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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL Tipagem molecular de genes de resistência e virulência associado à expressão gênica em isolados de Acinetobacter baumannii submetidos a antimicrobianos CARMELITA DE LIMA BEZERRA CAVALCANTI Recife 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

Tipagem molecular de genes de resistência e virulência associado à expressão

gênica em isolados de Acinetobacter baumannii submetidos a antimicrobianos

CARMELITA DE LIMA BEZERRA CAVALCANTI

Recife

2017

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CARMELITA DE LIMA BEZERRA CAVALCANTI

Tipagem molecular de genes de resistência e virulência associado à expressão

gênica em isolados de Acinetobacter baumannii submetidos a antimicrobianos

Tese apresentada a Banca Examinadora do

Programa de Pós-Graduação em Medicina

Tropical do Centro de Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Pernambuco, como parte

dos requisitos para a obtenção do Título de

Doutor em Medicina Tropical.

Orientador: Prof. Dr. Fábio André Brayner dos Santos

Co-orientadora: Profa. Dra. Dyana Leal Veras

Recife

2017

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CARMELITA DELIMA BEZERRA CAVALCANTI

Tipagem molecular de genes de resistência e virulência associado à expressão

gênica em isolados de Acinetobacter baumannii submetidos a antimicrobianos

Tese apresentada a Banca Examinadora do

Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical

do Centro de Ciências da Saúde da Universidade

Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos

para a obtenção do Título de Doutor em Medicina

Tropical.

Aprovada em: 21 de fevereiro de 2017

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profº. Dr. Fábio André Brayner dos Santos

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profº. Dra. Ana Catarina de Souza Lopes

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profº. Dra. Maria Amélia Vieira Maciel

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profº. Dra. Ana Paula Sampaio Feitosa

LIKA/ Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profº. Dr. Wagner Luís Mendes de Oliveira

LINAT/Universidade Federal de Pernambuco

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL REITOR

Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Ernani Rodrigues de Carvalho Neto

DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Nicodemos Teles Pontes Filho

COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINATROPICAL

Valdênia Maria Oliveira de Souza

VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

Maria Amélia Vieira Maciel

CORPO DOCENTE

Ana Catarina de Souza Lopes

Ana Lúcia Coutinho Domingues

Célia Maria Machado Barbosa de Castro

Celina Maria Turchi Martelli

Edmundo Pessoa de Almeida Lopes Neto

Fabio André Brayner dos Santos

Heloísa Ramos Lacerda de Melo

Líbia Cristina Rocha Vilela Moura

Maria Amélia Vieira Maciel

Maria Rosângela Cunha Duarte Coelho

Marli Tenório Cordeiro

Rejane Pereira Neves

Ricardo Arraes de Alencar Ximenes

Valdênia Maria Oliveira de Souza

Vera Magalhães de Silveira

Virgínia Maria Barros de Lorena

Vláudia Maria Assis Costa

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Dedico este trabalho às pessoas que são o amor, a compreensão e a alegria que preciso para ser feliz, Fernanda, Mariana, Paula e Emanuel.

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“O triunfo não é completo desfrutado solitariamente.”

Teo Cortés

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por toda paz e harmonia que encontro na fé;

Aos meus orientadores, Fabio Brayner e Luiz Carlos Alves, pela inestimada

acolhida, apoio, ensinamentos, confiança nessa jornada e nossa longa

amizade familiar;

À minha Co-orientadora Dyana Leal Veras por todos os ensinamentos,

dedicação desde a elaboração do projeto até a sua conclusão, e pela

consolidação de uma amizade verdadeira;

A todos que compõem o programa de Medicina Tropical pelo suporte e pela

oportunidade de aprendizado;

Ao prof. José Luiz de Lima Filho, por todo o apoio e incentivo no

desenvolvimento deste trabalho;

A todos que compõem os laboratórios parceiros: Laboratório de

Imunopatologia Keizo Asami – LIKA, ao ProspeqMol - LIKA, ao Laboratório de

Biologia Molecular - LIKA, ao Laboratório Microbiologia do Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhães, ao Núcleo de Plataformas Tecnológicas do

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – CpqAM/Fiocruz, em especial à Dra

Cássia Docena pelo suporte técnico e disponibilidade, ao Laboratório de

Genética da Universidade Federal de Pernambuco e ao laboratório ALERTA,

São Paulo-SP pela imensurável contribuição na execução do trabalho e na

parceria;

A Ana Carolina Ramos, do Laboratório Alerta, pelos ensinamentos de

técnicas de tipagem e carinhosa acolhida;

A Ana Paula Sampaio, pela eterna disposição e generosidade nos

ensinamentos, pelo exemplo de profissional e pela amizade que construímos;

A Eduarda Mangueira, pelo companheirismo em todas as horas, pelo apoio

incondicional e por fazer parte da minha vida pra sempre;

A Wagner Oliveira, pela bondade de contribuir com ensinamentos e

dedicação de forma tão altruísta;

A toda família do LBCM: Alberon Araújo, Amanda Aliança, Amanda

Vasconcelos, Anntonio Sérgio, Camila Queiroz, Catarina Fernandes, Cristiane

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Brito, Elverson Melo, Everton Morais, Fernanda Lima, Gabriel Gazzoni, Iany

França, Jefferson Albuquerque, Jana Sandes, Jorge Belém, Josenil Soares,

Josué Araújo, Karla Ribeiro, Marina Cartaxo, Nairomberg Portela, Olavio

Campos, Paula Roberta, Rafael Padilha, Renata, Rubens Rocha, Sophia

Dantas, Thaynara Millena, Tibério César, pela companhia sempre agradável,

pelas deliciosas gargalhadas, pela divisão das tarefas e por todo carinho e

dedicação recebidos;

A Alisson Rocha, meu primeiro estagiário, muito dedicado e aplicado em

suas tarefas;

A toda turma do LIKA, pela convivência de todos esses anos com muito

carinho e amizade;

Ao Sr. Nelson, Rita e Edson, do setor de Esterilização do CPqAM, pelo apoio

na etapa de preparação dos experimentos;

A Rodrigo Costa, por estar sempre presente com todo seu carinho;

A todos os meus tios e tias por serem exemplo na minha formação e pela

generosidade e atenção sempre;

Aos meus primos: Carlinhos e Jorge, pela amizade sincera e apoio

incondicional;

Ao meu irmão, Paulo, e sua família, por todo o apoio e a presença de sempre

com muito amor e carinho;

À minha mãe, Ione, por todo amor e orações diárias;

Às minhas filhas: Fernanda, Mariana e Paula pela oportunidade de conviver

com seres lindos, cheios de amor e minhas companheiras sempre;

Ao meu esposo, Emanuel, por estar sempre ao meu lado, ser meu porto

seguro e minha inspiração.

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RESUMO

Apesar do grande envolvimento de isolados de Acinetobacter baumannii em Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e do seu alto índice de multidroga-resistência, levando a poucas opções terapêuticas em casos de infecções causadas por esta espécie bacteriana, há muito a ser descoberto sobre os mecanismos de virulência e resistência desta espécie. Portanto, este trabalho teve como objetivo estabelecer o perfil clonal, de resistência e virulência de isolados multidroga-resistentes (MDRs) de A. baumannii obtidos em hospitais de Recife-PE, determinando a prevalência de genes de resistência e virulência e a capacidade de expressão de genes de virulência após submissão dos isolados a diferentes antimicrobianos utilizados na prática clínica. Para determinar a prevalência dos genes de resistência e virulência foram utilizados 37 isolados do complexo A. baumannii provenientes de dois hospitais públicos de Recife – PE. A análise da expressão dos genes de virulência foi realizada utilizando três isolados MDR selecionados, além da ATCC 19606 de A. baumannii submetidos in vitro a colistina, meropenem e associação destes antimicrobianos. Os isolados foram avaliados quanto à confirmação da espécie através da detecção do gene blaOXA-51-like e da técnica de MALDI-TOF. A tipagem molecular desses isolados foi realizada através da técnica de PFGE utilizando a enzima de restrição Apa1. A detecção e sequência dos genes de resistência, blaOXA-51-like, blaOXA-23-like, blaOXA-143-like, blaIMP, blaVIM, blaKPC, o elemento de inserção, ISAba1, e dos genes de virulência, basC, ompA, pilA e csuE foi realizada através de PCR e sequenciamento gênico. Todos os isolados pertenciam à espécie A. baumannii, distribuídos em 07 padrões de PFGE, com três isolados apresentando 100% de similaridade, os quais foram obtidos nos dois hospitais públicos do estudo, sugerindo uma disseminação inter-hospitalar. Todos os isolados apresentaram o gene de resistência blaOXA-51-like e a maioria possuía o gene ISAba1, além desses, também apresentavam o gene blaOXA-143-like ou blaOXA-23-ike. Estes resultados demonstram uma ampla resistência dos isolados aos carbapenêmicos, além de outras classes de antimicrobianos. Os dados são preocupantes quanto à disseminação clonal desses genes entre os isolados obtidos nos hospitais analisados. Todos os isolados do estudo apresentaram os genes de virulência basC, ompA, pilA e csuE, com exceção de um isolado que não apresentou o gene csuE. Também pode-se demonstrar uma tendência ao aumento da expressão dos genes de virulência csuE, bfmS e baeS após tratamento in vitro com meropenem, colistina e associação destes antimicrobianos, reforçando a necessidade de vigilância quanto ao tratamento de IRAS causadas por A. baumannii MDR, mesmo em uso associado de antimicrobianos. Palavras-chave: Acinetobacter baumannii. Virulência. Expressão gênica.

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ABSTRACT Due to the increasing resistance of clinical isolates of A. baumannii to antimicrobial and the consequent decrease of effective therapeutic options, this study aimed to establish the clonal profile, resistance and virulence of A. baumannii multidrug-resistant isolates (MDRs) obtained in hospitals in Recife-PE, determining the prevalence of resistance and virulence genes and the in vitro influence of different antibiotics used in clinical practice, alone and in combination, on bacterial growth and expression of these genes. To perform the first stage of this study 37 isolates of A. baumannii complex, most of them MDR. Analysis of virulence gene expression was performed using three MDR isolates beyond ATCC 19606 from A. baumannii submitted in vitro to colistin, meropenem and association of these antimicrobials. The isolates were evaluated for confirmation of the species through detection of the gene for intrinsic β-lactamase, blaOXA-51-like, and the Matrix-Assisted Laser Desorption / Ionization (MALDI-TOF) technique. The clonal profile of these isolates was determined by Pulsed-field Gel Electrophoresis (PFGE) using Apa1 enzyme. Detection and sequence of blaOXA-51-like, blaOXA-23-like, blaOXA-143-like, blaIMP, blaVIM and blaKPC genes the insertion element, ISAba1, and the virulence genes, basC, ompA, pilA and csuE were performed using Polymerase Chain Reaction (PCR) and sequencing. All isolates belonged to the A. baumannii species, distributed in 07 PFGE patterns, three isolates showed 100% similarity, which were obtained in two different hospitals of the study, suggesting an interhospital spread. Most isolates had the blaOXA-51-like and ISAba1 resistance genes, and either blaOXA-

143-like or blaOXA-23-like gene. These results demonstrated high level resistance to carbapenems and other classes of antimicrobials, corroborating the MDR profile. This data alert for the spread of these genes among isolates in this hospitals. All isolates showed basC, ompA, pilA and csuE virulence genes, except for one isolate that did not show the csuE gene. Expression of csuE, bfmS e baeS virulence genes increased after in vitro submission to meropenem, colistin and the associated use may be demonstrated, reinforcing the need for surveillance for treating infections caused by MDR A. baumannii infections, even in associated antimicrobial use.

Keywords: Acinetobacter baumannii. Virulence. Genetic expression.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

TESE

Figura 1 - Principais mecanismos de resistência a carbapenêmicos em

bactérias gram-negativas.

32

Figura 2 - Principais mecanismos de resistência a polimixinas em bactérias

gram-negativas.

34

ARTIGO 1

Figura 1 - Polimorfismo genético de isolados de A. baumannii de pacientes

atendidos em 2 hospitais de Recife - PE, detectado através de

eletroforese em campo pulsado (PFGE) após digestão do DNA

cromossômico com endonuclease de restrição ApaI.

63

ARTIGO 2

Figura 1 - Expressão relativa do gene bfmS após submissão aos

antimicrobianos meropenem, colistina e associação de

meropenem e colistina

83

Figura 2 - Expressão relativa do gene baeS após submissão aos

antimicrobianos meropenem, colistina e associação de

meropenem e colistina

84

Figura 3 - Expressão relativa do gene csuE após submissão aos

antimicrobianos meropenem, colistina e associação de

meropenem e colistina.

85

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LISTA DE TABELAS

TESE

Tabela 1 - Espécies com nomes válidos que pertencem ao gênero

Acinetobacter spp.

24

Tabela 2 - Origem e características fenotípicas de resistência dos isolados

de Acinetobacter baumannii utilizados neste estudo.

43

Tabela 3 - Descrição dos primers utilizados neste estudo para determinar

por PCR a presença dos genes de resistência e virulência

presentes em isolados de A. baumannii.

47

Tabela 4 - CIM dos isolados de Acinetobacter baumannii frente ao

meropenem e colistina, e suc-CIMs utilizados para análise de

tempo de morte e RT-qPCR.

52

Tabela 5 - Primers utilizados nas reações de RT-qPCR para análise de

expressão dos genes de virulência csuE, bfmS, baeS, e do gene

normalizador gyrB.

53

ARTIGO 1

Tabela 1 - Isolados de Acinetobacter baumannii utilizados neste estudo 58

Tabela 2 - Primers utilizados neste estudo para determinar por PCR

presença dos genes de resistência e virulência presentes em

isolados de A. baumannii.

60

Tabela 3 - Perfil de resistência e virulência dos isolados de Acinetobacter

baumannii inclusos neste estudo.

65

ARTIGO 2

Tabela 1 - Perfil de resistência e virulência dos isolados de A. baumannii

analisados deste estudo.

79

Tabela 2 – CIM, Sub-CIM e expressão dos genes de virulência, csuE, bfmS 80

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e baeS em isolados de Acinetobacter baumannii

Tabela 3 - Oligonucleotídeos utilizados nas reações de RT-qPCR para

análise de expressão dos genes de virulência csuE, bfmS, baeS

e do gene normalizador gyrB.

81

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A Medida da intensidade de corrente elétrica

ACD Acinetobacter Cephalosporinases Derivative

AIM-1 Australian Imipenemase

ATCC American Type Culture Collection

BHI Brain Heart Infusion

BSA Bovine Serum Albumin

CCS Centro de Ciências da Saúde

cDNA Ácido desoxirribonucleico complementar

CEP Comitê de ética em pesquisa

CHCA α-Cyano-4-hydroxycinnamic acid

CHEF-TE Solução tampão de EDTA/TRIS

CIM Concentração inibitória mínima

Clin. Vasc. Clínica Vascular

CLSI Clinical Laboratory Standards Institute

CPqAM Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães

CTX-M Cefotaximase, primeiramente isolada em Munich

DEPC Dietilpirocarbonato

DIM-1 Dutch Imipenemase

DNA Ácido desoxirribonucleico

DNS Trisma base/Cloreto de magnésio

dNTP Desoxirribonucleotídeo trifosfato

DP Desvio padrão

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EC EDTA/Tris base/NaCl/N-lauril sarcosil

EDTA Ácido etileno-diamino-tetracético

Enf. Enfermaria

EUCAST European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing

ES EDTA/N-lauril sarcosil

ESBL Extended Spectrum -Lactamase

ESKAPE Enterococcus faecium, Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae,

Acinetobacter baumannii , Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter

FDA Food and Drug Administration

GIM German Imipenemase

IMP Imipenemase

IDSA Infectious Diseases Society of America

IRAS Infecções Relacionadas à Assistência a saúde

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

kDa Kilodalton

KHM Kyorin University Hospital

KPC Klebsiella pneumoniae carbapenemase

LCR Líquido Cefalorraquidiano

LIKA Laboratório de Imunologia Keizo Asami

MALDI-

TOF

Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization–Time of Flight

MBLs Metalo-β-lactamases

mg Miligrama

MgCl2 Cloreto de magnésio

mL Mililitro

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mM MilliMolar

NaCl Cloreto de sódio

ND Não Determinado

NDM-1 New Delhi MBL

NE Não Especificado

NCBI National Center for Biotechnology Information

NPT Núcleo de Plataformas Tecnológicas

OXA Oxacilinase

pb Pares de base

pH Potencial hidrogeniônico

PBPs Penicillin-binding proteins

PCR Polimerase Chain Reaction

PFGE Pulsed field gel eletrophoresis

R Resistente

rDNA Ácido desoxirribonucleico ribossomal

RT-qPCR Reverse Transcription qPCR

rpm Rotação por minuto

RNA Ácido ribonucleico

RNAm Ácido ribonucléico mensageiro

S Sensível

SDC Sistema de Dois Componentes

Sec Secreção

SIM-1 Seul Imipenemase

SPM-1 São Paulo MBL

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STB Secreção Traqueobrônquica

Sub- CIMs Concentrações Sub- inibitórias Mínimas

TBE Solução tampão de Tris/Borato/EDTA

TEN Solução tampão de Tris/ EDTA/NaCL

TFP Type IV pili/pili tipo IV

TMB Tripoli MBL

UFC Unidade Formadora de Colônia

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

UNIFESP Universidade Federal de São Paulo

UPGMA Unweighted Pair Group Method Using Arithmetic Averages

USAN Unidade de Suporte Avançado em Neurocirurgia

UTI Unidade de terapia intensiva

UTQ Unidade de Terapia de Queimados

UV Ultra Violeta

V Unidade de tensão elétrica

VIM Verona Imipenemase

W Unidade de potência

µg Micrograma

µL Microlitro

µM Micromolar

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 20

2 REVISÃO DE LITERATURA 23

2.1 O Gênero Acinetobacter spp. 23

2.1.1 Acinetobacter baumannii 26

2.2 Estrutura e ação dos antibióticos β-lactâmicos 29

2.2.1 Carbapenêmicos 31

2.2.2 Polimixinas 32

2.3 Mecanismos de Resistência aos antibióticos β-

lactâmicos

34

2.3.1 β-lactamases 35

2.4 Mecanismos de Virulência 38

2.4.1 Fatores de virulência 38

3 OBJETIVOS 42

3.1 Objetivo Geral 42

3.2 Objetivos Específicos 42

4 METODOLOGIA 43

4.1 Isolados bacterianos 43

4.2 MALDI-TOF MS 45

4.3 Extração do DNA total 45

4.4 Determinação da presença dos genes de virulência 46

4.5 Determinação da presença e sequência dos genes de

resistência

47

4.6 Eletroforese em gel de agarose 48

4.7 Sequenciamento de DNA 48

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4.8 Eletroforese em Campo Pulsátil (PFGE) 49

4.9 Critérios para seleção dos isolados para etapa de

análise de expressão

50

4.10 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) 51

4.11 Extração de RNA e síntese de cDNA 51

4.12 Determinação da expressão dos genes de virulência

pela técnica de RT-qPCR

52

5 ASPECTOS ÉTICOS 53

6 RESULTADOS 54

ARTIGO 1 - Disseminação clonal e de genes resistência e

virulência em isolados de Acinetobacter baumannii obtidos

em hospitais de Recife – PE, Brasil

54

ARTIGO 2 – Expressão de genes de virulência em isolados

multidroga-resistentes de Acinetobacter baumannii

submetidos à colistina e meropenem

77

7 CONCLUSÕES 89

REFERÊNCIAS 90

APÊNDICE A – Artigo 1 submetido a Microbial Drug

Resistance

103

APÊNDICE B – Artigo 2 submetido a Journal of Medical

Microbiology article

105

ANEXO A – Comprovante de submissão à revista Microbial

Drug Resistance

107

ANEXO B – Comprovante de submissão à revista Journal of

Medical Microbiology article

108

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20

1 INTRODUÇÃO

Acinetobacter baumannii é um cocobacilo gram-negativo pertencente ao

gênero Acinetobacter spp. e surgiu como um dos mais importantes patógenos para

as instituições de saúde mundiais (PELEG; SEIFERT; PATERSON, 2008; KROGER

et al., 2017). Considerado pela Sociedade Americana de Doenças Infecciosas como

um dos seis patógenos mais graves, relacionado à preocupação com a ausência de

progresso no desenvolvimento de novas linhas terapêuticas para o tratamento de

infecções por isolados Multidroga Resistente (MDR). Isso ocorre devido à redução

drástica no número de antimicrobianos efetivos que podem ser usados no

tratamento de infecções causadas por A. baumannii em consequência a ampla

resistência encontrada em isolados desta espécie bacteriana (BOUCHER et al.,

2013; HENRY et al., 2015; QI et al., 2016).

Os genes de resistência intrínsecos para produção de -lactamases são

encontrados na maioria dos isolados de A. baumannii, como as cefalosporinases

tipo AmpC, expressadas em nível basal (POIREL; NORDMAN, 2006). As

cefalosporinases tipo AmpC quando superexpressas devido ao elemento de

inserção ISAba1 são a principal razão dos elevados níveis de resistência em A.

baumannii às penicilinas e cefalosporinas (EVANS; HAMOUDA; AMYES, 2013). As

carbapenemases do tipo OXA são as mais prevalentes em A. baumannii e as

principais responsáveis pela resistência aos carbapenêmicos em todo o mundo

(OPAZO et al., 2012; KOBS et al, 2016).

A produção de -lactamases em isolados de A. baumannii inclui também as

metallo--lactamases (MBLs) (VIM, IMP e SIM), as quais conferem ampla resistência

aos carbapenêmicos e a outros antibióticos -lactâmicos, excluindo-se o aztreonam

(POIREL; NORDMAN, 2006; ZARRILLI et al., 2009; EVANS; HAMOUDA; AMYES,

2013). Vários outros genes de resistência a antibióticos -lactâmicos são

amplamente disseminados entre outras espécies bacterianas, como os genes blaSHV,

blaTEM, blaCTX-M e blaKPC os quais são amplamente encontrados em isolados MDR de

Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli (LIVERMORE et al., 2007), podendo ser

facilmente transferidos a outras espécies bacterianas naturalmente competentes

para a aquisição, como A. baumannii (EIJKELKAMP et al., 2011a). No Brasil, altas

taxas de resistência à carbapenêmicos tem sido relatadas em isolados de A.

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21

baumannii, mas pouco é conhecido sobre os seus mecanismos de resistência

(TAKAGI et al., 2009).

Os carbapenêmicos eram os mais eficientes agentes antimicrobianos

utilizados em infecções causadas por A. baumannii. No entanto, o uso excessivo

dessa fármaco desencadeou a seleção de isolados resistentes a carbapenêmicos

durante a década passada. Neste contexto, a colistina tem reaparecido como o

último recurso terapêutico para o tratamento de infecções causadas por isolados de

A. baumannii MDR, em razão das altas taxas de resistência à carbapenêmicos

(CHEAH et al., 2016; MONTERO et al., 2016). Atualmente, menos de 2% dos

isolados apresentam resistência à colistina, no entanto, novos relatos demonstram o

aumento desse índice de resistência e consequente insucesso no tratamento clínico

(HENRY et al., 2015). Alguns trabalhos têm sugerido, portanto, a associação de

antimicrobianos para potencializar seu efeito bactericida (MENDES; BURDMANN,

2009).

Terapias de combinações com as polimixinas e carbapenêmicos foram

propostas como boas opções para o tratamento de infecções causadas por A.

baumannii MDR para otimizar e aumentar o poder bactericida da colistina e assim o

sucesso do tratamento clínico, restringindo o aparecimento de resistência (NI et al.,

2015). No entanto, pouco é conhecido sobre o impacto do uso da colistina na

virulência bacteriana, associada ou não a antimicrobianos como os carbapenêmicos.

Apesar de ser considerado um patógeno com virulência limitada, infecções

invasivas causadas por isolados de A. baumannii MDR estão associadas com o

aumento da morbi-mortalidade em pacientes predispostos (MONTERRO et al.,

2016). Alguns destes fatores de virulência potencializam ainda mais a ação

patogênica desta bactéria, tais como: sideróforos, sistemas de captação de ferro no

qual o gene basC codifica uma proteína envolvida na primeira etapa da biossíntese

do sideróforo acinetobactina; presença de fimbrias tipo 4, as quais são relacionadas

com a motilidade bacteriana; e a capacidade de formação de biofilme, envolvida com

a presença de vários genes, entre eles os genes ompA, csuE e pilA que contribuem

para a adesão celular a superfícies bióticas e abióticas (EIJELKAMP et al., 2011b;

HASAN, CHOI, OH, 2015; SELASI et al., 2016). Estudos recentes demonstram a

contribuição desses fatores de virulência na patogênese de A. baumannii, sugerindo

que esses mecanismos poderiam ser possíveis alvos de novos agentes

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antimicrobianos, bloqueadores de fatores de virulência (LÓPEZ-ROJAS; SMANI;

PACHÓN; 2013).

Apesar do grande envolvimento de isolados de A. baumannii em infecções

hospitalares e do seu alto índice MDR, levando a poucas opções terapêuticas em

casos de infecções causadas por esta espécie bacteriana, pouco é conhecido sobre

a virulência e os mecanismos de resistência desta espécie (FOURNIER; RICHET,

2006). Atualmente, novos esforços para desenvolvimento de antimicrobianos se

concentram na caracterização de fatores de virulência, como pili e biofilme, baseado

na observação de uma correlação entre virulência e resistência aos medicamentos

(DHABAAN et al., 2016). Um importante passo neste cenário envolve determinar

qual o impacto do uso de antimicrobianos de última linha e combinações, utilizados

na prática clínica, e a repercussão na expressão de genes de virulência encontrados

em A. baumannii (KROGER et al., 2017). Portanto, o objetivo deste trabalho foi

determinar a relação clonal e os genes de resistência e virulência em isolados MDR

de A. baumannii obtidos em dois hospitais públicos de Recife-PE, e a capacidade de

expressão dos fatores de virulência após submissão dos isolados aos

antimicrobianos utilizados na prática clínica, meropenem, colistina e associação.

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23

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O gênero Acinetobacter spp.

No início do século 20, em 1911, o microbiologista holandês Beijerinck isolou

e descreveu pela primeira vez um microrganismo que na ocasião o denominou de

Micrococcus calcoaceticus, atualmente conhecido como Acinetobacter spp. No

entanto, membros deste gênero foram classificados anteriormente sobre uma

variedade de nomes, incluindo Bacterium anitratum, Herellea vaginicola, Mima

polymorpha, Moraxella lwoffi, o que resultou no retardo no estabelecimento da

epidemiologia e da importância clínica do gênero Acinetobacter spp. (PELEG;

SEIFERT; PATERSON, 2008; TOWNER, 2009). A denominação atual do gênero

Acinetobacter vem da palavra grega “akineto” que significa não móvel, tendo sido

proposta por Brisou e Prévot em 1954 para diferenciar dos microrganismos móveis

que pertencem ao gênero Achromobacter (BRISOU; PRÉVOT, 1954; PELEG;

SEIFERT; PATERSON, 2008). Apenas em 1968 essa denominação tornou-se

amplamente aceita, levando ao reconhecimento do gênero Acinetobacter pelo

Subcomitê de Taxonomia de Moraxella e Bactérias Relacionadas, em 1971

(BAUMANN; DOUDOROFF; STANIER, 1968).

O gênero Acinetobacter spp. é formado por cocobacilos gram-negativos, com

DNA contendo de 39 a 47 mol% de G + C, sendo aeróbios, não fermentadores de

carboidratos, sem capacidade de locomoção, catalase positiva, oxidase negativa e

com bom crescimento em meio complexo entre 20 e 30°C sem requerer fatores de

crescimento. Usualmente arranjam-se em diplobacilos ou em cadeias de

comprimentos variados (BERGOGNE-BEREZIN; TOWNER, 1996).

As espécies bacterianas classificadas como membros do gênero

Acinetobacter tem um longo histórico de variação taxonômica, desde a família

Neisseriaceae à família Moraxellaceae (FOURNIER; RICHET, 2006). Em 1986 uma

nova taxonomia foi estabelecida para o gênero Acinetobacter, sendo a espécie A.

baumannii a mais encontrada em amostras clínicas obtidas de infecções clínicas e

surtos hospitalares (CISNEROS; RODRÍGUES-BAÑO, 2002; GUNDI et al., 2009). O

Gênero Acinetobacter apresenta 33 genoespécies diferentes, das quais as espécies

genômicas 1 (Acinetobacter calcoaceticus ), 2 (Acinetobacter baumannii), 3 e 13TU

são muitas vezes tão semelhantes que não podem ser diferenciadas por testes

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fenotípicos e são referidas como o complexo Acinetobacter calcoaceticus -

Acinetobacter baumannii (BERGOGNE-BEREZIN; TOWNER, 1996). Essas quatro

espécies genômicas são fenotipicamente semelhantes e intimamente relacionados

em comparação a outras espécies do gênero baseada no processo de hibridização

DNA-DNA (MACCONNELL; ACTIS; PACHÒN, 2013).

Devido a disponibilidade de vários métodos genotípicos para identificação do

complexo A. calcoaceticus - A. baumannii, as genoespécies 3 e 13TU, passaram a

se chamar Acinetobacter pittii e Acinetobacter nosocomialis, respectivamente

(MACCONNELL; ACTIS; PACHÒN, 2013). Acinetobacter pittii e Acinetobacter

nosocomialis apresentaram maior importância clínica no cenário nosocomial na

última década, no entanto, as infecções causadas por Acinetobacter baumannii

ainda têm a maior relevância clínica, devido sua capacidade de persistir no ambiente

hospitalar e pelo alto índice de isolamento de isolados multidroga-resistêntes (MDR),

extensamente resistente a drogas (XDR) ou pandroga resistente (PDR). Atualmente

o gênero compreende 49 espécies com nomes válidos

(www.bacterio.cict.fr/a/acinetobacter.html), conforme descrito na tabela abaixo

(Tabela 1).

Tabela 1. Espécies com nomes válidos que pertencem ao gênero Acinetobacter spp.

Espécie de Acinetobacter Referência

1 Acinetobacter albensis Krisova et al. 2015

2 Acinetobacter apis Kim et al. 2014

3 Acinetobacter baumannii Bouvet and Grimont 1986

4 Acinetobacter baylyi Carr et al. 2003

5 Acinetobacter beijerinckii Nemec et al. 2009

6 Acinetobacter bereziniae Nemec et al. 2010

7 Acinetobacter bohemicus Krizova et al. 2015

8 Acinetobacter boissieri Álvarez-Pérez et al. 2013

9 Acinetobacter bouvetii Carr et al. 2003

10 Acinetobacter brisouii Anandham et al. 2011

11

12

13

14

Acinetobacter calcoaceticus

Acinetobacter courvalinii

Acinetobacter dispersus

Acinetobacter equi

(Beijerinck 1911) Baumann et al. 1968

Nemec et al. 2016

Nemec et al. 2016

Poppel et al. 2016

15 Acinetobacter gandensis Smet et al. 2014

16 Acinetobacter gerneri Carr et al. 2003

17 Acinetobacter grimontii Carr et al. 2003

18 Acinetobacter guangdongensis Feng et al. 2014

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19 Acinetobacter guillouiae Nemec et al. 2010

20 Acinetobacter gyllenbergii Nemec et al. 2009

21 Acinetobacter haemolyticus (ex Stenzel and Mannheim 1963) Bouvet and Grimont 1986

22 Acinetobacter harbinensis Li et al. 2014

23 Acinetobacter indicus Malhotra et al. 2012

24 Acinetobacter johnsonii Bouvet and Grimont 1986

25 Acinetobacter junii Bouvet and Grimont 1986

26 Acinetobacter kookii Choi et al. 2013

27

28

Acinetobacter lwoffii

Acinetobacter modestus

(Audureau 1940) Brisou and Prévot 1954

Nemec et al. 2016

29 Acinetobacter nectaris Álvarez-Pérez et al. 2013

30 Acinetobacter nosocomialis Nemec et al. 2011

31 Acinetobacter pakistanensis Abbas et al. 2015

32 Acinetobacter parvus Nemec et al. 2003

33 Acinetobacter pittii Nemec et al. 2011

34

35

Acinetobacter Populi

Acinetobacter proteolyticus

Li et al. 2015

Nemec et al. 2016

36 cinetobacter puyangensis Li et al. 2013

37 Acinetobacter qingfengensis Li et al. 2014

38 Acinetobacter radioresistens Nishimura et al. 1988

39 Acinetobacter rudis Vaz-Moreira et al. 2011

40 Acinetobacter schindleri Nemec et al. 2001

41 Acinetobacter seifertii Nemec et al. 2015

42 Acinetobacter soli Kim et al. 2009

43 Acinetobacter tandoii Carr et al. 2003

44 Acinetobacter tjernbergiae Carr et al. 2003

45 Acinetobacter towneri Carr et al. 2003

46 Acinetobacter ursingii Nemec et al. 2001

47 Acinetobacter variabilis Krizova et al. 2015

48

49

Acinetobacter venetianus

Acinetobacter vivianii

Vaneechoutte et al. 2009 ex Di Cello et al. 1997

Nemec et al. 2016

Fonte: www.bacterio.cict.fr/a/acinetobacter.html

Comparado a outros bacilos gram-negativos, espécies do gênero

Acinetobacter tem maior capacidade de sobrevivência na região das pontas dos

dedos e em superfícies secas quando testadas em condições ambientais similares

ao ambiente hospitalar. Adicionalmente, a contaminação da pele de pacientes e

profissionais de saúde pode estar relacionada a transmissão dos isolados e surtos

(JAWAD et al., 1998; HARDING et al., 2013). Outra rota de transmissão para os

pacientes inclui os equipamentos reutilizáveis, tais como: tubo de ventilação,

respirômetro e dispositivo para monitoramento da pressão arterial utilizados em

pacientes graves, além de objetos como colchões, travesseiros, TV e ventiladores,

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os quais podem servir de reservatório durante surtos de IRAS, em razão da

capacidade desses patógenos de resistir à dessecação (JAWAD et al., 1998;

HARDING et al., 2013).

De um modo geral, os membros do gênero Acinetobacter spp. são

considerados ubíquos, no entanto, as espécies de importância clínica, incluindo A.

baumannii não são microrganismos ubíquos, nem possuem habitat natural

conhecido fora do hospital, sendo isolados em pacientes e em ambientes hospitales

durante surtos (JOLY-GUILLOU, 2005; TOWNER, 2009; HARDING et al., 2013).

2.1.1 Acinetobacter baumannii

A. baumnannii desempenha papel importante na colonização e infecção de

pacientes hospitalizados com altas taxas de morbi-mortalidade, sendo um

importante patógeno oportunista envolvido numa variedade de IRAS, incluindo

bacteremias, infecções do trato urinário, meningites secundárias e infecções de

feridas cirúrgicas. No entanto, seu papel predominante é como agente causador de

pneumonia associada à ventilação mecânica em pacientes internados em UTI

(BERGOGNE-BEREZIN; TOWNER, 1996; MA et al., 2015; SAFARI et al., 2015).

A espécie A. baumannii é responsável por 2 – 10% das IRAS causadas por

bactérias gram-negativas (JOLY-GUILLOU, 2005; ANTUNES, VISCA, TOWNER,

2014). Está entre os quatro patógenos que mais causam infecções da corrente

sanguínea relacionadas a catéter em pacientes adultos em UTIs brasileiras

(GIRARDELLO et al., 2016). Além das infecções causadas por A. baumannii em

ambiente hospitalar, esse patógeno também pode causar infecções na comunidade,

incluindo pneumonia, bacteremia, infecções de pele, tecidos moles, meningite

secundária e endocardites (CHANG, et al., 2000; FALAGAS et al., 2007). Acomete

mais o sexo masculino e está relacionado geralmente a idosos, pacientes etilistas,

fumantes e portadores de comorbidades como diabetes mellitus, doença obstrutiva

pulmonar crônica e doenças renais (FALAGAS, RAFAILIDIS, 2007; ANTUNES,

VISCA, TOWNER, 2014). A pneumonia desenvolvida na comunidade por esse

patógeno pode ser mais severa em relação à desenvolvida em ambiente hospitalar

(ANTUNES; VISCA; TOWNER, 2014).

Desde a identificação de A. baumannii como um patógeno emergente existe

um grande interesse no rápido desenvolvimento de resistência antimicrobiana e na

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disseminação em ambiente hospitalar de isolados desta espécie bacteriana (SAHL

et al., 2011).

O controle e o tratamento de infecções causadas por isolados MDR de A.

baumannii está entre os mais difíceis comparado às infecções causadas por outros

bacilos gram-negativos resistentes a antimicrobianos (MARAGAKIS, PERL, 2008).

A. baumannii ganhou notoriedade e integra o grupo de bactérias patogênicas

responsáveis por causar a maior proporção de infecções por isolados multidroga-

resistentes (MDR) adquiridas nos hospitais, são os patógenos “ESKAPE”,

representados por Enterococcus faecium (E), Staphylococcus aureus (S), Klebsiella

pneumoniae (K), Acinetobacter baumannii (A), Pseudomonas aeruginosa (P) e

Enterobacter (E) (LANNAN et al., 2016).

Os antimicrobianos potencialmente efetivos contra infecções causadas por

esta espécie bacteriana incluem os carbapenêmicos, aminoglicosídeos (amicacina

ou gentamicina), tetraciclinas (minociclina ou doxiciclina) e sulbactâmicos

(KARAGEORGOPOULOS et al., 2008). A resistência a esses agentes

antimicrobianos tem aumentado, resultando na utilização de agentes potencialmente

mais tóxicos como as polimixinas (TAKAGI et al.,2009).

A extensa resistência de isolados de A. baumannii a diferentes classes de

antimicrobianos pode comprometer o tratamento de infecções causadas por este

microrganismo (VILA; PACHÓN, 2012). Trabalhos recentes revelaram que isolados

de Acinetobacter spp.resistente a carbapenêmicos são mais predominantes na

Amélica Latina, Oriente Médio e Ásia-Pacífico do que na América do Norte e Europa

(ADIBHESAMI et al., 2016).

A espécie A. baumannii pode apresentar uma ampla variedade de β-

lactamases que hidrolisam e conferem resistência às penicilinas, cefalosporinas e

carbapenêmicos, além de resistência intrínseca e baixa permeabilidade da

membrana externa a certos antimicrobianos, bem como a expressão constitutiva de

diferentes bombas de efluxo (MARAGAKIS; PERL, 2008; ZHAO et al., 2015).

A ampla resistência desta espécie bacteriana a múltiplos antimicrobianos está

relacionada ainda à capacidade de adquirir e incorporar facilmente elementos

genéticos móveis tais como plasmídeos, transposons e integrons (NEONAKIS;

SPANDIDOS; PETINAKI, 2011; ATROUNI et al., 2016) ou até por mutações que

levam a modificação do alvo do antibiótico, da expressão de bombas de efluxo ou da

permeabilidade de membrana, o que favorece a prevalência de isolados MDR. Nas

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últimas décadas a disseminação de resistência entre isolados de A. baumannii vem

aumentando no mundo inteiro dificultando o tratamento de infecções até mesmo

com medicamentos clinicamente disponíveis como tigeciclina, colistina e

carbapenêmicos (ATROUNI et al., 2016). A identificação dos mecanismos de

resistência em isolados de A. baumannii trará melhoras no resultado de infecções

causadas por esse patógeno.

Surtos causados por A. baumannii MDR tem sido relatados em vários países,

com sucesso terapêutico usando aminoglicosideos, carbapenêmicos, inibidores de

β-lactamases, tigeciclina, rifampicina e colistina. Embora carbapenêmicos intra-

venosos e inibidores de β-lactamases atinjam níveis aceitáveis no sistema nervoso

central (SNC), doses mais altas do que a regular de carbapenêmicos em

combinação com inibidores de β-lactamases, aminoglicosidases ou rifampicinas

podem não ser eficazes para infecção no SNC por A. baumannii pandroga-resistente

(KHAWCHAROENPORN; APISARNTHANARAK; MUNDY, 2010).

Quando o tratamento com carbapenêmicos e aminoglicosídeos não são

eficazes, as polimixinas são a opção terapêutica indicada, incluindo a polimixina B e

a colistina, apesar do aparecimento de relatos de isolados clínicos de A. baumannii

apresentando resistência à polimixinas (NATION, VELKOV, LI, 2014; CHEAH et al.,

2016). A modificação do lipídio A com fosfoetanolamina e/ou galactosamina, e a

perda completa de lipopolissacarídeo da membrana externa são dois mecanismos

de resistência às polimixinas conhecidos em isolados de A. baumannii até o

momento (MOFFATTI et al., 2010; CHEAH et al., 2016).

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2.2 Estrutura e ação dos antibióticos β-lactâmicos

Os antibióticos β-lactâmicos são os antibióticos mais prescritos mundialmente,

devido a sua boa atividade e baixa toxicidade (HAEGGMAN et al., 2004; EVANS;

HAMOUDA; AMYES, 2013). Neste grupo estão incluídas as penicilinas, as

cefalosporinas, os carbapenêmicos e os monobactâmicos, sendo todos portadores

de um anel β-lactâmico, formado de três átomos de carbono e um de nitrogênio

(TRABULSI et al., 2002). A entrada do antimicrobiano nas células bacterianas se dá

por proteínas denominadas “porinas” as quais se comportam como canais iônicos e

que se localizam na membrana externa de bactérias gram-negativas, possuindo

afinidade específica pelos diferentes antimicrobianos (KONEMAN et al., 2012;

TRIPATHI., 2006).

Esta classe de drogas interfere na síntese da parede celular bacteriana,

afetando o crescimento e desenvolvimento normal das células bacterianas. Nos

microrganismos gram-positivos a parede celular tem uma espessura constituída por

50 a 100 moléculas, enquanto nos gram-negativos tem uma espessura constituída

por apenas 1 a 2 moléculas (GOODMAN; GILMAN, 2006). A biossíntese do

peptideoglicano envolve cerca de trinta enzimas bacterianas, incluindo as

transpeptidases e as glicosiltransferases, podendo ser dividida em três estágios. No

primeiro estágio as bactérias sintetizam um pentapeptídeo do UDP-ácido-N-

acetilmurâmico e UDP-N-acetilglicosamina. No segundo ocorre a ligação dos dois

aminoaçúcares, onde os radicais de peptideoglicano são unidos entre si formando

longos filamentos e o UDP é clivado. Na terceira e última etapa ocorre o término da

formação de ligação cruzada que consiste na clivagem da D-alanina terminal das

cadeias peptídicas por transpeptidases com liberação da energia liberada e

subseqüente utilização no estabelecimento de ligações cruzadas entre as cadeias

peptídicas dos filamentos vizinhos, fornecendo estabilidade e rigidez à parede

celular (TRIPATHI, 2006; GOODMAN; GILMAN, 2006). Os antibióticos β-lactâmicos

inibem as transpeptidases, não ocorrendo a ligação cruzada, diminuindo a estrutura

entrelaçada e rígida da parede celular. Estas proteínas relacionadas à síntese final

do peptideoglicano constituem as proteínas fixadoras de penicilina (PBPs - protein

binding penicilin) que se localizam na parte externa da membrana celular das

bactérias e que podem ser classificadas em três classes baseado na presença do

domínio funcional conservado (TRABULSI et al., 2002; McPHERSON; POPHAM,

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2002; TRIPATHI, 2006; CAIÔ et al., 2011). Apenas a classe A de PBPs tem um

domínio N-terminal que contém seqüências de aminoácidos conservados,

encontrados em todas as glicosiltransferases responsáveis pela polimerização do

peptideoglicano (McPHERSON; POPHAM, 2002).

As PBPs variam em suas afinidades pelos diferentes antibióticos β-

lactâmicos, embora as ligações se tornem covalentes. Algumas PBPs de bactérias

gram-negativas são responsáveis pela síntese do peptideoglicano, outras são

necessárias para a manutenção da forma de bastonetes da bactéria e na formação

de septos durante a divisão bacteriana. A inibição de algumas transpeptidases leva

a formação de esferoblastos e a uma rápida lise. Entretanto, a inibição das

atividades de outras PBPs pode causar lise tardia (PBP2) ou a produção de longas

formas filamentosas da bactéria (PBP3) (GOODMAN; GILMAN, 2006; KONEMAN et

al., 2012).

Quando as bactérias se dividem na presença de um antibiótico β-lactâmico

são produzidas formas deficientes de parede celular e como o meio interno da

bactéria é mais hiper osmótico, as células intumescem e sofrem ruptura. Em certas

condições e no caso de alguns microrganismos são produzidas formas filamentosas

ou de morfologia indefinida, incapazes de se multiplicar. O efeito lítico destas

substâncias também pode se dever a não repressão de algumas autolisinas

bacterianas que normalmente funcionam na divisão celular (TRABULSI et al., 2002;

TRIPATHI, 2006).

A grande utilização dos β-lactâmicos possibilitou a seleção de isolados

resistentes a esta classe de antimicrobianos, levando a elaborações mais recentes

de antibióticos, visando a maior eficiência frente a estes isolados bacterianos

portadores de resistência. Na maioria dos casos a resistência a este grupo de

antimicrobianos é conferida pela produção de enzimas chamadas de β-lactamases,

capazes de degradar o anel β-lactâmico dos antibióticos, transformando-os em

produtos inativos (BUSH; JACOBY; MEDEIROS, 1995; TRABULSI et al., 2002;

HAEGGMAN et al., 2004; OPAZO et al, 2012). Estas enzimas tem sido grandes

alvos de estudos microbiológicos, bioquímicos e genéticos no mundo inteiro.

Diversas investigações têm descrito mais de 190 proteínas bacterianas com a

habilidade de interagir com uma variedade de moléculas descritas como substratos

ou inibidores. Devido a esta diversidade de características enzimáticas das β-

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lactamases, muitas tentativas foram realizadas para categorizar estas enzimas pelo

uso de seus atributos bioquímicos (BUSH; JACOBY; MEDEIROS, 1995).

2.2.1 Carbapenêmicos

Nas últimas décadas, o rápido acúmulo de mecanismos de resistência a

muitas classes de antimicrobianos resultou na eliminação de penicilinas,

cefaslosporinas, aminoglicosídeos, quinolonas e tetraciclinas como opção de

tratamento para casos de infecções por isolados de A. baumannii, resultando na

indicação dos carbapenêmicos para terapia de infecções causadas por A.

baumannii, devido sua boa atividade e baixa toxicidade (EVANS; HAMOUDA;

AMYES, 2013). Os carbapenêmicos imipenem, meropenem, doripenem, com

exceção do ertapenem, são os escolhidos para tratamento de infecções causadas

por A. baumannii, quando outros antimicrobianos não são eficazes (VILA; PACHÒN,

2012). Essa classe de antimicrobianos foi utilizada como último recurso no

tratamento de infecções por A. baumannii até 1991, quando surgiram os primeiros

relatos de isolados de A. baumannii resistentes a carbapenêmicos (ADIBDESAMI et

al., 2016). A tendência de aumento de resistência ao meropenem foi observada em

isolados de A. baumannii em várias regiões geográficas (EVANS et al. 2013).

A maioria dos isolados de A. baumannii resistentes a carbapenêmicos não

são resistentes apenas a esta classe de antimicrobianos mas também a quase todas

as classes comumente utilizadas clinicamente, levando a denominação destes

isolados a A. baumannii extensivamente resistente a drogas (XDR-AB)

(MAGIORAKOS et al., 2012; FAN et al., 2016). Os mecanismos de resistência a

carbapenêmicos presentes em Acinetobacter spp. incluem alterações de

permeabilidade em proteínas de membrana externa e em proteínas de ligação a

penicilina, ativação de bombas de efluxo e hidrólise por β-lactamases (PELEG et al.,

2008). Na maioria dos isolados de A. baumannii resistentes a carbapenêmicos, a

produção de carbapenemases está relacionada a presença de β-lactamases de

classe D que hidrolisam carbapenêmicos, as carbapenemases do tipo OXA,

classificadas em cinco subgrupos. Quatro dos subgrupos são carbapenemases

adquiridas, que incluem OXA-23, OXA-24, OXA-58 e OXA-143. O subgrupo OXA-51

é intrínseco a espécie A. baumannii (OPAZO et al., 2012; BIGLARI et al., 2015).

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Quando o tratamento com carbapenêmicos e aminoglicosídeos não são

eficazes, as polimixinas são a opção terapêutica indicada, a polimixina B e a

colistina, apesar do aparecimento de relatos de isolados clínicos de A. baumannii

apresentando resistência à polimixinas (NATION, VELKOV, LI, 2014; CHEAH et al.,

2016).

Figura 1: Principais mecanismos de resistência a carbapenêmicos em bactérias gram-negativas.

Fonte: MARTINEZ-MARTINEZ, L et al., 1999.

2.2.2 Polimixinas

As polimixinas compõem um grupo de antimicrobianos ativos contra várias

bactérias gram-negativas. São compostos anfipáticos catiônicos, constituídos de

decapeptídeos policatiônicos cíclicos caracterizados por um anel heptapeptídeo

entre o grupo amino da cadeia lateral de ácido 2,4-diaminobutírico (Dab) na posição

4 e o grupo carboxila do resíduo de treonina C-terminal na posição 10 e um ácido

graxo ligado ao peptídeo através de uma ligação amida (MENDES; BURDMANN,

2009; VELKOV et al., 2013). Essa classe de antimicrobianos possui um grupo de

cinco substâncias intimamente relacionadas, as polimixinas A, B, C, D e E, sendo

esta última chamada de colistina, isolada pela primeira vez no Japão em 1949 do

Bacillus polymyxa var. Colistinus, tornando-se disponível para o uso clínico em 1959

(KARAISKOS et al., 2015). Somente as polimixinas B e E são utilizadas

clinicamente, em virtude da grande toxicidade das demais (FALAGAS; KASIAKOU,

2005; MENDES; BURDMANN, 2009). A colistina possui ação bactericida contra

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bactérias gram-negativas, interagindo com a porção lipídica A do lipopolissacárido

(LPS) causando assim a desorganização da membrana externa. No entanto, em

razão de relatos de nefro e neurotoxicidade e do surgimento de antibióticos menos

tóxicos como os aminoglicosídeos, a colistina foi quase abandonada para o uso

clínico no ano de 1970 (CAI et al., 2012; HENRY et al., 2015). A polimixina B e a

colistina clinicamente utilizadas apresentam uma farmacocinética clínica

marcadamente diferente e são administradas de formas distintas, sendo a polimixina

B como sal de sulfato e a colistina como um sal de sódio (NATION; VELKOV; LI,

2014).

A polimixina E é constituída por dois componentes principais, colistina A

(polimixina E1) e colistina B (polimixina E2). É administrado na forma de um pró-

fármaco, metanossulfonato de colistina (CMS), que é menos tóxico e que é

hidrolisado a várias espécies intermediárias tanto in vitro como in vivo antes de

formar a colistina (KARAISKOS et al., 2015).

A colistina tem reaparecido como o último recurso terapêutico para o

tratamento de infecções causadas por isolados de A. baumannii MDR, em razão das

altas taxas de resistência à carbapenêmicos e a outras alternativas terapêuticas

anteriores (CHEAH et al., 2016; MONTERO et al., 2016). Atualmente, menos de 2%

dos isolados apresentam resistência à colistina, no entanto, novos relatos

demonstram o aumento desse índice de resistência e consequente insucesso no

tratamento clínico (HENRY et al., 2015), apesar do aparecimento de trabalhos

sugerindo a associação de antibióticos para potencializar seu efeito bactericida

(MENDES; BURDMANN, 2009).

Internacionalmente, a colistina parenteral é muito mais utilizada, embora a

polimixina B injetável esteja disponível em vários países, como Brasil, Singapura e

Estados Unidos; ambos antimicrobianos estão disponíveis nestes três países

(VELKOV et al., 2013).

A modificação do lipídio A com fosfoetanolamina e/ou galactosamina, e a

perda completa de lipopolissacarídeo (LPS) da membrana externa são dois

mecanismos de resistência às polimixinas conhecidos em isolados de A. baumannii

até o momento (MOFFATT et al., 2010; CHEAH et al., 2016).

Na espera de novos antibióticos, temos que otimizar o uso clínico de

polimixinas através da aplicação de princípios farmacocinéticos/farmacodinâmicos,

minimizando assim o desenvolvimento de resistência (VELKOV et al., 2013).

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34

Contudo, observações de crescimento rápido após o tratamento com colistina in

vitro, heteroresistência e baixas concentrações plasmáticas colocaram em dúvida a

eficácia da colistina em monoterapia (FAN et al., 2016). Por essa razão, muitos

profissionais médicos preferem prescrever terapêutica de associação de fármacos

para tratar infecções por A. baumannii XDR, especialmente considerando os efeitos

sinérgicos observados entre a colistina e outros antimicrobianos, comprovados em

vários estudos in vitro (NI et al., 2015; FAN et al., 2016).

Figura 2: Principais mecanismos de resistência a polimixinas em bactérias gram-negativas.

Fonte: VELKOV et al., 2013. O sombreado rosa indica determinantes moleculares de resistência à polimixinas. LPS: Lipopolissaccarídeo; NAG: N-acetilglucosamina; NAM: ácido N-acetilmuramico; OMP: Proteína da membrana externa.

2.3 Mecanismos de Resistência aos antibióticos β-lactâmicos

A resistência adquirida aos β-lactâmicos pode ocorrer basicamente por três

mecanismos: alteração de proteínas alvo (PBPs), reduzindo assim a atividade do

antibiótico; impermeabilidade da célula bacteriana ao antibiótico, impedindo a

chegada do mesmo ao local de ação; e produção de β–lactamases que inativam o

antibiótico utilizado. O mecanismo mais comum de resistência das enterobactérias

aos β-lactâmicos é a produção de β-lactamases (BUSH, 2001).

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Os mecanismos de resistência aos carbapenêmicos em A. baumannii incluem

a produção de β-lactamases como as -lactamases de classe D, metalo-β-

lactamases e mais raramente às carbapenemases de classe A. Além da produção

de β-lactamases outros mecanismos podem estar envolvidos na resistência de

isolados de A. baumannii, incluindo a diminuição da permeabilidade da membrana

externa, associada à perda ou diminuição da expressão de proteínas porinas e

provavelmente a superexpressão de bombas de efluxo (CAIÔ et al., 2011).

Existe grande interesse na identificação dos mecanismos de resistência

encontrados em isolados de A. baumannii, necessários para otimizar o resultado dos

tratamentos de infecções causadas por esse patógeno. A. baumannii apresenta

mecanismos de resistência complexos, incluindo ativação ou produção de enzimas,

captação de integrons, permeabilidade de membrana externa, mecanismos de

expulsão de drogas, entre outros (ZHAO et al., 2015).

2.3.1 β-lactamases

A produção de β-lactamases é um dos mais efetivos mecanismos de

resistência bacteriana conhecidos. São enzimas que catalisam a hidrólise do anel

beta-lactâmico, inativando o antimicrobiano e impedindo a síntese da parede celular

bacteriana (BERTONCHELI; HÖRNER, 2008). Isolados de A. baumannii resistentes

a carbapenêmicos presentes em unidades de saúde estão frequentemente

associados, na maioria das vezes, à aquisição de carbapenemases do tipo OXA,

incluindo os genes blaOXA-58-like, blaOXA-24-like e blaOXA-23-like. A disseminação inter e

intra hospitalar de isolados abrigando esses genes de resistência tem aparecido em

relatos no mundo todo (ALIRAMEZANI et al., 2016).

As β-lactamases de classe A de Ambler, hidrolisam penicilinas e

cefalosporinas e são, geralmente, susceptíveis a inibidores de β-lactamases. A

maioria das β-lactamases de amplo espectro (ESBLs) pertencem a esse grupo de

enzimas, onde encontramos as famílias de enzimas TEM, SHV e CTX-M, já

relatadas em isolados de A. baumannii (BUSH, JACOBY, 2010; EVANS,

HAMOUDA, AMYES, 2013; http://www.lahey.org/studies/). A presença de mutações

nos genes que codificam as enzimas TEM e SHV propiciam o desenvolvimento de

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ESBLs com perfil de substrato expandido, o que permite a hidrólise de todas as

cefalosporinas, penicilinas e aztreonam. A detecção fenotípica e molecular de genes

ESBL, como SHV e TEM, pode fornecer dados adequados sobre a epidemiologia e

os fatores de risco gerados por bactérias que produzem ESBL (LATIFPOUR;

GHOLIPOUR; DAMAVANDI, 2016).

A primeira confirmação de ESBLs no Brasil foi realizada em 1997, quando

pesquisadores documentaram a presença dessas enzimas em isolados clínicos de

Klebsiella pneumoniae de hospitais privados e públicos do Rio de Janeiro e São

Paulo (SAMPAIO; GALES, 2016). As ESBLs mais prevalentes estão inclusas nos

grupos TEM, SHV e CTX-M sendo principalmente encontradas em isolados de

Klebsiella spp. Escherichia coli e em outras espécies de Enterobacteriaceae. As

ESBLs do tipo CTX-M vem se tornando as ESBLs mais predominantes nos últimos

anos em relação as convencionais do tipo TEM e SHV, no mundo (KHOSRAVI;

HOVEIZAVI; MEHDINEJAD, 2013), e são mais predominantes na Europa e América

do Sul, incluindo o Brasil (ROCHA; PINTO; BARBOSA, 2016). Recentemente, mais

de 170 variantes de CTX-M têm sido identificadas no mundo todo, e são divididas

em 5 grupos de acordo com suas similaridades de sequência de aminoácidos: CTX-

M-1, CTX-M-2, CTX-M-8, CTX-M-9 e CTX-M-25. No Brasil, as CTX-M são as ESBLs

mais prevalentes, particularmente em Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli

(ROCHA; PINTO; BARBOSA, 2016).

Dentre as carbapenemases serina-dependentes da classe molecular A inclui-

se as enzimas SME, IMI, GES, NMC e KPC (BUSH; JACOB, 2010). A primeira

publicação de KPC no Brasil foi em 2009, através do relato da detecção de KPC-2

em isolados obtidos de quatro pacientes da cidade de Recife - PE, nordeste do

Brasil (SAMPAIO; GALES, 2016). Até o momento, 22 variantes de -lactamase KPC

foram identificadas. As -lactamases KPC podem hidrolisar todos os -lactâmicos,

incluindo carbapenêmicos, cefalosporinas, cefamicinas, monobactâmicos e ácido

clavulânico. São encontradas em muitas espécies gram-negativas, incluindo

Enterobacteriacea e espécies não fermentadoras (incluindo Pseudomonas

aeruginosa e Acinetobacter baumannii), no entanto, são mais predominantes em

isolados de Klebsiella pneumoniae (CHEN et al., 2015).

As β-lactamases de classe B de Ambler, as metallo-β-lactamases, são

capazes de hidrolisar uma variedade de antibióticos β-lactâmicos, exceto aztreonam,

não sofrendo ação de inibidores de β-lactamases. As enzimas da família IMP e VIM

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são mais frequentemente encontradas em A. baumannii, comumente carreadas por

integrons, o que causa grande preocupação devido a habilidade de hidrolisar

carbapenêmicos colocar em risco o êxito do tratamento de infecções (EVANS,

HAMOUDA, AMYES, 2013). Dentre as metalo-β-lactamases (MBL), atualmente dez

subclasses são conhecidas, incluindo: IMP (Imipenemase), VIM (Verona

Imipenemase), SPM-1 (São Paulo MBL), GIM (German Imipenemase), SIM-1 (Seul

Imipenemase), AIM-1 (Australian Imipenemase), KHM (Kyorin University Hospital),

NDM-1 (New Delhi MBL), DIM-1 (Dutch Imipenemase), and TMB (Tripoli MBL). No

Brasil, as mais prevalentes são as subclasses IMP-1 e SPM-1 (GONÇALVES et al.,

2016).

As β-lactamases de classe C de Ambler (conhecidas como enzimas AmpC)

são frequentemente encontradas nos cromossomos ou também plasmídeos de

microrganismos gram-negativos. Em Acinetobacter spp. são referidas como enzimas

ADC (Acinetobacter Cephalosporinases Derivative -Cefalosporinases Derivadas de

Acinetobacter), que podem hidrolisar penicilinas e cefalosporinas de espectro

restrito, no entanto, quando são super expressas podem conferir resistência a

cefalosporinas de amplo espectro, exceto as de quarta geração. Em A. baumannii, a

super expressão e a resistência a cefalosporinas de amplo espectro está

diretamente relacionada à presença do elemento de inserção ISAba1, que atua

como promotor e favorece a expressão dos genes blaADC (HOWARD et AL., 2012;

EVANS, HAMOUDA, AMYES, 2013; WRIGHT et al., 2014).

As carbapenemases do tipo oxacilinases (OXA) da classe D de Ambler são as

principais responsáveis pela resistência aos antimicrobianos carbapenêmicos no

mundo em isolados de A. baumannii. Existem 150 variantes descritas até o

momento, onde 45 mostram atividade para hidrolisar carbapenêmicos. As enzimas

OXAs são geneticamente divididas em 6 subgrupos, amplamente encontradas em A.

baumannii adquiridos por elementos genéticos móveis, os exemplos mais

mencionados são blaOXA-23-like (OXA-23, OXA-27, and OXA-49), blaOXA-24-like (OXA-24,

OXA-25, OXA-26, OXA-40, and OXA-72), blaOXA-58-like, blaOXA-143-like (OXA-143, OXA-

231, and OXA-253), blaOXA-235, and blaOXA-51-like, este último subgrupo presente a

nível cromossomal na espécie A. baumannii , mas que não proporciona um nível de

resistência clinicamente efetiva a carbapenêmicos, a não ser com a presença do

elemento de inserção ISAba1. (EVANS, HAMOUDA, AMYES, 2013; NIGRO, HALL,

2016; KOBS et al., 2016). LEE et al. em 2012, encontraram plasmídeos carreando a

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estrutura genética ISAba1-blaOXA-51-like, certamente via transposição e também em

isolados de Acinetobacter nosocomialis, elevando o nível de resistência a

carbapenêmicos e colocando em dúvida a utilização da detecção desse gene para

diferenciar A. baumannii de outras espécies de Acinetobacter spp.

Isolados de A. baumannii resistentes a carbapenêmicos são uma ameaça a

saúde e estão frequentemente associados a aquisição de carbapenemases do tipo

OXA, carreando, na maioria das vezes, os genes blaOXA-58, blaOXA-24 e blaOXA-23

(ALIRAMEZANI et al., 2016).

Bactérias gram-negativas e gram-positivas são afetadas pelo aparecimento e

aumento de resistência antimicrobiana, um problema que continua a crescer,

fazendo-se necessário à descrição e classificação das bactérias que são resistentes

a múltiplos antimicrobianos, sendo importante a coleta e compartilhamento de dados

de vigilância e epidemiologia entre unidades de saúde da região e do mundo inteiro

(MAGIORAKOS et al., 2011).

2.4 Mecanismos de Virulência

2.4.1 Fatores de virulência

A virulência é o grau de patogenicidade dentro de um grupo ou espécies de

organismos, não sendo atribuída a um só fator, mas a vários parâmetros

relacionados ao microrganismo, ao hospedeiro e à interação entre ambos

(KONEMAN, 2012).

Usualmente, um dos fatores relacionado à virulência bacteriana é formado por

uma estrutura de superfície da célula bacteriana, conhecida como adesina e

receptores complementares na superfície das células suscetíveis. As adesinas

bacterianas incluem fímbrias, componentes da cápsula e ácidos lipoteicóicos que se

projetam para o exterior do glicopeptídeo da parede celular das bactérias gram-

positivas ou outros antígenos de superfície celular. Adicionalmente, as estruturas

capsulares de algumas bactérias possibilitam aos microrganismos escaparem da

fagocitose, impedindo a interação entre a superfície da célula bacteriana e a célula

fagocitária ou ocultando componentes da superfície celular bacteriana que de outro

modo poderiam interagir com as células fagocitárias e levar à ingestão do

microrganismo (KONEMAN, 2012).

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Pouco se conhece sobre os genes e fatores envolvidos em propriedades de

virulência, além disso, as atividades de sideróforos e propriedades de aderência

desempenham um papel na fase inicial da colonização e na manutenção da infecção

(FOURNIER; RICHET, 2006).

Embora A. baumannii seja considerado um patógeno relativamente pouco

invasivo, algumas características desta espécie bacteriana podem aumentar a

virulência dos isolados envolvidos em IRAS. Entre os fatores de virulência relatados

nesta espécie bacteriana, estão inclusos: adesão a células epiteliais humanas e

superfícies abióticas pela produção de fimbrias e/ou cápsula polissacarídica,

formação de biofilme, produção de cápsula polissacarídica e sistemas de aquisição

de ferro (BRAUN; VIDOTTO, 2004; ZIMBLER et al., 2009).

A patogênese de A. baumannii depende inicialmente da captação e utilização

de ferro, elemento essencial envolvido nas funções celulares básicas. As bactérias

patógenas respondem a limitação de ferro através da expressão de diferentes

sistemas de captação de ferro dependentes ou não de sideróforos (PENWELL et al.,

2012). O sistema de aquisição de ferro mais bem caracterizado em A. baumannii é o

sideróforo acinetobactina, um mecanismo de alta afinidade, sofisticado e

desenvolvido para a obtenção de ferro, suprindo a pouca disponibilidade de ferro e a

disputa com as células do hospedeiro. São necessários três sistemas para compor

o sideróforo acinetobactina; o primeiro, onde a biossíntese da acinetobactina é

realizada por proteínas codificadas pelos genes basA, basB, basC, basD, basF,

basG, basH, basI, and basJ. No segundo sistema a acinetobactina é secretada

através de um sistema de efluxo da superfamília ABC, consistindo nas proteínas

codificadas por barA e barB. Por último a terceira etapa, na qual os complexos de

acinetobactina-ferro movem-se para células bacterianas através de um receptor para

complexos de ferro-acinetobactina, formados pelas proteínas codificadas por bauA,

bauB, bauC, bauD, bauE e bauF (HASAN, CHOI, OH, 2015). A acinetobactina é um

sideróforo catecol-hidroxamato não cíclico derivado do ácido 2,3-dihidroxibenzóico

ligado a treonina e N-hidroxihistamina (PENWELL et al., 2012).

Entre os determinantes de virulência presentes em isolados de A. baumannii

que conferem maior patogenicidade a esses patógenos estão a membrana externa,

vesículas de membrana externa, fosfolipases D e biofilme (NOWAK,

PALUCHOWSKA, 2016). A proteína A de membrana externa de A. baumannii é uma

porina trimérica e está comprometida com o transporte do soluto e virulência da

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bactéria, além de participar da patogenicidade induzindo a apoptose,

imunomodulação, aderência e invasão celular às células do hospedeiro e a

formação de biofilme (LIN, 2015).

Um dos fatores de virulência diretamente relacionados com a permanência do

paciente hospitalizado é a formação de biofilme. A habilidade dos isolados de A.

baumannii em permanecer na ponta dos dedos, plásticos, vidros, utensílios médicos,

no ambiente e em superfícies secas, até mesmo sob condições adversas como

dessecação e desinfecção, facilitam a preservação da bactéria no ambiente

hospitalar facilitando o desenvolvimento de IRAS e, consequentemente, o

aparecimento de surtos (ESPINAL, MARTI, VILA, 2012; RYU, BAEK, KIM, 2016;

SELASI et al., 2016). Nas etapas de formação de biofilme participam diversos

genes, entre eles o ompA, principal proteína de membrana externa, e o csuE,

envolvido na formação do sistema pili, de forma que a inativação desse gene elimina

a produção de pili e a formação de biofilme (SELASI et al., 2016). O biofilme

formado por isolados de A. baumannii possibilita a resistência aos mecanismos de

defesa do hospedeiro e às terapias antimicrobianas (CHEN, 2015), considerado um

dos mais importantes e frequentes fatores de virulência em isolados clínicos de A.

baumannii (LONGO, VUOTTO, DONELLI, 2014). A resistência a antibióticos das

células de biofilme pode ser atribuída a alterações fisiológicas na permeabilidade da

membrana e atividade metabólica (HE et al., 2015).

Embora descrito como um patógeno sem mobilidade, por não possuir flagelo,

isolados clínicos de A. baumannii tem apresentado capacidade de motilidade

envolvida com a capacidade de espalhamento (swarming) e contração (twitching)

(EIJKELKAMP et al., 2011, VIJAYKUMAR, BALAJI, BISWASB, 2015). O sistema de

pili tipo IV (TFP), no qual o gene pilA codifica a subunidade principal pilina A,

intercede na mobilidade espasmo (twitching), iniciando com a montagem do TFP e a

ligação e retração do pilus, facilitando assim a translocação da célula na direção do

ponto de ligação (EIJKELKAMP et al., 2011b, HARDING et AL., 2013). O TFP

participa de outros processos como: transferência horizontal, adesão à célula do

hospedeiro e formação de biofilme (PIEPENBRINK et AL., 2016).

O envelope bacteriano é exposto a mudanças e estresses ambientais, como

variação de temperatura, pH, exposição a compostos tóxicos e estresse oxidativo.

Como resposta a tais variações, as bactérias desenvolveram um sistema de

resposta, geralmente regulando a expressão gênica (LEBLANC et al., 2011).

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Normalmente, um sistema de dois componentes (SDC) é composto de um sensor

proteína quinase associado à membrana plasmática que responde a estímulos

extracelulares e / ou intracelulares, transmitindo um sinal através da fosforilação de

um regulador de resposta (KROGER et al., 2017). O SDC bacteriano é um sistema

que facilita a modificação de expressão de genes em resposta à estímulos

ambientais.

O SDC BaeSR regula positivamente genes de bombas de efluxo em isolados

de A. baumannii, incluindo a expressão das bombas AdeIJK e MacAB-TolC,

resultando num aumento de susceptibilidade à tigeciclina (LIN; LIN; LAN; 2015;

KROGER et al., 2017). Outro SDC, o BfmSR participa da formação de biofilme em

isolados de A. baumannii quando regula a expressão das chaperonas

csuA/BABCDE, estabilizando a expressão do operon csu e a expressão dos genes

csuC e csuE, responsáveis pela formação de pili necessários para a aderência e

formação de biofilme bacteriano (LUO et al., 2015; KROGER et al, 2017).

É de grande relevância o entendimento das estruturas presentes na superfície

celular e as que se estendem além da superfície, para a compreensão da

patogênese de um microrganismo visto que determinantes de virulência bacteriana,

poderiam ser alvos futuros de novos antibióticos e vacinas (WEBER; HARDING;

FELDMANB, 2016).

O aumento e a importância crescente de surtos causados por isolados

patogênicos de A. baumannii, tem levado a comunidade científica e médica a tentar

compreender os mecanismos causadores de doenças desses microrganismos, com

grande interesse em novas estratégias de tratamento visto a escassez de novos

recursos para o combate desse patógeno que vem se tornando intratável (WEBER;

HARDING; FELDMANB, 2016; KROGER et al., 2017).

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Determinar a relação clonal, a ocorrência e sequência de genes de

resistência, do elemento de inserção ISAba1 e de genes de virulência em isolados

MDR de A. baumannii obtidos em dois hospitais públicos do Recife-PE, além de

determinar a expressão de genes de virulência em isolados submetidos aos

antimicrobianos meropenem, colistina e associação.

3.2 Objetivos Específicos

a) Determinar a relação clonal de isolados MDR de A. baumannii;

b) Verificar a ocorrência e a sequência dos genes de resistência aos β-lactâmicos

blaKPC blaVIM, blaIMP, blaOXA-51-like, blaOXA-23-like, blaOXA-58-like e blaOXA-143-like e do

elemento de inserção ISAba1 em isolados MDR de A. baumannii;

c) Verificar a ocorrência dos genes de virulência basC, csuE, ompA, pilA, bfmS e

baeS em isolados MDR de A. baumannii;

d) Verificar a expressão dos genes de virulência bfmS, baeS e csuE em isolados

MDR de A. baumannii com ou sem meropenem, colistina e a associação destes

antimicrobianos.

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4 METODOLOGIA

4.1 Desenho do estudo

Para o desenvolvimento deste estudo foi utilizado o desenho experimental.

Este tipo de estudo foi o que se adequou ao objetivo do corrente trabalho, que se

destina a analisar os efeitos causados por antibióticos β-lactâmicos, colistina e

meropenem na expressão de diferentes fatores de virulência, assim como

determinar a relação clonal e quais genes estão envolvidos na resistência e

virulência de isolados de A. baumannii obtido em dois hospitais públicos de Recife-

PE.

4.1 Isolados bacterianos

Para a realização deste estudo foram utilizados 37 isolados MDR de A.

baumannii, obtidos de IRAS e por pesquisa de vigilância a partir de pacientes

internados em dois hospitais públicos da cidade do Recife-PE. Foram utilizados 27

isolados obtidos do Hospital A nos anos de 2013 e 2014 e 10 a partir do Hospital B

no ano de 2014 (tabela 2). A determinação da espécie e o perfil de susceptibilidade

destes isolados a diferentes antimicrobianos foi determinado no hospital de origem

utilizando o sistema automatizado VITEK 2 (Biomérieux). As colônias foram

transferidas para caldo BHI acrescidos de 20% de glicerol e estocados a -80°C. Para

realização das análises foram cultivados em caldo BHI por 18 horas a 37°C.

Tabela 2. Origem e características fenotípicas de resistência dos isolados de Acinetobacter

baumannii utilizados neste estudo.

Isolado

Hosp.

Isolamento

Setor do hospital

Perfil de Resistência

45 A Ponta de cateter UTI CTX, CPM, CAZ, CIP, GM, IMI, MEM, PRL

113 A Ponta de cateter UTI CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI,MEM, PRL 119 A Sec. Traqueal UTI CFX, CFX/AX, MEM 123 A Ponta de cateter Enf. 7° andar CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP,

IMI, MEM 136 A Sec. Traqueal UTI SAM, CPM, CAZ, CRO, CFX,

CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM, PRL 165 A Escara UTI AMO/AC, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI,

MEM, PRL 248 A Sec. Traqueal UTI CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL,

MEM, PRL

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253 A Swab nasal UTI CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM,

281 A Swab nasal/pesq. vig. UTI SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL

322 A LCR USAN CTX, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL, LEV, NFT

325 A Sec. Traqueal USAN CTX, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL, LEV, NFT

349 A Sec. Traqueal UTI SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, GM, IMI, MEM, PRL

390 A Líquor USAN SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL

468 A Swab retal/pesq. vig. UTI SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL

486 A Ferida operatória Enf. 5° andar CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL 513 A Hemocultura UTI CTX, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL,

LEV, NFT 516 A Swab nasal/pesq. vig. UTI AK, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM,

PRL 563 A Sec. Traqueal UTI CTX, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP,

COL, IMI, LEV, NFT 578 A Hemocultura UTI pediátrica CTX 781 A Swab nasal/pesq. vig. UTI CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP,

GM, IMI, MEM 799 A Sec. Traqueal UTI SAM, CPM, CAZ, CRO, CFX,

CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM 808 A LCR UTI pediátrica SAM, CPM, CAZ, CRO, CFX,

XFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM 829 A Sec. Região tórax UTQ Adulto CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL,

IMI, LEV, NFT 931 A Swab nasal/pesq. vig. UTI AK, SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP,

MEM, PRL 1000 A Líquor Enf. 5° andar SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI,

MEM, PRL 1188 A Ponta de cateter UTI SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI,

MEM, PRL 4076 A NE NE AK, CTX, CPM, CRO, CIP, GM, IMI,

LEV, MEM, PRL, TN, TS 24 B Partes moles Ambulatório CPM, CAZ, CRO, CIP, GM, IMI, MEM 54 B Catéter UTI AK, SAM, CPM, CAZ, CRO, CIP,

COL, GM, IMI, MEM 55 B Catéter UTI CPM, CAZ, CRO, CIP, GM, IMI, MEM 60 B STB UTI CPM, CAZ, CRO, CIP, IMI, MEM

298 B Sangue UTI CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM

307 B Urina UTI CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, IMI, MEM

338 B Sec. Traqueobrônquica UTI CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, IMI, MEM

379 B Líq. cav.abdominal UTI AK, CPM, CAZ, CRO, CIP, GM, IMI, MEM

412 B STB UTI CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, IMI, MEM

570 B Sangue UTI SAM, CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM

Sec: secreção; LCR: Líquido Cefalorraquidiano; USAN: Unidade de Suporte Avançado em

Neurocirurgia; UTI: Unidade de Terapia Intensiva; UTQ: Unidade de Terapia de Queimados; Enf:

enfermaria; Clín Vasc: clínica vascular; STB: Secreção traqueobrônquica; R: Resistente; S: Sensível;

ND: não determinado; NE: não especificado; CTX: Cefotaxima; CPM: Cefepima; CAZ: Ceftazidima;

CIP: Ciprofloxacina; GM: Gentamicina; IMI: Imipenem; MEM: Meropenem; PRL: Piperaciclina;

CFX/AX: Cefuroxima Axetil; SAM: Ampicilina; CRO: Ceftriaxona; AMO/AC: Amoxicilina/Ácido

Clavulânico; COL: Colistina; LEV: Levofloxacina; NFT: Nitrofurantoína; AK: Amicacina; TN:

Tobramicina; TS: Trimetoprim-Sulfametoxazol; CFX: Cefuroxima.

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45

4.2 MALDI-TOF MS

A confirmação da identificação bacteriana dos isolados de A. baumannii foi

realizada através da técnica de Ionização/Dessorção de Matriz Assistida por Laser –

Tempo de Vôo/Espectômetro de Massa (MALDI-TOF MS). A extração das proteínas

ribossomais foi realizada após cultivo bacteriano em ágar MacConkey (Oxoid,

Basingstoke, Inglaterra), segundo as recomendações do fabricante (MALDI

Biotyper® Protocol Guide, BRUKER). As colônias bacterianas foram inoculadas com

alça bacteriológica de 1 µL, ressuspensas em 300 µL de água destilada estéril em

microtubos de 1,5 mL e misturadas vigorosamente. Foram adicionados 900 µL de

etanol absoluto (Carlo Erba, Rodano, Milao, Italia) e centrifugados por 2 minutos a

13.000 rpm. Após centrifugação, o sobrenadante foi descartado e o sedimento

ressuspenso em 50 µL de ácido fórmico 70 % (Sigma Aldrich, St. Loius, Missouri,

EUA). A este sedimento foi adicionado ainda 50 µL de acetonitrila 100% (Merck

KGaA, Darmstadt, Alemanha), misturado vigorosamente em vortex e então

centrifugados novamente por 2 minutos a 13.000 rpm. Posteriormente, 1 µL do

sobrenadante de cada amostra extraída foi pipetado em triplicata em uma placa de

aço inox com 96 spots, assim como 1 µL do calibrante para peptídeos de baixo peso

molecular (Bruker Daltonics, Alemanha). Após completa secagem do extrato das

proteínas ribossomais, 1 µL da matriz CHCA foi dispensado sobre as amostras (10

mg/mL - α-Cyano-4-hydroxycinnamic acid) (Sigma Aldrich, St. Loius, Missouri, EUA).

Logo após a secagem, a placa de aço foi introduzida no espectrômetro de massas

Microflex LT (Bruker Daltonics, Alemanha) para identificação das amostras pelo

MALDI Biotyper RTC3. 3 (Bruker Daltonics, Alemanha). As análises foram realizadas

no laboratório ALERTA da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sob a

colaboração da Profa. Dra. Ana Cristina Gales.

4.3 Extração do DNA total

Todos os 37 isolados de A. baumannii foram plaqueados em caldo BHI (Brain

Heart Infusion - Infusão de Cérebro e Coração) e Ágar Bacteriológico a 1,5% para

crescimento a 37°C por 18 horas. As colônias isoladas foram repicadas e crescidas

em BHI por 18 horas a 37°C para a extração do DNA total, utilizando o Kit Wizard

Genomic DNA purification (Promega), segundo instruções do fabricante. Um ml da

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46

cultura foi utilizado para realização da extração após centrifugação a 14000 rpm por

4 minutos. Após retirada do sobrenadante e adição de 600 μL de solução de lise

nuclear a amostra foi ressuspendida e incubada a 80°C por 5 minutos para posterior

resfriamento a temperatura ambiente. Posteriormente, 3 μL de solução de RNase foi

adicionada à amostra, para incubação a 37°C por 60 minutos e resfriamento a

temperatura ambiente. Após adição de 200 μL de solução precipitadora de proteína

a amostra foi homogeneizada em vórtex por 20 segundos, resfriada em gelo por 5

minutos para posterior centrifugação a 14000 rpm por 3 minutos. O sobrenadante

contendo o DNA foi transferido para outro recipiente contendo 600 μL de isopropanol

para centrifugação a 14000 rpm por 2 minutos, em seguida o sobrenadante foi

descartado cuidadosamente com posterior adição de 600μL de etanol a 70% para

lavagem do DNA. Após a lavagem, a solução foi centrifugada a 14000 rpm por 2

minutos para retirada do etanol. Todo o resquício de etanol foi retirado em centrifuga

de secagem por 5 minutos para posterior adição de 50 μL da solução reidratante de

DNA e armazenamento a - 20°C. O DNA obtido foi quantificado e analisado quanto

ao grau de pureza utilizando NanoDrop 2000 (NPT 3 – Núcleo de Plataforma

Tecnológicas/CPqAM).

4.4 Determinação da presença dos genes de virulência

A presença dos genes de virulência pilA, csuE, ompA e basC foi determinada

em todos os isolados de A. baumnannii através da técnica de Reação em Cadeia de

Polimerase (PCR) utilizando os primers descritos na tabela 3.

As reações de PCR foram realizadas individualmente para cada gene utilizando

um volume total de 25μl por tubo, compreendendo: 1μl de DNA genômico a 20ng/μl,

1U da enzima Taq DNA polimerase (Invitrogen), 0,5μl de cada

desoxirribonucleotídeo trifosfato a 200 μM (GeHealthcare), 0,75 μl de MgCl2 a 1,5

mM, 1μl de cada primer a 15 pmol/μl, além de 2,5 μl de tampão (10x). As

amplificações foram realizadas em termociclador (Biometra) do Laboratório de

Biologia Celular e Molecular do Departamento de Parasitologia (CPqAM/FIOCRUZ),

utilizando a seguinte ciclagem: 5 minutos a 96ºC para desnaturação, seguido de 35

ciclos consistindo cada ciclo de 1 minuto a 96ºC para desnaturação, um minuto a

59ºC (gene pilA), 57ºC (gene csuE e ompA) e 58ºC (gene basC) para anelamento

dos primers, acrescido de um minuto a 72ºC para extensão. Após os 35 ciclos foi

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47

realizada uma etapa de alongamento final de 10 minutos a 72ºC.

4.5 Determinação da presença e sequência dos genes de resistência

A determinação dos genes de resistência foi realizada através de PCR

utilizando os primers descritos na tabela 2. A reação de PCR e ciclagem foi a mesma

utilizada nas amplificações dos genes de virulência, alterando apenas a temperatura

de anelamento referente a cada gene analisado, incluindo 59ºC para o gene blaOXA-

51 like, 56ºC para o blaOXA-23 like, 58 ºC para blaOXA-143 like, 54 ºC para blaIMP, 63ºC para

o blaVIM, 66ºC para o blaKPC, 63ºC para blaCTX-M e 62ºC para o ISAba1.

Tabela 3. Descrição dos primers utilizados neste estudo para determinar por PCR a presença dos genes de

resistência e virulência presentes em isolados de A. baumannii.

Gene Primer Sequência (5'- 3') Amplicon

(pb) Referências

basC

basC F

basC R

CATTCAGCGGAGTTTGCA

CGATTCAACTTCGCAGCT 405 DORSEY et al., (2004)

ompA

OmpAF

OmpAR

CAATTGTTATCTCTGGAG

ACCTTGAGTAGACAAACGA 952 TURTON et al. (2007)

pilA

pilAF

pilAR

GGCAATTGCGATTCCTGCTT

TGCAGCTGAACCATTAGCGA 138 Proposto neste estudo

csuE

CsuEF

CsuER

ATGCATGTTCTCTGGACTGATGTTGAC

CGACTTGTACCGTGACCGTATCTTGATAAG 580 TURTON et al. (2007)

blaOXA-51 like

OXA-51-like F

OXA-51-like R

TAATGCTTTGATCGGCCTTG TGGATTGCACTTCATCTTGG

353 WOODFORD et al.(2006)

blaOXA-23 like

OXA-23-like F

OXA-23-like R

GATCGGATTGGAGAACCAGA ATTTCTGACCGCATTTCCAT

501 WOODFORD et al.(2006)

blaOXA-143 like

OXA-143-like F

OXA-143-like R

TGGCACTTTCAGCAGTTCCT TAATCTTGAGGGGGCCAACC

149 HIGGINS, LEHMANN, SEIFERT,

(2010)

ISAba1

ISAba1a

ISAba1b

ATGCAGCGCTTCTTTGCAGG ATGATTGGTGACAATGAAG

389 MUGNIER et al., 2009

blaKPC

KPC 1F KPC R

GCTACACCTAGCTCCACCTTC TATTTTTCCGAGATGGGTGAC

371 MOLAND ( 2003); YIGIT et al.

(2001)

blaIMP

IMP-DIA-F IMP-DIA-R

GGAATAGAGTGGCTTAATTCTC GTGATGCGTCYCCAAYTTCACT

364 DONG et al. (2008)

blaVIM

VIM-DIA-F VIM-DIA-R

CAGATTGCCGATGGTGTTTGG AGGTGGGCCATTCAGCCAGA

523 DONG et al. (2008)

blaCTX-M

CTX - MA1 CTX – MA2

SCSATGTGCAGYACCAGTAA CCGCRATATGRTTGGTGGTG

543 SALADIN et al., 2002

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4.6 Eletroforese em gel de agarose

Para a visualização dos resultados 6 μl dos amplicons foram submetidos a

eletroforese em gel de agarose a 1,5% e corados com 2μl de Blue green (LGC

Biotecnology) utilizando tampão TBE 0,5x em cuba de eletroforese horizontal por 45

minutos, sob as seguintes condições: 100V, 190mA, 150W. Os produtos da

amplificação foram visualizados sob luz ultravioleta em transiluminador

(Transiluminator LOCCUS biotecnologia – L. PIX) e fotododumentados no Núcleo de

Plataformas Tecnológicas – NPT3 do CPqAM/FIOCRUZ.

4.7 Sequenciamento de DNA

Os genes de resistência e virulência dos isolados 119, 113, 338, 570 e 808

foram sequenciados, utilizando os iniciadores descritos na tabela 3.

Para seqüenciamento os amplicons foram purificados utilizando o PureLink

PCR Micro Kit (Invitrogen), conforme instruções do fabricante. Resumidamente, 200

μl de tampão de ligação foi adicionado a 50 μl do amplicon para homogeneização,

transferido para a coluna fornecida pelo fabricante e centrifugado a 10.000xg por 1

min. Em seguida, foi adicionado 650 μl de tampão de lavagem. Após a

centrifugação, o sobrenadante foi descartado e a coluna foi re-inserida dentro do

tubo de coleta. Após a secagem do material por centrifugação o sobrenadante foi

descartado e o DNA foi recuperado pela adição de 10 μl tampão de eluição.

O sequenciamento dos produtos de PCR foi realizado com amostras de DNA

fita dupla, através do método de terminação de cadeia de desoxirribonucleotídeo

(SANGER; NICKLEN; COULSON, 1992), na subunidade do Núcleo de Plataformas

Tecnológicas I do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães-CPqAM/FIOCRUZ. A

análise das sequências de DNA e o alinhamento múltiplo foi realizada utilizando os

programas DNAstar e BLAST no National Center for Biotechnology Information

website (http://www.ncbi.nlm.nih.gov).

As sequências dos genes blaOXA-51 like, blaOXA-23 like, blaOXA-143 like, ISAba1, csuE,

ompA e BasC foram depositadas no Genbank database.

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4.8 Eletroforese em Campo Pulsátil (PFGE)

A avaliação da similaridade genética de todos os isolados de A. baumannii

deste estudo foi realizada pela técnica de PFGE, objetivando analisar e comparar o

perfil genético de cada isolado. As amostras selecionadas foram cultivadas em Ágar

MacConkey (Oxoid, Basingstoke, Inglaterra), das quais, 3 colônias foram incubadas

em 3 mL de caldo BHI (infusão de cérebro e coração) (bioméRieux, França). Após

18 horas de incubação em agitação a 37°C, as culturas líquidas foram centrifugadas

por 15 minutos a 3.000 rpm, e os sobrenadantes foram descartados. O sedimento foi

ressuspenso em 1 mL de solução salina, transferidos para tubos de microcentrífuga

previamente pesados e centrifugados por 1 minuto a 12.000 rpm. O sobrenadante

de cada microtubo foi desprezado, o sedimento pesado com a finalidade de subtrair

o peso do microtubo, e então ressuspensos em solução salina na proporção 1:1

entre o volume do diluente e o sedimento pesado. Após a homogeneização dessa

suspensão de células em vórtex, 7 μL da suspensão bacteriana foi transferida para

tubos de microcentrífuga contendo 300 μL de tampão TEN (EDTA 0,5 M, pH 7,0;

EDTA 0,5 M, pH 8,0; Tris base 1 M, pH 7,0; Tris base 1 M, pH 7,0; NaCL 4,0 M; e

água destilada), e homogeneizadas rapidamente com 340 μL de agarose ultrapura

com baixo ponto de fusão a 2% (Invitrogen, Carlsbad, EUA). Essa mistura foi

transferida cuidadosamente para moldes de plugs (Bio Rad Laboratories Inc.,

Hercules, EUA) impedindo a formação de bolhas.

Os blocos de géis permaneceram por aproximadamente 30 minutos em

temperatura ambiente até completa solidificação. Depois de solidificados os plugs

foram transferidos para uma placa de microdiluição de 12 poços contendo 2 mL de

tampão EC (EDTA 0,5 M, pH 7,0; EDTA 0,5 M, pH 8,0; Tris base 1 M, pH 7,0; Tris

base 1 M, pH 8,0; NaCl; N-lauril sarcosil (Sigma Aldrich, St. Loius, Missouri, EUA);

Brij 58 (Sigma Aldrich, St. Loius, Missouri, EUA); deoxicolato de sódio (Sigma

Aldrich, St. Loius, Missouri, EUA); e água destilada). Após a incubação dos plugs por

aproximadamente 12 horas a 37°C, o tampão EC foi removido, e os blocos de gel

lavados com 2 mL de tampão CHEF-TE (EDTA 0,5 M, pH 7,0; EDTA 0,5 M, pH 8,0;

Tris base 1 M, pH 7,0; Tris base 1 M, pH 8,0; e água destilada) por 2 vezes com

intervalos de 30 minutos entre as lavagens. Em seguida, incubados a 50°C por

aproximadamente 12 horas com 2 mL de tampão ES (EDTA 625 mM, pH 9,3; N-

lauril sarcosil 5% (Sigma Aldrich, St. Loius, Missouri, EUA) contendo 100 μL de

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proteinase K (20 mg/mL; Invitrogen, Carlsbad, EUA). Após essa etapa de lise da

parede celular, os blocos de géis foram lavados 4 vezes com intervalo de 1 hora

entre as lavagens com o tampão CHEF-TE, até completa remoção dos reagentes

anteriores. Os plugs foram mantidos a 5°C até a etapa de digestão do DNA. A

digestão do DNA bacteriano foi realizada em placa de microdiluição de 96 poços,

onde somente 1/3 do bloco de gel foi utilizado para essa etapa. Os plugs cortados

foram lavados 4 vezes com intervalos de 1 hora entre as lavagens com 200 μL de

DNS (Trisma base 1 M, pH 8,0; cloreto de magnésio 1 M (Sigma Aldrich, St. Loius,

Missouri, EUA) e água destilada) em temperatura ambiente. Após a última lavagem

e remoção do DNS, os blocos de géis foram incubados por 1 hora a 4°C com o

tampão de enzima de restrição sem a enzima (5 μL do tampão “NEBuffer” (New

England Biolabs, Ipswich, EUA), 0,5 μL de BSA (New England Biolabs, Ipswich,

EUA) e 44,5 μL de água destilada). Após esse período, a placa com os blocos de

géis foram incubados novamente a 5°C com o tampão de enzima de restrição

contendo 10 unidades da enzima de restrição ApaI (New England Biolabs, Ipswich,

EUA). Essa etapa de clivagem do DNA bacteriano ocorreu a 37°C entre 12 a 20

horas. A eletroforese foi realizada em gel de agarose 1% em TBE 0,5 X (Tris base

0,089 M, Ácido bórico 0,089 M e EDTA 0,002 M) no sistema CHEF-DR II (BioRad

Laboratories Inc., Hercules, EUA) à temperatura de 14°C e uma corrente elétrica de

6.0 Volts/cm com um “Switch” Time Inicial - Final 5,0 - 60 durante 19 horas. O gel foi

corado com brometo de etídio 10 mg/mL e fotografado sob luz ultravioleta. A

comparação foi realizada utilizando-se o coeficiente de similaridade de Dice e o

dendrograma formado pelo método UPGMA (“Unweighted Pair Group Method with

Arithmetic Mean”) com tolerência de 1,0% no programa Bio Numerics (versão 6.6,

Applied Maths).

4.9 Critérios para seleção dos isolados para etapa de análise de expressão de

virulência

Foram selecionados três isolados de A. baumannii. para a análise de

expressão dos genes csuE, bfmS e baeS. Os critérios dessa seleção foram:

a) Isolados pertencentes a grupos filogenéticos diferentes;

b) Isolados apresentando resistencia fenotípa ao meropenem, detectada pelo

aparelho automatizado VITEK® 2;

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51

c) Todos os isolados selecionados serem portadores dos genes de virulência

pesquisados no estudo;

d) Todos os isolados selecionados portadores do gene blaOXA-51-like e ISAba1.

4.10 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

As CIM dos agentes antimicrobianos meropenem e colistina foram

determinadas pelo teste de macrodiluição em caldo Mueller-Hinton (KASVI),

utilizando a cepa ATCC 25922 de Escherichia coli como controle, segundo

recomendações do CLSI, 2013. Os três isolados bacterianos selecionados e a ATCC

19606 foram incubados por 18 horas em caldo Brain Heart Infusion (BHI) a 37 ºC. O

inóculo foi comparado e ajustado à escala 0,5 de MacFarland, correspondente a 1,5

x 108 UFC/ml. Posteriomente os isolados foram inoculados em caldo Mueller-Hinton

contendo as concentrações de 256, 128, 64, 32, 16, 8, 4, 2, 1 e 0,5 µg/ml de cada

antimicrobiano. Os isolados foram então incubados para crescimento por 18 horas

em estufa a 37 ºC. Os resultados para meropenem e colistina foram interpretados

segundo o CLSI 2013.

4.11 Extração de RNA e síntese de cDNA

Os três isolados e a ATCC 19606 de A. baumannii selecionados (54, 113, 808

e ATCC 19606) foram submetidos por 6 horas a concentrações sub-inibitórias (sub-

CIM) dos antibióticos isoladamente e em associação (Tabela 4). Foi incluído um

controle de cada isolado nas mesmas condições sem a presença do antimicrobiano.

A extração do RNA total foi realizada segundo protocolo descrito por Sambrook et al.

(2001), modificado. Brevemente, 2 mL da cultura crescida a 37°C por 6 horas em

caldo Mueller Hinton cátion ajustado (Sigma Aldrich), foi centrifugado e o sedimento

ressuspenso em Tiocianato de Guanidina. O RNA foi precipitado com isopropanol e

ressuspenso em H2O ultra pura livre de RNases. Posteriormente foi realizada a

purificação com DNAse (DNAse I – Sigma Aldrich) segundo normas do fabricante. O

RNA obtido foi quantificado em NanoDrop 2000 e a pureza e integridade conferida

em gel de agarose 1% preparado em água DEPC (Água Milli-Q tratada com

dietilpirocarbonato). A partir do RNA obtido foi realizada a síntese do cDNA para

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utilização nos ensaios de RT-qPCR utilizando os primers descritos na tabela 5. A

elaboração do cDNA foi realizada utilizando a Enzima Transcriptase Reversa M-

MLVRT (200 U/uL) (Promega) e Randon Primer (0,5 ug/uL) (Promega), segundo

recomendações do fabricante.

Tabela 4. CIM dos isolados de Acinetobacter baumannii frente ao meropenem e colistina, e suc-CIMs utilizados para análise de tempo de morte e RT-qPCR.

Isolado MEROPENEM (µg/ml) COLISTINA (µg/ml)

CIM Sub-CIM CIM Sub-CIM

54 64 8 4 1 113 2 0,25 2 0,25 808 64 8 16 1

ATCC 19606 0,125 0,0625 2 0,5

Fonte: Autor, 2016; CIM: Concentração Inibitória Mínima; sub-CIM: Concentração Sub-inibitória mínima.

4.12 Determinação da expressão dos genes de virulência pela técnica de RT-

qPCR

Para a realização da RT-qPCR primers específicos para cada gene analisado

foram utilizados (tabela 5). Foram testados os genes gyrB e rpoB para ser utilizado

como gene de referência, no entanto o gene gyrB foi escolhido como gene de

referência para todas as reações de RT-qPCR uma vez que apresentou a menor

variabilidade entre as condições testadas. Reações sem Transcriptase Reversa

foram utilizadas como controles negativos, sendo consideradas negativas as

reações com dez ciclos de diferença das reações contendo a transcriptase. Curvas

de melting foram utilizadas para verificar a amplificação de um fragmento único. As

reações foram realizadas em triplicatas técnicas e duplicatas biológicas. O método

de expressão relativa foi utilizado para determinar os níveis de expressão do genes

e a análise dos dados foi realizada a partir do programa Applied Byossistem e a

análise estatística com o One Way ANOVA, seguido de teste de Dunnett, p < 0.05.

Os testes foram realizados utilizando o software GraphPad Prism 5.0.

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Tabela 5. Primers utilizados nas reações de RT-qPCR para análise de expressão dos genes de

virulência csuE, bfmS, baeS, e do gene normalizador gyrB.

Gene Primer Sequência de primers (5’→ 3’) Amplicon (pb) Referências

csuE csuE_F

csuE_R

GCTTGGCTTTAGCAAACATGACC

ATTGCCATCAGGCCCGCTA

194 Luo et al., 2015

bfmS bfmS F

bfm_R

ACCGCCCGTAATCCGAAC

TGAACTTATTCCACCGCCTTTA

127 Luo et al., 2015

baeS baeS F

baeS R

CATTCTTTCGATGAACACACTCTCA

CTTCAAATGGTTGATATTCCGAAGG

133 Henry et al., 2015

gyrB gyrB_F gyrB_R

CGAGGGTGACTCAGCGGGTG

GCGCACGCTCAACGTTCAGG

101 Henry et al., 2015

rpoB rpoB F rpoB R

AGTCACGCGAAGTTGAAGGT AGCACGCTCAACACGAACTA

188 Henry et al., 2015

5 ASPECTOS ÉTICOS

Este projeto não necessitou ser submetido à análise pelo Comitê de Ética em

Pesquisas Envolvendo Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Pernambuco – CEP/CCS/UFPE, uma vez que os isolados

utilizados neste estudo foram obtidos de ambiente hospitalar a partir demanda

espontânea de IRAS diretamente do laboratório de microbiologia, dos hospitais

fontes, sem nenhum contato com os pacientes ou prontuários médicos.

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6 RESULTADOS

ARTIGO 1 –Submetido a Microbial Drug Resistance

Disseminação clonal e de genes de resistência e virulência em isolados de

Acinetobacter baumannii obtidos em hospitais de Recife – PE, Brasil

Introdução

Acinetobacter baumannii é um dos mais importantes patógenos

oportunistas, com uma alta incidência de infecções em pacientes

imunocomprometidos e responsável por surtos hospitalares, principalmente em

unidades de terapia intensivas (UTI) (HOWARD et al., 2012). A. baumannii é

classificado pela Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDSA) como um

dos seis mais importantes patógenos multidroga-resistentes (MDR) distribuídos

em hospitais ao redor do mundo responsáveis por significativas taxas de

mortalidade e morbidade (TALBOT et al, 2006; BOUCHER et al., 2013,

ANTUNES, VISCA, TOWNER, 2014).

A capacidade em adquirir genes de resistência e permanecer em

ambientes inanimados são as principais características desse patógeno

nosocomial (VALI et al., 2015), colocando em risco procedimentos médicos como:

cirurgias, transplantes, e o tratamento de pacientes imunocomprometidos e

hematológicos (POTRON, POIREL, NORDMANN, 2015).

Isolados de A. baumannii com perfil MDR estão relacionados à grande

variedade de infecções nosocomiais (Infecções Relacionadas à Assistência a

Saúde (IRAS), incluindo bacteremias, infecção do trato urinário, meningite

secundária, infecções em queimaduras e feridas, infecções na pele e tecidos

moles, osteomielite, endocardite e pneumonia associada à ventilação mecânica.

Estas infecções são frequentemente relacionadas à dificuldade de tratamento,

devido a grande resistência dessa bactéria aos principais grupos de

antimicrobianos, tornando-se um desafio aos tratamentos antibióticos atuais

(BERGOGNE-BEREZIN, TOWNER, 1996; PELEG, SEIFERT, PATERSON, 2008;

ANTUNES, VISCA, TONER, 2014; BISWAS, 2015). A escassez de novas drogas

para tratamento de infecções por bactérias gram-negativas é um desafio para a

medicina moderna, onde Acinetobacter spp. apresenta-se como o microrganismo

mais evidente no paradigma da pan-resistência, particularmente A. baumannii

(EVANS, HAMOUDA, AMYES, 2013).

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As terapias antimicrobianas indicadas para o tratamento de infecções por

isolados MDR de A. baumannii compreendem cefalosporinas de amplo espectro,

sulbactam inibidor de β-lactamase, quinolonas, carbapenêmicos, amicacina,

doxiciclina e minociclina; tigeciclina e colistina de forma isolada ou associada, no

entanto, existem relatos de resistência a todos os antimicrobianos disponíveis,

inclusive à colistina (VALI et al., 2015; MA et al., 2015; GALES et al., 2001). O

desafio no tratamento das infecções causadas por Acinetobacter spp. está

amplamente relacionado à produção de enzimas modificadoras de

aminoglicosídeos, ESBLs, carbapenemases, ou por mudanças nas proteínas de

membrana externa e proteínas ligadoras de penicilina (GALES et al., 2001).

Dentre os mecanismos de resistência mais comuns está a produção de β-

lactamases, principalmente as de classe D de Ambler (conhecidas como

oxacillinases ou β-lactamases do tipo OXA) nas espécies de Acinetobacter spp,

em particular em A. baumannii, causando resistência a carbapenêmicos que são

a primeira opção de tratamento em infecções causadas por isolados MDR desta

espécie bacteriana (LEE et al., 2012; NIGRO, HALL, 2016). A β-lactamase OXA-

51-like é uma enzima codificada cromossomicamente e intrínseca à espécie, com

mais 70 variantes já identificadas, mas que não proporciona um nível de

resistência clinicamente efetiva a carbapenêmicos, a não ser com a presença do

elemento de inserção ISAba1. (NIGRO, HALL, 2016).

Outras quatro famílias são amplamente encontradas em A. baumannii,

incluindo a OXA-23-like, OXA-40-like, OXA-58-like, OXA-143-like e OXA-235-like

adquiridos por elementos genéticos móveis (EVANS, HAMOUDA, AMYES, 2013;

NIGRO, HALL, 2016). A disseminação de resistência a antimicrobianos e sua

capacidade de permanecer em ambientes bióticos e abióticos por longo períodos

são problemas de grande importância em IRAS causadas por isolados de A.

baumannii (EIJKELKAMP et al., 2011; LONGO, VUOTTO, DONELLI, 2014; VALI

et al., 2015).

Além de diversos mecanismos de resistência encontrados em A. baumannii

vários fatores de virulência podem contribuir para evolução de infecções por esta

espécie bacteriana. A proteína A de membrana externa codificada pelo gene

ompA é uma porina trimérica relacionada ao transporte do soluto e virulência

bacteriana, além de participar da patogenicidade induzindo a apoptose,

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imunomodulação, aderência e invasão celular das células do hospedeiro e

formação de biofilme (LIN, 2015).

A patogênese de A. baumannii é relacionada também à utilização de ferro,

um elemento essencial envolvido nas funções celulares básicas. A captação de

ferro é facilitada pela produção de sideróforos, como a acinetobactina, suprindo a

pouca disponibilidade de ferro e a disputa com as células do hospedeiro. O gene

basC codifica uma proteína envolvida na primeira etapa na biossíntese de

acinetobactina (HASAN, CHOI, OH, 2015).

Embora descrito como um patógeno sem mobilidade por não possuir

flagelo, isolados clínicos de A. baumannii tem apresentado um sistema de pili tipo

IV (TFP) o qual intercede na mobilidade espasmo (twitching), iniciando com a

montagem do TFP, ligação do pilus e retração do pilus, facilitando assim a

translocação da célula na direção do ponto de ligação (HARDING et al., 2013;

EIJKELKAMP et al., 2011, VIJAYKUMAR, BALAJI, BISWAS, 2015). O TFP

participa também de outros processos como: transferência horizontal, adesão à

célula do hospedeiro e formação de biofilme (PIEPENBRINK et AL., 2016).

Um dos fatores de virulência diretamente relacionados com a habilidade de

A. baumannii em permanecer em superfícies abióticas do ambiente hospitalar é a

formação de biofilme, facilitando a preservação da bactéria neste ambiente,

tornando-se assim uma ameaça para novos surtos por serem mais resistentes

aos mecanismos de defesa do hospedeiro e às terapias antimicrobianas

(ESPINAL, MARTI, VILA, 2012; RYU, BAEK, KIM, 2016; CHEN, 2015). Nas

etapas de formação de biofilme participam diversos genes, entre eles ompA, csuE

e pilA, envolvidos na formação do sistema pili (SELASI et al., 2016).

Isolados MDR de A. baumannii envolvidos em IRAS, continuam a

representar um grave problema de saúde pública, demandando pesquisas de

vigilância para o controle de surtos (BLANCO-LOBO et al., 2016). O aumento de

infecções nosocomiais causados por isolados MDR de A. baumannii e sua

resistência aos principais antimicrobianos torna imprescindível a rápida

identificação e controle de surtos. A técnica de PFGE é considerada “padrão ouro”

na tipagem epidemiológica (SEIFERT et al., 2005), auxiliando os dados

epidemiológicos (MAGALHÃES et al., 2005). Uma ferramenta poderosa para

discriminar subtipos de isolados bacterianos e na investigação epidemiológica em

infecções causadas por A. baumannii (CHANG et al., 2013).

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57

O desafio encontrado no tratamento de infecções causadas por isolados

MDR de A. baumannii e o grande envolvimento desta espécie em casos de IRAS

em Recife-PE, Brasil, assim como em vários locais do mundo, demonstra a

importância na determinação da presença dos principais genes de resistência e

virulência encontrados em isolados de A. baumannii obtidos em hospitais públicos

de Recife. Este estudo visa a compreensão dos fatores que estão associados à

capacidade de A. baumannii em permanecer em ambiente hospitalar,

favorecendo sua disseminação e a epidemia causada por esse patógeno

oportunista, contribuindo para um melhor entendimento do controle de surtos

hospitalares.

Metodologia

Isolados bacterianos.

Neste estudo foram utilizados 37 isolados de A. baumannii com perfil

multidroga-resistente, obtidos de IRAS e por pesquisa de vigilância a partir de

pacientes internados em dois hospitais públicos da cidade do Recife-PE. Foram

utilizados 27 isolados obtidos do Hospital A nos anos de 2013 e 2014 e 10 a partir

do Hospital B no ano de 2014 (tabela 1). A determinação da espécie e o perfil de

susceptibilidade destes isolados a diferentes antimicrobianos foi determinado no

hospital de origem utilizando o sistema automatizado VITEK 2 (Biomérieux).

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Tabela 1. Isolados de Acinetobacter baumannii utilizados neste estudo.

Isolado

Hosp.

Espécie

(VITEK®)

Isolamento

Setor do hospital

CIM (µg/mL) – VITEK®

MERO COL

45 A Comp. A. baumannii Ponta de cateter UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S)

113 A Comp. A. baumannii Ponta de cateter UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 119 A Comp. A. baumannii Sec. Traqueal UTI <0,25 (S) ≤0,5 (S) 123 A Comp. A. baumannii Ponta de cateter Enf. 7° andar ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 136 A Comp. A. baumannii Sec. Traqueal UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 165 A Comp. A. baumannii Escara UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 248 A Comp. A. baumannii Sec. Traqueal UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 253 A Comp. A. baumannii Swab nasal UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 281 A Comp. A. baumannii Swab nasal/pesq. vig. UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 322 A Comp. A. baumannii LCR USAN ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 325 A Comp. A. baumannii Sec. Traqueal USAN ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 349 A Comp. A. baumannii Sec. Traqueal UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 390 A Comp. A. baumannii Líquor USAN ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 468 A Comp. A. baumannii Swab retal/pesq. vig. UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 486 A Comp. A. baumannii Ferida operatória Enf. 5° andar ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 513 A Comp. A. baumannii Hemocultura UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 516 A Comp. A. baumannii Swab nasal/pesq. vig. UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 563 A Comp. A. baumannii Sec. Traqueal UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 578 A Comp. A. baumannii Hemocultura UTI pediátrica 0,5 (S) ≤0,5 (S) 781 A Comp. A. baumannii Swab nasal/pesq. vig. UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 799 A Comp. A. baumannii Sec. Traqueal UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 808 A Comp. A. baumannii LCR UTI pediátrica ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 829 A Comp. A. baumannii Sec. Região tórax UTQ Adulto ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 931 A Comp. A. baumannii Swab nasal/pesq. vig. UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 1000 A Comp. A. baumannii Líquor Enf. 5° andar ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 1188 A Comp. A. baumannii Ponta de cateter UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 4076 A Comp. A. baumannii NE NE >8 ND 24 B Comp. A. baumannii Partes moles Ambulatório ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 54 B Comp. A. baumannii Catéter UTI ≥ 16 (R) ≥ 16 (R) 55 B Comp. A. baumannii Catéter UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 60 B Comp. A. baumannii STB UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 298 B Comp. A. baumannii Sangue UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 307 B Comp. A. baumannii Urina UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 338 B Comp. A. baumannii Sec.

Traqueobrônquica UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S)

379 B Comp. A. baumannii Líq. cav.abdominal UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 412 B Comp. A. baumannii STB UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S) 570 B Comp. A. baumannii Sangue UTI ≥ 16 (R) ≤0,5 (S)

Sec: secreção; LCR: Líquido Cefalorraquidiano; USAN: Unidade de Suporte Avançado em

Neurocirurgia; UTI: Unidade de Terapia Intensiva; UTQ: Unidade de Terapia de Queimados; Enf:

enfermaria; Clín Vasc: clínica vascular; STB: Secreção traqueobrônquica; R: Resistente; S: Sensível;

ND: não determinado; NE: não especificado.

MALDI-TOF MS

A confirmação da identificação bacteriana dos isolados de A. baumannii foi

realizada através da técnica de Ionização/Dessorção de Matriz Assistida por

Laser – Tempo de Vôo/Espectrômetro de Massa (MALDI-TOF MS). A extração

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das proteínas ribossomais foi realizada após cultivo bacteriano em ágar

MacConkey (Oxoid, Basingstoke, Inglaterra), segundo as recomendações do

fabricante (MALDI Biotyper® Protocol Guide Edition 2, 2014 BRUKER). Após o

processamento as amostras foram introduzidas no espectrômetro de massas

Microflex LT (Bruker Daltonics, Alemanha), e identificadas pelo MALDI Biotyper

RTC3. 3 (Bruker Daltonics, Alemanha).

Extração do DNA total

O DNA total dos isolados de A. baumannii foi obtido utilizando o Kit Wizard

Genomic DNA purification (Promega), segundo instruções do fabricante. O DNA

obtido foi quantificado e analisado quanto ao grau de pureza utilizando o

NanoDrop 2000.

Determinação da presença dos genes de virulência

A presença dos genes de virulência pilA, csuE, ompA e basC foi determinada

através da técnica de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) utilizando os

primers descritos na tabela 2. As reações de PCR foram realizadas

individualmente para cada gene utilizando um volume total de 25μl por tubo,

compreendendo: 1μl de DNA genômico a 20ng/μl, 1U da enzima Taq DNA

polimerase (INVITROGEN), 0,5μl de cada desoxirribonucleotídeo trifosfato a 200

μM (GeHealthcare), 0,75 μl de MgCl2 a 1,5 mM, 1μl de cada primer a 15 pmol/μl,

além de 2,5 μl de tampão (10x). As amplificações foram realizadas em

termociclador (Biometra), utilizando a seguinte ciclagem: 5 minutos a 96ºC para

desnaturação, seguido de 35 ciclos consistindo cada ciclo de 1 minuto a 96ºC

para desnaturação, um minuto a 59ºC (gene pilA), 57ºC(gene csuE e ompA) e

58ºC (gene basC) para anelamento dos primers, acrescido de um minuto a 72ºC

para extensão. Após os 35 ciclos foi realizada uma etapa de alongamento final de

10 minutos a 72ºC.

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Determinação da presença dos genes de resistência

A determinação dos genes de resistência foi realizada através de PCR

utilizando os primers descritos na tabela 2. A metodologia empregada nas

amplificações dos genes de resistência foi a mesma utilizada nas amplificações

dos genes de virulência, alterando apenas a temperatura de anelamento referente

a cada gene analisado, incluindo 59ºC para o gene blaOXA-51 like, 56ºC para o

blaOXA-23 like, 58 ºC para blaOXA-143 like, 54 ºC para blaIMP, 63ºC para o blaVIM, 66ºC

para o blaKPC, 63ºC para blaCTX-M e 62ºC para o ISAba1).

Tabela 2. Primers utilizados neste estudo para determinar por PCR a presença dos genes de resistência

e virulência presentes em isolados de A. baumannii.

Gene Nome do

Primer Sequência (5'- 3') Amplicon

(pb) Referências

basC

basC F

basC R

CATTCAGCGGAGTTTGCA

CGATTCAACTTCGCAGCT 405 DORSEY et al., (2004)

ompA

OmpAF

OmpAR

CAATTGTTATCTCTGGAG

ACCTTGAGTAGACAAACGA 952 TURTON et al. (2007)

pilA

pilAF

pilAR

GGCAATTGCGATTCCTGCTT

TGCAGCTGAACCATTAGCGA 138 Proposto neste estudo

csuE

CsuEF

CsuER

ATGCATGTTCTCTGGACTGATGTTGAC

CGACTTGTACCGTGACCGTATCTTGATAAG 580 TURTON et al. (2007)

blaOXA-51 like

OXA-51-like F

OXA-51-like R

TAATGCTTTGATCGGCCTTG TGGATTGCACTTCATCTTGG

353 WOODFORD et al.(2006)

blaOXA-23 like

OXA-23-like F

OXA-23-like R

GATCGGATTGGAGAACCAGA ATTTCTGACCGCATTTCCAT

501 WOODFORD et al.(2006)

blaOXA-143 like

OXA-143-like F

OXA-143-like R

TGGCACTTTCAGCAGTTCCT TAATCTTGAGGGGGCCAACC

149 HIGGINS, LEHMANN, SEIFERT,

(2010)

ISAba1

ISAba1a

ISAba1b

ATGCAGCGCTTCTTTGCAGG ATGATTGGTGACAATGAAG

389 MUGNIER et al., 2009

blaKPC

KPC 1F KPC R

GCTACACCTAGCTCCACCTTC TATTTTTCCGAGATGGGTGAC

371 MOLAND ( 2003); YIGIT et al.

(2001)

blaIMP

IMP-DIA-F IMP-DIA-R

GGAATAGAGTGGCTTAATTCTC GTGATGCGTCYCCAAYTTCACT

364 DONG et al. (2008)

blaVIM

VIM-DIA-F VIM-DIA-R

CAGATTGCCGATGGTGTTTGG AGGTGGGCCATTCAGCCAGA

523 DONG et al. (2008)

blaCTX-M

CTX - MA1 CTX – MA2

SCSATGTGCAGYACCAGTAA CCGCRATATGRTTGGTGGTG

543 SALADIN et al., 2002

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Eletroforese em gel de agarose

Para a visualização os amplicons foram submetidos a eletroforese em gel de

agarose a 1,5% e corados com 2μl de Blue green (LGC Biotecnology).

Sequenciamento de DNA

Os genes de resistência e virulência de isolados representativos foram

sequenciados (119, 113, 338, 570 e 808), utilizando os iniciadores descritos na

tabela 2. Para seqüenciamento os amplicons foram purificados utilizando o

PureLink PCR Micro Kit (Invitrogen), conforme instruções do fabricante.

O seqüenciamento dos produtos de PCR foi realizado com amostras de

DNA fita dupla, através do método de terminação de cadeia de

desoxirribonucleotídeo (SANGER; NICKLEN; COULSON, 1977). A análise das

seqüências de DNA e o alinhamento múltiplo foi realizada utilizando os programas

DNAstar e BLAST no National Center for Biotechnology Information website

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov).

As seqüências dos genes blaOXA-51 like, blaOXA-23 like, blaOXA-143 like, ISAba1,

csuE, ompA e BasC estão disponíveis no Genbank database.

Eletroforese em Campo Pulsátil (PFGE)

Os 37 isolados de A. baumannii foram submetidos à avaliação do

polimorfismo genético por PFGE, segundo o protocolo descrito Seifert et al., 2005,

utilizando a enzima de restrição ApaI (New England Biolabs, Inc). Os padrões do

gel de PFGE foram comparados visualmente de acordo com critérios

estabelecidos por Tenover et al. (1995). A comparação foi realizada utilizando-se

o coeficiente de similaridade de Dice e dendograma formado pelo método

UPGMA (Unweighted Pair Group Method with Arithmetic Mean), com o software

BioNumerics versão 6.6, Applied Maths. Otimização: 0,8%, Tolerância 1,5%.

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Resultados

Isolados Bacterianos

Todos os isolados do complexo A. baumannii utilizados neste trabalho

tiveram sua identificação confirmada em sua totalidade como pertencentes à

espécie A. baumannii através da técnica do Maldi-TOF e da verificação da

presença do gene blaOXA-51-like, gene intrínseco e naturalmente encontrado no

cromossomo dessa espécie bacteriana.

Eletroforese em Campo Pulsátil (PFGE)

A análise da similaridade genética dos isolados de A. baumannii inclusos

neste estudo foi realizada a partir da construção de um dendograma que permitiu

agrupá-los em 7 genótipos distintos, apresentando similaridade genética > 80%

aproximadamente, sendo denominados A (n=7), B (n=15), C (n=1), D (n=4), E

(n=2), F (n=7) e G (n=1) (Figura 1), onde os clusters A, B, D, E e F apresentaram

distintos subtipos.

Foi possivel observar que o subtipo B3, considerado como indistinguivel, foi

encontrado disperso no hospital A (duas amostras, isoladas em setores distintos)

e hospital B (um isolado).

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Figura 1. Polimorfismo genético de isolados de A. baumannii de pacientes atendidos em 2 hospitais de Recife - PE, detectado através de eletroforese em campo pulsado (PFGE) após digestão do DNA cromossômico com endonuclease de restrição ApaI.

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Determinação da presença e sequencia dos genes de resistência e

virulência

Todos os isolados de A. baumannii analisados apresentaram o gene de

resistência blaOXA-51-like. O gene blaOXA-23-like foi encontrado em apenas cinco

isolados (13,51%), obtidos em apenas um hospital estudado, a partir de sítios

corporais e setores hospitalares diferentes, tanto de IRAS como de colonização.

Particularmente, o gene blaOXA-143-like apresentou grande disseminação entre os

isolados analisados, estando presente em aproximadamente 73% dos isolados

obtidos em ambos hospitais, a partir de sítios corporais e setores hospitalares

diferentes, tanto de IRAS como de colonização. O elemento de inserção ISAba1

estava presente em aproximadamente 92% dos isolados obtidos nos dois

hospitais analisados. Os genes blaIMP, blaVIM, blaKPC e blaCTX-M não foram

detectados em nenhum isolado de A. baumannii. Todos os isolados apresentaram

os quatro genes de virulência pesquisados, incluindo pilA, csuE, ompA e basC,

com exceção do isolado 829 que não apresenta o gene csuE (Tabela 3). O

sequenciamento dos genes analisados nos isolados representativos confirmou a

amplificação de todos os genes de resistência e virulência analisados neste

estudo.

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Tabela 3. Perfil de resistência e virulência dos isolados de Acinetobacter baumannii inclusos neste estudo.

Hospital Isolados Perfil de Resistência PFGE

β-lactamases Classe D e A

Metalo-β-lactamases

Genes de Virulência

blaOXA-51 blaOXA-

143 blaOXA-

23 blaKPC ISAba1 blaVIM blaIMP csuE ompA basC pilA

A 45 CTX, CPM, CAZ, CIP, GM, IMI, MEM, PRL B11 + + - - + - - + + + +

A 113 CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI,MEM, PRL B5 + - - - + - - + + + +

A 119 CFX, CFX/AX, MEM C + - - - - - - + + + +

A 123 CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, IMI, MEM B1 + - - - + - - + + + +

A 136 SAM, CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM, PRL

D2 + - + - + - - + + + +

A 165 AMO/AC, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL A + + - - + - - + + + +

A 248 CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL, MEM, PRL B9 + + - - + - - + + + +

A 253 CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM,

A1 + + - - + - - + + + +

A 281 SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL B2 + + - - + - - + + + +

A 322 CTX, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL, LEV, NFT

B6 + - - - + - - + + + +

A 325 CTX, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL, LEV, NFT

B6 + + - - + - - + + + +

A 349 SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, GM, IMI, MEM, PRL E + + + - + - - + + + +

A 390 SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL B3 + + - - + - - + + + +

A 468 SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL F + + - - + - - + + + +

A 486 CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL F2 + + - - + - - + + + +

A 513 CTX, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL, LEV, NFT F2 + - - - + - - + + + +

A 516 AK, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL B4 + + - - + - - + + + +

A 563 CTX, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL, IMI, LEV, NFT

F + + - - + - - + + + +

A 578 CTX B8 + - - - - - - + + + +

A 781 CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM

D + - + - + - - + + + +

A 799 SAM, CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM

D1 + - + - + - - + + + +

A 808 SAM, CPM, CAZ, CRO, CFX, XFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM

D2 + - + - + - - + + + +

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A 829 CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, COL, IMI, LEV, NFT G + + - - + - - - + + +

A 931 AK, SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, MEM, PRL B10 + - - - - - - + + + +

A 1000 SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL B3 + + - - + - - + + + +

A 1188 SAM, CTX, CPM, CAZ, CIP, IMI, MEM, PRL F + + - - + - - + + + +

A 4076 AK, CTX, CPM, CRO, CIP, GM, IMI, LEV, MEM, PRL, TN, TS

A + + - - + - - + + + +

B 24 CPM, CAZ, CRO, CIP, GM, IMI, MEM A3 + + - - + - - + + + +

B 54 AK, SAM, CPM, CAZ, CRO, CIP, COL, GM, IMI, MEM

A3 + + - - + - - + + + +

B 55 CPM, CAZ, CRO, CIP, GM, IMI, MEM A2 + + - - + - - + + + +

B 60 CPM, CAZ, CRO, CIP, IMI, MEM B7 + + - - + - - + + + +

B 298 CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM

A3 + + - - + - - + + + +

B 307 CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, IMI, MEM F1 + + - - + - - + + + +

B 338 CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, IMI, MEM F1 + + - - + - - + + + +

B 379 AK, CPM, CAZ, CRO, CIP, GM, IMI, MEM E1 + + - - + - - + + + +

B 412 CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, IMI, MEM B + + - - + - - + + + +

B 570 SAM, CPM, CAZ, CRO, CFX, CFX/AX, CIP, GM, IMI, MEM

B3 + + - - + - - + + + +

IMI, Imipenem; MEM, Meropenem; CPM, Cefepima; CAZ, Ceftazidima; CTX, Cefotaxima; CRO, Ceftriaxona; AK, Amicacina; GM, Gentamicina; TN, Tobramicina; TS,

Trimetoprim-Sulfametoxazol; COL, Colistina; PRL, Piperaciclina; SAM, Ampicilina-Sulbactam; CIP, Ciprofloxacino; LEV, Levofloxacino; AMO/AC, Amoxicilina/Ácido

Clavulânico; CFX, Cefuroxima; CFX/AX, Cefuroxima/Axetil; NFT, Nitrofurantoína.

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67

Discussão

O reconhecimento de A. baumannii como patógeno MDR capaz de sobreviver

em ambientes hostis por ser resistente à dessecação, vem sendo cada vez mais

consolidado cientificamente. Esta característica é ainda agravada pela habilidade

desta espécie bacteriana em acumular determinantes genéticos de resistência e

virulência, devido sua competência natural para aquisição de material genético,

possibilitando a permanência desse patógeno no ambiente hospitalar,

particularmente em UTIs, por serem ambientes favoráveis à surtos (EIJKELKAMP et

al., 2011; AGODI et al., 2014).

A dificuldade no controle da transmissão de isolados de A. baumannii MDR,

dentro e entre hospitais, tem se tornado um fardo para o monitoramento das

infecções causadas por esse patógeno (CHANG et al., 2013). Neste estudo, foi

possível detectar isolados, pertencentes a um mesmo genótipo, em setores

diferentes de um mesmo hospital, assim como, isolados indistinguíveis

geneticamente obtidos em estabelecimentos de saúde distintos, independente a que

sítio de infecção foram obtidos. Estes dados sugerem disseminação intra e inter-

hospitalar de isolados de A. baumannii com o mesmo padrão genético em Recife-

PE.

A disseminação inter-hospitalar de isolados de A. baumanni tem sido relatada

em outros estudos. No trabalho de Atrouni et al. (2016) isolados de A. baumannii

com padrão genetico indistinguível foram obtidos de unidades de saúde distintas,

indicando uma possível transmissão inter-hospitalar. Mahamat et al. (2016),

realizaram o primeiro estudo com dados clínicos e moleculares de isolados de A.

baumannii num hospital da Guiana Francesa, onde seis perfis de PFGE foram

encontrados, sugerindo uma disseminação clonal e possivelmente uma endemia de

A. baumannii resistente a carbapenêmicos na UTI desta instituição hospitalar.

O desafio no tratamento de infecções por A. baumannii é atribuído

principalmente à classe de enzimas oxacilinases, que possuem habilidade de

hidrolisar carbapenêmicos, com a transferência desses genes através de

transposons, possibilitando a predominância deste mecanismo de resistência em

isolados de A. baumannii assim como de Enterobacteriaceae (EVANS, AMYES,

2014). As enzimas OXA quando super expressas devido a presença do elemento de

inserção, ISAba1, um forte promotor transcricional, adquirem um potencial de

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resistência a carbapenêmicos aumentado (TURTON et al., 2006; HOWARD et al.,

2012; VALI et al., 2015). No presente trabalho 94% dos isolados de A. baumannii

apresentaram o elemento de inserção ISAba1, encontrados tanto em isolados que

possuíam um único gene codificante de oxacilinase (blaOXA-51-like), como nos que

apresentavam também outros genes (blaOXA-143-like e/ou blaOXA-23-like).

Em nossos estudos, todos os isolados de A. baumannii apresentaram o gene

blaOXA-51-like, corroborando com a realização da detecção desse gene como

ferramenta auxiliar para a confirmação desta espécie bacteriana (HOWARD et al.,

2012, ELABD et al., 2015, AHMED et al., 2016). No entanto, o aparecimento de

plasmídeos carreando os genes ISAba1-blaOXA-51-like em Acinetobacter nosocomialis

colocam em dúvida a utilização da detecção do gene blaOXA-51-like como ferramenta

para diferenciar A. baumannii de outras espécies do complexo Acinetobacter

calcoaceticus-baumannii (LEE et al., 2012).

As β-lactamases de classe D (CHDLs) como OXA-23, OXA-24, OXA-58,

OXA-143 e OXA-235 estão relacionadas à resistência a carbapenêmicos, além das

carbapenemases de classe B e A (ATROUNI et al.,2016). Neste estudo, detectamos

a presença dos genes blaOXA-23-like e blaOXA-143-like, entre os isolados analisados, com o

gene blaOXA-143-like particularmente presente em mais de 70% dos isolados, obtidos

em ambos hospitais analisados, sendo encontrado também associado a mais um

gene codificante de oxacilinases com atividade carbapenemase, o blaOXA-23-like. Estes

dados demonstram uma grande disseminação de genes de resistencia entre os

isolados analisados, obtidos de diferentes setores e unidades hospitalares,

envolvidos com IRAS ou obtidos a partir de colonização.

Um dos principais fatores de virulência presentes na maioria dos isolados de

A. baumannii, é relacionado a capacidade de formar biofilme proporcionando uma

maior permanência dessa bactéria em ambientes hospitalares e resistência a

antibióticos, exigindo uma variedade de determinantes de virulência para sua

formação (LONGO, VUOTTO, DONELLI, 2014; THUMMEEPAK et al., 2016). A

presença dos genes csuC e csuE, que pertencem a loci bacteriano relacionado com

a secreção e montagem de pili, estão envolvidos no processo inicial que leva a

formação de biofilme em cepas ATCC 19606 de A. baumannii (TOMARAS et al.,

2003). No trabalho de Gurung et al. (2013), isolados de A. baumannii que

produziram biofilmes foram mais resistentes a antimicrobianos do que isolados não

produtores. No entanto, nos estudos de Espinal, Marti e Vila (2012), cepas

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formadoras de biofilme foram menos resistentes a quase todos os antimicrobianos

do que as cepas que não formaram biofilme, sendo estas últimas resistentes à

piperacilina, ceftazidima, cefepima, ciprofloxacino, gentamicina e tobramicina. Os

isolados de A. baumannii deste trabalho, com exceção do isolado 829 apresentaram

o gene csuE, podendo serem envolvidos na constituição do sistema pili e

consequente na formação de biofilme, uma vez que a inativação do gene csuE

incapacita isolados bacterianos quanto a produção de pili, por conseguinte,

aderência celular e formação de biofilme (ESPINAL, MARTÍ, VILA, 2012).

A expressão de pili junto com a mobilidade “twitching” favorece a aderência

de A. baumannii a superfícies abióticas e na formação de biofilme mais

precocemente (LUO et al., 2015). O sistema de pili tipo IV é constituído por muitas

proteínas sendo rearranjadas como apêndices nas superfícies de muitas bactérias

gram-negativas. Inclui-se também o composto subunidade de pilina principal, pilA, e

de pilinas menores abundantes dentro do pilus (HARDING et al., 2013). Neste

estudo, todos os isolados de A. baumannii, apresentam o gene pilA, aumentando a

probabilidade de mobilidade deste patógeno, um fator adicional à patogenicidade

dessa espécie. Harding et al. (2013) observaram que a motilidade de superfície não

depende, necessariamente, dos produtos do genes envolvidos na formação do pili

tipo IV. Clemmer et al. (2012), observaram que a inativação de alguns genes

diminuíram a motilidade e, esses genes não faziam parte do sistema de pili tipo IV,

questionando a existência de um outro mecanismo.

Um dos fatores de virulência mais bem caracterizados em isolados de A.

baumannii é a proteína OmpA, a proteína de superfície mais abundante neste

patógeno estando envolvida em vários processos, incluindo indução a apoptose

celular, aderência e invasão à células epiteliais, auxilio à permanência e crescimento

do isolado em soro humano alem de contribuição para sobrevivência dos isolados de

A. baumannii através da formação de biofilme, podendo servir como alvo estratégico

para o combate à patogênese de A. baumannii (HOWARD et al., 2012;

MCCONNELL et al., 2013). Neste estudo todos os isolados de A. baumannii

apresentam o gene ompA.

A competência de isolados de A. baumannii para colonizar e invadir

hospedeiros humanos indicam que esses isolados conseguem adquirir elementos

essenciais, como o ferro, durante o processo de infecção (DORSEY et al., 2004). Na

escassez de ferro, as bactérias produzem e secretam quelantes altamente

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específicos para o íon ferro, os sideróforos. Um dos sideróforos produzidos por A.

baumannii é a acinetobactina (MIHARA et al.,2004). Bactérias patogênicas,

geralmente, abrigam em seu genoma genes envolvidos na biossíntese e captação

de sideróforos, onde seus produtos são diretamente relacionados a virulência

dessas bactérias. No sistema de aquisição de ferro, a primeira etapa é a biossíntese

da acinetobactina, realizado pelas proteínas codificadas pelos genes basA, basB,

basC, basD, basF, basG, basH, basI, and basJ (EIJKELKAMP et al., 2011, HASAN,

CHOI, OH, 2015). Neste estudo, todos os isolados de A. baumannii possuem o gene

basC.

A grande maioria dos isolados apresentaram todos os genes de virulência

pesquisados com pelo menos dois genes de resistência relacionados à produção de

oxacilinases, além do elemento de inserção ISAba1. Apesar da similaridade genética

quantos aos genes de resistência e virulência analisados neste estudo, os isolados

obtidos em setores de isolamento diferentes a partir de colonização e sítios de

infecção diversos, puderam ser agrupados em sete clusters a partir dos padrões de

PFGE obtidos. Adicionalmente, foi possível identificar isolados geneticamente

indistinguíveis em diferentes setores do mesmo hospital, assim como em unidades

hospitalares diferentes, demonstrando uma ampla disseminação tanto de genes de

resistência e virulência entre ambientes e unidades hospitalares diferentes, como

também de isolados geneticamente indistinguíveis, carreando importantes genes de

resistência e virulência.

O controle de IRAS causadas por isolados de A. baumannii MDR é

relacionado a vigilância molecular local visando estabelecer conhecimento que

permita evitar a transferência de material genético entre patógenos endêmicos

(ELABD et al., 2015). Os resultados obtidos no presente estudo demonstram uma

ampla disseminação de genes de resistência e virulência entre isolados de A.

baumannii em Recife-PE, além de uma grande dispersão clonal destes isolados em

ambos hospitais analisados e em seus diferentes setores. Este trabalho ressalta a

importância do estudo epidemiológico de isolados de A. baumannii que são

responsáveis por IRAS, permitindo a avaliação quanto a disseminação desses

patógenos em unidades distintas, além do conhecimento dos mecanismos de

resistência e virulência presentes nesses isolados, possibilitando melhoria no

direcionamento da escolha terapêutica no combate à infecções causadas por A.

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baumannii e do alerta aos setores de vigilância hospitalar para futuras políticas de

controle de infecções hospitalares mais rigorosas

Agradecimentos

Agradecemos a equipe do Laboratório ALERTA/UNIFESP pelo suporte na

execução das técnicas de MALDI-TOF MS e PFGE, além de ceder a cepa de

referência de Acinetobacter baumannii ATCC 19606. Agradecemos também ao

Núcleo de Plataformas Tecnológicas do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães –

CPqAM/Fiocruz pelo suporte na execução da técnica de sequenciamento.

Conflito de Interesses

Os autores declaram não ter conflito de interesses na execução do corrente

trabalho.

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ARTIGO 2 – Submetido a Journal of medical microbiology

Expressão de genes de virulência em isolados multidroga-resistentes de

Acinetobacter baumannii submetidos à colistina e meropenem

Introdução

Isolados de Acinetobacter baumannii possuem resistência intrínseca a várias

classes de antimicrobianos, com notável habilidade em adquirir vários determinantes

de resistência a antibióticos, tornando esta espécie um dos maiores desafios para o

êxito das terapias atuais (HENRY et al., 2015; DOI, MURRAY, PELEG, 2015). Com

a escassez de novas drogas para o tratamento de infecções causadas por bactérias

gram-negativas, as infecções causadas por A. baumannii multidroga resistente

(MDR) são de grande preocupação pela dificuldade no tratamento, além da

existência de relatos do crescimento de resistência em isolados de A. baumannii

extensamente resistentes a drogas (XDR) e pan-resistentes, principalmente em

unidades de terapia intensiva (LÓPEZ-ROJAS et al., 2011; HENRY et al., 2015;

LAISHRAM et al., 2016).

Com o passar dos anos o aumento da aquisição de mecanismos de

resistência à várias classes de antibióticos disponíveis por isolados de A. baumannii,

resultou na eliminação dos β-lactâmicos, fluoroquinolonas, tetraciclinas e

aminoglicosídeos, acarretando escassez de opções terapêuticas eficazes para o

tratamento de infecções causadas por A. baumannii. (BUSH, 2012; CAI et al., 2012;

EVANS, HAMOUDA, AMYES, 2013; LANNAN et al., 2016). Quando o tratamento

com carbapenêmicos e aminoglicosídeos não são eficazes, as polimixinas são a

opção terapêutica indicada, incluindo a polimixina B e a colistina (ZAVASCKI et al.,

2007; NATION, LIN, 2009; CHEAH et al., 2016 ), permanecendo como último

recurso para tratamento de infecções causadas por A. baumannii MDR (BISWAS et

al, 2012; OLAITAN, MORAND, MARCROLAIN, 2014). No entanto, a monoterapia

utilizando colistina pode levar ao rápido surgimento de resistência em patógenos

gram-negativos, incluindo A. baumannii (TAN; LI; NATION, 2007; HENRY et al.,

2015). Dentre várias recomendações e diretrizes mundiais quanto a esta situação,

vem sendo proposto o uso de combinações efetivas de antimicrobianos (BUSH et

al., 2011), possibilitando o uso associado de diferentes classes de antimicrobianos

incluindo meropenem e colistina (ZUSMAN et al., 2013; PAUL et al., 2014;

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LENHARD et al., 2016). A recomendação do tratamento dessas infecções consiste

na utilização de uma dose farmacocineticamente otimizada de colistina com ou sem

uma segunda droga, geralmente um carbapenêmico, tigeciclina ou sulbactam (DOI,

MURRAY, PELEG, 2015).

Devido ao escasso número de antimicrobianos em última etapa de

desenvolvimento clínico, brevemente nenhuma opção terapêutica para tratamento

de infecções reincidivantes por diversos patógenos MDR, incluindo A. baumannii,

estará disponível (CHEAH et al., 2016).

Além da resistência a múltiplas classes de antimicrobianos isolados

bacterianos MDR podem apresentar fatores de virulência que possibilitam a sua

sobrevivência mesmo quando submetidas ao tratamento com antimicrobianos. Já

tem sido descrito na literatura vários fatores de virulência em isolados de A.

baumannii, entre eles, aumento da capacidade de formação de biofilme em

superfícies abióticas, motilidade, captação de elementos genéticos móveis,

tolerância à dessecação, sobrevivência por longos períodos de tempo em

superfícies e equipamentos hospitalares e proteção ao estresse à cápsula

polissacarídica (EIJKELKAMP et al., 2011; ESPINAL, MARTÌ, VILA, 2012; EVANS,

HAMOUDA, AMYES, 2013; ALIRAMEZANI et al., 2016).

A formação de biofilme é um dos mais importantes fatores de virulência para

as bactérias. O biofilme é constituído por uma matrix polimérica que envolve as

bactérias e está associado com a sobrevivência, virulência e comunicação

bacteriana, contribuindo para sua proteção em ambientes hostis durante infecção ao

hospedeiro e também possibilitando sua permanência em superfícies abióticas

(ESPINAL, MARTÌ, VILA, 2012; LUO et al., 2015). Funciona também como um

mecanismo de evasão das bactérias à resposta imune do hospedeiro (BREIJ et al.,

2009). Em A. baumannii, o estágio inicial para a formação de biofilme em superfícies

abióticas depende da formação do pili, codificado pelo complexo de proteínas

chaperonas csuA/BABCDE, controlado pelo sistema regulatório de dois

componentes codificados pelos genes bfmS e bfmR, onde a expressão do operon

csu e a expressão dos genes csuC e csuE estão envolvidos na aderência inicial à

superfícies durante a formação de biofilme (LUO et al., 2015; LANNAN et al, 2016).

O estudo de Liou et al. (2014) foi o primeiro a demonstrar que a inativação do gene

bfmS na cepa ATCC 17978 de A. baumannii resultou na formação deficiente de

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biofilme em superfícies abióticas, na redução de aderência à células eucarióticas e

na sensibilização à morte sérica.

Com habilidade para se proteger dos fatores de agressão externos como:

variações de temperatura, pH, osmolaridade, exposição a compostos tóxicos e

estresse oxidativo, as bactérias gram-negativas impulsionam o desenvolvimento de

mecanismos de resposta a esses estímulos através do sistema de regulação

BaeSR, facilitando mudanças na expressão gênica (LEBLANC et al., 2011). Sua

principal função é a super expressão da bomba de efluxo em resposta a agentes

que danificam o envelope bacteriano (LEBLANC et al., 2011; LIN et al., 2015).

Considerando que a eficácia de um ou de uma combinação de agentes

antimicrobianos é relacionada não só a sua atividade bactericida ou bacteriostática

mas também ao impacto na expressão da virulência bacteriana e assim na fase

inicial e de manutenção da infecção, o presente estudo verificou a expressão dos

genes baeS, bfmS e csuE quando submetidos ao tratamento in vitro com

meropenem e colistina isoladamente e em combinação.

METODOLOGIA

Isolados bacterianos

Os isolados de A. baumannii analisados neste estudo foram selecionados

quanto aos seguintes critérios: pertencerem a perfis genéticos distintos (PFGE),

presença de um ou mais genes de resistência para β-lactamases; presença do

elemento de inserção ISAba1; e presença dos genes de virulência csuE, baeS e

bfmS. Três isolados foram então selecionados, os quais foram obtidos por demanda

espontânea de dois hospitais públicos da cidade de Recife/PE, nos anos de 2013 e

2014 (Dados não publicados).

Tabela 1. Perfil de resistência e virulência dos isolados de A. baumannii analisados deste estudo.

Isolado Hospital PFGE Virulência Resistência

54 B A3 csuE, ompA, basC, pilA, baeS, bfmS blaOXA-51-like, blaOXA-143-like, ISAba1

113 A B5 csuE, ompA, basC, pilA, baeS, bfmS blaOXA-51-like, ISAba1

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808 A D2 csuE, ompA, basC, pilA, baeS, bfmS blaOXA-51-like, blaOXA-23-like, ISAba1

Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

As concentrações inibitórias mínimas (CIM) dos isolados bacterianos de A.

baumannii para o meropenem e a colistina foram determinadas pelo teste de

microdiluição em caldo, utilizando caldo Mueller-Hinton cátion ajustado, utilizando a

cepa de referencia ATCC 25922 de Escherichia coli como controle de qualidade,

segundo recomendações e critérios interpretativos do CLSI, 2013.

Extração de RNA e síntese de cDNA

Três isolados selvagens e a cepa ATCC 19606 de A. baumannii foram

submetidos a sub-CIMs de meropenem e colistina, isoladamente e em associação,

por 6 horas, de acordo com a CIM apresentado por cada isolado bacteriano (tabela

2). Cada experimento tinha um controle de cada isolado nas mesmas condições sem

a presença dos antimicrobianos. O RNA total foi extraído segundo protocolo descrito

por Sambrook; Russell, 2001. A concentração do RNA foi determinada em Nanodrop

2000 e a integridade e pureza por eletroforese em gel de agarose 1%. O RNA

extraído foi tratado com DNAse (SIGMA ALDRICH) segundo instruções do

fabricante. A síntese do cDNA foi realizada utilizando a enzima Transcriptase

Reversa M-MLVRT (200 U/µl) (PROMEGA) e Randon Primer (0,5 ug/µl)

(PROMEGA), segundo instruções do fabricante.

Tabela 2 – CIM, Sub-CIM e expressão dos genes de virulência, csuE, bfmS e baeS em isolados de Acinetobacter baumannii

Isolados

Meropenem Colistina Associação

CIM SC Expressão

MIC SM Expressão Expressão

csuE bfmS baeS csuE bfmS baeS csuE bfmS baeS

808 64 8 -0,6 NI 1,27 16 1 NI NI 6,9 3,7 NI 2,14

54 64 8 NI NI NI 4 1 0,75 5,33 3,1 NI NI 1,96

113 2 0,25 -1,3 4,4 NI 2 0,25 NI 9,6 NI NI 2,6 0,9

ATCC 19606 0,125 0,0625 -0,59 NI NI 2 0,5 NI NI NI 3,2 4,13 NI

Fonte: Autor, 2016; CIM: Concentração Inibitória Mínima; SC: Sub-CIM; NI: Não interferiu

siginficativamente.

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Determinação da expressão dos genes de virulência pela técnica de RT-qPCR

As reações de RT-qPCR foram realizadas utilizando o SYBR Green RT-PCR

Kit (Applied Biosystems) utilizando primers específicos para cada gene alvo

analisado, incluindo o csuE, bfmS e baeS (tabela 3). O gene gyrB foi escolhido como

gene de referência para todas as reações de RT-qPCR uma vez que apresentou a

menor variabilidade entre as condições testadas. Reações sem Transcriptase

Reversa foram utilizadas como controles negativos, sendo consideradas negativas

as reações com dez ciclos de diferença das reações contendo a Transcriptase. As

curvas de melting foram utilizadas para verificar a amplificação de um fragmento

único. As reações foram realizadas em triplicatas técnicas e duplicatas biológicas. O

método de expressão relativa foi utilizado para determinar os níveis de expressão do

genes e a análise dos dados foi realizada a partir do programa Series Rotorgene Q.

software 1.7 e a análise estatística com o One Way ANOVA, seguido de teste de

Dunnett com p < 0.05. Os testes foram realizados utilizando o software GraphPad

Prism 5.0.

Tabela 3. Primers utilizados nas reações de RT-qPCR para análise de expressão dos genes de

virulência csuE, bfmS, baeS, e do gene normalizador gyrB.

Gene Primer Sequência de primers (5’→ 3’) Amplicon (pb) Referências

csuE csuE_F

csuE_R

GCTTGGCTTTAGCAAACATGACC

ATTGCCATCAGGCCCGCTA

194 Luo et al., 2015

bfmS bfmS F

bfm_R

ACCGCCCGTAATCCGAAC

TGAACTTATTCCACCGCCTTTA

127 Luo et al., 2015

baeS baeS F

baeS R

CATTCTTTCGATGAACACACTCTCA

CTTCAAATGGTTGATATTCCGAAGG

133 Henry et al., 2015

gyrB gyrB_F gyrB_R

CGAGGGTGACTCAGCGGGTG

GCGCACGCTCAACGTTCAGG

101 Henry et al., 2015

rpoB rpoB F rpoB R

AGTCACGCGAAGTTGAAGGT AGCACGCTCAACACGAACTA

188 Henry et al., 2015

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RESULTADOS

Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

Os isolados analisados 54 e 808 apresentaram resistência ao meropenem,

enquanto o isolado 113 foi sensível a este antimicrobiano. Em relação à colistina, o

isolado 113 apresentou-se sensível, no entanto, os isolados 54 e 808

apresentaram-se resistentes. A cepa de referência ATCC 19606 de A. baumannii

apresentou sensibilidade ao meropenem e a colistina com MIC correspondente ao

intervalo proposto pelo CLSI, 2016 (tabela 3).

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Efeito dos antimicrobianos na expressão do gene bfmS

O meropenem não interferiu na expressão do gene bfmS nos dois isolados

resistentes (54 e 808) e na cepa ATCC 19606 sensível a este antimicrobiano. No

entanto, no isolado sensível (113) aumentou 4,4 vezes a expressão deste gene de

virulência em relação ao controle (Figura 1). A colistina aumentou em 5,33 e 9,6

vezes a expressão do gene bfmS nos isolados 54 (resistente) e 113 (sensível) de A.

baumannii, respectivamente. A colistina não interferiu na expressão do gene bfmS

na cepa ATCC 19606 e no isolado 808 resistente à colistina.

A associação do meropenem e colistina aumentou a expressão do gene bfmS

nos isolados sensíveis 113 e ATCC 19606, em 2,6 e 4,13 vezes, respectivamente.

Este tratamento, no entanto, não interferiu na expressão do gene bfmS nos isolados

resistentes 808 e 54.

Figura 1. Expressão relativa do gene bfmS após submissão aos antimicrobianos

meropenem, colistina e associação de meropenem e colistina.

Fonte: Autor, 2017. Nota: Associação: meropenem + colistina. A expressão relativa foi normalizada com o gene gyr B. As barras representam Média ± DP. Asterisco representa significância estatística

de p < 0.05.

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Efeito dos antimicrobianos na expressão do gene baeS

O tratamento com meropenem não interferiu na expressão do gene baeS nos

isolados sensíveis e em um dos isolados resistentes a este antimicrobiano (54). No

entanto, o aumento de 1,27 vezes na expressão do gene baeS foi observado no

isolado resistente 808. O tratamento com a colistina induziu um aumento na

expressão do gene baeS nos isolados resistentes a esse antimicrobiano, ocorrendo

aumento de 6,9 vezes no isolado 808 e 3,1 vezes no isolado 54 em relação ao

grupo controle, não sendo, no entanto, observada alteração na expressão deste

gene nos isolados sensíveis a esse antimicrobiano (isolado 113 e cepa ATCC

19606). Quando submetidos à associação dos antimicrobianos meropenem e

colistina os isolados 808, 54 e a ATCC 19606 apresentaram aumento da expressão

do gene baeS, de 2,14, 1,96 e 0,9 vezes em relação ao grupo controle,

respectivamente. A associação dos antimicrobianos não alterou a expressão do

gene baeS em apenas um isolado analisado (113).

Figura 2. Expressão relativa do gene baeS após submissão aos antimicrobianos

meropenem, colistina e associação de meropenem e colistina.

Fonte: Autor, 2017. Nota: Associação: meropenem + colistina. A expressão relativa foi normalizada com o gene gyr B. As barras representam Média ± DP. Asterisco representa significância estatística de p < 0.05.

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Efeito dos antimicrobianos na expressão do gene csuE

A submissão dos isolados ao meropenem diminuiu a expressão do gene csuE

em 0,6, 1,3 e 0,59 vezes nos isolados 808, 113 e ATCC 19606, respectivamente,

não interferindo no entanto, em um dos isolados resistentes (54). A colistina induziu

um aumento na expressão do gene csuE de 0,75 vezes em um dos isolados

resistentes a este antimicrobiano (54), não alterando significativamente, no entanto,

a expressão deste gene de virulência nos demais isolados analisados. Quando

submetidos ao tratamento com associação (mero+col), observou-se um aumento de

3,7 vezes na expressão do gene csuE no isolado 808 e 3,2 vezes na cepa ATCC

19606, mantendo-se inalterada a expressão deste gene de virulência nos demais

isolados analisados.

Figura 3. Expressão relativa do gene csuE após submissão aos antimicrobianos

meropenem, colistina e associação de meropenem e colistina.

Fonte: Autor, 2017. Nota: Associação: meropenem + colistina. A expressão relativa foi normalizada com o gene gyrB. As barras representam Média ± DP. Asterisco representa significância estatística de p < 0.05.

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DISCUSSÃO

As infecções bacterianas são uma das principais causas de morte em todo o

mundo e a diminuição de opções terapêuticas aumenta os riscos associados aos

cuidados de saúde básicos e cirurgias (KROGER et al., 2017). A emergência

contínua de microrganismos fenotipicamente resistentes a múltiplos antimicrobianos

traz um fardo econômico importante, levando a necessidade da introdução de novos

antimicrobianos no mercado ou de novas estratégias terapêuticas, incluindo o uso

associado de antimicrobianos.

A eficácia clínica de um agente antimicrobiano é, no entanto, relacionada não

só a atividade antimicrobiana, mas também ao impacto de seu uso na expressão da

virulência bacteriana (STEVENS et al., 2007). Vários trabalhos vem demonstrando

alterações na expressão de genes de virulência importantes em espécies

bacterianas gram-positivas e gram-negativas de importância médica, incluindo

isolados de Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Salmonella typhimurium e

Acinetobacter baumannii, quando submetidos a diferentes antimicrobianos utilizados

clinicamente (YUHAN et al., 2016; CARDOSO et al., 2016; REITER; LAMAS et al.,

2016; SAN’ANNA; D’AZEVEDO, 2014; OTTO et al., 2013), o que pode resultar na

alteração da patogênese bacteriana e consequentemente no agravamento ou

atenuação do processo infeccioso (CARDOSO et al., 2016; STEVENS et al., 2007).

Neste estudo três isolados clínicos e a ATCC 19606 de A. baumannii foram

analisados quanto à expressão dos genes de virulência csuE, bfmS e baeS, quando

submetidos a antimicrobianos de última escolha para tratamento de IRAS causadas

por isolados MDR, incluindo meropenem, colistina e a associação destes

antimicrobianos. Em nossas análises apenas o tratamento com meropenem foi

capaz de diminuir a expressão de apenas um dos genes de virulência analisados, o

csuE. A família de genes csuA/BABCDE codificam proteínas chaperonas envolvidas

no sistema de secreção para produção e montagem do pili bacteriano, o que

contribui para aumento de adesão bacteriana em superfícies bióticas e abióticas e

também nas etapas iniciais da formação de biofilme (EIJKELKAMP et al., 2011;

AZIZI et al., 2016). A diminuição da expressão do gene csuE, devido o tratamento

único com meropenem em isolados de A. baumannii, sugere modulação deste gene

de virulência nos isolados analisados, o que poderia contribuir diminuindo o poder de

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adesão bacteriana, e consequentemente, nas etapas iniciais do processo infeccioso

e formação de biofilme. No entanto, a modulação deste gene de virulência não foi

observada no uso associado do meropenem e colistina.

O tratamento de IRAS causadas por isolados MDR de A. baumannii

resistentes a carbapenêmicos é comumente conduzido pelo uso associado de

agentes antimicrobianos, incluindo um carbapenêmico e uma polimixina. O uso do

meropenem e da colistina vem sendo recomendado em alguns estudos, devido à

evidencias de sinergia na atividade antimicrobiana dos agentes utilizados

associadamente (CAI et al., 2012; ZUSMAN et al., 2013; LENHARD; NATION;

TSUJI, 2016). Neste estudo a submissão dos isolados à colistina, meropenem e a

associação destes agentes antimicrobianos foi capaz de modificar a expressão dos

três genes de virulência estudados em relação ao controle, apresentando uma

tendência ao aumento da expressão dos genes estudados.

O sistema de dois componentes é um sistema de transdução de sinal muito

importante para adaptação a mudanças drásticas e imediatas em condições

ambientais externas ou internas bacterianas (SUN et al., 2012). O BfmRS é um

sistema de dois componentes (TCS) encontrado em isolados de A. baumannii que

controla a formação de biofilme e a morfologia celular. Através da regulação de

transcrição, ativa a expressão do sistema de montagem das chaperonas

responsáveis pela produção de pili necessários para a formação de biofilme (LUO et

al., 2015). Além de contribuir para a virulência bacteriana, o sistema BfmRS parece

também estar envolvido com a resistência bacteriana, onde a inativação do bfmS

poderia alterar os MICs para diferentes antimicrobianos, incluindo a ciprofloxacina e

o imipenem (LIOU et al., 2014). Neste estudo, o tratamento com colistina,

meropenem e sua associação foi relacionada ao aumento da expressão do gene

bfmS na maioria dos isolados analisados, o que pode estar relacionado a

modificações bacterianas resultantes das alterações ambientais promovidas pela

presença dos antimicrobianos, podendo alterar a resistência e a virulência

bacteriana.

Semelhante ao BfmRS, o TCS BaeSR pode detectar sinais ambientais e

assim responder alterando o envoltório bacteriano respondendo não só ao estresse

osmótico elevado mas também influenciando a susceptibilidade à antimicrobianos,

como a tigeciclina em isolados de A. baumannii, através da regulação positiva dos

genes da bomba de efluxo RND adeA e adeB, contribuindo também na eliminação

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de outros produtos químicos (LIN;LIN;LAN, 2015). A expressão do gene baeS foi

significativamente aumentada na maioria dos isolados analisados quando

submetidos à colistina e à associação dos antimicrobianos. O aumento da expressão

do gene baeS foi anteriormente relatado em estudo recente, realizado por Henry et

al., 2015, onde os autores puderam relacionar ao aumento da expressão deste gene

de virulência ao tratamento com a colistina, o que estaria relacionado ao aumento

simultâneo da expressão de bombas de efluxo MacAB-TolC, MexB e AdeIJK, as

quais provavelmente estão sob controle e regulação do sistema BaeSR.

A colistina é o antimicrobiano mais eficiente no tratamento de A. baumannii

MDR in vivo, tem sido reintroduzido para tratamento de A. baumannii resistente a

carbapenêmico (CAI et al., 2012; VELKOV et al., 2013; GIRARDELLO et al., 2017).

Apesar da atividade sinérgica de carbapenêmicos e polimixinas ter sido

demonstrada em diferentes estudos in vitro (CAI et al., 2012; NI et al., 2015; VOURLI

et al., 2015; FAN et al., 2016), a associação do meropenem e colistina neste estudo

não foi relacionada à diminuição de expressão dos genes de virulência analisados

em isolados resistentes ou sensíveis a estes antimicrobianos.

Com a realização deste estudo pode-se demonstrar uma tendência ao

aumento da expressão dos genes de virulência csuE, bfmS e baeS após tratamento

in vitro com o meropenem, colistina e associação em isolados resistentes e

sensíveis a estes antimicrobianos, reforçando a necessidade de vigilância quanto ao

tratamento de IRAS causados por A. baumnannii MDR mesmo em uso associado de

antimicrobianos.

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7 CONCLUSÕES

Todos os isolados bacterianos do estudo foram identificados como A.

baumannii, distribuídos em sete padrões genéticos distintos. Ainda,

constatou-se que três isolados foram geneticamente relacionados

apresentando similaridade de 100%. Estes isolados pertenciam a hospitais

diferentes, sugerindo a existência de disseminação inter-hospitalar.

A grande maioria do isolados de A. baumannii apresentaram os gene de

resistência blaOXA-51-like, blaOXA-143-like e o elemento de inserção ISAba1. Além

desses, o blaOXA-23-like foi encontrado em apenas cinco isolados. Também

pode-se observar na grande maioria dos isolados a presença dos genes de

virulência basC, csuE, ompA e pilA. Dessa forma, pode-se constatar uma

grande disseminação de genes de resistência e virulência nos isolados de A.

baumannii oriundos de dois públicos do Recife/PE.

O tratamento in vitro com meropenem, colistina e associação destes

antimicrobianos foi relacionado à modificação da expressão dos genes de

virulência csuE, bfmS e baeS, com tendencia ao aumento da expressão dos

mesmos, reforçando a necessidade de vigilância quanto ao tratamento de

Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde causadas por A. baumannii

multidroga-resistente, mesmo em uso associado de antimicrobianos.

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APÊNDICE A – Artigo 1 submetido a Microbial Drug Resistance

Clonal dissemination of resistance and virulence genes in isolates of Acinetobacter

baumannii from hospitals in Recife, Pernambuco, Brazil

Carmelita de Lima Bezerra Cavalcanti1,2, Dyana Leal Veras3, Ana Paula Sampaio

Feitosa1,3, Eduarda Vanessa Cavalcante Mangueira4, Wagner Luís Mendes de

Oliveira5, Fernanda Cristina Gomes de Lima2, Ana Carolina Ramos7, Ana Cristina

Gales7, Luiz Carlos Alves1,3,6, Fábio André Brayner1,2,3

1Laboratory of Immunopathology Keizo Asami - UFPE, Av. Prof. Moraes Rego, 1235,

City University, Recife-PE, Brazil.

2Program of Graduate in Tropical Medicine – UFPE, Av. Prof. Moraes Rego, 1235,

City University, Recife-PE, Brazil.

3Aggeu Magalhães Research Center - FIOCRUZ, Av. Prof. Moraes Rego, City

University, Recife-PE, Brazil.

4Central Laboratory of Public Health - LACEN PE, Street João Fernandes Viêira -

Boa Vista, Recife-PE, Brazil.

5Laboratory of Immunomodulation and New Therapeutic Approaches - UFPE, City

University, Recife-PE, Brazil.

6Universidade de Pernambuco - UPE, Av. Governador Agamenon Magalhães, Santo

Amaro, Recife-PE, Brazil.

7Laboratory Alert - Division of Infectious Diseases - Federal University of São Paulo –

UNIFESP, São Paulo-SP, Brazil.

Corresponding author: Carmelita de Lima Bezerra Cavalcanti;

Address: Av. Professor Morais Rego S/N, Cidade Universitária, Recife-PE, Phone:

+55 81 2101-2643 / +55 81 2101-2687.

Abstract

The aim of this study was to investigate clonal dissemination of resistance and

virulence genes in isolates of A. baumannii from two public hospitals in Recife,

Pernambuco, Brazil. For this, 37 multidrug-resistant (MDR) isolates of the A.

baumannii complex were obtained in these hospitals, from healthcare-associated

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infection (HAI) and through colonization. Molecular typing was done through PFGE.

The resistance genes (blaOXA-51-like, blaOXA-23-like, blaOXA-143-like, blaIMP, blaVIM, blaKPC and

blaCTX-M), the insertion element ISAba1 and the virulence genes (basC, ompA, pilA

and csuE) were detected using the PCR and were confirmed through sequencing.

Seven PFGE patterns were identified among the A. baumannii isolates analyzed, and

three isolates found in both hospitals presented 100% similarity. The majority of the

isolates presented all of the virulence genes investigated, with at least two resistance

genes relating to β-lactamase production, along with the insertion element ISAba1.

The gene blaOXA-143-like was particularly present, in more than 70% of the isolates from

both of the hospitals. The results from this study showed that resistance and

virulence genes were widely disseminated in isolates of A. baumannii from these

hospitals, with clonal dispersion at both hospitals and in their different sectors.

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APÊNDICE B – Artigo 2 submetido a Journal of Medical Microbiology article

Expression of virulence genes in multidrug-resistant isolates of Acinetobacter

baumannii subjected to colistin and meropenem

Carmelita L. B. Cavalcanti1,2,3, Dyana L. Veras3, Ana Paula S. Feitosa1,3, Eduarda V.

C. Mangueira4, Fernanda C. G. Lima2,3, Catarina F. Freitas2,3, Luiz C. Alves1,3,5,

Fábio A. Brayner1,2,3

1Laboratory of Immunopathology Keizo Asami - UFPE, Morais Rego Avenue,

University City, Recife – PE, Brazil.

2Program of Graduate in Tropical Medicine - UFPE, Morais Rego Avenue, University

City, Recife – PE, Brazil.

3Aggeu Magalhães Research Center - FIOCRUZ, Morais Rego Avenue, University

City, Recife – PE, Brazil.

4Central Laboratory of Public Health - LACEN PE, João Fernandes Vieira Street,

Recife – PE, Brazil.

5University of Pernambuco – UPE, Arnóbio Marques, Santo Amaro, Recife – PE,

Brazil.

Correspondence address

Carmelita L. B. Cavalcanti

[email protected]

+ 55 81 2101- 2643/2101-2687

Abstract

The challenge in treating infections caused by isolates of Acinetobacter

baumannii is partly due to their capacity to express different virulence factors and to

acquire mechanisms for resistance to various classes of antimicrobial agents. This

has led to a search for new treatments, including combined use of these agents.

Because combined use of colistin and meropenem has been indicated as an option

for treating infections caused by multidrug-resistant isolates of A. baumannii, the

objective of this study was to determine the in vitro influence of colistin and

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meropenem separately and in combination, on the expression of the virulence genes

baeS, bfmS and csuE in A. baumannii isolates. Three multidrug-resistant clinical

isolates and the ATCC 19606 isolate of A. baumannii were used. Only meropenem

was capable of diminishing the expression of one of the virulence genes (csuE).

However, when meropenem was used in association with colistin, there was no

modulation of the expression of this virulence gene. Our results showed a tendency

towards increased expression of the virulence genes csuE, bfmS and baeS after in

vitro treatment of both resistant and sensitive A. baumannii isolates, with colistin and

meropenem separately and in combination. These results emphasize the need for

vigilance regarding treatment of healthcare-associated infection caused by multidrug-

resistant A. baumannii, even when these two antimicrobial agents are used in

combination.

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ANEXO A – Comprovante de submissão à revista Microbial Drug Resistance

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APÊNDICE B – Artigo 2 submetido a Journal of Medical Microbiology article