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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA RURAL GERENCIAMENTO E UTILIZAÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS Monografia de Especialização DESENVOLVIMENTO DE UM VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO PARA APLICAÇÃO EM PULVERIZAÇÃO AGRÍCOLA JOSÉ ROBERTO RASI Pelotas, RS, Brasil 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA RURAL

GERENCIAMENTO E UTILIZAÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS

Monografia de Especialização

DESENVOLVIMENTO DE UM VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO PARA APLICAÇÃO EM PULVERIZAÇÃO

AGRÍCOLA

JOSÉ ROBERTO RASI

Pelotas, RS, Brasil 2008

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DESENVOLVIMENTO DE UM VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO PARA APLICAÇÃO EM PULVERIZAÇÃO AGRÍCOLA

Por

José Roberto Rasi

Monografia apresentada ao programa de Pós-Graduação em Engenharia Rural, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL, RS),

como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gerenciamento e utilização de Máquinas Agrícolas

Orientador: Prof. Airton dos Santos Alonço, Dr. Eng.

Pelotas, RS, Brasil

2008

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Universidade Federal de Pelotas

Faculdade de Engenharia Eliseu Maciel

Departamento de Engenharia Rural

A Comissão Examinadora, Abaixo Assinada,

Aprova a Monografia de Especialização

DESENVOLVIMENTO DE UM VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO PARA APLICAÇÃO EM PULVERIZAÇÃO AGRÍCOLA

Elaborada por

José Roberto Rasi

Como requisito parcial para obtenção de grau de

Especialista em Gerenciamento e Utilização de Máquinas Agrícolas

COMISSÃO EXAMINADORA:

________________________________________ Airton dos Santos Alonço – Dr. Engº - UFSM

(Presidente/Orientador)

_______________________________________ Antônio Lilles Tavares Machado – Dr. UFPEL

(Membro)

Pelotas, 28 de abril de 2008.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a toda equipe da Prince Air Model Ltda.

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v

AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal de Pelotas pela oportunidade de realização deste

Curso.

Ao Orientador deste trabalho, Professor Dr. Airton dos Santos Alonço, pela

amizade, compreensão e carisma.

À FAPESP pela concessão dos recursos necessários para construção do

protótipo.

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“Sic transit gloria mundi”

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RESUMO

Monografia de Especialização

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola

Universidade Federal de Pelotas

DESENVOLVIMENTO DE UM VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO PARA

APLICAÇÃO EM PULVERIZAÇÃO AGRÍCOLA

AUTOR: JOSÉ ROBERTO RASI

ORIENTADOR: AIRTON DOS SANTOS ALONÇO

Data e Local da Defesa: Pelotas, 28 de Abril de 2008.

Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um veículo aéreo não tripulado

(VANT) e a sua configuração como plataforma para pulverização agrícola, com

capacidade de hopper (tanque onde fica armazenado o produto a ser aplicado) de

100 kg, dotado da capacidade de efetuar manobras superiores a da aviação agrícola

convencional, para pulverização de precisão em pequenas e médias propriedades

agrícolas.

O desenvolvimento e construção deste VANT para a pulverização agricultura de

precisão levaram-se em conta a diminuição de custos e riscos, modernizando e

complementado a atividade.

O protótipo, construído pela Prince Air Models Ltda, com recursos da FAPESP,

apresentou resultados satisfatórios para as situações de vôos requeridos, com o

lastro de 100 kg e realizando manobras típicas e padrão de vôo agrícola.

Palavras-chaves: Veículo Aéreo Não Tripulado; Pulverização Agrícola; Agricultura de

Precisão.

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ABSTRACT

Monograph of Specialization

Program of After-Graduation in Agricultural Engineering

Universidade Federal de Pelotas

THE DEVELOPMENT OF UNMANNED AERIAL VEHICLE

FOR AGRICULTURAL SPRAYERS

AUTHOR: JOSÉ ROBERTO RASI

ADVISER: AIRTON DOS SANTOS ALONÇO

Place and Date of the Defense: Pelotas, April 28th 2008.

This work presents the development of the unmanned aerial vehicle (UAV)

and its configurations as platform for agricultural Sprayers, with hopper capacity of

100 Kg, endowed with the capacity to make superior maneuvers of piloted

agricultural aviation for precision spraying in small and averages agricultural farms.

The development and construction of this UAV was focused for the precision

spraying agriculture was taken the decease of costs and risks of accidents,

modernizing and complementing the activity.

The prototype was made by Prince Airmodels Ltd. With resources of FAPESP and it

showed acceptable results for all the requested flight situations with 100 Kg of

payload and flying the typical maneuvers and agricultural pattern.

Key-words: Unmanned Aerial Vehicles; Agricultural Spraying; Precision Agriculture.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Curtiss JN-6H “Jenny”.............................................................................7

FIGURA 2 - AG-1........................................................................................................7

FIGURA 3 - Muniz M9.................................................................................................8

FIGURA 4 - RP1........................................................................................................11

FIGURA 5 - Fritz X....................................................................................................12

FIGURA 6 - Projeto Acauã .......................................................................................13

FIGURA 7 - Projeto ARARA .....................................................................................14

FIGURA 8 - Yamaha RMAX G1 com barras de spray .............................................15

FIGURA 9 - Números de helicópteros sem pilotos vendidos no Japão ...................15

FIGURA 10 - TAG CXXX ..........................................................................................16

FIGURA 11 - Diagrama UNAV 3500FW .................................................................17

FIGURA 12 - Placa UNAV 3500 ............................................................................. 17

FIGURA 13 - Placa WePilot2000 .............................................................................18

FIGURA 14 - Diagrama WePilot2000 …………………………………………………..18

FIGURA 15 - Placa MP2128g ..................................................................................19

FIGURA 16 - Diagrama MP2128g ............................................................................19

FIGURA 17 - Tela da Estação de Terra - MP2128g .................................................20

FIGURA 18 - Curva Clássica / Balão .......................................................................22

FIGURA 19 - Racetrack ............................................................................................22

FIGURA 20 - Curva clássica – Correto e Errado ......................................................23

FIGURA 21 - Missão típica da aeronave agrícola – AgroRobot ...............................23

FIGURA 22 - Plano de vôo do AgroRobot ................................................................25

FIGURA 23 - Vants fabricado pela Prince Air Models Ltda ......................................27

FIGURA 24 - Disposição das etapas do desenvolvimento de aeronaves ................28

FIGURA 25 - Apresentação da etapa de Especificação e Requisitos..................... 29

FIGURA 26 - Apresentação da etapa Estudos Preliminares ...................................29

FIGURA 27 - Apresentação da etapa Anteprojeto ...................................................30

FIGURA 28 - Apresentação da etapa Projeto ..........................................................30

FIGURA 29 - Veículo Aéreo Não Tripulado AgroRobot ...........................................32

FIGURA 30 - Vistas do motor Mini 3 ........................................................................33

FIGURA 31 - Curva de Potencia e Torque do motor Mini 3 .....................................33

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FIGURA 32 - Aerofólio RAF 48.................................................................................34

FIGURA 33 - Polares do aerofólio RAF 48 ...............................................................35

FIGURA 34 - Vista superior do AgroRobot ...............................................................35

FIGURA 35 - Ângulos de incidência e washout .......................................................36

FIGURA 36 - Vista lateral do AgroRobot ..................................................................36

FIGURA 37 - Organograma do material utilizado .....................................................38

FIGURA 38 - Corte do atomizador AU5000 LD.........................................................42

FIGURA 39 - Montagem do atomizador AU5000 LD ...............................................43

FIGURA 40 - Turboaero TA-88C-6 ...........................................................................44

FIGURA 41 - Componentes do sistema de pulverização .........................................45

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Categorias de aplicações via liquida...................................................24

QUADRO 2 - Especificações técnicas do AgroRobot...............................................39

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABA Associação Brasileira de Aeromodelismo

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ARARA Aeronaves de Reconhecimento Assistidos por Radio e Autônomas

AURORA Autonomus Unmanned Remote Monitoring Robotic Airship

AV Alto Volume

BV Baixo Volume

BVO Baixo Volume Oleoso

CenPRA Centro de Pesquisas Renato Archer

cc Cilindrada – cm³

CDA Controlled Droplet Applications ( Apliação Controlada de Gotas)

CG Centro de Gravidade

CL Coeficiente de Sustentação do Aerofólio

CLmax Coeficiente de Sustentação Máximo do Aerofólio

cm Centímetro

CTA Centro Técnico Aeroespacial

DAC Diretoria de aviação Civil

DGPS Differential Global Position System (Sistema de

Posicionamento Global Diferencial)

DMV Diâmetro Médio Volumétrico

EMBRAPA Empresa brasileira de Pesquisa Agropecuária

EUA Estados Unidos da América

FAB Força Aérea Brasileira

FAPESP Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

Ft Feet (pés)

GPS Global Position System (Sistema de Posicionamento Global)

ha Hectare

Hp Horsepower (cavalo-vapor)

Kg Quilograma

Km Quilômetro

Km/h Quilômetro por hora

L Litro

l/ha Litros por hectare

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m Metro

m/s Metros por segundo

m² Metro quadrado

MV Médio Volume

NACA National Advisory Committee for Aeronautics

pol Polegadas

RAF Royal Air Force (Força Aérea Real)

RP Remote Piloted (Pilotado por Controle Remoto)

rpm Rotações por Minuto

RPV Remote Piloted Vehicle ( Veículo Pilotado por Controle Remoto)

S Área

UAV Unmanned Aerial Vehicle (Veículo aéreo não tripulado)

UBV Ultra Baixo Volume

U-UBV Ultra Ultra Baixo Volume

USP Universidade de São Paulo

VANT Veículo Aéreo Não Tripulado

Vc Velocidade de cruzeiro

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS……………....................……………..…………………. IX

LISTA DE QUADROS…………………...................................……….………XI

LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................XII

RESUMO......................................................................................................VII

ABSTRACT.................................................................................................VIII

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................1

1.1 Hipótese.........................................................................................................3

1.2 Objetivo Geral................................................................................................3

1.3 Objetivos Específicos ....................................................................................3

1.4 Contribuições do Trabalho.............................................................................4

1.5 Estrutura da Monografia.............................................................................. ..4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................6

2.1 Introdução.......................................................................................................6

2.2 Historia da Aviação Agrícola ..........................................................................6

2.3 O Mercado da aviação agrícola no Brasil.......................................................9

2.4 Veículo Aéreo Não Tripulado........................................................................10

2.4.1 História..........................................................................................................11

2.4.2 VANT Agrícola..............................................................................................15

2.4.3 Tipos de Sistemas de Controles de VANTs..................................................16

2.4.4 Sistemas de Controles de Vôo de VANTs....................................................17

2.4.4.1 UNAV, LLC...................................................................................................17

2.4.4.2 WePilot2000..................................................................................................18

2.4.4.3 MP2028g / MP2128g ………………………………………...…………………..19

2.4.5 Instrumentos de Bordo – VANT ...................................................................20

2.5 Vôo Agrícola.................................................................................................21

2.5.1 Padrões do Vôo Agrícola .............................................................................22

2.5.2 Missão Típica da aeronave Agrícola – AgroRobot.......................................23

2.5.3 Padrão de Pulverização Agrícola .................................................................24

2.5.4 Plano de Vôo do AgroRobot.........................................................................25

2.6 Comentários Finais.......................................................................................26

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3. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................27

3.1 Introdução.....................................................................................................27

3.2 Metodologia para o desenvolvimento do AgroRobot....................................28

3.2.1 Especificação e Requisitos ..........................................................................29

3.2.2 Estudos Preliminares.....................................................................................29

3.2.3 Anteprojeto....................................................................................................30

3.2.4 Projeto...........................................................................................................30

3.4.4.1 Filosofia de Projeto .......................................................................................31

3.3 Configuração do AgroRobot.........................................................................32

3.3.1 Motor e Hélice...............................................................................................33

3.3.2 Asa................................................................................................................34

3.3.2.1 Estrutura da Asa....................................................................................... ....36

3.3.3 Cauda e Empenagem...................................................................................37

3.3.4 Fuselagem....................................................................................................37

3.3.5 Trem de Pouso.............................................................................................38

3.3.6 Definição dos Materiais Utilizados................................................................38

3.3.7 Resultados....................................................................................................39

3.3.8 Considerações Finais...................................................................................40

4. SISTEMA DE PULVERIZAÇÃO...................................................................41

4.1 Atomizadores Rotativos................................................................................41

4.1.1 Micronair.......................................................................................................42

4.1.2 Centro Brasileiro de Bioaeronáutica.............................................................44

4.2 Componentes do sistema de pulverização...................................................45

5. CONCLUSÕES.............................................................................................46

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ...........................................................47

ANEXOS ......................................................................................................50

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Sebrae (2003), o país caminha para se tornar o número um no

ranking mundial do agronegócio. De acordo com projeções feitas pela ONU, o Brasil

tem grande potencial para se tornar a maior potência agroindustrial nos próximos

doze anos. Assim sendo, de acordo com o relatório anual de commodities,

elaborado pela Conferência da ONU sobre Desenvolvimento e Comércio (Unctad), o

país possui 90 milhões de hectares ainda intocados, em condições de preparo para

cultivo.

O aumento vertiginoso da produção, aproveitando seu vasto potencial

agrícola ainda inexplorado, vem ameaçando a liderança dos Estados Unidos e

outros países em diversos setores, como o da soja e de carnes. Fato esse que está

causando preocupações aos americanos e europeus com relação à abertura de

seus mercados aos produtos brasileiros. O maior destaque no país tem sido o

complexo soja, grande responsável pelo avanço agrícola brasileiro. Em 2001,

segundo a ONU, a produção brasileira correspondia a 50% da produção americana.

Mas as exportações do país começam a despertar preocupação no cenário agrícola

mundial. Em seis anos, as exportações dos Estados Unidos cresceram apenas 16%,

enquanto no Brasil o aumento foi de 106%. Atualmente, o país já corresponde por

27,3% da produção mundial.

No ano de 2005, os produtores agrícolas brasileiros colheram cerca de 51,1

milhões de toneladas de soja, 27,2 milhões de toneladas de milho, 13,2 milhões de

toneladas de arroz, 5,7 milhões de toneladas de trigo, 3,7 milhões de toneladas de

algodão herbáceo e quase 3 milhões de toneladas de feijão, todos os produtos que

requererão pulverização (IBGE 2006).

Segundo Christofoletti (1999) no processo de produção agrícola, a aplicação

de defensivos agrícolas é um dos mais exigentes, pois atende não somente ao

tratamento da área cultivada, mas também cuidados com a preservação do meio

ambiente. Para Schröder (2005), pouco valor terá uma máquina sofisticada se esta

não for operada segundo as especificações técnicas. O mesmo autor relata que

procedimentos operacionais e equipamentos adequados são os pilares que

sustentam as modernas aplicações de agro-químicos como objetivo de um impacto

ambiental negativo

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Atualmente, existem no Brasil, duas maneiras eficazes de pulverizar toda

essa produção: por meio de pulverizadores e atomizadores tratorizados e por meio

de aviões tripulados. Os produtos aplicados por via aérea não diferem dos aplicados

por equipamentos terrestres, mas segundo Neiva (2007), a aplicação aérea é uma

tecnologia que se mostra mais econômica e vantajosa, pois reduz o tempo de

aplicação; aplica o produto em condições adversas de solos irrigados ou

encharcados; possibilita maior qualidade e uniformidade de aplicação e não provoca

danos de amassamento da cultura e compactação do solo. Além das vantagens,

existem algumas desvantagens de ordem operacional que são de difícil solução. De

acordo com o Engº Agr. Gilberto da Silva Porto Reis, assessor da Câmara de

Agronomia do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas

Gerais (2003), para evitar dispersão na aplicação, os aviões chegam a voar a

apenas três ou quatro metros do solo, que deixa a operação ainda mais arriscada.

Portanto, as atividades de pulverização aérea são perigosas e necessitam

uma substancial atividade de pilotagem ao mesmo tempo em que os marcos

terrestres representam riscos de colisão, pois voando junto ao solo com velocidades

próximas à velocidade de estol, pode ocorrer perda de sustentação durante as

curvas de retorno ou balão. Acidentes devidos a colisões com os marcos terrestres

tais como fios da redes elétricas, postes, torres, arvores e cercas de arame também

podem ocorrer.

De acordo com Marsh e Struttman (2004), de 1992 a 2001, morreram em

acidentes envolvendo a aviação agrícola nos Estados Unidos da América, cerca 141

pessoas. No Brasil, segundo o DAC (2002), no período de 49 dias, entre 24 de

dezembro de 2001 e 10 de fevereiro de 2002, ocorreram nove acidentes apenas na

região Centro-Oeste. Conforme o DAC, as principais causas de queda de aeronaves

são água no combustível, contratação de pilotos não habilitados e exercício da

operação a qualquer custo.

Por fim, o vento muitas vezes dificulta o trabalho dos aviões, dispersando ou

concentrando demais o produto que é jogado do ar. A eficiência da aplicação é

fundamental à boa repercussão do trabalho executado na aviação agrícola. Para

tanto, se faz necessário que alguns pontos fundamentais sejam observados na

operação, com a finalidade de evitar ocorrência de envenenamentos acidentais e,

também, impedir a contaminação de regiões próximas às áreas tratadas, desde

culturas diversas, casas de moradias, escolas, pastagem e mananciais.

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1.1 Hipótese

Se um veículo aéreo não tripulado tem a capacidade de transportar

equipamentos de controle semi-autônomo de guiamento via DGPS, telemetria e

monitoramento e com carga paga de 100 kg, poderá ser utilizado como plataforma

de pulverização agrícola, pelo fato de possuir menor custo de aquisição e menor

risco que a aviação agrícola convencional, sendo possível realizar essas mesmas

atividades, em pequenas e médias propriedades rurais, com uma redução dos

custos operacionais e minimizando significativamente os riscos que ora existem,

proporcionando um aumento de usuários da pulverização aérea.

1.2 Objetivo geral

O objetivo geral do trabalho relatado nesta monografia é descrever o

desenvolvimento do veículo aéreo não tripulado – “AgroRobot” e propor adaptação

de equipamentos de pulverização para dar suporte às atividades de pulverização

aérea.

1.3 Objetivos específicos

Os objetivos específicos que levaram ao desenvolvimento deste Veículo

Aéreo Não Tripulado – AgroRobot, para pulverização agrícola, proposto neste

trabalho são:

Voar de modo autônomo e cumprir a missão de pulverização previamente

determinada;

Voar de modo manual, radio-controlado, caso seja necessário, sendo pilotado

através da central de controle de vôo;

Ter capacidade de decolar e pousar em pistas improvisadas, próximos às

lavouras a serem tratadas;

Transmitir dados de imagem e telemetria, em tempo real, facilitando

operações de monitoramento de fenômenos dinâmicos.

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1.4 Contribuições do trabalho

Na revisão bibliográfica realizada foram encontradas poucas, especificas à

pulverização aérea por veículo aéreo não tripulado, mas sim sobre diversas áreas

de conhecimento, abordando principalmente a pulverização agrícola convencional,

agricultura de precisão e veículos aéreos não tripulados.

No que se refere à agricultura de precisão, existem muitos trabalhos

desenvolvidos para monitoramento de colheita, geração de mapas e mais

recentemente levantamento, tratamento e análise de imagens aéreas

georreferenciadas.

No que se refere especificamente à pulverização aérea por ve ículo não

tripulado, a maioria dos trabalhos encontrados utilizam pequenos helicópteros como

plataforma de pulverização, com pequeno alcance operacional, projetados para

áreas rurais do Japão.

O projeto de veículo aéreo não tripulado para pulverização agrícola proposto

neste trabalho pode ser considerado uma inovação tecnológica na área de

pulverização, contribuindo para mitigação de riscos e custos da atividade e abrindo

oportunidades tecnológicas e mercadológicas para empresas do setor.

1.5 Estrutura da monografia

O conteúdo desta monografia encontra-se dividido em 4 capítulos, conforme a

descrição a seguir:

Neste capítulo 1, é apresentado o escopo do trabalho, hipótese, os objetivos

e contribuições, sendo com base nestas informações, a direção em que o trabalho

será realizado.

O capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica dos assuntos que serão

necessários ao desenvolvimento do projeto, conceituando o sistema de controle de

vôo de veiculo aéreo não tripulado, a missão agrícola, o vôo agrícola, pulverização e

técnicas.

O capítulo 3 descreve o material e método, a descrição da aeronave, as

dimensões e o peso operacional, mostrando a filosofia do projeto, os métodos

construtivos, materiais e os resultados.

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No capitulo 4, são apresentados os resultados dos estudos para a

adequação de equipamentos de pulverização aérea para dar suporte às atividades

de pulverização área.

E, por fim, o capítulo 5 apresenta as conclusões finais deste trabalho e

recomendações futuras.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Introdução

Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre a aviação agrícola,

veículos aéreos não tripulados (VANT), veículos aéreos não tripulados

desenvolvidos especialmente para realizar pulverização agrícola e vôo agrícola, vôo

e missão agrícola e sistemas de controle de vôo de VANTs, possibilitando um

melhor entendimento das técnicas existentes e suas limitações, para implantação do

trabalho proposto.

2.2 Historia da Aviação Agrícola

Segundo Couto (2007), a aviação agrícola foi inventada pelo agente florestal

alemão Alfred Zimmermann em 1911, obtendo o registro de patente através do

Diploma Legal de Invento nº 247028, classe 45k, grupo 4/35 do Imperial Patent

Office de Berlin, mas só teve aplicação comercial nos EUA em 1921. Nessa ocasião,

o inseticida era jogado do avião por um segundo tripulante, de um saco.

Filho (2004 apud Zica et al, 2005), relata esse primeiro vôo agrícola como

tendo ocorrido em 3 de agosto de 1921, às 15:00. Quando uma praga de mariposas

atacou os reflorestamentos de arvores “catalpa”, que por seus troncos retos eram

usadas para fazer postes, os entomologistas C.R. Nellie e H.A. Gossard tiveram a

idéia de usar este método para combatê-las. Eles convenceram as autoridades do

exercito americano em McCook Field, próximo a Dayton, Ohio, a tentar o uso de

aviões para aplicar arsenato de chumbo, o único inseticida conhecido na época que

controlava a mariposa. Um francês radicado nos EUA, Etienne Darmoy, construiu

um equipamento constituído de uma caixa tipo moega, para cerca de 50 quilos de pó

e uma porta de saída deslizante, com uma alavanca girada a mão, que promoveria a

saída de pó. Este equipamento foi instalada ao lado da cabine traseira de um

biplano Curtiss JN-6H “Jenny”. A Figura 1 apresenta uma foto dessa aeronave em

vôo de pulverização.

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Figura 1 - Curtiss JN-6H “Jenny” Fonte: John Earl Martin - Tallulah, Louisiana / USA

O primeiro avião projetado especificamente para uso agrícola foi o AG-1,

representado na figura 2, desenvolvido em 1950 nos EUA, construído pela Texas

A.&M. Aircraft Reaserch Centre. Esse projeto foi iniciado pela the National Flying

Farmers Associations.

Figura 2 – AG-1 Fonte: Colégio São Francisco

Segundo Zica et al (2005), a aviação agrícola no Brasil, iniciou-se em 1947,

no Rio Grande do Sul, devido ao ataque de uma praga de gafanhotos na região de

Pelotas, onde foi realizado o primeiro vôo agrícola do país no dia 19 de agosto

daquele ano, com a aeronave Muniz M-9, representado na Figura 3, com autonomia

de vôo de quatro horas, equipada com reservatório metálico constituído

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de dois compartimentos em forma de moega e dosador próprio, controlado pelo

piloto, com capacidade de carga de aproximadamente 100 kg, tendo ainda o apoio

técnico do engenheiro agrônomo Leôncio Fontelles, na aplicação de um inseticida

organoclorado, o BHC (hexabenzeno de cloro). O Muniz M-9 foi fabricado de 1937 a

1943 e destinava-se a ser um avião de treinamento básico para a FAB. Era um

biplano de madeira e tela, biplace em tandem. Os primeiros usavam um motor inglês

De Havilland Gipsy Six, de seis cilindros em linha e 200 Hp. A partir de 1994, a FAB

passou a receber os T-19, e entregou os M-9 para a Diretoria de Aeronáutica Civil,

que os redistribuiu para diversos aeroclubes, inclusive o de Pelotas. O Ultimo M-9

voou até 1958, no Aero Clube de Nova Iguaçu.

O dia 19 de agosto foi instituído como o dia nacional da aviação agrícola no

Brasil e o piloto civil Clóvis Candiota, que realizou o primeiro vôo, é considerado o

Patrono da aviação agrícola. A aviação agrícola foi oficialmente e formalmente

reconhecida no Brasil em 07 de outubro de 1969, através do DL nº. 917,

regulamentado pelo Decreto nº. 86.765 de 22 de dezembro de 1981.

Figura 3 – Muniz M-9 Fonte: http//gustavoadolfo.flogbrasil.terra.com.br/foto16850220.html A Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A produziu o seu primeiro

avião agrícola, o EMB200 ou Ipanema, em 1970. Em 1988 a frota de aviões

agrícolas era de aproximadamente de 600 aeronaves.

Segundo Couto (2007), no ano de 1978 a Comissão de Agricultura do

Congresso dos Estados Unidos da América, considerou a aviação agrícola como a

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tecnologia mais importante para o aumento, a curto prazo, da produtividade agrícola

daquele país e sugeriu investimentos do governo federal com a finalidade de

aprimorar a atividade.

Em 1944, na Inglaterra, foram realizados os primeiros ensaios de aplicação

aérea por helicópteros, por W. E. Ripper. Em 1988, estes aparelhos representavam

cerca de 10 a 12% da frota agrícola mundial total. As vantagens dessas aeronaves

sobre os aviões agrícolas de asa fixa, é que podem ser usadas em áreas pequenas,

topografia acidentada e ausência de pistas. No Japão, é o único veículo usado em

pulverizações aéreas.

2.3 O Mercado da Aviação Agrícola no Brasil

De acordo com Filho (2004 apud Zica et al, 2005), o nível de utilização da

aplicação aérea no Brasil ainda é muito baixo, correspondente a apenas 5% da área

cultivada. Considerando-se que nas áreas aplicadas são computadas múltiplas

aplicações sobre as mesmas, o nível de uso efetivo é ainda mais baixo, quando se

considera o conceito de área plantada que contrata os serviços de aplicação aérea.

Segundo Zica et al. (2005), observou-se que na ultima década a área de

plantio com determinadas culturas sofreu redução, no entanto, a produtividade

aumentou, fazendo com que a produção registrasse um incremento. A produtividade

tende a aumentar uma vez que, aos poucos, os produtores rurais estão adquirindo

consciência que o uso de tecnologia no campo é imprescindível. O avanço

qualitativo e genético dos insumos de produção e o aperfeiçoamento do conjunto de

máquinas e implementos agrícolas, ou seja, da frota agrícola, traduz essa esta

tecnologia. A aviação agrícola é detentora de tecnologia através de modernos

sistemas de posicionamento por satélites como o DGPS (Differential Global Position

System); sistema difusor de sólidos para a aplicação de produtos sólidos como

sementes de forragem, fertilizantes nitrogenados, arroz pré-germinado e produtos

fitosanitários; técnicas de pulverização de UBV (Ultra baixo volume) e pulverização

eletrostática.

Segundo Bellini (2007), o estado que atualmente mais utiliza a aviação

agrícola no país é o Mato Grosso, seguido pelo Rio Grande do sul e depois São

Paulo. A Atividade está presente também na Bahia, Maranhão, Tocantins, Minas

Gerais, Rondônia e Roraima. As culturas que mais necessitam de

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tratamento fitossanitários são a soja, arroz, algodão, milho, cana, banana e

pastagens. Aproximadamente 70% das aeronaves que pulverizam os campos do

país são do modelo Ipanema, mas estão presente também aparelhos estrangeiros,

com destaque para os americanos Trush e Piper, este um dos primeiros modelos

projetados especificamente para uso agrícola. Os mais cobiçados, no entanto, são

os da Air Tractor, equipados com turbinas, cujo combustível é querosene, mais

barato que a gasolina de avião. O AT-802 da Air Tractor, é a maior aeronave

monomotor do mundo, com reservatório (hopper) de capacidade de 3.000 litros de

defensivos.

2.4 Veículo Aéreo Não Tripulado

O termo “Veículo Aéreo Não Tripulado” é mundialmente reconhecido e inclui

uma grande gama de aeronaves que são autônomas, semi-autônomas ou

remotamente operadas.

Segundo a ABA – (Associação Brasileira de Aeromodelismo, 2005), a

definição para Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) é: “um veículo capaz de voar na

atmosfera, fora do efeito de solo, que foi projetado ou modificado para não receber

um piloto humano e que é operado por controle remoto ou autônomo”. O Sistema

Aéreo Não Tripulado (SANT) significa o conjunto de veículos aéreos não tripulados,

seus controles de vôo e seu sistema de operação, isto é, a união de todas as

atividades que estão interligadas no plano de vôo.

De acordo com Medeiros (2007), “os veículos Aéreos Não Tripulados (VANT)

são pequenas aeronaves, sem qualquer tipo de contato físico direto, capazes de

executar diversas tarefas, tais como monitoramento, reconhecimento tático,

vigilância e mapeamento entre outras”. Porém, os VANT’s têm limitação em termos

de capacidade de carga a bordo e condições climáticas. Se equipados com

equipamentos de transmissão de dados, são capazes de transmitir, em tempo real

os dados recolhidos. Sendo assim, as aeronaves não tripuladas têm sido projetadas

para vários tipos de missão, mas o relato que se tem é que a origem desses

veículos está ligada à área militar, como alvos aéreos manobráveis, reconhecimento

tático, guerra eletrônica, entre outras. Os mísseis antinavios, bombas guiadas

propulsadas ou planadas também são classificadas como aeronaves não tripuladas.

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2.4.1 História

De acordo com Puscov (2002 apud Medeiros, 2007), a historia dos veículos

aéreos não tripulados teve seu inicio em 1883, quando Douglas Archbald instalou

um anemômetro a um fio em uma pangorda para poder medir a velocidade do vento

em diferentes altitudes, atingindo uma altura de 1200 pés. No dia 20 de junho de

1888, na França, Arthur Batat acoplou uma câmera fotográfica a uma “pandorga”,

sendo assim, o primeiro vôo aerofotográfico registrado.

Em 1935, Reginald Denny projetou e testou o RP-1 ou RPV (Remote Piloted

Vehicle), representado na Figura 4, que foi o primeiro veículo aéreo não tripulado

rádio-controlado. A partir deste momento, iniciaram-se as buscas pelo

aperfeiçoamento, de forma que, nos anos seguintes, surgiram os protótipos RP-2 e o

RP-3, com diversos ensaios de vôo. Em novembro de 1939, o protótipo RP-4 foi

concluído, de modo que, naquele momento, era o mais completos do RPV’s. O

exercito dos EUA requisitou 53 unidades, dando-lhes a designação de OQ-1.

Figura 4 – RP-1

Fonte:http://www.ctie.monash.edu.au/hargrave/hardges/denny_righter_rp_750. Segundo Hardgrave (2005), em dezembro de 1941, os ensaios e as

mudanças continuavam sendo realizados, para o aperfeiçoamento dos modelos.

Neste meio tempo, em 1938, a companhia alemã Ruhrstahl iniciou o

desenvolvimento de bombas planadores guiadas “Fritz X”, representada na Figura 5,

adotado de um motor foguete e 300 kg de carga explosiva, para ataque contra

navios couraçados.

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Foi usada em combate pela primeira vez em nove de setembro de 1943, afundando

o encouraçado italiano Roma.

Figura 5 – Fritz X Fonte: Erstellt von Bert Hartmann - Luftarchiv.de

Segundo Silveira (2005), outro marco histórico da utilização dos VANT’s foi

durante a guerra do Líbano, em 1982, no Vale do Bekaa, quando Israel conseguiu

destruir 17 das 16 baterias antiaéreas Sírias após fazer reconhecimento do local

com um alvo aéreo não tripulado. Em 2002, ficou conhecido o veículo aéreo não

tripulado americano, Predator, que foi utilizado durante a guerra do Afeganistão.

Esse foi considerado o primeiro emprego real de um veículo não tripulado com

lançamento de míssil.

No Brasil, os primeiros relatos de VANT’s ocorreram na década de 80,

quando o Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA) desenvolveu o projeto Acauã.

Segundo d’Oliveira (2005), o Projeto Acauã PD-IPD-8408, (Figura 6) tinha

como objetivo principal o desenvolvimento de uma plataforma de ensaio ("test bed")

visando à ampliação do nível de conhecimento na área de eletrônica (controle,

telecomando e telemetria). Numa primeira fase do projeto, seria utilizado um sistema

de rádio-controle de aeromodelos para os ensaios em vôo preliminares, com

melhorias no sistema de transmissão, e, posteriormente, seria incorporado um piloto

automático. Como objetivo paralelo, visava desenvolver um protótipo de VANT com

potencial para diversas outras aplicações militares ou civis, tais como,

reconhecimento tático à baixa altitude, identificação de freqüências de operação de

radares e sensoriamento de recursos naturais. Foram construídos, ao todo, cinco

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células (quatro metálicas e uma de material composto), para utilização nos ensaios

em vôo e ensaios em solo.

Figura 6 – Projeto Acauã Fonte: IAE / CTA

Atualmente, no Brasil, os projetos visando o desenvolvimento de VANT’s

autônomos são conduzidos pelos institutos de pesquisa CTA e Centro de Pesquisas

Renato Archer (CenPra), e por várias universidades do Brasil.

O CenPra, de Campinas, trabalha com o projeto Aurora (Autonomus

Unmanned Remote Monotoring Robotic Airship), de um mini-dirigível adquirido da

Inglaterra. A Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, desenvolve o

projeto ARARA, com apoio da Embrapa. O objetivo é o desenvolvimento de

aeromodelos para obtenção de imagens aéreas para o monitoramento ambiental e

agrícola.

Segundo Jorge (2001), o projeto ARARA (Aeronave de Reconhecimento

Assistida por Radio e Autônoma), está centrado no desenvo lvimento e uso de

VANT’s de escala reduzida, para o monitoramento aéreo. Seu principal objetivo é a

substituição de aeronaves convencionais utilizadas na obtenção de fotografias

aéreas, para monitoramento de áreas agrícolas e áreas sujeitas a problemas

ambientais, por VANT’s de pequeno porte que realizam missões pré-estabelecidas

pelos usuários.

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O projeto ARARA, ainda tem uma fase voltada para o vôo autônomo com uso

de um piloto automático, possuindo um Sistema de Navegação que mantém o VANT

na rota e corrige os desvios em sua trajetória.

Figura 7 – Projeto ARARA Fonte: AGX Tecnologia Ltda.

A AGX Tecnologia Ltda., São Carlos, criada em 2002, utiliza a tecnologia

ARARA para fins comerciais no Brasil, como demonstra a Figura 7, utilizando uma

nova versão do VANT, totalmente construída em fibra de vidro e alumínio

aeronáutico. Com 2,3 m de comprimento e 3,2m de envergadura e equipado com

motor a gasolina de 40 cm³ e 4,8 cv.

De acordo com Medeiros (2007), as pesquisas nessa área, no Brasil, ainda

são muito recentes e os principais trabalhos com VANT’s têm no escopo as

aplicações civis, como vigilância policial de áreas urbanas e de fronteira, inspeções

de linhas de transmissão de energia, monitoramento, atividades de áreas agrícolas,

acompanhamento de safra, controle de pragas e de queimada.

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2.4.2 VANT Agrícola

Segundo Özdemir (2005), devido ao êxodo rural que aconteceu no Japão, na

ultima década, principalmente entre a população jovem, a Yamaha Company iniciou

o desenvolvimento de helicópteros sem pilotos para compensar essa falta de

trabalhadores rurais. Esses helicópteros deveriam ser muito flexíveis e precisos

durante a pulverização. Hoje, os helicópteros da Yamaha mostrados na figura 9, têm

uma grande área de aplicação aérea que incluem o controle de peste em culturas de

arroz, soja e trigo. A Yamaha Unmanned Industrial Helicopters solucionou vários

problemas enfrentados pelos agricultores japoneses e contribuiu para a auto

suficiência japonesa.

Figura 8 – Yamaha RMAX G1 com barras de spray Fonte: Iwate Agricultural Junior College

O aumento da demanda por helicópteros sem pilotos, no Japão, está demonstrada

na Figura 9.

Figura 9 – Números de helicópteros sem pilotos vendidos no Japão Fonte: News ScientstTech

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Outra produtora de VANT’s é a companhia americana chamada Tactical

Aerospace Group (TAG), que projeta e fabrica VTOL VANT’s e oferece quatro tipos

de VANT’s em sua linha de produção. Os TAG VANTs podem ser usados como

plataforma de aplicação aérea, com a instalação de tanques e barras de spray. A

carga paga de 20 kg, conforme mostrado na Figura 10.

Figura 10 – TAG CXXX Fonte: TAG Tactical Aerospace Group

2.4.3 Tipos de Sistemas de Controles de VANTs

De acordo com Souza (1999), os sistemas com VANTs são classificados de

conforme o seu o nível de complexidade, descritos a seguir:

? Tipo I – Nesse sistema, os vôos são controlados com visada direta da aeronave

utilizando rádios convencionais. São utilizados aeromodelos convencionais

equipados com câmeras fotográficas ou de vídeo. Sistemas tipo I possuem

funcionalidade mínima, menor custo e maior facilidade de implantação;

? Tipo II – Nesse sistemas, os vôos são controlados sem visada direta, através de

um computador que recebe imagem da aeronave em tempo real. A aeronave

deve estar equipada com instrumentos de bordo para que seja possível pilotar e

obter fotografias aéreas com referencia geográficas;

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? Tipo III – Nesse sistema, os vôos são autônomos com pequena ou nenhuma

interferência do piloto. Estes são iguais aos sistemas do tipo II, porem equipados

com equipamentos e software adicionais para permitir o vôo autônomo.

2.4.4 Sistemas de Controle de Vôo de VANTs

Segundo Neris (2001), os VANTs têm como componente principal um sistema

de controle capaz de manter a aeronave estabilizada e de executar manobras que a

conduza através de uma rota e missão selecionada. Atualmente o desenvolvimento

de sistemas de controle de vôo para esse tipo de aeronave está sendo favorecido e

facilitado pelo grande desenvolvimento tecnológico verificado nos últimos anos e

principalmente pela redução dos custos dos componentes eletrônicos. Isto permite

que um grande numero de empresas possam construir VANTs com sistemas de

controle, para comercialização. A seguir são descritos os produtos de três empresas

que desenvolvem pilotos automáticos projetados especificamente para a construção

de VANTs.

2.4.4.1 UNAV, LLC

O sistema de controle de vôo UNAV 3500FW, desenvolvido pela UNAV,LLC

de Marysville, WA / USA, é um sistema de telemetria e controle automático de baixo

custo voltado à construção de VANTs. Projetado para se conectar a um receptor R/C

padrão. Esse sistema permite transformar um aeromodelo convencional em um

VANT completo, equipado com um sistema de manutenção de altitude e velocidade

combinado com um sistema GPS, como mostra as Figuras 11 e 12. Possui

capacidade de acionamento de até sete servos. É um dos mais simples e baratos

controladores de vôo para pequenos VANTs.

Figura 11- Diagrama UNAV 3500FW Figura 12 - Placa UNAV 3500 Fonte: UNAV, LLC Fonte: UNAV, LLC

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2.4.4.2 WePilot2000

O WePilot200 é um sistema de controle de vôo para VANTs de asa fixa,

totalmente integrada em uma simples placa tipo PCB. Fabricado pela WeControl AG,

Air Force Center de Dübendorf / Suíça. Esse sistema consiste em um processador

central INTEL XScale PXA255, um receptor GPS, um sistema inercial integrado de

medição de seis graus de liberdade, um barômetro e conector externo para

magnemometro. O WePilot2000 combina o sistema integrado GPS / inercial com um

robusto processador de alto desempenho e baixo consumo de energia, que permite

uma estabilização da altitude, controle de velocidade e guiamento. Uma interface de

uso geral I/O permite controle de equipamento a bordo do VANT. Uma ligação data-

link pode ser adicionada para transmissão em tempo real com uma estação

terrestre. O WePilot2000 foi especificamente projetado para pequenos VANTs de

asa fixa, leves, onde o consumo baixo de energia elétrica é essencial. Possue os

seguintes componentes em sua placa tipo PCB: processador RISC Intel XScale

PXA255 32 bit com 32 MB de memória flash, 64 MB de memória SDRAM; receptor

de GPS com precisão de 3m, entrada para DGPS; unidade inercial de medidas com

três giroscópios e três acelerômetros, sensor de pressão piezométrico com faixa de

uso de 10 a 1100 mbar e as seguintes interfaces: conector SMA para antena de

GPS ativo, oito canais para entrada de PWM, seis canais de saída PWM, interface

para dois sensores de rpm e interface para I/O, conforme as figuras 13 e 14.

Figura 13 - Placa WePilot2000 Figura 14 - Diagrama WePilot2000 Fonte: WePilot2000 Fonte: WePilot2000

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2.4.4.3 MP2028g/MP2128g

A série de controladores MP2028g e MP2128g desenvolvida pela Micropilot

Co. de Manitoba / Canadá, conforme figuras 15 e 16, é projetada para estabilizar e

guiar uma grande variedade de VANT’s. O piloto automático é composto por um

sistema de manutenção de altitude e de manutenção de velocidade, um sistema de

coordenação de curvas, um sistema de navegação por GPS, um sistema de

decolagem e pouso automático e todos os sensores necessários para um controle

completo da aeronave. Existem trinta e dois controladores PID (Proporcional-

Integral-Derivativo) configuráveis pelo usuário e que podem ser ajustado de forma

independente. Os sistemas Micropilot também possuem capacidade de telemetria,

com transmissão de dados a razão de 100 campos por segundo. Os controladores

têm capacidade de acionar até vinte quatro servos. Permite também, a instalação de

altímetro por ondas de ultra-som, importantíssimo para vôos de baixa altura, no caso

do AgroRobot. Os sistemas MicroPilot disponibilizam uma estação de terra(Ground

control), conforme a figura 17, que permite receber dados de telemetria, imagens

em tempo real, vôo em modo de radio controle R/C, controlar equipamentos

embarcados e editar rotas e missões de vôo.

Figura 15 - Placa Figura 16 – Diagrama MP2128g

Fonte: MicroPilot Fonte: MicroPilot

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Figura 17 – Tela da estação de terra - MP2128g Fonte: MicroPilot

2.4.5 Instrumentos de Bordo – VANT

Segundo Neris (2001), para a realização de vôo sem visada direta (sistemas

do tipo II e III) são necessárias diversos instrumentos de bordo. Normalmente, esses

instrumentos são equivalentes aos que equipam os aviões de tamanho real e

dependem das características do vôo que se deseja realizar. Os instrumentos de

vôo podem ser divididos em duas características: os que indicam as condições

operacionais da aeronave e os que indicam as características do vôo e a posição da

aeronave no espaço.

? Instrumentos que indicam a condição operacional do VAN.

- Instrumentos do motor;

- Indicador de rotação;

- Indicador de temperatura do motor;

- Indicador da temperatura dos gases de escapamento;

- Indicador da pressão do óleo;

- Indicador de combustível

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? Instrumentos que indicam as características do vôo e posição do VANT.

- Altímetro – indica a altitude em relação ao nível do mar;

- Horizonte artificial – indica a posição da aeronave em relação ao horizonte;

- Indicador de coordenação em curvas – indica o equilíbrio de forças na

realização de curvas;

- Bússola – indica onde está o norte magnético;

- Indicador de velocidade do ar;

- Giroscópio – indicador inercial de direção, não afetada por balanços ou

inclinações do VANT;

- Variomêtro – indica a razão de subida ou descida;

- GPS;

-ILS;

- Transponder – tipo de radio que permite a identificação nas telas de radar do

controle de trafego aéreo.

2.5 Vôo Agrícola

O vôo agrícola é diferente em muitos aspectos de outros vôos comerciais.

Primeiramente, grande parte do vôo é geralmente executado a abaixa altitude, não

admitindo quase nenhuma margem para erros. No caso de aeronaves tripuladas, o

piloto tem que pilotar com muita atenção durante o vôo operacional. Outra influencia

devido ao vôo de baixa altitude é o efeito dos ventos e turbulência. A mudança da

velocidade dos ventos em função da altura é muito mais acentuada perto do solo.

Esses gradientes de vento têm efeito direto no desempenho da aeronave agrícola.

Por exemplo, a quantidade de aileron requerida em uma curva é maior e mais crítica

que a quantidade em um vôo comercial. O segundo aspecto da aviação agrícola, é a

grande variável de condições de carregamento. O peso, e principalmente o

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centro de gravidade podem variar consideravelmente em um curto período de

tempo. Isto traz a necessidade de retrimagem constante dos comandos das

superfícies de controle para manter a controlabilidade da aeronave.

A técnica de decolagem e pouso em uma pista de dimensões reduzidas é

também diferente dos vôos comercias. A temperatura ambiente e a altitude da pista

têm efeitos no desempenho da aeronave.

2.5.1 Padrões do vôo agrícolas

O vôo agrícola é um vôo de baixa altitude e a parte mais crítica é o

procedimento de curva de retorno (balão), após o tiro de pulverização. Existem dois

tipos de curvas de retorno. O primeiro tipo é a curva clássica, o “Back-to-Back”

mostrada na Figura 18 e o segundo tipo é o procedimento chamado fechado ou

“Racetrack”, conforme Figura 19. Para o segundo método é necessário mais de dois

marcadores, no solo ou um sistema eletrônico de guiamento. A Figura 20 mostra

como realizar uma curva clássica. Do ponto “a” ao ponto “b” inicia-se uma subida.

Deste modo a possibilidade de atingir algum obstáculo é evitado. Esta subida é

mantida do ponto “b” para “c” enquanto a aeronave faz uma curva de

aproximadamente 45°. No ponto “c” uma curva coordenada é realizada para a

direção oposta. A aeronave sai da curva no ponto “d”. Deste ponto em diante, é feita

uma descendente e no ponto “e” é iniciado o tiro de pulverização

Figura 18- Curva clássica / balão Figura 19 – Racetrack

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Figura 20 – Curva clássica – Correto e Errado

2.5.2 A missão típica da aeronave agrícola – AgroRobot

A missão idealizada para o vôo agrícola do AgroRobot é dividida em dez

seguimentos, conforme a Figura 21.

Figura 21 – Missão típica da aeronave agrícola – AgroRobot

0? 1 : Checkup – Taxiamento

1? 2 : Decolagem

2? 3 : Subida

6? 7 : Subida

7? 8 : Cruzeiro

8? 9 : Descida

9? 10: Pouso

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3? 4 : Cruzeiro

4? 5 : Descida

5? 6 : Tiros / Pulverização

2.5.3 Padrão de pulverização agrícola

Nos trabalhos de pulverização agrícola, os produtos químicos são usados na

forma de líquidos, granulados e pós. O projeto de veículo aéreo não tripulado para

pulverização agrícola, proposto neste trabalho, usará produtos químicos na forma

líquida, sendo que todos os equipamentos dimensionados para a correta

pulverização agrícola.

A Taxa de Aplicação também denominada Volume de Aplicação (l/ha) é o

volume de liquido pulverizado sobre uma área de 1 ha. É função direta da vazão

(l/min), da velocidade (Km/h) e da largura da faixa de aplicação (m). De acordo com

ASABE (2007), o volume de aplicação pode ser classificado em cinco designações,

conforme o Quadro 1.

Designações Volume (l/ha) Ultra Ultra Baixo Volume (U-UBV) < 0,5

Ultra Baixo Volume (UBV) 0,5 - 5 Baixo Volume (BV) 5 - 50

Médio Volume (MV) 50 - 500

Alto Volume (AV) > 500 Quadro 1 – Categorias de aplicações via liquida

Segundo Costa et al (2007), a tendência atual é reduzir o volume de liquido

aplicado, o que leva à necessidade de gotas menores para melhor cobertura. Os

trabalhos mais recentes mostram que as partículas em torno de 80 a 100 micra dão

o mais alto índice de uniformidade de deposição, para a maioria da velocidade do ar.

A pulverização a baixo volume utiliza um volume médio da ordem de 60 micra,

sendo que a redução do volume de líquidos leva à necessidade de uma tecnologia

mais apurada, tanto da parte do construtor do equipamento, quanto do técnico em

aplicação.

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De acordo com Monteiro (2005), a utilização de pulverização pelo sistema de

aplicação aérea em Baixo Volume Oleoso – BVO, desenvolvida pelo Centro

Brasileiro de Bioaeronáutica, permite uma redução significativa nos volumes de

aplicação, pois esse sistema incorpora as seguintes tecnologias: UBV – Ultra Baixo

Volume, que utiliza defensivos altamente concentrados formulados em óleo e

pulverizados com neblinas de gotas finas e em volumes de 0,5 a 5 litros por hectare;

CDA – “Controlled Droplet Applications” ou aplicação com gota controlada, que

produz gotas homogêneas e controlando o tamanho da neblina pulverizada e EBO –

Emulsão com Base Oleosa, que se baseia na utilização de óleos vegetais como

veículo dos defensivos, na forma de emulsões, permitindo aplicações em Baixo

Volume e gotas finas e homogêneas, com menor evaporação das partículas. Os

volumes de aplicação no sistema BVO são classificados, conforme as aplicações

para culturas de algodão e soja, variam de 1,0 l/ha até 10 l/ha, dependendo do

estagio e ciclo das lavouras.

A vazão ou capacidade de pulverização (l/s) do sistema de pulverização é o

volume de defensivos aplicado por unidade de tempo. Essa vazão é ajustado pelo

operador do AgroRobot ou é ajustado pelo sistema de controladores automático de

vazão, considerando a taxa de aplicação (l/ha), velocidade de aplicação (Km/h) e a

largura da faixa de deposição da pulverização (m).

2.5.4 Plano de vôo do AgroRobot

O típico campo utilizado na otimização do desempenho do AgroRobot, em

sua missão agrícola é mostrado na Figura 22. No plano de vôo mostrado abaixo, a

largura do campo é denominada “a”, e a faixa de deposição da pulverização é

denominada “b”. O numero de vezes que será necessário para terminar a missão é

denominada de “n”. O comprimento do campo é função proporcional de “a”

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Figura 22 – Plano de vôo do AgroRobot Assumindo que no inicio do vôo do AgroRobot desenvolverá a missão como descrita

na Figura 22, ou seja táxiamento; decolagem; vôo de cruzeiro e descendo para

altitude de 1 metro, do lado externo (perna vento) da entrada para o tiro. Podemos

analisar abaixo, todos os segmentos do vôo, separadamente:

1. Vôo cruzeiro a 1 m de altura sobre a lavoura, velocidade constante.

2. Curva coordenada a direita (45°).

3. Subir para 10 m de altura.

4. Conduzir firme, em nível e curva coordenada a esquerda (225º).

5. Descer para 1 m de altura sobre a lavoura.

6. Vôo cruzeiro (tiro) a 1m de altura sobre a lavoura, velocidade constante.

7. Repetir os passos de 1 a 6 até completar a pulverização.

2.6 Comentários finais

A revisão bibliográfica, realizada neste capitulo, permitiu a identificação e a

importância ampla do uso da tecnologia empregada em veículos aéreos não

tripulados, sistemas de controle de vôo, vôo agrícola, missão típica da aeronave

agrícola e padrões de pulverização agrícola.

Considerando que, atualmente, haja uma grande gama de aeronaves não

tripuladas, realizando diversas operações nas áreas civis e militares, este capitulo

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apresentou as aeronaves que possam ser utilizadas para o uso agrícola. Para isso,

este trabalho reuniu projetos de aeronaves que realizam atividades voltadas a vôos

agrícolas e vôos não tripulados de precisão, de forma a contribuir no

desenvolvimento deste projeto.

A conclusão a que se chega é que, apesar de ter uma variedade de

aeronaves não tripuladas, hoje, em atividade, existe uma carência na abordagem

para o uso agrícola e que, até o momento, os trabalhos que estão sendo

desenvolvidos estão em constante evolução.

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Introdução

Este capítulo apresenta os materiais e métodos que foram empregados na

construção do AgroRobot, apresentado de forma sistêmica e concisa, as

informações e técnicas que possibilitaram o desenvolvimento e a construção do

protótipo.

O projeto da plataforma aérea AgroRobot teve inicio na empresa Prince

Airmodel Ltda de Tupã / SP, com recursos do programa PIPE – Programa de

Incentivo as Pequenas Empresas da FAPESP – Fundo de Amparo à Pesquisa do

Estado de São Paulo, processo nº. 02/07889-9, sendo um projeto inovador na área

da engenharia agrícola. A aeronave AgroRobot foi desenvolvido, a partir dos dados

técnicos de uma aeronave ultra leve KR2, cuja montagem foi executada pela Prince

Air Models Ltda, empresa que já tinha experiência na construção de outros Vant’s,

para o mercado nacional, conforme mostra a Figura 23.

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Figura 23 – Vants fabricado pela Prince Air Models Ltda. O presente trabalho propõe desenvolver, a partir de uma plataforma aérea

existente, a adaptação de equipamentos (tanque, bombas, tubulações, barras, bicos

pulverizadores e sistema de autopilotagem) para pulverização aérea. Sua

concepção é multidisciplinar e abrange as áreas da engenharia aeronáutica,

engenharia agrícola, agronomia, engenharia eletrônica e engenharia da

computação, que deverão ser aplicados, de forma integrada, para atender os

objetivos propostos neste trabalho.

3.2 Metodologia para o desenvolvimento do AgroRobot

Segundo Barros et al (2007), o processo completo de desenvolvimento de

uma aeronave, desde os primeiros estudos, até a sua liberação para o vôo, pode ser

dividido na s seguintes etapas principais:

1. Especificações e Requisitos;

2. Estudos Preliminares;

3. Anteprojeto;

4. Projeto;

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5. Fabricação;

6. Ensaios no solo

7. Ensaios em vôo.

Cronologicamente, estas etapas se dispõem conforme a Figura 24.

Figura 24 – Disposição das etapas do desenvolvimento de aeronaves

Embora o desenvolvimento do projeto, a principio, se limita às quatro primeira

etapas, é comum algumas dificuldades serem identificadas durante a fabricação ou

durante os ensaios, provocando alterações no projeto.

As quatro primeiras etapas, correspondentes ao desenvolvimento do projeto

propriamente dito, serão detalhadas no presente trabalho.

3.2.1 Especificação e Requisitos

A etapa Especificação e Requisitos é subdividida em cinco subdivisões,

conforme mostra a Figura 25.

Figura 25 – Apresentação esquemática da etapa de Especificação e Requisitos.

3.2.2 Estudos Preliminares

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A etapa Estudos Preliminares é constituída pelas três subdivisões mostrada

na Figura 26, sendo que a primeira (Métodos Comparativos) e a terceira

(Delimitação do Projeto) apresentam desdobramentos indicados.

Figura 26 – Apresentação esquemática da etapa Estudos Preliminares 3.2.3 Anteprojeto

A etapa Anteprojeto, por sua vez, constitui-se das onze subdivisões

mostradas na Figura 27.

Figura 27 – Apresentação esquemática da etapa Anteprojeto.

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3.2.4 Projeto

Finalmente, a etapa Projeto é composta das sete subdivisões apresentadas

na figura 28, sendo que a subdivisão Desenhos Detalhados se desmembra

conforme indicado.

Figura 28 – Apresentação esquemática da etapa Projeto.

3.2.4.1 Filosofia de Projeto

De acordo com Barros et al (2005), como filosofias de projeto de aeronaves

destacam-se dois conceitos importantes, denominados de Solução Mínima e

Solução Livre.

O conceito de Solução Mínima, defendido por muitos projetistas

(especialmente da corrente européia), se baseia no pressuposto de que a aeronave

deve ser aquela menor e mais leve possível capaz de atender à missão para qual é

destinada.

Kovacs (1986), em seu trabalho Filosofia de Projeto, explana este conceito

dizendo que a aeronave deve ser a mais enxuta, a mais espartana possível. Ainda

no contesto da solução mínima, destaca a famosa expressão de Bill Stout,

“simplifique e adicione Leveza”, que permanece como advertência importante até

hoje. Tais princípios podem ser aplicados a aviões de qualquer porte. Segundo

Barros et al (2005), estes conceitos foram aplicados no F16 Falcon, resultando no

avião de caça mais revolucionário e mais vendido em todos os tempos. Esta filosofia

de projeto, adaptada para este trabalho, pode ser resumida em quatro tópicos:

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i) Assegurar peso baixo via solução compacta, tamanho pequeno e

simplicidade;

ii) Restringir os equipamentos ao nível da necessidade operacional;

iii) Combinar mais de uma função (sempre que possível) para o

maior numero possível de componente do avião;

iv) Adotar grupo moto-propulsor com dimensões reduzidas e com

peso especifico e consumo especifico baixos.

Em contraposição ao conceito Solução Mínima, pode-se definir o conceito de

Solução Livre. Toda a aeronave projetada sem a preocupação em atender a

qualquer dos quatros tópicos listados anteriormente está segundo o conceito

Solução Livre.

A filosofia do projeto utilizado no desenvolvimento do AgroRobot foi a da

solução mínima, garantindo baixo peso e baixo custo com performance dentro do

projetado para as missões de pulverização agrícola.

3.3 Configuração do AgroRobot

No projeto, buscou-se um avião de configuração convencional, como

mostrado na Figura 29. O AgroRobot possue fuselagem com calda de dupla

empenagem (H-Tail). O conjunto moto-propulsor está instalado na parte dianteira da

fuselagem. O trem de pouso tipo convencional, com bequilha traseira. A forma e

dimensão da fuselagem têm espaço suficiente para acomodar um grande tanque de

defensivo (hopper). A parte superior da fuselagem é removível, permitindo o fácil

acesso ao seu interior. O combustível é condicionado na parte interna das asas,

através de dois tanques construídos em material composto de fibra de vidro e resina

epóxi. As asas são fixadas à fuselagem através da longarina central e parafusos. O

trem de pouso dianteiro é fixado diretamente na fuselagem, à frente da junção das

longarinas das asas. O trem de pouso traseiro está fixado à fuselagem e é

comandado por servo-motor independente dos servo-motores que atuam nos lemes.

Foram instaladas oito superfícies de controle de vôo (dois flaps, dois ailerons, dois

profundores e dois lemes).

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Figura 29 – Veículo Aéreo Não Tripulado AgroRobot Fonte: Prince Airmodel Ltda 3.3.1 Motor e Hélice

O sistema de propulsão do AgroRobot consiste basicamente de um motor

Simonini Mini 3, representado na Figura 30, de ciclo Otto de dois tempos,

monocilíndrico, refrigerado a ar, com sistema de redução de velocidade por polias e

correias em V, gerador de eletricidade 24Vcc, motor de partida incorporado e

potencia nominal de 33 Hp. O gráfico, representado pela Figura 31, demonstra as

curvas de potencia e torque disponível do motor Mini 3.

Figura 30 – Vistas do motor Mini 3 Fonte: Simonini Flying S.R.L.

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Figura 31 – Curva de Potencia e Torque do motor Mini 3 Fonte: Simonini Flying S.R.L.

A hélice utilizada, é fabricada pelo fabricante do motor, Simonini Flying S.R.L,

com duas laminas (bipá), fabricado em madeira e raio de 65 cm.

3.3.2 Asa

Tendo em vista a missão a ser desempenhada pelo AgroRobot, que carregar

uma grande carga, nos requisitos de pouso e decolagem e ter que realizar manobras

típicas da aviação agrícola convencional, a confecção da asa do AgroRobot foi

otimizada com a escolha do perfil RAF 48, mostrado na Figura 32, que tem um bom

coeficiente de sustentação e um baixo coeficiente de arrasto para os ângulos de

ataques previstos.

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Figura 32 – Aerofólio RAF 48 Fonte: www.mh-aerotools.de/airfoils/javafoil.htm

Neste projeto está previsto uma distancia de pouso e decolagem pequena,

desta forma um perfil que tenha um alto CLmax, irá causar um aumento no arrasto e

consequentemente seria necessário de um grupo moto propulsor de maior potencia.

Para evitar este inconveniente, foi dimensionado flaps para aumentar a sustentação

em baixa velocidade, conciliando desta forma as necessidades de um CLmax alto para

pouso e decolagem e um arrasto baixo para a velocidade de cruzeiro e de

pulverização. Alem de avaliar o CLmax do perfil utilizado, verificamos também o

comportamento da curva CLxa a fim de analisar o comportamento de vôo próximo ao

estol. A Figura 28 mostra um gráfico com as características do perfil RAF 48.

Com o propósito de simplificar a construção da asa da aeronave, foi escolhido

o mesmo perfil na ponta e na raiz, atendendo os critérios de estol suave para a

aeronave, o que foi possível, pois o formato da asa do AgroRobot é do tipo

retangular, conforme a Figura 33.

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Figura 33 – Polares do aerofólio RAF 48 Fonte: www.mh-aerotools.de/airfoils/javafoil.htm

Figura 34 – Vista superior do AgroRobot

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Os ângulos de incidência da asa e o angulo de washout do AgroRobot, são

mostrados na Figura 35.

Figura 35 – Ângulos de incidência e washout

3.3.2.1 Estrutura da Asa

A distribuição de sustentação na asa do AgroRobot foi calculada com base no

método de Stender que considera a distribuição de cargas ao longo da envergadura

proporcional às áreas de uma asa imaginaria na qual as cordas são a media

geométrica das cordas reais e de uma asa elíptica da mesma área e envergadura.

Com a sustentação determinada, considerando o peso da aeronave em condição de

operação, foi determinadas as cargas que atuaram na asa e a sua distribuição na

longarina central, a qual tem a função primaria de suporte estrutural e a função

secundaria de passagem e suporte da tubulação de tubos dos sistema de

pulverização e suporte dos equipamentos externos de pulverização, conforme

mostrado na Figura 36.

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Figura 36 – Vista lateral do AgroRobot A asa do AgroRobot foi fabricada em duas cascas de composto de fibra de

vidro e resina epóxi, com sanduíche de material em poliuretano expandido (honey

comb), fabricada no sistema de “ vacuum bag”, uma para o extradorso e a outra para

o intradorso. A longarina central foi fabricada em composto de fibra de carbono e

resina epóxi, com seção retangular e espessura das paredes internas variável.

3.3.3 Cauda e Empenagens

A cauda é uma extensão da fuselagem, sendo composta de duas partes,

divididas verticalmente, simétricas, de composto de fibra de vidro e resina epóxi,

com sanduíche de material em poliuretano expandido (honey comb), fabricada no

sistema de vacuum bag, garantindo um baixo peso e uma boa rigidez, como é

desejado em todo projeto aeronáutico.

O projeto conceitual da empenagem vertical foi baseado na estabilização

latero-direcionalmente do AgroRobot e no posicionamento fora da zona de

turbulência provocada pela hélice, não sendo importante na contribuição de

sustentação da aeronave. Optou-se pela dupla empenagem vertical (H-Tail),

posicionadas na extremidade da empenagem horizontal, conforme mostrado na

Figura 29. O perfil utilizado foi o NACA 0006, simétrico, por apresentar baixo

coeficiente de arrasto. O dimensionamento da empenagem vertical foi determinado

através do equilíbrio das forças em relação ao CG da aeronave, nas condições

criticas do vôo agrícola, que foram analisadas:

? Vôo a baixa altura e a velocidade próxima do estol;

? Rotação após os tiros;

? Pouso e decolagem curtos, com obstáculos.

3.3.4 Fuselagem

A fuselagem foi projetada e construída dentro das seguintes características:

? Resistir aos esforços;

? Acomodar os sistemas;

? Ser aerodinâmica;

? Ser leve.

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A fuselagem foi fabricada em duas partes simétricas, divididas verticalmente,

de composto de fibra de vidro e resina epóxi, com sanduíche de material em

poliuretano expandido, fabricada no sistema de “ vacuum bag”.

3.3.5 Trem de Pouso

O modelo de trem de pouso foi determinado pelas diversas situações de

terrenos que são encontrados em campo. Em razão disso, optou-se pelo sistema

convencional, mais robusto que o sistema triciclo. Outro fator, de menor importância

na escolha do trem de pouso, é a condição aerodinâmica durante o vôo, em que o

modelo convencional produz menor arrasto que o triciclo. As estruturas de suporte

das rodas, foram feitas de composto de resina epóxi e fibra de carbono, injetados

em moldes, sobre pressão.

3.3.6 Definição dos Materiais Utilizados

As partes que integraram o protótipo do AgroRobot foram fabricados de forma

profissional, dentro da oficina da Prince Airmodel Ltda. Foram empregados diversos

materiais, sendo que para isso, o AgroRobot foi dividido em quatro componentes

principais (asa, fuselagem, trem de pouso e empenagem), com seus respectivos

materiais. A Figura 37 apresenta os materiais utilizados em cada componente

fabricado.

Figura 37 – Definição de materiais utilizados no AgroRobot

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Após a fabricação dos componentes e a aquisição de peças e conjuntos

mecânicos e eletrônicos, foi realizada a montagem principal do AgroRobot, que

consiste em asas, fuselagem, empenagem, trem de pouso, com os seus respectivos

acessórios. A dimensão final da aeronave, assim como a especificações dos

materiais a serem inseridos no mesmo, esta descrita no Quadro 2.

Descrição Dimensão Envergadura 6000 mm Comprimento longitudinal 4050 mm Altura 940 mm Peso vazio 37 Kg Peso máximo 137 Kg Motor Marca / modelo Simonini Mini3 Rpm 7500 RPM Diâmetro x passo da hélice 51 1/4 x 8 Volume 270 cm³ Desempenho Autonomia de vôo 1:00h Teto limite 200 m Teto operacional 10 m Combustível Mistura Gasolina + Óleo lubrificante Volume de combustível 3000 ml Material de controle Rádio controle Futaba 8 c. PCM Material de operação GPS Micropilot 2028g Vídeo Link Para 1000 m de alcance

Quadro 2 – Especificações técnicas do AgroRobot

3.3.7 Resultados

Este item ressalta os resultados alcançados ao longo do trabalho. O uso de

uma metodologia para o desenvolvimento do protótipo do AgroRobot, é um dos

principais resultados obtidos. O conhecimento adquirido no decorrer do processo

permitiu uma discussão sobre os aspectos pertinentes no desempenho do protótipo.

No projeto, as características de vôo foram formadas em função dos

requisitos de projeto, em conformidade com a missão típica da aeronave agrícola, os

padrões do vôo agrícola e a carga paga.

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Foram realizada uma serie de vôos, inicialmente radio controlados, simulando

a missão típica da aeronave agrícola, com alteração gradativa da carga paga, para

avaliação do desempenho da aeronave.

Os resultados foram satisfatórios, atingindo todos os objetivos de projeto, não

havendo a necessidade de modificações e alterações no protótipo. As velocidades

de cruzeiro e estol, a distancia de pouso e decolagem, estabilidade de vôo e

estabilidade lateral foram checadas e avaliadas com os dados teóricos do projeto.

A duração da aplicação da metodologia foi aproximadamente dois meses e a

execução do protótipo levou em torno de quatro meses. Os recursos financeiros

foram provenientes da FAPESP e a mão de obra especializada fornecida pela Prince

Airmodel Ltda.

3.3.8 Considerações Finais

Neste capitulo foram expostas, de forma resumida, a metodologia utilizada no

desenvolvimento do projeto, a filosofia de projeto adotado, as características

técnicas do protótipo e as características dos materiais empregados na sua

construção.

Foram também expostos, os resultados dos vôos e a manobrabilidade do

protótipo nas execuções de vôos agrícolas simulados, carregando a carga paga de

100 Kg, sendo o protótipo considerado pronto para a instalação de equipamentos de

pulverização agrícola.

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4 SISTEMA DE PULVERIZAÇÃO

De acordo com Zica et al. (2005), a aplicação aérea de baixo volume (UBV),

tipicamente 5 a 15 litros por hectare com atomizadores rotativos, não é novidade no

Brasil, porem os recentes desenvolvimentos mostra um renovado interesse nesta

tecnologia. Baixos volumes proporcionam aos operadores melhoria na produtividade

e redução de custos operacionais, principalmente pela limitada carga volumétrica de

100 litros do AgroRobot. Por mais de três décadas os atomizadores rotativos tem

sido usados através do país em uma ampla gama de culturas, tais como soja, milho,

cana de açúcar, algodão, feijão, arroz, trigo e banana. Os produtos aplicados têm

sido usualmente inseticidas, fungicidas, reguladores de crescimento e alguns

fertilizantes foliares, sempre onde o desempenho biológico do sistema com seu

controle do diâmetro de gota é frequentemente superior aos sistemas convencionais

de aplicação em altos volumes com bicos hidráulicos.

4.1 Atomizadores Rotativos

De acordo com Schroder (2005), A utilização de atomizadores de alta rotação,

na aviação agrícola e em aplicações de baixo volume oleoso (BVO), tem se

mostrado eficiente na pulverização de agroquímicos, proporcionando maior

penetração de gotas no dossel foliar das culturas. Mais de cinco mil rotações por

minuto é a velocidade de giro dos atomizadores rotativos empregados pela aviação

agrícola, para gerar espectros de gotas uniformes e com baixos volumes de calda

por hectare pulverizado.

O sistema BVO, com atomizadores rotativos de discos, mostrou-se mais

eficiente para pulverização de agroquímicos que necessitem atingir culturas no porte

de 70 cm de altura. O sistema BVO proporciona aplicações mais produtivas, devido

a redução do volume de calda e ao aumento da largura de faixa, o que se reflete na

redução do custo da aplicação.

No mercado brasileiro, existem disponível dois fornecedores de equipamentos

que podem ser utilizados em nosso projeto, para aplicação aérea de baixo volume e

aplicações aéreas de baixo volume oleoso.

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4.1.1 Micronair

O atomizador Micronair AU5000 LD, desenvolvido pela Bromyard Industrial

Estate – Inglaterra, é o ultimo desenvolvimento na tecnologia de atomizadores

rotativos, projetado para minimizara deriva em pulverizações. Consiste de um

conjunto de discos plásticos moldados com precisão, com bordas serrilhadas que

permite a produção controlada de gotas, conforme Figura 38. O diâmetro dos discos

é de apenas 65mm, reduzindo a velocidade tangencial na borda do disco, quando

comparada com a tela metálica padrão do AU5000 LD. Isto, juntamente com um

defletor de ar acoplado ao conjunto de discos, evita a quebra secundaria das gotas,

pois elas não são jogadas diretamente na corrente de ar de alta velocidade,

reduzindo assim a fração de gotas finas e a conseqüente e indesejada deriva para

fora do alvo. O AU5000 LD é intercambiável com tela metálica padrão mediante

simples remoção de três parafusos. É capaz de produzir gotas na faixa de 80 µm em

diâmetro DMV (Diâmetro Médio Volumétrico) até 400 µm DMV, dependendo da

necessidade da aplicação, simplesmente modificando o angula das três pás de cada

atomizador, o que faz que a velocidade de rotação varie.

Figura 38 – Corte do atomizador AU5000 LD Fonte: Agrotec Tecnologia Agrícola e Industrial Ltda

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Os kits de instalação do AU5000 LD são fornecidos completos pelo fabricante

Micronair, representado no Brasil pela Agrotec Tecnologia Agrícola e Industrial Ltda,

Pelotas – RS, com todos os acessórios, inclusive suportes de fixação, restritores

variáveis, válvulas automáticas com diafragmas para vedação imediata e mais todas

as mangueiras, conexões, abraçadeiras e outros componentes, conforme a Figura

36. Para adaptação no AgroRobot, seria necessário a fabricação de suporte em

material composto de fibra de vidro e resina epóxi, para ser fixado sobre a longarina

da asa, posicionando-os conforme desenhado na Figura 39.

Figura 39 – Montagem do atomizador AU5000 LD Fonte: Agrotec Tecnologia Agrícola e Industrial Ltda

As especificações técnicas do atomizador AU5000 LD, são:

? Peso: 1,8 kg, completo com suportes para montagem;

? Vazão: 0 – 23 litros/min, por atomizador;

? Controle de vazão: através da unidade de restrição variável;

? Vedação do produto: por válvula de diafragma e válvula interna de

segurança;

? Velocidade de vôo: 80 -160 Km/h, com pás EX2021;

? Velocidade de rotação: 1.500 a 10.000 RPM;

? Diâmetro da gota - DMV: variável entre 80 a 250 µm.

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4.1.2 Centro Brasileiro de Bioaeronáutica

O Centro Brasileiro de Bioaeronáutica desenvolveu o atomizador rotativo de

disco para uso em aeronaves agrícolas, denominado TA 88C-6, conforme Figura 40.

Esse aparelho possue hélice de cinco pás, seis discos e incorpora suporte e

aerofólio. O passo da hélice é ajustável, possibilitando a variação da rotação do

atomizador, variando assim o diâmetro médio volumétrico (DMV) das gotas através

da variação da rotação. Os componentes principais são: atomizador rotativo; válvula

de fecho rápido; suporte; mangueiras, abraçadeiras e acessórios.

Figura 40 – Turboaero TA-88C-6 Fonte: Centro Brasileiro de Bioaeronáutica

As especificações técnicas do atomizador TA-88C-6, são:

? Peso: 1,0 kg, completo com suportes para montagem;

? Vazão: 0 – 14 litros/min, por atomizador;

? Controle de vazão: através da unidade de restrição variável;

? Vedação do produto: por válvula de diafragma

? Velocidade de vôo: 90 -140 m/h;

? Velocidade de rotação: 4.000 a 10.000 RPM;

? Diâmetro da gota - DMV: variável entre 80 a 200 µm.

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Devido a faixa de velocidade de operação do AgroRobot, em torno de 100 a

130 Km/h, o atomizador mais indicado para ser instalado seria o AU5000 LD, pois

instalado com pás modelo EX2021 é indicado para a faixa de velocidade de vôo de

80 -160 Km/h. A quantidade utilizada inicialmente seria de dois atomizadores, para

teste em campo e avaliações de deposição.

4.2 Componentes do Sistema de Pulverização

O sistema de pulverização proposto para o AgroRobot consiste em um tanque

de calda, uma bomba de pressurização, uma turbina (medidor de vazão), uma

válvula elétrica e uma caixa de controle, que é conectada ao DGPS do Autopiloto.

Figura 41. Através da estação de terra do sistema de autopilotagem, onde são

inseridos os dados da área de pulverização, velocidade de vôo, largura de faixa e

taxa de aplicação. A turbina (medidor de vazão) informa para o sistema a vazão real,

o qual gerencia, através da válvula elétrica, p ajuste de vazão real para que

aproxime da vazão teórica.

Figura 41 – Componentes do sistema de pulverização Fonte: Agrotec Tecnologia Agrícola e Industrial Ltda

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5 CONCLUSÔES

Este capitulo são mostrados as conclusões sobre o assunto abordado neste

trabalho, analisando o desenvolvimento do protótipo e o seu desenvolvimento para

aplicação em pulverização aérea. Com embasamento nos resultados obtidos nesta

monografia, serão apresentadas as principais conclusões e sugestões para

trabalhos futuros.

O protótipo apresentou resultados satisfatórios para as situações requeridas

no projeto, para decolagem e pouso, conforme mostrado no Vídeo 1. Em vôo, o

protótipo demonstrou excelente desempenho, realizando curvas de retorno (180º),

com grande inclinação de asa, totalmente coordenada, estabilidade direcional em

vôo de baixa altitude e apresentou também, grande eficiência da empenagem. A

fuselagem apresentou grande rigidez estrutural e as asas suportaram os esforços

solicitantes devido à manobras típicas do vôo agrícola, com 100 Kg de carga paga.

Concluiu-se que o AgroRobot é uma plataforma voadora, de grande

capacidade de carga e com manobrabilidade suficiente para realizar vôos agrícolas.

A rigidez estrutural da longarina da asa, construída em material composto de

fibra de carbono e resina epóxi, é suficiente para a instalação dos suportes dos

atomizadores rotativos, sem provocar deformação rotacional e dimensional da asa.

O aumento de arrasto provocado pelos atomizadores serão absorvidos pela

reserva de potencia que motor Simonini Mini 3 possui.

Por fim, os objetivos propostos nesta monografia foram atingidos,

demonstrando a possibilidade de forma pratica de construir um veiculo aéreo não

tripulado, para pulverização agrícola, aumentando assim as ferramentas para a

agricultura.

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ANEXOS

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ANEXO I Pedido de Patente de Invenção

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ANEXO II Termo de Outorga - FAPESP

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ANEXO III Reportagem: Jornal O Diário de 15/10/2003

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