universidade federal do mato grosso cÂmpus de sinop ... junior... · possui 4 tipos de arquitetura...

21
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA TESTE DE TOLERÂNCIA A DESSECAÇÃO E REINDUÇÃO DA TOLERÂNCIA A DESSECAÇÃO EM PLANTULAS DE FEIJÃO CAUPI (Vigna unguiculata L. (WALP.)) VOLNEI JUNIOR LIESBINSKI SINOP - MT ABRIL - 2019

Upload: others

Post on 05-Nov-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO

CÂMPUS DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

CURSO DE AGRONOMIA

TESTE DE TOLERÂNCIA A DESSECAÇÃO E REINDUÇÃO DA

TOLERÂNCIA A DESSECAÇÃO EM PLANTULAS DE FEIJÃO

CAUPI (Vigna unguiculata L. (WALP.))

VOLNEI JUNIOR LIESBINSKI

SINOP - MT

ABRIL - 2019

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO

CÂMPUS DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

CURSO DE AGRONOMIA

TESTE DE TOLERÂNCIA A DESSECAÇÃO E REINDUÇÃO DA

TOLERÂNCIA A DESSECAÇÃO EM PLANTULAS DE FEIJÃO

CAUPI (Vigna unguiculata L. (WALP.))

VOLNEI JUNIOR LIESBINSKI

PROF. DR. CARLOS VINICIO VIEIRA

SINOP - MT

ABRIL – 2019

Trabalho de Conclusão de curso (TCC)

apresentado ao Curso de Agronomia do

ICAA/CUS/UFMT, como parte das

exigências para obtenção do Grau de

Bacharel em Agronomia.

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

3

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

4

TERMO DE APROVAÇÃO DE Tcc

APROVADO PELA COMISSÃO EXAMINADORA:

PROF. DR. CARLOS VINICIO VIEIRA

Orientador

Co-orientador

DATA DA DEFESA: 23/04/2019

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................6

RESUMO.............................................................................................................7

ABSTRACT..........................................................................................................8

2. REVISÃO LITERÁRIA......................................................................................9

2.1 Fisiologia da semente de feijão-caupi ..........................................................9

2.2 Aspectos de germinação do feijão-caupi......................................................10

2.3 Aspectos da tolerância a dessecação em sementes ...................................10

2.4 Reindução da tolerância a dessecação pós-protusão de radícula em

sementes.......................................................................................................................11

3. METODOLOGIA............................................................................................11

3.1 Germinação da semente do feijão-caupi.....................................................12

3.2 Método de secagem e reidratação da semente..........................................13

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................14

5. CONCLUSÃO................................................................................................18

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA.......................................................................19

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

6

1 INTRODUÇAO

Vigna unguiculata L. WALP. Popularmente conhecido como feijão-caupi, possui

ainda denominações de feijão-de-corda, feijão-macassar e feijão-fradinho (grãos

brancos). É cultivado sobretudo nas regiões Norte (55,8 mil hectares) e Nordeste (1,2

milhão de hectare) (SILVA, 2009), com o passar dos anos se tonou uma cultura

extremamente importante para o mundo, é rico em proteínas, minerais e fibras (FROTA

et al., 2008; SINGH, 2007), serve de base alimentar e como fonte de energia tanto para

animais através da ração quanto para a alimentação humana.

A produção mundial de feijão-caupi em 2014 foi aproximadamente 5,6 milhões de

toneladas, produzidas em 12,5 milhões de hectares, conforme registros da FAO (2015).

Provavelmente os dados estão subestimados em função de países como Brasil, Índia,

entre outros não apresentarem estatísticas separadas de feijão-caupi e feijão comum

(Phaseolus vulgaris L.) apesar de apresentarem volume expressivo de produção. A

produção nacional, anualmente, situa-se em torno de 482 mil toneladas (SILVA, 2009).

Constitui um componente alimentar básico das populações rurais e urbanas das

regiões Norte e Nordeste do Brasil onde sua produção se concentra, essa leguminosa

tem se expandido para as regiões Centro-oeste e cerrado no período de safrinha devido

a sua precocidade e tolerância ao déficit hídrico em relação ao milho, em áreas irrigadas

é uma opção para ser utilizado como terceira safra com baixo custo e um bom

rendimento.

Quanto à capacidade de perder água, o feijão-caupi é classificado como tolerante

à dessecação. A tolerância à dessecação é a capacidade que alguns organismos têm

de tolerar a perda de 80 a 90% do seu conteúdo total de água e retomar o metabolismo

e desenvolvimento normal após a reidratação (COLVILLE e KRANNER, 2010).

Sementes com essa característica representam um modelo para estudos relacionados

à reindução da tolerância a dessecação, ou seja, a desidratação após a perda da

tolerância a dessecação durante a germinação, bem como os mecanismos que regem

a falta de tolerância a dessecação em sementes recalcitrantes (Sun, 1999).

Neste trabalho objetivou-se avaliar a capacidade de tolerância à dessecação em

plântulas de feijão-caupi, com protusão de raiz, e a sua reindução de tolerância à

dessecação, dispostas à secagem artificial lenta com o uso de sílica gel.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

7

RESUMO

Com o passar dos anos o feijão-caupi (Vigna unguiculata L. (WALP.)) se tonou

uma cultura extremamente importante para o mundo, servindo de base alimentar e como

fonte de energia tanto para animais através da ração quanto para a alimentação

humana. Plantado como safra no Nordeste ou safrinha no Centro-oeste o que mais afeta

a produção é o déficit hídrico por ser sua grande maioria plantada sequeiro e em climas

tropicais. É uma planta ortodoxa, portanto o feijão-caupi tem a capacidade de tolerar a

dessecação (perda de 90% de água da semente), essa tolerância é adquirida na fase

de acumulo de reserva.

Neste trabalho objetivou-se avaliar a capacidade de tolerância à dessecação em

plântulas de feijão-caupi, com protusão de raiz, e a sua reindução de tolerância à

dessecação, dispostas à secagem artificial com sílica gel.

Palavra-chave: reindução, dessecação, tolerância, (Vigna unguiculata L. (WALP.))

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

8

ABSTRACT

Over the years cowpea (Vigna unguiculata L. (WALP.)) Has become an extremely

important crop for the world, serving as a food base and as a source of energy both for

animals through feed and for food. Planted as a crop in the Northeast or safrinha in the

Midwest, what affects production most is the water deficit because it is mostly planted in

the rainy season and in tropical climates. It is an orthodox plant, so the cowpea has the

capacity to tolerate desiccation (loss of 90% water from the seed), this tolerance is

acquired in the reserve accumulation phase.

This work aimed to evaluate the desiccation tolerance capacity of cowpea

seedlings with root protrusion and their resistance to desiccation, which were prepared

for artificial drying with silica gel.

Key words: reinduction, desiccation, tolerance, (Vigna unguiculata L. (WALP.))

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

9

2. REVISÃO LITERÁRIA

2.1 Fisiologia da semente do feijão-caupi

O feijão-caupi é uma cultura de origem africana, a qual foi introduzida no Brasil

na segunda metade do século XVI pelos colonizadores portugueses no Estado da Bahia

(FREIRE FILHO, 1988) possivelmente em razão da grande variabilidade genética

existente na própria espécie (Vigna unguiculata (L.) Walp.) E nas espécies silvestres

geneticamente mais próximas, houve uma grande dificuldade para a classificação da

espécie domesticada. Desse modo, o feijão-caupi inicialmente foi classificado nos

gêneros Phaseolus e Dolichos, até ser classificado no gênero Vigna, o qual foi

estabelecido por Savi em 1894 (Phillips, 1951, citado por SELLSCHOP, 1962).

A classificação cientificamente aceita é que o feijão-caupi é uma planta

Dicotyledonea, da ordem Fabales, família Fabaceae, subfamília Faboideae, tribo

Phaseoleae, subtribo Phaseolineae, gênero Vigna, subgênero Vigna, secção Catyang,

espécie Vigna unguiculata (L.) Walp. e subespécie unguiculata, subdividida em quatro

cultigrupos Unguiculata, Sesquipedalis, Biflora e Textilis (MARÉCHAL; MASCHERPA;

STAINIER, 1978; PADULOSI; NG, 1997; SMARTT, 1990; VERDCOURT, 1970).

Paiva et al. (1972) utilizaram uma classificação que representa bem o ciclo do

feijão-caupi em condições tropicais. Ciclo precoce – a maturidade é atingida até os 60

dias após a semeadura; ciclo médio – a maturidade é atingida entre 60 e 90 dias após

a semeadura; e ciclo tardio – a maturidade é atingida acima de 90 dias após a

semeadura.

Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie

Filho et al. (1981) são as seguintes: tipo ereto, semiereto, semiprostrado e prostrado. O

melhoramento genético se adiantou as demandas dos produtores e, há vários anos,

vem buscando plantas com arquitetura chamada moderna, ou seja, mais ereta de porte

mais compacto com ramos mais curtos e resistente ao acamamento (Bezerra, 1997;

Lopes et al. 2001), afim de facilitar a colheita mecanizada.

O feijão caupi pode ser cultivado no Brasil, tanto no clima seco da Região

Nordeste que, segundo Duque (1980), numa avaliação aproximada, tem 60% de sua

área classificada como semiárida, como no clima úmido da Região Norte, abrangendo

as latitudes 5° N a 18° S (Araújo et al.1984).

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

10

2.2 Aspectos da germinação do feijão-caupi

O feijão caupi desenvolve-se numa faixa de temperatura entre 20°C e 35°C

(Araújo et al. 1984). A faixa ideal de temperatura para a germinação da cultura é de

23°C a 32,5°C, independentemente do genótipo.

Segundo Carvalho e Nakagawa (1983), a germinação de sementes é definida

como o processo pelo qual, sob condições favoráveis, o eixo embrionário retoma o seu

desenvolvimento, que havia sido interrompido nas fases finais da maturidade fisiológica.

A embebição de sementes maduras e viáveis promove a reativação dos sistemas

metabólicos existentes, levando à síntese de novos componentes que promovem

expansão e divisão celular enquanto a plântula se estabelece (CASTRO; BRADFORD;

HILHORST, 2004).

O feijão-caupi é uma planta classificada como moderadamente tolerante tanto à

deficiência hídrica quanto ao excesso de água no solo (BOYER, 1978). A produtividade

do feijão-caupi pode ser afetada por uma série de estresses bióticos e abióticos, que

alteram o crescimento e o desenvolvimento da planta, dentre os quais se destacam os

estresses decorrentes da baixa disponibilidade hídrica, provocados por períodos de

estiagem e altas temperaturas (SILVA et al., 2012)

Segundo Bewley & Black (1994) e Kermode (1997), no desenvolvimento das

sementes ortodoxas, a tolerância à dessecação e a capacidade de germinação das

sementes não são características expressadas em todos os estágios de

desenvolvimento das sementes, mas adquiridas após a diferenciação dos tecidos, onde

há um aumento na massa fresca e deposição de reserva, e antes da fase de secagem

na maturação.

2.3 Aspectos da tolerância a dessecação em sementes

A habilidade das plantas para tolerar períodos de restrição de água durante o

ciclo de vida é fundamental para a adaptação e sobrevivência nos diferentes ambientes

onde se desenvolvem. A capacidade de tolerar quase completa dessecação foi um

passo evolutivo importante que desempenhou um papel fundamental na colonização da

terra seca (FARRANT e MOORE 2011).

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

11

A habilidade para se reidratar com sucesso depois da remoção de 80% a 90%

da água protoplasmática, conduzindo o conteúdo de água abaixo de 0,3 g.g-1 (ou 23%

em base úmida), é caracterizada como tolerância à dessecação (Hoekstra et al., 2001).

Estudando a perda progressiva da tolerância a dessecação em sementes

germinadas de Pisum sativum, encontraram maior sensibilidade na região da raiz

primária, demonstrando ser esta a primeira a sofrer danos por secagem, (Buitink et al.

2003)

2.4 Reindução da tolerância à dessecação pós-protusão da radícula em

sementes

Hebling (1997) relatam que potenciais hídricos negativos, que estão

especialmente relacionados ao processo de embebição pela semente, são capazes de

inviabilizarem a sequência de eventos bioquímicos durante os períodos pré e pós

germinativos dependentes da absorção de água.

A secagem lenta propicia maior homogeneidade na perda de água,

proporcionando tempo necessário para que as sementes germinadas possam fazer

novamente síntese de moléculas e substâncias que atuam na proteção dos tecidos

durante a secagem (VIEIRA, 2008).

Segundo Hoekstra et al. (2001) o ácido abscísico (ABA) previne a ocorrência da

germinação e desempenha importante papel nos eventos que determinam a tolerância

à dessecação. Segundo Buitink. et al. (2003) parâmetros que influenciam o

restabelecimento da tolerância à dessecação são temperatura, potencial hídrico e

tamanho da radícula protundida, assim como também observou que a radícula é a

primeira estrutura a perder tolerância à dessecação, e em um trabalho conduzido por

Costa (2016), afirma que radícula é o órgão mais sensível à dessecação, porém a

capacidade de produzir raízes laterais é a chave para a sobrevivência das sementes

germinadas.

3 METODOLOGIA

O experimento foi realizado no Laboratório de Sementes da Universidade

Federal de Mato Grosso, no Câmpus de Sinop.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

12

A semente do feijão-caupi (Vigna unguiculata L. WALP.) Utilizada para o

experimento foi da Embrapa, cultivar BRS Itaim, sementes filhas de básica C1,

sementes tratadas com fungicida, apresentando 98% de pureza e 96% de germinação.

As sementes foram caracterizadas quanto ao teor de água e porcentagem de

protrusão de raiz primária, sendo que o teor de água foi determinado pelo método estufa

a ±105°C por 24 horas (BRASIL, 2009), e a porcentagem de germinação foi avaliada

por meio da semeadura de quatro sub amostras de 30 sementes entre papel germinativo

(RP) umedecido com 2,5 vezes o volume de água, em relação à massa do papel seco,

à temperatura de 30ºC, com leitura após 72 horas em câmara de germinação.

3.1 Germinação das Sementes de feijão-caupi

As sementes de feijão-caupi a serem germinadas foram colocadas em papel

para germinação, com água destilada, adicionado 2,5 vezes o peso do papel em água.

Foram postas para germinação 150 sementes por tratamento, no total 10 tratamentos,

para que houvesse quantidade de embriões suficiente para suprir a demanda por

plântulas a serem retiradas para as repetições de cada tratamento (FIGURA 1).

Figura 1 - Sementes de feijão-caupi postas para germinar em papel germinativo. UFMT - Sinop,

2017.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

13

3.2 Método de Secagem e Reidratação das Sementes

As plântulas foram retiradas assim que protundidas, as repetições não foram

todas simultâneas, então cada tratamento foi dividido em 5 repetições de 30 plântulas,

1 repetição de 30 sementes foi usada para teste de umidade, onde todas foram

submetidas a secagem. As plântulas foram dispostas à secagem em telas de 11 x 11

cm, em secadores com sílica gel (Figura 2), com controle de umidade relativa (UR%) de

14%, medido com auxílio de Data logger (HOBO U14-001) e temperatura controlada a

26°C.

Figura 2 – sementes germinadas postas para dessecação em sílica gel. UFMT – Sinop, 2017.

A sílica gel, cuja fórmula química é SiO2, é uma substância sintética, trata-se de

um importante composto dessecante e desidratante, capaz de reter a umidade dos

ambientes, processo em que as moléculas de um líquido se aderem à superfície do

dessecante. As sementes não foram submetidas a nenhum pré-tratamento para

resistirem mais a desidratação. A secagem foi testada em 1 tratamento com as

sementes somente embebidas por 14 horas e submetidas há 24 horas de secagem e

em 8 tratamentos de sementes com raiz primária protundidas, em tempos de 6, 12, 24,

48, 72, 96,120 e 144 horas em sílica gel, onde 3 amostras de 10 sementes cada foram

retiradas para teste de umidade.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

14

Para o processo de reidratação foram realizadas 4 repetições de 30 sementes

postas novamente em papel para germinar, nas condições de 30°C e com 12 horas de

luz diárias para germinação.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No teste realizado com sementes que ficaram um período de 14 horas de

embebição as sementes apresentaram um teor de água (g g-1 MS) de 1,187 e

germinação de 96% após a secagem e reidratação.

O tempo de embebição de 14 horas foi escolhido baseado em um padrão de

embebição (Figura 3) desenvolvido por SILVA (2015) em adaptação ao padrão trifásico

de embebição proposto por Bewley et al. (2013).

Figura 3 – padrão de embebição de feijão-caupi. SILVA, 2015.

O tamanho da raiz é um fator que influencia na tolerância a dessecação, uma

vez que teoricamente a partir da protusão acontece a perda dessa tolerância, alguns

estudos apresentam um tamanho de raiz entre 3 mm e 3,5 mm para que ocorra a

retomada do crescimento. Porém, devido a desuniformidade apresentada pelas

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

15

sementes de feijão-caupi, algumas sementes podem apresentar tamanho de raiz

superior a isso e ainda assim elas retomaram o seu crescimento.

SILVA (2016) observou em seu estudo que a taxa de sobrevivência de sementes

de soja declinou rapidamente após 60 horas de dessecação. A redução do teor de água

de 1,336 g g-1 de M.S. até 0,4258 g g-1 M.S. resultou em apenas 65% de sobrevivência

das sementes após 100 horas de dessecação.

No estudo com o feijão-caupi o teor de água foi reduzido para pouco menos da

metade do tempo 12 para 24 horas de secagem, passando de 0,521 g.g-1MS para 0,252

g.g-1MS (Tabela 1), ocasionando uma queda na taxa de sobrevivência de 80% para 65%

respectivamente.

Tabela 1 – Resultado das avaliações das sementes de feijão-caupi após secagem e reidratação.

Tempo de secagem(h)

Peso Fresco - PF (g)

Peso Seco - PS (g)

Teor de Água (g.g-1M.S)

Sobrevivência (%)

6 3,359 2,044 0,709 85,83

12 2,688 1,767 0,521 80

24 2,816 2,252 0,252 65

48 2,611 2,237 0,166 30,83

72 2,621 2,359 0,111 23,33

96 2,503 2,286 0,099 2,5

120 2,378 2,162 0,098 0,83

144 2,428 2,232 0,087 0

A taxa de sobrevivência declinou rapidamente a partir de 72 horas de secagem.

O teor de água passou de 0,111 g.g-1 MS para 0,099 g.g-1 MS, resultando em apenas

2,5% de sobrevivência após 96 horas de secagem.

O teor de massa seca nas sementes se manteve em torno de 0,252 g.g-1 MS até

24 horas de dessecação, e reduziu para valores em torno de 0,08 g.g-1 MS até 144 horas

de dessecação. Embora após 24 horas de dessecação tenha havido redução

significativa no teor de água o efeito se manifestou após 72 horas de dessecação.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

16

Figura 4 – sementes de feijão-caupi que retomaram o crescimento após secagem lenta. UFMT

– Sinop, 2017.

Figura 5 – Gráfico de sobrevivência em relação ao teor de água das sementes. UFMT, Sinop,2017.

Houve queda da taxa de sobrevivência, porém ainda se mostrou positivamente

significativa, uma vez que em um extremo de 0,111 de teor de água (g g-1 M.S.) a

sobrevivência foi de 23%, expressando assim uma boa média de sobrevivência.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

17

SILVA (2015), observou que sementes de feijão-caupi com raiz primária com 2

mm de comprimento não submetidas ao condicionamento osmótico, a capacidade de

tolerar a dessecação foi de 43%, podendo ser considerada bastante elevada, o que

evidencia uma capacidade intrínseca das sementes de feijão-caupi para tolerar a

dessecação.

É possível que tal característica tenha sido obtida ou incrementada por meio da

seleção natural, em função do provável centro de origem do feijão-caupi, Centro-Oeste

do Continente Africano, onde há predominância altas temperaturas e baixa

disponibilidade hídrica, bem como por meio do melhoramento genético da espécie.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

18

5 CONCLUSÃO

O estudo do grau de tolerância à dessecação da semente do feijão-caupi é muito

importante para a tomada de decisão no manejo da cultura caso o solo ainda não tenha

umidade suficiente ou ocorra um período de seca (veranico) após a semeadura, o que

é comum na região nordeste onde a cultura é mais cultivada.

As sementes de feijão-caupi apresentaram a reindução da tolerância a

dessecação, pois mesmo após 72 horas de secagem e um teor de água de 0,111 (g g -

1 MS) houve a retomada do crescimento e a sobrevivência de 23,33% das plântulas.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

19

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BEZERRA, A. A. C.; NETO, F. A.; DAS NEVES, A. C.; MAGGIONI, K. Comportamento

morfoagronômico de feijão-caupi, cv. BRS Guariba, sob diferentes densidades de

plantas. Revista Ciências Agrárias, Belém, v. 55, n. 3, p. 184-189, 2012.

BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. 2. ed.

New York: Plenum, 1994. 445 p.

BOUBRIAK, I.; DINI, M.; BERJAK, P.; OSBORNE, D. J.Desiccation and survival in

the recalcitrant seeds of Avicennia marina: DNA replication, DNA repair and

protein synthesis. Seed Science Research, v. 10, n. 03, p. 307-315, 2000.

BOYER, J. S. Water deficits and photosynthesis. In: KOZLOWSKI, T.T. (ed.) Water

deficits and plant growth. New York: Academic Press, v.4, p.154-191, 1978.

BUITINK, J.; VU, B. L.; SATOUR, P.; LEPRINCE, O. The reestablishment of desiccation

tolerance in germinated radicles of Medicago truncatula Gaertn seeds. Seed Science

Research, Wallingford, v. 13, n. 4, p. 273-286, Apr. 2003.

CARVALHO, N. M; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção 2, ed.

Campinas. Fundação Cargill, 1983. 429 p.

COLVILLE, L.; KRANNER, I. Desiccation tolerant plants as model systems to study

redox regulation of protein thiols. Plant Growth Regulation, v. 62, n. 3, p. 241-255,

2010.

COSTA, M. C. D.; FARIA, J. M. R.; JOSÉ, A. C.; LIGTERINK, W.; HILHORST, H. W. M.

Desiccation tolerance and longevity of germinated Sesbania virgata (Cav.) Pers. Seeds.

Journal of Seed Science, v.38, n.1, p.050-056, 2016.

FAO (2015). FAOSTAT. Crops. Cow peas, dry. Disponível em:

http://faostat3.fao.org/browse/Q/QC/E. Acesso em 17 de outubro de 2017.

FREIRE FILHO, F. R. Origem, evolução e domesticação do caupi. In: ARAÚJO, J. P. P.

de; WATT, E. E. (Org.). O caupi no Brasil. Brasília, DF: IITA: EMBRAPA, 1988. p. 26-

46.

FROTA, K. M. G.; MENDONÇA, S.; SALDIVA, P. H. N.; CRUZ, R. J.; ARÊAS, J. A. G.

Cholesterol-lowering properties of whole cowpea seed and its protein isolate in

hamsters. Journal of Food Science, Chicago, v. 73, n. 9, p. H235-H240, Nov./Dec. 2008.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

20

HEBLING, S. A. Aspectos ecofisiológicos da germinação de sementes de E.

contortisiliquum (Vellozo) Morong. 1997. 143 p. Tese (Doutorado em Ciências) –

Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.

HOEKSTRA, F. A.; GOLOVINA, E. A.; BUITINK, J. Mechanisms of plant desiccation

tolerance. Trends in Plant Science, Oxford, v. 6, n. 9, p. 431-438, Sept. 2001

KERMODE, A. R. Regulatory mechanisms in the transition from seed development to

germination: interactions between the embryo and the seed environment. In: KIGEL, J.;

GALILI, G. (Ed.). Seed development and germination. New York: M. Dekker, 1995. p.

273-332

MARÉCHAL, R.; MASCHERPA, J. M.; STAINIER, F. Étude taxonomique d'um groupe

complexe d'espèces de genres Phaseolus et Vigna (Papilionaceae) sur la base de

donneés morplhologiques et polliniques, traitées par l'analyse informatique. Boissiera,

Geneve, v. 28, p. 1-273, 1978.

OSBORNE, D. J.; BOUBRIAK, I. I. DNA status, replication and repair in desiccation

tolerance and germination. Basic and applied aspects of seed biology. Kluwer

Academic. p.23-32, 1997.

PADULOSI, S.; NG, N. Q. Origin taxonomy, and morphology of Vigna unguiculata (L.)

Walp. In: SINGH, B. B.; MOHAN RAJ, D. R.; DASHIELL, K. E.; JACKAI, L. E. N. (Ed.).

Advances in cowpea research. Ibadan: International Institute of Tropical Agriculture;

Tsukuba: Japan International Research Center for Agricultural Sciences, 1997. p. 1-12.

Trabalhos selecionados do Second World Cowpea Research Conference, 1995, Accra,

Ghana.

SILVA C. A. Reindução a Tolerância a Dessecação em Sementes Germinadas de

Feijão-Caupi Vignia unguiculata L. ( WALP). 2015, Universidade Estadual Paulista, São

Paulo, 2015.

SILVA, N. E. Tolerância a Dessecação e Reindução da Tolerância a Dessecação

em Plãntulas de Soja. 2016, Universidade Federal de Mato Grosso, Mato Grosso,

2016.

SILVA, K. J. D. e. Estatística da produção de feijão-caupi. 2009. Disponível em:

<http://www.portaldoagronegocio.com. br/conteudo.php?id=34241>. Acesso em: 03

mar. 2010.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CÂMPUS DE SINOP ... JUNIOR... · Possui 4 tipos de arquitetura da planta. Segundo Rachie & Rawal (1976) e Freie Filho et al. (1981) são as seguintes:

21

SELLSCHOP, J. P. F. Cowpeas: Vigna unguiculata (L.) Walp. Field Crop Abstracts,

Slough, v. 15, n. 4, p. 259-266, Oct./ Dec. 1962.

SINGH, B. B. Recent progress in cowpea genetics and breeding. Acta Horticulturae, The

Hague, n. 752, p. 69-76, 2007. Edition of the Proceedings of the International Conference

on Indigenous Vegetables and Legumes, Hyderabad, India , Sep. 2007. Disponível em:

http://www.actahort.org/books/752/752_7.htm

SMARTT, J. Grain legumes: evolution and genetic resources. Cambridge: Cambridge

University Press, 1990. 333 p.

SUN. W. Q. Desiccation sensitivity of recalcitrant seeds and germinated orthodox seeds:

can germinated orthodox seeds serve as a model system for studies of recalcitrant

seeds. In: IUFRO SEED SYMPOSIUM, 1, 1998, Kuala Lumpur. Proceedings…Kuala

Lumpur: FRIM, 1999. p. 29-42.

VERDCOURT, B. Studies in the leguminosae: papilionoideae for the 'Flora of tropical

East Africa'. Kew Bulletin, London, v. 24, p. 507-569, 1970.

VIEIRA, C. V. Germinação e re-indução de tolerância à dessecação em sementes

germinadas de tabebuia impetiginosa e alliaria petiolata. 2008. vi, 98 p. Tese (Doutorado

em Fisiologia Vegetal) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2008.