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1 Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Biológicas Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre IMPORTÂNCIA DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO (MINAS GERAIS, BRASIL) PARA A CONSERVAÇÃO DE MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE Ericson Sousa da Silva Orientadora: Dra. Cláudia Maria Jacobi Co-Orientador: Dr. Flávio Henrique Guimarães Rodrigues Belo Horizonte - MG Março de 2013

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Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Biológicas

Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre

IMPORTÂNCIA DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO

(MINAS GERAIS, BRASIL) PARA A CONSERVAÇÃO DE

MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE

Ericson Sousa da Silva

Orientadora: Dra. Cláudia Maria Jacobi Co-Orientador: Dr. Flávio Henrique Guimarães Rodrigues

Belo Horizonte - MG Março de 2013

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Ericson Sousa da Silva

Importância do Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais, Brasil), para a

Conservação de Mamíferos de Médio e Grande Porte

Orientadora: Dra. Cláudia Maria Jacobi Co-Orientador: Dr. Flávio Henrique Guimarães Rodrigues

Belo Horizonte - MG Março de 2013

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre do Instituto de Ciências Biológicas – UFMG como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

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Agradecimentos Agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para eu chegasse até aqui. Em especial alguns que se tornaram marcantes e inesquecíveis! Primeiramente a minha família, que me permite aprender sempre um pouco mais com a sua convivência, existência e ideias, cada um a sua maneira. Foi graças a eles que iniciei e prossigo batalhando em um caminho longo e cheio de descobertas nos estudos. Em especial a Lalá que fez “trabalhinhos extras” sensacionais! Aos meus orientadores. A Dra. Cláudia Jacobi, ou simplesmente “Tia Cláudia”, pela paciência, sabedoria, ótimas ideias, sempre prestativa e com a capacidade de me fazer aprender e ir em frente! Sua confiança em mim foi muito importante para que eu chegasse até aqui e crescesse tanto! Chocolates para sempre!!! Ao Dr. Flávio H. G. Rodrigues pelos conselhos, ideias e questionamentos que sempre me fazem pensar e crescer com os bichos que escolhi estudar. Aos membros da Banca Examinadora que se dispuseram a me ajudar fornecendo importantes informações, correções e sugestões. Aos amigos do Laboratório Eco. Interação Animal-Planta pela Equipe sempre disposta a fazer do QF um lugar melhor para a conservação. Graças a eles cada trilha, capão, chuva e sol intenso foi mais instrutivo, confortável e divertido! Em especial ao Aluninho Flávio e ao Sr. José Eugênio. Aos amigos do Laboratório de Ecologia de Mamíferos pelas ajudas, pelo companheirismo, pela alegria e também com a disposição para ir em frente! Aos amigos Hellem, Thaís, Hani, Rodrigo, Raquel, Daniel, Pedro e Isabella pela ajuda em campo, fora dele e pela disposição ao máximo! Aos “ECMV-esses” pela companhia, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na dissertação e na agitação, na angústia e na zuação... que nunca nos separemos! Em especial para as amiga e anjos da guarda Iara e Lilian, pelas ajudas precisas e técnicas nas horas decisivas, pelos banhos de refrigerante, por dividir cada angústia ou simplesmente por me zuarem! Que elas encontrem suas Terras Médias por aí! A Lucas Perillo e Guilherme (Capita) pelas ajudas e contribuições especiais! A Polícia Militar Florestal de Caeté pelas contribuições.

Aos amigos que “sem-querer-querendo” estavam por perto ou fizeram de alguns momentos uma chance de me animar e me fazer sorrir! E também por terem a paciência em esperar e nunca me abandonaram. Cada um com uma magia única... São TANTOS! Mass preciso destacar alguns em especial: Um MUITO OBRIGADO para Pati, Pedrão, Gingola, Sami, Ana Clara, Allana, Agnello, Carol Marinho, Rago, Marcela, Camila Morais, Ariadna, Lívia, Vanessa, a turma do grupo Bocaina... Ao Colégio Pampulha e sua Equipe por me ajudar e dar o suporte necessário para fazer esse período dar certo! Aos meus alunos, que me acalmaram enquanto me enlouqueciam... e por me ensinarem enquanto aprendiam. Obrigado também por compreender minhas ausências e os meus cansaços... Ao CNPq pela bolsa de estudos do Mestrado e a Fapemig, pelo apoio financeiro concedido. A cada funcionário e membro das UCs que nos receberam tão bem e tanto nos ajudaram! Assim como cada morador e entrevistado pelas informações, cafezinhos,

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disposição, paciência e boa vontade! Em especial aqueles que cederam até espaço em seus terrenos para acampamentos... A Secretaria da Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre, tanto pela disposição, como boa vontade e alegria em nos ajudar tanto! Valeu Fred e Cris! Ao meu sobrinho Miguel, que mesmo sem consciência disso, foi um ótimo companheiro nas horas de aperto e tensão. A cada bicho que fez o que sabe fazer de melhor: sobreviver contra tudo! E a todos eles por dar o seu tão importante registro para tornar esse trabalho possível. Aos chocolates Surpresa (Nestlé) por terem dado a mim a minha primeira oportunidade de levantamento de fauna e por fornecer as primeiras informações bibliográficas. A criança saudosa aqui dentro agradece e sente saudades!

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Para Miguel e sua geração. Que possam desfrutar do prazer e

da alegria de encontrar esses bichos mágicos que compõe

nossa tão rica fauna!

Que eles herdem um legado de conservação e prosperidade!

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SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................. 7

ABSTRACT .............................................................................................................................. 8

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9

MATERIAL e MÉTODOS

Área de Estudos ........................................................................................................... 12

Métodos ....................................................................................................................... 14

RESULTADOS e DISCUSSÃO

Levantamento e confiabilidade dos dados .................................................................. 17

Estado de conservação dos mamíferos de médio e grande porte no QF e os principais

impactos ambientais presentes nas áreas estudadas .................................................... 27

Propostas para a conservação de mamíferos de médio de grande porte no QF .......... 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 46

ANEXOS ................................................................................................................................ 64

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RESUMO

O Quadrilátero Ferrífero é uma das áreas de Minas Gerais com um dos maiores contrastes

entre a sua biodiversidade, sendo que possui remanescentes de Mata Atlântica e de Cerrado,

com formações de campos rupestres e uma biodiversidade única. É também uma das áreas

com grande avanço no desenvolvimento econômico, com um dos maiores pólos minerários do

país, apresentando grande desenvolvimento econômico, turístico e é o local de grandes

cidades de Minas Gerais, entre elas, a terceira maior capital do País – Belo Horizonte. Com

isso, surgem conflitos nos interesses de conservação das espécies e dos ambientes naturais

que existem nessa região. Entre os grupos diversos e ameaçados no Quadrilátero Ferrífero

estão os mamíferos, com um total de 701 espécies no Brasil, onde quase 10% destas estão

ameaçadas. São um grupo importante para ações de conservação, sendo reconhecidos como

espécies-chave, espécie-bandeiras e com grande apelo carismático com a sociedade. No

período de Fevereiro de 2010 à Julho de 2012, 8 áreas foram amostradas dentro do

Quadrilátero Ferrífero, onde foram realizados os levantamentos das espécies de mamíferos de

médio e grande porte. Além das espécies, foram levantadas as principais características dos

ambientes estudados e dos principais impactos presentes em cada área. Nos trabalhos de

campo, contando com trabalhos de campo e levantamentos bibliográficos, foram utilizados

registros diretos e indiretos, além de entrevistas com a população local e tradicional da região.

Foram registradas 40 espécies distribuídas em 7 ordens: Artiodactyla, Carnivora, Cingulata,

Perissodactyla, Pilosa, Primates e Rodentia. Com a análise de confiabilidade nos registros, 36

das espécies levantadas apresentam registro de alta confiabilidade, estabelecendo segurança

em sua presença em pelo menos uma das áreas amostradas. Pelo menos 20 espécies estão

incluídas em algum grau de ameaça para a sua conservação e muitas delas levantadas são

espécies-bandeira, o que auxilia nos processos de conservação não apenas destas, mas

também de outras espécies e das áreas em que ocorrem. As áreas apresentam impactos como

queimadas, desmatamento, espécies exóticas, mineração, ocupação humana desordenada ou

turismo irregular. Este quadro é ainda mais grave porque isoladamente as suas áreas de

ocorrência são, a longo prazo, insuficientes para manter e preservar as espécies que possuem.

Muitas destas espécies são registros de ocorrência inéditos e outras espécies ocorrem em

locais antes desconhecidos para a maioria dos projetos de pesquisa e conservação. Entre

algumas áreas existe a possibilidade de conexão o que permite a movimentação das espécies,

aumentando as chances de preservação a um longo prazo.

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ABSTRACT

The Iron Quadrangle is one of the areas in Minas Gerais with the highest contrast between its

biodiversity and economic development. On one hand, it harbors remnants of Atlantic

Rainforest and Cerrado, with ‘campo rupestre’ formations and a unique biodiversity; on the

other, it is home to one of the largest mining centers in the country and the third largest capital

–Belo Horizonte, resulting in economic wealth and touristic development. In this situation,

conflicts arise regarding the conservation of species and natural environments in that region.

Among the diverse and threatened groups in the Iron Quadrangle are the mammals, with a

total of 701 species in Brazil, of which almost 10% threatened. They are an important target

of conservation, recognized as flagship species and with great charisma. Between February

2010 and July 2012, 8 areas in the Iron Quadrangle were the object of a study to compile the

list of medium and large-sized mammals. Along with species data, the main structural

characteristics of the areas, as well as the main impacts, were gathered. Since the data

comprised literature records, direct and indirect records, including interviews of the local and

traditional populations in the region, they were then divided into three categories of reliability.

Forty species were recorded distributed in 7 orders: Artiodactyla, Carnivora, Cingulata,

Perissodactyla, Pilosa, Primates e Rodentia. After analyzing the records, 36 of the species

presented high reliability, granting their presence in at least one of the sampled areas. At least

20 of them are classified in some threat category and many of them are flagship species,

which helps in protecting not only them but also other species and the areas in which they

occur. The areas are subjected to impact such as fires, deforestation, exotic species, mining,

disorderly urbanization and tourism. This picture could be worse when taking into account

that, if isolated, in the future these areas will be insufficient to maintain and preserve the

species that currently occur there. Many of the species records are inedited, and other species

occur in sites previously unknown to the majority of research and conservation projects.

Connectivity is possible among some areas, allowing species locomotion and incre4asing the

chances of preservation on the long run.

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INTRODUÇÃO

O Brasil possui a maior biodiversidade do mundo (Mittermeier et al., 2005; Araújo,

2007; MMA, 2012) e muitas de suas espécies são únicas e com inestimável valor tanto para o

ambiente em si, tendo em vista seus aspectos biológicos, quanto também para vários

processos econômicos (Barraqui, 2009). Ainda assim, essa biodiversidade tem que disputar

espaço com uma economia crescente e atividades humanas que cada vez mais a exploram e

degradam a fim de manter seu ritmo de crescimento (Radetzki, 1992). Essas perdas podem ser

avaliadas em todo o território nacional com os mais diferentes grupos biológicos (Brandon et

al., 2005; Mittermeier et al., 2005). O grupo dos mamíferos, por exemplo, apresenta um

número de espécies expressivo no país com 701 espécies descritas, o que faz com que o

Brasil, proporcionalmente a sua área, possua a maior riqueza de mamíferos de todo o planeta

(Reis et al., 2010; Paglia et al., 2012). Atualmente 69 delas (9,84%) apresentam algum grau

de ameaça (Reis et al., 2010; Paglia et al., 2012) o que ressalta sua importância e necessidade

de conservação. Muitas espécies de mamíferos ainda são carentes em informações e dados

que ajudem entender seu real status de conservação. Ou seja, muitas espécies podem estar

ameaçadas e não existem informações confiáveis sobre tais organismos (Reis et al., 2010).

Em Minas Gerais são reconhecidas pelo menos 238 espécies de mamíferos, sendo que 45

destas estão estabelecidas em algum grau de ameaça e 44 sem dados suficientes para definir

sua situação de conservação (Biodiversitas, 2008; Machado et al., 2008; COPAM, 2010;

IUCN, 2012). O estado de Minas Gerais abrange três domínios fitogeográficos importantes –

o Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga - e, em todos eles, a ameaça de perda de ambiente é

grande. O Cerrado e a Mata Atlântica são considerados Hotspots para a conservação e

englobam grande parte de Minas Gerais (Klink & Machado, 2005; Leal et al.; 2005; Tabarelli

et al., 2005). Soma-se a isso o fato de que este Estado apresenta variadas condições

ambientais (relevo, clima, hidrografia, fitofisionomias e outros) que favorecem o endemismo

e também uma grande riqueza de espécies (Agostinho et al., 2005; Vieira et al., 2005;

Vasconcelos et al., 2008). Em contrapartida, Minas Gerais é o terceiro estado do país em

crescimento e avanço econômico-social (Fundação João Pinheiro, 2012).

Essa riqueza de espécies e diversidade de ambientes em contraponto às ameaças

crescentes de perda da biodiversidade no estado de Minas Gerais tem levado ao surgimento de

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muitos projetos buscando conservar e manter essa biodiversidade (Biodiversitas, 2012;

Projeto Manuelzão, 2012; PELD, 2012; Pró-Carnívoros, 2013; Promata, 2013).

Um destes projetos, realizado pela Fundação Biodiversitas (Biodiversitas, 2012) é a

publicação Biodiversidade em Minas Gerais – Uma Atlas para a sua Conservação

(Drummond et al., 2005) que apresenta um conjunto que cruza informações biológicas (como

dados de ocorrência de uma espécie, graus de ameaça de extinção, endemismo e outros) com

dados não biológicos (relevo, altitude e indicadores socioeconômicos, entre outros) para

produzir mapas e informações com o objetivo de apontar áreas prioritárias para a conservação

de espécies em diferentes regiões e localidades de Minas Gerais. Seus mapas de conservação

são uma referência e têm sido de grande valia para ações de conservações em todo o estado. A

região do Quadrilátero Ferrífero (QF), porção sul da Cadeia do Espinhaço, foi apontada neste

Atlas como de grande importância para a conservação de cinco dos sete grupos biológicos

estudados: Aves, Répteis, Anfíbios, Invertebrados e Flora (Drummond et al., 2005). Para os

Mamíferos apenas três áreas menores são apontadas no QF e não alcançam altas

classificações quanto à prioridade na sua conservação.

A região do Quadrilátero Ferrífero é um ecótone entre as formações vegetacionais de

Mata Atlântica, Cerrado e Campos Rupestres. Este último é um ecossistema com uma riqueza

acentuada alguns grupos de organismos e com espécies ameaçadas (Drummond et al., 2005).

O QF possui desde atividades agropecuárias a mineração, com grandes pólos industriais,

passando por ocupações humanas de vilarejos a cidades de grande concentração populacional,

como a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. As atividades econômicas trazem um

aumento na demanda por pessoas e serviços, abrindo novas frentes de trabalho e degradam

ecossistemas inteiros (Jacobi, 2008), como, por exemplo, a prática de agricultura e de

pecuária, que levam a uma diminuição de áreas naturais, empobrecimento do solo pela

estrutura de monoculturas, o uso do fogo no preparo para o plantio (Drummond et al., 2005),

são responsáveis pela perda da biodiversidade local. As ocupações humanas geram impactos e

criam isolamentos geográficos que levam a situações graves para a biodiversidade local, como

animais presentes em áreas urbanas, atropelamentos, caça predatória, predação de rebanhos,

comprometimento e isolamento das populações de diferentes espécies, destruição da estrutura

trófica e extinções. Mesmo as Unidades de Conservação do QF e suas espécies não escapam

desses impactos (Drummond et al., 2005; Dornas, 2010; IEF, 2012; Rossi, 2012).

A não inclusão de mamíferos entre os grupos prioritários para conservação no QF

pode demonstrar a falta de informações sobre as espécies deste grupo ali presentes. Esta

mesma falta de informação é o que leva muitas espécies a terem o seu status de ameaça

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ignorado e sua real necessidade de conservação suprimida em muitos locais, assim como

muitas espécies em todo o mundo (Primack, 2001).

Mamíferos são espécies-chave no funcionamento dos ecossistemas, apresentam alta

diversidade taxonômica, seus estudos paleobiogeográficos são ricos em dados e discussões e

são extremamente carismáticos para a sociedade quando se pretende chamar a atenção para a

conservação e criar ações de cunho educacional (Mamede & Alho, 2004; Silva & Mamede,

2005). Assim sendo, são excelentes símbolos para trabalhos de conservação.

Este trabalho tem como objetivo reunir e organizar informações atualizadas da

ocorrência de mamíferos de médio e grande porte no QF, bem como avaliar a confiabilidade

dos registros dessas espécies. A partir dessas informações, pretende levantar discussões de

ações e planos estratégicos para a conservação de mamíferos de médio e grande porte na

região, levando em consideração as diferenças na confiabilidade de sua presença, as

características de algumas espécies, seus status de conservação e ameaça, a pressão dos

impactos sobre estes organismos e as Unidades de Conservação abrangidas neste

levantamento.

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MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudos

Este estudo abrange oito diferentes áreas, em sua maioria Unidades de Conservação

(UCs), no Quadrilátero Ferrífero (QF) (Figura 1). O QF está localizado em Minas Gerais na

porção sul da Serra do Espinhaço, com relevos bem variáveis de diferentes altitudes, indo de

800 a mais de 2000 metros de altitude em relação ao nível do mar (Gontijo, 2008). Com 7.200

km², o QF possui como limites o município de Caeté a Leste; a Oeste, Igarapé; ao Norte, Belo

Horizonte; e ao Sul, Moeda e Ouro Preto (Spier et al., 2003). O clima da região é do tipo

mesotérmico úmido, caracterizado por uma estação seca e “fria” (de abril a setembro) e outra

chuvosa e “quente” (de outubro a março), com temperaturas médias variando entre mínimas

de 16,8ºC e máximas de 29,4ºC. A precipitação pluviométrica tem médias anuais de 319,4

mm de máxima (dezembro) e mínima de 13,7 mm de chuva (agosto) (Assis, 2001). Esses

dados referem-se à parte urbana do QF, pois não há registros precisos para outros pontos. A

vegetação é composta por cerrado stricto sensu, campo limpo, cerradão (Cerrado), mata

semidecídua (Mata Atlântica), campos rupestres e matas de galeria e ciliares. A leste,

predomina a vegetação de Mata Atlântica e, a Oeste, o Cerrado (Myers et al., 2000). Os

campos rupestres normalmente predominam em altitudes mais elevadas ou topografias mais

acidentadas (Martinelli & Orleans e Bragança, 1996; Giulietti et al., 1997).

As oito áreas de coleta dos dados desta dissertação são a Floresta Estadual do Uaimii

(FLOE Uaimii), o Parque Estadual do Itacolomi (PE Itacolomi), o Parque Estadual da Serra

do Rola Moça (PES Rola Moça), a Estação de Desenvolvimento e Pesquisa Ambiental de Peti

(EDPA Peti), a Reserva Particular do Patrimônio Natural Santuário do Caraça (RPPN

Caraça), a Reserva Particular do Patrimônio Natural Mata Samuel de Paula (RPPNMS Paula),

a região do Monumento Natural Estadual da Serra da Moeda (MSN Moeda) e a região da

Serra do Gandarela.

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Figura 1 – Mapa do Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais e as áreas de abrangência dos estudos de mamíferos de médio e grande porte.

A FLOE Uaimii é uma UC de uso sustentável criada em 2003 (20°18’01”S e

43°34’26”W), pertencente ao distrito de São Bartolomeu, no município de Ouro Preto (IEF,

2012). O PE Itacolomi é uma UC criada em 1967 e está situada entre os municípios de Ouro

Preto e Mariana (20º22'30'' / 20º30'00''S e 43º32'30'' / 43º22'30''W) (IEF, 2012). O PES do

Rola Moça é uma UC localizada nos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e

Brumadinho (20º03’07’’ S e 44º00’07’’ W). Criada no ano de 1994 é considerada um Parque

em área urbana (IEF, 2012). A RPPN Caraça está oficializada como UC desde 1994 e

localiza-se entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara (20º05’53” S e 43º29’18” W).

O ponto mais alto de todo o Espinhaço localiza-se aqui, com o Pico do Sol (Santuário do

Caraça, 2012). A RPPNMS Paula localiza-se no município de Nova Lima (20°00'04"S

e 43°52'16"W) e é uma área próxima a áreas urbanizadas (AngloGold, 2009). A Serra da

Moeda é um complexo de Serras que se estende de norte a sul na porção oeste do Quadrilátero

Ferrífero entre os municípios de Nova Lima, Brumadinho, Itabirito, Belo Vale, Ouro Preto e

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Moeda, sendo neste último município onde se encontra sua maior porção. É atualmente

reconhecido como Monumento Natural Estadual da Serra da Moeda (MNS Moeda) pelo

governo do Estado de Minas Gerais desde 2009 (Gerdau, 2010; IEF, 2013). A principal área

de coleta de dados ocorreu ao norte, próximo ao Km 576 da BR-040 (Próximo ao Trevo de

Moeda – 20º15’53”S e 43º57’28”W) e mais ao sul, próximo do Km 589 da mesma Rodovia

(20º21’21”S e 43º56’12”W).

Dos oito locais escolhidos, a Serra do Gandarela e a EDPA Peti não são áreas de

proteção reconhecidas oficialmente dentro das classificações do Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (SNUC) (MMA, 2013). A EDPA Peti foi criada em 1983 e

localiza-se nos municípios de Santa Bárbara e São Gonçalo, sendo de responsabilidade da

CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) (CEMIG, 2012). A Serra do Gandarela

localiza-se entre os municípios de Caeté, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Rio Acima,

Itabirito, Raposos e Ouro Preto (20°04’09”S e 43°40’09”W). A região, de baixa ocupação

humana, comparada a outras áreas do QF, é, ainda, uma das mais preservadas (Silva &

Salgado, 2009).

Métodos

As espécies contempladas neste levantamento de mamíferos de médio e grande porte

foram aquelas com representantes de peso corporal superior a 1 kg e passíveis de

identificação (Chiarello, 2000). Foram considerados dados de levantamentos bibliográficos e

dados de campo coletados de forma não sistematizada. Este último grupo foi dividido em

dois: métodos indiretos, como rastros (pegadas, tocas e outros) e entrevistas com a população

local da região; e métodos diretos, como visualizações, vocalizações e armadilhas

fotográficas, que permitiram a identificação das espécies. Os levantamentos deste trabalho

ocorreram no período de fevereiro de 2010 a julho de 2012. Para as coletas de campo, foram

realizados esforços amostrais em seis das oito áreas amostradas. No PE Itacolomi foram feitos

oito dias de campo em período de chuva (fevereiro de 2011) e outros seis dias de campo no

período de seca (julho de 2011). Para o PES Rola Moça foram feitos oito dias de campo no

período de chuva (março de 2011) e outros cinco dias no período de seca (julho de 2011). No

MNES Moeda foram estabelecidos nove dias de campo não consecutivos no período de chuva

(março de 2010) e cinco dias no período de seca (junho de 2010). Os trabalhos de campo

foram feitos na FLOE Uaimii em cinco dias consecutivos no período de chuva (fevereiro de

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2010) e outros seis dias no período de seca (agosto de 2010). Na RPPNS Caraça foram feitos

trabalhos de campo em doze dias não consecutivos no período de chuva (março de 2010) e

outros onze dias não consecutivos no período de seca (junho de 2010). Na Serra do Gandarela

foram feitos trabalhos de campo em treze dias não consecutivos no período de chuva

(dezembro de 2010 e janeiro de 2011) e outros sete dias no período de seca (julho de 2011).

Cada área contou ainda com informações advindas fora desses períodos como finalidade

secundária (realização de outros projetos) nestas áreas. Parte das informações também foi

fornecida por outros pesquisadores em outros projetos.

Os registos por entrevista deste trabalho foram feitos junto à população durante os

trabalhos para levantamento das outras formas de registro ou mesmo apenas para esses fins.

Foram ponderadas, para aceitar o registro válido, informações relevantes sobre o

conhecimento do entrevistado sobre o animal, como a descrição da espécie citada, seus

hábitos básicos e locais de possível ocorrência na região. Os entrevistados analisaram imagens

de alguns mamíferos, para ajudar a apontar tais espécies. Os dados foram coletados

considerando diferentes tipos de ambiente: ambientes alterados e ambientes mais preservados,

dentro das UC´s e áreas no entorno. As oito áreas analisadas neste trabalho foram definidas

pela já conhecida presença de algumas espécies de mamíferos e pela possibilidade de obter

informações nos locais e em publicações e documentos.

Para se definir a confiabilidade dos registros, foi elaborada uma avaliação, conforme

as características de cada tipo de registro, estabelecendo três diferentes categorias – Alta,

Média e Baixa confiabilidade – o que possibilitou criar três diferentes cenários para a

presença das espécies levantadas (Tabela 1). No primeiro cenário, assumiu-se que todos os

registros são válidos. Num segundo cenário os registros menos confiáveis não são utilizados.

No terceiro cenário, apenas os registros de maior qualidade são aceitos. Quando uma espécie

apresentou dois ou mais tipos de registros, cada um desses registros com diferenças quanto a

sua confiabilidade, permaneceu o nível mais alto. As espécies registradas foram analisadas em

listas vermelhas de ameaça de extinção, tanto regionais (Minas Gerais) como nacional e

internacional (MMA e IUCN) a fim de verificar seu possível status de ameaça. Cada área

passou por levantamentos de campo e bibliográficos sobre suas características gerais e as

pressões antrópicas presentes, principalmente aqueles relacionados às espécies registradas.

Também foram levantadas informações como superfície de cada área estudada, características

gerais da vegetação e de sua estrutura física, situação de conservação, impactos dentro dos

locais e no seu entorno, também a viabilidade das áreas de vida das espécies com relação às

UCs e outras possíveis exigências específicas de algumas espécies. Estas informações

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permitiram analisar a situação e possíveis ameaças ao grupo estudado e discutir a importância

do QF no cenário de conservação de mamíferos.

Com esse conjunto de informações foi possível analisar e discutir a importância de

cada área estudada dentro do QF, a relação dessas áreas com os impactos presentes, as

possibilidades de conexão entre áreas, a integração destas áreas com outras áreas não

estudadas e a perspectiva de conservação dos mamíferos de médio e grande porte.

Tabela 1: Critérios de confiabilidade dos tipos de registro para espécies de mamíferos de

médio e grande porte. Tipo de Registro Confiabilidade

dos Dados

Entrevista A pessoa entrevistada é capaz de identificar OU descrever com segurança a espécie?

SIM

Alta

NÃO Pelo menos 5 pessoas entrevistadas citaram a espécie?

SIM

Média

NÃO

Baixa

Literatura É uma publicação recente (últimos 15 anos) e o registro provém de capturas, fotografias ou Visualizações pelos próprios pesquisadores?

SIM

Média

NÃO

Baixa

Outros Registros Indiretos (Tocas,

arranhados, fuçados e outros)

As características dos registros são distintivas para a espécie?

SIM

Alta

NÃO Existem outros tipos de registro para a espécie na área?

SIM

Média

NÃO

Baixa

Pegadas São registros de fácil identificação, com pegadas nítidas OU o registro é confiável e com um bom desenho (Possui características próprias ou um formato único)?

SIM

Alta

NÃO Existem outros tipos de registro para a Espécie na área?

SIM Média

NÃO Baixa

Visualização ou Vocalização

Trata-se de uma espécie com características únicas e estas características puderam ser identificadas? O entrevistado é capaz de descrever a espécie ou sua vocalização com segurança?

SIM

Alta

NÃO Existem outros tipos de registro para a Espécie na área?

SIM

Média

NÃO

Baixa

Registro Fotográfico

As fotos retratam aspectos do animal que definam a sua identificação OU elas foram identificadas com segurança por um especialista?

SIM

Alta

NÃO As características usadas para identifica-la podem gerar interpretações dúbias?

NÃO

Média

SIM

Baixa

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Levantamento e confiabilidade dos dados

Nos oito locais amostrados foram encontradas, em levantamentos de campo e em

revisões bibliográficas, 40 espécies de mamíferos de grande e médio porte que fazem parte de

sete Ordens: 4 da Artiodactyla, 15 da Carnivora, 4 da Cingulata, 1 da Perissodactyla, 3 da

Pilosa, 7 da Primates e 6 da Rodentia (Tabela 2, Figuras 5, 6, 7 e 8 – Anexos). Existem ainda

três registros onde os dados sustentam sua identificação até gênero. Em duas delas é possível

que novas espécies componham a fauna das áreas estudadas (Cabassous sp. e Dasyprocta

sp.). Já Mazama sp. pode se tratar de uma das espécies já registradas, não sendo possível

definir qual delas (M. americana ou M. gouazoubira). Os dados de Levantamentos

Bibliográficos indicaram indivíduos dos gêneros Conepatus e Galictis sem uma identificação

até espécie. Como estes gêneros possuem apenas uma espécie com ocorrência na região do

QF (Kasper et al., 2009; Bornholdt et al., 2013), tais registros tiveram suas informações

incorporadas, respectivamente, a C. semistriatus e G. cuja.

A principal forma de registro direto, além de visualização e registros de vocalizações,

é a captura de tais animais. Estes registros dariam uma total confiabilidade na presença de

determinadas espécies além de outras informações biológicas específicas (como informações

genéticas, por exemplo). Mas isso exige maiores gastos, equipamentos e esforço. A simples

captura dos animais também gera um estresse que pode ser desnecessário e envolve riscos

para os pesquisadores e para o próprio animal. Ainda que os métodos indiretos não sejam tão

precisos quanto os diretos, eles são mais práticos e efetivos em muitos aspectos (Cheida &

Rodrigues, 2010; Becker & Dalponte, 2013). Os registros fotográficos, por si só, apresentam

bons resultados também em outro parâmetro, que é a dificuldade de capturar animais que

evitam as armadilhas (Tomás & Miranda, 2006; Santori et al., 2010). E muitas outras formas

de registro, como pegadas e rastros, fornecem um resultado seguro e confiável, já que elas

oferecem padrões únicos (Lima Borges & Tomás, 2004; Becker & Dalponte, 2013). Para

outras espécies torna-se difícil apontar com segurança sua presença apenas com dados

indiretos. É o caso de espécies com características físicas muito similares ou com rastros e

pegadas muito parecidas, como os pequenos felinos, e também em condições ambientais

pouco propícias para preservar tais registros. Para contornar essa dificuldade, buscou-se por

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diferentes formas de registro e de maneira que fossem mais confiáveis, analisando e

estudando as características de espécie por espécie.

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Tabela 2: Registros de mamíferos de médio e grande porte no Quadrilátero Ferrífero (MG). E. (Entrevista); F. (Registro Fotográfico); L. (Dados de Literatura Científica); P. (Pegadas); R. (Outros Rastros = Tocas, Carcaças, Arranhados e outros) e V. (Visualização). Níveis de confiabilidade: (1) Baixo, (2) Médio e (3) Alto. (Talamoni, 2001; Paglia et al., 2005; SEMAD, 2007; Leal et al., 2008; Lessa et al., 2008; AngloGold, 2009; Melo et al., 2009; IEF, 2011)

ORDEM / Família / Espécie Nome Popular Áreas Amostradas Número Total de Registros

EPDA Peti

FE Uaimii

MNS Moeda

PE Itacolomi

PES Rola Moça

RPPNMS Paula

RPPNS Caraça

Serra do Gandarela

ARTIODACTYLA Cervidae

Mazama americana (Erxleben, 1777) veado-mateiro P/L (3) P/V (3) L (1) L (3) L/V (3) P/V (3) 23 Mazama gouazoubira (G. Fischer, 1814) veado-catingueiro V (3) V (3) P (3) L (3) L/V (3) P/V (3) 34 Mazama sp.

veado

L (2)

L (1)

2

Tayassuidae Pecari tajacu (Linnaeus, 1758) cateto, catitu E/P/V (3) E (3) L (2) L (2) L/P (3) L/P (3) 33 Tayassu pecari (Link, 1795)

queixada

L (1)

1

CARNIVORA Canidae Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) cachorro-do-mato L (2) R/V (3) E/P (3) L/V (3) L/V (3) L (2) L/P/V (3) P (3) 42 Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) lobo-guará E/L/R/V (3) E/P/R/V (3) L/P/V (3) L/P/R/V (3) L/P/V (3) P/R/V (3) 78 Lycalopex vetulus (Lund, 1842)

raposa-do-campo

E/P (3)

L (2)

F (3)

E (2)

13

Felidae Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) jaguatirica E/R (3) E/V (3) L (2) E/L (3) L (2) P (3) 9 Leopardus wiedii (Schinz, 1821) gato-maracajá L (2) 1 Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) gato-do-mato E/L (2) E (3) L (2) L (2) E (2) E (3) 12 Panthera onca (Linnaeus, 1758) onça-pintada E/R/V (3) E (1) L (1) L (1) E/F/P/V (3) 20 Puma concolor (Linnaeus, 1771) onça-parda, suçuarana E/R/V (3) E/P/V (3) L/P (3) L/R/V (3) L/P/V (3) E/V (3) 43 Puma yagouaroundi (É. Geoffroy, 1803)

gato-mourisco

E (2)

L (2)

L (2)

L (2)

E (2)

8

Mephitidae Conepatus semistriatus (Boddaert, 1785)

jaritataca, cangambá

E (3)

E/P (3)

L/P/V (3)

L/P/V (3)

F/V (3)

E/V (3)

27

Mustelidae Eira barbara (Linnaeus, 1758) irara, papa-mel L (2) E (3) V (3) L (2) L (2) L (1) L/P (3) P/V (3) 23 Galictis cuja (Molina, 1782) furão L (2) E/V (3) L (1) L (1) L (2) 10 Lontra longicaudis (Olfers, 1818)

lontra

E/P (3)

L (1)

L (1)

L (1)

E/V (1)

8

Procyonidae Nasua nasua (Linnaeus, 1766) quati L (2) E (3) E/R/V (3) L/P/R (3) L/P/V (3) L (2) L/P/V (3) E/V (3) 37 Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798) mão-pelada L (2) L/P (3) E/P (3) L/P (3) L (2) L (2) L/P (3) P (3) 36

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Tabela 2 (Continuação): Registros de mamíferos de médio e grande porte no Quadrilátero Ferrífero (MG). E. (Entrevista); F. (Registro Fotográfico); L. (Dados de Literatura Científica); P. (Pegadas); R. (Outros Rastros = Tocas, Carcaças, Arranhados e outros) e V. (Visualização). Níveis de confiabilidade dos registros: (1) Baixo, (2) Médio e (3) Alto. (Talamoni, 2001; Paglia et al., 2005; SEMAD, 2007; Leal et al., 2008; Lessa et al., 2008; Paglia et al., 2009; Melo et al., 2009; IEF, 2011)

ORDEM / Família / Espécie Nome Popular Áreas Amostradas Número Total de

Registros EPDA

Peti FE

Uaimii MNS

Moeda PE

Itacolomi PES

Rola Moça RPPNMS

Paula RPPNS Caraça

Serra do Gandarela

CINGULATA Dasypodidae Cabassous unicinctus (Linnaeus, 1758) tatu do rabo mole R/E (3) R (3) R (3) R/L (3) L/R (3) E/R (3) 122 Cabassous sp. (Linnaeus, 1758) tatu do rabo mole F/L (3) L (2) R (3) 24 Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) tatu galinha R/E (3) E/R (3) L/R (3) R/L (3) L/R (3) E/R (3) 132 Dasypus septemcinctus (Linnaeus, 1758) tatu galinha pequeno E/R (3) L (2) R/L (2) L (1) 11 Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) tatu peba R/E (3) E (3)

L/R (3)

R/L (3) L/R (3)

E/R (3)

132

PERISSODACTYLA Tapiridae

Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758)

anta

E/L (3)

L (2)

L/P/V (3)

P/V (3)

25

PILOSA Bradypodidae Bradypus variegatus (Schinz, 1825) preguiça E (3) 2

Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla (Linnaeus, 1758) tamanduá-bandeira E (3) E/P (2) L (1) L (2) E (3) 7 Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) tamanduá-mirim L (2) E/R (3) E/P (3) L/R (2) L (3) L (2) L/R (3) E/V (3) 47

PRIMATES Atelidae Alouatta guariba clamitans (Cabrera, 1940) bugio L (2) L (2) F (3) E/V (3) 7 Brachyteles hypoxanthus (Kuhl, 1820)

muriqui

E (2)

L (1)

E (3)

4

Callithrichidae Callithrix geoffroyi (É. Geoffroy, 1812) sagui-da-cara-branca L (2) 1 Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1812)

mico-estrela

E/L/V (3)

E/V (3)

E/L/V (3)

L/V (2)

L (2)

L/V (2)

V (3)

53

Cebidae Callicebus nigrifons (Spix, 1823) sauá, guigó L (2) V (3) E/V (3) L/V (3) L/V (2) L (2) E/L/V (3) V (3) 35 Sapajus apella (Linnaeus, 1758) macaco-prego E/L (3) L/V (3) 6 Sapajus nigritus (Goldfuss, 1809)

macaco-prego

L (2)

1

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Tabela 2 (Continuação): Registros de mamíferos de médio e grande porte no Quadrilátero Ferrífero (MG). E. (Entrevista); F. (Registro Fotográfico); L. (Dados de Literatura Científica); P. (Pegadas); R. (Outros Rastros = Tocas, Carcaças, Arranhados e outros) e V. (Visualização). Níveis de confiabilidade: (1) Baixo, (2) Médio e (3) Alto. (Talamoni, 2001; Paglia et al., 2005; SEMAD, 2007; Leal et al., 2008; Lessa et al., 2008; Paglia et al., 2009; Melo et al., 2009; IEF, 2011)

ORDEM / Família / Espécie Nome Popular Áreas Amostradas Número Total de

Registros EPDA

Peti FE Uaimii MNS

Moeda PE

Itacolomi PES

Rola Moça RPPNMS

Paula RPPNS Caraça

Serra do Gandarela

RODENTIA Cuniculidae Cuniculus paca (Linnaeus, 1766)

paca

L (2) P/V (3)

E/P/V (3)

F/L/V (3)

L (2)

L (2)

L/R/V (3)

P/V (3)

36

Dasyproctidae Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823) cutia L (2) L (2) 2 Dasyprocta leporina (Linnaeus, 1758) cutia L (2) L (2) 2 Dasyprocta sp.

cutia

E (1)

E (3)

L (2)

L (2)

E (2)

14

Erethizontidae Coendou prehensilis (Linnaeus, 1758) ouriço, porco-espinho V (1) E (3) L (2) L/V (3) V (3) 10 Sphiggurus villosus (F. Cuvier, 1823)

ouriço-comum

L (2)

1

Hydrochaeridae Hydrochaeris hydrochaeris (Linnaeus, 1766)

capivara

L (2)

L/V (3)

L (2)

V (3)

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Seguindo os critérios de confiabilidade de dados, definidos na Tabela 1, os registros

analisados permitiram uma classificação em níveis de confiabilidade (Baixa, Média e Alta)

para cada espécie em cada área de ocorrência (Tabela 2), possibilitando visualizar três

diferentes cenários da presença para as espécies nas áreas apresentadas nos gráficos A, B e C

(Figura 2). Cada área está representada com o número total de suas espécies de mamíferos de

médio e grande porte, agrupadas em suas diferentes Ordens.

No primeiro cenário (Figura 2A), a área de maior destaque é o PE Itacolomi com 34

espécies, seguido da RPPN Caraça, 32 espécies, e do PES Rola Moça e da FLOE Uaimii,

ambos com 29 espécies. O segundo cenário (Figura 2B) praticamente nivela essas 4 primeiras

áreas com MNS Moeda e FLOE Uaimii, levando-se em consideração que todas as áreas

sofrem perdas de espécies. No terceiro cenário – e de mais alta confiabilidade dos dados –

(Figura 2C) temos a ausência de espécies em duas áreas, e três áreas com grande destaque

inicial – PE Itacolomi, RPPN Caraça e PES Rola Moça - sofrem perdas que as deixam atrás

das outras áreas que sofrem menos perdas. Áreas com poucos registros registros, comp apenas

Literatura, como é o caso da EDPA Peti e RPPNMS Paula mantém números baixos nos três

cenários. Para as áreas do PE Itacolomi e do PES Rola Moça, as quedas nos números de

espécies são consideráveis com ausências de todas as espécies de algumas Ordens. No PES

Rola Moça são os Roedores e os Primatas que se tornam ausentes no terceiro cenário de

confiabilidade. A queda no número de espécies também é grande do segundo para o terceiro

nível, onde metade da Ordem Carnivora é perdida no PES Rola Moça e no PE Itacolomi. Para

o PE Itacolomi o número de perdas é ainda maior, onde os representantes da Ordem Pilosa e

Perissodactyla desaparecem no terceiro cenário. Todas as Ordens apresentam perdas no

número de espécies nesta área. De um total de 34 espécies, apenas 11 estão presentes no

terceiro cenário de confiabilidade. Neste ponto, a Ordem Carnivora é quem mais se destaca

nas perdas, com apenas 4 de suas 11 espécies registradas inicialmente.

As áreas que sofrem menos perdas são a Serra do Gandarela, a MNS Moeda e a FLOE

Uaimii. Ainda que mantenham um grande número de espécies no terceiro cenário, a RPPN

Caraça perde várias de suas espécies, muitas da Ordem Rodentia e da Ordem Carnivora. As

Ordens Primates, Carnivora e Cingulata apresentam poucas perdas nestas áreas.

Algumas Ordens mantêm-se bem representadas nos três cenários em algumas áreas. A

Ordem Perissodactyla, com apenas um representante presente em 4 diferentes áreas, se

mantém presente no terceiro cenário de confiabilidade em 3 áreas. Na Ordem Carnivora há

um grande número de espécies no terceiro cenário, proporcionalmente as outras Ordens, e a

Ordem Cingulata é a que sofre menos perdas em todas as áreas em que possui representantes.

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Figura 2 – Numero de registros de cada ordem de mamíferos nas diferentes localidades avaliadas, segundo os cenários de Confiabilidade dos Registros de Mamíferos de Médio e Grande Porte no QF. A) Baixa confiabilidade, B) Média confiabilidade e C) Alta confiabilidade.

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As características e a confiabilidade dos registros podem apontar diferentes situações

entre a real presença ou um equívoco na identificação de uma determinada espécie.

Assumindo as características de cada tipo de registro e os tipos mais comuns de problemas

encontrados na interpretação desses registros (Borges & Tomás, 2004; Tomas & Miranda,

2006; Hirsch & Chiarello, 2012; Becker & Dalponte, 2013) é possível apontar um cenário

mais realista para diferentes aspectos de trabalho em conservação. A partir da confiabilidade

dos registros, surge uma exigência para que ocorra uma revisão das espécies em quatro áreas

estudadas – EDPA Peti, PE Itacolomi, PES Rola Moça e RPPNMS Paula. Estas quatro

contam com poucos registros ou registros de baixa confiabilidade (Tabela 2, Figura 2). Para a

EDPA Peti e a RPPNMS Paula foram analisados somente dados de literatura, o que pode

explicar o seu baixo número de espécies. No PE Itacolomi e no PES Rola Moça a queda no

número de espécies registradas se deve a informações mais superficiais. Espécies pontuadas

com apenas um tipo de registro também levaram a perda nos números apresentados, quando

se tratava de um registro de baixa qualidade, sem outro registro que forneça maior

confiabilidade. Das outras quatro áreas, a Serra do Gandarela, que não possui status de UC e o

MNS Moeda, a mais recente entre as UCs estudadas, são aquelas que apresentam o maior

número de espécies no terceiro e mais exigente cenário.

A Ordem Carnivora, ainda que não seja a ordem mais numerosa no Brasil (Reis et al.,

2010; Paglia et al., 2012), é aquela que reúne registros mais variados, bem específicos (como

pegadas com formato único e de mais fácil identificação) e também espécies que despertam

maior carisma e interesse (Miranda, 2003; Margarido & Braga, 2004). Estas características

são importantes para que sejam lembradas, em entrevistas, por exemplo, ou na capacidade de

identificação e interesse dos pesquisadores, o que pode explicar seu maior número neste

levantamento. Em contrapartida, as perdas da Ordem Carnivora, assim como Rodentia e

Primates, podem apresentar em sua biologia algumas explicações para esse resultado no

terceiro cenário de confiabilidade. Para os roedores, registros como visualização e registros

por fotografias são mais raros, pois se trata de animais de hábitos mais discretos, além do

tamanho menor para a maioria das espécies em comparação aos outros mamíferos (Bonvicino

et al., 2008). Sua ausência em entrevistas pode representar um efeito contrário percebido em

felinos: são espécies mais comuns para a maioria das pessoas. Os primatas, ainda que possam

ser mais facilmente visualizados e ouvidos, quando comparados a outros grupos de

mamíferos, habitam áreas de acesso mais difíceis para pesquisadores. É também o grupo que

não apresentou registros como pegadas ou outros rastros perceptíveis. As espécies da Ordem

Carnivora, que estão ausentes no terceiro cenário, são representadas em sua maioria pelos

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pequenos felinos e pela família Mustelidae. Com exceção da jaguatirica, os outros pequenos

felinos são menos abundantes em muitas áreas (Oliveira & Cassaro, 2005; Rodrigues &

Oliveira, 2006). Soma-se a isso o fato dos seus registros serem facilmente confundidos,

dificultando definir a espécie em específico. Para a família Mustelidae, com exceção de

lontras, os ambientes que ocupam costumam ser de difícil acesso, como matas ciliares,

trechos alagados e percursos de rios. Além disso, também possuem hábitos mais discretos e

crepusculares (Perera, 1996). Lontras são mais lembradas e percebidas em função dos

conflitos com pescadores e criadores de peixes (Margarido & Braga, 2004)

Analisando as áreas prioritárias para a conservação de mamíferos apresentadas nos

trabalhos de Drummond e colaboradores (2005), nota-se que áreas no QF, sem nenhum

destaque para a conservação de mamíferos, são fontes de registros de alta confiabilidade. É o

caso do MNS Moeda e da Serra do Gandarela, por exemplo. São estas as áreas com o maior

número de espécies de mamíferos (25 em cada uma) com alto valor de confiabilidade. Em

virtude do alto nível de confiabilidade dos seus registros e das espécies registradas, estas áreas

mostram potencial para que novos registros sejam efetuados. Mas as áreas estabelecidas como

prioritárias para a conservação de mamíferos dentro do QF (Drummond et al., 2005) também

fornecem registros de alta confiabilidade, como, por exemplo, o PE Itacolomi e a RPPNS

Caraça. Mesmo em áreas com poucas espécies no cenário de mais alta confiabilidade é

importante ressaltar que se trata de um levantamento em que constam apenas um ou poucos

tipos de registros. Nestes casos, existe a necessidade de que novos estudos sejam realizados e

novos registros sejam levantados. Os dados de baixa confiabilidade, ao invés de

desconsiderados, devem servir como uma referência para novos estudos ou ainda servir para

estabelecer um histórico das espécies em uma área. Os dados de baixa confiabilidade devem

ser questionados exigindo novos estudos e mais informações para se verificar a real presença

e situação de algumas espécies, já que podem ter ocorrido conclusões dúbias, o que exige

atenção e novos levantamentos (Hirsch & Chiarello, 2012). Por exemplo, registros de

pequenos felinos, sejam através de pegadas ou mesmo por visualização podem levar a dúvidas

e problemas de avaliação. Pegadas de cães domésticos também geram esse tipo de problema,

pois podem ser interpretadas como pertencentes a espécies nativas, quando se tem pouca

experiência ao avaliar esse tipo de registro (Lima Borges & Tomás, 2008). Nestes casos, a

necessidade de novos levantamentos e investimento em conhecimento é importante para que

áreas como a EDPA Peti ou PES Rola Moça mantenham seu status como área prioritária para

a conservação proposto por Drummond e colaboradores (2005).

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Dados de entrevistas também exigem um cuidado maior no trato com as informações

levantadas. Os entrevistados podem não conhecer as espécies por eles citadas e até confundi-

las com outras. Apesar disso, muitas espécies possuem padrões únicos e muitos registros

surgiram de moradores locais que possuem conhecimento do ambiente de entorno e das

espécies com as quais já convive a muitos anos, tornando-os uma fonte de dados rica e

importante (Diegues, 1988; Mesquita, 2004; Oliveira & Cassaro, 2005). Algumas espécies

aqui presentes surgiram primeiramente em entrevistas e, posteriormente, seguindo as

orientações de pessoas locais, forneceram outras formas de registro em determinados

ambientes. É o caso da onça-pintada na Serra do Gandarela ou na FLOE Uaimii, por exemplo.

Para os Muriquis, ainda não foram encontrados outros tipos de registros. Mas a maior

confiabilidade nos dados levantados pode direcionar a busca por esses outros registros da

espécie.

Os dados aqui presentes podem ainda apontar espécies a serem procuradas e onde

buscá-las. Além de poucas espécies em suas áreas, por contarem apenas com levantamento

bibliográfico, a RPPNMS Paula e EDPA Peti não apresentaram nenhum registro dos membros

da ordem Pilosa. Entretanto, a presença de tatus é comum também próximo a estas duas áreas,

ocorrendo, por exemplo, no PES Rola Moça, no Parque das Mangabeiras ou na Estação

Ecológica de Fechos, que são áreas próximas da RPNNMS Paula e também com ocorrências

na RPPN Caraça, próxima da EDPA Peti. Situação semelhante pode ocorrer nessas áreas para

outras espécies como a jaguatirica, o lobo-guará ou as cutias que são espécies que se

mostraram bem comuns e possuem pouca exigência de habitat, ocorrendo inclusive em

ambientes alterados (Chiarello, 1999; Santos- Filho & Silva, 2002; Cheida, 2005; Oliveira &

Cassaro, 2005; Vynne, et al., 2011). Não foi possível identificar o motivo destas ausências

nos levantamentos bibliográficos. Mas são áreas que devem fornecer novos dados e também

registros de novas espécies de mamíferos, pela proximidade com outras áreas de maior

riqueza de espécies, por exemplo, ou pela presença de espécies que se mostraram comuns e de

fácil adaptação em áreas próximas.

Com as espécies e as formas de registro dos mamíferos presentes no QF, mesmo o

nível mais alto de confiabilidade – e, portanto, aquele com a menor riqueza de espécies -

apresenta espécies importantes do ponto de vista da conservação. Espécies consideradas

ameaçadas e de difícil registro estão presentes em mais de uma área, como acontece com a

onça-pintada ou a anta. Embora algumas espécies estejam ausentes no terceiro nível, as que

ainda estão presentes podem chamar a atenção para trabalhos de preservação e aumentar as

chances de conservação das mesmas e para as áreas em que ocorrem. Desta forma, mesmo

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que uma espécie com um registro menos confiável não seja priorizada em trabalhos de

conservação, ela pode sair beneficiada. Vilas Boas e Dias (2010) ressaltam essa integração ao

destacar algumas espécies como catalizadores de ações de conservação e como outras

espécies, e até determinadas áreas, são protegidas e ganham investimentos com a suas

espécies bandeira, como, por exemplo, o muriqui, a anta, o tamanduá-bandeira ou a onça-

pintada. Mas o tempo transcorrido entre novos levantamentos e a tomada de ações pode ser

definitivo para a existência de uma espécie em uma área ou região. Nestes casos deve ser

aplicado o que se conhece nos estudos de conservação como Princípio da Precaução (Kriebel

et al., 2001; Amoy, 2006; MMA, 2013).

Pelo Princípio da Precaução, a incerteza deverá ser levada em consideração nas

situações de risco e na forma que se pretende trabalhar com as espécies presentes. Se há um

mínimo indício de sua presença, é preciso pensar na sua situação e em como conservá-las. A

capacidade de degradação e alterações antrópicas é mais intensa que o ritmo e os resultados

dos esforços para conservar uma determinada espécie ou eliminar os impactos que a

ameaçam. Assim, as espécies que necessitam de atenção para a conservação dependem de

ações imediatas, qualquer que seja o indício de sua presença (Kriebel et al., 2001). Como

apontou Amoy (2006), os planos de ações devem focar os aspectos preventivos, tanto para

mudar a situação como para levantar mais informações, e deve-se evitar um planejamento de

ações corretivas, que buscam reparar perdas ambientais a posteriori. Perdas ambientais são,

em muitos casos, irreparáveis. Entretanto, a dúvida expressa com argumentos razoáveis não

pode dispensar a prevenção. Existem muitos casos de espécies consideradas extintas em uma

região e depois de um longo tempo são confirmadas como ainda presentes. Estas

confirmações se dão com indícios prévios, ainda que pouco confiáveis. É o caso do cachorro-

do-mato-vinagre (Speothos venaticus) para Minas Gerais. O cachorro-do-mato-vinagre é

considerado uma espécie “Quase Ameaçada” mundialmente (IUCN, 2012) e “Vulnerável” em

âmbito nacional (Machado et al., 2008). Depois de ser considerado extinto no estado de

Minas Gerais, ele foi registrado no Parque Estadual Veredas do Peruaçu (região norte de

Minas Gerais). E esta confirmação só foi possível após sete anos de tentativas de um registro

de alta confiabilidade - filmagem com armadilha fotográfica (Guilherme Braga, comunicação

pessoal, 2012).

Para outras espécies, como o queixada ou o sagui-de-cara-branca, que aparecem

respectivamente no PE Itacolomi e na EPDA Peti, a confirmação de sua presença depende de

registros mais confiáveis. Com novos registros, a presença destas espécies pode representar

mais do que um nível maior de confiança, mas também a possibilidade de serem registradas

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em novas áreas próximas. Isso pode levar a um destaque em planos de conservação e garantia

em trabalhos de conservação para as áreas estudadas e outras áreas próximas no QF. Esse é o

caso para o Muriqui na FLOE Uaimii e na Serra do Gandarela. Muitas espécies em todo o

Brasil são carentes de informações (Biodiversitas, 2007; Machado et al., 2008; IUCN, 2012) e

a busca por registros inéditos ou mais confiáveis, na tentativa de melhorar seu nível de

confiabilidade, pode gerar novas informações no que diz respeito a novos locais de

ocorrência, os hábitats em que estão presentes, as condições e tipos destes registros.

Estado de conservação dos mamíferos de médio e grande porte no QF e os principais

impactos ambientais presentes nas áreas estudadas

Das 40 espécies registradas nas oito áreas amostradas, 12 possuem algum grau de

ameaça ou deficiente em dados, seja no estado de Minas Gerais, segundo o COPAM

(Conselho Estadual de Política Ambiental) (2010) e também em âmbito nacional ou mundial,

segundo os critérios da Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do MMA (Ministério do

Meio Ambiente) (Machado et al., 2008) ou da Lista Vermelha de Espécies ameaçadas de

Extinção da IUCN (International Union for Conservation of Nature) (IUCN, 2012) (Tabela 3).

Espécies que possuem deficiência nos dados em listas vermelhas devem funcionar

como um alerta para a conservação. Neste levantamento é o caso da lontra em âmbito

nacional e mundial. A falta de dados ressalta a necessidade de mais estudos que apontem com

clareza seu real status de conservação (Biodiversitas, 2008). Seguindo o Princípio da

Precaução (Kriebel et al., 2001; Amoy, 2006; MMA, 2013b), a espécie com deficiência em

dados também foram incluídas na tabela 3. A falta de informação sobre a espécie pode indicar

também a falta de capacidade ou uma limitação, não apenas para se levantar informações

sobre essa espécie, mas também na identificação de um problema. A perda de uma espécie

pode ocorrer durante o tempo necessário para que mais trabalhos e estudos sejam feitos na

tentativa de alcançar um consenso da real situação de conservação desta espécie. O Princípio

da Precaução sustenta-se, primeiro, na falta de evidência científica a respeito da existência de

uma espécie ou dos riscos em que ela está inserida. Segundo, como observado por Amoy

(2006), também na possibilidade de que ações humanas levem a danos e situações

catastróficas que podem afetar uma espécie. Assim sendo, cada espécie com os seus conjuntos

de registros e informações é uma peça fundamental para os trabalhos de conservação. É como

buscar se assegurar de que em um futuro próximo determinada espécie esteja amparada.

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Tabela 3: Lista das espécies de mamíferos de médio e grande porte com ocorrência no QF

inseridas em listas de ameaça para a conservação.

Ordem / Espécie Ameaça de Extinção Nacional / Mundial Regional (Minas Gerais)

ARTIODACTYLA Pecari tajacu Em Perigo (COPAM) Tayassu pecari Em Perigo (COPAM) CARNIVORA Chrysocyon brachyurus Vulnerável (MMA) Vulnerável (COPAM) Leopardus pardalis Vulnerável (MMA) Menor preocupação (IUCN) Em Perigo (COPAM) Leopardus tigrinus Vulnerável (MMA / IUCN) Vulnerável (COPAM) Leopardus wiedii Em Perigo (MMA) / Quase Ameaçada (IUCN) Em Perigo (COPAM) Lontra longicaudis Deficiente em Dados (IUCN / MMA) Vulnerável (COPAM) Panthera onca Vulnerável (MMA) / Quase Ameaçada (IUCN) Criticamente em Perigo (COPAM) Puma concolor Vulnerável (MMA) / Menor preocupação (IUCN) Vulnerável (COPAM) PERISSODACTYLA Tapirus terrestris Vulnerável (IUCN) PRIMATES Brachyteles hypoxanthus Criticamente em Perigo (MMA / IUCN) PILOSA Myrmecophaga tridactyla Vulnerável (MMA)

As espécies com algum grau de ameaça definido possuem situações de risco e

impactos comuns a outras espécies. As espécies da Ordem Carnivora encontram ameaças com

a caça, atropelamentos, perda e destruição de hábitat, sendo que as onças (pintada e parda)

sofrem com a diminuição da disponibilidade de presas entre seus impactos (Margarido &

Braga, 2004; Oliveira & Cassaro, 2005). Já as lontras sofrem com a destruição de ambientes

aquáticos, por se alimentarem principalmente de peixes, e pela caça, o que pode estar

associado aos possíveis prejuízos em atividades de piscicultura (Margarido & Braga, 2004).

Na ordem Cingulata, a pressão sobre as espécies reside em impactos como atropelamento,

caça e perda de hábitat (Vieira, 1996; Sanches, 2001; Aguiar, 2004). Para o muriqui a caça e

destruição dos hábitats o colocam em risco (Rylands & Chiarello, 2003). Para as três espécies

da Ordem Pilosa, as principais ameaças são a destruição e redução do hábitat, pressão de caça

e, mais especificamente para os tamanduás (bandeira e mirim), há ainda o atropelamento e as

queimadas, sendo este último um impacto comum para todos pois leva a perda de hábitats

(Fonseca et al., 1999; Peres, 2000; Aguiar, 2004). As antas e os porcos silvestres (queixada e

cateto) enfrentam problemas com a pressão de caça e destruição dos hábitats (Fragoso, 1994;

Fragoso, 1997; Rocha, 2001; Chebez, 2008). Mesmo que as outras espécies registradas neste

trabalho não estejam apontadas em alguma categoria de ameaça atualmente identificável, elas

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possuem riscos para a sua permanência similares às que foram descritas acima e podem

apresentar pressões locais. Há então a necessidade de se entender que áreas merecem atenção

e que impactos colocam as espécies em risco.

Dentro do QF, Drummond e colaboradores (2005) destacam cinco áreas prioritárias

na conservação de mamíferos: Serra do Rola Moça, Complexo Parque Estadual do

Itacolomi/Andorinhas, Parque Santuário do Caraça, EDPA Peti e Complexo Caraça /EDPA

Peti (Figura 3) e, segundo seus critérios, apontam as pressões antrópicas e sugerem

recomendações para conservação do grupo dos mamíferos no QF, presentes na Tabela 4.

Figura 3 – Mapa das áreas prioritárias para a conservação de mamíferos em Minas Gerais. Áreas presentes no QF: Área 36 (Complexo Caraça/EDPA Peti), Área 36.1 (RPPN Caraça), Área 36.2 (EDPA Peti), Área 38 (Complexo do Itacolomi/Andorinhas e Área 39 (Serra do Rola Moça) (Drummond et al., 2005).

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Tabela 4 – Áreas prioritárias para conservação de mamíferos no QF (Drummond et al.,

2005).

Área Pressões Antrópicas Recomendações* Importância Biológica

Complexo Caraça / Peti Turismo desordenado Agropecuária e Pecuária

Extração de Madeira

Inventários Biológicos Educação Ambiental

Alta

Complexo Itacolomi / Andorinhas

Isolamento Inventário Plano de Manejo

Educação Ambiental

Alta

EDPA Peti Isolamento Inventários Unidades de Conservação

Muito Alta

RPPN Caraça Agricultura Inventários Unidades de Conservação

Muito Alta

Serra do Rola Moça Mineração Monocultura

Inventários Promover Conectividade

Alta

Obs.: As informações presentes neste quadro referem-se exclusivamente ao grupo dos mamíferos. * Não há detalhamento sobre as recomendações na bibliografia, apenas as informações acima citadas.

Drummond et al. (2005) também categorizaram a Importância Biológica das áreas

prioritárias para conservação, com base na representatividade dos organismos dos distintos

grupos em cinco categorias, de forma crescente: Potencial, Alta, Muito Alta, Extrema e

Especial. Os mamíferos no QF receberam o terceiro e quarto nível de importância biológica

(Alta e Muito Alta). Para se classificar uma área como Muito Alta é necessário que haja uma

média de espécies raras, endêmicas ou ameaçadas ou que as áreas sejam grandes

remanescentes significativos, altamente ameaçadas ou conservadas. Para se atingir a categoria

“Extrema”, é necessário que uma área apresente alta riqueza de espécies, espécies endêmicas

ou raras. Dentro do terceiro cenário de confiabilidade e não excluindo as áreas destacadas por

Drummond e colaboradores (2005), estas cinco áreas se tornariam, pelo menos, oito áreas de

destaque. Com as espécies de mamíferos do QF registradas neste trabalho e seus graus de

ameaça, é possível sugerir outras áreas como prioritárias para conservação no QF seguindo os

mesmos critérios propostos no Atlas da Biodiversitas. Três delas, FLOE Uaimii, Serra do

Gandarela e o MNS Moeda, que não são priorizados nos dados do Atlas proposto por

Drummond e colaboradores (2005), possuem a maior riqueza de espécies de mamíferos com

grande confiabilidade neste levantamento e também mais espécies em destaque pelo seu grau

de ameaça. Seguindo as orientações de Drummond e colaboradores (2005), estas mesmas

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áreas também possuem grande diversidade de espécies e são destaques para conservação para

outros grupos, como aves ou vegetais, como pode ser levantado em outros trabalhos

(Vasconcelos et al., 2008; Guarçoni et al., 2010). Para se atingir o nível de importância

biológica “Especial” seria necessário apresentar uma ou mais espécies com ocorrência restrita

a uma área ou ambiente único no Estado. Definir uma das áreas levantadas como “Especial”

pode ser discutível, quando se têm espécies como o Muriqui, com seu status de ameaça e suas

características de ambientes específicos, indicando que não ocorreria apenas no QF, mas

tendo sua ocorrência conhecida apenas para nove localidades no Estado (Hirsch, 2003; Melo

et al., 2004; Nogueira et al., 2009). Como observado em campo ou em outros trabalhos, as

pressões antrópicas também são mais amplas do que estas apresentadas por Drummond e

colaboradores (2005) e estão representadas na Tabela 5.

No PES Rola Moça existem pelo menos três tipos de impactos não reconhecidos neste

trabalho de 2005 e que levam à perda de biodiversidade não só de mamíferos: atropelamentos,

queimadas e espécies exóticas. Com relação ao primeiro, Dornas (2010) mostrou que os

atropelamentos no PES Rola Moça geram muitas perdas de animais em pouco mais de 6

meses, algo em torno de 69 indivíduos, de diferentes grupos, como répteis, aves, anfíbios e

mamíferos, dentro do período amostrado. Existem ainda informações isoladas sobre o

atropelamento de vários animais, entre eles uma onça parda nas proximidades desta Unidade

de Conservação (F. F. do Carmo, comunicação pessoal). Esse problema é frequente, porque

há uma estrada asfaltada (de aproximadamente 12 km), com grande movimentação de

veículos, cortando o Parque (Dornas, 2010; IEF, 2012). Soma-se aos atropelamentos os

impactos de pelo menos dois grandes bairros residenciais próximos ao Parque e a Rodovia

Federal BR-040. Este caso não é único para o PES Rola Moça. É um problema comum a

outras áreas no QF, porém em menor intensidade, já que em sua maioria as estradas não são

asfaltadas ou não possuem grande movimentação como no PES Rola Moça.

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Tabela 5 – Dados gerais sobre as áreas do Quadrilátero Ferrífero amostradas: proteção, características físicas, conexões e os seus principais

impactos (Martinelli & Orleans e Bragança, 1996; Giulietti et al., 1997; Myers et al., 2000; Paglia et al., 2009; Silva & Salgado, 2009; Gerdau, 2010;

CEMIG, 2012; IEF, 2012; Santuário do Caraça, 2012; IEF, 2013; ZEE, 2013). Áreas

Amostradas

Tipo

de Proteção

(SNUC)

Espaço

(em

hectares)

Principais Fitofisionomias Conexões prováveis Principais Impactos

Na área No entorno

EDPA

Peti

Uso

Sustentável

91,07 ha Floresta semidecídua (Mata

Atlântica e Cerrado) e campos

rupestres em áreas mais altas.

Floresta semidecídua e pastagem. RPPN Sobrado, RPPNS

Caraça, MN Santuário Serra

da Piedade.

Mineração, caça, isolamento,

turismo, agropecuária,

queimadas, extrativismo

vegetal, espécies exóticas.

FLOE

Uaimii

Uso

Sustentável

4.398,16 ha Floresta semidecídua (Mata

Atlântica).

Floresta semidecídua, campos de

altitude, campos rupestres e

pastagem.

RPPNS Caraça, Serra do

Gandarela, Parque Municipal

das Andorinhas, Estação

Ecológica Tripuí, PE

Itacolomi, MN Itatiaia.

Queimadas, caça, extrativismo

vegetal, ocupação humana em

seu interior, atropelamentos,

agropecuária, espécie exótica.

MNS

Moeda

Proteção

Integral

2.372, 56 ha Floresta semidecídua, matas

ciliares e matas de galeria,

campos e cerrado stricto sensu

em ambos as vertentes – leste

e oeste – da serra. Os campos

rupestres (quartzítico,

granítico e ferruginoso)

predominam nas áreas de

maior elevação da Serra.

Florestas semidecídua, campos

rupestres, campos cerrado e

pastagem.

PES Rola Moça, RPPN Poço

Fundo, Estação Ecológica de

Aredes.

Degradação maior próxima a

Rodovia BR-040,

atropelamentos, queimadas,

mineração, esporte motorizados,

extrativismo vegetal, caça,

ocupação desordenada,

agropecuária e espécies

exóticas.

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Áreas

Amostradas

Tipo

de Proteção

(SNUC)

Espaço

(em

hectares)

Principais Fitofisionomias Conexões prováveis Principais impactos

Na área No entorno

PE

Itacolomi

Integral 7.543 ha Floresta semidecídua, Cerrado

stricto sensu, campos e campos

rupestres (quartzítico e

ferruginoso).

Campos cerrado e rupestre,

pastagem e ocupação urbana.

RPPNS Caraça, Parque

Municipal das Andorinhas,

Estação Ecológica do Tripuí,

PE Itacolomi, MN Itatiaia, PE

Veríssimo e PE Serra do Ouro

Branco.

Queimadas, espécies exóticas,

agropecuária, turismo

desordenado, extrativismo

vegetal e caça.

PES

Rola Moça

Integral 3.941,09 ha Cerrado stricto sensu, campo

cerrado, Mata Atlântica, matas de

galeria, matas ciliares e campos

rupestres (quartzítico e

ferruginoso)

Cerrado, campos cerrado e

rupestre, pastagem,

monoculturas, áreas urbanas.

Estação Ecológica de Fechos,

Mata da Baleia, RPPNMS

Paula e MNS Moeda.

Queimadas, espécies exóticas,

agropecuária, mineração,

atropelamentos, ocupação

urbana, esporte motorizado.

RPPNMS

Paula

Uso

Sustentável

147 ha Mata Atlântica e Cerrado Floresta semidecídua, pastagem

e área urbana.

Estação Ecológica de Fechos,

Mata da Baleia, PES Rola

Moça e MNS Moeda

Caça, espécies exóticas,

ocupação urbana desordenada,

isolamento

RPPNS

Caraça

Uso

Sustentável

10.187,89 ha Mata Atlântica, com matas de

galeria, matas ciliares e também

Cerrado stricto sensu, campos, e

campos rupestres quartzíticos.

Mata Atlântica, Cerrado,

campos rupestres, monoculturas

e pastagem.

EPDA Peti, Serra do

Gandarela, FE Uaimii, PE

Itacolomi.

Mineração, queimadas,

agropecuária, caça, extrativismo

vegetal e espécies exóticas.

Serra do

Gandarela

Não há Indefinido Florestas semidecíduas e

formações de Mata Atlântica,

campos, Cerrados típicos e stricto

sensu e campos rupestres

(granítico, quartzítico e

ferruginoso).

Florestas semidecíduas, matas

ciliares e de galerias, campos,

Cerrados stricto sensu e campos

rupestres (granítico, quartzítico

e ferruginoso). Pastagens e

plantações.

FE Uaimii, RPPNS Caraça,

MN Santuário da Serra da

Piedade.

Mineração, queimadas,

agropecuária, caça, extrativismo

vegetal, atropelamentos,

monocultura, turismo

desordenado e espécies

exóticas.

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As queimadas também são um problema recorrente no PES Rola Moça e geram perdas

pelo fogo que diminuem o espaço e os habitats disponíveis para os mamíferos presentes. Tal

impacto tem sido intensificado pela presença de uma espécie exótica e invasora: o capim-

gordura (Melinis minutiflora). Segundo Rossi (2012), o capim gordura não apenas cresce

rapidamente, ocupando o espaço de outras espécies nativas, mas no período de seca, se torna

combustível para o fogo e intensificam as queimadas. O problema com as queimadas também

foi observado na Serra do Gandarela, no MNS Moeda, FLOE Uaimii e no PE Itacolomi.

No PE Itacolomi não é apenas o isolamento que gera pressão antrópica, como citado

por Drummond e colaboradores (2005). Além do fogo e de espécies exóticas, como o capim-

gordura e cães errantes, há a presença de caça e atividade de pecuária, como gado e cavalos na

área, como observado em campo. Estes dois últimos animais também facilitam a presença de

fogo na área, já que alteram as dinâmicas do solo e da vegetação local (Medeiros, 2002).

Sabe-se que o gado compacta o solo o que dificulta o crescimento de espécies nativas e

favorece o avanço de espécies exóticas (Santos & Souza, 2007). Além disso, o gado e os

cavalos podem levar doenças para outros animais, principalmente herbívoros, como veados e

catetos, assim como os cães podem levar doenças a populações de mamíferos da ordem

Carnivora (Cleaveland et al., 2000; Silveira, 2012). Os cães podem exercer uma predação

sobre outras espécies locais levando a perdas da biodiversidade (Alonso, 2005; Srbek-Araújo

& Chiarello, 2008; Kanashiro, 2013). O PE Itacolomi sofre essas pressões há um longo

tempo, tendo em vista sua história e ocupação (IEF, 2012).

A RPPN Caraça encontra problemas principalmente com a caça, as queimadas e a

perda de espaço para atividades minerárias no entorno. O primeiro tem se mostrado comum

em espaços menos usados por turistas, conforme armadilhas encontradas na Reserva e do

entorno (Observação Pessoal), assim como pessoas não autorizadas registradas em armadilhas

fotográficas (L. N. Perillo, comunicação pessoal). O fogo é a prática mais comum para

preparo do solo pela população do entorno e, muitas vezes, atinge não apenas a RPPN Caraça

como também outras Unidades de Conservação (Heringer et al., 2002; Medeiros, 2002;

Jacques, 2003). Há menos de dois anos um incêndio na RPPN Caraça precisou de mais de

treze dias para ser controlado (Estado de Minas, 2013).

A FLOE Uaimii apresenta problemas como queimadas, caça, ocupação humana e

turismo desordenado. A área é cercada por sítios e existem conflitos com moradores para

definir os limites reais dessa UC (Observação Pessoal). Algumas das pessoas entrevistadas

para os levantamentos neste trabalho admitiram que já praticaram caça na região ou que ainda

praticam. A extração de madeira e o turismo desordenado também estão presentes. Estas

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extrações estão mais associadas à queima de madeira para uso local e também para

construções de cercas e mourões.

Na Serra do Gandarela, especificamente nos ambientes amostrados (entre a faixa de

20°07'12.08" e 20°04'35.92" Sul, e na faixa de 43°40'54.04" e 43°42'15.25" Oeste), é possível

apontar os seguintes impactos: caça, queimada, mineração de minério de ferro,

atropelamentos, espécies exóticas, turismo desordenado, agropecuária, monoculturas

(principalmente eucalipto) e extração de madeira. No MNS Moeda, os impactos observados

são a mineração de minério de ferro, caça, queimadas, atropelamentos, ocupação

desordenada, agropecuária, degradação (queimadas, lixo e ocupações) próximo a BR-040,

esportes motorizados, extração de madeira e espécies exóticas, como o capim gordura. Como

a primeira não é uma UC e a segunda ainda está em fase de implantação, avaliar tais impactos

e obter informações é difícil ou limitado. Essa limitação se deve a falta de um local que reúna

essas informações ou com pessoas que direcionem melhor os pesquisadores. Estes fatores

tornam ainda mais complicadas a proteção e conservação de áreas com a grande diversidade

de mamíferos de médio e grande porte analisados neste trabalho.

A RPPNMS Paula apresenta como impactos a caça, espécies exóticas e ocupação

urbana desordenada no entorno sendo rodeada por bairros residenciais da cidade de Nova

Lima, enquanto que a EDPA Peti apresenta em sua área proximidade com a mineração, caça,

isolamento, turismo desordenado, agropecuária, queimadas, extrativismo vegetal e espécies

exóticas. Como são áreas que não possuem registros no alto nível de confiabilidade e também

pelos impactos que possuem há necessidade não apenas de novos trabalhos com as espécies

presentes e com as espécies potenciais, mas com os impactos que podem comprometer as

espécies residentes e a sua relação com outras áreas. A primeira área é próxima do PES Rola

Moça e pode ser mais um ponto de apoio para a estrutura de conexões entre essas duas áreas e

outras mais próximas. A segunda, como já proposto por Drummond e colaboradores (2005), é

uma área de possível interação com a RPPNS Caraça.

Para as espécies consideradas neste trabalho, os impactos acima descritos

comprometem a sua conservação, já que muitas delas precisam de grandes áreas de vida e

algumas são territorialistas (Cassaro & Oliveira, 2005), como as onças pintadas, que sofrem

grande pressão em Minas Gerais, justamente por ocorrer em poucas e isoladas áreas

(Sanderson et al., 2002; ICMBio, 2013). Certas espécies são especialistas e até dependem da

presença de suas presas. O tamanduá-bandeira é uma espécie que apresenta uma alimentação

especialista (cupins e formigas), com área de vida mínima de 274 ha (machos) e com a

geração de um filhote por vez, levando aproximadamente nove meses para a próxima

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gestação (Aguiar, 2004). As queimadas podem comprometer as populações de tamanduás e,

consequentemente, sua viabilidade populacional, já que se trata de um animal lento,

comparado a outros mamíferos de grande porte (Shaw et al., 1987). Algumas espécies são

mais sensíveis a alterações no habitat ou dependem de ambientes específicos para sua

sobrevivência, como muriquis e algumas outras espécies de primatas, por exemplo. Os

primatas foram registrados, em grande parte, em ambientes de vegetação mais densa e com

formação florestal. Se uma área possui perdas de ambientes naturais, isso pode ser ainda mais

preocupante para espécie com necessidade de áreas florestadas. Rodrigues e Vidal (2011), por

exemplo, concluíram em seus trabalhos com primatas que as espécies mais ameaçadas

estavam relacionadas com florestas mais fragmentadas e próximas de áreas urbanas. Os

impactos aqui apresentados podem forçar os indivíduos a se deslocarem para áreas urbanas,

propiciando confrontos com o homem (Bager & Rosa, 2010; Cáceres et al., 2010, Hegel et

al., 2012). Impactos como atropelamentos e caça podem gerar perdas enormes para as

populações que podem não conter muitos indivíduos, como é o caso do tamanduá-bandeira e

de outras espécies de mamíferos com essas características (Vieira, 1996; Cherem et al., 2007).

Forman & Alexander (1998), por exemplo, registraram até 10% de perda na população de

onças pardas, assim como do veado-da-cauda-branca Odocoileus virginianus clavium, para

atropelamentos nas estradas da Flórida, EUA.

Propostas para a conservação de mamíferos de médio de grande porte no QF

Um dos principais objetivos de toda UC é manter em longo prazo as espécies que ali

residem (MMA, 2013). Existem algumas formas de se avaliar a efetividade de uma UC com

relação a esse objetivo, considerando que muitas espécies possuem também exigências como

grande área de vida, tipos de hábitat ou a presença de outros organismos essenciais à sua

sobrevivência. Uma informação de rápida percepção é avaliar a área dessas UCs e as áreas de

vida das populações mínimas viáveis das espécies que a UC propõe conservar como

observado por Rodrigues e Oliveira (2006). Para uma avaliação similar foram estabelecidos

os valores mais coerentes de área de vida, segundo bibliografias próprias, tendo em vista que

algumas espécies possuem valores variados. Das espécies presentes neste trabalho, pelo

menos 29 possuem informações viáveis sobre sua área de vida e, como proposto por Franklin

(1980), foram consideradas populações mínimas viáveis de 50 indivíduos na avaliação da

eficiência das áreas de conservação para os seus mamíferos presentes neste trabalho (Tabela

6).

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Tabela 6 – Comparação das áreas de vida das espécies de mamíferos presentes no QF e das áreas das Unidades de Conservação do QF. (V) – Viável; (I) – Inviável.

Mamíferos Unidades de Conservação Referências Bibliográficas

Espécies Área de Vida (1)

(em Hectares) FE

Uaimii MNS

Moeda PE

Itacolomi PES Rola

Moça RPPNMS

Paula RPPN Caraça

EPDA Peti

4.398,16 ha

2.372,56 ha

7.543 ha

3.941,09 ha

147 ha

10.187,89 ha

91,07 ha

Paglia et al., 2009; Gerdau, 2010; CEMIG, 2012; IEF, 2012; S. Caraça, 2012; IEF, 2013

Alouatta guariba clamitans 50 V V V V V V V Pinto, 2002 Brachyteles hypoxanthus * 24 a 860 (2) V V V V I V I Strier et al., 1999 Bradypus variegatus * 6,6 V V V V V V V Queiroz, 1995 Cabassous unicinctus * 101,6 V V V V V V I Encarnação, 1987; Callicebus nigrifons 25 (2) V V V V V V V Easley 1982 Callithrix geoffroyi 23 (2) V V V V V V V Passamani & Rylands, 2000 Callithrix penicillata 0,5 a 3,5 (2) V V V V V V V Passamani & Rylands, 2000 Cerdocyon thous (♀) 450 e (♂) 380 V V V V I V I Nakano-Oliveira, 2002 Chrysocyon brachyurus * 2.000 a 11.500 I I I I I I I Rodrigues, 2002 Conepatus semistriatus 18 a 53 V V V V V V V Sunquist et al., 1989 Dasypus novemcinctus * 20,3 V V V V V V V McBee & Baker, 1982 Dasyprocta azarae 2 a 3 (casal) V V V V V V V Smythe, 1978; Dasyprocta leporina 2 a 3 (casal) V V V V V V V Smythe, 1978; Konecny, 1989 Eira barbara (♀) 1.600 e (♂) 2.440 V I V V I V I Sunquist et al., 1989 Euphractus sexcinctus * 3 a 958 V V V V I V I Encarnação, 1987; Hydrochaeris hydrochaeris 1 (2) V V V V V V V Schaller & Crawshaw, 1981 Leopardus pardalis * 76 a 5.090 V I V I I V I Oliveira & Cassaro, 2005 Leopardus tigrinus * 90 a 1.740 V V V V I V I Oliveira & Cassaro, 2005 Leopardus wiedii * 1.000 a 1.590 (casal) V V V V I V I Oliveira & Cassaro, 2005 Myrmecophaga tridactyla * (♀) 367 e (♂) 274 V V V V I V I Shaw et al., 1987 Nasua nasua (♀) 630 e (♂) 490 V V V V I V I Nakano-Oliveira, 2002 Panthera onca * 1.000 a 25.900 I I I I I I I Oliveira & Cassaro, 2005 Pseudalopex vetulus * 380 V V V V I V I Juarez & Marinho-Filho, 2002 Puma concolor * 5.600 a 15.500 I I I I I I I Oliveira & Cassaro, 2005 Puma yagouaroundi * 140 a 10.000 I I I I I V I Oliveira & Cassaro, 2005 Sapajus apela 150 a 293 (2) V V V V I V I Silveira et al., 2005 Sapajus nigritus 150 a 293 (2) V V V V I V I Silveira et al., 2005 Tamandua tetradactyla * 100 V V V V V V I Rodrigues et al., 2001 Tapirus terrestres * 200 V V V V I V I Rocha, 2001 Tayassu pecari * 2200 a 10900 (2) I I I I I I I Keuroghlian et al., 2004

* Espécies com algum grau de ameaça segundo as Listas Vermelhas de Ameaça de Extinção (Ver Tabela 3) (1) Valores médios. Dependendo da população, do tipo ambiente e condições de preservação do hábitat esses valores podem variar. (2) Valor de área para bandos com número de indivíduos variados.

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É preciso destacar que espécies que possuem valores para bandos ao contrário de

indivíduos tiveram seus valores calculados para um bando com um número mínimo e

indivíduos. Para espécies territorialistas, ainda que seja mais fácil definir seus valores de área

de vida, é comum a ocorrência de sobreposição de áreas, mais comum entre machos e fêmeas.

Esses valores podem então estar superestimados. Para outras, os valores fazem referências a

casais, o que pode haver variações fora do período reprodutivo. Das 12 espécies com status de

ameaçadas, 10 delas possuem áreas de vida definida. A necessidade de informações sobre

essas espécies pode ter sido um fato importante na busca por informações como o espaço que

ocupa.

Comparando as áreas de vida com as dimensões das áreas estudadas no QF, não

haveria condições de manter, em situação de isolamento, a maioria das espécies presentes e

ainda que parte das populações encontre uma área suficiente comparada à dimensão de uma

determinada UC, não seria possível preservar a médio e longo prazo uma espécie com um

número de indivíduos muito reduzido (Franklin, 1980; Frankham et al., 2008). Rodrigues e

Oliveira (2006) analisaram a situação dos representantes da Ordem Carnivora e sua situação

dentro das UCs em todo o Brasil. A médio e longo prazo, nenhuma UC poderia manter uma

população viável de onças-pintadas, por exemplo. Nem mesmo uma parte das UCs da região

Amazônica – que possuem territórios com valores em até milhões de hectares - já que a

exigência para uma população mínima viável exige áreas maiores do que as UCs oferecem. O

mesmo aconteceria para outras espécies com UCs com dimensões similares a estas estudadas

no QF. A extensão das áreas estudadas pode retratar um desconhecimento das espécies

presentes. Porém, mesmo que as dimensões das UCs sejam inferiores ou próximas a esses

valores, elas não são áreas isoladas. Apenas as informações de uma área mínima viável em

função da área das Unidades podem não refletir outras necessidades para a permanência das

espécies. Estas UCs podem funcionar como parte de seus ambientes usuais ou mesmo como

local de passagem. Para minimizar o efeito de isolamento e permitir a permanência das

espécies que uma UC possui, os esforços de conservação devem valorizar a preservação de

sua área delimitada, seu entorno, suas possibilidades de conexão e planos integrados com as

outras áreas próximas (Brito, 2000; Lima et al., 2005; Rylands & Brandon, 2005).

Como as UCs não são áreas isoladas, o seu entorno é imprescindível para a

permanência das espécies presentes. Como observado por Moraes-Ornelas & Ornelas (2009),

o entorno do Parque Nacional da Serra da Bocaina possui uma estrutura agroflorestal que

beneficia tanto a população local de uma “Ecovila”, que extrai dali parte de seus ganhos,

como uma fauna de mamíferos como, por exemplo, o bugio (Alouatta guariba), a preguiça

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(Bradypus variegatus), a onça-parda e a jaguatirica estando as três espécies presentes em

Listas Vermelhas de ameaça de extinção (Machado et al., 2008; IUCN, 2013). Essa

valorização do entorno permite um aumento no espaço e nos ambientes disponíveis para a

fauna presente. As áreas de entorno podem funcionar também como áreas de amortecimento

de impactos, afastando os impactos da área efetiva das Unidades (Benjamin, 2000; Brito,

2000). Muitos impactos começam a partir do entorno, como queimadas, introdução de

espécies exóticas ou mesmo o isolamento (Ribeiro, 2006; Simiqueli, 2008).

Os trabalhos para eliminar ou reduzir os impactos presentes nas áreas estudadas são

essenciais para a manutenção das espécies presentes (Takahashi, 1998; Medeiros & Fiedler,

2004). Em todas as áreas estudadas existem impactos que são as principais causas de perdas

de biodiversidade em todo o país (Scariot, 1998; Tilman, 2000; Miranda et al. 2004;

Espíndola et al., 2005; França et al., 2007; Pereira et al., 2007; Santana & Encinas, 2008). As

áreas reconhecidas como UCs devem possuir um Plano de Manejo contemplando seus

impactos. Essa é uma estratégia essencial para a preservação das espécies presentes nessas

UCs (ICMBIO, 2012; MMA, 2013). Das seis áreas estudadas neste trabalho reconhecidas

como Unidades de Conservação, apenas o PES Rola Moça e o PE Itacolomi possuem um

Plano de Manejo (Biodiversitas, 2012; SEMAD, 2012). As outras áreas não apresentam esse

documento ou estão em fase de elaboração. Em nenhum dos planos consultados há algo

específico para lidar com as espécies de mamíferos presentes. Reconhecer e estabelecer metas

de combate aos impactos presentes, segundo Brito (2000), é atividade prioritária de uma área

de conservação. Alguns autores sugerem que a heterogeneidade ambiental como, por

exemplo, os ambientes do PES Rola Moça, do MNS Moeda ou da Serra do Gandarela,

permite uma maior biodiversidade (Buckley & Jetz, 2008; Jankowski et al., 2009). Assim,

impactos como queimadas e o avanço de espécies exóticas podem eliminar essa diversidade

de ambientes e homogeneizar espaços essenciais para algumas espécies.

Cavalcanti (2010) ressalta a importância de valorizar o patrimônio natural que cada

Unidade possui e os mamíferos figuram como um dos grupos mais importantes para ações de

sensibilização e conscientização (Reis et al., 2011). A RPPN Caraça, por exemplo, utiliza

como animal-símbolo o lobo-guará (Figura 8A). Ele é figura chave na atração de turistas e na

divulgação da UC (Santuário do Caraça, 2012). Como o animal é atraído com uma fonte de

alimento, é questionável o quanto essa prática interfere na biologia do animal (Oliveira &

Dias, 2007), mas também é preciso ressaltar os benefícios ao visitante, ao local de

preservação e a conservação da espécie (Orams, 2002; Oliveira & Dias, 2007). O PE

Itacolomi valoriza seu espaço contando com espécies de mamíferos ameaçadas de extinção

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como a onça-pintada ou o lobo-guará (Tafuri, 2008). Ainda que as onças-pintadas não

possuam um alto grau de confiabilidade de sua presença no PE Itacolomi, apenas a

possibilidade de sua existência é valorizada no PE Itacolomi para a sua preservação e

conservação das outras espécies ali presentes. Valorizar as espécies que possui e a sua

importância para a conservação é uma estratégia que pode ser importante para tornar a Serra

do Gandarela uma UC. Como uma das áreas de maior diversidade de mamíferos de médio e

grande porte e com registros de alta confiabilidade neste estudo, apresenta espécies bandeiras,

que são essenciais em muitas ações de conservação (Candisani, 2004; Mittermeier, 2005),

como a onça-pintada, o tamanduá-bandeira ou o muriqui, registradas neste trabalho. Destas

espécies, o muriqui possui a distribuição mais restrita em Minas Gerais, ocorrendo apenas em

algumas áreas de fragmentos de mata fechada e sendo uma espécie muito associada ao bioma

Mata Atlântica (Hirsch, 2003; Melo et al., 2004). Mas dentre as áreas de ocorrência

conhecidas atualmente para o muriqui, a Serra do Gandarela e a FLOE Uaimii podem ser

incorporados como novas áreas de ocorrência, com potencial para novas populações e

aumento das chances de conservação da espécie.

Uma das exigências para a conservação dos Muriquis é o uso específico dos habitats

que cada área pode fornecer a suas espécies residentes. Para o Muriqui e as outras espécies do

grupo dos Primatas, por exemplo, somente as áreas florestadas podem ser ocupadas (Martins,

1997; Marques et al., 2011). Apenas a FLOE Uaimii e a RPPNMS Paula apresentam áreas

florestadas em praticamente todo o seu território. A Serra do Gandarela é uma das áreas com

fitofisionomias bem distintas, mas com habitats florestados em grandes extensões. Outra

espécie exigente quanto ao seu ambiente são as onças-pintadas. Essa espécie depende de

ambientes bem conservados, com grande disponibilidade de presas e com água em

abundância (Oliveira & Cassaro, 2005). Elas são registradas em áreas no QF que possuem

estas características básicas. O estudo nas áreas permite dizer que se trata de ambientes pouco

alterados, rios em abundância e, pelos dados levantados, há uma variedade de presas

potenciais (Garla et al., 2001; Oliveira & Cassaro, 2005). Com poucas ocupações humanas e

conservação dos ambientes naturais da Serra do Gandarela, bem como na FLOE Uaimii,

podem ajudar a explicar a ocorrência de onças-pintadas, bem como de suas presas.

Se as áreas estudadas possuem possibilidades reais de conexão entre elas e com outras

áreas, há a chance de se aumentar o habitat para muitas espécies. Além de ainda não haver

isolamento das áreas, a presença confirmada de espécies com uso de grandes territórios é

outro indicativo dessa possível conexão. O lobo-guará é um exemplo dessa situação. Com a

presença certa em seis das áreas estudadas e com variados tipos de registros de sua presença, é

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uma espécie comum no QF. Como já discutido, sua presença se deve a sua tolerância a áreas

alteradas em diferentes ambientes. Mas para uma espécie com exigência de grande área de

vida, a capacidade de uso das conexões entre as diferentes UCs e a preservação das áreas de

entorno ajudam a completar esse quadro de presença comum do lobo-guará. Com a

conservação dos ambientes de entorno e de um plano integrado com outras áreas próximas,

pode haver um aumento do espaço disponível e possibilitaria a formação de corredores que

conectariam as áreas estudas com outras áreas de preservação no QF (Figura 4).

Figura 4 – Mapa do QF e as áreas de abrangência dos estudos de mamíferos de médio e grande porte com outras áreas de conservação próximas: (em Vermelho) 1 – RPPN Sobrado; 2 – Parque Municipal (PM) Descoberto; 3 – PM Águas da Serra da Piedade; 4 – MN Serra da Piedade; 5 – PM Chácara do Lessa; 6 - PM Mangabeiras; 7 – PM Paredão da Serra do Curral; 8 – RPPN Mata do Jambreiro; 9 – PM Prof. Amilcar Vianna Martins; 10 – Área de Proteção Especial (APE) Cercadinho; 11 - Reserva Biológica (RB) Floresta do Tumbaí; 12 – Estação Ecológica (EE) de Fechos; 13 – RPPN Capitão do Mato; 14 – RPPN Rio do Peixe; 15 – RPPN Trovões; 16 – RPPN Andaime; 17 – Estação Ecológica de Aredes; 18 – RPPN Poço Fundo; 19 – PE Serra do Ouro Branco; 20 – APE Veríssimo; 21 – MN Itatiaia; 22 – EE Tripuí; 23 – Área de Preservação Fazenda da Brigida; 24 – Área de Preservação Morro da Queimada; 25 – Área de Proteção Ambiental Sem. Menor de Mariana; 26 – Área de Proteção Ambiental Cachoeira das Andorinhas; 27 – RPPN Fazenda Capanema; 28 – RPPN Alegria.

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A RPPNMS Paula poderia se conectar com outras áreas no QF, como a Estação

Ecológica de Fechos ou a RPPN Mata do Jambreiro. Mas hoje ela está isolada por

condomínios e bairros residenciais. Somadas, elas levariam sua área de proteção para mais de

1.000 hectares e estas áreas podem ser conectadas ainda com o PES Rola Moça, sendo esta

uma proposta de integração já existente (Paglia et al., 2009). Esta capacidade de conexão

formaria uma grande área com um grande corredor de vegetação nativa. Apesar da separação

que a BR-040 impõe, há uma grande conexão com o viaduto das almas que se eleva sobre um

grande trecho de mata.

O PES Rola Moça pode se conectar com a MNS Moeda pelo complexo de serras que

ligam essas duas áreas. Ainda que as áreas mais elevadas sejam mais conservadas que as

partes baixas – como nas proximidades da Rodovia da vertente leste ou com habitações na

vertente oeste – nem todos os ambientes são propícios para os mamíferos registrados, como os

primatas, por exemplo, dependem de vegetações mais densas e contínuas. Com um grande

número de espécies com registros de alta confiabilidade presentes, sendo que muitas delas

com status de ameaça definidos e também pelos seus outros aspectos biológicos, a criação do

recém-estabelecido Monumento Natural da Serra da Moeda se mostra uma tomada de decisão

imprescindível, também tendo em vista do que representa dentro do cenário do QF. Outra

proposta sendo trabalhada é a conexão entre a MNS Moeda e a Estação Ecológica de Aredes

(Gerdau, 2010). O um dos maiores desafios para essa proposta é vencer a Rodovia (BR-O40)

que separa essas duas áreas.

Drummond e colaboradores (2005) sugerem essa estratégia de conexão para as áreas

da RPPNS Caraça e EDPA Peti, nomeando-o como Complexo Caraça/EDPA Peti para os

mamíferos, por exemplo. Mas é preciso observar a distância entre essas duas áreas: são

aproximadamente 24 km, em linha reta, da EDPA Peti a RPPN Caraça. E entre os dois

existem duas grandes cidades estabelecidas: Barão de Cocais e Santa Bárbara. Ainda que este

trajeto apresente fragmentos, são manchas desconexas e em muitas delas a conservação do

ambiente é duvidosa e seria necessário avaliar que espécies podem fazer uso dessas áreas.

Uma possível alternativa seja vincular a EDPA Peti a outras áreas de conservação próximas,

mas não descartando esse Complexo. Pelo mapa, outra possibilidade de conexão – ainda que

também de longa distância – seria uma união entre a EDPA Peti com o complexo de áreas de

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preservação da Serra da Piedade. Ainda que a distância (aprox. 34 km) e as barreiras

antrópicas sejam marcantes.

Outras áreas com grande potencial de conexão são a Serra do Gandarela e o FLOE

Uaimii. As espécies que ocorrem ali podem fazer uso das duas áreas, já que algumas delas

possuem grandes áreas de vida e grande potencial de deslocamento. Mas estas áreas podem

se tornar um complexo ainda maior ligando-as ao Complexo Caraça/EDPA Peti. Com isso,

espécies ameaçadas também pela fragmentação e perda de habitat, como a onça-pintada, a

onça-parda, a anta, o tamanduá-bandeira ou o lobo-guará, por exemplo, têm uma maior

chance de sobrevivência. Todas estas alternativas de conexão citadas, se baseiam também na

ideia de Corredores de Biodiversidade, propostos por Sanderson e colaboradores (2003). Com

essa proposta, a manutenção da biodiversidade de mamíferos de forma regional é alcançada

estabelecendo trabalhos conjuntos entre as áreas de conservação e ainda preservadas do QF.

Tais redes, que têm sido chamadas de corredores de biodiversidade, representam o

fundamento para estratégias efetivas na conservação de biomas muito fragmentados.

O PE Itacolomi enfrentaria barreiras antrópicas como áreas urbanizadas e rodovias

para se estabelecer uma conexão com a FLOE Uaimii. Mas pode ser estabelecido um

Complexo que incorpore a proposta de Drummond e colaboradores (2005) com as Unidades

do PE de Ouro Branco, Monumento Natural do Itatiaia e PE Veríssimo, que são áreas que

somadas apresentam aproximadamente 20 mil hectares.

Para a Serra do Gandarela há uma proposta de criação de uma Unidade de

Conservação conhecida como “Parque Nacional da Serra do Gandarela” (Águas do

Gandarela, 2013). Este projeto propõe o estabelecimento de uma Unidade de Conservação

Federal ocupando pouco mais de 38 mil hectares e mantendo em seus domínios

fitofisionomias de Mata Atlântica, Cerrado e campos rupestres. Há também a possibilidade de

conexão com a RPPN Caraça e o FLOE Uaimii. O grande conflito para definir o espaço e

suas delimitações esbarra com os interesses das atividades minerárias na região. Sem uma

proteção reconhecida dentro da classificação do SNUC para a Serra do Gandarela a situação

desta área e do seu entorno pode ser incerta e comprometer a viabilidade de espécies com

hábitat específico ou com grande área de vida.

Tomando o QF como um todo, o mapa de sua extensão com as principais unidades

destacadas demonstra um “arco” que aproxima as UCs através dos ambientes com relevo mais

elevado (Figura 4), uma vez que em terrenos mais elevados, o acesso é mais restrito para

ocupações e estabelecimento de atividades humanas. Ainda que este estabelecimento de UCs

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seja mais prático, é importante lembrar que muitos ambientes específicos ficariam de fora

dessa iniciativa.

Em uma escala ainda maior, o QF se enquadrada em um projeto conhecido como

“Corredor del Jaguar” (Salom-Perez et al., 2010; Panthera, 2013) que propõe a criação de

corredores que conecte áreas com a presença de onças-pintadas em toda a América Latina.

Em isolamento, problemas genéticos e estocasticidades ambientais podem levar a perda da

espécie a médio e longo prazo. Em Minas Gerais, uma das áreas reconhecidas pelo projeto é o

PE do Rio Doce, um remanescente de Mata Atlântica com pouco mais de 35 mil hectares.

Dentro da proposta apresentada, a possibilidade de conexão do PE Rio Doce com áreas mais

ao Sul, até o estado de São Paulo é passando pela região do QF. Ainda que não se considere

uma possível população presente no QF, os estudos indicam uma estrutura ambiental propícia

para a pretensões de conservação dessa espécie. Consequentemente, é mais uma chance de

conservação para as espécies relacionadas a ele, como suas presas, e outros organismos com

ambientes similares.

Oura proposta em que o QF deve ser enquadrado é o de Corredores Ecológicos,

proposto pelo Sistema Nacional de Conservação da Natureza – SNUC – com o objetivo de

garantir os processos ecológicos tendo as áreas de conservação possibilidade de conexão

física e administrativa, permitindo a dispersão de espécies, fluxo gênico, recuperação e áreas

degradadas e viabilidade populacional a longo prazo (MMA, 2013a). Mas esta iniciativa

depende da integração política e econômica entre os municípios, o estado e a União, o que

fortaleceria a possibilidade de gestão conjunta. Além disso, seria possível implementar

estudos de longo prazo e entre áreas. O QF é também a parte sul do complexo de serras da

Cadeia do Espinhaço e com isso, faz parte do programa de Reserva da Biosfera do Serra do

Espinhaço (Biodiversitas, 2012), assim como possui fragmentos de Mata Atlântica e pode ser

integrado ao programa da Biosfera da Mata Atlântica (UNESCO, 2013). Ambos têm como

proposta de integração os diferentes ambientes que compõem respectivamente a Serra do

Espinhaço e os fragmentos do bioma Mata Atlântica. Como o QF está inerido em ambos, as

espécies presentes nas áreas estudadas são imprescindíveis para que trabalhos e esforços de

conservação obtenham sucesso. Tais projetos levam em consideração a presença humana e

direcionam seus esforços em integrar as comunidades locais com as espécies a serem

preservadas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados observados em outras publicações, os projetos realizados nas UCs e até o

dimensionamento das mesmas sugerem que a maioria das espécies de mamíferos de médio e

grande porte presentes no QF são desconhecidas por grande parte dos pesquisadores e outras

pessoas envolvidas em trabalhos de conservação. Este desconhecimento pode ser fruto do

desinteresse pela região em estudos com o grupo em questão ou mesmo com a proximidade

dos grandes centros urbanos que possui, o QF seria uma região inviável para muitas das

espécies registradas neste trabalho. A ocorrência destas espécies em áreas de proximidade

com o perímetro urbano e podem até gerar um convívio próximo, mas a longo prazo, há um

comprometimento das mesmas. Para as espécies mais sensíveis ou exigentes, o QF ainda

apresenta ambientes bem conservados, de grandes extensões e pouco alterados, o que pode

explicar a presença dessas outras espécies.

As bibliografias atuais sobre os mamíferos de médio e grande porte da região do QF

precisam ser revisadas, buscando novos dados e mais informações que ajudem nos trabalhos

de conservação. É preciso, a partir da confirmação segura de sua presença e dos locais em que

ocorrem, buscar novas informações mais específicas quanto a biologia desses organismos e a

sua relação com outros organismos e com o ambiente em que vivem.

Para as UCs estudadas, os impactos precisam ser avaliados e trabalhados levando-se

em conta também as espécies de mamíferos que possuem. Algumas estratégias exigem

considerar que algumas espécies são bandeiras, que outras possuem exigência de habitats

específicos ou mesmo grandes áreas de vida, por exemplo. A Serra do Gandarela, ainda que

não seja uma UC, é uma peça importante como área conservada e de grandes extensões de

ambientes conservados. Sua posição e estrutura física dentro do QF são essenciais para se

manter a conectividade entre as diferentes áreas de conservação e garantir ambientes viáveis

para os mamíferos. A necessidade de conexão entre as áreas e de novos estudos com os

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mamíferos de médio e grande porte no QF podem ser conciliados em estudos que descrevam

possíveis conexões e uso entre as áreas estudadas e outras áreas próximas.

A análise de confiabilidade proposta permite repensar as formas de trabalho de

conservação e o direcionamento específico na coleta de dados para as pesquisas. Registros

com baixa confiabilidade podem representar um alerta para novos estudos ou que estejam em

uma situação de limite dentro das áreas em que ocorrem. Registros de alta confiabilidade

fornecem um direcionamento prioritário das espécies que devem ser trabalhadas dentro de

uma perspectiva de conservação. .

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ANEXOS Imagens dos registros levantados de mamíferos de médio e grande porte no QF.

A B

C D

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Figura 5 – Imagens de Armadilhamento Fotográfico. RPPN Caraça. A) veado-catingueiro (Mazama gouazoubira); B) catetos (Pecari tajacu); C) jaguatirica (Leopardus pardalis); D) lobo-guará (Chrysocyon brachyurus); E) anta (Tapirus terrestris) e F) irara (Eira barbara). (Lucas Neves Perillo, 2013. RPPN Santuário do Caraça. Projeto em andamento).

E F

A B

C D

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Figura 6 - Imagens de pegadas e outros rastros. A) Pegada de jaguatirica (Leopardus pardalis). Serra do Gandarela; B) pegada de veado-mateiro (Mazama americana). Serra do Gandarela; C) pegada de mão-pelada (Procyon cancrivorus). Serra do Gandarela; D) pegada de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). RPPN Caraça; E) fezes de um pequeno felino. Espécie não identificada. FLOE Uaimii e F) fezes de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). RPPN Caraça. (Arquivo pessoal).

E F

A B

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Figura 7 - Imagens de rastros de mamíferos de médio e grande porte. A) arranhados de onça-parda (Puma concolor). RPPN Caraça; B) fezes de pequeno felino. Espécie não identificada; C) arranhado de onça (pintada ou parda). FLOE Uaimii; D) rastros de catetos (Pecari tajacu). FLOE Uaimii; E) toca de tatu-do-rabo-mole (Cabassous unicinctus). RPPN Caraça e F) toca de Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus). Serra do Gandarela.

C D

E F

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Figura 8 – Imagens de mamíferos de grande porte. A) lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) alimentado pelos Padres do Santuário da Serra do Caraça. RPPN Caraça; B) onça-pintada (Panthera onca) capturada pelo IBAMA/CENAP e Polícia Militar Florestal de Caeté na Serra da Piedade-MG (2002).

A

B