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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA __________________________________________________________________________________________________________________________________ Ciências da Humanas suas Tecnologias Povos da Antiguidade A história da Grécia, como de outras civilizações, foi fortemente condicionada pelo ambiente geográfico. A península Balcânica e muito recortada e cercada por centenas de ilhas - tanto no mar Egeu, no mar Jônio e no mar Mediterrâneo. O seu relevo é muito montanhoso e com um solo árido. Em decorrência disto, os gregos irão atribuir uma enorme importância às atividades mercantis. O solo e o clima auxiliam o desenvolvimento da cultura de oliveira, de vinho e ao Pastoreio (cabra e ovelha). Para suprir as necessidades de sua população, os gregos irão se dedicar ao comércio marítimo, resultado o processo de colonização. Dos povos do mundo antigo, os helênicos foram os que melhores refletiram o espírito do homem ocidental. A ideia de liberdade, o racionalismo, o conceito de cidadania, a filosofia e as bases da ciência moderna surgiram como glorificação grega ao Espírito humano. O processo histórico da civilização Helênica está assim dividido: 1) Período Pré-Homérico - século XX a.C ao século XII a.C . 2) Período Homérico - século XII a.C ao século VIII a.C. 3) Período Arcaico - século VIII a.C ao século VI a.C . 4) Período Clássico - século V a.C ao século IV a.C. Os gregos contribuíram muito para o mundo ocidental, verificamos a presença deste povo nas artes, nos princípios éticos e políticos. Os primeiros povos a ocupar a Grécia foram os Pelasgos em 2000 a.C., porém depois seu território foi invadido por povos indo-europeus conhecidos também como helenos. A chegada destes povos foi decisiva para a história política da Grécia, porém eles não realizaram uma ocupação uniforme no território grego. Com esses povos se iniciavam os tempos homéricos. Homero é o suposto autor das obras ―Ilíada‖ e ―Odisséia‖, essas obras são grande fonte de referência histórica para se conhecer esse período. AS CIDADES-ESTADOS: ESPARTA Características - Legislação severa - Militarismo - Estrutura social rígida. Dividia a sociedade em 3 grupos. Elite: eram os espartanos ou esparciatas. Por serem os únicos considerados cidadãos, podiam controlar a religião a política e os assuntos militares. - Periecos: eram livres e se dedicavam ao comércio e ao artesanato. - Hilotas: prisioneiros de guerra, eram a maioria da população. Os espartanos temiam rebeliões dos hilotas, por esta razão fizeram da cidade um verdadeiro campo militar. Aos sete anos, os meninos passavam a pertencer ao Estado e eram educados para a guerra, se desobedecessem eram punidos. Toda essa submissão causava transtornos entre as famílias, pois o cidadão espartano servia ao exército até os 60 anos. O governo espartano era monárquico: dois reis comandavam os exércitos e representavam os interesses das principais famílias espartanas. ATENAS Características Sociedade dividida em 3 grupos: - cidadãos: eram os proprietários de terra e o grupo mais poderoso. - metecos: estrangeiros que se envolviam com o comércio e artesanato. - escravos: não tinham direito político, assim como as mulheres. -Comércio ativo: Exportavam: vinho, azeite, artesanato. Importavam: cobre, ferro e trigo. Antes de se tornar uma Democracia (PESQUISEM mais sobre a democracia ateniense), Atenas conheceu a monarquia, oligarquia (governo de poucas pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família) e a tirania. LÍDERES Drácon (legislador) Sólon (legislador) Pisístrato (tirano) Hípias (tirano) Hiparco (tirano)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS

DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO

PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA __________________________________________________________________________________________________________________________________

Ciências da Humanas suas Tecnologias

Povos da Antiguidade

A história da Grécia, como de outras civilizações,

foi fortemente condicionada pelo ambiente

geográfico. A península Balcânica e muito

recortada e cercada por centenas de ilhas - tanto

no mar Egeu, no mar Jônio e no mar Mediterrâneo.

O seu relevo é muito montanhoso e com um solo

árido. Em decorrência disto, os gregos irão atribuir

uma enorme importância às atividades mercantis.

O solo e o clima auxiliam o desenvolvimento da

cultura de oliveira, de vinho e ao Pastoreio (cabra

e ovelha). Para suprir as necessidades de sua

população, os gregos irão se dedicar ao comércio

marítimo, resultado o processo de colonização.

Dos povos do mundo antigo, os helênicos foram

os que melhores refletiram o espírito do homem

ocidental. A ideia de liberdade, o racionalismo, o

conceito de cidadania, a filosofia e as bases da

ciência moderna surgiram como glorificação grega

ao Espírito humano.

O processo histórico da civilização Helênica está

assim dividido:

1) Período Pré-Homérico - século XX a.C ao

século XII a.C .

2) Período Homérico - século XII a.C ao século VIII

a.C.

3) Período Arcaico - século VIII a.C ao século VI

a.C .

4) Período Clássico - século V a.C ao século IV

a.C.

Os gregos contribuíram muito para o mundo

ocidental, verificamos a presença deste povo nas

artes, nos princípios éticos e políticos. Os

primeiros povos a ocupar a Grécia foram os

Pelasgos em 2000 a.C., porém depois seu

território foi invadido por povos indo-europeus

conhecidos também como helenos.

A chegada destes povos foi decisiva para a

história política da Grécia, porém eles não

realizaram uma ocupação uniforme no território

grego.

Com esses povos se iniciavam os tempos

homéricos. Homero é o suposto autor das obras

―Ilíada‖ e ―Odisséia‖, essas obras são grande

fonte de referência histórica para se conhecer

esse período.

AS CIDADES-ESTADOS:

ESPARTA

Características

- Legislação severa

- Militarismo

- Estrutura social rígida. Dividia a sociedade em 3

grupos.

Elite: eram os espartanos ou esparciatas. Por

serem os únicos considerados cidadãos, podiam

controlar a religião a política e os assuntos

militares.

- Periecos: eram livres e se dedicavam ao

comércio e ao artesanato.

- Hilotas: prisioneiros de guerra, eram a maioria da

população.

Os espartanos temiam rebeliões dos hilotas, por

esta razão fizeram da cidade um verdadeiro

campo militar.

Aos sete anos, os meninos passavam a pertencer

ao Estado e eram educados para a guerra, se

desobedecessem eram punidos. Toda essa

submissão causava transtornos entre as famílias,

pois o cidadão espartano servia ao exército até os

60 anos.

O governo espartano era monárquico: dois reis

comandavam os exércitos e representavam os

interesses das principais famílias espartanas.

ATENAS

Características

Sociedade dividida em 3 grupos:

- cidadãos: eram os proprietários de terra e o

grupo mais poderoso.

- metecos: estrangeiros que se envolviam com o

comércio e artesanato.

- escravos: não tinham direito político, assim como

as mulheres.

-Comércio ativo:

Exportavam: vinho, azeite, artesanato.

Importavam: cobre, ferro e trigo.

Antes de se tornar uma Democracia (PESQUISEM

mais sobre a democracia ateniense), Atenas

conheceu a monarquia, oligarquia (governo de

poucas pessoas, pertencentes ao mesmo partido,

classe ou família) e a tirania.

LÍDERES

Drácon (legislador)

Sólon (legislador)

Pisístrato (tirano)

Hípias (tirano)

Hiparco (tirano)

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Iságoras (último tirano)

Clístenes (sob seu comando, Atenas entrou em

um período de reformas políticas que

beneficiavam os mais pobres).

Nos séculos V e IV a.C. (Período Clássico), os

gregos se envolveram em várias guerras.

1) Guerras Médicas: lutaram contra os persas,

pois estes haviam construído um império que

ameaçava as colônias gregas.

2) Guerra do Peloponeso (Atenas X Esparta):

Esparta saiu vencedora.

3) Tebas X Esparta: Tebas saiu vencedora.

CULTURA GREGA

Características

- A mitologia grega incluía deuses, semideuses e

heróis.

- Seus deuses tinham emoções parecidas com os

seres-humanos, porém eram imortais. Zeus era o

soberano do Olimpo (situado ao norte da Grécia).

- Alguns deuses eram homenageados em

templos.

- Os gregos não se preocupavam com a vida após

a morte.

- Corpos eram cremados e os cultos eram

baseados em sacrifícios humanos.

- Outra forma de homenagear os deuses eram nos

jogos pan-helênicos e nas Olimpíadas, feitas em

homenagem a Zeus.

- A mitologia grega trazia ensinamentos e

exemplos para a reflexão. Os gregos procuravam

fornecer explicações para os mistérios da

natureza e dos sentimentos humanos.

- Arte era centrada no homem, ou seja, era

antropocêntrica.

- Exemplos de artistas:

Escultura: Fídias, Míron e Praxíteles, são os mais

conhecidos, porém o primeiro foi o mais atuante.

Teatro: Ésquilo (―Prometeu acorrentado‖),

Sófocles (―Édipo rei‖), Eurípedes (―Medéia‖) e

Aristófanes (―As nuvens‖ e ―As rãs‖).

Poesia: Homero. Suposto autor da‖ Ilíada‖ e

―Odisséia‖.

A ―Ilíada‖ narra a Guerra de Tróia e a

―Odisséia‖ conta as aventuras de Ulisses ao

voltar para casa após o término dessa guerra.

Outros autores: Hesíodo, Heródoto e Tucídides.

Filosofia: Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles.

Observação:

A Grécia fez importantes contribuições ao campo

da arte, da literatura e da filosofia: seus escultores

e arquitetos, poetas e dramaturgos, filósofos e

legisladores lançaram as bases longínquas de

toda a cultura ocidental; suas colônias

estenderam-se até o mar Negro, norte da África e

sul da Itália e França, mas a constante rivalidade,

sobretudo entre Esparta e Atenas, acabou

enfraquecendo a civilização grega permitindo a

sua conquista por Filipe da Macedônia em 338

a.C.

Seu filho, Alexandre, O Grande difundiu

largamente a civilização helênica, como citado

anteriormente.

A CRISTANDADE MEDIEVAL

IDADE MÉDIA

A Idade Média é o período histórico compreendido

entre os anos de 476 (queda de Roma) ao ano de

1453 (a queda de Constantinopla). Este período

apresenta uma divisão, a saber:

ALTA IDADE MÉDIA (do século V ao século IX) -

fase marcada pelo processo de formação do

feudalismo.

BAIXA IDADE MÉDIA (do século XII ao século

XIV) – fase caracterizada pela crise do feudalismo.

Entre os séculos IX e XII observa-se a

cristalização do Sistema Feudal.

ALTA IDADE MÉDIA - Período do século V ao

século IX é caracterizado pela formação do

Sistema Feudal. Neste período observa-se os

seguintes processos históricos: a formação dos

Reinos Bárbaros, com destaque para o Reino

Franco; o Império Bizantino - parte oriental do

Império Romano - e a expansão do Mundo Árabe.

Grosso modo, a Alta Idade Média representa o

processo de ruralização da economia e sociedade

da Europa.

OS REINOS BÁRBAROS

Para os romanos, "bárbaro" era todo aquele povo

que não possuía uma cultura greco-romana e que,

portanto, não vivia sob o domínio de sua

civilização. Os bárbaros que invadiram e

conquistaram a parte ocidental do Império

Romano eram os Germânicos, que viviam em um

estágio de civilização bem inferior, em relação aos

romanos. Eles não conheciam o Estado e estavam

organizados em tribos.

Os Germânicos não conheciam o Estado, vivendo

em comunidades tribais - cuja principal unidade

era a Família. A reunião de famílias constituía um

Clã e o agrupamento de clãs formava a Tribo.

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A instituição política mais importante dos povos

germânicos era a Assembleia de Guerreiros,

responsável por todas as decisões importantes e

chefiada por um rei (rei que era indicado pela

Assembleia e que, por isto mesmo, controlava o

seu poder). Os jovens guerreiros se uniam - em

tempos de guerra - a um chefe militar por laços de

fidelidade, o chamado Comitatus.

A sociedade germânica era assim composta:

- Nobreza: formada pelos líderes políticos e

grandes proprietários de terras;

- Homens-livres: pequenos proprietários e

guerreiros que participavam da Assembleia;

- Homens não-livres: os vencidos em guerras

que viviam sob o regime de servidão e presos à

terra e os escravos – grupo formado pelos

prisioneiros de guerra.

Economicamente, os germânicos viviam da

agricultura e do pastoreio. O sistema de produção

estava dividido nas propriedades privadas e nas

chamadas propriedades coletivas (florestas e

pastos).

A religião era politeísta e seus deuses

representavam as forças da natureza.

Como vimos o contato entre Roma e os bárbaros,

a princípio, ocorreu de forma pacífica até meados

do século IV. À partir daí, a penetração germânica

deu-se de forma violenta, em virtude da pressão

dos hunos. Também contribuíram para a

radicalização do contato: crescimento

demográfico entre os germanos, a busca por

terras férteis, a atração exercida pelas riquezas de

Roma e a fraqueza militar do Império Romano.

Entre os povos germânicos, os Francos são

aqueles que irão constituir o mais importante reino

bárbaro e que mais influenciarão o posterior

desenvolvimento europeu.

EXPANSÃO

A expansão árabe representou um maior contato

entre as culturas do Oriente e do Ocidente. No

aspecto econômico a expansão territorial

provocará o bloqueio do mar Mediterrâneo,

contribuindo para a cristalização do feudalismo

europeu, ao acentuar o processo de ruralização e

fortalecendo a economia de consumo.

O FEUDALISMO

O feudalismo é um sistema econômico, político e

social fundamentado na propriedade sobre a terra.

Esta pertence ao senhor feudal que cede uma

porção dessa terra ao vassalo em troca de

serviços ocasionando uma relação de

dependência.

O feudalismo se inicia com o período das invasões

bárbaras e a posterior queda do Império Romano

do Ocidente (Século V) que transformam toda a

estrutura política e econômica da Europa

Ocidental descentralizando-a. Os povos

―bárbaros‖ ao ocuparem parte das terras da

Europa Ocidental contribuem com o processo de

ruralização e o surgimento de diversos reinos,

dentre os quais se destacou o Reino dos Francos.

Mas é no Reino Carolíngeo que se solidificam as

principais estruturas do feudalismo.

Predominante durante toda a Idade Média, o

feudalismo se caracteriza pelas relações de

vassalagem (dependência pessoal) e de

autoridade e posse da terra. As vilas e o colonato

tornam-se o centro da nova estrutura

socioeconômica que tem um sistema produtivo

basicamente voltado para o suprimento das

necessidades individuais dos feudos.

Os feudos, por sua vez, constituíam a unidade

territorial da economia feudal, caracterizando-se

pela sua autossuficiência econômica, produção

predominantemente agropastoril e ausência

quase total de comércio. Nos feudos, a produção

de arte ocorre nos castelos.

Geralmente divididos em três áreas: o domínio,

exclusivamente do senhor feudal e trabalhada

pelo servo; a terra comum, matas e pastos que

podem ser utilizados tanto pelo senhor quanto

pelos servos; e o manso servil, que destinado aos

servos era dividido em áreas denominadas

―glebas‖ de onde metade de toda produção

deveria ser destinada ao senhor feudal (talha - um

tipo de imposto), os feudos podiam tanto ser

enormes territórios com cidades inteiras dentro

deles, ou apenas uma fazenda, variando muito de

um para o outro. Na época do Reino Carolíngeo,

feudo significava ―benefício‖, era o nome dado

ao benefício que o suserano cedia ao vassalo e,

que na maioria das vezes era a posse de terras.

Daí o porquê que ―feudo‖ designa hoje a

propriedade em si.

Com uma estrutura social estática e hierarquizada

podemos identificar a vassalagem e a suserania

como as principais relações da sociedade feudal.

O senhor feudal ou suserano era quem tinha a

posse das terras e as cedia aos vassalos que

deveriam trabalhar nelas para sustento próprio e,

no que chamavam de corvéia, o trabalho gratuito

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para o senhor feudal durante três dias por

semana.

A sociedade era basicamente composta por duas

camadas principais: os senhores e os servos. O

clero, embora de muita importância na sociedade

feudal, não constituía uma classe separada uma

vez que os componentes do clero, ou eram

senhores (alto clero), ou eram servos (baixo clero).

Entretanto, a relação de suserania é mais

complexa uma vez que as terras eram cedidas não

aos camponeses, mas a outros senhores ou

cavaleiros que assumiam um compromisso de

fidelidade com o suserano. Este cedia terras em

troca de mais poder e um aumento no contingente

de seu exército. O que, na prática, não significava

que ele possuía poder sobre os outros feudos uma

vez que o poder era descentralizado.

A Igreja nesse período assume a posição de único

poder centralizado. Aliás, a que se considerar a

enorme importância da Igreja na sociedade feudal

uma vez que naquela época toda a formação

moral, social e ideológica era fortemente

influenciada pelo clero.

O fim do sistema feudal costuma ser delimitado

pela queda do Império Romano do Oriente (Queda

de Constantinopla) no século XV e, na Europa

deveu-se a diversos motivos econômicos, sociais,

políticos e religiosos. Dentre eles podemos

destacar a fome ocasionada pela estagnação das

técnicas agrícolas aliada ao crescimento

excessivo da população; a peste que assolou a

Europa dizimando um terço da população já

bastante debilitada pela fome; o esgotamento das

reservas minerais que abalou a produção de

moedas afetando inevitavelmente as operações

bancárias e o comércio; a ascensão da burguesia

e a crise religiosa ocasionada pela necessidade de

uma nova filosofia religiosa e novas necessidades

espirituais.

O RENASCIMENTO CULTURAL

Características do Renascimento Cultural:

O Renascimento ocorreu, em maior ou menor

grau, em várias regiões da Europa, várias regiões

da Europa. Começou na Itália e expandiu-se para

a França, Alemanha, Inglaterra, Espanha,

Portugal e Holanda.

Apesar das diversidades regionais, observamos

características comuns e fundamentais do

Renascimento, que veremos a seguir.

Retomada da cultura clássica:

Denominamos de cultura clássica o conjunto de

obras literárias, filosóficas históricas e de artes

plásticas produzidas pelos gregos e pelos

romanos na Idade Antiga. Os pensadores do

Renascimento queriam, acima de tudo, conhecer,

estudar e aprender os textos da cultua clássica,

vistos como portadores de reflexões e

conhecimentos que mereciam ser recuperados. É

importante salientar que a retomada dos textos da

cultura greco-romana teve como objetivo o

conhecimento de outras formas de pensar, não

para copiá-las, mas sim para refletir sobre elas,

entro do contexto próprio da passagem da Idade

Média para a Idade Moderna.

O pensamento renascentista originou-se da

articulação entre os valores culturais presentes

nos textos antigos e aqueles herdados do

pensamento medieval católico.

O homem é a medida de todas as coisas:

Talvez a mais marcante característica do

Renascimento tenha sido a valorização do ser

humano. O humanismo (ou antropocentrismo,

como é chamado com frequência) colocou a

pessoa humana no centro das reflexões. Não se

trata de opor o homem a Deus e medir forças.

Deus continuou soberano diante do ser humano.

Tratava-se, na verdade, de valorizar as pessoas

em si, encontrar nelas as qualidades e as virtudes

negadas pelo pensamento católico medieval.

O ideal de universalidade:

Os renascentistas acreditavam que uma pessoa

poderia vir a aprender e a saber tudo o que se

conhece. Seu ideal de ser humano era, portanto,

aquele que conhecia todas as artes e todas as

ciências. Leonardo da Vinci foi considerado, por

essa razão, o modelo do homem renascentista,

pois dominava várias ciências e artes plásticas.

Ele conhecia Astronomia, Mecânica, Anatomia,

fazia os mais variados experimentos, projetou

inúmeras máquinas e deixou um grande número

de obras-primas pintadas e esculpidas. Da Vinci

foi a pessoa que mais conseguiu se aproximar do

ideal de universalidade.

A valorização da razão e da natureza

O Renascimento foi marcado pelo racionalismo,

que se traduziu na adoção de métodos

experimentais e de observação da natureza.

Por essas preocupações e valores, os pensadores

e escritores do Renascimento eram conhecidos

como humanistas.

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Resumo dos fundamentos do Renascimento:

O Renascimento significou uma nova arte, novas

mentalidades e foras de ver, pensar e representar

o mundo e os humanos.

Principais características do Renascimento:

a) antropocentrismo (o homem como centro do

universo): valorização do homem como ser

racional e como a mais bela e perfeita obra da

natureza;

b) otimismo: os renascentistas tinham uma atitude

positiva diante do mundo – acreditavam no

progresso e na capacidade humana e apreciavam

a beleza do mundo tentando captá-la em suas

obras de arte;

c) racionalismo: contrapondo à cultura medieval,

que era baseada na autoridade divina, os

renascentistas valorizavam a razão humana como

base do conhecimento. O saber como fruto da

observação e da experiência das leis que

governam o mundo;

d) humanismo: os humanistas eram estudiosos,

sábios e filósofos, que traduziam e estudavam os

textos clássicos greco-romanos. Os

conhecimentos dos humanistas eram abrangentes

e universais, versando sobre diversas áreas do

saber humano. Com base nesses estudos,

fundamentou-se à valorização do espírito humano,

das capacidades, das potencialidades e das

diversidades dos seres humanos;

e) hedonismo: valorização dos prazeres

sensoriais, carnais e materiais, contrapondo-se a

ideia medieval de sofrimento e resignação.

Expressão cultural na Renascença

A arte da Renascença também se caracterizou

pelo humanismo, naturalismo e realismo na

representação de seres e por uma grande

preocupação com a racionalidade, o equilíbrio, a

simetria e a objetividade, tanto na arquitetura,

pintura e escultura quanto na literatura. A música

passou a explorar, cada vez mais, temas não-

religiosos e a utilização da técnica do contraponto

deu maior liberdade de criação os compositores.

Sem abandonar a fé e a religião, o renascentista

não se sentia submetido, mas inspirado e

iluminado por elas. Ao contrário do que acontecia

na Idade Média, a ciência e a filosofia tornaram-se

campos diferenciados. Os estudos científicos

valiam-se da indução, da observação da

experimentação, buscando explicação naturais

enquanto o pensamento filosófico buscava

entender a natureza e todas as possibilidades do

conhecimento humano.

REFORMA E CONTRA-REFORMA

A Igreja Católica vinha perdendo prestigio desde o

final da Idade Média, sendo o alvo favorito das

críticas sociais, pois era grande o

descontentamento com as desigualdades sociais,

apesar do Renascimento ter cultivado novos

valores.

Diversos cristãos passaram a condenar

energicamente uma serie de abusos e de

corrupções que vinham sendo praticados.

Despejavam-se ataques contra o comportamento

imoral dos sacerdotes, contra o clima de

corrupção existente entre o clero, contra o

comércio de relíquias sagradas (objetos pessoais

dos santos, espinhos da coroa de cristo); bem

como a venda de indulgencias (mediante certo

pagamento os fiéis poderiam comprar a própria

salvação).

Por outro lado, a Igreja insistia em se apresentar

como instituição universal que unia o mundo

cristão. Essa noção de universalidade foi

perdendo força, pois crescia o sentimento

nacionalista, que surgiu com o fortalecimento das

monarquias nacionais. Os reis passaram a

encarar a igreja, que tinha sede do Vaticano e

falavam Latim, como entidade estrangeira que

interferia em seus países.

Todo esse processo de crítica contra a Igreja

católica desencadeou um movimento de

rompimento religioso: a Reforma Protestante do

século VXI. Foi essa reforma que quebrou a

unidade cristã.

LUTERANISMO

Martinho Lutero (1483 – 1546)

Nascido na Alemanha, estudou teologia na

Universidade de Frankfurt e tornou-se monge

agostiniano. Revoltado com a veda de

indulgencias, Lutero afixou nas portas da Igreja de

Winttenberg, Alemanha, um manifesto público (95

teses), em que criticava e denunciava os abusos

da Igreja católica e também expunha os elementos

de sua doutrina. Essa atitude provocou um conflito

com o papa Leão X que, para punir Lutero o

excomungou. Para demonstrar firmeza e descaso

com a igreja católica, Lutero queimou em praça

pública a bula papal que o condenava.

Apesar das perseguições do papa e do Imperador

Carlos V, Lutero conseguiu apoio junto aos

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príncipes alemães e sob proteção, traduziu a

Bíblia para o Alemão popular e escreveu os

preceitos de uma nova Igreja: a Igreja protestante.

Os ensinamentos de Lutero baseiam-se em dois

grandes princípios:

1- A Bíblia é a única fonte da verdade

religiosa;

2- Só a fé salva; a pratica religiosa não

interfere na salvação do indivíduo.

Lutero também decretou o fim da veneração dos

santos e da Virgem Maria. Em seu lugar, propôs a

meditação e a leitura das sagradas escrituras que

podiam ser livremente interpretadas,

possibilitando dessa forma novas religiões como

Calvinismo e o Anglicanismo.

CALVINISMO

João Calvino (1509 – 1564)

Nasceu em Noyon, na França, e desenvolveu

nesse país seus estudos de Teologia e de Direito.

Influenciado por Guilherme Farel, aderiu as ideias

protestantes.

Algumas de suas ideias divergiam de Lutero.

Enquanto este criticava os hábitos burgueses,

atribuindo a corrupção da Igreja Católica ao fato

de a burguesia ter instaurado a prática do

comércio, Calvino, como vivia em grande centro

comercial, apoiava a prática burguês, embora

criticasse os abusos da Igreja. Acreditava-se que

o ser humano estava predestinado a merecer o

céu ou inferno. O sinal da salvação do homem

estava no enriquecimento, pois, o homem

trabalhando, se conseguisse alcançar sucesso e

poupar dinheiro, estaria tendo um sinal de Deus e

estaria salvo.

Além da Suíça, outros países aderiram ao

Calvinismo, como França (Huguenotes), Inglaterra

(puritanos), Escócia (presbiterianos), e na

Holanda.

ANGLICANISMO

Henrique VIII (1509 – 1547)

Rei da Inglaterra, tinha sido um fiel aliado do papa.

Porém uma série de questões políticas e

econômicas o levaram a romper com a Igreja

Católica e a fundar, na Inglaterra, a Igreja

anglicana.

Henrique VIII, já casado com Catarina de Aragão,

não possuía um com ela um filho homem, o qual

pudesse sucede-lo ao trono. Com isso pediu ao

papa a anulação de seu casamento para casar-se

então com Ana Bolena. Porém o papa Clemente

VIII não aceitou o pedido. O rei então, por meio de

juízes rompe seu casamento, e se casa com Ana

Bolena, levando-o a ser excomungado pelo papa,

e por consequência seu rompimento com a igreja

Católica.

O Parlamento Inglês aprovou, em 1534, o “Ato de

Supremacia” pelo qual o rei Henrique VIII seria

agora o chefe supremo da Igreja e dono de todos

os bens. Senso assim, surgia a nova Igreja

Anglicana, o que não significou profundas

mudanças em torno das doutrinas e cultos em

relação a igreja católica, modificando em suma o

líder supremo.

CONTRA-REFORMA

Seus principais líderes foram os papas

Paulo III (1534-1559), Pio V (1566-1572) e Xisto V

(1585-1590).

As medidas de moralização e

reorganização da Igreja

Todo um conjunto de medidas foi colocado

em prática pelos líderes da Contra-Reforma, tendo

em vista deter o avanço do protestantismo. Entre

essas medidas, destaca-se a aprovação da

Ordem dos Jesuítas, a convocação do Concílio de

Trento e o restabelecimento da Inquisição.

A OREDEM DOS JESUITAS

No ano de 1540, o papa Paulo III aprovou a

criação da Ordem dos Jesuítas ou Companhia de

Jesus, que tinha sido fundada pelo militar

espanhol Inácio de Loyola, em 1534.

Inspirando-se na estrutura militar, os jesuítas

consideravam-se os soldados da igreja, sua tropa

de elite, cuja missão era combater a expansão do

protestantismo. Entretanto, o combate deveria ser

travado com as armas do espírito, e para isso

Inácio de Loyola escreveu um livro básico,

chamado os exercícios espirituais, em que se

propunha a programar a conversão do indivíduo

ao catolicismo, mediante técnicas de

contemplação.

A criação de escolas religiosas foi um dos

principais instrumentos da estratégia dos jesuítas.

Outra arma utilizada foi à catequese dos não-

cristãos, isto é, os jesuítas empenharam-se em

converter ao catolicismo os povos dos continentes

recém-descobertos. O objetivo era expandir o

domínio católico para os demais continentes.

O CONCILIO DE TRENTO

No ano de 1545, o papa Paulo III convocou

um concílio, cujas primeiras reuniões foram

realizadas na cidade de Trento, na Itália. Ao final

dos longos anos de trabalho, terminados em 1563,

o concílio apresentou um conjunto de decisões

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destinadas a garantir a unidade da fé católica e a

disciplina eclesiástica.

Reagindo às idéias protestantes, o Concílio

de Trento reafirmou diversos pontos da doutrina

católica, como, por exemplo:

Salvação humana - depende da fé e das boas

obras humanas. Rejeitava-se, portanto, a

doutrina da predestinação.

Fonte de fé – o dogma religioso tem como

fonte a Bíblia, cabendo à Igreja dar-lhe a

interpretação correta, e a tradição religiosa,

conservada pela Igreja e transmitida às novas

gerações. O papa reafirmava sua posição de

sucessor de Pedro, a quem Jesus Cristo

confiou a construção da sua Igreja.

A missa e a presença de Cristo – a igreja

reafirmou que no ato da eucaristia ocorria a

presença real de Jesus no pão e no vinho.

Essa presença real de Cristo era rejeitada

pelos protestantes.

O Concílio de Trento determinou, ainda, a

elaboração de um catecismo com os pontos

fundamentais da doutrina católica, a criação de

seminários para a formação dos sacerdotes e a

manutenção do celibato sacerdotal.

A INQUISIÇÃO

No ano de 1231 a Igreja católica havia criado os

tribunais da Inquisição, que, com o tempo,

reduziram suas atividades em diversos países.

Entretanto, com o avanço do protestantismo, a

Igreja decidiu reativar, em meados do século XVI,

o funcionamento da inquisição, que se

encarregou, por exemplo, de organizar uma lista

de livres proibidos aos católicos, o Index librorum

prohibitorum. Uma das primeiras relações de livros

proibidos foi publicada em 1564.

ABSOLUTISMO – MERCANTILISMO

O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO

CONCEITO: Entende-se por Absolutismo, o

processo de centralização política nas mãos do

rei. É resultado da evolução política das

Monarquias Nacionais, surgidas na Baixa Idade

Média; fruto da aliança rei - burguesia.

FATORES DO ABSOLUTISMO

1) Aliança rei - burguesia:

A burguesia possuía um interesse econômico na

centralização do poder político: a padronização

monetária, dos pesos e medidas. Adoção de

mecanismos protecionistas, garantindo a

expansão das atividades comerciais; a adoção de

incentivos comerciais contribuía para o

enfraquecimento da nobreza feudal e este

enfraquecimento- em contrapartida- garantia a

supremacia política do rei.

2) Reformas Religiosas:

A decadência da Igreja Católica e a falência do

poder papal contribuíram para o fortalecimento do

poder real.

Durante a Idade Média, o poder estava dividido em

três esferas:

- poder local, exercido pela nobreza medieval;

- poder nacional, exercido pela Monarquia;

- poder universal, exercido pelo Papado.

Assim, o processo de aliança rei - burguesia

auxiliou no enfraquecimento do poder local; as

reformas religiosas minaram o poder universal

colaborando para a consolidação do poder real.

3) Elementos Culturais:

O desenvolvimento do estudo de Direito nas

universidades e a preocupação em legitimar o

poder real. O Renascimento Cultural contribuiu

para um retorno ao Direito Romano.

MECANISMOS DO ABSOLUTISMO

MONÁRQUICO

A) Criação de um Exército Nacional: Instrumento

principal do processo de centralização política.

Formado por mercenários, com a intenção de

enfraquecer a nobreza e não armar os

camponeses.

B) Controle do Legislativo: Todas as decisões do

reino estavam controladas diretamente pelo rei,

que possuía o direito de criar as leis.

C) Controle sobre a Justiça: Criação do Tribunal

Real, sendo superior aos tribunais locais

(controlados pelo senhor feudal).

D) Controle sobre as Finanças: intervenção na

economia, mediante o monopólio da cunhagem de

moedas, da padronização monetária, a cobrança

de impostos, da criação de Companhias de

Comércio e a imposição dos monopólios.

E) Burocracia Estatal: corpo de funcionários que

auxilia na administração das obras públicas,

fortalecimento o controle do Estado e

consequentemente o poder real.

TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO MONÁRQUICO

Nicolau Maquiavel (1469/1525) - Responsável

pela secularização da política, ou seja, ele supera

a relação entre ética cristã e política. Esta

superação fica clara na tese de sua principal obra,

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O Príncipe - segundo a qual "os fins justificam os

meios".

Maquiavel subordina o indivíduo ao Estado,

tornando-se assim no primeiro defensor do

absolutismo.

Thomas Hobbes (1588/1679) - Seu pensamento

está centrado em explicar as origens do Estado.

De acordo com Hobbes, o homem em seu estado

de natureza é egoísta. Este egoísmo gera

prejuízos para todos.

Procurando a sociabilidade, os homens

estabelecem um pacto: abdica de seus direitos em

favor do soberano, que passa a ter o poder

absoluto. Assim, o estado surge de um contrato.

A ideia de contrato denota características

burguesas, demonstrando uma visão

individualista do homem (o indivíduo preexiste ao

Estado) e o pacto busca garantir e manter os

interesses dos indivíduos.

A obra principal de Hobbes é "Leviatã".

Jacques Bossuet (1627/1704) e Jean Bodin

(1530/1596) - Defensores da ideia de que a

autoridade real era concedia por Deus.

Desenvolvimento da doutrina do absolutismo de

direito divino – o rei seria um representante de

Deus e os súditos lhe devem total obediência.

Absolutismo na península Ibérica

PORTUGAL: Primeiro país a organizar o Estado

Moderno. Centralização política precoce em

virtude da Guerra de Reconquista cristãos contra

muçulmanos.

A centralização do Estado Português ocorreu em

1385, com a Revolução de Avis, onde o Mestre da

Ordem de Avis (D.João), com o apoio da

burguesia mercantil consolidou o centralismo

político.

ESPANHA: O processo de centralização na

Espanha também está relacionado com a Guerra

de Reconquista e foi fruto de uma aliança entre o

Reino de Castela e o Reino de Aragão, em 1469 e

consolidado em 1492 - com a expulsão definitiva

dos mouros da península.

Absolutismo na França

A consolidação do absolutismo francês está

relacionada com a Guerra dos Cem Anos:

enfraquecimento da nobreza feudal e

fortalecimento do poder real. A principal dinastia

do absolutismo francês foi a dos Bourbons:

Henrique IV (1593/1610) - precisou abandonar o

protestantismo para ocupar o trono real.

Responsável pelo Édito de Nantes (1598) que

concedeu liberdade religiosa aos protestantes.

Luís XIII (1610/1643) - Em seu reinado, destaque

para a atuação de seu primeiro-ministro o cardeal

Richelieu. A política de Richelieu visava dois

grandes objetivos: a consolidação do absolutismo

monárquico na França e estabelecer, no plano

externo, a supremacia francesa na Europa. Para

conseguir este último objetivo, Richelieu envolveu

a França na guerra dos Trinta Anos (1618/1648),

contra a os Habsburgos austríacos e espanhóis.

Luís XIV (1643/1715) - O exemplo máximo do

absolutismo francês, denominado o "rei-sol".

Organizou a administração do reino para melhor

controle de todos os assuntos. Governava através

de decretos e submeteu a nobreza feudal e a

burguesia mercantil.

Levou ao extremo a ideia do absolutismo de direito

divino.

Um dos principais nomes de seu governo foi o

ministro Colbert, responsável pelas finanças e dos

assuntos econômicos.

A partir de seu reinado a França inicia uma crise

financeira, em razão das sucessivas guerras

empreendidas por Luís XIV. A crise será

acentuada com o Édito de Fontainebleau, decreto

real que revogou o Édito de Nantes. Com isto,

muitos protestantes abandonam a França,

contribuindo para uma diminuição na arrecadação

de impostos. A crise do absolutismo prossegue no

reinado de Luís XV e atingirá o a ápice com Luís

XVI e o processo da Revolução Francesa.

Absolutismo na Inglaterra

O apogeu do absolutismo inglês deu-se com a

Dinastia Tudor, família que ocupa o poder após a

Guerra das Duas Rosas:

Henrique VIII (1509/1547) - Empreendeu a

Reforma Anglicana, após o Ato de Supremacia

(1534). Com a reforma, o Estado controla as

propriedades eclesiásticas impulsionando a

expansão comercial inglesa.

Elizabeth I (1558/1603) - Implantou

definitivamente o anglicanismo, mediante uma

violenta perseguição aos católicos e aos

protestantes.

Iniciou uma política naval e colonial - caracterizada

pela destruição da Invencível Armada espanhola e

a fundação da primeira colônia inglesa na América

do Norte - Virgínia (1584).

Em seu reinado a Inglaterra realiza uma grande

expansão comercial, com a formação de

Companhias de Comércio e fortalecendo a

burguesia.

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Com a morte de Elizabeth I (1603), inicia-se uma

nova dinastia - Stuart - marcada pela crise do

absolutismo inglês.

O MERCANTILISMO

CONCEITO: Política econômica do Estado

Moderno baseada no acúmulo de capitais.

A acumulação de capitais dá-se pela atividade

comercial, daí o mercantilismo apresentar uma

série de práticas para o desenvolvimento das

práticas comerciais.

OBJETIVOS: A intervenção do estado nos

assuntos econômicos visava o fortalecimento do

Estado e o Enriquecimento da burguesia.

PRÁTICAS MERCANTILISTAS

Para conseguir o acúmulo de capitais, a política

mercantilista apresentará os seguintes elementos:

Balança comercial favorável: medida que visava a

evasão monetária. A exportação maior que a

importação auxiliava a manter as reservas de

ouro.

Metalismo (bulionismo): necessidade de acumular

metais preciosos (ouro e prata).

Intervencionismo estatal: forte intervenção do

Estado na economia, com o intuito de desenvolver

a produção agrícola, comercial e industrial. O

Estado passa a adotar medidas de caráter

protecionista - estimular a exportação e inibir a

importação, impondo pesadas tarifas

alfandegárias.

Monopólios: elemento essencial do protecionismo

econômico. O Estado garante o exclusivismo

comercial sobre um determinado produto e/ou

uma determinada área.

TIPOS DE MERCANTILISMO

Cada Estado Moderno buscará a acumulação de

capitais obedecendo suas próprias

especificidades.

PORTUGAL: Mercantilismo agrário, o acúmulo de

capitais virá da atividade agrícola na colônia

(Brasil).

ESPANHA: Metalismo, em razão da grande

quantidade de ouro e prata da América. O grande

afluxo de metais trouxe uma alta dos preços das

mercadorias e desencadeou uma enorme inflação.

Este processo é conhecido como revolução dos

preços.

FRANÇA: Produção de artigos de luxo para a

exportação. Também conhecido como

colbertismo, por causa do ministro Jean Colbert.

INGLATERRA: Num primeiro momento, a

Inglaterra consegue acúmulo de capitais através

do comércio, principalmente após o Ato de

Navegação de 1651. O grande desenvolvimento

comercial vai impulsionar a indústria. Esta última

se tornará na atividade principal para a Inglaterra

conseguir o acúmulo de capitais.

HOLANDA: desenvolve o mercantilismo misto, ou

seja, comercial e industrial.

MERCANTILISMO E FORMAÇÃO DO SISTEMA

COLONIAL

A principal dificuldade do mercantilismo residia na

necessidade que todos os países tinham de

manter uma balança comercial favorável, ou seja,

todos queriam exportar, porém nenhum gostava

de importar. Para solucionar este problema e que

será montado o Sistema Colonial. As áreas

coloniais, mediante o denominado pacto colonial,

auxiliavam a Europa no processo de acumulação

de capitais ao vender – a preços muito baixos -

matéria-prima e comprar - a preços elevados, os

produtos manufaturados.

CONSEQUÊNCIAS

O processo de acúmulo de capitais, impulsionado

o capitalismo;

A formação do Sistema Colonial Tradicional

(séculos XVI/XVIII);

O desenvolvimento do escravismo moderno, onde

o escravo é visto como mão-de-obra e mercadoria.

EXPANSÃO MARITIMA EUROPEIA

A expansão marítima europeia, processo histórico

ocorrido entre os séculos XV e XVII, contribuiu

para que a Europa superasse a crise dos séculos

XIV e XV.

Através das Grandes Navegações há uma

expansão das atividades comerciais, contribuindo

para o processo de acumulação de capitais na

Europa.

O contato comercial entre todas as partes do

mundo (Europa, Ásia, África e América) torna

possível uma história em escala mundial,

favorecendo uma ampliação dos conhecimento

geográficos e o contato entre culturas diferentes.

Fatores para a Expansão Marítima

A expansão marítima teve um nítido caráter

comercial, daí definir este processo como uma

empresa comercial de navegação, ou como

grandes empreendimentos marítimos.

Para o sucesso desta atividade comercial o fator

essencial foi a formação do Estado Nacional.

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Formação do Estado Nacional e a

centralização política: as Grandes Navegações

só foram possíveis com a centralização do poder

político, pois fazia-se necessário uma complexa

estrutura material de navios, armas, homens,

recursos financeiros. A aliança rei-burguesia

possibilitou o alcance destes objetivos tornando

viável a expansão marítima.

Avanços técnicos na arte náutica: o

aprimoramento dos conhecimentos geográficos,

graças ao desenvolvimento da cartografia; o

desenvolvimento de instrumentos náuticos-

bússola, astrolábio, sextante - e a construção de

embarcações capazes de realizar viagens a longa

distância, como as naus e as caravelas.

Interesses econômicos: a necessidade de

ampliar a produção de alimentos, em virtude da

retomada do crescimento demográfico; a

necessidade de metais preciosos para suprir a

escassez de moedas; romper o monopólio

exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo -

que contribuía para o encarecimento das

mercadorias vindas do Oriente; tomada de

Constantinopla, pelos turcos otomanos,

encarecendo ainda mais os produtos do Oriente.

Sociais: o enfraquecimento da nobreza feudal e o

fortalecimento da burguesia mercantil.

Religiosos- a possibilidade de conversão dos

pagãos ao cristianismo mediante a ação

missionária da Igreja Católica.

Expansão marítima portuguesa

Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão

marítima. Além da posição geográfica, de uma

situação de paz interna e da presença de uma

forte burguesia mercantil; o pioneirismo português

é explicado pela sua centralização política que,

como vimos, era condição primordial para as

Grandes Navegações.

A formação do Estado Nacional português está

relacionada à Guerra de Reconquista - luta entre

cristãos e muçulmanos na península Ibérica.

A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de

Borgonha (a partir de 1143) caracterizada pelo

processo de expansão territorial interna.

Entre os anos de 1383 e 1385 o Reino de Portugal

conhece um movimento político denominado

Revolução de Avis - movimento que realiza a

centralização do poder político: aliança entre a

burguesia mercantil lusitana com o mestre da

Ordem de Avis, D. João. A Dinastia de Avis é

caracterizada pela expansão externa de Portugal:

a expansão marítima.

Etapas da expansão

A expansão marítima portuguesa interessava à

Monarquia, que buscava seu fortalecimento; à

nobreza, interessada em conquista de terras; à

Igreja Católica e a possibilidade de cristianizar

outros povos e a burguesia mercantil, desejosa de

ampliar seus lucros.

A seguir, as principais etapas da expansão de

Portugal:

1415 - tomada de Ceuta, importante entreposto

comercial no norte da África;

1420 - ocupação das ilhas da Madeira e Açores no

Atlântico;

1434 - chegada ao Cabo Bojador;

1445 - chegada ao Cabo Verde;

1487 - Bartolomeu Dias e a transposição do Cabo

das Tormentas;

1498 - Vasco da Gama atinge as Índias (Calicute);

1499 - viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

Expansão marítima espanhola

A Espanha será um Estado Nacional somente em

1469, com o casamento de Isabel de Castela e

Fernando de Aragão. Dois importantes reinos

cristãos que enfrentaram os mouros na Guerra de

Reconquista.

No ano de 1492 o último reduto mouro - Granada

– foi conquistado pelos cristãos; neste mesmo

ano, Cristóvão Colombo ofereceu seus serviços

aos reis da Espanha.

Colombo acreditava que, navegando para oeste,

atingiria o Oriente. O navegante recebeu três

navios e, sem saber chegou a um novo continente:

a América.

A seguir a principais etapas da expansão

espanhola:

1492 - chegada de Colombo a um novo

continente, a América;

1504 - Américo Vespúcio afirma que a terra

descoberta por Colombo era um novo continente;

1519 a 1522 - Fernão de Magalhães realizou a

primeira viagem de circunavegação do globo.

As rivalidades Ibéricas

Portugal e Espanha, buscando evitar conflitos

sobre os territórios descobertos ou a descobrir,

resolveram assinar um acordo – proposto pelo

papa Alexandre VI - em 1493: um meridiano

passando 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo

Verde, dividindo as terras entre Portugal e

Espanha. Portugal não aceitou o acordo e no ano

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de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas. O

tratado de Tordesilhas não foi reconhecido pelas

demais nações europeias.

NAVEGAÇÕES TARDIAS

Inglaterra, França e Holanda

O atraso na centralização política justifica o atraso

destas nações na expansão marítima:

A Inglaterra e França envolveram-se na Guerra

dos Cem Anos (1337-1453) e, após este longo

conflito, a Inglaterra passa por uma guerra civil - a

Guerra das Duas Rosas (1455-1485); já a França,

no final do conflito com a Inglaterra enfrenta um

período de lutas no reinado de Luís XI (1461-

1483).

Somente após estes conflitos internos é que

ingleses, durante o reinado de Elizabeth I (1558-

1603); e franceses, durante o reinado de

Francisco I iniciaram a expansão marítima.

A Holanda tem seu processo de centralização

política atrasado por ser um feudo espanhol.

Somente com o enfraquecimento da Espanha e

com o processo de sua independência é que os

holandeses iniciarão a expansão marítima.

CONSEQUÊNCIAS

As Grandes navegações contribuíram para uma

radical transformação da visão da história da

humanidade. Houve uma ampliação do

conhecimento humano sobre a geografia da Terra

e uma verdadeira Revolução Comercial, a partir da

unificação dos mercados europeus, asiáticos,

africanos e americanos.

A seguir algumas das principais mudanças:

A decadência das cidades italianas; a mudança do

eixo econômico do mar Mediterrâneo para o

oceano Atlântico; a formação do Sistema Colonial;

enorme afluxo de metais para a Europa

proveniente da América; o retorno do escravismo

em moldes capitalistas; o euro centrismo, ou a

hegemonia europeia sobre o mundo; e o processo

de acumulação primitiva de capitais resultado na

organização da formação social do capitalismo.

SISTEMA COLONIAL

O chamado Sistema Colonial Tradicional

desenvolveu-se, na América, entre os séculos XVI

e XVIII. Sua formação está intimamente ligada às

Grandes Navegações e seu funcionamento

obedece aos princípios do Mercantilismo.

Como vimos, o Estado Moderno, através das

práticas mercantilistas, buscava o acúmulo de

capitais e as colônias irão contribuir de forma

decisiva para este processo. Assim, através da

exploração colonial os Estados Metropolitanos se

enriquecem- como também sua burguesia.

O Sistema Colonial Tradicional conheceu dois

tipos de colônias: a colônia de povoamento e a

colônia de exploração.

COLÔNIA DE POVOAMENTO:

Característica das zonas temperadas da América

do Norte e marcada por uma organização

econômico-social que buscava manter

semelhanças com suas origens europeias:

predomínio da pequena propriedade,

desenvolvimento do mercado interno, certo

desenvolvimento urbano, valorização dos

princípios de liberdade (religiosa, econômica, de

imprensa), utilização do trabalho livre,

desenvolvimento industrial e desenvolvimento do

comércio externo.

COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO:

Típica das zonas tropicais da América, onde

predomina a agricultura tropical escravista e

monocultora. Não houve desenvolvimento de

núcleos urbanos nem do mercado interno, ficando

esta área dependente da Metrópole. A principal

característica desta área foi a Plantation-

latifúndio, monocultor escravocrata.

A colonização inglesa na América do Norte

apresentou as duas formas colônias. As treze

colônias inglesas podem assim ser divididas: as

colônias do Norte e do centro serão colônias de

povoamento; as colônias do Sul serão colônias de

exploração.

As colônias do Norte tiveram suas origens nas

lutas sociais que ocorreram na Inglaterra, quais

sejam, as perseguições aos puritanos pela

Dinastia Stuart (1603/1642). Com a Revolução

Puritana (1640/1660) o contingente que chega à

colônia é basicamente formado por nobres

aristocráticos.

Desde cedo, os colonos do Norte demonstram sua

vocação comercial, dinamizando o mercado

externo através do chamado "comércio triangular".

Aspectos da economia colonial

Uma economia colonial, área de exploração vai

apresentar os seguintes elementos:

Economia complementar e especializada: a

principal função de uma colônia era complementar

a economia metropolitana, produzindo artigos que

pudessem ser vendidos a altos preços no mercado

europeu; daí sua especialização em certos

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gêneros tropicais, como tabaco, algodão e cana-

de-açúcar.

Integrada ao capitalismo: a economia colonial

atendia os interesses do capitalismo europeu. A

utilização da mão-de-obra escrava não representa

um paradoxo, ao contrário, foi mais um elemento

utilizado para o processo de acumulação de

capitais. O tráfico negreiro era altamente lucrativo.

Pacto colonial: o elemento definidor das relações

entre Metrópole e colônia, foi o monopólio. Este

será implantado através do pacto colonial, onde a

colônia é obrigada a enviar para a Metrópole

matérias-primas (gêneros tropicais e metais

preciosos) e comprar da Metrópole artigos

manufaturados e escravos.

Através das relações coloniais, foi possível o

desenvolvimento pleno do capitalismo na Europa.

O objetivo máximo do mercantilismo – o acúmulo

de capitais - só foi possível em virtude da

existência de uma área extraterritorial auxiliando a

Europa em manter uma balança comercial

favorável.

A Revolução Inglesa

No século XVII, a Inglaterra foi revolvida por

grandes turbulências políticas, econômicas e

sociais. Trata-se da Revolução Inglesa, um

período de 50 anos de lutas, que representou o

embate das velhas estruturas feudais com as

novas forças do capitalismo em expansão. Alo

final, essa primeira revolução burguesa da Europa

pôs fim ao Estado absolutista e abriu caminho

para o avanço industrial inglês.

A Inglaterra absolutista do século XVII: As

condições que levaram à onda

revolucionária

Durante o século XVII, a Inglaterra viveu um

período de turbulência revolucionária, fruto do

conflito entre certas estruturas feudais, ainda

vigentes no país, e as novas forças do capitalismo

em expansão. Denomina-se Revolução Inglesa o

conjunto desses acontecimentos.

O papel da Revolução inglesa

Os conflitos político-sociais do século XVII

foram o meio pelo qual a Inglaterra rompeu

definitivamente com o que restava do sistema

feudal, promovendo o capitalismo com medidas

como a transformação da estrutura agrária, a

modificação das relações trabalhistas no campo, o

aperfeiçoamento da técnica de produção etc.

No plano meramente político, podemos dizer

que a Inglaterra promoveu a substituição do

Estado absolutista pelo Estado liberal-capitalista,

no qual havia três poderes distintos: o Executivo,

o Legislativo e o judiciário.

A Revolução Inglesa foi a primeira revolução

burguesa da Europa ocidental. Antecipou em 150

anos a Revolução Francesa. Representou a

destruição do Estado absolutista e a criação de

condições para o avanço do capitalismo industrial

na Inglaterra. Desse ponto de vista, a Revolução

Inglesa e a Revolução Industrial representam duas

faces de uma mesma moeda.

Organização econômica

A situação econômica da Inglaterra no

século XVII variava bastante, conforme a região

do país.

A norte e a oeste ainda predominava uma

estrutura agrária do tipo feudal, embora já viesse

sofrendo um processo de transformação com o

rompimento das relações servis e o

assalariamento da mão-de-obra camponesa.

A sul e a leste encontravam-se grandes

transformações do ponto de vista agrário, havendo

fazendas do tipo capitalista, bem como uma

indústria artesanal e manufatureira voltada para a

produção de mercado.

Nos grandes centros urbanos ingleses,

desenvolveram-se as sociedades de

comerciantes dedicadas ao comércio

internacional e interno, bem como uma indústria

artesanal.

Organização social

De acordo com a região econômica do país

predominava uma classe social. Na região

conservadora do norte e do oeste inglês,

predominava a nobreza tradicional, zelosa de seus

direitos feudais.

Na região do sul e do leste, predominava

uma aristocracia em transformação, constituída,

em geral, por proprietários agrários que viviam da

exploração dessas terras, nos moldes capitalistas.

Essa classe, conhecida como gentry, foi

responsável pela liderança do processo

revolucionário inglês do século XVII. É preciso

esclarecer que a gentry não era necessariamente

aristocrática, pois dela faziam parte tanto nobres

decadentes como burgueses em ascensão.

Encontrava-se, também, mas regiões sul e leste,

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a classe dos pequenos posseiros (yomanry), que

constituiu a força social de massa que impulsionou

o processo revolucionário.

Nos centros urbanos predominava a

burguesia financeira, detentora de monopólios

concedidos pela monarquia. Encontravam-se,

também, outros importantes segmentos sociais: a

burguesia comercial, os mestres das corporações

de ofícios, os mestres dos centros manufatureiros

e o proletariado marginal.

Organização política e religiosa

A dinastia dos Tudor, que governava a

Inglaterra no século XVI, exerceu um

absolutismo de fato, sem a oposição da

burguesia, pois realizava uma série de ações

administrativas que correspondiam aos anseios

burgueses. Entre essas ações, podemos

mencionar: a centralização do poder como

garantia da ordem social; a uniformização das

moedas, dos pesos e das tarifas alfandegárias; e

a permissão à atividade dos corsários, que

colaboraram para a expansão comercial marítima

inglesa.

Durante esse período, a Igreja anglicana,

embora mantendo a forma ritual católica

(hierarquia episcopal, liturgia), dava ênfase ao

conteúdo calvinista, pois a ética protestante era

mais compatível com a moral do capitalismo.

No século XVII, a dinastia dos Stuart

pretendeu transformar o absolutismo de fato em

absolutismo de direito, isto é, plenamente

reconhecido em termos jurídicos. A monarquia

buscava, desse modo, uma legitimação de seus

poderes absolutistas, pois entra em grave choque

com o parlamento inglês, dominado pela

burguesia puritana, que defendia limitações

jurídicas para o poder real.

Para preservar seus poderes, a monarquia

inglesa utilizou-se da política religiosa, passando

a valorizar, no anglicanismo, a forma litúrgica

católica (por meio de uma legislação rigorosa), em

vez do conteúdo calvinista puritano. Promovendo

essa valorização do rito católico em detrimento do

conteúdo protestante, a monarquia buscava apoio

na aristocracia tradicional católica.

Em 1628, o parlamento proclamou, através

da Petição de Direitos, que o rei não poderia criar

impostos, convocar o exército ou prender pessoas

sem o prévio consentimento parlamentar. No ano

seguinte, Carlos I reagiu, dissolvendo o

parlamento e perseguindo os líderes políticos que

lhe faziam oposição.

Onze anos depois, em 1640, Carlos I viu-se

obrigado a reconvocar o parlamento, a fim de

conseguir recursos financeiros para combater uma

revolta escocesa contra seu governo. Uma vez

reunido, depois de alguns impasses, o parlamento

tomou novamente uma série de medidas que

desagradaram a Carlos I, entre elas a decretação

de uma lei proibindo o monarca de dissolver o

parlamento e tornando obrigatória a convocação

do órgão pelo menos uma vez a cada três anos.

Longas lutas: As etapas da primeira revolução

burguesa

Os sucessivos conflitos entre o rei e o

parlamento desencadearam a Revolução Inglesa,

que pode ser dividida em quatro etapas: guerra

civil (1642-1648); república de Cromwell (1649-

1658); restauração monárquica (1660-1688) e

Revolução Gloriosa (1688-1689).

Guerra civil ou Revolução Puritana

Carlos I revoltou-se contra as medidas

adotadas pelo parlamento. Ordenou, então, que

sua guarda invadisse aquele órgão e prendesse

seus principais líderes. Estes, por sua vez,

organizaram milícias para lutar contra as tropas do

rei. Iniciou-se, assim, uma sangrenta guerra civil.

Foi a chamada Revolução Puritana.

Nessa sociedade inglesa, dividida em

diversos segmentos sociais, havia complexas

relações de interesses coletivos que se traduziam

no posicionamento dos grupos, contrários à

monarquia ou contrários ao parlamento. De modo

geral, podemos alinhar entre os grupos favoráveis

à monarquia: a burguesia financeira, os mestres

das corporações e o alto clero anglicano. Entre os

grupos favoráveis ao parlamento podemos

relacionar: a burguesia mercantil, a gentry, os

mestres manufatureiros e os camponeses pobres.

As tropas do parlamento foram lideradas

pelo deputado puritano Oliver Cromwell, que

organizou um exército, cujos postos de comando

eram definidos pelo critério do merecimento

militar e não pela origem da família, como ocorria

no exército da nobreza.

República de Cromwell

Ao final da guerra civil, o exército do

parlamento venceu as tropas de Carlos I, que foi

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preso e condenado à morte, sendo decapitado em

30 de janeiro de 1649.

Instaurou-se, então, o regime republicano

sob a liderança de Oliver Cromwell, que governou

o país de 1649 a 1658.

Entre os principais acontecimentos

registrados nesse período, podemos destacar:

Unificação britânica e Ato de Navegação – Em

1651, Inglaterra, Irlanda e Escócia foram

unificadas numa só República, sob o comando

de Cromwell. Também foi assinado o Ato de

Navegação, determinado que todas as

mercadorias destinadas a entrar ou a sair dos

portos ingleses deveriam ser transportadas por

navios da Inglaterra. O Ato de Navegação tinha

como objetivo proporcionar o desenvolvimento

da marinha inglesa.

Guerra com os holandeses – o Ato de

Navegação prejudicou bastante os holandeses,

que tinham grande lucro com o transporte

marítimo de produtos coloniais para a Inglaterra.

A Holanda decidiu entrar em guerra contra a

Inglaterra (1652-1654), sendo, ao final, derrotada

pelos ingleses. Vitoriosos, a Inglaterra tornou-se

a maior potência naval do mundo.

A ditadura de Cromwell – Em 1653, Oliver

Cromwell assumiu o título de Lorde Protetor da

Comunidade Britânica. Seu cargo tornou-se

vitalício e hereditário. Em seguida, Cromwell

dissolveu o parlamento e passou a exercer um

governo ditatorial.

Em 1658, Cromwell morre. Para dar continuidade

ao governo republicano, assumi o poder seu filho

Ricardo.

Restauração monárquica

O filho de Oliver Cromwell, Ricardo,

conseguiu manter-se no governo por apenas oito

meses, de setembro de 1658 a maio de 1659, pois

não tinha a habilidade político-administrativa do

pai. A agitação novamente tomou conta do país, e

o parlamento, eleito em 1660, decidiu restaurar a

monarquia dos Stuarts, convidando Carlos II para

assumir o trono britânico. O rei, entretanto, deveria

ceder ao domínio do parlamento.

O período da restauração monárquica dos

Stuarts estendeu-se pelos reinados de Carlos II

(1660-1685) e de seu irmão Jaime (1685-1688).

Durante o reinado de Jaime II, surgiu forte

descontentamento da grande burguesia e da

nobreza anglicana em relação ao catolicismo do

rei e ao seu estilo autoritário de governo.

Revolução Gloriosa

Jaime II, que era católico, tomou uma série

de medidas contrariando o parlamento. Este,

temendo a volta do absolutismo, estabeleceu um

acordo com o príncipe holandês Guilherme de

Orange, casado com Maria Stuart, filha de Jaime

II. Pelo acordo, ofereceu-se a Guilherme o trono

inglês, com a condição de que ele respeitasse os

poderes do parlamento.

Iniciava-se, então, a Revolução Gloriosa

(1688-1689), que foi a luta entre as tropas de

Guilherme de Orange e as forças de Jaime II.

O rei inglês foi derrotado e Guilherme de

Orange e sua esposa Maria Stuart assumiram o

poder na Inglaterra, tendo, entretanto, que assinar,

em 1689, uma Declaração de Direitos (Bill of

Rights), que previa, por exemplo:

Aprovação de tributos pelo

parlamento;

Liberdade de imprensa;

Exército permanente;

Garantias para o livre exercício da

Justiça Pública.

No plano político, a Revolução Gloriosa marcou

o fim do absolutismo na Inglaterra. O poder do rei

passou a ser limitado pelo parlamento, e a

monarquia adquiriu um caráter constitucional.

No plano socioeconômico, a Revolução

Gloriosa selou um compromisso entre a burguesia

urbana e a nobreza proprietária de grandes terras,

cultivadas em moldes capitalistas, Unidas, essas

duas classes poderosas promoveram o

desenvolvimento econômico inglês, tornando o

país a maior potência comercial da época, e

lançaram as bases para o desenvolvimento do

capitalismo industrial.

O ILUMINISMO

Assim como no Renascimento, o movimento

Iluminista trazia como ponto principal o

racionalismo. O século XVIII foi o momento

culminante das sucessivas transformações

culturais vividas até então pela sociedade

europeia. Desde o Renascimento, o homem

moderno foi ampliando a confiança em si mesmo,

no poder da razão e na liberdade de pensamento.

Muitos pensadores passaram a lançar teorias

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novas sobre os mais diversos assuntos: Deus,

Terra, planetas, homem, sociedade. A Igreja, os

reis absolutistas e a nobreza conservadora, todos

muitos criticados, não gostaram dos ataques ao

Antigo Regime. Mas as novas idéias foram se

proliferando até constituíram o Iluminismo,

movimento cultural de grande importância para a

história contemporânea.

Antigo Regime X Burguesia: O

surgimento de uma ideologia burguesa

Analisando, de modo geral, as sociedades

dos Estados absolutistas, verificamos que elas

eram formadas por diversos segmentos, dentre os

quais se destacavam duas grandes forças sociais

dominantes: a nobreza e a burguesia. Nenhuma

dessas forças, entretanto, conseguiu impor-se

plenamente sobre a outra, gerando relações

sociais extremamente complexas, contraditórias e

conflituosas.

O Estado absolutista alimentava-se desse

conflito social, procurando administra-lo e influir

sobre ele. O objetivo era preservar uma situação

de equilíbrio de poderes e tirar o máximo proveito

dessa tensa coexistência de forças, para garantir

o poder supremo da monarquia. Isso explica

certas contradições do Estado absolutista, como,

por exemplo, conceder monopólios de comércio à

burguesia, estimular as atividades comerciais e,

ao mesmo tempo, oferecer pensões para

sustentar uma nobreza cortesã, parasitária e

improdutiva.

Com o desenvolvimento do capitalismo, nos

séculos XVII e XVIII, a burguesia manteve sua

ascensão econômica em importantes países

europeus, como Inglaterra e França. Cada vez

mais consciente de sua importância e de seus

interesses, ela passou a criticar a sociedade do

Antigo Regime.

Antigo Regime: Uma sociedade em

transição

Antigo Regime é a designação que costuma

ser dada ao conjunto de características sociais,

políticas, econômicas e culturais que marcaram as

sociedades da Idade Moderna, período de

transição do feudalismo para o capitalismo.

As principais características que marcaram

essas sociedades consistiam de:

No setor político – poder absoluto dos reis.

No setor social – a divisão do povo em

estamentos, onde se distinguiam ordens

privilegiadas pelo nascimento e camadas

desfavorecidas.

No setor econômico – as relações feudais em

convivência e conflito com as relações capitalistas.

Através do mercantilismo, o Estado intervinha na

vida econômica e impulsionava o sistema colonial.

No setor cultural – a intolerância religiosa e

filosófica. O Estado e a Igreja intervinham na

consciência individual das pessoas.

A burguesia e o Iluminismo

À medida que se fortalecia e formulava

críticas ao Antigo Regime, a burguesia foi

desenvolvendo sua própria ideologia, tendo por

base o seguinte argumento:

O Estado só é verdadeiramente rico

se for internacionalmente poderoso;

Para ser internacionalmente poderoso,

precisa expandir as atividades capitalistas;

Só expande as atividades capitalistas se der

liberdade e poder social para a burguesia.

Foi esse argumento burguês que, investindo

implicitamente contra os privilégios da nobreza,

corroeu, aos poucos, o equilíbrio das forças

sociais do Estado absolutista e do Antigo Regime.

Ao mesmo tempo, propiciou o surgimento do

movimento cultural que ficou conhecido como

Iluminismo (também denominado Ilustração ou

Filosofia das Luzes).

Ideologia

O termo ideologia pode ser usado em várias

acepções. Neste livro, usaremos com o seguinte

significado:

A ideologia manifesta-se por meio de um conjunto

de ideias, valores e normas de conduta, cujo

objetivo social é condicionar o pensamento e as

ações do maior número possível de pessoas.

Embora seja produzida pelos interesses

socioeconômicos de uma classe dominante, a

ideologia apresenta-se como um produto

generalizado de toda a sociedade. Assim, a

ideologia oculta a sua origem particular e elitista.

Com isso os valores de apenas um grupo social

transforma-se em valores de todos.

Uma das finalidades básicas da ideologia é

envolver psicossocialmente as classes

dominadas, fazendo-as interiorizar e assumir

valores e comportamentos úteis às classes

dominantes. O objetivo é legitimar, por meios

pacíficos, esquemas de dominação social. Veja-

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se, por exemplo, que os valores burgueses do

Iluminismo foram apresentados como valores

sagrados a serem adotados por toda a

humanidade.

Os valores fundamentais do Iluminismo,

segundo o sociólogo Lucien Goldmann1, estavam

ligados de alguma maneira ao desenvolvimento do

comércio e do individualismo burguês.

A atividade econômica fundamental da

burguesia era o comércio. Essa atividade tinha

como regra de desenvolvimento o jogo da oferta e

da procura, que, por sua vez, era o resultado da

ação individual de inúmeras pessoas lutando por

seus próprios interesses econômicos. O comércio,

então, despertava nos homens o espírito de

competição, estimulando o individualismo.

O que o Iluminismo defendia

Os principais valores enfatizados pelo

Iluminismo eram:

Igualdade – no ato de comércio, isto é, no

ato de compra e venda, as possíveis

desigualdades de riqueza entre os participantes

não deviam ser levadas em conta. O que

importava era a igualdade jurídica dos

contratantes. Por isso, os filósofos iluministas

defendiam a igualdade jurídica de todos perante a

lei.

Tolerância religiosa ou filosófica – no ato

de comércio, não importavam as convicções

religiosas ou filosóficas dos participantes. Do

ponto de vista econômico, seria absurdo que a

burguesia levasse em consideração as convicções

pessoais. Fosse muçulmano, judeu ou cristão, a

capacidade comercial das pessoas não se

alterava em função de suas crenças religiosas,

morais ou filosóficas.

Liberdade – o comércio só podia

desenvolver-se numa sociedade de homens

juridicamente livres para vender e comprar. Por

isso, a burguesia era contra a escravidão humana,

pois sem homens livres não poderia existir

mercado comercial.

Propriedade – o comércio também só seria

possível entre as pessoas que detivessem

propriedade de bens ou de capitais. Assim, a

burguesia passou a defender que todos os

homens tinham direito de conquistar propriedades

materiais, pois somente o proprietário tem o direito

de usar e dispor livremente de seus bens.

O que o Iluminismo combatia

Ao defender tais valores, o Iluminismo

passou a combater uma série de elementos

presentes nas sociedades do Antigo Regime.

Entre os principais elementos combatidos pelo

Iluminismo, destacam-se:

O absolutismo monárquico – na medida

em que procurava preservar um equilíbrio entre as

forças da nobreza e da burguesia, a monarquia

absoluta passou a ser considerada um sistema

injusto de governo, pois impedia o predomínio

pleno da burguesia.

O mercantilismo – na medida em que

estava diretamente ligado à intervenção do Estado

na vida econômica, o mercantilismo feria o

individualismo burguês e sua vocação para a livre

iniciativa, sendo considerado, então, prejudicial ao

desenvolvimento espontâneo do capitalismo.

O poder da Igreja – na medida em que a

doutrina cristã baseava-se na autoridade da Igreja

e supunha um conjunto de “verdades reveladas”

pela fé, o poder da Igreja chocava-se com a

autonomia intelectual defendida pelo

individualismo e pelo racionalismo burguês. Os

iluministas queriam que os princípios religiosos,

baseados na “fé-superstição”, fossem substituídos

por princípios científicos, baseados na razão.

Nesse período, o desenvolvimento das técnicas

de produção levou ao crescimento do interesse

pela ciência aplicada, nos campos da Engenharia,

da Química e da Física.

Iluminismo: Um século iluminado pela

razão

A palavra Iluminismo vem de luz e se refere

à capacidade que a razão tem de tudo iluminar. A

razão, dizia-se, é a luz natural do homem.

Durante a Idade Moderna, o europeu foi

adquirindo confiança em si mesmo e na sua

capacidade de investigação racional. Isso resultou

numa produção intelectual de grande importância

para o desenvolvimento do pensamento ocidental,

que culminou, no século XVIII, com o movimento

iluminista.

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Os precursores do Iluminismo

Entre os precursores do Iluminismo

podemos destacar Francis Bacon (1561-1626),

René Descartes (1496-1650), Isaac Newton

(1642-1727) e John Locke (1632-1704).

Bacon: o experimentalismo

Francis Bacon, filósofo, inglês, desenvolveu o

método experimental, no qual enfatizava a

importância da observação e da experimentação

para o desenvolvimento do conhecimento. Seus

estudos se aplicavam às ciências naturais, e os

princípios defendidos por ele foram reunidos no

livro Novum, organum, sua principal obra.

Descartes: o racionalismo

René Descartes, matemático e filósofo

francês, é considerado um dos fundadores do

racionalismo moderno. Defendia, em termos

básicos, que somente através de métodos lógicos

e racionais o homem poderia atingir o

conhecimento científico. Para ele, a única verdade

inquestionável era a existência dos próprios

pensamentos. Daí sua célebre frase: Penso, logo

existo.

Newton: o mecanicismo

Isaac Newton, cientista inglês, descobriu leis

físicas aplicáveis ao universo, como a lei da

gravidade, que foi formulada da seguinte

maneira: matéria atrai matéria na razão direta das

massas e na razão inversa do quadrado da

distância.

Considerava que em função da ciência

descobrir leis universais e formulá-las de modo

preciso e racional, desenvolvendo uma visão

mecanicista do universo. Não excluía a ideia de

Deus, mas não o considerava um ser tirânico

capaz de fazer parar o Sol ou desviar as estrelas

de sua trajetória. Para Newton, Deus manifestava-

se nas próprias leis universais.

Locke: o empirismo e o liberalismo

político

John Locke, filósofo inglês, é considerado

por muitos como o pai do Iluminismo. Em sua

principal obra, Ensaio sobre o entendimento

humano, afirma que nossa mente é como uma

tábua rasa, sem nenhuma ideia. Tudo o que

adquirimos é devido à experiência.

Para ele, nossas primeiras ideias vêm à

mente através dos sentidos. Depois, combinando

e associando as primeiras ideias simples, a mente

forma ideias cada vez mais complexas. Em

resumo, todo o conhecimento humano chega à

nossa mente através dos sentidos (empirismo) e,

depois, desenvolve-se pelo esforço da razão.

Em termos políticos, Locke condenou o

absolutismo monárquico, revelando sua grande

preocupação em proteger a liberdade individual do

cidadão (liberalismo político).

As novas concepções de Deus e do

mundo

Os grandes filósofos iluministas conceberam o

mundo físico como uma imensa máquina

composta por peças isoladas, mas funcionando

harmonicamente. Deus seria o construtor

dessa máquina universal, o “grande relojoeiro”

responsável pela criação e pelo funcionamento

do mundo. Essa concepção fazia parte do

pensamento racionalista burguês presente no

Iluminismo, que tornava Deus a expressão da

lei universal que comanda o mundo.

Entretanto, em que consistia essa lei?

Montesquieu, em sua famosa definição, diz que

leis são relações necessárias decorrentes da

natureza das coisas. Então, o objetivo das

ciências era desvendar as leis que regem os

fenômenos do mundo.

No plano social, as leis aplicadas aos

indivíduos também deveriam obedecer às

relações necessárias decorrentes da natureza das

coisas. No caso em questão, a natureza humana,

essas relações se manifestam através da vontade

individual.

Em termos de teoria política, as implicações

desse individualismo foram solucionadas pela

noção de contrato social: somente o acordo de

vontade da maioria dos indivíduos legitima o poder

do Estado.

O Deus da burguesia tornou-se,

evidentemente, um Deus iluminista, respeitador

dos direitos individuais, da liberdade de

pensamento e de expressão, da igualdade perante

a lei e da propriedade material. Um Deus que se

contrapunha ao todo-poderoso Deus medieval,

suserano máximo de todos os cristãos.

Com base nessas novas concepções, o

burguês já não tinha grandes motivos para temer

a vida depois da morte e a prestação de contas

junto a Deus. Do ponto de vista burguês, a vida

cristã seria semelhante à vida econômica

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capitalista: cada indivíduo, no momento da morte

(fechamento do balanço), deveria verificar as

virtudes praticadas (relação das receitas) e

subtrair os pecados cometidos (controle dos

débitos), utilizando o arrependimento e a

misericórdia divina (obter o lucro esperado).

Para o burguês, tanto a recompensa do céu

como a recompensa econômica representavam a

culminação de uma vida ativa, baseada no

trabalho e assinalada pelo êxito.

As teorias econômicas burguesas

Os valores do Iluminismo, aplicados à vida

social e política, também se manifestavam na

teoria econômica através da escola fisiocrática e

da escola do liberalismo econômico.

Os fisiocratas

O termo fisiocrata vem do grego fisis =

natureza e cratos = poder.

O principal economista representante da

teoria fisiocrata foi François Quesnay (1694-

1774), que era contrário à intervenção do Estado

na vida econômica.

Em sua obra Fisiocracia, o governo da

natureza, Quesnay sustenta que existe um poder

natural agindo nas sociedades humanas, sendo

inútil contrariá-lo com leis, regulamentos ou

sistemas. Defendia a valorização da agricultura

como a única atividade verdadeiramente criadora

de riquezas para uma nação. Os fisiocratas

pregavam a implantação de um capitalismo

agrário, baseado no aumento da produção

agrícola.

O liberalismo econômico

O principal representante do liberalismo

econômico foi Adam Smith (1723-1790), autor de

uma importante obra da literatura econômica, o

Ensaio sobre a riqueza das nações.

Nessa obra, Adam Smith critica a política

mercantilista, baseada na intervenção do Estado

na economia. Para ele, a economia deveria ser

dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura de

mercado (laissez-faire).

Segundo, Adam Smith, o trabalho em geral

representa a verdadeira fonte de riqueza para as

nações, sendo que esse trabalho deveria ser

conduzido pela livre iniciativa dos particulares.

Os grandes pensadores iluministas

Vejamos agora um breve resumo sobre os

principais pensadores europeus ligados ao

Iluminismo.

Montesquieu (1689-1755): a separação

dos poderes

Montesquieu, jurista francês, escreveu O

espírito das leis. Nessa obra, defendeu a

separação dos poderes do Estado em Legislativo,

Executivo e Judiciário, como forma de evitar

abusos dos governantes e de proteger as

liberdades individuais.

Voltaire (1694-1778): as críticas à Igreja e

aos poderosos

Voltaire foi um dos mais famosos

pensadores do Iluminismo. Com seu estilo literário

irônico e vibrante, destacou-se pelas críticas que

fazia ao clero católico, à intolerância religiosa e à

prepotência dos poderosos.

Em termos políticos, não era propriamente

um democrata, mas defensor de uma monarquia

respeitadora das liberdades individuais,

governada por um soberano esclarecido.

Tornou-se marcante sua posição em defesa

da liberdade de pensamento, através de sua

célebre frase: Posso não concordar com nenhuma

das palavras que você diz, mas defenderei até a

morte o direito de você dizê-las.

Diderot (1713-1784) e D’Alembert (1717-

1783): a enciclopédia

Diderot e D’Alembert foram os principais

organizadores de uma enciclopédia de 33

volumes, que pretendia resumir os principais

conhecimentos da época nos campos científico e

filosófico. Essa enciclopédia contou com a

colaboração de numerosos autores, entre os quais

se destacaram Buffon, Montesquieu, Turgot,

Condorcet, Voltaire, Holbach e Rousseau.

A enciclopédia exerceu grande influência

sobre o pensamento político burguês,

defendendo, em linhas gerais, o racionalismo, a

independência do Estado em relação à Igreja e a

confiança no progresso humano através das

realizações científicas e tecnológicas.

Rousseau (1712-1778): o bom selvagem e

o contrato social

Jean-Jacques Rousseau nasceu em

Genebra, na Suíça, e, em 1742, transferiu-se para

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a França, onde escreveu suas grandes obras.

Entre elas podemos destacar O contrato social, na

qual expôs a tese de que o soberano deveria

conduzir o Estado segundo a vontade geral de seu

povo, sempre tendo em vista o atendimento do

bem comum. Somente esse Estado, de bases

democráticas, teria condições de oferecer a todos

os cidadãos um regime de igualdade jurídica.

Em outra de suas importantes obras, o

Discurso sobre a origem da desigualdade entre os

homens, Rousseau glorificou os valores da vida

natural e atacou a corrupção, a avareza e os vícios

da sociedade civilizada. Fez inúmeros elogios à

liberdade que desfrutava o selvagem na pureza do

seu estado natural (o bom selvagem),

contrapondo-o à falsidade e ao artificialismo do

homem civilizado.

Rousseau tornou-se célebre como defensor

da pequena burguesia e inspirador dos ideais da

Revolução Francesa.

Kant (1724-1804): a crítica da razão e sua

maioridade

Immanuel Kant, filósofo alemão, elaborou

uma teoria crítica do conhecimento, afirmando em

linhas gerais que todo objeto a ser conhecido está

inter-relacionado com o sujeito que processa o

conhecimento. O ser em si não existe enquanto

objeto do conhecimento, ou seja, ninguém pode

ser objeto de conhecimento de si mesmo, pois

produzirá qualquer coisa, menos saber científico.

Segundo Kant, foi através do Iluminismo que

a mente humana alcançou a idade adulta, a

maioridade.

A Revolução Francesa

No final do século XVIII, diversos setores da

sociedade francesa se uniram para pôr fim ao

absolutismo. A burguesia liderou o movimento,

pois queria expandir seus negócios, mas os

resquícios do sistema feudal atrapalhavam seus

planos. As massas populares, estimuladas pelos

ideais iluministas de liberdade, igualdade e

fraternidade, também aderiram ao movimento. O

movimento radicalizou-se, originando uma

verdadeira revolução. No final, tudo ficou com a

cara da burguesia. Estamos falando da tão

celebrada Revolução Francesa. Considerada o

marco inicial da história contemporânea, ela

inspirou movimentos de libertação em diversas

partes do mundo e abriu caminho para a expansão

definitiva do capitalismo.

O Antigo Regime na França: As

condições que desencadearam o processo

revolucionário.

A Revolução Francesa é um dos grandes

acontecimentos históricos do mundo

contemporâneo, representando uma verdadeira

encruzilhada de correntes sociais, políticas e

econômicas que repercutiram por regiões muito

além da França. É utilizada, tradicionalmente,

para assinalar o início da Idade Contemporânea.

Para entender o processo revolucionário

francês, é preciso conhecer a estrutura social,

política e econômica da França e suas

características no final do século XVIII.

Uma sociedade dividida em três estados.

Com 25 milhões de habitantes, no final do

século XVIII, a França era o país mais populoso

da Europa ocidental.

De acordo com o direito tradicional que

imperava no Antigo Regime, a sociedade francesa

estava dividida em três ordens ou estamentos

sociais: o primeiro estado (clero), o segundo

estado (nobreza) e o terceiro estado (restante da

população). É importante frisar que cada uma

dessas ordens se dividia em grupos, por vezes

rivais.

Clero: o primeiro estado

Constituído pelo clero, o primeiro estado

contava com aproximadamente 120 mil pessoas.

Dividia-se em:

Alto clero – formado por bispos, abades

e cônegos, vindos de famílias da

nobreza. A riqueza econômica do alto

clero tinha como base o recebimento do

dízimo e a propriedade imobiliária da

terra.

Baixo clero – composto de padres e

vigários economicamente pobres, que

formavam uma plebe eclesiástica.

Nobreza: o segundo estado.

Constituído pela nobreza, o segundo estado

contava com aproximadamente 350 mil pessoas.

Dividia-se em três grupos principais:

Nobreza cortesã – vivia no

palácio do rei, recebendo pensões da

monarquia.

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Nobreza provincial – vivia

nos campos, às custas dos rendimentos

feudais recebidos de suas terras.

Nobreza de toga – formada

por burgueses que compravam títulos

nobiliárquicos e cargos políticos de

prestígio.

Camponeses e burguesia: o terceiro estado

Formado pela grande maioria da nação, o

terceiro estado contava com mais de 24 milhões

de pessoas. Era uma massa economicamente

heterogênea, em que podemos distinguir os

seguintes segmentos sociais básicos:

Camponeses – formados por

servos ainda presos às obrigações feudais

e por trabalhadores livres.

Grande burguesia – formada for

banqueiros, poderosos empresários e

comerciantes.

Média burguesia – formada por

profissionais liberais, como médicos,

advogados, professores e médios

comerciantes.

Pequena burguesia – formada por

pequenos comerciantes.

Sans-culottes – camada social

urbana de, aproximadamente, 200 mil

pessoas compostos por artesãos,

aprendizes de ofícios, assalariados e

desempregados marginalizados.

Num conhecido folheto popular daquela

época, o abade de Sieyès resumiu a situação do

terceiro estado:

O que é o terceiro estado? Tudo.

O que tem ele sido em nosso sistema

político? Nada.

O que ele pretende? Ser alguma coisa.

Os membros do terceiro estado

representavam, em seu conjunto, cerca de 96% da

população total do país.

Apesar das diferenças sociais existentes

dentro do terceiro estado, todos os seus membros

opunham-se aos privilégios concedidos à nobreza

e ao clero. Reivindicavam um regime jurídico de

igualdade de todos perante a lei, pois apenas o

clero e a nobreza possuíam uma série de

privilégios políticos, judiciários e tributários.

Uma economia em crise.

A economia francesa era

predominantemente agrária e ainda mantinha

estruturas feudais. Embora, aproximadamente,

80% da população trabalhasse no campo, sua

produção não atendia de modo satisfatório ao

consumo de alimentos da sociedade. Problemas

climáticos, como secas e inundações, agravavam

a situação da agricultura desde 1784. No campo e

na cidade, a grande massa do povo vivia num

estado de miséria, fome e desesperança.

Aumentava esse quadro de dificuldades a

grave crise da indústria francesa, devido, em

grande parte, ao tratado firmado em 1786 com a

Inglaterra. Por esse tratado, os ingleses

exportariam tecidos para a França, enquanto os

franceses exportariam vinhos para a Inglaterra. AS

indústrias francesas, entretanto, não suportaram a

concorrência, em seu mercado interno, da

indústria têxtil inglesa.

Paralelamente, o governo francês

atravessava uma terrível crise financeira, que

vinha se acumulando desde o reinado de Luiz XIV.

As despesas do Estado eram muito superiores às

receitas do tesouro público. O déficit era crônico e

a única maneira de sana-lo seria promover uma

reforma tributária que eliminasse a tradicional

isenção de impostos concedida às ordens

privilegiadas do clero e da nobreza. Essas ordens,

entretanto, não estavam dispostas a perder seus

tradicionais privilégios.

Cotidiano na história

Vida popular: A família pobre na França do século

XVIII

Paris era uma cidade fervilhante. Atraía

trabalhadores que saíam do campo devido às más

colheitas, à elevação do preço dos arrendamentos

e ao cercamento das terras. Era uma população

flutuante, uns chegavam otimistas, outros partiam

frustrados, outros ainda iam e vinham a cada ano.

A agitação era constante nas ruas, invadidas

pelos profissionais que atendiam seus fregueses:

latoeiros, pasteleiros, limpadores de chaminés,

dentistas, floristas e outros. A morte rondava as

crianças, nos asilos de enjeitados e nas viagens

para a casa das nutrizes. Das 21 mil crianças

nascidas anualmente, 20 mil deixavam a capital

forçadas pela necessidade.

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Entre a casa e a rua, a criança levava uma

vida oscilando entre as brincadeiras e o trabalho.

“Filha tanto do bairro como dos pais, a criança

levava recados, prestava pequenos serviços ou,

sob o olhar do mestre, conhecia as agruras da

condição de aprendiz”.

A família popular era fragmentada, e seu

estilo de vida decorria das difíceis condições de

sobrevivência, especialmente de moradia.

Ocupavam os piores cubículos dos prédios

de apartamentos, localizados em ruas estreitas,

lamacentas e mal cheirosas. Chegavam a seus

quartos subindo muitas escadas, e usavam

privadas comunitárias. Muitas vezes, de um quarto

se passava a outro e, por isso, suas portas deviam

ficar destrancadas.

“Disputas conjugais, amores clandestinos,

inquilinos barulhentos, crianças irrequietas: tudo

se sabia e se ouvia sem dificuldades. A

promiscuidade moldava os comportamentos e os

hábitos.”

Exposta ao olhar do outro, a família era vigiada e

vigiava. Em meio ao tumulto, a vida privada se

confundia com a pública.

Uma política decadente

Embora não constituísse uma classe

homogênea, a burguesia adquiria cada vez mais

consciência de seus interesses econômicos e

sociais. Sobretudo a alta burguesia tinha noção de

que o desenvolvimento do capitalismo exigia uma

reestruturação do Estado. O Estado devia ser

organizado segundo os mesmos princípios de

ordem, de clareza, de unidade que a burguesia

aplicava na gestão de seus negócios.

Era preciso combater o absolutismo

monárquico e os privilégios do clero e da nobreza.

Para isso, utilizou-se o fundamento filosófico das

ideias iluministas. Difundiram-se os princípios da

liberdade, igualdade e fraternidade, tendo em vista

a construção de uma sociedade mais digna e mais

justa. Tais ideias contagiaram os setores

progressistas da sociedade, sendo discutidas nos

salões, nos cafés e nas lojas maçônicas. Além

disso, multiplicaram-se associações de diversas

naturezas que divulgavam os textos dos principais

filósofos iluministas.

O Processo Revolucionário: As principais

etapas da Revolução Francesa.

O processo revolucionário foi bastante

longo, contraditório e complexo. Para melhor

entendê-lo, os historiadores costumam dividi-lo

em diferentes fases, conforme os diferentes rumos

tomados pela revolução.

Embora não exista um acordo entre os

historiadores sobre essa divisão, vamos

estabelecer, aqui, a seguinte classificação, que

nos parece a mais conveniente:

A revolta aristocrática;

A Assembleia Nacional Constituinte;

A monarquia constitucional;

A república e a Convenção Nacional;

O governo do Diretório.

A revolta aristocrática

Diante da crise financeira do Estado, o rei

Luís XVI propôs, através de seus ministros

financeiros, a criação de novos tributos. A ideia era

acabar com a isenção tributária da nobreza e do

clero. Estes, porém, sentindo a ameaça a seus

tradicionais privilégios, revoltaram-se em 1787 e

convenceram o rei a convocar uma Assembleia

dos Estados Gerais, que não se reunia desde

1614. Tinham como objetivo obrigar o terceiro

estado a assumir os tributos que não pretendiam

pagar. Luís XVI marcou então para maio de 1789

a abertura dos trabalhos da Assembleia dos

Estados Gerais.

Instituição antiga, a Assembleia dos Estados

Gerais era constituída por representantes das três

ordens sociais: clero, nobreza e terceiro estado. O

sistema de votação comumente adotado era feito

em grupo, por estado, cabendo um voto para cada

ordem social. Assim, clero e nobreza, unidos,

teriam sempre dois votos, contra apenas um do

terceiro estado.

No início de maio de 1789, os Estado Gerais

reuniram-se no palácio de Versalhes, e logo os

conflitos entre as ordens privilegiadas e o terceiro

estado eclodiram.

Nobreza e clero defendiam a manutenção do

antigo sistema de votação (um voto por ordem).

Contanto com um grande número de deputados,

os representantes do terceiro estado queriam

alterar esse sistema de votação para o voto

individual, pois dessa maneira teriam condições

de fazer valer suas decisões. Apoiados pela

monarquia, a nobreza o alto clero não

concordavam com essa mudança nas regras

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tradicionais o jogo e fizeram de tudo para repelir

essa insubordinação do terceiro.

Não havendo acordo entre as ordens para o

início dos trabalhos, o terceiro estado, em 17 de

junho de 1789, proclamou-se em Assembleia

Nacional Constituinte.

Tiro pela Culatra: O suicídio político da

nobreza

A exigência, da aristocracia, de convocação

da Assembleia do Estados Gerais revelou-se um

verdadeiro suicídio político para ela e para o

regime que a representava, e isso basicamente

por duas razões. Primeiro, porque a aristocracia

subestimou perigosamente a força e a capacidade

política do terceiro estado. Segundo, porque,

como a época coincidi, como vimos, com uma

conjuntura econômica de crise, com suas

sequelas de fome e de desemprego, o estado de

espírito dos pobres do campo e das cidades era

de desespero e de revolta. Consequentemente, as

eleições para a escolha dos deputados aos

Estados Gerais, nesse contexto, eram

extremamente favoráveis aos objetivos do terceiro

estado, porque de um lado deu à burguesia a

oportunidade e o espaço político necessário para,

através de uma intensa propaganda, difundir suas

ideias e seu programa de reformas e, de outro,

permitiu que o descontentamento secular dos

camponeses e das massas urbanas ganhasse,

pela primeira vez, perspectivas políticas.

A Assembleia Nacional Constituinte

Luís XVI reagiu à atitude do terceiro estado

e ordenou o fechamento da sala de reuniões,

procurando dispersar a Assembleia. Os

representantes do terceiro estado, liderados pela

burguesia, dirigiram-se, então, para um salão de

jogos utilizado pela nobreza e, nesse local

improvisado, decidiram permanecer reunidos até

que elaborassem uma nova Constituição para a

França.

A tomada da Bastilha

O rei procurou reagir através da força,

organizando tropas para lutar contra as

pretensões burguesas do terceiro estado. A essa

altura, entretanto, a revolta tomava conta das

camadas populares, escapando ao controle até

mesmo dos líderes da burguesia, que

tencionavam tomar medidas apenas dentro do

âmbito jurídico.

No dia 14 de julho de 1789, o povo, em

célebre jornada revolucionária, invadiu e tomou a

velha prisão da Bastilha, símbolo do poder

absoluto do rei, pois, lá eram aprisionados os

inimigos políticos da monarquia francesa. De

Paris, a revolta espalhou-se por diversas regiões

do país.

Impotente para dominar a agitação político-

social, o rei Luís XVI foi obrigado a reconhecer a

realidade consumada da Assembleia Nacional

Constituinte.

Esta, para não perder o controle da situação,

diante da fúria da revolta das massas camponesas

e urbanas, procurou tomar medidas de grande

alcance popular, como, por exemplo, a extinção

dos direitos feudais devidos pelos camponeses ao

rei, à Igreja ou aos nobres.

Declaração dos direitos do homem e do

cidadão.

No dia 26 de agosto, a Assembleia Nacional

constituinte proclamou a célebre Declaração dos

Direitos do Homem e do Cidadão, tendo como

base o ideário burguês do Iluminismo. Ente os

principais pontos defendidos por esse

documento, destacam-se:

O respeito, pelo Estado, à dignidade da

pessoa humana;

A liberdade e a igualdade dos cidadãos

perante a lei;

O direito à propriedade individual;

O direito de resistência à opressão política;

A liberdade de pensamento e de opinião.

De maneira solene, a Declaração tornava

explícitos os pressupostos filosóficos sobre os

quais deveria ser construída a nova sociedade

liberal burguesa.

A formação das forças contrarrevolucionárias

Em 1790, a Assembleia Constituinte

confiscou inúmeras terras da Igreja, subordinando

o clero católico à autoridade do Estado francês

através do documento denominado Constituição

Civil do Clero. O papa não aceitou as medidas da

Assembleia e pronunciou-se contra a revolução.

Acatando a orientação do papa, alguns padres

saíram da França ou nela ficaram para lutar contra

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a revolução, mas muitos deles aceitaram as

decisões da Assembleia e juraram fidelidade às

novas leis.

Ao mesmo tempo, diversos membros da

nobreza decidiram sair da França para organizar,

no exterior, movimentos de reação à revolução

(contrarrevolucionários). Esses nobres tornaram-

se conhecidos como emigrados.

A monarquia constitucional

No ano de 1791 foi concluída a Constituição

elaborada pelos membros da Assembleia

Constituinte, tornando a França uma monarquia

constitucional, dominada pela alta burguesia. Em

linhas gerais, a Constituição estabelecia;

No plano social, a igualdade jurídica de todos os

indivíduos (todos os homens são livres aos olhos

da lei e do Estado);

No plano econômico, a liberdade completa de

produção e de circulação dos bens e a não-

interferência do Estado na vida econômica

(concebida como uma esfera privada de

competência dos indivíduos);

No plano religioso, a separação ente Estado e

Igreja e a liberdade de crença;

No plano político, a divisão (Executivo e

Legislativo) e a representatividade do poder

(eleições para a escolha dos representantes da

nação e dos governantes).

A proclamação da república

Luís XVI, que era casado com a princesa

austríaca Maria Antonieta, oficialmente aceitava a

monarquia constitucional, mas secretamente

tramava contra a revolução. Estabeleceu contatos

com nobres emigrados e com monarcas da

Áustria e da Prússia, tendo como objetivo

organizar tropas para invadir a França e restaurar

a monarquia absolutista no país.

Viviam-se então momentos e grande

expectativa e temor. Com a ajuda de La Fayette,

chefe da Guarda Nacional, Luís XVI tentou fugir da

França em junho de 1791, a fim de se juntar às

forças contrarrevolucionárias que se organizavam

no exterior. Mas foi reconhecido em Varennes,

sendo reconduzido à capital francesa e mantido

sob vigilância.

O exército austro-prussiano invadiu a

França, apoiado secretamente pela família real,

que fornecia segredos militares aos

contrarrevolucionários estrangeiros.

Para defender o país, os líderes

revolucionários exaltados, como Dalton e Marat,

faziam apelos a todos os cidadãos franceses para

que lutassem pela França e punissem os traidores

da pátria.

A república e a Convenção Nacional

Com a proclamação da república, a antiga

Assembleia Nacional foi substituída por uma

Convenção Nacional, que deveria elaborar um

nova Constituição para a França. Em suas

primeiras sessões, a Convenção adotou um novo

calendário, cujo marco inicial era o ano da

proclamação da república.

Durante esse período, o cenário político

francês foi dominado pelos seguintes grandes

grupos partidários:

Girondinos – representavam a alta

burguesia. Defendiam posições moderadas,

temendo que as camadas populares assumissem

o controle da revolução e comprometessem a

riqueza econômica da alta burguesia.

Jacobinos – representavam a pequena e a média

burguesia, o proletariado urbano de Paris e os

sans-culottes. Defendiam posições mais radicais,

em benefício das classes oprimidas. Eram

conhecidos como o grupo da montanha, pois

ocupavam a parte mais alta da Câmara.

Sentavam-se à esquerda da Assembléia.

Planície – representavam a burguesia financeira.

Mudava suas posições políticas, inclinado-se

sempre para o grupo que estava no poder. Era

também conhecido como o grupo do pântano

(ocupava a parte baixa da Câmara).

Cotidiano da história

O comando sobre o tempo e a história: Os

revolucionários mudam o calendário

francês.

“Em 1793, os revolucionários, colocando abaixo

todas as referências que os ligavam ao Antigo

Regime (à Igreja Católica e ao Estado

Absolutista), aprovaram na Convenção um novo

calendário dividindo o tempo em unidades de

medida que lhes pareciam mais racionais e

naturais.

O ano I começou com o término da

monarquia: 22 de setembro de 1792. A semana foi

dividida em dez dias, cada mês passou a conter

três semanas e cada ano ficou com doze meses.

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Os cinco dias que passaram a restar no ano

viraram feriados patrióticos, jours sans-culottides,

que eram consagrados aos valores cívicos: a

virtude, o caráter, o trabalho, a opinião e a

recompensa.

Cada dia recebeu um novo nove, sugerindo

uma regularidade matemática: primidi, duidi,

tridi...Décadi.Ao mesmo tempo, os dias passaram

a ser dedicados a aspectos da vida rural, em vês

da permanecerem vinculados às homenagens

feitas aos santos do calendário cristão. O dia 22

de novembro, antes dedicado à Santa Cecília,

tornou-se, por exemplo, o dia do nabo; o dia 25 de

novembro, que era dia de Santa Catarina, virou dia

do porco; 30 de novembro, que era dia de Santo

André, passou a ser o dia da picareta. Os meses,

por sua vez, foram relacionados às estações do

ano: mês da neve (Nivôse), da neblina (Brumaire),

do frio (Frimaire), da chuva (Pluviôse), do vento

(Ventônse)...

Os revolucionários tomaram para si, então, o

comando do tempo, rompendo com o imobilismo

da história, transformando os nomes do dia e dos

meses em lembranças de suas próprias lutas”. (6)

A guilhotina e o terror

Nesse ambiente de grandes confrontos

políticos, o rei Luís XVI foi levado a julgamento sob

a acusação de trair a pátria. De fato, Luís XVI

nunca aceitou as transformações introduzidas

pela revolução, procurando sempre impedir o

avanço do processo revolucionário. Retrata bem

sua posição em favor do Antigo Regime a famosa

frase que se lhe atribui: Jamais consentirei em

trair meu clero e minha nobreza.

Durante o julgamento do rei, os girondinos

procuravam defende-lo, temendo a radicalização

do processo revolucionário pelas massas

populares. Os jacobinos, entretanto, liderados por

Robespierre e por Saint-Just, pregavam a

condenação do rei à pena de morte. Ao final do

processo, prevaleceu a vontade dos jacobinos.

Em 21 de janeiro de 1793, Luiz XVI subiu ao cada

falso para ser decapitado pela guilhotina.

A execução do rei demonstrava ser

impossível um entendimento entre monarquistas

europeus e os rumos da revolução.

A propagação das ideias revolucionárias

pela Europa e o episódio da execução do rei

provocaram uma reorganização das forças

absolutistas, em países como Inglaterra, Holanda,

Áustria, Prússia, para invadir a França.

Fortalecidos no poder, os jacobinos criaram

uma série de órgãos encarregados da defesa da

revolução. Entre esses órgãos, destacam-se o

Comitê de Salvação Pública, responsável pelo

controle do exército e da administração do país, e

o Tribunal Revolucionário, encarregado de

vigiar, prender e punir os traidores da causa

revolucionária. Esse Tribunal foi responsável pela

morte de milhares de pessoas consideradas

inimigas da revolução. Essa fase ficou conhecida

como Terror, pois o medo da guilhotina percorria

a cabeça de todos aqueles que não concordavam

plenamente com os jacobinos.

A ditadura jacobina.

Sob a liderança de Robespierre, instalou-se

uma verdadeira ditadura dos jacobinos, apoiada

pelos sans-culottes. O governo procurou

equilibrar-se entre as principais correntes

políticas, umas mais identificadas com a burguesia

e outras mais próximas dos anseios das massas

populares.

A ditadura jacobina colocou em prática

diversas medidas de alcance popular:

tabelamento geral dos preços, venda dos bens

dos nobres emigrados e aumento de impostos

sobre a alta burguesia. No plano militar, procedeu

ao recrutamento geral dos cidadãos e ao

fortalecimento do exército francês, que conseguiu

repelir o ataque das forças absolutistas

estrangeiras.

Aliviadas as tensões decorrentes da ameaça

estrangeira, os girondinos e o grupo da planície

uniram-se contra o governo de Robespierre.

Tendo liquidado os líderes das massas populares

(Herbert e Danton), Robespierre começou a ficar

politicamente isolado. Em 27 de julho de 1794, foi

preso e logo depois guilhotinado.

A Convenção Nacional abandonava, assim,

os ideais de formação de uma república igualitária

e democrática, passando a ser controlada pelos

políticos que representavam os interesses da alta

burguesia (grupo da planície e dos girondinos).

O governo do Diretório

Nessa fase, a Convenção Nacional, liderada

pela planície, eliminou as perseguições políticas,

o controle de preços e todas as organizações

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sociais dos jacobinos. Além disso, preparou uma

nova Constituição para a França, que ficou pronta

em 1795, estabelecendo a continuidade do regime

republicano, que seria controlado por um

Diretório composto por cinco membros eleitos

pelo Legislativo.

Eliminando a influência popular nas decisões

políticas, o governo voltou-se para a realização

dos objetivos socioeconômicos da burguesia. No

plano interno, estabeleceu uma política de plena

liberdade comercial. No plano externo, adotou

uma política de expansão dos domínios franceses,

na qual se destacou a atuação militar do jovem

Napoleão Bonaparte.

A ascensão de Napoleão Bonaparte

O governo do Diretório durou de 1795 a 1799. Foi

um período conturbado, em que o governo tentou

conter o descontentamento de correntes políticas

antagônicas.

De um lado, grupos monarquistas

planejavam (1795) a tomada do poder e a

restauração da monarquia. O golpe monarquista

foi desativado por Napoleão Bonaparte, que se

encontrava em Paris.

De outro lado, encontramos a organização

de grupos jacobinos, liderados por Gracchus

Babeuf, que conspiravam contra o governo,

propondo a construção de uma sociedade mais

justa. Descoberta a conspiração, Babeuf foi preso

e, posteriormente, condenado à guilhotina.

A burguesia francesa estava ansiosa por

ordem, paz e estabilidade das instituições

públicas. Além disso, sentia necessidade de um

governo forte, que contasse, ao mesmo tempo,

com um certo prestígio popular. Naquele momento

histórico, Napoleão Bonaparte, o dinâmico oficial

do exército francês, era quem reunia as melhores

condições para cumprir o papel desejado pela

burguesia.

No dia 10 de novembro de 1799 (18

Brumário, pelo calendário instituído pela

revolução), Napoleão Bonaparte, contando com o

apoio de influentes políticos burgueses, dissolveu

o Diretório e estabeleceu um novo governo,

denominado Consulado.

Com o golpe do 18 Brumário, Napoleão

Bonaparte consolidou as conquistas da burguesia

francesa, encerrando o ciclo de turbulência

revolucionária.

A Revolução Industrial

A partir de 1750, iniciou-se na Europa um

grande processo de transformações

socioeconômicas conhecido como Revolução

Industrial. As pequenas oficinas dos artesãos

foram sendo substituídas pelas fábricas. As

ferramentas simples foram trocadas pelas novas

máquinas que haviam surgido. As tradicionais

fontes de energia (água, vento e força muscular)

foram superadas pelas máquinas a vapor e pela

eletricidade. A velha Europa agrária foi se

tornando uma região com cidades populosas e

industrializadas. Com o tempo, a Revolução

Industrial influenciou profundamente a vida de

milhões de pessoas em quase todas as regiões do

planeta.

Os avanços técnicos e a industrialização: Do

trabalho artesanal ás máquinas

Deixando de lado uma pequena elite de

privilegiados, podemos dizer que, até o século

XVII, os elementos básicos da vida econômica da

grande maioria das pessoas consistiam em

procurar obter três coisas essenciais: comida,

roupa e alojamento. E tudo isso provinha da terra.

O alimento, é claro. E da mesma forma, as peles

de animais, a lã e as fibras vegetais. E as casas,

naquela época, vinham da floresta próxima, da

pedreira ou da olaria. Até o advento da Revolução

Industrial, e em muitos países muito tempo depois

dela, toda a economia era uma economia agrícola.

Existem muitos sentidos para o termo

Revolução Industrial. Aqui, ele designa o

conjunto de transformações que alteraram a vida

da Europa ocidental durante a segunda metade do

século XVIII e quase todo o século XIX. Essas

transformações estão diretamente ligadas à

substituição do trabalho artesanal, que utiliza

ferramentas, pelo trabalho assalariado, em que

predominava o uso das máquinas.

O desenvolvimento da produção

O crescimento da produtividade econômica,

durante a idade Moderna, desenvolveu-se

principalmente através do aperfeiçoamento da

organização da produção pela racionalização

dos métodos.

Com a Revolução Industrial, o crescimento

da produtividade deu-se não apenas em função do

aperfeiçoamento dos métodos produtivos, mas

também pelo avanço da técnica, com a invenção

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de máquinas. A produção passou por diferentes

etapas: artesanal, manufatureira e, por último,

mecanizada.

Produção artesanal – A princípio, a

produção era realizada por meio do artesanato.

Nesse estágio, o produtor (artesão) exercia pleno

controle sobre as diversas fases do processo

produtivo, não havendo divisão do trabalho entre

várias pessoas. Um artesão que fazia alfinetes,

por exemplo, tinha que conhecer e executar

sozinho todas as tarefas dessa atividade. Isto é,

tinha que pegar um arame, endireita-lo, corta-lo,

afiar uma ponta, colocar a cabeça na outra

extremidade e dar o polimento final. Assim, o

artesão dominava o conjunto do processo

produtivo e era dono dos instrumentos de

produção, desde a matéria-prima até as

ferramentas que utilizava.

Produção manufatureira – O estágio

seguinte ao artesanato foi a produção

realizada em manufaturas. As manufaturas

eram oficinas que ainda não possuíam

máquinas, mas dispunham de grande número

de operários, equipados com ferramentas, que

trabalhavam sob a coordenação de um

gerente de produção. Foi nesse estágio que se

introduziu a divisão do trabalho produtivo.

Cada operário executava uma tarefa

específica, não tendo visão de conjunto do

processo de fabricação. No caso da fabricação

de alfinetes, um operário puxava o arame,

outro o endireitava, um terceiro cortava, um

quarto o afiava, um quinto o esmerilhava na

outra extremidade para a colocação da

cabeça, um sexto colocava a cabeça e uma

sétimo dava o polimento final. As tarefas eram

subdivididas de forma racional, criando-se

linhas de operações e de montagens cujo

objetivo era aumentar a velocidade da

produção.

Produção mecanizada – Por último, chegamos à

maquinofatura, insto é, à produção mecanizada

nas fábricas. Esse estágio foi atingido quando os

avanços técnicos, aliados ao aperfeiçoamento dos

métodos produtivos, propiciaram a criação das

máquinas industriais. Elas substituíram várias

ferramentas e o próprio trabalho de muitos

operários.

As fábricas e a alienação do trabalho

O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), no

livro O capital, analisou as principais

características do trabalho nos diferentes estágios

da produção: do artesanato e manufatura até o

advento da máquina nas fábricas.

Na manufatura e no artesanato o operário se

serve da ferramenta; na fábrica, ele serve à

máquina. Lá, os movimentos dos instrumentos

de trabalho partem dele; na última é ele que

tem que seguir seus movimentos. Na

manufatura, os operários são membros de um

mecanismo vivo. Na fábrica, existe,

independente deles um mecanismo morto, ao

qual são incorporados como apêndices vivos.

(...) Até as medidas que tendem a facilitar o

trabalho convertem-se em meio de tortura, pois

a máquina não livra o operário do trabalho, mas

priva seu trabalho de conteúdo.

As fases da Revolução Industrial

Podemos dividir a Revolução Industrial em,

pelo menos, duas grandes fases: a primeira, de

1760 a 1860, com o predomínio industrial inglês; e

a segunda, de 1860 a 1900, com a expansão da

industrialização pela Europa e outros continentes.

A industrialização inglesa – A primeira fase da

Revolução Industrial ficou limitada, basicamente,

à Inglaterra, o primeiro país europeu a conhecer

um rápido processo de industrialização, baseado

na utilização de carvão e ferro e na fabricação de

tecidos. A indústria inglesa de tecidos de algodão

desenvolveu-se a partir da introdução do tear

mecânico. É interessante notar que a vestimenta

(como ainda hoje) constituía um importante motivo

de ostentação dos ricos e uma necessidade

indispensável para os pobres. A fiação e

tecelagem manuais eram processos infinitamente

entediante e caros; a simples compra de um

casaco pelo cidadão comum era comparável, hoje

em dia, à aquisição de um automóvel ou, até

mesmo, de uma casa. As novas máquinas tiraram

a confecção de tecidos de dentro das residências

e a levaram definitivamente para as tecelagens,

tornado o produto mais barato. O

aperfeiçoamento das máquinas a vapor também

teve importância fundamental para o

desenvolvimento industrial (fiação de algodão,

minas de carvão etc.).

A expansão industrial por outros países –

Nesta segunda fase, a industrialização espalhou-

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se por diversas regiões da Europa, atingindo

países como França, Alemanha, Itália, Bélgica e

Holanda. Em outros continentes, o processo de

industrialização alcançou os Estados Unidos, na

América, e o Japão, na Ásia. Nesse período, as

principais inovações técnicas foram a utilização do

aço, que superou o ferro, a utilização da energia

elétrica e o desenvolvimento dos produtos

químicos.

O pioneirismo industrial da Inglaterra

Um conjunto de fatores explicam o

pioneirismo industrial da Inglaterra:

Acúmulo de capitais – No plano

econômico, a Inglaterra possuía a mais importante

zona de livre comercio da Europa, sobretudo

depois da Revolução Gloriosa, que fortalecera as

ações da burguesia. Além disso, o país contava

com um aprimorado sistema de créditos

financeiros, desde a fundação do Banco da

Inglaterra, em 1694. Isso permitiu â burguesia

inglesa promover um grande acúmulo de

capitais, através da expansão do comércio em

escala mundial. Além disso, o puritanismo inglês

estimulava a acumulação de riquezas da

burguesia e o emprego de capitais para gerar

novos lucros.

Controle capitalista do campo – Com o acúmulo

de capitais, a burguesia passou a investir na área

rural. Isso conduziu ao controle capitalista do

campo, que se desenvolveu por meio de um

processo de concentração da propriedade

agrícola (enclousures = cercamentos), ampliando-

se as grandes propriedades rurais. Foi introduzido

também um sistema de racionalização dos

métodos agrícolas, que promoveu o aumento da

produtividade rural, liberando, ao mesmo tempo,

grandes contingentes de camponeses de suas

funções no campo. Pressionados a emigrar para

as cidades, esses camponeses foram sendo

aproveitados como mão-de-obra nas indústrias

em expansão.

Crescimento populacional – O

aumento da produtividade agrícola e os

progressos da medicina sanitária no

combate às epidemias colaboraram para

o crescimento da população, criando

grande oferta de trabalhadores, que

seriam explorados nas industriais.

Posição geográfica – Outro fator que contribuiu

para o pioneirismo inglês foi sua posição

geográfica, isto é, o fato da sua situação à margem

da Europa ocidental lhe dar acesso imediato às

vias importantes do comércio do mundo e lhe

facilitar a exploração dos grandes mercados

ultramarinos. Os seus numerosos portos

proporcionavam-lhe um comércio costeiro ativo.

Muitos rios navegáveis ajudavam o desenvolver o

comércio interno. 3

Jazidas de carvão - A Inglaterra também possuía

grandes reservas de carvão e o fato das suas

jazidas de carvão estarem muitas vezes

convenientemente situadas perto dos portes

tornava-lhe possível desenvolver as indústrias

baseadas no carvão, numa época em que outros

países ainda contavam com a madeira como

combustível e usavam carvão de madeira como

agente de fusão. As comunicações internas foram

ainda desenvolvidas pela construção de uma rede

de canais e novas estradas, e a construção de

vagonetas veio servir o comércio do carvão, as

minas, as pedreiras e as fábricas. O resto da

Europa teve de esperar a época do vapor para

começar a sério a industrialização.

Capitalismo, progresso e exploração: As

transformações da sociedade na era industrial.

A partir da Revolução Industrial, o

capitalismo industrial se estabeleceu como o

principal modo de produção europeu. Isto é

economia tornou-se capitalista, tendo a indústria

como atividade econômica mais importante. Isso

trouxe diversas transformações à nova sociedade

industrial.

Empresas X proletariado

Com o advento da Revolução Industrial, o

setor mais importante da burguesia passou a ser

dominado pelos capitalistas industriais. Para

desenvolver suas industriais, essa classe passou

a lutar pela liberdade econômica para a iniciativa

privada, pela ampliação dos mercados

consumidores e pela mão-de-obra barata para

trabalhar nas indústrias.

Nas relações sociais, despontaram,

portanto, duas novas classes em conflito: de um

lado, os empresários industriais (donos dos

meios de produção das fábricas) e, de outro, o

proletariado (trabalhadores das indústrias, que

viviam unicamente da venda da sua força de

trabalho). O meio pelo qual o capitalista industrial

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comprava a força de trabalho do proletariado era

o salário.

A exploração do trabalhador

Tendo como objetivo obter os maiores lucros

possíveis, o capitalista industrial procurava pagar

o menor preço admissível pelo salário, enquanto

explora ao máximo a capacidade de trabalho do

proletariado, em busca do aumento da produção.

Em diversas indústrias, a jornada de trabalho

ultrapassava quinze horas diárias.

Os salários pagos eram tão reduzidos que

mal davam para assegurar a alimentação mínima

de uma única pessoa. Para sobreviver, toda a

família proletária era obrigada a trabalhar,

inclusive mulheres e crianças de até seis anos.

AS PESSIMAS CONDIÇÕES DE

TRABALHO.

Para agravar o quadro de miséria

representado pelos salários de fome, as fábricas

tinham instalações péssimas, contrárias a todas

as normas de higiene e de saúde pública.

Um relatório apresentado ao Parlamento

Britânico, em 1833, apurou-se, por exemplo, que

nas fábricas antigas e pequenas o ambiente é de

sujeira, puçá ventilação, falta de banheiros e de

vestuário, ausência de exaustores para a poeira.

Alguns tetos são tão baixos que torna difícil

permanecer em pé. Nessas fábricas, existem

crianças trabalhando o mesmo número de horas

que os adultos. Os efeitos provocados por essa

longa jornada de trabalho são: deformação

permanente da constituição física, aquisição de

doenças incuráveis.

O surgimento dos movimentos operários. Essa

terrível situação de injustiça e de exploração do

trabalho humano decorrente da Revolução

Industrial acabou gerando lutas entre os

proletários e capitalistas. Houve casos de grupos

de operários que, armados de porretes,

atacaram as fábricas, destruindo suas máquinas.

Para eles, as máquinas personificavam a

miséria, os salários de fome, a opressão.

Com o tempo, o movimento operário evoluiu

para a luta contra o sistema de injustiça gerado

pela exploração do capitalismo industrial.

Surgiram, então, movimentos operários que

lutavam por melhores condições de trabalho,

salário etc.

As CONSEQUENCIAS DA REVOLUÇÃO

INDUSTRIAL

Ao lado das transformações sociais, a

Revolução Industrial teve como consequências,

entre outras coisas:

Divisão do trabalho e alienação – Visando

aumentar a produtividade industrial, o trabalho do

operário foi subdividido nas fábricas em múltiplas

operações, dando origem às linhas de

montagem. Com a divisão do trabalho, o operário

perdia a noção do conjunto do processo produtivo,

fragmentando o seu saber e colaborando para a

sua alienação.

Produção em série e padronização dos gostos

– As linhas de operação e de montagem

existentes ns fábricas trabalhavam para realizar

uma produção em série do mesmo artigo. O

aumento da produção em série colaborava para

homogeneizar o gosto dos compradores dos

produtos industriais.

Desenvolvimento dos transportes e das

comunicações – A revolução Industrial influiu

decisivamente no progresso dos meios de

transporte e de comunicação, sem os quais não se

poderiam vender produtos industrializados nos

mercados cada vez mais amplos do mundo.

Constituíram momentos significativos do

progresso dos transportes e das comunicações as

invenções do navio a vapor, da locomotiva e do

telégrafo.

Urbanização – As cidades cresceram devido à

concentração das indústrias e da grande massa

de trabalhadores. A população urbana aumentou

rapidamente. Na Inglaterra, por exemplo, a

população crescia linearmente desde 1500. A

partir de 1750, no entanto, houve verdadeiro salto

populacional. De 6,571 milhões de habitantes em

1750, a população aumentou para 16,345 milhões

em 1801 e saltou para 27,533 em 1851.

As Teorias socioeconômicas: A reação

ideológica à Revolução Industrial

Diante da realidade da industrialização,

surgiu todo um conjunto de teorias sociais e

econômicas, algumas com o objetivo de justificar

a organização da sociedade industrial, outras com

objetivo de criticar ou reformar a sociedade que

estava sendo moldada.

Essas teorias podem ser divididas em três

grupos principais: aquelas que justificam a

sociedade industrial capitalista, aquelas que

pretendiam revolucionar o mundo capitalista e

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aquelas que pretendiam reformar essa

sociedade.

O LIBERALISMO ECONOMICO

Entre as teorias que justificavam a

organização da sociedade industrial capitalista,

podemos citar o liberalismo econômico, que teve

como principais representantes Adam Smith

(1723-1790), Thomas Robert Malthus (1766-1834)

e David Ricardo (1772-1823).

Adam Smith – Principal fundador do liberalismo

econômico, defendia a não-intervenção do

Estado na economia (laissez-faire), isto é, o

Estado deveria cuidar apenas das funções

relativas à segurança pública, garantindo a ordem

e defendendo a propriedade privada. Defendia

também a liberdade contratual, argumentando

que os indivíduos deviam possuir liberdade para

realizar qualquer tipo de contrato uns com os

outros. Essa liberdade deveria vigorar, sobretudo,

na negociação dos contratos de trabalho, em que

patrões e empregados combinavam questões

como salário, horas de trabalho, produtividade etc.

Malthus – Escreveu o Ensaio sobre os princípios

da população, em que afirmava que a miséria dos

trabalhadores era produto de uma lei da natureza.

Segundo Malthus, devido à “paixão entre os

sexos” a população crescia em progressão

geométrica, enquanto suas possibilidades de

manutenção cresciam em progressão

aritmética. Concluía que era preciso, então, impor

sérias restrições morais à prática de relações

sexuais, para evitar a explosão demográfica. Do

contrário, o mundo se encaminharia cada vez mais

para uma situação de pobreza extrema e fome

permanente.

David Ricardo – Em sua obra Princípios de

economia política, afirmava que o trabalho deveria

ser encarado como uma mercadoria sujeita à lei

da oferta e da procura. Se havia muita oferta de

trabalho, o preço dessa mercadoria

evidentemente, diminuía, refletindo-se em baixos

salários. Não competia ao Estado exigir

aumentos dos salários que se opusessem à lei da

oferta e da procura. Com essa tese, que justificava

os salários de fome, David Ricardo fornecia aos

ricos capitalistas uma fórmula admirável para que

continuassem explorando, sem dramas de

consciência, a miséria dos pobres.

O SOCIALISMO

Estamos utilizando o nome genérico

socialismo para definir o conjunto de teorias que

procuravam propor alternativas para a superação

das injustiças da sociedade industrial. Essas

teorias propunham uma alteração profunda nas

estruturas sociais, com a retirada das classes

dominantes do poder (revolução).

As duas principais correntes socialistas

foram: a utópica e a científica.

SOCIALISMO UTÓPICO

Pela expressão socialismo utópico,

ficaram conhecidas as primeiras correntes

socialistas, formuladas por homens como Saint-

Simon, Charles Fourier, Pierre Proudhom e Robert

Owen.

Saint-Simon (1760-1825) – Pregava a extinção

das diferenças de classes e a construção de uma

sociedade em que todos ganhassem de acordo

com o seu trabalho.

Fourier (1772-1837) – Imaginou uma sociedade

composta de indivíduos vivendo harmonicamente

em comunidades livres, onde cada um se

dedicaria à atividade que lhe fosse confiada pelo

conjunto dos membros.

Pierre Proudhon (1804-1865) – Considerava

toda a propriedade privada um roubo, sendo a

base da exploração do trabalho alheio.

Robert Owen (1771-1852) – Pregava a

organização da sociedade em comunidades

cooperativas (trade-unions) compostas por

operários, baseadas em sistemas de autogestão.

Socialismo científico ou marxismo

Os pensadores Karl Marx (1818-1883) e

Friedrich Engels (1820-1895) formularam o

chamado socialismo científico, que depois

passou a ser denominado simplesmente

marxismo. Foi denominado cientifico, pois se

baseava na análise histórico-filosófica da

sociedade e não apenas em ideais de justiça

social.

Vamos, então, as principais ideias da teoria

marxista.

Dialética – A natureza e a sociedade sofrem

permanentemente mudanças quantitativas e

qualitativas. Para Marx e Engels, essas mudanças

ocorrem de maneira dialética, isto é, elas são o

resultado da luta de forças contrárias (positivo X

negativo, amor X ódio, vida X morte, explorado X

explorador etc).

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Modo de produção – Toda sociedade tem uma

base material, um a estrutura, que a sustenta.

Essa estrutura é constituída pelas forças

produtivas (instrumentos utilizados, habilidades e

hábitos dos trabalhadores) e pelas relações de

produção estabelecidas entre os homens que

participam do processo produtivo. O conjunto

dessas forças e relações determina o modo de

produção que uma sociedade utiliza para garantir

sua existência material, condicionando também

toda a sua vida social, política e intelectual.

Capitalismo e socialismo são exemplos de modos

de produção.

Luta de classes – Em termos sociais, o motor da

história é a luta de classes, que só cessaria com

o aparecimento da sociedade comunista perfeita.

Nela não haveria a exploração de classes, e os

homens estariam livres das injustiças sociais. Mas

para isso era necessária a união dos

trabalhadores. Por isso, Marx pregava: Proletários

de todos os países, uni-vos.

Mais-valia – Para Marx e Engels, o capitalista

(proprietário dos meios de produção), ao explorar

o trabalho assalariado, recebe lucros gerados pela

mais-valia. Em termos bem simples, podemos

explicar a noção de mais-valia da seguinte

maneira: um operário, por exemplo, ao realizar um

trabalho, deveria receber de forma integral o

correspondente ao valor social do seu trabalho.

Entretanto, o capitalista apropria-se de parte

desse trabalho que deveria ser paga ao operário.

A essa parte não-remunerada do trabalho social

dá-se o nome de mais-valia.

Entre as principais obras do socialismo

científico, podemos citar Contribuição à crítica da

economia política (1859), Manifesto comunista (de

Marx e Engels, publicado em 1848) e O Capital (de

Marx, cujo primeiro volume foi publicado em

1857).

O pensamento social-cristão

Diversos pensadores cristãos, como Robert

Lamennais, Adolph Wagner, J. D. Maurice e

outros, procuraram lançar apelos às classes

dominantes para que fossem aliviados os

sofrimentos das classes trabalhadoras. O objetivo

era promover uma reforma na sociedade,

conciliando os interesses dos capitalistas

industriais com certos padrões mínimos de

dignidade humana exigidos pela classe operária.

Uma conciliação plena desses interesses

seria difícil, na medida em que exigia um acordo

entre explorado e explorador. De qualquer modo,

foi assim que nasceram as teorias sociais-cristãs,

numa tentativa de aplicar os ensinamentos

evangélicos de amor e de respeito ao próximo aos

problemas sociais gerados pela industrialização.

A INDEPENDENCIA DAS AMERICAS

INDEPENDENCIA DOS EUA

“O processo histórico que levou a independência

dos Estados Unidos, inaugurou um sistema de

rompimento colonial americano. ”

Esse processo iniciou-se após a guerra dos sete

anos, travada entre Inglaterra e França, por terras

na América do Norte. Inglaterra no intuito de

pressão as suas terras coloniais e restrição,

desagradou as elites coloniais, dando início ao

processo de independência.

Leis adotadas pelos Ingleses

Lei do açúcar (1764); Lei do Selo (1765) e Lei do

chá (1773), o que tiravam autonomia comercial

das colônias.

A Declaração de Independência

Declarada oficialmente por Thomas Jefferson, em

4 de julho de 1776, se livrando assim da

dominação Inglesa.

A Guerra da Independência

A guerra entre colonos e Inglaterra perdurou por

sete anos, o que a dividiu e duas etapas, após ser

iniciada em 1775:

Na primeira fase as tropas americanas enfrentam

as tropas inglesas sozinhas.

Na segunda etapa os norte-americanos recebem

apoio de outros países: França, Espanha e

Províncias Unidas.

A constituição americana

Implantada em 1787 adotou o governo

republicano; separação dos três poderes; e livre

exercício dos direitos políticos e civis.

A independência das Américas

A Independência da América espanhola está

relacionada as transformações que ocorreram na

Europa no século XVIII, levando a derrocada do

Absolutismo, o que causaram um enorme impacto

nas Américas.

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As Razões da Independência: A riqueza das

colônias espanholas já não era mais a mesma. A

exploração de metais preciosos em séculos

anteriores sugou praticamente toda a riqueza de

algumas regiões. Como a Espanha era um país

extremamente atrasado no seu desenvolvimento

industrial, importava inúmeros produtos da

Inglaterra e da França, e tornou-se grande

devedora desses países. Na tentativa de contorno

para a situação, a Coroa encontrou algumas

soluções:

2.1) Aumento de Impostos;

2.2) Restrição ainda mais do comércio

Colonial.

Medidas que desagradaram colonos: crioullos

(descendentes de espanhóis na América),

controladores de grande parte das atividades

econômicas coloniais e que não viam seus

interesses representados.

Proibidos de tomar decisões políticas, a qual

estava na mão dos Chapetones (espanhóis

escolhidos pela coroa para governar as colônias).

Impulsionados pelos ideais da independência

norte-americana e da Revolução Francesa,

diversos movimentos de independência na

América Espanhola surgiram, com financiamento

Inglês, que via interesses com o fim do Pacto

Colonial, e crescimento de mercado.

Os Movimentos de Independência: Tupac

Amaru, que se iniciou em 1783, com uma revolta

indígena, liderados por José Gabriel, que dá nome

ao movimento, incitada pela grande exploração

que os mesmos sofriam, e acabou se tornando

uma tentativa de Independência do Peru. Porém

movimento foi sufocado brutalmente.

A Independência do México: Conhecida como

Vice-Reinado da Nova Espanha, que

primeiramente tentou a independência, em 1810,

sob a liderança de Miguel Hidalgo, porém

sufocado pelo exército Espanhol. Posteriormente,

a independência definitiva veio a ocorrer em 1821,

sob comando do general Itúrbe que se declarou

imperador, e em 1823 é proclamada a República.

A independência de Nova Granada:

O Vice-Reinado de Nova Granada veio a formar

três países no sul do continente: Venezuela,

Colômbia e Equador. Liderados por Simon Bolívar,

que ficou conhecido como o grande libertador. A

Venezuela rompendo com a Colômbia, tornou-se

independente em 1830, e o Equador em 1822.

A independência do Vice-reinado do Rio da

Prata

Iniciado em 1811 pelo Paraguai, com a sua

libertação e incentivo a Argentina que logo em

seguida o fez. O Uruguai por sua vez só

conquistou a independência em 1828, após uma

guerra de três anos com o Brasil, liderado por San

Martin.

Imperialismo e as disputas capitalistas

Neocolonialismo: O século XIX vai conhecer

uma nova corrida colonial. Este processo histórico

está diretamente relacionado com a chamada

Segunda Revolução Industrial–ocorrida na

Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Itália Japão

e Estados Unidos. A Segunda Revolução

Industrial provocou um enorme aumento na

capacidade produtiva das indústrias, fazendo-se

necessário uma ampliação do mercado

consumidor e do mercado fornecedor. A disputa

por novos mercados resulta no imperialismo e,

posteriormente, na Primeira Guerra Mundial.

O Antigo Sistema Colonial e o

Neocolonialismo.

O Antigo Sistema Colonial ocorreu entre os

séculos XVI e XVIII. A preocupação fundamental

era o fornecimento de gêneros tropicais e de

metais preciosos para a Europa, bem como o

consumo de produtos manufaturados europeus,

por parte das colônias. A mão-de-obra utilizada

era a escrava (negra ou indígena), a política

econômica que norteava as relações era o

Mercantilismo – com a necessidade de

acumulação de capitais, daí a existência dos

monopólios. A área geográfica do Antigo Sistema

Colonial era a América- podendo-se encontrar

colônias de exploração e colônias de povoamento.

Já no Neocolonialismo a área geográfica passou a

ser a África e a Ásia. A política econômica que

predomina será o liberalismo e o fator básico da

colonização é econômico, ou seja, necessidade de

matérias-primas industriais, tais como carvão,

ferro, petróleo. A área colonial receberá os

excedentes industriais e será local para

investimentos de capitais disponíveis na Europa.

As novas áreas coloniais também auxiliarão as

tensões sociais da Europa: novas terras para

receber população europeia, tornando-se uma

válvula de escape às pressões demográficas. O

regime de trabalho será o assalariado – garantindo

assim o mercado consumidor. A mão-de-obra

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barata das áreas coloniais interessava às grandes

industriais, pois o trabalhador europeu recebia

altos salários, em razão de sua organização

sindical e de partidos políticos que lutavam pelos

direitos trabalhistas. A propaganda que defendia o

imperialismo denominava-se ―darwinismo social.

Baseada em ideias pseudocientíficas, afirmava

ser a sociedade europeia (branca) mais civilizada

que outras sociedades (não brancas).

Assim, cabia à sociedade europeia a missão de

―civilizar as demais, o conhecido ―fardo do

homem branco‖. Porém, o neocolonialismo foi

estritamente econômico, satisfazendo os

interesses dos grandes grupos econômicos –

cartéis, trustes e holdings – e beneficiando a alta

burguesia. Por conta disto, o neocolonialismo

alterou o capitalismo que, de concorrencial passou

a ser monopolista: o capital concentrado em

grandes grupos econômicos financiados por

grandes bancos. Desenvolve-se então uma nova

modalidade de capitalismo, o capitalismo

financeiro.

O imperialismo na Ásia

A revolução Industrial e a expansão das indústrias

têxtis inglesas tornam a Ásia uma consumidora de

produtos europeus, especialmente britânica. Uma

das regiões mais disputadas na Ásia foi a Índia

que, ao longo dos séculos XVI ao XIX ficará sob o

controle da Inglaterra. A Índia será administrada

pela Companhia das Índias Orientais. Em 1857

ocorre a Revolta dos Sipaios, última tentativa de

resistência ao domínio britânico e, em 1876 a

rainha Vitória foi coroada imperatriz da Índia. O

imperialismo na China ligava-se aos interesses

econômicos do chá, seda e outras mercadorias.

Entre 1840 e 1842 ocorreu a Guerra do Ópio, em

razão da destruição de carregamentos de ópio

para a China. A vitória inglesa no conflito resultou

na assinatura do Tratado de Nanquim, onde Hong

Kong é incorporado à Inglaterra e cinco portos

foram abertos ao comércio inglês – com destaque

para os portos de Xangai e Nanquim.

Após esta abertura forçada, a China será alvo de

outras nações imperialistas, como o Japão,

Alemanha, França Itália e Estados Unidos. Como

reação ao domínio estrangeiro surge uma

sociedade nacionalista secreta – a Sociedade dos

Boxers – promovendo ataques e sabotagens aos

estrangeiros. Surge então a Guerra dos Boxers,

cuja derrota chinesa às potências estrangeiras

culminou com novas concessões econômicas.

O imperialismo na África

Um dos pioneiros na conquista da África foi a

França que, em 1830 ocupou a Argélia; em 1844

conquistou o Marrocos e em 1854 o Senegal. No

ano de 1910 foi formada a África Ocidental

Francesa, composta pelos territórios da Guiné,

Gabão, parte do Congo e do Sudão. Ainda parte

do império colonial contava-se o Madagascar e a

Tunísia.

A Inglaterra teve sua colonização na África

impulsionada pelo à construção do canal de Suez,

no Egito. Em 1888 a companhia dirigida por Cecil

Rhodes conquistou a Rodésia. Entre os anos de

1888 e 1891 foram incorporados ao império

britânico o Quênia, a Somália e Uganda. Outros

territórios britânicos foram a União Sul- Africana,

Nigéria, Costa do Ouro e Serra Leoa. A Alemanha

conquistou o Camarão, África Sudoeste e África

Oriental. A Itália anexou a Líbia, Somália e Eritréia.

Portugal anexou Moçambique, Angola, Guiné

Portuguesa; a Espanha com o Marrocos

Espanhol, Guiné Espanhola e Rio do Ouro. A

região central da África era objeto de disputa por

várias nações europeias. Para resolver a questão

foi organizada a Conferência de Berlim (1884/85),

que contou com a participação da Rússia e dos

Estados Unidos. A conferência estimulou a corrida

sobre os poucos territórios livres que existiam no

continente africano. O Japão adota posturas

imperialistas a partir da década de 1860, início do

período de modernização do Japão, conhecido

como ―Era Meiji‖. O imperialismo japonês

ocorrerá sobre a China, Coréia e Formosa

(Taiwan). O imperialismo na América Latina será

exercido pelos Estados Unidos: México, após a

guerra de 1848. A partir de 1870 o domínio norte-

americano se fará na região do Caribe. A parte sul

do continente americano terá o predomínio da

Inglaterra.

Consequências do neocolonialismo

O mundo será partilhado entre as grandes

potências industriais. A tentativa de ampliar as

áreas de dominação provocará o choque

imperialista. Este choque vai deflagrar a Primeira

Guerra Mundial.

A descolonização

Causas da descolonização

A descolonização da Ásia e da África está

relacionada com a decadência da Europa,

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motivada pela Primeira Guerra Mundial, pela crise

de 1929 e Segunda Guerra Mundial. Outro fator

será o despertar do sentimento nacionalista na

Ásia e na África, impulsionado pela decadência da

Europa e pela Carta da Onu, que, em 1945,

reconheceu o direito dos povos colonizados à

autodeterminação. O ponto máximo do

nacionalismo será a Conferência de Bandung

(1955), ocorrida na Indonésia que estimulou as

lutas pela independência. A guerra fria e a

polarização entre EUA (capitalismo) e a URSS

(socialismo) também contribuiu para o fim dos

impérios coloniais. Cada uma das superpotências

via na descolonização uma oportunidade de

ampliar suas influências políticas e econômicas.

A Descolonização da Ásia

O processo de independência das áreas coloniais

asiáticas foi por meio da guerra ou pacífica.

Independência da Índia

O processo de independência da Índia teve seu

início na década de 1920, através do Partido do

Congresso, sob a liderança de Mahatma Gandhi e

Jawarhalal Nerhu. A campanha de Gandhi foi

caracterizada pela desobediência civil, não

violência e resistência passiva. Em 1947, os

ingleses reconheceram a independência da Índia.

Em face das rivalidades religiosas o território foi

dividido: a maioria hinduísta, governada por Nerhu

formará a União Indiana; a parte islâmica,

governada por Ali Junnah, formará o Paquistão.

Em 1971 o Paquistão Oriental proclama sua

independência do Paquistão Ocidental, surgindo a

República do Bangladesh.

Independência da Indonésia

O movimento de independência da Indonésia foi

conduzido por Sukarno. A luta estendeu-se até

1949, quando a Holanda reconheceu a

independência.

Independência da Indochina

No ano de 1941, como resistência à ocupação

japonesa, formou-se um movimento nacionalista –

Vietminh – dirigido por Ho Chi Minh. Após a

derrota japonesa na guerra foi proclamada a

independência da República Democrática do

Vietnã (parte norte). Os franceses não

reconheceram a independência e tentaram, a

partir de 1946, recolonizar a Indochina, tendo

início a Guerra da Indochina. Em 1954, na

Conferência de Genebra foi reconhecida a

independência da Indochina, dividida em Laos,

Camboja e Vietnã (parte norte e parte sul). A

mesma conferência estabeleceu que o paralelo 17

dividiria o Vietnã. Em 1956 formou-se a Frente de

Libertação Nacional, contra o governo de Ngo

Dinh Diem – apoiado pelos EUA. A Frente contou

com o apoio do Vietcong (exército guerrilheiro). O

cancelamento das eleições de 1960 deu início à

guerra do Vietnã. O Vietcong contou com o apoio

do Vietnã do Norte, e o governo de Ngo Dinh Diem

dos EUA. A guerra perdurou até 1975, quando os

Estados Unidos se retiraram da região.

O fim do império colonial português

Durante a década de 1950 começaram a se

organizar movimentos separatistas em Angola,

Moçambique e Guiné portuguesa. Em 1956 foi

criado o Movimento Popular pela Libertação de

Angola (MPLA), sob a liderança de Agostinho

Neto. Posteriormente surgiram a Frente Nacional

de Libertação de Angola (FNLA) e a União

Nacional para a Independência Total de Angola

(UNITA). Após a independência de Angola,

mediante o Acordo de Alvor em 1975, os três

grupos acima iniciaram uma guerra civil, na

disputa pelo poder.

A independência de Moçambique foi patrocinada

pela Frelimo (Frente de Libertação de

Moçambique), tendo como lider Samora Machel –

que em 1960 iniciou um movimento de guerrilha.

Portugal reconheceu a independência em 1975.

No ano de 1956, Amílcar Cabral fundou o Partido

Africano para a Independência da Guiné e Cabo

Verde (PAIGC). No ano de 1974 foi reconhecida a

independência da Guiné; em 1975 do Cabo Verde

e de São Tomé e Príncipe.

Um importante fato que contribuiu para o fim do

império colonial português foi a Revolução dos

Cravos, que ocorreu em 25 de abril de 1974 e que

marcou o fim do regime fascista (imposto por

Oliveira Salazar e continuado por Américo Tomás

e seu primeiro-ministro Marcelo Caetano). O novo

governo de Portugal não ofereceu resistência para

o reconhecimento da independência das colônias.

As consequências da descolonização

Entre as consequências do processo de

descolonização afro-asiática enumeramos o

surgimento de novos países que, ao lado das

nações latino americanas, formaram o bloco do

Terceiro Mundo. Este bloco fica sob a

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dependência dos países capitalistas

desenvolvidos (Primeiro Mundo) ou de países

socialistas (Segundo Mundo).

A dependência deste bloco será responsável pela

concentração de renda nos países ricos e pelo

crescente endividamento externo dos países

subdesenvolvidos, apresentando sérios

problemas de saúde, educação, desnutrição, entre

outros.

O MUNDO EM CONFLITO

Primeira Guerra Mundial

Com o declínio da supremacia europeia sobre o

mundo, e a tardia colonização de mercado por

parte e alguns países, nem mesmo a Europa

acreditava em um conflito tão grande. Com

enormes antagonismos entre as nações e alianças

secretas, e reivindicação por uma divisão de

colônias, a guerra se tornou inevitável.

Causas da Guerra

As causas da guerra vão ser ocasionadas devido

à enorme tensão existente entre diversos países

europeus, os quais estavam ligadas a questões

históricas, questões fronteiriças, e um forte

revanchismo. Países como Alemanha, Inglaterra,

França, Eslavos estiveram fortemente envolvidos

nestas tensões, ocasionando alianças, as quais

estavam em dois polos: Tríplice Aliança formada

pela Alemanha, Áustria e Itália; e a Tríplice

Entente composta por Inglaterra, Rússia e França.

Incitada, principalmente como válvula de escape,

a morte do imperador austríaco Francisco

Ferdinando em 1914, desencadeou a abertura da

primeira Guerra Mundial.

Etapas da Guerra

A primeira etapa está ligada as invasões dos

países, ou seja, a primeira movimentação, com a

Alemanha invadindo a Bélgica, (1914 – 1915).

Na segunda etapa nos anos de 1915 a 1917, ficou

conhecida como guerra das trincheiras, a qual

fortemente estava atrelada a uma guerra sem

movimentação, parada, com a entrada da Itália ao

lado da Entente.

A terceira fase da guerra fica marcada pela

entrada dos EUA, o qual possuía altos

investimentos na Inglaterra e na França. O que

também deu forte apoio a Entente, ocasionando a

vitória do grupo.

Efeitos da Guerra

A guerra trouxe diversas diferenças, modificações

e transformações a sociedade mundial. A exemplo

disso temos a realocação do papel da mulher no

mercado de trabalho, o forte risco de revoluções

nos países vencidos, forte dependência da Europa

em relação aos produtos americanos, além da

reorganização geográfica com o surgimento de

novos países.

Outra importante instituição que surgiu com o fim

da guerra foi a chamada Liga das Nações, com o

papel de agir como mediadora mundial em

conflitos entre nações.

Como consequência pelo fim da guerra, tem-se o

Tratado de Versalhes, o qual impôs diversas

condições aos países derrotados, principalmente

a Alemanha, a qual sofreu sanções e humilhações

demasiadamente penosas e constrangedoras:

pagar uma enorme taxa aos países vencedores, e

devolução de uma enorme parte que havia

anexado aos seus territórios.

O Período entre Guerras

O período entre guerras, assim conhecido por ter

sido o intervalo entre a primeira e a segunda

guerra mundial, em um curto espaço de tempo,

inicialmente se mostrou bastante promissor pela

época de crescimento e renovação de uma época

de progresso, altas importações e investimentos

na Europa tornou os EUA em uma enorme

potência mundial, e a Europa conheceu a

chamada Bela Époque. Porém este crescimento

teve fim com a Crise de 29, devido à quebra da

bolsa de Nova York, ocasionando um a crise geral

em todo o globo. Tal crise desencadeou graves

consequências, como a falência generalizada,

aumento da fome, do desemprego, e

principalmente ao fortalecimento do Nazi-

Fascismo.

O governo Norte americano para acabar com a

crise, em pleno governo de Roosevelt, implantou

o New Deal, trazendo assim a passagem do

liberalismo econômico para o capitalismo

monopolista, ou seja, uma intervenção do estado

na economia, o que perdurou até a segunda

Guerra Mundial.

O Fascismo

O medo das ideias socialistas, crescentes pela

Europa, abalaram as classes medias e a alta

burguesia dentro da Itália, os levando assim a

apoiar o Partido Nacional Fascista, liderado por

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Benito Mussolini, que via no liberalismo

econômico uma fraqueza muito grande.

Através da Marcha sobre Roma, Mussolini se

torna primeiro ministro italiano em 1922. Porém a

quebra da bolsa de Nova York abalou gravemente

a economia, fazendo com que Mussolini desse

início a expansão imperialista invadindo a Etiópia,

na tentativa de reequilibrar as finanças italianas.

O Fascismo trazia consigo diversas características

que seriam próprias: Militarismo, Nacionalismo,

Idealismo e o Totalitarismo.

O Nazismo

A Alemanha, saída da guerra como a grande

derrotada e humilhada pelas fortes imposições do

Tratado de Versalhes, além da crise que abalava

ainda mais a economia Alemã. Com isso houve o

crescimento do Partido Nacional Socialista dos

Trabalhadores (Partido Nazista) liderado por Adolf

Hitler, o qual trazia teorias de superioridade

(arianismo), além de uma ideologia de extrema

direita.

Em 1934, Adolf Hitler assume o poder por

completo como primeiro ministro e presidente,

sendo conhecido com Funhrer. Outro caráter forte

que estava ligado ao nazismo era a ideia anti-

semitista, o que seria um diferencial em relação ao

fascismo italiano. Adotado por outros países com

características locais, porém ainda fascista como

em Portugal que ficou conhecido como

Salazarismo e na Espanha como Franquismo.

A Segunda Guerra Mundial

Com o fim da primeira guerra mundial,

permaneceu um resquício de humilhação e

revanchismo em relação ao povo alemão. O que

fortaleceu ainda mais as ideias de conquistas e

imperialismo de Hitler, além da ideia de mudança

no Tratado de Versalhes, recebendo apoio de

Itália e Japão.

Fases da Segunda Guerra

A primeira fase da segunda grande guerra (1939 –

1941) é fortemente caracterizada pela invasão

Alemã a Polônia e logo em seguida da Noruega e

da Dinamarca, com guerra relâmpago, a qual ficou

conhecida como estratégia Blitzkrieg.

Posteriormente a Alemanha invade a Holanda,

Luxemburgo e a Bélgica, e em parte da França.

Aliados também a esta guerra estava o Japão

invadindo a China e a Itália que entrava na Guerra

atacando Malta, Gibraltar e Alexandria.

A Alemanha atacava e bombardeava a Inglaterra

intensamente, porem as ilhas britânicas sob

comando de Winston Churchill resistia

militarmente a Adolf Hitler.

Na segunda fase da Guerra (1942 – 1943), há uma

contraofensiva por parte dos aliados, contendo os

ataques do Eixo. Os EUA impunham pesadas

derrotas aos Japoneses nas batalhas de Midway

e Guadalcanal, após terem sido bombardeados no

ataque a Pearl Harbour, no Havaí.

A terceira fase se caracteriza pela derrocada do

Eixo, que era formalizada pelo Japão, Alemanha e

Itália, as quais agora saiam derrotadas,

principalmente pela forte atuação e imposição

militar Norte Americana e da URSS. Mussolini foi

deposto em 1943, com a Itália assinando o

armistício. A Alemanha invadida e ocupada pelo

Exército Vermelho, que ficou conhecido como

Rolo compressor, por rapidamente derrotar as

forças alemãs, além da invasão por parte dos

aliados, com a rendição oficialmente dada em 8 de

maio de 1945, conhecido como Dia D.

Já o Japão só veio a se render em 2 de setembro

de 1945, após sofrer uma gigantesca ofensiva

com os ferozes ataques em Hiroshima e Nagasaki,

com as bombas atômicas norte americanas.

Fim da Guerra e a Criação da ONU

A Organização das Nações Unidas, foi criada em

1945, na chamada conferencia de São Francisco,

a qual foi referenciada na Assembleia Geral do

mesmo ano, onde inclusive o Brasil é considerado

membro fundador. Com o objetivo de manter a paz

e a cooperação mundial, já que a antiga Ligas da

Nações havia falhado nesta tarefa. Possuindo

diversos conselhos como: Conselho de

Segurança, Conselho Econômico e Social,

Conselho de Tutela, Corte Internacional de

Justiça. Além de instituições especializadas: OMS,

OIT, ONUID, GATT e UNESCO.

Patrimônio Cultural e Diversidade Cultural

Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental, ter

também a capacidade de diferenciar entre

patrimônio material e imaterial e por fim será

elencado os patrimônios culturais e naturais

brasileiros, acompanhado de algumas questões

do ENEM sobre o assunto.

Contexto Histórico

Significado primitivo: Patrimônio = grego

(Pater)

1) Patrimônio: tudo aquilo que é deixado pelo Pai;

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2) Patrimônio: bens materiais + cultura,

identidade;

3) Patrimônio: monumentos vão expressar os

fatos (singular);

4) Patrimônio: artístico e estético (só para elite)

5) Século XIX -> Avanço -> espaço urbano,

cultura.

2. Existem dois conceitos de Patrimônio:

Material;

Legal;

O conceito de Patrimônio não existe isolado. Só

existe em relação a alguma coisa. Podemos dizer

que Patrimônio é o conjunto de bens materiais

e/ou imateriais que contam a história de um povo

e sua relação com o meio ambiente. É o legado

que herdamos do passado e que transmitimos a

gerações futuras.

Um outro conceito para você não esquecer:

―Patrimônio é tudo o que criamos, valorizamos e

queremos preservar: são os monumentos e obras

de arte, e também as festas, músicas e danças, os

folguedos e as comidas, os saberes, fazeres e

falares. Tudo enfim que produzimos com as mãos,

as ideias e a fantasia. Cecília Londres.

No sentido Legal, está no artigo 216 da

Constituição Federal da República Federativa do

Brasil.

3. Classificação do Patrimônio:

Histórico;

Cultural;

Ambiental

Patrimônio Histórico

É o conjunto de bens que contam a história de uma

geração através de sua arquitetura, vestes,

acessórios, mobílias, utensílios, armas,

ferramentas, meios de transportes, obras de arte,

documentos. Até final da década de 1970, tinha

caráter político/elitista. A partir de 1980, passaram

a ser consideradas outras etnias e classessociais.

Um exemplo de patrimônio histórico é a

Universidade Federal do Paraná.

Localizada no centro de Curitiba, capital do

estado, foi a primeira universidade criada no

Brasil.

Patrimônio Cultural

É o conjunto de bens materiais e/ou imateriais,

que contam a história de um povo através de seus

costumes, comidas típicas, religiões, lendas,

cantos, danças, linguagem.

Tipos de Patrimônio

Material

Imaterial

Material: O patrimônio material é formado por um

conjunto de bens culturais classificados segundo

sua natureza: arqueológico, paisagístico e

etnográfico; histórico; belas artes; e das artes

aplicadas.

Eles estão divididos em bens imóveis – núcleos

urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e

bens individuais – e móveis – coleções

arqueológicas, acervos museológicos,

documentais, bibliográficos,

arquivísticos, videográficos, fotográficos e

cinematográficos.

3 Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e

Paisagístico. Livro do Tombo Histórico. Livro do

Tombo das Belas-Artes. Livro do

Tombo das Artes Aplicadas.

Entre os bens materiais brasileiros estão os

conjuntos arquitetônicos de cidades como Ouro

Preto (MG), Paraty (RJ), Olinda (PE) e São Luís

(MA) ou paisagísticos, como Lençóis (BA),

Serra do Curral (Belo Horizonte), Grutas do

Lago Azul e de Nossa Senhora Aparecida

(Bonito, MS) e o Corcovado (Rio de Janeiro).

Imaterial: Os bens culturais imateriais estão

relacionados aos saberes, às habilidades, às

crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas.

Desta forma podem ser considerados bens

imateriais: conhecimentos enraizados no cotidiano

das comunidades; manifestações literárias,

comidas e bebidas típicas, danças, musicais,

plásticas, cênicas e lúdicas; rituais e festas que

marcam a vivência coletiva da religiosidade, do

entretenimento e de outras práticas da vida social;

além de mercados, feiras, santuários, praças e

demais espaços onde se concentram e se

reproduzem práticas culturais.

Na lista de bens imateriais brasileiros estão a festa

do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a Feira de

Caruaru, o Frevo, a capoeira, o modo artesanal de

fazer Queijo de Minas e as matrizes do Samba no

Rio de Janeiro.

Características de um patrimônio:

A principal característica de um patrimônio é que

a sua conservação seja de interesse público, quer

por sua vinculação a fatos memoráveis da história

do lugar e de seu povo, quer por seu excepcional

valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou

artístico.

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