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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA RENATO DE SOUZA MELO AVALIAÇÃO DO CONTROLE POSTURAL E DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ESCOLARES OUVINTES E COM PERDA AUDITIVA SENSÓRIONEURAL E SUA RELAÇÃO COM OS GRAUS DA PERDA AUDITIVA E COM A FUNÇÃO DO SISTEMA VESTIBULAR. RECIFE | 2013

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE …‡… · completam a minha família, obrigado por tornar a minha vida mais feliz com a presença de vocês. A todos os meus tios(as),

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

RENATO DE SOUZA MELO

AVALIAÇÃO DO CONTROLE POSTURAL E DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO:

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ESCOLARES OUVINTES E COM PERDA

AUDITIVA SENSÓRIONEURAL E SUA RELAÇÃO COM OS GRAUS DA

PERDA AUDITIVA E COM A FUNÇÃO DO SISTEMA VESTIBULAR.

RECIFE | 2013

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RENATO DE SOUZA MELO

AVALIAÇÃO DO CONTROLE POSTURAL E DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO:

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ESCOLARES OUVINTES E COM PERDA

AUDITIVA SENSÓRIONEURAL E SUA RELAÇÃO COM OS GRAUS DA

PERDA AUDITIVA E COM A FUNÇÃO DO SISTEMA VESTIBULAR.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Fisioterapia stricto-sensu, do Centro

de Ciências da Saúde da Universidade Federal de

Pernambuco, para obtenção do grau de Mestre em

Fisioterapia.

Linha de Pesquisa: Desempenho físico-funcional e

qualidade de vida.

Orientadora: Profª. Drª. Karla Mônica Ferraz Teixeira

Lambertz.

Co-Orientadora: Profª. Drª. Andrea Lemos Bezerra

de Oliveira.

RECIFE | 2013

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“AVALIAÇÃO DO CONTROLE POSTURAL E DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO: ESTUDO

COMPARATIVO ENTRE ESCOLARES OUVINTES E COM PERDA AUDITIVA

SENSÓRIONEURAL E SUA RELAÇÃO COM OS GRAUS DA PERDA AUDITIVA E

COM A FUNÇÃO DO SISTEMA VESTIBULAR”.

RENATO DE SOUZA MELO

APROVADA EM: 28/05/2013

ORIENTADORA: PROFª. DRª. KARLA MÔNICA FERRAZ TEIXEIRA LAMBERTZ

COORIENTADORA: PROFª. DRª. ANDREA LEMOS BEZERRA DE OLIVEIRA

COMISSÃO EXAMINADORA:

PROF. DR. ALBERTO GALVÃO DE MOURA FILHO – FISIOTERAPIA/UFPE

PROFª. DRª. DENISE COSTA MENEZES – FONOAUDIOLOGIA/UFPE

PROFª. DRª. MARIANA DE CARVALHO LEAL GOUVEIA– CIRURGIA/UFPE

Visto e permitida à impressão

_______________________________________________

Coordenador(a) do PPGFISIOTERAPIA/DEFISIO/UFPE

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“Aos meus pais e às minhas irmãs, que sempre acreditaram e me incentivaram

para a realização deste sonho”.

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AGRADECIMENTOS

Ao Senhor JESUS, pelo amor infinito que tem por mim, por me dar tanta

força, coragem e determinação para superar cada obstáculo e chegar até aqui,

mesmo diante de todas as dificuldades. Toda honra e toda glória sejam dadas

ao teu nome, DEUS.

Aos meus pais José Melo da Silva e Genelva Gomes de Souza Melo, que

são os principais responsáveis pela pessoa que sou hoje, pela minha educação

e, principalmente, por chegar até aqui. Tudo o que eu fiz, que faço e o que farei

é por e para vocês. Obrigado por tudo que vocês fizeram e fazem por mim e pela

nossa família, amo muito vocês.

Às minhas irmãs Ailsa, Wilma e Wilsa, que me ensinaram o que é o amor

verdadeiro, que sonham junto comigo, que torcem, incondicionalmente, pelo

meu sucesso, que me dão todo o suporte que eu preciso. Vocês são as

melhores irmãs que alguém poderia ter, obrigado por tudo, eu amo vocês.

Aos meus sobrinhos Guilherme e Sophia e ao meu cunhado Renato, que

completam a minha família, obrigado por tornar a minha vida mais feliz com a

presença de vocês.

A todos os meus tios(as), primos(as) que tanto torcem por mim, muito

obrigado por todo esse amor a mim ofertado. Amo vocês!!

Aos meus amigos de Caruaru: Nayane Chaves, Manuella Donato,

Aracelly Marinho, Flávia Patriota, Thadyma Siqueira, Inês Cavalcanti, Josiany

Lima, Diego, Julyane e Eudes Deó, Dellany Ximenes, Elaine Monteiro, Rafael

Arruda, Fabíola Almeida e Vanuccio Pimentel, que, de uma forma ou de outra,

me ajudaram a chegar até aqui, obrigado por estarem sempre ao meu lado e por

torcerem tanto por mim, vocês são muito especiais.

Aos meus amigos de Recife: Isnaldo Acioly, Alisson Lomanto, Cléber

Arruda, Priscilla Melo, Willey Melo, Loyz Carlo e Bruno Cavalcanti, que tanto

torcem pelo meu sucesso profissional, obrigado por tudo.

Aos meus professores da ASCES, especialmente, aqueles que tanto me

incentivaram e apoiaram quando eu decidi ingressar na área acadêmica, com

quem tanto aprendi e nos quais me espelho. Obrigado: Lícia Vasconcelos,

Etenildo Cabral, Anna Myrna Jaguaribe, Mallison Vasconcelos, Angélica Tenório,

Gisela Siqueira, Carla Fabiana Toscano, Fernanda Soares e Daniella Araújo.

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À minha amiga, Polyanna Amorim, minha eterna dupla da faculdade,

minha companheira em tudo na época da graduação, uma pessoa ímpar que a

faculdade me trouxe. Te amo pra sempre, Polyzinha.

À Gêssyca Menezes e Laísa Diniz, obrigado pela amizade e pelo

companheirismo de sempre.

À Gerência Regional de Educação do Agreste Centro-Norte,

representada pelo gestor: Antônio Fernando Santos Silva, que autorizou esta

pesquisa, sempre tão solícito, atencioso e prestativo comigo e com os meus

projetos da graduação, especialização e agora o do mestrado. Obrigado por

tudo, Antônio.

Às gestoras e às professoras das escolas que colaboraram com este

estudo, aos pais que concordaram com a participação dos seus filhos e,

sobretudo, às crianças que participaram como voluntárias desta pesquisa, sem a

participação de vocês nenhuma dessas páginas poderia ser escrita.

A todos que fazem parte da Unidade de Saúde Auditiva – Caruaru, pela

ajuda, pelo empenho de vocês, pelo trabalho e pela disponibilidade de todos,

muito obrigado!!

À Clínica Otorrinos, pelo empenho, pela paciência e profissionalismo de

todos vocês, muito obrigado!!

À todos que fazem parte do Departamento de Fisioterapia da

Universidade Federal de Pernambuco. Pelo acolhimento, pelo carinho, por tornar

estes dois anos da minha vida maravilhosos, de muito aprendizado, crescimento

profissional e pessoal, eu amo vocês.

Ao Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal

de Pernambuco, por proporcionar o crescimento profissional de todos que nele

ingressam.

Aos meus amigos da terceira turma do mestrado: Kamilla Dinah, Cibelle

Andrade, Karina Garcez, Rebeka Borba, Lucas Ithamar, Cybelle Nery, Clarice

Nicéas (In Memorian), Marsílo Brasil, Ramon Távora, Ianny Mourato, Silvana

Galvão, Helga Muniz e Taciano Rocha: Obrigado pelo acolhimento, pelas

inúmeras risadas, pelo aprendizado e crescimento mútuo, pelo respeito e,

principalmente, pelas amizades criadas, amo vocês!!

Às secretárias do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da

Universidade Federal de Pernambuco: Carolina Henriques e Niége Melo, que a

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meu ver, se completam: Carol, minha amiga, salvadora da pátria e que sempre

ria dos meus dizerem religiosos e Niége, que eu amo de paixão, que sempre fez

e faz tudo por mim, a pessoa que torcia por mim, mesmo quando eu ainda era

042 na seleção do mestrado. Amo vocês, meninas! Que DEUS ilumine vocês e o

trabalho importante que vocês desempenham, obrigado por tudo.

Aos meus queridos: Robson Arruda, Maryelle Freire, Sônia Santos e Hélio

Damasceno, que me ajudaram na coleta de dados desta pesquisa, que se

empenharam como se a pesquisa fosse deles. Obrigado por tudo, vocês são

muito especiais.

Ao querido professor Daniel Lambertz, por todo aprendizado, por estar

sempre disponível a ajudar, sobretudo, nos momentos em que mais precisei, por

me ensinar tanto, e, principalmente, pela pessoa especial que é. Obrigado por

tudo, Daniel.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia, pela

busca incessante de conhecimento, pelo profissionalismo e pelas amizades

criadas. Agradecimentos especiais aos professores: Andrea Lemos, Arméle

Dornelas de Andrade, Alberto Galvão de Moura Filho, Caroline Wanderley Souto

Ferreira Anselmo, Glória Elizabeth Carneiro Laurentino, Karla Mônica Lambertz

e Kátia Karina do Monte Silva, agradeço por todo o carinho que tiveram comigo

durante estes dois anos, obrigado por tudo.

À professora Cristina Raposo, um ser humano incrível, sempre disposta a

ajudar quem dela precise, com quem aprendi muitas lições, que vão além dos

números da estatística. Faltam-me palavras pra descrevê-la, professora e em

meio a tanta emoção, só queria agradecê-la por tudo que a senhora fez por mim.

Obrigado por tudo.

Às minhas irmãs científicas: Carla Raquel Daher, Thaysa Souza e

Mariana Dantas, que me acolheram com tanto carinho, que me ensinaram com

tanta paciência e com quem pude conhecer o que é ser amigo e companheiro,

de verdade. Amo vocês, minhas queridas.

Aos caçulas: Matheus Soares e Laís Holanda, boa sorte na pesquisa de

vocês, tudo de bom, contem comigo sempre.

À Andrea Lemos, uma das pessoas mais incríveis que já conheci, que é,

sem dúvidas, uma das maiores responsáveis pelo meu crescimento profissional

durante estes dois anos do mestrado, com quem tanto aprendi e com quem eu

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sempre pude contar nos momentos em que mais precisei. Andrea, em meio a

tanta emoção, queria dizer que você é uma pessoa muito especial pra mim, não

só pelo conhecimento ofertado, por estar sempre disposta a ajudar a todos, mas,

por acreditar sempre que todas as pessoas são capazes e apostar nos seus

alunos de forma incondicional. Sem dúvidas, foi DEUS que colocou você na

minha vida. Tenho muito orgulho em poder dizer que fui seu aluno e mais, que

fui seu orientando. Obrigado por tudo que você fez por mim durante esses anos

no mestrado, beijos, amo você!!

Á minha orientadora Karla Mônica Lambertz, uma mulher tão especial pra

mim, um ser humano ímpar e digno de se espelhar pelo profissionalismo e pelo

caráter que tem. Ter sido orientado por você foi um presente, Karla e eu também

tenho certeza que foi DEUS que fez com que você cruzasse o meu caminho.

Desde a nossa primeira reunião que eu me encantei com você, com seu jeito tão

humano de lidar com o outro, seja ele quem for. Tudo foi mágico ao seu lado,

talvez você não tenha ideia do tamanho da minha admiração por você, ou até

tenha, porque eu não me canso de falar o quanto você é especial pra mim.

Todos os aprendizados, cada momento, cada risada, cada almoço juntos, até na

hora de cobrar eu sentia o seu carinho de “mãe”... e em meio a tanta emoção, eu

gostaria de agradecer por tudo que você fez e faz por mim até hoje. Eu não

poderia ter escolhido outra pessoa pra me orientar, ainda bem que eu já

sonhava com seu nome no meu Lattes. Afinal, muitos são os que ensinam, mas

poucos e especiais são aqueles que te mostram o caminho certo a percorrer,

pegam na sua mão e ainda dizem: eu vou com você, meu querido!! Alguns a

chamam de senhora, outros de professora, mas eu tenho certeza que a chamo

da forma certa: meu anjo, Karla Mônica Lambertz!! Obrigado por tudo, eu amo

você!!

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“Ao Rei dos reis consagro tudo o que sou. De gratos louvores transborda

o meu coração. A minha vida eu entrego nas tuas mãos, meu senhor, pra Te

exaltar com todo o meu amor. Eu Te louvarei conforme a Tua justiça e cantarei

louvores, pois Tu és altíssimo.

Celebrarei a Ti ó DEUS com o meu viver, cantarei e contarei as Tuas

obras, pois por Tuas mãos foram criados terra, céu e mar e todo o ser que neles

há. Toda a terra celebra a Ti, com cânticos de júbilo, pois Tu és o DEUS criador.

A honra, a glória, a força e o poder ao Rei Jesus e o louvor ao Rei Jesus”.

Consagração – Aline Barros

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RESUMO

Introdução: Crianças com perda auditiva sensórioneural podem apresentar

distúrbios no controle postural e no equilíbrio em virtude do acometimento do

sistema vestibular, decorrente da lesão na orelha interna. Objetivo: Avaliar a

estabilidade do controle postural e do equilíbrio estático em crianças ouvintes e

com perda auditiva e comparar os dados entre os grupos. Métodos: Estudo de

corte transversal, que avaliou 130 escolares, sendo 65 ouvintes e 65 com perda

auditiva sensórioneural, de ambos os sexos, com idade entre 7-11 anos. Para a

avaliação do controle postural e do equilíbrio estático, foi utilizada a plataforma

de força (EMGSystem®). Para a variável controle postural foi relacionada a

velocidade de oscilação do centro de pressão nos sentidos antero-posterior

(VAP) e médio-lateral (VML) e para o equilíbrio os dados da área circular. As

avaliações se deram em três posições: P1: apoio bipodal com pés paralelos, P2:

apoio bipodal com pés um à frente do outro e P3: apoio unipodal, em duas

condições sensoriais: olhos abertos (AO) e fechados (OF). Resultados: Os

resultados da comparação entre os grupos apontaram diferenças entre os

parâmetros relacionados ao controle postural, sendo o grupo com perda auditiva

apresentou maior oscilação na velocidade média do centro de pressão: VAP:

olhos abertos: (P2 e P3: p= 0,000); olhos fechados: (P1: p= 0,035), (P2: p=

0,004) e (P3: p= 0,000). VML: olhos abertos: (P1 e P2: p= 0,000) e (P3: p=

0,001); olhos fechados: (P1: p= 0,001) e (P2: p= 0,000). O mesmo aconteceu

com relação a área circular: olhos abertos e fechados: (P1, P2, P3: p= 0,000).

Conclusão: As crianças com perda auditiva apresentaram maior instabilidade

no controle postural e no equilíbrio estático que às ouvintes.

Palavras chaves: Criança. Destreza Motora. Equilíbrio Postural. Postura.

Surdez.

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ABSTRACT

Introduction: Children with sensorineural hearing loss may present disturbances

in postural control and balance due to the commitment of the vestibular system,

resulting from injury to the inner ear. Objective: To evaluate the stability of

postural control and static balance in children with normal hearing and with

sensorineural hearing loss and to compare data between groups. Methods:

Cross-sectional study that evaluated 130 children, 65 normal hearing and with

sensórioneural hearing loss, of both sexes, aged 7-11 years old. For the

assessment of postural control and static balance, we used a force platform

(EMG System®). For variable postural control was related to oscillation speed of

the center of pressure (COP) in the antero-posterior directions (AP) and medial-

lateral (ML) and for the balance data of the circular area. Evaluations was

performed in three positions: P1: bipedal support with feet parallel, P2: bipedal

support with one foot in front the other and P3: unipedal leg support in two

sensory conditions: eyes open (EO) and closed (EC). Results: The results of the

comparison between the groups showed differences between the parameters

associated with postural control, and the group with sensorineural hearing loss

showed greater instability in the average velocity of the center of pressure: AP:

EO: (P2 e P3: p= 0,000); EC: (P1: p=0,035), (P2: p= 0,004) e (P3: p=

0,000).VML: EO: (P1 e P2: p= 0,000) e (P3: p= 0,001); EC: (P1: p= 0,001) e (P2:

p= 0,000). The same happened with respect to the circular area: EO and EC:

(P1, P2, P3: p= 0,000). Conclusion: Sensorineural hearing loss children showed

greater instability in postural control and static balance compared to normal

hearing.

Key-Words: Child. Motor Skills. Postural Balance. Posture. Deafness.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA Ajustes Posturais Antecipatórios

APC Ajustes Posturais Compensatórios

COP Centro de Pressão

DV Disfunção Vestibular

FRS Força de Reação ao Solo

FVN Função Vestibular Normal

GDMT Grupo com Desenvolvimento Motor Típico

GPAS Grupos com Perda Auditiva Sensórioneural

IMC Índice de Massa Corporal

LIBRAS Língua Brasileira de Sinais

OA Olhos Abertos

OF Olhos Fechados

PAS Perda Auditiva Sensórioneural

PDC Posturografia Dinâmica Computadorizada

P1 Postura com Apoio Bipodal e Pés Paralelos

P2 Postura com Apoio Bipodal e Pés Um à Frente do Outro

P3 Postura com Apoio Unipodal Sobre o Pé Dominante

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

VAP Velocidade de Oscilação no Sentido Ântero-Posterior

VENG Vectoeletronistagmografia Computadorizada

VML Velocidade de Oscilação no Sentido Médio-Lateral

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Representação do processo de seleção da amostra. p.27

Figura 2. Plataforma de força EMG System do Brasil®. p.28

Figura 3. Representação das posturas de aquisição de

acordo com a base de suporte, assumidas durante

a avaliação sobre a plataforma de força. p.30

Figura 4. Representação da força de reação ao solo. p.31

Figura 5. Representação do estabilograma, do

estatocinesiograma e da densidade espectral

de potência. p.31

Figura 6. Parâmetros estabilográficos analisados na

estabilografia estática. p.32

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ......................................................................................... 16

2. INTRODUÇÃO ................................................................................................18

2.1. REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 20

2.1.1. Desenvolvimento motor infantil e a evolução do controle postural .......... 20

2.1.2. Equilíbrio corporal e a sua relação com a orelha interna.......................... 22

2.1.3. Métodos de avaliação do controle postural e equilíbrio corporal ............. 24

3. HIPÓTESES ................................................................................................... 26

4. OBJETIVOS ................................................................................................... 26

4.1. Objetivo Geral ............................................................................................. 26

4.2. Objetivos Específicos .................................................................................. 26

5. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 26

5.1. Local do estudo ........................................................................................... 26

5.2. Período de realização do estudo ................................................................ 27

5.3. Desenho do estudo ..................................................................................... 27

5.4. População do estudo .................................................................................. 27

5.5. Amostra ....................................................................................................... 27

5.5.1. Amostragem ............................................................................................. 27

5.5.2. Critérios de elegibilidade .......................................................................... 27

5.6. Procedimento para seleção dos participantes ............................................ 28

5.7. Materiais utilizados para a coleta ................................................................ 29

5.7.1. Avaliação antropométrica ........................................................................ 29

5.7.2. Avaliação estabilográfica ......................................................................... 29

5.8. Procedimentos para a coleta de dados ....................................................... 30

5.9. Avaliação da função auditiva e do sistema vestibular ................................. 33

5.9.1. Avaliação da função auditiva ................................................................... 34

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5.9.2. Procedimentos para avaliação da função auditiva ................................... 34

5.9.3. Avaliação da função do sistema vestibular............................................... 34

5.9.4. Procedimentos para a avaliação da função vestibular ............................. 35

5.10. Análise estatística ..................................................................................... 36

5.11. Considerações éticas ................................................................................ 37

6. RESULTADOS .............................................................................................. 37

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 38

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 39

APÊNDICES ...................................................................................................... 47

ANEXOS ............................................................................................................ 73

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1. APRESENTAÇÃO

O tema ao qual este trabalho de pesquisa foi dedicado foi escolhido

devido a experiências de estudos anteriores. O interesse em aprender a Língua

Brasileira de Sinais (LIBRAS), levou-me a convivência com pessoas com perda

auditiva sensórioneural e em meio a isso, buscando um tema para o meu

trabalho de conclusão de curso de graduação, fui estimulado a observar esta

população.

Assim, pude observar que algumas das pessoas com perda auditiva do

curso de LIBRAS, apresentavam desvios posturais e que a investigação acerca

desse tema era escassa na literatura, embora estudos referissem que crianças

com perda auditiva apresentavam alterações no equilíbrio corporal. A partir

disso, foi definido como objeto de nosso estudo avaliar a postura desta

população o equilíbrio e a marcha em crianças ouvintes e com perda auditiva

sensórioneural. Durante a coleta de dados alguns escolares com perda auditiva

demonstravam um desempenho no equilíbrio e na marcha semelhante ao dos

ouvintes, entretanto, outras crianças com perda auditiva, apresentavam muita

dificuldade em realizar algumas tarefas simples nas provas de equilíbrio, como

por exemplo, dar uma volta em torno do seu próprio eixo, chegando a

desequilibrar-se e colocando as mãos no solo, a fim de, evitar a queda.

Este fato nos chamou atenção, afinal, o que poderia ocasionar que as

crianças com perda auditiva apresentassem desempenhos tão diferentes em

uma mesma prova de avaliação? Foi quando observamos que alguns estudos

que avaliaram a ocorrência de disfunção vestibular em crianças com perda

auditiva mencionavam que as crianças com graus de perda auditiva severo e

profundo apresentariam mais disfunção vestibular, comparadas às de graus leve

e moderado. Isto me fez questionar se aquelas crianças que apresentavam um

desempenho semelhante ao dos ouvintes não poderiam ter graus de perda

auditiva leve e moderado, e se aquelas cujo desempenho foi bem inferior aos

demais, não poderiam ter graus de perda auditiva severo e profundo? Além

disso, qual seria o impacto dos graus da perda auditiva sobre o controle postural

e o equilíbrio corporal relacionado ou não com à função do sistema vestibular?

Desse modo, surgiu o problema da presente pesquisa.

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Embora estudos sobre equilíbrio corporal em crianças com perda auditiva

sejam conhecidos na literatura, várias lacunas restam a serem respondidas. Por

exemplo, pela utilização de métodos mais quantitativos que permitam uma

análise fidedigna dos dados observados, além da observação de um grupo bem

delineado. Na nossa experiência anterior, o uso de escalas e testes clínicos já

forneceu resultados interessantes, que foram trabalhados metodologicamente

durante o período de mestrado, o que permitiu a elaboração de uma produção

científica paralela aos resultados do presente trabalho (artigo submetido). A

partir destes referenciais, foi elaborado o projeto de pesquisa que culminou na

presente dissertação, na qual se procurou responder quantitativamente questões

sobre: como os graus da perda auditiva poderiam influenciar no controle postural

e no equilíbrio estático, além de, estudar a influência do sistema vestibular, e

tentar descrever quais parâmetros da estabilometria estariam mais afetados

nestas crianças.

De acordo com as normas e diretrizes vigentes do Programa de Pós-

Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco, a

dissertação de mestrado, aqui apresentada, foi estruturada e seus resultados

foram apresentados em formato de artigo original.

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2. INTRODUÇÃO

O estudo do crescimento e desenvolvimento neuromotor infantil tem

contribuído no acompanhamento desta fase pelos profissionais da área da

saúde (EICKMANN et al., 2006). Embora sejam eventos diferentes, o

crescimento e o desenvolvimento estão intimamente relacionados sendo

indissociáveis dentro do processo de maturação da criança. O crescimento

humano representa uma contínua transformação biológica que interage com

outros sistemas, podendo ser modificado (LORDELO et al., 2000), enquanto

que, o desenvolvimento neuromotor na infância, caracteriza-se pelas aquisições

de um amplo conjunto de habilidades neuromotoras, que possibilitam à criança

maior domínio do seu corpo em diferentes posturas (SANTOS et al., 2008).

Durante a infância, a postura sofre uma série de ajustes corporais

associados aos estágios de crescimento, repercutindo diretamente no equilíbrio

da criança, em virtude das mudanças nas proporções corporais (LEDEBT,

2000). Com o avanço da idade as proporções dos segmentos corporais mudam

requerendo uma reorganização de todos os sistemas, influenciando, assim, o

desenvolvimento das habilidades motoras e, consequentemente, o

comportamento neuromotor da criança (CAETANO et al., 2005).

As habilidades motoras na infância podem ser divididas em três

categorias de movimentos: as estabilizadoras, que comportam os aspectos de

equilíbrio e de sustentação, as habilidades locomotoras, voltadas às mudanças

de direção e localização e, por fim, as habilidades manipulativas que envolvem

as atividades de apreensão e recepção de objetos. Cada uma destas categorias

apresenta-se em períodos diferentes para a criança (MANOEL, 2000;

GALLAHUE, 2002).

Deste modo, o estudo do crescimento e desenvolvimento neuromotor

infantil encontra-se divididos em períodos de idade específicos, entretanto, as

faixas etárias em cada fase do desenvolvimento neuromotor devem ser

entendidas apenas como sendo uma referência e não como uma regra fixa de

classificação da criança, são elas: a idade pré-natal, neonatal, idade pré-escolar,

idade escolar e adolescência (EFFGEN, 2007; MAFORTE et al., 2007).

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Sendo o objeto do presente estudo, a idade escolar, consiste no período

da vida que se estende dos sete aos onze anos (infância propriamente dita).

Nesta fase, o crescimento é lento, porém, constante, com uma maior proporção

na região dos membros inferiores, do que na região do tronco, por exemplo,

sendo ajustado ao longo dos anos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA,

2006).

Para SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT (2003) o período mais crítico

para o desenvolvimento do controle postural e do equilíbrio está entre 4 e 6 anos

de idade. A organização sensorial, nesta fase, consiste na capacidade que o

sistema nervoso central tem de selecionar, suprir e combinar os estímulos

visuais, somatosensoriais e vestibulares, fornecendo a orientação adequada

para o controle postural e equilíbrio.

Esta formação do esquema corporal na criança ocorre por meio das

experiências motoras que possibilitam o fortalecimento dos músculos posturais e

dão origem às curvaturas fisiológicas da coluna vertebral, bem como, a toda

estruturação tônico-postural. No entanto, estes ajustes contínuos podem trazer

desequilíbrios corporais e posturais na infância, que se adquiridos nesse período

e sem orientação e tratamento adequado podem perdurar por toda infância, ao

longo da adolescência e na vida adulta (PENHA et al., 2009).

Assim, seria interessante inserir a avaliação do controle postural e do

equilíbrio corporal, bem como, de habilidades motoras como parte de um

conjunto de exames nas crianças em idade escolar. Isto se justifica por se tratar

de um fator relevante para o desenvolvimento neuromotor infantil e a detecção

precoce de possíveis atrasos de desenvolvimento motor ou em habilidades

motoras, assim como os fatores de riscos para o surgimento de alterações,

permitiriam o encaminhamento para intervenção específica o quanto antes.

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20

2.1. REVISÃO DA LITERATURA

2.1.1. Desenvolvimento Neuromotor Infantil e a Evolução do Controle

Postural.

Os primeiros anos de vida da criança caracterizam-se com diversas

modificações em seu crescimento e desenvolvimento neuromotor. O período

compreendido entre o nascimento e o final do primeiro ano de vida é

considerado, por muitos, um dos mais críticos para o desenvolvimento

neuropsicomotor da criança (MANACERO et al., 2008; SANTOS et al., 2008).

Um grande marco no desenvolvimento neuromotor infantil é a evolução

do controle postural, pois os lactentes aumentam as suas possibilidades de

exploração e interação com o meio ambiente a sua volta, à medida que

estabilizam a cabeça por volta do 3º mês de vida. A seguir, verifica-se um

aprimoramento no controle postural, sendo que, entre o 6º e o 7º mês muitos

lactentes já são capazes de sentar por breves períodos com apoio dos braços.

Após dois meses, entre o 8º e o 9º mês, o lactente adquire a habilidade para

sentar-se sem apoio; e por fim, entre o 12º e o 15º mês surge o controle postural

independente (RINALDI et al., 2009).

A manutenção da posição em pé envolve ajustes corporais constantes e

coerentes com o objetivo de manter os segmentos corporais alinhados e

orientados de maneira adequada. Nesse sentido, os chamados ajustes posturais

antecipatórios (APA), que estão associados à ativação dos músculos posturais

antes que uma dada perturbação ao equilíbrio ocorra e assim, são

desencadeados com a finalidade de minimizar os efeitos destes estímulos

externos. Este mecanismo é conhecido como “Feedforward” (SANTOS et al.,

2010). Já os ajustes posturais compensatórios (APC), lidam com a perturbação

propriamente dita, um estímulo externo já em andamento e sem previsão, capaz

de perturbar o equilíbrio, por meio da ativação muscular após o distúrbio, os

chamados “feedback sensoriais”, que são capazes de restaurar o padrão de

normalidade do equilíbrio postural (SANTOS et al., 2009).

Na situação de equilíbrio postural adequado, as estruturas

musculoesqueléticas estão equilibradas, portanto, menos propensas a lesões ou

deformidades (SANTOS et al, 2009). Esta tarefa requer um intrincado

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relacionamento entre informações sensoriais e ação motora (PAJOR et al,

2008).

As principais fontes de informação sensorial para o funcionamento do

controle postural satisfatório são o sistema visual, somatosensorial e vestibular.

Esse emaranhado de informações de cada sistema sensorial ocorre de forma

seletiva, quando o sistema nervoso central aumenta a atuação de um sistema

mais útil para a manutenção da postura e diminui a atuação daquele ou

daqueles sistemas sensoriais menos úteis para uma determinada postura ou

situação postural (FREITAS JUNIOR et al, 2006).

O sistema de controle postural identifica as informações provenientes dos

três sistemas sensoriais e produz respostas motoras eficientes para que a

posição desejada seja alcançada e a postura corporal mantida SHUMWAY-

COOK A, WOOLLACOTT MH, 2003).

A postura corporal pode ser definida como a posição ou atitude do corpo

em disposição estática ou o arranjo harmônico das partes corporais em

situações dinâmicas (SHUMWAY-COOK A, WOOLLACOTT MH, 2003). Uma boa

postura é resultado da capacidade que os ossos, ligamentos, cápsulas e o tônus

muscular têm de suportar o corpo ereto, permitindo sua permanência em uma

mesma posição por períodos prolongados, sem desconfortos e com baixo

consumo energético (KENDALL et al., 2007).

Na postura padrão, a coluna vertebral apresenta curvaturas normais e os

ossos dos membros inferiores estão em alinhamento ideal para a sustentação do

peso corporal. A posição neutra da pelve conduz ao bom alinhamento do

abdome, do tronco e dos membros inferiores, o tórax e a coluna superior

posicionam-se de forma que a função dos músculos respiratórios seja

favorecida. A cabeça fica ereta, equilibrada e alinhada, minimizando sobrecargas

sobre os músculos cervicais, responsáveis por sua sustentação e posição

(KENDALL et al., 2007).

Caso a informação sensorial oriunda de um dos canais sensoriais não

forneça a informação adequada, a dinâmica de funcionamento do controle

postural pode estar alterada. Neste caso, o sistema de controle da postura

parece não conseguir um relacionamento coerente e estável entre informação

sensorial e ação motora e, consequentemente, o desempenho motor e postural

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pode se apresentar prejudicado o que poderia repercutir de modo negativo em

outras habilidades motoras como, por exemplo, o equilíbrio corporal (BARELA et

al., 2011).

2.1.2. O Equilíbrio Corporal e Sua Relação com a Orelha Interna.

O equilíbrio corporal é uma complexa tarefa motora, que consiste no

processo de manutenção do centro de pressão e de projeção do centro de

gravidade no solo, dentro da base de suporte do seu corpo (SUAREZ et al.,

2007).

Em crianças, o equilíbrio corporal é uma habilidade motora primária para

o desenvolvimento de tarefas locomotoras e posturais (CASTRO, 2000),

indispensável para que ocorram as etapas do desenvolvimento neuromotor

infantil. O equilíbrio corporal adequado se faz necessário em toda interação da

criança com o ambiente à sua volta, durante as atividades diárias e,

principalmente, nas brincadeiras infantis (MELO et al., 2012). A manutenção do

equilíbrio depende da integridade anatômica e funcional dos sistemas visual,

somatossensorial e vestibular (BARELA et al., 2011).

Situado na orelha interna, o sistema vestíbulo-coclear apresenta dupla

função, sendo a cóclea responsável pela audição e o vestíbulo pelo equilíbrio.

Segundo NORTHERN et al., (1995), a capacidade de ouvir é, na verdade, uma

característica secundária, visto que, a responsabilidade primária do órgão

auditivo é manter o equilíbrio corporal. Quando o sistema vestibular apresenta

algum tipo de distúrbio, o equilíbrio corporal humano pode ser afetado, como

ocorre em alguns indivíduos com perda auditiva sensórioneural (AZEVEDO et

al., 2009).

Os limiares auditivos considerados normais são os que se encontram

entre 0-20 dB; dificuldades para ouvir acima desses limiares são consideradas

patológicas, representando uma deficiência auditiva. Basicamente, a perda

auditiva é classificada quanto ao grau da alteração, que reflete a extensão da

perda e quanto ao tipo, ou seja, o local da lesão no sistema auditivo. Na perda

auditiva do tipo condutiva, a alteração acomete a orelha externa e/ou orelha

média, podendo ser reversível ou parcialmente reversível após tratamento

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medicamentoso ou cirúrgico. Um exemplo de fator causador de perda auditiva

condutiva é a infecção de orelha recorrente (ROESER, 2001).

A perda auditiva sensórioneural caracteriza-se por uma alteração

localizada na orelha interna, de caráter irreversível. Pode estar associada a

diversos fatores etiológicos, como meningite, fatores genéticos, exposição à

medicação ototóxica, fatores relacionados à prematuridade, rubéola ou

toxoplasmose materna, exposição a alto nível de pressão sonora (ruído) ou

envelhecimento, dentre outros (ROESER, 2001).

A perda auditiva mista associa os tipos anteriormente descritos. Trata-se

de uma alteração localizada na orelha externa e/ou média e também na orelha

interna. Pode ocorrer devido a fatores genéticos (como malformação dos

ossículos da orelha média ou na cóclea), infecções crônicas de orelha,

otosclerose (enrijecimento e/ou fixação do sistema dos ossículos da orelha

média) (ROESER, 2001).

Por fim, existe a chamada perda auditiva central, assim classificada

quando a alteração se localizar a partir do tronco cerebral até as regiões

subcorticais e córtex cerebral (ROESER, 2001).

A perda auditiva pode ser classificada em quatro graus, de acordo com os

limiares de decibéis (dB) alcançados e são classificados assim: Leve (25 a 40

dB), Moderada (41 a 70 dB), Severa (71 a 95 dB) e Profunda (Limiares acima de

95 dB) (BRITISH SOCIETY OF AUIDOLOGY, 1988) .

Dos tipos de perda auditiva, a sensórioneural é a que apresenta a maior

prevalência na infância, sendo estimada em 1,5/1000, sendo que, entre as

crianças 5% apresentam perda auditiva de condução, 5% distúrbios mistos e

90% apresentam perda auditiva do tipo sensórioneural (UCHÔA et al., 2003;

MAGNI et al., 2005).

A perda auditiva sensórioneural pode apresentar-se em diferentes graus,

Em termos gerais, quanto maior o grau da perda auditiva, maior a lesão

encontrada na cóclea e/ou no nervo coclear, (LISBOA et al., 2005; ROESER,

2001).

Devido à proximidade anatômica das estruturas responsáveis pelas

funções auditivas e vestibulares, é comum encontrar-se alterações associadas

em ambos os sistemas, no caso de acometimento da orelha interna (CAOVILLA,

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2000). Deste modo, é razoável presumir que algumas crianças com perda

auditiva têm problemas vestibulares concomitantes à perda auditiva

sensórioneural (AZEVEDO & SAMELLI, 2009). Além disso, estudos têm

demonstrado que a hipoatividade do sistema vestibular é um achado frequente

em avaliações otoneurológicas de crianças com perda auditiva sensórioneural.

(ANGELI 2003; LISBOA et al., 2005; SCHWAB et al., 2011; CUSHING et al.,

2008; SUAREZ et al., 2007).

As desordens vestibulares na infância não são tão raras como se supõe e

podem afetar a aquisição de habilidades neuropsicomotoras ou interferir na

integração sensorial destas crianças. Um possível retardo no crescimento e

desenvolvimento motor de crianças com perda auditiva sensórioneural pode ser

causado pelo déficit na quantidade ou qualidade das informações provenientes

do sistema vestibular (GHEYSEN et al., 2008).

Tais crianças podem referir a sensação de desequilíbrio ou de tontura, o

que dificultaria a aquisição e a manutenção da postura ortostática, o equilíbrio e

tarefas que dependem do equilíbrio para serem executadas de modo satisfatório,

como por exemplo, a marcha, o salto e a corrida (FORMIGONI, 2006).

GANANÇA et al., (2007) acreditam que toda criança com diagnóstico

clínico de perda auditiva sensórioneural, independente da idade ou do sexo,

deveria submeter-se a exames vestibulares, mesmo na ausência de vertigens ou

tonturas.

2.1.3. Métodos de Avaliação do Controle Postural e do Equilíbrio Corporal.

Atualmente, existem inúmeros instrumentos disponíveis para a avaliação

do controle postural e do equilíbrio em crianças. Escalas e testes clínicos são

métodos acessíveis, por apresentarem baixo custo, serem práticos e bastante

utilizados para a orientação do terapeuta acerca do controle postural e/ou do

equilíbrio do paciente ou voluntário (GOULDING et al., 2003; RIEMANN et al.,

1999; ROSA-NETO 2002; RIES et al., 2012).

A posturografia dinâmica computadorizada (PDC) é tida, por muitos, como

o padrão ouro para avaliação do controle postural e equilíbrio corporal, visto que,

sua avaliação integra as informações visuais, somatosensoriais e vestibulares

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em um único exame. Entretanto, a PDC é um instrumento de alto custo, que

necessita de amplo espaço físico para sua aparelhagem, tornando-se menos

acessível (MEDEIROS et al., 2003; CUSHING et al., 2008; MEDEIROS et al.,

2005; LOTH, et al., 2011; NOLL et al., 2013).

Um instrumento que tem sido muito utilizado na quantificação do

deslocamento do centro de pressão para a avaliação do controle postural e do

equilíbrio estático, por diversos pesquisadores, é a plataforma de força (AL-

KHABBAZ et al., 2008; BARELA et al., 2011; BRACKLEY et al., 2009; DUARTE

et al., 2010; PAU et al., 2010; POLASTRI et al., 2012; RINALDI et al., 2009;

SUAREZ et al., 2007). Uma vantagem da plataforma de força em relação a

outros instrumentos consiste em que ela é instrumento sensível para detecção

de alterações no controle postural e no equilíbrio estático, fornecendo dados

quantitativos. Alguns modelos são transportáveis, necessitando de um espaço

físico menor, quando comparado a outros instrumentos, como a PDC, por

exemplo. Assim, torna-se ideal para estudos em campo, facilitando o acesso a

determinadas populações, que de outra forma teriam que ser deslocadas até um

laboratório de pesquisa.

Percebe-se, por meio desta breve revisão, que algumas lacunas

permanecem no que se refere à compreensão dos mecanismos que interferem

sobre o controle postural e o equilíbrio estático de crianças em idade escolar

com perda auditiva.

Diante da importância do controle postural e do equilíbrio corporal para o

desenvolvimento neuromotor infantil e da possibilidade das crianças com perda

auditiva apresentarem instabilidades no controle postural e no equilíbrio estático,

comparadas às ouvintes, percebe-se a relevância do presente estudo, visto que,

se tais achados forem comprovados, uma intervenção terapêutica adequada

como a fisioterapia poderia intervir nestes distúrbios, ainda na infância, em

escolas, instituições que atendem esta população e/ou em equipes

multiprofissionais, a fim de, adequar e/ou otimizar o desempenho do controle

postural e do equilíbrio corporal destas crianças.

Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho do

controle postural e do equilíbrio estático em escolares ouvintes e com perda

auditiva sensórioneural, de ambos os sexos, na faixa etária 7-11 anos e

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comparar os dados entre os grupos, considerando os graus da perda auditiva e

a atividade do sistema vestibular.

3. HIPÓTESES

Crianças com perda auditiva sensórioneural e disfunção vestibular

apresentam maior instabilidade no controle postural e no equilíbrio estático

comparadas aquelas sem distúrbios vestibulares e às ouvintes.

A instabilidade no controle postural e no equilíbrio estático das crianças

com perda auditiva sensórioneural de graus severo e profundo é maior do que

nas crianças que apresentam graus de perda auditiva de leve e moderado.

4. OBJETIVOS

4.1. Objetivo Geral

Avaliar o desempenho do controle postural e do equilíbrio estático em

escolares ouvintes e com perda auditiva sensórioneural com idades entre 7-11

anos.

4.2. Objetivos Específicos

• Relacionar o desempenho do controle postural e do equilíbrio estático

entre os grupos de acordo com os graus de perda auditiva apresentados

pelo grupo com perda auditiva sensórioneural.

• Analisar o desempenho do controle postural e do equilíbrio estático entre

os grupos, considerando a função vestibular apresentada pelo grupo com

perda auditiva sensórioneural.

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1. Local do estudo:

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Este estudo foi desenvolvido em duas escolas da rede estadual de

ensino, que apresentam perfil semelhante quanto ao nível de ensino e faixa

etária atendida, uma delas voltada para o público de ouvintes e a outra para o

público com algum tipo de necessidade especial, respectivamente: Escola

Duque de Caxias e Centro de Reabilitação e Educação Especial Rotary, ambas

situadas no bairro Maurício de Nassau no município de Caruaru/PE.

5.2. Período da realização do estudo:

Os dados para a presente pesquisa foram coletados no período entre

agosto de 2012 e fevereiro de 2013.

5.3. Desenho do estudo:

Trata-se de um estudo analítico, observacional de corte transversal.

5.4. População do estudo:

A amostra deste estudo foi constituída de escolares, de ambos os sexos,

com faixa etária entre 7 e 11 anos, advindos de duas escolas da rede estadual

de ensino que aceitaram colaborar com este estudo.

5.5. Amostra:

5.5.1. Amostragem:

O processo de amostragem deste estudo deu-se por meio de cálculo de

tamanho amostral. Inicialmente, foi realizado o cálculo para os dois desfechos

(controle postural e equilíbrio estático) com o objetivo de selecionar o número

maior de participantes. Assim, selecionou-se o cálculo realizado para o

equilíbrio, utilizando-se a frequência de (85,%) (AZEVEDO et al., 2009), com um

erro padrão de 10%, chegando-se a um número de 65 escolares em cada grupo,

com um total de 130 escolares.

5.5.2. Critérios de elegibilidade:

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Foram incluídos neste estudo escolares da rede estadual de ensino, com

idades entre 7-11 anos (84-138 meses), de ambos os sexos. Participaram do

estudo crianças com desenvolvimento neuromotor típico, sem déficits sensoriais

ou cognitivos, histórico de patologias neuromusculares, sem histórico de traumas

na região da cabeça, coluna vertebral e cirurgias traumato-ortopédicas, que

pudessem interferir nos resultados deste estudo.

Participaram ainda do estudo, crianças com diagnóstico clínico de perda

auditiva sensórioneural, com características semelhantes as do grupo de

ouvintes supracitadas.

Os critérios de exclusão para ambos os grupos foram; apresentar

diferença no comprimento de membros inferiores acima de 2 centímetros, além

de apresentar qualquer condição clínica ou neurológica que impedisse ou

limitasse a realização da avaliação (KENDALL et al., 2007).

5.6. Procedimentos para a Seleção dos Participantes:

Figura 1. Representação do processo de seleção da amostra.

Os escolares ouvintes dados como inelegíveis para o presente estudo

apresentaram assimetrias de membros inferiores, durante a realização do exame

físico, realizado previamente a avaliação. No grupo com perda auditiva, o motivo

Crianças Ouvintes

Selecionadas

(n= 96)

Crianças com Perda

Auditiva Selecionadas

(n= 80)

1 - Inelegíveis: (n= 06)

2 - Elegíveis, mas não

recrutadas: (n= 25)

1 - Inelegíveis: (n= 12)

2 - Elegíveis, mas não

recrutadas: (n= 03)

Ouvintes: (n= 65) Perda Auditiva: (n= 65)

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da exclusão foi a história de doenças associadas, tais como: paralisia cerebral,

déficits cognitivos e o não domínio da LIBRAS.

Entre os escolares elegíveis, mas não recrutados, 25 ouvintes e três com

perda auditiva recusaram-se a participar do estudo depois que ficaram cientes

que seriam submetidos a uma avaliação postural, na qual precisariam estar em

trajes de banho para a realização da avaliação.

5.7. Materiais Utilizados para a Coleta de Dados.

5.7.1. Avaliação Antropométrica

Os dados referentes ao peso e a altura de cada escolar foram avaliados

de modo individual. O índice de massa corporal (IMC) pode ser medido a partir

da relação entre a massa corpórea registrada em quilogramas e a estatura,

registradas em metros elevada ao quadrado. Para a análise do IMC, bem como

a obtenção do Escore – Z, dos grupos deste estudo utilizou-se o programa WHO

Anthroplus v.1.0.4.

5.7.2. Avaliação Estabilográfica

Para quantificar o controle postural e o equilíbrio estático das crianças

deste estudo, foram realizados testes com a utilização de uma plataforma de

equilíbrio e força (EMGSystem® do Brasil, figura 2).

O princípio geral deste equipamento consiste na superposição de duas

superfícies rígidas, uma superior e outra inferior, que são interligadas por quatro

sensores de força, que registram a força aplicada nas direções médio-lateral (X),

antero-posterior (Y) e vertical (Z). A partir da força de reação ao solo (FRS), é

possível obter uma importante grandeza mecânica para a análise do movimento

humano, denominada centro de pressão (COP). O COP é o ponto de aplicação

da resultante das forças verticais agindo sobre a superfície de suporte. Os dados

do COP referem-se ao registro de duas coordenadas na superfície da

plataforma.

Essas duas coordenadas são identificadas em relação à orientação do

indivíduo que se encontra sobre a plataforma: direção antero-posterior e (AP) e

médio-lateral (ML). A partir dos sinais mensurados pela plataforma pode-se

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analisar as alterações do COP a partir da velocidade de seu deslocamento nos

sentido AP e ML e o equilíbrio estático pela área circular total (BARELA et al.,

2011). O software do equipamento realiza automaticamente o cálculo do centro

de pressão (COP) e das suas variáveis referentes à sua variação espaço-

temporal, a partir da FRS.

Figura 2: Plataforma de equilíbrio e força da EMGSystem®. Área de captação

dos dados e ponto central da plataforma de força, representados,

respectivamente pelas setas e pela cruz.

5.8. Procedimentos para a Coleta de Dados

Após a autorização dos pais e de posse do Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE), a rotina de procedimentos a serem seguidos para a

captação das crianças foi decidida em conjunto com a direção dos colégios. De

posse da lista de crianças ouvintes e com perda auditiva elegíveis para

participação no estudo e de acordo com o agendamento prévio realizado com a

escola e as professoras responsáveis por cada sala de aula, o pesquisador

dirigia-se às salas de aula, a fim de convidar as crianças. A seguir, as mesmas

eram conduzidas uma a uma, para uma sala reservada pelas gestoras das

escolas, onde as avaliações eram realizadas.

Inicialmente, foram coletados os dados sobre a identificação da criança:

sexo, mão dominante, data de nascimento, uso de óculos, dificuldade de ler ou

de concentração. Foram então explicados os procedimentos que seriam

realizados durante a avaliação, os quais consistiam nas coletas dos dados

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antropométricos, na captação e no armazenamento das imagens referentes às

aquisições dos dados da avaliação estabilográfica, conforme descrito a seguir.

Para as aquisições do controle postural e do equilíbrio estático, foi

solicitado aos voluntários que subissem na plataforma de equilíbrio e força e ali

permanecessem em pé durante 30 segundos, posicionados com a base de

suporte em três posições, assim descritas: Apoio bipodal com pés paralelos

(Posição 1), apoio bipodal com pés um à frente do outro (Posição 2), e apoio

unipodal sobre o membro inferior dominante na plataforma (Posição 3), em duas

condições sensoriais: Inicialmente, com os olhos abertos e em seguida com os

olhos fechados, perfazendo um total de 6 aquisições sobre a plataforma de

equilíbrio e força, como demonstrado a seguir.

Figura 3 a, b, c: Posturas de apoio da base de suporte assumidas durante a avaliação do

controle postural e do equilíbrio estático na plataforma de força: Posição 1 (P1): Apoio Bipodal

(A), Posição 2 (P2): Apoio Bipodal com um pé à frente do outro (B) e Posição 3 (P3): Apoio

Unipodal. Os registros foram realizados utilizando os três apoios, com olhos abertos e fechados

(orientação visual).

Para o presente estudo foi utilizada uma frequência de aquisição de

100Hz, com ganho de amplificador de 600 vezes, num total de 6 coletas. Após

cada aquisição, o software da plataforma de equilíbrio e força gerava um gráfico

demonstrando o desempenho do centro de pressão.

Uma vez realizada a aquisição, procedia-se à a análise dos dados,

obtendo-se o estabilograma, estatocinesiograma e a densidade espectral de

potência em cada uma das aquisições realizadas (Figura 4 e 5).

A B C

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Desse modo, o software fornecido pelo fabricante da plataforma

EMGSystem gerava e fornecia as variáveis após as análises dos dados

solicitadas pelos pesquisadores (Figura 6).

Figura 4. Representação da força de reação ao solo e do centro de

pressão.

Figura 5. Representação do estabilograma, do estatocinesiograma e

da densidade espectral de potência.

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Figura 6: Parâmetros gerados pela plataforma após análise geral dos dados.

Após a análise dos dados, o software gerava e fornecia as variáveis

adquiridas em cada uma das aquisições, como mostra a figura 6. Para a variável

controle postural, definida como a velocidade dos movimentos necessária para

manter a estabilidade ou ajustes posturais, foi utilizado o parâmetro da

velocidade média de oscilação nos sentidos antero-posterior (AP) e médio-lateral

(ML), em centímetros por segundo (cm/s). Para o equilíbrio estático, definido

como área de oscilação do centro de gravidade sobre a base de suporte estando

o sujeito de pé, foi usado o parâmetro Área, em centímetros quadrados (cm2).

De modo que, quanto maior a velocidade média de oscilação, mais

instabilidades no controle postural o indivíduo demonstra, o mesmo ocorre com a

área circular, quanto maior a área de deslocamento, maior a instabilidade do

sujeito durante a realização dos testes.

5.9. Avaliação da Função Auditiva e do Sistema Vestibular.

Após a avaliação estabilográfica, as crianças com perda auditiva

sensórioneural eram encaminhadas para a realização de dois exames, um deles

para analisar os graus da perda auditiva (audiometria) e o segundo, para avaliar

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a função do sistema vestibular, a vectoeletronistagmografia computadorizada

(VENG).

Os procedimentos adiante descritos foram realizados em clínicas

especializadas, por médico otorrinolaringologista e fonoaudiólogo, seguindo os

protocolos utilizados nestes locais.

5.9.1. Avaliação da Função Auditiva

A avaliação audiológica deu-se através de uma parceria junto a Prefeitura

Municipal de Caruaru e ao Programa Saúde Auditiva, com a participação da

Gerência Regional de Educação do Agreste Centro-Norte (GRE-A). O

pesquisador fornecia a lista de crianças autorizadas pelos pais a participarem

deste estudo à GRE-A, e a mesma entrava em contato com o Programa Saúde

Auditiva e com as escolas onde as crianças se encontravam matriculadas e as

conduziam no horário das aulas, da escola para a realização da audiometria no

Programa Saúde Auditiva, no município de Caruaru/PE e após as avaliações as

crianças eram conduzidas para as escolas pelo transporte do próprio programa.

5.9.2. Procedimentos para a Avaliação da Função Auditiva

A avaliação auditiva foi constituída por duas etapas:

- Audiometria tonal

- Audiometria vocal.

Para a classificação dos graus de perda auditiva foram utilizados os

parâmetros da British Society of Audiology (1988): Perda auditiva leve: (25 a 40

dB); Moderada: (47 a 70 dB); Severa: (71 a 95 dB) e Profunda: (> 95 dB). Após a

avaliação audiológica, uma cópia da audiometria era enviada a escola para ser

encaminhada aos pesquisadores deste estudo e assim, foi notificado o grau da

perda auditiva da criança.

5.9.3. Avaliação da Função do Sistema Vestibular

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O exame vectoeletronistagmográfico foi utilizado com objetivo avaliar a

função do sistema vestibular. Sua realização levou em consideração uma série

de procedimentos tais como: calibração dos movimentos oculares, nistagmo

espontâneo, semi-espontâneo, de posição, de rastreio pendular, provas

optocinética, rotatória e calórica a ar.

Através da vectoeletronistagmografia computadorizada, pode-se obter

um estudo mais aprofundado e preciso, capaz de analisar com mais detalhes a

função do sistema vestibular.

5.9.4. Procedimentos para a Avaliação da Função do Sistema Vestibular

Os pesquisadores entraram em contato com clínicas particulares que

realizavam a VENG, visto que, tal exame dificilmente é fornecido pelo sistema

único de saúde, além de não constar como um dos serviços do Programa Saúde

Auditiva, colaborador deste estudo. Assim, as avaliações foram realizadas na

Clínica Otorrinos no município de Caruaru/PE. O equipamento utilizado contém

um software específico (Vec - Win), uma barra de led luminosa onde são

apresentados os estímulos visuais, um otocalorímetro NGR05 a ar para a

realização da prova calórica e uma cadeira pendular PPD - 93 Yoshi.

Os pesquisadores entravam em contato com os pais e ou responsáveis

pelas crianças com perda auditiva, logo após a autorização para participar da

pesquisa, informando-os que seria necessário a realização de um exame, o qual

teria seu custeio arcado pelos pesquisadores deste estudo.

Os pais foram orientados pelos pesquisadores que os filhos precisariam

estar acompanhados para a realização do exame, visto que, o mesmo pode

causar tonturas e/ou vertigens na criança. As crianças receberam orientações

sobre jejum e alimentação nas 24 horas precedentes ao exame.

Este exame foi realizado pela mesma fonoaudióloga, utilizando-se

eletrodos que foram colocados perto dos olhos, analisando a variação do

potencial córneo-retinal durante a movimentação do olho, que apresenta uma

fase rápida e outra lenta de direção oposta, na qual foi observado o nistagmo.

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Assim, as crianças com perda auditiva foram sub-divididas em dois

grupos, de acordo com o resultados das avaliações do grau de perda auditiva e

da função vestibular.

- Grau da perda auditiva: As crianças com perda auditiva apresentavam graus

de perda auditiva diversos, bilateralmente, ou diferente entre as duas orelhas,

entretanto, as diferenças encontravam-se sempre entre os graus de leve à

moderado e de severo à profundo e, assim, classificou-se a variável “graus da

perda auditiva”. Visto que, em muitos casos, esta era a terminologia adotada

para o diagnóstico do grau da perda auditiva, pelo fonoaudiólogo(a) que realizou

o exame audiológico na criança.

- Função Vestibular: Para a variável função vestibular, utilizou-se o

termo função vestibular normal (FVN) e disfunção vestibular (DV), de acordo

com o laudo emitido após a vestoeletronistagmografia computadorizada.

5.10. Análise Estatística

A organização e digitação dos dados deste estudo deu-se por meio de

dois pesquisadores de modo independente (entrada dupla dos dados), a fim de

se evitar erros de digitação e elevar o nível de evidências dos resultados desta

pesquisa.

Os dados foram analisados a partir de tabelas e do cálculo das principais

medidas descritivas, quais sejam proporção, média, além do cálculo dos

intervalos de confiança para as médias.

Para testar a normalidade dos dados, utilizou-se o teste de Kolmogorov-

Smirnov. Em caso de normalidade para comparar igualdade de médias em mais

de dois grupos utilizou-se a ANOVA (análise de variância) e o teste de Kruskal-

Wallis aplicado em situações nas quais não se aplicam as suposições de

normalidade.

Na comparação das médias entre dois grupos foi utilizado o teste t-

student no caso de variáveis com distribuição normal e Mann-Whitney no caso

de não normalidade dos dados.

Os dados foram tabulados no Microsoft Office Excel, versão 2010 e

transferidos para o Software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS),

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versão 18.0, onde foram realizadas todas as análises. Em todo o trabalho foi

adotado nível de significância de p< 0,05.

5.11. Considerações Éticas

Este estudo foi avaliado e obteve aprovação do Comitê de Ética e

Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, do Centro de Ciências da Saúde, da

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), de acordo com as normas e

diretrizes regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos –

Resolução CNS 196/96, de acordo com o seguinte número de registro: CAEE:

0504.0.172.000.11.

6. RESULTADOS

Os resultados do presente estudo estão apresentados sob a forma de um

artigo original, intitulado: “Estabilidade do controle postural e do equilíbrio

estático de crianças com desenvolvimento motor típico e com perda

auditiva sensórioneural”. O manuscrito foi formatado seguindo o guia de

instruções do periódico “Research in Developmental Disabilities”, para o qual

será encaminhado após as considerações da banca examinadora na defesa do

mestrado.

O artigo completo encontra-se no apêndice B.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo demonstrou que as crianças com perda auditiva

sensórioneural apresentaram maior instabilidade no controle postural, bem

como, no equilíbrio estático quando comparadas às ouvintes. As crianças com

graus de perda auditiva de severo e profundo foram as que demonstraram as

maiores instabilidades no controle postural e no equilíbrio estático, comparadas

às ouvintes e ao grupo de escolares com graus de perda auditiva de leve e

moderado, o mesmo ocorreu com as crianças com perda auditiva que

apresentavam disfunção vestibular.

Uma vez que os resultados do presente estudo sugerem que crianças

com perda auditiva apresentam instabilidades posturais e no equilíbrio, com

particularidades de intensidade destas perdas relacionadas tanto ao grau de

perda auditiva quanto ao comprometimento o sistema vestibular, o olhar sobre a

população de indivíduos com perda auditiva deve ser diferenciado. O tema é

relevante e merece atenção especial por parte dos fisioterapeutas e dos

profissionais de saúde em geral, sobretudo, daqueles que lidam com o

comportamento neuromotor em crianças em fase de crescimento, evitando

maiores perdas no desenvolvimento infantil.

Embora não seja uma política estabelecida a presença sistemática na

escola de profissionais de saúde especializados em desenvolvimento infantil,

surge a elaboração de alguma política de triagem e acompanhamento de

crianças com perda auditiva, no sentido de implementar ações que previnam ou

revertam problemas relacionados à manutenção do controle postural, do

equilíbrio e, assim, favoreçam um adequado crescimento e desenvolvimento

para estas crianças.

Uma primeira ação possível de ser implementada, uma vez que, já

existem programas de triagem auditiva neonatal, é o encaminhamento precoce

para avaliação e tratamento fisioterapêutico. Dentro dos perfis profissionais da

equipe multiprofissional de saúde, o papel do fisioterapeuta deve ser ressaltado

em suas habilidades e competências, somando esforços no objetivo comum da

atenção à saúde da população infantil.

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APÊNDICES

Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO – UFPE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA – NÍVEL MESTRADO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - (TCLE)

Seu filho(a) está sendo convidado(a) a participar da pesquisa intitulada: Avaliação do

Controle Postural e do Equilíbrio Estático: Estudo Comparativo entre Escolares Ouvintes e

com Perda Auditiva Sensórioneural e sua Relação com os Graus da Perda Auditiva e com a

Função do Sistema Vestibular. Seu filho(a) foi selecionado por estar matriculado(a) na Escola

Duque de Caxias ou no Centro de Reabilitação e Educação Especial Rotary, que colaboraram com

esta pesquisa, localizadas no município de Caruaru/PE, voltadas ao ensino, respectivamente de

escolares normo-ouvintes e escolares com necessidades especiais e por estar na faixa etária entre 7-

11 anos. A participação do seu filho(a) não é obrigatória e a qualquer momento você pode desistir de

participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em relação a você e ao

pesquisador ou as instituições ligadas ao seu filho(a).

Os objetivos desta pesquisa são de obter dados sobre o desempenho do controle postural e

do equilíbrio entre as crianças com perda auditiva e com audição normal, relacionar o desempenho do

seu filho nos testes que avaliam o controle postural e o equilíbrio com a atividade do sistema

vestibular (labirinto). A participação do seu filho(a) nesta pesquisa consistirá em uma avaliação do

controle postural e do equilíbrio, que será realizadas na própria escola, por um Fisioterapeuta, por

meio de testes e de escalas que avaliam o controle postural e o equilíbrio, durante os intervalos de

descansos, em sala reservada, sob orientação e supervisão de algum membro da escola

colaboradora do estudo.

As crianças com perda auditiva serão encaminhadas para realizar dois exames: a

audiometria, que avalia o nível de audição do seu filho e em seguida a vestibulometria, que observará

o nível da função do sistema vestibular (labirinto) do seu filho, os exames serão realizados na

Unidade de Saúde Auditiva e na Clínica Otorrinos, não tendo nenhum gasto para você.

Esta pesquisa oferece como riscos possíveis quedas durante a realização dos testes,

entretanto, os avaliadores ficarão próximos ao seu filho(a), para que não ocorram maiores problemas

durante a realização do exame.

Os benefícios relacionados com a participação do seu filho(a) são de esclarecer se a perda

auditiva pode modificar a percepção do controle postural e do equilíbrio em crianças com perda

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auditiva e comparar os resultados obtidos com o grupo das crianças ouvintes, caso estes resultados

sejam positivos, aliar formas de intervenções fisioterapêuticas para o acompanhamento destas

crianças, melhora do bem estar físico, do comportamento motor, conseqüentemente do controle

postural e do equilíbrio, podendo beneficiar outros profissionais de saúde, que atendem esta

população, exemplo: terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, médicos, educadores físicos, dentre

outros.

As informações obtidas por meio desta pesquisa serão publicadas e nós asseguramos o

sigilo sobre a participação de seu filho(a). Os dados obtidos não serão divulgados de forma a

possibilitar a identificação, sendo sempre preservada a identidade e privacidade do seu filho(a). Você

receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço dos pesquisadores

responsáveis pela presente pesquisa, podendo tirar suas dúvidas sobre o estudo e a participação do

seu filho(a), agora, ou em qualquer momento.

Em caso de distúrbios posturais e de equilíbrio, você será notificado e seu filho poderá ser

encaminhado para o setor de fisioterapia da policlínica da criança e/ou pro Hospital Regional do

Agreste, para tratamento específico de forma gratuita.

Declaro que li e entendi os objetivos, riscos e benefícios da participação do meu filho(a) na

pesquisa e concordo que ele(a) participe voluntariamente.

Recife, _______ de ____________________ de 2012

______________________________________________________________

Nome ou assinatura do pai ou responsável do voluntário da pesquisa.

________________________________ _________________________________

Testemunha 1 Testemunha 2

_______________________________ _________________________________

Karla Mônica Ferraz Teixeira Lambertz Renato de Souza Melo

FISIOTERAPEUTA FISIOTERAPEUTA (Pesquisador Responsável) (Pesquisador)

Rua Jornalista Aníbal Fernandez, S/N Rua Antônio Falcão, 482, 604 Cidade Universitária, Recife/PE Boa Viagem, Recife/PE Fone: (81) 3226 – 6867 Fone: (81) 9407 – 7979

Este estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do

Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, localizado na: Avenida

das Engenharias s/n, Cidade Universitária, Recife/PE, CEP: 50740 - 600, Tel.: (81) 2126 - 8588.

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Apêndice B – (Artigo Completo)

Estabilidade do controle postural e do equilíbrio estático de crianças ouvintes e com

perda auditiva sensórioneural.

Postural control and balance stability of children hearing and with sensorineural hearing

loss

Renato de Souza Meloa, Andrea Lemos

a, Maria Cristina Falcão Raposo

c , Daniel

Lambertzc, Karla Mônica Ferraz

*a.

aDepartment of Physical Therapy,

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),

Recife/PE, Brasil.

bDepartment os Statistcs, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife/PE,

Brasil.

c Núcleo de Educação Física, Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE),

*Corresponding Authtor:

Karla Mônica Ferraz Departamento de Fisioterapia, Av. Jorn. Aníbal Fernandes - Cidade Universitária, CEP:

50740-560- Recife – PE

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Resumo

Objetivo: Avaliar a estabilidade do controle postural e do equilíbrio estático em

escolares ouvintes e com perda auditiva sensorioneural (PAS) e correlacionar com o grau

de PAS e com a função do sistema vestibular. Métodos: Estudo de corte transversal que

avaliou 130 escolares, sendo 65 ouvintes e 65 com PAS, de ambos os sexos, com idade

entre 7-11 anos. Para a avaliação do controle postural e do equilíbrio corporal, foi

utilizada uma plataforma de força (EMGSystem®). Para a variável controle postural foi

relacionada à velocidade de oscilação do centro de pressão (COP) nos sentidos antero-

posterior (AP) e médio-lateral (ML) e para o equilíbrio estático os dados da área

circular(A2), em duas condições sensoriais: olhos abertos(OA) e fechados(OF).

Resultados: Os resultados da comparação entre os grupos apontaram diferenças entre os

parâmetros relacionados ao controle postural, sendo o grupo com perda auditiva o que

apresentou maior velocidade média do centro de pressão: AP: olhos abertos: (P2 e P3: p=

0,000); olhos fechados: (P1: p=0,035), (P2: p= 0,004) e (P3: p= 0,000). ML: olhos

abertos: (P1 e P2: p= 0,000) e (P3: p= 0,001); olhos fechados: (P1: p= 0,001) e (P2: p=

0,000). O mesmo aconteceu com relação ao equilíbrio estático, cuja área circular

apresentada pelo grupo com perda auditiva mostrou-se maior que a dos ouvintes com

olhos abertos e fechados: (P1, P2, P3: p= 0,000). Conclusão: Os escolares com perda

auditiva apresentaram maior instabilidade no controle postural e no equilíbrio estático

quando comparados aos ouvintes.

Palavras chaves: Criança, Destreza Motora, Equilíbrio Postural, Postura, Surdez.

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1. Introdução

Os primeiros anos de vida da criança caracterizam-se com diversas modificações

em seu crescimento e desenvolvimento. O período compreendido entre o nascimento e o

final do primeiro ano de vida é considerado, por muitos, um dos mais críticos para o

desenvolvimento neuropsicomotor da criança (Manacero et al., 2008; Santos et al., 2008).

Um grande marco no desenvolvimento motor infantil é a evolução do controle

postural, pois os lactentes aumentam suas possibilidades de exploração e interação com o

meio ambiente. (Mancini, 2003), numa evolução de marcos motores que culminarão ao

final do primeiro ano de vida com a habilidade de se colocar em pé e andar.

A manutenção da posição em pé envolve ajustes corporais constantes e coerentes

com o objetivo de manter os segmentos corporais alinhados e orientados de maneira

adequada. Na situação de alinhamento postural, as estruturas musculoesqueléticas estão

equilibradas, portanto, menos propensas a lesões ou deformidades (Santos et al.,2009).

Esta tarefa requer um intrincado relacionamento entre informações sensoriais e ação

motora (Pajor et al., 2008).

As principais fontes de informação sensorial para o funcionamento do controle

postural satisfatório são os sistemas visual, somatosensorial e vestibular. Esse

emaranhado de informações de cada sistema sensorial ocorre de forma seletiva, quando o

sistema nervoso central aumenta a atuação sensorial de um sistema mais útil para a

manutenção da postura e diminui a atuação daquele ou daqueles sistemas sensoriais

menos úteis para uma determinada postura ou situação postural (Freitas-Junior et al,

2006).

O sistema de controle postural identifica as informações provenientes dos três

canais sensoriais e produz respostas motoras eficientes para que a posição desejada seja

alcançada e a postura corporal mantida. Caso a informação sensorial oriunda de um dos

canais sensoriais não forneça a informação sensorial adequada, a dinâmica de

funcionamento do controle postural pode estar alterada.

Devido à proximidade anatômica das estruturas responsáveis pelas funções

auditivas e vestibulares, é comum encontrar-se alterações associadas em ambos os

sistemas, no caso de acometimento da orelha interna (Caovilla, 2000). Deste modo, é

razoável presumir que muitas crianças com perda auditiva têm problemas vestibulares

concomitantes à perda auditiva sensorioneural (Azevedo et al., 2009). Além disso,

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estudos têm demonstrado que a hipoatividade do sistema vestibular é um achado

frequente em avaliações otoneurológicas de crianças com perda auditiva sensorioneural, o

que poderia repercutir sobre o controle postural e o equilíbrio (Angeli, 2003; Lisboa et

al., 2005; Schwab et al., 2011; Cushing et al., 2008 e Kaga et al., 2008)

Para Shumway-Cook & Woollacot (2002), o período mais crítico para o

desenvolvimento do controle postural e do equilíbrio está entre 4 e 6 anos de idade. A

organização sensorial, nesta fase, consiste na capacidade do sistema nervoso central tem

de selecionar, suprir e combinar os estímulos visuais, somatosensoriais e vestibulares,

fornecendo a orientação adequada para o controle postural e o equilíbrio, sugerindo que

pesquisas em crianças com perda auditiva seriam pertinentes a partir dos 6 anos de

idades, afim de identificar se tais crianças apresentam déficits nestas habilidades motoras.

Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o controle postural e o

equilíbrio estático em crianças ouvintes e com perda auditiva sensorioneural na faixa

etária entre 7-11 anos e comparar os dados entre os grupos, considerando os sexos e a

faixa etária na amostra e os graus da perda auditiva e a função do sistema vestibular no

grupo de crianças com perda auditiva.

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2. Métodos

2.1 Participantes

Trata-se de um estudo de corte transversal, que envolveu 130 crianças, sendo 65

com desenvolvimento motor típico (GDMT) e 65 com perda auditiva sensórioneural

(GPAS) de ambos os sexos na faixa etária entre sete a 11 anos, recrutadas de escolas da

rede estadual de ensino, no município de Caruaru/PE.

Para a delimitação do tamanho amostral do presente estudo foi realizado um

cálculo amostral para as duas variáveis do estudo, utilizando os dados já existentes na

literatura, para a variável equilíbrio corporal utilizou-se a frequência de 85% e um erro

padrão de 10%. Sendo este valor superior ao da variável controle postural, considerou-se,

portanto, este o tamanho amostral do estudo, com 65 voluntários em cada grupo.

Os critérios de inclusão no estudo para ambos os grupos foram: estar regularmente

matriculado em uma das escolas colaboradoras com a pesquisa, encontrar-se na faixa

etária entre 7-11 anos. Para o grupo com perda auditiva (GPA), além dos anteriores,

foram critérios de inclusão o diagnóstico clínico de perda auditiva sensorioneural através

de um laudo médico e domínio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), para assegurar

a compreensão dos comandos nos testes.

Como critérios de exclusão para o GDMT, considerou-se: a presença de qualquer

queixa auditiva, deficiência (neurológica, física, visual, mental) e discrepância em

membros inferiores maior que 2 cm, obtida por meio dos teste de medida real e medida

aparente de membros inferiores, realizado previamente pelos avaliadores. Os critérios de

exclusão para o GPA foram: apresentar qualquer outra deficiência associada e valor

maior que 2 centímetros de discrepância em membros inferiores, obtido por meio dos

testes de medida real e medida aparente dos membros inferiores, realizado previamente

pelos avaliadores.

Para a aquisição dos dados dos critérios de inclusão e exclusão do presente estudo,

foram consideradas as informações relatadas pelos pais dos escolares, durante a entrevista

com os pesquisadores, além dos dados obtidos na ficha escolar do aluno, que foram

cedidas aos pesquisadores pelas gestoras das escolas.

Os procedimentos que antecederam ao exame e a avaliação do controle postural

foram previamente explicados pelos pesquisadores aos voluntários ouvintes de forma oral

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e aos voluntários com perda auditiva, por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS),

por um dos pesquisadores que é intérprete de LIBRAS.

2.2 Materiais

Para a avaliação do controle postural e do equilíbrio corporal, foi utilizada uma

plataforma de equilíbrio e força (EMG System do Brasil®). Para a variável controle

postural foi relacionada a velocidade de oscilação do COP, nos sentidos antero-posterior

(AP) e médio-lateral (ML) e para o equilíbrio estático os dados da área circular (A2), em

duas condições sensoriais: olhos abertos(AO) e fechados(OF).

2.3 Procedimentos

Inicialmente, foram coletados os dados sobre as crianças, como a identificação, a

mão dominante, data de nascimento, uso de óculos de grau, dificuldade de ler ou de

concentração além de orientações sobre os procedimentos que seriam realizados durante a

avaliação, os quais consistiam nas coletas dos dados antropométricos e das aquisições dos

dados da estabilografia, conforme descrito a seguir.

Para as aquisições do controle postural e do equilíbrio estático, foi solicitado aos

escolares que subissem na plataforma de equilíbrio e força e permanecessem em pé sobre

ela, com os pés formando três diferentes bases de suporte, previamente explicadas pelos

pesquisadores, assim descritas: Apoio bipodal com pés paralelos (Posição 1, P1), apoio

bipodal com um dos pés à frente do outro (Posição 2, P2), e apoio unipodal sobre o

membro inferior dominante na plataforma (Posição 3, P3). A criança permanecia por 30

segundos em cada uma das posições e a mesma série foi repetida com a criança estando

de olhos fechados, perfazendo um total de 6 aquisições sobre a plataforma de equilíbrio e

força.

As crianças com perda auditiva foram sub-divididas em dois grupos, de acordo

com o grau de perda auditiva e função vestibular apresentados:

- Grau da perda auditiva: Os escolares com perda auditiva apresentavam graus de perda

auditiva diversos, bilateralmente, ou de uma orelha para a outra, entretanto, as diferenças

encontravam-se sempre entre os graus de leve à moderado e de severo à profundo, assim,

classificou-se a variável “graus da perda auditiva”. Visto que, em muitos casos, esta era a

terminologia adotada para o diagnóstico do grau da perda auditiva, pelo fonoaudiólogo(a)

que realizou o exame audiológico na criança.

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- Função Vestibular: Para a variável função vestibular, utilizou-se o termo função

vestibular normal (FVN) e disfunção vestibular, de acordo com o laudo emitido após a

vestoeletronistagmografia computadorizada.

2.4 Análise dos Dados

Os dados foram analisados a partir de tabelas e do cálculo das principais medidas

descritivas, quais sejam proporção, média e desvio padrão além do cálculo dos intervalos

de confiança para a média.

Para testar a normalidade dos dados, utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov.

No caso de normalidade para comparar igualdade de médias em mais de dois grupos

utilizou-se a ANOVA (análise de variância) e o teste de Kruskal-Wallis aplicado em

situações nas quais não se aplicam as suposições de normalidade.

Na comparação das médias entre os dois grupo foi utilizado o teste t-student

nocaso de variáveis normais e Mann-Whitney no caso de não normalidade.

Os dados foram tabulados no Microsoft Office Excel, versão 2007 e transferidos

para o Software StatisticalPackage for the Social Sciences (SPSS), versão 18.0, onde

foram realizadas todas as análises. Em todo o trabalho foi adotado nível de significância

de 5%.

Este estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres

Humanos da Universidade Federal de Pernambuco (CEP/UFPE), conforme o protocolo

final de nº CAAE: 0504.0.172.000-11, de acordo com a resolução 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde.

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3. Resultados

Os dados referentes às características da amostra do presente estudo encontram-se

registrados na tabela 1.

Os resultados da avaliação da função do sistema vestibular demonstraram que 27

(41,5%) escolares com perda auditiva demonstraram disfunção vestibular, enquanto que

38 (58,%) apresentaram função vestibular normal.

Dos escolares com perda auditiva diagnosticados com disfunção vestibular 22

(81,5%) apresentavam graus de perda auditiva de severo a profundo, enquanto que, 5

(18,5%) demonstravam graus de perda auditiva de leve a moderado.

Embora este dado não conste nas tabelas de resultados, chamou a atenção durante

os procedimentos de avaliação que durante a realização dos testes, na amostra de

escolares com perda auditiva, 14 (21,5%) escolares caíram da plataforma de força,

enquanto que nenhum dos ouvintes se desestabilizou a ponto de cair da plataforma de

força.

Os resultados da comparação entre os grupos apontaram diferenças entre os

parâmetros relacionados ao controle postural, sendo o grupo com perda auditiva o que

apresentou maior oscilação na velocidade média do centro de pressão: VAP: olhos

abertos: (P2 e P3: p= 0,000); olhos fechados: (P1: p=0,035), (P2: p= 0,004) e (P3: p=

0,000). VML: olhos abertos: (P1 e P2: p= 0,000) e (P3: p= 0,001); olhos fechados: (P1:

p= 0,001) e (P2: p= 0,000). O mesmo aconteceu com relação ao equilíbrio estático, cuja

área circular apresentada pelo grupo com perda auditiva mostrou-se maior que a dos

ouvintes com olhos abertos e fechados: (P1, P2, P3: p= 0,000), como mostra a tabela 2.

Quando a avaliação do controle postural considerou os graus da perda auditiva, os

resultados da VAP demonstraram diferença apenas na comparação entre os ouvintes e o

grupo com perda auditiva de severo a profundo: olhos abertos: (P1 e P3: p= 0,001) e (P2:

p= 0,000); olhos fechados: (P2: p= 0,003). Na comparação entre os ouvintes e o grupo

com perda auditiva de graus leve à moderado, observou-se diferenças na VML em: olhos

abertos: (P2: p= 0,025); olhos fechados: (P1: p= 0,009) e (P2: p= 0,017). Quando

comparou-se o grupo de ouvintes com o de perda auditiva com graus de severo a

profundo, os resultados demonstraram diferenças em: olhos abertos: (P1, P2, P3: p=

0,000); olhos fechados: (P1: p= 0,009) e (P2= 0,000), demonstrados, respectivamente,

nas tabela 3 e 4.

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Na avaliação do equilíbrio estático, considerando-se os graus da perda auditiva

apresentados, os grupos mostraram-se diferentes na comparação entre os ouvintes e com

perda auditiva de graus leve a moderado em: olhos abertos: (P1: p= 0,045) e (P2: p=

0,013); olhos fechados: (P1: p= 0,037). Na comparação entre ouvintes e com perda

auditiva de severo a profundo, os resultados demonstraram diferenças em todas as

posições avaliadas: olhos abertos e fechados: (P1, P2, P3: p= 0,000). Os sub-grupos com

perda auditiva apontaram diferenças entre o equilíbrio estático de acordo com graus de

perda auditiva apresentados, sendo o grupo com graus de perda auditiva de severo a

profundo o que demonstrou maior área e consequentemente maior instabilidade no

equilíbrio estático, as diferenças foram observadas em olhos abertos: (P1 e P3: p= 0,001)

e (P2: p= 0,040), ilustrado na tabela 5.

Quando se considerou a influência da função vestibular e a avaliação do controle

postural, os resultados demonstraram diferenças significativas na VAP para a comparação

entre os ouvintes e o grupo com perda auditiva e função vestibular normal: Olhos abertos:

(P1: p= 0,009), (P2: p= 0,002) (P3: p= 0,010); olhos fechados: (P2: p= 0,042). Na

comparação entre ouvintes e o grupo com perda auditiva e disfunção vestibular, os

resultados demonstraram diferenças entre os grupos em: olhos abertos: (P1: p= 0,050),

(P2: p= 0,000) e (P3: 0,001); olhos fechados: (P1 e P2: p= 0,004). Comparando-se os dois

subgrupos com perda auditiva de acordo com a função vestibular apresentada, os

escolares com perda auditiva e disfunção vestibular apresentaram mais oscilações na

velocidade média do centro de pressão em todas as posições avaliadas, apontando

diferença apenas na (P2: p= 0,041), com olhos abertos, como mostra a tabela 6.

De acordo com os parâmetros da VML, na comparação entre os ouvintes e o

grupo com perda auditiva e função vestibular normal, houve diferenças entre os grupos:

olhos abertos: (P1, P2, P3: p= 0,001); olhos fechados: (P1: p= 0,016); (P2: p= 0,000). Na

comparação entre ouvintes e o grupo com perda auditiva e disfunção vestibular as

diferenças foram observadas em: olhos abertos: (P1: p= 0,014), (P2: p= 0,000) e (P3: p=

0,001), função vestibular normal x disfunção vestibular (P2: p= 0,021) (P3: p<0,021);

olhos fechados: (P1: p= 0,005) e (P2: p= 0,002), (tabela 7).

Os dados da área circular, referentes ao equilíbrio estático apontaram diferenças

entre os grupos de ouvintes e com perda auditiva e função vestibular normal para: olhos

abertos: (P1: p= 0,045) e (P2: p= 0,013); olhos fechados: (P1: p= 0,037). Na comparação

entre os ouvintes e o grupo com perda auditiva e disfunção vestibular, observou-se

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diferenças entre todas as posições avaliadas, tanto com olhos abertos como fechados (P1,

P2, P3: p<0,001). O mesmo ocorreu quando comparou-se o grupo com perda auditiva de

acordo com a função vestibular apresentada, o sub-grupo com função vestibular normal

apresentou menor área em todas as posições avaliadas, apontando diferenças, apenas nas

avaliações realizadas com os olhos abertos: (P1: p= 0,001) (P2: p= 0,040) e (P3: p=

0,001), demonstrado na tabela 8.

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4. Discussão

No presente estudo observou-se diferenças significativas no desempenho do

controle postural e do equilíbrio estático dos escolares avaliados, sendo o grupo com

perda auditiva o que apresentou maiores instabilidades nestas habilidades motoras.

Uma maior instabilidade no controle postural em indivíduos com perda auditiva,

de modo geral, é fato já relatado na literatura. Derlich et al(2011) avaliaram o controle

postural em crianças com perda auditiva, com faixa etária entre 6-12 anos, por meio de

plataforma de força e relataram que o grupo com perda auditiva foi o que demonstrou

maiores instabilidades no controle postural, como também observado neste estudo.

Do mesmo modo, Sousa et al (2012) analisaram o controle postural de 100

crianças, sendo 43 com perda auditiva profunda e 57 ouvintes, na faixa etária entre 7-10

anos, por meio de uma plataforma de força, como este estudo. Os autores observaram

diferenças significativas entre os grupos analisados e o grupo com perda auditiva foi o

que demonstrou maiores oscilações no controle postural em todos os testes avaliados,

como também observou o presente estudo.

Entretanto, nenhum destes estudos menciona que avaliou a função do sistema

vestibular da amostra, como realizou o presente estudo.

Além das alterações observadas no desempenho do controle postural, as crianças

com perda auditiva também demonstraram alterações referentes ao equilíbrio estático. A

metodologia aqui empregada, com diferentes níveis de dificuldade na base de suporte em

bipedestação, foi utilizada em outros estudos.

Ming-Weiet al (2011), relatam resultados semelhantes ao analisar o equilíbrio

estático de 24 crianças também analisaram o equilíbrio estático de 24 crianças ouvintes

e 24 com PAS, com média de idade de 14,6±1,5, por meio de uma plataforma de força.

Os autores concluíram que as crianças com PAS apresentaram alterações no equilíbrio

estático, comparadas às ouvintes, como no presente estudo.

Por sua vez, Mi-Heeet al (2009) avaliaram o equilíbrio estático em 57 crianças

ouvintes e 57 com PAS, na faixa etária entre 4-14 anos. As avaliações se deram por meio

do teste de apoio unipodal em superfície rígida e em cima de um bloco de espuma, em

duas condições sensoriais (olhos abertos e fechados) sobre uma plataforma de força. Os

autores concluíram que houve diferenças entre o equilíbrio estático entre os grupos e a

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diferença mostrou-se ainda maior quando os testes eram realizados com a retirada da

orientação visual, indo de encontro aos resultados obtidos no presente estudo.

Nenhum dos estudos acima citados avaliou a função vestibular como o presente

estudo. Os resultados da avaliação da função do sistema vestibular demonstraram que 27

(41,5%) escolares com perda auditiva demonstraram disfunção vestibular, neste estudo.

Schwab et al., (2011); Lisboa et al., (2005); Cushing et al. (2008) também

avaliaram a função vestibular de crianças com perda auditiva e relataram que a disfunção

vestibular pode variar de 20% a 70%. Tais dados corroboram com os achados deste

estudo, com relação a frequência de disfunção vestibular na amostra com perda auditiva

analisada.

No presente estudo, o grupo com perda auditiva e disfunção vestibular apresentou

diferenças tanto nos parâmetros do controle postural, como no equilíbrio estático,

comparado aos ouvintes, e com o grupo com função vestibular normal. Estes dados

comprovam as hipóteses sugeridas em outros estudos sobre a influência do grau de perda

e de nível de função vestibular.

Com relação ao grupo com perda auditiva e função vestibular normal, a área

circular, utilizada como parâmetro para avaliar o equilíbrio estático, mostrou diferença

estatística nas comparações com o grupo com perda auditiva e disfunção vestibular em

todos os testes empregados com os olhos abertos, evidenciando assim a importância da

integridade do sistema vestibular para a manutenção do controle postural e do equilíbrio

estático.

A maior contribuição do presente estudo ao que se conhece sobre equilíbrio e

controle postural na população com perda auditiva se refere à associação do grau de

perda auditiva.

Na amostra estudada, as crianças com graus de severo a profundo foram as que

demonstraram as maiores instabilidades no controle postural e no equilíbrio estático,

tanto em comparação com as ouvintes, como comparados com o grupo com graus de leve

a moderado, tanto nos parâmetros relacionados ao controle postural quanto ao equilíbrio

estático. Houve ainda diferenças entre os sub-grupos com perda auditiva e a área circular

nos testes realizados com olhos abertos, corroborando com a ideia de que o grau da perda

auditiva pode interferir no desempenho do controle postural e do equilíbrio estático.

Shuwab et al 2011 relataram que crianças com graus de perda auditiva severo e

profundo apresentaram frequentemente hipoatividade do sistema vestibular. Do mesmo

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modo, Lisboa et al 2005 afirmaram que crianças com graus de perda auditiva profundo

apresentaram elevada ocorrência de disfunção vestibular em seu estudo. Tais dados

poderiam justificar achados deste estudo, com relação a variável grau da perda auditiva,

visto que, 73,8% das crianças com perda auditiva avaliadas neste estudo apresentavam

graus de severo à profundo e destas 45,9% apresentaram disfunção vestibular, segundo o

diagnóstico da VENG.

Tais dados refletem que a regulação dos ajustes posturais antecipatórios e ajustes

posturais compensatórios na população de crianças com PAS parece não funcionar de

modo satisfatório. Os reflexos vestíbulo-ocular e vestíbulo-espinhal responsáveis por esta

função parecem não apresentar um funcionamento regular, para reorganizar o controle

postural e o equilíbrio nas crianças com perda auditiva antes e durante o desequilíbrio,

possivelmente, em função da disfunção vestibular apresentada.

O ramo do nervo vestíbulo-coclear é o principal responsável para orientar ao

sistema nervoso central, por meio do tronco cerebral, sobre a orientação da cabeça e do

corpo no espaço, além de seus ajustes, se necessário. Lysakowski et al., (1997) relatam

que a fibra coclear do oitavo par de nervo craniano é mais mielinizada que a vestibular e

isto se dá, pelo fato da audição ser um sentido também de proteção. Tal fato poderia

tornar a condução sináptica do nervo vestíbulo-coclear mais lenta em crianças com perda

auditiva, o que poderia influenciar nos APA e nos APC, interferindo assim nos

mecanismos do controle postural e do equilíbrio estático, podendo justificar os achados

deste estudo.

É importante ressaltar o quão prejudicial para o desempenho de habilidades

motoras usuais pode ser o déficit no controle postural e no equilíbrio em crianças.

Hartman et al (2011), analisaram o desempenho motor de 42 crianças surdas e a sua

participação nas práticas esportivas, comparados com uma amostra de ouvintes. As

crianças surdas apresentaram mais limitações que os ouvintes nas: habilidades manuais

(62%), habilidades que envolviam bola (52%) e nas habilidades que envolviam o

equilíbrio (45%). Os autores chamam atenção que melhorar tais habilidades, pode

contribuir de modo positivo no contexto escolar e para a prática esportiva para esta

população. Pode-se afirmar que, de posse desses dados, o incentivo ao treino destas

habilidades poderia melhorar o controle postural da criança em desenvolvimento, assim

como o trabalho preventivo para melhorar o equilíbrio numa criança com perda auditiva

idade teria um impacto positivo nas habilidades esportivas futuramente.

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São escassos os dados na literatura que tenham feito esta associação entre o

desempenho do controle postural e equilíbrio estático e os graus de perda auditiva

apresentados. Achados de estudos recentes poderiam justificar os resultados aqui obtidos,

mas uma das maiores contribuições deste estudo foi fornecer dados da estabilidade do

controle postural e do equilíbrio estático de crianças com perda auditiva com relação aos

graus da perda auditiva e da função vestibular, o que traz à tona a importância da função

auditiva para o equilíbrio corporal. Não temos conhecimento de estudos na literatura da

Medline/Pubmed: 1966-2012; Lilacs: 1982-2012 e Cinahl: 1937-2012, que tenham

observado tal relação, utilizando uma amostra representativa como a deste estudo.

O presente estudo demonstrou que as crianças com perda auditiva sensórioneural

apresentaram maior instabilidade no controle postural, bem como no equilíbrio estático

quando comparadas às ouvintes. As crianças com graus de perda auditiva de severo a

profundo foram as que demonstraram as maiores instabilidades no controle postural e no

equilíbrio estático, comparadas às ouvintes e ao grupo de escolares com graus de perda

auditiva de leve a moderado, o mesmo ocorreu com os escolares com perda auditiva que

apresentavam disfunção vestibular.

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Tabela 1. Caracterização da amostra estudada.

* Teste t-Student; **Teste qui-quadrado de Pearson; AASI = Aparelho de amplificação sonora individual; IC= Implante coclear.

Grupos Ouvintes Perda Auditiva p

n (%) n (%)

Voluntários 65 (50) 65 (50) --

Sexos:

- Feminino 35 (53,8) 35 (53,8) --

- Masculino 30 (46,2) 30 (46,2) --

Idade 9,0± 1,45 9,0± 1,45 1,000*

Altura 1,34±0,08 1,35±0,09 0,573*

Peso 31,9±8,71 31,7±9,04 0,601*

IMC 17,2±3,27 16,8±3,26 0,903*

Escore-Z (IMC) 0,85±1,24 0,53±2,46 0,354*

Dominância Lateral:

- Destros 62 (95,4) 60 (92,3) 0,359**

- Canhotos 03 (4,6) 05 (7,7)

Graus da Perda Auditiva:

- Leve a Moderado -- -- 17 (26,2) --

- Severo a Profundo -- -- 48 (73,8) --

Usuários de AASI: -- -- 19 (29,2) --

Usuários de IC: -- -- 05 (7,7) --

Etiologia da Perda Auditiva:

- Desconhecida -- -- 23 (35,4) --

- Rubéola Gestacional -- -- 18 (27,7) --

- Prematuridade -- -- 07 (10,8) --

- Consanguinidade entre Pais -- -- 06 (9,2) --

- Uso de Drogas Ototóxicas -- -- 05 (7,7) --

- Hipóxia Peri ou Pós-Natal -- -- 05 (7,7)

- Meningite Pós-Natal -- -- 01 (1,5) --

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ANEXOS

ANEXO A – Aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa.

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ANEXO B – Publicação Paralela (Artigo Completo Publicado em Periódico).

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ANEXO C – Apresentação de Trabalho em Congresso Nacional.

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ANEXO D – Publicação Paralela (Resumo Publicado em Anais de Congresso).

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ANEXO E – Apresentação de Trabalho em Congresso Internacional.

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ANEXO F – Publicação Paralela (Resumo Publicado em Anais de Congresso).

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ANEXO G – Apresentação de Trabalho em Congresso Internacional.

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ANEXO H – Publicação Paralela (Resumo Publicado em Anais de Congresso).

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ANEXO I – Submissão de Artigo de Produção Paralela ao Periódico.

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ANEXO J – Aceitação do Artigo de Produção Paralela pelo Periódico.