
....................................................
111
FIGURA 9 - CURVA DE VISCOSIDADE APARENTE A 25 ºC DAS FRAÇÕES
ED SOLUBILIZADAS EM ÁGUA DEIONIZADA A UMA
CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
. ...................................................
111
FIGURA 10 - CURVA DE VISCOSIDADE APARENTE A 25 ºC DAS FRAÇÕES
CA SOLUBILIZADAS EM ÁGUA DEIONIZADA A UMA
CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
.....................................................
112
FIGURA 11 - VARREDURA DE FREQUÊNCIA A 25 ºC DA FRAÇÃO W
SOLUBILIZADA EM ÁGUA DEIONIZADA A UMA
CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
..................................................
113
FIGURA 12 - VARREDURA DE FREQUÊNCIA A 25 ºC DA FRAÇÃO ED
SOLUBILIZADA EM ÁGUA DEIONIZADA A UMA
CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
...................................................
113
FIGURA 13 - VARREDURA DE FREQUÊNCIA A 25 ºC DA FRAÇÃO CA
SOLUBILIZADA EM ÁGUA DEIONIZADA A UMA
CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
...................................................
113
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1
TABELA 1 - ESTRUTURAS DOS FLAVONÓIDES E SUAS RESPECTIVAS
FONTES .................................................................................................
30
CAPÍTULO 2
TABELA 1 - CONTEÚDO DOS ÁCIDOS FENÓLICOS NAS FRAÇÕES
SOLÚVEL (FS) E INSOLÚVEL (FI) NOS DOIS ESTÁDIOS DE
MATURAÇÃO EM FRUTOS DE Physalis angulata L. E FRUTOS
MADUROS DE Physalis peruviana .......................................................
56
TABELA 2 - CONTEÚDO DOS COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (TPC) NAS
FRAÇÕES SOLÚVEL E INSOLÚVEL NOS DOIS ESTÁDIOS DE
MATURAÇÃO EM FRUTOS DE Physalis angulata L.
COMPARANDO COM FRUTOS DE Physalis peruviana .....................
58
TABELA 3 - ATIVIDADE ANTIOXIDANTE EM DPPH
NAS FRAÇÕES
SOLÚVEL E INSOLÚVEL NOS DOIS ESTÁDIOS DE
MATURAÇÃO EM FRUTOS DE Physalis angulata L.
COMPARANDO COM FRUTOS DE Physalis peruviana ....................
58
TABELA 4 - COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (TPC) E ATIVIDADE
ANTIOXIDANTE (DPPH) EM EXTRATO METANÓLICO DE
FRUTOS DE Physalis angulata L. EM DOIS ESTÁDIOS DE
MATURAÇÃO E EM FRUTOS MADUROS DE Physalis peruviana....
59
CAPÍTULO 3
TABELA 1 - COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS CÁLICES DE FRUTOS DE P.
angulata ....................................................................................................
76
TABELA 2 - TEORES DE FLAVONÓIS EM CÁLICES DE FRUTOS DE P.
angulata ....................................................................................................
78
TABELA 3 - COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA FARINHA DAS SEMENTES DE
FRUTOS DE Physalis angulata L. ...........................................................
79
TABELA 4 - COMPOSIÇÃO MINERAL DA FARINHA DAS SEMENTES DE
FRUTOS DE Physalis angulata L. ...........................................................
80
TABELA 5 - ÁCIDOS GRAXOS DAS SEMENTES DE FRUTOS DE Physalis
angulata L. ................................................................................................
82
CAPÍTULO 4
TABELA 1 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO FRUTO DE Physalis
angulata L. EM COMPARAÇÃO COM A LITERATURA ....................
102
TABELA 2 - RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS
FRAÇÕES OBTIDAS DOS FRUTOS DE P. angulata ..........................
104
TABELA 3 - GRAU DE ESTERIFICAÇÃO DAS FRAÇÕES PÉCTICAS (W, ED e
CA) OBTIDAS DOS FRUTOS DE Physalis angulata L. .......................
109
TABELA 4 - VISCOSIDADE APARENTE DAS TRÊS FRAÇÕES OBTIDAS EM
DIFERENTES TAXAS DE CISALHAMENTO .....................................
112
LISTA DE ABREVIATURAS
ATT - Acidez titulável total
CFT - Compostos fenólicos totais
CA - Fração polissacarídica extraída com ácido cítrico 2 %
2M - Fração polissacarídica extraída com NaOH 2M
6M - Fração polissacarídica extraída com NaOH 6M
DE - Grau de esterificação
DPPH - 2,2-difenil-1-picrilhidrazil
ED - Fração polissacarídica extraída com EDTA 2 %
FT-IR - Infravermelho com transformada de Fourier
G’ - Módulo de Cisalhamento elástico ou módulo de armazenamento
G’’ - Módulo de Cisalhamento viscoso ou módulo de perda
GLC - Cromatografia líquida- gasosa
HPLC - Cromatografia líquida de alta eficiência
HPLC-MS - Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada ao espectro de massa
HPSEC - Cromatógrafia de exclusão estérica de alta pressão
HM - Pectinas com grau de esterificação superior a 50 %
ICP-OES - Espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente
ICONTEC - Instituto Colombiano de Normas Técnicas
LM - Pectinas com grau de esterificação inferior a 50 %
mgAGE - Miligramas de ácido gálico
MALLS - Detector de espalhamento de luz laser em multiângulos
RG - Ramnogalacturana
RG-I - Ramnogalacturanas do tipo I
RG-II - Ramnogalacturanas do tipo II
RI - Detector de índice de refração diferencial
RMN - Ressonância magnética nuclear
SST - Sólidos solúveis totais
TFA - Ácido trifluoracético
UV - Detector ultravioleta
W - Fração polissacarídica extraída com água
- Deformação
SUMÁRIO
RESUMO GERAL ............................................................................................................ 9
GENERAL ABSTRACT………………………………………………………………..
11
JUSTIFIATIVA ………………………………………………………………………… 21
OBJETIVOS ................................................................................................................... 22
OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 22
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................... 22
CAPÍTULO 1 – FRUTOS DE Physalis angulata L., COMPOSTOS BIOATIVOS E
POLISSACARÍDEOS: UMA REVISÃO
1. GÊNERO Physalis ........................................................................................... 24
1.1. Physalis angulata L. .........................................................................................
25
2. COMPOSTOS BIOATIVOS ..........................................................................
27
2.1. FLAVONÓIDES ...............................................................................................
28
2.2. ÁCIDOS FENÓLICOS ..................................................................................... 31
3. PECTINAS ....................................................................................................... 32
4. FARINHA DAS SEMENTES DE FRUTAS ................................................ 36
5. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 38
CAPÍTULO 2 – ÁCIDOS FENÓLICOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DOS
FRUTOS Physalis angulata L. EM DOIS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO
RESUMO ......................................................................................................................... 47
ABSTRACT ..................................................................................................................... 48
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 49
2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 51
2.1. FRUTOS ............................................................................................................ 51
2.1.1. Physalis angulata L. .......................................................................................... 51
2.1.2. Physalis peruviana ............................................................................................. 51
2.2. PADRÕES E SOLVENTES ............................................................................. 51
2.3. EXTRAÇÃO ...................................................................................................... 52
2.3.1. Extração da fração solúvel (FS) e fração insolúvel (FI) dos ácidos fenólicos.... 52
2.3.2. Extração metanólica .......................................................................................... 52
2.4. DETERMINAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (CFT) ........... 53
2.5. DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE PELO MÉTODO
DPPH ................................................................................................................
53
2.6. ANÁLISE DOS ÁCIDOS FENÓLICOS POR HPLC ...................................... 53
2.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................... 54
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 54
3.1. IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS ÁCIDOS FENÓLICOS
SOLÚVEIS E INSOLÚVEIS EM FRUTOS DE Physalis angulata L. POR
HPLC .................................................................................................................
54
3.2. DETERMINAÇÃO DOS COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (CFT) E
ATIVIDADE ANTIOXIDANTE (DPPH) NAS FS E FI DOS EXTRATOS
DE ÁCIDO FENÓLICO DE Physalis .............................................................
57
3.3. DETERMINAÇÃO DOS COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (CFT) E
ATIVIDADE ANTIOXIDANTE (DPPH) EM EXTRATO METANÓLICO
DE Physalis ....................................................................................................
59
4. CONCLUSÕES ................................................................................................ 61
5. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 61
CAPÍTULO 3 - CARACTERIZAÇÃO DOS SUBPRODUTOS DE Physalis angulata L.:
CÁLICES, FARINHA E ÓLEO DAS SEMENTES
RESUMO ........................................................................................................................... 67
ABSTRACT ....................................................................................................................... 68
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 69
2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 71
2.1. FRUTOS DE Physalis angulata L. ................................................................... 71
2.1.1. Cálice ................................................................................................................. 71
2.1.2. Farinha das sementes ......................................................................................... 71
2.1.3. Óleo da semente ................................................................................................ 72
2.2. PADRÕES E SOLVENTES .............................................................................. 72
2.3. ANÁLISES ........................................................................................................ 72
2.3.1. CÁLICE ............................................................................................................. 72
2.3.1.1. Composição Centesimal .................................................................................... 72
2.3.1.2. Extrato metanólico dos cálices de P. angulata .................................................. 72
2.3.1.3. Análise dos flavonóis por HPLC/MS ................................................................ 73
2.3.1.4. Determinação de compostos fenólicos totais (CFT) ......................................... 73
2.3.1.5. Determinação da atividade antioxidante pelo método DPPH ........................... 74
2.3.2. FARINHA DAS SEMENTES ........................................................................... 74
2.3.2.1. Composição centesimal ..................................................................................... 74
2.3.2.2. Determinação dos minerais ................................................................................ 74
2.3.2.3. Determinação de compostos fenólicos totais (CFT) .......................................... 74
2.3.3. ÓLEO DA FARINHA DAS SEMENTES ........................................................ 75
2.3.3.1. Composição dos ácidos graxos .......................................................................... 75
2.3.3.2. Determinação de fosfolipídeos .......................................................................... 75
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 75
3.1. CÁLICE ............................................................................................................. 75
3.1.1. Composição centesimal ..................................................................................... 75
3.1.2. Identificação e quantificação do flavonol majoritário em cálices de P.
angulata por HPLC/MS ....................................................................................
76
3.1.3. Determinação dos compostos fenólicos totais (CFT) e atividade antioxidante
(DPPH) em cálices de frutos de P. angulata ....................................................
78
3.2. FARINHA DAS SEMENTES Physalis angulata ............................................. 79
3.2.1. Composição centesimal da farinha .................................................................... 79
3.2.2. Determinação dos minerais ................................................................................ 80
3.2.3. CFT .................................................................................................................... 81
3.3. ÓLEO DA SEMENTE ...................................................................................... 81
3.3.1. Composição de ácidos graxos do óleo extraído da farinha das sementes do
fruto de P. angulata ...........................................................................................
81
3.3.2. Fosfolipídeos ...................................................................................................... 83
4. CONCLUSÕES ................................................................................................ 83
5. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 84
CAPÍTULO 4 - EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS DOS
FRUTOS DE Physalis angulata L.
RESUMO .......................................................................................................................... 91
ABSTRACT ...................................................................................................................... 92
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 93
2. MATERIL E MÉTODOS ........................................................................... 94
2.1. FRUTOS DE Physalis angulata L ................................................................... 94
2.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA ...................................................... 95
2.3. EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS ....................................................... 95
2.4. DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA ................. 98
2.4.1. Cromatografia líquida-gasosa (GLC) ................................................................
98
2.4.2. Cromatografia de exclusão estérica acoplada à detecção por espalhamento de
laser multiângulos e índice de refração (HPSEC-MALLS/RI) .........................
98
2.4.3. Espectroscopia de infravermelho (FT-IR) ......................................................... 99
2.4.4. Espectroscopia ressonância magnética nuclear de 13
C (13
C-RMN) ................... 99
2.5. REOLOGIA ..................................................................................................... 99
2.5.1. Preparo das amostras ......................................................................................... 99
2.5.2. Análises reológicas ............................................................................................ 99
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 100
3.1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DOS FRUTOS DE P. angulata ... 100
3.2. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS .............. 103
3.3. ANÁLISES REOLÓGICAS DAS FRAÇÕES PÉCTICAS .............................. 111
4. CONCLUSÕES ................................................................................................ 114
5. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 115
CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................................ 124
JUSTIFICATIVA
Physalis angulata L., é uma espécie que apresenta grande potencial econômico, sendo
classificado como fruto fino, a exemplo da cereja, framboesa, pitaya e mirtilo. Sua produção
caracteriza-se pelo custo de produção acessível aos pequenos produtores e boa adaptação as
condições do ambiente. Contém de 100 a 300 sementes, sendo facilmente separadas da polpa.
É revestido por um cálice que serve para protegê-lo de condições ambientais adversas e pode
ser fonte de carboidratos durante os vinte primeiros dias de crescimento do fruto. Embora
estudos demonstrem que sua manutenção no fruto é favorável, este cálice é descartado antes
da armazenagem.
A revisão da literatura mostra que ainda há pouca informação a respeito da caracterização do
fruto e seus subprodutos no Brasil, e os principais relatos desta espécie são voltados
principalmente à farmacologia e condições agronômicas da planta.
A pesquisa a respeito da identidade e de teor de compostos fenólicos envolvidos no processo
de amadurecimento dos frutos de Physalis angulata, a caracterização dos seus subprodutos e
dos polissacarídeos, torna-se relevante, pois deverá aumentar o investimento e apelo
comercial destes frutos e, consequentemente o interesse da indústria alimentícia em sua
utilização.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Avaliar compostos bioativos e polissacarídeos do fruto de Physalis angulata L. e
caracterizar seus subprodutos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Determinar a composição físico-química e o teor de ácidos fenólicos do fruto de
Physalis angulata em dois estádios de maturação, comparando com os frutos de Physalis
peruviana;
Determinar a composição centesimal e o flavonol majoritário do cálice dos frutos de
Physalis angulata ;
Caracterizar a farinha das sementes do fruto de Physalis angulata, bem como o seu
óleo extraído;
Obter os polissacarídeos dos frutos de Physalis angulata através de extrações
sequenciais: aquosa, ácida e alcalina;
Caracterizar as frações polissacarídicas isoladas dos frutos de Physalis angulata.
CAPÍTULO 1
FRUTOS DE Physalis angulata L., COMPOSTOS BIOATIVOS E
POLISSACARÍDEOS: UMA REVISÃO
24
FRUTOS DE Physalis angulata L., COMPOSTOS BIOATIVOS E
POLISSACARÍDEOS: UMA REVISÃO
Ana Mery de Oliveira-Camlofskia, Rosemary Hoffmann Ribani
a, Carmen Lúcia de Oliveira
Petkowiczb
a Programa de Engenharia de Alimentos – PPGEAL, Universidade Federal do Paraná, 81531-
980 Curitiba, Pr, Brasil
b
Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Paraná, Caixa
Postal: 19046, 81531-990, Curitiba, Pr, Brasil.
1. GÊNERO Physalis
O gênero Physalis L. pertence à família Solanaceae a qual apresenta cerca de 150
gêneros e 3000 espécies. No Brasil, ocorrem 32 gêneros e 350 espécies, sendo que a esta
família pertencem diversas plantas de interesse econômico utilizadas na alimentação como: o
tomate (Solanum lycopersycum), a batata (Solanum tuberosum), as pimentas, o pimentão
(Capsicum spp) e a beringela (Solanum melongena) (SOUZA; LORENZI, 2005). Este gênero
possui aproximadamente cento e vinte espécies com caracteres herbáceos, distribuídos nas
zonas temperadas do globo terrestre, principalmente nas Américas Central e do Sul, com
centros desta diversidade taxonômica no México e nos Estados Unidos (MAGALHÃES,
2005; NURIT SILVA; AGRA, 2005).
O centro de origem da Physalis sp é desconhecido, mas se acredita que seja nos
Andes. Na América do Sul encontra-se seu maior produtor, a Colômbia, onde as frutas são
comercializadas pelo nome de uchuva. No Peru, são conhecidas como tomate silvestre ou
uchuba; na Bolívia capuli ou motojobo embolsado (FRANCO et al., 2007); uvilla no Equador
(VASCO; RUALES; KAMAL-ELDIN, 2008) e Kuzhi na China (DAMU et al., 2007). Em
outras regiões capulí, aguaymanto; goldenberry, awaymanto, entre outros. No Brasil,
encontra-se no Norte e Nordeste, sendo conhecido como: camapu, camambu, camaru, joá-de-
capote, joá-poca, balão-rajado, saco-de-bode, bucho-de-rã e mata-fome (LORENZI; MATOS,
2002; CARRASCO; ZELADA, 2008).
Na Colômbia, o cultivo desse gênero iniciou-se em 1985, com a comercialização da
fruta in natura e processada (CORPORACIÓN COLOMBIANA INTERNACIONAL, 2000;
RUFATO et al., 2008). No Brasil, a inserção da fruta teve início em 1999, na Estação
Experimental de Santa Luzia/SP, visando o melhoramento genético (RUFATO et al., 2008).
25
O nome Physalis provém do grego onde “Physa” significa bolha ou bexiga, referindo-
se ao cálice que sustenta seus frutos comestíveis que contém de 150 a 300 sementes
(TOMASSINI et al., 2000; AGUILAR et al., 2006).
As espécies deste gênero apresentam uma extensa lista de constituintes químicos,
como os flavonóides simples ou glicosilados, os ácidos graxos de cadeia linear (C6 a C24),
hidroxilados, epoxilados, o ácido ascórbico, os carotenóides, os alcalóides e vitaesteróides.
Estes compreendem substâncias químicas que reproduzem o esqueleto do ergostano intacto ou
modificado, com função lactônica em C-26, com uma diversidade de estruturas classificadas
em oito grupos subdivididos em: vitanolidos, vitanolidos “modificados”, vitafisalinas,
acnistinas, ixocarpalactonas, perulactonas e fisalinas. Dentre esses compostos, a fisalina
apresenta elevada produção pelo gênero Physalis (TOMASSINI et al., 2000). De acordo com
a Fundação Oswaldo Cruz-Ceará, a fisalina atua no sistema imunológico humano evitando a
rejeição a órgãos transplantados.
Segundo Rufato et al. (2008) esse gênero engloba plantas das quais são aproveitadas
todas as partes, desde as raízes até as folhas, utilizadas medicinalmente; o fruto é consumido
em diversas formas e o cálice pode ser utilizado em ornamentações.
Dentre as propriedades medicinais, já foram atribuídas ao fruto a redução do mau
colesterol, a diminuição da glicemia e ação diurética. De acordo com a medicina popular, essa
planta também apresenta ação no combate ao reumatismo, doenças de pele, rins, fígado,
bexiga, malária e hepatite (RUFATO et al., 2008). A literatura reporta benefícios
farmacológicos relacionados a este gênero como atividade antitumoral (WU et al., 2004;
HSIEH et al., 2006; MAGALHÃES, 2005), anti-inflamatória (CHOI; HWANG, 2003), anti-
microbiana (PIETRO et al., 2000), (TOMASSINI et al., 2000; GUIMARÃES et al., 2010),
antiparasitário, antiviral (LIMA et al., 2006) e o seu uso popularmente conhecido para
problemas urinários, asma e reumatismo. Acredita-se que o grande leque de propriedades
atribuído a esta planta, justifica-se em função da diversidade de compostos que as espécies
desse gênero podem apresentar.
1.1. Physalis angulata L.
Fruto nativo da América do Sul é uma espécie com ampla adaptação ecológica,
apresentando potencial para cultivo comercial e produção no Brasil (ALVARADO et al.,
2004;. MAGALHÃES, 2005; MUNIZ et al., 2011). Classificado como uma espécie tolerante,
devido à sua adaptação a diferentes climas temperados e aos tipos de solo (FISCHER, 2000).
Sua reprodução ocorre através de sementes altamente germinativas, de ciclo anual e herbáceo,
26
crescendo espontaneamente sob a forma de pequenas populações. Por essa característica é
considerada uma planta daninha, infestando lavouras agrícolas e terrenos baldios (LORENZI;
MATOS, 2002).
É um fruto climatérico do tipo baga, carnoso, de coloração amarelo-esverdeada e
aroxeada, com diâmetro entre 1,0 a 1,5 cm, contendo pequenas e numerosas sementes
(FIGURA 1). O fruto é envolto por um cálice com finalidade de protegê-lo de condições
ambientais adversas (ALVARADO et al., 2004; MAGALHÃES, 2005) e serve como fonte de
carboidratos durante os primeiros vinte dias de crescimento. Além de prolongar a vida pós-
colheita dos frutos, o cálice é considerado um indicador para determinação do ponto de
colheita (ÁVILA et al., 2006).
FIGURA 1 – Physalis angulata L. (A = FLOR; B = CÁLICE; C = FRUTO)
FONTE: AUTOR
Os frutos de P. angulata possuem diversos compostos secundários de natureza
fenólica (HARBONE; WILLIAMS, 2000). Estudos clínicos e epidemiológicos têm mostrado
evidências de que antioxidantes fenólicos de cereais, frutas e vegetais são os principais fatores
que contribuem para a redução da incidência de doenças crônicas e degenerativas em
populações cujas dietas se caracterizam por uma elevada ingestão desses alimentos
(SHAHIDI, 2008).
A espécie contém compostos químicos biologicamente ativos como os alcalóides, os
flavonóides (kaempferol, quercetina, rutina,) os esteróides (-sitosterol, estigmasterol,
campestrol, 24-metileno-colestero e outros), bem como ácidos graxos de cadeia linear (C6 e
C24), hidroxilados, epoxilados; carotenóides e ácido ascórbico (SILVA; AGRA, 2005;
ARRUDA, 2008).
Das folhas e troncos de P. angulata já foram isolados e caracterizados quimicamente
grupos de esteróides conhecidos como fisalinas, flavonoides e glicosídeos (TOMASSINI et
al., 2000). Em outros estudos, avaliando-se a atividade antimicrobiana dessa espécie,
A B C
27
utilizando frações de extratos metanólicos obtidos de frutos e raízes, foi demonstrado que os
extratos inibiam o crescimento de Staphylococcus aureus e Escherichia coli (SILVA et al.,
1999; SILVA et al., 2005).
Segundo recente revisão bibliográfica, há poucos dados referenciados em artigos
científicos sobre o fruto de P. angulata, o que ressalta a importância de estudos de
caracterização para que a comercialização e exploração do potencial tecnológico do fruto
possam ser alcançadas.
2. COMPOSTOS BIOATIVOS
Os frutos, em geral, são responsáveis por 90 % da ingestão de vitaminas, sais minerais
e fibras na alimentação humana. Além disto, apresentam fitoquímicos que podem contribuir
para a preservação da saúde, responsáveis pela captura de radicais livres, atuando como
antioxidantes. Entre esses se destacam algumas vitaminas, certos compostos fenólicos e
carotenóides (FONTANNA et al., 2000).
As frutas são excelentes fontes de flavonóides e ácidos fenólicos (derivados de ácidos
cinâmicos e derivados de ácido benzóico), sendo reportado na literatura que o consumo
regular de frutas está diretamente relacionado à prevenção de várias doenças (HAMINIUK et
al., 2012).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo mínimo de 400g de
frutas diariamente (WHO, 2003a). Programas de incentivo ao consumo destes alimentos
foram elaborados, principalmente em países desenvolvidos, sendo denominados Five a Day,
onde se recomenda a ingestão de cinco porções de frutas e hortaliças diariamente (WHO,
2003b). No Brasil, foi desenvolvido um guia alimentar que recomenda no mínimo o consumo
de seis porções/dia (BRASIL, 2006).
A atividade antioxidante apresentada por vários vegetais, incluindo frutos, folhas,
sementes e plantas medicinais está correlacionada, em geral, ao seu teor de compostos
fenólicos totais. Os compostos fenólicos são originados basicamente por duas rotas
bioquímicas diferentes, seja pela via do chiquimato ou pela via do acetato/malonato. A rota do
ácido chiquímico é iniciada com a condensação de fosfoenolpiruvato e eritrose-4-fosfato, para
a formação de ácido chiquímico (HERRMAN; WEAVER, 1999). A partir deste composto
forma-se o corismato, molécula precursora dos aminoácidos fenilalanina, tirosina e triptofano
(TAIZ; ZEIGER, 2004). A chalcona sintase é a enzima que catalisa a formação da chalcona
intermediária básica, da qual todos os flavonóides são formados, pela condensação de três
28
moléculas de malonil-CoA com uma molécula de 4-cumaril-CoA. Através de subseqüentes
hidroxilações e reduções, as plantas sintetizam as diferentes classes dos flavonóides
(ROBARDS; ANTOLOVICH, 1997; WINKEL-SHIRLEY, 2001; DIXON et al., 2002).
Estas substâncias apresentam importância na defesa do estresse da planta, na proteção
contra os danos causados por patógenos ou excesso de luz UV (WINKEL-SHIRLEY, 2001).
Estes fitoquímicos foram efetivos no sequestro de radicais livres em testes in vitro, sendo
antioxidantes importantes devido ao seu alto potencial redox e sua capacidade em quelar
metais (TSAO; YANG, 2003; EL GHARRAS, 2009; IGNAT et al., 2011).
Os radicais livres podem ser gerados no citoplasma, nas mitocôndrias ou na
membrana, estando seu alvo celular (proteínas, lipídeos, carboidratos e DNA) relacionado ao
seu sítio de formação (ANDERSON, 1996; YU; ANDERSON, 1997). A formação de radicais
livres in vivo ocorre durante os processos de transferência de elétrons, durante o metabolismo
celular e pela exposição a fatores exógenos como: radiações gama e ultravioleta,
medicamentos, dieta e tabagismo (CERUTTI, 1991, 1994).
Podem ser classificados como radicais livres as moléculas orgânicas e inorgânicas e os
átomos com um ou mais elétrons não pareados, de existência independente (HALLIWELL,
1994), característica que lhes confere instabilidade. Embora a presença desses radicais seja
crítica para a manutenção de muitas funções fisiológicas normais (POMPELLA, 1997), a sua
produção contínua durante os processos metabólicos estimula muitos mecanismos de defesa
antioxidante, para limitar os seus níveis intracelulares e impedir a indução de danos (SIES,
1993). Os antioxidantes são agentes responsáveis pela inibição e redução das lesões causadas
pelos radicais livres nas células. Sua utilização é um dos mecanismos de defesa contra os
radicais livres que podem ser empregados nas indústrias de alimentos, cosméticos, bebidas e
também na medicina. (HALLIWELL et al., 1995; WEIJL, CLETON; OSANTO, 1997).
2.1. FLAVONÓIDES
Os compostos fenólicos constituem uma importante classe, sendo os flavonóides o
maior grupo de pigmentos fenólicos, presentes em frutas, vegetais e grãos, principais
responsáveis pelos pigmentos de cor azul e vermelho, que compreendem as antocianinas,
enquanto que os tons de amarelo compreendem as antoxantinas (ARAÚJO, 2004).
Segundo Heim; Tagliaferro; Bobilya (2002), mais de 4000 estruturas de flavonóides já
foram identificadas, e o consumo destes compostos apresenta efeitos benéficos para o
organismo (JÁUREGUI et al., 2007). Entre as várias atividades biológicas relatadas para os
29
flavonóides podem ser citados: antioxidante, antialergênica, antiflamatória, antiviral,
vasoprotetora e anti-hepatotóxica (VALDAMERI, 2008).
A estrutura química dos flavonóides (FIGURA 2) caracteriza-se como difenilpropanos
(C6-C3-C6) com 15 átomos de carbono arranjados em dois anéis benzênicos (A e B) ligados a
um anel pirano (C), divididos em classes de acordo com suas propriedades químicas,
apresentados na forma glicosilada (ARAÚJO, 2004).
FIGURA 2 – ESTRUTURA QUÍMICA DE UM FLAVONÓIDE
FONTE: ROBARDS et al. 1999.
A partir desta estrutura, várias combinações podem ser formadas, principalmente com
a presença de hidroxilas e metoxilas. Segundo Moon; Wang; Morris (2006), os flavonóides
apresentam como principal classificação: flavonas, flavonóis, flavanonas, flavanóis,
antocianidinas e isoflavonas, apresentadas na TABELA 1.
As diferenças entre cada um destes grupos estão relacionadas com a variação no
número e no arranjo dos grupos hidroxila, bem como sua natureza. Por exemplo, a cor
vibrante dos flavonóides (flavonas e antocianinas) age como atrativo para os insetos
polinizadores, assim como protetores de células vegetais por sequestrar espécies reativas de
oxigênio produzidas pela radiação UV indispensável à fotossíntese (PIETTA, 2000).
Apresentam um ou mais grupos hidroxila diretamente ligados a um anel aromático,
caracterizando a estrutura fenólica (VERMERRIS; NICHOLSON, 2006).
30
TABELA 1 - ESTRUTURAS DOS FLAVONÓIDES E SUAS RESPECTIVAS FONTES
CLASSE ESTRUTURA EXEMPLOS FONTE
FLAVONA
Apigenina
Luteolina
Acacetina
Baicaleína
Crisina
Tangeritina
Salsa, tomilho,
aipo, pimentão
vermelho, mel,
própolis
FLAVONOL
Kaempferol
Galangina
Morina
Miricetina
Quercetina
Cebola, brócolis,
maçã, cereja,
framboesa, chá,
vinho tinto
FLAVANONE
Naringerina
Eriodictiol
Hesperetina
Homoeridictiol
citrus
FLAVANOL
Epicatequina
Catequina
Proantocianidinas
Cacau, chocolate,
chá verde, vinho
tinto e algumas
ervas
ANTOCIANIDINA
Cianidina
Cereja, uva,
framboesa
ISOFLAVONA
Ginesteína
Daidzeína
Alfafa, soja e
alguns legumes
FONTE: MOON; WANG; MORRIS, 2006; VALDAMERI, 2008.
31
As hidroxilas são encontradas preferencialmente nos carbonos, nas posições 3, 5 ou 7
e a molécula também pode estar ligada com uma ou mais moléculas de açúcar (flavonóide
glicosídeo) ou não ligadas a nenhuma molécula de açúcar (flavonóide aglicona). O grau de
glicosilação afeta diretamente a capacidade antioxidante dos flavonoides. Usualmente, a
forma aglicona (miricetina e quercitina) é mais ativa do que as formas glicosídicas (HOPIA;
HEINONEN, 1999; KAUR; KAPOOR, 2001). Estes grupos de hidroxilas e açúcares
aumentam as propriedades hidrofílicas da molécula, enquanto a ligação com ésteres metílicos
aumenta as características hidrofóbicas (ARAÚJO, 2004).
A quercetina é o mais abundante flavonóide presente na dieta humana, representa
aproximadamente 95% do total dos flavonóides ingeridos. Entre os demais flavonóides
estudados em frutas podem citar ainda as antocianidinas, a rutina, o kaempferol, a miricetina,
a apigenina e a luteolina entre outros (BEHLING et al., 2004; RODRIGUEZ-AMAYA, ,
2008).
2.2. ÁCIDOS FENÓLICOS
Os ácidos fenólicos são metabólitos secundários de plantas e compreendem uma classe
dos compostos fenólicos, sendo dividido em duas classes principais: derivados de ácidos
hidroxicinâmicos e derivados de ácido hidroxibenzóicos (FIGURA 3) (MANACH et al.,
2004). Apresentam caráter ácido devido à presença de um grupo carboxílico na molécula
(ANNIE; JAN-JACQUES, 2003).
Os ácidos hidroxicinâmicos são mais comuns do que os ácidos hidroxibenzóicos e
consistem principalmente dos ácidos p-cumárico, cafeico, ferúlico e sinápico. Estes ácidos são
raramente encontrados na forma livre, exceto em alimentos processados que são submetidos
ao congelamento esterilização e fermentação. Podem ser identificados em todas as partes do
fruto, embora a sua maior concentração esteja na parte externa do fruto maduro (MANACH et
al., 2004). O ácido cafeico, tanto na forma livre como na forma esterificada, é em geral o
ácido fenólico mais abundante e representa 75 e 100 % do total do conteúdo encontrado dos
ácidos hidroxicinâmicos nas frutas (MANACH et al., 2004).
Os ácidos hidroxibenzóicos são caracterizados pela presença de um grupo carboxílico
substituído por um fenol. Exemplos: ácido p-hydroxibenzóico, gálico, protocateuquínico,
salicílico e vanílico (VERMERRIS; NICHOLSON, 2006).
32
FIGURA 3 – ESTRUTURA QUÍMICA DOS ÁCIDOS FENÓLICOS
FONTE: Robards et al. (1999).
Os acidos fenólicos têm despertado interesse em pesquisadores e fabricantes de
alimentos, devido às suas propriedades antioxidantes, abundância na dieta humana, e seu
provável papel na prevenção de várias doenças associadas ao estresse oxidativo (SCALBERT;
WILLIAMSON, 2000). São considerados como um dos componentes funcionais em frutas
podendo contribuir no sequestro de radicais livres, inibir sua formação e prevenir danos
oxidativos ao DNA (LODOVICI et al., 2001).
A composição fenólica dos alimentos de origem vegetal depende do genótipo da
planta e de fatores ambientais durante o crescimento e pós-colheita. Estudos reportam este
comportamento, no qual o teor de compostos fenólicos e a capacidade antioxidante diminuem
durante a maturação dos frutos (KOBAYASHI; WANG; POMPER, 2008; PEDISIC, et al.,
2007).
3. PECTINAS
Além de vitaminas, sais minerais, carotenóides e fenólicos, as frutas são importante
fonte de fibras, oriundas da parede celular, responsáveis pela textura. A firmeza dos tecidos
das plantas é determinada por três tipos de polissacarídeos presentes na parede celular:
celulose, hemicelulose e pectina (VAN BUREN, 1979), sendo as pectinas o principal
constituinte das fibras solúveis, enquanto a celulose e as hemiceluloses respondem pelas
fibras insolúveis. A perda da firmeza é um processo que acompanha o amadurecimento de
muitos frutos, resultando em mudanças estruturais que ocorrem na parede celular (CARPITA;
GIBEAUT, 1993; CHITARRA; CHITARRA, 2005).
A parede celular determina a forma da célula e a textura do tecido. É uma estrutura
dinâmica, que apresenta alterações constantes em sua composição e propriedades, devido ao
Ácidos Benzóicos Ácidos Cinâmicos
Ácido Gálico R1=R2=R3=OH
Ácido Protocatecuico R1=H, R2=R3=OH
Ácido Vanílico R1=H, R2=OH, R3=OCH3
Ácido Siríngico R2=OH, R1=R3=OCH3
Ácido Ferrúlico R1=R2=H, R3=OH, R4=OCH3
-Cumárico R1=R2=R4=H, R3=OH
-Cumárico R2=R3=R4=H, R1=OH
Ácido Cafeico R1=R2=H, R3=R4=OH
Ácido Sinápico R1=H, R3=OH, R2=R4=OCH3
33
crescimento, ambiente e atividades da célula (BOWLES, 1990). De acordo com os modelos
propostos, a parede celular consiste de uma rede de microfibrilas de celulose associadas a
hemiceluloses. Esta rede está embebida em uma matriz formada por pectinas. Outros
compostos como glicoproteínas ou fenólicos também podem estar presentes (DEY;
HARBORNE, 1997; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001). Na FIGURA 4 está
representado um modelo da estrutura da parede celular primária do tipo I, presente em todas
as células de plantas da classe das dicotiledôneas.
Hemicelulose é um termo que abrange um grupo heterogêneo de polissacarídeos da
matriz da parede celular, associados à celulose e a pectina. A xiloglucana é a principal
hemicelulose da parede celular das espécies dicotiledôneas (WILKIE, 1979; COUGHALAN;
HAZLEWOOD, 1993; COLLINS; FERRIER, 1995).
FIGURA 4: MODELO DE PAREDE CELULAR PRIMÁRIA
FONTE: Carpita; Gibeaut (1993).
34
As pectinas são polissacarídeos estruturais que formam um grupo complexo de
compostos encontrados na parede celular primária e nas camadas intercelulares de plantas
terrestres. Estão associadas à celulose e hemicelulose sendo abundantes em frutos e em
tecidos jovens, tais como cascas de frutas cítricas (30 %), dentre as quais o limão é a fonte
mais abundante. As pectinas contribuem para a adesão entre as células e para a resistência
mecânica da parede celular. Além de seu papel importante no crescimento das células, estão
envolvidas em interações com agentes patogênicos e a sua quantidade e natureza são
determinantes para a textura de frutos e vegetais durante o seu crescimento, amadurecimento,
armazenamento e processamento (ASPINALL, 1970).
As pectinas são polissacarídeos ricos em ácido galacturônico e incluem três classes
principais de polímeros: Homogalacturonanas, Ramnogalacturonanas I (RG-I) e
Ramnogalacturonanas II (RG-II) (FIGURA 5). Entre essas, as homogalacturonanas e as
ramnogalacturonanas I são encontradas em maiores quantidades em frutos (VORAGEN et al.,
1995; CARPITA; McCANN, 2000).
Estruturalmente, as homogalacturonanas são constituídas por uma cadeia principal de
unidades de ácido galacturônico ligadas por α-(1→4), sendo que parte destas unidades
apresenta-se esterificada, como éster metílico. As RG-I apresentam uma cadeia principal de
unidades de ácido D-galacturônico ligadas por -(14) e ramnose ligadas por -(12), às
quais estão ligadas cadeias laterais, formadas por açúcares neutros, principalmente D-
galactose e L-arabinose. A RG-II é um heteropolímero de estrutura extremamente complexa
formado por vários monossacarídeos, incluindo açúcares raros como a apiose, o ácido acérico,
o Kdo e o Dha (FIGURA 5) (HWANG; KOKINI, 1992; VORAGEN et al., 1995; CARPITA;
McCANN, 2000).
35
FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA ESTRUTURA DAS PECTINAS.
FONTE: ADAPTADO DE Willats; Knox; Mikkelsen (2006).
De acordo com a percentagem de grupos carboxílicos metil esterificados (grau de
esterificação), as pectinas são subdivididas em duas classes: alto grau de metoxilação (> 50
%), HM, e baixo grau de metoxilação (< 50 %), LM. Comercialmente, as pectinas com alto
grau de metoxilação apresentam teores na faixa de 55 a 75 %; nas de baixo grau de
metoxilação, esses teores variam na faixa 15 a 45 %. As HMP possuem considerável poder
geleificante e são amplamente usadas na geleificação de sucos de frutas para a obtenção de
geleias (ASPINALL, 1970). A presença de cadeias laterais, principalmente com unidades de
arabinose e galactose, afetam significativamente as propriedades funcionais das pectinas, tais
como solubilidade, a formação de filme e propriedades reológicas, além de favorecer a
agregação em soluções concentradas (HWANG; KOKINI, 1992).
Em condições específicas, as pectinas são capazes de formar géis e o mecanismo de
formação de gel é dependente do grau de esterificação. Pectinas com alto grau de metoxilação
geleificam em meio ácido, em presença de altas concentrações de um co-soluto, geralmente
sacarose (AL-RUQAIE; KASAPIS; ABEYSEKERA, 1997). Pectinas com baixo grau de
metoxilação geleificam na presença de cálcio e outros íons divalentes. A geleificação é devida
36
à formação de zonas de junções intermoleculares entre as regiões homogalacturônicas de
diferentes cadeias, de acordo com o modelo egg Box (LOZANO; IGLESIAS, 2004).
As pectinas são polissacarídeos muito utilizados industrialmente, principalmente em
produtos alimentícios, pois apresentam alto valor funcional como ingrediente alimentar, sendo
amplamente utilizadas como agente geleificante e estabilizante. As pectinas comerciais são
obtidas das cascas de frutas cítricas ou do bagaço da maçã, subprodutos da indústria de sucos
(WILLATS; KNOX; MIKKELSEN, 2006). As características estruturais das pectinas variam
de acordo com a fonte da qual esta é isolada e com as condições de extração (ROLIN;
NIELSEN; GLAHN, 1998).
As propriedades das pectinas já são conhecidas há cerca de 200 anos, mas
recentemente houve grande progresso na compreensão da estrutura complexa deste polímero.
Com o aumento do conhecimento surgem novas aplicações. Pesquisadores estão começando a
desenvolver a nova geração de sofisticadas pectinas com funcionalidades específicas. Além
disso, a habilidade em manipular pectina da planta pode ter um maior impacto na fruta, na
qualidade do vegetal e processamento, como também na produção de pectina (WILLATS;
KNOX; MIKKELSEN, 2006).
Além das propriedades físico-químicas que atraem a atenção para as pectinas, a
ingestão de pectinas tem implicações benéficas sobre o organismo humano devido a suas
propriedades de fibras solúveis. As pectinas apresentam efeitos prébióticos e apresentam
propriedades de promoção à saúde, tais como: redução do colesterol total; diminuição das
frações popularmente conhecidas como mau colesterol (LDL) protegendo contra a
aterosclerose por melhorar a razão HDL/LDL; redução da absorção de glucose; redução do
peso corporal pela imobilização de nutrientes nos intestinos, aumento da sensação de
saciedade e diminuição da atividade de certas enzimas, que leva à menor digestão e absorção;
ligação a metais pesados e a micro-organismos tóxicos no cólon impedindo a reabsorção das
toxinas por estes produzidas (CANTERI et al., 2012).
4. FARINHA DAS SEMENTES DE FRUTAS
O processamento de frutas resulta em uma grande quantidade de resíduos, como por
exemplo, cascas e sementes. O descarte desses resíduos torna-se um problema, que
atualmente é agravado por restrições ambientais. Assim, os novos aspectos sobre a utilização
destes resíduos como subprodutos, tem despertado grande interesse, uma vez que são
37
produtos que podem apresentar alto valor nutricional e sua reutilização pode ser
economicamente atraente (DJILAS; CANADANOVIC-BRUNET; CETKOVIC, 2009).
O subproduto comum no processamento das frutas são as sementes, as quais, segundo
Lima et al. (2014), apresentam benefícios nutricionais como alto teor de carboidratos,
proteínas, atividade antioxidante e ácidos graxos. Parry et al. (2006), avaliando sete farinhas
de sementes de frutas, sugerem que estas farinhas podem ser utilizadas como fontes de
antioxidantes naturais por conter níveis significativos destes compostos.
A caracterização dos componentes bioativos nas farinhas de sementes de frutos tem
demonstrado que as suas propriedades benéficas podem resultar na utilização do valor
agregado destas farinhas para aumentar a rentabilidade das indústrias de processamento de
frutas e dos fabricantes de óleos de sementes (FAZIO et al., 2013).
Vários fitoquímicos detectados em óleos de sementes podem incluir, tocoferóis,
carotenóides, compostos fenólicos e ácidos graxos como o ácido α-linolênico. Esse ácido
graxo não pode ser sintetizado no organismo humano devendo ser ingerido através da dieta
(PARRY et al., 2005). Estudos indicam que óleos de sementes de frutas apresentam níveis
significativos de ácido α-linolênico e antioxidantes naturais. Parry; Yu (2004) relataram 35 %
de ácido α-linolênico em óleo de semente de framboesa; Fernandes et al. (2013) 63,0–73,1 %
em óleo de sementes de uva; Parry et al. (2005), 32,4 % em óleo de sementes de framboesa
vermelha. Estes dados sugerem que os óleos de sementes de frutas podem servir como
potenciais fontes de antioxidantes naturais e outros fitoquímicos.
Outro componente importante na composição de óleos são os fosfolipídeos,
amplamente presentes em óleos comestíveis, sendo o óleo de soja uma fonte comum. Em
óleos vegetais brutos, os fosfolipídeos podem representar 0,1 a 1,8 % do total de lipídeos
extraídos (MENG et al., 2014). São moléculas anfifílicas, ou seja, apresentam uma porção
polar e uma porção apolar. Essa característica faz com que os fosfolipídeos tenham uma gama
muito ampla de aplicações, conferindo-lhe características emulsificantes e umectantes,
podendo ser utilizados em diferentes tipos de formulações e segmentos (LI et al., 2014).
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WU, S-J; NG, L-T; CHEN, C-H; LIN, D-L; WANG, S-S; LIN, C-C. Antihepatoma activity of
Physalis angulata and P. peruviana extracts and their effects on apoptosis in human Hep G2
cells. Life Sciences, v. 74, p. 2061–2073, 2004.
46
CAPÍTULO 2
ÁCIDOS FENÓLICOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DOS FRUTOS Physalis
angulata L. EM DOIS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO
47
ÁCIDOS FENÓLICOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DOS FRUTOS Physalis
angulata L. EM DOIS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO
Ana Mery de Oliveira-Camlofskia, Rosemary Hoffmann Ribani
b, Lovemore Nkhata Malunga
c,
Trust Betad,e
a,b
Programa de Engenharia de Alimentos – PPGEAL, Universidade Federal do Paraná, 81531-
980 Curitiba, Pr, Brasil
c,d
Departamento de Ciência de Alimentos, Universidade de Manitoba, Winnipeg, Canadá,
R3T2N2
e Richardson Centre for Funcional Foods and Nutraceuticals, Smartpark, University of
Manitoba, Winnipeg, Canada, R3T 6C5
RESUMO
Physalis angulata L. é um fruto climatérico, exótico, pertencente à família Solanaceae nativo
da Amazônia, pouco explorado em estudos científicos. Espécies dessa família apresentam uma
longa lista de constituintes químicos de interesse biológico, dentre eles destacam-se: ácidos
fenólicos e flavonóides. O objetivo deste estudo foi determinar os perfis de ácidos fenólicos
solúveis e insolúveis, teor de fenólicos totais e atividade antioxidante em dois estádios de
maturação dos frutos de P. angulata, comparando os dados obtidos com frutos maduros da
variedade Physalis peruviana. O ácido fenólico predominante nos frutos de P. angulata foi o
ácido ferúlico, para a fração solúvel (9,00 e 10,00 mg.100g-1
) e insolúvel (17,00 e 13,00
mg.100g-1
) e para o fruto verde e maduro, respectivamente. O fruto apresentou níveis
significativos de compostos fenólicos e propriedades antioxidantes nos extratos metanólicos
durante a maturação (9,8 % e 10,15 %, respectivamente). Os frutos maduros de P. angulata
apresentaram valores de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante pelo método
DPPH• maiores do que os relatados para frutos maduros de Physalis peruviana, fruta da família
Solanaceae cujo consumo e comercialização são mais incentivados apesar de não ser nativo do
Brasil. Considerando o teor de ácido fenólico, em frutos de P. angulata, este pode ser
considerado um alimento potencialmente funcional.
Palavras-chave: Physalis angulata L., ácidos fenólicos, compostos fenólicos totais, atividade
antioxidante.
48
PHENOLIC ACIDS AND ANTIOXIDANT ACTIVITY FROM FRUITS OF Physalis
angulata L. IN TWO STAGES OF MATURATION
Ana Mery de Oliveira-Camlofskia, Lovemore N. Malunga
b, Rosemary H. Ribani
a, Trust Beta
c
a Graduate Program in Food Engineering, Department of Chemical Engineering, Paraná Federal
University, 81531-980 Curitiba, PR, Brazil.
b,c
Department of Food Science, University of Manitoba, Winnipeg, Canadá, R3T2N2
c Richardson Centre for Functional Foods and Nutraceuticals, Smartpark, University of
ABSTRACT
Physalis angulata L. is a climacteric and exotic fruit of the family Solanaceae, originally from
Amazon, and spontaneously growing in all Brazilian territory, which is still little explored from
a scientific point of view. Species of this family contain several chemical constituents of
biological interest, such as phenolic acids and flavonoids. The current objective was to
determine the profiles of soluble and insoluble phenolic acids, total phenolic content and
antioxidant activity at two stages of maturation of fruits of P. angulata. The predominant
phenolic acid in the fruits of P. angulata was found to be ferulic acid both for the soluble (9.00,
10.00 mg.100g-1
) and insoluble (17.00, 13.00 mg.100g-1
) fractions (green and ripe fruit
respectively). The fruit showed significant levels during maturation with methanolic extracts of
phenolic compounds and antioxidant properties increasing by 9.8 % and 10.15 %, respectively.
The ripe fruits of P. angulata showed values of total phenolic compouds and antioxidant
acivity by the method DPPH was
higher than those found in ripe Physalis peruviana, a fruit of
the Solanaceae family whose consumption and marketing are more encouraged despite not
native from Brazil. Considering the phenolic acid content in fruits of P. angulata, this may be
considered as a potentially functional food.
Keywords: Physalis angulata L., phenolic acids, total phenolic compounds, antioxidant
capacity.
49
1. INTRODUÇÃO
Os antioxidantes naturais, oriundos de frutas e vegetais têm despertado interesse
crescente entre os consumidores e a comunidade científica, porque estudos epidemiológicos
indicam que o consumo frequente dessas substâncias naturais está associado a um menor risco
de doenças cardiovasculares. Os efeitos de defesa de antioxidantes naturais em frutas e vegetais
estão relacionados a três grandes grupos: vitaminas, compostos fenólicos e carotenóides. O
ácido ascórbico e os compostos fenólicos são conhecidos como antioxidantes hidrofílicos,
enquanto que os carotenóides são conhecidos como antioxidantes lipofílicos (HALLIWELL,
1996).
O gênero Physalis sp. pertence à família Solanaceae e ocorre principalmente nos climas
temperados, subtropical e quente. As espécies comumente encontradas são Physalis angulata
L. (P. angulata), fruto nativo do Brasil e Physalis Peruviana (P. peruviana), cultivado
comercialmente no Rio Grande do Sul (LORENZI; MATOS 2002; CARRASCO; ZELADA,
2008). As espécies desse gênero apresentam uma longa lista de constituintes químicos, o que
tem despertado o interesse dos consumidores, incluindo compostos fenólicos representados
principalmente por ácidos fenólicos e flavonóides simples ou glicosilados (kaempferol,
quercetina, rutina), ácido ascórbico, carotenóides, alcalóides e vitaesteróides (TOMASSINI et
al., 2000; SILVA; AGRA, 2005).
Uma das ações propostas para os compostos fenólicos é atuar como sequestradores de
ânions superóxidos, atribuindo poder de redução antioxidante ao grupo hidroxila do anel
aromático, que estabiliza espécies reativas de oxigênio ou decompõe os peróxidos produzindo
radicais fenoxi menos reativos (NIJVELDT et al., 2001). A literatura reporta benefícios
farmacológicos relacionados a este gênero como atividade antitumoral (MAGALHÃES, 2005),
anti-inflamatória, antimicrobiana (TOMASSINI et al., 2000; GUIMARÃES et al., 2010),
antiparasitário, antiviral (LIMA et al., 2006) e o seu uso popularmente conhecido para
problemas urinários, asma e reumatismo.
Os ácidos fenólicos presentes na forma solúvel e insolúvel identificados em várias frutas
apresentam correlação com a atividade antioxidante (KING; YOUNG, 1999; HOLMMAN;
ARTS, 2000; SOARES, 2002; EINBOND et al. 2004). Porém, há variações no conteúdo desses
compostos encontrados em diferentes frutas e vegetais (BALASUNDRAM; SUNDRAM;
SAMMAN, 2006), decorrentes da complexidade desses compostos, métodos de extração ou
quantificação (TOMÁS-BARBERAN; ESPÍN, 2001). Neste contexto o Brasil, com produção
50
elevada de diferentes variedades de frutíferas nativas ou exóticas, apresenta potencial para
exploração econômica.
O fruto de P.angulata (FIGURA 1), nativo da América do Sul, é uma espécie com fácil
adaptação ecológica e grande potencial para o cultivo comercial e produção no Brasil
(ALVARADO et al., 2004; MAGALHÃES, 2005; MUNIZ et al., 2013). É classificada como
uma espécie tolerante, devido à sua adaptação a diferentes tipos de solo e climas temperados
(FISHER, 2000). Popularmente conhecido como camapu, é um fruto climatérico recoberto por
um cálice que serve para protegê-lo de condições ambientais adversas, sendo suspenso por uma
haste que mantém suas flores amarelas (ALVARADO et al., 2004; MAGALHÃES, 2005).
Quando maduro, apresenta um diâmetro entre 1,0 a 1,5 cm, com numerosas sementes pequenas.
Sua reprodução é por sementes, apresentando ciclo anual e crescendo espontaneamente na
forma de pequenas populações; por isso, é considerado uma erva daninha infestante de culturas
agrícolas e terrenos baldios (LORENZI; MATOS, 2002).
Na literatura atual, não foram reportadas informações sobre a composição fenólica de
frutos de Physalis angulata L., e sobre a mudança desses bioativos no processo de maturação.
O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil de ácidos fenólicos solúveis e insolúveis por
cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), o teor de compostos fenólicos totais e verificar
C
A
D
B
FIGURA 1 – Physalis angulata L. (A = fruto; B = fruto aberto; C = Flor; D = Cálice)
FONTE: AUTOR
S
51
a atividade antioxidante pelo método DPPH
nos frutos de Physalis angulata L. em dois
estádios de maturação.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. FRUTOS
2.1.1. Physalis angulata L.
Os frutos de P.angulata foram plantados e coletados na estação experimental da
Universidade Federal do Paraná, localizada em Quatro Barras, Região Metropolitana de
Curitiba, a 25º 17’ 30” de latitude sul e 49º13’27” de longitude oeste, altitude de 930 metros e
clima classificado por Köeppen de Cfb (IAPAR, 1994).
Os frutos foram colhidos manualmente 80 dias após o plantio (nos meses de março e
abril) e classificados visualmente em dois estádios de maturação de acordo com a intensidade
da coloração do epicarpo dos frutos da seguinte forma: verde, quando o epicarpo estava
totalmente verde e maduro, quando o epicarpo estava totalmente amarelo-roxo ou amarelo. Em
seguida, foram congelados (-18 ºC), liofilizados e embalados a vácuo.
A exsicata da planta P.angulata foi depositada no Museu Botânico de Curitiba (Paraná-
Brasil) sob o número 384015.
2.1.2. Physalis peruviana
Os frutos maduros comerciais de Physalis peruviana, utilizados como amostra de
comparação neste estudo, sendo adquiridos no seasa de Curitiba em Junho de 2013. Os frutos
foram congelados (-18 ºC), liofilizados e embalados a vácuo.
2.2. PADRÕES E SOLVENTES
Reagente fenólico de Folin-Ciocalteu, 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH), ácido gálico,
ácido acético, metanol grau cromatográfico e os padrões de ácidos fenólicos (gálico,
protocatecuico, hidroxibenzóico, vanílico, cafeico, siríngico, p-cumárico, ferúlico, sinápico)
foram todos adquiridos de Sigma-Aldrich Chemical Co.
52
2.3. EXTRAÇÃO
2.3.1. Extração da fração solúvel (FS) e fração insolúvel (FI) dos ácidos fenólicos
As frações solúvel (FS) e insolúvel (FI) dos ácidos fenólicos foram extraídas de acordo
com o método descrito por Matilla; Kumpulainen (2002), com pequenas modificações.
Simplificadamente, 7 mL de uma mistura de metanol (contendo 2 g.L-1
de 2, (3)-terc-butil-4-
hidroxianisol (BHA) e ácido acético a 10 % (85:15) foram adicionados a 2,5 g de amostra
liofilizada, homogeneizada usando agitador (modelo shaker ação de pulso 75 - Burrell). A
extração foi realizada usando sonicador Brason 5510 (Branson Ultrasonics Corp., Danbury,
CT, E.U.A) por 30 min a 25 ± 3 ºC. Posteriormente 3 mL de água destilada foi adicionada e
misturada em vortex. Dessa solução, 1 mL foi filtrado (membrana 0,45 m, 25 mm; Pall
Gelman Laboratory) para identificação e quantificação dos ácidos fenólicos da FS por HPLC.
Depois de coletar a amostra para a análise de ácidos fenólicos livres, 12 mL de água
destilada e 5 mL de hidróxido de sódio (NaOH) 10 M foram adicionados ao extrato aquoso
restante. A essa mistura foi adicionado nitrogênio (N2), para evitar a oxidação dos compostos,
agitada overnight (± 16h) a 25 ± 3 ºC utilizando um agitador rotativo (Allentown, PA-18103).
Após este período, o pH do extrato foi ajustado para 2 e os ácidos fenólicos liberados foram
extraídos com 3 porções de 15 mL de uma mistura gelada de dietil éter e acetato de etila (1:1),
sendo as frações orgânicas recolhidas e combinadas.
Depois da hidrólise alcalina, o extrato aquoso foi submetido à hidrólise ácida por 30
min a 85 ºC adicionando-se 2,5 mL de ácido clorídrico (HCl) concentrado. Posteriormente, a
amostra foi resfriada, e o mesmo procedimento da extração orgânica utilizado na hidrólise
alcalina foi realizado. As fases orgânicas da hidrólise alcalina e ácida foram rotoevaporadas e
dissolvidas em 1,5 mL de metanol. Em seguida, foram filtradas (membrana 0,45 m, 25 mm;
Pall Gelman Laboratory) e analisadas por HPLC para identificação e quantificação dos ácidos
fenólicos da FI.
2.3.2. Extração metanólica
A extração metanólica foi realizada adicionando-se 12,5 mL de metanol em 2,5 g de
amostra seguida de homogeneização durante 15 min com agitador magnético. Em seguida, os
extratos foram armazenados no escuro por 24 h a 4 ºC. Posteriormente, os extratos foram
centrifugados a 5000 rpm por 20 min (CARRASCO; ZELADA, 2008). O sobrenadante foi
53
removido e utilizado para as análises de compostos fenólicos totais (CFT) e atividade
antioxidante pelo método DPPH.
2.4. DETERMINAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (CFT)
Os compostos fenólicos totais foram determinados pelo método de Folin-Ciocalteu
(SINGLETON; ROSSI, 1965) modificado por Gao et al. (2002). Resumidamente, a 200 L do
extrato (item 2.3.2) adequadamente diluído foi adicionado 1,5 mL do reagente de Folin-
Ciocalteu (1:10), 1,5 mL de uma solução de carbonato de sódio (60 g.L-1
) e homogeinizado em
vortex. Após 120 min de reação no escuro a 25 ± 3 ºC, a absorbância foi medida a 725 nm. O
ácido gálico foi utilizado como padrão e os resultados foram expressos em mgAGE.100g-1
fruto
liofilizado.
2.5. DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE PELO MÉTODO DPPH
A análise da atividade antioxidante baseou-se no método descrito por Brand-Williams;
Cuvelier; Berset (1995), com modificações por Anton et al. (2008). Resumidamente, 3,9 mL de
solução metanólica de radical DPPH 60 μM foram adicionados a 100 μL de extrato puro (item
2.3.2). Após 30 min de incubação no escuro a 25 ± 3 ºC, a absorbância foi medida em 515 nm.
Os resultados foram expressos como equivalentes mol de Trolox equivalente (TEAC) por g de
fruto liofilizado.
2.6. ANÁLISE DOS ÁCIDOS FENÓLICOS POR HPLC
A separação cromatográfica foi realizada em HPLC Waters 2695 (Waters Corp,
Milford, MA, EUA), equipado com um detector photodiodearray (PDA) Waters 996 (Waters
Corp) e um auto-amostrador Waters 717 plus (Waters Corp). A coluna analítica utilizada foi
uma Phenomenex - Gemini - C-18; 110 A (150 x 4,60 mm - 5 m). Durante as análises, 10 L
de amostra foram injetadas por meio do amostrador automático. O gradiente utilizado neste
estudo foi decorrente de modificação do método descrito por Guo, Beta (2013). As amostras
foram eluídas através da coluna com um gradiente de fase móvel A (0,1 % (v / v) de ácido
trifluoroacético (TFA) em água) e B (0,1 % (v / v) de ácido trifluoroacético (TFA) em metanol
com fluxo de 0,7 mL/min. Um gradiente de eluição de 70 min foi programado como segue: 0–
11 min, 9–14 % B; 11–14 min, 14–15 % B; 14–17 min, 15–15 % B; 17–24 min, 15–16,5 % B;
24–28 min, 16,5–19 % B; 28–30 min,19–25 % B; 30–36 min, 25–26 % B; 36–38min, 26–28 %
54
B; 38–41 min, 28–35 % B; 41–46 min, 35–40 % B; 46–48 min, 40–48 % B; 48–53 min,48–53
% B; 53–65 min, 53–70 % B; 65-66 min, 70-9 % B; 66-70 min, 9 % B. As temperaturas da
coluna e da amostra foram mantidas a 20 ºC.
A identificação de ácidos fenólicos nas amostras foi realizada utilizando a adição de
uma mistura de padrões com concentração conhecida nas amostras e através do tempo de
retenção dos padrões utilizados. A quantificação de ácidos fenólicos baseou-se na área de pico,
em um comprimento de onda de 280 e 325 nm, usando as respectivas curvas padrões geradas
pelos padrões de ácidos fenólicos utilizados.
2.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram analisados pelo teste de variância (ANOVA), em triplicata, utilizando o
software estatístico SAS, versão 9.2 (SAS Institute Inc., Cary, NC, EUA). O teste Tukey
(p<0,05) foi usado para reportar diferenças significativas entre médias para as amostras. Os
resultados foram reportados como média ± desvio padrão da média.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS ÁCIDOS FENÓLICOS SOLÚVEIS E
INSOLÚVEIS EM FRUTOS DE Physalis angulata L. POR HPLC.
O perfil cromatográfico das amostras dos frutos de P. angulata nos dois estádios de
maturação (verde e maduro) apresentado na FIGURA 2.
55
FIGURA 2 – PERFIL CROMATOGRÁFICO OBTIDO POR HPLC: (A) FRUTO VERDE; (B) FRUTO
MADURO FS.
Nota - Os ácidos fenólicos identificados pela adição de padrões sobre nas amostras são: pico 1: gálico; 2:
protocatecuico; 3: p-hidroxibenzóico; 4: vanílico; 5: cafeico; 6: siríngico; 7: p-cumárico; 8: ferúlico; 9: sinápico.
Condições cromatográficas descritas no item 2.6.
A partir do tempo de retenção e das áreas cromatográficas dos padrões e das amostras, foi
possível identificar e quantificar os ácidos fenólicos presentes em frutos de P. angulata que estão
apresentados na TABELA 1. Pode-se observar uma tendência de decréscimo no conteúdo dos ácidos
fenólicos do fruto verde para o fruto maduro, com exceção do ácido p-cumárico (FS e FI) e ferúlico
para a FS. Segundo Gruz et al. (2011), isso ocorre devido às reações de oxidação na fração solúvel.
Este decréscimo também pode estar relacionado à utilização destes ácidos como fonte de energia no
processo respiratório celular e/ou como fonte de carbono na síntese de açúcares e outros compostos.
O conteúdo de compostos fenólicos também é afetado pelas condições ambientais, de
armazenamento, processamento e pós-colheita (SHAHIDI; NACZK, 2004).
Tempo de retenção (min)
6 5 4 3 2
1
9 8 7
A
B
1
2 3 4 5 6
7 8
9
Tempo de retenção (min)
56
TABELA 1 –ÁCIDOS FENÓLICOS NAS FRAÇÕES SOLÚVEL (FS) E INSOLÚVEL (FI) NOS DOIS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO EM
FRUTOS DE Physalis angulata L. E FRUTOS MADUROS DE Physalis peruviana. Physalis angulata L. Physalis peruviana
Ácidos fenólicos
FRUTO VERDE
FRUTO MADURO
FRUTO MADURO
FS FI
FS FI
FS FI
Gálico 0,70 ± 0,02 *nd
nd nd
nd nd
Protocatecuico 11,00 ± 0,14 nd
0,80 ± 0,01 nd
nd nd
p-hydroxibenzóico 34,00 ± 1,87 nd
2,00 ± 0,02 nd
nd nd
Vanílico 5,00 ± 0,18 2,00 ± 0,06
1,00 ± 0,01 nd
nd 4,00 ± 0,04
Cafeico 10,00 ± 0,06 2,00 ± 0,02
1,00 ± 0,02 2,00 ± 0,01
nd 11,00 ± 0,01
Siríngico 1,00 ± 0,01 nd
nd nd
3,00 ± 0,09 nd
p-cumárico 4,00 ± 0,01 1,00 ± 0,01
6,00 ± 0,05 2,00 ± 0,01
nd nd
Ferulico 9,00 ± 0,01 17,00 ± 0,01
10,00 ± 0,01 13,00 ± 0,01
5,00 ± 0,01 12,00 ± 0,02
Sinápico 9,00 ± 0,03 5,00 ± 0,01 2,00 ± 0,03 nd nd 1,00 ± 0,01
FS = Fração Solúvel; FI = Fração Insolúvel. Valores são médias ± desvio padrão. Teor de ácidos fenólicos são expressos em mg.100g-1
de polpa liofilizada. *nd = Não
detectado
57
Na FS do fruto verde, dentre todos os ácidos fenólicos analisados predominou o ácido
p-hidroxibenzóico (34 mg.100g-1
), com redução de 94 % para FS no amadurecimento. Em
menor quantidade aparecem os ácidos gálico, vanílico e siríngico (0,7; 5 e 1 mg.100g-1
) na FS
do fruto verde, permanecendo apenas 20 % do ácido vanílico no fruto maduro.
O ácido predominante no fruto maduro de P. angulata foi o ácido ferúlico. Pode-se
observar que esse ácido foi o único mantido durante o processo de amadurecimento do fruto,
sendo que na FI em ambos os estádios de maturação apresentou sua maior concentração (17
mg.100g-1
para o fruto verde e 13 mg.100g-1
para o fruto maduro). É o derivado de ácido
cinâmico característico de cereais, constituindo a principal fonte desse ácido (FARDET;
ROCK; RÉMÉSY, 2008). Segundo Zhao; Moghadasian (2008), altos níveis de ácido ferúlico
são encontrados em ambas as formas (livre e esterificada) em vegetais, frutas, cereais e café.
Resultados similares foram encontrados por Zhang et al. (2014), He et al. (2011) e Boco et al.
(1998) em que o ácido ferúlico é o acido cinâmico predominante em frutas cítricas.
Os dados obtidos para FS e FI no fruto maduro, corroboram com Meyer et al. (1998),
em que os autores afirmam que as frutas representam uma significativa fonte de derivados de
ácidos cinâmico, em grande parte composta por ácidos ferúlico, sinápico, p-coumárico e
cafeico.
Pode ser observado comparando as duas variedades de Physalis (TABELA 1) que o
ácido predominante foi o ácido ferúlico, em ambas as frações, destacando-se também no fruto
de P. peruviana o ácido cafeico (11 mg.100g-1
) na FI. Esses dados diferem de Rockenbach et
al. (2008a), em que os autores não detectaram ácido ferúlico para P. peruviana na fração livre
e encontraram 8 mg.100g-1
na fração insolúvel. O ácido cafeico não foi relatado
Segundo Bourne; Rice-Evans (1998), que investigaram a biodisponibilidade do ácido
ferúlico em humanos a partir da ingestão de tomate, através do monitoramento
farmacocinético da excreção em relação à ingestão, a absorção do ácido ferúlico (livre e
esterificado) dos voluntários foi de 89–75 % do total ingerido.
3.2. DETERMINAÇÃO DOS COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (CFT) E ATIVIDADE
ANTIOXIDANTE (DPPH) NAS FS E FI DOS EXTRATOS DE ÁCIDO FENÓLICO DE
Physalis.
A TABELA 2 apresenta o conteúdo dos compostos fenólicos totais (CFT) obtidos nas
FS e FI dos extratos de ácido fenólico do fruto de P. angulata nos dois estádios de maturação.
Observou-se que o fruto maduro de P. angulata apresentou maior conteúdo de fenólicos totais
58
na FS (3847,72 mg.100g-1
), quando comparado com o fruto verde, havendo diferença
significativa entre as amostras. Quando são comparadas as duas variedades de Physalis no
estado maduro, os valores de CFT não apresentaram diferença significativa entre as amostras.
TABELA 2 - CONTEÚDO DOS COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (CFT) NAS FRAÇÕES SOLÚVEL E
INSOLÚVEL NOS DOIS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO EM FRUTOS DE Physalis angulata L.
COMPARANDO COM FRUTOS DE Physalis peruviana.
FRAÇÕES Physalis angulata Physalis peruviana
VERDE MADURO
MADURO
FS 798,08 ± 2,87a 749,1 ± 3,29
a
858,18 ± 3,18a
FI 2832,02 ± 3,37b 3847,72 ± 3,61
a 3559,1 ± 6,32
a
FS = Fração Solúvel; FI = Fração Insolúvel. Valores são médias ± desvio padrão. CFT é expresso em mg
AGE.100g-1
Letras sobreescritas diferentes na mesma linha representam diferenças estatísticas significativas
para p<0,05.
A TABELA 3 apresenta a atividade antioxidante obtida nas FS e FI dos extratos de
ácidos fenólicos do fruto de P. angulata nos dois estádios de maturação. Observou-se que
durante a maturação do fruto de P. angulata, os valores de DPPH foram similares tanto para
FS quanto para FI, não havendo diferença significativa entre as frações. Quando se compara
com o fruto de P. peruviana, a FI apresentou valor de DPPH inferior (71,3 %) ao do fruto de
P. angulata, diferindo estatisticamente. Rockenbach et al. (2008b) relatam valores maiores
para atividade antioxidante na fração solúvel e insolúvel de frutos de P. peruviana (92,6;
106,2 M TEAC.100g-1
) provenientes da região serrana do Rio Grande do Sul, utilizando
extração sequencial diferente do presente estudo. Porém, Rockenbach et al. (2008b)
observaram que também para a FI a atividade antioxidante foi superior ao apresentado na FS.
TABELA 3 - ATIVIDADE ANTIOXIDANTE EM DPPH NAS FRAÇÕES SOLÚVEL E INSOLÚVEL NOS
DOIS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO EM FRUTOS DE Physalis angulata L. COMPARANDO COM
FRUTOS DE Physalis peruviana
FRAÇÕES Physalis angulata
Physalis peruviana
VERDE MADURO MADURO
FS 17,6 ± 13,67a 17,5 ± 11,80
a
16,8 ± 15,21
a
FI 47,1 ± 10,85a 40,4± 7,15
a 28,8± 7,71
b
FS = Fração Solúvel; FI = Fração Insolúvel. Valores são médias ± desvio padrão. DPPH é expresso em
MTEAC.100g-1
de polpa liofilizada. Letras sobreescritas diferentes na mesma linha representam diferenças
estatísticas significativas para p<0,05.
59
3.3. DETERMINAÇÃO DOS COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (CFT) E ATIVIDADE
ANTIOXIDANTE (DPPH) EM EXTRATO METANÓLICO DE Physalis.
A extração com metanol puro (item 2.3.2) resultou nos dados apresentados na
TABELA 4 para o conteúdo dos compostos fenólicos totais e a atividade antioxidante obtidos
no fruto de P. angulata nos dois estádios de maturação e no fruto maduro de P. peruviana.
Observou-se que o fruto de P. angulata apresentou um aumento de 9,8 % no conteúdo de
CFT durante o seu amadurecimento, apresentando diferença significativa entre os dois
estádios de maturação. Resultados similares foram encontrados por Severo et al. (2010) em
frutos de P. peruviana em diferentes estádios de maturação, em que o teor de compostos
fenólicos totais variou de 169,19 a 210,41 mgAGE.100g-1
. Comportamento semelhante
também foi observado por Lima; Melo; Lima (2002) em amostras de pitanga roxa e vermelha,
em que ambas as variedades apresentaram aumento no teor de compostos fenólicos totais
durante a maturação dos frutos. Valdenegro et al. (2012), durante o amadurecimento dos
frutos de P. peruviana, também reportou altos níveis de compostos fenólicos totais em extrato
aquoso de frutos maduros cultivados no Chile (6,4 mg ácido caféico.100g-1
) com valores
similares aos reportados para frutos produzidos na Colômbia (6,3 mg ácido caféico.100g-1
)
(RAMADAN; MÖRSEL, 2007), representando apenas 2 % do reportado neste estudo.
As variações que ocorrem nos compostos fenólicos na pós-colheita, podem estar
relacionadas a estresses bióticos a abióticos induzindo o metabolismo secundário do fruto,
aumentando a produção desses compostos (TAIZ; ZEIGER, 2004). Segundo Ayala-Zavala et
al. (2004) e Rapisarda et al. (2008), essas variações podem sofrer um aumento, diminuição ou
comportamento irregular destes compostos na pós-colheita de diversos frutos.
TABELA 4 - COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (CFT) E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE (DPPH) EM
EXTRATO METANÓLICO DE FRUTOS DE Physalis angulata L. EM DOIS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO E
EM FRUTOS MADUROS DE Physalis peruviana.
Amostras TPC DPPH
Physalis angulata - verde 284,17 ± 0,06a 12,8 ± 0,04
a
Physalis angulata - maduro 314,84 ± 0,07b 14,1 ± 0,04
b
Physalis peruviana - maduro 254,07 ± 0,05
a 11,3 ± 0,01
a
Valores são médias ± desvio padrão. TPC e DPPH são expressos em mg AGE.100g
-1 e M TEAC.g
-1 de polpa
liofilizada. Letras sobreescritas diferentes na mesma coluna representam diferenças estatísticas significativas para
p<0,05.
Comparando-se as variedades de Physalis maduras analisadas, o fruto de P. angulata
apresentou teor TPC superior em 19,3 % comparado ao fruto de P. peruviana.
60
O fruto de P. angulata do presente estudo também apresentou valor superior de TPC
aos encontrados em P. peruviana por Yildiz et al. (2014) em amostras provenientes da
província de Bursa, na Turquia (136,64-154,55 mgAGE.100g-1
); Severo et al. (2010) (169,19
a 210,41 mgAGE.100g-1
) em amostras provenientes de Pelotas, Rio Grande do Sul; Rocha et
al. (2011) em frutas nativas do cerrado (90 a 327 mg de AGE.100g-1
); Vasco; Ruales; kamal-
Eldin (2008) (87 mgAGE.100g-1
) em amostras provenientes do Equador; Rockenbach et al.
(2008b) (57,9 mg de GAE.100 g-1
) em amostras provenientes do Rio Grande do Sul; Wu et al.
(2006) (19,64 a 90,80 mgAGE.100g-1
) em amostras provenientes do Taiwan e superior a
frutas comercializadas no mercado brasileiro como: polpa de amora (118,90 mg.100g-1
);
polpa de goiaba (83 mg.100g-1
); polpa de uva (117,1 mg.100g-1
); morango (132,1mg.100g-1
)
(KUKOSKI et al., 2006). Os compostos fenólicos tem participação no sabor e odor, na
coloração e na vida de prateleira, estando a concentração de fenólicos correlacionada com a
capacidade antioxidante, segundo Chitarra; Chitarra, 2005.
A atividade antioxidante (TABELA 4) expressa por DPPH teve um aumento de 10,15
% durante a maturação do fruto de P. angulata. Comportamento similar foi encontrado por
Valdenegro et al. (2012) em frutos de P. peruviana em que a atividade antioxidante aumentou
durante a maturação do fruto.
Os valores de DPPH (M TEAC.g-1
) encontrados neste trabalho são semelhantes ou
superiores aos de outras frutas consideradas fontes de antioxidantes como: mamão (7,60 M
TEAC.g-1
), abacaxi (3,78 M TEAC.g-1
), umbu (1,07 M TEAC.g-1
), ciruela (6,25 M
TEAC.g-1
), jaca (0,.63 M TEAC.g-1
) (ALMEIDA et al, 2011); uva (8,5 M TEAC.g-1
), açaí
(8,3 M TEAC.g-1
), goiaba (7,4 M TEAC.g-1
), graviola (4,5 M TEAC.g-1
) e cupuaçu (1,11
M TEAC.g-1
) (KUKOSKI et al., 2005).
Rockenbach et al. (2008a) encontraram alta atividade antioxidante em Physalis
peruviana (92,6 M TEAC.g-1
), porém utilizando procedimento de extração diferente do
empregado neste estudo. A atividade antioxidante pode depender de vários fatores como as
condições e etapas de oxidação, formação e estabilidade dos radicais, assim como a possível
localização dos antioxidantes e estabilidade em distintas fases do processamento nos
alimentos (ROCKENBACH et al., 2008b).
61
4. CONCLUSÃO
Através da análise por HPLC foi possível verificar que o ácido fenólico ferúlico é
predominante no fruto maduro de P. angulata e o ácido p-hidroxibenzóico no fruto verde.
Para os dois estádios de maturação dos frutos de Physalis avaliados destacam-se
derivados de ácidos cinâmico, em grande parte composta por ácidos ferúlico, sinápico, p-
coumárico e cafeico, sendo encontrados principalmente na fração solúvel.
O fruto de P. angulata apresentou um aumento de 9,8 % no conteúdo de compostos
fenólicos totais e 10,15 % no teor de DPPH durante o seu amadurecimento para o extrato
metanólico. Comportamento similar foi observado nas frações solúvel e insolúvel dos extratos
dos ácidos fenólicos.
O fruto de P. angulata, nos dois extratos analisados, apresentou valores de TPC e
DPPH superiores aos encontrados em P. peruviana, fruto da família Solanaceae de maior
consumo e comercialização no Brasil.
Considerando o conteúdo de ácidos fenólicos, o fruto de P. angulata pode ser
considerado com características de um alimento potencialmente funcional.
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66
CAPÍTULO 3
CARACTERIZAÇÃO DOS SUBPRODUTOS DE Physalis angulata L.: CÁLICES,
FARINHA E ÓLEO DAS SEMENTES
67
CARACTERIZAÇÃO DOS SUBPRODUTOS DE Physalis angulata L.:
CÁLICES, FARINHA E ÓLEO DAS SEMENTES
Ana Mery de Oliveira-Camlofskia,*
, Eriel Forvillea, Rosemary Hoffmann Ribani
a,
Trust Betab,c
aPrograma de Engenharia de Alimentos – PPGEAL, Universidade Federal do Paraná, 81531-
980 Curitiba, Pr, Brasil
bDepartamento de Ciência de Alimentos, Universidade de Manitoba, Winnipeg, Canadá,
R3T2N2.
cRichardson Centre for Funcional Foods and Nutraceuticals, Smartpark, University of
Manitoba, Winnipeg, Canada, R3T 6C5
RESUMO
O fruto de Physalis angulata L., é climatérico revestido por um cálice que o protege
de condições ambientais adversas. Embora estudos relatem que a manutenção do cálice é
favorável, é considerado um subproduto do fruto, assim como as sementes. Neste estudo
foram caracterizados os subprodutos dos frutos de Physalis angulata. A composição
centesimal do cálice indicou elevado teor de lipídeos (12,35 g.100g-1
), proteínas (7,84 g.100g-
1) e carboidratos (59,56 g.100g
-1). O flavonol majoritário, identificado por HPLC/MS, foi a
rutina (1,49 mg.g-1
). Os resultados para CFT (1326,26 mgFA.100g-1
) e DPPH (27,90
MTEAC.g-1
) nos cálices, foram aproximadamente 24 % e 50,54 % superiores aos relatados
para o extrato metanólico do fruto de P. angulata. A composição centesimal da farinha das
sementes dos frutos de P. angulata sugere que pode ser utilizada como fonte de lipídeo. Dos
minerais analisados, os macro-nutrientes (K, P, Mg e Ca) apresentaram elevados teores,
seguidos dos micro-nutrientes (Fe, Zn e Cu), sendo o potássio o mineral majoritário (671,19
mg.100g-1
). Apresentou alto teor de TPC (207,90 mgAGE.100g-1
) quando comparado com
outras farinhas de sementes de frutos. A análise do óleo extraído das sementes dos frutos de
P. angulata, indicou que o ácido graxo majoritário foi o ácido linoleico (66,40 g.100g-1
)
seguido do ácido oleico (18,68 g.100g-1
) e palmítico (11,07 g.100g-1
). A soma dos ácidos
graxos insaturados (ácidos linoleico, oleico e palmitoleico) representa aproximadamente 85 %
do óleo extraído da farinha, caracterizando-o como ácido graxo predominantemente
insaturado. O teor de fosfolipídeo (1,12 mg.g-1
) foi calculado através do conteúdo de fósforo
da amostra (0,045 mg.g-1
) por meio do fator de conversão, sugerindo que o óleo extraído da
farinha pode ser uma alternativa para extração de fosfolipídeos. Os dados obtidos neste estudo
indicam que os subprodutos dos frutos de P.angulata podem ser utilizados como matéria-
prima para elaboração de chás (cálice), fonte de obtenção de ácidos graxos insaturados e
minerais (farinha das sementes). Sugerem-se, ensaios biológicos destes subprodutos, pois
nunca foram usados como alimentos.
Palavras-chave: Physalis angulata L., cálice, sementes, óleo.
68
CHARACTERIZATION OF BY-PRODUCTS OF Physalis angulata L.:
CALYX, FLOUR AND OIL SEEDS
Ana Mery de Oliveira-Camlofskia, Eriel Forville
a, Rosemary Hoffmann Ribani
a,
Trust Betab,c
a
Graduate Program in Food Engineer, Chemical Engineering Department, Paraná Federal
University, 81531-980 Curitiba, PR, Brazil.
b
Department of Food Science, University of Manitoba, Winnipeg, Manitoba, Canada
c
Richardson Centre for Funcional Foods and Nutraceuticals, Smartpark, University of
Manitoba, Winnipeg, Canada, R3T 6C5
ABSTRACT
The fruit of Physalis angulata L., is a climacteric fruit covered with a calyx that protects the
fruit from adverse environmental conditions. Although studies report that maintenance of the
calyx is favorable, is considered a byproduct of the fruit as well as seeds. In this study the
byproducts of the fruits of P. angulata were characterized. The proximate composition of the
calyx indicated high levels of lipids (12.35 g.100g-1
), protein (7.84 g.100g-1
) and
carbohydrates (59.56 g.100g-1
). The majority flavonol identified by HPLC/MS was rutin (1.49
mg.g-1
). The results for TPC (1326.26 mgFA.100g-1
) and DPPH (27.90 MTEAC.g-1
) in
calyx, were approximately 24 % and 50.54 % higher than those reported for the methanol
extract of the fruit of P. angulata. The chemical composition of the flour of the seeds of the
fruits of P. angulata suggests that the flour can be used as a source for obtaining the lipid
fraction. Minerals analyzed, the macro-nutrients (K, P, Mg and Ca) showed elevated levels,
followed by micro-nutrients (Fe, Zn and Cu), the majority being the mineral potassium
(671.19 mg.100g-1
). Showed a high level of TPC (207.90 mgAGE.100g-1
) when compared
with other fruit seed flour. The analysis of oil extracted from the seeds of fruits of P.
angulata, indicated that the major fatty acid is linoleic acid (66.40 g.100g-1
) followed by oleic
acid (18.68 g.100g-1
) and palmitic (11.07 g.100g-1
). The sum of unsaturated fatty acids
(linoleic acid, oleic and palmitoleic) represents approximately 85 % of oil extracted from
flour, characterizing it as predominantly unsaturated fatty acid. The content of phospholipid
(1.12 mg.g-1
) was calculated using the phosphorus content of the sample (0.045 mg.g-1
) by
means of the conversion factor, suggesting that the extracted oil meal may be an alternative to
extraction of phospholipids. The data obtained in this study indicate that the byproducts of
fruit P.angulata can be used as raw material for preparation of tea (calyx), a source of
obtaining unsaturated and minerals (seed flour) fatty acids. Biological tests are suggested,
because these sub products have never been used as food.
Keywords: Physalis angulata L., calyx, seeds, oil.
69
1. INTRODUÇÃO
Physalis angulata L. (P. angulata) é uma espécie pertencente à família Solanaceae e
inclui aproximadamente 120 espécies, distribuídas principalmente nas zonas tropicais e
temperadas das Américas (CHEN et al., 2014). Popularmente conhecido como camapu, é um
fruto climatérico revestido por um cálice com aspecto foliar (FIGURA 1), que serve para
protegê-lo de condições ambientais adversas (ALVARADO et al., 2004;. MAGALHÃES,
2005), indicativo do ponto de colheita do fruto de acordo com as Normas da ICONTEC -
Normas Técnicas Colombianas NTC 4580 (1999) e na redução da perda de coloração do fruto
(GALVIS et al., 2005). Serve como fonte de carboidratos durante os primeiros 20 dias de
crescimento do fruto (FISCHER; LÜDDERS,1997) e prolonga a vida pós-colheita em 2/3 a
mais do que os frutos sem cálice (HERRERA, 2000). Existem estudos relacionados aos
cálices de outras espécies de Phyalis nos quais o principal interesse reside em suas
propriedades medicinais. Franco et al. (2007) avaliaram a atividade antiflamatória de cálices
de Physalis peruviana. Chen et al. (2014) avaliaram os constituintes químicos dos cálices de
Physalis alkekengi var. franchetii, identificando a presença de terpenoides, alcaloides e
fenilpropanoides podendo ser considerado marcador quimiotaxonômico para subdivisão do
gênero Physalis.
FIGURA 1: CÁLICES DE FRUTOS DE Physalis angulata L.
FONTE: AUTOR
Alvarado; Berdugo; Fisher (2004) avaliaram as características físico-químicas e a
respiração dos frutos de Physalis peruviana, com e sem cálice e observaram que os frutos
com cálice mantiveram a qualidade por um período de tempo maior do que os frutos sem
cálice, pois a intensidade respiratória torna-se menor. Bolzan; Cuquel; Lavoranti (2011)
70
observaram a mesma tendência ao avaliar o armazenamento refrigerado de Physalis angulata
L. e Physalis peruviana L. com e sem cálice, onde os frutos com cálice podem ser
armazenados por 90 dias e os frutos sem cálice por 58 dias a 2 1 ºC e UR 90 5 % para
ambos os frutos. Embora estudos demonstrem que a manutenção do cálice é favorável, muitas
vezes é descartado antes da armazenagem. Conforme deduzido dos dados de Bolzan; Cuquel;
Lavoranti (2011), o cálice representa em média 20,44 % de subproduto (resíduo) dos frutos.
Também são subprodutos comuns do processamento, as sementes de frutas, que
atualmente pela caracterização e avaliação das suas propriedades tornam-se importantes,
tendo em vista uma possível valorização das farinhas de semente de frutas como fonte de
compostos benéficos à saúde, bem como para aumentar a rentabilidade das indústrias de
processamento e dos fabricantes de óleo de sementes de frutas (FAZIO et al., 2013; PARRY
et al., 2005).
O fruto P. angulata se propaga facilmente por sementes, motivo pelo qual a espécie é
considerada como infestante de outras culturas (SOUZA et al., 2010) (FIGURA 2). Segundo
Rufato et al. (2008), o fruto contêm de 100 a 300 sementes que podem ser separadas
facilmente da polpa. Souza et al. (2010) relataram que as sementes de P. angulata pesam em
média 0,025 g e contêm 7 % de teor de água, apresenteando, em média, 1,55 mm de
comprimento, 1,26 mm de largura e 0,43 mm de espessura. Pesquisas confirmam a utilidade
de algumas sementes na dieta humana e dos seus benefícios nutricionais como o conteúdo de
carboidratos, proteínas, atividade antioxidante e ácidos graxos (LIMA et al., 2014).
FIGURA 2 – FRUTO DE Physalis angulata L.
FONTE: O AUTOR
A utilização de óleos de sementes comestíveis atualmente tem despertado grande
interesse, devido aos benefícios relatados para a saúde. Muitos fitoquímicos podem ser
71
detectados em sementes de óleos comestíveis, como carotenoides, tocoferóis e em especial
ácidos graxos insaturados como α-linoleico. Este ácido graxo não pode ser sintetizado em
nosso organismo, devendo ser ingerido através da dieta (PARRY et al., 2005).
Após ampla revisão bibliográfica, nenhum estudo foi encontrado na literatura em
relação ao cálice, a farinha e o óleo de sementes de P. angulata. Assim, os objetivos deste
trabalho foram determinar a composição centesimal, identificar o flavonol majoritário por
HPLC/MS, avaliar o teor de compostos fenólicos totais (CFT) e estimar a atividade
antioxidante nos cálices dos frutos de P. angulata. Na farinha das sementes do fruto, os
objetivos foram determinar a composição centesimal, o teor de minerais e CFT. No óleo
extraído, identificar a composição de ácidos graxos e teor de fosfolipídeos.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. FRUTOS DE Physalis angulata L.
Os frutos de P. angulata foram plantados e coletados na estação experimental da
Universidade Federal do Paraná, localizada em Quatro Barras. A exsicatada planta foi
depositada no Museu Botânico de Curitiba (Paraná-Brasil) sob o número 384015.
Os frutos foram colhidos manualmente 80 dias após o plantio (nos meses de março e
abril) e classificados visualmente de acordo com a intensidade da coloração do epicarpo dos
frutos maduros, quando o epicarpo estava totalmente amarelo-arroxeado ou amarelo.
2.1.1. Cálice
Os cálices foram separados manualmente dos frutos maduros e desidratados em estufa
de circulação de ar (Nova Ética) a 40 °C por 24 h. Em seguida, foram triturados em
liquidificador (Oster) e acondicionados em embalagens de polietileno sob vácuo (INAVEN
MASCHINEN AG, modelo CH-9100 HERISAN – VC 999
).
2.1.2. Farinha das sementes
As sementes dos frutos maduros foram separadas da polpa através de peneiras (24
mesh). Em seguida, foram desidratadas em estufa a 105 °C/ 24 h e trituradas em moinho de
bancada (Marconi - modelo MA 630/1), resultando na farinha, utilizada na realização das
análises.
72
2.1.3. Óleo da semente
O óleo foi obtido por extração através do método de Soxhlet (AOAC, 2000).
2.2. PADRÕES E SOLVENTES
Os padrões para análise em ICP-OES (Espectrometria de emissão atômica por plasma
acoplado indutivamente) dos minerais foram adquiridos da marca Accu Standard. Padrão
analítico dos ácidos graxos (Palmítico; Palmitoleico; Esteárico, Oleico, Linoleico e
Araquídico) foram adquiridos da Supelco®. Agente derivatizante tri-fluoreto de boro em
metanol a 14 % (BF3) adquirido da empresa Sigma-Aldrich. Metanol e n-hexano 95 % da
J.T.Baker®. Reagente fenólico de Folin-Ciocalteu, 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH), ácido
acético, ácido gálico e metanol de qualidade para HPLC. Os padrões de ácido gálico e ácido
ferúlico foram adquiridos da Sigma-Aldrich Chemical Co.
2.3. ANÁLISES
2.3.1. CÁLICE
2.3.1.1. Composição Centesimal
O teor de umidade foi determinado por gravimetria a 105 °C/24 h em estufa até massa
constante (BRASIL, 2005). O teor de cinzas foi determinado pelo método descrito por IAL
(1985), sendo os resultados expressos em percentagem.
O teor de lipídeos foi determinado pelo método de Soxhlet e o teor de proteína foi
determinado pelo método de Kjeldahl (AOAC, 2000). A porcentagem dos carboidratos totais
foi determinada fazendo-se a somatória dos teores de umidade, cinzas, lipídeos e proteínas e
subtraindo-se de 100 (BRASIL, 2001). A fibra bruta foi determinada utilizando o método
gravimétrico (AOAC, 2000).
2.3.1.2. Extrato metanólico dos cálices de P. angulata.
A extração foi realizada de acordo com Repo-de-Carrasco; Zelada (2008).
Resumidamente, 12,5 mL de metanol puro foram adicionados a 1,0 g de amostra, seguida de
homogeneização durante 15 min com agitador magnético. Em seguida os extratos foram
armazenados no escuro por 24 h a 4ºC e centrifugados a 5000 rpm por 20 min. O
sobrenadante foi removido e utilizado para as análises de determinação de flavonóis,
compostos fenólicos totais (TPC) e atividade antioxidante pelo método DPPH.
73
2.3.1.3. Análise dos flavonóis por HPLC/MS
A separação cromatográfica e a análise espectrométrica das massas (HPLC/MS) foram
realizadas em HPLC Waters 2695 (Waters Corp, Milford, MA, EUA) equipado com um
detector photo diode array (PDA) Waters 996 (Waters Corp) e um auto-amostrador Waters
717 plus (Waters Corp) acoplado a espectrômetro de massa quadrupolo (Q-TOF-MS)
(Micromass, Waters Corp.). A coluna analítica utilizada foi uma Phenomenex - Luna C-18
(150 mm x 3 mm, 3 m). Durante as análises de HPLC/MS, 10 L de amostra foram
injetados pelo amostrador automático. O procedimento de HPLC utilizado neste estudo foi
uma modificação do método descrito por Licodiedoff; Koslowski; Ribani (2013). As amostras
foram eluídas através da coluna com um gradiente de fase móvel consistindo de A (0,1 % (v /
v) de ácido acético em água) e B (0,1 % (v / v) de ácido acético em metanol) com uma taxa de
fluxo de 0,2 mL por min, antes da injeção no Q-TOF-MS. Um gradiente de eluição de 70
minutos foi programado como segue: 0-11 min 15 % B; 12-37 min 40 % B; 38-43 min 60 %
B; 44-50 min 15 % B; 51-70 min 15 % B. As temperaturas da coluna e amostras foram ambas
mantidas em 20 ºC. O procedimento de Q-TOF-MS usada neste estudo foi uma modificação
do método descrito por Celli et al. (2011), em modo negativo e calibrado, utilizando iodeto de
sódio (2 μg.μl-1
, 50:50 de 2-propanol: água), de acordo com as instruções do fabricante. Os
espectros de massa foram registrados usando uma voltagem capilar de 1,2 kV e uma voltagem
cone de 45 V. Os fluxos de gases de dessolvatação (N2) e de colisão (He) foram 900 e 50L.h-1
,
respectivamente. A temperatura do gás de dessolvatação e da fonte de íon foi programada
para 120 e 250 ºC, respectivamente.
2.3.1.4. Determinação de compostos fenólicos totais (CFT)
Os compostos fenólicos totais foram determinados pelo método de Folin-Ciocalteu
(SINGLETON; ROSSI, 1965), adaptado por Gao et al. (2002). Resumidamente, 200 L do
extrato (item 2.3.1.2) adequadamente diluído foi adicionado 1,5 mL do reagente de Folin-
Ciocalteu (1:10) e 1,5 mL de uma solução de carbonato de sódio (60 g.L-1
) e homogeinizado
em vortex. Após 120 min de reação no escuro a 25 ± 3 ºC, a absorbância foi medida a 725
nm. O ácido ferúlico (FA) foi utilizado como padrão e os resultados foram expressos em
mgFA.100g-1
cálice.
74
2.3.1.5. Determinação da atividade antioxidante pelo método DPPH
A análise da atividade antioxidante baseou-se no método descrito por Brand-Williams;
Cuvelier; Berset (1995), com modificações por Anton et al. (2008). Resumidamente, 3,9 mL
de solução metanólica de radical DPPH 60 μM foi adicionado a 100 μL de extrato (item
2.3.1.2). Depois de 30 min de incubação no escuro a 25 ± 3 ºC, a absorbância foi medida em
515 nm. Os resultados foram expressos como equivalentes mol de Trolox equivalente
(TEAC) por g de cálice.
2.3.2. FARINHA DAS SEMENTES
2.3.2.1. Composição centesimal
Conforme descrito no item 2.3.1.1
2.3.2.2. Determinação dos minerais
Aproximadamente 1,0 g da farinha das sementes foram digeridas em ácido nítrico
(HNO3), sob-refluxo durante 30 minutos. Após a digestão, a solução foi resfriada, filtrada e
transferida para balão volumétrico de 100 mL. O extrato obtido foi utilizado para a análise
dos minerais (AOAC, 2011). A quantificação dos minerais: Alumínio (Al), Arsênio (As),
Bário (Ba), Cromo (Cr), Cálcio (Ca), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Magnésio (Mg), Manganês
(Mn), Fósforo (P), Estanho (Es), Chumbo (Pb) e Zinco (Zn), foi realizada por espectrometria
de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente (ICP-OES) em espectrômetro Varian
700- ES com padronização externa por meio da elaboração de curvas de calibração para cada
um dos elementos analisados. As curvas de calibração foram preparadas nas concentrações de
0,1 – 2,0 mg.L-1
para os elementos Al, As, Ba, Cr, Cd, Fe, Mg, Mn, P, Pb, Zn e 1 – 20 mg.L-1
para o elemento Ca. Os valores de R2
≥ 0,99 e erro máximo ≤ 15 % foram adotados como
controle analítico do método.
2.3.2.3. Determinação de fenólicos totais (CFT)
Como descrito no item 2.3.1.4
75
2.3.3. ÓLEO DA FARINHA DAS SEMENTES
2.3.3.1. Composição dos ácidos graxos
Uma alíquota da fração lipídica (± 25 mg) obtida de acordo com AOAC (2011) foi
esterificada conforme AOCS (1997). Os ensaios foram realizados em cromatógrafo em fase
gasosa Varian® CP3900 (FID), equipado com coluna capilar CP-SIL88 (100m x 0,25mm d.i.
0,2µm). O forno de coluna foi mantido a 140 ºC durante 5 minutos, com elevação da
temperatura a 210 °C com taxa de aquecimento de 7 °C.min-1
, permanecendo nesta
temperatura por 25 min. seguido da elevação a 235 a 1 °C.min-1
. O injetor e detector mantidos
a 220 °C e 260 °C, respectivamente. O gás de arraste utilizado foi N2 sob fluxo constante de
0,6 mL.min-1
. Volume de injeção de 1 μL, com razão de partição da amostra (split) de 1:100.
2.3.3.2. Determinação de fosfolipídeos
O teor aproximado de fosfolipídeos foi determinado a partir do conteúdo de fósforo
(AOAC, 2005) da amostra de óleo, utilizando o fator de conversão teórico de 25 sobre o teor
de fósforo obtido. Este fator de conversão foi estabelecido inicialmente para óleo bruto de
cereais (girassol e soja), segundo Carelli; Ceci; Crapiste (2002) e Chapman (1980).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. CÁLICE
3.1.1. Composição centesimal
A composição centesimal do cálice desidratado está apresentada na TABELA 1.
Considerando que o possível uso dos cálices seria para o preparo de infusão, a composição
centesimal apenas indica que o cálice tem elevado teor de lipídeos (12,35 g.100g-1
), proteínas
(7,84 g.100g-1
) e carboidratos (59,56 g.100g-1
) sugerindo um potencial de fornecer a parcela
solúvel destes componentes em infusões.
76
TABELA 1 – COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS CÁLICES DE FRUTOS DE P. angulata
Análises (g.100g-1
) Médias ± desvio padrão
Umidade 11,94 ± 0,06
Cinzas 8,31 ± 0,40
Proteína 7,84 ± 0,50
Lipídeos 12,35 ± 0,37
Fibra Bruta 18,40 ± 0,67
Carboidratos Totais* 59,56
*Valor calculado por diferença. Valores são médias ± desvio padrão de três repetições.
O teor de umidade, cinzas, lipídeos foram similares aos encontrados por Silva et al.,
(2004) em folhas desidratadas de yacon (11,62; 8,25; 10,85 g.100g-1
respectivamente),
diferindo do teor de proteína em que os autores encontraram valor maior (18,52 g.100g-1
) do
que o presente estudo (7,84 g.100g-1
).
O valor de carboidratos totais do cálice (59,56 g.100g-1
) é maior quando comparado
com o fruto Physalis (12,33g.100g-1
). Esses dados concordam com Fisher; Lüdders (1997) em
que os autores estudaram as mudanças dos carboidratos (glicose, frutose, sacarose e amido)
nos frutos, cálices e folhas de Physalis peruviana e sugerem que o cálice é importante para o
fornecimento de carboidratos principalmente na etapa inicial do crescimento do fruto.
3.1.2. Identificação e quantificação do flavonol majoritário em cálices de P. angulata por
HPLC/MS
Conforme a FIGURA 3 e os dados da TABELA 2, pode-se observar que a rutina foi o
flavonol majoritário encontrado nos cálices de frutos de P. angulata, sendo confirmado pelo
espectro HPLC/MS (FIGURA 4).
77
FIGURA 3– PERFIL CROMATOGRÁFICO OBTIDO POR HPLC DA MISTURA DE PADRÕES DE
FLAVONÓIS (A); EXTRATO METANÓLICO DAS AMOSTRAS DOS CÁLICES DE FRUTOS DE Physalis
angulata L. (B).
NOTA: OS FLAVONÓIS SÃO: PICO 1: RUTINA; 2: MIRICETINA; 3: QUERCITINA; 4: KAEMPFEROL
FIGURA 4 – ESPECTRO HPLC/MS DO CÁLICE DE P. angulata
Estudos in vivo e in vitro têm mostrado que a rutina é um flavonol com potencial
antioxidante e antinflamatório (KAZŁOWSKA et al., 2010; MOON; KIM, 2012;
SHENBAGAM; NALINI, 2011). Segundo Petruzzellis et al. (2002) e Erlund (2004), a rutina
e seus derivados são eficazes no tratamento de doenças vasculares, sendo utilizada como
componente principal de muitos medicamentos.
B
1
2
Rutina
Tempo de retenção (min)
1
2 3 4
A
Tempo de retenção (min)
78
TABELA 2 - TEORES DE FLAVONÓIS EM CÁLICES DE FRUTOS DE P. angulata
Flavonóide Médias (mg.g-1
) ± Desvio padrão
Rutina 1,49 ± 0,001
Miricetina 0,15± 0,01
Quercetina nd
Kaempferol nd
Valores são médias ± desvio padrão de três repetições.
Quando comparados os teores dos flavonóis nos cálices de P. angulata (TABELA 2)
com ervas para preparo de chás comumente consumidos, os níveis de rutina encontrados no
cálice de P. angulata (1,49 mg.g-1
) são inferiores aos encontrados por Dutra; Hoffmann-
Ribani (2009) em folhas de erva-mate (3,20 a 12,70 mg.g-1
) nais quais esse flavonol é
majoritário (FILIP et al., 2001; RIBANI, 2006). Altiok et al. (2008) (0,18 mg.g-1
); Benavente-
García (2000) (0,05 mg.g-1
) e Lee et al. (2009) (1,38 mg.g-1
), avaliando extratos de folhas de
oliveira e Andrade et al. (2014) (0,04 mg.g-1
) analisando extratos metanólicos de folhas de
yacon relataram valores inferiores de rutina em relação ao presente estudo.
Nour; Trandafir; Cosmulescu (2014), avaliando extratos hidroacoólicos de folhas de
groselheira-preta (Ribes nigrum L.) em seis cultivares relataram valores médios inferiores
para rutina (266,1 g.g-1
) e superiores para miricetina (831,03 g.g-1
).
Também se deve considerar que a extração metanólica empregada nesse estudo, não é
capaz de extrair as possíveis formas de compostos fenólicos esterificados da matriz.
3.1.3. Determinação dos compostos fenólicos totais (CFT) e atividade antioxidante (DPPH)
em cálices de frutos de P. angulata.
Os resultados para CFT (1326,26 mgFA.100g-1
) e DPPH (27,90 MTEAC.g
-1) nos
cálices, foram aproximadamente 24 e 50,54 % superiores aos relatados para o extrato
metanólico do fruto de P. angulata (314,84 mgAGE.100g-1
e 14,1M TEAC.g-1
)
respectivamente TPC e DPPH. Valores de CFT menores que o presente estudo foram
relatados por Frizon et al. (2014) em folhas de erva mate (23,07 a 168,50 mg 5CQAEq.g-1
).
A ação antioxidante do cálice verificada por DPPH e CFT se deve principalmente à
capacidade da amostra em reduzir um oxidante, que não precisa ser estritamente um radical
livre. O ensaio da atividade antioxidante por redução do DPPH
ou CFT envolve
principalmente o mecanismo de Transferência de Elétron, SET (Single Electron Transfer) e
marginalmente o de HAT (Hydrogen Atom Transfer), que investiga a capacidade dos
79
antioxidantes em bloquear a ação dos Radicais Peroxila (ROO), através da doação de
hidrogênio (HUANG; PRIOR, 2005; PRIOR; WU; SCHAICH, 2005).
A comparação com os dados da literatura é difícil, uma vez que nenhum estudo foi
previamente realizado com o cálice de P. angulata.
3.2. FARINHA DAS SEMENTES Physalis angulata
3.2.1. Composição centesimal da farinha
A TABELA 3 apresenta a composição centesimal da farinha das sementes de frutos de
Physalis angulata L. (FSP), ilustrada na FIGURA 5.
FIGURA 5 – FARINHA DAS SEMENTES DE P. angulata L.
FONTE: O AUTOR
TABELA 3 – COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA FARINHA DAS SEMENTES DE FRUTOS DE Physalis
angulata L.
Análises Média (g.100g-1
) ± desvio padrão
Umidade 7,95 ± 0,03
Cinzas 2,64 ± 0,14
Proteínas 14,37 ± 0,05
Lipídeos 28,74 ± 1,61
*Carboidratos totais 46,3
* Valor calculado por diferença
O teor de umidade e cinzas (TABELA 3) é relativamente próximo aos teores
encontrados por Lima et al. (2014) em seis farinhas de sementes de frutas variando de 6,2 a
7,8 g.100g-1
e Santos et al. (2014), em farinha de semente de mamão Havai (5,27 g.100g-1
) e
Calimosa (5,5 g.100g-1
). O teor de proteína (14,37 g.100g-1
) foi superior quando comparado
80
com a farinha de sementes de moranga (Cucurbita maxima Duch) (6,08 g.100g-1
) e mamão
(Carica papaya) (7,33 g.100g-1
) (STORCK et al., 2013). Valores de lipídeos relatados por
Santos et al. (2014) para farinha de sementes de duas variedades de mamão Havai (29,72
g.100g-1
) e Calimosa (27,99g.100g-1
) e Florina et al. (2013) analisando sementes de uva
cultivadas na Romenia (12,15 g.100g-1
), indicam que a FSP pode ser valorizada pela
obtenção da fração lipídica. Considerando que as frações proteica, lipídica e os carboidratos
fornecem respectivamente 4 kcal.g-1
, 9 kcal.g-1
e 4 kcal.g-1
(CECCHI, 2003 ) obtem-se um
potencial de 501,22 kcal por ingestão de 100 g da farinha.
3.2.2. Determinação dos minerais
A TABELA 4 apresenta os dados obtidos sobre a composição mineral da FSP.
TABELA 4 – COMPOSIÇÃO MINERAL DA FARINHA DAS SEMENTES DE FRUTOS DE Physalis
angulata L.
Minerais Ingestão diária recomendada * Médias (mg.100g-1
) ± desvio padrão
Ca 1000 mg/d 18,06 ± 4,08
Cu 900 g/d 0,76 ± 0,02
Fe 14 mg/d 4,18 ± 0,31
K - 671,19 ± 4,70
Mg 260 mg/d 205,30 ± 3,01
Mn 2,3 mg/d 1,47 ± 0,11
P 700 mg/d 433,05 ± 9,13
Zn 7 mg/d 2,84 ± 0,21
Ar - < 0,10
Cd - < 0,10
Cr - < 0,10
Pb - < 0,10
* ANVISA, 2003.
Dentre os minerais analisados na FSP os macro-nutrientes (K, P, Mg e Ca)
apresentaram elevados teores, seguidos dos micro-nutrientes (Fe, Zn e Cu).
Comonormalmente ocorre para alimentos (CECCHI, 2003), o potássio foi o mineral
majoritário.
Comparando com outras farinhas de sementes, os dados apresentaram valores
superiores aos descrito por Florina et al. (2013) em sementes de uva para Cu (1,62 mg.100g-
1), Mn (1,38 mg.100g
-1), Zn (1,01 mg.100g
-1) e Fe (10,4 mg.100g
-1). Clerici et al. (2011)
estudando as farinhas de semente da fruta-de-lobo (Solanum lycocarpum St. Hil), fruto da
mesma família do Physalis, relataram teores inferiores as da FSP para K (564 mg.100g-1
), P
81
(96,3 mg.100g-1
) e Mg (99 mg.100g-1
) e superiores aos teores de Ca (35,5 mg.100g-1
) e Zn
(0,97 mg.100g-1
) .
Não há dados publicados sobre a composição mineral da farinha de sementes de P.
angulata na literatura.
3.2.3. CFT
O teor de CFT (207,90 mgAGE.100g-1
) da FSP foi superior ao relatado por Fazio et al.
(2013) em farinhas de sementes de amora-silvestre (Rubus ulmifolius S) (171,4 mgAGE.100g-
1), por Parry et al. (2006), que analisaram farinha de semente de seis tipos de frutas, obtendo
teores variando de 14,6 a 186,3 mgAGE.100g-1
e Bozan; Tosun; Özcan (2008), que estudaram
TPC em 11 variedades de uvas principalmente cultivadas na Turkia, onde os valores nas
farinhas das sementes variaram de 79,2 a 154,6 mg GAE.g-1
semente.
O subproduto, FSP apresentou teor de compostos fenólicos totais inferior ao conteúdo
do subproduto-cálice (1326,26 mgFA.100g-1
) desse fruto.
Para esta matriz não foram encontrados dados publicados sobre farinha de semente de
Physalis angulata.
3.3. ÓLEO DA SEMENTE DE Physalis angulata
3.3.1. Composição de ácidos graxos do óleo extraído da farinha das sementes do fruto de P.
angulata
A FSP contêm 28,74 g.100g-1
de fração lipídica, sendo superior aos teores de sementes
de frutos utilizados para extração de óleo como óleo de oliva (25 g.100g-1
), soja (18 g.100g-1
)
e algodão (18 g.100g-1
) (MORETTO; FETT, 1998). A composição dos ácidos graxos do óleo
extraído da FSP (FIGURA 6) está apresentada na TABELA 5.
FIGURA 6 – ÓLEO EXTRAÍDO DAS SEMENTES DO FRUTO DE Physalis angulata L.
O ácido graxo majoritário no óleo foi o ácido linoleico (66,40 g.100g-1
) seguido do
ácido oleico (18,68 g.100g-1
) e palmítico (11,07 g.100g-1
). A soma dos ácidos graxos
insaturados (ácidos linoleico, oleico e palmitoleico) representa aproximadamente 85 % do
82
óleo extraído da farinha, caracterizando-o como ácido graxo predominantemente insaturado
(PUFA).
O ácido linoleico (ω-6) é considerado do ponto de vista nutricional como ácido graxo
essencial, sendo o ácido oléico (ω-9) o mais amplamente distribuído na natureza e encontrado
praticamente em todos os óleos e gorduras. O ácido linoléico é o ácido graxo essencial mais
conhecido e praticamente o mais importante, pois no organismo ele se transforma em ácido
araquidônico e pequenas quantidades de outros ácidos graxos poli-insaturados (MORETTO;
FETT, 1998).
TABELA 5 – ÁCIDOS GRAXOS DAS SEMENTES DE FRUTOS DE Physalis angulata L.
Ácidos graxos Médias (g.100g-1
) ± desvio padrão
C16:0 (Palmítico) 11,07 ± 0,61
C20:0 (Araquídico) 0,29 ± 0,02
C18:0 (Esteárico) 3,06 ± 0,24
C18:1n9c (Oleico) 18,68 ± 0,84
C18:2n6c (Linoleico) 66,40 ± 1,73
C16:1 (Palmitoleico) 0,50 ± 0,02
* ácidos graxos saturados 14,42
ácidos graxos insaturados 85,58
* = soma
Fazio et al. (2013) encontraram o ácido linoleico (15,34 g.100g-1
) como composto
majoritário em óleo extraído da farinha de sementes de frutos de amora-silvestre. Fernandes et
al. (2013) ao extraírem o óleo das sementes de dez variedades de uva, relataram o ácido
linoleico (63,0 – 73,1 g.100g-1
) como o principal ácido graxo encontrado, seguido do ácido
oleico e palmítico. Esses resultados foram semelhantes aos relatados por outros autores que se
referem ao ácido linoleico como o ácido graxo mais abundante no óleo das sementes de uva.
Tangolar et al. (2009) obtiveram valores para o ácido linoleico entre 62,5 e 69,24 g.100g-1
para óleos de sementes de uva das variedades: Alicant e Bouschet e Muscat of Hamburgo,
respectivamente. Beveridge et al.(2005) relatam valores entre 66,76 g.100g-1
(Malbec) e
73,61 g.100g-1
(Merlot). Florina et al. (2013) em sementes de uva da Romenia também
encontraram como ácido graxo majoritário o ácido linoléico (4,49 g.100g-1
) seguido do ácido
oleico (0,79 g.100g-1
). Resultados que corroboram com o presente estudo.
Como para a uva, o elevado teor de ácido linoleico no óleo da FSP é particularmente
interessante, uma vez que o ácido linoleico é o principal ácido graxo que regula o
metabolismo do LDL (WIJENDRAN; HAYES, 2004).
83
Não existem relatados resultados para o óleo da semente de P. angulata, porém
Rodrigues et al. (2009) e Ramadan; Mörsel (2003) apresentaram para a fração lipídica de
frutos de Physalis peruviana o teor de ácido linoléico próximos aos da FSP (72,42 g.100g-1
e
70,5 g.100g-1
), respectivamente.
3.3.2. Fosfolipídeos
O teor de fosfolipídeo do óleo FSP (1,12 mg.g-1
) foi calculado através do conteúdo de
fósforo da amostra (0,045 mg.g-1
) por meio do fator de conversão, segundo descrito no item
2.3.3.2.
Os fosfolipídios são lipídeos que contém, fósforo, uma porção polar (hidrofílica) e
uma porção não-polar (hidrofóbica) em suas estruturas. Por essa razão são classificados como
moléculas anfipáticas, apresentando excelente biocompatibilidade. Essas propriedades fazem
com que os fosfolipídeos tenham uma gama ampla de aplicações e conferindo características
emulsificantes e umectantes sendo comumente utilizados em diferentes tipos de formulações.
Têm uma propensão para formar lipossomos, que podem ser empregados como
transportadores de medicamentos. Nos últimos anos, uma grande variedade de formulações
relacionadas com fosfolipídeos, tem sido utilizada para alcançar bons resultados (LI et al.,
2014).
4. CONCLUSÃO
A composição centesimal do cálice indicou elevado teor de lipídeos, proteínas e
carboidratos. O flavonol majoritário, identificado por HPLC/MS, foi a rutina. Os resultados
para TPC e DPPH foram aproximadamente 24 % e 50,54 % superiores aos relatados para o
extrato metanólico do fruto de P. angulata.
Na farinha das sementes dos frutos de P. angulata, a composição centesimal sugere
que a farinha pode ser utilizada como fonte para obtenção da fração lipídica. Dos minerais
analisados, os macro-nutrientes (K, P, Mg e Ca) apresentaram elevados teores, seguidos dos
micro-nutrientes (Fe, Zn e Cu), sendo o potássio o mineral majoritário. teor de TPC foi
elevado comparado com outras farinhas de sementes de frutos.
A análise do óleo extraído das sementes dos frutos de P. angulata, indicou que o ácido
graxo majoritário foi o ácido linoleico, seguido do ácido oleico e palmítico. A soma dos
ácidos graxos insaturados (ácidos linoleico, oleico e palmitoleico) representa
84
aproximadamente 85 % do óleo extraído da farinha, caracterizando-o como ácido graxo
predominantemente insaturado. O teor de fosfolipídeo sugere que o óleo extraído da farinha
pode ser uma alternativa para extração desse componente.
Os dados obtidos neste estudo indicam que os subprodutos dos frutos de P.angulata
podem ser utilizados como matéria-prima para elaboração de chás (cálice) e fonte de obtenção
de ácidos graxos insaturados e minerais (farinha das sementes). Sugerem-se, ensaios
biológicos destes subprodutos, pois nunca foram usados como alimentos.
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90
CAPÍTULO 4
EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS DOS FRUTOS DE
Physalis angulata L.
91
EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS DOS FRUTOS DE
Physalis angulata L.
Ana Mery de Oliveira-Camlofskia, Rosemary Hoffmann Ribani
a, Carmen Lúcia de Oliveira
Petkowiczb
aPrograma de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Paraná, 81531-980
Curitiba, Pr, Brasil.
bDepartamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Paraná, Caixa
Postal: 19046, 81531-990, Curitiba, Pr, Brasil.
RESUMO
Physalis angulata L. (Família Solanaceae) é um fruto nativo da Amazônia amplamente
utilizado na medicina popular. Embora diferentes metabólitos secundários já tenham sido
identificados na planta os frutos tem recebido menor atenção. Neste estudo foi realizada a
caracterização físico-química os frutos de Physalis angulata. Os polissacarídeos dos frutos
foram obtidos utilizando extrações sequenciais com diferentes solventes e as frações
polissacarídicas caracterizadas. O fruto apresentou elevado teor de umidade e alta atividade de
água. A razão SS/ATT determinada foi 25,14 indicando um fruto sensorialmente mais
adocicado para o consumidor. Para as análises dos polissacarídeos, os frutos frescos foram
submetidos à inativação enzimática com etanol. O resíduo obtido foi submetido a extrações
sequenciais com água (fração W), soluções aquosas de EDTA (fração ED), ácido cítrico
(fração CA) e de hidróxido de sódio (frações 2M e 6M). As extrações aquosas (W, ED e CA)
solubilizaram principalmente pectinas, enquanto que as alcalinas (2M e 6M) apresentaram
xilose como componente majoritário indicando a presença de xilanas. As frações
polissacarídicas obtidas apresentaram rendimento entre 1,1 a 6,5 g.100-1
em relação ao
material de partida. A análise por cromatografia de exclusão estérica (HPSEC) demonstrou
um perfil de eluição polimodal para todas as frações, sugerindo a presença de uma mistura de
polissacarídeos. O grau de esterificação das pectinas foi analisado por espectroscopia de
infravermelho (FT-IR), onde as frações W e ED apresentaram baixo grau de esterificação
(LM) e a fração CA apresentou alto grau de esterificação (HM). A análise de espectroscopia
de 13
C-RMN confirmou a presença de pectinas nas frações W, ED e CA. As análises
reológicas das frações W, ED e CA solubilizadas em água na concentração de 5 g.100g-1
mostraram um comportamento de fluxo do tipo pseudoplástico. A fração ED apresentou os
maiores valores de viscosidade aparente. As análises oscilatórias dinâmicas mostraram
predomínio do caráter líquido para a fração W, caráter sólido para a fração ED e a fração CA
mostrou-se sensível a variação de frequência, sofrendo perturbações em toda a faixa de
frequência analisada.
Palavras-chave: Physalis angulata L., polissacarídeos, pectina, caracterização físico-química
92
EXTRACTION AND CHARACTERISTICS OF POLYSACCHARIDES FROM FRUIT
Physalis angulata L.
a
Graduate Program in Food Engineer, Chemical Engineering Department, Paraná Federal
University, 81531-980 Curitiba, PR, Brazil.
b
Department of Biochemistry and Molecular Biology, Paraná Federal University, CP 19046,
CEP 81531-980, Curitiba, PR, Brazil.
ABSTRACT
Physalis angulata L. (Solanaceae family) are a native Amazonian fruit widely used in folk
medicine. Although various secondary metabolites have been identified in the plant the fruit
has received less attention. In this study the physico-chemical characterization was performed
the fruits of Physalis angulata. Polysaccharides from fruits were obtained using sequential
extractions with different solvents and characterized polysaccharide fractions. The result
showed a high moisture content and high water activity. The SS/ATT (25.14) was determined
indicating a fruit sensory sweeter to the consumer. For analysis of polysaccharides, fresh
fruits were submitted to enzymatic inactivation with ethanol. The residue obtained was
subjected to successive extractions with water (fraction W), aqueous EDTA (fraction ED),
citric acid (fraction CA) and sodium hydroxide (fraction 2M, and 6M). Aqueous extractions
(W, ED and CA) mainly solubilized pectins, while the alkaline (2M, and 6M) showed major
component xylose as indicating the presence of xylan. The obtained fractions showed
polysaccharide yield between 1.1 to 6.5 g.100-1
relative to the starting material. The analysis
by steric exclusion chromatography (HPSEC) showed an elution profile polymodal all
fractions, suggesting the presence of a mixture of polysaccharides. The degree of
esterification of pectin was analyzed by infrared spectroscopy (FT-IR), where W and ED
fractions exhibited a low degree of esterification (LM) and CA fraction showed a high degree
of esterification (HM). Analysis of 13
C-NMR spectroscopy confirmed the presence of pectins
in fractions W, ED and CA. The rheological behavior of fractions W, ED and CA solubilized
in water at a concentration of 5 g.100g-1
showed flow behavior of pseudoplastic type. The ED
fraction showed the highest values of apparent viscosity. The oscillatory dynamics analysis
showed predominance of character for liquid fraction W, solid character for ED fraction and
the CA fraction was sensitive to frequency variation, suffering disruptions throughout the
frequency range analyzed.
Keywords: Physalis angulata L., polysaccharides, pectin, physico-chemical
93
1. INTRODUÇÃO
O genêro Physalis inclui cerca de 120 espécies e pertence à família Solanaceae
(CHEN et al., 2014). Entre as espécies mais conhecidas estão: Physalis angulata L., Physalis
peruviana L., Physalis alkekengi L., Physalis pubescens L., Physalis pruinosa, Physalis
ixocarpa, e Physalis angustifolia Nutt. (RUFATO et al., 2008). Physalis angulata L. (P.
angulata) é considerada uma espécie nativa da América do Sul, sendo amplamente distribuída
por todas as regiões tropicais e subtropicais (ALVARADO et al., 2004; MAGALHÃES,
2005; MUNIZ et al., 2011).
Popularmente conhecida no Brasil como camapu, a P. angulata possui frutos
climatéricos, carnosos tipo baga em forma de globo envolto por um cálice que serve para
protegê-lo de condições ambientais adversas (ALVARADO et al., 2004; MAGALHÃES,
2005; RUFATO et al., 2008). Os frutos podem ser consumidos in natura ou na forma de
sucos e doces, apresentando grande potencial para produção e cultivo comercial no Brasil
(ALVARADO et al., 2004; MUNIZ et al., 2011: PEIXOTO et al., 2010). Além disto, parte
do interesse pela planta reside em suas propriedades medicinais.
A planta de P. angulata é utilizada em vários países na medicina popular para
problemas urinários, asma, reumatismo e cicatrização de feridas, entre outros. Diversas
atividades biológicas têm sido demonstradas para extratos e compostos bioativos obtidos do
caule, raízes e partes aéreas da planta. Já foram descritas atividade imunomodulatória
(SOARES et al., 2003), antitumoral (WU et al., 2004; HSIEH et al., 2006), antinociceptiva
(BASTOS et al., 2006; CHOI; HWANG, 2003), anti-inflamatória (CHOI; HWANG, 2003),
anti-malárica (LUSAKIBANZA et al., 2010), anti-metástase (HSEU et al., 2011), anti-
angiogênica (HSEU et al., 2011) e anti-microbiana (PIETRO et al., 2000), incluindo atividade
anti-Leishmania (NOGUEIRA et al., 2013). Além disto, uma patente (PI11041773) propõe
que extratos da planta e compostos isolados podem atuar estimulando o crescimento de
neurônios (NASCIMENTO, 2012).
Vários compostos já foram isolados das folhas e troncos de P. angulata e
quimicamente caracterizados: um grupo de esteróides conhecidos como fisalinas, flavonoides
e glicosídeos (TOMASSINI et al., 2000). Embora diferentes metabólitos secundários já
tenham sido identificados em plantas de P. angulata, os frutos têm recebido menor atenção. A
composição centesimal de frutos colhidos na região Amazônica foi determinada por Oliveira
et al. (2011). A atividade antioxidante de extratos aquosos e metanólicos do fruto foram
avaliadas pelos mesmos autores utilizando o método de sequestro de radical livre (DPPH).
94
Os autores não observaram diferença na capacidade de sequestro de radical livre dos dois
extratos e os valores de IC50 foram superiores ao descrito para extratos metanólicos obtidos de
frutos de Physalis peruviana.
Após ampla revisão bibliográfica, nenhum estudo foi encontrado na literatura em
relação aos polissacarídeos dos frutos de P. angulata.
As frutas são fontes de fibras, oriundas da parede celular, responsáveis pela textura. A
firmeza dos tecidos das plantas é determinada por três tipos de polissacarídeos presentes na
parede celular: celulose, hemiceluloses e pectinas (VAN BUREN, 1979).
As pectinas são polissacarídeos ácidos que compreendem três classes principais de
polímeros: homogalaturonana (HG), ramnogalacturonana I (RG-I) e ramnogalacturonana II
(RG-II). Entre esses, a HG e a RG-I são encontrados em grandes quantidades em frutos
(VORAGEN et al., 1995; CARPITA; McCANN, 2000). São extraídas da parede celular por
soluções aquosas de agentes quelantes ou ácidos diluídos sob aquecimento.
As hemiceluloses são os polissacarídeos que se associam a celulose por ligações de
hidrogênio. Este grupo inclui as xiloglucanas, xilanas, (galacto)mananas e
(galacto)glucomananas (CARPITA; MACCANN, 2000). Podem ser extraídas da parede
celular com soluções alcalinas após a remoção das pectinas.
Além de suas funções relacionadas a texturas dos frutos e sua relação com a
maturação, os polissacarídeos atraem a atenção devido as suas propriedades físico-químicas e
biológicas. As propriedades espessantes e geleificantes exibidas por alguns polissacarídeos,
como as pectinas, permitem com que sejam amplamente utilizadas na indústria de alimentos,
cosméticos e farmacêutica. Por outro lado, propriedades imunomoduladoras e antitumorais
apresentados por certos polissacarídeos (SCHEPETKIN; QUINN, 2006) sugerem que a
presença destes compostos possa trazer benefícios adicionais à saúde, além daqueles já
conhecidos associados às fibras vegetais.
Neste trabalho, os polissacarídeos dos frutos de P. angulata foram obtidos utilizando
extrações sequenciais com diferentes solventes e as frações polissacarídicas caracterizadas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. FRUTOS DE Physalis angulata L.
Os frutos foram plantados e coletados na estação experimental da Universidade
Federal do Paraná, localizada em Quatro Barras, Região Metropolitana de Curitiba, localizado
95
a 25º17’30” de latitude sul e 49º13’27” de longitude oeste, altitude de 930 metros e clima
classificado por Köeppen de Cfb. A planta da P. angulata foi identificada no Museu Botânico
de Curitiba (Paraná-Brasil), onde foi depositada uma exsicata sob o número 384015.
Os frutos maduros foram colhidos manualmente 80 dias após o plantio (nos meses de
março e abril) e selecionados de acordo com a intensidade da coloração do epicarpo por
inspeção visual. Quando o epicarpo estava totalmente amarelo ou amarelo-arroxeado os frutos
eram considerados maduros.
2.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA
O teor de umidade foi determinado por gravimetria a 105 °C em estufa até peso
constante (BRASIL, 2005) e o teor de cinzas conforme IAL (1985).
As demais determinações da composição centesimal empregaram os procedimentos
descritos pela AOAC (2000), sendo que a determinação de lipídeos foi realizada pelo método
de extração em Soxhlet; o teor de proteína por Kjeldahl. A fibra bruta foi determinada
utilizando o método gravimétrico e o teor de ácido ascórbico (vitamina C) foi determinado
por volumetria de oxi-redução com titulação das amostras com solução 2,6-dicloro-fenol-
indofenolsódico.
O conteúdo de sólidos solúveis totais nas amostras foi determinado utilizando-se um
refratômetro de bancada (RL3 – Polskie Zaklandy Optyczne SA), sendo os resultados
expressos em ºBrix. A acidez total titulável das amostras foi quantificado por titulação sendo
os resultados expressos em porcentagem de ácido cítrico (BRASIL, 2005).
Para a determinação de pH foi realizada leitura em potenciômetro (MSTECNOPON
modelo mPA 210) e os resultados expressos em unidades de pH (BRASIL, 2005).
O teor de carboidratos totais foi determinado pelo método fenol-sulfúrico (DUBOIS et
al., 1956) e o teor de açúcares redutores pelo método DNS (ácido-di-nitro-salicílico) (AOAC,
2000). A dosagem de amido foi realizada utilizando-se kit enzimático Megazyme - K-TSTA
07/11 (Determination of starch in cereal and food products not containing resistant starch,
D-glucose and/or maltodextrins – AOAC Official Method 996.11), sendo os resultados
expressos em percentagem.
2.3. EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS
Os frutos frescos foram triturados com etanol em liquidificador e submetidos a
inativação enzimática sob refluxo em ebulição, durante 20 min. O material foi resfriado e
96
filtrado em filtro sintético e seco em estufa a vácuo, obtendo-se o resíduo insolúvel em álcool
(AIR), material de partida para a obtenção dos polissacarídeos.
O AIR foi submetido a extrações sequenciais com água, EDTA 2 %, ácido cítrico 2 %,
NaOH 2 mol.L-1
e NaOH 6 mol.L-1
,conforme apresentado na FIGURA 1. As sucessivas
extrações foram realizadas sob agitação mecânica. As extrações alcalinas foram realizadas na
presença de boroidreto de sódio. Após cada extração, as dispersões foram centrifugadas
separando o sobrenadante do resíduo, utilizado para as extrações subsequentes. O
sobrenadante das extrações foi concentrado e os polissacarídeos foram precipitados utilizando
três volumes de etanol. Os extratos alcalinos foram neutralizados previamente. Após a
precipitação, o material foi mantido em repouso por 24h sob refrigeração. O material
precipitado foi lavado três vezes com etanol absoluto, centrifugado e seco em estufa a vácuo,
originando as respectivas frações polissacarídicas (LIMA et al., 2014).
97
FIGURA 1: FLUXOGRAMA DE EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS DOS FRUTOS DE P. angulata.
Nota: Fração W = polissacarídeo extraído com água; Fração ED = polissacarídeo extraído com EDTA 2 %;
Fração CA = polissacarídeo extraído com ácido cítrico 2 %; Fração 2M = polissacarídeo extraído com NaOH 2
mol.L-1
; Fração 6M = polissacarídeo extraído com NaOH 6 mol.L-1
;
AIR
Extrato I
Água, 100 ºC, 2 h
Resíduo I
Fração W
Extrato II Resíduo II
Fração ED
EDTA 2 %, 100 ºC, 1 h
Extrato III Resíduo III
Ácido Cítrico 2 %, 100 ºC, 1 h
Fração CA
Extrato IV Resíduo IV
Fração 2M
NaOH 2 mol.L-1
, 25 ºC, 6 h
NaOH 6 mol.L-1
,
25 ºC, 6 h
Extrato V
Fração 6M
Resíduo V
98
2.4. DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA
Para determinação da composição monossacarídica, os polissacarídeos foram
hidrolisados com ácido trifluoracético 2 mol.L-1
por 8h em banho-maria fervente (ADAMS,
1965; ASPINALL, 1980). Após a hidrólise, o ácido foi evaporado e o hidrolisado reduzido
com boroidreto de sódio (WOLFROM; THOMPSON, 1963b). Em seguida adicionou-se
resina trocadora de cátions (Lewatit) na forma ácida para decompor o excesso de agente
redutor e remover os cátions sódio. Após filtração, o material foi evaporado até secura, em
evaporador rotatório, seguido de adição de metanol para remoção do boro, na forma de borato
de trimetila. Os alditóis resultantes foram acetilados com uma mistura de piridina e anidrido
acético (1:1, v/v) por16h (WOLFROM; THOMPSON, 1963a). A reação foi interrompida pela
adição de gelo moído. Os produtos acetilados foram extraídos com clorofórmio e lavados com
solução de sulfato de cobre 5% para remover a piridina. Os acetatos de alditóis resultantes
foram analisados por cromatografia gasosa (GLC). Os monossacarídeos ácidos foram
determinados pelo método colorimétrico (BLUMENKRANTZ; ASBOE-HANSEN, 1973)
usando ácido galacturônico como padrão.
2.4.1. Cromatografia líquida-gasosa (GLC)
A cromatografia líquido-gasosa (GLC) foi realizada em um cromatógrafo THERMO
Trace GC Ultra, equipado com detector de ionização em chama, utilizando hélio como gás de
arraste, com fluxo de 1 ml/min. Uma coluna capilar de sílica fundida DB-225 [30 m x 0,25
mm (d.i.)] foi usada (SLONEKER , 1972).
2.4.2. Cromatografia de exclusão estérica acoplada a detecção por espalhamento de laser
multiângulos e índice de refração (HPSEC-MALLS/RI)
As análises de homogeneidade foram efetuadas em um cromatógrafo de exclusão
estérica de alta pressão (HPSEC), equipado com detector de índice de refração (RI)
diferencial Waters modelo 2410 e detector de espalhamento de luz em multiângulos
(MALLS) Wyatt Technology modelo DAWN DSP, com 18 canais acoplados em série. Foram
utilizadas quatro colunas de gel permeação Waters em série, com limites de exclusão de
7x106, 4x10
5, 8x10
4e 5x10
3g/mol. O eluente utilizado foi uma solução de NaNO2 0,1 M
99
contendo NaN3 200 ppm a 25 ºC, com fluxo de 0,6 ml/min, pressão de 920 psi, monitorados
por bomba peristáltica Waters 515. Para ánálise dos dados foi utilizado o programa ASTRA.
2.4.3. Espectroscopia de infravermelho (FT-IR)
Os espectros de infravermelho foram obtidos no modo absorbância na região de 4000–
400 cm-1
, usando espectrofotômetro Vertex 70, marca Brucker com resolução a 4 cm-1
,
utilizando-se as amostras secas e pulverizadas. Para preparar as pastilhas foi usado brometo
de potássio (grau espectroscópico) (Merck, Darmstadt, Alemanha) na proporção KBr:amostra
de 99:1. Foram utilizados para o cálculo do grau de esterificação das pectinas (DE) as áreas
dos picos, correspondentes a absorção dos grupos carboxilícos esterificados e livres, como
descrito por Vriesmann; Petkowicz (2009).
2.4.4. Espectroscopia ressonância magnética nuclear de 13
C (13
C-RMN)
As frações de pectina foram solubilizadadas em óxido de deutério (D2O) e os
espectros foram obtidos em equipamento BRUKER, modelo AVANCE DRX-400 em 100
MHz a 70 ºC. Os deslocamentos foram expressos em ppm, utilizando a ressonância dos
grupos CH3 da acetona como padrão interno (δ 30,2).
2.5. REOLOGIA
2.5.1. Preparo das amostras
As soluções de petinas (amostras W, ED e CA) foram solubilizadas em água
deionizada por 16 h sob agitação magnética na concentração 5 % (m/m), (MIN et al., 2011).
5.5.2. Análises Reológicas
As medidas reológicas foram realizadas em Reômetro Haake Mars, acoplado a um
banho termostatizado Haake K15 e a um termocirculador de água DC5. A temperatura das
análises foi mantida por controlador térmico Thermo Haake UTM. Foi utilizado um sensor
cone-placa (C60 2Ti). Previamente às análises reológicas, foi determinada a inércia para
descontar os valores das forças centrífuga e centrípeta geradas durante os experimentos.
Durante as análises, a temperatura ambiente manteve-se em 20 ± 1ºC. Inicialmente foram
realizadas varreduras de tensão para verificação da faixa viscoelástica linear e seleção da
100
tensão ou deformação que seriam empregadas nas análises de varredura de frequência. As
varreduras de frequência foram conduzidas na tensão ou deformação pré-selecionada,
aumentando a frequência oscilatória com o tempo na faixa de 0,1 a 30 Hz. As curvas de
viscosidade aparente foram realizadas a 25 ºC na faixa de 0,1-100 s-1
. Os dados foram
coletados e tratados pelo software RHEOWIN.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DOS FRUTOS DE P. angulata
Os frutos maduros de P. angulata foram colhidos 80 dias após o plantio e a polpa
utilizada para realização das análises físico-químicas e extração dos polissacarídeos. Foi
observado que os frutos não amadurecem ao mesmo tempo, sendo comum encontrar frutos
em diferentes estádios de maturação no mesmo ramo.
O P. angulata é um fruto carnoso tipo baga em forma de globo (FIGURA 2), com
diâmetro variando entre 1,25 e 2,50 cm e de acordo com Rufato et al. (2008) contém de 100 a
300 sementes.
FIGURA 2 – FRUTO DE Physalis angulata L.
FONTE: O AUTOR
O fruto de P. angulata apresentou elevado teor de umidade (83,68 g.100g-1
) e alta
atividade de água (Aw) (0,98), característica comum em frutos carnosos. Estes valores foram
semelhantes aos encontrados por Oliveira et al. (2011) para frutos da mesma espécie colhidos
na região Amazônica bem como para frutos de P. peruviana (TABELA 1) (RAMADAN;
MOERSEL, 2007; LICODIEDOFF; KOSLOWSKI; RIBANI, 2013; ZHANG et al., 2013).
101
De acordo com Chitarra; Chitarra (2005), a água, em geral, é o maior componente dos frutos,
perfazendo um total de 80-95 % de sua composição.
O fruto de P. angulata, apresentou baixos teores de cinzas (1,83 g.100g-1
), proteínas
(1,86 g.100g-1
) e lipídeos (0,30 g.100g-1
), como os valores relatados por Oliveira et al. (2011)
para frutos P. angulata colhidos na região Amazônica, Mendoza; Rodríguez; Millán (2012) e
Zhang et al. (2013) para frutos de P. peruviana (TABELA 1). Segundo Chitarra; Chitarra
(2005), baixos teores de cinzas, proteínas e lipídeos são características comuns para a maioria
dos frutos. Com base nas informações da composição centesimal e utilizando o teor de
açúcares solúveis totais a ingestão de 100g dos frutos contribui com 42,14 kcal na dieta.
Os valores de sólidos solúveis (8,8 º Brix) e acidez titulável (0,35 mg.100 g-1
) obtidos
para os frutos de P. angulata neste trabalho foram inferiores aos relatados por outros estudos
conforme apresenta a TABELA 1. A relação entre sólidos solúveis (SS) e acidez total titulável
(ATT), é uma das formas mais utilizadas para a avaliação do sabor dos frutos, sendo mais
representativa do que a medição isolada de açúcares e de acidez (CHITARRA; CHITARRA,
2005). A razão SS/ATT encontrada para P. angulata 25,14 foi superior àquela determinada
por Licodiedoff (2012) para P. peruviana (9,1) indicando que o P. angulata é um fruto
sensorialmente mais adocicado para o consumidor. A relação SS/ATT elevada é desejável
para o mercado consumidor de frutas frescas, pois indica altos teores de sólidos solúveis e
baixa acidez, conferindo sabor agradável, o que torna as frutas mais atrativas (CORREIA et
al., 2011).
102
TABELA 1 – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO FRUTO DE Physalis angulata L. EM COMPARAÇÃO COM A LITERATURA.
Presente estudo Outros autores
Physalis angulata L. Physalis angulata L. Physalis peruviana
Análises Médias ± desvio padrão
Umidade (g.100g-1
) 83,68 ± 0,61 (90,98)a (92,97)
b; (82,66)
c; (80,97)
d
Cinzas (g.100g-1
) 1,83 ± 0,30 (0,65)a (1,0)
e
Proteína (g.100g-1
) 1,86 ± 0,06 (0,85)a (1,10)
e
Lipídeos (g.100g-1
) 0,30 ± 0,08 (0,59)a (0,40)
e
Fibra Bruta (g.100g-1
) 2,65 ± 0,39
Aw 0,98 ± 0,01 (0,97)a (0,99)
c
pH 4,87 ± 0,01 (4,11)a; (4,48)
g (3,6)
h
Vitamina C (mg ácido ascórbico.100g-1
fruta) 26,17 ± 3,46 (25,00)a; (26,97)
g (151,33)
c; (20,00)
i; (43,3)
j; (25,55)
k
Acidez total titulável (ATT) (mg acido cítrico. 100g-1
fruta) 0,40 ± 0,01 (0,68)a (1,51)
c; (2,05)
f
Sólidos solúveis (SS) (º Brix) 8,80 ± 0,29 (12,0)a (12,88)
c; (13,48)
f
Ratio (SS/ATT) 25,14
Açúcar solúvel total (mg.100g-1
) 8,00 ± 4,53 (6,45) a; (9,55)
g (2,78)
l
Açúcar redutor (mg.100g-1
) 3,98 ± 0,02 (4,12) a; (3,90)
g (2,29)
l
Amido (mg.100g-1
) 0,46 ± 0,01
Nota: a - Oliveira et al., (2011); b- Ramadan; Moersel, (2007); c- Licodiedoff; Koslowski; Ribani, (2013); d- Zhang et al., (2013); e- Mendoza; Rodrígues;
Millán, (2012); f- Arango; Rodrígues; Campuzano, (2010); g- Bolzan, (2013); h- Castro; Rodriguez; Vargas, (2008); i- Gutiérrez et al., (2007); j- Carrasco; Zelada,
(2008); k- Barp et al., (2012); l. Rutz et al., (2012).
* Valores em base seca
103
O valor do pH (4,87) foi similar ao descrito por Oliveira et al. (2011) e Bolzan (2013)
e superior ao valor descrito por Castro; Rodríguez; Vargas (2008) (TABELA 1).
Quanto ao teor de Vitamina C (26,17 mg.100 g-1
), o fruto apresentou valor similar a P.
angulata segundo Bolzan (2013) e Oliveira et al. (2011), inferior ao valor encontrado em P.
peruviana por Gutiérrez et al. (2007); Carrasco; Zelada (2008); Barp et al. (2012);
Licodiedoff; Koslowski; Ribani (2013) (TABELA 1). As variações encontradas no teor de
Vitamina C entre as variedades de P. angulata e P. peruviana podem estar relacionadas a
diversos fatores como diferenças genotípicas, tipo de solo, condições climáticas, grau de
maturação, métodos de colheita, procedimento de manuseio e condições de armazenamento
pós-colheita (LEE; KADER, 2000). Os teores de açúcar solúvel total e redutor (8,0 e 3,98
g.100g-1
) obtidos assemelham-se aos valores de outros autores também reportados na
TABELA 1. Segundo Galvis et al. (2005), sacarose, glucose e frutose são os principais
açúcares solúveis encontrados nos frutos de P. peruviana, podendo estar presentes na forma
livre ou combinada, sendo um dos principais responsáveis, pelo sabor doce dos frutos
(CHITARRA; CHITARRA, 2005).
3.2. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS
Após o tratamento com etanol, a polpa dos frutos de P. angulata livre de compostos de
baixa massa, foi submetida a extrações sequenciais para a extração de polissacarídeos pécticos
e hemiceluloses. Os rendimentos em relação ao resíduo insolúvel em álcool (AIR) e a
composição monossacarídica das frações obtidas nas extrações sequenciais dos frutos de P.
angulata estão indicados na TABELA 2. As extrações sequenciais do AIR apresentaram
rendimentos entre 1,1 a 6,5 g.100g-1
. A fração W, extraída com água, apresentou o maior
rendimento (6,5 g.100g-1
), seguida da fração 2M (6,2 g.100g-1
), extraída com NaOH 2M,
enquanto a fração extraída com ácido cítrico (CA) apresentou o menor rendimento (1,1
g.100g-1
).
O rendimento da fração solúvel em água do fruto de P. angulata (TABELA 2) foi
superior ao encontrado para a casca do maracujá amarelo (2,9 g.100g-1
) (YAPO; KOFFI,
2006) e frutos de cambuí (4,1 g.100g-1
) (VRIESMANN et al., 2004) e araçá (3,8 g.100g-1
)
(VRIESMANN et al., 2009a).
O rendimento da fração ED foi superior ao obtido para frações extraídas com EDTA
obtidas de frutos de araçá (1,0 %) e cambuí (2,3 g.100g-1
) (VRIESMANN et al. 2004: 2009b).
104
A fração CA apresentou rendimento inferior ao relatado por Santos et al. (2010) para
frações extraídas da polpa de gabiroba com ácido cítrico 0,5 % e 5 % a 100 °C, 3,1 g.100g-1
e
2,1 g.100g-1
, respectivamente.
As frações alcalinas apresentaram rendimentos superiores aos descritos por Vriesmann
et al. (2004, 2009b) para frutos de araçá (0,6 g.100g-1
) e cambuí (1,6 g.100g-1
).
TABELA 2 – RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA* DAS FRAÇÕES OBTIDAS DOS
FRUTOS DE P. angulata.
Fração Rendimento
(g.100g-1
)
Rha Fuc Ara Xyl Man Gal Glc AU
(%)
W 6,5 2,9 0,1 20,0 7,1 2,2 15,8 7,6 44,1
ED 3,8 3,8 0,2 26,4 9,4 1,0 14,7 1,7 42,8
CA 1,1 0,3 0,1 39,6 23,4 7,8 14,3 3,0 11,5
2M 6,2 0,6 nd 16,9 53,9 5,1 9,0 5,7 9,4
6M 3,1 0,7 0,1 16,5 55,6 6,2 9,2 5,9 5,9
nd = não detectado; AU = ácidos urônicos. Nota: Fração W = fração polissacarídica extraída com água; Fração
ED = fração polissacarídica extraída com EDTA 2 %; Fração CA = fração polissacarídica extraída com ácido
cítrico 2 %; Fração 2M = fração polissacarídica extraída com NaOH 2 mol.L-1
; Fração 6M = fração
polissacarídica extraída com NaOH 6 mol.L-1
;
*Açúcares neutros foram determinados por GLC (Rha = ramnose; Fuc = fucose; Ara = arabinose; Xyl = xilose;
Man = manose; Gal = galactose; Glc = glucose) Acidos urônicos foram determinados por método colorimétrico.
Os altos teores de ácidos urônicos observados para as frações polissacarídicas
extraídas com água (W) e EDTA (ED) indicam que estas frações são constituídas por
pectinas. A presença de ramnose e elevado conteúdo de arabinose e galactose nas frações W e
ED também corrobora a presença de polissacarídeos pécticos. Segundo Voragen (1995),
frações pécticas são geralmente caracterizadas pelo predomínio de ácido galacturônico
(principal constituinte da cadeia principal) e dos monossacarídeos neutros ramnose, arabinose
e galactose, responsáveis pelas ramificações. Resultados similares foram encontrados por
Marcon (2004), que detectou elevados conteúdos de arabinose e galactose em todas as frações
pécticas obtidas de farinha de bagaço de maçã.
De acordo com a classificação proposta por Schols; Voragen (1996), a região RG-I
pode apresentar razão Rha/GalA entre 0,05 e 1. As razões Rha/GalA para as frações W e ED
foram de 0,06 e 0,09, respectivamente. Estas baixas razões sugerem que estas frações
poderiam consistir principalmente de regiões lisas (HG) (McCANN; ROBERTS, 1991;
SCHOLS; VORAGEN, 1996). A razão molar de Rha/(Ara+Gal) sugere que as frações W
(0,08) e ED (0,09) são pouco ramificadas, uma vez que esta razão é um indicativo do grau de
ramificação de cadeias laterais.
105
A fração CA, obtida com ácido cítrico, apresentou menor conteúdo de açúcares ácidos,
indicando que além de pectinas outros componentes da parede celular foram extraídos. A
fração CA apresentou arabinose como constituinte principal (39,6 %), seguido de xilose
(23,4%) e galactose (14,3 %), sugerindo a extração de arabinoxilanas e arabinogalactanas.
As frações hemicelulósicas, 2M e 6M apresentaram xilose como componente
majoritário (53,9 % e 55,6 %, respectivamente) indicando a presença de xilanas. Resultados
similares foram encontrados por Aboughe-Angone et al. (2008) para frutos de Argania
spinosa nas frações alcalinas obtidas com NaOH 1M e 4M (39 e 29 %); Vriesman et al.
(2009) em frutos de araçá na fração alcalina obtida com KOH 2M (69 %) e Santos et al.
(2010) em polpa de gabiroba na fração alcalina obtida com NaOH 2M (17 % ).
As frações polissacarídicas obtidas dos frutos de P. angulata por extrações sequenciais
foram analisadas por cromatografia de exclusão estérica (HPSEC) acoplada a detectores de
índice de refração (RI), que fornece um sinal proporcional à concentração do polímero e
detector de espalhamento de luz laser multiângulos (MALLS), que depende principalmente da
massa molecular. O perfil de eluição das frações está apresentado na FIGURA 3.
106
FIGURA 3 – PERFIL DE ELUIÇÃO POR HPSEC-MALLS DAS FRAÇÕES W(A); ED(B); CA(C); 2M (D) E
6M (E) OBTIDAS DOS FRUTOS DE P. angulata. LS, DETECTOR DE ESPALHAMENTO DE LUZ A 90º E
RI, DETECTOR DE ÍNDICE DE REFRAÇÃO.
Todas as frações apresentam um perfil de eluição polimodal sugerindo a presença de
uma mistura de polissacarídeos. Na fração W (FIGURA 3-A), observa-se um pico eluindo em
Tempo (min) Tempo (min)
Vol
ts
Vol
ts
Tempo (min)
Vol
ts
Volts
Vol
ts
LS
RI
LS
RI
LS
RI
LS
RI LS
RI (B) (A)
(C)
(D)
(E)
Tempo (min)
Tempo (min)
107
torno de 37 min detectado pelo espalhamento de luz, que coincide com um pico no índice de
refração, indicando que se trata de um componente de elevada massa molecular. Picos
detectados somente pelo índice de refração são observados em torno de 46 min e 58 min.
O principal componente da ED (FIGURA 3-B), eluiu em torno de 40 min, sendo
detectado simultaneamente pelo índice de refração e espalhamento de luz, indicando que se
trata de uma molécula de alta massa molar. Também foi observada a presença de compostos
de menor massa molar, detectados somente pelo índice de refração, eluindo em torno de 46
min e 60 min.
Na fração CA (FIGURA 3-C) observa-se o predomínio de um pico em torno de 50
min, também detectado pelo espalhamento de luz.
Dalonso (2010), Camlofski (2008), Vriesmann (2008), Pinheiro (2007), Santos (2006)
e Fertonani (2006) também obtiveram frações heterogêneas para pectinas de semente de
guaraná, polpa da cereja, polpa de cupuaçu, casca de maracujá amarelo, polpa de araçá
vermelho e bagaço de maçã, respectivamente, demonstrando que dificilmente se obtém uma
pectina pura.
Nas frações alcalinas (FIGURA 3-D e 3-E) os componentes de maior massa molar
(detectados simultaneamente pelo índice de refração e espalhamento de luz) estão presentes
em menor proporção. As frações 2M e 6M apresentam principalmente componentes de menor
massa molar, detectados somente pelo índice de refração.
O grau de esterificação das pectinas é influenciado pelo solvente e pelas condições de
extração utilizadas (WAI; ALKARKHI; EASA, 2010; EMAGA et al., 2008). Para determinar
o grau de esterificação das pectinas presentes nas frações W, ED e CA, as amostras foram
analisadas por espectroscopia de infravermelho (FT-IR), conforme a FIGURA 4. Foram
observados sinais nas regiões entre 3000 a 3600 cm-1
correspondendo aos grupos O-H, 2800 a
3000 cm-1
indicando a presença de C-H e sinais próximos a 1600-1760 cm-1
onde estão
localizadas as bandas dos grupos carboxílicos livres e esterificados (KAMNEV et al., 1998).
O grau de esterificação das frações pécticas (TABELA 2) foi calculado a partir das áreas das
bandas de absorção correspondentes às carboxilas esterificadas entre 1739 cm-1
a 1747cm-1
e
carboxilas livres entre 1618 cm-1
a 1629 cm-1
(MONSOOR; KALAPATHY; PROCTOR,
2001).
108
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
Absorb
ância
Número de onda
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
Absorb
ância
Número de onda
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
Ab
so
rbâ
ncia
Número de onda
FIGURA 4 – ESPECTRO DE INFRAVERMELHO (FT-IR) DAS FRAÇÕES PÉCTICAS W (A); ED (B); CA
(C) OBTIDAS DOS FRUTOS DE P. angulata
Observa-se na TABELA 3 um aumento no grau de esterificação das frações de acordo
com o tratamento utilizado. As frações W e ED apresentaram baixo grau de esterificação
(LM) (34,5 % e 44,7 % respectivamente), sugerindo que estas frações foram extraídas da
lamela média, sendo de fácil extração. Por outro lado, a fração CA, extraída com ácido cítrico
2 %, apresentou alto grau de esterificação (HM) (63,3 %), sugerindo pectinas da parede
B
C
Esterificado Livre
Livre Esterificado
Livre
Esterificado
o A
109
celular primária. Resultados similares foram encontrados por Santos et al. (2009) em frutos de
gabiroba, em que as pectinas extraídas com água apresentaram baixo grau de esterificação
(32,2 %) e as extraídas com ácido cítrico 5 % apresentaram alto grau de esterificação (62,4
%). Muhammad et al.(2014); Pinheiro et al. (2008) e Canteri-Schemin et al. (2005),
obtiveram pectina de alto grau de esterificação em amostras de casca de pitaya (63,7 %),
casca de maracujá amarelo (78,6 %) e bagaço de maçã (68,8 %) utilizando ácido cítrico em
concentrações de 0,086 a 6,2 g.100g-1
como solvente extrator.
TABELA 3 – GRAU DE ESTERIFICAÇÃO DAS FRAÇÕES PÉCTICAS (W, ED e CA)
OBTIDAS DOS FRUTOS DE Physalis angulata L.
Frações *Grau de esterificação (DE)
W 34,5
ED 44,7
CA 63,3
* Valores em porcentagem (%)
Nota: Fração W = fração polissacarídica extraída com água; Fração ED = fração
polissacarídica extraída com EDTA 2 %; Fração CA = fração polissacarídica extraída
com ácido cítrico 2 %;
As frações pécticas foram analisadas por 13
C-RMN. O espectro da fração W está
mostrado na FIGURA 5. A presença de ácido α-D-galacturônico na fração W foi evidenciada
pelos sinais em 102,2 e 100,2 ppm, que correspondem ao C-1 de unidades esterificadas e não
esterificadas, respectivamente. Em 170,4 e 174,6 ppm foram encontrados os sinais
correspondentes aos grupos carboxílicos metil-esterificados e livres, respectivamente. Em
52,8 ppm pode ser visualisado o sinal correspondente aos grupamentos metil-éster das
carboxilas esterificadas.
FIGURA 5 – ESPECTRO DE RMN DE 13
C DA FRAÇÃO W EM D2O A 70 °C.
//
110
O sinal em 99,2 ppm pode ser atribuído ao C-1 de unidades de -L-ramnose e o sinal
em 16,8 ppm ao C do grupo CH3.
Na região do C anomérico também são identificados sinais característicos de α-L-
arabino furanose em 109,1 e 107,1 ppm e o sinal em 104,4 ppm atribuído a unidades β-D-
galactose.
Os assinalamentos foram feitos em comparação com a literatura (WESTERENG et al.,
2008; TAMAKI et al., 2008; COZZOLINO et al., 2006; WESTERENG et al., 2006) e
indicam a presença homogalacturonana e ramnogalacturonana ramificada por arabinose e
galactose na fração W.
O espectro de 13
C-RMN obtido para as frações ED e CA (FIGURAS 6 e 7) apresentam
sinais semelhantes aos observados para a fração W, sugerindo que estas frações também
contêm pectinas ramificadas.
FIGURA 6 – ESPECTRO DE RMN DE 13
C DA FRAÇÃO ED EM D2O A 70 °C.
FIGURA 7 – ESPECTRO DE RMN DE 13
C DA FRAÇÃO CA EM D2O A 70 °C.
//
//
111
3.3. ANÁLISES REOLÓGICAS DAS FRAÇÕES PÉCTICAS
As curvas de viscosidade de soluções aquosas na concentração de 5 g.100g-1
das
frações W, ED e CA estão apresentadas na FIGURA 8, 9 e 10. Pode-se observar que as três
frações apresentaram o mesmo comportamento, indicando decréscimo na viscosidade com um
aumento da taxa de cisalhamento, caracterizando um comportamento não-Newtoniano do tipo
pseudoplástico. Vriesmann; Amboni; Petkowicz (2011); Min et al. (2011); Evageliou;
Ptitchkina; Morris (2005) e Haminiuk et al., (2006); também observaram um comportamento
pseudoplástico na mesma concentração do presente estudo, para pectinas extraídas de cascas
de cacau, bagaço de maçã, polpa de abóbora e em polpa de araçá respectivamente.
0.01 0.1 1 10 100
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
Vis
co
sid
ade
ap
are
nte
(P
a.s
)
Taxa de Cisalhamento (s-1)
FIGURA 8 – CURVA DE VISCOSIDADE APARENTE A 25 ºC DA FRAÇÃO W SOLUBILIZADA EM
ÁGUA DEIONIZADA A UMA CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
.
0.01 0.1 1 10 100
0.01
0.1
1
10
100
Vis
co
sid
ade
ap
are
nte
(P
a.s
)
Taxa de Cisalhamento (s-1)
FIGURA 9 – CURVA DE VISCOSIDADE APARENTE A 25 ºC DA FRAÇÃO ED SOLUBILIZADA EM
ÁGUA DEIONIZADA A UMA CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
.
112
0.01 0.1 1 10 100
0.01
0.1
1
10
Vis
co
sid
ade
ap
are
nte
(P
a.s
)
Taxa de Cisalhamento (s-1)
FIGURA 10 – CURVA DE VISCOSIDADE APARENTE A 25 ºC DA FRAÇÃO CA SOLUBILIZADA EM
ÁGUA DEIONIZADA A UMA CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
.
A TABELA 4 apresenta os valores de viscosidade aparente das três frações de
pectinas analisadas em três taxas de cisalhamento (0,1; 1 e 10 s-1
). A fração W apresentou os
menores valores de viscosidades, enquanto que a fração ED apresentou os maiores valores de
viscosidade em todas as taxas de cisalhamento. A viscosidade aparente da fração ED na taxa
de cisalhamento de 0,1 s-1
foi superior a observada para uma fração péctica extraída com
ácido cítrico da casca dos frutos de cacau (viscosidade aparente 7 Pa.s na taxa de
cisalhamento de 0,1 s-1
) (Vriesmann et al., 2011). Min et al. (2011) obtiveram valores de
viscosidade inferiores a 1 Pa.s na taxa de cisalhamento de 1 s-1
para duas frações de pectinas
obtidas do bagaço de maçã na concentração de 5 %.
TABELA 4 - VISCOSIDADE APARENTE DAS TRÊS FRAÇÕES OBTIDAS EM DIFERENTES
TAXAS DE CISALHAMENTO
Viscosidade aparente (Pa.s) em diferentes taxas de cisalhamento
0,1 s-1
1 s-1
10 s-1
Fração W 0,24 0,21 0,18
Fração ED 32,42 6,92 2,05
Fração CA 2,38 0,31 0,10
Nota: Fração W = fração polissacarídica extraída com água; Fração ED = fração polissacarídica extraída
com EDTA 2 %; Fração CA = fração polissacarídica extraída com ácido cítrico 2 %;
As frações de pectinas (W, ED, CA), extraídas do fruto de P. angulata solubilizadas
em água deionizada a uma concentração de 5 g.100g-1
foram avaliadas por análises
oscilatórias dinâmicas. Estas análises fornecem informações sobre o comportamento
viscoelástico das amostras, a partir dos valores do módulo elástico ou de armazenamento (G’)
e do módulo viscoso ou de perda (G’’), relacionados ao caráter sólido e líquido,
respectivamente (SCHRAMM, 2006).
113
As varreduras de frequência das frações W, ED e CA estão demonstradas nas
FIGURAS 11, 12 e 13 respectivamente.
0.1 1 10
1E-4
1E-3
0.01
0.1
1
10
100
1000
G' G
'' (P
a)
Frequência (Hz)
G'
G''
FIGURA 11– VARREDURA DE FREQUÊNCIA A 25 ºC DA FRAÇÃO W SOLUBILIZADA EM ÁGUA
DEIONIZADA A UMA CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
.
0.1 1 10
0.1
1
10
100
1000
G' G
'' (P
a)
Frequência (Hz)
G'
G''
FIGURA 12 – VARREDURA DE FREQUÊNCIA A 25 ºC DA FRAÇÃO ED SOLUBILIZADA EM ÁGUA
DEIONIZADA A UMA CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
.
10
0.1
1
10
100
1000
G' G
'' (P
a)
Frequência (Hz)
G'
G''
FIGURA 13 – VARREDURA DE FREQUÊNCIA A 25 ºC DA FRAÇÃO CA SOLUBILIZADA EM ÁGUA
DEIONIZADA A UMA CONCENTRAÇÃO DE 5 g.100g-1
.
114
Para a fração W (FIGURA 11) o módulo viscoso (G’’) foi superior ao módulo elástico
(G’), na faixa de frequência analisada, mostrando predomínio do caráter líquido e o valor de
ambos os módulos aumentou proporcionalmente com aumentos da frequência. Resultados
similares foram obtidos por Min et al. (2011) para amostras de pectinas de bagaço de maçã na
concentração de 5 %.
A fração ED (FIGURA 12) apresentou predomínio do comportamento elástico, com
valores de módulo de armazenamento (G’) superior aos valores do módulo de perda (G’’). A
fração ED apresentou inversão de comportamento viscoelástico (crossover) na frequência de
11 Hz. Vriesmann; Amboni; Petkowicz (2011) observaram este mesmo comportamento para
pectinas da casca de frutos de cacau obtidas por extração aquosa a 50°C quando analisadas na
concentração de 5 g.100g-1
. Entretanto, a pectina obtida da casca dos frutos de cacau
apresentou crossover na frequência de 1 Hz.
Aparentemente a fração CA (FIGURA 13) mostrou-se sensível a variação de
frequência, sofrendo perturbações em toda a faixa de frequência analisada.
4. CONCLUSÕES
A partir dos frutos de Physalis angulata foram obtidas frações contendo pectinas e
hemiceluloses. A composição monossacarídica das frações de hemiceluloses indicou a
presença de xilanas, arabinoxilanas e arabinogalactanas. A presença de pectinas foi
confirmada pela análise de espectroscopia de 13
C-RMN. Entre as frações pécticas, aquelas
obtidas por extração com água (W) e soluções aquosas de EDTA (ED) apresentaram os
maiores conteúdos de ácidos urônicos. A fração obtida com ácido cítrico (CA) apresentou
predomínio de monossacarídeos neutros. De acordo com o grau de metil esterificação, as
pectinas presentes nas frações W e ED foram caracterizadas como LM e as da fração CA
como HM. As análises reológicas das frações pécticas solubilizadas em água na concentração
de 5 g.100g-1
mostraram um comportamento de fluxo do tipo pseudoplástico e a fração ED
apresentou viscosidade aparente superior às demais frações em todas as taxas de
cisalhamento. As análises oscilatórias dinâmicas mostraram predomínio do caráter líquido
para a fração W, caráter sólido para a fração ED com crossover na frequência de 11Hz. A
fração CA mostrou-se sensível a variação de frequência, sofrendo perturbações em toda a
faixa de frequência analisada.
115
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CONCLUSÕES FINAIS
A proposta desta tese foi a avaliação dos compostos bioativos e polissacarídeos dos
frutos de Physalis angulata e seus subprodutos. Os resultados demonstraram que os frutos
apresentaram níveis significativos de compostos fenólicos e propriedades antioxidantes nos
extratos metanólicos durante a maturação. O ácido fenólico predominante foi o ácido ferúlico.
O estudo revelou que os subprodutos podem ser utilizados como matéria-prima para
elaboração de chás (cálice), fonte de obtenção de ácidos graxos insaturados e minerais
(farinha das sementes), desde que se façam os ensaios biológicos necessários nas amostras.
Devido à presença de compostos bioativos e pectinas (fonte de fibras), pode ser considerado
um alimento potencialmente funcional e promissor, apesar de ser pouco explorado no Brasil.
Conclui-se que a presente tese apresentou contribuição científica relevante, uma vez
que é escassa a bibliografia referente ao fruto nativo estudado.