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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC/CNPq e PIBIC/UFPA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: 01 de setembro de 2014 a 03 de agosto de 2015. ( ) PARCIAL (X) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: Instituto de Geociências da Amazônia - GEOCIAM Financiamento: INCT/MCT/CNPq/FAPESPA Nome do Orientador: Paulo Sergio de Sousa Gorayeb Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Geologia Unidade: Instituto de Geociências Título do Plano de Trabalho: CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA E LITOQUÍMICA DE GRANITOS DO CINTURÃO ARAGUAIA: ÊNFASE NO GRANITO BARROLÂNDIA E ROCHAS ENCAIXANTES BARROLÂNDIA/TO”. Nome do Bolsista: Layse Holanda Sousa Tipo de Bolsa: (X) PIBIC/FAPESPA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA –

PIBIC/CNPq e PIBIC/UFPA

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: 01 de setembro de 2014 a 03 de agosto de 2015. ( ) PARCIAL (X) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: Instituto de Geociências da Amazônia - GEOCIAM Financiamento: INCT/MCT/CNPq/FAPESPA Nome do Orientador: Paulo Sergio de Sousa Gorayeb Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Geologia Unidade: Instituto de Geociências Título do Plano de Trabalho: “CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA E LITOQUÍMICA DE GRANITOS DO CINTURÃO ARAGUAIA: ÊNFASE NO GRANITO BARROLÂNDIA E ROCHAS ENCAIXANTES – BARROLÂNDIA/TO”. Nome do Bolsista: Layse Holanda Sousa Tipo de Bolsa:

(X) PIBIC/FAPESPA

1- INTRODUÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA O presente relatório tem como finalidade apresentar as atividades e

resultados referentes ao trabalho de Iniciação Científica do programa PIBIC da Universidade Federal do Pará, com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA), desenvolvido no período de setembro de 2014 a agosto de 2015.

O estudo compreende o mapeamento geológico da área indicada do estudo destacada na Figura 1, com destaque para as áreas de ocorrência de corpos graníticos na região de Barrolândia (TO) e subordinadamente, o estudo complementar das rochas encaixantes destes corpos ígneos. Além do mapeamento, o trabalho abrangeu estudos petrográficos e litoquímicos das rochas graníticas e suas encaixantes.

A área de estudo localiza-se na porção central do estado do Tocantins, aos arredores da cidade de Barrolândia (Fig. 1), delimitada pelas coordenadas 48°40’ - 48°50’ W de longitude e 9°42’ - 9°58’ S de latitude, abrangendo área de aproximadamente 1120 km².

A região de estudo está inserida no contexto geológico do Cinturão Araguaia (CA) que corresponde a uma unidade geotectônica do Neoproterozoico localizada no Centro-Norte brasileiro, em posição estrutural norte-sul, com dimensões de aproximadamente 1200 km de comprimento por 100 km de largura.

O magmatismo granítico do Cinturão Araguaia é restrito em termos de área aflorante e em número de plútons, os corpos graníticos mais conhecidos são os granitos Santa Luzia, Presidente Kennedy e Ramal do Lontra. Este trabalho pretende avançar nos estudos de caracterização geológica, petrográfica e geoquímica do Granito Barrolândia, intencionando auxiliar com enriquecimento de dados desta granitogênese.

Figura 1 – Mapa de localização e região alvo de estudo que engloba a cidade de Barrolândia e arredores, no estado do Tocantins.

2- OBJETIVOS O Granito Barrolândia foi anteriormente estudado por Santos (2011) o

qual caracterizou a geologia e cartografou duas ocorrências deste corpo, no entanto não obteve dados geoquímicos completos notando-se, principalmente, a ausência de informações de elementos traços importantes, incluindo elementos terras raras, os quais são essenciais para a caracterização geoquímicas e qualificação tipológica.

Portanto, novos dados e detalhamento dos corpos graníticos dessa região foram conseguidos e são significativos para a reconstituição da evolução do Cinturão Araguaia, permitindo discutir a evolução dessa granitogênese.

O objetivo principal deste trabalho de Iniciação Científica é referente ao aperfeiçoamento de dados de mapeamento geológico, assim como petrográficos e geoquímicos dos corpos graníticos aflorantes nos arredores da região de Barrolândia – Tocantins. Mediante a relevância desse magmatismo granítico na reconstituição da evolução do Cinturão Araguaia (CA), o estudo das rochas do Granito Barrolândia e rochas encaixantes associadas contribuirão para o aprimoramento de discussões e possíveis propostas de modelos evolutivos para o CA.

Tendo em vista esta problemática, ressaltam-se alguns objetivos específicos:

Melhoria da cartografia geológica de semi-detalhe e redefinir as relações entre o corpo granítico e a suas rochas encaixantes;

Detalhar a petrografia classificar as rochas e discutir sobre os processos de instalação dos plútons graníticos;

Com os dados geoquímicos estabelecer a assinatura geoquímica dos granitos e também o ambiente tectônico da colocação deste corpo magmático;

Comparar dados obtidos na região com outras ocorrências graníticas do Cinturão Araguaia com a finalidade de compreender as relações entre estes granitos e a deles com a evolução do Cinturão.

3 - METODOLOGIA

Inicialmente foram realizados levantamentos bibliográficos a cerca do magmatismo granítico, do ponto de vista teórico, utilizando livros sobre magmatismo granítico (Gill 2014) e artigos específicos sobre este tema. Além disso, foram realizadas leituras prévias sobre o conhecimento geológico disponível na literatura sobre o Cinturão Araguaia, com maior ênfase nas rochas graníticas e rochas associadas. Para este conhecimento foram pesquisadas as bases do portal de periódico da CAPES, dissertações, teses, relatórios, mapas e artigos específicos.

Para a elaboração da base cartográfica foram utilizados mapas geológicos pré-existentes, como a Folha Miracema do Norte (SC-22-X-D), na escala de 1:250.000, e Carta SC-22-X-D, na escala de 1:250.000, do Modelo Digital de Elevação (MDE) da Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), que foram importantes para a preparação das bases cartográficas utilizadas no trabalho de campo (Figura 2). O mapa de localização (Figura 1) foi produzido com base em dados do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), tal como shapefiles da malha rodoviária do Brasil (disponível em www.dnit.gov.br) e também do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), utilizando shapefiles do território brasileiro e das cidades do Brasil, destacadamente as cidades do estado de Tocantins (disponíveis em

www.ibge.gov.br). Para a elaboração dos mapas utilizaram-se os softwares ArcGis, Corel Draw e Global Mapper, disponibilizados no Laboratório de Análises de Imagens do Trópico Úmido (LAIT) – do Instituto de Geociências da UFPA. Nesta fase selecionaram-se áreas-alvos no estado de Tocantins que teve como produto o mapa-base para os trabalhos de campo.

Os trabalhos de campo foram realizados no período de 22 de novembro a 01 de dezembro de 2014. No dia-a-dia os levantamentos de campo do corpo granítico e encaixantes se concentraram principalmente ao longo de estradas, rede de drenagem e em pedreiras, totalizando sete pontos de afloramento visitados (Tab. 1).

Nesta etapa do trabalho a utilização de GPS (Global Position System) foi de suma importância no posicionamento dos afloramentos e amostragem realizada envolvendo coletas de amostras para estudos litoquímicos e petrográficos. O procedimento para coleta de amostras destinadas ao estudo litoquímico necessitou de certos cuidados, evitou-se amostragem próximo a veios, áreas fraturadas, intemperizadas e limite entre a rocha granítica e a rocha encaixante. As amostras foram fragmentadas e armazenadas em sacos plásticos apropriados e identificados de acordo com o ponto de afloramento. A amostragem destinada da análise petrográfica foi realizada de modo a obter exemplares com as características mineralógicas e estruturais bem representativas do afloramento.

Além do equipamento de posicionamento geográfico (GPS) outros materiais utilizados foram martelo de geólogo, marreta, bússola, mapas, sacos plásticos e materiais de escritório, e para os deslocamentos durante os trabalhos de campo foi utilizando o veículo Mitsubishi L-200 Triton, todos disponibilizados pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará.

Foram selecionadas nove amostras de mão e sete lâminas para a análise petrográfica com a utilização de microscópio ótico petrográfico para identificação de minerais, análises de texturas magmáticas, microtexturas e feições deformacionais, e determinações de análises modais com auxílio de um contador automático de pontos marca Swift do Laboratório de Petrografia do PPGG/UFPA para a classificação das rochas graníticas de acordo com a IUGS (Streckeisen,1976; Le Maitre et al., 2002; Fettes & Desmonds, 2008; Gill, 2010).

Para os estudos litoquímicos foram selecionadas cinco amostras as quais foram adequadamente tratadas no Laboratório de Preparação de Amostras do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará. O procedimento de preparação de amostras para estudos litoquímicos envolveu os seguintes passos:

Britagem das amostras no britador de mandíbula e moagem no equipamento sheatterbox do Laboratório de Preparação de Amostras para reduzir à granulação areia fina;

Quarteamento das amostras no quarteador mecânico de aço do Laboratório de Sedimentologia;

Homogeneização e quarteamento pelo método de quadriculamento em cartolina;

Homogeneização e pulverização no moinho de ágata do Laboratório de Sedimentologia do IG/UFPA, até se atingir as condições granulométricas adequadas para análise laboratorial.

4 - RESULTADOS Os resultados alcançados estão de acordo com o cronograma

estabelecido no plano de trabalho, exceto a análise litoquímica. As amostras para o estudo litoquímico foram devidamente preparadas a ponto de serem enviadas para análise em um laboratório comercial, porém por causa de problemas burocráticos, ainda não se têm disponível os resultados. Portanto, não constam neste relatório os dados geoquímicos.

Foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre a geologia do Cinturão Araguaia, da região em estudo e sobre os temas abordados, resultando em um resumo sobre o conhecimento geológico geral do Cinturão Araguaia sendo feito o levantamento de todas as informações disponíveis na literatura sobre os granitos desta unidade geotectônica.

No período de 23 de novembro a 01 de dezembro de 2014 foi realizado a expedição de campo para a região de Barrolândia-TO, que teve como objetivo o levantamento de dados geológicos, coletas de amostras para estudos de petrográficos e litoquímicos. Obteve-se como produto um mapa geológico, na escala de 1:140.000, com o mapeamento de três corpos graníticos e a redefinição dos limites do contato entre o Granito Barrolândia e as rochas encaixantes, para isto foram utilizando programas computacionais do Laboratório de Análise de Imagens do Trópico Úmido (LAIT) no Instituto de Geociências, UFPA.

Para os estudos petrográficos foram confeccionadas sete lâminas petrográficas (sendo uma lâmina da rocha encaixante), dentre as nove amostras coletadas em campo. A análise petrográfica envolveu a descrição mesoscópica e microscópica do conteúdo mineralógico, análises microestruturais ígneas e deformacionais, e a classificação das rochas. 4.1 - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

A Província Tocantins (Almeida, 1977) compreende terrenos localizados entre os crátons São Francisco (a leste) e Amazônico (a oeste). Na porção norte desta província situa-se o Cinturão Araguaia (Figura 5.1), limitado ao oeste pelo Cráton Amazônico; ao norte, leste e nordeste recoberto por rochas sedimentares da Bacia do Parnaíba, e ao sul e sudeste este Cinturão bordeja os terrenos paleoproterozoicos pertencentes ao Maciço de Goiás (Gorayeb et al., 2008).

O Cinturão Araguaia (CA) é uma unidade geotectônica de idade Neoproterozoica constituída predominamente por rochas metassedimentares pelíticas e psamíticas, e subordinamente por rochas carbonáticas e rochas máficas e ultramáficas. Esta diversidade de litotipos é espacialmente disposta em aproximadamente 1200 km de comprimento por 100 km de largura, dimensões estas atribuídas ao CA, e em uma estruturação geral orientada submeridianamente (Gorayeb et al., 2008).

De maneira abrangente, o embasamento do CA é representado por ortognaisses de idade arqueana do Complexo Colméia (2,85 Ga) localizado nas porções leste e centro-norte do Cinturão Araguaia em núcleos erodidos de estruturas braquianticlinais e pelo Grupo Rio do Coco (2,5 Ga) composto por uma sequência de rochas vulcano-sedimentares (Arcanjo & Moura, 2000) disposta no segmento centro-sul da unidade geotectônica.

As rochas que compõem o Cinturão Araguaia são reunidas no Supergrupo Baixo Araguaia, sendo este dividido nos grupos Estrondo e Tocantins.

O Grupo Estrondo por sua vez é subdividido nas formações Morro do Campo e Xambioá. A Formação Morro do Campo representa a porção basal do Grupo e compreende quartzitos puros, quartzitos muscovíticos, magnetita e cianita quartzitos, além de intercalações de micaxistos, ocorrendo principalmente contornando as bordas de estruturas braquianticlinais (Gorayeb et al., 2008).

Sobrepondo a Formação Morro do Campo ocorre a Formação Xambioá, esta por sua vez é constituída por micaxistos variados, como muscovita xisto, grafita xisto, xistos feldspáticos, micaxisto com granada, estaurolita e/ou cianita, biotita quartzo xistos e também mármores, anfibolitos, metamáficas e metaultramáficas. Esta formação apresenta-se amplamente distribuída ao longo do Cinturão Araguaia, além disto, é a unidade onde estão registradas as condições de relativamente de mais alto grau metamórfico (Gorayeb et al., 2008).

Por sua vez, o Grupo Tocantins é composto pelas Formações Pequizeiro e Couto Magalhães. A Formação Pequizeiro é compreendida por clorita-muscovita-quartzo xistos, filitos e intercalações de quartzitos. Sobrejacente a esta Formação encontra-se a Formação Couto Magalhães a qual é constituída por filitos com intercalações de quartzitos hematíticos e jasperóides, e também por ardósias e metassedimentares (Gorayeb, 1981).

O grau metamórfico no CA aumenta a partir das rochas pertencentes ao Grupo Tocantins em direção as rochas do Grupo Estrondo, variando progressivamente de anquimetamorfismo até a fácies anfibolito médio.

Macambira (1983) obteve idades K/Ar entre 518 e 565 Ma em biotita e muscovita de xistos e em hornblenda de anfibolitos do Grupo Estrondo. O mesmo autor obteve idade de Rb-Sr em rocha total obtendo a idade de 590 ± 19 Ma, interpretada como a idade de metamorfismo do Grupo Estrondo.

Por todo o Cinturão Araguaia ocorre um grupo de rochas metamáficas e metaultramáficas que estão alojadas de forma concordante ou discordantemente à estruturação desta unidade geotectônica, algumas rochas descritas deste grupo foram peridotitos serpentinizados, anfibolitos e metabasaltos (Gorayeb et al., 2008). Também foram apontadas por Gorayeb (1981) como de corpos ofiolíticos os quais foram estudados com mais detalhe por Barros (2013) e Silva Neto (2014). 4.2 – O MAGMATISMO GRANÍTICO DO CINTURÃO ARAGUAIA

Além de rochas metassedimentares e metamáficas, também são identificados, no Cinturão Araguaia, corpos graníticos alojados em rochas metassedimentares do Grupo Estrondo – micaxistos e quartzitos na porção leste do CA, domínio este de mais elevado grau metamórfico. Dentre os corpos graníticos os mais bem conhecidos e estudados são os granitos Ramal do Lontra (Abreu, 1978; Macambira, 1983; Alves, 2006), Presidente Kennedy (Bulhões & Dall’Agnol, 1985; Santos, 2011) e o Granito Santa Luzia (Lamarão & Kotschoubey, 1996; Moura & Sousa, 2002).

Abreu (1978) identificou corpos granitóides aflorantes no “Ramal do Lontra”, a leste da Braquianticlinal do Lontra, na região de Xambioá-TO. Mas foi Macambira (1983) que iniciou os estudos de caráter mais aprofundado através de análises petrográficas e geocronológicas no Granito Ramal do Lontra, os resultados alcançados por definiram o conteúdo mineralógico composto por oligoclásio, quartzo e microclina, sendo pobre em minerais máficos. Além disto, o autor identificou feições deformacionais, como a

orientação mineral incipiente e encurvamento das maclas dos cristais de oligoclásio. No entanto, ele relata não haver feições metamórficas. A idade proposta por Macambira (1983), utilizando o método Rb/Sr em rocha total, foi de 496,7 ± 46, 4 Ma, com base nestes dados Macambira interpretou este corpo como de origem tardi-tectônica.

Outros trabalhos foram executados sobre o Granito Ramal do Lontra, Alves (2006) descreve o conteúdo mineralógicos e as feições texturais deste Granito, que considera as rochas deste corpo como sendo hololeucocráticas (M = 6), equigranulares de granulação média, apresentando texturas metamórficas (com predomínio de texturas granoblástica e relíquiar granular hipidiomórfica). O conteúdo mineralógico principal composto por plagioclásio peristerítico, quartzo e microclina, classificando os litotipos como muscovita-biotia meta-monzogranitos e muscovita-biotita meta-monzogranito a granodioritos. As classificações geoquímicas e dados normativos com a presença de coríndon normativo, levaram Alves (2003) a indicar a natureza leucogranítica e o caráter peraluminoso para o Granito Ramal do Lontra. Este autor obteve como resultado geocronológico, através de método de evaporação de Pb em zircão, a idade média de 549 ± 5 Ma. Através dos resultados petrográficos geocronológicos e geoquímicos, Alves (2003) interpretou a relação do Granito Ramal do Lontra com uma granitogênese peraluminosa com alojamento sin-tectônico.

A sul e sudeste da cidade de Paraíso do Tocantins, Costa et al. (1983) agruparam diversos corpos graníticos na Suíte Santa Luzia, considerando as semelhanças macroscópicas, pois tratam-se de corpos arredondados e ovalados com diâmetros com variação entre 1 e 10 km, e diques alojados em micaxistos e quartzitos do Grupo Estrondo. Nas bordas destes corpos foi registrada uma foliação desenvolvida de modo incipiente. Petrograficamente são rochas leucocráticas pobres em máficos, muitas vezes sem minerais máficos, de granulação média com variação grossa e apresentam leves feições porfiríticas.

Lamarão & Kotschoubey (1996) ao estudar o Granito Santa Luzia afirmam que este ocorre em forma de pequenos stocks, diques, veios e lentes que intrudem geralmente de forma concordante aos micaxistos do Grupo Estrondo. Os estudos petrográficos realizados por estes autores revelam que são granitoides com variação de granodiorito, monzogranito e granito pegmatóide, eles exibem coloração acinzentada a rosa-acinzentada. Quimicamente o Granito Santa Luzia foi caracterizado como peraluminoso. Lamarão & Kotschoubey (1996) interpretam que o alojamento deste corpo foi sin a tard-tectônico à evolução do Cinturão Araguaia e concordam com a interpretação, proposta por Dall’Agnol et al. (1988), de que a principal fonte para o magma formador deste granito foi o Complexo Colméia. Duas datações foram realizadas para o Granito Santa Luzia, a primeira por Moura & Gaudette (1993), utilizando o método de evaporação de Pb com filamento simples revelou idade de 583 ± 39 Ma. A segunda por Moura & Sousa (2002), através do método de evaporação de Pb com filamento duplo, forneceram idades entre 550 e 560 Ma.

Bulhões & Dall’Agnol (1985) estudaram dois corpos intrusivos, situados a leste do domo de Colméia, nas proximidades de cidade de Paraíso do Tocantins – TO, designados de Granodiorito Presidente Kennedy, alojados em quartzitos e micaxistos do Grupo Estrondo. Estes corpos correspondem a rochas homogêneas, com foliação dominada pela orientação preferencial de micas, que é mais evidenciada nas bordas e torna-se difusa no centro dos

corpos, e rochas foram classificadas petrograficamente como muscovita-biotita granodiorito e muscovita-biotita monzogranito. Bulhões & Dall’Agnol (1985) relataram feições deformacionais e de recristalização, consideram que os corpos experimentaram metamorfismo de baixo grau sendo possível preservar as características ígneas primárias. Os dados estruturais obtidos por estes autores levaram a propor que os corpos foram colocados por processos diapíricos, possivelmente relacionados com a formação das estruturas braquianticlinais do Cinturão Araguaia.

Santos (2011) também estudou o Granito Presidente Kennedy apresentou concordância com os resultados obtidos por Bulhões & Dall’Agnol (1985) em relação a classificação. Os dados geoquímicos obtidos por Santos (2011) revelaram a natureza leucogranítica e o caráter fracamente peraluminoso com elevados valores SiO2, Al2O3 e álcalis, e baixos valores de MgO, Fe2O3(t) e TiO2, assemelham-se com os dados obtidos em granitos sin-colisionais. Santos (2011) obteve a idade média de 539,0 ±5,3 Ma, através do método de evaporação de Pb em zircão, a partir dos resultados geoquímicos, geocronológicos e petrográficos o autor concluiu que o Granito Presidente Kennedy teve alojamento sin-colisional relacionado arco vulcânico, associado com a fase principal da evolução tectônica do Cinturão Araguaia no fim do Neoproterozóico.

O Granito Barrolândia que é o objeto de pesquisa deste trabalho foi reconhecido por Santos (2011), identificando dois corpos graníticos de pequenas dimensões aflorantes na região de Barrolândia – TO. O mesmo autor ainda abordou em seus estudos os aspectos petrográficos, geocronológicos e geoquímicos, além da realização do mapeamento dos plútons. Os estudos petrográficos obtiveram como resultado a mineralogia essencial formada por microclina, oligoclásio, quartzo, biotita e muscovita. Já os resultados geocronológicos adquiridos através do método de evaporação de Pb em zirção não foram satisfatórios, sendo assim não se determinou uma idade deste granito.

Desta forma, o trabalho aqui apresentado aperfeiçoou os estudos realizados por Santos (2011) com o intuito de colaborar com o aprimoramento da compreensão dos processos geológicos relacionados ao Cinturão Araguaia.

Por mais que estes corpos graníticos sejam espacialmente pouco expressivos o estudo e o detalhamento geológico destes são de suma importância para compreensão da evolução geológica do Cinturão Araguaia, de tal forma que a literatura científica associa este magmatismo com a fase principal do metamorfismo regional do seguinte cinturão.

Figura 2 - Mapa geológico do Cinturão Araguaia, segundo Gorayeb et al.(2008), com a distribuição das unidades litoestratigráficas e as idades das unidades mais expressivas, e indicação da área-alvo do trabalho.

5- GEOLOGIA DA REGIÃO DE BARROLÂNDIA Durante o trabalho de campo realizado entre os meses de novembro a

dezembro de 2014 foram estudados detalhadamente setes pontos de afloramento (Tab. 1) que envolveram o mapeamento de quatro unidades litoestratigráficas distintas que são representadas no mapa geológico da Figura 2.

As quatro unidades litoestratigráficas reconhecidas e mapeadas na área de estudo foram o Grupo Estrondo caracterizado por biotita-quartzo xistos e muscovita quartzitos da Formação Xambioá, o Granito Barrolândia, unidades de rochas sedimentares paleozoicas da Bacia do Parnaíba e coberturas detrito-lateríticas. Adiante todas as unidades serão descrita detalhadamente. Tabela 1 – Lista de afloramentos estudados com os tipos de amostragem e coordenadas geográficas.

Siglas

de afloramentos

Coordenadas Long/Lat.

Rocha Toponímia

Amostragem

Petrografia Litoquímica

JN-15 48°44’

38.543’’W/ 9°43’34.2’’S

Muscovita-Biotita Monzogranito

Lajedo às margens do rio Providência, acesso

através de uma estrada não pavimentada localizada no lado

esquerdo da BR-153, direção Barrolândia-

Miranorte.

X X

JN-16a

JN-16b

JN-16c Biotita-Quartzo Xisto

Biotita-Quartzo Xisto e Muscovita-Biotita Monzogranito

JN-16d

48°44’41.895’’W /

9°43’’28.487’’S

Muscovita-Biotita Monzogranito Pedreira abandonada, às

margens da estrada não pavimentada localizada

no lado esquerdo da BR-153, direção Barrolândia a Miranorte, a 7,75 km de

Barrolândia.

X X

Veios Pegmatitos X

Biotita-Quartzo Xisto

X X

Biotita-Quartzo Xisto e Muscovita-

Biotita Monzogranito

X

JN-17 48°49’25.011’’

W/9°43’32.242’’S

Muscovita-Biotita Monzogranito

Lajedo exposto em uma estrada não

pavimentada, próximo à fazenda Serra da Lopa.

X

JN-18 48°49’31.522’’

W/ 9°43’44.844’’S

Muscovita-Biotita Monzogranito

Afloramento tipo lajedo em estrada vicinal, próximas à fazenda

Serra da Lopa.

X

JN-19 48°49’55.658’’

W/ 9°44’14.923”S

Muscovita-Biotita Monzogranito

Afloramento tipo lajedo em estrada vicinal, próximas à fazenda

Serra da Lopa.

JN-20 48°44’20.706’’W

/ 9°55’57.083’’S

Leucomonzogranito

Lajedo no Balneário Cachoeirinha, às

margens do rio São José e na ponte localizada na BR-153 entre Barrolândia e Paraíso do Tocantins.

X X

JN-21 48°45’11.946’’W

/ 9°56’19.325’’S

Muscovita-Biotita Monzogranito

Pedreira Santa Mônica, a margem da rodovia BR-153 entre Barrolândia e Paraíso do Tocantins, aproximadamente a 12

km de Barrolândia.

X X

Figura 2 – Mapa geológico com a distribuição das quatro unidades litoestratigráficas da área de estudo e indicações dos pontos de afloramento.

5.1 -Geologia estrutural Com base em dados estruturais coletados no campo e de

fotointerpretação, na área de estudo há predominância de dois trends de fraturas e falhas, um com direção NW-SE e outro NE-SW. Subordinamente há trends com direção N-S e W-E, como observado no mapa geológico (Figura 2).

Na porção central da área mapeada é frequente a ocorrência de falhas contracionais com direção NW-SE e com mergulho para NE em contato com os biotita-quartzo xistos e muscovita quartzitos da Formação Xambioá e em alguns casos bordejando os corpos graníticos.

Além de falhas, na faixa formada pelos litotipos da Formação Xambioá ocorrem foliações com direção NNW-SSE, com variação de 160º a 175º Az, e com mergulhos médios e altos entre 32º a 75º para NE. Estas mesmas atitudes são registradas nas foliações encontradas no Granito Barrolândia. Os altos ângulos de mergulho de foliação das rochas metassedimentares podem estar associados a dobramento enquanto valores de médios ângulos de mergulho de foliação relacionados com cavalgamentos.

No segmento sudoeste da área a Formação Xambioá encontra-se em contato tectônico com as rochas sedimentares da Bacia do Parnaíba, a interface entre as duas é estabelecida por uma falha normal com direção NW-SE mergulhando para SW definindo um gráben. No extremo leste também ocorrem falhas normais com direção NW-SE com mergulho para NE inseridas nas unidades da Bacia do Parnaíba.

Ao longo de toda a área nota-se a presença de fratura e/ou falhas indiscriminadas, em algumas situações com rede de drenagem instalada nestes pontos. Há dois conjuntos principais de fraturas e/ ou falhas indiscriminadas, um com direção NW-SE com exemplar em contato com corpo granítico localizado no centro-sul da área, e o outro com direção NE-SW, secundariamente, fraturas ou/e falhas com direção N-S e W-E. 5.2- Unidades Litoestratigrafia 5.2.1- Formação Xambioá (Neoproterozoico)

Na área de estudo a Formação Xambioá possui grande distribuição aflorante equivalente a aproximadamente 45% da porção mapeada (Figura 2), disposta em uma larga faixa que atravessa área com direção NW-SE. Os micaxistos da Formação Xambioá fazem contato com o Granito Barrolândia e são recobertos por rochas sedimentares paleozoicas da Bacia do Parnaíba.

Biotita-quartzo xistos são os representantes da Formação Xambioá na área sendo expostos principalmente em forma de lajedo de dimensões métricas. Não apresentam grandes formas de relevo, comumente os corpos desta formação são representados por superfícies levemente onduladas e de grande distribuição geográfica. Os biotita-quartzo xistos apresentam-se com cor cinza escuro, granulação média com porções grossas e são fortemente foliados em que a xistosidade é definida por biotita orientada preferencialmente. Em algumas situações, além de xistosidade, ocorrem o bandamento em que há alternância de bandas milimétricas enriquecidas em quartzo e feldspatos e bandas de biotita e quartzo (Fig. 3 A). A foliação possui direção NNW-SSE, variando de 160º a 175º Az e com mergulho entre 32º a 75º para NE.

Outra característica observada é a presença de enclaves subangulosos de dimensões métricas de biotita-quartzo xisto em rochas graníticas, o contato entre o enclave e o granito é irregular (Fig. 3 B).

Figura 3 – A) Biotita-quartzo xisto com forte foliação e bandamento com alternância de bandas de quartzo e feldspato e bandas de biotita; B) Enclave centimétrico de biotita xisto com as bordas irregulares em um muscovita-biotita monzogranito.

5.2.2- Granito Barrolândia

O Granito Barrolândia corresponde apenas 5% da área estudada, ele está em contato com os micaxistos da Formação Xambioá, é recoberto parcialmente por unidades da Bacia do Parnaíba e coberturas detrito-lateríticas.

Durante o mapeamento foram reconhecidas três pequenos corpos do Granito Barrolândia, que são caracterizados pelas pequenas expressões em dimensão formando stocks e apresentam geometrias levemente diferenciadas entre si. O corpo ocorrente no centro-norte apresenta geometria elipsoidal alongada em que o seu maior eixo acompanha a foliação dos biotita-quartzo xistos, o diâmetro maior possui aproximadamente 4,5 km e o menor 1,5 km; o corpo localizado a noroeste é um corpo alongado e estreito em que o maior eixo segue a direção da foliação, o maior diâmetro apresenta o valor de aproximadamente 3 km e o menor de 1 km; e o corpo posicionado no centro-sul é o mais expressivo em área aflorante, tem formado ovoide levemente orientado que também acompanha a direção da foliação e apresenta 5 km de diâmetro maior e de 3,5 km de diâmetro menor.

Estes corpos graníticos afloram ao longo de margens de drenagem, lajedos e em morros (Fig. 4 A). Nos segmentos noroeste e centro-sul se localizam os corpos com maior expressão (JN-17, JN-18 e JN-20 e JN-21) em relação ao corpo situado na porção centro-norte (JN-15 e JN-16), as exposições dos corpos graníticos nestes pontos ocorrem em pedreiras e em lajedos. Estes corpos não formam grandes estruturas no relevo.

Nas três áreas de exposição, o Granito Barrolândia possui relações de contato intrusivas concordantes e subconcordantes com a estruturação dos micaxistos da Formação Xambioá. Em certas situações (JN-16, JN-17 e JN-18), nas bordas do granito é definida uma foliação marcada por orientação de cristais de biotita concordantes com a foliação do biotita-quartzo xisto, este com direção de xistosidade NNW-SSE. Nas outras localidades o granito não apresenta foliação ou é extremamente fraca. Não foi identificado metamorfismo de contato entre os micaxistos e os granitos.

Figura 4 – A) Aspectos gerais do Granito Barrolândia na Pedreira Santa Mônica, numa frente de lavra onde há exploração de brita. B) Trata-se de um xenólito tabular de biotita xisto da Formação Xambioá envolvida pelo Granito Barrolândia. C) Contato intrusivo do microgranito no xisto. D) Granito cortado por veio pegmatítico de espessura centimétrica. E) Detalhe do pegmatito, formado por K-feldspato, quartzo e muscovita além de cristais bem desenvolvidos de turmalina (em destaque nas elipses amarelas). F) Enclaves de concentrados de cristais de biotita (delimitado por círculo amarelo).

Os enclaves, anteriormente citados, mostram contato irregular com o granito e neles foram observadas feições digeridas em que pedaços de micaxistos foram consumidos pelo corpo granítico (Fig. 5.4 B).Além disto, outra característica observada é a presença de veios com espessura centimétrica formado por granito de granulação fina e de cor rosa-claro em contato

concordante com os planos de foliação do biotita-quartzo xisto (Fig. 5.4 C). Outras feições verificadas no Granito Barrolândia referem-se à ocorrência de veios pegmatíticos (Fig. 5.4 D) de formas tabulares, de espessuras centimétricas e compostos por K-feldspato, quartzo, plagioclásio, muscovita e/ou turmalina (Fig. 5.4 E), e a recorrente presença de concentrados de cristais de biotita em formas elípticas e com dimensões entre 5 a 12 cm no maior diâmetro e de 4 a 6 cm no menor diâmetro (Fig. 5.4 F), em certas porções as bordas deste concentrado se apresentam corroídas originando irregularidade entre o contato deste e do granito. 5.2.3- Unidades da Bacia do Parnaíba (Paleozoico)

As rochas sedimentares de idade paleozoica da Bacia do Parnaíba apresentam dois comportamentos na área, o segmento leste destaca planaltos formados por sucessão sedimentar sub-horizontal estabelecendo uma inconformidade com as rochas metassedimentares e graníticas do Cinturão Araguaia. Já na porção sudoeste, as rochas pertencentes a Bacia do Parnaíba ocorrem em um gráben, cujo limite entre as unidades paleozoicas e as rochas neoproterozoicas é definido por uma falha normal de direção NW-SE.

Os litotipos predominantes das unidades da Bacia do Parnaíba na área de estudo são arenitos claros, com granulometria média a grossa, e com restritas intercalações de siltitos e folhelhos. 5.2.4 - Cobertura detrito-laterítica (Cenozoico)

Correspondendo a aproximadamente 7% da área estudada a cobertura detrito-laterítica localiza-se nas porções sudeste e leste, recobrindo o granito Barrolândia e as unidades da Bacia do Parnaíba. Esta cobertura data o cenozoico e possui composição argilo-siltosa intensamente ferruginosa. 6 – PETROGRAFIA

Os estudos petrográficos envolveram a descrição de nove amostras de mão e sete lâminas petrográficas, diferenciando-as em dois litotipos graníticos e um micaxisto, de acordo com o conteúdo mineralógico e baseado no diagrama QAP de Streckeisen (1976) para classificação de granitóides, os tipos identificados foram muscovita-biotita monzogranito e leucomonzogranito. Já a rocha metassedimentar foi classificada como biotita-quartzo xisto. Para executar estudos, foi utilizado microscópio ótico petrográfico convencional do Laboratório de Petrografia do Instituto de Geociências-UFPA.

6.1 - Formação Xambioá

Para esta Formação foram descritas duas amostras de mão e uma lâmina petrográfica, sendo reconhecido um litotipo, a saber: biotita-quartzo xisto.

Biotita-quartzo Xistos (amostras JN-16B e JN-16D).

Rocha de granulação média com variação grossa, de cor cinza escuro e com foliação tipo xistosidade intensamente marcada por orientação de lamelas de biotita. Além da xistosidade bem definida, em algumas situações ocorrem veios quartzo-feldspáticos, por vezes vistos em formas amendoadas.

O conteúdo mineralógico do quartzo-biotita xisto é representado por quartzo (35 a 45%), biotita (30 a 35%), plagioclásio (10 a 15%), epidoto (7 a 10%) e microclina (5 a 7%). Os minerais acessórios são compreendidos por

titanita, zircão e minerais opacos. Como minerais secundários ocorrem sericita, carbonato e clorita.

Com base em Fettes & Desmonds (2008), o quartzo-biotita xisto apresentam duas microtexturas, a textura lepidoblástica caracterizada pela orientação de cristais de biotita, como observado na figura 5.5 B, e o bandamento, este definido por alternância de bandas enriquecias em quartzo e plagioclásio e bandas dominadas por biotita e quartzo. Localmente ocorre uma terceira textura, esta é formada por minerais subédricos de quartzo e feldspato em contato reto formando pontos tríplices, qualificando a textura granoblástica poligonal. (Figura 5).

Os cristais de quartzo ocorrem geralmente em agregados granoblásticos, com formas subédricas, e em menor proporção anédricas, com tamanho entre 0,3 mm e 2 mm, com contatos retilíneos entre si, e também com cristais de plagioclásio e microclina, por vezes produzem pontos tríplices. Localmente, há cristais mais desenvolvidos que exibem extinção ondulante e bordas recristalizadas.

Os cristais de biotita ocorrem com hábito lamelar, com forma subédrica e contato retilíneo com os demais minerais, com uma orientação marcante, sendo o principal mineral que define a foliação nessa rocha. O tamanho destes cristais varia entre 0,2 a 1,5 mm. No geral possuem pleocroísmo amarelo creme (X) a verde amarronzado (Z, Y).

Os plagioclásios são pequenos cristais de tamanho de 0,3 a 0,6 mm, com formas subédricas que definem contatos retos com biotita, quartzo e microclina, ocorrem juntamente com quartzo num arranjo granoblástico. Ocasionalmente, é possível notar o maclamento albita dos cristais de plagioclásio.

Os cristais de epitodo são euédricos ou subédricos, com hábitos granulares ou tabulares, ocorrem exemplares com zoneamento e com cor de interferência anômala. Os contatos com outros minerais são tipicamente retilíneo, como com os cristais de quartzo, biotita e plagioclásio.

Os cristais de microclina, como os de plagioclásio, são subédricos, com tamanhos entre 0,3 a 0,5 mm e possuem contato retilíneo com o quartzo. Além disto, é notável o maclamento xadrez típico deste mineral.

Os minerais acessórios são representados por titanita, zircão e minerais opacos. A titanita apresenta-se em cristais pequenos euédricos e, subordinadamente, subédricos que ocorrem em pequenos aglomerados associados a cristais de biotitas. Os cristais de zircão são subédricos e podem aparecer em aglomerações, comumente ocorrem relacionadas a cristais de biotita e quartzo. Os minerais opacos cristais subédricos

Os minerais secundários são formados por sericita e carbonato, como produtos de alteração do plagioclásio, e clorita originada através do processo de alteração em minerais biotitas.

Figura 5 – Aspectos texturais do biotita-quartzo xisto da Formação Xambioá. A) Bandamento com alternância entre banda de biotita e quartzo e banda de quartzo e feldspato. B) Textura lepidoblástica com orientações de lamelas de biotita, entre elas há a ocorrência de um quartzo alongado e com as bordas recristalizadas.C) Textura granoblástica formada por cristais subédricos e anédricos de quartzo, plagioclásio e microclina.

6.2 – Granito Barrolândia Para o estudo petrográfico do Granito Barrolândia foram executadas as

descrições de sete amostras de mão e seis lâminas delgadas. No diagrama QAP de Streckeisen (1976) as estimativas mineralógicas das amostras (Tabela 2) restringiram-se ao campo de monzogranitos (Fig. 6), e com base nos componentes varietais, obteve-se como resultado dois litotipos reconhecidos, a saber: muscovita-biotita monzogranito e leucomonzogranito.

Baseado nos critérios de Fettes & Desmonds (2008) e Gill (2010), foram abordadas microestruturas e texturas nos muscovita-biotita monzogranitos e leucomonzogranitos em que foram reconhecidas quatro texturas de natureza ígnea, ela são: granular hipidiomórfica, caracterizadas por cristais subédricos, principalmente, de microclina e plagioclásio; mimerquítica evidenciada através do intercrescimento de quartzo em forma de gotas, principalmente, e vermes em plagioclásio em contato com a microclina, e, em alguns casos, não há cristais de microclina nas proximidades, resultando na textura simplectítica; e por fim, há cristais de plagioclásio com zoneamento concêntrico. Além de texturas ígneas, foram diferenciadas duas texturas de caráter deformacional, a saber: a orientação de minerais lamelares de e muscovita, proporcionando a natureza foliada; e, a textura granoblástica poligonal formada por cristais anédricos e subédricos de quartzo, microclina e plagioclásio em contatos retos, comumente resultando em pontos tríplices (Fig. 7). Tabela 2 - Composições modais (%) de seis amostras do Granito Barrolândia. Amostra

Minerais N° de pontos

Qz Pl Mc Bt Ms Ti Ap Zr Op Gr Mz Total

JN-15 26,3 27,1 36,8 7,2 1,7 0,3 0,3 0,4 0,1 0,1 0,1 100,4 1500

JN-16A 29,0 37,9 26,9 5,4 0,4 - 0,1 0,1 0,2 - - 100 2800

JN-17 32,2 34,6 26,8 3,4 3,0 - - - - - - 100 2800

JN-18 26,7 31,2 36,5 3,6 2,0 - - - - - 100 2000

JN-20 21,3 37,2 40 0,4 1,5 - - - - - - 100,4 1500

JN-21 28,8 25,1 34,8 7,6 4,1 - 0,1 0,1 - - - 100,6 1500

Média 27,4 32,2 33,5

Abreviaturas: Qz – quartzo, Pl – plagioclásio, Mc – microclima, Bt – biotita, Ms – muscovita Op – minerais opacos, Ap – apatita, Zr – zircão, Gr – granada, Mz- monazita, Ti – titanita.

Figura 5.6- Diagrama modal QAP (Streckeisen, 1976) onde estão plotadas as amostras da Tabela 2.

a) Muscovita-Biotita Monzogranito (amostras JN – 15, JN- 16A, JN-16B, JN-17, JN-18 e JN-21).

Rochas de textura fanerítica, equigranulares com variação inequegranular, holocristalinas, leucocráticas (M’=5-8), com granulação média com variação grossa, apresentam a cor predominante cinza claro, observados exemplares mais esbranquiçados e levemente rosados. Estruturalmente, ocorrem amostras foliadas e isotrópicas, as rochas foliadas localizam-se nas bordas dos corpos graníticos e são formadas por cristais de biotita orientados. Vale ressaltar que esta foliação é concordante com a xistosidade das rochas biotita-quartzo xisto da Formação Xambioá.

Na rocha biotita-muscovita monzogranito é possível observar o contato desta com veios pegmatíticos, a mineralogia dos veios é constituída por álcali-feldspato, quartzo, plagioclásio e muscovita. O álcali-feldspato equivale a 30%, apresenta-se com a cor rosa, tamanho de até 3 cm, alguns cristais apresentam maclamento simples. O quartzo corresponde a 30%, é anédrico, incolor e com tamanho de 1 a 3 mm. A muscovita equivale a 25% do veio, tem hábito lamelar e como tamanho de até 1 cm O plagioclásio representa 15% do veio, é de cor branca, subédrico e com tamanho de 2 a 6 mm.

Mineralogicamente muscovita-biotita monzogranitos são formados por microclina, plagioclásio, quartzo, biotita e muscovita. Os minerais acessórios são zircão, titanita e granada. Os minerais secundários são compreendidos por sericita, epidoto, argilomineral, clorita, e raramente, para carbonato.

Os minerais de microclina compreendem entre 27 a 37% modal, foram identificados dois tipos (M1 e M2), M1 possui tamanho entre 1 a 5 mm, é formado

por cristais subédricos, subordinamente anédricos, com hábito tabular, com ou sem maclamento xadrez e por vezes exibem extinção ondulante. Frequentemente formam cristais alongados com bordas recristalizadas e apresentam fraturas em grau variado. A microclina tipo M1 define contato curvo com o quartzo e irregular com o plagioclásio. Nota-se a inclusão de quartzo, biotita e plagioclásio por cristais de microclina. M1 demonstra alteração para argilomineral e sericita.

Já os minerais de M2 têm tamanho entre 0,3 a 1 mm, compreendem minerais anédricos ou subédricos, com ou sem maclamento xadrez, comumente ocorrem em aglomerados compostos por microclina, quartzo (Q2) e plagioclásio (P2) em que formam contatos retos em pontos tríplices. Os cristais de M2 não são alterados e nem possuem extinção ondulante.

Os cristais de plagioclásio correspondem a 25 e 38% modal da rocha, sendo reconhecidos dois tipos (P1 e P2), P1 apresenta a variação de tamanho entre 0,3 a 4 mm, subédrico ou anédrico, com maclamentos tipo albita, carsbard ou periclina-albita, podem ocorrer cristais alongados, possuem contato curvo com o quartzo Os cristais de plagioclásio P1 em muitas vezes englobam cristais de biotita e muscovita. Em certas amostras P1 apresenta zoneamento concêntrico em que o zoneamento é marcado por alteração diferenciada, em que no centro dos cristais ocorrem alterações para sericita, epidoto, muscovita e, raramente, carbonato, enquanto a borda apresenta-se livre ou com fraca alteração.

Os cristais de P2 ocorrem com tamanhos de aproximadamente 1 mm, formas subédricas ou anédricas, com as bordas regulares, não apresentam zoneamento e frequentemente não estão alterados, encontram-se em contatos reto com microclina (M2) e quartzo (Q2) em pontos tríplices.

Os cristais de quartzo equivalem a 21 a 32% modal da rocha, sendo observados dois tipos (Q1 e Q2), os cristais do tipo Q1 apresentam-se em formas anédricas e por vez subédricas, com tamanho entre 0,1 a 4 mm, exibem extinção ondulante, normalmente são alongados. Os cristais possuem as bordas irregulares e em contato curvado com plagioclásio e microclina, já o contato com a biotita é comumente reto. Por vezes, cristais de biotitas e muscovitas são englobados por cristais de quartzo.

Os cristais do tipo Q2 são subédricos, com tamanhos de aproximadamente

0,5 mm, possuem extinção homogênea e bordas regulares. Estes cristais formam aglomerados entre si ou associações com a microclina (M2) e plagioclásio (P2) em contatos retos articulados em ponto tríplices.

Os minerais de biotita representam entre 5 e 8% modal da rocha, em forma de lamelas subédricas, e subordinamente anédricas, possuem pleocroísmo marrom-esverdeado (Y, Z) e castanho esverdeado claro (X), tamanho entre 0,4 a 1 mm, apresentam contato direto com a microclina, o quartzo, plagioclásio e muscovita, podem está inclusos em microclina, quartzo e plagioclásio . Nas amostras JN-17, JN-18 e JN-21 as biotitas possuem orientação das lamelas bem mais evidente que em outras amostras (JN-15, JN-16A). Algumas vezes a biotita está parcialmente cloritizada.

Os cristais de muscovita constituem entre 0,4 a 4% modal da rocha, tem tamanho entre 0,3 a 1 mm, apresentam-se em formas subédricas e anédricas, com contato retilíneo com a biotita, quartzo, plagioclásio e microclina, e podem ocorrer como inclusão em minerais de plagioclásio, quartzo e microclina. Assim como a biotita, a muscovita pode formar uma foliação incipiente.

Os minerais acessórios são representados principalmente por apatita, zircão, titanita, minerais opacos e raramente granada. Os cristais de zircão e apatita ocorrem geralmente como inclusões em plagioclásio, quartzo ou biotita. São

cristais muito pequenos, prismáticos, subédricos ou euédricos. A apatita pode ainda ocorrer com formas hexagonais ou arredondadas e geralmente está associada com a biotita. A titanita apresenta-se em cristais pequenos subédricos ou euédricos, ocorrem em pequenos aglomerados associados a biotitas. Os minerais opacos geralmente não ultrapassam 0,2 % modal e formam cristais anédricos ou subédricos.

Os minerais secundários são representados por sericita, clorita, argilominerais, e raramente carbonato e epidoto. A sericita, epidoto e o carbonato são frequentes na amostra JN-15 como produtos de alteração do plagioclásio. A sericita ocorre em forma de finas e pequenas lamelas como alteração do plagioclásio, preferencialmente dispostas nos planos de clivagem; já o carbonato ocorre em pequenas porções, formando pequenos cristais anédricos sobre o plagioclásio. Observou-se que a alteração para sericita e carbonato é mais intensa no núcleo dos cristais de plagioclásio. É mais frequente ocorrência de sericita, muscovita e epidoto, observadas nas amostras JN-16 A, JN-17, JN-18 e JN-21. A clorita ocorre substituindo parcialmente a biotita. Argilominerais desenvolvem-se sobre a microclina, caracterizados por pequenas manchas escuras implicando o aspecto sujo aos cristais de microclina.

b) Leucomonzogranito (amostra JN-20) Rocha de textura fanerítica, holocristalina, hololeucocrática (M’=0), com

granulação grossa, de cor branca e com ausência de orientação mineral. A rocha é inequigranular e a mineralogia é representada por microclina, plagioclásio, quartzo, muscovita e biotita. Os minerais acessórios são representados por biotita, apatita e minerais opacos. Os minerais secundários são formados por sericita, argilomineral, muscovita e epidoto.

Os minerais de microclina compõem entre 35 a 40% modal da rocha, foi possível identificar dois tipos, representados pelas sigas M1 e M2, os cristais tipo M1 possuem o tamanho variando entre 3 a 7 mm, com ou sem maclamento xadrez, apresentam-se em faces cristalinas subédricas e, em menor proporção anédricas e comumente com o hábito tabular, podem ocorrem em formas alongadas e com extinção ondulante. Ocorrem em contatos sinuosos com quartzo e levemente irregular com o plagioclásio e por vezes englobam muscovita e quartzo. Os minerais inclusos no tipo M1 apresentam alteração para argilomineral e sericita.

Os tipos classificados como M2 possuem a variação de tamanho entre 0,5 a 2 mm, formados por cristais subédricos ou anédricos, com ou sem maclamento xadrez e não apresentam alterações minerais. São cristais com bordas mais regulares que M1, formam aglomerados com quartzo e plagioclásio ou entre si, em contato retilíneo com estes cristais formando contatos tríplices.

Os cristais de plagioclásio compreendem a 37% modal, destes foram reconhecidos dos tipos, P1 e P2. Os cristais que compõem P1 apresentam tamanho entre 1 e 6 mm, são subédricos a anédrico, apresentam maclamento tipo albita e formam cristais de hábito tabular. P1 possuem alteração para sericita, muscovita e, subordinamente, para epidoto.

Os cristais de P2 ocorrem com tamanhos de aproximadamente 1 mm, formas anédricas e diferentemente de P1 estes cristais não apresentam alteração de minerais. São observados em associações entre si ou com quartzo e microclina em contatos retilíneos formando pontos tríplices.

Os cristais de quartzo correspondem 21% modal, são reconhecidos dois tipos, Q1 e Q2. Q1 apresenta variação de tamanho dos cristais entre 2 a 8 mm,

podem formar cristais alongados, com borda recristalizada e exibem extinção ondulante, possuem contato irregular com microclina e plagioclásio e em alguns casos englobam cristais menores de plagioclásio, microclina e biotita.

Os cristais do tipo Q2 são subédricos, com tamanhos de aproximadamente 1

mm, e extinção homogênea. Frequentemente, ocorrem em aglomerados entre si ou associações com a microclina e plagioclásio em contatos retos formando pontos tríplices.

Os cristais de muscovita compreendem entre 1,5% modal, possuem hábito lamela com faces cristalinas subédricas, de tamanho entre 1 e 2 mm. Formam contato retilíneo com a biotita, quartzo, plagioclásio e microclina, e podem ocorrer como inclusão em minerais de plagioclásio e microclina.

Os minerais acessórios são representados principalmente por biotita, apatita e minerais opacos. Os cristais de biotita representam 1% da rocha, têm hábito lamelar, com tamanho entre 1 e 1,5 mm, ocorrem o pleocroismo caracterizando a cor marrom-esverdeado nas seções Y e Z, e castanho esverdeado claro na seção X. Caracterizam contatos retilíneos com a biotita, quartzo, plagioclásio e microclina, e podem ocorrer como inclusão em minerais de plagioclásio e microclina. Os cristais de apatita ocorrem geralmente como inclusões em plagioclásio ou quartzo. São cristais muito pequenos, prismáticos, subédricos ou euédricos. Os minerais opacos formam cristais anédricos ou subédricos.

Os minerais secundários são representados por sericita, argilominerais, muscovita e raramente epidoto. A sericita ocorre comumente ao longo dos planos de clivagem no plagioclásio em forma de finas e pequenas lamelas. Os cristais de epidotos e muscovita ocorrem em forma subédricas ou anédricas em tamanhos de aproximadamente 0,2 mm como alteração de plagioclásio. Argilominerais desenvolvem-se sobre a microclina, caracterizados por pequenas manchas escuras em cristais de microclina.

Figura 7 – Aspectos microtexturais dos muscovita-biotita monzogranitos e leucogranitos. A)Textura hipidiomórfica caracterizada por cristais subédricos de microclina e plagioclásio. B)Cristal de quartzo alongado, com bordas recristalizadas e com extinção ondulante. C)

Intercrescimento de quartzo em plagioclásio em contato com cristal de microclina, caracterizando a textura mimerquítica. D) Textura granoblástica formada por um mosaico de cristais de microclina, plagioclásio e quartzo. E) Orientação de lamelas de muscovita e biotita. F) Cristal de plagioclásio zonado em amostra de granulação grossa (JN-20).

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS O mapeamento geológico revelou um novo corpo granítico pertencente ao

Granito Barrolândia, localizado nas proximidades da cidade de Barrolândia- TO, desta forma, totalizando três ocorrências de corpos graníticos. Os corpos formam stocks e apresentam geometrias esferoidais o corpo ocorrente no centro-norte apresenta o seu maior eixo acompanha a foliação dos micaxisto, com os diâmetros 4,5 x 1,5 km; o corpo localizado a noroeste é um corpo alongado e estreito em que o maior eixo segue a direção da foliação, os diâmetros 3 x 1 km; e o corpo posicionado no centro-sul é o mais expressivo em volume, apresentam tendência a seguir a foliação das rochas da Formação Xambioá e apresentam diâmetros de 5 x 3,5 km.

Na região, as rochas graníticas estão alojadas em micaxistos da Formação Xambioá e são recobertas parcialmente por unidades paleozoicas da Bacia do Parnaíba e por coberturas detrito-lateríticas. Localizando esta situação geológica no Cinturão Araguaia, os corpos graníticos, a Formação Xambioá e as unidades paleozoicas e cenozoicas ocorrem no segmento leste, domínio de maior grau metamórfico do Cinturão Araguaia.

Estruturalmente, ocorrem dois tipos de granito, um foliado e outro isotrópico. As rochas foliadas, caracterizada por orientação de biotitas, encontram-se nas bordas do granito e esta foliação é concordante com a xistosidade do micaxisto, este com direção de foliação para NNW-SSE (variação de 160 a 175 Az). Não foi identificado metamorfismo de contato entre os micaxistos e os granitos. Enquanto as rochas isotrópicas, geralmente, se apresentam no centro dos corpos graníticos.

De acordo com o conteúdo petrográficos e baseado no diagrama QAP de Strekeisen (1976), os granitos foram classificados em muscovita-biotita monzogranito e leucomonzogranito.

Foram reconhecidas quatro texturas ígneas, a saber: textura granular hipidiomórfica, marcada por cristais subédricos de microclina e plagioclásio; textura mirmequítica, textura simplectítica e zoneamento concêntrico em cristais de plagioclásio. Além das texturas ígneas, identificaram-se texturas deformacionais, destacando a orientação preferencial de minerais micáceos, definindo uma foliação em algumas rochas e a textura granoblástica poligonal formada por cristais anédricos e subédricos de quartzo, microclina e plagioclásio em contatos tipo ponto tríplice.

O Granito Barrolândia apresenta muitas feições semelhantes aos outros granitos mais bem conhecidos do Cinturão Araguaia, e as feições das formas dos corpos, relações de contato, elementos estruturais e petrográficos permitem interpretá-los como de posicionamento tardi-tectônicos em relação ao evento Brasiliano no qual evoluiu o Cinturão Araguaia. 8 – PUBLICAÇÕES

Recentemente foi submetido e aprovado um resumo expandido para apresentação no 14º Simpósio de Geologia da Amazônia a ser realizado na cidade de Marabá – Pará em setembro de 2015.

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