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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL MESTRADO EM SANEAMENTO AMBIENTAL KARINA ZUÑIGA HUANCA PRODUÇÃO DE SUPORTE CERÂMICO POROSO PARA A REDUÇÃO DE MATERIAL PARTICULADO DA INDÚSTRIA CERÂMICA VERMELHAFORTALEZA-CE 2013

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

MESTRADO EM SANEAMENTO AMBIENTAL

KARINA ZUÑIGA HUANCA

“PRODUÇÃO DE SUPORTE CERÂMICO POROSO PARA A REDUÇÃO DE

MATERIAL PARTICULADO DA INDÚSTRIA CERÂMICA VERMELHA”

FORTALEZA-CE

2013

2

KARINA ZUÑIGA HUANCA

“PRODUÇÃO DE SUPORTE CERÂMICO POROSO PARA A REDUÇÃO DE

MATERIAL PARTICULADO DA INDÚSTRIA CERÂMICA VERMELHA”

Dissertação Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Civil, da Faculdade de Engenharia Civil da

Universidade Federal do Ceará - UFC, como

requisito parcial para a obtenção do Titulo de

Mestre em Saneamento Ambiental. Área de

concentração Saneamento Ambiental.

Orientador: Profa. Ana Barbara de Araújo

Nunes.

FORTALEZA

2013

3

KARINA ZUÑIGA HUANCA

“PRODUÇÃO DE SUPORTE CERÂMICO POROSO PARA A REDUÇÃO DE

MATERIAL PARTICULADO DA INDÚSTRIA CERÂMICA VERMELHA”

Dissertação Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Civil, da Faculdade de Engenharia Civil da

Universidade Federal do Ceará - UFC, como

requisito parcial para a obtenção do Titulo de

Mestre em Saneamento Ambiental. Área de

concentração Saneamento Ambiental.

Aprovada em:___/___/_____.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dr

a. Ana Bárbara de Araújo Nunes (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará - UFC

Prof. Dr. Rivelino Martins Cavalcante (Examinador Interno)

Universidade Federal do Ceará – LABOMAR/UFC

Profa. Francisco Maurício de Sá Barreto (Examinador Externo)

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE

4

“As mais belas flores nascem após os

rigorosos Invernos. Não tenha medo das

dificuldades da vida, pois podem lhe trazer

Grandes jardins.”

Augusto Cury

5

A Deus, por ser minha guia constante e força;

A meu marido Edson por sua paciência,

compressão e amor; meu pai Sabino, minha

mãe Maria, aos meus irmãos e a todos os

membros da minha família por seu amor e

apoio.

Dedico.

6

AGRADECIMENTOS

A UFC – Universidade Federal de Ceará pela oportunidade de poder cursar o Mestrado em

Saneamento Ambiental.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, da Faculdade de

Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, agradeço pelo repasse de conhecimentos

necessários para conclusão desta tese.

A minha orientadora Professora Ana Barbara, pela oportunidade de realizar este estudo, pela

orientação, compreensão, análise e revisão do texto, bem como pelo apoio durante o

desenvolvimento dessa dissertação.

A indústria cervejaria Heineken, pelo fornecimento do resíduo de terra diatomácea.

Aos funcionários do DEHA, pela atenção e prontidão.

Aos colaboradores do Laboratório de Mecânica de Solos, pela ajuda e uso de equipamentos

para poder desenvolver e concluir este trabalho.

Ao pessoal do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em especial a meu

amigo Candido por seu apoio, tempo e orientação.

A minha colega Flavia Telis, pelo fornecimento da bentonita.

Ao senhor Avião por abrir-nos as porta de sua Indústria cerâmica e por sua colaboração para o

desenvolvimento do presente trabalho.

A minhas queridas amigas da UFC, meus sinceros agradecimentos pela ajuda prestada nas

mais diversas ocasiões, pela amizade, pelo companheirismo e força para poder concluir minha

pesquisa.

7

Aos colaboradores dos laboratórios de Caracterização de Materiais, Física, de ensaios

Mecânicos que contribuíram para a realização das análises e ensaios de meu trabalho,

especialmente a Joel, por seu tempo e apoio.

Ao Programa Internacional de Becas da Fundação Ford e à Instituto Internacional de

Educação IIE, e a todas as pessoas que fazem parte dela, pela confiança, oportunidade e pelo

suporte financeiro, que possibilitou a realização do mestrado.

Ao meu querido marido Victor Edson, agradeço pelas orações, fidelidade, paciência, e amor.

Agradeço aos meus queridos pais, por acreditar no meu potencial e por me estimular nos

momentos mais difíceis. Agradeço acima de tudo pelo amor e apoio incondicional.

A todas as pessoas que me ajudaram direta ou indiretamente a concluir este trabalho eu

gostaria de expressar minha gratidão pelo apoio no sucesso desta tese.

A Deus por ao mesmo tempo ter sido meu amigo, meu consolo, pelo amparo, por ser minha

guia constante durante todo este tempo e principalmente por seu amor nos momentos mais

difíceis. Obrigada.

8

RESUMO

O processamento de materiais cerâmicos, que envolve a queima de tijolos e demais produtos

das indústrias cerâmicas vermelhas, está associado à liberação de componentes gasosos e

material particulado que em fortes concentrações podem prejudicar o meio-ambiente e

principalmente a saúde humana, uma vez que os gases emitidos por estas indústrias, na

maioria das vezes, não são tratados antes de serem lançados à atmosfera. O escopo desta

pesquisa foi desenvolver um suporte cerâmico visando, principalmente, à remoção de material

particulado da indústria cerâmica vermelha. Para sua obtenção foi usado resíduo de terra

diatomácea, ignimbrita (Sillar), e como aglomerante a bentonita, as quais possuem

aproximadamente 70% a 80% de sílica. A sílica apresentando-se sob duas formas cristalinas:

quartzo e cristobalita. O resíduo, terra diatomácea, coletado em uma indústria cervejeira, foi

submetido a um tratamento térmico para a eliminação da matéria orgânica absorvida durante a

etapa de filtração. As matérias-primas foram submetidas a uma análise química e

mineralógica mediante Fluorescência de raios X e Difração de raios X. Para a fabricação do

suporte cerâmico foram preparadas espumas cerâmicas pelo método da replica. As espumas

poliméricas foram imersas na suspensão (diatomita, ignimbrita, bentonita e água), secas e

tratadas termicamente. A eliminação da espuma cerâmica polimérica ocorreu a 400°C e, em

seguida, o corpo cerâmico foi sinterizado a 1100°C, em um intervalo de tempo compreendido

de 45 e 60 min. Foram testadas quatro formulações com duas variáveis: tamanho de grão e

composição. A formulação quatro (10% de diatomita e 16% de ignimbrita), foi a mais ótima,

com uma resistência mecânica à compresao de 0,8 MPa e uma porosidade de 81%. A redução

de material particulado, após o uso do suporte cerâmico, foi de aproximadamente 84% e de

72% de monóxido de carbono, estando dentro dos padrões estabelecido pela Resolução

n°382/2006 do CONAMA.

Palavras-chaves: espumas cerâmicas, método da replica, ignimbrita, diatomita, bentonita,

material particulado.

9

ABSTRACT

The processing of ceramic materials which involves burning of the bricks and other ceramic

product red ceramic industries is associated with the release of gaseous components and

particulate material in high concentrations that affect the environment and human health,

considering that the gases emitted by these industries are not mostly treated before being

released to the atmosphere. The purpose of this research was to develop a ceramic support

with the main objective of the removal of particulate matter. Was used diatomaceous earth

residue, ignimbrita (Sillar) and the bentonite as a binder, which possess a high amount of

silica. The silica exists in two crystalline forms: quartz, cristobalite. The residue,

diatomaceous earth, collected in a beer industry, was submitted to a thermal treatment for the

elimination organic matter absorbed during filtration. The raw materials were subjected to

chemical and mineralogical analysis by XRF and XRD. Were processed by the replication

method. The Polymeric foams were immersed in the ceramic suspension (diatomite,

ignimbrita, bentonite and water), and then dried and heat-treated for consolidation. The

polymer foam was burned out at 400 °C and sintering was carried out at 1100 °C for 45 - 60

min. We‟re working four formulations with two variables, grain size and composition. The

four formulations (10% diatomite and 16% ignimbrita) was more excellent, mechanical

strength compresao of 0,8MPa and porosity of 81%. The reduction of particulate matter after

using the ceramic support was approximately 84% and carbon monoxide was 72% is within

the standards established by the Resolution n°382/2006 do CONAMA.

Keywords: ceramic foams, method replicates, ignimbrita, diatomite, bentonite, material

particulate.

.

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Materiais cerâmicos com diferentes formatos de células. ...................................... 26

Figura 2 – Estrutura de poros fechados ou isolados. ............................................................. 28

Figura 3 – Estrutura de poros abertos ou interconectados. .................................................... 28

Figura 4 – Esquema do processo de fabricação pelo método direct foaming ......................... 30

Figura 5 – Esquema do processo de fabricação pelo método réplica ..................................... 31

Figura 6 – Monólito cerâmico de esponja de alumina. .......................................................... 34

Figura 7 – Bentonita de Boa Vista (PB)................................................................................ 36

Figura 8 – Representação da hidratação da bentonita sódica e cálcica em meio aquoso. ....... 37

Figura 9 – Ignimbrita (Sillar), rocha vulcânica da Quebrada de Añashuayco. ....................... 39

Figura 10 – Atividade piroclástica (o material piroclástico recheia as partes baixas de um rio

ou riacho). ............................................................................................................................ 40

Figura 11 – Ignimbrita (Sillar), Quebrada de Añashuayco Arequipa-Perú............................. 41

Figura 12 – Fases das Ignimbrita (Sillar) a diferentes temperaturas. ..................................... 43

Figura 13 – Carapaças de Diatomita in natura da Mina Ponte ............................................... 45

Figura 14 – Etapas básicas no processo de produção de tijolos, blocos e telhas..................... 51

Figura 15 – Fluxograma do processo cerâmico utilizado para a fabricação de blocos, telhas e

tijolos. .................................................................................................................................. 52

Figura 16 – Preparação da matéria prima: a) matéria prima e b) caixa alimentador ............... 53

Figura 17 – Etapas da conformação de tijolos a) extrusão b) corte de blocos ........................ 54

Figura 18 – Etapas da conformação de telhas a) corte de telhas b) secado natural de telhas. . 55

Figura 19 – Queima a) transporte de telhas para o forno b) queima e sinterização de bloco

cerâmico c) resfriamento do material cerâmico d) material já sinterizado. ............................ 56

Figura 20 – Forno Intermitente tipo Caipira ......................................................................... 58

Figura 21 – Forno Continuo tipo Hoffman ........................................................................... 59

Figura 22 – Transporte de lenha branca ................................................................................ 59

Figura 23 – Consumo energético da cerâmica vermelha no Brasil ........................................ 60

Figura 24 – Chaminé da Indústria Cerâmica de Russas......................................................... 61

Figura 25 – Delineamento do desenvolvimento da parte experimental da pesquisa ............... 64

Figura 26 – Fluxograma das fases do procedimento para a obtenção do suporte cerâmico .... 66

Figura 27 – Sequencia esquemática do processamento da diatomita; (a) amostra úmida; (b)

amostra seca após de 5 dias ; (c) amostra desintegrada no morteiro; (d) amostra em pó. ....... 68

11

Figura 28 – Etapas do tratamento térmico: (a) calcinação na mufla; (b) peneiração da amostra;

(c) diatomita purificada em pó. ............................................................................................. 69

Figura 29 – Fluxograma do processamento da diatomita ...................................................... 70

Figura 30 – Etapas do processo da obtenção da Ignimbrita e Bentonita; (a) pulverização da

amostra no moinho; (b) peneiração da amostra; (c) amostra em pó Ignimbrita (Sillar); (d)

amostra em pó Bentonita. ..................................................................................................... 72

Figura 31 – Fluxograma da metodologia experimental utilizada na obtenção da cerâmica

porosa. ................................................................................................................................. 73

Figura 32 – Seleção da esponja polimérica; (a) esponja polimérica; (b) matriz a utilizar de

poliuretano; (c) e (d) imagem do poliuretano no microscópico ótico a 50x. .......................... 74

Figura 33 – (a) misturador; (b) suspensão cerâmica. ............................................................. 76

Figura 34 – Secagem do corpo cerâmico: (a) impregnação da esponja poliuretana; (b) estufa76

Figura 35 – Mufla de 1200°C marca JUNG, utilizado para a sinterização do suporte cerâmico.

............................................................................................................................................ 77

Figura 36 – Crescimento de pescoço entre os contatos das partículas na etapa de sinterização.

............................................................................................................................................ 78

Figura 37 – Rampa de sinterização do suporte cerâmico. ...................................................... 78

Figura 38 – Equipamento de Fluorescência de raios X/ Rigaku (ZSX Mini II)...................... 80

Figura 39 – Difratômetro de raios X da marca Panalytical modelo XPert Pro MPD. ............. 81

Figura 40 – Maquina universal EMIC de 100 kN ................................................................. 84

Figura 41 – Microscópio Eletrônico de Varredura da marca Philips Modelo XL30 ............... 85

Figura 42 – Difratograma de raios X da bentonita ................................................................ 89

Figura 43 – Difratograma de raios X da ignimbrita............................................................... 90

Figura 44 – Difratograma de raios X da diatomita não tratada .............................................. 90

Figura 45 – Difratograma de raios X da diatomita tratada termicamente. .............................. 91

Figura 46 – Suportes cerâmicos submersos na água .............................................................. 92

Figura 47 – Comparação da absorção de água em diferentes formulações ............................ 93

Figura 48 – Comparação da massa especifíca das diferentes formulações ............................. 94

Figura 49 – Comparação da porosidade aparente das diferentes formulações ........................ 95

Figura 50 – Ensaio de compressão dos suportes cerâmicos. .................................................. 95

Figura 51 – Diagramas de ensaio de compressão do suporte cerâmico da formulação F1. ..... 97

Figura 52 – Diagramas de ensaio de compressão do suporte cerâmico da formulação F2. ..... 97

Figura 53 – Diagramas de ensaio de compressão do suporte cerâmico da formulação F3. ..... 98

12

Figura 54 – Diagramas de ensaio de compressão do suporte cerâmico da formulação F4. ..... 98

Figura 55 – Suportes cerâmicos ............................................................................................ 99

Figura 56 – Micrografia do suporte cerâmico a 2500x. ....................................................... 100

Figura 57 – Micrografia da estrutura morfológica da diatomita no suporte cerâmico a 1000x.

.......................................................................................................................................... 100

Figura 58 – Micrografia a 300x de um poro aberto no suporte cerâmico. ............................ 101

Figura 59 – Micrografia a 200x da estrutura cerâmica dos poros abertos interconectados. .. 101

Figura 60 – Micrografia a 200x da replica cerâmica da estrutura da esponja polimérica. .... 102

Figura 61 – Micrografia ótica a 100x da porosidade presentes no suporte cerâmico. .......... 102

Figura 62 – Micrografia ótica do cerâmico poroso a 50x .................................................... 103

Figura 63 – CIPA-Coletor Isocinético de Poluentes Atmosféricos; (a) modulo de controle e

um Analisador de gases UNIGÁS 3000+ da marca Eurotron, (b) sonda e cordão umbilical, (c)

caixa fria e caixa quente. .................................................................................................... 104

Figura 64 – (a) Estrutura metálica com os suportes cerâmicos; (b) estrutura metálica instalada

na chaminé; (c) e (d) colocação dos suportes cerâmicos no canal na chaminé; (e) instalação

dos suportes na chaminé. .................................................................................................... 107

Figura 65 – Medição com suportes cerâmicos; (a) e (b) retirada dos suportes do canal; (c) e

(d) resultado final dos suporte cerâmicos depois da medição; (e) e (f) impregnação dos

suportes com Material Partículas. ....................................................................................... 109

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação entre cerâmicos tradicionais e avançados ........................................ 23

Tabela 2 – Cerâmicas tradicionais e algumas aplicações....................................................... 24

Tabela 3 – Cerâmicas avançadas e algumas aplicações ......................................................... 25

Tabela 4 – Classificação de Cerâmicas porosas .................................................................... 27

Tabela 5 – Tipos de óxidos usados como suportes. ............................................................... 32

Tabela 6 – Matérias usadas na fabricação de suportes monólitos. ......................................... 33

Tabela 7 – Propriedades de suporte ou filtros cerâmicos comerciais. .................................... 35

Tabela 8 – Propriedades físico-químicas da ignimbrita ......................................................... 42

Tabela 9 – Propriedades físicas de diatomitas requeridas na indústria. .................................. 46

Tabela 10 – Consumo Brasileiro por Região - 2011 ............................................................. 48

Tabela 11 – Distribuição por Estado da produção nacional de cerâmica vermelha. ............... 48

Tabela 12 – Produção Brasileira de Cerâmica Vermelha (bilhão de peças) ........................... 49

Tabela 13 – Estado do Ceará – os dez mais importantes municípios, por produção de peças

cerâmica. ............................................................................................................................. 50

Tabela 14 – Formulações das misturas da preparação da suspenção cerâmica. ...................... 75

Tabela 15 - Composição química da matéria prima .............................................................. 86

Tabela 16 - Composição química da diatomita depois do tratamento térmico ....................... 87

Tabela 17 – Dados de perdas por calcinação da diatomita saturada ....................................... 88

Tabela 18 – Formulações utilizadas na fabricação do suporte cerâmico ................................ 91

Tabela 19 – Resultados do ensaio de absorção de água do suporte cerâmico sinterizado. ...... 92

Tabela 20 – Resultados do ensaio de massa especifíca aparente do suporte cerâmico

sinterizado ........................................................................................................................... 93

Tabela 21 – Resultados do ensaio da porosidade aparente do suporte cerâmico sinterizado .. 94

Tabela 22- Ensaio de compressão dos suportes cerâmicos das diferentes formulações .......... 96

Tabela 23 - Concentração do Material Particulado (MP) .................................................... 105

Tabela 24 - Concentração de Monóxido de Carbono (CO) ................................................. 105

Tabela 25- Concentração de Oxigênio Molecular (O2) ....................................................... 105

Tabela 26 - Concentração do Material Particulado (MP) .................................................... 108

Tabela 27 – Concentração de Monóxido de Carbono (CO) ................................................. 108

Tabela 28 - Concentração de Oxigênio Molecular (O2)....................................................... 108

14

Tabela 29 – Limites de emissão para poluentes atmosféricos. ............................................. 110

Tabela 30 – Limites poluentes atmosféricos de CO ............................................................ 110

Tabela 31– Concentração do poluente corrigida estabelecida nesta Resolução.................... 111

Tabela 32 – Comparação das medições sem suporte e com suporte cerâmico da chaminé da

indústria cerâmica vermelha. .............................................................................................. 111

15

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA Absorção de Água

ABC Associação Brasileira de Cerâmica

ANICER Associação Nacional de Indústria Cerâmica

CIPA Coletor Isocinético de Poluentes Atmosféricos

CO Monóxido de Carbono

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

DRX Difração de Raios X

FRX Fluorescência de Raios X

LACAM Laboratório de Caracterização de Materiais

MEA Massa Especifica Aparente

MEV Microscopia Electrónica de Varredura

MP Material particulado

PA Porosidade Aparente

PBI Produto Bruto Interno

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

16

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 19

1.1 Objetivos .................................................................................................................... 20

1.1.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 20

1.1.2 Objetivos específicos ........................................................................................... 20

1.2 Estrutura da dissertação .............................................................................................. 21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 22

2.1 Materiais cerâmicos .................................................................................................... 22

2.1.1 Materiais cerâmicos tradicionais .......................................................................... 23

2.1.2 Materiais cerâmicos avançados ............................................................................ 24

2.2 Suportes estruturados .................................................................................................. 32

2.2.1 Suportes estruturados monolíticos ........................................................................ 32

2.2.2 Tipos de monólitos .............................................................................................. 33

2.2.3 Avaliação de um Suporte cerâmico ou Filtros cerâmicos ...................................... 34

2.3 Bentonita .................................................................................................................... 36

2.3.1 Origem da Bentonita no Brasil (Paraíba) .............................................................. 36

2.3.2 Definição ............................................................................................................. 36

2.3.3 Classificação das bentonitas ................................................................................. 37

2.3.4 Usos e aplicações da Bentonita ............................................................................ 38

2.4 Pedra vulcânica (Sillar) ............................................................................................... 39

2.4.1 Origem das Ignimbritas (Sillar) do Perú (Arequipa) ............................................. 39

2.4.2 Definição ............................................................................................................. 41

2.4.3 Propriedades físico-químicas das Ignimbritas ...................................................... 42

2.4.4 Usos e aplicações da ignimbrita ........................................................................... 43

2.5 Diatomita .................................................................................................................... 43

2.5.1 Origem da Diatomita ........................................................................................... 43

2.5.2 Definição ............................................................................................................. 44

2.5.3 Propriedades físicas das Diatomitas ..................................................................... 45

2.5.4 Usos e aplicações da Diatomita ............................................................................ 47

2.6 A indústria cerâmica vermelha .................................................................................... 47

2.6.1 Processo de fabricação da cerâmica vermelha ...................................................... 50

2.6.2 Tipos de fornos .................................................................................................... 57

17

2.6.3 Aspectos ambientais significativos....................................................................... 59

2.6.4 Equipamentos de controle da polução do ar ......................................................... 62

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 64

3.1 Delineamentos da pesquisa ......................................................................................... 64

3.2 Preparação do suporte cerâmico .................................................................................. 65

3.2.1 Matéria prima ...................................................................................................... 67

3.2.2 Procedimentos para a obtenção do suporte cerâmico ............................................ 72

3.2.3 Seleção da esponja de poliuretano ........................................................................ 74

3.2.4 Preparação da suspenção cerâmica ....................................................................... 75

3.2.5 Sinterização ......................................................................................................... 77

3.3 Caracterização química e mineralógica da matéria prima ............................................ 79

3.3.1 Fluorescência de Raios X (FRX).......................................................................... 79

3.3.2 Difração de Raios X (DRX) ................................................................................. 80

3.4 Caracterização física e mecânica do suporte cerâmico................................................. 81

3.4.1 Absorção de água (AA) ....................................................................................... 81

3.4.2 Massa especifica aparente (MEA) ........................................................................ 82

3.4.3 Porosidade aparente (PA) .................................................................................... 82

3.4.4 Resistencia mecânica à compressão ..................................................................... 83

3.4.5 Microscopia electrónica de varredura (MEV)....................................................... 84

3.5 Medição do material particulado no suporte cerâmico ................................................. 85

3.5.1 Medição Amostrador Isocinético ......................................................................... 85

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 86

4.1 Caracterização química e mineralógica da matéria prima ............................................ 86

4.1.1 Análise por fluorescência de raios X (FRX) ......................................................... 86

4.1.2 Analise por difração de raios X (DRX) ................................................................ 88

4.2 Caracterização física e mecânica do suporte cerâmico................................................. 91

4.3 Microscopia Electrónica de Varredura (MEV) ............................................................ 99

5. APLICAÇÃO DO SUPORTE CERÂMICO NA CHAMINÉ DA INDÚSTRIA

CERÂMICA VERMELHA ................................................................................................ 103

6 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 113

6.1 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................... 114

7 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................115

18

ANEXO A – Resolução NO 382/06 CONAMA (ANEXO IV)..............................................120

ANEXOB – NBR 12766/92 - Determinação de massa especifica aparente, porosidade

aparente e absorção de água aparente.....................................................................................121

ANEXO C – NBR 5739/94 - Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos............122

19

1. INTRODUÇÃO

O setor cerâmico no Brasil constitui um dos maiores conglomerados industriais do

gênero do mundo, tendo uma grande importância econômica para o Brasil, com uma

participação no PIB brasileiro (Produto Interno Bruto) de quase 1,0%, sendo uma atividade

relevante para o desenvolvimento socioeconômico, envolvendo micros, pequenas, médias e

grandes empresas em todos os estados, no interior e nas regiões metropolitanas, e boa parte

nos municípios do país (ELLA, 2012).

Parte importante desse setor, a indústria de cerâmica vermelha no Brasil, também

denominada cerâmica estrutural, envolve a produção de elementos estruturais, de vedação e

de acabamentos para a construção civil (telhas, blocos estruturais de vedação, tubos, lajotas e

pisos) e responde por um faturação de US$ 9 bilhões /ano, estimou-se a produção de cerâmica

vermelha em aproximadamente 88 bilhões de peças. Os blocos e tijolos representam 70% do

segmento e telhas 30% (ELLA, 2012; ANUÁRIO, 2012).

Segundo dados de ANICER – Associação Nacional de Indústria Cerâmica, o

número de olarias de cerâmicas no Brasil é de aproximadamente 7.400 mil empresas, tendo

um consumo de 42% no sudeste, 23% no sul e 22% nordeste (ANUÁRIO, 2012).

Com relação ao Nordeste, no Estado de Ceará, no município de Russas se

concentra a maior atividade de indústrias cerâmicas. Atualmente existem cerca de 120

empresas com 78% da produção de telhas extrusadas e 22% de bloco de vedação (tijolos). O

nível de utilização da capacidade instalada das organizações do setor é, em média, 60 %, onde

a produção cerâmica, na sua grande maioria, é realizada por grupos de micro, pequenos e

médios empresários, tendo grande importância socioeconômica por gerar cerca de 3200

empregos diretos e rendas correspondentes à comercialização de aproximadamente 76.000

milheiros de peças cerâmicas por mês, destinadas ao próprio estado e a outros da região

Nordeste (ANUÁRIO, 2012).

Os fornos usados atualmente pelas indústrias cerâmicas são em sua maioria de

operação intermitente, o que causa um elevado consumo de combustível, já que estes tipos de

fornos estão defasados tecnologicamente (MESSIAS, 1996 apud MEDEIROS, 2006).

No processo de queima das peças cerâmicas conformadas o calor gasto para

aquecer a carga e as paredes do forno não são recuperados ao final do processo de queima e

durante a fase de resfriamento. Todo o calor retido na carga e nas paredes do forno é

20

dissipado para o ambiente. Esta perda de energia pode significar cerca de 50% do total

empregado no processo de queima. (SUDENE/ITEP, 1988 apud GRIGOLETTI, 2001).

O processo que envolve a queima de lenha para a produção de tijolos e demais

produtos está associado em maior proporção à liberação de material particulado tipo fumaça e

componentes gasosos como monóxido de carbono (CO), nitrogênio (N2), dióxido de carbono

(CO2) e outros agentes (SILVA, 2009). Estes gases quentes emitidos da queima destas

cerâmicas são segurados por chaminés e dissipados no ambiente (LIMA, 2010).

Os efeitos adversos do material particulado emitidos na atmosfera interferem na

visibilidade e está associado à produção de corrosão em superfícies. Os efeitos sobre a saúde

estão associados à diminuição da capacidade respiratória, devido à retenção de partículas

pelos pulmões; diversos tipos de alergias; falta de respiração e morte em alguns casos

(PINTO, 2012).

Este trabalho pretende contribuir na redução do material particulado emitido pelas

chaminés das indústrias cerâmicas mediante a aplicação de suportes cerâmicos a base de

resíduo da terra diatomácea coletado em uma indústria cervejeira, a ignimbrita (Sillar) uma

rocha vulcânica e como aglomerante a bentonita.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

a) Desenvolver um suporte cerâmico poroso a fim de atenuar os poluentes

emitidos pela queima de tijolos e telhas provenientes da indústria cerâmica

vermelha.

1.1.2 Objetivos específicos

a) Elaborar um suporte cerâmico poroso pelo método da réplica da esponja

polimérica, sinterizado a 1100° C;

b) Dar um destino à diatomita saturada, que é um resíduo da indústria cervejeira,

visando assim aplicar na fabricação de um suporte cerâmico;

21

c) Avaliar a capacidade de remoção de particulas contaminantes emitidas pelas

chaminés da indústria ceramica vermelha, através do uso do suporte cerâmico

poroso desenvolvido.

1.2 Estrutura da dissertação

O trabalho está estruturado em quatro capítulos, que descrevem as diferentes

etapas e o processo de elaboração desta dissertação.

Capítulo 1 – apresenta uma introdução e descreve os objetivos a que se propõe a pesquisa;

Capítulo 2 – apresenta uma revisão da literatura bibliográfica, que abrange informação dos

materiais cerâmicos avançados e suas diversas aplicações na indústria;

Capítulo 3 – define a metodologia, descrevem os materiais da pesquisa, os procedimentos e

ensaios a ser seguida para desenvolvimento do presente trabalho;

Capítulo 4 – expõe os resultados dos ensaios dos componentes da pesquisa;

Capítulo 5 – analisa e interpreta os resultados obtidos da pesquisa, considerando as diferentes

características dos materiais utilizados. Avalia igualmente os métodos descritos no terceiro

capítulo com base nos resultados experimentais;

Capítulo 6 – apresenta as conclusões finais e recomenda pesquisas que poderiam ser feitas

em futuros trabalhos.

22

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Materiais cerâmicos

O termo “cerâmico” vem da palavra grega Keramikos, que significa “matéria

queimada”, indicando que as propriedades desejáveis desses materiais são atingidas

normalmente através de um processo de tratamento térmico a alta temperatura, chamada de

cozimento. Os materiais cerâmicos são compostos formados, em geral, por elementos

metálicos e não metálicos, para os quais as ligações inter atômicas ou são totalmente iônicas

ou predominantemente iônicas tendo, porém, alguma natureza covalente (CALLISTER, 2011,

p. 303).

As características mais comuns destes materiais são: resistência mecânica a altas

temperaturas, eletricamente isolante ou semicondutores, com várias propriedades magnéticas

e dielétricas e baixa tenacidade (KINGERY, 1976 apud ARAUJO, 2011).

Recentemente, ocorre um progresso significativo em relação à compreensão da

natureza fundamental desses materiais e dos fenômenos que ocorrem neles, e que são

responsáveis por suas propriedades únicas. Consequentemente, uma nova geração desses

materiais foi desenvolvida e o termo „cerâmica‟ tomou um significado muito mais amplo. Em

um grau ou outro, esses novos materiais possuem um efeito consideravelmente drástico sobre

a nossa vida; as indústrias de componentes eletrônicos, de computadores, comunicação,

aeroespacial e uma gama de outras indústrias dependem do uso desses materiais

(CALLISTER, 2011, p. 303).

Os materiais cerâmicos são classificados como cerâmicos tradicionais e

avançados. Entretanto, é importante salientar as principais diferenças entre essas duas

cerâmicas. As ditas tradicionais, incluem peças da indústria da construção civil e artefatos

domésticos utilizados em nossa vida diária, e as chamadas cerâmicas avançadas ou especiais,

são aquelas peças submetidas a rigorosas condições de trabalho, exigindo alto desempenho de

suas propriedades como alta dureza, alta resistência ao desgaste, inercia química e alto ponto

de fusão, entre outras. Um resumo das diferenças entre cerâmicas tradicionais e avançadas em

relação a alguns parâmetros são apresentados na Tabela 1 (DE SOUZA, 2010).

23

Tabela 1 – Comparação entre cerâmicos tradicionais e avançados

CERÂMICA

PARÂMETRO AVANÇADA TRADICIONAL

Matéria-prima Sintética Natural

Tamanho de partícula < 10 μm 0,5 - 1000 μm

Preparação do pó Altamente controlado Convencional

Conformação Altamente controlado Convencional

Sinterização Pouca ou nenhuma fase vítrea Considerável % de fase liquida

Microestrutura Microscopia eletrônica Microscopia ótica

Fonte: DE SOUZA, 2010.

2.1.1 Materiais cerâmicos tradicionais

São aqueles utilizados na indústria dos silicatos - argilas, cimentos e vidros de

silicatos (BRITO, 2005 apud ARAUJO, 2011). Uma das matérias primas cerâmicas mais

amplamente utilizadas é a argila. Esse insumo muito barato, encontrado naturalmente em

grande abundância, é usado com frequência na forma como é extraído, sem qualquer

beneficiamento na sua qualidade. Outra razão para sua popularidade está na facilidade com a

qual os produtos a base de argila podem ser conformados; quando misturamos nas proporções

corretas, a argila e a água forma uma massa plástica muito suscetível à modelagem. Depois

ela é cozida em uma temperatura elevada para melhorar sua resistência mecânica.

A maioria dos produtos a base de argila se enquadram em duas classificações

abrangentes: os produtos estruturais a base de argila e as louças brancas. Além da argila,

muitos desses produtos contêm também aditivos não plásticos, os quais influenciam as

mudanças que ocorrem durante os processos de secagem e cozimento, assim como as

características das peças acabadas. Na Tabela 2 apresentam-se as cerâmicas tradicionais e

algumas aplicações.

24

Tabela 2 – Cerâmicas tradicionais e algumas aplicações

CAMPO DE APLICAÇAO PRODUTO

Cerâmica branca Pratos, louças de barro, louças para mesa, louças vitrificadas

e louças sanitárias.

Produto de argila Tijolos, tubulações de esgoto, purificadores de agua.

Refratários Tijolos, cimentos.

Construção Tijolos, telhas, fibra de vidro.

Vidros Vidros para janelas, copos etc.

Fonte: DIAZ, 2003.

2.1.2 Materiais cerâmicos avançados

São cerâmicas de alta tecnologia, que tem propriedades únicas e excelentes tais

como: elevada resistência a altas temperaturas, propriedades mecânicas superiores,

propriedades elétricas especiais e maior resistência ao ataque químico entre outras.

Estas cerâmicas avançadas foram desenvolvidas para atender as necessidades de

aplicações que as cerâmicas tradicionais não podiam oferecer, e por causa da necessidade de

novos materiais que transformem projetos disponíveis em produtos úteis (BRITO, 2005 apud

ARAUJO, 2011).

Em particular, as propriedades elétricas, magnéticas e ópticas, e combinações de

propriedades exclusivas das cerâmicas, têm sido exploradas em uma gama de novos produtos;

além disso, as cerâmicas avançadas são utilizadas em um sistema de comunicação por fibras

ópticas, em sistema microelectromecânicos, como rolamentos de esferas, e em aplicações que

exploram o comportamento piezelétrico de uma variedade de materiais cerâmicos

(CALLISTER, 2011). Na Tabela 3 são apresentadas algumas aplicações das cerâmicas

avançadas na indústria.

25

Tabela 3 – Cerâmicas avançadas e algumas aplicações

CAMPO DE APLICAÇAO PRODUTO

Eletrônicos Elementos de esquentamentos.

Isolantes, supercondutores.

Automóveis Sensores de oxigênio, célula combustível.

Suporte de catalizadores.

Controladores de emissões.

Medicina Próteses, implantes

Estrutura de alta temperatura Acessórios para fornos, refratários avançados.

Nuclear Combustíveis, equipamentos nucleares.

Técnicos Cerâmicas de laboratório

Outros Ferramentas de corte, blindagem, fibras ópticas.

Fonte: DIAZ, 2003.

2.1.2.1 Cerâmicas porosas

São cerâmicas porosas as que apresentam uma porosidade maior que 30%, e são

fabricadas com técnicas variadas que permitem incrementar sua porosidade, de modo que sua

superfície é muito maior com respeito à unidade de volume, com poros do tamanho de

aproximadamente 40 nm até 1mm (GUZMAN, 2003).

Estas cerâmicas porosas pertencem à classe de materiais caracterizados por uma

rede bidimensional ou tridimensional de poros, dispostos de forma regular e interconectados

entre si através de canais como é mostrado na Figura 1 (SHEPPARD, 1993 apud ARAUJO,

2011; MARCOLINO, 2008).

26

Figura 1– Materiais cerâmicos com diferentes formatos de células.

Fonte: MARCOLINO, 2008

O grande interesse por esta classe de materiais está relacionado a suas

propriedades específicas, tais como baixa densidade (que permite a fabricação de

componentes leves e rígidos, usados como suportes para estruturas flutuantes), baixa

condutividade térmica, boa capacidade de retenção, alta permeabilidade e grande área

superficial que estão relacionadas com características próprias dos materiais cerâmicos, como

resistência ao choque térmico e a ataques químicos, refratariedade, etc. (DONADEL, 2008;

MARCOLINO, 2008).

Estas propriedades tornam esses materiais viáveis para diversas aplicações e usos

em várias áreas da engenheira, como as seguintes:

a) isolantes térmicos em aeronaves, principalmente em maquinas aeroespaciais;

b) filtração de líquidos e gases quentes;

c) refino e purificação de metais fundidos;

d) esfriamento de superfície quente, alimentando gás pressurizado através da

cerâmicas porosas;

e) suportes catalíticos em vários processos químicos, incluindo os que são

realizados a elevadas temperaturas;

f) membranas para separação e purificação de líquidos e gases.

27

No entanto, as cerâmicas porosas podem classificar-se de acordo com os atributos

característicos mencionadas na Tabela 4 (GUZMAN, 2003).

Tabela 4 – Classificação de Cerâmicas porosas

CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO

Composição química Silicato, silicato de alumínio, óxidos etc.

Porosidade Moderada (30 - 50%), alta porosidade (60 -70%) e super alta

porosidade (acima de 75%).

Estado físico Peças, contínuos, recheadas.

Microestrutura Granular, celular, fibrosa.

Refratariedade com respeito

à temperatura de serviço

Baixa fusão (menus de 1350°C), alta fusão (1350-1580 °C),

refratários (1580-1770°C), altamente refratários (1770-2000 °C),

super-refratários (acima os 2000 °C).

Área de destinação e

aplicação

Isolamento térmico (condutividade térmica); proteção térmica ( o

produto da condutividade térmica e valores de densidade

aparente); e permeabilidade (porosidade, tamanho de poro e

permeabilidade).

Fonte: GUZMAN, 2003.

As cerâmicas celulares porosas, segundo a estrutura que apresenta o poro, podem

ser divididas em duas categorias: em espumas cerâmicas e esponjas cerâmicas ou cerâmicas

reticuladas (CAMBRONERO, et al., 2005).

As espumas cerâmicas são aquelas que têm poros fechados dentro de uma matriz

cerâmica contínua (CAMBRONERO, et al., 2005). Neste tipo de espumas cerâmicas os poros

isolados entre si não permite a passagem do fluido (líquido e gás) através deles, como é

mostrada na Figura 2 (GUZMAN, 2003). Os materiais cerâmicos com está estrutura

apresentam baixa massa, baixa densidade, baixa condutividade térmica, o que permite seu uso

em aplicações de estruturas leves, matérias isolantes térmicos, materiais contra incêndios

etc.(CAMBRONERO et al., 2005).

28

PORO

PORO

Figura 2 – Estrutura de poros fechados ou isolados.

Fonte: DIAZ, 2003.

As esponjas cerâmicas ou cerâmicas reticulares têm estruturas de poros abertos,

onde seus poros se encontram interconectadas e rodeadas por uma rede cerâmica como mostra

a Figura 3. Esta estrutura apresenta as mesmas propriedades que as espumas cerâmicas,

diferenciando-se em uma propriedade especial como a permeabilidade. A permeabilidade se

apresenta devido aos poros que se encontram interconectados, o que permite que um líquido

passe de uma superfície de um corpo cerâmico a outro. Por apresentar esta forma de poros,

são utilizados como placas para filtrar metais fundidos e gases, como peneiras moleculares e

suportes catalizadores, entre outras aplicações (GUZMAN, 2003).

Figura 3 – Estrutura de poros abertos ou interconectados.

Fonte: DIAZ, 2003.

29

Alterações na porosidade (aberta ou fechada), distribuição, tamanho e morfologia

dos poros podem causar um efeito importante sobre as propriedades do material. Todas essas

características microestruturais, por sua vez, são fortemente influenciadas pela rota de

processamento utilizada para a produção das cerâmicas porosas (ANDRÉ et al., 2006 apud

MARCOLINO, 2008).

2.1.2.1.1 Métodos de processamento de fabricação de cerâmicas porosas

Nos últimos anos, diversas técnicas de preparação de cerâmicas porosas estão

sendo pesquisadas, buscando a obtenção de materiais com geometria complexa,

microestrutura projetada e sem a necessidade da etapa de usinagem (redução de custos)

(VLACK, 1970 apud ROMANO et al. 2006).

Técnicas versáteis que permitem ajustar a porosidade, a distribuição, tamanho e

morfologia dos poros que podem ser aplicados aos materiais cerâmicos de diferentes

composições químicas. Dentre as quais pode ser citada: queima de partículas orgânicas, gel

casting, direct foaming, método da réplica etc. (MARCOLINO, 2008).

2.1.2.1.1.1 Método queima de partículas orgânicas

Este método consiste na incorporação de produtos orgânicos nos corpos

cerâmicos, os quais são removidos durante a queima, deixando poros cujo tamanho está

associado com as partículas dos agentes orgânicos (ORTEGA, 2000 apud ROMANO et. al.,

2006).

2.1.2.1.1.2 Método gel casting

Consiste basicamente na produção de uma suspensão cerâmica com monômeros

vinílos e divinílicos, que polimerizam in situ, consolidando o material. Uma característica

importante nesse tipo de reação é que, devido a sua alta reatividade, os radicais livres

formados durante a polimerização reagem imediatamente com as moléculas de oxigênio

presentes no sistema, interrompendo a polimerização. Por isso a presença de oxigênio torna-se

um fator limitante. Além disso, os monômeros utilizados nesse processo são tóxicos e

algumas vezes cancerígenos (ORTEGA, 2000 apud ROMANO et al., 2006).

Este processo possui característica especificas como: baixa viscosidade das

suspensões e a cinética de reação, que com adição de um surfactante e um processo de

30

aeração, torna possível a produção de materiais cerâmicos porosos com poros esféricos e

diâmetros variando de 30 μm a 2 mm, paredes altamente densificadas e níveis de porosidade

que podem ultrapassar 90%, proporcionando ótimas propriedades como, alta resistência

mecânica, alta permeabilidade e baixa condutividade térmica (MARCOLINO, 2008).

2.1.2.1.1.3 Método direct foaming

Consiste na incorporação de ar em uma suspensão ou meio líquido que é

posteriormente fixado, a fim de se manter uma estrutura de bolhas de ar como é mostrado um

esquema do processo na Figura 4. Na maioria dos casos, as espumas consolidadas são

posteriormente sinterizadas a altas temperaturas para a obtenção de cerâmicas porosas de alta

resistência. Estruturas celulares preparadas por este método normalmente exibem resistência

mecânica consideravelmente mais elevada do que as produzidas pelo método da réplica. A

questão mais critica neste método é a maneira utilizada para estabilizar as bolhas incorporadas

dentro da suspensão inicial ou meio líquido (ORTEGA et al., 2003 apud MARCOLINO,

2008). É um método fácil, barato, rápido para a preparação de cerâmicas porosas com

porosidade aberta ou fechada na faixa de 40% a 97%.

Figura 4 – Esquema do processo de fabricação pelo método direct foaming

Fonte: MARCOLINO, 2008.

31

2.1.2.1.1.4 Método da réplica

É considerado como o primeiro método utilizado para a produção de cerâmicas

porosas. A invenção original remota ao inicio dos anos 1960, quando Scwartzwalder e Somers

utilizaram esponjas poliméricas como modelos para preparar estruturas cerâmicas celulares de

diversos tamanhos de poros, porosidade, e composições químicas (MARCOLINO, 2008).

Este método foi patenteado em 1963 por Scwartzwalder e Somers (1963), desde

então, a réplica de esponjas poliméricas passou a ser o método mais popular na produção

cerâmica porosa, e hoje é amplamente utilizado na indústria cerâmica para fabricação de

filtros cerâmicos na filtração de metais fundidos e gases a altas temperaturas. Este sucesso é

atribuído principalmente ao baixo custo, simplicidade e flexibilidade do método (DONADEL,

et al., 2008; MARCOLINO, 2008).

Neste método, uma esponja polimérica altamente porosa, geralmente poliuretano,

é impregnada em uma suspensão cerâmica até o preenchimento dos poros internos, sendo que

após a secagem, mediante um tratamento térmico, que visa à queima, eliminação do material

orgânico (esponja) e a sinterização do material cerâmico, resultam um material com

porosidade aberta e microestrutura semelhante à esponja precursora, como se mostra na

Figura 5. Cerâmicas porosas obtidas por este método podem chegar a uma porosidade aberta

total na faixa de 40% - 95% e são caracterizadas por uma estrutura reticulada de poros

altamente interligados, com tamanhos entre 200μm e 3mm. Esta interconectividade dos poros

aumenta a permeabilidade dos fluidos e gases através da estrutura porosa (DONADEL, et al.,

2008; MARCOLINO, 2008; ROMANO, 2006).

Figura 5 – Esquema do processo de fabricação pelo método réplica

Fonte: MARCOLINO, 2008.

32

2.2 Suportes estruturados

São estruturas rígidas tridimensionais com grandes poros ou canais que asseguram

a passagem dos fluidos com baixa perda de carga, apresentando uma grande área superficial

lateral onde se pode aderir uma delgada capa de catalizador, e sendo estável a ataque químico

e térmico. Os suportes podem ser amorfos ou cristalinos (SiO2, carvão), como as zéolitas,

alumina apresentando-se em diferentes formas (esféricas, malhas, monólitos em forma de uma

colmeia de abelhas, etc.) e que estão definidas pelas condições de reação. Alguns óxidos

inorgânicos usados como suportes são mostrados na Tabela 5 (BASTIDAS, et al., 2004).

Tabela 5 – Tipos de óxidos usados como suportes.

Suporte Superfície especifica

Sílica 200-800 m2/g

Alumina -alumina 5-10 m2/g

- alumina 160-250 m2/g

Argilas zéolitas 180-1600 m2/g

Sólidos mesoporosos MCM-41 1000 m2/g

Fonte: BASTIDAS, et al., 2004.

Os suportes estruturais mais usados são os monólitos formados por cadeias

longitudinais paralelas de pequena seção, separadas por finas paredes.

2.2.1 Suportes estruturados monolíticos

Para a fabricação do suporte monolítico, em alguns casos, se usa misturas

contendo cordierita-mulita, aluminato de magnésio-zircônia, etc. Com o pó destes materiais se

forma uma pasta ou lama onde se podem agregar plastificantes, ligantes temporários e

permanentes, gelificantes e lubrificantes para poder melhorar as propriedades mecânicas,

texturais e facilitar o conformado do produto acabado.

A seção transversal destes canais pode ser de forma circular, hexagonal,

retangular e triangular. Os mais comuns são da forma quadrada no caso de monólitos

cerâmicos, onde o numero dos canais por unidade de superfície, geralmente está

compreendido entre 1-100 celas˖cm2, com uma espessura nas paredes que variam de 0,2-1,4

mm, dependendo do processo a que se aplique.

33

As dimensões externas do monólito estão compreendidas entre 10-150 cm de

longitude e 3-30 cm de diâmetro (BASTIDAS, et al., 2004). Na Tabela 6 apresentam-se

alguns materiais básicos usadas na fabricação de suportes monólitos.

Tabela 6 – Matérias usadas na fabricação de suportes monólitos.

Material Composição

- alumina Al2O3

Sílica SiO2

Dióxido de titânio TiO2

Zircônia ZrO2

Carburo de Silício SiC

Nitreto de Silício Si3N4

Carvão ativo C

Aluminato de magnésio MgO.Al2O3

Titanato de alumínio TiO2.Al2O3

Zéolita Al2O3.SiO2

Mulita 3Al2O3.2SiO2

Sepiolita 3Al2O3.2MgO

Cordierita 2MgO.2Al2O3.3SiO

Metálicos Fe-Cr-Al

Fonte: BASTIDAS, et al., 2004

Dentre as propriedades dos catalizadores monolíticos podem-se destacar:

a) A passagem dos gases através de sua estrutura produz uma perda de carga

muito pequena;

b) Apresentam uma grande superfície geométrica por unidade de peso e volume;

c) O fluxo de gases é muito uniforme. (BASTIDAS, et al., 2004).

2.2.2 Tipos de monólitos

Os principais monólitos usados no processo de decomposição ambiental são os

monólitos cerâmicos e os metálicos.

Os monólitos cerâmicos são mais comuns, devido a sua fabricação, já que se pode

ser fabricado em diversas formas geométricas, onde a porosidade e área superficial podem ser

34

controladas. Estes monólitos destacam-se por sua resistência mecânica, baixa pressão,

estabilidade térmica e por apresentar uma porosidade uniforme.

Os monólitos cerâmicos a base de esponjas de alumina como mostrados na Figura

6, cumprem com as características antes mencionadas, levando em conta que podem ser

obtidas por tecnologia nacional, pelo qual o custo é menor em comparação com outros

monólitos cerâmicos. Aplicações destes monólitos cerâmicos são os mais populares devido

ao amplo uso no setor de automóveis, destacando os obtidos por extrusão (BASTIDAS, et al.,

2004).

Figura 6 – Monólito cerâmico de esponja de alumina.

Fonte: BASTIDAS, et al., 2004; MARCOLINO, 2008.

Os monólitos metálicos são estruturas obtidas por enrolamento, utilizando como

materiais ligações férricas ou alumínios. Entre as vantagens do monólito metálico com

respeito a monólito cerâmico é a redução da espessura de sua parede entre as celas e a

diminuição da seção transversal destas (N° de celas por cm2), já que os monócitos cerâmicos a

redução da espessura da parede está limitada pela dificuldade da extrusão e a fragilidade do

monólito final (BASTIDAS, et al., 2004).

2.2.3 Avaliação de um Suporte cerâmico ou Filtros cerâmicos

Os principais critérios de avaliação de um suporte cerâmico ou filtro cerâmico são

a permeabilidade, a eficiência da retenção de impurezas, a resistência mecânica e durabilidade

35

qualquer que seja sua estrutura ou aplicação. A permeabilidade é a propriedade de um meio

poroso que indica a maior ou menor facilidade à passagem do fluido através de seus poros ou

vazios. A eficiência de coleta reflete a preocupação com os limites de emissão de particulado.

A durabilidade, no caso economicamente no número de interrupções para troca de suporte o

em gasto para sua reposição (INNOCENTINI, 1997 apud MARCOLINO, 2008).

Em uso, os filtros devem apresentar não somente alta permeabilidade e eficiência

de retenção de inclusões sólidas, mas também boa resistência mecânica. Estes fatores são

influenciados de maneiras distintas para uma determinada estrutura celular. Estruturas com

poros grandes favorecem a permeabilidade, mas reduzem a eficiência de coleta das inclusões.

Já as estruturas com poros pequenos, aumentam a eficiência de retenção de inclusões sólidas,

mas também aumentam a queda de pressão no filtro. Estes poros podem ser controlados de

acordo com as condições de processamento, com o intuito de melhor se adaptar a aplicação a

qual vai ser empregada. Em relação ao comportamento mecânico, a resistência mecânica

geralmente diminui com o aumento da porosidade, mas tem como consequência o aumento de

permeabilidade. Uma melhor resistência mecânica dos filtros cerâmicos pode ser obtida pela

densificação dos filamentos ou pelo entupimento dos poros de estrutura celular (NANGREJO,

2001 apud MARCOLINO, 2008).

O mal desempenho de um desses fatores é suficiente para comprometer o

funcionamento econômico do filtro. Na Tabela 7 são mostradas algumas propriedades físicas

de filtros cerâmicos fabricados em alumina, carbeto de silício e zircônia. Estes filtros têm

características únicas, como alta porosidade, excelente resistência ao calor e a corrosão

química (MARCOLINO, 2008).

Tabela 7 – Propriedades de suporte ou filtros cerâmicos comerciais.

Filtros Alumina (Al2O3) Carbeto de Silício

(SiC)

Zircônia (Zr)

Aplicação Fundição de

Alumínio e ligas de

alumínio

Fundição de Ferro e

ligas de ferro

Fundição de aço liga,

aço inoxidável e aço.

Densidade de poros (ppi) 10-50 10-45 10-30

Porosidade 80-90% 80-90% 80-90%

Refratariedade 1200°C 1500°C 1750°C

Resistencia à compressão

(MPa)

>0,8 0,9 0,8 – 1,0

Resistencia à flexão (Mpa) 0,6 0,8 1,0 – 1,2 Fonte: MARCOLINO, 2008

36

2.3 Bentonita

2.3.1 Origem da Bentonita no Brasil (Paraíba)

Os habitantes de Boa Vista- Paraíba, na época distrito do município de Campina

Grande, conhecia um material que possuía cores diversas e propriedades consideradas

interessantes. Mais tarde, na década de 60, após investigações cientificas promovida pelo

DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), ficou constatado que aquele material

tratava-se de bentonita. Atualmente o estado da Paraíba é responsável pela maior produção de

bentonita bruta do país, oriunda de um dos maiores depósitos do Brasil como é mostrado na

Figura 7 (TONNESEN et al., 2012).

Figura 7 – Bentonita de Boa Vista (PB).

Fonte: ALMEIDA, 2011.

2.3.2 Definição

O nome “bentonita” foi dado em função do depósito descoberto em folhetos

argilosos do Fort Benton, Wyoming (EUA), onde foi pela primeira vez caracterizada como

um tipo especial de argila. Todos os tipos de bentonita têm algum ou vários argilominerais do

grupo da esmectita, com montmorilonita como argilomineral predominante. As argilas que

contem a maior porcentagem de montmorilonita são as bentonitas e as terras fuler (SOUZA,

1992, p. 143).

37

As argilas esmectitas são materiais constituídos por um, ou mais, argilominerais

esmectíticos e por alguns minerais acessórios (principalmente quartzo, cristobalita, micas e

feldspatos). Os argilominerais esmectíticos caracterizam por se apresentarem, dentro de sua

estrutura cristalográfica, o alumínio ou magnésio substituído parcial ou totalmente por Mg2+

,

Fe3+

e outros cátions (MENEZES et al.,2009).

De acordo com os cátions de compensação presentes na argila, tem-se que as

argilas esmectíticas podem ser monocatiônicas ou policatiônicas, com predominância de um

cátion ou não. As esmectitas brasileiras são normalmente policatiônicas, compostas

predominantemente pelos cátions de cálcio e de magnésio. A única esmectita brasileira atual

que contem grande quantidade de sódio como cátion trocável é a do município de Boa Vista-

PB (SOUZA, 1992 apud MENEZES et al.,2009).

2.3.3 Classificação das bentonitas

Para uso industrial, as bentonitas podem ser classificadas como: Bentonitas que

tem o sódio como principal cátion interlaminar e possuem propriedades de inchar em água e

bentonitas que apresentam cálcio como cátion predominante e que não incham em presença

de água como se mostra na Figura 8 (PEREIRA, 2003 apud ALMEIDA, 2011).

Figura 8 – Representação da hidratação da bentonita sódica e cálcica em meio aquoso.

Fonte: AMORIM et al., 2006.

38

As bentonitas que incham em água ou bentonitas sódicas, são aquelas que

estão constituídas pelo argilomineral montmorilonita [0,33M+(Al1,67Mg0,33)Si4O10(OH)2],

sendo M cátion monovalentes e o cátion adsorvido predominante é o sódio (ou lítio), as quais

expostas à umidade atmosférica, elas adsorvem água correspondente a uma camada

monomolecular de água em torno de cada partícula, enquanto imersas na água, adsorvem

continuamente varias camadas de moléculas de água, inchando e aumentando de volume; se

não estiver num espaço confinado ou em quantidade insuficiente de água, podem inchar até

20 vezes o volume da argila seca. Essa adsorção de água, de modo continuo, provoca um

desfolhamento individualizado das partículas até completa dispersão em água (SOUZA,

1992).

Outras características das bentonitas sódicas é que podem consolidar-se em um

gel a partir de concentrações de 2%, porém o mais comum é a partir de 6% (6 gramas de

bentonita em 100 ml de agua destilada); esse gel é tixotrópico. Entende-se por tixotropia

como sendo um fenômeno pelo qual certas substâncias passam do estado gel para o estado

líquido, após ligeira agitação. Abaixo de 2% em concentrações, tem-se uma suspensão

coloidal estável de bentonita sódica, que não se gelifica pelo baixo teor de sólidos que contém

(SOUZA, 1992).

As bentonitas que não incham em água ou bentonitas cálcicas podem ter a

composição mineralógica idêntica a das bentonitas que incham ou sódicas, diferem-se das

bentonitas que incham os cátions trocáveis, predominantemente cálcio e magnésio, e também

por não evidenciar tixotropia (ALMEIDA, 2011).

2.3.4 Usos e aplicações da Bentonita

As argilas bentonitas são largamente utilizadas em muitos setores industriais,

sendo incluídas na classe dos minerais de maior interesse industriais em virtude de sua

elevada área específica e capacidade de troca de cátions. Os principais usos das bentonitas

podem ser divididos em três categorias.

Na primeira, estão incluídas as aplicações como em fundições, materiais de

vedação em engenharia civil, pelotização de minérios de ferro e em fluidos de perfuração,

sendo estas as que apresentam maior consumo. Na segunda, estão incluídas as aplicações de

menor consumo, como em tintas, adesivos, usos farmacêuticos, cosméticos, como cargas e na

39

purificação de água. Na terceira, estão incluídas as novas tendências como nanocompósitos,

engenharia de nanopartículas e heteroestruturas porosas (MENEZES, 2009).

2.4 Pedra vulcânica (Sillar)

2.4.1 Origem das Ignimbritas (Sillar) do Perú (Arequipa)

O melhor afloramento dos depósitos piroclasticos do Sillar se encontra na pedreira

de Añashuayco, situada ao oeste de Cerro Colorado na zona Nordeste de Arequipa, A uns 7

km do povoado, com uma área de 18 km e uma camada de 60 a 200 m de espessura

(ARISTA, et al., 2008).

O nome de Sillar é um nome tradicional dado pela população da Cidade de

Arequipa, onde é uma pedra lavrada em forma de paralelepípedo, tendo uma superfície áspera

devido a sua formação por uma mescla heterogênea de materiais esmigalhados. A cor pode

ser branca, rosa, amarela com pigmentos pretos, devido a incrustações andesíticas, em toda

sua massa encontra-se também cavidades devido a uma parte dos gases que não foi

desprendida no momento de seu esfriamento, ficando fechados dentro da massa e formando

um material poroso. A Figura 9 mostra um exemplo da pedra vulcânica Sillar.

Figura 9 – Ignimbrita (Sillar), rocha vulcânica da Quebrada de Añashuayco.

Fonte: AUTOR, 2013

40

Marshall (1935) foi uns dos principais seguidores da teoria piroclastica e criador

da terminologia “ignimbrita” (a etimologia da palavra proveem do latim ignis; fogo, e imber;

chuva), baseada na descrição feita por Fenner (PESCE, 1979).

Os primeiros estudos sobre as Ignimbritas, “Sillar de Arequipa” foram feitas por

Fenner (1984) e Jenks (1945), que opinaram sobre a origem e modo de formação dessas

rochas ignimbritas. Ambos concordam que é uma espécie de depósito “nuvem de fogo”, e que

originou a saída para a superfície da terra, por entre uma ou mais fissuras produzidas a partir

do lugar onde se encontra o complexo vulcânico chamado Chachani, considerando que das

fissuras dele saiu um material silícico num estado fluido carregado de gás que foi expulso de

forma tão violenta que se desfez em minúsculos fragmentos de vidro, que ao ser liberado o

gás ficou carregado com finas partículas de rochas que, em vez de dispersar-se no ar como

fumaça, permaneceu no solo como uma massa em movimento em alta temperatura e foi

espalhada rapidamente por todo o vale amplo e aberto que existia então entre Arequipa e

Yura. Assim esta mistura de gás e material sólido, foi passando e enchendo as depressões e

nivelando toda a superfície como pode ser observado nas Figuras 10 e 11 (ARISTA, VERA,

MACHACA; 2008).

Figura 10 – Atividade piroclástica (o material piroclástico recheia as partes baixas de um rio

ou riacho).

Fonte: ARISTA; VERA; MACHACA, 2008.

41

Figura 11 – Ignimbrita (Sillar), Quebrada de Añashuayco Arequipa-Perú

Fonte: ARISTA; VERA; MACHACA, 2008.

No Brasil temos as rochas graníticas, são rochas ácidas (75% de SiO2), de

coloração clara ou acinzentada as quais são muito encontradas e empregadas em construção

pela sua incompressibilidade, beleza, resistências ás intempéries, etc. O granito, principal

rocha desse grupo, faz parte, associado com o gnaisse, dos chamados escudos cristalinos ou

do chamado embasamento cristalino do Brasil. Aflora em muitos pontos do território

brasileiro, formando grande parte das Serras da Mantigueira, do Mar, dos Órgãos, etc.

(M.P.F., 1984).

2.4.2 Definição

As rochas ígneas ou magmáticas, originam-se do magma, sob altas temperaturas

(800-1000°C), por resfriamento e consolidação, onde existe uma infinidade de minerais em

estado potencial, a qual surgem no momento em que sua estrutura interna possa manter-se em

equilíbrio com as condições do meio (M.P.F., 1984).

Quanto a sua composição química, as rochas ígneas podem ser classificadas

com base no teor de oxido de silício, tem-se: rochas acidas (65% de SiO2), rochas

alcalinas(65% a 52% de SiO2), rochas básicas (52% a 45% de SiO2), rochas ultrabásicas

42

(<45% de SiO2). Entre suas propriedades apresentam como alta dureza por ser rochas

compactas, minerais típicos, como nefelina, cromita, leucita, tridimita e outros. Geralmente

com alto teor de feldespatos. Óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio e minerais do grupo

das argilas ausentes (M.P.F, 1984).

As ignimbritas são produto de fluxo piroclástico que, por efeito da pressão e da

temperatura ocorre à soldadura e desvitrificação, levando a nucleação e crescimento de certas

fases cristalinas (biotita, plagioclásio, etc.) incorporado em uma matriz de vidro de tipo

residual que é de tipo fragmentado chamado Sillar (RIVALINO et al., 2007).

Devido a sua composição química, tem uma elevada estabilidade ao ataque

químico. A cor da ignimbrita da pedreira de Añashuayco Arequipa é branca, de textura porosa

e adsorvente de líquidos e soluções salinas, sem perder sua coesão; e de aspecto terroso e

quebradiço (CORZO, 2003, P.3).

2.4.3 Propriedades físico-químicas das Ignimbritas

As ignimbritas localizadas na pedreira de Añashuayco apresentam as seguintes

propriedades físico-químicas como se mostra na Tabela 8.

Tabela 8 – Propriedades físico-químicas da ignimbrita

Fonte: CORZO, 2003.

Resistencia á compressão 87,86 Kg/ cm2

Densidade 1,26 gr/cm3

Porcentagem de sorção referencia norma*ASTM C-175-59 30,88%

Modulo de ruptura 13,80 Kg/cm2

Eflorescência Nula

Permeabilidade mediante penetração do agua 5,55 ml/min

Dureza (massa referencia escala de mohs) 2,0

Dureza (incrustação andesitica na escala de mohs) 7,0

*ASTM: América Society of technical materyals

43

Na Figura 12 são mostradas as diferentes fases presentes na estrutura da amostra

ignimbrita à medida que a temperatura aumenta, onde a temperatura de sinterização sólida

inicia a 1000°C até aproximadamente 1150 °C.

Figura 12 – Fases das Ignimbrita (Sillar) a diferentes temperaturas.

Fonte: CAPEL; BARBA; CALLEJAS; VALLE; BUSTAMANTE; GUZMAN, 2008.

2.4.4 Usos e aplicações da ignimbrita

As ignimbritas são usadas na construção civil, como casas, igrejas e diferentes

edificações. Também é utilizado em estruturas de trabalho artístico e pelas propriedades

físico-químicas podem ser usados como adsorventes, suportes catalíticos, filtros para agua

potável, onde se recomenda seu uso na construção de poços para a retenção de cromo presente

nos curtumes, como fonte de óxidos de silício, alumínio e potássio (CORZO, 2003).

2.5 Diatomita

2.5.1 Origem da Diatomita

A produção de Diatomita no Brasil iniciou em 1937, no estado de Pernambuco,

onde se encontram depósitos a uma profundidade média de 2 metros em toda a orla marítima

44

e terrenos de formação lacustre de agua doce (GOULART, 2010). Esses depósitos de

diatomita datam da era cenozóica, a partir do período terciário (SOUZA, 1973 apud

FRANÇA, et al., 2008) encontrando-se nos estados do Ceará, Rio Grande de Norte, Bahia

entre outros (FRANÇA, et al., 2008).

A diatomita, auxiliar de filtração, é obtida industrialmente a partir da

transformação industrial da terra diatomácea (restos fossilizados de diatomos) (POLLOCK,

1987 apud PIMENTEL, 2006).

Este minério é usado pelas indústrias cervejeiras durante o processo de

clarificação da cerveja, depois de sua utilização são considerados como resíduos industriais, e

que em média uma empresa de grande porte como esta pode gerar aproximadamente 30.000

Kg/ mês deste resíduo (FRANÇA, et al., 2008 apud GOURLART, 2010).

Na lagoa de Canavieira, município de Pacajus, estado de Ceará, a diatomita ocorre

no fundo de lagoas e encontram-se associadas a camadas de argilas cauliníticas, areia de

quartzo, matéria orgânica e óxidos de ferro (HORN e VEIGA, 1980 apud FRANÇA, et al.,

2008).

2.5.2 Definição

A diatomita é sinônimo de terra de diatomácea ou kieselghur, a qual é uma rocha

porosa sílica, composta de esqueletos fossilizados e finos grânulos de sílice amorfo

(BORGEL, 1975 apud KADEY, 1975). Existem mais de 12.000 espécies diferentes, exibindo

uma superfície irregular e uma estrutura dilatada (SOUZA, 1992).

A diatomita é uma argila formada pela acumulação de esqueletos de algas

marinhas que contem 87-91% de sílica (SiO2), com quantidades significativas de alumina,

Al2O3, oxido de ferro, Fe2O3 e metais alcalinos em forma de óxidos, e outros como impurezas

em menor quantidade como o titânio, mica, feldspato, quartzo, sódio, potássio, cálcio,

magnésio, matéria orgânica entre outras. Em seu estado natural, a diatomita tem quantidade

de água que pode variar entre 10 e 60% (RODRIGUEZ et al.,1998).

Apresenta estrutura porosa, podendo ser usadas como material adsorvente e em

catalise (ROSSETTO et al., 2009). Adicionalmente, incorporam-se outros elementos

biogênicos: restos de esponjas, silico–flagelados, restos de plantas e ossos de peixe

(BORGEL, 2007).

45

De acordo com Souza (1992), a maioria das diatomitas tem dimensões na faixa de

4μm a 500μm de diâmetro, tendo um perfil circular ou oval, as vezes triangular ou

quadrangular, as de agua doce tem geralmente a forma navicular como pode ser observada na

imagem de microscopia eletrônica de varredura , apresentada na Figura 13.

Figura 13 – Carapaças de Diatomita in natura da Mina Ponte

Fonte: FRANÇA, et. al., 2008.

2.5.3 Propriedades físicas das Diatomitas

A terra diatomácea é um material muito fino, de estrutura porosa, baixa

condutividade térmica, elevado ponto de fusão, elevada área superficial, baixa densidade e

essencialmente inerte à maioria dos líquidos e gases químicos (ANTONIDES 1998 e

DOLLEY, 2003 apud ARAUJO, 2011).

As diatomitas se caracterizam por apresentar algumas propriedades físicas que

permite a sua utilização em diversos campos, agregando-lhe um valor comercial elevado.

Entre essas propriedades tem-se as, apresentadas na Tabela 9.

46

Tabela 9 – Propriedades físicas de diatomitas requeridas na indústria.

Conceito Característica

Aspecto macroscópico Rocha pulverulenta, fina e porosa, com aspecto margoso.

Cor Cor geralmente branco brilhante (seja não caso de alta

pureza)

Pode estar coloreadas

Branco (calcinado com fundente)

Rosa (calcinada)

Cinza (sem calcinar)

Porosidade Alta porosidade de 80-90%, quando o material é compactado sim

compressão.

Capacidade para absorber

líquidos

Muito alta

Capacidade abrasiva Macio

Condutividade térmica Muito baixa de 0,49-0,77 Kcal/h. cm.°C.

Resistência a temperatura Alta resistência

Ponto de fusão Entre 1400 a 1750°C

Peso específico 2.0 g/cm3 (a calcinação a incrementa a 2.3 g/cm

3)

Superfície especifica 10 a 30 m2/g (a calcinação a diminuem 0.5 a 5 m

2/g)

Índice refração 1.4 a 1.46 (a calcinação a incrementa a 1.49)

Dureza (Mohs) 4.5 a 5 (a calcinação a incrementa a 5.5-6)

Química Inerte.

Umidade A porcentagem de umidade muda de acordo a depósito (entre

10% até 60%).

Fonte: BORGEL, 2007e GOULART, 2010.

A temperatura de calcinação varia de 800 a 1000 °C por 1 hora de acordo com o

teor de matéria orgânica presente no minério de terra diatomácea. As perdas de matéria

orgânica por combustão são chamadas de calcinação (FRANÇA, 2002 apud PIMENTEL,

2006).

47

2.5.4 Usos e aplicações da Diatomita

A composição química fundamental e a estrutura porosa das carapaças de algas

diatomáceas conferem a diatomita um valor comercial e desempenho que não são encontrados

em outros materiais particulados, utilizados em filtração ou como carga industrial. É mais

usada na forma calcinada, abrangendo as indústrias alimentícias, de bebida, farmacêuticas,

têxtil e cosmética, mais fortemente, onde as propriedades da diatomita comercial são

definidas durante o processo de calcinação (FRANÇA, et al., 2008). No mundo, o uso

industrial da diatomita aproxima-se a 60% como auxiliar de filtração, 30% como carga

funcional e o restante como absorvente, abrasivo e isolante. Como auxiliar de filtração, os

principais usos são na purificação de água, clarificação de cerveja, vinho, licor, suco de frutas,

refino de açúcar, filtração de produtos farmacêuticos, óleos, ceras, verniz e diferentes óleos e

produtos químicos (FRANÇA et al., 2008).

2.6 A indústria cerâmica vermelha

O desenvolvimento industrial do setor cerâmico brasileiro deu-se a partir do

começo do século XX, acompanhando as transformações socioeconômicas vivenciadas pelo

país, com a intensificação do crescimento urbano e o início do processo de industrialização

dando inicio a mudança dos padrões construtivos do período colonial, forçando a substituição

da madeira por tijolos e telhas nas edificações, tanto por razões sanitárias como pela própria

escassez dessa matéria-prima (CABRAL, 2005 apud LIMA, 2010).

A abundância de matérias-primas naturais fizeram com que as indústrias

brasileiras evoluíssem rapidamente e muitos tipos de produtos dos diversos segmentos

cerâmicos atingissem nível de qualidade mundial com apreciável quantidade exportada (ABC,

2005 apud MEDEIROS, et al., 2006).

O Brasil é um grande produtor mundial de produtos cerâmicos, ao lado de

Espanha, Itália e China, mas consome quase toda a sua produção. Os produtos brasileiros

gerados encontram-se distribuídos, em ordem de importância nas regiões Sudestes, Sul e

Nordeste como são mostrados na Tabela 10 (ANUÁRIO, 2012).

48

Tabela 10 – Consumo Brasileiro por Região - 2011

Região % (*)

Sudeste 42,2

Sul 23,0

Nordeste 22,5

Outros 13,3

Fonte: Elaboração DTTM/SGM/MME; IBGE.

(*) percentual calculado com base no crescimento do PBI regional 2003/2008

A distribuição da produção da indústria brasileira cerâmica vermelha em todas as

suas regiões e polos de produção são apresentadas na Tabela 11 (EELA, 2012).

Tabela 11 – Distribuição por Estado da produção nacional de cerâmica vermelha.

Estado Mil

milheiros*/mês

Estado Mil

milheiros/mês

Estado Mil

milheiros/mês

São Paulo 731 Pernambuco 68 Mato G. do

Sul

24

Minas Gerais 426 Maranhão 57 Mato Grosso 21

R. G. do Sul 356 Paraíba 57 Rondônia 20

Paraná 250 Espirito Santo 50 Acre 9

Rio de Janeiro 220 Pará 46 Amapá 5

Santa Catarina 213 Sergipe 43 Distrito

Federal

6

Bahia 195 Piauí 43 Roraima 2

Goiás 170 Amazonas 43

Ceará 170 Tocantins 40

R. G. do Norte 110 Alagoas 37 Total 3.412 * milheiro equivale a 1.000 peças.

Fonte: ABC, 2010, INT, 2005 e ANICER, 2012.

Segundo Anuário estatístico do setor transformação de não metálicos (2012), a

produção de peças cerâmicas no Brasil em 2011 foi de 88 bilhões de peças, sendo 70% de

blocos/tijolos e 30% de telhas. A Tabela 11 apresenta os dados desta produção.

49

Tabela 12 – Produção Brasileira de Cerâmica Vermelha (bilhão de peças)

Produtos 2007 2008 2009 2010 2011 2010/2011

Blocos/Tijolos 53,0 57,0 57,0 59,4 61,5 3,5

Telhas 17,4 19,0 19,0 25,4 26,9 5,9

Total 70 76 76 85 88 3,6

Fonte: Elaborado pelo DTTM/SGM/MME a partir da Revista Brasil Mineral-maio 2010.

O estado de Ceará conta com 180 empresas de porte produtivo, com uma

produção média mensal de aproximadamente 170.000 milheiros de peças cerâmicas por mês

(43% da produção de telhas extrusadas, 46% bloco e 5,3% de tijolos), tendo grande

importância socioeconômica por gerar cerca de 8000 empregos diretos (EELA, 2012).

Os tipos de fornos mais encontrados são os intermitentes operando com lenha.

Segundo o Sindicerâmica - CE, os principais problemas do segmento na região são a carga

tributaria elevada, a forte concorrência, a legislação ambiental/fiscalização e a capacitação da

mão de obra (FIEC-IEL, 2002 apud EELA, 2012).

A produção cerâmica do estado do Ceará se distribui por treze regiões principais,

onde o município de Russas se destaca por apresentar a maior quantidade de empresas e por

produzir cerca de 76,000 milheiros/mês ou 68% da produção, contribuindo efetivamente na

construção de casas para a população como se mostra na Tabela 13 (EELA, 2012).

50

Tabela 13 – Estado do Ceará – os dez mais importantes municípios, por produção de peças

cerâmica.

Municípios Produção mensal de peças

cerâmicas Milheiros/mês

Empresas

Russas 76 000 120

Caucaia 7 500 17

Aquiraz 7 300 10

Crato 4 900 9

Sobral 3 100 10

Maracanaú 2 850 9

Cascavel, Beberibe, Barreira,

Maranguape

8 000 25

Total 109,65 200

Fonte: EELA, 2012 com adaptação do autor.

2.6.1 Processo de fabricação da cerâmica vermelha

A indústria cerâmica é uma indústria de processos químicos, onde a matéria-prima

(argila) passa por uma sequência de processamentos, adquirindo em cada etapa novas

propriedades, ou alterando com o uso de energia, suas características físicas e químicas até a

obtenção do produto final (IKEDA, 1980 apud GRIGOLETTI, 2001).

Os produtos de cerâmica vermelha são fabricados pelos processos de extrusão

(blocos de vedação ou blocos furados, blocos portantes, blocos para laje mista, tubos

cerâmicos sanitários, tijolos maciços, etc.) e prensagem (telhas), utilizando-se matéria prima

compostas de 25 a 70% de argilas e teor variável de 3,5 a 8% de oxido de ferro (WITTWER E

FEIRA, 1997 apud SANTOS, 2001 apud MEDEIROS, 2006). No entanto para qualquer

processo de fabricação três etapas fundamentais estão sempre presentes na produção como se

mostra na Figura 14 (IKEDA, 1980 apud GRIGOLETTI, 2001).

51

Figura 14 – Etapas básicas no processo de produção de tijolos, blocos e telhas.

Fonte: IKEDA, 1980 apud GRIGOLETTI, 2001.

Cada etapa apresenta uma grande quantidade de variáveis que interferem no

processo de fabricação como pode ser visto a partir do fluxograma do processo cerâmico de

blocos e telhas mostrado na Figura 15. Este fluxograma apresenta um processo moderno

mecanizado e automatizado.

Preparação Conformação Queima

52

Figura 15 – Fluxograma do processo cerâmico utilizado para a fabricação de blocos, telhas e

tijolos.

Fonte: MITIDIERI&IOSHIMOTO, 1988 apud GRIGOLETTI, 2001.

Matéria-prima

Caixão alimentador

Desintegrador

Misturador

Laminador

Extrusora

Cortador

Prensa

Secador

Forno

Estocagem

Seleção

Consumo

Blo

co

s

Telhas

53

A seguir serão apresentadas as etapas do fluxograma da Figura 15 apresentado acima.

2.6.1.1 Preparação

Após a extração da matéria prima e a sua disposição em áreas da unidade fabril,

tem-se, então, a preparação da massa, que constitui a parte inicial do processo cerâmico e tem

por objetivo promover a mistura desejada de argila, areia e silte. A quantidade de cada

componente é definida como o empacotamento dos grãos através do teste de granulometria. A

massa cerâmica deve ser bem homogênea e deve ser destinada a um galpão e ficar pelo menos

três dias de descanso, se estendendo no máximo em até uma semana (SILVEIRA, 2007).

Depois desta fase os materiais são colocados, manualmente, em um caixão alimentador e

transportados por correia transportadora ao misturador, onde é feita a homogeneização,

quebra dos torrões e a umidificação da massa para adquirir plasticidade, passando a seguir,

por um ou dois laminadores em serie com diferentes aberturas, para a massa ficar com a

espessura adequada (LIMA, 2010). Na Figura 15 se apresenta esta etapa.

Figura 16 – Preparação da matéria prima: a) matéria prima e b) caixa alimentador

Fonte: AUTOR, 2013

(a) (b)

54

2.6.1.2 Conformação

Nesta etapa a massa cerâmica passa pela maquina de extrusão para eliminar o ar

da massa, melhorar a plasticidade e permitir a moldagem com o mínimo de água possível. A

quantidade de água adicionada no processo de conformação por extrusão é relativamente

elevada, em media 22 % (LIMA, 2010).

Após a extrusão ou prensagem da massa, é realizado um corte no rolo na

configuração e dimensão do produto final, que após ser cortado e acabado é retirado

manualmente e depois segue em carros-de-mão para área de secagem ao ar livre como é

mostrada na Figura 17 e Figura 18. Na produção de telhas, após a moldagem e corte da pasta

de argila, as peças geradas passam por uma prensa cuja finalidade é dar o formato típico dos

diversos tipos de telhas. Após as peças cerâmicas são colocadas sobre grades de madeira e

estocadas em galpões para secagem natural, exposta diretamente ao sol durante 2 a 8 dias

(LIMA, 2010).

Figura 17 – Etapas da conformação de tijolos a) extrusão b) corte de blocos

(a) (b)

Fonte: MEDEIROS, 2006

55

Figura 18 – Etapas da conformação de telhas a) corte de telhas b) secado natural de telhas.

(a) (d)

Fonte: AUTOR, 2013.

2.6.1.3 Queima

Após a secagem as peças são transportadas para o forno, onde é submetida a um

tratamento térmico de queima em altas temperaturas, operação fundamental, que através de

transformações físico-químicas dá ao material as propriedades adequadas ao uso: dureza, cor,

dimensões, resistência mecânica, resistência à água, às intempéries e aos agentes químicos

(GRIGOLETTI, 2001; SANTOS&SILVA, 1995).

A temperatura e o tempo de queima são fundamentais no processo da queima dos

produtos cerâmicos, sendo da ordem de 750 a 900°C para tijolo, de 900 a 950°C para telhas e

950 a 1200°C para tubos cerâmicos (CAVALIERI et. al., 1997 apud BACELLI, 2010). Esta

operação se divide em três etapas: aquecimento, queima e resfriamento.

a. Aquecimento: a água contida nos poros é evaporada, sendo que parte da matéria

carbonácea (matéria orgânica) é queimada. A velocidade de eliminação desta

substancia depende da quantidade de água, porosidade e textura da argila. Um rápido

aquecimento causa defeitos no material. A temperatura fica em torno dos 700°C e o

tempo de duração é de 10 a 20 horas (PETRUCCI, 1982 apud GRIGOLETTI, 2001);

b. Queima: toda a matéria combustível é consumida, o carvão e o enxofre são

eliminados e o óxido ferroso é oxidado, passando a oxido férrico. A temperatura, nesta

56

etapa, é completada em torno dos 900°C e leva de 5 a 8 horas de duração

(PETRUCCI, 1982 apud GRIGOLETTI, 2001);

c. Resfriamento: as peças não podem sofrer um abaixamento em sua temperatura ao

saírem do forno, sob pena de sofrerem deformações e fissuras. Por isso sofrem um

resfriamento controlado, com diminuição constante de temperatura, cuja operação

dura 8 a 24 horas aproximadamente (SANTOS&SILVA, 1995 apud GRIGOLETTI,

2001).

Na Figura 19 mostra as etapas do processo de queima, esfriamento e retirada do

material cerâmico já sinterizado.

Figura 19 – Queima a) transporte de telhas para o forno b) queima e sinterização de bloco

cerâmico c) resfriamento do material cerâmico d) material já sinterizado.

.

Fonte: AUTOR, 2013

(a) (b)

(c) (d)

57

2.6.2 Tipos de fornos

Os fornos são os equipamentos utilizados no processo da queima e são

classificados em intermitentes ou periódicos (abóboda ou paulistinha, garrafão, chinês, caipira

e chama reversível) e contínuos (Hoffmann ou semicontínuo e túnel).

2.6.2.1 Fornos intermitentes

O emprego deste tipo de fornos é muito comum na indústria de cerâmica

vermelha brasileira. Estes fornos são câmaras de alvenaria cerâmica espessa, carregados

manualmente, sendo aquecida até se atingir a temperatura desejada, funcionando num regime

de carga-queima-descarga, não permitindo continuidade na produção, ou seja, a carga

mantendo-se em uma determinada posição e temperatura por um período pré-estabelecido de

horas, sendo depois resfriada até a temperatura ambiente e então retirada, geralmente pela

porta através da qual entrou como na Figura 20 (SANTOS 2001 apud MEDEIROS, 2006).

Os principais inconvenientes desse tipo de forno são:

Maior consumo específico ou baixo rendimento térmico, devido a grande quantidade

de calor utilizada para aquecer a estrutura do forno a cada queima e a perda de calor

pelos gases de exaustão na chaminé;

Aquecimento irregular, com a existência de pontos mais frios e mais quentes no

interior do forno;

Necessidade de maior número de operadores;

Dificuldade para automação da produção;

Inexistência do controle de gases.

Como vantagens do uso deste tipo de fornos destacam-se:

Concepção simples e construção mais fácil e rápida;

Baixo custo de construção;

Manutenção sem parada da produção;

Não exigência de mão-de-obra qualificada para operação.

58

Figura 20 – Forno Intermitente tipo Caipira

Fonte: AUTOR, 2013

2.6.2.2 Fornos contínuos

Os fornos contínuos caracterizam-se por serem formados por uma serie de

câmaras, de modo que, quando uma câmara gera o ar aquecido, este é levado a atravessar

todas as demais câmaras antes de sair pela chaminé. Neste tipo de forno, a produção é

contínua e funciona em ciclos de 24 horas/dia, sem necessidade de paradas para carga ou

descarga dos produtos como é mostrado na Figura 21 (BUSTAMANTE, 1986 apud

GRIGOLETTI, 2001).

Dentre das desvantagens pode-se destacar (SANTOS, 2001 apud MEDEIROS, 2006).

Concepção mais complexa;

Construção mais demorada e de elevado custo de mão-de-obra;

Parada da produção para manutenção.

59

Figura 21 – Forno Continuo tipo Hoffman

Fonte: MEDEIROS, 2006

2.6.3 Aspectos ambientais significativos

Durante o processo da fabricação da cerâmica vermelha uma das etapas que tem

bastante importância é a queima, já que neste processo os combustíveis utilizados são

basicamente a lenha (Figura 22) e óleo combustível residual. Alguns outros tipos já têm uso

bastante disseminado, como é o gás natural comprimido (SILVA, 2009).

Figura 22 – Transporte de lenha branca

Fonte: PESSOA, 2004

60

Como combustíveis alternativos, destaca-se o bagaço de cana, a serragem de

madeira, casca e palha de arroz, raspas de couro, coco de babaçu, carvão vegetal, LLC

(líquido extraído da castanha de caju) e o resíduo de coque (APICER, 2009 apud SILVA,

2009).

No caso da indústria cerâmica vermelha, a lenha ainda é o combustível

tradicionalmente utilizado em muitas partes do Brasil, só no 2011, o consumo de energia para

uso industrial para o Setor oleiro cerâmico foi estimada em 4,5 milhões de tep (toneladas

equivalentes de petróleo, o equivalente a 11,63 kWh). A lenha, a mais tradicional das fontes,

representou 48% de todo consumo de energia pelo setor cerâmico vermelho mostrado na

Figura 23.

Figura 23 – Consumo energético da cerâmica vermelha no Brasil

Fonte: BEM-EPE/MME e Associações, 2012.

A indústria cerâmica causa impactos que estão ligados principalmente com a

extração mineral, a obtenção de lenha, a emissão de gases poluentes, fuligem e a produção de

resíduos que não são biodegradáveis (PINATTI, 2005 apud SILVEIRA, 2007).

O material particulado emitido pelas indústrias cerâmicas vermelhas é a maior

preocupação, já que muitas indústrias não apresentam um controle adequado destas emissões

(Figura 24) (PINTO, 2012).

Lenha nativa

Resíduo de madeira

Outros combustíveis

Eletricidade

48%

39%

10% 3%

61

Figura 24 – Chaminé da Indústria Cerâmica de Russas

Fonte: AUTOR, 2013

Podemos definir o material particulado, poeira em suspensão, como sendo a

matéria dispersa, sólida ou líquida com diâmetros aerodinâmicos inferiores a 100 μm

(micrômetros) e material particulado inalável, composto de partículas com diâmetros

aerodinâmicos inferiores a 10 μm. Sendo suas principais fontes a queima de combustível nas

fontes estacionarias como as indústrias em geral. Cinza e fuligens da combustão de lenha,

casca de castanha do caju entre outros combustíveis sólidos são as fontes mais comuns que

emitem partículas. O material particulado está presente em vários tipos, como em forma de

poeira, as quais estão constituídas de partículas orgânicas e inorgânicas, sólidas capazes de

permanecer temporariamente suspensas no ar ou em outros gases. O tamanho das partículas

está entre 1 a 100 μm (micrômetros) que podem ser transportados pelos ventos como as

queima de vegetação, as cinzas dos fornos e das caldeiras entre outras (PINTO, 2012).

Em forma de fumaça as quais são uma mistura de partículas sólidas, líquidas e

gasosas. E são partículas resultantes de combustão incompleta nas caldeiras, fornos, estufas

62

incineradores, queima de vegetação entre outros, constituindo-se na maioria de carbono, com

tamanho de partícula com diâmetro inferior a 1 μm (micrômetro) (PINTO, 20120).

Em forma de fumos as quais são partículas sólidas em suspensão no ar, com

tamanhos menores do que 1 μm (micrômetro) e proveniente da condensação do estado

gasosos após a volatilização de sustâncias fundidas como a fundição de minerais metálicos

(PINTO, 2012).

Segundo CONAMA através da resolução N° 382 de 26 de Dezembro 2006,

considera que a poluição deve ser controlada na fonte, seja por meio de equipamentos de

controle do tipo “fim de tubo”, seja utilizando processos menos poluidores, em razão do

Principio de Prevenção à Poluição.

Os efeitos adversos do material particulado na atmosfera começam pelo fato de

que este interfere na visibilidade, e os efeitos sobre a saúde estão associados a diminuir a

capacidade respiratória pela retenção de partículas pelos pulmões; diversos tipos de alergias;

falta de respiração e morte, em alguns casos, como a silicose, que é uma doença ocupacional

dos cavadores de poços (PINTO, 2012).

2.6.4 Equipamentos de controle da polução do ar

A coleta do poluente pode ser feita por uma série de equipamentos projetados

especificamente para esse fim. A escolha depende de fatores relativos às propriedades do

contaminante, relativos às propriedades do gás carregador e relativos a aspectos econômicos e

práticos. Outra caraterística básica que influencia é a eficácia da coleta necessária para

conseguir que a emissão da fonte esteja dentro dos padrões ambientais vigentes (PINTO,

2012). Os diferentes tipos de equipamentos antipoluentes encontrados são:

a) Lavadores de gases; são equipamentos utilizados no controle da polução do ar

cujo principio de coleta é a remoção de partículas do fluxo gasoso, através da

impactação desta com um líquido, geralmente água, em forma de nevoa.

b) Ciclones; são equipamentos tipo coletores mecânicos, cujo mecanismo de coleta

consiste em usar a força inercial gravitacional das partículas. A força centrifuga

aplicada sobre as partículas é várias vezes mais intensa do que a força da

gravidade, empurrando a partícula na direção das paredes do ciclone, retirando-a

do fluxo gasoso.

63

c) Câmaras de Sedimentação Gravitacional; é um mecanismo de coleta dos coletores

mecânicos consiste em usar a força inercial e a força inercial gravitacional das

partículas.

d) Filtros Eletrostáticos; é um aparato que limpa gases de processo utilizando forças

elétricas para remover partícula solidas contidas no fluxo do gás.

e) Filtros de Mangas; consiste no passagem dos gases com as partículas sólidas, por

meio de sucção ou pressão entram pela parte inferior do filtro e são forçados a

passar por um abatelada de mangas filtrantes, dispostas verticalmente e

sustentadas pelas gaiolas e colarinhos (PINTO, 2012).

64

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Delineamentos da pesquisa

O desenvolvimento da parte experimental do presente trabalho foi dividido em

cinco etapas. A Figura 25 apresenta o delineamento da pesquisa e adiante estão descritas todas

estas etapas.

Figura 25 – Delineamento do desenvolvimento da parte experimental da pesquisa

•Coleta das materias primas

•Preparação das mátérias primas I •Tratamento e caracterização química e mineralógica das

matérias primas II

•Obtenção do suporte cerâmico III

•Caracterização física e mecânica do suporte cerâmico IV

•Aplicação do suporte cerâmico na indústria cerâmica vermelha V

•Avaliação da eficiência dos materiais retidos no suporte cerâmico VI

65

I. Coleta e preparação da matéria prima – neste tópico se descreve a obtenção, seleção da

matéria prima a preparação de cada uma para sua utilização.

II. Tratamento e análise da matéria prima – a segunda etapa tem duas divisões: a primeira

é a preparação a caracterização química e mineralógica da matéria prima (ignimbrita e

bentonita); e a segunda: tratamento térmico de uma das matérias prima (diatomita) e a

caracterização química e mineralógica antes e após do tratamento térmico dela.

III. Obtenção do suporte cerâmico – a terceira etapa consiste nas formulações e misturas das

matérias primas selecionadas para a obtenção do suporte cerâmico.

IV. Caracterização física e mecânica do suporte cerâmico – Esta etapa consiste na

caracterização física e mecânica do suporte cerâmico mediante ensaios os quais permitiram

realizar uma seleção adequada para a aplicação dela na indústria.

V. Aplicação do suporte cerâmico na indústria cerâmica vermelha – Aplicação e teste do

suporte cerâmico na indústria cerâmica.

VI. Avaliação da eficiência dos materiais retidos no suporte cerâmico – Medição de

material particulado no suporte cerâmico.

3.2 Preparação do suporte cerâmico

As fases apresentadas a seguir, (Figura 26) têm a finalidade de amostrar os

procedimentos para o desenvolvimento do suporte cerâmico.

66

Figura 26 – Fluxograma das fases do procedimento para a obtenção do suporte cerâmico

.

Aplicação do suporte cerâmico

Caracterizaçao física

e mecânica do suporte cerâmico

Obtençao do suporte cerâmico

•Metodo da replica

Segunda Caracterização química e mineralógica

•FRX

•DRX

Tratamento termico

Primeira Caracterização química e mineralógica

•DRX

•FRX

Materia prima

Diatomita Ignimbrita

(Sillar) Bentonita

Diatomita

Suporte cerâmico

AA Absorção de agua

PA Porosidade aparente

Ensaio de Compresão

MEV Microscopia de varredura

Industria cerâmica vermelha

Diatomita

Fonte: AUTOR, 2013

67

3.2.1 Matéria prima

A escolha das matérias primas a serem utilizadas como suporte cerâmico para este

estudo foi feito levando-se em consideração sua composição química e propriedades físicas.

Os materiais utilizados no experimento são mencionados a seguir.

Diatomita – Este material foi cedida pela indústria cervejeira Heineken localizada

em Pacatuba, Ceará.

A diatomita, doada pela indústria cervejeira, foi obtida úmida e com impurezas

que precisavam ser tratadas antes de usá-la no processo de fabricação do suporte cerâmico,

inicialmente a amostra de, aproximadamente, de 1 Kg a céu aberto por 5 dias, a temperatura

ambiente de, aproximadamente, 30°C. Após seca o material foi levado ao laboratório para sua

desintegração e homogeneização num morteiro, como mostra a Figura 27.

68

Figura 27 – Sequencia esquemática do processamento da diatomita; (a) amostra úmida; (b)

amostra seca após de 5 dias ; (c) amostra desintegrada no morteiro; (d) amostra em pó.

(a) (b)

Fonte: AUTOR, 2013

A diatomita foi submetida à calcinação em um forno mufla (temperatura 800 °C,

2h) para eliminação da matéria orgânica e impurezas aderidas na amostra. Depois foi

selecionada entre um conjunto de peneiras tipo “Tyler” 100 (0,147 mm), 150 (0,104 mm),

200 (0,074mm) e 400 mesh (0,033 mm) para a obtenção de grão mais fino. A amostra passou

por duas caracterizações química e mineralógica (Fluorescência de raios X e Difração de raios

X) antes e após do tratamento térmico para se obter a variação de sua composição química. A

Figura 28 mostra estas etapas.

(c) (d)

69

(c)

Figura 28 – Etapas do tratamento térmico: (a) calcinação na mufla; (b) peneiração da amostra;

(c) diatomita purificada em pó.

(a) (b)

Fonte: AUTOR, 2013

A Figura 29 apresenta o fluxograma do processamento da diatomita utilizado no

presente trabalho, mostrando desde a coleta até o processo da calcinação para melhorar suas

características como adsorvente.

70

Figura 29 – Fluxograma do processamento da diatomita

DRX, FRX

Caracterização

Química

Classificação granulométrica

FRX e DRX

Secagem ao sol

30°C, 5 dias

Pó calcinado

100 (0,147 mm),

150 (0,104 mm),

200 (0,074mm) e

400 mesh (0,033 mm)

Calcinação

800 °C, 2h

Caracterização Química

Diatomita

Desintegração

manual

Pesagem

71

A Ignimbrita (Sillar) – outra fonte de sílica é a ignimbrita, pedra vulcânica da cor

branca, de alta dureza, com alto teor de feldspatos. Sua composição química apresenta oxido

de silício (65% de SiO2) e outros óxidos e hidróxidos de ferro, alumínio e minerais do grupo

das argilas ausentes.

A ignimbrita foi extraída na pedreira de Añashuayco, situada ao oeste de Cerro

Colorado na zona Nordeste da cidade de Arequipa – Perú.

A Bentonita – atua como aglomerante por ter a característica de poder consolidar-se

em um gel a partir de concentrações de 2% segundo SOUZA (1992). A Bentonita foi doada

por uma indústria cerâmica da Paraíba.

O processo físico descrito a seguir foi utilizado tanto para as amostras do Sillar

como para a bentonita;

Após a sua extração, estas foram moídas em um moinho cerâmico de bolas de

capacidade 1000 ml com esferas de diâmetros (1/2”,1”,2”) e com uma rotação de 150 rpm.

Depois da desintegração as amostras foram selecionadas entre um conjunto de peneiras tipo

“Tyler” 100 (0,147 mm), 150 (0,104 mm), 200 (0,074mm) e 400 mesh (0,033 mm) para a

obtenção de grão mais fino como mostra a Figura 30.

Após a classificação granulométrica foi feita a caracterização química e

mineralógica (Fluorescência de RX, Difração de RX) tanto para a ignimbrita como para a

bentonita.

72

(a)

(b)

(c) (d)

Figura 30 – Etapas do processo da obtenção da Ignimbrita e Bentonita; (a) pulverização da

amostra no moinho; (b) peneiração da amostra; (c) amostra em pó Ignimbrita (Sillar); (d)

amostra em pó Bentonita.

Fonte: AUTOR, 2013

3.2.2 Procedimentos para a obtenção do suporte cerâmico

Para a fabricação do suporte cerâmico se aplicou o método de replica, o qual

consiste na impregnação de uma esponja polimérica com uma suspensão cerâmica, seguida de

um tratamento térmico, que visa à queima e eliminação do material poliuretano (esponja) e

também a sinterização do esqueleto cerâmico (SCHWARTZWALDER, et al. 1963 apud

DONADEL, 2008).

A Figura 31 apresenta o fluxograma da metodologia experimental utilizada no

processamento da obtenção da cerâmica porosa.

73

Figura 31 – Fluxograma da metodologia experimental utilizada na obtenção da cerâmica

porosa.

Solvente

DRX, FRX

Caracterização

Química

Classificação granulométrica

200 mesh (0,074 mm)

400 mesh (0,033 mm)

Matéria prima

Diatomita

Ignimbrita

(Sillar)

Bentonita

Agua destilada

Aglomerante

AA, PA, MEA.

Preparação da

suspensão

cerâmica

Impregnação da esponja

Secagem (100°C/24 h)

Sinterização 1100°C

Microscopia Eletrônica de

Varredura (MEV)

Obtenção da

cerâmica porosa pelo

Método da replica

Seleção da

esponja

polimérica

Remoção do excesso da suspensão

Queima da esponja e aditivos

Ensaio Compressão

Suporte cerâmico

PorosoSinterização

74

(a) (b)

3.2.3 Seleção da esponja de poliuretano

A Figura 32 (a) apresenta os tipos de esponjas comerciais encontradas no centro

de Fortaleza. As esponjas de poliuretano encontradas são de densidades 16, 18, 23 kg/m3.

Para o presente trabalho foi utilizado como matriz do suporte cerâmico uma

esponja de poliuretano (PU), de densidade 16 kg/m3, por apresentar menor densidade e

flexibilidade. Estas foram cortadas com as dimensões de 9 cm x 12 cm x 2 cm, como mostra

Figura 32 (b). A esponja de poliuretano de densidade menor apresenta uma estrutura

reticulada de poros abertos, como se pode constatar mediante o uso do Microscópio ótico,

com um aumento de 100x e 50x, conforme pode ser observado na Figura 32 (c) e (d).

Figura 32 – Seleção da esponja polimérica; (a) esponja polimérica; (b) matriz a utilizar de

poliuretano; (c) e (d) imagem do poliuretano no microscópico ótico a 50x.

Fonte: AUTOR, 2013

(a) (b)

(c) (d)

75

3.2.4 Preparação da suspenção cerâmica

Após a caracterização da matéria prima (diatomita e a ignimbrita) através de

analise química e mineralógica (FRX e DRX), estas foram selecionadas na proporção de 10%

em massa da diatomita purificada e 16% em massa de Sillar (ignimbrita), para cada tamanho

de grão.

O tamanho o grão utilizado nas formulações foi de 200 (0,074mm) e 400 mesh

(0,033 mm), usando como aglomerante a bentonita, na proporção de 2% em massa, e como

solvente água destilada na proporção de 72% do total de massa para todas as composições

como são mostradas na Tabela 14.

Tabela 14 – Formulações das misturas da preparação da suspenção cerâmica.

Materiais

Tamanho de grão

F1 F2 F3 F4

# 200 # 200 # 400 # 400

Diatomita (%) 16 10 16 10

Ignimbrita (Sillar) (%) 10 16 10 16

Bentonita (%) 2 2 2 2

A bentonita foi homogeneizada em um misturador (Figura 33), por 10 minutos, e

após este tempo foram adicionados os demais aditivos (ignimbrita e diatomita) para misturar

por mais 15 minutos, com o objetivo de se obter uma suspenção cerâmica com viscosidade

aceitável para a impregnação na esponja polimérica.

Em seguida, as esponjas poliméricas (PU) foram impregnadas manualmente à

pressão com a suspensão cerâmica. O excesso da suspensão foi retirado manualmente e a

secagem foi realizada na estufa a 100 °C, por aproximadamente 24 horas como se mostra na

Figura 34.

76

(a)

(b)

(b)

(a)

(a

Figura 33 – (a) misturador; (b) suspensão cerâmica.

Fonte: AUTOR, 2013

Figura 34 – Secagem do corpo cerâmico: (a) impregnação da esponja poliuretana; (b) estufa

Fonte: AUTOR, 2013

(b)

77

3.2.5 Sinterização

As esponjas impregnadas foram tratadas termicamente em forno mufla Jung-

LF0312 de 1200°C mostrado na Figura 35, para eliminação do material polimérico e

consolidação do corpo ou esqueleto cerâmico.

Figura 35 – Mufla de 1200°C marca JUNG, utilizado para a sinterização do suporte cerâmico.

Fonte: AUTOR, 2013

Após esse tempo, o esqueleto cerâmico passou por um processo denominado de

sinterização, o qual é um tratamento térmico que liga as partículas em uma estrutura sólida via

eventos de transporte de matéria que ocorrem em escala atômica. O compacto poroso

experimenta uma mudança na forma dos poros, uma retração volumétrica, caracterizada pela

eliminação dos mesmos, e do crescimento de partículas em contato entre si, em que ocorre

uma ligação das partículas com um crescimento de pescoço entre os contatos das mesmas, que

mais tarde serão contornos de grãos, conforme a Figura 36 (NOWOK, 1997 apud ARAUJO,

2011; DRESSELER, 1997 apud PAZ, 2011).

78

Figura 36 – Crescimento de pescoço entre os contatos das partículas na etapa de sinterização.

Fonte: PAZ, 2011

Durante um ciclo de sinterização, os parâmetros mais importantes do processo são

temperatura, tempo, características das partículas (morfologia, tamanho médio, distribuição de

tamanho, empacotamento), pressão aplicada, formação de fase liquida, taxa de aquecimento e

atmosfera do processo (MARCHI, 1999).

O corpo esquelético cerâmico passou pelo processo de sinterização de 1100°C,

por 60 minutos. A pirólise (queima) do polímero foi realizada a 400°C, por 60 minutos. O

diagrama térmico de sinterização. Após do tratamento térmico se obteve os suportes

cerâmicos como se mostra na Figura 37.

Figura 37 – Rampa de sinterização do suporte cerâmico.

Fonte: AUTOR, 2013

79

3.3 Caracterização química e mineralógica da matéria prima

Para realizar as análises, os componentes utilizados para a fabricação do filtro

cerâmico foram passadas em peneiras ABNT 200 (0,074 mm) e submetidas a caracterização

química e mineralógica, através dos seguintes técnicas de analises: Fluorescência de Raios X

e Difração de Raios X.

Primeiro foi feita uma caracterização dos três componentes da matéria prima

(diatomita, bentonita e ignimbrita) em seguida foi realizada uma segunda caracterização

apenas da diatomita, após o tratamento térmico para a eliminação das impurezas.

3.3.1 Fluorescência de Raios X (FRX)

Fluorescência de raios X é uma técnica de analise qualitativa e quantitativa da

composição química de amostras, que se baseia na absorção de raios X por parte do material

da amostra, provocando a excitação dos átomos que permite uma radiação secundária

chamada “fluorescência”. Os raios emitidos tem comprimento de onda característico para

cada um dos elementos que constituem a amostra, na proporção dos elementos presentes.

Para a analise da composição química por Fluorescência de raios X, foi utilizando

um equipamento Rigaku, modelo ZSX Mini II, como mostra na Figura 38, no Laboratório de

raios X, do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará.

A potência utilizada foi de 40 kV x1,2 mA, através do tubo com alvo de paládio

(Pd). Os resultados obtidos são apresentados em forma de óxidos.

80

Figura 38 – Equipamento de Fluorescência de raios X/ Rigaku (ZSX Mini II)

Fonte: AUTOR, 2013

3.3.2 Difração de Raios X (DRX)

A técnica de difração de raios X(DRX) consiste na incidência da radiação em uma

amostra que permite examinar e determinar a forma básica dos cristais e suas distancias

interatômicas e, consequentemente, as fases presentes no material.

As amostras (na forma de pó) individuais foram caracterizadas por difração de

raios X, para a identificação das fases cristalinas.

As análises foram realizadas através de um difratômetro da marca Panalytical,

modelo XPert Pro MPD (Figura 39) tendo como fonte de radiação monocromática Kα1 do

elemento cobalto (Co), l =1,7889 Å a 40 kV e 30 mA. Mediu-se a intensidade em função do

ângulo de varredura 2θ, variando-se de 10 a 80 graus.

A identificação de fases presentes nas amostras foram realizadas com uso do

programa X‟Pert High Score.

A referida análise foi realizada no Laboratório de raios X do Departamento de

Física da Universidade Federal do Ceará.

81

Figura 39 – Difratômetro de raios X da marca Panalytical modelo XPert Pro MPD.

Fonte: AUTOR, 2013

3.4 Caracterização física e mecânica do suporte cerâmico

O filtro cerâmico foi caracterizado físico e mecanicamente através dos seguintes

técnicas: Absorção de Água (AA), Massa Especifica Aparente (MEA), Porosidade Aparente

(PA), Resistencia Mecânica à Compressão e Microscopia Electrónica de Varredura (MEV).

Essas foram as técnicas utilizadas para avaliar a estrutura morfológica do suporte cerâmico.

3.4.1 Absorção de água (AA)

O procedimento do ensaio de absorção de água foi realizado de acordo com a

NBR 12766: 1992, que consiste em colocar os corpos-de-prova na estufa a (110 ±5) °C e

deixar secar por 24 horas. Em seguida foram pesados em uma balança MICRONAL, com

capacidade de 1000 g e resolução de 0,01 g. Após essa etapa, os corpos-de-prova foram

submersos em recipiente com água por 24 horas, sendo retirado após esse tempo, com um

pano absorvente. Para retirar o excesso de água da superfície dos corpos, e logo em seguida

82

foram pesados para se obter a massa saturada. De acordo com a norm,a o valor de absorção de

agua é obtido por meio da equação (1), em que AA é a absorção de água, em porcentagens, B

é a massa úmida do corpo-de-prova, e A é a massa do corpo-de-prova seco.

AA(%) =

x100 (1)

3.4.2 Massa especifica aparente (MEA)

A massa especifica aparente (MEA) é obtida a partir da razão entre a massa seca

(A) e a diferença entre a massa úmida do corpo-de-prova (B) e a massa do corpo-de-prova

imerso em agua (C), de acordo com a equação (2).

MEA (%) =

x100 (2)

3.4.3 Porosidade aparente (PA)

A determinação da porosidade aparente dos corpos de prova foi obtido por meio

da equação (3), em que PA é o valor da porosidade aparente, em porcentual, (B) é massa

úmida do corpo-de-prova, (A) é a massa de corpo de prova seco e (C) a massa do corpo-de-

prova imerso em água.

PA (%) =

x100 (3)

83

3.4.4 Resistencia mecânica à compressão

O ensaio consiste em submeter uma peça, ou corpo de prova, a um esforço que

tende a encurtá-lo até a ruptura. Esta resistência é medida através de ensaios de compressão

na maquina universal de ensaio.

O equipamento utilizado para poder realizar o ensaio foi a maquina universal

EMIC de 100 Kn, mostrado na Figura 40, do laboratório de ensaios de materiais destrutivos

do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Ceará. A resistência

mecânica foi avaliada nos corpos de prova após queima. Para determinar os valores da

resistência à compressão das amostras se obedeceu à norma ABNT-NBR 5739 (1994),

quefornece o método de teste padrão para a obtenção da resistência à compresao de cerâmicas

avançadas, em temperatura ambiente.

Os resultados apresentados neste trabalho referem-se à medida de três amostras

cilíndricas de diâmetro 30 mm e altura 60 mm para cada formulação, sendo obtidos com o

auxilio da equação:

(4)

Onde:

= Resistência à compressão (KPa)

P = Carga no momento da ruptura, KPa (Kg/cm2)

A= Área transversal correspondente (mm2)

84

Figura 40 – Maquina universal EMIC de 100 kN

Fonte: AUTOR, 2013

3.4.5 Microscopia electrónica de varredura (MEV)

As micrografias da superfície do suporte cerâmico foi obtida com o uso do

Microscópio Eletrônico de Varredura da marca Philips Modelo XL30 - com detector EDS da

Edax, EBSD OXFORD/HKL channel 5 e câmera de infravermelho, como mostra a Figura 41.

O Microscópio Eletrônico de Varredura, MEV (Scanning Electron Microscope, SEM) é um

equipamento versátil que permite a obtenção de informações estruturais e químicas de

amostras diversas.

As amostras foram recobertas com uma camada de carbono, como material

condutor, pra condutividade do feixe de elétrons na amostra, com um potencial de 20 kv, estas

foram analisadas em diferentes aumentos: 100x, 500x, 1000x, 3000x e 5000x.

O ensaio foi realizado no Laboratório de Caracterização de Materiais (LACAM)

do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Ceará.

85

Figura 41 – Microscópio Eletrônico de Varredura da marca Philips Modelo XL30

Fonte: AUTOR, 2013

3.5 Medição do material particulado no suporte cerâmico

3.5.1 Medição Amostrador Isocinético

Consiste um sistema de medição que determina qualitativamente e

quantitativamente os poluentes emitidos por uma fonte de polução do ar. Esta amostragem

deve ser isocinética, quer dizer amostra coletada na mesma velocidade do gás.

Esta medição foi feita pelo SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem

Industrial), e o instrumento utilizado foi o CIPA-Coletor Isocinético de Poluentes

Atmosféricos. O coletor isocinético de poluentes atmosféricos é constituído das seguintes

partes: sonda; caixa quente; caixa fria; cordão umbilical; modulo de controle e um Analisador

de gases UNIGÁS 3000+ da marca Eurotron, para determinação direta de Monóxido de

Carbono (CO), Oxigeno Molecular (O2) e Dióxido de Carbono (CO2).

A referida medição foi feita numa indústria cerâmica do município de Russa-

Ceará, cada medição consta de 12 pontos, cada ponto foi amostrado pelo período de 5min,

perfazendo um total de 60 minutos por medição.

86

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capitulo serão apresentados os resultados obtidos da caracterização química

e física da matéria prima e do suporte cerâmico, após a etapa de sinterização.

4.1 Caracterização química e mineralógica da matéria prima

4.1.1 Análise por fluorescência de raios X (FRX)

A- Análises da matéria prima antes da sinterização

A Tabela 15 apresenta os resultados da composição química (% em peso)

determinada por fluorescência de raios X das amostras estudadas.

Tabela 15 - Composição química da matéria prima

Composição (%)

Bentonita (%)

Ignimbrita (%)

Diatomita saturada

(%)

SiO2 62,15 73,4 91,02

Al2O3 18,53 9,52 1,23

Fe2O3 10,93 3,25 4,4

MgO 2,5 - -

Na2O 1,84 5,69 -

K2O 1,33 5,18 0,59

TiO2 1,16 0,45 -

CaO 0,98 2,08 1,99

Cl 0,25 0,1 0,06

SO3 0,12 - 0,44

P2O5 0,11 - -

ZnO - - 0,23

SrO 0,03 0,16 -

Rb2O 0,01 0,02 -

MnO - 0,11 -

A amostra de bentonita mostra em maior porcentagem os óxidos de

SiO2(62,15%), Al2O3 (18,53%) e Fe2O3 (10,93%) e outros óxidos em menor proporção.

Observa-se também que o teor de Na2O (1,84%) é maior do que CaO (0,98%), o

que indica tratar-se de uma bentonita sódica; e o teor de MgO na amostra indica a

possibilidade da presença de argilomineral montmorilonítica.

87

No casso da amostra da ignimbrita o teor de maior quantidade de SiO2 com 73%,

classificando-a como rochas ácidas, devido o seus porcentual de SiO2; em segundo lugar

tem-se o Al2O3, com a porcentagem de 9,52%.

O teor Fe2O3, presente na ignimbrita, indica sua coloração branca que a identifica.

Nota-se também a presença de óxidos fundentes como CaO (2,08%), K2O (5,18%) e Na2O

(5,69%). Segundo Souza (2011), dentre dos óxidos detectados: CaO, K2O, Na2O e MgO, estes

são considerados fundentes que tem a função de diminuir a temperatura de fase liquida

durante a etapa de sinterização e portanto são formadores de fase vítrea

A diatomita apresenta elevada quantidade de SiO2 (91 %). O valor comumente

encontrado de 80% a 90%, isto é justificado já que as indústrias de filtração necessitam de

uma diatomita que apresente alto teor de sílica e baixo de CaO, MgO, Al2O3 , Fe2O3 e demais

impurezas (SILVA et al., 2009). O alto teor de sílica, na estrutura da diatomita, caracteriza-a

como um bom absorvente.

Também estão presentes óxidos de metais alcalinos, metais de alcalinos térreos e

outros óxidos de menor importância.

B- Análises da diatomita após o tratamento térmico

A Tabela 16 mostra os resultados da composição química (% em peso) da

diatomita saturada utilizada no estudo.

Tabela 16 - Composição química da diatomita depois do tratamento térmico

Composição (%)

Diatomita saturada

(%)

Diatomita tratada

(%)

SiO2 91,02 89,94

Al2O3 1,23 1,59

Fe2O3 4,40 5,11

K2O 0,60 0,69

CaO 2,00 2,10

Cl 0,07 -

SO3 0,45 0,33

ZnO 0,23 0,20

88

O resultado mostra uma diminuição de óxidos SiO2, (1,08%) com respeito à

diatomita saturada, e um aumento em os óxidos de CaO, K2O, Al2O3 e Fe2O3 .

A porcentagem de Fe2O3 na diatomita saturada foi de 4,40% e da diatomita tratada

é de 5,11% esta diferença de porcentagem, deve se à oxidação do ferro durante o processo do

tratamento térmico dando-lhe uma coloração rosa à diatomita tratada. Segundo Pimentel

(2006), a composição química da terra diatomácea calcinada tem coloração rosa ou cinza. A

coloração rosa é em função da oxidação do ferro presente.

A perda por calcinação para a diatomita tratada foi de 13% como mostra a Tabela

17, indicando que a quantidade de matéria orgânica presente na diatomita saturada é alta e

pode estar relacionada principalmente à presença de componentes voláteis (hidroxilas, matéria

orgânica, etc.). Segundo Souza (1992), a perda por calcinação representa a quantidade de

perda de água hidroxilas dos argilominerais, matéria orgânica e carbonatos. Segundo Goulart

(2010), é classificada a diatomita como classe A, por apresentarem teor de sílica superior a 60

%, e uma porcentagem inferior a 15% de matéria orgânica.

Tabela 17 – Dados de perdas por calcinação da diatomita saturada

Amostras N°

Pré-Calcinação Pos-Calcinação (800°C, 2hrs)

Peso crisol (grs)

Peso crisol+

diatomita (grs)

Peso amostra

(grs)

Peso crisol+

diatomita (grs)

Peso perdido

(grs)

Peso amostra

(grs)

Perda por calcinação

(%)

1 64,93 95,02 30,09 90,9 4,12 25,97 13,69 2 61,72 91,78 30,06 87,69 4,09 25,97 13,61 3 64,93 100,03 35,1 95,25 4,78 30,32 13,62 4 61,72 100,02 38,3 94,86 5,16 33,14 13,47 5 64,93 109,48 44,55 103,37 6,11 38,44 13,71 6 61,72 103,62 41,9 97,95 5,67 36,23 13,53 7 61,72 102,45 40,73 96,92 5,53 35,2 13,58 8 64,92 104,46 39,54 99,05 5,41 34,13 13,68 9 67,42 101,69 34,27 97,09 4,6 29,67 13,42

10 64,92 104,07 39,15 98,81 5,26 33,89 13,44 MÉDIA 13,58

Fonte: AUTOR, 2013.

4.1.2 Analise por difração de raios X (DRX)

A caracterização das amostras por difração por raios X visa verificar a existência

de minerais acessórios, ou secundários presentes nas amostras estudadas. Tendo em conta que

89

a menor quantidade de materiais secundários é melhor para a utilização como matéria prima

para a fabricação de suporte cerâmico.

Na Figura 42 pode-se observar-se o difratograma da bentonita onde mostra a

presença de montmorilonita o qual é característico dos argilominerais esmectíticos. No

entanto, verifica-se também um elevado teor de mulita na amostra, provavelmente devido à

presenca de quartzo. Qualitativamente, a amostra apresenta elevados teores de minerais

acessórios na forma de feldspato, como a anortita, quartzo e mulita.

Figura 42 – Difratograma de raios X da bentonita

Na Figura 43, pode-se observar a curva de difração de raios X da ignimbrita, em

que se observa qualitativamente uma elevada presença de anortoclase, ortoclase em forma de

feldspato e cristobalita, as quais são características das rochas ígneas. Também observa-se a

presença de hematita e quartzo como minerais acessório.

Position [°2Theta]

20 30 40 50 60 70

Counts

0

100

200

300

Xpert_974

Inte

nsid

ade

M

A, M

u

A

Q

C

Mu

A, M

u

A, M

u

Mu

Mu, Q

Q

A, M

u

M - montmorilonita

A – anortita

Mu – mulita

Q- quartzo

C - caulinita

O - ortoclasa

90

Position [°2Theta]

20 30 40 50 60 70

Counts

0

100

200

Xpert_327

Figura 43 – Difratograma de raios X da ignimbrita

Na Figura 44, observe-se o difratograma da diatomita não tratada, com a presença

de quartzo e cristobalita na amostra. Observa-se os picos de cristobalita (SiO2) bem definidos

e em maior proporção na amostra.

Figura 44 – Difratograma de raios X da diatomita não tratada

Na Figura 45 pode-se observar a curva de difração de raios X da diatomita tratada

termicamente, com a presença de cristobalita (SiO2). O resultado da analise mostra os picos

correspondentes com a fase da diatomita, sendo a cristobalita (SiO2) o componente principal.

A fase cristobalita obtida é resultado do efeito da temperatura no processo de calcinação.

Inte

nsid

ade

A

A ,C

A,O

A,O

A,O

A,O

C,H

C

A - anortoclase

C - cristobalita

O - ortoclase

H - hematita

Q - quartzo

Q

C,H

C,Q

C

H

Inte

nsid

ade

Position [°2Theta]

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

Counts

0

20

40

60

Xpert_681

Peak List

Accepted Patterns

C – cristobalita Q - quartzo C

Q, C

C

91

Figura 45 – Difratograma de raios X da diatomita tratada termicamente.

4.2 Caracterização física e mecânica do suporte cerâmico

Foram testadas quatro formulações do suporte cerâmico conforme são mostradas

na Tabela 18. Para cada formulação foi feito a caracterização física como absorção de água,

massa especifica aparente e porosidade aparente (Figura 46).

Tabela 18 – Formulações utilizadas na fabricação do suporte cerâmico

Materiais F1 F2 F3 F4

Diatomita 16 % 10% 16% 10%

Ignimbrita 10% 16% 10% 16%

Peneira # 200 (0,074mm) # 200 # 400 (0,033mm) # 400

Position [°2Theta]

10 20 30 40 50 60 70 80

Counts

0

50

100

150 Xpert_682

Peak List

Accepted Patterns

Inte

nsid

ade

C

C

C

C

C

C

C

C – cristobalita

92

Figura 46 – Suportes cerâmicos submersos na água

Fonte: Autor, 2013

Na Tabela 19 e na Figura 47 mostram os resultados de absorção de água obtidos

para cada formulação. Observa-se que as formulações que apresentam maior porcentagem de

absorção de água são as que tem em sua composição maior quantidade de diatomita.

Comparando as quatro formulações, a que apresentou maior porcentagem de

absorção de água, foi a formulação F3 absorvendo três vezes o seu peso úmido, a qual tem

menor tamanho de grão, menor quantidade de ignimbrita e maior quantidade de diatomita.

Tabela 19 – Resultados do ensaio de absorção de água do suporte cerâmico sinterizado.

Tamanho

de grão

D

(%)

I

(%)

Peso

seco

(A)

Peso

húmido

(B)

Peso

submerso

(C)

AA

%

F1 # 200 16 10 25,30 82,95 11,63 228,08

F2 # 200 10 16 26,41 78,83 13,16 198,77

F3 # 400 16 10 25,25 102,67 7,88 306,76

F4 # 400 10 16 25,97 85,58 13,15 221,31

93

Figura 47 – Comparação da absorção de água em diferentes formulações

Observa-se na Tabela 20 e a Figura 48, a formulação que apresenta maior

porcentagem de massa especifíca aparente é F2, o que se deduz que é devido à quantidade de

ignimbrita que apresenta na sua composição já que apresenta maior quantidade de minerais.

Tabela 20 – Resultados do ensaio de massa especifíca aparente do suporte cerâmico

sinterizado

Tamanho

de grão

D

(%)

I

(%)

Peso

seco

(A)

Peso

húmido

(B)

Peso

submerso

(C)

MEA

%

F1 # 200 16 10 25,3 82,95 11,63 35,8

F2 # 200 10 16 26,41 78,83 13,16 40,34

F3 # 400 16 10 25,25 102,7 7,88 27,81

F4 # 400 10 16 25,97 85,58 13,15 36,66

16 10 16 10 10 16 10 16

228,08

198,77

306,76

221,31

0

50

100

150

200

250

300

350

F1 F2 F3 F4

Ab

sorç

ão Á

gua(

AA

) %

Tamanho de grão

Absorção de água

DIATOMITA

IGNIMBRITA

AA

94

Figura 48 – Comparação da massa especifíca das diferentes formulações

Na Tabela 21 e Figura 49, observa-se que os valores de porosidade aparentes

encontrados nas formulações correspondem, aproximadamente, a uma faixa que varia de 79 a

81%. A porosidade das formulações F4 e F3 não divergem muito.

Levando em conta o tamanho de grão nas formulações, a porosidade aumenta

devido à tamanho de grão e a à quantidade de diatomita presente na sua composição, onde

deduzi que se deve a porosidade natural que a diatomita apresenta em sua estrutura.

Tabela 21 – Resultados do ensaio da porosidade aparente do suporte cerâmico sinterizado

Tamanho

de grão

D

(%)

I

(%)

Peso

seco

(A)

Peso

húmido

(B)

Peso

submerso

(C)

PA

%

F1 # 200 16 10 25,3 82,95 11,63 80,69 F2 # 200 10 16 26,41 78,83 13,16 79,76 F3 # 400 16 10 25,25 102,7 7,88 81,62 F4 # 400 10 16 25,97 85,58 13,15 81,06

16

10

16

10 10

16

10

16

35,8

40,34

27,81

36,66

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

F1 F2 F3 F4

Mas

a Es

pe

cifi

ca A

par

en

te(M

EA)

%

Tamanho de grão

Massa especifíca aparente

DIATOMITA

IGNIMBRITA

MEA

95

Figura 49 – Comparação da porosidade aparente das diferentes formulações

A resistência à compressão axial foi determinada a partir de ensaios realizados nos

corpos-de-prova cilíndricos, com dimensões, aproximadamente, de diâmetro 30 mm e altura

de 60 mm, com uma velocidade constante de 5 mm/min. As amostras foram carregadas até

ruptura como mostra a Figura 50.

Figura 50 – Ensaio de compressão dos suportes cerâmicos.

Fonte: Autor, 2013

16 10

16 10 10

16 10

16

80,69 79,76 81,62 81,06

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

F1 F2 F3 F4

Po

rosi

da

de

(PA

) %

Tamanho de grão

Porosidade Aparente

DIATOMITA

IGNIMBRITA

PA

96

Os ensaios foram realizados para cada formulação como se apresenta na Tabela

22. Comparando as quatro formulações a que apresenta tamanho de grão (0,033mm) a

formulação F4 apresenta uma resistência maior à fratura que as demais, onde pode ser devido

a tamanho de grão que apresenta, já que os grãos se compactam com maior facilidade na

estrutura sim obstruir os poros presentes da estrutura reticular.

Tabela 22- Ensaio de compressão dos suportes cerâmicos das diferentes formulações

Tamanho

de grão

D

I

Tensão

Peneira mm % % (MPa)

F1 # 200 0,074 16 10 0,11

F2 # 200 0,074 10 16 0,36

F3 # 400 0,033 16 10 0,77

F4 # 400 0,033 10 16 0,80

Na Figura 51 e 52 pode-se notar o comportamento do suporte no momento do

ensaio de compressão. A formulação F1 inicia com pequenas fissuras gradualmente, os picos

mais notórios são as fraturas irregulares e as mudanças bruscas acontecem quando está perto

de chegar a uma fratura final e deformação. Na formulação F2, pode-se observar que ela

apresenta uma queda brusca indicando a ruptura e deformação lenta do suporte.

97

Figura 51 – Diagramas de ensaio de compressão do suporte cerâmico da formulação F1.

Figura 52 – Diagramas de ensaio de compressão do suporte cerâmico da formulação F2.

Caso da Figura 53 da formulação F3, pode-se notar que o suporte mostra certa

resistência à deformação, iniciando-se com uma tensão de 0, 27 MPa.

98

Figura 53 – Diagramas de ensaio de compressão do suporte cerâmico da formulação F3.

No Figura 54, da formulação F4 pode observar-se uma deformação constante e

continua até chegar à fratura completa. De todas as formulações, esta é a que melhor

comportamento teve à ruptura, apresento uma ruptura do tipo cisalhada.

Figura 54 – Diagramas de ensaio de compressão do suporte cerâmico da formulação F4.

99

De acordo os resultados obtidos na caracterização física e mecânica das

formulações, conclui-se que a formulação F4 (Figura 55) foi a melhor, por apresentar uma

maior resistência à compressão, massa especifica, boa porosidade e permeabilidade.

Considere-se um bom suporte cerâmico, aqueles que apresentam uma alta

porosidade (maior que 75%) e uma resistência de 0,8 a 1 MPa.

Figura 55 – Suportes cerâmicos

Fonte: AUTOR, 2013

4.3 Microscopia Electrónica de Varredura (MEV)

A Microscopia Eletrônica de Varredura foi utilizada apenas para a formulação

F4, no sentido de poder observar os poros do suporte cerâmico formado depois do sinterizado.

Nas Figuras 56 e 57 tem-se imagens obtidas no MEV do suporte cerâmico com

um aumento de 2500x e 1000x, respectivamente observa se a presença de esqueletos de

diatomáceas de estrutura morfológica bem definida, de tipo circular, com porosidade em

forma radial e com um tamanho de ordem das micras.

30°C

100

Figura 56 – Micrografia do suporte cerâmico a 2500x.

Figura 57 – Micrografia da estrutura morfológica da diatomita no suporte cerâmico a 1000x.

Na Figura 58 observa-se microfotografia da formação de um poro aberto bem

definido, onde o tamanho do poro é de aproximadamente de 0,4mm, tendo como referencia a

medida estabelecida pela microfotografia.

101

Figura 58 – Micrografia a 300x de um poro aberto no suporte cerâmico.

Nas Figuras 59 e 60 observa-se a formação de dois poros abertos, separados por

uma parede cerâmica bem definida, encontrando-se interconectados entre sim.

Figura 59 – Micrografia a 200x da estrutura cerâmica dos poros abertos interconectados.

102

Figura 60 – Micrografia a 200x da replica cerâmica da estrutura da esponja polimérica.

As Figuras 61 e 62 são fotografias tiradas no microscópio óptico com um

aumento de 100x e 50x, onde se pode observar a formação da replica da estrutura polimérica

bem definida com, presencia de poros abertos interconectados entre si.

Figura 61 – Micrografia ótica a 100x da porosidade presentes no suporte cerâmico.

103

Figura 62 – Micrografia ótica do cerâmico poroso a 50x

5. Aplicação do suporte cerâmico na chaminé da indústria cerâmica vermelha

O teste foi feito em uma as indústria cerâmica vermelha do município de Russas –

Ceará, por apresentar a maior quantidade de indústrias cerâmicas vermelhas do estado. A

indústria de cerâmica vermelha, onde foi realizado o teste experimental, tem um forno

intermitente, tipo paulistinha, com uma capacidade de produção 750 milheiros por mês de

telhas, com um consumo aproximado de 900 a 950 m3 de lenha, de acordo com informação

fornecida pelo proprietário da indústria cerâmica. Os suportes cerâmicos utilizados foram os

de formulação F4. Para avaliar a remoção de material particulado foram feitas duas medições

uma com suporte e sem suporte cerâmico, estas medições foram feitas pelo SENAI (Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial), e o instrumento utilizado foi o CIPA-Coletor

Isocinético de Poluentes Atmosféricos como mostra a Figura 63.

104

Figura 63 – CIPA-Coletor Isocinético de Poluentes Atmosféricos; (a) modulo de controle e

um Analisador de gases UNIGÁS 3000+ da marca Eurotron, (b) sonda e cordão umbilical, (c)

caixa fria e caixa quente.

(a) (b)

I. Medição do material particulado sem suporte cerâmico

Primeiro, foi feita uma medição sem suporte cerâmico na chaminé, fonte

estacionaria, da chaminé de 25 m de altura, a uma distancia de 6m do topo da chaminé. Esta

medição foi feita com objetivo de quantificar a concentração e a taxa de emissão de material

particulado emitida pela chaminé da cerâmica vermelha. Foi feito três medição, cada um de

12 pontos, cada ponto foi amostrado pelo período de 5min, perfazendo um total de 60 minutos

por medição. Por um período de 3 horas.

(c)

105

Os resultados obtidos da medição sem suporte cerâmico, para o material

particulado (MP), o monóxido de carbono (CO) e o oxigênio (O2) estão apresentados nas

Tabelas 23 a 25.

Tabela 23 - Concentração do Material Particulado (MP)

Grandeza física Sigla

Concentração de MP (condição normal, base seca)

CMP

Amostragem de referência Valor Unidade

1ª amostragem 198,75 mg/Nm³

2ª amostragem 202,3 mg/Nm³

3ª amostragem 208,34 mg/Nm³

Média das amostragens 203,13 mg/Nm³

Tabela 24 - Concentração de Monóxido de Carbono (CO)

Grandeza física Sigla

Monóxido de Carbono

CO

Amostragem de referência Valor Unidade

1ª amostragem 266 mg/Nm³

2ª amostragem 207 mg/Nm³

3ª amostragem 1045 mg/Nm³

Média das amostragens 503 mg/Nm³

Tabela 25- Concentração de Oxigênio Molecular (O2)

Grandeza física Sigla

Oxigênio Molecular

O2

Amostragem de referência Valor Unidade

1ª amostragem 19,8 %v/v

2ª amostragem 20 %v/v

3ª amostragem 18 %v/v

Média das amostragens 19,26 %v/v

106

II. Medição do material particulado com suportes cerâmicos

Foi realizada uma segunda medição feita com os suportes cerâmicos no canal,

fonte estacionaria, da chaminé de 25m de altura, a uma distancia de 2m da chaminé e a 4m do

suporte cerâmico inserido e a profundidade do canal foi 1,10m.

Foram feitos duas medições, cada uma de 12 pontos. Cada ponto foi amostrado

pelo período de 5min, perfazendo um total de 60 minutos por medição. Esta medição foi feita

10 de julho de 2013, por um período de 2 horas.

Para esta segunda medição foi necessário a fabricação de uma estrutura metálica

que consta de duas partes, uma fixa e outra removível tipo mala metálica. A parte fixa foi

instalada no canal da chaminé, e na parte removível foi colocado os suportes cerâmicos dentro

da chaminé. Foram utilizados um total de 19 suportes cerâmicos. A Figura 63 mostra-se como

foi colocado a estrutura e os suportes cerâmicos no canal da chaminé da indústria cerâmica.

107

(a) (b)

(a) (b)

(c) (d)

Figura 64 – (a) Estrutura metálica com os suportes cerâmicos; (b) estrutura metálica instalada

na chaminé; (c) e (d) colocação dos suportes cerâmicos no canal na chaminé; (e) instalação

dos suportes na chaminé.

(e)

108

Depois da medição, com os suportes foram obtidos nas amostragens isocinéticas

de material particulado (MP), monóxido de carbono (CO) e oxigênio (O2) emitidos pelo canal

da cerâmica. Os resultados obtidos estão apresentados nas Tabelas 26 a 28.

Tabela 26 - Concentração do Material Particulado (MP)

Grandeza física Sigla

Concentração de MP (condição normal, base seca)

CMP

Amostragem de referência Valor Unidade

1ª amostragem 251,97 mg/Nm³

2ª amostragem 211,74 mg/Nm³

Média das amostragens 231,85 mg/Nm³

Tabela 27 – Concentração de Monóxido de Carbono (CO)

Grandeza física Sigla

Monóxido de Carbono

CO

Amostragem de referência Valor Unidade

1ª amostragem 400 mg/Nm³

2ª amostragem 350 mg/Nm³

Média das amostragens 375 mg/Nm³

Tabela 28 - Concentração de Oxigênio Molecular (O2)

Grandeza física Sigla

Oxigênio Molecular

O2

Amostragem de referência Valor Unidade

1ª amostragem 15,5 %v/v

2ª amostragem 17,0 %v/v

Média das amostragens 16,25 %v/v

Depois da medição, os suportes foram retirados da chaminé, onde se pode

observar a impregnação das partículas de carbono como mostrados na seguinte Figura 65.

109

Figura 65 – Medição com suportes cerâmicos; (a) e (b) retirada dos suportes do canal; (c) e

(d) resultado final dos suporte cerâmicos depois da medição; (e) e (f) impregnação dos

suportes com Material Partículas.

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

110

Conforme a Resolução n°382/2006 do CONAMA, os Limites de emissão para

poluentes atmosféricos provenientes de processos de geração de calor, a partir da combustão

externa de derivados da madeira (ANEXO IV) são:

Tabela 29 – Limites de emissão para poluentes atmosféricos.

Potencia térmica nominal (MW) MP NOx(1)

(como NO2)

Menor que 10 730 N.A.

Entre 10 e 30 520 650

Entre 30 e 70 260 650

Maior que 70 130 650

(1) os resultados devem ser expressos na unidade de concentração mg/Nm³, em base seca e

corregidos a 8% de oxigênio.

N.A.- Não aplicável

Segundo o ponto 3.3 do ANEXO IV da Resolução n°382/2006 do CONAMA

para sistemas com potencia de até 10 MW, alternativamente aos limites da tabela acima,

poderá ser aceito:

O monitoramento periódico de monóxido de carbono. Neste caso, o limite

máximo de emissão para este poluente será o estabelecido na Tabela 30.

Tabela 30 – Limites poluentes atmosféricos de CO

Potencia térmica nominal (MW) CO(1)

Até 0,05 6500

Entre > 0,05 e ≤ 0,15 3250

Entre > 0,15 e ≤ 1,0 1700

Entre > 1,0 e ≤ 10 1300

(1) os resultados devem ser expressos na unidade de concentração mg/Nm³, em base seca e

corregidos a 8% de oxigênio.

Efetuando-se a conversão dos resultados das medições, com suporte e sem suporte

cerâmico conforme do Art 3°, inciso III, alínea “b” da Resolução n°382/2006 do CONAMA

tem-se:

111

, (5) sendo:

– Concentração do poluente corrigida para a condição estabelecida nesta Resolução

(mg/Nm³);

– Percentagem de oxigênio de Referencia, conforme esta Resolução: estabelecida para

fontes fixas de emissão.

– Percentagem de oxigênio medido durante a amostragem.

– Concentração do poluente determinada na amostra (mg/Nm³).

A concentração do poluente corrigida para a condição estabelecida nesta

Resolução é mostrada na Tabela 31.

Tabela 31– Concentração do poluente corrigida estabelecida nesta Resolução

CR Sem suporte

cerâmico

Com suporte

cerâmico

Concentração de CMP (mg/Nm³) 1517,64 231,85

Monóxido de Carbono CO (mg/Nm³) 3780,46 1026,32

O consumo de potencia térmica nominal da indústria cerâmica vermelha se

encontra aproximadamente em 1,9 MW de acordo a sua produção. Aplicando a equação da

conversão com base na Resolução n°382/2006 do CONAMA, obteve-se os seguintes

resultados dos dados da medição sem suporte e com suporte cerâmico, apresentados na Tabela

32.

Tabela 32 – Comparação das medições sem suporte e com suporte cerâmico da chaminé da

indústria cerâmica vermelha.

Potencia térmica nominal (MW)

Padrões da norma

Sem suporte cerâmico

Com suporte cerâmico

Concentração de MP 730 1517,64 231,85

Monóxido de Carbono CO 1300 3780,46 1026,32

(1) os resultados devem ser expressos na unidade de concentração mg/Nm³, em base seca e

corregidos a 8% de oxigênio.

112

A medida obtida sem suporte cerâmico, segundo a Tabela 32, da Concentração de

material particulado e monóxido de carbono se encontra fora dos padrões de acordo com a

Resolução n°382/2006 do CONAMA.

Com a utilização dos suportes cerâmicos a medição do material particulado foi

reduzida em 84,72 % e monóxido de carbono em 72,85 %, ambos se mantenho dentro dos

padrões de acordo com a Resolução n°382/2006 do CONAMA.

113

6 CONCLUSÕES

Considerando os resultados obtidos no presente trabalho pode-se concluir o

seguinte:

A diatomita utilizada no processo de filtração pela indústria de cerveja, depois

de ser tratada a 800 °C por 2 horas apresenta uma quantidade de 89,9% de

(SiO2), mostrando que o tratamento térmico não alterou a composição química.

Através da mistura das matérias primas (diatomita, bentonita e a ignimbrita),

conseguiu-se a formação de um suporte cerâmico com uma porosidade de 81%,

convertendo-o em um potencial candidato para a produção de filtros cerâmicos.

Através de procedimentos simples é possível obter um suporte cerâmico com

propriedades físicas e mecânicas elevadas e também gerar a possibilidade de

transformar um rejeito industrial (diatomita saturada) em um produto útil.

Com o uso de suportes cerâmicos, a redução de material particulado foi de

aproximadamente 84% e a de monóxido de carbono de 72%. Esses resultados

foram obtidos a partir da formulação (F4) com a composição de 10% de

diatomita e 16% de ignimbrita, com uma resistência mecânica à compressão de

0,8 MPa e porosidade de 81% , visando assim a utilização da diatomita para a

filtração de sustâncias gasosas e atendendo a Resolução n°382/2006 do

CONAMA.

Observou-se que é viável o uso de diatomita tratada na obtenção de suportes

cerâmicos, visando sua aplicação em sistemas de filtração para fluidos gasosos.

114

6.1 Sugestões para trabalhos futuros

Durante a realização deste trabalho de pesquisa algumas questões foram observadas.

Testar um processo de regeneração da diatomita ou reciclagem.

Projetar um suporte cerâmico aplicando o método da replica com uma esponja

polimérica de menor densidade e poros maiores.

115

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120

ANEXOS

ANEXO A - RESOLUÇÃO NO

382, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2006 (ANEXO IV)

LIMITES DE EMISSÃO PARA POLUENTES ATMOSFÉRICOS PROVENIENTES DE

PROCESSOS DE GERAÇÃO DE CALOR A PARTIR DE COMBUSTÃO EXTERNA DE

DERIVADOS DE MADEIRA.

121

ANEXO B – NBR 12766/92 - ROCHAS PARA REVESTIMENTO – DETERMINAÇÃO

DE MASSA ESPECIFICA APARENTE, POROSIDADE APARENTE E ABSORÇÃO DE

ÁGUA APARENTE.

122

ANEXO C – NBR5739/94 - CONCRETO – ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS-

DE-PROVA CILÍNDRICOS.