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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL- CÂMPUS DO PANTANAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS ANDERSON PALMEIRA DE SOUZA DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MÉTODOS DIDÁTICOS PARA ENSINO DE GEOCIÊNCIAS NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA. Corumbá, MS 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO

SUL- CÂMPUS DO PANTANAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM

ESTUDOS FRONTEIRIÇOS

ANDERSON PALMEIRA DE SOUZA

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MÉTODOS DIDÁTICOS PARA ENSINO

DE GEOCIÊNCIAS NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA.

Corumbá, MS

2019

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ANDERSON PALMEIRA DE SOUZA

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MÉTODOS DIDÁTICOS PARA ENSINO

DE GEOCIÊNCIAS NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em

Estudos Fronteiriços, da Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul, Câmpus Pantanal, como trabalho de

conclusão para obtenção do título de mestre.

Linha de Pesquisa: Desenvolvimento, Ordenamento

Territorial e Meio Ambiente.

Orientador: Dr. Detlef Hans Gert Walde

Coorientador: Dr. Aguinaldo Silva

Corumbá, MS

2019

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ANDERSON PALMEIRA DE SOUZA

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MÉTODOS DIDÁTICOS PARA ENSINO

DE GEOCIÊNCIAS NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Estudos Fronteiriços, da

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Câmpus Pantanal, como requisito de conclusão

de curso para obtenção do título de mestre. Aprovado em __/__/2019.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Orientador Prof. Dr. Detlef Hans Gert Walde

(Universidade de Brasília, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN)

_____________________________________

Profª. Drª. Beatriz Lima de Paula Silva

(Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Câmpus do Pantanal)

_______________________________________

Profª. Drª Lucí Helena Zanata

(Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Câmpus do Pantanal)

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Dedico aos meus pais, familiares e

amigos que me apoiaram

intensamente nesta jornada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, fonte de Luz Suprema e Universal, que por

intermédio de Meishu Sama, Jesus Cristo, Nossa Senhora Desatadora de Nós e Nossa Senhora

do Perpétuo Socorro, deram-me a permissão de concluir este trabalho, em meio às provações

vividas em âmbito profissional e pessoal durante o período do curso.

Agradeço aos meus pais, irmãos e familiares que sempre apóiam as minhas escolhas e

compreendem a ausência por morar longe de casa, em busca de meus sonhos. São eles que me

dão forças em todas as circunstâncias a continuar na caminhada e jamais desistir.

Ao meu orientador Prof. Dr. Detlef Walde, uma das pessoas mais incríveis que tive o

privilégio de conhecer, que além de ser um profissional de alto nível acadêmico, é um ser

humano com humildade, generosidade e disposição ainda maior que seu conhecimento e

prestígio acadêmico. Minha admiração e gratidão pelo senhor será eterna.

A todo o corpo docente do Curso de Mestrado em Estudos Fronteiriços, pelos

conhecimentos compartilhados nas disciplinas, promovendo excelentes discussões e criando

vínculos de amizades. Agradeço especialmente à coordenadora do curso: Profª. Drª. Beatriz

Lima, por me apresentar o curso e aceitar o convite para compor a minha banca e ao Prof. Dr.

Aguinaldo Silva pela coorientação. A Gabriele Cardoso, secretária do curso por toda a

atenção e disponibilidade.

A Profª. Drª. Lucí Zanata, uma das primeiras professoras que conheci em Corumbá,

qual tenho profunda admiração e respeito, agradeço pelo aceite em participar da banca e a

todas as contribuições.

Aos meus colegas do programa pela aprendizagem, amizade e cooperação, durante as

disciplinas e fora da universidade.

Aos amigos queridos que me apoiaram durante este período do curso, não me

deixando desistir nos momentos de angustia e dúvidas, a Bruno Paiva pelo carinho e

compreensão, e em especial ao meu amigo/irmão Cafola pela paciência, sabedoria e ajuda

em todas as etapas desta dissertação, só gratidão!

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Aos responsáveis das Secretarias Municipais de Educação de Corumbá e Ladário/MS

pelos contatos iniciais e parceria para trabalhar com os professores.

A todas e todos os professores brasileiros e bolivianos, que participaram deste trabalho

e contribuíram para a pesquisa com muito entusiasmo e dedicação.

A Marianella Ortiz, diretora de Turismo da Prefeitura de Puerto Suárez na Bolívia, por

intermediar o contato com os professores bolivianos e promover a vinda para a capacitação do

projeto de pesquisa. Gracias!

A artista plástica Célia de Souza, que aceitou a missão de pintar a reconstrução do

paleoambiente da Corumbella werneri, nos surpreendendo com o interesse pelo tema e

presenteando com suas lindas pinturas.

E a todas as pessoas que diretamente e indiretamente fizeram parte desta trajetória,

meus sinceros agradecimentos.

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RESUMO

As Geociências constituem uma área interdisciplinar do conhecimento, fundamental para

entender as relações de tempo e espaço no planeta, além de evidenciar a evolução da vida,

através dos fósseis, no entanto, como constatado nos currículos da educação básica, este

ensino ocorre de forma fragmentada nas disciplinas de geografia e ciências. Nosso objetivo

com esse trabalho é o desenvolvimento e aplicação de métodos de ensino em geociências para

professores da educação básica na área de fronteira Brasil-Bolívia. A proposta da pesquisa

surgiu quando constatada a carência de informações aprofundadas dos professores, acerca do

importante patrimônio geológico e paleontológico na região de Corumbá/Ladário-MS. Foi

utilizada a formação continuada de professores como proposta metodológica da pesquisa,

dividida em etapas, como a mobilização de professores brasileiros e bolivianos, através de

palestras, seguidas de atividades de campo, por meio de visita a geossítios da região, onde

participaram trinta e dois (n=32) professores, sendo vinte (n=20) brasileiros e doze (n=12)

bolivianos. Os resultados analisados através de um questionário indicaram que realmente há

desconhecimento sobre o importante patrimônio geológico e paleontológico visitado,

confirmando as atividades de estudo do meio, como a melhor forma de aprendizagem

escolhida pelos professores. Surgiu assim, como proposta de ação: a implantação de um curso

de capacitação em geociências através de estudos do meio na região fronteiriça e o

desenvolvimento de uma réplica trimensal do fóssil de Corumbella werneri, a ser utilizado

como recurso didático pelos professores.

Palavras-chave: Ensino de geociências. Fronteira Brasil-Bolívia. Corumbella werneri.

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ABSTRACT

The Geosciences compose an interdisciplinary knowledge field, pivotal to the

understandingof the planet relation with time and space. It also studies the life evolution

through fossils. However, in the elementary education curriculum, the teaching of geosciences

occurs divided in the disciplines of geography and sciences. This dissertation aims to develop

and apply geosciences teaching methods for teachers who work in the frontier/border of

Brazil and Bolivia.This research originated from the lack of teacher’sin-depth information

about the geologic and paleontological patrimony in the region of Corumbá/Ladário-MS.As a

methodological proposal, the continuing formation of teachers was used and divided in two

stages: the engagement of Brazilian and Bolivian teachers through lectures, followed by the

field activities as regional geosities visits. The teachers (n=32) who participated in the

research were Brazilians (n=20) and Bolivians (n = 12).The analysis of the results, collected

through questionnaires, indicated that teachers are not aware of the important geologic and

paleontological patrimony that was visited. Conversely, the teachers chose the field activities

as the best learning strategy. From these outcomes, an action plan was proposed, and it

consisted on the implementation of a training course on geosciences through field studies of

in the boundary region, and the development of trimonthly replica of the fossil Corumbella

werneri as a didactical resource for teachers.

Keywords: Geosciences teaching. Brazil-Bolivia border. Corumbella werneri.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fronteira Brasil, Bolívia e Paraguai no município de Corumbá.......................................... 18

Figura 2: Mapa geológico e localidades enfatizadas na região de Corumbá e de Ladário, Estado de

Mato Grosso do: porto Sobramil, Ecoparque Cacimba da Saúde, pedreira Corcal e pedreira Laginha.................................................................................................................... ...............................19

Figura 3: Coluna de Litoestratigrafia Básica dos grupos Jacadigo e Corumbá na região de

Corumbá..................................................................................................................................................21

Figura 4: Perfil litoestratigráfico do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil.....................................................................................................................24

Figura 5: Figura da área do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, Estado de Mato

Grosso do Sul, Brasil..............................................................................................................................26

Figura 6: Vista do paredão do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, Estado de Mato

Grosso do Sul, Brasil..............................................................................................................................26

Figura 7: Figura do Porto Sobramil, indicando a posição dos perfis mostrados, Município de Ladário, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil....................................................................................................27

Figura 8: Vista da exposição inferior da seção no porto Sobramil, Município de Ladário, Estado de

Mato Grosso do Sul, Brasil.....................................................................................................................28

Figura 9: Vista do perfil C-D no porto Sobramil, Município de Ladário, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil................................................................................................................................................28

Figura 10: Geossítios do Geopark Bodoquena-Pantanal........................................................................31

Figura 11: Reunião dia 19 de junho de 2017 em Puerto Suaréz-Bolívia, da esquerda para direita, Maíra Loreto, Diego Cafola, Marianela Ortiz, Anderson Palmeira..................................................................44

Figura 12: Palestra aos professores em Puerto Suaréz-Bolívia..............................................................44

Figura 13: Palestra sobre o Geopark Bodoquena-Pantanal. Na foto Anderson Palmeira e Zenaide Olara

(REME) ............................................................................................................................. .....................44

Figura 14: Aula prática no Parque Municipal Marina Gattas em Corumbá...........................................45

Figura 15: Visita ao Geossítio Corumbella no Eco Parque Cacimba da Saúde......................................45

Figura 16: Capacitação professores brasileiros.......................................................................................52

Figura 17: Professores bolivianos...........................................................................................................52

Figura 18: Banners para apresentação....................................................................................................52

Figura 19: Apresentação prof. Dr. Detlef Walde....................................................................................52

Figura 20: Cristo do Pantanal, aula sobre geologia local........................................................................53

Figura 21: Aula prática no Porto Sobramil.............................................................................................53

Figura 22: Atividade prática: exploração do afloramento do Porto Sobramil........................................54

Figura 23: Amostra de Corumbella werneri encontrada pela Professora Juliene..................................54

Figura 24: Selo comemorativo de 38 anos da descoberta do fóssil de Corumbella werneri .................55

Figura 25: Produção de réplica de fóssil na Casa de Massabarro...........................................................56

Figura 26: Réplica do fóssil de Corumbella...........................................................................................56

Figura 27: Reconstrução de Corumbella werneri...................................................................................58

Figura 28: Prof Detlef Walde e artista pl´stica Célia Souza...................................................................58

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNCC Base Nacional Comum Curricular

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

EF Ensino Fundamental

EM Ensino Médio

GBP Geopark Bodoquena Pantanal

LD Livro Didático

MEF Mestrado em Estudos Fronteiriços

MS Mato Grosso do Sul

PCN Parâmetro Curricular Nacional

PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais

REME Rede Municipal de Ensino de Corumbá

RGG Rede Global de Geoparks

SED/MS Secretaria de Estado de Educação do Estado de Mato Grosso do Sul

UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

UFMS/CPAN Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Câmpus Pantanal

USP Universidade de São Paulo

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12

1.1 - Objetivos ......................................................................................................... 14

1.2 - Materiais e Métodos ......................................................................................... 14

2 - CARACTERIZAÇÃO DA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA ....................................... 18

2.1 – Geologia e formação do Grupo Corumbá ......................................................... 21

2.2 - Paleontologia do Grupo Corumbá ..................................................................... 23

2.2.2 - Afloramento no Ecoparque Cacimba da Saúde – Corumbá-MS (Formação

Tamengo)............................................................................................................................. 24

2.2.3 - Afloramento no Porto Sobramil - Ladário (MS) – Formação Tamengo .......... 28

2.3 - Geopark Bodoquena-Pantanal ........................................................................... 30

3-AS GEOCIÊNCIAS COMO ÁREA INTERDISCIPLINAR DO CONHECIMENTO E

METODOLOGIAS DE ENSINO ......................................................................................... 35

3.1– Formação de professores em ensino de geociências ........................................... 36

3.2- Metodologias de Ensino (Parte prática) .............................................................. 38

3.3- Metodologias de Ensino (Parte Teórica) ............................................................ 41

4-DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DIDÁTICOS ....................... 44

4.1-Resultados e discussão ........................................................................................ 44

4.1.1 - 1ª Ação: Mobilização ..................................................................................... 44

4.1.2- 2ª Ação: Aplicação dos questionários ............................................................. 47

4.1.3- 3ª Ação: Formação e capacitação dos professores .......................................... 52

5 – CONCLUSÃO E PROPOSTA DE AÇÃO ..................................................................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 60

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................. 67

ANEXOS- BANNERS UTILIZADOS NA CAPACITAÇÃO .............................................. 68

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1 - INTRODUÇÃO

Neste trabalho tratamos com o desenvolvimento e aplicação de métodos didáticos

teóricos e práticos, visando à formação continuada de professores para o ensino de

geociências na fronteira Brasil – Bolívia. Essa fronteira contempla os municípios brasileiros

de Corumbá e Ladário e no território boliviano a província de German Bush com as cidades

de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, essa região que dispõe de um significativo patrimônio

geológico, paleontológico e arqueológico.

Segundo Costa (2014, p.14),

a fronteira é uma área de importância geográfica estratégica, pois no local

realizam-se diversas relações de trocas, de articulação e de comunicação

entre os dois territórios nacionais, que revelam desafios e oportunidades para as políticas públicas bilaterais.

Para além da fronteira geográfica há o encontro e trocas entre povos e culturas

diferentes, a fronteira se dá não só no campo geográfico, mas também sociocultural, “a

fronteira é formada a partir de áreas contíguas de dois territórios nacionais, compõe o que se

vem denominando zona de fronteira, área de fronteira, franja fronteiriça, dentre outras

designações, remetem a um espaço repleto de relações sociais de convivência e de produção”

(COSTA, 2004).

O interesse para o desenvolvimento deste trabalho, iniciado a partir de 2016 e se deu

nesta região fronteiriça, com o estabelecimento dos núcleos Corumbá e Ladário do Geopark

Bodoquena Pantanal, para a implantação de um geoparque (geopark) no estado de Mato

Grosso do Sul.

Geopark é uma marca atribuída pela UNESCO a uma área onde ocorrem

excepcionalidades geológicas que são protegidas e aproveitadas como elementos indutores de

educação ambiental e de desenvolvimento sustentável (UNESCO, 2016). Um Geoparque deve

possibilitar o desenvolvimento sustentável; abarcar um determinado número de sítios

geológicos (geossítios) de especial importância científica, raridade ou beleza e deve ter um

papel ativo no processo de educação ambiental, além de fomentar o ensino de geociências e o

geoturismo como proposta para o desenvolvimento econômico regional.

O Geopark Bodoquena Pantanal (GBP) é um programa criado pelo Governo do estado

de Mato Grosso do Sul, através de um decreto publicado em 2009. A partir de 2013, vem

desenvolvendo suas atividades em núcleos regionais. Em março de 2016, foi assinado um

termo de compromisso com os municípios de Corumbá e Ladário, para o estabelecimento de

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dois novos núcleos; no entanto, não houve capacitação para monitores locais, professores e

demais interessados, como ocorrido no núcleo de Nioaque.

A área de ciências da Terra, tem por objetivo investigar de forma integrada os

fenômenos terrestres, constituindo relações entre as diferentes esferas terrestres a partir de

uma perspectiva histórica. Frodeman (2001), afirma que “a compreensão das Ciências da

Terra possibilita que os cidadãos sejam capazes de repensar suas atitudes no ambiente,

tornando-se sujeitos conscientes da dinâmica do planeta Terra e integrantes das

transformações históricas”.

Para Compiani (1996), Santos (2006), entre outros autores, os conhecimentos

geocientíficos ou das ciências da Terra apresentam grande importância para o cotidiano dos

cidadãos, pois abrem possibilidades da sociedade tomar decisões, repensar atitudes,

compreender a apropriação natural pelo ser humano e entender a dinâmica terrestre de

forma integrada e sistêmica.

Segundo Compiani (2002), o ensino de geologia/geociências pode contribuir na

formação dos alunos/professores para a alfabetização na natureza, uma vez que proporciona o

desenvolvimento de conhecimentos mais complexos e integrados”. Na mesma linha de

pensamento Carneiro (2004), discuti sobre os patrimônios geológicos a serem abordados na

educação básica devido à crescente interação das atividades humanas com a dinâmica do meio

natural e o aumento populacional ocorrido no século XX. Nesse sentido, a utilização de

fósseis para o ensino de geociências se torna um artefato importante para mediar o ensino-

aprendizagem.

Os fósseis do Grupo Corumbá no Brasil e no Paraguai representam as testemunhas

mais importantes para a ocorrência de fósseis da fauna ediacarana, próximo ao limite

cambriano basal na América do Sul. Portanto, a região de Corumbá é significativa por razões

paleogeográficas e, por outro lado, com a evolução dos metazoários esqueletizados mais

antigos (WALDE et al, 2015).

A proposta deste trabalho foi pensada visando o desenvolvimento e aplicação de

métodos didáticos em ensino de geociências para professores na área de fronteira Brasil

(Corumbá-MS e Ladário-MS) – Bolívia (Puerto Quijaro e Puerto Suárez), utilizando os

geossítios (áreas de relevante interesse geológico e paleontológico) como atividades de campo

e estudos do meio) como ferramentas de ensino através de estudos do meio.

Organizamos este trabalho em cinco partes. A primeira se refere à introdução do

projeto apresentando os temas que foram trabalhados, objetivos e metodologias. A segunda

parte foi discutida a caracterização da Fronteira Brasil-Bolívia, seguida da situação geológica

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e paleontológica do grupo Corumbá e a inserção do Geopark Bodoquena-Pantanal nesta

região fronteiriça.

Na terceira parte, discutiremos o ensino de geociências, a formação de professores e

metodologias didáticas utilizadas no ensino das geociências, salientando a relevância do

conhecimento deste patrimônio para as presentes e futuras gerações.

Na quarta parte do trabalho, apresentamos e discutimos os resultados das nossas

práticas desenvolvidas e o finalizamos na quinta parte com as conclusões do trabalho e

propostas de ações, como forma de continuidade do projeto.

1.1 - Objetivos

O projeto tem como objetivo geral desenvolver e a aplicar métodos didáticos em

ensino de geociências para professores da educação básica, na região de fronteira dos

municípios de Corumbá e Ladário/MS no Brasil e Província German Bush (Puerto Quijarro e

Puerto Suárez ) na Bolívia.

Entre os objetivos específicos estão:

1- Analisar métodos didáticos utilizados para o ensino de geociências e adaptá-los

para a região;

2- Capacitar professores da rede pública dos municípios de Corumbá e Ladário

(Brasil) e Puerto Quijarro e Puerto Suaréz (Bolívia) para o desenvolvimento do ensino de

geociências e geoconservação nas escolas, através de atividades teóricas com palestras e envio

de materiais digitais e através de visitas a geossítios selecionados na região;

3- Estimular os professores para utilizarem o patrimônio

geológico/paleontológico em suas aulas práticas na região com os estudantes por meio do

modelo tridimensional do fóssil de Corumbella werneri, como proposta de ação.

1.2 - Materiais e Métodos

Durante o período de março de 2016 a outubro de 2017, foram realizadas mobilizações

com os diversos segmentos do poder público (Meio Ambiente, Educação, Turismo, Fomento

ao Desenvolvimento Social, Assistência Social), Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul/ CPAN e Polícia Militar Ambiental para o estabelecimento de parcerias, visibilidade e

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aceitação do projeto, além atendimento a grupos escolares, universitários e turistas nas bases

estabelecidas em Corumbá e Ladário (SOUZA; WALDE; SORIANO,2018).

Com base nas visitas e conversas informais com os professores e estudantes que

visitaram os núcleos do Geopark Bodoquena Pantanal, foi percebida a necessidade da

implementação de um curso de capacitação para professores em ensino de geociências na

região de Corumbá e Ladário-MS, pois no estado de Mato Grosso do Sul, não há cursos de

graduação em Geologia e/ou Licenciatura em Geociências. Somado ao fato do local possuir

uma geodiversidade e patrimônio paleontológico significativo pouco conhecido e explorado,

como exemplo a fauna ediacarana que contém originalmente Corumbella werneri, Cloudina

lucianoi e microfósseis.

A partir destas informações foi elaborado um questionário para mensurar o grau de

conhecimento dos professores e definir a melhor forma de realizar uma capacitação, os temas

e locais a serem abordados, (apêndice A). O questionário foi elaborado seguindo as

orientações de Gunther (2008) e entregue um termo de consentimento aos participantes da

pesquisa (apêndice B).

Gunther (2008) menciona que o objetivo do questionário a ser aplicado deve

diferenciar conceitualmente: (1) avaliação de algo existente, (2) levantamento das

necessidades de algo inexistente, além (3) distinguir entre a existência ou a falta de algo

externo ao indivíduo e de um estado subjetivo interno.

Para a estrutura das questões foram utilizadas doze (12) perguntas, entre abertas e

fechadas, por se tratar de uma pesquisa exploratória. As perguntas abertas servem para

estabelecer um clima receptivo entre o entrevistador e o respondente, para capturar justamente

aquelas opiniões não cobertos nos itens fechados, reforçando a essencial percepção de que o

pesquisador tem interesse na opinião e sugestão dos respondentes (GUNTHER, 2008).

Assim foram selecionados como população alvo, professores na região fronteiriça do

lado brasileiro no estado de Mato Grosso do Sul nas cidades de Corumbá e Ladário e do lado

boliviano na Província German Bush das cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suaréz.

Compuseram o trabalho trinte e dois (32) profissionais por serem entendidos aqui como

multiplicadores do conhecimento na região.

O convite e a mobilização nos dois países se deram pelo fato de haver muitos

estudantes bolivianos estudando no Brasil e vice-versa, além da possibilidade da ocorrência

do fóssil de Corumbella werneri na Bolívia.

Para a realização da pesquisa, utilizamos métodos de pesquisa-ação, aqui entendida

como alternativa epistemológica na qual pesquisador e pesquisados são sujeitos ativos na

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produção do conhecimento (SANTOS; COMPIANI, 2009), a formação continuada de

professores (COMPIANI, 2000), que ressalta a importância da relação teoria-prática no

processo de socialização profissional do professor e orientações construtivistas para que o

ensino e aprendizagem ocorram de forma mais efetiva.

Quanto ao uso de metodologias de estudo do meio, segundo os autores (SANTOS &

COMPIANI, 1998), o trabalho de campo pode ser utilizado no ensino como uma estratégia

em que todas as coisas podem tomar parte de um processo maior: o efeito holográfico, onde

as partes contêm o todo.

Em relação ao ensino de geociências e os trabalhos de campo como proposta

metodológica para o ensino, o estudo do meio, significa o contato com objetos e os seus

fenômenos concretos, ou seja, o contexto a partir do qual se criam situações e estratégias de

aprendizagem (COMPIANI, 2007). Assim, passa a ser definido como o local das atividades

voltadas para ensinar o método geral de conceber a história da Terra. Estas atividades estão

inseridas num amplo e complexo processo de obtenção de informações na natureza e,

potencialmente, seriam capazes de inter-relacionar o ambiente, a geologia e a sociedade.

Sob a perspectiva educacional, os trabalhos de campo, propiciam o melhor

desenvolvimento das peculiaridades da prática escolar científica e dos respectivos discursos

escolares, podendo ser agente integrado das geociências na construção de uma visão

abrangente da natureza.

Com objetivo de apresentar o patrimônio geológico e paleontológico, possibilitando

a formação continuada dos professores como multiplicadores deste conhecimento e

desenvolver como proposta de ação, um curso de capacitação e modelos didáticos

tridimensionais confeccionados a partir do fóssil de Corumbella werneri, para o uso em salas

de aula.

As atividades foram desenvolvidas no Brasil em parceria com as prefeituras

municipais, por meio das Secretarias de Educação de Corumbá e Ladário (Brasil) e

intermediadas na Bolívia por Marianella Ortiz, Diretora de Turismo de Puerto Suárez e Puerto

Quijarro (Bolívia).

A pesquisa, ocorreu em três (3) etapas:

1) Mobilização de professores com de reuniões explicando sobre o projeto e convite

para a capacitação.

2) Aplicação de um questionário a trinta e dois (n=32) professores participantes,

sendo vinte (n=20) brasileiros e doze (n=12) bolivianos

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3) Atividades práticas em diferentes períodos e locais, realizadas nos dias 26 de

agosto de 2017 (projeto piloto) e 30 de junho de 2018 (formação).

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2 - CARACTERIZAÇÃO DA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA

A faixa de fronteira do Brasil com os países vizinhos foi estabelecida em 150 km de

largura (Lei nº. 6.634, de 02/05/1979), paralela à linha divisória terrestre do território

nacional. A largura da faixa foi sendo modificada desde o século XIX por sucessivas

Constituições Federais (1934; 1937; 1946) até a atual, que ratificou sua largura em 150 km.

(OSÓRIO, et al, 2005)

Segundo Costa (2012), mobilidade e fronteira são construções socioespaciais que se

combinam e modificam reciprocamente. A fronteira que será tratada neste texto foi construída

em tempos diferentes. Corumbá e Ladário datam de 1778 (mas somente na década de 1950

Ladário tornou-se município). A presença boliviana na fronteira foi marcada pela fundação de

Puerto Suárez, em 1875, às margens da Laguna de Cáceres, cerca de 30 km do centro de

Corumbá. Nos anos 1950, com a construção da ferrovia, lançaram-se as bases de povoamento

de Puerto Quijarro no entorno da estação ferroviária, ampliando-se consideravelmente com a

ocupação de Arroyo Concepción (que é seu distrito) nos anos 1970/80 nas imediações da

passagem viária que liga o Brasil à Bolívia.

A população urbana fronteiriça de Corumbá, Ladário, Puerto Quijarro e Puerto

Suárez, somadas, perfazem cerca de 160.000 habitantes, sendo aproximadamente 45.000 do

lado boliviano. A passagem pela fronteira é visivelmente frequente, dinâmica, diversa.

Passam por ela, diariamente, fronteiriços, turistas, mercadorias, fluxos lícitos e ilícitos, para

um lado e outro. Vislumbram-se mobilidades circunscritas e, para além da fronteira, com

velocidades e racionalidades diferentes.

Daí a importância de se compreender o conceito de território sob a perspectiva do

desenvolvimento e as especificidades dos territórios de fronteira (COSTA, 2013).

A vida nas regiões de fronteira possui uma dinâmica própria, que em muitos sentidos

desafia a ordem nacional e seus mecanismos de controle e vigilância, transcendendo o dogma

da soberania (COSTA; OLIVEIRA, 2014).

Com vista neste espaço fronteiriço, desenvolve-se a presente pesquisa, onde temos

como sujeitos, professores do ensino básico das cidades de Corumbá e Ladário/MS (Brasil) e

Província German Bush que compreendem as cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suaréz

(Bolívia), (Figura 1) e onde encontramos algumas das excepcionalidades geológicas e

paleontológicas (Figura 2), destacando em branco os geossítios selecionados, Ecoparque

Cacimba da Saúde/Corumbella e Porto Sobramil.

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Figura 1- Fronteira Brasil, Bolívia e Paraguai no município de Corumbá.

Fonte: Uma abordagem sobre as diferentes divisões político administrativas.

Elaborado por Julio César Gonçalves; Sérgio Wilton Gomes Isquierdo, UFMS 2011.

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Figura 2. Mapa geológico e localidades enfatizadas na região de Corumbá e de Ladário, Estado de Mato

Grosso do: com destaque Porto Sobramil e Ecoparque Cacimba da Saúde.

Fonte: Adaptado de Lacerda Filho, 2006.

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2.1 – Geologia e formação do Grupo Corumbá

O Grupo Corumbá recebe esta denominação a partir da cidade de Corumbá, estado de

Mato Grosso Sul, está localizada à margem do Pantanal no Brasil central. Trata-se de unidade

litoestratigráfica caracterizada por afloramentos sucessivos de calcários que foram

originalmente descritos ao longo do rio Paraguai por Castelnau (1857) e Evans (1894). Este

último trabalho clássico foi o responsável pela inserção da denominação Corumbá para

denominar os citados calcários desta região. (Figura 3)

A subdivisão do Grupo Corumbá em quatro formações foi proposta por

Almeida(1965), iniciando na base para o topo: Cerradinho, Bocaina, Tamengo e Guaicurus.

Posteriormente,muitas contribuições foram publicadas com ênfase na estratigrafia,porém,mais

recentemente, Boggiani e Alvarenga (2004) incluem na base deste grupo a Formação

Cadiueus sotoposta à Formação Cerradinho (Tab. 1).

Tabela 1. Síntese da subdivisão estratigráfica do Grupo Corumbá, Neoproterozoico do Brasil central. Fonte: Boggiani e Alvarenga (2004)

ALMEIDA (1965) BOGGIANI e ALVARENGA (2004)

GRUPO

CORUMBÁ

Fm. Guaicurus Fm. Guaicurus

Fm. Tamengo Fm. Tamengo

Fm. Bocaina Fm. Bocaina

Fm. Cerradinho Fm. Cerradinho

- Fm. Cadiueus

Com base na análise dos estágios tectono-sedimentares do Grupo Corumbá, pode-se

considerar a hipótese de evolução de bacia de tipo rifte para uma margem continental passiva

(BOGGIANI,1990). A sucessão inicia-se com conglomerados, arenitos e folhelhos da

Formação Cadiueus. A Formação Cerradinho está sobreposta à Formação Cadiueus, sendo

caracterizada também por arenitos e folhelhos. A Formação Bocaina consiste de calcários e

dolomitos, assim como a Formação Tamengo que também está composta de calcários e

folhelhos fossilíferos intercalados. Por fim, têm-se os folhelhos da Formação Guaicurus que

constituem o topo do Grupo Corumbá (ALMEIDA,1965; BOGGIANI & ALVARENGA,

2004).

Dentre as cinco formações que integram o Grupo Corumbá, há datação apenas a

partir de tufos no topo da Formação Tamengo que indicam uma idade absoluta com base em

isótopos de U/Pb em torno de 543 Ma (BABINSKI et al., 2006). A Formação Tamengo tem

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sua base caracterizada por pacote de 10 a 20 m de espessura de conglomerado de matriz

carbonática e blocos e seixos de litotipos da Formação Bocaina subjacente e, em menor

frequência (ao redor de 1 %), blocos de rochas do embasamento granítico-gnáissico. Este

conglomerado basal constitui corpo expressivo e aflorante ao longo da rodovia Bonito-

Bodoquena na serra da Bodoquena e bem exposto na pedreira Laginha, município de

Corumbá, MS. Análises isotópicas têm sido realizadas indicando interepretações

paleoambientais e correlações regionais (BOGGIANI et al., 2010; OLIVEIRA, 2010).

Figura 3. Coluna de Litoestratigrafia Básica dos grupos Jacadigo e Corumbá na região de Corumbá. Fonte: Baseada em Walde et al., 2015 e Piacentini et al., 2013.

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2.2 - Paleontologia do Grupo Corumbá

Os primeiros registros de fósseis do Grupo Corumbá (Formação Tamengo) foram

publicados por Barbosa (1949 e 1957) que, na segunda destas, apresentou histórico e

discussão detalhada sobre este tema. Posteriormente, ocorrências foram descritas por Beurlen

& Sommer (1957) como Aulophycos lucianoi e restos de algas, indicando tratar-se do

Cambriano. Fairchild (1978) notou a grande similaridade de Aulophycos lucianoi com duas

espécies de fósseis tubulares do gênero Cloudina, que ocorrem em calcários do Grupo Nama

(Ediacarano) na Namíbia. Hahn & Pflug (1985) e Zaine & Fairchild (1985) confirmam,

independentemente, a transferência de Aulophycos lucianoi para o gênero Cloudina.

Erdtmann et al. (2005), na Formação Dengying (China, plataforma de Yangtze)

identifica ocorrência de Cloudina acima das biotas de Gaojiashan e abaixo do nível onde

registra-se a primeira ocorrência de pequenos fósseis dotados de conchas (“small shelly

fossils”). Estas ocorrências acima do nível de Cloudina marcam a passagem do Ediacarano

para o Cambriano. Neste sentido, como na região de Corumbá tem sido largamente registrada

a ocorrência de Cloudina, através das pesquisas conduzidas na região é possível reavaliar se

nesta localidade haveria também o registro da transiçãoEdiacarano/Cambriano.

Em 1980, uma equipe de geólogos da Universidade de Brasília liderados pelo prof. Dr.

Detlef H. G. Walde descobriu um metazoário fóssil na Formação Tamengo (Grupo Corumbá),

em área da então denominada pedreira de calcário da empresa Itaú no Município de Ladário,

MS,conhecida por duas denominações: Cláudio e Saladeiro. Estas duas pedreiras

localizavam- se lado a lado na mesma margem do rio Paraguai. Atualmente adota-se a

denominação de Sobramil ,que se refere à empresa que detém a propriedade aonde

antigamente localizavam-se as duas pedreiras. Nesta localidade encontra- se o porto de

embarcação de minério de ferro e de manganês da empresaVale.

Esta espécie de metazoário fóssil anteriormente referido denomina-se Corumbella

werneri Hahn et al. (1982), com dimensões centimétricas, forma pinulada, preservado

tridimensionalmente e que exibia periderme provavelmente quitinosa, indicando tratar-se de

cifozoário. Diversos cientistas americanos, como Babcock et al., (2005) e Hagadorn &

Waggoner (2000) mencionam a grande importância de Corumbella werneri como elemento

da fauna do Ediacarano e sugeriram que esta espécie poderia estar relacionada a um grupo

enigmático de organismos paleozóicos conhecidos como conularideos.Tais interpretações têm

sido corroboradas por Pacheco et al., (2011), as quais citam também a similaridade com os

coronados.

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A hipótese de esqueletogênese de Corumbella werneri apresentada por Warren et al.,

(2012) considera processos de biomineralização carbonática via secreção através de paredes

orgânicas. Assim sendo, trata-se possívelmente de um ancestral dos organismos dotados de

esqueleto carbonático. Além disso, Babcock et al. (2005) interpretam Corumbella werneri

como um predador séssil com grande importância na evolução animal durante o final do

Neoproterozoico.

Fairchild & Sundaram (1981) mencionam, pela primeira vez, possíveis acritarcas que

foram depois confirmados por Zaine & Fairchild (1987). Os primeiros trabalhos

paleontológicos sistemáticos foram realizados por Zaine (1991), que registrou ocorrências de

acritarcas, microfósseis filamentosos do Ediacarano, bem como de Corumbella e de Cloudina

em outras áreas da Formação Tamengo, por exemplo., na pedreira Itaú e na sinclinal da

pedreira Laginha, no Município de Corumbá.

2.2.2 - Afloramento no Ecoparque Cacimba da Saúde – Corumbá-MS (Formação

Tamengo).

No Ecoparque Cacimba da Saúde, inserido no Geoparque Bodoquena/Pantanal, está

exposto um paredão de calcário com intercalações de siltito pertencente à Formação

Tamengo. Ao lado desta exposição contínua localizada na porção mediana do Ecoparque, em

direção à entrada deste mesmo à nordeste, nota-se que intervalos sobrepostos à porção

superior afloram e, por isso foi possível incluir mais 10 m de calcário intercalado com siltito.

Assim sendo, pode-se constatar que a seção representada no perfil pertence à Formação

Tamengo. Portanto, é totalizado cerca de 26 m de afloramento da Formação Tamengo no

Ecoparque Cacimba da Saúde (Figura 4).

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Figura 4. Perfil litoestratigráfico do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. OBS.: Espessura aparente, indicando a posição das bancadas amostradas.

Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano- Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de

Geociências – Universidade de Brasília, 2016

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Este perfil é composto por rochas carbonáticas contendo intercalações de pelitos, que

constituem também a base e o topo da seção. A base do perfil (encoberto pela vegetação no

extremo SW) é constituída por uma camada de 1 m de pelitos laminados contendo fósseis de

Corumbella werneri. Estas ocorrências fósseis encontram-se em camada de 5 cm de folhelho

cinza, sobreposto por lâminas de argilito preto e subjacente a siltito cinza escuro. O contato da

camada fossilífera com os pelitos subjacentes e sobrejacentes é marcado por lâminas de

cristais milimétricos de gipsita, que ocorre também ao longo de fraturas.

De maneira geral, acima dos pelitos, está posicionado um pacote de calcarenitos

oolíticos cujas camadas apresentam granocrescência ascendente. São camadas dessimétricas

onduladas, por vezes lenticulares, contendo localmente estilólitos ao longo do plano de

acamamento, além de apresentar fraturas verticais a sub-verticais. Os pelitos pretos quando

frescos, passam a ocre por intemperismo e formam camadas em torno de 30 cm na base,

sendo mais delgadas e escassas em direção ao topo. Os calcarenitos apresentam abundantes

estruturas sedimentares, tais como: marcas onduladas, camadas lenticulares, estruturas de

carga e estilólitos. Para o topo as camadas tornam-se mais espessas, mantendo-se as marcas

onduladas, enquanto as intercalações pelíticas tendem a desaparecer.

Os pelitos são laminados, argilosos e calcíferos, com lâminas e lentes de siltito

apresentando laminação plano-paralela, além de marcas de onda (ripple marks). As camadas

carbonáticas são constituídas de calcarenito fino, com marcas onduladas simétricas e lentes

centimétricas a métricas (Figura. 5 e 6).

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Figura 5.Figura da área do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, estado de Mato

Grosso do Sul, Brasil.

Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano- Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de

Geociências – Universidade de Brasília, 2016

Figura 6 .Vista do paredão do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, estado de Mato Grosso

do Sul, Brasil.

Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano- Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de

Geociências – Universidade de Brasília, 2016

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2.2.3 - Afloramento no Porto Sobramil - Ladário (MS) – Formação Tamengo

Ao lado deste porto no rio Paraguai estão situadas bancadas abandonadas de frentes de

lavra de calcário, cuja cava atualmente é ocupada por minério de ferro a ser embarcado

(Figura 7). Os afloramentos neste local são intervalos de calcários laminados intercalados com

siltitos que constituem a Formação Tamengo. Estes siltitos constituem três camadas,

respectivamente denominadas: siltito inferior rico em ocorrências de Corumbella werneri

(Figura 8), intermediário e superior. Diversas bancadas que outrora serviram para as

atividades de exploração, servem atualmente para acessar estes intervalos litoestratigráficos

que constituem a Formação Tamengo, nesta área que por sua vez constitui a localidade-tipo

de Corumbella werneri. Também nestes afloramentos do porto Sobramil foi possível

correlacionar o estratotipo de Cloudina lucianoi descrito para a antiga bomba da usina

siderúrgica, com os calcários da porção superior do perfil descrito para o porto Sobramil

(Figura 9).

Figura 7. Figura de porto Sobramil, indicando a posição dos perfis mostrados, município de

Ladário, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano- Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de

Geociências – Universidade de Brasília, 2016

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Figura 8. Vista da exposição inferior da seção no porto Sobramil, Município de Ladário, Estado de Mato Grosso

do Sul, Brasil. Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano- Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de

Geociências – Universidade de Brasília, 2016

Figura 9. Vista do perfil no porto Sobramil, município de Ladário, estado de Mato Grosso do Sul, Brasil.

Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano - Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de

Geociências – Universidade de Brasília, 2016

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2.3 - Geopark Bodoquena-Pantanal

Os primeiros geoparques foram criados na Europa no ano de 2000. Na Ásia, em

especial na China, os geoparques se encontram em acelerada disseminação, atualmente são

140 membros da Global Geoparks Network1 (Rede Global de Geoparks). No Brasil, o

conceito é ainda pouco conhecido, inclusive entre os geólogos, que ainda o confundem com

parques com motivos geológicos ou roteiros geológicos. No entanto, o conceito de geoparque

é algo mais amplo e complexo e equipara-se, para a UNESCO, aos programas de Reserva da

Biosfera e Patrimônio da Humanidade (BACCI, et al., 2009).

Geoparque segundo a Global Geoparks (UNESCO),

are single, unified geographical areas where sites and landscapes of international geological significance are managed with a holistic concept of

protection, education and sustainable development. A UNESCO Global

Geopark uses its geological heritage, in connection with all other aspects of the area’s natural and cultural heritage, to enhance awareness and

understanding of key issues facing society in the context of the dynamic

planet weall live on, mitigating the effects of climate change and reducing the impact of natural disasters

2.

Como uma das características de um Geoparque é proporcionar a divulgação e

educação em Geociências e suas estruturas correspondem ao lugar de vivência de muitos

jovens, este pode ser um instrumento didático de campo para a aprendizagem significativa. “A

criação de geoparques veio revolucionar o modo como se divulga as Geociências” (BRILHA,

2009, p. 28). Segundo Brilha (2009) os geoparques estão em condições privilegiadas para

desempenhar o papel de promotores da educação em Geociências para o desenvolvimento

sustentável, dirigida a todo tipo de público.

O Projeto Geoparques do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) foi criado em 2006,

representando um importante papel indutor na criação de geoparques no Brasil. Esse projeto

teve como premissa a identificação, levantamento, descrição, diagnóstico e ampla divulgação

de áreas com potencial para futuros geoparques, incluindo o inventário e quantificação de

geossítios, que representam parte do patrimônio geológico do país.

O Geopark Bodoquena-Pantanal (GBP) foi estabelecido a partir do Decreto Estadual

nº 12.897 de 22 de dezembro de 2009. Neste documento é estipulada sua área, como uma

estratégia do Estado de Mato Grosso do Sul para desenvolver o território de forma

1 Fonte: Global Geoparks Network. Disponível em: http://www.globalgeopark.org/homepageaux/tupai/6513.htm 2São áreas geográficas únicas, onde os locais e paisagens de significado geológico internacional são gerenciados

com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Sua abordagem de“baixo para

cima” de combinar a conservação com o desenvolvimento sustentável, envolvendo as comunidades locais, está

se tornando cada vez mais popular.

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sustentável, norteado pela valorização do patrimônio geológico e a apropriação do mesmo por

parte das comunidades envolvidas (SOARES, et al, 2014).

Está localizado na porção oeste do estado de Mato Grosso do Sul, entre os paralelos

18º 48” e 22º 14”, de latitude sul, e meridianos 55º 56”, de longitude oeste de Greenwich,

desenhando um polígono irregular onde foram determinados 54 geossítios (Figura 10).

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Figura 10: Geossítios do Geopark Bodoquena-Pantanal. Fonte: http://www.geoparkbodoquenapantanal.ms.gov.br

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Inclui 13 municípios, entre eles: Bonito, Ladário e Bodoquena em sua totalidade. Os

municípios de Corumbá, Jardim, Bela Vista, Nioaque, Guiam Lopes da Laguna, Caracol,

Porto Murtinho, Miranda, Aquidauana e Anastácio, possuem apenas parte de seus territórios

pertencentes ao Geopark.

A partir de 2009, com seu estabelecimento, começou a ser montado um dossiê para

propor sua integração à Rede Global de Geoparks (RGG) e, em 2010, esse dossiê foi

encaminhado para a comissão julgadora da rede - a avaliação é feita a partir da proposta

enviada em consonância com uma visita técnica. Entretanto, em outubro de 2011, o Global

Geoparks Bureau, enviou uma resposta dizendo que a comissão concluiu que o GBP ainda

não estava preparado para fazer parte da rede, pois alguns princípios importantes acerca do

conceito de geoparque não estavam integrados. Segundo a carta enviada pela rede, a comissão

julgadora alegou que o projeto do GBP não se encontrava em plena operação e

funcionamento, não havendo uma equipe de administração, nem um rol de atividades sendo

desenvolvidas pelo próprio geoparque.

Em resposta à dificuldade de gerir uma área tão grande, abrangendo vários municípios,

o GBP adotou o conceito de núcleo regional, propondo “um conjunto de áreas núcleo, que são

conjuntos de geossítios articulados entre si pela sua identidade geológica e cultural”.

A partir de 2013 começaram as instituições dos núcleos, sendo o primeiro Nioaque-

MS até o presente, onde foi realizada a capacitação de geomonitores e atividades foram

desenvolvidas com alunos de escolas públicas do ensino básico, universitários e

ocasionalmente com turistas.

No ano de 2016, as prefeituras de Corumbá e Ladário-MS, sinalizaram o interesse

na abertura de núcleos em seus municípios. Com apenas um funcionário (decreto “p” n. 582,

de 11 de fevereiro de 20163) esses núcleos funcionaram entre março de 2016 a agosto de

2017. As atividades podem ser acessadas no site oficial do geoparque4. No entanto, em agosto

de 2017, por decisão da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e

Tecnologia do Estado De Mato Grosso do Sul (FUNDECT), o responsável pelos núcleos foi

desligado da instituição (Decreto “p” n. 4.112, de 11 de agosto de 2017).

Durante o período de execução das atividades do geoparque foi detectada a falta de

conhecimentos mais profundos sobre o tema das geociências e a relevância do patrimônio

paleontológico representado pelo fóssil Corumbella werneri, descoberto pelo professor Detlef

3Decreto de contratação.

Disponível.em:http://www.spdo.ms.gov.br/diariodoe/Index/PaginaDocumento/42331/?Pagina=31. 4 Fonte: http://www.geoparkbodoquenapantanal.ms.gov.br.

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Walde em 1980, que é um dos principais testemunhos da evolução da vida multicelular no

planeta (WALDE, et al,1982). Este fato foi um dos propulsores para a execução desta

pesquisa.

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3-AS GEOCIÊNCIAS COMO ÁREA INTERDISCIPLINAR DO CONHECIMENTO E

METODOLOGIAS DE ENSINO

A importância em se compreender o planeta Terra como um sistema complexo e

sujeito a diversas transformações, se dá na grande quantidade de questões socioambientais

enfrentadas atualmente pela sociedade humana. Assim, as geociências desempenham uma

relevância indiscutível, pois por meio dessa grande área do conhecimento os estudantes

poderão tomar frente destas problemáticas, indo ao encontro de resoluções viáveis.

Tendo isto por base, Ab’Saber (1991 apud Compiani, 2005) aponta para a

necessidade de entendermos nossos papéis nos espaços terrestres; um espaço sócio-histórico,

em constante transformação e com diferentes dimensões, tanto temporal como espacial. Para

superarmos essa crise, torna-se imprescindível que o homem conheça seu espaço e as relações

que aqui se desenvolvem, não fazendo mais sentido a separação homem-natureza, havendo a

necessidade de uma visão holística.

Segundo Compiani (2005), a crise atual nos guiou a um entendimento mais claro da

interdependência sociedade-natureza. Assim, a geologia pode contribuir na formação de uma

visão de natureza abrangente, pois a constitrução do raciocínio geológico auxilia na

compreensão da dinâmica e da interação homem-ambiente. O conhecimento geológico tem

como uma das finalidades, elaborar uma concepção de ambiente como resultante de um

processo longo de desenvolvimento do qual o ser humano faz parte e é apenas mais uma

espécie entre tantas outras que surgiram e se extinguiram ao longo desses milhões, bilhões de

anos.

Dessa forma, as geociências, pautadas na compreensão integrada de todas as

ciências que compreendem o Sistema Terra, deveriam ser incluídas desde os primeiros anos

escolares através de atividades que buscassem aproximações com situações cotidianas dos

alunos, “o entendimento da evolução geológica do planeta, desde a escola básica, poderá

culminar na formação de uma perspectiva planetária e exigirá visão ampla da posição ocupada

pela Terra nos sistemas mais amplos” (CARNEIRO, TOLEDO e ALMEIDA, 2004, p. 556).

Para Amaral (1995), o ensino das geociências possibilita que a educação

desenvolva o que ele denomina de “noção de planetização”, que corresponde a um novo modo

de enxergar e compreender a Terra. Em outras palavras, a planetização seria responsável por

incutir no cidadão: “uma visão de síntese superadora do neo-obscurantismo científico-

tecnológico e com uma capacidade e disposição de rever esse cotidiano, social e

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individualmente, iluminado por uma nova consciência e sensibilidade” (p. 407). Isto é, a

Terra integrada.

No atual momento em que vivemos, o raciocínio geológico faz-se fundamental,

pois nossa sociedade esta marcada por grandes problemas socioambientais, como por

exemplo, os deslizamentos de terra causados por chuvas em diferentes regiões do Planeta e

diversos casos em nosso país. O caráter interdisciplinar dessa ciência possibilita que o

indivíduo entenda as relações homem-natureza a partir de uma perspectiva histórica e,

consequentemente, o auxilia a compreender seu papel perante as problemáticas

socioambientais vigentes.

3.1– Formação de professores em ensino de geociências

A formação e capacitação de professores são consideradas importantes, pois visa à

construção de profissionais como multiplicadores no campo das geociências. Dimensão essa

que tem sido defendida por vários pesquisadores. Destacando o professor como agente ativo e

responsável pelo seu trabalho docente em oposição ao mero executor de tarefas definidas.

Assim, procuramos reconhecer a construção da prática do professor como um processo

contínuo a ser aprimorado no decorrer de sua vida.

Nas pesquisas acerca do ensino de geociências, encontramos alguns trabalhos em

consonância com essa concepção, nos quais a formação dos alunos ou a formação

continuada de professores é realizada a partir de uma perspectiva prática ou crítica.

Entretanto, nessa mesma literatura, localizamos outros tantos trabalhos que discutem a

temática a partir de um viés técnico, nos quais as geociências se apresentam como sendo

mais um conteúdo a ser assimilado pelos aprendizes, sem construir qualquer relação com os

processos de docência.

As Geociências compõem uma área interdisciplinar que está presente no cotidiano de

todos os seres humanos, mas que não se configura como uma disciplina presente no

Currículo da Educação Básica Brasileira. Mesmo assim é possível encontrar conteúdos

relacionados às Geociências nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) e,

portanto, passível de ser tratada nos conteúdos programáticos desde o Ensino Fundamental I.

Ciclo da água, mineração, formação e conservação dos solos, recursos energéticos –

petróleo, dentre outros são alguns temas que podem ser ministrados pelos professores desde

as séries iniciais.

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Dado que o conteúdo de Geociências nas séries iniciais do ensino fundamental não

ocorre de maneira sistematizada, encontrando-se dispersa nas disciplinas de Ciências e

Geografia, e que professores não estão, em sua maioria, preparados para discuti-lo, a

compreensão por parte dos alunos a respeito do funcionamento do Planeta Terra é

insatisfatória, o que reflete na formulação de conceitos equivocados já nas primeiras séries,

quando se deparam com questões relacionadas ao meio físico. Esse fato leva o aluno a ter

idéias sobre o Planeta que não estão embasadas no conhecimento científico e que podem ser

denominadas de senso comum, gerando um círculo vicioso, onde o aluno recebe um

ensinamento deficiente, fragmentado e desinteressante, construído por professores que não

tiveram oportunidade de acesso ou mesmo formação adequada nos temas geológicos.

Silva e Compiani (2006) apontam que os conteúdos de Geociências presentes nos

livros didáticos do 6º ano aparecem com maior freqüência com ênfase na temática do meio

ambiente, recursos naturais e aspectos ligados à saúde do ser humano. Entendemos que apesar

dos conteúdos de Geociências estarem presentes nos currículos escolares atuais, é

praticamente impossível abordá-los de forma adequada sem a preparação do professor, sem

que ele entenda e se aproprie das peculiaridades das Geociências.

Analisando o referencial curricular da rede estadual de educação do estado de Mato

Grosso do Sul (SED-MS), encontramos no sexto (6°) ano para a área de ciências da natureza

o conteúdo a ser ministrado no primeiro (1°) semestre composto por:

TERRA E UNIVERSO:

-Teoria da formação do Universo e do Sistema Solar,

-Formação da Terra e as condições para a presença de vida,

-Origem dos seres vivos e o surgimento dos seres humano,

-Evolução biológica do ser humano,

Assim sugere que os estudantes tenham como competências e habilidades:

Utilizar hipóteses, teorias e leis científicas, explicar a teoria de formação do Universo

e do Sistema Solar, descrever as diferentes teorias sobre a formação da Terra e a origem dos

seres vivos, apontarem as condições necessárias para a presença de vida na Terra, explicar a

origem do ser humano na Terra comparando as diferentes teorias e analisando as ·provas

dessa origem; explicar a evolução do ser humano ao longo de sua trajetória, discutir a

valorização do corpo e do outro respeitando a diversidade humana, discutir a estética como

questão histórica e cultural em detrimento da saúde física e mental.

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Perante a complexidade do tema e o pouco tempo para a execução em um único

bimestre, torna-se muito difícil para o educador elucidar estas questões e aos estudantes

atingir as competências e habilidades.

Compiani (2005) ressalta que as Geociências permitem aos estudantes desenvolver

habilidades cognitivas essenciais e de visão espacial, na medida em que envolve as dimensões

locais, regionais e planetárias do espaço e sua representação bi e tridimensional. Salienta

ainda que o conhecimento geológico seja tão ou mais importante para o ensino elementar do

que para o secundário e que praticamente não existem estudos que se propõem a desenvolver

uma nova abordagem didática da Geologia na escola elementar.

A abordagem geocientífica está relacionada ao desenvolvimento de raciocínios

particulares das Ciências da Terra, tais como o pensar sistêmico, as questões temporais e as

escalas. De acordo com Vasconcellos (2008), pensar sistêmico é pensar a complexidade, a

intersubjetividade e a instabilidade, é ainda compreender que os sistemas, quando

relacionados aos sistemas presentes na esfera terrestre estão em constante mudança e

evolução, que por sua vez tornam-se instáveis, imprevisíveis e incontroláveis. A autora ainda

escreve que o pensamento sistêmico é aquele que foca as relações. Nesse sentido, as

Geociências estudam as esferas terrestres (Hidrosfera, Atmosfera, Litosfera, Biosfera,

Criosfera e Tecnosfera), que parte do estabelecimento de relações para explicar fenômenos

naturais que ocorrem na Terra, como por exemplo, o ciclo da água e o ciclo das rochas

(PIRANHA & CARNEIRO, 2009). As questões temporais estão relacionadas com o

desenvolvimento de uma forma de pensar que envolve uma escala temporal muito distante da

humana, ou seja, pensar no tempo geológico, nesse caso em bilhões de anos. De acordo com

Pedrinaci (1996), se trata de um conceito complexo que não se adquire de uma só vez e

também não se segue um processo linear, porém adquirem-se conceitos parciais que vão se

relacionando e se integrando.

3.2- Metodologias de Ensino (Parte prática)

Muitos pesquisadores são unânimes em sugerir, entre outras abordagens de ensino,

que a experiência prática tanto de campo como laboratorial, é primordial na aprendizagem de

geociências, pois além de permitir participação direta do estudante na construção do seu

conhecimento, facilita a interdisciplinaridade.

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Para Hodson (1992, p. 549):

(...) as atividades práticas, são aquelas atividades nas quais os

estudantes utilizam os processos e métodos da ciência para investigar fenômenos e resolver problemas como meios de

aumentar e desenvolver seus conhecimentos, e fornecem um

elemento integrador poderoso para o currículo.

Estas se caracterizam ainda por estimularem à busca pelo conhecimento científico,

pois permitem a aprendizagem de uma amplitude de conceitos sejam eles simples ou que

demandem altos níveis de abstração. Bonito (2008, p. 38) acrescenta que corretamente

orientada as atividades práticas: “permitem que os alunos examinem as suas idéias

explicativas de fenômenos naturais, baseados na sua experiência sensorial, impelindo-os a

adotar uma visão mais científica.” Assim, estas atividades geram, também, mais

oportunidades para o aluno se interrogar sobre as estratégias que adota e conclusões que

elabora.

As atividades práticas ou de campo são destacadas como facilitadoras do ensino-

aprendizagem, pois induzem o aluno ao “raciocínio, à reflexão, ao pensamento, e

consequentemente, à (re)construção do seu conhecimento” (CONSTANTE e

VASCONCELOS, 2010, , p. 104). O aluno é retirado da sala de aulas, visto como sua ampla

zona de conforto e é estimulado a exercer a sua criatividade por meio das aulas que não ficam

restritas somente à replicação de conteúdos, mas sim de modo que o aluno passe a interagir

com a informação, moldando seu conhecimento, buscando atingir resultados positivos na

concepção de ensino.

No âmbito das geociências, a mera explicação de fenômenos geológicos baseados em

aulas expositivas, por si só, podem não ser o suficiente para levar o educando a uma

aprendizagem efetiva. Isso porque, grandes partes das atividades estabelecidas em sala se

encontram associadas a fenômenos com uma dimensão geográfica e uma escala temporal

enormes (ALVAREZ-SUÁREZ, 2003). Nesse contexto as atividades de campo exercem um

papel pedagógico de suma importância no ensino. Essa modalidade didática, de caráter

promissor pode levar o aluno a desenvolver seu letramento científico baseando-se na

observação, visualização, descrição, interpretação, análise e compreensão dos fenômenos

geológicos de maneira interdisciplinar, além de promover a socialização, troca de

experiências e produção de conhecimento coletivo.

Segundo Canamaño (2003), podem ser considerados quatro tipos de atividades

práticas:

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1) Experiências sensoriais – Familiarização com os fenômenos. Baseiam-se na visão,

olfato, tato e audição.

2) Experiências ilustrativas – Ilustram um princípio ou uma relação entre possíveis

variáveis.

3) Exercícios práticos - Estão voltados para: (a) a aprendizagem de competências

específicas, que podem ser de natureza laboratorial, cognitiva (interpretação, classificação,

elaboração de hipóteses) e/ou comunicacional (planificação de uma experiência, apresentação

dos resultados, elaboração de um relatório escrito); (b) a ilustração e verificação experimental

de uma dada teoria.

4) Investigações – Visam proporcionar ao aluno o desenvolvimento da compreensão

de procedimentos próprios do questionamento e, através da sua aplicação, resolver problemas

de índole mais teórica ou mais prática, neste caso, normalmente emergentes de contextos reais

que lhe são familiares.

Os trabalhos de campo ou estudos do meio são práticas científicas fortemente

apresentadas nas geociências, na geografia e na biologia e exercem destaque ao olhar o

contexto, o histórico, as particularidades e as generalizações de forma integrada, a fim de

compreender as complexas relações entre os processos e os produtos (COMPIANI, 2013).

Tais práticas fazem parte da epistemologia dessas ciências e podem ser adotadas na

educação como uma metodologia interdisciplinar que proporciona aos sujeitos envolvidos o

contato direto com um determinado contexto ou ambiente que se busca investigar

(SANTOS; COMPIANI, 1998; LOPES; PONTUSCHKA, 2009). Além do mais, possibilita:

[...] conhecer relações entre os habitantes e passantes de lugares definidos e os processos naturais e sociais do espaço em estudo, além de favorecer o

conhecimento mais amplo de relações locais e universais, em suas

temporalidades historicamente consideradas (PONTUSCHKA; LUTFI,

2014, p. 387).

O contato direto com o ambiente é fundamental, uma vez que ocorre o confronto

entre o real e as representações, elaborando um quadro particular de observação, indagações,

hipóteses e interpretação da natureza, na busca do entendimento dos fenômenos e na

(re)formulação de conceitos explicativos (COMPIANI; CARNEIRO, 1993). Nesta

perspectiva, o campo é revelador de novos sentidos e articulações, como aponta Compiani

(2002, p. 15).

O campo é o próprio contexto no qual o observador pode pressupor seu

sentido, o que é um elemento chave na construção do modo de pensar

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geocientífico (e também biológico). Os fatos fazem sentido somente no

contexto criado por outros fatos. Os fatos são mais do que pedaços de

informações, eles são parte de um processo mais amplo. A consciência deve ser entendida como uma parte de um processo maior.

Seguindo a mesma linha, Lopes e Pontuschka (2009), endossam que esse método se

caracteriza pela conscientização dos indivíduos diante da complexidade de um determinado

ambiente, pela construção de um diálogo entre os sujeitos e o ambiente, constituído em uma

relação em que as partes integram o todo, em um processo complexo e integrado (MORIN,

2003). Ademais, essa metodologia:

[...] pode tornar mais significativo o processo de ensino-

aprendizagem e proporcionar aos seus atores o desenvolvimento

de um olhar crítico e investigativo sobre a aparente naturalidade do viver social (LOPES; PONTUSCHKA, 2009, p. 174).

Sendo assim, o estudo do meio pode ser incorporado ao ensino como uma

ferramenta fundamental à compreensão de uma determinada realidade em que todas as

coisas podem tomar parte de um processo maior (FANTINEL, 2000; COMPIANI, 2002).

Por meio das atividades práticas de campo, o “lugar” se (re)significa à medida que

caminha para o entendimento da realidade, das particularidades, das transformações sócio-

históricas e da natureza. Esse tipo de visão exige que o sujeito saiba trabalhar com diferentes

métodos, que tenha noção de escala, boa percepção das relações tempo-espaço,

entendimento do contexto social, político e ambiental, conhecimentos sobre diferentes

realidades globais e locais, portanto, requer permanente diálogo com a interdisciplinaridade

para o enfrentamento das questões cotidianas (COMPIANI, 2002).

Assim, este tipo de metodologia nos ajuda a enfrentar na tentativa de reverter a

fragmentação do conhecimento, desvendando a complexidade de um espaço determinado,

extremamente dinâmico e em constante transformação (BACCI; PATACA, 2008).

3.3- Metodologias de Ensino (Parte Teórica)

Quanto à forma como são apresentados os conteúdos das geociências nas escolas

brasileiras, foram analisadas as diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),

observando-se que as temáticas geocientíficas são distribuídas no Ensino Fundamental (EF)

nas disciplinas de Ciências, Geografia e História, além dos temas transversais e, no Ensino

Médio (EM) nas disciplinas de Biologia, Física, Química, Geografia, História e Filosofia,

uma vez que as geociências não existem no currículo enquanto disciplina. Contudo, o estudo

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das geociências é estabelecido dentro de conteúdos compartimentados em áreas específicas,

mas que na realidade é interligado, isso traz “resultados diretos de uma grande fragmentação,

que está centrada em torno de grandes equívocos, erros, desatualização, distorção da dinâmica

natural e parcialidade da compreensão dos efeitos da ação antrópica sobre a natureza”

(CARNEIRO, TOLEDO e ALMEIDA, 2004, p. 557).

O entendimento do funcionamento integrado e complexo do Sistema Terra coube

durante muito tempo e, quase que exclusivamente, aos profissionais das áreas das

Geociências, principalmente aos profissionais de Geologia, que por sua vez são na maioria

bacharelados e não licenciados. Enquanto que o contato que os atuais professores da educação

básica, os licenciados em Biologia, Geografia ou Ciências Naturais, tiveram com as temáticas

geocientíficas, revelou ser uma abordagem holística durante suas graduações, em uma única,

ou no máximo, duas disciplinas, o que dificulta ainda mais a situação em questão. Assim,

mesmo com grandes progressos das Ciências da Terra, ainda é possível perceber que ao

introduzir os temas de Geociências nas escolas o ensino persiste somente na memorização de

conceitos. Segundo Gonçalves e Sicca (2005, p. 105), “(...) a precária, limitada e fragmentada

concepção de Geociências não capacita os professores para desenvolver de forma sistêmica,

hipotética e temporal a desejável integração de informações ambientais na perspectiva

geológica”.

Carneiro, Toledo e Almeida (2004, p. 557) reforçam essa problemática e “apontam

que a dificuldade dos professores em ministrar esse conteúdo pode ser explicada por diversas

razões, como a deficiente formação acadêmica em geociências que recebem”. Com uma

formação não condicionada para o estabelecimento de um ensino de geociências coerente, os

professores acabam aderindo a informações desvinculadas do cotidiano dos alunos,

informações por vezes tendenciosas, retiradas de meios eletrônicos que não abarcam fontes

seguras.

Outra problemática enfrentada no ensino de geociências está intimamente ligada aos

livros didáticos, um dos recursos mais utilizados pelos professores nas escolas públicas.

Segundo Nascimento (2011), estes apresentam conceitos de terminologia geológica

equivocados, errôneos, desatualizados e sem nenhuma sistematização com os fatos ocorridos

na história do planeta durante a sua formação e evolução. Alguns nem sequer abordam

“assuntos considerados importantes para o ensino de geociências, como rochas, minerais e

modelos do interior da Terra”, previstos nos PCN, como relatado por Nascimento (2011, p.

31) através de uma pesquisa realizada nos livros didáticos de Ciências utilizados no Distrito

Federal. O autor Compiani (2007, p. 32) reforça esta problemática e acrescenta que: “as aulas

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tradicionais o livro didático predominantes nas escolas são descontextualizados e centrados no

enciclopedismo das definições.”

A temática geociência nos PCN’s, no terceiro e quarto ciclos, do ensino fundamental

encontram-se distribuídas nos componentes curriculares de Ciências Naturais em três eixos

temáticos, sendo eles: Terra e Universo, Vida e Ambiente, Tecnologia e Sociedade; na

Geografia em dois eixos: A Geografia como uma possibilidade de leitura e compreensão do

mundo e o estudo da natureza e sua importância para o homem; na História e, nos Temas

Transversais do Meio Ambiente.

Na área das Ciências Naturais, o eixo temático Terra e Universo trabalham em torno

da formação do planeta Terra e do Sistema Solar. O documento sugere atividades que

envolvam a observação, de modo que seja possível que os estudantes articulem informações

conceituais com as observações diretas do Sol, da Lua e das estrelas, elaborando suas próprias

explicações para os fenômenos trabalhados.

Visto que as temáticas geocientíficas são demonstradas como importantes para a

promoção no processo de aprendizado no ensino das ciências, o documento enfatiza que

temas como “as paisagens, tal como são percebidas, representam apenas um momento dentro

do longo e contínuo processo de transformação pelo qual passa a Terra, em uma escala de

tempo de muitos milhares, milhões e bilhões de anos” (BRASIL, 1998, p. 38). Observa-se que

há um reconhecimento da importância em tratar os temas geocientíficos abordando a sua

escala temporal, bem como os efeitos por ela ocasionados ao longo do processo evolutivo da

Terra.

No eixo que se refere à Vida e Ambiente o objetivo principal é promover nos alunos

“a ampliação do conhecimento sobre a diversidade da vida nos ambientes naturais ou

transformados pelo ser humano, estuda a dinâmica da natureza e como a vida se processa em

diferentes espaços e tempos” (BRASIL, 1998, p. 42).

A questão ambiental é enaltecida e apresentada também de forma abrangente como

tema transversal. As temáticas geocientíficas neste eixo versam entre tipos de solo e sua

formação, relevos, paisagens e erosão, na qual os educandos poderão estudar medidas de

proteção e recuperação de ambientes degradados, água, ar, origem da vida e a existência e

formação de fósseis, de modo a comparar as espécies extintas com atuais, compreendendo

suas relações e diversidades.

O documento sugere que as atividades de campo, são práticas muito importantes no

estudo das geociências, pois, levam os alunos a agregar os conhecimentos teóricos vistos em

sala, com a realidade passível de ser vivenciada em campo.

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Muitos pesquisadores são unânimes em sugerir, entre outras abordagens de ensino,

que a experiência prática tanto de campo como laboratorial, é primordial na aprendizagem de

geociências, pois além de permitir participação direta do estudante na construção do seu

conhecimento, facilita a interdisciplinaridade.

4- DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DIDÁTICOS

4.1-Resultados e discussão

Durante o período de março de 2016 a agosto de 2017, com o estabelecimento dos

núcleos de Corumbá e Ladário/MS do Geopark Bodoquena Pantanal, foram realizadas 30

(trinta) palestras com alcance de aproximadamente 1.005 (mil e cinco) pessoas. Que

corresponderam a 866 (oitocentos e sessenta e seis) estudantes do ensino básico e

universitário, 78 (setenta e oito) professores, 9 (nove) gestores de instituições de educação e

48 (quarenta e oito) membros de comunidades tradicionais (SOUZA; WALDE;

SORIANO,2018),

Após as visitas e constatado por meio de informações impessoais e não

sistematizadas, a falta de conhecimentos mais aprofundados ou o desconhecimento total do

patrimônio paleontológico e geológico da região de Corumbá e Ladário-MS, delineamos a

presente pesquisa, e apresentaremos os resultados das atividades que ocorreram diferentes

etapas:

1) Mobilização de professores com de reuniões explicativas sobre o projeto.

2) Aplicação de questionários com professores brasileiros e bolivianos.

3) Capacitação com professores brasileiros e bolivianos.

4.1.1 - 1ª Ação: Mobilização

A primeira etapa deste trabalho ocorreu na Bolívia por meio de uma reunião e

palestra sobre o Geopark Bodoquena Pantanal (GBP) (Figura 11 e 12), realizada na cidade de

Puerto Suaréz, no dia 19 de junho de 2017. O encontro foi realizado a convite de Marianela

Ortiz5 e contou com a presença de professores, alunos representantes das secretarias de

5 Diretora de Turismo da Prefeitura de Puerto Suárez, Departamento de Santa Cruz - Capital Del Pantanal –

Bolívia.

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educação, turismo, cultura; com o apoio dos voluntários brasileiros: Diego Aparecido Cafola6

e Maíra Loreto7.

Este momento foi importante para consolidar o vínculo com os parceiros e

professores bolivianos, pois o conteúdo apresentado na palestra refere-se ao patrimônio

geológico/paleontológico observado nesta fronteira Brasil-Bolívia e pensamos ser importante

para o desenvolvimento da pesquisa a participação dos professores dos dois países.

Figura 11: Reunião dia 19 de junho de 2017 em Puerto Suaréz- Bolívia, da esquerda para direita, Maíra Loreto, Diego Cafola, Marianela Ortiz, Anderson Palmeira; e; Figura 12: Palestra aos professores em Puerto Suaréz-Bolívia.

No dia 26 de agosto de 2017, foi realizada a etapa inicial no Brasil, por meio de um

convite para uma atividade de formação continuada de professores da Rede Municipal de

Educação (REME) de Corumbá, assim, utilizamos a atividade como um piloto para a

capacitação/formação de professores que já havíamos previsto no projeto inicialmente.

Esta etapa iniciou-se com uma palestra e posterior visita técnica. A palestra ocorreu

na UFMS-Câmpus Pantanal (Figura 13) sobre o Geopark Bodoquena-Pantanal e seguimos

para parte prática com duas visitas a locais que possuem material paleontológico para o

complemento da palestra.

6 Diego Ap. Cafola é mestrando em Estudos Culturais (PPgCult/UFMS/CPAq), especialista em História da

América (UFMS/CPAq), Bacharel em Turismo, Licenciatura Plena em História (UFMS/CPAq), atua como

professor da rede estadual nas disciplinas de Filosofia, Sociologia e História. 7 Discente do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (UFMS-CPAN).

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A primeira visita técnica foi realizada no Parque Municipal Marina Gattas, este local é

Parque Municipal público em Corumbá-MS, próximo à fronteira Brasil/Bolívia.

Em seu pavimento há lâminas de rochas calcárias fossilíferas, onde os professores

puderam observar fósseis de Cloudina sp. (Figura 14),

Na sequência da atividade prática, foi realizada uma visita no Ecoparque Cacimba da

Saúde- Geossítio Corumbella (Corumbá, MS), situado no Bairro da Cervejaria, Corumbá-MS.

No local é observada uma escarpa de mais ou menos 10 metros de altura no limite com a

planície do Rio Paraguai, sustentada por calcários da Formação Tamengo, apresentando um

nível com ocorrência do fóssil Corumbella werneri. (Figura 15).

Figura 13: Palestra sobre o Geopark Bodoquena-Pantanal. Na foto Anderson

Palmeira e Zenaide Olearte (REME)

Figura 14: Aula prática no Parque Municipal Marina Gattas em Corumbá.

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Estas atividades práticas serviram como piloto para programarmos a capacitação e

formação em geociências com os professores. A segunda reunião de mobilização dos

professores de Corumbá e Ladário ocorreu por intermédio da Rede Municipal de Educação de

Corumbá, realizada no dia 14 abril de 2018 e convites foram enviados por email para os

professores bolivianos, já cadastrados anteriormente através de uma reunião que havia sido

realizada na Bolívia.

Analisando as etapas que nos serviram como piloto, confeccionamos um

questionário, formulado com 12 (doze) perguntas abertas e fechadas sobre o grau de

conhecimento do patrimônio geológico/paleontológico da fronteira Brasil-Bolívia.

4.1.2- 2ª Ação: Aplicação dos questionários

A aplicação do questionário foi realizada no Câmpus II da UFMS-CPAN, antes do

início das atividades de campo, onde os resultados obtidos podem ser observados a seguir.

Dentre os trinta e dois (32) questionários, vinte (20) foram respondidos por

profissionais brasileiros e doze (12) por bolivianos. O questionário foi composto por doze

questões, dentre elas, três questões abertas, nove fechadas.

Figura 15: Visita ao Geossítio Corumbella no Eco Parque Cacimba da Saúde.

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1) Qual a sua formação acadêmica?

Ciências Biológicas 17 - Ciências Humanas 11; Ciências exatas 3

Nesta primeira questão, foi evidenciado que a maioria de professores brasileiros (16) é

formada no curso de Ciências Biológicas e apenas um professor boliviano possui formação

nesta área. No entanto, a maioria dos professores bolivianos possui formação nas áreas de

ciências humanas, como pedagogia (8) e ciências exatas (3).

Isto se explica pois as mobilizações realizadas no Brasil foram palestras ministradas

em curso de formações continuada para professores de ciências e geografia, enquanto na

Bolívia a palestra foi realizada para professores de todas as áreas.

2) Você possui pós-graduação? Qual área?

Total: 15 não; 17 sim.

Nesta questão observamos que a maioria (15) dos professores brasileiros possui pós-

graduação, sendo dez com especialização e cinco com mestrado. Todos eles possuem a pós na

área das Ciências Biológicas. Apenas três dos profissionais da Bolívia possuem pós-

graduação e são em áreas fora das biológicas, dentre elas: literatura, pedagogia e filosofia.

3) Os assuntos sobre as Geociências estão incluídos no plano pedagógico de sua escola?

Total: Sim (22 – 69%); Não (10 – 31%)

Nesta questão observamos que na maioria das escolas os assuntos relativos às

geociências estão incluídos no plano pedagógico como área interdisciplinar, principalmente

nas disciplinas relativas às ciências da natureza, como ciências, biologia e geografia.

4 )Caso sim, qual é a forma que o assunto é abordado com os estudantes?

Total: Sem resposta (13); Responderam (19)

Teóricas (12);

Teoria e prática (7);

Quanto ao tipo de abordagem e enfoque nas escolas, houve mais de uma resposta para

a pergunta, sendo que no Brasil cinco professores responderam que as atividades são teóricas

e práticas, três assinalaram que são somente teóricas e treze não responderam. . Quanto os

professores bolivianos, nove assinalaram que somente atividades teóricas são realizadas,

contra duas respostas de atividades teóricas e práticas.

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Isto nos evidencia que na grande maioria das vezes os professores trabalham só a parte

teórica das geociências por meio dos livros, não havendo estudos do meio, o que pode nos

remeter que seja por falta do conhecimento do patrimônio geológico/paleontológico

observado na região fronteiriça.

Devido ao grande número de professores que não responderam esta questão (n=13),

fica evidente que alguns assuntos das geociências não estão sendo trabalhados pelos

professores, uma vez que o tema é interdisciplinar, não havendo uma disciplina específica,

assim, muitas vezes o conteúdo não acaba sendo trabalhado, dando prioridade aos temas

particulares de cada disciplina e propostos em ementa escolar.

.

5) Que tipo de material você utiliza sobre o assunto das Geociências?

Total: Livros didáticos (15); Internet (15); (8); Amostras de rochas/fósseis; Sem

resposta (10).

Nesta questão, houve mais de um tipo de resposta, sendo que doze (12) professores

brasileiros assinalaram que utilizam o livro didático e a internet como recursos e sete (7)

utilizam amostras de rochas e/ou fósseis em suas aulas, isso pode ser observado, pois na

região há disponibilidade da coleta e uso das rochas como recurso didático.

Os professores bolivianos assinalaram que o uso de livros didáticos é mais freqüente

com quatro (4) respostas, seguidos do uso da internet com sete (7) respostas e uma (1) para o

uso de amostras de rochas e/ou fósseis. Evidenciamos assim, que os professores bolivianos

podem ter menos acesso a livros didáticos com exemplos dos recursos naturais da região e

recorrem ao uso da internet para complementarem as aulas, bem como não utilizam amostras

de rochas e fósseis em suas aulas.

Quanto aos professores que não responderam a questão, tivemos sete professores

brasileiros e três bolivianos, pode ser que há uma lacuna no que esta sendo trabalhado ou não

neste conteúdo nas escolas, de forma que comprova a pergunta 3, em que dez (10)

professores, disseram não estar incluído o tema das geociências no plano pedagógico da

escola.

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6) Durante a sua formação, você recebeu conhecimentos suficientes para o domínio deste

assunto?

Total: 13 Sim e 19 Não.

Esta foi uma questão muito importante a ser colocada no questionário, pois foi à

comprovação do constatado anteriormente durante as atividades de palestras e visitas dos

professores aos núcleos do Geopark Bodoquena Pantanal, na literatura estudada e evidenciado

por não haver na região um curso de graduação em Geologia, assim não foi aprofundada na

formação da maioria destes professores os assuntos de geologia e paleontologia, justificando

uma formação continuada para os professores obterem mais conhecimento sobre este

importante patrimônio geológico/paleontológico da região da fronteira Brasil-Bolívia.

7) Se você acha que não foi o suficiente, qual seria a melhor forma para capacitá-lo?

Total: Teoria (9); Prática (19);Vídeos (5);Estudos do meio (19); Sem resposta (8).

Nesta questão ficou constatadas a importância dos estudos do meio e atividades

práticas com principais formas de capacitação, respondido por 19 professores. Segundo os

autores (COMPIANI e CARNEIRO, 1993) os estudos do meio são relatados como excelente

ambiente para que se continue o ensino/aprendizagem por meio de diferentes papéis didáticos

adotados como o ilustrativo, indutivo, motivador e investigativo.

No entanto, 8 professores não responderam a esta questão, o que podemos constatar

que há dúvidas acerca destes assuntos e como estas podem ser solucionadas.

8) Quais temas das Geociências te despertam mais interesse?

Total: Sem Resposta (18); Paleontologia (9); Formações geológicas (7); Arqueologia (2).

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Nesta questão também houve um numero grande de professores que não responderam

a questão, totalizando dezoito (18) questionários. Assim fica evidenciando a falta de

conhecimentos sobre os assuntos geológicos e paleontológicos que foram apresentados na

capacitação, pois não souberam caracterizar quais temas dentro das geociências despertam o

interesse. Novamente evidenciamos que há uma deficiência na formação destes professores,

sendo a capacitação e formação continuada destes professores um importante meio para o

conhecimento, apropriação e valorização deste importante patrimônio geológico/

paleontológico, na região da fronteira Brasil-Bolívia.

9) Você conhece sobre o conceito do Geopark Bodoquena Pantanal?

Total: Sim (15); Não (17 )

A maioria também desconhece o conceito do Geopark Bodoquena Pantanal, não tendo

participado de nenhuma atividade durante o estabelecimento dos núcleos entre 2016 e 2017,

reforçando a necessidade de apresentarmos os conceitos e geossítios que poderão ser

utilizados em futuros estudos de campo/meio com os estudantes.

10) Caso sim, como ficou sabendo?

Visita a algum dos núcleos regionais (2);

Internet (3);

Material informativo (6);

Palestra na formação continuada (6);

Para os que responderam conhecer sobre o GBP, a forma de foi apresentada, foi

através de palestras e materiais informativos, recebidas em alguma das mobilizações

anteriores a capacitação e através da internet.

11) Você conhece sobre o patrimônio geológico, paleontológico e arqueológico da região

do Mato Grosso do Sul? Quais?

Total: Sim (6); Não (12);Sem Resposta (4)

Sítios arqueológicos (3);

Serra da Bodoquena (1);

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Paleontologia Marina Gattass e Cacimba da Saúde (2)

Nesta questão também foi possível constatar pouco conhecimento dos professores da

região sobre o patrimônio com alto índice de respostas negativas (12) e sem respostas (4).

O que nos comprova a necessidade e importância da realização de uma capacitação,

com a finalidade de apresentar o patrimônio geológico e paleontológico da região de

Corumbá/Ladário-MS na fronteira Brasil- Bolívia.

12) Você teria interesse em participar de um programa de capacitação para ampliar

seus conhecimentos sobre as geociências envolvendo atividades teóricas e práticas, além

de visitas a patrimônio (geológico, paleontológico e arqueológico) da região do Pantanal?

Total: Sim (32); Não (0).

Nesta última questão, todos os professores presentes disseram interessados em

participar da capacitação e realizaram as atividades com muito interesse e curiosidade pelos

temas apresentados. Com isso fica claro que haveria interesse destes professores dos dois

países em realizar um curso de capacitação em geociências na região.

Com base na análise destes questionários, ficou clara a importância em propormos a

realização de uma capacitação/formação em geociências abordando os temas pertinentes a

região fronteiriça Brasil/Bolívia e mostrar a relevância das excepcionalidades geológicas e

paleontológicas encontradas nesta região.

4.1.3- 3ª Ação: Formação e capacitação dos professores

Assim, o trabalho de campo originado por meio das mobilizações anteriores foi

realizado no dia 30 de junho de 2018, com apoio do material didático digital e atividades

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práticas, por meio de visitas aos geossítios da região, com o auxílio do orientador da pesquisa

o Prof. Dr Detlef Hans Gert Walde.

As atividades foram iniciadas, na unidade 2 da UFMS-CPAN, onde os professores

receberam e assinaram um termo de consentimento de participação na pesquisa e um

questionário composto por 12 perguntas, abertas e fechadas (Anexo 1).

Para a capacitação contamos com 32 professores, sendo 20 das cidades de Corumbá e

Ladário (Brasil) e 12 de Puerto Suarez e Puerto Quijarro (Bolívia), (Figura 16 e 17).

Na etapa inicial da proposta, foram apresentados quatro banners (Figura 18) e

(Anexos 1-4) explicando sobre a teoria de que a região de Corumbá esteve embaixo de um

oceano, a formação geológica da região de Corumbá, a descoberta da Corumbella werneri e

sobre trabalhos que são desenvolvidos na região, por um grupo de pesquisadores nacionais e

internacionais, ressaltando a importância para a conservação preservação deste patrimônio

geológico e paleontológico em âmbito mundial. (Figura 19).

Figura 18: Banners para apresentação. Figura 19: Apresentação prof. Dr. Detlef

A próxima fase da capacitação foi no Cristo do Pantanal, local onde foi possível

observar as formações rochosas do alto do mirante. No local, foi ministrada pelo prof. Detlef

Walde uma aula explicando à formação geológica do grupo Corumbá e Jacadigo, a

localização das formações ferríferas de óxidos de ferros (hematitas), calcárias – carbonáticas

(dolomitos) e a geomorfologia do Rio Paraguai. Apresentado de forma simples e didática a

formação do Pantanal e a antiga formação oceânica da região a cerca de 550 milhões de anos

Figura 16: Professores brasileiros, capacitação. Figura 17: Professores bolivianos

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atrás, em uma linguagem acessível para os professores repassarem aos seus alunos (Figura

20).

Figura 20: Cristo do Pantanal, aula sobre geologia local.

A terceira etapa foi realizada no Porto Sobramil, antiga Pedreira Itaú, sendo uma área

importante para a realização desta capacitação, pois foi o local da descoberta do fóssil

Corumbella werneri, pelo prof. Dr. Detlef Walde em 1980. A aula teve início na parte mais

baixa, onde foi explicado sobre o afloramento, preenchimento (intercalações) das rochas:

material arenoso, carbonático e minério de ferro, estimulando os professores a coletarem

material para apresentarem aos seus alunos (Figura 21).

Figura 21: Atividade prática no Porto Sobramil

Na parte superior da Sobramil, os professores foram apresentados ao afloramento local

de descoberta do fóssil de Corumbella werneri. Explicando-se sobre a formação calcária

intercalada com argila, onde são depositados esses fósseis. Umas das fases desta atividade

prática, foi a exploração daquele afloramento para ser encontrado uma amostra da Corumbella

werneri (Figura 22).

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A finalização desta etapa, foi a realização de uma roda de conversa para os

professores explicitarem suas dúvidas e relatarem sobre a experiência da atividade prática.

Ficou constatado que estas atividades contribuíram positivamente para o

conhecimento dos profissionais envolvidos e despertaram o interesse para a realização de

atividades práticas com seus alunos em aulas futuras, planejadas para o fim de apresentar este

rico patrimônio.

O melhor exemplar da Corumbella, foi encontrado por uma professora da cidade de

Ladário-MS e doada para o acervo da UNB (Figura 23). Importante frisar que nessa atividade

foi encontrado uma das melhores amostra já descobertas na região.

Nesta etapa foram entregues informativos sobre o fóssil de Corumbella werneri e um

selo comemorativo de 38 anos de descoberta do fóssil, confeccionados pelos pesquisadores

(Figura 24).

Figura 23: Amostra de Corumbella werneri encontrada pela Professora Juliene.

Figura 22: Atividade prática: exploração do afloramento do Porto Sobramil.

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Figura 24: Selo Comemorativo de 38 anos da

descoberta do fóssil de Corumbella werneri.

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5 – CONCLUSÃO E PROPOSTA DE AÇÃO

Para Compiani (1996), Santos (2006), entre outros autores, os conhecimentos

geocientíficos ou das ciências da Terra apresentam grande importância para o cotidiano dos

cidadãos, pois abrem possibilidades da sociedade tomar decisões, repensar atitudes,

compreender a apropriação natural pelo ser humano e entender a dinâmica terrestre de

forma integrada e sistêmica.

Muitos pesquisadores são unânimes em sugerir, entre outras abordagens de ensino,

que a experiência prática no campo, é primordial na aprendizagem de geociências, pois além

de permitir participação direta do estudante na construção do seu conhecimento, facilita a

interdisciplinaridade.

As atividades práticas ou de campo são destacadas como facilitadoras do ensino-

aprendizagem, pois induzem o aluno ao “raciocínio, à reflexão, ao pensamento, e

consequentemente, à (re)construção do seu conhecimento” (CONSTANTE e

VASCONCELOS, 2010, , p. 104)

No âmbito das geociências, a mera explicação de fenômenos geológicos baseados em

aulas expositivas, por si só, podem não ser o suficiente para levar o educando a uma

aprendizagem efetiva. Isso porque, grandes partes das atividades estabelecidas em sala se

encontram associadas a fenômenos com uma dimensão geográfica e uma escala temporal

enormes (ALVAREZ-SUÁREZ, 2003). Nesse contexto as atividades de campo exercem um

papel pedagógico de suma importância no ensino.

Sendo assim, após analisarmos os métodos teóricos e práticos utilizados no ensino das

geociências, a formação de professores e os resultados do questionário que constatam a

carência de informações sobre a geologia e paleontologia, foi evidenciada a importância na

realização desta capacitação, através da metodologia de estudo do meio, com o objetivo

apresentar e discutir sobre o rico patrimônio paleontológico e geológico encontrado nesta

região fronteiriça e ressaltar a importância da divulgação deste conhecimento geocientífico de

forma prática, através de estudos do meio.

Após a aplicação da metodologia, foi constatado com os profissionais dos dois países,

um contentamento com as atividades expostas, nas quais demonstraram muito interesse, por

vezes entrando em contato com o pesquisador com a finalidade de obter materiais e planejar

atividade de estudo do meio, através de visitas ao Ecoparque Cacimba/ Corumbella.

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Assim, após as mobilizações e à capacitação, ficou evidente o interesse dos

professores em executar aulas práticas de estudos do meio através de visitas aos geossítios,

pois a apresentação dos afloramentos geológicos de forma didática e prática abriu horizontes

para a realização destas atividades com os estudantes, obtendo melhor domínio do assunto.

Além disso, o trabalho foi pioneiro no curso de Mestrado em Estudos Fronteiriços,

reunindo professores brasileiros e bolivianos durante a execução da pesquisa.

Assim surgiu também como proposta de ação, a utilização de réplicas tridimensionais

do fóssil de Corumbella werneri, confeccionadas através de uma parceria entre os

pesquisadores do projeto e artesãos locais da Casa de Massabarro (imagens 25 e 26),

localizada em frente ao Ecoparque Cacimba da Saúde, no bairro da Cervejaria em

Corumbá/MS.

Esta parceria se faz muito importante, para a divulgação do fóssil e cumpre uma

função socioambiental na comunidade local, pois podem ser comercializados como peças

artesanais para turistas e profissionais da educação, cumprindo a missão de repassar o

conhecimento e contribuir com a renda dos artesões locais.

Figura 25: Produção de réplicas na Casa de Massabarro Figura 26: Réplica do Fóssil de Corumbella

Outra contribuição significante para o trabalho foi a pintura do paleoambiente a partir

da reconstrução de Corumbella werneri (Figura 27), retratada pela artista plástica Célia de

Souza (Figura 28), que resultou em uma exposição virtual ofertada pelo Instituto de

Geociências da Universidade de Brasilia por meio do laboratório de Micropaleontologia, bem

como pela divulgação dos quadros em exposição na UFMS-Campus Pantanal.

Figura 27- Reconstrução de Corumbella weneri Figura 28- Prof Detlef Walde e artista Célia de Souza

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Como parte divulgação dos dados da pesquisa, os resultados parciais já foram

apresentados nos seguintes Congressos e os resumos disponibilizados nos anais.

- VIII GeoSciEd 2018 8 th Quadrennial Conference of the International

GeoScience Education Organisation (IGEO) – Geoscience for Everyone e VIII Simpósio

Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra– 22 a 27 de julho de 2018, Campinas,

SP. UNICAMP/IG, (Apresentação oral e resumo completo) p.123-126

Geopark Bodoquena Pantanal: atividades de educação ambiental e mobilização social

durante a implementação nos núcleos do pantanal.

- INTEGRA UFMS 2018 de 05 a 10/11/2018 UFMS- Campo Grande

Apresentação do banner: Geopark Bodoquena Pantanal: Desenvolvimento e

aplicação de métodos didáticos para ensino de geociências em região de fronteira.

Anderson Palmeira de Souza; Detlef Hans Gert Walde; Aguinaldo Silva

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TÍTULO DA PESQUISA: Geopark Bodoquena Pantanal: Desenvolvimento e aplicação

de métodos didáticos para ensino de geociências em região de fronteira.

Questionário para professores

1) Qual a sua formação acadêmica?

2) Você possui pós graduação? Qual área?

(especialização, mestrado, doutorado, outros)

3) Os assuntos sobre as Geociências estão incluídos no plano pedagógico de sua escola?

( ) sim ( ) não

4) Caso sim, qual é a forma que o assunto é abordado com os estudantes?

( ) aulas teóricas, ( ) práticas,( ) estudos do meio, ( ) feiras de ciências, ( ) outros

5) Que tipo de material você utiliza sobre o assunto das Geociências?

( ) livros didáticos ( ) internet ( ) amostras de rochas/fósseis

6) Durante a sua formação, você recebeu conhecimentos suficientes para o domínio deste

assunto? ( ) sim ( ) Não

7) Se você acha que não foi o suficiente, qual seria a melhor forma para capacita-lo?

( ) teoria ( ) práticas ( ) vídeos ( ) estudos do meio ( ) outros.

8) Quais temas das Geociências te despertam mais interesse?

9) Você conhece sobre o conceito do Geopark Bodoquena Pantanal?

( ) Sim ( ) Não

10) Caso sim, como ficou sabendo?

( ) Visita a algum dos núcleos regionais ( ) internet ( ) imprensa ( ) material informativo, ( )

outros

11) Você conhece sobre o patrimônio geológico, paleontológico e arqueológico da região do

Mato Grosso do Sul? Quais?

12) Você teria interesse em participar de um programa de capacitação para ampliar seus

conhecimentos sobre as geociências envolvendo atividades teóricas e práticas, além de visitas

a patrimônio (geológico, paleontológico e arqueológico) da região do Pantanal?

( ) Sim ( ) Não

APÊNDICE A - ROTEIRO SEMI-ESTRUTURADO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CÂMPUS DO PANTANAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADOEM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS

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APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CÂMPUS DO PANTANAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS

Eu, Anderson Palmeira de Souza, gostaria de contar com sua participação na Pesquisa de Dissertação

de Mestrado: Desenvolvimento e aplicação de métodos didáticos para ensino de geociências em

região de fronteira. "junto ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Estudos Fronteiriços da

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Câmpus do Pantanal, sob a orientação do Prof. Dr.

Detlef Hans Gert Walde. Esta pesquisa tem o objetivo de levantar os dados sobre a formação dos

professores de ciências do ensino fundamental, recursos didáticos utilizados, interesse pelos assuntos e oferecer uma capacitação teórica e prática para aperfeiçoar seus conhecimentos e torná-los mais aptos

para o ensino das geociências e conhecimento do patrimônio geológico, paleontológico e arqueológico

na região do Pantanal. Declaramos que os dados desta pesquisa são sigilosos e que sua identidade será preservada, não

havendo qualquer identificação. A participação na pesquisa não prevê remuneração financeira, bem

como não haverá despesas pessoais para o participante. A sua participação nessa pesquisa é voluntária e se constituirá em responder à um questionário de umapágina. Os dados e instrumentos serão

arquivados por um período de 5 (cinco) anos, após o término da pesquisa e depois serão destruídos. Os

resultados serão publicados na forma de artigo, e poderão ser apresentados em congressos científicos.

A pesquisa foi delineada de forma à oferecer nenhum constrangimento frente às questões, diante do qual você terá total liberdade de não responder a pergunta feita ou mesmo desistir da participação a

qualquer momento, seja por quaisquer motivos.

Para quaisquer informações ou dúvidas, é possível me contactar pelo telefone (67) 9 96560170 ou pelo e-mail [email protected] Em caso de denúncias e/ou reclamações referente aos aspectos

éticos da pesquisa você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres

Humanos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS, localizado na Pró-Reitoria de

Pesquisa e Pós-Graduação - PROPP, Cidade Universitária, Campo Grande - MS, telefone (67) 3345-7186 e 3345-7147 ou via e-mail: [email protected].

Declaro que li e entendi este formulário de consentimento e todas as minhas dúvidas foram

esclarecidas. E que sou voluntário a tomar parte neste estudo.

________________________________________________ Data:____________

Assinatura do voluntário

________________________________________________ Data:_____________

Assinatura do pesquisador

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ANEXOS- BANNERS UTILIZADOS NA CAPACITAÇÃO

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