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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ANÁLISE E PLANEJAMENTO AMBIENTAL CLIMATOLOGIA DA PLUVIOSIDADE NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARANAÍBA DANNIELLA CARVALHO DOS SANTOS UBERLÂNDIA/MG 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ANÁLISE E PLANEJAMENTO AMBIENTAL

CLIMATOLOGIA DA PLUVIOSIDADE NA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO PARANAÍBA

DANNIELLA CARVALHO DOS SANTOS

UBERLÂNDIA/MG

2016

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DANNIELLA CARVALHO DOS SANTOS

CLIMATOLOGIA DA PLUVIOSIDADE NA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO PARANAÍBA

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Geografia da

Universidade Federal de Uberlândia, como

requisito parcial à obtenção do título de Mestre

em Geografia.

Área de concentração: Análise e Planejamento

Ambiental

Orientador: Professor Dr. Vanderlei de

Oliveira Ferreira

Uberlândia/MG

INSTITUTO DE GEOGRAFIA

2016

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.

S237c

2016

Santos, Danniella Carvalho dos, 1989-

Climatologia da pluviosidade na bacia hidrográfica do Rio Paranaíba

/ Danniella Carvalho dos Santos. - 2016.

100 f. : il.

Orientador: Vanderlei de Oliveira Ferreira.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia,

Programa de Pós-Graduação em Geografia.

Inclui bibliografia.

1. Geografia - Teses. 2. Climatologia - Triângulo Mineiro/Alto

Paranaíba (MG : Mesorregião) - Teses. 3. Precipitação (Meteorologia) -

Variabilidade - Teses. I. Ferreira, Vanderlei de Oliveira. II. Universidade

Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Geografia. III.

Título.

CDU: 910.1

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela força nos momentos de maiores dificuldades, pelas

bênçãos derramadas em minha vida, pelas oportunidades que me foram dadas e

principalmente pelas pessoas que colocou em meu caminho até hoje, todas elas de alguma

maneira me ensinaram alguma coisa que contribuiu e continuará contribuindo para meu

crescimento pessoal e profissional.

Agradeço a minha família (mãe Luiza Marilac Carvalho, pai Abedias Pereira dos Santos e

irmão Deyvison Carvalho Santos) por ser minha base em todos os projetos e sonhos que

busco alcançar.

Agradeço ao meu marido João Souza pelo companheirismo ao longo dos anos, pelo amor

incondicional que tem me oferecido e principalmente por existir em minha vida, Te amo

muito.

Agradeço aos meus amigos pela paciência nos momentos em que precisei estar ausente, pelo

carinho nos momentos em que estamos reunidos e pelas palavras que sempre me dão força pra

continuar.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Vanderlei de Oliveira Ferreira pela paciência, sabedoria

e amizade dedicada ao longo do curso. Sem sua orientação este trabalho não seria possível,

obrigada.

Agradeço a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para minha formação, tudo que

me ensinaram ficará para sempre guardado em minha mente e coração.

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RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo principal estudar a pluviosidade da bacia hidrográfica do

Paranaíba, especialmente quanto ao quadro de variabilidade e tendências. Para isso foram

utilizados dados de 22 postos pluviométricos da Agência Nacional da Águas (ANA)

distribuídos espacialmente ao longo da área da bacia. Os dados compreenderam os anos de

1979 a 2013, o que representa uma série histórica de 35 anos, e foram baixados através do site

da ANA e tabulados utilizando o software Hidro 1.2 (2015) e Excel. Após o processo de

tabulação foram aplicadas metodologias baseadas na estatística para analise da variabilidade

anual, mensal, diária e sazonal das chuvas na bacia além das análises de tendências. Os

resultados desta pesquisa apontaram que a média anual de chuvas é de 1491 mm. A

sazonalidade é uma característica marcante e a variabilidade das chuvas ocorre espacial e

temporalmente. As chuvas são acumuladas na estação chuvosa representando 85% do volume

anual na bacia. Nas análises diárias identificou-se que as chuvas diárias acima dos 30 mm

ocorrem em apenas 3% do tempo. A estação seca comporta 15% da pluviosidade. As análises

de tendência utilizando a regressão linear apontaram para uma tendência de redução das

chuvas em 46% dos postos, estabilidade em 18% dos postos e aumento das chuvas em 36%.

Já as análises utilizando o teste do sinal indicaram que 32 % dos postos pluviométricos

analisados apresentaram tendência de aumento das chuvas ao longo da série histórica e 68%

dos postos apresentaram tendência de redução. Esta pesquisa é relevante pois demonstra como

se comportam as chuvas na bacia hidrográfica do Paranaíba, e poderá ser utilizada no

desenvolvimento de uma melhor gestão dos recursos naturais da área através de políticas

públicas voltadas para este fim.

PALAVRAS- CHAVE: Variabilidade, tendências, precipitações, bacia do Paranaíba.

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ABSTRACT

The main aim of this research was to study pluviosity in the Paranaíba Riverbasin, especially

concerning the variability frame and trends. For this end, we used data from 22 pluviometric

stations of the Agência Nacional da Águas- ANA(National Water Agency)spatially

distributed throughout the basin area. The data comprised the years 1979-2013, which is a

historical series of 35 years, and was downloaded through the ANA website and tabulated

using the Hydro 1.2 software (2015) and Excel. After tabulation process were applied based

methodologies for statistical analysis of annual variability, monthly, daily and seasonal

rainfall in the basin beyond the trend analysis. Results of this research showed that the annual

rainfall averageis 1491 mm. Seasonality is a hallmark and rainfall variability occurs spatially

and temporally. Rains are accumulated in the rainy season accumulating 85% of the annual

volume in the basin. In daily analysis it was found that the daily rainfall above 30 mm occur

in only 3% of the time. Dry season comprises 15% of the rainfall. Trend analysis using linear

regression pointed to a downward trend in rainfall in 46% of jobs, stability in 18% of posts

and increased rainfall by 36%. As for the analysis using the sign test indicated that 32% of the

analyzed rainfall stations showed an increasing trend of rainfall over the time series and 68%

of stations showed downward trend. This research is important because shows how rainfall

worksin the area of the Paranaiba basin, and may be used to develop better management of

natural resources and the area through public policies for this purpose.

Key words: variability, trends, rainfall, Paranaíba basin.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da Bacia hidrográfica do Rio Paranaíba no Brasil. ............................... 26

Figura 2: Principais centros urbanos da bacia hidrográfica do Rio Paranaíba ......................... 27

Figura 3: Geologia na bacia do rio Paranaíba........................................................................... 35

Figura 4: Mapa Hipsométrico da Bacia do Paranaíba .............................................................. 38

Figura 5: Geomorfologia da Bacia do Paranaíba...................................................................... 39

Figura 6: Mapa de solos ........................................................................................................... 45

Figura 7: Vegetação Nativa Remanescente .............................................................................. 52

Figura 8: Localização da Bacia hidrográfica do Rio Paraná .................................................... 55

Figura 9: UGHs na bacia do Paranaíba .................................................................................... 56

Figura 10: Localização dos 22 postos pluviométricos.............................................................. 59

Figura 11: Gráficos de regressão linear indicando redução do volume de chuvas na Bacia do

Paranaíba .................................................................................................................................. 86

Figura 12: Gráficos de Regressão Linear indicando estabilidade da precipitação na bacia do

Paranaíba .................................................................................................................................. 88

Figura 13: Gráficos que indicam tendência de aumento nas alturas pluviométricas na Bacia do

Paranaíba .................................................................................................................................. 89

Figura 14: Gráficos que indicam tendência de aumento nas alturas pluviométricas da Bacia do

Paranaíba .................................................................................................................................. 91

Figura 15: Gráficos que indicam tendência de redução nas alturas pluviométricas da Bacia do

Paranaíba .................................................................................................................................. 92

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Diferentes Usos da Terra na Bacia do Rio Paranaíba ............................................. 30

Gráfico 2: Distribuição em (%) dos recursos minerais na Bacia .............................................. 47

Gráfico 3: Média das alturas pluviométricas mensais na Bacia do Paranaíba ......................... 63

Gráfico 4: Acumulado da precipitação na Estação Chuvosa .................................................... 67

Gráfico 5: Acumulado da precipitação na Estação Seca .......................................................... 68

Gráfico 6: Precipitação média anual na Bacia do Paranaíba (1979-2013) ............................... 69

Gráfico 7: Curva de Permanência Diária da Bacia do Paranaíba ............................................. 79

Gráfico 8: Comparativo da pluviosidade e desvio padrão ........................................................ 74

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Área ocupada pelas classes de solos mais representativas na Bacia do Paranaíba ... 43

Tabela 2: Média mensal da precipitação nos postos pluviométricos da Bacia do Paranaíba ... 65

Tabela 3: Média Mensal de dias Chuvosos nos Postos Pluviométricos da Bacia do Paranaíba

.................................................................................................................................................. 66

Tabela 4: Pluviograma da Bacia Hidrográfica do Paranaíba .................................................... 76

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Quantidade de Municípios da Bacia por Unidade da Federação ............................. 27

Quadro 2: Usinas Hidrelétricas da Bacia do Rio Paranaíba ..................................................... 29

Quadro 3: Precipitações Médias Anuais por Unidade de Gestão Hídrica- UGH ..................... 41

Quadro 4: Dados dos postos pluviométricos da ANA adotados para a pesquisa ..................... 58

Quadro 5: Classificação dos anos da serie histórica (1979- 2013) em Secos, Habituais e

Chuvosos .................................................................................................................................. 71

Quadro 6: Curvas de Permanência Diária dos Postos Pluviométricos da Bacia do Paranaíba 82

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

CAPÍTULO I: 2. FUNDAMENTOS CONCEITUAIS ........................................................ 16

2.1 O CLIMA E SUAS VARIÁVEIS ................................................................................................ 16

2.2 PLUVIOSIDADE ..................................................................................................................... 18

2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ......................................................................................................... 20

2.4 ANÁLISE DE TENDÊNCIAS EM SÉRIES HISTÓRICAS ................................................................ 22

CAPÍTULO II: 3. ÁREA DE ESTUDO ............................................................................... 25

3.1 Localização ........................................................................................................................ 25

3.2 Aspectos socioeconômicos ................................................................................................. 28

3.3 Aspectos fisiográficos ........................................................................................................ 32

CAPÍTULO III: 4. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............ 57

4.1 Seleção de dados de pluviosidade da rede de monitoramento da Agência Nacional de

Águas (ANA) ............................................................................................................................ 57

4.2 Aplicação de ferramentas estatísticas para identificar o quadro de variabilidade

pluviométrica ............................................................................................................................ 60

4.3 Aplicação de técnicas de análise de tendências pluviométricas ......................................... 61

CAPÍTULO VI: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................... 63

5.1 Sazonalidade Pluviométrica ............................................................................................... 63

5.2 Acumulado de Chuvas nas Estações Chuvosa e Seca ........................................................ 67

5.3 Variabilidade Pluviométrica Anual ................................................................................... 69

5.4 Variabilidade Mensal das chuvas ...................................................................................... 74

5.5 Variabilidade Diária das chuvas: Curvas de permanência ................................................. 79

5.6 Análise de tendências utilizando regressão Linear e Teste do Sinal .................................. 85

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6.CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 94

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 97

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1.INTRODUÇÃO

O conhecimento da distribuição espacial e temporal da disponibilidade hídrica nas bacias

hidrográficas é requisito básico para a gestão dos recursos hídricos das mesmas. Neste

contexto, as variáveis mais importantes são a pluviosidade e a vazão, pois é necessário

acompanhar a entrada de água no sistema hidrográfico e avaliar a resposta no comportamento

das vazões médias e extremas (CUNHA et al. 2014).

Existe forte relação entre volume, frequência e intensidade da pluviosidade com a

disponibilidade hídrica superficial e subterrânea, pois a chuva representa a fonte primária da

maior parte da água doce terrestre. A variabilidade e tendências pluviométricas interferem

diretamente na disponibilidade hídrica, determinando a ocorrência de situações críticas

(FERREIRA, 2012).

O estudo das séries históricas de pluviosidade contribui para mensurar com mais detalhe a

disponibilidade atual de água, conhecer a evolução pregressa e prever comportamentos

futuros(TUNDISI, 2008). Detectar se há aumento ou redução progressiva de pluviosidade é

fundamental para identificação de externalidades geradas pelas atividades produtivas

regionais ou pelas mudanças climáticas globais abordadas pelo IPCC (2007) em seu Quarto

Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre mudança climática.

Os modelos que analisam efeitos das mudanças climáticas sobre a disponibilidade hídrica

futura indicam que haverá escassez em muitas regiões. O Brasil será atingido pelas mudanças

climáticas globais, incluindo efeitos nos padrões de pluviometria e fluviometria, que também

são impactados por efeitos locais e regionais de atividades produtivas, (IPCC, 2007). São

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necessários estudos abrangentes a esse respeito, incluindo o desenvolvimento de ferramentas

de análise que possam oferecer apoio à decisão gerencial, especialmente na escala das bacias

hidrográficas.

Com base na problemática exposta é importante realizar estudos voltados para o entendimento

das mudanças climáticas, da dinâmica do tempo e da disponibilidade hídrica. Com o intuito

de tentar minimizar os efeitos causados pelas transformações supracitadas, é necessário

entender como as chuvas se comportam ao longo do tempo e espaço nos diferentes

geossistemas, principalmente nas bacias hidrográficas que representam a fonte de água tão

necessária à sobrevivência das espécies.

Considera-se que a bacia hidrográfica do Paranaíba apresenta características e problemas

representativos em relação aos desafios que o Brasil enfrenta no contexto da gestão de

recursos hídricos, especialmente quanto aos impactos do uso do solo (VAEZA et al. 2010). A

temática tem aplicação direta nos estudos relacionados ao manejo e conservação de recursos

naturais e nas iniciativas de planejamento de atividades econômicas, incluindo pesca,

navegação, abastecimento público de água, agricultura e produção de energia hidroelétrica

(TORRES et al. 2015).Assim sendo a presente pesquisa propõe analisar séries históricas de

pluviosidade da bacia hidrográfica do Paranaíba, especialmente quanto à análise de

variabilidade e tendências, por meio da aplicação de ferramentas estatísticas.

O objetivo geral desta pesquisa é:

Analisar a variabilidade diária, mensal e interanual da pluviosidade na bacia do

Paranaíba procurando diagnosticar situações de anomalias e tendências de longo prazo.

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Objetivos específicos são:

Caracterizara precipitação anual, mensal e diária na bacia do Rio Paranaíba ao longo

da série histórica;

Discriminar as tendências pluviométricas a partir dos métodos de análise de

regressão linear e teste do sinal.

Esta pesquisa está estruturada em quatro capítulos, sendo disposta da seguinte maneira: no

primeiro tópico tem-se a Introdução; no segundo tópico está exposto o primeiro capítulo,

contemplando o Referencial Conceitual. No terceiro tópico está o segundo capítulo com a

caracterização da área de estudo. No quarto tópico encontra-se o terceiro capítulo onde são

apresentados os materiais e metodologia a serem utilizados. No quinto tópico e quarto

capítulo estão os resultados da pesquisa. Por fim, no sexto tópico estão as considerações finais

seguidas pelas referências.

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CAPÍTULO I

2. FUNDAMENTOS CONCEITUAIS

2.1 O Clima e suas variáveis

O clima é um dos mais importantes fatores ou elementos responsável pelas transformações na

superfície da Terra (GOLFARI, 1974). Possui ampla variabilidade, tanto na escala espacial

quanto temporal. Esta última é objeto de análise desta pesquisa.

A dinamicidade é marcante em qualquer análise climatológica, por isso as escalas temporais

apresentam diversas transformações que podem ser influenciadas tanto por aspectos naturais

quanto por ações antrópicas (BARBOSA, 2006).

Autores como Ayoade (2001) e Mendonça e Danni-Oliveira (2007) defendem que o clima

está sob a influência da ação dos oceanos, superfícies vegetadas ou não, neve, gelo, relevo e

outros. Estes autores destacam que as características da atmosfera que definem o clima devem

ser observadas ao longo séries históricas com no mínimo 30 anos.

O clima pode ser entendido como a sucessão habitual dos tipos de tempo num determinado

local da superfície terrestre (SORRE, 1951). Conforme o CPTEC, o clima pode ser

compreendido como:

[...] estado médio e o comportamento estatístico da variabilidade dos parâmetros do

tempo (temperatura, chuva, vento, etc.) sobre um período, suficientemente, longo de

uma localidade. O período recomendado é de 30 anos (GLOSSÁRIO TÉCNICO

CPTEC).

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Dessa forma, entende-se que o tempo atmosférico é estudado pela Meteorologia, enquanto o

clima, pela Climatologia, um ramo da Geografia Física que possui suas bases fundamentais na

própria Meteorologia (BARROS e ZAVATTINI, 2009).

Para Nascimento (2013), a Meteorologia e a Climatologia se diferem basicamente na

dinamicidade que o clima apresenta ao longo do tempo. Analisar o comportamento da

atmosfera em curto período de tempo (dias ou meses) é função da meteorologia. Estudar esses

comportamentos atmosféricos de longos períodos (30 anos, por exemplo) compete à

Climatologia.

Estudar o clima requer uma complexa análise de todos os fatores que compõe sua dinâmica,

ou seja, as chuvas, o relevo, os diversos usos do solo, a vegetação e as escalas local, regional e

global. A interação entre estes fatores ao longo do tempo e do espaço vão compor os três

níveis principais de análise dos fenômenos climáticos, como afirma (Ayoade, 1988 apud

Ribeiro 1993, pág.2):

Nível macroclimático : - Interação entre a radiação solar, a curvatura da Terra e os

seus movimentos de rotação e translação. A macroclimatologia está “relacionada

com os aspectos dos climas de amplas áreas da Terra e com os movimentos

atmosféricos em larga escala”[...]

Nível mesoclimático : - Interação entre a energia disponível (para o processo de

evaporação e de geração de campos de pressão) e as feições do meio terrestre. A

mesoclimatologia está “preocupada com o estudo do clima em áreas relativamente

pequenas, entre 10 a 100 quilômetros de largura, por exemplo, o estudo do clima

urbano e dos sistemas climáticos locais severos tais como tornados e temporais”[...]

Nível microclimático :Interação entre os sistemas ambientais particulares na

modificação dos fluxos de energia, umidade, massa e momentum. A

microclimatologia está “preocupada com o estudo do clima próximo à superfície ou

de áreas muito pequenas, com menos de 100 metros de extensão”[...].

Apartir destes níveis Ribeiro (1993) destaca ainda cinco ordens de grandeza têmporo- espacial

para estudo dos fenômenos climáticos, são elas: o clima zonal, o clima regional e o clima

local também chamado de mesoclima, o topoclima e o microclima.

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Nesta pesquisa utilizou-se o nível macroclimático para analise do fenômeno climático

variabilidade pluviométrica, pois trata-se de uma bacia hidrográfica com ampla área de

abrangência. A ordem de grandeza utilizada foi a clima regional.

A identidade do clima regional confunde-se com suas próprias repercussões na

cobertura vegetal natural dos continentes, relação que tem inspirado a proposição de

muitas classificações climáticas nesta escala. É comum a referencia ao clima do

cerrado, ao clima da caatinga ou ao clima da floresta amazônica, menção ao efeito

em relação à sua causa; ou seja, variações regionais do mesmo clima zonal tropical,

no território brasileiro. A definição do clima regional no interior de um clima zonal

deve-se à ação modificadora da circulação geral da atmosfera provocada por um

conjunto de fatores de superfície, como a distribuição entre as áreas continentais e

oceânicas, forma dos continentes, correntes marítimas, rugosidade dos continentes

(incluindo as altitudes relativas) e continentalidade/maritimidade. (RIBEIRO, 1993.

Pág. 3)

2.2 Pluviosidade

Nascimento (2013) ressalta que a precipitação refere-se a fenômeno de circulação de água no

globo terrestre, seja ela em estado sólido, líquido ou gasoso. Concernente à participação na

dinâmica climatológica, somente a chuva (em estado líquido) e a neve contribuem de modo

significativo com os totais precipitados.

De acordo com Silveira et al., (2011), na quantificação das precipitações pluviométricas as

séries históricas a serem utilizadas nos estudos devem possuir um período mínimo de 30 anos

consecutivos com observações.

Porém, é condição importante que todas as séries climatológicas tenham sido obtidas

sobre os mesmos padrões, ou seja, os dados devem ser coletados sempre com o

mesmo instrumento, no mesmo local e horário. (SILVEIRA et al. 2011 pág. 2)

Assim, diz-se que esses dados são homogêneos, porém, é sabido por todos que nem sempre

ocorre. Às vezes não se dispõem de séries tão longas de dados, sendo comum em estudos

climáticos a utilização de séries de dados com tempo de observações inferior a 30 anos. Além

disso, há precariedade na coleta de alguns dados, por erro do observador e, por vezes, por

falha dos instrumentos medidores (VILLELA e MATTOS, 1975).

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Os principais tipos de chuvas que podem ocorrer na superfície terrestre são: convectiva,

frontal e orográfica. Em superfícies tropicais estas três são as mais citadas (AYOADE, 2001;

BARRY e CHORLEY, 2013), como a bacia do Paranaíba encontra-se em área de clima

tropical infere-se que podem ocorrer estes tipos. Destaca-se aqui como ocorre cada tipo de

chuva supracitado.

A precipitação do tipo convectivo tem como causa básica o movimento vertical de uma dada

massa de ar ascendente, ou seja, uma massa de ar mais quente que o ambiente adjacente. Para

Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a precipitação convectiva ocorre através de:

[...] movimentos verticais que caracterizam a célula de convecção. Resultam do

acentuado aquecimento de dada coluna de ar úmido, que é forçada a se expandir,

ascendendo para níveis superiores da Troposfera, onde se resfria adiabaticamente

(pág. 71).

Segundo Ayoade (1996), o tipo convectivo, associada a nuvens do tipo cumulus e

cumulusnimbus, geralmente, é mais intenso que os outros tipos de precipitação existentes, e

ocorre acompanhada por trovões e de duração mais curta, menos de quatro horas de duração.

A chuva de origem frontal, por outro lado, ocorre basicamente, pela associação de nuvens

formadas a partir da ascensão de ar úmido ao longo de rampas frontais. Segundo Mendonça e

Danni-Oliveira (2007), a intensidade e duração deste tipo de chuva dependem de: tempo de

permanência da frente, umidade da massa de ar, contraste de temperatura das massas e a

velocidade de deslocamento da frente.

A precipitação do tipo orográfico ou de relevo está associada às presença de áreas

topograficamente elevadas. Este tipo de precipitação ocorre inteira ou parcialmente pela

elevação do ar úmido sobre um dado terreno. Entretanto, as elevações por si só não são

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suficientes para remover a umidade que se desloca por elas, embora recebam mais chuvas que

as superfícies que os circundam (AYOADE, 1996).

As precipitações representam a entrada de águas nos sistemas hidrográficos, repercutindo

diretamente sobre os regimes de vazões. O entendimento do regime de vazões dos cursos

d’água é muito importante. Estiagens severas podem comprometer o fornecimento de água

para abastecimento industrial, irrigação, dessedentação de animais e abastecimento humano,

por exemplo. Por outro lado, as cheias, podem comprometer atividades econômicas e

provocar perda de vidas humanas.

2.3 Análise estatística

Uma característica importante da estatística é o uso de modelos matemáticos. Estes são

versões simplificadas de algum problema ou situação real. A característica principal dos

modelos é o fato de reduzirem situações complexas a formas mais simples e mais

compreensíveis, focalizando a atenção em detalhes de uma situação e ignorando-lhe outros

aspectos ou diminuindo-lhe a ênfase. Os modelos podem se apresentar de muitas formas,

tendo aplicação em várias áreas do conhecimento (STEVENSON, 1981).

A evolução da matemática fez surgir aplicações específicas, com linguagens e símbolos

próprios, como foi o caso da matemática financeira, com sua constante evolução, e também da

estatística.

A necessidade de expressar o grau de incerteza na ocorrência dos experimentos e de

explicar o fato de duas experiências iguais poderem ter resultados diferentes leva ao

reconhecimento da racionalidade probabilística em eventos da natureza. A pesquisa

em probabilidade no século XVIII culmina com o notável trabalho de Pierre Simon

de Laplace, “Theorie Analitique de Probabilités”. À luz da concepção do

cientificismo, rapidamente amplia-se o domínio de abrangência do cálculo

probabilístico. Este se torna indispensável para lidar com dados relativos a temas de

interesse social e econômico, como administração das finanças públicas, saúde

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coletiva, conduta de eleições e seguro de vida. Surgem as primeiras idéias do

positivismo e Condorcet propõe uma “ciência natural da sociedade”, isto é, uma

“matemática social” baseada no cálculo das probabilidades. (SZWARCWALD e

CASTILHO, 1992, pág. 5)

A estatística vista enquanto ciência só ocorreu a partir do século XVIII, nos registros do

alemão Godofredo Achenwall, ainda como catalogação não regular de dados (CRESPO,

2001).

Neste sentido, Santos (2015) afirma que o uso da Estatística na Geografia deu origem a uma

nova ciência, a Geoestatística que promove o estudo da Geografia Quantitativa através da

análise matemática aliado a distribuição espacial dos fenômenos estudados. LANNA (1993)

afirma que os valores de precipitação anual, costumam ajustar-se adequadamente à

distribuição normal, enquanto que GOULART (1991) explica que muitas vezes a variável não

se ajusta a distribuição normal, mas o logaritmo desta ajusta-se. A análise estatística é uma

importante ferramenta para avaliação, compilação e interpretação dos dados pluviométricos e

fluviométricos.

Conforme Vieira (2000 apud Salgueiro 2005), a Geoestatística foi desenvolvida por Krige

(1951) na África do Sul e surgiu a partir da percepção da necessidade de utilização das

distâncias entre pontos amostrados. Para Salgueiro (2005) a Geoestatística possui

interpoladores capazes de estimar valores em pontos que não foram amostrados, sendo

fundamental na quantificação e distribuição espacial da precipitação pluviométrica e no

estudo das vazões.

Para isso, a estacionaridade estatística é uma condição específica que a variável

regionalizada deve satisfazer. Diz-se estacionária se os momentos estatísticos da

variável aleatória forem os mesmos para qualquer distância. (SALGUEIRO, 2005

pág. 25)

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A análise geoestatística aplicada nesta pesquisa abrange os cálculos de valores máximos e

mínimos nas series históricas referentes a pluviometria, bem como análise e calculo das

médias mensais, anuais e diárias na Bacia do Paranaíba. Além disso, buscou-se aliar os

resultados obtidos por esta análise à identificação de anomalias e/ou alterações climáticas na

área em estudo.

2.4 Análise de tendências em séries históricas

A análise de tendências em séries históricas possui grande importância na gestão dos recursos

hídricos. Conforme Alves et all (2011pág. 2):

Pequenas flutuações, associadas ás condições climáticas, provocam significativos

impactos sociais e econômicos. Desta forma, identificar padrões ou tendências de

mudanças climáticas é de relevante importância, já que impactam os recursos

hídricos, agricultura e outras áreas.

Além disso, a análise espacial de tendências possibilita definir em quais regiões determinada

variável está sofrendo mudanças significativas. O estudo de séries históricas tem sido usado

como base para entendimento e identificação de externalidades geradas pelas mudanças no

uso e ocupação do solo, mudanças climáticas e nos regimes hidropluviométricos de bacias

hidrográficas tendo grande aplicabilidade na Climatologia como afirma Ferreira (2012):

Existem diversas metodologias destinadas à previsão de séries temporais, dentre as

quais as que recorrem a modelos de suavização exponencial, modelos auto-

regressivos, regressão linear, médias móveis ou Modelos ARIMA (Auto Regressive

Integrate Moving Average). Tecnologias de inteligência computacional tais como

redes neurais, lógica nebulosa e algoritmos genéticos têm possibilitado a criação de

metodologias avançadas de análise de tendências em séries temporais. (FERREIRA,

2012 pág. 317)

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Este tipo de análise procura indicar expectativas de valores para um dado horizonte de

previsão. Para isso, recorre às séries históricas, que são utilizadas para formar os exemplos

(padrões) necessários à extração do conhecimento aplicável à previsão de valores futuros

(PALIT e POPOVIC, 2005).

Ferreira (2012) chama a atenção para a necessidade de espacializar as tendências, pois as

situações variam de região para região. Elas podem indicar também tendência de incremento

nos aportes de água. Várias são as possibilidades metodológicas como afirma o autor

supracitado, entretanto Leone Filho (2006 apud FERREIRA 2012) destaca que não existem

procedimentos que se apliquem com total eficiência a análise de tendência em séries

temporais.

As ações humanas geram impactos no clima. Até recentemente o efeito era local, mas é

discutido por muitos pesquisadores que a atividade humana nos últimos dois séculos,

primariamente através do lançamento de gases do efeito estufa na atmosfera, está provocando

mudança climática global que é mais rápida e extensa que as observadas durante o restante da

história humana. A habilidade do ecossistema planetário de resistir a essas mudanças de

condições está sendo questionada.

Projeções das condições do clima no futuro associadas com as emissões de gases do efeito

estufa e o "aquecimento global" requerem uma previsão com escala de tempo de décadas.

Segundo Robinson e Henderson-Sellers (1999), os modelos que estão associados a previsões

determinísticas são altamente incertos. Em consequência, é frequentemente necessário

incorporar dados históricos observados em campo. Neste contexto, a análise de séries

históricas de pluviometria assume importância.

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Considerando que tem sido detectado um aumento da temperatura do planeta da ordem 0,13

(0,10 a 0,16)ºC por década, ao longo dos últimos 50 anos (IPCC, 2007, p.8), poderia também

estar havendo um aumento nas taxas de evapotranspiração. Schädler (1987), ao avaliar as

causas de um suposto aumento da evapotranspiração em bacias européias, já considerava

seriamente tal possibilidade.

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CAPÍTULO II

3. ÁREA DE ESTUDO

3.1 Localização

A Região Hidrográfica do Paraná possui uma área superior a 870.000km² e está dividida em

seis unidades hidrográficas principais. Uma delas é a bacia do rio Paranaíba (Figura 1),

localizada nos estados de Minas Gerais (MG), Goiás (GO), Mato Grosso do Sul (MS) e

Distrito Federal (DF).

A Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba localiza-se entre os paralelos 15° e 20° sul e os

meridianos 45° e 53° oeste como mostra a figura 1. Sua área de drenagem é de 222,767 Km².

Abrangendo os estados de Minas Gerais (MG), Goiás (GO), Mato Grosso do Sul (MS) e

Distrito Federal (DF) conforme Agência Nacional das Águas ANA (2013), este rio nasce na

Serra da Mata da Corda, no Estado de Minas Gerais no município de Rio Paranaíba,

percorrendo aproximadamente 1.160 Km até sua foz.

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LOCALIZAÇÃO DA BACIA DO PARANAÍBA

Figura 1: Localização da Bacia hidrográfica do Rio Paranaíba no Brasil.

Org: Fonseca, S.F. 2016.

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A bacia integra áreas de 193 municípios e o Distrito Federal (DF) como aponta o quadro 01 e

de acordo com a rede de cidades nacional, descrita no estudo Regiões de Influência das

Cidades 2007, estão inseridas em sua área duas Metrópoles (Brasília e Goiânia) e uma Capital

Regional (Uberlândia).

Quadro 1:Quantidade de Municípios da Bacia por Unidade da Federação

ESTADO MUNICÍPIOS

Distrito Federal 1

Goiás 133

Minas Gerais 55

Mato grosso do Sul 4

TOTAL 193

Fonte: IBGE (2010)

A figura 2 traz em destaque algumas das principais cidades, metrópoles, capitais regionais e o

Distrito Federal.

PRINCIPAIS CIDADES DA BACIA DO PARANAÍBA

Figura 2: Principais centros urbanos da bacia hidrográfica do Rio Paranaíba

Organizado pela autora

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3.2 Aspectos socioeconômicos

O povoamento da bacia do Rio Paranaíba se deu principalmente em decorrência das

atividades dos bandeirantes por volta do século XVIII, onde o objetivo principal da ocupação

dessa área era a formação de postos de abastecimento. Com a intenção de fomentar o

desenvolvimento de outras regiões circunvizinhas o avanço dessa ocupação na bacia esteve

associado também à disponibilidade hídrica e condições naturais favoráveis. Por isso, ainda

hoje se percebe um maior adensamento populacional nos locais que oferecem os recursos

supracitados em abundancia, afirma (RODRIGUES et al.2008) .

De acordo com o Comitê de Bacia Hidrográfica- CBH do Rio Paranaíba - atividades como

agroindústria e mineração são destaques na economia. Na bacia do rio Paranaíba a produção

industrial é de baixa intensidade tecnológica, voltada para o agronegócio, produção de

bioenergia e a extração de recursos naturais, segundo o autor supracitado.

No que diz respeito à produção de bioenergia são 49 usinas sucroalcooleiras em operação

concentradas no setor oeste da bacia e mais 30 unidades em fase de projeto que serão

instaladas nas proximidades das usinas já existentes. Convém destacar também a produção da

Bioenergia associada principalmente à produção de soja e cana-de-açúcar. Como já destacado

a priori, a bacia do Rio Paranaíba apresenta alto potencial de produção agrícola o que

favoreceu o desenvolvimento da Bioenergia nessa área, (ANA, 2013).

A bacia hidrográfica do rio Paranaíba tem uma importância significativa na produção de

energia hidrelétrica no cenário nacional conforme ANA (2013), uma vez que a calha principal

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do rio Paranaíba apresenta usinas que, em termos de potência, estão entre as principais do

País. O Quadro 2 destaca as usinas em funcionamento na bacia e a potência gerada.

Quadro 2: Usinas Hidrelétricas da Bacia do Rio Paranaíba

USINA

HIDRELÉTRICA LOCALIZAÇÃO

UNIDADES

GERADORAS

INÍCIO DA

OPERAÇÃO

POTÊNCIA

DECLARADA

(MW)

Capim Branco I Araguari (MG) 3 2006 240,00

Capim Branco II Araguari (MG) 3 2007 210,00

São Simão São Simão (GO) 6 1978 1.710,00

Emborcação Araguari (MG) 4 1982 1.192,00

Lages Coromandel (MG) 2

Reativada em

07/01/2005 0,680

Martins Uberlândia (MG) 4 1947 7,700

Miranda Indianópolis (MG) 3 1998 408,00

Nova Ponte Nova Ponte (MG) 3 1994 510,00

Pai Joaquim

Santa Juliana

(MG) 1 2004 23,00

Pissarrão Araguari (MG) 2

Reativada em

07/2001 0,8

Salto Morais Ituiutaba (MG) 2 1957 2,394

Santa Luzia Araporã (MG) 1

Reativada em

03/2011 0,704 Fonte: CEMIG (2016) Organizado pela autora

A economia é bastante diversificada na bacia do Paranaíba, possuindo áreas de criação de

bovinos (dando destaque ao sudoeste goiano), suínos e galináceos. Em relação à agricultura

destacam-se as monoculturas de cana, soja, milho, café, feijão, algodão e sorgo (ANA, 2013).

O gráfico 01 elaborado por Rosa e Sano (2014, pág. 46) demonstra os principais usos do solo

na bacia do rio Paranaíba.

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Gráfico 1: Diferentes Usos da Terra na Bacia do Rio Paranaíba

Fonte: Rosa e Sano (2014, pág. 46)

Segundo a Agencia Nacional das águas (ANA, 2013), em seu Resumo Executivo – 2013, que

diz respeito ao Plano de recursos hídricos e do enquadramento dos corpos hídricos

superficiais da Bacia hidrográfica do rio Paranaíba, abacia está localizada em uma região

estratégica no contexto nacional, possuindo relativa diversificação de suas atividades

econômicas e grande potencial de expansão. Associadas a algumas das atividades que mais

geram riquezas para o Brasil, a agricultura, a pecuária, a mineração e a indústria apresentam

destaque na bacia, além do setor de serviços nos principais centros urbanos.

O Produto Interno Bruto (PIB), importante indicador econômico, alcançou 193,3 bilhões de

reais em 2007 para o conjunto de municípios da bacia. Cerca de 21,4 bilhões (11,1% do total)

foi representado por impostos. Analisando a evolução desde 2002, a preços de 2007, constata-

se um crescimento de 19,7%. No ramo industrial, as maiores concentrações de

estabelecimentos (indústrias extrativas e de transformação) estão localizadas junto aos

grandes centros urbanos, tanto pela oferta de infraestrutura física e logística quanto pela

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proximidade ou facilidade de interconexão a mercados consumidores. No setor agroindustrial,

foram identificadas 49 usinas sucroalcooleiras em operação na bacia.

O uso agrícola na bacia está relacionado principalmente aos cultivos de soja, café, milho e

feijão, além da cana-de-açúcar. As culturas de feijão e arroz, voltadas principalmente para a

subsistência, sofreram declínio em função da entrada, na década de 80, da agricultura

comercial, representada principalmente pela soja. A cultura da cana para produção de álcool e

açúcar se expandiu fortemente na bacia a partir dos anos 2000. Embora seja observada a

tendência de avanço desta cultura sobre áreas de pastagens plantadas e de outras lavouras, os

cultivos de soja e milho ainda são os mais representativos em extensão territorial.

A agricultura irrigada encontra-se em franca expansão na bacia, saltando de 30,8 mil hectares

em 1980 para 608,8 mil hectares em 2010. Em relação à pecuária, os rebanhos apresentam

ampla distribuição na bacia, ocupando aproximadamente 7,8 milhões de hectares. Quando

avaliada a evolução da atividade nos municípios da bacia nas últimas décadas, observa-se

relativa estabilidade do rebanho de suínos desde a década de 1970, conta do em 2007 com

cerca de 2,8 milhões de cabeças. O rebanho de bovinos aumentou significativamente até os

anos 1990, quando se estabilizou (17 milhões de cabeças em 2007). Expressivo crescimento

tem ocorrido com o grupo de galináceos, alcançando a marca de 77,2 milhões em 2007. A

mineração foi importante no processo de ocupação da bacia do rio Paranaíba, e ainda hoje se

mantém como atividade expressiva. Atualmente, destaca-se a produção e comercialização de

fosfato, calcário e nióbio.

O Estado de Minas Gerais detém os municípios de maior produção, Araxá e Tapira, que

somam cerca de 54% do faturamento mineral da bacia. Os municípios mineiros de Lagamar,

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Patrocínio, Patos de Minas e Serra do Salitre, além de Catalão/GO e Brasília/DF, também

apresentam elevado faturamento mineral anual. Cabe mencionar ainda a exploração de

diamante em Coromandel/MG e a mineração de areia, que está localizada principalmente no

rio Paranaíba ( ANA, 2013).

3.3 Aspectos fisiográficos1

Geologia Geral

De acordo com Flauzino et all (2010),os tipos litológicos encontrados na área da bacia são

compostos por rochas da bacia sedimentar do Paraná. Podem ser identificadas três grandes

províncias estruturais em termos de compartimentação da estrutura geológica: Província

Tocantins, Província Paraná e Bacia Sanfranciscana. Esta última compõe uma porção pequena

e não representativa da bacia, localizada na divisa leste nas proximidades das cidades de Patos

de Minas e Patrocínio.

Conforme PRHBP (2011),a Província Tocantins demonstra direção preferencial norte-sul,

chegando a ter2.000 km de extensão longitudinal e até 800 km de largura em algumas áreas.

A mesma pode ser subdividida em duas subprovíncias litoestruturais:

a) A primeira compreendendo o embasamento cristalino, que é constituído por rochas

de estruturação complexa e comportamento predominantemente dúctil, em especial

granítico-gnáissica.

b) A segunda subprovíncia lito-estrutural corresponde às sequências supra-crustais, que

são constituídas geralmente por rochas metassedimentares clásticas e com pouca

1 As informações e dados contidos neste tópico tiveram como fonte principal o Plano de Recursos Hídricos da

Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba – (PRHBP, 2011 pág.85-180).

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deformação. Com relação à Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba, a área de ocorrência

dessa Província corresponde à sua porção centro-leste.

A Província Paraná por sua vez, compreende os limites da bacia tectônica do Paraná, que se

caracteriza por ser uma estrutura intracratônica, com cerca de 1750 km de comprimento e

largura aproximada de 900 km, abrangendo a parte meridional do Brasil, a metade oriental do

Paraguai e parte da Argentina e Uruguai, totalizando1.600.000 km². Pode também ser

subdividida em duas subprovíncias litoestruturais:

a) A primeira corresponde às sequências sedimentares clásticas, com contatos quase

que exclusivamente litológicos e estratificação suborizontal;

b) A segunda subprovíncia formada pelos basaltos do Grupo São Bento (Fm. Serra

Geral), que caracterizam-se como rochas magmáticas provenientes de derrames de lava,

sendo intensamente fraturadas, por vezes diaclasadas, e que dão origem às chamada

coberturas detríticolateríticas.Com relação à bacia hidrográfica do rio Paranaíba, a sua

área de abrangência está restrita à parte ocidental.

Geologia Local: Província Tocantins, Província Paraná e Bacia

Sanfranciscana

O PRHBP (2011, pág.94) destaca que:

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A Província Estrutural do Tocantins está localizada entre os Crátons do São

Francisco e Amazônico, sendo nela reconhecidas três unidades geotectônicas nas

suas porções central e norte, e que são representadas pelo Maciço de Goiás e Arco

Magmático, pela Faixa Araguaia e pela Faixa Brasília. Destaca-se que dentro de seu

domínio, unicamente a Faixa Brasília está presente na área da Bacia Hidrográfica do

Rio Paranaíba.

O Maciço de Goiás contém além de terrenos granito-greenstone arqueanos, rochas

ortognaissicas neoproterozóicas, podendo ser classificado como um fragmento

crustal complexo (Fuck et al. 1994), devido a ter sido envolvido pela orogênese

Brasiliana.

O arco magmático do oeste de Goiás (Pimentel & Fuck, 1992) por sua vez, se

constitui numa crosta neoproterozóica juvenil, sendo composto por seqüências

vulcanos sedimentares e ortognaisses. Sua relação tectônica com o Maciço de Goiás

ainda é pouco desvendada.

A faixa Brasília é composta por rochas supracrustais do período Meso e

Neoproterozóico, cujo metamorfismo e deformação ocorreram durante o Ciclo

Brasiliano. Destaca-seque o Ciclo Brasiliano ocorreu durante o Neoproterozóico

(850 – 500 milhões de anos), e permitiu a formação do super continente Gondwana,

que por sua vez deu origem a partes do continente sul americano e africano.

Por fim, a Faixa Araguaia, localizada na porção noroeste da Província Estrutural de

Tocantins, demonstra o aumento do grau metamórfico das coberturas sedimentares

sendo composta estratigraficamente por migmatitos (embasamento), xistos e

anfibolitos e granitos, que foram tectonicamente recobertos por rochas

metassedimentares.

A Província do Paraná ou bacia sedimentar do Paraná é constituída por uma estrutura

geológica intracratônica, conforme o PRHBP (2011). Esta localizada no centro- leste da

América do Sul e abrange uma área total de 1.600.000 km².

É constituída por uma seqüência de rochas sedimentares e derrames de lavas

basálticas, registrando em seu interior espessuras superiores a 5.000 metros, o que

representa, portanto, uma ampla paleotopografia depressiva, preenchida durante

sucessivos períodos geológicos.

Suas principais características estruturais e litológicas estão vinculadas à associação

de diversos fenômenos geológicos, como vulcanismo, subsidência, falhamentos

epirogênese e sedimentação, que ocorreram no interior da bacia de forma isolada ou

não, durante o decorrer do tempo geológico e que foram os responsáveis diretos pela

sua geração e modelamento.

Em geral, o mergulho das camadas possui uma inclinação de 2º a 3º em direção ao

centro da bacia, e as feições estruturais mais significativas estão alinhadas com o

eixo dos principais cursos d’água que drenam para o seu interior.

Na borda da bacia do Paraná, onde a subsidência foi muito mais lenta em relação ao

centro, os processos erosionais vinculados aos eventos de soerguimento crustal

foram mais fortes, fazendo com que o registro sedimentar do tempo geológico

tenha sido menos completo do que em sua porção central, resultando, assim,

em camadas estratigráficas descontínuas e de menor espessura quando

comparadas àquelas presentes no interior da bacia. (PRHBP, 2011 pág. 94)

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Ainda segundo este último autor, a Bacia Sanfransciscana é uma cobertura fanerozóica do

Cráton São Francisco que ocorre numa faixa alongada, segundo a direção norte-sul, com cerca

de 150.000 km² e que se estende desde o Triângulo Mineiro até o estado do Maranhão. Sua

principal característica é a de que esta estrutura geológica forma o divisor de águas das bacias

do Paraná e do São Francisco. A figura 3 traz o esboço geológico da Bacia do Paranaíba.

Geologia Geral da Bacia do Paranaíba

Figura 3: Geologia na bacia do rio Paranaíba

Org. Fonseca, S.F. 2016

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Geomorfologia

A Geomorfologia tem por objetivo analisar as formas do relevo para compreender os

processos atuais e passados, de modo que esta ciência é de extrema importância no

fornecimento de dados que orientam de forma segura a apropriação e uso correto do espaço

pelo homem. A análise geomorfológica incorpora a atuação dos sistemas endógenos

(atividades tectogenéticas) e exógenos (mecanismos morfoclimáticos), responsáveis pelas

formas de relevo resultantes (CASSETI, 2005 apud PRHBP, 2011).

No que diz respeito à Geomorfologia da Bacia do Paranaíba, são definidos dois conjuntos de

relevo: O primeiro denominado de Planalto Central Goiano, compreende o Planalto do

Distrito Federal e Planalto Rebaixado de Goiás, no domínio das rochas metamórficas e

metassedimentares. O segundo, denominado Planalto Setentrional da Bacia do Paraná (Região

dos Planaltos Areníticos-Basálticos Interiores), ocorre no domínio da Província Paraná e é

subdividido no Planalto(Chapadão) do Rio Verde e Planalto Rebaixado da Bacia do Paraná

(EPE, 2006apud PRHBP, 2011).

a) Planalto Central Goiano- essa unidade localiza-se na porção nordeste da área,

abrangendo um grande planalto que se subdivide em níveis topográficos distintos,

que por sua vez se apresentam escalonados em acordo às idades geológicas, à

tectônica pretérita e à ação erosiva. Engloba a região centro leste do estado de

Goiás, o Distrito Federal e uma pequena porção do oeste de Minas Gerais. É

drenado principalmente por afluentes do alto e médio curso da margem direita do

Rio Paranaíba.

b) Planalto Setentrional da Bacia do Paraná- localiza-se no sudoeste da Bacia do

Paranaíba, abrangendo a região sudeste de Goiás, além das porções extremo oeste

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do estado de Minas Gerais e nordeste de Mato Grosso do Sul. Compreende um

grande planalto que se subdivide em níveis topográficos distintos, principalmente

devido à ação erosiva pretérita. É drenado principalmente por afluentes da margem

direita do médio e baixo curso do Rio Paranaíba.

Conforme a figura 4 observa-se que a porção sudoeste da bacia presente na chamada

Província Paraná - concentra as menores altitudes da área de estudos. Esse baixo altimétrico

ocorre ao longo do canal principal do rio Paranaíba e o médio a baixo curso de seus principais

afluentes da margem esquerda. Geomorfologicamente, esta área da bacia compõe em grande

parte o chamado “Planalto Rebaixado da Bacia do Paraná”.

Os pontos de maior altitude também representados na figura 4 estão localizados na margem

nordeste, representados pelos Grupos Araxá e Paranoá; e na margem leste - sudeste,

representados pelos Grupos Canastra e Baurú (especificadamente a Formação Marília), ambos

localizados na chamada Província Tocantins. Esta porção da bacia compreende o alto e

médiocurso dos rios Piracanjuba, Corumbá, Veríssimo e São Marcos, na margem direita do

Rio Paranaíba; e Ribeirão Verde, Rio Dourados e Rio Araguari, em sua margem esquerda.

Geomorfologicamente, esta área da bacia compõe o Planalto do Distrito Federal (nas cotas

mais elevadas) e o Planalto Rebaixado de Goiás (topograficamente abaixo do Planalto do

Distrito Federal).

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Mapa Hipsométrico

Figura 4: Mapa Hipsométrico da Bacia do Paranaíba

Organizado pela autora

Conforme o EPE (2006 apud PRHBP, 2011 pág. 111) o:

Planalto Central Goiano GO/MG: localizado na porção nordeste da área, abrange um

grande planalto que se subdivide em níveis topográficos distintos, apresentando- se

escalonado em acordo com as idades geológicas, á tectônica pretérita e a ação

erosiva. Possui como característica a demonstração de feições de relevo

provenientes da exumação de estruturas dobradas que formam geradas no decorrer

de vários ciclos tectônicos estruturais, influenciando diretamente no arranjo dos

sistemas de drenagem, que associados aos fatores de origem climática propiciaram a

intensa dissecação da região em relação aos demais compartimentos da bacia

hidrográfica do Rio Paranaíba. As subdivisões desta unidade geomorfológica são:

Planalto do Distrito Federal (1A) e Planalto Rebaixado de Goiás (1B);

Planalto Setentrional da Bacia do Paraná: esta localizada no sudoeste da área de

estudos, abrangendo a região sudeste de Goiás, além das porções extrema oeste do

estado de Minas Gerais e nordeste de Mato Grosso do Sul. Compreende um grande

planalto que se subdivide em níveis topográficos distintos, principalmente devido a

ação erosiva pretérita. Essa região é caracterizada por feições de relevo vinculadas

ao passado tectônico da Bacia do Paraná, bem como á maior ou menor erodibilidade

dos estratos deposicionais da bacia. Esta unidade encontra-se subdividida em:

Planalto Rebaixado da Bacia do Paraná (2A) e Planalto do Rio Verde (2B).

A figura 5 apresenta as divisões das unidades geomorfológicas da Bacia do Parnaíba.

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Mapa Geomorfológico da Bacia

Figura 5: Geomorfologia da Bacia do Paranaíba

Fonte: PRHBP(2011, pág. 114)

Clima

Segundo Silva (2012), A dinâmica climática da região é influenciada principalmente pelas

Massas de ar Tropical Continental, Equatorial Continental, Tropical Atlântica e Polar

Atlântica, apresentando variações espaciais determinadas pela continentalidade e pela

topografia. Segundo a classificação climática de Köppen predomina na Bacia do Rio

Paranaíba o clima “Aw”, que indica clima tropical, quente em todas as estações do ano

(temperatura média mensal ≥ 18º C), com inverno seco. Esta classificação se baseia nas

características do regime de chuva e de temperatura do ar, e está apoiada na premissa de que a

vegetação de um determinado local é derivada principalmente do tipo de clima encontrado

(FLAUZINO et all, 2010).

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Segundo a classificação de Thornthwaite, baseada no balanço hídrico, o clima da bacia

supracitada é úmido com pequeno déficit hídrico (inverno), mesotérmico e com concentração

da evapotranspiração potencial no verão inferior a 48%, (PRHPB, 2011).

De acordo com Silva (2014), as precipitações anuais na bacia em estudo apresentam maiores

médias na porção leste/nordeste e na porção sudeste e estão associadas principalmente a

altitudes mais elevadas. Por sua vez esta mesma autora enfatiza com base em estudos de

trabalhos de autores como Martins e Rosa (2012), que áreas com menor altitude na bacia

(confluência do Rio Paranaíba com o Rio Grande, por exemplo) apresentam relativa tendência

de redução nos totais anuais de precipitação.

Associada a variável altitude tem-se ainda a variação espacial da temperatura. Áreas com

altitude mais elevada apresentam menores valores de temperatura e maiores médias

pluviométricas. Em áreas com altitudes mais baixas ocorre o oposto, ou seja, maiores valores

de temperatura e menores médias pluviométricas (SILVA, 2014).

De acordo com PRHBP (2011, pág. 86):

[...] verifica-se que o mês mais quente é outubro, quando é verificada uma maior

incidência solar na região, com alta disponibilidade de energia radiante. [...] O mês

mais frio é julho, e mesmo neste mês ainda existe umidade no ambiente para

consumir o excesso de radiação líquida. Essa análise confirma o caráter tropical do

clima regional.

Ainda segundo o PRHBP (2011), as temperaturas médias anuais ocorrem da seguinte forma:

mínimas na Bacia do Paranaíba girando em torno de 16º e 18 º e foram identificadas no

município de Araxá/MG. Já as temperaturas máximas são de 22º e foram identificadas na

região central da bacia. A amplitude térmica na Bacia do Paranaíba é 6º C, entre a temperatura

mínima e máxima durante o ano.

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A umidade relativa do ar pode variar conforme a dinâmica de circulação atmosférica,

como mostra o PRHBP (2011, pág.88):

O ar mais seco entre os meses de maio a agosto, associado aos ventos mais intensos

do Anticiclone do Atlântico Sul, provocam maior demanda evaporativa da atmosfera

junto ao solo. Os menores valores ocorrem no mês de agosto, com médias próximas

aos 50%. A maior umidade ocorre quando predomina o sistema de convergência do

Atlântico Sul, destacada no período de novembro a abril, encontrando-se acima dos

75%. Esse fato explica em parte a sazonalidade marcante da região e o estado de

estabilidade atmosférica, como nos meses de junho a setembro, com umidade

geralmente abaixo dos 65%. Os maiores índices de umidade relativa são registrados

nos meses de dezembro e janeiro, com valores médios superiores a 80%.

Quanto à precipitação na Bacia do Paranaíba percebe-se que há pouca variação nos totais

anuais sendo que os menores totais médios da bacia situam-se em torno de 1300 mm e os

maiores sãopróximosde1800mm. O valor médio da precipitação na bacia em estudo está em

torno de 1.500 mm (PRHBP, 2011). O quadro 3 mostra as Precipitações Médias Anuais por

Unidade de Gestão Hídrica- UGH.

Quadro 3: Precipitações Médias Anuais por Unidade de Gestão Hídrica- UGH

UGH Precipitação Média (mm)

Claro, Verde, Correntes e Aporé 1.548

Afluentes Mineiros do Alto Paranaíba 1.464

Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba 1.489

Corumbá 1.542

Distrito Federal 1.435

Meia Ponte 1.565

Rio Araguari 1.552

Santana-Aporé 1.592

São Marcos 1.454

Turvo e dos Bois 1.452

TOTAL 1.509 Fonte: PRHBP (2011, pág. 92)

As precipitações médias mensais na Bacia do Paranaíba ficam entre 0 e 400 mm, conforme o

PRHBP (2011), com uma sazonalidade marcante que classifica os meses de maio a setembro

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como secos, com valores próximos a zero, e os meses de outubro a abril como úmidos com as

precipitações variando de 100 a 400 mm.

Balanço Hídrico Da Bacia Do Paranaíba

Para Mendes (2013) os meses de outubro a março (estação chuvosa) apresentam os maiores

índices pluviométricos e de temperatura na bacia do Paranaíba, apresentam também os

maiores índices de evapotranspiração. Conforme a figura 6, apesar deste último índice ser

elevado ainda tem-se um excedente hídrico que é responsável pela reposição de água no solo,

isto demonstra que as chuvas estão superando o alto índice de evapotranspiração.

Figura 6: Balanço Hídrico da Bacia do Paranaíba

Org. Mendes (2013)

Em contrapartida, na estação seca que vai de abril a setembro a bacia apresenta baixos índices

pluviométricos que geram deficiência hídrica principalmente nos meses de junho a setembro,

(MENDES, 2013).

As precipitações médias anuais variam de 1.435 mm na Unidade de Gestão Hidrica-UGH do

Distrito Federal a 1.592 na UGH Santana-Aporé, não havendo variações extremas entre as

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UGHs. O valor médio na bacia do rio Paranaíba está em torno de 1.500 mm. Valores mais

elevados são encontrados na parte setentrional da bacia do rio Corumbá e na região sudeste

(cabeceiras da bacia do rio Araguari e do Alto Paranaíba), onde as altitudes são mais elevadas,

enquanto as regiões de menor pluviosidade estão situadas próximas da região sudoeste,

prolongando-se para a região central (Médio Paranaíba). A pluviosidade média volta a

aumentar na região mais a oeste, na parte central da região do sudoeste goiano. A

evapotranspiração anual também apresenta pouca variação na bacia, com valores médios

desde 909 mm no Distrito Federal até 1.129 na UGH Meia Ponte

Solos

Os solos são materiais resultantes da decomposição de rochas que apresentam propriedades

diferenciadas dependo do material de origem, do relevo e do clima, segundo Oliveira (2008)

podemos definir como solo, a superfície inconsolidada onde repousa a vida animal e vegetal,

sendo, portanto o componente central dos ecossistemas terrestres.Na Bacia do Paranaíba

destacam-se principalmente os Latossolos que ocupam uma área de mais de 13 milhões de

hectares distribuídos ao longo da Bacia, segundo (PRHBP, 2011), os cambissolos também

tem grande representatividade na área de estudo, ocupando cerca de 3 milhões de hectares,

seguido pelos solos podzólicos, solos litólicos e gleissolos como mostra a tabela 1.

Tabela 1: Área ocupada pelas classes de solos mais representativas na Bacia do Paranaíba

Classes de Solos Área (ha)

Latossolos 13.873.097,2

Cambissolos 3.940.324,5

Podzolico 2.211.862,1

Solo Litolico 628.451,1

Glei pouco húmico 400.975,6 Fonte: PRHBP(2011, pág.141) Organizado pela autora

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Convém destacar que os tipos de Latossolos presentes na área de estudo são: Latossolo

Vermelho- alumínico e distrófico, Latossolo Vermelho distroférrico, Latossolo Vermelho-

Amarelo Alumínico e distrófico e Argissolo Vermelho- Amarelo distrófico latossólico. De

acordo com o PRHBP (2011, pág.144) esses solos são:

Solos com baixa fertilidade natural e boas propriedades físicas. Ocorrem em relevos

planos e suaves ondulados favoráveis à mecanização agrícola.São aptos para a

irrigação por aspersão e estão localizados em toda área central da bacia hidrográfica,

incluindo as sub-bacias dos rios dos Bois, Turvo, Verde, Doce,Corrente, Arantes,

São Domingos, Prata, margem esquerda dos rios Araguari e Meia Ponte.

Os Cambissolos por sua vez são classificados em Cambissolo háplico alumínico e distrófico e

podem ser agrupados aos Nitossolos Vermelho distróficos e aos Argissolos Vermelhos-

Amarelo alumínico e distrófico, estes dois últimos tem baixa ocorrência na área da bacia,

entretanto os três apresentam características semelhantes: possuem baixa fertilidade natural,

ocorre em relevo favorável à mecanização, entretanto nas áreas mais onduladas e com

presença de cascalhos pode gerar algumas restrições a mecanização (PRHBP, 2011).

Os Gleissolos Melânico e Háplico juntamente com os Plintossolos, Neossolos Quartzarênicos

hidromórficos, Neossolos Flúvicos e os Organossolos, compreendem os solos hidromórficos e

aluviais que possuem como limitação principal ao uso agrícola o excesso de água. Estes solos

ocorrem nas várzeas dos rios da região (alto Uberabinha, Cabeças, RO Verde, Arantes e rio

dos Patos), nas cabeceiras dos rios Formoso, Jacuíba e Verde, Ariranha, Doce, S. Tomás,

Pindaíba, Montividiu, Ponte de Pedra, Turvo, Bois e Meia Ponte (PRHBP, 2011).

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Além das classes de solos supracitadas encontramos ainda na área da Bacia do Paranaíba os

Neossolos Litólicos, Cambissolos héplicos e Argissolo Vermelho amarelo eutrófico (PRHBP,

2011).A figura 6traz em detalhes as principais classes de solo encontradas na área de estudo.

No que diz respeito à aptidão agrícola dos solos da Bacia em análise o PRHBP (2011) destaca

que, as terras com boa aptidão para lavoura, ou seja, terras sem grandes limitações para a

produção sustentada de um determinado tipo de utilização, desde que sejam observadas as

condições de manejo, estão localizadas principalmente na área central da Bacia.

MAPA DAS PRINCIPAIS CLASSES DE SOLO DA BACIA DO PARANAÍBA

Figura 7: Mapa de solos. Org. Fonseca, S.F. (2016)

É notória a ocorrência de processos erosivos na Bacia do Paranaíba, seja pelo desgaste gerado

através da ação da água, do vento ou mesmo de atividades antrópicas. A agricultura emerge

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neste cenário como principal fator de influencia na perda de solos ligados a erosão, tendo

como causas principais: a alteração da cobertura vegetal e o manejo inadequado do solo,

(PRHBP, 2011).

A classificação de suscetibilidade a erosão baseia-se no relevo do terreno, ou seja, leva em

consideração principalmente a declividade do mesmo. Assim, as classes definidas para a área

da bacia com base no estudo do EPE (2006 apud PRHBP 2011, pág.148) foram:

Nula – terras não suscetíveis à erosão (relevo de 0 a 3% de declive)

Ligeira – terras que apresentam pouca suscetibilidade à erosão (relevo de 3 a

8% de declive)

Moderada – terras que apresentam moderada suscetibilidade à erosão (relevo

de 8 a 13% de declive)

Forte – terras que apresentam forte suscetibilidade à erosão (relevo de 13 a

20% de declive)

Muito Forte – terras com suscetibilidade maior o que o grau forte, tendo seu

uso agrícola muito restrito (relevo entre 20 e 45% de declive)

Extremamente Forte – terras que apresentam severa suscetibilidade à erosão

(declives superiores a 45%)

Ainda segundo este último autor as regiões da Bacia que apresentam maior suscetibilidade á

erosão são as regiões nordeste e sudeste variando na classificação geral de nula a muito forte,

(PRHBP, 2011 pág.148) “sendo “muito forte” principalmente nos limites dos estados de

Goiás e Minas Gerais”.

Quanto aos recursos minerais que se assentam sob os solos da Bacia do Paranaíba, convém

destacar que as substâncias de origem mineral mais produzidas são: Fosfato e Apatita (43%),

Ouro (15%), Pirocloro (13%), Calcário (9%), Nióbio (8%) entre outras substâncias menos

exploradas que juntas somam 12% do total produzido, (PRHBP, 2011).O gráfico 2 destaca

esta distribuição.

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Gráfico 2: Distribuição em (%) dos recursos minerais na Bacia

Fonte: DNPM (2010 apud PRHBP 2011, pág. 150)

Vegetação

Para se estudar a vegetação de uma determinada área é necessário primeiramente avaliar em

qual ou quais Biomas a mesma esta inserida, para posteriormente entender as dinâmicas que

determinam as características e peculiaridades de cada um. A bacia hidrográfica do rio

Paranaíba, encontra-se na área de abrangência do bioma Cerrado e parte da Mata Atlântica.

A vegetação e o relevo compõem a base para classificação dos biomas, como afirma o Silva

(2012). A existência destes dois fatores em equilíbrio são determinantes para a conservação

dos solos, dos recursos hídricos, da biodiversidade e principalmente para estabilidade

climática. Neste sentido, abordaremos os biomas Cerrado e Mata Atlântica que no âmbito

vegetacional da bacia do Paranaíba.

a) Cerrado- de acordo com Ribeiro e Walter (2008) o Bioma Cerrado pode

ser divido em dez fitofisionomias distintas, sendo que estas se encontram

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divididas em três grupos vegetacionais: as formações florestais: Mata Ciliar,

Mata Seca ou Floresta Estacional Decidual e o Cerradão; as formações

savânicas: Cerrado sentido restrito ou Cerrado Típico, Campo Cerrado,

Palmeiral e Vereda; e as campestres: Campo Sujo, Campo Limpo e Campo

Rupestre. Para Eiten (1993), este Bioma é dividido em quatorze tipos de

paisagens diferentes sendo elas: Campo Limpo de Cerrado, Campo

Rupestre, Campo Sujo, Campo Cerrado, Cerrado senso-estrito, Cerradão,

Campo de Murundus, Buritizal e Veredas, Campo Úmido, Brejos

Permanentes, Pantanal, Floresta Baixa, Floresta Mesofítica decídua e

Floresta Mesofítica semidecídua.

O Bioma Cerrado possui apenas 7,44% de sua área protegida por unidades de conservação –

federais / estaduais / municipais - sendo que 2,91 % correspondem a Unidades de

Conservação Integral (SILVA, 2012). Dado a sensibilidade as Áreas Úmidas do Cerrado são

reconhecidas por legislação federal e estaduais, como Áreas de Preservação Permanente

(SILVA, 2012).

Dentre as características deste bioma, convém destacar conforme o PRHBP (2011, pág. 157):

[...] que a vegetação apresenta fenologia marcadamente sazonal, com incremento da

biomassa na estação das chuvas –outubro a maio – e dessecação das partes aéreas na

estação seca - junho a setembro– o que favorece a ocorrência de incêndios naturais

e, também, decorrentes da ação antrópica. Enfatiza-se que vários fatores podem

contribuir para que as espécies tenham diferentes níveis de sensibilidade ao fogo. A

diferença de sensibilidade ao fogo também tem um importante papel na dinâmica do

ecótono cerrado-mata. Ecótono é a região de transição / contato entre dois

biomas(ou zona de formações distintas), normalmente é uma região de alta

diversidade biológica.

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A vegetação deste bioma ocorre em variados tipos de solo, entretanto em sua maioria são

profundos, ácidos, bem drenados, pobres em nutrientes e com alta saturação de alumínio,

(PRHBP, 2011).

Dentre as fitofisionomias do bioma Cerrado encontradas na bacia do Paranaíba estão a Mata

Ciliar, a Mata de Galeria, as Veredas e o Campo úmido. Segundo a Lei Federal Nº 12.651 de

25 de maio de 2012 que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e o Código Florestal

Brasileiro, as Matas ciliares e de galeria bem como as Veredas são formações vegetais

consideradas como áreas de preservação permanente- APP.

As APP’s precisam ser mantidas intocadas, em casos de degradação da mesma deve-se prever

a imediata recuperação. Ainda conforme a lei citada acima, toda a vegetação natural que se

encontre as margens dos rios, e ao redor de nascentes e de reservatórios, deve ser preservada.

De acordo com o código florestal brasileiro, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada

está relacionada com a largura do curso d'água.

Apesar de serem protegidas por Leis bastante restritivas, ainda é acelerado o processo de

antropização dessas áreas que vem sofrendo com a exploração desordenada e predatória de

suas APP’s. Essa degradação pode causar sérios danos ambientais como: perda de qualidade

da água, erosão e perda de nutrientes do solo, aumento de pragas das lavouras, assoreamento

dos rios e enchentes, alterações e desequilíbrios climáticos e consequentemente redução da

atividade pesqueira, (PRHBP, 2011).

Uma alternativa que tem dado muito certo, na busca pelo equilíbrio ecológico destas áreas e

também tem possibilitado alguns serviços ambientais essenciais na utilização sustentável das

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mesmas são os corredores ecológicos. O PRHBP (2011, pág.158) define corredor ecológico

como:

Estes constituem-se em uma área estrategicamente destinada à conservação

ambiental em escala regional. Compreende uma rede de áreas protegidas,

intercalado por áreas com variáveis graus de ocupação humana. O manejo é

integrado para ampliar a possibilidade de sobrevivência de todas as espécies, a

manutenção de processos ecológicos e evolutivos e o desenvolvimento de uma

economia regional baseada no uso sustentável dos recursos naturais. Uma das

premissas básicas em estratégias de conservação é que a biodiversidade não está

distribuída de forma homogênea no planeta. Assim, os Corredores Ecológicos (ou

Corredores de Biodiversidade) são estabelecidos em áreas de grande importância

biológica, ou seja, onde se concentra a maior parte da diversidade biológica.

b) Mata Atlântica- Segundo o Decreto Lei n. 750/1993, o Domínio da Mata Atlântica, é

definido como:

O espaço que contém aspectos fitogeográficos e botânicos que tenham influência

das condições climatológicas peculiares do mar incluindo as áreas associadas

delimitadas segundo o Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE,1993) que inclui as

Florestas Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta,

Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Estacional Decidual, manguezais,

restingas e campos de altitude associados, brejos interioranos e encraves florestais

da Região Nordeste (RBMA, 2011apud PRHBP, 2011 pág. 171).

O Bioma Mata Atlântica abriga a maioria das cidades e regiões metropolitanas do Brasil, os

grandes polos industriais, químicos, petroleiros e portuários. Desta forma, a Mata original

encontra-se reduzida a cerca de 7% (300 mil km²) e as nascentes e mananciais presentes na

mesma sob forte pressão, constituindo-se em um dos fatores que tem contribuído para a crise

hídrica que vivenciamos (PRHBP, 2011).

A vegetação do bioma Mata Atlântica é caracterizada por uma fisionomia alta e densa, os

níveis vegetacionais inferiores compreendem um ambiente sombrio e úmido, dependente do

estrato superior, (FLAUZINO et all, 2010). As formações vegetais encontradas ao longo da

sua extensão variam em função do solo, clima e relevo de cada região. Sendo assim:

Para além do Planalto Atlântico, em direção ao interior onde a precipitação anual

diminui e o clima exibe sazonalidade bem definida, ocorre à floresta estacional,

classificada em decidual ou semidecidual. Nesse contexto, extensões de floresta

estacional semidecidual e pequenos fragmentos de floresta ombrófila densa são

encontrados no sudoeste da Bacia do Rio Paranaíba, numa área que engloba o sul de

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Goiás, o nordeste do Mato Grosso do Sul e o norte e oeste do Triângulo Mineiro.

(PRHBP, 2011 pág. 173)

Ao analisarmos a vegetação da Bacia do Paranaíba, identificamos um avanço na ocupação das

áreas da mesma, com isso cresceu também o desmatamento regular ou não. Neste contexto, o

PRHBP (2011, pág. 194) chama a atenção para a vegetação remanescente dos biomas da

bacia em 2008: o bioma cerrado possuía uma área de remanescentes florestais de 51,54% da

cobertura original, partindo da premissa que a área total do bioma é igual a 2.039.386 km². As

áreas desmatadas do bioma cerrado correspondem a 47,84% e os corpos d’água a 0,61%, “a

taxa média anual do desmatamento esta na ordem de 0,69%.”

Sobre o bioma Mata Atlântica destacamos que ele abrange uma área de 1.103.961 km² sendo

que 75,88% de cobertura vegetal foi suprimida conforme dados de 2008, restando apena

22,25% de vegetação nativa remanescente. Os corpos d”água correspondem aos outros

1,87%.Na bacia em estudo essa vegetação remanescente pode ser localizada ao Norte, na

região Centro- Sul e especificamente ao longo do rio Paranaíba, (ROSA e SANO, 2014).

A figura 7 busca espacializar a vegetação nativa remanescente dos biomas Cerrado e Mata

Atlântica na área da bacia hidrográfica do rio Paranaíba.

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Mapa da vegetação nativa Remanescente

Figura 8: Vegetação Nativa Remanescente

Fonte: PRHBP (2011, pág. 195)

Hidrografia

O Brasil encontra-se divido hidrograficamente de acordo com o Conselho Nacional de

Recursos Hídricos – CNRH através da Resolução n° 32, de 15 de outubro de 2003, em 12

regiões hidrográficas. A Região Hidrográfica do Paraná está subdividida em seis unidades

hidrográficas: Paraná, Paranaíba, Grande, Tietê, Paranapanema e Iguaçu. A unidade que será

analisada por este estudo é a bacia do Paranaíba representada pela cor cinza na figura 8.

Com base no Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba- PRHBP

(2011) a bacia abrange quatro rios de esfera federal em sua área: o rio Paranaíba, o rio São

Marcos, o rio Corumbá e o rio Aporé. O rio Paranaíba, juntamente com o rio Grande, é um

dos formadores do rio Paraná. A partir dos municípios de Coromandel/MG e Guarda-

Mor/MG, o rio Paranaíba forma a divisa natural de Minas Gerais com Goiás e, já próximo de

sua foz, de Minas Gerais com Mato Grosso do Sul.

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Por ser uma bacia hidrográfica extensa territorialmente, se faz necessário separar as unidades

de gestão hídrica- UGHs que são representadas pelas divisões hidrográficas estaduais para

realização da gestão dos recursos hídricos na área de estudo, a figura 9representa as UGHs da

bacia do Paranaíba em cada estado pertencente a mesma.

Os aquíferos de um modo geral são unidades geológicas que comportam quantidades

significativas de água subterrânea. Outro conceito apresentado pela Associação Brasileira de

águas Subterrâneas- ABAS refere-se à aquífero como sendo, somente, o material geológico

capaz de servir de depositório e de transmissor da água aí armazenada.

Na área da bacia hidrográfica do rio Paranaíba podem ser individualizados nove Sistemas

Aquíferos de maior representatividade sendo eles: Cristalino Sudeste de

Goiás;Canastra;Paranoá; Araxá; Bambuí; Aquidauana;Guarani; Serrra Geral e Bauru.

Esses sistemas aquíferos possuem diferentes graus de porosidade conforme a ANA (2013,

pág. 121), podendo ainda ser subdivididos nos domínios fraturado, cárstico ou poroso.

Os sistemas fraturados são constituídos predominantemente por rochas

cristalinas, metamórficas ou magmáticas, submetidas a deformações rúpteis,

responsáveis pela geração de falhas e fraturas que originaram os compartimentos

capazes de armazenar a água. Dessa forma, o potencial de cada sistema está

relacionado com a densidade, interconexão e espaçamento entre estas estruturas.

Os sistemas cársticos estão representados por litotipos carbonáticos submetidos

a processos de dissolução, com a formação de estruturas cársticas subterrâneas

preenchidas por água. Quanto à potencialidade destes aquíferos, a mesma está

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intimamente relacionada com o desenvolvimento do processo de carstificação, com a

formação de espaços para armazenamento da água e sua respectiva conectividade. A

presença de fraturas pode, além de facilitar os processos de dissolução, tornar as

camadas carbonáticas descontínuas e intercaladas a outras rochas, gerando aquíferos

com grandes potenciais de explotação.

Os sistemas porosos incluem rochas com porosidade intergranular, além de

rochas porosas afetadas por fraturas gerando porosidades secundárias planares. De

uma forma geral, o potencial destes sistemas associa-se com a espessura das camadas

saturadas, aliadas às taxas de precipitação pluvial e penetratividade das estruturas

rúpteis.

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LOCALIZAÇÃO DA BACIA DO PARANÁ E SUAS SUB- BACIAS

Figura 9: Localização da Bacia hidrográfica do Rio Paraná. Organizado pela autora

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Figura 10: UGHs na bacia do Paranaíba

Fonte: PRHBP (2011, pág. 78)

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57

CAPITULO III

4. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Seleção de dados de pluviosidade da rede de monitoramento da Agência

Nacional de Águas (ANA)

Buscou-se criar uma distribuição relativamente uniforme dos postos na área da bacia, para

atender ao tratamento estatístico e geração das informações para a execução dos demais

procedimentos. Os postos pluviométricos selecionados contam com um intervalo de dados de

no mínimo 30 anos, necessário a análise de variabilidade e tendências.

A qualidade dos dados também foi considerada, especialmente quanto à presença de lacunas

na série temporal, sendo excluídos das análises os anos que apresentaram mais de um mês de

falha nos dados da estação chuvosa (outubro a março), que é um dos objetos de análise desta

pesquisa.

No quadro 4 e figura 10 são apresentados os postos adotados nesta pesquisa. Os postos

utilizados estão localizados no interior da bacia e foram os mesmos analisados por Silva

(2014) em pesquisa dedicada à delimitação da estação chuvosa, identificação e contagem de

veranicos, com exceção apenas dos postos localizados no entorno que foram utilizados apenas

na interpolação dos mapas.

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Quadro 4: Dados dos postos pluviométricos da ANA adotados para a pesquisa Localização dos postos pluviométricos

MINAS GERAIS (MG)

Código do

Posto Município Nome do Posto Latitude Longitude Altitude

Período de dados

disponível

1 1947001 Santa Juliana Santa Juliana -19,32 -47,53 950 1973-2013

2 1846002

Patrocínio

Charqueada do

Patrocínio -18,93 -46,97 960 1973-2013

3 1946004 Ibiá Ibiá -19,48 -46,54 855 1973-2013

4 1849000 Ituiutaba Ituiutaba 1 -18,94 -49,46 563 1973-2013

5 01847001 Estrela do Sul Estrela do Sul -18,74 -47,69 461 1973-2013

6 1949002 Prata

Fazenda Buriti do

Prata -19,36 -49,18 517 1973-2013

7 02047037 Sacramento Desemboque -20,01 -47,02 960 1973-2013

GOIÁS (GO)

Código do

Posto Município Nome do Posto Latitude Longitude Altitude

Período de dados

disponível

8 1647002 Cristalina Cristalina -16,76 -47,61 1239 1974-2013

9 1649006 Inhumas Inhumas -16,35 -49,5 747 1973-2013

10 1648001

Alexânia

Ponte Anápolis-

Brasília -16,08 -48,51 1087 1973-2013

11 1752003 Mineiros Ponte do Cedro -17,58 -52,6 690 1973-2013

12 1751001 Jataí Ponte Rio Doce -17,86 -51,4 755 1973-2013

13 1750001

Paraúna

Fazenda Nova do

Turvo -17,08 -50,29 509 1973-2013

14 1850001 Goiatuba Fazenda Aliança -18,1 -50,03 447 1973-2013

15 1749001 Varjão Fazenda Boa Vista -17,11 -49,69 558 1973-2013

16 1851001 Aporé Campo Alegre -18,52 -51,09 670 1973-2013

17 1848007 Buriti Alegre Corumbazul -18,24 -48,86 547 1973-2013

18 1951001 Itajá Itajá -19,14 -51,53 436 1973-2013

19 1748000 Critianópolis Cristianópolis -17,2 -48,72 829 1974-2013

20 1650003 Turvânia Turvânia -16,61 -50,13 700 1974-2013

DISTRITO FEDERAL (DF)

Código do

Posto Município Nome do Posto Latitude Longitude Altitude

Período de dados

disponível

21 1547004 Brasília Brasília-015 -15,79 -47,92 1160 1973-2013

22 1548000

Brasília

Brazlândia (Quadra

18) -15,67 -48,22 1106 1974-2013

Localização dos postos pluviométricos do entorno da bacia

MINAS GERAIS (MG)

Código do

Posto Município Nome do Posto Latitude Longitude Altitude

Período de dados

disponível

1 1949005

Comendador

Gomes Comendador Gomes

-19,7 -49,08 - 1976-2013

2 1950000 Iturama Iturama -19,75 -50,19 - 1976-2013

3 1746002 Paracatu Santa Rosa -17,26 -46,47 490 1973-2013

4 1846005

Presidente

Olegário Presidente Olegário

-18,41 -46,42 - 1975-2013

5 1946009 São Gotardo São Gotardo -19,32 -46,04 - 1975-2013

GOIÁS (GO)

Código do

Posto Município Nome do Posto Latitude Longitude Altitude

Período de dados

disponível

6 1651000 Caiapônia Caiapônia -16,95 -51,81 713 1973-2011

7 1649007 Itaberaí Itaberaí -16,03 -49,8 726 1974-2013

8 1752002 Mineiros

Fazenda São

Bernardo -17,69 -52,98 750 1973-2013

9 1547002 Planaltina Planaltina -15,64 -47,65 991 1974-2013

MATO GROSSO DO SUL (MS)

Código do

Posto Município Nome do Posto Latitude Longitude Altitude

Período de dados

disponível

10 1951005 Inocência Inocência -19,74 -51,93 502 1983-2013

Fonte: ANA (2012). Organizado pela autora

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LOCALIZAÇÃO DOS POSTOS PLUVIOMÉTRICOS

Figura 11: Localização dos 22 postos pluviométricos

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4.2 Aplicação de ferramentas estatísticas para identificar o quadro de

variabilidade pluviométrica

Os dados foram baixados no site da Agência Nacional de Águas- ANA através do link

Hidroweb, tabulados no software Hidro 1.2, também fornecido gratuitamente no mesmo

endereço eletrônico. Posteriormente foram exportados para o Excel. Um tratamento prévio

dos dados é parte imprescindível no processo de análise pluviométrica. Neste caso, os

primeiros procedimentos estatísticos a serem adotados foram: cálculo da média, cálculo da

mediana e da moda. Depois foi analisada a amplitude, que diz respeito à diferença entre os

valores mínimos e máximos das séries históricas.

Variabilidade anual da precipitação

Nas análises de variabilidade anual da precipitação foi utilizado o desvio quartilíco das chuvas

anuais. Através do cálculo da mediana foram delimitados o quartil superior e inferior de modo

que a amplitude entre o terceiro e o primeiro quartil abranja 50% dos dados analisados, sendo,

portanto classificados como habituais. O quartil inferior e superior abrangem 25% cada um,

sendo classificados como anos secos e anos chuvosos, respectivamente.

Foram delimitadas as classes pluviométricas para cada um dos 22 postos pluviométricos. Os

dados utilizados apresentaram amplitude significativa principalmente em função da extensão

da área de estudo e intensa variabilidade.

Variabilidade mensal da precipitação

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Para analisar a variabilidade pluviométrica mensal foram adotados os seguintes passos:

a) Elaboração de pluviograma, onde se calcula o percentual que cada mês

contribui para o total pluviométrico anual através de uma regra de três simples;

b) Confecção de uma tabela contendo os dados de pluviosidade mensal, onde foi

calculada a média da precipitação dos 22 postos, sendo feito este mesmo calculo

individualmente para cada mês em todos os anos da série histórica;

c) Análise da contribuição de cada mês em relação ao total do ano correspondente

utilizando a regra de três simples, destacando ainda o mês mais chuvoso da série

histórica em cada posto;

d) Elaboração de quadro contendo os meses mais secos e mais chuvosos da série

histórica, através da aplicação de um gradiente de cor onde os meses mais secos

correspondem as cores mais claras e os meses mais chuvosos são representados pelas

cores mais escuras.

Curva de permanência

A análise da curva de permanência foi feita utilizando o software Hidro 1.2. Cada posto

pluviométrico da série histórica que compreende os anos de 1973 a 2013 teve sua curva de

permanência calculada. Neste sentido, foram elaboradas as curvas de permanência diárias

para a Bacia do Paranaíba, com base na média dos valores de frequência da precipitação.

4.3 Aplicação de técnicas de análise de tendências pluviométricas

De acordo com Ferreira (2012), existem varias metodologias que podem ser aplicadas à

previsão em séries temporais.

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Detectar se há aumento ou redução progressiva de temperatura ou pluviosidade em

escala mesoclimática é fundamental para a identificação de externalidades

produzidas pelas mudanças no uso do solo ou pelas mudanças climáticas globais

sobre os regimes hidropluviométricos das bacias hidrográficas. As chuvas e a

disponibilidade de recursos hídricos afetam atividades humanas diversas, incluindo

pesca, navegação,abastecimento público de água, agricultura e produção de energia

hidroelétrica. (FERREIRA, 2012 pág.318)

Nesta pesquisa lançamos mão de duas possibilidades metodológicas na análise de tendência:

O Teste do Sinal e a Regressão Linear. Para estas análises utilizamos as séries históricas

disponíveis para os postos da Bacia do Paranaíba já elencados no tópico 4.1 deste trabalho.

a) Teste do Sinal- a série temporal foi dividida em duas sub-séries de igual

tamanho, seguindo a cronologia original. Em seguida foi calculada a diferença para

cada par conforme equação abaixo:

Ainda conforme Ferreira (2012, pág.321):

Se o número de sinais positivos for aproximadamente igual ao número de sinais

negativos a tendência indica manutenção do comportamento da variável estudada.

Se o sinal negativo prevalecer admite-se que está havendo tendência de aumento (a

primeira sub-série apresenta valores menores). Se prevalecer o sinal positivo a

situação é de redução da variável estudada (a primeira sub-série apresenta valores

maiores).

b) Regressão Linear- A linha de tendência pluviométrica foi feita através da análise de

regressão linear com a variável tempo. Em teoria, se ela for estendida para os anos que

dão continuidade à série histórica é possível prever os valores futuros, utilizando-se da

equação da reta (FERREIRA, 2012 pág.320).

Di= Xi-Yi

Se Di > 0, ao par é atribuído um sinal positivo (+)

Se Di < 0, ele recebe um sinal negativo (-)

Se Di = 0 exclui-se o par de observações e o tamanho da amostra é reduzido. Onde: Di= Série Temporal Completa; Xi= Sub-Série I e Yi= Sub-Série II.

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CAPÍTULO IV

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Sazonalidade Pluviométrica

A estação chuvosa na Bacia do Paranaíba tem início predominantemente no dia 28 de outubro

e se encerra no dia 02 de abril. A sazonalidade na bacia é marcante como mostra o gráfico 3.

A bacia do Paranaíba apresenta algumas especificidades do ponto de vista paisagístico, sendo

uma delas a variação altimétrica, que influenciam diretamente o clima, causando diferenças

consideráveis em relação às áreas com menor altimetria, por exemplo.

Gráfico 3: Média das alturas pluviométricas mensais na Bacia do Paranaíba

Dados: ANA (2015). Org. SANTOS., D. C.

Ainda no gráfico 3, que reforça a presença da sazonalidade na área da bacia do Paranaíba

observa-se que o ano inicia com alturas pluviométricas elevadas, em média 260 mm, e se

mantém até meados do mês de abril quando abaixa consideravelmente pois tem inicio a

estação seca. Nos meses de junho, julho e agosto identificam-se as menores medias da estação

0

50

100

150

200

250

300

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

mm

Média Mensal da precipitação na Bacia do Paranaíba

(1979-2013)

Chuvas em mm

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seca. Entretanto, a partir deste ultimo mês, já é possível observar um novo aumento das

alturas pluviométricos que chegam a uma média de 250 mm no mês de dezembro.

Para entender a variação espacial das médias mensais da precipitação na bacia, gerou-se a

tabela 2 que traz estes dados referentes a cada posto pluviométrico selecionado para analise

nesta pesquisa, conforme listados na metodologia. São dados que compreendem uma série de

35 anos (1979-2013) e que demonstram a variação entre a média das estações chuvosa e seca

e a amplitude que representa a diferença entre a maior e a menos média de cada mês.

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Tabela 2: Média mensal da precipitação em postos pluviométricos da Bacia do Paranaíba

Dados: ANA (2015). Org. SANTOS, D. C.

Pode- se observar na tabela 2 que o mês com maior amplitude entre os dados é dezembro,

com 121 mm de diferença entre as médias de Patrocínio (328 mm) e Mineiros (207 mm.

Como aponta a tabela 2, a amplitude do total anual foi de 395 mm, registrada entre a média

anual de Aporé (1671 mm) e Buriti Alegre (1276 mm).

A média mensal dos dias com chuva pode ser observada na tabela 3, e também demonstra

variabilidade de precipitação na bacia do Paranaíba. Nos meses mais chuvosos a média de

dias com chuva foi 18 e nos meses mais secos foi registrada média de apenas 1 dia com

Média mensal da precipitação na Bacia do Paranaíba

Posto Município jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez total

1947001

Santa

Juliana 306 223 204 90 45 17 10 13 51 139 215 298 1611

1846002 Patrocínio 291 210 199 78 35 15 14 13 55 114 229 328 1595

1946004 Ibiá 270 185 172 83 42 15 13 12 47 121 195 270 1429

1849000 Ituiutaba 261 192 175 76 31 14 11 14 51 122 177 257 1397

1847001

Estrela do

Sul 289 212 207 75 34 12 11 9 39 126 206 291 1516

1949002 Prata 279 224 182 89 32 17 11 12 53 116 170 261 1443

2047037 Sacramento 314 217 207 111 49 22 17 17 65 141 210 295 1660

1647002 Cristalina 249 194 229 95 28 7 4 12 42 126 221 270 1476

1649006 Inhumas 213 198 187 100 33 6 6 6 39 133 201 214 1376

1648001 Alexânia 240 195 210 124 25 8 6 12 56 135 220 260 1484

1752003 Mineiros 239 213 195 111 50 18 10 19 59 119 168 207 1420

1751001 Jataí 247 209 231 119 45 15 10 22 62 118 214 245 1512

1750001 Paraúna 235 195 193 90 25 11 4 10 43 120 183 224 1357

1850001 Goiatuba 270 189 213 98 34 12 9 14 48 129 214 262 1469

1749001 Varjão 268 218 227 95 24 10 7 11 51 122 215 254 1497

1851001 Aporé 301 244 259 108 48 23 16 24 75 138 200 243 1671

1848007 Buriti

Alegre 232 164 189 72 29 11 8 13 32 98 179 236 1276

1951001 Itajá 293 192 202 92 52 22 16 16 63 129 163 250 1493

1748000

Critianópoli

s 270 193 204 86 23 7 4 11 48 113 213 241 1424

1650003 Turvânia 259 215 214 102 31 12 5 10 51 137 218 254 1503

1547004 Brasília 221 195 206 133 32 6 7 15 51 161 240 252 1528

1548000 Brasília 256 199 230 108 27 6 4 13 43 135 231 263 1529

Média 264 203 206 97 35 13 9 14 51 127 204 258 1485

Maximo 314 244 259 133 52 23 17 24 75 161 240 328 1671

Mínimo 213 164 172 72 23 6 4 6 32 98 163 207 1276

Amplitude 101 80 87 61 29 17 13 18 43 63 77 121 395

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chuva. Dentre os 22 postos pluviométricos analisados percebe-se ainda uma variação entre os

dias com chuva quando se analisa os totais anuais, que varia de 134 dias em Brasília e 91 dias

em Paraúna e Buriti Alegre.

Tabela 3: Média Mensal de dias Chuvosos nos Postos Pluviométricos da Bacia do Paranaíba

Posto Município jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez total

1947001

Santa

Juliana 18 14 15 8 4 2 1 2 5 10 14 19 112

1846002 Patrocínio 17 13 14 7 4 2 2 2 5 10 15 18 107

1946004 Ibiá 17 13 13 7 4 2 2 2 5 10 14 18 107

1849000 Ituiutaba 17 14 13 6 3 2 1 2 5 10 13 17 104

1847001

Estrela do

Sul 18 15 16 8 4 2 1 1 5 11 15 19 115

1949002 Prata 16 14 13 6 3 2 1 2 4 8 11 16 97

2047037 Sacramento 20 16 17 10 5 3 2 2 6 11 15 21 129

1647002 Cristalina 18 14 15 9 3 1 1 1 5 10 17 20 115

1649006 Inhumas 18 16 16 9 4 1 1 1 4 11 15 18 117

1648001 Alexânia 19 15 17 10 3 1 1 1 5 11 16 19 116

1752003 Mineiros 16 14 15 8 4 2 1 2 5 8 11 15 102

1751001 Jataí 16 14 15 7 4 1 1 2 5 9 13 16 101

1750001 Paraúna 16 13 13 6 3 1 1 1 4 9 13 15 91

1850001 Goiatuba 17 14 15 7 3 1 1 1 5 9 14 16 103

1749001 Varjão 19 16 15 7 3 1 1 1 5 10 15 18 111

1851001 Aporé 16 14 14 8 4 2 1 2 5 8 11 15 100

1848007

Buriti

Alegre 17 12 12 5 3 1 1 1 4 7 12 16 91

1951001 Itajá 15 12 12 6 4 2 1 2 5 8 11 15 95

1748000 Critianópolis 19 14 15 8 2 1 0 1 5 10 15 19 110

1650003 Turvânia 18 16 16 8 3 1 1 1 5 10 14 17 108

1547004 Brasília 19 16 17 11 4 1 1 2 6 14 19 22 134

1548000 Brasília 15 13 14 8 2 1 1 2 4 9 14 17 99

Média 17 14 15 8 3 2 1 2 5 10 14 18 107 Dados ANA (2015). Org. SANTOS, D. C.

Nos meses de outubro a março percebe-se uma maior ocorrência de dias chuvosos. Dezembro

apresenta 18 dias com chuva em média e é o mais chuvoso, seguido por janeiro com 17 dias

chuvosos em média, março com 15 dias, fevereiro e novembro com 14 dias chuvosos em

média e outubro com uma média de 10 dias. Já os meses de abril a setembro foram

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considerados menos chuvosos e a média varia de 1 a 8 dias com chuva em cada mês como

mostra os dados da tabela 3.

5.2 Acumulado de Chuvas nas Estações Chuvosa e Seca

A estação chuvosa na bacia do Paranaíba recebe 85% da precipitação anual, e ocorre em

média a partir do dia 28 de outubro se estendendo até o dia 02 de abril, como já foi

mencionado. Acumula em média 1262 mm do total pluviométrico da bacia e apresenta uma

média de 88 dias com registro de chuvas como apontam as tabelas 2 e 3.

O acumulado de chuva na bacia do Paranaíba durante a estação chuvosa apresenta uma média

de 1262 mm. O maior acumulado foi registrado em Aporé, com uma média de 1385 mm, e o

menor valor acumulado de chuvas ocorre no posto pluviométrico de Buriti Alegre, com média

de 1098 mm. O gráfico 4 aponta uma variação de 287 mm em toda a área da bacia do

Paranaíba.

Gráfico 4: Acumulado da precipitação na Estação Chuvosa

Dados: ANA (2015). Org. SANTOS., D. C.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

mm

Acumulado da Precipitação na Estação chuvosa(outubro a março)

na Bacia do Paranaíba (1979-2013)

Chuvas em mm

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A estação seca na bacia em estudo começa no mês de abril e se estende até meados do mês de

outubro. Os totais pluviométricos durante esta estação caem muito em relação aos totais

observados na estação chuvosa acumulando, em média, 219 mm que correspondem a 15% do

total anual como mostram as tabelas 2 e 3.

O gráfico 5 traz a variação entre os postos pluviométricos, com o acumulado de chuvas na

estação seca, variando em 129 mm. O posto pluviométrico de Aporé registra a maior média

do total de chuvas 294 mm, já o posto de Buriti Alegre apresenta o menor acumulado de

chuvas no período um total de 165 mm. A média geral para os 22 postos pluviométricos no

período que compreende os meses de abril a setembro foi de 219 mm, como aponta o gráfico

5.

Gráfico 5: Acumulado da precipitação na Estação Seca

Dados: ANA (2015). Org. SANTOS., D. C.

0

50

100

150

200

250

300

350

mm

Acumulado da Precipitação na Estação Seca (abril a setembro) na

Bacia do Paranaíba (1979-2013)

Chuvas em mm

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69

5.3 Variabilidade Pluviométrica Anual

Para analise da variabilidade pluviométrica anual, tomaram-se por base os dados de 22

estações pluviométricas distribuídas espacialmente na bacia do Paranaíba. Estes dados

compreendem uma série histórica de 35 anos (1979- 2013). Ao observar os dados, nota-se que

a precipitação pluviométrica na bacia varia em quantidade e distribuição, apresentando ao

longo da série histórica anos chuvosos, secos e habituais.

A variação média anual da precipitação na bacia do Paranaíba pode ser observada no gráfico

6.O ano de 1983 apresenta maior média de precipitação na bacia. Entretanto o ano que

apresentou maior amplitude entre os dados foi 1980 (1790 mm), sendo que Patrocínio

registrou 2991 mm de precipitação e Goiatuba registrou apenas 1200 mm.

Gráfico 6: Precipitação média anual na Bacia do Paranaíba (1979-2013)

Dados: ANA (2015). Org. SANTOS., D. C.

Através do gráfico 6 identificamos que os anos de 1981, 1987, 1994, 1997, 2001,2003 e 2007

apresentaram chuvas mais próximas a média e foram classificados no quadro 5 como

habituais.

0

500

1000

1500

2000

2500

19

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19

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20

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20

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20

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20

11

20

12

20

13

mm

Anos da Série Histórica

Precipitação média anual (mm) da Bacia do Paranaíba

(1979-2013)

Média anual

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Nos anos de 1985,1986,1988,1989,1993,1996,2000,2003,2004,2005,2006 e 2009 observa-se

também o comportamento habitual na maioria dos postos pluviométricos analisados. Convém

ressaltar que nesses anos quase não houve classificação dos postos em seco, e sim em

habituais ou chuvosos. Por isso, a classificação dos mesmos com base na analise da maior

classe verificada na série foi de habituais tendendo a chuvoso, como aponta o quadro 5.

Com base no quadro 5, o ano considerado mais chuvoso foi o de 1983 que foi classificado em

82% dos postos como chuvoso, os outros 18% dos postos pluviométricos foram classificados

como habituais.Não houve neste ano nenhum posto classificado como seco.Portanto, este

pode ser considerado como habitual tendendo a chuvoso.

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Quadro 5: Classificação dos anos da serie histórica (1979- 2013) em Secos, Habituais e Chuvosos

Fonte: SANTOS, D.C.

Posto Município 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13

1947001 Santa Juliana

1846002 Patrocínio

1946004 Ibiá

1849000 Ituiutaba

1847001 Estrela do Sul

1949002 Prata

2047037 Sacramento

1647002 Cristalina

1649006 Inhumas

1648001 Alexânia

1752003 Mineiros

1751001 Jataí

1750001 Paraúna

1850001 Goiatuba

1749001 Varjão

1851001 Aporé

1848007 Buriti Alegre

1951001 Itajá

1748000 Cristianópolis

1650003 Turvânia

1547004 Brasília

1548000 Brasília

Legenda SECOS HABITUAIS CHUVOSOS AUSÊNCIA DE DADOS

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Os anos de 1982, 1989, 1991, 1992, 200, 2006 e 2009 também foram classificados

predominantemente como chuvosos, o que demonstra uma variação espacial consideravel,

visto que este comportamento foi observado em mais de 50% dos postos durante os anos

supracitados.

Já os anos de 1984, 1985, 1990, 1999, 2001, 2002, 2010 e 2012 foram classificados em sua

maioria como habituais ou secos, sendo entendidos para fins de análise como habituais

tendendo a secos pois apresentou ao longo da série histórica a maior parte dos anos

classificados em habituais ou secos, em alguns destes anos não houve registro de nenhum ano

chuvoso ,como mostra o quadro 5. O ano considerado menos chuvoso foi 1990 que

apresentou 73% dos postos classificados como seco.Convém destacar que nehum posto

pluviométrico neste ano foi classificado como chuvoso.

É notório na analise pluviométrica a variabilidade anual dos dados da série histórica, ou seja,

podem ocorrer anos mais secos e mais chuvosos. Assim também ocorre com a variabilidade

mensal da precipitação. Pode-se calcular o percentual de contribuição do mês em relação ao

total pluviométrico do ano correspondente.

O uso do desvio quartilíco para classificar os anos da série histórica em habituais, secos e

chuvosos facilitou a análise e interpretação dos resultados. O gradiente de cor aponta que os

anos com cor mais clara tendendo ao branco são mais secos, os anos com cor intermediária

são os habituais e os com cor mais escura são os mais chuvosos, como demonstrado no

quadro 5.

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Através da classificação dos anos em habituais, secos e chuvosos feita pelo cálculo do desvio

quartílico foi possível entender o comportamento das chuvas na bacia do Paranáiba, bem

como visualizar a variação espacial anual, pois cada posto pluviométrico apresenta uma

especificidade ligada principalmente a sua localização dentro da bacia.Portanto, ficou

evidenciado com esta análise que existe uma variabilidade pluviométrica significativa na

bacia em estudo.

Análise do Desvio Padrão

O desvio padrão é uma importante medida de dispersão obtida por meio da raiz quadrada da

variância. Indica como os dados se comportam em torno da média dos valores. No caso desta

pesquisa o desvio padrão (DP) vai indicar como os dados referentes às chuvas na bacia do

Paranaíba vão se apresentar frente a media anual pluviométrica de cada posto de coleta

analisado.

Através do gráfico 8 tem-se a análise do desvio padrão médio, onde os valores mais próximos

ao zero caracterizam a menor ocorrência de variabilidade.Neste caso, os valores de chuvas

estarão próximos a média.Já os valores mais altos configuram chuvas muito mais elevadas ou

muito menores à média. Foi calculada a média somada e subtraída do desvio padrão e contado

o número de anos abaixo e acima desse número, caracterizando maior ou menor quantidade

de anos chuvosos (gráfico 8).

O gráfico 8 traz a média da pluviosidade anual para os 22 postos pluviométricos estudados

por esta pesquisa. A linha vermelha representa a media da pluviosidade por posto subtraída do

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desvio padrão médio e a linha verde indica a média de chuvas somada aos valores de desvio

padrão médio.

Gráfico 7: Comparativo da pluviosidade e desvio padrão

Dados: ANA (2015) Org. SANTOS, D. C.

5.4 Variabilidade Mensal das chuvas

O entendimento da variabilidade mensal das chuvas parte da premissa que as estações

chuvosa e seca são determinantes na classificação de um mês como chuvoso ou seco. Quando

classificou-se os anos em habituais, secos e chuvosos foi identificado que existe na bacia do

Paranaíba uma variação anual dos totais pluviométricos.Esta por sua vez varia no espaço e no

tempo.

É possível identificar qual foi o mês mais chuvoso e o mais seco de cada estação através do

cálculo do percentual de contribuição mensal em relação ao total anual em analise. Para isso,

lançou-se mão do pluviograma que demonstra em números (%) a contribuição mensal para os

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totais anuais de precipitação. Utilizou-se a cor branca para destacar a fonte dos meses mais

chuvosos em cada ano da série histórica.

Através da análise da tabela 4, pode-se inferir que as chuvas concentram-se

predominantemente nos meses de outubro a março. O mês de janeiro em 40% dos anos é o

mais chuvoso, seguido pelos meses de fevereiro e dezembro. A estação chuvosa que abrange

os meses citados no inicio deste parágrafo contribui com 85% do total anual e a estação seca

(meses de abril a setembro) contribuem com 15%, como mostra a tabela 4.

Ao verificar a estação chuvosa, percebe-se que o mês de outubro apresenta o menor

percentual de contribuição anual, em média 8%, chegando em alguns anos como 1980, 1991,

2000, 2002 e 2012 a contribuir com apenas 5% do total anual. Isto pode ser explicado pelo

fato da estação chuvosa ter inicio no dia 28 de outubro, conforme Silva (2014), o que daria

apenas quatro dias com chuva.Entretanto, a intensidade desta chuva é determinante para o

baixo percentual de contribuição do mês.

O mês de novembro por sua vez contribui em média com 13% do total anual, como mostra a

tabela 4. Os anos que registraram os maiores percentuais de contribuição do mês na série

histórica foram 1996 e 2010 com 19% do total anual seguidos pelo ano de 1981 com 18% do

total. Por sua vez os anos com menores registros foram 1982 e 1986 que contribuiram com

apenas 8% do total anual.

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Tabela 4: Pluviograma da Bacia Hidrográfica do Paranaíba

ANO jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

1979 22 14 10 4 3 0 1 1 5 7 14 18

1980 22 21 5 8 2 2 0 1 4 5 13 18

1981 16 6 17 4 1 2 0 0 1 14 18 18

1982 24 9 18 4 4 1 1 1 3 9 8 17

1983 22 14 12 7 2 1 2 0 4 10 11 15

1984 14 10 14 10 3 0 0 5 5 9 12 18

1985 31 10 17 7 1 0 1 0 3 7 10 13

1986 18 13 14 4 4 0 2 4 3 6 8 22

1987 14 12 14 10 2 1 0 0 4 10 15 19

1988 13 21 16 10 2 1 0 0 1 9 11 15

1989 14 15 11 4 2 2 2 3 5 6 14 24

1990 17 13 13 7 5 0 2 4 6 12 13 10

1991 22 15 20 7 1 0 0 0 2 5 11 16

1992 18 14 11 9 2 0 0 1 7 11 14 13

1993 13 12 12 11 4 0 0 2 9 12 12 14

1994 22 10 20 5 2 1 1 0 0 7 15 16

1995 15 20 13 8 6 1 0 0 3 8 11 14

1996 14 12 15 6 2 0 0 2 5 7 19 16

1997 23 7 15 6 4 6 0 0 5 8 12 14

1998 15 17 12 7 4 0 0 3 3 9 16 14

1999 18 14 17 3 1 1 0 0 5 7 16 18

2000 17 17 16 3 0 0 1 2 7 5 16 16

2001 14 10 14 5 5 0 0 2 4 8 17 21

2002 19 24 13 1 2 0 1 1 5 5 12 18

2003 25 11 18 7 2 0 0 1 2 6 14 15

2004 21 19 12 9 2 0 1 0 0 8 10 17

2005 22 10 17 3 2 1 0 1 4 6 16 19

2006 12 13 18 8 1 0 0 1 4 13 12 17

2007 28 15 8 6 2 0 1 0 0 6 13 21

2008 19 17 14 10 1 0 0 1 2 6 12 18

2009 15 13 11 10 2 1 0 2 6 9 13 20

2010 15 11 15 5 1 0 0 0 3 10 19 20

2011 17 13 23 6 0 1 0 0 1 13 9 17

2012 24 15 11 6 3 4 0 0 3 5 17 13

2013 21 11 14 8 2 1 0 0 2 8 15 17

Média 19 14 14 7 2 1 1 1 4 8 13 17

Mediana 18 13 14 7 2 0 0 1 4 8 13 17

Minimo 12 6 5 1 0 0 0 0 0 5 8 10

Máximo 31 24 23 11 6 6 2 5 9 14 19 24

Dados: ANA (2015). Org. SANTOS, D.C.

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Dezembro contribui com uma média de 17% do total anual, sendo classificado como menos

chuvoso no ano de 1990 onde o percentual de contribuição foi de apenas 10%. Já no ano de

1989 o mês de dezembro contribui com 24% do total pluviométrico anual (Tabela 4).

Com relação ao mês de janeiro a contribuição média foi de 19% do total anual, sendo que os

menores valores registrados foram nos anos de 1988, 1993 e 2006. Os dois primeiros

contribuiram com 13% respectivamente e o último com apenas 12% do total anual conforme

tabela 4.

Fevereiro por sua vez contribui com 14% em média da pluviosidade anual.O mínimo

registrado foi no ano de 1981 em que o mês contribui com apenas 6% do total anual. Já no

ano de 2002 foi registrada a maior contribuição de fevereira em relação ao total anual, 24%

como mostra tabela 4.

Em março observa-se que a média é de 14% da precipitação anual.O menor valor registrado

foi no ano de 1980 apenas 5% do total anual.Já o valor máximo foi no ano de 2011 com 23%

do fornecimento de chuvas ao total anual (Tabela 4).

È evidente que na estação seca ocorre um recuo na quantidade de chuvas. Portanto, a partir do

mês de abril os dados se apresentam com médias inferiores as descritas até o presente

momento. Com base no pluviograma (Tabela 4) observa-se que o mês mais chuvoso da

estação seca é abril, que contribui com uma média de 7% do total anual. O menor registro

deste mês foi em 2002 quando contribui com apenas 1% do total anual.

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No mês de maio as chuvas são praticamente insignificantes contribuindo com apenas 2% do

total anualOs menores registros foram nos anos de 2000 e 2011 que não contribuiram com os

totais anuais de precipitação.Já o valor máximo foi registrado no ano de 1995, que contribuiu

com 6% do total anual.

Os meses de junho, julho e agosto configuram o apice da estação seca e portanto não foram

registradas chuvas significativas nesse período. Os três meses apresentaram o mesmo

percentual de contribuição como aponta a tabela 4, que foi de 1%.O valor máximo registrado

foi no mês de junho com contribuição igual a 6% do total anual. O mês mais seco é julho que

apresenta como valor máximo de contribuição apenas 2% do total. O trimestre junho, julho e

agosto somam juntos 65 dias sem registro de precipitação em toda a bacia do Paranaíba

Com relação ao mês de setembro nota-se uma leve mudança nos percentuais de

contribuição.Por ser um mês da estação seca este contribui com uma média de 4% do total

anual. Os menores valores registrados foram em 1994, 2004 e 2007.Já o maior valor de

contribuição registrado foi no ano de 1993 com 9% do total anual.

Com o uso do pluviograma é possível entender o comportamento pluviométrico de cada mês

nas estações chuvosa e seca, dando um panorama da variabilidade que ocorre mês a mês e seu

impacto nos acumulados anuais. Neste contexto, a análise mensal vem agregar valor e dar

credibilidade a análise anual das chuvas que sera reforçada a seguir pela analise da

variabilidade diaria.

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5.5 Variabilidade Diária das chuvas: Curvas de permanência

A Curva de permanência consegue sintetizar, em apenas um gráfico, a frequência dos eventos

diários da série histórica. Por isso é uma importante ferramenta para analise da variabilidade

diária das chuvas.

Através do gráfico 7 pode- se inferir que em 20% do tempo ocorrem chuvas diárias acima de

5 mm na bacia do Paranaíba, em 10% do tempo as chuvas são superiores a 10 mm e em

apenas 4% do período ocorrem chuvas com mais de 20 mm.

Gráfico 8: Curva de Permanência Diária da Bacia do Paranaíba

Dados: ANA (2015) Or. SANTOS, D.C.

Entender a curva de permanência geral da bacia hidrográfica do rio Paranaíba auxiliou no

processo de análise dos dados diários de chuvas. Indicou que as precipitações na area

estudada tem uma frequencia basicamente constante, pois praticamente não varia entre os

extremos máximo e mínimo.

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80

A relação entre as chuvas e a frequencia com elas ocorrem é expressa através do gráfico 7,

observa-se que as chuvas com mais de 20 mm é igualada ou superada em menos de 5% do

tempo. A metodologia adotada para a estimativa da curva de permanencia diária para cada

estação foi pautada na seleção dos dados de precipitação diária dos anos de 1979 a 2013, o

resultado foram os gráficos dispostos no quadro 6.

Percebe-se no quadro supracitado que os eventos pluviométricos são concentrados, ou seja, as

chuvas com maior volume ocorrem em curtos espaços de tempo. Alguns problemas são

gerados em decorrencia deste fato, como o escoamento superficial concentrado e as enchentes

que geram prejuízos socioeconomicos para a população que reside nessas areas.

Em contrapartida, se as chuvas mais significas são concentradas em poucos dias e

provavelmente em poucas horas desses dias, tem-se a ocorrência de longos períodos sem

chuvas intensas, ou até mesmo sem registro de chuvas (veranicos). Isso tambem vai ocasionar

danos principalmente ao setor agropecuario que sofrera com o deficit hídrico.

Neste contexto, entende-se que tanto as chuvas concentradas como as estiangens extensas

provocam problemas de ordem social, economica e politica, afetando diretamente o modo

produtivo e também o modo de vida da população que ali reside. O ideal seria que existisse

um equilibrio de modo que as chuvas seriam bem distribuidas ao longo do tempo, mas não foi

essa a realidade identificada para a bacia do Paranaíba, como mostra o quadro 6.

Os Postos pluviométricos que apresentaram as maiores alturas pluviométricas diárias no

quadro 6 foram: o Posto 01751001 que registrou chuvas superiores a 100 mm em 4% do

tempo, o Posto Ponte do Cedro 01752003 apresentou valores de chuvas superiores a 50 mm

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81

em 4% do tempo. Ambos os postos apresentaram em 20 % do período chuvas acima de 5 mm

(quadro 6).

No caso dos dois postos supracitados fica evidente a concentração de muita chuva em poucos

dias.Se houvesse a disponibilidade dos dados pluviométricos em horas, por exemplo, talvez

fosse possível visualizar a ocorrência desses eventos pluviométricos extremos e concentrados.

As chuvas intensas e concentradas em poucos dias/horas podem trazer uma série de prejuízos

para a agricultura e também para as cidades, como perda de produção, erosão, alagamentos e

deslizamentos.

No Posto Pluviométrico de Desemboque 02047037 foi identificado através do quadro 6 que

as chuvas ocorrem em 35 % dos dias, apresentando em 20% dos mesmos chuvas acima de 6

mm, em 15% do período ocorrem as chuvas acima de 10 mm e em apenas 5% do tempo tem-

se as chuvas acima de 25 mm, o que reforça a questão de que ocorre muita chuva em

pouquíssimo tempo, ou seja, chove concentradamente em apenas 5% dos dias.

Os demais postos demostraram um comportamento semelhante aos supracitados,

apresentando precipitações em 20% dos dias, sendo as quantidades mais expressivas neste

caso, acima de 10 mm, registradas em 5% dos dias. De um modo geral a curva de

permanência mostra a frequência da precipitação de acordo com os valores em milímetros, e o

que se observa no quadro 6 é a concentração de muita chuva em poucos dias.

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Quadro 6: Curvas de Permanência Diária dos Postos Pluviométricos da Bacia do Paranaíba

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Continuação Quadro 6...

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Continuação Quadro 6...

Dados: ANA (2015) Org. SANTOS, D.C.

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85

5.6 Análise de tendências utilizando regressão Linear e Teste do Sinal

Analisar tendências em séries históricas é de suma importância para o entendimento do

comportamento pluviométrico regional em longo prazo, e também para possíveis previsões de

eventos desta natureza. Nesta pesquisa optou-se por utilizar a regressão linear e o teste do

sinal para analisar as tendências pluviométricas na bacia do Paranaíba.

Regressão Linear

Foram gerados 22 gráficos de regressão linear, sendo um para cada posto pluviométrico da

Bacia do Paranaíba, onde se evidenciou a tendência de redução das chuvas em 46% dos

postos, estabilidade em 18% dos postos e aumento das chuvas em 36%. Selecionamos os

quatro gráficos mais representativos para compor as discussões sobre tendência de redução,

estabilidade ou aumento das chuvas na bacia. Os mesmos estão expostos na figura 11.

No posto Santa Juliana (01947001) está localizado na porção oeste da bacia do Paranaíba, no

estado de Minas Gerais e conta com uma série de dados de 49 anos (1965-2014). Com base na

figura 11 o maior índice pluviométrico anual registrado foi 2300 mm, e o menor foi 750 mm.

Não cabe neste momento analisar os anos em que ocorreram essas alturas pluviométricas e

sim entender a tendência de redução do volume total das chuvas na bacia em estudo.

O posto Corumbazul (01848007) está localizado no município de Buriti Alegre no estado de

Goiás porção centro oeste da bacia do Paranaíba. A altura máxima de precipitação neste posto

foi 1950 mm e a mínima foi 324 mm (figura 11).

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Figura 12: Gráficos de regressão linear indicando redução do volume de chuvas na Bacia do Paranaíba.

Dados: ANA(2015) Org. SANTOS, D.C.

Chuvas ao longo da série Histórica Reta de Regressão Linear

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Observou-se ainda dentre os postos que indicam tendência de redução pluviométrica que o

posto Inhumas (01649006) apresentou os menores valores de precipitação ao longo da série

histórica analisada. Este posto encontra- se localizado no estado de Goiás porção norte da

bacia do Paranaíba e recebeu o valor máximo de 2750 mm de precipitação e o valor mínimo

de 638 mm.

No posto Charqueada do Patrocínio (01846002), nota-se que o maior valor registrado foi 2990

mm e o menor valor 430 mm. Este posto esta localizado na cidade de Patrocínio em Minas

Gerais, porção sudoeste da bacia do Paranaíba.

Quatro postos apresentaram tendência de estabilidade, dois deles localizados no estado de

Minas Gerais sendo eles Ibiá (01946004) e Desemboque (02047037), os outros dois postos

pluviométricos com tendência a estabilidade encontra-se no estado de Goiás. São eles

Fazenda Boa Vista (01749001) e Fazenda Aliança (01850000).

A figura 12 traz os gráficos com tendência a estabilidade. Nota-se que os postos apresentam

médias que variam de 1400 a 1700 mm. Os maiores valores registrados foram: 2477 mm no

posto de Ibiá, 2552 mm no posto Desemboque, 2249 na Fazenda Boa Vista e 2170 na

Fazenda Aliança como mostra a figura 12. Já os menores valores registrados no período foram

775 mm no posto Ibiá, 1120 mm no posto Desemboque, 1060 na Fazenda Boa Vista e 1022

na Fazenda Aliança.

Dos 22 postos analisados 8 apresentaram tendência de aumento nas alturas pluviométricas

anuais, dentre eles selecionamos os quatro que apresentaram resultados mais significativos.A

figura 13 apresenta os mesmos.

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Figura 13: Gráficos de Regressão Linear indicando estabilidade da precipitação na bacia do Paranaíba Dados:

ANA (2015) Org. SANTOS, D. C.

Chuvas ao longo da série Histórica Reta de Regressão Linear

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Figura 14: Gráficos que indicam tendência de aumento nas alturas pluviométricas na Bacia do Paranaíba Dados:

ANA (2015) Org. SANTOS, D. C.

Chuvas ao longo da série Histórica Reta de Regressão Linear

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No posto Cristalina (01647002) percebe-se que o maior valor da série foi 2137 mm já o

menor foi 797 mm Este posto localiza-se no estado de Goiás, porção noroeste da Bacia do

Paranaíba. O posto Cristianópolis (01748000) apresentou valores máximos iguais a 1923 mm

e mínimos de 525 mm. Também se encontra localizado no estado de Goiás na porção centro

oeste da bacia em analise.

Já os postos da Fazenda Buriti do Prata (01949002) e Ituiutaba (01849000) localizam-se no

estado de Minas Gerais e apresentaram como registros máximos 2155 mm e 2027 mm,

respectivamente. Os valores mínimos foram 803 mm em Ituiutaba e 899 mm na Fazenda

Buriti do Prata.

Teste do sinal

O teste do sinal também pode ser usado para identificar tendências em séries históricas. Ele

deve ser usado em conjunto com outras ferramentas de análise para dar credibilidade aos

resultados obtidos. Nesta pesquisa foram gerados 22 gráficos contemplando os postos

pluviométricos que indicam tendência de aumento ou redução nas alturas pluviométricas.

As séries foram divididas em duas sub-series com o mesmo tamanho respeitando a ordem

crescente dos anos. Foram considerados em média 30 pares de dados para cada gráfico. O

objetivo desta metodologia é identificar se o sinal negativo vai prevalecer, o que indica uma

tendência de aumento na quantidade de precipitação anual. Se o sinal positivo se sobressair ao

negativo o gráfico indicará redução da pluviosidade.

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Iniciaremos a análise partindo dos gráficos que indicam aumento nas alturas pluviométricas.

São eles: Cristalina (01647002),Campo Alegre (01851001), Fazenda Boa Vista (01749001),

Fazenda Buriti do Prata (01949002), Ituiutaba (01849000), Cristianópolis (01748000) e Ponte

Rio doce (01751001). Como são muitos gráficos optou-se por utilizar na discussão apenas os

dois mais representativos (figura 14).

Figura 15: Gráficos que indicam tendência de aumento nas alturas pluviométricas da Bacia do Paranaíba Dados:

ANA (2015) Org. SANTOS, D.C.

Observa-se na figura 14 que no posto Cristalina dos 20 pares de dados 12 apresentaram sinal

negativo. Isto indica que o posto apresenta tendência de aumento da precipitação anual.

Convém destacar que na aplicação da metodologia regressão linear este posto também

apresentou tendência de aumento.

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Com relação ao posto Campo Alegre apontado na figura 14, nota-se que dos 20 pares de

dados 14 obtiveram sinal negativo reforçando a tendência de aumento da precipitação

anual.Assim como no posto Cristalina este também apresentou tendência de aumento quando

submetido a análise de regressão linear.

Dos 22 postos analisados por esta metodologia 7 apresentaram tendência de aumento da

precipitação anual, os outros 15 apresentaram tendências de redução das alturas

pluviométricas anuais. Selecionamos dois deles para serem inseridos nesta discussão, como

mostra a figura 15.

Figura 16: Gráficos que indicam tendência de redução nas alturas pluviométricas da Bacia do Paranaíba Dados:

ANA (2015) Org. SANTOS, D.C.

No que diz respeito ao posto Inhumas dos 20 pares de dados analisados 15 apresentaram sinal

positivo o que indica uma tendência de declínio na pluviosidade. Quando comparado a figura

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13 nota-se que nas duas metodologias de analise de tendência utilizadas nesta pesquisa o

posto Inhumas apresentou forte tendência de redução das chuvas. Sobre o posto Corumbazul

dos 20 pares analisados 11 apresentou sinal positivo o que indica tendência de redução nos

totais anuais de precipitação.

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6.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudar o clima é de extrema importância para o entendimento do funcionamento

geossistêmico do planeta. Perceber a ligação entre os elementos climáticos e os demais

elementos da natureza possibilita ao pesquisador traçar um panorama caracterizando

determinada região, isto favorece a identificação das potencialidades e fragilidades da mesma.

Através desta pesquisa foi possível identificar o comportamento pluviométrico na Bacia

Hidrográfica do Paranaíba e tentar traçar um cenário futuro através das análises de tendências.

A relevância deste estudo está focada principalmente na sustentação para uma melhor gestão

da bacia, especialmente indicando o quadro de variabilidade bem como para identificação das

áreas com maiores e menores concentrações de chuvas.

A análise de tendência foi utilizada com intuito de identificar se está ocorrendo aumento,

redução ou estabilidade de chuvas na bacia em estudo. E com isso, em pesquisas futuras,

identificar as causas desses fenômenos através da análise do uso e ocupação do solo e/ou

efeitos das mudanças climáticas em escalas superiores.

Identificou-se que na bacia do Paranaíba a média anual de chuvas é de 1491 mm,

apresentando o valor máximo de média no ano de 1983 com 1917 mm de média anual. A

menor média anual foi registrada no ano de 1990 igual a 1178 mm Foi identificado na bacia

que a sazonalidade é uma característica marcante e a variabilidade das chuvas ocorre espacial

e temporalmente.

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As chuvas são acumuladas na estação chuvosa que tem inicio no mês de outubro e se estende

até o mês de março. Este período acumula 85% do volume anual de chuvas na bacia. O mês

de janeiro foi considerado o mais chuvoso seguido por dezembro, fevereiro e março.

Nas análises diárias identificou-se que as chuvas com maior volume são concentradas em

poucos dias. Em apenas 6% do tempo ocorreram chuvas diárias acima de 15 mm. As chuvas

diárias acima dos 30 mm ocorrem em apenas 3% do tempo.

A estação seca comporta 15% da pluviosidade anual, sendo os meses de abril e setembro os

mais chuvosos. Os demais meses desta estação (maio, junho, julho e agosto) apresentam

pouca ou nenhuma precipitação.

As análises de tendência utilizando a regressão linear apontaram para uma tendência de

redução das chuvas em 46% dos postos, estabilidade em 18% dos postos e aumento das

chuvas em 36%. Já as análises utilizando o teste do sinal indicaram que 32 % dos postos

pluviométricos analisados apresentaram tendência de aumento das chuvas ao longo da série

histórica e 68% dos postos apresentaram tendência de redução.

Não é viável aqui afirmar com certeza que a bacia do Paranaíba tem tendência de redução dos

seus totais pluviométricos anuais, mas aguçar as pesquisas neste sentido para que o cenário

futuro possa ser pautado na aplicação de metodologias diversas, para, a partir daí, afirmar se

há ou não tendência de redução das chuvas.

Várias são as possibilidades metodológicas para trabalhar variabilidade de chuvas e

tendências. Aqui foram utilizadas algumas delas, com intuito de fomentar o entendimento do

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comportamento pluviométrico na bacia do Paranaíba. Mas não é objetivo principal esgotar o

assunto, até porque isso requer análises mais complexas.

Os resultados obtidos com aplicação das análises estatísticas refletem a necessidade de

extrema cautela ao afirmar ou não a ocorrência de mudanças climáticas ou a tendência de

aumento ou redução do volume de chuvas, pois o assunto é complexo e requer estudos que

contemplem também os impactos climáticos decorrentes dos diferentes usos do solo.

Através desta pesquisa foi possível identificar a ocorrência de variabilidade espacial e

temporal das chuvas utilizando dados de no mínimo 30 anos de 22 estações pluviométricas

distribuídas espacialmente na bacia e fazer alguns apontamentos sobre as tendências de

aumento, redução ou estabilidade das chuvas na bacia do Paranaíba.

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