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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INOVAÇÃO TERAPÊUTICA LABORATÓRIO DE PLANEJAMENTO EM QUÍMICA MEDICINAL LUCAS CUNHA DUARTE COÊLHO SÍNTESE E ATIVIDADE IMUNOMONODULADORA DE FTALIMIDAS N-SUBSTITUÍDAS: OBTENÇÃO DE NOVAS MATRIZES MOLECULARES MULTI-ALVOS RECIFE, PE SETEMBRO DE 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INOVAÇÃO

TERAPÊUTICA

LABORATÓRIO DE PLANEJAMENTO EM QUÍMICA MEDICINAL

LUCAS CUNHA DUARTE COÊLHO

SÍNTESE E ATIVIDADE IMUNOMONODULADORA DE

FTALIMIDAS N-SUBSTITUÍDAS: OBTENÇÃO DE NOVAS

MATRIZES MOLECULARES MULTI-ALVOS

RECIFE, PE

SETEMBRO DE 2010

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LUCAS CUNHA DUARTE COÊLHO

SÍNTESE E ATIVIDADE IMUNOMODULADORA DE FTALIMIDAS

N-SUBSTITUÍDAS: OBTENÇÃO DE NOVAS MATRIZES

MOLECULARES MULTI-ALVOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Inovação Terapêutica da Universidade Federal de Pernambuco, como requisitos para a posterior obtenção do Título de Mestre em Inovação Terapêutica

Orientador: Profa. Dra. Ana Cristina Lima Leite

RECIFE

2010

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Côelho, Lucas Cunha Duarte Síntese e atividade imunomonoduladora e Ftalimidas N-Substituídas: obtenção de novas matrizes moleculares multi-alvos / Lucas Cunha Duarte Coêlho. – Recife: O Autor, 2010. 89 folhas : il., fig., tab.

Orientador: Ana Cristina Lima Leite Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de

Pernambuco. CCB. Inovação Terapêutica , 2010 Inclui bibliografia e apêndices

1. Farmacologia 2. Câncer 3. Inflamação I. Título.

615 CDD (22.ed.) UFPE/CCB-2011-127

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DEDICATÓRIA

A Deus, pois sem Ele nada seria

possível. Aos meus pais, Rosângela Coêlho

e Antônio Coêlho, e aos meus irmãos, Gabriel e Julia Coêlho, pelo exemplo, paciência, carinho e amor incondicional.

Aos meus avós Fernando Cunha (in

memorian), Margarida Leão, Gabriel Coêlho (in memorian) e Elizabete Coêlho (in memorian).

A minha querida namorada Suellen

Cavalcanti pelo apoio, carinho e companheirismo constante e pelo amor sincero.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por sua presença em todos os momentos de minha vida, me

proporcionando a conclusão de mais uma etapa.

Aos meus pais, Antônio e Rosângela Coêlho, pelo apoio, carinho e incentivo

dedicados em minha vida.

Aos meus irmãos, Gabriel e Júlia Coelho, pelo carinho e força que me dão.

A minha namorada, Suellen Tibúrcio, por ter entrado em minha vida e

propiciado inúmeros momentos de alegrias, pelo suporte diário, inclusive

sábados e domingos no laboratório e em toda a minha jornada.

A Profa Dra Ana Cristina Lima Leite, uma amiga antes de tudo e uma

segunda mãe após anos de convivência. Agradeço por ter me dado o privilégio

de ser minha orientadora, por ter sempre me incentivado a ser um pesquisador

pró-ativo e curioso, por ter me dado liberdade para contribuir no planejamento

deste projeto e por ter sempre procurado o melhor para mim.

A Diogo Rodrigo de Magalhães Moreira, amigo sem palavras para descrever,

por ter sido decisivo em 2006 quando comecei a minha iniciação científica com

a Profa Ana Cristina, por ter sido um mentor no laboratório, na elaboração de

resumos, projetos e artigos, por ter sido o cupido do meu namoro e pelos

sábios conselhos.

Ao professor e amigo Dalci Brondani, por ter sido meu primeiro orientador

ainda em 2006, por sempre responder meus questionamentos, mesmo quando

eram muitos e por ter se tornado um amigo.

A Profa Dra Nereide Magalhães pela inspiração e exemplo profissional. Por ter

sempre me esclarecido as dúvidas mais intrigantes, por ter me emprestado

livros de bioquímica e dado sábios conselhos para o Doutorado.

Aos meus colegas de laboratório Gevânio Filho, Marcos Oliveira, Fred,

Renata, em especial ao Paulo André pela ajuda nas reações, empenho e

vontade de trabalhar.

Aos meus grandes amigos de turma, Dyego Revorêdo, José Wanderlan,

Diego Bezerra e Luis Carlos pela própria e imensurável amizade.

Aos amigos da faculdade, pelas diversas alegrias somadas e compartilhadas,

tristezas e aflições divididas; pessoas que me incentivaram, deram força e

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apoio durante minha caminhada, em especial à: Almir José, Everton Elbert,

Eraldo Antunes, Daniel Delmontes, Túlio Couto, Enio Jeremias, Henrique,

Teógenes, João Pinila, Talita Carvalho, Lucas Oliveira.

A todos meus familiares e amigos unicamente existência, em especial a

Alisson Acioly, Evelyne, Rodolfo, Ana Luiza, Rafaela, Juliene, Iacara, Karina,

Antonio, Tatiana, Eli, Raquel, Tiago, Fernando Neto, Estela e Mateus.

A Profa Dra Claudia do Ó, pelos ensaios anti-proliferativos e por ter me

recebido em seu laboratório na UFC.

A Profa Dra Teresinha Silva, pela condução dos ensaios imuno-modulatórios.

Ao Prof. Dr. Lawrie Abraham e sua aluna Msc Belinda Kaskow pela

realização dos ensaios de mecanismo de ação conduzidos na Universidade da

Australia Ocidental.

A Profa Dra Milena Botelho pela sua ajuda em estabelecer contato para um

Doutorado no exterior.

Ao Prof Dr Marcelo Zaldini, por se mostrado um professor atencioso e por ter

sempre contribuído nas pesquisas do nosso laboratório.

Ao Departamento de Química Fundamental por ter realizado a

caracterização dos meus produtos.

A Profa Dra Suely Galdino e a todos do Programa de Pós Graduação em

Inovação Terapêutica, por ter me dado a oportunidade de entrar na primeira

turma do programa de mestrado.

À todos os professores que contribuíram decisivamente para a minha

formação acadêmica, profissional e pessoal.

À todos aqueles que de alguma forma colaboraram para realização deste

trabalho.

Considerando esta monografia como resultado de uma caminhada que não

começou na UFPE, agradeço a todos que de alguma forma passaram pela

minha vida e contribuíram para a construção de quem sou hoje.

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“Não sabendo que era impossível foi lá e fez”

Jean Maurice Eugène Clément Cocteau

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RESUMO

A inflamação é uma resposta benéfica do organismo, entretanto quando o processo é persistente e torna-se um evento crônico tem sido sugerido pela literatura como um fator comum na susceptibilidade de muitas doenças crônicas, incluindo asma, doença de Alzheimer, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e o Câncer. Este último, por sua vez, é uma das causas líderes de morte no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença matou cerca de 8 milhões de pessoas em 2007. O desenvolvimento de novos protótipos a fármacos que atuam não pela inibição de enzimas, proteínas ou cascatas de sinalização celular, mas sim pela modulação das atividades dos alvos biológicos é uma estratégia promissora. A Talidomida é um destes fármacos reconhecidamente com ação imuno-moduladora e inúmeras pesquisas são atualmente desenvolvidas com este fármaco para obtenção de análogos com características farmacodinâmicas e farmcocinéticas superiores. Este trabalho apresenta síntese e caracterização de vinte e um inéditos protótipos a fármacos anticâncer, análogos da Talidomida. Foram sintetizadas quatro séries químicas, ésteres, amidas, hidrazidas e N-acil-hidrazonas através de métodos reacionais simples e que forneceram bons rendimentos (45% a 75%). Para cada série foi necessária apenas uma etapa reacional e purificação através de recristalização ou coluna cromatográfica (ésteres). A série da N-acil-hidrazona apresentou em média os menores rendimentos, inicialmente, devido aos métodos reacionais utilizados baseados na literatura. Esses foram otimizados até a obtenção das ótimas condições reacionais para condensação das hidrazidas deste projeto com os aldeídos aromáticos. Após a caracterização os compostos foram submetidos aos estudos biológicos. Nenhum composto apresentou atividade anti-proliferativa frente a linhagens de células tumorais in vitro. Contudo, sugere-se que em modelos in vivo tais compostos apresentem excelentes perfis, pois a própria Talidomida é utilizada na clínica (in vivo). Contudo, em estudos para avaliar a capacidade de inibir o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e a interleucina um beta (1IL-1β) a maioria dos compostos apresentou atividade maior que a Talidomida. A série mais robusta, do ponto de vista da química, a N-acil-hidrazonas, foi selecionada para um estudo preliminar do mecanismo ação. Três compostos, dos nove testados, apresentaram bons perfis de inibição do TNF- α, com destaque para um deles que apresentou um ótimo percentual de inibição de TNF-α, em torno de 13% (enquanto que a droga padrão Revlimide inibiu 14%, a 100 µM). As diferenças observadas nas atividades dos compostos sintetizados abrem perspectivas para estudos de relação estrutura atividade de um promissor novo grupo de moléculas candidatas a protótipos de fármacos anti-tumorais.

Palavras-chave: talidomida, câncer, inflamação.

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ABSTRACT

Inflammation is a beneficial response from the body, however when the process is persistent and becomes a chronic event has been suggested in the literature as a common factor in susceptibility to many chronic diseases, including asthma, Alzheimer's, cardiovascular disease, diabetes mellitus type 2 and Cancer. The latter, in turn, is a leading cause of death worldwide. According to World Health Organization (WHO), the disease killed about 8 million people in 2007. The development of new prototypes to drugs that act not by inhibition of enzymes, proteins or cell signaling cascades, but rather by modulating the activity of biological targets is a promising strategy. Thalidomide is one these drugs well known with a immuno-modulator action and numerous researchs are currently being developed with the drug to obtain analogs with superior farmcokinetics and pharmacodynamic characteristics.This paper presents the synthesis and characterization of twenty-one novel anticancer drug prototypes, analogues of thalidomide.Four chemical series were synthesized, esters, amides, hydrazides and N-acyl-hydrazones through simple reaction methods and that gave good yields (45% to 75%). For each set was enough just one reactional step and purification by recrystallization or column chromatography (esters). The series of N-acyl hydrazone showed on average the lowest incomes, initially due to reactive methods used based on literature. These were optimized to obtain the optimal reaction conditions for condensation of the hydrazides of this project with the aromatic aldehydes. After characterizing the compounds were subjected to biological studies. Any compound showed anti-proliferative activity against tumor cell lines in vitro. However, it is suggested that in vivo models such compounds have excellent profiles, because Thalidomide is used in the clinic (in vivo). Nevertheless, in studies to evaluate the ability to inhibit tumor necrosis factor alpha (TNF-α) and interleukin one beta (1IL-1β), most of the compounds showed activity greater than Thalidomide.The more robust series in terms of chemistry, the N-acyl hydrazones, was selected for a preliminary study of the mechanism action. Three compounds of the nine tested showed good profiles of inhibition of TNF-α, especially one of them that showed the great percentage of inhibition of TNF-α, around 13% (whereas the standard drug Revlimid inhibited 14%, 100μM). The differences observed in the activities of the compounds synthesized open perspectives for studies of structure activity relationship of a promising new group of candidate molecules to prototypes of anti-tumor drugs. Keywords: talidomide, cancer, inflammation.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOS

Deslocamento químico

J – Constate de Acoplamento

RMN – 1H Ressonância magnética nuclear de hidrogênio

RMN – 13C Ressonância magnética nuclear de carbono 13

IV Espectroscopia no Infra-Vermelho

D2O Água deuterada

DMSO-d6 Dimetilsulfóxido deuterado

CDCl3 – Clorofórmio deuterado

DMSO Dimetilsulfóxido

DMF N,N-dimetilformamida

THF Tetrahidrofurano

TEA Trietilamina

REA Relação estrutura – Atividade

TNF-α Fator de necrose tumoral alfa

IL-1β Interleucina 1 beta

PBS Solução de tampão fosfato

NO Óxido Nítrico

ELISA Enzime – Linked Immusorbent Assay

GFP Green Fluorescent Protein

OMS Organização Mundial de Saúde

iNOS Oxido Nítrico Sintase Induzível

NO Óxido Nítrico

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Cadeia de eventos que levam a mutação.

Figura 2: Número de óbitos por câncer ao ano.

Figura 3. Estrutura Química da Talidomida.

Figura 4. Esquema geral da síntese da Talidomida.

Figura 5. Principais produtos do metabolismo in vivo da Talidomida.

Figura 6. Visão geral da estrutura protéica do TNF-.

Figura 7: Visal geral do complexo IκBα-NFκB.

Figura 8: Resumo da cascata de sinalização mediada pelo TNF-α.

Figura 9: Visão geral da IL-1α (a esquerda) e a IL-1β (a direita).

Figura 10: Moléculas com mesmo número de elétrons na última camada.

Figura 11: Exemplos de relações bioisostéricas.

Figura 12. Análogos líderes da Talidomida.

Figura 13: Estrutura química dos derivados da ftalimidas contendo L-

aminoácidos.

Figura 14: Ilustração das relações bioisostericas propostas.

Figura 15: Ilustração da versatilidade estrutural das N-acil-hidrazonas.

Figura 16: Estrutura química dos derivados da ftalimidas contendo L-

aminoácidos.

Figura 17: Esquema geral de síntese da série de ésteres.

Figura 18: Esquema geral de síntese da série de hidrazidas.

Figura 19: Esquema geral de síntese da série das hidrazidas a partir do ácido.

Figura 20: Esquema inicial de síntese da série das amidas.

Figura 21: Esquema geral de síntese da série das amidas.

Figura 22. Esquema geral de síntese das N-acilhidrazonas

Figura 23: Esquema geral do ataque nucleofílico da hidrazida, em meio ácido.

Figura 24: Esquema geral do impedimento do ataque nucleofílico da hidrazida.

Figura 24: Esquema geral do ataque nucleofílico da hidrazida, em meio básico.

Figura 25: Esquema geral do ataque nucleofílico da hidrazida, em meio básico.

Figura 26. Inibição da expressão de TNF.

Figura 27. Indução da Morte Celular.

Figura 28. Indução da Morte Celular Programada.

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SUMÁRIO

Introdução........................................................................................................... 13

Objetivos............................................................................................................. 15

Geral .................................................................................................................... 15

Específicos .......................................................................................................... 15

Capítulo 1 – Genaralidades............................................................................... 16

1.1 O sistema imunológico........................................................................................ 17

1.2 A inflamação......................................................................................................... 19

1.3 A conexão entre a Inflamação e o Câncer........................................................... 20

1.4 Mecanismos pelos quais a inflamação leva ao Câncer....................................... 21

1.5 O Câncer.............................................................................................................. 23

1.6 A Talidomida......................................................................................................... 26

1.7 Talidomida – aspectos sintéticos........................................................................ 29

1.8 Importantes alvos biológicos da Talidomida........................................................ 31

1.8.1 Fator de necrose tumoral alfa (TNF-α)................................................................ 32

1.8.2 Interleucina 1 (IL-1)............................................................................................. 36

1.8.3 Oxido Nitrico (NO)............................................................................................... 37

1.9 Planejamento de fármacos via bioisosterismo.................................................... 38

1.10 Planejamento de análogos da Talidomida.......................................................... 41

1.11 Planejamento de novos análogos da talidomida................................................. 43

Capítulo 2 – Estudo Químico............................................................................. 45

2.1 O planejamento................................................................................................. 46

2.2 Resultados e Discussões..................................................................................... 46

2.2.1 Obtenção dos ésteres.......................................................................................... 46

2.2.2 Obtenção das hidrazidas...................................................................................... 47

2.2.3 Obtenção das amidas........................................................................................... 49

2.2.4 Obtenção das N-acil-hidrazonas.......................................................................... 50

2.3 Seção Experimental............................................................................................. 54

2.3.1 Reagentes............................................................................................................ 54

2.3.2 Equipamentos....................................................................................................... 54

2.2.3 Síntese dos ésteres (2a-c)................................................................................... 55

2.3.4 Síntese das hidrazidas (3a-c) .............................................................................. 55

2.3.5 Síntese das amidas (4a-c).................................................................................... 56

2.3.6 Síntese das N-acil-hidrazonas (5a-l).................................................................... 56

2.3.7 Caracterização Físico-Química dos compostos................................................... 58

2.3.7.1 (2a): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-propanoato de etila........................................... 58

2.3.7.2 (2b): 2-ciclohexil-2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-acetato de etila............................... 58

2.3.7.3 (2c): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-3-metilpentanoato.............................................. 58

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2.3.7.4 (3a): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-propanohidrazida.............................................. 59

2.3.7.5 (3b): 2-ciclohexil-2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-acetohidrazida................................ 59

2.3.7.6 (3c): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)3-metil-pentanohidrazida................................... 59

2.3.7.7 (4a): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-propanoamida................................................ 60

2.3.7.8 (4b): 2-ciclohexil-2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-acetoamida.................................... 60

2.3.7.9 (4c): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)3-metil-pentanoamida......................................... 60

2.3.7.10 (5a): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-(4-metoxibenzilideno)-propanohidrazida.... 61

2.3.7.11 (5b): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-2-ciclohexil-N´-(4-metoxibezilideno)-

acetohidrazida..................................................................................................................

61

2.3.7.12 (5c): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2il)-N´-(4-metoxibenzilideno)-3-metil-

pentanohidrazida.............................................................................................................

61

2.3.7.13 (5d): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-benzilideno-propanohidrazida.................... 62

2.3.7.14 (5e): 2-(1,3-dioxosioindolin-2il)-2-ciclohexil-N´-benzilideno-acetohidrazida...... 62

2.3.7.15 (5f): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-benzilideno-3-metil-pentanohidrazida......... 62

2.3.7.16 5g): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-(4-clorobenzilideno)-propanohidrazida........ 63

2.3.7.17 (5h): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-2-ciclohexil-N´-(4-clorobenzilideno)-

acetohidrazida..................................................................................................................

63

2.3.7.18 (5i): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-(4-clorobenzilideno)-3-metil-

pentanohidrazida.............................................................................................................

63

2.3.7.19 (5j): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-(3,4-clorobenzilideno)-propanohidrazida..... 64

2.3.7.20 (5k): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-2-ciclohexil-N´-(3,4-clorobenzilideno)-

acetohidrazida..................................................................................................................

64

2.3.7.21 (5l): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-(3,4-clorobenzilideno)-3-metil-

pentanohidrazida.............................................................................................................

64

Capítulo 3 – Estudo Biológico........................................................................... 65

3.1 Resultados e Discussões..................................................................................... 66

3.1.1 Avaliação da atividade antiproliferativa................................................................ 66

3.1.2 Avaliação dos níveis de TNF- e IL-1................................................................. 69

3.1.3 Ensaios de inibição do m-RNA do TNF-, morte e apoptose celular................... 69

3.2 Seção Experimental............................................................................................. 73

3.2.1 Avaliação da atividade antiproliferativa................................................................ 73

3.2.2 Avaliação dos níveis de TNF- e IL1.................................................................. 74

3.2.3 Ensaios de inibição do m-RNA do TNF-, morte e apoptose celular................... 74

Conclusões.......................................................................................................... 76

Referências .......................................................................................................... 78

Apêncide............................................................................................................... 86

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Lucas Cunha Duarte Coêlho Dissertação de Mestrado

Introdução

Para a maioria das pessoas não existe diagnóstico mais assustador do

que o câncer. Este é geralmente visto como uma doença intratável, extremamente

dolorosa e sem cura. Contudo, essa visão é exagerada e generalizada. O câncer é

sem dúvida uma enfermidade séria e potencialmente letal. De acordo com dados da

Organização Mundial de Saúde, a doença matou cerca de 8 milhões de pessoas, em

2007. O alto índice de óbito dessa doença provém de um conjunto de fatores como:

maus hábitos alimentares, exposição à luz solar, tabagismo, componentes

genéticos, etc.

A natureza complexa do câncer (ANDRIOLO, 1996) dificulta ainda mais

as estratégias farmacológicas. Principalmente, devido ao fato de que o câncer é uma

multiplicação desordenada de células do próprio organismo, que anteriormente eram

saudáveis. Isso é extremamente perigoso, pois significa que os mecanismos

bioquímicos que permitem a evolução da doença são os mesmo que permitem o

organismo sobreviver com ou sem a patologia. E, portanto, os alvos farmacológicos

da doença se confundem com estruturas próprias e essenciais do organismo

(GRIZZI et al, 2006).

A principal estratégia quimioterápica contra doença está na utilização de

fármacos que se inserem no DNA das células cancerígenas para inviabilizar o

processo de replicação celular (DERVAN, 2001). O problema é que não há diferença

aparente entre este DNA e aquele de uma célula normal, gerando um alto nível de

toxicidade. Além disso, outros fármacos visam inibir ou bloquear citocinas, proteínas

ou enzimas que são super produzidas durante a inflamação e o câncer (OLIVEIRA &

ALVES, 2002). Contudo, estes alvos são também necessários às estruturas

saudáveis do organismo, portanto, não podem ser bloqueados em sua totalidade. O

problema não é sua produção, mas sim os níveis elevados desses e os

conseqüentes efeitos fisiológicos.

Como alternativa a esta abordagem terapêutica a comunidade científica

vem explorando uma classe de fármacos conhecidos como fármacos imuno-

modulatórios (RAJE & ANDERSON, 1999). O objetivo dessa intervenção é permitir

uma modulação ou uma redução aos níveis normais das citocinas, moléculas,

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Lucas Cunha Duarte Coêlho Dissertação de Mestrado

proteínas ou enzimas que são super produzidas durante o evento tumoral. Neste

contexto, a Talidomida é considerada o composto líder da primeira geração de

fármacos imuno-modulatórios (MARRIOTT et al, 2001).

Ela ficou conhecida mundialmente quando foi utilizada na década de 60

como medicamento anti-emético e gerou um dos mais graves casos de efeitos

colaterais na história da indústria farmacêutica. As pacientes gestantes que fizeram

usos da Talidomida para o combate do enjôo matinal tiveram seus fetos com

diversas anomalias nos membros (teratogênese). Apesar dos efeitos colaterais, a

comunidade científica constatou o enorme potencial terapêutico deste fármaco ao

descobrir sua capacidade de modulação de diversas citocinas do organismo

(MARRIOTT & MULLER & DALGLEISH, 1999). Assim, aconteceu o nascimento dos

estudos dos fármacos imuno-modulatórios.

Após a descoberta da propriedade anti-angiogênica da Talidomida,

esforços foram feitos para sintetizar análogos que tivesses menos efeitos colaterais

e que fossem mais potentes (MARRIOTT et al, 2001). Diversas estratégias podem

ser utilizadas pela Química Orgânica Medicinal para tal intuito, dentre eles, o

bioisosterismo. Onde parte do princípio de que substâncias estruturalmente

relacionadas apresentam propriedades biológicas similares ou antagonistas. Neste

sentido, este trabalho abordou a síntese de análogos estruturalmente relacionados

com a Talidomida e a investigação preliminar das propriedades anti-tumorais desses

fármacos.

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Lucas Cunha Duarte Coêlho Dissertação de Mestrado

Objetivos

Geral

Sintetizar e caracterizar uma nova série de análogos da Talidomida e

avaliar sua propriedades biológicas.

Específicos

Sintetizar quatro séries (2a-c, 3a-c, 4a-c e 5a-l) de compostos

químicos, análogos ao fármaco de referência Talidomida;

Caracterizar quimicamente e elucidar estruturalmente todos os

compostos através de técnicas de Ressonância Magnética Nuclear de

Prótons (1H-RMN) e Carbono (13C-RMN), Infravermelho (IV) e Análise

Elementar;

Determinar in vitro a atividade antiproliferativa frente a linhagens de

células tumorais;

Mensurar in vitro os níveis de inibição para o TNF-α e IL-1 em

concentrações não-citotóxicas para células de mamíferos (macrófagos

e esplenócitos);

Determinar in vitro a inibição do m-RNA do TNF- α, a morte celular e a

apoptose.

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Lucas Cunha Duarte Coêlho Dissertação de Mestrado

CAPÍTULO 1

Generalidades

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1.1 O sistema imunológico

O sistema imunológico, também conhecido como sistema imunitário,

compreende todos os mecanismos pelos quais o organismo se defende de agentes

estranhos, como invasores externos (bactérias, vírus ou parasitas) ou mesmo

componentes do próprio organismo, no caso das doenças auto-imunes (JANEWAY

& MEDZHITOV, 2002). Existem dois tipos de mecanismos de defesa: o inato ou não

específico e o adptativo ou específico. O inato compreende a proteção da pele, a

acidez gástrica, as células fagocitárias ou a secreção de lágrimas. O adaptativo, por

sua vez, envolve a produção de anticorpos e a ação direcionada de células

especiais chamadas de linfócitos (MEDZHITOV, 2007).

Existem diversos tipos de linfócitos, cada um com uma função específica,

onde os linfócitos B são as únicas células que produzem anti-corpos e, portanto, são

resposáveis pela resposta imune humoral (KEHRY & HODGKIN, 1994). Os

anticorpos ligam-se a antígenos na superfície do corpo estranho (bactérias, vírus,

etc) e assim, o neutralizam. Isto pode ser de forma direta, cobrindo a superficie e

impedindo o agente estranho de se ligar aos receptores celulares ou, de forma

indireta, estimulando células fagocitárias.

Os linfócitos T são dividos em linfócitos T CD8+ e linfócitos TCD4+ (ou

também linfócitos T helper, “Th”). Os linfócitos T CD8+ são os linfócitos citotóxicos

ou também chamado de Killers (ABBAS & MURPHY & SHER, 1996). Eles têm um

tipo de receptor específico nas suas membranas que podem se ligar ao complexo de

histocompatibildade maior I (MHC I) que todas as células humanas possuem

(JONCKER & RAULET, 2008). Caso um complexo MHC I, com um peptídeo

estranho ao organismo, seja reconhecidos por uma célula T CD8+, esta última

desencadeará a morte da célular. Através de enzimas citolíticas chamadas de

porinas que induzem a apoptose da célula-alvo por desequilíbrio osmótico

(HOLTMEIER & KABELITZ, 2005).

Os linfócitos TCD4+, ou helper, são os controladores de toda a resposta

imunitária. Eles ativam ou inibem todas as outras células imunitárias através de

citocinas ou mediadores moleculares (Tabela 1) (GERLONI & ZANETTI, 2005; RUS

& CUDRICI & NICULESCU, 2005; KRISHNASWAMY & AJITAWI & CHI, 2006;

PANCER & COOPER, 2006).

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Tabela 1: Principais funções de algumas citocinas.

Citocina Função

IL-1

Estimula os linfócitos, induz a inflamação em geral e promove a

liberação da prostaglandia E2 no cérebro produzindo febre, tremores,

calafrios e mal-estar.

IL-2 Estimula a multiplicação dos linfócitos T e B.

IL-3 Estimula o crescimento e a secreção de histamina.

IL-4 Estimula multiplicação dos linfócitos B; produção de anticorpos e

resposta do tipo Th2.

IL-5 Estimula multiplicação e diferenciação de linfócitos B; produção de IgA

e IgE, alergias.

IL-6 Estimula a secreção de anticorpos.

IL-7 Induz a diferenciação em células B e T progenitoras.

IL-8 Induz a adesão ao endotélio vascular e o extravazamento aos tecidos.

IFN-α

Ativa as células em estado de "alerta viral". Diminuindo a produção de

proteínas, aumentando as enzimas antivirais e aumentando a

apresentação de péptidos internos nos MHC I aos linfócitos. Além de

estimular os linfócitos NK e T8.

INF-β Ativa os macrófagos, tornando-os mais eficientes e agressivos;

promove a inflamação e estimula a resposta Th1, inibindo a Th2.

TNF-α Induz a secreção de citocinas e é responsável pela perda extensiva de

peso associada com inflamação crônica. Estimula as células Th2.

TNF-β Ativa os fagócitos. Estimula a resposta citotoxica (Th1).

Fonte: GERLONI, M. & ZANETTI, M., 2005; RUS, H. & CUDRICI, C. & NICULESCU, F., 2005; KRISHNASWAMY, G. & AJITAWI, O. & CHI, D. S., 2006; PANCER, Z. & COOPER, M. D., 2006.

Há basicamente dois tipos de células T4 helper, correspondendo a dois

tipos de resposta. Não se sabe exatamente o que desencadeia um tipo ou o outro. A

resposta Th1 caracteriza-se por produção de citocinas como interleucina 2 (IL-2),

interferon gama (IFN-γ) e fator de necrote tumoral beta (TNF-β). Onde há ativação

dos macrófagos, da fagocitose e dos mecanismos citotóxicos (linfócitos T CD8+),

levando a extensa destruição das zonas infectadas, sendo eficaz na eliminação dos

patogénos intracelulares (vírus e bactérias). Na resposta Th2 há secreção de IL-4 e

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IL-5. Caracterizando-se pelo estímulo da produção de anticorpos pelos linfócitos B.

É eficaz contra organismos que circulam no sangue, como bactérias extracelulares e

parasitas.

1.2 A Inflamação

A inflamação tem sido intensamente investigada desde o início da era

cristã, quando Celsus (30 a.C.-36 d.C.) definiu os quatro sinais principais ou

cardeais da inflamação (rubor, tumor, calor e dor): “Signa inflammationis quatuor

sunt: rubor et tumor, cum calor et dolor”. A estes sinais, Galeno, médico da

antigüidade e Virchow no século XIX, acrescentaram um quinto sinal, a perda de

função (functio lesae) da parte afetada.

De um modo geral, em resposta a um estímulo lesivo (físico, químico ou

biológico), o organismo animal reage com a liberação, ativação ou síntese de

substâncias conhecidas como mediadores químicos ou farmacológicos da

inflamação. Estes determinam uma série de alterações locais, que se manifestam

inicialmente por dilatação de vasos da micro-circulação, aumento do fluxo sangüíneo

e da permeabilidade vascular, com extravasamento de líquido plasmático e

formação de edema, diapedese de células para o meio extravascular, fagocitose,

aumento da viscosidade do sangue e diminuição do fluxo sangüíneo, podendo

ocorrer até uma estase.

Assim, o processo inicial agudo, se manifesta localmente de forma

padronizada ou estereotipada, qualquer que seja a natureza do estímulo lesivo.

Deve-se, no entanto, levar em consideração que se trata de um processo único e

que estes fatores estão intimamente relacionados, sendo a natureza do estímulo que

originou a inflamação, o determinante do curso de sua evolução (agudo ou crônico).

Bem como o tipo de exsudato inflamatório agudo: purulento, hemorrágico, fibrinoso,

mucoso, seroso ou misto.

Muito embora a reação inflamatória se manifeste localmente, ela envolve

o organismo como um todo, com a participação dos sistemas nervoso e endócrino

na regulação do processo e o aparecimento de manifestações gerais, dentre outras

a febre, leucocitose, taquicardia, fibrinólise e alterações na bioquímica do sangue.

Muitos estímulos nocivos são de duração mais longa e a injúria tissular poderá

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continuar além do período necessário para o desenvolvimento completo dos

estágios iniciais do processo inflamatório. Dessa forma, a inflamação é dividida nos

padrões agudo e crônico, segundo a idade, duração ou tempo de evolução do

processo.

A inflamação aguda é de curta duração, de alguns minutos ou horas ou

um a dois dias, dependendo do estímulo causal, e suas principais características

são: a exsudação de fluidos e proteínas do plasma e emigração de leucócitos,

predominantemente neutrófilos. Já a inflamação crônica é menos uniforme. De

duração mais longa, é associada histologicamente com a presença de linfócitos e

macrófagos e com a proliferação de vasos sangüíneos (neoangiogênese) e do

tecido conjuntivo (fibroplasia).

Sob a maioria dos pontos de vista, o processo inflamatório pode ser

encarado como um mecanismo de defesa do organismo e, como tal, atua destruindo

agente agressor, além de abrir caminho para os processos de reparação do tecido

afetado. Entretanto, a inflamação pode ser potencialmente danosa, uma vez que sua

manifestação pode lesar o próprio organismo.

1.3 A conexão entre a inflamação e o câncer

A inflamação crônica tem sido sugerida como um fator comum na

susceptibilidade de muitas doenças crônicas, incluindo a asma, doença de

Alzheimer, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e câncer (VALKO et

al., 2007). De forma geral a inflamação é uma resposta benéfica que normalmente

finaliza-se com restauração da função e da estrutura do tecido. Contudo, quando a

inflamação persiste, pode ocorrer a dano tecidual e perda de função caracterizando

a inflamação crônica. Esta pode ocorrer devido a uma infecção ou antígeno

persistente, injúria tecidual recorrente ou uma falha do sistema antiinflamatório

endógeno.

A literatura tem evidenciado que a carcinogênese está ligada a inflamação

persistente ou crônica (BALKWILL & MANTOVANI, 2001). Esta correlação é devida

ao fato de que há freqüente presença de citocinas pró-inflamatórias no tecido

tumoral, embora em níveis relativamente baixos, e invariavelmente há infiltração

deste tecido por células inflamatórias, sendo os macrófagos os mais notáveis

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(BALKWILL & MANTOVANI, 2001; BINGLE & BROWN & LEWIS, 2002). Estudos

comprovaram esta evidência quando a inibição de tumores em ratos foi obtida pelo

bloqueio da expressão de mediadores da inflamação e infiltração de células

inflamatórias (BALKWILL & MANTOVANI, 2001).

Vale ainda relembrar que o sistema imune é responsável por reconhecer

e eliminar células estranhas ao organismo e, portanto, atua como uma defesa contra

o câncer. Apesar da evidência de que em ratos, células imune e algumas citocinas

inibem a progressão do câncer, essa atividade é parcialmente suprimida no

microambiente tumoral (ZITVOGEL & TESNIERE & KROEMER, 2006). Embora o

mecanismo preciso desta ação não seja claro, como o microambiente tumoral é

profundamente imunossupressor, a inibição destes mecanismos antiinflamatórios

pode prevenir a progressão do tumor e aumentar a eficácia das terapias anti-câncer.

1.4 Mecanismos pelos quais a inflamação leva ao câncer

A figura 1 mostra a cadeia de eventos da resposta inflamatória que leva a

ativação de células da inflamação.

Figura 1: Cadeia de eventos que levam a mutação.

Fonte: NATHAN, 2006.

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A resposta inflamatória promove a liberação de vários fatores endógenos,

incluindo espécies reativas de oxigênio (ERO) e espécies reativas de nitrogênio

(ERN) (NATHAN, 2002). Estas moléculas são radicais livres ou oxidantes poderosos

e, como tais, não diferenciam as estruturas do hospedeiro e as estranhas,

promovendo com freqüência o dano tecidual (NATHAN, 2006). É importante

destacar que a formação de espécies reativas (ER) é um mecanismo de defesa do

hospedeiro. Desde 1980, DORMANDY sugeriu que alguns produtos secundários de

radicais livres deveriam ajudar a regular a reposta local e sistêmica do organismo

contra injúrias. No caso de infecções em organismos vivos, esses processos

freqüentemente levam ao efeito desejado, que é a eliminação do patógeno, seguida

da resolução e da fase de reparo tecidual. Contudo, este ponto final nem sempre é

alcançado. Um dos fatores da susceptibilidade das doenças crônicas é justamente a

presença de níveis elevados de ER, em condições de inflamação crônica, que levam

a um intenso stress oxidativo e acumulação de danos oxidativos em tecidos.

Os estudos pioneiros de BANNING & O’FARREL & GOODERHAM (1993)

mostram que o carcinógeno dietético, 2-amino-3,8-dimetilimidazo[4,5-f]quinoxalina

foi metabolicamente ativado em células inflamatórias da cavidade pleural de ratos.

Essa ativação foi reduzida por vários antioxidantes e/ou pela inibição da atividade da

mieloperoxidase. Esses dados sugerem que fagócitos necessitam ser estimulados

para liberar ERO, para que estes promovam a ativação metabólica.

Em 2003, OSHIMA & TATEMICHI & SAWA resumiram os dados

disponíveis para sugerir que a inflamação estimula uma variedade de células

inflamatórias, as quais, por sua vez, ativam um expressivo número de enzimas

oxidantes. Exemplos destas enzimas oxidantes são: NADPH oxidase, óxido nítrico

sintase induzível, mieloperoxidase e peroxidase de eosinófilos. Uma gama

diversificada de radicais livres e oxidantes são então produzidos por estes sistemas.

Pode-se citar o óxido nítrico, dióxido de nitrogênio, peróxido de hidrogênio, ácido

hipocloroso e ácido hipobromoso. Estes compostos têm potenciais não somente

mutagênicos, como também são capazes de reagir entre si para gerar outras ER

ainda mais potentes.

Existe também evidência que algumas ER induzem mutação

indiretamente. CHIEN & BAU & JAN (2004) demonstraram que o NO inibe o reparo

por excisão de nucleotídeos. Eles usaram inibidores da síntese de DNA para

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acumular fitas quebradas de DNA em fibroblastos humanos. Assim conseguiram

demonstrar que NO e peroxinitrito inibiam a excisão de intercalantes de DNA em

células danificadas por radiação ultra violeta (UVC), quinolinas, cisplatina ou

mitomicina C.

SATO et al (2006) testaram a relação entre a inflamação crônica e a

mutagênese, usando camundongos deficientes de interleucina 10 (IL-10) como

modelo para uma doença inflamatória crônica. Na presença de uma bactéria do

cólon (MADSEN, 1999), os camundongos deficientes quanto à produção da IL-10

espontaneamente desenvolveram inflamação intestinal. Ao comparar o grupo não

produtor de IL-10 com o saudável, este último apresentou uma freqüência cinco

vezes maior de mutação no cólon.

YAN & PENG & LI (2009) descobriram que ERO geradas por TNF-α

causam danos no DNA semelhantes aqueles causados pela radiação ionizante.

Culturas de células tratadas com TNF-α mostraram aumentos das mutações

genéticas, amplificação de gene, formação de micronúcleos e instabilidade

cromossômica. O TNF-α induziu a formação de ERO, danos cromossômicos em

tecidos de camundongos in vivo e também elevaram a taxa de transformação de

embriofibroblastos de camundongos em células malignas.

GÜNGÖR et al (2009) investigaram o maior oxidante neutrofílico, o ácido

hipocloroso (HOCl), também conhecido por ser formado através da mieloperoxidase

(MPO) e pela capacidade de induzir dano no DNA e mutagênese em células de

pulmão. Eles observaram níveis aumentados de sua inserção no DNA de ratos que

receberam por via intratecal o lipopolissacarídeo (LPS). A diminuição de neutrófilos

circulantes reduziram significantemente a formação das inserções indicando uma

ligação entre neutrófilos, HOCl e genotoxicidade pulmonar.

1.5 O câncer

Câncer, neoplasia ou tumor maligno são designações gerais para um

vasto grupo de doenças que podem afetar qualquer parte do corpo. Uma

característica determinante do câncer é a multiplicação rápida de células anormais

que crescem além de seus limites usuais. Estas células podem então invadir partes

adjacentes do corpo e se espalhar para outros órgãos. Este é o processo designado

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como metástase, sendo a principal causa da morte por câncer (GILMAN &

GOODMAN, 2009).

O câncer se origina de uma única célula. A transformação de uma célula

normal em uma célula tumoral é um processo de múltiplas etapas. Essas mudanças

são resultados de interações entre fatores genéticos e três categorias de agentes

externos (físicos, químicos e biológicos) (GILMAN & GOODMAN, 2009). São

conhecidos mais de cem tipos de câncer, diferenciados pela etiologia, processo de

evolução e forma de tratamento e, por isso, o câncer não pode mais ser considerado

como uma única patologia (OMS, 2010).

Figura 2: Número de óbitos por câncer ao ano.

Fonte: Organização Mundial da Saúde, 2010.

O câncer é uma das causas líderes de morte no mundo e matou cerca de

8 milhões de pessoas, o que corresponde a 13% de todas as mortes no mundo

(OMS, 2007). Sendo que destas, mais de 72% ocorreram em países pobres e em

desenvolvimento. E como agravante da situação, as mortes por câncer no mundo

tem projeção de crescer, com uma estimativa de 12 milhões de morte em 2030.

Contudo, o câncer pode ser reduzido e controlado através da implantação de

estratégias de prevenção, do diagnóstico precoce, evitando-se fatores de risco e

tratando-se os pacientes que já apresentam câncer.

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Para se ter uma visão mais clara, cerca de um terço dos casos de câncer

poderiam ser reduzidos se fossem detectados e tratados precocemente (OMS,

2007). Isto é devido ao fato de que o tratamento é mais eficiente quando o câncer é

localizado, ou seja, antes da metástase. Além disso, mais dos 30% dos cânceres

poderiam ser prevenidos pela modificação ou redução a exposição a fatores de risco

como: tabaco, sobrepeso, inatividade física, má alimentação e luz solar. Além disso,

existem estratégias quimioterápicas que visão curar, prolongar e/ou melhorar a

qualidade de vida dos pacientes. Muitos cânceres, como de cólon e mama, possuem

taxa elevadas de curas quando tratados nos estágios iniciais. Todavia, muitos outros

possuem elevadas taxas de mortalidade, e a grande maioria necessita de novos

medicamentos com perfis terapêuticos que apresentem maior eficácia e menor

toxicidade para os humanos.

Nos últimos cinqüenta anos, a pesquisa de novos fármacos anticâncer

introduziu na terapêutica cerca de 70 medicamentos. Entre 1955 e 1975, a triagem

foi realizada somente através de modelos experimentais de leucemias murinas

(L1210 e P388). Após 1975, a triagem passou a ser realizada em dois estágios. No

primeiro estágio, os fármacos eram selecionados através de modelo de leucemia

murina (P388) e no segundo passavam por modelos utilizando animais

imunodeficientes, com implante de células tumorais humanas. Nessa segunda etapa

eram utilizadas de quatro a oito linhagens humanas. Durante esse período (1955 –

1985) foram avaliadas cerca de 600 mil substâncias que resultaram na maioria dos

medicamentos que hoje são utilizados na quimioterapia anticâncer (BOYD, 1986;

MANN, 2002; HOLBECK, 2004). A análise dos resultados obtidos, pelos métodos de

triagem utilizados até 1985, revela que as maiorias dos medicamentos

desenvolvidos são úteis em tumores de crescimento rápido, como as leucemias e

linfomas. Evidenciando o sucesso da quimioterapia quando os tumores pertencem

ao sistema hematopoiético, enquanto que para os tumores sólidos as alternativas

são muito escassas.

Diante desta realidade, é evidente que pesquisas cientificas, tanto na

fisiologia celular como na inovação terapêutica de protótipos a fármacos frente ao

câncer, é uma necessidade inquestionável. E pelo contexto supracitado, da

interação entre o processo inflamatório e a carcinogênese, o desenho dos fármacos

ideais contra o câncer pode ser baseado num perfil imunomodulatório.

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1.6 A Talidomida

A [(±)2-(2,6-dioxo-3-piperidinil)-1H-isoindol-1,3-(2H)-diona ou (±)-

ftalimidoglutarimida, conhecida como Talidomida (Figura 3) é um derivado sintético

do ácido glutâmico que foi primeiramente sintetizada em 1953 pela indústria

farmacêutica Suíça CIBA. Porém, esta indústria abandonou as pesquisas devido à

aparente falta de efeitos farmacológicos.

N

O

O

NH

O

O

Talidomida

Figura 3. Estrutura Química da Talidomida.

Em 1954, a Talidomida foi sintetizada pela indústria farmacêutica Alemã

CHEMIE GRUNENTHAL, cujo objetivo inicial era a preparação de pequenos

peptídeos úteis na produção de novos antibióticos. Entretanto, durante esta rota

sintética, Wilhelm Kunz, pesquisador da empresa, isolou um produto secundário,

racêmico, não peptídico, que foi reconhecido pelo farmacologista da indústria,

Herbert Keller. Ainda em 1954, a CHEMIE GRUNENTHAL comercializou a

Talidomida como anticonvulsivante para o tratamento da epilepsia (RENDALL, 1990;

OCHONISKY & REVUZ, 1994). Contudo, revelou-se que a Talidomida era ineficiente

para este propósito. Em vez disso, foi descoberta a capacidade de causar sono

profundo com ação rápida, sem ressaca, o que fez com que a Talidomida fosse re-

colocada no mercado como hipnótica/sedativa em 1956. Devido à aparente ausência

de toxicidade em voluntários humanos, levou-se a sua comercialização como o mais

seguro sedativo do seu tempo, além de ser lançada para prevenir as constantes

náuseas em mulheres grávidas.

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Rapidamente, a Talidomida tornou-se popular e ao final da década de 50,

14 companhias farmacêuticas estavam vendendo o medicamento em mais de 40

países, exceto nos Estados Unidos, pois as diferentes especialidades farmacêuticas,

Kavadon®, Sedalis®, Softenon®, Distaral®, Contergan®, entre outras, não

obtiveram licença do Food and Drug Administration (FDA) que atrasou o processo

de aprovação (KELSEY, 1988). No início de 1961, a Talidomida foi abruptamente

retirada do mercado depois que dois clínicos, William McBride na Austrália e

Widukind Lenz na Alemanha, relataram independentemente o uso da Talidomida

associado com defeitos congênitos graves, como focomegalia, em fetos e bebês

(LENZ et al, 1962; MC BRIDE et al, 1961; LENZ, 1988). Isto rendeu à oficial médica

americana Frances Kelsey, responsável pelas decisões à frente do FDA, a medalha

e título de guardiã da Saúde Pública concedida pelo, então, presidente John

Kennedy, em reconhecimento aos serviços prestados. Infelizmente, essa retirada do

mercado foi tarde para prevenir o nascimento de 8.000 a 12.000 bebês com graves

deformidades de desenvolvimento, chamados de bebês Talidomidas.

Quatro anos mais tarde, em 1965, o médico israelita Jacob Sheskin

prescreveu a Talidomida como sedativo para pacientes leprosos, observando

fortuitamente acentuada redução da dor e do processo inflamatório associado ao

leproma (SHESKIN, 1965). Este perfil antiinflamatório intrigante, até então

desconhecido, incentivou diversos grupos de pesquisas ao estudo do provável

mecanismo de ação. Em 1991, Gilla Kaplan et al, da Universidade de Rockefeller,

Nova York, em um trabalho pioneiro, demonstraram que pacientes leprosos

apresentavam níveis sanguíneos aumentados de um modulador do sistema

imunológico, uma citocina denominada fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). Estes

autores também observaram que a Talidomida era dotada de uma inibição seletiva

frente a esta citocina, quando expressa em quantidade superior àquela necessária à

manutenção do sistema imunológico normal. Denotando-se, portanto, o potencial

imunorregulador da Talidomida. As pesquisas iniciais da Talidomida no tratamento

da lepra continuaram e ela foi formalmente aprovada em 1998 pela FDA para o

tratamento de manifestações cutâneas do eritema nodoso Hansênico (uma

complicação da lepra).

Desde então, a Talidomida despertou interesse de diversos grupos de

pesquisa e inúmeras propriedades farmacológicas atraentes têm sido descritas

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desde então. As doenças para a qual a Talidomida tem potencial terapêutico são:

artrite reumatóide (RAJE & ANDERSON, 1999), fotodermatite (MORAES & RUSSO,

2001), síndrome de Behcet (MORAES & RUSSO, 2001), lúpus eritematoso

(SINGHAL & MEHTA, 2001), doenças parasitárias (ALLEN, 2001), malária

(ADLARD, 2000), tuberculose (THOMAS & KANTARIJAN, 2000), doença de Crohn

(PEUCKMANN & FISCH & BRUERA, 2000), diabetes (CALABRESE & FLEISCHER,

2000) e a síndrome da imunodeficiência adquirida (SINGHAL & MEHTA, 2001).

Neste contexto, de especial destaque estão às propriedades anticâncer da

Talidomida, tais como no câncer de colo, de pulmão, mieloma múltiplo, tumor de

próstata, sídrome mielodisplásica e glioblastoma (DAVIES et al., 2001; MORAES &

RUSSO, 2001).

Como resultado, a Talidomida é uma opção terapêutica para uma gama

diversa de aplicações clínicas. Conseqüentemente, é um fármaco lucrativo, com

vendas que ascendem mais de US$ 200 milhões por ano nos Estados Unidos. A

Talidomida é agora comercializada como THALOMIDTM pela indústria farmacêutica

norte-americana Celgene. Embora, o potencial farmacológico da Talidomida seja

imenso, as bases moleculares para algumas das suas propriedades terapêuticas

não são conhecidas. Os efeitos farmacológicos benéficos da Talidomida incluem:

atividade anti-caquexia (é a maior causa de morte por câncer), anti-tumoral, anti-

angiogênica, anti-metástese, anti-viral e efeito hipoglicêmico.

A Talidomida tem sido descrita como um regulador da produção de

citocinas, tais como o fator de necrose tumoral α (TNF-α), interleucinas (ILs) 2, 4, 5,

6, 10 e 12 e interferon-γ (INF- γ). De uma maneira geral, a modulação dessas

citocinas afeta a função de células T, onde a Talidomida potencialmente ativa as

células T CD8+ e aumenta a população de células T-help 2 (Th-2) no balanço

Th1/Th2 (ROMAGNAMI, 2006). Embora a Talidomida afete a produção de várias

citocinas como mencionadas acima, a hipótese predominante é de que todos os

efeitos benéficos da Talidomida são resultados da regulação final na liberação de

TNF-α. De uma maneira geral, a modulação dos níveis elevados deste resulta em

efeitos benéficos tanto na inflamação como na progressão do câncer (GERSHON,

1995; KAPLAN, 1994; BLACK & BIRDE & MOHLER, 1997).

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1.7 Talidomida – aspectos sintéticos

A metodologia sintética empregada na obtenção da (R,S)-Talidomida (1)

envolve duas etapas (Figura 4). Na primeira, ocorre a condensação do (R,S) ácido

glutâmico com anidrido ftálico (2), seguida da etapa chave da estratégia sintética,

que consiste na condensação do intermediário ftalimídico (3) com borbulhamento de

amônia gasosa em tolueno ou hidróxido de amônio, em temperatura elevada.

(3) (2)

NH3/

O

O

O

CO2H

CO2H

HO2C CO2H

NH2

O

O

O

Talidomida (1)

N

O

O

NH

O

O

Rendimento de 93%

Figura 4. Esquema geral da síntese da Talidomida.

Fonte: Donnison, G. H.; U. S. Patent, 1959, 2,876,225

Trabalhos visando avaliar o metabolismo da Talidomida (1) foram

desenvolvidos e permitiram verificar a instabilidade deste fármaco, em diferentes

valores de pH. Por exemplo, os principais metabólitos, a-(orto-carboxi-

benzamido)glutarimida (4) e (5), foram observados da hidrólise espontânea do anel

glutarimídico em pH 6.0 (SCHUMACHER & SMITH & WILLIAMS, 1965). Entretanto,

em pH fisiológico (pH=7.4) a Talidomida sofre cerca de 28% de metabolização na

primeira hora de ensaio. Neste caso, os principais metabólitos formados são

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identificados como produtos de hidrólise do anel ftalimídico e glutarimídico,

originando majoritariamente os compostos (6) e (7) (Figura 5) (SCHUMACHER &

SMITH & WILLIAMS, 1965). Por fim, sua taxa de metabolização pode chegar ca de

66% na primeira hora, em pH 8.0 (SCHUMACHER & SMITH & WILLIAMS, 1965).

Tornado-se evidente que o metabolismo in vivo ) dependente do pH da biofase.

Talidomida (1)

N

O

O

NH

O

O

N

O

O

CO2H

CONH2

N

O

O

CONH2

CO2H

(5)

(7)

(4)

(6)

CO2H

NH

O CONH2

CO2H

CO2H

NH

O CO2H

CONH2

pH = 6.0 pH = 6.0

pH = 7.4pH = 8.0

pH = 7.4pH = 8.0

Figura 5. Principais produtos do metabolismo in vivo da Talidomida.

Fonte: SCHUMACHER & SMITH & WILLIAMS, 1965.

A Talidomida possui um carbono assimétrico e, portanto, é possível a

obtenção de dois isômeros. Os efeitos teratogênicos provocados pela (±)-Talidomida

promoveram um intenso debate sobre o risco da administração de um fármaco em

sua forma racêmica. Estudos posteriores efetuaram a separação e administração

das espécies enantiomericamente puras, (R) e (S)-(1). Demonstrou-se que o efeito

teratogênico da Talidomida era proveniente do emprego do enantiômero de

configuração absoluta (S) (WNENDT & ZWINGENBERGER, 1997).

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No entanto, há apenas um único trabalho Blaschke et al, 1979 que

sustenta esta hipótese experimentalmente. Neste trabalho, utilizou-se um modelo

com ratos, e demonstrou-se que somente a isoforma S era teratogênica. No entanto,

outros pesquisadores, (FABRO & SMITH & WILLIAMS, 1967) usando coelhos

albinos mais responsivos, não observaram qualquer diferença de teratogenicidade

entre os enantiômeros. Além disso, a atividade da Talidomida como inibidor da

produção de TNF- foi identificada como sendo estéreo-seletiva, tendo-se o

enantiômero de configuração absoluta (S) como espécie farmacoativa (WNENDT &

ZWINGENBERGER, 1997; ERIKSSON et al, 1995). Além do mais, a literatura

demonstra a rápida racemização da Talidomida em plasma humano, in vivo, após

administração por via oral das espécies enantiomericamente puras (WNENDT &

ZWINGENBERGER, 1997; ERIKSSON et al, 1995). Desta maneira a administração

da Talidomida em sua forma enantiomericamente pura não evita a atividade

teratogênica.

1.8 Importantes Alvos Biológicos da Talidomida

O aumento da expectativa de vida é um fato típico nos países avançados

e isso se deu principalmente pelo descobrimento e uso difundido dos antibióticos a

partir da década de 50. Neste período houve um decréscimo de doenças infecciosas

e um aumento significativo das taxas de mortalidade por câncer. Ocorrendo a

evolução de um processo infeccioso e agudo para um não-infeccioso e crônico

(HASHIMOTO, 2002).

Modificadores da resposta biológica, os quais não são baseados na

toxicidade a alvos específicos e, sim, na modulação destes podem fornecer um meio

para enfrentar este novo desafio. Neste sentido, as moléculas estruturalmente

relacionadas com a Talidomida são uma abordagem promissora. Os efeitos

farmacológicos benéficos da Talidomida incluem a atividade anti-cachexia (“anti-

perda de peso”), atividade anti-tumoral, atividade anti-angiogênica, anti-metástese,

atividade anti-viral e efeito hipoglicêmico. A Talidomida tem sido relatada como

reguladora da produção de diversas citocinas, incluindo o fator de necrose tumoral-

α (TNF- α), as interleucinas 1, 2, 4, 5, 6, 10 e 12 (IL-1 a IL-12) e interferon γ (IFN- γ)

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(ROMAGNAMI, 2006). A regulação dessas citocinas afeta a função e a população

de células T, onde a Talidomida potencialmente ativa as células T CD8+ e aumenta a

população de células Th2 no balanço Th1/Th2.

1.8.1 Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-α)

TNF-α é um membro da família TNF de ligantes e receptores, os quais

são produzidos mediante a defesa do hospedeiro e a regulação imune (Figura 6). É

classificado como uma citocina inflamatória sendo produzido principalmente por

macrófagos e células T, mas também por outros tipos celulares incluindo adipócitos

e fibroblastos (HASHIMOTO, 1998). Ele é trimérico e não possui ação enzimática.

Figura 6. Visão geral da estrutura protéica do TNF-. Fonte: Protein Data Bank Identification (PDB ID): 1TNF.

Como o TNF é conhecido por ser um dos principais fatores que induzem

cachexia e angiogênese, as atividades anti-cachexia e anti-angiogênese

demonstradas pela Talidomida são atribuídas à atividade regulatória da produção do

TNF (STEPHENS & LEE & PILCH, 1997). O TNF-α por si mesmo ainda é um

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excelente agente antitumoral porque exibe uma potente citotoxicidade seletiva

contra diversas células tumorais, contudo passível de efeitos colaterais,

principalmente quando ocorre super produção (HASHIMOTO, 1998).

Portanto, pode se considerar que TNF-α apresenta efeitos benéficos e

maléficos. Estes efeitos indicam que em alguns casos indutores da produção de

TNF-α e inibidores em outros, seriam úteis em estratégias de combate às doenças

relacionadas ao TNF-α. Nesta linha de raciocínio fármacos classificados como

imunomoduladores os quais podem atuar tanto na indução como na inibição da

produção desta citocina constituem as moléculas ideais.

Citocinas, agentes infecciosos, injúrias, condições de estresse bioquímico

e o próprio TNF- α possuem suas respostas celulares mediadas através do fator de

transcrição Nuclear Kappa Beta (NFκB). NFκB é uma denominação genérica de

uma grande família de fatores de transcrição que regula a expressão de inúmeros

genes envolvidos nas respostas imune, inflamatória e na sobrevivência, proliferação

e diferenciação de células. A regulação inapropriada da cascata de sinalização do

NF-κB está relacionada com a inflamação crônica, doenças auto-imunes, algumas

desordens hereditárias e muitos cânceres. Por esta razão, a cadeia de

sinalização celular que envolve o NF-κB é um importante alvo de muitas pesquisas

atuais entre as companhias farmacêuticas para a terapia anti-cancer (ESCÁRCEGA

et al., 2007).

O típico complexo NF-κB corresponde a um hetero-dímero composto das

subunidades p65 e p50 (Figura 7). Este é mantido inativo no citoplasma pela

conjugação com um dos membros da família de proteínas conhecida como IκB,

normalmente o IκBα.

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Figura 7: Visal geral do complexo IκBα-NFκB.

Fonte: Protein Data Bank Identification (PDB ID): 1IKN.

Com a estimulação, por exemplo, do TNF ou IL-1 ou de

lipopolissacarídeos (LPS), diferentes cascatas de sinalização nas células-alvo são

ativadas, entre elas a que resulta na ativação de uma proteína quinase, conhecida

como IκB quinase (IKK). A IkB quinase é constituída de duas subunidades catalíticas

(IKKα e IKKβ) e uma subunidade regulatória constituída de diversas proteínas

(IKKg/NEMO/IKKAP1/FIP3 ). Na figura 8, observa-se que a ativação do complexo

IKK (A), faz com que a sua sub-unidade IKKβ fosforile (B) a protéina IκBα

(BROCKMAN et al., 1995). Ocorre então a dissociação do complexo IκBα-NFκB (C),

onde a IκBα é degradada pelo sistema proteossômico da célula. O NF-κB, agora

livre no citosol, se desloca ao núcleo celular onde se liga ao DNA e induz o processo

de transcrição (D) de seqüências específicas do DNA.

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Figura 8: Resumo da cascata de sinalização mediada pelo TNF-α.

Fonte: Adpatada de R. Beyaert et al, 2008.

Desta maneira são produzidas as proteínas responsáveis pela resposta

celular induzida inicialmente pelo estímulo efetor, seja o TNF, IL-1 ou outro. Vale

destacar ainda que a própria produção da citocina TNF-α é mediada pela cascata de

sinalização do NFκB, portanto é um alvo interessante para modulação da produção

desta citocina. Como nos processos inflamatórios crônicos e nos cânceres as

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respostas celulares de citocinas estão exarcebadas devido à super produção de

citocinas e/ou proteínas, a inibição da IKK apresenta-se como uma estratégia

promissora para o bloqueio da cascata do NFκB. Com a inibição do IKK haveria um

impedimento da proliferação das células tumorais, levando a morte ou tornado-as

mais sensíveis a ação de agentes anti-tumorais. A IKK mostra-se como uma

estratégica proteína para estudos de docking no planejamento de novos potenciais

fármacos imuno-moduladores.

1.8.2 Interleucina 1 (IL-1)

A Interleucina 1 é um citocina pró-inflamatória, a qual induz resposta local

e sistêmica a infecções. Ela induz a expressão de moléculas de adesão nas células

endoteliais. Junto com outras quimiocinas, ela estimula a infiltração de células

inflamatórias e imumo-competentes (DINARELLO, 2009). Além de causar febre,

vasodilatação, hipotensão e aumento da sensibilidade a dor. Baseado nessas

atividades, ela funciona como um mediador central em várias doenças inflamatórias

agudas e crônicas, representando um potencial alvo para a intervenção terapêutica.

O envolvimento da IL-1 na patogênese dessas doenças tem sido relatado

pela literatura, em particular, como um ator líder em doenças recentemente

denominadas de auto-inflamatórias (GOLDBACH-MANSKY & KASTNER, 2009).

Existem dois tipos de IL-1, a IL-1α e a IL-1β (Figura 9). Em muitos estudos, suas

atividades biológicas são indistinguíveis. IL-1 afeta quase todos os tipos de células,

geralmente em combinação com outra citocina pró-inflamatória, por exemplo, TNF-α.

Embora a IL-1 possa regular a defesa do hospedeiro e funcionar como um imuno-

adjuvante, ela é uma citocina altamente inflamatória. A margem entre os efeitos

clínicos benéficos e a toxicidade inaceitável em humanos é excessivamente estreita.

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Figura 9: Visão geral da IL-1α (a esquerda) e a IL-1β (a direita).

Fonte: Protein Data Bank Identification (PDB ID): 2KKI e 9ILB.

De maneira contrária, agentes que reduzem a produção e/ou a atividade

da IL-1 possuem um importante papel na medicina clínica. A síntese, o

processamento, a secreção e a atividade da IL-1, particularmente a IL-1β, são

eventos estritamente regulados.

1.8.3 Óxido Nítrico (NO)

O NO quando sintetizado em grandes quantidades a partir do aminoácido

L-arginina pela enzima Oxido Nítrico Sintase Induzível (iNOS), tem atuado como um

potente efetor citotóxico na defesa imune (LIEW & COX, 1991; WEI et al, 1995;

MACMICKING et al, 1997; KRÀNCKE et al, 1991). A iNOS é expressa no tecido

inflamado e a correlação entre a expressão desta enzima com a atividade

inflamatória tem sido descrita pela literatura (APPELTON & TOMLINSON &

WILLOUGHBY, 1996; FARRELL & BLAKE, 1996; KOLB et al, 1996). Em muitos

casos doenças auto-imunes em animais são suprimidas pela administração de

inibidores de iNOS, tais como N-metil-L-arginina.

O dano causado a células por NO liberado de macrófagos ativados ou

células endoteliais foi confirmado in vitro (KOLB-BACHOFEN et al., 1993; STEINER

et al, 1997). Além disso, tanto a necrose como a apoptose podem ser ativadas por

altas doses de NO (KRÀNCKE & FEHSEL & KOLB-BACHOFEN, 1997). Altas

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concentrações de NO também inibem a proliferação de linfócitos (ALBINA &

HENRY, 1991; FU & BLANKENHORN, 1992).

Estes estudos mostram que o NO impediria a função mitocondrial e a

síntese de DNA em células T, desse modo suprimindo a proliferação celular.

Entretanto, esta inibição é específica para as células T helper 1(Th1), enquanto que

a função das células helper 2 (Th2) parece não ser afetada (ALBINA & HENRY,

1991). Isso é corroborado com a observação da concomitante supressão da

Interleucinna 2 (IL-2) e do Interferon γ (IFN-γ). Ocorre que a exposição ao NO

suprime a expressão gênica no nível da transcrição (BERENDJI & KRÀNCKE &

KOLB-BACHOFEN, 1997). Conseqüentemente, NO modula o balanço Th1/Th2

favorecendo a resposta via Th2. Em humanos, o NO não parece interferir na função

das células Th1, mas aumenta a atividade Th2 através do up regulation da produção

de IL-4. A expressão de iNOS ocorre, principalmente, durante a resposta do tipo Th1

e por isso o NO pode atuar para limitar a extensão do dano local na resposta imune

(BARNES & LIEW, 1995).

Embora numerosos trabalhos relatem o NO como um importante efetor

citotóxico, a inibição enzimática da iNOS e conseqüentemente do NO pode até

mesmo exarcebar a dano tecidual, o que leva a conclusão de que o NO atua mais

como um imunoregulador do que simplesmente uma molécula efetora.

1.9 Planejamento de fármacos via bioisosterismo

Em 1919, Langmuir estudando o comportamento químico e reatividade de

determinadas substâncias possuindo átomos ou grupos com o mesmo número de

elétrons de valência, isoelétricos, criou o conceito de isoesterismo (BURGER, 1991).

Ele definiu que isosteres eram átomos ou moléculas orgânicas ou inorgânicas as

quais possuíam o mesmo número e/ou arranjo de elétrons (Figura 10).

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O-2 x F- x Ne x Na+ x Mg+2

N=N x C=O

CO2 x NO2

. .

.

Figura 10: Moléculas com mesmo número de elétrons na última camada.

Fonte: BURGER, 1991

Em 1932, ERLENMEYER & LEO propuseram uma adição no conceito de

isostesrismo, definindo isosteres como elementos, moléculas ou íons os quais

apresentavam o mesmo número de elétrons no nível de valência. Este conceito

permitiu a inclusão da proposição de que elementos da mesma coluna da Tabela

Periódica são isosteres entre si e a criação do conceito de anéis eletronicamente

equivalentes.

FRIEDMAN (1951) utilizou o termo isosesterismo no desenho de

moléculas bioativas, definindo bioisosteres como compostos os quais apresentam as

mesmas definições de isosteres e os quais exercem sua atividade biológica num

bioreceptor, seja de forma agonista ou antagonista. Ele introduziu ainda o termo

bioisosterismo para descrever o fenômeno observado entre substâncias

estruturalmente relacionadas, as quais apresentavam propriedades biológicas

similares ou antagonistas.

Anos mais tarde THORNBER (1979) propôs que bioisosteres eram

subunidades ou grupos ou moléculas as quais possuíam propriedades físico-

químicas de efeitos biológicos similares. Com o passar dos anos, inúmeras relações

de bioisosterismo têm sido identificadas tanto em compostos naturais como

sintéticos. Por exemplo, entre as bases pirimidínicas, citosina (a) e uracila (b) e as

púricas, adenina (c) e guanina (d). E ainda, entre o ácido salicílico (e) e o antracílico

(f), os quais originaram duas importantes drogas anti-inflamatórias não-esteroidais, o

ácido acetilsalicílico e o mefenâmico, respectivamente (Figura 11).

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N

N

NH2

O

H

N

N

OH

O

H

N

N N

N

NH2

H

N

N N

N

NH2

H

OH

OH

O

OH

NH2

O

(a)

(f)(e)

(d)(c)(b)

Figura 11: Exemplos de relações bioisostéricas.

Fonte: BARREIRO & LIMA, 2005.

Em 1970, BURGER classificou e subdividiu os bioisosteres em duas

amplas categorias: clássicos e os não-clássicos. A definição de BURGER

denominou aqueles átomos ou subunidades moleculares ou grupos funcionais com

a mesma valência e anéis equivalentes como bioisosteres clássicos. Neste conjunto

ele agrupou os átomos ou grupos monovalentes, divalentes, trivalentes,

tetrasubstituídos e anéis equivalentes (tabela 2).

Tabela 2: Grupos químicos de bioisósteros clássicos.

Monovalentes Divalentes Trivalentes Tetravalentes

-OH, -NH2, -CH3, OR -CH2- =CH- =C=

-F, -Cl, -Br, -I, -SH, -PH2 -O- =N- =Si=

-Si3, -SR -S- =P- =N+=

-Se- =As- =P+=

-Te- =Sb- =As+=

=Sb+=

Fonte: BARREIRO & LIMA, 2005.

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Enquanto que os bioisosteres não-clássicos eram todos aqueles que

praticamente não se enquadravam na definição de primeira classe (tabela 3).

Tabela 3: Grupos químicos de bioisósteros não-clássicos.

Exemplos Exemplos Exemplos

-CO- -COOH -H

-CO2- -SO3H -F

-SO2- -tetrazois

-SO2NR- -SO2NHR

-SO2NH2

-OH

-CH2OH

-CON- -3-hidroxioxazois

-CH(CN)- -2-hidroxicromonas -NHCONH2

R-N(CN)- C(CN)=R’ -NH-C(=CHNO2)-NH2

-NH-C(=CHCN)-NH2

Fonte: BARREIRO & LIMA, 2005.

No processo de planejamento de novos fármacos, a química medicinal

utiliza várias estratégias como à hibridização molecular, a simplificação molecular, o

bioisosterismo, etc (BURGER, 1983). Esta última ferramenta tem sido largamente

utilizada pela indústria farmacêutica com o objetivo de descobrir novos análogos,

comercialmente atrativos a partir de um composto líder - uma molécula de estrutura

química e mecanismo de ação bem conhecidos. Além de atuar como estratégia útil

para processos de modificação molecular. São várias as razões para o uso do

bioisosterismo no desenho de novos fármacos. Pode-se citar o incremento da

farmacocinética do composto líder, o melhoramento da atividade farmacológica ou o

aumento da seletividade para um determinado receptor ou subtipo enzimático.

1.10 Planejamento de análogos da Talidomida

Não é surpreendente que pouco tempo após a descoberta das inúmeras

propriedades farmacológicas da Talidomida, e dados de seus benéficos efeitos

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clínicos, foram iniciadas pesquisas com o objetivo de sintetizar análogos da

Talidomida com melhor perfil farmacoterapêutico. A grande variedade de efeitos

biológicos permitiu a classificação da Talidomida e de seus análogos como fármacos

imuno-modulatórios.

A primeira abordagem do planejamento e síntese de novos análogos da

Talidomida fundamentou-se em estudos prévios da relação entre a estrutura química

e a atividade (SAR), visando identificarem-se os grupamentos farmacofóricos. Com

este intuito, análogos com modificações nas subunidades glutarimida e ftalimida

foram planejados e sintetizados. HASHIMOTO et al (1995) demonstraram a

irrelevância do grupamento glutarimídico na atividade anti-TNF-α. Enquanto os

trabalhos de MULLER et al (1999) reforçaram os resultados descritos por MYIACHI

et. al. (1997), que destacaram a importância da presença do anel ftalimídico na

atividade anti-TNF-α. Sugerindo o caráter farmacofórico desta subunidade estrutural

da Talidomida.

O desenvolvimento clínico dos análogos imunomodulatórios da

Talidomida tem sido expressivo considerando-se que os ensaios clínicos só

começaram em 2000. Melhores perfis farmacológicos em relação à Talidomida são

um indicativo do potencial destes compostos para tratar doenças - em especial

alguns tipos de câncer - para o qual existem poucas alternativas terapêuticas. O

desenvolvimento destes análogos é bastante comum, embora ainda estejam sendo

definidos os alvos celulares, invertendo o processo natural da descoberta de

medicamentos.

Dentre os análogos da Talidomida, uma série de aminoftaloil-substituídos

foram obtidos e os compostos com um grupo amino no carbono 4 do anel ftalil

apresentaram inibição do TNF-α 50.000 vezes maior que a talidomida in vitro

(MULLER et al., 1999). A busca por análogos da Talidomida levou a obtenção de

dois compostos, o CC-5013 (Revimid) e o CC-4047 (Actimid) (Figura 12). Estes se

tornaram compostos líderes e entraram na clínica para o tratamento de vários

cânceres em 2003, incluindo Mieloma Múltiplo (MM), Síndrome Mielo Displásica

(SMD) (época não havia nenhum agente aprovado pela FDA para o tratamento da

SMD) e Melanoma Maligno (Bartlett et al., 2004). Dados clínicos iniciais indicam que

estes tipos de análogos são eficazes mesmo no tratamento do câncer avançado e

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em pacientes que já tenham recebido extensivo tratamento anterior, mas que tenha

sido sem sucesso.

Actimide (CC-4047)

N

O

O

N

O

ONH2

N

O

N

O

ONH2

Revimide (CC-5013)

Figura 12. Análogos líderes da Talidomida.

2.11 Planejamento de novos análogos da Talidomida

Diante da necessidade de desenvolver novos protótipos a fármacos

antitumorais mais seletivos, o planejamento de compostos “duais”, estruturalmente

desenhados como análogos da Talidomida, apresenta-se como uma estratégia

promissora (FRAGA, 2007). A figura 13 apresenta uma série de derivados das

ftalimidas, 1a-h (BARBOSA, 2007), a qual apresentou atividade antiinflamatória

promissora. Porém, a ação antiproliferativa in vitro destes compostos frente a células

tumorais foi baixa. Portanto, a otimização estrutural da série 1a-h se fez necessário,

visando melhorar suas propriedades farmacológicas.

1a-h

Comp. Entrada R Comp. Entrada R

1a Ala -CH3 1e -Ala -CH2CH2-

1b Phe -CH2C6H5 1f Val -CH(CH3)2

1c Ile -CH(CH3)CH2CH3 1g Glu -CH2CH2CO2H

1d Gly -H 1h Trp -CH2(3-indolil)

N-CH(R)-CO2H

O

O

O

O

O

H2NCH(R)CO2H

a-h

Figura 13: Estrutura química dos derivados da ftalimidas contendo L-aminoácidos.

Fonte: BARBOSA et al, 2007.

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O presente trabalho explorou algumas estratégias de síntese orgânica

visando obter modificações moleculares, em ordem para otimizar os compostos 1a-

h. Planejou-se obter ésteres, amidas, hidrazidas e N-acil-hidrazonas a partir de três

compostos selecionados 1a-c. Na Figura 14 é ilustrada a relação bioisostérica

existente entre ácidos carboxílicos, amidas e ésteres.

OH

OO

O

R1

NH2

O

*Ganho da lipofilia*Menor reatividade*Perda de interações intermoleculares polares

*Ganho da hidrofilia*Menor reatividade*Diferente possibilidade de interações intermoleculares polares com alvos biológicosAmidas Primárias

Ésteres

Ácidos Carboxílicos

Figura 14: Ilustração das relações bioisostericas propostas.

A escolha de obter N-acil-hidrazonas foi tomada em vista da grande

versatilidade química e biológica que é possível obter ao se adicionar este grupo

químico numa molécula (DUARTE, BARREIRO & FRAGA, 2007) (Figura 15).

R NH N R1

O

H

Onde R1 pode ser:

Aril;Heterociclos ou;Cadeias Alifaticas.

-Sólidos estáveis;-Químicamente tratáveis;-Fácil obtenção

Figura 15: Ilustração da versatilidade estrutural das N-acil-hidrazonas.

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CAPÍTULO 2

Estudo Químico

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2.1 O Planejamento

Em 2007, nosso grupo de pesquisa iniciou a síntese de uma série de oito

Ftalil-aminoácidos e avaliou as atividades anti-inflamatória, imuno-modulatória e

citotóxica frente a células de mamíferos desses compostos (BARBOSA et al, 2007).

1a-h

Comp. Entrada R Comp. Entrada R

1a Ala -CH3 1e -Ala -CH2CH2-

1b Phe -CH2C6H5 1f Val -CH(CH3)2

1c Ile -CH(CH3)CH2CH3 1g Glu -CH2CH2CO2H

1d Gly -H 1h Trp -CH2(3-indolil)

N-CH(R)-CO2H

O

O

O

O

O

H2NCH(R)CO2H

a-h

Figura 16: Estrutura química dos derivados da ftalimidas contendo L-aminoácidos.

Fonte: BARBOSA et al, 2007.

Partindo-se deste trabalho, foram selecionados três compostos que

apresentaram boa atividade anti-inflamatória, 1a, 1b, e 1c. Aplicando-se o princípio

do bioisosterismo para produzir análogos estruturais que permitissem o início de um

estudo de relação estrutura atividade (SAR), decidiu-se obter ésteres, amidas,

hidrazidas e N-acil-hidrazonas.

2.2 Resultados e Discussões

2.2.1 Obtenção dos ésteres

A primeira modificação química planejada foi transformar a função ácido

dos Ftalil-aminoácidos em ésteres. Para isso, empregou-se uma metodologia

clássica da química orgânica, onde um álcool em meio ácido reage com ácido

formando os derivados ésteres correspondentes (Figura 17).

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Compostos R1 Aminoácido

LC-02 -CH3 Alanina

LC-07 -CH2C6H5 Fenilalanina

LC-09 - CH(CH3)C2H5 Isoleucina

EtOH, H2SO4 (cat.)

Refluxo

LC-02

LC-07

LC-09

N CH

O

O

C

R¹O

ON CH

O

O

C

R1OH

O

LC-102

LC-107

LC-109

Figura 17: Esquema geral de síntese da série de ésteres.

Ao final da reação, o solvente é evaporado e o produto final, impuro,

apresenta-se como um líquido. Neste caso, como alternativa de purificação

poderíamos escolher duas: a extração ou separação por coluna cromatográfica.

Contudo, a polaridade do éster e de seu respectivo ácido é bastante próxima (1a e

2a, por exemplo) dificultando uma possível extração. Portanto, foi escolhida a coluna

cromatográfica como método de purificação.

2.2.2 Obtenção das hidrazidas

Após a obtenção da série dos ésteres, partiu-se para as séries da

hidrazidas. A idéia inicial era a partir do éster e da hidrazina obter a hidrazida

correspondente (Figura 18).

1a

1b

1c

2a

2b

2c

1a

1b

1c

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50-60ºC

H2NNH2. H2O; EtOHN CH

O

O

C

R¹NH

O

NH2

LC-102

LC-107

LC-109

N CH

O

O

C

R¹O

O

LC-102-H

LC-107-H

LC-109-H

Figura 18: Esquema geral de síntese da série de hidrazidas.

A instabilidade moderada do éster em relação ao seu precursor ácido

permitiria que a reação ocorresse mais facilmente. A reação ocorreu sem problemas,

fornecendo rendimentos de 70 a 75%. Contudo, como a purificação dos ésteres por

coluna cromatográfica é um procedimento demorado, resolveu-se que durante a

reação de obtenção do éster adicionar-se-ia os reagentes (in situ) para obtenção da

hidrazida. Assim, se evitaria a espera do processo de purificação de cada éster para

obtenção da hidrazida. Além disso, a série das hidrazidas é precursora da série das

N-acil-hidrazonas, e a agilidade na obtenção dessa seria bem-vinda.

Após o planejamento inicial, resolvemos tentar obter as hidrazidas

diretamente dos ácidos, o que economizaria uma etapa reacional (Figura 19).

50-60ºC

H2NNH2. H2O; EtOHN CH

O

O

C

R¹NH

O

NH2

LC-02

LC-07

LC-09

N CH

O

O

C

R¹OH

O

LC-102-H

LC-107-H

LC-109-H

Figura 19: Esquema geral de síntese da série das hidrazidas a partir do ácido.

A reação não só deu certo, como forneceu rendimentos equivalentes em

comparação com metodologia em duas etapas (1a→2a→3a, duas etapas: 61%;

1a→3a, uma etapa: 63%).

2a

2b

2c

3a

3b

3c

1a

1b

1c

3a

3b

3c

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2.2.3 Obtenção das amidas

Seguindo-se com o projeto inicial, tentou-se obter a série das amidas a

partir do ácido com uréia, na presença do Imidazol (base), sob temperatura de

refluxo (Figura 20).

N CH

O

O

C

R¹OH

O

LC-02

LC-07

LC-09

N

N

HN CH

O

O

C

R¹NH2

O

Uréia, EtOH, Refluxo

LC-202

LC-207

LC-209

Figura 20: Esquema inicial de síntese da série das amidas.

Contudo, a reação produzia além do produto final, outros sub-produtos

que inviabilizavam qualquer tentativa de purificação. Buscando dados na literatura,

decidimos obter o produto desejado reagindo o ácido com hidróxido de amônio em

meio básico. Em meio básico, o hidróxido de amônio reagiria com o catalisador

produzindo uma base de Lewis, a amônia (NH3) (Figura 21). Testou-se a reação

tanto em banho de óleo como em ultra-som, contudo esta última metodologia

mostrou-se mais rápida.

N CH

O

O

C

R¹OH

O

N CH

O

O

C

R¹NH2

ONH4OH, K2CO3

)))

LC-202

LC-207

LC-209

LC-02

LC-07

LC-09

Figura 21: Esquema geral de síntese da série das amidas.

1a

1b

1c

1a

1b

1c

4a

4b

4c

4a

4b

4c

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A reação não só deu certo, como forneceu o produto com 2h de reação.

Tempo bem mais curto que às 30h da idéia inicial. Além disso, a reação era

facilmente purificada com uma extração.

2.2.4 Obtenção das N-acil-hidrazonas

A última série deste trabalho partiu das hidrazidas obtidas para condensá-

las com aldeídos aromáticos e produzir N-acil-hidrazonas como uma versatilidade

química importante. Foram escolhidos quatro aldeídos aromáticos: o 4-

Metoxibenzaldeído, Benzaldeído, o 4-Clorobenzaldeído e o 3,4-Diclorobenzaldeído

(Figura 22).

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Fig

ura

22. E

squ

em

a g

era

l de

sín

tese

da

s N

-acilh

idra

zo

na

s.

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A primeira dificuldade desta série foi a solubilidade das hidrazidas (3a, por

exemplo). Apesar de sua solubilização em solventes como acetonitrila durante a

obtenção, após a purificação e isolamento do sólido puro, a re-solubilização

mostrou-se extremamente difícil. Foi necessário utilizar excesso de metanol para

solubilizá-las.

Inicialmente, empregou-se uma metodologia bastante utilizada pela

literatura para condensação de hidrazidas ou aminas com aldeídos aromáticos. Os

reagentes eram solubilizados em etanol, adicionado ácido catalítico e colocados

para reagir sob temperatura de refluxo. Aplicando-se os conceitos da química verde,

mesmo com o emprego da temperatura para tais reações observadas na literatura,

tentou-se obter o produto em temperatura ambiente, visando economizar energia.

Contudo, a reação não ocorreu mesmo em diferentes solventes.

A primeira série realizada no laboratório das N-acil-hidrazonas com a

metodologia encontrada na literatura forneceu rendimentos de 20% a 40% (série

com o 4-Clorobenzaldeído). Já na série de condensação com o 4-Metoxibenzaldeído

obtivemos rendimentos de 9 a 19%. Quando se repetiu o procedimento utilizando-se

o benzaldeído, obteve-se rendimentos na faixa de 12 a 14%. Por fim, a série com

3,4-Diclrobenzaldeído, forneceu rendimentos de 15% a 30%.

Iniciou-se então um planejamento para aumentar o rendimento. A

metodologia inicial empregava um meio catalítico ácido, com o objetivo de protonar a

carbonila do aldeído. O oxigênio protonado, agora mais deficiente de elétrons,

atrairia os elétrons de ligação C=O para si, a fim de diminuir a perda de carga. Isso

faria com que o carbono da carbonila ficasse com uma carga parcial positiva,

suceptível a um ataque nucleófilo. Neste caso, o nitrogênio terminal da N-acil-

hidrazona (Figura 23).

C

H

O

Cl

H

N CH

O

O

C

NH

O

H2NR1

Figura 23: Esquema geral do ataque nucleofílico da hidrazida, em meio ácido (cat).

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Contudo, como alguns rendimentos mostram-se baixos cogitou-se a hipótese

de que a acidez do meio poderia estar também, protonando o nitrogênio terminal da

N-acil-hidrazona. Então, dificultando o ataque nucleófilo e o rendimento final (Figura

24).

N CH

O

O

C

NH

O

H2NR1

H

C

H

O

Cl

Figura 24: Esquema geral do impedimento do ataque nucleofílico da hidrazida.

Ao contrário do encontrado na literatura, tentou-se a reação em meio básico.

O aldeído não ficaria protonado, mas também o nitrogênio terminal da hidrazida

estaria com seu par de elétrons livre para o ataque nucleofílico (Figura 25).

N CH

O

O

C

NH

O

H2NR1

C

H

O

Cl

Figura 25: Esquema geral do ataque nucleofílico da hidrazida, em meio básico.

Primeiro, tentou-se com hidróxido de potássio (KOH) a reação de

condensação entre o 3a e o 4-Metoxibenzaldeído, e surpreendentemente o

rendimento aumentou. Apesar de ser uma base forte o hidróxido de potássio

apresentou uma dificuldade de solubilização no solvente empregado, o metanol. Por

isso, repetiu-se o procedimento com a Trietilamina (TEA) e o rendimento tripilicou

em relação ao HCl (Tabela 4).

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Tabela 4: Rendimentos em função do catalisador utilizado.

Composto HCl KOH TEA

5a 9,71% 21,93% 47,95%

Todos os compostos da séries das N-acil-hidrazonas foram lançados

novamente com a nova metodologia. Os rendimentos passaram a ser: série com 4-

metoxibenzaldeído: 47,95% a 49,12%, série com benzaldeído: 42,22% a 44,77%,

série com 4-clorobenzaldeído: 50,25% a 60,04% e série com 3,4-diclorobenzaldeído:

45,76% a 60,02%.

2.3 Seção Experimental

2.3.1 Reagentes

Os reagentes utilizados neste trabalho foram dos fornecedores Acros

Organics, Fluka ou Aldrich, enquanto que os solventes foram provenientes da Vetec

ou Dinâmica. Os solventes deuterados (DMSO-d6, CDCl3, D2O) são da marca CIL

(Tédia Brazil). Os solventes ciclohexano, hexano, acetato de etila e tolueno foram

destilados.

2.3.2 Equipamentos

Utilizou-se sílica gel 60 para cromatografia em coluna (70-230 mesh) da marca

Macherey - Nagel e cromatofolhas, em alumínio, de Sílica Gel 60 com indicador F254

fluorescente, da marca Merck para cromatografia em camada delgada (CCD). Os

pontos de fusão (PF) foram mensurados em um aparelho Electrothermal Mel-Temp®

1002D. As reações sob a irradiação no ultra-som foram feita no equipamento da

marca UNIQUE, modelo Ultra Cleaner 1400A.

Para os espectros de infra-vermelho, utilizou-se o instrumento Bruker Modelo

IFS 66. As micro-análises para C, N, H, S foram feitas em um analisador elementar

Carlo Erba (modelo EA 1110). Os espectros de RMN 1H e 13C foram adquiridos nos

instrumentos Varian modelo Unity Plus (400 MHz para 1H; 100 MHz para 13C) e

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Bruker AMX (300 MHz para 1H e 75.5 MHz para o 13C), sempre utilizando DMSO-d6

como solventes e o TMS como padrão interno. Os deslocamentos químicos (δ) foram

expressos em ppm (partes por milhão) com as notações s = simpleto, sl = simpleto

largo, d = dupleto, dd = dupleto de dupleto, t = tripleto e m = multipleto, assim como

os valores descritos foram transcritos diretamente dos espectros.

2.3.3 Síntese dos ésteres (2a-c)

Num balão de fundo redondo de 50ml, dissolveu-se o ácido 1a-c em

etanol (EtOH). Em seguida, adicionou-se ácido sulfúrico (H2SO4) e o sistema foi

mantido sob refluxo durante 2hs e a reação acompanhada por coluna cromatográfica

delgada (CCD). Ao final da reação o solvente foi evaporado no rotaevaporador e o

resíduo bruto obtido foi cromatografado numa coluna de sílica-gel 60, utilizando-se

como fase móvel o sistema hexano/acetato, na proporção de 8:2.

2a: 1mmol (219mg) do ácido 1a; 50ml de EtOH; H2SO4 (cat.). O produto

puro (173mg) é um óleo amarelo a temperatura ambiente (rendimento 70%).

2b: 1mmol (295mg) do ácido 1b; 50ml de EtOH; H2SO4 (cat.). O produto

puro (242mg) é um óleo amarelo a temperatura ambiente (rendimento 75%).

2c: 1mmol (261mg) do ácido 1c; 50ml de EtOH; H2SO4 (cat.). O produto

puro (209mg) é um óleo amarelo a temperatura ambiente (rendimento 72%).

2.3.4 Síntese das hidrazidas (3a-c)

Num balão de fundo redondo de 50ml, dissolveu-se o ácido 1a-c em

etanol (EtOH). Em seguida, adicionou-se trietilamina (TEA) e hidrazina hidratada

(64%). O sistema foi mantido sob refluxo durante 4hs e a reação acompanhada por

coluna cromatográfica delgada (CCD). Ao final da reação, o resíduo bruto obtido foi

filtrado com um funil sinterizado, o solvente foi evaporado no rotaevaporador e

posteriormente o precipitado foi lavado com acetonitrila(CH3CN).

3a: 1mmol (219mg) do ácido 1a; 1mmol de H2NNH2.H2O; 15ml de EtOH;

TEA (cat.). O produto puro (147mg) é um pó branco a temperatura ambiente

(rendimento 63%).

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3b: 1mmol (295mg) do ácido 1b; 1mmol de H2NNH2.H2O; 15ml de EtOH;

TEA (cat.). O produto puro (219mg) é um pó branco a temperatura ambiente

(rendimento 71%).

3c: 1mmol (261mg) do ácido 1c; 1mmol de H2NNH2.H2O; 15ml de EtOH;

TEA (cat.). O produto puro (205mg) é um pó branco a temperatura ambiente

(rendimento 74%).

2.3.5 Síntese das amidas (4a-c)

Num balão de fundo redondo de 50ml, dissolveu-se do ácido 1a-c em

acetonitrila (CH3CN). Em seguida, adicionou-se o bicarbonato de potássio (K2CO3) e

o hidróxido de Amônio (NH4OH). O sistema foi mantido no ultra-som durante 2hs e a

reação acompanhada por coluna cromatográfica delgada (CCD). Ao final da reação,

o produto foi extraído duas vezes num sistema acetato de etila/água (10ml/10ml). O

acetato de etila foi evaporado no rotaevaporador e o produto purificado.

4a: 1mmol (219mg) do ácido 1a; 1,5mmol de NH4OH; 15ml de CH3CN;

1mmol de K2CO3. O produto puro (136mg) é um pó branco a temperatura ambiente

(rendimento 58%).

4b: 1mmol (295mg) do ácido 1b; 1,5mmol de NH4OH; 15ml de CH3CN;

1mol de K2CO3. O produto puro (183mg) é um pó branco a temperatura ambiente

(rendimento 59%).

4c: 1mmol (261mg) do ácido 1c; 1,5mmol de NH4OH; 15ml de CH3CN;

1mmol de K2CO3. O produto puro (156mg) é um pó branco a temperatura ambiente

(rendimento 56%).

2.3.6 Síntese das N-acil-hidrazonas (5a-l)

Num balão de fundo redondo de 50ml, dissolveu-se a hidrazida (3a-c) em

etanol. Posteriormente adicionou-se trietilamina (TEA) e o aldeído aromático p-

substituídos substituído (A1-4). O sistema foi mantido sob refluxo durante 8hs e a

reação acompanhada por coluna cromatográfica delgada (CCD). Ao final da reação,

o resíduo bruto obtido foi filtrado com um funil sinterizado. Quando o precipitado

estava impuro com o aldeído, se fez uma lavagem com água (25ml), onde só o

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produto permaneceu insolúvel. Entretanto, quando estava impuro com a hidrazina se

fez uma lavagem com acetato de etila (25ml), onde só o produto permaneceu

solúvel e assim, o solvente foi evaporado no rotaevaporador fornecendo o produto

desejado.

5a: 1mmol (233mg) da hidrazida 3a; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(136mg) de 4-metoxibenzaldeído (A1). O produto puro (168mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 48%).

5b: 1mmol (309mg) da hidrazida 3b; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(136mg) de 4-metoxibenzaldeído (A1). O produto puro (210mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 49%).

5c: 1mmol (275mg) da hidrazida 3c; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(136mg) de 4-metoxibenzaldeído (A1). O produto puro (190mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 48%).

5d: 1mmol (233mg) da hidrazida 3a; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(106mg) de benzaldeído (A2). O produto puro (143mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 44%).

5e: 1mmol (309mg) da hidrazida 3b; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(106mg) de benzaldeído (A2). O produto puro (167mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 42%).

5f: 1mmol (275mg) da hidrazida 3c; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(106mg) de benzaldeído (A2). O produto puro (155mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 43%).

5g: 1mmol (233mg) da hidrazida 3a; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(140mg) de 4-clorobenzaldeído (A3). O produto puro (214mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 60%).

5h: 1mmol (309mg) da hidrazida 3b; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(140mg) de 4-clorobenzaldeído (A3). O produto puro (217mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 50%).

5i: 1mmol (275mg) da hidrazida 3c; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(140mg) de 4-clorobenzaldeído (A3). O produto puro (221mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 56%).

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5j: 1mmol (233mg) da hidrazida 3a; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(175mg) de 3,4-diclorobenzaldeído (A4). O produto puro (179mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 46%).

5k: 1mmol (309mg) da hidrazida 3b; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(175mg) de 3,4-diclorobenzaldeído (A4). O produto puro (215mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 46%).

5l: 1mmol (275mg) da hidrazida 3c; TEA (cat.); 15ml de EtOH; 1mmol

(175mg) de 3,4-diclorobenzaldeído (A4). O produto puro (217mg) é um pó amarelo a

temperatura ambiente (rendimento 50%).

2.3.7 Caracterização Físico-Química dos compostos

2.3.7.1 (2a): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-propanoato de etila

Fórmula química - C13H13NO4. Massa Molecular - 247.25g. Rendimento –

70,09%. Fator de Referência – 0,6 (Hex/AcEt :: 8/2). Ponto de fusão: Produto

Líquido. Análise Elementar – Produto líquido. IV (KBr, cm-1) 3008 (C–H), 1711 (C=O)

cm-1. RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6), : 0.98 (M, 3H, CH3), 1.12 (d, 3H, CH3), 2.49 (m, 3H, CH

e CH2), 7.85-8.05 (m, 4H, Ar). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 10.8 (CH3), 15.4 (CH3),

20.8 (CH), 125.5 (Ar), 127.6 (Ar), 132.9 (Ar), 152.2 (C=O), 170.1 (C=O).

2.3.7.2 (2b): 2-ciclohexil-2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-acetato de etila

Fórmula química - C19H17NO4. Massa Molecular - 323.34g. Rendimento –

74,89%. Fator de Referência – 0,5 (Hex/AcEt :: 8/2). Ponto de fusão: Produto

Líquido. Análise Elementar – 3447 (NH2), 3018 (N-H), 1679 (C=O) cm-1. IV (KBr, cm-1)

– 2918 (C-H), 1679 (C=O) cm-1. RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6), : 1.09 (m, 3H, CH3), 3.50

(m, 4H, dois CH2), 4.91 (m, 1H, CH), 7.08 e 7.14 (m, 5H, Ar), 7.12 (s largo, 2H, NH2), 7.78-

7.91 (m, 4H, Ar). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 10.0 (CH3), 37.34 (CH2), 55.8 (CH),

126.8, 128.6, 129.1 (Ar), 123.6 (Ar), 134.9 (Ar), 168.1 (C=O), 168.1 (C=O).

2.3.7.3 (2c): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-3-metilpentanoato

Fórmula química - C16H19NO4. Massa Molecular - 289.33g. Rendimento –

72,46%. Fator de Referência – 0,6 (Hex/AcEt :: 8/2). Ponto de fusão: Produto

Líquido. Análise Elementar – Produto líquido. IV (KBr, cm-1) – 3062 (C-H), 1776

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Lucas Cunha Duarte Coêlho Dissertação de Mestrado

(C=O) cm-1. RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6), : 0.77 (m, 6H, dois CH3), 0.91 (m, 2H, CH2),

0.98 (m, 3H, CH3), 2.51 (m, 1H, CH), 4.34 (m, 1H, CH), 7.87-7.86 (m, 4H, Ar). RMN 13C

(75.50 MHz, DMSO-d6) , : 10.5, 11.2 (CH3), 17.1 (CH3), 25.8 (CH2), 33.3 (CH), 58.5 (CH),

135.0 (Ar), 123.6 (Ar), 168.1 (C=O), 170.1 (C=O).

2.3.7.4 (3a): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-propanohidrazida

Fórmula química - C11H11N3O3. Massa Molecular - 233.22g. Rendimento –

61,45%. Fator de Referência – . Ponto de fusão: O composto carboniza. Análise

Elementar – AEteor: N 18.02%; C 56.65%; H 4.75%; AEexp: N 17.41%; C 39.42%; H

4.45%. IV (KBr, cm-1) – 3018 (NH); 1661 (C=O); 1458 (C-N-C); 1377 (C-N-C). RMN

1H (300 MHz, DMSO-d6), : 1.12 (d, 3H, CH3), 2.49 (m, 1H, CH), 4.11 (s largo, 2H, NH2),

7.85-8.05 (m, 4H, Ar). O sinal em 4.11 desaparece após adição de 3 gotas de D2O. RMN 13C

(75.50 MHz, DMSO-d6) , : 15.4 (CH3), 20.8 (CH), 125.5 (Ar), 127.6 (Ar), 132.9 (Ar), 152.2

(C=O), 170.1 (C=O).

2.3.7.5 (3b): 2-ciclohexil-2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-acetohidrazida

Fórmula química - C17H15N3O3. Massa Molecular - 309.32g. Rendimento –

69,96%. Fator de Referência –. Ponto de fusão: O composto carboniza. Análise

Elementar – AEteor: N 13.58%; C 66.01%; H 4.89%; AEexp: N 20.13%; C 47.57%; H

5.36%. IV (KBr, cm-1) – 3026 (NH); 1662 (C=O); 1493 (C-N-C); 1378 (C-N-C). RMN

1H (300 MHz, DMSO-d6), : 3.50 (m, 2H, CH2), 4.91 (m, 1H, CH), 7.08 e 7.14 (m, 5H, Ar),

7.12 (s largo, 2H, NH), 7.46 (NH2), 7.78-7.91 (m, 4H, Ar). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) ,

: 37.34 (CH2), 54.7 (CH), 126.8, 128.6, 129.1 (Ar), 123.6 (Ar), 134.9 (Ar), 168.1 (C=O), 170.1

(C=O).

2.3.7.6 (3c): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)3-metil-pentanohidrazida

Fórmula química - C14H17N3O3. Massa Molecular - 275.30g. Rendimento –

75,17%. Fator de Referência – . Ponto de fusão: O composto carboniza. Análise

Elementar – AEteor: N 15.26%; C 61.08%; H 6.22%; AEexp: N 14.35%; C 32.41%; H

3.70%. IV (KBr, cm-1) – 3018 (NH); 1662 (C=O); 1494 (C-N-C); 1378 (C-N-C). RMN

1H (300 MHz, DMSO-d6), : 0.77 (m, 3H, CH3), 0.91 (m, 2H, CH2), 0.98 (m, 2H, CH3), 2.51

(m, 1H, CH), 4.34 (m, 1H, CH), 7.12 e 7.49 (dois s largo, 2H, NH2), 7.87-7.86 (m, 4H, Ar),

7.99 (s, 1H, NH). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 11.2 (CH3), 17.1 (CH3), 25.8 (CH2),

33.3 (CH), 58.5 (CH), 135.0 (Ar), 123.6 (Ar), 168.1 (C=O), 170.1 (C=O).

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60

Lucas Cunha Duarte Coêlho Dissertação de Mestrado

2.3.7.7 (4a): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-propanoamida

Fórmula química - C11H10N2O3. Massa Molecular - 218.21g. Rendimento –

58,31%. Fator de Referência – 0,2 (Hex/AcEt :: 3/7). Ponto de fusão: 187 a 192oC.

Análise Elementar – AEteor: N 12.84%; C 60.55% H 4.62%; AEexp: N 11.74%; C

60.79%; H 5.01%. IV (KBr, cm-1) – 3439 (NH); 1683(C=O); 1467 (C-N-C); 1387 (C-

N-C). RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6), : 1.12 (d, 3H, CH3), 2.49 (m, 1H, CH), 6.91 (s largo,

2H, NH2), 7.85-7.91 (m, 2H, Ar), 8.05 (m, 2H, Ar). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 15.4

(CH3), 20.9 (CH), 125.5 (Ar), 127.6 (Ar), 132.9 (Ar), 152.2 (C=O), 170.1 (C=O).

2.3.7.8 (4b): 2-ciclohexil-2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-acetoamida

Fórmula química - C17H14N2O3. Massa Molecular - 294.30g. Rendimento –

59,05%. Fator de Referência – 0,5 (Hex/AcEt :: 3/7). Ponto de fusão: 233 a 238 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 9.52%; C 69.38% H 4.79%; AEexp: N 8.26%; C

69.69%; H 5.52%. IV (KBr, cm-1) – 3387 (NH); 1687(C=O); 1468 (C-N-C); 1384 (C-

N-C). RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6), : 3.50 (m, 2H, CH2), 4.91 (m, 1H, CH), 7.08 e 7.14 (m,

5H, Ar), 7.12 (s largo, 2H, NH2), 7.78-7.91 (m, 4H, Ar). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , :

37.34 (CH2), 54.7 (CH), 126.8, 128.6, 129.1 (Ar), 123.6 (Ar), 134.9 (Ar), 168.1 (C=O), 170.1

(C=O).

2.3.7.9 (4c): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)3-metil-pentanoamida

Fórmula química - C14H16N2O3. Massa Molecular - 260.29g. Rendimento –

56,39%. Fator de Referência – 0,6 (Hex/AcEt :: 3/7). Ponto de fusão: 218 a 220 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 10.76%; C 64.60%; H 6.20%; AEexp: N 9.17%; C:

62.74%; H: 6.46%. IV (KBr, cm-1) – 3402 (NH); 1650 (C=O); 1458 (C-N-C); 1389 (C-

N-C). RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6), : 0.77 (m, 3H, CH3), 0.91 (m, 2H, CH2), 0.98 (m, 2H,

CH3), 2.51 (m, 1H, CH), 4.34 (m, 1H, CH), 7.12 e 7.49 (dois s largo, 2H, NH2), 7.87-7.86 (m,

4H, Ar). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 11.2 (CH3), 17.1 (CH3), 25.8 (CH2), 33.3 (CH),

58.5 (CH), 135.0 (Ar), 123.6 (Ar), 168.1 (C=O), 170.1 (C=O).

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61

Lucas Cunha Duarte Coêlho Dissertação de Mestrado

2.3.7.10 (5a): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-(4-metoxibenzilideno)-

propanohidrazida

Fórmula química - C19H17N3O4. Massa Molecular - 351.36g. Rendimento –

47,95%. Fator de Referência – 0,3 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 169 a 172 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 11.96%; C 64.95%; H 4.88%; AEexp: N 7.63%; C

53.90%; H 5.04%. IV (KBr, cm-1) – 3018 (NH2), 2897 (C–H), 1661 (C=O) cm-1. RMN 1H

(300 MHz, DMSO-d6), : 1.12 (d, 3H, CH3), 2.49 (m, 1H, CH), 4.11 (s, 3H, CH3), 7.21-7.31

(m, 4H, Ar), 7.85-8.05 (m, 4H, Ar), 8.09 (s, 1H, CH=N). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , :

15.4 (CH3), 20.8 (CH), 125.5 (Ar), 128.6, 129.1 (Ar), 123.6 (Ar), 134.9 (Ar), 132.9 (Ar), 152.2

(C=O), 159.5 (CH=N), 170.1 (C=O).

2.3.7.11 (5b): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-2-ciclohexil-N´-(4-metoxibezilideno)-

acetohidrazida

Fórmula química - C25H21N3O4. Massa Molecular - 427.45g. Rendimento –

49,12%. Fator de Referência – 0,3 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 169 a 172 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 9.83%; C 70.25%; H 4.95%; AEexp: N 10.69%; C

69.35%; H 5.98%. IV (KBr, cm-1) – 1620 (C=N); 1602 (C=O). RMN 1H (300 MHz,

DMSO-d6), : 2.61 (m, 1H, CH), 4.11 (s, 3H, OCH3), 4.34 (m, 1H, CH), 7.12 e 7.49 (dois s

largo, 2H, NH2), 7.10-7.52 (m, 8H, Ar), 7.87-7.86 (m, 4H, Ar), 7.99 (s, 1H, NH), 8.01 (s, 1H,

CH=N). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 25.8 (CH2), 33.3 (CH), 45.9 (CH3O), 58.5 (CH),

125.0 (Ar), 126.5 (Ar), 131.0 (Ar), 135.0 (Ar), 123.6 (Ar), 168.1 (C=O), 170.1 (C=O).

2.3.7.12 (5c): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2il)-N´-(4-metoxibenzilideno)-3-metil-

pentanohidrazida

Fórmula química - C22H23N3O4. Massa Molecular - 393.44g. Rendimento –

48,75%. Fator de Referência – 0,2 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 169 a 172 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 10.68%; C 67.16%; H 5.89%. AEexp: N 10.90%; C

67.80%; H 5.69%. IV (KBr, cm-1) – 1661 (C=N); 1623 (C=O). RMN 1H (300 MHz,

DMSO-d6), : 0.77 (m, 3H, CH3), 0.91 (m, 2H, CH2), 0.98 (m, 2H, CH3), 2.51 (m, 1H, CH),

4.11 (s, 3H, OCH3), 4.34 (m, 1H, CH), 7.12 e 7.49 (dois s largo, 2H, NH2), 7.19-7.32 (m, 4H,

Ar), 7.87-7.86 (m, 4H, Ar), 7.99 (s, 1H, NH), 8.01 (s, 1H, CH=N). RMN 13C (75.50 MHz,

DMSO-d6) , : 11.2 (CH3), 17.1 (CH3), 25.8 (CH2), 33.3 (CH), 45.9 (CH3O), 58.5 (CH), 135.0

(Ar), 123.6 (Ar), 168.1 (C=O), 170.1 (C=O).

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62

Lucas Cunha Duarte Coêlho Dissertação de Mestrado

2.3.7.13 (5d): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-benzilideno-propanohidrazida

Fórmula química - C18H15N3O3. Massa Molecular - 321.33g. Rendimento –

44,77%. Fator de Referência – 0,6 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 86 a 88 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 13.08%; C 67.28%; H 4.71%.; AEexp: N 12.80%; C

75.99%; H 5.76%. IV (KBr, cm-1) – 3018 (NH2), 2897 (C–H), 1661 (C=O) cm-1. RMN 1H

(300 MHz, DMSO-d6), : 1.11 (d, 3H, CH3), 2.49 (m, 1H, CH), 4.15 (s, 3H, CH3), 7.51-7.72

(m, 4H, Ar), 7.85-8.05 (m, 4H, Ar), 8.09 (s, 1H, CH=N). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , :

15.4 (CH3), 20.8 (CH), 125.5 (Ar), 128.6, 129.1 (Ar), 123.6 (Ar), 134.9 (Ar), 132.9 (Ar), 152.2

(C=O), 159.5 (CH=N), 170.1 (C=O).

2.3.7.14 (5e): 2-(1,3-dioxosioindolin-2il)-2-ciclohexil-N´-benzilideno-

acetohidrazida

Fórmula química - C24H19N3O3. Massa Molecular - 397.43g. Rendimento –

42,22%. Fator de Referência – 0,6 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 90 a 92 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 10.57%; C 72.53%; H 4.82%; AEexp: N 13.52%; C

78.18%; H 5.77%. IV (KBr, cm-1) – 1664 (C=N); 1624 (C=O). RMN 1H (300 MHz,

DMSO-d6), : 0.77 (m, 3H, CH3), 0.91 (m, 2H, CH2), 0.98 (m, 2H, CH3), 2.51 (m, 1H, CH),

4.34 (m, 1H, CH), 7.10-7.52 (m, 8H, Ar), 7.87-7.86 (m, 4H, Ar), 7.99 (s, 1H, NH), 8.01 (s, 1H,

CH=N). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 25.8 (CH2), 33.3 (CH), 58.5 (CH), 125.0 (Ar),

126.5 (Ar), 131.0 (Ar), 135.0 (Ar), 123.6 (Ar), 168.1 (C=O), 170.1 (C=O).

2.3.7.15 (5f): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-benzilideno-3-metil-pentanohidrazida

Fórmula química - C21H21N3O3. Massa Molecular - 363.41g. Rendimento –

42,84%. Fator de Referência – 0,6 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 93 a 95 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 11.56%; C 69.41%; H 5.82%; AEexp: N 13.39%; C

78.78%; H 5.73%.. IV (KBr, cm-1) – 1664 (C=N); 1623 (C=O). RMN 1H (300 MHz,

DMSO-d6), : 0.77 (m, 3H, CH3), 0.91 (m, 2H, CH2), 0.98 (m, 2H, CH3), 2.51 (m, 1H, CH),

4.34 (m, 1H, CH), 7.19-7.32 (m, 5H, Ar), 7.87-7.86 (m, 4H, Ar), 7.99 (s, 1H, NH), 8.01 (s, 1H,

CH=N). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 11.2 (CH3), 17.1 (CH3), 25.8 (CH2), 33.3 (CH),

58.5 (CH), 135.0 (Ar), 123.6 (Ar), 168.1 (C=O), 170.1 (C=O).

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63

Lucas Cunha Duarte Coêlho Dissertação de Mestrado

2.3.7.16 5g): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-(4-clorobenzilideno)-

propanohidrazida

Fórmula química - C18H14ClN3O3. Massa Molecular - 355.78g. Rendimento –

60,04%. Fator de Referência – 0,7 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 209 a 210 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 11.81%; C 60.77%; H 3.97%; AEexp: N 10.72%; C

58.38%; H 3.59%. IV (KBr, cm-1) – 1660 (C=N); 1624 (C=O). RMN 1H (300 MHz,

DMSO-d6), : 1.11 (d, 3H, CH3), 2.49 (m, 1H, CH), 4.11 (s, 3H, CH3), 7.51-7.72 (m, 4H, Ar),

7.85-8.05 (m, 4H, Ar), 8.09 (s, 1H, CH=N). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 15.4 (CH3),

20.8 (CH), 125.5 (Ar), 128.6, 129.1 (Ar), 123.6 (Ar), 134.9 (Ar), 132.9 (Ar), 147.9 (Ar, C-Cl),

152.2 (C=O), 159.5 (CH=N), 170.1 (C=O).

2.3.7.17 (5h): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-2-ciclohexil-N´-(4-clorobenzilideno)-

acetohidrazida

Fórmula química - C24H18ClN3O3. Massa Molecular - 431.87g. Rendimento –

50,25%. Fator de Referência – 0,7 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 210 a 211 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 9.73%; C 66.75%; H 4.20%; AEexp: N 6.92%; C

43.03%; H 2.57%. IV (KBr, cm-1) – 1658 (C=N); 1624 (C=O). RMN 1H (300 MHz,

DMSO-d6), : 2.51 (m, 2H, CH2), 4.34 (m, 1H, CH), 7.10-7.52 (m, 8H, Ar), 7.87-7.86 (m, 4H,

Ar), 7.99 (s, 1H, NH), 8.01 (s, 1H, CH=N). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 25.8 (CH2),

33.3 (CH), 45.9 (CH3O), 58.5 (CH), 125.0 (Ar), 126.5 (Ar), 131.0 (Ar), 135.0 (Ar), 123.6 (Ar),

168.1 (C=O), 170.1 (C=O).

2.3.7.18 (5i): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-(4-clorobenzilideno)-3-metil-

pentanohidrazida

Fórmula química - C21H20ClN3O3. Massa Molecular - 397.86g. Rendimento –

55,54%. Fator de Referência – 0,7 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 210 a 211 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 10.56%; C 63.40%; H 5.07%; AEexp: N 6.92%; C

38.91%; H 2.31%. IV (KBr, cm-1) – 1660 (C=N); 1624 (C=O). RMN 1H (300 MHz,

DMSO-d6), : 0.77 (m, 3H, CH3), 0.91 (m, 2H, CH2), 0.98 (m, 2H, CH3), 2.51 (m, 1H, CH),

4.11 (s, 3H, OCH3), 4.34 (m, 1H, CH), 7.19-7.32 (m, 4H, Ar), 7.87-7.86 (m, 4H, Ar), 7.99 (s,

1H, NH), 8.01 (s, 1H, CH=N). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 11.2 (CH3), 17.1 (CH3),

25.8 (CH2), 33.3 (CH), 45.9 (CH3O), 58.5 (CH), 135.0 (Ar), 123.6 (Ar), 168.1 (C=O), 170.1

(C=O).

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64

Lucas Cunha Duarte Coêlho Dissertação de Mestrado

2.3.7.19 (5j): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-(3,4-clorobenzilideno)-

propanohidrazida

Fórmula química - C18H13Cl2N3O3. Massa Molecular - 390.22g. Rendimento –

45,76%. Fator de Referência – 0,7 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 170 a 175 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 10.77% C 55.40%; H 3.36%; AEexp: N 8.67%; C

48.46%; H 3.25%. IV (KBr, cm-1) – 3442 (NH2), 2997 (C–H), 1710 (C=O), 1627 (C=N)

cm-1. RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6), : 1.11 (d, 3H, CH3), 2.49 (m, 1H, CH), 4.11 (s, 3H,

CH3), 7.51-7.63 (4H, Ar), 7.85-8.05 (m, 4H, Ar), 8.19 (s, 1H, CH=N). RMN 13C (75.50 MHz,

DMSO-d6) , : 15.4 (CH3), 20.8 (CH), 125.5 (Ar), 128.6, 129.1 (Ar), 134.9 (Ar), 132.9 (Ar),

147.9 (Ar, C-Cl), 152.2 (C=O), 159.5 (CH=N), 170.1 (C=O).

2.3.7.20 (5k): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-2-ciclohexil-N´-(3,4-clorobenzilideno)-

acetohidrazida

Fórmula química - C24H17Cl2N3O3. Massa Molecular - 466.32g. Rendimento –

46,82%. Fator de Referência – 0,7 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 171 a 173 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 9.01%; C 61.82%; H 3.67%; AEexp: N 6.64%; C

40.14%; H 2.26%.. IV (KBr, cm-1) – 3442 (NH2), 2997 (C–H), 1700 (C=O), 1687 (C=N)

cm-1. RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6), : 2.49 (m, 1H, CH), 4.11 (s, 3H, CH3), 7.10-7.52 (m,

8H, Ar), 7.85-8.05 (m, 4H, Ar), 8.19 (s, 1H, CH=N). RMN 13C (75.50 MHz, DMSO-d6) , : 25.8

(CH2), 33.3 (CH), 58.5 (CH), 125.0 (Ar), 126.5 (Ar), 131.0 (Ar), 135.0 (Ar), 143.6 (Ar), 168.1

(C=O), 170.1 (C=O).

2.3.7.21 (5l): 2-(1,3-dioxoisoindolin-2-il)-N´-(3,4-clorobenzilideno)-3-metil-

pentanohidrazida

Fórmula química - C21H19Cl2N3O3. Massa Molecular - 432.30g. Rendimento –

50,02%. Fator de Referência – 0,7 (Hex/AcEt :: 9/1). Ponto de fusão: 178 a 181 oC.

Análise Elementar – AEteor: N 9.72%; C 58.35%; H 4.43%; AEexp: N 8.60%; C

49.17%; H 2.87%.. IV (KBr, cm-1) – 3442 (NH2), 2997 (C–H), 1700 (C=O), 1687 (C=N)

cm-1. RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6), : 1.11 (d, 3H, CH3), 2.49 (m, 1H, CH), 4.11 (s, 3H,

CH3), 7.51-7.63 (m, 2H, Ar), 7.85-8.05 (m, 4H, Ar), 8.19 (s, 1H, CH=N). RMN 13C (75.50 MHz,

DMSO-d6) , : 15.4 (CH3), 20.8 (CH), 125.5 (Ar), 128.6, 129.1 (Ar), 134.9 (Ar), 132.9 (Ar),

147.9 (Ar, C-Cl), 152.2 (C=O), 159.5 (CH=N), 170.1 (C=O).

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CAPÍTULO 3

Estudo Biológico

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3.1 Resultados e Discussões

3.1.1 Avaliação da atividade antiproliferativa

A atividade citotóxica das amostras está apresentada nas Tabela 5 e 6,

com seus respectivos percentuais de inibição. De acordo com a metodologia apenas

as substâncias que apresentam valores de inibição ≥ 90 % em pelo menos duas

linhagens tumorais (elevado potencial citotóxico) são classificadas com perfil anti-

proliferativo. Valor esse considerado como cut-off para o screening de novas

substâncias com potencial antitumoral.

Tabela 5. Screening da atividade citotóxica de 7 substâncias em linhagens de células tumorais humana.

Amostra HL-60 SD

HCT-8 SD

MDAMB435 SD

Identificação GI% (média) GI% (média) GI% (média)

1a -28,22% 0,11% 37,55% 12,93% 17,52% 9,28%

1d -55,38% 1,92% 52,70% 6,94% 38,72% 8,13%

3b -98,76% 21,24% 40,81% 4,22% 12,04% 6,29%

4a -8,89% 16,16% 56,94% 7,94% 32,32% 5,98%

4c -126,24% 6,10% 3,17% 0,06% 20,28% 1,07%

5b -5,69% 17,96% 48,66% 2,33% 32,92% 0,08%

5e -60,89% 35,25% 64,91% 25,09% 56,83% 6,29%

A tabela acima apresenta a inibição da proliferação (%) realizada em

duplicata pelo método do MTT após 72 horas de incubação.

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Tabela 6. Screening da atividade citotóxica de 18 substâncias em linhagens de células tumorais humana.

Amostra HCT-8 SD

HL-60 SD

SF-295 SD

Identificação GI% (média) GI% (média) GI% (média)

1e 11,01% 7,34% 3,59% 2,54% 17,36% 11,86%

1b 17,86% 4,68% -26,98% 6,67% 27,37% 1,56%

1c 23,14% 4,74% -33,22% 18,89% 33,51% 3,07%

1f 32,10% 0,13% -40,93% 5,54% 40,21% 0,88%

1g 23,05% 1,62% 10,90% 10,24% 28,47% 11,97%

2a 29,11% 1,88% -21,06% 11,46% 38,44% 2,65%

2b 29,34% 4,29% -64,12% 4,89% 38,11% 5,93%

2c 64,17% 4,94% 0,47% 43,41% 73,58% 6,76%

4b 26,13% 1,95% -57,54% 7,61% 34,98% 2,45%

3a 37,29% 3,83% -39,34% 14,00% 46,43% 1,87%

3c 41,15% 6,69% -54,09% 9,68% 40,13% 9,83%

5a 31,32% 2,01% -43,72% 10,43% 38,15% 3,69%

5c 34,63% 3,18% -12,23% 20,02% 40,13% 0,78%

5d 72,71% 0,39% -62,06% 33,73% 80,87% 6,66%

5f 71,65% 36,06% -65,12% 2,35% 90,95% 1,56%

5g 41,70% 1,10% -16,54% 9,40% 46,83% 0,68%

5h 35,41% 0,65% 35,61% 3,10% 40,58% 4,01%

5i 41,47% 0,52% -12,43% 7,33% 45,51% 0,78%

A partir dos resultados das tabelas 5 e 6, pode-se constatar que nenhum dos

compostos testados foi hábil em inibir a proliferação celular de pelo menos duas

linhagens de células tumorais. Portanto, segundo a metodologia não são compostos

citotóxicos nesse modelo in vitro. Entretanto, como existem relatos na literatura

evidenciando a atividade anti-angiogênica e anti-tumoral da Talidomida, levantamos

a hipótese que nossos compostos provavelmente apresentam atividade anti-tumoral

em modelos in vivo.

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3.1.2 Avaliação dos níveis de TNF- e IL1

O objetivo deste teste biológico era avaliar a capacidade das moléculas

obtidas em inibir a síntese de duas citocinas de extrema relevância em processos

inflamatórios e cânceres. Entretanto, houve uma dificuldade quanto a solubilização

dos compostos para análise. Os resultados são mostrados na tabela 7.

Tabela 7. Concentração de TNF- e IL-1B após administração dos compostos a 50μM/mL.

PRODUTO TNF (pg) IL-1B (pg)

THL 76 251,8

1a 12,6 10,4

1d 154 18

1g 10,4 10

2a 28,2 26

2b 257,6 95,6

2c 34 24,6

3a 93,2 346,7

3b 9,0 14,4

5a 12,8 24,6

5b 14 34,0

5c 9,4 12,6

5d 28,0 18,0

5e 26,0 14,4

5f 9,6 30,4

5i 20 16,2

5l 33,2 37,2

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A tabela mostra a quantidade de citocina presente no meio após

administração de cada composto. Quanto menor a quantidade de citocina, mais

eficiente foi o composto em inibir a produção da mesma. Dos 16 compostos

testados, os compostos 1a, 1g, 2b e 5c foram hábeis em inibir o TNF- e IL-1 na

concentração de 50μM/mL.

3.1.3 Ensaios de inibição do m-RNA do TNF-, morte e apoptose celular

O grupo de pesquisa do Dr. Lawrie Abraham desenvolveu um ensaio mais

específico (KARIMI et al, 2007; KROEGER & CARVILLE & ABRAHAM, 1997) para

determinar os efeitos no caminho de modulação da via do NFκB, como uma medição

do mecanismo de ação da atividade imuno-modulatória ou anti-inflamatória. Para

mensurar eficazmente a inibição da via de sinalização do NFkB por cada composto,

uma linhagem celular capaz de produzir o TNF foi utilizada. O gene de uma proteína

fluorescente (GFP, green fluorescent protein) e uma seqüência genética, que

transcreve o TNF através do NFkB, foram inseridos no genoma de uma linhagem de

células T humanas. Essa chamadas de Jurkat, passando então a gerar a linhagem

FRT-Jurkart TNF, como previamente descrito (KARIMI et al, 2007; KROEGER &

CARVILLE & ABRAHAM, 1997). Como uma medida da produção de TNF, a

atividade da GFP foi quantificada pela citometria de fluxo.

Primeiro foi determinado se os compostos inibiam a expressão de TNF a

100 µM e 10 µM (Figura 26).

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Figura 26. Inibição da expressão de TNF.

Utilizou-se a Talidomida como padrão para comparação dos níveis de

inibição. E também o Revlimide, um análogo da Talidomida que clinicamente

mostra-se ser 1000 vezes mais potente em relação à inibição de TNF. Neste modelo

o Revlimide mostra-se apenas duas vezes mais potente que a Talidomida, portanto

sugere-se que se um composto mostra um nível de inibição, neste modelo, similar

ao do Revlimide, num contexto clínico isso será um significante melhoramento em

relação à Talidomida.

O composto 5d apresentou percentual de inibição de TNF entre 8-9%

tanto a 100 µM como a 10 µM, o qual é aproximadamente 3% mais do que a

Talidomida (em torno 5-6% a 100 µM e a 10 µM).

Os compostos 5e e 5l foram os mais eficazes com percentual de inibição

por volta de 17% a 100 µM, sendo cinco vezes mais eficazes que a Talidomida e

cerca de 3% mais potente que o Revlimide. Entretanto, sem atividade inibitória

significativa a 10 µM.

Na figura 27 abaixo foi analisada a indução da morte celular utilizando-se

a citometria de fluxo.

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Figura 27. Indução da Morte Celular.

Observando o DMSO, percebe-se que o mesmo não interfere no ensaio e

não leva a morte das células, portanto a toxicidade, se houve, foi devido

exclusivamente a presença dos compostos. Ao se adicionar a Talidomida observa-

se um percentual de morte celular de 2-3%, contudo o Revlimide é menos tóxico do

que a Talidomida. Ou seja, o Revlimide é mais eficiente em inibir o TNF sem matar

as células.

De forma geral os compostos analisados apresentaram níveis aceitáveis

de morte celular comparável a Talidomida e até mesmo menor que o Revlimide,

como os compostos 5d, 5f e 5l (todos a 10 µM).

Os compostos 5e, 5k, 5i e 5l apresentaram alta taxa de morte celular a

100 µM. Contudo, não era até então possível dizer se era através da morte celular

programada.

É interessante destacar o composto 5d, a 10 µM, induziu a morte celular

em percentual menor do que o Revlimide, também a 10 µM, e apresentou um

percentual de inibição de TNF próximo ao Revilimide (9% e 14%, respectivamente;

ambos a 10 µM).

Para se determinar se a morte celular foi através de apoptose utilizou-se

células sem a GFP, contudo as mesmas da linhagem de células T Jurkat (Figura 28).

As células foram tratadas com os compostos e após 24 horas foi adicionada a

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molécula detectora de Caspase 3. A presença dessa enzima na célula significava

que o processo de apoptose estava ocorrendo. A enzima então clivaria a molécula

detectora emitindo uma fluorescência verde e que seria mensurada. A figura abaixo

mostra o percentual de células que morreram por apoptose em função do total de

células que morreram.

Figura 28. Indução da Morte Celular Programada.

Na figura 28 pode ser destacado que o composto 5d, também apresentou

uma atividade melhor que o composto líder Revlimide. Tanto a 100 µM como a 10

µM o composto sintetizado por nós apresentou menor ação apoptótica frente as

células do ensaio.

Observa-se também que a 100 µM o composto 5i apresenta uma elevada

taxa de morte celular programada (apoptose). A partir do primeiro ensaio (figura 26)

verifica-se que este composto inibe o TNF, em torno de 13% enquanto que o

Revlimide inibe 14% a 100 µM. Ou seja, embora o composto 5i não apresente a

mais eficiente inibição frente a TNF, ele é equivalente a um medicamento de uso

clínico. Entretanto, este composto é de longe mais eficaz em promover a morte

celular programada (com um percentual de 50%).

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3.2 Seção Experimental

3.2.1 Avaliação da atividade antiproliferativa

Os compostos foram avaliados quanto à capacidade de inibir a

proliferação de linhagens de células tumorais. Os ensaios foram realizados no

Laboratório de Oncologia Experimental da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Análise de citotoxicidade pelo método do MTT vem sendo utilizada no

programa de screening do National Cancer Institute dos Estados Unidos (NCI), que

testa mais de 10.000 amostras a cada ano (SKEHAN et al., 1990). É um método

rápido, sensível e barato. Foi descrita primeiramente por MOSMAN (1983), tendo a

capacidade de analisar a viabilidade e o estado metabólico da célula. É uma análise

colorimétrica baseada na conversão do sal 3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-2-H-

brometo de tetrazolium (MTT) em azul de formazan, a partir de enzimas

mitocondriais presentes somente nas células metabolicamente ativas. O estudo

citotóxico pelo método do MTT permite definir facilmente a citotoxicidade, mas não o

mecanismo de ação (BERRIDGE et al., 1996).

As células foram plaqueadas na concentração de 0,1 x 106 cél/mL para as

linhagens MDA/MB-435 e SF-295 e 0,7 x 105 cél/mL para a linhagem HCT-8 e 0,3 x

106 cél/mL para HL-60. As placas foram incubadas por 72 horas em estufa a 5% de

CO2 a 37C. Ao término deste, as mesmas foram centrifugadas e o sobrenadante,

removido. Em seguida, foram adicionados 150 L da solução de MTT (sal de

tetrazolium), e as placas foram incubadas por 3h. A absorbância foi lida após

dissolução do precipitado com 150 L de DMSO puro em espectrofotômetro de

placa a 595nm. Os extratos foram testados na concentração de 50µg/mL.

Os experimentos foram analisados segundo a média ± desvio padrão da

média (DPM) da porcentagem de inibição do crescimento celular usando o programa

GraphPad Prism.

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3.2.2 Avaliação dos níveis de TNF- e IL-1

Macrófagos peritoneais de camundongos são obtidos pela lavagem com 5

mL de PBS gelado por camundongos, após 3 dias da injeção (i.p) de 2 mL de

tioglicolato a 3% em salina. As células foram semeadas em placas de 96 poços a

uma densidade de 2 x 106 células/mL e incubadas a 37º e 5% de CO2/95% de ar

para permitir aderência dos macrófagos. Após 2 horas, as células não aderentes

foram removidas com PBS aquecido e as células remanescentes usadas para o

experimento. Células na concentração de 2 x 106 foram suspensas em RPMI 1640

contendo 5% de soro bovino inativado, 100UI/ml de penicilina, 100g/mL de

estreptomicina e 50mM de 2-mercaptoetanol. 100l da suspensão e 100l das

amostras foram adicionadas em cada poço por um período de 24 horas. As células

foram incubadas com LPS 2g/mL (controle positivo) ou com os compostos testes

em várias concentrações. Após 24 horas, os sobrenadantes foram removidos e

armazenados a -80°C até a avaliação dos níveis das citocinas(TNF- e IL-1).

As dosagens das citocinas nos exsudatos foram realizadas pela técnica

de ELISA sandwich de captura, empregando anticorpos monoclonais, específicos

para detecção de citocinas de camundongos.

3.2.3 Ensaios de inibição do m-RNA do TNF-, morte e apoptose celular

Os compostos foram avaliados quanto à capacidade de inibir a expressão

do TNF-, bem como o potencial de induzir a morte celular e a taxa de indução de

apoptose. Foram usados a Talidomida e o Revmide como padrões. Os ensaios

foram realizados na Escola de Ciências Biomédicas, Biomoleculares e Químicas da

Universidade da Austrália Ocidental, pelo Professor Dr Lawrie Abraham.

O efeito de cada composto na inibição da expressão do TNF e na

viabilidade celular foi realizado usando a linhagem celular FRT-Jurkat TNF. A análise

foi feita utilizando um Citometro de Fluxo FACSCalibur 4-Colour (Becton, Dickinson

and Company, New Jersey, USA). O tratamento dos dados foi obtido com o software

FlowJo (Tree-Star, Ashland, OR, USA).

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O estudo de células viáveis e não-viáveis, tanto com apenas o solvente

(DMSO) como com o tratamento com os compostos por 24 horas, foi feito usando a

citometria de fluxo. Os compostos foram suspendidos e diluídos para 100 µM e 10

µM em Dimetilsulfóxido (DMSO). Como foi adicionado entre 1 e 2 µl de cada

composto nas células, foi testado o possível efeito do DMSO no ensaio (o branco). A

inibição foi determinada com um decréscimo na fluorescência da GFP a qual foi

detectada no comprimento de onda de 515nm, no canal FL3. O percentual de

células viáveis foi determinado como o percentual de células dentro de uma área

delimitada que englobava a maior população de células tratada somente com

solvente. A viabilidade foi confirmada coloração com propidium iodide e detecção a

570nm, no canal FL2.

Para a detecção de células em apoptose, após o tratamento com cada

compostos, as células foram tratadas com isotiocianato de fluoresceína (FITC). Esse

substrato na presença da enzima caspase 3 (importante para o processo de indução

da apoptose) é clivado e emite fluorescência (Ensaio Nucview-488 caspase 3,

Biotium Inf., Hayward, USA). A fluorescência foi também quantificada no citometro

de fluxo, no canal FL3.

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Conclusões

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Os métodos sintéticos permitiram obter os produtos desejados e os

dados espectroscópicos confirmaram a obtenção de cada molécula.

O ensaio antitumoral in vitro mostrou a ineficiência das moléculas

obtidas em inibir a proliferação de linhagens de células tumorais.

Os compostos inibiram em de alguma maneira a produção de TNF-α e

IL-1 também in vitro.

Os compostos 5d, 5e e 5l apresentaram bons perfis de inibição do

TNF-α a 10μM (8-9%, 17% e 17%, respectivamente), em comparação

como os padrões utilizados (Talidomida e Revlimide).

Os compostos 5e, 5i, 5k e 5l apresentaram altas taxas de indução da

morte celular a 100μM (16%, 17%, 24% e 22%, respectivamente).

O composto 5l apresentou elevadíssima taxa de indução de apoptose,

sendo de 51% a 100μM.

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REFERÊNCIAS

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