universidade federal de ouro preto - 04 de julho de 2013‡Ão...fotografia da cabine de pintura...

110
Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação e Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental Mestrado em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental João Filomeno Pedro ELABORAÇÃO DE LIGANTE PARA AREIA DE MACHARIA A PARTIR DE RESÍDUO DE TINTA EM PÓ, ORIUNDO DO PROCESSO DE PINTURA ELETROSTÁTICA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título: “Mestre em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental Área de Concentração: Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental”. Orientador: Prof. Dr. Cornélio de Freitas Ouro Preto, MG 2013

Upload: others

Post on 03-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

Universidade Federal de Ouro Preto

Programa de Pós-Graduação e

Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental

Mestrado em Sustentabilidade Socioeconômica e

Ambiental

João Filomeno Pedro

ELABORAÇÃO DE LIGANTE PARA AREIA DE MACHARIA A PARTIR DE RESÍDUO DE TINTA EM PÓ, ORIUNDO DO PROCESSO DE PINTURA ELETROSTÁTICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título: “Mestre em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental – Área de Concentração: Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental”.

Orientador: Prof. Dr. Cornélio de Freitas

Ouro Preto, MG

2013

Page 2: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

ii

Catalogação: [email protected]

P372e Pedro, João Filomeno.

Elaboração de ligante para areia de macharia a partir de resíduo de tinta em pó, oriundo do processo de pintura eletrostática [manuscrito] / João Filomeno Pedro – 2013.

xv, 94f. : il. color.; graf.; tab. Orientador: Prof. Dr. Cornélio de Freitas Carvalho. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto

de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas e Pós-graduação em Recursos Hídricos. Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental.. Área de concentração: Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental.

1. Fundição - Resina - Ligante - Teses. 2. Fundição - Areia de mancharia - Teses. 3. Pintura eletrostática - Teses. I. Carvalho, Cornélio de Freitas.

Page 3: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

iii

Page 4: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por sempre mostrar que é possível realizar coisas boas e grandes.

À minha família que sempre me apoiou em todos os momentos, todos mesmos. Família

é assim, uma magia boa nos momentos certos e incertos.

Aos meus amigos que, cada um à sua maneira, ajudou a entender a importância de ser

um conjunto para lidar com as coisas que precisam ser tratadas dessa forma.

Ao professor orientador Dr. Cornélio pela inteligência, paciência e entendimento do

como lapidar, deixar em ponto para trilhar com segurança, qualidade, respeitando as

questões ambientais.

À Júlia Condé pela dedicação e importância que deu a esse projeto.

Aos colegas e professores do curso de mestrado que, contribuíram de forma

significativa, para que esse trabalho atingisse esse objetivo. Em especial, a um trio que

ficou composto por quatro.

Ao Diretor superintendente da Metform José Eugênio pela compreensão e incentivo.

Aos meus amigos da Metform pelo apoio, desde o início.

Aos amigos Alessandra Tambelli, Christian Hainfellner e Edson Capassi (Akzo Nobel),

Enéas Lopes, Valdomiro Rampini (Flex Tintas), Julio Correa (Epristintas), Henry

Cantarino (Isocoat) e Paulo César Camilo (Hi-Tec) pela dedicação em ajudar.

Aos amigos Fernando Godinho, e Fabiano Godinho que com sua equipe abriu as portas

da Nemak para iniciarmos os primeiros testes.

Aos recentes amigos da Cidade de Cláudio, Osvaldo batista, o Formigão (Indústria

Molding de Macharia), Claudinei, o Nei (Fundição São Miguel), também Ivaldir e

Emílio Augusto (Senai) que, simplesmente doaram uma grande parte de tempo e espaço

para me eu aprendesse como funciona o processo de produção de machos para a

fundição.

À grandiosa Universidade de Ouro Preto por acreditar que vale a pena fazer parcerias e

investir também em projetos ambientais.

Page 5: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

v

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... ix

LISTA DE TABELAS.............................................................................................. xii

LISTA DE TABELAS.............................................................................................. xii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS. ...................................... xiii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS. ...................................... xiii

RESUMO ................................................................................................................ xiv

ABSTRACT ..............................................................................................................xv

CAPÍTULO 1 ............................................................................................................. 1

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1. OBJETIVO ........................................................................................................... 4

1.2. OBJETIVO ESPECÍFICO ..................................................................................... 4

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................. 5

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 5

2.1. OS TIPOS DE TINTAS EM PÓ UTILIZADOS NOS PROCESSOS DE

APLICAÇÕES DE PINTURA ELETROSTÁTICA ..................................................... 8

2.2. CARACTERÍSTICAS DE CONTROLES PARA APLICAÇÃO DA TINTA EM

PÓ ............................................................................................................................... 9

2.2.1. Rendimento da Tinta .......................................................................................... 9

2.2.2. Distribuição Granulométrica ..............................................................................10

2.3. O PROCESSO DE APLICAÇÃO DA TINTA EM PÓ .........................................11

2.4. CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE PINTURA ELETROSTÁTICA ...12

2.4.1. Segmentos de Pinturas .......................................................................................12

2.4.2. Processo Automatizado de Pintura .....................................................................13

2.4.3. Processo Manual de Pintura ...............................................................................17

2.5. A DESTINAÇÃO DO RESÍDUO DE TINTA......................................................21

2.6. O PROCESSO DE FUNDIÇÃO ..........................................................................22

Page 6: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

vi

2.7. O PROCESSO DE MACHARIA .........................................................................24

CAPÍTULO 3 ............................................................................................................27

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................27

3.1. CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE TINTA EM PÓ ..................................27

3.1.1. Classificação do resíduo de acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 2004). .............27

3.1.2. Análise termogravimétrica (TG) do resíduo da tinta em pó. ...............................27

3.2. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DA AREIA, DA TINTA EM PÓ PARA

PINTURA ELETROSTÁTICA E DO RESÍDUO DA TINTA PELO MÉTODO DE

PENEIRAMENTO. ....................................................................................................28

3.3. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA A LASER DA TINTA EM PÓ, DO RESÍDUO

DA TINTA E DO RESÍDUO TRITURADO DESSA TINTA .....................................29

3.4. TESTES DE SOLUBILIDADE ............................................................................30

3.5. TESTES DE PRENSAGEM.................................................................................30

3.6. PRIMEIRA ETAPA - FABRICAÇÃO DOS MACHOS EM LABORATÓRIO

PARA PROCESSO DE FUNDIÇÃO ..........................................................................31

3.7. SEGUNDA ETAPA - TESTES PARA SE PRODUZIR OS MACHOS NA

INDÚSTRIA DE MACHARIA - CIDADE DE CLÁUDIO.........................................34

3.7.1. Primeiro teste - Mistura entre areia e resíduo de tinta em pó (10% sobre a areia)35

3.7.2. Segundo teste - Mistura entre areia e resíduo de tinta em pó (5% sobre a areia) .36

3.7.2. Terceiro teste - Mistura entre areia, resíduo de tinta em pó (5% sobre a areia) e

adição de água.............................................................................................................36

3.8. TERCEIRA ETAPA - TESTES PARA SE PRODUZIR OS MACHOS NA

OFICINA - CIDADE DE BETIM ...............................................................................36

3.8.1. Primeiro teste - Mistura entre areia, resíduo de tinta em pó (1,0% sobre a areia) e

adição de água.............................................................................................................36

3.8.2. Segundo teste - Mistura entre areia, resíduo de tinta em pó (0,5% sobre a areia) e

adição de água.............................................................................................................37

Page 7: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

vii

3.9. QUARTA ETAPA - TESTES PARA SE PRODUZIR OS MACHOS NA

INDÚSTRIA DE MACHARIA - CIDADE DE CLÁUDIO.........................................37

3.9.1. Primeiro teste entre areia, resíduo de tinta em pó (1,0% sobre a areia) e adição de

água. ...........................................................................................................................37

3.9.2. Segundo teste entre areia, resíduo de tinta em pó (0,5% sobre a areia) e adição de

água. ...........................................................................................................................37

3.10. TESTE COM OS MACHOS NA INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO .......................38

CAPÍTULO 4 ............................................................................................................48

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .........................................................................48

4.1. CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE TINTA ...............................................48

4.1.1. Classificação do resíduo de acordo com a NBR 10.004 .....................................48

4.1.2. TG (análise termogravimétrica) do resíduo da tinta em pó .................................48

4.2. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DA AREIA, DA TINTA EM PÓ PARA

PINTURA ELETROSTÁTICA E DO RESÍDUO DE TINTA PELO MÉTODO DE

PENEIRAMENTO .....................................................................................................49

4.3. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA A LASER DA TINTA EM PÓ, DO RESÍDUO

DA TINTA E DO RESÍDUO TRITURADO DESSA TINTA .....................................53

4.4. TESTES DE SOLUBILIDADE ............................................................................56

4.5. TESTES DE PRENSAGEM.................................................................................57

4.6. PRIMEIRA ETAPA - FABRICAÇÃO DOS MACHOS EM LABORATÓRIO

PARA PROCESSO DE FUNDIÇÃO ..........................................................................58

4.7. SEGUNDA ETAPA (TESTES NA FÁBRICA DE MACHOS – CIDADE DE

CLÁUDIO). ................................................................................................................60

4.7.1. Primeiro Teste entre Areia e Resíduo de Tinta em pó (10% sobre a areia) .........60

4.7.2. Segundo Teste entre Areia e Resíduo de Tinta em Pó (5% sobre a areia). ..........61

4.7.3. Terceiro Teste entre Areia, Resíduo de Tinta em Pó (5% sobre a areia) e Adição

de Água. .....................................................................................................................62

4.8 TERCEIRA ETAPA (TESTES NA OFICINA - CIDADE DE BETIM) ................63

Page 8: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

viii

4.8.1. Primeiro Teste entre Areia, Resíduo de Tinta em Pó (0,5% e 1,0% sobre a areia) e

Adição de Água. .........................................................................................................63

4.9 QUARTA ETAPA (TESTES NA FÁBRICA DE MACHOS – CIDADE DE

CLÁUDIO) .................................................................................................................65

4.9.1. Primeiro e Segundo Testes entre Areia, Resíduo de Tinta em Pó (0,5 e 1,0% sobre

a areia) e Adição de Água. ..........................................................................................65

4.9.2. Teste com os machos na Indústria de Fundição ..................................................66

CAPÍTULO 5 ............................................................................................................69

5. COMPARAÇÃO DE CUSTOS ENTRE OS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO

DOS MACHOS COM AREIA SHELL MAR 6 (3% DE RESINA FENÓLICA) E

AREIA COM RESÍDUO DE TINTA EM PÓ. ........................................................69

5.1. GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE PINTURA .........................................69

5.1.1. Custo Comparativo dos Processos para a Produção de machos. .........................70

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................77

6.1. CONCLUSÕES ...................................................................................................77

6.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................77

7. REFERÊNCIAS ....................................................................................................78

ANEXOS ...................................................................................................................82

ANEXO A - Relatório de classificação do resíduo de tinta em pó conforme ABNT

NBR 10004:2004 ........................................................................................................82

ANEXO B - Empreendedores que utilizam a tinta em pó nos processos eletrostáticos 91

ANEXO C - Relatório de análises calorimétricas do resíduo de tinta em pó. ...............95

Page 9: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1.: Esquema para pintura em leito fluidizado (SILVA, 2009). ....................... 6

Figura 2.2.: Esquema para pintura em leito fluidizado eletrostático (EPRISTINTAS/

SILVA, 2009). ............................................................................................................. 6

Figura 2.3.: Esquema de pintura pelo processo de pulverização eletrostática pelo efeito

Corona (SILVA, 2009)................................................................................................. 7

Figura 2.4.: Esquema de pintura pelo efeito Tribo (SILVA, 2009). ............................. 8

Figura 2.5.: Estratificação típica dos elementos da tinta em pó (SILVA, 2009). .......... 9

Figura 2.6.: Relação entre o tamanho das partículas e a espessura do revestimento

orgânico (AKZO NOBEL, 1999). ...............................................................................10

Figura 2.7.: Fluxograma de um processo típico de pintura eletrostática a pó, destacando

as caixas coloridas como etapas potenciais que geram os resíduos de tinta em pó. .......12

Figura 2.8.: Fotografia de um conjunto de pistolas de pintura operadas por robôs, na

aplicação da tinta dispostas em cabine de pintura automatizada (processo otimizado)

(Acervo do autor). .......................................................................................................13

Figura 2.9.: Fotografia das aberturas na cabine de pintura para captação do pó fino

flutuante com destino ao ciclone para a filtragem e separação. (Acervo do autor). .......15

Figura 2.10.: Esquema de um processo de pintura com recuperação da tinta e separação

do resíduo através de um modelo de ciclone (AKZO NOBEL, 1999). .........................16

Figura 2.11.: Fotografia da visão panorâmica externa de um sistema de captação e

separação do pó de tinta (Ciclone). (Acervo do autor). ................................................16

Figura 2.12.: Fotografia da vista panorâmica de um processo de pintura sendo operado

de forma manual. (Acervo do autor). ...........................................................................17

Figura 2.13.: Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão

conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros de mangas. (Acervo do autor). ..18

Figura 2.14.: Fotografia do Sistema de coleta de pó de tinta equipado com filtros de

mangas e balde coletor. (Acervo do autor)...................................................................19

Figura 2.15.: Fluxograma da interação entre os processos de fundição, o preparo da

Caixa de Moldação e Macharia. (Acervo do autor). ....................................................... i

Page 10: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

x

Figura 3.1.: Fotografia da anilha de ferro fundido contendo o furo moldado pelo macho

já com a barra de sustentação introduzida. (Acervo do autor). .....................................35

Figura 3.2.: Fotografia de uma visão ampla do misturador de areia de moldação

(Acervo do autor). .......................................................................................................39

Figura 3.3.: Visão interna do misturador detalhando as mós que homogeneízam os

componentes da mistura para obtenção da areia de moldação. (Acervo do autor).........40

Figura 3.4.: Fotografia da parte inferior da caixa de moldação instalada no piso, em

ponto para receber o molde padrão dos cadeados. (Acervo do autor). ..........................40

Figura 3.5.: Fotografia da parte superior caixa de moldação instalada sobre a parte

inferior contendo o molde dos seis cadeados, pronta para receber a areia de moldação.

(Acervo do autor). .......................................................................................................41

Figura 3.6.: Fotografia do operador de fundição completando a caixa de moldação com

a “areia verde”, instalando o canal para o vazamento do metal fundido, através de uma

peça ............................................................................................................................42

Figura 3.7.: Fotografia do operador de fundição abrindo a caixa de moldação para

retirar o molde padrão dos cadeados e inspecionar o acabamento. (Acervo do autor). ..42

Figura 3.8.: Fotografia da instalação dos machos com concentração de 0,5% na parte

superior da caixa de moldação e 1,0% na parte inferior. (Acervo do autor). .................43

Figura 3.9.: Fotografia da caixa de moldagem fechada e pronta para receber o ferro

fundido. (Acervo do autor). .........................................................................................44

Figura 3.10.: Fotografia dos operadores de fundição fazendo as últimas inspeções no

ferro fundido para executarem o processo de fundição. (Acervo do autor). ..................44

Figura 3.11.: Fotografia do instante em que o metal líquido é derramado através do

canal de vazamento para fabricar os cadeados. (Acervo do autor). ...............................45

Figura 3.12.: Fotografia da caixa de moldação preenchida com o ferro fundido

aguardando o seu esfriamento e estabilidade para a retirada dos cadeados fabricados.

(Acervo do autor). .......................................................................................................46

Figura 3.13.: Fotografia do início de desmontagem da caixa de moldação. (Acervo do

autor). .........................................................................................................................46

Page 11: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

xi

Figura 3.14.: Fotografia da desmontagem da caixa de moldação, e retirada dos

cadeados (Acervo do autor). ........................................................................................47

Figura 3.15.: Fotografia da vista detalhada da cavidade proporcionada pela inserção do

macho na caixa de moldação. (Acervo do autor). ........................................................47

Figura 4.1.: Gráfico demonstrativo da perda de massa do resíduo de tinta em função do

aumento de temperatura. .............................................................................................48

Figura 4.2.: Gráficos dos testes de análise granulométrica a laser da tinta em pó virgem

...................................................................................................................................54

Figura 4.3.: Gráficos dos testes de análise granulométrica a laser dos resíduos de tinta

virgem (A e B) e do resíduo (A e B) triturado..............................................................55

Figura 4.4.: Fotografia da bancada contendo o ferramental e os resíduos da mistura

utilizada na tentativa de se produzir os machos. (Acervo do autor). .............................60

Figura 4.5.: Fotografia da visão panorâmica da bancada contendo o ferramental aberto

com dois machos a serem extraídos em uma de suas partes e um macho já extraído.

(Acervo do autor). .......................................................................................................61

Figura 4.6.: Fotografia de dois machos produzidos a partir da concentração de resíduos

a 5% (aparência heterogênea - areia e o resíduo de tinta em pó). (Acervo do autor). ....62

Figura 4.7.: Fotografia da extração dos machos que se apresentaram com alta

resistência mecânica, (quebrado com um martelo) o que poderia comprometer a

colapsibilidade na fundição. (Acervo do autor). ...........................................................63

Figura 4.8.: Fotografia de um exemplar de macho com concentração de 1,0% (utilizado

na fabricação de anilhas, para exercícios de musculação). (Acervo do autor). ..............64

Figura 4.9.: Descrição do fluxo de um processo de macharia. (Acervo do autor). .......65

Figura 4.10.: Fotografia dos machos produzidos com concentrações de 0,5 e 1,0%

(destinados à fundição de cadeados para portas de enrolar). (Acervo do autor). ...........66

Figura 4.11.: Fotografia de uma porção de areia livre dos ligantes do resíduo da tinta

em pó, disposta no piso, que saíram dos cadeados. (Acervo do autor). .........................67

Page 12: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1.: Faixa de granulometria com areia de macharia com duração de 15 minutos

no peneirador. .............................................................................................................49

Tabela 4.2.: Faixa de granulometria com areia de macharia com duração de 15 minutos

no peneirador. .............................................................................................................50

Tabela 4.3.: Peneiramentos com 10,00g de tinta em pó com duração de 5 minutos no

agitador. ......................................................................................................................52

Tabela 4.4.: Peneiramentos com 10,00g de resíduo de tinta com duração de 5 minutos

no agitador. .................................................................................................................53

Tabela 5.1.: Opção de se realizar o transporte da “areia Shell” em caminhão truck com

capacidade de 14 toneladas. ........................................................................................71

Tabela 5.2.: Opção de se realizar o transporte da mistura da areia com resina em

caminhão truck com capacidade de 26 toneladas. ........................................................71

Tabela 5.3.: Opção de se adquirir 14 toneladas da areia em São Paulo, o resíduo de tinta

(70kg) em Betim e realizar a mistura na cidade de Cláudio. ........................................72

Tabela 5.4.: Opção de se adquirir 26 toneladas da areia em São Paulo, o resíduo de tinta

(130kg) em Betim e realizar a mistura na cidade de Cláudio........................................73

Tabela 5.5.: Opção de se adquirir 14 toneladas da areia em São Paulo, o resíduo de tinta

(140kg) em Betim e realizar a mistura na cidade de Cláudio........................................73

Tabela 5.6.: Opção de se adquirir 26 toneladas da areia em São Paulo, o resíduo de tinta

(260kg) em Betim e realizar a mistura na cidade de Cláudio........................................74

Page 13: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS.

ABIFA – Associação Brasileira das Indústrias de Fundição;

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;

AFS – American Foundry Society;

CEMP – Comissão de estudos de matérias-primas;

CERH – Conselho Estadual de Recursos Hídricos;

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente;

COPAM – Conselho Estadual de Política Ambiental;

EPI – Equipamento de proteção individual;

GLP – Gás liquefeito de petróleo;

MG – Minas Gerais;

NBR – Normas Brasileiras Regulamentadoras;

ISO – Internacional Standardization Organization;

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial;

PE – Peso específico, fornecido pelo fabricante (g/cm3);

PCI – Poder calorífico inferior;

Q.S.P. – Quantidade suficiente para.

Page 14: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

xiv

RESUMO

Os ligantes mais utilizados pelas empresas que produzem os machos para os processos

de fundições são, em sua maioria, à base de resina fenólica. Esse tipo de resina

proporciona a qualidade exigida nas peças produzidas, porém, custa um preço

significativo em relação à qualidade no sistema produtivo, às questões de segurança do

trabalho e também causa um impacto negativo ao meio ambiente.

Com intuito de estabelecer uma alternativa mais sustentável que atenda à qualidade,

segurança no trabalho e seja menos nociva ao meio ambiente, foram realizados testes

com resíduos de tintas em pó, sobra dos processos de pintura eletrostática. Esses

resíduos contêm em sua formulação mais de 40% de resina poliéster que quando

submetida à temperatura adequada, os tornam muito valiosos na função de ligantes de

grãos de areia para se produzir os machos. Os resultados desses testes demonstraram

que é possível substituir a resina fenólica nos processos de fabricação de machos pelo

resíduo de tinta em pó.

As características do processo de fabricação dos machos com o resíduo de tinta em pó

são diferentes dos processos em que se utiliza a resina fenólica. Por exemplo, o tempo

de retirada dos machos dos ferramentais é maior, porém, a relação custo-benefício é

favorável, além de proteger o trabalhador e não agredir o meio ambiente.

Page 15: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

xv

ABSTRACT

The most common binders used in foundry processes are based on phenolic resins.

Although this type of resin provides the required quality of the produced parts, it has a

significant high cost in terms of production efficiency, work safety and environmental

impact. In order to establish a more sustainable alternative taking production efficiency,

work safety and lower environmental impact into account, a series of tests was

performed with waste powder paint, from electrostatic painting processes. These

residues contain more than 40 % weight of polyester resin and, once subjected to the

appropriate temperature, become very valuable as binders for sand grains to produce

cores. The results indicated that it is possible to replace the phenolic resin with residues

of powder paint in the manufacturing processes of cores in foundry companies. The

manufacturing process using powder paint waste is quite different from that using

phenolic resin. For example, the interval for core removal from the assembly is longer,

but the cost-to-benefit ratio is favorable, apart from protecting the worker and causing

less harm to the environment.

Page 16: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

1

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

A maioria dos segmentos industriais utiliza, direta ou indiretamente, tintas para diversas

finalidades, podendo ser decorativas ou funcionais como, por exemplo, as tintas

anticorrosivas. As opções de tintas disponíveis são diversas, podendo se apresentar na

forma líquida ou em pó. As tintas em pó são recomendadas quando se quer um

revestimento orgânico com mais resistência e durabilidade.

A aplicação das tintas em pó comumente é realizada num processo chamado de Pintura

Eletrostática a Pó. Esse processo, apesar de todo cuidado existente na preparação de

equipamentos, máquinas, matéria-prima (tinta em pó) e treinamento das pessoas

envolvidas, gera resíduos, como os papéis e plásticos das embalagens das tintas que

alimentam o processo de pintura e filtros. Além do elevado uso de EPI’s (equipamento de

proteção individual: máscaras respiratórias, protetores auriculares, luvas, botas e as

vestimentas de uso dos operadores desse processo) e da sobra de tinta em pó (resíduo de

tinta).

Segundo BRANDÃO (2011), em todas as áreas de atividades humanas, são gerados

resíduos de acordo com os métodos de produção e práticas de consumo, apresentando

variação quanto à composição e volume. Os resíduos perigosos são particularmente

importantes, pois, quando incorretamente gerenciados, podem causar danos à saúde

humana e ao meio ambiente.

A quantidade de resíduos de tinta em pó é gerada nesses processos em função de muitos

fatores que vão desde a tecnologia utilizada no processo, a geometria das peças que estão

sendo pintadas, até o tipo de tinta que foi empregada para a pintura.

Page 17: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

2

Não é possível determinar com precisão a quantidade de resíduos de tinta em pó que é

gerada pelas indústrias. Através de entrevistas com fornecedores de tintas e gerenciadores

de alguns processos de pintura eletrostática verificou-se que seja em torno de 2 a 30%.

Para discutir a sustentabilidade em qualquer âmbito da indústria, é preciso discutir

inclusive o gerenciamento de diretrizes que atuam ou deveriam atuar na minimização da

geração de resíduos nos diversos processos industriais. Gerar resíduos pode diminuir o

lucro do empreendedor em todos os aspectos, seja em não aproveitar a totalidade do que

foi gasto com insumos/matérias-primas ou na atividade de destinação correta desses

resíduos, o que tem um custo significativo, principalmente se o resíduo for perigoso e se

essa destinação for incorreta, fora dos padrões das legislações ambientais.

A recém-estabelecida Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010) determina

que nessa sistemática de gerenciamento dos resíduos sólidos, o gerador deve

prioritariamente não gerar os resíduos, mas se, todavia, isso for inevitável, deve haver a

preocupação de reduzir, reutilizar, tratar os resíduos e dispô-los de forma ambientalmente

adequada. Essa preocupação se dá porque segundo a Resolução Normativa CONAMA nº

001 (1986), se isso não for cumprido, provocaria alterações no meio ambiente, causando

impacto ambiental adverso, comprometendo a saúde, segurança e o bem estar da população

e também as atividades sócio econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do

meio ambiente, bem como a quantidade dos recursos ambientais.

As destinações mais utilizadas para os resíduos de tinta em pó são o co-processamento e o

aterro industrial, existindo outras formas de destinações como os processos de “bota-fora”,

em aterros não controlados, que não são aceitas pelas leis ambientais, e nem tampouco pelo

bem estar coletivo de uma sociedade organizada porque poluem as áreas lotadas com esse

resíduo.

Em contrapartida, é constatado que esse resíduo não pode ser aplicado em sua

totalidade. Como a tinta para a pintura eletrostática é constituída de grãos com uma faixa

granulométrica específica, durante o processo da pintura são gerados grãos de menor

Page 18: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

3

granulometria que não aderem à superfície. Este se torna um resíduo, sem ter alteração

das propriedades químicas.

Segundo CAMARGO (2002), existem dois tipos principais de tintas em pó, as

termoplásticas e termorrígidas, sendo que as termoplásticas não sofrem nenhuma

transformação química durante a sua secagem, permanecendo o revestimento com a

mesma estrutura específica da fase da aplicação. Já a termorrígida, são mais comuns e

caracteriza-se pela ocorrência de reações químicas irreversíveis durante a sua cura, onde a

resina passa de uma estrutura linear para uma estrutura tridimensional, com alta resistência

a solvente e excelente aderência.

As areias de fundições são definidas como um insumo constituído de areia-base,

aglomerante, agente de cura e aditivos, utilizados para a confecção de moldes e machos,

devendo copiar ao máximo as formas do ferramental (modelo, caixa de macho) e resistir

aos esforços do metal líquido quando do vazamento e durante a solidificação da peça

(FERNANDES, 2001).

No processo de fabricação dos machos são utilizados alguns tipos de resinas que

funcionam para ligar os grãos de areias como as resinas furânicas, fenólicas, uréia-

formaldeído e acrílicas. Esses constituintes orgânicos são chamados nas fundições como

ligantes da areia.

Esse comportamento da tinta termorrígida foi aproveitado para estudos, com o intuito de se

pesquisar uma alternativa para ligar grãos de areias de fundições na produção de machos,

utilizados nesses processos, substituindo totalmente as resinas comumente utilizadas com

esse fim.

A proposta dessa pesquisa é a de substituir totalmente essas resinas pela resina poliéster, o

maior componente do resíduo da tinta em pó, gerado em processos de pinturas por

aplicação eletrostática, que por serem resíduos de processo não teriam preços

significativamente altos. Pela característica da própria resina poliéster de curar

Page 19: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

4

rapidamente, dispensa-se o uso de catalisadores na mistura com areia para produzir os

machos, destinados aos processos de fundição ferrosa, o que tornaria o custo desse

processo mais barato.

1.1. OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo estabelecer uma alternativa de destinação de resíduos de

tintas em pó gerados no processo eletrostático de pintura, substituindo a resina fenólica,

que é uma matéria-prima tóxica utilizada no processo de fundição para fabricação de

machos.

1.2. OBJETIVO ESPECÍFICO

Demonstrar que o resíduo da tinta em pó pode ser utilizado como ligante da areia de sílica

na produção de machos, utilizados no processo de fundição dos ferrosos.

Page 20: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

5

CAPÍTULO 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O relatório de Brundtland, COMUM (1991) define que “o desenvolvimento sustentável é

aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as

gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”.

A preocupação em discutir alternativas para desenvolver processos, produtos, serviços e,

mais importante, incutir a conscientização de viver num mundo melhor e sustentável, já foi

observada nos processos de pintura industrial pela preocupação de se ter alternativas para

combater o efeito poluente dos solventes das tintas líquidas. A alternativa aceitável foi a de

investir em pesquisas para produzir tintas em pó, as quais não utilizariam nenhum tipo de

solvente. Assim, foi desenvolvido na Europa, no início dos anos 50, em resposta às

pressões ambientais e impulsionado por vários mercados importantes, o revestimento

orgânico em pó que seria a proposta para substituir a tinta líquida como avanço de

tecnologia de aplicação e acabamento. Erwin Gemmer, cientista alemão, foi o primeiro a

desenvolver o conceito de aplicação de um polímero orgânico na forma de tinta em pó

(LANGE, 2004).

A pintura com essa tinta era realizada através do processo conhecido como Leito

Fluidizado, que consistia no aquecimento do substrato a ser pintado à temperatura pouco

superior a 110°C e imersão em um recipiente apropriado, contendo a tinta pulverizada,

mantida fluidizada (em suspensão) através de uma placa difusora por uma corrente de ar, e

em alguns casos em que a polimerização (cura) não ocorresse de forma completa, a peça

era encaminhada à estufa para se completar a cura, conforme a figura 2.1. (SILVA, 2009).

Page 21: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

6

Figura 2.1.: Esquema para pintura em leito fluidizado (SILVA, 2009).

Já no processo de pintura pelo sistema de Leito Fluidizado Eletrostático, o substrato a ser

pintado não é aquecido, porém, a placa difusora é equipada com eletrodos, com tensões

variando de 70 a 90kV, que carregam eletricamente o pó da tinta fluidizado. O substrato

fica aterrado e imerso no leito fluidizado, atraindo as partículas negativas do pó da tinta,

que se depositam na superfície da peça a ser pintada, que em seguida é conduzida até a

estufa de polimerização, conforme a figura 2.2. (EPRISTINTAS/SILVA, 2009).

Figura 2.2.: Esquema para pintura em leito fluidizado eletrostático (EPRISTINTAS/ SILVA, 2009).

Page 22: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

7

Após a evolução dos processos de pintura a pó, o que se tem atualmente é o processo de

pulverização eletrostática, que consiste no acondicionamento da tinta em pó em um

reservatório apropriado (fluidizado com ar comprimido), para ser captada até as pistolas de

aplicações. Esse tipo de aplicação é denominado efeito Corona. Nesse sistema de pintura, a

pistola possui na sua saída um eletrodo de descarga que proporciona partículas negativas

no pó de tinta. O objetivo dessa ação é a de se promover o mecanismo de atração, porque

essas partículas de tintas carregadas com as cargas negativas serão aplicadas nas peças

aterradas que estão com cargas positivas, assim acontece a atração eletrostática, conforme

a figura 2.3. (SILVA, 2009).

Figura 2.3.: Esquema de pintura pelo processo de pulverização eletrostática pelo efeito Corona (SILVA, 2009).

A pulverização eletrostática também pode ser aplicada pelo processo conhecido como

efeito Tribo, em que o carregamento das partículas da tinta se dá pelo atrito do pó com o

corpo da pistola, conforme mostrado na figura 2.4. Não se forma o campo elétrico entre a

pistola e a peça a ser pintada como no sistema Corona. Segundo SILVA (2009) esse

processo de pintura não é adequado para grandes áreas, devido à baixa vazão de pó e

também porque o seu processo de eletrização depende do tipo de tinta (considerado melhor

para as tintas epóxi).

Page 23: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

8

Figura 2.4.: Esquema de pintura pelo efeito Tribo (SILVA, 2009).

2.1. OS TIPOS DE TINTAS EM PÓ UTILIZADOS NOS PROCESSOS DE

APLICAÇÕES DE PINTURA ELETROSTÁTICA

Todos os processos citados no item anterior utilizam tinta em pó, que são revestimentos

secos, totalmente isentos de solventes, sendo uma mistura homogênea de componentes

sólidos, moídos em partículas finas, estando à base de resinas termorrígidas ou

termoplásticas, pigmentos, cargas e aditivos, (CAMARGO, 2002).

Essa pesquisa trabalhou somente com a tinta que possui em sua composição básica, a

resina termorrígida ou também conhecida por resina termofixa que, ainda segundo

CAMARGO (2002), são misturas químicas e fisicamente estáveis à temperatura ambiente,

constituídas de uma resina, um agente de cura e frequentemente um catalisador, pigmento

e aditivos. Ela pode ser classificada de acordo com a resina base de sua composição, sendo

esta do tipo epóxi, poliéster, híbrida (epóxi+poliéster), poliuretano e acrílico.

A figura 2.5. SILVA (2009) estratifica o percentual dos elementos mais importantes que

compõem esse tipo de tinta em pó.

Page 24: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

9

Figura 2.5.: Estratificação típica dos elementos da tinta em pó (SILVA, 2009).

Segundo o Complete Guide to Powder Coatings (AKZO NOBEL, 1999), para essas tintas,

uma vez que ocorreu a reação química (polimerização ou cura) em estufa com

temperaturas acima de 50ºC, o filme de revestimento em pó não pode fundir novamente.

Ainda segundo CAMARGO (2002), a composição dos sistemas das tintas em pó mais

usual apresenta uma formulação típica que contém de 50% a 65% de veículo (resina mais

agente de cura) 33 a 46% de pigmentos e cargas e 2% a 45% do agente nivelante e outros

aditivos.

2.2. CARACTERÍSTICAS DE CONTROLES PARA APLICAÇÃO DA TINTA EM PÓ

2.2.1. Rendimento da Tinta

Uma atividade importante no processo de pintura é a de monitorar o desempenho do

rendimento da tinta aplicada. A importância desse controle é que um baixo desempenho no

rendimento da tinta pode contribuir significativamente no aumento de seu resíduo, uma vez

Page 25: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

10

que, o rendimento da tinta é a resultante da quantidade de pó utilizada para se pintar certa

área de uma peça.

2.2.2. Distribuição Granulométrica

É um dos itens de controle mais importante na qualidade da tinta. A relação entre a

distribuição granulométrica da tinta em pó e a formação do filme de revestimento deve ser

meticulosa, porque é responsável pela geração de diferentes tipos de acabamentos na

aplicação final sem porosidades indesejáveis. O pó depositado na superfície do objeto a ser

pintado deve possuir distribuição granulométrica adequada para que as partículas se

organizem ocupando todos os espaços vazios (interstícios) entre as próprias partículas,

onde depois de curada, a película apresentará o acabamento desejado. Portanto, a

distribuição das partículas é uma das principais responsáveis pelo acabamento desejado.

As partículas com dimensões superiores à camada final desejada de tinta curada

provocarão uma irregularidade na película final, conforme demonstrado na figura 2.6.

Figura 2.6.: Relação entre o tamanho das partículas e a espessura do revestimento orgânico (AKZO NOBEL, 1999).

Page 26: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

11

2.3. O PROCESSO DE APLICAÇÃO DA TINTA EM PÓ

O processo de pintura é realizado pela atração eletrostática, como visto na figura 2.3,

porém, parte da tinta que colide nas superfícies das peças e não são aderidas, são

depositadas no fundo da cabine de pintura e são arrastadas até o reservatório que contém a

tinta virgem, logo, elas se misturam, sendo captadas pelo sistema de pintura para nova

aplicação. Outra parte dessa tinta que também não aderiu à peça por causa do tamanho de

suas partículas bem reduzidas fica flutuando no interior da cabine de pintura até ser

capturada pelo sistema de exaustão que direciona esse pó fino ao ciclone para a separação

granulométrica, que será detalhado mais adiante. O montante de pó mais fino segregado

nos filtros e que não pode ser reaplicado nas peças a serem pintadas é denominado resíduo

de tinta.

Page 27: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

12

Início

Tratamento superfíc ial das peças a serem pintadas (Limpeza das sujidades como óleo,poeiras.)

Ajuste dos equipamentos de pintura e abastecimento do reservatório de tintas

Realização da pintura através de robôs ou de forma manual

Encaminhamento das peças para o processo de polimerização em estufa (Transportadoraéreo/colocação manual)

Descarregamento da linha de pintura e armazenamento das peças pintadas

Expedição das peças pintadas

Fim

Disponibilização das peças a serem pintadas (Transportador aéreo/colocação manual)

2.4. CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE PINTURA ELETROSTÁTICA

Figura 2.7.: Fluxograma de um processo típico de pintura eletrostática a pó, destacando as caixas coloridas como etapas potenciais que geram os resíduos de tinta em pó.

Em todos os processos de pintura eletrostático em pó o fluxo de funcionamento é o mesmo.

As mudanças de um processo para o outro é que em alguns não existem os transportadores

aéreos de peças. Esses equipamentos são linhas com fluxo constante, nas quais são

penduradas as peças. A função desses transportadores é a de conduzir as peças a serem

pintadas até a cabine de pintura e depois até a estufa de polimerização. Quando não existe

esse recurso no processo, as peças são dispostas, manualmente na cabine de pintura e em

seguida, na estufa de polimerização. É chamado de processo de pintura estacionário.

2.4.1. Segmentos de Pinturas

O segmento de aplicação de tintas em pó pelo processo eletrostático pode ser caracterizado

em dois processos: o que realiza o processo de forma automatizada, através de robôs que

Page 28: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

13

operam as pistolas e o que executa a aplicação da tinta em pó de forma manual, ou seja, a

tinta é aplicada nas peças por pessoas que operam as pistolas do processo de pintura

eletrostático.

2.4.2. Processo Automatizado de Pintura

Num processo automatizado, os operadores de processo não realizam a aplicação da tinta,

sendo essa aplicada por robôs, conforme demonstrado na figura 2.8.

Figura 2.8.: Fotografia de um conjunto de pistolas de pintura operadas por robôs, na aplicação da tinta dispostas em cabine de pintura automatizada (processo otimizado)

(Acervo do autor).

O manuseio desse processo é realizado no abastecimento dos reservatórios com a tinta em

pó especificada, na realização da limpeza para eventual troca de cores e regulagem dos

equipamentos da pintura de acordo com a ordem de produção. O processo é otimizado de

acordo com as características das peças a serem pintadas, como por exemplo:

- A espessura da camada de tinta;

- A cor da tinta;

- As dimensões e geometrias das peças;

- O valor das tensões que carregam eletricamente o pó da tinta fluidizado;

- O fluxo e o leque das tintas nas pistolas;

Page 29: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

14

- O campo de atuação dos braços das pistolas, movimentando definidamente, ou seja, elas

não sobem e nem descem além das larguras das peças;

- A velocidade de trabalho das pistolas, entre outras.

É importante que a cabine de pintura possua uma sistemática para manter o pó da tinta

confinado, permitindo a entrada de peças de acordo com a geometria dessas peças, boa

iluminação que facilite ao operador de processo verificar a qualidade da pintura e um

sistema de exaustão que consiga manter o pó da tinta direcionado para a recuperação

evitando a sua fuga. Essa última reduzir os resíduos de tinta porque quando a tinta não é

totalmente aderida às peças, fica flutuando no interior da cabine até ser sugada pelo

sistema de exaustão, através de aberturas existentes nas laterais da cabine de pintura,

conforme a figura 2.9.

Essas aberturas estão conectadas ao ciclone que tem a finalidade de separar as partículas

mais finas e mais leves e retê-las nos filtros, para serem destinadas como resíduos de tinta

do processo.

Page 30: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

15

Figura 2.9.: Fotografia das aberturas na cabine de pintura para captação do pó fino flutuante com destino ao ciclone para a filtragem e separação. (Acervo do autor).

A separação da tinta se dá porque através dessa conexão do ciclone com a cabine de

pintura, a mistura de pó e ar (mix airpower) entra na câmara tangencialmente e inicia-se

um movimento rotativo, estabelecendo uma força centrífuga sobre as partículas de tinta. As

partículas maiores e mais pesadas tendem a caírem para o fundo desse sistema seletivo

onde serão recolhidas e destinadas posteriormente ao reservatório para serem misturadas

ao pó de tinta virgem. A proporção sugerida para essa diluição é de 30 a 40% do resíduo

em 60 a 70% de tinta virgem (SILVA, 2009). As frações mais leves ficarão suspensas na

corrente de ar até chegarem próximas ao fundo do ciclone, quando serão desviadas para o

interior de um caudal cônico que captará o mix airpower em espiral crescente, conduzindo

esses finos até os filtros coletores. É na retirada desses filtros para limpeza que são

segregados e recolhidos os resíduos da tinta em pó, conforme o esquema figura 2.10

AKZO NOBEL (1999) e ilustrado, conforme a figura 2.11.

Page 31: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

16

Figura 2.10.: Esquema de um processo de pintura com recuperação da tinta e separação do resíduo através de um modelo de ciclone (AKZO NOBEL, 1999).

Figura 2.11.: Fotografia da visão panorâmica externa de um sistema de captação e separação do pó de tinta (Ciclone). (Acervo do autor).

Page 32: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

17

2.4.3. Processo Manual de Pintura

No processo em que a aplicação da tinta é realizada de forma manual, conforme a figura

2.12, o controle de processo é menos rigoroso, na maioria das vezes, por isso nem todas as

empresas se preocupam em contabilizar o que sobrou de seus processos na forma de

resíduos de tintas.

Figura 2.12.: Fotografia da vista panorâmica de um processo de pintura sendo operado de forma manual. (Acervo do autor).

Em muitas dessas empresas, o consumo de tinta fica na média de 100 a 600kg de tinta/mês.

O consumo é tão pequeno que não existe uma preocupação de se recuperar a tinta que não

foi totalmente aderida às peças para uma nova aplicação. Estima-se que nesses processos a

geração de resíduos possa atingir até 30%, porque alguns processos não possuem cabines

equipadas com filtros coletores de pós para realizarem a separação e recuperação da tinta,

com o objetivo de segregar os resíduos.

Quando existe esse processo de recuperação ele não é eficiente porque não existe um

controle de qualidade rigoroso e o processo é muito improvisado, conforme a figura 2.13.

Page 33: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

18

Figura 2.13.: Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros de mangas. (Acervo do autor). Esse tipo de sistema para separação funciona com a captação do over spray, oriundo da

cabine de pintura, pelo processo de sucção que é realizado por uma bomba com capacidade

de sucção específica para essa atividade. É por pressão através do ar comprimido que a

tinta com granulometria menor fica retida nas mangas dos filtros, enquanto que a tinta com

granulometria maior é depositada no balde coletor, instalado no fundo desse sistema,

conforme figura 2.14.

O processo de recuperação funcionaria se os filtros de mangas fossem retirados para

limpeza adequada após cada troca de tinta com coloração diferente. Uma troca de tinta

com limpeza criteriosa, considerando além da cabine de pintura, o tubo condutor de pó e

também o sistema de filtros com mangas, demanda um tempo que pode chegar a até meio

dia de trabalho. Em função de não possuir outros filtros de reservas e tubos condutores da

tinta, o que deixaria as trocas de tintas do processo mais baixa, e a quantidade de tinta a ser

recuperada, em alguns casos não ser tão significativa, alguns empreendedores optam em

perder a tinta na fase de recuperação a ganharem as horas que seriam gastas para se

recuperar a tinta retida nesse sistema, conforme figura 2.14.

Page 34: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

19

Figura 2.14.: Fotografia do Sistema de coleta de pó de tinta equipado com filtros de mangas e balde coletor. (Acervo do autor).

Em outros processos de pintura não existem coletas do over spray (parte da tinta aplicada

que passa pelo objeto a ser pintado, sem que ocorra a atração eletrostática) com destino

desse pó de tinta para um sistema de filtragem, seja ciclone ou filtros de mangas. A tinta

que desprende das peças, quando pintadas, cai no fundo da cabine de pintura ou fogem

pelas aberturas da cabine, porque essas cabines não possuem um sistema mínimo de

exaustão e nem fechamento de portas adequado que ajudam a reter o pó. As tintas que

caem no fundo da cabine são raspadas manualmente e reaproveitadas, sendo misturadas

constantemente às tintas virgens, porém, as tintas que escapam da cabine ficam

contaminadas com outros resíduos do ambiente produtivo e não podem ser mais

reaproveitadas.

Em processos manuais em que o baixo desperdício de tinta fica em torno de 2%, são

ressaltadas condições importantes como:

- Os operadores de processos são treinados e motivados a realizar o processo de pintura, de

forma consciente a direcionar as pistolas para as peças adequadamente, evitando o

desperdício de tinta;

Page 35: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

20

- As peças a serem pintadas não exigem uma qualidade superior de estética, sendo pintadas

somente para a proteção das mesmas;

- A tinta utilizada no processo é sempre de uma cor;

- A tinta separada no sistema de filtragem é reaproveitada de forma consciente.

A não geração dos resíduos nos processos de pintura eletrostática a pó, por mais que esses

sejam otimizados e monitorados na sua execução, é utópica porque todos os controles

utilizados nesse processo não são suficientemente eficientes para assegurar a geração zero

desse resíduo. Os cumprimentos das prioridades da lei que trata da Política Nacional de

Resíduos Sólidos, (BRASIL, 2010) aplicados como ferramenta de gestão, podem ajudar a

reduzir a quantidade de resíduos, sendo:

Redução: a redução dos resíduos de tinta em pó demonstrada nesse trabalho, trata

dos processos de pinturas automatizados e também os manuais. Sempre em

conjunto com o fornecedor deve ser tratada a forma de se ter a qualidade

assegurada na distribuição granulométrica e peso específico da tinta em pó, o que

proporcionaria melhoria no aproveitamento da tinta na sua aplicação. É necessário

que nesse processo de gestão participativa, seja abrangente o suficiente para

trabalhar a conscientização dos envolvidos no processo de pintura, desde os

programas de manutenções preventivas e corretivas das máquinas e equipamentos

utilizados na célula de pintura, até os operadores de processo.

Reutilização: é uma condição já intrínseca do processo otimizado, misturar a sobra

da tinta à tinta virgem. Essa reutilização também é feita no processo manual, onde a

geração de resíduo pode ser baixa ou alta também, dependendo da política de

qualidade em se recuperar o pó não aderido à peça que está sendo pintada.

Reciclagem: O resíduo da tinta, quando dissolvido em solvente orgânico do tipo

thinner, vem sendo utilizado para a fabricação de tintas denominadas “zarcão”, que

são utilizadas para pintura, na fabricação de artefatos de serralherias, como: portas

e janelas. Existem também, estudos voltados para que o resíduo de tinta seja

utilizado como ligantes de adesivos, conforme pesquisa e patente realizada para

esse fim (ANDRADE, et al., 2007).

Page 36: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

21

Destinação: Muitos empreendimentos destinam esse resíduo para o sistema de co-

processamento, para aterros industriais e em alguns casos, são misturados a outros

resíduos e destinados na condição de lixo industrial, de forma inadequada.

2.5. A DESTINAÇÃO DO RESÍDUO DE TINTA

Não existem dados precisos acerca da quantidade de empreendimentos que possuem

processos de pinturas eletrostáticas nos quais se utilizem as tintas em pó. Contudo, o anexo

B apresenta uma relação de empresas que utilizam esse processo e que muito contribuíram

com informações importantes para a realização dessa pesquisa.

Uma opção para a destinação do resíduo de tinta é o segmento das cimenteiras, sendo

utilizado no co-processamento, por causa do seu PCI (poder calorífico inferior), (MINAS

GERAIS, 2010), conforme demonstrado no anexo C. Esse resíduo pode também ser

destinado para os aterros industriais controlados, devidamente licenciados. Pode ser

destinado para a fabricação de tintas “zarcão”, quando dissolvido em solvente orgânico do

tipo thinner, que são utilizadas como fundo protetivo do metal e posterior pintura líquida,

na fabricação de artefatos de serralherias, como portas e janelas. Um procedimento de

destinação, adotado por algumas empresas, é considerar que o resíduo é produto da

varrição de pátios externos ao processo fabril, e, assim considerá-los resíduos não

perigosos – classe II B. Nesse procedimento de destinação, o resíduo é encaminhado aos

aterros sanitários.

Na literatura pesquisada foi encontrado apenas um trabalho que trata da reciclagem do

resíduo da tinta em pó. Os autores (ANDRADE, et al., 2007) patentearam uma formulação

adesiva tendo como base um copolímero, o resíduo da tinta em pó, breu e solvente

orgânico em q.s.p. na colagem de materiais como o carpete e um aglomerado em

superfícies de concreto com sucesso significativo.

Page 37: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

22

2.6. O PROCESSO DE FUNDIÇÃO

A fundição é importante para a humanidade porque, segundo o SENAI (2007), é o

processo de fabricação de peças metálicas que representa o caminho mais curto entre a

matéria prima e as peças acabadas, em condições de uso. É um processo que permite a

obtenção de peças de formas complexas, ou seja, é o processo de conformação de metais

que permite a maior liberdade de formas. Já MOREIRA (2004) define a fundição como

sendo um processo metalúrgico para fabricação de peças sólidas a partir do metal em

estado líquido e solidificação numa moldação, a qual pode possuir um macho no seu

interior.

No processo industrial de fundição existem vários setores produtivos bem diferenciados

que vão desde as fabricações do ferramental (modelo que contém a forma geométrica e

dimensional do macho a ser produzido), e dos machos, a fusão, o vazamento do metal

fundido, a desmoldação e os acabamentos. Essas etapas estão demonstradas no fluxograma

de fundição, apresentado na figura 2.15.

Page 38: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

23

Figura 2.15.: Fluxograma da interação entre os processos de fundição, o preparo da Caixa de Moldação e Macharia. (Acervo do autor).

Fundição

Fundição

Preparo do forno (Ferro Gusa, óleo, ar e

temperatura)

Desmoldação

Vazamento na caixa de moldação

Arrefecimento

Acabamento e Limpeza

Mistura de areia,bentonita, carvão mineral e

água

Preparação e enchimentodas caixas para moldação

Disponibilização para oprocesso de fundiçãoDestinação do metal líquido

Mistura de areia, ligantee água

Preparação doferramental e fabricação

dos machos

Disponibilização dosmachos para a caixa de

moldação

Fluxograma da interação entre os Processos(Fundição, Elaboração da Caixa de Moldação e Macharia)

Macharia Caixa demoldação

Expedição

Page 39: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

24

2.7. O PROCESSO DE MACHARIA

Um elemento de suma importância no processo de fundição é o macho, que segundo o

SENAI (2007), é uma parte do molde, fabricada separadamente e colocada em sua

cavidade após a extração do modelo para se obter, de maneira mais econômica, formas

internas ou externas de uma peça e facilitar a construção do modelo.

Para se fabricar os machos é necessário selecionar as areias de moldação que para

MOREIRA (2004) pode ser definida como qualquer material que tem por base um

agregado mineral (areia de base) ao qual são adicionadas aglomerantes ou pequenas

quantidades de outras substâncias que lhes conferem certas propriedades características, de

modo a que a moldação ou o macho tenham estabilidade térmica e dimensional.

Nesse processo são utilizados alguns tipos de resinas que funcionam para ligar os grãos de

areias como as resinas furânicas, fenólicas, uréia-formaldeído, acrílicas, dentre outras.

Esses constituintes orgânicos são chamados nos processos de fundições como ligantes da

areia. Os processos que utilizam estes ligantes foram desenvolvidos para resolver

problemas de velocidade de endurecimento, resistências e colapsibilidade do molde e

melhoria na qualidade da peça metálica produzida. A utilização destes tipos de ligantes

permite também o aumento de produtividade e a grande redução nos tempos de cura

(MOREIRA, 2004).

Os machos serão dispostos no processo de moldação para fundir metais. Para se obter uma

peça a partir do processo de fundição, é necessário fabricar os modelos padrões que,

segundo MOREIRA (2004), é uma caixa de madeira ou metálica, com forma da peça

metálica pretendida. O processo é denominado moldação não permanente quando utiliza

para moldação a areia verde que é composta por uma parte predominante de areia base

(sílica), uma parte de bentonita para se obter a liga da mistura e outra de carvão mineral em

pó do tipo cardiff, que é um material orgânico adicionado à mistura com a finalidade

melhorar o acabamento superficial do fundido, e uma pequena parte de água que tem por

função, aglutinar os esses elementos. A denominação “areia verde” é em função dessa

mistura estar “molhada” e não ter sido submetida às temperaturas de aquecimento.

Page 40: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

25

Essa mistura é utilizada para construir a caixa de moldagem que é utilizada para vazar o

metal fundido, produzindo a peça desejada.

A areia utilizada nessa mistura possui algumas importantes propriedades FERNANDES

(2001):

Aptidão à moldação que é a capacidade da areia copiar e reproduzir as formas do

modelo, quando submetida a algum esforço de compactação;

Resistência mecânica que é a resultante conjunta da areia-base, aglomerante,

agente de cura e adensamento. É uma propriedade que a areia deve ter para se

deixar trabalhar sem se quebrar ou deformar (extração do modelo, manuseio do

molde, e lastragem);

Permeabilidade para se deixar atravessar pelos gases que têm origem na cavidade

do molde, combustão de produtos contidos na areia, aditivos, na queima dos

aglomerantes e catalisadores utilizados e gases dissolvidos no metal, que se

desprendem quando da solidificação da liga de vazamento do metal líquido (H e

N);

Difusidade térmica que é a sua capacidade de transferir calor das partes mais

quentes (próximas ao metal líquido) para as partes mais frias. Acontece a condução

de calor de grão para grão. Essa propriedade tem grande importância para que

ocorra o resfriamento da liga;

Estabilidade térmico-dimensional que está ligada ao fenômeno de dilatação da

areia quando aquecida. Se uma areia apresenta boa estabilidade térmico-

dimensional, não mostra grandes variações dimensionais em partes mais aquecidas

do molde em relação a outras menos aquecidas;

Tendências ao desprendimento de gases, ou seja, o molde pode apresentar boa

permeabilidade, mas se produzir muitos gases pode acontecer o defeito de

cavidades-bolhas. Para que isso ocorra, os gases podem ser causados pela

combustão de produtos contidos na areia, variando com a temperatura de

vazamento do metal líquido, e com posicionamento dos ataques. Recomenda-se não

fazer um fluxo grande de metal líquido passar por um único local do molde;

Page 41: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

26

Sinterabilidade que é o ponto de sinterização da areia ou a temperatura a partir da

qual se observa o início do amolecimento dos grãos. Um grande amolecimento de

grãos em áreas em contato com o metal dificulta a rebarbagem, pois a areia gruda

na peça sendo muito abrasiva, além de diminuir a porcentagem de areia recuperável

na desmoldagem.

Segundo ROMANUS (2005), existem três tipos de areia de moldação: a areia de

Faceamento, a de Enchimento e a de Sistema. A areia de Faceamento é a que cobre o

modelo da peça a ser fundida. Esse tipo de areia tem o contato direto com o metal fundido,

por isso essa areia deve ser criteriosamente preparada, desde a sua composição de

formulação, até no procedimento de mistura. A areia de Enchimento não é tão crítica

porque ela não tem o contato direto com o metal fundido. Ela serve como complemento da

areia de Faceamento para compor a caixa de moldação e por conta disso não é comum ir ao

misturador, podendo ser preparada no próprio chão da fundição. A areia de Sistema, Geral

ou Única possui essas denominações porque ela é utilizada em todo o sistema de

moldação, desde o contato direto até o indireto com o metal fundido. É mais utilizada

quando o processo é automatizado porque agiliza mais o processo de preparo das caixas de

moldações, não tendo que selecionar as partes das caixas que serão cheias.

Page 42: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

27

CAPÍTULO 3

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE TINTA EM PÓ

As tintas em pó utilizadas nesse trabalho foram tintas compostas com resina à base de

poliéster. Esse tipo de tinta é destinado à pintura de componentes sujeitos ao intemperismo

natural, pois não apresentam a característica de calcinar, quando exposta aos raios solares

(SILVA, 2009) e (AKZO NOBEL, 1999).

3.1.1. Classificação do resíduo de acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 2004).

Essa norma determina a tipologia das classes dos resíduos perigosos, que são a classe I, os

não perigosos, classe II A (não inertes) e classe II B (inertes).

Para se saber qual a classe pertencia o resíduo da tinta em pó, foi enviado amostra desse

resíduo a um laboratório terceirizado e de acordo com resultados das análises, conforme as

diretrizes estabelecidas na ABNT NBR 10.004 (ABNT, 2004).

3.1.2. Análise termogravimétrica (TG) do resíduo da tinta em pó.

Também foi realizada uma análise TG do resíduo em laboratório de análise térmica do

DEQUI/UFOP. O objetivo foi de verificar o comportamento do resíduo frente ao

aquecimento, já que na elaboração da areia de macharia, bem como da sua utilização, o

parâmetro temperatura é um elemento importante.

Page 43: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

28

3.2. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DA AREIA, DA TINTA EM PÓ PARA

PINTURA ELETROSTÁTICA E DO RESÍDUO DA TINTA PELO MÉTODO DE

PENEIRAMENTO.

O tamanho dos grãos é um dos fatores de maior importância para classificar a areia, por

isso, é primordial escolher uma areia com a granulometria apropriada. Dentre várias areias

base que dêem a permeabilidade desejada e tendo em vista o acabamento da peça, por

exemplo, deve-se escolher a de módulo de finura mais elevado, isto é, a de grãos mais

finos.

Para determinar a distribuição granulométrica da areia, foi montada, aleatoriamente, uma

série de 6 peneiras, além do fundo, colocado sob a peneira de menor abertura. Os tamanhos

das aberturas das malhas das peneiras (que se refere ao tamanho dos furos) usadas,

medidos em mesh, foram: 50 (300m), 60 (250m), 100 (150m), 270 (53m), 325

(44m) e 400 mesh (37m).

Foi colocada uma amostra de 10,00g de areia de macharia na peneira superior desse

conjunto, a de 50 mesh (300m), e a série levada a um peneirador, que permaneceu ligado

por 15 minutos. Esse teste foi realizado em triplicata para obter um resultado de maior

precisão sobre a granulometria da areia. Os resultados foram anotados para considerações

posteriores.

Através de pesquisa junto aos funcionários do segmento da fundição descobriu-se que é

adotado um conjunto específico de 12 peneiras para se realizar a granulometria da areia. É

através dessa análise que se obtém o módulo de finura da areia.

Para padronizar esse módulo de finura foi mantida a série de das 12 peneiras, além do

fundo colocado sob a peneira de menor abertura, sendo a sequência, 6(3350m),

12(1700m), 20(850m), 30(600m), 40(425m), 50(300m), 70(212m), 100(150m),

140(106m), 200(75m) e 270(53m).

O teste também foi realizado em triplicata, sendo utilizada amostra de 100g, com duração

de 15 minutos.

Page 44: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

29

Já para determinar a distribuição granulométrica da tinta em pó e do resíduo da tinta, foi

montada uma série de 5 peneiras que, em mesh, foi: 100(149m), 270(53m), 325(44m),

400(m), 500(25m) porque a tinta e o resíduo apresentam grãos mais finos que a areia de

macharia. Esse teste também foi realizado em triplicata para obter um resultado de maior

precisão sobre a granulometria da tinta em pó e do seu resíduo.

Foram realizados peneiramentos, com 10,00g de tinta em pó e o mesmo peso foi utilizado

para o resíduo de tinta em pó. A duração de cada peneiramento foi de 5 minutos Os

resultados também foram anotados para considerações posteriores.

3.3. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA A LASER DA TINTA EM PÓ, DO RESÍDUO DA

TINTA E DO RESÍDUO TRITURADO DESSA TINTA

Existe outro método para determinar a granulometria de tintas em pó que fornece respostas

mais rápidas e precisas, realizado com o auxílio de equipamento eletrônico. Esse método

emprega a difração de raios laser em uma suspensão de pó, num determinado meio líquido

ou gasoso (ar), em sua faixa ideal de utilização – 0,02µm a 2.000µm - não sendo

necessário conhecer as propriedades óticas da amostra nem do meio. Contudo, a

distribuição granulométrica foi determinada através do uso da radiação laser (Malvern-

Mastersize X Ver. 2.19 - Número de Série 33337-05), nos laboratórios dos fabricantes de

tintas em pó nas cidades de São Roque e Alumínio, Estado de São Paulo. Foram realizadas

em duplicatas as análises a laser de amostras da tinta em pó virgem, de resíduo da tinta e

desse resíduo triturado.

Foram usadas 60,00g de resíduo que após a divisão em três partes de aproximadamente,

20,00g cada, foram trituradas por 15 minutos, manualmente no gral de porcelana. As

alíquotas de 20,00g foram utilizadas para tentar observar mais claramente a presença de

grãos mais finos nesse, se comparado à tinta virgem, e para diferenciá-lo também da

amostra de resíduo que não passou pelo processo de trituração.

Page 45: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

30

3.4. TESTES DE SOLUBILIDADE

Para analisar o comportamento da tinta em pó quanto à solubilidade, foram usadas três

amostras de tinta de 0,1g cada e três solventes de polaridades diferentes: água como

solvente polar, álcool etílico absoluto como solvente de caráter fracamente polar e tolueno

como solvente apolar. Para cada teste foi utilizado um béquer, em que foi adicionada

primeiramente a tinta e depois, 10,00mL do solvente.

Nos béqueres foram adicionados posteriormente mais 10,00mL de solvente e o resultado

foi observado. Foi feita essa adição por mais duas vezes, chegando os béqueres a conterem

40,00mL de solvente e 0,1g de tinta. Os resultados com 10,00mL, 20,00mL, 30,00mL e

por último 40,00mL de cada solvente foram observados separadamente para se tentar

identificar um solvente adequado para a tinta em pó.

3.5. TESTES DE PRENSAGEM

Foram realizados testes de prensagem utilizando apenas resíduo da tinta em pó e areia.

Foram feitos 10 testes, todos utilizando 10,00g de areia. Já a quantidade do resíduo variou:

0,1g; 0,2g; 0,3g; 0,4g; 0,5g; 0,6g; 0,7g; 0,8g; 0,9g e 1g. O resíduo e a areia foram

misturados em todos os processos, a mistura foi prensada e deixada nessa condição por um

período de 24 horas.

Esses testes tiveram a finalidade de estudar a condição da interação do resíduo de tinta e da

areia, ou seja, se seriam capazes de se ligar a seco, apenas com uma força mecânica, sem a

presença de um solvente líquido.

Page 46: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

31

3.6. PRIMEIRA ETAPA - FABRICAÇÃO DOS MACHOS EM LABORATÓRIO PARA

PROCESSO DE FUNDIÇÃO

Para a fabricação dos corpos de prova, foi necessário desenvolver um molde de macho, de

forma cilíndrica para ser usado em todas as etapas de fabricação, com a areia de macharia e

o resíduo da tinta em pó.

Estrategicamente, foram selecionados os resultados do primeiro, do quinto e do décimo

teste porque o primeiro teste foi composto por uma quantidade mínima de resíduo, o quinto

por ser intermediário e o décimo teste porque foi composto com a maior quantidade de

resíduo de tinta. Essa iniciativa foi em título de uma comparação bruta para os testes de

prensagens, conforme o item 3.5. Portanto, foram colocados cada um, em uma cápsula de

porcelana, adicionados 20,0mL de água e deixadas para secar na estufa a 100ºC.

Os resultados foram anotados para considerações posteriores.

Foram misturadas também, 60g de areia e 6g de tinta pura para verificar o efeito da

temperatura. A mistura foi feita num agitador magnético e foram adicionados com uma

proveta, 6,0mL de água. Em seguida, foram colocados em quatro cadinhos,

aproximadamente 1g dessa liga formada para serem levados à mufla em diferentes

temperaturas, durante 30 minutos. As temperaturas utilizadas foram: 100ºC; 150ºC; 200ºC

e 400ºC. Observou-se a temperatura que apresentou um melhor resultado, semelhante à

temperatura aplicada aos corpos de provas fabricados na indústria.

De acordo com o resultado demonstrado com a liga formada com a tinta pura a 200°C, foi

feito o mesmo teste, substituindo a tinta pura pelo resíduo.

Foram misturados 60g de areia, 6g de resíduo e 6,0mL de água com um bastão de vidro,

uma vez que foi observado que para esse tipo de mistura, o agitador magnético não é tão

eficiente para a homogeneização. A mistura também formou uma liga, que foi colocada

num cadinho levado à mufla a 200°C, por 30 minutos.

Page 47: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

32

O primeiro macho fabricado foi com a liga obtida com o resíduo, na proporção de 10%.

Uma quantidade da mistura de 60g de areia, 6g do resíduo e 6,0mL de água preencheu o

molde, que foi levado à mufla a 200°C por 30 minutos.

Em seguida foi feito um teste para fabricar o macho numa percentagem de 5% de resíduo.

Colocou-se no molde uma mistura de 15g de areia, 0,75g de resíduo e 1,5mL de água. O

molde foi levado à mufla a 200°C por 30 minutos.

Observando o resultado, a percentagem de resíduo foi diminuída para o próximo teste, em

que utilizou-se uma quantidade de 2,5% de resíduo. O macho foi produzido através de uma

mistura de 1,5mL de água, 0,375g de resíduo de tinta e 15g de areia de macharia, depois de

o molde ser levado à mufla a 200°C por 30 minutos.

Reduzindo ainda mais a percentagem de resíduo, foi testada a fabricação de um macho

com 1% apenas de resíduo. Para tanto, foram usadas 15g de areia, 0,15g de resíduo e

1,5mL de água e as mesmas condições: a mistura foi levada à mufla a 200°C por 30

minutos.

Prosseguindo os testes, houve a tentativa da formação de um corpo de prova com a

percentagem de 5% de resíduo, contendo a mesma mistura do que foi formado a 200°C na

mufla, mas nesse caso, o molde foi levado à estufa, a aproximadamente 100°C e por 30

minutos. A partir de então, foram feitos outros testes a fim de abaixar a temperatura e o

tempo para tentar formar mais facilmente um corpo de prova e aprimorar o projeto.

Com todos os testes obtidos e machos produzidos, pesquisou-se o procedimento que as

empresas utilizam para produzir seus corpos de prova com catalisador e resina, e o tempo

gasto. Observou-se então que as empresas utilizam areia de macharia, 1% de resina em

relação à areia e 25% de catalisador em relação à resina. Primeiramente mistura-se a areia

e o catalisador por 60 segundos e depois se-adiciona a resina e mistura-se por mais 60

segundos. O tempo utilizado para a formação do macho é de 40 segundos em processos

Page 48: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

33

automáticos. Em processos manuais, como o que se realiza no presente projeto, o tempo

pode ser um pouco mais elevado. A temperatura de produção é entre 180ºC a 200ºC.

Para se identificar o tempo que se levaria para a formação de um macho industrial em

procedimento em bancada, houve a tentativa de formar um corpo de prova com as

quantidades fornecidas. Pesou-se 60,0g de areia, 0,60g de resina e 0,15g de catalisador.

Misturou-se igualmente ao realizado na empresa e essa mistura foi colocada no molde e

levada à mufla por 200ºC. Foram feitas 3 replicatas. A primeira com o tempo de 1 minuto,

o segundo com o tempo de 1 minuto e 30 segundos e o terceiro com o tempo de 2 minutos.

O tempo que apresentou melhor resultado foi o escolhido para a fabricação do macho

equivalente ao macho industrial.

Logo se desenvolveu a necessidade de produzir machos com areia e resíduo da tinta em pó

com o tempo igual ou até mesmo inferior ao macho fabricado nas empresas. Utilizando

então 15,00g de areia, 1,5mL de água e 2,5% de resíduo em relação à areia (0,375g) o

macho foi levado à mufla a 200ºC. Observou-se o tempo necessário para formar o corpo de

prova.

Aumentando a quantidade de resíduo para 5% em relação à areia, foram realizados mais

três testes com 15,00g de areia. O primeiro, utilizando 1,5mL, o segundo utilizando 1,0mL

e o terceiro, 0,5mL de água. Ao colocar a mistura no molde, este foi levado à mufla a

200ºC. Os melhores tempos foram observados.

A quantidade de resíduo foi aumentada ainda mais, para 10% em relação à quantidade de

areia. Usando 15,00g de areia, 1,5g de resíduo e 1,0mL de água, fabricou-se um corpo de

prova, na temperatura e no tempo equivalente ao macho industrial produzido em bancada.

Para obter mais resultados e ampliar o critério de comparação, foram realizados os últimos

dois testes, agora 7,5% de resíduo. Utilizou-se 15,00g de areia, 1,125g de resíduo e 1,0mL

de água. A temperatura foi de 200ºC para ambos os testes, e foram testados dois tempos

distintos para a fabricação.

Page 49: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

34

Finalizando os experimentos de produção de corpos de provas, os resultados foram

analisados para um consenso sobre melhores testes utilizando areia de macharia e resíduo

de tinta em pó oriundo do processo de pintura eletrostática.

3.7. SEGUNDA ETAPA - TESTES PARA SE PRODUZIR OS MACHOS NA

INDÚSTRIA DE MACHARIA - CIDADE DE CLÁUDIO

A cidade de Cláudio é reconhecida principalmente pela grande quantidade de indústrias de

fundições instaladas no seu polo industrial. A empresa escolhida para se realizar a segunda

etapa do teste foi uma fábrica de machos que utiliza a areia de moldagem em casca - Shell

Molding, que conforme MACIEL (2005) é uma mistura industrializada de resina sintética

do tipo fenol/formol (fenólicas), catalisadores e areia base, pronta para o uso. Essa empresa

realiza vários tipos de machos para a produção de peças fundidas como panelas, picaretas e

anilhas usadas em academias de musculação. Para cada tipo de macho a ser produzido foi

necessário fabricar um molde de aço denominado ferramental.

O ferramental disponibilizado para essa pesquisa foi um moldado de aço projetado para

fabricação de machos utilizados para proporcionar os furos em que as barras de aço serão

inseridas nas anilhas de ferro fundido, utilizadas como peso nas academias de musculação,

conforme figura 3.1.

Page 50: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

35

Figura 3.1.: Fotografia da anilha de ferro fundido contendo o furo moldado pelo macho já com a barra de sustentação introduzida. (Acervo do autor).

A areia utilizada nos testes para elaboração de machos foi classificada como grossa com

malha 40 mesh (400m) e teor de sílica maior que 95%.

3.7.1. Primeiro teste - Mistura entre areia e resíduo de tinta em pó (10% sobre a areia)

Realizou-se as pesagens em balança analítica de 40g e 20g do resíduo de tinta e de 400g da

areia em balança semi-analítica. Esses dois elementos foram acondicionados

separadamente em 10 embalagens plásticas para serem misturados no ambiente de trabalho

no qual é realizado o processo produtivo da fábrica de macharia. Para tanto, adicionou-se,

em um bécker de 1000mL, 400g de areia e 40g de resíduo de tinta em pó. Com o auxílio de

um bastão de aço misturou-se esses dois produtos por 5 minutos.

Aqueceu-se o ferramental por 10 minutos, com o lança-chama até atingir a temperatura de

trabalho, em torno de 250ºC.

Com a mistura previamente preparada, encheu-se o ferramental, tendo sido preso as duas

peças do ferramental com um fixador do tipo “sargento” e raspou-se o excesso com a

Page 51: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

36

espátula. Continuou-se o aquecimento com o lança-chamas por 3 minutos. No final do

processo, esperou-se 5 minutos para abrir o ferramental e extrair os machos.

3.7.2. Segundo teste - Mistura entre areia e resíduo de tinta em pó (5% sobre a areia)

O procedimento adotado nessa etapa foi semelhante ao do primeiro teste, conforme o item

3.7.1. Nesse caso, a quantidade de resíduo de tinta em pó foi a metade do procedimento

anterior.

3.7.2. Terceiro teste - Mistura entre areia, resíduo de tinta em pó (5% sobre a areia) e

adição de água.

O procedimento adotado nessa etapa foi semelhante ao do segundo teste, conforme o item

3.7.2. Nesse teste, foi adicionada uma quantidade aleatória de água, de aproximadamente

20mL, para proporcionar uma condição pastosa no composto, facilitando a

homogeneização do resíduo de tinta em pó com a areia para formar os machos.

3.8. TERCEIRA ETAPA - TESTES PARA SE PRODUZIR OS MACHOS NA OFICINA

- CIDADE DE BETIM

Para a realização desse teste, foi improvisada uma oficina, tendo sido fornecido pelo

empreendedor da cidade de Cláudio um ferramental (molde fabricado em aço usado para

produzir os machos que são projetados para a fabricação de anilhas).

3.8.1. Primeiro teste - Mistura entre areia, resíduo de tinta em pó (1,0% sobre a areia) e

adição de água.

Page 52: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

37

O procedimento adotado nessa etapa foi semelhante ao do terceiro teste, conforme o item

3.7.2 Contudo, nesse teste, o percentual do resíduo de tinta foi reduzido e o procedimento

adotado foi igual ao utilizado industrialmente na cidade de Cláudio, Minas Gerais.

3.8.2. Segundo teste - Mistura entre areia, resíduo de tinta em pó (0,5% sobre a areia) e

adição de água.

O procedimento adotado nessa etapa foi semelhante ao do primeiro teste, conforme o item

3.8.1, porém, a quantidade de resíduo de tinta em pó nesse teste foi a metade do

procedimento anterior.

3.9. QUARTA ETAPA - TESTES PARA SE PRODUZIR OS MACHOS NA

INDÚSTRIA DE MACHARIA - CIDADE DE CLÁUDIO

3.9.1. Primeiro teste entre areia, resíduo de tinta em pó (1,0% sobre a areia) e adição de

água.

O procedimento adotado nessa etapa foi semelhante ao do primeiro teste, realizado na

cidade de Betim, conforme o item 3.8.1.

Os machos produzidos nessa etapa foram acondicionados em uma caixa de papelão

adequada para serem conduzidos até a indústria de fundição com o objetivo de realizar os

testes finais.

3.9.2. Segundo teste entre areia, resíduo de tinta em pó (0,5% sobre a areia) e adição de

água.

Page 53: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

38

O procedimento adotado nessa etapa também foi semelhante ao do primeiro teste,

conforme o item 3.8.1, porém, a quantidade de resíduo de tinta em pó foi a metade do

procedimento anterior.

3.10. TESTE COM OS MACHOS NA INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO

O teste de fundição foi feito numa metalúrgica localizada no distrito industrial da cidade de

Cláudio. Essa empresa produz e comercializa peças mecânicas para os diversos segmentos

da indústria, além de ferramentas em ferro fundido e nodular. O processo de fundição

ocorre até três vezes ao dia, dependendo da demanda exigida, tendo o forno, uma

capacidade de 1500 toneladas para cada corrida de fundição.

O teste com os machos produzidos foi realizado em um processo no qual o metal fundido

consistia em um ferro nodular, que segundo (BATISTA, 2007) é o ferro fundido quando

apresenta suas grafitas na forma de esferóides ou nódulos.

O objetivo do teste foi o de verificar se os machos produzidos com as concentrações de

0,5% e de 1,0% de resíduo de tinta em pó atenderiam aos parâmetros de qualidades

estabelecidos para um macho que segundo o SENAI (2007) deve apresentar as seguintes

características:

Resistência mecânica desde a sua extração da caixa do ferramental até o seu

posicionamento na cavidade do molde de fundição. Após o fechamento do molde, o

macho deve resistir a seu próprio peso e aos esforços estáticos e dinâmicos

exercidos pelo metal líquido quando do enchimento da cavidade;

Permeabilidade a se deixar atravessar por gases, quando o molde for vazado,

facilitando a saída dos gases;

Insensibilidade ao absorver a umidade relativa da atmosfera, o que poderia

reduzir a coesão dos grãos da areia do macho, causando desagregação e

aumentando a quantidade de gases desprendidos quando do vazamento dos moldes;

Refratariedade para resistir às temperaturas elevadas do metal líquido, por

radiação durante o enchimento, ou pelo contato direto;

Page 54: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

39

Compressibilidade às contrações das ligas no estado sólido, o que diminui as

dimensões das peças de fundição durante o seu resfriamento. Eles devem ceder aos

esforços dessa compressão, evitando as trincas ou rompimentos das peças;

Colapsibilidade o suficiente para perder a resistência mecânica após a

solidificação da peça. É exigido que na limpeza das peças eles se desagreguem

facilmente, favorecendo a remoção da areia dos machos internos.

O processo se iniciou com o preparo da mistura da areia de moldagem ou “areia verde”,

tendo como componentes principais a areia, a bentonita, o carvão mineral (cardiff) e a

água. A quantidade de água na formulação dessa mistura é acertada, de acordo com a

experiência do operador do processo, para evitar que o metal fundido não reaja a ponto de

liberar gases e projetar para fora das caixas de moldagens, o que colocaria em risco a

integridade física dos trabalhadores e também danificaria as peças fundidas.

A mistura foi realizada em um misturador equipado com mós de aço que trabalham no

sentido rotativo para homogeneização, atendendo ao procedimento técnico, que segundo

SOUZA (2011) não pode a mistura ultrapassar ¼ da altura das mós, o que não

proporcionaria uma boa eficiência nos resultados de moldação, conforme as figuras 3.2 e

3.3.

Figura 3.2.: Fotografia de uma visão ampla do misturador de areia de moldação. (Acervo do autor).

Page 55: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

40

Figura 3.3.: Visão interna do misturador detalhando as mós que homogeneízam os componentes da mistura para obtenção da areia de moldação. (Acervo do autor).

Foi retirada uma quantidade suficiente dessa mistura e destinada para a construção da caixa

de moldação. A construção foi feita no piso limpo e plano da fundição. Para tanto,

instalou-se a parte inferior da caixa de aço nesse piso e encheu-se com a quantidade

necessária dessa mistura para a instalação dos moldes padrões dos cadeados, conforme a

figura 3.4.

Figura 3.4.: Fotografia da parte inferior da caixa de moldação instalada no piso, em ponto para receber o molde padrão dos cadeados. (Acervo do autor).

Page 56: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

41

Separou-se e instalou-se na caixa de moldação, contendo uma quantidade de areia de

moldação suficiente, o molde padrão dos cadeados a serem fundidos. O padrão de fundição

é composto de seis peças de cadeados interligados para promover o vazamento do metal

líquido em todas as peças simultaneamente, conforme a figura 3.5.

Figura 3.5.: Fotografia da parte superior caixa de moldação instalada sobre a parte inferior contendo o molde dos seis cadeados, pronta para receber a areia de moldação. (Acervo do autor).

A areia de moldação foi adicionada e compactada sobre o molde padrão dos cadeados

disponibilizando o canal de vazamento do ferro fundido, conforme a figura 3.6.

Page 57: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

42

Figura 3.6.: Fotografia do operador de fundição completando a caixa de moldação com a “areia verde”, instalando o canal para o vazamento do metal fundido, através de uma peça cilíndrica adequada. (Acervo do autor).

Após o adequado enchimento e compactação da caixa de moldação, esta foi aberta e foi

retirado o molde padrão para inspecionar o acabamento e instalação dos machos, conforme

a figura 3.7.

Figura 3.7.: Fotografia do operador de fundição abrindo a caixa de moldação para retirar o molde padrão dos cadeados e inspecionar o acabamento. (Acervo do autor).

Após a inspeção da caixa de moldação, foi espalhado sobre ela uma porção de carvão

mineral (tipo cardiff), que segundo SOUZA (2011) possui a função de gerar o carbono

Page 58: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

43

vítreo (800°C) durante o vazamento do metal, que ainda evita a sinterização da areia e

melhora o acabamento superficial das peças fundidas.

Após esse procedimento, iniciou-se a instalação dos machos. Eles foram dispostos numa

ordem em que pudesse ser identificado cada macho de acordo com a concentração (0,5 e

1,0%). A parte inferior da caixa recebeu os machos com a concentração de 1,0%,

enquanto que a sua parte superior recebeu concentração de 0,5%. Essa identificação ficou

fácil de ser visualizada porque todos, exceto um macho com concentração de 0,5% teve

uma parte faltante (vide seta), conforme a figura 3.8.

Figura 3.8.: Fotografia da instalação dos machos com concentração de 0,5% na parte

superior da caixa de moldação e 1,0% na parte inferior. (Acervo do autor).

Após a instalação dos machos, fechou-se a caixa de moldagem, deixando livre o canal de

vazamento (vide seta) para iniciar a moldação dos cadeados, conforme figura 3.9.

Page 59: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

44

Figura 3.9.: Fotografia da caixa de moldagem fechada e pronta para receber o ferro

fundido. (Acervo do autor).

Para executar a fundição, assegurou-se que a temperatura do forno estava adequada, em

torno de 1500°C. Após essa observação, encheu-se a panela com o ferro fundido e

destinou-se à caixa de moldação para realizar o vazamento, conforme figura 3.10.

Figura 3.10.: Fotografia dos operadores de fundição fazendo as últimas inspeções no ferro fundido para executarem o processo de fundição. (Acervo do autor).

A caixa de moldação foi previamente instalada para receber o metal fundido. Colocou-se

barras de metal, com peso significativo sobre as caixas de moldagem com objetivo de

assegurar que a parte da caixa de moldação não seria deslocada em função do vazamento, o

Page 60: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

45

que poderia facilitar a projeção do metal líquido, e isso danificaria as peças fundidas,

conforme indicado pelas setas, conforme a figura 3.11.

Figura 3.11.: Fotografia do instante em que o metal líquido é derramado através do canal de vazamento para fabricar os cadeados. (Acervo do autor).

O enchimento da caixa de moldação foi feito derramando o metal líquido através da

panela, conduzida por dois operadores de fundição, no canal de vazamento instalado na

caixa de moldação.

Após esse processo de vazamento, esperou-se aproximadamente 20 minutos para que

houvesse o esfriamento e a estabilidade do metal líquido para retirar os cadeados fundidos

de dentro da caixa de moldação, conforme a figura 3.12.

Page 61: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

46

Figura 3.12.: Fotografia da caixa de moldação preenchida com o ferro fundido aguardando o seu esfriamento e estabilidade para a retirada dos cadeados fabricados. (Acervo do autor).

Realizou-se a desmontagem da caixa de moldagem e retirou-se os cadeados fundidos.

Observou-se que eles estavam rubros e por isso foram retirados com cuidado para evitar

acidentes, conforme as figuras 3.13, 3.14.

Figura 3.13.: Fotografia do início de desmontagem da caixa de moldação. (Acervo do autor).

Page 62: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

47

Figura 3.14.: Fotografia da desmontagem da caixa de moldação, e retirada dos cadeados. (Acervo do autor).

Os cadeados fundidos foram retirados da caixa de moldação e dispostos com as cavidades

para baixo com objetivo de testar a colapsibilidade dos machos.

Após a retirada e arrefecimento dos cadeados, fez-se uma pré limpeza com auxilio de uma

ferramenta de desbaste, denominada esmerilhadeira. Retirou-se parte das rebarbas do ferro

fundido, proveniente da junção das caixas inferior e superior do modelo utilizado para o

padrão de cadeados. O resultado dessa fundição foi demonstrado na figura 3.15.

Figura 3.15.: Fotografia da vista detalhada da cavidade proporcionada pela inserção do macho na caixa de moldação. (Acervo do autor).

Page 63: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

48

CAPÍTULO 4

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE TINTA

4.1.1. Classificação do resíduo de acordo com a NBR 10.004

De acordo com resultados das análises realizadas no laboratório terceirizado, conforme as

diretrizes estabelecidas na ABNT NBR 10.004 (2004), o resíduo foi classificado como II B

– resíduo inerte, conforme relatório, disponibilizado no anexo A.

4.1.2. TG (análise termogravimétrica) do resíduo da tinta em pó

A figura 4.1. apresenta o resultado da TG do resíduo da pintura eletrostática. Pôde-se

observar que até a temperatura, em torno de 3000C, o material é estável. A partir desta

temperatura começa haver perda de massa, ou seja, o resíduo começa a se decompor.

Assim, na elaboração da areia de macharia, a temperatura máxima de trabalho será inferior

a 3000C.

Figura 4.1.: Gráfico demonstrativo da perda de massa do resíduo de tinta em função do aumento de temperatura.

Page 64: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

49

4.2. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DA AREIA, DA TINTA EM PÓ PARA

PINTURA ELETROSTÁTICA E DO RESÍDUO DE TINTA PELO MÉTODO DE

PENEIRAMENTO

Para o peneiramento da areia de macharia que foi utilizada em todo o processo, foi usada

uma série de peneiras de 48 (300m), 60 (250m), 100 (149m), 270 (53m), 325 (44m)

e 400 mesh (37m). Como convenção usa-se “-” para passagem e “+” para bloqueio. Os

resultados obtidos nos três testes, com 10,00g de areia em um peneiramento de 15 minutos,

estão expressos na tabela 4.1:

Tabela 4.1.: Faixa de granulometria com areia de macharia com duração de 15 minutos no peneirador.

Peneiras (mesh)

1º teste retida (%)

2º teste retida (%)

3º teste retida (%) Média

(%)

Desvio padrão

(%) +48 55,10 54,08 58,16 55,7 2,12

-48+60 19,39 19,39 17,35 18,71 1,18 -60+100 19,39 20,41 17,35 19,05 1,56

- 100 + 270 1,02 1,02 1,02 1,02 0,00 - 270 + 325 2,04 2,04 3,06 2,38 0,59 - 325 + 400 1,02 1,02 1,02 1,02 0,00

- 400 2,04 2,04 2,04 2,04 0,00

Comparando os três testes granulométricos realizados com a areia, pode-se observar que

apresentam percentagens bem próximas de areia retida em todas as peneiras, por isso, um

desvio padrão baixo nas peneiras em mesh 48 (300m), 60 (250m) e 100 (149m), sendo

que, nas peneiras 270 (53m) e 400 mesh (37m) nem houve esse desvio e na peneira de

325 mesh (44m) o desvio foi muito baixo.

Como no segmento da fundição é adotado um conjunto específico de 12 peneiras para se

realizar a granulometria da areia, foi montada a série de peneiras, 6(3350m),

12(1700m), 20(850m), 30(600m), 40(425m), 50(300m), 70(212m), 100(150m),

140(106m), 200(75m) e 270 mesh (53m).e realizados em triplicata os testes, sendo os

resultados expressos na tabela 4.2.

Page 65: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

50

Tabela 4.2.: Faixa de granulometria com areia de macharia com duração de 15 minutos no peneirador.

1º Teste 2º Teste 3º Teste Média

(Retido %)

Desvio Padrão

(Retido %) Peneiras ASTM

Abertura (m) Retido% Produto

(%) Retido% Produto (%) Retido% Produto

(%) Fator

6 3350 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3 0,00 0,00 12 1700 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5 0,00 0,00 20 850 0,02 0,20 0,03 0,29 0,02 0,20 10 0,02 0,01 30 600 3,38 67,60 3,39 67,80 3,39 67,80 20 3,39 0,01 40 425 21,67 650,10 21,65 649,50 21,61 648,30 30 21,64 0,03 50 300 42,19 1687,60 42,16 1686,40 42,18 1687,20 40 42,18 0,02 70 212 24,25 1212,50 24,26 1213,00 24,28 1214,00 50 24,26 0,02

100 150 7,91 553,70 7,93 555,10 7,93 555,10 70 7,92 0,01 140 106 0,50 50,00 0,45 45,00 0,46 46,00 100 0,47 0,03 200 75 0,04 5,60 0,07 9,80 0,06 8,40 140 0,06 0,02 270 53 0,02 4,00 0,04 8,00 0,03 6,00 200 0,03 0,01

Fundo 0,02 6,00 0,02 6,00 0,04 12,00 300 0,03 0,01 Soma 100,00 4237,30 100,00 4240,89 100,00 4245,00

Módulo de finura (AFS) 42,4 42,4 42,5 Média (MF - AFS) = 42,4 Desvio padrão (MF - AFS) = 0,0

Page 66: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

51

Comparando os três testes granulométricos realizados com a areia, pode-se observar que eles

também apresentam percentagens de areia retida muito próximas em todas as peneiras, o que

aponta para um desvio padrão médio de zero.

O módulo de finura da areia foi determinado através da equação:

Onde: MF = Módulo de finura da areia

S3 = Somatório dos produtos

S2 = Somatório das porcentagens

Produto = Fator x % retido

Fator = Convenção adotada pela AFS

Logo, o resultado do módulo de finura da areia foi igual a 42,2 AFS, ou seja, é considerada uma

areia grossa.

Segundo MATESO (2006), uma areia é considerada grossa quando o seu módulo de finura é

menor que 50 AFS (American Foundry Society) e geralmente superior a 30 AFS. A areia de

módulo entre 50 AFS a 70 AFS é dita média. Entre os módulos 70 AFS e 100 AFS têm-se

areias finas. As muito finas estão entre 100 AFS e 150 AFS e as finíssimas acima de 150 AFS.

Assim, pelos resultados obtidos, pôde-se classificar a areia de macharia usada como grossa,

pois uma concentração granulométrica maior que 50% ficou retida.

Quanto à tinta em pó e o seu resíduo (sobras do processo de pintura), as percentagens não

deram tão próximas quanto ao que se observou no teste com a areia de macharia. Os resultados

obtidos revelaram um desvio padrão alto em todos os resultados. A série de peneiras utilizadas

foi de, em mesh: 100 (149m), 270 (53m), 325 (44m), 400 (37m), 500 (25m), pois como

dito, a tinta e o seu resíduo apresentam grãos mais finos que a areia de macharia.

Para o teste, em que se realizaram três peneiramentos de 10,00g de tinta em 5 minutos, e três

peneiramentos com resíduo nessas mesmas condições, os resultados estão expressos nas tabelas

4.3 e 4.4:

Page 67: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

52

Tabela 4.3.: Peneiramentos com 10,00g de tinta em pó com duração de 5 minutos no agitador.

Peneiras (mesh)

1º teste retida(%)

2º teste retida(%)

3º teste retida(%) Média

(%)

Desvio padrão

(%) +100 0,94 0,94 3,77 1,88 1,63

- 100 + 270 20,75 23,58 35,85 26,73 8,03 - 270 + 325 19,81 18,37 28,30 22,16 5,37 - 325 + 400 32,08 44,34 26,42 34,28 9,16 - 400 + 500 22,64 8,49 4,72 11,95 9,45

- 500 3,77 3,77 0,94 2,83 1,63

Nos três testes, observou-se que entre o primeiro e o segundo peneiramento, as taxas de

variação de percentagem de tinta retida nas três peneiras com aberturas maiores foram

pequenas. Mas na peneira de 400 mesh (37m), que tem abertura menor, houve um aumento da

variação da percentagem, comparando o segundo com o primeiro peneiramento. Na peneira de

500 mesh (25m) houve uma brusca variação, diminuindo a percentagem só para o para o 2º e

3º teste. Já no fundo da série de peneiras, a percentagem deu a mesma, indicando que as frações

mais finas das duas amostras estavam em quantidade idêntica.

Ao comparar o terceiro peneiramento com os dois anteriores, todas as percentagens em todas as

peneiras apresentaram alta taxa de variação. As percentagens aumentaram nas três peneiras de

aberturas maiores e diminuíram nas três peneiras de aberturas menores, indicando assim que,

comparado aos demais, no terceiro teste a tinta estava com grãos mais grossos.

Nos três peneiramentos de três amostras de resíduo de tinta os resultados deram muito mais

divergentes conforme tabela 4.4. Apenas as frações mais finas de cada peneiramento deram

percentuais bem próximos, comparados aos outros. O que se observou foi que o resíduo

apresentou um aumento no percentual, quando retido na peneira de 270 mesh (53m), a

segunda peneira de maior abertura na montagem das peneiras, implicando que a amostra do

terceiro peneiramento apresentava frações mais grossas em relação aos peneiramentos

anteriores.

Page 68: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

53

Tabela 4.4.: Peneiramentos com 10,00g de resíduo de tinta com duração de 5 minutos no agitador.

Peneiras (mesh)

3º teste retida(%)

3º teste retida(%)

3º teste retida(%) Média

(%)

Desvio padrão

(%) +100 0,97 4,07 0,94 1,99 1,80

- 100 + 270 20,39 55,28 81,13 52,27 30,48 - 270 + 325 28,15 27,64 10,38 22,06 10,12 - 325 + 400 42,72 9,76 3,77 18,75 20,97 - 400 + 500 5,82 1,63 1,89 3,11 2,35

- 500 1,94 1,63 1,89 1,82 0,17

Com todos esses resultados insatisfatórios sobre oscilações nas taxas de variação percentuais da

tinta, e do seu resíduo, utilizando a mesma amostra, buscaram-se informações em como melhor

realizar análises granulométricas em tinta em pó para pintura eletrostática. O peneiramento não

é muito apropriado, pois essa agitação causa um aumento de cargas eletrostáticas nos grãos da

tinta, que se comporta de forma diferente em cada grão. Grãos maiores podem vir a adquirir

mais cargas e esse resultado provoca diversas alterações nos resultados. Por isso, não se deve

servir do peneiramento para analisar a tinta e nem o seu resíduo quanto à granulometria.

4.3. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA A LASER DA TINTA EM PÓ, DO RESÍDUO DA

TINTA E DO RESÍDUO TRITURADO DESSA TINTA.

De acordo com os resultados apresentados com a tinta em pó virgem e com o seu resíduo em

testes granulométricos, através do peneiramento, realizou-se a análise granulométrica em

duplicata, através do método de análise granulométrica por difração de raios laser, incluindo o

resíduo da tinta na forma original e triturada. Os resultados dos testes foram plotados e

apresentados em gráficos nas figuras 4.2 e 4.3.

Page 69: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

54

Figura 4.2.: Gráficos dos testes de análise granulométrica a laser da tinta em pó virgem

As duas amostras de tinta em pó virgem concentraram uma granulometria na faixa de 20µm a

60µm, podendo ser observado um pico de próximo de 40µm e depois sendo verificado uma

diminuição percentual lenta. Uma diferença mínima na granulometria entre a tinta em pó

virgem A (amostra A) e a tinta em pó virgem B (amostra B) pode ser notada ao longo de quase

toda a extensão entre as duas curvas. A amostra A apresenta percentual do volume retido mais

elevado, porém, visualmente esta diferença não é significativa e comparando as duas amostras

percebeu-se que estão consideravelmente na mesma faixa granulométrica.

Page 70: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

55

Figura 4.3.: Gráficos dos testes de análise granulométrica a laser dos resíduos de tinta virgem (A e B) e do resíduo (A e B) triturado.

Ao comparar os testes, nota-se que os resultados com a tinta em pó, com o resíduo e com o

resíduo triturado foram bem semelhantes nas duplicatas de amostras, de acordo com os gráficos

apresentados.

Para o resíduo da tinta em pó as duas amostras apresentaram um pico próximo de 10µm.

Observou-se após esse pico uma diminuição da percentagem nas duas amostras até 120µm e

uma pequena elevação posterior a partir dessa granulometria.

O resíduo triturado apresentou resultados próximos aos resultados obtidos com o resíduo da

tinta nas amostras A e B, observou-se uma diminuição brusca após 10µm até 30µm e uma

pequena elevação seguida de uma diminuição entre 40 e 110µm. Em relação ao resultado

obtido com o resíduo, observa-se uma granulometria um pouco menor, pois, o resíduo de tinta

em pó triturado apresentou maior percentagem em granulometrias menores, ou seja, maior teor

de finos. Observa-se nas duas amostras que a granulometria também se enquadra entre 0 e

Page 71: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

56

20µm mas, se comparado ao resíduo, o pico dos gráficos que expressam as percentagens retidas

do resíduo triturado encontra-se mais próximo do 0µm.

Essa proximidade dos resultados dos testes do resíduo da tinta e do resíduo triturado também se

deve ao fato de que a trituração foi realizada manualmente, o que poderia diminuir a eficácia

desta. Mas ainda assim é possível observar um maior teor de finos presentes nos grãos do

resíduo triturado. E o mais importante, observou-se claramente a diferença granulométrica entre

a tinta em pó e o resíduo da tinta. A distribuição granulométrica obtida da tinta ficou entre 20 e

60µm enquanto que a distribuição granulométrica do resíduo ficou entre 0 e 20µm. Ou seja, o

resíduo é contido de grãos mais finos se comparado à tinta. Haja vista que o resíduo capturado

num processo de pintura eletrostática (over spray) corresponde aos grãos que não se aderiram à

peça metálica por apresentar granulometria mais baixa, pode-se dizer que, na análise realizada

através da difração de raios laser, os resultados obtidos correspondem ao esperado em termos

comparativos entre as granulometrias do resíduo e da tinta em pó.

4.4. TESTES DE SOLUBILIDADE

A finalidade desse teste foi a de se estabelecer um solvente que realizasse a molhabilidade da

mistura sem dissolver o resíduo de tinta em pó. Observou-se que a tinta não se dissolveu

totalmente em nenhum dos três solventes utilizados. A água, solvente polar, praticamente não

solubilizou nada da tinta em pó. Depois de misturados os 10,00mL de água com 0,1g de tinta

com um bastão de vidro e deixado em repouso, observou-se pequenos grãos avulsos dispersos

no líquido na superfície e a formação de pequenas aglomerações de tinta. À medida que se

adicionou mais água, os grãos ficaram mais dispersos e visíveis no líquido.

Com álcool etílico absoluto, solvente de caráter fracamente polar, observou-se o mesmo

resultado. Claramente, o líquido não dissolveu a tinta, mesmo após adicionar mais álcool etílico

absoluto. O tolueno, que possui caráter apolar, a princípio pareceu ser um solvente para a tinta

em pó. Ao misturar 10,00mL de tolueno com 0,1g de tinta, o solvente aparentemente dissolveu

toda a tinta, mas após deixar o béquer em repouso, observou-se uma pequena quantidade de

grãos ao fundo. Com 20,00mL de tolueno o resultado foi o mesmo, ainda restando uma

Page 72: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

57

pequena quantidade de tinta ao fundo do béquer. Por isso foram adicionados mais 10,00mL ao

béquer, agora com 30,00mL. Como resultado, a aglomeração da tinta demonstrou ter

aumentado. Foi adicionado então mais 10,00mL de tolueno e com 40,00mL, aumentando ainda

mais a aglomeração da tinta. Para analisar claramente o resultado, foi realizada uma filtração

simples. O que restou ao papel de filtro foi pesado, ficando retido no papel 0,1g de tinta em pó.

Ou seja, o tolueno apenas aparentou dissolver a tinta, mas não houve a dissolução. Isso já era

esperado, pois a tinta em pó é isenta de solventes orgânicos, não precisando destes para ser

aplicada. A quantidade de componentes que a tinta em pó é constituída é um fator que

influencia na análise de sua polaridade. Com todos os seus componentes, ela possui uma

polaridade específica, dificultando a descoberta de um líquido que irá solvatá-la totalmente.

Mas como a tinta em pó é isenta de solvente, os testes de solubilidade não tiveram relevância

no procedimento total.

De acordo com o que foi observado, ficou definido um material para a formação de um corpo

de prova com resíduo de tinta e areia de macharia. A água funcionaria para apenas formar uma

liga entre o resíduo e a areia, sem solubilizar o resíduo de tinta. Como é um solvente abundante,

não há problema na sua utilização uma vez também que se usaria baixa quantidade desta.

4.5. TESTES DE PRENSAGEM

Os testes realizados mostraram que a seco não se formou liga entre a tinta em pó e areia de

macharia. Contudo, ao se adicionar a água houve a liga na mistura.

Para formar os machos, era necessário que os grãos estivessem ligados e assim, essa liga ser

colocada ao molde que posteriormente seria aquecido. O resíduo da tinta em pó é o componente

que deve atuar como ligante dos grãos de areia na mistura, utilizando também uma quantidade

baixa de água.

Page 73: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

58

4.6. PRIMEIRA ETAPA - FABRICAÇÃO DOS MACHOS EM LABORATÓRIO PARA

PROCESSO DE FUNDIÇÃO

Primeiramente desenvolveu-se o material que seria utilizado para formar os corpos de prova.

Depois do procedimento realizado com três misturas do teste de prensagem, foi observada na

cápsula que continha o primeiro teste (10,00g de areia e 0,1g de resíduo) que a areia ficou ao

fundo por ser mais densa e o resíduo à superfície, se ligando apenas a poucos grãos de areia.

Nas cápsulas que continham o quinto e o décimo teste (0,5g e 1g de resíduo, respectivamente e

10,00g de areia para ambos) ao fundo continha uma fina película de resíduo com poucos grãos

de areia nela misturados, na superfície uma película contendo apenas o resíduo e entre as duas,

uma camada de areia que não se misturou. Como o resultado não foi satisfatório, algumas

condições teriam que ser mudadas, como a temperatura e a quantidade do resíduo.

Ao realizar o próximo teste, com 60,00g de areia, 6g de tinta pura e 6,0mL de água, como

resultado a água deu liga a mistura, deixando-a bem homogênea. Então, como foram retiradas

quatro amostras desse teste e colocadas em cadinhos, que foram levados a quatro diferentes

temperaturas: 100ºC; 150ºC; 200ºC e 400ºC por 30 minutos. A 400°C, a liga perdeu a coloração

azul da tinta e ficou esbranquiçada, ficando mais clara que a areia. Além disso, seus grãos se

soltaram, perdendo então o aspecto de liga. A 100°C e a 150°C, a mistura endureceu e os grãos

que estavam ligados permaneceram nesse estado, apresentando como resultado final, várias

pequenas ligas endurecidas. Já a 200°C, a mistura petrificou, apresentando melhor resultado do

que a 100ºC, pois foi obtida uma só liga, sendo que poucos grãos não se juntaram à liga. A

coloração azul permaneceu a mesma.

Ao realizar o mesmo teste com o resíduo, o resultado foi tão satisfatório quanto o teste feito

com tinta pura. A liga endureceu e apresentou-se bem resistente.

Assim, com o material formado, os corpos de provas começaram a ser produzidos. Os

primeiros, com 10% e 5% de resíduo que foram levados à mufla durante 30 minutos a 200ºC

apresentaram-se muito rígidos e resistentes à extração, sendo necessário utilizar um martelo

para alcançar esse objetivo. Com 2,5% de resíduo foi observado que para tirá-lo do molde

Page 74: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

59

houve certa dificuldade, uma vez que ao se usar pouco resíduo, a areia fica mais em contato

com o metal. Essa dificuldade também é causada pelo tipo de areia utilizada, que foi uma areia

grossa, como comprovado pela análise granulométrica realizada, a mesma areia utilizada no

processo de fabricação.

Com 1% de resíduo e 30 minutos na mufla (a 200ºC), o resultado obtido foi um corpo de prova

de baixa resistência, e muito frágil. Mas ao tentar se formar um macho sem a utilização do

resíduo, o corpo não se formou, pois a água evaporou e restaram apenas grãos de areia na

mufla.

Quando se reduziu a temperatura para 100ºC, utilizando 5% de resíduo (no mesmo tempo de 30

minutos), o teste foi satisfatório. Com resultados eficientes, os procedimentos foram

direcionados para a fabricação de machos industriais a fim de compará-los com corpos de prova

produzidos em bancada.

De acordo com os três testes realizados com as condições que uma empresa utiliza para a

produção de machos, o melhor tempo de produção foi de 2 minutos em bancada. Isso porque se

trata de um processo de produção manual, menos eficiente que um processo automático. A

temperatura foi de 200ºC.

Logo foram realizados testes com resíduo de tinta em pó e areia de macharia com a finalidade

de igualar o tempo de produção ao tempo de formação de um macho industrial em bancada e

também reduzir a quantidade de resíduo. Manteve-se a temperatura sempre a 200ºC.

O primeiro teste realizado desta série, com 2,5% de resíduo, a formação somente ocorreu após

10 minutos, que é um tempo de produção muito elevado. Aumentando então a quantidade de

resíduo para 5% e variando a quantidade de água, o resultado mais satisfatório foi utilizando

1,0mL de água. O macho foi produzido com 2 minutos, tempo igual ao de produção de machos

industriais. Com tempo de 1 minuto o macho não se formou totalmente, pois não ficou com o

exato formato do molde.

Page 75: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

60

O teste com 7,5% de resíduo e 1,0mL de água que teve duração de 1 minuto também formou

um macho muito frágil, sendo o tempo de 1 minuto insuficiente. Mas o teste que teve 2 minutos

de duração formou um macho de boa resistência, comprovado através da atividade de extração

da caixa de moldação e manuseio, conforme a rotina desse processo.

Comparando o macho produzido com resíduo de tinta a pó com o macho produzido nas

empresas, com resina nobre e catalisador, o tempo para o processo foi o mesmo. Apresentam

também a mesma rigidez. Apesar do macho produzido com resina utilizar uma quantidade mais

baixa dessa resina/catalisador em relação à quantidade de areia, a utilização do resíduo reduz os

custos do processo.

4.7. SEGUNDA ETAPA (TESTES NA FÁBRICA DE MACHOS – CIDADE DE CLÁUDIO).

4.7.1. Primeiro Teste entre Areia e Resíduo de Tinta em pó (10% sobre a areia)

O teste não foi aprovado porque o composto se apresentou heterogêneo em função de se ter

uma concentração significativa de resíduo de tinta sobre a areia, a mistura se apresentou

pastosa, plástica, grudando no ferramental, não permitindo a sua extração com o formato de

machos, conforme a figura 4.4.

Figura 4.4.: Fotografia da bancada contendo o ferramental e os resíduos da mistura utilizada na tentativa de se produzir os machos. (Acervo do autor).

Page 76: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

61

4.7.2. Segundo Teste entre Areia e Resíduo de Tinta em Pó (5% sobre a areia).

O composto se mostrou também heterogêneo, com caráter ligeiramente plástico e ao mesmo

tempo esfarelado, porém, ficou mais consistente que no primeiro teste com menos partes

grudadas no ferramental.

Pode-se observar que como a areia não se misturou totalmente ao resíduo da tinta em pó, o

composto se apresentou com características heterogêneas, com partes visivelmente contendo

somente o resíduo da tinta e outras partes contendo somente areia. Essa heterogeneidade fez

com que os machos ficassem esfarelados, com pouca resistência mecânica ao serem extraídos

do ferramental por não terem sido ligados todos os grãos da areia, conforme as figuras 4.5 e

4.6.

Figura 4.5.: Fotografia da visão panorâmica da bancada contendo o ferramental aberto com dois machos a serem extraídos em uma de suas partes e um macho já extraído. (Acervo do autor).

Page 77: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

62

Figura 4.6.: Fotografia de dois machos produzidos a partir da concentração de resíduos a 5% (aparência heterogênea - areia e o resíduo de tinta em pó). (Acervo do autor).

4.7.3. Terceiro Teste entre Areia, Resíduo de Tinta em Pó (5% sobre a areia) e Adição de Água.

O resultado dessa experiência foi satisfatório, porque o composto se apresentou homogêneo,

diferentemente das tentativas anteriores, e ainda conferindo as mesmas propriedades de

resistência em toda a extensão dos machos, porém os machos ficaram rígidos, conforme a

figura 4.7, o que poderia afetar a boa colapsibilidade, (perda da resistência mecânica após a

solidificação da peça fundida). Essa característica é importante para que, quando da limpeza

das peças, ele se desagregue facilmente, favorecendo a remoção da areia dos machos internos.

Este teste não foi aprovado para o parâmetro colapsibilidade.

Page 78: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

63

Figura 4.7.: Fotografia da extração dos machos que se apresentaram com alta resistência mecânica, (quebrado com um martelo) o que poderia comprometer a colapsibilidade na fundição. (Acervo do autor).

Apesar do terceiro teste não ter sido aprovado por causa de sua resistência mecânica elevada,

nota-se que houve homogeneidade da mistura e consequentemente a resistência mecânica se

apresentou de forma sistêmica na fabricação dos machos.

4.8 TERCEIRA ETAPA (TESTES NA OFICINA - CIDADE DE BETIM)

4.8.1. Primeiro Teste entre Areia, Resíduo de Tinta em Pó (0,5% e 1,0% sobre a areia) e Adição

de Água.

Com o objetivo de se identificar uma formulação adequada para atender as exigências no

processo de fabricação de machos, reduziu-se drasticamente o teor de resíduo de tinta na

formulação e se manteve o elemento aglomerante água também na formulação.

O resultado foi satisfatório, porque o composto se apresentou homogêneo e conferindo as

mesmas propriedades de resistência em toda a extensão dos machos, semelhante a resistência

Page 79: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

64

dos machos que são produzidos no processo de macharia da cidade de Cláudio. A formulação

da mistura para se produzir os machos foi definitivamente acertada com 0,5% e 1,0% de

resíduo de tinta em relação à areia. Um exemplar de macho com a concentração de 1,0% foi

identificado e apresentado, conforme a figura 4.8.

Figura 4.8.: Fotografia de um exemplar de macho com concentração de 1,0% (utilizado na fabricação de anilhas, para exercícios de musculação). (Acervo do autor).

Page 80: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

65

4.9 QUARTA ETAPA (TESTES NA FÁBRICA DE MACHOS – CIDADE DE CLÁUDIO)

4.9.1. Primeiro e Segundo Testes entre Areia, Resíduo de Tinta em Pó (0,5 e 1,0% sobre a

areia) e Adição de Água.

Os testes foram satisfatórios, porque as duas formulações se apresentaram homogêneas e pôde-

se observar também que as resistências mecânicas dos dois machos realizados com essas

concentrações atendiam desde às exigências de extração do ferramental até no manuseio para o

acondicionamento e transporte para a fábrica de fundição, conforme o fluxo do processo da

fábrica de machos evidenciados na figura 4.9.

Figura 4.9.: Descrição do fluxo de um processo de macharia. (Acervo do autor).

Mistura de areia, ligante eágua

Preparação do ferramentale fabricação dos machos

Limpeza das rebarbasdos machos

Fluxograma do Processo de Macharia

Início

Disponibilização dosmachos para a caixa de

moldação

Fim

Page 81: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

66

A figura 4.10 apresenta os dois machos fabricados com as concentrações de 0,5 e 1,0% de

resíduo de tinta em pó prontos para serem testados no processo de fundição.

Figura 4.10.: Fotografia dos machos produzidos com concentrações de 0,5 e 1,0%

(destinados à fundição de cadeados para portas de enrolar). (Acervo do autor).

4.9.2. Teste com os machos na Indústria de Fundição

A verificação do desempenho dos machos na indústria de fundição consistiu em observar se o

comportamento das duas formulações com concentrações de 0,5 e 1,0%, atenderiam às

exigências necessárias a um processo de fundição:

Resistência mecânica: A integridade física dos machos foi mantida desde a sua

extração da caixa do ferramental, o acondicionamento em caixas de transporte para o

processo de fundição, o seu posicionamento na cavidade do molde de fundição até o

fechamento do molde de fundição. Observou-se também que os machos resistiram

adequadamente aos esforços exercidos pelo metal líquido durante o enchimento da

cavidade na caixa de moldação.

Page 82: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

67

Insensibilidade ao absorver a umidade: Não foi detectada qualquer redução da coesão

dos grãos de areia oriundos da absorção de umidade relativa da atmosfera. Os machos

estavam consistentes para serem inseridos na caixa de moldação.

Permeabilidade: Observou-se que essa propriedade foi mantida durante o vazamento

do ferro fundido, permitindo a liberação dos gases gerados no processo de fundição,

observados pela emanação de uma pluma acinzentada.

Refratariedade: Esse teste serviu para monitorar a resistência dos machos ao

vazamento do metal líquido na caixa de moldação. Nas duas formulações pôde-se

observar o mesmo comportamento de que os machos suportaram a temperatura do ferro

fundido, que estava em torno de 1300°C, sem quaisquer danos, o que poderia

comprometer a qualidade dos cadeados que estavam sendo fundidos.

Compressibilidade: As dimensões dos cadeados foram preservadas, sem nenhuma

alteração que pudesse ser percebida, o que compete afirmar sobre os machos terem

resistidos às contrações das ligas ferrosas, já no estado sólido.

Colapsibilidade: Observou-se que após a solidificação dos cadeados, os machos

haviam perdido as suas resistências mecânicas, facilitando a limpeza das cavidades

formadas no processo de fundição.

Pode ser observado que quando o conjunto de cadeados foi disposto ao solo com as cavidades

voltadas para baixo, a areia, já sem o resíduo de tinta (ligante) utilizada na mistura para se

produzir os machos, depositou-se no solo, conforme demonstrado na figura 4.11.

Figura 4.11.: Fotografia de uma porção de areia livre dos ligantes do resíduo da tinta em pó, disposta no piso, que saíram dos cadeados. (Acervo do autor).

Page 83: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

68

Esse comportamento foi bom porque se-consolidou a exequicidade de se produzir machos com

as concentrações de 0,5 e de 1,0% de resíduo de tinta em pó.

A relação do custo/benefício para essa alternativa de ligante está descrita no próximo capítulo.

Page 84: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

69

CAPÍTULO 5

5. COMPARAÇÃO DE CUSTOS ENTRE OS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DOS

MACHOS COM AREIA SHELL MAR 6 (3% DE RESINA FENÓLICA) E AREIA

COM RESÍDUO DE TINTA EM PÓ.

5.1. GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE PINTURA

Somente em Minas Gerais, segundo pesquisa realizada junto aos fornecedores de tintas,

existem aproximadamente 200 empreendimentos que possuem processos que utilizam a pintura

eletrostática a pó.

Ainda segundo essa pesquisa, 8% desses empreendimentos utilizam uma média de oito

toneladas/mês de tinta em pó e geram aproximadamente 4% de resíduo de tinta/mês em seus

processos de pinturas. Essa pesquisa revelou ainda que esses empreendimentos geram uma

quantidade de resíduos acima de quatro toneladas/mês.

Os outros 184 empreendimentos (92%) utilizam uma média de tinta em pó, oscilante entre

200kg e 1000kg/mês. O mais comum entre esses processos é que se utilize uma quantidade

média de tinta próxima de 500kg/mês, sendo que em algum mês, alguns processos nem utilizam

as tintas em pó porque depende da programação de produção que pode ser peças pintadas ou

não. Pode-se estimar então que, esses processos juntos gastem aproximadamente 92.000kg de

tintas/mês. A geração de resíduos nesses processos varia de 2 a 30% do montante de tinta

disponibilizado para a pintura. Não se pode também saber com certeza quanto de resíduo de

tinta é gerado, porém, pode-se inferir uma quantidade acima 1.840kg de resíduos/mês porque se

fosse somente considerado a geração de 2% sobre os 92.000kg de tintas, o valor encontrado

seria de 1.840kg.

Page 85: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

70

Pode-se inferir que somente no Estado de Minas Gerais a quantidade de resíduos de tintas em

pó ultrapassa a casa dos 6,9 toneladas/mês.

Se na mistura de areia com o ligante resíduo de tinta houver 0,5% do mesmo, seria percebido

um total dessa mistura, por mês, de 1.380 toneladas.

Entretanto, se o preparo da mistura de areia com o ligante resíduo de tinta for de 1% do mesmo,

totalizaria 690 toneladas por mês dessa mistura.

5.1.1. Custo Comparativo dos Processos para a Produção de machos.

A mineradora consultada para o fornecimento de areia que atua no ramo da fabricação de

machos e caixas para moldação, assim também como as empresas que comercializam a areia

misturada com a resina fenólica (areia Shell MAR 6), ficam situadas no Estado de São Paulo.

Muitos empreendedores do processo de fundição da cidade de Cláudio, em Minas Gerais,

possuem parcerias com esses fornecedores, inclusive o fabricante de machos que colaborou

com essa pesquisa.

Para fabricar os machos são adquiridos esses insumos que são transportados de São Paulo até a

cidade de Cláudio, sendo cobrado também o fretamento do transporte, juntamente com os

pedágios existentes nesse trajeto.

Opções e custos do transporte:

Opção de se fabricar machos com a mistura Areia Shell MAR 6 a 3% de resina (Pronta para se

produzir os machos):

Caminhão truck (capacidade de 14t) – R$535,28/tonelada + R$60,00 (somatório de

pedágios de São Paulo até a cidade de Cláudio).

Carreta (capacidade de 26t) – R$535,28/tonelada + R$100,00 (Somatório de pedágios

de São Paulo até a cidade de Cláudio).

Page 86: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

71

Opção de se fabricar machos com areia de módulo 35/45 AFS utilizando o resíduo de tinta

como ligante:

Caminhão truck (capacidade de 14t) – R$51,00/tonelada + R$60,00 (somatório de

pedágios de São Paulo até a cidade de Cláudio).

Carreta (capacidade de 26t) – R$51,00/tonelada + R$100,00 (somatório de pedágios de

São Paulo até a cidade de Cláudio).

Esses dados foram pontuados para justificar que a troca da “areia Shell” pela areia ligada com

resíduo das tintas em pó, é em muitos processos de macharia, ambientalmente mais correto e

financeiramente viável, conforme os dados apresentados nas tabelas 5.1 a 5.6.

Tabela 5.1.: Opção de se realizar o transporte da “areia Shell” em caminhão truck com

capacidade de 14 toneladas.

Descrição Custo (R$)

14 toneladas de areia Shell MAR 6 7.493,91

Fretamento do caminhão truck (14 toneladas) 954,52

Pedágio 60,00

Total 8.508,43

Tabela 5.2.: Opção de se realizar o transporte da mistura da areia com resina em caminhão

truck com capacidade de 26 toneladas.

Descrição Custo (R$)

26 toneladas de areia Shell MAR 6 13.917,27

Fretamento da carreta (26 toneladas) 1.719,64

Pedágio 100,00

Total 15.736,91

Page 87: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

72

Opção de se fabricar machos com o resíduo de tinta em pó, areia 35/45 e água (14 toneladas de

mistura a 0,5% de resíduo):

- Resíduo de tinta em pó: preço sugerido = R$0,25/kg

- Areia 35/45 = R$51,00/tonelada

- Água comum = (faixa de consumo): 6 a 10m3 - R$3,53/m3

Tabela 5.3.: Opção de se adquirir 14 toneladas da areia em São Paulo, o resíduo de tinta (70kg)

em Betim e realizar a mistura na cidade de Cláudio.

Descrição Custo (R$)

14 toneladas de areia 35/45 714,00

Fretamento do caminhão truck (14 toneladas) 954,52

Pedágio 60,00

70kg de resíduo de tinta em pó 17,50

Fretamento de transporte de resíduo de tinta (Betim a Cláudio) 850,00

150L de água comum 00,53

Total 2.596,55

Opção de se fabricar machos com o resíduo de tinta em pó, areia 35/45 e água (26 toneladas de

mistura a 0,5% de resíduo):

- Resíduo de tinta em pó: preço sugerido = R$0,25/kg - Areia 35/45 = R$51,00/tonelada

- Água comum = (faixa de consumo): 6 a 10m3 - R$3,53/m3

Page 88: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

73

Tabela 5.4.: Opção de se adquirir 26 toneladas da areia em São Paulo, o resíduo de tinta

(130kg) em Betim e realizar a mistura na cidade de Cláudio.

Descrição Custo (R$)

26 toneladas de areia 35/45 1.326,00

Fretamento da carreta (26 toneladas) 1.719,64

Pedágio 100,00

130kg de resíduo de tinta em pó 32,50

Fretamento de transporte de resíduo de tinta (Betim a Cláudio) 1200,00

279L de água comum 00,98

Total 4.379,12

Opção de se fabricar machos com o resíduo de tinta em pó, areia 35/45 e água (14 toneladas de

mistura a 1,0% de resíduo):

- Resíduo de tinta em pó: preço sugerido = R$0,25/kg

- Areia 35/45 = R$51,00/tonelada

- Água comum = (faixa de consumo): 6 a 10m³ - R$3,53/m³ Tabela 5.5.: Opção de se adquirir 14 toneladas da areia em São Paulo, o resíduo de tinta

(140kg) em Betim e realizar a mistura na cidade de Cláudio.

Descrição Custo (R$)

14 toneladas de areia 35/45 714,00

Fretamento do caminhão truck (14 toneladas) 954,52

Pedágio 60,00

140kg de resíduo de tinta em pó 35,00

Fretamento de transporte de resíduo de tinta (Betim a Cláudio) 850,00

150L de água comum 00,53

Total 2.614,05

Opção de se fabricar machos com o resíduo de tinta em pó, areia 35/45 e água (26 toneladas de

mistura a 1,0% de resíduo):

- Resíduo de tinta em pó: preço sugerido = R$0,25/kg

- Areia 35/45 = R$51,00/tonelada

- Água comum = (faixa de consumo): 6 a 10m3 - R$3,53/m3

Page 89: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

74

Tabela 5.6.: Opção de se adquirir 26 toneladas da areia em São Paulo, o resíduo de tinta

(260kg) em Betim e realizar a mistura na cidade de Cláudio.

Descrição Custo (R$)

26 toneladas de areia 35/45 1.326,00

Fretamento da carreta (26 toneladas) 1.719,64

Pedágio 100,00

260kg de resíduo de tinta em pó 65,00

Fretamento de transporte de resíduo de tinta (Betim a Cláudio) 1.200,00

279L de água comum 00,98

Total 4.411,62

A alternativas pesquisadas para se produzir os machos foram analisadas e apresentadas na tabela 5.7,

destacando em cor azul o ganho quando a concentração é de 1,00% e para uma produção de 26

toneladas com o resíduo de tinta. Também apresenta o ganho quando se compara a produção com a

“areia Shell Mar” e areia 35/45, tendo como ligante, o resíduo de tinta em pó.

Tabela 5.7.: Comparação dos diferentes processos para se produzirem machos

Comparação em relação a concentração da mistura

Processo Concentração (%)

Capacidade (t)

R$ / Capacidade produção

R$ / Tonelada produzida

Diferença

R$ % Areia

35/45 AFS + resíduo de tinta

0,50 14 2.596,55 185,47 17,04 9,19 26 4.379,12 168,43

1,00 14 2.614,05 186,72 17,04 9,13 26 4.411,62 169,68 Comparação em relação a capacidade de produção

Areia 35/45 AFS + resíduo de tinta

0,50 14 2.596,55 185,47 1,25 0,67 1,00 2.614,05 186,72 0,50 26 4.379,12 168,43 1,25 0,74 1,00 4.411,62 169,68

Comparação entre o processo Shell e o processo com areia 35/45 AFS Shell Mar

6 3,00 26 15.736,91 605,27 435,59 71,97 Areia

35/45 1,00 26 4.411,62 169,68

Page 90: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

75

Considerando que uma produção de machos fosse realizada com a mistura de “areia Shell”,

poderíamos observar uma diferença mínima entre as opções de se utilizar 14 a 26 toneladas,

com resultado de 0,41% o que representa R$2,49 nesse processo. A decisão de se utilizar um

transporte contendo 14 ou 26 toneladas seria em função do consumo ou do espaço

disponibilizado pelo empreendedor.

Considerando que numa produção de machos se utilize areia com módulo de 35/45 AFS, tendo

como ligante o resíduo da tinta em pó, uma diferença mínima poderia ser observada tanto para

as concentrações de 0,5 e 1,0%. É mais lucrativo adquirir cargas com 26 toneladas nas duas

concentrações, porque a diferença é de 09,19% para a concentração de 0,5%, o que representa

R$17,04 para cada tonelada e 09,13% para a concentração de 1,0%, o que representa também

R$17,04 por tonelada adquirida.

Se a produção for realizada utilizando a concentração 1,0% com 26 toneladas, a lucratividade

seria um pouco melhor, porque quando comparado essa concentração com a de 0,5%, a

diferença é de apenas 0,06%. Já em reais o valor é igual para as duas concentrações. Além

disso, nessa concentração, a quantidade de resíduos de tinta em pó utilizados na mistura é

maior, o que favorece um escoamento maior junto aos geradores.

Quando se compara a produção de machos utilizando a “areia Shell” com o processo em que se

utiliza a areia com módulo 35/45 AFS, com concentração de 0,5% para cargas de 26 toneladas,

o resultado é favorável para se utilizar o processo em que se tem a areia misturada com o

ligante de tinta em pó porque o ganho é de 71, 97%, o que representa um total de R$435,61 por

toneladas, sendo que uma tonelada de “areia Shell” custa R$605, 26, colocada na cidade de

Cláudio.

O ganho também está no atendimento à sustentabilidade em se determinar mais uma alternativa

de destinação ambientalmente correta para o resíduo de tinta que sobra do processo de pintura

eletrostática a pó.

Page 91: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

76

Ganha também um empreendedor que se estabelecer nesse ramo para coletar e oferecer aos

fabricantes de machos esse tipo de mistura de areia com resíduos de tinta em pó para se

produzir os machos.

Page 92: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

77

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

6.1. CONCLUSÕES

Conclui-se, portanto, que é possível ligar os grãos de areia através do resíduo de tinta em pó,

sobra dos processos de pintura eletrostática, nos processos de fabricações de machos para as

indústrias de fundições.

É uma formulação mais barata em relação às misturas que utilizam nas suas formulações a

resina fenólica, que é uma substância tóxica, proporciona qualidade nos produtos fundidos,

além de atender melhor as diretrizes trabalhistas porque não haveria qualquer implicação pelo

Ministério do Trabalho e Emprego, uma vez que esse ligante de resíduo de tinta em pó não é

tóxico, o que favorece a sustentabilidade também nas questões ambientais.

A alternativa é viável se o empreendedor trabalhar o fator tempo de produção otimizando

ferramentais de reservas, uma vez que o tempo de retirada dos machos desses equipamentos é

mais demorado do que o tempo da rotina da fábrica de machos.

6.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Apesar das concentrações de 0,5 e de 1,0% terem sido aprovadas para a produção de machos,

seria interessante pesquisar o limite para a concentração que atendesse desde a extração dos

machos do ferramental até o processo de fundição, preservando à exigência da colapsibilidade,

que permite a deterioração dos machos nas cavidades das peças fundidas;

Realizar estudos para que se possa aproveitar o resíduo da areia que se desprende das cavidades

das peças fundidas para serem recolhidos e misturados no processo de preparo da areia de

moldação;

Desenvolver um misturador adequado para se preparar a mistura em escala maior que atenda a

demanda do processo de macharia;

Pesquisar outras aplicações para o resíduo da tinta em pó.

Page 93: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

78

CAPÍTULO 7

7. REFERÊNCIAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.004 - Resíduos

sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004. 63 p.

AKZO NOBEL - Guia completo de Pintura a pó – (novembro 1999) Disponível em:

<http://www.interpon.com/NR/rdonlyres/7AF33D49-FFAF-413F-8CB4-

C0635A91B22A/192/GuidetoPowderComplete.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2011.

ANDRADE, Mára Zeni; ZATTERA, Ademir José; GRISA, Ana Maria Coulon; AGUZZOLI,

Cesar. Composições adesivas contendo resíduos de tinta em pó e processo de obtenção.

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL – FUCS (BR/RS). Caxias do Sul/RS.

BR n. PI0505838- 4 A, 30 de novembro 2005, 25 de setembro 2007.

Disponível em: <http://www.patentesonline.com.br/composicoes-adesivas-contendo-residuos-

de-tinta-em-po-e-processo-de-obtencao-44171.html#resumo>. Acesso em: 04 abr. 2011.

BATISTA, Andrey Marinho. Apostila do curso Elaboração de ferro fundido Nodular. Itaúna:

SENAI/CETEF, 2007. 49 p.

BRANDÃO, Renato Teixeira. O processo de gestão de resíduos sólidos industriais - A

experiência de Minas Gerais (2003 – 2008). 2011. 125 páginas. Tese (Mestrado em

Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental - Área de Concentração: Ambientometria).

Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Page 94: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

79

BRASIL. Lei número 12.305, de 2 de agosto de 2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-

2010/2010/lei/l12305.htm>.Acesso em 12 ago. 2011.

CAMARGO, Mariângela. Resinas poliésteres carboxifuncionais para tintas em pó:

Caracterização e estudo cinético da reação de cura. 2002. 82 páginas. Tese (Doutorado em

Engenharia, área de concentração de Ciências dos Materiais). Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (UFRGS), 2002. Disponível em:

<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2995/000330071.pdf?sequence=1>. Acesso

em: 04 abr. 2011.

CONAMA Resolução Normativa, nº 001, de 15 de janeiro de 1986. BRASIL. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=70>.

- Acesso em: 21 mar. 2011.

DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: Princípios e práticas. São Paulo: Editora

Gaia, 551 p. 2010.

EPRISTINTAS - Tintas Eletrostáticas em Pó - Manual Técnico de Pintura a Pó. Disponível

em: <www.epristinta.com.br/manual%20tecnico%20versao%20%20portugues.pdf>.

Acesso em: 21 mar. 2011.

FERNANDES, Deilon Lopes. Areias de Fundição aglomeradas com ligantes furânicos.

Itaúna: Senai - DR.MG, 2001. 121p.

LANGE, Pieter de. The History of Powder Coating. The Complete Finisher’s Handbook, Second Edition, published by PCI. SIDEBAR - Fev. 2004. Disponível em: <http://www.pcimag.com/articles/a-history-of-powder-coatings>. Acesso em: 04 abr. 2011.

Page 95: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

80

MACIEL, Cristiane Boff. Avaliação da geração do resíduo areia de fundição visando sua

minimização na Empresa Metalcorte Metalurgia - Fundição. 2005. 134 páginas.

Tese (Mestrado Profissionalizante em Engenharia - Ênfase: Engenharia Ambiental e

Tecnologias Limpas), 2005. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Disponível

em: <http://hdl.handle.net/10183/10121>. - Acesso em: 14 ago. 2012.

MATESO, Vita. Análise da Solidificação para o projeto de molde e a relação com as

propriedades mecânicas na fundição da liga de latão 60/40. 2006. 124 páginas. Dissertação

(Mestrado em Engenharia, área de concentração de Processo de Fabricação), 2006.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Disponível em:

<http://hdl.handle.net/10183/5929>. - Acesso em: 17 ago. 2012.

MINAS GERAIS. Deliberação Normativa COPAM nº 154, de 25 de agosto de 2010.

Disponível em: <http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=14613>. Acesso em:

21 mar. 2011.

MOREIRA, Maria Teresa Pereira de Oliva Teles. Contaminação ambiental associada às

areias residuais de fundição. 2004. 218 páginas. Tese (Doutorado em Engenharia Química).

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), 2004. Disponível em:

<http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/12491/2/Texto%20integral.pdf>.

- Acesso em: 04 abr. 2011.

COMUM, NOSSO FUTURO /Comissão Mundial sobre Meio e Desenvolvimento. – 2. ed. –

Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991.xviii, 430 p.

ROMANUS, Arnaldo. 2005. Moldagem em areia verde: Manual de defeitos e Soluções. São

Paulo: Global Market. 478 p. 2005 volume único.

Page 96: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

81

SENAI. Departamento Regional de Minas Gerais. Iniciação à Fundição. 4.ed. Itaúna:

SENAI/CETEF, 2007. 87p. (Publicação Técnica – Fundição, 1).

SILVA, Sílvio Domingos da. Tintas Eletrostáticas em Pó - Manual Técnico de Pintura a Pó

Informações Técnicas DT 13 (Desenvolvimento Tecnológico Nº 13). Tintas WEG. Rev. 3,

2009. 91p. Disponível em: <http://catalogo.weg.com.br/files/wegnet/WEG-pintura-industrial-

em-po-manual-portugues-br.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2011

SOUZA, Brenno Ferreira de. Processos de fundição - Modelos em Areia. Goiás: SENAI,

2011. 35 páginas. Disponível em:

<http://www.ebah.com.br/content/ABAAABqPQAG/processos-fundicao-aula-04-moldes-areia

>. Acesso em 09 jan. 2012.

Page 97: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

82

ANEXOS

ANEXO A – Relatório de classificação do resíduo de tinta em pó conforme ABNT NBR

10004:2004

Page 98: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

83

Page 99: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

84

Page 100: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

85

Page 101: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

86

Page 102: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

87

Page 103: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

88

Page 104: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

89

Page 105: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

90

Page 106: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

91

ANEXO B - Empreendedores que utilizam a tinta em pó nos processos

eletrostáticos

EMPRESA LOCALIZAÇÃO Icapa Alfenas

Metalúrgica Baldim Ltda. Baldim Arcanjo Belo Horizonte

Barcobrás Belo Horizonte Edcromos Belo Horizonte

Eupec Brasil Ltda. Belo Horizonte Extinfran Extintor Belo Horizonte

Farnesi Belo Horizonte Fluxo Transformadores Belo Horizonte

Hidrofer Belo Horizonte Homeoffice Belo Horizonte

Ineaço Belo Horizonte Interpam Iluminação Ltda. Belo Horizonte

Madson Eletrometalúrgica Ltda. Belo Horizonte Metalfisa Ltda. Belo Horizonte

Metalic Belo Horizonte Metalkaf Indústria e Comércio Ltda. Belo Horizonte Minas Brasil Indústria Comércio e

Representações Técnicas Ltda. Belo Horizonte

Mundo das Calhas Belo Horizonte Office Belo Horizonte

Portaço Belo Horizonte R. M. Tubos e Companhia Ltda. Belo Horizonte

RBJ Indústria e Comércio Belo Horizonte RE Móveis de Aço Belo Horizonte

SA Móveis de Aço Ltda. Belo Horizonte Sammetal Belo Horizonte

TKS Indústria e Comércio de Ferro e Aço Ltda. Belo Horizonte CAP Construtora Ltda. Belo Horizonte

Provia Sinalização Belo Horizonte Sitran Belo Horizonte

Vertiline Elevadores Betim Objetiva Máquinas de Costura Betim

Revest Hedel Betim Cville Indústria e Comércio Ltda. Betim

Deck Stock Betim GMS Betim

Mecatron Betim Mercantil Móveis Betim

Page 107: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

92

Metform Betim Mobiletto Betim

Mundial Pinturas Betim Powercoat Betim

SAM Móveis Betim Silvendas Betim Table Art Betim Liderança Bom Despacho

Lider Móveis Carmo do Cajuru Frecar Carmópolis Icomol Coronel Fabriciano

Indústria de forjados São Romão Coronel Fabriciano Marcel Coronel Fabriciano

Metalúrgica Stiilpen Coronel Fabriciano Tecmáquinas Indústria e Comércio Ltda. Coronel Fabriciano

Tubomol Coronel Fabriciano Francino Indústria Comércio Importações

e Exportações Ltda. Cláudio

Abraão Francisco Pereira Cláudio Belga Móveis Ltda. Cláudio

Camassim Móveis Tubulares Ltda. Cláudio Elisangela Teixeira da Silva Cláudio

Fundição Alumiart Ltda. Me. Cláudio Fundição Aluminas Ltda Cláudio

Fundição Asiminas Cláudio Fundição Atlanta Ltda. Cláudio

Fundição Lanterlight Ltda. Cláudio Fundição Mariana Ltda. Cláudio

Fundição Minas Cláudio Ltda. Cláudio Fundição Minas Tradição Ltda. Cláudio

Fundição Quality Ltda. Cláudio Fundidos Minas Indústria e Comércio Ltda. Cláudio

Fundimig Ltda. Cláudio Lanterlite Cláudio

Luminárias Nossa Senhora Guia Ltda. Cláudio Metalúrgica Amapá Ltda. Cláudio

Metalúrgica Atual Cláudio Metalúrgica Dragão Cláudio

Metalúrgica JSA Ltda. Cláudio Minas Cláudio Moveis Ltda. Cláudio

MJB Fundidos Ltda. Cláudio Quality Fundidos Ltda. Cláudio

Veneza Indústria Comércio Importações e Exportações Ltda.

Cláudio

AMW Equipamentos Indústria e Comércio Ltda. Contagem Attrose Pintura Eletrostática Contagem

Brasaço Contagem Cardeal Pinturas Contagem

Page 108: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

93

Ciclope Contagem Domine Contagem

Eletropint Contagem ESAB S.A. Indústria e Comércio Contagem

Ever-Light Indústria e Comércio Ltda. Contagem Exatamec Contagem

Funcional Móveis de Aço Contagem Globoshop Contagem

Indústria Santa Clara S/A Contagem Indalux Contagem

Julia Móveis Contagem Lorenzo Contagem

Mepe Contagem Mod Line Soluções Corporativas Contagem

Moderna Contagem Orteng Contagem

Pintepoxi Contagem Polar Gondolas Contagem Rafine Móveis Contagem Revest Metal Contagem

RPC Indústria e Comércio Ltda. Contagem Schak Equipamentos Elétricos Ltda. Contagem

Sempel Contagem Uniarte Contagem

Universal Pinturas Contagem Viareggio Móveis Exclusivos Ltda. Contagem

WEF Pintura Eletrostática Contagem Dimecol Divinópolis

Exercitar Fitness Divinópolis Gecol Divinópolis

JL Industrial Divinópolis Manejo Fitness Ltda. Divinópolis

Tecno 2000 Formiga Biomaster Equipamentos Hospitalares Governador Valadares

Thyssenkrupp Molas Ltda. Ibirité Sanecom Ibirité

Resil Igarapé Refrigeração Morais Ipatinga

CRA Eletrônica Itabira Intercast Ltda. Itaúna

Fundição Aldebara Ltda. Itaúna Esfera Itaúna

Angelia Móveis Tubulares Indústria e Comércio Ltda. João Monlevade Dinox João Monlevade

Poli Escolar João Monlevade Tessin Minas João Monlevade

Via Inox Indústria e Comércio Ltda. João Monlevade

Page 109: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

94

Santa Maria Indústria Metalúrgica Juiz de Fora Fama Divisórias Lagoa Santa

Madeirense Móveis do Brasil Ltda. Lagoa Santa Nativa Indústria do Mobiliario S.A Lagoa Santa

CEP Metalúrgica Ltda. Manhuaçu Andrade Pinto Indústria e Comércio Mateus Leme

Aerobike Matozinhos Geraldo Magela Matozinhos

AABB Montes Claros Metalmomtes Montes Claros

Celso Montes Claros Elster Medidores de Água S.A Montes Claros

Hygitme Montes Claros Metalmotes Montes Claros

Minas Móveis Montes Claros Minaspuma Nordeste S.A Montes Claros

Móveis Belo Vale Montes Claros Artformas Nova Lima

R & A Industrial Ltda. Nova Lima Iluminar Nova Lima

LV Lustres Nova Lima Safol Pará de Minas

JB Pontes Passa Quatro JB Conte do Brasil & Cia Ltda. Passos

Sutileza Móveis para Escritórios Ltda. Pompéu Triliderança Pompéu

Josafa Correa Lourenço Me. Resplendor Doimo Ribeirão das Neves

Escolart Ribeirão das Neves Flexstar Ribeirão das Neves

Funilandia Pinturas Ribeirão das Neves Parceria Ribeirão das Neves

Prema Móveis Ribeirão das Neves SBS Sociedade Brasileira de Sinalização Ltda. Ribeirão das Neves

Lucci Indústria de Iluminação Ltda. Sabará Conexões Santa Marta Indústria e Comércio Ltda. Santa Luzia

Ormifrimo Santa Luzia Vitória Móveis Santa Luzia

Indústria de forjados São Romão São Romão BHR Sete Lagoas

Araleve Três Corações Metalúrgica Mardel Três Corações

Metagal Três Corações Serralheria Santa Tereza Várzea da Palma

ACM Pintura Eletrostática Venda Nova Mecan Vespasiano

BIG Blaster Vespasiano

Page 110: Universidade Federal de Ouro Preto - 04 de julho de 2013‡ÃO...Fotografia da cabine de pintura equipada com sistema de exaustão conectada a um tubo para conduzir o pó até os filtros

95

ANEXO C - Relatório de análises calorimétricas do resíduo de tinta em pó.