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Universidade Federal do Pará Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento Descrição de relações culturais em uma organização bancária Paula Alcântara Bastos Belém, Pará 2015

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Universidade Federal do Pará

Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento

Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento

Descrição de relações culturais em uma organização bancária

Paula Alcântara Bastos

Belém, Pará

2015

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Universidade Federal do Pará

Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento

Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento

Descrição de relações culturais em uma organização bancária

Paula Alcântara Bastos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Teoria e Pesquisa do

Comportamento, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre.

Área de Concentração: Psicologia Experimental

Orientador: Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho

Co-Orientador: Prof. Dr. Aécio de Borba

Vasconcelos Neto

Belém, Pará

2015

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Trabalho parcialmente financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior – CAPES

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AGRADECIMENTOS

Minha Gratidão a Deus, que iluminou o meu caminho durante estes dois anos e meio,

e que me permitiu mais essa conquista.

Aos meus pais Paulo e Norma, por terem incansavelmente acreditado na minha

capacidade frente às dificuldades e obstáculos no decorrer do mestrado, sempre me dando

apoio para seguir em frente; por nunca terem medido esforços para que eu chegasse até esta

etapa de minha vida. Obrigada por tudo que fizeram e continuam fazendo por mim; pelo amor

incondicional e pelos princípios e valores de honestidade que sempre foram priorizados na

minha educação.

Ao meu irmão Toni pela amizade e apoio de sempre. Que possamos sempre ser

amigos e caminhar lado a lado, torcendo pelas nossas vitórias.

À toda minha família por estarem sempre presentes, vibrando com cada conquista.

Ao meu noivo Victor pelo amor e companheirismo; pela paciência nos momentos de

ansiedade e por não me deixar desistir nos momentos em que isto foi uma possibilidade.

Aos meus amigos que de alguma forma sempre estiveram ao meu lado me apoiando

em todas as situações da vida. Especialmente agradeço aos amigos Sérgio e Aline, pelo

incentivo nos momentos mais decisivos.

Ao meu orientador, professor Emmanuel Tourinho, pela orientação e aprendizado que

tornaram possível a conclusão deste trabalho.

Ao meu co-orientador Aécio, o meu muito obrigado por toda paciência e palavras de

estímulo nos momentos mais cruciais. Suas cuidadosas e atenciosas orientações foram

fundamentais para que eu pudesse concluir esta dissertação.

A todos os professores do mestrado, que foram tão importantes ao me repassar

conhecimento e novas experiências.

Aos meus colegas do LACS, pela companhia e colaboração na realização deste

trabalho. Agradeço especialmente a Taynan, Holga e Mari pelo apoio, compreensão e

disposição em me ajudar nos momentos em que mais precisei. Vocês não mediram esforços

pra isso! E eu serei pra sempre grata!

À organização bancária, participante do estudo, pela contribuição para o progresso da

Ciência e para a minha formação.

À banca examinadora, pelas considerações e disponibilidade para participar desta

avaliação.

À CAPES que possibilita bolsas de incentivo à pesquisa para tantos estudantes.

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RESUMO

Bastos, P. A. Descrição de relações culturais em uma organização bancária. Dissertação de

Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento,

Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil. 34 páginas.

O presente estudo, de caráter exploratório, teve por objetivo avaliar o potencial das

ferramentas conceituais da Análise Comportamental da Cultura para o exame de relações que

definem um subsistema de uma organização financeira. Participaram do estudo quatro

funcionários e o gerente da Gerência de Informações de Crédito de uma organização bancária

pública. A coleta de dados compreendeu a análise de documentos descritivos das atividades

dos subsistema estudado e entrevista com os servidores do subsistema. Com base nas

atribuições da Gerência de Informações de Crédito, o estudo identifica relações de

metacontingência descritas a partir de dois produtos agregados, e uma relação de

macrocontingência, descrita pela referência a dois produtos cumulativos. As demais

atividades da gerência podem ser descritas com a referência a relações operantes, visto que

não requerem entrelaçamento e não configuram um comportamento de grupo. Uma das

limitações do estudo refere-se ao fato de o sistema receptor selecionar uma CCE muito

específica. Além disso esta pesquisa restringiu seu olhar apenas para um subsistema. Sugere-

se que futuros trabalhos façam uma tentativa de visualizar as relações existentes entre os

demais subsistemas da organização e o banco como um todo.

Palavras-chaves: metacontingência, macrocontingência, análise comportamental da cultura,

organização bancária.

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ABSTRACT

Bastos, P. A. Description of cultural relations in a banking organization. Master’s Thesis.

Behavior Theory and Research Graduate Program, Federal University of Pará, Belém, PA,

Brasil. 34 pages.

This exploratory study aimed to evaluate the potential of the conceptual tools of the Behavioral

Analysis of Culture for analyzing the relationships that define a subset of a financial

organization. The study included four employees and the manager of the Credit Information

Management, a subsystem of a public banking organization. Data collection included analysis of

descriptive documents of the activities of the subsystem studied and interviews with servers of

the subsystem. The study identifies metacontingencies relationships described from two

aggregates products, and a macrocontingency relationship, described by reference to two

cumulative products. The other management activities can be described with reference to

operative relationships as it does not require interlocked behavioral contingencies and do not

constitute behavior of a group. One of the limitations of the study refers to the fact that the

receiving system to select a very specific CCE. Furthermore this research has restricted its

analysis to only one subsystem. It is suggested that future work to make an attempt to visualize

the relationships between the other subsystems of the organization and the bank as a whole.

Key-words: metacontingencies, macrocontingencies, behavioral analysis of culture, banking

organization.

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SUMÁRIO

Resumo v

Abstract vi

Introdução 1

Método 09

Resultados 12

Discussão 23

Referências 31

Anexo I – Questionário de Entrevista 33

Anexo II - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 34

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Fenômenos culturais têm sido abordados na Análise do Comportamento com os

conceitos propostos originalmente por Skinner (e.g., 1953/1998) e Glenn (e.g., 2004),

tomando como referência o conhecimento acumulado sobre os processos envolvidos na

seleção do comportamento individual. O desenvolvimento de unidades de análise para a

investigação da seleção no nível cultural (e.g., Glenn, 1988, 2004) tem propiciado também a

discussão sobre a evolução de práticas culturais em organizações do setor produtivo (e.g.,

Glenn & Mallot, 2004). Esse esforço para tratar questões concretas do ambiente das

organizações contribui para evidenciar o valor instrumental da análise comportamental da

cultura, isto é, seu potencial para contribuir para a solução de problemas do dia a dia das

sociedades.

O presente estudo tem caráter exploratório e descreve algumas relações

comportamentais/culturais em uma organização bancária, com os conceitos da análise

comportamental da cultura. O trabalho teve como foco as tarefas executadas por um grupo de

trabalhadores e seus resultados para a organização. Foram descritos comportamentos de

muitos indivíduos, entrelaçados ou não, e seus produtos individuais e culturais. Esses

comportamentos e interações foram analisados com os conceitos de metacontingência e

macrocontingência (cf. Glenn, 2004), buscando-se avaliar sua efetividade para a análise de

uma situação típica de organizações do setor financeiro.

Glenn e Malott (2004) empregam o conceito de metacontingência para descrever

relações entre as contingências comportamentais entrelaçadas (CCE’s), seus produtos

agregados (PA’s) e as consequências culturais (CC’s) produzidas em um ambiente

selecionador externo ao entrelaçamento. De acordo com Andery (2011), no momento em que

o analista do comportamento assume a cultura como objeto de análise, ocorre uma inversão

ao que tradicionalmente se admite no estudo do comportamento. A cultura, anteriormente

vista como variável independente, selecionando o comportamento operante, passa a ser

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percebida como variável dependente: fenômeno que precisa ser compreendido para que em

seguida possa ser considerado como determinante do comportamento individual.

Contingências comportamentais entrelaçadas (CCE’s) são relações operantes em que o

comportamento de um indivíduo é parte do ambiente de outros, por exemplo, quando dois

indivíduos jogam uma partida de damas, ou preparam um artigo para publicação. Em alguns

casos, como no exemplo da preparação do artigo, o comportamento de cada indivíduo é

mantido por uma consequência operante (aprovação social, pagamento pelo trabalho realizado

etc.) e um resultado adicional (o artigo a ser submetido para publicação) resulta do

entrelaçamento de seus comportamentos, designado como produto agregado (Glenn & Malott,

2004).

Glenn (2004) aponta que “os produtos gerados pelas repetições das CCE’s não são o

efeito cumulativo dos participantes agindo individualmente, mas o produto de seus

comportamentos inter-relacionados” (pp. 144-145). O produto agregado (PA) é recebido por

um agente externo ao entrelaçamento, denominado sistema receptor, o qual funciona como

ambiente selecionador liberando (ou não) uma consequência cultural, caracterizando assim a

metacontingência. Portanto, o conceito de metacontingência descreve uma relação funcional

em que uma consequência cultural liberada por um sistema receptor afeta a probabilidade de

recorrência não de comportamentos individuais, mas das CCE’s e seus PA’s (Glenn, 2004;

Glenn & Malott, 2004).

Outro conjunto de relações de interesse para a cultura, mas que envolve apenas a

seleção operante, diz respeito a situações em que um produto adicional à consequência

operante se define pela somatória dos produtos de pessoas se comportando individualmente e

de maneira funcionalmente independente, por exemplo, quando vários indivíduos despejam o

esgoto de suas casas em um rio e isso gera a poluição do rio (Glenn, 2004). Esse resultado

adicional tem sido designado de efeito cumulativo (EC), caracterizando-se como uma

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somatória dos efeitos adicionais às consequências comportamentais (Glenn, 2004; Glenn &

Malott, 2004; Malott & Glenn, 2006). Os comportamentos individuais recorrentes aí

envolvidos são designados de macrocomportamento (geralmente, resultantes da exposição dos

indivíduos a contingências semelhantes) e as relações entre o macrocomportamento e seu

efeito cumulativo têm sido tratadas com o conceito de macrocontingência.

Ao analisar fenômenos culturais, os analistas do comportamento buscam identificar a

interação dinâmica entre o comportamento de muitos indivíduos, entrelaçados ou não (Glenn

& Malott, 2004) e seus resultados para a cultura. Tal análise pode ser especialmente útil no

exame das organizações de trabalho.

Dada a complexidade das organizações, o comportamento individual dificilmente pode

ser isolado e modificado sem que se levem em conta as suas interações com o comportamento

de outros indivíduos (Glenn & Malott, 2004), compondo um sistema. Glenn e Malott (2004)

apontam que “o termo sistema é usado para uma variedade de relações entre muitos tipos de

elementos isolados, combinados em um todo para alcançar um resultado” (p. 92). Os sistemas

que compõem uma organização são descritos por Glenn e Malott considerando três fontes de

complexidade: complexidade do ambiente; complexidade dos componentes, e complexidade

da hierarquia.

A complexidade do ambiente diz respeito ao número de variáveis externas à

organização que podem afetar o seu desempenho. Tendo em vista que o ambiente externo à

organização é o ambiente receptor de seus produtos agregados e está em contínua

transformação, suas exigências afetam de diferentes maneiras a evolução dos (sub)sistemas de

uma organização (Glenn & Malott, 2004). Por exemplo, novas leis sobre cuidados ambientais,

ou o surgimento de empresas concorrentes podem impor novas condições para que o PA de

uma indústria seja consumido por seu sistema receptor (o mercado), mantendo a taxa de

recorrência das CCE’s+PA’s.

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O número de elementos que constituem uma organização determina a complexidade

de componentes. As organizações tendem a ser mais complexas quando um número maior de

pessoas participa de seus processos (Glenn & Malott, 2004). Por exemplo, corporações que

empregam milhares de trabalhadores serão necessariamente organizações mais complexas do

que aquelas que empregam apenas algumas dezenas.

A complexidade hierárquica é determinada pelo número de níveis do sistema na

organização, ou o número de relações parte-todo que constituem uma organização. (Glenn &

Malott, 2004). Uma implicação importante desta fonte de complexidade é que o

comportamento decisório de pessoas que se encontram em níveis mais elevados pode

interferir nas contingências comportamentais entrelaçadas dos níveis inferiores relacionados.

Por essa razão, nos subsistemas de uma organização hierarquizada, as contingências

entrelaçadas ocorridas em todos os níveis da organização mostram-se relacionadas (Glenn &

Malott). As complexidades, hierárquica e de componente podem estar relacionadas, uma vez

que uma organização que aumenta o número de componentes pode ser levada a criar novas

camadas hierárquicas (Glenn & Malott).

A descrição dos níveis de complexidade de uma organização pode ser relevante por

várias razões. Uma delas é que a indicação dos níveis hierárquicos contribui para a

visualização das relações entre subsistemas, cada um responsável pela produção de um

produto agregado, bem como sua integração em um sistema maior, responsável pela produção

de um produto agregado de outra ordem, relevante ou não para a organização, dependendo

das exigências externas, do sistema receptor. Isto é, descrever as relações de um sistema

organizacional com base na identificação das relações entre diferentes subsistemas e das

relações entre seu produto agregado e as exigências do sistema receptor pode ser relevante

para avaliar a adaptação desse sistema ao ambiente em que evolui.

Além das três fontes de complexidade apontadas por Glenn e Malott (2004), outras

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variáveis nas sociedades atuais que podem influenciar a evolução de práticas culturais do

ponto de vista de sua complexidade: a concorrência de contingências que afetam o

comportamento de cada membro de um grupo; os conflitos entre consequências culturais e

consequências individuais; e a especialização das funções desempenhadas por cada

participante no sistema (Tourinho & Vichi, 2012).

Com relação à concorrência de contingências que afetam o comportamento de cada

membro de um grupo, Tourinho e Vichi (2012) apontam que nas culturas contemporâneas os

organismos tendem a responder a contingências de reforçamento concorrentes.

Continuamente, indivíduos são expostos à possibilidade de vários cursos de ação possíveis, de

uma forma não encontrada em sociedades menos individualizadas.

A segunda fonte de complexidade apontada por Tourinho e Vichi (2012) é a existência

de conflitos entre consequências culturais e consequências individuais, por exemplo, quando

as respostas requeridas para o entrelaçamento que gera o produto agregado produzem

consequências de menor magnitude, comparativamente com respostas individuais possíveis

na mesma circunstância e que conflitam com entrelaçamento que gera o produto agregado.

A especialização como fonte de complexidade diz respeito, segundo Tourinho e Vichi

(2012), ao fato de que as tarefas desempenhadas pelos membros de um grupo podem ser mais

ou menos assemelhadas; quanto menos assemelhadas, mais especializada a função de cada

um no grupo e mais complexo o entrelaçamento, na medida em que mais precisa é a exigência

de desempenho para cada um. Isso pode fazer uma grande diferença para os grupos, porque,

quando as funções são menos especializadas, os membros podem mais facilmente substituir

uns aos outros. Essa fonte de complexidade pode ser relacionada à de componentes.

Entretanto, esta última aborda o número de participantes em um sistema social, mas cada

membro pode ou não executar funções muito especializadas.

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As fontes de complexidade podem ser relevantes para analisar as relações culturais

existentes dentro das organizações. Cada (sub) sistema usualmente é responsável pela

produção de um produto agregado relevante para a organização. Entretanto, identificar as

exigências do ambiente, a quantidade de pessoas envolvidas, ou a especialização das funções

dos indivíduos, por exemplo, pode ser essencial para planejar os entrelaçamentos e

metacontingências requeridos para que a organização seja bem-sucedida.

Poucos trabalhos foram realizados, até este momento, empregando o conceito de

metacontingência na avaliação de contextos organizacionais. Camden e Ludwig (2013) e

Alavosius, Getting, Dagen, Newsome e Hopkins (2009) ilustram o trabalho que vem sendo

feito nessa direção e sinalizam as contribuições possíveis com essa abordagem e as limitações

encontradas.

Camden e Ludwig (2013) realizaram um estudo com o objetivo de aumentar a

assiduidade ao trabalho de auxiliares de enfermagem em três hospitais rurais, que

apresentavam altas taxas de absenteísmo. Na fase inicial, constataram que, quando as

enfermeiras estiveram ausentes do trabalho, outros funcionários tiveram que trabalhar com

mudanças não programadas e relataram um aumento na carga de trabalho, a fim de atender as

mudanças.

A intervenção relatada por Camden e Ludwig (2013) consistiu em fornecer um

feedback para destacar os efeitos da falta de um servidor sobre os demais, descrevendo as

contingências comportamentais entrelaçadas e seu impacto sobre o produto agregado: a

ausência de um servidor aumentava a probabilidade de outro auxiliar faltar no futuro (CCE),

aumentava a carga de trabalho para o auxiliar presente e aumentava o número de horas extras

trabalhadas (PA).

A descrição da metacontingência propiciou redução estatisticamente significativa no

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absenteísmo para dois dos três hospitais pesquisados (Camden & Ludwig, 2013). Entretanto,

a capacidade de interpretar claramente o efeito da intervenção sobre a metacontingência foi

limitada porque o estudo não mediu o impacto da intervenção sobre os sistemas receptores

(médicos e assistência aos pacientes). Outro problema é que os autores não deixam claro a

consequência cultural nesta metacontingência, apenas é possível identificar as CCE’s e PA’s.

Na análise realizada, os autores enfocam as CCE’s, sem olhar para outros possíveis

fenômenos culturais ou individuais. Tourinho e Vichi (2012) apontam que, em determinadas

circunstâncias, os produtos agregados e consequência cultural coincidem. Isto ocorre quando

o produto agregado é suficiente para manter as CCE’s, de modo que não é necessário um

sistema receptor externo para selecionar determinada consequência cultural. Neste estudo,

entretanto, a consequência cultural e o PA não coincidem, uma vez que há um sistema externo

para receber o PA e liberar a consequência cultural, o que não é especificado pelos autores do

estudo.

Outra limitação do estudo é que não foi definido com precisão o impacto das

contingências comportamentais entrelaçadas sobre o número de horas extras trabalhadas pelos

servidores presentes a partir do absenteísmo dos colegas de trabalho. Os servidores poderiam

cumprir horas extras por outros motivos, como aumento no salário, demanda de pacientes,

etc. e não apenas pelo fato de um auxiliar estar ausente.

Outro estudo que utilizou o conceito de metacontingência foi o de Alavosius et al.

(2009). Esses autores avaliaram o efeito de um programa de incentivo de segurança utilizado

por cooperativas de pequenas empresas com o intuito de garantir o bem-estar dos cooperados.

As contingências comportamentais entrelaçadas podem ser descritas com a referência a ações

que incluíram a formação de coordenadores de segurança em todas as empresas participantes

no início do programa. Aos coordenadores de segurança foram ensinadas as regras

fundamentais do programa de incentivo e seus procedimentos administrativos. Após a

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conclusão do treinamento, os coordenadores de segurança voltaram para suas empresas e

realizaram uma reunião com seus funcionários para anunciar o programa de incentivo e

descrever as regras de participação. Os funcionários individuais que não tiveram acidentes de

trabalho graves por um período de tempo tornaram-se elegíveis para um sorteio mensal de

incentivos em dinheiro.

A avaliação indicou que as contingências comportamentais entrelaçadas, por meio da

aplicação do incentivo de segurança produziram redução na frequência, gravidade e custo dos

acidentes de trabalho. As CCE’s e seu produto agregado produziram para as cooperativas um

alto retorno sobre o investimento das empresas e a satisfação do usuário com os

procedimentos (consequências culturais).

Estes trabalhos ilustram uma maneira de olhar para os processos organizacionais, de

modo a compreender relações entre os comportamentos de pessoas e formas de organização

de trabalho que produzem efeitos para os trabalhadores e para as organizações de que

participam. Por outro lado, os estudos descritos ilustram as dificuldades de pensar-se em

intervenções que lidem efetivamente com metacontingências como unidade de análise. As

análises realizadas não descrevem todos os termos das relações de metacontingência e perdem

de vista os processos de seleção, limitando-se a olhar para as CCE’s.

Diante disso, o presente estudo, de caráter exploratório, teve por objetivo avaliar o

potencial das ferramentas conceituais da Análise Comportamental da Cultura para o exame de

relações que definem um subsistema de uma organização financeira (a Gerência de

Informações de Crédito de um banco público). Os objetivos específicos compreenderam:

1) Descrever as CCE’s e o(s) produto(s) agregado(s) que define(m) o subsistema e a

relação entre o produto agregado e exigências definidas por seu sistema receptor.

2) Descrever macrocomportamentos e seu(s) efeito(s) cumulativo(s) nesse subsistema.

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3) Avaliar a limitação das descrições dos itens (a) e (b) como definição da unidade

analisada como subsistema da organização bancária.

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MÉTODO

Participantes

Participaram do estudo quatro funcionários e o gerente da Gerência de Informações de

Crédito de uma organização bancária pública. O critério de inclusão dos participantes foi estar

lotado nesta gerência e aceitar participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE – Anexo I). Integram a Gerência de Informações de Crédito os

cinco servidores que participaram da pesquisa. Todos assinaram o TCLE.

Caracterização da organização

A instituição analisada neste estudo é uma organização bancária estadual, de natureza

pública. Em sua estrutura, conta com um Conselho de Administração, presidência, gabinete

da presidência, comitês, ouvidoria, quatro núcleos e cinco diretorias. As diretorias

supervisionam dezoito superintendências, cada uma responsável por coordenar gerências

(Manual da Organização da Matriz, 2014).

A Diretoria Financeira é composta por quatro superintendências, sendo uma delas a

Superintendência de Administração de Créditos Especiais (SUACE), na qual esta pesquisa foi

realizada. A SUACE é formada por cinco gerências: GECAR - Gerência de Retaguarda de

Cartão de Crédito; GECPF - Gerência de Retaguarda de Crédito de Pessoa Física; GECPJ -

Gerência de Retaguarda de Crédito Pessoa Jurídica; GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES DE

CRÉDITO - Gerência de Informações de Crédito e GERCO - Gerência de Retaguarda de

Empréstimo Consignado (Manual da Organização da Matriz, 2014).

A Superintendência de Administração de Créditos Especiais é composta por 38

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funcionários os quais são alocados nas cinco gerências apontadas. A Gerência de Informações

de Crédito, subsistema no qual a pesquisa for realizada, possui 5 funcionários, sendo um

gerente.

Ambiente de coleta de dados

A coleta de dados foi realizada na sala de reuniões da Superintendência de

Administração de Créditos Especiais, que conta com uma mesa, sete cadeiras e um armário.

Materiais/Instrumentos

Questionário semi-estruturado com perguntas abertas e fechadas (Anexo II);

Computador;

Gravador;

Folha de papel A4;

Caneta.

Procedimento

A coleta de dados compreendeu a análise de documentos descritivos das atividades do

subsistema estudado e entrevista com os servidores do subsistema.

Análise Documental

Foram analisados o Manual da Organização da Matriz (Banpará, 2014a) e a Relação

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Individual de Tarefas – RIT (Banpará, 2014b). De cada documento, buscou-se extrair

informações sobre as atividades previstas para os servidores do subsistema analisado, bem

como as relações entre essas atividades e a função do subsistema.

Entrevista

Os cinco servidores da Gerência de Informações de Crédito foram entrevistados com

base em um roteiro composto por seis perguntas abertas, (Anexo II), que poderiam desdobrar-

se em questões relacionadas.

Análise de Dados

Os dados foram analisados buscando-se descrever os comportamentos dos membros

do subsistema, suas relações (entrelaçamentos ou não) com os comportamentos de outros

membros, e os resultados diversos (efeitos cumulativos e/ou produtos agregados) dos

comportamentos e dessas relações.

Considerações Éticas

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa. Aqueles que aceitaram

participar do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo I).

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RESULTADOS

De acordo com a análise documental, a Gerência de Informações de Crédito, tem

como objetivo gerir o processo de elaboração e envio ao Banco Central das informações

referentes ao Sistema de Informações de Crédito – SCR (3050, 3040, 3045, 3046), para

garantir o cumprimento das normas estabelecidas por aquela Autarquia; o processo de

movimentação e atualização da Relação de Impedidos de Operar e o processo de consolidação

em banco de dados das informações de adimplemento de pessoas físicas e jurídicas para a

formação de histórico de crédito (Manual da Organização da Matriz, 2014).

Suas principais atribuições são:

1. Acompanhar e avaliar o processo de encaminhamento do arquivo consolidado

das informações constantes do documento 3040 – Dados de Risco de Crédito,

destinado ao Sistema de Informações de Crédito do Banco Central - SCR,

garantindo a segurança e a qualidade das informações enviadas àquela

autarquia.

2. Acompanhar e avaliar o processo de encaminhamento do arquivo consolidado

das informações constantes do documento 3050 – Estatísticas Agregadas de

Crédito e Arrendamento Mercantil destinado ao Sistema de Informações de

Crédito do Banco Central - SCR, garantindo a segurança da atividade e a

qualidade das informações enviadas àquela autarquia.

3. Acompanhar o envio do arquivo com as informações solicitadas no

documento 3045 – Consulta dos Dados dos Clientes e recebimento do arquivo

com as informações constantes do documento 3046 – Posição dos Clientes, do

Sistema de Informações de Crédito do Banco Central - SCR, garantindo a

segurança da atividade e a qualidade das informações enviadas àquela

autarquia.

4. Acompanhar e avaliar o processo de consolidação e encaminhamento às

unidades do Banco e Auditoria Externa das informações gerenciais, relativas

às operações de créditos.

5. Acompanhar e avaliar o processo de consolidação das informações de ordem

financeira/contábil e o encaminhamento ao Banco Nacional de

Desenvolvimento – BNDES.

6. Acompanhar a movimentação e atualização da relação de impedidos de operar

com o Banco.

7. Acompanhar a consolidação do banco de dados com as informações de

adimplemento de pessoas físicas e jurídicas para a formação de histórico de

crédito.

8. Acompanhar o cumprimento dos prazos estabelecidos na legislação do

Cadastro Positivo para adesão, cancelamento e contestação das informações

enviadas aos gestores de banco de dados (BANPARA, 2014a, pág 189).

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Diante das atribuições da Gerência de Informações de Crédito, pode-se dizer que os

documentos 3040 e 3050 preenchidos são produtos agregados produzidos pelos

comportamentos coordenados (entrelaçados) dos funcionários. Esses PA’s são recebidos pelo

sistema receptor, Banco Central, o qual libera a consequência cultural: aceite ou não do

documento enviado. Nesse sentido, é possível descrever a elaboração do 3040 e 3050 como

uma tarefa que envolve relações de metacontingência. Considerando que cada PA é

produzido por entrelaçamentos diferentes, pode-se afirmar que os dois são produzidos de

forma funcionalmente independente um do outro, não havendo uma relação de dependência

entre produção dos dois. Assim, a consequência cultural liberada pelo Banco Central será da

mesma forma, independente. Segue relato de entrevista que descreve a consequência cultural:

“O Banco Central, a partir do momento que ele recebe a informação ele faz a

consolidação, validação dos dados e verifica se está tudo de acordo com os

normativos que ele, que ele disponibiliza pra cumprimento da informação.

Caso atrase, tenha algum atraso, eles fazem o devido questionamento,

solicitando justificativa e no caso também de ter alguma informação que não

está de acordo com o que eles determinam” (Gerente).

“O retorno que a gente tem praticamente, a gente tem um retorno só se aceito

ou não, ou questionado né, são três hipóteses, pode variar de acordo com o

questionamento né, que ele pode aceitar ou não o questionamento, mas a gente

teria que no caso que responder isso”. (Agente de Área 1).

Eles mandam, se tiver com erro o arquivo volta, ele tem que seguir as normas

e padrões exigidos pelo Banco Central (...) Não mandam nada, só se for

questionado (...) ele só me dá ok. (Agente de Área 2).

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Algumas atividades podem ser descritas pela referência ao comportamento individual,

visto que não requerem entrelaçamento no subsistema analisado (embora envolvam

entrelaçamento com outros subsistemas, portanto podem vir a funcionar como

metacontingência) e não configuram um comportamento de grupo (internamente no

subsistema analisado). São elas: o envio e recebimento dos documentos 3045 e 3046;

encaminhamento às unidades do Banco e Auditoria Externa das informações relativas a

operações de crédito; encaminhamento de informações ao BNDES; e o acompanhamento do

cumprimento dos prazos estabelecidos na legislação do Cadastro Positivo.

Os documentos 3045 e 3046, conforme relatado nas entrevistas, são geradas pela

gerência de pessoa jurídica (GECPJ) e apenas são enviados e recebidos pela Gerência de

Informações de Crédito por meio do site do Banco Central. Conforme relato abaixo:

“Eu cuido do envio das informações do 3045 e depois eu tenho que entrar no

site do Banco Central pra pegar o retorno com as respostas, que ai ele volta

como 3046 né, e enviar isso pra carteira pessoa jurídica... A Gerência de

Informações de Crédito só faz o envio, só, ela só envia pro Banco Central e

depois ela só busca a resposta, e retorna o arquivo pra carteira de pessoa

jurídica, só isso.” (Agente de Área 2).

A construção do banco de dados da relação de impedidos de operar com o Banco e a

consolidação do banco de dados com as informações de adimplemento de pessoas físicas e

jurídicas para a formação de histórico de crédito podem ser interpretadas como uma

macrocontingência. Cada funcionário produz a atualização do mesmo banco de dados de

forma individual, de modo que o comportamento de um não é ambiente para o

comportamento de outro, não havendo relação de dependência entre tais comportamentos. A

consequência do comportamento individual é então, o cadastro do cliente no banco de dados,

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assim, cada funcionário que realiza um cadastro alimenta este banco de dados, produzindo um

efeito cumulativo. Ou seja, um produto adicional à consequência operante se define pela

somatória dos produtos de pessoas se comportando individualmente e de maneira

funcionalmente independente.

A Gerência de Informações de Crédito é composta por dois técnicos bancários, dois

agentes de área e um gerente (Figura 1). O comportamento do gerente e de cada servidor está

relacionado com os comportamentos de todos os membros das unidades, configurando

CCE’s. Ressalta-se ainda que, mesmo que se tratem de funções diferenciadas no que se refere

a níveis hierárquicos, tanto os técnicos bancários como os agentes de área acabam por

desempenhar funções semelhantes nesta gerência.

Figura 1: Organização da GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO

O SCR consiste do conjunto de informações dos documentos 3040 e 3050, a ser

enviado ao Banco Central para fins de supervisão do risco de crédito a que estão expostas as

instituições e os conglomerados financeiros e, também, propiciar às instituições consultas de

informações sobre o montante da exposição em operações de crédito, garantias outorgadas e

limites de crédito concedidos a pessoas físicas e jurídicas.

Dois funcionários exercem atividades relacionadas à produção do documento 3040 e

os outros dois relacionadas à produção do documento 3050. Portanto, os entrelaçamentos

Técnico Bancário 1 Técnico Bancário 2

Gerente

Agente de área 1 Agente de área 2

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nessa gerência estão relacionados a esses dois produtos agregados: 3040 e 3050. Esses

entrelaçamentos encontram-se ilustrados nas Figuras 2 e 3.

No que se refere à produção do documento 3040, os entrelaçamentos entre os

comportamentos dos servidores iniciam no primeiro dia útil do mês, momento em que é

realizada a importação/validação dos arquivos pelo Agente de Área 1 por meio da opção

“importação de arquivos” no sistema SCR. Ressalta-se que, como se trata em média de 10

arquivos, gerados a partir de um layout disponibilizado pelo Banco Central, ocorre que alguns

arquivos são importados e validados com sucesso na primeira vez em que são

disponibilizados, enquanto determinados arquivos apresentam erros que impedem a geração

do documento 3040, ou seja, apresentam alguma divergência em relação ao layout e, assim,

precisam ser ajustados e disponibilizados novamente para importação. Este processo de

validação de todos os arquivos, portanto, demora cerca de 4 a 5 dias. Após esta etapa, a

conciliação de saldos com a contabilidade é feita manualmente pelo Técnico Bancário 1. Esta

conciliação de saldos, muitas vezes ocorre com diferença nos batimentos, tornando necessário

ajustá-la. O processo de identificação das diferenças e ajustes das mesmas costuma durar 1 a 2

dias, de acordo com relatos dos entrevistados. O primeiro e segundo arrasto das linhas de

crédito é então realizado pelo Agente de Área 1. Diante disso, o Técnico Bancário 1 executa

novamente a conciliação com os saldos contábeis, para que então o sujeito realize a geração

do documento e envio ao Banco Central. É importante dizer que, caso o documento ultrapasse

o prazo estipulado pelo Banco Central até que se inicie um novo fechamento, ou seja, um

novo mês, os dois documentos serão então gerados concomitantemente. A Figura 2, adiante,

ilustra alguns entrelaçamentos envolvidos na geração do PA Documento 3040.

As atividades são realizadas no decorrer de um mês, visto que, apesar de parecerem

simples, demandam certo tempo. Para a eficiência, qualidade e cumprimento dos prazos

estabelecidos pelo órgão regulador na produção do produto agregado, é necessário que esta

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atividade seja realizada com o entrelaçamento de comportamentos de duas pessoas.

Além disso, no decorrer do mês, as demais atribuições da gerência, no que se refere

aos comportamentos individuais, ocorrem juntamente com os entrelaçamentos requeridos para

a produção do documento, como apontam os entrevistados:

“Então da minha parte (...) nós somos responsáveis pelo, nós somos os

guardiões do 3040, então a gente tem que prezar pra que o documento, o

trâmite do documento ocorra sem nenhuma falha, sem nada, que ele ocorra da

melhor maneira possível e pensando também sempre na qualidade dessa

informação” (Agente de Área 1).

“Os resultados são primeiro os legais né, que não deixa o banco ter qualquer

prejuízo, o intuito é esse, a qualidade da informação devido à quantidade né,

de informações que o documento tem de crédito do cliente, risco e tudo mais,

então essa informação a gente gera pra vários, no caso os nossos clientes são

internos né, pras várias áreas do banco, pra que eles tomem conhecimento e a

gerência daquilo pra quando, pra fazer o melhor processo possível , tanto pro

documento fluir da melhor forma possível, tanto pra ter a qualidade da

informação, no caso pro documento vir certinho, a provisão vir certa, o risco

vir certo, não ter prejuízo pros clientes de fato do banco e ter assim a

continuidade, da melhor forma possível”. (Agente de Área 1).

“... todas as atividades que a gente realiza, no caso, o 3040 ele é o principal,

(...) existem várias outras atividades, relatórios, (...) tem que ajudar as outras

áreas envolvidas do banco, fazer análises, estudos também pra ajudar quanto

à qualidade, a gente pode ajudar na provisão do banco e mandar pra outras

entidades também” (Agente de Área 1).

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“Todas as minhas atividades decorrem do 3040, então finalizou o 3040 que é o

processamento né, todo o processo de geração e importação, todos esses, após

isso tem as atividades secundárias, vamos dizer assim, que seriam os

relatórios pra subsidiar as outras carteiras do banco né, e outras entidades,

como o BNDES, também tem outras, vamos supor as agências de risco,

necessitam praticamente das informações todas do 3040” (Agente de Área 1).

Nestas falas do Agente de Área 1 é possível perceber que, após o envio do documento

3040, algumas atividades precisam realizadas, com a geração de relatórios essenciais para

outras áreas do banco, entretanto estes relatórios tratam-se de comportamentos individuais.

A Figura 3, adiante, ilustra algumas CCE’s na elaboração do documento 3050, que se

refere a informações de crédito semanais, e se inicia no primeiro dia útil da semana seguinte,

assim, o documento enviado ao Banco Central sempre se refere as informações da semana

anterior. O Agente de Área 2 envia as planilhas a determinadas gerências para que sejam

preenchidas. Após isso, o Técnico Bancário 2 verifica a situação dos arquivos (se os mesmos

estão disponíveis) no sistema para que o Agente de Área 2 possa realizar o processamento.

Diante disso, o Técnico Bancário 2 verifica as informações preenchidas na planilha pelas

demais gerências realizando o batimento de saldos com a contabilidade manualmente. Após

isso o Agente de Área 2 converte o arquivo CSU através do sistema (arquivo que contém as

informações referentes as linhas do cartão de crédito do banco), e então o Técnico Bancário 2

realiza a geração e envio do documento 3050 através do site do Banco Central. Caso haja

diferença no batimento de saldos, é necessário verificar com os gestores dos produtos (outras

áreas do banco) e com a contabilidade qual o motivo das mesmas, para que estas possam ser

ajustadas e o documento possa então ser enviado. Caso seja uma diferença de saldo no

arquivo, o arquivo terá que ser reimportado no sistema e refeito o processamento das

informações do documento.

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O papel do gerente nos entrelaçamentos para a geração do documento 3040 e 3050

consiste em dispor as contingências para as unidades/gerências externas, a fim de garantir

condições necessárias provenientes de outros setores do banco para a geração dos produtos

agregados pelos trabalhadores da Gerência de Informações de Crédito. Essas condições

incluem informações para que o processo de fechamento dos documentos possa ocorrer, bem

como lidar com outras partes do sistema (incluindo a diretoria da qual a gerência faz parte, o

próprio Banco Central como sistema receptor dos documentos, etc.). Outro papel do gerente é

dispor contingências para garantir o funcionamento das CCE’s de modo a gerenciar o trabalho

realizado por cada funcionário a fim de que todos os comportamentos que compõem o

entrelaçamento sejam emitidos com qualidade e no prazo requerido para aquela atividade.

SD R S+

AGENTE DE

ÁREA 1

TÉCNICO

BANCÁRIO 1

AGENTE DE

ÁREA 1

TÉCNICO BANCÁRIO 2

AGENTE DE

ÁREA 1

Figura 2: Alguns entrelaçamentos envolvidos na produção do PA documento 3040.

INÍCIO DO FECHAMENTO DOC 3040 (1º DIA ÚTIL

DO MÊS)

VALIDAÇÃO DE ARQUIVOS

ARQUIVOS IMPORTADOS COM

SUCESSO

VALIDAÇÃO DE ARQUIVOS

CONCILIAÇÃO DE SALDOS COM A CONTABILIDADE

BATIMENTO DE SALDOS

CONCILIAÇÃO DE SALDOS COM A CONTABILIDADE

1º E 2º ARRASTO DAS LINHAS DE CRÉDITO – PIOR NÍVEL DE RISCO

RECLASSIFICAÇÃO DOS CLIENTES

1º E 2º ARRASTO DAS LINHAS DE CRÉDITO – PIOR NÍVEL DE RISCO

CONCILIAÇÃO DE SALDOS COM A CONTABILIDADE APÓS ARRASTOS

BATIMENTO DE SALDOS APÓS

ARRASTOS

GERAÇÃO/ENVIO

DOC 3040 AO BACEN

CONCILIAÇÃO DE SALDOS COM A CONTABILIDADE APÓS ARRASTOS

TÉRMINO DO

PROCESSO

PA: DOC

3040

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SD R S+

AGENTE DE

ÁREA 2

TÉCNICO

BANCÁRIO 2

AGENTE DE

ÁREA 2

TÉCNICO

BANCÁRIO 2

AGENTE DE

ÁREA 2

Figura 3: Alguns entrelaçamentos envolvidos na produção do PA documento 3050.

De acordo com a análise dos documentos 3040 e 3050, percebe-se que a ordem como

ocorrem os entrelaçamentos pode sofrer alteração a cada vez que se inicia o processo. Uma

vez que não são atividades exclusivas de cada funcionário, tanto o Agente de Área 1 e

Técnico Bancário 1 (no que se refere a geração do documento 3040) e Agente de Área 2 e

Técnico Bancário 2 (no que se refere a geração do documento 3050) são capacitados para

realizar todas as atividades necessárias para o término do processo dos documentos 3040 e

3050, respectivamente. Ressalta-se, contudo, que os dois funcionários envolvidos na

atividade de geração do documento 3040 não possuem domínio das atividades envolvidas na

geração do documento 3050 e vice-versa, havendo apenas a possibilidade de troca na ordem

das atividades pelos Agente de Área 1 e Técnico Bancário 1, responsáveis pelo documento

3040, e Agente de Área 2 e Técnico Bancário 2, capacitados para realizar atividades

referentes ao documento 3050. É importante lembrar ainda que ocorrem entrelaçamentos

INÍCIO DO FECHAMENTO DOC

3050 (1º DIA ÚTIL DA SEMANA SEGUINTE)

ENVIAR EMAIL PARA O PREENCHIMENTO

DA PLANILHA

PREENCHIMENTO DOS CAMPOS PELAS

GERÊNCIAS

ENVIAR EMAIL PARA O PREENCHIMENTO

DA PLANILHA

VERIFICAR SITUAÇÃO DOS ARQUIVOS NO

SISTEMA

ABERTURA DO CHAMADO – SOLUÇÃO DE PENDÊNCIAS

VERIFICAR SITUAÇÃO DOS ARQUIVOS NO

SISTEMA

PROCESSAMENTO INFORMAÇÕES CONSOLIDADAS

PROCESSAMENTO CONVERTER

ARQUIVO CSU

ARQUIVO DA CSU PASSA A FAZER PARTE

DO DOC 3050

CONVERTER ARQUIVO CSU

GERAÇÃO/ENVIO DOC 3050 AO

BACEN

TÉRMINO DO PROCESSO

PA: DOC 3050

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entre os indivíduos da gerência estudada e indivíduos de outras gerências, tendo em vista que

alguns relatórios e informações enviadas à Gerência de Informações de Crédito ou

demandadas por esta são produzidos por CCE’s que ocorrem entre os funcionários desta

gerência e de outras superintendências.

Na produção do documento 3040, o entrelaçamento entre os comportamentos dos

funcionários Agente de Área 1 e Técnico Bancário 1 e a gerência de contabilidade ocorre no

momento em que é realizada a conciliação de saldos do documento com a contabilidade, uma

vez que para a realização desta é necessário que os saldos contábeis tenham sido preenchidos

por um indivíduo da gerência de contabilidade, havendo assim um entrelaçamento entre as

respostas daquele subsistema e as respostas da Gerência de Informações de Crédito. Outro

entrelaçamento que ocorre entre os funcionários da gerência e outras áreas do banco, está

relacionado com os fornecedores e gestores responsáveis pela disponibilização dos arquivos

que são importados e validados por esta gerência. Com relação à geração do documento

3050, o entrelaçamento entre o Agente de Área 2 e o Técnico Bancário 2 ocorre no momento

em que é enviada a planilha para as gerências de pessoa física (GECPF) e de consignado

(GERCO), e a superintendência de desenvolvimento econômico e social (SUDES), para que

seja preenchida pelos funcionários responsáveis (Ver Figura 4).

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Figura 4: Entrelaçamento entre subsistema Gerência de Informações de Crédito e outros subsistemas.

De acordo com os dados coletados, as atividades dos clientes impedidos de operar e

cadastro positivo podem ser descritas como uma macrocontingência.

Todos os funcionários da gerência realizam atividades individuais referentes à

movimentação e atualização da relação de impedidos de operar com o Banco e com relação

ao cumprimento dos prazos estabelecidos na legislação do Cadastro Positivo para adesão,

cancelamento e contestação das informações enviadas aos gestores de banco de dados. Essas

atividades envolvem a produção de um efeito cumulativo: a alimentação do banco de dados

dos clientes impedidos de operar e o armazenamento dos dados dos clientes relativos ao

cadastro positivo, onde se faz o registro da pontualidade no pagamento de contas dos clientes.

Sendo assim, o efeito cumulativo do comportamento individual é, então, o banco de dados

alimentado com os dados dos clientes. Ou seja, um produto adicional à consequência

operante se define pela somatória dos produtos de pessoas se comportando individualmente e

de maneira funcionalmente independente.

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Figura 5: Atividade de cadastro de clientes impedidos de operar na produção do efeito cumulativo.

Figura 6: Atividade de cadastro positivo na produção do produto cumulativo.

A partir dos dados coletados, tanto por meio da análise documental, como das

entrevistas, foi possível revelar a estrutura de funcionamento do subsistema estudado,

permitindo assim, a visualização dos fenômenos da metacontingência e macrocontingência

nas relações existentes entre os funcionários que compõe esta gerência. Pôde-se observar os

objetivos da gerência a partir das descrições de CCE’s, produto agregado e sistema receptor

no que diz respeito à produção dos documentos 3040 e 3050. Observou-se ainda, os objetivos

alcançados por meio de comportamentos individuais, como o envio e recebimento do

documento 3045 e 3046. Além disso, pôde-se analisar a produção dos produtos cumulativos a

partir da alimentação do banco de dados, possível apenas pela soma dos produtos dos

comportamentos individuais, caracterizando assim a macrocontingência.

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DISCUSSÃO

Este projeto buscou descrever algumas relações comportamentais/culturais em uma

unidade bancária do ponto de vista das tarefas executadas e de seus resultados para a

organização, avaliando as contribuições potenciais da Análise Comportamental da Cultura

para o entendimento de sistemas organizacionais financeiros. Foram descritas algumas

contingências comportamentais entrelaçadas e suas produções agregadas, assim como alguns

efeitos cumulativos de macrocomportamentos que definem o (sub) sistema. Neste sentido, a

cultura passa a ser reconhecida como o terceiro nível de determinação do comportamento,

passando a ser considerada variável dependente (Andery, 2011).

De acordo com a coleta de dados, a produção dos documentos 3040 e 3050 pode ser

interpretado como uma metacontingência, tendo em vista que os funcionários da gerência

participam de contingências comportamentais entrelaçadas, em que o comportamento de um

indivíduo é parte do ambiente de outro. Essas CCE’s são necessárias para a produção dos

documentos. Nesse sentido, a geração dos documentos 3040 e 3050 foram analisados como

produtos agregados definidores do subsistema. Esses produtos são seguidos pela liberação de

uma consequência cultural, o aceite do documento por um sistema receptor, o Banco Central,

fortalecendo deste modo a recorrência do entrelaçamento e dos produtos (Glenn, 2004; Glenn

& Malott, 2004).

Os dados coletados mostram que não há um impedimento legal no que se refere ao

desempenho de tais atividades por uma pessoa apenas. Entretanto, para a eficiência e

qualidade na geração das informações, faz-se necessária a coordenação de comportamentos de

vários membros do grupo, a fim de garantir que as informações sejam geradas com a máxima

eficácia. De acordo com relatos das entrevistas, pode-se dizer que a geração de tais

documentos é a atividade prioritária da gerência, visto que responde a demandas legais do

órgão regulador, Banco Central e o não atendimento dessas demandas com a devida qualidade

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nas informações geradas pode em penalidades gravíssimas para o banco.

Nota-se que, além das CCE’s presentes no subsistema, há outras CCE’s existentes

entre o subsistema analisado e outros subsistemas, como a gerência de contabilidade

(GECON), gerências de pessoa física (GECPF) e de consignado (GERCO), e

superintendência de desenvolvimento econômico e social (SUDES). Entretanto, estes

entrelaçamentos não foram analisados nesse trabalho.

O cadastro dos clientes impedidos de operar e o cadastro positivo podem ser

analisados a partir do conceito de macrocontingência, visto que envolvem um resultado que

decorre da soma dos produtos de pessoas que se comportam individualmente e de forma

recorrente, de modo que o comportamento de um não é necessariamente ambiente para o

comportamento de outro, não havendo relação de dependência entre tais comportamentos.

Sendo assim, envolve a relação entre os comportamentos independentes e recorrentes de cada

funcionário e a alimentação do banco de dados dos clientes cadastrados, produto cumulativo

resultante da soma dos produtos comportamentais individuais dos funcionários (Glenn, 2004;

2006). O banco de dados é então construído diariamente através do acúmulo de informações

inseridas por diferentes funcionários em diferentes momentos.

Outra atividade desenvolvida pela gerência é o cadastro positivo, que se refere ao

armazenamento dos dados dos clientes relativos ao registro da pontualidade no pagamento das

suas contas. Essa atividade, assim como os clientes impedidos de operar, pode ser definida

através da macrocontingência, já que envolve da mesma forma, a alimentação de um banco de

dados, envolvendo assim um resultado que decorre da soma dos produtos de pessoas que se

comportam individualmente e de forma recorrente.

No que se refere as atividades do 3045 e 3046, ressalta-se a necessidade de rever o

porquê do envio dos documentos 3045 e 3046 ser uma atribuição desta gerência, uma vez

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que, através do relato dos participantes e da análise documental realizada, percebe-se que por

se tratar apenas de envio e recebimento de informações, esta atividade deveria ser atribuída a

Gerência de Pessoa Jurídica, área que de fato de acordo com relatos, faz uso destas

informações.

No que diz respeito aos níveis de complexidade (Glenn & Mallot, 2004) relacionados

ao subsistema, pode-se dizer que considerando a complexidade de ambiente, a variável

externa que mais pode trazer impactos às atividades realizadas por esta gerência, é a mudança

nas regras e exigências do Banco Central com relação aos documentos 3040 e 3050. Tendo

em vista a especificidade destas atividades, e uma vez que esta gerência trabalha diretamente

na geração destes documentos, é necessário que o entrelaçamento ocorra de acordo com um

conjunto de características especificas, para que haja a liberação da consequência cultural pelo

órgão regulador. O Banco Central dispôs as contingências que selecionam essa

regulamentação existente hoje e o feedback sobre as características do produto agregado

selecionaram aquelas práticas culturais: as formas de trabalho hoje realizadas. Sendo assim, o

subsistema está adequadamente regulado para responder a demanda quanto a possibilidade de

mudanças nas contingências que podem vir a ocorrer, uma vez que dispõe dos meios para

responder eficientemente às demandas do Banco Central.

Além disso, parte do ambiente também pode ser considerado interno à organização,

pois mudanças e ações nas unidades relacionadas podem vir a influenciar o comportamento

dos indivíduos que compõem o subsistema analisado. Portanto, ao se pensar em um

subsistema de uma organização, deve-se pensar no sistema receptor de forma ampla – ele é

interno, no que se refere as áreas de dentro do próprio banco, e externo quando se pensa no

Banco Central. Isso é semelhante ao que é sugerido pelo trabalho de Camden e Ludwig

(2013), uma vez que estes autores apontam como sistema receptor interno os médicos dos

hospitais onde a pesquisa foi realizada e a assistência aos pacientes destes hospitais.

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A hierarquia presente no subsistema no que diz respeito as funções de agente de área

e técnico bancário, não tem implicação para os entrelaçamentos, uma vez que estes não estão

relacionados à posição ocupada pelos funcionários quando leva-se em consideração as

atividades exercidas no documento 3040 e 3050. Uma vez que, um funcionário de cada

função está capacitado para exercer as atividades referentes ao documento 3040 e os outros

dois funcionários da mesma maneira, capacitados para realizar as atividades no que diz

respeito ao documento 3050. Entretanto, a função do gerente, que não entra na descrição da

metacontingência, facilita as relações existentes entre os funcionários da Gerência de

Informações de Crédito e demais gerências no que diz respeito à disposição das

contingências para as gerências externas relacionadas ao subsistema, com o intuito de

garantir a emissão das respostas necessárias por estas para a geração dos produtos agregados.

A partir disso, pode-se dizer que um agente externo ao entrelaçamento pode interferir nas

CCE’s e na geração do produto agregado, entretanto o conceito de metacontingência não

alcança este tipo de relação. Deste modo, pode-se dizer que o gerente não participa da

metacontingência, ou ainda interpretar o papel de gerente como mais um sistema receptor que

favorece a manutenção e recorrência do entrelaçamento.

No que tange à complexidade de especialização, cada grupo de trabalho (um técnico

bancário e um agente de área) possuem atividades especificas distintas, com alto grau de

especialização, o que dificulta a troca de atividades entre os funcionários que realizam os

procedimentos referentes ao documento 3040 e os funcionários que realizam as atividades

relativas ao documento 3050. Esta informação pode ser constatada a partir das entrevistas,

em que cada um dos entrevistados relataram realizar atividades referentes aos documentos

3040 ou 3050. Devido à quantidade de pormenores inerentes a cada documento, a gerência

optou por desempenhar as suas atividades de forma a separar as funções responsáveis pela

produção de ambos os documentos, desta forma um agente de área e um técnico bancário

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desempenham cada uma das atividades. Essa divisão revela um grau de especialização como

descrito por Tourinho e Vichi (2012). Essa especialização inclusive é importante para

destacar a necessidade de que os PA’s sejam produzidos por contingências comportamentais

entrelaçadas, e não por indivíduos de forma isolada. Outras atividades destacadas, como por

exemplo, o envio e recebimento do 3045 e 3046, entretanto, prescindem da necessidade de

algum grau de especialização, podendo ser realizados por qualquer membro do grupo.

Outro aspecto sobre a complexidade da prática cultural destacado por Tourinho e

Vichi (2012) é a concorrência de contingências que afetam o comportamento de cada membro

de um grupo. No caso analisado, trata-se de um subsistema em que não há concorrência entre

respostas, tendo em vista as exigências dispostas pelo sistema receptor. No que se refere à

existência de conflitos entre consequências para o grupo e consequências individuais, não

foram identificados conflitos entre as respostas requeridas para o entrelaçamento que geram o

produto agregado e outras respostas individuais.

A partir das três complexidades apontadas por Glenn e Malott (2004) - complexidade

de ambiente, de componentes e hierárquica – e das complexidades apontadas por Tourinho &

Vichi (2012) - a concorrência de contingências que afetam o comportamento de cada membro

de um grupo; os conflitos entre consequências culturais e consequências individuais; e a

especialização das funções desempenhadas por cada participante no sistema – pode-se

percebe-se que as fontes de complexidades podem influenciar a evolução de práticas culturais

dentro de cada organização. As principais complexidades analisadas no subsistema estudado

envolvem a complexidade de ambiente, hierárquica e de especialização. Através destes níveis

de complexidade foi possível discutir e observar a evolução de alguns dos aspectos que dizem

respeito às práticas culturais do subsistema analisado.

Os resultados aqui apresentados diferem daqueles presentes nos estudos de Camden e

Ludwig (2013) e Alavosius et al. (2009), em que o fenômeno cultural não é descrito em

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termos da relação funcional existente entre as CCE’s, PA’s e consequência cultural, mas em

vez disso, enfatiza-se uma descrição do entrelaçamento em si. O presente estudo propõe ir um

pouco adiante nessa tentativa de explorar unidades de análise culturais em organizações.

Neste trabalho, buscou-se identificar e analisar os termos que compõem os fenômenos

culturais de metacontingência e macrocontingência, além de descrever a relação funcional

existente entre eles. Explorar as unidades de análise culturais que se pretende estudar é de

suma relevância para colaborar com a literatura que se propõe a explicar tais fenômenos e

acrescentar conhecimento à Análise Comportamental da Cultural, bem como tornar mais

didática a compreensão do estudo aos estudantes com conhecimento ainda restrito nesta área.

No que se refere às contribuições do estudo para a organização do subsistema, pode-

se dizer que o estudou facilitou a percepção das relações de trabalho existentes pelos próprios

funcionários, possibilitando-os visualizar a relevância do entrelaçamento entre os

comportamentos para a produção dos documentos, bem como a necessidade desta forma de

organização para a manutenção da qualidade do trabalho. Diante disso, ressalta-se que, no

caso estudado, as entrevistas revelaram que o sistema responde adequadamente às

contingencias de controle. Isso provavelmente ocorre porque eles já passaram por processos

seletivos repetidos, ao longo dos quais CCE’s muito específicas foram selecionadas (Glenn &

Malott, 2004). É importante ressaltar, nesse sentido, que as consequências culturais dispostas

pelo sistema receptor dos produtos agregados descritos (o Banco Central) são temporalmente

próximas à ocorrência das CCEs, facilitando o processo seletivo; qualquer variação que

comprometa a produção do Produto Agregado seria rapidamente eliminada. Isto ocorre, uma

vez que, após o envio dos documentos ao Banco Central, cerca de 2 a 3 dias após, é possível

visualizar, através do acesso ao site desta entidade, o feedback referente ao aceite ou não dos

documentos. No caso de questionamento, estarão disponíveis as inconsistências que

necessitam de ajustes. Diante disto, tais inconsistências são então repassadas aos fornecedores

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responsáveis pelos apontamentos, e no prazo de 2 dias, uma justificativa é então devolvida ao

Banco Central para sanar tal equívoco. Após a devolutiva, aguarda-se então por cerca de 2

dias para acessar novamente o site e verificar se a resposta foi aceita pelo órgão regulador.

Entretanto, tal clareza nas CCEs necessárias ao PA nem sempre ocorre, e expor as

contingências aqui demonstram, se há elementos fora do que é essencial, aumentando a

efetividade. Isso pode ser extremamente importante em casos em que (1) há baixa

produtividade em uma organização, ou ainda retrabalho; (2) construção de novas unidades ou

organizações, nas quais possa ser necessária a discriminação de CCEs essenciais para a

ocorrência de um produto agregado específico.

Observa-se que neste trabalho diversas CCEs foram descritas. No entanto, deve-se

ressaltar que estas não abrangem todos os comportamentos que ocorrem durante a produção

dos PAs. Outros comportamentos ocorrem ao longo da rotina administrativa, ainda que não

sejam essenciais para a produção do PA. Uma reflexão possível de ser feita, ao olhar para o

uso dos conceitos de metacontingência e macrocontingência como utilizados neste trabalho, é

que eles ajudam a dirigir a análise para quais são os comportamentos operantes essenciais

para a produção dos PA’s. Em uma análise operante, a percepção desses elementos essenciais

provavelmente não seria possível, uma vez que os produtos agregados não são apenas

somatórios dos resultados do comportamento operante (Glenn, 2004; Glenn & Malott, 2004).

Assim, descrever essas CCE’s, a partir de uma perspectiva funcional (em vez de apenas

topograficamente) ajudaria a identificar que elementos devem ser o foco de atenção de uma

intervenção voltada ao comportamento de grupos. Esse olhar implica observar duas funções

de uma resposta uma função em uma contingência operante, e outra no entrelaçamento com

comportamentos de diversos indivíduos.

A partir das descrições encontradas na análise documental e nas entrevistas foi

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possível definir os entrelaçamentos relevantes para o subsistema estudado. É importante

ressaltar que a maioria das informações encontradas na análise documental foram

corroboradas e melhor entendidas com o auxílio dos relatos dos participantes nas entrevistas

realizadas.

No que se refere à relevância do estudo para as organizações como um todo, nota-se,

principalmente, que a metodologia utilizada permitiu visualizar, bem como comparar as

informações encontradas na análise documental com os relatos dos participantes nas

entrevistas realizadas. No caso particular deste estudo, o sistema responde adequadamente às

contingencias de controle como citado anteriormente. Entretanto, quando replicado em

instituições mais complexas ou em outros contextos, que não possuem CCE’s muito

específicas selecionadas ao longo do tempo, o sistema pode não responder de maneira

adequada às contingências, havendo por exemplo, uma sobreposição de tarefas, lacunas na

forma de organização de trabalho, e ainda interações problemáticas entre os participantes.

Com relação às contribuições do estudo para a academia, pode-se dizer que, esta

pesquisa possibilitou uma transposição do ambiente do laboratório para o mundo concreto: há

poucos estudos que descrevem contingências comportamentais entrelaçadas em ambientes

organizacionais. Isso representa uma contribuição para a generalidade do conceito.

Uma das limitações do presente estudo foi o fato de tratar-se de um caso particular,

onde o sistema receptor seleciona uma CCE muito específica, uma vez que se trata de

demandas legais e, portanto, deve seguir determinadas exigências. Além disso, esta pesquisa

restringiu seu olhar apenas para um subsistema, não explorando um subsistema maior, como

por exemplo, a superintendência, ou até mesmo o sistema como um todo, no caso, a

instituição bancária. Entretanto, tendo em vista os conceitos envolvidos na descrição da

metacontingência, buscou-se analisar um subsistema menor na tentativa de descrever com

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refinamento os fenômenos culturais nele existentes. Entretanto, sugere-se que futuros

trabalhos sejam realizados na tentativa de analisar subsistemas maiores na busca de ampliar o

conhecimento destes fenômenos.

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REFERÊNCIAS

Alavosius, M.; Getting, J.; Dagen, J.; Newsome, W. & Hopkins, B. (2009). Use of a

Cooperative to Interlock Contingencies and Balance the Commonwealth. Journal of

Organizational Behavior Management, 29, 193–211.

Andery, M. (2011). Comportamento e cultura na perspectiva da análise do comportamento.

Perspectivas em Análise do Comportamento, 02, 203-217.

Banpará (2014a). Manual de Organização da Matriz. Acesso em 20 de Janeiro de 2014, em

http://www.banparanet.com.br/Documentos/estatuto_social_30_03_12.pdf

Banpará (2014b). Relação Individual de Tarefas. Documento acessado na pasta de rede

interna da instituição bancária.

Banpará (2015a). Manual do Documento 3040. Documento acessado na pasta de rede interna

da instituição bancária.

Banpará (2015b). Manual do Documento 3050. Documento acessado na pasta de rede interna

da instituição bancária.

Borba, A. (2013). Efeitos da exposição a macrocontingências e metacontingências na

produção e manutenção de respostas de autocontrole ético. Tese de Doutorado. Belém:

UFPA, Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento.

Borba, A.; Tourinho, E. & Glenn, S. (2014). Establishing the macrobehavior of ethical self-

controlin an arrangement of macrocontingencies in twomicrocultures. Behavior and Social

Issues, 23, 68-86.

Camden, M. C. & Ludwig, T. D. (2013). Absenteeism in Health Care: Using Interlocking

Behavioral Contingency Feedback to Increase Attendance With Certified Nursing

Assistants. Journal of Organizational Behavior Management, 33, 165–184.

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Glenn, S. S. (1986). Metacontingencies in Walden Two. Behavior Analysis and Social Action,

6, 2-8.

Glenn, S. S. (1988). Contingencies and Metacontingencies: Toward a Synthesis of Behavior

Analysis and Cultural Materialism. The Behavior Analyst, 11, 161-179.

Glenn, S. S. (2004). Individual behavior, culture and social change. The Behavior Analyst, 27,

133-151.

Glenn, S. S., & Malott, M. E. (2004). Complexity and selection: Implications for

organizational change. Behaviorand Social Issues, 13, 89-106.

Machado, V. L. S. (2008). O comportamento do brasiliense na faixa de pedestre: exemplo de

uma intervenção cultural. Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília, Programa de

Pós-Graduação em Ciências do Comportamento, Brasília.

Malott, M. E. & Glenn, S. S. (2006). Targets of intervention in cultural and behavioral

change. Behavior and Social Issues, 15, 31-56.

Martone, R. C. & Todorov, J. C. (2005). Complexidade e seleção: considerações a respeito

das implicações para mudança organizacional. Revista Brasileira de Terapia

Comportamental e Cognitiva, 7, 197-203.

Skinner, B. F. (1998). Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes.

(Publicado originalmente em 1953).

Todorov, J. C. (2009). Behavior analysis of non-experimental data associated with cultural

practices. Behavior and Social Issues, 18, 10-14.

Tourinho, E. & Vichi, C. (2012). Behavioral-analytic search of cultural selection and the

complexity of cultural Phenomena. Revista Latino americana de Psicología, 44, 169-179.

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ANEXO I

Questionário de Entrevista:

Descreva todas as atividades realizadas por você nesta gerência:

1) Em que circunstâncias essas atividades são realizadas? E quais os resultados dessas

atividades?

2) Quais dessas atividades têm relação com os objetivos da sua gerência? Qual a relação?

Quem recebe (setor) esta atividade e como reage ao recebe-la?

3) Quais dessas atividades não têm relação com os objetivos da sua gerência? Porque são

realizadas? Estas atividades que não possuem relação interferem na realização das

atividades que possuem relação? Poderiam estas serem realizadas por outros?

4) Que retorno, esse setor que recebe a sua atividade, dá pra você sob o quanto esses

resultados atendem as expectativas deles?

5) Será que todas essas atividades que você mencionou que têm relação com o objetivo

da sua gerência são mesmo relevantes para atender àquela expectativa (setor que

recebe)?

6) Que outras atividades individuais ou do grupo ajudariam a tornar esta gerência mais

eficiente?

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ANEXO II

Universidade Federal do Pará Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Projeto de Pesquisa: “DESCRIÇÃO DAS RELAÇÕES CULTURAIS EM UMA ORGANIZAÇÃO BANCÁRIA”.

Senhores, Vimos por este documento convidá-lo a participar de um estudo que tem por objetivo

descrever os sistemas de relações em uma unidade organizacional, do ponto de vista das tarefas executadas e seus resultados para a organização.

Ao longo do estudo, a qualquer momento a sua participação poderá ser interrompida, por solicitação sua, sem necessidade de justificativa e sem qualquer prejuízo para o participante. Você não será submetido a qualquer situação de constrangimento.

Ressaltamos que, nenhum benefício financeiro será destinado aos participantes, ainda informamos acerca dos riscos que podem ser associados à sua participação no experimento proposto, como desconforto e cansaço, por ocasião da coleta de dados.

As entrevistas realizadas serão gravadas, entretanto, esses áudios serão de uso exclusivo do pesquisador, não sendo exibidos em qualquer outra situação.

Os dados obtidos nesta pesquisa serão utilizados apenas para alcançar o objetivo de produzir conhecimento sobre o comportamento de grupos, sendo prevista sua publicação na literatura cientifica especializada e em congressos científicos. Em todas as situações de divulgação dos dados, as identidades de todos os participantes e seus responsáveis serão mantidas em sigilo. Como benefícios, o trabalho trará contribuições para o campo de estudo de práticas culturais dentro das organizações.

O presente estudo é orientado pelo Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho, Professor Titular do Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento da Universidade Federal do Pará, e co-orientado pelo Prof. Dr. Aécio de Borba Vasconcelos Neto, Professor Adjunto da Faculdade de Psicologia da mesma universidade.

Sinalizamos que, o participante, a qualquer tempo, poderá remeter-se para maiores esclarecimentos, além do pesquisador responsável, ao comitê de Ética em Pesquisa Núcleo de Medicina Tropical (NMT): situado Av. Generalíssimo Deodoro, 92. Umarizal.

Pesquisador Responsável Nome da pesquisadora responsável: Paula Alcântara Bastos. Tel: 8119-0395 Orientador: Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho. Co-orientador: Prof. Dr. Aécio de Borba Vasconcelos Neto Comitê de Ética do Núcleo de Medicina Tropical (NMT): Av. Generalíssimo Deodoro, 92. Umarizal. Fone: 3201- 0961. E-mail: [email protected]

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa e que me sinto perfeitamente esclarecido sobre o conteúdo da mesma, assim como seus riscos e benefícios. Declaro, ainda, que participo da pesquisa por minha livre vontade.

Belém, de de .

Participante