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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA ANGELA REGINA CUSTÓDIO SELLA CONTROLE DE QUALIDADE NO RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS EM UMA FÁBRICA DE RAÇÃO EM CUIABÁ- MT CUIABÁ 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

CURSO DE ZOOTECNIA

ANGELA REGINA CUSTÓDIO SELLA

CONTROLE DE QUALIDADE NO RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS EM UMA FÁBRICA DE

RAÇÃO EM CUIABÁ- MT

CUIABÁ 2015

i

ANGELA REGINA CUSTÓDIO SELLA

CONTROLE DE QUALIDADE NO RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS EM UMA FÁBRICA DE

RAÇÃO EM CUIABÁ- MT

Trabalho de Conclusão do Curso de Gradação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia.

Orientador: Profª Drª Janessa

Sampaio de Abreu Ribeiro Orientador do Estágio Supervisionado: Engenheiro civil Rodrigo Ontiveros

CUIABÁ

2015

A minha família

Dedico.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por tudo.

A minha mãe Enevilce Custódio Pinto e em especial as minhas tias

Eliana Luna Cavalcanti e Claudia Custódio Donato, minha avó Eneiva Custódio

Pinto e meu tio Renato Custódio Pinto, pelo incentivo durante toda caminhada

de vida e por terem me educado de forma tão correta, agradeço também a toda

minha família por ser hoje a razão pela qual tento ser uma pessoa cada vez

melhor.

A Profª. Drª e orientadora Janessa Sampaio de Abreu, pelo

conhecimento transmitido durante toda minha graduação, pela paciência

amizade e cuidado que teve comigo durante todos os anos.

A Profª. Drª Maria Fernanda pelo conhecimento transmitido e pela

paciência no processo de elaboração do TCC e estagio.

Ao Sr. Rodrigo Ontiveros, pela abertura das portas da empresa Rico

Nutrição Animal.

A Priscila Barbosa, Diego Ricci e Carolina Andrade pelo conhecimento

transferido durante o decorrer do estágio e pela amizade construída.

A Luciana Luna Cavalcanti por ter possibilitado a realização do estágio

na empresa Rico Nutrição Animal.

A todos os funcionários da Rico Nutrição Animal, pelo companheirismo,

amizade e respeito durante todo o período de convívio.

A todos os professores do departamento de Zootecnia que participaram

do meu processo de formação acadêmica.

A Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia e a UFMT

por ter possibilitado a minha formação.

Aos meus amigos, Bruna Savisczi, Gabriel Cazeiro e Caio Castaldeli

pela cumplicidade, parceria e paciência, e por terem feito parte de todos os

momentos bons e ruins durante esses 5 anos.

A meus colegas do curso de Zootecnia.

A todos aqueles que foram essenciais à conclusão desta etapa tão

importante da minha vida.

TERMO DE APROVAÇÃO

" Um dia conseguimos entender, que o tempo não é inimigo, ao contrário e nosso maior mestre...Entendemos então, que tudo vem na

hora que deve vir e que não adianta espernear nem se esconder da vida. Porque no fim das contas a gente sempre acaba agradecendo

tudo que passou."

Priscila Barbosa

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Fluxograma de produção da empresa Rico Nutrição Animal.................12

Figura 4. Calador Graneleiro (A) para coleta de amostra (B)...............................15

Figura 3. Análise dos alimentos na empresa Rico Nutrição Animal utilizando o

equipamento MOTOMCO 919FOB ..........................................................................16

Figura 4. Armazenamento de amostras de matéria prima na empresa Rico Nutrição

Animal .......................................................................................................................17

Figura 5. Estrutura física dos silos na empresa Rico Nutrição Animal..................18

Figura 6. Estrutura física do armazém com farelo de algodão estocado...............18

Figura 7 Carga com lacre e lona sendo recepcionada na empresa Rico Nutrição

Animal........................................................................................................................20

Figura 8. Acondicionamento de macro e micro minerais na empresa Rico Nutrição

Animal .......................................................................................................................21

Figura 9. Painel de controle da fábrica na empresa Rico Nutrição

Animal.......................................................................................................................22

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Padrões de qualidade do milho conforme a Portaria nº 845 de 8 de

novembro de 1996 do MAPA .................................................................................06

Tabela 2. Taxa de crescimento de fungos durante o armazenamento, em função dos

níveis dos teores de água nos produtos...............................................................07

Tabela 3. Taxa de crescimento de fungos durante o armazenamento, em função da

temperatura na massa de produtos........................................................................07

Tabela 4. Especificações Técnicas para análises no recebimento de milho, sorgo,

farelo de soja e farelo de algodão.........................................................................16

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

2. OBJETIVO ....................................................................................................... 3

3. REVISÃO ......................................................................................................... 4

3.1. Produtos e Subprodutos Utilizados na Fabricação da Ração .................... 5

3.2. Qualidade de Matérias Primas Utilizadas na Ração .................................. 5

3.2.1. Milho.................................................................................................. 5

3.2.2. Sorgo................................................................................................. 7

3.2.3. Farelo de Soja ................................................................................... 7

3.2.4. Farelo de Algodão ............................................................................. 8

3.3. Perdas Físicas de Produtos ....................................................................... 8

3.4. Armazenamento ......................................................................................... 9

3.4.1. Armazenamentos de Grãos e Farelos .............................................. 9

3.4.2. Armazenamento de Produtos Ensacados ......................................... 9

4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO ........................................................................... 11

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO ......................................... 13

5.1. Sistema de Recebimento e Armazenamento de Grãos e Farelos ........... 13

5.2. Amostragem ............................................................................................. 14

5.2.1. Milho e Sorgo .................................................................................. 14

5.2.2. Farelo de Soja e Farelo de Algodão ................................................ 15

5.3. Análises .................................................................................................... 15

5.4. Armazenamentos de Grãos e Farelos ...................................................... 17

5.4.1. Grãos .............................................................................................. 17

5.4.2. Farelos ............................................................................................ 17

5.5. Recebimento e Armazenamento de Minerais .......................................... 19

5.5.1. Minerais mais Utilizados .................................................................. 19

5.5.2. Fósforo e Cálcio .............................................................................. 19

5.5.3. Magnésio, Enxofre, Sódio, Cloro, Potássio e Microminerais ........... 20

5.6. Produção .................................................................................................. 22

5.7. Limpezas dos Maquinários ....................................................................... 23

5.8. Controle de Pragas .................................................................................. 23

5.9. Controle de Temperatura no Silo ............................................................. 24

6. CONCLUSÃO ................................................................................................ 26

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 27

RESUMO

O mercado de rações no Brasil tem crescido muito, acompanhado o crescimento das

diversas atividades de produção animal no país. Este avanço propiciou o surgimento

de novas marcas, o que torna este mercado cada vez mais competitive e as

empresas buscam alternativas para sobressair seus produtos. Sabendo-se que o

país encontra-se em crise e o aumento da inflação afeta todos os ramos de

atividades, a busca por alternativas que visem o não desperdício de matérias primas

durante o processo produtivo é primordial a essa cadeia. A produção animal e

vegetal é responsável por mais de 21% do Produto Interno Bruto Brasileiro (2014) e

vem se tornando um mercado cada vez mais instável, em virtude do constante

aumento do dólar e da crise na economia brasileira, que inclui cortes e falta de

incentivos ao setor. As indústrias de rações não fogem desse problema e com

margens cada vez menores, buscam reduzir custos sem afetar a qualidade do

produto final. Sendo assim, uma forma de evitar perdas é ter controle de qualidade

durante todo processo produtivo, utilizando métodos para diminuir desperdícios das

matérias-primas durante o recebimento e armazenamento. Análises qualitativas

(umidade, temperatura e impurezas) indicam se a matéria prima é passível de ser

armazenada, e avaliam o processo de armazenagem dos produtos para que os

mesmos dentro de seu prazo de validade mantenham seus níveis de garantia

adequados, o que garante a qualidade do produto final. Durante o estágio

supervisionado, foi realizado o acompanhamento das atividades do controle de

qualidade de grãos, farelos, macro e microminerais utilizados na empresa de ração

Rico Nutrição animal, a fim de verificar os procedimentos que são de suma

importância para redução de perdas durante o processo produtivo, diminuindo as

despesas e custos e garantindo a qualidade do produto final.

Palavras-chaves: armazenamento de grãos, boas práticas de fabricação,

formulação de ração, fabrica de ração.

1

1. INTRODUÇÃO

O mercado de rações no Brasil tem crescido muito, acompanhando o

crescimento das diversas atividades de produção animal no país. Este avanço

propiciou o surgimento de novas marcas o que torna este mercado cada vez mais

competitivo e as empresas buscam alternativas para sobressair seus produtos.

Sabendo-se que o país encontra-se em crise e o aumento da inflação afeta todos os

ramos de atividades, a busca por alternativas que visem o não desperdício de

matérias primas durante o processo produtivo é primordial a essa cadeia.

A produção animal e vegetal é responsável por mais de 21% do Produto

Interno Bruto Brasileiro (2014), e vem se tornando um mercado cada vez mais

instável, em virtude do constante aumento do dólar e da crise na economia

brasileira, que inclui cortes e falta de incentivos ao setor. As indústrias de rações não

fogem desse problema e com margens cada vez menores, buscam reduzir custos

sem, no entanto, afetar a qualidade do produto final.

O controle de qualidade vem ganhando cada vez mais espaço no processo

produtivo, sendo este fundamental para a produção de produtos com qualidade. É

verificado que quanto mais se investe no controle de qualidade, menores são as

perdas de ingredientes em todo processo produtivo, além de estreitar as diferenças

entre a formulação original e o produto produzido. Através da organização no

recebimento e controle no armazenamento de matérias primas pode-se garantir um

produto seguro e adequado aos animais.

Para manter uma indústria de ração no mercado deve-se levantar os pontos

críticos de controle da fábrica e formar estratégias para minimizar erros e oferecer

um produto de qualidade e rentável à empresa.

Os pontos de maior impacto são aqueles que definirão todo processo como:

Ração: é necessário que a fórmula seja compatível com o objetivo,

respeitando as exigências e fornecendo alimentos de boa digestibilidade;

Alimentos: aquisição de matérias-primas de qualidade. Este é um ponto

relevante, pois, definirá a qualidade do produto final. Deve-se seguir um

padrão para o aceite das matérias-primas, levando em consideração o tempo

2

de armazenamento e a forma física da ração, assim como suas

características bromatológicas. Assim, o controle destes se conduz desde a

amostragem feita nas matérias-primas que chegam à fábrica até a

transformação destas em ração;

Processo produtivo: é necessário que seja capaz de preservar a qualidade

das matérias-primas, atingir fielmente os níveis da formulação e evitar a

contaminação cruzada.

Sendo assim, em uma fábrica deve-se ter uma estrutura física que se adeque

a todo processo, desde o recebimento das matérias-primas até a estocagem do

produto final.

3

2. OBJETIVO

Acompanhar as atividades relacionadas ao controle de qualidade no

recebimento e armazenamento de matérias primas utilizadas na fabricação de ração

animal, bem como todo o processo produtivo (moagem, pesagem e mistura) até a

obtenção do produto final.

4

3. REVISÃO

Em uma fabrica de ração existem diversos procedimentos que auxiliam no

controle de qualidade e a escolha e organização destes propiciam a formação de

fluxograma que deve ser cumprido para garantir a qualidade esperada.

De acordo com Butolo (2002), o setor de recepção é um local onde pode-se

segregar a matéria prima de recebimento excluindo-se a de baixa qualidade de

produção, pois uma vez descarregados em uma moega, o produto será destinado a

um silo de armazenamento e dificilmente será possível diferenciar e separar o

ingrediente de baixa qualidade. O responsável pela recepção deve saber,

antecipadamente, qual a qualidade do produto adquirido (especificações de

compra), deve ter informações suficientes do Sistema de Qualidade e estar

habilitado a reconhecer a qualidade aparente dos ingredientes e ter suficiente

autoridade para recusar o produto antes da descarga. As amostras dos produtos

recebidos em uma fábrica de ração devem ser retiradas e analisadas fisicamente,

através de testes qualitativos rápidos e posteriormente arquivadas para respaldar o

cliente ou a fábrica sobre qualquer dúvida por problemas que possam ocorrer com o

produto final.

O armazenamento de matérias-primas a granel deve ser bem controlado

evitando-se a mistura de matérias-primas com características qualitativas

diferentes (Lacerda Filho et al., 2000). Nas matérias-primas ensacadas, a atenção

maior se dá na identificação dos rótulos e lotes em especial a produtos e

medicamentos, aditivos e minerais, os quais devem ser cuidadosamente

manipulados e identificados para evitar o uso indevido (BUTOLO, 2002).

Quando a matéria prima tiver um prazo de validade alto e o seu uso não for

tão recorrente deve-se ter cuidado para que a embalagem esteja sempre bem

fechada e identificada para evitar a perda dos níveis de garantia e uma possível

contaminação seja por umidade ou outros produtos. Neste caso, os produtos

ensacados como a granel se enquadram nesses cuidados. Em se tratando de em

armazenagem de milho ou sorgo, o principal fator de monitoramento é o da umidade

5

e temperatura da massa granular e assim que for observada elevação ou pontos de

aquecimento, deve ser utilizado o mecanismo de aeração, quando o silo apresentar

essa possibilidade (SILVA et al., 2008).

3.1. Produtos e Subprodutos Utilizados na Fabricação da Ração

Os níveis de garantia das matérias-primas podem variar de acordo com o

ambiente e métodos de processamento. Segundo Rostagno (2000), para que a

ração formulada possa ser passível de ser produzida devem ser levadas em

consideração: quais as matérias primas que podem ser introduzidas na ração

(estas devem possuir um fornecimento rotineiro com custo benefício adequado e

devem ser armazenadas na fábrica em condições ideais) e o processo de

produção deve ser adequado à linha de produção da fábrica. Para evitar

contaminações a produção da ração deve ser acompanhada por uma rotina de

análises químicas e exames de contaminações (ex. salmonela, fungos e

micotoxinas) de todas as matérias-primas.

Há diferentes formulações de rações em todo o mundo e apesar de

categorias já bem definidas dentre as culturas de produção, cada fábrica possui

produtos diferentes com níveis de garantia diferentes, pois além do método de

formulação de ração leva-se em consideração a matéria prima utilizada a qual

também define a qualidade do produto final (Rostagno, 2000). De acordo com

este autor, se o manejo posterior na alimentação dos animais estiver adequado o

objetivo da formulação é alcançado. Alguns fatores que influenciam no momento

da formulação de rações são: disponibilidade e preço de matérias-primas; peso e

idade dos animais ao abate; rendimento e qualidade da carcaça; pigmentação da

pele; criação em sexos separados.

3.2. Qualidade de Matérias Primas Utilizadas na Ração

3.2.1. Milho

O milho é a matéria-prima mais utilizada nas rações (como fonte energética)

e de acordo com Lima et al. (2004), seu valor energético é devido ao

6

endosperma, que é composto principalmente por amilopectina, e o gérmen, que

contém a maioria do óleo. Existem muitas variedades de milho que contêm entre

3 a 4 % de óleo, e há novas variedades que atingem até 8 % de óleo,

proporcionando maior teor enérgico. Estas variedades com alto teor de óleo

contêm 2 a 3 % a mais de proteína em sua composição (BARTOV e BARZUR,

1995).

Um problema que o país enfrenta são as diferentes situações ambientais

encontradas nas lavouras. Assim, as condições de armazenagem variam na

lavoura e na estocagem, o que propicia a presença de micotoxinas, que

podem se tornar um problema para fabricação de ração. A contaminação é

comum nos grãos de milho danificados por insetos, principalmente em áreas

quentes e úmidas. O limite máximo de aflatoxinas admissível no Brasil, para

todos os ingredientes de origem vegetal é de 50 ppb (partes por bilhão) (WEBER,

2001).

A classificação física do milho é um dos fatores que caracterizam a

qualidade comercial para seu uso na fabricação da ração. Para que seja

considerado um produto de qualidade o mercado exige que o teor máximo de

água no milho seja de 14%, índice de impurezas de até 1% na peneira de 3 mm

ou, até 3% na peneira de 5 mm; índice máximo de ardidos de 6% e ausência

de fungos e toxinas. (Lorini et al. 2002). O grão de milho destinado à

alimentação animal deve ser isento de fungos, micotoxinas, sementes tóxicas e

resíduos de pesticidas e deve se enquadrar nos tipos 1, 2 ou 3, conforme a

Portaria nº. 845 de 8 de novembro de 1996 do Ministério de Agricultura e

Pecuária e Abastecimento (MAPA) (Brasil, 1996), atendendo aos atributos

mínimos de qualidade apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Padrões de qualidade do milho, conforme a Portaria nº. 845 de 8 de novembro de 1996 do MAPA Tipos Teor de água Material Grãos avariados

Máx. (% b.u.) estranho (%) Total – Máx. Ardidos/ Brotados

1 14,5 1,5 11 8 2 14,5 2 18 6

3 14,5 3 24 10 Fonte: BRASIL (1996)

7

Com a finalidade de se obter o milho com características qualitativas

(umidade, temperatura e impureza) e quantitativas (Proteína Bruta, Nitrogênio

Digestíveis Totais e Extrato Etéreo) adequadas é recomendável que os teores de

água do grão na colheita e armazenamento, da propriedade fornecedora, estejam

dentro do padrão previsto na tabela 1, pois, o principal indutor de desenvolvimento

fúngico nos grãos é o teor de água e temperatura (Tabelas 2 e 3, respectivamente).

Tabela 2. Taxa de crescimento de fungos durante o armazenamento, em função dos níveis dos teores de água nos produtos

Teor de água (% b.u) Taxa de crescimento

< 13,00 Lento

13,00 – 16,00 Rápido

> 16,00 Explosivo

Fonte: LAZZARI (1993)

Tabela 3. Taxa de crescimento de fungos durante o armazenamento, em função da temperatura na massa de produtos.

Temperatura (ºC) Taxa de crescimento

< 15,00 Lento

20,00 – 30,00 Ótimo

40,00 – 55,00 Máximo

Fonte: LAZZARI (1993).

3.2.2. Sorgo

O sorgo é comparado ao milho quanto ao valor nutricional, sendo que o

sorgo possui menor conteúdo energético (Rostagno, 1977). O amido no sorgo

está ligado à proteína, e isto leva a uma pequena redução na digestibilidade,

especialmente na ausência de qualquer processamento pelo calor. Segundo

Trevino et al. (1992), a maior preocupação em relação ao sorgo é a presença de

taninos, que são um grupo de fenóis com a propriedade de se combinar com

várias proteínas. O animal alimentado com tanino exibe taxa de crescimento

menor e maior incidência e severidade de desordens esqueléticas. Normalmente,

quanto mais escura a semente, maior concentração de tanino no sorgo.

3.2.3. Farelo de Soja

8

O farelo de soja tem sido usado mundialmente como padrão, se

comparado com outras fontes proteicas. O nível de proteína no farelo de soja pode

variar e isto pode ser reflexo da variação de sementes ou das condições de

processamento (Albino et al., 1991). Tradicionalmente, os farelos com alto índice

de proteína em sua composição provêm da soja sem casca, enquanto que as de

baixo índice de proteína (44% PB) invariavelmente contêm as cascas e

possuem altos índices de fibras e baixos de energia. Existem variações nos

tipos de sementes usadas e isto afeta o conteúdo proteico e a gordura que são

negativamente correlacionados (ROSTAGNO et al., 1994).

3.2.4. Farelo de Algodão

O farelo de algodão é normalmente utilizado como substituto parcial ou

integral ao farelo de soja, principalmente em regiões produtoras de algodão. Sendo

assim o farelo de algodão pode se tornar um produto de alta disponibilidade

no mercado e com preço competitivo. A proteína do farelo de algodão apresenta

perfil de aminoácidos com menores concentrações de lisina e metionina que o

farelo de soja e, portanto, a substituição total do farelo de soja por farelo de

algodão nas dietas para as diferentes culturas deve ser analisada por um

nutricionista animal (BLACKWEL et al., 1998).

O teor de proteína e fibra são bem variáveis e dependentes do processo de

extração do óleo, assim farelos com teores de fibras maiores contem mais

plumas em sua composição, o que diminui o teor de proteína.

3.3. Perdas Físicas de Produtos

De acordo com Jardine (2002) há perdas sérias de grãos durante o

transporte e armazenamento. As perdas no armazenamento ocorrem de forma

geral, pela insuficiência estrutural ou inadequação da rede de armazenagem,

bem como pelo baixo nível de qualificação da mão-de-obra que opera os

secadores, as câmaras de expurgo, aeradores, e outros equipamentos de

recepção, movimentação e conservação dos produtos nas unidades

9

armazenadoras (LACERDA FILHO et al., 2000).

No armazenamento podem ocorrer perdas na qualidade e forma física

do produto. As perdas físicas acarretam na redução do peso dos estoques,

principalmente em razão do ataque de insetos, e pela perda da umidade dos

grãos (Jardine, 2002). Tanto as perdas físicas como as de qualidade dos grãos,

estão associadas ao tempo de existência dos estoques e às condições de

armazenamento dos mesmos (LACERDA FILHO et al., 2000).

3.4. Armazenamento

Os ingredientes armazenados nos estoques de fábricas devem ser

mantidos em condições que evitem a sua deterioração, contaminação e reduza e

perdas na qualidade (SINDIRAÇÕES, 2002)

A adequada rotatividade dos estoques dos ingredientes deve ser feita de

forma que “o primeiro que entra é o primeiro que sai” - PEPS. As matérias-

primas devem ser armazenadas, no mínimo, distante a 45 cm da parede para

permitir acesso às instalações, melhor controle de limpeza e pragas e arejamento

do espaço. Os produtos devem ser armazenados de forma a não receber luz

solar direta. Na entrega dos produtos amostras devem ser retiradas e mandadas

ao laboratório (PINHEIRO, 1994).

3.4.1. Armazenamentos de Grãos e Farelos

Segundo Klein (1999) para que ocorra o armazenamento correto de

grãos deve-se atentar a capacidade de estocagem do silo e sua projeção,

capacidades de recepção e de beneficiamento devem ser compatíveis com a

capacidade da fábrica, os silos deve-se ter controle preferencialmente

automatizado, da temperatura e aeração do silo e do ambiente externo.

3.4.2. Armazenamento de Produtos Ensacados

O armazenamento dessas matérias-primas é uma operação relativamente

simples e segura, mas existem prontos críticos que devem ser observados

10

para evitar a perda da qualidade do material (Klein, 1999), como:

- Colocar os produtos sobre estrados, para que haja circulação de ar

por baixo e nas laterais;

- Sempre observar a data de fabricação e validade, a condição da sacaria

do produto;

- As pilhas devem ser bem identificadas para evitar trocas no manuseio;

- Controle rigoroso de pragas como roedores, pássaros e insetos;

- Organização e limpeza no espaço físico de armazenamento;

- As pilhas devem estar afastadas das paredes, no mínimo, 45 cm;

- As pilhas de sacos, devem altura máxima de 1,5 metros, quando o

empilhamento for manual, para facilitar o manuseio e evitar acidentes;

- O armazenamento deve ser feito de forma que evite a obstrução de

portas, equipamentos contra incêndio, saídas de emergências, não dificulte a

manipulação, o trânsito e a iluminação;

- O armazenamento deve ser feito respeitando os requisitos de

segurança especiais a cada tipo de material;

- “Primeiro que entra é o primeiro que sai” (PEPS). As matérias-primas

ensacadas devem receber maiores cuidados quanto à identificação dos rótulos

e lotes, principalmente para os medicamentosos, aditivos e micro minerais, que

devem ser cuidadosamente identificados para evitar o uso indevido.

Os ingredientes devem ser armazenados em condições que garantam a

proteção contra a contaminação e reduzam ao mínimo as perdas da qualidade

nutricional e deteriorações (Sindirações, 2002). A conservação da matéria-prima

requer procedimentos rigorosos e pode ser o ponto de limitação para a

fabricação dos produtos (SANTOS, 1993).

11

4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO

O estágio supervisionado foi realizado na empresa Rico Nutrição Animal

localizada no distrito industrial Cuiabá – MT, durante o período de março a abril

de 2015.

No mercado há 10 anos a empresa é especializada na produção de

suplementos minerais para bovinos de corte e de leite, e rações para bovinos,

ovinos, equinos, aves e suínos, com qualidade assegurada. Sempre investindo

em pesquisas, desenvolvimento de produtos e tecnologia, mantêm-se atualizada

no mercado nacional e internacional de produtos agropecuários, a fim de fornecer

o melhor produto. Tem como missão oferecer soluções em Nutrição Animal de

modo a garantir um bom desempenho ao produtor, oferecendo produtos e

serviços confiáveis e de qualidade elevada, gerando retorno aos acionistas (RICO

NUTRIÇÃO ANIMAL, 2005).

A empresa tem forte mercado em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,

possui uma única fábrica e distribui seus produtos, através de representantes

de vendas, por todo país. A fábrica hoje possui linha única de produção para

mistura (com capacidade de produção 1 tonelada por mistura) e uma peletizadora

(com capacidade de armazenamento de 2 toneladas) (Figura 1). A fábrica

produz em média 90 toneladas por dia, sendo uma das grandes vertentes da

empresa a rápida e eficiente produção em grande volume.

O estágio decorreu no setor de Controle de Qualidade da fábrica de

ração, visando acompanhar e desempenhar as funções do analista de qualidade.

A fábrica como um todo desempenha suas funções com base em Procedimento

Operacional Padrão (POP) e todas as atividades possuem um procedimento que

se caracteriza como modelo a ser seguido para o controle do funcionamento da

fábrica e garantia na qualidade do produto final.

O controle é baseado nas exigências do Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento – MAPA e nas Boas Práticas de Fabricação – BPF.

12

Figura 1. Fluxograma de produção da empresa Rico Nutrição Animal

Fonte: Rico Nutrição Animal

13

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO

As atividades foram desenvolvidas a fim de acompanhar desde a

recepção e armazenamento das matérias-primas (ANEXO 1) e o fluxo de

produção da fábrica.

5.1. Sistema de Recebimento e Armazenamento de Grãos e Farelos

A carga contendo grãos ou farelo chegava à empresa através de

caminhões a granel, os quais permaneciam na área externa até que fosse

feita a amostragem do produto. Se verificado que a carga enquadrava-se nos

padrões de qualidade da empresa Rico Nutrição Animal, o caminhão era

encaminhado à balança rodoviária da empresa, o motorista do caminhão era

recepcionado pelo faturista o qual recebia a nota fiscal, identificava o motorista e o

veículo, fornecedor, e o peso previsto da carga. Após esse procedimento era

entregue ao motorista a nota fiscal e um check list (ANEXO 2) que deveria ser

preenchido pelo analista de qualidade.

Após a entrada do caminhão na fábrica era feita uma inspeção externa e

interna do veículo:

Inspeção externa – realizada na chegada da carga. Verificava-se:

- A existência de vazamentos, frestas ou rachaduras na caçamba;

- Se a condição de limpeza do veículo era adequada;

- Se a carga estava totalmente coberta com lona;

- Se a lona era adequada para uso (íntegra, sem furo e limpa).

Inspeção interna – realizada durante a amostragem e descarga. Verificava-

se:

- Se a carga estava ausente de contaminantes, como produtos

químicos, óleos, sementes, insetos, mofos e bolores;

- visualmente se a Coloração e Granulometria estavam de acordo com as

especificações técnicas das matérias primas;

- Se o milho e r a tipo grão duro de coloração Amarela clara, vistoso e

14

sem furos, de aspecto homogêneo em tamanho e cor;

- Se o Sorgo era branco ou vermelho amarronzado, vistoso e sem furos,

grãos de aspecto homogêneo em tamanho e cor;

- Se o Farelo de soja apresentava granulometria farelo fino de cor

amarelo claro e cheiro característico;

- Se o Farelo de algodão apresentava granulometria farinhada de cor

marrom escuro e cheiro característico.

O caminhão era pesado junto com a carga, e após a descarga o

caminhão era pesado novamente para que fosse obtido por diferença do peso

total (carga + caminhão), o peso da carga. Assim, se houvesse diferenças

significativas o faturista informava ao analista de qualidade sobre a avaria, em

seguida verificava-se se havia sobras de matéria prima no veiculo. Se a carga

estivesse em condições não conformes, o fornecedor era comunicado para que

ambas as partes avaliassem a melhor forma de reparação o prejuízo.

5.2. Amostragem

5.2.1. Milho e Sorgo

A coleta de amostra era feita no mínimo em três pontos diferentes da

caçamba do caminhão. A amostragem era feita manualmente por meio de um

calador graneleiro (Figura 2) que continha em sua estrutura 14 entradas diferentes

para coleta, as quais possibilitavam que a amostragem fosse feita em diferentes

perfis da carga. As amostras eram depositadas em um saco de liner. Após esse

procedimento a amostra era encaminhada ao laboratório de análises, no qual,

ocorria uma homogeneização da amostragem e posteriormente era coletada uma

nova amostra para realização das análises.

15

Figura 2. Calador Graneleiro (A) para coleta de amostra (B)

Fonte: Acervo pessoal

5.2.2. Farelo de Soja e Farelo de Algodão

A amostragem era feita manualmente, com a retirada de 14 amostras, em

pontos aleatórios de forma que a amostra pudesse ser representativa. As

amostras eram depositadas em um saco de liner e enviadas ao laboratório de

análises, no qual, ocorria uma homogeneização da amostragem e era coletada

uma nova amostra para realização das análises.

5.3. Análises

As matérias primas eram analisadas quanto ao teor de umidade,

temperatura, impurezas e infestação por insetos.

As análises de umidade, temperatura e impurezas eram feitas

automaticamente através do aparelho determinador de umidade – MOTOMCO

919FOB, o grau de infestação era feito visualmente (Figura 3).

A empresa estabeleceu um padrão de qualidade para o aceite de grãos

e farelos, assim qualquer valor de analise que desviasse dos padrões (Tabela 4)

era caracterizado como não conforme, e ficando a critério do Responsável técnico

analisar as variáveis, e receber ou não produtos com valores diferentes do

padrão estabelecido.

16

Figura 3. Análise dos alimentos na empresa Rico Nutrição Animal utilizando o equipamento MOTOMCO 919FOB

Fonte: Acervo Pessoal

Tabela 4. Especificações Técnicas para analises no recebimento de milho, sorgo, farelo de soja e farelo de algodão

Matéria Prima Temperatura ºC (max)

Umidade % (max) Impureza % (max)

Grau de infestação

Milho 39 14 0,9 zero Sorgo 39 14 0,9 zero Farelo de soja 39 14 0,9 zero Farelo de algodão - - - zero

Fonte: Empresa Rico Nutrição Animal

Se houvesse alguma não conformidade nos resultados das análises e

dependendo do desvio padrão o grão ou farelo poderiam ainda ser aceitos.

Nesse caso era preconizado sua a utilização rápida, a fim de evitar a

proliferação de microrganismos e insetos, e perda na qualidade bromatológica

do produto.

Caso houvesse variação na quantidade de impureza, primeiramente levava

em consideração se a mesma não era proveniente de grãos quebrados, pois essa

característica física não causa grandes prejuízos à qualidade do grão e do

produto final, haja vista que os grãos antes da mistura passam pelo processo de

moagem.

O aparelho determinador de umidade MOTOMCO 919FOB não analisa

farelo de algodão, assim a análises feitas pela empresa neste produto eram

realizadas visualmente. Assim, eram verificados grau de impureza e de infestação

por insetos, nas quais, levava-se em consideração a presença de outros grãos,

pedaços de planta, brita, areia e insetos em relação a quantidade analisada,

impureza era tolerado até 0,9% da amostra, e a presença de insetos não é

tolerada para nenhuma das matérias primas. Para essa matéria prima, a empresa

17

exigia do fornecedor um laudo de análise atualizado o qual deveria vir anexado a

Nota Fiscal da carga.

Após as análises a amostra era identificada e armazenada para servir de

contraprova para qualquer eventual problema com o produto final (Figura 4).

Figura 4. Armazenamento de amostras de matéria prima na empresa Rico Nutrição Animal

Fonte: Acervo pessoal

5.4. Armazenamentos de Grãos e Farelos

5.4.1. Grãos

Os grãos eram descarregados na moega e encaminhados para os silos

(Figura 5) ou diretamente para as tulhas na linha de produção. Os silos eram

exclusivos para as culturas de milho e sorgo, possuindo capacidade máxima de

estocagem diferente, pois além da granulometria e o peso serem diferentes, o

sorgo tem forma física arredondada menor que a do milho e a altura do silo do

sorgo era maior. O silo que armazenava sorgo possuía capacidade para 640

toneladas, já o silo que armazenava milho possuía capacidade de armazenar 560

toneladas.

5.4.2. Farelos

O Farelo de soja era descarregado na moega e encaminhado diretamente

para a caixa Tulha que tenha capacidade de armazenamento máxima de 25

toneladas. Já o farelo de algodão possuía armazém físico separado com área de

50 m², com capacidade máxima de 54 toneladas (Figura 6).

18

Figura 5. Estrutura física dos silos na empresa Rico Nutrição Animal

Fonte: Acervo pessoal

Figura 6. Estrutura física do armazém com farelo de algodão estocado

Fonte: Acervo pessoal

19

5.5. Recebimento e Armazenamento de Minerais

5.5.1. Minerais mais Utilizados

Os macro e micro minerais eram adquiridos pela empresa em sua forma

inorgânica e desta maneira adicionados aos produtos como:

- Macrominerais

Cálcio (Ca) – Carbonato de Cálcio (CaCO3) e óxido de cálcio (CaO)

Fósforo (P) – Fosfato (PO4-3)

Potássio (K) – Cloreto de Potássio (KCl)

Sódio (Na) e Cloro (Cl)– Cloreto de Sódio

(NaCl) Magnésio (Mg) – Sulfato de Magnésio

(MgSO4) Enxofre (S) – Flor de enxofre

- Microminerais:

Cobalto – Sulfato de

Cobalto Zinco – Sulfato de

Zinco Ferro – Sulfato de

Ferro Cobre – Sulfato de

Cobre

Manganês – Sulfato de

Manganês Iodo – Iodato de

Potássio

Selênio – Selenito de

Sódio Cromo

5.5.2. Fósforo e Cálcio

O aceite da carga de Fosfato e Calcário Calcítico era feito pelo controle

de qualidade e a carga só seria recebida se a mesma estivesse envelopada e

lacrada (Figura 7) além de conter junto à nota fiscal um laudo de análise do

produto. As análises que deveriam constar no laudo eram quantidade de fósforo e

cálcio, umidade e flúor.

A empresa Rico Nutrição tinha como exigência que os resultados do laudo

20

de análise deveriam estar dentro dos níveis de garantia do fornecedor e das

quantidades mínimas previstas pelo MAPA. Além disso, para o controle da

qualidade era preenchido um check list, no qual, eram informadas as condições

físicas e de limpeza do caminhão, e qualquer não conformidade como frestas e

buracos no caminhão, presença de mancha de óleo, mistura de matéria prima ou

qualquer outro objeto não desejável na a carga, cor e granulometria diferente

do padrão do fornecedor era anotado e repassado para o Responsável Técnico

para que o mesmo pudesse tomar as medidas cabíveis.

Figura 7. Carga com lacre e lona sendo recepcionada na empresa Rico Nutrição Animal

Fonte: acervo pessoal

Nessas matérias primas a maior possibilidade de alteração poderia ser na

cor, pois, depende da rocha onde é extraída os minerais. E esse fator, que

parece pequeno, na verdade se torna um agravante na comercialização do

produto final, pois muda a característica visual do produto se tornando na

primeira reclamação do cliente.

A empresa possui armazém exclusivo para essas matérias primas, pois

esses minerais são incluídos em alta concentração nos suplementos minerais. A

forma física de estocagem era em galpão com 60m² para Calcário com

capacidade de 180 toneladas e 59,63m² para o Fosfato com capacidade de 134

toneladas.

5.5.3. Magnésio, Enxofre, Sódio, Cloro, Potássio e Microminerais

As matérias primas: magnésio, enxofre, sódio, cloro, potássio, cobaldo zinco,

ferro, cobre, manganês, selênio e cromo eram fornecidas a empresa Rico Nutrição

21

Animal em pequenas quantidades, pois a inclusão nas dietas é baixa. Assim, a

compra dessas matérias primas ocorria em espaço de tempo maior se comparado

ao cálcio e fosforo. As matérias primas eram adquiridas em sacos de 25kg e

necessitavam de estoque menor se levasse em consideração cada elemento, no

entanto esses minerais, pela forma de comercialização ser em sacos devidamente

identificados com lote, prazo de validade e níveis de garantia, e ser fornecido em

pequenas quantidades, podem ser armazenados no mesmo espaço físico.

O controle de qualidade tinha como responsabilidade receber e acondicionar

os minerais, assim o aceite da carga era feito após a inspeção do lote, data de

fabricação, data de validade, inspeção externa e interna do veículo e

verificação do laudo de análise o qual deveria estar de acordo com os níveis de

garantia previstos no rótulo do produto. Após essas verificações, era realizada a

contagem dos sacos, para saber se a quantidade em quilos informada em nota

fiscal era a mesma recebida.

Após esses procedimentos a carga era descarregada e os sacos eram

acondicionados no depósito da fábrica. Os sacos eram colocados em cima de

paletes de madeira ou plástico, de forma empilhada com altura de até 1,5 m, de

forma que a pilha não encostasse na parede e os sacos não tivessem contato

com o chão, para evitar umidade no material. As pilhas eram identificadas para

que não houvesse erro na hora da manipulação para pesagens dos produtos

(Figura 8).

Figura 8. Acondicionamento de macro e micro minerais na empresa Rico Nutrição Animal

Fonte: Acervo pessoal

22

5.6. Produção

A fabricação dos produtos era regida por um operador de painel de

controle dos maquinários (Figura 9), responsável pela dosagem correta das

matérias primas. A dosagem é feita com base na Instrução de Trabalho (IT), feita

pela empresa Rico Nutrição Animal, de acordo as especificações do MAPA. Na

Instrução de Trabalho continha as matérias primas e suas quantidades referentes

ao produto que seria produzido, as matérias primas dosadas pelo operador eram

sorgo moído, milho moído, farelo de soja moído, farelo de algodão, fosfato,

calcário, ureia e sal moído.

A produção começava na passagem dos ingredientes contidos em caixas

armazenadoras para o moinho, no caso de grãos e farelos, ou direto na balança

para as demais matérias-primas. Os ingredientes eram pesados de acordo com

as dosagens previstas na Instrução de Trabalho e após a pesagem os

ingredientes eram transferidos ao misturador quem tinha como tempo de

mistura 3 minutos. Por fim o material era peneirado e então estava apto a ser

ensacado.

Durante a produção de qualquer produto era retirada uma amostra para

controle da qualidade do produto e durante seu prazo de validade, esta servia

de contra-prova para qualquer eventual problema com o produto final.

Figura 9. Painel de controle da fábrica na empresa Rico Nutrição Animal

Fonte: Acervo pessoal

23

5.7. Limpezas dos Maquinários

Para que a ração, suplemento mineral, núcleo ou premix fosse produzido,

todo o cronograma de limpeza dos maquinários deveria estar dentro do padrão

previsto pela empresa. Havia limpezas feitas semanalmente, mensalmente,

trimestralmente e anuais.

As limpezas semanais eram feitas nos maquinários que possuíam maior

utilização. Nestes há tendência maior de acúmulo de ingredientes e sujidades em

suas engrenagens como era o caso da moega, balança dosadora, misturador,

peneira, pé do elevado da balança, pulmão de ensaque e roscas.

As limpezas previstas mensalmente eram feitas nos maquinários que

poderiam acumular ingredientes como tubo exaustor e filtro de manga.

A limpeza feita a cada três meses correspondia às caixas de

armazenamento de grãos moídos.

A limpeza anual deveria ser realizada nos silos, no período de entre safra.

Para fabricação de produtos que tivessem ingredientes diferentes era

realizada limpeza somente na linha de produção com a finalidade de evitar

contaminação cruzada e a proliferação de micro-organismos a partir da mistura

dos ingredientes. A limpeza era feita através da passagem de 40kg de milho +

40kg de calcário.

5.8. Controle de Pragas

O controle de pragas era realizado a fim de evitar a perda da qualidade de

grãos e farelos. O inseto comumente encontrado é o Sitophilus zeamais (caruncho

dos careais), este consomem os nutrientes digestíveis totais (NDT) de grãos e

farelos, são altamente prolíferos e seu ciclo completo leva em média 35 dias

(Correa et al. 2012), em condições de calor e alta umidade, a qual é geralmente

encontrada nos locais de armazenamento devido a alta pressão da massa de

grãos, situação agravada em regiões de clima quente e úmido. Para eliminar

pragas como esta, o controle da empresa Rico Nutrição Animal era feito através

de expurgos, o qual consistia na aplicação de componentes químicos que

impedem a proliferação dos mesmos.

Os expurgos eram feitos nas caixas armazenadoras (tulhas e silos) e

24

realizados sempre que necessário ou a cada três meses. Sintomas comuns de

proliferação de insetos eram infestação de carunchos no exaustor próximo a boca

de ensaque, insetos presente na parede das caixas de armazenamento, grãos

que levavam tempo maior para serem moídos e cheiro forte no produto final, o que

caracterizava pontos de umidade dentro das caixas. Sendo assim, o controle de

qualidade realizava inspeções semanais nas áreas de pontos críticos, a fim de

evitar perda na qualidade do produto final. O expurgo era feito através de produto

químico contendo como princípio ativo a Fosfina (PH3).

A Fosfina é um gás sem cor e insípido, tem baixo peso molecular e baixo

ponto de ebulição e é somente 1,2 vezes mais pesada que o ar, o que permite

misturar ao ar sem o sistema de recirculação, o que se torna vantajoso, pois o

gás tem dispersão rápida podendo assim ser manipulado em lugares totalmente

fechados. A fosfina age na interrupção da respiração dos insetos, possui resíduo

mínimo após aeração, e não interfere na qualidade dos grãos. O produto químico

em formato de pastilhas é colocado sobre os alimentos e a quantidade utilizada

para eliminar completamente o foco da população de pragas é de 3 pastilhas por

tonelada de alimento com duração de exposição de 3 a 7 dias (CORREA et al.

2012).

5.9. Controle de Temperatura no Silo

A necessidade de aeração nos silos era feita com base na temperatura

interna e externa do silo e a na umidade externa local. Através da diferença entre

as temperaturas externa e interna tem-se a temperatura desejada para verificação

da necessidade de aeração junto com a umidade externa. Os dados obtidos no

cálculo eram referência para interpretação de um gráfico que define o grau de

termometria do silo e a necessidade de aeração (ANEXO 3).

O controle de temperatura era realizado por um sistema de aparelhagem e

software chamado Portable Automatic. No silo havia 3 pêndulos contendo 5

sensores termométricos em cada pêndulo, distribuídos internamente para amostrar

a temperatura do silo como um todo. O software gerava a análise da temperatura

em todos os pontos dos pêndulos, e também gerava a média das temperaturas do

silo. A empresa Rico Nutrição Animal tinha como referência a média das

temperaturas e utilizava esta para interpretação do gráfico de necessidade de

25

aeração.

A empresa seguia este procedimento padrão, mas o fato do software gerar

diferentes temperaturas no silo pode ser proveitoso ao controle de qualidade, pois

o silo normalmente não está completamente cheio e os grãos ficam dispersos

em forma de cone dentro do silo, formando um oco no meio, decorrente do

processo de retirada dos grãos através de uma rosca na base do silo. Sendo

assim, consegue-se saber como estão dispostos os microclimas dentro do silo, e

esses pontos de temperatura poderiam entra em análise, ajudando na decisão

de necessidade de aeração.

26

6. CONCLUSÃO

O controle de qualidade de matérias primas é primordial a fabricação de

ração, pois através dele é possível evitar o desperdício, atender fielmente a

formulação da ração e garantir um produto de qualidade, acarretando melhor custo

benefício à empresa.

27

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas indústrias de ração localizadas em Cuiabá-MT e redondezas, um

empasse grande é o fornecimento de minerais, pois são advindos de outras

regiões do País o que torna o frete bem mais caro, sendo necessária a compra de

cargas fechadas o que encarece o custo de produção. Este problema força muitas

empresas a fazer uso de matérias primas que tenham custo mais barato e muitas

vezes não apresentam um controle adequado da qualidade.

A empresa Rico Nutrição Animal conta com o fornecimento de matéria

primas de empresas idôneas certificadas com SIF- Sistema de inspeção Federal,

e laboratórios de análise que garantem laudos de acordo com o lote comprado

pela empresa, o que torna possível rastrear qualquer produto fornecido.

Conforme especificado no trabalho a qualidade das matérias é muito

importante para garantir a qualidade do produto final, mas isso só é possível se o

sistema de produção como um todo tiver capacidade para realizar o processo

produtivo adequadamente. A disposição dos maquinários deve ser adequada,

levando-se em consideração quais os tipos de matérias primas são utilizadas pela

fábrica e facilidade de manipulação dos operadores de forma que facilite o

processo produtivo e otimize o tempo de produção.

A capacidade de produção é outro ponto relevante, pois se cumprida evita a

rápida depreciação dos maquinários, caso a capacidade exceda há um grande

desgaste das engrenagens e as etapas de produção não são cumpridos

adequadamente, acarretando problemas como a paralisação da linha. O acúmulo

excessivo de matéria prima nos maquinários aumenta a chance de contaminação

cruzada, a proliferação de microorganismos e insetos e a redução da vida útil dos

equipamentos. Sendo assim, é muito importante que a fábrica opere dentre da

capacidade de produção para alcançar a qualidade desejada e diminuir custos

com desperdícios de matéria prima.

A peletização de produtos, de forma simplificada, consiste em um processo

de compressão da ração farelada para transformação em pelete. Para que o

28

controle de qualidade nessa etapa seja adequado, todo o processo deve ser

avaliado com rigor, pois muitos modelos de maquinários que realizam esse

processo deixam a desejar no quesito custo/benefício, pois não proporcionam o

aproveitamento adequado da ração. A capacidade máxima de operação deve ser

respeitada, pois o desperdício no processo pode ser grande. Para que o pelete

seja formado há necessidade da incorporação de aglutinante na ração. Se a

peletizadora não estiver operando adequadamente o gasto com esse produto será

bem maior e não resolverá o problema, pois a força necessária para

transformação em pelete não será suficiente para manter a integridade do mesmo,

isso faz com que o a perda por esfarelamento seja muito maior se a capacidade de

produção não for respeitada.

Outro ponto crítico no processo produtivo é a armazenagem das matérias-

primas, que devem estar dispostas levando em consideração a destinação final, ou

seja, a categoria animal que irá consumir o produto. O armazenamento adequado

evita a deterioração do produto e também a contaminação cruzada que poderia

causar intoxicação no animal.

Sendo assim, pode-se dizer que o trabalho realizado pelo controle de

qualidade pode ser feito pelo profissional de zootecnia, pois as análises e

procedimentos em geral são de conhecimento da área, assim como a

formulação e todo procedimento produtivo dentro da fábrica.

O estágio teve grande relevância na minha formação acadêmica, pois, foi

possível a minha capacitação em controle de qualidade de alimentos para

destinação animal. Também aprendi como todo processo ocorre e o quão

complexo é, além disso, pude lidar com pessoas de diferentes graus de

entendimento sobre a área, e cada uma delas me ensinou um pouco do que foi

abordado em todo trabalho.

29

REFERÊNCIAS

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BARTOV, I & BARZUR, C. Comparative effects of Antifungal compounds on the nutritional value of diets containing moldy corn for broiler chicks. Poult. Sci., v.64, p.1236-1238, 1995.

BUTOLO, J. E. Qualidade de Ingredientes na Alimentação Animal. Colégio Brasileiro de Alimentação Animal. Campinas, 430p, 2002.

BLACKWELDER J.T.; HOPKINS, B.A.; DIAZ, D.E. et al. Milk production and plasma gossypol of cows fed cottonseed and oilseed meals with or without rumen- undegradable protein. Journal of Dairy Science, v.81, n.11, p.2934-2941, 1998

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LORINI, I.; MIIKE, L. H.; SCUSSEL, V. M. Armazenagem de grãos, Campinas, SP: IBG (Instituto Bio Genesis), 2002, 1000p.

RICO NUTRIÇÃO ANIMAL, site: www.riconutriçãoanimal.com.br, 2005. ROSTAGNO, H. S. Energia metabolizável do milho e do sorgo com diferentes conteúdos de tanino para aves. Rev. Bras. Zootec. v.6, p.304-318, 1977.

30

ROSTAGNO, H. S.; SILVA, D. J.; COSTA, P. M. A.; FONSECA, J. B.; SOARES, P.R.; PEREIRA, J. A. A.; SILVA, M. A. Composição de alimentos e exigências nutricionais de aves e suínos (tabelas brasileiras). Viçosa: UFV, 1994. 59p.

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SANTOS, C. Armazenagem de Matéria Prima, Minas, Guabi, 8p, 1993. SINDIRAÇÕES. Manual de boas práticas de fabricação para estabelecimentos de produtos para alimentação animal. 48p, 2002.

TREVINO, J.; ZEFFERIES, D.; HOUSTON, B. Effects of tannin from faba beans (Vicia faba) on the digeston of starch by growing chicks. Anim. Feed Sci. Technol. v.37, p.345-349, 1992.

WEBER, E. Armazenagem agrícola. 2ªed. Guaíba, RS: Agropecuária, 2001. 396.

31

ANEXOS

Anexo 1: Fluxograma Recebimento de Matéria-Prima da empresa Rico

Nutrição Animal

Fonte: Rico Nutrição Animal, com modificações.

32

Anexo 2. Check list para recebimento de matéria prima na empresa Rico Nutrição Animal

33

Fonte: Rico Nutrição Animal

34

Anexo 3: Gráfico de Necessidade de Aeração nos Silos da empresa Rico Nutrição Animal

Fonte: Rico Nutrição Animal