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Universidade Federal de Uberlândia Instituto de História Curso de História Juventude, musica eletrônica e drogas: O universo paralelo das festas Raves Carolina Luiza Damiana Chieratto

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Universidade Federal de Uberlândia Instituto de História Curso de História

Juventude, musica eletrônica e drogas: O universo paralelo das festas Raves

Carolina Luiza Damiana Chieratto

Uberlândia2008

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Universidade Federal de Uberlândia Instituto de História Curso de História

Juventude, musica eletrônica e drogas: O universo paralelo das festas Raves

Carolina Luiza Damiana Chieratto

Projeto apresentado à disciplina MTPH, do Curso de História da

UFU, sob orientação do Prof. Dr. Newton Dângelo.

Uberlândia

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2008

Índice

1- Apresentação e justificativa

2- Objetivos 2.1 – Objetivo Geral

2.2 – Objetivo Especifico

3- Metodologia

4- Debate historiográfico

5- Cronograma de execução

6- Fontes

7- Bibliografia

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Introdução e Justificativa

Fenômeno internacional de publico, as festas Reaves vem consolidando-se como um grande sucesso também no Brasil.

As Festas Raves são eventos que ocorrem ao ar livre, longe dos centros urbanos de preferência em contato com a natureza, de longa duração( normalmente mais de 18 horas) e possuem como elemento chave a musica eletrônica que ligada a elementos sensoriais(musica, luz, cores) e ao consumo de drogas(não que a totalidade faça uso) vai de encontro a busca principal dos freqüentadores das festas raves: atingir o êxtase.

O público de uma Rave é composto principalmente por jovens entre vinte e trinta anos, universitários, pertencentes a uma classe média/alta; Este caráter elitista se deve ao alto custo dos “passaportes”(ingressos) que ultrapassam os 100 reais e não incluem transporte, alimentação ou hospedagem.

O município de Uberlândia vem se destacando no cenário nacional com a festa rave Samsara, que ocorre desde o ano de 2004 no segundo semestre do ano na área rural da cidade, que é conhecida por seu grande numero de cachoeiras cercadas por áreas verdes exuberantes.

A musica eletrônica é o elemento chave das festas Raves; Ela é toda musica criada através do uso de equipamentos e instrumentos eletrônicos, tais como sintetizadores, gravadores digitais e computadores. “A musica eletrônica é feita para dançar, tocada por DJs e produzida emestúdio por engenheiros de som, pensada como track (faixa) e não song (canção). Música explorada em termos de timbres, texturas, espacialidade, ritmo e repetição, como um componente de um sistema, que deve funcionar dentro do ambiente das festas, buscando levar as pessoas ao êxtase através da alteração e intensificação de sensações físico- corpóreas – a batida do coração, os reflexos musculares, o equilíbrio, a percepção do ambiente, dentre outras.”(REYNOLDS – 48 – 1999).

Dentro do “universo paralelo” da festa Rave temos a atuação do Disc Jóquei, popularmente conhecido como DJ; Ele manipula as musicas, fazendo recortes e inserindo diversos tipos de sonoridades.

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Responsável por tocar musica de qualidade, este profissional tem que possuir uma apurada sensibilidade e intuição para sentir a disposição do ambiente e da sutileza com que deve mesclar novidades ou manter trechos mais tradicionais, conhecidos pelos freqüentadores. A simbiose entre música eletrônica e juventude é potencializada por elementos como o ambiente(que preferencialmente deve estar ligado a natureza),a estrutura das tendas onde são montadas as diversas apresentações de Disc Jóqueis e os equipamentos eletrônicos tais como luzes e flashs.

O uso de drogas, apesar de bem intenso não é praticado pela maioria, entretanto a veiculação de apreensões de drogas, imagens de pessoas se drogando, acidentes fatais e testemunhos de familiares que foram atingidos pelos problemas das drogas fazem com que as festas Raves tornem-se eventos cada vez mais discriminados e todos os freqüentadores taxados como drogados, sofrendo assim coerções tanto físicas quanto morais.

Dada a velocidade e intensidade com que as drogas estimulam o corpo e o fazem atingir o êxtase, esta torna-se a saída mais rápida e recorrente dos freqüentadores das Raves;

As drogas mais utilizadas são o LSD, Ecstasy e as Anfetaminas, pois alem de causarem euforia provocam alucinações, o que vem de encontro com a busca por espiritualidade, e que vem a desaguar no estado de êxtase;

Drogas como maconha e cocaína são vistas como inofensivas e possuem um papel secundário nestes eventos.

Não se pode negar que existe a circulação e o uso de drogas, e que medidas que inibam tal comercio devem ser tomadas, entretanto ao generalizar, a mídia constrói uma imagem sensacionalista, onde a falta de conhecimento forma conceitos errados sobre estes eventos de musica eletrônica..

Neste ponto temos explicitamente a necessidade de um estudo que abarque esta festa não como uma doença mas sim como uma manifestação cultural que possuí elementos significativos para a sociedade, onde cada vez mais jovens identificam-se com a musica, linguagem e buscas.

Outro fato importante a ser explorado é o fato de que as pessoas adquirem outra personalidade, diferente da mostrada na sociedade e convívio familiar; temos o jovem bem de vida que “transforma-se” em traficante nestes eventos; Esta prática liga-se a uma emoção ou sensação de poder, já que o traficante possui grande status do que uma necessidade financeira.

Compactuando com a busca de diferentes personalidades, a tribo Raver possui como moda um estilo extravagante que é fruto da ornamentação e vestuário

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exagerado das Drag Queens, por isto o termo mais utilizado entre os freqüentadores é se montar e não se vestir, mostrando a formação de novas linguagens; Outro exemplo de linguagem corriqueira deste universo é o termo “fritar”, que refere-se a uma pessoa que esta sob efeito de drogas, ou seja “fritando seu cérebro”.

As roupas são coloridas e com tons fortes misturando acessórios grandes e maquiagem marcante, alem é claro dos diversos piercings e tatuagens espalhados pelo corpo, que revelam assim uma linguagem corporal apoiada pelo uso de símbolos e imagens ligadas ao misticismo e espiritismo.

No prefacio de “A era do Vazio” de Guilles Lipovetsky temos uma importante menção ao papel que a musica desempenha na vida do homem contemporâneo.

“Assim como a idade moderna foi obcecada pela revolução e produção, a idade pós moderna é obcecada pela informação e pela expressão.Dizem que nos expressamos por meio do trabalho, dos “contatos”, do esporte, do lazeres, de tal maneira que logo não haverá uma só expressão que fuja do rótulo de “cultural”. Isto já deixou de ser um tema ideológico, trata-se de uma aspiração da massa cujo ultimo avatar é o extraordinário aumento das rádios livres.

Somos todos DJs, apresentadores e animadores: ligue na FM e será ouvido por uma onda de músicas, mensagens rápidas, entrevistas, confidencias, discursos culturais, regionais, de bairro, de escola, de grupos restritos. Democratização sem precedentes da palavra: somos todos incitados a ligar para a central telefônica, quer contar algo a partir da experiência intima, ou pode se tornar um locutor e ser ouvido.” ( LIPOVETSKY – XXVIII - 2005)

Refletindo a cerca de tal argumento temos que a música,seja ela qual for tornou-se uma trilha sonora de todas as horas; No caso da musica eletrônica temos um terreno ainda pouco explorado sendo portanto um fértil terreno de estudo, visto ela se constitui como elemento de identificação, promove a socialização das pessoas por meio de festivais e funciona como meio de ascensão social e visibilidade.

Ao utilizar a Festa Rave Samsara como objeto de analise e entendê-la como um universo paralelo, tem-se como intenção revelar os diversos símbolos e mascaras que os participantes adquirem e forjam, as quais estes personagens não podem viver no universo real;

Outro ponto que deve-se ter em mente é a intima ligação com a juventude e a busca de prazer individual, traço crescente da sociedade contemporânea.

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O recorte histórico de analise deste projeto vai desde o ano de 1999( ano da primeira grande festa Rave do Brasil) até 2009( ano previsto para a conclusão da minha graduação); Dentro desta temporalidade estudada temos a primeira edição da festa rave Samsara, que ocorre em Uberlândia-MG, no ano de 2004 e sua consagração no ano de 2005, tendo como público, nos 5 dias de festa do evento, a marca de 42 mil pessoas.1

A mesma insere-se no circuito nacional, que abrange os mais importantes eventos de musica eletrônica do Brasil, os quais adquirem cada vez mais visualidade no cenário internacional.

Para tal analise serão utilizadas fontes orais (entrevistas com pessoas que freqüentam raves, DJ e patrocinadores), fontes bibliográficas que abrangem desde os clássicos estudos de musica até pesquisas mais atuais presentes em revistas especializadas, como a Revista CAOS que é uma revista eletrônica do curso de Ciências Sociais da UFPB, uso de imagens sobre os eventos e os conteúdos de propaganda a respeito destes será utilizado tendo como enfoque a festa Samsara. A importância da exploração deste tema liga-se a falta de esclarecimentos capazes de dar sentido, considerando o evento como e não apenas relatar o que é uma festa Reave;.

1 Dados obtidos na pagina oficial do evento Samsara, disponível em www. Samsarafestival.com

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Objetivos

Objetivos Gerais: Analisar a composição dos eventos conhecidos como festas Raves, a musica eletrônica e o os Disc Jóqueis que são os que manipulam os aparelhos que produzem a musica eletrônica. Através do uso de fontes orais e imagens melhor compreender estes eventos e a atual fase que ela se insere no Brasil.

Objetivos Específicos: Analisar profundamente a festa Rave Samsara, que ocorre no município de Uberlândia – MG, localizando-a no cenário nacional e trazendo a tona sua importância para o município bem como para a imagem e credibilidade do Brasil no cenário internacional.

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Metodologia

Tendo como objeto de estudo as festas Raves e como temática chave da pesquisa “Juventude, musica eletrônica e drogas – O universo paralelo das Festas Reaves”, os sujeitos que compõem este ambiente de fuga do cotidiano e a visão propagada pelos mass medias convencionais, a analise de elementos que compõem o ambiente, tais como a estrutura das tendas que ao som DJs embalam multidões por cerca de 18 horas, os jogos de luzes coloridas, os flash e o efeito esfumaçante proporcionado pelo gelo seco não só são pertinentes como necessários visto que o jogo de sentidos que estes elementos provocam são essenciais para a criação de outra atmosfera, o que possibilita a busca pelo estado de êxtase. As diversas temáticas que circundam a história não mais limitam-se a uma analise documental, expandiram-se de forma que áreas como a sociologia, filosofia, musica e psicologia são importantes elementos na pesquisa histórica.

Este alargamento das fronteiras da história é defendido por Marc Bloch em “Apologia a história ou o oficio do historiador”; Alem de não compactuar com a noção defendida por seus mestres positivistas de que o documento fala por si só, Bloch nos chama para viver sua pesquisa e não apenas permanecer preso a livros e fontes escritas.

Desta forma a pesquisa acerca das festas Raves, que traz em seu cerne a necessidade de ir a campo, para que alem de que se estabeleça uma interação com os participantes, que por sua vez poderiam desaguar em relatos orais, (metodologia de pesquisa que permeara todo este projeto) terá diversas pesquisas de campo já que é preciso ver de perto e sentir como é ir a estes eventos, para que desta forma aja uma pesquisa capaz de melhor responder as problemáticas que se estabelecem acerca do tema escolhido.

Tendo em vista esta concepção a festa Rave Samsara que ocorre no município de Uberlândia, será alvo desta pesquisa, lembrando que alem de ser um sucesso na região possui notoriedade nacional.

Segundo Didier Guigue2 a festa Rave é um evento que impede a dissociação do corpo e da mente com suas manifestações sensitivas, as quais são

2 Didier Guigue é professor e musico da Universidade Federal da Paraíba; As considerações utilizadas estão presentes na revista CAOS, da UFPB, numero 8, edição de março de 2005. Disponível em www.cchla.ufpb.br/caos

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estimuladas pela musica eletrônica em conjunto com a estrutura do evento e o publico presente. Desta forma o papel do DJ constitui-se peça importante deste evento e portanto deve ser analisado; A metodologia utilizada para a analise dos Disc Jóqueis abrange o estudo de musicas eletrônicas e sua “fabricação” através de sintetizadores, gravadores digitais e computadores.

O desenvolvimento técnico do pós segunda guerra fez com que se desenvolvessem dois tipos de musica que tomam como ponto de partida não a extração do som afinado, discriminado ritualmente do mundo dos ruídos, mas a produção de ruídos com base em maquinas sonoras. É o caso da musica concreta e da musica eletrônica, que disputaram polemicamente a primazia do processo de ruidificação estética do mundo(...) A segunda, que conta entre seus praticantes com nomes de Henri Posseur e Stockhausen toma como base ruídos produzidos por sintetizador, ruídos inteiramente artificiais” (WISNIK – 43 – 1989).

Tendo os argumentos de José Miguel Winisk, autor de “O som e o sentido: uma outra história das músicas” e visando a resolução de problemáticas levantadas sobre as festas raves, torna-se necessário a busca fontes por fontes mais especializadas; A escolha para tal analise foi a revista eletrônica CAOS, que é organizada e escrita por alunos do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba.

Desta forma uma compreensão a respeito da musicalidade envolvida na musica eletrônica torna-se imperativa tendo o uso de fontes fonográficas.

Alem das referencias escritas temos o uso de fontes orais, ou seja entrevistas com profissionais e participantes das festas raves serão imprescindíveis para uma maior compreensão do evento bem como para se adquirir respostas para problemáticas acerca da musica eletrônica

Ao colher depoimentos de participantes de festas Raves houve uma imensa preocupação em não se revelar a identidade, já que as pessoas temem sofrer discriminação da família e por parte da sociedade, já que a veiculação midiática é negativa, colocando que a totalidade faz uso de drogas.

O uso desta fonte de pesquisa constitui-se como um tabu a ser quebrado, visto que esta metodologia é combatida sob pretexto de ser um relato sem credibilidade e rodeado apenas de significados subjetivos criados pela memória do depoente.

È importante lembrar que os símbolos partilhados pelo depoente são compostos de

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fragmentos de uma história a qual pode ter sido reescrita pela memória dele, que tende a bloquear fatos embaraçosos ou que trazem algum desconforto.

Apesar de acusada como algo negativo pela ortodoxia historiográfica porem ao se argumentar que é possível realizar uma história do presente, ela também tornou possível a realização da pesquisas de curta duração sem cair na função desempenhada pelo jornalista, visto que ele narra acontecimentos enquanto que o historiador atribui significados a eles.

Desta forma a pesquisa acerca de um evento que ocupa um ínfimo trecho histórico, como a analise da Rave Samsara torna-se possível e justificado.

Outra analise de extrema importância para a compreensão das festas Raves é o uso de imagens, fotografias e roupas, não apenas como ilustração mas também para compreensão dos indivíduos que compõem a festa Rave e a imagem que pretendem passar a respeito de si, ou seja a identidade que os sujeitos forjam nestes eventos; Tal metodologia, tanto quanto as pesquisas com fontes orais tendem a sofrer discriminações frente a uma ortodoxia apegada somente bibliografias.

Entretanto a roupa, maquiagem, sapatos e acessórios cada vez mais estão transpondo o ideal de elementos meramente decorativos representando assim uma série de aspectos da moda, como estilo, design, forma e cor, recentemente, a roupa e seus acessórios tem sido usados como um documento histórico, evidência cultural e material da sociedade. A analise a respeito de propagandas a respeito das festas Raves também seram abordadas e terão especial atenção a medida que ela revelam o publico alvo, trazem estampado os fornecedores e organizadores do evento bem como estão repletas de linguagens próprias dos que freqüentam estes eventos, e como coloca Edgar Morin “a publicidade, mediadora universal do consumo, estende o seu campo a todos os horizontes e banha literalmente toda a vida social” ( MORIN – 227 – 1996). A problemática acerca do uso abusivo de drogas nestes eventos se alargara para uma analise acerca da espetacularização destes problemas por parte da mídia; Tal analise contara com pesquisadores como Edgar Morin,,Gilles Lipovetsky ,Simon Reynolds e Jesus Martin Barbero..

Afim de aprofundar a analise e efetivamente encontrar respostas a questionamentos que surgiram no decorrer deste projeto, torna-se coerente a analise cuidadosa a respeito de revistas e programas televisivos e as reações frente as publicações.

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Tendo em vista que este campo de analise acima proposto é muito extenso o que configura-se um problema por um lado e algo positivo por outro, já que há um leque maior de possibilidades.

Desta forma foi feita uma analise acerca de algumas potenciais fontes, tendo em vista seu teor de analise, ou seja direcionamento ideológico bem como a exploração das matérias presentes.

O jornal Folha de São Paulo e suas edições on-line são as primeiras escolhas, dado seu papel de destaque no setor jornalístico bem como a presença de diversas reportagens sobre Raves que estão presentes em diferentes cadernos do jornal. Na edição do dia dez de março, presente no caderno Cotidiano, temos a exploração das Raves como uma doença que aflige as cidades brasileira, tendo como base argumentativa a apreensão de vários menores que portavam ou estavam sob efeito de drogas ilícitas e freqüentavam uma festa rave, permitida apenas para maiores de 18 anos, no interior de São Paulo na cidade de Mirasol e a prisão do organizador do evento.

As vésperas do evento de musica eletrônica SKOL BEATS temos estampada na capa do caderno Ilustrada uma seqüência de elogios a respeito do evento e a grandiosidade dele.

Desta forma temos dentro deste jornal diferentes abordagens sobre estes eventos o que possibilita uma maior compreensão do imaginário das pessoas frente as festas Raves: temos a veiculação negativa no caderno cotidiano, que alem de relatar um fato esboça uma ligação inerente entre o evento e a criminalidade, encarado como serio enquanto que elogios estão presentes no caderno que liga-se ao lazer, ou seja algo que não é encarado com a devida seriedade.

Outro veiculo midiatico presente neste projeto é o televisivo, representado pelo jornal nacional da rede globo, dada sua posição de telejornal mais assistido no Brasil; A analise dele será feita através do site oficial da rede globo que mantém em seu sistema varias edições ou ao menos trechos já veiculados.

O estudo de paginas de relacionamentos na web, sobretudo o ORKUT serão importantes para o estabelecimento de contatos bem como analise das linguagens dos participantes destes eventos.

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Debate Historiográfico

O historiador deve encarar as problemáticas que se impõem quanto ao uso e escrita de uma história mais atual, em relação ao uso da história oral( e sua intima relação com a memória) e de imagens, pois diferentes impressões permitem inúmeras possibilidades para o historiador fazendo uma historia sem amarras convencionais. A partir de tal premissa, realizar uma história do presente fundamentada em relatos orais e imagens a respeito de temáticas torna-se possível.

Marc Bloch em seu clássico “Apologia a história” defende a realização de uma história do presente, ou seja de uma história cuja analise localiza-se próxima ou esta inserida na vivencia do historiador, o que contraria o estilo até então proposto de pesquisa que se fundamentava em analises a longo prazo, pois só assim se encontraria vestígios suficientes.

Entretanto os vestígios imediatos não devem ser apenas foco de analises de jornalistas visto que a abordagem do historiador e deles é bem diferente; Enquanto que o jornalista relata o historiador tenta dar sentido.

Desta forma a analise dos eventos conhecidos como festas raves que segundo Tiago Coutinho Cavalcante autor de “O êxtase urbano: símbolo e performances dos festivais de musica eletrônica” diz que “os festivais de musica eletrônica, comumente conhecidos como rave, acontecem ao ar livre longe dos centros urbanos, em lugares conhecidos por suas belezas naturais, e que localizam-se em um trecho histórico extremamente atual torna-se possível.

Ao que concerne o uso da história oral Alistair Thomson, Paula Hamilton e Paul Fish apontam em “Usos e Abusos da história Oral” que para fugir de uma falta de credibilidade o historiador deve basear-se em outras fontes, visto que muitas vezes a declaração não contem todas as vivencias, mas sim fragmentos de algo, já que há diversas camadas que a memória cria e muitas vezes o sentimento de angustia e vergonha impedem uma maior abordagem.

Presente na analise acerca deste evento “presentista” é o tema acerca do uso de drogas nos eventos rave que ocorre de forma intensa visto que o grande mote destes eventos é a busca pelo êxtase pessoal, que é motivado pelos

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elementos que compõem as festas; Entretanto as drogas ganham importância nesta busca visto que são um caminho rápido para se embarcar nesta viagem.

As mais utilizadas são o LSD, Ecstasy e Anfetaminas por serem estimulantes do Sistema Nervoso Central e provocarem, dentre os inúmeros efeitos o da hipersensibilidade e da alucinação.

Esta faceta perigosa torna-se o estigma destes eventos a medida que a exploração da mídia a toma como único aspecto generalizando todos os participantes destes eventos como drogados, provocando assim a disseminação de preconceitos em relação ao evento e o participante do mesmo.

Em “Condutas viciantes e miragens adolescentes” Simon – Daniel Kipman trás um retrato sobre o “problema das drogas no mundo adolescente”. Segundo ele “A adolescência é um longo período da vida em que a curiosidade e a sede de descoberta são mais forte do que todo o resto. Sim, mas...sim, mas esta sede e emprego propositalmente da imagem de vício – é em si mesma angustiante.” (KIPMAN – 454 – 2002).

Desta forma temos que ao estudar-se a ligação entre juventude e drogas é relevante alem de se considerar o comportamento jovem de se lançar, as vezes de forma imprudente, em descobertas a própria opinião destes sujeitos, dando efetiva voz a juventude.

“Os adolescentes se drogam. O que quer dizer que eles experimentam as novidades, ainda mais quando elas são hipocritamente proibidas. Sim hipocritamente, pois quem é que não conheceu as delicias de “matar aula”, de sair as escondidas, do cigarro fumado em segredo? A proibição dá um gosto tão especial a tudo isso!” ( MORIN – 456 – 2002) Considerando tal argumentação temos claramente a ligação entre diversas analises ou seja, a sociologia e a psicologia estão evidentes nesta considerações; Tal forma de analise é fruto das idéias e concepções da chamada escola dos Annales que propõe um alargamento das fronteiras da história possibilitando o uso de outras disciplinas no estudo da história.

As roupas, sapatos, maquiagens, acessórios, piercing e tatuagens seram também analisadas pois revelam a imagem que os sujeitos querem passar, alem de ser uma forma de se criar uma nova identidade que possui funcionalidade apenas em tais eventos, como o jovem rico que se torna traficante ou mesmo a jovem tradicional que torna-se liberal e dá vazão a seus ímpetos sexuais.

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Ao utilizar a roupa e o que compõem o visual de diversos personagens destes eventos, tem-se em vista que as mesmas compõem-se como um vestígio histórico.Tendo como objeto de estudo as festas Raves e como temática chave da pesquisa “Juventude, musica eletrônica e drogas – O universo paralelo das Festas Reaves”, os sujeitos que compõem este ambiente de fuga do cotidiano e a visão propagada pelos mass medias convencionais, a analise de elementos que compõem o ambiente, tais como a estrutura das tendas que ao som DJs embalam multidões por cerca de 18 horas, os jogos de luzes coloridas, os flash e o efeito esfumaçante proporcionado pelo gelo seco não só são pertinentes como necessários visto que o jogo de sentidos que estes elementos provocam são essenciais para a criação de outra atmosfera, o que possibilita a busca pelo estado de êxtase. O que podemos assim concluir a respeito da escrita da história é que a mesma não prende-se mais a convencionalismo mais expande-se por diversas áreas de forma que torna-se mais rica.

Alem da utilização de bibliografia a respeito do tema, o uso de fotografia de eventos e propagandas, da exploração dos sentidos através de sons e cores, o uso da história oral se constituíra como importante meio de analise.

A autora Granet-Abisset faz uma intensa apologia acerca ao uso da fotografia não apenas como uma mera ilustração mas também como fonte de analise e base de pesquisa.

O que podemos assim concluir a respeito da escrita da história é que a mesma não prende-se mais a convencionalismo mais expande-se por diversas áreas de forma que torna-se mais rica.

Edgar Varése 3 um dos percursores da musica eletrônica dizia que “Não faz sentido utilizar o violino na era do avião! Abaixo o violino!”

Desta forma vemos que este importante nome da musica eletrônica deixa em evidencia a intima ligação entre musica e tecnologia, tendo em vista que cada vez mais a musica deve ligar-se a sua temporalidade.

O mundo liga-se cada vez mais diretamente ao uso da tecnologia, marcando assim uma valorização da maquina. Em virtude desta mudança de paradigmas temos uma maior valorização da melodia em detrimento da harmonia.

3 Compositor norte-americano de origem francesa, nascido a 22 de dezembro de1883, contribuiu substancialmente para o desenvolvimento musical do século XXcom as suas investigações sobre música eletrônica, introduzindo o ruído como maisum componente das suas criações.

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Dentro desta perspectiva Max Weber argumenta que “não haveria musica moderna sem estas tensões derivadas da irracionalidade da melodia, já que elas constituem precisamente seus mais importantes meios de expressão”( WEBER – 60 – 1995).

Desta forma temos uma importante questão: A musica eletrônica retirou a alma da musica e a transformou em uma quimera repleta por pedaços e manipulada pela tecnologia ou representa uma nova forma de expressão artística?

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Cronograma de execução

Mês agosto 2008 Ida ao triangulo Music – tenda de musica eletrônicaAnalise dos folders do evento Samsara 2008; Desde a arte gráfica bem como os patrocinadores do evento.Mês setembro 2008 Ida a festa Transcendance em Alto Paraíso Goiás.Participação do evento Samsara; Estabelecimento de contatos e busca entrevistas.Mês outubro 2008 –Busca por mais materiais bibliográficosEntrevista DJ Alien Junkie em evento na cidade de Catanduva- SP( 25 anos, sexo masculino, segundo grau completo)Mês novembro 2008 –Analise de CD’s e MP3 de diversas musicas eletrônicas para melhor compreensão de cada musicalidade.Entrevista com R.N., freqüentadora assídua de festas raves( 23 anos, sexo feminino, superior incompleto) Mês dezembro 2008 - Entrevista com JB, freqüentador de raves ( 24 anos, sexo masculino, superior incompleto)Continuação da analise do material fonográficoIda a festa Universo Paralelo em Trancoso, Bahia.Mês janeiro 2009 – Redação de partes do projeto referentes a musica eletrônicaEntrevista com LILA, mãe de um freqüentador de raves preso em 2008 sob a acusação de porte e trafico de drogas( 43 anos, sexo feminino, superior completo – médica)Mês fevereiro 2009 –Ida ao Carnatrance em Arraial D’ajuda, BahiaMês março 2009 –Analise mais aprofundada dos freqüentadores das raves e redação a respeito das primeiras conclusõesMês abril 2009 –Analise a respeito das imagens, propagandas e fotografias tiradas nos eventos Mês maio 2009 – Redação de partes do projeto referentes a imagens e fotografiasMês junho 2009 –Analise e Redação de partes do projeto referentes as problemáticas envolvendo os jovens e o uso de drogasMês julho 2009 –

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Considerações finais e lapidação da pesquisa até a defesa da monografia.

Fontes Documentais

Revista eletrônica de Ciências Sociais numero 5 - Universidade Federal da ParaíbaDisponível em: http://www.cchla.ufpb.br/caos

CAVALCANTE,,Tiago Coutinho - “O êxtase urbano: símbolo e performances dos festivais de musica eletrônica” Dissertação de Mestrado do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense

Wikipedia enciclopédia livreDisponível em: www.wikipedia.com

SANCHES, Maria Luísa - A explosão da moda! – Artigo PUC-RJ Disponível em:http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/4747_8.PDF?NrOcoSis=11710&CdLinPrg=pt

Jornal Folha de São PauloDisponível em: www.folhadesaopaulo.com.br

Jornal Nacional – Rede Globo de televisãoDisponível em TV aberta e no site: www.globo.com Site oficial do evento Samsara: www.samsarafestival.com

Revista veja on-lineDisponível em – www. veja onlineabril.com.br

Site de relacionamentos ORKUT Disponível em – www.orkut.com

Site de relacionamentos Web Messenger (MSN)Disponível em www.webmessenger.com ou através do software cedido pela empresa Microsoft para os usuários do sistema operacional Windows.

Fontes Orais ( Entrevistas)

DJ Alien Junkie - 25 anos, sexo masculino, segundo grau completoRN - 23 anos, sexo feminino, superior incompleto

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JB - 24 anos, sexo masculino, superior incompletoLILA - 43 anos, sexo feminino, superior completo – médica

Imagens

Fotografias tiradas nos eventos Samsara, Transcendance, Universo Paralelo e Carnatrance.

Fotografias cedidas pelos entrevistados

Propagandas das edições da Samsara, obtidas no site oficial do evento

Referencias bibliográficas

WISNIK, José Miguel – O som e o sentido. Uma outra história das músicas. Cia dasLetras, São Paulo, 1989.

REYNOLDS, Simon - Generation Ecstasy: into the world of techno and rave cultureRoutledge, EUA.1999

MORIN, Edgar: Juventude In: Cultura de massa no século XX – O espírito do tempo – volume I – Neurose. Forence Universitária,Rio de Janeiro 1986

MORIN, Edgar: A Crise Juvenil In: Cultura de massa no século XX – O espírito do tempo – volume 2 – Necrose. Forence Universitária, Rio de Janeiro –1990

SAUNDERS, Nicholas. - Ecstasy e a Cultura Dance. Cia dasLetras, São Paulo, 1999..

MORIN, Edgar: Propaganda In: Sociologia. Portugal: Publicações Europa-America, 1996

LIPOVETSKY, Gilles: A era do Vazio São Paulo, Companhia das letras, São Paulo, 2006

MARTIN-BARBERO, Jesús – Dos meios às mediações. Comunicação, Cultura eHegemonia. Ed. UFRJ, Rio de Janeiro, 2001

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KIPMAN, Simon- Daniel – Condutas viciantes e imagens adolescente In: A religação dos saberes-O desafio do século XXI. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2002.

WEBER, Max. 1995. Os fundamentos racionais e sociológicos damúsica. Coleção Clássicos. São Paulo: EDUSP.

BENJAMIN, Walter. 1987. “A obra de arte na época de suareprodutibilidade técnica”. In:____. Magia e técnica , arte e política.Rio de Janeiro: Brasiliense.

BREWSTER, Bill and BROUGHTON, Frank – Last night a DJ saved my life. The historyof the disc jockey. Grove Press, Nova York, E.U.A 2000.

MENEZES, Flo – Música eletroacústica: história e estéticas. Edusp/Univ. de SãoPaulo.1996