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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICA DEPARTAMENTO DE DESENHO E TECNOLOGIA SAMUEL BENISON DA COSTA CAMPOS INTERVENÇÃO MACROERGONÔMICA NO SETOR DE LAVANDERIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS – MA São Luís – MA 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICA DEPARTAMENTO DE DESENHO E TECNOLOGIA

SAMUEL BENISON DA COSTA CAMPOS

INTERVENÇÃO MACROERGONÔMICA NO SETOR DE LAVANDERIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS – MA

São Luís – MA

2005

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SAMUEL BENISON DA COSTA CAMPOS

INTERVENÇÃO MACROERGONÔMICA NO SETOR DE LAVANDERIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS – MA

Monografia apresentada ao Curso de Desenho Industrial da Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do Bacharelado em Desenho Industrial.

Orientador: Profº Dr. Sc. Raimundo Lopes Diniz

São Luís – MA 2005

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3

CAMPOS, Samuel Benison da Costa Intervenção macroergonômica no setor de lavanderia em um hospital universitário no município de São Luís – MA/ Samuel Benison da Costa Campos. – São Luís, 2005. 133 f. : il. Monografia (Bacharel em Desenho Industrial) – Curso de Desenho Industrial, Universidade Federal do maranhão, 2005.

1. Ergonomia. 2. Intervenção ergonômica. 3. Lavanderia hospitalar I. Título

CDU 65.015.11

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SAMUEL BENISON DA COSTA CAMPOS

INTERVENÇÃO MACROERGONÔMICA NO SETOR DE LAVANDERIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS – MA

Monografia apresentada ao Curso de Desenho Industrial da Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do Bacharelado em Desenho Industrial.

Aprovada em: / / 2005

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Profº Dr. Sc. Raimundo Lopes Diniz Doutorado em Engenharia de Produção

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

_____________________________________________

Profª Luciana Bugarin Caracas Mestrado em Desenvolvimento Urbano Universidade Federal de Pernambuco

_____________________________________________

Profª Inêz Maria Leite da Silva Coordenadora de Monografias

Universidade Federal do Maranhão

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5

Ao meu Deus triuno (Pai, Filho e Espírito Santo), por todo amor e bênçãos que tem me outorgado sem que eu fosse merecedor, a ele a honra e a glória que Lhe é devida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Deus Pai por todo amor, esmero e cuidado na criação do homem, e

pela maior demonstração de amor que conheço, a salvação em Cristo Jesus através de sua

abnegação, demonstrada na cruz do calvário; a Jesus Cristo, o Deus filho, por se dispor a

morrer por todos, independente de nossa crença ou aceitação deste gesto, ao Deus Espírito

Santo pela consolação na ausência de Cristo, até que Ele volte. A Este Deus agradeço ainda

o dom da minha vida, dos meus pais, dos meus irmãos e meus amigos, e por este momento,

até aqui me ajudou o Senhor.

Aos meus pais, pelo imenso amor que demonstraram por mim antes de minha

própria existência, pois sei quão grande risco de vida implicava a minha mãe ter mais um

filho, mesmo assim tentaram e não por coincidência o nome que recebi, Samuel significa

presente de Deus enquanto que Benison, benção; Deus recompensou a vossa fé, fazendo

com que meu nascimento fosse tranqüilo, salvo a data, 31 de dezembro; e ainda os

recompensou dando-lhe outras filhas que não dividem o mesmo sangue que nós quatro,

entretanto possuem este mesmo amor a Deus e a uns aos outros, que há em nós; agradeço-

lhes pelo maior presente de minha vida: terem me apresentado e oferecido ao Senhor Deus,

tal qual Ana, mãe do primeiro Samuel, e ensinado-me a cultivar plena comunhão com Ele;

pela paciência; pela atenção; pelo companheirismo; pelo incentivo e apoio; por suas

orações; por suas broncas, prova de seu amor; e por me permitirem sonhar e correr em

buscar de alcançar este sonho, agora ele está mais perto; mais uma vez faz-se necessário

dizer, e faço isto com prazer: eu vos amo... Espero que tenha feito por merecer o risco

enfrentado no meu nascimento.

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Ao meu único irmão de sangue, Bruno, que mesmo sendo a pessoa no mundo

com que mais tenho afinidade, entretanto consigo divergir tanto, mas no fim sei que nos

amamos, parte deste sonho, é teu, e sei que em breve estarás realizando os teus próprios...

As minhas irmãs que Deus tão bondosamente me concedeu: Francisca, Luciana,

Cristiane e Natália, obrigado pelo apoio, amor e orações; eu também as amo...

Ao meu cunhado Reinaldo que também tem se tornado um irmão, através de

suas palavras, principalmente na hora da angústia tal qual a Bíblia afirma, demonstração de

zelo e cuidado.

As minhas sobrinhas, Mayra, Mirla e Isabela, por seus sorrisos meigos e

sinceros que renovam a esperança no futuro.

Aos meus tios, tias, avós, primos e primas por nos momentos de dúvidas

acreditarem que eu conseguiria, sua crença em mim foi decisivo para que eu lograsse êxito.

Aos Pastores Francisco Lima e Fábio Ribeiro, cujos conselhos e ensinamentos

magníficos me fizeram aprimorar meu relacionamento com Deus, com o próximo e comigo

mesmo, suas palavras foram proféticas em minha vida, hoje estamos longe, porém sei que

continuamos presentes nas orações uns dos outros, sei que um dia estaremos juntos no céu,

e ao meu recente Pastor Melquisedeck Abreu com quem agora inicio uma nova etapa de

minha vida, obrigado pela confiança.

Aos irmãos em Cristo por suas orações e auxílio nesta difícil, mais não menos

magnífica caminhada.

Ao José Henrique, por sua amizade incondicional e suas palavras de incentivo

para continuar sempre em frente.

Aos amigos de faculdade: Breno, Daniele, Davi, Eliomar, Fredsônia, Íris, Igor,

Joanyr, José Francisco, Helton, Mirelle, Mayra, Patrícia, Marlice, Werlon e Wisney pelos

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momentos que passamos juntos, as suas vida contribuíram muito para meu crescimento

pessoal.

Às integrantes do NEPP: Aline e Kerly, que já chegaram onde eu também

pretendo, parabéns pelos seus êxitos; Gabriela, que em breve estará logrando este mesmo

objetivo, e agora recentemente a Iana, a promessa de renovação e de que este Núcleo

continuará a realizar os seus magníficos projetos.

A todos os meus professores, desde a que me ensinara a decifrar as letras e

formar as primeiras palavras, às professoras do ensino fundamental, principalmente as

professoras Guilhermina e Fátima, que incentivaram meus pais a anteciparem meus

estudos, decisão esta que afetou toda minha vida e fez com que eu conseguisse chegar a

meus objetivos muito mais rápido, aos professores do ensino médio, em especial o

professor Messias, mais que um professor, meu mestre, incentivador e amigo, obrigado

pelo seu conselho, talvez sem ele, eu não estaria aqui. E aos professores de agora, do

Departamento de Desenho e Tecnologia por mostrarem os caminhos por onde seguir ou

mesmo não seguir, nesta carreira que apenas se inicia; sobretudo sou grato, as professoras

Luciana e Lucia, pela contribuição nesta pesquisa, sem as quais eu não teria alcançado os

objetivos traçados.

À Profª Nair Portela, diretora adjunta de ensino pesquisa e extensão, a Gilvan

Rodrigues, diretor da lavanderia hospitalar, e a José Garcia Nascimento, técnico de

segurança do hospital onde a pesquisa foi realizada, por seu interesse e cooperação,

demonstração que compreenderam a importância desta, e por acreditar que com a

realização desta pesquisa melhorias seriam alcançadas; e principalmente aos 34

funcionários da LH que se dispuseram em todos os momentos, espero que esta pesquisa

contribua para melhoria das condições de seu trabalho.

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9

Aos pesquisadores que serviram como fonte de pesquisa sem se quer fazer idéia

disto.

Finalmente, quero agradecer especialmente a duas pessoas, não pensaram que eu

iria esquecer logo de vocês? Ao Prof° DSc. Diniz, primeiro pela confiança e a oportunidade

de fazer parte desta pesquisa, o que acabou por se transformar em algo maior: uma carreira

em que posso me sentir realizado, sei que este é apenas o primeiro passo. Pela orientação

segura e competente, e por sua amizade, meu muito obrigado! E ao Pedro, que dentre todas

pessoas que conheci nos últimos três anos, merece este agradecimento especial, por ter sido

companheiro na realização não só deste trabalho, mas em tanto outros, e principalmente

pela honra de ser conhecido como seu amigo... sei que posso contar com esta amizade

irrestrita.

A todos, o meu muito obrigado por contribuírem para que meu sonho se torne

cada vez mais próximo, este é apenas mais um passo, contudo sei que conto com a vossa

ajuda na continuação desta caminhada, é preciso ressaltar que vossas vidas influenciaram

positivamente a minha...

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“É no Desenho Industrial que a ciência encontra a arte, a tecnologia encontra a prática, e a indústria encontra o consumo”

Karin Rashid

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”

Apóstolo Paulo (Rm 12:2)

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RESUMO

Esta monografia trata sobre uma intervenção macroergonômica realizada no setor de

Lavanderia de um Hospital em São Luís – MA. Foi realizado o mapeamento dos

constrangimentos ergonômicos, por meio de observações assistemáticas, entrevistas abertas

não induzidas, onde os resultados das mesmas serviram de base para formulação do

questionário aplicado aos do Setor de Lavanderia Hospitalar. O método utilizado foi o

AMT (Análise Macroergonômica do Trabalho) proposto por Guimarães (1999), que

abordou as fases de lançamento (fase 0), apreciação (fase 1), e diagnose (fase 2). Para

comprovar os constrangimentos ergonômicos relacionados à postura, ao desconforto/dor e a

carga de trabalho utilizou-se o REBA (Rapide Entire Body Assessment) (HIGNETT &

McATAMNEY, 2000), o Mapa de Regiões Corporais (CORLETT, 1995). No geral, os

resultados obtidos, demonstraram constrangimentos posturais, causando desconforo/dor.

Palavras-chave: Ergonomia, intervenção ergonômica, lavanderia hospitalar.

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ABSTRACT

This study presents an Ergonomic Intervention at a hospital in São Luís city (MA) among

the laundry service unit’s workman. Macroergonomic analysis of work (GUIMARÃES,

1999) was used to identify and prioritize the ergonomic demanded items. Was realized the

explanation (stage 0), appreciation (satge1) and diagnosis (stage 2). It was applied

interviews and field observation and performed a subjective questionnaire at the stage 1. At

the stage 2 it was applied a posture assessment technique (REBA – Rapid Entire Body

Assessment) (HIGNETT & McATAMANEY, 2000) and Body Map Assessment

(CORLETT, 1995). In general, the workmen complained organization environmental,

biomechanical and workstation constraints. Also, the results suggested high levels of

discomfort/pain/sickness perceived among workmen and awkward postures.

Key Words: Ergonomic, Ergonomic intervention, laundry service unit

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Organograma da lavanderia .................................................................. 24

Figura 2 Lavadora do tipo extratora ..................................................................... 27

Figura 3 Centrífugas extratoras ............................................................................ 28

Figura 4 Calandra ................................................................................................. 28

Figura 5 Secadora ................................................................................................. 29

Figura 6 Prensa ..................................................................................................... 29

Figura 7 Carrinho de transporte de roupas tipo cesto .......................................... 31

Figura 8 Ferro elétrico .......................................................................................... 31

Figura 9 Ciclo da roupa ........................................................................................ 7

Figura 10 Fluxograma operacional da lavanderia hospitalar ................................. 38

Figura 11 Exemplo de uma das interfaces do software REBA utilizado para

avaliação dos constrangimentos posturais realizadas durante as tarefas

do trabalhador .......................................................................................

63

Figura 12 Mapa de regiões do corpo (CORLETT, 1995) ...................................... 64

Figura 13 Construto Físico-ambiental (Área Limpa) ............................................. 70

Figura 14 Mau posicionamento das secadoras e falta de coifa sobre a calandra ... 70

Figura 15 Construto Biomecânico (Área Limpa) ................................................... 71

Figura 16 Construto Organizacional (Área Limpa) ............................................... 72

Figura 17 Construto Posto de trabalho (Área Limpa) ............................................ 73

Figura 18 Construto Conteúdo do trabalho (Área Limpa) ..................................... 74

Figura 19 Construto Desconforto/dor (Área Limpa) ............................................. 75

Figura 20 Construto Físico-ambiental (Área Suja) ................................................ 76

Figura 21 Construto biomecânico (Área Suja) ....................................................... 76

Figura 22 Construto Organizacional (Área Suja) .................................................. 77

Figura 23 Construto Posto de trabalho (Área Suja) ............................................... 78

Figura 24 Material perfuro-cortante encontrado entre as roupas ........................... 78

Figura 25 Construto conteúdo do trabalho (Área Suja) ......................................... 79

Figura 26 Construto Desconforto/dor (Área Suja) ................................................. 80

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Figura 27 Construto físico-ambiental (Noturno) .................................................... 81

Figura 28 Construto Biomecânico (Noturno) ......................................................... 81

Figura 29 Construto Organizacional (Noturno) ..................................................... 82

Figura 30 Construto Posto de trabalho (Noturno) .................................................. 83

Figura 31 Construto Conteúdo do trabalho (Noturno) ........................................... 84

Figura 32 Construto Desconforto/dor (Noturno) .................................................... 85

Figura 33 Posturas assumidas (Área Limpa/diurno) .............................................. 87

Figura 34 Posturas assumidas (Área Suja/diurno) ................................................. 87

Figura 35 Posturas assumidas turno noturno (Áreas Suja e Limpa) ...................... 87

Figura 36 Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Esquerdo (Área Limpa) 88

Figura 37 Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Direito (Área Limpa) .... 89

Figura 38 Resultado dos Segmentos Corporais do Tronco (Área Limpa) ............. 90

Figura 39 Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Esquerdo (Área Suja) .... 91

Figura40 Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Direito (Área Suja) ........ 92

Figura 41 Resultado dos Segmentos Corporais do tronco (Área Suja) .................. 93

Figura 42 Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Esquerdo (Noturno) ...... 94

Figura 43 Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Direito (Noturno) .......... 94

Figura 44 Resultado dos Segmentos Corporais do Tronco (Noturno) ................... 95

Figura 45 Resultado do REBA ............................................................................... 96

Figura 46 Falta de legibilidade das informações .................................................... 97

Figura 47 Dispositivos fora do alcance acional ...................................................... 97

Figura 48 Problema com a sinalização ................................................................... 97

Figura 49 Assento em pé-sentado .......................................................................... 98

Figura 50 Propostas de carrinhos de transporte de roupa para a lavanderia .......... 99

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Quadro geral dos trabalhadores da lavanderia ...................................... 49

Tabela 2 Total dos participantes das entrevistas abertas ...................................... 55

Tabela 3 Descrição dos respondentes do Questionário ........................................ 59

Tabela 4 Respondentes do Mapa (Corlett, 1995) ................................................. 64

Tabela 5 Resultado das entrevistas abertas (Área Limpa) .................................... 67

Tabela 6 Resultado das entrevistas abertas (Área Suja) ....................................... 68

Tabela 7 Resultado das entrevistas abertas (Noturno) .......................................... 68

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ABREVIATURAS

AMT – Análise Macroergonômica do Trabalho

De. DET – Departamento de Desenho e Tecnologia

DM – Design Macroergonômico

EPI ou EPIs- Equipamento(s) de Proteção Individual

IDE ou IDEs – Item(ns) de Demanda Ergonômica

LH – Lavanderia Hospitalar

LOPP – Laboratório de Otimização de Produtos e Processos

MP – Método Participativo

NEPP – Núcleo de Ergonomia em Processos e Produtos

ppm – Partes por milhão

UFMA – Universidade Federal do Maranhão

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 12

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 14

ABREVIATURAS ......................................................................................................... 15

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 17

1.1. JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 19

1.2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 21

1. 2. 1. Objetivo Geral ..................................................................................................... 21

1. 2. 2. Objetivos Específicos .......................................................................................... 21

1. 2. 3. Objetivos Operacionais ....................................................................................... 22

2. LAVANDERIA HOSPITALAR .............................................................................. 22

2. 1. PLANEJAMENTO DO SETOR DE LAVANDERIA............................................ 24

2. 2. OPERACIONALIZAÇÃO....................................................................................... 37

2. 3. ERGONOMIA NO SETOR DE LAVANDERIA HOSPITALAR.......................... 44

3. MÉTODOS E TÉCNICAS ....................................................................................... 48

3. 1. MÉTODOS DE COLETA DE INFORMAÇÕES – AMT (ANÁLISE

MACROERGONÔMICA DO TRABALHO)................................................................. 49

3. 1. 1 Lançamento – FASE 0 ......................................................................................... 52

3. 1. 2. Apreciação Ergonômica – FASE 1 ..................................................................... 52

3. 1. 3. Diagnose Ergonômica – FASE 2 ........................................................................ 60

4. RESULTADO E DISCUSSÕES .............................................................................. 66

4. 1. Apreciação ergonômica – FASE 1 .......................................................................... 66

4. 2. Diagnose ergonômica – FASE 2 ............................................................................. 85

4. 3. Recomendações preliminares .................................................................................. 98

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 101

5. 1. Sugestões de pesquisa ............................................................................................. 103

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 104

ANEXOS ........................................................................................................................ 109

APÊNDICES .................................................................................................................. 121

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1. INTRODUÇÃO

De acordo com Moraes (1994), a busca da qualidade dentro do trabalho é uma

preocupação não apenas das grandes empresas industriais, mas uma prioridade para toda

organização desejosa pelo seu desenvolvimento. Neste sentido, a qualidade deixa de ser

uma opção e passa a ser uma necessidade para todas as organizações industriais e de

serviços, uma vez que o mercado está cada dia mais complexo e competitivo.

Essa busca pela qualidade se estendeu tanto que alcançou setores como a Saúde.

E quando os atuais serviços de saúde atem-se para os bons cuidados com o intercâmbio das

ações de todas as pessoas envolvidas no processo, os melhores resultados são vistos como

"produto" desta preocupação, o que gera uma melhor assistência ao paciente. A melhor

performance é resultante de uma harmoniosa interação de uma grande variedade de

sistemas e subsistemas que congregam as funções essenciais ao cotidiano do sistema

hospitalar (MEZOMO, 1995).

De acordo com IEA (Internacional Ergonomics Association) (2003), a

ergonomia é a disciplina científica cujo objeto de estudo é o conhecimento das interações

entre o ser humano e outros elementos de um sistema, a fim de que os objetivos dos

mesmos sejam satisfatoriamente alcançados, é, ainda, a profissão que para projetar aplica

teorias, princípios, dados, que resultem na otimização e no desempenho do sistema como

um todo, em função da observância de fatores intrínsecos a necessidade do homem.

No que tange aos hospitais, a ergonomia possui princípios, métodos específicos

para este setor, sendo denominada de ergonomia hospitalar, visando melhorar as condições

de trabalho, o conforto e a segurança dos trabalhadores da área da saúde e dos pacientes.

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19

Porém o uso destes conhecimentos tem sido muito recente, e de acordo com

Estryn-Behar (1996), faz-se necessários que os mesmos continuem a fim de melhorar a

situação dos trabalhadores, do setor hospitalar, o que por fim se traduzirá na melhoria do

serviço prestado aos próprios pacientes.

Conforme Goodwin (1994), um hospital é um conjunto, uma organização

sistêmica composta por subsistemas, (como: administração, laboratórios, centros cirúrgicos,

refeitório, manutenção, transporte, depósitos de produtos químicos, etc.), e para que o

atendimento aos pacientes e as próprias condições de trabalho dos funcionários sejam as

melhores possíveis é preciso que haja a melhor interação possível entre eles.

A lavanderia é um destes setores; ela é responsável pelo processamento de toda

roupa utilizada pelos pacientes funcionários do hospital (GOODWIN, 1994); é

indispensável ao bom funcionamento do mesmo, (GUIMARÃES & van der LINDEN,

2002). Entretanto as várias intervenções, já realizadas neste setor, têm demonstrado a

ocorrência de diversos constrangimentos ergonômicos (problemas).

A presente monografia trata sobre uma intervenção macroergonômica realizada

no setor de lavanderia hospitalar, que é parte integrante do projeto de pesquisa realizado em

parceria entre o NEPP (Núcleo de Ergonomia em Processos e Produtos) do Departamento

de Desenho e tecnologia da UFMA e a Divisão de Ensino Pesquisa e Extensão de um

hospital universitário de São Luís; o método de pesquisa adotado foi o AMT (Análise

Macroergonômica do Trabalho) proposto por Guimarães (1999), que prevê a participação

direta dos profissionais durante todas as fases; são relatados os resultados das fases de

apreciação ergonômica (fase 1), esta é fase de levantamento e/ou mapeamento dos

constrangimentos ergonômicos, que se constituem nos Itens de Demanda Ergonômica

(IDEs), identificados por meio das técnicas de entrevistas abertas e completados por

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20

observações assistemáticas (registradas em caderneta de campo e registro fotográfico) para

a formação de um questionário; e a fase 2, de diagnose ergonômica que visa aferir as causas

e conseqüências dos constrangimentos ergonômicos levantados durante a fase 1, dessa

forma, realizou-se: observações sistemáticas, a técnica de análise postural REBA (Rapid

Entire Body Assessment) e aplicou-se o mapa de regiões do corpo - Escala de

Desconforto/dor (CORLETT, 1995) para mensuração do nível de deconforto/dor, o

levantamento do layout. Por fim fora elaborado um relatório com a proposição de soluções

preliminares.

1. 1. JUSTIFICATIVA

Pugliese & Huntiger (1992) afirmam que a lavanderia tem por objetivo

transformar toda roupa suja ou contaminada no hospital em roupa limpa. Este processo é

extremamente importante para o bom funcionamento do hospital em relação à assistência

direta e indireta prestada ao paciente.

De acordo com Guimarães & van der Linden (2002), a lavanderia hospitalar

possui importante função no desenvolvimento das atividades de um hospital; trata-se de um

setor de apoio cujo papel é, por vezes, subestimado pela alta administração, mas que afeta

as atividades de todas as demais áreas.

O processamento de roupas dentro dos hospitais deve ser dirigido de forma que

a roupa não represente um veículo de infecção, contaminação ou mesmo irritação aos

pacientes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003). Cirurgias, internações procedimentos

ambulatórios, entre outros são fortemente dependentes do correto desempenho dos

processos das lavanderias hospitalares. Atrasos na reposição do enxoval, por exemplo,

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21

podem gerar sérios transtornos no atendimento às demandas das diversas unidades do

hospital, assim como o não cumprimento de atividades programadas, para que isto não

ocorra se faz necessário que os todos os aspectos tanto, físicos, quanto organizacionais,

psicossociais, ambientais e ferramentais estejam nas melhores condições e interajam de

maneira harmônica para o alcance dos seus objetivos.

Outrossim, na classificação de risco, as lavanderias são consideradas áreas

críticas (ANVISA, 2000), que não atingem diretamente os pacientes, a não ser em raros

casos, mas podem representar sério risco potencial para seus funcionários, devido à

manipulação de materiais infectantes, realizadas freqüentemente, sem os devidos cuidados.

Em suas pesquisas Kirby e Corpon (1956), Gonzaga et al. (1964), English et al. (1967),

Steere et al. (1975), Martin (1993) e Standaert et al. (1994) correlacionam a aquisição de

infecções hospitalares entre os profissionais de lavanderia, principalmente os da área suja e

em pacientes, em menor número, devido o contato com roupas contaminadas.

A ergonomia como ciência que estuda o trabalho, e especificamente, a

ergonomia hospitalar trata de melhorar as condições de trabalho, o conforto e a segurança

dos trabalhadores da área da saúde, ao fazer isto como resultado ocorre uma melhoria no

atendimento aos próprios pacientes (ESTRYN-BEHAR, 1996), principalmente no setor

público onde este é um dos principais motivos de reclamação.

Diversas intervenções têm sido realizadas neste setor, e registraram

constrangimentos ergonômicos de ordem: psicossocial, biomecânicos, organizacional entre

outros. Contudo a ergonomia hospitalar está apenas iniciando seus estudos. Faz-se

necessário, segundo Estryn-Behar (1996), a continuação dos mesmos.

Este estudo mostra a sua importância, uma vez demonstrada a relevância dos

conhecimentos do Desenho Industrial (Design) e da Ergonomia em prol do trabalho

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22

hospitalar, quanto à concepção de equipamentos, ferramentas e sistemas que contribuam

para uma melhor qualidade de vida no trabalho, conforto e segurança, principalmente no

que tange a prevenção de contaminações tanto entre os trabalhadores quanto nos pacientes.

Entretanto é necessário, antes, o mapeamento, priorização e análise dos IDEs.

1. 2. OBJETIVOS

1. 2. 1 Objetivo Geral

Contribuir para o conforto, segurança, eficiência e qualidade de vida no trabalho

dos profissionais do setor de lavanderia hospitalar de um Hospital público de São Luis

(MA).

1. 2. 2. Objetivos Específicos

a) Identificar e mapear os constrangimentos (problemas) ergonômicos inerentes

aos postos de trabalho do setor de Lavanderia Hospitalar (LH);

b) Comprovar a existência de carga física entre os trabalhadores do setor de

Lavanderia Hospitalar;

c) Propor recomendações que amenizem os constrangimentos ergonômicos

detectados no setor de Lavanderia Hospitalar.

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23

1. 2. 3. Objetivos Operacionais

a) Realizar a revisão de literatura;

b) Catalogar opiniões sobre o trabalho por meio de entrevistas abertas;

c) Construir uma estrutura hierárquica para a elaboração de um questionário

fechado e aplicação deste;

d) Realizar observações assistemáticas e sistemáticas por meio de registros

fotográficos e/ou em vídeo;

e) Aplicar a técnica de avaliação de desconforto/dor por meio do mapa de

regiões do corpo (CORLETT, 1995);

f) Avaliar o contexto postural dos trabalhadores por meio da técnica de

avaliação de posturas REBA (Rapid Entire Body Assessment) (HIGGNETT &

McATMANEY, 2000);

g) Realizar a análise da tarefa;

h) Propor recomendações preliminares para os constrangimentos encontrados.

2. LAVANDERIA HOSPITALAR

De acordo com o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003), a lavanderia pertence ao

grupo dos setores de apoio ao atendimento dos pacientes. Goodwin (1994) define a

lavanderia hospitalar como setor responsável pelo processamento e distribuição da roupa

em perfeitas condições de higiene e conservação, na quantidade adequada a cada unidade

do hospital.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE

24

De acordo com Mezzomo (1992) a lavanderia é um dos setores que fazem parte

de um contexto maior: A Instituição Hospitalar. Nesta, são processadas as peças de roupas

utilizadas pela instituição, ou seja, as roupas que chegam à lavanderia sujas e contaminadas

são transformadas, prontas para o uso. E este processamento ocorre em diferentes setores

da lavanderia: a área suja, a área limpa e área de rouparia, cada qual responsável por várias

tarefas específicas (KOTAKA, 1989).

• Organograma da Lavanderia Hospitalar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003)

O organograma do serviço de lavanderia, figura 1, reflete a organização,

comando, subordinação e distribuição de atividades dos setores ou áreas. A estrutura

administrativa da lavanderia está subordinada à administração do hospital, fazendo parte

dos serviços de apoio, também chamados serviços gerais.

Em um hospital pequeno, o chefe da lavanderia está diretamente subordinado ao

Diretor Administrativo; nos hospitais maiores, há um nível hierárquico intermediário nas

direções dos serviços de apoio.

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Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003)

Figura 1 – Organograma da lavanderia.

Os sub-setores ou áreas nos quais a lavanderia se subdivide são os seguintes:

Área suja responsável por todo o processamento da roupa suja, realizando a coleta,

separação ou triagem, pesagem e a lavagem; área limpa responsável pelo processamento

da roupa limpa que vai da centrifugagem, secagem, calandragem e prensagem; e rouparia

onde são realizadas a costura, estocagem e distribuição da roupa limpa aos setores de

origem, na quantidade adequada.

2. 1. PLANEJAMENTO DO SETOR DE LAVANDERIA

O seu planejamento depende de suas funções, complexidade de ações e aspectos

econômicos das instalações. Para que ela possa atingir o seu objetivo, as normas técnicas

constituem-se importante instrumento para aumentar a tão questionada efetividade do setor

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003). Os aspectos que precisam ser levados em consideração

no planejamento da lavanderia são:

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• Espaço Físico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003)

Ao se pensar na execução do projeto arquitetônico de lavanderia, é necessário,

primeiro, elaborar um levantamento relativo ás atividades que nela serão desenvolvidas,

assim como espaços indispensáveis aos seus usuários. Para tanto é necessária uma análise

cuidadosa desses elementos e de suas inter-relações, desta feita subsidia-se uma

programação detalhada das necessidades relativas ao espaço físico, em que deverão constar

todas as dependências do serviço, com suas áreas aproximadas. A elaboração desse

programa de área baseia-se, principalmente, nos seguintes fatores: Peso da roupa, tipo de

roupa, equipamento, instalações, tipo de hospital (geral ou especializado), fluxo da roupa,

técnica de processamento, jornada de trabalho, pessoal, distribuição do equipamento e as

condições climáticas. Influem ainda no espaço físico da lavanderia, a localização e a

organização espacial.

• Localização da Lavanderia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003)

A lavanderia deve ser preferencialmente no pavimento térreo, junto à área de

serviços gerais. É rara conferi-lhe a mais correta e adequada localização, deve-se considerar

o transporte e circulação da roupa (vertical ou horizontal), a demanda das unidades do

hospital e as distâncias, que, por sua vez , devem levar em conta: o tempo e movimentos,

ruídos e vibrações, odores, calor, risco de contaminação, futura expansão, localização das

caldeiras, custo de construção, direção dos ventos e orientação solar. No contexto geral do

hospital, no que se refere à sua organização físico-espacial, a lavanderia poderá ser

proposta dentro do prédio, anexa ou separada do mesmo. Ocorrendo a separação entre a

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lavanderia que deve está próxima às caldeiras, por ser a mesma o maior centro consumidor

de vapor.

• Organização espacial

O MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003) prescreve que para sua maior

funcionalidade a lavanderia deve ser implantada em único pavimento. Os espaços devem

ser considerados quanto ao seu volume (pé direito). Existem áreas que necessitam de menor

altura, como os vestiários e depósitos, outras condicionantes do pé direito são às dimensões

dos equipamentos (ex.: coifa sobre a calandra), necessidade de volume de ar, e

principalmente, em função da atividade do homem.

• Equipamentos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003)

É o conjunto de máquinas e aparelhos que constam da instalação da lavanderia,

sem os quais se torna impossível seu funcionamento. A quantidade e o tipo de equipamento

estão intrinsecamente ligados ao tipo de roupa e ao atendimento prestado pelo hospital. Mas

em geral os equipamentos necessários constam de:

a) Lavadora – equipamento composto por dois cilindros, um que funciona

como um tambor externo e outro como um cesto interno, perfurado, dotado de pás que

giram alternadamente para um lado e para outro, a fim de evitar que a roupa fique

totalmente torcida no final da lavagem.

Das máquinas de lavar a mais utilizada nas lavanderias modernas é a lavadora

de desinfecção, que se encaixa na parede ou barreira de contaminação. Esta máquina

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caracteriza-se por possuir duas portas, uma de acesso de roupa suja, na área suja e outra de

saída da roupa limpa, na área limpa. Existem máquinas de lavar de desinfecção de diversas

capacidades, sendo as mais comuns as de 50 e 100 quilos, que são de carga individuais e

lotes, ou seja, cada lote de roupa é lavado separadamente, com a utilização de nova solução

para cada operação, o que consiste numa grande vantagem, visto que cada carga pode

receber a devida alteração na fórmula de lavagem. Em geral, as máquinas de desinfecção,

mais modernas, além da lavagem realizam a centrifugação da roupa, neste caso recebem o

nome de lavadoras extratoras, que oferecem economia de espaço e mão-de-obra e tempo

(Figura 2).

Fonte: www.suzuki.ind.com.br

Figura 2 – Lavadora do tipo extratora.

b) Centrifuga ou extratora – é a máquina usada para eliminar ou extrair 40%

da água da roupa que sai da lavadora; é constituída de dois cilindros, um fixo externo e um

giratório interno perfurado (Figura 3).

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Fonte: www.suzuki.ind.com.br

Figura 3 – Centrífugas extratoras.

c) Calandra – é o equipamento que se destina a secar e passar a roupa ao

mesmo tempo. É constituída de dois ou mais rolos ou cilindros de metal, perfurados ou não,

revestidos, que giram dentro de calhas fixas de ferro, aquecidas a vapor ou eletricidade. É

provida de um dispositivo que desliga automaticamente a máquina, evitando acidentes com

as mãos do operador, entre os rolos. A roupa é passada sob pressão entre a calha aquecida e

o cilindro, que ao girar, seca e desenruga (Figura 4).

Fonte: www.suzuki.ind.com.br

Figura 4 – Calandra.

d) Secadora – possui também dois cilindros: um interno, giratório, que

movimenta a roupa pela rotação e presença de pás, e outro fixo do lado exterior. No uso das

secadoras é preciso considerar os seguintes requisitos: ser equipada com seletor de

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temperatura; possuir o tambor interno de material resistente à corrosão; dispor de comando

automático de tempo e secagem; possuir mecanismo de segurança na porta (Figura 5).

Fonte: www.suzuki.ind.com.br

Figura 5 – Secadora.

e) Prensa – é um equipamento destinado a passar roupa pessoal, consta de uma

mesa de tela metálica, revestida de feltro e de algodão, onde é estendida a roupa. A parte

superior, que é uma chapa metálica, é aquecida a alta temperatura, em seguida, desce,

exercendo pressão sobre a roupa a ser prensada (Figura 6).

Fonte: www.suzuki.ind.com.br

Figura 6 – Prensa.

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f) Balança – é o instrumento utilizado na lavanderia, principalmente na área

suja, para determinar o peso da roupa e dos produtos de lavagem.

g) Carros de transporte – a roupa do hospital é geralmente transportada por

meio de carros. Os carros de coleta e transporte de roupa suja devem ser leves, resistentes e

pouco profundos (o ideal é que esta profundidade esteja situada na altura dos joelhos),

facilitando a operação de retirada da roupa e sua higienização, além de possuir altura de

cerca de 85 cm. Os carros podem ser confeccionados em diversos materiais (alumínio, aço,

fibra de vidro, etc.), não sendo aconselhável o uso de madeira. Os carros são também

necessários na área limpa, para o transporte da roupa de uma máquina para outra e daí para

a rouparia.

Os tipos mais comumente usados são: carros prateleiras que servem para

transportar a roupa que sai da secadora e calandra até a rouparia, servindo também como

estante de estocagem. Estes carros precisão ser de material leve, e possuir vedação em três

lados, para evitar que a roupa cai ao chão; barra sobre rodízios – destinados ao preparo

prévio de algumas peças para a calandra; carrinho-cesto – servem para o transporte da

roupa que sai da centrifuga para a calandra, secadora ou prensa, e destas para a dobragem e

rouparia; carros-mesa – substituem as mesas fixas de separação da roupa que sai da

centrifuga e as mesas para o trabalho na calandra (Figura 7); carrinhos-estante – utilizados

no transporte da roupa limpa e dobrada para a rouparia. Servem, ainda, como estante para

estocagem da roupa e sua distribuição às unidades.

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Fonte: www.suzuki.ind.com.br

Figura 7 – Carrinho de transporte de roupas tipo cesto.

h) Ferro elétrico – equipamento tradicional de uso doméstico, eventualmente

usado na lavanderia hospitalar (Figura 8).

Fonte: www.suzuki.ind.com.br

Figura 8 – Ferro elétrico.

i) Máquina de costura - é um equipamento destinado ao reparo das peças

danificadas ou à confecção de novas peças.

• Material permanente de consumo

De acordo com o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003) para o efetivo

funcionamento da lavanderia é indispensável uma programação das necessidades de

material de consumo permanente, visando o desenvolvimento regular das diversas

atividades e o desempenho eficiente do pessoal em serviço. Em particular, a relação de

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material permanente da lavanderia consta de: roupa, produtos de lavagem (detergentes,

sabões, branqueadores ou alvejantes, acidulantes e amaciantes), mesa tipo escrivaninha,

mesa para escritório, estantes com prateleiras, cadeiras, extintor de incêndio, escada,

marcador de roupa, quadro de aviso, quadro de giz, telefone, microcomputador, material de

escritório (grampeador, furador de papel, pastas, fichas, formulários, arquivo, máquina de

escrever).

• Instalações (MEZZOMO, 1984)

Em geral, o dimensionamento correto de uma lavanderia é determinado em

função do equipamento adotado. As instalações para a produção energética (caldeiras,

compressores) devem ser previstas com uma reserva de, pelo menos, 30%. Devido à

manutenção preventiva e corretiva das máquinas, deve-se prever unidades sobressalentes, a

fim de que os serviços não entrem em colapso. É preciso também que as instalações

permitam a possibilidade de eventuais ampliações ou alterações futura do equipamento.

a) Água – a qualidade da água a ser utilizada na lavanderia é muito importante

para o processo de lavagem. A análise da água existente na localidade é indispensável ao

planejamento da lavanderia. A água deve atender, pelo menos, a três requisitos:

1) Baixa concentração de cálcio e magnésio, pois do contrário haverá

desperdício de produtos à base de sabão, além de comprometer a duração da

roupa e diminuir a capacidade de absorção do tecido, tornado a roupa áspera e

acinzentada;

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2) Não conter ferro ou manganês, uma vez que estas substâncias conferem o

aspecto amarelado à roupa, assim como danificam as máquinas, devendo ser

eliminados por meio de filtragem;

3) Não conter matéria orgânica, que também deve ser eliminada por meio de

filtragem.

Metade da água utilizada no hospital, segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE

(2003), é destinada ao consumo da lavanderia. Estima-se entre 35 a 40 litros de água para

cada quilo de roupa seca nas máquinas de lavagem, em cargas individuais. Para suprir esta

demanda, faz-se necessária à utilização de reservatórios próprios para este serviço,

considerando-se a previsão de 250 litros/leito/dia.

A pressão da água e o diâmetro da tubulação devem ser suficientes para

abastecer as máquinas de lavar em menos de um minuto. Além do abastecimento das

máquinas de lavar e dos sanitários, faz-se necessário, também, colocar pontos de água: no

setor da separação, visando à desinfecção do ambiente, dos tanques e dos carros, através de

mangueiras; no setor de prensagem, para a borrifação da roupa; e nas áreas de

processamento, para instalação de filtro ou bebedouro.

A água a ser utilizada, uma vez que exerce ação mecânica e química na lavagem

de roupa, deve satisfazer os seguintes requisitos; aspecto límpido e sem materiais em

suspensão; teor de sólidos em suspensão inferior a 15 mg/ litro; dureza inferior a 30 ppm de

carbonato de cálcio; alcalinidade livre, nula; alcalinidade total de 250 ppm de carbonato de

sódio;

b) Esgoto – deve ter uma capacidade suficiente para receber os dejetos de todas

as máquinas de lavar, simultaneamente, não incorrendo no perigo de transbordamento e

contaminação. As canaletas sob o gradil devem ter aproximadamente 20 cm de

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profundidade, com inclinação para facilitar o escoamento imediato da carga total das

lavadoras. Nunca se deve utilizar a mesma canalização para as áreas limpa e suja.

Com a lavagem, certa quantidade de felpa e outros resíduos acompanham o

efluente. A par disso, é importante a instalação de uma caixa de suspensão (ou caixa de

gordura) com tela para reter os fiapos de roupa e impedir o entupimento da rede. Essa caixa

deve ser instalada entre o serviço de lavanderia e esgoto do restante do hospital;

c) Vapor – consumido na lavanderia para o aquecimento da água, secadoras,

calandras e prensas, deve ser de alta pressão (100 a 147 libras/pol2). Na maior parte dos

hospitais, as caldeiras abastecem, além da lavanderia, o serviço de nutrição, a central de

esterilização e os aquecedores de água. Deve-se, no entanto, evitar grandes distâncias nas

tubulações, para não haver perda de carga.

O aquecimento da água por vapor é a forma mais econômica para lavanderias

acima de 300 Kg de roupa/dia. Para cada máquina deve ser observada a pressão adequada

de vapor a ser utilizada. Nas instalações, devem ser usados tubos de aço galvanizado, sem

costura, devidamente revestido e levemente inclinados;

d) Ar comprimido – é utilizado para as prensas e para os controles automáticos

das máquinas de lavar. Quando não há instalação centralizada, faz-se necessária a previsão

de dois compressores (6 a 10 atmosferas efetivas), equipados com secadoras de ar,

separadores de óleo, condensadores e silenciadores;

e) Energia elétrica – para se determinar a potência a ser consumida na

lavanderia é necessário o conhecimento exato das especificações do equipamento a ser

instalado. O cálculo aproximado previsto como força motriz é de 0,1 kw/h por quilo de

roupa seca, que é o suficiente para as máquinas de lavagem em parcelas ou lotes. Quando

se utiliza sistema de lavagem contínua, aquecimento da água bem como ventilação

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mecânica e eventuais meios de transportes, como monotrilhos e esteiras rolantes, a força

motriz deve ser recalculada. Deve-se evitar o aquecimento da água e a produção de vapor

através de energia elétrica, por serem meios mais onerosos, admitindo-se, no entanto, que

em pequenas lavanderias é a solução mais viável para o funcionamento das calandras e

secadoras.

A alimentação deve ser trifásica a quatro fios (3 fases e 1 neutro), na tensão e

freqüência da rede local, provida por meio de um subalimentador para a alimentação geral.

O painel de distribuição deve ser de fácil acesso à manutenção, e provido de fechadura. É

essencial que todas as máquinas elétricas sejam adequadamente aterradas. Também, é

necessário que todos os equipamentos e cabos elétricos devem ser devidamente protegidos.

As tomadas para equipamento portátil, usadas nas áreas de processamento, devem ser

colocados a um metro e cinqüenta do piso e do tipo blindado com chave;

f) Iluminação – é aconselhável o uso da iluminação natural o tanto quanto

possível, visto que esta é mais tranqüilizante que a artificial. Para a iluminação artificial,

deve-se observar o dimensionamento do ambiente que se quer iluminar, a fim de se obter a

iluminação necessária, que de acordo com o MINISTÉRIO DO TRABALHO (2003) é de

200 a 500 lux, que evitam a ocorrência de penumbra, atentando que a seção de costura

requer uma luminosidade maior do que os outros ambientes;

g) Ventilação e exaustão – levando-se em consideração a quantidade de calor e

vapor produzidos durante o processamento da roupa, a escolha da localização, da insolação,

do pé direito e das janelas do serviço da lavanderia deve ser bem planejada. A ventilação

deve propiciar um ambiente de trabalho adequado, aumentado a eficiência do pessoal e

impedindo a disseminação de microrganismos. Quanto ao sistema de ventilação da

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lavanderia, é importante a criação de uma diferença de pressão barométrica, com pressão

mais baixa na zona contaminada. O ar deve fluir sempre do lado limpo para o lado sujo.

A saída de ar, acima do forro, deve ser cuidadosamente estudada, de modo a não

contaminar os serviços adjacentes. Dependendo da posição da lavanderia em relação ao

restante do edifício, não convém lançar o ar contaminado diretamente para o exterior, pois

poderia infectar outros ambientes. Em alguns hospitais, o ar, antes de ser lançado na

atmosfera, passa através de uma cortina de água com produtos especiais para sua

purificação, evitando que se torne fonte de contaminação.

Com freqüência, faz-se necessário o tratamento do ar na saída da área

contaminada, por meio de filtros químicos, que requerem boa limpeza e manutenção. Para

se captar calor e umidade diretamente nos locais de origem, é conveniente a previsão de

uma coifa sobre a calandra, com altura máxima de 60 cm acima da mesma, além de outros

exaustores estejam previstos perto de lavadoras, secadoras e prensas.

Dois tipos de exaustão são considerados: uma para secadoras e calandras e outro

para ventilação dentro da lavanderia. A exaustão das secadoras será feita por tubos amplos

(8 polegadas), ligados de tal forma que a tiragem de uma secadora não intercepte a da outra,

devendo também possuir uma ou mais portas para inspeção e limpeza periódica.

No caso da saída de ar, deve-se construir uma caixa composta de tela fina, para

reter as felpas que se desprendem das roupas durante a secagem;

h) Drenos – junto às lavadoras, no lado da saída da roupa lavada, deve ser

prevista uma canaleta, recoberta com piso gradeado de fácil remoção, destinada ao

escoamento da água que é servida. É necessário também uma caixa na saída das manilhas e

canaletas, provida de grade para reter as felpas que escoam junto com a água utilizada;

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2. 2. OPERACIONALIZAÇÃO

De acordo com Mezzomo (1984), a operacionalização eficiente da lavanderia

depende de alguns fatores precedentes desta fase, como por exemplo uma boa organização,

uma chefia competente, um programa efetivo de capacitação em serviço, e adoção de

sistemas adequados de incentivos, cuja harmonização é indispensável ao controle da mão-

de-obra, e a produção eficiente quando se dispõe da mais moderna tecnologia.

A operacionalização da lavanderia abrange todo o ciclo da roupa (Figura 9),

desde a sua utilização nas diversas unidades do hospital, passando pela coleta da roupa suja

nessas unidades, até sua redistribuição após o devido processamento.

Fonte: Mezzomo (1984)

Figura 9 – Ciclo da roupa.

A utilização correta da roupa contribui para a conservação dos tecidos, para o

conforto do usuário e para a redução dos gastos. O uso inadequado de peças de roupa, como

por exemplo limpar sapatos com toalhas ou lençóis, vestir peças de adultos em crianças,

rasgar ou cortar peças para enfaixamento ou outros usos, traz prejuízos de ordens diversas,

principalmente econômicos.

De maneira geral, o processamento da roupa consiste em três etapas:

processamento na área suja, na área limpa e na rouparia (Figura 10).

COLETA

DISTRIBUIÇÃO

PROCESSAMENTOUTILIZAÇÃO

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Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003)

Figura 10 – Fluxograma operacional da lavanderia hospitalar.

• Processamento da roupa na área suja (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005)

a) Coleta – A coleta deve ser realizada em horário preestabelecido e a roupa

suja deve permanecer o menor tempo possível na unidade. Durante a coleta, o servidor deve

usar luvas de borracha, máscara e gorro. A roupa suja deve ser colocada indiretamente no

hamper, em sacos de tecidos forte de algodão ou náilon, sendo que para a roupa

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contaminada utilizam-se sacos plásticos. Os sacos de tecidos devem ser fechados com

cordão, tiras largas de borracha ou com uma aba costurada na parte superior; os de plásticos

são fechados com um nó. Depois de fechado, o saco de roupa suja é retirado do hamper e

colocado em carro próprio que, completada sua capacidade deve ser transportado com a

roupa até a recepção da lavanderia.

Quando a lavanderia não funcionar durante a noite, aos domingos e feriados, a

roupa suja deve permanecer em sacos fechados, de preferência em um carro, no depósito de

roupa suja da unidade até que possam ser removidas para o processamento de limpeza.

Os sacos podem ser caracterizados por cores ou sinais, para identificar a unidade

de procedência da roupa, como por exemplo azul para o centro cirúrgico e verde para o

centro obstétrico. Devem, ainda, conter o nome da unidade e a data da coleta.

Os carros utilizados na remoção dos sacos de roupa suja nunca deve ser

utilizados para o transporte de roupa limpa. Igualmente, deve se evitar o cruzamento da

roupa suja com a limpa. O percurso e o elevador usados na remoção dos sacos de roupa

suja não devem ser utilizados simultaneamente por carro de roupa limpa ou de comida.

Terminada a coleta nas unidades, a roupa suja é transportada à recepção do setor de roupa

suja, para o processamento na lavanderia;

b) Recepção – na área de recepção, a roupa é retirada do carro de coleta, a fim

de ser separada e pesada;

c) Separação – consiste em pesar e registrar o resultado em impresso próprio,

dos sacos de roupa suja, para o controle das diversas unidades. A boa lavagem começa na

separação da roupa suja, quando é classificada segundo o grau de sujidade, tipo de tecido e

cor. Essa classificação, realizada durante a separação, tem a finalidade de agrupar a roupa

em dois grupos: o primeiro em que a roupa é lavada em conjunto, e o segundo que passará

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pela mesma fórmula de lavagem, ou seja, a mesma quantidade de sabão, alvejantes e

demais produtos de limpeza.

Na separação, é indispensável que todas as peças de roupas sejam

cuidadosamente abertas, para a retirada de instrumentos cirúrgicos, distintivos e outros

objetos, visando evitar que estes entrem no processo de lavagem, causando danos às

máquinas e ao próprio processo, além dos trabalhadores. Durante a separação, a roupa é

agrupada em lotes ou fardos correspondentes a uma fração da capacidade da máquina, em

geral 80% de sua capacidade de lavagem. Os fardos ou sacos, já tirados ou classificados,

recebem uma marca ou identificação, segundo cor, tipo de tecido e grau de sujidade, que irá

determinar a fórmula para lavagem;

d) Pesagem – após a separação, já em lotes, fardos ou sacos identificados, a

roupa é novamente pesada, em balança bem nivelada, para o controle contábil operacional

da lavanderia e da capacidade das lavadoras;

e) Lavagem – é o processo que consiste na eliminação de sujidades deixada na

roupa, deixando-a com aspecto e cheiro agradáveis, nível bacteriológico reduzido ao

mínimo e confortável para o uso. O processo de lavagem propriamente dito é realizado na

área suja. Não existe um único processo de lavagem para toda a roupa do hospital, daí a

necessidade de classificação ou triagem da mesma, para se determinar o ciclo a ser usado.

O ciclo a ser empregado depende do grau de sujidade, do tipo de tecido da roupa, assim

como do tipo de equipamento da lavanderia e dos produtos utilizados.

Para o processo de lavagem de roupa com sujidade leve, a operação tem a

seguinte seqüência: Lavagem, alvejamento/desinfecção, 1º enxágüe, 2º enxágüe, acidulação

e amaciamento/desinfecção. Enquanto que para o ciclo para lavagem de roupa com

sujidade pesada a seqüência é: Umectação, 1º enxágüe, 2º enxágüe, pré-lavagem, 3º

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enxágüe, alvejamento/desinfecção, lavagem, 4º enxágüe, 5º enxágüe, acidulação e

amaciamento/desinfecção.

Terminada as operações de recepção, separação, pesagem e lavagem, toda área

suja deve ser desinfetada e lavada. Após a desinfecção do local de trabalho, ao término do

expediente, os servidores não poderão sair para outras áreas sem antes tomar banho de

chuveiro, trocando sua roupa de trabalho.

• Processamento da roupa na área limpa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003)

Terminada a operação de lavagem ou ciclo de lavagem, a roupa passa por um

processo que consta das seguintes operações:

a) Centrifugagem – a carga da centrífuga deve ser distribuída uniformemente

dentro do tambor, em pequenos montes de roupas, ajustados, e em peso equilibrado, para

evitar que o tambor ao girar, se afaste do eixo, em decorrência de um ponto mais pesado, o

que acelera a deterioração do equipamento e da roupa, por torção ou repuxo. A carga de

roupa na centrífuga será coberta com um pano resistente, tipo lona, antes de se colocar a

tampa, para melhor vedação e acondicionamento;

Na centrifugagem, em geral, pela eliminação da água, reduz-se 60% do peso da

roupa molhada. Terminada a centrifugagem a roupa é retirada, selecionada, colocada em

carrinho e encaminhada à secagem ou tratamento adequado a cada tipo. Na seleção,

consideram-se os seguintes aspectos: tipo de tecido (liso, felpudo, seda, algodão, poliéster e

lã); tipo de roupa (lençóis, toalhas, campos, robe para mulheres, pijamas para homens,

uniformes e outros); qualidade de limpeza (manchas, resíduos de produtos e outros). Assim,

a roupa destinada à secadora é colocada em mesa e/ou carrinho para facilitar sua operação.

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A roupa é selecionada e distribuída para secagem na seguinte proporção: 70% para

calandragem, 25% para secadora e 5% para prensagem ou passagem a ferro;

b) Calandragem – é a operação que seca e passa ao mesmo tempo as peças de

roupa lisa (lençóis, colchas leves e campos). Após aquecimento, a calandra deve ser

operada continuamente, em determinado período, para evitar desperdício de energia. São

necessários dois operadores para colocar a roupa molhada e dois para retirar e dobrar a

roupa seca ao mesmo tempo. Ao se retirar a roupa, faz-se uma seleção das peças

danificadas, que deverão ser encaminhadas à costura para reparo ou baixa.

c) Secagem em secadora – é realizada em roupas como colchas pesadas, tecido

felpudo, robe e pijamas (adulto e infantil), cobertores, peças pequenas como máscaras,

botas (pro-pés), gorros, compressas e outras. Depois de seca, a roupa é retirada da secadora

e colocada em carros-cestos apropriados, sendo selecionada, dobrada e encaminhada à

rouparia para repouso. Na seleção, a roupa danificada vai para a costura, caso haja

possibilidade de conserto, caso contrário é dado baixa;

d) Prensagem – Uniformes e outras peças não passíveis de serem colocadas em

calandra, ou que possuam detalhes como pregas e vincos, são passadas na prensa. Após a

prensagem, são devidamente guardadas na rouparia, de preferência em porta-cabides

rolantes;

e) Passagem a ferro – usada apenas eventualmente ou para melhorar o

acabamento da roupa pessoal. Seu uso é pouco econômico, sob o ponto de vista de gasto de

tempo, energia elétrica e física.

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• Processamento na rouparia (MINISTÉRIO DA SAÚDE)

De acordo com o Mezzomo (1984), a rouparia é um elemento da área física,

complementar à área limpa, e centraliza o movimento de toda a roupa do hospital. A

centralização em um único local permite um controle eficiente da roupa limpa, do estoque e

sua distribuição adequada, em quantidade e qualidade, às diversas unidades do hospital. É

na rouparia que se faz a estocagem (repouso) da roupa, distribuição e costura, incluindo

conserto, baixa e reaproveitamento.

a) Estocagem (repouso) – mantém para reposição de emergência, tanto roupa

em rotatividade como em estoque de reserva;

b) Distribuição de roupa limpa – cada unidade recebe 1 ½ (uma e meia) a 2

(duas) mudas para cada leito, por dia, dependendo do horário de atendimento da rouparia.

Uma das mudas fica no leito, e uma ou meia muda fica na estante ou carro-prateleira, na

unidade de enfermagem, como estoque reserva para apenas um dia.

Esse estoque de reserva deve constar em uma relação ou lista de roupa,

protegida com capa plástica e afixada ou dependurada no carro ou prateleira, na unidade de

internação. Para cada tipo de roupa deve existir uma marca lateral, no carro ou prateleira,

indicando a altura da pilha necessária e permitindo a rápida visualização da falta de

qualquer artigo. Durante os plantões da manhã e da tarde, a reserva é complementada

mediante a requisição da roupa necessária, verificada nas prateleiras.

Um outro sistema de distribuição de roupa para as unidades é chamado troca de

cota ou troca de carro. Neste sistema, diariamente, a rouparia entrega um carro contendo a

cota fixa de roupa de cada unidade e retira o carro do dia anterior, esteja ele vazio ou não.

Em qualquer sistema de distribuição, a reserva de roupa deve ser restrita a cada plantão. A

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maior parte de troca de roupa, na unidade de internação, ocorre nas primeiras horas da

manhã, portanto, a entrega incerta ou impontual prejudica consideravelmente o trabalho da

enfermagem;

c) Costura – as peças de roupa danificadas, aproveitáveis, são reparadas e

recolocadas em uso. As peças danificadas não aproveitáveis recebem baixa no estoque,

porém algumas podem ser transformadas em outras peças úteis, como por exemplo uma

toalha estragada que pode ser transformada em luvas de banho, um lençol de adulto em

lençol de criança, ou outras. Após o conserto, a roupa volta a ser lavada.

2. 3. ERGONOMIA NO SETOR DE LAVANDERIA HOSPITALAR

De acordo com Mezomo (1995), a maioria das empresas tem despertado para a

necessidade de melhorar como um todo seu desempenho, adotando sistemas de

competitividade centrados na qualidade. Estes, baseiam-se na participação de todos os

membros, com o objetivo de alcançar uma lucratividade de longo prazo, através da

satisfação do cliente, incluindo benefícios para os membros da organização e da sociedade.

O setor de saúde não foge a esta regra. A melhoria da qualidade nos cuidados de

saúde vem sendo pressionada por forças internas e externas. Externamente tem-se o

governo e os usuários que querem qualidade nos cuidados e a redução dos custos.

Internamente, os próprios provedores dos serviços e os administradores querem que a

qualidade seja uma iniciativa própria e não apenas um resultado das pressões externas.

Paralelamente a estas forças de pressão, tem-se também o próprio aprofundamento no

conhecimento das teorias e técnicas da melhoria da qualidade (MEZOMO, 1995).

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Na perspectiva macroergonômica, um hospital é visto como uma organização

sistêmica composta por diversos sub-sistemas, como o administrativo, os laboratórios, os

centros cirúrgicos, a lavanderia, o refeitório, o setor de manutenção, o setor de transporte, o

setor de depósitos de produtos químicos, além de outros, dependendo da especialidade

predominante do hospital. A melhor interação possível tem como resultado o aumento da

qualidade de atendimento prestado aos pacientes, e as próprias condições de trabalho dos

funcionários (GOODWIN, 1994).

A Ergonomia hospitalar é passível, através de intervenções, de ser aplicada a

todos estes setores visando à melhoria da qualidade de vida, a eficiência, e o conforto, o

que propicia naturalmente num aumento de produtividade, que não é tido como fim mas é

um resultado alcançado a longo prazo (ESTRYN-BEHAR, 1996).

O setor de processamento de roupas ou a lavanderia hospitalar compõe um

destes sistemas, prestando serviços de apoio ao atendimento dos pacientes,

responsabilizando-se pelo processamento e distribuição da roupa em perfeitas condições de

higiene e conservação, na quantidade adequada a cada unidade do hospital, (GOODWIN,

1994).

De acordo com a classificação de riscos, feita pela ANVISA (2000), a

lavanderia é considerada como área crítica, os trabalhadores deste setor estão expostos a

agentes de contaminação bacteriológica, devido o contato com a roupa suja, principalmente

os trabalhadores do sub-setor área suja; além do risco de contágio por meio de instrumentos

perfuro-cortante, erroneamente acondicionados a roupa. Nos relatos de infecção em

funcionários de lavanderia que são contaminados pela roupa suja, incluem febre Q,

salmonelas, infecção fungal, hepatite, sarna e varíola e outras, (CHECK-UP NA SAÚDE,

1996).

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Mezzomo (1993) afirma que a contaminação é um problema sério, pois tem

reflexos no campo humano, social e também econômico. Uma infecção contraída pelo

paciente determina prejuízo individual pelo aumento da permanência no hospital, pela

maior ausência na família e no trabalho, pela agressão ao organismo, maior custo de

medicação, maior risco no ambiente e aumento na despesa do hospital. Estas

contaminações não acontecem por acaso, são conseqüências da ausência de técnicas

adequadas de controle, da falta de capacitação e das condições de trabalho dos

funcionários.

Deffune & Machado (1995) afirmam que quem atua na área de saúde deveria ter

noções, hábitos e cuidados para não contrair doenças, sofrer acidentes ou contaminar os

pacientes. No entanto, a formação de muitos destes profissionais não aborda este aspecto.

Além disso, muitos funcionários são admitidos sem treinamento e passam a exercer funções

sem estarem familiarizados com os procedimentos do serviço.

Lisboa & Torres (1999) chamam a atenção para as posturas inadequadas, para a

manipulação das máquinas e peças de roupas, para a manutenção de posturas de trabalho

essencialmente em pé, ou sentado em grande parte da jornada de trabalho, manipulação de

peso excessivo (saco de hampers) e movimentação de carros de roupa. Além disso, os

trabalhadores estão subordinados a cargas psíquicas, decorrentes do trabalho repetitivo,

monótono, manual/automatizado, ritmo intenso (necessidade X demanda), estresse, tensão,

ansiedade, trabalho parcelado e insatisfação. Estas características também foram levantadas

por Bartolomeu (1998), na lavanderia do Hospital Universitário da UFSC, que identificou e

classificou as situações de risco de acordo com a gravidade e freqüência de ocorrência.

Portanto é necessário atenção ao setor de processamento de roupas, muitas vezes

ignorado pela administração hospitalar, a fim de que ele possa fornecer aos diversos setores

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do hospital, roupas de qualidade, ou seja, duráveis, com boa aparência, com um nível

bacteriológico aceitável, processadas a um custo mínimo (GUIMARÃES & van der

LINDEN, 2002).

Além do alto risco de contaminação, os trabalhadores ainda deparam-se com

outros constrangimentos, tais como layout, posto de trabalho que implicam em más

posturas, ruídos e tantos quantos possam causar prejuízos aos trabalhadores são aspectos

abordados em diversas intervenções ergonômicas, já realizadas neste setor:

• Franco (1981), em estudo a respeito da saúde-doença vivenciada por

trabalhadores da lavanderia hospitalar, nas áreas da costura e rouparia,

conseguiu identificar queixas de dores nas costas, problemas na coluna e

deficiência visual, além do relato de queixas sugestivas de exposição

biológica como otite e conjuntivite. Já nos trabalhadores dos setores das

áreas limpa e suja da lavanderia, foram identificadas doenças como

lombalgias, hérnia de disco, fadiga e outras, além das não relacionadas com

o trabalho.

• Prochet (2000) registrou em suas pesquisas as más condições físico-

ambientais, onde os trabalhadores estavam expostos diariamente, a altas

temperaturas, umidade, excesso ou escassez de luminosidade, ruído e

vibrações.

• Guimarães et al. (2002) realizaram uma análise de postura em uma

lavanderia hospitalar e descobriram que todos os postos de trabalho da

lavanderia sobrecarregam a região das pernas e, ainda, braços, costas e

punhos.

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• Jakson et al. (2002) descobriram os seguintes constrangimentos

ergonômicos: espaço de trabalho (ruído, calor, infiltrações de água, elevado

nível de temperatura e umidade, etc.), equipamentos defeituosos e

manutenção ineficiente (terceirizada), gestão de pessoal [pressão sobre

servidores terceirizados, diminuição de efetivos, problemas interpessoais

(funcionários e chefia), acidentes com materiais perfuro-cortante ou de

elevada contaminação] ou seja, no geral: problemas organizacionais, de

produção, absenteísmo, físico-ambientais.

• Guimarães & van der Linden (2002) encontraram constrangimentos

ergonômicos em uma lavanderia hospitalar, especificamente no setor “área

suja”, dentre eles: ruído, disponibilidade de pessoal, higiene, temperatura,

esforço físico no manuseio das roupas, etc.

Mesmo com todos este resultados, a prática da ergonomia hospitalar, é bem

recente sendo sumariamente praticada apenas nos últimos vinte anos, é necessário que estes

continuem a fim de melhorar a situação do trabalhador deste setor. (ESTRYN-BEHAR,

1996).

3. MÉTODOS E TÉCNICAS

Esta monografia é uma pesquisa, de acordo com Marconi & Lakatos (1996),

descritiva, por fazer uso da investigação, registro, análise e interpretação dos fenômenos

atuais, objetivando o seu funcionamento no presente.

O Setor de Lavanderia do Hospital no qual fora realizada a pesquisa encontra-se

no térreo, num prédio situado na parte posterior do hospital. O regime de trabalho adotado é

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de 12 horas seguido com a folga de 36 horas de “descanso”, o que faz com que os

trabalhadores estejam divididos em duas turmas, e em dois turnos: diurno e noturno e sub-

setores (Tabela 1), a saber: Área suja (responsável pela coleta da roupa suja; seleção;

pesagem e finalmente a lavagem da roupa); e Área Limpa (seleção; centrifugagem;

secagem; calandragem, no caso de lençóis; dobragem manual; descanso e repouso; e

distribuição da roupa limpa para os setores de origem). No turno noturno, são realizadas

as mesmas tarefas que no diurno, exceto a lavagem de roupa suja.

Área Limpa (Diurno)

Atividade Sexo Nº de funcionários Despachante Feminino 2 Passadeiras Feminino 4 Dobradeiras Feminino 6 Centrifugadores Masculino 4 Entregadores Masculino 2 Motorista Masculino 2 Auxiliar de limpeza Masculino 1

Área Suja (Diurno) Coletores Masculino 4 Separadores/Lavadores Masculino 3

Noturno Coletores/dobradores Masculino 4 Preparadoras de LAP Feminino 2

Tabela 1 – Quadro geral dos trabalhadores da lavanderia.

3. 1. MÉTODOS DE COLETA DE INFORMAÇÕES – AMT (ANÁLISE

MACROERGONÔMICA DO TRABALHO)

A presente pesquisa utilizou como método de intervenção o AMT (Análise

Macroergonômica do Trabalho) proposto por Guimarães (1999), método este cuja análise é

realizada em perspectiva macroergonômica que consiste na correta administração das novas

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formas de tecnologia, num âmbito mais amplo que o posto de trabalho em si, abordando

também o próprio homem, a organização, o ambiente e a máquina (HENDRICK, 1990).

Esta intervenção buscou identificar disfunções na ambiência, processo,

condições psicossociais, produtos e organização para a melhor adequação do sistema de

trabalho e a concepção de um novo sistema, caso mostre-se necessário. Para o pleno

exercício da aplicação foi necessária a participação voluntária por parte dos trabalhadores

ao longo de todo o trabalho de estudo ergonômico, o que é característico do Método

Participativo (MP).

Essa participação do trabalhador tanto na fase de identificação dos

constrangimentos ergonômicos, quanto na fase de concepção e das implementações das

propostas projetuais se justifica, uma vez que garante um maior envolvimento por parte dos

mesmos e como conseqüência gera maior índice de sucesso nas modificações, esta forma

de abordagem é definida como uma abordagem bottomp up, que é assistida pelo comitê de

ergonomia (COERGO) da empresa, a quem cabe a função de acompanhar todas as etapas

da ação ergonômica na empresa, atendo-se a questões como o posto de trabalho, a

organização deste e qualidade de vida como um todo.

Integraram o COERGO o diretor do setor de lavanderia e o técnico em

segurança do trabalho do referido hospital. Outra vantagem da ergonomia participativa é a

formação de uma “cultura ergonômica”, ou seja, com o envolvimento do trabalhador lhes é

permitido gerar informações que os levem posteriormente a enxergar e resolver problemas

relacionados ao seu trabalho, dispensando a presença do especialista (GUIMARÃES,

1999).

As etapas do projeto do AMT compreendem sete etapas, a saber:

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• Fase 0 – Lançamento - É a etapa na qual os responsáveis pela pesquisa

apresentam, aos trabalhadores e responsáveis pelo setor onde a mesma

será desenvolvido;

• Fase 1 – Apreciação – é o levantamento da situação dos postos sob

avaliação e onde são identificados os IDEs (Itens de Demanda

Ergonômica);

• Fase 2 – Diagnose – é a fase de exploração dos constrangimentos

levantados durante a etapa de apreciação;

• Fase 3 – Projetação Ergonômica – é a fase onde ocorre a concepção de

propostas que visem resolver ou senão amenizar as disfunções quanto a

ambiente, estações, equipamentos, ferramentas, layout e, quando for o

caso, do próprio sistema de produção;

• Fase 4 – Implantação das Modificações – ou seja, as novas propostas

são incorporadas através da prototipagem das diversas alternativas, de

acordo com a disponibilidade da empresa;

• Fase 5 – Validação – ocorre a avaliação e os testes dos protótipos

resultando na revisão do projeto para as devidas modificações, quando

necessário, encerrando-se com as especificações ergonômicas;

• Fase 6 – Finalização – ocorre com a entrega do relatório final que

contém o resumo do trabalho e as proposições finais, a que se chegou.

Entretanto este trabalho ressalta apenas o desenvolvimento dos trabalhos

até a fase 2, conforme previsto no próprio projeto de pesquisa.

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3. 1. 1 Lançamento – FASE 0

O método AMT prevê a necessidade de realizar uma reunião na qual os

responsáveis pela pesquisa repassam, aos funcionários e ao COERGO (Comitê de

Ergonomia da Empresa), neste caso o setor de lavanderia de um hospital do sistema público

de saúde em São Luís – MA, as informações e esclarecimentos pertinentes ao entendimento

do que é uma Intervenção Ergonômica, o que é a própria Ergonomia, sobre o que ela trata,

os objetivos, os métodos e as técnicas utilizados para o alcance das metas da intervenção; a

isto se dá o nome de Fase 0 ou lançamento do projeto.

O lançamento ocorreu, em quatro ocasiões distintas, a primeira às 14:00 h com

os 16 funcionários de uma das equipes do turno diurno; a segunda, às 10:00h, do dia

seguinte com os outros 15 trabalhadores do diurno; a terceira fora à 19:00h com a primeira

os 2 trabalhadores de uma das equipes do noturno e na noite posterior às 19:30h com os

outros 2 da outra equipe.

3. 1. 2 Apreciação Ergonômica – FASE 1

Esta fase de levantamento é uma das mais importantes do projeto, pois de um

bom levantamento dependia o sucesso da intervenção. A apreciação aferiu a situação dos

postos sob avaliação, permitindo a identificação dos Itens de Demanda Ergonômica (IDEs),

a análise preliminar lançou mão do contato direto e indireto com os funcionários. Indireto

dado o levantamento de alguns indicadores, as observações assistemáticas (fotos), o

levantamento da ambiência, do posto de trabalho, da organização, o que segundo

Guimarães (1999), estabelece um conhecimento prévio do que seria estudado.

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Através de reuniões tanto com o Comitê de Ergonomia da empresa como com

os trabalhadores, a discussão dos itens levantados com a empresa permite o melhor

entendimento da situação e, portanto, viabilizando um diagnóstico mais confiável. Este

levantamento decorreu das técnicas esclarecidas a seguir:

A Identificação dos IDEs

Para o levantamento dos constrangimentos ergonômicos ou IDEs (Itens de

Demanda Ergonômica), o AMT prevê a realização das três primeiras etapas do método

Design Macroergonômico (DM), proposto por Fogliatto & Guimarães (1999), que consiste

em: 1) Identificar o usuário e coletar organizadamente as informações por eles prestadas; 2)

Priorizar os Itens de Demanda Ergonômica (IDEs) identificados pelo usuário; e 3)

Incorporar a opinião do especialista, aqui o pesquisador agrega mais itens de demanda que

porventura mesmo não listados pelos usuários são indispensáveis para o alcance de

resultados mais consistentes e confiáveis, através de observações assistemáticas; por fim os

resultados das entrevistas e das observações assistemáticas foram reunidos num

questionário que serviu para a priorização dos itens levantados.

As Entrevistas Abertas

Segundo Fogliatto & Guimarães (1999), a demanda ergonômica é aferida

inicialmente por meio de entrevista aberta não induzida, que incorpora, de maneira

espontânea a voz dos trabalhadores/usuários acerca de suas tarefas, uma vez que os mesmos

não são obrigados a participar desta ou de qualquer etapa. Foi solicitado aos profissionais

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que falassem sobre seu trabalho, atendo-se aos aspectos gerais, tanto positivos quanto

negativos, relacionados à execução de suas atividades; o entrevistador evitou qualquer

influência nas respostas, para que os resultados se traduzissem na real visão do trabalhador.

Estas entrevistas foram anônimas, não requerendo que os profissionais se

identificassem; foram gravadas em aparelho de áudio (gravador), e escritas em cadernetas

de campo, realizadas tanto em grupo e individual, segundo a escolha dos profissionais

entrevistados. Para a execução das mesmas a amostragem necessária fora de um percentual

de 30% dos profissionais.

Após a realização das entrevistas a tabulação das mesmas é feita de forma a

priorizar os IDEs, esta priorização é feita segundo a ordem de menção de cada item, sendo

utilizado como peso de importância a sua própria ordem de menção, como por exemplo o

primeiro fator mencionado receberá o peso 1/1= 1 o segundo 1/2 = 0,5, o terceiro 1/3 = 0,33, e

assim por diante, ou seja, genericamente, pode-se dizer que o item mencionado na pésima

posição é atribuído o peso 1/p. Procedendo-se desta forma os primeiros itens mencionados

são valorizados, enquanto que, a partir do quarto item, a diferença passa a ser menos

expressiva; o ranking de importância dos itens serviu para elaboração de um questionário a

ser preenchido por todos os trabalhadores.

Na presente pesquisa, as entrevistas foram efetuadas individualmente entre os

trabalhadores do turno diurno e em grupo entre os trabalhadores do noturno, mediante

escolha dos próprios, e tiveram duração de 10 a 20 minutos. Depois de registradas em fitas

cassetes, por meio de um gravador de áudio, as respostas foram transcritas para uma

planilha Excel para que fossem analisadas. Expurgou-se as informações não pertinentes e

foram agrupadas as respostas afins, ou seja, as respostas semelhantes foram consideradas

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como um mesmo IDE. Foram entrevistados 13 dos 34 funcionários o que representa um

percentual de 38,2% (Tabela 2).

Tabela 2 - Total dos participantes das entrevistas abertas.

As Observações Assistemáticas

Moura et al. (1998) denominam observações assistemáticas, quando estas são

praticadas sem o estabelecimento de critérios prévios que orientem os registros dos

fenômenos observados in loco, a prática destas, durante esta pesquisa, justifica-se como

forma do pesquisador agregar itens de demanda ergonômica não mencionados durante as

entrevistas abertas, que, porém são de extrema importância para a fidedignidade dos

resultados da pesquisa.

As observações são resultantes das várias visitas realizadas durante a primeira

fase da pesquisa em ambos os turnos, turmas e sub-setores. As mesmas foram feitas através

de registro fotográfico (em câmera digital), durante a realização das tarefas dos

trabalhadores da LH (Lavanderia Hospitalar), e os dados que mantinham relação com as

tarefas executadas foram registrados em caderneta de campo.

As observações registraram principalmente as inadequações posturais durante as

atividades dos trabalhadores assim como a falta de dispositivos de segurança, problemas

relacionados com o layout, e a dificuldade no manuseio do carrinho de transporte de

roupas.

Setores Funcionários Entrevistados Área Limpa (diurno) 21 5 Área Suja (diurno) 7 5 Turno noturno 6 3 Total 34 13

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Os Questionários

O questionário com questões relativas aos itens mencionados nas entrevistas

(ANEXO A), aferiu o nível de satisfação dos trabalhadores do Setor de Lavanderia

Hospitalar (LH) através de uma, escala de avaliação contínua; usada porque, segundo

Moraes e Mont’Alvão (1998), possibilita a definição contínua, fidedigna e é válida para a

ponderação tanto dos próprios itens, como de sua natureza devido a igualdade das unidades.

De acordo com a metodologia do Design Macroergonômico (FOGLIATTO &

GUIMARÃES, 1999), a escala de avaliação possui 15 cm de comprimento e duas âncoras

nas extremidades, uma para o nível de insatisfação e a outra para o de satisfação, e ainda

uma âncora central (neutro), ao longo desta o respondente registraria sua percepção sobre

os itens mencionados, separados por construtos (físico-ambientais, biomecânicos,

organizacionais, posto de trabalho, conteúdo do trabalho e desconforto/dor), a intensidade

de cada resposta poderia variar de 0 (zero) à 15 (quinze). Da mesma forma que as

entrevistas, o questionário era anônimo, contudo requeria dados relativos às variáveis da

pesquisas (peso, sexo, idade, tempo de trabalho, função e habilidade – destro ou canhoto), a

tabulação dos questionários é feita em planilha Microsoft Excel usando como ponderação a

média aritmética.

Desta forma os questionários quantificam a insatisfação, a intensidade e a

importância dos IDEs citados e priorizados durante as entrevistas abertas, além de

determinar os que devem ser analisados na etapa seguinte, a diagnose ergonômica.

Mesmo com a divisão dos trabalhadores em turmas, turnos e sub-setores não

fora necessário o desenvolvimento de diferentes questionários. Este foi composto por 33

questões referentes ao nível de satisfação (com escala de 0 a 15, onde o 0 corresponde ao

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maior nível de insatisfação e o 15 o maior nível de satisfação), 8 referentes à intensidade do

desconforto/dor e 12 questões ligadas ao conteúdo do trabalho (para estas a escala também

possuía âncora de 0 a 15, contudo desta vez o 0 correspondia a pouco enquanto que o 15 a

muito). O questionário para efeito de padronização e para melhor compreensão dos

respondentes quanto aos constrangimentos levantados estruturou-se em construtos, no total

de seis, sendo eles:

• Físico/Ambiental – com questões que se referiam ao ruído, à iluminação, à

ventilação, à temperatura e à qualidade do ar;

• Biomecânico – com questões abordando a postura ocupacional (em pé), o

tempo que mantêm esta postura, a dobragem das roupas, caminhamentos

(deslocamento contínuo), e o manuseio do carrinho de roupas;

• Posto de Trabalho – aferiram sobre o fluxo operacional, o uso de EPI, a

sinalização, a qualidade e a quantidade do maquinário, o risco de acidentes

com materiais contaminantes, trabalhar em recinto fechado (isolamento), as

rampas para o acesso dos carrinhos e o posto de trabalho em si;

• Organizacional – abordavam as questões de integração dos colegas,

respeito por parte de funcionários de outros setores, comunicação entre os

sub-setores (área suja e área limpa), o trabalho em equipe, respeito por parte

do diretor do setor de lavanderia, a carga horária de trabalho, a flexibilidade

nos horários (folgas e intervalos), atividades diferentes, o horário (pausas)

para refeições, qualidade da água para beber, a qualidade da alimentação, o

número de funcionários e a remuneração;

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• Conteúdo do trabalho – ativeram-se a responsabilidade envolvida no

trabalho, o esforço mental, o esforço físico, os riscos, a valorização do

trabalho, autonomia das decisões, o dinamismo das atividades, a exploração

de criatividade, a monotonia, os estímulos, as limitações e pressão

psicológica por parte da chefia;

• Desconforto/dor – verificava a intensidade do nível de desconforto/dor nas

costas, braços, mãos, pernas, pés, pescoço e cabeça e o quanto de cansaço

era sentido ao fim do trabalho.

Foram realizados pré-testes, uma vez que Marconi & Lakatos (1996) afirmam

que depois de redigido, o questionário precisa ser testado antes de sua definitiva utilização,

aplicando-se alguns exemplares a uma pequena população escolhida, para uma análise

posterior dos mesmos que indicaria possíveis falhas existentes: inconsistências ou

complexidade das questões, ambigüidade ou linguagem inacessível. A aplicação dos pré-

testes implicou a pesquisa três elementos importantes: fidedignidade, qualquer pessoa que

o aplicasse obteria sempre os mesmos resultados; validade, pois consistem credibilidade a

pesquisa; operatividade, o vocabulário fica acessível e o significado claro. Este fora

aplicado com 6 funcionários, em geral não houve dificuldade no preenchimento dos

mesmos, contudo houve a necessidade de mudança de algumas perguntas cujo significado

não ficara muito claro.

Foram 30, os respondentes dos questionários o que equivale à 88,23% dos 34,

não fora possível realizar com todos os funcionários porque dois funcionários estiveram

ausentes e os outros dois se recusaram a participar pelo volume de trabalho, a distribuição

dos respondentes quanto áreas e turno é da seguinte forma: para a área suja – 7, cuja média

de idade é de 30,2 anos e tempo médio de 2,8 anos; para a área limpa – 21, com média de

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idade 30,1 anos e tempo médio de trabalho 2,5 anos; e para o noturno – 4, com a média de

idade é de 24,8 anos e tempo médio de trabalho de 2,8 anos (Tabela 3).

Área Limpa (diurno) N° de funcionários Respondentes

21 21 Variável Descrição Resultados

Idade – 20 a 41 Masculino 9 Sexo Feminino 12

Destro 20 Habilidade Canhoto 1 Despachante 2 Passadeiras 4 Dobradeiras 6

Centrifugadores 4 Entregadores 2

Motorista 2

Atividade/Função

Auxiliar de limpeza 1 Tempo de Trabalho – 22 dias a 8 anos

Área Suja (diurno) N° de funcionários Respondentes

7 6 Variáveis Descrição Resultados

Idade – 22 a 39 Sexo Masculino 6

Destro 5 Habilidade Canhoto 1 Coletadores 3 Atividade/Função Separadores/Lavadores 3

Tempo de Trabalho – 4 meses a 10 anos Turno Noturno

N° de funcionários Respondentes 6 4

Variável Descrição Resultados Idade – 21 a 28 Sexo Masculino 4

Destro 3 Habilidade Canhoto 1 Atividade/Função Coletadores/dobradores 4

Tempo de Trabalho – 4 meses a 10 anos Tabela 3 – Descrição dos respondentes do Questionário.

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61

3. 1. 3 Diagnose Ergonômica – FASE 2

Indicado os constrangimentos, parte-se para a definição clara e objetiva, através

do controle operacional das variáveis dependentes e independentes, que conforme Marconi

& Lakatos (1996), a falta deste controle poderia interferir ou afetar o objeto em estudo.

As variáveis pertinentes foram o sexo, o nível de escolaridade, ciclo de trabalho,

pausas, jornadas, turnos, trabalho prescrito e real, condições ambientais, condições do posto

de trabalho, o que remetera ao uso das observações sistemáticas para a avaliação das

posturas ocupacionais adotadas pelos trabalhadores da LH, dos displays e mostradores, das

placas de sinalização e avisos.

Fora avaliada, ainda, a carga de trabalho resultante das atividades e tarefas dos

funcionários por meio das técnicas: de avaliação das posturas assumidas, Rapid Entire

Body Assessment – REBA proposta por Higgnett e McAtmaney (2000), e pela avaliação

subjetiva do desconforto/dor conforme Corlett (1995).

As Observações Sistemáticas

Para Rudio (1986), a observação sistemática - chamada também de “planejada”,

“estruturada” ou “controlada” - é a que se realiza em condições controladas para se

responder a propósitos, que foram anteriormente definidos. Requer planejamento e

necessita de operações específicas para o seu desenvolvimento. Na observação sistemática,

o observador sabe o que procura e o que merece importância em determinada situação. É

preciso ser objetivo, reconhecer possíveis erros e eliminar sua influência sobre o que se vê

ou recolhe.

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As Observações sistemáticas, nesta pesquisa, foram utilizadas para estudar as

posturas assumidas pelos trabalhadores, durante a realização de suas tarefas, por meio do

registro fotográfico com câmera fotográfica digital. Estas contribuíram ainda para a análise

dos dispositivos comunicacionais do setor, e da interação homem-máquina.

A Análise da Tarefa

Para Laville (1977), a tarefa é o objetivo a ser atingido, o resultado a ser obtido.

Assim, o trabalho do coletor é recolher as roupas sujas e levá-as ao sub setor de área suja, o

do lavador é administrar o processo de lavagem da roupa suja. Para que estas tarefas sejam

realizadas atribuem-se meios, o carrinho de transporte e EPI adequados no caso do coletor,

a lavadora, a balança e EPI ao lavador.

De acordo com Moraes e Mont’Alvão (1998), o estudo destas interações e

comunicações que ocorrem no local de trabalho e no ambiente, entre o homem e estes

meios, é que formam a base de um diagnóstico numa intervenção ergonômica, e este estudo

pode ser realizado pela análise da tarefa, cujo foco principal é o trabalhador.

A análise da tarefa no setor de lavanderia hospitalar avaliava as diversas tarefas

realizadas no referido setor (coleta, separação, lavagem, centrifugagem, secagem,

calandragem, dobragem e entrega) levantando os dados: de como? Onde e quando eram

realizadas as tarefas? O tempo necessário? Qual a postura adotada? A ordem de prioridades

das tarefas? E tudo que era realizado para que o fluxo das atividades ocorresse de maneira

adequada.

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Montimollin (1996) afirma que a tarefa pode ser descrita de duas formas: tarefa

prescrita tida como a parte teórica que rege a realização da tarefa, e tarefa real a forma

como verdadeiramente esta é realizada, que em geral se difere daquela.

O REBA (Rapid Entire Body Assessment)

De acordo com Higgnettt & McAtmaney (2000), o REBA foi desenvolvido para

funcionar como uma ferramenta para analisar as posturas do corpo inteiro durante a

realização de tarefas. Os objetivos da técnica REBA são:

• O Desenvolvimento de um sistema analítico de posturas sensíveis aos

fatores de risco músculo esqueléticos de inúmeras atividades;

• A Divisão do corpo em segmentos em codificações específicas referentes

aos planos de movimentos;

• Prover um sistema de pontuação (escores) para as atividades musculares

resultantes de posturas instáveis ou mudanças rápidas de postura, posturas

estáticas e dinâmicas;

• Demonstrar que a pega, a empunhadura, ou mesmo uma combinação das

mesmas, é fator relevante para o manejo de materiais (cargas), entretanto

estes nem sempre ocorrem pela ação das mãos;

• Proporciona categorias de ação com recomendações de urgência;

• Facilita a coleta de dados com recursos mínimos – por meio de lápis e papel.

O registro das posturas foi efetuado por meio de uma câmera de vídeo armada

em um tripé e posicionada num plano sagital, em relação aos profissionais, para a análise

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64

do quadro das posturas assumidas e descrição cinesiológica dos principais movimentos e

variações angulares baseando-se nos diagramas de segmentos corporais propostos pela

técnica REBA(HIGNETT & McATAMNEY, 2000), por meio do software REBA versão

1.3 (Neese Consulting Company, 2001) (Figura 11). As imagens foram registradas no

microcomputador através da análise de no mínimo 100 observações, em intervalos de 30

segundos entre elas.

Participaram desta técnica apenas os trabalhadores cujas atividades eram

restritas apenas ao setor de lavanderia, como é caso dos lavadores, centrifugadores,

dobradeiras e passadeiras, para análise das atividades destes, fora necessário a participação

de apenas um trabalhador de cada função.

Figura 11 – Exemplo de uma das interfaces do software REBA utilizado para avaliação dos

constrangimentos posturais realizadas durante as tarefas do trabalhador.

O Mapa de Regiões do Corpo - Escala de Desconforto/dor (CORLETT, 1995)

É uma técnica de avaliação psicofísica (biomecânica) que tem o objetivo de

mapear a presença de desconforto/dor percebido entre os pesquisados, isto é,

subjetivamente os respondentes devem marcar numa escala o nível de desconforto/dor de

acordo com a subdivisão dos segmentos corporais existentes numa figura humana pré-

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65

elaborada. A versão do mapa utilizada na presente pesquisa foi elaborada por Corlett (1995)

(ANEXO B) adaptada pelo setor de Design & Ergonomia do Laboratório de Otimização de

Produtos e Processos (LOPP) da UFRGS. Esta versão apresenta uma escala contínua de

8cm com âncoras referentes ao nível de desconforto/dor (0 = nenhum; 8 = muito).

Os dados foram tabulados pela mensuração através de uma régua numérica dos

pontos (valor) marcados pelos respondentes nas escalas, os pontos (valores) foram

transcritos para uma planilha Excel para que fossem analisadas de acordo com a sua média

aritmética. No total participaram 18 funcionários da área limpa, 5 da área suja, e 4 do

noturno responderam ao questionário (Tabela 4).

Figura 12 – Mapa de regiões do corpo (CORLETT, 1995).

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66

Tabela 4 – Respondentes do Mapa (Corlett, 1995).

Do Levantamento do Layout e descrição do setor

Os trabalhadores do setor de lavanderia hospitalar, encontram-se insatisfeitos

com o atual layout do seu posto de trabalho, o que exigiu que este fosse avaliado por meio

das plantas e do próprio levantamento do ambiente e das medidas do maquinário para a

melhoria da disposição dos mesmos, sendo realizado a mensuração dos equipamentos e de

sua disposição no setor por meio de uma trena de 30m de comprimento.

Área Limpa (Diurno) Atividade/ Função Sexo Nº de funcionários

Despachante Feminino 2 Passadeiras Feminino 4 Dobradeiras Feminino 6 Centrifugadores Masculino 3 Entregadores Masculino 2

Área Suja (Diurno) Atividade Sexo Nº de funcionários

Coletores Masculino 3 Separadores/Lavadores Masculino 2

Noturno Atividade Sexo Nº de funcionários

Coletores/dobradores Masculino 3 Preparadoras de LAP Feminino 1

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Apreciação ergonômica – FASE 1

Levantamento dos IDES

• Entrevistas Abertas

Área Limpa

Os constrangimentos abordados durante as entrevistas, em geral, corroboram

com os resultados alcançados por Guimarães & van der Linden (2002). Foram

mencionados os seguintes construtos, cada um com seus respectivos Itens de Demanda

Ergonômica: Organizacional – “Relacionamento Interpessoal”, “Remuneração”, “Carga

Horária”, “Pausas durante o trabalho”, “Quantidade de Funcionários”, “Capacitação”,

“Alimentação”, “Problemas com a chefia”, “Discriminação” e “Assistência Médica”;

Físico-ambiental – “temperatura”, “aero-dispersóides” (qualidade do ar); Biomecânico -

“Dores nos Pés” e “Carregar Roupas”; Posto de Trabalho – “Maquinário deficiente”,

“Adaptação ao EPI” e “Falta de EPI”; Conteúdo do trabalho – “Falta de reconhecimento”

e “Exigência de nível elevado de atenção”; Desconforto/dor - “Carga de trabalho” (Tabela

5).

IDE SOMA CONSTRUTO Relacionamento Interpessoal 3,8 Organizacional Temperatura 2,0 Físico-ambiental Remuneração 1,2 Organizacional

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Carga Horária 0,7 Organizacional Maquinário deficiente 0,6 Posto de trabalho Falta de reconhecimento 0,6 Conteúdo do trabalho Pausas durante o trabalho 0,6 Organizacional Adaptação ao EPI 0,5 Posto de trabalho Falta de EPI 0,4 Posto de trabalho Quantidade de Funcionários 0,3 Organizacional Capacitação 0,3 Organizacional Alimentação 0,3 Organizacional Carga de trabalho (cansaço) 0,3 Desconforto/dor Exigência de nível elevado de atenção 0,3 Conteúdo do trabalho Aero-dispersóides 0,2 Físico-ambiental Problemas com a chefia 0,2 Organizacional Discriminação 0,1 Organizacional Assistência Médica 0,1 Organizacional Dores nos Pés 0,1 Biomecânico Carregar Roupas 0,1 Biomecânico Total 12,8

Tabela 5 – Resultado das entrevistas abertas (Área Limpa).

Área Suja

O resultado das entrevistas abertas com os funcionários da área suja, assim

como os da área limpa, citaram os seguintes construtos: Organizacional – “Problemas com

a Chefia”, “Discriminação”, “Remuneração”, “Falta de Material para Higiene”, “Carga

Horária”, “Alimentação”, “Layout” e “Falta de Vale Transporte”; Físico-ambiental –

“Temperatura” e “Ruído”; Posto de trabalho - “Falta de EPI”; e Desconforto/dor –

“Carga de trabalho” (Tabela 6).

IDE SOMA CONSTRUTO Problemas com a chefia 1,86 Organizacional Discriminação 1,43 Organizacional Remuneração 1,39 Organizacional Pressão Psicológica por Parte da Chefia 1,33 Organizacional Carga de Trabalho (cansaço) 1,20 Desconforto/dor Falta de Material para Higiene 1,00 Organizacional Temperatura 0,92 Físico-ambiental

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Carga Horária 0,75 Organizacional Relacionamento Interpessoal 0,67 Organizacional Alimentação 0,33 Organizacional Layout 0,20 Organizacional Falta de Vale Transporte 0,17 Organizacional Falta de EPI 0,14 Posto de trabalho Ruído 0,13 Físico Ambiental Total 11,52

Tabela 6 – Resultado das entrevistas abertas (Área Suja).

Noturno

A exemplo dos funcionários da área suja e limpa, os trabalhadores do noturno

fizeram em suas entrevistas menção aos mesmos construtos: Organizacional –

“Relacionamento Interpessoal”, “Quantidade de trabalhadores”, “Problemas com a Chefia”,

“Trabalhar em Turno”, “Discriminação”, “Remuneração”, “Quantidade de Maquinário”,

“Assistência Médica” e “Alimentação”; Físico-ambiental – “Temperatura” e “Aero-

dispersóides” (qualidade do ar); Posto de trabalho - “Quantidade do Maquinário” e “Falta

de EPI”; e Desconforto/dor – “Carga de Trabalho” (Cansaço e esforço) (Tabela 7).

Tabela 7 – Resultado das entrevistas abertas (Noturno).

IDE SOMA CONSTRUTO Temperatura 1,20 Físico-ambiental Relacionamento Interpessoal 1,00 Organizacional Quantidade de Trabalhadores 1,00 Organizacional Problema com a Chefia 0,75 Organizacional Trabalhar em Turno 0,50 Organizacional Discriminação 0,50 Organizacional Remuneração 0,33 Organizacional Quantidade de Maquinário 0,33 Posto de trabalho Carga de trabalho (Cansaço e esforço) 0,33 Desconforto/dor Assistência Médica 0,25 Organizacional Alimentação 0,20 Organizacional Aero-dispersóides 0,17 Físico- ambiental Falta de EPI 0,14 Posto de trabalho Total 6,71

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• Questionários

Os questionários, elaborados após a tabulação das entrevistas abertas e da

realização das observações assistemáticas (Anexo A), têm seus resultados abaixo descritos

para os sub-setores da área limpa, suja e turno noturno, cada qual, com seus respectivos

construtos e IDEs priorizados.

Figura 13 – Construto Físico-ambiental (Área Limpa).

Figura 14 – Mau posicionamento das secadoras e falta de coifa sobre a calandra.

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71

Como demonstra a figura 15, os trabalhadores estão insatisfeitos com o tempo

que permanecem em pé, manuseio do carrinho de transporte de roupas decorrente de

inadequações projetuais como a não utilização de mediadas antropométricas, o que faz com

que os trabalhadores tenham que realizar constantes flexões de tronco, o que gera o

desconforto/dor na região das costas (Figura 19), outros problemas são o peso do carrinho

mesmo vazio, intensificado pelo tamanho dos rodízios, além da dificuldade de higienização

do mesmo; há insatisfação também quanto à postura ocupacional, o que demonstra coesão

ao tempo de permanência em pé, o outro item a ficar abaixo da média foi o excesso de

caminhamentos, que ocorre devido à má distribuição dos equipamentos no setor, fazendo

com que os funcionários precisem se deslocar a todo instante. Os itens não relacionados

como insatisfatórios foram: a atividade de dobrar as roupas, e o fluxo operacional.

Figura 15 – Construto Biomecânico (Área Limpa).

Ao contrário das entrevistas abertas em que o construto organizacional foi o que

mais apresentou itens de demanda ergonômica, durante o questionário das treze questões

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72

apenas três indicaram nível de satisfação abaixo da média, estes itens foram: a qualidade da

água para beber, a remuneração e a qualidade da alimentação, contudo os itens “atividades

diferentes” e “os horários e pausas para as refeições” foram registrados bem próximos à

média (Figura 16).

Figura 16 – Construto Organizacional (Área Limpa).

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73

O gráfico do construto posto de trabalho, figura 17, demonstram que os

trabalhadores estão insatisfeitos com os riscos de acidentes com materiais contaminantes

como agulhas e outros materiais perfuro cortantes que, porventura, não tenham sido

identificados na seleção das roupas feita ainda na área suja; as rampas para acesso do

carrinho também foram mencionadas – o que corrobora a insatisfação demonstrada no

construto biomecânico em relação ao item manuseio do carrinho de roupa. Ainda fora

apontado o “o trabalho em recinto fechado”. Os itens “qualidade do maquinário” e o “posto

de trabalho”, em si, ficaram muito próximos à média.

Figura 17 – Construto Posto de trabalho (Área Limpa).

No construto conteúdo de trabalho as âncoras 0 e 15 referem-se,

respectivamente, a pouco e muito, desta forma os trabalhadores classificaram suas

atividades como tendo pouca monotonia, pouca limitação, pouca segurança – o que

confirma a insatisfação com os risco de acidentes com materiais perfuro cortantes

apresentado no construto anterior; os itens pressão por parte da chefia, a criatividade na

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74

execução do trabalho e o se sentirem estimulados com o mesmo ficaram muito próximo à

média; o trabalho, segundo os funcionários, oferece muita autonomia em sua realização, há

uma exigência muito grande na atenção – fator este que está de acordo com o que fora

encontrado durante as entrevistas abertas, o trabalho é também muito dinâmico, embora o

trabalho envolva muito esforço físico, arriscado e que envolve muita responsabilidade, os

funcionários sentem-se valorizados na realização do mesmo (Figura 18).

Figura 18 – Construto Conteúdo do trabalho (Área Limpa).

A figura 19 denota que no construto que aferiu o nível de desconforto/dor entre

os trabalhadores do setor de lavanderia hospitalar demonstram que sentem muita dor nas

pernas, costas e pés, este resultado está inteiramente ligado à postura ocupacional assumida

durante a realização das tarefas (em pé, postura esta que os mesmos demonstraram

insatisfação no construto Biomecânico). As dores nos segmentos superiores (braços) e no

pescoço são decorrentes da exigência nas atividades que ocorrem com repetitividade, o que

vem ao encontro da literatura (LISBOA & TORRES 1999). É registrado, ainda, muito

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cansaço ao fim do trabalho o que é intrínseco ao item de demonstra grande exigência física,

mencionado no construto anterior.

Figura 19 – Construto Desconforto/dor (Área Limpa).

Área suja

No construto físico-ambiental, figura 20, os trabalhadores da área suja

apresentaram índice de satisfação abaixo da média para os mesmos itens mencionados

pelos da área limpa, havendo apenas diferença na menção de cada um deles, o item a

apresentar maior nível de insatisfação fora a qualidade do ar, seguida pelo ruído, vibração

das máquinas, ventilação e temperatura que ocorre pela proximidade do setor com a sala

das caldeiras que irradiam muito calor, além do uso de máquinas que necessitam e emitem

vapor, e pela falta de aeração, que é a renovação do ar pelo efeito natural do vento ou de

outra causa, como exaustores, que no caso da área suja estão danificados.

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Figura 20 – Construto físico-ambiental (Área Suja).

Na figura 21, os itens do construto biomecânico a registrarem insatisfação foram

o tempo que assumem a postura ocupacional, sucedido pelos contínuos caminhamentos

(deslocamento), manuseio de roupas e postura ocupacional – o que demonstra a coerência

dos resultados. Assim como, entre os trabalhadores da área limpa, os itens a ficarem acima

da média foram “dobrar as roupas” e o “fluxo operacional”.

Figura 21 – Construto biomecânico (Área Suja).

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Para o construto organizacional (Figura 22), os eleitos com nível de satisfação

abaixo da média ficaram por conta dos itens “remuneração”, “comunicação entre os

setores”, “respeito por parte do diretor” e “a quantidade de funcionários”; muito próximos à

média ficaram: o horário (pausas) para a refeição, a carga de trabalho e flexibilidade nos

horários (folgas e intervalos).

Figura 22 – Construto Organizacional (Área Suja).

A figura 23 demonstra que os funcionários deste sub-setor encontram-se

insatisfeitos com a maioria dos itens do construto posto de trabalho, tanto que apenas o

item qualidade da água para lavar roupas fora o único a registrar nível de satisfação acima

da média. O item a registrar maior nível de insatisfação fora o risco de acidentes com

materiais contaminantes, uma vez que é grande a presença de instrumentos perfuro-

cortantes entre as roupas provenientes do setor de cirurgia (Figura 24), o que aumenta

substancialmente o risco de ocorrência de acidentes.

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Figura 23 – Construto Posto de trabalho (Área Suja).

Figura 24 – Materiais perfuro-cortantes encontrado entre as roupas.

De acordo com a figura 25, os funcionários do sub-setor área suja classificaram

seu trabalho como pouco estimulante, pouco criativo, há pouca autonomia, é inseguro,

segundo os mesmos, e de pouco dinamismo; próximo à média ficou a “monotonia”; o

trabalho é encarado, ainda como muito limitado, exige muito mais esforço físico que

mental, há muita pressão por parte da chefia e as tarefas realizadas são muito arriscadas,

resultado este coeso aos itens insegurança apontado neste mesmo construto e o risco de

acidentes com materiais perfuro-cortantes, do anterior. Os trabalhadores embora percebam

a responsabilidade e importância de seu trabalho não se sentem valorizados em relação a

ele.

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Figura 25 – Construto conteúdo do trabalho (Área Suja).

Os resultados apontados pelos trabalhadores do sub-setor área suja não diferem

dos da área suja, onde os principais segmentos corporais a apresentarem nível de

desconforto/dor acima da média foram às costas, as pernas e pés, segmentos estes que são

os mais sobrecarregados devido a postura ocupacional (em pé) mantida durante a execução

das atividades, registrada como insatisfatória no construto biomecânico, o que corrobora as

pesquisas realizadas por Guimarães et al. (2002), os demais segmentos são resultantes da

repetitividade das tarefas (Figura 26).

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Figura 26 – Construto Desconforto/dor (Área Suja).

Noturno

Nem mesmo os trabalhadores do noturno, a exemplo, dos da área limpa e suja

do turno diurno, estão insatisfeitos com o item “iluminação” (Figura 27). Os gráficos dos

IDEs abaixo da média ficaram muito próximos, no entanto o IDE a apresentar o maior nível

de insatisfação fora o “ruído”,(tal qual a área limpa); os itens que subseqüentes foram

“qualidade do ar”, “vibração das máquinas”, “temperatura” e “ventilação”.

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Figura 27 – Construto físico-ambiental (Noturno).

O “tempo que ficam em pé” mais uma vez ocupara o primeiro lugar entre os

itens tido como insatisfatório o que correlacionado com o item postura ocupacional

mantida, demonstra a necessidade de análise postural entre todos os trabalhadores do setor

de LH; os demais itens reprovados forma o “manuseio do carrinho de roupas”, o excesso de

“caminhamentos”, e a “postura ocupacional” foram os itens tidos como insatisfatórios

(Figura 28).

Figura 28 – Construto Biomecânico (Noturno).

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82

Neste construto, a qualidade da alimentação foi o item com maior nível de

insatisfação; a queixa sobre o item “número de funcionários” é decorrente de que neste

turno existirem apenas dois trabalhadores, um para realizara a coleta no sub-setor de área

suja e outro na área limpa que realiza as mesmas atividades do turno diurno cujo número de

funcionários é bem maior, e que também é interpretado pelos trabalhadores como

insatisfatório; os demais IDEs citados foram a “remuneração”, “qualidade da água para

beber”, “o horário e pausas para refeição” e a “diversidade de tarefas” (Figura 29).

Figura 29 – Construto Organizacional (Noturno).

No construto posto de trabalho (Figura 30), pode-se correlacionar o item rampas

para o carrinho como atenuante à dificuldade ao manuseio destes, mencionado no construto

biomecânico, o que resulta no esforço excessivo e cansaço ao fim do trabalho, citado no

construto desconforto/dor (Figura 32). Os itens que ficaram acima da média foram o EPI

(Equipamento de Proteção Individual), as placas de sinalização e a qualidade do

maquinário.

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Figura 30 – Construto Posto de trabalho (Noturno).

Neste construto, figura 31, os resultados demonstram que o trabalho, de acordo

com os próprios funcionários, é muito arriscado, envolve muita responsabilidade, há muita

pressão por parte da chefia, exige muito mais esforço físico que mental, o trabalho é muito

limitado e monótono. O trabalho também é percebido como pouco dinâmico, inseguro, com

pouca autonomia, pouca criatividade, além de pouco estimulante, o que faz com que os

trabalhadores se sintam pouco valorizados.

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Figura 31– Construto Conteúdo do trabalho (Noturno).

Assim como os trabalhadores da área limpa e suja, os do turno noturno

demonstraram que ao final de suas atividades se sentem muito cansados; há desconforto/dor

nas pernas, costas (coluna vertebral) que em conjunto com os segmentos pés e pescoço

(cujo resultado ficaram na média) confirmam que a postura ocupacional assumida é um

item preocupante; as dores nos braços e mãos, da mesma forma que os resultados da área

limpa e suja, ocorrem devido a repetitividade das tarefas e a manutenção de postura estática

e levantamento de peso (Figura 32).

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Figura 32 – Construto Desconforto/dor (Noturno).

4. 2. FASE II: Diagnose Ergonômica

A fase II da presente monografia consta da análise dos itens levantados durante

a etapa anterior pelos trabalhadores do setor de Lavanderia de um Hospital em São Luís –

MA.

• Análise da Tarefa

O MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003) elaborou um fluxograma operacional da

lavanderia hospitalar (Figura 10, p.38) onde a mesma é dividida em três sub-setores que

realizam diferentes atividades especificas a cada um, a saber:

1) Na Área Suja as atividades de coleta, pesagem, separação e lavagem;

2) Na Área Limpa a centrifugagem, a secagem, a calandragem, a dobragem,

prensagem, e passagem a ferro;

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3) Na Rouparia a estocagem, distribuição de roupa limpa, e costura.

Contudo este fluxograma não define as especificidades de cada atividade, tão

pouco sua duração, ou freqüência, o que demandou a realização da análise da tarefa, onde

participaram um trabalhador das funções de coletor, lavador, centrifugador, secador,

passadeira, dobradeira e entregador. Essa análise teve início às 7:00 horas da manhã,

quando os funcionários chegam ao ambiente de trabalho e finalizada às 19:00, com o

intervalo de uma hora, das 11:00 ao 12:00, horário reservado para o almoço no refeitório do

próprio hospital.

Para melhor compreensão das atividades, a análise foi estruturada em forma de

fluxograma (Apêndice A), cujo resultado demonstra a não realização das tarefas de

prensagem e passagem a ferro na área limpa, por esta representarem maior custo em

detrimento dos benefícios, verificou-se ainda a realização de uma separação adicional das

roupas após a lavagem; também foi demonstrado que a costura não é realizada na rouparia,

sub-setor cujas tarefas são consideradas integrantes da área limpa.

Da mesma forma que os resultados encontrados por Guimarães et al. (2002),

verificou-se que em função da exigência física, compete as mulheres atividades menos

fatigantes, a saber: a calandragem e a dobragem.

• Observações Sistemáticas (Análise cinesiológica)

Verificou-se que ocorre a assunção e manutenção de posturas ocupacionais

inadequadas, em todas os turnos e áreas. Ocorrem posturas estáticas (isométricas) com

variações angulares prejudiciais. Estas são resultantes da realização das atividades do setor,

dentre elas: postura de pé; tronco: em flexão, rotação e inclinação num ângulo entre 20 e 60

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graus; flexão e rotação de pescoço acima de 20 graus; braços: flexão, extensão em torno

dos 20 graus, movimentos de abdução e adução (entre 45 e 90 graus e acima de 90 graus);

pernas: peso distribuído unilateralmente, flexão de joelhos entre 30 e 60 graus; punhos:

flexão e extensão entre 0 e 15 graus e acima de 15 graus; desvios (ulnar e radial) (Figuras

33, 34 e 35).

Figura 33 – Posturas assumidas (Área Limpa/diurno).

Figura 34 – Posturas assumidas (Área Suja/diurno).

Figura 35 – Posturas assumidas turno noturno (Áreas Suja e Limpa).

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• Mapa de segmentos corporais - Escala de desconforto/dor (CORLETT, 1995)

Área Limpa

A figura 36 demonstra que há um aumento significativo do desconforto/dor

percebido em todos os segmentos, no entanto, ficaram abaixo da média, os segmentos do

cotovelo, antebraço e punho. Os maiores níveis de desconforto/dor foram registrados entre

os segmentos inferiores (perna, pé, coxa, joelho e tornozelo) que podem ser atribuídos à

postura ocupacional. Entre os segmentos superiores, os segmentos a apresentarem níveis

desconforto/dor acima da média foram o ombro, punho e mão.

Figura 36 – Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Esquerdo (Área Limpa).

Em relação aos segmentos corporais do lado direito, através da figura 37,

percebe-se que o nível de desconforto/dor de todos os segmentos do lado direito, antes do

inicio das tarefas já são maiores, que os do lado esquerdo, isto porque dos 21 trabalhadores,

20 são destros; ao final da jornada de trabalho também tiveram maior nível de aumento os

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segmentos inferiores (a cima da média a perna, o pé, o joelho; abaixo, a coxa e tornozelo).

Entre os segmentos superiores o que apresentou nível acima da média foi o “ombro”,

abaixo da média ficaram, o “braço”, “cotovelo” e o “cotovelo”; o punho apresentou nível

médio.

Figura 37 - Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Direito (Área Limpa).

Para o tronco (Figura 38), nenhum dos segmentos ficou abaixo da média, o que

evidencia a sobrecarga sobre esta região resultante da postura de pé, mantida ao longo de

toda a jornada de trabalho. Conforme Mont’Alvão (1994) esta postura não pode ser

exercida por muito tempo, dada algumas desvantagens tais como: tendência à acumulação

de sangue nas pernas o que predispõe ao aparecimento de insuficiência valvular venosa nos

membros inferiores (falta de circulação sanguínea), resultando em varizes e sensação de

peso nas pernas. O alto nível de desconforto/dor na bacia, em conjunto com os joelhos e pés

são resultantes do suporte do peso. No caso das dobradeiras, o resultado do pescoço e

região cervical ocorre uma vez que as superfícies de trabalho (mesas e bancadas) sendo

muito baixas provocam constantes flexões de tronco, contudo ressalta-se que o número de

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90

dobras impacta mais risco postural do que necessariamente, o peso das mesmas, no caso de

peças de menor tamanho, como pijamas masculinos e femininos e os robes (CALEGARI,

2003). Entre os trabalhadores, isto está ligado à altura do carrinho que também demanda

constantes flexões do pescoço e do próprio tronco.

Figura 38- Resultado dos Segmentos Corporais do Tronco (Área Limpa).

Área Suja

Entre estes trabalhadores, o resultado indica que os segmentos inferiores como a

perna e o joelho antes da realização das atividades já apresentam níveis bastante altos

(Figura 39), o que pode esta ligado tanto a fatores externos ao setor (como o transporte

público que enfrentam) como também serem indicativo de uma possível sobrecarga

resultante da postura ocupacional. Percebe-se, ainda, que a demanda física para estes

trabalhadores é bem maior que a demonstrada pelos da área limpa. Ao final da jornada de

trabalho apenas os segmentos do antebraço e cotovelo.

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O maior nível de desconforto/dor nos segmentos inferiores (pernas, joelho, pé e

tornozelo) está ligado à postura ocupacional (em pé). Entretanto os segmentos superiores

indicam maior aumento proporcional, infere-se que isto seja decorrente dos constantes

levantamentos de peso realizados neste setor.

Figura 39 - Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Esquerdo (Área Suja).

Nos segmentos corporais do lado direito, figura 40, os resultados encontrados

diferem-se dos anteriores, pois desta vez os segmentos a obterem maior nível de

desconforto/dor foram os membros superiores (braço, ombro, mão), isto pode ser associado

ao fator habilidade onde a maioria dos trabalhadores é destra, o que exige um maior esforço

destes segmentos. As alterações entre os membros inferiores reafirmam o cansaço

decorrente da postura ocupacional.

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92

Figura 40 - Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Direito (Área Suja).

No que tange aos segmentos corporais do tronco, os resultados corroboram com

os encontrados por Guimarães et. al. (2004); para o nível acima da média infere-se como

indicativo de alguma lesão conseqüente das atividades desenvolvidas, ainda sim, há um

aumento significativo em todos os segmentos, principalmente na bacia, o que ratifica que o

efeito cumulativo da postura ocupacional adotada por longos períodos, somada a

repetitividade de flexões, inclinações e rotações de tronco, pode propiciar riscos à saúde do

trabalhador (Figura 41). Estes resultados preocupam, pois Norlander et al. (1997) em suas

pesquisas afirmam que os maiores riscos músculo-esqueléticos dizem respeito a estes

segmentos, que podem comprometer com os movimentos tanto do pescoço como os do

ombro.

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93

Figura 41 – Resultado dos Segmentos Corporais do tronco (Área Suja).

Turno Noturno (áreas suja e limpa)

No geral, os funcionários do turno noturno apresentaram níveis mais elevados

de desconforto/dor (Figura 42) do que os do diurno. Isto se deve ao fato de que os

funcionários do noturno são em menor número e têm que realizar todas as atividades das

duas áreas (suja e limpa). Da mesma forma que os trabalhadores do diurno os segmentos

mais afetados são os membros inferiores (perna, tornozelo, pé, coxa e tornozelo).

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Figura 42 – Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Esquerdo (Noturno).

Entre os segmentos do lado direito apenas o cotovelo e antebraço não

apresentaram níveis acima da média, entretanto todos os membros superiores apresentaram

um aumento proporcional bem maior, principalmente, o cotovelo, devido à maioria dos

trabalhadores serem destros (Figura 43).

Figura 43 – Resultado dos Segmentos Corporais do Lado Direito (Noturno).

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95

Os resultados advertem que as constantes flexões, rotações e inclinações de

tronco e manutenção da postura estática de pé, por um tempo prolongado, têm provocado

um nível de desconforto/dor preocupante, pois se esta situação persistir pode acarretar em

sérias complicações ao sistema músculo-esquelético dos trabalhadores, situação esta

confirmada pelas queixas dos trabalhadores ao final da jornada de trabalho (Figura 44).

Figura 44– Resultado dos Segmentos Corporais do Tronco (Noturno).

• REBA (Rapid Entire Body Assessment)

Foram realizadas e registradas cem observações a cada 30 segundos durante a

realização das tarefas pelos funcionários, onde para a melhor avaliação dos resultados as

observações foram divididas em quatro momentos com duração de 12,5 minutos, período

médio que os trabalhadores levam para o desenvolvimento de suas atividades. Ficou

evidente que os vários movimentos, como levantar, andar, carregar, transportar, abaixar,

empurrar, somados à assunção da postura ocupacional de pé durante toda a jornada de

trabalho, aos movimentos repetitivos, às posturas inadequadas e incômodas, à

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96

movimentação dos carros, ao uso de maquinário fora do dimensionamento antropométrico,

e ao peso excessivo das roupas têm demandado nível elevado de exigência física, que em

excesso, provoca a fadiga e a redução da produção, contudo o maior problema consiste no

alto risco potenciais ao sistema músculo-esquelético que podem levar ao surgimento de

DORTs (Distúrbios Osteomusculares Relacionados com o Trabalho), uma vez que as

médias gerais de todas as cem observações de todas as funções registraram níveis entre

cinco e seis, níveis estes que o software do REBA classifica como de “elevado risco”. Entre

os trabalhadores a função que apresenta maior nível de esforço físico é a do secador,

decorrente do maior número de atividades e intensidade, que as do lavador; entre as

trabalhadoras, as passadeiras (funcionárias que trabalham junto à calandra) registraram os

maiores níveis decorrentes das constantes rotações e flexões de tronco, o que em conjunto

com o desconforto térmico causado pelo calor irradiante da máquina tornam esta atividade

muito mais fatigante (Figura 45).

01234567

1º momen

to

2º momen

to

3º momen

to

4º momen

to

Atividad

e Complet

a

Duração da atividade

Scor

e

Lavador Secador

Dobradeira Passadeira (Calandra)

Figura 45 – Resultado do REBA.

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97

• Levantamento dos dispositivos de comunicação e “displays” visuais

Foram identificados entre os mostradores problemas como a falta de legibilidade

das informações (Figura 46) e dispositivos fora do alcance acional (Figura 47). Para as

placas de sinalização os problemas levantados foram à falta de coesão entre as mesmas e a

disposição e o uso de cor equivocado da cor que representa perigo (Figura 48).

Figura 46 – Falta de legibilidade das informações.

Figura 47 – Dispositivos fora do alcance acional.

Figura 48 – Problemas com a sinalização.

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4. 3. RECOMENDAÇÕES PRELIMINARES

a) Para a amenização da sobrecarga das estruturas de sustentação do corpo,

sobretudo a região lombar causada pela manutenção da postura em pé

durante toda a jornada de trabalho, é necessária a adoção de assentos de

pé-sentado (Figura 49), que permitirão aos funcionários a variação de

posturas, o que de acordo com a biomecânica ocupacional diminui o

desgaste dos discos intervertebrais (IIDA, 1990; MONT’ALVÃO,

1994);

Fonte: www.ergotec.com.br

Figura 49 – Assento em pé-sentado

b) De acordo com Calegari (2003), recomenda-se o redimensionamento das

mesas e bancadas onde as roupas são dobradas, visto que altura das

mesmas compromete o pescoço e a região cervical, no entanto é preciso

salientar que o número de dobras impacta mais risco postural do que

necessariamente, o peso das mesmas, no caso de peças de menor

tamanho, como pijamas masculinos e femininos e os robes. Para Iida

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99

(1990), a altura destas deve ser entre 80-95cm, visto que o trabalho

realizado, é considerado leve;

c) Outra medida para a diminuição da carga de trabalho é o revezamento

das funções, tanto para homens quanto para as mulheres, em todos os

postos de trabalho da área limpa, bem como na área suja, até que as

condições de trabalho sejam favoráveis a todos os funcionários sem a

discriminação sexual e/ou a compleição física, permitindo a alternância

de posturas e principalmente um maior alargamento do trabalho

(CALEGARI, 2003);

d) É necessário também o redesenho dos carrinhos de transporte de roupas

tanto da área suja, quanto os da área limpa, que levem em consideração

os seguintes requisitos: a atividade desenvolvida, medidas

antropométricas, que possibilitem aos usuários fácil manuseio, facilidade

de higienização, e não requeiram dos trabalhadores constantes flexões de

tronco durante a retirada da roupa (DINIZ et al., 2005) (Figura 50);

Fonte: Diniz (2005)

Figura 50 – Propostas para os carrinhos de transporte de roupa da lavanderia

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e) Para a amenização da temperatura na área limpa, de acordo com o

MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003), é necessária a instalação de uma

coifa, com altura de 60cm sobre a calandra, revestida com policarbonato

para impedindo a irradiação térmica para o funcionário; outra medida,

segundo Montenegro (1984), é possibilitar a aeração através da

construção de vãos sobre as janelas tanto no lado esquerdo quanto, do

direito do prédio da lavanderia aliado a manutenção dos exaustores que

se encontram danificados, o que permitirá a circulação do ar; é

necessária ainda redistribuição das secadoras, uma vez que no atual

local, as mesmas impedem a saída do ar quente.

Quanto à área suja, para a que haja a diminuição do

desconforto térmico é necessário o isolamento térmico da parede que faz

a divisão com a sala das caldeiras, bem instalar exaustores de teto para a

saída do ar quente, contudo é preciso que os mesmos possuam filtro de

ar para a descontaminação do ar antes de jogá-lo na atmosfera.

f) Quanto ao ruído, é preciso que se realize a manutenção preventiva

periódica do maquinário, e o isolamento acústico das secadoras,

principais fontes de ruído (IIDA, 1990; DUL & WEERDMEESTER,

1995).

g) É necessário a criação de uma nova sinalização mais coesa, facilitando a

compreensão das informações, e contribuindo com a organização do

espaço;

h) Recomenda-se o uso de interfone entre os setores para facilitar a

transmissão de informações entre os setores.

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i) Para a otimização do fluxo operacional e a diminuição do excesso de

caminhamentos, deve-se realizar o estudo para um novo layout da

lavanderia (CALEGARI, 2003).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa realizada na lavanderia de um hospital universitário de São Luís

(MA), buscou-se observar e avaliar o trabalho dos profissionais do referido setor para

através deste estudo a fim de contribuir para o conforto, segurança, eficiência e qualidade

de vida no trabalho desses profissionais.

Pretendeu-se, com os objetivos específicos, realizar uma intervenção

ergonômica, conforme o método proposto por Guimarães (1999), para identificar e

priorizar os constrangimentos ergonômicos inerentes neste sub-setor, comparar os

resultados aos estudos já realizados, e em seguida propor recomendações, adaptações e/ou

soluções preliminares para os problemas diagnosticados.

Para o levantamento dos constrangimentos foram utilizadas técnicas de pesquisa

descritiva por meio de entrevistas abertas e observações assistemáticas que serviram de

base para elaboração de um questionário fechado com escala de avaliação, onde os

funcionários registravam seu nível de satisfação quanto aos itens aferidos.

Este questionário, em geral, demonstrou que os constrangimentos percebidos

pelos trabalhadores foram de ordem: físico-ambiental, biomecânico, organizacional e posto

de trabalho, tanto para a área limpa, para a área suja, como para o turno noturno

corroborando a revisão da literatura (GUIMARÃES et al., 2002); JAKSON et al., 2002;

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GUIMARÃES & van der LINDEN, 2002; LISBOA & TORRES, 1999; FRANCO, 1981;

PROCHET, 2000).

As dores nas pernas, braços e costas motivaram a realização de análise postural

através do protocolo REBA (Rapide Entire Body Assessment) e do mapa das regiões do

corpo proposto por Corlett (1995) e análise cinesiológica através de observações

sistemáticas.

Os resultados mostraram que os trabalhadores apresentam a

assunção/manutenção de posturas ocupacionais prejudiciais e que podem ser vistas como

fatores de risco para desordens músculo esqueléticas. Subjetivamente, eles apontam queixas

sobre níveis elevados de desconforto/dor em todas regiões corporais, principalmente nas

costas, pernas, pés e braços. Os resultados da avaliação psicofísica/biomecânica (Corlett,

1995) apontaram níveis elevados de desconforto/dor entre os trabalhadores que podem ser

decorrentes das posturas observadas sistematicamente, e pelo protocolo REBA (Rapide

Entire Body Assessment) proposto por Higgnett & McAtmaney (2000). Estas posturas são

mantidas numa variação angular excessiva, onde a intensidade e repetitividade pode gerar

disfunções músculo-esqueléticas. Acredita-se que a causa imediata destes problemas de

ordem biomecânica, sejam decorrentes da má projetação e adequação dos postos de

trabalho, principalmente o mau dimensionamento antropométrico de bancadas, carros de

transporte (loundry cart), mobiliário; do manuseio manual de cargas, falta de assentos,

inadequações no maquinário, assim como a utilização de equipamentos antiquados e fora

dos princípios ergonômicos. Desta maneira, pode-se afirmar que os resultados da presente

vão de encontro com os encontrados por Lisboa & Torres, 1999; Guimarães et al., 2002;

Calegari, (2003); sobretudo aos de Norlander et al. (1997) cujos resultados demonstram que

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a região cérvico-torácica é a que sofre mais lesões que resultam no comprometimento dos

movimentos do ombro durante a realização das atividades.

Foram elaboradas propostas preliminares que sugerem a adoção de assentos de

pé-sentado para diminuir a tensão nos segmentos inferiores causado pela adoção da postura

em pé por período prolongado, bem como o redesenho de equipamentos, o estudo de um

novo layout, medidas para amenização do desconforto térmico e a manutenção preventiva

de equipamentos. Convém salientar que estas propostas para a solução dos

constrangimentos levantados são preliminares, uma vez que o cronograma da pesquisa,

constava apenas da realização das fases que foram apresentadas, a decisão de continuar

com as demais etapas (projetação, teste e implementação) cabe a direção do hospital.

Contudo a realização desta pesquisa pode ser considerada significativa, haja

vista, segundo os próprios funcionários, ter facultado-lhes o direito de falar sobre suas

condições de trabalho, propiciando o envolvimento dos diversos sujeitos, na busca de

solução de seus próprios problemas, o que possibilita um maior acerto.

5. 1. Sugestões de pesquisa

Este estudo sinalizou que há a possibilidade de outras pesquisa dentro da

lavanderia hospitalar, sendo necessário a realização de:

• Mensuração do índice de ruído através de medidor de pressão sonora, verificando se

o ruído tem causado disfunções à saúde dos trabalhadores.

• Mensuração da temperatura, umidade relativa do ar por meio de termômetro de

bulbo seco, para avaliar se a mesma tem contribuindo para a fadiga, conforme

afirma Calegari (2003).

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104

• Mensuração do nível de iluminância, constatando se o mesmo encontra-se nos

níveis estabelecidos pelo MINISTÉRIO DO TRABALHO (2003).

• O desenvolvimento do redesenho dos carrinhos de transporte de roupas tanto da

área suja quanto da limpa conforme as pesquisas de Diniz et al. (2005).

• O redesenho das superfícies de trabalho (mesa e bancadas) (CALEGARI, 2003),

segundo a altura estabelecida por Iida (1990).

• Integrar os resultados de técnicas quantitativas (Pressão arterial média- PAM,

sistólica e diastólica), freqüência cardíaca (FC), catecolominas (Na/A) aos

resultados semiqualitativos do REBA, e das técnicas qualitativas (questionários,

entrevistas abertas, observações sistemáticas, e mapa do desconforto/dor,

CORLETT, 1995).

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Referências Bibliográficas

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ANEXOS

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ANEXO A – Exemplo do questionário de validação adaptado para aplicação aos

funcionários do setor de Lavanderia Hospitalar durante a fase I da presente monografia.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís – Maranhão

Questionário de validação Lavanderia do Hospital Universitário da UFMA

Área Suja/Área Limpa

Prezado (a) Sr (a)

Este questionário não é obrigatório, mas sua opinião sobre o seu trabalho É MUITO IMPORTANTE. Solicito, então, que você preencha com sua idade e tempo de trabalho nos quadros abaixo e marque com um X, na escala (conforme o Exemplo de preenchimento), a resposta que melhor representa sua opinião com relação aos diversos itens apresentados.

Não escreva seu nome no questionário. As informações são sigilosas e servirão para o trabalho que está sendo desenvolvido pelo Hospital Universitário da UFMA em parceria com o Departamento de Desenho e Tecnologia da UFMA. Muito obrigado. Idade Sexo: Masculino Feminino

Destro Canhoto

Turno de trabalho Abaixo segue um modelo exemplificando o preenchimento: cor da roupa de cirurgia

Especialidade

Tempo de trabalho

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• Marque na escala qual a sua opinião quanto às seguintes questões.

Temperatura no seu ambiente de trabalho

Ventilação no seu ambiente de trabalho

Qualidade do ar no seu ambiente de trabalho

Ruído no seu ambiente de trabalho

Iluminação no seu ambiente de trabalho

Segurança no seu ambiente de trabalho

Tempo que fica de pé durante o trabalho na área suja e/ou área limpa

Postura durante o trabalho

Esforço físico durante o manuseio do carrinho de roupas

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Trabalhar em recinto fechado (isolamento)

Qualidade dos instrumentos de higienização das roupas

Quantidade dos instrumentos de higienização

Qualidade da alimentação

Horário (pausas) para refeições no trabalho

Carga horária de trabalho

Flexibilidade nos horários de trabalho (folgas, intervalos)

Ter que lidar com atividades diferentes (trabalho muito variado)

Integração entre os colegas de trabalho

Respeito por parte do diretor do setor

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Respeito por parte dos colegas de outro setor

Número de funcionários disponíveis para a realização do trabalho

Trabalho em equipe

Grau de riscos de acidentes (materiais contaminantes)

Posto de trabalho

Placas de sinalização (energia elétrica, aviso, reunião, etc.)

Rampas para o carrinho de roupa

EPI (Equipamento de Proteção Individual)

Remuneração

Comunicação entre os setores

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Qualidade da água para a lavagem das roupas (lençóis, jalecos, toalhas, fronhas, etc.)

Qualidade da água para beber

Vibração das máquinas (lavadora, etc), instrumentos, ferramentas, etc.

Esforço físico em decorrência dos deslocamentos (caminhamentos)

A forma de dobragem de roupas

O fluxo operacional no manuseio das roupas

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• Marque na escala abaixo o que você sente durante seu trabalho:

1. No seu trabalho você sente dor nos braços?

2. No seu trabalho você sente dor nas mãos?

3. No seu trabalho você sente dor nas pernas?

4. No seu trabalho você sente dor nos pés?

5. No seu trabalho você sente dor nas costas (coluna vertebral)?

6. No seu trabalho você sente dor no pescoço?

7. No seu trabalho você sente dor na cabeça?

8. Ao final do dia de trabalho você se sente cansado?

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• Marque na escala abaixo o que você acha do seu trabalho 1. Quanto de esforço físico é exigido no seu trabalho?

2. Quanto de esforço mental é exigido no seu trabalho?

3. Seu trabalho é monótono?

4. O seu trabalho é limitado?

5. O seu trabalho é criativo?

6. O seu trabalho é dinâmico?

7. O seu trabalho é estimulante?

8. O seu trabalho envolve responsabilidade?

9. O seu trabalho faz você se sentir valorizado?

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10. Você sente pressão psicológica por parte da chefia?

11. Você sente autonomia na realização do seu trabalho?

12. Você acha que seu trabalho envolve risco?

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ANEXO B – Mapa de Regiões do Corpo – escala de desconforto/dor do Corlett.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A – Fluxogramas da análise da tarefa.

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