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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI PRÓ-REITORIA DE ENSINO ENGENHARIA AGRONÔMICA THAÍSE FERNANDES DE SOUZA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DA ÁGUA DE POÇOS RASOS UTILIZADA PARA CONSUMO HUMANO NO MUNICÍPIO DE SETE LAGOAS-MG Sete Lagoas MG 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

PRÓ-REITORIA DE ENSINO

ENGENHARIA AGRONÔMICA

THAÍSE FERNANDES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DA ÁGUA

DE POÇOS RASOS UTILIZADA PARA CONSUMO HUMANO NO

MUNICÍPIO DE SETE LAGOAS-MG

Sete Lagoas – MG

2015

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THAÍSE FERNANDES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DA ÁGUA

DE POÇOS RASOS UTILIZADA PARA CONSUMO HUMANO NO

MUNICÍPIO DE SETE LAGOAS-MG

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado ao curso de

Engenharia Agronômica da

Universidade Federal de São João Del

Rei como requisito parcial para

obtenção do título de Engenheira

Agrônoma.

Área de concentração: Microbiologia

Orientador: Prof. Dr. Juliano de Carvalho Cury

Sete Lagoas – MG

2015

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THAÍSE FERNANDES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DA ÁGUA

DE POÇOS RASOS UTILIZADA PARA CONSUMO HUMANO NO

MUNICÍPIO DE SETE LAGOAS-MG

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado ao curso de

Engenharia Agronômica da

Universidade Federal de São João Del

Rei como requisito parcial para

obtenção do título de Engenheira

Agrônoma.

Sete Lagoas, dezembro de 2015

Banca Examinadora:

_________________________________________________

Alejandra Semiramis Albuquerque - Professora - UFSJ

_________________________________________________

Cleber José da Silva - Professor - UFSJ

_________________________________________________

Juliano de Carvalho Cury - Professor - UFSJ

Orientador

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DEDICO

Aos meus pais pela dedicação e carinho

e ao meu irmão pelo companheirismo

AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de luz e inspiração.

À Universidade Federal de São João Del Rei por fornecer conhecimento

e pela oportunidade de ingressar no curso de Engenharia Agronômica.

Ao professor Dr. Juliano de Carvalho Cury pela compreensão,

disponibilidade e confiança.

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SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7

2. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 10

2.1 SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL .................................................................... 10

2.3 A DISPONIBILIDADE DE ÁGUA, A DESIGUALDADE SOCIAL E O

BRASIL: .......................................................................................................................... 11

2.4 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E A UTILIZAÇÃO DOS POÇOS RASOS .................... 12

2.5 MICRORGANISMOS INDICADORES DE POLUIÇÃO FECAL ............................. 13

2.6 DOENÇAS DE VEÍCULAÇÃO HÍDRICA ................................................................ 14

3. MATERIAL E METODOS .............................................................................................. 15

3.1 COLETA DE DADOS................................................................................................ 15

3.2 ENTREVISTAS ......................................................................................................... 15

3.3 COLETA DE ÁGUA .................................................................................................. 15

3. ANÁLISES DA ÁGUA ................................................................................................ 16

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO: ..................................................................................... 17

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 19

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 20

APÊNDICE A: Modelo de Questionário .............................................................................. 24

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Sistema de retirada de água à bomba (fechado).............................................16

Figura 2: Sistema de retirada de água tipo sarilho (corda e balde)................................16

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Doenças relacionadas ao consumo de água contaminada e organismos

responsáveis pela doença.............................................................................................14

Tabela 2: Dados dos poços avaliados e valores médios encontrados de coliformes

totais............................................................................................................................18

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RESUMO:

A disponibilidade de água é condição indispensável para a própria vida. Mas não

basta ter água, é importante ter água potável, com qualidade. A problemática da falta de

água no mundo, caracterizada principalmente pelas mudanças climáticas e o alto

adensamento populacional, resulta na proliferação de formas alternativas de captação de

água, como os poços rasos para atender às necessidades de usos domésticos. Esses

poços, quando mal dimensionados, contaminam as águas subterrâneas e se tornam um

veículo de transmissão de doenças. Aliado à falta de água, a carência de saneamento

básico contribui ainda mais para agravar a poluição dos mananciais e consequentemente

trazem maiores riscos à saúde pública. O presente estudo objetivou avaliar a qualidade

bacteriológica da água pelo Número Mais Provável (NMP) de coliformes totais e

termotolerantes em poços rasos do município de Sete lagoas. Os resultados obtidos

indicaram contaminação de origem fecal em quase todos os poços avaliados, destacando

a necessidade de medidas preventivas contra contaminação e maior intervenção dos

órgãos públicos.

PALAVRAS-CHAVE: qualidade, água, poços, microrganismos

ABSTRACT:

The availability of water is essential for life itself. But do not just take water, it

is important to have drinking water quality. The problem of lack of water in the world,

characterized mainly by climate change and high population density, resulting in the

proliferation of alternative forms of water harvesting, such as shallow wells to meet

domestic use requirements. These wells, if poorly sized, contaminate groundwater and

becomes a disease transmission vehicle. Together with the lack of water, lack of

sanitation contributes further to aggravate the pollution of water sources and thus bring

greater risks to public health. This study aimed to evaluate the bacteriological quality of

the water by the Most Probable Number (MPN) of total and fecal coliforms in shallow

wells in the city of Sete Lagoas. The results indicated contamination of fecal origin in

almost all evaluated wells, highlighting the need for preventive measures against

contamination and greater involvement of public bodies.

KEYWORDS: quality, water, wells, microorganisms

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1-INTRODUÇÃO

A água é um dos elementos naturais mais importantes à vida, e por milhares de

anos foi considerada um recurso renovável e infinito, porém, hoje, ela está acabando.

Esse fator está relacionado ao alto consumo insustentável e poluição dos recursos

hídricos, juntamente com o aquecimento global. Diversas atividades antrópicas têm

comprometido não só a quantidade de água disponível, mas também o seu grau de

potabilidade, fazendo com que a água outrora considerada fonte de riqueza, se torne um

veículo de transmissão de doenças (OLIVEIRA, et al., 2015).

Embora o Brasil seja detentor de cerca de 12% da água doce disponível no

mundo, o país sofre com diversos problemas de deficiência quanto ao abastecimento de

água potável, decorrentes não só da má distribuição de suas águas, mas também do

aumento populacional e da degradação dos recursos hídricos (MARQUES,

CAVALCANTE & BARBIERI, 2010). Além do mais, um alto percentual da população

brasileira não é atendida com fornecimento de água potável e com tratamento de esgoto

e existe um grande desperdício de água nos setores doméstico, agrícola e industrial

(ANDRADE, 2008).

A má distribuição de água no Brasil teve início a partir do século XX. Este

período foi marcado por uma aceleração no processo de urbanização, resultando

atualmente nas aglomerações urbanas. Para atender os milhões de habitantes que se

concentram nas médias e grandes cidades, foram desenvolvidas técnicas que

permitissem a distribuição de água em grandes volumes para atender essa demanda.

Enquanto países desenvolvidos conseguiram atender de maneira universal as

necessidades de suas populações, os demais países como o Brasil apresentaram

problemas no seu sistema de distribuição de água (PONTES, et al., 2004).

A água é considerada um insumo essencial ao desenvolvimento socioeconômico

de uma região, com reflexos diretos sobre as condições de saúde e de bem estar da

população. Sendo assim, a regularidade dos sistemas de abastecimento geram melhorias

de vida, minimização dos riscos de doenças, comodidade e segurança, elevação da

expectativa de vida da população e aumento de rendimento econômico (AUGUSTO,

2012).

Em resposta a situações de escassez, poluição e aos custos de tratamento em

níveis de potabilidade, cada vez mais elevados, formas alternativas de abastecimento

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hídrico, como bicas e poços rasos têm sido utilizadas, em escala considerável, por

diversos grupos populacionais, inclusive nos centros urbanos. A busca por fontes

alternativas leva ao consumo de água com qualidade sanitária muitas vezes duvidosa, o

que coloca em risco a saúde de seus usuários. Aliado a isso, o crescimento desordenado

das cidades transforma as fontes naturais de água em reservatórios de contaminantes

orgânicos e inorgânicos de diversas origens (SILVA, et al., 2009).

A água subterrânea é reconhecida no mundo inteiro como uma fonte

indispensável de abastecimento para consumo humano, para os indivíduos que não são

beneficiados com a rede pública de abastecimento, ou para aqueles que, tendo acesso a

uma rede pública de abastecimento, não possuem o fornecimento de uma maneira

constante (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE,

1994).

Águas subterrâneas são geralmente contaminadas por despejos domésticos,

industriais, e por chorume proveniente de aterros sanitários que contaminam os lençóis

freáticos com microrganismos transmissores de doenças (FREITAS & ALMEIDA,

1998). Essas ações também provocam a mobilização de metais normalmente contidos

no solo, como o alumínio, o ferro e o manganês, além de serem potenciais fontes de

nitrato e compostos orgânicos altamente tóxicos a seres humanos e ao meio ambiente

(NORDBERG et al., 1985).

Doenças de veiculação hídrica como a hepatite, a malária, a febre amarela, o

cólera, a esquistossomose, a dengue, a hantavirose, e a leishmaniose ainda são

consideradas os maiores desafios da saúde pública segundo o Ministério da Saúde. Não

há como solucionar esses problemas se os sistemas de captação e uso da água forem

negligenciados (HOCHMAN, 1998).

O município de Sete Lagoas não contempla um sistema coletivo de distribuição

de água tratada que abranja 100% da cidade, sendo assim, a população não contemplada

pelo sistema de rede de água e esgoto encontrou como alternativa a utilização dos poços

rasos. A maioria desses poços não possui sistema de monitoramento frequente do

controle da qualidade da água, deixando a população altamente susceptível ao uso de

água contaminada. Na maioria dos casos, os usuários desse tipo de fonte de

abastecimento utiliza como padrão de qualidade o gosto, o cheiro, a cor e a turbidez, o

que na maioria das vezes é insuficiente para representação da qualidade da água.

No ano de 2013, a cidade de Sete lagoas, MG sofreu um surto de diarreia que

atingiu mais de 1400 pessoas. De acordo com a Vigilância Epidemiológica da cidade, as

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pessoas que foram contaminadas eram provenientes de bairros suburbanos de baixa

renda e faziam uso de poços rasos (G1, 2013). Devido à falta ou a precariedade do

acesso à água potável e segura, a população mais carente e socialmente excluída é um

dos principais alvos das doenças transmitidas por veiculação hídrica (RAZZOLINI &

GUNTHER, 2008).

Existem práticas que são extremamente comuns no meio urbano que

comprometem a qualidade das águas freáticas : o destino final do esgoto doméstico e

industrial em fossas e tanques mal projetados, a disposição inadequada de resíduos

sólidos urbanos e industriais, postos de combustíveis e de lavagem e a modernização da

agricultura (DA SILVA, R., 2003). Aliado a esses fatores, a utilização inadequada dos

poços, como uso de tampas inapropriadas, problemas de rachaduras , uso de cordas e

baldes para retirada da água, e a proximidade dos poços a fossas e redes de esgoto,

representam fontes de contaminação por bactérias, vírus patogênicos e outros parasitas.

Além do mais, lençóis freáticos de pouca profundidade como os que alimentam os

poços rasos são facilmente influenciados pela água proveniente da superfície

(SWOROBUCK et al., 1987).

A água só pode ser considerada potável quando os parâmetros físicos, químicos,

biológicos e radioativos atendem ao padrão de potabilidade e não oferecem risco à

saúde. Destaca-se para os poços rasos, perfurados no aquífero freático, os parâmetros

microbiológicos, especialmente as bactérias heterotróficas e os coliformes (SANT’ANA

et al., 2003; BARBOSA et al., 2009). No Brasil, a Norma de Qualidade da água para

Consumo Humano, definida na Portaria nº2914 de 12 de dezembro de 2011, do

Ministério da Saúde, estabelece os valores máximos permitidos (VMP) para as

características bacteriológicas, organolépticas, físicas e químicas para uma água potável

(BRASIL, 2011).

A determinação da presença de patógenos nas fontes evidencia o risco à saúde e

a identificação do agente etiológico indica a origem da contaminação. Dessa forma

torna-se essencial a implementação de políticas públicas de gestão de maneira integrada

aos setores de desenvolvimento urbano, habitação, saneamento e saúde, de forma a

minimizar ou erradicar esses problemas (RAZZOLINI & GUNTHER, 2008).

Com este estudo, objetivou-se avaliar a qualidade microbiológica da água de

poços rasos utilizados para consumo humano no município de Sete Lagoas-MG, e

buscar os fatores envolvidos na contaminação e/ou poluição da água.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

O Brasil, a partir da década de 1950 passou por alterações no seu perfil

populacional, em detrimento do modelo de desenvolvimento econômico. O progresso

da concentração fundiária no campo, o êxodo rural e a expansão demográfica levaram o

país a conviver com elevados índices de concentrações populacionais na cidade. O

resultado desses aglomerados associado à falta de planejamento urbano foram endemias

e epidemias alarmantes de várias doenças, a principalmente devido às péssimas

condições de moradia (SILVA, 2009).

A partir daí teve inicio uma problemática escassez de saneamento básico, com

precárias ações dos órgãos públicos destinadas ao suprimento de água como capitação,

sanitização, estoque e fornecimento; problemas com esgotamento sanitário, no que diz

espeito ao recolhimento do lixo, tratamento e retorno ao meio ambiente ou reciclagem;

problemas de higienização das cidades; deficiências na drenagem, no que diz respeito

aos rios, represas, uso e tratamento das águas das chuvas com isolamento das redes de

esgoto; e falta de beneficiamento dos resíduos sólidos por meio de pesquisas

tecnológicas que possibilitem transformações para melhorias do meio ambiente

(SILVA, 2009).

Diante dos fatos, as autoridades políticas se viram obrigadas a tomar

providências para amenizar essa crise. Assim, em 1971 foi implantado o Plano Nacional

de Saneamento (PLANASA), que tinha como objetivo solucionar o problema da água e

do esgoto. Infelizmente esse programa só serviu para aumentar os índices de

abastecimento de água no país, não melhorando em nada o problema da insuficiência da

rede de coleta e tratamento de esgoto que perdura até os dias atuais. Até 2006, apenas

15% do esgoto sanitário proveniente das regiões urbanas dos municípios do Brasil era

tratado (SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO-

SNIS, 2015).

Apenas um terço dos 40% da população brasileira mais pobre é beneficiada por

serviços de água e saneamento, enquanto que considerando a população mais rica, que

representa um total de 10%, cerca de 80% é contemplada por esse setor. Um dos fatores

que contribuem para permanência desse problema é a falta de reivindicação pública,

principalmente em relação ao saneamento. Associado a isso, estão às agências de

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regulação do setor, que são na maioria das vezes incipientes, e quando há regulação,

essa regulação é tarifária (ALGUSTO, et al, 2012).

A utilização de políticas públicas que gerem benefícios ao sistema de

saneamento básico da sociedade produzem efeitos diretos na diminuição da mortalidade

infantil pós-neonatal, pois nessa fase os óbitos são ocasionados basicamente por

doenças relacionadas ao ambiente no qual a criança vive. A exemplo disso estão as

doenças diarreicas, que ocupam o segundo lugar de causa de morte entre crianças com

menos de 5 anos de idade em países subdesenvolvidos. Dessa forma, se torna evidente

que o aumento de pessoas beneficiadas por sistemas de esgotamento sanitário contribui

para redução de mortalidade infantil no Brasil (SANTOS, 2004).

Melhorias no saneamento provocam mudanças no desenvolvimento econômico

e na diminuição da pobreza. De acordo com uma pesquisa realizada pela Organização

Mundial da Saúde, um dólar utilizado no progresso do saneamento para conquista dos

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio promove, em média, uma economia de doze

dólares que seriam utilizados no trabalho de doenças (PRÜSS-ÜSTÜN et al., 2008).

2.3 A DISPONIBILIDADE DE ÁGUA, A DESIGUALDADE SOCIAL E O

BRASIL:

De acordo com o relatório World Water Development Report de 2003, da

UNESCO-WWAP, um quarto da população mundial no ano de 2050 viverá em

condição de escassez crônica de água potável. Diante dessa situação, o Brasil possui

papel crucial uma vez que é o país que possui a maior quantidade de água doce,

representando 12% do total do planeta (CÂMARA, 2011).

No entanto, a desigualdade da distribuição dos recursos hídricos contrasta com

as diferenças populacionais no País. Enquanto 70% da água doce do Brasil se

concentram na Bacia Amazônica, onde existe a menor densidade populacional,

enquanto que no Nordeste, aonde a densidade chega a 30% da população brasileira e se

concentra a população mais pobre do país, há somente 5% da água doce disponível. Já

na região Sudeste e Sul do país, onde vive cerca de 60% da população, possuem

somente 12,5% da água doce (AUGUSTO et al., 2012).

O aglomerado populacional, o setor industrial, a agricultura e o desmatamento

das matas nativas provocam a redução da água potável. Os impactos ambientais

causados por contaminantes como fezes humanas, efluentes agrícolas e industriais,

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produtos tóxicos, o uso intensivo e não sustentável do solo (excesso de agrotóxicos,

mecanização e monocultura) são fatores responsáveis pela mudança climática e

consequentemente pela escassez de água. Portanto, torna-se essencial a proteção dos

mananciais de água potável dos poluentes industriais e agroquímicos que estão

associados ao padrão atual de produção e consumo e representam não só a crise hídrica,

como também a crise ambiental e civilizatória dos dias atuais (FEDERAL, 1997).

A importância dos recursos hídricos se deve ao fato destes influenciarem quase

todos os aspectos da economia, como : a área de produção de alimentos, o setor de

segurança do abastecimento doméstico de água, a saúde, as indústrias, a energia e ainda

a sustentabilidade ambiental. As privatizações dos recursos hídricos por potências

econômicas e industriais acabam afetando a disponibilidade de acesso para o consumo

populacional (BARLOW, et al, 2003).

Assim, a privatização, aliada a jogos de interesse econômicos e políticos

promovem uma assimetria de poder, comprometendo não só direito à água potável

como restringindo o acesso à informação de dados importantes para os órgãos públicos

exercerem o seu papel para com a sociedade (ALGUSTO, et al, 2012).

Embora a ONU tenha deliberado que o acesso à água limpa e segura é um direito

fundamental de todo ser humano, ainda é possível identificadas vulnerabilidades que

podem se constituir em restrições ao seu acesso. A escassez de água tem causado

preocupação, principalmente em países em desenvolvimento e, mais enfaticamente em

áreas periurbanas, que abrigam a população socialmente excluída. Nessas regiões, a

carência ou ineficiência de infraestruturas básicas contribui para a contaminação das

fontes de água superficiais e subterrâneas, tendo em vista que nestas áreas observa-

se a geração de práticas inadequadas referentes à disposição do lixo e do esgoto .

2.4 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E A UTILIZAÇÃO DOS POÇOS RASOS

Segundo Rohden et al., (2009), as águas dos mananciais subterrâneos são

utilizadas para consumo por uma parcela significativa da população brasileira. Essas

águas podem ser provenientes de fontes profundas (aquíferos) ou poços tradicionais

com profundidades menores (poços rasos). Tradicionalmente, esse tipo de fonte de água

é considerado seguro para o consumo “in natura”, mas podem se contaminar através de

aberturas nos poços ou por contaminação direta do lençol freático (VIANA, 1984).

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Os poços rasos são normalmente utilizados para suprir grande parte da

população brasileira em áreas rurais, e também em áreas urbanas que não oferecem

acesso à rede pública de abastecimento ou o abastecimento é irregular. Entretanto, o

aumento deste modo de abastecimento foi acompanhado da multiplicação de poços

construídos, sem levar em conta normas técnicas adequadas que possibilitem condições

qualitativas básicas de potabilidade. Deste modo, a perfuração de poços com locação

inadequada coloca em risco a qualidade das águas subterrâneas, uma vez que gera uma

conexão entre as águas mais rasas e, portanto, mais suscetíveis à contaminação, com

águas mais profundas menos vulneráveis (ANA, 2007).

Além disso, na maioria dos poços não há um monitoramento periódico da

qualidade da água, o que deixa a população suscetível à utilização de água contaminada.

Uma vez contaminadas, as águas subterrâneas, quando consumidas sem tratamento

prévio adequado, pode tornar-se um veículo potencial de germes patogênicos

causadores de infecções no trato intestinal, como por exemplo, o cólera, a disenteria

bacilar e amebiana, a febre tifoide e paratifoide (OLIVEIRA, 2015).

2.5 MICRORGANISMOS INDICADORES DE POLUIÇÃO FECAL

As bactérias heterotróficas são microrganismos que se alimentam de moléculas

orgânicas de outros seres vivos. Sua avaliação proporciona, de forma geral, dados sobre

a presença de bactérias ou esporos que podem ser componentes da flora natural da água

ou de outras fontes e biofilmes (BRASIL, 2006). Sua presença também pode indicar a

presença de outros microrganismos potencialmente patogênicos em fontes de

contaminação difusa (VALIAS, et al.,2002).

Os coliformes são bactérias Gram negativas fermentadoras de lactose com

produção de gás carbônico na temperatura de 35°C durante o período de 48 horas. Elas

são representadas pelos gêneros Escherichia, Citrobacter, Enterobacter e klebissiella.

Esses organismos habitam o intestino de animais mamíferos como o homem e são

eliminados pelas fezes (APHA, 1992). A importância da detecção dos coliformes

termotolerantes na água se baseia no fato da bactéria E. coli estar presente nesse grupo,

e esta ser considerada um indicador de poluição fecal. Os organismos indicadores são

largamente utilizados na avaliação da qualidade das águas, servindo de parâmetro

microbiológico básico às leis de consumo criadas pelos governos e empresas

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fornecedoras que se utilizam desse número para garantir a qualidade da água para o

consumo humano (BRASIL, 2006).

2.6 DOENÇAS DE VEÍCULAÇÃO HÍDRICA

A água pode oferecer dois tipos de riscos à saúde humana: um deles está

relacionado ao consumo de água contaminada por agentes biológicos (vírus, bactérias e

parasitas), e o outro está associado a derivados de poluentes químicos e a efluentes de

esgotos industriais (CHARRIED et al., 1996; KRAMER et al., 1996).

As bactérias patogênicas são responsáveis pelos numerosos casos de enterites,

diarreias infantis e doenças epidêmicas (como a febre tifoide), com resultados

frequentemente letais. Já os vírus, normalmente encontrados nas águas contaminadas

por dejetos humanos, entre outros, são os causadores da poliomielite e da hepatite

infecciosa. Destacam-se entre os parasitas que podem ser ingeridos por meio da água a

Entamoeba histolytica, causadora da amebíase e suas complicações, inclusive para o

fígado. Na Tabela 1 podem ser observadas as principais doenças relacionadas à ingestão

de água contaminada e seus agentes causadores (WHO, 2007).

Tabela 1: Doenças relacionadas ao consumo de água contaminada e organismos

responsáveis pela doença.

Doenças Organismos responsáveis

Cólera Vibrio cholerae

Disinteria Bacilar Shiggella sp.

Hepatite infecciosa Vírus da Hepatite do tipo A

Febre Tifóide Salmonella typhi

Diarréia Infantil Tipos enteropatogênicos de Escherichia coli

Febre Paratifóide Salmonella paratyphi A, B e C.

Leptospirose Leptospira sp.

Gastroenterite Outros tipos de Salmonella, Shiggella, Proteus sp

Fonte: WHO (2007).

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3. MATERIAL E METODOS

3.1 COLETA DE DADOS

Foi formulada uma lista das propriedades que possuíam poços rasos no

município de Sete lagoas-MG com base em indicações fornecidas pelos moradores.

Nas propriedades foram coletadas amostras de água de cada fonte.

3.2 ENTREVISTAS

Foram elaborados formulários para entrevistas destinadas aos proprietários, com

a finalidade de obter informações quanto ao tipo de utilização da água, profundidade do

poço, tipo de poço, idade do poço, presença de pessoas enfermas que fazem uso da

água, presença de fossa próxima do poço e existência ou não de algum tipo de

tratamento da água após a sua retirada (APÊNDICE A).

Tal trabalho foi realizado durante o desenvolvimento de um projeto de extensão

pelo programa PIBEX-PROEX-UFSJ no ano de 2013.

3.3 COLETA DE ÁGUA

As amostras de água de nove poços de diferentes regiões de Sete Lagoas foram

coletadas em triplicata, totalizando 27 amostras. Em sete deles utilizava-se o sistema de

retirada de água à bomba-fechado (figura 1) e em dois deles era utilizado o sistema mais

simples de sarilho-aberto (figura 2), também conhecido como “sistema de corda e

balde”

Foram coletados volumes de cerca de 100 ml, utilizando-se recipientes

previamente esterilizados. As amostras foram acondicionadas em embalagem

refrigerada e levadas ao Laboratório de Microbiologia Molecular do campus Sete

Lagoas da Universidade Federal de São João Del-Rei imediatamente.

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Figura 1: Sistema de retirada de água à bomba (fechado)

Fonte: autoria própria (2013).

Figura 2: Sistema de retirada de água tipo sarilho (corda e balde)

Fonte: autoria própria (2013).

3. ANÁLISES DA ÁGUA

A contagem de coliformes termotolerantes foi realizada através da técnica de

tubos múltiplos, em séries de três, preconizada pela American Public Health

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Association, descrita no Compendium of Methods for the Microbiological Examination

of Foods. Esta metodologia permite a quantificação por “número mais provável” (NMP)

de microrganismos e é dividida em duas fases sucessivas, uma presuntiva e outra

confirmativa. E esta última somente é realizada se houver crescimento positivo na etapa

presuntiva. (BRASIL, 2003).

Para o teste presuntivo, foram distribuídas porções múltiplas decimais de 1 ml da

amostra em tubos de ensaio contendo caldo lactosado e tubos de Durham invertidos,

incubados em estufa bacteriológica a 35±0,5°C por 24 a 48 horas, onde a produção de

gás foi considerado resultado positivo. A confirmação de coliformes foi realizada a

partir dos tubos com resultado positivo do teste anterior. A cultura foi repicada para

tubos contendo caldo verde brilhante, incubado a 45±0,2ºC por até 48 horas, onde se

observou também a produção de gás como resultado positivo. Por último, os tubos

positivos do teste confirmativo foram transferidos para caldo EC (Escherichia coli) e

incubados por 24h±2h 45±0,2ºC, observando-se como resultado positivo a produção de

gás.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Os tipos de sistemas de retirada utilizados para coleta de água encontrados

foram: sarilho (balde com corda) e bombas de deslocamento.

Apenas uma das amostras analisadas se encontram dentro do padrão de

potabilidade exigido pela Portaria nº 2914 de 12 de Dezembro de 2011, do Ministério

da Saúde (tabela 2). Esta portaria estabelece que a água para consumo deve ser livre de

E. coli ou coliformes termotolerantes e coliformes totais em 100 mL de amostra.

O sistema de retirada de água com bomba apresentou menor contaminação

comparada ao sistema de sarilho (corda e balde). Esse resultado é provavelmente devido

à entrada de poluentes facilitada pela falta de uma tampa e a utilização de baldes e

cordas, facilitando a contaminação fecal, bem como a falta de higiene das mãos e de

transporte inadequados. Cappi, et al., 2012, em um estudo realizado em 12 poços rasos

na área urbana de Anastácio-MS, também verificou que a falta de condições higiênico

sanitárias no sistema de captação de água, como uso de latas e baldes reutilizados, sem

qualquer tratamento prévio de higienização são fatores responsáveis pela contaminação

da água.

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Tabela 2: Dados dos poços avaliados e valores médios encontrados de coliformes totais

e E.coli nas amostras analisadas.

Amostra Tipo de

retirada

de água

Profundidade

do poço

Idade do

poço

Presença

de fossa

próxima

ao poço

Distância da fossa ao

poço (valor

aproximado)

Coliformes

Totais

Coliformes

Termotolerantes

1 sarilho 4 metros 30 anos Sim Inferior a 2 metros 9,33 x 10² 7,00 x 100

2 sarilho 25 metros 67 anos Não 4,93 x 102 4,23 x 10

3 bomba 3,5 metros 50 anos Não 1,13 x 10 Ausente

4 bomba 17 metros 17 anos Sim Inferior a 3 metros 3,40 x 102 2,04 x 102

5 bomba 17,30 metros 4 anos Não 4,11 x 102 1,46 x 10 6 bomba 13 metros 15 anos Não 2,06 x 102 2,66 x 100

7 bomba 9,75 metros 5 anos Não 2,23 x 102 6,33 x 100

8 bomba 12 metros 7 anos Não Ausente Ausente

9 bomba 12 metros 10 anos Não 3,5 x 10 Ausente

A proximidade dos poços a fossas e redes de esgoto e a presença de animais

domésticos no domicilio são fatores a serem considerados, pois facilitam o contágio da

água subterrânea com fezes humanas e de animais.

Da Silva, C., 2013, em um estudo sobre a potabilidade da água de poços rasos

em Curitiba-PR, constatou que a presença das bactérias heterotróficas é justificada pelo

não isolamento dos poços a água da chuva ou ausência de parede de concreto armado ou

qualquer outro tipo de material que evitasse o contato direto da água do poço com a

água superficial, assim como, o resultado positivo para E.coli indica presença de fezes e

sugere proximidade de esgoto ou fossas sépticas ao poço.

O poço da amostra 1 apresentou índices mais elevados de coliformes, o que

sugere que a pouca profundidade do poço aliada ao tipo de retirada de água (sarilho)

auxiliaram no maior contato com as águas superficiais e consequentemente na sua

contaminação.

A contaminação dos poços das amostras 1 e 4 podem ter sido ocasionadas

devido ao desrespeito as normas de recomendação de distância da construção dos poços

a fossas sépticas (A Companhia de Saneamento ambiental do Distrito Federal-CAESB-

recomenda distância mínima de 30 metros) .

Apenas em um dos poços (amostra 7) foi verificada a realização de tratamento

da água. Entretendo, a água do poço não apresentou adequação aos valores permitidos

de potabilidade da água, sugerindo que o tratamento utilizado (cloração) não está sendo

utilizado de forma correta.

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O número elevado de coliformes totais encontrados na análise pode estar

relacionado á decomposição de matérias orgânicas, como restos vegetais, uma vez que

essas bactérias são frequentemente conceituadas como bactérias ambientais, o que

sugere contato direto entre a água do poço com o material depositado no fundo do poço

ou suspenso na superfície da água.

O fato da maioria dos consumidores considerarem que a água do poço era de

ótima qualidade demonstra que parâmetros como aparência da água e sabor são

insuficientes para diagnóstico de potabilidade usados por eles. Esse ato tem como

consequência o não tratamento das águas dos poços, o que preveniria o surgimento de

parasitas ou outras enfermidades transmitidas pela água.

5. CONCLUSÃO

As maiorias das amostras de água dos poços rasos analisados não se encontram

dentro do padrão de potabilidade estabelecido pelo Ministério da Saúde. Isto pode ser

devido ao fato de não apresentarem adequação dos fatores de proteção relacionados à

forma de construção e manutenção do poço, cruciais para qualidade da água, assim

como a proximidade a fossas sépticas.

É essencial o monitoramento periódico da qualidade das águas do poço, assim

como implementação de políticas públicas que visem informar à população sobre os

perigos da água contaminada e suas formas de prevenção , assim como a utilização

correta desse tipo de abastecimento.

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APÊNDICE A: Modelo de Questionário

Nome do Entrevistado:_____________________________________________

1) Há quanto tempo o poço foi construído?

2) Qual a profundidade do poço?

3) Existe fossa séptica próxima ao poço? Qual a distância?

4) A água do poço é usada para qual finalidade?

5) A água do poço passa por algum tipo de tratamento antes de ser ingerida?

6) Existem pessoas doentes na casa que consomem a água?

7) Você autoriza a realização da analise microbiológica do poço em sua

residência?